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ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2015, Vol.

23, nº 1, 29-47
DOI: 10.9788/TP2015.1-03

Autoeficácia na Solução de Problemas Matemáticos


e Variáveis Relacionadas

Márcia Regina Ferreira de Brito


Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil
Liliane Ferreira Neves Inglez de Souza1
Instituto de Ciências Humanas da Universidade Paulista, Limeira, SP, Brasil
Faculdade de Administração e Artes de Limeira, Limeira, SP, Brasil

Resumo
Baseado na Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura, o presente estudo teve como objetivo verifi-
car a existência de relações entre as crenças de autoeficácia e o desempenho na solução de problemas
matemáticos. Buscou-se também analisar as correlações entre os instrumentos e avaliar o autoconceito
matemático e a autoeficácia para a aprendizagem autorregulada, além de outra variáveis pertinentes. Os
participantes foram 131 estudantes da quinta série do período matutino, sendo 72 do gênero masculino
e 59 do gênero feminino, matriculados em uma escola confessional privada de uma cidade de grande
porte da região sudeste do país. A coleta de dados foi conduzida em período normal de aula e incluiu a
aplicação dos seguintes instrumentos: escala autoeficácia para aprendizagem autorregulada, escala de
autoconceito, escala de autoeficácia matemática, escala de importância da Matemática, e um instrumen-
to de autoeficácia matemática. A análise dos resultados apontou que tanto a autoeficácia matemática,
quanto a autoeficácia para autorregulação estavam relacionadas ao desempenho na tarefa de solução de
problemas. Estes dados trazem implicações ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática que
deve compreender, além do desenvolvimento de habilidades, a construção de autopercepções favoráveis
do estudante.
Palavras-chave: Auto-eficácia, solução de problemas, Educação Matemática.

Self-Efficacy in Mathematics Problem Solving


and Related Variables

Abstract
Based on Albert Bandura’ Social Cognitive Theory the objective of the present study was to verify the
existence of relations between self-efficacy beliefs and performance in mathematical problem solving.
It also sought to evaluate the mathematical self-concept and self-efficacy for self-regulated learning. We
attempted to study the correlation between the instruments and evaluate the mathematical self-concept
and self-efficacy for self-regulated learning, and other relevant variables. Participants were 131 fifth
graders, 72 males and 59 females from in a private religious school in a large city in the southeast of the
country. Data have been collected in regular class schedules and included the following instruments:
self-efficacy scale for regulated learning, self-concept-scale, importance of mathematics, and mathe-
matics self-efficacy instruments 1 and 2. Results revealed that both mathematics self-efficacy, and self-
-efficacy for self-regulated learning were related to performance on solving problems. These data have

1
Endereço para correspondência: Rua José Dirceu Bais, 296, Residencial Flora, Limeira, SP, Brasil 13482-243.
E-mail: lfneves@terra.com.br
30 Brito, M. R. F., Souza, L. F. N. I.

implications for the process of teaching and learning of mathematics which shall include, in addition to
developing abilities, building students’ suitable self-perceptions.
Keywords: Self-efficacy, problem-solving, Mathematics Education.

Auto-Eficacia en la Resolución de Problemas Matemáticos


y Variables Asociadas

Resumen
Fundamentado en la teoría social cognitiva de Albert Bandura, el presente investigó la existencia de
relaciones entre las creencias de autoeficacia y el rendimiento en la solución de problemas matemáticos.
Hemos tratado de estudiar la correlación entre los instrumentos y evaluar el autoconcepto matemático,
la auto-eficacia para el aprendizaje auto-regulado, y otras variables pertinentes. Los participantes fueron
131 estudiantes de quinto grado del período de la mañana, 72 varones y 59 mujeres inscritos en una es-
cuela religiosa privada en una gran ciudad en el sureste del país. La colecta de datos se llevó a cabo en
la clase normal y estén incluidos los siguientes instrumentos: escala de autoeficacia para el aprendizaje
autorregulado, escala de autoconcepto, escala de la importancia de las matemáticas, y un instrumento
de auto-eficacia matemática. Los resultados mostraron que tanto la auto-eficacia matemática y auto-
-eficacia de la autorregulación se relacionam con el rendimiento en la tarea de resolver los problemas.
Estos datos tienen implicaciones para el proceso de enseñanza y aprendizaje de las matemáticas, que
incluirá, además de desarrollar habilidades, la construcción de auto-percepción a favor del estudiante.
Palabras clave: Auto-eficacia, solución de problemas, Educación Matemática.

Ao longo de sua vida acadêmica o estudante se defrontar com uma tarefa, o indivíduo adquire
desenvolve crenças na própria capacidade frente familiaridade com as exigências e característi-
às exigências escolares e isso se transforma, em cas da mesma e, conforme vai se familiarizan-
interação com o ambiente, em uma das princi- do com a tarefa, também vai adquirindo maior
pais influências no sucesso ou fracasso escolar. confiança na realização de atividades similares,
De acordo com Bandura (1977, 1986) os indiví- desenvolvendo confiança na própria capacidade
duos desenvolvem crenças autorreferenciadas e de executar, com sucesso, uma determinada ação
apresentam comportamentos proativos e autor- (Pajares & Schunk, 2001).
regulados e esses referenciais ordenam o com- Assim, quando o indivíduo se defronta com
portamento e as ações do indivíduo no ambiente uma situação desconhecida, ele põe em ação
através do controle sobre o pensamento, os sen- as crenças de autoeficácia na aprendizagem, ao
timentos e as ações. passo que, quando a tarefa já é conhecida, en-
A aprendizagem envolve mudança e ocorre tram em ação as crenças de autoeficácia no de-
quando o indivíduo se defronta com uma tare- sempenho. Os estudos a respeito das habilidades
fa desconhecida, através da qual ele vai apren- e da afetividade na sala de aula e as relações com
der os procedimentos e componentes da tarefa. aspectos cognitivos e motores ganharam novo
Isso implica em mudanças cognitivas, afetivas e impulso em décadas recentes. Pesquisas a res-
comportamentais. Posteriormente, ao defrontar- peito da motivação e seus componentes foram
-se com a mesma tarefa ou tarefas similares co- decisivas para estabelecer critérios e relações
nhecidas, ele colocará em ação os mecanismos entre construtos e permitiram a construção de
desenvolvidos ao longo do tempo e em diferen- instrumentos mais adequados ao estudo desses
tes situações, escolhendo cursos de ação con- aspectos. Contribuiu também para isso o refina-
gruentes com as crenças que possui a respeito mento dos métodos estatísticos para tratamento
de sua capacidade e as exigências da tarefa. Ao dos dados obtidos e a construção de escalas mais
Autoeficácia na Solução de Problemas Matemáticos e Variáveis Relacionadas. 31

sofisticadas. A maioria dos estudos revistos no uma estrutura hierarquicamente organizada;


