Sei sulla pagina 1di 6

29/11/2018 Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1292335 RO 2011/0267651-4

2º Grau

Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL :


REsp 1292335 RO 2011/0267651-4 - Inteiro Teor

Inteiro Teor
RECURSO ESPECIAL Nº 1.292.335 - RO (2011/0267651-4)
RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA
RECORRENTE : UNIÃO
RECORRIDO : ARISTEU BILEK E OUTROS
ADVOGADO : MARÇO AURÉLIO CARBONE
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGENTES DA POLÍCIA FEDERAL.
REGIME DE PLANTAO (24H DE TRABALHO POR 48H DE DESCANSO). ADICIONAL NOTURNO. ART. 7º,
IX, DA CF/88. ART. 75 DA LEI 8.112/90. CABIMENTO. PRECEDENTES DO TST. SÚMULA 213/STF.
1. O servidor público federal, mesmo aquele que labora em regime de plantão, faz jus ao adicional
noturno quando prestar serviço entre 22h e 5h da manhã do dia seguinte, nos termos do art. 75 da Lei
8.112/90, que não estabelece qualquer restrição.
2. "É devido o adicional noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento" (Súmula
213/STF).
3. Ao examinar o art. 73 da CLT, o Tribunal Superior do Trabalho decidiu, inúmeras vezes, que o
adicional noturno é perfeitamente compatível com o regime de plantões.
4. Recurso especial não provido.
ACÓRDAO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros
da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça , por unanimidade, negar provimento ao recurso,
nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Mauro Campbell
Marques (Presidente) e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justi cadamente,
o Sr. Ministro Herman Benjamin.
Brasília, 09 de abril de 2013 (Data do Julgamento).
Ministro Castro Meira
Relator
RECURSO ESPECIAL Nº 1.292.335 - RO (2011/0267651-4)
RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA
RECORRENTE : UNIÃO
RECORRIDO : ARISTEU BILEK E OUTROS
ADVOGADO : MARÇO AURÉLIO CARBONE
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): O recurso especial, fundado nas alíneas a e c do
inciso III do art. 105 da CF/88, foi interposto pela União contra acórdão do Tribunal Regional Federal
da 1ª Região, assim ementado:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23102665/recurso-especial-resp-1292335-ro-2011-0267651-4-stj/inteiro-teor-23102666?ref=juris-tabs 1/6
29/11/2018 ADMINISTRATIVO. AGENTE DE POLÍCIA
Superior Tribunal FEDERAL.
de Justiça REGIMEESPECIAL
STJ - RECURSO DE PLANTAO. ADICIONAL
: REsp 1292335 NOTURNO.
RO 2011/0267651-4
1. "É devido o adicional noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento" (STF -
súmula 213).
2. Entendimento aplicável ao funcionário público estatutário, diante do disposto no artigo 75 da Lei
8.112, de 11 de dezembro de 1990, que assegura o valor-hora dos serviços prestados no horário
compreendido entre as 22:00 horas de um dia e as 5:00 do dia seguinte acrescido de 25% (vinte e
cinco por cento).
3. Juros moratórios à taxa mensal de 1% (um por cento), na linha da orientação jurisprudencial da eg.
Primeira Seção e do colendo Superior Tribunal de Justiça a propósito.
4. Ressalva de entendimento pessoal do Relator em sentido contrário.
5. Atualização monetária que deve observar os índices decorrentes da aplicação da Lei 6.899, de 8 de
abril de 1981, e legislação posterior, conforme enunciados no manual de cálculos da Justiça Federal.
6. Recurso de apelação não provido, parcialmente provida a remessa o cial (e-STJ . 252).
Os embargos de declaração opostos na sequência foram rejeitados (e-STJ s. 262-266).
A recorrente sustenta, em preliminar, violação do art. 535 do CPC, argumentando que o aresto não
debateu todas as questões fundamentais à resolução da lide.
Aponta divergência jurisprudencial em relação ao art. 75 de Lei n.º 8.112/90, pois o acórdão recorrido
confronta com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, visto que "o regime de plantão,
quando aplicado a servidor público, exclui a possibilidade de pagamento relativo a adicional noturno"
(e-STJ . 277).
Os recorridos não ofertaram contrarrazões (e-STJ . 284).
Admitido na origem o apelo (e-STJ . 286), subiram os autos para julgamento.
O Ministério Público Federal, em parecer subscrito pelo ilustre Subprocurador-Geral da República, Dr.
Antônio Fonseca, opina pelo provimento do recurso (e-STJ s. 301-304).
É o relatório.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.292.335 - RO (2011/0267651-4)
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGENTES DA POLÍCIA FEDERAL.
REGIME DE PLANTAO (24H DE TRABALHO POR 48H DE DESCANSO). ADICIONAL NOTURNO. ART. 7º,
IX, DA CF/88. ART. 75 DA LEI 8.112/90. CABIMENTO. PRECEDENTES DO TST. SÚMULA 213/STF.
