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NA BOLA DE CRISTAL
A. HERNANDEZ Y ALONSO
IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL
1976
DIREITOS RESERVADOS À EDITORA
Ilustração da Capa
NILTON MENDONÇA
Clichês e fotolitos
CLICHERIA GARCIA LTDA.
COMO ADIVINHAR
O FUTURO NA
BOLA DE CRISTAL
Sistema prático para a obtenção de visões e de comu-
nicações com o Anjo da Guarda e espíritos de outras
naturezas, por intermédio da BOLA DE CRISTAL e dos
espelhos mágicos.
EDITORA ECO
índice
Prefácio 7
Introdução 9
5
pelho Mágico de Santa Helena — Espelho dos Bhatahs
— Espelho Mandeb — Espelho Teúrgico
Clarividência 93
7
adivinhação penetraram no mundo dos feiticeiros e bru-
xos. Reviraram fórmulas, queimaram incensos, chama-
ram por Satã e pelos setenta e dois gênios da Cabala.
A. Hernandez Y Alonso é um desses alquimistas mo-
dernos, que se envolveu no universo oculto dos bruxos,
e de lá tirou a maneira certa de adivinhar o futuro na
bola de cristal. Com dedicação este pesquisador recolheu
inscrições em manuscritos sarracenos, em papiros de
Menris e Tinis, em incunábulos amarelecidos deixados
por monges católicos. E o resultado aí está. É obra única
no gênero. E sem dúvida virá a suprir uma lacuna na li-
teratura ocultista, que necessitava de novos temas, de
pesquisas profundas, de comentários sobre a tão amada
arte da previsão e da clarividência.
Cheios de inscrições e magnetismo os espelhos con-
sagrados surgirão aos vossos olhos, leitor, mostrando os
caminhos da magia, da fantasia, dos cultos aos elemen-
tares e anjos.
Brilhantes como a lua cheia, e tão misteriosas como
Ísis, as bolas de cristal revelarão as estradas que levam
aos Eloins, aos Arcanjos e às ninfas.
E, deixando-se envolver por toda a extraordinária
mensagem desta obra, você, leitor, aprenderá que há
existências não visíveis, que a intuição capta, mas que a
razão nega. Aprenderá que no espaço infinito há muita
coisa que está além de nossa filosofia e de nossa ciência
positiva.
A Editora
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Introdução
Apesar das negações da ciência positiva, no que con-
cerne à existência de inteligências infra e super-huma-
nas, hoje, como nas épocas passadas, o homem desprovi-
do de preconceitos sente por intuição que acima do seu
poder sobre a natureza e acima e abaixo da sua própria
natureza, outras forças e outros poderes existem, aos
quais ele não pode negar a sua atenção e a sua admi-
ração.
Essa intuição, repetimos, sempre existiu, e existe ho-
je tão aprofundada como em outros tempos.
A imponente popularidade das doutrinas materia-
listas é mais aparente do que real e repousa simplesmen-
te em dois fatores principais: a coação e a sugestão.
Vamos procurar demonstrar como esses fatores
agem:
Toda a educação superior, atualmente recebida nas
escolas, tem um cunho de materialismo.
Sabemos que no Brasil o estudo dos livros sagrados
foi abolido; nenhuma espécie de doutrina ou escrito re-
ferente a religiões ou conhecimentos metafísicos é ado-
tado ou tolerado, quer no ensino primário, quer no su-
perior.
9
Os homens que galgam posições, quer públicas, quer
industriais, comerciais ou artísticas, premidos pelas ne-
cessidades da vida, terminam apressadamente os seus
estudos positivos, tencionando deixar para mais tarde,
quando uma posição de conforto for conquistada, a me-
ditação do que eles julgam assunto de menor impor-
tância.
É, pois, perfeitamente compreensível que a opinião
desses homens, de educação insuficiente, seja isenta de
conhecimentos metafísicos, e que eles, pela posição de
ascendência sobre o povo, a massa trabalhadora, influ-
am em seus pensamentos e crenças.
Dá-se, assim, o fenômeno da coação moral e da su-
gestão, porque o trabalhador, ainda mais forçado pela
necessidade, também não tem tempo para aprofundar-se
nesses assuntos, assim como também não o tem para os
demais conhecimentos — falta que o coloca na depen-
dência dos primeiros.
Quem tem estudado, por pouco que seja, os fenô-
menos da sugestão, correlacionados ao estudo do hipno-
tismo, pode fazer idéia da importância que, na opinião
da massa popular, têm as convicções dos seus superio-
res sociais.
O característico do homem de curta evolução men-
tal é a imitação. Todo o habitante das grandes cidades
sabe que a preocupação do operário é parecer-se com o
burguês e o industrial, o qual, por sua vez, procura con-
fundir-se, nos trajes, nos modos, costumes e lugares que
freqüenta, com o ministro ou o banqueiro.
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Por um princípio falso de orientação, pela perse-
guição de um fim errôneo na vida (produto das asseve-
rações materialistas) o homem, de qualquer situação so-
cial, nunca está satisfeito e julga que a causa de sua
mortificação está em não ser o que é um outro, mais
bem colocado que ele, de modo que, já que não é como
o outro, ao menos deseja fazer ver que se lhe parece ou
que tem condições para o ser.
Nas mulheres, principalmente, é que esse fenôme-
no melhor pode ser observado e é por isso que as vemos
às vezes envergando trajes ridículos que de maneira ne-
nhuma lhes vão bem ao corpo, simplesmente porque já
viram idêntico no corpo de outra a qual faz questão de
marchar na vanguarda da moda.
Assim, os costumes e as opiniões são efeitos da imi-
tação e da sugestão.
Entretanto, e este é o ponto que queríamos che-
gar: este fenômeno sugestivo é mais freqüente nas gran-
des cidades (em que a vida agitada e a exibição luxuosa
predominam) do que nas aldeias, no campo, onde há
maior simplicidade nos costumes e onde o homem, mais
em contato com a natureza, possui as suas faculdades
de intuição mais puras.
Aí encontramos comumente, senão um conhecimen-
to perfeito da razão de ser do respeito do homem às leis
divinas, ao menos menor ousadia para a sua completa
negação.
Nestas rápidas linhas não queremos nos encarregar
da tarefa de defender a razão da existência das religiões,
mesmo por que julgamos que o leitor poderá melhor em-
11
pregar o seu tempo meditando sobre produções de auto-
res que mais abalizadamente o têm feito.
Estas nossas digressões têm mais por fim abrir ca-
minho ao assunto de que vamos tratar. Ele faz parte de
um estudo de grandes horizontes e não é senão um pe-
queno ramo de uma grande árvore.
O pequeno combate que julgamos dever dar às filo-
sofias materialistas não tem outra razão de ser além de
querermos fazer compreender ao leitor menos ilustrado
que os ocultistas não são, como à primeira vista muitos
acreditam, indivíduos ingênuos, principiantes em filoso-
fia e desconhecedores do valor dos argumentos dos seus
adversários.
Eles sabem muito bem que o materialismo é uma
fase inerente à evolução humana, e não são tão inimigos
dele como possa parecer, assim como sabem que a verda-
deira ciência, amiga da verdade, não está longe de acei-
tar como exatas muitas asseverações da verdade oculta.
* * *
12
Um simples raciocínio analógico, que se nos afigu-
ra inédito, parece-nos suficiente para fazer compreender
que os ocultistas, afirmando a existência de entidades
extra-humanas, não cometem nenhum absurdo.
Sabemos que nas extensas regiões do oceano, assim
como na superfície da terra, entre o intrincado das sel-
vas, e no próprio ar que respiramos, existem entidades
diferentes do homem, dotadas de inteligência apropria-
da ao meio em que habitam. A classificação da geologia,
da zoologia e da botânica é extensa. Cada espécie de ani-
mal, de vegetal e de mineral encerra um gênero de inte-
ligência, ou, antes, um modo de manifestação da Inteli-
gência. Quem não reconhece uma consciência no modo
de agir das árvores, dos cristais, das formigas, das abe-
lhas e de outros animais?
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mos fazer uma idéia da extensão do Espaço perdido nas
profundezas do qual o nosso globo não representará o que
para nós representa um ínfimo grão de areia.
Vejamos o que disseram os instrutores de Allan Kar-
1
d e c acerca do Espaço:
"O espaço é infinito, pois que se torna impossível su-
por-lhe algum limite, e porque apesar da dificuldade que
temos de conceber o infinito, nos é entretanto mais fá-
cil ir eternamente ao espaço por pensamento, do que
deter-nos num lugar qualquer, onde depois do qual não
encontraremos mais extensão a percorrer.
Para figurarmos, tanto quanto o permitem as nos-
sas limitadas faculdades, o infinito do espaço, suponha-
mos que, partindo da terra, que se acha perdida no meio
do infinito, para um ponto qualquer do universo, e isto
com a velocidade prodigiosa da faísca elétrica, que trans-
põe milhares de léguas num segundo, apenas deixando
este globo, e já tendo percorrido milhões de léguas, nos
achamos num lugar de onde a terra só nos aparece co-
mo uma pálida estrela. Um momento depois, seguindo
a mesma direção, nos aproximamos das estrelas longín-
quas, que dificilmente se distinguem da nossa estação
terrena; e dai, não somente a terra está inteiramente
perdida para os nossos olhos, nas profundezas do céu,
mais ainda o sol, em seu esplendor, está eclipsado pela
extensão que nos separa dele. Animados sempre pela
mesma velocidade do relâmpago transpomos sistemas
de mundos, a cada passo que avançamos na imensidade,
1 A Gênese.
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ilhas de luzes etéreas, vias estelares, paragens suntuosas
onde Deus espargiu os mundos com a mesma profusão
com que semeou as plantas nos prados terrestres.
Ora, há apenas alguns minutos que caminhamos e
já centenas de milhões e milhões de léguas nos sepa-
ram da terra, já milhares de mundos passaram debaixo
das nossas vistas; entretanto, não avançamos, em reali-
dade, um só passo no Universo.
Se continuarmos, durante anos, séculos, milhares
de séculos, milhões de períodos cem vezes seculares, e
incessantemente com a mesma velocidade do relâmpago,
não teremos avançado mais, e isto para qualquer lado
que caminhemos e para qualquer ponto que nos dirija-
mos, desde o grão invisível que deixamos e que se cha-
ma a Terra.
Eis o que é o Espaço!"
Comentando sabiamente estas asserções dos instru-
tores de Allan Kardec, o Sr. Gabriel Delanne, em seu
livro A alma é imortal, diz:
"Essas poéticas e grandiosas definições concordam
com o que sabemos de positivo acerca do Universo? Sim,
porque sucessivamente a luneta astronômica, o telescó-
pio e a fotografia nos têm feito penetrar, cada vez mais
longe, nos campos do infinito.
Durante séculos, nossos antepassados imaginaram
que a criação limitava-se à terra que eles habitavam, e
que acreditavam chata. O céu era apenas uma abóbada
esférica, da qual pendiam pontos brilhantes, chamados
estrelas.
15
O sol aparecia como um archote móvel, destinado a
distribuir claridade, e nós éramos os únicos habitantes
da criação, feita especialmente para nosso uso. A obser-
vação permitiu, mais tarde, reconhecer-se a marcha das
estrelas, o movimento da abóbada celeste, arrastando
consigo todos esses pontos luminosos; depois, os estu-
dos dos movimentos planetários, a fixidez da estrela po-
lar, induziram Thales de Mileto ao reconhecimento da
esfericidade da terra, da obliqüidade da elíptica, e da
causa dos eclipses.
Pitágoras conheceu e ensinou o movimento diurno
da terra sobre seu eixo, seu movimento anual em torno
do sol e ligou os planetas e cometas ao sistema solar.
Estes conhecimentos precisos datam de 500 anos an-
tes de Jesus Cristo; porém, essas verdades, sendo apenas
patrimônio de raros iniciados, foram esquecidas, e o
povo ignaro continuou a ser o joguete da ilusão.
É preciso chegar-se à época de Galileu e da desco-
berta da luneta astronômica, em_1610, para que con-
cepções justas venham retificar os antigos erros.
Desde então, o universo aparece como ele é realmen-
te. Os planetas são reconhecidos como mundos seme-
lhantes aterra e muito provavelmente habitados; o sol
não é mais que um astro entre muitos outros; o teles-
cópio permite observar as estrelas e as nebulosas disse-
minadas em distâncias incalculáveis, no espaço sem li-
mites; finalmente a fotografia e a televisão permitem
revelar a presença de mundos, que os olhos humanos,
ajudados pelos mais poderosos instrumentos, não ti-
nham jamais contemplado.
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As placas fotográficas, que hoje se sabe preparar,
não são somente sensíveis aos raios elementares que ex-
citam a retina, pois estendem ainda o seu poder às re-
giões ultravioletas do espectro e às regiões opostas do
calor escuro (infravermelho) onde o olhar se detém
impotente.
Foi assim que os irmãos Henry divisaram estrelas
de décima sétima grandeza, que não haviam sido ainda
percebidas pelos olhos humanos. Também descobriram
uma nebulosa invisível, por causa do seu afastamento,
além das Plêiades.
À proporção que se estendem os nossos processos de
investigação, a natureza recua os limites do seu império.
Nos lugares em que os mais poderosos telescópios
não revelavam, numa parte do céu, mais que 625 estre-
las, a fotografia deu-nos a conhecer 1.421. Assim, por-
tanto, em nenhuma parte existe o vácuo; por qualquer
lado e perenemente desenvolvem-se as criações em nú-
mero infinito.
As insondáveis profundezas da extensão fatigam a
mais ardente imaginação, com a sua imensidade; e nós,
pobres seres habitantes de um imperceptível átomo, não
podemos elevar-nos até essas sublimes realidades!"
*
Continuando o nosso raciocínio, meditemos se não
está nos limites do possível admitir-se a existência, nes-
ses espaços infinitos, de seres possuidores de faculdades
e de poderes superiores e inferiores ao homem, o qual
17
para compreendê-los, assim como às suas obras e à dire-
ção dos seus ideais, é insignificante.
Desde a origem das sociedades teve o homem a in-
tuição da existência desses seres superiores, habitantes
de outros planos. Criatura miserável e solitária, lutando
sem cessar contra a fatalidade, intuitivamente encon-
trou em si mesmo uma lógica para guiar seus passos,
uma luz para encorajar sua esperança.
A adivinhação nasceu dos gritos de angústia e da
interrogação que faziam os nossos antepassados a gran-
de voz das águas, ao cântico das florestas e às estrelas.
O pássaro, pairando nos espaços, o animal encontrado
no caminho, o meteoro iluminado à noite, forneceram
respostas às suas interrogações inexprimidas. A nature-
za física foi, pois, a primeira a contribuir para a edifica-
ção da grande ciência dos presságios.
18
Os Habitantes do Mundo Invisível
Tentemos agora, que defendemos a nossa crença na
existência de seres extra-humanos, pela evocação que
fizemos da analogia que deve existir entre a manifesta-
ção da vida no nosso plano físico — a Terra visível — t
nos planos invisíveis, quer ainda pertencentes ao nos-
so globo, quer às diversas cadeias de globos, quer intra-
planetários — tentemos penetrar com o leitor mais além
nos mistérios dessa Alma organizadora que reconhece-
mos precedentemente; tentemos, guiados pela analogia
e pela narração dos videntes, descrever as inumeráveis
células que a compõem, começando pelas
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desse compreender de visu — ensinam as tradições es-
critas e os Instrutores iniciados atuais — o mecanismo
dessas forças seria necessário adaptar-se a um triplo de-
senvolvimento, para a realização do qual poucos possu-
em mentalidade, conhecimento e vontade suficientes; se-
ria necessário um conhecimento perfeito dos ciclos, leis
e qualidades das diversas direções das forças cósmicas.
Isso quanto ao que poderíamos chamar, em lingua-
gem terrena, as forças da natureza. Tratando-se dos in-
divíduos, das entidades viventes que povoam os diver-
sos planos do Invisível, recebem, de um modo geral, as
denominações de elementais, elementares e anjos.
Os elementais são espíritos dos elementos, cujo nú-
mero é incalculável. São os Saganes de Paracelso. Cada
ser, cada erva, cada pedra, tem seu espírito — diz a
Cabala.
Os estreitos limites do nosso trabalho não nos dão
margem a longas explanações a respeito dos habitantes
do mundo invisível 1. Basta por enquanto que o leitor
saiba que eles escapam a uma nomenclatura, e que a
divisão em elementais, elementares e anjos deixa muito
a desejar. Não se pode, porém, em nenhum ensino, e
muito principalmente neste, dizer tudo de uma vez, e
para o leitor pouco familiarizado com escritos deste gê-
nero, uma longa enumeração, acompanhada dos termos
por que ela é resumida e incompletamente feita pelos es-
critores orientais, poderia prejudicar, em vez de escla-
recer, o seu aproveitamento. Por isso seguiremos os da-
dos fornecidos pelos cabalistas, que, atualmente, sinte-
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tizam, a nosso ver, com algumas exceções, a melhor
adaptação ao nosso grau de evolução mental, dos ensi-
namentos da Sabedoria Esotérica.
Os elementais são as manifestações, as forças plás-
ticas, os exércitos inumeráveis da natureza: os "Sha-
dain". Há os tristes, cinzentos, de olhos glaucos, amo-
dorrados no seio morno das estagnações e dos pauis; há
os que brincam sobre a crista irisada das vagas; os tri-
tões, as ondinas caprichosas, amigas do homem às vezes,
sempre perigosas; formas maravilhosas de paixão, cuja
atração lança o homem sobre os escolhos do crime e da
loucura.