presente trabalho mostram estreita relação entre é dinâmico e estrutura-se de maneira cada vez
construtos latentes como autoconceito, autoe- mais complexa e diferenciada de acordo com o
ficácia, autorregulação, etc. Dado o entrelaça- desenvolvimento do indivíduo. Isso implica em
mento desses conceitos muitas vezes é difícil uma percepção dinâmica de si mesmo em áreas
diferenciá-los e verificar a hierarquia, a origem específicas (como a Matemática) até áreas mais
e procedência de cada um deles. amplas (acadêmicas e não acadêmicas), sendo
De acordo com Shavelson, Hubner e Stan- que o conjunto dessas percepções refere-se ao
ton (1976) autoconceito é definido como a per- autoconceito mais geral.
cepção de uma pessoa sobre si mesma, sendo
que estas percepções são formadas e influen- Autoeficácia
ciadas principalmente através de experiências
com o ambiente e outras pessoas que são signi- A teoria social cognitiva proposta por Bandura
ficativas. O autoconceito e a autoeficácia mui- (1986, 1997) compreende o funcionamento hu-
tas vezes são confundidos, mas autoeficácia se mano em termos de uma vasta potencialidade,
refere a um contexto específico e está relacio- considerando que as pessoas têm algumas capa-
nada à percepção de competência do indivíduo cidades que lhes permitem exercer certo controle
para a realização de uma tarefa específica. O sobre eventos que afetam suas vidas (Bandura,
autoconceito é mais geral e envolve, além das 1986). Dentre estas, encontra-se a capacidade
percepções do sujeito sobre sua própria compe- autorreflexiva que envolve principalmente os
tência, as crenças de autoestima que constituem pensamentos autorreferenciados, ou as crenças
um componente avaliativo do autoconceito. que as pessoas têm a respeito de si mesmas. A
Apesar disso, muitos autores tratam estes con- autorreflexão permite às pessoas analisarem suas
ceitos como um mesmo constructo (Pajares & experiências e seus próprios processos de pen-
Schunk, 2001). Esses autores apontaram que o samento, proporcionando uma organização das
autoconceito e as crenças de autoeficácia repre- autopercepções.
sentam diferentes visões que o sujeito tem de si Inclui-se neste contexto, a autoeficácia,
mesmo, sendo que a autoeficácia está ligada à definida por Bandura (1997, p. 3) como uma
crença do sujeito sobre sua capacidade de agir, “crença na própria capacidade de organizar e
de realizar alguma atividade. Perguntas como: executar cursos de ações requeridas para produ-
“Posso solucionar esse problema? Posso respon- zir determinadas realizações”. Segundo Bandu-
der essa questão da prova?” se referem ao grau ra (1986) dentre as crenças autorreferenciadas,
de confiança que o indivíduo tem para resolver o nenhuma é mais central do que autoeficácia, vis-
problema ou solucionar a questão da prova. Esse to que esta pode influenciar os processos de mo-
grau de confiança está estreitamente vinculado tivação, as escolhas que os indivíduos realizam,
a atingir, com sucesso, o objetivo proposto, ou os cursos de ação que estes tomam e suas rea-
seja, “poder” ou “conseguir” realizar a tarefa. Já ções emocionais, afetando de diversas maneiras
ao autoconceito reflete percepções mais gerais essas realizações.
do indivíduo, incluindo os sentimentos do indi- Segundo Bandura (1986, 1997) a autoeficá-
víduo. Assim, ao se defrontar com determinado cia exerce seu papel no desempenho principal-
problema, as questões que o sujeito se faz seriam mente através de quatro processos:
do tipo “Como eu me sinto quando soluciono um Processos Cognitivos: relacionados à pre-
problema?”; “Por que fico ansioso na prova de visão ou expectativa acerca das possíveis con-
Matemática?” ou ainda: “Sou um bom estudante seqüências que determinada ação provocará, in-
de Matemática?”. cluindo os objetivos desejados (Bandura, 1986,
O modelo hierárquico proposto por Shavel- 1997, 1995/1999). De acordo com o modelo
son et al. (1976) apresenta o autoconceito como teórico, pessoas com percepções de autoeficácia
descritivo e avaliativo, multidimensional e com mais elevadas geralmente possuem expectativas
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mais altas com relação ao desempenho, manten- zação e nos hábitos de pensamento, melhorar as
do crenças de que obterão sucesso. capacidades acadêmicas e de autorregulação dos
Processos Motivacionais: A autoeficácia estudantes além de criar condições de ensino que
se relaciona a diversos constructos motivacio- permitam levar o estudante ao sucesso.
nais, como expectativas, metas, quantidade de É importante ressaltar que a autoeficácia se
esforço e persistência despendidos nas tarefas forma a partir de quatro fontes de informação:
(Bandura, 1995/1999). Assim, postula-se que as experiências diretas, ou desempenhos anterio-
pessoas investem interesse mais duradouro em res; experiências vicárias, ou a partir da obser-
atividades nas quais se julgam capazes, e das vação de outros; a persuasão social, vinculada
quais obtém satisfação quando atingem o domí- às informações recebidas pelas pessoas acerca
nio necessário. de seus desempenhos e capacidades e os estados
Processos Afetivos: Segundo Bandura fisiológicos e afetivos. Desta forma, no contexto
(1995/1999), as crenças das pessoas em suas escolar, os estudantes lidam com tarefas que con-
capacidades afetam a quantidade de stress e an- seguem ou não realizar com sucesso, recebem
siedade que estas experimentam em situações uma quantidade de informações sobre seu de-
consideradas difíceis ou ameaçadoras. Em geral, sempenho, observam os desempenhos dos pares,
a pesquisa tem demonstrado relações inversas e experienciam estados fisiológicos ou afetivos.
entre autoeficácia e ansiedade. Estas situações ajudam a moldar as crenças de
Processos de Seleção: As percepções de autoeficácia referentes às disciplinas escolares,
autoeficácia também têm sido relacionadas confirmando a relevância das experiências do
às escolhas realizadas, visto que em geral, as aluno com a Matemática na formação das cren-
pessoas costumam engajar-se em atividades que ças de autoeficácia referentes a esta disciplina.
acreditam estar de acordo com as habilidades
que julgam possuir. Solução de Problemas
Desta maneira, a autoeficácia tem sido con- e Crenças de Autoeficácia
siderada um importante elemento preditivo do
desempenho acadêmico. Por exemplo, o estudo Por se tratar de um julgamento pessoal de
de Soares e Oliveira (2011) avaliou constructos capacidade relativa a um determinado domínio,
como raciocínio verbal e desempenho escolar, a autoeficácia não se refere especificamente ao
apontando que a autoeficácias se apresentou tão autoconceito geral ou à capacidade de um indi-
importante quanto as demais variáveis para um víduo em uma variedade de circunstâncias, mas
bom desempenho escolar. sim ao que o mesmo acredita ser capaz de re-
No entanto, não se pode apontar que a auto- alizar em um domínio específico. Esta crença
eficácia determine o desempenho. Para Bandu- pode variar fortemente de acordo com a tarefa
ra (1986, 1997) a relação entre as crenças e o ou domínio, e mesmo no contexto escolar, dife-
desempenho é recíproca, e esta formulação te- rencia-se de acordo com as disciplinas escolares.
órica tem encontrado suporte na pesquisa. Um Alguns estudos fazem referência à autoeficácia
exemplo é o estudo conduzido por Williams e acadêmica (Arens, Craven, Yeung, & Hasse-
Williams (2010) com adolescentes de 33 países, lhorn, 2011; Rodrigues & Barreira, 2007; Soares
no qual foram encontradas evidências apoiando & Oliveira, 2011), mas muitos se atêm a aspec-
as ideias de Bandura, de que existe uma relação tos mais específicos considerando, por exemplo,
recíproca entre autoeficácia e desempenho. autoeficácia matemática (Chen, 2003; Torisu &
De acordo com Pajares (2005) o conheci- Ferreira, 2011).
mento, pelos professores, a respeito das crenças Dentre as pesquisas sobre autoeficácia ma-
de autoeficácia é de extrema importância, pois temática, tem se buscado compreender as rela-
permite a eles atuar de forma a influir nos esta- ções deste constructo com aspectos cognitivos,
dos emocionais dos estudantes corrigindo even- afetivos e motivacionais, e alguns aspectos es-
tuais falhas na percepção da capacidade de reali- tudados tem sido: desempenho escolar (Chen,
Autoeficácia na Solução de Problemas Matemáticos e Variáveis Relacionadas. 33

