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Aspectos da Prática
Clínica em Psicologia
Dirigida à Reabilitação
de Trabalhadores

Aspects of Clinical Practice in Psychology


Focused on Workers’ Rehabilitation

Aspectos de la Práctica Clínica en Psicología


Dirigida a la Rehabilitación de Trabajadores

Evelyn Yamashita Biasi &


Cassiano Ricardo Rumin

Faculdades Adamantinenses
Integradas

http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001922013
Artigo

PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2015, 35(4), 1350-1365


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CIÊNCIA E PROFISSÃO,
2015, 35(4), 1350-1365 Evelyn Yamashita Biasi & Cassiano Ricardo Rumin

Resumo: Este artigo tem por objetivo discutir aspectos da prática clínica em Psicologia, dirigida
à reabilitação de trabalhadores. Compreende um estudo de caso sobre a intervenção dirigida a
uma trabalhadora que sofreu mutilações em um acidente do trabalho. Os resultados indicaram
que a prática clínica possibilitou a elaboração do luto frente às perdas funcionais e os prejuízos
à imagem corporal, além de propiciar o acolhimento a diversidade de sentimentos ligados
ao acidente. Os aspectos institucionais que inicialmente não se apresentavam integrados
à compreensão do acidente foram gradativamente posicionados como determinantes deste
evento. Assim, foi possível compreender aspectos da organização do trabalho na ocorrência
do acidente. Conclui-se que a intervenção propiciou a compreensão dos sentidos presentes
no acidente do trabalho e dos elementos constitutivos do risco na prática laboral.
Palavras-chaves: Saúde do Trabalhador. Psicodinâmica. Reabilitação. Acidentes de Trabalho.
Psicoterapia Breve.

Abstract:This study discusses the aspects of clinical practice in psychology focused on workers’
rehabilitation. A case study was undertaken concerning an intervention oriented toward a
worker who was a victim of mutilation during an occupational accident. The results indicate
that clinical practice permits the elaboration of mourning in response to functional losses
and impaired body image, besides favoring the welcoming of a range of feelings linked to
the accident. The institutional aspects that initially were not integrated into the understanding
of the accident gradually gained a determining role in this event. Thus, the aspects of work
organization could be understood from the occurrence of the accident. In conclusion, the
intervention furthered the understanding of the meanings present in the occupational accident
and constituent elements of the risk present in the work practice.
Keywords: Occupational Health. Psychodynamics. Rehabilitation. Accidents, Occupational.
Psychotherapy, Brief.

Resumen: En este artículo, la finalidad es discutir aspectos de la práctica clínica en psicología


dirigida a la rehabilitación de trabajadores. Abarca un estudio de caso sobre la intervención
dirigida a una trabajadora víctima de mutilaciones en un accidente de trabajo. Los resultados
indicaron que la práctica clínica posibilitó la elaboración del luto ante las pérdidas funcionales
y los perjuicios de la imagen corporal, además de propiciar el acogimiento de la diversidad
de sentimientos vinculados al accidente. Los aspectos institucionales que inicialmente no se
mostraban integrados a la comprensión del accidente fueron gradualmente posicionados como
determinantes de este evento. Así, se pudo comprender aspectos de la organización del trabajo
en la ocurrencia del accidente. Se concluye que la intervención propició la comprensión de
los sentidos presentes en el accidente del trabajo y de los elementos constitutivos del riesgo
en la práctica laboral.
Palabras clave: Salud Laboral. Psicodinámica. Rehabilitación. Accidentes de Trabajo. Psicoterapia
Breve.

Introdução trabalho (Souza, Santana, Albuquerque-O-


liveira & Barbosa-Branco, 2008). Por isso, a
As condições precárias de trabalho e as vigilância sanitária e epidemiológica voltada
exigências elevadas de produtividade são para a saúde do trabalhador vem sendo
recorrentes no Brasil (Oenning, Carvalho preconizada como modelo de reordenação
& Lima, 2012). A ausência de reconheci- desse cenário (Santos & Rigotto, 2010), em
mento do nexo causal entre processos de razão de seus respectivos potenciais para
adoecimento e trabalho também compõe abordaros processos produtivos e reduzir
este cenário destrutivo da exploração do a subnotificação de acidentes de trabalho.

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A análise dos acidentes de trabalho é A perspectiva dejouriana


