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DE RECURSOS
APLICADOS AO
TERCEIRO SETOR
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
<http://lattes.cnpq.br/9189445188398393>
APRESENTAÇÃO
SEJA BEM-VINDO(A)!
Querido (a) Aluno (a), ao iniciar a leitura desse material, sei que as expectativas são mui-
tas, e é bem provável que esta seja uma das disciplinas mais aguardadas do curso. Ape-
nas quem vive a realidade do terceiro setor sabe quão árduo é o trabalho do captador
de recursos e, por esse motivo, sinto-me honrada em falar contigo por meio desse livro.
Nosso diálogo será exigente e, por isso, faço um pedido especial para que você reflita
com muito cuidado cada um dos itens aqui contidos.
Já de início e sem nenhuma pretensão de decepcionar os mais otimistas, devo afirmar
que não existe uma receita pronta para ser adaptada à sua realidade e que gere a sus-
tentabilidade infinita de sua organização. Estamos falando nesse material de um traba-
lho infindável e de muita persistência, feito por várias mãos e com dedicação intensa.
Vamos tratar aqui da linguagem, do posicionamento da marca da organização, do quão
importante é saber onde desejamos chegar e qual é o nome dado à ação de captar re-
cursos. Como são muitas as oportunidades de captar recursos e considerando que tais
oportunidades estão ligadas diretamente ao local de onde se desenvolve a ação em que
o recurso se aplicará, discutiremos amplamente todas as possibilidades.
Na primeira unidade do livro, nossa perspectiva é gerar uma discussão que nos remeta a
pensar a concepção que a organização tem sobre a importância do que realiza, e como
costuma justificar suas ações, que emergem da própria sociedade e dela requer reação.
Os demais capítulos já estão mais direcionados à prática da gestão relacionada às estra-
tégias de captação.
Como os desafios são grandes, em especial nos momentos em que a economia provoca
perdas a todos os setores, o dispêndio de tempo em estudos e a criatividade passam a
ser importantes aliados da captação de recursos para o terceiro setor. Estamos, na atual
conjuntura econômica, concorrendo com as diversas variáveis que afetam a iniciativa
privada e desestabilizam os governos.
Há de se pensar em uma provável ampliação da necessidade de intervenção do terceiro
setor, em todas as suas frentes de atuação. A instabilidade econômica do país tem nos
rendido redução de recursos e ampliação das demandas, e isso não é um privilégio, ou
melhor, prejuízo, apenas para a assistência social ou saúde. Estamos todos no mesmo
barco, pois quando o básico para a sobrevivência fica ameaçado, é muito mais difícil
pensar em proteção animal, meio ambiente, cultura etc.
Longe de uma ação pessimista, só estamos tratando da realidade, e é proposto no livro
algumas possibilidades de repensar, reprogramar e planejar nossa intervenção, com o
máximo de prudência possível. Há quem espera por nós e há quem espera mais de nós!
Boa leitura, firmes no desafio e fortes na crença de que podemos mais!
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
29 Considerações Finais
34 Referências
35 Gabarito
UNIDADE II
39 Introdução
58 Considerações Finais
64 Referências
65 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
69 Introdução
70 Planejando a Captação
86 Considerações Finais
92 Referências
93 Gabarito
UNIDADE IV
97 Introdução
119 Referências
120 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
123 Introdução
149 Referências
150 Gabarito
151 CONCLUSÃO
Professora Esp. Márcia de Souza
I
CAPTAÇÃO DE RECURSOS,
UNIDADE
DIREITOS SOCIAIS, MERCADO
SOCIAL E PARCERIAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Contextualizar a atuação do 3º Setor na efetivação dos direitos
sociais.
■■ Apresentar o conceito de mercado social.
■■ Explicitar a noção de déficit social.
■■ Incentivar a prática de parcerias e desenvolvimento sustentável.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Captação de recursos e a garantia dos direitos sociais
■■ Terceiro Setor e a atuação no mercado social
■■ Noção de déficit social: Para que captamos recursos?
■■ Parcerias sociais, desenvolvimento e sustentabilidade
15
INTRODUÇÃO
e seus esforços para a captação de recursos sob a ótica da efetivação dos direi-
tos sociais.
A fim de compreender o mercado social, no qual o terceiro setor está inserido
- mas não é único participante -, e repensar a noção de déficit, neste caso défi-
cit social, traçaremos uma linha de pensamento que poderá transformar a nossa
maneira de olhar e verificar as responsabilidade das parcerias entre os setores e
a própria participação do cidadão comum - pessoa física, junto aos programas
e projetos de intervenção e desenvolvimento social.
A presente reflexão combina com o deslanchar do profissionalismo requerido
ao terceiro setor, em especial na última década. Estamos transformando noções
de caritarismo e levantamento de bandeiras, em perspectivas de gestão promis-
soras e de responsabilização compartilhada das dívidas geradas pelas escolhas
de relacionamento social, político, econômico e da própria capacidade de per-
manência da espécie humana, em convívio consigo mesmo.
Seguimos então a esse novo desafio da aprendizagem, com a responsabilidade
de integrar e contribuir para esse momento de crescimento e desenvolvimento
do setor, inclusive sob sua própria conceituação e responsabilização.
Para os amantes de um bom desafio e também aos que aguardavam por este
conteúdo, desejo ótimos estudos!
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CAPTAÇÃO DE RECURSOS E A GARANTIA
DOS DIREITOS SOCIAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constitui-
ção.
Art. 2º – São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da República Federativa
do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
Nos últimos anos, temos observado movimentos que dão conta de um novo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TERCEIRO SETOR E A ATUAÇÃO
NO MERCADO SOCIAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o Estado mínimo e paternalismo estatal, bem como da característica de voraci-
dade do setor privado, com a livre concorrência e o limite à direitos trabalhistas.
Longe de uma discussão ideológica e política, comum nos tempos atuais, pode-
mos nos debruçar à análise de dívida social e inflação social, que de maneira
geral estão relacionadas ao que Fontes (2008, p. 39) chama de “perdas sociais,
em razão da falta de investimento, tanto no nível individual como no coletivo,
ou na ausência de capital social”.
Em um contexto em que a sociedade deve para a própria sociedade, a solução
de problemas gerados tanto pela inconsistência de programas de desenvolvimento
social, como pela instabilidade no desenvolvimento do modelo econômico, ou
pela própria característica da cultura nacional e ausência de uma identidade
nacional, nos deparamos com uma realidade com uma brutalidade instalada,
apresentando uma frágil promoção de soluções de problemas sociais.
Estamos agindo em nossas relações sociais sempre contra o acúmulo de dívi-
das sociais, desde as manifestações contra a corrupção, como na fragilidade do
sistema de ensino, que incide de maneira insuficiente e pouco aderente sobre a
violência, drogadição e desemprego. Fontes (2008, p. 41) trata de uma questão
importante para a temática da captação de recursos (nossa temática principal),
que é o fato de:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
isso?
As ONGs - mesmo aquelas que contam com o apoio de uma equipe espe-
cializada em captação - continuam a enfrentar problemas na hora de buscar
os recursos necessários para manutenção e continuidade de seus projetos.
Não fosse a dificuldade para ter acesso às fontes de financiamento - amplia-
das pela atual crise econômica enfrentada pelo país, que tem limitado os in-
vestimentos de empresas e de pessoas físicas em projetos socioambientais
-, o processo de captação passa pelo obstáculo da falta de criatividade na
hora de pedir. Essa criatividade não limita-se a criar layouts “bonitinhos” ou
produzir mensagens tocantes, embora isso também faça parte.
A ideia de passar o chapéu perdeu o valor, mesmo quando falamos sobre a
arrecadação de grandes valores. Com o terceiro setor cada vez mais profis-
sionalizado, utilizando processos de gestão semelhantes aos incorporados
no dia a dia de grandes companhias, é preciso muito mais do que “pedir”
para conseguir o que se deseja. É preciso encontrar ou, se não houver, criar
novos meios para fazer acontecer.
Fonte: Spruit (2017).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PARCERIAS SOCIAIS, DESENVOLVIMENTO E
SUSTENTABILIDADE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de renda… Como o social é apenas visto como gasto financeiro, e não
se mensuram os benefícios econômicos e sociais das intervenções, os
profissionais da área se veem pressionados a também dar uma resposta
pela ótica financeira da sustentabilidade (FONTES, 2008, p. 138).
Outro viés, pelo qual há dificuldade em tratar com algumas organizações quando
se refere a parceria, é quanto a possibilidade de parcerias no próprio setor, que
venham a viabilizar ações de maior impacto e a geração de recursos. Esse fator
transforma concorrente em parceiro. A proposta de desenvolvimento de ação
conjunta (FONTES, 2008, p. 160), e a geração de alianças sociais estratégicas,
são princípios da geração de capital social e o fortalecimento de produtos sociais
(FONTES, 2008, p. 163).
Caro(a) aluno(a), é preciso transformar a linguagem que resume a captação de
recursos à uma ação que visa nutrir as necessidades da organização, sistematizada
e relacionada aos princípios da organização, relacionando potenciais parceiros
com condições de serem mobilizados para a transformação de uma realidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
30
São paliativos, atenuadores da pressão social e do clamor popular que afasta a possibi-
lidade da orquestração de um projeto de nação (pacto social), coerente com as demais
políticas. Conforme Santos (2008, p. 18), a globalização coloca-se como um impeditivo a
esse projeto social, e seus promotores ensaiam um discurso semi-alfabetizado, recheado
de tecnologias e redes (conexões e modernidades), que encobre e evita o discurso com-
petente, coerente e aberto.
Milton Santos mostra se inconformado com a situação em que o mundo se encontra,
pois as técnicas tão avançadas disponíveis poderiam configurar um outro quadro mais
humano e democrático. Mas o fatalismo da globalização é paradoxal e contrastante, e
condiz com a lógica acachapante do capitalismo neoliberal, que cria e desenvolve técni-
cas, mas não as socializa (SANTOS, 2008, p. 18). Técnicas são sempre sociotécnicas, isto é,
imbricadas à humanidade. Parte da solução repousa em vermos como as tecnologias do
presente estão construindo um mundo de milhões (até bilhões) de excluídos – pessoas,
empresas e instituições e matando a esperança, a generosidade.
