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Contabilidade

empresarial e societária
Clóvis Luís Padoveze

2010
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© 2010 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por
escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

P124 Padoveze, Clóvis Luís. / Contabilidade Empresarial e So-


cietária. / Clóvis Luís Padoveze. — Curitiba : IESDE
Brasil S.A., 2010.
212 p.

ISBN: 978-85-387-1204-6

1.Contabilidade gerencial 2.Contabilidade I.Título

CDD 659.1511

Capa: IESDE Brasil S.A.


Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

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Clóvis Luís Padoveze
Doutor em Controladoria e Contabilidade pela
Universidade de São Paulo (USP). Mestre em
Ciências Contábeis pela Pontifícia Universida-
de Católica de São Paulo (PUC-SP). Graduado
em Administração de Empresas pela Pontifícia
Universidade Católica de Campinas (PUC-Cam-
pinas) e em Ciências Contábeis pelo Instituto
Superior de Ciências Aplicadas (ISCA/Limeira-
SP). É professor do Mestrado Profissional em
Administração da Universidade Metodista de Pi-
racicaba, onde se responsabiliza pelas áreas de
controladoria e finanças. Também é professor
de disciplinas de contabilidade e finanças nos
cursos de Ciências Contábeis e Gestão de Negó-
cios Internacionais.
Profissionalmente, atua na área há mais de 30
anos como controller de companhias de grande
porte e como consultor contábil e financeiro.
Tem intensa atividade como condutor de semi-
nários profissionais em controladoria, contabili-
dade, custos, finanças e sistemas de informações
contábeis e gerenciais.
É autor de inúmeros livros na área de contabi-
lidade, contabilidade gerencial, controladoria e
finanças, e publica regularmente artigos em re-
vistas especializadas.
Foi membro do Comitê de Normas Contábeis
do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) no
triênio 2004–2006. Foi membro do Conselho
Fiscal da Associação Brasileira de Normas Técni-
cas (ABNT) de 2002 a 2007. Em 2005 recebeu a
Medalha Horácio Berlinck da Ordem do Mérito
Contábil do Conselho Regional de Contabilidade
do Estado de São Paulo.
Em novembro de 2009 recebeu o Troféu Cultura
Econômica Jornal do Comércio e Caixa, de Porto
Alegre, RS, pelo melhor livro de contabilidade
de 2009: Gerenciamento do Risco Corporativo em
Controladoria.
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sumário
sumário Regimes contábeis
11

11 | Definição e tipos de regimes


15 | Regime de caixa
17 | Regime de competência
20 | Regime misto
21 | Impacto nas demonstrações contábeis
(regime de caixa versus regime de competência)
24 | Aplicação geral do regime de competência
26 | Aplicações específicas do regime de competência
28 | Regimes contábeis, princípios e práticas contábeis e legislação tributária
35
Estrutura contábil
37 | A contabilidade como ciência
44 | Fundamentos da contabilidade
47 | A metodologia contábil
51 | O estudo das contas
56 | Estruturação das informações contábeis
65 | Relatórios contábeis básicos

Escrituração contábil, a teoria 79


contábil e a legislação em vigor
79 | Fundamentos da escrituração contábil
93 | A teoria contábil
96 | A estrutura da contabilidade brasileira
99 | Introdução aos princípios e práticas contábeis
101 | Princípios contábeis
mário

102 | Práticas contábeis


111
Noções gerais dos relatórios contábeis
111 | Objetivo e visão geral dos relatórios contábeis
113 | Balanço Patrimonial
123 | Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

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130 | Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
131 | Demonstração das mutações do patrimônio líquido
132 | Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR)
135 | Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
140 | Integração entre o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultados
e a Demonstração dos Fluxos de Caixa
141 | Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
145 | Notas explicativas às demonstrações financeiras
155
Situação financeira
155 | Geração de caixa
157 | Análise financeira ou de balanço
159 | A metodologia básica e principais instrumentos de análise financeira
164 | Análise vertical e horizontal
167 | Indicadores de análise financeira
171 | Análise de rentabilidade
177 | Análise dos demais relatórios contábeis
191
Gabarito
207
Referências
209
Anotações

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Apresentação
A contabilidade é considerada a linguagem uni-

Contabilidade Empresarial e Societária


versal dos negócios. Desde os primórdios da
civilização ela tem sido utilizada para o contro-
le das riquezas geradas e acumuladas pela so-
ciedade, tanto em termos individuais como em
termos coletivos, caracterizando-se como uma
ciência social.
O ramo mais conhecido da ciência contábil é
aquele aplicado aos empreendimentos, sejam
eles com fins lucrativos ou não. Esse ramo é de-
nominado por alguns autores de contabilidade
financeira ou contabilidade societária. Aplicado
especificamente às empresas com fins lucrativos
é denominado de contabilidade empresarial.
A contabilidade financeira ou societária é obriga-
tória no Brasil para todas as empresas. Em razão
disso, suas regras básicas estão contempladas na
legislação. A legislação que contempla a maior
parte das regras é a Lei 6.404/76, a Lei das Socie-
dades por Ações, que foi estendida para as demais
sociedades pelo Decreto-Lei1598/77.Recente-
mente essa legislação sofreu várias importantes
alterações pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09, que
foram incorporadas à Lei original 6.404/76.
A regulamentação da contabilidade financeira é
necessária para que as regras sejam as mesmas
para todas as empresas. Essas regras são deno-
minadas de práticas contábeis, que decorrem
dos princípios contábeis geralmente aceitos,
princípios esses que foram desenvolvidos ao
longo dos séculos pela ciência contábil para uni-
formizar os procedimentos e padrões de relató-
rios contábeis para os usuários externos.
Este livro traz uma introdução a esse ramo da
contabilidade. O foco de nosso trabalho é a es-
trutura básica contábil e os principais relatórios
produzidos para os usuários externos. É necessá-
rio o conhecimento da estrutura contábil para o

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entendimento dos fundamentos da ciência con-

Contabilidade Empresarial e Societária


tábil e de como ela se apresenta como um sis-
tema de informação. Do sistema de informação
contábil saem os relatórios contábeis para utili-
zação pelos usuários para tomada de decisão.
O livro é estruturado em cinco capítulos, partin-
do da definição da contabilidade como ciência,
suas teorias e princípios, sua metodologia, regi-
mes adotados e sistemas de registros. Em segui-
da apresenta a estrutura contábil brasileira e os
livros obrigatórios. O trabalho é finalizado com
a apresentação de todos os relatórios contábeis
determinados pela legislação e complementa-
do com um conjunto de elementos para avaliar
a situação financeira do empreendimento por
meio dos relatórios contábeis.

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Regimes contábeis

Definição e tipos de regimes


Regime contábil é o critério adotado para registro do valor das transações
de despesas e receitas da entidade para fins de apuração do resultado, lucro
ou prejuízo, de um determinado período contábil.

A adoção de um determinado regime contábil para a apuração dos re-


sultados implica, necessariamente, que as demais demonstrações contábeis
refletirão concomitantemente as diferenças de valores, quando se compara
regimes contábeis diferentes.

Período contábil
Período contábil é o intervalo de tempo que a entidade escolhe para
apurar seus resultados. Os períodos mais comuns são o mensal, o trimestral,
o semestral e o anual. Não há prática contábil ou costume que utilize um
período contábil maior do que doze meses (um ano). Assim, não se apura
resultados para dois anos, por exemplo.

No Brasil a obrigatoriedade mínima é a adoção do período anual, que é


denominado de exercício contábil.

As sociedades anônimas de capital aberto (empresas com ações cotadas


na bolsa de valores) são obrigadas também, além da apresentação das de-
monstrações contábeis anuais, à apresentação das demonstrações contábeis
nos trimestres encerrados em 31/03, 30/06 e 30/09.

A apuração dos resultados mensais não é obrigatória para fins societários.


Basicamente é uma apuração de caráter gerencial, necessária para a gestão
patrimonial e dos resultados da empresa. A apuração dos resultados mensais
também é feita para empresas que optam ou são obrigadas a esse período
de apuração para atender as regras de apuração do Imposto de Renda.

Quando se apuram resultados em períodos menores que um ano, deve-se


fazer a soma dos períodos intermediários, apurando-se também o resultado
acumulado anual. Assim, se a empresa apura resultados mensais, tem-se que

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Regimes contábeis

fazer também a somatória dos resultados dos 12 meses. Se a empresa apura


resultados trimestrais, tem-se que fazer também a somatória dos resultados
dos 4 trimestres. Se a empresa apura resultados semestrais, tem-se que fazer
também a somatória dos resultados dos dois semestres.

Exercício contábil
No Brasil as empresas podem escolher um exercício contábil que seja di-
ferente do ano civil. Normalmente isso acontece quando o ciclo operacional
(produtivo e comercial) da empresa inicia num mês diferente de janeiro. Um
exemplo desse tipo de empresa são as usinas de açúcar e álcool, onde a safra
encerra em novembro.

Outrossim, para fins tributários de apuração do Imposto de Renda, há a


obrigatoriedade para todas as empresas de adotar o ano civil como exercício
contábil. Assim, caso uma empresa adote um exercício contábil diferente do
ano civil, terá que fazer duas apurações de resultado: uma para atender a le-
gislação societária, considerando o período escolhido diferente do ano civil,
e uma para atender a legislação tributária.

Tipos de regimes contábeis


São três:

 regime de caixa;

 regime de competência;

 regime misto.

Os regimes contábeis são aplicados para as transações já acontecidas.


Além do regime contábil as entidades públicas têm que observar também
o regime orçamentário. Contudo, as empresas privadas não são obrigadas a
adotar o regime orçamentário, da forma como é obrigatório para as entida-
des públicas.

Evento econômico
Denominamos de evento econômico uma classe de atos que afeta o pa-
trimônio de uma entidade. Como a contabilidade é a ciência do controle de

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Regimes contábeis

um patrimônio, toda vez que uma ação envolve a modificação desse patri-
mônio, em termos de valor e classificação, esse ato deve ser contabilizado.

Exemplos de eventos econômicos são: a venda, a compra, a estocagem, o


pagamento de salários, o recebimento da venda, o pagamento da compra, a
aquisição de imobilizados, a entrada de capital social etc.

Fato administrativo ou contábil era a nomenclatura utilizada até a década


de 1980 para designar um evento econômico. O evento econômico pode
alterar o patrimônio empresarial de duas maneiras:

a) diretamente no valor da riqueza dos proprietários (o patrimônio lí-


quido contábil), aumentando ou diminuindo, eventos esses denomi-
nados de aumentativos ou diminutivos;

b) alterando apenas o tipo de ativo ou passivo, sem alterar o patrimô-


nio líquido, eventos esses denominados de qualitativos.

Transação
Denomina-se transação a execução individual de um evento econômico.
Assim, a realização de uma compra de material é uma transação do evento
econômico compra. A execução de uma venda é uma transação do evento
econômico venda, e assim por diante.

O registro de todas as transações dos eventos econômicos é a metodo-


logia básica que a Ciência Contábil encontrou para fundamentar o controle
patrimonial de uma entidade.

Momentos que envolvem uma transação


de um evento econômico
Toda transação envolve dois momentos de realização: o momento eco-
nômico e o momento financeiro.

O momento econômico é o momento em que a transação é gerada. O


momento financeiro é o momento em que a transação é recebida ou paga,
ou seja, quando há a entrada ou saída de caixa.

Exemplificando com uma transação de compra:

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 o momento econômico é o momento em que a compra é efetuada e


recebemos a mercadoria ou serviço objeto da compra;

 o momento financeiro é o momento em que a compra é paga ao for-


necedor pelo valor que foi feita.

Exemplificando com uma transação de venda:

 o momento econômico é o momento em que a venda é feita e são


transferidos os direitos de propriedade para o cliente;

 o momento financeiro é o momento em que o valor da venda é rece-


bido pela empresa vendedora.

Não há dúvida de que, em muitas ocasiões, os dois momentos são reali-


zados ao mesmo tempo. Isso se dá quando realizamos a compra ou a venda
à vista, ou seja, no mesmo momento em que estamos comprando e venden-
do, estamos também pagando ou recebendo.

Contudo, de um modo geral, na maior parte das empresas, a maioria das


transações não são à vista e sim a prazo, ficando distintos os dois momentos
de execução que ocorrem com os eventos econômicos.

Momentos de uma transação – exemplo


Venda a prazo em 03/05 para receber em 03/06:

03/05 – Emissão da Nota Fiscal e entrega da mercadoria momento


econômico

03/06 – Recebimento do valor da duplicata momento financeiro

Outro exemplo importante é o que ocorre com a folha de pagamento


dos funcionários. É muito comum que as empresas paguem os salários dos
funcionários no mês seguinte, ao redor do dia cinco. Contudo, o fato gerador
(a ocorrência), o momento econômico em que o evento “despesa de salários”
acontece é o final do mês de trabalho.

Assim, o momento econômico dos salários do mês de março, que gera a


despesa para a empresa e o direito para o trabalhador, é o final do mês de
março, dia 31, mesmo que a empresa pague os salários no dia 5 de abril.

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Regimes contábeis

Folha de pagamento dos funcionários do mês de março, paga em cinco de


abril:

Momento econômico– dia 31 de março (direito para o funcionário e obri-


gação para a empresa)

Momento financeiro– dia 05 de abril

Momentos das transações e regimes contábeis


A distinção dos dois momentos possíveis para as transações é importante
para aquelas que afetam o patrimônio líquido. As transações que afetam o
patrimônio líquido (excetuando aumento ou diminuição do capital social)
são as receitas e despesas.

A questão que surge então é a seguinte: em que momento deve ser re-
conhecido o aumento ou diminuição do patrimônio líquido (o aumento ou
diminuição da riqueza do proprietário): no momento econômico ou no mo-
mento financeiro?

Dessa questão originou-se o conceito dos dois regimes contábeis, o


regime de caixa e o regime de competência.

Regime de caixa
Considera-se que a empresa utiliza o regime de caixa quando apura o
resultado de cada período contábil, considerando o momento financeiro das
transações dos eventos econômicos de receita e despesa.

Regime de caixa quando se apura o resultado pelas datas de recebimento


e pagamento das transações.

Exemplo
Tomemos como exemplo dois dos eventos econômicos de uma empresa de
serviços, uma compra de materiais de expediente a prazo e uma prestação de
serviço a prazo. As características e valores dessas transações são as seguintes:

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Regimes contábeis

 Compra de materiais de expediente em 15/02/X1 no valor de R$300,00,


para pagamento em 15/03/X1.

 Prestação de serviço em 25/02/X1 no valor de R$700,00, para recebi-


mento em 05/04/X1.

A compra de materiais de expediente é uma despesa para a empresa.


A receita de serviços é uma receita para a empresa. Evidenciando as duas
movimentações dentro de um modelo de Demonstração do Resultado
mensal simplificado, teríamos a apuração conforme tabela apresentada
a seguir.

Regime de Caixa Mês  


Apuração do Resultado Mensal Fevereiro/X1 Março/X1 Abril/X1 Soma
Compra de material de expediente
0,00 (300,00) 0,00 (300,00)
em 15/02/X1, pago em 15/03/X1
Prestação de serviço em 25/02/X1,
0,00 0,00 700,00 700,00
recebido em 05/04/X1

Resultado (lucro ou prejuízo) 0,00 (300,00) 700,00 400,00

As constatações são as seguintes:

 as duas transações foram geradas em fevereiro/X1, mas nenhuma de-


las exigiu saída ou entrada de caixa nesse mês, e, portanto, não foram
contabilizadas como receita ou despesa de fevereiro/X1;

 o pagamento da compra de material de expediente foi considerado


como uma despesa no mês de março/X1, quando saiu o dinheiro do
caixa. Como a despesa reduz o patrimônio líquido do proprietário,
é apresentada com o sinal negativo na Demonstração do Resultado
do mês;

 como não há receita no mês de março/X1, o resultado do mês é um


prejuízo contábil;

 o recebimento da prestação de serviço foi feito em abril/X1, e, portan-


to, aparece no mês de abril/X1 como receita;

 como não há despesa no mês de abril/X1, o resultado do mês é um


lucro contábil;

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 somando as transações de todos os meses, a Demonstração do Resul-


tado dos três meses evidencia um lucro de R$400,00, que considera o
prejuízo de março/X1 de R$300,00 e o lucro de R$700,00 de abril/X1.

As receitas devem ser contabilizadas no mesmo período que as despesas


que as geraram. Considerando que os materiais de expediente foram con-
sumidos para gerar a receita de prestação de serviços, a demonstração pelo
regime de caixa mostra o descompasso na apuração do lucro.

Contas a receber e contas a pagar


Além do descompasso entre os momentos de geração das despesas e
receitas correlacionadas, a utilização estrita do regime de caixa prejudica so-
bremaneira o controle de contas a receber e a pagar, pois não contabiliza os
valores das receitas a receber nem os valores das contas a pagar, uma vez
que só as considera quando do efeito no caixa.

Regime de competência
O regime de competência é caracterizado quando se apura o resultado
do período contábil considerando os momentos econômicos das transações
de despesas ou receitas, isto é, o momento em que as transações foram gera-
das, independentemente da data de seu pagamento ou recebimento.

Regime de competência quando se apura o resultado pelas datas em


que as transações foram geradas, independentemente de seu pagamento ou
recebimento.

Exemplo
Tomemos como exemplo os dois eventos econômicos de uma empresa
de serviços já apresentados anteriormente, de uma compra de materiais de
expediente a prazo e uma prestação de serviço a prazo. Vamos considerar
que os materiais de expediente foram consumidos em fevereiro. As caracte-
rísticas e valores dessas transações são as seguintes:

 Compra de materiais de expediente em 15/02/X1 no valor de R$300,00,


para pagamento em 15/03/X1, com consumo também em fevereiro.

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Regimes contábeis

 Prestação de serviço em 25/02/X1 no valor de R$700,00, para recebi-


mento em 05/04/X1.

Regime de Competência Mês  


Apuração do Resultado Mensal Fevereiro/X1 Março/X1 Abril/X1 Soma
Compra de material de expediente
(300,00) 0,00 0,00 (300,00)
em 15/02/X1, pago em 15/03/X1
Prestação de serviço em 25/02/X1,
700,00 0,00 0,00 700,00
recebido em 05/04/X1

Resultado (lucro ou prejuízo) 400,00 0,00 0,00 400,00

Nesse regime contábil, o resultado das duas transações será apurado no


mês de fevereiro, mesmo que a despesa seja paga em março e mesmo que a
receita seja recebida em abril.

No regime de competência, o que importa é o período de ocorrência (ou


geração) da transação. Em outras palavras, quando a empresa assumiu o
compromisso. No caso da compra de material de expediente, a empresa já
recebeu o material, e, portanto, legalmente já está de sua posse e possibili-
dade de consumo. Assim, o período de ocorrência é fevereiro, mesmo que o
pagamento seja no mês seguinte.

A mesma coisa acontece com a receita. A empresa emitiu a nota fiscal em


fevereiro, prestou o serviço em fevereiro, e, portanto, todos os esforços para
o serviço e a receita foram executados em fevereiro. Esse é o mês da ocorrên-
cia, o mês da geração do serviço. Portanto, a receita deve ser contabilizada
em fevereiro, mesmo que, por questões comerciais, a empresa dê um prazo
para que o cliente efetue o pagamento no mês de abril.

Note que no regime de competência, o resultado de R$400,00, o lucro


das duas transações, aparece também no mês de fevereiro, quando as duas
transações foram realizadas.

Eventos de realização financeira de longo prazo


Uma dúvida que pode surgir é com relação a eventos cuja realização fi-
nanceira seja de muitos meses e de longo prazo. Será que nesse caso é ade-
quado o regime de competência?

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Regimes contábeis

Como exemplo desse tipo de evento podemos citar a atividade de incor-


poração imobiliária, quando, por exemplo, há a venda de lotes de terreno
para pagamento em dezenas de parcelas, chegando até a mais de dez anos.

A prática contábil entende que sim. Mesmo para esse tipo de evento, de-
ve-se utilizar o regime de competência e não o regime de caixa. Assim, caso
um terreno seja vendido em fevereiro para pagamento em 50 parcelas de
R$400,00, totalizando R$20.000,00, o valor total de R$20.000,00 deverá ser
contabilizado como receita integralmente em fevereiro.

Aspecto gerencial
Não há dúvida de que o regime de competência é mais adequado do que
o regime de caixa para a gestão das empresas. No regime de competência as
empresas têm uma informação mais objetiva do que está acontecendo com
suas operações, tendo uma informação destacada da informação do fluxo
de caixa.

O regime de caixa não é adequado para a apuração do resultado porque


ele não permite uma visão do que está ocorrendo, quando as transações
estão acontecendo. Quando a informação é considerada para apurar o re-
sultado, todos os seus efeitos financeiros já foram realizados e isso não per-
mite uma administração antecipatória para detectar problemas que podem
surgir na gestão do caixa.

Apuração do Resultado e
Gestão do Fluxo de Caixa
A adoção do regime de competência obriga as empresas a fazer também
a demonstração dos fluxos de caixa como uma demonstração complemen-
tar para a gestão dos negócios.

Com isso as empresas munem-se de dois conjuntos de informações que


se complementam: a apuração dos resultados pelo regime de competência
mostra a capacidade de geração de lucros da empresa; a demonstração dos
fluxos de caixa mostra o movimento financeiro da empresa, evidenciando
quando as despesas são pagas e as receitas são recebidas.

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Regimes contábeis

Contas a receber e a pagar


A adoção do regime de competência implica necessariamente a conta-
bilização do controle de contas a receber e a pagar. Assim, todas as receitas
contabilizadas na apuração do resultado, e não recebidas, devem ser con-
troladas como contas a receber, até o seu recebimento. Todas as despesas
contabilizadas na apuração do resultado e não pagas devem ser controladas
como contas a pagar até o seu recebimento.

Considerando os mesmos dados do exemplo, que exploramos anterior-


mente para explicar os regimes de caixa e de competência, teremos:

Receita de Serviços de R$700,00 – será controlada como contas a receber


de 25/02/X1 até 05/04/X1, quando será recebida.

Compra de Materiais de Expediente de R$300,00 – será controlada como


contas a pagar de 15/02/X1 até 15/03/X1, quando será paga.

Regime misto
Caracteriza-se o regime misto quando se utiliza o regime de competência
para registrar as despesas na apuração do resultado do período e o regime
de caixa para registrar as receitas na apuração do resultado do período.

Aplicação
No Brasil, o regime misto só é aplicado na Contabilidade Pública, ou seja,
a contabilidade que abrange toda a administração pública indireta, sendo,
portanto, sua utilização em Autarquias, Fundações e Empresas Públicas,
tanto em nível Federal, Estadual como Municipal.

A Lei 4.320/64, complementada pela Lei Complementar 101, de 4 de maio


de 2000, é que fundamenta o regime misto para a contabilidade pública.

Características do regime misto


na contabilidade pública
A norma legal diz que o exercício financeiro da contabilidade pública
abriga:

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Regimes contábeis

 as receitas nele arrecadadas;

 as despesas nele legalmente empenhadas.

Assim, o regime contábil da receita será o regime de caixa, que significa


considerar na apuração do resultado somente as receitas quando recebidas,
somente a receita que ingressou nos cofres públicos.

As despesas na contabilidade pública serão registradas pelo regime de


competência, ou seja, devem ser reconhecidos na apuração do resultado os
valores já assumidos pela administração pública, independentemente de
terem sidos pagos.

Impacto nas demonstrações contábeis


(regime de caixa versus regime de competência)
É importante ressaltar que o regime de caixa para apuração dos resulta-
dos não permite o conjunto completo de controle de um patrimônio empre-
sarial. O impacto nas demonstrações contábeis só será evidenciado quando
da realização financeira da transação, impedindo o controle adequado das
contas a receber e a pagar, os direitos já obtidos a serem realizados e as obri-
gações assumidas a serem pagas.

Desta maneira, o regime de caixa não é adequado para a gestão das enti-
dades, sejam elas com ou sem fins lucrativos. O regime de competência para
apuração dos resultados permite o controle das contas a receber e a pagar
decorrente das receitas e despesas, bem como a contabilização adequada
dos demais elementos patrimoniais que envolvem recebimentos e paga-
mentos futuros.

Regimes contábeis e demonstrações contábeis


A apuração do resultado da empresa é apresentada na demonstração
contábil denominada de Demonstração do Resultado.

A outra demonstração contábil básica é o Balanço Patrimonial, que mostra


o patrimônio da entidade após cada transação. Na prática, faz-se um balanço
patrimonial ao final do período contábil.

A outra demonstração contábil que interessa para o desenvolvimento do


nosso tema é o fluxo de caixa ou demonstração dos fluxos de caixa. Essa
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Regimes contábeis

demonstração evidencia a movimentação financeira, recebimentos e paga-


mentos, do período.

Objetivo da informação Relatório Contábil


Apuração do resultado de um período (lucro ou prejuízo) Demonstração do Resultado
Apresentação do patrimônio empresarial Balanço Patrimonial
Evidenciação da movimentação financeira de um período Fluxo de Caixa

Impacto nas demonstrações contábeis – exemplo 1


Vamos retomar as transações de compra e prestação de serviços que uti-
lizamos em exemplificações anteriores para mostrar o impacto nas demons-
trações contábeis e, consequentemente, no conjunto das informações à dis-
posição da administração para o controle patrimonial.

Demonstração Fluxo de Balanço Patrimonial


  do Resultado Caixa Valor Conta
Regime de Caixa
15/02/X1 – Compra a prazo R$300,00 - - -
25/02/X1 – Venda a prazo R$700,00 - - -
15/03/X1 – Pagamento da compra (300,00) (300,00) -
05/04/X1 – Recebimento da venda 700,00 700,00 -

Regime de Competência
15/02/X1 – Compra a prazo R$300,00 (300,00) - 300,00 Contas a Pagar
25/02/X1 – Venda a prazo R$700,00 700,00 - 700,00 Contas a Receber
15/03/X1 – Pagamento da compra - (300,00) - Contas a Pagar
05/04/X1 – Recebimento da venda - 700,00 - Contas a Receber

Esse exemplo demonstra uma transação de despesa e uma transação de re-


ceita. Verifique que no regime de caixa o efeito na demonstração do resultado
é o mesmo do fluxo de caixa, uma vez que está sendo apurado o resultado pelo
regime de caixa. Assim, claro a pouca importância da demonstração do resulta-
do, uma vez que os dados aparecem da mesma forma no fluxo de caixa.

Mas o que é importante ressaltar é que, considerando esses tipos de tran-


sações apenas, não há reflexo ou impacto em mais nenhuma conta no balan-
ço patrimonial, ficando apenas registradas as movimentações do caixa. Ou
seja, o balanço patrimonial, como controle de direitos a receber e obrigações
a pagar, torna-se, nesse caso, dispensável.
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Regimes contábeis

Já pelo regime de competência, além da apuração do resultado ser evi-


denciada no momento adequado, há também o controle de contas a pagar
e contas a receber no balanço patrimonial. Assim, fica claro que o regime
de competência, além de determinar o melhor momento para apuração do
resultado de um período, também é o regime que permite o controle ade-
quado das contas a receber e a pagar da empresa.

Impacto nas demonstrações contábeis – exemplo 2


Outro exemplo pode ajudar no entendimento da comparação entre os
dois regimes. Vamos agora considerar um evento de compra de um bem
para ser utilizado nas operações da empresa, de vida útil maior do que um
ano, que é contabilizado como um ativo imobilizado.

Vamos considerar a compra de um equipamento por R$2.400,00, para pa-


gamento em 3 parcelas de R$800,00. Nesse momento não vamos levar em
conta a depreciação do valor do bem e assim não há impacto na demonstra-
ção de resultado decorrente do valor da compra.

Balanço Patrimonial - Saldos


Fluxo de
das contas
Caixa
Imobilizado Contas a Pagar
Movimen- (R$) (R$)
 
to (R$)
Regime de Caixa  
30/11/X1- Compra de equipamento
- - -
a prazo, R$2.400,00
31/12/X1 - Pagamento da 1.ª parcela (800,00) 800,00 -
31/01/X2 - Pagamento da 2.ª parcela (800,00) 1.600,00 -
28/02/X2 - Pagamento da 3.ª parcela (800,00) 2.400,00 -
 
Regime de Competência  
30/11/X1- Compra de equipamento  
a prazo, R$2.400,00 - 2.400,00 2.400,00
31/12/X1 - Pagamento da 1.ª parcela (800,00) 2.400,00 1.600,00
31/01/X2 - Pagamento da 2.ª parcela (800,00) 2.400,00 800,00
28/02/X2 - Pagamento da 3.ª parcela (800,00) 2.400,00 0,00

Verifique que no regime de caixa, o valor do bem imobilizado só será co-


nhecido por completo no ano seguinte ao de sua aquisição, quando terminar

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Regimes contábeis

o pagamento da terceira parcela. Já no regime de competência, além de o


valor do equipamento ser registrado pelo seu valor total no ato da compra, há
ainda a criação do controle da conta a pagar ao fornecedor do equipamento.
Dessa maneira fica, mais uma vez, clara a superioridade conceitual do regime
de competência sobre o regime de caixa, tanto para o processo de controle
empresarial quanto para o processo de tomada de decisão.

Aplicação geral do regime de competência


O regime de competência deve ser aplicado em todas as receitas e despe-
sas da empresa, tendo como referência o registro na apuração do resultado
do período na ocorrência do momento econômico de cada transação.

O momento econômico é o momento de ocorrência ou o momento do


fato gerador. A terminologia mais utilizada é que as despesas devem ser
contabilizadas para apuração do resultado quando incorridas e as receitas
quando realizadas.

Assim se expressa o regime de competência: as receitas devem ser con-


tabilizadas quando realizadas e as despesas quando incorridas, para apu-
ração do resultado do período, independente da data do recebimento ou
pagamento.

Despesas operacionais
Todas as despesas da operação devem ser contabilizadas pelo regime de
competência. Os exemplos e as situações mais comuns são:

 as mercadorias compradas pelas empresas comerciais para revenda


devem ser contabilizadas na apuração do resultado apenas quando
vendidas e não quando estocadas;

 as matérias-primas e componentes utilizados pelas empresas indus-


triais para a produção de seus produtos devem ser contabilizadas
como custo apenas quando consumidas ou requisitadas pela produ-
ção e não quando compradas para estoque;

 os materiais indiretos não consumidos imediatamente devem ser con-


tabilizados quando consumidos e não quando comprados (salvo se
forem de valores não relevantes);

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Regimes contábeis

 os gastos com a folha de pagamento (salários e encargos sociais) de-


vem ser contabilizados no mês de competência e não no mês do pa-
gamento das verbas;

 os tributos (sobre vendas, sobre a folha de pagamento ou sobre o lu-


cro) devem ser contabilizados no mês em que foram gerados, e não no
mês do pagamento;

 as despesas gerais (energia elétrica, telefone, serviços prestados por


terceiros, aluguéis etc.) devem ser contabilizados no mês de sua gera-
ção ou incorrência, e não no mês que forem pagas.

Receitas operacionais
Todas as receitas da operação devem ser contabilizadas quando forem re-
alizadas1 (regime de competência), e não quando recebidas. São exemplos: 1
Para a maior parte das
empresas brasileiras, o
momento de reconheci-
 Receita da venda de mercadorias pelas empresas comerciais e de pro- mento da receita para fins
de apuração do resultado
dutos das empresas industriais, quando da transferência da proprieda- é a data da emissão da
nota fiscal.
de, e não quando do recebimento;

 Receita da venda de bens a longo prazo, mesmo parceladas, (imobili-


árias etc.) quando do fechamento do contrato, e não quando do rece-
2
bimento das parcelas2; As normas contábeis bra-
sileiras exigem um ajuste do
valor, trazendo os valores
 Receita da venda de serviços quando de sua entrega e não quando prefixados de longo prazo
a valor presente para a con-
tabilização inicial, tema este
recebidas. abordado em disciplina de
Contabilidade Avançada.

Despesas de juros e encargos financeiros


Todas as despesas de juros de empréstimos, financiamentos, tributos par-
celados etc., devem ser contabilizadas pelo regime de competência, inde-
pendente de pagamento total ou parcial da dívida. O regime de competên-
cia para os juros e encargos financeiros é o transcorrer do tempo.

Assim, teoricamente, cada dia deveria haver a contabilização dos juros


diários sobre empréstimos e financiamentos. Contudo, isso não é prático;
dessa maneira, a prática contábil é a contabilização mensal pro rata dia3 dos 3
Pro rata dia – proporcio-
nal aos dias transcorridos.
juros e encargos financeiros até o último dia da apuração do resultado do
período.

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Regimes contábeis

Receitas financeiras
Da mesma forma que os juros de empréstimos e financiamentos, os juros
de aplicações financeiras de renda fixa devem ser contabilizados pelo regime
de competência. Assim, ao final de cada mês, devem ser contabilizados os
juros de direito de aplicações financeiras, mesmo que a aplicação não seja
resgatada.

Variações cambiais
Valores a receber em moeda estrangeira e valores a pagar em moeda es-
trangeira, enquanto não recebidos ou pagos, devem ser objeto de atuali-
zação monetária. O valor em reais, objeto da atualização monetária mensal
é denominado de variação cambial, que pode ser uma despesa ou uma
receita.

Assim, a variação cambial deve ser contabilizada pelo transcorrer do


tempo e pela variação da taxa da moeda estrangeira e não quando o direito
for recebido ou a dívida paga.

Encargos contratuais
Direitos contratuais e dívidas contratuais que não sejam empréstimos,
aplicações financeiras ou em moeda estrangeira, se contiverem atualizações
de juros ou por índices de inflação em cláusulas contratuais, devem ser atu-
alizados mensalmente e os valores, oriundos dessas atualizações, conside-
rados na apuração do resultado pelo regime de competência, mesmo que o
contrato não tenha sido recebido ou pago.

Aplicações específicas
do regime de competência
O regime de competência por si só é uma regra geral para as receitas e
despesas. Contudo, algumas situações e eventos contábeis merecem uma
atenção especial, porque decorrem da adoção de práticas e critérios contá-
beis ou são gastos não expressos imediatamente. Apresentamos a seguir os
principais eventos que exigem também a aplicação do regime de competên-
cia para apuração do resultado de um período contábil.

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Regimes contábeis

Férias e décimo terceiro salário


e seus encargos sociais
A legislação trabalhista brasileira determina que todo funcionário tem di-
reito a 1/12 avos de férias e de décimo terceiro salário por mês de trabalho.
Assim, esse valor já se caracteriza como uma despesa e obrigação da empre-
sa, bem como um direito do trabalhador.

Dessa maneira, deve-se fazer a contabilização mensal na proporção do


salário de cada trabalhador para esses encargos, mesmo que sejam pagos só
no final do ano (no caso de décimo terceiro) ou em até dois anos (no caso de
férias). Devem também ser contabilizados os encargos mensais sobre esses
valores provisionados.

Despesas pagas antecipadamente


Algumas despesas, por sua característica comercial, podem ser pagas de
maneira antecipada. Os exemplos mais comuns são os seguros de bens e
veículos e as assinaturas de jornais e revistas. Só pode ser considerado como
despesa no período o valor proporcional ao período transcorrido e não todo
o valor pago por antecipação.

Receitas recebidas antecipadamente


São poucas as ocorrências desse tipo de receita, mas o princípio é o
mesmo. Um exemplo pode ser o recebimento antecipado de aluguel de
imóvel, dos próximos seis meses. A receita só deve ser considerada como tal
mês a mês, à medida que o prédio for utilizado pelo locatário.

Juros pagos antecipadamente


É comum no desconto de duplicatas, em que o juro é cobrado no ato da
operação, mas se refere a um ou mais períodos mensais futuros. Os juros
devem ser contabilizados apenas com o transcorrer do tempo.

Depreciação e amortização
de imobilizados e intangíveis
Os imobilizados e intangíveis são contabilizados como bens, porém, à
medida que o uso e o tempo passam, tendem a perder valor econômico.
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Regimes contábeis

Essa perda é denominada de depreciação ou amortização e deve ser conta-


bilizada com o transcorrer do tempo e o critério utilizado.

Provisões contingentes
Se a empresa detectar que um processo em juízo lhe trará uma perda
provável, ela deve, no momento dessa identificação, reconhecer uma perda,
mesmo que o julgamento ainda não tenha sido encerrado.

Provisões de perdas por desvalorização


de ativos
Se a empresa detectar que um bem ou direito em seu ativo vale menos
que o valor de mercado, deve reconhecer como despesa essa perda, quando
isso for detectado, para obedecer o regime de competência.

Despesas associadas às receitas


Algumas despesas têm uma relação direta com as receitas contabilizadas,
mesmo que pagas no futuro. Assim, essas despesas devem ser contabilizadas
pelo regime de competência. São exemplos mais comuns a provisão para
créditos incobráveis e a provisão para despesas com garantia de produtos.

Regimes contábeis, princípios e práticas


contábeis e legislação tributária
O regime de competência é consagrado pela contabilidade desde os seus
primórdios. Faz parte da ciência contábil, independente de regras estabele-
cidas ou normas legais.

No Brasil, as normas e procedimentos contábeis são atualmente de res-


ponsabilidade do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. O regime de
competência está expresso em seu Pronunciamento Técnico (sem número):
“Pronunciamento conceitual básico – estrutura conceitual para a elaboração e
apresentação das demonstrações contábeis”, nos itens 22, 95 e 96.

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Regimes contábeis

Confrontação das receitas com as despesas


As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado do
período com base na associação direta entre elas e os correspondentes itens
de receita. Esse processo é usualmente chamado de confrontação entre des-
pesas e receitas (regime de competência) e envolve o reconhecimento si-
multâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamente
das mesmas transações ou outros eventos; por exemplo, os vários compo-
nentes de despesas que integram o custo das mercadorias vendidas devem
ser reconhecidos na mesma data em que a receita derivada da venda das
mercadorias é reconhecida (CPC, 2008).

Dessa maneira, quando se contabiliza uma receita num período, todas


as despesas que deram origem a essa receita devem ser contabilizadas ao
mesmo tempo.

O regime de caixa não é permitido


pelas práticas contábeis brasileiras
Não há previsão nas normas, procedimentos e práticas contábeis brasilei-
ras para adoção do regime de caixa para apuração do resultado de um período
contábil. A única exceção é a contabilidade pública, que adota o regime misto
por determinação legal.

Assim, prevalece para as empresas brasileiras o regime de competência,


mesmo para empresas de pequeno porte e entidades sem fins lucrativos.

Regime de caixa e legislação tributária


A legislação tributária de apuração do Imposto de Renda e da contribuição
social sobre o lucro líquido admite que a base de cálculo, para as empresas
sujeitas ao lucro presumido, seja elaborada com base no regime de caixa.

Isso não quer dizer que a contabilidade deve ser feita pelo regime de
caixa. A contabilidade das empresas sujeitas ao lucro presumido deve ser
feita pelo regime de competência, mesmo que a base para apuração do tri-
buto (as receitas) possa ser apurada pelo regime de caixa.

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Regimes contábeis

Ampliando seus conhecimentos

(WARREN, 2009)

A legislação comercial e tributária brasileira optou pela adoção das normas


internacionais de contabilidade emitidas pelo IFRS – International Financial
Reporting Standards. A Comissão de Valores Mobiliários, por meio da Delibe-
ração 488/05, aprovou e tornou obrigatórias essas normas para as sociedades
anônimas de capital aberto, a partir das demonstrações financeiras encerradas
em 31/12/06. Em 28/12/2007 esta opção foi consagrada pela Lei 11.638/07, al-
terando o Artigo 177 da Lei 6.404/76 no parágrafo 58:
§5º  As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o §3º
deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais
de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários.

A Medida Provisória 449 de 03/12/2008, aprovada pela Lei 11.941/09 de


27/05/2009 estendeu a adoção das normas internacionais de contabilidade
para as demais empresas, via pronunciamentos do CPC.

No Brasil, a partir de 2008, o órgão responsável pela normatização con-


tábil é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). O CPC foi criado em
07/10/2005 pela Resolução 1.055/05 do Conselho Federal de Contabilidade,
(CFC) para ser o único órgão responsável pela emissão dos pronunciamentos
contábeis no Brasil, em função das necessidades de:

 convergência internacional das normas contábeis;

 centralização na emissão de normas contábeis;

 representação das instituições nacionais interessadas em eventos inter-


nacionais.

