Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Boa Vista-RR
2011
2
Boa Vista
2011
3
___________________________________________________
Prof. MSc. Maurício Zoueim
Orientador
Comunicação Social - UFRR
____________________________________________________
Prof. Andrezza Mariot
Comunicação Social – UFRR
_____________________________________________________
Prof. MSc. Antônia Costa
Comunicação Social - UNAERP
Boa Vista - RR
2011
4
AGRADECIMENTO
RESUMO
ABSTRACT
This work of course conclusion approaches the importance of a worthy and righteous
salary bottom line for the professionals of communications in Roraima. The theoretical
discussion is sheltered in an explanatory approach to demonstrate the origin of the struggles
for better conditions of work and for the righteous payment of the professionals with the aim
of presenting the nature of the issue and offer solutions. The work begins with a research on
the origin of the unions and the journalists associations and syndicates all around the country
as well as in Roraima. The project is based on the methodology deep interviews. In that
regard there were over twenty personages interviewed, which is the minimum quantity
demanded for the use of the method. In the third chapter, the experimental project is
presented. A radio article was elaborated covering the salary loss of the journalist in Roraima.
From among the 20 interviewed three were selected for the issue. The interviewed journalist
spoke of the lack of commitment of the syndicates, the difficulties in obtaining correction in
the salaries, and the adopted alternatives taken by the most part of the professionals who
desire to live out of journalist. The radio material was included in the programmation of
Rádio Roraima.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................... 10
INTRODUÇÃO
Ainda no primeiro capítulo é relatada a história das lutas sindicais dos jornalistas
desde o século passado, em meio às mudanças políticas, econômicas e sociais, mais
especificamente, após a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas assume o poder no país,
que a atividade é regulamentada. Na época, o jornalismo era visto como bico. Por isso, quem
fazia jornalismo tinha outra atividade como fonte de renda.
Mesmo com a atividade regulamentada, a salário pago aos profissionais não dava
para cobrir o mínimo necessário para atender as necessidades básicas de despesas. Surgiram
as primeiras associações e os sindicatos de jornalistas. O Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de São Paulo é criado em 1937. Em 1947 é criado o primeiro curso superior de
jornalismo Casper Líbero.
A luta por melhores condições de trabalho e salário inicia com a Revolução Industrial
na Inglaterra. A partir daí, aumentou a competitividade entre os trabalhadores. Os assalariados
foram em busca de estabilidade no emprego. As categorias profissionais criaram associações,
instituições, sindicatos, credenciamentos, registros, licenças e cursos superiores.
Para conseguirem um reajuste salarial, os jornalistas de São Paulo fizeram a primeira
greve em 1961. A categoria conseguiu o aumento. Em 1979, os jornalistas paralisam os
trabalhos novamente para reivindicar reajuste de 25%, estabilidade no emprego para os
representantes dos sindicatos nas redações e melhores condições de trabalho para os
fotógrafos.
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julgou a greve ilegal e muitos jornalistas
foram demitidos. Artistas doaram gravuras, pinturas, desenhos, fotos, entre outras obras, ao
fundo de greve para serem vendidos e auxiliar os demitidos. Em dezembro, data-base da
categoria, jornalistas conquistam o reajuste salarial e o fotógrafo obtém condições melhores
de trabalho.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Roraima (Sinjoper) foi fundado em 13 de
setembro de 1991. O sindicato foi criado a pedido da Federação Nacional dos Jornalistas
(Fenaj) para emitir a carteira de jornalistas. Mesmo com o piso baixíssimo, pouco tem sido
feito para melhorar o piso salarial da categoria em Roraima. Hoje, os jornalistas convivem
com o menor piso dos estados brasileiros.
No segundo capítulo, foi apresentado o método da pesquisa. Nela foi aplicada a
metodologia da entrevista em profundidade. Para isso foram entrevistados pouco mais de 20
personagens, quantidade mínima exigida para a utilização do método.
12
seja, foi elaborada uma matéria sobre a defasagem do piso salarial dos jornalistas em
Roraima. Foram selecionadas três pessoas para a matéria. O material foi incluso na
1
Em 1829 John Doherty fundou o periódico dos trabalhados, A Voz do Povo. O material teve uma
tiragem inicial de 30 mil exemplares e circulava na primeira central sindical de todos os ofícios da
história: a Associação Nacional para a Proteção do Trabalho. Agrupava 150 sindicatos com mais de
100.000 membros. A intenção era resistir à diminuição dos salários e dar apoio aos operários.
16
2
Sindicato amarelo acredita numa aliança entre a classe trabalhadora e as autoridades ou
empregador.
18
3
Pedaço de lã de carneiro utilizado para amenizar impactos em uma cavalgada. Sindicalistas pelegos
são aqueles que, aparentemente representando os trabalhadores, atendem de fato os interesses dos
patrões ou do governo.
19
1939, que instituiu o enquadramento sindical. Com isso, uma categoria, para ser
reconhecida enquanto tal, teria de ser aprovado pela Comissão de Enquadramento
Sindical, órgão governamental vinculado ao Ministério do Trabalho.
A criação do Imposto Sindical era uma revelia, pois os trabalhadores
deveriam pagar seus salários de um dia de trabalho por ano de todos os
assalariados e isso, de acordo com Antunes (1989, p. 63), “[...] constituiu-se numa
robusta fonte financeira para a manutenção dos dirigentes pelegos. Assim, estava
constituída a estrutura sindical brasileira, vertical e subordinada ao Estado”.
Mesmo assim, houve lutas operárias, elas atingiram seu ápice nos anos 60. O
Comando Geral dos Trabalhadores [CGT] foi a expressão mais significativa do
movimento sindical brasileiro. Para Antunes (1989), sua presença foi decisiva na
direção de grandes manifestações operárias. O campo foi atingido pelas lutas dos
trabalhadores. Em 1955, surgiu a primeira Liga Camponesa e pouco a pouco
surgiram os sindicatos rurais. Com isso, ocorre a entrada decisiva do campesinato
no cenário político nacional, exigindo uma radical transformação da estrutura
agrária, por meio da substituição dos latifúndios pela propriedade estatal.
Os camponeses exigiam acesso à terra para aqueles que desejavam
trabalhar, além da extensão da legislação trabalhista para o campo, com o objetivo
de garantir alguns direitos mínimos aos trabalhadores rurais. Mas, com o golpe de
64, as lideranças sindicais foram esmagadas. De acordo com Antunes (1989), em
1979, as greves voltaram com um novo peso. Os operários deflagraram uma greve
geral nas empresas metalúrgicas do ABC. A adesão foi maciça. A greve já
ultrapassava seu décimo dia quando o governo decretou intervenção nos três
sindicatos metalúrgicos do ABC.
