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METAFÍSICA DE

ARISTÓTELES
Platão x Aristóteles
• Em vários de seus escritos, com muita frequência,
Aristóteles polemiza contra Platão combatendo o mundo
das Ideias, porém, mantém sempre o máximo respeito
para com aquele que chama de mestre ou amigo.

• As objeções que Aristóteles levanta contra a teoria das


Ideias de Platão podem se reduzir a seis grupos
característicos.
• 1. É desnecessária duplicação das coisas.
• Aristóteles mostra que o mundo das Ideias é uma duplicação
insustentável do mundo das coisas sensíveis. Não há um mundo
inteligível de Ideias contraposto, separado e distinto do mundo sensível.
Platão x Aristóteles
• 2. Quando várias Ideias particulares são semelhantes a uma Ideia
geral da qual participam, a semelhança que existe entre elas deve
ser explicada por uma nova Ideia.
• Sendo assim, o número das Ideias tem de ser infinito, porque se duas coisas
particulares semelhantes são semelhantes porque ambas participam de uma
mesma Ideia, então, para se estabelecer a semelhança entre esta terceira
Ideia e a coisa, será necessário invocar uma quarta Ideia, e assim
sucessivamente.

• 3. Se há Ideias de cada coisa, terá que haver também Ideias das


relações, uma vez que percebemos as relações, intuitivamente, entre
as coisas.

• 4. Se há Ideias do positivo, deverá haver também Ideias do negativo.


Por exemplo, se há Ideia da Beleza, deverá haver Ideia da Feiura,
Bem e Mal, o que multiplicaria ao infinito o número de Ideias e
estabeleceria uma contradição ao sistema filosófico platônico.
Platão x Aristóteles
• 5. A doutrina das Ideias não explica a produção, isto é, a gênese das
coisas. As Ideias em Platão são conceitos, definições hipostasiadas.
Essas definições, em momento algum, explicam como as coisas se
tornam, como tem origem.

• 6. Se refere à transcendência absoluta que põe uma cisão entre o


mundo das Ideias e o mundo das coisas . Esse transcendentalismo
parece insustentável. Aristóteles não vê necessidade de cindir e
dividir as Ideias e as coisas.

• O esforço da filosofia aristotélica pode ser definido com estas


palavras: um esforço titânico por tirar as Ideias platônicas do lugar
celeste e fundi-las dentro da mesma realidade sensível das coisas.
• É um esforço por desfazer a dualidade do mundo sensível e do mundo
inteligível; por introduzir no mundo sensível a inteligibilidade; por fundir a Ideia
intuída pela intuição intelectual com a coisa percebida pelos sentidos, em uma
só unidade existencial e consistente. Tal esforço caracteriza a metafísica de
Aristóteles.
Platão x Aristóteles
Platão Aristóteles

• Desprezava a matéria, a • Amava a natureza, era observador,


percepção dos sentidos. estudava tudo.
• Valorizava este mundo, o mundo dos
• Valorizava só o mundo das sentidos.
Ideias. • A alma nasce “vazia”, totalmente
• A alma já nasce sabendo tudo ignorante e desprovida de saber,
o que “viu” no mundo das tem que aprender tudo através dos
Ideias. sentidos.
• Nossos conhecimentos não são
• Conhecer é recordar, pois as inatos, não estão na alma desde
ideias são inatas sempre, mas nascem por um
(reminiscência). processo natural, a partir dos
• Era um “realista-idealista”, o sentidos.
real para ele era a Ideia, a • Era um “realista-naturalista”, para
Forma, desligada deste entender a Razão, precisamos partir
da realidade concreta, individual, da
mundo. observação dos dados fornecidos
pelos sentidos.
Escola de Atenas é um afresco de Rafael Spazio que reúne importantes filósofos gregos
da Antiguidade. Foi pintado no Vaticano para o Papa Júlio II entre 1509 e 1511.
Aristóteles
• A expressão aristotélica: nihil est in intellectu quod non prius
fuerit in sensu (nada existe na mente, que antes não tenha
passado pelos sentidos), resume o posicionamento de
Aristóteles, quanto à teoria platônica das Ideias.

• Para Aristóteles, Platão equivocou-se ao colocar as formas e


arquétipos das coisas materiais numa realidade intelectiva,
que existe somente em nosso pensamento, uma vez que a
essência das coisas materiais não está fora das coisas, mas
nelas mesmas.

