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Indicadores Paleoecológicos Resultantes do Estudo da Avifauna do


Plistocénico Médio e Superior Português: evolução paleoclimática e
comparação com os ambientes atuais

Article · January 2014

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2 authors, including:

Silvério Domingues Figueiredo


Centro Português de Geo-História e Pré-História
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Jairo José Zocche
Juliano Bitencourt Campos
Nelson José Oliveira de Almeida
Claudio Ricken
(Organizadores)

Erechim - RS
2014
Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer
forma e por qualquer meio mecânico ou eletrônico,
inclusive através de fotocópias e de gravações,
sem a expressa permissão dos autores.
Os dados e a completude das referências são de
inteira e única responsabilidade dos autores.

Capa: Hérom S. de Cezaro - Edição a partir da imagem: Índio da tribo indígena Kalapalo caçando na água -
Parque Indígena do Xingu.

Revisão : Margareth Maria Kanarek (capítulos em português)

Josiel dos Santos

A769 Arqueofauna e paisagem / organização Jairo José Zocche ... [et al.].
– Erechim, RS : Habilis, 2014.
284 p. ; 16 x 23 cm

ISBN 978-85-60967-61-2
Com a organização: Juliano Bitencourt Campos; Nelson José
Oliveira de Almeida; Cláudio Ricken.

1. Arqueologia 2. Paisagem 3. Arqueofauna 4. Zooarqueologia


I. Zocche, Jairo José
C.D.U.: 903

Catalogação na fonte: bibliotecária Sandra Milbrath CRB 10/1278

www.habiliseditora.com.br

IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
SUMÁRIO

PREFÁCIO ................................................................................................... 5

APRESENTAÇÃO ........................................................................................ 7

20 AÑOS CONVERSANDO CON HOMO ANTECESSOR:


EXPLOTACIÓN DE RECURSOS ANIMALES EN EL NIVEL DEL

(SIERRA DE ATAPUERCA) ...................................................................... 11


Palmira Saladié - Rosa Huguet - Isabel Cáceres - Antonio Rodríguez-Hidalgo -
Paloma F. Díaz-Maroto - Juan Marín-Hernando - Antonio Pineda -
Nelson José Oliveira de Almeida - Eudald Carbonell

ESTUDO DA AVIFAUNA DO PLISTOCÉNICO MÉDIO E SUPERIOR

COM OS AMBIENTES ATUAIS ............................................................... 37


Silvério Figueiredo - Américo Rosa

PENÍNSULA IBÉRICA) ............................................................................. 63


Nelson José Almeida - Cristiana Ferreira - Ethel Allué - Francesc Burjachs -
Ana Rosa Cruz - Luiz Oosterbeek - Pierluigi Rosina - Palmira Saladié

.................. 85
Albérico Nogueira de Queiroz - Olivia Alexandre de Carvalho

............................................................. 95
Marcos César Bissaro Júnior - Hermínio Ismael de Araújo Júnior -
Renato Kipnis

FAUNA EM ESTRUTURAS FUNERÁRIAS: SAMBAQUIS ................. 121


Daniela Klokler
........... 137
Dione da Rocha Bandeira - Thiago Fossile

(Spheniscus magellanicus, .................................................... 155


Jéssica Mendes Cardoso - Joares Adenilson May Júnior -
Deisi Scunderlick Eloy de Farias - Paulo DeBlasis

ESTUDO DA ICTIOFAUNA DO SAMBAQUI PORTO DO

CATARINA - BRASIL ................................................................................. 171


Vania Leandro de Sousa - Silvério Manuel Figueiredo -
Dione da Rocha Bandeira

SAMBAQUIEIRAS ..................................................................................... 187


Rafael Guedes Milheira

UM BANQUETE NA FLORESTA? ........................................................... 209


Cláudia Regina Plens

COMO FERRAMENTA NA INTERPRETAÇÃO DO PADRÃO


DE ASSENTAMENTO E EXPLORAÇÃO DE RECURSOS
FAUNÍSTICOS ............................................................................................ 227
Suliano Ferrasso

ASENTAMIENTO EN EL DESIERTO DE ATACAMA


............................... 249
Francisco Gallardo - Patricio De Souza

A CONTRIBUIÇÃO DAS VACARIAS PARA A FORMAÇÃO DA

NO SUL DO BRASIL .................................................................................. 269


Jairo José Zocche - Juliano Bitencourt Campos - Carlos Paulo Passos Matias -
Marcos Cesar Pereira Santos
PREFÁCIO
Pedro Ignácio Schmitz1

