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Pró-Reitor de Extensão
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Pró-Reitor de Pesquisa
Cristóvam Wanderley Picanço Diniz
Pró-Reitor de Planejamento
Joaquina Barata Teixeira
3v.
ISBN: 85-247-0118-8
CDD - 622.15
~
GEOFISICA
DE ~
PROSPECÇAO
Volume 1
••
EDITORA
UNIVERSITÁRIA editora©CejUP
UFPA
Título e texto amparados pela Lei n? 5.988, de 14 de dezembro de 1973.
É com muita satisfação que apresento mais uma obra editada pela Universi-
dade Federal do Pará.
Os Autores
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.21: Efeito da altura de vôo nas anomalias magnéticas: (a) levanta-
mento aéreo a diversas alturas; (b) levantamento terrestre. 240
Figura 4.22: Configuração de vôo usada em levantamentos aeromagnéticos. 241
Figura 4.23: Perfis magnéticos calculados para o modelo tabular vertical (com-
primento e extensão em profundidade infinitos) de largura igual a 4 vezes a
profundidade h do seu topo. Os perfis são perpendiculares à direção do corpo
I
e foram calculados para inclinações do campo magnético = O, 15, 30 e 45°, e
ângulos entre o norte magnético e a direção do prisma B = O a 90° (a intervalos
de 15°). Adaptado de Leão & Silva 1977. 243
Figura 4.24: Sensor de magnetômetro montado na cauda de'um avião. Foto de
José Fernando Pina Assis. 244
Figura 4.25: Situação em que a topografia pode afetar as medidas magnéticas
terrestres. 247
Figura 4.26: Efeito magnético da topografia de um terreno com susceptibilidade
magnética próxima de 0,007 unidades cgs. Adaptado de Gupta & Fitzpatrick
(1971). 247
Figura 4.27: Representação esquemática do resultado obtido após a redução ao
polo de anomalia provocada por magnetização induzida. 250
Figura 4.28: Representação esquemática do resultado obtido após a redução ao
polo de anomalia provocada por magnetização remanescente. 250
Figura 4.36: Modelo para simular falhas geológicas de gravidade com plano de
falha vertical. h-profundidade do muro; R-rejeito. 262
Figura 4.37: Geometria para o cálculo da anomalia produzida por uma fonte
de forma irregular, aproximada no plano xz pelo polígono de vértices A, B, C,
D e E. A fonte estende-se infinitamente na direção perpendicular ao plano xz. 264
Figura 4.38: Geometria para o modelo de dimensão dois e meio (Shuey &
Pasquale 1973). 265
Figura 4.39: Representação esquemática das fontes de anomalias de supra e
intra-embasamento. 269
Figura 4.40: Perfil geológico esquemático mostrando o armazenamento de pe-
tróleo em "armadilha" causada pelo arqueamento de sedimentos. O arqueamen-
to foi induzido pelos desníveis topográficos do embasamento (fonte magnética
de supra-embasamento). 270
Figura 4.4l: Mapa topográfico do topo do embasamento no campo de Swanson
River, Alasca. Adaptado de Steenland (1965). 271
Figura 4.42: Exemplo mostrando como os dados magnéticos podem melho-
rar a interpretação de dados sísmicos. A superfície de separação sedimentos-
embasamento foi estabelecida com base em dados sísmicos; o perfil magnético
sugere que a elevação do embasamento entre 10 e 20 milhas é irreal. Dados da
costa oeste da África. Adaptado de Nettleton (1976, p.437). 272
Figura 4.43: Levantamento aeromagnético na região de Boca Nova, Nordeste
do Pará, Brasil. Os dados (em nT) tiveram o IGRF removido. A anomalia na