1. O servidor público federal, mesmo aquele que labora em regime de plantão, faz jus ao adicional
noturno quando prestar serviço entre 22h e 5h da manhã do dia seguinte, nos termos do art. 75 da Lei
8.112/90, que não estabelece qualquer restrição.
2. "É devido o adicional noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento" (Súmula
213/STF).
3. Ao examinar o art. 73 da CLT, o Tribunal Superior do Trabalho decidiu, inúmeras vezes, que o
adicional noturno é perfeitamente compatível com o regime de plantões.
4. Recurso especial não provido.
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Preenchidos os pressupostos de recorribilidade,
conheço do recurso, prejudicada a alegação de ofensa ao art. 535, II, do CPC.
A Corte regional negou provimento ao apelo da União por entender que os autores, todos eles agentes
da Polícia Federal, fazem jus ao adicional noturno, previsto no art. 75 da Lei 8.112/90, mesmo
laborando em regime de plantão de 24h de trabalho, por 48h de descanso.
Vale a pena conferir os fundamentos de que se valeu o aresto recorrido, verbis :
1. Não assiste razão à apelante. Primeiramente, não procede a alegação de cerceamento de defesa,
em face do julgamento antecipado da lide, haja vista que a matéria debatida nos autos é estritamente
de direito e prescinde de produção probatória.
2. Os autores são agentes da Polícia Federal e exercem suas atividades em regime de plantão, em
jornadas de 24 horas, seguidas de 48 horas de descanso. Nos termos do art. 75 da Lei 8112/90, o
adicional noturno é devido a todo servidor público que cumpra jornada entre as vinte e duas horas de
um dia e as cinco horas do dia seguinte, independentemente de ser o trabalho realizado em regime de
plantão, ou sucedido por períodos de descanso.
3. Com efeito, em atendimento à legalidade estrita que deve nortear os atos administrativos, evidente
é o direito dos autores de auferir o adicional noturno em consonância com a previsão legal da Lei
8112/90 e com o direito fundamental constante no art. 7º, IX c/c art. 39, 3º, da Constituição Federal.
Nesse sentido, precedentes desta Corte:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23102665/recurso-especial-resp-1292335-ro-2011-0267651-4-stj/inteiro-teor-23102666?ref=juris-tabs 2/6
29/11/2018 ADMINISTRATIVO. Superior
AGENTE DA dePOLÍCIA
Tribunal Justiça STJFEDERAL.
- RECURSO PLANTAO. REGIME
ESPECIAL : REsp 1292335 DE REVEZAMENTO.
RO 2011/0267651-4
ADICIONAL NOTURNO. SÚMULA 213 DO STF.
1. O policial federal que exerce plantão à noite, mesmo que em regime de revezamento, faz jus ao
adicional noturno previsto no art. 75 da Lei 8.112/90. Aplicação da súmula 213/STF. Precedentes
deste Tribunal.
2. Apelação e remessa o cial improvidas (AC 96.01.17707-8/RO, Rel. Juiz Federal Miguel Ângelo de
Alvarenga Lopes (conv), Segunda Turma Suplementar, DJ de 11/11/2004, p.81)
ADMINISTRATIVO. ADICIONAL NOTURNO. REGIME JURÍDICO PRÓPRIO. IMPOSSIBILIDADE DE
INCORPORAÇAO AOS VENCIMENTOS DO SERVIDOR PÚBLICO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
1. A Administração Pública está vinculada ao princípio da legalidade absoluta, só podendo agir dentro
do que a lei permite ou determina. O Regime Jurídico Único instituído pela Lei n. 8.112, de 11 de
dezembro de 1990, não admite o direito à incorporação de adicional noturno por se tratar de adicional
temporário, sendo devido na forma do art. 75 da Lei n. 8.112/90. Precedentes deste Tribunal e do STJ.
2. Apelação não provida (AC 2001.01.00.031520-4/MG, Rel. Juiz Federal Miguel Ângelo De Alvarenga
Lopes (conv), Primeira Turma, DJ de 07/05/2007, p.17)
4. As custas devem ser pagas em reembolso.
5. Juros moratórios xados em 1% a.m., contados a partir da citação, tendo em vista o caráter
alimentar da pretensão. Inaplicável ao presente caso a limitação dos juros de mora pela MP 2.180, de
24 de agosto de 2001, por ter sido ajuizada a presente ação em data anterior à edição da referida
Medida Provisória. Precedentes deste Tribunal e do STJ.
6. A correção monetária deve ser efetuada de acordo com os índices estabelecidos pela Lei n.
6.899/81, em conformidade com o Manual de Orientação de Procedimentos para os cálculos na
Justiça Federal, a partir do vencimento de cada prestação. Orientação do Superior Tribunal de Justiça
e desta Corte.
7. Isto posto, nego provimento à apelação e dou provimento parcial à remessa o cial para ajustar os
consectários.
É o voto (e-STJ s. 247-248).
O dispositivo em torno do qual gravita a controvérsia é o art. 75 da Lei 8.112/90, assim redigido:
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia
e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta segundos.
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo
incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73.
Esse dispositivo regulamentou, no plano do serviço público civil da União, o art. 7º, IX, da CF/88, que é
claro quando impõe, como direito básico dos trabalhadores urbanos e rurais, a remuneração do
trabalho noturno superior à do diurno, verbis :
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
IX remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
Essa norma constitucional é de e cácia plena e, portanto, vigência imediata. Ela determina o
pagamento do adicional noturno sem qualquer restrição.
É regra básica de hermenêutica que não cabe ao intérprete restringir onde a lei não restringiu,
sobretudo quando a norma interpretada é de estatura constitucional e consagra um direito social dos
trabalhadores.
ARNALDO SÜSSEKIND diz que as normas do art. 7º da CF/88 são de ordem pública e, portanto,
imperativas e invioláveis pela vontade das partes contratantes da relação trabalhista, verbis :
(...) essas regras cogentes formam a base do contrato de trabalho, uma linha divisória entre a
vontade do Estado, manifestada pelos poderes competentes, e a dos contratantes. Estes podem
complementar ou suplementar o mínimo de proteção legal; mas sem violar as respectivas normas.
Daí decorre o princípio da irrenunciabilidade, atinente ao trabalhador, que é intenso na formação e no
curso da relação de emprego e que se não confunde com a transação, quando há res dubia ou res
litigiosa no momento ou após a cessação do contrato de trabalho ( Comentários à Constituição
Brasileira , Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989, v. 1, p. 332).
Os princípios de hermenêutica constitucional têm por nalidade possibilitar ao intérprete a busca pelo
signi cado mais adequado para as normas constitucionais. Entre as inúmeras regras de
hermenêutica constitucional, é possível enumerar quatro perfeitamente aplicáveis ao caso dos autos:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23102665/recurso-especial-resp-1292335-ro-2011-0267651-4-stj/inteiro-teor-23102666?ref=juris-tabs 3/6
29/11/2018 (a) PRINCÍPIO DA UNIDADE DACONSTITUIÇÃOO
Superior Tribunal , pelo qual
de Justiça STJ - RECURSO as normas
ESPECIAL constitucionais
: REsp 1292335 devem ser
RO 2011/0267651-4
interpretadas em seu contexto, e não isoladamente, de modo a evitar as antinomias aparentes.
Como lembra JJ Gomes Canotilho, "o Direito Constitucional deve ser interpretado de forma a evitar
contradições (antinomias, antagonismos) entre as suas normas e, sobretudo, entre os princípios
jurídicos-políticos constitucionalmente estruturantes. (...) o princípio da unidade obriga o intérprete a
considerar a Constituição na sua globalidade e procurar harmonizar os espaços de tensão (...)
existentes entre as normas constitucionais a concretizar. Daí que o intérprete deva sempre
considerar as normas constitucionais, não como normas isoladas e dispersas, mas sim como
preceitos integrados num sistema interno unitário de normas e princípios" ( Direito Constitucional , 5ª
ed, Coimbra: Almedina, 1991, p. 162).
No caso, a regra do art. 7º, IX, da CF/88 consagra um direito social dos trabalhadores, uma das
vertentes dos direitos fundamentais, e não pode ser interpretada restritivamente sem olhar o contexto
normativo em que se insere.
A regra, que xa o adicional noturno, tem amparo em dois princípios constitucionais, a saber, o da
dignidade da pessoa humana e o da valorização do trabalho, e deve ser interpretada com os olhos
sempre atentos a esses valores tão caros ao ordenamento constitucional.
Quem labora no turno da noite precisa de uma compensação nanceira relativamente àquele que
desempenha as mesmas funções durante o dia, porque o trabalho noturno é mais penoso, mas
desgastante, além de impor ao trabalhador que a ele se submete o sacrifício de ter que abdicar,
muitas vezes, da via social, do convívio com família e amigos.
O fato de o trabalhador submeter-se ao regime de plantão não altera esse panorama, pelo menos não
completamente. Nos dias em que dobra a jornada, sofre ele com o desgaste inerente ao trabalho
noturno, obrigado, literalmente, a trocar o dia pela noite, bem como se vê privado de vivenciar uma dia
a dia "normal", já que a vida dos homens urbanos rege-se pelo horário comercial das empresas.
Assim, torna-se difícil a um trabalhador noturno, daí não excetuados os plantonistas, atos