Tida como uma qualidade desejável ao homem contemporâneo, a flexibilidade é uma
atitude ou um comportamento exigido unilateralmente, obviamente, do trabalhador,
que sobrevive em um mundo tão rigidamente comandado na sua atividade econômica
e política. Até a desregulação é produzida por normas. Anunciou-se, com o advento
do neoliberalismo e da Teoria do Estado Mínimo, a “morte” do Estado (Santos, s/d, p. 9),
quando o que se vê de fato é o seu fortalecimento parcial para atender de pronto aos in-
teresses do capital, dotando os países com a infraestrutura necessária para a instalação
de filiais e unidades de produção dos grandes conglomerados.
Há de ser ler com cuidado na leitura dos autores (na entrelinhas, as intenções, o que está
implícito) e, nesse momento, a ignorância da maioria é fundamental. Mas o efeito pode
ser reverso e a ignorância é sempre um bom ponto de partida para as descobertas. E se
alguém possui predisposição para a descoberta e para a mudança são os pobres, os mi-
grantes (os desfavorecidos, as minorias, os lentos), visto que os ricos estão instalados em
seus confortos, não tendo o que mudar, pois segundo Milton Santos, “pensar é mudar”
(2008, p. 19). Estes últimos não desejam a mudança e não a incentivam.
Material Complementar
34
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://miltonsantosnauems.blogspot.com.br/2011/08/poder-e-pobreza-nas-
-grandes-cidades.html>. Acesso em: 2 maio 2017.
35
REFERÊNCIAS
GABARITO
CAPTAÇÃO DE RECURSOS -
II
UNIDADE
POR ONDE COMEÇAR
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar os conceitos de recursos e recursos organizacionais.
■■ Discutir a cultura de doação e as motivações do doar.
■■ Analisar o investimento social empresarial.
■■ Demonstrar o perfil do captador de recursos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Conceituando recursos organizacionais
■■ Cultura de doação - Por que as pessoas doam?
■■ Investimento Social - Por que as empresas financiam?
■■ O profissional captador de recursos
39
INTRODUÇÃO
Introdução
40 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEITUANDO RECURSOS ORGANIZACIONAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cidades, Estados e da Nação.
Vamos então a conceituações importantes, que para surtirem o efeito necessá-
rio, precisam estar cristalizadas para as organizações. O que então significa captar?
O que temos por recursos?
Segundo o Dicionário Online de português (on-line)2, captar significa conse-
guir (para si) através de capacidade, habilidade ou mérito, além de fazer com que
o sinal chegue aos receptores (rádio ou TV). Segundo o mesmo dicionário, cap-
tar também envolve entender (alguma coisa), compreender e captar a mensagem,
bem como recolher recursos.
Ficaríamos por horas ou páginas falando somente sobre esse conjunto de
palavras que teriam por sinônimo a palavra captar, e cada uma delas nos traria
argumentos significativos para o que temos como captação no terceiro setor. Espero
que você dedique um tempo pensando em cada uma dessas palavras, visto que gas-
tamos muito tempo pensando que captar é apenas recolher recursos. Ficaremos
nesta unidade com a primeira definição apresentada, e por meio desta prossegui-
remos nosso caminho das definições.
Compreende-se captação como o ato de conseguir algo para si, por meio da
capacidade, habilidade e mérito, e desse modo vamos construindo um mosaico de
oportunidades para a organização, ou seja, captar é capacidade, habilidade e mérito.
Temos percebido que alguns agentes do terceiro setor tem preferido tratar
de captação de recursos com outro termo, o de mobilização de recursos, e desse
modo temos agora essa outra palavra para entender. Mobilização é uma espé-
cie de convocação e estímulo à população ou de determinado grupo, para que
participem de alguma atividade cívica e/ou política.
Nesse sentido, teríamos um significado mais amplo para o nosso tema, o que
significaria que o interesse seria mais amplo. Além do mais, haveria aqui a inten-
ção de inserir pessoas e grupos ao contexto da organização, sendo recursos – que
já trataremos do significado –, quase uma consequência de uma adesão à organi-
zação, como uma prática que prevê um compromisso mais intimista com a causa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Enfim, seja captação ou mobilização, o certo é que temos esses termos como uma
gama de atividades que preveem gerar recursos para a organização. Tratando
sobre recursos, temos algumas simplificações que acabam por não definir a pala-
vra. Digo isso pois, quando dizemos recursos financeiros, naturais e humanos,
ficamos mais focados na segunda palavra do que na primeira.
Vamos à verificação do termo “recurso”, que trata de um ou vários meios
viáveis de se conseguir alcançar um objetivo. Aqui, temos a riqueza de um
termo relacionado diretamente a um objetivo, ou seja, o recurso é relacionado
à finalidade, é um meio para o fim. Recordei-ne daquela máxima de que, os fins
justificam os meios.
Essa contribuição, com esse significado para a palavra “recursos”, proveniente
do dicionário Aurélio (on-line)3 vem acompanhado de outros, como ato de pro-
curar auxílio ou socorro; refúgio e proteção; remédio, cura; reparação; apelação;
bens, riqueza, meio de vida etc. Cabe agora analisar sobre qual aspecto é prefe-
rível tratar a palavra recurso.
Pereira (2001, p. 42) define captação de recursos como a ação organizada
e orientada para a captação de fundos para determinada causa ou organização,
filantrópica ou não.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
entre outros.
Quando pensamos em captação, pensamos em parceria, e de acordo com
Neleto (2000, p. 47),
A parceria vai além da troca e da satisfação de interesse mútuo. Há
certamente uma dimensão de complementaridade, isto é, busca no
outro os recursos e capacidades de que não se dispõe, mas que são
necessários para atingir seus propósitos. Porém, a diferença reside no
fato de que esta troca ou complementariedade tem como motivação o
cumprimento de objetivos compartilhados e externos a cada uma. Os
objetivos da parceria tendem a ser relativos a um impacto mais pro-
fundo na realidade na qual as organizações envolvidas atuam. Por isso,
ela apenas não supre necessidades, mas converte-se tanto numa forma
de ampliar e irradiar os efeitos de um trabalho quanto num modo de
sensibilizar, mobilizar e corresponsabilizar outros sujeitos em torno de
ações voltadas para a ampliação da cidadania e do enfrentamento dos
problemas sociais.
Sendo estabelecida a relação de parceria, ou seja, uma vez conquistada essa rela-
ção entre organização e doador/investidor, seja ele pessoa física ou jurídica, nasce
um estado de relação que impetra correlação, conforme já apontado por Neleto
(2000, p. 47). Essa relação pode ser tratada com equilíbrio, e para isso Ramos
(2012, p.51) propõe a utilização de um esquema, que otimiza em 12 fases. Vejamos:
AÇÃO DESCRIÇÃO
1 Definir escopo Reunir informações, consultar partes interessadas e
potenciais financiadores, construir uma visão de/para
a parceria.
2 Identificar Identificar potenciais parceiros e assegurar seu envol-
vimento; motivar e encorajar a parceria.
3 Construir Estabelecer objetivos e princípios comuns.
4 Planejar Programar atividades e esboçar projetos.
5 Administrar Explorar estrutura e administrar a parceria para médio
e longo prazo.
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É importante recordar que a captação de recursos, nos moldes aos quais nos reme-
temos neste material, não se aplica aos institutos corporativos ou às fundações
familiares, pois estes já são constituídos por orçamento próprio, viabilizado no decor-
rer de suas atividades. Vergueiro (2016, on-line)4 afirma que captação de recursos é:
[...] uma competência estratégica e fundamental para a sustentabilida-
de financeira das ONGs e, pelo menos em teoria, não deveria haver
uma única organização da sociedade civil sem um plano de captação e
pelo menos um profissional responsável por priorizar o assunto.
Além disso, o autor ressalta que captar recursos é parte da estrutura das organi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
zações do terceiro setor, e é ao mesmo tempo o que as mantém.
Podemos nos fazer uma pergunta muito simples, que faz toda a diferença na
captação de recursos: por que as pessoas doam? Por que uma empresa investe
em um projeto, causa ou organização? Qual ou quais os fatores de motivação?
Agora que você já sabe o que é captação de recursos e teve a oportunidade
de analisar sob qual aspecto, enquanto gestor(a) de uma organização, é mais
indicado conceituá-la, vamos entender os motivos que levam à adesão a uma
proposta de doação de recursos.
Verificamos, por meio dessa pesquisa, que 62% doaram bens, 52% dinheiro e
34% doaram tempo para trabalho voluntário. Os dados apontam que a doação
dos brasileiros alcançou a casa dos 13,7 bilhões de reais, o que corresponde a
0,23% do PIB do país. Esse dado indica o desenvolvimento do que chamamos
de cultura de doação no país, sendo que essa pesquisa, feita por amostragem,
foi realizada com duas mil pessoas, a partir dos 18 anos de idade, vivendo área
urbana e com renda mensal a partir de um salário mínimo. Falando da adesão
de pessoas a uma causa, ou em como se organiza a mobilização de pessoas para
apoiar uma causa,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Na Europa e EUA, assim que se cria uma nova inicia, criam-se dois
grupos. Um para atuar diretamente na causa: trabalhar com refugiados,
cuidar de velhinhos, defender o tamanduá amarelo (existe?), cuidar de
crianças com câncer etc. Aqui no Brasil, fazemos isso muito bem tam-
bém. Mas a diferentemente de outros países, não constituímos o se-
gundo grupo: daqueles que buscarão novos aliados. Em qualquer lugar
(menos no Brasil) se pensa sobre as causas de forma a encontrar mais
gente que também acredite nela (ESTRAVIZ. 2011, p. 28).