parte norte da área foi provocada pelo corpo de nefelina-sienito-gnaisse Boca
Nova. 273
Figura C.3: Filtros ideais: (a) Passa baixa; (b) Passa alta; (c) Passa faixa; (d)
Rejeita faixa. fe, f1 e f2 são freqüências de corte. As regiões hachuriadas
representam as freqüências que são mantidas. 297
Figura C.4: Representação esquemática da aplicação de um filtro passa baixa
sobre um registro. fc-freqüência de corte. 297
Figura C.5: Filtro ideal do tipo passa baixa, com freqüência de corte 0,008
ciclos/m; (a) Domínio da freqüência; (b) Domínio do espaço. 299
LISTA DE TABELAS
Dedicatória v
Epígrafe Vil
Apresentação IX
Prefácio xi
LISTA DE FIGURAS XV
1.2.3 APLICAÇÕES 10
1.2.4 GASTOS 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27
2.1 INTRODUÇÃO 29
2.2.1 RECONHECIMENTO 30
2.2.2 DETALHAMENTO 34
2.4.5.1 Discretização 64
2.4.5.2 Transformação de Domínio 69
2.4.5.3 Correção, Filtragem e Empilhamento 71
2.4.6 INTERPRETAÇÃO 79
2.4.6.1 Anomalias 80
2.4.6.2 Modelos 82
2.4.6.3 Interpretações Qualitativa e Semi-quantitativa 90
2.4.6.4 Interpretação Quantitativa:
Métodos Comparativo, Direto e Inverso 92
2.5 RESULTADOS DA
PROSPECÇÃO GEOFÍSICA 97
4.3.1 DIAMAGNETISMO,PARAMAGNETISMO E
FERROMAGNETISMO 215
4.3.2 CURVA DE HISTERESE 218
1.1 INTRODUÇAO
Depósitos de petróleo, carvão e minerais-minério são feições da crosta ter-
restre raras e relativamente pequenas. Sua descoberta é portanto uma tarefa
extremamente difícil.
, -
1.2 GEOFISICA DE PROSPECÇAO
As rochas, não raramente, diferem em uma ou mais de suas propriedades,
provocando variações nos campos físicos e na propagação de ondas que atuam so-
bre elas. Conseqüentemente, essas variações, ao serem detetadas, podem fornecer
informações acerca dos materiais que as provocaram.
4 Geofísica de Prospeção: Quadro Geral
(a) I b ) (c )
.. ,. .. ' .. , ..
--------
--=--=---------
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(9 ) (h) (i)
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íçnea intrusiva
Metam6rfica
+ +
+
+ 1+++1
+ + [YJ
~
+
+ +
+
D Arenito ~ Calc6rio
Figura 1.1: Depósitos de petróleo associados a: (a) dobramento, (b) falhamento, (c)
domo de sal, (d) discordância angular, (e) discordância erosiva e (f) calcário cavernoso.
Carvão em: (g) paleovales, Água subterrânea em: (h) lente&de arenito e (i) camada com
infiltração de água salgad~, Minerais-minério em: (j) zona de fraqueza,(k) camada, (I)
lentes e (m) chaminé,
1.2 Geofísica de Prospeção 5
Todas as massas estão sob o efeito da atração mútua, regido pela lei de Newton
da gravitação. Mudanças laterais na densidade da Terra produzem variações locais
no valor do campo gravitacional terrestre que, embora muito pequenas, podem
freqüentemente ser detetadas, permitindo deduções sobre a subsuperfície.
A Gravimetria está voltada para o estudo dessas diminutas perturbações locais
do campo gravitacional terrestre, geradas pela distribuição de massas no subsolo,
ou seja, pela presença de rochas de diferentes densidades. Materiais mais densos
contribuem mais fortemente para o campo gravitacional do que os menos densos,
qUando se considera o mesmo volume e a mesma profundidade para ambos os
tipos de materiais; se os materiais apresentam a mesma densidade, a contribuição
maior é daqueles mais próximos da superfície, se eles ocupam igual volume, ou,
se os materiais ocorrem à mesma profundidade, daqueles que perfazem o maior
volume.
