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Araujo
Guimarães
e
André
Vereta
Nahoum
FSL
0114
-‐
Introdução
à
Sociologia
USP,
02/2015
Foco
do
debate
de
hoje
1. Hoje
a
noção
de
corporeidade
será
trazida
para
o
centro
do
debate
2. Ponto
de
partida
para
tal?
Corpo
é
um
reservatório
(inesgotável)
do
imaginário
social
Decorrências..
1. A
sociedade
produz
permanentemente
representações
e
valores
sobre
o
corpo
2. O
corpo,
nesse
sentido,
pode
ser
pensado
como
uma
construção
social,
i.e.,
as
representações
sobre
o
corpo
expressam
as
características
da
sociedade
que
as
produz
3. Daí
porque,
segundo
Le
Breton,
uma
sociologia
do
corpo
volta-‐se
para
pensar
a
construção
social
do
corpo
4. É
nesse
sentido
que,
para
ele,
uma
sociologia
do
corpo
deve
ser
pensada
–
num
sentido
rigoroso
-‐
como
uma
sociologia
da
corporeidade.
Um
passo
anterior,
uma
discussão
permanente:
natureza/cultura
! O
que,
no
corpo
é
da
ordem
da
natureza/biológico
e
o
que
é
da
ordem
cultural/social?
! Uma
dicotomia
fundante:
! Produzida
pela
cultura
–
o
naturalismo
como
concepção
histórica
e
culturalmente
específica
! Organizadora
dos
saberes
sobre
o
corpo:
as
ciências
naturais
e
sociais
! Com
grande
eficácia
simbólica:
a
cultura
da
maternidade
e
o
“instinto
materno”
(eg.
o
bebê
abandonado)
Um
passo
anterior,
uma
discussão
permanente:
natureza/cultura
! O
naturalismo
e
seus
divisores:
! universalidade
da
natureza,
relatividade
da
cultura
! Ação
transformadora
da
cultura,
sobre
a
inércia
da
natureza
! Processos
fisiológicos
da
natureza,
intervenção
e
expressão
no
e
sobre
o
corpo
da
cultura
(valores,
representações
e
modificações)
Mas
as
abordagens
sobre
a
corporeidade
são
diferentes…
! A
sociobiologia:
“o
outro”
/
antagonista
da
sociologia
do
corpo
! Que
busca
reduzir
os
comportamentos
sociais
a
seus
fundamentos
biológicos
! Suposto
(inaceitável
para
a
sociologia
do
corpo):
de
que
as
interações
humanas
são
biologicamente
determinadas
(e
não
simbolicamente
constituídas)
! A
passagem
simples
dos
achados
sobre
comportamento
dos
animais
para
as
hipóteses
sobre
comportamento
dos
humanos
! Critica:
perda
do
sentido
de
agência/
atores/construtores
de
símbolos
no
curso
da
interação
(da
relação
com
o
outro)
Certos
contra-‐casos
desafiadores!
(1)
! As
diferenças
entre
sexos
(os
insights
da
antropologia
e
as
descobertas
no
contato
com
outras
culturas):
! As
definições
sociais
(qualidades
atribuídas,
status
assignado)
do
que
significa
ser
“homem”
e
do
que
significa
ser
“mulher”
! Para
além
do
pertencimento
biológico
(Pritchard/Nuer:
mulher
inferteis
são
homens)
! Relatividade
cultural
do
estatuto
dos
sexos
e
das
qualidades
atribuídas
aos
sexos:
Mead/antropologia
comparada
(Nova
Guiné/Arapesch/Chambuli)
escolhas
culturais
e
sociais
estao
em
jogo
! Os
“idiomas
rituais”
que
regem
as
relações
entre
os
sexos:
Goffman
e
a
ultraritualização
dos
estereótipos
na
publicidade
Goffman:
o
gênero
na
publicidade
Os
gestos
que
reforçam
a
expressão
ritual
dos
corpos
em
situações
entre
gêneros:
! Imagens
são
displays
que
oferecem
evidência
do
alinhamento
da
ator
na
situação
! Displays
de
gênero
referem-‐se
a
retratos
convencionalizados
dos
correlatos
de
gênero
! “…publicitários
não
criam
as
expressões
ritualizadas
que
utilizam;
eles
parecem
basear-‐se
no
mesmo
corpo
de
apresentações,
no
mesmo
idioma
ritual
que
é
o
recurso
de
todos
nós
que
participamos
em
situações
sociais
e
para
o
mesmo
fim:
tornar
uma
ação
presenciada
legível”
(Goffman,
Gender
Advertisements,
p.
84)
! Alguns
elementos
para
observar:
tamanho
relativo,
o
toque
(as
mãos),
a
hierarquia
das
funções,
a
forma
de
representar
a
família,
retirada
autorizada
de
cena…
Certos
contra-‐casos
desafiadores!