Os elementais são os operários da natureza e mani-
festam-se nos três reinos, em todas as temperaturas,
promovendo a construção e a demolição de todas as ma-
ravilhosas formas que extasiam os nossos olhares e de
todas as monstruosas nuanças do horrível que nos hor-
ripilam.
Conforme o reino em que desenvolvem a sua ativi-
dade e de que são fatores invisíveis, os elementáis cha-
mam-se :
Gnomos — espíritos da terra (dos sólidos).
Ondinas — espíritos da água (dos líquidos).
Lutins — espíritos do ar (dos etéreos).
Salamandras — espíritos do fogo (dos gasosos).
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aspiram, sobretudo os dois reinos inferiores, aproxima-
rem-se do homem.
Em geral nós somos invisíveis aos elementáis, como
eles o são a nós. Entretanto, eles respondem ao nosso
apelo, e tornam-se, para aqueles que os evocam, prote-
tores ou obsessores.
A Cabala chama Rouchins os elementáis machos,
e Lilins os fêmeas. Os gnomos e as ondinas são governa-
dos pelo Príncipe Asmodeu; as salamandras são dirigi-
das por Raphael e sete ministros; os lutins, por Michael
e sete ministros. Ruchiel e três ministros governam os
espíritos dos ventos; Gabriel os dos trovões; Nariel os da
neve. Os gnomos dos rochedos obedecem a Maktuniel; os
das árvores frutíferas a Alpiel e os das outras árvores
a Sachiel. Mesannabet é o rei dos ventos. Cassiel e três
ministros governam os elementáis do gado. Os animais
da terra e do mar vivem sob a dependência de Sanael e
os pássaros sob a de Anael.
* * *
22
que consegue entrar em Devachan) quando não se tra-
ta de uma criação no astral, produzida pelo pensamen-
to do próprio evocador e dos presentes.
Entretanto, as almas dos mortos estão às vezes liga-
das à terra por um desejo não satisfeito; os pais e os
avós descem voluntariamente ao círculo santo do lar fa-
miliar, quando os seus descendentes o invocam com
amor, e tomam-se facilmente visíveis no Espelho Má-
gico. Mas a vã curiosidade não deve perturbar o seu
repouso e a Cabala condena como prejudicial à felici-
dade dos mortos qualquer tentativa de evocação que,
nesse caso, só deve ser feita em condições especiais.
Entre os elementares, alguns, cujas energias terre-
nas foram consagradas exclusivamente a fins egoístas,
tombam nas orbes malditas do satélite sombrio, o oita-
vo globo. Aí se oprimem os vampiros, os mágicos negros,
os Irmãos Inversivos, entregues aos sofrimentos em no-
me da desintegração total. Aí se torna um fato a lei da
morte, em seu sentido o mais rigoroso e absoluto.
* * *
23
ou influência está submetido o nosso globo, reduziremo-
la tanto quanto possível, nas linhas seguintes, adaptan-
do-as às necessidades do estado com os Espelhos Mági-
cos. Vão em seguida os nomes das 72 inteligências supe-
riores e dos anjos que predominam nas horas do dia e
da noite 1.
* * *
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NOMES DAS 72 INTELIGÊNCIAS SUPERIORES
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ANJOS Q U E G O V E R N A M A S H O R A S D O DIA
N.° Nome
da hora Domingo a
2. Feira
a
3. Feira a
4. Feira a
5. Feira 6." Feira Sábado
N.° Nome
da hora Domingo a
2. Feira a
3. Feira 4." Feira
a
5. Feira a
6. feira Sábado
28
Qual é a Utilidade Dos Espelhos
Mágicos
O Espelho Mágico é um instrumento, um veículo,
de que se servem os espíritos evocados para dar respos-
tas às perguntas feitas pelo operador. Se a interrogação
é digna de resposta, esta será dada em forma de imagem,
visível ao vidente, embora não existente para as demais
pessoas.
Qualquer pergunta pode ser feita. Não podemos aqui
indicar quais as interrogações que não merecerão respos-
ta, pois isso nos levaria a alongar este nosso trabalho,
ao qual apenas desejamos dar um cunho prático, fugin-
do o mais possível das longas dissertações.
Entretanto, são de utilidade aqui algumas conside-
rações para orientar os leitores menos ao corrente das
razões ocultas do segredo.
É fato conhecido, pelos espíritas que costumam fa-
zer interrogações aos seus guias e protetores, que nem
todas as suas perguntas são respondidas claramente.
Muitas vezes esses guias servem-se de uma linguagem
simbólica, metafísica, que deixa a desejar, não satisfa-
zendo completamente a curiosidade do interlocutor.
Duas razões há para explicar esse fato. Em primei-
ro lugar e principalmente, as entidades do mundo espi-
ritual, cujas maneiras de ver e sentir são extraordinaria-
29
mente diferentes das do homem, sentem verdadeira re-
pugnância e impossibilidade em exprimir suas idéias pe-
lo modo que nós outros o fazemos. A sua linguagem é
por isso metafísica e sua interpretação deixada à intui-
ção do evocador. Quando uma entidade espiritual dese-
ja instruir um homem acerca de coisas extra-humanas,
na impossibilidade de se servir de palavras, pois o voca-
bulário humano não as possui capazes, costuma provo-
car no discípulo um estado superior de inteligência, des-
pertando momentaneamente suas faculdades latentes e
assim apresentando-lhe a instrução sob um aspecto sim-
bolicamente metafísico.
Essa é a razão da existência das imagens simbólicas,
inscrições, figuras geométricas e desenhos, indecifráveis
ao consultor profano, que se encontram nos livros de ori-
gem esotérica de todas as religiões do globo.
Não se trata aí, na maioria das vezes, como à pri-
meira vista costumam supor, de um meio fácil de velar
a verdade, mas simplesmente é isso conseqüência da im-
possibilidade material de fazer uso de uma linguagem
cujos elementos não encerram significação apropriada
para a expressão de idéias de origem diferente.
A outra razão da insuficiência das respostas de ori-
gem espiritual está na própria natureza das leis de pro-
gresso e de evolução do consultante, ou melhor, no seu
1
Karma .
30
Cerimônias da Consagração dos
Espelhos Mágicos
É regra fundamental de toda experiência oculta
não se servir jamais de nenhum objeto sem antes o ha-
ver consagrado ao Invisível.
Assim, toda tentativa de clarividência deverá ser
precedida de uma consagração do instrumento — o Es-
pelho Mágico.
Vamos aqui enumerar alguns ritos necessários, que,
a nosso ver, deverão ser aplicados a todos os espelhos des-
critos neste livro, embora alguns dos seus autores, de
onde extraímos as receitas de fabricação, a eles não se
refiram de um modo claro.
Observemos, em primeiro lugar, a classificação dos
espelhos em:
Saturnianos. — Os espelhos de cor preta. Estes es-
pelhos não podem tornar visíveis senão espíritos inferio-
res ou maus e objetos físicos. Não existe para eles uma
consagração especial. Convêm melhor aos rapazes.
Lunares. — Os copos de cristal cheios de água. Os
mais adequados às mulheres.
Solares — Os compostos de esferas e lâminas me-
tálicas.
31
RITO DE CONSAGRAÇÃO EMPREGADO
POR NOSTRADAMUS
32
Logo que souberdes o nome do vosso Anjo da Guar-
da, pedi para vê-lo empregando o mesmo apelo e mudan-
do somente os dizeres no que se refere ao vosso segundo
pedido.
Quando o Anjo aparecer pedi-lhe para vos dar al-
gum conselho, que ele julgue conveniente. Perguntai-
lhe os dias e as horas em que ele queira aparecer, assim
como os dias e as horas em que podereis evocar outros
espíritos.
Perguntai-lhe se deseja tomar sob sua guarda o es-
pelho e impedir que os maus espíritos nele apareçam.
Pedi-lhe que vos dê aviso quando algum tente vos ata-
car, a fim de que possais defender-vos.
Tudo isso estando feito, pedi ao vosso espírito guar-
dião que se retire, em nome de Deus, não fazendo nesse
dia nenhuma outra pergunta. A primeira evocação não
deve durar mais de uma meia hora.
Quando o evocardes pela segunda vez, deveis fazer
o exorcismo seguinte, três vezes, com vontade firme e
determinada, antes de fazer-lhe qualquer pergunta:
EXORCISMO. — "Em nome de Deus todo-podero-
so, para realização de cuja vontade vivemos e a quem de-
vemos nossa existência, eu despeço e reenvio o espírito
atualmente visível neste espelho, se não é o meu Anjo
da Guarda (dizer o nome) ou se não é um bom e verda-
deiro espírito."
Este exorcismo deve ser pronunciado três vezes, com
voz muito enérgica e muito severa, tendo-se um dedo so-
bre o espelho. Se o espírito não desaparece, podeis então
contar com ele, absolutamente.
33
Podeis então continuar as evocações, durante o tem-
po que quiserdes ou segundo vossa combinação com o
vosso Anjo da Guarda. Se ele desejar ir-se embora, pode-
rá fazê-lo sem que o possais deter, mas é necessário não
vos esquecerdes de fazer o reenvio, sempre que acabar-
des uma sessão.
REENVIO, — "Em nome de Deus, etc, eu despeço
e reenvio aos seus lugares todos os espíritos que desceram
sobre este espelho, e que a paz de Deus seja para sempre
entre eles e mim."
Esta conjuração deve também ser dita três vezes,
mesmo que não tenha aparecido no espelho nenhum es-
pírito. O esquecimento desta formalidade acarretará a
ruína do espelho.
PARA VER UMA PESSOA. — "Em nome de Deus,
etc, peço-te (Fulano) aparecer neste espelho, se isto te
convém e te é agradável." (não esquecer estas últimas
palavras).
Quando aparecer a pessoa pedida, deveis fazer o
exorcismo que já demos, mudando o nome do Anjo da
Guarda pelo da pessoa evocada a fim de vos assegu-
rardes se é a própria.
34
Sobre uma placa de aço reluzente e bem polida, li-
geiramente côncava, escrevei com o sangue de um pom-
bo branco, macho, nos quatro cantos, o seguinte :
Jehovah Elohim
Mittatron Adonay
35
Neste momento, perfuma-se o espelho, expondo-o ao
fumo do açafrão, segurando-o com a mão direita e re-
petindo três vezes a oração acima, terminado o que, so-
prai três vezes sobre o espelho e dizei:
"Vinde ANAEL, vinde, e que vos seja muito agradá-
vel e de vossa vontade vir a mim, em nome do Padre to-
do-poderoso + 1 , em nome do Filho muito sábio +, em
nome do Espírito Santo muito amável +. Vinde ANAEL,
em nome do terrível Jehovah! Vinde ANAEL, pela vir-
tude do imortal Elohim! Vinde ANAEL, pelo braço do
todo-poderoso Mettatron, vinde a mim (Fulano) (dizer
vosso nome sobre o espelho), e ordenai a vossos espíritos
que, com amor, alegria e paz, façam ver a meus olhos as
cuias que me estão ocultas. Que assim seja. Amem".
Depois de terdes feito isto, elevai os olhos para o
céu e dizei:
"Senhor todo-poderoso, que fazeis mover tudo que
vos apraz, escutai minha prece e que meu desejo vos seja
agradável. Atentai, Senhor, para este espelho, e ben-
dizei-o a fim de que ANAEL, um dos vossos servidores, se
aproxime dele, com seus companheiros, para satisfazer
(Fulano), vosso pobre e miserável servidor, ó Deus ben-
dito e muito exaltado por todos os espíritos celestes,
que viveis e reinais na eternidade dos bons! Que assim
seja."
Fazei então o sinal da cruz + sobre vós e sobre o es-
pelho, estando pronta a cerimônia, que deve ser executa-
da depois quarenta e cinco dias seguidos, findos os quais
36
ANAEL aparecerá, sob a forma de um belo anjo e orde-
nará seus companheiros a vos obedecer.
Nem sempre são necessários quarenta e cinco dias
para a consagração do espelho, podendo ANAEL apare-
cer desde o décimo quarto dia. Isso depende da intenção,
da devoção e do fervor do operador.
(Não se esquecer de fazer a oração de reenvio, mes-
mo que nenhum espírito apareça.)
Uma vez consagrado o espelho e tendo-vos já comu-
nicado com o espírito, quando desejardes ver no espe-
lho e obter o que vos agradar, não será necessário recitar
todas as orações descritas. Bastará, após perfumar o es-
pelho, dizer:
"Vinde ANAEL, vinde, e que vos seja muito agra-
dável, etc."
Terminada a operação, despedir o espírito, dizendo:
"Eu vos agradeço, ANAEL, por teres acedido aos
meus rogos e satisfeito ao meu pedido. Ide-vos agora em
paz, e vinde sempre que vos chame, em nome de Deus,
amém."
37
DO OPERADOR
38
o máximo de tempo possível; e deixá-lo depois sair, mui
lentamente, pela boca, persistindo no mesmo pensamen-
to. (Este exercício dá também resultados ótimos na cura
de enfermidades.)
DO VIDENTE
DO ESPELHO MÁGICO
39
Como se Fazem os Espelhos Mágicos
ESPELHO DOS FEITICEIROS
41
te recebe no espelho uma solução alegórica, mais ou me-
nos verdadeira.
Operando com uma vasilha cheia de água, a posi-
ção do consultante é em pé, de modo que os pés toquem
na vasilha, a cabeça pendida sobre a mesma, de manei-
ra que possa mergulhar o seu olhar no centro, onde deve
aparecer a imagem.
A evocação do espírito familiar é a mesma, assim
como os resultados.
ESPELHO CAGLIOSTRO
•42
ranjassem, quando lhe rogavam que desse prova do seu
saber sobre o assunto.
Se não tinha à mão os seus pupillos, Cagliostro ser-
via-se da primeira criança que encontrava entre as pes-
soas da casa onde se achasse.
Ele fazia, igualmente, uma prece secreta ou con-
juração ao seu espírito familiar, conjuração mental, que
ninguém conhecia. Colocava a garrafa cheia de água so-
bre uma mesa coberta com um pano branco, iluminada,
de cada extremidade posterior, com uma vela; depois co-
locava a criança em pé, diante do espelho, dizendo-lhe
que fixasse bem a água, até o momento em que o espíri-
to evocado se manifestasse. Cagliostro conservava-se em
pé, por trás da criança, impondo-lhe uma mão sobre a
cabeça, com tal gravidade, que se impunha aos assis-
tentes.
Quando a criança dizia ver o espírito evocado, o ope-
rador fazia-lhe então dirigir as perguntas, às quais o es-
pírito respondia por meio de quadros alegóricos ou de
imagens exatas. A criança não via sempre o espírito, mas
comumente dizia ver imagens que maravilhavam todo o
auditório, enchendo-o de espanto.
43
salão, pedia em seguida às pessoas que desejavam ex-
perimentar para ficar a alguns pés de distância desse
círculo, de pé, e olhar bem fixa e atentamente o seu cen-
tro. Após alguns minutos de espera a visão tinha ou não
lugar.
Ignora-se se o Sr. Du Potet influenciava pelo pen-
samento ao sujet que desejava obter a visão, o que é bas-
tante provável.
Esse espelho produzia efeitos acidentais, pois, co-
mo em todos os outros espelhos, esses efeitos não tinham
lugar senão sobre as pessoas suscetíveis a esse gênero de
visão. Os videntes nele apercebiam imagens fugitivas,
que o magnetizador parecia não haver evocado, e menos
ainda tentava tirar partido (pois poucas dessas visões
são citadas nas obras desse autor). Em todo caso elas da-
vam em resultado a constatação de uma verdadeira vis-
ta à distância, retrospectiva ou futura, de fatos interes-
santes a estudar.
Todos os discípulos do Sr. Barão Du Potet, a exem-
plo do seu mestre, puseram-se a fabricar diversos gêne-
ros de Espelhos Mágicos, com os quais obtiveram efeitos
semelhantes, mas não superiores. Um desses espelhos,
que parece haver subsistido aos demais, constitui-se em
um pedaço de cartão, cortado em forma oval, de dez cen-
tímetros, aproximadamente, de comprimento, tendo uma
folha de estanho colada sobre um dos lados, e um teci-
do preto sobre o outro.
Para operar com ele, o magnetizador deve magne-
tizá-lo fortemente com o seu fluido e trazê-lo constante-
mente consigo, e ao querer servir-se dele deve tomá-lo
44
com a mão direita, colocando-o contra a palma e envol-
vendo os bordos com os dedos encurvados, como pontos
magnéticos pelos quais se escapam os fluidos, apresen-
tando qualquer dos lados a um palmo de distância, mais
ou menos, da raiz do nariz da pessoa que deseja ver. Dez
minutos de fixação são suficientes para a visão, se ela
se puder realizar.
ESPELHOS SWENDEBORG
45
plumbagina seca, bem tamisada também, para obter
uma amálgama completa.
Coloca-se então o vidro sobre um móvel, horizontal-
mente e não se deve servir dele senão passados alguns
dias, colocando-o numa moldura.
Este espelho tem a vantagem, sobre os estanhados,
de não fatigar a vista e tornar as imagens mais per-
feitas.
Para operar com ele deve-se colocá-lo no lugar es-
colhido, de maneira a não refletir a imagem da pessoa
que deseja ter a visão.
O operador deve ficar atrás da pessoa, fixando-a
magneticamente no cerebelo (a parte do encéfalo que
ocupa o lado inferior traseiro da cabeça), com a inten-
ção de que o fluido assim projetado pelo seu olhar vá
juntar-se ao do sujet, para iluminá-lo.
