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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

Centro de Psicologia Aplicada - CPA

Estágio em Psicologia da Saúde

Instituto de Ciências Humanas

Curso de Psicologia

RELATÓRIO DE PSICOLOGIA DA SAÚDE (BARIÁTRICA)

Amanda Gonçalves Barbosa – C32IBG-7


Irene Marques Claudino- C1908E-2

Brasília/2018
Introdução

1.1 Obesidade

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2000), a obesidade


pode ser conceituada como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no
organismo que pode levar a um comprometimento da saúde. Isso porque essa
condição corporal pode promover o desenvolvimento de diversas doenças no
ser humano, dentre elas, podemos destacar: diabetes mellitus do tipo II e
disfunções cardiovasculares, que são, atualmente, as principais causas de morte
no Brasil. Além disso, o sujeito obeso tem alta probabilidade de desenvolver
vários distúrbios de ordem psicossocial, tais como: depressão, transtornos de
ansiedade e alteração de imagem corporal. Todas essas consequências,
atribuídas e associadas ao excesso de gordura corporal, fazem com que a
obesidade, na sociedade contemporânea, seja considerada um grave problema
de saúde pública.
A obesidade é uma doença cada vez mais comum, cuja prevalência já
atinge proporções epidêmicas. Uma grande preocupação médica é o risco
elevado de doenças associadas ao sobrepeso e à obesidade, o que faz surgir o
diabetes, doenças cardiovasculares (DCV), pressão arterial, câncer e muitas
outras complicações. É importante o conhecimento das comorbidades mais
frequentes para permitir o diagnóstico precoce e o tratamento destas condições,
e para identificar os pacientes que podem se beneficiar com a perda de peso.
Isso permitirá a identificação precoce e avaliação de risco, de forma que as
intervenções adequadas possam ser realizadas para reduzir a mortalidade
associada.
A cirurgia bariátrica é o método mais eficaz no tratamento da
obesidade mórbida e controle do peso em longo prazo. As cirurgias
antiobesidade podem ser procedimentos que limitam a capacidade
gástrica, ou que interferem na digestão ou, ainda, uma combinação de
ambas as técnicas. A maneira mais objetiva para classificar a obesidade é
o Índice de Massa Corpórea (IMC). Pessoas com IMC acima de 40 são
portadoras de obesidade mórbida. As principais indicações para a cirurgia

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bariátrica são: obesos com IMC maior que 40 kg/m² ou IMC acima de 35
kg/m², associado com doenças clínicas descompensadas pela própria
obesidade. O papel do psicólogo é o de avaliar se o indivíduo está apto
emocionalmente para a cirurgia e auxiliá-lo quanto à compreensão de
todos os aspectos decorrentes do pré e pós-cirúrgico. Quanto a possíveis
contraindicações psiquiátricas para a cirurgia antiobesidade, não há
consenso na literatura. Commented [A1]: Alterar com referencias

Segundo Enes e Slater (2010), o fato é que houve, ao longo do tempo,


uma redução progressiva da prática de atividade física combinada ao maior
tempo dedicado às atividades de baixa intensidade, como assistir televisão, usar
computador e jogar videogame. Atualmente o que mais interfere na questão são
as novidades tecnológicas, tais como: aplicativos que permitem conversar
instantaneamente com pessoas do mundo inteiro: WhatsApp; facebook, Skype
e outros. Nessa linha de pensamento, também podemos citar Camilo e
colaboradores. Esses autores salientam a influência da evolução tecnológica no
estabelecimento de um “estilo” predominantemente inativo da população (classe
trabalhadora).
Existem muitos outros fatores que interferem na questão da obesidade
que é preciso ser observados: fatores genéticos, fisiológicos e hereditários,
afetam grande parte da população obesa.
Dentro do contexto é muito é falado sobre a influência genética no
desenvolvimento da obesidade, sabe-se que os fatores hormonais e neurais,
que influenciam os sinais de curto e longo prazo relacionados à saciedade e à
regulação do peso corporal normal, são determinados geneticamente. Defeitos
na expressão e na interação desses fatores podem contribuir para o aumento do
peso corporal.
Outras desordens endócrinas como o hipotireoidismo e problemas no
hipotálamo, alterações no metabolismo de corticosteroides, hipogonadismo em
homens e ovariectomia em mulheres, síndrome de Cushing e síndrome dos
ovários policísticos são fatores fisiológicos que podem ainda conduzir à
obesidade.
Os fatores de ordem psicológicos e psíquica que envolve o
estresse, fumo, álcool, drogas de modo geral, também são causadores da
obesidade. Os fatores psicológicos e psíquicos são na maioria das vezes,

