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MEMORANDO

O GATO P OL ÍT ICO
30 de Novembro de 2018

Camaradas e camarados da União Europeia,

Não só a vossa resposta é uma autêntica palhaçada, como fica


aqui, mais uma vez, demonstrado que burocratas são absolutamente
ignorantes das matérias que legislam.

E tentarem desculpar as vossas medidas perante a contestação


de quem realmente percebe do assunto (engenheiros de software,
gestores de redes de informação, criadores de conteúdos online,
Data Scientists, ISP's, empresas e plataformas cujo modelo de
negócios assenta no uso da internet) só sublinha a vossa profunda
incapacidade em perceber as engrenagens que fazem a internet
funcionar.

Quer na Net Neutrality, quer na GDPR, não só não resolveram o


problema como ainda pioraram a situação. Talvez consequência de
nunca terem tido um trabalho ou produzido algo nas vossas vidas, e,
desprovidos de capacidades, tiveram que seguir a carreira pública.

Os argumentos na carta que publicaram parecem copiados de


um texto infantil, de tal maneira que tive que verificar a fonte várias
vezes. Reduziram-se a palavras gerais e frases-feitas sem explicar
como as coisas se processarão na prática. Não disseram nada, não
responderam a nada. Muita palha, pouco sumo. Como, aliás, é típico
em políticos.

E não explicam nada porque vocês próprios não o sabem, o que


é grave, ou sabem, e mesmo assim insistem que é o certo, sendo
mais grave ainda.

Segundo o artigo 13, as plataformas online passam a ter


responsabilidade sobre o conteúdo que é partilhado pelos seus
utilizadores, que poderá violar direitos de autor e de imagem. O
artigo 13 prevê que quem é responsabilizado pelo conteúdo
partilhado não é quem comete o delito, é a plataforma onde ele
cometeu o delito.

Mas na prática o que significa isto?

Comecemos por supor um grupo de Facebook, com os seus


respectivos membros e administradores. Esse grupo tem uma lógica
de publicação que não requer aprovação dos administradores. Isto é,

FAC E B OO K .COM / G ATO PO LI TI CO @ O G ATO PO L ITICO


não exige que os administradores aprovem todas as publicações que
os seus membros façam. Se um membro do grupo decide violar as
regras do grupo, o seu post será consequentemente apagado, o
membro sancionado ou eventualmente banido.

Isto é a internet actual.

Mas eis que esse grupo passa a ser forçado a seguir uma linha
de regras que responsabiliza os seus administradores por todo e
qualquer conteúdo lá postado. Ou seja, os administradores passam
a ser punidos pelas eventuais publicações dos seus membros.

Consequentemente, para prevenir que sejam responsabilizados,


os administradores alteram naturalmente a lógica de publicação do
seu grupo, passando a exigir a aprovação de cada uma das
publicações nele feitas. E como agora se requer a aprovação da
administração, não só cada post mas cada comentário a esse post,
passa por um processo exaustivo: primeiro, da sua leitura integral,
segundo, a sua análise, e, por fim, da sua eventual aprovação.

Ou seja, a nova estratégia dos administradores consiste em,


literalmente, monitorizar todos e quaisquer conteúdos que os seus
membros publiquem. Esta é a única forma de os administradores se
prevenirem de ser responsabilizados por delitos que não cometeram.

Isto é a internet depois de aprovado o artigo 13.


Para que as plataformas online façam esta filtragem, passa a
haver um sistema de monitorização permanente de conteúdos, em
que cada publicação, e cada comentário, requer validação por
programas de inteligência artificial. Falamos de um cenário que
envolve milhões e milhões de membros, cada um deles a publicar
dezenas de conteúdos por dia em múltiplas aplicações, impedindo-
os de comentar se o texto, som, vídeo ou imagens que coloquem, se
assemelha a outra já publicada e reservada. E se isto já soa ridículo
pela sua impraticabilidade, esperem pelo resto.