O autor ainda diz que, no Brasil, as causas contam com excelentes equipes téc-
nicas e são sempre dotadas de ideias criativas. No entanto, a ausência de pessoas
aderindo à sua causa, deve levar a reflexão sobre para quem a causa é importante.
E, ainda, se a causa “só é importante para você (e uns quantos funcionários seus)
é porque a sociedade não precisa dela” (ESTRAVIZ, 2011, p. 29). Nesse caso, a
indicativa é para que a causa se alie às outras causas já existentes.
O caso tratado aqui é um alerta às práticas existentes com baixo índice de
adesão, porém, é antes uma sinalização quanto a um processo a ser desenvolvido,
para medir a adesão à causa e verificar o posicionamento da própria organiza-
ção. Verificamos acima que as pessoas aderem às causas como doadoras, e isso
pode se refletir positivamente no fortalecimento dessas adesões de maneira dura-
doura, participativa e consciente, a respeito da importância de cada uma delas,
defendidas pelas organizações da sociedade civil nas mais diversas áreas.
Mas a pergunta que ainda temos que responder é: por que as pessoas ade-
rem a uma causa? O que as motiva?
As motivações que levam as pessoas à adesão a uma causa podem estar relacio-
nados a diversos fatores. Segundo uma pesquisa desenvolvida pelo instituto IDIS
- Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS, 2015, on-line)9,
os fatores emocionais levariam a forte solidariedade e adesão às causas. Quando
trata-se de doação em dinheiro para uma causa, temos os dados que indicam que:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Pesquisa Doação Brasil ([2017], on-line)9.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INVESTIMENTO SOCIAL - POR QUE AS
EMPRESAS INVESTEM?
Por onde você começaria, se optasse por apoiar um projeto social? Muitas
vezes estamos tão focados em olhar a organização social, que esquecemos
de observar os objetivos, as diretrizes e os critérios apontados pelo finan-
ciador.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
marca. Antônio é um empresário que sabe aliar muito bem nossa causa
às suas vendas. Ele patrocina campeonatos de skate, concursos de gui-
tarra, enfim, está presente em diversos eventos cujo público é potencial
comprador de suas bermudas e camisetas. Teve sempre a gentil inicia-
tiva de nos levar em alguns desses eventos para que divulgássemos a
vossa ONG. Antônio é um excelente parceiro.
Nesse caso, a visita ao empresário havia sido previamente agendada. Sabe-se que
o empresário já tinha conhecimento prévio da causa a ser apoiada, no entanto,
percebe-se a riqueza de informações que o captador tinha. A causa não será
apoiada por muito tempo se o investidor não encontrar um objetivo relacionado
a seu negócio. Dar sentido ao apoio recebido, não apenas da ótica da organi-
zação, que é a manutenção de projetos e sua ampliação, mas também com um
especial olhar sobre o investidor, pode significar a fidelização de um doador.
Abordaremos esse assunto nas próximas unidades.
O importante desse caso apresentado é identificar que, no caso das corpo-
rações maiores, já existe um objetivo proposta na ótica do investidor. Já para as
empresas menores, a organização poderá apoiar esse caminho, identificando
os objetivos da empresa e construindo um elo com os propostos no projeto ou
ainda com os públicos do projeto ou da empresa.
Fazemos um alerta de que não se trata de pensar em projetos que atendam
os objetivos das empresas. Antes disso, a missão, visão, valores, objetivos e as
diretrizes da organização da sociedade civil precisam estar bem alicerçadas, e
somente assim será capaz de analisar, no mercado privado, as oportunidades de
financiamento.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
conhecimento (experiência) com o qual ele conta e impacta positiva-
mente o seu trabalho.
A regra para a ABCR, é que o captador de recursos seja registrado como fun-
cionário da organização para qual atua. Essa defesa está relacionada à vivência
que esse profissional terá com o dia a dia da organização. Desse modo, em sua
atuação, ele terá uma defesa vivenciada e comprometida numa ação preparada
para a sustentabilidade da organização.
Mesmo para as organizações de pequeno porte, a ABCR defende que o cap-
tador seja um agente contratado pelo organização, com valor de remuneração
previamente estabelecido. O fator contratação está relacionado com a objetivi-
dade da ação, bem como com a defesa de um trabalhador, que passa a agir sem
riscos de uma ausência de remuneração, causada por um pagamento vinculado
a resultados ou comissões (ABCR, 2016, on-line)8.
É muito importante ressaltar que o captador de recursos não é um vende-
dor de uma causa social. Esse é um agente de ação exclusiva, direcionada para a
potencialização e sustentabilidade da organização. É um profissional de íntima
relação com a execução do planejamento estratégico da organização, que com
conhecimento e capacitação, selará impressões externas de parceiros e da socie-
dade quanto a causa. Assim, indica-se por analisar concepções, valores, condutas
e perfil pessoal deste agente, apoiando-se nos valores institucionais para sua
avaliação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a),
Ao encerrar essa nossa primeira unidade do livro, dedicado a discutir a cap-
tação de recursos para o terceiro setor, percebemos que esta modalidade de ação
é exclusiva desse setor e, dessa forma, que depende de uma dedicação especial
de seus agentes, no sentido de apoiar o seu desenvolvimento com seriedade.
O esforço feito pelas organizações com a não definição de um setor ou de
uma pessoa responsável por mobilizar recursos ou promover o desenvolvimento
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
institucional, gera um conflito interno em que todos são corresponsáveis. Sinto
informar: isso não funciona. Desse modo, não irá funcionar. Assim, mesmo
sendo nobre a sua causa, o resultado não será o esperado.
Vamos lá, gestor. Coragem. Recomendamos, ao final deste capítulo, uma
reflexão quanto ao grau de confiança estabelecido no terceiro setor e seus repre-
sentantes. Fazendo uma analogia, vamos contar um breve causo: em uma conversa
com meu esposo dias atrás, fui surpreendida com a seguinte pergunta: “querida,
sendo a terra invadida por extraterrestres, se um deles te perguntar quem nos
representa o que você responderá?” A minha resposta ficou suspensa por alguns
segundos (que me pareceu eternidade), e na sequência ele completou: “quem
responde pela terra, terráquea?” naquele momento fiquei ali, paralisada pen-
sando o que responder. Eu precisava, naquele momento, decidir quem seria o
representante capaz de negociar com aquele extra terrestre (que resposta difícil).
Bem, na realidade do terceiro setor e de uma organização em específico,
talvez fique mais tranquilo uma resposta ao “quem nos representa”. A intenção
aqui é dizer que os cuidados com a captação de recursos devem passar por uma
reflexão quanto a quem está falando, pronunciando-se em nome da organização,
indo até os parceiros e buscando novos, identificando os motivos de adesão à
causa e investindo os recursos captados. Seriedade, compromisso e transparência
no processo é indicado para esse início de conversa sobre captação de recursos.
2. Sobre a remuneração
O captador de recursos deve receber pelo seu trabalho apenas remuneração pré-esta-
belecida:
■■ Não aceitando, sob nenhuma justificativa, o comissionamento baseado em resul-
tados obtidos.
■■ Atuando em troca de um salário ou de honorários fixos definidos em contrato;
eventual remuneração variável, a título de premiação por desempenho, poderá ser
aceita em forma de bônus, desde que tal prática seja uma política de remuneração
da organização para a qual trabalha e estenda-se a funcionários de diferentes áreas.
7. Sobre a relação do captador com as organizações para as quais ele mobiliza re-
cursos
O captador de recursos, seja funcionário, autônomo ou voluntário, deve estar compro-
metido com o progresso das condições de sustentabilidade da organização:
■■ Não estimulando a formação de parcerias que interfiram na autonomia dos pro-
jetos e possam gerar desvios na missão assumida pela organização.
■■ Preservando os valores e princípios que orientam a atuação da organização.
■■ Cumprindo papel estratégico na comunicação com os doadores da organização.
■■ Responsabilizando-se pela elaboração e manutenção de um banco de dados básico
que torne mais eficaz a relação da organização com seus doadores.
8. Sobre sanções
Sempre que a conduta de um associado da ABCR for objeto de denúncia identificada de
infração às normas estabelecidas neste Código de Ética, o caso será avaliado por uma
comissão designada pela Diretoria da ABCR, podendo o captador ser punido com mera
advertência até desligamento do quadro associativo, conforme a gravidade do ato.
9. Recomendações finais
Considerando o estágio atual de profissionalização das organizações do Terceiro Setor e
o fato de que elas se encontram em processo de construção de sua sustentabilidade, a
ABCR considera aceitável ainda a remuneração firmada em contrato de risco com valor
pré-estipulado com base na experiência, na qualificação do profissional e nas horas de
trabalho realizadas.
A ABCR estimula o trabalho voluntário na captação de recursos, sugere que todas as
condições estejam claras entre as partes e recomenda a formalização desta ação por
meio de um contrato de atividade voluntária com a organização.
Com relação à qualidade dos projetos, o captador de recursos deve selecionar projetos
que, em seu julgamento ou no de especialistas, tenham qualidade suficiente para mo-
tivar doações.
A ABCR considera projeto de qualidade aquele que:
■■ Atende a uma necessidade social efetiva, representando uma solução que des-
perte o interesse de diferentes pessoas e organizações;
■■ Esteja afinado com a missão da organização; e
■■ Seja administrado por uma organização idônea, legalmente constituída e sufi-
cientemente estruturada para a adequada gestão dos recursos.
Um dia de Captador
Marcelo Estraviz
Editora: ZEPPELINI Editorial
Sinopse: O livro “Um dia de captador”, de Marcelo Estraviz, baseia-se
no relato do dia a dia de um captador de recursos que busca parcerias
e financiadores em busca de sustentabilidade para sua instituição.
Juntamente com o exemplo da rotina do profissional, o autor traz pílulas com informações técnicas,
teóricas e dicas úteis para os captadores de recursos brasileiros.
Material Complementar
64
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
5
Em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,pesquisa-mostra-que-mes-
mo-na-crise-metade-dos-brasileiros-doou-dinheiro-em-2015,10000057369>. Aces-
sado em: 3 mai. 2017.