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ligados a questões comportamentais que resultam, por fim, na falta de
adaptação social do sujeito e, consequente, desenvolvimento de
transtornos psicológicos. Dentre estes fatores psicológicos apontados
como relacionados com o desenvolvimento de obesidade, podemos citar:
as angustias, insegurança, a baixa autoestima, a ansiedade e a depressão. Commented [A2]: Alterar com referencias

ACRESCENTAR MAIS SOBRE O CASO DA DONA MARIA

1.2 A cirurgia Bariátrica como método eficaz para o tratamento da


obesidade

Atualmente há diversos tipos de técnicas utilizadas para a cirurgia


bariátrica, são classificadas como:
Restritivas: há redução da capacidade gástrica, causando restrição
da ingestão de alimentos (banda gástrica, balão intra-gástrico);
Disabsortivas: um segmento do intestino delgado é excluído da
passagem do alimento, reduzindo a sua absorção (derivação
biliopancreática);
Mistas: há construção do pequeno reservatório gástrico, com anel,
assim como a exclusão de um pequeno segmento intestinal, causando
restrição e disabsorção simultaneamente (bypass gástrico com Y de Roux
ou cirurgia de Fobi-Capella). É a técnica mais utilizada atualmente,
proposta por Fobi e Capella nos Estados Unidos, devido à sua baixa morbi-
mortalidade e eficácia. Para esta técnica cirúrgica, a perda ponderal
esperada é de 65 a 80% do excesso de peso em relação ao peso ideal no
período de 12 a 18 meses pós-cirúrgicos, podendo cair para 50 a 60% com
3 a 5 anos, mantendo-se assim daí em diante (SUGERMAN, 2001). Commented [A3]: Atualizar com novas referencias

São indicados para a realização da gastroplastia os:


 Pacientes com índice de massa corporal (IMC) igual ou maior
que 40 kg/m²;
 Pacientes com índice de massa corporal (IMC) igual ou maior
que 35 kg/m² que apresentem doenças desencadeadas pela obesidade,
denominadas comorbidades, como por exemplo: diabetes mellitus,
hipertensão arterial, dislipidemia e síndrome da apneia do sono.

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 Obesos há pelo menos 5 anos, que já tenham passado por
outros tratamentos e não tenham obtido resultado e pacientes nos quais a
obesidade não seja de origem endócrina;
 Não ser dependente de álcool ou substância ilícita;
 Estar disposto a uma reeducação alimentar;
 Indivíduo que se comprometa a seguir as orientações pós-
operatórias;
 Pacientes diagnosticados com risco cirúrgico aceitável. Commented [A4]: Atualizar com base no site sbcbm