2003; Dobarro & Brito, 2010; Hackett & Betz, plano de solução e a execução do plano, ou seja,
1989; Lent, Brown, & Larkin, 1984; Pajares, aplicar as estratégias necessárias para se chegar
1996), autorregulação (Inglez de Souza, 2008), à solução. Para Mayer (1998) este processo é
metas e orientações motivacionais (Bong, 2004; afetado por aspectos cognitivos, metacognitivos
Stevens, Olivarez, Lan, & Tallent-Runnels, e motivacionais. Dentre os aspectos motivacio-
2004; Wolters & Pintrich, 1998; Yailagh, Lloyd, nais, Mayer se refere ao constructo de autoefi-
& Walsh, 2009), ansiedade frente às avaliações cácia, apontando que os estudantes se dedicam
através de provas e exames (Bandalos, Yates, & mais a uma tarefa quando se julgam capazes, do
Thorndike-Christ, 1995), autoconceito (Inglez que quando falta confiança em suas habilidades
de Souza & Brito, 2008; Shiomi, 1992), atribui- para aprender.
ções de causalidade para sucesso e fracasso nes- Alguns estudos (Inglez de Souza, 2006;
ta disciplina (Barros, 1996; S. P. Neves & Faria, Stevens et al., 2004; Zimmerman & Campillo,
2007) atitudes em relação à Matemática (Brito, 2003) têm apontado a autoeficácia como um im-
1996, 1998; Gonçalez & Brito, 1996; Lipnevich, portante elemento mediador da solução de pro-
Maccann, Krumm, Burrus, & Roberts, 2011) e blemas, afetando a quantidade de tempo, esforço
a solução de problemas matemáticos (Pajares, e persistência despendidos por estudantes ao se
1996; Pajares & Miller, 1994; Zimmerman & depararem com tal tarefa. Assim, de acordo com
Campillo, 2003). Pajares e Miller (1994) a autoeficácia se sobre-
A solução de problemas está presente no co- põe a outros fatores preditivos do sucesso nesta
tidiano e no contexto acadêmico em geral, sendo atividade, como gênero, autoconceito e percep-
uma atividade freqüentemente associada às aulas ção de utilidade da Matemática.
de Matemática. Pode-se afirmar que um proble- A escola possui um papel fundamental no
ma é caracterizado por uma situação em que um desenvolvimento dos estudantes e um objetivo
indivíduo ou um grupo quer ou precisa resolver central é formar bons pensadores (Brito, 2002).
e para a qual não dispõe de um caminho rápido Aliado a esse objetivo, a teoria social cognitiva
e direto que o leve à solução (Lester, 1983, ci- apresenta evidências de que o desenvolvimento
tado por Echeverría & Pozo, 1998, p. 15). Brito de autoeficácia e da capacidade de autorregula-
(2012, p. 18) apontou que a: ção permite ao estudante usar mecanismos de
solução de problemas é entendida como ajuste frente a determinadas tarefas. O ensino de
uma forma complexa de combinação dos Matemática trabalha em grande parte com tare-
mecanismos cognitivos disponibilizados a fas que envolvem a solução, pelos estudantes,
partir do momento em que o sujeito se de- de problemas de diferentes tipos. O domínio de
para com uma situação para a qual precisa um conteúdo escolar envolve também o esfor-
buscar alternativas de solução. Pode ser de- ço do estudante para compreender as exigências
finida como um processo cognitivo que visa do problema e colocar em ação os mecanismos
transformar uma dada situação em uma si- cognitivos que permitam alcançar, com sucesso,
tuação dirigida a um objetivo, quando um a solução da tarefa apresentada. As atividades
método óbvio de solução não está disponí- escolares devem ser planejadas tendo em vista
vel para o solucionador, apresentando qua- as crenças pessoais dos estudantes a respeito da
tro características básicas: é cognitiva, é um tarefa que precisam realizar, como estes se per-
processo, é dirigida a um objetivo e é pes- cebem frente determinada tarefa e suas atitudes
soal, pois depende do conhecimento prévio em relação àquele conteúdo, pois isso poderá
do indivíduo. afetar o desempenho do estudante em situações
Para uma melhor compreensão do processo futuras.
de solução de problemas matemáticos, é rele- A Matemática escolar tem sido objeto de
vante destacar as ideias de Mayer (1998), para estudos desde a década de quarenta do século
quem solucionar um problema requer uma re- passado e as pesquisas abrangem tanto aspectos
presentação do problema, a elaboração de um cognitivos quanto afetivos, sendo que esses úl-
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timos tiveram um incremento maior a partir dos samento e os processos cognitivos são seqüen-
estudos da teoria social cognitiva. A solução de ciais, isto é, cada estágio fornece condições para
problemas, elemento chave no ensino de Mate- o aparecimento do seguinte.
mática, também tem sido analisada desde longa Frente a um problema, o estudante tem a
data e sob vários aspectos, incluindo ai a moti- atenção voltada para as exigências daquela tarefa
vação intrínseca e extrínseca, a ansiedade e as específica e disponibiliza mecanismos pertinen-
relações desses construtos com a aprendizagem tes à realização da mesma, buscando executá-la
e o desempenho (Skemp, 1971). Uma maneira com êxito. Nessa busca, em direção à realização
de auxiliar os estudantes a construir formas efi- da tarefa, os componentes cognitivos, afetivos e
cientes de pensar os problemas com os quais se motores interatuam de forma orgânica.
defrontam e assim adquirir um maior domínio Muitos autores se empenharam em descre-
de uma dada área é através da apresentação de ver as etapas pelas quais passa o pensamento du-
tarefas desafiadoras e motivadoras, levando-os rante a solução de problemas. Brito (2011) apre-
ao desenvolvimento do pensamento flexível e sentou uma revisão desses estudos e apontou as
produtivo na solução de problemas de diferentes seguintes etapas: (a) compreensão do enunciado
tipos apresentados em diferentes contextos (Bri- ou do texto (história do problema); (b) represen-
to, 2010, 2011). tação do problema, (c) categorização do proble-
As tarefas cognitivas com as quais o estu- ma; (d) estimativa de solução; (e) planejamento
dante se defronta ao solucionar um problema es- da solução; (f) autoavaliação do procedimento
timulam a curiosidade, levando-os a exercitar a utilizado; (g) autoavaliação do cálculo e (h) Re-
criatividade. Além disso, de acordo com a teoria dação da resposta, que leva o estudante a uma
do processamento humano da informação o pen- nova leitura da proposição do problema e com-
preensão do texto.

FASE DE DESEMPENHO

Autocontrole
Auto-Instrução
Imagens
Atenção focada
Estratégias da tarefa

Auto-Observação
Auto-registro
Auto-Experimentação

FASE DE ANTECIPAÇÃO FASE DE AUTO-RELEXÃO

Análise da tarefa Auto-julgamento


Estabelecimento de metas Auto-avaliação
Planejamento de estratégias Atribuição causal

Crenças de auto-motivação Auto-reação


Auto-eficácia Auto-satisfação/Afeto
Expectativas de resultado Adaptação/Defesa
Interesses/valores intrínsecos
Orientação para uma meta

Figura 1. Fases e subprocessos da auto regulação na solução de problemas (adaptado de Zimmerman & Campillo,
2003; tradução livre das autoras).
Autoeficácia na Solução de Problemas Matemáticos e Variáveis Relacionadas. 35