6
Em: <http://idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/resultados/quantos-brasileiros-do-
am/>. Acesso em: 3 mai. 2017.
7
Em: <http://captacao.org/recursos/artigos/928-por-que-doamos-algumas-reflexo-
es-para-os-captadores-de-recursos>. Acesso em: 3 mai. 2017.
Em: <http://captadores.org.br/codigo-de-etica/>. Acesso em: 3 mai. 2017.
8
9
Em: <http://idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/resultados/as-motivacoes-para-do-
ar/>. Acesso em: 3 mai. 2017.
Em: <http://www.4pressnews.com.br/brasil-fica-em-68o-lugar-em-ranking-glo-
10
PLANO DE CAPTAÇÃO -
III
UNIDADE
FORMAS E LINGUAGENS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer as estratégias para captação de recursos.
■■ Demonstrar técnicas para captação de recurso.
■■ Compreender as oportunidades organizacionais.
■■ Discutir os desafios organizacionais para captação de recursos.
■■ Apresentar as oportunidades de captação de recursos e a valorização
da linguagem.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Planejando a captação
■■ Técnicas para captação
■■ Fontes de recurso e a linguagem da abordagem
69
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), a proatividade deve ser uma grande aliada do captador de recur-
sos e do gestor do terceiro setor. Conhecer estratégias - não receitas de bolo -, e
aplicá-las através de técnicas de gestão, ficando atento a oportunidades, e como
diferencial do setor, aprofundar-se no conceito sob o que se aplica a missão orga-
nizacional, com a defesa de princípios éticos, são essenciais ao Terceiro Setor.
Com facilidade encontramos pessoas que questionam e profissionais que
desgastam o terceiro setor com ações antiéticas e de apropriação. Sendo este
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
70 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PLANEJANDO A CAPTAÇÃO
Vamos agora para uma pergunta básica e simples de responder: você inves-
tiria seu dinheiro em uma empresa falida? Em um negócio que não se sustenta?
Vamos então nos colocar no lugar de uma pessoa – física ou jurídica –, que é
procurada por uma organização que demonstra estar nessas condições. Qual é
a sensação? Imagine, agora, você próximo a um poço, e de sua boca você lança
uma moeda. Não se escuta o barulho da moeda chegando ao fundo do poço,
não é mesmo?
Todas essas questões servem tão somente para ilustrar a necessidade de que
seu investidor tenha clareza a respeito do destino de seu investimento. Demonstrar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Planejando a Captação
72 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
conhecido que ressalta que “é preciso fazer o bem, mas é preciso fazê-lo bem feito”.
Conforme dito por Scheunemann e Rheinheimer (2013, p. 80), planejar ajuda no
processo de gestão e “é o caminho entre o diagnóstico bem realizado e consolidado
e um objetivo bem definido”.
Ainda sobre planejamento, Scheunemann e Rheinheimer (2013, p. 81) indi-
cam para as dimensões - planejamento, organização, direção e controle -, do que
é chamado de processo do planejamento:
O planejamento compreende definir os objetivos, traçar os planos e
estabelecer as atividades para alcançá-los. A organização implica de-
finir a atribuição da autoridade e das responsabilidades e os recursos
e atividades necessárias para se realizar os objetivos. A direção para
os objetivos compreende o preenchimento dos cargos, a comunicação,
a liderança e a motivação pessoal. O controle requer a definição de
padrões para medir desempenho, a correlação de desvios (SCHEUNE-
MANN; RHEINHEIMER, 2013, p. 81).
Planejando a Captação
74 UNIDADE III
Você que tem por meta atuar na gestão do terceiro setor, tem um grande
desafio pela frente. Caso a organização na qual irá atuar tenha por cultura
organizacional uma captação sem planejamento e adote medidas não pla-
nejadas, mãos à obra.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
importante dizer que o ato de captar é consequência da ação de planejar, e não
ao contrário. Já tenho claro meus objetivos, e já sei para qual tempo, ou qual
momento da história da organização terei necessidade de determinado recurso.
Dessa forma, nossos próximos passos serão da ação de captar. Vamos adiante.
Antes de falar diretamente das técnicas para se captar recursos, quero saber se
já temos claro o sentido do terceiro setor em desenvolver - em benefício à toda
sociedade -, uma sociedade mais justa e solidária, igualitária e de oportunidades
a todos, de uma consciência ambiental e cultural responsável e comprometida
com o bem comum. Independentemente de qual é a causa, os motivos são a socie-
dade, seja ela local ou global. A lógica de cada uma das ações do terceiro setor é
que a preocupação está na mobilização para ações de impacto público positivos.
Despertar a vontade ou a atenção de um propenso doador - que prefiro cha-
mar de investidor -, é um desafio e tanto, e sempre que falamos de técnicas de
captação o espectador parece aguardar uma receita de bolo. Porém, sinto em
dizer que essa receita é bem mais complexa que a do bolo, visto que as variáveis
são muitas e aquele que tem uma reserva em dinheiro ou em qualquer outro
recurso viável tem motivos para ter essa reserva. Além do mais, muitas vezes
já tem uma direção para o dado recurso, que precisa ser compatível com a pro-
posta que o captador da organização irá apresentar.
No segunda unidade do livro, já tratamos sobre o profissional captador de
recursos, mas aqui vamos retomar a discussão sob a perspectiva de quem doa,
já que estamos tratando de técnicas para a captação e já exploramos a necessi-
dade de planejar.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
oportunidade de sentir-se parte, de sentir-se parceiro, fazendo com a organiza-
ção uma aliança que sugere confiança, lealdade e bons resultados.
Pitombo e Rego (2004, p. 6) destacam que, tratando da parceria entre empre-
sas e OSCs (Organizações da Sociedade Civil), é necessário análise e verificação
do relacionamento existentes entre essas partes:
Pode-se dizer que os objetivos da parceria tendem a ser relativo a um
impacto mais profundo na realidade na qual as organizações envol-
vidas atuam. Dessa forma a parceria se propõe não apenas em suprir
as necessidades, mas em ampliar e irradiar os efeitos de um trabalho
quanto em sensibilizar, mobilizar e co-reponsabilizar outros sujeitos
em torno de ações voltadas para os problemas sociais (PITOMBO;
REGO, 2004, p. 6).
Essa ideia vem em complemento ao que Noleto (2000, p. 13) indica como sendo
parceria:
[...] parceria significa uma associação em que a soma das partes repre-
senta mais que o somatório individual de seus membros, pois por meio
da parceria, há um fortalecimento mútuo para atingir um determinado
fim (NOLETO, 2000, p. 13).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Transferência de ■■ Potencialidades ■■ Criação contínua
Valores da recursos genéricos. tranferidas. de valores.
Colaboração ■■ A troca de recursos é ■■ A troca de recursos é mais ■■ Necessidade de
geralmente desigual. igual. renovar valores.
■■ Expansão de opor-
tunidades diretas
dos funcionários
envolverem-se no
relacionamento.
■■ Profundo rela-
■■ A empresa geral-
■■ Expansão dos relacio- cionamento
mente contata
namentos por toda a interpessoal atra-
negócios comunitá-
organização vés da organização.
rios ou fundações.
■■ Nos níveis de liderança, ■■ Influência da cul-
Gerenciamento do ■■ Conexão mínima
uma forte conexão pessoal. tura de cada
Relacionamento com a causa social
organização
■■ Cria-se infra-estrutura,
■■ O progresso do pro- envolvida.
incluindo gerentes de
jeto é comunicado,
relacionamentos, comuni- ■■ Relacionamento
tipicamente, por
cação, canais e veículos. de parceria na
relatórios.
administração.
■■ As estratégias e
processos são
comunicados
interna e externa-
mente.
■■ Projetos iden-
tificados e
desenvolvidos em
todos os níveis
da empresa, com
apoio dos líderes.
■■ Ampla esfera de
■■ Colaboração mínima
atividades com
e em atividades
■■ Ideias do topo da organiza- importância
limitadas.
ção são coincidentes. estratégica.
■■ As fundações geral-
■■ Projetos de esfera limi- ■■ Na execução
Definição da
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mente determinam
tada e risco que demonstre e integração
performace da os projetos ou as
sucesso. organizacional.
Colaboração empresas respondem
Incluindo recursos
a solicitações especi- ■■ É explicita a expectativa de
desempenho. compartilhados.
ficas das OSC.
■■ Há incentivo
■■ Mínima expectativa ■■ Aprendizagem informa.
á criação de
de desempenho.
parcerias.
■■ Processos de
aprendizagem
ativo.
■■ Avaliação e alta
expectativa de
ambas as partes.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mútua, trocando o seguinte questionamento “o que o outro pode fazer
por mim?” por “o que podemos fazer juntos?” A procura permanente de
valor consiste em ser criado uma colaboração conjunta, e não isoladamen-
te. É também importante reconhecer que as configurações de cooperação
são ativos depreciáveis, que o valor das parcerias podem diminuir com o
tempo e a renovação de valor consiste em um desafio permanente.
Comunica- Um outro ponto de sustentação é o processo de uma comunicação
ção entre os contínua e efetiva. Pode-se dizer que uma boa comunicação interna se
parceiros tornará a base para a formação da confiança entre as partes e que haja
várias conexões e canais de comunicação entre as organizações pois
são relacionamentos que requerem intensa manutenção e atenção. Um
outro ponto a ser levantado refere-se à comunicação externa, faz-se
necessário divulgar a parceria para que haja um aproveitamento de
benefícios e com isso motivando a continuidade da cooperação.
Continuida- As alianças ao combinarem as competências e as missões das empresas
de do apren- e das OSC estarão abrindo novas fronteiras para a geração de benefícios
dizado mútuos e, também abordando necessidades sociais de forma efeti-
va. Pode se dizer que além de aprender como cooperar, cada um dos
envolvidos estará adquirindo habilidades e conhecimentos específicos
valiosos. Esse aprendizado mútuo representará em mais um acréscimo
para as parcerias. Esse é um processo contínuo.