Apesar de não haver um consens, as contraindicações psicológicas e


psiquiátricas mais encontradas para a Cirurgia Bariátrica são candidatos com
Transtorno de Personalidade, com maior frequência para os de Humor, ansiosos
e psicóticos. Há também a contraindicação para os quadros de uso abusivo ou
dependência ao álcool, por comprometer as funções hepáticas. Outra
contraindicação para o procedimento é aquela em que o paciente não está
plenamente de acordo com a cirurgia ou não seja capaz de realizar esse
julgamento (Segal; Fandino, 2002).
Há uma prevalência de expectativas dos pacientes sobre os resultados
da cirurgia bariátrica, dessa forma se faz necessário que a equipe multidisciplinar
esteja focada na orientação que leve à melhora das doenças associadas à
obesidade. Sabe-se que a motivação para mudanças do comportamento
alimentar, na maior parte dos casos, prevalece somente até a cirurgia, pois com
a perda de peso eles esquecem o propósito do tratamento. As mudanças da
cirurgia acarretam em mudanças não somente no paciente, mas em toda sua
rede social, sendo assim não é difícil haver variações de comportamentos
indicando alguns distúrbios que precisam ser entendidos com cuidado
(Marchesini, 2010).
É importante ressaltar que, após a cirurgia os pacientes têm uma
importante melhoria de qualidade de vida e uma relevante melhora nos quadros
depressivos – causados pelos preconceitos e discriminações sofridas, ansiosos,
comportamentais e da ausência de autoestima. Sendo assim é importante ter
um correto acompanhamento psicológico no pré e pós-operatório, auxiliando
assim no sucesso da intervenção que não é somente cirúrgica e sim de mudança
de estilo de vida (Segal; Fandino, 2002).

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1.3 A Psicologia na cirurgia bariátrica

Embora muitas pessoas acreditem que a participação do psicólogo se


resume apenas na emissão de laudos, o acompanhamento psicológico pré e pós
cirúrgico o é essencial para garantir o sucesso na cirurgia bariátrica.
Pessoas obesas apresentam maiores níveis de sintomas depressivos,
ansiosos, alimentares e de transtornos de personalidade. Porém, a presença de
psicopatologia não é necessária para o aparecimento da obesidade. A presença
de psicopatologia é restrita a grupos específicos, tal como acontece em outras
doenças crônicas. Assim, a obesidade poderia ser vista como causadora da
psicopatologia e não como consequência desta última (Khaodhiar, 2001).
A cirurgia antiobesidade é um procedimento complexo e, assim como
qualquer cirurgia de grande porte, apresenta risco de complicações. Portanto, o
paciente precisa conhecer muito bem qual é o procedimento cirúrgico e quais os
riscos e benefícios que advirão da cirurgia. Desta forma, além das orientações
técnicas, o acompanhamento psicológico é aconselhável em todas as fases do
processo.
O período imediatamente após a cirurgia é relatado pelos cirurgiados
como sendo um dos mais difíceis. É a fase de recuperação do ato cirúrgico, de
maior desconforto e de adaptação à nova dieta. Junta-se a tudo isso a
expectativa, a ansiedade e a insegurança do novo período. No pós-operatório,
as mudanças rápidas que acontecem, tanto relacionadas aos hábitos
alimentares, quanto às mudanças do próprio corpo, acabam exigindo do
paciente uma reflexão, e emergem questões emocionais. É neste momento que
o trabalho psicológico é de extrema importância, podendo auxiliar o paciente a
se conhecer e a se compreender melhor, a aderir de forma mais eficiente ao
tratamento, envolvendo-o e tornando-o responsável pela vivência de criação de
uma nova identidade e estimulando a sua participação efetiva no processo de
emagrecimento (Franques, 2003).
Tratando-se de pacientes obesos mórbidos, podemos dizer que a
imensa maioria dos que chegam à cirurgia bariátrica traz alterações emocionais.

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Essas dificuldades de natureza psicológica podem estar presentes entre os
fatores determinantes da obesidade ou entre as consequências. Os estudos
indicam que a fase de desenvolvimento na qual tem início a obesidade faz
diferença na evolução pós-operatória, isto é, aqueles que eram magros e depois
tornaram-se obesos tendem a recuperar uma imagem de seu corpo como magro
mais facilmente, enquanto que aqueles que eram gordos desde a infância têm
dificuldade de adaptar-se a uma nova imagem (Nunes, 1998).
O tratamento desta patologia requer uma equipe multidisciplinar, e o
papel do psicólogo dentro da equipe é o de avaliar se o indivíduo está apto
emocionalmente para a cirurgia, auxiliá-lo quanto à compreensão de todos os
aspectos decorrentes do pré cirúrgico (avaliá-lo quanto aos seus conhecimentos
sobre a cirurgia, riscos e complicações, benefícios esperados, exames e
seguimentos requeridos em longo prazo, consequências emocionais, sociais e
físicas e responsabilidades esperadas), inclusive, detectar e tratar os pacientes
portadores ou potencialmente sujeitos a distúrbios psicológicos graves
(Franques, 2003).