O livro que está em suas mãos foi organizado por Jairo Zocche, Juliano
Campos e Cláudio Ricken, do grupo de pesquisa ‘Arqueologia e Gestão Integrada
do Território’ da UNESC, Criciúma, SC, Brasil e Nelson Almeida do Instituto Terra
e Memória-ITM, Mação, Portugal.
Arqueologia e Paisagem reúne trabalhos de arqueólogos da Espanha, Portu-
gal, Chile e Brasil. Os objetos estudados, sua abordagem e cronologia são variados,
como se percebe, imediatamente, olhando o Sumário. Ali se destacam a exploração
de recursos animais e sua forma de estudo como zooarqueologia, prestando atenção
a fenômenos de tafonomia, associação com o clima, a paisagem, a arte e o ritual.
Em termos de cronologia, os estudos incluem temas do Pleistoceno inferior, mé-
dio e superior da península ibérica e do Pleistoceno brasileiro predominantemente
do Holoceno sul-americano. Estão representados grupos de caçadores, pescadores,
pastores e agricultores, até a megafauna. Há trabalhos eminentemente teóricos, ou-
tros mais descritivos.
As situações estudadas são, predominantemente, as da região de atuação dos
institutos organizadores e assim devem ser tomadas. A extrapolação para um terri-
tório maior criaria uma percepção falsa da variedade de culturas e dos processos ne-
las representados. Especialmente no Brasil, isto é importante. Com razão foi dada
ênfase aos sambaquis, porque na área trabalhada pela UNESC estão os maiores
sambaquis da costa atlântica. Mas eles ocupam uma estreita e reduzida faixa lito-
rânea num território do tamanho da Europa. Existem bons estudos da fauna explo-
rada por caçadores, contemporâneos e mais antigos que os sambaquis, na Floresta
Atlântica, nos cerrados do Brasil Central, no Pantanal do Mato Grosso e também
na Amazônia. Nos cerrados do Brasil Central também se realizaram estudos da
passagem da caça e da coleta para o cultivo.
O livro, juntando amostras de ambientes, culturas e tempos variados, abre
-

Pesquisas de 1966 a 2009 (atualmente Coordenador da Arqueologia do IAP). Bolsista de produtividade sênior do
CNPQ. Professor Titular na UNISINOS em várias disciplinas desde 1960. Editor da Revista PESQUISAS desde
1962. Realizou e realiza pesquisas nos estados do Rio Grande do Sul, de Goiás, de Santa Catarina e no Pantanal
do Mato Grosso do Sul. E-mail: anchietano@unisinos.br.

5
ção de estudos da Península Ibérica, do Brasil e do Chile é uma provocação não só
pelos dados apresentados, mas também pela maneira como foram tratados. Espera-
mos que a provocação não caia no vazio e que, depois dela, venham muitas outras.

6
APRESENTAÇÃO

o ambiente em benefício próprio proporcionou-lhe parcelas de recursos e energia


cada vez maiores, em detrimento de outras espécies, o que levou ao aumento po-
pulacional exacerbado. Ao longo de sua trajetória histórica, o homem, em diferen-
tes partes do mundo e em diferentes épocas, foi deixando um rastro de materiais
tecnológicos utilizados no seu cotidiano, ao mesmo tempo em que foi deixando
também marcas na natureza, as quais estão representadas por monumentos como
os Sambaquis e a cerâmica; marcas tafonômicas em ossos animais; material lítico;
arte rupestre; entre outras.
A obra que ora se apresenta resulta do esforço coletivo de vários Grupos de
Pesquisa espalhados pela Europa e América do Sul, os quais têm em comum a pai-
xão pela busca das raízes da humanidade e a ânsia em preencher lacunas para o en-
tendimento do enredo humano em relação à ocupação dos mais diversos territórios.
No capítulo um, os autores Palmira Saladié e demais colaboradores discor-
rem sobre a exploração de recursos faunísticos durante o Pleistoceno inferior no
nível TD6-2 de Gran Dolina-Sierra de Atapuerca, Espanha, apresentando uma sín-
tese das últimas investigações relacionadas à paleoeconomia dos hominídeos, sua
relação com os carnívoros que ocupam o mesmo nicho ecológico e as condições em
que ocorreram práticas de canibalismo pelo Homo antecessor, no local estudado.
Os autores Silvério Figueiredo e Américo Rosa apresentam no segundo ca-
pítulo um breve estudo sobre os indicadores paleoecológicos e paleoambientais
proporcionados pela investigação dos restos da avifauna presentes em jazidas do
Pleistoceno Português, tendo como intervalo de tempo 240 mil anos AP e os 10 mil
anos AP.
No capítulo três, Nelson Almeida e colegas analisam a paisagem do Alto
Ribatejo (Portugal Central, Oeste da Península Ibérica) durante o Neolítico e Cal-
colítico inicial abordando questões de degradação pré-Neolítica da vegetação rela-
cionada com os fatores climáticos e ambientais, cujos impactos antropozoogênicos
na paisagem começam a ser perceptíveis regionalmente.
No quarto capítulo, os autores Albérico Nogueira de Queiroz e Olivia
Alexandre de Carvalho tratam da relação entre os elementos arqueofaunísticos e
paisagísticos, apresentando um panorama dos estudos desenvolvidos na América

7
do Sul a partir de várias leituras relacionadas à temática central. O intuito é entender
os princípios que resultaram no estabelecimento de processos bioculturais.
No capítulo quinto, os autores Marcos César Bissaro Júnior, Hermínio
Ismael de Araújo Júnior e Renato Kipnis apresentam algumas das principais
unidades analíticas para mensuração da representatividade óssea, seguidas
das principais feições tafonômicas analisadas em coleções paleontológicas da
megafauna pleistocênica brasileira, à luz das principais hipóteses atualmente
discutidas sobre a extinção desses grandes animais na América do Sul.
No sexto capítulo, Daniela Klokler discute a utilização ritual de vestígios
faunísticos em Sambaquis, suas implicações para o entendimento do cerimonial
funerário de povos sambaquieiros e a construção destes sítios como questões de
identidade, paisagem e território.
No sétimo capítulo são discutidos pelos autores Dione da Rocha Bandeira
e Thiago Fossile a releitura dos resultados sobre similaridades e diferenças entre
os horizontes cerâmicos e não cerâmicos nos Sambaquis da Bahia da Babitonga no
litoral norte de Santa Catarina, a partir da fauna encontrada no Sambaqui Enseada
I. Caracterizam a fauna utilizada em cada momento de ocupação do sítio e discutem