Neste momento, Luís Inácio Lula da Silva4 consolida sua liderança, contando
com a participação de todos os sindicatos do país. Com isso, patrões e governo,
apesar de sua radicalização, não conseguiram amedrontar e derrotar a classe
operária. E assim, foram forçados a negociar com os operários. Mas, para Antunes
(1989), o principal foi conquistado: a volta das lideranças sindicais. Junto com isso o
movimento operário avançou, desde a sua organização na base até a luta pelo
fortalecimento e unidades sindicais.
4
Ex-presidente da República Federativa do Brasil por dois mandatos seguidos. O primeiro de 2003 a
2006 e de 2007 a 2010. Luís Inácio Lula da Silva foi o primeiro ex-operário a ocupar o posto mais
importante do Brasil.
20
5
A licença para a Escola Superior de Jornalismo saiu em setembro de 1939 e foi concedida pelo
Conselho Nacional de Educação. Ela seria no Rio de Janeiro, mas não chegou a funcionar. Em maio
de 1947, São Paulo instala a Escola de Jornalismo Cásper Líbero, elevada, posteriormente, à
condição de Faculdade de Comunicação da Universidade de São Bento. A partir daí cresce o
interesse pelas escolas de jornalistas.
22
profissional”. Para isso, foi criada uma comissão composta por um representante do
Ministério do Trabalho, do Sindicato dos Proprietários de Jornais e Revistas
Profissionais e da Federação Nacional de Jornalistas [Fenaj], mas só em 1969 é
feita a definição jurídica da profissão de jornalista.
Para Leuenroth (1951), não é fácil informar quando iniciou a militância entre
os profissionais da imprensa na América para tratarem de seus direitos. Ao longo
dos anos, os jornalistas incentivavam as organizações das demais categorias.
Leuenroth (1951, p.57) narra que:
A escassez dos salários dos jornalistas, o que não dava para cobrir o mínimo
necessário para atender suas necessidades, foi um dos motivos que incentivou o
surgimento da primeira associação de jornalistas. Assim, os primeiros movimentos
de luta pelos direitos dos profissionais da comunicação não ocorreram por meio de
sindicatos. Como se pode constatar, nos registros de Leuenroth (1951, p. 57), “em
1908 que o idealismo e a tenacidade do repórter libertário Gustavo Lacerda
fundaram a Associação Brasileira de Imprensa, antecedida pelo Círculo dos
Repórteres”.
Surgiram entre os militantes de alguns veículos as caixas de beneficências
formadas por contribuições, havia até formações de caixas de empréstimos. Depois,
os militantes criaram a associação que abrangia toda a classe dos jornalistas.
mas, em casa, o Brasil vivia sob o regime ditatorial. No mesmo ano, o ex-ministro
José Américo, em entrevista a Carlos Lacerda, rompeu com a censura, criticando
abertamente o governo. Com isso, Vargas fixa o prazo de 90 dias para novas
eleições.
O general Dutra, do Partido Social Democrático [PSD], apoiado por Getúlio
Vargas e pelo Partido Trabalhista Brasileiro [PTB], vence as eleições. Bueno (2003)
informa que foi durante o governo de Dutra que surge, em 20 de setembro de 1946,
a Fenaj. Em 2004, com 40 mil jornalistas associados aos seus 27 sindicatos
estaduais e quatro municipais, a Fenaj comanda campanhas nacionais por melhores
condições de salários.
Alguns sindicatos se engajaram em atividades de natureza classista como,
por exemplo, os Sindicatos dos Jornalistas de São Paulo. A entidade sindical criou
uma Bolsa de Empregos, em 1975, com a intenção de ampliar e garantir o mercado
de trabalho para os jornalistas reconhecidos pela instituição.
Para suprir as necessidades das empresas de comunicação e outras em
geral, seja para trabalho fixo, temporário ou mesmo de free-lancers, o Sindicato
encaminhava currículos de profissionais como repórteres, revisores, redatores,
fotógrafos e diagramadores, propondo a estas a criação de jornais ou assessorias
de imprensa, que ficariam sob responsabilidade dos profissionais encaminhados
pela Bolsa.
6
Ex-presidente do Brasil. Fernando Henrique Cardoso governou o país por dois mandatos seguidos,
do período de 1995 a 2002.
24
ainda no fim da década de 1970. O sindicato era pequeno demais para receber um
grande número de pessoas, por isso a igreja foi escolhida para sediar o encontro.
Foram mais de nove horas de discussão para votarem no assunto. No entanto, a
democracia da decisão foi assegurada e no final houve votação secreta e individual.
Os jornalistas não votaram a favor da greve. Ou seja, não se obteve a maioria de
dois terços necessários para a decretação da greve.
A greve só seria decretada na segunda grande assembleia feita no Teatro da
Pontifícia Universidade Católica [TUCA]. Na ocasião a greve foi decidida por
aclamação. Entende-se a segunda assembleia dos jornalistas como polêmica e
decisiva para a organização da greve.
[...] foi uma greve curiosa, porque uma grande parte dos jornalistas não
aderiu à greve, e os que aderimos à greve resolvemos usar uma estratégia
que foi impedir a saída física dos jornais, bloquear. Não deixar sair o jornal.
Os jornais foram feitos, mas nós fizemos piquete na frente do Estado, na
frente da Folha, na frente da Última Hora. Isso foi uma coisa um pouco
nervosa, ameaça da polícia de dar porrada, e tal. Acabaram não batendo e
com isso os caminhões de entrega não puderam sair. E de manhã nós
fomos ao aeroporto e também confiscamos os jornais de fora que
chegaram. E também nessa época conseguimos que o pessoal de televisão
não tivesse notícia para dar, porque eles se baseavam muito no que estava
nos jornais.
Então foi uma coisa interessante, porque São Paulo ficou três dias sem
notícia, ficou sexta, sábado e domingo sem notícia. Nem de jornal, nem de
televisão, nem de rádio, nem nada. E essa é uma coisa inusitada. Uma
25
7
Washington Luíz Rodrigues Novaes é um jornalista que trata com destaque os temas de meio ambiente e povos
indígenas. Atualmente, é colunista dos jornais O Estado de São Paulo e O Popular, consultor de jornalismo da
TV Cultura, documentarista e produtor independente de televisão.
8
O Pasquim foi um semanário brasileiro editado entre 26 de junho de 1969 a 11 de setembro de
1991. Com tiragem inicial de 20 mil exemplares atingiu a marca de mais de 200 mil em seu auge, em
meados de 1970, se tornando um dos maiores fenômenos do mercado editorial.