A Figura 1 proposta por Zimmerman e Cam- problemas que não apresentam a resposta exata
pillo (2003) mostra três fases da solução de pro- é possível estimar uma solução.
blemas (fase de antecipação, de desempenho e
de autorreflexão) e subjacente a cada uma delas, Método
os subprocessos componentes e que são ativados
durante a realização da tarefa. As três fases e os Esse estudo, que é parte de uma pesquisa
correspondentes subprocessos de autorregula- mais ampla e que envolve estudantes de várias
ção durante a solução de problemas podem ser escolas e de diferentes séries é de caráter des-
relacionadas com essas oito etapas de solução critivo e teve como objetivo avaliar as crenças
mostradas no parágrafo anterior. A parte inicial, de autoeficácia para solucionar problemas de
quando o indivíduo se situa no “espaço do pro- Matemática, buscando verificar se existiam di-
blema” seria a fase de antecipação incluindo aí ferenças entre as crenças de autoeficácia frente
a análise da tarefa e o estabelecimento de metas a tarefas específicas e o desempenho efetivo de
visando atingir o objetivo final. As crenças mo- estudantes da quinta série frente à mesma tare-
tivacionais incluem as crenças de autoeficácia, a fa (um conjunto de 20 problemas matemáticos)
expectativa de resultado e os interesses e valo- apresentada após um período de tempo. Buscou
res intrínsecos, sendo esses orientados para uma avaliar também o autoconceito matemático e a
meta a ser cumprida. As fases 2, 3, 4 e 5 estariam autoeficácia para a aprendizagem autorregulada
relacionadas ao autocontrole e auto-observação tendo como referencial as fases e subprocessos
enquanto 7 e 8 seriam compatíveis com a autor- da auto regulação na solução de problemas pro-
reflexão. Todos esses aspectos estão intimamen- postos por Zimmerman e Campillo (2003).
te entrelaçados e deve ser considerado que a so- Tendo em vista que algumas variáveis estão
lução de problemas envolve tanto características presentes nas etapas de solução de problemas
do problema (por exemplo, um problema que matemáticos levando ao sucesso ou fracasso na
envolve estimativa) quanto aspectos relativos ao tarefa (Brito, 1996, 2010), buscou-se verificar
solucionador (ter conhecimento sobre estimati- essas variáveis: importância da Matemática, pre-
va, atitudes em relação à Matemática, motivação ferência por disciplina e ansiedade matemática,
para buscar a solução). além de gênero, classe e idade. Com o objetivo
Zimmerman e Campillo (2003) apontaram de medir como as variáveis do estudo estão re-
a necessidade de ser observada, pelos educado- lacionadas, foi feita uma correlação entre os ins-
res, a relação cíclica entre as crenças motiva- trumentos utilizados.
cionais e os processos autorregulatórios e, como A autoeficácia tem sido considerada um
exemplo, foi usada a estimativa. O instrumento importante elemento preditivo das realizações
de autoeficácia matemática usado no presente alcançadas pelos estudantes (Cleary & Chen,
estudo apresenta vários problemas de estima- 2009). Tem-se argumentado que o valor prediti-
tiva. Na parte 2, onde aparecem 5 alternativas, vo desta crença está vinculado à forma com que
o estudante deve escolher apenas uma delas e é avaliada. Por exemplo, Chen (2003) utilizou o
não existe resposta correta; assim, o soluciona- mesmo procedimento adotado na presente pes-
dor necessita identificar os principais elementos quisa: os estudantes deveriam atribuir um valor
do problema, ser capaz de estimar a resposta e, à própria confiança em solucionar cada item
mesmo intuitivamente, conhecer as regras con- da prova de Matemática. Esta escala represen-
cernentes à estimativa. Nesse caso, o estudante ta uma avaliação bastante específica à tarefa de
precisa persistir no problema e ativar mecanis- como os estudantes percebem sua capacidade
mos que permitam a ele determinar o ponto em matemática. Além disso, deveriam responder a
que o problema termina e isso não ocorre de duas escalas, sendo uma delas sobre autocon-
forma casual. Nas situações escolares a estima- ceito matemático e a outra uma escala de auto-
tiva de solução é planejada e ensinada de modo eficácia regulada. Alguns outros aspectos como
a levar o estudante a perceber que mesmo em preferência por disciplina que estão relacionados
36 Brito, M. R. F., Souza, L. F. N. I.

ao autoconceito e à autoeficácia também foram estudantes eram respondidas à medida que apa-
identificados. reciam e era solicitado a eles que não tentassem
se comunicar.
Participantes Na segunda etapa, que ocorreu 15 dias de-
Os participantes desse estudo foram 131 pois, os estudantes foram solicitados a responder
estudantes da quinta série do período matutino, aos seguintes instrumentos: Escala de ansiedade
sendo 72 do gênero masculino e 59 do gênero matemática e Instrumento de autoeficácia ma-
feminino, matriculados em uma escola confes- temática - 5ª série - parte 2, além da Escala de
sional privada de uma cidade de grande porte da importância da Matemática. A aplicação foi fei-
região sudeste do país. A professora de Matemá- ta ao final do quarto bimestre do ano letivo de
tica era a mesma para as quatro séries e os estu- modo a assegurar que os conteúdos tratados não
dantes estavam distribuídos da seguinte maneira: ocorressem simultaneamente à aplicação.
32 estudantes nas classes A; B e D e 35 na classe Finda a coleta de dados, os instrumentos fo-
C. A idade desses estudantes variava de 11 anos ram agrupados por estudante e por classe e as
(87 estudantes – 66,6%); 12 anos (40 estudantes respostas obtidas foram organizadas em uma
– 30,5%) e 13 anos (4 estudantes – 3,1%) e os base de dados. Em seguida foram efetuadas as
demais não informaram a idade. Esse estudo é notas e médias dos instrumentos utilizados. To-
um recorte de um estudo mais amplo realizado das as escalas usadas no presente estudo foram
com 603 estudantes de quinta, sexta, sétima e oi- convertidas para a mesma métrica de modo a
tava séries. A razão da opção pela quinta série da permitir a comparação, com notas médias finais
mesma professora foi a necessidade de isolar as variando entre 1 e 8 (Smith, Wakely, de Kruif, &
variáveis professora e idade dos sujeitos. Outro Swartz, 2003).
fator considerado foi o instrumento usado para O presente estudo apresenta uma análise
aferir a crença de autoeficácia matemática, tendo descritiva dos resultados obtidos em cada um
em vista que cada uma das séries era submetida a dos instrumentos considerando gênero, idade e
um instrumento no qual os problemas eram rela- preferência por disciplina. Posteriormente são
tivos ao conteúdo tratado naquela etapa escolar. apresentadas as correlações obtidas e as variân-
cias entre os grupos, considerando o desempe-
Procedimento nho na solução dos problemas propostos. Os da-
dos resultantes da aplicação dos instrumentos de
Os instrumentos foram aplicados pelas pes-
pesquisa foram analisados por meio do software
quisadoras no horário da aula de Matemática, po-
Statistical Package for Social Science tendo sido
rém sem a presença da professora, tendo em vista
estabelecido o nível de significância de 0,05 para
que estudos anteriores (Brito, 1996) mostraram
a tomada de decisões baseada nas análises esta-
que a presença da professora pode influenciar a
tísticas realizadas.
resposta dos estudantes quando estes são solici-
tados a emitir juízos de valor sobre a disciplina,
Instrumentos
o conteúdo e o desempenho. Como eram mui-
tos instrumentos, os mesmos foram respondidos Escala de Autoconceito Matemático. A es-
em dias alternados após o consentimento para cala de autoconceito foi construída por Pajares
participação. No primeiro dia, os participantes e Miller (1994). Essa escala foi traduzida para o
respondiam aos seguintes instrumentos: Escala português e validada com estudantes brasileiros
de autoconceito matemático, Escala de atitudes tendo obtido um coeficiente alfa de 0,90 (L. F.
em relação à Matemática, Escala de autoeficácia Neves, 2002; L. F. Neves & Brito, 2001). É uma
para aprendizagem autorregulada e Instrumento escala de tipo Thursthone que apresenta 21 itens
de Autoeficácia matemática - 5ª série- parte 1. O com as seguintes alternativas: totalmente falsa (1
aplicador era sempre o mesmo em todas as ses- ponto); falsa, maior parte falsa, mais falsa que
sões de uma mesma classe; as instruções eram verdadeira, mais verdadeira que falsa, maior par-
dadas no início da atividade. As perguntas dos te verdadeira, verdadeira e totalmente verdadeira
Autoeficácia na Solução de Problemas Matemáticos e Variáveis Relacionadas. 37