A maior parte dos magnetizadores juntam a essa
ação uma prece mental ao anjo da guarda do vidente.
46
neticamente sobre a pessoa que tenta a experiência, e
muitas vezes obtêm os mesmos resultados que os magne-
tizadores espiritualistas, que durante a operação, implo-
ram, pela prece mental, a assistência de espíritos supe-
riores, nos quais tenham confiança.
Contudo, a prática leva-nos a afirmar que, desta úl-
tima maneira, as visões costumam ser mais claras, mais
compreensíveis e menos cheias de erros.
Na falta dos globos a que aludimos, que, pela for-
ma esférica, são preferíveis a todos os outros, pode-se
servir de garrafas ou copos, igualmente cheios de água
magnetizada.
As crianças geralmente vêem melhor, neste gênero
de espelhos, do que as pessoas adultas.
(A Bola de Cristal)
47
evocar o desejo concentrado, a vontade e o pensamento
da pessoa de modo a se tornar o ponto de partida de uma
espécie de tubo astral.
Para operar eis o que é preciso fazer: — Limpa-se
bem a BOLA DE CRISTAL, de maneira que na sua su-
perfície não se notem grãos de poeira, e que a transpa-
rência seja a melhor possível. Em seguida, aquece-se-a
entre as mãos do operador e envolve-se-a num pedaço
de veludo roxo ou preto. A obscuridade será quase com-
pleta e o quarto em que se opera, orientado na direção
Norte. O clarão da lua é muito favorável a este gênero
de adivinhação.
O operador senta-se comodamente, também voltado
na direção do Norte e toma a BOLA numa das mãos ou
deposita-a sobre o veludo que a envolve, uma vez desdo-
brado, sobre uma mesa ou outro móvel qualquer, coloca-
do diante da cadeira em que se instalou o observador.
Este fixa o cristal bem no centro, a uma distância idênti-
ca àquela em que se disporia um livro que se quises-
se ler.
48
Quando olharmos na BOLA DE CRISTAL devere-
mos resguardá-la de reflexos, de modo que ofereça aos
olhos uma superfície uniforme sem partes brilhantes.
Para alcançarmos isso, devemos voltear a BOLA
com um pedaço de seda escura ou de veludo, ou segu-
rando-a na mão em posição côncava, ou mesmo na ex-
tremidade dos dedos, contanto que as condições já referi-
das sejam observadas.
A BOLA deverá ficar afastada dos nossos olhos na
distância habitual.
O olhar não deve unicamente repousar na superfí-
cie da BOLA, mas procurar penetrar no interior da mes-
ma o que não é difícil conseguir.
As causas que por este método, baseado na experi-
ência, determinam o desenvolvimento das percepções in-
teriores são várias e múltiplas.
Deve-se fixar a BOLA com intensidade, evitando-se,
porém, fatigar os olhos; manter-se em estado de comple-
ta passividade, tendo a consciência livre de todas as im-
pressões e, se possível, até da presença da própria BOLA.
As experiências não deverão jamais ir além de 15 a
20 minutos consecutivos. Terminada a experiência no
prazo determinado, embrulha-se a BOLA no pano es-
curo e aguarda-se tranqüilamente outra oportunidade
para refazer a experiência. A BOLA deve ser conserva-
da no seu pano e em uma caixa onde ela esteja só.
A BOLA deve ser usada diariamente à mesma hora
e, se for possível, no mesmo local, observando-se sempre
49
com cuidadoso interesse as instruções referidas, quer
quanto à posição, passividade, etc, etc.
O operador deverá estar sempre só, porque o isola-
mento é muito favorável ao desenvolvimento da clarivi-
dência.
O fazer penetrar o olhar no interior da BOLA não
é uma coisa difícil, e o próprio reflexo do rosto do expe-
rimentador, com o tempo, cessará de perturbar a vista
quando este se aprofunda na BOLA.
Algumas pessoas obtêm resultados imediatos, ou-
tras só o conseguirão depois de 15 ou 20 minutos de es-
forço; e, a certo número de pessoas, porém poucas, só o
podem conseguir após 8, 10 ou mais sessões.
Quando não se obtêm resultados pelos processos an-
tes indicados, será bom experimentar o seguinte: Le-
vantar a BOLA até aproximá-la o mais possível de um
dos olhos, o esquerdo, por exemplo e, então, fechar o
olho direito e com o outro olhar fortemente a BOLA.
O experimentador, já exercitado, observará refleti-
do na superfície da BOLA TUDO QUANTO DESEJAR
SABER; por exemplo, o que faz certa pessoa em deter-
minado momento e isso ainda que esteja em local dis-
tante; o passado e o presente; o próprio futuro será des-
vendado naquilo em que for permitido.
Mediante um pequeno ensaio de duas a três vezes ao
dia, quase todos poderão desenvolver esse poder oculto;
e a nitidez das imagens obtidas, aliada com a segurida-
de do fenômeno, proporcionarão ao experimentador con-
50
tinuas surpresas, servindo-lhe de poderoso estímulo pa-
ra prosseguir.
De qualquer forma, desde que se deseje obter resul-
tados importantes, jamais se deverá desanimar, ainda
que sejam infrutíferos os primeiros resultados.
Assim, pois, desde que se obtenham as condições fa-
voráveis, deve-se fixar o olhar com toda calma na BOLA
DE CRISTAL e as imagens ir-se-ão apresentando clara-
mente, aumentadas umas ou reduzidas outras, confor-
me o grau de força da faculdade.
Em vários casos e para algumas pessoas, a BOLA
apresenta uma superfície negra e sobre este fundo escuro
movem-se figuras no começo informes, porém, que, pou-
co depois, adquirem formas definidas; e notar-se-á que
vultos e rostos de diversas formas se apresentarão e de-
saparecerão.
Observamos que as imagens refletidas na BOLA
correspondem sempre à vontade da pessoa e de acordo
com a sua inteligência; por isso é indispensável conse-
guir o mais elevado grau da faculdade, desenvolvendo
em si próprio a clarividência, de cuja existência muitas
vezes se tem apenas uma vaga percepção.
Esta faculdade positivamente poderá também ser-
vir de poderoso fator à realização de nossas aspirações,
porquanto o espírito do experimentador exercita-se pe-
la concentração, conseguindo aprofundar-se em suas me-
ditações, podendo igualmente melhor gravar na memó-
ria o que lhe dizem e o que vê e obtendo maior soma de
energia moral e material.
51
Encontram-se à venda BOLAS DE CRISTAL, apro-
priadas para o estudo agora ministrado, na Publieco Pro-
moções Ltda. Caixa Postal, 11.000-ZC. 14 Rio-20.000
Enviam-se pelo Reembolso Postal.
52
4º — Agindo eles diretamente no nervo óptico, ou
sobre as ramificações internas desse nervo, produzirão
o mesmo resultado?
É difícil responder matematicamente a essas per-
guntas. O que poderei dizer é que a quantidade ou vo-
lume desses corpúsculos não nos deve deter a atenção,
pois pessoas de certa organização, ao simples contato do
seu aroma, entram no estado de visão que eles provo-
cam, como podemos observar na eterização, no magne-
tismo, etc.
Sobretudo, foi o fluido magnético que prendeu mi-
nha atenção, sabendo que algumas pessoas podem cair
cm estado magnético, um grande número de vezes, e em
estado sonambúlico durante um certo tempo, pelo sim-
ples contato de um anel ou de outro qualquer objeto
magnetizado e por ver que me é suficiente fixar, sim-
plesmente, durante um segundo, um sujet sensível à mi-
nha ação, para o mergulhar nesse estado de visão.
Concluo, pois, que a absorção, por insignificante
que seja, desses corpúsculos, não importa como ela seja
feita, é suficiente para os resultados desejados, e que,
por conseqüência, um globo de cristal, no qual haja
uma quantidade cem vezes maior que a necessária da
substância em questão, não constitui absolutamente
obstáculo à passagem dos corpúsculos e à sua comunica-
ção com os raios visuais que se venham imergir em seu
seio, pela fixidez do olhar.
Acreditei assim poder dirigir mais diretamente, à
sede onde deve produzir-se sua manifestação, esses cor-
púsculos narcóticos, e fundei sobre esse sistema uma es-
53
perança que não foi desmentida. Se o êxito não é geral,
ao menos é bastante grande, e eu me apresso a dar aqui
conhecimento da maneira por que preparo esse globo.
Tomo uma forte pitada de cada uma das seguintes
substâncias: beladona, meimendro, mandrágora e flo-
res de cânhamo, e, em seguida, uma cabeça de dormidei-
ra (papoula) moída e três gramas de ópio, pondo tudo
a macerar, durante 48 horas, em um frasco de vidro de
bico curvo, próprio para destilação, da capacidade de
dois litros, mais ou menos, metade cheio de bom vinho
maduro. Decorrido esse tempo, ponho tudo ao fogo, para
destilar e obtenho assim um líquido muito claro, com o
qual encho o meu globo, que, bem arrolhado, serve para
fazer minhas experiências.
Tenho o cuidado de não deixar este líquido à mão
de curiosos, que poderiam levar sua investigação até be-
bê-lo e sentir efeitos que, sem ser mortais, poderiam
consideravelmente perturbá-los.
Para operar procedo como com os outros Espelhos
Mágicos.
Tem-se o costume de fazer experiências à noite, (em
que é preciso, naturalmente, servir-se de luz convenien-
te) porque é à noite que a tranqüilidade é mais perfei-
ta, mas também podem ser feitas de dia e não se deve
absolutamente preferir a noite pelo dia."
ESPELHO GALVÂNICO
54
Um dia, olhando maquinalmente para uma moeda
de cobre de dois cêntimos, muito brilhante, sentiu uns
picotamentos sobre o bordo das pálpebras, que lhe pa-
receram extraordinários. Pareceu-lhe que eles deveriam
ser produzidos pela espécie de liga dos metais que en-
tram na composição dessa moeda, que dava em resul-
tado desprender-se delas uma corrente galvânica.
É conhecida a idéia que têm quase todos os magne-
tizadores de que o fluido magnético possui grande ana-
logia com o fluido elétrico, havendo mesmo certas opi-
niões de que eles só diferenciam na espécie de movimen-
to de que são possuídos. Isso justifica o motivo por que
Cahagnet julgou encontrar no metal constituinte da
moeda um excelente acumulador de fluidos.
Lembrou-se ele então de ajustar um disco de zinco
do mesmo tamanho sobre a moeda que tinha na mão.
Fixou-lhe a vista, como antes, e sentiu que a ação era
mais forte.
Refletindo sobre a facilidade de tirar partido da ação
dos metais sobre o nervo óptico, pôs-se a polir o melhor
que pôde os dois discos, imaginando que, quanto mais
o polido fosse brilhante mais conseguiria deixar a desco-
berto os póros dos metais, e, por conseqüência, obteria
dessa forma verdadeiros tubos, emanantes de uma luz
que, por invisível que fosse, em seu estado material e
condensado, nem por isso deixaria de ser a mais pura e
a mais bela das luzes materiais conhecidas até os nossos
dias, uma vez restituida à sua liberdade corpuscular.
Cahagnet diz que não se enganou, pois o polido deu
às peças de metal toda a pujança de efeito que poderia
55
esperar, isto é, uma força tripla ou quádrupla da que
tinham em seu estado bruto.
Não tendo podido, com o auxílio de uma simples li-
ma doce e papel-esmeril (lixa) obter senão um belo poli-
do, mas não um belo brunido, encarregou o Sr. Lecocq,
relojoeiro da marinha, de tornear um par de discos de
cada metal (cobre e zinco), sendo o disco de cobre con-
vexo e o de zinco côncavo, e apresentando ambos, quan-
do perfeitamente ajustados, as duas superfícies exterio-
res planas.
O Sr. Lecocq fez-lhe uma verdadeira jóia, na qual
Cahagnet reconheceu uma grande força, pois o esplen-
dido brunido da peça de cobre, convexa, reenviava a seus
olhos, com grande intensidade, os raios magnéticos que
deles escapavam, iluminando-lhe a vista a tal ponto que
ele podia distinguir formas e imagens muito belas e
cheias de vida.
Cahagnet enviou alguns desses discos a um seu ami-
go residente em Strasburgo, o qual os submeteu ao exa-
me de uma excelente sonâmbula lúcida. Apenas ela viu
e tocou nos discos, disse que eram muito bons, mas que
achava que eram muito fracos. A mesma sonâmbula lú-
cida, então, estando sob a inspiração de um espírito de-
sencarnado, que durante a sua passagem na terra ti-
nha tido afeição muito pronunciada pelo estudo da ele-
tricidade, submeteu à sua apreciação os discos. O espí-
rito disse-lhe que aconselhasse o seu amigo a seguir
exatamente os detalhes que ele ia dar e que foram estes:
"Escolha um pedaço de cobre do mais vermelho e
corte um disco de 15 centímetros de diâmetro, devendo
56
pesar 25 gramas. Corte um disco igual de zinco com o
mesmo peso . Dê esses discos a um torneiro para os acer-
tar um sobre o outro e fazer no de cobre uma cavidade
de um centímetro de profundidade, e no de zinco um
relevo da mesma altura, de modo que o relevo do disco
de zinco encaixe na cavidade do disco de cobre, e fiquem
ambos os discos perfeitamente unidos e certos. É preci-
so que o polido do interior dos discos não deixe nada a
desejar, principalmente do disco de cobre.
Deve-se então magnetizar esses discos durante nove
dias, duas vezes por dia e dez minutos de cada vez, ten-
do-se o cuidado de, antes de começar cada magnetiza-
ção, chamar em seu auxílio um espírito desencarnado, no
qual se tenha fé para esse gênero de operação, a fim de
que ele influencie com todo o seu poder o Espelho, paira
lhe comunicar a propriedade desejada.
Depois desses nove dias, pode-se servir do Espelho,
tendo a parte convexa (zinco) na palma da mão esquer-
da e fixando MUITO ATENTAMENTE o centro da par-
te côncava (cobre) que se deve ter sobre a palma da
mão direita, com um grande desejo de aí ver o objeto, o
lugar ou a pessoa que der motivo à consulta.
Ficai convencido, continua o espírito, que esses es-
pelhos, feitos com cuidado e nas condições que acabo de
descrever, produzem efeitos superiores a todos os espe-
lhos até agora conhecidos."
"O meu amigo enviou-me cópia da ata dessa ses-
são, pedindo-me que lhe mandasse fazer um espelho, con-
forme havia sido descrito pelo espírito, o que eu fiz, ime-
57
diatamente, encomendando diversos a um operário fun-
didor e torneiro.
Logo que eles ficaram prontos, dei-me pressa em
mergulhar o olhar em sua face polida, mesmo sem a
magnetizar ou invocar espíritos, o que não me impediu
de distinguir diversas personagens, assim como um lugar
à distância que, embora não apresentasse detalhes per-
feitamente exatos em todos os pontos, era exato nos fa-
tos principais, o bastante para não poder ser recusado.
O primeiro espírito que vi nesse Espelho foi o de
Swendeborg, mas somente do busto para a cabeça.
Enviei então ao meu amigo o Espelho que lhe era
destinado, e pouco tempo depois ele afirmou ter visto ne-
le muitas coisas. O meu amigo fez diversas experiências
do Espelho com pessoas do seu conhecimento, que di-
ziam perceber diferentes objetos.
Mas, como em tudo, o hábito de ver facilmente o
que se deseja faz esquecer ou não ligar grande impor-
tância a essa faculdade; e o meu amigo passou muito
tempo sem mais falar no seu Espelho Mágico.
Ultimamente, porém, recebi dele uma carta, em que
dizia que, levado por um complemento de indicação da
parte do Espírito que lhe havia ensinado a confeccionar
o Espelho, o havia magnetizado durante um mês, duas
vezes por dia, em vez de nove dias, antes recomendados,
e que havia invocado em seu auxílio dois Espíritos desen-
carnados em vez de um só. Terminava a carta dizendo
que possuía agora um Espelho que correspondia perfei-
tamente aos seus desejos.
Expedi também um Espelho semelhante para Niort,
58
a um amador para o qual já havia feito confeccionar di-
versos, de diferentes maneiras, com os quais só obtinha
um resultado secundário. Mas com este não aconteceu o
mesmo. A primeira pessoa a quem esse senhor pediu pa-
ra experimentar com o Espelho, ficou de tal modo agi-
tada que o repeliu para longe dela, depois de ter perce-
bido uma imagem qualquer.
Em uma segunda experiência, os resultados foram
os mesmos, o que fez essa pessoa tomar aversão pelo Es-
pelho, não querendo mais tocar nele. Essa pessoa não
tinha podido nunca perceber qualquer coisa em qualquer
dos Espelhos com que tinha experimentado antes. O
meu amigo de Niort, reconhecendo uma virtude no Es-
pelho, superior a todos os outros, pensou em submetê-lo
a apreciação da Sra. M., excelente sonâmbula lúcida,
muito conhecida, residente nas proximidades dessa ci-
dade.
O Sr. M., marido e magnetizador dessa sonâmbula,
disse ao meu amigo:
"Minha mulher não verá nesse Espelho mais do que
tem visto em todos os outros que lhe tenho apresentado,
inclusive aquele de que fala o Sr. Cahagnet em seu livro
Les Arcanes. Acho que é inútil experimentarmos."
