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Novos cenários educacionais e a necessidade de conviver e trabalhar com as diferenças   2 
 

                           
             

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Novos cenários educacionais    

 
e  a  necessidade  de  conviver  e 
 

  trabalhar com as diferenças 
 

                           
             

Novos cenários educacionais e a necessidade de conviver e trabalhar com as diferenças   4 
 

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 

S855d Stieler, Pedro


Novos cenários educacionais e a necessidade de conviver e
trabalhar com as diferenças / Pedro Luiz Stieler. – Santo Ângelo:
Uníntese, 2017.
54 p.
16X23cm

ISBN 978-85-92924-03-4

1. Educação - Escola. 2. Educação Inclusiva. I. Título.

CDD – 371
CDU – 37.011

                           
             

Novos cenários educacionais e a necessidade de conviver e trabalhar com as diferenças   5 
 

NOVOS CENÁRIOS
EDUCACIONAIS
e a necessidade de conviver e
trabalhar com as diferenças

Pedro Stieler

                           
             

Novos cenários educacionais e a necessidade de conviver e trabalhar com as diferenças   6 
 

UNÍNTESE, 2017

Ivan Luiz Gollo


Capa

Equipe Uníntese
Diagramação

Maria Bernardete Bechler


Revisão

Reservados  todos  os  direitos  de  publicação 


 
desta obra à UNÍNTESE. 
   
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É proibida a reprodução desta publicação por 
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prévia da Editora. 
 

                           
             

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O Autor 
 

Pedro  Stieler,  é  professor  e  diretor  da  Uníntese  e  professor  da 


Universidade Tuiuti do Paraná. Foi professor de Educação Infantil, 
Ensino  Fundamental,  Educação  de  Jovens  e  Adultos,  atuando  em 
Escolas das redes municipal e estadual do estado do Rio Grande do 
Sul. É licenciado em dois cursos de Pedagogia, um com habilitação 
para sala de aula na docência da educação infantil, anos iniciais do 
ensino  fundamental,  educação  de  jovens  e  adultos  e  educação 
especial; e outro com habilitação para as funções de gestão escolar, 
administração, supervisão escolar e orientação educacional. Possui 
mestrado  em  Educação  nas  Ciências  e  cursa  doutorado  em 
Epistemologia e História da Ciência. 

                           
             

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Apresentação 

 
 

A  escola  em  que  o  aluno  ouvia,  copiava,  repetia,  o  professor 


transmitia,  respondia,  trazia  informações  e  a  aprendizagem 
consistia em memorizar conteúdos, é uma escola ultrapassada. 

Os desafios que se apresentam aos profissionais da educação, na 
contemporaneidade,  são  inúmeros.  No  entanto,  destaca‐se  a 
preocupação com a aprendizagem efetiva, principalmente, com os 
reflexos das Políticas Públicas Educacionais Inclusivas que tornam 
ainda mais evidente a heterogeneidade da escola, algo sabido, mas 
ainda tratada como se não a fosse. 

Um  escola  que  nega  as  difernças  dos  alunos  e  ignora  suas 
necessidades específicas de aprendizagem é uma escola destinada 
ao  “fracasso”.  E  o  fracasso  da  escola  é,  também,  um  fracasso  da 
sociedade.  No  entanto,  para  haver  mudanças  que  levem  a 
melhorias,  é  necessário  que  esse  fracasso  realmente  incomode  a 
escola,  que  incomode  essa  sociedade  e  sirva  como  um  motor 
propulsor capaz de movimentar não só políticas públicas, mas todas 
as  engrenagens  que  fazem  parte  da  estrutura  organizacional  da 
escola. 

                           
             

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O trabalho docente desenvolvido, especialmente, em atividades de 
formação  continuada  de  professores  fizeram  com  que  simples 
questionamentos,  nascidos  nas  discussões  com  grupos  de 
professores, dessem origem a esta escrita, a partir da necessidade 
de  se  registrar  alguns  dos  pontos  mais  comuns  aos  diferentes 
grupos de diversas regiões do País. 