Antes da criação do CPC, as normas, procedimentos técnicos, orientações


e interpretações contábeis eram de responsabilidade basicamente:

 do Conselho Federal de Contabilidade, para todas as empresas no ter-


ritório nacional;

 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para as companhias abertas.

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Regimes contábeis

Também eram agentes legalmente autorizados o IBRACON, para as audito-


rias independentes, o Banco Central, para as instituições financeiras, a SUSEP,
para as instituições seguradoras e a Receita Federal, no âmbito tributário.

O CPC é composto por dois representantes das seguintes entidades:

 Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA);

 Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado


de Capitais (APIMEC NACIONAL);

 Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA);

 Conselho Federal de Contabilidade (CFC);

 Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FI-


PECAFI);

 Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON);

O CPC sempre convidará representantes do:

 Banco Central do Brasil;

 Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

 Secretaria da Receita Federal;

 Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

Enquanto o CPC não cobrir a regulamentação de todas as normas contá-


beis existentes e necessárias, já existentes, emitidas pelos diversos órgãos res-
ponsáveis ou mesmo pelo legislativo brasileiro, estas continuarão em vigor e
deverão ser seguidas pelos contadores. Até janeiro de 2009 o CPC havia emi-
tido 42 pronunciamentos, 3 orientações e 12 interpretações.

Atividades de aplicação
1. Discorra sobre quais são as principais deficiências decorrentes da uti-
lização do regime de caixa para apuração do resultado de um período
contábil.

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Regimes contábeis

2. Uma fatura de conta de energia elétrica emitida em fevereiro, relativa


ao consumo de energia do mês de fevereiro, para ser paga em abril,
deve ser contabilizada:

a) em abril, pelo regime de competência.

b) em fevereiro, pelo regime de caixa.

c) em fevereiro, pelo regime de competência.

d) em março, pelo regime de caixa.

3. Considere uma mercadoria comprada à vista em 15/02/X1 por


R$1.000,00 para estoque e vendida em 15/04/X1 para ser recebida em
02/06/X1 por R$2.300,00. Apure o resultado de cada mês envolvido.

a) Pelo regime de caixa.

b) Pelo regime de competência.

4. O décimo terceiro salário, pela legislação trabalhista, deve ser pago


em duas parcelas, em novembro e dezembro de cada ano. Pelo regime
de competência, como você lançaria essa despesa?

a) Metade do valor em novembro, metade em dezembro.

b) 1/12 avos por mês.

c) O valor total em novembro.

d) O valor total em dezembro.

5. Uma venda de mercadoria a prazo, com nota fiscal emitida em maio,


para vencimento em três parcelas iguais em junho, julho e agosto,
deve ser contabilizada, pelo regime de competência:

a) O valor total em maio.

b) 1/3 em cada mês do recebimento de cada parcela.

c) O valor total em agosto.

d) O valor total em junho.

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Regimes contábeis

6. Uma compra de mercadoria feita em agosto de um ano, paga em se-


tembro, no valor de R$300,00, foi vendida em agosto porR$700,00,
para recebimento em outubro. O lucro de R$400,00, pelo regime de
competência, é do mês de:

a) setembro.

b) outubro.

c) agosto.

d) novembro.

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Estrutura contábil

A contabilidade é uma ciência porque tem teorias próprias, métodos cien-


tíficos de trabalho e objeto de estudo específico. Ela se apresenta de forma
conclusiva como informações, que servem para todo o processo decisório,
para o planejamento, execução e controle das entidades contábeis. Dessa
maneira, a contabilidade também se expressa dentro de um sistema de in-
formação, denominado sistema de informação contábil.

Como todo sistema de informação, a contabilidade recebe os dados e


informações, que se caracterizam como entradas do sistema, faz o proces-
samento por meio de sua metodologia, meios e estrutura de registros, e
produz, como saída, relatórios contábeis. O objetivo dos relatórios contábeis
é o controle econômico e financeiro da entidade contábil.

Uma entidade contábil é qualquer pessoa física ou jurídica que tenha ele-
mentos patrimoniais que possam ser medidos em valor econômico. Assim, a
contabilidade é aplicada para o controle do patrimônio das pessoas físicas,
das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito pri-
vado, sejam entidades sem fins lucrativos ou empresas com fins lucrativos.
Neste capítulo faremos sempre referência a empresas com fins lucrativos.

A contabilidade como sistema de informação pode ser representada con-


forme a Figura 1.

Objetivo Controle de Clóvis Luís Padoveze.


do Sistema um Patrimônio

Entradas Processamento Saídas

Dados Sistemas de Registros Relatórios Contábeis


Informações Métodos Contábeis
Recursos
• Materiais
• Humanos
• Tecnológicos

Figura 1 – A contabilidade como sistema de informação.

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Estrutura contábil

Assim, a estrutura contábil pode ser caracterizada como a expressão dos


objetivos da ciência contábil dentro de um sistema de informação contábil.

Desde seus primórdios, a contabilidade evoluiu como qualquer ciência.


Dessa maneira, quando se fala em sistema de informação contábil deve-se
considerar o atual estágio da contabilidade, estágio este que compreende
inúmeras especializações. Portanto, o sistema de informação contábil é seg-
mentado em vários sistemas denominados subsistemas contábeis, que obje-
tivam atender as diversas necessidades específicas das empresas.

Sistema de Informação Contábil

Clóvis Luís Padoveze.


Contabilidade Contabilidade Contabilidade
por unidades estratégica em outras
de negócio moedas

Análise de Sistema Contabilidade


balanço e orçamentário de custos
investimentos

Contabilidade Contabilidade Controle


societária tributária patrimonial

Figura 2 – Sistema contábil, especializações e subsistemas contábeis.

A figura 2 mostra um resumo das diversas e mais conhecidas especializa-


ções do sistema de informação contábil. A contabilidade evoluiu da contabi-
lidade societária, que muitos denominam de contabilidade tradicional, para a
contabilidade de controle patrimonial, para a contabilidade de custos e análise
financeira de investimentos, para a contabilidade tributária, para a contabilida-
de para o controle prospectivo, denominada de contabilidade orçamentária,
adicionando as necessidades de contabilidade por responsabilidade, denomi-
nada também de contabilidade por unidades de negócio, e contabilidade em
outros padrões monetários. O estágio atual da contabilidade é a contabilidade
estratégica, que caracteriza-se pela responsabilidade de sistemas de informa-
ções que abastecem o planejamento estratégico das empresas.

É importante ressaltar que todos os subsistemas contábeis devem traba-


lhar de forma inter-relacionada, pois um atributo intrínseco de um sistema
é a interligação de suas partes, os subsistemas, que devem ser interdepen-
dentes entre si.
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Estrutura contábil

A contabilidade como ciência


A contabilidade enquadra-se como uma ciência social porque também
estuda os efeitos sociais das ações dos seres humanos que possam ser me-
didas economicamente, ou seja, ações que se traduzem em efeitos monetá-
rios. As transações entre as empresas e as pessoas são transações sociais e
parte delas pode ser medida, tanto em termos de quantidade física quanto
em termos de quantidade de moeda, atributo fundamental para a ciência
contábil.

O objeto da contabilidade
O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio das entidades. O con-
ceito original de patrimônio é o conjunto de riquezas de uma entidade, seja
de uma pessoa física ou de uma pessoa jurídica, ou mesmo de uma entidade
governamental.

Nos primórdios da civilização, a contabilidade foi aplicada inicialmente


para o controle das riquezas dos governos, como o controle dos estoques de
cereais, manadas de animais para alimentação, carga e transporte, extração
e estoque de metais preciosos, quantidade de escravos etc.

Sua expansão natural foi para o controle das riquezas dos homens de
posse, para, em seguida, aplicar o mesmo conceito de controle para os em-
preendimentos comerciais dessas épocas, como as caravanas terrestres e
empreendimentos marítimos de exploração de riquezas de outras regiões.

Portanto, o foco da contabilidade é o controle das riquezas de alguém, de


uma empresa ou qualquer outro tipo de entidade, cujo conjunto é denomi-
nado genericamente de patrimônio.

Definição de contabilidade
Podemos definir contabilidade como a ciência do controle econômico
do patrimônio de uma entidade. Como esse controle é caracterizado pela
geração de informações quantitativas, a contabilidade é objetivamente um
sistema de informação que controla o patrimônio de uma entidade.

Fundamentalmente, a escola italiana é a que trata a contabilidade como


ciência em seu sentido mais amplo, como a Ciência do Controle Patrimonial,

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Estrutura contábil

enquanto a escola norte-americana é mais objetiva e enfoca, principalmente,


o conceito de informação útil para os diversos usuários. Esses aspectos podem
ser verificados nas definições de contabilidade apresentadas a seguir.

Francisco D’Áuria, um dos maiores expoentes da contabilidade brasilei-


ra, representante da escola italiana, diz que a “Contabilidade é a ciência que
estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativos aos
atos e fatos da administração econômica’’(PADOVEZE, 2006).

Eldon S. Hendriksen, conceituado cientista contábil norte-americano, diz


que a “Contabilidade é um processo de comunicação de informação econô-
mica para propósitos de tomada de decisão tanto pela administração como
por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos” (PADOVEZE,
2006).

Dessas definições ficam claras duas vertentes básicas: a escola italiana


entende que a contabilidade é a ciência do controle patrimonial, enquanto a
escola americana enfoca o conceito de transmissão de informação econômica.

A escola americana preocupa-se mais com a questão da transmissão da


informação contábil e também com a contabilidade para usuários externos.
Os Princípios Fundamentais de Contabilidade são decorrentes da escola nor-
te-americana. A escola italiana busca uma visão mais abrangente, colocando
a ciência contábil como a ciência do controle do patrimônio, não se atendo
basicamente a definir regras ou princípios a serem seguidos.

Elementos patrimoniais de uma entidade contábil


Os primeiros elementos patrimoniais que deram origem à necessidade
de controle contábil foram os bens, os primeiros elementos caracterizados
como riquezas, por serem úteis, raros, desejáveis e fungíveis (passíveis de
troca). Com a evolução da civilização e das formas de concretizar as tran-
sações que envolviam bens, surgiram as transações liquidadas a prazo, ge-
rando créditos futuros para o fornecedor de bens, e débitos futuros para o
recebedor dos mesmos bens.

Assim, a partir do momento em que numa transação as duas partes con-


cordaram com a sua liquidação no futuro, surgiram os direitos e as obriga-
ções. Esses dois elementos patrimoniais nasceram no mesmo momento, não
se sabe em que momento da história da civilização.

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Estrutura contábil

Com a invenção da moeda como instrumento geral de mensuração das


1
trocas1, as transações dos bens passaram a ser mensuradas pelo padrão mo- Considera-se que a mo-
eda, da forma como a co-
netário, em outras palavras, em dinheiro, único padrão hoje adotado pela nhecemos, surgiu no sé-
culo VI antes de Cristo, na
contabilidade em todo o mundo. Lídia, atual Turquia.

Com isso, os direitos e obrigações, juntamente com os bens, também pu-


deram ter a sua mensuração da mesma maneira, pelo padrão monetário. Con-
cluindo, os elementos patrimoniais são os bens, os direitos e as obrigações.

Definição de patrimônio e patrimônio líquido


O patrimônio, objeto de estudo e controle da contabilidade, é definido
como o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade.

Tendo em vista que os direitos são elementos desejáveis e as obrigações


são elementos contrários aos direitos, as pessoas querem ter bens e direitos
e não querem ter obrigações.

Assim, surgiu a figura do patrimônio líquido quando se atribui sinais


aritméticos aos três elementos patrimoniais. Atribuiu-se o sinal mais (+) aos
bens e direitos e o sinal menos (–) às obrigações. À resultante aritmética dos
três elementos patrimoniais denominou-se patrimônio líquido.

Portanto, define-se patrimônio líquido como a diferença aritmética entre


a soma dos bens e direitos, menos as obrigações. Todos esses elementos
devem estar mensurados numa única unidade de medida, a moeda corrente
do país (em nosso país, em reais), para que se possa obter o valor econômico
do patrimônio líquido.

Outros nomes para o patrimônio líquido são sobra líquida, situação líqui-
da e patrimônio residual.

Exemplo numérico
Tomemos como exemplo um patrimônio em formação de uma pessoa
física, chamada de João José. Vamos supor que ela tenha (de sua proprie-
dade) um carro. A contabilidade, nos seus primórdios, contabilizava os bens
apenas em quantidades físicas, da seguinte forma:

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Estrutura contábil

Patrimônio de João José

1 Carro

Vamos supor logo em seguida que, após o recebimento de seu salário


mensal e após fazer todas as suas despesas, João José tenha em sua carteira
R$200,00 em dinheiro. Para continuar a contabilidade de João José vamos
ter que atribuir valor também ao carro, para que os dois tipos de bens sejam
controlados de uma única maneira, em reais. Verificamos que João José
pagou no carro (que está totalmente quitado) R$20.000,00. Podemos agora
montar o novo patrimônio de João José, incluindo a mensuração em padrão
monetário do país.

Patrimônio de João José R$


1 Carro 20.000,00
Dinheiro disponível 200,00
Total em reais 20.200,00

Esta forma de contabilização é a maneira moderna que a contabilidade


controla um patrimônio. Além das quantidades e da classificação por tipo de
bem, a contabilidade também registra o valor de cada tipo de bem.

Dando continuidade ao nosso exemplo, vamos imaginar que João José,


após vários meses de trabalho, conseguiu economizar R$10.000,00 e colocou
na poupança. Com o recibo do depósito e confirmação pelo extrato bancário,
vamos registrar mais um patrimônio de João José, agora um direito. Qualquer
dinheiro depositado em banco, ou numa aplicação financeira, seja em renda
fixa ou poupança, enquanto em poder do banco é um direito, não é um bem.
O patrimônio de João José ficaria assim representado pela contabilidade.

Patrimônio de João José R$ Tipo de Patrimônio


1 Carro 20.000,00 Bem
Dinheiro disponível 200,00 Bem
Depósito em poupança 10.000,00 Direito
Total em reais 30.200,00

A próxima ação de João José foi identificar uma casa no valor de R$50.000,00,
pagar R$8.000,00, sacando dinheiro da poupança, e financiar o resto pelo sis-

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Estrutura contábil

tema financeiro de habitação (SFH), obtendo um empréstimo de longo prazo


de R$42.000,00. O patrimônio de João José teria a seguinte configuração:

Patrimônio de João José R$ Tipo de Patrimônio


1 Carro 20.000,00 Bem
Dinheiro disponível 200,00 Bem
Depósito em poupança 2.000,00 Direito
1 Casa 50.000,00 Bem
Total em reais 72.200,00 Bens e direitos
Empréstimo SFH 42.000,00 Obrigação

Para se saber o valor do patrimônio líquido, deve-se subtrair do total dos


bens e direitos o valor das obrigações. Em nosso exemplo, apesar de João
José ter um total de bens e direitos de R$72.200,00, seu patrimônio líquido,
a sua riqueza líquida, é de apenas R$30.200,00, conforme o cálculo apresen-
tado abaixo:

Patrimônio Líquido de João José R$


Total dos bens e direitos 72.200,00
(–) Total das obrigações (42.000,00)
Valor do patrimônio líquido de João José 30.200,00

O patrimônio líquido é a figura mais importante da contabilidade, porque


representa a riqueza líquida da entidade contábil, seja pessoa física ou pessoa
jurídica.

Patrimônio líquido como medida de riqueza


Para a contabilidade uma pessoa é mais rica que outra se o valor do seu
patrimônio líquido é maior que o da outra. Em outras palavras, para a conta-
bilidade é mais rico quem tiver o maior valor de patrimônio líquido. Portan-
to, o valor do patrimônio líquido é a medida comparativa de riqueza para a
contabilidade.

Vamos imaginar uma outra pessoa física, o Richard Herbert, que tem o
seguinte conjunto patrimonial, na mesma data que João José.

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Estrutura contábil

Patrimônio de Richard Herbert R$ Tipo de Patrimônio


1 Carro 150.000,00 Bem
Dinheiro disponível 500,00 Bem
Depósito em poupança 200,00 Direito
1 Casa 400.000,00 Bem
Total em reais 550.700,00 Bens e direitos
Empréstimo SFH 385.000,00 Obrigação
Financiamento do carro 144.000,00 Obrigação
Total em reais 529.000,00 Obrigações

Nota-se que o valor total dos bens e direitos de Richard Herbert é muito
maior do que o de João José. Outrossim, fica claro também que Richard Her-
bert tem um total de obrigações muito maior do que João José. Para se saber
quem é mais rico, na ótica da contabilidade, deve-se apurar o valor do patri-
mônio líquido de Richard. Vejamos como fica.

Patrimônio Líquido de Richard Herbert R$


Total dos bens e direitos 550.700,00
(–) Total das obrigações (529.000,00)
Valor do patrimônio líquido de Richard Herbert 21.700,00

Comparando o valor do patrimônio líquido de cada um temos:

Valor do patrimônio líquido R$


João José 30.200,00
Richard Herbert 21.700,00

Neste momento temos que considerar que João José é mais rico do que
Richard Herbert. A medida de riqueza pelo valor do patrimônio líquido é uma
medida estática, num determinado momento. A contabilidade financeira ou
tradicional tem por objetivo medir o patrimônio numa determinada data.

O mais comum é medir o valor do patrimônio, dos bens e direitos e das


obrigações, bem como o valor do patrimônio líquido ao final do exercício
civil, em 31 de dezembro. Para fins gerenciais, mede-se todo final de mês.

Não é objetivo deste segmento da contabilidade medir o patrimô-


nio líquido do futuro das pessoas e das empresas. Para este objetivo, uti-
lizam-se os conceitos de planejamento orçamentário, outro segmento da
contabilidade.

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Estrutura contábil

Assim, é possível que, no futuro, Richard Herbert tenha condições e


ganhos maiores do que João José, e lá na frente tenha um patrimônio líqui-
do de valor superior ao de João José, objetivo este que não é possível de ser
atingido com os dados de agora.

Situações em que se pode


encontrar um patrimônio
Tendo como referência o valor do patrimônio líquido de um patrimônio,
num determinado momento, podemos identificar cinco tipos de situações
patrimoniais:

 solvência absoluta;

 solvência relativa;

 situação nula;

 insolvência relativa;

 insolvência absoluta

Solvência absoluta
Bens e direitos 10.000,00
Obrigações 0
Patrimônio líquido 10.000,00

A solvência absoluta caracteriza-se quando a empresa tem bens e direitos


e nenhuma obrigação. A solvência relativa, que é a situação mais comum, ca-
racteriza-se quando a empresa tem bens, direitos e obrigações, mas tem pa-
trimônio líquido. A solvência relativa pode ser extremada, desde que exista
ainda um valor positivo de patrimônio líquido, como no segundo exemplo
que tem apenas R$1,00 de valor de patrimônio líquido.

Solvência relativa Solvência relativa


Bens e direitos 10.000,00 Bens e direitos 10.000,00
Obrigações 1.000,00 Obrigações 9.999,00
Patrimônio líquido 9.000,00 Patrimônio líquido 1,00

A situação nula, que é muito improvável em razão da dinâmica dos va-


lores, caracteriza-se quando o total dos bens e direitos é igual ao total das
obrigações, resultando num valor de patrimônio líquido igual a zero.
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Estrutura contábil

Situação Nula
Bens e direitos 10.000,00
Obrigações 10.000,00
Patrimônio líquido 0,00

As duas outras situações, consideradas negativas, são as situações de in-


solvência, quando o patrimônio líquido é negativo ou não existe, que são a
insolvência relativa e a insolvência absoluta. Significa que, se houver neces-
sidade de liquidação da empresa, em processo de concordata ou falência,
o total dos bens e direitos não conseguirá cobrir o total das obrigações e
alguns credores perderão dinheiro.

Insolvência relativa Insolvência absoluta


Bens e direitos 10.000,00 Bens e direitos 0,00
Obrigações 12.000,00 Obrigações 12.000,00
Patrimônio líquido (2.000,00) Patrimônio líquido (12.000,00)

A situação de insolvência absoluta, também incomum, resulta de que a


entidade ainda tem que administrar uma dívida e, no momento, não tem
nenhum valor de direito ou obrigação, situação absolutamente negativa e
indesejável.

Fundamentos da contabilidade
A identificação dos elementos patrimoniais e a criação da figura do pa-
trimônio líquido foram os fatores chaves para o desenvolvimento da ciência
contábil moderna. A partir dessas constatações e descobertas, a contabili-
dade pode se estruturar como ciência social e contribuir significativamente
com o desenvolvimento da civilização como a conhecemos e o processo de
criação de riqueza e bem estar social (BERNSTEIN, 1997).

Equação fundamental da contabilidade


Denominamos de equação fundamental da contabilidade a associação
dos sinais aritméticos aos bens, direitos e obrigações, para obter a resultante
aritmética denominada de patrimônio líquido. Assim, a equação fundamen-
tal de contabilidade é:

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Estrutura contábil

Equação fundamental da contabilidade

Bens + Direitos – Obrigações = Patrimônio Líquido

Fazendo as abreviações, para fins de simplificação do aprendizado, temos:

Equação fundamental da contabilidade

B + D – O = PL

A partir desta equação, toda a estrutura contábil foi desenvolvida.

Equação de equilíbrio patrimonial


e o conceito de origens e aplicações de recursos
Em princípio, as principais obrigações de uma empresa decorrem do fi-
nanciamento de suas atividades. Nos exemplos que demos do patrimônio
de João José e Richard Herbert as obrigações eram decorrentes de emprésti-
mos para compra de casa e de carro.

Assim, as obrigações caracterizam-se financeiramente como fontes ou


origens de recursos para serem aplicados nos bens e direitos (carro, imóveis
etc.). O valor do patrimônio líquido representa o dinheiro do dono no negó-
cio, pois é fruto de sua poupança anterior aplicada numa entidade.

Dessa maneira, as obrigações e o patrimônio líquido assemelham-se


quando aplicado o conceito de fundos2 (fontes ou origens de recursos). Em 2
Fundos é um termo uti-
lizado para significar onde
razão disso, a contabilidade optou por apresentar de um lado as obrigações o dinheiro foi captado
para fazer um investi-
e o valor do patrimônio líquido, e de outro lado os bens e direitos, que repre- mento. Decorre do inglês
funding.
sentam as aplicações dos recursos (os investimentos).

A equação de equilíbrio patrimonial foi então construída e se apresenta


da seguinte forma:

Equação de equilíbrio patrimonial

Bens + Direitos = Obrigações + Patrimônio Líquido

B + D = O + PL

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Estrutura contábil

O Balanço Patrimonial como representação


do patrimônio da entidade
A apresentação de todo o conjunto patrimonial, onde o total das fontes
de recursos é igual ao total das aplicações dos recursos, foi nominada de Ba-
lanço Patrimonial. Vamos ver a apresentação do Balanço Patrimonial de João
José e Richard Herbert.

Balanço Patrimonial de João José


Bens   Obrigações 
1 Carro 20.000,00 SFH 42.000,00
Dinheiro 200,00 Financiamento do carro 0,00
1 Casa 50.000,00  
Direitos   Patrimônio líquido 30.200,00
Depósito em poupança 2.000,00    
Total  72.200,00 Total  72.200,00

Define-se Balanço Patrimonial como a representação estática de um patri-


mônio. Em outras palavras, é a evidenciação de um patrimônio, com a clas-
sificação de seus elementos formadores e os valores atribuídos a todos eles,
levantado numa determinada data.

Balanço Patrimonial de Richard Herbert


Bens   Obrigações 
1 Carro 150.000,00 SFH 385.000,00
Dinheiro 500,00 Financiamento do carro 144.000,00
1 Casa 400.000,00  
Direitos   Patrimônio líquido 21.700,00
Depósito em poupança 200,00     
Total  550.700,00 Total  550.700,00

O Balanço Patrimonial apresenta sempre uma situação de equilíbrio, pois


a soma do total dos bens e direitos, de um lado, deverá ser sempre igual a
soma das obrigações e do patrimônio líquido, do outro lado.

Os conceitos de ativo e passivo


Convencionou-se denominar de ativo o conjunto dos bens e direitos e de
passivo o conjunto de obrigações e patrimônio líquido. A apresentação mais

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Estrutura contábil

comum é o ativo no lado esquerdo e o passivo no lado direito, porém em


alguns países apresenta-se o ativo em cima e o passivo embaixo.

Mais recentemente (no Brasil a partir de 2008), optou-se por atribuir o


nome de passivo apenas às obrigações. Assim, o lado direito do Balanço Pa-
trimonial tem sido denominado de passivo mais patrimônio líquido, denomi-
nação esta que adotaremos nas próximas seções deste livro.

Tomando como referência o Balanço Patrimonial de João José, apresenta-


mos a seguir seu patrimônio incorporando o conceito de ativo e passivo.

Balanço Patrimonial de João José


Ativo Passivo
Bens e direitos   Obrigações  
1 Carro 20.000,00 SFH 42.000,00
Dinheiro 200,00  
1 Casa 50.000,00 Patrimônio líquido 30.200,00
Depósito em poupança 2.000,00     
Total  72.200,00 Total  72.200,00

Balanço Patrimonial de empresas e


da pessoa física
Não há nenhuma diferença conceitual na elaboração de um Balanço Pa-
trimonial de uma pessoa física ou de uma pessoa jurídica. O que muda são as
nomenclaturas. Na declaração de renda da pessoa física, o ativo é denomina-
do de bens e direitos patrimoniais, e o passivo, dívidas e ônus contratuais.

A metodologia contábil
A metodologia contábil pode ser resumida nos seguintes aspectos
principais:

 a identificação das transações que alteram o patrimônio da entidade;

 a adoção de um método de registro (escrituração) das transações;

 a adoção do conceito de conta contábil para os procedimentos de es-


crituração;

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Estrutura contábil

 a mensuração do valor monetário de cada transação nas contas contá-


beis por meio do método contábil;

 a aplicação de critérios de valorização de cada transação;

 a classificação das contas contábeis para apresentação dos relatórios


contábeis;

 a estruturação de cada relatório contábil para atender os principais ob-


jetivos dos usuários da informação contábil.

Vamos discutir em seguida os principais fundamentos apresentados.

A conta contábil – o meio de controle patrimonial


A conta contábil é utilizada para o registro das transações de aumento
e diminuição de cada elemento patrimonial que ela representa. É como se,
num caderno específico para isso, abrisse uma folha para controlar cada ele-
mento patrimonial e nesta folha fossem transcritas todas as alterações do
elemento patrimonial.
Normalmente os contadores atribuem os nomes mais comuns utilizados
nos negócios para as contas contábeis, procurando generalizar para que
todas as empresas utilizem o máximo possível dos mesmos nomes para que
sejam entendidos por todos. Vejamos o patrimônio de João José como seria
representado por contas contábeis.

Balanço Patrimonial de João José


Ativo Passivo
Bens e direitos  Obrigações 
Veículos 20.000,00 Financiamentos 42.000,00

Contas Caixa 200,00   Contas


contábeis Imóveis 50.000,00 Patrimônio líquido 30.200,00 contábeis
Aplicações financeiras 2.000,00    
Total  72.200,00 Total  72.200,00

O carro de João José foi registrado numa conta contábil denominada de


Veículos; o dinheiro que tinha na carteira foi representado numa conta contá-
bil denominada de Caixa; a casa está representada na conta contábil Imóveis;
o dinheiro na poupança foi representado pela conta contábil Aplicações Fi-
nanceiras; a dívida com o SFH foi representada pela conta contábil Financia-
mentos e sua riqueza líquida foi representada pela conta Patrimônio Líquido.
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A atribuição do valor – a metodologia


de controle econômico
O modelo de controle econômico adotado pela contabilidade em todo o
mundo é atribuir valor a todas as transações que afetam o patrimônio em-
presarial. Dessa maneira, qualquer aumento ou diminuição de um elemento
patrimonial e seus reflexos no patrimônio líquido devem ser medidos em
termos de moeda, em termos monetários.

As transações mais comuns têm seu valor facilmente identificável. Por


exemplo, numa compra de mercadoria que foi pago o valor de R$500,00,
o valor a ser atribuído será o valor de R$500,00. Uma venda de mercadoria
por R$1.200,00 terá seu valor atribuído de R$1.200,003. A aquisição de um 3
São exemplos introdu-
tórios, onde estamos des-
terreno por R$25.000,00 será registrada na contabilidade por R$25.000,00 e considerando as questões
tributárias.
assim por diante.

Um exemplo menos comum é uma doação. Supondo que um hospital


receba em doação um equipamento médico de uma entidade sem fins lu-
crativos que queira ajudar o hospital da cidade. Neste caso o contador deverá
identificar o valor que deve ser atribuído ao equipamento para registrar na
contabilidade. Provavelmente deverá ser o valor que a entidade que doou o
equipamento pagou por ele antes da doação. Se for um equipamento usado,
este deverá buscar informações sobre qual é o valor no estado para proceder
ao registro contábil.

O método das partidas dobradas–


a metodologia de estruturação do
sistema de informação contábil
O procedimento mais importante para o registro contábil, além da men-
suração em valor, é o método de registro, que é denominado de método das
partidas dobradas. A contabilidade moderna foi assim caracterizada a partir
do momento em que introduziu este método, em substituição ao método
4
das partidas simples4. Considera-se o ano de
1494 o marco para a con-
tabilidade moderna com
a publicação do “Tractatus
No método das partidas simples não havia a preocupação em identificar de Computis et Scripturis”
na obra Summa de Arith-
a causa da variação patrimonial. Limita-se ao inventário dos bens e direitos, metica, Geometria et Pro-
porcionalitá, do frei Luca
por meio de contagens, registrando os efeitos sem indagar as causas. Paccioli, mas há evidências
históricas do uso deste
método antes da publica-
ção desta obra.

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Estrutura contábil

No método da partida dobrada, cada transação deve ser escriturada pelo


menos duas vezes, em duas ou mais contas, de tal forma que a equação de
igualdade do Balanço Patrimonial (ativo = passivo) seja mantida.

Dessa maneira, se foi feito um pagamento em dinheiro de R$1.000,00


de uma duplicata de um fornecedor que estava para ser paga, o valor de
R$1.000,00 deverá ser registrado a primeira vez reduzindo o saldo de caixa,
e o mesmo valor de R$1.000,00 deverá ser registrado uma segunda vez, de
forma a diminuir o saldo devido ao fornecedor.

Como entender os conceitos de débito


e crédito nas contas contábeis
A equação de equilíbrio patrimonial, base para todo o processo de regis-
tro por meio das partidas dobradas, é:

ATIVO = PASSIVO

O ativo representa os investimentos (bens e direitos) e o passivo repre-


senta as fontes de financiamento (obrigações e patrimônio líquido).

O patrimônio líquido representa a riqueza dos proprietários. A riqueza


dos proprietários é aumentada por ganhos (receitas) e diminuída por perdas
(despesas).

Convencionou-se, ao longo dos séculos, que o nome do saldo das contas


do ativo é devedor e o nome dos saldos das contas do passivo é credor.

A convenção das nomenclaturas decorre da natureza dupla das transa-


ções comerciais. Assim, se temos um direito, dizemos que alguém nos deve,
portanto, um direito tem saldo devedor; se temos uma obrigação, dizemos
que alguém é nosso credor, portanto, um passivo tem saldo credor.

Os conceitos de devedor e credor são adotados aritmeticamente porque


farão nascer e variar os saldos das contas. Assim, devedor e credor tem sinais
aritméticos opostos. Como consequência, os conceitos de débito e crédi-
to foram adotados para designar aumentos ou diminuições nos saldos das
contas. Débitos aumentam saldos devedores e diminuem saldos credores.
Créditos aumentam saldos credores e diminuem saldos devedores.

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Estrutura contábil

As contas, o método das partidas


dobradas e os livros contábeis
O registro contábil por meio da metodologia do método das partidas
dobradas nos livros contábeis é denominado de escrituração contábil. Cada
registro contábil escriturado é chamado também de lançamento contábil.

A prática contábil desenvolveu a escrituração contábil em dois livros bá-


sicos: o livro diário e o livro razão. No livro diário, os lançamentos são escri-
turados em ordem cronológica diária rígida, à medida que as transações vão
acontecendo. No livro razão, os lançamentos contábeis são por conta contá-
bil e, dentro de cada conta contábil, também em ordem de data.

O estudo das contas


As contas contábeis representam a estrutura básica do sistema de infor-
mação contábil, onde são registradas todas as transações contábeis de uma
entidade.

Definição de conta contábil


Podemos definir conta contábil como a representação contábil de ele-
mentos patrimoniais iguais ou semelhantes. Assim, para representar todos
os carros e caminhões de propriedade de uma empresa, cria-se a conta con-
tábil Veículos. Nesta conta contábil serão registradas todas as compras e alie-
nações de veículos de propriedade da empresa.

Para representar todos os gastos com consumo de energia elétrica de


uma empresa, cria-se a conta Despesas de Energia Elétrica, onde serão regis-
trados todos os valores gastos com as contas de energia elétrica da empresa,
e assim sucessivamente.

Definição de plano de contas


Define-se plano de contas como o conjunto de contas contábeis neces-
sário para atender o registro, acumulação e classificação dos lançamentos

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Estrutura contábil

contábeis e todas as necessidades futuras de informações por meio das de-


monstrações e relatórios contábeis, fiscais, societários e gerenciais, de forma
a permitir o controle econômico da entidade.

Aspectos legais e gerenciais das contas


As contas contábeis devem ser criadas para atender todas as necessida-
des de informação do Sistema Empresa, sejam elas de natureza legal ou ge-
rencial. O objetivo é permitir o controle do patrimônio de uma entidade e
todas as necessidades de informações dos diversos usuários da informação
contábil da entidade.

Contas sintéticas e analíticas


São contas analíticas as contas que representam o maior detalhamento
do conjunto patrimonial da entidade, e as únicas que recebem a escrituração
por meio dos lançamentos contábeis, obtendo-se os saldos a cada dia ou
final de período, pela resultante dos débitos e créditos de cada conta.

As contas sintéticas são contas que não recebem lançamentos contábeis


e são utilizadas para sumarizar, por soma, o saldo de diversas contas de na-
tureza semelhante. Por exemplo, uma empresa com três clientes tem os res-
pectivos saldos, numa determinada data, apresentados abaixo.

  Conta contábil   
Código Nome  Saldo - R$
Contas 121 Cliente João da Silva 250,00
analíticas 122 Cliente José de Sousa 320,00
123 Cliente João José 451,00
Conta
12 Clientes  1.021,00
sintética
As contas individuais de cada cliente, que recebem os lançamentos de
cada um, são contas analíticas. A conta Clientes (código 12) é uma conta sin-
tética, cujo saldo só pode ser obtido pela soma do saldo das contas analíticas
correlacionadas.

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Estrutura contábil

Contas transitórias e permanentes


Denominam-se transitórias aquelas contas que servem para apurar o
saldo de um determinado período, ou data, e tem seu saldo zerado quando
se inicia o próximo período. Basicamente são dois tipos de contas:

 as contas de despesas e receitas, que são abertas com saldo zero no


início do ano e têm seu saldo zerado ao final do último dia do ano,
após feita a apuração do lucro ou prejuízo do período;

 as contas de resultado, que são abertas numa determinada data e en-


cerradas também na mesma data, com o intuito de fazer a transferên-
cia de valores para outras contas contábeis. O principal exemplo é a
conta de Lucros e Perdas, utilizada para apuração do resultado no final
do período, e a conta de Lucros Acumulados, utilizada para o fecha-
mento do Balanço Patrimonial do exercício e registro da destinação do
resultado do exercício encerrado.

Denominam-se permanentes as contas contábeis que representam ele-


mentos patrimoniais que sempre apresentam um saldo em qualquer período
contábil. São as contas de ativo e passivo que têm seus saldos aumentados e
diminuídos, mas sempre têm um saldo (saldo se o elemento patrimonial que
representam não existir mais na entidade).

Requisitos para estruturação


de um plano de contas
O princípio que deve nortear a estruturação de um plano de contas é o
de que o plano deve propiciar a maior facilidade e objetividade para o en-
tendimento de um patrimônio e permitir o melhor controle contábil deste
patrimônio. Os principais aspectos a serem observados são os seguintes:

 a sua abordagem básica deve ser as necessidades gerenciais da em-


presa e as necessidades de informações dos principais usuários inter-
nos, com o objetivo de tomada de decisão. Para tanto, o contador deve
procurar conhecer profundamente os negócios e a estrutura hierár-
quica da organização;

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Estrutura contábil

 deve partir do geral para o particular, ou seja, partindo das necessida-


des de informações aglutinadas (sintéticas) para as informações de-
talhadas (analíticas), criando-se uma ordenação racional e lógica, que
permita facilidade de classificações;

 deve ser estruturado com grau de flexibilidade suficiente para permitir


alterações de exclusão e inclusão de contas, para atender as novas ne-
cessidades gerenciais e legais;

 deve ser analítico o suficiente para atender as necessidades do sistema


de planejamento orçamentário;

 deve ser analítico o suficiente para atender as necessidades tributá-


rias;

 seu conteúdo analítico não pode prejudicar a ordenação lógica e não


pode permitir dispersão das contas analíticas;

 deve ser codificado.

Contas contábeis e centros de acumulação


por setor
As atuais necessidades de informações contábeis gerenciais exigem uma
segunda classificação das transações contábeis por setor de responsabili-
dade das despesas e receitas. Assim, desenvolveu-se o conceito de depar-
tamentalização, onde todos os lançamentos de despesas e receitas devem
também ser contabilizados por departamento ou setor. Normalmente este
conceito tem sido denominado de contabilização por centro de custo ou
centro de receita.

Desta maneira, o plano de contas contábeis deve ser estruturado minima-


mente para receber os lançamentos contábeis por:

 conta contábil;

 centro de custo ou centro de receita.

A maioria dos softwares de contabilidade já vem preparada para essas


duas classificações mínimas e indispensáveis. Os centros de custo e de recei-
ta normalmente são estruturados dentro do conceito de tabelas, aplicáveis à
todas as contas contábeis de despesas e receitas.

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Codificação do plano de contas


A maioria dos softwares exige uma codificação numérica para o processo
de internação, acumulação e classificação nos bancos de dados computa-
dorizados. Softwares de maior complexidade admitem normalmente a uti-
lização alfanumérica, permitindo maior flexibilidade de codificação. Mas, o
mais comum tem sido a utilização de códigos numéricos, tanto para facilitar
e automatizar os lançamentos como para facilitar o pessoal envolvido no re-
gistro das transações.

A codificação deve partir do geral para o particular, partindo das contas


mais sintéticas chegando até as contas analíticas. O modelo de codificação
mais utilizado é:

 Iniciar com código 1 todas as contas de ativo.


 Iniciar com código 2 todas as contas de passivo.
 Iniciar com código 3 todas as contas de receitas.
 Iniciar com código 4 todas as contas de despesas.

Fazendo um exemplo parcial com contas de ativo teríamos:

Código da conta Nome da conta Tipo da conta


1 Ativo Total Sintética
11 Ativo Circulante Sintética
111 Disponibilidades Sintética
111.01 Caixa Sintética
111.01.01 Caixa Matriz Analítica
111.01.02 Caixa Filial Analítica

111.02 Bancos Sintética


111.02.01 Banco do Brasil Analítica
111.02.02 Banco do Estado Analítica
...
...
12 Ativo Não Circulante Sintética
...

As contas analíticas é que recebem os lançamentos, sendo seu saldo apura-


do pelos lançamentos de débito e crédito em cada conta. As contas sintéticas
têm seu saldo obtido por sumarização das contas analíticas correlacionadas.

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Estrutura contábil

Estruturação das informações contábeis


O lançamento contábil representa a informação mais analítica no sistema
de informação contábil. Ele deve ser feito tendo um conjunto mínimo de in-
formações e escriturado nas contas contábeis, contas estas organizadas num
plano de contas.

O plano de contas, com os saldos das contas sintéticas e analíticas, per-


mite a confecção dos relatórios contábeis para fins operacionais, legais e
gerenciais.