• Aristóteles se opôs categoricamente à filosofia de Platão,


considerando a teoria das Ideias supérflua e inútil, uma teoria
criativa, mas que nada explicaria.
Aristóteles
• Para Aristóteles, as experiências sensíveis,
representadas pelos seres singulares, individuais, são
inumeráveis, são mortais e estão sujeitas a mudanças.

• Em razão disso, as experiências sensíveis não podem


representar o que é verdadeiramente real nem podem ser
objeto de um conhecimento seguro.

• A metafísica aristotélica inaugura o estudo da estrutura


geral de todos os seres ou as condições universais e
necessárias que fazem com que exista um ser e que
possa ser conhecido pelo pensamento.
Conceito e características da metafísica
• Aristóteles distinguiu as ciências em três grandes ramos:
• a) ciências teoréticas, que buscam o saber por si mesmo,
• b) ciências práticas, que buscam o saber para alcançar, através dele, a
perfeição moral e
• c) ciências poiéticas ou produtivas, que buscam o saber em vista do fazer, isto
é, com a finalidade de produzir determinados objetos.

• As mais elevadas por dignidade e valor são as primeiras, constituídas


pela metafísica, pela física (na qual está incluída a psicologia) e pela
matemática.

• Que é a metafísica?
• Aristóteles usava, normalmente, a expressão filosofia primeira ou também
teologia em oposição à filosofia segunda ou física.
• A metafísica aristotélica é a ciência que se ocupa das realidades que estão
acima das físicas, das realidades transfísicas ou suprafísicas, e, como tal,
opõe-se à física.
• Assim foi denominada toda tentativa do pensamento humano de ultrapassar o
mundo empírico para alcançar uma realidade meta-empírica.
Conceito e características da metafísica
• As definições dadas pelo filósofo são pelo menos quatro:
• a) a metafísica indaga as causas e os princípios primeiros ou
supremos (etiologia).
• b) a metafísica indaga o ser enquanto ser (ontologia).
• c) a metafísica indaga a substância (ousiologia).
• d) a metafísica indaga Deus e a substância suprassensível
(teologia).

• Mas, como nasce, e qual é a sua razão de ser?


• A metafísica, responde Aristóteles, não nasce senão da admiração
e do estupor que o homem experimenta diante das coisas: nasce,
por isso, de um puro amor ao saber, da necessidade, radicada na
natureza humana, de conhecer o porquê último; de fato,
prescindindo de qualquer vantagem prática que tal saber possa
trazer, o homem ama-o só por ele mesmo.
Conceito e características da metafísica
• A metafísica é, pois, ciência que tende exclusivamente a
apaziguar essa exigência humana do puro conhecimento.

• Essa é a mais verdadeira e autêntica defesa e justificação da


metafísica e, com ela, da filosofia em geral, pelo menos da
filosofia classicamente entendida, que, é filosofia puramente
especulativa, ou seja, contemplativa.

• Agora estão claras todas as razões pelas quais - como já


dissemos - Aristóteles chamou a metafísica de ciência "divina".
• Só Deus pode ter esse tipo de ciência que tem em si mesma o seu
único fim. Deus a possui inteiramente, perfeitamente e de maneira
continuada; nós, ao contrário, parcialmente, imperfeitamente e de
modo descontínuo. Porém, mesmo dentro desses limites, o homem
tem um ponto de contato com Deus.
Conceito e características da metafísica
• A metafísica investiga:
• 1. Aquilo sem o que não há seres nem conhecimento dos seres: os
três princípios lógico-ontológicos (identidade, não-contradição e
terceiro excluído) e as quatro causas.
• 2. Aquilo que faz um ser ser necessariamente o que ele é: matéria,
forma, potência, ato.
• 3. Aquilo que faz um ser ser necessariamente como ele é:
substância e predicados.
• 4. Aquilo que faz um ser existir como algo determinado: a
substância individual (substância primeira) e a substância como
gênero ou espécie (substância segunda).
As causas
• A metafísica é, em primeiro lugar, apresentada por Aristóteles
como pesquisa das causas* primeiras.