empregada como um elemento de inves-
tigação dos processos produtivos e seus aplicada ao acidente do
efeitos articulada à vigilância sanitária trabalho para a compreensão
em saúde do trabalhador, em virtude de
considerar aspectos da organização da
do impacto à saúde mental
produção, das condições de trabalho e do
treinamento em segurança, como fatores As investigações da teoria psicanalítica,
importantes para a compreensão das relacionadas ao processo laboral, destacam
ocorrências de acidentes. Nessa direção, a centralidade dos vínculos estabelecidos no
o acidente de trabalho transitaria de um trabalho para a constituição da identidade.
campo particularizado, entre o trabalhador Dejours destaca que:
e a empresa, para a coletividade (Vilela,
[...] a identidade não pode ser cons-
Mendes & Gonçalves, 2007). truída, exclusivamente, no espaço pri-
vado. A esfera do amor, sozinha não é
Ampliam-se os esforços para reconhecer, suficiente. Nenhum ser pode eviden-
compreender e abordar os impactos à saúde ciar completamente sua identidade
mental que emergem dos acidentes de traba- no campo da economia erótica, pois é
lho (Bucasio et al. 2005). Além da situação situar-se em uma posição de extremo
perigo (Dejours, 2004a, p. 314).
relativa ao acidente, como determinante
da manifestação de sofrimento psíquico,
algumas pesquisas já demonstraram como O vínculo constituído no trabalho se apre-
características ligadas à organização do senta também como um mediador entre a
trabalho contribuem para a ocorrência de singularidade e o campo social. A satisfação
agravamento da saúde mental (Ferreira, Bon- das manifestações desejantes pode ser expe-
fim & Augusto, 2012; Guimarães, Martins, rienciada nas relações de trabalho, por meio
Grubits & Caetano, 2006; Kirchhof et al. da sublimação. Esta permite a valoração de
2009; Schmidt, 2006). Entretanto, ao uma atividade pelo seu desdobramento nos
observar a análise da produção científica espaços de sociabilidade. Conforme destaca
em saúde do trabalhador, constata-se a ele- Dejours (2004a), a atividade valorizada pelo
vada produção de conhecimento conceitual, coletivo é algo que recebeu o julgamento
seguida de estudos específicos nos quais do outro e, como tal, permite a inscrição
se destacam a relação entre agravamentos do sujeito no campo social.
à saúde mental e os acidentes de trabalho
(Bezerra & Neves, 2010). Mesmo assim, A saúde mental, portanto, também é produzida
verifica-se uma lacuna relativa às práticas na relação com a coletividade. Dejours (1992)
de reabilitação em saúde do trabalhador, afirma que o estabelecimento de defesas cole-
tendo em vista as poucas publicações sobre tivas, que objetivam tolerar a exploração do
o tema (Paparelli, 2011; Rumin et al., 2011). sofrimento no trabalho, é uma ferramenta de
Esta lacuna é ampliada, especialmente nas maior eficiência quando comparada a defesas
situações de reabilitação, em que práticas individuais. Isto porque, o que é coletivo traz
clínicas em Psicologia são exigidas. a marca do reconhecimento que, para Dejours
(2001), não é uma reivindicação secundária
Inicialmente, é importante articular alguns dos que trabalham. Muito pelo contrário,
eventos, componentes da ocorrência de mostra-se decisivo na dinâmica da mobilização
um acidente de trabalho, às concepções subjetiva da inteligência e da personalidade
teóricas de Dejours (2004a) sobre o reco- no trabalho (o que é classicamente designado
nhecimento no trabalho. Isto decorre da em psicologia pela expressão ‘motivação no
necessidade de demonstrar que o impacto trabalho´ (Dejours, 2001 p. 34).
do acidente de trabalho à saúde mental está
articulado ao reconhecimento coletivo e Os prejuízos à estruturação da identidade,
às vivências de alienação. à satisfação das relações desejantes e à

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manutenção da saúde mental impõem dis- Por isso, o contato com o real é prejudicado,
tintos processos de alienação. Para auxiliar vivenciando a alienação cultural.
a compreensão dos processos de alienação
propostos pela Psicodinâmica do Trabalho, O dimensionamento das lesões e consequen-
é oportuno destacar uma concepção sobre o tes cuidados envolvem a percepção de que
‘real’: “o real se dá a conhecer ao sujeito por os recursos egoicos não são suficientes para
um efeito de surpresa desagradável, ou seja, restaurar o quadro geral de saúde. Há um
de um modo afetivo. Isso vai desagradá-los intenso sofrimento marcado por alterações
ainda mais: é sempre afetivamente que na imagem corporal e nas capacidades
o real do mundo se revela ao sujeito” funcionais. Notam-se dificuldades para a
(Dejours, 2008, p. 39) efetivação de direitos trabalhistas relativos
a acidentes e, assim, o sofrimento vivido no
Uma vez que o real é tomado, em algum nível egoico e a percepção de fragilidade dos
patamar, como referência, uma vez que não amparos previdenciários podem determinar
haja o reconhecimento por parte de outro, se a alienação mental do trabalhador.
instaura a alienação social (Dejours, 2004b).
Por outro lado, se o reconhecimento pela Ao experienciar o processo de reabilitação, o
coletividade é afirmado, mas o contato com trabalhador vislumbra a possibilidade de que
o real é prejudicado, desenha-se a alienação sua afetividade seja a referência que baliza
cultural. Sintetizando a reflexão dejouriana, os cuidados em saúde. Dejours (2001, p. 29)
a partir do triângulo de Sigaut – ego, real e define a afetividade como “o modo pelo qual
outro – verifica-se que a alienação mental o próprio corpo vivencia seu contato com
decorre do prejuízo ao contato com o real o mundo”. Estas vivências podem exigir o
associado ao reconhecimento que perpassa distanciamento do antigo posto de trabalho
apenas o nível individual. e até mesmo da empresa onde ocorreu o
acidente. O respeito ao posicionamento do
A partir deste aporte da literatura, é possível trabalhador é primordial para a atuação em
distinguir etapas que compreendem um reabilitação; caso não ocorra, a reabilitação
acidente do trabalho e analisar as formas resulta em alienação mental. Isso porque o
de alienação que se vivencia em cada uma coletivo não reconheceu a afetividade, e o
delas. As etapas envolveriam a ocorrência, a indivíduo fica relegado às suas instâncias
atenção emergencial, o dimensionamento das egoicas para lidar com o sofrimento.
lesões, com consequentes cuidados repara-
dores, e a reabilitação. No momento de sua As ligações entre alienação e reconheci-
ocorrência, apesar do contato intenso com mento ainda não se esgotam. Englobam
o real – representado pela lesão no aparato articulações relacionadas ao trabalho
somático – é frequente a negação da res- prescrito e ao trabalho real. É frequente,
ponsabilidade da organização do trabalho nas organizações de trabalho, que o ato
pelo acidente. Nesta ordem, a coletividade inseguro do trabalhador seja preconizado
ligada ao processo produtivo se isenta de e o trabalho real seja preterido. O esforço
responsabilidades e afirma o ato inseguro do de questionar a visão hegemônica do ato
trabalhador: a alienação social é vivenciada. inseguro é ilustrado na pesquisa de Saurin,
Grando e Costella (2012) sobre os acidentes
A atenção emergencial envolve outro campo de trabalho numa empresa de construção
da alienação. Os cuidados emergenciais, que civil. Conforme destacam os autores, mais
são realizados pela coletividade, envolvem de 70% dos acidentes não decorreram de
os primeiros socorros e a tentativa de afas- erros humanos. Ao preconizar o ato inseguro,
tar o risco de morte. Assim, a coletividade evidencia-se a transferência de responsabi-
reconhece o sofrimento e tenta minimizá-lo. lidades da organização do trabalho para o
Entretanto, o contato do trabalhador com o trabalhador e, consequentemente, apenas
real é prejudicado pelo risco de morte. Muitas sobre trabalhador recairia a culpa pelo
vezes, o trabalhador encontra-se inconsciente. acidente de trabalho ocorrido.

