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3. Conclusão
Mesmo que haja, em alguns pontos, a confusão entre estrutura, forma,
natureza, e essência, o objetivo de tê-los enfatizado é de, tendo-os bem
delimitados, mais facilmente manusear os conceitos que muitas vezes precisam
ser empregados conjuntamente. O esforço de apontas seus pontos de confusão é,
ao mesmo tempo, o esforço de tornar evidentes seus traços semânticos
distintivos.
A tripartição apresentada tem a razão de apontar três pilares semânticos
de estrutura (permanência, modelo e importância), permeados pela relação com
os termos clássicos de essência e natureza, que devem ser levados em
consideração para o emprego do termo. Assim, sua utilização é um
balanceamento constante entre os pilares expostos. O que se pretendeu cá fazer
foi a edificação semântica do termo estrutura através do enriquecimento de sua
significação, e não a divisão do termo como se fossem termos distintos. Não há
três estruturas, mas três pilares de um só edifício.
O tamanho das partes 2.1., 2.2., 2.3., decresceu em número de linhas e
palavras não por uma decrescente relevância das partes, mas meramente por se
ter pretendido inicialmente um esforço de introdução no campo de discussão e
seguintes aperfeiçoamentos. Assim, as três partes são, no fundo uma, dividida em
três para que fique explícitas as ênfases consideradas necessárias para uma boa
compreensão e um decorrente bom emprego do termo estrutura.
O emprego médico do termo enfatiza principalmente o último traço
semântico apresentado. Assim, quando Popper e Schafner escrvem “Liver:
structure and function” (Fígado: estrutura e função, tradução livre, como todas as
entre parêntesis nesse parágrafo) eles pretendem estudar as partes que o
compõem e localizar o seu papel no bom funcionamento do organismo do corpo
humano. A parte I, “Normal Structure and Function” (Estrutura e Função
Normais), tem como uma de suas subparte uma intitulada “Methods of Study of
Structure” (Métodos de Estudo da Estrutura), composta por sua vez de três
tópicos: “Gross Inspection” (Inspeção Geral), “Microscopic Study” (Estudo
Microscópico), “Cytochemical Analysis” (Análise citoquímica) e “Chemical
Analysis” (Análise Química). Fica evidente que, para o estudo estrutural dos
órgão do corpo humano há a abordagem do órgão inserido no funcionamento
geral do corpo, a parte inserida em um todo que a abrange, e a da composição
química e citológica do próprio órgão, as partes que compõem o próprio órgão
como um todo. No livro cada uma dessas abordagens é acompanhada pela
análise funcional do corpo, do órgão e de suas partes, que é uma prática típica da
ciência médica, ou ainda das chamadas ciências naturais, mais amplamente.
O emprego arquitetônico tem uma dupla ênfase, aos primeiro e terceiro
traços, estrutura sob o critério da permanência, e estrutura na relação parte-
todo. O que se diz de estrutura em arquitetura faz referência às partes do edifício
indispensáveis para a edificação da construção, ou seja, aquilo que é necessário
para que o edifício mantenha-se em pé. Uma parede de gesso que divide um
espaço em dois, portanto, não é estrutural. Já a viga de concreto que contribui na
sustentação de um andar ou o pilar que sustenta a viga o são. Assim, critério da
permanência e a relação parte-todo se fazem presentes.
Tanto o emprego médico quanto o arquitetônico, no entanto, em seu uso
corrente, diferenciam-se entre si e da aplicação no universo das chamadas
ciências humanas, ou, ainda, ciências do espírito. Mas valerá um esforço de
aproximação entre elas todas, uma vez que a distinção é, nesse caso, mais óbvia.