Compro- A aliança estratégica é um relacionamento intenso e de perspectivas de lon-
misso com a go prazo e conforme a parceria avança precisam ser ajustados os compro-
parceria missos pessoais, institucionais e de recursos. O processo de cooperação se
institucionaliza através de alianças sustentáveis, criam incentivos à coope-
ração em suas estruturas de recursos humanos e os incutem em sua cultura
organizacional. A avaliação da capacidade de cooperação das organizações
deve considerar vários níveis de manutenção e de intercâmbio de recursos
das alianças.
ção. Tornar a proposta atraente e válida para as duas ou mais partes é o desafio
de fazer entender que há interesse social na atuação da OSC e, por esse motivo,
o investimento vale a pena.
Para nosso próximo tópico, aprofundaremos as informações sobre as fontes
de recursos. Que nosso desejo de conquistar qualquer que seja o recurso, seja
impulsionado pelo fazer objetivo e claro, pois é nesse contexto que a sustentabi-
lidade da organização acontece. Não há mais lugar para um pensar em captação
desconexo com o modelo administrativo adotado pelo setor privado e público,
que cada vez mais exige padrão de planejamento capaz de apresentar condições
de medir o impacto do investimento, efetividade e eficiência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FONTES DE RECURSO E A
LINGUAGEM DA ABORDAGEM
A “fonte” é o lugar onde se sacia a sede, e esse rico espaço é uma constante busca
das organizações, e não apenas para as organizações do terceiro setor.
Movimentados por questões econômicas, referimos aqui que os três setores
- Estado, Setor Privado e Terceiro Setor -, predominam no mundo, sob o sis-
tema econômico capitalista, onde há modos de produção e relações de trabalho
próprias desse sistema, e que no relacionamento entre os setores, é exigido cada
vez mais padrões de resultado.
Seja a fonte do recurso pessoas físicas, o Estado, Setor Privado ou agências
internacionais, ou que sejam recursos oriundos de ações da própria organização,
todos são marcados pelo atual sistema econômico. Caso neste momento você
se pergunte o porquê dessa óbvia discussão, saiba que ela é necessária para ini-
ciarmos nossa reflexão quanto à linguagem utilizada pelo captador/organização
junto às fontes de recurso, para que o relacionamento com o parceiro/investi-
dor tenha claro esse sistema, que tem por característica a busca pelo lucro, com
interferência sobre as decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e inves-
timentos de produtos e serviços, que consequentemente reflete nos três setores.
Tendo enfatizado que o terceiro setor não atua com um modelo econômico
à parte e que está imbricado nesse contexto, vivendo seus reflexos diretamente,
seja pela missão desenvolvida ou pela concorrência pelo investidor, que por
conseguinte tende a escolher organizações mais estruturadas para seus investi-
mentos, insisto em dizer que essa é uma realidade que precisa ser enfrentada. É
importante assumir que entre as causas existe uma disputa, ainda que leal, por
recursos - doadores -, financiadores e investidores/parceiros.
Como afirmar a ausência de concorrência entre as organizações, quando
encontramos na realidade: editais, processos de seleção de projetos, recursos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cada uma das ações empreendidas têm um valor essencial para a humani-
dade, seja de qualquer natureza - social, defesa e garantia de direitos, ambiental,
de defesa de patrimônio, cultura etc. O primeiro passo para uma captação de
recursos eficiente é o posicionamento da própria organização, que deve apre-
sentar-se evitando uma interpretação errada da própria população em relação
ao serviço prestado. O sentimento de pertença e a importância da ação devem
ser pilares fortes internos e externos à organização.
Nesse primeiro momento, você pode estar se perguntando sobre o que isso
tem haver com a fonte do recurso. Como uma organização que faz o fortaleci-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mento do sentimento de dó e pena em relação à sua causa, ela pode sentar para
negociar com um potencial parceiro e convencê-lo de que sua causa tem grande
valor, se sua linguagem é ainda de “ajuda”. O que buscamos é comprometimento,
ao passo de que nossa causa tenha tantas adesões quanto o problema, e que nossa
missão seja cumprida e possamos resolver outros problemas.
Em uma reflexão sobre o Terceiro Setor, Voltolini (2005, p. 7) trata que o
desenvolvimento desse setor está relacionado ao reflexo das próprias amarras
sociais, no modo que sociedade desenvolve suas práticas de política e economia:
[...] é o mais criativo laboratório de interação comunitária, uma usina
movida à energia humana e solidariedade, um campo profuso de de-
senvolvimento de solução que se constrói com base na soma de capa-
cidades e pequenas ações - normalmente anônimas – de centenas de
milhares de cidadãos organizados (VOLTOLINI, 2005, p. 7).
Então, de onde fala essa autoridade do terceiro setor, que interpela e busca
adesão à sua causa? Com qual propriedade diz sobre a realidade que se busca
interferir? Sob quais dados está tratando com seu interlocutor? Para qual resul-
tado sua organização se dirige? Por fim, para qual direção o resultado da ação
está levando essa comunidade beneficiária?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ceiro setor, mas cabe alertar que esse momento passará por transformações.
Na atualidade, as facilidades do mundo virtual e o acesso à informação tende
a gerar impacto no social com muito mais velocidade que há poucos anos, e por
esse motivo as decisões sobre a gestão da organização precisam ser tomadas. O
projetar e o realizar da missão depende de programas bem estruturados, que
tenham seus impactos medidos.
Ao passo que mensuramos resultado e consolidamos nossa visão de futuro,
temos argumentos de captação e transformamos o mundo a partir de onde
estamos.
Assumindo a sua participação no momento histórico, você garante uma res-
ponsabilidade a mais, que é de ser um ator social, formador de opinião e tutor
de planejadas ações de sustentabilidade e de impacto social, além de gerar um
futuro que é hoje apenas um objetivo.
Você está preparado para agir, gerar equilíbrio e resultados? Prepare-se. Evite
a preguiça e o melindre, causados pela satisfação com o discurso da dificuldade,
e passe ao desafio de gerar resultado e impacto através de ações que o transfor-
mem em um profissional de sucesso, com uma causa de sucesso. Confiamos na
sua capacidade de transformar a vida das pessoas.
Prezado aluno,
Apresentamos a seguir um fragmento do Manual de Captação de Recursos, desenvolvi-
do pela Apoena Sustentável. Recomendamos conhecer o material na íntegra. Aqui, nos
atemos a apresentar o subitem abaixo, com a intenção de complementar o conteúdo
desta unidade.
MANUAL DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS – APOENA SUSTENTÁVEL
Pesquisa de potenciais financiadores
Depois de analisar o histórico das doações recebidas e as principais fontes de financia-
mento que serão abordadas, o próximo passo é encontrar os financiadores ideais. Den-
tro de cada um dos grupos identificados como potenciais doadores - indivíduos, empre-
sas, fundações, igrejas e/ou órgãos governamentais – precisamos encontrar aqueles que
compartilham de sua missão e de seus objetivos e que, por isso, terão maior probabilida-
de de contribuir se forem corretamente abordados.
No caso da Construir, foram identificados 4 públicos alvo: indivíduos, empresas, funda-
ções e governo. Mas não é qualquer indivíduo que pode ser abordado. Alguns critérios
precisam ser levados em consideração para que se possa identificar aqueles que terão
maior probabilidade de contribuir com nosso projeto de Bibliotecas Comunitárias. Vá-
rias hipóteses podem ser levantadas.
Podemos imaginar, por exemplo, se o local de residência do contribuinte é ou não um
fator influenciador da sua decisão de colaborar com o projeto: Será que pessoas que
moram próximas das bibliotecas terão mais probabilidade de se envolver? Se as biblio-
tecas forem instaladas em locais muito pobres, será que estas pessoas têm condição
econômica para serem doadores? Será que um “leitor voraz” mesmo que more longe do
local da biblioteca se interessaria em ajudar?
Quando dizemos que nosso público alvo são indivíduos, estamos trabalhando com mi-
lhões de possíveis pessoas a serem abordadas e nenhuma organização tem capacidade
de abordar tanta gente.
Definir o perfil do doador, portanto, é uma tarefa muito importante para limitar as possi-
bilidades e focar melhor as ações de captação. Para cada um dos públicos identificados a
princípio (indivíduos, empresas, fundações e governo, no caso da Construir), os critérios
de seleção serão diferentes.
Os critérios de doação podem levar em consideração fatores demográficos (idade, sexo,
rendimentos, nível de instrução, etc.), geográficos (onde estão localizados os potenciais
doadores), psicográficos (estilo de vida dos potenciais doadores) ou comportamentais
(como ocasiões e benefícios esperados).
88
5. Segundo Pitombo e Rego (2004), quais das afirmativas abaixo são consideradas
dimensões estratégicas, essenciais para uma contínua relação entre parceiros?
I. Mentalidade da Cooperação, que identifica se o vínculo com a causa é passio-
nal ou superficial e o alinhamento é estratégico, que consiste em verificar o
nível de compatibilidade das missões, das estratégias e dos valores das partes
envolvidas na relação.
II. O valor da cooperação, no qual procura-se estabelecer parâmetros como for-
ma de administração, responsabilidade da parceria, motivação da coopera-
ção, comunicação explícita, bem como, expectativas de desempenho e res-
ponsabilidades da parceria.
III. O valor da cooperação, que procura avaliar se os recursos dos parceiros estão
sendo mobilizados para gerar o máximo possível de valor e as diferentes com-
petências, combinando-as com o intuito de evoluir para níveis mais altos de
criação de valor; e por último, e não menos importante.
IV. A administração do relacionamento, no qual procura-se estabelecer parâme-
tros como forma de administração, responsabilidade da parceria, motivação
da cooperação, comunicação explícita, bem como, expectativas de desempe-
nho e responsabilidades da parceria.
Assinale a alternativa correta.