I. Método

2.1 Sujeito

M. L. A. R.
Data de nascimento: 10/11/1954
Idade: 64 anos
IMC:
Sexo: feminino
Estado Civil: Viúva
Escolaridade: ensino fundamental incompleto

2.2 Local:

Os atendimentos aconteceram no CPA –Centro de Psicologia Aplicada


que está vinculada a Universidade Paulista. O estágio em Psicologia da Saúde
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no âmbito da cirurgia Bariátrica foi realizado no CPA –Centro de Psicologia
Aplicada, vinculada à Universidade Paulista - Unip Campus Brasília. Oferece
atendimento psicológico a comunidade, com ou sem encaminhamento médico
(alguns casos como o de cirurgia bariátrica necessitam de encaminhamento
médico), que se constitui em sua grande maioria, por pessoas que possuem um
padrão socioeconômico baixo e residem em cidades satélites de Brasília.

Material

Entrevista semiestruturada com o objetivo de avaliar o nível da obesidade,


as conseqüências psicossocias, os fatores biomédicos associados ao quadro, a
história de ganho de peso e familiar, expectativas e conhecimento da cirurgia,
padrão alimentar, topografia da resposta alimentar, tratamentos anteriores para
perda de peso, estímulos desencadeadores da ingesta não planejada, variáveis
cognitivas, padrão de atividades físicas e rede de suporte social. Foi utilizado
também o vídeo explicativo das técnicas cirúrgicas By Pass gástrico em Y-de-
Roux e Sleeve, computador, caneta, papéis, registro alimentar e as sessões
foram realizadas em uma sala para atendimento.

Procedimento

Foram realizadas 16 sessões para a entrega do laudo e a liberação da


cirurgia bariátrica. Nestes atendimentos foram identificadas as condições
psicológicas e comportamentais para a realização da cirurgia bariátrica, com teor
psicoeducativo para que o paciente tivesse condições de se habituar a um novo
estilo de vida, foi orientado ao paciente, que a cirurgia bariátrica é um
procedimento permanente.

Foram explicados, durante os atendimentos, os procedimentos cirúrgicos,


as condições psicológicas e comportamentais para ser realizada a cirurgia e um
registro alimentar. Ressaltamos também a importância do apoio social na casa
da paciente, não somente no acompanhamento hospitalar, mas também

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auxiliando na alimentação e evitando situações estressantes que possam afetar
a paciente.

II. Resultados

Sessão 1 – Na primeira sessão, o objetivo era criar vínculo com a paciente,


conversamos sobre a vida, saúde, alimentação, família, o que a mesma
esperava da cirurgia, os procedimentos que a levaram até a cirurgia ser
indicada e o que já havia feito para perder peso através de uma entrevista
semiestruturada. Conversamos também sobre as comorbidade que a
paciente possui, as medicações que toma e a receita que a nutricionista
passou. A Paciente estava acompanhada da filha caçula que já fez cirurgia
bariátrica a dois anos e já tem noção dos procedimentos por ter
acompanhado a filha desde o pré até o pós cirúrgico.

Sessão 2 – Nesta sessão entramos no histórico familiar da paciente através


da Linha do tempo que montamos, desde sua infância até o momento atual.
Falamos também sobre a morte do marido e como isso a afetou pois foi citado
que a paciente perdeu muito peso após a morte dele e agora está começando
a engordar novamente.

Sessão 3 – Nesta sessão perguntamos sobre sua rotina alimentar, o que


comia desde a hora que acorda até o jantar e solicitamos a receita da
nutricionista, explicamos para ela sobre alguns alimentos que poderiam ser
evitados e alguns que poderiam ser incluídos. Pedimos e que a paciente
escrevesse tudo que comeu durante a semana em um papel para nos trazer
ou tirasse foto do prato. Porém paciente ressaltou que é muito dependente
dos filhos e dos netos para fazer muitas coisas e isso dificulta fazer as
atividades que pedimos durante os atendimentos.