Introdução ao lançamento contábil


O lançamento contábil deve ser feito pelo método das partidas dobradas,
que deve compreender, em termos formais, a data da transação, as contas
onde serão registrados os valores das transações (os valores a débito e a cré-
dito), um histórico para o entendimento da transação e o valor ou valores da
transação.

A base para efetuar o lançamento é um documento hábil. Este pode ser de


origem externa (preferencialmente) ou de origem interna. Documentação de
origem externa são notas fiscais, boletos, faturas, contratos, comprovantes de
depósito, cópias de cheques etc. Documentação de origem interna são rela-
tórios de despesas de viagem, requisições de materiais dos estoques etc.

Lançamento contábil por balanços sucessivos


Esse método de lançamento é utilizado para o processo de aprendiza-
gem pela sua facilidade de entendimento. Faz as alterações diretamente
numa estrutura de Balanço Patrimonial, levantando um novo balanço após
cada lançamento contábil. Vejamos alguns exemplos, partindo das seguin-
tes transações:

Número Transações R$
1 Entrada de capital social, em dinheiro 50.000,00
2 Abertura de conta bancária com depósito, em dinheiro 48.000,00
3 Aquisição de um imóvel para as operações, em cheque 30.000,00
4 Aquisição de móveis para as operações, em cheque 15.000,00
5 Pagamento de despesas de cartório, em dinheiro 1.000,00

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Estrutura contábil

Número Transações R$
6 Compra de materiais de expediente, a prazo para estoque 5.000,00
7 Receita de prestação de serviços, a prazo, emitindo NF 6.000,00
8 Consumo de materiais de expediente 2.200,00
9 Recebimento de parte da NF emitida, crédito bancário 3.500,00
10 Pagamento de parte da NF do fornecedor, em cheque 2.740,00

O primeiro evento trata da abertura de capital de uma empresa. O dinheiro


dado pelos sócios entra no caixa da empresa e é representado no Balanço Pa-
trimonial da empresa como Capital Social. Como o caixa é um bem, deve ficar
no Ativo. O Capital Social, por ser uma fonte de recurso, deve ficar no Passivo.

Lançamento número 1
Entrada de capital social em dinheiro R$50.000,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  50.000,00 Capital Social 50.000,00

O segundo evento é a abertura de uma conta bancária, tirando o dinheiro


do caixa e entrando no banco. Saldo bancário é um direito, porque o dinhei-
ro está em posse do banco, mesmo sendo direito da empresa. O novo Balan-
ço Patrimonial reflete o resultado acumulado das duas transações realizadas,
nas contas contábeis representativas de cada elemento patrimonial.

Lançamento número 2
Abertura de conta bancária com depósito, em dinheiro R$48.000,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  2.000,00     
Saldo bancário 48.000,00 Capital Social 50.000,00
Total  50.000,00 Total  50.000,00

Os lançamentos 3 e 4 são lançamentos de aquisição de bens patrimoniais


para a operação da empresa e devem ser representados no Balanço Patrimo-
nial para refletir cada classe específica de bem.

Lançamento número 3
Aquisição de um imóvel para as operações, em cheque R$30.000,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  2.000,00    
Saldo bancário 18.000,00  
Imóveis  30.000,00 Capital Social 50.000,00
Total  50.000,00 Total  50.000,00

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Estrutura contábil

Lançamento número 4
Aquisição de móveis para as operações, em cheque R$15.000,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  2.000,00     
Saldo bancário 3.000,00  
Imóveis 30.000,00  
Móveis  15.000,00 Capital Social 50.000,00
Total  50.000,00 Total  50.000,00

O lançamento número 5 é um lançamento diferente dos anteriores,


porque representa uma saída de dinheiro para um gasto consumido imedia-
tamente, no nosso exemplo, uma despesa de cartório. O valor pago é pela
prestação de um serviço e não há um bem ou direito recebido em troca.

Todo gasto consumido imediatamente é denominado de despesa e reduz


a riqueza dos proprietários. Assim, cria-se uma conta no passivo, denomina-
da de Resultado do Período (que pode ser Lucro ou Prejuízo), para ir refletin-
do as perdas e ganhos decorrentes das operações. Esta despesa representa
um prejuízo temporário.

Lançamento número 5
Pagamento de despesas de cartório, em dinheiro R$1.000,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  1.000,00     
Saldo bancário 3.000,00  
Imóveis 30.000,00 Capital Social 50.000,00
Móveis  15.000,00 Resultado do período (1.000,00)
Total  49.000,00 Total  49.000,00

O lançamento número 6 é uma compra a prazo de materiais para esto-


que. Os materiais são representados numa conta de ativo, porque são bens
que serão consumidos no futuro. A contrapartida, por ser a prazo, é abrir
uma conta para controlar a dívida com fornecedores. Todas as obrigações
são controladas no passivo.

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Lançamento número 6
Compra de materiais de expediente, a prazo para estoque R$5.000,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  1.000,00 Fornecedores 5.000,00
Saldo bancário 3.000,00  
Estoque mat. exped. 5.000,00  
Imóveis 30.000,00 Capital Social 50.000,00
Móveis  15.000,00 Resultado do período (1.000,00)
Total  54.000 Total  54.000,00

O lançamento número 7 representa a principal fonte de ganhos e lucros


da empresa. Neste caso, estamos imaginando uma empresa prestadora de
serviços que prestou um serviço e emitiu NF para comprar e fazer a cobran-
ça. Por ser a prazo, registra-se a receita como Resultado do Período e cria-se
uma conta de direito no ativo, denominada de Clientes.

É importante ressaltar que agora o saldo da conta Resultado do Período


apresenta-se positivo, de R$5.000,00, que é a receita de R$6.000,00 menos a
despesa lançada anteriormente de R$1.000,00.

Lançamento número 7
Receita de prestação de serviços, a prazo, emitindo NF R$6.000,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  1.000,00 Fornecedores 5.000,00
Saldo bancário 3.000,00  
Clientes 6.000,00  
Estoque mat. exped. 5.000,00  
Imóveis 30.000,00 Capital Social 50.000,00
Móveis  15.000,00 Resultado do período 5.000,00
Total  60.000,00 Total  60.000,00

O lançamento 8 representa um consumo de materiais requisitados ao es-


toque. Assim, sai o material do estoque e este tem seu valor diminuído no
ativo. Como é uma despesa, diminui o resultado do período.

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Estrutura contábil

Lançamento número 8
Consumo de materiais de expediente R$2.200,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  1.000,00 Fornecedores 5.000,00
Saldo bancário 3.000,00  
Clientes 6.000,00  
Estoque mat. exped. 2.800,00  
Imóveis 30.000,00 Capital Social 50.000,00
Móveis  15.000,00 Resultado do período 2.800,00
Total  57.800,00 Total  57.800,00

Os lançamentos 9 e 10 representam, respectivamente, recebimento de


direito de clientes e pagamento de obrigações a fornecedores. Os valores
entram em banco (recebimento do direito) e saem do banco (pagamento ao
fornecedor), ao mesmo tempo que diminui o direito a receber de clientes e
diminui a obrigação a pagar ao fornecedor.

Lançamento número 9
Recebimento de parte da NF emitida, crédito bancário R$3.500,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  1.000,00 Fornecedores 5.000,00
Saldo bancário 6.500,00  
Clientes 2.500,00  
Estoque mat. exped. 2.800,00  
Imóveis 30.000,00 Capital Social 50.000,00
Móveis  15.000,00 Resultado do período 2.800,00
Total  57.800,00 Total  57.800,00

Lançamento número 10
Pagamento de parte da NF do fornecedor, em cheque R$2.740,00
Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  1.000,00 Fornecedores 2.260,00
Saldo bancário 3.760,00  
Clientes 2.500,00  
Estoque mat. exped. 2.800,00  
Imóveis 30.000,00 Capital Social 50.000,00
Móveis  15.000,00 Resultado do período 2.800,00
Total  55.060,00 Total  55.060,00

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Verifica-se que o total do ativo sempre é igual ao do passivo, comprovan-


do a equação de equilíbrio patrimonial e deixando claro que o Balanço Pa-
trimonial é a representação de um patrimônio num determinado momento.

Lançamento contábil por débito e crédito


A metodologia de lançamento contábil por balanços sucessivos, apesar
de ser clara e facilmente inteligível, não é prática, uma vez que as empresas
fazem milhares de lançamentos por dia ou mês. Também este tipo de me-
todologia não permite contemplar um dos elementos fundamentais de um
lançamento, que é o histórico da transação.

Além disso, muitos tipos de lançamentos são repetitivos, modificando


apenas algumas características e mantendo sua essência, como os lança-
mentos de compras e vendas. Assim, todas essas movimentações devem
ser escrituradas nas contas contábeis por meio da metodologia do débito
e crédito.

Para identificar se é débito ou crédito em cada conta, o procedimento


deve ser o seguinte:

 identificar os elementos patrimoniais alterados pela transação;

 identificar se a transação aumenta ou diminui o saldo de cada conta


contábil que representa os elementos patrimoniais alterados;

 identificar a natureza intrínseca do saldo da conta, se é de saldo deve-


dor ou saldo credor;

 se a conta é de saldo devedor, esta será debitada se a transação au-


mentar o seu saldo e será creditada se a transação diminuir seu saldo;

 se a conta é de saldo credor, esta será creditada se a transação aumen-


tar o seu saldo e será debitada se a transação diminuir seu saldo.

Vamos exemplificar com o lançamento número 2:

Lançamento número 2
Abertura de conta bancária com depósito, em dinheiro R$48.000,00

I - Identificar os elementos patrimoniais alterados pela transação.

São dois:

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Estrutura contábil

 Caixa;

 Saldo bancário.

II – Identificar se a transação aumenta ou diminui o saldo de cada conta.

 Caixa: tem seu saldo diminuído.

 Saldo bancário: tem seu saldo aumentado.

III – Identificar que tipo de saldo é de cada conta.

 Caixa: é um bem é um ativo todo ativo tem saldo devedor.

 Saldo bancário: é um direito é um ativo todo ativo tem saldo de-


vedor.

IV – Débito e Crédito.

 Caixa: saldo devedor a transação diminui o saldo lançamento a


crédito.

 Saldo bancário: saldo devedor a transação aumenta o saldo lan-


çamento a débito.

Vamos fazer mais um exemplo com o lançamento número 10:

Lançamento número 10

Pagamento de parte da NF do fornecedor, em cheque R$2.740,00

I - Identificar os elementos patrimoniais alterados pela transação.

São dois:

 Saldo bancário;

 Fornecedores.

II – Identificar se a transação aumenta ou diminui o saldo de cada conta.

 Saldo bancário: tem seu saldo diminuído.

 Fornecedores: tem seu saldo diminuído.

III – Identificar que tipo de saldo é de cada conta.

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Estrutura contábil

 Saldo Bancário: é um direito é um ativo todo ativo tem saldo de-


vedor.

 Fornecedores: é uma obrigação é um passivo todo passivo tem


saldo credor.

IV – Débito e Crédito.

 Saldo Bancário: saldo devedor a transação diminui o saldo lança-


mento a crédito.

 Fornecedores: saldo credor a transação diminui o saldo lança-


mento a débito.

Contas de despesas e receitas


No modelo teórico apresentado como balanços sucessivos os efeitos das
despesas e receitas foram sendo sintetizados numa conta denominada de Re-
sultado do Período. Fica evidenciado assim que o Balanço Patrimonial, que é a
principal peça contábil, além do controle do patrimônio, consegue também
evidenciar o ganho ou perda com as operações, o lucro ou prejuízo.

Contudo, tão importante quanto saber o valor do lucro ou prejuízo, é saber


a composição do lucro ou prejuízo. Esta necessidade informacional não con-
segue ser evidenciada no Balanço Patrimonial, pois a conta Resultado do
Período vai diminuindo ou aumentando seu saldo, sem identificar porque
diminuiu ou aumentou. Em razão disso é que a contabilidade criou o conjun-
to de contas de despesas e receitas.

O objetivo das contas de despesas e receitas (contas temporárias) é acu-


mular os dados de cada tipo de despesa e cada tipo de receita ao longo de
um período. Assim que terminar o período e se elaborar um relatório deno-
minado Demonstração do Resultado do Período, essas contas voltam com
valor zero e o Balanço Patrimonial é encerrado.

As contas de despesas e receitas, em teoria, são subgrupos do Patrimônio


Líquido, mas devem ser apresentadas destacadamente enquanto o período
não for encerrado. Tomemos como exemplo o Balanço Patrimonial após o
lançamento número 10 do nosso exemplo anterior.

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Estrutura contábil

Balanço Patrimonial após o lançamento número 10

Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  1.000,00 Fornecedores 2.260,00
Saldo bancário 3.760,00  
Clientes 2.500,00  
Estoque mat. exped. 2.800,00  
Imóveis 30.000,00 Capital Social 50.000,00
Móveis  15.000,00 Resultado do período 2.800,00
Total  55.060,00 Total  55.060,00

Vamos fazer uma demonstração nova, criando contas de despesas e re-


ceitas e as evidenciando embaixo do ativo e passivo. Como as despesas são
redutoras do patrimônio líquido (saldo credor), todas elas têm saldo devedor
e serão apresentadas ao lado do ativo; como as receitas são aumentativas do
patrimônio líquido, elas serão apresentadas ao lado do passivo por que tem
saldo credor.

Demonstração contábil separando as receitas e despesas

Ativo  R$ Passivo  R$
Caixa  1.000,00 Fornecedores 2.260,00
Saldo bancário 3.760,00  
Clientes 2.500,00  
Estoque mat. exped. 2.800,00  
Imóveis 30.000,00 Capital Social 50.000,00
Móveis  15.000,00 Resultado do período 0
Total  55.060,00 Total  52.260,00

Despesas  R$ Receitas  R$
Despesas de cartório 1.000,00 Receita de serviços 6.000,00
Consumo materiais
2.200,00  
expediente
Total  3.200,00 Total  6.000,00
Total Geral 58.260,00 Total Geral  58.260,00

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Estrutura contábil

Esta demonstração contábil reflete mais apropriadamente o trabalho


diário da contabilidade registrando todas as transações com os ativos e
passivos e ao mesmo tempo separa e classifica as despesas e receitas do
período.

Ao final do período as despesas e receitas têm seu saldo zerado, e o valor


resultante volta a ser apresentado no Balanço Patrimonial na conta Resultado
do Período, como já estava na demonstração após o lançamento número 10
feito pela sistemática anterior.

Relatórios contábeis básicos


Os relatórios contábeis básicos são:

 Balancete de Verificação;

 Balanço Patrimonial;

 Demonstração do Resultado do Período.

O Balancete de Verificação é o primeiro relatório contábil extraído do


plano de contas contábil e é considerado um relatório de trabalho interno
do contador. Ele apenas lista as contas contábeis e seus saldos. Não é uma
demonstração contábil acabada e não é preparada para usuários externos.
A partir do Balancete de Verificação é que se elaboram as demonstrações
contábeis para usuários externos.

Um exemplo é apresentado abaixo, utilizando os resultados até o lança-


mento 10 do exemplo desenvolvido para este tópico.

Balancete de Verificação em...

Saldo
 Conta contábil Devedor Credor
(R$) (R$)
ATIVO    
Caixa 1.000,00  
Saldo bancário 3.760,00  
Clientes 2.500,00  
Estoque mat. exp. 2.800,00  
Imóveis 30.000,00  
Móveis 15.000,00  

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Saldo
 Conta contábil Devedor Credor
(R$) (R$)
Subtotal 55.060,00  
PASSIVO 
Fornecedores   2.260,00
Capital Social   50.000,00
Resultado do período   0,00
Subtotal   52.260,00
RECEITAS 
Prestação serviços   6.000,00
Subtotal   6.000,00
DESPESAS 
Com cartório 1.000,00  
Mat. expediente 2.200,00  
Subtotal 3.200,00  
Total Geral 58.260,00 58.260,00

A apuração do resultado do período


A apuração do resultado do período (lucro ou prejuízo) será feita com
as contas de despesas e receitas constantes no Balancete de Verificação. No
nosso exemplo temos:

Apuração do resultado do período R$


Total das receitas 6.000,00
(–) Total das despesas (3.200,00)
Resultado do período (lucro) 2.800,00

Do Balancete de Verificação
ao Balanço Patrimonial
As contas de ativo e passivo do Balancete de Verificação farão parte do
Balanço Patrimonial. As contas de despesas e receitas serão utilizadas para
apurar o lucro ou prejuízo do período, como vimos no tópico anterior.

Após apurado o lucro do período, o resultado será incorporado nova-


mente no Balanço Patrimonial, junto com a conta Capital Social, formando

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o conjunto do patrimônio líquido. Assim, o Balanço Patrimonial é apresenta-


do, incluindo os saldos na data do encerramento e o resultado do período.
Vamos supor que o balanço refere-se ao exercício encerrado em 31/12/X1.

Balanço Patrimonial em 31/12/X1


Ativo  R$ Passivo  R$
Bens e direitos   Obrigações  
Caixa 1.000,00 Fornecedores 2.260,00
Saldo bancário 3.760,00  
Clientes 2.500,00 Patrimônio líquido  
Estoque mat. exped. 2.800,00 Capital Social 50.000,00
Imóveis 30.000,00 Resultado do período 2.800,00
Móveis  15.000,00 Total do PL  52.800,00
Total  55.060,00 Total  55.060,00

A Demonstração do Resultado do Período


A Demonstração do Resultado do Período deve apresentar as receitas e
despesas dentro de uma ordenação que permita uma boa visualização do
resultado das operações da empresa. No nosso exemplo, houve apenas duas
despesas e uma única receita.

Demonstração do Resultado do Exercício encerrado em 31/12/X1


Receitas operacionais
Prestação de serviços 6.000,00
 
(–) Custos e despesas
Com cartório (1.000,00)
Com materiais de expediente (2.200,00)
  (3.200,00)
(=) Lucro do exercício  2.800,00

Objetivo da Demonstração
do Resultado do Período
O objetivo da demonstração do resultado é evidenciar como foi a geração
do lucro ou prejuízo da empresa. Por isso, ela deve demonstrar os resultados
operacionais separados dos resultados financeiros e separados dos demais
resultados, se houver.
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Estrutura contábil

Tem como referência básica avaliar o desempenho da empresa em termos


do retorno do investimento. Como o retorno do investimento é uma avalia-
ção de rentabilidade do capital investido num período de tempo (normal-
mente o anual), confronta-se o lucro (ou prejuízo) do período com o investi-
mento feito (normalmente pelos proprietários).

No nosso exemplo, o investimento do proprietário é evidenciado pelo


valor do Capital Social. Confrontando o lucro líquido com o valor do capital
social temos a análise do retorno do investimento. Com nossos dados, seria:

Lucro Líquido
Retorno do Investimento (ROI) =
Investimento (Patrimônio Líquido antes do Lucro)

R$2.800,00
ROI = = 5,6%
R$50.000,00

Não vamos fazer a avaliação do percentual obtido porque os números do


nosso exemplo são aleatórios. Mas uma rentabilidade é considerada normal
ao redor de 12% ao ano.

Ampliando seus conhecimentos

Contabilidade pessoal
(PADOVEZE, 2006)

O modelo de controle contábil é totalmente aplicável ao controle econô-


mico do patrimônio de cada pessoa, que podemos chamar de contabilidade
pessoal. Mesmo que cada indivíduo não queira estruturar voluntariamen-
te seu patrimônio no modelo contábil, o governo federal obriga-o a fazer,
uma vez que a Declaração de Rendimentos do Imposto de Renda da Pessoa
Física é uma prestação de contas obrigatória das rendas e bens e direitos do
cidadão1.

Olhando com atenção para a estrutura da Declaração do Imposto de Renda


da Pessoa Física fica evidente que ela é a adequação do método contábil, dos
conceitos e da estrutura das demonstrações contábeis aplicados ao patrimô-
nio de cada indivíduo.

1
Há muitos séculos os governos perceberam a importância do modelo contábil de controle e o adotaram para o controle de suas contas e
dos cidadãos.

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Estrutura contábil

As tabelas que apresentaremos a seguir, com números aleatórios, procu-


ram representar com a maior fidedignidade possível o modelo e a estrutura
dos principais quadros da Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física.
O objetivo é evidenciar que a declaração de renda das pessoas é a sua conta-
bilidade pessoal, que representa um ano de rendimentos e a posição patrimo-
nial e financeira ao final deste ano.

A tabela 1.1 resume a declaração dos tipos de rendimentos mais comuns


a todas as pessoas. Simulamos rendimentos de um empregado de empresa
privada, que também tem um imóvel que recebe aluguel, e rendimentos de
aplicação em poupança.

Tabela 1.1 – Rendimentos

Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoas Jurídicas


CNPJ Rendimentos Previdência IRRF 13.º Salário
Empresa Industrial 50.000 2.000 6.000 4.050
Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoas Físicas
CNPJ Rendimentos Previdência IRRF 13.º Salário
Aluguel de apartamento 6.000 0 0 0
Rendimentos Isentos e Não Tributáveis
CNPJ Rendimentos Previdência IRRF 13.º Salário
Rendimentos de Caderneta
400
de Poupança

IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

Se somarmos todos os rendimentos e tirarmos as deduções, teremos a


renda bruta menos os descontos.

R$
Rendimentos Empresa Industrial 50.000,00
(–) Descontos de Previdência (2.000,00)
(–) Descontos IRRF (6.000,00)
(+) 13.º Salário 4.050,00
Aluguel de apartamento 6.000,00
Rendimentos de poupança 400,00
Soma 52.450,00

Esta pessoa conseguiu uma renda líquida no ano X1 de R$52.450,00. A Re-


ceita Federal permite uma série de descontos da renda líquida, que são de-
clarados numa tabela denominada de Pagamentos e Doações Efetuados. A
Tabela 1.2 a seguir apresenta um exemplo de como esses dados vão para a
declaração de renda do contribuinte.
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Estrutura contábil

Tabela 1.2 – Pagamentos e doações efetuados

Parcela não
Nome do beneficiário Código CPF/CNPJ Valor
dedutível
Livraria e Papelaria Saber 1 2.200,00 0
Unimédicos 5 9.600,00 0
João Doutor 4 2.000,00 0
José Dentista 4 1.400,00 0
Hospital Clinica Médica 5 4.000,00 0
Faculdade Universal 2 6.500,00 0
Instituto de Inglês 2 2.300,00 0
Total 28.000,00 0
CPF – Cadastro de Pessoas Físicas

É sabido que os critérios adotados pela Receita Federal para tributação do Im-
posto de Renda das Pessoas Físicas não permitem a utilização como abatimento
da receita de todos os gastos das pessoas e de seus dependentes. Para fins de
exemplificação, vamos admitir que, além dos R$28.000,00 dos gastos listados
na Tabela 1.2, que serão considerados todos dedutíveis, este indivíduo gastou
em despesas, ao longo do ano, para seu consumo, mais R$16.450,00. Desta ma-
neira, o total dos gastos para consumo deste indivíduo foi de R$44.450,00.

R$
Gastos autorizados pela Receita Federal 28.000,00
Gastos não declarados 16.450,00
Total dos gastos consumidos no ano X1 44.450,00

O formulário da Receita Federal também exige um quadro para a declara-


ção dos bens e direitos do indivíduo, de forma comparativa com o ano ante-
rior, conforme apresentado na tabela 1.3.

Tabela 1.3 – Declaração de bens e direitos

Situação em
Discriminação Código
31/12/X0 31/12/X1
Casa de 150m² terreno de 300m² 12 90.000,00 90.000,00
Apartamento 40m² Grande Praia 11 40.000,00 40.000,00
Carro Um ano X000 21 0,00 8.000,00
Carro Ox ano X003 21 18.000,00 18.000,00
Saldo Banco do Estado 41 500,00 600,00
Saldo Banco do Brasil 41 400,00 450,00
Poupança Caixa do Brasil 49 4.000,00 4.400,00
Total 152.900,00 161.450,00

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Estrutura contábil

O objetivo básico da Receita Federal com esta declaração de bens e direi-


tos é ter um arquivo em que possa verificar ganhos (ou perdas) futuros, com
as vendas desses bens e direitos. Assim, a Receita Federal mune-se de dados
para eventual fiscalização de eventos futuros.

Além disso, essa declaração é importante para o órgão governamental,


para aferir se a renda líquida obtida no ano é suficiente para justificar os va-
lores do aumento do valor dos bens e direitos, com o intuito de detectar se
alguma renda não foi declarada.

Outrossim, para fazer justiça, a Receita Federal permite a declaração das


dívidas, uma vez que parte dos investimentos em bens e direitos possam ter
sido pagos, total ou parcialmente, com dinheiro emprestado. A Tabela 1.4 evi-
dencia essas possíveis obrigações financeiras.

Tabela 1.4 – Dívida e ônus reais

Situação em
Discriminação Código
31/12/X0 31/12/X1
Cartão de Crédito Vis 11 2.000,00 1.800,00
Cartão de Crédito Card 11 800,00 1.400,00
Banco do Município – Cheque Especial 11 100,00 250,00
Total 2.900,00 3.450,00

O quadro que faz o fechamento da declaração do Imposto de Renda é o


quadro da evolução patrimonial. A diferença do valor dos bens e direitos do
ano para o anterior, diminuída da variação do valor das dívidas existentes no
mesmo período, determina o valor da variação patrimonial, ou seja, a variação
da riqueza do indivíduo. Se for positiva, a variação representa um aumento
da riqueza patrimonial. Se for negativa, representa uma redução da riqueza
patrimonial do indivíduo.

Tabela 1.5 – Evolução patrimonial

R$
Bens e direitos em 31/12/X0 152.900,00
Bens e direitos em 31/12/X1 161.450,00
Variação (a) 8.550,00
Dívidas e ônus reais em 31/12/X0 2.900,00
Dívidas e ônus reais em 31/12/X1 3.450,00
Variação (b) 550,00
Variação líquida (a – b) 8.000,00

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Estrutura contábil

Nosso exemplo foi estruturado para que a diferença entre a receita líquida
do indivíduo e seus gastos de consumo, que significa a sobra disponível para
investimentos, seja igual ao valor da sua variação patrimonial. Para tanto, con-
sideramos que o Imposto de Renda Retido na Fonte é suficiente para atender
a legislação e que não haverá impostos a pagar ou a restituir.

Balanço Patrimonial para a Pessoa Física


A declaração de rendimentos das pessoas físicas pode ser evidenciada
pelo modelo contábil, por meio dos seus dois principais demonstrativos que
são o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Período.

O Balanço Patrimonial mostra o que a entidade (empresa ou pessoa) tem


numa determinada data e a demonstração de resultados mostra o quanto a
entidade auferiu, gastou e teve de sobra (ou falta) num determinado período.

O mais comum é:

 levantar o Balanço Patrimonial no início do exercício (ou ao final do


exercício anterior);

 apurar o resultado, ganhos e despesas de um ano;

 levantar o balanço patrimonial ao final do exercício, após a apuração


dos ganhos.

Dessa maneira, o resultado espelha o componente mais importante da va-


riação patrimonial da entidade. O balanço patrimonial representa os valores
e os tipos de bens e direitos e o valor do aumento da riqueza da entidade,
pelo aumento do patrimônio líquido (caso tenha aumento pois, se a riqueza
diminuiu, será uma redução do patrimônio líquido).

Utilizando as tabelas do nosso exemplo da declaração do Imposto de


Renda, podemos elaborar esses demonstrativos contábeis para o indivíduo.
Será considerado como Balanço Patrimonial inicial o conjunto dos bens e di-
reitos e as dívidas e ônus reais da situação em 31/12/X0. O formato do balanço
patrimonial coloca os bens e direitos à esquerda, cujo conjunto representa o
ativo, e as dívidas à direita, que representam o passivo exigível.

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Estrutura contábil

Tabela 1.6 – Balanço Patrimonial inicial da pessoa física – situação em


31/12/X0

Passivo
Ativo (bens e direitos) R$ R$
(dívidas e ônus reais)
Casa de 150m² terreno de 300m² 90.000,00 Cartão de Crédito Vis 2.000,00
Apartamento 40m² Grande Praia 40.000,00 Cartão de Crédito Card 800,00
Banco do Município –
Carro Ox ano X003 18.000,00 100,00
Cheque Especial
Saldo Banco do Estado 500,00
Saldo Banco do Brasil 400,00
Poupança Caixa do Brasil 4.000,00
Total 152.900,00 Total 2.900,00

Este balanço está desbalanceado, já que a ideia de um balanço é de igual-


dade nas duas balanças. O equilíbrio do balanço dá-se pela introdução da
figura do patrimônio líquido, que é a resultante da somatória dos bens e direi-
tos, diminuída da somatória das obrigações. O patrimônio líquido represen-
ta a riqueza efetiva da entidade e, neste caso, da pessoa física. Significa que,
caso o indivíduo consiga vender todo o seu patrimônio e quitar todas as suas
dívidas, sobrará uma importância em dinheiro que é totalmente sua, a sua
riqueza, o seu patrimônio líquido.

Neste exemplo, para 31/12/X0, temos:

R$
Valor dos bens e direitos 152.900,00
(–) Valor das dívidas e ônus reais (2.900,00)
= Patrimônio líquido (valor da riqueza do indivíduo) 150.000,00

Em nosso país e na maior parte dos países o patrimônio líquido é apre-


sentado do lado direito do balanço, para dar a noção de igualdade de ativo =
passivo. Fica claro, porém, que o patrimônio líquido não é uma exigibilidade,
no sentido de que deve ser efetuado um pagamento para saldar uma obriga-
ção, enquanto que as dívidas e ônus reais caracterizam-se seguramente como
passivos exigíveis de pagamento financeiro. Dessa maneira, a palavra passivo
assume uma conotação ambígua, mostrando, em termos contábeis, tanto as
dívidas exigíveis quanto o valor da riqueza das pessoas.

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Podemos então refazer a Tabela 1.6, introduzindo a figura do patrimônio


líquido dentro de um quadro de balanço equilibrado.

Tabela 1.7 – Balanço patrimonial inicial situação em 31/12/X0, in-


troduzindo o patrimônio líquido

Passivo (obrigações e
Ativo R$ R$
patr. líquido)
Bens e Direitos Passivo exigível
Casa de 150m² terreno de 300m² 90.000,00 Cartão de Crédito Vis 2.000,00
Apartamento 40m² Grande Praia 40.000,00 Cartão de Crédito Card 800,00
Banco do Município –
Carro Ox ano X003 18.000,00 100,00
Cheque Especial
Saldo Banco do Estado 500,00 2.900,00
Saldo Banco do Brasil 400,00 Patrimônio Líquido 150.000,00
Poupança Caixa do Brasil 4.000,00
Total 152.900,00 Total 152.900,00

Atividades de aplicação
1. João José da Silva, que não tinha nenhum patrimônio, ganha na lo-
teria R$300.000,00. Imediatamente abre uma conta num banco de
confiança, depositando o dinheiro. Logo em seguida, adquire dois
imóveis, sendo uma casa por R$100.000,00 e um pequeno sítio por
R$60.000,00. Faça as movimentações das transações num modelo de
Balanço Patrimonial para o João José da Silva.

2. Logo em seguida, João José da Silva adquire dois veículos, um carro


no valor de R$40.000,00 e uma caminhonete por R$20.000,00. Todas
as aquisições foram pagas em cheque. O banco ofereceu um financia-
mento para o carro no valor de R$15.000,00, que foi aceito por João
José, e foi depositado em sua conta. Partindo do saldo obtido no exer-
cício 1, faça as novas movimentações de João José da Silva.

3. Em seguida, aceitou a sugestão do gerente do banco e fez uma apli-


cação num fundo de investimento de R$90.000,00. Depois disso,
sacou do banco em dinheiro R$3.500,00 e, para festejar este alegre
acontecimento, deu uma festa para seus amigos e familiares e gastou

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R$2.500,00, pagando as despesas em dinheiro, ficando com o resto em


suas mãos. Considerando os saldos do exercício 2, faça toda a movi-
mentação dessas novas transações de João José em contas, apurando
o saldo de cada uma delas; levante o Balanço Patrimonial de João José
e apure o valor da riqueza de João José ao final dessas transações.

4. Coloque entre parênteses as classificações adequadas. Na primeira co-


luna, utilize B se for Bem, D se for Direito, O se for Obrigação e P se for
Patrimônio líquido, despesa ou receita. Na segunda coluna, D se for
saldo devedor e C se for saldo credor.

Primeira coluna Segunda coluna


Salários a pagar
Saldo bancário
Despesas de viagens
Receita de prestação de serviços
Capital Social
Estoque de mercadorias
Imóveis
Aluguéis recebidos
Duplicatas a pagar
Duplicatas a receber

5. Considerando as mesmas contas do exercício anterior, indique na se-


gunda coluna se o movimento da conta constante na primeira coluna
é um débito ou um crédito.

Primeira coluna Segunda coluna


Salários a pagar Aumento
Saldo bancário Diminuição
Despesas de viagens Aumento
Receita de prestação de serviços Aumento
Capital Social Aumento
Estoque de mercadorias Aumento
Imóveis Diminuição
Aluguéis recebidos Aumento
Duplicatas a pagar Diminuição
Duplicatas a receber Diminuição

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Estrutura contábil

6. Uma empresa tem um patrimônio líquido de R$50.000,00, represen-


tado pelo seu Capital Social, e uma única conta, também no valor de
R$50.000,00, representada pelo caixa. Considere que a empresa com-
prou R$15.000,00 de mercadorias para estoque, metade à vista e me-
tade a prazo, das quais R$6.800,00 foram vendidas no mesmo mês por
R$18.000,00, vendas essas que foram R$5.000,00 à vista e o restante a
prazo. Apure o lucro do mês e como ficou o Balanço Patrimonial após
esses fatos.

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Escrituração contábil, a teoria
contábil e a legislação em vigor

A escrituração contábil é o meio pelo qual a Ciência Contábil se efetiva


como a ciência do controle econômico da entidade. A escrituração contábil
tem como fundamento as teorias, os princípios, os conceitos, a metodologia
e as práticas contábeis.

O controle econômico de uma entidade compreende basicamente a evi-


denciação do conjunto patrimonial da entidade nas datas necessárias ou
exigidas por lei, bem como a avaliação do resultado das operações da enti-
dade, medidas em termos de lucro ou prejuízo, superávit ou deficit, sobra ou
insuficiência patrimonial, de cada período analisado ou determinado.

Tendo em vista o alcance mundial da necessidade da informação contá-


bil e a consistência absoluta do arcabouço teórico da ciência contábil, sua
estrutura foi adotada por todos os países para o controle das atividades das
organizações governamentais, para o controle das contas dos cidadãos e das
empresas.

Dessa maneira, a maioria dos países insere dentro de diversas legislações


(comerciais, civis, tributárias) a obrigatoriedade da escrituração contábil e
da disponibilização dos arquivos e relatórios contábeis para determinados
usuários e determinados objetivos.

Fundamentos da escrituração contábil


A escrituração contábil consiste no registro em livros contábeis dos fatos
que alteram economicamente o patrimônio de uma entidade, utilizando o
método contábil das partidas dobradas. Dá-se o nome de lançamento con-
tábil a cada registro das transações econômicas (fatos contábeis) nos livros
contábeis.

Para tanto, é necessário identificar todos os elementos patrimoniais que


formam o patrimônio de uma entidade, classificando-os em bens, direitos,
obrigações e o Capital Social entregue às empresas pelos sócios ou acionis-
tas, nas empresas que têm esta configuração.

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Escrituração contábil, a teoria contábil e a legislação em vigor

Os elementos patrimoniais identificados são controlados por meio de


contas contábeis. Uma conta contábil é a representação de elementos pa-
trimoniais iguais ou semelhantes, que merece procedimentos e controles
específicos.

Denomina-se plano de contas o conjunto das contas que representa o pa-


trimônio de uma entidade e permite também a apuração dos resultados das
suas operações a cada período de tempo. Assim, o plano de contas deve
classificar os elementos patrimoniais em quatro grandes grupos:

 Segmento do Plano de Contas para os elementos do Ativo;

 Segmento do Plano de Contas para os elementos do Passivo;

 Segmento do Plano de Contas para os elementos de Receitas;

 Segmento do Plano de Contas para os elementos de Despesas.

O lançamento contábil
O lançamento contábil deve ser feito pelo método das partidas dobradas.
O método das partidas dobradas determina que o lançamento contábil deve
ser feito em pelo menos duas contas, sendo denominado partida o lança-
mento na primeira conta e contrapartida o lançamento na segunda conta.

O que configura a característica de partida dobrada é o valor do lança-


mento. Assim, o valor da partida tem que ser igual ao valor da contrapartida.
O valor lançado em duplicidade é para manter inalterada a equação funda-
mental da contabilidade, denominada de equação de equilíbrio patrimonial,
que determina que o total do ativo tem que ser igual ao total do passivo.

ATIVO = PASSIVO

O ativo é composto de bens e direitos e o passivo é composto das obriga-


1
Atualmente a denomi- ções e do patrimônio líquido1.
nação do lado direito da
equação de equilíbrio pa-
trimonial tem sido passivo
e patrimônio líquido.
BENS + DIREITOS = OBRIGAÇÕES + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O patrimônio líquido é a figura central da contabilidade, pois representa


o valor do Capital Social que os donos da empresa investiram no negócio,

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Escrituração contábil, a teoria contábil e a legislação em vigor

mais os lucros obtidos que foram retidos na sociedade. Para entidades sem
fins lucrativos, o patrimônio líquido representa a sobra residual da entidade,
ou seja, a diferença da soma dos bens e direitos menos as obrigações. Em
termos de administração financeira, o patrimônio líquido representa o Capi-
tal Próprio da entidade, enquanto que as obrigações representam o Capital
de Terceiros.

Despesas e receitas
Exceto nas alterações do Capital Social, o patrimônio líquido é aumen-
tado pelas receitas e diminuído pelas despesas, elementos esses que per-
mitem a apuração do resultado (lucro ou prejuízo, superávit ou deficit) da
entidade. Como as despesas são negativas ao patrimônio líquido, elas têm
sinal inverso ao próprio grupo. Assim, a equação de equilíbrio patrimonial
foi transformada, para fins de lançamentos contábeis, numa equação de tra-
balho, transferindo os elementos de despesas para o conjunto do ativo e
mantendo os elementos de receitas junto ao grupo do passivo, ficando esta
equação assim representada:

BENS + DIREITOS + DESPESAS = OBRIGAÇÕES + PATRIMÔNIO LÍQUIDO


+ RECEITAS

No encerramento das contas de um período contábil, as contas de despe-


sas e receitas serão utilizadas para apurar o resultado do período e as contas
de ativo e passivo serão utilizadas para elaborar o Balanço Patrimonial ao
final do período.

Estrutura do lançamento contábil


Pode ser que um lançamento exija mais de duas contas. Assim, a partida
pode ser em uma conta e a contrapartida em duas ou mais contas. Também
pode acontecer que a partida seja em mais de uma conta. O que é necessário
é que o valor total da partida seja igual ao valor total da contrapartida.

Desde os primórdios da contabilidade, convencionou-se dar o nome de


débito para a partida e crédito para a contrapartida.

Desta maneira, podemos apresentar a estrutura obrigatória para o lança-


mento contábil:

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Escrituração contábil, a teoria contábil e a legislação em vigor

 data do lançamento;

 conta(s) que recebe(m) o débito;

 conta(s) que recebe(m) o crédito;

 histórico;

 valor.

A data do lançamento e o histórico são os elementos necessários para dar


a cronologia dos acontecimentos, bem como para descrever minimamente
o que motivou a ocorrência patrimonial.

Todo o lançamento deve ser alicerçado por uma documentação que o


habilite. Esta documentação deve ser preferencialmente com documentos
externos (notas fiscais, faturas, contratos, boletos, comprovantes de paga-
mento e recebimento, notas de débito e de crédito etc.), sendo admitidos
documentos internos nas ocorrências de transações internas (requisições de
estoques de materiais e insumos, relatórios de despesas de viagens etc.).

Método das partidas dobradas – débitos e créditos


O método das partidas dobradas obriga o registro de uma transação em
pelo menos duas contas, de tal forma que seja mantido o equilíbrio patrimo-
nial (em valor) da equação contábil ativo = passivo.