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas II está correta.
d. Apenas I, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
92
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://famem.org.br/wp-content/uploads/2014/04/MANUAL-DE-CAPTA%-
C3%87%C3%83O-DE-RECURSOS.pdf>. Acesso em: 4 mai. 2017.
93
REFERÊNCIAS
GABARITO
CAPTAÇÃO DE RECURSOS - AS
IV
UNIDADE
DOAÇÕES, AS LEIS DE INCENTIVO E
A VENDA DE PRODUTOS E SERVIÇOS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Demonstrar as diferenças entre doação e destinação de recursos.
■■ Compreender as oportunidades das Leis de Incentivos.
■■ Apresentar as oportunidades de Patrocínio.
■■ Conhecer a Plataforma Siconv.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Recursos provenientes de doações
■■ Recursos provenientes de destinações - incentivos fiscais
■■ Recursos governamentais - plataforma Siconv
■■ Captação de recursos por meio da venda de produtos e serviços
97
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), estamos começando mais uma unidade, nesse exigente cami-
nho de pensar a captação de recursos para o terceiro setor. Aqui trataremos de
captação de recursos por meio de doações, incentivos fiscais e venda de produtos
e serviços. Certos de que ainda há muito para tratar desses assuntos, contamos
com sua companhia.
Trataremos de apresentar as diferenças entre doação e destinação, além de
apresentar as Leis de Incentivos e a plataforma Siconv, bem como os esforços e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
benefícios da geração de receita a partir das atividades meio, que são a venda
de produtos e serviços.
Sem dúvidas, o financiamento de projetos realizado por meio das leis de
incentivo trouxe uma série de exigências ao funcionamento legal para as orga-
nizações, inclusive mais recentemente, com o advento do Marco Regulatório,
que regula a celebração de relacionamento entre órgãos públicos e as organiza-
ções da sociedade civil.
Mesmo com exigências, o financiamento por meio de incentivo fiscal é, sem
dúvidas, uma grande oportunidade de mobilizar pessoas físicas ou jurídicas para a
adesão às diversas causas que podem ter suas ações viabilizadas com tais recursos.
Pensando na ampliação das fontes de recursos para o terceiro setor, tratare-
mos aqui de uma área muito comum às organizações, que ainda gera algumas
dúvidas no trato contábil.
Para não esquecer das balizas que norteiam todos os capítulos do livro, aqui
também trataremos de transparência e da participação do parceiro/destinador.
É necessário buscar o recurso, investir corretamente, prestar contas e medir
resultados, bem como plantar a semente da grande árvore da sustentabilidade.
Vamos regar essa semente.
Sabemos do seu compromisso e desejo de fazer o melhor, e com esse fator
motivador trataremos aqui de termos como empatia e motivação, com a indi-
cação de conceitos de grande referência, fortalecendo as estratégias de captação
de recursos.
Introdução
98 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RECURSOS PROVENIENTES DE DOAÇÕES
O “colocar-se no lugar do outro” contribui tanto para a busca ativa por recur-
sos, ou seja, para ações empreendidas pela própria organização, como também
para as doações recebidas de forma voluntária, com intenção direta do doador.
É importante sempre tentar perceber o motivo pelo qual o doador esco-
lheu aquela determinada causa, bem como o fator que o motiva a aproximar-se
e dedicar tempo e recursos a uma organização. Dedicar tempo ao contribuinte é
uma prática que devemos desenvolver sempre, percebendo os limites entre sua
ação de receber uma doação e a do outro, que tem uma intenção com a doação.
Na organização, é importante que os profissionais que têm uma relação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
bilizá-lo.
RECURSOS PROVENIENTES DE
DESTINAÇÕES - INCENTIVOS FISCAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sendo admitida destinação às áreas da cultura, esporte, proteção à criança e ao
adolescente, proteção ao idoso, reabilitação de pessoas com deficiência (PCD) e
combate ao câncer (oncologia).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
reabilitação, indicação e adapta-
ção de órteses, próteses e meios
auxiliares de locomoção. Incentiva
ações e serviços desenvolvidos
por associações ou fundações de
direito privado, sem fins lucrativos,
detentoras do Certificado de Enti-
dades Beneficente de Assistência
Social – CEBAS, bem como às
qualificadas como OS e OSCIP.
Lei de Incentivo às Lei 9.249/1995 Pessoa Jurídica Destinações realizadas à organiza-
Organizações da ções da sociedade civil, legalmente
Sociedade Civil constituídas no Brasil, sem fins
lucrativos, que prestem serviços
gratuitos, reconhecidas como
de Utilidade Pública Federal ou
qualificadas como OSCIP. Limite
da destinação é de 2% da receita
operacional, o que diverge da Lei
13.019/2014, que prevê destinação
de 2% da receita bruta.
Lei de Incentivo ao Lei 9.249/1995 Pessoa Jurídica Podem ser incentivadas às
Ensino e à pesquisa instituições de ensino e pesquisa
contempladas na presente lei, bem
como que atendam a Constituição
Federal, em seu art. 213, incisos
I e II.
Fonte: a autora.
Mais uma vez, torna-se importante um planejamento estruturado e uma ação pró-
-ativa por parte das organizações na conquista de novos parceiros, por meio das
leis de incentivo fiscal e da renúncia fiscal. Cabe aqui otimizar a relação, conhe-
cendo tão bem a legislação, ao passo de oportunizar um ótimo relacionamento
e inclusive capacitação aos parceiros, com vistas a alcançar o desenvolvimento
do capital social.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RECURSOS GOVERNAMENTAIS -
PLATAFORMA SICONV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para saber mais sobre os cursos, acesse o link disponível em: <http://portal.
convenios.gov.br/treinamentos>. Acesso em: 4 mai. 2017.
Fonte: Brasil ([2017, on-line]).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
não será acumulado pela associação. Da mesma maneira, o lucro será utilizado
em sua totalidade na atividade fim e na concretização da missão institucional.
É sadio que o terceiro setor tenha essa consciência, evitando desgaste des-
necessário e perda de boas oportunidades. Aproveito aqui para fazer uma
consideração particular, de que os produtos ou serviços ofertados sejam defi-
nidos a partir de critérios estabelecidos em regimento, evitando contradições
relacionadas à missão da organização. Um exemplo disso pode ser a venda de
bebida alcoólica, em um evento promovido por uma associação de reabilitação
para dependentes de álcool.
Tratando da diversificação de fontes de recursos, assim como as metas esta-
belecidas para a captação de recursos doados por outras fontes, a realização desta
atividade meio deve responder a uma parcela do orçamento anual, lançado na
previsão orçamentária anual, mas não deve ser maior que a capacidade da orga-
nização em captar, e não deve tornar-se um peso aos integrantes da associação,
visto o fator motivacional que o trouxe à causa.
O referido Manual das Instituições Beneficentes também destaca a impor-
tância de que o “negócio social”, planejado e ordenado, traga à organização mais
do que dinheiro, mas promova contatos e gere retorno de imagem. Sobre a linha
de ação, destaca ainda que seja otimizado os recursos já existente na organiza-
ção, e que suas habilidades próprias da missão também sejam levadas em conta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
análise quanto às intervenções sociais que conhecem e o quanto esses fatos cita-
dos influenciam, ou o quanto as causas desses fatos atingem nossas realidades.
Talvez o exemplo seja muito amplo, no entanto, preciso nesse último momento
recordar que moramos em uma grande aldeia global, onde precisamos resol-
ver as deficiências do nosso convívio social ao nosso redor com urgência, pois
mundo a fora outras demandas nos chamam e nos provocam.
Portanto, sejamos eficientes e efetivos em nosso propósito. Que tudo isso nos
incomode todos os dias e seja a motivação que nos faça transferir aos nossos pro-
jetos a melhor gestão possível, que nos transforme no melhor fiscal de recursos
públicos e que em nossa gestão as organizações não façam nada mais ou menos.
Bazares, eventos e outras tantas ações que empreendemos para captar recur-
sos envolvem tanto a comunidade, que em muitos casos permite duplo benefício,
tanto no consumo quanto no resultado de nosso projeto. Então, não custa dizer
isso tudo à comunidade. Não custa empoderar o nosso grupo social para cobrar-
-nos melhores resultados e novos empreendimentos.
Para finalizar, vamos motivando ao estudo de nossa próxima unidade. Vamos
lá guerreiro, fortaleça sua vida com conhecimento. Não atire para todos os lados!
Tenha foco, organização e sensibilidade como alimentos na jornada.
Importante ressaltar que até a publicação da Lei no 13.204 em dezembro de 2015, que
alterou a Lei no 13.019/14 (MROSC) e a legislação relativa aos incentivos fiscais, apenas
as entidades sem fins lucrativos, criadas por lei, que prestassem serviços gratuitos, ou
aquelas detentoras do título de Utilidade Pública Federal – UPF, ou da qualificação como
Organização da Sociedade Civil de interesse Público – OSCIP, poderiam se beneficiar
pelas leis de incentivo.
Portanto, a captação de recursos através das leis de incentivo pode ocorrer diretamente
pelas OSC, ou pelas instituições que exerçam atividades nas áreas cultural, assistencial
(proteção a crianças, adolescentes e idosos), esportiva, e de saúde (oncologia, e reabili-
tação de PCD). Com relação aos doadores, estes podem ser beneficiados pela dedução
direta do valor do IR devido, pela dedução da base de cálculo do IR e da CSLL como
despesa operacional, ou ainda pela combinação das duas formas anteriores.
Em virtude da importância deste tema para as organizações do Terceiro Setor, traremos,
a partir dos próximos artigos, maiores detalhes, de forma individualizada, acerca das leis
de incentivo de âmbito federal vigentes no país.
Até mais!
Fonte: Nossa Causa ([2017], on-line)4.
116
Palestra de 1h23min, com Mário Sérgio Cortella, intitulada: Reflexão, Motivação Liderança. A
palestra foi ministrada à servidores públicos e remete a dedicação ao cuidado de vidas, do
conjunto da vida de uma comunidade. Vale a pena assistir. Acesse <https://www.youtube.com/
watch?v=jtGHHDkZaUM>. Acesso em: 4 mai. 2017.