26
Desta forma, com o fracasso da greve, uma outra concepção, que via o
jornalismo também como uma profissão liberal, pôde ter espaço, sem que o
jornalista negasse a sua condição de trabalhador. Para Kucinski (1990, apud,
Silva, 2002, p. 21), a questão da ética jornalística residia na tensão entre essas
identidades jornalísticas: a do trabalhador assalariado, a da personalidade de
conhecimento público e a de operador de computador.
A partir da greve de 79, a categoria cresceu em quantidade e em qualidade.
Organizou-se, enfrentou as renovações tecnológicas e as demissões, organizou
os assessores de imprensa e os jornalistas que não tinham vínculo empregatício.
Souza Pinto tomou posse como primeiro governador eleito. De acordo com
Rodrigues e Souza (2008, p. 313):
9
Informações fornecidas por Gilvan Costa, Presidente dos Jornalistas Profissionais do Estado
de Roraima, durante entrevista em abril de 2011.
29
Mas, entre os anos 20 e 60, Araújo (2008) destaca que os estudos norte-americanos
foram dominados pelo Mass Comunication Research. Este campo de estudos é
composto por autores com formações variadas que vão desde a engenharia das
comunicações, psicologia e sociologia. Contudo, afirma Araújo (2008, p. 120):
também outras áreas das ciências humanas como, por exemplo, as sociológicas,
históricas, psicológicas, antropológicas, entre outras.
Nas pesquisas feitas por meio do método de entrevista, por existir caráter
subjetivo, é necessária a formulação adequada dos procedimentos metodológicos e
a confiança nos resultados alcançados. Para isso, foram selecionadas fontes
capazes de ajudar a responder sobre o problema proposto, por possuir, de alguma
forma, envolvimento com o assunto pesquisado.
Ainda, conforme as dicas de Duarte (2005), serão selecionados para a
pesquisa informantes chave e informantes padrão, pois o primeiro grupo será
fundamental para a pesquisa por estar diretamente envolvido com o assunto
pesquisado. Já o informante padrão, apesar de estar envolvido com o tema
pesquisado, poderá ser substituído por outro entrevistado sem prejuízo das
informações necessárias para o trabalho, isso porque a pesquisa aborda um tema
relacionado a uma categoria.
Com o intuito de manter a imparcialidade durante a entrevista, o modelo
utilizado será neutro. A entrevista em pesquisa não se limita na coleta de
informações, pois há uma interação entrevistado e pesquisador. Os riscos devem
ser minimizados como buscar um ambiente de naturalidade, confiança e interesse.
É importante deixar o informante à vontade, para que ele relate o assunto de
forma livre e franca. Para Duarte (2005), o entrevistador deve buscar empatia e
interesse pelo que o entrevistado pensa e sabe sobre o tema, o pesquisador deve
ainda seguir o tempo da fonte. Além de evitar perguntas indutoras de respostas,
ambíguas ou que gerem respostas do tipo sim/não.
Telefone, internet, gravação e anotações foram utilizados como instrumentos
de coleta de informações. Isso porque juntos forneceram diversas vantagens como
agilidade, no caso de telefone. A gravação, por possibilitar o registro literal e integral
das respostas de cada entrevista, e as anotações, caso o entrevistado recusar a
gravação da entrevista.
O objetivo foi descrever os resultados obtidos durante o trabalho de pesquisa
em campo, com a utilização da técnica de entrevista em profundidade. Com isso,
gerar sugestões sobre o tema analisado.
34
3. O RÁDIO
3.1 A RADIODIFUSÃO
programa A Voz do Brasil como uma forma de chegar à população mais distante dos
grandes centros do país para veicular informação do governo.
O objetivo do governo federal era exercer maior influência no território de
Roraima. Com isso, o público de Roraima passou a ter acesso às notícias do Brasil e
do Mundo. No mesmo período, o espaço publicitário foi mais valorizado e os
profissionais de rádio ganhavam 10% por propaganda veiculada . Só em 1981,
continua Mesquita (2007), a emissora é instalada no atual prédio da Emissora, hoje
Rádio Roraima, localizado na Avenida Capitão Ene Garcez. Ainda segundo Barbosa
(2007, p. 37):
Até a primeira década do século XXI, a Rádio Roraima não sofreu grandes
transformações no que diz respeito à sua grade de programação e estrutura
física.
[...].
Em se falando de transmissão, no início do ano de 2007, a Rádio Roraima
passou a ser transmitida também via internet. Dessa forma, em qualquer
lugar do mundo, onde haja um computador ligado à internet, a programação
pode ser sintonizada, ampliando ainda mais o alcance da emissora.
Por isso, o texto no rádio exige simplicidade, pois as informações devem ser
entendidas por todos os ouvintes. O conteúdo deve ser nítido para que as
informações sejam claras. Ou seja, para evitar a ambiguidade. No caso de
entrevistas de rádio, não pode ser diferente. As entrevistas devem fornecer, pelo
entrevistado, suas opiniões em relação a determinados assuntos. E, com isso, o
ouvinte pode tirar sua própria conclusão do que foi dito.
40
Desta forma, o texto deve evitar o uso de adjetivos, palavras difíceis e, o mais
importante, deve estar numa linguagem simples para que todos possam entendê-lo.
Erbolato (2008) apresenta três técnicas de apresentação da matéria. A primeira é a
pirâmide invertida que inicia a matéria com os fatos culminantes, seguida dos fatos
importantes ligados ao lead e por último os detalhes dispensáveis.
A forma literária ou pirâmide normal é montada com detalhes da introdução
do acontecimento logo no início, seguida de fatos de crescente importância para
criar suspense, fatos culminantes e por último o desenlace. No sistema misto são
apresentados os fatos culminantes logo na entrada, seguidos de narração em ordem
cronológica.
Os leads apresentam formas diferentes. Erbolato (2008) apresenta os
seguintes tipos de leads: o simples, que se refere apenas a um fato principal; o
composto, que anuncia vários fatos importantes, abrindo a notícia; o integral, que dá
a noção perfeita e completa do fato; o suspense ou dramático, pois provoca emoção
41
em quem o lê; o flash apresenta uma introdução lacônica de uma notícia; o resumo,
pois conta praticamente tudo o que ocorreu ou vai ocorrer. Há ainda os leads citação
que transcrevem um pronunciamento; o contraste que revela fatos diferentes e
antagônicos; o chavão que cita um ditado ou slogan; o documentário, pois serve de
base histórica; o direto que anuncia a notícia sem rodeios e o pessoal que fala ao
leitor.
3.7 PRODUÇÃO
3.8 MATÉRIA
ENQUETE:
TEC/SONORA: 1.600?