No oitavo capitulo, Jéssica Mendes Cardoso e colaboradores apresentam os


resultados da análise arqueofaunística do sítio Galheta IV, localizado no município
de Laguna, sul de Santa Catarina, com o objetivo de avaliar a presença do Spheniscus
magellanicus (pinguim-de-magalhães) e sua relação com a ação humana, indicando

ao contexto ritualístico representado por este sítio arqueológico, o qual é associado


a uma ocupação Jê datada entre 1200 e 600 anos AP.
No nono capítulo, Vania Leandro de Sousa, Silvério Manuel Figueiredo
e Dione da Rocha Bandeira tratam da importância da ictiofauna na economia
sambaquieira, assim como sobre as técnicas de obtenção, consumo e conservação
deste recurso no Sambaqui Porto do Rio Vermelho II, e seus respectivos ambientes,
o que levou à formulação de hipóteses sobre as técnicas empregadas na exploração
do pescado na Ilha de Santa Catarina.
No décimo capítulo, Rafael Guedes Milheira apresenta um levantamento

contextualizando sobre a produção das mesmas em conformidade com o


desenvolvimento da Arqueologia Brasileira, aliada a uma análise macroespacial
da localização das esculturas no Brasil e Uruguai e a relação litoral/interior como
modelo de organização e integração sociocultural.

8
No décimo primeiro capítulo, Cláudia Regina Plens discute por meio da
zooarqueologia, a relação entre homem-ambiente em áreas de captação de recursos
na Mata Atlântica, desenvolvida por grupos culturais durante todo o Holoceno em
um estudo de caso: “o Sítio Moraes (6000 a 4000 anos AP)”, localizado no médio
Vale do Ribeira de Iguape, sul de São Paulo.
Sob o viés zooarqueológico baseado em arqueofaunas de 25 sítios
arqueológicos, no décimo segundo capítulo, Suliano Ferrasso tece considerações
sobre padrões de assentamento Guarani em locais próximos a corpos hídricos,
assim como indica um padrão exploratório generalista direcionado a mamíferos de

matéria prima e na confecção de artefatos, indicando que tal padrão de assentamento


e de exploração de recursos era necessário para a reprodução do estilo de vida dessa
população.
Francisco Gallardo e Patricio De Souza, com o viés da Arte Rupestre,
apresentam, no décimo terceiro capítulo, as relações entre os motivos zoomorfos,
modos de produção e os assentamentos pré-históricos como meio de evidenciação
dos processos sociais e ideológicos pronunciados nas terras altas do deserto do
Atacama, Chile, onde o surgimento das primeiras comunidades pastoris está
associado a dois estilos rupestres que se diferenciam em relação à localização e
conteúdo formal.
No último capítulo, Jairo José Zocche e colegas apresentam uma interessante
abordagem sobre a evolução da paisagem dos Campos de Cima da Serra localizados
entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, evidenciando não só a

colombianas, particularmente das vacarias na determinação da cobertura vegetal

dos Campos de Cima da Serra e do serrano, o que enquadra perfeitamente a região


no rol de paisagens culturais do território brasileiro.
Ao disponibilizar esta coletânea de trabalhos ao público esperamos ter

renova a cada nova descoberta, inventa-se e reinventa-se continuamente. Esta é

concebidos de forma a provocar novas discussões.

Os Organizadores

9
10
RESULTANTES DO ESTUDO DA AVIFAUNA
DO PLISTOCÉNICO MÉDIO E SUPERIOR

COMPARAÇÃO COM OS AMBIENTES ATUAIS

Silvério Figueiredo1
Américo Rosa2

São conhecidas aves no registo fóssil de Portugal desde o Jurássico Médio. O


registo mais antigo é atribuído ao Kimmeridgiano. Trata-se de alguns dentes de cf.
Archaeopteryx sp., encontrados na Mina da Guimarota, em Leiria. Com a exceção
da descoberta, no Cabo Espichel, de um osso que provavelmente pertenceu a uma
ave do grupo das enantiornithes, não se conhecem mais restos de aves do Mesozoi-
co português. Apesar de se conhecerem mais alguns registos do que do Mesozoico,
a ocorrência de aves fósseis no Cenozóico, anteriores ao Plistocénico, continua
a ser escassa. Salvo os estudos efetuados por Telles Antunes, Mourer-Chauviré e
Harrison, pouco mais se tem feito, quer quanto ao material conhecido quer quanto
à investigação de campo. Conhecem-se apenas seis jazidas, uma do Eocénico e as
restantes do Miocénico: a Silveirinha (Eocénico), perto da Figueira da Foz, Amor,
perto de Leiria, Aveiras de Baixo, Olival da Susana e Quinta da Pedreira, em Lis-
boa e Penedo Norte, perto de Sesimbra. Mais pesquisas nas formações cenozóicas
poderão trazer novos dados para o conhecimento das aves fósseis de Portugal.
Para o Plistocénico já é conhecido um considerável número de restos e vestí-
gios de aves. Com a exceção da descoberta de trilhos de pegadas de aves limícolas

1
Instituto Politécnico de Tomar (CPGP); Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP); Laboratório
de Arqueozoologia e Paleontologia do IPT e CPGP(LAP.IPT-CPGP); Centro de Geociências – Universidade de
Coimbra (CG-UC); Núcleo de Investigação e Divulgação de Arqueologia e Paleontologia do CPGP (NIDAP.
CPGP).
2
Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP); Núcleo de Investigação e Divulgação de Arqueologia
e Paleontologia do CPGP (NIDAP.CPGP); Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Mestrando em
Biologia da Conservação).