• Aristóteles afirmou que as causas devem ser


necessariamente finitas quanto ao número, e estabeleceu que,
relativamente ao mundo do devir, reduzem-se às seguintes
quatro causas (Metafísica, A 3-10):
• 1) causa formal: é a forma ou essência das coisas.
• 2) causa material: é "aquilo de que" é feita uma coisa.
• 3) causa eficiente ou motora: é aquilo de que provêm a mudança e o
movimento das coisas.
• 4) causa final: constitui o fim ou o escopo das coisas e das ações; ela
constitui aquilo em vista de que ou em função de que cada coisa é ou
advém; e isso, diz Aristóteles, é o bem de cada coisa.

• * "causa" e "princípio", para Aristóteles, significam o que funda,


o que condiciona, o que estrutura.
As causas
• As quatro causas são, precisamente, causas do mundo
material e dividem-se em dois grupos:
• Intrínsecos: todo ente material depende intrinsicamente de dois
princípios constitutivos: a matéria e a forma.
• A realidade corpórea é o resultado de dois princípios complementares,
um indeterminado e comum a todos, que é a matéria, e outro,
determinante, que é a forma, pois faz com que uma coisa seja o que é
e diferente das demais.
• Extrínsecos: toda realidade corpórea depende, por não ser causa
de si mesma, de dois princípios constitutivos externos, a causa
eficiente e a final.
• Há algo que está em potência (dynamis) para uma nova determinação.
Pela ação de alguma causa eficiente recebe uma nova atualização
(entelékheia).
• Assim, o bloco de mármore que o escultor trabalha está em potência de
receber uma nova forma que o escultor lhe dá, a saber, a forma de uma
estátua.
Forma

Matéria

As quatro causas, embora sendo


distintas, são inseparáveis.
Somente a ciência as distingue e
as abstrai da realidade.
O ato e a potência
• A matéria é potência, isto é, potencialidade, no sentido de que
é capacidade de assumir ou receber a forma: o bronze é
potência para a estátua, porque é efetiva capacidade, tanto de
receber como de assumir a forma da estátua.

• A forma configura-se, ao invés, como ato ou atuação da


capacidade.
• Todas as coisas que possuem matéria têm sempre, como tais, maior
ou menor potencialidade. Se existem seres imateriais, isto é, puras
formas, eles serão atos puros, privados de potencialidade.

• O ato é chamado por Aristóteles também de enteléquia.


• Ato e enteléquia referem-se à realização, perfeição atuante e atuada.
A alma, enquanto essência e forma do corpo, é ato e enteléquia do
corpo; e, em geral, todas as formas das substâncias sensíveis são ato
e enteléquia. Deus será enteléquia pura (e assim também as outras
Inteligências motoras das esferas celestes).
O ato e a potência
• O ato, diz ainda Aristóteles, tem absoluta "prioridade" e
superioridade sobre a potência:
• De fato, não podemos conhecer a potência como tal, senão
reportando-a ao ato do qual é potência.
• Ademais, o ato (que é forma) é condição, regra e fim da
potencialidade. Enfim, o ato é superior à potência, porque é o
modo de ser das substâncias eternas.
Potência

Ato
Ato
“Ser enquanto ser"
• A segunda definição de metafísica é dada por Aristóteles em
chave ontológica: “há uma ciência que considera o ser
enquanto ser e as propriedades que Ihe cabem enquanto tal.
Ela não se identifica com nenhuma das ciências particulares:
com efeito, nenhuma das outras ciências considera o ser
enquanto ser universal; com efeito, depois de delimitar uma
parte dele, cada uma estuda as características dessa parte”.

• Assim, a metafísica considera o ser como "inteiro", ao passo


que as ciências particulares consideram somente partes dele.
• A metafísica pretende chegar às "causas primeiras do ser enquanto
ser", ou seja, ao porquê que explica a realidade em sua totalidade; já
as ciências particulares se detêm nas causas particulares, nas partes
específicas da realidade.
“Ser enquanto ser"
• Que é, pois, o ser?
• Parmênides e o eleatismo acreditaram que o ser só podia ser
absolutamente idêntico, ou seja, que só se podia entender num
único sentido, isto é, univocamente, cristalizou-se a doutrina do
Ser-Uno.
• Aristóteles diagnostica perfeitamente a raiz do erro dos eleatas e,
em polêmica com eles, formula o seu grande princípio da originária
multiplicidade dos sentidos de ser, que constitui a base da sua
ontologia. O ser não tem sentido unívoco, mas polívoco.