119
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em :<http://vocesa.uol.com.br/noticias/mercado/o-poder-transformador-da-em-
patia-nas-relacoes-humanas.phtml#.WH6HEFUrLIU>. Acesso em: 4 mai. 2017.
2
Em :<http://nossacausa.com/captacao-de-recursos-atraves-de-leis-de-incenti-
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Em: <http://portal.convenios.gov.br/redesiconv>. Acesso em: 4 mai. 2017.
3
4
Em: <http://nossacausa.com/captacao-de-recursos-atraves-de-leis-de-incenti-
vo/>. Acesso em: 4 mai. 2017.
GABARITO
V
FIDELIZAÇÃO, ADVOCACY
UNIDADE
E CAPTAÇÃO DE RECURSOS
INTERNACIONAIS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a importância do relacionamento e da fidelização de
parceiros.
■■ Tratar do importante papel de articulação e influência dos agentes
do terceiro setor nos ambientes sociais e político.
■■ Apresentar as propostas de investimentos internacionais nas ações
do setor.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Fidelização de parceiros
■■ Advocacy
■■ Captação de Recursos internacionais
123
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno(a), este é um dos capítulos mais importantes do livro. Sabemos
que, por menor que a instituição seja, a necessidade de recursos exige dos profis-
sionais envolvidos uma compreensão acentuada quanto a importância de manter
um grupo fiel à organização.
O objetivo desta unidade é fortalecer, ao redor da organização, um grupo
mobilizado a tornar real os objetivos e metas postas a ela, e isso não é uma tarefa
fácil.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
124 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FIDELIZAÇÃO DE PARCEIROS
Fidelização De Parceiros
126 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
res com o próprio perfil da empresa (ou decisão) de manter em seus clientes um
estado de alta satisfação, que estaria relacionada ao estado de encantamento do
cliente pela marca, ou o que chamou de afinidade emocional. O autor trata aqui
da gestão de relacionamento com o cliente direcionada à fidelização.
E o que isso tem a ver ou como isso pode ser utilizado no terceiro setor? Cabe
aqui ressaltar que não teremos uma teoria à parte para o marketing de relacio-
namento para o terceiro setor. O padrão de ética nesse relacionamento é apenas
um, remetendo ao produto de qualidade, ao serviço de qualidade e a uma cadeia
produtiva de responsabilidade. O mesmo ocorre no caso do terceiro setor.
Fidelizar um cliente para o mundo corporativo é gerar um valor superior à
satisfação que o cliente terá ao utilizar um serviço ou produto. O objetivo é ter
um cliente satisfeito a ponto de ser retido à marca, ao serviço ou produto. Esse
cliente não deixará de consumir determinado produto ou serviço, não migrará
para outra marca ou para a concorrência. O desejo da empresa é aumentar suas
vantagens financeiras, seu lucro.
Ainda segundo Kotler (1998), fica mais barato para a empresa manter um
cliente do que conquistar um novo, e esse custo é 5 a 7 vezes maior, ou seja: reter
clientes é também reduzir custo.
Sobre essa análise, assim como nas empresas, sabemos que no terceiro setor,
além de não ser tarefa fácil a conquista de parceiros – colaboradores comprome-
tidos, doadores regulares, parceiros etc –, cabe avaliar esse custo de conquista e
retenção. E para a pergunta “como faremos isso”, as questões a serem analisadas
são: “qual empenho de tempo, quem esteve envolvido e qual é a metodologia utili-
zada nessa conquista?’’ ou seja, na prática da gestão de uma OSC, os custos devem
o dia a dia da organização, que pode ser interpretado erroneamente pelo ges-
tor da OSC. No entanto, é preciso estabelecer medidas à participação nas OSCs
e momentos de interação com o parceiro, com o objetivo de evitar conflitos, já
que o ambiente das OSCs deve ser propício à participação.
Apesar de ser constantemente confundida com a noção de satisfação de
determinado cliente, a fidelização vai muito além disso, tratando-se de um rela-
cionamento de longo prazo. Para Bogmann (2002, p. 21), fidelização de clientes
“é o processo pelo qual um cliente se torna fiel, isto é, aquele cliente que sem-
pre volta à empresa por estar satisfeito com os produtos ou serviços oferecidos”.
Assim, caro(a) aluno(a), a fidelização de um cliente é um processo ou uma
construção, que por sua vez pode gerar anos de relacionamento cada vez mais
personalizado, e que só permanecerá dessa forma se as expectativas do cliente
continuarem a ser atendidas e superadas:
A satisfação do cliente depende do desempenho percebido na entrega
de valor feita pelo produto em relação às expectativas do comprador.
Se o desempenho fica aquém das expectativas do cliente, ele fica insa-
tisfeito. Se o desempenho se equipara às expectativas, o comprador fica
satisfeito. Se o desempenho excede as expectativas, o comprador fica
encantado. (KOTLER & ARMSTRONG, 2000, p. 4).
Esse cuidado com o cliente é tratado também por Kotler (2003, p. 75), que diz
que a lealdade do cliente com a empresa não pode ser considerada tão forte a
ponto de ele não migrar para outra empresa, se aquela oferecer proposição de
valor mais convincente e vantajosa.
Fidelização De Parceiros
128 UNIDADE V
Como lidamos com esta percepção no terceiro setor, onde nossas causas são
sempre o primeiro fator motivador da adesão de um parceiro? Segundo Oliveira
(2012, p. 7), “satisfação é um estado psicológico, oriundo de ter expectativas aten-
didas”. Dessa forma, a pergunta seria respondida com a seguinte afirmação: a
capacidade de medir e tornar público os resultados obtidos com a intervenção
de determinada causa interfere na manutenção e durabilidade da relação dos
seus parceiros. Toda doação ou investimento, realizado por alguém ou alguma
empresa nas ações do terceiro setor, vem carregada da expectativa de gerar dife-
rença positiva em alguma realidade. Medir e dar devolutiva é essencial para um
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
relacionamento duradouro.
Dessa maneira, segundo Bogmann (2002, p. 23), é importante tomar o
marketing de relacionamento como aliado, a fim de analisar o quanto se corres-
ponde aos anseios de seus clientes, expandindo assim a valorização das relações.
Ainda segundo Bogmann (2002, p. 85), para atingir a fidelidade dos clien-
tes, a organização pode operar em dois vértices principais: possuir uma marca
forte, ou envolver os clientes pelos serviços que oferece. O autor destaca também
que, independentemente da ação que a empresa vier a realizar, é imprescindível
que tenhamos o envolvimento de toda a equipe da empresa para manter o valor
agregado e a qualidade que é esperada pelo cliente.
O que temos aqui é uma afirmativa de que há uma constante de esforços não
para a fidelização, mas sim pela qualidade e melhoria do serviço ofertado, tendo
em vista a satisfação do cliente, que por conseguinte será fiel.
Outro ponto importante, ressaltado por Las Casas (2010, p. 35), é que “para
que haja a fidelização, é necessário conhecer o cliente, identificar característi-
cas, necessidades e desejos”. Trazendo para as OSCs, podemos questionar sobre
o quanto você conhece sobre seus doadores? O quanto identificou o que está
movendo aquele envolvimento com a causa, o quanto aquele envolvimento
poderá ser potencializado?
Um fator importante, e que contribui com a fidelização, é o investimento que
se faz em um banco de dados. Barreto (2013, p. 16) diz que, quando se investe em
banco de dados, em conhecer e manter um relacionamento contínuo com os seus
clientes, a empresa desenvolve a capacidade de adaptar seus produtos e serviços
para atender as expectativas do maior número de clientes, e isso os torna fiéis.
O método de coleta dos dados pode ocorrer por meio de simples ques-
tionários, gerando assim um cadastro de pessoas, no qual há uma riqueza de
possibilidades, como email, telefone e endereço. O que fazer com estes dados é
a estratégia que impactará no relacionamento e fidelização. Manter atualizado
esse banco e gerenciar ações planejadas é um desafio constante para os gesto-
res e a equipe envolvida.
Negligenciar a atenção aos clientes é a falha na maioria das empresas, conside-
rando que a atenção aos clientes é impactada diretamente pelo comprometimento
dos integrantes da organização. Quando se trata de terceiro setor, na maioria
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
das vezes percebe-se a falta de pessoal para essa ação como desculpa para a má
gerência do relacionamento com parceiros, colaboradores, voluntários, doado-
res e beneficiários.
Sem dúvidas, essa organização estará fadada a um alto nível de esforço, com
baixo resultado à captação de recursos. Como alcançar resultados sem investir
nessa atividade de relacionamento? E ainda, como o terceiro setor pode desenvol-
ver-se sem que haja a adesão e fidelidade de sua própria equipe à causa? Assim,
indicamos que o trabalho precisa ser feito primeiro dentro de casa. No terceiro
setor, há uma difícil tarefa de fidelizar grupos diferentes, que em alguns casos
começa por fidelizar a própria diretoria da OSC.
O trabalho não é fácil, não é rápido e não depende apenas da própria orga-
nização, mas o ponto de partida pode ser recordar-se de que há, por parte do
“cliente” (contribuinte, colaborador ou parceiro), uma predisposição em manter
um relacionamento com a organização. Desse modo, depois de problematizar a
importância do relacionamento e fidelização, vamos às soluções.
Da mesma forma que um cliente deposita expectativas em torno de um
produto, há expectativa gerada e depositada na causa que foi escolhida. Há um
desejo de fazer parte e de ser ouvido, por isso não basta atender bem essa pes-
soa. Como as expectativas são variadas, não há como definir um tempo ou um
prazo para que essa pessoa se sinta parte da causa, sinta-se satisfeito e chegue
ao estágio de fidelizado.
Os relacionamentos do terceiro setor estão relacionados ao seu ideal, que
além de ser preservado, precisa também ser compartilhado com os contribuin-
tes, parceiros, voluntários, beneficiários e comunidade em geral.