TEC/SONORA: 2.600.
TEC/SONORA: 3 mil.
TEC/SONORA: Dá não. Por isso, a gente tem que estudar pra concurso, ter
dois empregos, ter assessoria, ter várias assessorias na realidade. Eu conheço
44
jornalista que tem várias assessorias, num sei quanto eles ganham como
assessores de políticos, mas eu acho que num passa de mil reais. Mas mesmo
assim, você tem que ter várias rendas para você manter o padrão que você quer de
vida.
TEC/SONORA: Pra um profissional que dedicou quatro anos de sua vida, na sua
formação, na sua qualificação. Absolutamente, não faz o menor sentido. É uma
afronta; e a gente enquanto jornalista precisa ter primeiro essa noção e segundo, a
gente precisa pensar em mobilização efetiva pra mudar essa realidade. Uma
alternativa que se ver aqui no estado é concorrer a concursos públicos para,
inclusive, em outras áreas. No entanto, essa não deve ser a solução efetiva. Isso
precisa ser encarado de forma mais direta, mais concreta e precisa haver uma
mobilização pra que essa realidade mude.
A maior parte dos entrevistados não sabia o valor do piso salarial dos
jornalistas em Roraima. De doze entrevistados, isto é, formandos, estagiários, focas
e profissionais, 41,67% deles não sabem o valor do piso. Alguns fazem ideia, mas
ao arriscarem dizer o valor erraram para mais, estes correspondem a 33,33%.
Apenas 25% souberam informar o valor do piso salarial, embora tenham afirmado
que não tinham certeza, pois o valor correspondia há mais de dez ou quinze anos,
quando começaram a atuar no mercado de trabalho.
Desta forma, apenas os três jornalistas formados souberam informar o valor
do piso. Dos que tinham ideia e arriscaram a informá-lo foram dois formandos, um
calouro e um estagiário. Dois calouros, dois estagiários e um formando não
souberam dizer o valor do piso salarial dos jornalistas de Roraima.
Pouco mais de 90% dos entrevistados afirmaram que o piso de R$ 750 não é
condizente com um padrão de vida confortável. Apenas 8,33% confirmaram que
viveriam com o valor, pois o valor dá para suprir as necessidades básicas. De
acordo com Cruz10 (informação verbal), “para início de carreira, ou seja, começando
do zero, acho que R$ 800 é digno de um jornalista”.
Os entrevistados sugeriram o salário adequado e a média de piso ficou em
torno de R$ 2.500,00. O valor é bem maior que o sugerido pelo Sindicato dos
Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima (Sinjoper), de R$ 1.400.
De acordo com o presidente do sindicato dos Jornalistas Profissionais de
Roraima, Gilvan Costa, o piso de R$ 750 foi estabelecido em 1997. Costa apontou
dois fatores que dificultam a negociação de um novo piso. O primeiro é a falta de um
sindicato patronal das empresas de comunicação. Segundo Costa (informação
verbal)11 isso impede uma negociação para que se estabeleça um piso.
O segundo problema, apresentado por Costa, está relacionado à falta de
engajamento da categoria, mobilização sindical dos jornalistas profissionais. Costa
reclama que os jornalistas não aparecem nem para uma assembleia quando o
sindicato convoca. Assim, de mais de 600 profissionais da comunicação que atuam
no mercado de Roraima, pouco mais de 200 são sindicalizados e nem todos
comparecem às reuniões promovidas pelo sindicato.
10
Informação verbal fornecida pelo acadêmico de jornalismo Cristian Cruz.
11
Informações fornecidas por Gilvan Costa em 15 de maio de 2011.
46
ANEXOS
2 Jornalista? Eu acho que a perspectiva, ela segue a realidade do estado. Nós ainda
somos um estado pequeno. Nós ainda não temos é é é muito espaço, mas nós
podemos éee partir pro ramo que independe de onde você esteja pra você poder
fazer um jornalismo, que eu acredito que é a questão do produto, que é web. Eu
acho que a grande sacada, o grande mercado pro jornalista é internet.
3 Eu sou ... srsrsr. Jor ... oh! Aliás, até você chegar num cargo de secretário, você já
não é só jornalista, você também trabalha nessa parte de administrar. Claro que
nunca foi meu sonho, nem minha vontade. Mas são coisas que a gente acaba sendo
levado e e e pela nossa profissão um cargo que tá para quem é jornalista. Mas eu
também sou empresário. Também tenho uma pequena empresa de comunicação,
também tenho o site também de comunicação, J7 comunicação é minha empresa e
o site J7.com também. E eu também tramito nisso eu faço essa parte também de
assessoria de imprensa e também cuido do site que é minha paixão, que a coisa
que eu mais gosto que é poder fazer jornalismo mediato que é através da internet.
4 Olha, hehehe. Faz muito tempo eu... Olha, nem lembro e nunca nem ouvi falar
também desse piso. Mas eu acho que se existir num é muito bom não srsrsr. (num
tem nem noção de mais ou menos quanto é?) Olha, eu não sei. Há muito tempo
atrás, eu fico até com medo de errar, mas eu acho que eu cheguei a ver alguma
49
coisa, a última vez que vi, acho que era em torno de R$ 700. Mas faz muito tempo
isso, eu to te dizendo isso ... mais de dez anos. Então quer dizer, não sei como está
agora. Eu sugiro que você pergunte isso do presidente do sindicato dos jornalistas.
(É é eu já perguntei dele, continua o mesmo piso, desde 97 não mudou, tá!) Foi em
97 mesmo que eu ouvi falar. É isso mesmo em torno de R$ 700? (isso, é) Meu Deus
do céu!
5 Olha, não. Não, até porque você tem todo o trabalho e você tem toda uma
perspectiva. Você tem curso superior. Você tem que se movimentar. É muito
trabalhoso vida de jornalista, muito, mas muito mesmo. E pra você que trabalha e
pela responsabilidade que nós temos, que o jornalista tem, a remuneração tem que
ser um pouco melhor. E eu acho que hoje em dia é uma coisa que tem que se
pensar. Até porque um profissional bem remunerado, remunerado justamente, ele
vai render. Seja em qualquer área for. Seja jornalista, médico, advogado, quem quer
que seja.
6 Ah! Mais aí vai depender srsr. (pro jornalista em Roraima) Aí depende rsrs do
padrão de vida de cada um. Mas eu acho que seria o quê? O padrão de vida dos
sonhos? Justo? (Isso, o que você acha justo para o piso de jornalista?). Eu acho,
dentro da minha concepção hoje, o jornalista que tá iniciando, o jornalista que... pra
ele poder trabalhar, pra ele poder se focar só num veículo. Eu creio que em torno de
R$ 3 a 3.500 reais.