Mas o meu amigo insistiu e a experiência foi feita,
sendo os seus resultados bem diferentes dos resultados
obtidos com outros Espelhos, "pois a Sra. M., — escre-
veu-me o meu amigo de Niort, na mesma noite — está
num estado nervoso em que até agora não a vimos. A
ação magnética do seu marido não tem poder sobre ela, e
ela acha-se de cama, bastante doente".
59
Perguntava-me então esse senhor se eu não havia
influenciado esse Espelho, garantindo que, por sua par-
te, em tal não havia pensado.
Eu respondi que havia somente fixado a vista alguns
minutos no Espelho, antes de o enviar, mas sem ne-
nhum pensamento de magnetizá-lo ou influenciá-lo de
nenhum modo, do que, aliás, seria incapaz, por me pa-
recer semelhante proceder tanto criminoso como co-
varde.
Acrescentei ainda que o Sr. M. não se assustasse,
pois o incidente não teria conseqüências.
Algum tempo depois, encontrei-me com o meu ami-
go de Niort, em Paris, onde ele tinha vindo, e de novo con-
versamos a respeito do Espelho em questão, dizendo-me
que ele não tinha querido mais experimentar, desde en-
tão.
Pedi então a Adélia, uma sonâmbula por mim for-
mada, estando ela em sono magnético, que examinasse
essa superfície convulsiva e me dissesse se lhe encontra-
va alguma má influência. Adélia examinou-a em todos
os sentidos e declarou achar o centro do Espelho muito
ardente, mas não maléfico. Ela não podia fixar a vista
na parte côncava por mais de meio minuto, asseguran-
do-me ainda que esse Espelho era o mais forte de todos
quantos tinha examinado até então. Opinou, como a
lúcida de Strasburgo, que o Espelho devia ser posto sob a
influência de bons espíritos.
Essa série de incidentes e fatos foram de bastante
força para levar o Sr. Cahagnet a não abandonar o es-
tudo iniciado no seu Espelho Mágico Galvânico, sobre-
60
tudo quanto aos seus efeitos elétricos, magnéticos e me-
dicinais.
Eis aqui, em suma, os aperfeiçoamentos que ele ain-
da introduziu no seu maravilhoso aparelho:
Mandou polir e brunir a parte de zinco (convexa)
de maneira a ficar resplandescente e límpida como a par-
te de cobre (côncava). Bastava então fixar o seu olhar
durante 10 minutos na parte côncava para sentir uma
forte pressão na raiz do nariz e na fronte, assim como
vivos picotamentos no bordo das pálpebras; a sua vista
se iluminava a tal ponto que, em qualquer lugar para
que olhasse via um nevoeiro de faíscas elétricas, de for-
mas azuladas, faíscas que acabavam por fasciná-lo.
Teve então a idéia de olhar para a parte de zinco
(convexa) e pareceu-lhe experimentar uma sensação de
frescor, calmante e benfazeja, que lhe tornava a cabeça
leve.
O Sr. Cahagnet formulou, pois, a sua teoria do se-
guinte modo:
No primeiro caso, os raios visuais-magnéticos que
se escapavam dos olhos, convergindo ao centro côncavo
do instrumento, eram reenviados aos olhos com uma
força superior, o que fazia com que ele se magnetizasse
a si mesmo sem o querer nem supor. O fluido magnéti-
co, junto ao fluido galvânico-elétrico, que se escapava
dos dois discos, saturavam-lhe o cérebro com atividade
incrível. O que o cimentou na sua opinião foi a aproxi-
mação que ele fez dessa proposição com as colhidas no
estudo da física, a propósito dos espelhos côncavos, que
são conhecidos como possuindo a propriedade de re-
61
percutir, muito longe, os raios luminosos que recebem
de qualquer corpo inflamado.
Essa experiência é feita assim: colocam-se dois es-
pelhos metálicos côncavos, de três a seis pés de diâmetro
cada um, um defronte do outro, a uma distância conve-
niente. Aproxima-se um fogareiro cheio de carvão aceso,
a algumas polegadas do centro de um dos espelhos. A luz
corpuscular refletindo no centro metálico, não tarda a
se projetar em linha horizontal, para o centro do segun-
do espelho, que a reenvia, por sua vez, a uma matéria
qualquer inflamável, colocada igualmente a algumas po-
legadas do centro, que se incendeia.
Essa poderosa e invisível força, cuja descoberta cons-
ta dever-se a Arquimedes 1, foi por ele utilizada na de-
fesa da sua pátria contra a invasão estrangeira, segun-
do narra a história.
Mas, voltemos às demonstrações do Sr. Cahagnet:
"Estudando a parte de zinco do Espelho, minha aten-
ção fixou-se em uma idéia diferente, observando que os
mesmos raios visuais divergiam, ao contrário, para a pe-
riferia do disco, o que, por conseqüência, descarregava-
me o cérebro. Não encontrei nada de novo nesse resul-
tado. Observei, simplesmente, melhor apreciando, a ação
dos dois pólos que existem em todas as formas criadas.
Não fiquei, porém, ai, pois convenci-me ter encon-
trado um caminho que devia conduzir-me a outras ob-
62
servações. Com efeito, se eu reconhecia em um dos dois
lados do espelho uma faculdade emanante e em outro la-
do uma faculdade absorvente, fácil era concluir ter en-
contrado o motivo por que certas pessoas ordinariamente
não podem ver nada em nenhum outro espelho, e isto
por que em uns não encontram quantidade suficiente de
eletricidade para saturar sua vista, enquanto que em
outros a encontram em demasia.
O espelho galvânico, convém, pois, perfeitamente e
se adapta a todas as pessoas, visto reunir as duas facul-
dades — emanante e absorvente — necessárias confor-
me o caso.
As pessoas por si mesmo muito carregadas de ele-
tricidade podem aliviar-se um pouco fixando a parte
convexa do espelho (zinco), e as que possuem eletricida-
de em pequena dose podem saturar-se dela, fixando a
parte côncava (cobre).
Sempre acreditei que a causa principal da dificul-
dade na obtenção das visões estava na pequena ou de-
masiadamente grande quantidade de eletricidade que ca-
da um de nós possui no olhar: esse é o único motivo de
que todos não possam facilmente gozar de uma faculda-
de que todos os seres deviam possuir.
Os sonâmbulos lúcidos dão-nos muito boas indica-
ções a esse respeito, quando pedem ao seu magnetizador
que os descarreguem de fluido ou que lho aumentem.
O que acabo de dizer não é mais que uma hipótese,
uma proposição, como já deveis ter compreendido. Igno-
ro até que ponto estou com a verdade; entretanto, al-
guns fatos por mim estudados abonam essa hipótese.
63
Eis os fatos: Se aplicardes esse espelho à pele nua
ou ligeiramente coberta (sobre uma dor reumatismal,
um ingurgitamento sangüíneo, uma condensação de flui-
dos, ou uma inflamação qualquer), durante alguns mi-
nutos, facilmente ficareis sabendo qual dos dois lados é
o preferível e conveniente à moléstia, pois um redobrará,
em certos casos, o mal, e o outro acalmará quase instan-
taneamente.
Nunca vi nada, nessas circunstâncias, de uma ação
ativa como a desses discos, que, de resto, não oferecem
nada de novo à ciência, que emprega há muito tempo
o galvanismo no tratamento de certas moléstias. Mas
devo observar que o gênero, a forma, e sobretudo o poli-
do desse par de discos merecem ser estudados, a fim de
se reconhecer, como eu afirmo e creio, que a emissão do
fluido galvânico é mais considerável e mais pura sain-
do com uma só força por milhares de poros, postos assim
a nu por esse belo polido, o qual, aplicado contra a pele,
nela produz uma espécie de sucção, muito mais forte e
sensível do que as placas brutas, que se empregam ordi-
nariamente em semelhantes circunstâncias..
Não deveis perder de vista esta proposição e deveis
refletir que as correntes galvânicas como as elétricas,
encontram um obstáculo que tende a anulá-las nas ma-
térias graxeas, e que a nossa pele é um conjunto inesgo-
tável de glândulas de matérias gordas, impregnando fa-
cilmente as placas que nela repousem.
As placas têm, pois, necessidade de serem constan-
temente limpas, se não se quer que as correntes galvâ-
nicas fiquem isoladas pelas matérias a que nos referi-
64
mos. Eu o faço, assim, cuidadosamente, cada vez que me
sirvo delas, seja para aplicação sobre um doente, seja
para experiências de visão espiritual.
Coloquei cada disco do espelho galvânico de que nos
ocupamos em um quadrado de madeira, que sobrepus
um ao outro, mas de modo que nem a parte de cobre,
nem a de zinco, pudessem tocar contra coisa alguma que
as arranhasse. Fiz de cada lado dos quadrados de madei-
ra, à direita e à esquerda, um buraco, pelo qual introduzi
dois pequenos fios de cobre vermelho, fazendo com que
a ponta de um tocasse na parte de cobre e a ponta do ou-
tro tocasse na parte de zinco, de maneira a estabelecer
duas correntes. Em seguida enrolei cada um dos fios que
ficavam da parte de fora em forma de anel.
Esses anéis servem para por eles segurar e suspen-
der todo o aparelho. À pessoa que quer fazer uma expe-
riência de visão espiritual recomendo que o segure en-
tre a primeira falange do polegar e a primeira do indica-
dor de cada mão.
Faço colocar-se essa pessoa com as costas voltadas
para a luz do dia, de maneira a receber os raios de luz no
centro do espelho, para onde peço fixar a vista atenta-
mente e sem nenhuma distração, durante dez minutos,
mais ou menos, bem compenetrada do assunto da expe-
riência, pois todo o êxito reside nisso.
Não tenho podido, até hoje, ocupar-me tanto quan-
to desejava com as experiências de visão espiritual, mas,
em compensação, tenho adquirido provas irrecusáveis
dos bons efeitos que se podem esperar do emprego des-
65
ses discos, na cura ou no alívio das moléstias de que já
falei.
Há poucos dias, uma moça de minhas relações dese-
jou tentar uma experiência de visão espiritual. Eu a fiz
colocar-se de pé, a uma distância de alguns pés do es-
pelho, que estava pendurado à altura dos seus olhos.
No momento, prestava pouca atenção à moça, mas, pas-
sados alguns minutos, percebi que ela continuava de pé,
olhos fechados, sem nenhum movimento.
Dirigi-lhe a palavra, depois de havê-la desembara-
çado dos fluidos e a fiz sentar-se. Ela disse-me que tinha
entrado nesse estado dois minutos depois de começar a
fixar o espelho.
Estava em sonambulismo e prometia tornar-se uma
boa lúcida se eu tivesse tempo para desenvolvê-la.
Não quero aqui falar do meu testemunho em favor
do espelho galvánico, pois também vejo bem nos outros;
entretanto, posso assegurar que nunca vi melhor em
qualquer outro.
Devo ainda fazer uma recomendação: em caso de
te servires dele para aliviar dores, e que encontres algu-
ma pessoa que não possa suportar a sua aplicação, por
motivo de sobrecarga de eletricidade que essa mesma
pessoa possua, te aconselho a não aplicar sobre ela senão
a parte de zinco, colocando então dois pequenos fios con-
dutores, de cobre, um em cada anel, fazendo-os descer
até ao chão, descarregando desse modo a eletricidade em
demasia.
Farás o oposto, caso se trate de uma pessoa que pos-
sua pouca eletricidade, isolando-a do solo por meio de
66
duas tábuas de madeira, sobre as quais deveis colocar a
sua cadeira. Debaixo das tábuas, deveis colocar, em ca-
da canto, um pedaço de vidro, de cera ou de resina, bons
isolantes.
67
me inspire na direção das operações que quero fazer, ou
para qualquer outra pergunta, não o faço senão quando
sei que a sua conduta durante a sua vida na terra foi
pura e que as suas afeições correspondiam aos estudos
que desejo fazer. Peço-lhe lacônica e fraternalmente pa-
ra me ajudar com as inspirações que julgar úteis e que
Deus permita.
A muitos parecerá esse modo de proceder pouco de
acordo com a Cabala e os rituais da Magia, mas eu jul-
go que é da única maneira que deve proceder um cora-
ção humilde, que, simples operário do Eterno, deve es-
tar sempre pronto a obedecer à sua vontade e nunca a
ultrapassá-la.
Creio que a prece assim feita é tão poderosa (senão
mais) que todas essas invocações e evocações, em um
estilo bizarro e ridículo, recomendadas em alguns livros
de Magia."
ESPELHOS CABALÍSTICOS
68
CÜRIO (ao mercúrio), de JÚPITER (ao estanho), de
VÉNUS (ao cobre), e de SATURNO (ao chumbo).
Esses nomes são dados igualmente, pela mesma ra-
zão alegórica, aos sete globos que compõem nosso siste-
ma planetário, assim como aos sete dias da semana. A
segunda-feira acha-se colocada sob a influência da LUA;
a terça-feira, sob a de MARTE; a quarta-feira, sob a de
MERCÚRIO; a quinta-feira, sob a de JÚPITER; a sexta-
feira, sob a de VÉNUS; o sábado, sob a de SATURNO; e o
domingo, sob a do SOL.
Esses nomes não representam, aos olhos dos filósofos
herméticos, globos, metais e dias da semana, em estado
de inércia na criação; ao contrário, ligando uns aos ou-
tros por uma influência recíproca, eles os admitem como
inteligências de primeira ordem, às quais se dirigem e de-
dicam a combinação de seus trabalhos, tanto materiais
como espirituais.
As poderosas virtudes que os cabalistas e herméti-
cos atribuem a essas inteligências planetárias se encon-
tram, segundo eles, encerrada nos sete metais que aci-
ma descrevemos, virtudes que não podem ser extraídas
senão em certas condições e por certos trabalhos, envol-
tos nos véus do mistério, para o comum dos homens.
Assim é que eles atribuem especialmente ao ouro a
virtude de tornar o homem imortal e de enriquecer o seu
espírito de todos os conhecimentos desejáveis; mas, para
isso, é necessário que o metal seja absorvido em estado
de gérmen, em estado espiritual, espécie de composição
medicinal, à qual deram o nome de Elixir de longa vida,
etc.
69
Não entramos aqui em breves detalhes senão para
dar uma fraca idéia da base teórica desses filósofos, que
o mundo tem em todos os tempos respeitado por seu sa-
ber, os quais admitem que o reino metálico não é um
reino indigno da nossa observação, mas que, estudado
sem prevenção, pode nos proporcionar a descoberta de
forças e faculdades desconhecidas ou negadas pela ge-
neralidade dos homens.
Eis aqui algumas noções que julgamos úteis acres-
centar às que acabamos de dar, para facilitar a compre-
ensão do que nos resta dizer a este respeito.
Vamos tomar emprestadas essas noções a uma pe-
quena obra: Le Messager de la Vérité. É uma obra das
mais fáceis a consultar, entre as da rica biblioteca her-
mética, pois que evita, tanto quanto possível, as alego-
rias que pululam neste gênero de literatura.
Eis aqui as suas aplicações sobre as influências pla-
netárias e metalúrgicas e dos dias da semana sobre o or-
ganismo humano:
"O SOL (ouro), Domingo — Domina sobre o co-
ração;
A LUA (prata), Segunda-feira — Domingo sobre o
cérebro;
MARTE (ferro), Terça-feira — Domina sobre o es-
tômago;
MERCÚRIO (mercúrio), Quarta-feira — Domina so-
bre os pulmões;
JÚPITER (estanho), Quinta-feira — Domina sobre
o fígado;
70
VENUS (cobre), Sexta-feira) — Domina sobre os
rins;
SATURNO (chumbo), Sábado — Domina sobre o
baço."
Tratando-se dos planetas, os cabalistas admitem
sua influência direta sobre os órgãos citados; mas, tra-
tando-se dos metais, dizem ser necessário passar cada
um por uma certa preparação, em que se extraem as suas
virtudes medicinais.
Continuamos a dar, segundo a mesma obra citada, a
sua dominação sobre os nossos diversos humores:
71
Quanto ao poder dos astros sobre as ações humanas,
os cabalistas herméticos assim o discriminam:
"SATURNO — Repartir os tesouros e revelar os se-
gredos.
JÚPITER — Distribuir as dignidades, as honras, o
respeito e os deleites.
MARTE — Dar a vitória.
O SOL — Dar a amizade dos Reis, dos Príncipes e
dos poderosos.
VÉNUS — Conceder o amor das mulheres a paz e
a concórdia.
MERCÚRIO — Dar as ciências, a felicidade c o -
mercial e no jogo.
A LUA — Facilitar as viagens e remover as des-
graças."
Para se conseguir êxito no apelo às influências be-
néficas desses planetas, sobre os seus correspondentes
metálicos, que são os globos cabalísticos de que já fa-
lamos, é necessário fazê-ilo com ordem, na época em
que esses planetas reinam em seu trono.
É necessário, pois, magnetizar e servir-se de cada
globo (que, segundo a descrição já feita, deve ser fabri-
cado do metal correspondente ao planeta), somente nas
épocas seguintes:
"Do globo OURO, no signo de Leão.
Do globo PRATA, no signo de Câncer.
Do globo COBRE, nos signos do Touro e da Ba-
lança.
72
INFLUÊNCIA P L A N E T Á R I A S O B R E O C O R P O H U M A N O
Os Gêmeos » ÍÍ
21 de maio íí íí íí
21 de junho
a íí íí íí
O Câncer 21 de junho 23 de julho
a íí íí íí
O Leão 23 de julho 23 de agosto
tt íí ff ff
A Virgem 23 de agosto 23 de setembro
a 14 íí íí
A Balança 23 de setembro 23 de outubro
a ff íí ff
O Escorpião 23 de outubro 22 de novembro
a
O Sagitário » 22 de novembro ff tf ff
22 de dezembro
ti ff ff íí
O Capricórnio 22 de dezembro 21 de janeiro
Do globo MERCÚRIO, nos signos dos Gêmeos e da
Virgem.
