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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

AVALIAÇÃO PRÉVIA DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA


PARA IMPLANTAÇÃO DE AHE (APROVEITAMENTO
HIDRELÉTRICO)

CURITIBA

2012
GUILHERME JOSE DALZOTTO

AVALIAÇÃO PRÉVIA DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA


PARA IMPLANTAÇÃO DE AHE (APROVEITAMENTO
HIDRELÉTRICO)

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito parcial à obtenção do grau de
Graduado em Engenharia Elétrica,
Departamento de Engenharia Elétrica, Setor
de Tecnologia, Universidade Federal do
Paraná.

Orientadora:

Prof.a Dr.a Thelma Solange Piazza Fernandes

CURITIBA

2012
RESUMO

O país é um dos maiores produtores de energia hidro-elétrica do mundo.


Contudo, esse modelo de geração hidráulica está mudando devido a vários fatores
ambientais, econômicos e outros.

Devido a estes fatores, a legislação em relação ao setor elétrico, está


incentivando o aproveitamento de pequenas fontes de geração de energia elétrica,
que podem ser a solução para o rápido abastecimento das cidades, com liberações
ambientais mais ágeis, custos reduzidos e menores tempos para suas implantações.

Dentre os diversos tipos de pequenos aproveitamentos hidro-elétricos (micro


centrais hidrelétricas, mini centrais hidrelétricas e pequenas centrais hidrelétricas),
este trabalho foca nas mini centrais hidrelétricas, tendo como objetivo a
apresentação das principais obras civis e os principais componentes
eletromecânicos para a construção de uma mini-usina no Rio das Pedras, região de
Guarapuava.

Palavras-chave: Mini Central Hidrelétrica, Viabilidade, Energia Elétrica.


SUBJECTS

The country is one of the largest hydroelectric Power producer in the world.
However, this model of hydraulic generation is changing due to various
environmental, economic and other.

Due to these factors, the legislation in relation to the electricity sector, is


encouraging the use of small sources of electricity generation, which may be the
solution for the rapid supply of cities, with environmental releases more agile,
reduced costs and shorter times for their deployments.

Among the various types of small hydroelectric developments (micro


hydropower plants, mini hydro and small hydro), this work focuses on minis
hydroelectric plants, having as main objective the presentation of the main civil works
and electromechanical components for the construction of a mini-mill in Rio das
Pedras, Guarapuava region.

Keywords: Mini hydropower plant, Feasibility, Energy.


Dedico este trabalho aos meus familiares que sempre estiveram presentes,
apoiaram e acreditaram no meu sucesso
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me escolhido, orientado e por


ter me dado força e sabedoria para esta caminhada.

Aos meus pais Jose Antônio Dalzotto e Daise Maritza Martins Dalzotto,
pela dedicação e cuidado, valores e exemplos que mostraram em toda a
minha existência.

À minha irmã Danielle que com sua paciência e apoio esteve ao meu lado
todo este tempo.

Ao meu grande amor Gabriela que apesar da distância esteve presente


nos principais momentos.

A todos os amigos que eu conquistei durante esta jornada e que sempre


estiveram juntos.

Agradeço à minha orientadora Profª Drª. Thelma por todo o tempo


dedicado em me ajudar.

Ao Sr. Eng. Carlos Witchmichen Iurk por sua pronta colaboração e


incentivo na conclusão deste trabalho.
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRANGEL Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa

AHE Aproveitamento Hidroelétrico

ANA Agência Nacional de Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BEN Balanço Energético Nacional

BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CERPCH Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais


Hidrelétricas

CIGRÉ International Council on Large Eletric Systems

CNAEE Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica

COD Centro de Operação da COPEL

COPEL Companhia Paranaense de Energia

DNAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

EPE Empresa de Pesquisa Energética


GCH Grande Central Hidrelétrica

GD Geração Distribuída

GLP Gás Liquefeito Pressurizado

IAP Instituto Ambiental do Paraná

INEE Instituto Nacional de Eficiência Energética

µCH Micro Central Hidrelétrica

mCH Mini Central Hidrelétricas

MCH Média Central Hidrelétrica

MME Ministério de Minas e Energia

MRE Contabilização do Mecanismo de Realocação de Energia

NTC Normas Técnicas Copel

PCH Pequena Central Hidrelétrica

SAC Sistema de Amortização Constante

SIN Sistema Interligado Nacional

SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos

SUDHERSA Superintendência de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos


e Saneamento Ambiental

TMA Taxa Mínima de Atratividade

TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

VPL Valor Presente Líquido


LISTA DE TABELAS

Tabela 4-1: Classificação de Centrais Hidrelétricas. Fonte: (CERPCH) ................... 12


Tabela 4-2: Velocidade de rotação em função do número de pares de pólos. ......... 39
Tabela 6-1: Dados sobre o posto fluviométrico. ........................................................ 42
Tabela 6-2: Vazões médias mensais (m3/s) de 1989 à 1994. Fonte: (ANA). ............ 43
Tabela 6-3: Vazões médias mensais (m3/s) de 1995 à 2000. Fonte: (ANA). ............ 43
Tabela 6-4: Vazões médias mensais (m3/s) de 2001 à 2005. Fonte: (ANA). ............ 44
Tabela 6-5: Vazões médias mensais (m3/s) de 2006 à 2010. Fonte: (ANA). ............ 44
Tabela 6-6: Valores da curva de permanência. ......................................................... 49
Tabela 7-1: Cálculo da energia gerada para a mini central hidrelétrica. ................... 56
Tabela 7-2: Cálculo da nova energia gerada na mini central hidrelétrica. ................. 57
Tabela 8-1: Resumo da turbina hidráulica. ................................................................ 62
Tabela 8-2: Resumo do gerador................................................................................ 65
Tabela 8-3: Resumo do transformador de potência. ................................................. 67
Tabela 9-1: Níveis de Tensão Eficaz em regime permanente. Fonte: (COPEL, 2010).
.................................................................................................................................. 72
Tabela 9-2: Tipos de conexões permitidas em função da potência de geração. Fonte:
(COPEL, 2010). ......................................................................................................... 74
Tabela 10-1: Custo percentuais médios para mini usina hidrelétrica. Fonte: (MME,
2008) ......................................................................................................................... 81
Tabela 10-2: Custo de implantação da mini usina hidrelétrica. ................................. 83
Tabela I-1: Demonstração de Resultados. ................................................................ 93
Tabela I-2: Demonstração de Resultados (continuação). ......................................... 94
Tabela II-1: Demonstração de Resultados. ............................................................... 95
Tabela II-2: Demonstração de Resultados (continuação). ........................................ 96
Tabela III-1: Demonstração de Resultados. .............................................................. 97
Tabela III-2: Demonstração de Resultados (continuação). ....................................... 98
LISTA DE FIGURAS

Figura 4-1: Oferta interna de Energia Elétrica por fonte - 2010. Fonte: (MME, 2011).
.................................................................................................................................. 10
Figura 4-2: Barragem de Concreto. Fonte: (ELETROBRAS). .................................. 14
Figura 4-3: Barragem Hoover. Fonte: (Engenharia Civil). ......................................... 15
Figura 4-4: Barragem Itaipu. Fonte: (Engenharia e Construção)............................... 16
Figura 4-5: Barragem de Terra. Fonte; (ELETROBRAS). ......................................... 18
Figura 4-6: Barragem de Enrocamento. Fonte: (ELETROBRAS).............................. 19
Figura 4-7: Vertedouro com extravasamento lateral. Fonte: (MME, 1985). ............... 20
Figura 4-8: Corte A-A da Figura 4-7. Fonte: (MME, 1985). ...................................... 20
Figura 4-9: Barragem vertedoura tipo 1, vista lateral e vista frontal. Fonte: (MME,
1985). ........................................................................................................................ 21
Figura 4-10: Barragem vertedoura tipo 2. Mini central hidrelétrica Ceriluz. ............... 22
Figura 4-11: Barragem vertedoura tipo 3. Fonte: (MME, 1985). ................................ 22
Figura 4-12: Planta típica de tomada d'água acoplada à tubulação forçada. 1 -
Ranhura para descida de pranchões, 2 - Comporta para limpeza, 3 – Ranhura para
descida de comporta ou pranchões. Fonte (MME, 1985). ......................................... 23
Figura 4-13: Seção longitudinal da câmara de carga. 1 - Canal de adução, 2 –
Transição, 3 – Grade, 4 – Viga de apoio da grade e 5 – Ranhura para descida de
comporta ou pranchões. Fonte: (MME, 1985). .......................................................... 25
Figura 4-14: Chaminé de Equilíbrio. Fonte: (MME, 1985). ........................................ 26
Figura 4-15: Corte tranversal de uma turbina Pelton com seis jatos. Fonte:
(CERPCH). ................................................................................................................ 30
Figura 4-16: Vista superior as conchas da turbina Pelton. Fonte: (MME, 2008). ...... 30
Figura 4-17: Francis caixa aberta (eixo horizontal). Fonte: (MME, 1985). ................. 32
Figura 4-18: Francis caixa aberta (eixo vertical). Fonte: (MME, 1985). ..................... 32
Figura 4-19: Francis com caixa espiral. Fonte: (Caldeiraria Avançada). ................... 33
Figura 4-20: Turbina tipo Hélice - eixo vertical com caixa aberta.Fonte: (MME, 1985).
.................................................................................................................................. 34
Figura 4-21: Turbina Kaplan. Fonte: (HACKER, 2012). ............................................ 34
Figura 4-22: Turbina bulbo, da Escher Wyss. Vista do o rotor, do bulbo e de parte do
tubo de saída de água. .............................................................................................. 35
Figura 4-23: Turbina Banki. 1 - Rotor, 2 - Distribuidor, 3 – Eixo, 4 – Mancal, 5 –
Tampa Superior, 6 – Tampa Lateral, 7 – Poço Inferior da Turbina. Fonte: (MME,
1985) ......................................................................................................................... 36
Figura 4-24: Rendimento da turbina com relação a vazão. ....................................... 37
Figura 4-25: Gerador Westinghouse acoplado a uma turbina Francis. Fonte:
(TIOSAM). ................................................................................................................. 38
Figura 5-1: Futuro Localização da Mini Usina Hidrelétrica. Fonte Google Earth. ...... 40
Figura 6-1: Fluviograma das vazões médias diárias do Rio das Pedras na região de
Guarapuava. Fonte: (ANA). ....................................................................................... 45
Figura 6-2: Fluviograma das vazões médias mensais do Rio das Pedras na região
de Guarapuava. Fonte: (ANA). .................................................................................. 46
Figura 6-3: Curva de permanência do rio das Pedras na região de Guarapuava – PR.
.................................................................................................................................. 48
Figura 6-4: Curva de Permanência: Determinação da Vazão Média turbinada, QTn,
em função da vazão instalada, QLn. Fonte: (MME, 2008). ....................................... 51
Figura 6-5: Curva de Energia. ................................................................................... 54
Figura 7-1: Determinação da energia gerada para a mini central hidrelétrica. .......... 56
Figura 8-1: Gráfico de seleção de turbinas aplicáveis a mini centrais hidrelétrica.
Fonte: (HACKER, 2012) ............................................................................................ 60
Figura 8-2: Hidrogerador. Fonte: (WEG). .................................................................. 64
Figura 8-3: Ligação trafo em geração distribuída. Fonte: (COPEL, 2010) ................ 67
Figura 8-4: Transformador 1000 kVA. Fonte: (WEG) ................................................ 68
Figura 9-1: Conexão com a COPEL. Fonte: (COPEL, 2010). ................................... 78
SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 9

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 10

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. REGULAMENTAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO ....................................................... 3

3. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA ....................................................................................... 6

3.1. DEFINIÇÃO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA ...................................................... 6

3.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS .................................................................. 9

4. MINI CENTRAL HIDRELÉTRICA .......................................................................... 10

4.1. TIPOS DE BARRAGENS ................................................................................ 12

4.1.1. BARRAGENS DE GRAVIDADE ............................................................... 13

4.1.2. BARRAGENS EM ARCO .......................................................................... 14

4.1.3. BARRAGENS DE CONTRAFORTES ....................................................... 15

4.1.4. BARRAGENS DE TERRA ........................................................................ 17

4.1.5. BARRAGENS DE ENROCAMENTO ........................................................ 18

4.2. VERTEDOURO ............................................................................................... 19

4.3. TOMADA D’ÁGUA .......................................................................................... 22

4.4. CANAL DE ADUÇÃO ...................................................................................... 24

4.5. CÂMARA DE CARGA ..................................................................................... 24

4.6. CHAMINÉ DE EQUILÍBRIO ............................................................................ 25

4.7. TUBULAÇÃO FORÇADA ................................................................................ 26

4.8. CASA DE MÁQUINAS .................................................................................... 27

4.9. CANAL DE FUGA ........................................................................................... 27


4.10. TIPO DE MÁQUINAS HIDRÁULICAS ........................................................... 28

4.11. PRINCIPAIS TIPOS DE TURBINAS ............................................................. 29

4.11.1. TURBINA PELTON ................................................................................. 29

4.11.2. TURBINA FRANCIS ............................................................................... 31

4.11.3. TURBINAS HÉLICE ................................................................................ 33

4.11.4. TURBINAS BULBO................................................................................. 35

4.11.5. TURBINAS BANKI .................................................................................. 36

4.12. GERADORES ELÉTRICOS .......................................................................... 37

5. LOCAL DE ESTUDO ............................................................................................. 40

6. ESTUDOS HIDROLÓGICOS ................................................................................ 41

6.1. DADOS COLETADOS .................................................................................... 42

6.2. FLUVIOGRAMA .............................................................................................. 45

6.3. REGIONALIZAÇÃO DAS VAZÕES ................................................................ 47

6.4. CURVA DE PERMANÊNCIA DE VAZÕES ..................................................... 48

6.5. ESTUDOS HIDROENERGÉTICOS ................................................................ 50

7. ENERGIA GERADA .............................................................................................. 54

8. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS .................................................... 58

8.1. DETERMINAÇÃO DA TURBINA..................................................................... 59

8.1.1. ROTAÇÃO ESPECÍFICA .......................................................................... 61

8.2. DETERMINAÇÃO DO GERADOR .................................................................. 62

8.2.1. TENSÃO DE GERAÇÃO .......................................................................... 64

8.2.2. SISTEMA DE EXCITAÇÃO ...................................................................... 65

8.3. DETERMINAÇÃO DO TRANSFORMADOR ................................................... 66

8.4. CABOS DE INTERLIGAÇÃO .......................................................................... 68

9. INTERLIGAÇÃO COM A CONCESSIONÁRIA ...................................................... 69

10. ANÁLISE FINANCEIRA....................................................................................... 80


10.1. CUSTO DE IMPLANTAÇÃO DA MINI USINA HIDRELÉTRICA ................... 82

10.2. DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO ........................................................... 84

10.2.1. PAYBACK ............................................................................................... 86

10.2.2. VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)...................................................... 87

10.2.3. TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) .................................................... 87

11. CONCLUSÃO...................................................................................................... 87

BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 89

I. ANEXO ............................................................................................................... 93

II. ANEXO ............................................................................................................... 95

III. ANEXO ............................................................................................................... 97


1

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é considerado rico em relação às suas belezas naturais,


principalmente ao se falar de suas fontes de energia hidráulica.

Hoje, o país é considerado um dos maiores produtores de energia


elétrica, utilizando como fonte principal a energia hídrica, cujo
aproveitamento se baseia principalmente em grandes usinas hidro-elétricas
(UHE), que têm como foco principal o atendimento às grandes aglomerações
urbanas através de um sistema interligado nacional (SIN).

