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  • BASILE. A Independência e A Formação Do Estado Imperial (Cap.6A)

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    Basile e a Independência

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    BASILE. a Independência e a Formação Do Estado Imperial (Cap.6A)

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    di 30
    6 O Império Brasileiro: Panorama Politico Marcello Otavio N. de C. Basile PARTE A A INDEPENDENCIA E A FORMACAO DO ESTADO IMPERIAL ‘A CORTE PORTUGUESA NO BRASIL =A transferénca da Corte portuguesa para o Rio de Jancizo, em 1808, ¢, em eral, aontada pls histriografia como o marco inical do processo de Independencia p> Folica do Beal. O recort, de fato, justiica-e, embora Fernando Novas « Carlos Guilherme Mota acentuem também aqueles condicionantes externos « estrus = Rando, stuados na longa duragto, relacionados 2 crite do Antigo Sistema Colonial {fesultante do desenvolvimento do capital industrial, da expansio dos mercados, das demandas lvre-cambistas, da. difusio das ideias politica iluministase Hbera da | cesagregasio do Estado absolutsta, da Independencia das Treze Coldnine wa [Gass dx Revolusio Frances). Sea como for, fato & que o Brasil é passin por na sua condito de Colénia apés a transmigrasio da Corte __Peroguess, Esta foi motivada nlo apenas pela cicunstacia da invasio de Portugal las ropa napolednicas~em represii &recusa daqucle pas em aderc ao Bloque Simtinental - mas também, conforme resltou Mara de Loundes Lyra em fengio dla existncia desde fins do século XVIM, de um projet reformista lustre de conn, fituigdo no Brasil de um poderoso Império Luso- Brasileiro, A parts de enti, o Rio de Janeiro ~ até aqucle momento resumindo-se a uma simples sede de um vice-reino,cujas Capitanias entendiam-te melhor com « Me Bépole d'além mar do que com 0 centro administrativo da Colonia - torna-se a ‘mportance eapital de um vasto império mundial que, slém de Portugal ¢ Hrs, 76 HISTORIA GERAL 00 BRASIL comprecndia também pottestes em inais outros dois continentes, como a Africa e 1 Asia, Vrifica-se, assim, na feliz expresedo de Maria Odila Dias, interirizapdo da ‘Metropole e 0 decorrente processo de enraizamento dos interesses mercantis porta ‘gueses no Centro-Sul brasileiro. Cerca de quinze mil pessoas tomaram parte na comitiva real, 0 que, para uma populagio que na época girava em torno dos sessenta mil habitantes, acarretou, de imediato,sérios problemas para a vida da cidade, relatvos & urbanizagio, crise de abastecimento, caréncia de moradias, aumento dos pregos dos aluguéis e dos géneros de subsistencia, Ficaram famosas a iniciais P R. ("Principe Regent logo chamadas pela poptlasao de “ponha-se na rua” fixadas nas moradiasarbtraramente requisita- das para abrigar recém-chegados. Uma série de institugBes poitico-administrati- vas do Estado portugués foi instalada na nova sede do Impéro ultramarino, como 0 Ministerio e o Consetho de Estado, o Desembargo do Pago, a Casa de Suplicagao, Ttendéncia da Policia,a Mesa de Consciénci e Ordens, 0 Eririo Régio,o Conselho Real de Fazenda, a Junta de Comércio, Agricultura, Fabricas ¢ Navegacio, o Banco do Brasil, a Real Academia Militar e a Real Academia dos Guardas-Marinhas, Alem disso, instiuigdes cientfico-culrurais foram também introduridas, como a Biblio teca Real, o Museu Real, a Imprensa Régia (responsivel pela publicagio de ivos, de folhetos e do primeito jornal produzido no Brasil, ainda em 1808, a Gazeta do Rin de Jancre),o Observatsrio Astronémico,o Real Jardim Botanic as Academias Medico-Cinirgicas do Rio de Janeiro e da Bubia(criadas respectivamente, em 1813 ¢ 1815) ea Academia Real de Belas Artes (fundada em 1820, sob os auepicioe da Missio Artstica e Cultural France de 1816), Para vabizar 0 governo portugués no Brsil no entant, nfo bastava apenas a instalagao de seu aparato buroeritico. Era preciso também por fim ao monopélio comercial a que desde o inicio da colonieagfo cetivern sujet a coldnia portuguesa ina América. A shertura dos portos brasleiros as nagdes amigas, decetada a prinei- pio em cardter provisrio, por dom Joo ji em 28 de janeiro de 1808 (ainda em sua «stada inicial em Salvador), constitu umn pasto importante na mudanga do estatato colonial; certas restrigses, porém, foram estabelecidas, como a cobranga de uma taxa dle 24% sobre o valor das mereadorias secas importadas, eo dobro para os géneros ‘molhador, reduso, mais tarde, dos portosabertos a0 comércio exten apenas 20 Rio de Jancro, Bahia, Recife, Sdo Luis ¢ Belém, ea zeserva do comércio de eabota- gem para as embarcagées portuguests. De resultados priticos inexpressivos foram, por outro lado, as medidas tomadas, em abril do mesmo ano, viando a0 desenvolvimento de uma produgio industrial brasileira, como a revogagio dos alvaris que proibiam o funcionamento de manufa- turas na Coldnia, 2 isengko do pagamento de impostos de impoctagdo pars matéras- -primas destinadas&incistria eo oferecimento de subsidios is indstrias de algodio, 1a, seda e para as siderurgias. Além do pouco empeaho do governo portugués em fomentar de fico este setor econdmico, tas medidas contrariavam francamente os interesses ingleses,deseosos de garantr uma posit prvilegiada para seus produtos Industria no mercado