corriqueiros do cotidiano, como, por exemplo, levar os lhos ao colégio, praticar esportes, ter um lazer
em geral.
Esses sacrifícios, por imposição constitucional, devem ser compensados com o adicional noturno,
não havendo incompatibilidade alguma com o trabalho executado em regime de plantões.
Dito de outra forma, a dignidade da pessoa humana e a valorização do trabalho são princípios que
estão a exigir do intérprete uma exegese não restritiva da regra do art. 7º, IX, da CF/88, para que se
estabeleça um discrímen nanceiro entre o trabalho diurno e o noturno, como forma de compensá-
los.
(B) PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇAO CONFORME ACONSTITUIÇÃOO, que obriga o intérprete a
buscar o sentido e o alcance da norma dentro da própriaConstituiçãoo, sobretudo nos seus princípios
e valores estruturantes.
Tomando de referência o que se disse quanto ao princípio antecedente, a norma do art. 7º, IX, da
CF/88 não pode ser interpretada de modo a aviltar os princípios da dignidade da pessoa humana e da
valorização do trabalho. Assim, o labor noturno deve ser, em qualquer circunstância, compensado
nanceiramente em relação ao diurno, como forma de valorizá-lo socialmente e de garantir ao
trabalhador que o presta uma compensação mais digna, pelo menos, quando comparada ao
trabalhador que exerce as mesmas funções sob a luz do sol.
(C) PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE DA NORMA CONSTITUCIONAL , segundo o qual, na
interpretação das normas constitucionais, deve-se atribuir-lhes o sentido que lhes empreste maior
e cácia. Trata-se de princípio hermenêutico muito utilizado na interpretação dos direitos
fundamentais.
É por essa razão que as normas que instituem direitos e garantias fundamentais, como é o caso, não
devem ser interpretadas restritivamente, mas de modo extensivo, apto a permitir a maior amplitude
normativa possível.
Também por esse motivo, não deve a norma do art. 7º, IX, da CF/88 ser interpretada de modo a
amesquinhar, ou reduzir signi cativamente, seu campo de aplicação.
(D) PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR, para o qual, na interpretação constitucional, deve-se dar
prioridade à exegese que favoreça a integração social e possibilite o reforço da unidade política.
Assim, não deve a norma ser interpretada de maneira casuísta, nem de modo a afastar sua aplicação
a casos especí cos não previstos, e nem desejados, pela Constituição.
Esses quatro princípios, vocacionados à interpretação constitucional, mostram-nos o caminho a
seguir quando nos deparamos com a exegese de normas que consagram direitos e garantias
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23102665/recurso-especial-resp-1292335-ro-2011-0267651-4-stj/inteiro-teor-23102666?ref=juris-tabs 4/6
29/11/2018 fundamentais, comoSuperior os direitos sociais,
Tribunal porSTJ
de Justiça exemplo, queESPECIAL
- RECURSO devem ser interpretados:
: REsp (a) sempre com
1292335 RO 2011/0267651-4
olhos atentos nos princípios que os norteiam; e (b) procurando a maior efetividade e e cácia
normativa, de onde vem a impossibilidade de serem interpretados restritivamente.
O Supremo Tribunal Federal, antes da Constituição Federal de 1988, é bem verdade, chegou a
sumular a questão, como se observa da Súmula 213/STF, verbis : "É devido o adicional de serviço
noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento".
O verbete sumular foi editado sob o império da Constituição Federal de 1946, que no art. 157, III,
previa o seguinte:
Art 157 - A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além
de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores:
III - salário do trabalho noturno superior ao do diurno;
Portanto, ressalvada pequena alteração grá ca, a regra constitucional existente à época em que
editada a Súmula 213/STF era a mesma que vige na atual Constituição (art. 7º, IX, da CF/88).
Assim, não há porque recusar e cácia e aplicabilidade ao enunciado da Súmula 213/STF. Embora
editada antes da CF/88, permanece válida a interpretação nela consagrada, pois não houve alteração
semântica do texto constitucional quanto ao adicional noturno.
A norma do art. 7º, IX, da CF/88 aplica-se aos servidores públicos por determinação expressa do art.
39, 3º, da CF/88, verbis :
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de
administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos
Poderes.
3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de
admissão quando a natureza do cargo o exigir.
Portanto, a norma do art. 75 da Lei 8.112/90 decorre, diretamente, do art. 7º, IX, da CF/88, não