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A disseminação do conceito de ato inse- pela Psicodinâmica do Trabalho, afirma-se


guro nas organizações de trabalho, nesta que o presente estudo torna-se relevante em
condição de responsabilização individual razão das escassas experiências que relatam
pelo acidente, contribui para a intensificação a reabilitação profissional, especialmente
do sofrimento psíquico no trabalhador. De aquelas que envolvem intervenções psico-
acordo com Dejours (1999a, p. 170-171), terápicas. O objetivo deste artigo é discutir
“o sofrimento está sempre ligado à degradação aspectos da prática clínica em Psicologia de
das condições de discussão e de intercom- orientação psicanalítica, dirigida à reabili-
preensão”. Sem estas duas condições, o real tação de trabalhadores.
do trabalho não pode ser gerido, em virtude
dos prejuízos à compreensão da “regra de
trabalho” (Dejours, 1999a), que garante a Método
cooperação. Ao conhecer a regra de trabalho,
é possível delimitar: uma regra técnica, pela O presente relato de experiência compreende
qual se pode decidir o que convém fazer o estudo de caso sobre uma intervenção em
quanto à eficácia, à qualidade, à segurança. saúde mental, dirigida a uma trabalhadora
Ao mesmo tempo, uma regra de trabalho é que sofreu mutilações decorrentes de um
sempre uma regra social sobre o que é bom acidente do trabalho. Foram realizadas
ou mau para manter a convivência. Uma regra 34 sessões de psicoterapia de orientação
também é sempre ética, ou seja, é relacionada psicanalítica em uma clínica-escola de
a normas e valores. Finalmente, uma regra de Psicologia. Os atendimentos ocorreram
trabalho é sempre uma regra de linguagem. semanalmente e seu término decorreu de
Uma regra é dita, pronunciada, explicada, o alta do tratamento. O profissional responsável
que é especialmente importante quando há pelo atendimento realizava atividades práticas
conflitos ou litígios (Dejours, 1999a p. 82). de Pós-Graduação, em um serviço de exten-
são em Psicologia, denominado Núcleo de
Reconstituir os componentes de uma situação Atenção em Saúde do Trabalhador (NAST).
de acidente permitiria visualizar as regras de
trabalho e a defasagem entre o prescrito e o O estudo de caso é um recurso metodoló-
real, deslocando a discussão inicial em torno gico importante para o desenvolvimento das
da responsabilidade pelo acidente e possibili- técnicas de intervenção em saúde mental,
tando a “demanda por elaboração” (Dejours, pois, de acordo com Turato:
1999a). Esta demanda é um aspecto central
da reabilitação de trabalhadores acidentados, O pesquisador é movido a uma atitude
uma vez que havendo equidade entre palavra de acolhida das angústias e ansiedades
da pessoa em estudo, com a pesquisa
e escuta, na relação terapêutica, o trabalhador
acontecendo em ambiente natural
pode encontrar soluções e desenvolver auto- (setting de saúde) e mostrando-se par-
nomia em relação às vivências traumáticas ticularmente útil nos casos onde tais
fenômenos tenham estruturação com-
Falar e ser ouvido parece ser um modo plexa, por serem de foro pessoal íntimo
mais poderoso de pensar e, portanto, ou de verbalização emocionalmente
de refletir sobre a própria experiência, difícil (Turato, 2000 p. 96).
desde que esteja comprometido em
uma relação dialógica, intersubjetiva,
na qual se acredita que o outro esteja Conforme Turato (2000), a prática de
de fato tentando compreender. É ao pesquisa clínica em saúde, exige de seus
explicar a outrem o meu sofrimento, profissionais a capacidade de articulação
a minha relação com o trabalho, que entre conhecimento e afeto na determinação
eu, perplexo, me ouço dizer coisas que da postura interventiva e na construção dos
eu não sabia que sabia, até tê-las dito aportes teóricos. Conforme indicam Zanetti
(Dejours, 1999a, p. 176).
e Kupfer:

Após as exposições sobre os acidentes de Se a experiência fornece as bases da


trabalho e aspectos do sofrimento, abordados construção teórica, então o relato

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do caso – um caso único –, ou seja, Desse modo, o sofrimento extrapola a uni-