Contudo, esse modelo de geração hidráulica está mudando devido a


vários fatores:

(i) dificuldade em se conseguir a liberação ambiental para a


construção de grandes usinas, aliadas a grandes repercussões
por parte da população contra a construção das mesmas;
(ii) concepção desta geração já não está entre as melhores fontes
de energia elétrica devido ao tamanho que necessita para
utilização como reservatório, para a estocagem de água para a
utilização em épocas de seca;
(iii) valores econômicos impeditivos para a construção destes
grandes empreendimentos, para reforço e ampliação do SIN
Interligado Nacional);
(iv) esgotamento dos grandes potenciais das regiões sul e sudeste.

Devido a estes fatores, a legislação em relação ao setor elétrico, está


incentivando o aproveitamento de pequenas fontes de geração de energia
elétrica, que pode ser a solução para o rápido abastecimento das cidades,
com liberações ambientais mais ágeis, custos reduzidos, e menor tempo
para a implantação, sem contar com a facilidade devido ao advento da
2

geração distribuída (GD), que possui a vantagem de estar próxima da


carga. Outro benefício considerado é a utilização do crédito concedido
através do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) que possui
condições diferenciadas a empresas privadas que tem o objetivo em
investimento em áreas de energia elétrica.

A classificação das usinas hidrelétricas segundo a ELETROBRAS,


podem ser com relação à potência total instalada e quanto a queda de
projeto, sendo divididas em micro centrais hidrelétricas (µCH’s), mini centrais
hidrelétricas (mCH’s), pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s), usinas de
médio porte (MCH’s) e grandes centrais hidrelétricas (GCH’s).

O foco deste trabalho está nas mini centrais hidrelétricas, tendo como
objetivo a apresentação das principais obras civis e os principais
componentes eletromecânicos para a construção da mesma. Foram
analisados dados reais, tanto de vazões quanto de custos, para a
construção de uma mini usina hidrelétrica e a sua interligação com o sistema
da concessionária local no município de Guarapuava – Paraná.
3

2. REGULAMENTAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO

O aproveitamento da energia hídrica é datado do início do século


passado, quando em 1906 o então jurista Alfredo Valladão, a convite do
Governo Federal, criou o projeto que regulamentava o setor elétrico
brasileiro, através do Projeto Código de Águas, que somente em 10 de Julho
de 1934, teve seu do decreto de Lei nº 26.234 aprovado no governo do
presidente Getúlio Vargas. (Ganin, 2003)

Esse Decreto de Lei foi a primeira manifestação do governo no


sentido de utilizar a energia hidráulica para geração de energia elétrica,
podendo assim o poder público fazer as concessões necessárias para o
desenvolvimento da área.

Passados cinco anos desde a criação do Projeto Código de Águas,


em 1939 foi criado o CNAEE (Conselho Nacional de Águas e Energia
Elétrica), que tinha por objetivo regulamentar o Código de Águas, fazer a
organização da interligação dos sistemas de transmissão, cuidar das
tributações referentes à energia elétrica e manter a Presidência da
República informada.

Em 17 de Dezembro de 1965, o Departamento Nacional de Produção


Mineral, pelo Decreto de Lei nº 4.904, foi transformado em DNAEE
(Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica). O DNAEE tinha como
função fazer o planejamento, coordenação e execução dos estudos
hidrológicos em âmbito nacional, e também tinha como função a supervisão,
fiscalização e controle do aproveitamento tanto do sistema elétrico como do
sistema hídrico.

Nos dias atuais, o setor elétrico brasileiro é regulamentado através do


órgão regulador ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), que foi
4

instituída pela Lei nº 9.427/1996 e teve início de suas atividades em 02 de


dezembro de 1997, após a aprovação do seu regimento interno pelo Decreto
2.335/1997, que com isso, tomou o lugar do DNAEE, lembrando ressaltar
que a ANEEL é uma autarquia, sendo assim não tendo o “poder concedente”
sendo que este cabe à união, estado, distrito federal e aos municípios
(Ganin, 2003).

Todas essas mudanças visaram à regulamentação do setor elétrico


brasileiro, para assegurar o melhor atendimento aos usuários de energia
elétrica, lembrando que o setor elétrico está divido em quatro segmentos,
sendo eles a geração, transmissão, distribuição e comercialização, e os
usuários divididos em livres e cativos.

Entre essas mudanças citadas anteriormente e até os dias de hoje,


diversas outras ocorreram no setor elétrico brasileiro, com criação de leis,
decretos e atos para fazer o melhor aproveitamento no setor elétrico.

Para a utilização de um bem público ou então, fazer a prestação de


um determinado serviço público é necessário a obtenção de amparos na
legislação. No caso de uma usina hidrelétrica, cujo bem público é a energia
hídrica, tanto para a sua utilização quanto para prestação de serviço foram
criados critérios específicos para definir quanto à outorga do mesmo.

Essa outorga é feita através de:

 Concessão
 Permissão
 Autorização

Toda concessão é relacionada a dois tipos de categorias


(regulamentar e contratual), sendo que a categoria regulamentar se refere
ao modo e à forma de prestação de serviço e a categoria de ordem
contratual fixa as condições econômicas.

Segundo o Lei nº 9.074 de 7 de Julho de 1995, o artigo 5º diz que são


objeto de concessão, mediante licitação (Governo Federal) :
5

 o aproveitamento de potenciais hidráulicos de potência superior a


1.000 kW e a implantação de usinas termelétricas de potência
superior a 5.000 kW, destinados à execução de serviço público;
 o aproveitamento de potenciais hidráulicos de potência superior a
1.000 kW, destinados à produção independente de energia
elétrica;
 o aproveitamento de potenciais hidráulicos de potência superior a
10.000 kW, destinados ao uso exclusivo de autoprodutor,
resguardado direito adquirido relativo às concessões existentes.

Logo, para fazer a utilização de um bem público com as


características da Lei nº 9.074 do artigo 5º é necessário então realizar um
contrato de concessão, que tem por objetivo outorgar ao particular, a
faculdade de utilizar um bem da administração segundo a sua destinação
específica e no interesse público, sendo que para o setor elétrico, a
utilização do bem público tem como referência o recurso hídrico – potenciais
hidrelétricos (Ganin, 2003).

Então, a concessão autoriza a utilização dos recursos hídricos, sendo


estes, tanto o controle qualitativo quanto o quantitativo do uso e acesso à
água.

Com relação à permissão, este é um ato administrativo discricionário e


precário, no qual o Poder Público, seja ele de nível federal, estadual ou
municipal, dá o direito ao particular a execução de serviços de interesse
público, e ou o uso especial de bens públicos, diferentemente da concessão
que o Poder Público realiza um contrato administrativo de transferência ao
concessionário do poder seja ele em partes ou na totalidade do campo em
interesse.

A autorização possui as mesmas características da permissão.


Portanto a autorização é um ato administrativo discricionário e precário, que
possui as condições necessárias para a prestação do serviço concedido ao
pretendente através da União, Estados ou Municípios, para que o mesmo
6

exerça a atividade ou utilize o bem público por um determinado tempo, no


seu próprio interesse e por sua conta e risco.

Segundo a Lei nº 9.074, de 7 de Julho de 1995, o artigo 7º são objetos


de autorização (Governo Federal):

 a implantação de usinas termelétricas, de potência superior a


5.000 kW, destinada a uso exclusivo do autoprodutor;
 o aproveitamento de potenciais hidráulicos, de potência superior a
1.000 kW e igual ou inferior a 10.000 kW, destinados a uso
exclusivo do autoprodutor, resguardado direito adquirido relativo à
concessões existentes.

Cabe ressaltar que para a geração de energia elétrica através de


usinas termelétricas referidas no artigo 7º, não compreendem aquelas cuja
fonte primária de energia é a nuclear.

Para a implantação de usinas termelétricas com potência inferior ou


igual a 5.000 kW e para potenciais hidráulicos com potência inferior ou igual
a 1.000 kW, esses produtores estão dispensados de concessão, permissão
e autorização, cabendo apenas informar ao poder concedente da utilização
do bem público.

3. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

3.1. DEFINIÇÃO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

A definição de Geração Distribuída (GD) não está ainda bem definida


e isso se deve ao fato de que o conceito é muito amplo. O único fato que
podemos definir é que a geração de energia elétrica encontra próxima a
carga e conectados geralmente na rede de distribuição de energia da
concessionária.
7

Como a área de emprego da GD é muito ampla, fica difícil fazer a


definição exata, pois existem diversos parâmetros técnicos que estão
diretamente ligados, tais como, modo de operação, área de atendimento,
propriedades dos equipamentos, níveis de tensão, capacidade de geração,
entre outros.

Embora ainda não se tenha um consenso para a definição para GD


devido as características inerentes a este tipo de geração, é possível
destacar alguns conceitos na literatura:

 “GD é uma planta de 20 MW ou menos, situado no centro de


carga ou próxima a ele, ou situada ao lado do consumidor, e que
produz energia elétrica. São quatro as tecnologias apropriadas
para a GD: turbina de combustão, motores recíprocos, células
combustíveis e módulos fotovoltaicos” (TURKSON &
WOHLGEMUTH, 2001).
 “GD indica um sistema isolado ou um sistema integrado de
geração de energia elétrica em plantas modulares pequenas – na
faixa de poucos kW até os 100 MW – seja de concessionárias,
consumidores ou terceiros” (PRESTON & RASTLER, 1996 apud
ACKERMAN et AL., 1999).
 “Geração Distribuída é o termo que se usa para a geração de
energia elétrica junto ou próxima do(s) consumidor(es), com
potências normalmente iguais ou inferiores a 30 MW. A GD inclui:
co-geradores, geradores de emergência, geradores para
operação no horário de ponta, módulos fotovoltaicos e pequenas
centrais hidrelétricas – PCH’s” (INEE - Instituto Nacional de
Eficiência Energética)

Como visto anteriormente, mesmo com pequenas alterações nos


conceitos apresentados, todos convergem para uma mesma linha de
raciocínio que diz que a geração, que está próxima ao centro de carga
8

(usuários de energia elétrica) divergindo um pouco com relação à potência


gerada.
Uma outra definição que não discrimina a potência gerada é do
International Council on Large Eletric Systems (CIGRE): geração distribuída
é a geração que não é planejada de modo centralizado, nem despachada de
forma centralizada, não havendo um órgão que comande as ações da
unidade de geração descentralizada (MALFA, 2002) e também (Bajay,
Furtado, Carvalho, & Dorileo, 2006) que a geração da produção de energia
elétrica é no local de consumo ou próximo a ele. Os eventuais excedentes
de energia podem ser vendidos à rede local, ou a instalações vizinhas.

No Brasil a geração distribuída foi regulamentado em 30 de julho de


2004 através do Decreto n º 5.163, de 30 de Julho de 2004, sendo que:

“Art. 14. Para os fins deste Decreto, considera-se geração distribuída


a produção de energia elétrica proveniente de empreendimentos de agentes
concessionários, permissionários ou autorizados, incluindo aqueles tratados
pelo art. 8º da Lei nº 9.074, de 1995, conectados diretamente no sistema
elétrico de distribuição do comprador, exceto aquela proveniente de
empreendimento:

I - hidrelétrico com capacidade instalada superior a 30 MW; e

II - termelétrico, inclusive de cogeração, com eficiência energética


inferior a setenta e cinco por cento, conforme regulação da ANEEL, a
ser estabelecida até dezembro de 2004.

Parágrafo único. Os empreendimentos termelétricos que utilizem


biomassa ou resíduos de processo como combustível não estarão limitados
ao percentual de eficiência energética prevista no inciso II do caput.”
9

3.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS

A GD como fonte de energia elétrica oferece diversas vantagens


decorrentes da proximidade da fonte de geração de energia elétrica e o
consumidor, segundo Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE) tais
como:

a. Atendimento mais rápido da demanda (ou à demanda reprimida) por


ter um tempo de implantação inferior ao de acréscimo à geração
centralizada e reforços das respectivas redes de transmissão e
distribuição;
b. Aumento da confiabilidade do suprimento aos consumidores próximos
a geração local, por adicionar fonte não sujeita a falhas na
transmissão e distribuição;
c. Aumento da estabilidade do sistema elétrico, pela existência de
reservas de geração distribuída;
d. Redução das perdas na transmissão e dos respectivos custos, e
adiamento no investimento para reforçar o sistema de transmissão;
e. Redução dos riscos de planejamento;
f. Possível colocação de excedentes no mercado de energia elétrica.

Em contrapartida, a GD também apresenta alguns inconvenientes


pelo fato do aumento de entidades envolvidas no processo desde a geração,
transmissão, e distribuição da energia gerada; e à desvinculação entre
interconexão física e intercâmbio comercial, pois a concessionária que irá se
conectar com o produtor independente pode ser apenas transportadora e
não compradora da energia que será entregue pelo produtor a um cliente
distante, assim, as principais desvantagens são (INEE):

a. maior complexidade no planejamento e na operação do sistema


elétrico, inclusive na garantia do “back-up”;
b. maior complexidade nos procedimentos e na realização de
manutenção, inclusive nas medidas de segurança e serem tomadas;
10

c. maior complexidade administrativa, contratual e comercial;


d. maiores dificuldades de coordenação das atividades;
e. em certos casos, diminuição do fator de utilização das instalações das
concessionárias de distribuição, o que tende aumentar o preço médio
de fornecimento das mesmas.

4. MINI CENTRAL HIDRELÉTRICA

No Brasil a energia hidráulica é de vital importância para a população,


pois como nosso país tem uma abundância de rios, a utilização da energia
hidráulica é a principal fonte de geração de energia elétrica. O Balanço
Energético Nacional (BEN) realizado em 2011 mostra que 74% de toda a
energia elétrica gerada no Brasil em 2010 foi de utilização da energia
hidráulica, como mostrado na Figura 4-1, e essa fonte de energia atende as
atividades agrícolas, comercias, industriais e principalmente para a
sociedade brasileira (MME, 2011).

Figura 4-1: Oferta interna de Energia Elétrica por fonte - 2010. Fonte: (MME, 2011).
11

Para fazer a classificação das usinas hidráulicas, existe uma série de


variáveis que segundo a ANEEL são (ANEEL, 2012):

 Altura da queda d’água


 Vazão
 Capacidade ou Potência Instalada
 Tipo de Turbina Empregada
 Localização
 Tipo de Barragem
 Reservatório

É possível constatar que todos os dados anteriores são


interdependentes, pois a altura da queda d’água e a vazão são dependentes
do local de construção que também vão determinar a capacidade instalada e
que por sua vez, vão determinar o tipo de barragem, turbina e reservatório
que serão construídos.

Para os reservatórios, estes são divididos em dois tipos, sendo eles o


de fio d’água e acumulação.

O reservatório de acumulação, geralmente é encontrado na cabeceira


de rios, onde é possível fazer a acumulação de água para funcionar como
estoque para utilizar em períodos de estiagem e também funcionam como
reguladores para as demais hidrelétricas que estão localizadas abaixo. Já as
usinas hidrelétricas que funcionam a fio d’água, funcionam apenas com o
fluxo do rio, sendo seu funcionamento com um pequeno acúmulo ou ainda
sem nenhum acúmulo hídrico (ANEEL, 2012).

Ainda com relação à queda d’água, esta pode ser divida com relação
à altura, sendo de baixa, média e alta. O Centro Nacional de Referência em
Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH), considera que baixa queda de
altura é até 15 metros, e alta queda, altura superior a 150 metros.

A classificação das usinas hidrelétricas podem ser com relação à


potência total instalada e quanto a queda de projeto, sendo divididas em
12

micro centrais hidrelétricas (µCH’s), mini centrais hidrelétricas (mCH’s),


pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s), usinas de médio porte (MCH’s) e
grandes centrais hidrelétricas (GCH’s) como é mostrado na Tabela 4-1
(ELETROBRAS).