                           
             

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Sumário 
Apresentação ........................................................................... 09 

Introdução ............................................................................... 13 

1|  O  desenho  de  novos  cenários  educacionais:  contextos 


externos ................................................................................... 15 
As ciências ......................................................................... 16 
A tecnologia ...................................................................... 17 
Crescimento econômico e desenvolvimento social ........... 17 
A espiritualidade ............................................................... 19  
A família moderna ............................................................. 20 
O problema da ética .......................................................... 21 
Violência, drogas e valores humanos ................................ 22 
A comprovação da baixa qualidade do ensino ................... 23 
A educação especial na perspectiva inclusiva .................... 24 

2  |  O  desenho  de  novos  cenários  educaiconais:  o  desafio  do 


conhecimento .......................................................................... 27 
Informação & conhecimento ............................................ 30 
A organização dos saberes: a grade curricular ................... 34 
A função docente .............................................................. 37 

3 | O desenho de novos cenários educacionais: as diferenças ..41 
O ensino, a aprendizagem e as diferenças ......................... 47 

Considerações finais ................................................................. 51 

Referências .............................................................................. 53 

                           
             

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Introdução 
 

Não  queremos  fundar  uma  escola,  uma  seita,  uma  família 


espiritual. Sem berço, sem redil, sem mestres nem discípulos. 
Nós permanecemos um grupo de companheiros, livres para nos 
criticarmos mutuamente. (MORIN, in_PENA‐VEGA, et al, 2001, p. 55) 

Indiscutivelmente  vivemos  momentos  de  grandes 


transformações.  Assim,  chegamos  nas  primeiras  décadas  deste 
novo século com uma história marcada por avançose retrocessos 
políticos, sociais, econômicos, culturais, científicos e educacionais 
desenhando  diante  de  nós,  novos  cenários.  Apresentamos  as 
configurações destes cenários apontando algumas mudanças que 
vivenciamos nas mais diferentes áreas do conhecimento, desde a 
saúde  à  educação,  com  destaque  para  a  área  tecnológica.  Essas 
transformações  repercutem  no  campo  educacional  exigindo 
posturas e respostas por parte da escola. 

No  entanto,  sabemos  que  a  escola,  como  instituição  de 


educação  formal,  muitas  vezes  tem  se  mostrado  alheia  às 

                           
             

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mudanças  que  ocorrem.  Ao  utilizarmos  a  expressão  “novos 


cenários”  queremos  chamar  a  atenção  para  algumas  dessas 
transformações,  relevantes  para  a  educação,  através  de 
questionamentos  que  contribuam  para  uma  reflexão  sobre  o 
quanto a educação precisa de novos olhares e o quanto a  escola 
precisa estar atenta às mudanças que acontecem ao seu redor. 

Assim, cabe‐nos refletir sobre o quanto a escola deseja ou não 
inserir‐se nestas discussões. Isto exigiria da escola novas atitudes, 
incluindo  novos  entendimentos  sobre  suas  funções  sociais.  No 
entanto, é certo que os novos cenários desencadeiam necessidades 
urgentes de reorganização escolar, contemplando o convívio com 
as  diferenças  e  os  desafios  de  promover  as  aprendizagens, 
tornando a educação realmente inclusiva e de qualidade. 

Desta  forma,  para  o  desenho  desses  novos  cenários 


educacionais, reunimos algumas dessas questões em três  “eixos” 
principais:  

 Contextos externos que repercutem no cenário escolar; 
 O desafio de trabalhar com o conhecimento; 
 A necessidade de conviver e trabalhar com as diferenças. 

                           
             

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1 |  O desenho de novos cenários educacionais:
 
contextos externos 
 
 
 
 
 
Não temos resposta para tudo. Mas levantamos questões sobre 
tudo (MORIN, in_PENA‐VEGA, et al, 2001, p. 55). 
 
 

O  homem  vem  presenciando,  nos  últimos  anos, 


acontecimentos  que  influenciam  inúmeras  mudanças  ‐  sejam  de 
caráter  científico,  espiritual,  social  e  político  ‐  que  tendem  a 
impulsionar  o  progresso  e  se  configuram  como  contextos  sociais 
externos à escola. Chamamos de “externos” à escola por referirem‐
se  à  questões  intimamente  ligadas  à  educação,  no  entanto, 
perpassam, estão além dela. Falamos das ciências, das tecnologias, 
do  crescimento  econômico  e  desenvolvimento  social,  da 
espiritualidade, da composição e do conceito de família moderna, 
do problema da ética, violência, drogas e dos valores humanos. 

São contextos que se intensificam cada vez mais e tendem a 
repercutir mais fortemente na educação e no trabalho pedagógico 
da escola, que, aliados à constatação de problemas específicos que 

                           
             

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a  educação  enfrenta,  como  a  baixa  qualidade  do  ensino  e  as 


políticas  da  educação  inclusiva,  contribuem  para  o  desenho  de 
novos cenários educacionais, exigindo novas práticas. 