os desdobramentos de uma análise e causalidade do desenvolvimento emocional
seu acompanhamento pelo analista, e se instaura como um arranjo vivenciado
são um instrumento na construção do
entre a realidade e a identidade. Herrmann
método e da pesquisa em psicanálise
(Zanetti & Kupfer, 2006, p. 171). (2001, p. 196) diferencia as duas concep-
ções da seguinte forma: “realidade é apenas
tudo o que existe para nós, diante de nós.
A realização de um estudo de caso, sobre
À representação do desejo, já que tem por
a intervenção psicoterápica dirigida a uma
característica maior sua pretensão a igualar-se
trabalhadora acidentada, é empreendida para
a si mesma, a manter-se constante e identificar
indicar como o processo interpretativo em
o sujeito, cabe o nome identidade”.
psicanálise se articulou aos pressupostos da
Psicodinâmica do Trabalho (Dejours, 2004c).
Especialmente nas práticas clínicas de orien- A abordagem das formações identitárias, e
tação psicanalítica, Herrmann (2001) aponta sua articulação com os campos da realidade,
que: “o processo interpretativo converte-se é possível a partir de metáforas que vinculam
numa série de pequenos estímulos, de varia- estas duas instâncias. Assim, também é possi-
ções emocionais, de reversões de posição bilitada uma prática clínica do trabalho, onde
do sujeito ou de sentido do discurso, que “o recurso à noção de identidade permite
provocam a ruptura de campo dos pressu- justamente problematizar esta tensão entre
postos lógico-emocionais que determinavam o que, proveniente do passado, confere a
as representações dominantes do paciente” estabilidade, e o que, na atualidade, pode
(Herrmann, 2001, p. 24) desestabilizar o sujeito ou provocar crises de
alteração” (Dejours, 2004b, p. 206).
Dimensionar, com o processo interpretativo,
como o trabalho afeta a saúde mental e No caminho traçado pelo acidente de traba-
expõe o trabalhador ao risco, possibilita a lho, a crise solicita a escuta do sofrimento
experiência de “vórtice” (Herrmann, 2001). e “colocar-se em posição de ouvir e, even-
Nessa experiência, segundo Hermann: tualmente, de compreender o sofrimento
é, necessariamente, engajar-se em relação
o mais comum é que a busca de novo àquele que fala” (Dejours, 2004b, p. 241).
campo para as representações faça
o paciente mergulhar em si mesmo
experimentando e rejeitando diver- Resultados e discussão
sas formas de ser. Há uma acelera-
ção do tempo do processo analítico
A trabalhadora possui terceiro grau completo
e uma circulação mais veloz dos
processos emocionais” (Herrmann, e trabalha em uma instituição de ensino supe-
2001, p. 35). rior, desenvolvendo as funções de orientadora
de estágio e responsável-técnica laboratorial.
A focalização da ação interpretativa no A descrição da rotina de trabalho envolve a
processo de trabalho, para além de aten- jornada de oito horas diárias, nos dias úteis,
der os princípios da psicoterapia breve, com a preservação de horário para refeição e
de orientação psicanalítica (Braier, 2000), descanso. As atividades envolvem a fabrica-
vincula o trabalhador como parte de uma ção de comprimidos revestidos e a orientação
instituição e o posiciona numa estrutura que de tal procedimento aos discentes. Para a
o precede (Käes, 1991). Lhuillier (2011, p. fabricação dos comprimidos, emprega-se
25-26) aponta que as ações clínicas em Psi- uma máquina de compressão de 1.500k de
cologia, dirigidas a trabalhadores, “devem potência, com rotação de 28 voltas/minuto.
se dedicar a explicar a dinâmica social
consubstancial às atividades produtivas. Ela foi encaminhada ao atendimento psicote-
Dinâmica social que está ligada também rápico após sofrer a mutilação de dedos, em
à realidade das situações de trabalho, às decorrência de um acidente de trabalho. A
representações de que ela é o objeto”. descrição do ocorrido, dada pela paciente,

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se refere a um episódio em que ela estava Vale salientar que a classificação dos sin-
auxiliando duas alunas na fabricação de tomas na definição do TEPT não compre-
comprimidos revestidos. Iniciou a limpeza da ende as características psicodinâmicas do
máquina de compressão para que pudesse dar sofrimento vivido. O fato é que o acidente
início às atividades. Ligou a máquina e, com de trabalho ocasiona um estado de maior
o auxílio de uma folha de papel sulfite, tentou vulnerabilidade psicológica e, quando não
retirar os resíduos que estavam solidificados no respeitado e elaborado, pode propiciar uma
seu interior. Neste momento, a folha de papel via para o sofrimento psíquico. A vulnerabi-
foi puxada pela máquina, juntamente com seu lidade ampliada decorre dos próprios danos
jaleco e, consequentemente, a mão direita físicos sofridos e da necessidade de adapta-
foi tracionada pelo equipamento. A rotação ção frente à condição atual de amputação
da máquina determinou a tração dos tecidos de membros, bem como, da organização
dos dedos e dos tendões do braço direito. da autoimagem e dos referenciais identitá-
Assim, houve seguidos esmagamentos e tra- rios. Isso porque ocorre uma mudança na
cionamentos. A trabalhadora precisou orientar maneira pela qual o sujeito se reconhece
os discentes em relação ao desligamento do e é reconhecido pelos demais no local de
equipamento e solicitação de socorro. trabalho (Seligmann-Silva, 2011). Por isso,
a análise dos elementos que emergiram no
No início do atendimento em psicoterapia, processo psicoterapêutico é importante por
a trabalhadora relatou a presença de insônia permitir que a psicodinâmica do acidente
terminal, manifestações fóbicas em relação no trabalho possa ser elucidada.
ao contato visual com as lesões de sua mão
e também que vivenciava um sentimento de Os primeiros atendimentos psicoterápi-
culpa frente às responsabilidades da ocor- cos foram permeados pela expressão de
rência do acidente. A insônia terminal era raiva no campo transferencial. Esta raiva
acompanhada por lembranças do episódio compreendia o prejuízo à funcionalidade
violento e foi indicada prescrição medica- e à imagem corporal, como também, a
mentosa para conter este prejuízo ao ciclo de indefinição relacionada ao processo de
sono. As manifestações fóbicas em relação à cuidado. Esta indefinição compreendeu
observação da extensão do ferimento amplia- o discurso médico e o posicionamento
vam os desdobramentos da violência sobre do empregador, quanto àquilo que seria
sua subjetividade. O sentimento de culpa oferecido como reparação. Num primeiro
em relação aos atos que desencadearam o atendimento médico, a trabalhadora foi
acidente determinava a negação da gravidade informada que não necessitaria amputar
das lesões, do respectivo prejuízo funcional os dedos, apenas realizaria procedimentos
e do comprometimento da imagem corporal. cirúrgicos para a recomposição osteomus-
cular. No entanto, no decorrer dos cuidados
Os afetos presentes na descrição acima médicos, foi observada a necessidade de
podem ser enquadrados como sintomas do amputação dos dedos mínimo e anelar, de
transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). forma consecutiva. Quanto ao empregador,
Seligmann-Silva (2011) destaca que quando não havia referência anterior de atenção a
o indivíduo vivencia uma violência que ame- trabalhadores mutilados e, em certo grau,
aça sua própria vida, ou um evento violento materializou a denegação frente à gravidade
em que terceiros são vítimas, é frequente a da situação. A denegação se apoia: “em
ocorrência dos fenômenos de evitação de um mecanismo de defesa social contra
ambientes ou pessoas que possam lembrar um ferimento narcísico, uma ameaça
o episódio vivido; o que pode desencadear para a identidade de um grupo e dos seus
a rememoração involuntária do episódio ou membros por estigmatização; defesa que
a vivência de iminência inevitável de repe- exige o apagamento simbólico do elemento
tição do fato traumático, e a hipervigilância perturbador e da sua marcação, e pode ir até
e hiperexcitabilidade com estado de alerta, a negação do doente e o seu isolamento”
insônia ou interrupções do ciclo de sono. (Jodelet, 2005 p. 97).