Do globo ESTANHO, nos signos do Sagitário e dos
Peixes.
Do globo CHUMBO, nos signos de Capricornio e de
Aquário.
Do globo FERRO, nos signos de Carneiro e do Es-
corpião."
Esses signos correspondentes começam e terminam
nas datas seguintes, com pequena variação:
O globo PRATA deve ser utilizado, obedecendo às
tabelas expostas, na segunda-feira, para conhecer os mis-
térios da criação, estudar a metafísica e meditar sobre
a harmonia da natureza.
A resposta às perguntas feitas aparecerá a super-
fície do globo, sob a forma de imagens alegóricas ou de
caracteres de escrita, traduzindo textualmente a res-
posta planetária à pergunta proposta.
O globo FERRO, possuindo a força e presidindo, sob
o nome de Marte, os combates, as querelas, as inimi-
zades e convulsões de toda a espécie, deve ser invocado
na terça-feira, que é seu dia simpático.
O globo MERCÚRIO, pelo mesmo poder alegorica-
mente simpático, deve servir na quarta-feira, para todas
as questões comerciais e de interesse qualquer.
O globo JÚPITER representado pelo estanho, ser-
virá, na quinta-feira, para obter noções sobre o devota-
mente e a sinceridade das pessoas que nos servem ou nos
são agregadas, assim como esclarecimentos sobre a pos-
sibilidade ou não de obter um emprego ou um favor.
74
O globo COBRE, representando Venus, servirá, na
sexta-feira, em todas as questões de ligações amorosas, de
reuniões ou separações.
O globo SATURNO, que é o de chumbo, deverá ser
consultado no sábado, para todas as perguntas com rela-
ção a objetos perdidos ou escondidos, e a segredos de to-
da a natureza.
O globo OURO, representante do sol, servirá para
conhecer os poderes celestes e terrestres, isto é, entrar
em relação com os espíritos superiores libertos da maté-
ria, assim como com os grandes espíritos do nosso globo,
que governam os homens, e obter o apoio de uns e de
outros.
Finalmente, se o leitor teve coragem e benevolência
para chegar até estas linhas, na leitura deste capítulo,
chegamos ao momento de fazer-lhe conhecer como e
quando devem ser preparados os Espelhos Cabalísticos.
Para a questão oportuna do tempo, seguiremos as
indicações, mais ou menos exatas, que já determinamos
linhas anteriores, na tabela que indica a conjunção dos
diversos planetas com o nosso.
O diâmetro de cada globo não deve ser superior a
sete centímetros. Cada um deve ser colocado sobre uma
base de madeira, à qual devem ser incrustados, e em
seguida religados um ao outro por uma pequena cor-
rente, composta de um anel de cobre e outro de zinco,
intervalados, enlaçados um no outro em todo o com-
primento necessário à corrente, a qual deve partir do
globo Ouro, colocado ao centro dos demais e dominan-
75
do-os em altura, (deveis colocar esse globo sobre um pe-
daço de madeira, à altura de 21 centímetros).
O globo SOL (ouro), dedicado ao Domingo, deve-
rá ser de ferro dourado fortemente. É preferível que seja
dourado, em vez de ser de ouro puro, por dois motivos:
o primeiro é o seu menor custo, o segundo é que o ouro
do dourado, junto ao ferro, com o qual tem muita afi-
nidade, desenvolverá uma corrente galvânica, de gran-
de conta, para o desenvolvimento da visão.
O globo LUA será de prata muito delgada. O de
MARTE, de ferro. O de MERCÚRIO deve ser de vidro
1
cheio desse m e t a l , que é muito difícil de fixar sobre
as partes esféricas.
O de JÚPITER será fabricado de estanho, o de
VÉNUS, em cobre vermelho e o de SATURNO, em chum-
bo apurado.
Todos esses globos deverão ser torneados com pre-
cisão, e brunidos com cuidado, no lado interior, assim
como no exterior.
Cada um deve em seguida ser enchido com o suco
de diversas plantas narcóticas, correspondendo, por suas
propriedades, às dos metais, assim distribuídas:
No globo PRATA, a dormideira (papoula); no glo-
bo FERRO, o meimendro; no globo ESTANHO, a flor
de cânhamo; no globo COBRE, algumas gramas de ópio,
e no globo CHUMBO, a beladona.
O globo OURO não tem necessidade de nenhum es-
timulante, por personificar a luz por si mesmo.
76
A dormideira convém à meditação; o meimendro às
querelas; a flor do cânhamo às ciências, o ópio ao ato
venéreo, e a beladona à inteligência.
Uma vez assim preparados os globos, deveis satu-
rá-los nos dias de sua dominação, com uma boa dose
do fluido magnético com a intenção do objeto de estudo
de cada um.
77
Esta cidade é famosa pelo consumo que nela se faz
de instrumentos mágicos e por ser a fonte de origem
1
das verdadeiras Pedras de Cevar, afamados talismãs. É
um dos dois únicos lugares do mundo em que se conhe-
ce o segredo da preparação da Paraftalina, pasta gomo-
sa empregada para a visão ao espelho. Esses Brahmas
chamam ao estado de iluminação: "Sono de Siolam".
Vamos, entretanto, resumir a longa descrição do
Coronel Fraser: "No dia convencionado, os nossos cinco
oficiais chegaram, através das gargantas do Choeki-
Hills, à vileta em que devia se efetuar a misteriosa dan-
ça "Sebeiyeh". O cheique, ancião mais que centenário,
a julgar pelo seu ar venerável e pelas barbas brancas
dos seus filhos mais moços, recebeu-os com cortesia e
fez imediatamente começar os preparativos para a ceri-
mônia.
Em primeiro lugar, dois casais de jovens noivos des-
creveram um círculo no chão. Esses dois casais traziam
consigo vasilhas de barro, contendo um líquido preto,
viscoso, semelhante ao alcatrão.
O cheique tomou deles essa substância, colhida nas
fendas vulcânicas dos Mahadeo-Hills (Gondivana, De-
can) por rapazes e raparigas que não tinham ainda atin-
gido a idade da puberdade. Não se encontra essa subs-
tância senão durante o mês de junho. Após ser colhida,
essa substância é submetida à preparação oculta, du-
rante quarenta e nove dias, por outros rapazes e rapa-
rigas em vésperas de seu casamento.
78
O círculo havia sido descrito em redor de um pe-
queno altar, formado de pedras, sobre o qual queimava
sem cessar o fogo sagrado dos Garunahs.
Uma trempe sustentava acima do fogo um grande
recipiente de barro, onde os quatro jovens operadores
entornaram uma quarta parte do conteúdo de cada uma
das suas vasilhas.
Algumas centenas de assistentes estavam colocadas
em redor do círculo e uma parte deles fazia frenetica-
mente ressoar tambores e grosseiros címbalos, prelu-
diando de uma maneira estranha os próximos entusias-
mos sagrados.
Enquanto isto, o cheique indicava aos oficiais os
símbolos do fogo, alma universal da natureza, sempre
em ação; acima dele, entretanto, estão os três poderes
divinos de Para Brahm: triângulo ideal da criação, da
preservação e da transformação.
Uma vara revestida de peles de serpentes e coroada
por um coco estava espetada em terra, junto ao altar.
Era a imagem do poder criador da divindade, a força
máscula, rígida, penetrante, enquanto que o vaso sub-
metido à ação do fogo representava o poder passivo,
fundamental, encerrando a força feminina.
Entretanto, ao ritmo das vozes suplicantes, aos sons
agudos de flautas de cobre e ao ruído de tambores e
outros instrumentos selvagens, teve começo uma dança
estranha, incandescida pelos gritos perfurantes das mu-
lheres e raparigas, pouco a pouco exaltadas até o furor
religioso, enquanto que os ecos das montanhas vizinhas
79
respondiam a esse imenso concerto, como vozes dos De-
vas propícios aos desejos dos mortais.
Avançando em um movimento voluptuoso e doce,
no qual todo o corpo parecia tomar parte, as moças,
leves e graciosas, ornamentadas com todo os esplendo-
res do luxo oriental, exprimiam com um encanto indi-
zível, pelas flexões de seus bustos graciosos, por suas
ligeiras genuflexões, pelos gestos envolventes de seus
braços, a mais ideal poesia de amor; elas volteavam em
torno do emblema fálico, remexendo, à medida que dan-
çavam, com uma espátula de prata, o conteúdo do vaso
que carregavam — enquanto os dois casais de jovens
que haviam inaugurado a cerimônia, executavam ritmos
simétricos.
O velho brâmane tomou então a palavra; mas sua
voz sem timbre, longe de interromper o estado de con-
templação em que este espetáculo e essas músicas ha-
viam mergulhado os estrangeiros, penetrava com um
poder magnético até ao âmago de seus espíritos, para os
modelar, como a uma cera mole, às primeiras direções
da prática oculta.
E ele então lhes revelou, em uma linguagem esmal-
tada das flores preciosas da poesia oriental, a verdadeira
natureza da paixão; lhes mostrou como a raiz secreta da
alma humana, como o sustentáculo de toda sua existên-
cia, como a força invisível que faz agir toda criatura —
pura essência ao começo, depois dividida em uma inu-
merável hierarquia de Forças — é o elixir para quem a
conquista é sagrada e revela-se como o braço todo-po-
deroso daquele que a domina.
80
"A substância contida nesses vasos — ajuntava o
cheique — está carregada de paixão. E pelo mágico po-
der da paixão, quando os cristais forem cobertos por
esse líquido, será que 03 videntes poderão neles contem-
plar, não somente não importa qual cena da vida ter-
restre, mas também ainda os quadros encantadores da
morada dos deuses. Tal a verdadeira Porta — concluiu
o brâmane, num verdadeiro murmúrio."
81
cia das altas concepções do santuário, cada um de seus
passos revelava um Arcano e cada um de seus gestos evo-
cava um poder. Ondulosas flexões do dorso e balancea-
mento dos quadris acompanhavam o enlaçamento de
seus formosos braços enquanto o seu divino olhar de
virgem parecia elevá-la toda a ideal Bem-Amado. Eram
as próprias palpitações da alma que se acreditava ver
traduzirem-se nas manifestações do corpo, de uma ma-
neira inenarrável e tão casta. As vagas ondulações de
seus movimentos voluptuosos prestavam-se à expressão
de mil nuanças do desejo e do pudor, que adivinhavam,
extasiados, os seus espectadores mudos — pois a bele-
za reside unicamente no mistério inexprimível.
O Coronel Fraser foi, de repente, furtado à sua con-
templação admirativa, pela hierática dançarina, que o
convidava a lançar um golpe de olhar sobre o conteúdo
do grande vaso mágico.
Em lugar de uma massa negra e fervente, ele, aí
percebeu, maravilhado, as mais delicadas cores, que se
transformavam a todo instante, trocando-se por formas
sem cessar variadas de flores cintilantes.
O cheique verteu então uma camada desse líquido
sobre a água, onde o nosso herói informante viu amigos
e parente* seus, religados pelo afeto, assim como diver-
sas outras cenas extraordinárias."
82
obra de Sedir. Acabamos de assim colocar o leitor mís-
tico sobre a senda de um dos mais poderosos segredos
do Templo Oriental.
ESPELHO MANDEB
83
Estando desenhada a figura do espelho na mão da
criança, o mágico joga no fogo a primeira fórmula de
conjuração, salmodiando estas palavras:
84
ESPELHO TEÚRGICO
85
Maneira de Fixar o Mercúrio
Cumprimos aqui a promessa feita páginas atrás,
quando descrevemos a maneira de fazer os globos metá-
licos componentes do Espelho Cabalístico. Como o mer-
cúrio não se encontra no mercado em estado sólido, é ne-
cessário submetê-lo a um processo oculto para dar-lhe
essa qualidade e com ele poder-se trabalhar, como com
qualquer outro metal.
Extraímos esta receita de uma antiquíssima edição
do Pequeno Alberto, editada em Paris, em época desco-
nhecida.
Não temos uma experiência pessoal sobre o valor da
receita e exatidão dos processos nela ensinados. Entre-
tanto, o fato de ela ter sido constantemente transcrita e
citada por autores sobre ocultismo e magia, faz-nos de-
positar-lhe confiança, pois é de crer que se nenhum va-
lor tivesse a autoridade do Pequeno Alberto, não teria
merecido as honras de tão constantes e unânimes refe-
rências.
Portanto, embora a nossa experiência pessoal nada
possa afirmar sobre o valor da receita que vamos em se-
guida dar, cremos que basta unicamente o fato de ela ter
87
sido adotada por grandes especialistas franceses, para
aboná-la com todas as vantagens ante os olhos dos nos-
sos leitores.
Eis a receita:
É necessário escolher um dia de quarta-feira, da
primavera, em que a constelação de Mercúrio esteja em
bom aspecto com o Sol e com Vênus.
Após terdes sabido quais os espíritos e gênios dire-
tores da influência de Mercúrio, deveis conjurá-los da
seguinte maneira:
CONJURAÇÃO DE QUARTA-FEIRA
88
A MESMA CONJURAÇÃO EM PORTUGUÊS
89
ver, até que, pela evaporação, o liqüido se reduza a três
centilitros.
Juntam-se então 60 gramas de bom mercúrio vivo,
mexendo-se tudo com uma espátula, até que essas drogas
fiquem bem misturadas e formem uma matéria espessa.
Em seguida, deixa-se esfriar e faz-se sair o pouco
dágua que tenha ficado, por filtração.
Ao fundo da panela, encontrar-se-á, então, uma pas-
ta de terra escura, que se deve lavar com água comum,
duas ou três vezes, fazendo sempre escorrer a água por
meio de filtração.
Depois se estenderá a referida pasta de matéria es-
cura sobre uma tábua lisa de madeira dura, bem polida,
deixando-a secar ao sol.
Depois de bem seca a pasta, juntam-se-lhe 60 gra-
mas de Terra Merita e igual porção de tutia 1 de Ale-
xandria em pó, encerrando tudo dentro de uma panela
de barro, que deve ser hermeticamente fechada com
outra, de maneira que as duas fiquem formando uma
só peça, sem abertura, e que nada se possa evaporar,
quando puserdes sobre o fogo de retificação. As duas pa-
nelas colam-se uma sobre a outra com o auxílio de uma
pasta feita de terra gordurosa, excremento de cavalo e
pó fino de limalha de ferro. É preciso não colocar as pa-
nelas no forno antes que a composição posta na juntura
esteja bem seca.
90
Posta em um forno bem quente a vasilha, com a
matéria em questão dentro, deixa-se ai ficar durante
uma hora, aumentando depois o fogo até que o forno fi-
que em brasa. À terceira hora, aumenta-se ainda o fogo,
soprando sempre com um fole:
Passadas as três horas, deixa-se o fogo apagar e es-
friar a panela, a qual se descolará, encontrando-se no
fundo o mercúrio em gremalha. Toma-se então o mer-
cúrio, até os mais pequenos grãos, e coloca-se tudo em
outra panela, com um pouco de bórax, para fundir, feito
o que, tereis um bom mercúrio, próprio, por sua pureza,
para o fabrico de um dos globos de Espelho Cabalístico,
assim como para a fabricação de talismãs e anéis mis-
teriosos, que terão a propriedade de atrair sobre a vossa
pessoa as benignas influências do planeta Mercúrio, uma
vez que sejam exatamente trabalhados, segundo as re-
gras da arte.
91
1
Assim, quando um espírito atmosférico encon-
tra-se com um espírito celeste, o atmosférico cede à pres-
são do ar que envolve o outro e retira-se para lhe dar
passagem.
Dessa maneira, os espíritos superiores visitam nos-
sa atmosfera e as esferas mais baixas que as suas pró-
prias, como a terra, sem jamais pôr-se em contato com
as individualidades inferiores a eles, a menos que assim
o desejem.
Quando um espírito é chamado a comunicar-se com
seres humanos, o pensamento do Evocador, ou antes, a
sua vontade, o atinge imediatamente, e ele aparece, se-
parando e afastando de diante dele todas as influências
menos angélicas do que a sua."
92
Clarividência
A clarividência é a faculdade de ver além do que se
encontra ao alcance dos nossos olhos físicos ordinários.
Pode-se exercer a clarividência com relação ao Tem-
po e ao Espaço.
O clarividente que exercer sua faculdade em rela-
ção ao Tempo descobre as coisas futuras (pressentimen-
tos, profecias, e t c ) , ou deixa-se impressionar pelas coi-
sas passadas.
A clarividência aplicada ao Espaço produz o que mo-
dernamente se chamam alucinações telepáticas visuais.
A clarividência é o resultado de uma percepção e
somos levados aqui a afirmar que ela é uma faculdade
um pouco superior à vista ordinária, como que um grau
mais elevado, ou, em outras palavras, exercida por
órgãos hiperfísicos, existentes em todos os homens e
cujo desenvolvimento se pode auxiliar.
No Oriente tradicional é onde se encontra a maior
parte de estudantes de Ocultismo, e é da experiência
que sobre o assunto eles possuem que vamos pedir em-
prestadas as noções abaixo, constituindo uma exposição
do método necessário para a realização da clarividência.