As ciências 

Vivemos momentos de progresso nas ciências que há pouco 
não  ousaríamos  imaginar,  à  exemplo  da  medicina  onde 
experiências  divulgadas  recentemente  tem  mostrado  que  é 
possível produzir sangue, a partir de um pedaço minúsculo de pele. 
A  astronomia  também  tem  avançado  muito,  nos  mostrando  a 
existência  de  bilhões  de  outras  galáxias,  outros  planetas 
potencialmente  habitáveis  por  seres  humanos,  outros  bilhões  de 
sóis.  Talvez  caminhamos  para  descobrir  outras  formas  de  vida  e 
outros tipos de seres no universo, diferentes, ou não, das formas 
que conhecemos. Racionalmente, não é mais possível pensarmos 
que  neste  universo,  do  qual  pouco  ou  quase  nada  sabemos,  só 
exista vida no nosso “pequeno” planeta. Que tudo ao nosso redor 
– o que enxergamos e o que não enxergamos – tem sua existência 
condicionada  à  nós,  “homens”.  Obviamente,  não  se  trata  de 
nenhuma  afirmativa  sobre  a  existência  de  vida  alienígena,  mas 
simples questionamentos que nos fazemos num momento em que 
começamos a entender que tudo o que existe tem uma razão de ser 
e serve à algum propósito. 

Da  mesma  forma,  assim  como  nas  demais  áreas,  como  a 


física,  a  química,  a  biologia,  muito  têm  sido  descoberto  e 
contribuído com novos conhecimentos.  Destacamos, na ecologia, 
a importância dos ecossistemas para o equilíbrio do nosso planeta 
e  questionamos:  o  que  temos  feito  para  conservar  e  viver  em 

                           
             

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harmonia com nosso ambiente? Como a escola poderá entendê‐lo 
em  sua  complexidade  e  responder,  com  maturidade,  a  estas 
questões, de grande importância? 

A Tecnologia 

Cada  vez  mais  junto  conosco  e  presente  ao  nosso  redor, 


desde o sabonete e o shampoo que usamos, a escova de dente, as 
roupas, calçados, alimentos, remédios e equipamentos: já somos, 
sem perceber, mais tecnológicos do que nunca ‐ e seremos ainda 
mais.  Com  os  avanços  científicos  e  o  desenvolvimento  da 
tecnologia,  seremos  capazes  de  “ter”  e  de  “fazer”  coisas  que,  há 
pouco, sequer imaginaríamos; a exemplo dos telefones móveis ou 
mesmo  das  novas  gerações  de  geladeiras,  que  farão  nossas 
compras  de  supermercado,  cuidarão  de  nossas  agendas  e  ainda 
enviarão flores para nossos amigos em seus aniversários. 

Diante  deste  cenário:  como  será  a  escola  do  futuro?  Que 


tecnologias ela utilizará? Conseguirá ignorá‐las? 

Como a escola irá contribuir com o pensamento científico e o 
desenvolvimento das novas tecnologias? 

Crescimento econômico e desenvolvimento social 

As últimas décadas, caracterizadas pela ruptura de fronteiras, 
marcando  a  circulação  e  expansão  do  capital  mundial,  define  o 

                           
             

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cenário  da  globalização,  em  que  organismos  supranacionais 


controlam mercados e, consequentemente, interferem na vida das 
nações. 

Novos  cenários  também  se  configuram  em  termos  sociais. 


Podemos  citar  mudanças  econômicas  na  última  década,  a  nível 
mundial e local, muitas intensificadas com a defloração das crises 
de 2008 e 2011. Assistimos ao rápido crescimento da China e seu 
alcance  à  liderança  mundial,  como  segunda  maior  economia  do 
mundo,  assim  como  algumas  retrações  na  economia  dos  Estados 
Unidos. 

No Brasil, vivenciamos um forte crescimento econômico que 
o  tornou  uma  das  sete  maiores  economias  do  mundo  e  um  dos 
poucos  países  com  boas  expectativas  de  desenvolvimento  diante 
da crise mundial. Milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza 
e  ascenderam  a  um  patamar  com  melhores  condições  de  vida. 
Condições estas muito provavelmente ameaçadas com a posterior 
crise  política  e  econômica  na  qual  o  País  mergulhou  a  partir  de 
2014.  Muito  embora  não  se  possa  mensurar  todas  as 
consequências da crise, por ora, basta mencionar que, ao final de 
2016, o País somava 12 milhões de desempregados. 