7 Eu não acredito nisso. Eu acho que ética, caráter é uma coisa que num tá
associado com ganho, entendeu? Num é porque eu sou pobre que eu vou roubar,
num é verdade? Num é porque eu estou desempregado que eu vou virar bandido?
Num é porque que eu ganho pouco que eu vou me corromper. Que eu vou achar
que eu tenho o direito, que eu vou agir de forma errada. Eu acho que não é o
pensamento. Eu acho que nós temos que lutar de todas as maneiras pra ser ético.
Porque ético é uma questão de caráter e caráter num tem nada haver com lucro,
questões financeiras. Porque se você for entender uma coisa, os que mais agem de
forma desonestas, se nós formos pensar, são os que mais são bem remunerados.
aquilo que eu quero dizer pra você, uma coisa que a gente tem que entender. É... Se
nós nos colocarmos a disposição, se nós encontrarmos dentro do jornalismo, da
comunicação aquilo que é ... nós temos uma vocação um direcionamento. Eu acho
que é mais por aí. Eu imagino que geralmente o profissional, ele tá mal remunerado,
e ele tá infeliz quando ele não tá fazendo aquilo que ele gosta. Ele faz bem feito e
ele fazendo bem feito, ele vai ser bem remunerado.
1 Eu sempre gostei muito de escrever, desde criança. Eu ... claro, eu fui criança,
adolescente. A gente... quando perguntam o que você vai fazer profissionalmente,
você sempre fica na dúvida. Fiz vestibular muito novinha, tinha 16 anos, mas eu já
sabia. Tinha amadurecimento assim com relação ao que eu queria fazer. Na área de
letras, comunicação. Aí optei por comunicação pra escrever, mesmo. Gostei desse
mundo da escrita, da leitura.
2 Quando eu cheguei aqui era bem maior o mercado. Hoje em dia tá bem mais
amadurecido. Esse é um ponto positivo. Profissionais amadurecidos. O campo
continua... Eu creio que continua aberto pros bons profissionais.
3 Hoje, atualmente não. (E quando você chegou aqui?) Quando eu cheguei aqui,
tava ... eu não me lembro bem. Mas depois de um ano, se eu não me engano
passou pra R$ 700. Eu não sei se continua o mesmo.
4. Sim. Trabalho só como jornalista.
5 Esse valor que você fala do piso? (sim, o mesmo de 97). Não. Não.
6 Aqui. Local. Eu creio que o ideal seria R$ 2 mil.
7 De forma alguma. Não. Por que a ética é um valor que a pessoa tem dentro de si.
Independente do que ela recebe. Se você tem um bom caráter, é um bom caráter,
num é o pagamento ou a falta dele ou o pouco pagamento que vai te influenciar. Eu
não acredito nisso.
8. Não. (O jornalismo te mantém?) Sim.
51
2 Eu... De modo geral, eu acho que jornalismo, ele num é um mercado, por exemplo,
ele solta, é... sei lá. Num sei se a Universidade Federal que foi a primeira é ... se ela
consegue soltar todo ano uma turma. Uma turma que eu falo, sei lá, quatro ou cinco
pessoas, num sei. Mas éee, eu acho que tem mercado pros bons profissionais. Eu
acho que os bons profissionais, embora falem, as pessoas falem em saturação de
mercado, eu acho que pros bons profissionais sempre vai ter mercado. Porque o
bom profissional é aquele que tem ética e ética é uma coisa que tem sempre que
amojar em qualquer, em qualquer profissão. Então eu acho que existe sim mercado.
Esse negócio de saturação de: ai, Meu Deus! Ter mais turmas, o que que vão fazer
com tanta gente? Os bons se firmam.
3 A notícia que eu tenho, que ainda é de R$ 700. Um piso de ... acho de 11 anos
atrás. De 99, 98 se eu não me engano. (97) Oh! 97. Quer dizer.... E é uma coisa que
precisa ... A nossa classe, infelizmente ela é muito desunida né?. A gente vê a
classe de médicos, de advogados, eles se xingam, mas eles não se acusam
publicamente. A gente tem um grave defeito. A gente trabalha matéria ... com a
informação e a gente não usa isso a nosso favor. Ao contrário, a gente se denigre e
o que prejudica a nossa categoria. Se a gente fosse unido, eu tenho certeza, mas o
nosso piso, eu não sei se você tem informação, mas parece que na região norte é
mais de mil reais. E hoje a gente... Roraima tá com R$ 700. E a gente tem um
sindicato. E eu num vou culpar o sindicato de jeito nenhum. Eu acho que o sindicato
não é feito de um, ele é feito de todos. Mas ficou tão desacreditado em Roraima por
usar o sindicato como trampolim político, como benéficos e benefícios pessoais que
52
hoje a gente tá aí. Com um piso... Hoje pagam o que quer e fazem o que quer e
ninguém faz nada.
6 Olha eu acho que num... O piso tem que ser de acordo com ... tem que obedecer
trabalho, tem que obedecer éeee custo de vida. Utopia né?, mas pra mim uns R$
2.500 seria, assim... um bom piso.
7 Não. Eu acho que ética, ela independe. Se você é um mendigo você vai respeitar
o teu colega mendigo. Ética num tem piso não. Eu acho que quando a pessoa tem
ética ela é honesta. Ela respeita os princípios básicos da profissão. E não tem esse
negócio: ah, eu recebo mal, por isso que eu faço isso. Não. Isso é caráter. Chama-
se falta de caráter. Quem usa ética pra falta de caráter, eu não aceito. Ou você é
ético, ou você não é ético. Num tem esse negócio de que o salário vai te influenciar,
não. Claro que ... se éeee... A gente tem que levar em conta que cada veículo tem
uma linha editorial. A gente sabe que todos os veículos no Brasil, no mundo, eles
estão veiculados a algum partido, a algum grupo político, alguma coisa. Então,
geralmente, você tende obedecer à linha editorial. Mas o que você vai fazer depende
de você. Você pode sim apurar uma notícia buscando, aaaa impessoalidade não,
buscandoooo ser mais imparcial. Porque é muito difícil você ser imparcial. No fundo
qualquer notícia vai ter parcialidade que é a sua formação de opinião. Mas você tem
que buscar, chegar o máximo possível. Ouvindo os dois lados, escrevendo
exatamente o que te informaram. Né porque você está num veículo que tem uma
linha editorial que é contra o governo, contra a prefeitura que você vai meter o pau
vai começar. Você tem que apurar as notícias e se colocar no lado de quem vai ouvir
53
as notícias, de quem vai receber as notícias. Então, você tem que ter
responsabilidade nisso.