Fidelização De Parceiros
130 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
relacionamento da organização é com o ambiente corporativo, é importante recor-
dar-se que o diferencial do terceiro setor é ter uma causa de interesse público, e
por esse motivo é inerente o envolvimento pessoal e o desejo de impacto comu-
nitário visível. O desafio é constante!
Essa influência exercida pelo terceiro setor deve ser assertiva, coerente e
dotada de uma ampla participação, evitando a conotação de interesses particu-
larizados e setorizados, que em muitos casos são percebidos e interpretados em
nossa sociedade.
Você pode se perguntar sobre a relação disso com captação de recursos.
Diretamente, é certo que a ação de advocacy não deve tomar a proporção ou ter
a intenção de captar recursos, visto que sua função nobre não pressupõe o inte-
resse particularizado. O que quero destacar aqui é que quando a OSC entende seu
papel social e sua capacidade de articulação e interferência, a consequência é ser
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
percebida pela comunidade por sua ação, influenciando na captação de recursos.
Desse modo, a captação de recursos no caso do advocacy é uma consequência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o prazo para a conquista de um recurso internacional é componente do plane-
jamento e não do acaso. Ao definir se esta é uma ação a curto, médio ou longo
prazo, é importante definir os indicadores do desenvolvimento desse processo,
que traduzirá o momento certo em que a instituição estará pronta para buscar
o recurso internacional e todas suas etapas.
Segundo Vergueiro (2015), a captação de recursos internacionais tem como
desafio o tipo de parceria que se quer desenvolver, direta ou via editais, a identifica-
ção da fonte do recurso, a identificação das temáticas, emergentes ou permanentes
e o cumprimento dos prazos estabelecidos pelos parceiros.
Certamente, assim como nas parcerias estabelecidas nacionalmente, é impor-
tante ter claro que a busca por um apoio internacional deve estar pautada na
clareza de objetivos comuns a serem atendidos. Ou seja, os objetivos da organiza-
ção devem estar claros e encaixar-se nos objetivos do financiador. Também é de
igual importância, entender o “lugar” ou o papel de cada organização na sociedade,
se os princípios de desenvolvimento convergem e se sua capacidade de integra-
ção é consistente ao passo de garantir a integridade de ambas as organizações.
Em caso concreto, vale lembrar que cada organização tem sua política de
financiamento de projetos já estabelecida, e quando isso não tem consonância
com sua proposta, por mais que se deseje o investimento, haverá dificuldade na
consistência da ação e integração dos organismos.
Sobre as linhas de financiamento, é comum o aporte aos custos operacio-
nais básicos, e de forma muito relevante a disponibilização de apoio técnico.
Uma dificuldade a ser levada em conta é a legislação e política dos países, que
podem dificultar o acesso a investimentos. Por esses motivos existem as agências
tizada. Indico aqui que conheça a cartilha elaborada com base no capítu-
lo Mobilizando Recursos e Apoio, contido no Livro ‘’Criação de Fundações,
Guia Prático – Um guia para profissionais com base em experiências na Áfri-
ca, Ásia e América Latina’’, produzido por: A. Scott DuPree e David Winder,
com a colaboração de Cristina Parnetti, Chandni Prasad e Shari Turitz, dis-
ponível no link: <http://www.synergos.org/knowledge/00/cfgprecursos3.
pdf>. Acesso em: 5 mai. 2017.
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-permanente-de-foal
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115 Tearfund - http://www.tearfund.org OUTROS
116 RoadSafetyProgramme - www.roadsafetyfund.org
117 Brazil Foundation - www.brazilfoundation.org
118 Google - http://google.org/
sos internacionais, há opções que podemos nos atentar e ter como referência
nessa busca, inclusive apoiando com ferramentas para a elaboração de proje-
tos. Vejamos:
Quadro 2 - Desafios da captação de recursos internacionais
Além dos desafios já apresentados, Vergueiro (2015, on-line)1 ainda indica o desa-
fio de identificar temas que de apoio permanentes e aqueles que são emergentes, os
que exigem contrapartida e a forma de repasse definida no edital. É um desafio bas-
tante expressivo a capacidade de compreender as especificidades exigidas em cada
etapa e por cada um dos editais. Após esse momento, como compreender as regras
do financiador, a elaboração dos relatórios (financeiro e descritivo de atividades) e
a validação dessas informações, realizada por consultores externos?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Você sabia que as atividades de cooperação internacional acontecem por
meio de Convênios Bilaterais com instituições congêneres de outros países,
Programas Multilaterais e afiliação às instituições internacionais governa-
mentais e não-governamentais? Essas atividades de cooperação são asse-
guradas por pagamento de contribuições anuais, e a finalidade é contribuir
com o desenvolvimento mundial por meio da transferência de conhecimen-
tos e experiências.
Para saber mais sobre isso e sobre instituições internacionais de financiamen-
to de projetos e suas áreas de atuação, acesse o material disponível no link:
<http://observatorioterceirosetor.org.br/wp-content/uploads/2013/12/en-
tidadesfinanciadoras.pdf>. Acesso em: 5 mai. 2017.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a),
São diversas as perspectivas que os temas tratados nesta unidade podem ser
tratados. Saliento que essa unidade tratou de apresentar as melhores oportuni-
dades de relacionamento com as diversas fontes de recursos para os projetos do
terceiro setor.
Incentivando a profissionalização do setor, destacamos aqui a necessidade
de absorver das práticas gerais de gerenciamento o trato formal com os parcei-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerações Finais
144
1. Considerando o apresentado por Kotler & Armstrong (2000, p. 4), de que “a satis-
fação do cliente depende do desempenho percebido na entrega de valor feita
pelo produto em relação às expectativas do comprador”, em que sentido po-
demos dizer que isso infere na relação do terceiro setor com seus diversos
investidores?
2. Barreto (2003, p. 16), tratando da fidelização de parceiros, apresenta que quando
se investe em banco de dados, em conhecer e manter um relacionamento con-
tínuo com os seus clientes, é possível desenvolver a capacidade de adaptar seus
produtos e serviços para atender às expectativas. Tratando do terceiro setor,
podemos afirmar que os projetos são desenvolvidos para atender as expec-
tativas de quais públicos?
3. Sobre a prática do advocacy, Risley (2004, apud CARVALHO, 2006) diz que esta
é para o terceiro setor a ação de divulgar ideias e pesquisas que fundamentam
as propostas de ação. Descreva sua percepção sobre advocacy, na realidade
onde atua.
4. Quando tratamos de captação de recursos internacionais, assinale a alternativa
correta:
a. A crise econômica mundial inviabilizou o investimento social mundial e não
existem mais recursos disponíveis.
b. Importa apenas o interesse da sua organização em buscar o recurso.
c. Os recursos podem entrar livremente no país sem qualquer controle, método
e definição de políticas internacionais.
d. Para buscar recursos internacionais é necessário identificar temas que são de
apoio permanentes a aqueles que são emergentes, os que exigem contra-
partida e a forma de repasse definida no edital, bem como o conhecimento,
a valorização de iniciativas com valores e padrões comuns e o fortalecimento
das relações comerciais, que são fatores que impactam a definição de inves-
timento dos fundos internacionais.
e. Qualquer ação proposta pode alcançar investimento internacional, despro-
vido de investigações e análise social. Assim, mesmo que os valores sejam
diferentes e a atuação de sua organização incompatível com a fonte dos re-
cursos, haverá sucesso na captação.
5. Com base na tabela que apresentou as possibilidades de doação direta ou edi-
tais de agências governamentais internacionais, órgãos multilaterais, grandes
organizações e fundações, faça uma visita aos sites apresentados e busque os
editais publicados, procurando identificar qual a linha de investimento de-
finida e as principais exigências nele contida.
MATERIAL COMPLEMENTAR
REFERÊNCIAS ON-LINE
Em: <http://pt.slideshare.net/CaptacaoABCR/captao-de-recursos-internacionais>.
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Caro(a) aluno(a), é chegada a hora de planejar a próxima ação, de pôr no papel quais
as conquistas a serem feitas. Sabemos o quanto ainda temos a tratar sobre o tema
captação de recursos, aqui temos apenas o começo.
Agora, prestes a concluir esse curso e ter sua graduação como gestor(a) para o ter-
ceiro setor, sabemos que você tem buscado uma postura mais direcionada a resul-
tados e nesse sentido, captar recursos com maior organização e otimização deve ser
o seu foco, enquanto gestor(a).
Tratar de captação é tratar de investimento x impacto, que, às vezes, é mostrado em
desenvolvimento de criança, às vezes descrito em relatórios, às vezes apresentado
em balanço contábil. Mas sempre, sempre e sempre é repleto de significado para
“pessoas”. Ser gentil todos os dias com nossos objetivos, olhando com carinho e
medindo seu progresso é imensamente mais prazeroso que tocar em um cheque
volumoso de um doador. Observe o caminho percorrido até este momento.
Perceba que o cheque só fará sentido se o objetivo estiver claro, se já estiver traça-
do seu caminho, se os zeros da soma estiverem representando redução de filas de
atendimento, estruturação de espaço físico, resgate de vidas, preservação de uma
nascente, dedilhar de um violão…
Há que deixar o ambiente corporativo tomar conta de nossas práticas diárias na
gestão da organização, mas há que se deixar de fora a dureza do lucro pelo lucro, já
que aqui se põe a postos o lucro com sentido e direção.
Vivemos por anos em organizações e vez ou outra encontramo-nos conosco mes-
mo pelos corredores, de cabeça baixa e desafiados pela dificuldade em alcançar o
resultado esperado. Digo, mantenha erguida a cabeça, pois a causa é nobre e vale
a pena lutar. Por isso, não “coitadilize” sua missão, não a rebaixe e não permita que
outros o façam.
Organize a casa e coloque as coisas no lugar, e se você gestor(a) não o fizer, quem
o fará? Lidere a equipe, mostre que dá para fazer! Aqui, o primeiro recurso é você,
capaz e capacitado para isso.
Um grande abraço e obrigada pela companhia.