Entretanto, todos os escritos originais desses indi-
víduos estão impregnados de uma fraseologia verdadei-
93
mente incompreensível ao leitor ocidental que pela
primeira vez procura aprofundar-se em conhecimentos
sobre o Oculto. Como o nosso desejo é tornar claro e
prático o ensino que empreendemos, somos obrigados a
abandonar essa fraseologia, substituindo-a por termos
e comparações mais ao alcance do leitor.
A clarividência é, como dissemos, uma percepção
superior de um dos nossos sentidos (o da vista) exercida
pelo corpo astral.
Os sentidos do nosso corpo físico, como sabemos,
são cinco: a visão, a audição, a olfação, o gosto, o tato
ou sensibilidade.
Cada um desses sentidos é exercido por um órgão
correspondente: a vista (olhos); o ouvido (um par de
aparelhos auditivos); o nariz (aparelho olfativo), a boca
(língua, etc, constituindo o aparelho da gustação); e
a epiderme, em toda a superfície do corpo, com sede
especializada nas mãos correspondente ao tato ou sen-
sibilidade.
94
lizada por todas as partículas do corpo astral, sem dis-
tinção. Funcionando no mundo astral, independente
do corpo físico, as percepções do corpo astral perdem
a analogia que possuem com as físicas, mas conservam-
nas enquanto existir dependência.
O corpo astral é também denominado pelos Teóso-
fos: Linga Sharira. Os investigadores psiquistas cha-
mam-no duplo etéreo, duplo astral. Os Vedantins cha-
mam ao corpo astral e ao seu veículo (Prana) Pra-
namaya Kosha. Na Inglaterra tem o nome de Wraith;
na Alemanha, Doppelganger. Paracelso, celebre ocultis-
ta e magista, dava-lhe o nome de Evestrum.
O clarividente vê, portanto, com os olhos do corpo
astral e percebe coisas formadas de matéria astral, tão
perfeitamente como os olhos físicos vêem as coisas fí-
sicas.
A dúvida e a negação sobre a existência da matéria
astral, de que se compõe a maior parte das aparições e
dos fantasmas, repousa no fato de ela não poder ser per-
cebida pelos olhos físicos e na crença errônea de que
não existe outra espécie de matéria além da física, gros-
seira, e que tudo mais pertence à espiritualidade.
A matéria astral é a imediatamente superior à ma-
téria física, mas não é ainda a última forma de exis-
tência material. E por ser a imediatamente após, é por
ela que deve começar o estudo de quem deseje se dedicar
ao conhecimento prático do ocultismo.
O estudo do astral faz mesmo parte, nas Escolas de
Iniciação aos Mistérios, em primeiro lugar, do ensino
dado.
95
A clarividência é um dos ramos desse estudo, e a
sua iniciação tem por nome: desenvolvimento da vista
astral.
Para o desenvolvimento da vista astral o estudante
deve começar por esforçar-se em compreender perfei-
tamente o que deseja executar. A vontade e a convicção
1
são as principais forças
Quando desejamos levantar um braço fazemo-lo
por um esforço de vontade.
A facilidade com que os membros do nosso corpo
executam as ordens emanadas do espírito sendo co-
mum, nós acabamos por confundir um com o outro.
A verdade, entretanto, é que o princípio pensante,
inteligente, e o corpo, por intermédio de quem o pri-
meiro sente e se exprime, são coisas distintas.
Embora não nos quiséssemos alongar em explicações
minuciosas, para poder fazer compreender ao leitor o
mecanismo da clarividência, somos obrigados a fazer
aqui um rápido detalhe resumido dos diversos princí-
2
pios ocultos do corpo humano .
É necessário acentuar mais uma vez que os conhe-
cimentos e instruções que divulgamos neste pequeno
livro, não tiveram e não terão ainda, durante um longo
prazo, sanção da ciência oficial; longe disso, cada afir-
mação aqui contida tem fornecido motivo para tenazes
contestações e mesmo tem-se procurado ridicularizá-las.
96
Não importa. O autor está muito bem ao corrente
do quanto a ciência positiva tem dito e possa dizer
sobre as afirmações dos ocultistas. Não está nos moldes
deste livro a controvérsia científica. Outros autores de
maior autoridade já se têm encarregado disso e brilhan-
temente. Demais, os fatos sucedem-se e, melhor do que
tudo que se possa escrever, acabarão por dar razão a
quem a tiver.
A exposição teórica aqui apresentada também não
é descoberta ou invenção do autor. Repousa sobre co-
nhecimentos adquiridos por meios que a ciência desco-
nhece e tem em negligência, A eles unicamente nos es-
coraremos, e, uma vez por todas, declaramos não nos
ocuparmos, por enquanto, com os processos da crítica
científica.
Dissemos que, quando desejamos levantar um bra-
ço, o fazemos por um esforço de vontade.
Compreende-se, pois, que a vontade é uma facul-
dade distinta do corpo; não pode ser uma função do
corpo, pois que predomina sobre ele, fazendo-o executar
movimentos.
A vontade é uma função do espírito, é uma das suas
manifestações e quase se confunde com ele próprio.
Quando executamos um movimento com o corpo,
quatro fenômenos se operam:
1º — O nosso corpo mental dá nascimento ao dese-
jo de fazer o movimento.
2º — Esse desejo depois de submetido à aprecia-
ção e ao julgamento do espírito (o nosso eu) transfor-
97
ma-se em vontade, que é a verdadeira força operante,
se não há motivo para que seja anulado.
3º — A Vontade apropria-se então da Força, que
envia aos músculos do corpo, a fim de que o movimento
se opere.
4º — Os músculos, recebendo a impulsão da Von-
tade, executam o movimento ordenado.
O Desejo, a Vontade e o Pensamento merecem re-
ceber definições mais claras, para não causarem confu-
sões no entendimento do estudante.
Em geral, nos estudos até hoje feitos literariamente,
essa distinção não é feita, e mesmo na maioria dos livros
que ultimamente têm aparecido entre nós, tratando des-
tas delicadas questões de psiquismo, faz-se geralmen-
te emprego de dissertações sobre os poderes da Vontade,
do Pensamento, do Espírito etc, antes de procurá-los
definir com exatidão.
98
em formato, em tamanho, variando também o poder e
qualidade de sua luz. Assim o Espírito.
O Pensamento não deve ser confundido com o Espí-
rito, pois que é, pode-se dizer, no estado atual da nossa
evolução ascendente, um seu produto. O Pensamento é
de natureza mais material, é um corpo composto, for-
mado de matéria mental, e, como essa matéria, carre-
gado de força constituindo uma verdadeira potência.
A melhor prova de que o pensamento é coisa bem
distinta do Espírito é que nós podemos provocá-lo e
abandoná-lo.
Quando pensamos, uma coisa material se forma:
quanto mais a idéia é nítida e persistente, mais forte, e
bem formado é o pensamento.
Quando passamos de uma idéia a outra o pensamen-
to antes formado destaca-se e, se é fraco, morre daí a
instantes, desfazendo-se e entrando a matéria de que era
formado de novo na fonte originária — a matéria mental.
Se o pensamento é vigoroso, persiste durante muito
tempo e pode ir influenciar outras pessoas.
1
Por isso alguns autores dizem que "os pensamen-
tos não são propriedade nossa; nos são comunicados, nos
chegam de fora e os absorvemos, os transformamos, de
acordo com os nossos desejos, necessidades e tendências".
2
E em outro lugar diz: "Um pensamento qualquer
que nos chega faz vibrar a nossa matéria mental, e as
suas vibrações se propagam em torno de nós por ondula-
ções, de um modo que não deixa de ter a sua analogia
99
com os movimentos ondulatórios que se observam na su-
perfície de uma água tranqüila, sobre a qual se haja ati-
rado uma pedra, tudo volta à sua ordem ao cabo de um
instante, se a impressão não foi demasiado violenta. Se,
porém, o pensamento se impõe à nossa atenção, se é in-
tenso, se com freqüência se apresenta no campo da cons-
ciência e se forte foi a impressão, ele põe em movimen-
to uma certa quantidade de matéria mental, que se des-
loca, circula em nosso derredor e acaba por envolver-nos
e formar a atmosfera, a aura, etc".
Essa maneira de explicar a ação do pensamento vin-
do do exterior, a nosso ver, pode satisfazer, mas nada
nos prova que todos os pensamentos que abrigamos por
algum tempo no nosso cérebro tenham vindo de fora.
A maior parte virão, de fato, e se transformarão ao
contato dos que já existem, mas não todos. Se assim fos-
se, de onde viriam os primeiros? Quem criaria os pri-
meiros?
Multiford diz que existem poucos criadores de pen-
samentos. A maioria dos indivíduos assimilam os pensa-
mentos exteriores e deles se apropria. Julgamos não ser
tão geral a regra, pois o espírito criador de pensamen-
tos existe em todos os indivíduos e todo aquele que é
capaz de perceber os pensamentos exteriores também é
capaz de os expedir próprios, embora não superiores.
Continuando a nossa tentativa de classificação, exa-
minemos agora o Desejo.
O Desejo, como o Pensamento, é um atributo do ho-
mem, uma faculdade que se manifesta em certas circuns-
100
táncias. O Desejo é uma faculdade inferior e tem origem
material e grosseira.
A sua sede particular é um dos princípios consti-
tuintes do homem, que, como todos os demais também
grosseiros, perecerão, para só subsistir a verdadeira in-
dividualidade (o ego) 1.
Durante a vida terrena e no homem em curto perío-
do evolutivo, o Desejo subsiste à Vontade, que não existe
ainda, e quase absorve toda a personalidade. Para o co-
mum da humanidade, na época atual, o Desejo é uma
expressão da Vontade, uma sua modalidade mais fraca.
Aquele que deseja não quer; experimenta o desejo, mas
espera que alguém se mova para satisfazê-lo e pode mes-
mo não pensar em satisfazê-lo ao passo que a Vontade
tem uma expressão mais forte, podendo-se fazer da Von-
tade a definição seguinte: "Produto de um Pensamento
que deu origem a um Desejo, a Vontade representa a re-
solução tomada pelo Espírito de obrar, de agir."
É, pois, a Vontade uma força superior ao Pensa-
mento e ao Desejo, pois tende à realização, enquanto
eles podem não passar de devaneios e não produzir re-
sultado algum.
***
101
fenômenos, saber cultivar a Vontade, pois tais estudos,
dependendo simplesmente do desenvolvimento de prin-
cípios que já possuímos em estado latente, só com uma
Vontade educada poderão ser levados a bom termo.
Voltemos agora à explicação da clarividência ou vi-
são no plano astral, intuito deste capítulo.
O ato de ver com os olhos do corpo astral depende,
pois, principalmente, de dois fatores principais; a con-
vicção perfeita da existência dessa faculdade e o querer
exercê-la.
Para o desenvolvimento dessa faculdade, como de to-
das as que fazem parte dos conhecimentos ocultos, é ne-
cessário que saibamos perfeitamente conter, dominar e
dirigir nossas emoções. O nosso caráter deve ser comple-
tamente dominado, a fim de que nada do que possamos
ver ou entender seja capaz de despertar em nós uma irri-
tação, cujas conseqüências seriam muito mais graves so-
bre o plano astral do que o são sobre o plano físico.
"A força do pensamento tem sempre uma ação enor-
me, mas no plano físico encontra-se entravada, enfra-
quecida pelas grosseiras células cerebrais, que têm neces-
sidade de pôr em movimento. No mundo astral, é ela
muito mais livre e poderosa, a tal ponto que um senti-
mento de cólera experimentado nesse plano por um ho-
mem que possua as suas faculdades inteiramente desper-
tas, sentimento esse dirigido a uma outra pessoa, acarre-
taria para esta última conseqüências perigosas, talvez
mesmo fatais K"
102
Por esse motivo a aplicação dessas faculdades, que
confere a quem as adquire poderes bem extraordiná-
rios, só pode ter uma utilidade de real valor quando exer-
cida por pessoas adestradas em preceitos morais rigorosos
e que tenha uma consciência bastante clara para poder
distinguir os efeitos bons dos maus em cada uma de suas
aspirações.
As responsabilidades, portanto, são maiores no pla-
no astral que no físico, e as conseqüências da má direção
dada às faculdades exercidas nesse plano atingem de
uma maneira mais intensa e durável os destinos futuros
do seu provocador.
"É necessário não somente saber-se dominar, mas
ainda possuir grande dose de sangue frio, a fim de que
nenhum dos espetáculos fantásticos ou terríveis que se
poderão oferecer a nossos olhos seja capaz de amortecer
nossa inquebrantável coragem.
Para compreender em toda a sua plenitude as pa-
lavras de Leadbeater, já citadas, precisamos fazer uma
idéia do que seja o plano astral e seus povoadores,
o que não podemos fazer aqui senão imperfeitamente,
visto desejarmos apresentar o assunto simplesmente sob
um aspecto prático. O leitor poderá se reportar ao que
dissemos na Introdução, quanto à classificação dos ha-
bitantes do astral. Entre eles, os que maior papel repre-
sentam, quanto aos perigos acessíveis ao estudante neó-
fito, estão os elementáis. Vejamos o que diz sobre eles,
em diversos pontos de sua obra 1, um autor famoso e
autorizado:
103
"O caráter essencial dos elementais é de animar ins-
tantaneamente todas as formas da substância astral, que
se condensa em torno deles. Assim, aparecerão, tão de-
pressa como uma multidão de olhos fixados sobre o in-
divíduo, como sob a forma de pequenos pontos lumino-
sos e brilhantes, envoltos de substâncias fosforescentes
e obedientes às ordens do verbo humano, ou ainda sob a
aparência de animais estranhos, desconhecidos sobre a
terra, ou de combinações heteróclitas de formas animais
e humanas."
"O elemental não tem em si mesmo nada de mau e
é tão inofensivo como um pobre animal, quando se o dei-
xa tranqüilo.
Para entrar em relação com os elementais é preciso
entrar no plano astral. Pode-se chegar a esse resultado
pessoalmente, por meio de um treinamento psíquico e
pela meditação, ou por intermédio de um sujet sonam-
bulico."
104
A Realização da Clarividência
Nem todas as pessoas são aptas de modo igual à rea-
lização da clarividência, embora todas possam chegar a
um resultado qualquer. Os Cabalistas, submetendo a sua
maneira de ver e julgar às normas da tradição, preten-
dem que a interpretação do horóscopo astrológico permi-
te estabelecer o temperamento de um indivíduo de ma-
neira suficiente para indicar até que grau os sentidos
psíquicos podem ter nele desenvolvimento. Dizem eles
que se pode encontrar o característico da clarividência
nas influências dos planetas superiores, Urano e Netuno,
que não se acentuam senão em casos excepcionais e so-
bre indivíduos superiormente colocados, em relação ao
resto da raça atual.
105
1
"Rafael também pretende ter observado que as
quadraturas e as oposições de Urano com Saturno ten-
dem a produzir a clarividência."
Ainda segundo a opinião de autores herméticos,
existem muitas outras posições de diversos planetas que
podem favorecer às pessoas que nascem sob a sua influ-
ência o desenvolvimento dessa faculdade. Os modernos
tratados astrológicos já citados, e alguns outros, dão ex-
celentes instruções a esse respeito.
Entretanto não é fácil utilizar-se da ereção de um
tema genérico, que é uma operação minuciosa e longa —
sobretudo quando se deseja fazer uma experiência rá-
pida.
Alguns herméticos, para facilitar o estudo, reco-
mendam a teoria da classificação dos quatro tempera-
mentos, publicada em uma brochura por Colti e Gary,
que "não é absolutamente um sistema secamente analí-
tico, mas uma rigorosa e fecunda adaptação do Grande
2
Arcano do Verbo às formas do rosto humano . "
Deixemos, entretanto, em paz os herméticos com
as suas teorias e adaptações da Tradição Ocidental, e
tentemos estudar a questão da realização da clarividên-
cia debaixo do nosso ponto de vista.
PRIMEIRO EXERCÍCIO
1 Guide to Astrology.
2 Sedir, Les Mirois Magiques.
106
é a abstração quase completa do uso das sensações e per-
cepções do corpo material.
Encerrando-se em um quarto perfeitamente escuro e
despido de móveis, roupas ou objetos que se possam des-
tacar na escuridão, o estudante pode facilitar a realiza-
ção de uma parte do exercício, isto é: a não função dos
olhos, o não ver nada físico, apesar de ter os olhos aber-
tos.
Para isso melhor será construir propositalmente um
pequeno gabinete, fechado a chave, forrado ou pintado
de preto, mas com respiradores, junto ao chão e no alto,
disfarçados, a fim de não causar dano à vida fisiológica.
Sentando-se em uma cadeira longa e confortável, on-
de o corpo fique perfeitamente à vontade, e não se mo-
vendo, pode-se realizar outra parte, que é a anulação do
tato.
Se tivermos escolhido um local onde ninguém faça
barulho e onde nenhum perfume ou cheiro de espécie
alguma o perturbe, realizaremos assim a anulação de ou-
tros dois sentidos: o ouvido e o olfato.
Quanto ao paladar, poderemos anulá-lo conservan-
do o aparelho gustativo imobilizado.
Para perfeito preenchimento de todos esses requisi-
tos, a vontade deve estar alerta, exercendo uma espécie
de controle sobre os órgãos de sensação descritos, a fim
de que eles se abstraiam perfeitamente.
Não há nenhum perigo em que este exercício seja
prolongado e executado a qualquer hora do dia. À noite,
porém, sendo mais fácil obter-se um perfeito silêncio e
107
uma obscuridade completa, é mais preferível operar du-
rante ela.