37
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

na costa alentejana, os restantes vestígios de aves plistocénicas portuguesas aparece


em contexto arqueológico, ou seja, em conjunto com ocupações humanas de grutas,
durante o Paleolítico. Os estudos efetuados indiciam que a maior parte destes restos
se acumularam naturalmente e não por ação antrópica. As espécies encontradas
indicam o tipo de ambiente da zona onde foram encontrados os restos destas aves.

Localização das jazidas com restos de fósseis de avifauna do Mesozóico e do Cenozóico. A


vermelho: jazidas em contexto geológico; a verde: jazidas em contexto arqueológico.
1 – Silveirinha (E); 2 – Amor (M); 3 – Guimarota (JS); 4 – Aveiras de Baixo (M); 5 – Olival da Susana
(M); 6 – Quinta da Pedreira (M); 7 – Penedo Norte (M); 8 – Areias do Mastro (CI); 9 – Malhão (P);
10 Buraca Escura (P); 11 – Lapedo (P); 12 – Lapa do Picareiro (P); 13 – Gruta do Caldeirão (P); 14
– Lapa do Anecrial (P); 15 – Grutas do Almonda (P); 16 – Gruta da Casa da Moura (P); 17 – Gruta
da Furninha (P); 18 – Gruta das Fontainhas (P); 19 – Gruta da Columbeira (P); 20 – Lapa da Rainha
(P); 21 – Gruta de Salemas (P); 22 – Gruta do Pego do Diabo (P); 23 – Gruta da Figueira-Brava (P);
24 – Gruta do Escoural (P) [JS = Jurássico Superior; CI = Cretácico Inferior; E = Eocénico; M =
Miocénico P = Plistocénico].

Fonte: Figueiredo, 2013.

38
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

As jazidas com aves do Plistocénico português são, na sua maioria, da parte

dos restos de aves encontrados na Gruta da Furninha (Peniche), com cerca de 80


mil anos, e da Gruta das Galerias Pesadas, no Almonda, com cerca de 240 mil
anos (Plistocénico Médio). As pegadas de aves da Ilha do Pessegueiro, inseridas na
formação do Campo Dunar do Malhão, formada durante o Plistocénico Superior,
datam de entre cerca de 125 mil a 35 mil anos BP (NETO DE CARVALHO, 2011).
A maioria das jazidas enquadram-se num breve intervalo de tempo geoló-
-

associados. De realçar que a quase totalidade das jazidas, com exceção da Gruta da
Furninha e do nível Magdalenense da Gruta do Caldeirão, se encontra num período
de tempo entre os cerca de 30 000 e os 17 000 anos BP, o que reduz mais ainda os
limites temporais dos diferentes sítios com avifauna plistocénica, em Portugal.

. Relação entre a distribuição temporal de algumas das jazidas apresentadas neste trabalho
e a evolução da temperatura (segundo GAMBLE et al., 2006 e BRADLEY, 2005). GFP – Gruta da
Furninha; GNC – Gruta Nova da Columbeira; GPD – Gruta do Pego do Diabo; GCal – Gruta do
Caldeirão; GCM – Grurta da Casa da Moura; LRh – Lapa da Rainha; GFt – Gruta das Fontainhas;
GSal – Gruta das Salemas.

Fonte: Figueiredo, 2010.

39
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

São conhecidos cerca de 90 táxones de aves plistocénicas em Portugal. A


maioria das espécies da avifauna desse período ainda existe actualmente, à exceção
das espécies Pyrrhocorax graculus (gralha-de-bico-amarelo), Cygnus olor (cisne-
mudo), Mergus albellus (merganso-pequeno), Phasianus colchicus (faisão) e Per-
dix perdix (perdiz-cinzenta) que, apesar de ainda persistirem noutras regiões da
Europa, já estão extintas, no estado selvagem, em Portugal, e dos casos do Pingui-
nus impennis (arau-gigante, ou torda-gigante) e do Corvus antecorax (um corvídeo
antepassado do corvo), estes últimos já totalmente extintos. O estudo taxonómico

indica que a avifauna plistocénica portuguesa pouco difere da atual, quer no que
respeita à anatomia quer relativamente à taxonomia.
Relativamente a esta questão, se for comparando o registo fóssil de aves

espécies de aves já extintas em Portugal é maior que o das espécies de anfíbios


e répteis plistocénicos portugueses, dos quais apenas se conhece uma espécie de
tartaruga já extinta; as restantes mantiveram-se. Contudo, em comparação com os

mamíferos plistocénicos extintas que de espécies de aves.

Passeriformes (pássaros), em especial dos corvídeos; mas também ocorrem com


alguma frequência os Galliformes (perdizes, tetrazes, lagópodes, etc.), Anserifor-
mes (cisnes, gansos e patos), Columbiformes (pombos e rolas) e algumas espécies
carnívoras, como águias, falcões e rapinas noturnas.

Os dados apresentados neste capítulo resultam da análise da avifauna de um


total de 16 jazidas plistocénicas. Destas, nove resultam do estudo efetuado, pelo
primeiro autor, a uma amostra de 2079 restos osteológicos de aves de nove destas
jazidas3: Gruta Nova da Columbeira, Gruta das Salemas, Gruta das Fontainhas,

3
Numa destas jazidas, a Gruta do Caldeirão, o estudo dos restos de macrofauna foi realizado por Simon Davis
-
sos de avifauna (passeriformes), que estavam em conjunto com a microfauna. Estes dados foram utilizados para
complementar os estudos de Simon Davis.

