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Mongólia
Rosario
2018
Introdução
Interculturalidade
Mongólia
Os personagens
O espaço
No que respeita a função que cumpre o espaço nos relatos. O "Ocidental", vice-
cônsul de Pequim, faz uma descrição negativa da capital chinesa em sua carta-diário.
Assim, Pequim – a diferença de Xangai – é desenhada como uma cidade “opressiva”,
de uma escala arquitetônica “inumana”, um “labirinto” no médio do deserto. O
diplomata compara os bairros pobres pequineses (“hutongs”) com as favelas brasileiras.
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Nesse contexto físico os chineses são “subjugados e obedientes” (Carvalho, 2003:17).
Neste olhar de estrangeiro podemos observar uma matriz etnocêntrica e eurocêntrica, na
qual o elemento colonial tem muita influência em sua visão de Xangai, cidade onde os
traços da arquitetura ocidental ainda permanecem intatos. Pequim, ao contrário, foi
edificada no interior profundo do país oriental, afastada da costa e com um estilo
urbanístico próprio dos chineses. O “Ocidental” compara a capital oriental com Brasília,
demostra assim que é incapaz de apreender ao “outro” no que tem de específico,
projetando sobre uma cultura não ocidental os preconceitos próprios. O "Desaparecido"
descreve os prédios populares construídos no período soviético como as "favelas
verticais" do Brasil. Embora seja verdade que o jovem tem uma atitude mais otimista,
segundo o narrador principal nos diários dos brasileiros se percebem as mesmas ideias
etnocêntricas, os dois caracterizam aos mongóis como seres curiosos mas que possuem
uma violência latente no seu interior.
O tempo
O contexto
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desenvolver uma literatura moderna como as dos outros países ocidentais. O narrador
principal não dúvida em qualificar as opiniões do seu antigo colega como frutos da
ignorância e da arrogância (Carvalho;2003:25). O regime político socialista e suas
manifestações, por exemplo a “Revolução cultural”, são considerados pelo narrador
principal como a explicação do atraso cultural chinês. Para o “Ocidental” a China é um
“inferno” habitado por uma massa de “sobreviventes” (Carvalho; 2003:21). De outro
modo, a descrição que o “Desaparecido” faz de Mongólia é mais "ingênua" (Carvalho;
2003:50), mas não totalmente diferente. O jovem revela sua intenção etnográfica. Desta
forma, frente aos povos nômades que percorrem a taiga com seus animais, o
“Desaparecido” descreve suas casas (“Iurtas”), cerimônias e costumes características.
Os mongóis, ao igual que os chineses, são não-ocidentais, mas estes conservam melhor
um modo de vida tradicional que, porém, está sendo contaminado pelos ocidentais. Não
obstante, a colonização cultural não se impõe apenas sob a forma do colonialismo
comunista chinês – os novos amos dos mongóis depois dos monges budistas – e sim por
meio da invasão de turistas ocidentais que procuram nestas terras um produto “exótico”.
O jovem fotógrafo percebe o constrangimento dos povos nativos (os tsaatan) em face
da constante presença dos estrangeiros: “Devem estar cheios dos estrangeiros curiosos
que vêm vê-los como se fossem animais em vias de extinção” (Carvalho; 2003:44). A
paisagem (desertos, altas montanhas e extensas planícies) parece inatingível e o
fotógrafo fica paralisado diante da imensidão do país oriental: “O céu está sempre tão
perto. A paisagem não se entrega. O que você vê não se fotografa” (Carvalho; 2003:41).
Considerações finais
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Bibliografia
CARVALHO, Bernardo. Mongólia. São Paulo; Companhia das Letras: 2003 (1° ed.)