Sessão 4 – A Paciente desmarcou o atendimento pois a filha disse que a mãe


caiu e se machucou dificultando a locomoção.

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Sessão 5 – Não houve atendimento, pois, foi feriado no dia e não havia
disponibilidade da paciente para remarcarmos em outro dia.

Sessão 6 – Nesta sessão a paciente informou que houve uma briga séria
entre a família, isso ocasionou a queda que a paciente sofreu e não pode vir
na sessão 4. Nós a acolhemos e observamos que o ambiente é sempre bem
volúvel e causa muito ansiedade e preocupação na paciente. Disse que
perdeu dois quilos durante a semana e trouxe a receita que a nutricionista
passou. A receita condiz com a alimentação que já havíamos passado,
mostramos o desenho do prato para auxilia-la, explicando as cores e ordem
na hora de comer, começando da carne e sempre ressaltando a ela sobre a
mastigação. A paciente nos informou que tem acesso aos alimentos
prescritos, porém não sente fome para comer a quantidade de vezes
propostas.

Sessão 7 – Nesta sessão mostramos e explicamos o vídeo de cada cirurgia


para a paciente que já tinha certo conhecimento sobre eles pois já havia
acompanhado com a filha. No vídeo pausadamente explicamos cada
procedimento como seria desde o momento que ela iria entrar para a cirurgia,
durante e após. Falamos sobre a estrutura do estomago e sobre os cuidados
que deverão ser adotados e o porquê. A paciente informou que está se
sentindo melhor quanto ao corpo, a caminhar e até sair do carro sozinha, tem
seguido a receita da nutricionista e as recomendações que passamos quanto
a mastigação e ao prato.

Sessão 8 – Nesta sessão paciente informou que voltou a ganhar um quilo.


Fizemos uma certa investigação para descobrirmos o porque desse ganho.
A paciente falou que a família tem dificultado muito a alimentação, cozinham
bastante, coisas fritas, gordurosas, bolos, chocolates, refrigerantes, linguiça.
Após o dia das mães sobrou muitas coisas que estavam sendo usadas no
dia a dia dificultando assim a perda de peso. Ressaltamos novamente para
ela a questão de evitar certos alimentos e que era imprescindível a
cooperação da família do inicio ao fim do procedimento, pois o treino começa
de agora não depois da cirurgia. Foi solicitado a presença da filha na próxima

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sessão para enfatizarmos a importância do acompanhamento para com a
paciente durante todo o pré e pós cirúrgico.

Sessão 9 – Não houve atendimento por conta da suspensão das atividades


da UNIP.

Sessão 10 – Não houve atendimento, a paciente desmarcou com


antecedência.

RESULTADOS PARTE 2

A paciente M.L.A.R. tem 64 anos, é viúva, cursou até o ensino


fundamental, e atualmente é dona de casa. Foi encaminhada pelo HRAN por
ter o IMC (Índice de Massa Corpórea) de 54,9 kg/m² que é indicativo de
obesidade, ocasionando assim a indicação para cirurgia bariátrica,
necessitando do laudo psicológico fornecido pelos estagiários do CPA
(Clinica de Psicologia Aplicada), sobre a orientação da professora Marcela
Abreu Rodrigues.

A paciente relata que sempre comeu pouco e que fazia dietas sem o
acompanhamento de especialistas. Relatou que teve uma vida muito difícil
com a família na época em que morava em Minas Gerais, se casou aos 13
anos e saiu de casa, o marido tinha 20 anos de idade e o casamento durou
mais de 50 anos com 9 filhos sendo 3 mulheres e 6 homens. Desde 1988
todos residem em Brasília-DF. Há 1 ano atrás o marido veio a falecer o que
fez com que a paciente perdesse 15-16kg e chegou a pesar 98kg, porém
recentemente está ganhando novamente. Atualmente M.L.A.R. está pesando
106kg, com muitos problemas de saúde como hipertensão, diabete,
osteoporose, problema renal, fibromialgia, apneia do sono com uso de
aparelho, já fez cirurgia para retirada da vesícula e de pedras nos rins desta
forma ela viu na cirurgia bariátrica a única forma de voltar ter independência
e uma saúde melhor, procurou ajuda e o médico indicou a cirurgia devido à
dificuldade em perder peso e por conta do inchaço.