40
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

Gruta da Furninha, Gruta do Pego do Diabo, Gruta da Casa da Moura, Gruta do


Caldeirão (parcial) e Lapa da Rainha (FIGUEIREDO, 2010). Os dados das outras
jazidas resultam da análise de trabalhos já publicados: Gruta da Figueira-Brava
(MOURER – CHAUVIRÉ; ANTUNES, 1999), Abrigo do Lagar Velho (MORE-
NO-GARCÍA; PIMENTA, 2002), Galerias Pesadas (MARKS et al., 2000, 2002),
Gruta do Escoural (DEVILLE, 1996), Lapa do Picareiro (BICHO et al., 2003), a
Gruta do Caldeirão (DAVIS, 2002) e Ilha do Pessegueiro (NETO DE CARVALHO,
2011).

A paleoecologia, termo proposto, em 1935, por O. Abel, estuda os ecossis-


temas do passado, ou seja, o conjunto das interações entre organismos do passado
e destes com o meio que os rodeava e as variações ambientais decorridas ao longo
dos tempos geológicos (DUTRA, 2000). Numa palavra, a paleoecologia estuda os
paleoecossistemas e tem como objetivo principal a reconstituição dos ambientes
físicos do passado geológico, bem como a relação dos organismos com o seu am-
biente. Para além disto, a paleoecologia tem desenvolvido outros estudos no âmbito

melhor os organismos fósseis e os ambientes deposicionais em que os seus restos


se inseriram. Os estudos paleoecológicos têm por base os conceitos utilizados em
ecologia. No entanto, obedecem a metodologias distintas, devido a vários fatores,
que resultam, por um lado, do facto de o registo fóssil corresponder, geralmente, à
preservação parcial de uma ou mais paleobiocenoses (MENDES, 1988) e, por ou-
tro, ao tempo envolvido nas reconstituições paleoecológicas (enquanto a ecologia
estuda fenómenos ocorridos em intervalos de tempo medidos em anos, a paleo-
ecologia estuda fenómenos que decorreram em intervalos de tempo medidos em
milhares ou milhões de anos).
As aves são, dentro do grupo dos vertebrados, bons indicadores paleo-
ambientais. Apesar de algumas espécies de aves tirarem proveito de vários tipos
de habitat, grande parte delas está associada a um determinado ambiente. Desta
forma, pode determinar-se um ambiente pela presença de uma ou mais espécies de

muito dilatada, e pode dar-se o caso, em teoria, de aparecerem vestígios de uma


espécie num ambiente estranho à mesma, o que pode ser explicado por uma morte
ou um desvio, durante uma viagem longa de migração.
Na reconstituição paleoambiental utilizada neste trabalho seguiu-se o méto-
do utilizado por António Sanches Marco (SANCHEZ-MARCO, 1996, 1999a): par-
tindo do princípio de que os representantes fósseis dos táxones vivos viveriam nos

41
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

mesmos biótopos. Assim, este estudo adotou os seguintes pressupostos: a) tanto


no passado como no presente, os biótopos de uma mesma espécie são os mesmos;
b) a probabilidade de encontrar uma espécie de ave no respetivo paleobiótopo é
a mesma que na atualidade (SANCHEZ-MARCO, 1996). Desta forma, se se en-
contrarem restos fósseis de uma espécie (sp1) que habita, na atualidade, num dado
biótopo (a), logo, o paleobiótopo (P) será o mesmo da ave a que pertenceram os
restos encontrados. Posto isto, a probabilidade da espécie sp1 ter vivido no pa-
leobiótopo (a) é igual a 1 e pode ser traduzida pela seguinte fórmula: P(sp1a) =
1 (SANCHEZ-MARCO, 1996, 1999a). Por outro lado, uma outra espécie (sp2),
que aparece em dois paleobiótopos, (a) e (b), estará enquadrada em ambos os pa-
leobiótopos e pode ser representada pela seguinte fórmula: P(sp1a) = P(sp2b) =
0,5 (SANCHEZ-MARCO, 1996, 1999a), como por exemplo o Turdus merula, que
vive em ambientes de charneca e de bosque. No entanto, não quer isto dizer que
existam os dois biótopos em simultâneo (SANCHEZ-MARCO, 1999a). Disso é
exemplo prático a Columba livia, que vive em escarpas marinhas e zonas rochosas.
No estudo agora efetuado foram encontrados restos na Gruta Nova da Columbeira
e na Gruta da Furninha, a primeira situada mais para o interior, no Bombarral, e a
segunda na costa de Peniche. Pela sua localização, estas duas jazidas apontam para
biótopos diferentes, logo o biótopo que indica a Columba livia na Gruta da Furni-
nha é o de escarpas marinhas, enquanto na Gruta Nova da Columbeira é o de zonas
rochosas. No entanto, foi, neste trabalho contabilizada a totalidade de ambientes de
todas as espécies encontradas, sendo destacadas, nos textos, as ocorrências descon-
textualizadas nas diferentes jazidas.
Os ecotipos são os conjuntos de espécies que têm probabilidades de aparecer
em cada biótipo (SANCHEZ-MARCO, 1999a). Por seu lado, os paleoecotipos são
-
babilidades de aparecer em cada paleobiótopo determinado pela ocorrência dessa
espécie. Por exemplo, o paleoecotipo de montanha de uma determinada jazida cor-
responde às espécies lá encontradas e que viveriam nesse mesmo ecotipo. Assim,
cada ecotipo (A) obtém um valor que é a soma das probabilidades de se encon-
trar no biótopo correspondente às espécies que aparecem (SANCHEZ-MARCO,
1999a). O valor do ecotipo é representado pela fórmula: A = P(sp1a) + P(sp2a) +
… + P(spNa) (SANCHEZ-MARCO, 1999a).
A atribuição paleoecológica no presente trabalho foi feita comparando a

táxones. Esta comparação foi feita utilizando os dados sobre os habitats das aves
atuais, apresentados por Nicolai et al. (1993), Harrison e Greensmith (1993) e Goo-
ders e Harris (1990).