8 Tenho. Eu sou consultora natura. Sempre tiveee, desde pequena tive um tino pra
venda. Vai que eu me embrenho por um caminho desses. Enfim, mas assim, só pra
falar que sou consultora natura, porque viver da consultoria num vivo porque o
jornalismo num me deu tempo pra isso.
1. O que me motivou? Foi à escrita mesmo. Como eu tenho uma certa ... eume
identifico muito em escrever algumas coisas, eu queria ter essa... criar uma prática
né? E o jornalismo veio como uma oportunidade pra mim desenvolver isso né?E eu
acho também interessante no jornalismo fazer denúncias que são de interesse da
sociedade, né?. Então, aliando isso, essa identificação com a escrita de escrever e
com a oportunidade de fazer denúncias no âmbito político, denúncias de interesse
geral da sociedade que condizem de forma geral para a população eu fiz jornalismo,
daí comecei.
2. As perspectivas são... Eu vejo de uma forma não muito positiva. Eu acredito que
aparecendo uma oportunidade pra mim trabalhar em outro estado com melhor
remuneração eu num vou pensar duas vezes antes de ir. Claro se aqui aparecer
alguma coisa mais agradável, mais... próspero pra mim... Eu pretendo trabalhar em
uma assessoria que pagam muito mais que no próprio jornal impresso, em qualquer
meio de comunicação. Eu acredito nisso, acho que não vai ser muito difícil logo, logo
eu vou tá trabalhando. Mas é como eu digo, se aparecer uma outra oportunidade
para eu viajar para outro local eu irei sem problema nenhum.
3. Olha o piso salarial, me falaram que tava em torno de mil... de 800 a 1200 reais. Iria
para 1200 reais, houve uma reunião, eu cheguei até ir a essa reunião, mas o piso
salarial, que eu saiba, ainda permanece 800 reais. Claro que isso vai muito do meio
54
de comunicação né? Mas têm emissoras aqui, como a TV RR, que não pagam esse
valor. Acho que pagam entre 1500 a 1800 reais, né? É um piso padrão, acho que
por ser da rede globo manter um certo padrão de salário.Agora outros locais, por
exemplo, onde eu trabalho pagam 800, não pagam mais do que isso.
4. Você fala para fazer outra profissão paralela? (Ter outro meio de ganhar dinheiro,
outra fonte de renda?) Eu creio que .... Não. Assim, eu posso fazer outro curso né.
Posso atrelar esse meu conhecimento jornalístico com outro curso como psicologia,
que eu acho muito interessante, que eu creio ainda que vou fazer ainda. Mas assim,
eu acredito que com essa experiência que eu tô tendo vai ser suficiente pra mim,
não vai me deixar levar para outra profissão, buscar outra forma de renda,
entendeu?
5. Dá não. Por isso, a gente tem que estudar pra concurso, ter dois empregos,ter
assessoria, ter várias assessorias na realidade. Eu conheço jornalista que tem várias
assessorias, num sei quanto eles ganham como assessores de políticos, mas
euacho que num passa de mil reais. Mas mesmo assim, você tem que ter várias
rendas para você manter o padrão que você quer de vida.
6. Pra mim,uns quatro mil reais tá bom, pra mim rsrsrsrs. Porque eu num tenho filhos,
num sou casado, então acho que é o suficiente.
7. Sim, com certeza. De que forma? Eu já vi colegas, por não receberem o salário em
dia, derrubarem pautas. Já vi várias vezes, isso nunca aconteceu comigo. Eu faço
jornalismo porque eu gosto mesmo. Eu já trabalhei com salários atrasados várias
vezes, mas nunca derrubei pauta. Acho que meu compromisso é mais com a
profissão que com o salário mesmo. Mas já vi vários jornalistas derrubarem pauta
por causa de salário. Ou até, às vezes mesmo, por outro colega ter um salário maior
e derrubar também, achar que tá trabalhando mais do que o colega que teve um
aumento de salário, num ter essa competência.
8. Tenho, mas não é com profissão.
Ádria Albarado: acadêmica do curso de Comunicação Social da Universidade
Federal de Roraima. Atua como apresentadora e repórter da Rádio Tropical (94 FM).
Entrevista concedida às 8 horas do dia 16/05/11.
1 É uma área que eu podia falar de vários assuntos ao mesmo tempo e não e
especificar em uma área. Tipo se eu resolver fazer biologia que é uma área que eu
tenho vontade, eu só ia saber de biologia, na minha opinião. Aí, eu queria fazer uma
área que eu pudesse saber de política, de economia, de mano, enfim.
55
1. Foi mais uma questão percepção das minhas aptidões mesmo. Por conta da minha
família. Minha família sempre disse que me achou bastante comunicativa. E foi uma
questão de falta de opção mesmo. Eu sempre disse que gostaria de fazer isso e
nunca pensei em nenhuma outra coisa que eu pudesse fazer.
2. Minhas perspectivas pessoais? (Isso) Olha, eu acho que eu tenho o perfil bastante
pro impresso. A gente sabe que é uma área muito difícil, que poucos repórteres
querem trabalhar. Só que a gente sabe que a questão salarial no impresso impede a
gente de ficar só no impresso. Então, meu objetivo é conciliar uma assessoria sem
sair do impresso que é realmente o que eu gosto de fazer.
3. Até onde eu sei é 800 reais né? Num sei se mudou. (Certo. É 750, desde 1997, tá?)
Passei perto. (É, chegou perto mesmo).
4. Sim, só como jornalista. Eu pretendo fazer outros cursos. Fazer publicidade e quem
sabe fechar o tripé com RP. Mas pra poder me dar um embasamento nas minhas
ações como jornalista.
56
5. Não.
6. Bom, essa questão é difícil, porque o jornalista, ele ...é uma responsabilidade ... é
uma profissão que sobre a qual pesa uma responsabilidade muito grande. Com base
nessa questão da responsabilidade e da carga horária que a gente sabe que é
corrida, eu creio que pelo menos o dobro. (Então, no caso 1.600 e 1.500?) 1.600
entre 1.500 e 1.600.
7. Talvez não na questão ética, mas sim na questão motivacional. Muitas vezes o
profissional, ele se sente mais desmotivado. A gente é desmerecido por muitas
pessoas que dizem: ah! Já que não precisa de diploma então vamos lá. Acha que
qualquer um pode fazer. Mas num é porque eu tô ganhando pouco que, eu vou
deixar de ser ética ou vou fazer meu trabalho de outra forma entendeu?