Tabela 4-1: Classificação de Centrais Hidrelétricas. Fonte: (CERPCH)

Classificação das Centrais Potência Queda de Projeto

µCH Até 100 kW Entre 15 e 50 metros

mCH 100 kW até 1 MW Entre 20 e 100 metros

PCH 1MW até 30 MW Entre 25 e 130 metros

GCH/MCH acima de 30 MW Entre 30 e 250 metros

Para dar um entendimento maior sobre a composição de uma mini


central hidrelétrica será mostrada a seguir os principais componentes,
mostrando tanto os componentes da área civil, quanto os principais tipos de
maquinas hidráulicas para fazer a transformação da energia hídrica em
energia elétrica, através do acoplamento da turbina mecânica ao eixo do
gerador elétrico. Pode-se considerar estes os principais quesitos para uma
mini central hidrelétrica.

4.1. TIPOS DE BARRAGENS

Para cada construção de usina hidrelétrica, são necessários estudos


específicos para dimensionar quais são as obras civis que devem ser
executadas. Uma dessas obras é com relação ao tipo de barragem que será
utilizada para direcionar a água até a turbina hidráulica.

Alguns tipos de barragens mais utilizadas em usinas hidrelétricas são:

 Barragens de Gravidade
13

 Barragens de Arco
 Barragens de Contrafortes
 Barragens de Terra
 Barragens de Enrocamento

4.1.1. BARRAGENS DE GRAVIDADE

As barragens de gravidade são basicamente, estruturas sólidas de


concreto, que asseguram a sua estabilidade devido ao seu próprio peso
contra as ações da pressão que a água do reservatório exerce sobre a
barragem e da sub pressão das águas que infiltram pelas fundações.

São construídas num eixo reto, recomendável para vales


relativamente estreitos com aproximadamente 100 metros de largura e com
boas fundações em rochas pouco fraturadas, procurando encaixar na
topografia existente no local de implantação.

Geralmente são construídas em locais que se tem dificuldade de


construção de vertedouro lateral, problemática devido a encostas íngremes e
rochosas. O vertedouro deste tipo de barragem é uma seção
preferencialmente central.

A Figura 4-2 mostra as principais cotas com relação a uma barragem


construída de concreto, podendo variar dependendo da dificuldade de cada
empreendimento.
14

mureta eventual
1,00
0,30

NA máx.
0,50

NA normal 1,00 lâmina vertente

0,10
H 1 0,70
Hv 1

superfície do
terreno natural

b1=0,10H
b1 b2
b2=0,70H
B
nota: dimensões em metro

BARRAGEM DE CONCRETO
Figura 4-2: Barragem de Concreto. Fonte: (ELETROBRAS).

4.1.2. BARRAGENS EM ARCO

As barragens em arco são utilizadas em locais em que o comprimento


da barragem é menor que a sua altura. Comparando o volume de uma
barragem construída em arco e outra em gravidade, o volume da barragem
em arco é substancialmente menor, mas em compensação exige fundações
consideravelmente superiores.

A curvatura da barragem em arco faz com que as pressões sejam


transferidas para as pontas, fazendo assim pressão sobre as paredes onde
se encontram encaixadas a barragem.

Existem Basicamente três tipos de barragem em arco, sendo elas:

 Barragens em Arco de raio constante


15

 Barragens em Arco de raio variável


 Barragens em Abóbada.

A barragem em abóbada, é chamada assim pois é duplamente curva,


com curvatura tanto no eixo vertical quanto no eixo horizontal.

Um exemplo bem conhecido de barragem em arco é a barragem do


rio Colorado nos Estado Unidos mostrado na Figura 4-3.

Figura 4-3: Barragem Hoover. Fonte: (Engenharia Civil).

4.1.3. BARRAGENS DE CONTRAFORTES

A utilização de barragens de contrafortes foram inicialmente utilizadas


com a finalidade de armazenar água em regiões em que os recursos eram
escassos.
16

Como a utilização deste tipo de barragem é muito conhecida, já se


conhece algumas de suas características sendo elas:

 A pressão de água no plano inclinado de montante aumenta a


estabilidade da barragem;
 Com a drenagem livre nas fundações entre os contrafortes, o
levantamento pela base fica consideravelmente reduzido;
 Pequenas infiltrações de água não proporciona risco de
segurança.

No Brasil tem-se como exemplo de barragem de contrafortes a


barragem da usina hidrelétrica de Itaipu, sendo a maior usina do mundo em
geração de energia elétrica. Na Figura 4-4 apresenta-se uma foto durante a
construção da barragem.

Figura 4-4: Barragem Itaipu. Fonte: (Engenharia e Construção).


17

4.1.4. BARRAGENS DE TERRA

As barragens de terras são ideais em locais poucos ondulados e em


área que contenham quantidades expressivas de materiais arenosos e
argilosos para a construção do maciço compactado.

Uma facilidade da construção de barragem de terra é que todo


material escavado para a construção do canal de adução quanto do
vertedouro serve para a construção da barragem.

Sua formação são basicamente estruturas trapezoidais, homogêneas


ou zoneadas. Algumas características são:

 Impermeabilidade suficiente que impeça a perda excessiva de


água através de seu corpo;
 Lado a montante deve ser protegido da ação destrutiva da água
 Deve existir dispositivo para a drenagem da água bem como
dispositivos para evitar a percolação da água;
 O talude deve ser bastante inclinado para evitar
escorregamento e erosão.

A Figura 4-5 ilustra um corte típico de uma barragem de terra para


alturas menores que 10 metros. A largura da base (b) é calculada em função
da geometria da barragem, utilizando-se a fórmula:

( ) (4.1)

onde:

a - largura da crista da barragem (m);

m1 - inclinação do talude de montante;

m2 - inclinação do talude de jusante;

H - altura da barragem (m).


18

Figura 4-5: Barragem de Terra. Fonte; (ELETROBRAS).

4.1.5. BARRAGENS DE ENROCAMENTO

As barragens de enrocamento são consideradas do tipo misto. Para


as partes principais são utilizadas pedras de maior tamanho e o material
vedante é constituído com um material mais fino como argila, solo areno-
siltoso/argiloso.

Esse tipo de barragem é construído quando existe a impossibilidade


de construir uma barragem de terra por insuficiência de material; quando
houver escavação de rocha nas demais estruturas, quando há excesso
deste material e distâncias de transporte reduzida; em regiões montanhosas,
onde as pedreiras são comuns e de fácil exploração e também quando se
tem vales onde há dificuldade de construir vertedouro lateral, assim neste
caso, permitindo que a água passe por cima da barragem.

A Figura 4-6 ilustra um corte típico de uma barragem de enrocamento


para altura que varia de 3 a 8 metros de altura.
19

tirante d`água
sobre a crista
(máx. = 1,00m) crista da barragem
NA máx.

vedação central
última camada, com pedra
selecionada e embricada

área de limpeza
trincheira
(eventual) cordões pioneiros
de pedras lançadas

Figura 4-6: Barragem de Enrocamento. Fonte: (ELETROBRAS).

4.2. VERTEDOURO

O vertedouro pode ser considerado um sistema de segurança para a


mini usina hidrelétrica, pois o excesso de água que desce pelo rio e que não
é turbinada, deve ser desviado até após a turbina. Para este caso pode-se
utilizar dois tipos de vertedouro (MME, 1985):

 Extravasamento por um canal lateral, com o fundo situado em


uma cota mais elevada em relação ao leito natural do rio como
mostrado na Figura 4-7;
 Extravasamento por sobre o corpo da barragem, ao longo de toda
a crista ou parte dela.

Primeiramente, procura-se utilizar a opção de extravasamento por um


canal, mas para isso é necessário fazer uma análise dos materiais
disponíveis e da topografia do local. Busca-se, inicialmente, a opção de fazer
o canal lateral sem revestimento, para facilitar o processo.

Caso não seja possível a construção de um canal de largura


necessária, opta-se por se fazer a proteção do canal extravasor de maneira
a proteger as laterais bem como o fundo do canal.
20

soleira afogada

canal extravasor A

escada de pedra

A
barragem

PLANTA
Figura 4-7: Vertedouro com extravasamento lateral. Fonte: (MME, 1985).

Na Figura 4-8 abaixo está representado o corte A-A indicado na


Figura 4-7, onde se pode ver claramente que o canal extravasor está acima
do nível do leito natural.

NA res. Lsol.

h sol. hc
1,5
h máx. 1 1 L
p 1,5
canal

pedra
NA rio

CORTE A-A

Figura 4-8: Corte A-A da Figura 4-7. Fonte: (MME, 1985).


21

Por último, estuda-se a alternativa de utilizar o próprio corpo da


barragem para verter a descarga de projeto.

Nesse caso chama-se de barragem vertedoura, e é possível de se


fazer de três tipos:

 Tipo 1 – Construção da barragem em pedra argamassada


utilizando parte da barragem com uma cota mais baixa para o
extravasamento das descargas, Figura 4-9;
 Tipo 2 – Construção da barragem em concreto, com parte da
barragem para extravasamento, Figura 4-10;
 Tipo 3 – Construção da barragem de enrocamento, com talude de
jusante suave, fazendo uma proporção de cada um metro na
vertical, oito metros na horizontal, e utilizando toda a barragem
para fazer o extravasamento da descarga, Figura 4-11.

Figura 4-9: Barragem vertedoura tipo 1, vista lateral e vista frontal.


Fonte: (MME, 1985).
22

Figura 4-10: Barragem vertedoura tipo 2. Mini central hidrelétrica Ceriluz.

h
1
8

BARRAGEM VERTEDOURA DE ENROCAMENTO


Figura 4-11: Barragem vertedoura tipo 3. Fonte: (MME, 1985).

4.3. TOMADA D’ÁGUA

Sempre que possível, fazer a instalação da tomada d’água junto à


margem do reservatório formado pela barragem e preferencialmente em
trechos retos. Caso não seja possível em trecho reto, fazer a instalação no
lado côncavo, pois os sedimentos em sua maior parte se depositam no lado
convexo (MME, 1985).

O arranjo para a disposição da tomada d’água vai variar conforme os


aspectos topográficos e geológico-geotécnicos do local da construção da
mini central hidrelétrica.
23

A tomada d’água serve para fazer a captação de descarga de água no


rio. Pode-se ligar a tomada de água ao conduto forçado que leva até a
turbina. Uma outra maneira é fazer a ligação da tomada d’água com um
canal aberto de adução ou tubulação de baixa pressão.

As duas principais funções da tomada de água são (MME, 1985):

 Permitir o ensecamento da tubulação forçada ou canal de adução


para realizar obras de manutenção e reparos;
 Prover a retenção de objetos e sedimentos que estão sendo
conduzidos para a turbina. Quando for o caso, esta função também
pode ser efetuada pela câmara de carga.

Na Figura 4-12 está representada a tomada d’água acoplada a uma


tubulação forçada.

Figura 4-12: Planta típica de tomada d'água acoplada à tubulação forçada. 1 - Ranhura para
descida de pranchões, 2 - Comporta para limpeza, 3 – Ranhura para descida de comporta
ou pranchões. Fonte (MME, 1985).
24

4.4. CANAL DE ADUÇÃO

O canal de adução vai depender da topografia e geológico-


geotécnicas do local de construção da mini central hidrelétrica, sendo
necessário ou não a sua construção.

Caso seja construído, pode ser de solo natural, ou revestimento com


enrocamento, pedra argamassada, concreto ou outro material, mas
procurando a opção mais adequada para o local e também o menor custo de
construção. O canal de adução deve ter declividade mínima, fazendo o seu
caimento na faixa de 4 milímetros a cada 10 metros de extensão.

4.5. CÂMARA DE CARGA

Para conduzir a água captada pela tomada d’água até a turbina, é


utilizado um canal de adução ou uma tubulação em baixa pressão, assim
levando a água até o ponto da instalação da tubulação forçada. Quando a
opção é a utilização de um canal de adução, faz-se necessário a construção
da câmara de carga, sendo que esta estrutura é posicionada entre o canal
de adução e o conduto forçado, sendo a câmara de carga uma estrutura
semelhante à tomada d’água.

Algumas das funções da câmara de carga:

 Promover a transição entre canal de adução e o conduto forçado;


 Aliviar o golpe de aríete, devido ao fechamento brusco do
dispositivo de controle de vazões turbinadas quando existente;
 Fornecer água ao conduto forçado quando o dispositivo de
controle de vazões abre bruscamente, até que seja estabelecido o
regime permanente de escoamento.
25

Na Figura 4-13 está representado o corte de uma câmara de carga


com acoplamento de um sistema de baixa pressão para uma mini usina
hidrelétrica.

Figura 4-13: Seção longitudinal da câmara de carga. 1 - Canal de adução, 2 –


Transição, 3 – Grade, 4 – Viga de apoio da grade e 5 – Ranhura para descida de
comporta ou pranchões. Fonte: (MME, 1985).

4.6. CHAMINÉ DE EQUILÍBRIO

A chaminé de equilíbrio tem como finalidade fazer o amortecimento de


eventuais aumentos de pressão e velocidade da água no interior da
tubulação forçada, causada pelo fechamento do dispositivo de fechamento
da turbina. Outra finalidade é o armazenamento de água resultante do
refluxo causado pelo mesmo dispositivo de fechamento quando este se abre
novamente.

A chaminé pode ser construída tanto de concreto quanto de aço,


sendo um cilindro com eixo na direção vertical, implantado entre o trecho de
adução de baixa pressão e o trecho de adução de grande declividade,
constituído por uma tubulação forçada.
26

Na Figura 4-14, estão mostrados os diferentes níveis que a água pode


ter dentro da chaminé de equilíbrio e a sua ligação a câmara de carga e ao
conduto forçado.

Chaminé de Equilíbrio

Câmara de Carga
Conduto Forçado

Figura 4-14: Chaminé de Equilíbrio. Fonte: (MME, 1985).

4.7. TUBULAÇÃO FORÇADA

A tubulação forçada serve para fazer a conexão da câmara de carga


até a turbina, podendo ser constituída de aço ou concreto, devendo fazer um
estudo preciso para fazer a definição do material, pois, para cada material
existe uma velocidade máxima que o material suporta.

“A tubulação forçada fica apoiada sobre blocos de pedra ou concreto,


chamados de blocos de sustentação, e engastada (presa) a outros blocos
que são chamados de blocos de ancoragem, dos quais sempre existe pelo
menos dois, um no início e outro no final da tubulação” (CERPCH).
27

4.8. CASA DE MÁQUINAS

Os grupos geradores constituídos de turbina e gerador elétrico, os


equipamentos de controle e possivelmente os equipamentos elétricos de
transmissão ficam abrigados dentro da casa de comando.

A casa de comando deve ficar posicionada em local estratégico a fim


de poder maximizar a queda d’água aumentada a potência gerada.

4.9. CANAL DE FUGA

O canal de fuga tem por objetivo fazer a recondução da água


turbinada ao rio. A água na saída da turbina pode apresentar velocidade
ainda considerável. Para evitar erosão no fundo do canal e das paredes
laterais, utiliza-se revestimento nas paredes, sendo estas rejuntadas com
argamassa e no fundo do canal de fuga, utiliza-se pedra argamassada ou
concreto.

Caso a casa de máquinas ficar afastada da margem do rio, faz-se


necessário a construção de um canal até e o encontro novamente da água
turbinada e o leito natural do rio.
28

4.10. TIPO DE MÁQUINAS HIDRÁULICAS

As máquinas hidráulicas, mais comumente chamadas de turbinas


hidráulicas consistem basicamente de um sistema fixo e de um sistema
rotativo hidromecânico, destinados respectivamente, à orientação da água
em escoamento e transformar a energia hidráulica (a pressão da água em
escoamento e a energia cinética) de um fluxo de água, em energia mecânica
de rotação, que é transmitida através de um eixo o qual é acoplado a um
gerador elétrico.