42
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

Começamos por referir os dados paleoecológicos referente aos vestígios (ic-


nofósseis) de aves encontrados na Ilha do Pessegueiro (NETO DE CARVALHO,
2011), o único sítio com vestígios de aves plistocénicas em contexto geológico,
em Portugal. Trata-se de um conjunto de pegadas tridáctilas, de grande dimen-
são, formadas pelo dígito III, II e IV, por vezes organizadas em trilhos, num nível

entre 6 e 8 cm (impressão do digito III) e a passada 10 cm e foram atribuídas a aves


limícolas (provavelmente garças e cegonhas) (NETO DE CARVALHO, 2011). A
paleoecologia do local seria compatível com uma zona interdunar, de ambientes
costeiros, rica em invertebrados marinhos, característicos de ambientes mediolito-
rais a supralitorais, de elevado hidrodinamismo (NETO DE CARVALHO, 2011).
As restantes jazidas plistocénicas, localizadas em contexto arqueológico,
proporcionaram um conjunto de somatofósseis de aves, a partir dos quais foi possí-

género a grande parte do conjunto osteológico, o que permitiu ter acesso a dados
acerca dos habitats das aves plistocénicas portuguesas. Assim, pela análise global
da distribuição das espécies pelos seus habitats

3). A ocorrência deste último habitat poderá parecer estranha nas jazidas do inte-
rior; no entanto, pode ser explicada pela presença de espécies que ocorrem em vá-
rios habitats de litoral e de interior, ou aves que ocasionalmente ocupam diferentes
habitats, como é o caso das gaivotas que, sendo aves marinhas, por vezes aparecem
no interior. O habitat que ocorre em menos jazidas é o de lagos de água doce e
de zonas rochosas. Com a exceção da Gruta das Fontainhas, os habitats de zonas
-
resta aparece associado a espécies da Gruta do Pego do Diabo, mas não aparece na
Gruta das Salemas, o que é estranho, porque as duas jazidas estão relativamente
próximas. Este facto poderá ser explicado pelo pequeno número de restos de aves
encontrados nestas jazidas.

43
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

Diferentes ambientes, segundo a ocorrência das espécies pelos respectivos habitat, nas prin-
cipais jazidas com aves plistocénicas em Portugal. [Bos – bosques; CA – campo aberto; Zh – zonas
húmidas; LAD – lagos de água-doce; Mont – zonas de montanha; ZR – zonas rochosas; Flo – zona de

Fonte: Elaborada pelos autores.

aberto predominam em todas as jazidas, com a exceção da Gruta da Furninha e


da Gruta da Figueira-Brava, onde predominam as espécies de ambientes de zonas

restantes jazidas a ocorrência de espécies de zonas costeiras é residual ou pequena.


As espécies de ambientes de bosques aparecem em quase todas as jazidas, a seguir
aos de campo aberto, enquanto os restantes (zonas húmidas, lagos de água-doce,

e idênticos entre si.

respectivos habitats.

Fonte: Elaborada pelos autores.

44
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

Para a análise paleoclimática, foi criada uma grelha com os principais climas

segundo a metodologia atrás referida. Nesta análise, os dados foram separados se-
gundo as datações das jazidas (240Ka, 80Ka e 30 – 10Ka BP), pois estas idades
correspondem a estágios climáticos diferentes e a sua mistura poderia originar er-
ros. Foi também feita uma comparação entre estes dados e os climas das espécies

existe alguma variação entre os ambientes plistocénico e atual).

Grelha com os ambientes utilizados na análise paleoclimática.

Quente Temperado Frio


Húmido A B C
Seco D E F

Fonte: Elaborada pelos autores.

ocorrência de um maior número de espécies de climas temperados secos, seguida


de espécies de climas húmidos frios. A ocorrência de espécies típicas dos outros
climas é bastante baixa.

45
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

associados.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Fonte: Elaborada pelos autores.

46
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

a ocorrência de um maior número, de espécies de climas temperados secos. Ao


-
librado de espécies associadas a climas temperados húmidos e climas frios (secos e
húmidos). As espécies associadas a climas quentes são residuais.

-
ciados.

Fonte: Elaborada pelos autores.

47
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

Fonte: Elaborada pelos autores.

10Ka revela um predomínio de espécies de climas temperados (secos e húmidos),


seguido das de climas frios. O número de espécies de climas quentes, tal como nas
outras jazidas do Plistocénico, é residual. Neste caso, estes dados surpreendem um
pouco, porque este intervalo de tempo corresponde ao período da ultima glaciação,
pelo que seria de esperar um maior número de espécies associadas a climas mais
frios, tal como acontece com algumas espécies de mamíferos. Esta situação poderá
ser explicada por duas razões: uma maior tolerância a climas mais frios por parte
-
ritório português não ter sofrido uma glaciação tão rigorosa como outros locais da
Europa.

48
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

os ambientes a elas associados.

Fonte: Elaborada pelos autores.

49
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

Fonte: Elaborada pelos autores.