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O afastamento prolongado do trabalho não foi eficaz. Entretanto, ao considerar


produziria este efeito de isolamento. Qual- que as situações que determinaram sua
quer trabalhador nesta condição estaria ocorrência não são abordadas em sua tota-
distanciado do suporte social que poderia lidade de fatores, pelo “agir instrumental”,
receber do coletivo de trabalhadores e, estes deve-se estender esta análise pelo “agir
últimos, também não receberiam informações moral-prático” (Dejours, 1999b).
cotidianas sobre a sua recuperação. Assim,
estaria facilitada “uma tentativa de opor uma O agir moral-prático comporta o parâmetro
denegação daquilo que faz sofrer” (Dejours, equitativo, “é orientado ao entendimento,
2008, p. 50-51). suporta o objetivo de viver em conjunto”
(Dejours, 1999b, p. 67). É plausível que não
Os efeitos psicotizantes da denegação são seja equitativo abordar a mutilação do corpo
descritos por Käes (2005, p. 170) como efeito de um colega de trabalho apenas por seu
das ações de ditaduras militares, e envolve julgamento de eficácia. Talvez, seja necessário
a obrigação dos indivíduos de “guardar o discutir os riscos que envolvem o processo
silêncio, para assegurar sua própria vida, a de trabalho e a ausência da respectiva apre-
negar toda a informação que poderia dar um sentação clara dos mesmos pela organização
significado político ao desaparecimento”. No de trabalho. O agir moral-prático é “aquilo
caso do acidente de trabalho analisado, o que interessa essencialmente às questões
silêncio vivido na organização era tomado humanas, o que passa pela deliberação e
como uma imposição, em uma tentativa de decisão” (Dejours, 1999b, p. 68). Ao deli-
ocultar o fato e sua gravidade; repudiava-se berar em torno dos riscos, os trabalhadores
qualquer tentativa de elaboração coletiva do podem estabelecer defesas coletivas; mas, se
evento e portava-se, em grau considerável, o risco é encoberto, sua ameaça se propaga
a ausência de responsabilidade institucional e violentamente se apresenta nas lesões dos
pelo fato. O silêncio impedia que a elabora- trabalhadores acidentados.
ção coletiva engendrasse alguma inflexão nas
ordens alienantes de negação do sofrimento, A “ação expressiva” (Dejours, 1999b) deve
risco e isolamento no trabalho. Conforme ser analisada na ocorrência de um acidente
destacam Dejours e Bègue: do trabalho por compreender “as expectativas
em relação à auto-realização, à construção da
No fim, cada qual se encontra só, no saúde e ao reconhecimento” (Dejours, 1999b,
meio da multidão, em um ambiente p. 69). Silenciar frente aos riscos presentes no
humano e social com características de
trabalho propicia uma “representação do eu”
hostilidade. A solidão e o abatimento se
instalam no mundo do trabalho e isso desinvestida pela organização de trabalho,
muda radicalmente o cenário, no que restrita à noção de apêndice da máquina.
diz respeito à relação subjetiva frente Esta noção destinaria ao trabalhador o posi-
ao trabalho e à saúde mental (Dejours cionamento “a-subjetal”, descrito por Käes
& Bègue, 2010, p.46). (1997) como um “espaço psíquico minimal
coisificado, objetivado, submetido a uma
O acidente parecia que não produziria causa única e tirânica” (Käes, 1997, p. 101).
efeitos reparatórios na instituição, e estaria A tirania da “ação instrumental” (Dejours,
impedida a capacidade de compreender o 1999b) não comportaria a singularidade e
ocorrido, prevalecendo a “causalidade do mobilizaria a raiva e a impotência.
destino” (Dejours & Bègue, 2010 p. 124).
Ao predominar esta compreensão do aci- No setting clínico, o acolhimento à expressão
dente, nota-se a análise do “agir instru- da raiva garantia a escuta dialógica do sofri-
mental” (Dejours, 1999b), que se desdobra mento e possibilitava que a “ação expressiva”
apenas na avaliação da eficácia (ou não) (Dejours, 1999b) fosse articulada ao processo
de um comportamento. Nessa compreen- de adoecer. A compreensão gradual do que
são, um acidente de trabalho se resume seria necessário realizar para o cuidado de sua
a uma ação “cognitiva-instrumental” que lesão representava o desafio de redefinição