podendo ser dada a esse dispositivo interpretação diversa da norma constitucional.
Além desse normativo, há no ordenamento jurídico o art. 73 da CLT, que regulamenta o adicional
noturno para os trabalhadores da iniciativa privada, verbis :
Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração
superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por
cento), pelo menos, sobre a hora diurna.
1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos.
2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um
dia e as 5 horas do dia seguinte.
3º O acréscimo, a que se refere o presente artigo, em se tratando de empresas que não mantêm, pela
natureza de suas atividades, trabalho noturno habitual, será feito, tendo em vista os quantitativos
pagos por trabalhos diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno
decorra da natureza de suas atividades, o aumento será calculado sobre o salário mínimo geral
vigente na região, não sendo devido quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem.
4º Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às
horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.
5º Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste capítulo.
O Tribunal Superior do Trabalho, ao examinar o art. 73 da CLT, tem decidido que o adicional noturno é
perfeitamente compatível com o regime de plantões. E essa Corte foi além: concluiu que o
trabalhador plantonista faz jus ao adicional, também, quando realizar o trabalho em continuação após
as cinco horas da manhã.
Assim, além de reconhecer ao trabalhador plantonista o direito ao adicional, estendeu esse direito às
horas em que o trabalho é executado, em continuação, após as cinco da manhã.
Vale a pena conferir, a título exempli cativo, o seguinte julgado:
ESCALA 12 X 36. HORA NOTURNA REDUZIDA. PRORROGAÇAO DA JORNADA. ADICIONAL NOTURNO.
O artigo 73, 1º, da CLT, que prevê a redução cta da hora noturna, tem por objetivo assegurar a higidez
física e mental do trabalhador. Nesse contexto, mesmo diante da escala de 12 X 36, não pode ser
desconsiderada a redução da hora noturna xada em lei. Da mesma forma, esta Corte já consolidou o
seu entendimento , por intermédio da Orientação Jurisprudencial n.º 388 da SBDI-1, no sentido de que
o empregado submetido à jornada de 12 horas de trabalho por 36 de descanso, que compreenda a
totalidade do período noturno, tem direito ao adicional noturno, relativo às horas trabalhadas após as
5 horas da manhã.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23102665/recurso-especial-resp-1292335-ro-2011-0267651-4-stj/inteiro-teor-23102666?ref=juris-tabs 5/6
29/11/2018 Não conhecido (Processo n.ºTribunal
Superior TST-RR-48200-69.2009.5.03.0016, 5ª Turma).
de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1292335 RO 2011/0267651-4
A interpretação dada pela Corte Trabalhista é, sem dúvida, a que melhor se a na e harmoniza com o
sentido e o alcance desejado pelo constituinte para o art. 7º, IX, da CF/88 e, por tabela, com a correta
exegese do art. 75 da lei 8.112/90.
Por essas razões, entendo que o aresto recorrido deve ser mantido.
Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial.
É como voto.
CERTIDAO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
Número Registro: 2011/0267651-4 REsp 1.292.335 / RO
PROCESSO ELETRÔNICO
Números Origem: 325104319964010000 422992054 9200033270 9601350683
PAUTA: 09/04/2013 JULGADO: 09/04/2013
Relator
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. DARCY SANTANA VITOBELLO
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇAO
RECORRENTE : UNIÃO
RECORRIDO : ARISTEU BILEK E OUTROS
ADVOGADO : MARÇO AURÉLIO CARBONE
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Servidor
Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios - Adicional de Serviço Noturno
CERTIDAO
Certi co que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada
nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do (a) Sr (a). Ministro
(a)-Relator (a), sem destaque e em bloco."
Os Srs. Ministros Humberto Martins, Mauro Campbell Marques (Presidente) e Eliana Calmon votaram
com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justi cadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin.

Documento: 1222496 Inteiro Teor do Acórdão - DJe: 15/04/2013

Disponível em: http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23102665/recurso-especial-resp-


1292335-ro-2011-0267651-4-stj/inteiro-teor-23102666

https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23102665/recurso-especial-resp-1292335-ro-2011-0267651-4-stj/inteiro-teor-23102666?ref=juris-tabs 6/6

Potrebbero piacerti anche