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1 FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 2

O
NOME: ____________________________________________________ N. : ______ TURMA: ______ DATA: _____________________

GRUPO I
PARTE A
Leia a composição lírica de Pai Soares de Taveirós que se apresenta.

Como morreu quem nunca bem


1
ouve da rem que mais amou,
e quem viu quanto receou
2 3
d’ela, e foi morto por ém:
5 Ai mia senhor, assi moir’eu!

Como morreu quem foi amar


4
quem lhe nunca quis bem fazer
e de quem lhe fez Deus veer
5
de que foi morto com pesar:
10 Ai mia senhor, assi moir’eu!

6
Com’ ome que ensandeceu,
senhor, com gram pesar que viu,
7
e nom foi ledo nem dormiu
depois, mia senhor, e morreu:
15 Ai mia senhor, assi moir’eu!

Como morreu quem amou tal


dona que lhe nunca fez bem,
e quem a viu levar a quem
8
a nom valia, nem a val:
Ai mia senhor, assi moir’eu!

(1) rem: pessoa (o vocábulo rem significa coisa mas nesta cantiga pode adotar-se o significado apresentado).
(2) e quem viu quanto receou / d’ela: e quem viu acontecer aquilo que receou acerca dela.
(3) por ém: por isso.
(4) bem fazer: corresponder ao amor.
(5) e de quem lhe fez Deus veer / de que foi morto com pesar: e acerca de quem Deus lhe fez ver alguma coisa que
o fez morrer com desgosto.
(6) ensandeceu: enlouqueceu.
(7) ledo: alegre.
(8) quem a viu levar a quem / a nom valia: quem a viu ficar com quem a não merecia.

Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Identifique o género da cantiga trovadoresca, justificando a sua resposta.

2. Esta cantiga evoca o tema da coita de amor, apresentando-se um paralelismo entre alguém que morreu
de amor e a situação em que se encontra o sujeito poético.

2.1 Explique de que forma este paralelismo estrutura a cantiga, fundamentando a sua resposta com
transcrições textuais.

3. Refira-se ao campo semântico (relacionado com a morte e o lamento) e ao refrão da cantiga, explicando
como contribuem para concretizar a noção de coita de amor.

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PARTE B

1
Leia a composição lírica de Pero Gomes Barroso.
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Moir’eu aqui de dessoriam
3
e dizem ca moiro d’amor;
4
e haveria gram sabor
de comer, se tevesse pam;
5
5 e, amigos, direi-vos al:
moir’eu do que em Portugal
6
morreu Dom Ponço de Baiam.

7
E quantos m’ est’ a mi dirám
que nom posso comer d’amor,
10 dê-lhis Deus [a]tam gram sabor
8
com’ end’ eu hei; e v[e]erám
9
que há gram coita de comer
quem dinheiros nom pod’ haver
de que o compr’ e nom lho dam.

(1) Esta cantiga segue a transcrição feita por Graça Videira Lopes na obra Cantigas de Escárnio e Maldizer dos
Trovadores e Jograis Galego-Portugueses, Lisboa, Editorial Estampa, julho de 2002, p. 422.
(2) de dessoriam: de fraqueza, de esvaziamento (de fome).
(3) ca: que.
(4) gram sabor: ter vontade, ter gosto.
(5) al: outra coisa.
(6) Dom Poço de Baiam: fidalgo português, rico-homem das cortes de D. Sancho I, D. Afonso II e D. Sancho II;
possível referência irónica.
(7) m’est’a mi dirám: me dizem.
(8) end’eu hei: disso tenho eu.
(9) coita: sofrimento; ânsia.

Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Identifique o género da cantiga trovadoresca, justificando a sua resposta.

2. Explique de que forma se pode considerar esta cantiga como uma crítica à noção de coita de amor presente na
lírica trovadoresca.

GRUPO II
Leia o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulte as notas.
A poesia de corte compilada no Cancioneiro da Ajuda e nos que se lhe seguem é, naturalmente, muito
diversa da dos cantores rústicos, que correspondem aos gostos e interesses da gente rural, conquanto fossem
também cantados nas vilas e cidades.
Ao contrário da cantiga de amigo, o cantar de amor não sugere ambientes, sejam físicos, determinados
5 por referências ao mundo exterior, ou sociais, resultantes da presença de personagens interessadas no
enredo amoroso; não se refere à mãe, ao santo da romaria, às ondas do mar ou às árvores em flor. Isto
resulta de, ao contrário da poesia popular, esta não ser dramática. Só duas ou três vezes respigamos alusões
ao mundo ambiente: um poeta admirou uma dama por entre as ameias de um castelo; outro perdeu-se por
uma mulher que viu em cabelo entoando um cantar. Estar «em cabelo», nesta época, era uma antecipação de
10 estar nua.
Não há espaço à volta nos cantares de amor, se excetuarmos as pastorelas, que imitam de perto as
provençais, mas só a voz que canta na solidão: uma súplica do apaixonado para que a «senhor» reconheça e
premeie o seu «serviço»; ou um elogio abstrato da beleza dela; ou uma descrição dos tormentos do poeta
1
dirigida à piedade ou «mesura» da «senhor».