Há vários tipos de turbinas hidráulicas, entretanto, o princípio básico


de funcionamento é similar entre elas. A água entra pela tomada de água,
que se situa a montante da usina hidrelétrica num nível mais elevado que o
restante do processo. A seguir, a água é conduzida por condutos (e/ou
condutos forçados) até a entrada da turbina, então passa por um sistema de
palhetas guias móveis, que controlam a vazão volumétrica fornecida à
turbina, sendo que a potência gerada é diretamente proporcional a vazão
volumétrica. Após passar por este mecanismo, a água chega ao rotor da
turbina onde atacam as pás da mesma e assim produzindo o trabalho
mecânico necessário.

As turbinas são classificadas com relação ao modo de atuação:

 Turbinas de reação: turbinas de reação são aquelas em que o


trabalho mecânico é obtido pela transformação das energias, cinética e de
pressão da água em escoamento, através do elemento do sistema rotativo
hidromecânico (rotor) (ABNT, 1987).

Essas turbinas são as mais usuais e cobrem uma faixa maior de


alturas para as instalações hidrelétricas (1,5 a 300 m). Elas podem ser
subdivididas em: pás ajustáveis (Kaplan) e pás fixas ou axial radial (Francis).
Nas turbinas de reação a caixa espiral tem a função de guiar a água
totalmente e uniformemente por toda a circunferência através do distribuidor.
29

O distribuidor tem o objetivo de dirigir a vazão de água diretamente para a


roda e, regular a descarga através da turbina.

 Turbinas de ação: turbinas de ação são aquelas em que o trabalho


mecânico é obtido pela transformação da energia cinética da água em
escoamento, através do elemento do sistema rotativo hidromecânico (rotor).
Essas turbinas são operadas sobre pressão atmosférica por um jato livre. A
altura encontrada é convertida em velocidade de queda. Elas podem ser
subdivididas em: conchas fixas (Pelton), jatos inclinados ou jatos duplos.
Nas turbinas de ação a água não passa por toda a circunferência da roda,
mas através dos jatos (ABNT, 1987).

4.11. PRINCIPAIS TIPOS DE TURBINAS

4.11.1. TURBINA PELTON

São turbinas de ação que têm como característica a transformação de


energia potencial em energia cinética. Através do jato injetor, a energia
cinética é convertida em energia mecânica para o rotor da turbina (ABNT,
1987).

A turbina pelton (Figura 4-15) é constituída de um rotor, em torno do


qual estão acopladas conchas duplas com aresta diametral sobre o qual
incide o jato de d’água, produzindo um desvio simétrico na direção axial
buscando o equilíbrio procurando diminuir ao máximo os esforços
axiais.Dependendo da potência da turbina podem ser utilizados de 1 ou mais
injetores uniformemente na periferia do rotor (MME, 2008).
30

Figura 4-15: Corte tranversal de uma turbina Pelton com


seis jatos. Fonte: (CERPCH).

Na Figura 4-16 é possível ver o funcionamento da turbina Pelton,


verificando o jato de água atingindo a concha e seu jato sendo distribuindo.

Figura 4-16: Vista superior as conchas da turbina


Pelton. Fonte: (MME, 2008).
31

Elas podem operar na faixa de 10 a 100% da potência máxima.


Normalmente, são utilizadas em quedas de 350m até 1100m, sendo por isto
muito mais comum em países montanhosos.

Um dos problemas que este tipo de turbina enfrenta é a erosão


causado por sedimentos que estão misturados com a água e sua alta
velocidade de encontro com a concha.

4.11.2. TURBINA FRANCIS

A turbina Francis é considerada uma turbina de reação, ou seja,


funciona com uma diferença de pressão entre os dois lados do rotor. As pás
do rotor são perfiladas e possui uma caixa espiral, que distribuí a água ao
redor do rotor (ABNT, 1987).

Em operação, a água entra no rotor pela periferia, após passar


através das pás diretrizes as quais guiam a água em um ângulo adequado
para a entrada das pás do rotor.

A turbina Francis (Figura 4-17 e Figura 4-18) pode ser executada tanto
com eixo na horizontal quanto na vertical. A construção com eixo na
horizontal, ou seja, a roda trabalhando verticalmente é utilizada para
pequenas unidades.
32

Figura 4-17: Francis caixa aberta (eixo horizontal). Fonte: (MME, 1985).

Figura 4-18: Francis caixa aberta (eixo vertical). Fonte: (MME, 1985).

Além disso existe uma outra forma da utilização da turbina Francis


que é a utilização de uma caixa espiral ligada diretamente ao conduto
forçado como mostrado na Figura 4-19.
33

Figura 4-19: Francis com caixa espiral. Fonte: (Caldeiraria Avançada).

4.11.3. TURBINAS HÉLICE

As turbinas de reação são constituídas por uma câmara de entrada


que pode ser aberta ou fechada, por um distribuidor e por uma roda com pás
em forma de hélice. Quando estas pás são fixas diz-se que a turbina é do
tipo Hélice (Figura 4-20). Se as pás são móveis, o que permite variar o
ângulo de ataque por meio de um mecanismo de orientação que é
controlado pelo regulador da turbina, diz-se que a turbina é do tipo Kaplan
(ABNT, 1987).

As turbinas Kaplan (Figura 4-21) são reguladas através da ação do


distribuidor e com auxílio da variação do ângulo de ataque das pás do rotor,
lhes são conferidas uma grande capacidade de regulação. Um sistema de
êmbolo e manivelas montado dentro do cubo do rotor, é responsável pela
variação do ângulo de inclinação das pás. O óleo é injetado por um sistema
de bombeamento localizado fora da turbina, e conduzido até o rotor por um
conjunto de tubulações rotativas que passam por dentro do eixo. Essa tubina
é utilizada em várias faixas de queda de água e tem um bom rendimento em
comparação as demais do grupo de reação, tendo um ótimo rendimento e
34

trabalhando na faixa de 25 a 100% da sua pontência nominal. Como pode


ser visto na Figura 4-24.

Figura 4-20: Turbina tipo Hélice - eixo vertical com caixa


aberta.Fonte: (MME, 1985).

Figura 4-21: Turbina Kaplan. Fonte: (HACKER, 2012).


35

4.11.4. TURBINAS BULBO

As turbinas bulbo são turbinas de reação, em que a água penetra no


distribuidor e rotor. São consideradas a evolução das turbinas Kaplan sendo
utilizadas dentro do tubo de adução. Seu interior é uma câmara blindada,
podendo existir um sistema de engrenagens para transmitir a potência
mecânica do eixo do rotor para o eixo do alternador, ou para as turbinas
mais desenvolvidas, situando dentro no interior do bulbo o próprio gerador
elétrico e seu sistema dispensa a utilização da caixa em caracol e o tubo de
sucção (Figura 4-22) (ABNT, 1987).

É empregada na maioria das vezes para aproveitamentos de baixa


queda e quase sempre a fio d’água.

Figura 4-22: Turbina bulbo, da Escher Wyss. Vista do


o rotor, do bulbo e de parte do tubo de saída de água.
36

4.11.5. TURBINAS BANKI

A turbina Banki (Figura 4-23) é do tipo de ação, sendo a turbina


provida de uma pá diretriz e um rotor cilíndrico composto por pás curvas
fixados em dois discos laterais acoplados a um eixo passante, apoiados em
mancais apoiados na carcaça. Seu funcionamento é através do fluxo de
água que após passar pela tubulação de adução é direcionado ao rotor por
intermédio da pá diretriz e a água após passar duas vezes pelas pás do
rotor, é escoada para um canal de fuga, segundo (MME, 2008).

Sua faixa de aplicação é muito ampla, podendo operar com quedas


que variam de 1,5 a 80 metros e potência de até 2000 kW. Por ser
considerada uma turbina de impulso, pode operar com cargas variando de
20 a 100% da sua potência máxima, operando com altos rendimentos.

Figura 4-23: Turbina Banki. 1 - Rotor, 2 - Distribuidor, 3 –


Eixo, 4 – Mancal, 5 – Tampa Superior, 6 – Tampa
Lateral, 7 – Poço Inferior da Turbina. Fonte: (MME, 1985)
37

A Figura 4-24 mostra os rendimentos para diversos tipos de turbinas


nas diversas faixas de vazão.

Figura 4-24: Rendimento da turbina com relação a vazão.

4.12. GERADORES ELÉTRICOS

O gerador é o equipamento responsável em transformar a energia


mecânica do seu eixo que está acoplado à turbina hidráulica em energia
elétrica. Pode-se dizer que o gerador é a segunda conversão de energia
existente na mini central hidrelétrica.

No Brasil existem dois tipos de geradores disponíveis comercialmente


sendo eles:

 Geradores síncronos
 Geradores assíncronos
38

Os geradores síncronos podem ser divididos em dois tipos sendo os


geradores síncronos de baixa velocidade e os geradores síncronos de alta
velocidade.

Os geradores síncronos de baixa velocidade são normalmente


acionados por turbinas hidráulicas e são caracterizados por possuir pólos
salientes, grande diâmetro e pequeno comprimento axial.

Já os geradores assíncronos, chamados de turbogerador, são


utilizados mais em centrais termonucleares.

Para geradores com velocidades muito baixa, se exige grande


quantidade de par de pólos, sendo que com isso as dimensões do gerador
ficam muito maiores e com isso aumentando muito o preço do equipamento.
Para pequenas centrais até 1000 kW, costuma usar como velocidade de
rotação pelo menos 600 rpm; e trabalham com velocidade constante e igual
a velocidade síncrona, que é uma função da frequência da tensão gerada e
do número de pares de pólos do rotor. Na Figura 4-25 tem-se o acoplamento
de uma turbina do tipo Francis a um gerador Westinghouse.

Figura 4-25: Gerador Westinghouse acoplado a uma turbina


Francis. Fonte: (TIOSAM).
39

Na Tabela 4-2, está representado a velocidade de rotação em função


do número de pares de pólos para geradores síncronos. Para pequenas
centrais hidrelétricas a utilização de geradores com 12 pares de pólos não é
economicamente viável devido ao tamanho da máquina elétrica, sendo que
no caso de geração de energia este tipo de gerador é utilizado em micro
usina hidrelétrica.

Tabela 4-2: Velocidade de rotação em função do número de pares de pólos.

Frequência Número de Pólos Rotação do gerador (rpm)


2 3600
4 1800
6 1200
60
8 900
10 720
12 600

Para a utilização de geradores com potências acima de 100 kW,


geralmente são utilizados, quando necessários, dispositivos chamados de
multiplicadores de velocidade, que são acoplados por meio de polias ou
correias para máquinas menores e para máquinas maiores, são utilizados
caixa de engrenagens, para que aumentem a velocidade do acoplamento
entre a turbina e o gerador, fazendo assim a possibilidade da utilização de
gerador com um menor número de pólos.
40

5. LOCAL DE ESTUDO

O estudo para a implantação do empreendimento será realizado no


município de Guarapuava – Paraná. A fonte de energia primária será as
águas do Rio das Pedras cujas coordenada geográficas são 25°25'2.34"S
51°26'27.72"O obtidos através do programa Google Earth.

Através de imagens adquiridas por satélite (Google Earth), é possível


visualizar o local pretendido para a implantação do empreendimento
mostrada na Figura 5-1, onde está representado a dimensão aproximada do
empreendimento, com uma pequena área alagada devido ao represamento
da água, um canal de adução, conduto forçado, casa de máquinas e canal
de fuga.

Figura 5-1: Futuro Localização da Mini Usina Hidrelétrica. Fonte Google Earth.
41

6. ESTUDOS HIDROLÓGICOS

Antes de se realizar o projeto de uma usina hidrelétrica, é necessária


a execução de um estudo hidrológico do local para ver a sua viabilidade.

Para este estudo hidrológico é necessário realizar a coleta dos dados


de diversos valores de vazão que são de interesse.

No Brasil existem mais de 4.000 postos fluviométricos em operação e


os dados coletados são de responsabilidade da ANA (Agência Nacional de
Águas). Através do site da ANA, é possível verificar quais os locais onde
estão instalados os postos fluviométricos e também fazer a coleta destes
dados em arquivos digitais.

Esses postos fluviométricos são compostos por um jogo de réguas


linimétricas instaladas em um local adequado de forma a obter uma relação
bem conhecida entre o nível d’água e a vazão, conhecida como “Curva-
Chave” da seção, que é obtida mediante a interpolação de medições de
níveis d’água e de vazões, envolvendo períodos de estiagem e de águas
altas. Geralmente ajusta-se a uma equação do tipo potencial ou funções do
tipo polinomial de até terceiro grau (MME, 2008).

Os estudos hidrológicos (MME, 1985) a serem realizados em projetos


de mini centrais hidrelétricas compreendem basicamente a definição de:

 Regime fluviométrico do rio, com determinação de vazões para


utilização no cálculo da potência a ser instalada;
 Vazão de desvio do rio durante a construção;
 Vazão de projeto das estruturas extravasouras, ou cheia de
projeto;
 Relação de cota-descarga a jusante da central.

Para o caso deste empreendimento, serão utilizados os dados de


vazões que são fornecidos através do Banco de Dados Hidrometeorológicos
42

– Módulos de Dados Quáli-Quantitativos – SNIRH (Sistema Nacional de


Informações sobre Recursos Hídricos).

O local escolhido para a construção do empreendimento fica a


montante do posto fluviométrico, tendo como informações os dados
apresentados na Tabela 6-1.

Tabela 6-1: Dados sobre o posto fluviométrico.

Estação ETA-Guarapuava

Código 65809000
Responsável: Agência Nacional de Águas
Operadora: Instituto das Águas do Paraná
Bacia DNAEE: Rio Paraná
Corpo d’água: Rio das Pedras
Município: Guarapuava – PR
Latitude: -25º23'52.08
Longitude: -51º26'08.88

6.1. DADOS COLETADOS

Para fazer a determinação dos gráficos necessários para as análises,


foram obtidas as informações dos valores das vazões junto ao site da ANA.
O período de dados de vazões encontrados tem seu início no ano de 1989 e
vai até o ano de 2010.

Para este projeto o total de dados utilizados para as análises é todo o


período de coleta das informações que tem um total de 262 meses
(aproximadamente 22 anos).

Os valores utilizados para o projeto da mini usina hidrelétrica terão


como fonte os valores das vazões das médias mensais que estão
representados nas tabelas abaixo sendo a Tabela 6-2 equivalente aos anos
43

de 1989 até 1994, Tabela 6-3 de 1995 até 2000, Tabela 6-4 de 2001 até
2004 e Tabela 6-5 de 2005 até 2010, como mostrados a seguir.