-
tugal, com um claro predomínio de espécies de climas temperados secos.

Fonte: Elaborada pelos autores.

50
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

Por comparação com as análises feitas para períodos anteriores, podemos

preciso, porém, olhar com bastantes reservas para essas diferenças, pois baseiam-se
em dados recolhidos de formas completamente diferentes, ambas compreendendo
erros consideráveis.
Nos primeiros casos, temos apenas a amostra baseada em restos fósseis en-
contrados, que pode estar muito longe de revelar a verdadeira abundância de aves
existente nas épocas referidas, quer por não terem sido simplesmente encontrados
mais fósseis, quer por a degradação dos restos não ser uniforme, variando de espé-
cie para espécie. Além disso, os restos originalmente existentes terão, em muitos
casos, sofrido a ação destrutiva da antropização do espaço, ao longo dos últimos
milénios, pelo que o seu número e as espécies encontradas estão fortemente depen-
dentes desse fator.
O segundo caso, a atualidade, baseia-se em dados recolhidos nos guias de
campo mais actuais (COSTA et al., 2011; SVENSSON et al., 2009) e em registos
observados para censos e inventários recentemente publicados, bem como na infor-

noticiários oritológicos e em «Aves de Portugal: Ornitologia do Território Conti-

variável de espécie para espécie, quer pelas limitações ao elevado esforço e custos

próximos da realidade que estejam, compreendem também eles erros, possíveis de


controlar, mas não de eliminar em absoluto.

muito curto de tempo. E embora as espécies consideradas para este estudo sejam
as mesmas, pelo que não se coloca o erro que introduziríamos ao considerar espé-
cies diferentes – e neste caso, foram consideradas na atualidade, todas as espécies
observadas nos registos fósseis, à exceção das extintas e das ausentes, i.e., das que
hoje não ocorrem no nosso território continental, salvo por um ou outro indivíduo,
acidental, perdido na sua rota de migração, introduzido pelo homem ou fugas de

de ano para ano na sua distribuição. Passemos a encarar alguns desses fatores:

no continente europeu, causando avanços e recuos das espécies, e dos próprios

51
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

biomas em geral, bem como o desaparecimento de algumas, que não consegui-


ram transpor as barreiras naturais – cordilheiras ou largas extensões de água, como
o Mediterrâneo. Assim, à medida que o clima arrefecia, as espécies encontravam
pontos de refúgio, em latitudes mais baixas e nas vertentes das montanhas viradas

Europa, são particularmente importantes três desses refúgios: as penínsulas Ibé-


rica, Itálica e Balcânica (MÉDAIL et al., 2009). Com o recuo dos gelos deu-se o

-
ciou as faunas locais no nosso território, quer pelo desaparecimento de algumas
espécies quer pelo aparecimento de outras, e também contribuiu para a especiação
de algumas, por afastamento das diversas populações da mesma espécie durante

uma avifauna diferente quer em espécies quer na distribuição dos habitats, do que
existira previamente.

dúvida, o ser humano, pela forma como colonizou os territórios e alterou os habitats
naturais, com o desenvolvimento da agricultura, da pastorícia e criação de centros
urbanos, em constante expansão. Estas práticas resultaram na destruição de habitats
e alimento, levando a uma redução dos efetivos populacionais e mesmo ao desa-
parecimento de algumas espécies. Porém, é necessário acrescentar que também
permitiram o aparecimento de novos habitats e alimento disponível para muitas

montado tradicional. Muitas espécies adaptaram-se, conseguindo assim sobreviver


e mesmo aumentar os seus efetivos. O maior problema adveio com a recente indus-
trialização e sobre-exploração dos recursos naturais e agricultura intensiva, elimi-
nando práticas sustentáveis, como a rotatividade dos solos agrícolas, ou – quando
não rentável – o abandono dos campos, deixando depauperados o alimento e o ha-
bitat das espécies que dependiam dos meios agrícolas. A expansão urbana tem sido
uma outra forma muito crítica de destruição de habitats, quer pelo espaço roubado,
de forma quase sempre desordenada, quer pelas estradas que rasgam territórios po-
pulacionais e são ainda fonte de uma considerável mortalidade de indivíduos, por
Bubo bubo). As
linhas elétricas aéreas têm-se revelado outra fonte de problemas, bem como par-
ques eólicos demasiado vastos. Acresce a isto ainda o uso de poluentes e pesticidas,
que envenenam alimentos e águas de quais as aves dependem.

se variações no clima europeu, com períodos mais quentes e mais frios, de forma
natural. Contudo, o recente e rápido aquecimento global do planeta, fruto das ações

52
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

antrópicas (poluição) tem conduzido a alterações climatéricas graves, com conse-

do ar, o aumento de radiações nocivas, períodos de seca intensa e irregular, chuvas


torrenciais mais abundantes, fora de época, causando a lixiviação de alguns solos e
a destruição de habitats, períodos de frio intenso, igualmente irregulares, causando
não só danos agrícolas, mas a alteração dos ritmos biológicos das espécies e a morte
de muitos indivíduos essenciais ao equilíbrio dos ecossistemas, e ainda resultam no
aumento da frequência de fenómenos de destruição severa como tornados e fogos
naturais. Tanto os primeiros como os segundos, sendo mais frequentes e severos
do que o habitual, causam uma destruição muito maior e deixam de permitir a
recuperação natural dos ecossistemas, levando assim ao seu desaparecimento ou
alteração, bem como das espécies que deles dependem.
– As popula-
ções não são idênticas, variando o efetivo populacional comum de espécie para es-
pécie. Algumas espécies adaptam-se melhor e mais rapidamente a novas condições
do que outras, pelo que as suas populações se tornam mais numerosas e/ou conspí-
cuas. Assim, as mais adaptáveis, ocorrerão em mais habitats e em mais épocas do
ano, ao passo que outras, mais raras ou mais difíceis de observar. Um exemplo de
adaptabilidade, motivado talvez também pelas alterações climáticas, pela traves-
sia do Sahara e pela caça desenfreada a sul deste, é a permanência crescente das
cegonhas-brancas (Ciconia ciconia), durante o Inverno, no Sul de Portugal.
Tendo em conta estes aspetos, é fácil compreender que as observações e