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15 O amor era concebido à maneira cavaleiresca, como um «serviço». O cavaleiro «servia» a dama pelo
tempo que fosse necessário para merecer o seu galardão. Consistia esse serviço em dedicar-lhe os
pensamentos, os versos e os atos; em estar presente em certas ocasiões; em não se ausentar sem licença, etc.
O servidor está para com a «senhor» como o vassalo feudal para com o suserano.
A regra principal deste «serviço» era, além da fidelidade, o segredo. O cavaleiro devia fazer os possíveis
20 para que ninguém sequer suspeitasse do nome da sua senhora, indo até ao sacrifício de se privar do seu
convívio, ou de se fingir apaixonado por outra. O disfarce, que consistia em dedicar versos a uma dama para
ocultar a verdadeira amada, era frequente.
Na grande maioria das cantigas de amor, os requerimentos assíduos de «servidor» visam conseguir da
«senhor» uma coisa que se designa pela expressão «fazer bem». É fácil compreender o que significa este
2
25 eufemismo: um poeta, referindo-se a uma soldadeira venal , conta que ela não lhe quer «fazer bem» sem que
3
primeiro o pretendente lhe pague um maravedi . O rei D. Dinis, tendo conseguido da «senhor» dos seus
cantares de amor que ela fizesse todo o «ben» sem faltar nada, pede-lhe, no fim, segredo mútuo, porque, diz,
4
se este «preito» for sabido, nem ele nem ela tirarão daí estima nem louvor.
Mas o que é próprio das cantigas de amor e do seu modelo provençal é a distância a que o amante se
30 coloca em relação à sua amada, a que chama senhor, tornando-a um objeto quase inacessível; a atitude é a de
uma espécie de ascese abstinente, seja qual for a realidade a que as palavras servem de cortina. A regra do
segredo não é só, porventura, uma precaução exigida por amores clandestinos, numa sociedade em que o
adultério era punido por lei constantemente transgredida, mas uma regra ascética que tornava o amor mais
intenso quanto mais solitário e à margem da sociedade. O amor trovadoresco e cavaleiresco é, por ideal,
secreto, clandestino e impossível.
ANTÓNIO JOSÉ SARAIVA, O Crepúsculo da Idade Média em Portugal, Lisboa, Gradiva Publicações Lda., s.d. (com adaptações).

(1) mesura: reverência, cortesia.


(2) soldadeira venal: mulher que atuava nas festas a troco de um pagamento em dinheiro.
(3) maravedi: moeda antiga.
(4) preito: pacto.

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.7, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.
1.1 O excerto apresentado centra-se na aceção de que o amor cortês é
(A) a base da poesia criada pelos trovadores.
(B) uma das temáticas da poesia feminina peninsular.
(C) a base em que assentam as cantigas de amor peninsulares.
(D) um reflexo da relação entre o trovador e os suseranos.
1.2 A expressão «o cantar de amor não sugere ambientes» (linha 4) refere-se ao facto de
(A) as cantigas de amor serem sem exceção, reflexões do eu sobre o amor.
(B) as cantigas de amor, normalmente, não mencionarem cenários nem personagens.
(C) as cantigas de amor serem, sem exceção, reflexões do eu sobre a sua «senhor».
(D) as pastorelas não terem qualquer cenário.
1.3 No trecho «o servidor está para com a “senhor” como o vassalo feudal para com o suserano» (linha 18),
compara-se
(A) o trovador com um cavaleiro que presta um serviço essencial ao seu senhor feudal.
(B) a «senhor» amada com um senhor feudal a quem se deve vassalagem e a quem se prestam serviços.
(C) a «senhor» com uma dama que tem o direito de governar e atribuir sentenças.
(D) o trovador com um vassalo que cumpre as tarefas para ser recompensado.
1.4 O preceito fundamental do amor cortês consistia
(A) em ser leal à «senhor» de forma discreta.
(B) em divulgar o amor pela «senhor».
(C) na dedicação exclusiva à amada.
(D) no sigilo acerca da identidade da «senhor».

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1.5 Na frase «É fácil compreender o que significa este eufemismo» (linhas 24-25), o vocábulo «eufemismo»
indica que «fazer bem» é uma forma de
(A) enfatizar o significado do pacto entre o servidor e a «senhor».
(B) exagerar o significado do pacto entre o servidor e a «senhor».
(C) atenuar o significado do pacto entre o servidor e a «senhor».
(D) disfarçar o significado do pacto entre o servidor e a «senhor».
1.6 O valor aspetual presente na frase «O amor trovadoresco e cavaleiresco é, por ideal, secreto, clandestino
e impossível» (linhas 34-35) é
(A) genérico.
(B) habitual.
(C) iterativo.
(D) imperfetivo.
1.7 O texto apresentado pode enquadrar-se no género
(A) narrativo.
(B) descritivo.
(C) argumentativo.
(D) expositivo.

2 Identifique a função sintática desempenhada pelos constituintes indicados.


a) «de corte» (linha 1)
b) «o cantar de amor» (linha 4)
c) «as provençais» (linha 12)

3 Identifique os processos fonológicos envolvidos na evolução dos seguintes termos do latim para o português
contemporâneo.
a) gram  grande
b) moiro  morro
c) veer  ver

4 Classifique as orações subordinadas presentes nas expressões seguintes.


a) «que viu em cabelo» (linha 9)
b) «se excetuarmos as pastorelas» (linha 11)
c) «para que ninguém sequer suspeitasse do nome da sua senhora» (linha 20)

GRUPO III
A partir do texto de António José Saraiva apresentado no Grupo II, construa uma síntese bem estruturada do mesmo
texto, com um mínimo de cento e oitenta e um máximo de duzentas e dez palavras.

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