8. Não. (Só do jornalismo). Só do jornalismo por enquanto. E deve ser até ... Por isso
que muitos jornalistas precisam trabalhar em vários outros ...é ... Mais de um ... Às
vezes até ... Conheço pessoas que trabalham em quatro, cinco empregos pra poder
ter um padrão de vida né? Assim, que dê pra você viver.
57
1. Eu fazia serviço social, larguei um curso né? Tranquei um curso pra fazer jornalismo.
Porque na minha concepção, eu tinha aquela concepção de jornalismo heroico, de
que ele ia veicular todas as notícias ruins, ia denunciar, ia mostrar a verdade né? Só
que agora, na prática, a gente vê que as coisas são bem diferentes né? Que vai do
veículo de comunicação que você está trabalhando. Praticamente todas né? São
ligadas a algum governo, governantes. Mas foi isso, a questão mesmo do heroísmo
mesmo, de mostrar a verdade.
2. Eu já tô pensando que quando eu me formar, vou ter que arrumar dois empregos
rsrsrrs. Porque o salário é muito baixo e para complementar vou ter que ter dois
empregos. O que paga melhor é assessoria de comunicação né? Mas, mas eu não
sei se vou querer. De repente eu até consiga.
3. De veículo de comunicação é de 800 a 1000 reais. Agora pra assessoria, depende
muito do órgão que tá trabalhando. Eu já vi assessor ganhar 3 mil, 5 mil reais.
Depende muito do órgão.
4. Eu pretendo rsrsrs. Tô toda confiante. Eu pretendo.
5. Acho que dá sim. Eu não tenho a pretensão de ser rica.
6. Acho que seria uns três mil.
7. Com certeza. Porque assim oh, por exemplo, ele ganhaaaa... Deixa eu ver se eu
consigo explicar. Ele tem um trabalho, então ele acaba se submetendo a
determinada situação de até mesmo, acho que não existe essa palavra antético?
Trabalhar contra a ética. Se submetendo aquele piso. Tem um amigo meu que fala
que praticamente nem um jornalista trabalha de forma ética aqui no estado né?
Porque se submete sempre a pressão do veículo de comunicação que ele trabalha.
Mas, eu acho que deixar de veicular alguma coisa porque de repente tem um
comercial na TV ou porque de repente ou porque de repente: ai! Eu não me dou
bem com fulano por isso eu não vou ajudar a divulgar, sendo que aquilo ali é bom
pra sociedade saber. Eu acho que é mais ou menos isso.
8. Não.
59
1. Bom. Assim. Na verdade, quando fui fazer o vestibular tinha várias opções né? E eu
estava muito em dúvida no que fazer mesmo. E assim. Diferente, muito diferente.
Biologia, jornalismo, administração, muitas coisas assim. Mas acho o que motivou foi
o que eu vi na época. Tudo levava o jornalismo. Foi a questão da grade curricular do
curso, que tinha sempre assim, fotojornalismo, telejornalismo, planejamento e
editoração, enfim, tudo levava ao jornalismo e eu achava muito interessante e no
começo a gente tem aquele sonho né? Meio que utópico no jornalismo da
imparcialidade e a gente vai descobrindo no decorrer do curso, a gente sabe que
nenhuma matéria, nem um telejornal é imparcial, mas que a gente pode fazer
jornalismo na mais sua pura essência, que é a responsabilidade social de levar
informação séria e confiável pra população.
2. Em Roraima? Nenhuma. Assim, porque se a gente partir pro lado meio que
ambicioso da sua vida, num tem como você ganhar bem, aqui em Roraima já que a
empresa que melhor paga é a TV Roraima. E pro iniciante lá é 1.300, 1.200 reais por
aí né? A perspectiva pra mim em Roraima seria os concursos públicos relacionados
à área de jornalismo. Agora ser mais digamos assim, assessoria de comunicação no
caso. Agora aquela prática mesmo eu queria mesmo se fosse por mim eu queria
telejornalismo, mas aqui em Roraima não dá num sei se vou seguir essa profissão
de telejornalismo, aqui em Roraima o mercado de trabalho seria assessoria de
comunicação, por meio de concurso público porque paga melhor, mas não é o que
eu queria.
3. Eu num sei, a última vez que vi era de 800 e pouco.
4. Não. Eu num sei, eu tô numa fase da minha vida q eu não sei. Mas assim acredito
que não só jornalista não dá para, tipo assim, pela minha vida, pelo padrão de vida
que eu quero ter eu num quero ser só jornalista, pelo menos aqui em Roraima.
5. Não. Claro que não.
6. Acho que no mínimo devia ser 2.500, no mínimo entendeu?
7. Influencia, mas não deveria influenciar né? Eu acho assim que as pessoas elas ...
Não é um fator que deve influenciar. Mas eu não sei, acho que é meio confuso falar
sobre isso, mas mesmo que não seja para influenciar, influencia né? Às vezes, a
60
pessoa ganhando mal, ganhando pouco, ela acaba cometendo ... É meio que aquela
coisa se você num é remunerando bem você não faz o trabalho bem feito entendeu?
O que não deveria e aquela coisa você já é contratado já sabe o seu salário de
quanto você vai ganhar já sabe o que você vai passar com aquilo né? Mas sempre
que sempre uma pessoa, isso aí, independente de ser ético ou não acontece né?
influencia sim.
8. No momento não. Tenho outra fonte de renda que não é de jornalismo.
61
aguenta muita coisa calado se esforça, é humilhado para poder ter algo melhor, um
salário a mais.
Deniane Costa Bezerra: acadêmica do segundo semestre do curso de Comunicação
Social – Jornalismo (UFRR).
Entrevista concedida por volta das 8h do dia 25/04/11.
1. Primeiramente foi meus pais que me incentivaram. Vou ser bem sincera, foi falta de
opção. E aí assim eu num conhecia daí foram me apresentado com o passar do
tempo no primeiro semestre, conheci bem o curso e fui gostando pelas áreas que
ele segue. Ele é bem amplo, você pode fazer várias coisas. (Mas por que os teus
pais?) Meus pais? Porque assim, o que eu queria mesmo eu não podia fazer. (O que
era?) Psicologia que era em tempo integral. E eu tinha a tarde e a noite livre e o
curso que se encaixou foi esse. Ele era bem adaptável aos meus horários e o que
eu queria.
2. Nossa! Eu vou ser bem sincera. Eu não tenho pretensão de trabalhar aqui. Eu creio
que como tá se desenvolvendo ainda há muita oportunidade a chegar aqui. Porque
dá de ver que não tem muita opção aqui em Roraima a se seguir, ou o salário é
baixíssimo como estagiário. Você tem que passar por várias coisas tipo meio que
uma certa humilhação para trabalhar aqui que é pouco. Você num tem muito
conhecimento sobre a comunicação social aqui dentro. Então, assim, minhas
expectativas são baixíssimas em relação à comunicação aqui em Roraima.