Desta maneira, por exemplo, ao registrar uma compra de mercadorias


à vista de R$500,00, a contabilidade tem que registrar o valor de R$500,00
numa conta e o mesmo valor de R$500,00 em outra conta, de tal forma que
a igualdade ativo = passivo seja mantida. Dessa maneira, a máxima que
representa o método das partidas dobradas é “a cada débito corresponde
crédito(s) de igual valor” e vice-versa.

As palavras débito e crédito vêm dos costumes seculares dos negócios,


onde débito procura representar despesas, acréscimos de investimento e va-
lores a dever, e crédito procura representar receitas, aumentos de obrigações
e valores a receber.

Convencionou-se, ao longo dos séculos, que o nome do saldo das contas


do ativo é devedor e o nome dos saldos das contas do passivo é credor.

Assim, podemos fazer as seguintes afirmativas com suas consequências


aritméticas.
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Escrituração contábil, a teoria contábil e a legislação em vigor

Devedor é o inverso de credor.

Devedor é igual a débito.

Credor é igual a crédito.

Débito é o inverso de crédito.

Dessas constatações, podemos concluir então que:

Um lançamento a débito aumenta um saldo devedor.

Um lançamento a crédito aumenta um saldo credor.

Um lançamento a débito diminui um saldo credor.

Um lançamento a crédito diminui um saldo devedor.

Assim, os saldos das contas de ativos, passivos, despesas e receitas têm a


seguinte evolução pelos débitos e créditos:

O saldo de uma conta de ativo é aumentado por débitos e diminuído por


créditos.

O saldo de uma conta de passivo é aumentado por créditos e diminuído


por débitos.

O saldo de uma conta de despesa é aumentado por débitos.

O saldo de uma conta de receita é aumentado por créditos.

Portanto:

Toda conta de ativo deve ter saldo devedor.

Toda conta de passivo deve ter saldo credor.

Toda conta de despesa deve ter saldo devedor.

Toda conta de receita deve ter saldo credor.

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As contas de despesas só devem ter lançamentos a créditos para estornos


ou correção de erros, bem como as contas de receitas só devem ter lança-
mentos a débitos para as mesmas coisas.

Os livros contábeis obrigatórios


Os livros contábeis obrigatórios são:

 livro diário;

 livro razão.

O objetivo da escrituração no livro diário é apresentar os lançamentos


contábeis em ordem cronológica. Nesse livro todos os fatos contábeis (as
transações dos eventos econômicos que afetam o patrimônio empresarial)
são escriturados rigidamente em ordem de data.

O segundo objetivo, além da própria escrituração, é assegurar a confia-


bilidade dos lançamentos contábeis dentro da ordem em que estão aconte-
cendo, para impedir possibilidades de manipulação da ordem dos eventos,
com a inserção de lançamentos a posteriori com datas retroativas.

A escrituração em ordem de data no livro diário caracteriza-se por ser uma


listagem dos lançamentos. Contudo, pelo fato de ser apenas uma listagem,
não é possível fazer o controle dos valores de cada conta, com os eventos
específicos de cada uma delas.

Dessa maneira, houve a necessidade de um livro que sistematizasse todos


os lançamentos específicos de cada conta, o que deu origem ao livro razão.
A palavra razão vem do latim rationum, que por sua vez vem de ratio, que
significa conta ou cálculo. Assim, para se ter o razão de cada conta, há que
se fazer cálculos ou contas com os valores dos lançamentos. Em termos prá-
ticos, é o livro contábil por excelência, o mais importante, uma vez que por
intermédio dele é que se apura o saldo de cada conta após cada lançamento,
bem como o saldo final de qualquer período que se queira analisar e que
seja objeto de elaboração dos relatórios contábeis.

Em resumo temos:

 o livro razão recebe os lançamentos por ordem de data, sem nenhuma


sistematização;

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 o livro diário é separado em contas (no passado, cada folha do livro era
para uma conta), onde cada conta representa um elemento patrimo-
nial, que recebe unicamente os lançamentos (as partidas) específicos
de cada conta.

No passado, com a escrituração manual, havia dois momentos de escri-


turação. Primeiramente fazia-se a escrituração no livro diário; em seguida,
transcrevia-se cada lançamento para o livro razão. Hoje os livros razão e diário
são processados eletronicamente e não há mais necessidade de transcrição
manual. O livro razão evoluiu de um livro propriamente dito para fichas,
onde cada ficha do razão representa uma conta contábil. Hoje as fichas são
disponibilizadas em telas de computador.

Escrituração do livro diário


Para o processo de escrituração contábil é necessário identificar as contas
alteradas por cada fato e as partidas de débitos e créditos. Vamos tomar como
referência dez transações que podem representar a abertura de uma nova
empresa e seus eventos mais significativos para exemplificar o processo de
escrituração contábil. As transações a serem escrituradas são as seguintes:

Número Transações R$
1 Entrada de capital social em dinheiro 50.000,00
2 Abertura de conta bancária com depósito, em dinheiro 48.000,00
3 Aquisição de um imóvel para as operações, em cheque 30.000,00
4 Aquisição de móveis para as operações, em cheque 15.000,00
5 Pagamento de despesas de cartório, em dinheiro 1.000,00
6 Compra de materiais de expediente, a prazo, para estoque 5.000,00
7 Receita de prestação de serviços, a prazo, emitindo NF 6.000,00
8 Consumo de materiais de expediente 2.200,00
9 Recebimento de parte da NF emitida, crédito bancário 3.500,00
10 Pagamento de parte da NF do fornecedor, em cheque 2.740,00

Primeiramente vamos identificar as contas contábeis, sua classificação nos


elementos patrimoniais e os débitos e créditos em cada conta identificada.

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Identificação das contas contábeis e das partidas de débito e crédito 


Elemento Natureza Alteração Valor
Número Conta contábil Lançamento
patrimonial do saldo no saldo (R$)
1 Caixa Ativo Devedor Aumento Débito 50.000,00
Capital Social Passivo Credor Aumento Crédito 50.000,00
2 Saldo bancário (1) Ativo Devedor Aumento Débito 48.000,00
Caixa Ativo Devedor Diminuição Crédito 48.000,00
3 Imóveis Ativo Devedor Aumento Débito 30.000,00
Saldo bancário Ativo Devedor Diminuição Crédito 30.000,00
4 Móveis Ativo Devedor Aumento Débito 15.000,00
Saldo bancário Ativo Devedor Diminuição Crédito 15.000,00
5 Despesas de cartório Despesa Devedor Aumento Débito 1.000,00
Caixa Ativo Devedor Diminuição Crédito 1.000,00
6 Estoque de mat. expediente Ativo Devedor Aumento Débito 5.000,00
Fornecedores Passivo Credor Aumento Crédito 5.000,00
7 Clientes Ativo Devedor Aumento Débito 6.000,00
Receita de prest. de serviços Receita Credor Aumento Crédito 6.000,00
8 Consumo de materiais exped. Despesa Devedor Aumento Débito 2.200,00
Estoque de mat. expediente Ativo Devedor Diminuição Crédito 2.200,00
9 Saldo bancário Ativo Devedor Aumento Débito 3.500,00
Clientes Ativo Devedor Diminuição Crédito 3.500,00
10 Fornecedores Passivo Credor Diminuição Débito 2.740,00
  Saldo bancário Ativo Devedor Diminuição Crédito 2.740,00
(1) Também denominada Bancos conta Movimento (deve ser aberta uma conta analítica para cada conta bancária,
com o nome do banco)

Havia um costume de se colocar a palavra “a” antes da conta que recebia a


contrapartida, normalmente um crédito, na escrituração do livro diário, prá-
tica esta não incorporada nos livros contábeis eletrônicos. O valor, ao final da
última conta, era válido para as duas contas. O lançamento abaixo represen-
ta esse tipo antigo de escrituração.

Conceição do Oeste, 1 de janeiro de 20X1 Valor


Data
Contas contábeis e histórico do lançamento  (R$)
01/01/X1 Caixa   
  a Capital Social   
  Integralização de xxx cotas do capital social da Sociedade  
  Contábil, pelos sócios João da Silva e José de Souza  50.000,00
  em partes iguais   
01/01/X1 ...  

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Atualmente não se utiliza mais a palavra “a” na escrituração do livro diário,


e um modelo muito utilizado está apresentado a seguir, com os dez lança-
mentos do nosso exemplo.

Conceição do Oeste, 1 de janeiro de 20X1  


  Contas contábeis e histórico do lançamento Valor (R$)
Data Código Nome Débito Crédito
01/01/X1 111 01 Caixa  50.000,00  
  231 01 Capital Social    50.000,00
Integralização de xxx cotas do capital social da
  Sociedade Contábil, pelos sócios João da Silva e
José de Souza, em partes iguais 
02/01/X1 112 01 Banco Nacional  48.000,00  
  111 01 Caixa    48.000,00
    Abertura de conta bancária, depósito em dinheiro    
03/01/X1 161 01 Imóveis  30.000,00  
  112 01 Banco Nacional    30.000,00
Compra do imóvel na Rua xxx, conforme escritura
   
de compra e venda, de João Senhor etc.
04/01/X1 163 01 Móveis e utensílios  15.000,00  
  112 01 Banco Nacional    15.000,00
    Compra de móveis conf. NF... de...     
05/01/X1 411 02 Despesas de cartório  1.000,00  
  111 01 Caixa    1.000,00
    Pago Cartório de Registro conf. Recibo     
06/01/X1 131 01 Estoque de materiais de expediente  5.000,00  
  211 01 Fornecedores    5.000,00
    Compra conforme NF...de...     
07/01/X1 121 01 Clientes  6.000,00  
  311 01 Receitas de prestação de serviços    6.000,00
    Venda de Serviços conf. NF...de...     
08/01/X1 411 01 Consumo de materiais de expediente  2.200,00  
  131 01 Estoque de materiais de expediente    2.200,00
    Consumo de materiais no período     
09/01/X1 112 01 Banco Nacional  3.500,00  
  121 01 Clientes    3.500,00
    Recebimento parcial da NF...     
10/01/X1 211 01 Fornecedores  2.740,00  
  112 01 Banco Nacional    2.740,00
    Pagamento da NF...     

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Escrituração do livro razão e em conta Tê


O livro razão se caracteriza pela abertura de um controle para cada conta
contábil do plano de contas. Assim, todos os lançamentos do livro diário são
transcritos para todas as contas que foram envolvidas nos lançamentos, alo-
cando em cada conta a partida do lançamento que é específica de cada uma
delas. Com o razão apura-se o saldo de cada conta após cada lançamento.

Tendo como referência os dez lançamentos já escriturados no tópico


anterior, vamos abrir uma conta contábil para cada elemento patrimonial
identificado nesses lançamentos e fazer a transcrição dos lançamentos. O
modelo adotado é um modelo muito comum nos sistemas contábeis ele-
trônicos. A letra D ou C ao lado do saldo da conta significa saldo devedor ou
saldo credor.

  Conta contábil   Código  Valor (R$)   


Data Caixa 111 01 Débito Crédito Saldo  
01/01/X1 Entrada de Capital Social em dinheiro 50.000,00   50.000,00 D
02/01/X1 Depósito em dinheiro no Banco Nacional   48.000,00 2.000,00 D
05/01/X1 Pago despesas de cartório cf. recibo   1.000,00 1.000,00 D

  Conta contábil   Código Valor (R$)   


Data Capital Social 231 01 Débito Crédito Saldo  
Integralização de Capital Social em dinheiro
01/01/X1     50.000,00  50.000,00  C 
pelos sócios...

  Conta contábil   Código Valor (R$)   


Data Banco Nacional 112 01 Débito Crédito Saldo  
02/01/X1 Depósito em dinheiro 48.000,00   48.000,00 D
03/01/X1 Aquisição de um imóvel...   30.000,00 18.000,00 D
04/01/X1 Aquisição de móveis...   15.000,00 3.000,00 D
09/01/X1 Recebimento de cliente... 3.500,00   6.500,00 D
10/01/X1 Pagamento ao fornecedor...   2.740,00 3.760,00 D

  Conta contábil   Código  Valor (R$)   


Data Imóveis 161 01 Débito Crédito Saldo  
03/01/X1 Aquisição de imóvel conf. escritura... 30.000,00   30.000,00 D

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  Conta contábil   Código  Valor (R$)   


Data Móveis e utensílios 163 01 Débito Crédito Saldo  
03/01/X1 Aquisição de móveis conf. NF 15.000,00   15.000,00 D

  Conta contábil   Código Valor (R$)   


Data Despesas de cartório 411 02 Débito Crédito Saldo  
05/01/X1 Pago despesas em dinheiro 1.000,00   1.000,00 D

  Conta contábil   Código Valor (R$)  


Data Estoque de mat. expediente 131 01 Débito Crédito Saldo  
06/01/X1 Compra de materiais para estoque NF... 5.000,00   5.000,00 D
08/01/X1 Consumo de materiais expediente no período   2.200,00 2.800,00 D

  Conta contábil  Código  Valor (R$)   


Data Fornecedores 211 01 Débito Crédito Saldo  
06/01/X1 Compra de materiais para estoque NF...   5.000,00 5.000,00 C
10/01/X1 Pagamento de NF ... 2.740,00   2.260,00 C

  Conta contábil   Código Valor (R$)  


Data Receita de prest. de serviços 311 01 Débito Crédito Saldo  
07/01/X1 Prestação de serviços conf. NF...   6.000,00 6.000,00 C

  Conta contábil  Código Valor (R$)  


Data Clientes 121 01 Débito Crédito Saldo  
07/01/X1 NF ... De venda de serviços 6.000,00   6.000,00 D
09/01/X1 Recebimento de NF....   3.500,00 2.500,00 D

  Conta contábil   Código Valor (R$)  


Data Consumo material de expediente 411 01 Débito Crédito Saldo  
08/01/X1 Consumo de materiais no período 2.200,00   2.200,00 D

Para fins didáticos, e para estudo de lançamentos, utiliza-se o razonete ou


razão em conta Tê, utilizando a figura da letra T. Nele só constam as colunas
de débito e crédito. Sobre a linha horizontal coloca-se o nome da conta. À
esquerda ficam os valores de débito e o saldo devedor; à direita ficam os
valores de crédito e o saldo credor. Ao lado dos valores colocam-se números

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para identificar os lançamentos. Vejamos os mesmos lançamentos nesse for-


mato simplificado, não oficial, do razão. Quando há apenas um lançamento,
não há necessidade de puxar o saldo.

  Caixa     Capital Social  


(1) 50.000,00     50.000,00 (1)
  48.000,00 (2)  
  1.000,00 (5)  
1.000,00  
   

  Banco Nacional     Imóveis  


(2) 48.000,00 (3) 30.000,00
  30.000,00 (3)  
  15.000,00 (4)  
(9) 3.500,00  
  2.740,00 (10)  
3.760,00  

  Móveis e utensílios     Desp. cartório  


(4) 15.000,00 (5) 1.000,00
   

  Estoque mat. expediente   Fornecedores  


(6) 5.000,00     5.000,00 (6)
  2.200,00 (8) (10) 2.740,00  
2.800,00   2.260,00
   

  Clientes     Receita de serviços  


(7) 6.000,00     6.000,00 (7)
  3.500,00 (9)  
2.500,00  

Consumo mat.
  expediente
(8) 2.200,00
 

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Para uma primeira confirmação dos trabalhos de escrituração, levanta-se


um balancete de verificação para listar os saldos e confirmar a igualdade entre
os saldos devedores e credores das contas, conforme abaixo.

Balancete de Verificação em 10/01/X1

Conta contábil  Saldo (R$)


Código Nome Devedor Credor
Ativo 
111 01 Caixa 1.000,00
112 01 Banco Nacional 3.760,00
121 01 Clientes 2.500,00
131 01 Estoque de materiais de expediente 2.800,00
161 01 Imóveis 30.000,00
163 01 Móveis e utensílios 15.000,00
Passivo 
211 01 Fornecedores   2.260,00
231 01 Capital Social   50.000,00
Receitas 
311 01 Receita de prest. de serviços   6.000,00
Despesas 
411 01 Consumo de materiais de expediente 2.200,00
411 02 Despesas de cartório  1.000,00  
Total 58.260,00 58.260,00

Livros auxiliares
Algumas contas contábeis apresentam movimentação muito grande.
Assim, algumas empresas optam por fazer livros contábeis específicos para
essas contas, denominados livros auxiliares, mas que devem ser considera-
dos livros obrigatórios. Os livros auxiliares mais utilizados são:

 livro caixa;

 livro de contas correntes para clientes e fornecedores;

 livro de controle patrimonial.

A legislação sobre a escrituração contábil


O marco moderno da legislação sobre escrituração contábil é o Decreto
Lei 486 de 03/03/1969. Outras alterações legais posteriores foram redirecio-
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nando as exigências, que estão consolidadas no Regulamento do Imposto


de Renda (RIR), Decreto 3.000 de 26/03/1999, no Capítulo II. Os livros comer-
ciais obrigatórios são:

 livro diário;

 livro razão;

 livro de inventário;

 livro de entradas (compras);


2
De maneira bastante
simplificada, podemos de-
finir o Sped Contábil como
 livro de apuração do lucro real (Lalur).
a substituição dos livros
da escrituração mercantil
pelos seus equivalentes

Guarda e apresentação dos livros contábeis


digitais. A partir do seu
sistema de contabilidade,
a empresa gera um arqui-
vo digital no formato es-
pecificado no anexo único
à Instrução Normativa RFB A partir do ano base 2008, com entrega para 2009, as empresas estarão
n.º 787/07 (disponível no
menu Legislação). Devido obrigadas a gerar e transmitir eletronicamente para o governo federal, para
às peculiaridades das
diversas legislações que o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED)2, os livros contábeis, o livro
tratam da matéria, este
arquivo pode ser tratado de apuração do lucro real (Lalur) e a Declaração de Informações Econômico-
pelos sinônimos: Livro
Diário Digital, Escrituração -Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ)3.
Contábil Digital – ECD, ou
Escrituração Contábil em
forma eletrônica. Os livros abrangidos são:
3
A DIJP é o nome da antiga
Declaração do Imposto
de Renda para as Pessoas  diário e razão;
Jurídicas. Anualmente as
empresas são obrigadas a
enviar à Receita Federal do  balancetes diários e balanços;
Brasil um resumo de suas
demonstrações contábeis
dentro do formato exigi-  diário com escrituração resumida;
do pela DIJP, bem como
apresentar a formação do
lucro tributável para fins
de apuração do pagamen-
 diário auxiliar;
to de Imposto de Renda e
Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido.  razão auxiliar.
4
A IN 86 obrigava as em- O SPED contábil é idêntico ao SPED Fiscal, ou seja, os arquivos gerados
presas a manter arquivos
magnéticos à disposição serão transmitidos para o SPED, desobrigando as empresas da guarda em
da Secretaria da Receita Fe-
deral de todos os arquivos papel. O prazo para guarda será de 5 anos mais o ano corrente. Assim a DIPJ
relacionados às transações
da empresa. Compreen-
dia basicamente todos os
exigirá um número menor de informações e futuramente poderá deixar de
arquivos e transações da
folha de pagamento, dos
existir. As empresas que entregarem os arquivos “SPED” devem ser desobri-
estoques, da contabilida-
de, das compras e vendas,
gadas da obrigatoriedade da IN 86, naquelas informações que o SPED venha
da escrituração fiscal etc.
suprir4.

92
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A teoria contábil
A sustentação da teoria contábil consiste no conjunto de conhecimentos
necessários para que ela atinja seu objetivo principal, que é o controle de
uma entidade. O fundamento do controle é a estruturação de um sistema
de informação, elaborado dentro de metodologia científica, que permita a
todos os usuários da informação contábil o conhecimento do valor de seu
patrimônio e a mensuração dos resultados obtidos com a operacionalização
dos elementos patrimoniais à disposição das entidades.

O objetivo da contabilidade
Conforme Hendriksen (1977, p. 100), “Contabilidade é um processo de co-
municação de informação econômica para propósitos de tomada de decisão
tanto pela administração como por aqueles que necessitam utilizar-se dos
relatórios externos”.

Portanto, o objetivo do controle patrimonial transforma-se naturalmen-


te num objetivo de comunicação de informação econômica, tanto para os
usuários internos (os administradores em todos os seus níveis) como para os
usuários externos.

Em função da caracterização da existência de dois grupos básicos de usu-


ários, os usuários internos e os usuários externos, a contabilidade tem sido
apresentada em duas grandes áreas denominadas de contabilidade finan-
ceira e contabilidade gerencial. Esses dois ramos da contabilidade não são
apartados, mas devem ser sempre trabalhados em conjunto para o atendi-
mento do objetivo geral da contabilidade.

A contabilidade financeira e gerencial


A contabilidade financeira é a contabilidade mais conhecida, tradicional,
que é a contabilidade determinada pela lei comercial e fiscal. Portanto, seu
foco é o usuário externo, seja o acionista ou sócio, o governo e o atendimen-
to às obrigações legais. Em função de sua utilização generalizada é estrutu-
rada sobre regras firmes e conhecidas por todos e determinadas legalmente,
que são denominadas de Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (PCGA) ou
Práticas Contábeis.

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Outras características fundamentais da contabilidade financeira são: a) as


transações, por meio dos lançamentos, são escrituradas pelos dados histó-
ricos, por valores reais; b) a apresentação para os usuários externos é feita
por meio de relatórios padronizados para que todos os usuários externos
possam fazer comparações das demonstrações contábeis de qualquer em-
presa; c) o valor dos elementos patrimoniais, do ativo, passivo e do próprio
lucro ou prejuízo, reflete eventos já acontecidos, ou seja, registram eventos
já transcorridos.

A contabilidade gerencial é todo o conjunto de conhecimentos neces-


sários e complementares para o processo decisório de uma entidade. Ela é
mais analítica, tem como foco os usuários internos e pode utilizar qualquer
regra econômica que tenha utilidade para o tomador de decisão. A conta-
bilidade gerencial abrange todo o conjunto de conhecimentos conhecidos
como contabilidade estratégica, custos, orçamentos, análise de investimen-
tos, análise financeira, contabilidade por unidades de negócios etc.

Talvez a característica mais importante da contabilidade gerencial seja a


sua visão de futuro. A contabilidade gerencial foca a tomada de decisão e, con-
sequentemente, o efeito futuro das ações da administração. Para tanto, ela não
se prende a nenhum conceito específico, nem a formato específico de relató-
rio. Ela busca saber o que vai acontecer, qual será o próximo lucro e patrimônio
da empresa e qual pode ser o valor da empresa numa possível negociação.

O quadro a seguir apresenta os fatores que diferenciam a contabilidade


financeira da contabilidade gerencial, mas que devem ser trabalhados con-
juntamente dentro da entidade.

Quadro 1 – Comparação entre a contabilidade financeira e a contabi-


lidade gerencial

Contabilidade Contabilidade
Fatores 
financeira  gerencial 
Usuários Externos e internos Internos
Estrutura dos relatórios Formatados Não formatados
Balanço Patrimonial, Demonstração do Quaisquer relatórios necessários
Relatórios principais
Resultado, Fluxo de Caixa para tomada de decisão
Custos ou valores utilizados Primariamente históricos (passados) Históricos e esperados (previstos)

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Contabilidade Contabilidade
Fatores 
financeira  gerencial 
Restrição nas informações Princípios contábeis geralmente aceitos Nenhuma restrição
Característica da informação Objetiva e verificável Oportuna e relevante
Perspectiva dos relatórios Orientação histórica Orientação para o futuro

As raízes da teoria contábil


Essencialmente a teoria contábil decorre da abordagem gerencial da con-
tabilidade. Nela o objetivo fundamental é o processo de tomada de decisão
para controle do patrimônio. Portanto, as raízes da teoria contábil são as teo-
rias da decisão, da mensuração e da informação.

A teoria da decisão
A teoria da decisão trabalha com a construção de modelos decisórios que
permitam ao usuário tomar a melhor decisão para alcançar os objetivos das
entidades e empresas, que são a continuidade, o resultado positivo para sus-
tentar as operações e o retorno do investimento.

Os principais relatórios contábeis (Balanço Patrimonial, Demonstração do


Resultado, Fluxo de Caixa) são modelos decisórios de grande abrangência
com números de forma agregada. Outros modelos de decisão mais analí-
ticos são necessários, como modelos para análises de custos, formação de
preços de venda, análise de investimentos etc.

A tomada de decisões racionais depende de informações e dados. Por-


tanto recorre à teoria da mensuração e da informação.

A teoria da mensuração
A teoria da mensuração trabalha com a atribuição de medidas para as
variáveis do modelo decisório. A maior especialização (e o ponto forte) da
contabilidade é a mensuração econômica, qual seja, atribuir valor monetário
a todas as variáveis contábeis.

A mensuração econômica é muito complexa, pois envolve valores pas-


sados, futuros, valores brutos, líquidos, valores ajustados a valor presente,

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valores à vista, a prazo, valores em outras moedas, conceitos de custo de


oportunidade etc. Para cada modelo decisório vários tipos de valores podem
ser necessários, além da mensuração física dos elementos e variáveis envol-
vidos em cada modelo.

A teoria da informação
A teoria da informação tem como referência o usuário que utiliza o modelo
para tomada de decisão. O objetivo é eliminar a maior parte da incerteza na
tomada de decisão. Deve levar sempre em conta a relação custo-benefício
da construção dos sistemas de informação e modelos de informação.

A teoria da informação tem como referência o conceito da comunicação


eficaz. Assim, preocupa-se com a qualidade da fonte (a origem da informa-
ção), a mensagem (o conteúdo da informação), o canal (o meio que trans-
porta a informação) e o destinatário (a pessoa que recebe a informação).
A contabilidade caracteriza-se como um sistema de informação. Assim, faz
parte das preocupações do contador conseguir a eficácia de sua informação,
ou seja, ela tem que ser entendida por quem a usa e deve ser útil para o pro-
cesso de tomada de decisão.

A estrutura da contabilidade brasileira


A contabilidade financeira (para os usuários externos) é regulamentada
no Brasil por leis e instituições que definem suas normas e suas aplicações.

A Legislação das Sociedades por Ações


e a contabilidade
O diploma mais importante é a Lei 6.404/76, a lei das sociedades anôni-
mas, que determinou o novo formato da contabilidade brasileira. Ela foi es-
tendida para as demais sociedades pelo Decreto Lei 1.598/78, que também
adotou a nova estrutura para fins de legislação tributária.

A Lei 11.638/07, complementada pelos artigos 36 a 38 da Lei 11.941/09,


fez diversas modificações importantes na estrutura da Lei 6.404/76, determi-
nando também a adoção das práticas internacionais de contabilidade.

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O Código Civil e a contabilidade


O novo Código Civil instituído pela Lei 10.406/02 determina a obriga-
toriedade da escrituração contábil por contabilista responsável, os livros e
demonstrações contábeis obrigatórios, sem entrar no mérito das práticas
contábeis a serem adotadas nem da estrutura dos relatórios contábeis. Por-
tanto, toda a formatação e as práticas contábeis brasileiras a serem adotadas
constam na Lei 6.404/76 e nas alterações da Lei 11.638/07 e 11.941/09.

O Conselho Federal de Contabilidade


O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) tem por objetivo o controle e
a fiscalização dos atos da classe contábil, bem como a aplicação das normas
de contabilidade. A partir de 2005, a responsabilidade pela emissão das
normas e procedimentos contábeis ficou a cargo do Comitê de Pronuncia-
mentos Contábeis (CPC).

A Comissão de Valores Mobiliários


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também tem atribuições e pode
normatizar sobre procedimentos contábeis complementares para as socie-
dades anônimas de capital aberto e para empresas de grande porte5. 5
São consideradas em-
presas de grande porte,
pela Lei 11.638/07, qual-
quer empresa que tenha
receita bruta anual supe-

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis rior a R$300.000.000,00


ou ativo total superior a
R$240.000.000,00.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é a instituição mais im-


portante para a contabilidade brasileira e foi criado em 07/10/2005, pela Re-
solução 1.055/05 do CFC, para ser o único órgão responsável pela emissão
dos pronunciamentos contábeis no Brasil, em função das necessidades de:

 convergência internacional das normas contábeis;

 centralização na emissão de normas contábeis;

 representação das instituições nacionais interessadas em eventos in-


ternacionais.

Antes da criação do CPC, as normas, procedimentos técnicos, orientações


e interpretações contábeis eram de responsabilidade basicamente:

97
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 do Conselho Federal de Contabilidade, para todas as empresas no ter-


ritório nacional;

 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para as companhias abertas.

Também eram agentes legalmente autorizados o IBRACON, para as audito-


rias independentes, o Banco Central, para as instituições financeiras, a SUSEP,
para as instituições seguradoras, e a Receita Federal, no âmbito tributário.

O CPC é composto por dois representantes das seguintes entidades:

 Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA);

 Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado


de Capitais (APIMEC NACIONAL);

 Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA);

 Conselho Federal de Contabilidade (CFC);

 Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FI-


PECAFI);

 Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON).

O CPC sempre convidará representantes do:

 Banco Central do Brasil;

 Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

 Secretaria da Receita Federal;

 Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

Enquanto o CPC não cobrir a regulamentação de todas as normas con-


tábeis existentes e necessárias, já existentes, emitidas pelos diversos órgãos
responsáveis ou mesmo pelo legislativo brasileiro, estas continuarão em
vigor e deverão ser seguidas pelos contadores.

As práticas internacionais de contabilidade


e a estrutura contábil brasileira
A adoção das práticas internacionais de contabilidade tornou-se obriga-
tória a partir da Lei 11.638/07. Como o Conselho Federal de Contabilidade
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criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a estrutura contábil


brasileira hoje converge para adotar os Pronunciamentos Técnicos do CPC.

Introdução aos princípios e práticas contábeis


Os princípios de contabilidade, denominados mundialmente de prin-
cípios contábeis geralmente aceitos (PCGA) e no Brasil, princípios funda-
mentais de contabilidade, são as regras em que se assenta a contabilidade
financeira (não a contabilidade gerencial) para atender as demandas legais e
tributárias e dos usuários externos.
O segundo objetivo principal é o processo de harmonização. Com todos
os contadores trabalhando sob as mesmas regras, todas as demonstrações
contábeis estarão sendo elaboradas dentro do mesmo arcabouço teórico e
regulatório e poderão ser entendidas por todos os usuários, independente
da empresa que apresente suas demonstrações contábeis.

Princípios contábeis geralmente aceitos–


conceituação
Os princípios contábeis foram sendo desenvolvidos ao longo da história
da contabilidade a partir da escolha da melhor opção dos critérios de ava-
liação de ativos e passivos que conduzissem ao objetivo da contabilidade
de apuração do resultado, lucro ou prejuízo, de um período. O objetivo con-
dutor foi o retorno do investimento baseado na confrontação do valor das
receitas realizadas com as despesas realmente incorridas, tendo como base
de mensuração do retorno o investimento a valor histórico.
Os princípios podem ser classificados, partindo de uma ordem de impor-
tância, em postulados, princípios e convenções.

Postulados contábeis
Os postulados referem-se ao alicerce dos princípios. Representam as con-
dições primordiais em que deve se presumir o objeto de controle da entida-
de. São eles os postulados da continuidade e da entidade.

Princípios contábeis
Os princípios contábeis representam o segundo estágio na importância
das regras contábeis e representam os conceitos escolhidos para a mensura-
ção dos elementos patrimoniais e para apuração do resultado do período.
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A aplicação dos princípios contábeis deve ser feita:

 com um denominador comum monetário para todos os lançamentos,


isto é, o valor dos lançamentos deve ser feito somente na moeda bra-
sileira;

 tendo como referência o conceito da essência sobre a forma, ou seja,


o que deve prevalecer na avaliação do fato contábil é a sua natureza
intrínseca e não a forma documental em que está apresentado.

Convenções contábeis
As convenções representam as práticas contábeis recomendadas que di-
recionam a aplicação dos princípios contábeis e constrangem a atuação do
responsável pela escrituração contábil. São elas:

 Convenção da objetividade: o lançamento contábil deve ser baseado


em fatos e não em avaliação subjetiva, tendo um documento hábil
que permita a verificação posterior do lançamento realizado.

 Convenção da materialidade: tem como base a relação custo-benefí-


cio da informação. A exatidão numérica objetiva às vezes pode custar
muito caro e pode ser substituída por uma avaliação acurada, desde
que não prejudique o controle patrimonial.

 Convenção da consistência ou uniformidade: adotado um critério (den-


tre os aceitos pelos princípios contábeis), este deve ser adotado unifor-
memente no futuro. Eventual mudança do critério deve ser objeto de
notas explicativas.

 Convenção do conservadorismo: ligado mais à postura do contador,


com o objetivo básico de apuração justa do resultado do período. A
regra mais conhecida é: na dúvida, lance a despesa; na dúvida, não
lance a receita.

 Convenção da oportunidade: os lançamentos devem ser feitos imedia-


tamente à ocorrência da transação e no valor correto. No caso de lan-
çamentos por estimativa, os valores devem estar baseados em dados
quantitativos, que permitam o cálculo da provisão, e serem contabili-
zados no momento adequado.

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Princípios contábeis
Sob este título, analisaremos os postulados e os princípios propriamente
ditos.

O princípio da entidade
O postulado ou princípio da entidade tem como objetivo delimitar com
exatidão o patrimônio que será objeto da escrituração contábil. Para cada
entidade contábil deverá haver uma única escrituração, que não pode se
misturar com entidades que se relaciona, não podendo caber numa escritu-
ração duas entidades diferentes.

O exemplo mais objetivo da aplicação deste princípio é que a contabilida-


de dos bens pessoais dos sócios não pode ser confundida e misturada com a
contabilidade da empresa de que eles são donos. Da mesma forma, a conta-
bilidade de diversas empresas de um grupo empresarial não deve ser mistu-
rada, devendo cada empresa ter sua contabilidade distinta das demais.

O princípio da continuidade
O postulado ou princípio da continuidade parte do conceito de que uma
entidade não tem uma data final de encerramento (exceto nos casos espe-
cíficos que isso deve acontecer) e que, portanto, seus ativos e passivos não
devem ser avaliados no pressuposto de que serão vendidos ou liquidados
nas datas de encerramento de balanço.

O princípio da continuidade diz que os ativos e passivos devem ser avalia-


dos no pressuposto de que as operações da empresa continuarão nos próxi-
mos anos e devem ser mensurados (avaliados) para obter-se o resultado do
período e avaliação do retorno do investimento.

Esse princípio é a base para o conceito de custo como base de valor, já


que os elementos devem ser primariamente avaliados pelo custo e não pelos
seus valores de realização ou de venda.

O princípio do custo como base de valor


O princípio do custo como base de valor também é chamado de princípio
do registro pelo valor original. Pode ser considerado o princípio mais impor-

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tante em termos de aplicação dos conceitos de contabilidade. Esse princípio


diz que todos os ativos e passivos devem ser avaliados (mensurados) pelo
custo histórico ou de aquisição, e mantidos com essa avaliação até serem rea-
lizados ou vendidos.

Esse princípio é que dá a referência para a apuração do lucro. Assim, a


apuração do lucro (ou prejuízo) de cada transação e de todas as transações
de um período só se dá no momento da venda, e não antes dela.

Uma restrição importante a esse princípio é adotar o preço de venda ou


de mercado apenas quando este preço for inferior ao custo, expresso nor-
malmente como “custo ou mercado, dos dois o menor”.

O princípio da competência de exercícios


Este princípio é a base para a apuração do resultado de um período e
exclui definitivamente a adoção do regime de caixa. As despesas devem ser
contabilizadas quando ocorrem, independente de seu pagamento, e as re-
ceitas devem ser contabilizadas também quando ocorrem, independente de
seu recebimento.

O princípio da confrontação
das despesas com as receitas
Este princípio deixa claro o momento da apuração do resultado de cada
transação. As despesas devem ser lançadas apenas quando as receitas são
realizadas. Em outras palavras, só é possível lançar as receitas, e as despesas
que a geraram, quando a receita for realizada (tiver ocorrido) e todas as des-
pesas que geram essa receita também já tiverem sido incorridas.

Não se pode lançar uma receita sem que os gastos de todos os esforços
para obtê-la não tenham sido realizados ou ocorridos. Esse princípio é muito
importante para não se contabilizar receitas antes do momento devido.

Práticas contábeis
Podemos definir práticas contábeis como a aplicação de todo o conjun-
to de princípios, convenções, conceitos, teorias e procedimentos contábeis
aceitos e regulamentados.
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Os conceitos de valor
A contabilidade elegeu como conceito de mensuração o valor de aquisi-
ção. Porém, no mundo dos negócios, outros conceitos de valor são impor-
tantes e também devem ser conhecidos e utilizados na tomada de decisão.

Valor contábil
O valor contábil é o valor dos ativos e passivos, tendo como referência o
custo histórico ou de aquisição. O valor de mercado só é utilizado quando
6
este for inferior ao valor contábil6. As práticas internacionais
de contabilidade têm acei-
tado a mensuração a valor
de mercado ou valor justo
O valor contábil é o valor dos elementos patrimoniais constantes dos de instrumentos financei-
ros destinados à venda ou
livros contábeis. Assim, o valor contábil é o valor decorrente da aplicação das disponíveis para negocia-
ção. Ver textos de contabi-
práticas e princípios contábeis geralmente aceitos. É comumente chamado lidade avançada.

no mundo dos negócios de valor dos livros.

Valor de mercado
Podemos dizer que o valor de mercado é preço pelo qual foi ou será ven-
dido um ativo ou foi ou será liquidada uma obrigação. É o valor que imediata-
mente vem à mente do empresário comum. Ele é diferente do valor de custo
e, consequentemente, do valor contábil. Por exemplo, um terreno que foi ad-
quirido por R$30.000,00 pode valer hoje no mercado R$40.000,00. Enquanto
não for vendido, a contabilidade continuará registrando por R$30.000,00.

Valor econômico
Valor econômico é um preço que dá base para negociação hoje tendo
como referência o fluxo futuro de benefícios do ativo. O método mais utilizado
para se determinar o valor econômico de um bem ou direito é o fluxo de caixa
descontado, onde se traz, a valor presente, os fluxos de caixa a serem gerados
no futuro, por meio de uma taxa de juros que represente o custo de capital.

Na falta de um de valor de mercado objetivo, utiliza-se o valor econômico.

Introdução aos ajustes do custo


ao valor de mercado
Em algumas situações é necessária a utilização de valores de mercado
para ajustar os valores contábeis, quando os valores contábeis históricos

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ou de aquisição estão superiores aos valores de mercados. As novas prá-


ticas contábeis dão o nome a esse ajuste de redução ao valor recuperável
de ativos. A redução é considerada uma perda de valor, contabilizada como
gasto operacional. O nome internacional é impairment.

O conceito de perda de valor (impairment)


Impairment significa literalmente dano, prejuízo, deterioração, depreciação.
Em termos contábeis podemos definir impairment como declínio no valor de
um ativo ou dano econômico. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),
em seu Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de
Ativos, aprovado em 14/09/2007, definiu valor recuperável como “o maior
valor entre o preço líquido de venda do ativo e o seu valor em uso”.

O conceito de impairment deverá ser aplicado a todos os ativos ou con-


junto de ativos relevantes relacionados a todas as atividades da empresa,
inclusive as financeiras. Esse procedimento deverá ser feito regularmente,
pelo menos no encerramento do exercício contábil.

O conceito de valor justo (fair value)


A mensuração do valor recuperável deve ser feita por dois critérios:

 pelo preço líquido de venda;

 pelo seu valor em uso.

Para fins de aplicação do impairment deve-se utilizar o maior valor entre


os dois critérios. Stickney e Weil (2001) explicam que os dois critérios são
considerados como “o valor justo” de um ativo. Podemos definir, então,
valor justo como o preço negociado entre um comprador e um vendedor
que agem racionalmente, defendendo seu próprio interesse (uma transação
arm’s-length) ou, na ausência desse valor objetivo, o valor presente do fluxo
de caixa esperado pelo ativo.

Dessa maneira, o valor justo incorpora-se ao conjunto de conceitos, para


ajustar o valor contábil de um ativo quando o valor de mercado é inferior a
este, e liga-se ao conceito de impairment. O CPC indica os seguintes critérios
para se apurar o valor recuperável, o valor justo:

 preço líquido de venda do ativo a partir de um contrato de venda for-


malizado;
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 preço líquido de venda a partir de negociação em um mercado ativo,


menos as despesas necessárias de venda;

 preço líquido de venda baseado na melhor informação disponível para


alienação do ativo;

 fluxos de caixa futuros descontados para valor presente, derivados do


uso contínuo dos ativos relacionados.