Paciente tenta a 2 anos realizar a cirurgia, porém não consegue devido à


dificuldade em perder peso. Durante os 6 encontros foram percebidos níveis
de ansiedades, a paciente mora com a filha, genro e três netos de 20,12 e 5

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anos e relata diversas dificuldades relacionadas a brigas conjugais da filha e
comportamento dos netos a ajuda-la com afazeres da casa.

Solicitamos um registro alimentar, ela fez durante alguns dias, mas diz ter
dificuldades pois ninguém em casa a ajuda para escrever. Ela tenta seguir
nossas orientações que condizem com a dieta que a nutricionista passou,
pecando apenas nas frituras e nos grandes intervalos sem comer nada. Nos
relatou nos atendimentos que tem muita dificuldade em casa em relação a
alimentação pois a família não tem restrições e não evita certos tipos de
alimentos para ajudá-la na perda de peso, mesmo a filha que já fez a cirurgia
bariátrica não segue o pós cirúrgico e não ajuda a mãe a alcançar o objetivo.
Foi conversado sobre a importância da ajuda e do apoio dessa rede indo de
encontro com a ideia de Marchesini (2010) quando declara que as mudanças
da cirurgia acarretam em mudanças não somente no paciente, mas em toda
sua rede social. Foi observado que a paciente não se contradiz em relação a
seus hábitos

Foi ressaltado que a cirurgia não é um milagre e que para o tratamento


cirúrgico ter sucesso é essencial que a paciente tenha uma mudança
permanente nos seus hábitos alimentares, pois o procedimento é para
sempre. Há uma prevalência de expectativas dos pacientes sobre os
resultados, porém sabe-se que a motivação para mudanças do
comportamento alimentar, na maior parte dos casos, prevalece somente até
a cirurgia, pois com a perda de peso eles esquecem o propósito do tratamento
(MARCHESINI, 2010).

Até a fechamento deste relatório não houve atendimentos com a família e


a paciente não perdeu peso suficiente para a cirurgia desde o início das
sessões.

IV. Considerações Finais

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A obesidade mórbida é considerada uma doença crônica e está associada
à piora da qualidade de vida, à alta frequência de comorbidades, à redução da
expectativa de vida e à grande probabilidade de fracasso dos tratamentos menos
invasivos. A cirurgia da obesidade surge como uma ferramenta importante no
tratamento desta doença, promovendo perda de peso satisfatória a longo prazo.

É importante conhecer as indicações, os benefícios e riscos para avaliar


a real necessidade de ser submetido ao procedimento cirúrgico. O
acompanhamento multiprofissional é essencial tanto em período pré quanto em
pós-operatório, para que o paciente seja assistido sob vários aspectos e tenha
atenção integral.

Consideramos que o atual quadro de superficialidade com que a


obesidade vem sendo tratada na literatura, como se seu desenvolvimento fosse
algo natural na sociedade e dependesse, principalmente, da vontade e
comportamento do sujeito em relação à dieta e prática de atividade física. Com
a apresentação de alguns dados, buscamos neste trabalho, indicar que os
fatores causadores de obesidade estão enraizados na estrutura e funcionamento
da sociedade capitalista, sistema de organização social onde o lucro é o objetivo
final do trabalho humano. Nesse sentido, é evidente que enquanto estivermos
vivendo nesse modo de organização social, não nos desenvolveremos
plenamente e os problemas sociais como a obesidade não será sanada. Surge
então a necessidade de desenvolvimento de novas pesquisas sobre o tema, que
entendam como fundamental o estabelecimento de uma relação direta entre os
aspectos socioeconômicos e estruturais da sociedade capitalista e o
desenvolvimento da obesidade. Enquanto não é instaurada uma nova forma de
organização social, no entanto, pautada no ser humano e não no lucro,
precisamos traçar novas estratégias e políticas sociais para amenizar o aumento
de casos de obesidade no mundo.

V. Referências

13
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