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de sua imagem corporal. Inicialmente, O dimensionamento desse histórico pro-


considerava que o prejuízo seria apenas fissional, frente ao acidente de trabalho,
estético e, gradativamente, passou a integrar a despertava o sentimento de raiva de forma
perspectiva de que conviveria com prejuízos ampla. Expressava a contrariedade de ter
funcionais da mão. investido intensamente seus afetos em algo
que lhe permitia apropriações simbólicas, e
Outra perspectiva dialógica foi inferida no que posteriormente destituiu a trabalhadora
relato de histórias familiares, no contexto de de sua funcionalidade e identidade, a partir
atendimento. Descrevia a família como um de um episódio violento: a preensão e con-
grupo potente que se articulava para efetivar sequente mutilação dos dedos. Desta forma,
projetos individuais e coletivos, mas que agora a raiva provinha do sentimento de responsa-
era atravessado pela vivência de impotência. bilidade frente às escolhas produzidas e do
Estavam submetidos à espera, em razão das resultante sentimento de culpa oriundo da
tentativas de implantar tecidos de outras áreas situação. A incursão analítica sobre a raiva,
do corpo, para a recomposição das áreas mobilizada por esta experiência traumática,
que foram lesionadas. A espera compreendia, foi um destacado operador que possibilitou
ainda, as intercorrências dos procedimentos o distanciamento de um estado melancólico,
reparadores e também a dúvida sobre a exten- e um processo de luto pode ser vivenciado.
são funcional da lesão. Os sentimentos de
impotência passaram a se projetar sobre a Kovács (1992) destaca a condição de luto
temporalidade, denotando que os cuidados patológico, característico da melancolia,
reparadores pareciam intermináveis. quando o sujeito vivencia a autorrecrimi-
nação, e uma expectativa de punição que
A impotência, que se lançou sobre o indiví- ocasiona empobrecimento das funções egoi-
duo e a família, destituía a potência coletiva cas. Enquanto no luto normal, o investimento
vincular. Por outro lado, criava condições libidinal ao mundo externo se torna vazio,
para que o indivíduo se percebesse em sua na melancolia, o próprio ego é desinvestido
singularidade. A singularidade originada libidinalmente e procura-se sua punição. O
pela expressão entre o que é instituído sujeito vivencia sentimentos ambivalentes
pela família, e o que é parcela de sua e de culpa, a partir do ódio que passa a
estrutura libidinal, mobiliza a discussão atuar como autopunição, num processo de
dialógica que gera múltiplos sentidos ao vingança contra o objeto perdido. Enquanto
afeto e permite que elementos cindidos o sentimento de raiva estiver latente, o sujeito
sejam integrados no setting clínico. Por não aceita a perda do objeto, pois se vincula
esta via, foram abordados os afetos que à esperança de seu retorno. Assim, o que se
envolveram sua escolha profissional, a configura como processo de luto saudável é a
história constitutiva de sua graduação e o aceitação da modificação do mundo externo
local de inserção profissional. a partir da perspectiva da perda definitiva
do objeto, e a consequente modificação do
A escolha foi marcada pelo abandono de mundo interno e representacional, com a
uma profissão idealizada e a orientação reorganização dos vínculos que permane-
pela objetividade relativa ao mercado de ceram. Nesse caso, a elaboração do luto
trabalho. Esta perspectiva se efetivou já na só pôde ser definitiva com a redefinição da
graduação, quando experienciou o estágio imagem corporal.
remunerado na área específica de formação,
na própria instituição de ensino superior A diminuição dos sentimentos de raiva des-
em que se graduou. Passou-se a constituir pertou a expressão de memórias esparsas
a história de um investimento na identi- sobre o acidente no trabalho. Destacou que
dade profissional que se solidificava com precisou se controlar para orientar os alunos
a probabilidade de vinculação profissional que testemunharam o ocorrido, a desligar
à instituição de ensino superior, logo após a prensa e auxiliá-la na busca de primeiros
a conclusão da graduação. socorros. Afirmou que o desespero e a enorme

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expressão da dor, no momento da ocorrência, adequado para o manuseio do equipa-


causaram confusão aos alunos, e isto retardou mento; a ausência de ação primária de
a iniciativa destes de desligar a máquina e prevenção, com o emprego de uma “cortina
solicitar socorro. de luz” infravermelha que impossibilitasse
o funcionamento da máquina, quando em
Outra memória esparsa envolveu a perspectiva contato próximo a um corpo externo e a
de que não deveria ter operado a máquina, desconsideração dos riscos potenciais
pois, naquele momento, não era atribuída tanto para a trabalhadora da instituição,
a ela a responsabilidade técnica da prática quanto para os alunos que manuseavam
laboratorial que as discentes executariam. o equipamento, sem restrições de uso. A
Afirmou também que, se tivesse retardado o culpa vivenciada pela trabalhadora pode
deslocamento entre os laboratórios, não teria ser alocada na organização de trabalho
se exposto ao risco de acidente, pois alguém anteriormente idealizada, que passa a
já teria efetuado a limpeza da prensa. Com- incorporar características de responsabi-
plementou esta afirmação destacando que, lidade frente à organização e condições
se as pessoas que anteriormente utilizaram de trabalho, no campo representacional
a máquina tivessem realizado a limpeza, ela da trabalhadora.
não teria se exposto ao risco; e que se tivesse
recebido treinamento, também não teria Quando foi encaminhada à atenção em saúde
ocorrido o acidente e, assim, um conjunto mental, já havia recebido três intervenções
de memórias e racionalizações preencheram cirúrgicas relativas às duas amputações e
o setting psicoterapêutico. uma reconstituição da epiderme da mão
lesionada. No período destas intervenções,
O movimento fragmentário das memórias permaneceu com toda a extensão do ante-
relativas ao acidente tentava reordenar ele- braço direito imobilizada para restringir
mentos que poderiam ter evitado a condição os movimentos. Ao longo do período de
traumática. É relevante enfatizar que, nas atendimento houve, ainda, outros três pro-
situações de reabilitação, tal movimento não cedimentos cirúrgicos para complementar a
se restringe a um processo de racionaliza- reconstituição da epiderme da mão. Como
ção dos fatos, que poderiam ter contido a destacado anteriormente, a necessidade de
violência do acidente. Mas que isso, este cada novo procedimento cirúrgico adicionava
“trabalho da memória” (Käes, 2005), é o que sentimentos de impotência frente à possibi-
possibilita a retomada de conteúdos repri- lidade de reabilitação.
midos e recalcados, ou mesmo o recalque
de conteúdos que não podem ser tolerados. No início, a trabalhadora apresentava ideias
Torna-se um trabalho de ressignificação do maníacas frente ao seu estado, acreditando
passado a partir do presente. Nessa ocasião, que voltaria a desempenhar as funções
a expressão da raiva é necessária para que cotidianas e de trabalho, tal como eram
conteúdos possam ser recordados, novos feitas antes do acidente. Tais ideias foram
objetos possam ser construídos e, a partir desconstruídas ao emergir uma nova imagem
disso, o ego consiga representar elementos corporal e identitária de um corpo barrado.
que, em outros momentos, não poderiam A retirada completa do curativo sinalizava
ser toleráveis. O trabalho da memória pos- sua deficiência e, desta forma, pôde reclamar
sibilitou a compreensão de características da seus direitos frente à condição de barra-
organização do trabalho que contribuíram mento. Para tanto, as questões referentes
para o acidente. à indenização pecuniária foram discutidas
no setting clínico como meio para o reco-
Os fatores presentes no ambiente laboral nhecimento da gravidade do acidente pela
só puderam ser apreendidos a partir do instituição. Tal condição – de gravidade – foi
levantamento das deficiências identificadas confirmada pelo INSS, que prolongou o
na organização e condições de trabalho. afastamento de trabalho em dois períodos
Envolviam a ausência de treinamento de seis meses para reabilitação.