3. Sinceramente não. Ainda não fui ainda atrás disso, mas eu pretendo sim me
informar de tudo, vê se realmente é o que eu quero ainda tô no segundo semestre,
ainda tem muito chão pela frente.
4.
5. Não. Jesus....
6. Nessa área básico, básico, básico mesmo. Eu acho q assim... mil reais.
7. Na minha opinião, não. Porque se você estudou tantos anos pra seguir aquela
carreira num vai ser o mau pagamento que vai te desmoralizar você é ético em tudo
o que você faz.
8. Ainda não. Dos meus pais mesmo, dependente total, por enquanto.
63
média, se fosse colocar, em média, o que se paga hoje aqui mesmo pra um
jornalista entre assessoria e ... dá em média 1.400 reais. Foi exatamente por isso
que a gente colocou nessa média de piso. Por que algumas empresas pagam 800 e
a gente sempre trabalhou com o que se paga inicial quando a pessoa é contratada
né? Então, inicial em média é de 800 a 1.200, o inicial. Só que considerando órgão
de comunicação. Quando você entra pra assessoria o nível aumenta. Então quando
você pega um média, deu em média mais ou menos 1.400 reais que era o que a
gente propôs que fosse nosso piso.
3. Olha, não temos um número exato, porque muita gente que não é sindicalizada.
Tem muita gente que é de fora que veio pra atuar na área. O levantamento que a
gente tem em média éee... pelo que se formou na universidade Federal e pelo que a
gente tem em média de pessoas que atua na área aqui há muito tempo. Então, a
Universidade Federal de Roraima já formou, hoje, cerca de 250 profissionais né?
Então, considerando o pessoal que já vinha de outras épocas, que trabalhavam aqui
antes dododo ... Nós temos aqui em média na .... Considerando jornalistas
profissionais e o pessoal que atua na área de diagramação, fotojornalista,
cinegrafistas dá em média de 500 a 600 profissionais.
4. Sindicalizados, nós temos hoje uns 200 e pouco. 220 pouco, por aí.
5. Olha, até que não existe uma reclamação tanto assim. Porque na realidade a
questão ... o piso é, ele é só um balizador. Ele não é um fator determinante. Ele é
um balizador. É pra dizer que num pode pagar menos do que aquilo. Aqui, em
média, se ganha bem acima de qualquer piso aí fora no país. Esse 1.400 que ganha
aqui, só tem ... no norte só tem Rondônia o piso de 1.400 e até baixaram o piso pra
1.300, porque uma medida cautelar lá. E o piso maior que tem no país hoje é dois
mil e um quebradinho que é no Paraná. É o maior piso hoje. Mas em média, os pisos
no Brasil são em torno de 1.200 a 1.300 reais. Aqui, se a gente conseguir 1.400
seria um dos maiores em média.
6. É, a gente vinha fazendo. A gente deixou de fazer depois da queda do diploma. Até
porque houve ... Muito indefinido algumas coisas. A própria Fenaj orientou a gente a
não fazer campanhas de sindicalização, não fazer novas filiações por conta éee aaa
... Até aconteceu um caso em São Paulo que o sindicato foi obrigado a sindicalizar
um não diplomado, a emitir a carteira nacional aí ... tá ... Depois dessa pendenga o
sindicato não fez mais campanhas. Fazíamos antigamente, mas da queda do
diploma, nós paramos por conta de algumas orientações da Fenaj. (Como eram
66
essas campanhas?) A gente ia nas universidades, fazia éee o corpo a corpo mesmo.
Eu sempre ia nos cursos e tal. Era muito mais dividido de corpo a corpo.
7. Não, não necessariamente. É aquilo que eu te falei. É a dificuldade que a gente tem
de negociação né? Não é que ... O piso do Rio Grande do Norte é 900, um dos
menores do país, e o sindicato lá é super atuante. A questão envolve tudo
negociação com as empresas. Não é que o sindicato seja omisso. Não é. E tem uma
coisa, o sindicato não é só a diretoria. O sindicato são todos os sindicalizados. Se
não houver mobilização geral não adianta. Porque negociação só se faz sob pressão
e quem faz pressão não é só o sindicato, a diretoria; tem que ser toda a categoria.
8. É, o principal é a questão éee a inexistência de um sindicato patronal que isso faz
com que não possa ter uma negociação direta. Que possa negociar diretamente
com todas as empresas. E também um certo engajamento da categoria. Falta isso
também. A gente vê ... sou costumado a ver por aí a fora, o pessoal vai pras ruas.
Aqui você chama pra uma assembleia, num vai quase ninguém pra uma assembleia,
você imagina pra uma ... Mas isso é uma questão cultural aqui em Roraima. Você
pode ver quase todo sindicato aqui, tirando o Sinter que é o maior sindicato e o
sindicato municipal o Sitran, quase ninguém vai pras ruas. E outro detalhe, digo isso
porque eu trabalho lá também, o Sinter tem cinco mil e poucos sindicalizados, se
você for pra mobilização você num bota nem 500 pessoas. Então, é uma questão
cultural mesmo do estado, essa questão de falta de mobilização sindical.
67
1. Um piso de 750 reais pra um profissional que dedicou quatro anos de sua vida, na
sua formação, na sua qualificação. Absolutamente, não faz o menor sentido. É uma
afronta; e a gente enquanto jornalista precisa ter primeiro essa noção e segundo, a
gente precisa pensar em mobilização efetiva pra mudar essa realidade. Uma
alternativa que se ver aqui no estado é concorrer a concursos públicos para,
inclusive, em outras áreas. No entanto, essa não deve ser a solução efetiva. Isso
precisa ser encarado de forma mais direta, mais concreta e precisa haver uma
mobilização pra que essa realidade mude.
68
Enquete
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PORCHAT, Maria Elisa. Manual de Radiojornalismo Jovem Pan. São Paulo: Ática,
1993.
SCHMIDT, Mario Furley. Nova História Crítica. 2. ed. São Paulo: Nova Geração,
2002.
70
VIEIRA, Jaci Guilherme (Org.). O Rio Branco se Enche de Histórias. Boa Vista:
UFRR, 2008.
Internet
GREVE DOS JORNALISTAS DE SÃO PAULO. ABC de Luta, São Paulo. Disponível
em: <http://www.abcdeluta.org.br/materia.asp?id_CON=157>. Acesso em 03 jun.
2011.
Entrevistas