Obviamente, o cenário descrito implica que toda a informação


Multimédia, AudioVisual e Textual da internet terá que estar
concentrada numa base de dados única - caso contrário o tempo de
publicação de um simples comentário no Facebook poderia levar
mais do que umas horas. Cada conteúdo que o utilizador poste
online, na União Europeia, ficará automaticamente submetido a essa
comparação até ser aprovado.

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Uma nota: convém lembrar que estamos a falar de uma base de


dados centralizada, acedida através de uma API única, obviamente
falível. Mas nem entremos no perigo que isso representa em termos
de cybersegurança.

Todas as aplicações deverão aceder a essa base de dados


central através de um controlador de acessos, e pior, para aplicações
com termos de privacidade mais restritos (como os produtos da
apple), esses robôs do Facebook, da Google, do Twitter, ou de
aplicações desconhecidas, terão de enviar os dados para as API’s
desses canais e esperar uma resposta booleana.

Isto significa que as fotos dos filhos de utilizadores do Facebook


e Instagram, que estes postarem na sua conta pessoal PRIVADA, por
capricho dos burocratas da União Europeia, passam agora a ser
enviadas para empresas a quem o utilizador não consentiu qualquer
acesso. E essa acção é necessária para corresponder ao modelo que
a UE apresenta.

Os objectos de comparação, segundo o artigo 13, serão todos


os tipos de conteúdo digital, portanto, representa uma comparação
de milhares de milhões de imagens, vídeos, textos, códigos, sons,
pdf's, publicações online, tweets, por aí fora.

Mas não é tudo.

Faltam as possíveis alterações das imagens originais, que


também têm que ser testadas. Porque o artigo 13 fala em “todos os
tipos de conteúdo”, o número de permutações destas comparações
torna-se astronómico numa questão de microssegundos.
Recordando, ainda, que quanto maior o volume de conteúdo online
mais conteúdo há para comparar com. Logo, o nível desta
computação estende-se numa série factorial. Na prática, isto significa
que teremos de esperar algumas horas para colocar uma foto do
nosso almoço no Instagram, ou o Instagram arrisca um processo
legal.

Nem estou a pôr em causa a energia que todo este processo


requer da parte dos servidores que correriam estes robôs e scripts.
Quem diria? A união europeia, tão preocupada com o aquecimento
global, a contribuir como ninguém pra o uso de energia fóssil, para
poder suportar o gasto energético adicional nos servidores.

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Tudo isto foi uma questão de logística, digamos assim. Mas a
situação não melhora na perspetiva das consequências concretas
para o utilizador.

É precisamente neste ponto onde começa o fim dos meme’s.


Como? O artigo 13 provocará o fim do uso da maior parte das
imagens do Google Images e do Pinterest, para dar alguns exemplos.
Provocará o fim da possibilidade de publicação de fotos de políticos,
desastres naturais, figuras públicas, que pertençam a jornais de
notícias online. Além disso, limita a publicação de imagens que fazem
referência a outras imagens (por exemplo, fazer screenshot de um
vídeo do Stephen Colbert e publicá-lo online representa uma violação
de direitos da CBS). De forma semelhante, usar a imagem do Drake
para um meme representa uma violação dos direitos da sua imagem.

Impressiona-me que possa existir quem ache que este vosso


texto, completamente oco, justifica ou valida o vosso ponto. É
preocupante a ignorância ou ingenuidade de quem escreveu tal texto
achar que iria convencer quem quer que fosse. A vossa desconecção
da realidade é evidente, e tem levado à polarização do povo europeu
em movimentos populistas e, pior, elitistas.

Não admira portanto a crescente de estados-membro a querer


sair do projecto europeu, que vocês tentam, desesperadamente,
tentar manter re-atribuindo poder às corporações mediáticas e à
grande indústria de entretenimento através do artigo 11 e do artigo
13. No fundo, a retirar o poder e autonomia que o cidadão-comum
conquistou com a internet, através dos blogues e redes sociais, e a
dá-lo novamente às elites mediáticas que vocês controlam.

O Gato Político

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