• Eis como Aristóteles caracteriza o ser:


• a) O ser não pode ser entendido univocamente ao modo dos
eleatas, nem como gênero transcendente ou universal substancial
ao modo dos platônicos.
“Ser enquanto ser"
• b) O ser exprime originariamente uma "multiplicidade" de
significados. Não por isso, porém, é mero "homônimo", isto é, um
"equívoco". Entre univocidade e equivocidade pura há uma via de
meio, e o caso do ser está, justamente, nessa vida intermediária. Eis
a célebre passagem na qual Aristóteles enuncia a sua doutrina:
• O ser se diz em múltiplos sentidos, mas sempre em referência a uma unidade
e a uma realidade determinada. O ser não se diz por mera homonímia, mas do
mesmo modo em que dizemos "sadio" tudo o que se refere à saúde: ou
enquanto a conserva, ou enquanto a produz, ou enquanto é o seu sintoma, ou
enquanto é capaz de recebê-la; ou também do modo em que dizemos
"médico" tudo o que se refere à medicina: ou enquanto possui a medicina ou
enquanto é bem disposto a ela por natureza, ou enquanto é obra da medicina;
e podemos aduzir ainda outros exemplos de coisas que se dizem do mesmo
modo destas. Assim, portanto, também o ser se diz em muitos sentidos, mas
todos em referência a um único princípio [...]. (Metafísica, 2, 1003a 33-b 6).

• c) O ser, em consequência do que se estabeleceu, não poderá ser


um "gênero" e muito menos uma "espécie".
• Trata-se de um conceito mais amplo e mais extenso do que o gênero e a
espécie.
“Ser enquanto ser"
• d) Se a unidade do ser não é unidade nem de espécie nem de
gênero, que tipo de unidade é?
• O ser exprime significados diversos, mas todos eles tendo uma precisa
relação com um idêntico princípio ou uma idêntica realidade. Portanto, as
várias coisas que são ditas "ser" exprimem sentidos diferentes de ser, mas ao
mesmo tempo todas implicam uma referência a algo que é uno.

• e) Que é esse algo uno?


• É a substância. Aristóteles o diz com toda clareza na conclusão da passagem
que lemos acima:
• Assim, pois, também o ser se diz em muitos sentidos, mas todos em referência a um
único princípio: algumas coisas são ditas ser porque são substâncias, outras porque
são afecções da substância, outras porque são vias que levam à substância, ou
porque são corrupções ou privações, ou qualidades ou causas produtoras ou
geradoras, seja da substância, seja do que se refere à substância, ou porque são
negações de algumas dessas, ou negações da substância. (Metafísica, 2, 1003a 33-
b 5-10).

• Em conclusão, o centro unificador dos significados de ser é a ousía,


a substância. A unidade dos vários significados de ser deriva do fato
de serem ditos em relação à substância.
Significados do ser
• Eis o elenco e a elucidação dos significados do ser:
• a) O ser se diz, por um lado, no sentido acidental, ou seja, como ser
acidental ou casual.
• Por exemplo, quando dizemos "o homem é músico", ou "o justo é músico",
indicamos casos de ser acidental: de fato, o ser músico não exprime a
essência do homem, mas apenas que ao homem ocorre ser, um puro
acontecer, um mero acidente.
• b) Oposto ao ser acidental, é o ser por si .
• Este indica, não o que é por outro, como o ser acidental, mas o que é por
si, isto é, essencialmente. Como exemplo de ens per se, Aristóteles indica,
normalmente, só a substância; mas às vezes todas as categorias: além da
essência ou substância, a qualidade, a quantidade, a relação, o agir, o
padecer, o onde e o quando.
• c) Em terceiro lugar, vem o significado de ser como verdadeiro,
contraposto ao significado do não-ser como falso.
• Este é o ser que podemos chamar "lógico": de fato, o ser como verdadeiro
indica o ser do juízo verdadeiro, enquanto o não-ser como falso indica o ser
do juízo falso. Esse é um ser puramente mental, ou seja, um ser que só
subsiste na razão e na mente que pensa.
• d) O último elencado é o significado de ser como potência e como ato.
As categorias
• As diferentes figuras de categorias não oferecem significados
idênticos ou unívocos de ser; noutros termos, o ser transmitido
por cada uma das "figuras de categorias" constitui um
significado diferente do significado de cada uma das outras.