3
Tabela 6-2: Vazões médias mensais (m /s) de 1989 à 1994. Fonte: (ANA).

ANO
1989 1990 1991 1992 1993 1994
MÊS
1 22,45 - 2,09 6,26 7,91 7,86
2 32,52 4,66 2,66 6,89 7,47 16,90
3 14,98 3,01 2,00 12,18 5,72 4,30
4 7,81 5,97 5,00 7,51 3,83 2,90
5 17,03 6,18 2,95 39,05 22,03 5,24
6 2,81 14,16 14,11 20,26 7,23 13,12
7 7,84 19,83 6,16 12,81 11,96 13,23
8 9,69 22,41 4,26 13,44 4,05 4,08
9 19,06 20,83 1,67 12,03 15,50 1,72
10 11,91 21,07 8,41 10,84 27,19 3,09
11 4,76 8,22 7,87 9,98 6,37 6,84
12 4,22 3,32 8,59 5,44 10,02 5,74

3
Tabela 6-3: Vazões médias mensais (m /s) de 1995 à 2000. Fonte: (ANA).

ANO
1995 1996 1997 1998 1999 2000
MÊS
1 37,17 11,66 15,86 7,41 6,44 8,68
2 13,97 18,44 6,61 9,33 9,28 17,60
3 5,12 13,96 5,30 18,09 6,04 8,74
4 2,70 7,85 3,05 56,44 7,84 3,44
5 1,83 2,92 2,81 9,84 6,05 2,42
6 3,19 3,67 13,00 4,88 16,19 6,20
7 15,60 6,18 9,54 7,40 13,71 7,92
8 3,16 3,38 7,77 13,40 2,96 4,39
9 8,83 6,55 10,08 29,78 5,31 24,79
10 14,08 21,55 39,86 35,53 2,62 19,55
11 9,26 11,82 24,91 5,10 2,41 9,00
12 8,17 15,59 8,98 4,13 5,38 5,90
44

3
Tabela 6-4: Vazões médias mensais (m /s) de 2001 à 2005. Fonte: (ANA).

ANO
2001 2002 2003 2004 2005
MÊS
1 13,25 10,44 4,28 4,80 4,73
2 23,35 7,47 9,39 3,28 2,47
3 7,31 10,36 8,29 3,14 2,31
4 3,93 3,46 4,22 4,28 4,53
5 6,53 13,91 2,81 14,64 7,31
6 6,66 4,29 5,94 9,60 16,66
7 8,05 3,23 9,22 13,98 6,77
8 4,73 2,50 3,24 3,96 5,49
9 6,57 9,84 3,40 3,57 23,21
10 23,44 10,61 5,21 15,55 32,53
11 7,65 13,50 11,61 12,95 9,50
12 9,57 11,95 10,81 3,60 3,94

3
Tabela 6-5: Vazões médias mensais (m /s) de 2006 à 2010. Fonte: (ANA).

ANO
2006 2007 2008 2009 2010
MÊS
1 3,90 10,63 12,11 3,95 15,10
2 4,28 10,95 3,83 3,69 10,13
3 3,89 10,44 3,93 4,38 7,71
4 2,49 6,99 6,49 2,83 16,52
5 1,93 29,77 7,98 4,09 8,77
6 2,00 5,71 13,02 5,31 5,64
7 2,21 6,31 8,19 25,59 8,58
8 3,12 3,87 15,95 11,39 5,01
9 7,04 2,87 4,45 27,26 5,45
10 4,97 2,70 16,08 19,98 8,44
11 6,22 9,76 12,56 10,56 -
12 6,03 7,15 3,56 11,49 16,47
45

6.2. FLUVIOGRAMA

O fluviograma é o gráfico que melhor representa o comportamento


variável e aleatório das vazões passadas. O gráfico pode tem média diária,
mensal ou anual, sendo que no eixo vertical representa-se o valor da vazão
(m3/s) e é representado pela letra “Q” e o eixo horizontal pode ser
representado por dias, meses ou anos.

A Figura 6-1 apresenta o fluviograma com as médias diárias do Rio


das Pedras.

400

350

300
Vazão (m3/s)

250

200

150

100

50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Dias

Figura 6-1: Fluviograma das vazões médias diárias do Rio das Pedras na região de
Guarapuava. Fonte: (ANA).

Segundo a Figura 6-1, verifica-se que a visualização do fluviograma


utilizando-se vazões diárias é de difícil interpretação devido à grande
quantidade de dados coletados para o processo.

Para este tipo de cálculo e se tratando de uma avaliação prévia, é


comum a utilização das vazões médias mensais. Com isso a visualização do
46

gráfico fica muito mais explícita podendo verificar com maiores detalhes o
comportamento da vazão.

Na Figura 6-2 é representado o fluviograma com médias mensais do


local estudado.

60

50
Vazão (m3/S)

40

30

20

10

0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
Meses

Figura 6-2: Fluviograma das vazões médias mensais do Rio das Pedras na região de
Guarapuava. Fonte: (ANA).

É possível verificar claramente o comportamento da vazão do rio,


durante o período de dados coletados pelo posto fluviométrico e também
perceber que existe uma grande variação nesses meses.

É devido a essa grande variação que torna necessário se realizar um


estudo com relação à vazão, pois caso seja utilizado o valor de vazão para
projeto abaixo da disponibilidade, a central hidrelétrica fica submotorizada,
com isso gerando desperdício do recurso utilizado. Caso a vazão de projeto
fique acima do indicado, a central se torna supermotorizada, sem contar que
o custo é proporcional à potência instalada. Com isso o custo de instalação
da mini-usina hidrelétrica ficaria muito alto, tornando-a inviável
economicamente.
47

6.3. REGIONALIZAÇÃO DAS VAZÕES

Antes de realmente fazer as análises das vazões foi necessário


realizar o estudo da regionalização da vazão. Isto é necessário para obter
um valor mais próximo da realidade, pois como a medição da água é a
jusante do local existe uma diferença entre o valor medido na estação e o
local em que se deseja fazer a implantação da usina. Como a bacia em
estudo é a mesma, sendo que apenas muda o local de estudo, foi
considerado que a área de drenagem, relevo, solos e cobertura vegetal são
semelhantes, sendo assim o comportamento hidrológico é parecido. O MME
informa que o ideal para a regionalização das vazões é a utilização de
estações fluviométricas a montante e a jusante, como é o caso da mini usina
hidrelétrica em estudo (MME, 2008).

Para o cálculo da regionalização da vazão é utilizado a seguinte


fórmula:

(6.1)

sendo:

Qq – vazão no local de interesse;

Ad1 - área de drenagem no local de interesse;

Ads – área de drenagem da estação semelhante;

Qs – vazão na estação semelhante.

Para o estudo da mini usina hidrelétrica foi considerado a área de


drenagem do posto fluviométrico de 306 km2 e para a área de drenagem da
mini usina hidrelétrica está se projetando o valor de 220 km2. A curva de
permanência de vazões a seguir já está com os valores corrigidos pela
regionalização das vazões.
48

6.4. CURVA DE PERMANÊNCIA DE VAZÕES

Para a definição do valor de descarga para o projeto é necessário


fazer a análise da curva de permanência. Esta curva é relativa a um
histograma de frequências acumuladas relativas das vazões do rio em
estudo. A construção desta curva tem como objetivo fazer a análise
estatística da vazão.

A curva de permanência expressa a relação entre a vazão e a


frequência com que esta vazão é superada ou igualada.

Na Figura 6-3 está representado a curva de permanência de vazão do


rio estudado para a mini central hidrelétrica.

45,00
40,00
35,00
Vazão (m3/s)

30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00
Porcentagem do tempo em que a vazão é igualada ou excedida (%)

Figura 6-3: Curva de permanência do rio das Pedras na região de Guarapuava – PR.

Através do estudo da curva de permanência de vazões é possível


obter informações importantes para o estudo da vazão, sendo alguns deles:

 A vazão que é superada em 50% do tempo e é chamada de


Q50;
49

 A vazão que é superada em 90% do tempo e é chamada de


Q90 e é referência para legislação na área de Meio Ambiente e
de Recursos Hídricos em alguns estados brasileiros;
 A vazão que é superada em 95% do tempo é chamada de Q95 e
é utilizada para definir a Energia Firme da usina hidrelétrica.

Da curva de permanência das vazões estabelece a Tabela 6-6 com os


seguintes valores:

Tabela 6-6: Valores da curva de permanência.

VAZÕES (m3/s)
Média - Q50 5,37
Firme – Q95 1,81
Máxima média mensal – QMAX 40,58
Média de longo termo – QMLT 6,94
Mínima média mensal – QMIN 1,20

Através dos dados retirados da Tabela 6-6, é possível verificar que o


valor da média de longo termo – QMLT, que é a média aritmética das vazões
é diferente e maior que a vazão de 50% do tempo - Q50. O valor da média de
longo termo corresponde apenas a 36% do tempo de duração. O valor da
vazão de Q95 que é considerado o valor de vazão de energia firme, é
utilizado para lugares em que não existem estudos de hidrologia necessários
e para sistemas isolados, isto é, em lugares que não existem conectividade
com outras fontes de geração de energia elétrica, ficando assim
dependentes diretamente da geração hidráulica. A mínima média mensal -
QMIN é a menor vazão que existe no rio.

Com a interligação do sistema elétrico brasileiro, a questão com


relação a energia firme (Q95) sofreu algumas mudanças com a criação da
Contabilização do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), sendo este
um mecanismo financeiro que tem por objetivo compartilhar os riscos
50

hidrológicos que afetam os geradores, na busca de garantir a otimização dos


recursos hidrelétricos dos sistemas interligados. A intenção do MRE é
garantir que todos os geradores dele participantes comercializem a energia
assegurada que lhes foi atribuída, independente de sua produção real de
energia, desde que as usinas integrantes, como um todo, tenham gerado
energia suficiente para o atendimento. Dessa forma a energia produzida é
contabilmente distribuída, transferindo o excedente daqueles que geram
além de sua energia assegurada para aqueles que geraram abaixo por
imposição do despacho centralizado do sistema (ANEEL, 2005).

Um outro detalhe de muita importância é com relação à legislação


ambiental, sendo que no Paraná o órgão responsável é o Instituto Ambiental
do Paraná (IAP), responsável pelas liberações das licenças tanto para a
construção da mini usina hidrelétrica quando operativa.

Além disto, também deve ser respeitado uma vazão remanescente,


chamada também de vazão ecológica que deve ser mantida no local, sendo
o valor a equivalente de 50% de Q10,7 (vazão de estiagem de 7 dias com 10
anos de recorrência) sendo esta uma determinação da Superintendência de
Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
(SUDHERSA).

6.5. ESTUDOS HIDROENERGÉTICOS

O estudo hidroenergético é um dos pontos mais importantes para o


projeto de uma mini usina hidrelétrica, isto se deve ao fato que neste estudo
é que se define qual será o valor da descarga líquida para a determinação
da vazão de projeto.
51

Para tanto, é preciso obter a curva de energia, obtida a partir dos


valores da curva de permanência de vazão, de cuja análise é possível fazer
a definição da vazão ótima de projeto.

Umas das formas mais comuns de se gerar a curva de energia é


relacionando a vazão instalada versus a vazão média turbinada.

Através da curva de permanência que mostra de forma potencial o


período em que uma determinada vazão permanece e admitindo que um
determinado valor de vazão QL1, é aquele correspondente à capacidade de
turbinamento da mini usina hidrelétrica, a área sob a curva de permanência
referente a esta ordenada (área do trapézio OABC da Figura 6-4) é igual à
energia que a central será capaz de gerar (MME, 2008).

Figura 6-4: Curva de Permanência: Determinação da Vazão Média turbinada,


QTn, em função da vazão instalada, QLn. Fonte: (MME, 2008).

Então para o cálculo da área do primeiro trapézio é feito da seguinte


maneira:

( )
( ) (6.2)

onde

QT1 – é a vazão média turbinada referente às permanências p0 e p1;


52

QL1 – vazão instalada, com a permanência p1;

QL0 – vazão instalada, com a permanência p0;

p1 – permanência da vazão QL1;

p0 – permanência da vazão anterior.

Se for aumentado o valor da vazão instalada para QL2, o valor da


vazão média terá um incremento de ΔQ1, logo:

(6.3)

onde:

QT1 – é a vazão média turbinada referente às permanências p0 e p1;

QT2 – vazão média turbinada referente às permanências p0 e p2;

ΔQ1 – acréscimo de área sob a curva e a área anterior.

É possível verificar pela Figura 6-4 que:

( )
( ) (6.4)

onde:

ΔQ1 – acréscimo de área sob a curva e a área anterior;

QL1 – vazão instalada, com a permanência p1;

QL2 – vazão instalada, com a permanência p2.

( )
( ) (6.5)

onde:

QT1 – é a vazão média turbinada referente às permanências p0 e p1;

QT2 – vazão média turbinada referente às permanências p0 e p2;

QL1 – vazão instalada, com a permanência p1;


53

QL2 – vazão instalada, com a permanência p2;

p1 – permanência da vazão QL1;

p2 – permanência da vazão QL2;

Este processo é repetido sucessivamente a medida em que se


aumenta a vazão a ser turbinada pela central, assim, a energia a ser gerada
é acrescida do incremento da vazão, de acordo com a relação:

( ) ( ) (6.6)

( ( ))
( ) ( ( )) (6.7)

Com n variando de 0 a i, sendo i o número de discretização adotada


para o levantamento da curva de permanência.

A curva de energia é obtida através da relação entre a capacidade de


turbinamento e a vazão média turbinada conforme mostrado na Figura 6-5,
onde é possível verificar que a medida que a vazão a ser instalada, QLn vai
aumentando, a amplitude de acréscimo de vazão, ΔQ(n-1), QTn vai diminuindo.
Ao se traçar os valores da vazão instalada, QLn, versus a vazão média
turbinada QTn, obtem-se uma curva crescente que vai saturando, ou seja,
tende para um valor constante, conforme a Figura 6-5. A saturação da curva
de energia mostra que o ganho de energia gerada que se consegue com o
aumento da vazão turbinada, ou seja, da capacidade do grupo gerador,
acaba ficando muito pequeno, enquanto que o custo sobe bastante,
inviabilizando o projeto (MME, 2008).

“Através do processo de otimização desenvolvido por (Souza &


Santos, 1999) é possível demonstrar que o ponto de máximo benefício é
dado pela interseção das tangentes aos pontos inicial e final da curva (retas
AO e BC). Ao valor da abscissa referente ao ponto “D” denomina-se vazão
ótima de projeto, QP”, (MME, 2008).
54

B A
C
D
5,22
Vazão Média turbinada (m 3/s)

4,22

3,22

2,22

1,22
Qp
0,22
1O 2,5 4 5,5 7 8,5 10 11,5 13 14,5 16 17,5 19 20,5 22 23,5 25 26,5
Vazão Instalada (m 3/s)

Figura 6-5: Curva de Energia.

Após o tratamento dos valores da curva de permanência, obteve-se o


valor da vazão ótima para o projeto da mini usina hidrelétrica, equivalente a
QP = 8,4 m3/s, conforme verificado na Figura 6-5.

Para o estudo de viabilidade desta mini usina hidrelétrica, foi definido


que a queda de projeto é equivalente a 15 metros, sendo 10 metros de
queda natural e uma barragem de 5 metros de altura.

A definição da queda de projeto serve para fazer o dimensionamento


da potência gerada, pois a potência é diretamente proporcional ao valor da
queda d’água do projeto como mostrado na equação 7.1.

7. ENERGIA GERADA

Após a definição do valor da vazão que será utilizada e a altura da


queda d’água, é possível fazer uma avaliação aproximada da quantidade de
energia que poderá ser gerada pela mini central hidrelétrica.
55

Para a quantificação de energia, considerou-se primeiramente a


turbina Kaplan, escolhida pelo fato dela trabalhar na faixa de altura (15
metros) e vazão (8,4 m3/s) previamente escolhidos (item 6.5).

Para a turbina Kaplan, o seu limite de operação é bem amplo,


trabalhando entre 25% e 100% de sua potência nominal.

O cálculo da energia gerada é feito da seguinte fórmula:

(7.1)

onde:

P – potência nos bornes do gerador, em kW;

rt – rendimento da turbina;

rg – rendimento do gerador;

QP – descarga da turbina, em m3/s;

HL – queda líquida, em metros;

9,81 – aceleração da gravidade, m2/s.

Para o cálculo da energia gerada foi considerado que o grupo gerador


tem um rendimento igual a 88,8%.

Foram calculados valores de potência gerada para três faixas de


operação, segundo a Figura 7-1. No “Intervalo 1” a máquina opera com
potência nominal e com tempo de duração igual a 30%, no “Intervalo 2”
como a vazão é menor, ela opera com parte da sua capacidade nominal,
com uma duração de 66% da sua capacidade. No “Intervalo 3”, a mini usina
hidrelétrica não opera pois está abaixo do limite inferior de potência da
turbina hidráulica.
56

45,00
40,00
35,00
30,00
Vazão (m3/s)

25,00
20,00
15,00
10,00
Intervalo 3
5,00
Intervalo 1 Intervalo 2
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo de Duração (%)

Figura 7-1: Determinação da energia gerada para a mini central hidrelétrica.