(8 pontos). As proposições versam sobre auto- deira. Para a análise as questões com conotação
conceito matemático, por exemplo: Em compa- negativa são invertidas e a média é dada com
ração com os meninos da minha classe, eu sou valores entre 1 e 8.
bom em Matemática. Há também itens que ver- Escala de Importância da Matemática. A
sam sobre atitudes, como Eu acho a Matemática escala de importância da Matemática é composta
interessante. Essa escala busca captar a autoper- de 10 afirmações a respeito do grau de importân-
cepção do estudante a respeito da aprendizagem cia da Matemática na vida dos indivíduos, não
e desempenho em Matemática, solução de pro- se limitando especificamente a situações esco-
blemas, da própria capacidade nessa disciplina lares. Na instrução é ponderado que as pessoas
e também a percepção de aspectos relacionados pensem de forma diferente em relação à impor-
ao ambiente e às tarefas propostas. A escala vem tância da Matemática e é solicitado que em uma
precedida de um espaço onde o estudante colo- escala de 1 a 8 (extremamente sem importância,
ca a identificação, necessária para a comparação pouco importante, moderadamente importante,
posterior: nome, idade, gênero, tipo de escola muito importante e extremamente importante).
(pública ou particular), série, período, nome da Os estudantes são solicitados a se posicionar so-
professora e é solicitado a indicar a disciplina bre a importância da Matemática em relação a
favorita e a disciplina que menos gosta de estu- itens amplos como “Ter uma vida feliz” e “Ser
dar. Três questões dessa escala apresentam sen- um bom cidadão” a mais específicos como “Ar-
timentos negativos (“A Matemática é chata”, por rumar um emprego” ou “Formar-se em uma fa-
exemplo) e na atribuição de pontos é feita uma culdade”.
inversão nesses três itens. A média dessa escala Escala de Autoeficácia para Aprendizagem
foi expressa no intervalo entre 1 e 8. Autoregulada. Esta é uma subescala com sete
Escala de Atitudes em Relação à Matemá- itens utilizada por Pajares e Graham (1999),
tica (Metas de Realização). A escala de atitudes que foi elaborada e validada a partir da Escala
em relação à Matemática com vistas ao cum- Multidimensional de Autoeficácia de Crianças
primento de uma tarefa (no presente caso, uma de Bandura (Zimmerman et al., 1992). A escala
tarefa matemática) é um instrumento com 20 original de Bandura era composta de onze itens
questões que versam sobre as razões pelas quais que foram reduzidos para sete proposições por
os estudantes completam ou não as tarefas ma- Pajares e Graham (1999). São esses sete itens
temáticas, como se percebem frente aos outros que foram traduzidos e adaptados para o presen-
estudantes na realização de tarefas matemáticas te estudo que compõem a Escala de autoeficácia
e como participam nas aulas de Matemática. É para Aprendizagem autorregulada. Esta escala
baseada em uma escala originalmente concebida avalia os julgamentos que os alunos fazem a res-
por Albert Bandura com 6 itens, a qual buscava peito da própria capacidade de utilizar diversas
aferir as metas de realização para a escrita (Zim- estratégias de autorregulação da aprendizagem,
merman, Bandura, & Martinez-Pons, 1992). Foi como estudar com atenção, terminar os traba-
adaptada para a Matemática por Frank Pajares e lhos de casa no prazo, planejar e organizar as
traduzida e adaptada para o português pelas au- atividades escolares. Trata-se de uma escala que
toras. Como muitos itens dessa escala são seme- varia de 1 (um) a 8 (oito) pontos, com os 8 pon-
lhantes a muitas escalas de atitudes, optou-se por tos assinalados em uma linha horizontal e quatro
incluir atitudes na designação da escala. Nessa itens avaliativos (dificilmente, com alguma difi-
versão, a escala apresenta uma régua com itens culdade, mais ou menos, com alguma facilidade,
de 1 (um) a 8 (oito) pontos e o estudante é ins- facilmente) que permitem ao sujeito escolher a
truído a escolher qualquer item entre estes valo- posição em que estaria situado em relação a cada
res. Os itens são: 1- Totalmente falsa; 2- Falsa; uma das proposições.
3- Maior parte falsa; 4- Mais falsa que verdadei- Escala de Ansiedade Matemática. Este ins-
ra; 5- Mais verdadeira que falsa; 6- Maior parte trumento refere-se a uma adaptação por Betz
verdadeira; 7- Verdadeira; 8- Totalmente verda- (1978) da Escala de Ansiedade de Fennema e
38 Brito, M. R. F., Souza, L. F. N. I.

Sherman e adaptada por Pajares e Miller (cita- o presente estudo. Em frente aos problemas
dos por Pajares & Miller, 1994) e contém nove aparecem os números de 1 a 8 e os estudantes
itens versando sobre ansiedade relacionada à devem responder de acordo com o grau de con-
Matemática. Os itens também são respondidos fiança que têm de que acertarão aquela questão.
através de escala tipo Thurstone, de oito pontos, Exemplos de problemas: Um motorista pretende
variando de “totalmente falsa” a “totalmente viajar 1900 km desde Campinas até Aracaju. No
verdadeira”. Muitos itens são negativos e, por- primeiro dia, ele dirigiu 525 km. Calcule quan-
tanto têm pontuação invertida, por exemplo: Eu tos quilômetros faltam para o fim da viagem. Na
me apavoro quando tenho que estudar Matemá- frente do problema apareciam as opções 1 2 3
tica. O estudante que assinala 1 nessa afirmação 4 5 6 7 8 e o estudante, baseado na régua que
recebe 8 pontos após a inversão. A média nessa aparecia no início da folha, assinalava onde se
escala, assim como nas demais, varia de 1 a 8. encontrava o grau de confiança de que solucio-
Desta forma, quanto maior a pontuação obtida naria o problema.
pelo sujeito, menor sua ansiedade relativa à Ma- Quinze dias depois os estudantes eram
temática, pois ele assinalou mais itens positivos submetidos a um segundo instrumento com os
de apreciação da Matemática. mesmos problemas (Instrumento de Autoefi-
Instrumento de Autoeficácia Matemática - cácia Matemática – 5ª Série – Parte 2). Porém,
5ª Série – Parte 1 e Parte 2. O instrumento, tipo desta feita eram apresentadas cinco alternativas
lápis e papel, utilizado para medir a autoeficácia de resultado e os estudantes deveriam assina-
matemática foi traduzido e adaptado do instru- lar a alternativa correta ou aquela que mais se
mento utilizado por Pajares e Graham (1999) e aproximava da correta, dando a resposta do pro-
é composto de 20 problemas envolvendo conhe- blema. Alguns problemas envolviam estimativa
cimentos de álgebra e aritmética que constam de cálculo e outros problemas envolviam apro-
da proposta curricular de Matemática da quinta ximação para centena ou milhar. Um exemplo
série. Os estudantes são solicitados a expressar o dos problemas do 2º instrumento é apresentado
grau de confiança para resolver 20 problemas de a seguir:
Matemática e respondem o instrumento em dois Um motorista pretende viajar 1900 quilô-
momentos: Em um primeiro momento é apre- metros desde Campinas até Aracaju. No
sentada apenas a proposição do problema e os primeiro dia, ele dirigiu 525 quilômetros.
estudantes devem apenas ler e assinalar, em uma Calcule quantos quilômetros faltam para o
escala de oito pontos (onde 1 era nada confiante fim da viagem.
e 8 totalmente confiante), qual o grau de confian-
(a) 675 (b) 1230 (c) 1377 ( d) 21 (e) 1525
ça de que seriam capazes de solucionar cada um
dos problemas. A instrução que vem no início do
No primeiro instrumento, ao defrontar-se
instrumento era a seguinte:
Suponha que amanhã você seja solicita- com o problema, o estudante avalia a expectati-
do a solucionar os seguintes problemas de va de realizar uma tarefa específica com sucesso.
Matemática, contidos em uma prova com De acordo com a teoria social cognitiva, através
questões de múltipla escolha. Por favor, da autoavaliação da tarefa é possível predizer o
leia atentamente os problemas e indique o desempenho efetivo do estudante. Nos dois ins-
grau de confiança que você tem de que será trumentos, ao final da apresentação dos proble-
capaz de acertar o problema, sem o uso de mas, era solicitado ao estudante que informasse
calculadora. Por favor, não tente resolver o qual a nota (em uma escala de zero a dez) que ele
problema, mas lembre-se que você deve ler acreditava que tiraria se aquilo fosse realmente
as questões e responder como se fosse para uma prova e também qual a porcentagem de
uma prova em sala de aula. acertos que ele teria em uma escala de 1 a 100.
Em seguida são apresentados os 20 pro- Os pontos foram atribuídos de 20 a 160 e o
blemas que foram traduzidos e adaptados para resultado foi dividido pelo número de questões
Autoeficácia na Solução de Problemas Matemáticos e Variáveis Relacionadas. 39

(20) de forma a gerar uma nota média variando via do desempenho, pois isso é mais uma infor-
de 1 a 8, coerente com os demais instrumentos mação sobre as crenças que o estudante tem na
usados. própria capacidade frente aos problemas apre-
Ao final do Instrumento de Autoeficácia sentados. Na segunda parte, a expressão “já leu”
Matemática - 5ª Série - Parte 1 e Parte 2, os estu- foi substituída por “já resolveu”. A solicitação
dantes eram solicitados a fazer uma análise pré- era a seguinte:

Agora que você já resolveu todos os 20 problemas, quanto (em porcentagem) você acha que
poderia acertar desse teste, se ele fosse uma prova de múltipla escolha? Assinale quanto você
acha que acertaria na linha abaixo:
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
|______|______|______|______|______|______|______|______|______|______|
Se fosse dada uma nota de zero a dez (0 - 10), eu tiraria _____________ (complete com a nota
que você acha que tiraria).