• Consequentemente, a expressão “ser segundo as figuras das


categorias” designa tantos significados diferentes de ser
quantas são, justamente, as figuras de categorias.

• Aristóteles diz expressamente que o ser pertence às diversas


categorias, não do mesmo modo, nem no mesmo grau: “
• O é predica-se de todas as categorias, porém não do mesmo modo,
mas da substância de modo primário e, das categorias de modo
derivado (Metafisica, Z 4, 1030 a 21-23).
As categorias
• Categoria é o modo pelo qual se revela o que uma coisa é ou age, o
predicado de uma coisa ou de um sujeito. As categorias são os diversos
modos de predicar o ser, são as supremas divisões do ser, ou, como
também diz Aristóteles, os supremos "gêneros do ser".

• Eis a tábua das categorias:


• [1] Substância ou essência
• [2] Qualidade
• [3] Quantidade
• [4] Relação
• [5] Ação ou agir
• [6] Paixão ou padecer
• [7] Onde ou lugar
• [8] Quando ou tempo
• [9] Ter
• [10] Jazer

• Dessas dez categorias, só a primeira existe nela mesma, as outras são


apenas maneiras de ser. O ser verdadeiro está na substância, isto é,
naquilo-que-existe-em-si-mesmo e não-em-outra-coisa.
A substância
• O termo substância tem uma série de significados
diferentes nos diálogos de Platão e em Aristóteles.
• Aristóteles está convencido de que o problema posto pela questão
“o que é o ser?” realmente se resolve em “o que é a ousía (a
substância)?”, visto que o ser é, primeiramente e antes de tudo,
substância.
• É aquilo que existe numa unidade indissolúvel com o que é, com
sua essência e seus acidentes.

• Aristóteles parte da coisa real tal como a vemos e


sentimos e distingue três elementos:
• a substância
• a essência
• o acidente.
A substância
• O termo substância tem em Aristóteles duas significações:
• Primeiro, significa a substância individual, composta de matéria e
forma.
• As substâncias primeiras são objetos que não podem ser predicados de
outros, senão que delas se predica algum outro, isto é, algum acidente.
• Segundo, significa o elemento formal ou essência específica que
corresponde ao conceito universal.

• A substância individual (ousía aistetè ) é um conjunto (synolon)


do sujeito ou substratum e a essência ou forma.
• À substância individual pertencem as condições e as relações.
• O universal vem a ser preeminentemente o objeto da ciência, porque
é o elemento essencial.
• O universal só existe no particular, porém daqui se segue, mas que
somente podemos apreender o universal mediante a apreensão do
indivíduo.
A substância
• A substância é, em suma, o correlato objetivo do sujeito
na proposição, do sujeito no juízo.
• Quando num juízo afirmamos: isso é uma árvore, uma pedra,
Antônio é homem, João é mortal, Péricles é ateniense, Menelau é
gordo, Sócrates é feio, dizemos de alguém, de um sujeito, todas
essas coisas.

• O "quid", o sujeito da proposição do qual dizemos tudo


isso, essa é a substância. É o subjectum ou o substratum,
o sujeito que é o suporte dos predicados.
• Tudo o que dizemos da substância é o que Aristóteles chama
essência.
• A essência é a suma dos predicados que podemos predicar da
substância.
A substância
• Esses predicados se dividem em dois grupos:
• predicados que convêm à substância como propriedade
específica, de tal sorte que, se Ihe faltar um deles, não seria a
coisa o que é;
• predicados que convêm à substância, porém de tal sorte que ainda
que algum deles falte, continuaria sendo a substância o que é.

• Aqueles primeiros formam ou são a essência


propriamente dita, porque, se algum deles faltar à
substância, a substância já não seria o que é; e os
segundos são acidentes, porque o fato de que os tenha
ou não os tenha, não altera em nada a coisa para que
seja o que é.
A substância
• As substâncias podem ser individuais ou particulares. O que existe
realmente são substâncias individuais.
• Os universais (o homem, a casa, a habitação, o animal) são, para Aristóteles,
o correlato das ideias platônicas, embora não sejam transcendentes ou
exteriores, mas imanentes e interiores à realidade sensível.