(2)
! Corpo
como
suporte
de
valores
:
! Hertz
/
a
assimetria
entre
as
mãos:
representações
e
valores
associados
a
partes
do
corpo
=>
produtores
de
assimetrias
que,
antes
que
biológicas,
são
produto
de
escolhas
socio-‐culturais.
! Douglas:
o
corpo
como
símbolo
da
sociedade,
as
representações
sobre
suas
partes
metaforizam
o
social
! Steiner
e
a
circulação
de
partes
do
corpo,
a
doação
de
órgãos
e
a
sua
mercantilização
! Elias
a
educação
do
corpo.
A
civilização
como
um
intenso
autocontrole
das
pulsões
e
necessidades
corporais
Certos
contra-‐casos
desafiadores!
(3)
! O
corpo
como
objeto
do
imaginário
racista
! Corpo
estrangeiro
como
corpo
estranho:
presença
do
outro
circunscrita
a
seu
corpo
! Corpo
como
território
a
partir
do
qual
se
infere
sobre
o
ator
seus
atributos
e
modos
de
relação
! O
corpo
“deficiente”
! A
ambivalência:
do
discurso
socialmente
correto
de
“um
como
os
outros”
à
marginalização
objetivamente
verificada
! A
deficiência
como
fonte
de
estigma,
avaliação
negativa
por
ferirem-‐se
as
etiquetas
de
uso
do
corpo
O
caso
de
Saartje
Baartman,
a
“Vênus
HoRentot”
! a
invenção
do
“selvagem”
“freak”
em
shows
de
circo,
teatro,
performances
de
cabaret,
feiras,
zoológicos
humanos,
modelos
de
vilas
e
feiras
coloniais
! Saartje:
a
Venus
de
Hottentot
(Khoikhoi,
Eastern
Cape,
África
do
Sul,
c.
1789-‐Paris,
1815)
! Bom
para
pensar:
! O
fascínio
e
o
desejo
pelo
Outro
! O
exagero
na
representação:
diferença
não
é
puramente
física
! O
papel
do
saber
especializado
na
produção
de
classes
de
corpos
e
atribuição
de
características
M.
Schpun
e
o
imaginário
da
sedução
e
exclusão
! Uma
fonte
inusual:
o
catálogo
de
uma
exposição
de
imagens
(caricaturas
e
ilustrações)
em
meios
impressos
brasileiros
! o
que
as
imagens
apresentadas
nos
ensinam
sobre
a
sedução
e
a
exclusão,
sobre
aquilo
que
atrai
e
aquilo
que
repugna
nos
corpos,
na
apresentação
física,
na
aparência?
! E
sobre
o
caráter
histórico,
sobre
as
transformações
de
critérios
que
nos
parecem,
de
tão
óbvios,
naturais,
mas
não
o
são
(mesmo
se
algumas
constantes
existem,
válidas
numa
longuíssima
duração)?
M.L.
Heilborn
–
Gênero,
corpo
e
sexualidade:
fronteiras
simbólicas
! Gênero
–
um
conceito
transgressor
! Que
surge
na
inseminação
recíproca
entre
academia
e
militancia
(intelectuais
e
feministas),
não
por
acaso
nos
anos
1970
! Afirmando
que
o
sexo
é
socialmente
construído
e,
para
tal,
o
conceito
de
gênero
precisa
ser
trazido
à
frente
da
análise
(vejam
a
similitude
com
o
movimento
que
vai
do
corpo
à
corporeidade)
! Se
a
diferença
sexual
é
socialmente
organizada,
uma
dimensão
social
se
faz
tão
relevante
quanto
a
biológica
! Machos
e
fêmeas
são
culturalmente
construídos/socialmente
modelados
como
homens
e
mulheres,
no
dominio
do
masculino
e
do
feminino
=>
Sinal
da
eficácia
da
modelagem
social
é
a
diversidade
nas
formas
socio-‐culturais
que
dela
resultam
(cada
sociedade
e
cultura
modela
de
um
modo
que
lhe
é
próprio)
! Sexualidade
como
construída:
Foucault
–
modernidade
e
associação
entre
conduta/orientação
sexual
e
tipos
de
pessoas
Portanto…
! O
corpo
como
um
objeto
e
meio
de
representações
e
valores
! Há
um
conjunto
de
representações
ligados
à
corporiedade
e
seus
atributos
que
organizam/classificam
formas
e
expressões
corporais
e
associam
valores
(e
valor)
a:
! marcadores
fisiológicos
da
diferença:
sexo,
gênero,
raça,
etnia…
(associam
a
atributos
imaginados
no
Outro,
expectativas)
! partes
do
corpo
(associam
a
funções:
sagradas/limpas/profanas/
sujas)
! Representações
construídas
e
disputadas:
corpo
como
espaço
de
ativismo
político
! Corpo
é
objeto
de
normas,
interditos,
de
uma
educação
! Corpo
como
um
meio
de
expressão
e
linguagem:
de
construção
cultural