Resultados estudantes com 12 anos tenham obtido as médias


menores. Também não foram encontradas dife-
Os sujeitos foram 131 estudantes da quinta renças significativas nas médias entre as quatro
série sendo 72 do gênero masculino e 59 do gê- classes. Quando os estudantes foram separados
nero feminino, com idades variando entre 11 e 13 de acordo com a preferência por disciplina são
anos. Desses 131 estudantes, 25 deles apontam a verificadas diferenças significativas (p = 0,001),
Matemática como a disciplina favorita (19,1%); sendo que a maior média é do grupo (n = 24) que
16 indicam Ciências (12,2%); 15 escolheram aponta a Matemática como a disciplina favori-
Educação Artística (11,5%); 11 apontam Histó- ta (média = 6,609; DP = 0,6662). Houve apenas
ria (8,4%); 11 estudantes escolheram Educação um aluno que apontou não ter preferência por ne-
Física (8,4%) e os demais escolheram entre as nhuma disciplina escolar (média = 6,286), e, em
outras disciplinas. Quando perguntados sobre a seguida, aqueles (n = 16) que preferem Ciências
disciplina que menos gostam, 47 afirmaram ser (média = 6,202; DP = 0,7664). Por outro lado,
Português (35,9%) e 33 indicaram a disciplina quando são agrupados de acordo com a discipli-
Geografia (25,2%); 13 alunos (9,9%) apontaram na que menos gostam, pode ser observado que
a Matemática e os demais se distribuíram nas ou- os estudantes (n = 13) que apontaram a Mate-
tras opções. mática como a disciplina que menos gostam são
A primeira pergunta apresentada aos estu- aqueles com a média mais baixa (média = 4,795;
dantes era se gostavam de resolver problemas DP = 1,2044). Apenas os dois estudantes que
matemáticos difíceis e eles se distribuíram da informaram não gostar de nenhuma disciplina
seguinte forma: 2 não responderam (1,5%); 50 apresentaram média mais baixa (média = 3,667;
(39,7%) afirmaram ser falsa a proposição, indi- DP = 1,3469). Esses resultados são coerentes
cando que não gostavam de resolver problemas com outros realizados a respeito das atitudes em
difíceis e 79 alunos (60,3%) afirmaram gostar, relação à Matemática, pois existe estreita rela-
em maior ou menor grau, de solucionar proble- ção entre as atitudes em relação à Matemática
mas matemáticos difíceis. Mas, dos estudantes e o autoconceito matemático, isto é, estudantes
que afirmaram gostar, apenas 16 deles escolhe- com autoconceito matemático desfavorável, es-
ram a alternativa totalmente verdadeira. tão propensos a atitudes negativas em relação à
A média na Escala de Auto Conceito Ma- Matemática (Dobarro & Brito, 2010).
temático foi 5,655 (DP = 1,1512) variando en- A média na Escala de Atitudes em Relação
tre 2,5 e 7,9 (n = 128). Não foram encontradas à Matemática (Metas de Realização) foi 5,530
diferenças significativas que pudessem ser atri- (DP = 1,0772) com pontuação variando entre
buídas ao gênero, à série e à idade, embora os 2,7 e 7,9. Foi verificado que não existiam dife-
40 Brito, M. R. F., Souza, L. F. N. I.

renças significativas entre as médias na escala = 0,0 e máximo = 8,0). Não foram encontradas
quando comparadas as quatro classes. Também diferenças significativas quando os estudantes
não foram encontradas diferenças significativas são agrupados por gênero, classe e idade. Porém,
quando agrupados de acordo com a idade e a apareceram diferenças significativas quando os
preferência por disciplina. Quando os estudan- estudantes foram agrupados de acordo com as
tes foram agrupados de acordo com o gênero, os disciplinas preferidas e aquelas que menos gos-
meninos (n = 59) obtiveram média igual à 5,704 tam, sendo que os estudantes que preferem a
e as meninas (n = 58) média igual a 5,322. Fo- Matemática não apresentam ansiedade Matemá-
ram encontradas diferenças significativas entre tica ou esta é muito mais baixa.
os dois grupos (F = 4,058; p = 0,046), indicando No Instrumento de Autoeficácia Matemá-
que as metas de realização das meninas desse tica – 5ª Série – Parte 1, quando os estudantes
grupo são inferiores aos meninos e as atitudes apenas apontavam quanto acreditavam que obte-
mais negativas. riam em uma prova com aqueles problemas, em
Na Escala de Importância da Matemática a uma escala de 1 a 8 foi obtida a média 5,91 (n =
média entre estes estudantes foi 6,660 (n = 131; 130; DP = 1,2125). Quando os estudantes foram
DP = 1,2125). Quando os estudantes são agrupa- agrupados de acordo com o gênero, a idade e a
dos de acordo com o gênero, aparecem diferen- preferência por disciplina, não foram encontra-
ças significativas em relação à média (p = 0,046; das diferenças significativas entre as médias dos
F = 4,064) sendo que a média dos meninos é estudantes. Foram encontradas diferenças signi-
6,851 e as meninas m = 6,427, indicando uma ficativas entre as quatro classes (F = 3,989; p =
pequena, porém significativa diferença à favor 0,009; n = 129) o que indica que duas classes
dos meninos na importância que esse grupo atri- apresentam médias significativamente maiores
bui à Matemática. Também aparecem diferenças que as outras duas.
significativas entre os grupos, quanto à idade (F Nesta primeira parte, quando perguntados
= 3,907; p = 0,023) sendo os alunos mais novos sobre a porcentagem de acerto que acreditavam
(11 anos, n = 84) aqueles que atribuem um grau que teriam em uma prova com esse conjunto
maior de importância à Matemática. de problemas, a porcentagem média obtida foi
Quando agrupados de acordo com a classe e 66,5% (variando de 0 a 100%) e não foram en-
preferência por disciplina não foram encontradas contradas diferenças de gênero e preferência por
diferenças significativas. Foi observado que o li- disciplina, mas foram encontradas diferenças
mite mínimo na escala de importância atribuída quando os estudantes foram agrupados pelas
à Matemática foi 3,1 indicando que os estudan- classes (4 grupos, n = 130; F = 4,386; p = 0,006)
tes desse grupo, de maneira geral, percebem a e pela idade (3 grupos, n = 130; F = 4,032; p =
relevância desta disciplina diferindo no grau que 0,020).
essa importância assume. Em seguida, os estudantes foram solicita-
A média na Escala de Autoeficácia para dos a indicar uma nota (entre zero e dez) que
Aprendizagem Autorregulada foi m = 5,871 (DP acreditavam que poderiam obter, caso aqueles
= 1,5102; n = 131) e não foram encontradas di- problemas constituíssem uma prova escolar. A
ferenças significativas quando os estudantes fo- média do grupo foi 7,87 (n = 111; DP = 1,452).
ram agrupados de acordo com o gênero, a classe, Quando considerado o gênero dos participantes,
idade e disciplina que menos gostam. Quando os foi verificado que as médias foram muito próxi-
estudantes são agrupados de acordo com a dis- mas, sendo 7,86 (n = 60; DP = 1,380) a média
ciplina preferida, aparecem diferenças significa- dos meninos e 7,88 (n = 51; DP = 1,542) a mé-
tivas entre os grupos (p = 0,01). Os estudantes dia das meninas, não tendo sido verificada dife-
que preferem Matemática, Ciências e Geografia rença significativa entre os dois grupos. Tam-
foram os que obtiveram as maiores médias. bém não apareceram diferenças significativas
A média na Escala de Ansiedade Matemá- quando os estudantes foram agrupados por clas-
tica foi 5,103 (n = 131; DP = 1,7391; mínimo se e por idade. As diferenças significativas (p =
Autoeficácia na Solução de Problemas Matemáticos e Variáveis Relacionadas. 41