brasileiro, ‘A abertura dos portos ao comércio extero, ainda que (ao menos enquanto durasse «guerra na Europa) contemplasse na pritica apenas a Inglaterra, nfo era o bastante Otmedno rasisio: Panarams Foltico ” para as pretenses britinicas. © govern inglés exigia vantagens expecais, em troca do servgo de escota e protegdo que havia prestado & comitiva real, quando de sua fuga para o Brasil, e do auxiio militar dado na lata para expulsa os franceses de Portugal. E dentro deste esptito que o Tratado de Comércio e Navegso,assinado entre Portugal e Inglaterra, em 1810, conceia tarfusalfandeggrias preferencais 208 produtos ingleses,estabelecendo uma taxa de apenas 15% sobre o valor dos mestnos, senor inclusive do que os 16% pagos pelas mercadoris portuguesas ¢ 0s 24% que continusvam a inci sobre os géneros exportados pelos demas paises. Os efeitos imediatos e duradouros desta medida consiticam em uma verdadeira avalanche de produtosindustilizados ingleses no Brasil (ecidosfnos, pas de vesturio,objetos de louga,cerdmica e video, feramenta,ourivesaria, quejo, manteiga e presunto, para somente citar alguns), na balanga comercial favorivel 4 Inglaters, na presenga cada ver maior de comerciancs e negociantes britinicos nas principaiscdades brailziras, no desencorajamento das manufaturas nacionaisnascentes,e no decréscimo do co” rércio portuguts com o Brasil (tudo isto, mesmo depois que, em 1818, 0s produtos portuguesespassaram a ser taxados com 0 mesmo percentual atsibuido as mercado- riasinglesas), O| mesmo tratado ainda garantia aos sits ingleses, residentes nos principais portoseeidades do Brasil, 0 privlégio de serem julgidos, quando envoli~ dos em algum incident, por um juz cntereador nomeado por seu pas, assim como também concedia a eles tolerdnca relgiosa eo direito de culto privado em suas casas ‘ou ein igrjuse capes que vessem 4 consuls, desde que ests se assemelhussem a domictlos particulars, Na esta vcastto, um ouro ratado entre os dois paises, de Alianga e Amizade, determinava que a Inquisipiondo seria implantada no Brasil perma que as embar- cases de guerra brictnicas entrassem livremente em qualquer porto dos dominios portuguese, proibia a realizagin do tif negreira cam qualquer parte da Africa que nio fosse possessio porniguesae ainda frmava 0 compromisso de Portugal em abolic faruramente, todo 0 seu comércio internacional de negros escravos. Os t- tados de 1810 inauguraram, assim, 0 periodo que Alan Manchester denominou de preninencia inglesa no Brac Mas as relagées internacionais joaninss aio foram somente concilistias, € até subservientes, como em relagdo a Inglaterra; para com 0s viinhos americanos a t= nica foi a de uma politica agresiva, e mesmo dominadors. Em represlia 4 invasio de Portugal, dom Joao declaou guerra a Franga e,em 22 de marso de 1808, mandou invadir Caiena, capital da Guiana Francesa, eritrio que sempre fora objeto de con- flto,por conta da definigao dos limite setentrionas da América portuguesa. Mesmo tendo sido obtida a rendigao, os portugueses arastram a coléna, ea conseryaram como tran para quando fossem trevadas as negociagdes com a Franga, Quando es- tas foram iniciadas,no Congresso de Viena (1815), dom Jodo mostrou sno entanto, ppouco disposto a ceder sua conquista, mas, sem o apoio da Inglaterra (contritia 20 ‘expansionism luso na Amériea),acahou aceitando dewové-Ia em 1817,em troca do reconhecimento do rio Oiapogue como limite entre 9 Brasil ea Guiana Francesa. A «sta altra, ogoverno joanino ji estava envelvdo em outro confio internacional. Em jancio de 1817, tropas portuguesas, comandadas pelo general Lecor, conquistaamn Montevideu, na chamada Banda Oriental. A regito do Praca, por sua importineia 180 HISTORIA GERAL DO BRASIL (© MOVIMENTO VINTISTA E A SITUACAO BRASILEIRA Se um ideal de iberdade ainda que difsoe regional, se desenvolvia em certaspro- vincas brasileira, oi, rodavia, um movimento ocorsido em Portugal que veio a pre cipitar os acontecimentos no sentido da potencialiagto dest ideal. Em 24 de agosto de 1820, na cidade do Porto, eclodi uma revolugo liberal (na esteira da onda revo Juciondtia que, no mesmo ano, assolava também Espanha, Grécia, Napoles e Con- federas0 Germanica), logo seguida por um movimento de adesio de Lisboa, em 15 de stereo Desde a transferéncia da Corte, Portugal vivia uma situagio de peniria€ caos, decorrente da devastagio provocada pela invasio do puis pelas tropas francesa, da aguda crise econdmica e da perda dos antgos prvilgios de que gozava enquanta ‘metr6pole de um vasto império colonial. Especialmente a abertura dos portos bra- sileios e o Tratado de Comércio ¢ Navegasio, pondo fim a0 exclusivo colonial « concedendo vantagens alfandegiras & Inglaterra, arvinaram a burguesia comercial portugues, afetando também a incipienteindustrialzasso do pais. A nobreza, por sua ver reclamava a recuperasio das regalias do status perdidos com a transferencia da Corte, pretendendo, ainda, manter, para 0 seu sustento,o sistema de impostos ‘extraordinirios que reeala sobre comercianes e funcionirios citadinos, sobretudo de Lisboa e do Porto, o que, naturalmente, era rechagado pelos mesmos. A desvalori- ‘acto da moeda pormguesa em relacio A besilers, acarretando a fga crescente de

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