Considerando os dados da Figura 7-1, é possível montar a Tabela 7-1


com os valores de energia gerada, sendo esta em MWh/ano.

Tabela 7-1: Cálculo da energia gerada para a mini central hidrelétrica.

Descrição Intervalo 1 Intervalo 2 Intervalo 3


Vazão média (m3/s) 8,4 5,25 0
Potência média (kW) 1097,62 686,01 0
Duração (%) 30 66 4
Energia gerada (MWh/ano) 2884,55 3966,25 0,00
Energia Total (MWh/ano) 6850,80

Para o cálculo da energia gerada no “Intervalo 2”, foi utilizado o valor


da média aritmética entre os valores da vazão máxima e mínima no intervalo
de operação.

Já que o projeto pode se enquadrar no tipo mini central (potência


menor ou igual que 1 MW) e foram obtidos valores um pouco acima de 1000
57

kW e por um pequeno período do tempo então passou-se a adotar como


valor de vazão de projeto, QP, o valor de 8,4 m3/s e como potência nominal
da turbina igual a 1000 kW, sendo assim, obtendo-se assim a Tabela 7-2
com a energia gerada.

Tabela 7-2: Cálculo da nova energia gerada na mini central hidrelétrica.

Descrição Intervalo 1 Intervalo 2 Intervalo 3


Vazão média (m3/s) 8,4 5,25 0
Potência média (kW) 1000 686,01 0
Duração (%) 30 66 4
Energia gerada (MWh/ano) 2628,00 3966,25 0,00
Energia Total (MWh/ano) 6594,25

Através da Tabela 7-2, é possível fazer o cálculo do fator de


capacidade, que nada mais é a relação entre a energia gerada pela mini
central hidrelétrica, considerando a disponibilidade da vazão, e a energia
gerada, caso a mini usina trabalhasse em plena potência. O fator de
capacidade indica a adequação entre a vazão de projeto e as vazões
efetivamente disponíveis, sendo calculado através da seguinte equação
(MME, 2008):

(7.2)

onde:

FC – fator de capacidade da central geradora;

Eutil – energia efetivamente gerada pela central (kWh);

Etota - energia que poderia ser gerada pela central (kWh).


58

Um baixo fator de capacidade indica que o valor para a vazão de


projeto escolhido é muito alta, fazendo com que a mini central hidrelétrica
trabalhe em sua maior parte do tempo com potência reduzida. Para este
caso, o investimento na central hidrelétrica é muito maior que o retorno que
a mesma produzirá. Um alto valor de fator de capacidade, indica que o valor
determinado para a vazão de projeto é muito pequeno, sendo desperdiçada
água que poderia estar produzindo energia.

O fator de capacidade adotada no Brasil está entre 50% e 55%, isto


por questões de segurança, mas as usinas entre 40% e 60% são
consideradas como sendo dentro da média.

Para a mini central hidrelétrica o fator de capacidade é:

(7.3)

Para este estudo, o valor do fator de capacidade está um pouco acima


da média do Brasil, apesar que existem diversas usinas com fatores de
capacidade menores que 50% como é o caso de Belo Monte e acimas de
55% como é o caso de Itaipu que chega a 83%.

8. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS

Com o estudo hidrológico realizado e com a obtenção da curva de


permanência que possibilita a determinação do valor da vazão de projeto,
passa-se ao dimensionamento dos equipamentos eletromecânicos.
59

8.1. DETERMINAÇÃO DA TURBINA

A escolha da turbina deve ser realizada com muita cautela, isto se


deve ao fato da turbina ter relação direta no impacto da geração da energia,
pois a escolha de uma turbina não ideal para o empreendimento traz
consequências danosas, pois impacta diretamente na produção energética e
no custo, impactando no orçamento previsto para a construção da usina.

Segundo levantamento do MME, o custo de equipamentos como


geradores, reguladores, painéis e turbinas, tem o impacto no orçamento do
empreendimento em cerca de 22% no valor total da obra (MME, 2008).

Com a definição do valor de vazão de projeto estimada em 8,4 m3/s, e


queda líquida em 15 metros, a avaliação da escolha da turbina ideal para o
empreendimento é através dos gráficos de rendimentos e faixa de operação
das turbinas. No mercado existem diversos fabricantes que disponibilizam
esses gráficos para a análise dos futuros empreendimentos. Outra forma é a
utilização destes gráficos através dos manuais de mini e pequenas centrais
hidrelétricas disponibilizadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

O gráfico que possibilita a escolha da turbina é de fácil análise (Figura


8-1). No eixo horizontal é apresentado os valores das vazões e no eixo
vertical estão apresentados os valores das quedas.
60

Figura 8-1: Gráfico de seleção de turbinas aplicáveis a mini centrais hidrelétrica. Fonte:
(HACKER, 2012)

Na Figura 8-1, é possível verificar que a indicação da melhor turbina


para a instalação da mini usina hidrelétrica é a Kaplan. Antes da definição da
turbina é necessário fazer o estudo com relação à velocidade de rotação em
que a turbina trabalha.
61

8.1.1. ROTAÇÃO ESPECÍFICA

Para dar continuidade ao estudo da turbina, é necessário também


fazer a avaliação da rotação específica da turbina, a fim de também se fazer
a determinação do número de pólos do gerador.

Para a turbina Kaplan, o cálculo é realizado da seguinte maneira


(MME, 2000):

(8.1)

onde:

K – coeficiente adimensional para turbinas Kaplan (para turbinas Kaplan, o


valor utilizado é 2100);

P – potência da turbina (kW);

Hliq – Altura de queda líquida.

Através da realização deste cálculo, em que para K é utilizado o valor


de 2100, para Hliq é 15 metros e P é 1000 kW, chega-se ao resultado de:

( ) (8.2)

logo, para este caso, utiliza-se o valor mais aproximado para velocidade de
rotação da turbina que é de 500 rpm.

É possível a utilização de um multiplicador de velocidades, pois para


velocidades de rotação mais alta, os geradores acoplados as turbinas
hidráulicas são de dimensões menores sendo assim ficando mais baratos.
Isto quer dizer que os geradores têm menores quantidades de pólos, sendo
que para a avaliação final, deve ser feito um estudo comparativo de preços,
pois a utilização de multiplicador de velocidade exige uma infra-estrutura
maior na casa de força. Com a utilização do multiplicador de velocidade a
62

velocidade, pode-se obter velocidades de rotação em torno de 1800, 1200


ou 900 rpm (MME, 2000).

Para este empreendimento será ideal a instalação de uma caixa de


redução para a transformação da rotação nominal da turbina de 500 rpm
para 1800 rpm na entrada do eixo do gerador.

As características finais da turbina hidráulica estão especificadas na


Tabela 8-1.

Tabela 8-1: Resumo da turbina hidráulica.

Modelo Kaplan
Vazão de projeto 8,4 m3/s
Altura de queda líquida 15 m
Potência Nominal 1000 kW
Rendimento Mínimo 25 %
Rotação nominal 500 rpm

8.2. DETERMINAÇÃO DO GERADOR

Após a seleção da turbina que será utilizada no projeto, o próximo


passo é realizar o estudo para a determinação do gerador que será acoplado
á turbina.

O cálculo da potência do gerador é feito da seguinte forma:

( ) (8.3)

onde:

PG – Potência do gerador (kVA);


63

PT – Potência no eixo da turbina (kW);

G – Rendimento do gerador;

cos – fator de potência do gerador.

O cálculo do rendimento do gerador, utiliza-se o valor de 0,96 para


geradores de até 1MVA, e de 0,97 para geradores até 10MVA (MME, 2008).

Considerando que o empreendimento será conectado ao sistema de


distribuição da COPEL, a mesma exige que o fator de potência seja no
mínimo 0,92 e a conexão deve ser em sistema trifásico, segundo (COPEL,
2010).

Com base nestas informações o cálculo da potência do gerador é:

( ) 991,3 kVA (8.4)

Logo para esta mini usina hidrelétrica é necessário um gerador com


uma potência de 1000 kVA.

Na Figura 8-2, está ilustrado um hidrogerador da fabricante WEG.


64

Figura 8-2: Hidrogerador. Fonte: (WEG).

8.2.1. TENSÃO DE GERAÇÃO

Como a mini usina hidrelétrica estará conectada ao sistema de


distribuição da COPEL, e este será feito através de um transformador, a
determinação da tensão de geração é baseada em valores econômicos.

Para isso, a utilização de tensões maiores na geração de energia faz


com que os custos com cabos, painéis e instalações elétricas diminuam.

Segundo catálogo de um fabricante de geradores nacional, para uma


faixa de potência que varia de 750 a 1250 kVA é possível se utilizar como
tensão nominal de geração, “Vn”, o valor de 480 V, sendo que a frequência
de geração é 60 Hz, o gerador com 4 pólos e operando na rotação nominal
de 1800 rpm.
65

8.2.2. SISTEMA DE EXCITAÇÃO

O funcionamento de um gerador elétrico se dá através da interação do


campo magnético produzido em seu rotor, com o campo magnético
produzido nos enrolamentos do estator. O sistema de excitação tem como
objetivo, o fornecimento da corrente necessária para a produção do campo
magnético. Para os geradores síncronos de uma mini central hidrelétrica,
estes necessitam produzir a sua própria excitação, ou receber a excitação
através de um sistema dedicado, sendo este um sistema de excitação
estática. A utilização de excitação estática é chamada de “brushless”, e sua
manutenção é quase nula (MME, 2008).

Para este gerador será considerado então o sistema de excitação do


tipo “brushless”.

As características do sistema gerador estão resumidas na Tabela 8-2.

Tabela 8-2: Resumo do gerador.

Gerador Síncrono, trifásico


Montagem Eixo horizontal
Potência 1000 kVA
Tensão Nominal 480 V
Conexão Estrela
Fator de potência 0,92
Excitação “Brushless”
Frequência 60 Hz
Rotação nominal 1.800 rpm
Pólos 4
66

8.3. DETERMINAÇÃO DO TRANSFORMADOR

O transformador elevador deve ter potência igual ou superior à


potência máxima do gerador, procurando especificar um valor de potência
padronizado, facilitando o prazo de entrega e diminuindo os custos de
aquisição do equipamento e também a reposição em eventual dano do
mesmo (MME, 2008).

A instalação do transformador deve ser feito o mais próximo possível


da casa de força, com isso reduzindo a quantidade de cabos de interligação
entre o gerador e o transformador e consequentemente reduzindo as perdas
por efeito Joule devido à alta corrente que é conduzido por este cabo.

A ligação do transformador deve ser em rede trifásica sendo que na


alta tensão em estrela e na baixa tensão deve ser em triângulo, conforme
mostrado na Figura 8-3 (COPEL, 2010).

Deve-se prever a utilização de um transformador de aterramento no


lado de baixa no transformador elevador.
67

Figura 8-3: Ligação trafo em geração distribuída. Fonte: (COPEL, 2010)

As características do transformador de potência estão resumidas na


Tabela 8-3 e o seu formato está representado na Figura 8-4.

Tabela 8-3: Resumo do transformador de potência.

Potência 1000 kVA


Norma de Fabricação NBR 5356/93
ONAN - Óleo Natural, Ar Natural - imerso
Refrigeração
em óleo isolante mineral
Classe de Tensão 34,5 kV
Tensão Primária 34,5 kV
68

Tensão Secundária 440/254 V


Primário Triângulo
Secundário Estrela com neutro acessível
Deslocamento Angular 30º
Frequência nominal 60 Hz
NBI 150 kV

Figura 8-4: Transformador 1000 kVA. Fonte: (WEG)

8.4. CABOS DE INTERLIGAÇÃO

A interligação entre o gerador e o transformador de potência deve ser


realizado através de cabos de cobre isolados segundo a norma ABNT NBR
6251.

Para isso deve ser feito o cálculo da corrente que circulará em cada
fase.

O cálculo da corrente deve ser realizado da seguinte maneira:


69

√ (8.5)

onde:

P – Potência nominal;

V – Tensão nominal;

I – Corrente Nominal.

Este cálculo deve ser realizado tanto para a alta tensão quanto para a
baixa tensão, isto devido ao fato tanto da alta quanto da baixa tensão
circularão correntes diferentes.

Para a alta tensão a corrente que circulará pelo cabo é:

(8.6)

Logo para o cabo que interligará o transformador de potência e os


cubículos, deve-se garantir a corrente nominal em trabalho contínuo de 17 A.

Para a corrente de baixa tensão tem-se:

(8.7)

Os cabos que interligam o gerador ao transformador de força devem


suportar uma corrente de pelo menos 1210 A em trabalho contínuo.

9. INTERLIGAÇÃO COM A CONCESSIONÁRIA

O acesso do gerador da mini usina hidrelétrica será através do


sistema de distribuição da concessionária ou em linha expressa. Como a
inserção está na localidade de Guarapuava – Paraná, o gerador deve
70

interligar a concessionária que é responsável na região, sendo esta a


COPEL.

Para a interligação com a concessionária é preciso seguir algumas


condições imposta pela mesma. Isso devido à segurança necessária para
manter o sistema e as pessoas que trabalham nele e devido ao grande
número de usuários que estão inseridos na rede de distribuição.

A COPEL já desenvolveu a sua política de conexão em geração


distribuída, e criou o Manual de Acesso de Geração Distribuída ao Sistema
da COPEL – NTC 905100, que foi utilizado.

As características para o acesso da mini usina hidrelétrica tem


diversos requisitos que devem ser seguido pelo acessante à rede de
distribuição, ou mesmo pelo acesso a concessionária através de uma linha
expressa. Estão listados abaixo alguns dos principais requisitos impostos
pela concessionária COPEL:

a) Frequência:
 60 Hz;
b) Tensão:
 34,5 kV;
c) Aterramento:
 O sistema em 34,5 kV em estrela com neutro efetivamente
aterrado, com relação (X0/X1)≤3 e (R0/X1)≤1, conforme Figura
8-3;
d) Capacidade de interrupção dos disjuntores:
 10 kA para 34,5 kV (subestações e redes);
e) Nível básico de isolamento:
 150 kV para 34,5 kV (rede de distribuição e subtransmissão)
 200 kV para 34,5 kV (subestações de transmissão e
subtransmissão);
f) Pára-raios:
 27 kV para 34,5 kV (rede de distribuição e subtransmissão)
71

 30 kV para 34,5 kV (subestações de transmissão e


subtransmissão)
g) Ligação dos enrolamentos de transformadores:
 de distribuição e subtransmissão em 34,5 kV:
o trifásico: estrela aterrada na alta e na baixa tensão;
o monofásico: ligação fase-terra;
 interligadores e de carga:
o transformador de dois enrolamentos: estrela aterrada na alta
tensão e triângulo na baixa tensão;
o transformador de três enrolamentos: estrela aterrada na alta
tensão, estrela aterrada na média tensão e triângulo na baixa
tensão.
h) Regulador de tensão nos transformadores:
 na distribuição:
o com relação fixa:13200/220/127 e 33000/220/127;
 na subtransmissão (de carga):
o com derivação fixas no primário (comutáveis sem tensão):
31500 – 32250 – 33000 – 33750 – 34500;
 elevadores de usina:
o com derivações fixas na alta tensão, comutáveis sem tensão.
i) Controle de tensão no sistema por meio de:
 Controle de reativo nos geradores e compensadores
síncronos;
 Comutação, sob carga, nos transformadores interligadores e
de carga;
 Reguladores de tensão nas subestações e nos alimentadores;
 Capacitores fixos e chaveados, nas subestações e nos
alimentadores.
j) Proteção das linhas:
 Ramais 13,8 kV e 34,5 kV
o Chaves fusíveis, chaves fusíveis religadoras ou religadores
automáticos;
72

 Linhas 13,8 kV e 34,5 kV:


o Disjuntores com relés ou religadoras automáticos, com ou sem
unidade direcional de sobrecorrente e relés de subtensão.