de tempo, sendo por isso natural uma diferença nos valores encontrados para os
períodos anteriores. Assim, conseguimos compreender que muitas espécies de cli-
mas frios, quer de habitats secos quer húmidos, ocorram em Portugal, não só no
Inverno, mas também em parte da Primavera e Outono (clima temperado), como

Outono, até porque as temperaturas nestas estações têm sido frequentemente mais
elevadas, tendo sido mesmo observados algumas alterações nas alturas da chegada
e da partida das aves migratórias. Além disso, entre as espécies aqui analisadas é
notória a ausência da quase totalidade dos passeriformes, muitos dos quais estão cá

Contudo, e porque a maioria destas aves são extremamente frágeis e de pequenas


dimensões, é muito natural que os registos fósseis das mesmas seja diminuto, já que
serão mais facilmente destruídos os seus restos. Dos passeriformes aqui registados,
há uma predominância quase absoluta dos maiores e mais resistentes: corvos, tor-
dos e pegas.

53
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

Ciconia ciconia, para

não só muito mais comum, mas representativa das adaptações e alterações recentes
-
vado nos guias mais recentes (COSTA, 2011; SVENSSON, 2009) e os consultados
na Internet, nos sites da IUCN Red List, Arkive, BirdLife, etc., procurando uma
corroboração conjunta, sendo que no caso particular da pega-azul-ibérica (Cyano-
pica cooki) há ainda algumas discordâncias e reticências entre entidades investiga-
doras em aceitá-la como uma espécie distinta da pega-azul eurasiática (Cyanopica
cyanus – antes dita Cyanopica cyana). Por essa razão, optou-se por considerar o
novo nome da espécie ibérica, mas não alterar o nome para os períodos anteriores,
pois os resto não revelam a certeza dessa especiação, nem há indícios de que ela
tivesse já ocorrido. De igual forma, em fontes diferentes, encontramos as designa-
ções Corvus corax antecorax e Corvus antecorax, considerando a extinção de uma
subespécie do corvo atual ou de uma espécie distinta deste.

que, com exceção das espécies associadas aos climas húmidos quentes, que apa-
recem em pequeno número quer no Plistocénico, quer na atualidade, os restantes
apresentam valores semelhantes, no que diz respeito às espécies de aves a eles
associadas, não se encontrando picos de ocorrência de espécies de aves associadas
a determinados climas, comparando com outros, como acontece com as espécies
de climas temperados húmidos e temperados quentes, há 30 – 10 Ka ou com os
temperados quentes, há 80 e 240 Ka.

Quadro com os valores do número de espécies e climas associados (Plistocénico - atua-


lidade).

Fonte: Elaborada pelos autores.

54
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

Fonte: Elaborada pelos autores.

Apesar de a totalidade dos restos osteológicos se encontrar em contexto ar-


queológico, a sua análise sugere que as acumulações, ou, pelo menos, a grande
maioria da acumulação dos restos de avifauna nas jazidas plistocénicas, são natu-
rais e não antrópicas, ou seja, de origem biótica, em que a mortalidade é de origem
interna aos próprios indivíduos (aves que frequentam grutas e que ali morreram)
ou externa aos indivíduos (aves transportadas e consumidas nas grutas por carnívo-
ros). Poucos restos terão origem antrópica. Assim, das espécies analisadas, distin-
guem-se dois grupos: o primeiro, constituído, por exemplo, pelos Anseriformes e
Galliformes, cujas espécies poderiam ser caçadas pelo homem ou por carnívoros, e
o segundo, constituído por grupos como o dos Passeriformes ou o dos Strigiformes,
que seriam animais que frequentavam as grutas, alguns dos quais por lá morreram.
Este segundo grupo é o que apresenta um maior número de restos e de indivíduos,
reforçando a ideia de que a maioria das aves plistocénicas encontradas em contexto
arqueológico não seriam caçadas pelas comunidades humanas.
As aves são animais que nos dão boas indicações paleoecológicas. No caso
-
pécies sugerem uma predominância de climas temperados e secos. No entanto, a
presença de espécies como Pinguinus impennis, Somateria mollissima, Melanitta
fusca, Cignus olor, Pluvialis squatarola, Lagopus lagopus, Lagopus muta e Alca
torda sugerem climas frios e húmidos, ao passo que espécies como Falco rusti-
colus, Pyrrhocorax Pyrrhocorax e Phyrrocorax graculus sugerem climas frios e
secos. Estas indicações paleoclimáticas são consistentes com os períodos de gla-
ciações que ocorreram durante o Plistocénico. No geral, as primeiras ocorrem ou
abundam em jazidas junto à costa, enquanto as segundas ocorrem ou abundam em

55
ARQUEOFAUNA E PAISAGEM

jazidas localizadas mais para o interior. Estas indicações paleoecológicas são, no


geral, consistentes com outros estudos feitos sobre faunas plistocénicas, como por
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