Em certos paises, onde está começando a ser estu-
dado sob um ponto de vista experimental o ensino ocul-
to, na América do Norte especialmente, existem asso-
ciações onde os seus membros encontram as maiores fa-
cilidades para os estudos e exercícios.
A Associação Vedanta inaugurou uma Câmara de
Meditações, para uso de seus consórcios. Compreende-se
bem quanto a associação e a cooperação dos homens au-
xilia e torna possíveis e fáceis os trabalhos que a um só
seria impossível realizar. Se isto é verdade que salta aos
olhos, falando-se de esforços materiais, também o é
quando se trata de práticas psíquicas, espirituais ou di-
vinas.
Entretanto, não é fácil obter bons auxiliares, mor-
mente tratando-se de questões que ainda não puderam
ser apresentadas de modo a ser bem compreendidas por
todas as inteligências. Se é verdade que dois pensamen-
tos uniformes podem mais do que muitos divergentes,
também às vezes basta o intrometimento de um discor-
dante para prejudicar e mesmo anular o esforço dos de-
mais, especialmente tratando-se de principiantes.
Quando puderdes vos aliar a um ou dois companhei-
ros ajuizados e sensatos, pessoas inteligentes e capazes
de bem compreender o que desejam, essa aliança vos pro-
porcionará enormes vantagens. Deveis, porém, ser escru-
puloso em extremo, mais valendo estudar só, se julgais
não preencher nenhuma pessoa do vosso conhecimento
as condições requeridas.
108
SEGUNDO EXERCÍCIO
Educação do Mental
109
nesse estudo de isolamento e concentração, meditar so-
bre o que tiver lido nas páginas precedentes e em outras
obras, a respeito do mundo astral, pois deve chegar a fa-
zer uma idéia muito aproximada do que vai ver antes de
1
pretender ver realmente.
Esse saber pode ser mais rapidamente adquirido se
o estudante, munido de uma grande boa vontade de sin-
ceramente ser útil aos seus semelhantes, invocar a pro-
teção de um espírito superior que ele saiba capaz de,
por seus conhecimentos e poderes sobre o assunto, poder
inspirá-lo com sabedoria.
Desse modo, com muita constância, tenacidade e
boa fé, poderá conseguir compreender quais sejam os po-
deres que lhe conferirão a visão no astral, e como apli-
car essa faculdade em proveito do seu adiantamento in-
telectual e espiritual, em muitas ocasiões da vida.
TERCEIRO EXERCÍCIO
Realização
110
No primeiro exercício procurou o estudante alhear-
se das coisas visíveis, abstraindo as suas sensações físi-
cas e procurando interromper o laço que liga o seu eu do
exterior.
Neste terceiro exercício tratar-se de estender a cons-
ciência aos planos da matéria astral, de modo que é ne-
cessário reduzir ainda mais a atividade dos órgãos físi-
cos dos sentidos, a fim de que a força nervosa que os faz
funcionar, deixando-os, possa, dirigida pela vontade,
lançar-se com proveito sobre esses planos.
Pode-se chegar a esse resultado por meio de auxilia-
res, tais como a música monótona (para o ouvido), um
perfume delicado e brando (para o olfato), e uma pe-
quena luz, convenientemente disposta. Esses auxiliares
têm por fim completar o que o estudante tentou no pri-
meiro exercício: o adormecimento dos sentidos físicos,
e conseqüente desenvolvimento dos sentidos astrais.
Essa faculdade não aparecerá logo, em toda a sua
plenitude, mas só ao fim de reiterados esforços. As pri-
meiras coisas percebidas serão vagas e incompreensíveis,
algumas mesmo horrorosas.
O estudante não deve desanimar, pois nesses casos
as grandes dificuldades estarão vencidas e para um com-
pleto êxito bastará vontade e pertinácia raciocinada.
111
Noções Complementares Sobre
A Clarividência
Deixando à margem os ensinamentos da tradição
Oriental e Cabalista e dirigindo nossa atenção para os
casos de clarividência entre os médiuns e entre os so-
nâmbulos-magnéticos, vemos constantemente que os vi-
dentes, sobretudo os magnéticos, vêem quase sempre as
pessoas com as quais o magnetizador (se se trata de
um sonâmbulo) ou a sua vontade (se se trata de um es-
pírita), o pôs em relação, mas não ouvem o que essas
mesmas pessoas dizem.
Se o médium ou o sonâmbulo em vez de vidente é
ouvinte quase sempre ouve, mas não vê.
Indivíduos há, sonâmbulos e médiuns, que são ao
mesmo tempo videntes e ouvintes, mas raríssimas vezes
exercem ambas as faculdades em um mesmo instante.
A sua vontade e a sua atenção, dirigidas a um sen-
tido, nele concentram-se, não podendo presidir a outro.
Pode-se concluir daí que os sentidos astrais, hiper-
físicos. se são semelhantes aos sentidos físicos, em qua-
lidades, não podem ser, sobretudo para um estudante que
principia, semelhantes no funcionamento, e isso explica
a teoria de que essa função não se exerce senão à custa
113
de um esforço, um dispêndio de força nervosa arrancada
do corpo físico, capaz de momentaneamente poder fazer
funcionar os órgãos do corpo astral, mas incapaz de dar
a todos capacidade, a um só tempo.
Esta nossa observação tem a vantagem de mostrar
ao estudante que não deve ao mesmo tempo querer de-
senvolver todas as faculdades do astral, pois que isso se-
ria impossível.
Se o seu desejo é obter a clarividência, a ela somen-
te deve dirigir os seus esforços. Com o tempo e depois
desta adquirida, então poderá dedicar-se a outras fa-
culdades psíquicas, com muito mais facilidade até, mas
não deve querer cultivar mais de uma ao mesmo tempo.
Os sentidos do corpo astral existem, embora suas
manifestações sejam raras. E por quê? Porque nós não
temos consciência da sua atividade. O campo da consci-
ência ainda não se estendeu até ao plano astral.
Todo segredo do desenvolvimento da clarividência,
assim como das demais faculdades do corpo astral, resi-
de, pois, em uma só coisa: a extensão e o desenvolvimen-
to do campo da consciência.
Busquemos definir com exatidão esta palavra —
consciência, pois assim poderemos depois encontrar ra-
pidamente o meio de desenvolvê-la. A consciência é a fa-
culdade que tem o nosso eu de reconhecer sua distinção
de outros eus ou coisas, e é a relação que se estabelece
entre o eu e o não eu, por meio das percepções.
A experiência ensina-nos que nós percebemos um
objeto tanto mais nitidamente quanto mais atenção lhe
114
dedicamos. Esta atenção é um ato voluntário e espontâ-
neo do nosso eu.
Pode-se, pois, concluir que a clarividência, sendo
uma percepção do espírito, um meio de que este se uti-
liza para entreter relações com o exterior, é indubitavel-
mente uma percepção resultante do desejo e da vontade,
que levam a atenção para o ponto necessário e provocam
o exercício da faculdade.
Tudo se reduz, pois, a um ato capital, o funciona-
mento da vontade.
Segundo os ensinamentos orientais, os sentidos da
vista astral estão localizados no plexo cavernoso.
115
uma nova senda, imprimindo aos nossos hábitos nova di-
reção.
Para ter probabilidades de êxito nesse tentâmen, o
homem obrigado a viver em contato com a luta que de-
termina a necessidade da manutenção física e as cenas
que essa luta nos apresenta a cada momento, precisa re-
confortar a sua vontade por meio de auxiliares, adequa-
dos aos três princípios ou organismos que compõem o ser
humano.
Esse ser humano, para as necessidades da nossa ex-
posição, são:
116
Método Para Desenvolvimento da
Clarividência, Segundo os Ensinos
da Teosofia
Concentração
117
sos pensamentos e meditai a fim de poderdes rememorar
os pensamentos que nos últimos cinco minutos atraves-
saram vossa mente, sem aí deixar nenhuma impressão.
Acabareis por compreender que todos esses pensamen-
tos não eram vossos, e, se pareciam ser, não tinham um
fim determinado e em nada cooperaram para o vosso
adiantamento moral ou intelectual.
Quando em uma reunião de duas ou três pessoas,
que conversam ao acaso, sem fim determinado, para ma-
tar o tempo, observai o motivo que dá princípio à con-
versa, e ao cabo de meia hora, de quinze minutos mes-
mo, vereis que a palestra depois de ter versado sobre mui-
tos assuntos sem importância, termina do mesmo modo,
despedindo-se as pessoas que faziam parte do grupo,
umas das outras, sem aproveitamento.
Se desejais adquirir uma faculdade superior qual-
quer, a verdadeira clarividência, por exemplo, deveis co-
meçar por adquirir o governo sobre o vosso mental, fu-
gindo às conversações vagas, entretidas por pessoas
ociosas.
É necessário criar uma ocupação para o mental, em
lugar de o deixar vagabundar à vontade. O pensamento
é uma função constante. Quer estejamos trabalhando,
quer passeando, quer isentos de qualquer preocupação
séria, o mental está sempre trabalhando. Pensar em nada
ou não pensar, é impossível. O pensamento é uma coisa
constante e uma faculdade que nos pode prestar grandes
serviços, se sabemos dela aproveitar com sabedoria.
Quando não impomos ao nosso mental uma tarefa de-
terminada, ele devaneia infrutiferamente, atraindo a si
118
pensamentos que não são nossos e dos quais não temos
necessidade. O mental deve ser nosso servidor e não nos-
so patrão. A sua educação é o primeiro passo no cami-
nho que nos pode conduzir à verdadeira clarividência,
pois ele é o primeiro instrumento de que nos devemos
servir para o exercício dessa faculdade superior, sendo
assim necessário que se submeta às nossas ordens e que
fique inteiramente sob o governo e vigilância da nossa
vontade.
A importância da educação do mental, por muito
que aqui disséssemos sobre ela, não ficaria demonstrada
suficientemente. Só um esforço, um raciocínio próprio
vos levará a compreender perfeitamente. Quando ouvi-
mos falar em pessoas que gozam de faculdades extraor-
dinárias, como os magnetizadores, que podem adorme-
cer um indivíduo com um simples olhar, fazendo-o ver e
sentir tudo quanto desejam; quando lemos narrações
acerca de proesas praticadas por hipnotizadores e ilusio-
nistas, que fazem às vezes um enorme auditório de pes-
soas ilustradas ver e acreditar em coisas maravilhosas,
momentaneamente embora, mas de modo tal que nin-
guém se pode furtar à ilusão; quando nos dizem existir
indivíduos que descrevem as particularidades da vida de
pessoa que vêm pela primeira vez, com toda exatidão, ou
desenvolvem com proficiência uma descrição das suas
enfermidades — quando sabemos da existência dessas
faculdades, dizíamos, a nossa primeira idéia que se tra-
ta de faculdades sobrenaturais, maravilhosas, não se
apresentando ao nosso cérebro nenhuma outra explica-
ção, mais abalizada.
119
A impressão que esses indivíduos extraordinários nos
causa é de respeito admirativo, misturado de receio, pois
os julgamos sempre capazes de penetrar no nosso ínti-
mo e de lá arrancar o que julgamos segredo de nossa
propriedade. Muitas pessoas julgam que esses indivíduos
possuem dons sobrenaturais, com os quais já nasceram
e com os quais foram dotados pelo Criador, sem um mo-
tivo apreciável.
No entanto, os fatos são todos naturais, pois o so-
brenatural e o maravilhoso não existem senão para os
olhos dos que não podem ver e para os cérebros que não
podem entender.
Não há efeito sem causa e as causas são sempre na-
turais. As faculdades que nos parecem maravilhosas têm
a sua causa no desenvolvimento de certos princípios, la-
tentes na natureza humana, e que um dia hão de fazer
parte do estado normal de todos.
Sabemos que as sementes contidas em um mesmo
fruto ou provenientes de uma mesma árvore, geram
plantas que atingem desenvolvimento desigual. Se to-
mardes as sementes existentes em uma flor, na bauni-
lha, por exemplo, e as entregardes a uma porção de ter-
ra preparada, observareis que grande parte não conse-
gue germinar; outra parte germinará, dando produtos
raquíticos, inferiores ao tipo de que provém; outra par-
te ainda, maior, atingirá um desenvolvimento normal,
obtendo vós espécimes tão belos como aquele de que vos
servisteis para tomar a semente; entre esses produtos
bem desenvolvidos é possível, é provável mesmo que al-
120
gum ultrapasse em vigor, crescimento e beleza da flor,
o tipo de que teve origem.
Podereis então compreender que a evolução é um
fato. Aplicai por analogia o resultado desse ensino ao
gênero humano, e sabereis porque, ensinando a tradição
e a ciência Secreta que todos temos a mesma origem e
somos filhos do mesmo Criador, podemos apresentar, em
uma determinada época, diferenças enormes na nossa
evolução, inteligência a graus diferentes, assim como
explicar o desenvolvimento de certas faculdades desa-
brochadas em uns, enquanto outros estejam ainda em
estado de nem mesmo as poder compreender.
O fato observado no exemplo acima dado, o pode-
rá ser também no reino vegetal, no reino animal e em
outros. As faculdades que nos parecem maravilhosas não
são mais do que um grau de evolução, atingido por al-
guns indivíduos, mas não só todos nós chegaremos a pos-
suí-las e ultrapassá-las, como é de grande aproveitamen-
to o conhecê-las, estudá-las e preparamo-nos para os
esforços da natureza.
Todos os que conhecem a lei da reencarnação podem
fazer idéia do que seja a evolução humana. A nossa in-
teligência não poderá imaginar os seus limites.
Como ajudar a natureza na evolução e provocar o
desenvolvimento dessas faculdades? — perguntará o lei-
tor. A resposta já tem sido dada, implicitamente, no de-
correr destas páginas. Meditai sobre as leis morais en-
sinadas pela vossa religião, qualquer que ela seja, e aí
encontrareis a chave do verdadeiro progresso, asseguran-
do-vos de que o conforto material e a fortuna de bens
121
terrenos não cooperam em nada para isso, se o essencial
nos falta. Às religiões, entretanto, falta o senso da ada-
ptação. Como que organizadas para uma só medida de
inteligência, as suas leis, os seus ritos e o seu modo de
manifestação exterior parecem não ter sabido prever
muitas lacunas que o futuro criaria, e por isso atual-
mente começam a não estar em condições de satisfazer
as necessidades de alguns espíritos que se adiantaram
em evolução intelectual-material. A esses, só os méto-
dos ensinados pela Teosofia poderão dar o que necessi-
tam. É necessário demonstrar as verdades que encerram
as religiões sob um aspecto intelectual, dar-lhes um
cunho científico, e é esse o intuito em vista.
Por meios que alcança a inteligência e a razão, sem
fazer apelo à fé cega, é que o homem chegará a com-
preender que até agora fez uma idéia mesquinha e ra-
quítica de si próprio e da natureza maravilhosa colocan-
do a flor dos seus ideais a uma altura irrisória, e isso por
desconhecer as vastidões incomensuráveis que abraça
uma mais verdadeira e grandiosa concepção da obra de
Deus.
A Concentração, a Meditação, e a Contemplação são
as três divisões da escala a observar para a boa realiza-
ção de um progresso raciocinado, no terreno das verda-
des divinas, como no terreno, conseqüente, de todas as
demais verdades. Para as pessoas pouco ilustradas e pou-
co acostumadas ao exercício do mental, a concentração
é uma das coisas mais difíceis. Para aquelas, porém, que
tem o hábito de pensar, grande parte do trabalho já es-
tá feito.
122
Concentrar-se é dirigir a corrente dos nossos pen-
samentos para o assunto especial que nos ocupa ou o
trabalho que executamos, sendo dessa forma possível
executar a concentração em qualquer momento em to-
dos os nossos trabalhos. Seja qual for a ocupação à qual
vos apliqueis, no vosso meio de vida, ofício, negócios,
etc, executai-a com toda a atenção e empregai nela to-
das as forças do vosso espírito, sem vos incomodar com o
que se passa em redor. Fazei como se nada existisse, além
do vosso trabalho, e começareis a compreender o que é
a concentração e que auxílio poderoso ela encerra para
o desenvolvimento das vossas habilitações pessoais e da
vossa inteligência.
Se escreveis uma carta, não penseis em outra coisa,
até que ela esteja terminada, e ela será mais bem redigi-
da. Se lerdes um livro, fixai vosso espírito sobre o seu con-
teúdo, e ponde todo o esforço para compreender o pen-
samento do autor. Compreendida desta forma, a con-
centração, embora fácil na execução, é dificílima se se
trata de pessoas cuja vontade é fraca. Qualquer conhe-
cimento, todos nós o sabemos, não pode ser adquirido
de um dia para outro. O hábito de concentrar-se não
foge à mesma regra. Como tudo, depende de um esforço
da vontade, esforço esse que será cada vez menor, à me-
dida que se for sendo mestre na sua execução.
123
É recomendável um exercício preliminar, se julgar-
des impossível executar a concentração em qualquer lu-
gar e a qualquer momento. Nesse caso encerrai-vos em
um quarto ou ide para um ermo silencioso, onde tenhais
a certeza de que ninguém vos interromperá. Se puder-
des obter um local onde nenhum ruído vos atinja e nin-
guém vos interrompa, não havendo também objetos
ou animais que vos possam atrair, melhor podereis
concentrar o espírito sobre o assunto que escolherdes.
O que deveis fazer fica a vosso cuidado. O resul-
tado do exercício não está no gênero da ocupação, mas
sim no exercício vigilante da vontade, obrigando o men-
tal a ocupar-se com tenacidade no mesmo assunto.