A pesar de numa primeira análise diferenciarem-se quanto ao objeto e, por isto,
aos meios de apreensão e enformação de seu conteúdo, todas as áreas trabalham
com modelos que devem permitir a mais fácil e completa significação de seus
contornos e formas teóricas. Em última análise, sempre a observação e a
experiência surtem como teste determinante dos modelos. Mesmo para os
idealistas, sempre haverá o desafio da experiência. Para estes, inclusive, a
transformação do experimentável, do palpável, pela ideia é uma das grandes
vitórias. Não teriam sido possíveis as construções barrocas ou qualquer outra
construção das modernas civilizações ocidentais ou mesmo das antigas, gregas e
romanas, sem o conhecimento da abstrata geometria. Tal como não teria sido
possível o aperfeiçoamento da medicina sem a formulação teórica de modelos
estruturais que permitissem pensar em termos lógicos e abstratos o
funcionamento do organismo corporal humano. E o mesmo vale para as ciências
do espírito. Num limite, todas elas seriam ciências do espírito. Seria bobagem
pensar em qualquer ciência que não fosse, por ser ciência, do espírito. Fazemos
estas distinções e classificações pelo objeto que pretendem explorar. Mas dizer
que, por isto, as ciências humanas não podem ser tidas como ciência, mas
metaciência é ignorar a espontaneidade da própria vida humana. Não foi o
humano que criou o humano. Talvez possamos dizer que o humano se tenha
aperfeiçoado, se tenha afinado e elevado a condições que n’outras épocas teriam
sido inimagináveis. Mas certamente não se criou a si mesmo (com o perdão do
pleonasmo). O teste final das ciências do espírito vale-se também da experiência.
Não é menos importante a sabedoria de um antropólogo ancião do que a de um
pedreiro ou um pescador, cada um a suas artes e ofícios. Não é menos necessário
que a ciência jurídica tenha efeitos práticos do que que uma casa se sustente
edificada. Por isto, podemos, valendo-nos das analogias apresentadas, buscar
raízes (não em termos históricos, mas racionais, de conhecimento) comuns às
ciências que hoje se distinguem – e que, talvez, desde tempos remotos assim as
tenham sido, mas que, por intuição, e mesmo respeitando uma tradição da
epistemologia, devem apresentar traços comuns – , até mesmo para melhor
diferenciá-las, conhecê-las e desenvolvê-las.
4. Claude Lévi-Strauss
“Só é estrutura o arranjo que corresponde a duas condições: a de ser um sistema
regido por uma coesão interna; e a de que essa coesão, inacessível ao observador
de um sistema isolado, se revele no estudo das transformações, graças ás quais
se encontram propriedades similares em sistemas aparentemente diferentes.”i
5. Umberto Eco
“Uma estrutura é um modelo construído segundo certas operações
simplificadores que me permitem uniformar fenômenos diferentes com base
num único ponto de vista.”ii
“A estrutura é um modelo por mim elaborado para poder nomear de maneira
homogênea coisas diferentes.”iii
“O código é o modelo de uma série de convenções comunicacionais que se
postula existente como tal, para explicar a possibilidade de comunicação de
certas mensagens.”iv
“Concluindo: um código é uma estrutura elaborada sob forma de modelo e
postulada como regra subjacente a uma série de mensagens concretas e
individuais que a ela se adequam e só em relação a ela se tornam comunicativas.
Todo código pode ser comparado com outros códigos mediante elaboração de
um código comum, mais esquelético e abrangente.”v
“A função de um método estrutural consiste justamente em permitir a resolução
de diferentes níveis culturais em séries paralelas homólogas. Função, portanto,
puramente operacional, com vistas a uma generalização do discurso.”vi
“Percebemos, assim, que se a ‘estrutura’ se limita a ser um determinado sistema
de relações orgânicas oú tout se tient, então a instância estruturalista impregna
toda a história da Filosofia, pelo menos desde a noção aristotélica de substância
(e, na Poética, desde a ideia de organismo dramático como ‘grande animal’),
através das várias formas de organicismo biologístico, passando naturalmente
pelas várias teorias medievais da forma, até às filosofias oitocentistas do
organismo”
“Admitamos (...) que a ‘estrutura’ seja um conjunto, as partes desse conjunto e as
relações dessas partes entre si; que seja um sistema em que tudo está conexo, o
todo conexo e o sistema das conexões; e eis que logo surgem dois aspectos da
noção de ‘estrutura’: a estrutura é um objeto estruturado ou é o conjunto de
relações que estruturam o objeto mas podem ser dele abstraídas?”
6. Thomas Kuhn