0,23) se fizeram presentes quando os estudantes não tendo sido encontradas diferenças significa-
foram agrupados de acordo com a preferência tivas entre os grupos.
por disciplina (média = 7,87; DP = 1,452), sen- Quando perguntados sobre a porcentagem
do que os estudantes que preferem Matemática de acertos que acreditavam que teriam, a por-
obtiveram média = 8,79 (DP = 0,943) e os que centagem média foi 75% de acertos sendo que as
preferem Ciências tiveram média = 8,46 (DP = meninas estimaram uma porcentagem média de
0,843). acertos de 76,67% e os meninos calcularam que
No Instrumento de Autoeficácia Matemáti- acertariam 73,76%, não havendo diferença sig-
ca - 5ª Série-Parte 2 houve um problema (ques- nificativa entre os grupos. Também não foram
tão 11) anulado porque a alternativa de resposta encontradas diferenças significativas quando os
foi digitada incorretamente. Assim, as notas po- estudantes foram separados por idade e classe.
deriam variar de 0,0 (zero) a 9,5 (nove e meio) Quando os estudantes foram separados de acor-
visto que cada questão correta recebia 0,5 pon- do com a preferência por disciplina, foram ve-
tos. Nos problemas de estimativa, não existia rificadas diferenças significativas (F = 3,382; p
uma alternativa com o valor exato porque o ob- = 0,01) nas médias das porcentagens de acerto
jetivo era que o estudante e encontrasse o valor que acreditavam que teriam: os estudantes que
de acordo com as regras da Matemática. Muitos preferem a Matemática acreditavam que teriam
solucionaram o problema e colocaram a resposta 88,5% de acerto; os que indicaram Ciências
encontrada adicionando uma alternativa f. Em- como disciplina preferida, afirmaram acreditar
bora muitos acertassem o problema a resposta que acertariam 85% da prova e os que preferiam
não foi considerada correta porque desviava do Educação Física, acreditavam que acertariam
objetivo das questões que versavam sobre esti- 81% da prova.
mativa. A nota que os estudantes se atribuíam ao fi-
A média obtida pelos participantes neste nal da solução dos problemas do instrumento 2,
instrumento foi 6,120 (DP = 1,7831; n = 121; variando de zero a dez, teve média 7,991 (DP
sendo que os meninos obtiveram média 5,606 = 1,7768; n = 106), sendo que os 57 estudantes
(DP = 1,9085) e as meninas, média 6,736 (DP = do gênero masculino tiveram média 7,825 (DP
1,4039), tendo sido encontradas diferenças sig- = 1,8904) e as 49 estudantes do gênero feminino
nificativas (F = 13,290; p = 0,001) entre esses obtiveram média 8,184 (DP = 1,6327). Porém,
dois grupos. essas diferenças não são significativas, embora
Com relação às diferentes classes (n = 121), o desempenho das meninas seja ligeiramente su-
as médias encontradas foram as seguintes: Clas- perior ao dos meninos. Também não foram en-
se A: média 5,783 (DP = 1,9638; mínima = 2,0 contradas diferenças significativas nas notas que
e máxima =9,5; n = 30); Classe B: média 6,823 os estudantes se auto-atribuiam quando foram
(DP = 1,6204; mínima = 2,0 e máxima =8,5; n = agrupados por classe. Porém, se compararmos
31); Classe C: média 6,276 (DP = 1,6775; míni- esses resultados por classe com a nota real de
ma = 2,5 e máxima =9,0; n = 29); Classe D: mé- cada uma das classes, é possível verificar que
dia 5,597 (DP = 1,6754; mínima = 2,5 e máxima os estudantes acreditavam que o desempenho
= 8,0; n = 29). Foi possível identificar diferenças seria muito superior ao efetivamente observado.
significativas entre esses grupos (p = 0,030). Não foram encontradas diferenças significativas
Não foram encontradas diferenças signifi- quando os estudantes foram agrupados por ida-
cativas quando os estudantes foram agrupados de. Quando agrupados de acordo com a prefe-
de acordo com a idade e com a preferência por rência por disciplina foram encontradas diferen-
disciplina, sendo que os 24 estudantes que infor- ças significativas próximas do valor estipulado
maram preferir a Matemática obtiveram média (p = 0,051) como intervalo de confiança. Os 21
6,625 (DP = 1,8361). Esta média é inferior à estudantes que afirmaram ser a Matemática a
media obtida pelos 16 estudantes que afirmaram disciplina preferida obtiveram as maiores notas
preferir ciências (média = 6,813; DP = 1,5152) e média 8,824 (DP = 1,1882), seguidos daqueles
42 Brito, M. R. F., Souza, L. F. N. I.

que indicaram Ciências (média = 8,613; DP = p < 0,001, entre a escala de autoeficácia para a
1,2312). aprendizagem regulada e a escala de ansiedade
Em seguida, com o objetivo de verificar se Matemática. Trata-se de uma relação modera-
as variáveis estavam relacionadas, foi efetuada da que indica que os estudantes que apresen-
a correlação de Pearson entre os instrumentos tam valores altos na escala de autorregulação
usados. A relação entre a escala de autoconceito apresentam também valores que indicam baixa
matemático e a escala de atitudes em relação à ansiedade matemática. A escala de autoeficácia
Matemática (metas de realização) é linear po- matemática – parte 1 e a escala de ansiedade ma-
sitiva e significativamente diferente de zero, temática também apresentaram correlação posi-
r(124) = 0,403; p < 0,001, indicando que quanto tiva, r(130) = 0,482; p < 0,001, e pode ser in-
maiores as pontuações na escala de autoconceito ferido que, moderadamente, aqueles que obtém
matemático maiores tendem a ser as pontuações maiores resultados para auto-eficácia poderão ter
na escala de atitudes em relação à Matemática resultados menores de ansiedade.
(metas de realização). Em outras palavras, estu- Finalizando, foi utilizada a correlação de
dantes com elevada crença de autoeficácia ten- Pearson entre as pontuações em todos os instru-
dem a atitudes mais positivas e clareza quanto mentos utilizados e as notas que os estudantes
ao estabelecimento de metas relacionadas a esta acreditavam que obteriam e, em seguida, com a
disciplina. nota efetivamente obtida nas tarefas de solução
Quando são analisadas a escala de auto con- de problemas (nota real).
ceito e a escala de importância da Matemática é Os estudantes haviam sido solicitados, em
encontrada correlação linear positiva e diferente dois momentos, a atribuir uma nota entre 0 e 10
de zero; porém é uma correlação baixa, r(124) para o desempenho que teriam nos 20 problemas
= 0,318; p < 0,001. O mesmo ocorre com a es- apresentados. Em um primeiro momento, o es-
cala de atitudes (metas de realização) e a escala tudante apenas lê o problema e não tem possibi-
de importância da Matemática, em que foram lidade de solução, ficando restrito à fase de an-
encontrados valores baixos, mas ainda signi- tecipação proposta por Zimmerman e Campillo
ficativos, r(127)=0,246; p < 0,001. Esses três (2003). Nessa fase de antecipação, o estudante
instrumentos apresentam pontos distintos, pois analisa mentalmente a tarefa, estabelecendo me-
enquanto a escala de autoconceito e a de atitudes tas e planejando as estratégias que usará para
se referem, quase que na totalidade, a situações atingir o objetivo. Em seguida, entram em ação
da disciplina Matemática no contexto escolar, a as crenças de motivação que incluem a autoefi-
escala da importância da Matemática é ampla e cácia, as expectativas de resultado, os interesses
trata da Matemática fora do âmbito escolar. e valores intrínsecos e a orientação para a meta
A escala de autoconceito matemático mos- a ser atingida. São esses sub-processos que o
trou relação linear positiva e significativamente instrumento tenta captar no primeiro momento
diferente de zero com todos os demais instru- e, no segundo momento, quando o estudante efe-
mentos utilizados no presente estudo, sendo que tivamente soluciona o problema e escolhe uma
as correlações que apresentaram maiores índices alternativa de resposta, os demais sub-processos
foram entre autoconceito e autorregulação para são efetivados. É importante notar que é possível
o estudo, r(128) = 0,508; p < 0,001, bem como que, apenas visualizando o problema, a maioria
autoconceito e ansiedade Matemática, r(128) = atingisse o sub-processo seguinte (fase de de-
0,556; p < 0,001. Isso indica que o estudante que sempenho) usando computação mental, mas não
obtém uma maior pontuação na escala de auto era possível encontrar uma alternativa de esco-
conceito tem uma tendência a obter uma pontu- lha na primeira etapa.
ação maior na escala de autorregulação para o A relação entre a escala de autoconceito ma-
estudo, além de apresentarem menos ansiedade. temático e a nota que o estudante acredita que
Também foi verificada correlação line- obterá é linear positiva e significativamente di-
ar positiva diferente de zero, r(131) = 0,555; ferente de zero, r(108) = 0,591; p < 0,001. Da
Autoeficácia na Solução de Problemas Matemáticos e Variáveis Relacionadas. 43