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Considerando a legislação trabalhista sobre Herrmann, Chaves, Lima e Favilli (2002, p. 11)
as cotas para Deficientes e Pessoas com afirmam que “ao interpretar, o analista deixou
Deficiência – Lei no 8213/91 (Brasil, 1991), que algo surgisse à tona, que eventual-
a condição da referida trabalhadora possi- mente entrará de novo em interpretações
bilitava a posição de sujeito desejado pela futuras”. A ampliação do foco demandante
organização de trabalho. Esta racionalização do atendimento clínico (o acidente do tra-
sobre a violência do acidente incluiria a balho) é produzida pela vinculação deste
trabalhadora como reabilitada e indicaria foco às metáforas constitutivas da identi-
que a situação crítica teria sido superada. dade do trabalhador. Na compreensão de
Herrmann et al. (2002), assim se configura
Dejours e Bègue (2010, p. 123) destacam uma “prototeoria da palavra falada”, que é
que “toda evolução na organização do reconhecida nas metáforas. No estudo empre-
trabalho é o resultado de um compromisso endido, circundou-se a metáfora expressa
entre a organização prescrita do trabalho – a pela trabalhadora de que um familiar ‘não
coordenação – e a organização efetiva do sabia da extensão e gravidade das lesões’.
trabalho – a cooperação”. Verifica-se, nesse Metaforicamente, interpretou-se que não era
contexto, o esvaziamento da compreensão permitido a alguém conhecer o risco à saúde
do acidente que impedia que ele pudesse e a dimensão da violência com que o corpo
originar um sentido coletivo para a situação do trabalhador poderia ser atingido. Uma
de violência. parcela do real do trabalho era silenciada,
ilustrando uma prototeoria sobre a denegação
na organização de trabalho.
O contexto clínico e a escuta
dos trabalhadores Essa prototeoria, que envolveu o episódio
de mutilação dos dedos, foi ampliada
A escuta do trabalhador, nas intervenções pela trabalhadora, ao destacar que outros
clínicas, deve percorrer o trajeto das sobre- profissionais e discentes, habitualmente,
determinações institucionais. Isto se dá se expunham a manipular a prensa sem
em razão do propósito de compreender os receber treinamento ou informações sobre
aspectos convergentes entre o sofrimento os riscos decorrentes da atividade. Jodelet
singular e os arranjos intersubjetivos pre- (2005, p. 90) destaca que “o hábito traduz
sentes nas relações de trabalho. A busca então a experiência, pela qual tudo, até o
pelas “determinações convergentes” (Käes, insólito, tornando-se costumeiro acaba por
2001) conta com a delimitação de formações tornar-se banal”. Conforme a interpretação
intermediárias, definidas como “sistemas, abordou o desenvolvimento do hábito, em
instâncias, processos ou objetos de ligação relação a algo que desconforta, a trabalha-
entre vários elementos em função de algumas dora apresentou um discurso colhido ao
características que eles possuem em comum” longo de uma perícia previdenciária. Este
(Käes, 2001, p. 67). discurso envolvia seu enquadramento nas
cotas de trabalhadores deficientes que a
O sofrimento singular propõe analogias com instituição deveria manter. Frente ao prejuízo
a instituição de trabalho, e estas analogias da imagem corporal e da funcionalidade de
impulsionam simbolizações. Entretanto, é seu aparato corporal, deveria se habituar e
necessário contar com “tempos transicio- se beneficiar da oportunidade de enquadra-
nais”, onde haja “uma distância em relação mento nas cotas para trabalhadores com
ao que se apresenta como ‘real’, permitir deficiências adquiridas.
que aquilo que está em jogo possa se rea-
firmar como representação” (Käes, 1991, Depreende-se desta ordem, a banalização
p. 175). Na temporalidade transicional é do mal, pela qual o “sujeito substitui o
possível apreender como o indivíduo se pensamento pessoal por um conjunto de fór-
efetivava e era reconhecido nas relações mulas feitas, que lhe são dadas externamente
de trabalho. pela opinião dominante, pelas conversas

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informais. Nessa zona, há uma “suspensão “reestruturação recorrente dos acontecimen-


da capacidade de julgar” (Dejours, 2001, tos anteriores que não puderam ser integrados
p. 124). Por isso, o desenvolvimento da a formações psíquicas capazes de propor
capacidade de insight – que deve resultar representações de sentidos” (Käes, 2005,
da prática clínica em Psicologia – sustentaria p. 77). O trabalho da memória impede que o
a ruptura com a “retração da consciência vivido seja tomado como algo efêmero e, que
intersubjetiva” (Dejours, 2001), e proporia, por tal característica, perca sua relevância.
ao trabalhador acidentado, imaginar o que
aquilo que sofreu mobilizaria no cotidiano
daqueles com quem trabalha. Considerações finais