O jogo de damas, de xadrez, ou de cartas também
pode concorrer para a educação do mental. Pouco a
pouco ireis percebendo que sois capaz de deter-vos em
um pensamento, na solução de um problema, sem dis-
tração. Mais tarde, vosso espírito adquirirá o poder de
se absorver tão completamente, que mal podereis es-
cutar o que disserem ou fizerem em torno de você, uma
vez que não queirais a isso ligar atenção.
Quando puderdes atingir a esse grau de concentra-
ção pela influência da vontade e em estado de perfeita
calma, devereis então experimentar a prática da medi-
tação.
124
Meditação e Contemplação
MEDITAÇÃO
125
concentração de que já gozais sobre um assunto esco-
lhido, um pensamento útil e elevado. Os motivos para
a meditação não são escassos, felizmente. Se preferir-
des, escolhei uma qualidade moral, como o aconselha a
Igreja Católica. Se assim o escolherdes, procurai anali-
sar em vosso espírito tudo o que comporta essa quali-
dade; compreender e apreender o seu valor como uma
virtude essencialmente divina; analisar como ela se
manifesta na natureza como tem sido praticada pelos
grandes homens da antigüidade, como pode ser posta
em ação na nossa vida de todos os dias, e, enfim, como
e por que vos haveis talvez, esquecido de praticá-la, etc.
A meditação sobre uma virtude altamente moral é sem-
pre um excelente exercício, pois não somente fortifica
o mental, mais ainda concorre para que um bom pensa-
mento esteja constantemente presente a nosso espírito.
A princípio deveis escolher para assunto da medi-
tação problemas concretos. Quando estes tenham-se vos
tornado familiares, podereis então passar para as idéias
abstratas e tirar delas grande proveito. Com a conti-
nuação e o hábito, quando puderdes praticar a medi-
tação sem sentir cansaço ou dificuldade, sem que um
pensamento importuno se venha introduzir no vosso
mental, podereis então passar à contemplação. Não vos
esqueçais, porém, que para poder ter resultado nesse
sentido é absolutamente necessário que tenhais já apren-
dido a dominar o vosso mental. Durante muito tempo
ainda verificareis, experimentando a meditação, que
vossos pensamentos tendem a fugir, procurando outros
substituí-los, e de repente apercebereis que pensais, em-
126
bora em lances rápidos, em assuntos diferentes do ob-
jeto principal da meditação. Isso, entretanto, não vos
deve diminuir a coragem: a todos sucede semelhante-
mente. Apressai-vos simplesmente em chamar ao seu
dever o mental indisciplinado ainda, cem vezes, mil ve-
zes, se for necessário, pois o único meio de conseguir uma
completa vitória é nunca admitir a possibilidade de uma
derrota.
Quando, nesse combate silencioso, enfim, chega a
vitória, quando o vosso mental estiver definitivamente
dominado, esperai com confiança chegar ao fim já pró-
ximo da vossa preocupação, fim para o qual todo o resto
não tem sido mais que uma preparação necessária.
CONTEMPLAÇÃO
127
vos desperte o mais intenso sentimento de veneração,
de amor e de devoção.
Em lugar da vossa meditação habitual, deveis criar
em vosso coração uma imagem mental desse ideal, tão
viva e perfeita como puderdes, e, esforçando-vos em di-
rigir para Ele vossas aspirações mais ferventes, dese-
jar, com toda a vossa força, elevar-vos até Ele, tornar-
vos um com Ele, em uma palavra, enfim, fundir-vos em
sua glória e sua magnificência.
Se assim o fizerdes, se desejardes verdadeiramente
elevar vossa consciência, um momento virá em que sereis
verdadeiramente um com esse ideal, um momento em
que o podereis compreender melhor do que jamais o ha-
veis compreendido, pois uma nova e maravilhosa luz se
espalhará sobre o vosso ser, transformando o mundo a
vossos olhos. Sabereis, então, pela primeira vez, o que é
viver, e toda a vossa vida até então vos parecerá, com-
parativamente, obscuridade e morte.
Depois esse deslumbramento cessará. De novo vol-
tareis à luz terrena, de todos os dias, que vos parecerá
bem turva. Mas a recordação da vossa contemplação
vos seguirá, e aquele glorioso momento se repetirá, tor-
nando-se sua duração cada vez mais longa, até o dia em
que essa vida superior torne-se para vós, definitivamen-
te, não mais uma faiscação fugitiva, um luar celeste,
mas uma possessão permanente, uma coisa maravilhosa,
e incessante, para todos os dias da vossa existência.
Desde esse dia, então, o dia e a noite não serão mais que
uma consciência contínua, uma magnífica vida, empre-
gada a trabalhar para ajudar vossos semelhantes, e
128
ainda essa situação, por mais inconcebível e indescrití-
vel que seja, não será senão uma preparação, para en-
trardes em pleno gozo da herança que vos deve caber,
assim como a todos os filhos dos homens.
Olhando então em torno vosso, vereis e compreen-
dereis muitas coisas de que até então nem havíeis sus-
peitado a existência, salvo se já estiverdes previamente
familiarizado com as investigações de vossos predeces-
sores nesse caminho. Continuai vossos esforços, e sereis
elevado mais alto ainda. A vossos olhos maravilhados se
abrirá a revelação de uma vida cuja grandeza ultrapassa
tanto a vida no plano astral, como esta ultrapassa a
vida física. Uma vez mais, ainda, compreendereis o que
é a verdadeira vida, pois vos aproximareis mais e mais
da Vida Una, que, somente, é a verdade perfeita, a Be-
leza perfeita.
***
Entretanto, é este um método de desenvolvimento
que exige anos, pois, praticando-o, procurareis, em uma
vida, atingir um grau de evolução que, normalmente,
não pode ser conseguido senão no curso de diversas vi-
das; mas lio resultado e à recompensa vale bem a pena
de consagrar vosso tempo e vossos esforços.
Ninguém poderá ao certo dizer qual o tempo neces-
sário para cada caso individual, pois ele dependerá da
quantidade de energia e de decisão postas em atividade
para vos arrancar às influências terrestres.
Não será possível afirmar que chegareis a esse re-
sultado em tantos ou tantos anos; o que vos poderei di-
129
zer é que muitas pessoas têm experimentado e consegui-
do. Todos os grandes Mestres da Sabedoria passaram pe-
lo nosso período, como homens, no mesmo nível do nosso,
e assim como eles se elevaram também podemos nos ele-
var. Muitos de entre nós, mais humildemente, têm expe-
rimentado também e têm chegado mais ou menos a um
sucesso, e nenhum ainda se arrependeu dos esforços fei-
tos, pois tudo o que ganharam ficou para toda a eterni-
dade.
Seja qual for o resultado obtido, mesmo que não se-
ja o ideal imaginado, vós o possuireis desde então em ple-
na atividade e em plena consciência.
As faculdades adquiridas pelos métodos indicados pe-
la teosofia são as únicas que apresentam, sob o ponto de
vista de uma verdadeira evolução, um valor real, pois
permanecerão como parte integrante da alma.
130
Alguns Métodos e Processos
Existentes, Imperfeitos, Errôneos ou
Perigosos, Para o Desenvolvimento
da Clarividência
Muitos outros processos para o desenvolvimento da
clarividência existem, mas a faculdade obtida por esses
meios, além de inferior e incompleta, reduz-se a um po-
der da personalidade terrestre, desaparecendo com a
morte desta, enquanto que com o método teosófico assi-
nalado linhas atrás, uma vez adquirida essa faculdade,
jamais se perde; é uma faculdade, então, do verdadeiro
homem, e não do homem exterior e grosseiro, que habita
as escalas inferiores.
Entre as tribos da índia, pertencentes à raça aria-
na, a clarividência é obtida pelo uso de drogas, como o
haschish, o "bhang", e outras do mesmo gênero, que
exercem sobre o corpo físico uma ação anestésica, per-
mitindo ao corpo astral do homem exteriorizar-se, como
geralmente o fazemos durante o sono, mas com muito
menos probabilidades de ter disso consciência, ao regres-
sar à prisão física.
131
Antes de ingerir as drogas, o praticante determina-
se voluntária e fortemente tentar por seus sentidos as-
trais em atividade, e uma vez estes libertos do corpo fí-
sico, tenta fazer uso de suas faculdades. Com um pou-
co de prática, pode chegar a um resultado, de maior ou
menor valor, e, ao despertar no corpo físico, conservar
mais ou menos uma lembrança de suas visões, procuran-
do então interpretá-las.
Desse modo, colocado em estado de transe, o prati-
cante pode pôr-se em comunicação com uma personali-
dade extinta — um espírito, como chamam os espíritas
— que pode falar por seu intermédio, tal como fazem os
médiuns, adquirindo dessa maneira muitas vezes a repu-
tação de clarividente e mesmo de profeta.
Outros podem colocar-se nesse mesmo estado respi-
rando vapores espasmódicos, geralmente produzidos por
uma mistura de drogas análogas.
É de presumir que a clarividência das pitonisas da
antigüidade fosse obtida dessa maneira. Depois de ter
respirado esses vapores durante um certo tempo, o má-
gico cai em transe, e qualquer espírito desencarnado po-
de então falar por seu intermédio.
Não é difícil compreender quanto esses métodos são
pouco recomendáveis, sob o ponto de vista de um real
desenvolvimento, assim como tendo em conta a saúde
física.
Alguns autores recomendam, para o desenvolvi-
mento da faculdade denominada clarividência, um mé-
todo baseado em exercícios que tendem a regularizar a
respiração. Esse método é mesmo empregado em gran-
132
de escala na índia. Segundo a opinião de abalizado au-
tor teosófico, é verdade que uma espécie de clarividên-
cia pede ser adquirida por esse meio, mas, muitas vezes,
à custa da ruína da saúde física e mental. É pois, tam-
bém, um método que não merece recomendação. Nume-
rosas tentativas têm sido feitas, baseadas nesse método,
na Europa e na América, mas os resultados obtidos estão
longe de ser satisfatórios.
O Sr. C . W . Leadbeater, em seu livro O outro lado
da morte, diz conhecer pessoalmente pessoas que arruina-
ram sua constituição, chegando mesmo a adquirir afec-
ções mentais, devido a esse método perigoso. Algumas
outras pessoas, diz ele ainda, conseguiram desenvolver
essa faculdade o suficiente para serem constantemente
assombradas e perseguidas por visões horríveis; outras,
finalmente, nada conseguiram, a não ser comprometer
seriamente a sua saúde e enfraquecer o seu mental. Ra-
ras são as pessoas, na sua opinião, que declaram ter ob-
tido, por meio dessas práticas, um resultado favorável.
133
verdade que é usado nas índias, pelos Hatha-Yogis, de-
nominação que distingue os estudantes de ocultismo,
nesse país, que procuram o desenvolvimento de poderes
ocultos por meios físicos, não ligando nenhum valor ao
desenvolvimento do mental e do corpo espiritual. Mas,
mesmo entre os Hatha-Yogis, essas práticas não são exer-
cidas indiferentemente, por qualquer, mas o são sempre
sob os cuidados diretos de instrutores responsáveis, que
observam atentamente os efeitos que os exercícios pres-
critos produzem sobre os estudantes e os fazem suspen-
der imediatamente, se julgarem que lhes podem ser pre-
judiciais. Para as pessoas, entretanto, que não têm ne-
nhuma noção desses assuntos, é pouco prudente e mes-
mo perigoso entregar-se descuidadamente a essas prá-
ticas, que se podem ser excelentes para uns, também
podem ser perigosíssimas para outros.
134
Muito bom resultado tem sido obtido por meio do
sonambulismo, como nos podemos convencer lendo as
narrações feitas por alguns dos investigadores que a es-
se ramo da Ciência Oculta se têm dedicado. Essa leitura,
entretanto, faz-nos compreender que tais experiências,
para que fiquem ao abrigo de qualquer perigo, necessi-
tam da combinação de extraordinárias circunstâncias
auxiliantes e de uma elevação quase super-humana de
pureza de intenção, tanto da parte do operador como da
parte do praticante.
O papel representado pelo sonâmbulo magnético é
quase que o mesmo representado pelo médium espírita,
com a diferença que este coloca o seu organismo psíqui-
co em estado de completa passividade, permitindo que
ele possa ser dirigido por uma entidade qualquer habi-
tante do plano astral, e sem poder exercer domínio al-
gum sobre ele, enquanto que no magnetismo é uma pes-
soa viva, o magnetizador, que o governa por meio de sua
vontade. Desta última forma, o sonâmbulo pode também
entrar em comunicação com um espírito desencarnado,
mas em vez deste se utilizar do seu organismo, como lhe
aprouver, a vontade do magnetizador é quem dirige e
vela o contato, podendo-o sustar quando julgue conve-
niente. Entretanto, o sonambulismo não é somente um
meio de obter comunicação com os mortos, como erra-
damente pensam alguns adeptos do espiritismo, pois o
magnetizador pode perfeitamente dispensar o concurso
dos habitantes do astral e induzir o sonâmbulo a, por si
mesmo, investigar, aprender, retirando noções do que vê
em torno de si.
135
Toda a confusão proveniente desse gênero de estu-
dos provém de que, geralmente, tanto o magnetizador
como o sonâmbulo não têm nenhum conhecimento sério
acerca do plano astral, o que faz, tanto a um como a
outro, julgar o que percebem de acordo com a concepção,
mais ou menos errônea, que possam fazer do outro mun-
do. Acresce que a opinião do sonâmbulo é modelada pe-
la do magnetizador, do qual depende, nesse momento,
a organização psíquica do mesmo. Facilmente podere-
mos fazer uma idéia do quanto o sonambulismo pode
conduzir-nos a falsas noções, se imaginarmos que as fa-
culdades astrais, o mundo astral e as coisas que o sonam-
bulismo aí possa ver, dificilmente podem ser traduzidas
pela linguagem e que o cérebro físico, não estando exer-
citado e aparelhado para a interpretação do mundo as-
tral, ao fazer esta interpretação, desvia-se longamente
da verdade. Junta-se a isso o império que o magnetiza-
dor, pela sua religião fluídica, exerce sobre o sonâmbu-
lo, e conceber-se-á qual a causa de tantos erros, e o mo-
tivo por que as opiniões de diversos sonâmbulos sobre a
vida no outro mundo apresentam enormes divergências
e contradições. Lendo as narrações que Cahagnet faz no
seu livro Les arcanes de la vie future devoilés, das ex-
periências por ele feitas com uma sonâmbula de nome
Adélia, apercebemo-nos de que foi unicamente a con-
cepção que ambos, sob o ponto de vista católico, poderiam
fazer do supramundo, que deu origem a tais visões e des-
crições fantásticas. Concluindo, repetimos: tanto o mes-
merismo, o espiritismo, como alguns outros processos pa-
ra obter a clarividência, podem ter o seu valor, se exer-
136
cidos com escrúpulos e tática, mas nenhum concede as
vantagens, isentas de erros e perigos e representa um
real progresso para a evolução da alma, como o método
ensinado pela Teosofia, cuja procedência superior e
cujo alvo de ideal perfeição moral o colocam a um pla-
no a que nenhum outro, fruto da concepção e da inves-
tigação humanas, poderão jamais atingir.
Possam estas mal elaboradas reflexões induzir o lei-
tor ao esforço necessário para a sua realização. Nada do
que os dissemos poderá dar uma idéia do valor, da be-
leza e do elevamento da recompensa que está destinada
aquela que a isso se decidir.
137
Como Preparar o Espelho Mágico
de Salomão — O Mais Famoso de
Todos os Espelhos
Esse espelho tem a finalidade de permitir ao prati-
cante ver o que quiser, isto é, coisas e pessoas distantes,
o passado, o presente e o futuro.
139
ca de aço puríssimo que tenha sido adquirida no dia e
hora de Marte;
140
7º — Conserve o espelho sobre os carvões acesos, re-
cebendo, portanto, a fumaça e o perfume do açafrão e
diga três vezes:
"Em nome de Deus Eterno e Inefável, eu te invoco,
Anael, e te suplico que te manifeste neste espelho para
atender aos meus desejos. Assim seja".
Nota: A operação mencionada no item 69 deve ser
repetida todos os dias, até que Anael apareça. Sua pre-
sença é semelhante à de uma criança.
Quando ele aparecer, peça-lhe o que quiser, sem
receio e sem demora, por isso, deve estar prevenido para
pedir prontamente o que quiser, com convicção; o prati-
cante não deve ter dúvidas quanto ao pedido que vai fa-
zer, nem esperar até que Anael apareça para se resolver
a pedir alguma coisa. Quando proceder à invocação já
deve saber de antemão o que QUER.
Depois que Ele aparecer na primeira vez, aparece-
rá mais facilmente nas demais, bastando repetir a invo-
cação constante do item 69.
Depois que o paciente tiver feito o pedido, esperará
um momento e, não tendo qualquer coisa a responder
a Anael, o despirá, empregando, para isso, os seguintes
termos:
'Em nome de Deus eu vos agradeço Anael, por ter-
des vindo e terdes atendido".
Advertimos ao praticante que, invocando Anael em
nome de Deus, que é o único meio não deve, de modo al-
gum, pedir qualquer coisa que seja má ou prejudicial a
quem quer que seja.
141
Tanto durante o período preparatório, como duran-
te as invocações de Anael, não deve pensar em nada de
mau, nem nos desafetos ou inimigos, não se lembrar
de qualquer mágoa, não proferir qualquer termo obceno
ou ofensivo a alguém. Deve, portanto, conservar a mais
absoluta pureza de pensamentos, atos e palavras.
142