Ampliando seus conhecimentos

Princípios contábeis geralmente aceitos


(WARREN et al., 2009)

Se os administradores de uma empresa pudessem registrar e informar


dados financeiros da forma que julgassem mais adequada, seria difícil, ou
mesmo impossível, fazer comparações entre empresas. Portanto, os conta-
dores financeiros seguem princípios contábeis geralmente aceitos (PCGA ou
GAAP– Generally Accepted Accounting Principles) na preparação de seus relató-
rios. Esses relatórios permitem que os investidores e outras partes interessadas
comparem duas empresas entre si. Para ilustrar a importância dos princípios
contábeis geralmente aceitos, suponha que diferentes federações esportivas
usassem regras diferentes para a contagem de pontos. Digamos, por exem-
plo, que uma federação estadual de futebol contasse o empate como dois
pontos e outra não atribuísse pontos ao empate. Seria difícil avaliar os times
submetidos a esses sistemas diferentes de pontuação. Um conjunto comum
de regras e um sistema de pontuação padronizado ajudam os torcedores a
comparar times entre diferentes federações. Da mesma maneira, um conjunto
padronizado de princípios contábeis geralmente aceitos permite comparar o
desempenho e a situação financeira de diferentes empresas.

Os princípios e conceitos contábeis foram desenvolvidos com base em


pesquisas, práticas contábeis aceitas e pareceres de órgãos competentes. Nos
Estados Unidos, a Comissão Regulatória da Contabilidade Financeira (FASB–
Financial Accounting Standards Board) é o principal órgão normativo respon-
sável pelo desenvolvimento dos princípios contábeis. A FASB publica as De-
clarações de Normas Contábeis Financeiras, bem como interpretações dessas
normas.

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Como os princípios contábeis geralmente aceitos afetam o conteúdo e a


forma dos relatórios das empresas, a definição desses princípios é algo que diz
respeito a todas as partes interessadas. Portanto, as normas são estabelecidas
por meio de um processo que solicita e leva em consideração as opiniões de
todas as partes afetadas. As atividades normativas da FASB são publicadas e
disponibilizadas em <www.fasb.org>.

Integridade, objetividade e ética na empresa

Reforma Contábil
As irregularidades na contabilidade financeira e nos relatórios da Enron,
WorldCom, Tyco, Xerox e outras chocaram o público investidor. A divulgação
do fato de que algumas das maiores e mais conhecidas empresas norte-ame-
ricanas haviam superestimado seus lucros e enganado os investidores levou à
seguinte pergunta: onde estavam os CPAs1?

Em resposta, o Congresso promulgou a Lei de Proteção dos Investidores,


Reforma de Auditoria e Transparência de 2002, conhecida como Lei Sarbanes-
-Oxley. A lei estabelece uma Comissão de Fiscalização de Auditoria Contábil
para regular o segmento da profissão contábil que tem empresas de capital
aberto como clientes. Além disso, a lei proíbe que os auditores (CPAs) prestem
aos seus clientes certos tipos de serviços alheios à área de auditoria, como
serviços jurídicos ou relacionados a bancos de investimentos, proíbe a contra-
tação dos auditores pelo cliente pelo período de um ano após a última audi-
toria desse cliente e aumenta as punições aplicáveis à divulgação de informes
financeiros fraudados.

Conceito de entidade contábil


A unidade comercial individual é a entidade contábil para a qual são ne-
cessários dados econômicos. Essa entidade pode ser uma revenda de auto-
móveis, uma loja de departamentos ou uma mercearia. A entidade contábil
deve ser identificada para que o contador possa determinar quais dados eco-
nômicos deverão ser analisados, registrados e resumidos nas demonstrações.

1
CPA é a abreviação de Certified Public Accountant, que representa o auditor independente certificado pelos órgãos governamentais norte-
-americanos para fazer a auditoria externa de contabilidade das entidades.

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O conceito de entidade contábil é importante porque limita os dados eco-


nômicos do sistema contábil àqueles que estão diretamente relacionados às
atividades da empresa. Em outras palavras, a empresa é vista como uma enti-
dade separada de seus proprietários, credores ou outras partes interessadas.
Por exemplo, o contador de uma empresa com apenas um proprietário (uma
firma individual) registraria somente as atividades da empresa, não as ativida-
des, propriedades ou débitos pessoais do proprietário.

O conceito de custo
Se um edifício for comprado por US$150.000, esse é o valor que deverá ser
lançado nos registros contábeis do comprador. Talvez o vendedor estivesse
pedindo US$170.000 pelo edifício até o momento da venda. Talvez o compra-
dor tenha feito uma oferta inicial de US$130.000 pelo edifício. O edifício pode
ter sido avaliado por US$125.000 para fins de tributação imobiliária. O com-
prador pode ter recebido uma oferta de US$175.000 pelo edifício no dia se-
guinte à compra. Nenhuma dessas outras quantias tem qualquer efeito sobre
os registros contábeis, porque não resultaram em uma troca de propriedade
do edifício entre o vendedor e o comprador. O conceito de custo é a base para
o lançamento do preço — ou custo — de transação de US$150.000 nos regis-
tros contábeis relativos ao edifício.

Continuando esse exemplo, a oferta de US$175.000 recebida pelo com-


prador no dia seguinte à compra do edifício indica que o preço de compra
de US$150.000 foi uma pechincha. O uso de US$175.000 nos registros contá-
beis, porém, corresponderia a registrar um lucro ilusório ou não realizado. Se,
depois de comprar o edifício, o comprador aceitasse a oferta e o vendesse por
US$175.000, um lucro de US$25.000 seria realizado e devidamente registrado.
O novo proprietário registraria US$175.000 como o custo do edifício.

O uso do conceito de custo envolve outros dois conceitos importantes de


contabilidade – objetividade e unidade de medida. O conceito de objetividade
exige que os registros e relatórios contábeis sejam baseados em evidências
objetivas. Nas transações envolvendo um comprador e um vendedor, ambos
tentam obter o melhor preço. Somente o valor final estabelecido de comum
acordo é suficientemente objetivo para fins contábeis. Se o valor pelo qual as
propriedades são registradas fosse revisto continuamente para cima e para
baixo com base em ofertas, avaliações e opiniões, os relatórios contábeis logo
se tornariam instáveis e pouco confiáveis.

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O conceito de unidade de medida ou o princípio do denominador comum


monetário exige que os dados econômicos sejam registrados em uma moeda
comum. O dinheiro é uma unidade comum de medida para a produção de
relatórios e dados financeiros uniformes.

Atividades de aplicação
1. Discorra sobre os fundamentos do método das partidas dobradas e
seu efeito no livro razão.

2. Por que a contabilidade financeira deve ser assentada sobre princípios


contábeis geralmente aceitos em todos os lugares e não há necessida-
de do mesmo padrão para a contabilidade gerencial? Quais as diferen-
ças mais importantes entre a contabilidade gerencial e a contabilidade
financeira?

3. Identifique e explique o relacionamento entre os princípios da conti-


nuidade, custo como base de valor e confrontação das receitas e des-
pesas.

4. Considerando os seguintes fatos contábeis apresentados a seguir, faça


o que se pede.

a) Identifique as contas alteradas pelos fatos.

b) Identifique se é ativo, passivo, despesa ou receita.

c) Identifique se o fato aumenta ou diminui o saldo de cada conta


alterada.

d) Identifique se haverá um débito ou crédito em cada conta.

Fatos:

 Constituição da empresa com entrada de capital em dinheiro de


R$50.000,00.

 Abertura de saldo bancário com depósito em dinheiro de R$48.000,00.

 Aquisição de um imóvel em cheque no valor de R$22.000,00.

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 Gasto com despesas de cartório, em dinheiro no valor de R$200,00.

 Emissão de nota fiscal de prestação de serviços de R$1.000,00, sendo


R$300,00 recebidos à vista, em dinheiro, e o restante a receber em 30
dias.

 Aquisição de um veículo para uso da empresa no valor de R$20.000,00,


em cheque.

5. Com os mesmos fatos do exercício anterior, faça os lançamentos no


razão em conta Tê.

6. Uma empresa tem as seguintes contas contábeis já abertas, com os


seguintes saldos:

Saldo bancário R$20.000,00

Dupls. a receber R$30.000,00

Estoque de mercadorias R$40.000,00

Dupls. a pagar R$25.000,00

Empréstimo R$15.000,00

Capital Social R$50.000,00

Faça os lançamentos em conta Tê dos fatos apresentados a seguir e apu-


re os novos saldos das contas, listando-as novamente e separando-as
por contas de ativo, despesas e receitas.

Fatos:

 Recebimento de duplicata com depósito bancário de R$5.400,00.

 Pagamento de duplicata em cheque no valor de R$11.000,00;

 Venda de mercadoria do estoque no valor de R$7.000,00 por R$15.000,00,


a prazo.

 Pagamento de uma prestação do empréstimo no valor de R$2.000,00,


em cheque.

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Noções gerais
dos relatórios contábeis

Objetivo e visão geral dos relatórios contábeis


A base da estruturação das informações necessárias para a condução de
um modelo de gestão empresarial está contida nas duas demonstrações
contábeis básicas: o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados.

O objetivo final da gestão econômica de criação de valor para o acionista


é medido pela análise de rentabilidade. A Demonstração de Resultados é o
modelo de mensuração e informação do lucro, enquanto que o Balanço Pa-
trimonial é o modelo de mensuração e informação do investimento. Portan-
to, a análise conjunta das informações desses dois modelos decisórios é que
deflagra todo o processo de gestão econômica. Assim, a base para a análise
financeira é o entendimento dessas duas peças contábeis.

Essas demonstrações básicas são complementadas por outras demons-


trações, objetivando alargar a visão sobre o empreendimento, enfocando di-
versos outros aspectos sobre o desempenho da empresa. As demonstrações
complementares mais conhecidas são a Demonstração do Fluxo de Caixa,
a Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos, a Demonstração
das Mutações do Patrimônio Líquido e dos Lucros Acumulados e Balanços
Consolidados.

Essas demonstrações são importantes tanto para os gestores internos


como para usuários externos interessados no desempenho da empresa. Para
os usuários externos, incluindo a comunidade em geral, outras demonstra-
ções podem ser elaboradas, tais como a Demonstração do Valor Adicionado
e o Balanço Social. Todas as demonstrações são complementadas por Notas
Explicativas e Relatórios da Administração.

Usuários dos relatórios contábeis


As demonstrações contábeis publicadas têm como foco básico os usuários
externos e o objetivo é avaliar a posição patrimonial, financeira e o retorno
do investimento pelos interessados. Além disso, as demonstrações contábeis

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Noções gerais dos relatórios contábeis

publicadas atendem as necessidades governamentais. Os principais usuários


externos são:

 os investidores, sócios ou acionistas, bolsas de valores e outros órgãos


reguladores e de análise de investimentos;

 as instituições financeiras que concedem créditos às empresas;

 os órgãos governamentais, principalmente a Receita Federal do Brasil;

 os fornecedores e clientes diretamente interessados nas operações da


empresa;

 os funcionários e os sindicatos patronais e dos trabalhadores;

 a comunidade e as organizações que atuam como fiscalizadores da


responsabilidade social da empresa.

Os usuários internos são os responsáveis pela gestão das empresas, para


os quais as demonstrações contábeis são imprescindíveis para o processo de
tomada de decisão.

Obrigatoriedade de apresentação
segundo a legislação brasileira
O Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados são demonstra-
ções obrigatórias para todas as empresas, mesmo que, para fins tributários
de Imposto de Renda, algumas empresas estejam dispensadas de sua apre-
sentação à Receita Federal (por exemplo, empresas do Simples Nacional e do
Lucro Presumido).

O quadro apresentado a seguir mostra as obrigatoriedades das empresas


em relação às demonstrações contábeis (denominadas de demonstrações
financeiras na Lei 6.404/76).

Quadro 1 – Obrigatoriedade de elaboração, apresentação, auditoria


e publicação das demonstrações contábeis

Demonstração contábil  Tipo de empresa 


Balanço Patrimonial Todas as empresas
Demonstração do Resultado Todas as empresas

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Noções gerais dos relatórios contábeis

Demonstração contábil  Tipo de empresa 


Demonstração dos Lucros ou Prejuízos
Todas as empresas
Acumulados
Demonstração das Mutações do Sociedades Anônimas de Capital Aberto*
Patrimônio Líquido e Empresas de Grande Porte**
Demonstração das Origens e
Não é mais exigida a partir de 01/01/2008
Aplicações dos Recursos
Companhias fechadas com patrimônio líquido
Demonstração dos Fluxos de Caixa
superior a R$2.000.000,00
Demonstração do Valor Adicionado Sociedades Anônimas de Capital Aberto
Sociedades Anônimas e Empresas de Grande
Notas Explicativas
Porte (demais empresas quando necessário)
Sociedades Anônimas e Empresas de Grande
Relatório da Administração 
Porte
Sociedades Anônimas de Capital Aberto
Auditoria Externa
e Empresas de Grande Porte
Publicação das Demonstrações Finan-
Sociedades Anônimas 
ceiras
* Sociedades Anônimas com ações cotadas nas bolsas de valores.
** Empresas que têm ativo total superior a R$240.000.000,00 ou receita bruta anual su-
perior a R$300.000.000,00.

Balanço Patrimonial
A peça contábil por excelência, e a mais importante, é o Balanço Patrimo-
nial. Sua função básica é evidenciar o conjunto patrimonial de uma entidade,
classificando-o em bens e direitos, evidenciados no ativo, e em obrigações e
o valor patrimonial dos donos e acionistas, evidenciados no passivo.

O ativo evidencia os elementos patrimoniais positivos, enquanto que o


passivo evidencia dois elementos até antagônicos: mostra em primeiro lugar
as dívidas da empresa, consideradas como elementos patrimoniais negati-
vos, e, em segundo lugar, complementando a equação contábil, o valor da
riqueza dos acionistas, evidenciado na figura do patrimônio líquido.

Portanto, a figura central do Balanço Patrimonial e, obviamente, da gestão


econômica, é o Patrimônio Líquido. O patrimônio líquido é formado basica-
mente por duas grandes origens de recursos:

 o valor inicial do numerário que os donos ou acionistas investiram na


empresa (e seus subsequentes aumentos ou retiradas de capital), de-
nominado de Capital Social;

113
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 o valor dos lucros (ou prejuízos), obtidos nas operações da companhia,


ainda não retirados da empresa, denominados de Lucros Acumulados
ou Lucros Retidos.

Quadro 2 – Estrutura básica do balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO1
CIRCULANTE CIRCULANTE
Disponibilidades, Contas a Receber de
Duplicatas e Contas a Pagar, Impostos a Recolher,
Clientes, Estoques e outros valores a re-
Empréstimos e Financiamentos, e outras obrigações
ceber e a realizar, dentro do prazo de um
vencíveis dentro do prazo de um ano.
ano.
NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Bens e direitos a receber ou a realizar com Empréstimos e Financiamentos, Tributos parcela-
prazo superior a um ano, com intenção de dos e outras obrigações com vencimento superior
negociação ou realização. a um ano, e receitas diferidas.
Investimentos, Imobilizado e Intangível Patrimônio Líquido
Bens e direitos, adquiridos ou construídos
Valor das entradas de capital, mais as reservas origi-
com intenção de não venda, para utilização
nadas de doações, os ajustes de avaliação patrimo-
nas atividades operacionais da companhia,
nial ainda não contabilizados em resultado, mais os
com os valores líquidos das depreciações,
lucros retidos nas Reservas de Lucros, menos Preju-
amortizações e exaustões (antigo Ativo
ízos Acumulados.
Permanente).
1
Com a adoção das práticas internacionais de contabilidade introduzidas pela Lei 11.638/07, muitas empresas passaram a denominar o lado
direito do Balanço Patrimonial de passivo e patrimônio líquido. Em todo o nosso trabalho, manteremos a denominação de passivo para o lado
direito do Balanço Patrimonial.

Estrutura de apresentação
Quadro 3 – Estrutura do Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
Caixa e Bancos Títulos a Pagar a Fornecedores
Impostos a Recolher sobre Mercado-
Aplicações Financeiras
rias
Títulos a Receber de Clientes Impostos a Recolher sobre Lucros
(–) Títulos Descontados Salários e Encargos a Pagar
(–) Créditos de Liquidação Duvidosa Contas a Pagar
Estoques Adiantamentos de Clientes
(Mercadorias, Materiais, Produtos em Empréstimos e Financiamentos
Elaboração, Produtos Acabados) Participações a pagar
Adiantamentos a Fornecedores Dividendos e Lucros a Distribuir
Outros Créditos

114
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ATIVO PASSIVO
(Impostos a Recuperar, Outros valores a
receber ou realizar)
Despesas do Exercício Seguinte

NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE


REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Títulos a Receber Empréstimos e Financiamentos
Créditos com Empresas Ligadas Impostos Refinanciados
Títulos Mobiliários Mútuos de Coligadas e Controladas
Investimentos Temporários
  RECEITAS DIFERIDAS
INVESTIMENTOS Receitas (–) Despesas
Em Empresas Ligadas
Em outras empresas
IMOBILIZADO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Imóveis Capital Social
Máquinas (–) Ações em Tesouraria
Equipamentos Reservas de Capital
Veículos Ajustes de Avaliação Patrimonial
Móveis Reservas de Lucros
(–) Depreciação e Exaustão Acumulada Prejuízos Acumulados
INTANGÍVEL
Gastos com geração de marcas, paten-
tes, licenças, softwares, etc., passíveis
de revenda
Goodwill decorrente de aquisições
TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO

Conceitos de circulante, curto prazo e longo prazo


Objetivando classificar os bens e direitos realizáveis dentro de um perfil
mínimo de vencimento, convencionou-se mundialmente considerar que os
ativos circulantes são os bens e direitos realizáveis até 1 ano após a data do
encerramento do balanço. Todos os bens e direitos não permanentes, cujo
vencimento ou expectativa de realização seja superior a 1 ano da data do
encerramento do balanço, são considerados como de longo prazo.

O mesmo conceito é aplicado ao passivo. Obrigações vencíveis dentro de 1


ano após a da data do encerramento do balanço são classificadas como passivo
circulante. Todas as obrigações de vencimento ou expectativa de pagamento
após 1 ano da data do encerramento do balanço são classificadas como Exigí-
vel a Longo Prazo.

115
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Por conseguinte, todos os ativos que serão realizados ou recebidos após


365 dias e as dívidas com vencimento que serão pagas além desse prazo são
considerados ativos ou passivos de Longo Prazo e serão classificados, se ativos,
no Realizável a Longo Prazo e, se passivos, no Exigível a Longo Prazo. É impor-
tante salientar que o ponto de referência para se classificar no circulante (curto
prazo) ou longo prazo é a data do encerramento do Balanço Patrimonial.

Exemplificando, tomemos como base um balanço encerrado em 31/12/X5.


Todas as duplicatas a receber com vencimento de 01/01/X6 a 31/12/X6 serão
consideradas de curto prazo ou circulante. Todas as duplicatas a receber com
vencimento a partir de 01/01/X7 serão classificadas no Realizável a Longo Prazo.
No caso de passivos, exemplificando com Empréstimos, temos o seguinte: os fi-
nanciamentos ou parcelas de empréstimos que vencem de 01/01/X6 a 31/12/X6
serão classificados como passivo circulante. Os empréstimos, financiamentos ou
parcelas de tais dívidas, que vencem a partir de 01/01/X7, serão classificados no
Exigível a Longo Prazo.

Esquematizando num gráfico, teremos:

Data do encerramento 365 dias depois Mais de 365 dias


balanço

Circulante Longo prazo


(curto prazo)

No nosso exemplo anterior, as datas seriam essas:

Data do encerramento
balanço 365 dias depois Mais de 365 dias
31/12/X5 31/12/X6 além de 01/01/X7

Circulante Longo prazo


(curto prazo)

Quando se levanta balanços em períodos menores que um ano (um exer-


cício social), o conceito de curto e longo prazo permanece o mesmo. Conside-
ra-se curto prazo os valores a receber, a realizar ou a pagar, com vencimento
até 365 dias da data de cada balanço levantado. Por exemplo, num balanço
apurado em 31/05/X6, todos os valores a receber e a pagar até 31/05/X7 serão
considerados de curto prazo. Os valores a receber e a pagar com vencimento a
partir de 01/06/X7 serão classificados como de longo prazo.

116
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Conceito de não circulante


O não circulante engloba os demais grupos do ativo e passivo, não classi-
ficados no circulante, mesmo considerando suas características distintas. O
objetivo é isolar elementos realizáveis no curto prazo dos elementos realizá-
veis após esse período.

Os itens do Realizável a Longo Prazo tem natureza similar aos ativos circu-
lantes, ou seja, são bens e direitos cuja intenção é a realização em dinheiro.
Já os elementos classificados como investimentos, imobilizados e intangí-
veis, têm como conceito básico a intenção de sua manutenção como ativo
da empresa, sem a intenção de revenda ou realização, razão pela qual eram
denominados de ativos permanentes ou ativos fixos.

No passivo não circulante, o Exigível a Longo Prazo representa as obriga-


ções com vencimentos superiores a um ano da data do balanço. Parte-se da
premissa que as obrigações de longo prazo constituem um modo de finan-
ciamento do negócio, sem vínculo com as obrigações circulantes, que tem
características de obrigações ligadas ao dia a dia das operações.

O patrimônio líquido, por se constituir dos direitos dos sócios e acionistas,


é, por sua natureza intrínseca, de longo prazo, uma vez que, em continuida-
de, espera-se que os valores do capital social e lucros retidos permaneçam
na empresa indefinidamente.

A definição de classificar no ativo não circulante é feita no momento de


sua aquisição ou construção. Se a empresa entende que o bem ou direito
não será objeto de revenda, que não há essa intenção preliminar e básica, o
elemento patrimonial será classificado como não circulante. Tomemos como
referência uma revendedora de veículos. Na aquisição de um utilitário, a em-
presa deve decidir qual o uso que será feito deste. Caso a empresa o utilize
para uso nas suas operações, será classificado como não circulante. Caso a
empresa objetive revender o utilitário, será classificado como ativo circulan-
te, no grupo de estoque de mercadorias para revenda.

Critérios gerais de avaliação do ativo e do passivo


O quadro 4 apresenta um resumo dos critérios gerais de avaliação dos
principais elementos do Balanço Patrimonial.

117
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Quadro 4 – Descrição das contas e critérios básicos de avaliação

Balanço Patrimonial  Conteúdo da conta  Critério básico de avaliação 


ATIVO CIRCULANTE
Caixa/Bancos Numerário em caixa e saldos bancários Valor nominal dos saldos
Valor aplicado mais juros e atualização monetária até a data do
Aplicações financeiras Aplicações de renda fixa ou variável, derivativos
balanço
Contas a receber de clientes Duplicatas a receber de clientes por vendas a prazo Valor nominal das duplicatas
Noções gerais dos relatórios contábeis

Valor em moeda estrangeira atualizado pelo câmbio até a data do


Saques/faturas a receber de vendas a prazo ao exterior
balanço
(–) Provisão para devedores du- Estima das prováveis perdas com contas existentes (créditos inco- Percentual médio histórico de perdas e/ou critério fiscal para fins
vidosos bráveis) de Imposto de Renda
(–) Títulos descontados Duplicatas ou saques negociados e recebidos antecipadamente Valor nominal das duplicatas ou saques
(–) Ajuste a valor presente Valor dos juros embutidos nas duplicatas a receber Valor do desconto do título por uma taxa de juros, se relevante
Estoques
Estoques de materiais direitos (matérias-primas, componentes, em- Custo de aquisição menos impostos recuperáveis. Critério do pre-
a) De materiais (bruto)
balagens) e materiais de consumo (manutenção, escritório) ço médio ponderado ou Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS)
(–) Provisão para perdas no es- Diferença entre o preço de mercado menor que o custo; valor dos

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Provável perda de valor, estoques sem utilização
toque estoques inúteis
Custo real de fabricação (materiais + custo de transformação) no
b) Em processo Estoques em elaboração, semiacabados
estágio
Custo real de fabricação (materiais + custo de transformação) no
c) Acabados Estoques de produtos prontos para venda
estágio

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Adiantamentos a fornecedores Antecipação de pagamento a fornecedores Valor nominal dos adiantamentos
Tributos a recuperar Saldos credores ou a recuperar de impostos e contribuições Valor dos tributos corrigidos até a data do balanço, se for o caso
Despesas antecipadas (ou des- Despesas de competência de resultados futuros pagas antecipada-
Valor da despesa a ser lançada na competência seguinte
pesas do exercício seguinte) mente (seguros, juros, anualidades antecipadas)
Balanço Patrimonial  Conteúdo da conta  Critério básico de avaliação 
ATIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a Longo Prazo
Depósitos judiciais Depósitos espontâneos ou compulsórios para contenciosos Valor dos depósitos corrigidos até a data do balanço, se for o caso
Tributos diferidos IR e CSLL sobre diferenças tributárias dedutíveis no futuro Valor nominal do tributo a ser aproveitado
IR e CSLL sobre prejuízos fiscais Valor nominal do tributo a ser aproveitado
Valor do título mais rendimentos mais ou menos o valor justo de
Valores mobiliários Instrumentos financeiros para negociação ou venda
mercado
Valor de custo ou valor patrimonial equivalente na data do balanço
Investimentos Ações de outras empresas (controladas, coligadas e outras)
(coligadas/controladas)
Custo de aquisição sem impostos recuperáveis, corrigidos moneta-
Imobilizado Bens e direitos adquiridos em caráter de permanência
riamente até 31/12/1995
Imóveis, máquinas, equipamen- Custo de aquisição sem impostos recuperáveis, corrigidos moneta-
Bens permanentes ligados às atividades operacionais
tos riamente até 31/12/1995
Custo de aquisição sem impostos recuperáveis, corrigidos moneta-
Outros imobilizados Outros bens permanentes
riamente até 31/12/1995
Custo de aquisição sem impostos recuperáveis, corrigidos moneta-
Reavaliações1 Valor complementar de bens permanentes reavaliados
riamente até 31/12/1995
Aplicação das taxas de depreciação anuais sobre o valor dos bens
(–) Depreciações acumuladas Perda estimada do valor dos bens por desgaste e obsolescência
menos seu valor residual
Valor justo (valor de mercado ou valor em uso) inferior ao valor con-
(–) Perdas por desvalorização Perda do valor recuperável dos ativos (impairment)
tábil

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Intangível Direitos sobre bens incorpóreos negociáveis Custo de aquisição ou construção
Marcas, patentes, softwares,
Intangíveis que produzem valor econômico para a empresa Custo de aquisição ou construção
franquias etc., negociáveis
Aplicação das taxas de amortização anuais sobre o valor dos in-
(–) Amortizações acumuladas Perda estimada do valor dos direitos em função da vida útil
tangíveis

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Valor justo (valor de mercado ou valor em uso) inferior ao valor
(–) Perdas por desvalorização Perda do valor recuperável dos ativos (impairment)  contábil 
1
A legislação brasileira não admite mais reavaliações a partir de 01/01/2008.

119
Noções gerais dos relatórios contábeis
120
Balanço Patrimonial  Conteúdo da conta  Critério básico de avaliação 
PASSIVO CIRCULANTE
Fornecedores Duplicatas a pagar por compras a prazo Valor nominal das duplicatas
Faturas a pagar a fornecedores do exterior por com- Valor em moeda estrangeira, atualizado pelo câmbio até a
pras a prazo data do balanço
Valor do desconto do título por uma taxa de juros, se rele-
(–) Ajuste a valor presente Valor dos juros embutidos nas duplicatas a pagar
vante
Salários e encargos a pagar Remuneração dos empregados ainda não pagas Valor nominal das remunerações
Noções gerais dos relatórios contábeis

Encargos legais a recolher (FGTS, INSS) Valor nominal dos encargos a recolher
Provisão de férias e décimo terceiro a pagar Valor dos duodécimos calculados até a data do balanço
Contas a pagar Faturas e duplicatas a pagar de contas diversas Valor nominal das faturas e contas
Tributos a recolher Tributos a recolher sobre mercadorias Valor das guias mais multas e juros, se em atraso
Tributos a recolher sobre lucros Valor das guias mais multas e juros, se em atraso
Valor recebido antecipadamente de clientes por
Adiantamentos de clientes Valor nominal dos adiantamentos
conta de pedidos de venda
Valor do saldo a pagar atualizado pelo indexador contratual
Empréstimos Empréstimos e financiamentos bancários
mais juros até a data do balanço

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Valor já destinado à distribuição aos sócios ou acio-
Dividendos ou lucros a pagar Valor nominal (ou corrigido, se tiver esta condição)
nistas
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Exigível a Longo Prazo

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Valor do saldo a pagar atualizado pelo indexador contratual
Financiamentos Empréstimos e financiamentos bancários
mais juros até a data do balanço
Tributos refinanciados Tributos objeto de parcelamento Valor das parcelas devidas na data do balanço
IR e CSLL sobre diferenças tributárias tributáveis no
Tributos diferidos Valor nominal do tributo a ser pago
futuro
Balanço Patrimonial  Conteúdo da conta  Critério básico de avaliação 
Receitas recebidas de competências de períodos
Receitas diferidas Valor nominal da receita a ser apropriada
futuros
Patrimônio Líquido
Entradas e aumentos de capital até a data do balan- Valor das entradas e aumentos de capital corrigidos moneta-
Capital Social
ço riamente até 31/12/1995
Doações e Subvenções governamentais; ágio na
Reservas de capital Valor corrigido monetariamente até 31/12/1995
subscrição de capital
Contrapartida das reavaliações contabilizadas no
Reservas de reavaliação1 Valor corrigido monetariamente até 31/12/1995
imobilizado
Contrapartida de atualização a valor justo de instru- Valor justo (valor de mercado) menos o valor contábil
Ajustes de avaliação patrimonial mentos financeiros disponíveis para venda e varia-
ção cambial de investimentos no exterior Variações cambiais sobre o valor do investimento
Lucros acumulados, não capitalizados ou distribuí-
Reservas de lucros Valor corrigido monetariamente até 31/12/1995
dos, retidos
Lucros Acumulados2 Lucros acumulados à espera de destinação Valor do lucro do período não distribuído
Prejuízos Acumulados ainda não absorvidos por re-
Prejuízos Acumulados  Valor dos prejuízos acumulados 
servas ou capital
1
A legislação brasileira não admite mais reavaliações a partir de 01.01.2008.
2
As novas disposições legais não permitem mais a existência formal da conta Lucros Acumulados, devendo todos os lucros serem destinados seja para os sócios ou acionistas como lucros ou dividendos distribuídos, seja como

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manutenção em reserva de lucro.

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121
Noções gerais dos relatórios contábeis
Noções gerais dos relatórios contábeis

Exemplo numérico
Apresentamos a seguir um exemplo numérico que servirá para todas as
demonstrações contábeis apresentadas neste capítulo. Parte de um Balanço
Patrimonial e um conjunto dos principais eventos de uma empresa comer-
cial, com objetivo de evidenciar a estruturação e integração de todas as de-
monstrações contábeis.

Quadro 5 – Balanço Patrimonial (inicial e final)

Inicial Final Inicial Final


ATIVO  PASSIVO
(R$) (R$) (R$) (R$)
CIRCULANTE  CIRCULANTE
Caixa/Bancos/ Dupls. a Pagar –
800,00 1.440,00 570,00 1.070,00
Apl. Financeiras Fornecedores
Dupls. a Receber – Salários e Encargos
1.620,00 3.510,00 180,00 190,00
Clientes a Pagar
Estoque de
3.100,00 2.100,00 Contas a Pagar 120,00 80,00
Mercadorias
Imp. a Recolher s/
Soma 5.520,00 7.050,00 350,00 590,00
Mercadorias
  Empréstimos 1.200,00 0,00
NÃO CIRCULANTE Soma 2.420,00 1.930,00
Realizável a Longo
100,00 100,00 NÃO CIRCULANTE
Prazo
Exigível a Longo
Investimentos  
Prazo
em Controladas 2.200,00 2.500,00 Financiamentos 4.800,00 5.600,00
Imobilizado   Patrimônio Líquido
Valor Histórico (valor
de aquisição ou de 8.280,00 9.000,00 Capital Social 6.000,00 7.000,00
custo)
(–) Depreciações
(2.500,00) (3.400,00) Reservas 380,00 720,00
acumuladas
Lucros/Prejuízos
Soma 5.780,00 5.600,00 0,00 0,00
Acumulados
Intangível 0,00 0,00 Soma 6.380,00 7.720,00
Soma Não Circulante  8.080,00 8.200,00 Soma Não Circulante  11.180,00 13.320,00
ATIVO TOTAL 13.600,00 15.250,00 PASSIVO TOTAL  13.600,00 15.250,00

As alterações de valores do balanço inicial e final decorrem das transa-


ções dos eventos econômicos da empresa no período entre os dois balan-
ços. As transações podem ser qualitativas, ou seja, só alteram dados do ativo

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e passivo, como podem ser modificativas, assim denominadas as transações


que afetam o valor do patrimônio líquido da empresa pelas receitas e despe-
sas do período. No quadro 6 mostrado a seguir estão os eventos econômi-
cos considerados que formaram o balanço final. Representam os principais
eventos econômicos de uma empresa comercial.

Quadro 6 – Principais eventos econômicos de um período

  R$
1. Vendas a prazo, com impostos de 10%. Custo R$14.500,00 23.800,00
2. Recebimento das vendas 21.910,00
3. Compra de mercadorias a prazo, com impostos de 10% 15.000,00
4. Pagamento das compras 14.500,00
5. Salários e encargos sociais do período 2.800,00
6. Pagamento de salários e encargos sociais 2.790,00
7. Despesas gerais do período 1.400,00
8. Pagamento das despesas gerais 1.440,00
9. Aumento de capital social em dinheiro 1.000,00
10. Contratação de novo financiamento, a longo prazo 500,00
11. Pagamento de parcelas do empréstimo de curto prazo 1.200,00
12. Aquisição de novos imobilizados à vista 720,00
13. Juros dos empréstimos e financiamentos, no período 300,00
14. Receita de aplicações financeiras no período 20,00
15. Depreciações do período 900,00
16. Equivalência patrimonial do período 300,00
17. Recolhimento de impostos sobre mercadorias 640,00
18. Impostos sobre o lucro pagos no período 700,00
19. Dividendos distribuídos no período 800,00
20. Lucros acumulados transferidos para reservas 340,00

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)


O objetivo desta demonstração é evidenciar o lucro ou prejuízo nas ope-
rações da empresa de um determinado período. Portanto, a demonstração
do resultado insere-se entre dois balanços patrimoniais: o do início e o do
fim do período.
Clóvis Luís Padoveze.

Balanço Patrimonial Demonstração Balanço Patrimonial


do Resultado
Início do período do Período Fim do período

123
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Os elementos da Demonstração de Resultados são as receitas e despesas.


O impacto das receitas e despesas é refletido no Balanço Patrimonial. Portan-
to, as duas demonstrações são afetadas concomitantemente. Isso pode ser
visto com um exemplo muito simplificado. Imaginemos um balanço inicial
com apenas duas contas.

Balanço inicial do período


Ativo Passivo
Estoque de mercadorias R$20.000,00 Capital Social  R$20.000,00

Imaginemos em seguida apenas uma transação no período.

Evento do período

Venda de mercadorias do estoque no valor de R$12.000,00, por R$30.000,00


à vista.

Com esse evento, podemos apresentar o lucro do período, pois essa tran-
sação envolve uma receita de venda e uma despesa de baixa da mercadoria
do estoque.

Demonstração do Resultado do Período


Vendas R$30.000,00
(-) Custo das Mercadorias Vendidas (R$12.000,00)
= Lucro do período  R$18.000,00

O balanço final do período reflete o impacto desse evento no Balanço


Patrimonial final:

 o aumento da conta Caixa com o valor da receita de venda de


R$30.000,00;

 a diminuição da conta Estoque de mercadorias, com a baixa da merca-


doria vendida de R$12.000,00;

 o lucro do período de R$18.000,00, que fica disponibilizado para os


sócios para futura distribuição ou retenção na empresa.

Balanço final do período


Ativo Passivo
Caixa R$30.000,00 Capital Social R$20.000,00
Estoque de Mercadorias R$8.000,00 Lucro do período R$18.000,00
Total  R$38.000,00  Total R$38.000,00
124
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Estrutura de apresentação
Quadro 7 – Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício

Demonstração do Resultado do Exercício


Período de 01/01 a 31/12
Receita Operacional Bruta
(–) Tributos Incidentes sobre Vendas
(–) Devoluções e abatimentos
(=) Receita Operacional Líquida
(–) Custo das Mercadorias Vendidas (se comércio)
Custo dos Produtos Vendidos (se indústria)
Custo dos Serviços Vendidos (se prestação de serviços)
(=) Lucro Bruto
(+) Outras Receitas Operacionais
(–) Despesas Operacionais
Administrativas
Com Vendas
Tributárias
Financeiras Líquidas
(Despesas Financeiras (–) Receitas Financeiras)
Outras Despesas Operacionais
Equivalência Patrimonial
(=) Lucro (Prejuízo) Operacional
(+) Outras Receitas
(–) Outras Despesas
(=) Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda
(–) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro
(–) Participação dos Administradores
(–) Participação dos Empregados
(=) Lucro (Prejuízo) do Exercício

Receita Operacional Bruta e Líquida

Receita Operacional Bruta


Compreende as vendas de produtos e serviços da empresa pelo valor
constante da Nota Fiscal. Isso significa que estão inclusos dentro do valor os
impostos de ICMS, IPI, PIS, COFINS e ISS. A legislação não tem recomendado
a inclusão do IPI como Receita Bruta, indicando apenas o ICMS, PIS, COFINS e
o ISS. Porém, são critérios diferentes para impostos iguais, já que ambos são
incidentes sobre vendas.

125
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A não inclusão do IPI como Receita Bruta parte de um costume comercial


brasileiro, pois a maioria das empresas industriais faz suas listas de preços
colocando o valor da venda, sem o IPI, inserindo a frase “preço de venda mais
IPI”, uma vez que as alíquotas de IPI são muito variadas, o que não ocorre ba-
sicamente com os demais tributos. Além disso, o IPI é apresentado de forma
explícita numa Nota Fiscal de indústria para cada linha da nota, enquanto
que o PIS e COFINS não aparecem na Nota Fiscal mesmo contidos nos preços
de venda. O ICMS, por sua vez, também só é evidenciado no total.

A finalidade de se apresentar a Receita Operacional Bruta é para dar base


a determinados índices financeiros, notadamente os que se relacionam com
análise de duplicatas a receber de clientes.

Impostos Incidentes sobre Vendas


Tendo em vista que os impostos de IPI, ICMS, PIS e COFINS que incidem
sobre a venda não são na verdade despesas para a empresa, já que o sistema
tributário apenas se utiliza das entidades com a finalidade de arrecadação,
deve-se excluir da Receita Operacional Bruta tais impostos.

O ISS, mesmo sendo de natureza de despesa tributária, também deve ser


considerado como imposto sobre as vendas e adicionado aos demais Impos-
tos Incidentes sobre Vendas.

Receita Operacional Líquida


Este item é que deve ser encarado como receita de vendas, já que os
valores do custo das mercadorias, produtos ou serviços vendidos já estão
sem os impostos incidentes sobre as compras.

Custo dos produtos e serviços vendidos


A avaliação do custo das vendas é exatamente a mesma avaliação do
ativo de estoque de mercadorias ou produtos. Os mesmos elementos que
formam tais ativos formam o custo das vendas, já que este representa o valor
dos estoques retirados da empresa pelas vendas realizadas.