No entanto, há sempre que se analisar com discernimento e 
agir com otimismo, o que nos leva a apostar em uma recuperação 
a  curto  e  médio  prazo.  Este  cenário  está  sendo  projetado  com  a 
visão de um não economista, mas que não ignora a realidade, ainda 
indigna, em que vivem muitos milhões de brasileiros e os problemas 
que  precisamos  enfrentar  em  termos  de  desenvolvimento 
econômico e social. 

Como  a  escola  compreende  o  desenvolvimento  social?  Qual 


seu papel? Como e com que poderá contribuir? 

                           
             

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A espiritualidade 

Vivemos  um  tempo  marcado  por  mudanças,  por  buscar  de 


satisfação imediata de vontades e desejos. Um tempo de relações 
frágeis,  descartáveis.  Um  tempo  de  conexão,  de  informação 
midiática,  de  exposição  indiviual.  Em  contraposição,  vivemos  um 
tempo de angústia, de busca por um propósito de vida. 

A  cada  dia novas  seitas,  religiões,  templos  e  igrejas  surgem 


“uma  a  cada  esquina”,  popularmente  falando.  Sem  abordar 
nenhum teor religioso ou doutrinário, sem tampouco fazer críticas, 
usamos  este  exemplo  para  iniciar  uma  reflexão  sobre  fatos  que 
demostram  o  quanto  as  pessoas  têm  buscado  “encontrar‐se”  na 
espiritualidade.  Talvez  por  um  desejo  consciente  ou  inconsciente 
de buscar explicações, conforto ou forças para superar problemas 
e situações difíceis do dia a dia. Há uma busca por algo que não se 
sabe  exatamente  “o  quê”  e  o  “porquê”.  Talvez  a  busca  por  um 
encontro do homem com ele mesmo para melhor compreender‐se, 
para harmonizar‐se consigo, com os outros e com o universo. Uma 
busca  por  paz,  amor,  bondade  ou  ainda  para  sentir‐se  parte 
integrante de um “todo” que se interconecta e interrelaciona com 
tudo  o  que  existe.  Uma  busca  por  algo  mais  “divino", 
transcendente,  para  exercitar  a  fé  e,  através  dela,  acreditar  em 
sentimentos  mais  elevados,  melhorar  a  autoconfiança,  acreditar 
mais em seus potenciais, em suas capacidades, sentir‐se mais forte. 

Por estes ou outros motivos, o fato indiscutível é que mais e 
mais pessoas estão buscando – desta ou daquela forma, através de 
uma religião ou não – harmonizar‐se e entender‐se, pois percebem‐
se  como  seres  cada  vez  mais  complexos  e  que  existem  outras 
dimensões  que  integram  esta  complexidade  do  ser  humano,  ou 
seja, que há um lado espiritual que faz parte deste “todo”  e que 

                           
             

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completa  a  existência  humana,  assim  como  há  vários  outros 


“lados”: o social, o emocional, o profissional. 

Apesar  de  a  escola  saber  que  precisa  trabalhar  para  o 


desenvolvimento  integral  do  ser  humano,  como  entende  esse 
processo e como o desenvolve? O que compõe esta integralidade do 
homem? 

A família moderna 

A  família  moderna  traz  consigo  a  necessidade  de 


repensarmos nossos próprios conceitos e preconceitos. É comum 
ouvirmos,  especialmente  no  ambiente  escolar,  que  as  famílias 
estão desestruturadas, sem valores e sem responsabilidades para 
com  a  educação  de  seus  filhos.  Muitas  vezes  ouvimos,  também, 
esta  afirmativa  como  explicação  para  fatores  como  indisciplina, 
falta de limites, violência e até para o baixo rendimento escolar. 

Verdade  ou  não,  decorre  daí  refletirmos  sobre  a  estrutura 


familiar  que  chamamos  de  contemporânea,  constituída  de 
diferentes formas, baseadas em valores e necessidades que foram 
se  modificando  ao  longo  do  tempo.  Internalizamos  um  único 
conceito  de  família,  constituída  obrigatoriamente  de  pai,  mãe  e 
filho(s),  onde  o  modelo  masculino  e  feminino  exerciam  papéis 
claros na formação do casal, sem os quais não se constituía uma 
família. 