mesma forma, uma correlação linear positiva que as pontuações são independentes, não sendo
diferente de zero foi encontrada entre a escala possível, nesse grupo, apontar relações entre es-
de autoeficácia para a aprendizagem regulada e sas variáveis.
a nota que o estudante acredita que terá, r(110)
= 0,609; p < 0,001, indicando que quanto maior Discussão
as pontuações na escala de autoconceito mate-
mático e na escala de autoeficácia para a apren- A análise dos dados, através do coeficiente
dizagem regulada maior tende a ser a nota que de correlação de Pearson, permitiu fazer algu-
o estudante acredita que obterá. Já na escala de mas inferências quanto à existência de relações
atitudes em relação à matemática (metas de rea- entre as variáveis estudadas. Foi possível notar
lização), embora exista correlação diferente de uma relação positiva e estatisticamente signifi-
zero, o valor é bastante baixo, r(108) = 0,225; p cativa entre as pontuações na escala de autoe-
< 0,005. ficácia matemática e as notas obtidas na prova
A correlação de Pearson também foi calcu- realizada posteriormente (r = 0,458). Da mesma
lada para o instrumento de autoeficácia matemá- forma, as notas obtidas na prova se correlaciona-
tica-5ª série-parte 1 e as notas atribuída aos estu- ram às pontuações na escala de autoeficácia para
dantes na solução desses problemas e o resultado a aprendizagem regulada (r= 0,305). Neste sen-
mostrou uma correlação linear positiva diferente tido, é possível afirmar que quanto mais elevadas
de zero, r(120) = 0,458; p < 0,001, que é uma foram as pontuações nos instrumentos destina-
correlação moderada, indicando que aqueles que dos a avaliar a crença de autoeficácia, melhores
obtém pontuações maiores na escala de autoefi- os resultados na segunda parte da prova que en-
cácia matemática tendem a obter notas maiores volvia a efetiva solução dos problemas.
nos problemas. Esse resultado é uma indicação No presente estudo, a ansiedade Matemática
de associação entre o desempenho na solução de mostrou relação inversa com as crenças de auto-
problemas e as crenças de autoeficácia dos estu- eficácia, concordando com os resultados obtidos
dantes desse grupo. por Bandura (1993, 1995/1999) em que os es-
A correlação entre a nota que acredita que tudantes com crenças de autoeficácia mais ele-
obterá e a nota real apresentou correlação dife- vadas, apresentavam menor ansiedade. Também
rente de zero, r(103) = 0,501; p < 0,001, indi- são condizentes com os resultados encontrados
cando que aqueles que informaram que tinham por Bandalos et al. (1995), que apontaram rela-
expectativas de terem notas altas, efetivamente ção inversa entre autoeficácia e ansiedade frente
obtiveram um melhor desempenho. Também fo- às avaliações através de provas e exames. Foi ve-
ram encontradas associações lineares significati- rificado também que os estudantes que apontam
vas e diferentes de zero entre a nota real e a esca- a Matemática e, em seguida as Ciências como
la de autoconceito matemático, r(119) = 0,331; disciplinas preferidas não apresentam ansiedade
p < 0,001; nota real e escala de autoeficácia para matemática ou apresentam-na em níveis muito
a aprendizagem regulada, r(121) = 0,305; p < mais baixos. Já os estudantes que preferem dis-
0,001; nota real e a escala de ansiedade matemá- ciplinas das áreas de Humanas, foram os que
tica, r(121) = 0,346; p < 0,001. Embora os va- obtiveram médias mais baixas na escala de auto-
lores encontrados sejam baixos, indicam algum eficácia matemática e foram também os que ob-
grau de associação entre as variáveis. tiveram resultado mais indicativos de ansiedade
Não foi verificada associação linear signi- matemática concordando com estudos anteriores
ficativa entre a nota real dos estudantes e a pon- (Brito, 1996, 1998).
tuação na escala de atitudes em relação à Ma- Os resultados relativos ao gênero foram sig-
temática (metas de realização; r[117] = -0,042; nificativos em alguns instrumentos: importância
p = 0,654) e também não foi encontrada entre da Matemática, sendo que os meninos atribuem
a nota real e a escala de importância da Mate- maior importância à Matemática que as meninas,
mática, r(121) = - 0,026; p < 0,779, indicando confirmando resultados anteriores (Gonçalez &
44 Brito, M. R. F., Souza, L. F. N. I.

Brito, 1996); escala de autoconceito matemáti- problemas individualmente ou em grupo, na


co e escala de atitudes em relação à Matemática, sala de aula ou nas tarefas de casa. Ao planejar
mostrando os resultados das meninas inferiores essas atividades o professor precisa estar atento
aos dos meninos. Embora muitos estudos mos- para alguns aspectos relevantes dessa atividade
trem relação entre gênero e ansiedade, nesse particularmente com relação à organização das
grupo não foram encontradas diferenças signifi- tarefas, que devem ser motivadoras e desafia-
cativas. doras. Além disso, não se deve perder de vista
O gênero feminino mostrou notas maiores que as informações fornecidas, pelo professor,
na escala de autoeficácia matemática, bem como acerca do desempenho do aluno, são relevantes
na tarefa de solução de problemas, sendo que a na formação das crenças autorreferenciadas,
diferença das médias dos dois grupos foi signifi- como autoconceito e autoeficácia, sendo rele-
cativa, mostrando um desempenho superior por vante o papel desempenhado pelas crenças de
parte das meninas. Na atribuição de notas, as autoeficácia e o reconhecimento do desempenho
meninas atribuem para si notas maiores que os (Stirin, Ganzach, Pazy, & Eden, 2012).
meninos, estando a nota atribuída muito próxi- Muitas vezes toda a atenção do professor é
ma da nota real, indicando, para os sujeitos des- voltada aos processos cognitivos, deixando de
se grupo, que as meninas apresentavam crenças lado os processos motivacionais, os processos
diferenciadas a respeito do próprio desempenho afetivos e os processos de seleção e são esses
(representado pela nota), quando comparadas que, de certa forma, dirigem a atividade, mobi-
aos meninos. Pesquisas que controlem melhor lizando os mecanismos necessários para a ação.
variáveis como o domínio do conteúdo (variável Dada a importância dos aspectos motivacio-
cognitiva) na solução de problemas e as crenças nais no desempenho em solução de problemas
de autoeficácia matemática em estudantes da e na aprendizagem em geral, é importante rea-
quinta série poderiam explicar melhor essa in- firmar o papel dos educadores na formação de
teração. crenças motivacionais, possibilitando ao aluno
No presente estudo, a professora era a mes- desenvolver autopercepções mais favoráveis que
ma para as quatro classes, porém no instrumen- sustentem o interesse, a persistência e o envolvi-
to de autoeficácia matemática - 5ª série-parte 2, mento nos processos de aprendizagem.
bem como no desempenho (nota) foi encontrada
diferença significativa entre as classes. Referências
De um modo geral, os resultados do presen-
te estudo mostraram que a preferência por disci- Arens, A. K., Craven, R. G., Yeung, A. S.,
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