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Custos dos produtos vendidos


Refere-se unicamente às empresas industriais, que recebem matéria-prima
e componentes, adicionam insumos de produção e produzem um novo produ-
to. Os componentes básicos do custo dos produtos vendidos são os seguintes:

Composição básica do custo dos produtos vendidos


 Matéria-prima e componentes
 Materiais auxiliares
 Mão de obra industrial direta
 Mão de obra industrial indireta
 Despesas gerais de fábrica
 Depreciação do parque industrial

A apuração do custo do produto é bastante complexa, tendo em vista


que a apropriação de determinados insumos ao produto é de difícil mensu-
ração. Para tanto, desenvolveu-se um ramo bastante especializado na conta-
bilidade, que é a Contabilidade Industrial ou Contabilidade de Custos, espe-
cificamente para fazer a valorização dos estoques de produtos industriais e,
consequentemente, do custo dos produtos vendidos.

Custo dos serviços vendidos


Basicamente são dois componentes: a mão de obra empregada e os ma-
teriais aplicados no serviço. Se forem serviços de natureza administrativa ou
comerciais, não há estoque de serviços. Se forem serviços de natureza in-
dustrial (reforma de máquinas, usinagens etc.), poderá haver a formação de
estoque de serviços em elaboração, antes da conclusão final do serviço.

Custo das mercadorias vendidas


Refere-se unicamente às empresas comerciais que revendem as merca-
dorias da mesma forma que recebem dos fornecedores, sem alteração de
sua constituição. Portanto, nesse caso, o único componente desse custo é o
valor de custo das mercadorias adquiridas, líquido dos impostos de IPI, ICMS,
PIS e COFINS, se recuperáveis.

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Despesas operacionais
São consideradas operacionais todas as outras despesas necessárias ao
funcionamento das empresas além do custo das vendas. São gastos admi-
nistrativos e de comercialização, tributos não incorporados aos custos e des-
pesas, indispensáveis à colocação dos produtos no mercado. As despesas
mais comuns, além dos salários e encargos com a mão de obra, são: energia
elétrica, serviços de terceiros, viagens, despesas com veículos, comissões,
manutenção dos prédios e equipamentos, materiais de expediente, despe-
sas com comunicações, jornais, entidades de classe etc.

Despesas e receitas financeiras


A apresentação das despesas financeiras deduzidas das receitas financei-
ras como parte do resultado operacional da empresa, mesmo sendo obri-
gatória para fins externos, não é adequada do ponto de vista gerencial e
financeiro. A operação básica de qualquer empresa compreende comprar,
produzir e vender a sua administração. Os aspectos financeiros, para fins ge-
renciais, devem ser analisados separadamente dos elementos operacionais.

Outras receitas e despesas


Nessas rubricas devem ser classificadas as receitas e despesas eventuais.
Essa nomenclatura foi recentemente adotada pela Lei 11.941/09, substituin-
do a rubrica anteriormente existente denominada de Receitas e Despesas
Não Operacionais. O conceito de “não operacionais”, consequentemente,
deixou de existir. De qualquer forma, por serem apresentadas abaixo do
Lucro Operacional devem representar elementos de despesas e receitas es-
porádicas, eventuais ou extraordinárias, que não fazem parte do dia a dia das
operações da empresa. As receitas e despesas mais comuns a serem classi-
ficadas nesse grupo são os valores de venda e baixa dos ativos imobilizados
e intangíveis.

Participações nos resultados


Referem-se unicamente às participações estatutárias. As participações
dos administradores e empregados a título de remuneração variável devem
ser contabilizadas como despesas operacionais.

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Algumas empresas preveem nos seus estatutos sociais a possibilidade


de distribuir parte dos lucros principalmente para os administradores, que
só receberão a participação dentro das condições previstas nos estatutos,
desde que a empresa tenha lucros. Já as participações nos lucros e resul-
tados pagas aos empregados, determinadas pela Lei 10.101 de 20/12/2000
sobre a Participação dos Empregados nos Lucros ou Resultados (PLR) da em-
presa, devem ser classificadas como despesas operacionais.

Exemplo numérico
Quadro 8 – Demonstração do Resultado do Período

      R$
Receita Operacional Bruta 23.800,00
(–) Impostos sobre Vendas (2.380,00)
Receita Operacional Líquida     21.420,00
(–) Custo das Mercadorias Vendidas (14.500,00)
(=) Estoque Inicial 3.100,00
(+) Compras brutas 15.000,00
(–) Impostos sobre compras (1.500,00)
(–) Estoque Final (2.100,00)
Lucro Bruto     6.920,00
Despesas Operacionais
(Administrativas e Comerciais)
Salários e Encargos Sociais (2.800,00)
Despesas Gerais (1.400,00)
Depreciações (900,00)
Lucro Operacional     1.820,00
Receitas Financeiras 20,00
Despesas Financeiras (300,00)
Equivalência Patrimonial 300,00
Lucro antes dos Impostos     1.840,00
Impostos sobre o Lucro (700,00)
Lucro Líquido após Impostos     1.140,00

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Demonstração dos Lucros


ou Prejuízos Acumulados
O objetivo desta demonstração é evidenciar a movimentação dos lucros
dos vários períodos constantes do Balanço Patrimonial, identificação das
diversas distribuições ocorridas e o valor ainda retido na empresa, se for o
caso.

Os valores constantes do quadro 9 são os eventos econômicos números


19 e 20 constantes do quadro 6, que exemplificam as principais alterações da
conta lucros acumulados.

Estrutura de apresentação
Quadro 9 – Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

Saldo Inicial de Lucros Acumulados 0,00


(+) Lucro do período 1.140,00
(–) Transferência para reservas (340,00)
(–) Distribuição de dividendos (800,00)
Saldo Final de Lucros Acumulados  0,00

Destinação dos resultados


A partir da Lei 11.638/07, todos os lucros obtidos deverão ter uma desti-
nação. Assim, a parcela dos lucros que não for destinada para os sócios ou
acionistas deverá ser transferida para reservas de lucros, com uma documen-
tação interna que justifique a retenção para futuros investimentos.

A conta de Lucros Acumulados


como conta transitória
A conta Lucros Acumulados não existirá mais como conta contábil a ser
apresentada no patrimônio líquido, porque todos os lucros deverão ser des-
tinados, seja para os proprietários, seja como constituição de reservas ou
para aumento de capital.

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Dessa maneira, só haverá a conta de Prejuízos Acumulados até que o valor


dessa conta seja absorvido posteriormente.

O valor da conta de Prejuízos Acumulados deverá ser absorvido pelos


lucros obtidos futuramente. Uma outra possibilidade de absorção dos Preju-
ízos Acumulados é por meio da redução do valor do Capital Social.

Demonstração das mutações


do patrimônio líquido
O objetivo desta demonstração é apresentar a movimentação de todas
as contas do patrimônio líquido, que são: Capital Social, Reservas de Capi-
tal, Reservas de Lucros, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Lucros e Prejuízos
Acumulados.

Essa demonstração é um prolongamento da demonstração da conta de


lucros acumulados. Na realidade, ela engloba a Demonstração de Lucros
Acumulados, adicionando a movimentação das demais contas do patrimô-
nio líquido. O quadro 10 apresenta a movimentação do patrimônio líquido,
com os dados do nosso exemplo.

Estrutura de apresentação
Quadro 10 – Demonstração das mutações do patrimônio líquido

Lucros
Capital Reservas
Movimentação 
(R$) Acumulados Total (R$)
Social (R$)
(R$)
Saldo Inicial 6.000,00 380,00 0,00 6.380,00
 
Aumento de Capital em dinheiro 1.000,00 - - 1.000,00
Lucro líquido do período - - 1.140,00 1.140,00
Distribuição de dividendos - - (800,00) (800,00)
Transferência para reservas   340,00 (340,00) 0,00

Saldo Final  7.000,00 720,00 0,00 7.720,00

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Principais mutações
As principais mutações do patrimônio líquido são:

 Integralização (aumento) de Capital Social em dinheiro;

 Aumento de Capital Social com reservas;

 Redução do Capital Social por saída de sócios ou acionistas;

 Transferência de Lucros Acumulados para Reserva Legal;

 Transferência de Lucros Acumulados para reservas de lucros;

 Lucros distribuídos aos sócios ou acionistas;

 Aumento de reservas de capital por lucro decorrente de subvenções


ou doações governamentais.

Demonstração das Origens e Aplicações


de Recursos (DOAR)
Esta demonstração parte do conceito de que o ativo representa os inves-
timentos da empresa e o passivo representa onde os recursos foram obtidos
(os financiamentos). Assim, trabalha com a movimentação do período das
contas do ativo e passivo, para demonstrar onde os recursos obtidos (do pas-
sivo) foram aplicados (no ativo).

Em linhas gerais, a obtenção dos valores para essa demonstração consiste


em obter a variação entre os saldos finais e iniciais do Balanço Patrimonial. As
variações do passivo são as fontes e as variações do ativo são as aplicações.
Contudo, nem sempre o valor das variações é suficiente para clarificar o en-
tendimento da movimentação de capitais, sendo necessários alguns ajustes
no critério básico de cálculo. Basicamente esses ajustes centram-se na subs-
tituição da variação da conta Lucros Acumulados pelo lucro líquido apresen-
tado na Demonstração de Resultados, bem como na melhor identificação
das variações dos ativos imobilizados e intangíveis, separando as variações
oriundas de aquisição, das variações oriundas de ajustes econômicos (depre-
ciações, equivalência patrimonial).

Como essa demonstração tem uma linha geral de apresentar a movimen-


tação de capitais, ela tem um enfoque mais financeiro do que econômico.

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Dessa maneira, movimentações que não representam (nem nesse período


nem em qualquer outro período futuro ou passado) entrada ou saída de nu-
merário são desconsideradas como variações e, portanto, são eliminadas do
conjunto de valores que compõem o total das origens e aplicações. As prin-
cipais variações com essas características são:

 Depreciações, amortizações e exaustões.

 Equivalência Patrimonial.

 Valor contábil da baixa de ativos imobilizados e intangíveis (valor origi-


nal corrigido menos depreciações, amortizações ou exaustões).

Capital Circulante Líquido


Outro ponto de destaque desta demonstração é considerar os investimen-
tos no capital de giro líquido das obrigações que estão a ela relacionados.
Além disso, o relatório, em sua forma legal, não exige o detalhamento das va-
riações do capital de giro líquido, tratando a variação do capital de giro em
único valor.

O modelo legal considera como capital em giro todos os itens do circulan-


te, ativos e passivos. Contudo, dois elementos do circulante não tem relação
direta com o giro da empresa: as disponibilidades financeiras e os emprésti-
mos de curto prazo. Nesse sentido o relatório, na sua formatação tradicional,
perde um pouco de qualidade informativa.

Estrutura de apresentação até 2007


Quadro 11 – Demonstração das origens e aplicações de recursos

Origens dos Recursos


Lucro Líquido do Exercício 1.140,00
(+) Depreciações 900,00
(–) Equivalência Patrimonial (300,00)
= Recursos Proveniente das Operações 1.740,00

Integralização de Capital Social 1.000,00


Aumento do Exigível a Longo Prazo 800,00
Total 3.540,00

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Aplicações dos Recursos


Aquisição de Imobilizados 720,00
Dividendos distribuídos 800,00
Variação do Realizável a Longo Prazo 0,00
Aumento do Capital Circulante Líquido * 2.020,00
Total 3.540,00
* Demonstração da Variação do Capital Circulante Líquido
Ativo Circulante - Saldo Final 7.050,00
Ativo Circulante - Saldo Inicial (5.520,00)
Variação (A) 1.530,00

Passivo Circulante - Saldo Final 1.930,00


Passivo Circulante - Saldo Inicial (2.420,00)
Variação (B) (490,00)
 
Variação Líquida (A – B) 2.020,00

Seria interessante que a variação do capital circulante líquido fosse de-


monstrada detalhando todos os seus elementos patrimoniais, conforme
apresentado a seguir.

Quadro 12 – Variação do Capital Circulante Líquido

Balanço Patrimonial
Elemento Patrimonial Inicial Final Variação
(R$) (R$) (R$)
Ativo Circulante 
Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 800,00 1.440,00 640,00
Duplicatas a Receber 1.620,00 3.510,00 1.890,00
Estoque de Mercadorias 3.100,00 2.100,00 (1.000,00)
Soma (A) 5.520,00 7.050,00 1.530,00
   
Ativo Circulante 
Duplicatas a Pagar 570,00 1.070,00 500,00
Salários e Encargos a Pagar 180,00 190,00 10,00
Contas a Pagar 120,00 80,00 (40,00)
Impostos a Recolher sobre Mercadorias 350,00 590,00 240,00
Empréstimos 1.200,00 0,00 (1.200,00)
Soma (B) 2.420,00 1.930,00 (490,00)
     
Variação Líquida (A – B)  3.100,00 5.120,00 2.020,00

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O porquê da substituição pela Demonstração


dos Fluxos de Caixa
Dois elementos da estrutura da DOAR que dificultam sua análise e enten-
dimento são os seguintes:

 os saldos iniciais e finais de caixa e aplicações financeiras não eram apre-


sentados isoladamente e sim no conjunto do Capital Circulante Líquido;

 as parcelas de empréstimos e financiamentos de curto prazo eram


consideradas também no Capital Circulante Líquido.

Com isso, o conceito de Capital Circulante Líquido não se enquadra no


conceito operacional de capital de giro próprio. Basicamente esses aspec-
tos foram determinantes para a substituição da DOAR pelo fluxo de caixa. A
DOAR passou a ser facultativa, não sendo mais obrigatória sua publicação.
Contudo, ela é muito importante gerencialmente, razão pela qual deve con-
tinuar a ser elaborada para utilização interna nas empresas.

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)


Similar a DOAR, porém com ênfase no regime de caixa ao invés do regime
de competência.

O fluxo de caixa tem duas apresentações básicas:

 o Método Indireto, que evidencia a movimentação do saldo de caixa


no período, partindo da geração de caixa através da demonstração de
resultados e das variações dos elementos patrimoniais do balanço que
geram ou necessitam de caixa;

 o Método Direto, que evidencia a movimentação do saldo de caixa do


período, coletando as informações específicas das entradas e saídas de
numerário constante das contas de disponibilidades (caixa, bancos e
aplicações financeiras).

O método indireto é muito similar à demonstração de origens e aplica-


ções e o método direto tem o formato tradicional utilizado pela área de te-
souraria das empresas. Nos dois métodos, o fluxo de caixa deve ser apre-
sentado segregado por grupos de movimentações financeiras de natureza
similar, para permitir uma análise mais adequada da geração de lucro e caixa,

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Noções gerais dos relatórios contábeis

e da movimentação financeira do período. Dessa maneira, o fluxo de caixa é


apresentado em três grandes segmentos de informações:

 fluxo de caixa das atividades operacionais;

 fluxo de caixa das atividades de investimentos;

 fluxo de caixa das atividades de financiamentos.

Método indireto
O objetivo do método indireto é assim denominado porque não se preocu-
pa diretamente com a movimentação ocorrida no caixa. Para o fluxo de caixa
das atividades operacionais, parte da premissa de que o lucro será transforma-
do em caixa em algum momento, mas que temporariamente parte das recei-
tas não serão recebidas, ficando retidas nas contas do ativo circulante, e parte
das despesas temporariamente não serão pagas, ficando como obrigações no
passivo circulante. Como as receitas e despesas estão contidas no lucro do pe-
ríodo, a demonstração pelo método indireto parte do lucro, com os ajustes por
receitas não recebidas e despesas não pagas, apresentadas no grupo Ajustes
por mudança no capital de giro. Os demais segmentos do fluxo de caixa, de
investimentos e financiamentos, são similares ao método direto.

Quadro 13 – Fluxo de caixa do período – Método indireto

I – Das Atividades Operacionais


R$
Lucro Líquido do Exercício 1.140,00
(+/–) Receitas e Despesas não efetivadas financeiramente
Depreciações 900,00
Equivalência Patrimonial (300,00)
Baixa de elementos do imobilizado e intangível 0,00
(=) Lucro Gerado pelas Operações 1.740,00

(+/–) Ajustes por Mudança no Capital de Giro


(–) Aumento de Duplicatas a Receber (1.890,00)
(+) Diminuição dos Estoques 1.000,00
(+) Aumento de Fornecedores 500,00
(+) Aumento de Salários e Encargos a Pagar 10,00
(–) Redução de Contas a Pagar (40,00)

136
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I – Das Atividades Operacionais


R$
(+) Aumento de Impostos a Recolher 240,00
Subtotal (180,00)
Total 1.560,00

II – Das Atividades de Financiamento


Aumento dos Financiamentos de Longo Prazo 800,00
(–) Redução dos Empréstimos de Curto Prazo (1.200,00)
Aumento de Capital em dinheiro 1.000,00
Distribuição de dividendos (800,00)
Total (200,00)

III – Das Atividades de Investimento


Aquisição de Imobilizados (720,00)
Aumento do Realizável a Longo Prazo 0,00
Aumento de Investimentos e Intangíveis 0,00
Total (720,00)
   
Aumento de Caixa do Período (I + II + III)  640,00
Saldo Inicial de Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 800,00
Saldo Final de Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 1.440,00

Método direto
Para o gerenciamento da tesouraria, bem como para avaliação da mo-
vimentação financeira pela controladoria, o fluxo de caixa, considerando a
acumulação dos dados da movimentação financeira, é fundamental para
acompanhar o ciclo financeiro das transações dos eventos econômicos.

O método direto para elaboração do fluxo de caixa consiste na acumula-


ção das informações que movimentaram as contas do grupo disponível. Con-
sideramos como disponibilidades as contas representativas de caixa, bancos
e aplicações financeiras. O quadro 6 apresenta uma série de eventos econô-
micos. Desses eventos econômicos, alguns se caracterizam por evidenciar
a efetivação financeira dos eventos. Todos esses eventos caracteristicamen-
te financeiros é que devem ser acumulados em contas para elaboração do
fluxo de caixa pelo método direto. No nosso exemplo, são movimentação de
caixa os eventos números 2, 4, 6, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 19 e 20.

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Quadro 14 – Fluxo de caixa do período – Método direto

R$
I – Operacional
RECEBIMENTOS
Clientes 21.910,00
PAGAMENTOS
Fornecedores (14.500,00)
Salários e Encargos Sociais (2.790,00)
Despesas Gerais (1.440,00)
Impostos sobre mercadorias (640,00)
Impostos sobre o lucro (700,00)
Soma (20.070,00)
Total 1.840,00

II – Financiamentos
Novos Empréstimos e Financiamentos 500,00
Amortizações de Empréstimos e Financiamentos (1.200,00)
Aumento de Capital em dinheiro 1.000,00
Distribuição de dividendos (800,00)
Total (500,00)

III – Investimentos
Aquisição de Imobilizados (720,00)
Aumento do Realizável a Longo Prazo 0,00
Aumento de Investimentos e Intangíveis 0,00
Total (720,00)

Aumento de Caixa do Período (I + II + III) 620,00


(+) Receitas Financeiras 20,00
Saldo Inicial de Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 800,00
Saldo Final de Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 1.440,00

Fluxo de caixa pelo método indireto versus


método direto
A diferença mais significativa entre os saldos apurados pelos dois métodos
está evidenciada no fluxo de caixa das atividades operacionais. Vejamos:
Saldo de Caixa das Atividades Operacionais (R$)

Método Indireto 1.560


Método Direto 1.840
Diferença 280

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Essa diferença refere-se aos resultados financeiros. Vejamos:

Despesas Financeiras 300


(–) Receitas Financeiras (20)
Resultados Financeiros 280

No método indireto, esse resultado está dentro do lucro líquido do exer-


cício, valor por onde começa a apuração do lucro gerado pelas operações,
razão por que o saldo das atividades operacionais deste método é inferior ao
do método direto em nosso exemplo.
No método direto, as receitas financeiras estão apresentadas ao final,
antes da evidenciação dos saldos iniciais e finais de caixa. No método indire-
to, as despesas financeiras são consideradas fontes das Atividades de Finan-
ciamento e estão somadas às entradas de novos empréstimos, na rubrica
Aumento dos Financiamentos de Longo Prazo (R$800,00). No método direto,
as despesas financeiras não são consideradas, apresentando-se tão somente
o valor dos novos empréstimos obtidos (R$500,00).

O conceito de caixa e equivalentes de caixa


Considera-se como caixa o conjunto de caixa propriamente dito, os saldos
bancários positivos e as aplicações financeiras de liquidez imediata.

Fluxo de caixa das atividades operacionais


É o fluxo de caixa mais importante, uma vez que deve ser sempre positivo
em linhas gerais. Representa a transformação do lucro, que é apurado pelo
regime de competência, em caixa. Portanto, representa o coração do empre-
endimento, que é o resultado das operações normais.
O lucro é apurado no momento da ocorrência dos eventos de receitas e
despesas (regime de competência), independentemente de seu recebimen-
to ou pagamento. Os recebimentos ou pagamentos das receitas e despesas
contidas na demonstração do lucro ocorrem, normalmente, posteriormente.
Nesses momentos é que se caracteriza o fluxo de caixa. Ou seja, é o momen-
to da transformação do lucro em caixa.

Fluxo de caixa das atividades de investimento


Representa os valores a serem aplicados nos ativos imobilizados, intangí-
veis e investimentos de caráter de permanência. Basicamente essas aplicações
139
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têm como foco o futuro do empreendimento, ou seja, preparam a empresa


para as operações futuras. O fluxo de caixa das atividades de investimento
contempla também os desinvestimentos.

Fluxo de caixa das atividades de financiamento


Compreende a movimentação dos supridores de capital para o empreen-
dimento. Contempla a entrada de novos financiamentos e de novos aumen-
tos de Capital Social, bem como as amortizações dos financiamentos exis-
tentes, as reduções de Capital Social e o pagamento de lucros ou dividendos
aos sócios ou acionistas.

Transações que não envolvem caixa


As normas que regem a apresentação da DFC para usuários externos de-
terminam que transações que não envolvam caixa diretamente não sejam
incluídas na DFC, e sim apresentadas em notas explicativas. Um exemplo
comum é a aquisição de imobilizado com um financiamento específico que
não transite pelas contas representativas de caixa. Nesse caso não será apre-
sentada nenhuma informação nos fluxos de caixa das atividades de financia-
mento e de investimento.

Integração entre o Balanço Patrimonial,


a Demonstração de Resultados
e a Demonstração dos Fluxos de Caixa
No processo de controle patrimonial da entidade, o executivo ou analista
financeiro deve trabalhar sempre com as três demonstrações contábeis:

 a Demonstração de Resultados, para avaliar e controlar o andamento


das operações;

 o Balanço Patrimonial, para verificar, avaliar e controlar todos os ele-


mentos patrimoniais à disposição ou em uso nas operações;

 o Fluxo de Caixa, para apurar e controlar a liquidez e a capacidade de


pagamento.

Nesse sentido, é fundamental o entendimento do relacionamento exis-


tente entre as três demonstrações. Em linhas gerais, o Balanço Patrimonial
compreende os dados da Demonstração de Resultados e do Fluxo de Caixa.
140
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Dessa maneira, partindo da movimentação de cada elemento patrimonial é


possível identificar os aspectos econômicos e financeiros dos eventos eco-
nômicos. Vejamos com o evento econômico de vendas a prazo, normalmen-
te o evento econômico operacional mais importante das empresas.

O valor das vendas a prazo não recebidas é controlado no Balanço Patri-


monial na conta duplicatas a receber de clientes. Com os dados do exemplo
numérico deste capítulo e considerando o modelo financeiro de controle das
contas contábeis podemos elaborar a movimentação ocorrida nessa conta:

Valor Saldo
Conta contábil: duplicatas a receber de clientes
(R$) (R$)
Evento Saldo Inicial 1.620,00
1 Vendas a prazo 23.800,00 25.420,00
2 Recebimento das vendas -21.910,00 3.510,00

O Balanço Patrimonial evidencia os saldos iniciais e finais, R$1.620,00 e


R$3.510,00, respectivamente. As movimentações da conta são apresentadas
nas outras demonstrações.

O valor das vendas a prazo, R$23.800,00, é evidenciado na Demonstração


de Resultados na rubrica Receita Operacional Bruta.

O valor dos recebimentos das vendas, R$21.910,00, é evidenciado na De-


monstração do Fluxo de Caixa, método direto, na rubrica Recebimentos de
Clientes.

Valor Saldo
Conta contábil: duplicatas a receber de clientes
(R$) (R$)
Evento Saldo Inicial 1.620,00
1 Vendas a prazo 23.800,00 25.420,00
2 Recebimento das vendas -21.910,00 3.510,00

Demonstração de Demonstração do
Resultados Fluxo de Caixa

Balanço Patrimonial

Demonstração do Valor Adicionado (DVA)


Esta demonstração é considerada fundamental, tanto para análise da ge-
ração e distribuição do lucro como para o processo de integração da empresa

141
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com a comunidade. Compõe o conjunto de informações do balanço social,


sendo um dos relatórios mais ilustrativos da atuação social das empresas. Tem
como objetivo evidenciar a geração do valor econômico agregado pelos pro-
dutos e serviços oferecidos pela empresa e a sua distribuição. Portanto, a de-
monstração do valor adicionado compõe-se basicamente de duas partes:

 a evidenciação do valor adicionado gerado;

 a evidenciação do valor adicionado distribuído.


Essa demonstração tem forte cunho gerencial. Através dela pode-se iden-
tificar a estrutura básica de custos da empresa. Retrabalhando as informa-
ções nela contida, é possível identificar quanto é a participação de materiais,
salários, encargos sociais, impostos, despesas e depreciações. Esse tipo de
informação é gerencialmente importante para comparação entre as estrutu-
ras de custos da empresa, do setor e dos concorrentes.

Estrutura de apresentação
O quadro 15 apresenta um modelo de DVA com os eventos econômicos
do nosso exemplo original. Para adicionar dados à demonstração, considera-
remos as seguintes informações complementares:

 dentro das despesas de salários e encargos sociais há o valor de


R$600,00 de INSS e R$650,00 de outros encargos sociais;

 dentro das despesas gerais há o valor de R$300,00 de aluguéis.

Quadro 15 – Demonstração do Valor Adicionado do período

R$
I - Receitas
Receita Operacional Bruta 23.800,00
(–) Provisão para Devedores Duvidosos 0,00
(+) Outras Receitas Operacionais 0,00
Soma 23.800,00
II - Insumos Adquiridos de Terceiros
Custo das Mercadorias Vendidas 14.500,001
Impostos sobre Compras (IPI, ICMS, II, ISS) 1.500,00
Despesas Gerais (Seguros, Energia elétrica, outras) (excluso Aluguéis
1.100,00
R$1.400,00 – R$300,00)
Soma 17.100,00
Valor Adicionado I 6.700,00
1
Para indústrias é o consumo de materiais diretos e indiretos.

142
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R$
III - Retenções
Depreciações, Amortizações e Exaustões 900,00
Valor Adicionado II 5.800,00
IV - Valor Adicionado Recebido
Equivalência Patrimonial 300,00
Receitas Financeiras 20,00
Valor Adicionado Total a Distribuir 6.120,00

Distribuição do Valor Adicionado

V - Despesas com Pessoal


Salários 1.550,00
Encargos Sociais (excluso INSS) 650,00
Soma 2.200,00
VI - Impostos, Taxas e Contribuições
Impostos sobre Vendas (IPI, ICMS, ISS, PIS, COFINS) 2.380,00
INSS 600,00
Imposto sobre Importações (II) 0,00
IRRF sobre Aplicações Financeiras 0,00
Impostos sobre Lucro (IR, CSLL) 700,00
(–) Impostos sobre Compras (1.500,00)
Soma 2.180,00
VII - Rendas Distribuídas
Aluguéis 300,00
Juros e Variação Cambial (Despesas Financeiras) 300,00
Dividendos 800,00
Soma 1.400,00
VIII - Lucros/Prejuízos Retidos
Lucro Líquido do período 1.140,00
(–) Dividendos distribuídos (800,00)
Soma 340,00
 
Total da Distribuição do Valor Adicionado 6.120,00

Valor adicionado gerado


O valor agregado é considerado a diferença entre o valor da receita bruta
dos produtos e serviços e os insumos e serviços adquiridos de terceiros.

Valor adicionado distribuído


A distribuição do valor agregado compreende os valores incorridos com os
funcionários, os impostos gerados, os juros incorridos e dividendos distribuídos.

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Basicamente os dados da DVA são extraídos da Demonstração do Re-


sultado do Exercício, mais alguns dados coletados separadamente, mas é
necessário manter a consistência dos valores apresentados na DRE e com
o valor do lucro líquido do exercício. Numa empresa comercial, os dados de
Receita Operacional Bruta, tributos sobre vendas e custos das mercadorias
adquiridos de terceiros são extraídos diretamente da DRE. Dados como tri-
butos sobre compras e tributos sobre as despesas operacionais são obtidos
por meio dos Balancetes de Verificação da empresa. Os dados de gastos com
pessoal e seus encargos também são obtidos no Balancete de Verificação
da empresa, uma vez que os dados da DRE são apresentados sob outra clas-
sificação (despesas com vendas, despesas administrativas etc.). Os demais
gastos tendem a estar evidenciados também na DRE.

Balanço social
O balanço social, mesmo não sendo uma demonstração obrigatória, de-
corre da consagração do conceito de responsabilidade social das empresas.
A empresa, sendo uma consumidora e utilizadora de recursos disponibiliza-
dos pelo ambiente natural e social, deve prestar conta de suas atividades à
comunidade, pois é claro o impacto que sua atuação exerce sobre o meio
ambiente em que se insere. Para tanto, deve evidenciar a eficácia com que
esses recursos estão sendo utilizados e consumidos, bem como evidenciar
as atividades específicas relacionadas com a comunidade.
A demonstração do valor adicionado é uma das peças do balanço social.
Além dele, e em linhas gerais, o balanço social deve apresentar as seguintes
informações:
 detalhamento de todas as remunerações e gastos relacionados com a
mão de obra, tais como alimentação, encargos sociais compulsórios, pre-
vidência privada, saúde, educação, creches, participação nos lucros e re-
sultados e outros benefícios. Devem ser incluídos todos os dados quan-
titativos importantes;
 detalhamento do perfil dos trabalhadores na empresa, quantidade de
admitidos e demitidos etc;
 detalhamento de outras contribuições e atividades da empresa, nas áre-
as de educação e cultura, saúde e saneamento, esportes e lazer etc;
 detalhamento das ações e investimentos relacionados com o meio
ambiente, decorrentes ou não das operações da empresa.

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Notas explicativas às demonstrações


financeiras
Como os números apresentados nas demonstrações contábeis são sin-
téticos, mensurados dentro de determinados critérios, as notas explicati-
vas representam o conjunto de evidenciação complementar para o enten-
dimento adequado de todos os números e rubricas das demonstrações
contábeis.

Todas as necessidades de informações complementares às demonstra-


ções contábeis devem ser ilustradas através de notas explicativas. Basica-
mente elas são necessárias para:

 apresentar os principais critérios de avaliação utilizados na elaboração


das demonstrações básicas e as legislações e normas obedecidas;

 detalhar os principais números do Balanço Patrimonial e da Demons-


tração de Resultados, quando necessários, tais como as principais con-
tas dos estoques, contas a receber, imobilizado, investimentos, finan-
ciamentos etc.;

 evidenciar critérios e procedimentos alternativos ou não usuais utiliza-


dos para o período em questão;

 complementar com explicações sobre eventos econômicos não roti-


neiros e significativos acontecidos no período e seus impactos patri-
moniais.

Estrutura de apresentação
Não há padrão para sua apresentação. Para cada item relevante do ativo e
passivo que necessite um detalhamento abre-se um espaço para apresenta-
ção. Normalmente faz-se uma referência numérica ligando a nota explicativa
ao item que está sendo detalhado ou analisado.

Principais notas explicativas


As principais notas devem abordar os seguintes itens e aspectos, se-
gundo o Artigo 176, parágrafo 5.º da Lei 6.404/76, com as alterações da Lei
11.941/09:

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 apresentar os principais critérios de avaliação dos elementos patrimo-


niais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortiza-
ção e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e
dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elemen-
tos do ativo; 

 os investimentos em outras sociedades, quando relevantes;

 o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avalia-


ções;

 os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias pres-


tadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingen-
tes; 

 a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações


a longo prazo; 

 o número, espécies e classes das ações do Capital Social; 

 os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que te-


nham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira
e os resultados futuros da companhia. 

Ampliando seus conhecimentos

A seguir estão apresentados o Balanço Patrimonial e a Demonstração de


Resultados de uma companhia aberta, relativos ao período semestral encer-
rado em 30/06/2009. As demonstrações financeiras estão em normas interna-
cionais, referidas pelas siglas IFRS.

As demonstrações financeiras apresentadas a seguir estão dentro do


formato legal e são de uma empresa industrial do ramo de bens de capital
mecânico de alta tecnologia. Portanto, são bastante representativas de uma
indústria complexa. Mesmo assim, fica evidente que as principais contas patri-
moniais e de resultados são as mesmas para a maior parte das empresas.

Um item no ativo é específico de empresa desse tipo, denominado de Va-


lores a receber – repasse Finame Fabricante, presente no ativo circulante e no
Realizável a Longo Prazo. Este item é correlacionado com a conta no passivo
denominada de Financiamentos – Finame fabricante, também constante do

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passivo circulante e no Exigível a Longo Prazo. Referem-se a financiamentos re-


passados pelo Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para os
clientes da empresa como financiamento de equipamentos vendidos, mas que
ainda contêm aval da empresa. Portanto, ao mesmo tempo que representam
valores a receber pela empresa, ela tem que repassar ao BNDES para quitação
da dívida de que ela é avalista.

Os demais itens são os usuais para qualquer empresa. No ativo vemos caixa
e equivalentes de caixa, aplicações financeiras, duplicatas a receber e esto-
ques, como os itens principais do ativo circulante. No Realizável a Longo Prazo
destacam-se tributos a recuperar e diferidos cujos prazos estimados são supe-
riores a 360 dias, bem como depósitos judiciais de processos em andamento.
No restante do ativo não circulante destaca-se como valor mais relevante o
imobilizado, apresentando o líquido das depreciações acumuladas.

O passivo circulante apresenta também contas comuns a todas as empre-


sas, como financiamentos de curto prazo, fornecedores, salários, encargos e
tributos a recolher. Evidencia também dividendos e juros sobre o capital pró-
prio já creditados, mas ainda não pagos aos acionistas.

No Exigível a Longo Prazo destaca-se a rubrica de financiamentos de longo


prazo e provisões para passivos eventuais, que representam as possíveis con-
tingências fiscais e trabalhistas onde existe a probabilidade de a empresa não
ganhar os contenciosos judiciais.

No patrimônio líquido o valor do Capital Social e as reservas de lucros re-


presentam as maiores importâncias.

A Demonstração do Resultado é dentro da estrutura tradicional. Ressalte-


-se que essa empresa, além das despesas administrativas e comerciais, tem
destacado as despesas com pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, dei-
xando claro que é uma empresa que atua numa atividade de produtos em
constante inovação tecnológica.

Nessa demonstração os resultados financeiros estão apresentados ade-


quadamente, destacados dos resultados decorrentes das operações normais
da companhia.

Ao final, a empresa evidencia alguns dados gerenciais, como a quantidade


de ações, o lucro por ação e também a mensuração do EBITDA (lucro antes
dos juros, tributos, depreciações e amortizações, do inglês earnings before in-

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terest taxes depreciations e amortizations), indicador de lucratividade que tem


sido utilizado pelos investidores para dar uma visão geral da capacidade de
geração de lucro e caixa da entidade.

Divulgação ROMI.

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Divulgação ROMI.

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Divulgação ROMI.

Atividades de aplicação
1. Com os dados abaixo, monte o Balanço Patrimonial da Empresa ABC
em 31/12/2000, classificando as contas nos grupos e subgrupos do ati-
vo e passivo.

  (R$)
Duplicatas a Receber 240.000,00
Caixa 6.000,00
Bancos Conta Movimento 45.000,00
Estoque de Mercadorias 281.000,00

150
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  (R$)
Participações em Empresas Controladas 160.000,00
Imóveis 390.000,00
Veículos 90.000,00
Móveis e Utensílios 120.000,00
Depreciação Acumulada 126.000,00
Fornecedores 215.000,00
Impostos a Recolher 96.000,00
Capital Social 400.000,00
Dividendos a Pagar 120.000,00
Reservas de Lucros 105.000,00
Financiamentos Bancários (LP) 250.000,00
Contas a Pagar 90.000,00
Depósitos Judiciais 50.000,00
Patentes Adquiridas 80.000,00
Salários e Encargos a Pagar 60.000,00

2. Após solucionar a questão 1, responda as seguintes perguntas:

a) Qual o valor dos recursos de terceiros?

b) Qual o valor do capital próprio?

c) Quais os itens do ativo e passivo cujas variações devem ser incor-


poradas ao fluxo das atividades operacionais no método indireto
da Demonstração dos Fluxos de Caixa?

d) De que forma a empresa remunera os capitais próprios?

3. Em 30/09/X2 uma empresa tomou um empréstimo em 36 meses, em par-


celas iguais, vencíveis a partir de 31/10/X2, que totalizavam R$23.400,00
nesta data. Apure o total de endividamento de curto e longo prazo no
encerramento do balanço em 30/09/X2.

4. Considerando que a empresa citada no exercício anterior pague todas


as parcelas do empréstimo nos seus respectivos vencimentos, apure
o total de endividamento de curto e longo prazo nas seguintes da-
tas, onde ocorrerão encerramentos de balanços periódicos: 31/12/X2,
28/02/X3, 31/07/X3 e 31/12/X3.

5. Em 31/12/X1 uma empresa contava com os seguintes elementos pa-


trimoniais:

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Valor
Elementos Patrimoniais Vencimento / Utilização / Intenção
(R$)
Utilitário 3.000,00 Entrega de Mercadorias
Duplicatas a receber 1.000,00 18/02/X2
Ações de outras empresas 500,00 Revenda
Promissórias a receber 2.000,00 31/03/X3
Impostos a recolher 200,00 15/01/X2
Empréstimo 700,00 31/10/X2
Mercadorias 4.000,00 Revenda
Ações de outras empresas 700,00 Permanência
Imóveis 3.500,00 Operacional
Financiamento 4.000,00 20 parcelas mensais a partir de 31/01/X2
Duplicatas a pagar 250,00 20/01/X2
Aplicações financeiras 840,00 30/06/X2
Saldo bancário 200,00 -
Capital Social 5.000,00 -
Lucros Acumulados ?   -

Elabore o Balanço Patrimonial em 31/12/X1, classificando os elemen-


tos patrimoniais segundo a estrutura da Lei. 6.404/76 e 11.638/07. O
valor da conta Lucros Acumulados, ainda sem destinação, será obtido
por diferença.

6. A seguir são apresentados uma série de elementos patrimoniais com


valores e vencimentos envolvidos. Apure ou identifique o valor que
deverá ser apresentado no Balanço Patrimonial de 31/12/X4.

a) Empréstimo contraído em 31/10/X4, no valor de R$2.000,00, para pa-


gamento em uma parcela, a 180 dias, com juros fixos de 18% para os
180 dias. Considerar no cálculo o conceito de juros simples.

b) Mercadoria A adquirida para estoque no valor de R$150,00, mais des-


pesas de fretes de R$10,00.

c) Mercadoria B existente em estoque no valor de R$250,00. Preço de


venda no mercado de R$220,00;

d) Aplicação financeira efetuada em 15/12/X4, com vencimento para 15/03/


X5, no valor de R$500,00. Juros fixos de 6% para o período contratado.

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Situação financeira

Conceitua-se situação financeira, de forma genérica, como a avaliação da


capacidade da empresa de honrar seus pagamentos atuais e previstos. Este
capítulo abordará os conceitos e os instrumentos para se fazer a análise e
avaliação da situação financeira da empresa.

Geração de caixa
O processo de geração de caixa depende do processo de geração de
lucros, que por sua vez depende da eficiência das operações da empresa.
O processo de geração de caixa conclui-se na realização e manutenção de
um patrimônio empresarial. Esse processo pode ser caracterizado como um
processo de fluxos, como demonstrado na figura 1.

Clóvis Luís Padoveze.


Fluxo operacional Fluxo Fluxo financeiro Fluxo patrimonial
econômico

Figura 1 – Fluxo das atividades empresariais.