• A substância se compõe de matéria e forma. De matéria-prima e


forma substancial. É a teoria do hilemorfismo.
• O universal é a forma, no momento em que é pensado e abstraído pela mente
humana.
• A matéria é potência, a forma, o ato.
• A substância é o que existe per se, elemento estável das coisas, e o acidente,
o que só pode existir no outro.
• Graças à união intrínseca entre os dois princípios, a substância se manifesta através
dos acidentes.
• Assim, Aristóteles conseguiu trazer as Ideias do céu à terra; destruiu a
dualidade do mundo sensível e do inteligível; fundiu esses dois mundos num
conceito largo da substância, de coisa real, que está aí. Nesse mundo
sensível cada coisa é, existe, tem uma existência, é uma substância.
Existência da substância suprassensível
• Para o Estagirita, existem três gêneros de substâncias
hierarquicamente ordenadas; duas são de natureza sensível:
• 1) o primeiro é constituído pelas substâncias sensíveis que nascem e
perecem,
• 2) o segundo é constituído pelas substâncias sensíveis, porém
incorruptíveis.
• Estas substâncias "sensíveis", porém "incorruptíveis'', são os céus, os
planetas e as estrelas, que, segundo Aristóteles, são incorruptíveis porque
constituídos de matéria incorruptível (o éter, quintessência), capazes
apenas de movimento ou mudança local, não-passíveis de alteração, nem
de aumento ou diminuição, muito menos de geração e corrupção. A
substância sensível corruptível, ao invés, está submetida a todos os tipos
de mudança, justamente porque a matéria da qual é constituída inclui a
possibilidade de todos os contrários: por isso as coisas deste mundo
(sublunar), além de mover-se, estão sujeitas ao aumento e à diminuição, a
alterações, à geração e à corrupção.
• 3) as substâncias imóveis, eternas e transcendentes ao sensível, que
são Deus ou Motor imóvel e as outras substâncias motoras das várias
esferas que constituem o céu.
Existência da substância suprassensível
• Os dois primeiros gêneros de substâncias são
constituídos de matéria e forma:
• as sensíveis corruptíveis são constituídas pelos quatro elementos
(terra, água, ar e fogo),
• as incorruptíveis por éter puro.

• A substância suprassensível é, ao invés, forma pura


absolutamente privada de matéria.

• Dos dois primeiros gêneros de substâncias ocupam-se a


física e a astronomia; o terceiro gênero de substância
constitui o objeto peculiar da metafísica.
Existência da substância suprassensível
•A existência do suprassensível é demonstrada do
seguinte modo:
• Se, pois, todas as substâncias fossem corruptíveis, não existiria
absolutamente nada de incorruptível. Mas, diz Aristóteles, o tempo
e o movimento são certamente incorruptíveis.
• O tempo não se gerou nem se corromperá: de fato, anteriormente à
geração do tempo, deveria ter havido um "antes", e, posteriormente à
destruição do tempo deveria haver um "depois". Ora, "antes" e "depois"
são tempo. Em outros termos: pelas, razões aduzidas, há sempre
tempo antes ou depois de qualquer suposto início ou término do tempo;
o tempo é eterno.
• O mesmo raciocínio vale para o movimento, porque, segundo
Aristóteles, o tempo não é mais que determinação do movimento; não
há tempo sem movimento e, assim, a eternidade do primeiro postula a
eternidade do segundo.
Existência da substância suprassensível
• Mas sob que condição pode subsistir um movimento (e
um tempo) eterno? O Estagirita responde: só se subsistir
um Princípio primeiro que seja sua causa.
• Em primeiro lugar, diz Aristóteles, o Princípio deve ser eterno. Se
eterno é o que ele causa.
• Em segundo lugar, o Princípio deve ser imóvel. Se a causa
absolutamente primeira do móvel é o imóvel.
• Em terceiro lugar, o princípio deve ser totalmente privado de
potencialidade, isto é, ato puro. Se é sempre em ato o movimento
que ele causa.

• Esse é o Motor imóvel, que não é senão a substância


suprassensível.
Referência bibliográfica
• ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Edições Loyola,
Brasil, 2002.

• REALE, Giovanni. História da filosofia grega e romana.


Vol. IV. São Paulo: Edições Loyola, Brasil, 2007.

• ROSSET, Luciano; FRANGIOTTI, Roque. Metafísica


antiga e medieval. São Paulo: Paulus, 2012. pp. 58-80.

• SILVA, Márcio Bolda da Silva. Metafísica e assombro:


curso de ontologia. São Paulo: Paulus, 1994. pp.73-85.

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