Para  a  psiquiatra  Nicoletti  (2009),  passamos  por  uma 


transição onde a heterossexualidade como meio de subjetivação e 
introjeção  do  masculino  e  feminino  se  encontra  em  substituição 
pela noção de gênero. A compreensão do conceito de gênero se faz 

                           
             

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determinante  na  superação  do  entendimento  da  sexualidade 


humana, até então entendida a partir do sexo biológico. Aliado a 
isso,  precisamos  entender  quais  contextos  vivem,  além  da 
formação familiar e por quais necessidades passam os integrantes 
desse  núcleo  familiar.  Talvez  contribua  para  uma  compreensão 
mais clara de como pensam, porque agem e reagem de tal forma 
diante de determinadas situações. 

Quais aspectos apontados nos discursos realmente impactam 
na escola? 

O problema da ética 

Para  muitos,  o  tema  da  ética  é  assunto  esgotado,  não 


apresentando nada novo ao discurso. No entanto, entendemos que 
a ética ‐ no caso, a falta dela ‐ é um grave problema que afeta nossa 
sociedade e que nos afeta. Há uma necessidade cada vez maior de 
estudarmos o assunto para melhor entendê‐lo e aplicá‐lo em nosso 
dia a dia. 

La Taille (2011) diz que a ética tem um sentido mais global e 
não o sentido tradicional, voltado somente para o bem e para o mal. 
São  práticas  introjetadas,  costumes,  não  “nascem”  no  DNA  de 
ninguém. As influências sociais são essenciais nesta formação ética 
e  moral,  e,  para  a  criança,  essas  influências  vêm  da  família  e  da 
escola. Ele chama a atenção para que tenhamos em mente que as 
crianças são extremamente observadoras, e que o comportamento 
dos  pais  torna‐se  essencial  porque,  desde  pequenos,  os  filhos 
percebem as contradições entre o discurso dos pais e sua prática. 

                           
             

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Eles  notam  as  contradições  éticas  e  constroem  a  partir  dessas 


vivências, suas concepções, seus próprios costumes, suas atitudes. 

Da  mesma  forma,  cabe  questionar:  como  os  estudantes 


percebem as atitudes dos professores e como as compreendem, ao 
analisá‐las  diante  de  seus  discursos?  Os  professores,  na 
coletividade,  estão  conscientes  da  importância  de  se  educar  pelo 
exemplo? 

Violência, Drogas e Valores Humanos 

Houve um tempo em que a música e as artes faziam parte do 
contexto  escolar  e  os  efeitos  trabalho  que  produziam  para  o 
desenvolvimento do estudante percebia‐se no seu emocional, nas 
suas relações, sua criatividade, inteligência e sensiblidade. 

Acompanhamos  o  declínio  destas  áreas  consideradas  mais 


“humanas” na organização escolar, seja por concepções tecnicistas 
ou mesmo pelo empobrecimento e desgaste, ocasionado pela falta 
de  professores  especializados  na  área  (qualificados  e  também 
artistas), com conhecimentos e metodologia apropriadas. 

Ao  mesmo  tempo  assistimos  a  um  crescente  desgaste  nas 


relações,  aumento  do  individualismo,  um  menosprezo  da  pessoa 
por si mesma e pelos outros, crises de ansiedade, de identidade, 
stress e poder. Conflitos e violências das mais diferentes formas e 
em  todos  os  níveis  sociais.  Na  rua,  em  casa,  na  escola.  Contra 
desconhecidos,  contra  amigos,  contra  pais,  contra  filhos,  contra 
professores. 

                           
             

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Seja pelo aumento real da violência ou pela sensação de que 
ela  tenha  aumentado  –  até  porque  temos  acesso,  hoje,  a  muitos 
meios de comunicação que tendem a destacar o comportamento 
violento  como  recurso  de  audiência,  ou  ainda  porque  temos 
conquistado  mais  direitos  e  meios  de  proteção  e,  assim, 
denunciamos mais – o fato é que estamos banalizando a violência, 
assim  como  as  drogas,  tratando  de  torná‐las  coisas  comuns  ao 
nosso cotidiano. Sabemos de nossa história primitiva e o quanto já 
fomos bárbaros. Não podemos nos acostumar à ela. 

Quais  valores  humanos  cultivamos  e  defendemos?  Que 


valores  temos  em  nossa  sociedade?  Que  valores  praticamos  em 
nossas casas e na escola? Desenvolvemos um trabalho pedagógico 
voltado aos valores humanos? Estamos tendo uma percepção clara 
e madura sobre essas problemáticas? 