Conter a “retração da consciência intersub- No estudo de caso realizado evidencia-se a


jetiva” (Dejours, 2001) contribuiria para o força destrutiva da denegação como entrave
estabelecimento de vínculos pelos quais os à simbolização dos afetos mobilizados pelo
semelhantes seriam atravessados por situ- acidente de trabalho. O esforço interpretativo
ações equivalentes. Assim, a abordagem para encontrar formações intermediárias, entre
de metáforas expressas no setting clínico a expressão de sofrimento da trabalhadora e
atenderia à primeira regra estruturante da as características da instituição, possibilitou
situação psicanalítica: “a exigência de dizer”; que o silêncio em torno do acidente fosse
para que então a fala possa ser “decifrada, rompido e os vínculos presentes no ambiente
traduzida e interpretada” (Käes, 2005, p. 76). de trabalho fossem dimensionados.

Um segundo critério da situação psicanalí- Tomar o acidente de trabalho como campo


tica, aplicado na prática clínica dirigida à focal da prática clínica em Psicologia guarda
reabilitação de trabalhadores, é a presença o risco de perder de vista a instituição como
do fenômeno transferencial. Käes (2005) precursora do sofrimento. Mas, inicialmente,
destaca que a transferência “se inscreve é de suma importância propiciar uma escuta,
no campo da intersubjetividade como a partir da qual o indivíduo possa expressar
uma condição própria do desejo, sendo sua perspectiva dos fatos. As comunicações
também a invenção das vias pelas quais a sobre o que deveria ter sido feito para que o
repetição pode ser elaborada e superada” acidente não ocorresse, ou ao menos, para
(Käes, 2005, p. 76). A repetição da violência que as lesões fossem menores, são parte da
no trabalho pode então ser considerada em elaboração e proporcionam a desvinculação
seu desdobramento coletivo. em relação às vivências de impotência.

O terceiro critério da situação psicanalítica O posicionamento dos fatores contributi-


é a “consistência da realidade psíquica” vos do acidente pode expor uma lógica na
(Käes, 2005, p.76), que apresenta estrutura qual o risco já perambulava. Faltava apenas
homóloga aos sintomas. O sintoma tomado materializar-se no corpo de um trabalhador
no acidente de trabalho como um fenômeno que, cotidianamente, circulava pela cadeia
individual se sustenta numa realidade psí- de determinantes. A culpa poderia ser inscrita
quica estruturada pela “retração da cons- numa perspectiva partilhada e, portanto,
ciência intersubjetiva” (Dejours, 2001), em plural, de responsabilidades.
que o acidente do trabalho não teria seus
determinantes comunicados. A superação Com a prática clínica, o sentimento de culpa,
desta realidade traria ao grupo a indicação frequentemente presente entre trabalhadores
de que pressupostos da instituição ameaçam acidentados, pode ser inscrito numa cadeia de
a saúde dos trabalhadores; não se trata de determinantes institucionais e historicizadas.
uma condição particularizada. A singularidade das escolhas que levaram o
trabalhador à função na qual experienciou
O último critério da situação psicanalítica o acidente é parcela importante da histo-
envolve o trabalho da memória, que permite a ricização. Pode expressar movimentos do

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desejo e, como tal, impulsionar a redefinição gerar consensos sobre aquilo que ameaçava
da identidade para além da experiência do a saúde e a integridade dos trabalhadores.
acidente. Reabilitar envolveria a integração
dos eventos relacionados ao acidente em um A palavra, no setting clínico, fomenta ao menos
panorama em que um sentido pudesse ser duas vias necessárias à reabilitação. A primeira
sustentado coletivamente. envolve a mobilização do desejo em relação
à retomada do trabalho. Considerar o retorno
As lesões que marcam o corpo do traba- ao trabalho é uma alternativa ao barramento
lhador são disparadoras de memórias sobre que o acidente ocasionou. A segunda via
os riscos e ferimentos de menor gravidade compreende o entendimento de que o risco
que foram testemunhados no cotidiano se estende ao grupamento de trabalhadores.
do trabalho, mas não disseminaram, entre Assim, as marcas do acidente de trabalho não
os trabalhadores, o temor de terem seus se restringem apenas ao reabilitado: habitam
corpos destituídos de potencialidades e a percepção coletiva por seu caráter violento.
funcionalidades. A memória destes acidentes Nota-se, então, que a reabilitação ultrapassa
compõe campos representacionais, onde a retomada do trabalho. Deve, também, pro-
circundavam o risco no trabalho e o adoe- vocar aprendizados sobre a qualidade das
cimento. Talvez, se a palavra tivesse tido a relações produtivas e abranger mudanças nos
chance de enunciar tais temores, poderia determinantes institucionais.

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Evelyn Yamashita Biasi


Mestranda em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –
UFMS, Campo Grande – MS. Brasil. Brasil.
Psicóloga no Sistema Penitenciário do Estado de São Paulo.
Docente nas Faculdades Adamantinenses Integradas – FAI, Adamantina – SP. Brasil.
E-mail: evelynbiasi@gmail.com

Cassiano Ricardo Rumin


Mestre em Ciências Médicas (FMRP/USP) pela Universidade de São Paulo – USP,
Ribeirão Preto – SP. Brasil.
Docente nas Faculdades Adamantinenses Integradas – FAI, Adamantina – SP. Brasil.
E-mail: cassianorumin@fai.com.br

Endereço para envio de correspondência:


Rua Esmeralda, 166 - Residencial Eldorado - município: Adamantina (SP).
Cep: 17800-000

Recebido: 09/07/2013, 1ª Reformulação: 14/01/2014, Aprovado: 14/09/2015.

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