A mensuração em valor pela contabilidade do fluxo operacional resul-


ta no fluxo econômico, representado pela Demonstração do Resultado. As
transações dos eventos econômicos serão pagas ou recebidas, gerando o
fluxo financeiro, representado no fluxo de caixa. O resultado dos pagamen-
tos e recebimentos resulta em aumentos ou reduções de ativos ou passivos,
gerando o fluxo patrimonial, representado pelo Balanço Patrimonial.

Caracterização de situação econômica


A situação econômica boa ou ruim é caracterizada pela obtenção de lucro
ou prejuízo. Se a empresa obtém regularmente lucros, é considerada com si-
tuação econômica favorável. Se a empresa tem prejuízo, é considerada com
situação econômica desfavorável. Qualquer situação deve ser analisada em
perspectiva, pois uma situação ruim pode se tornar boa já em seguida, e
vice-versa.

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Situação financeira

Outra forma de caracterização da situação econômica é a existência de


patrimônio líquido. Tendo patrimônio líquido, a empresa caracteriza-se
como de solvência relativa. Contudo sabe-se que quando o patrimônio líqui-
do é proporcionalmente pequeno em relação ao ativo total, há tendência
da situação econômica ser considerada ruim. Em nosso país, um parâmetro
muito utilizado é entender que o patrimônio líquido deve representar pelo
1
A administração finan-
ceira não conseguiu até
menos a metade do ativo total1.
hoje resolver a questão
da estrutura de capital,
ou seja, quanto deve ser
a parcela de recursos
próprios (patrimônio lí- Caracterização de situação financeira
quido) e quanto deve ser
a parcela de recursos de
terceiros (empréstimos e Caracteriza-se a situação financeira boa ou ruim se a empresa apresenta
financiamentos) em rela-
ção ao total do ativo. Os ou não capacidade constante de pagamento de suas obrigações e do custo
parâmetros utilizados para
essa questão são variáveis, das operações. A situação financeira pode ser analisada estaticamente, num
dependendo do país, da
estabilidade monetária, momento, olhando-se o Balanço Patrimonial numa data. Pode (e deve) ser
do nível da taxa de juros,
basicamente formulados também analisada de forma dinâmica, projetando-se os resultados futuros
em bases empíricas e de
experiência do mercado. e os fluxos de caixa futuros, para avaliar a capacidade futura de geração de
lucros e de caixa, e, portanto, da capacidade futura de pagamento.

Inter-relação entre a situação econômica


e a situação financeira
Esta inter-relação é completa. Em outras palavras, todos os fluxos econô-
micos (de lucros) devem ser transformados em fluxos financeiros (de caixa).
A função operacional mais importante da administração financeira da em-
presa é monitorar o descolamento natural do momento da geração de lucro
do momento da transformação do lucro em caixa.

Esse descolamento decorre na natureza das operações. O lucro é gerado


na realização de operações (que a contabilidade chama de regime de compe-
tência). O caixa é gerado no recebimento das receitas das operações menos
o pagamento do custo das operações.

Solvência e capacidade de pagamento


Solvência e capacidade de pagamento representam a mesma coisa.
Quando a empresa tem capacidade de pagamento diz-se que a empresa está
solvente. Uma situação de insolvência é quando a empresa está, momenta-
neamente ou em relação ao seu futuro, sem capacidade de honrar todos os
compromissos existentes e já esperados.
156
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Situação financeira

Em outras palavras, a empresa está sempre em solvência quando ela paga


ou tem condições de pagar todas as suas obrigações nos vencimentos.

Análise financeira ou de balanço


O modelo financeiro para avaliar a situação financeira e econômica de
uma empresa é a análise das demonstrações contábeis ou financeiras. Esta
metodologia também é mais conhecida como análise de balanço, que com-
preende a análise das principais peças contábeis (Balanço Patrimonial, De-
monstração do Resultado e Demonstração dos Fluxos de Caixa).

As empresas que analisam a situação financeira (normalmente para con-


ceder crédito) também complementam a análise de balanço com informa-
ções cadastrais, coletadas diretamente da empresa objeto de análise ou
junto a organizações especializadas em informações de cadastro e crédito.
As informações mais importantes vindas dessas organizações referem-se aos
dados da composição acionária, principais clientes e fornecedores, levanta-
mento de títulos protestados, situação de falência ou concordata, existência
de processos de execução fiscal etc., tanto da empresa como de seus sócios.

Fundamentos e objetivo
O objetivo da análise de balanço é emitir um julgamento sobre a situa-
ção financeira e econômica atual da empresa, identificar os pontos fortes e
pontos fracos da sua estrutura patrimonial e financeira, e inferir o seu com-
portamento para o futuro. A referência central é a análise da rentabilidade, o
retorno do investimento, indicador para o qual converge a avaliação econô-
mica. Ao mesmo tempo, deve-se avaliar a solvência, a capacidade financeira
da empresa honrar os compromissos atuais e futuros.

Análise por usuários externos


As ferramentas de análise de balanço foram desenvolvidas para a ótica
do usuário externo que depende unicamente das demonstrações financei-
ras disponíveis ao público. Assim, sempre que possível, o interessado na aná-
lise da empresa deve procurar outras informações que ajudem a entender a
empresa, consultando “sites” da própria empresa, revistas especializadas que
avaliam as demonstrações financeiras e fazem análises setoriais, e, tendo
condição, fazendo visitas e entrevistando membros da diretoria.
157
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Análise por usuários internos


A análise de balanço feita por usuários internos permite maior riqueza.
A metodologia é a mesma, mas a facilidade de obter novos dados segura-
mente vai ampliar o resultado da análise. Quaisquer dados adicionais que
sejam úteis (volume produzido e vendido, número de funcionários, abertura
das receitas e despesas etc.) devem ser incorporados à análise, sempre no
sentido de ampliar o entendimento geral e de cada item específico. Além
disso, a análise por usuários internos deve ser mensal, já que as informações
contábeis sempre devem estar disponíveis nessa periodicidade.

Inter-relação entre rentabilidade


e situação financeira
Toda empresa é um investimento ou um conjunto de investimentos. Todo
investimento é feito na perspectiva de obter o retorno esperado (a rentabili-
dade). Portanto, o fundamento da análise de balanço é avaliar a rentabilidade
da empresa. Se uma empresa tem o retorno esperado, dentro das perspectivas
iniciais, a empresa nunca terá problemas financeiros (problemas de caixa), uma
vez que o retorno do investimento sempre é um excesso de entradas sobre as
saídas de caixa.

Contudo, no desempenho de suas operações, a empresa pode não rea-


lizar suas receitas e despesas como originariamente esperado. Além disso,
a empresa pode fazer reinvestimentos que não obtenham a rentabilidade
esperada. Isso pode provocar desequilíbrios momentâneos, ou até de médio
prazo, na sua situação financeira.

Portanto, as seguintes afirmativas podem ser feitas:

 se a empresa tiver rentabilidade adequada, não deverá ter problemas


de caixa.

 se a empresa tiver rentabilidade adequada e fazer reinvestimentos


sem retorno, poderá ter problemas de caixa e comprometer sua situa-
ção financeira.

 se a empresa captar recursos de terceiros que tenham um custo maior


do que a rentabilidade de seus ativos (investimentos) deverá ter pro-
blemas com sua situação financeira.

158
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A metodologia básica e principais


instrumentos de análise financeira
O principal elemento para a análise de balanço é o entendimento mínimo
da estrutura contábil e sua metodologia. Entender o inter-relacionamento
entre os dados do Balanço Patrimonial com os dados da Demonstração de
Resultados, bem como dos reflexos no fluxo de caixa. Em resumo, o entendi-
mento básico de contabilidade é o fundamento metodológico para a análise
de balanço.

De forma geral, podemos caracterizar os instrumentos de análise de ba-


lanço nos seguintes procedimentos:

 análise vertical;

 análise horizontal;

 indicadores econômicos-financeiros;

 avaliação final ou relatório de avaliação.

Leitura dos relatórios contábeis


A leitura dos relatórios contábeis é o primeiro passo. A leitura geral de
todos os relatórios é imprescindível, pois é necessário um entendimento
geral de todas as rubricas das demonstrações financeiras. Deve compre-
ender também a leitura do relatório da administração (se disponível), bem
como das notas explicativas.

O relatório da auditoria externa também deve ser objeto de leitura,


porque é responsabilidade do auditor independente declarar a fidedignida-
de ou não das demonstrações financeiras.

Revisão, adaptação e reclassificação dos dados


Recomenda-se a introdução dos dados numéricos numa planilha eletrô-
nica ou software disponível para isso, fazendo as adaptações e reclassifica-
ções julgadas procedentes em relação ao objetivo da análise. Alguns exem-
plos dessas adaptações e reclassificações são os seguintes:

159
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Situação financeira

 aglutinar valores não relevantes em uma única rubrica ou adicionar


com uma rubrica similar;

 transferir alguns passivos que possam ser reclassificados para o ativo com
sinal negativo, desde que tenham estreito relacionamento (por exemplo,
títulos descontados do passivo, junto com contas a receber no ativo);

 compactar o valor das reservas numa única rubrica;

 não considerar as despesas e receitas financeiras dentro do lucro opera-


cional, criando uma quebra específica para identificar o lucro específico
das operações.

Recomenda-se utilizar sempre que possível pelo menos dois períodos. A


utilização de mais de um período é fundamental para se ter uma ideia da
tendência dos números apresentados. A utilização de um único período não
dá condições de análises comparativas, podendo levar a um empobrecimen-
to da análise. Para a maior parte dos números financeiros analisados, a com-
paração com o que já ocorreu tende a ter muito significado, razão por que a
utilização de dados de pelo menos dois períodos é recomendável.

Identificação das diferenças


dos aspectos legais e gerenciais
As demonstrações financeiras têm formato rígido, para atender às normas
de contabilidade. Eventualmente, o formato apresentado não permite uma boa
visão do empreendimento. Dessa maneira, sempre deve prevalecer na análise de
balanço a abordagem gerencial e as adaptações devem ser feitas nesse sentido.

Exemplos de abordagens diferentes são os seguintes:

 as receitas e despesas financeiras são apresentadas nas demonstra-


ções publicadas como operacionais, enquanto não o são em termos
gerenciais;

 o ativo é apresentado separado em circulante e não circulante pelas


normas de contabilidade. Gerencialmente deve ser separado em capi-
tal de giro e ativo fixo;

160
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Situação financeira

 o passivo é apresentado pela contabilidade tradicional também em


circulante e não circulante, enquanto no formato gerencial deve ser a
separação entre capital próprio e capital de terceiros.

Análise vertical (AV)


A análise vertical caracteriza-se como uma análise de estrutura e de par-
ticipação percentual. O objetivo é representar o quanto um item representa
de um total ou de outro item das demonstrações financeiras.

Atribui-se 100 ou 100% para determinado item e calcula-se quanto o item


analisado representa do item que foi eleito como referencial. Vejamos o item
Estoques apresentado no Balanço Patrimonial (quadro 2, ano 1). Foi atribuído
o percentual de 100% para o ativo total. A fórmula de cálculo é a seguinte:

Item analisado
Análise vertical = · 100
Item referencial

Estoques 35.000,00
Análise vertical = · 100 = 27%
Ativo total 128.000,00

Análise horizontal nominal e real (AH)


A análise horizontal é uma análise de variação (crescimento ou diminui-
ção). Objetiva verificar se a variação é boa ou ruim, se está dentro dos prog-
nósticos, se está dentro do nível geral da economia, se está dentro do plane-
jado etc. Além disso, ela é útil para comparar os elementos relacionados nas
demonstrações financeiras. Por exemplo, se o total das Receitas Brutas (na
demonstração de resultados) aumentou 20%, seria admissível que o total de
contas a receber (no Balanço Patrimonial), também aumentasse ao redor de
20%. A fórmula é a seguinte.

(Valor do período) – 1)
Análise horizontal = · 100
(Valor do período anterior)

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Tomando como exemplo os Estoques (Balanço Patrimonial – quadro 2),


podemos identificar a variação do ano 2 para o ano 1. No caso, houve um
crescimento do valor em 21%.

Ano 2 42.500,00
Análise horizontal dos estoques = = – 1 · 100 = 21%
Ano 1 35.000,00

Denomina-se análise horizontal real quando se desconta a inflação do


período analisado. Essa técnica é necessária quando são utilizados vários
anos e a comparação com períodos muito antigos requer esse complemen-
to. Vamos imaginar que a inflação do ano 2 tenha sido de 5%. Matematica-
mente, transforma-se primeiramente os dois dados percentuais em dados
matemáticos.

Assim, 21% fica 1,21 e 5% fica 1,05. Dividindo-se 1,21 por 1,05 (tirando-se o
valor de um e multiplicando por 100) temos o crescimento real, sem a inflação
de 5% (1,21/1,05 – 1 · 100%), que no caso dá 15%.

Painel de indicadores
O objetivo dos indicadores é evidenciar as principais relações entre as
contas das demonstrações financeiras, e ao mesmo tempo fornecer mensu-
rações que têm significado para a avaliação da empresa. Deve-se procurar
um conjunto não muito grande de indicadores para não dispersar a análise.
Pode-se construir indicadores específicos para cada empresa ou setor de ati-
vidade. Um conjunto entre 10 e 20 indicadores tem sido suficiente para o
auxílio no entendimento das demonstrações financeiras.

Os indicadores devem ser agrupados em função de seus objetivos de


análise. O quadro 1 apresentado a seguir mostra os principais indicadores,
suas fórmulas e parâmetros básicos para avaliação.

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Quadro 1 – Fórmula dos indicadores

Parâmetro básico
Ativo circulante
Liquidez corrente = Acima de 1,00
Passivo circulante
Ativo circulante (–) Estoques Acima de 0,50 (comércio)
Liquidez seca =
Passivo circulante Acima de 0,70 (indústria)
Ativo circulante (+) Realizável a Longo Prazo Pode ser abaixo de 1,00, dependendo
Liquidez geral =
Passivo circulante (+) Exigível a Longo Prazo do perfil da dívida de longo prazo
Disponibilidades
Liquidez imediata = Não há
Passivo circulante
Passivo circulante (+) Exigível a Longo Prazo
Endividamento geral = Não há
Patrimônio líquido
Empréstimos e Financiamentos – curto e longo prazo
Endividamento financeiro = Abaixo de 0,50
Patrimônio líquido
Dupls. a receber . 360 dias Depende da atividade
Prazo médio de recebimento (em dias) =
Receita Operacional Bruta O menor possível
Estoques . 360 dias  Depende do processo
Prazo médio de estocagem (em dias) =
Custo das mercadorias vendidas O menor possível
Dupls. a pagar . 360 dias Depende da atividade

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Prazo médio de pagamento (em dias) =
Custo das mercadorias vendidas O maior possível
Receita Operacional Líquida Depende da atividade
Giro do ativo =
Ativo total O maior possível
Lucro operacional  Depende do processo e do giro
Margem operacional =

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Receita Operacional Líquida A maior possível
Lucro líquido Depende do processo e do giro
Margem líquida =
Receita Operacional Líquida A maior possível
Lucro líquido Acima de 12% a.a.
Retorno sobre o patrimônio líquido =
Patrimônio líquido  O maior possível

163
Situação financeira
Situação financeira

Relatório de avaliação
Deve contar com uma breve análise dos principais itens da análise ver-
tical e horizontal e dos indicadores, e em seguida deve conter uma avalia-
ção (um julgamento, bom ou ruim) da situação financeira e econômica e sua
perspectiva de futuro.

Análise vertical e horizontal


Os quadros 2 e 3 apresentam um exemplo de análise vertical e horizontal
do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultados dos anos 1 e 2 de
uma empresa comercial fictícia.

Quadro 2 – Balanço Patrimonial

Ano 1 Ano 2
  AV AV AH
(R$) (R$)
ATIVO CIRCULANTE 66.000,00 52% 76.550,00 55% 16%
Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 5.000,00 4% 2.000,00 1% -60%
Dupls. a receber – clientes 25.000,00 20% 31.000,00 22% 24%
Estoques 35.000,00 27% 42.500,00 31% 21%
Outros ativos realizáveis 1.000,00 1% 1.050,00 1% 5%

ATIVO NÃO CIRCULANTE 62.000,00 48% 62.450,00 45% 1%


Realizável a Longo Prazo 1.000,00 1% 800,00 1% -20%
Investimentos – Controladas 4.000,00 3% 4.200,00 3% 5%
Imobilizado e Intangível 57.000,00 45% 57.450,00 41% 1%
Valor bruto 90.000,00 70% 97.450,00 70% 8%
(–) Depreciações e amortizações (33.000,00) -26% (40.000,00) -29% 21%

ATIVO TOTAL 128.000,00 100% 139.000,00 100% 9%

Ano 1 Ano 2
  AV AV AH
(R$) (R$)
PASSIVO CIRCULANTE 38.000,00 30% 40.700,00 29% 7%
Dupls. a pagar - fornecedores 12.000,00 9% 13.800,00 10% 15%
Salários e encargos a pagar 6.000,00 5% 6.400,00 5% 7%
Tributos a recolher 5.000,00 4% 6.500,00 5% 30%

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Ano 1 Ano 2
  AV AV AH
(R$) (R$)
Empréstimos 15.000,00 12% 14.000,00 10% -7%

PASSIVO NÃO CIRCULANTE 90.000,00 70% 98.300,00 71% 9%


Exigível a Longo Prazo - Financiamentos 25.000,00 20% 30.000,00 22% 20%
       
Patrimônio Líquido 65.000,00 51% 68.300,00 49% 5%
Capital Social 45.000,00 35% 45.000,00 32% 0%
Reservas de lucros 20.000,00 16% 23.300,00 17% 17%

PASSIVO TOTAL 128.000,00 100% 139.000,00 100% 9%

Quadro 3 – Demonstração do Resultado do Exercício

Ano 1 Ano 2
  AV AV AH
(R$) (R$)
Receita Operacional Bruta 264.000,00 126,6% 305.448,00 126,6% 16%
(–) Tributos sobre as receitas (55.440,00) -26,6% (64.144,00) -26,6% 16%
Receita Operacional Líquida 208.560,00 100,0% 241.304,00 100,0% 16%

Custo das Mercadorias Vendidas (146.659,00) -70,3% (173.304,00) -71,8% 18%

Lucro Bruto 61.901,00 29,7% 67.999,00 28,2% 10%

(–) Despesas operacionais (46.062,00) -22,1% (55.333,00) -22,9% 20%


Administrativas 20.460,00 9,8% 23.961,00 9,9% 17%
Comerciais 24.402,00 11,7% 29.922,00 12,4% 23%
Outras 1.200,00 0,6% 1.450,00 0,6% 21%

Lucro Operacional antes dos resulta-


15.839,00  7,6%  12.666,00  5,2%  -20%
dos financeiros
Despesas financeiras (3.924,00) -1,9% (4.580,00) -1,9% 17%
Receitas financeiras 405,00 0,2% 162,00 0,1% -60%
Equivalência patrimonial (300,00) -0,1% 200,00 0,1% -167%

Lucro antes dos tributos sobre o lucro 12.020,00 5,8% 8.448,00 3,5% -30%
Imposto de Renda/Contribuição Social (4.121,00) -2,0% (2.948,00) -1,2% -28%
Lucro líquido do exercício 7.900,00 3,8% 5.500,00 2,3% -30%

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Análise vertical da Demonstração do Resultado


A análise vertical da Demonstração do Resultado é mais significativa do que
a análise vertical do Balanço Patrimonial e é considerada imprescindível. Mostra
a participação dos custos e despesas na receita líquida e as margens de lucro ob-
tidas. Portanto, o elemento referencial para a análise vertical da Demonstração
do Resultado (que representa o 100%) deve ser a receita líquida de vendas.

Podemos verificar que todas as margens do ano 2 foram inferiores ao do


ano 1. A margem bruta caiu 1,5 pontos percentuais (29,7% – 28,2%) por au-
mento do custo das mercadorias ou por redução de preços de venda.

As despesas operacionais aumentaram 0,8 pontos percentuais (22,9% –


22,1%), basicamente por aumento mais que proporcional das despesas co-
merciais. Com isso, o lucro operacional antes dos resultados financeiros caiu
2,4% pontos percentuais (7,6% – 5,2%), o que é uma queda significativa em
qualquer ramo de atividade.

Convém ressaltar que a análise das margens e das despesas operacionais


não é uma análise conclusiva. Ela deve ser completada com a análise do giro
do ativo e a análise de rentabilidade.

Análise vertical do Balanço Patrimonial


Esta análise não é tão representativa quanto a da Demonstração do Re-
sultado. Mostra a participação dos elementos do ativo e passivo no total do
ativo da empresa. Quando algum item apresenta uma participação muito
diferente do período anterior, deve-se buscar a razão dessa variação.

No exemplo, o item que teve maior alteração foram os estoques, cuja par-
ticipação subiu de 27% para 31%, provavelmente pelo aumento do custo
das mercadorias e de algum problema de estocagem a maior.

O ativo imobilizado e intangível teve sua participação reduzida por dois


motivos: não foram feitos grandes investimentos no valor bruto e as depre-
ciações continuaram a ser contabilizadas.

No passivo, o capital social passou a representar menos no ano 2 que no


ano 1, porque a empresa optou por trazer mais recursos de terceiros do que
aumentar o capital social.

166
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Análise horizontal dos resultados


e Balanço Patrimonial
A análise horizontal deve ser feita no conjunto das duas demonstrações
financeiras, porque os principais itens são inter-relacionados.

Verificamos no exemplo que a Receita Bruta e Líquida das vendas cresceu


no ano 2 em 16% e que o saldo da conta duplicatas a receber cresceu 24%.
Esse crescimento a maior da duplicata a receber não deve ser considerado
bom (o ideal é o menor valor nos ativos). Pode ter sido decorrente, por exem-
plo, de:

 mudança na política de crédito para incrementar as vendas;

 maior inadimplência dos clientes.

Os estoques aumentaram 21% no ano 2, enquanto que o custo das mer-


cadorias aumentou apenas em 18%. Pode significar:

 mudança na política de estocagem para não perder vendas, manten-


do estoques maiores;

 falha no planejamento de compra de mercadorias, com compra de


mercadorias menos vendáveis, com giro mais baixo que a média;

 manutenção no estoque de mercadorias que já não tem tanta saída


por estarem desatualizadas ou em vias de obsolescência etc.

O aumento de 15% da conta duplicatas a pagar mostra-se adequado,


uma vez que foi inferior ao crescimento do custo das mercadorias vendidas,
de 18%.

Indicadores de análise financeira


Os indicadores apresentados no quadro 4 estão agrupados em três
grupos:

 indicadores de solvência;

 indicadores de atividades;

 indicadores de margem (lucratividade) e rentabilidade.

167
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Quadro 4 – Indicadores econômico-financeiros

Ano 1 Ano 2
(R$)  (R$)
Indicadores de solvência
Liquidez corrente 1,74 1,88
Liquidez seca 0,82 0,84
Liquidez geral 1,06 1,09
Liquidez Imediata 0,13 0,05
Endividamento geral 0,97 1,04
Endividamento financeiro 0,62 0,64
Indicadores de atividades
Prazo médio de recebimento 34 dias 37 dias
Prazo médio de estocagem 86 dias 88 dias
Prazo médio de pagamento 29 dias 29 dias
Giro do ativo 1,63 1,74
Indicadores de margem e rentabilidade
Margem operacional 7,6% 5,2%
Margem líquida 3,8% 2,3%
Retorno sobre o patrimônio líquido 12,2% a.a. 8,1% a.a.

Indicadores de lucratividade
Os indicadores de lucratividade são os indicadores de margem de lucro,
que são calculados tendo como referência o valor da receita líquida. É impor-
tante ressaltar a diferença entre lucratividade e rentabilidade. A rentabilidade
é a relação do lucro com o investimento.

Lucratividade ou margem = relação do lucro com a Receita Líquida

Rentabilidade ou retorno = relação do lucro com o investimento

Enquanto a lucratividade não tem parâmetro e varia de empresa para em-


presa, a rentabilidade tem como parâmetro o custo de capital, parâmetro
este que vale para qualquer empresa ou tipo de investimento.

Os indicadores de lucratividade já constam na análise vertical da Demons-


tração de Resultados, razão por que não há necessidade de novo cálculo.
No exemplo do quadro 4 ressaltamos a margem operacional e a margem

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líquida, normalmente consideradas as margens mais importantes. Ambas as


margens tiveram queda significativa no ano 2.

Indicadores de rentabilidade
São dois os principais indicadores de rentabilidade: a rentabilidade dos
ativos e a rentabilidade do patrimônio líquido. A rentabilidade do ativo re-
presenta a rentabilidade total da empresa.

A rentabilidade do patrimônio líquido pode ser considerada como o


melhor e principal indicador da análise de balanço. Representa o quanto o
acionista ou sócio ganhou no período. Portanto, mostra a rentabilidade dos
donos da empresa.

No exemplo do quadro 4, no ano 1 a rentabilidade dos proprietários foi


de 12,2% a.a. e no ano 2 caiu para 8,1%. Considera-se rentabilidade aceitável
a partir de 12% a.a. Portanto, a rentabilidade do ano 2 foi fraca.

Indicadores de liquidez e solvência


São os indicadores da situação financeira. Como são extraídos unicamen-
te do Balanço Patrimonial têm a característica de serem estáticos. Quer dizer,
valem especificamente para cada data do Balanço Patrimonial. Em razão
disso, deve-se sempre verificar a perspectiva da empresa, sua capacidade de
geração de lucro e caixa, que podem alterar a situação financeira nos perío-
dos seguintes.

O índice de liquidez corrente é o mais utilizado. Deve ser sempre acima


de 1,00. No nosso exemplo, ele mostra que, no ano 1, para cada R$1,00 de
dívidas de curto prazo (passivo circulante) havia R$1,74 de valores a receber
e a realizar de curto prazo (ativo circulante). Esse índice melhorou no ano 2.
Portanto, nessa ótica, a situação financeira da empresa é considerada boa.
Uma empresa que sempre tem bons índices de liquidez corrente normal-
mente tem boa situação financeira.

A liquidez seca é considerada um teste mais duro (teste ácido, como


dizem os norte-americanos), pois exclui o valor dos estoques do ativo cir-
culante. Os parâmetros da empresa em análise no nosso exemplo mostram
também indicadores considerados bons.

169
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Situação financeira

A liquidez geral incorpora os ativos circulantes e de longo prazo contra os


passivos e circulantes de longo prazo. De todos, é o indicador menos utiliza-
do, porque depende do perfil do longo prazo, que pode ser de vários anos.

Já o índice de liquidez imediata objetiva mostrar uma situação extrema,


que seria a necessidade imediata de pagar as obrigações de curto prazo. Não
há parâmetro específico porque a empresa não precisa ter necessariamente
dinheiro em caixa parado, já que dinheiro em caixa, por sua pouca rentabili-
dade, prejudica a rentabilidade geral do patrimônio líquido.

Os indicadores de endividamento têm por objetivo monitorar a parti-


cipação do capital de terceiros no capital dos proprietários. Também têm
por objetivo mensurar a cobertura do capital de terceiros pelo capital pró-
prio. Quanto maior, mais a empresa está comprometida com suas obriga-
ções. O indicador que julgamos mais adequado é o indicador de endivida-
mento financeiro, que restringe as obrigações apenas de empréstimos e
financiamentos.

Não há parâmetro específico. Em nosso país, em razão das altas taxas de


juros, considera-se aceitável até 1,00. Acima disso os analistas passam a olhar
com mais cuidado a estrutura de capital da empresa.

Indicadores de atividades operacionais


O objetivo desses indicadores é monitorar os principais elementos do capi-
tal de giro. Adotamos a metodologia de transformar os elementos do capital
de giro em dias de suas operações. Normalmente, não há indicadores compa-
ráveis normalmente com outras empresas, uma vez que cada empresa tem
suas políticas de crédito, estocagem e pagamento. Contudo, uma comparação
com empresas do setor pode ser muito útil. O ideal é que os prazos médios
de recebimento e estocagem sejam os menores possíveis e o prazo médio de
pagamento seja o maior possível. Isso significa que a empresa sempre estará
buscando o menor valor de capital de giro.

No nosso exemplo, o prazo médio de recebimento aumentou de 34 para


37 dias. Isso quer dizer que tem duplicatas a receber por vendas a prazo
equivalente a 37 dias do valor médio diário de vendas. O aumento em dias
é considerado ruim. Pode ser decorrente de uma nova política de crédito,
aumentando o prazo para os clientes ou aumentando a inadimplência.

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Situação financeira

O prazo médio de estocagem também aumentou 2 dias. A função do in-


dicador é evidenciar a alteração e provocar a análise das causas que geraram
a alteração. Nesse sentido, deve-se buscar o porquê do aumento. No exem-
plo, podem ser tanto alteração na política de estocagem como equívocos na
política de compras etc. O indicador diz que a empresa tem, em média, no
ano 2, estoque suficiente para 88 dias de venda, ao custo.

Com relação ao prazo de pagamento, deve-se buscar maior prazo. Contu-


do, isso nem sempre é possível, dependendo da atividade e da força de cada
empresa em relação aos seus fornecedores.

O giro do ativo é um indicador fundamental para avaliação das atividades


operacionais. Mostra a relação entre o total da receita no período com o total
do ativo. Representa a capacidade do ativo de gerar receitas. Atividades de
serviços e comerciais tendem a ter giros bem maiores que atividades indus-
triais. Não há parâmetro. É específico de cada empresa. Há uma ideia geral de
que deve ser maior do que 1,00. No nosso exemplo, houve um aumento do
giro, o que deve ser considerado como bom.

Análise de rentabilidade
Por ser o indicador mais importante da análise de balanço, convém que
a rentabilidade tenha um modelo de análise mais preciso e completo. Para
tanto, deve-se reformatar o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Re-
sultado dentro de uma abordagem exclusivamente financeira. Basicamente
essa reformatação tem as seguintes características:

 criar o conceito de ativo e passivo operacional;

 os elementos do passivo circulante relacionados com o giro das opera-


ções devem ser transferidos para o ativo circulante com sinal negativo,
pois representam reduções do capital de giro por prazos normais de
funcionamento;

 o valor das aplicações financeiras deve ser transferido para o passivo,


criando-se o conceito de capital de terceiros líquido, ou seja, não há
porque ter aplicações financeiras se a empresa tem empréstimos;

 o passivo operacional será representado apenas por obrigações que


têm custo financeiro, ou seja, os empréstimos e financiamentos que têm
encargos financeiros e o patrimônio líquido, que tem o custo do capital
próprio;
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 a Demonstração do Resultado será reformatada, criando-se o conceito


de lucro operacional líquido dos tributos sobre o lucro;

 também será criado o conceito de despesa financeira líquida das recei-


tas financeiras, líquida dos tributos sobre o lucro.

Essas duas reformatações estão apresentadas a seguir nos quadros 5 e 6.

Quadro 5 – Balanço Patrimonial – Formato Financeiro

Ano 1 – R$ Ano 2 – R$
CAPITAL DE GIRO 39.000,00 48.650,00
Dupls. a receber – clientes 25.000,00 31.000,00
Estoques 35.000,00 42.500,00
Outros ativos realizáveis 1.000,00 1.050,00
Realizável a Longo Prazo 1.000,00 800,00
(–)
Dupls. a pagar – fornecedores (12.000,00) (13.800,00)
Salários e encargos a pagar (6.000,00) (6.400,00)
Tributos a recolher (5.000,00) (6.500,00)

ATIVO FIXO 61.000,00 61.650,00


Investimentos – Controladas 4.000,00 4.200,00
Imobilizado e Intangível 57.000,00 57.450,00

ATIVO OPERACIONAL 100.000,00 110.300,00

Ano 1 – R$ Ano 2 – R$
CAPITAL DE TERCEIROS 35.000,00 42.000,00
Empréstimos 15.000,00 14.000,00
Financiamentos 25.000,00 30.000,00
Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras (5.000,00) (2.000,00)

CAPITAL PRÓPRIO 65.000,00 68.300,00


Patrimônio líquido 65.000,00 68.300,00

PASSIVO OPERACIONAL 100.000,00 110.300,00

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Quadro 6 – Apuração do Lucro Operacional e Custo Financeiro

Ano 1– R$ Ano 2 – R$
Alíquota média do IR/CSLL
Lucro antes dos tributos sobre o lucro 12.020,00 8.448,00
IR/CSLL 4.121,00 2.948,00
Alíquota média 34,3% 34,9%

Custo financeiro líquido de IR/CSLL


Despesas financeiras 3.924,00 4.580,00
(–) Receitas financeiras (405,00) (162,00)
Despesas financeiras líquidas 3.519,00 4.418,00
Alíquota média 34,3% 34,9%
IR/CSLL s/ despesas financeiras líquidas 1.207,00 1.542,00
Custo financeiro líquido de IR/CSLL 2.312,00 2.876,00

Lucro operacional líquido de IR/CSLL


Custo financeiro líquido de IR/CSLL 2.312,00 2.876,00
Lucro líquido do exercício 7.900,00 5.500,00
Lucro operacional líquido de IR/CSLL 10.212,00 8.376,00

As fórmulas para análise da rentabilidade estão apresentadas no quadro 7.

Quadro 7 – Fórmula dos indicadores de análise da rentabilidade

Parâmetro básico
Receita Operacional Líquida Depende da atividade
Giro do ativo =
Ativo operacional O maior possível
Margem Lucro operacional líquido do IR/CSLL Depende do processo e do giro
=
operacional Receita operacional líquida A maior possível
Rentabilidade Lucro Operacional Líquido do IR/CSLL Acima de 12% a.a.
=
operacional Ativo operacional O maior possível
Custo do capital Custo financeiro líquido do IR/CSLL Abaixo da rentabilidade operacional
=
de terceiros Capital de terceiros O menor possível
Retorno sobre o Lucro líquido Acima de 12% a.a.
=
patrimônio líquido Patrimônio líquido O maior possível

O conceito de giro
O conceito de giro é fundamental para se entender e analisar a rentabili-
dade. O giro em valor representa quantas vezes o ativo é movimentado para

173
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Situação financeira

gerar vendas. Quanto mais eficiente e eficaz (e rápido) for um processo ope-
racional, mais vezes o ativo é utilizado e mais vezes gerará receita de vendas.
Dessa maneira, um objetivo constante da administração é procurar a máxima
eficiência dos ativos, o giro máximo, reduzindo ao mínimo o valor investido
nos ativos e gerando o máximo de venda com o mínimo de ativos.

Gerando o máximo de vendas, há a possibilidade de a empresa reduzir


a sua margem de lucro e ainda vender mais. A margem de lucro pode ser
reduzida reduzindo seus preços de venda, num círculo virtuoso para a em-
presa e para os clientes. Assim, a margem de lucro desejada em cada venda
depende do giro do ativo. Esses dois elementos são a base para a análise da
rentabilidade.

Portanto, a rentabilidade é o resultado da multiplicação do giro do ativo


pela margem de lucro médio sobre as vendas. Os vetores para a maximiza-
ção dos lucros são, então:

a) Aumentar o preço de venda ao máximo possível, aumentando a margem;

 ) Diminuir os custos e despesas ao máximo possível, aumentando a


b
margem;

c) Conseguir os itens a) e b) conjuntamente;

d) Vender o máximo com o mesmo valor do ativo, aumentando o giro;

e) Reduzir ao máximo o valor investido nos ativos, aumentando o giro;

f ) Conseguir os itens d) e e) conjuntamente;

g) Conseguir os itens a), b), d) e e) conjuntamente;

h) Conseguir a melhor combinação dos itens a), b), d) e e) possível.

O método Dupont
A metodologia de análises de rentabilidade denominada de Dupont é
assim chamada porque veio a público com a divulgação feita por essa em-
presa no início do século XX. É a análise de rentabilidade decomposta em
giro e margem (ou lucratividade). O quadro 8 mostra os cálculos por esse
método.

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Situação financeira

Quadro 8 – Análise da rentabilidade

Ano 1 – R$   Ano 2 – R$  
Método Dupont
Giro do ativo 2,09 2,19
x
Margem operacional 4,90% 3,47%
=
Rentabilidade operacional 10,24% a.a. 7,60% a.a.

Alavancagem financeira
Rentabilidade operacional 10,21% a.a. 7,59% a.a.
Custo do capital de terceiros 6,61% a.a. 6,85% a.a.
Rentabilidade do patrimônio líquido 12,15% a.a. 8,05% a.a.

Verifica-se que a queda da rentabilidade operacional do ano 2 foi decor-


rente da redução da margem de lucro sobre as vendas, e não do giro do
ativo, pois este foi melhor no ano 2 em comparação ao ano 1. Portanto, o
foco das atenções deve ser dado aos elementos da Demonstração de Resul-
tados, verificando o porquê da queda da margem operacional.

O quadro 8 apresenta também a análise da alavancagem financeira. Ala-


vancagem financeira é o termo utilizado para caracterizar o uso do capital
de terceiros. O uso do capital de terceiros (empréstimos e financiamentos)
só deve ser feito se seu custo for inferior à rentabilidade operacional. Nesse
caso, há a constatação do fenômeno da alavancagem, pois o uso de capital
de terceiros redunda em maior rentabilidade para os proprietários.

Verificamos que nos dois anos houve alavancagem financeira, justifican-


do o uso de capital de terceiros. A rentabilidade operacional nos dois anos
é maior do que o custo do dinheiro de terceiros, fazendo com que a renta-
bilidade do patrimônio líquido seja maior do que a rentabilidade do ativo
operacional.

Parâmetros para avaliação da rentabilidade


O parâmetro para avaliar a rentabilidade é o custo do dinheiro, o custo do
capital, representado pelas taxas de juros cobradas no mercado. Os princi-
pais referenciais são:

175
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Situação financeira

 custo dos títulos de dívida do governo (Selic, taxa de juros dos títulos
do governo americano etc.);

 no Brasil, a TJLP ( Taxa de Juros de Longo Prazo) do BNDES;

 em âmbito internacional, a LIBOR (London Interbank Ofered Rate),


mais utilizada na Europa, e a Prime Rate, mais utilizada nos EUA;

 média anual da rentabilidade das principais bolsas de valores no mun-


do etc.

Em linhas gerais, há certo consenso mundial nos seguintes parâmetros,


considerando rentabilidade obtida em economias com inflação controlada:

 abaixo de 10% a.a. – fraca;

 entre 10% e 12% a.a. – aceitável;

 entre 12% e 15% a.a. – boa;

 acima de 15% a.a. – ótima.

O conceito de valor econômico adicionado


(EVA – Economic Value Added)
O conceito mais avançado de análise de rentabilidade é considerar como
rentabilidade de fato apenas o valor do lucro que excede a um custo de capi-
tal de mercado. A diferença é denominada de valor econômico adicionado.
O quadro 9 mostra um exemplo dessa análise, considerando como custo de
capital de mercado a taxa de juros de 12% a.a.

Quadro 9 – Valor Econômico Adicionado – EVA (Economic Value


Added)

Ano 1 Ano 2
 
R$ R$
Custo de oportunidade de capital 12% a 12%
Valor do investimento (Patrimônio líquido) 65.000,00 b 68.300,00
Rentabilidade mínima esperada 7.800,00 c=a·b 8.196,00
Lucro líquido obtido 7.900,00 d 5.500,00
EVA – Valor Econômico Adicionado 100 e=d–c (2.696,00)
Percentual sobre o patrimônio líquido 0,15% f = e/b -3,95%

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Situação financeira

Verifica-se que no ano 1 houve valor adicionado de R$100,00, represen-


tando uma rentabilidade acima do custo de oportunidade de capital de
0,15%. Já no ano 2, o lucro obtido foi inferior à rentabilidade mínima espera-
da, resultando numa destruição de valor de R$2.696,00, representando uma
perda de rentabilidade de 3,95%.

Análise dos demais relatórios contábeis


Cada demonstração financeira oferece oportunidades adicionais de en-
tendimento da empresa analisada. Além do Balanço Patrimonial e da De-
monstração do Resultado, a demonstração mais importante é a Demonstra-
ção dos Fluxos de Caixa. Mas a demonstração das mutações do patrimônio
líquido também é importante, uma vez que deixa clara a movimentação do
capital dos proprietários.