A COPEL Distribuição exige que nas barras de 34,5 kV das


subestações, devam ser observadas em regime normal de operação as
faixas de valores da Tabela 9-1.

Tabela 9-1: Níveis de Tensão Eficaz em regime permanente. Fonte: (COPEL, 2010).

Tensões (kV) Tensões (kV)


Patamar de Carga
Mínima Máxima
Pesada 34,25 34,50
Intermediária 33,75 34,25
Leve 33,00 33,75

Caso a conexão seja em pingo na rede de distribuição, as máquinas


do acessante devem manter a tensão entre 0,96 p.u. (32,12 kV) e 1,0 p.u.
(34,5 kV), no ponto de acesso.

Com relação ao desequilíbrio da tensão, deve ser mantido o balanço,


mesmo quando os equipamentos estão em operação, sendo que no ponto
de operação não pode haver desequilíbrio acima de 1,5% de desequilíbrio
de tensão.

Os requisitos técnicos descritos acima para conexão de geradores são


estabelecidos levando-se em conta a potência total instalada de geração e
não a potência a ser exportada para o sistema de potência da COPEL,
sendo que os acessantes de geração conectados ao sistema de distribuição
são classificados em dois tipos:

 Exportadores de energia, de maneira contínua, com potência de


geração bem caracterizada; e
 Acessantes que não exportam energia em condições normais.
73

Na Tabela 9-2, estão representados as proteções mínimas para as


diferentes faixas de potência de geração. Os campos marcados com X é de
uso obrigatório e quando marcado com asterisco (*) será analisado pela área
de Engenharia de Proteção da COPEL.
74

Tabela 9-2: Tipos de conexões permitidas em função da potência de geração. Fonte:


(COPEL, 2010).
TABELA I – PROTEÇÕES MÍNIMAS PARA CONEXÕES DE GERADORES NO SISTEMA 34,5 kV
CLASSIFICAÇÃO DA TENSÃO DE ATENDIMENTO BT MT
ASSÍNCRONO
TIPO DE GERADOR TRIFÁSICO SÍNCRONO
OU SÍNCRONO
76 kW 301 kW 501 kW Acima
FAIXA DE POTÊNCIA DA USINA Até 75
a 300 a 500 a 1.0 de 1.0
(SOMA DA POTÊNCIA DOS GERADORES) kW
kW kW MW MW
PINGO NA REDE X X X X
TIPO DE CONEXÃO NO SISTEMA DA COPEL
LINHA EXPRESSA X
ELEMENTO DE DESCONEXÃO MANUAL - CHAVE
X X X X X
VISÍVEL SECCIONADORA
REQUISITO NA USINA
EQUIPAMENTO OBJETIVO ESPECIFICAÇÃO
Yat. / Yat. X X X X
TRAFO ABAIXADOR
ISOLAR FLUTUAÇÃO Yat. /Yat./ D ou
(EXCLUSIVO) X
Yat. / D
TRAFO DE
ISOLAR HARMÔNICAS RELAÇÃO 1:1
ACOPLAMENTO NO X X X
E SEQUÊNCIA 0 D / Yat. (G)
GERADOR
50/51 – 51/51N –
81U/O – 27 – 59 – X X X X X
50BF
DESCONECTAR O
ELEMENTO DE 78 – 81 (df/dt) X X X X X
GERADOR DO
INTERRUPÇÃO (EI) 25 (só p/ síncronos) X X X X X
SISTEMA COPEL EM
DISJUNTOR/RELIGA 46(I2) + 37 X X X
CASOS DE FALTAS E
DOR COM RELÉS 67–67N–60–46–51V X X
DISTURBIOS NA REDE
32 X X
AUTOMAÇÃO COD
X X
DA COPEL
ADEQUAÇÃO NA REDE E SUBESTAÇÕES
EQUIPAMENTO OBJETIVO ESPECIFICAÇÃO
COORDENAÇÃO
SUBSTITUIÇÃO DE
DEVIDO A FALTAS EM
RELIGADORES NAS 67-67N X X
ALIMENTADOR
SEs à MONTANTE
ADJACENTE
INSTALAÇÃO DE
PERMITIR O
DEDLINE NOS
RELIGAMENTO 27 E TPs LINHA X X X
RELIGADORES DE
AUTOMÁTICO
SEs
INSTALAÇÃO DE
CONFIABILIDADE DO 50/51 – 51/51N – 78
RELIGADOR NA X
TRONCO – 81 U/O – 27 – 59
DERIVAÇÃO
INSTALAÇÃO DE
PERMITIR O
DEDLINE NO
RELIGAMENTO 27 E TPs BARRA X
RELIGADOR DE
AUTOMÁTICO
DERIVAÇÃO
MEIO DE
INSTALAÇÃO DE
TRANSFER TRIP DE COMUNICAÇÃO
SISTEMA DE
RETAGUARDA (fibra óptica ou radio * X
TELEPROTEÇÃO
UHF – Speed Net)
CONSTRUÇÃO DE
SAÍDA COM PROTEÇÃO DA LINHA 50/51 – 51/51N – 78
X
RELIGADOR NA SE EXPRESSA – 81 U/O – 27 – 59
COPEL
PERMITIR
SISTEMA
ALTERAÇÃO GRUPO
COMUNICAÇÃO MEIO DE
AJUSTES FUNÇÃO DE X X
MUDANÇA DE COMUNICAÇÃO
NÚMERO DE
AJUSTES
GERADORES
75

Para a mini usina hidrelétrica em estudo, esta se enquadra em


acessantes de geração de 501 kW a 1000 kW.

Para isso a norma NTC 905100 da COPEL exige que a conexão deve
ser em rede trifásica em média tensão “MT” (34,5 ou 13,8 kV) através de um
disjuntor de MT, relés de proteção secundários e transformador exclusivo do
acessante, sendo que a conexão pode ser em pingo na rede de MT da
COPEL ou uma linha expressa diretamente até uma subestação e fica a
cargo do acessante a adequação na proteção do alimentador e das
subestações da COPEL, com a substituição de religadores, instalação de
sistema DEAD-LINE (linha morta) e religadores de derivação. Para este caso
a COPEL fará a análise da necessidade de instalação de sistema de
teleproteção (TRANSFER TRIP: transferência de disparo), entre outros, de
acordo com a configuração do circuito e requisitos técnicos do sistema, pois
comprometem o desempenho da coordenação e da sensibilidade da
proteção do sistema de distribuição da COPEL.

Para o acessante, a COPEL também faz a exigência de que os


equipamentos de proteção e operação devem ser automatizados, sendo os
seus dados, disponibilizados para o COD (Centro de Operação da COPEL).

Caso a conexão com o sistema de distribuição da COPEL seja na


forma de pingo, não necessariamente a conexão será no ponto mais
próximo da rede em relação ao acessante, mas sim, no ponto em que a
análise da COPEL determinar como o mais adequado, sendo que a análise
elétrica definirá o melhor ponto para a conexão e eventual necessidade de
adequação da rede, de modo a não causar perturbação aos demais
consumidores presentes no circuito.

Os riscos inerentes ao tipo de conexão são:

 Linha Expressa de 34,5 ou 13,8 kV até uma Subestação de 69,


138 ou 230kV:
76

Este tipo de conexão garante uma melhor confiabilidade para o


sistema, reduzindo as interrupções ocasionadas nas redes de
distribuição, sem grande perda de receita e continuidade de
energia.

 Linha Expressa de 34,5 ou 13,8 kV até uma Subestação de


Distribuição ou Estação de Chaves (34,5 kV):

Este tipo de conexão pode sofrer com alguns desligamentos


transitórios e permanentes, devido a necessidade de
manutenções preventivas ou corretivas, com alguma perda de
receita e continuidade de energia.

 Pingo Direto numa Linha de 34,5 ou 13,8 kV:

Este tipo de conexão pode sofrer com grande número de


desligamentos transitórios e permanentes, devido a grande
extensão de ramais e a necessidade de manutenções
preventivas ou corretivas, com grande perda de receita e
continuidade de energia. Além do que, as instalações em
derivação (pingo) podem reduzir a segurança do sistema,
devido a falta de sensibilidade dos dispositivos de proteção em
função das altas impedâncias dos geradores e transformadores
de baixa potência, e em casos de energização indevida da
linha pelo acessante.

Apesar de ser a alternativa mais cara, a linha expressa até uma


subestação é a melhor alternativa para a mini usina hidrelétrica, devido a
continuidade de serviço que o sistema permite, não havendo assim
interrupção. Com isso o proprietário do empreendimento obtem maiores
rendimentos com a produção de energia elétrica.

Ainda com relação à conexão com a concessionária, esta ainda exige


diversos estudos e condições que o acessante deve realizar e seguir para
77

conseguir o acesso a rede de distribuição ou à subestação da


concessionária sendo todas estas relacionadas na norma COPEL.

Os estudos estão relacionados à potência máxima de curto-circuito,


coordenação de proteção, abertura manual do circuito alimentador à
subestação, abertura do circuito alimentador na subestação por defeitos
monofásicos, bifásicos e trifásicos, envolvendo ou não a terra, falta de fase
ou fases no acessante, perda do enlace do meio de comunicação da tele-
proteção (transfer-trip), quando houver, religamentos automáticos
provenientes de equipamentos com dispositivos de recomposição
automática do sistema elétrico, sendo estes alguns pontos que o acessante
deverá analisar, sendo que existem diversos pontos para análise.

A forma mais eficiente de conexão com a COPEL é a mostrada na


Figura 9-1, isso devido ao fato do gerador estar ligado a uma barra principal
e esta a duas derivações, sendo uma para a concessionária e outra para
cargas que podem estar sendo alimentadas diretamente da produção da
mini usina hidrelétrica. Este pode ser considerado o melhor sistema
disponível para a conexão em 34,5 kV pois as proteções estão ligadas após
as conexões com a barra. Existe uma outra forma de fazer esta conexão
mas o gerador fica ligado diretamente a barra principal e desta deriva para a
concessionária e para as eventuais cargas que podem estar ligadas ao
barramento. Este tipo de conexão não é o melhor devido ao fato que, caso
exista algum distúrbio causado por alguma carga que esteja ligado na barra
principal, e que o seu sistema de proteção não atue antes do disjuntor geral
do gerador, que está localizado entre a barra principal e o gerador, este
distúrbio fará com que o disjuntor geral do gerador seja desarmado e com
isso toda a geração destinada a concessionária estará prejudicada.

Com a forma de ligação apresentada na Figura 9-1 existe um


elemento que faz com que possa ser feito a religação do circuito fazendo
assim o restabelecimento da continuidade de geração de energia elétrica.
78

Figura 9-1: Conexão com a COPEL. Fonte: (COPEL, 2010).


79

Onde:

EI Elemento de interrupção (Disjuntor MT, com bobina de disparo para


abertura remota e, a critério do responsável técnico, bobina de
fechamento remoto)
DGE Disjuntor do Gerador (Elemento de Desconexão)
DG Disjuntor Geral da Instalação
ES Elemento de seccionamento e Desconexão (chave seccionadora
tripolar sem elementos fusíveis)
25 Relé de verificação de Sincronismo ou Sincronização
27 Relé de subtensão
32 Relé direcional de potência
37 Relé de subcorrente ou subpotência
46 Relé de reversão ou desbalanceamento de corrente
50BF Relé de proteção contra falha de disjuntor
50/51 Relé de sobrecorrente instantâneo / Relé de sobrecorrente
temporizado
50/51N Relé de sobrecorrente instantâneo / Sobrecorrente temporizado de
neutro
59 Relé de sobretensão
60 Relé de balanço de corrente ou tensão
67 Relé direcional de sobrecorrente
67N Relé de sobrecorrente direcional de neutro (instantâneo ou
temporizado)
78 Relé de medição de ângulo de fase / Proteção contra falta de
sincronismo
81U/O Relé de Sobre e Sub frequência
81df/dt Relé derivada de frequência

Logo para fazer a conexão com o sistema elétrico da COPEL é


necessário a instalação dos relés mencionados na Figura 9-1 com suas
descrições acima.
80

10. ANÁLISE FINANCEIRA

Do mesmo cuidado que se exige no estudo hidroenergético, a análise


financeira não é diferente. A avaliação dos custos da mini usina hidrelétrica é
um dos pontos mais importantes na avaliação do sistema hidroenergético
junto com a avaliação da disponibilidade e da qualidade da energia a ser
entregue à concessionária. Qualquer alternativa de projeto implica em uma
série de custos como equipamentos, instalações, operação, manutenção,
perdas e muitos outros segundo (MME, 2008).

É por esse motivo que o estudo financeiro deve ser imprescindível e


muito rigoroso para que não haja falhas, pois caso seja levado em conta que
o empreendimento é do ponto de vista privado, este tem por objetivo a
obtenção de lucros ou ainda o próprio atendimento das cargas do
empreendedor, diferentemente do ponto de vista de órgãos públicos que o
seu foco já é a análise custo-benefício ou análise social do projeto, que
preocupa-se com a relevância do benefício e tem como avaliação o
elemento social.

Independente do ponto de vista que o empreendimento tem, em


ambas as hipóteses trata-se de determinar a relação custo/benefício que o
empreendimento pode ter, formado por um conjunto de instrumentos
capazes de medir os componentes e os resultados esperados de um projeto
e por certos padrões de comparações úteis para as tomadas de decisões.

Para uma mini usina hidrelétrica diversos são os custos para a


implantação. Os custo do projeto da mini central hidrelétrica deve ser
calculado conforme a realidade do local de situação e suas peculiaridades.

Através da construção de diversas usinas o Ministério de Minas e


Energia desenvolveu uma tabela com o custo médio percentual de cada
componente ou pelo menos para cada categoria de atividade e
equipamentos, sendo estes valores adquiridos através de µCH e mCH já
construídas e mostrado na Tabela 10-1.
81

Tabela 10-1: Custo percentuais médios para mini usina


hidrelétrica. Fonte: (MME, 2008)

Descrição Custo
Estudos Iniciais
Investigação do local 1,0%
Estudo Hidrológico 0,5%
Avaliação ambiental 1,0%
Projeto básico 1,0%
Estimativa de custos 0,3%
Preparação de relatórios 0,2%
Gerenciamento do projeto 1,0%
Passagens e diárias 0,6%
Subtotal 1 5,6%
Desenvolvimento
Negociação do PPA 0,5%
Licenças 0,5%
Levantamentos geológicos 0,6%
Gerenciamento do projeto 0,7%
Passagens e diárias 0,6%
Subtotal 2 2,9%
Engenharia
Projeto executivo 3,0%
Contratação 1,0%
Supervisão da Construção 3,0%
Subtotal 3 7,0%
Equipamento de Geração
Turbinas, geradores, reguladores, painéis 22,0%
Instalação dos equipamentos 3,0%
Transporte 2,0%
Subtotal 4 27%
Estruturas diversas
Estrada de acesso 5,0%
82

Barragem 9,0%
Canal de adução 4,0%
Tomada d’água 2,0%
Tubulação 5,0%
Casa de Máquinas 3,0%
Subestação e linha de transmissão 10,0%
Transporte 2,0%
Subtotal 5 40,0%
“Overhead”do contratante 5,0%
Treinamento 0,5%
Contingências 12,0%
Subtotal 6 17,5%
Total geral 100%

É preciso ressaltar que os valores podem variar para cada


empreendimento e também devido a localização em que será executado a
obra, isso devido a abundância ou a falta de mão de obra especializada para
cada segmento relacionada na tabela quanto a quantidade de matérias
necessários ao desenvolvimento da obra.