A comprovação da baixa qualidade do ensino 

O  Brasil,  de  colônia  à  república,  sempre  figurou  entre  as 


nações subdesenvolvidas e entre aquelas que nunca priorizaram a 
educação. Consequentemente, a qualidade do ensino é baixa. 

Com  o  crescimento  econômico  do  País  e  o  aumento  dos 


investimentos em educação, aplicados na última década (mas ainda 
insuficientes),  trazem  para  o  nosso  discurso  e  reflete  nosso 
“desejo”  enquanto  nação,  uma  grande  expectativa  de 
melhoramento. 

Ocorre que, se avançamos, foi muito pouco. Uma avaliação 
recente realizada com uma amostragem de 6 mil alunos do 3º ano 
do ensino fundamental (de escolas públicas e privadas de todas as 

                           
             

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regiões  do  Brasil),  pela  ONG  “Todos  Pela  Educação”  juntamente 


com o “Ibope”, “Fundação Cesgranrio” e o“Inep” do Ministério da 
Educação,  trouxe  à  tona  o  quanto  nossa  educação  ainda  é  ruim. 
Trata‐se  da  “Prova  ABC”  para  verificação  da  qualidade  da 
alfabetização  ao  final  do  3º  ano,  medindo  as  competências  de 
leitura,  escrita  e  matemática.  Os  resultados  mostraram  que  44% 
dos alunos estão abaixo do esperado na leitura; 46,6% estão abaixo 
do  esperado  na  escrita;  57,2%  estão  abaixo  do  esperado  na 
matemática  (GONZATTO,  2011).  Os  números  são  alarmantes  e 
comprovam o quanto temos que avançar para atingirmos os níveis 
de qualidade exigidos. 

O  que  a  escola  entende  por  qualidade?  Como  tem  se 


preparado para melhorar seu desempenho? Como o professor, em 
sala de aula, contribui para o sucesso ou fracasso do ensino? 

A educação especial na perspectiva inclusiva 

Avanços  nos  entendimentos  sobre  direitos  humanos  têm 


colocado a educação no rol dos direitos fundamentais. A conquista 
de direitos das pessoas com deficiência, os movimentos mundiais 
para  educação  de  todos  e  para  eliminação  da  discriminação  em 
favor  da  igualdade  e  respeito  às  diferenças,  contribuiram  para  a 
definição das novas políticas públicas de educação no país. 

Acordos  internacionais  dos  quais  o  Brasil  é  signatário,  a 


Política  Nacional  da  Educação  Especial  na  perspectiva  inclusiva, 
legislações  específicas,  pressupostos  teóricos  e  pedagógicos  da 
educação  inclusiva  e  o  novo  Plano  Nacional  de  Educação 
convergem  para  o  mesmo  ponto:  o  direito  ao  acesso  e  a 

                           
             

Novos cenários educacionais e a necessidade de conviver e trabalhar com as diferenças   25 
 

obrigatoriedade de matrícula dos alunos da educação especial no 
ensino regular. 

Pedagogicamente,  os  impactos  são  grandes  porque  exigem 


da escola uma reorganização para atender esses alunos, até então 
relegados, em sua grande maioria, às classes especiais e instituições 
especializadas.  Não  basta  inserir  pressupostos  inclusivos  em  seus 
projetos pedagógicos, fazer rampas, oferecer o AEE – atendimento 
educacional especializado. É necessário incluí‐los no sentido global 
do termo e para isso, terão que aprender e com qualidade. 

Como a escola se organiza e se qualifica para atender esses 
alunos?  Como  o  professor  do  AEE  atua?  O  quê  e  como  faz,  o 
professor da sala de aula comum, diante deste aluno, para garantir 
sua aprendizagem?  

Esse primeiro “eixo” – contextos externos que repercutem no 
cenário  escolar  –  envolveu  especificamente  este  conjunto  de 
reflexões,  com  questionamentos  para  o  embasamento  de 
discussões  que  não  se  esgotam  aqui,  muito  necessárias  no 
momento pelo qual passa a educação. No entanto, não são apenas 
estas  questões  que  compõem  o  cenário  escolar  contemporâneo. 
Muitas outras estão interferindo, exigindo tanto da escola quanto 
dos profissionais maior atenção e qualificação para lidar com elas. 

                           
             

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