Análise das mutações do patrimônio líquido


Verificamos que nos dois exercícios analisados não houve aumento de
capital pelos proprietários. As únicas movimentações que ocorreram foram:

 Contabilização do lucro líquido no patrimônio líquido;

 Distribuição de dividendos;

 A transferência do valor restante do lucro líquido para reservas de lucros.

Quadro 10 – Demonstração das mutações do patrimônio líquido

Capital Reservas Lucros


Movimentação Total
Social de Lucros Acumulados
Saldos em 01/01/Ano1 45.000,00 17.000,00 0,00 62.000,00
Lucro líquido do exercício 0,00 0,00 7.900,00 7.900,00
Dividendos distribuídos no ano 0,00 0,00 (4.900,00) (4.900,00)
Transferência para reservas 0,00 3.000,00 (3.000,00) 0,00
Saldos em 31/12/Ano1 45.000,00 20.000,00 (0,00) 65.000,00
Lucro líquido do exercício 0,00 0,00 5.500,00 5.500,00
Dividendos distribuídos no ano 0,00 0,00 (2.200,00) (2.200,00)
Transferência para reservas 0,00 3.300,00 (3.300,00) 0,00
Saldos em 31/12/Ano2 45.000,00 23.300,00 (0,00) 68.300,00

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Situação financeira

A transferência de lucro líquido para reserva de lucros implica que a em-


presa está num processo de reinvestimento de lucros. Verificamos, contudo,
que no ano 2 a rentabilidade caiu e, consequentemente, esta política deve
ser questionada.

Análise da distribuição dos resultados


Verificamos que o percentual de distribuição do lucro no ano 2 foi de 40%,
bem inferior ao percentual distribuído no ano anterior, além do lucro líquido
ser menor. Esse dado pode indicar que a empresa está tendo dificuldade de
obter capital de terceiros, recorrendo a retenção de lucros para os próximos
investimentos.

Quadro 11 – Análise da distribuição de lucros

Ano 1 – R$   Ano 2– R$
Lucro líquido do exercício 7.900,00 5.500,00
Dividendos distribuídos 4.900,00 2.200,00
Percentual de distribuição 62%   40%
Valor do patrimônio líquido 65.000,00 68.300,00
Dividendos/Patrimônio líquido 7,5%   3,2%

O retorno final em dinheiro para os proprietários no ano 2 foi de apenas


3,2%. Esse baixo percentual deve ser motivo de questionamento sobre a ren-
tabilidade geral da empresa.

Análise do lucro por ação


das sociedades anônimas
O indicador mais utilizado pelos investidores do mercado acionário é a
relação P/L – Preço/Lucro. Mostra, com o valor do lucro líquido, em quantos
anos em média o investimento em ações retornará.

Quadro 12 – Análise do Lucro por Ação

Ano 1 – R$ Ano 2 – R$
Lucro líquido do exercício 7.900,00 5.500,00
Quantidade de ações 10.000,00 10.000,00
Lucro por Ação – R$ 0,79 0,55

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Situação financeira

Ano 1 – R$ Ano 2 – R$
Preço da ação na BOVESPA* 6,50 5,80
Relação Preço/Lucro (P/L) 8,2 10,5
Dividendos distribuídos 4.900,00 2.200,00
Dividendo por ação – R$ 0,49 0,22
* valor aleatório

No exemplo acima, a relação P/L do ano 1 de 8,2 subiu para 10,5, mos-
trando que, se continuar esse patamar de obtenção de lucro, o retorno do
investimento demorará mais de 10 anos.

Análise da Demonstração dos Fluxos de Caixa


A Demonstração dos Fluxos de Caixa já é preparada e segmentada em
três principais fluxos financeiros:

 fluxo financeiro decorrente das operações;

 fluxo financeiro decorrente dos investimentos;

 fluxo financeiro decorrente dos financiamentos.

Quadro 13 – Demonstração dos Fluxos de Caixa – Método indireto

  Ano 1 R$ AV Ano 2 R$ AV AH
Lucro líquido do exercício 7.900,00 44,6% 5.500,00 32,9% -30%
(+) Depreciações e amortizações 6.000,00 33,9% 7.000,00 41,9% 17%
(+/–) Equivalência patrimonial 300,00 1,7% (200,00) -1,2% -167%
(+) Despesas financeiras 3.924,00 22,1% 4.580,00 27,4% 17%
(–) Receitas financeiras (405,00) -2,3% (162,00) -1,0% -60%
Lucro gerado pelas operações 17.719,00 100,0% 16.718,00 100,0% -6%
(+/–) Ajustes por mudança no capital de giro        
(–) Aumento de duplicatas a receber (3.000,00) -16,9% (6.000,00) -35,9% 100%
(–) Aumento dos estoques (3.800,00) -21,4% (7.500,00) -44,9% 97%
(–) Aumento de outras contas realizáveis (20,00) -0,1% (50,00) -0,3% 150%
(+) Aumento de duplicatas a pagar 500,00 2,8% 1.800,00 10,8% 260%
(+) Aumento de salários e encargos a pagar 530,00 3,0% 400,00 2,4% -25%
(+) Aumento de tributos a recolher 200,00 1,1% 1.500,00 9,0% 650%
(5.590,00) -31,5% (9.850,00) -58,9% 76%
Fluxo de caixa das atividades operacionais 12.129,00 68,5% 6.868,00 41,1% -43%

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  Ano 1 R$ AV Ano 2 R$ AV AH
       
Variação de empréstimos e financiamentos 1.000,00 5,6% 4.000,00 23,9% 300%
Despesas financeiras (3.924,00) -22,1% (4.580,00) -27,4% 17%
Receitas financeiras 405,00 2,3% 162,00 1,0% -60%
Distribuição de resultados (4.900,00) -27,7% (2.200,00) -13,2% -55%
Fluxo de caixa – atividades de financiamento (7.419,00) -41,9% (2.618,00) -15,7% -65%
       
Aumento do imobilizado e intangível (2.550,00) -14,4% (7.450,00) -44,6% 192%
Variação do Realizável a Longo Prazo (60,00) -0,3% 200,00 1,2% -433%
Fluxo de caixa – atividades de investimento (2.610,00) -14,7% (7.250,00) -43,4% 178%
       
Variação do saldo de caixa no período 2.100,00 11,9% (3.000,00) -17,9% -243%
Saldo inicial de caixa e aplicações financeiras 2.900,00 16,4% 5.000,00 29,9% 72%
Saldo final de caixa e aplicações financeiras 5.000,00 28,2% 2.000,00 12,0% -60%

A análise mais importante é a geração de caixa das atividades operacio-


nais. Em linhas gerais, o fluxo de caixa operacional deve ser sempre positivo,
porque representa a entrada e saída de caixa para o dia a dia das empresas.
Se estiver negativo, significa, basicamente, que a operação está dando pre-
juízo. Só deve ser admitido fluxo de caixa operacional negativo em situações
específicas ou em alguns períodos. Uma empresa não tem sustentabilidade
com fluxo de caixa operacional neutro ou negativo.

O fluxo de caixa das atividades de investimentos pode ser negativo,


desde que seja coberto por fluxos operacionais e fluxos de financiamento.
A empresa está sempre em constante investimento e crescimento e, conse-
quentemente, é normal que esse fluxo seja negativo.

O fluxo de caixa de financiamentos poderá oscilar. Nos períodos de grande


investimento, ele provavelmente será positivo. Nos períodos de maturação
dos investimentos há a tendência do fluxo dos financiamentos ser negativo,
pois os empréstimos e financiamentos deverão estar sendo amortizados.

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Ampliando seus conhecimentos

Vamos fazer alguns comentários com as demonstrações financeiras


da empresa Indústrias Romi S.A. apresentadas a seguir.

Divulgação ROMI.

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Divulgação ROMI.

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Divulgação ROMI.

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Reclassificação
Além da aglutinação de alguns itens, a principal reclassificação que
julgamos necessária, depois da leitura das notas explicativas, é a transfe-
rência para o ativo circulante e Realizável a Longo Prazo dos itens deno-
minados Financiamentos-Finame fabricante do passivo circulante Exigí-
vel a Longo Prazo, que já representam valores recebidos, expressados no
ativo como Valores a receber – repasse Finame fabricante. Juntaremos
com as duplicatas a receber.

As siglas 1T09 e 2T09 são, respectivamente, primeiro e segundo trimes-


tre de 2009. As siglas 1S08 e 1S09 são, respectivamente, primeiro semestre
de 2008 e primeiro semestre de 2009. O balanço reclassificado, a Demons-
tração do Resultado e os principais indicadores estão apresentados abaixo,
utilizando o mesmo modelo no qual estruturamos o nosso exemplo.

Indústrias Romi S.A. – Balanço Reclassificado


  1T09 – R$ AV 2T09 – R$ AV AH
ATIVO CIRCULANTE 538.239 60% 513.141 57% -5%
Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 115.398 13% 99.913 11% -13%
Dupls. a receber – clientes 91.635 10% 106.205 12% 16%
Estoques 303.867 34% 286.057 32% -6%
Outros ativos realizáveis 27.339 3% 20.966 2% -23%
       
ATIVO NÃO CIRCULANTE 358.810 40% 384.051 43% 7%
Realizável a Longo Prazo 72.938 8% 95.531 11% 31%
Investimentos – Controladas 0 0% 0 0% 0%
Imobilizado e Intangível 285.872 32% 288.520 32% 1%
 
ATIVO TOTAL 897.049 100% 897.192 100% 0%

  1T09 – R$ AV 2T09 R$ AV AH
PASSIVO CIRCULANTE 112.006 12% 102.302 11% -9%
Dupls. a pagar – fornecedores 40.388 5% 34.308 4% -15%
Salários e encargos a pagar 23.406 3% 25.362 3% 8%
Tributos a recolher e outros 15.723 2% 12.582 1% -20%
Empréstimos 32.489 4% 30.050 3% -8%

184
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Indústrias Romi S.A. – Balanço Reclassificado


  1T09 – R$ AV 2T09 – R$ AV AH
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 785.043 88% 794.890 89% 1%
Exigível a Longo Prazo 102.435 11% 117.597 13% 15%

Patrimônio líquido 682.608 76% 677.293 75% -1%


Capital Social 505.764 56% 505.764 56% 0%
Reservas de lucros 176.844 20% 171.529 19% -3%

PASSIVO TOTAL 897.049 100% 897.192 100% 0%

Indústrias Romi S.A. – Demonstração do Resultado


  1S08 AV 1S09 AV AH
Receita Operacional Bruta 399.867 121,1% 216.017 120,1% -46%
(–) Tributos sobre as receitas (69.748) -21,1% (36.172) -20,1% -48%
Receita Operacional Líquida 330.119 100,0% 179.845 100,0% -46%

Custo dos Produtos Vendidos (195.369) -59,2% (123.340) -68,6% -37%


 
Lucro Bruto 134.750 40,8% 56.505 31,4% -58%

(–) Despesas operacionais (76.746) -23,2% (68.441) -38,1% -11%


Administrativas 32.799 9,9% 29.383 16,3% -10%
Comerciais 30.202 9,1% 27.312 15,2% -10%
Outras 13.745 4,2% 11.746 6,5% -15%
 
Lucro Operacional antes dos
58.004  17,6%  (11.936)  -6,6%  -121%
resultados financeiros
Despesas financeiras (2.850) -0,9% (2.173) -1,2% -24%
Receitas financeiras 18.037 5,5% 5.092 2,8% -72%
Equivalência patrimonial 0 0,0% 0 0,0% 0%

Lucro antes dos tributos sobre o lucro 73.191 22,2% (9.017) -5,0% -112%
Imposto de Renda/Contribuição Social (14.512) -4,4% 1.684 0,9% -112%
Lucro líquido do exercício 58.679 17,8% (7.333) -4,1% -112%

185
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Indústrias Romi S.A. – Indicadores econômico-financeiros


Ano 1 Ano 2
     
R$ R$
Indicadores de solvência
Liquidez corrente 4,81 5,02
Liquidez seca 2,09 2,22
Liquidez geral 2,85 2,77
Liquidez Imediata 1,03 0,98
Endividamento geral 0,31 0,32
Endividamento financeiro 0,20 0,22
Indicadores de atividades
Prazo médio de recebimento 41 dias 88 dias
Prazo médio de estocagem 280 dias 417 dias
Prazo médio de pagamento 37 dias 50 dias
Giro do ativo 0,74 0,40
Indicadores de margem e rentabilidade
Margem operacional 17,6% -6,6%
Margem líquida 17,8% -4,1%
Retorno sobre o patrimônio líquido 8,6% a.s. -1,1% a.s.

Para os indicadores de atividades consideramos o período de 180 dias.


Para o giro, anualizamos, multiplicando o resultado por 2.

Breve análise e avaliação


Em termos de situação financeira a empresa está numa situação ex-
celente, com todos os indicadores de liquidez e endividamento mostran-
do-se nos melhores níveis.

O ponto fraco da empresa é o excesso de estoques, exigindo muito


capital de giro. Também no 2S09 houve um aumento inadequado do
prazo médio de recebimento, evidenciando, talvez, um aumento signifi-
cativo da inadimplência. O giro do ativo é baixíssimo.

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido, que foi muito boa em


1S08, caiu assustadoramente para prejuízo em 1S09. Basicamente, o
grande fator foi a queda muito grande das receitas (46%), decorrente da
crise financeira que se iniciou no final de 2008. Até o momento a empre-
sa não conseguiu readequar seus custos e despesas e apresentou um
prejuízo no 1S09.

186
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Atividades de aplicação
Considere as seguintes demonstrações financeiras de uma empresa co-
mercial para realizar as seguintes atividades. Considere também que no
ativo não circulante não tem Realizável a Longo Prazo.

Balanço Patrimonial 
  Ano 1 (R$) Ano 2 (R$)
ATIVO CIRCULANTE 255.000,00 230.000,00
Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 25.000,00 25.000,00
Dupls. a receber – clientes 98.000,00 87.000,00
Estoques 132.000,00 118.000,00
   
ATIVO NÃO CIRCULANTE 200.000,00 220.000,00
     
ATIVO TOTAL 455.000,00 450.000,00

  Ano 1 (R$) Ano 2 (R$)


PASSIVO CIRCULANTE 315.000,00 281.000,00
Dupls. a pagar – fornecedores 30.000,00 29.000,00
Outras contas 35.000,00 32.000,00
Empréstimos 250.000,00 220.000,00
   
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 140.000,00 169.000,00
Exigível a Longo Prazo – Financiamentos 25.000,00 45.000,00
   
Patrimônio líquido 115.000,00 124.000,00
Capital Social 100.000,00 100.000,00
Reservas de lucros 15.000,00 24.000,00
   
PASSIVO TOTAL 455.000,00 450.000,00

Demonstração do Resultado do Exercício


  Ano 1 (R$) Ano 2 (R$)
Receita Operacional Bruta 415.000,00 445.000,00
(–) Tributos sobre as receitas (87.150,00) (93.450,00)
Receita Operacional Líquida 327.850,00 351.550,00

187
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Demonstração do Resultado do Exercício


  Ano 1 (R$) Ano 2 (R$)
Custo das Mercadorias Vendidas (232.774,00) (245.382,00)

Lucro Bruto 95.077,00 106.168,00

(–) Despesas operacionais (59.341,00) (63.631,00)


Administrativas 26.228,00 27.772,00
Comerciais 33.113,00 35.858,00

Lucro Operacional antes dos


35.736,00  42.538,00 
resultados financeiros
Despesas financeiras (26.978,00) (25.573,00)
Receitas financeiras 2.025,00 2.025,00

Lucro antes dos tributos sobre o lucro 10.783,00 18.990,00


Imposto de Renda/Contribuição Social (3.696,00) (6.628,00)
Lucro líquido do exercício 7.087,00 12.363,00

1. Faça a análise vertical e horizontal do Balanço Patrimonial e da De-


monstração de Resultados.

2. Calcule todos os indicadores econômico-financeiros para os dois perío-


dos das demonstrações financeiras.

3. Faça uma breve avaliação dos resultados e da situação financeira da


empresa nos dois anos analisados.

4. Refaça o Balanço e a Demonstração dos Resultados dentro do formato


financeiro e preparando os valores para a análise da rentabilidade.

5. Faça a análise da rentabilidade pelo método Dupont e o estudo da


alavancagem financeira, fazendo os comentários indispensáveis.

6. Considerando um custo de oportunidade de capital de 9% a.a., calcule


o valor econômico adicionado e faça um comentário resumido para
cada ano.

188
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Gabarito

Regimes contábeis
1. Primeiramente, a apuração pelo regime de caixa não permite identi-
ficar o momento gerador da riqueza, do lucro. Segundo, no regime
de caixa não são eliminados os efeitos dos tributos, já que os valores
apresentam-se pelos dados financeiros. Em terceiro, o regime de caixa
não considera as provisões e encargos financeiros que ocorrerão no
futuro e já são incorporados pelo regime de competência. Em quarto,
a utilização estrita do regime de caixa prejudica sobremaneira o con-
trole de contas a receber e a pagar, pois não contabiliza os valores das
receitas a receber nem os valores das contas a pagar, uma vez que só
as considera quando do efeito no caixa.

2. C

3.

a) Regime de caixa: no mês de fevereiro o resultado ficará negativo em


R$1.000,00, porque foi paga a compra, e ficará positivo em R$2.300,00
em junho, quando será recebido o valor da venda.

b) Regime de competência: o resultado será apurado apenas no mês


da venda e será positivo em R$1.300,00 em abril. Apesar da com-
pra ter sido feita em fevereiro, a mercadoria foi para o estoque e
não foi vendida de imediato. O lucro na venda da mercadoria deve
ser apurado no momento da venda. Assim, a despesa com o custo
da mercadoria deve ser considerada em abril, no mesmo momen-
to em que foi feita a venda.

4. B

5. A

6. C

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Gabarito

Estrutura contábil
1.

Ganho na loteria 300.000,00


Ativo Passivo
Saldo bancário 300.000,00 Patrimônio líquido 300.000,00

Compra de imóveis 160.000,00


Ativo Passivo
Saldo bancário 140.000,00 Patrimônio líquido 300.000,00
1 casa 100.000,00
1 sítio 60.000,00
Total 300.000,00 300.000,00

2.

Compra de Veículos 60.000,00


Ativo Passivo
Saldo bancário 80.000,00 Patrimônio líquido 300.000,00
1 casa 100.000,00
1 sítio 60.000,00
2 veículos 60.000,00
Total 300.000,00 300.000,00

Financiamento 15.000,00
Ativo Passivo
Saldo bancário 95.000,00 Empréstimo 15.000,00
1 casa 100.000,00
1 sítio 60.000,00 Patrimônio líquido 300.000,00
2 veículos 60.000,00
Total 315.000,00 315.000,00

192
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Gabarito

3.

Aplicação em Investimento 90.000,00


Ativo Passivo
Saldo bancário 5.000,00 Empréstimo 15.000,00
Fundo de investimento 90.000,00
1 casa 100.000,00
1 sítio 60.000,00 Patrimônio líquido 300.000,00
2 veículos 60.000,00
Total 315.000,00 315.000,00

Saque bancário 3.500,00


Ativo Passivo
Saldo bancário 1.500,00 Empréstimo 15.000,00
Dinheiro em caixa 3.500,00
Fundo de investimento 90.000,00
1 casa 100.000,00
1 sítio 60.000,00 Patrimônio líquido 300.000,00
2 veículos 60.000,00
Total 315.000,00 315.000,00

Gastos com a festa 2.500,00


Ativo Passivo
Saldo bancário 1.500,00 Empréstimo 15.000,00
Dinheiro em caixa 1.000,00
Fundo de investimento 90.000,00
1 casa 100.000,00
1 sítio 60.000,00 Patrimônio líquido 297.500,00
2 veículos 60.000,00
Total 312.500,00 312.500,00
O valor da riqueza é de R$297.500,00

193
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Gabarito

4.

Primeira coluna Segunda coluna


Salários a pagar O C
Saldo bancário D D
Despesas de viagens P D
Receita de prestação de serviços P C
Capital Social P C
Estoque de mercadorias B D
Imóveis B D
Aluguéis recebidos P C
Duplicatas a pagar O C
Duplicatas a receber D D

5.

Primeira coluna Segunda coluna


Salários a pagar Aumento C
Saldo bancário Diminuição C
Despesas de viagens Aumento D
Receita de prestação de serviços Aumento C
Capital Social Aumento C
Estoque de mercadorias Aumento D
Imóveis Diminuição C
Aluguéis recebidos Aumento C
Duplicatas a pagar Diminuição D
Duplicatas a receber Diminuição C

6.

Balanço Inicial
Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Capital Social 50.000,00

Balanço Final
Ativo Passivo
Caixa 47.500,00 Dupls. a Pagar 7.500,00
Dupls. a Receber 13.000,00 Capital Social 50.000,00
Estoque 8.200,00 Lucro do período 11.200,00
Total 68.700,00 Total 68.700,00

194
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Gabarito

Demonstração do Resultado
Vendas 18.000,00
(–) Custo das vendas (6.800,00)
Lucro 11.200,00

Escrituração contábil, a teoria contábil


e a legislação em vigor
1. O valor lançado em duplicidade é para manter inalterada a equação
fundamental da contabilidade, denominada de equação de equilíbrio
patrimonial, que determina que o total do ativo tem que ser igual ao
total do passivo. Sua ligação com o livro razão é porque por meio dele
é que se classificam as partidas por conta contábil e se apuram os sal-
dos por conta contábil.

2. A contabilidade financeira tem como foco os usuários externos de qual-


quer região. Portanto, os princípios que a regem devem ser cuidado-
samente normatizados para que haja uma uniformização do entendi-
mento. O mesmo não é necessário para a contabilidade gerencial, que
tem como foco o usuário interno e a tomada de decisão, e cada decisão
pode requerer um modelo e um tipo de mensuração diferente.

As diferenças mais importantes são:

 a contabilidade financeira é estruturada com custos reais, históri-


cos, e a contabilidade gerencial tem como foco dados previstos,
além dos dados reais;

 a contabilidade financeira tem relatórios padronizados e regras


rígidas, e a contabilidade gerencial não tem nenhum relatório ne-
cessariamente padronizado e tem como foco a tomada de deci-
são;

 o valor da empresa pela contabilidade financeira é o valor decor-


rente de lucros e patrimônios obtidos no passado, enquanto que
a contabilidade gerencial tem como referência o valor da empresa
decorrente de fluxos futuros de benefícios.

195
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Gabarito

3. O princípio da continuidade pressupõe uma empresa em andamento,


em marcha, na premissa de que não será vendida. Portanto, o custo
como base de valor é necessário para avaliar o lucro (receitas menos
custos) do período. Dessa maneira, é necessário confrontar apenas as
receitas e despesas (custos) do período para apurar o lucro periódico.

4.

Tipo de Tipo de Débito /


Contas alteradas Variação
conta saldo Crédito
Fato 1
Capital Social Passivo Credor Aumento Crédito
Caixa Ativo Devedor Aumento Débito
Fato 2
Saldo bancário Ativo Devedor Aumento Débito
Caixa Ativo Devedor Diminuição Crédito
Fato 3
Imóvel Ativo Devedor Aumento Débito
Saldo bancário Ativo Devedor Diminuição Crédito
Fato 4
Despesas de cartório Despesa Devedor Aumento Débito
Caixa Ativo Devedor Diminuição Crédito
Fato 5
Dupls. a Receber Ativo Devedor Aumento Débito
Caixa Ativo Devedor Aumento Débito
Prestação de serviços Receita Credor Aumento Crédito
Fato 6
Veículos Ativo Devedor Aumento Débito
Saldo bancário Ativo Devedor Diminuição Crédito

5.

Caixa Capital Social


(1) 50.000,00   50.000,00 (1)
  48.000,00 (2)  
  200,00 (4)  
(5) 300,00    
2.100,00  

196
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Gabarito

Saldo bancário Imóvel


(2) 48.000,00 (3) 22.000,00
  22.000,00 (3)  
  20.000,00 (6)  
6.000,00  
   

Prestação de
Despesa com cartório
serviços
(4) 200,00   1.000,00 (5)
   
Dupls. a receber Veículos
(5) 700,00 (6) 20.000,00
   

6.

Saldo bancário Capital Social


20.000,00   50.000,00
(1) 5.400,00  
  11.000,00 (2)  
  2.000,00 (4)  
12.400,00  

Dupls. a Receber Dupls. a Pagar


30.000,00   25.000,00
  5.400,00 (1) (2) 11.000,00  
(3) 15.000,00     14.000,00
39.600,00  
   

Estoque Empréstimo
40.000,00   15.000,00
  7.000,00 (3) (4) 2.000,00  
33.000,00   13.000,00

Custo das vendas Receita de vendas


(3) 7.000,00   15.000,00 (3)
   
197
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Gabarito

Ativo
Saldo bancário 12.400,00
Dupls. a receber 39.600,00
Estoque 33.000,00
Passivo
Capital Social 50.000,00
Dupls. a pagar 14.000,00
Empréstimo 13.000,00
Despesas
Custo das vendas 7.000,00
Receitas
Receitas de vendas   15.000,00
Soma 92.000,00 92.000,00

Noções gerais dos relatórios contábeis


1.
Balanço patrimonial

ATIVO CIRCULANTE (R$) PASSIVO CIRCULANTE (R$)


Caixa e Bancos 51.000,00 Fornecedores 215.000,00
Duplicatas a Receber 240.000,00 Impostos a recolher 96.000,00
Estoque de Mercadorias 281.000,00 Salários e encargos a pagar 60.000,00
Soma 572.000,00 Contas a pagar 90.000,00
ATIVO NÃO CIRCULANTE Dividendos a pagar 120.000,00
Realizável a Longo Prazo Soma 581.000,00
Depósitos Judiciais 50.000,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Investimentos Exigível a Longo Prazo
Participações em controladas 160.000,00 Financiamentos bancários 250.000,00
Imobilizado
Imóveis 390.000,00 Patrimônio líquido
Veículos 90.000,00 Capital Social 400.000,00
Móveis e Utensílios 120.000,00 Reservas de lucros 105.000,00
(–) Depreciação acumulada (126.000,00) Soma 505.000,00
Soma 474.000,00
Intangível
Patentes adquiridas 80.000,00
Soma Não Circulante 764.000,00 Soma Não Circulante 755.000,00
ATIVO TOTAL 1.336.000,00 PASSIVO TOTAL  1.336.000,00
198
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Gabarito

2.

a) R$831.000,00, que é a somatória do passivo circulante mais o Exi-


gível a Longo Prazo.

b) R$505.000,00, que é o valor do patrimônio líquido.

c) Duplicatas a receber, Estoque de Mercadorias, Fornecedores, Im-


postos a Recolher, Salários e Encargos a Pagar, Contas a Pagar.

d) Com distribuição de dividendos, conforme a conta Dividendos a


Pagar.

3. O total emprestado é de R$23.400,00 em 36 parcelas, gerando parcelas


mensais de R$650,00 (–) R$650,00 · 36 parcelas = R$23.400,00). As doze
primeiras parcelas serão pagas dentro de 360 dias a partir da data do ba-
lanço de 30/09/X2. Portanto, o endividamento de curto prazo é R$650,00
· 12 parcelas = R$7.800,00

Se o total do financiamento é de R$23.400,00 e nenhuma parcela foi


paga, o endividamento de longo prazo em 30/09/X2 é de R$15.600,00
(R$23.400,00 (–) R$7.800,00), ou 24 parcelas · R$650,00 = R$15.600,00.

4. Até 31/12/X2 foram pagas as 3 primeiras parcelas. Como o curto prazo re-
presenta o próximo exercício, as 12 parcelas primeiras ainda por pagar re-
presentam o endividamento de curto prazo = R$650,00 · 12 = R$7.800,00.
Como faltam 33 parcelas e 12 já constam no curto prazo, as 21 parcelas
restantes são endividamento de longo prazo = 21 parcelas · R$650,00 =
R$13.650,00.

Em 28/02/X3 foram pagas mais 2 parcelas, restando 19 de longo


prazo e 12 de curto prazo. Assim, o endividamento de curto prazo é
de 12 parcelas · R$650,00 = R$7.800,00 e 19 parcelas de R$650,00 =
R$12.350,00.

Em 31/07/X3 foram pagas 10 parcelas, vencidas de 31/10/X2 até


31/07/X3. Portanto, faltam 26 parcelas, sendo 12 de curto prazo e
14 de longo prazo ( 12 parcelas · R$650,00 = R$7.800,00 e 14 parce-
las · R$650,00 = R$9.100,00).

Em 31/12/X3 foram pagas 15 parcelas, restando 21 parcelas, sendo 12


de curto prazo e 9 de longo prazo (12 parcelas · R$650,00 = R$7.800,00
e 9 parcelas · R$650,00= R$5.850,00).

199
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Gabarito

5.

Balanço Patrimonial em 31.12.X1


ATIVO CIRCULANTE (R$) PASSIVO CIRCULANTE (R$)
Saldo bancário 200,00 Duplicatas a pagar 250,00
Aplicações financeiras 840,00 Impostos a recolher 200,00
Duplicatas a receber 1.000,00 Empréstimo 700,00
Mercadorias 4.000,00 Financiamento 2.400,00
6.040,00 3.550,00
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Promissórias a receber 2.000,00 Financiamento 1.600,00
Ações de outras empresas 500,00
Investimentos
Ações de outras empresas 700,00 Patrimônio líquido
Imobilizado Capital Social 5.000,00
Imóveis 3.500,00 Lucros Acumulados 5.590,00
Utilitário 3.000,00 10.590,00
Soma 9.700,00 12.190,00
ATIVO TOTAL 15.740,00 15.740,00

6.

a) No balanço, o valor a ser apresentado é o valor a pagar mais os


juros devidos até a data do balanço.

 Juros de 3% ao mês (6 meses . 3% = 18% para 180 dias)

 Juros para 2 meses (novembro e dezembro/X4) = 6%

 R$2.000 . 6% = R$120,00

 Saldo em 31/12/X4 = R$2.120,00

b) No balanço, o valor dos estoques a ser apresentado inclui o custo


mais todos os gastos necessários até a mercadoria entrar na em-
presa.

 R$160,00

c) No balanço, as mercadorias devem ser apresentadas pelo custo,


salvo se o preço de mercado for menor.
 R$220,00 (custo ou mercado, o menor)
200
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Gabarito

d) As aplicações devem ser apresentadas no balanço pelo valor apli-


cado mais os juros proporcionais a serem recebidos até a data do
balanço.

 Juros de 6% para 3 meses; 2% ao mês;


 1% para 15 dias (de 16/12/X4 até 31/12/X4)
 Juros de 15 dias = R$5,00
 Saldo em 31/12/X4 = R$505,00

Situação financeira
1.

Balanço Patrimonial 
  Ano 1– R$ AV Ano 2 – R$ AV AH
ATIVO CIRCULANTE 255.000,00 56% 230.000,00 51% -10%
Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras 25.000,00 5% 25.000,00 6% 0%
Dupls. a receber – clientes 98.000,00 22% 87.000,00 19% -11%
Estoques 132.000,00 29% 118.000,00 26% -11%

ATIVO NÃO CIRCULANTE 200.000,00 44% 220.000,00 49% 10%

ATIVO TOTAL 455.000,00 100% 450.000,00 100% -1%

  Ano 1 – R$ AV Ano 2 – R$ AV AH
PASSIVO CIRCULANTE 315.000,00 69% 281.000,00 62% -11%
Dupls. a pagar – fornecedores 30.000,00 7% 29.000,00 6% -3%
Outras contas 35.000,00 8% 32.000,00 7% -9%
Empréstimos 250.000,00 55% 220.000,00 49% -12%

PASSIVO NÃO CIRCULANTE 140.000 31% 169.000,00 38% 21%


Exigível a Longo Prazo – Financiamentos 25.000,00 5% 45.000,00 10% 80%

Patrimônio líquido 115.000,00 25% 124.000,00 28% 8%


Capital Social 100.000,00 22% 100.000,00 22% 0%
Reservas de lucros 15.000,00 3% 24.000,00 5% 60%

PASSIVO TOTAL 455.000,00 100% 450.000,00 100% -1%

201
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Demonstração do Resultado do Exercício


  Ano 1 – R$ AV Ano 2 – R$ AV AH
Receita Operacional Bruta 415.000,00 126,6% 445.000,00 126,6% 7%
(–) Tributos sobre as receitas (87.150,00) -26,6% (93.450,00) -26,6% 7%
Receita Operacional Líquida 327.850,00 100,0% 351.550,00 100,0% 7%
       
Custo das Mercadorias Vendidas (232.774,00) -71,0% (245.382,00) -69,8% 5%
       
Lucro Bruto 95.077,00 29,0% 106.168,00 30,2% 12%
       
(–) Despesas operacionais (59.341,00) -18,1% (63.631,00) -18,1% 7%
Administrativas 26.228,00 8,0% 27.772,00 7,9% 6%
Comerciais 33.113,00 10,1% 35.858,00 10,2% 8%
       
Lucro Operacional antes dos resulta-
35.736,00  10,9% 42.538,00  12,1% 19%
dos financeiros
Despesas financeiras (26.978,00) -8,2% (25.573,00) -7,3% -5%
Receitas financeiras 2.025,00 0,6% 2.025,00 0,6% 0%
       
Lucro antes dos tributos sobre o lucro 10.783,00 3,3% 18.990,00 5,4% 76%
Imposto de Renda/Contribuição Social (3.696,00) -1,1% (6.628,00) -1,9% 79%
Lucro líquido do exercício 7.087,00 2,2% 12.363,00 3,5% 74%

2.

  Ano 1– R$  Ano 2 – R$ 


Indicadores de solvência
Liquidez corrente 0,81 0,82
Liquidez seca 0,39 0,40
Liquidez geral 0,75 0,71
Liquidez Imediata 0,08 0,09
Endividamento geral 2,96 2,63
Endividamento financeiro 2,39 2,14
Indicadores de atividades
Prazo médio de recebimento 85 dias 70 dias
Prazo médio de estocagem 204 dias 173 dias
Prazo médio de pagamento 46 dias 43 dias
Giro do ativo 0,72 0,78

202
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Gabarito

  Ano 1– R$  Ano 2 – R$ 


Indicadores de margem e rentabilidade
Margem operacional 10,9% 12,1%
Margem líquida 2,16% 3,52%
Retorno sobre o patrimônio líquido 6,16% a.a. 9,97% a.a.

3.

Os indicadores de liquidez, apesar de uma pequena melhora no ano 2,


não estão dentro dos parâmetros considerados normais, porque estão
abaixo de 1,00. Contudo, a empresa tem conseguido lucros nos dois
anos analisados. Assim, podemos avaliar que a situação financeira da
empresa merece cuidados, mas está sendo controlada por meio da
obtenção de lucros. Economicamente os resultados melhoraram e a
rentabilidade do ano 2 já começa a entrar em níveis aceitáveis. O re-
sultado do ano 2 foi melhor basicamente porque as receitas cresceram
um pouco mais que o custo das mercadorias e não houve aumento
adicional das despesas operacionais. Outro fator importante para a
melhora da rentabilidade foi a redução do endividamento financeiro,
que possibilitou reduzir as despesas financeiras, pressionando menos
o lucro. Os pontos fracos da empresa estão nas atividades, onde os pra-
zos médios de recebimento e estocagem estão muito além do normal
para empresas comerciais. Isso provoca a necessidade de manter um
valor alto do ativo e, consequentemente, a necessidade de financiá-lo,
provocando despesas de juros. Isso está refletido no baixo índice de
giro do ativo.

4.

Balanço Patrimonial – Formato Financeiro


  Ano 1 – R$ Ano 2 – R$
CAPITAL DE GIRO 165.000,00 144.000,00
Dupls. a receber – clientes 98.000,00 87.000,00
Estoques 132.000,00 118.000,00
(–)
Dupls. a pagar – fornecedores (30.000,00) (29.000,00)
Outras contas (35.000,00) (32.000,00)

ATIVO FIXO 200.000,00 220.000,00

203
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Gabarito

Balanço Patrimonial – Formato Financeiro

ATIVO OPERACIONAL 365.000,00 364.000,00

  Ano 1 – R$ Ano 2 – R$
CAPITAL DE TERCEIROS 250.000,00 240.000,00
Empréstimos 250.000,00 220.000,00
Financiamentos 25.000,00 45.000,00
Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras (25.000,00) (25.000,00)

CAPITAL PRÓPRIO 115.000,00 124.000,00


Patrimônio líquido 115.000,00 124.000,00

PASSIVO OPERACIONAL 365.000,00 364.000,00

Apuração do Lucro Operacional e Custo Financeiro


  Ano 1 – R$ Ano 2 – R$
Alíquota média do IR/CSLL
Lucro antes dos tributos sobre o lucro 10.783,00 18.990,00
IR/CSLL 3.696,00 6.628,00
Alíquota média 34,3% 34,9%

Custo financeiro líquido de IR/CSLL


Despesas financeiras 26.978,00 25.573,00
(–) Receitas financeiras (2.025,00) (2.025,00)
Despesas financeiras líquidas 24.953,00 23.548,00
Alíquota média 34,3% 34,9%
IR/CSLL s/ despesas financeiras líquidas 8.559,00 8.218,00
Custo financeiro líquido de IR/CSLL 16.394,00 15.330,00

Lucro operacional líquido de IR/CSLL


Custo financeiro líquido de IR/CSLL 16.394,00 15.330,00
Lucro líquido do exercício 7.087,00 12.363,00
Lucro operacional líquido de IR/CSLL 23.481,00 27.693,00

204
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Gabarito

5.

Análise da Rentabilidade  
  Ano 1 – R$   Ano 2 – R$  
Método Dupont
Giro do ativo 0,90 0,97
x
Margem operacional 7,16% 7,88%
=
Rentabilidade operacional 6,44% a.a. 7,64% a.a.
Alavancagem financeira
Rentabilidade operacional 6,44% a.a. 7,64% a.a.
Custo do capital de terceiros 6,56% a.a. 6,39% a.a.
Rentabilidade do patrimônio líquido 6,16% a.a. 9,97% a.a.

Comentários: a melhoria da rentabilidade operacional foi decorrente


tanto da melhora do giro quanto da melhora da margem operacional.

No ano 1, o custo de capital de terceiros foi superior à rentabilidade


operacional, provocando queda da rentabilidade do patrimônio líqui-
do, caracterizando alavancagem financeira negativa.

No ano 2, a rentabilidade do patrimônio líquido melhorou, tanto em


razão da melhora da rentabilidade operacional quanto do menor cus-
to do capital de terceiros.

6.

Valor Econômico Adicionado – EVA (Economic Value Added)


  Ano 1 – R$   Ano 2 – R$
Custo de oportunidade de capital 9% a 9%
Valor do investimento (Patrimônio líquido) 115.000,00 b 124.000,00
Rentabilidade mínima esperada 10.350,00 c=a·b 11.160,00
Lucro Líquido obtido 7.087,00 d 12.363,00
EVA - Valor Econômico Adicionado (3.263,00) e=d–c 1.203,00
Percentual sobre o patrimônio líquido -2,84% f = e/b 0,97%

Comentários: no ano 1 tivemos o fenômeno da destruição de valor,


porque o lucro líquido obtido não conseguiu cobrir o custo do capital.
No ano 2 houve a recuperação e a empresa conseguiu apresentar, efe-
tivamente, valor econômico adicionado, superando o custo de capital
em 0,97%.
205
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Paulo: Campus, 1997.

BRASIL. Lei 6.404, de 15 dezembro 1976. Disponível em: <www.planalto.gov.br/


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al Básico: estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstra-
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COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 01


– redução ao valor recuperável de ativos. Disponível em: <www.cpc.org.br/pdf/
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HENDRIKSEN, Eldon S. Accounting Theory and Practice. 3. ed. Homewood: Ri-


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INDÚSTRIAS ROMI S.A. Disponível em: <www.romi.com.br/fileadmin/Editores/


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PADOVEZE, Clóvis Luís. Introdução à Contabilidade: com abordagem para não


contadores. São Paulo: Pioneira Thomson, 2006. p. 49.

STICKNEY, Clyde P.; WEIL, Roman L. Contabilidade Financeira. São Paulo: Atlas,
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WARREN, Carl S. et al. Fundamentos de Contabilidade: princípios. São Paulo:


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Anotações

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