10.1. CUSTO DE IMPLANTAÇÃO DA MINI USINA HIDRELÉTRICA

Para o estudo de viabilidade da mini usina hidrelétrica, através de


informações obtidas junto a uma empresa especializada no ramo foi possível
realizar a distribuição dos valores percentuais disponíveis na Tabela 10-1
podendo montar a Tabela 10-2 com valores mais próximos com o que ocorre
comercialmente, como mostrado a seguir.
83

Tabela 10-2: Custo de implantação da mini usina hidrelétrica.

Descrição Custo [R$]


Estudos Iniciais
Investigação do local 53.000,00
Estudo Hidrológico 26.500,00
Avaliação ambiental 53.000,00
Projeto básico 53.000,00
Estimativa de custos 15.900,00
Preparação de relatórios 10.600,00
Gerenciamento do projeto 53.000,00
Passagens e diárias 31.800,00
Subtotal 1 296.800,00
Desenvolvimento
Negociação do PPA 26.500,00
Licenças 26.500,00
Levantamentos geológicos 31.800,00
Gerenciamento do projeto 37.100,00
Passagens e diárias 31.800,00
Subtotal 2 153.700,00
Engenharia
Projeto executivo 159.000,00
Contratação 53.000,00
Supervisão da Construção 159.000,00
Subtotal 3 371.000,00
Equipamento de Geração
Turbinas, geradores, reguladores, painéis 1.385.186,00
Instalação dos equipamentos 188.889,00
Transporte 125.926,00
Subtotal 4 1.700.001,00
Estruturas diversas
Estrada de acesso 265.000,00
84

Barragem 477.000,00
Canal de adução 212.000,00
Tomada d’água 106.000,00
Tubulação 265.000,00
Casa de Máquinas 159.000,00
Subestação e linha de transmissão 900.000,00
Transporte 106.000,00
Subtotal 5 2.490.000,00
“Overhead”do contratante 265.000,00
Treinamento 26.500,00
Contingências 300.000,00
Subtotal 6 591.500,00
Total geral 5.603.001,00

Os gastos disponibilizados na Tabela 10-2 são valores médios, sendo


que podem existir uma variação em qualquer seguimento ou até mesmo a
exclusão de algum item. Isto devido à disponibilidade tanto dos recursos,
mão de obra, materiais e também com relação ao transporte necessário para
a construção da mini usina hidrelétrica.

10.2. DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO

Para fazer uma análise financeira prévia foi considerado um


empréstimo junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), sendo
que este financia até 80% do capital necessário para a construção da mini
usina hidrelétrica, o qual será considerado. Devido ao enquadramento da
mini usina hidrelétrica, o financiamento se dará através de uma Instituição
Financeira Credenciada, sendo assim, o BNDES chama este empréstimo de
operação indireta e os juros são compostos do custo financeiro (TJLP) +
85

remuneração do BNDES + remuneração da instituição financeira


credenciada. Para efeito de análise será considerado que a taxa de juros é
de 8,8% ao ano e o sistema de amortização será utilizado o sistema de
amortização constante (SAC) para o prazo de 16 anos.

Para desenvolver e analisar o estudo da mini usina hidrelétrica é


necessário projetar as demonstrações de resultados, lembrando que este
documento contábil é apurado de acordo com o regime de competência,
dessa forma, não serve como uma demonstração de entradas e saídas.

Foram elaborados três estudos de casos, sendo estes chamados de


DRE (Demonstrativo de Resultados) presumido para 30 anos, sendo que
este não utiliza a depreciação, esse demonstrativo serve para avaliar de
forma simples os movimentos financeiros da mini usina hidrelétrica,
enquanto esta estiver em operação. Para os estudos, foi considerado para o
primeiro caso o valor de 130 R$/MWh. Para o segundo estudo de caso foi
considerado o valor de 150 R$/MWh, e o terceiro foi considerado o valor de
150 R$/MWh e com um valor de subestação e linha de transmissão reduzido
sendo este considerado de 300.000,00.

Os impostos considerados sobre a receita foram o PIS e COFINS,


com taxas de 0,65% e 3% respectivamente. Para operação e manutenção o
(MME, 2000) indica o valor de 5% do custo total do investimento, sem juros
durante a construção. Foi utilizado uma taxa de seguro para eventuais riscos
de operação, danos em máquinas e lucro cessante e danos na área civil no
valor de 1%. Foi projetado um valor para a taxa de administração da usina
em 1,4%. A taxa da Aneel é de 0,5% sobre o faturamento.

Com relação aos tributos, para o imposto de renda de pessoa jurídica


(IRPJ) foi baseado no lucro presumido, sendo sua taxa igual a 15%x8%x
receita bruta, e o cálculo da contribuição social (CSLL) 9%x12% x receita
bruta.

Os DRE’s presumidos estão dispostos nos Anexos, sendo que para o


primeiro caso são formados pelas Tabela I-1 e Tabela I-2, para o segundo
86

caso formado pelas Tabela II-1 e Tabela II-2 e para a terceira as Tabela III-1
e Tabela III-2.

Através da análise dos DRE’s é possível fazer o estudo do


empreendimento com relação à viabilidade econômica do projeto. Para isso
foram feitas as análises de Payback, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa
Interna de Retorno (TIR) que indica quanto de valor é criado hoje por se
realizar um investimento, representando o excedente em relação ao valor
que seria necessário investir a uma taxa de aplicação idêntica à taxa de
desconto para obter o fluxo de caixa analisado.

A ANEEL recomenda para estudos, a utilização da taxa de desconto


ou TMA (taxa mínima de atratividade) entre 10 e 12%.

10.2.1. PAYBACK

Para o primeiro caso, o cenário adotado considera o investimento feito


da ordem de R$5.603.001,00. Segundo a geração de fluxo de caixa, leva 7
anos e 3 meses para se devolver ao empreendedor o dinheiro investido.

Para o segundo caso foi considerado o mesmo investimento do


primeiro caso, mas como diferencial o valor pago por MWh. No segundo
caso a geração de fluxo de caixa, leva 5 anos e 7 meses para devolver o
dinheiro investido.

Para o terceiro caso o tempo é de 4 anos e 4 meses.

Este Payback simples, não considera o valor do dinheiro no tempo.


87

10.2.2. VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

Utilizando o cenário base, o Valor Presente Líquido (VPL) do projeto


para o primeiro caso, indica a criação de um valor negativo de R$
4.541.274,23. No segundo estudo caso este valor ainda é negativo sendo
este igual a R$ 3.510.829,90. Para o terceiro estudo de caso temos o valor
negativo de R$ 1.706.105,17, sendo assim este projeto deve ser rejeitado
pelo acionista.

A análise com relação ao Valor Presente Líquido funciona da seguinte


forma:

 VPL > zero, temos uma indicação de que o projeto é


financeiramente viável;
 VPL < zero o projeto deve rejeitado.

10.2.3. TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)

A TIR para o primeiro estudo de caso é de apenas 1,16%, sendo este


valor bem abaixo do valor da TMA considerado viável pela ANEEL. Para o
segundo caso, o valor da TIR fica em 3,34 e no terceiro caso temos o valor
de 6,22%. Sendo assim, novamente o projeto deve ser desconsiderado.

11. CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou analisar os principais componentes


constituintes de uma mini usina hidrelétrica (mCH), tanto na construção civil
88

quanto componentes da parte eletromecânica. Buscou-se também de forma


simples e objetiva mostrar os principais quesitos para que uma mini central
hidrelétrica necessita para fazer a conexão com a concessionária local -
COPEL. Foi analisado os principais custos com relação a construção e
também fluxos de caixas para a viabilidade do projeto.

Apesar da demanda em energia ser crescente, sendo que a


expectativa de crescimento no consumo nacional deve crescer cerca de
4,5% ao ano até 2021, com relação ao fornecimento de energia através de
mini e pequenas centrais hidrelétrica deve diminuir segundo o representante
da Associação Brasileira de Geração de Energia limpa (Abrangel), devido as
perspectiva referentes aos novos leilões de energia com preço previsto em
torno de R$ 112 por MWh (EPE, 2012).

Para mini e pequenas centrais hidrelétricas o valor do MWh deveria


estar acima de R$ 150 para a viabilização do mercado de energia, sendo
que hoje o preço está entre R$ 120 e R$ 130 por MWh tornando assim uma
dificuldade para a construção de novos empreendimentos. Enquanto estes
valores persistirem, ou caso o empreendedor aceitar um lucro inferior ao que
a ANEEL indica, sendo esta decisão diretamente dependente do
empreendedor. O fato do preço da energia estar nesses valores, é devido ao
crescimento da geração de energia eólica que vem diminuindo cada vez
mais os preços nos leilões de energia e já sendo mais barata que as centrais
hidrelétricas com preços abaixo de R$ 100/ MWh.

Assim para que mini usinas hidrelétricas voltarem a ser viáveis é


necessário que o preço médio do MWh pago seja maior do que está se
comercializando hoje em dia e ou através de benefícios que o Governo
Federal possa conceder aos investidores.
89

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93

I. ANEXO

Tabela I-1: Demonstração de Resultados.

Dados ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7 ANO 8 ANO 9 ANO 10 ANO 11 ANO 12 ANO 13 ANO 14 ANO 15
Receita Operacional Bruta 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253
Impostos sobre a Receita -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290
PIS -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572
COFINS -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718
Receita Operacional Líquida 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963
Despesas Operacionais -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010
Operação e Manutenção -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150
Seguros -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573
Administração -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002
Taxa Aneel -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286
Resultado Operacional 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953
Resultado Financeiro -628.470 -606.058 -583.646 -561.234 -538.822 -516.410 -493.998 -471.586 -449.174 -426.762 -404.350 -381.938 -359.526 -337.114 -314.702
Juros Financiamento -628.470 -606.058 -583.646 -561.234 -538.822 -516.410 -493.998 -471.586 -449.174 -426.762 -404.350 -381.938 -359.526 -337.114 -314.702
Lucro antes do IRPJ e CS -107.517 -85.105 -62.693 -40.281 -17.869 4.543 26.955 49.367 71.779 94.191 116.603 139.015 161.427 183.839 206.251
Tributos -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545
Contribuição Social -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258
IRPJ -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287
Lucro (Prejuízo) do Exercício -127.062 -104.650 -82.238 -59.826 -37.414 -15.002 7.410 29.822 52.234 74.646 97.058 119.470 141.882 164.294 186.706
94

Tabela I-2: Demonstração de Resultados (continuação).

Dados ANO 16 ANO 17 ANO 18 ANO 19 ANO 20 ANO 21 ANO 22 ANO 23 ANO 24 ANO 25 ANO 26 ANO 27 ANO 28 ANO 29 ANO 30
Receita Operacional Bruta 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253 857.253
Impostos sobre a Receita -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290 -31.290
PIS -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572 -5.572
COFINS -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718 -25.718
Receita Operacional Líquida 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963 825.963
Despesas Operacionais -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010 -305.010
Operação e Manutenção -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150
Seguros -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573 -8.573
Administração -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002 -12.002
Taxa Aneel -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286 -4.286
Resultado Operacional 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953
Resultado Financeiro -292.290 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Juros Financiamento -292.290 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Lucro antes do IRPJ e CS 228.663 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953 520.953
Tributos -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545 -19.545
Contribuição Social -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258 -9.258
IRPJ -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287 -10.287
Lucro (Prejuízo) do Exercício 209.118 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408 501.408
95

II. ANEXO

Tabela II-1: Demonstração de Resultados.

Dados ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7 ANO 8 ANO 9 ANO 10 ANO 11 ANO 12 ANO 13 ANO 14 ANO 15
Receita Operacional Bruta 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138

Impostos sobre a Receita -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104

PIS -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429

COFINS -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674

Receita Operacional Líquida 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035

Despesas Operacionais -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835

Operação e Manutenção -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150

Seguros -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891

Administração -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848

Taxa Aneel -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946

Resultado Operacional 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200

Resultado Financeiro -663.302 -638.649 -613.996 -589.342 -564.689 -540.036 -515.383 -490.730 -466.076 -441.423 -416.770 -392.117 -367.463 -342.810 -318.157

Juros Financiamento -663.302 -638.649 -613.996 -589.342 -564.689 -540.036 -515.383 -490.730 -466.076 -441.423 -416.770 -392.117 -367.463 -342.810 -318.157

Lucro antes do IRPJ e CS -19.102 5.551 30.204 54.857 79.510 104.164 128.817 153.470 178.123 202.776 227.430 252.083 276.736 301.389 326.043

Tributos -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552

Contribuição Social -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683

IRPJ -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870

Lucro (Prejuízo) do Exercício -41.655 -17.002 7.652 32.305 56.958 81.611 106.265 130.918 155.571 180.224 204.877 229.531 254.184 278.837 303.490
96

Tabela II-2: Demonstração de Resultados (continuação).

Dados ANO 16 ANO 17 ANO 18 ANO 19 ANO 20 ANO 21 ANO 22 ANO 23 ANO 24 ANO 25 ANO 26 ANO 27 ANO 28 ANO 29 ANO 30
Receita Operacional Bruta 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138

Impostos sobre a Receita -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104

PIS -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429

COFINS -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674

Receita Operacional Líquida 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035

Despesas Operacionais -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835 -308.835

Operação e Manutenção -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150 -280.150

Seguros -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891

Administração -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848

Taxa Aneel -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946

Resultado Operacional 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200

Resultado Financeiro -293.504 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Juros Financiamento -293.504 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Lucro antes do IRPJ e CS 350.696 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200 644.200

Tributos -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552

Contribuição Social -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683

IRPJ -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870

Lucro (Prejuízo) do Exercício 328.143 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647 621.647
97

III. ANEXO

Tabela III-1: Demonstração de Resultados.

Dados ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7 ANO 8 ANO 9 ANO 10 ANO 11 ANO 12 ANO 13 ANO 14 ANO 15
Receita Operacional Bruta 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138

Impostos sobre a Receita -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104

PIS -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429

COFINS -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674

Receita Operacional Líquida 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035

Despesas Operacionais -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835

Operação e Manutenção -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150

Seguros -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891

Administração -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848

Taxa Aneel -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946

Resultado Operacional 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200

Resultado Financeiro -592.272 -570.259 -548.246 -526.232 -504.219 -482.206 -460.193 -438.180 -416.166 -394.153 -372.140 -350.127 -328.113 -306.100 -284.087

Juros Financiamento -592.272 -570.259 -548.246 -526.232 -504.219 -482.206 -460.193 -438.180 -416.166 -394.153 -372.140 -350.127 -328.113 -306.100 -284.087

Lucro antes do IRPJ e CS 81.928 103.941 125.954 147.967 169.980 191.994 214.007 236.020 258.033 280.046 302.060 324.073 346.086 368.099 390.113

Tributos -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552

Contribuição Social -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683

IRPJ -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870

Lucro (Prejuízo) do Exercício 59.375 81.388 103.402 125.415 147.428 169.441 191.455 213.468 235.481 257.494 279.507 301.521 323.534 345.547 367.560
98

Tabela III-2: Demonstração de Resultados (continuação).

Dados ANO 16 ANO 17 ANO 18 ANO 19 ANO 20 ANO 21 ANO 22 ANO 23 ANO 24 ANO 25 ANO 26 ANO 27 ANO 28 ANO 29 ANO 30
Receita Operacional Bruta 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138 989.138

Impostos sobre a Receita -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104 -36.104

PIS -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429 -6.429

COFINS -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674 -29.674

Receita Operacional Líquida 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035 953.035

Despesas Operacionais -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835 -278.835

Operação e Manutenção -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150 -250.150

Seguros -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891 -9.891

Administração -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848 -13.848

Taxa Aneel -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946 -4.946

Resultado Operacional 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200

Resultado Financeiro -262.074 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Juros Financiamento -262.074 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Lucro antes do IRPJ e CS 412.126 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200 674.200

Tributos -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552 -22.552

Contribuição Social -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683 -10.683

IRPJ -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870 -11.870

Lucro (Prejuízo) do Exercício 389.573 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647 651.647

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