1.2.3 APLICAÇOES
As principais aplicações da Geofísica de Prospecção são:
Os corpos nos quais os sulfetos constituem mais de 50% do seu volume to-
tal são ditos maciços (Fig. 1.1j)j quando não atingem 20%, são classificados de
disseminados (Fig. 1.1k). Estes últimos alcançam grandes dimensões, daí se-
rem interessantes do ponto de vista econômico, apesar da concentração baixa de
sulfetos que possuem.
12 Geofísica de Prospeção: Quadro Geral
Sulfetos maciços são fontes de metais como o cobre, zinco, chumbo e níquel
que aparecem sob a forma dos seguintes minerais: calcopirita [CuFeS2], esfalerita
[ZnS], galena [PbS] e pentlandita [(Fe,Ni)gSg]. A maioria dos corpos de sulfe-
tos maciços possui alta susceptibilidade magnética devido a presença de minerias
magnéticos, dentre os quais a magnetita [Fe304] e a pirrotita [Fe70g], bem como
elevadas condutividade elétrica e densidade. Conseqüentemente, a Magnetome-
tria, os Métodos Elétricos e Eletromagnéticos e a Gravimetria têm sido utilizados
na prospecção desses corpos.
Corpos de sulfetos disseminados são fontes prováveis de cobre e molibdênio
porfiríticos sob a forma dos minerais calcopirita [CuFeS2], calcocita [CU2S]' bor-
nita [CuSFeS4] e molibdenita [MoS2]. O Método da Polarização Induzida tem se
destacado na prospecção de depósitos de sulfetos disseminados, porque o fenômeno
base do método ocorre nas faces de grãos metálicos que, nesses depósitos consti-
tuídos de um enorme número de grãos metálicos dispersos pela rocha, aparecem
em profusão.
1.2.4 GASTOS
A figura 1.3 mostra que 96% dos gastos com Geofísica de Prospecção no
período 1976-1990 foram dedicados à prospecção de petróleo. A prospecção mine-
ral, a segunda maior área de investimentos, ficou com 49% do que resta excluindo-
se a parcela dedicada à prospecção de petróleo, ou seja, 2% do total! Obtém-se
percentuais eqüivalentes àqueles apresentados na figura 1.3, considerando-se os
gastos realizados apenas na América Latina, mas, nessa região - e, pode-se es-
perar, no Brasil - a Geofísica atuou em níveis mais modestos em: prospecção
mineral (37% do que resta excluindo-se 98% dos gastos dedicados à prospecção
de petróleo), construção civil (10%), prospecção de água subterrânea (2%) e pro-
teção ambiental (0%); de um modo geral, os gastos com Geofísica nesta região
são instáveis, refletindo a inexistência de uma política bem definida, seja para o
setor mineral, seja para qualquer outro afim.
A prospecção de petróleo tem captado percentual tão elevado dos investimen-
tos em Geofísica de Prospecção, desde quando esta começou a se desenvolver,
entre 1920 e 1930. Conseqüentemente, os gastos com Geofísica de Prospecção
mostrados na figura 1.2 refletem a flutuação do preço do barril do petróleo. A
redução dos gastos por volta de 1983, por exemplo, foi gerada pela queda do preço
mundial do barril de petróleo com a subseqüente redução dos esforços e investi-
mentos em sua investigação. O deslocamento de investimentos para o hemisfério
oriental e regiões menos exploradas, por sua vez, reflete a preferência de países
hegemônicos pela compra do insumo mineral a preços reduzidos e conseqüente
concentração do interesse na pesquisa por regiões menos conhecidas, como forma
de proteger as suas próprias reservas (política de estocagem) ..
16 Geofísica de Prospeção: Quadro Geral
(a)
4000
-- MUNDO CAPITALISTA
cn -- E.U.A.
'-
Q)
~ 3000
"O
Q)
"O
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~ 2000
E
1000
o ano
76 78 80 82 84 86 88 90
500
(b)
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._ .. Oriente Médio
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ano
80 82 84 86 88 90
Figura 1.2: Gastos com Geofísica deProspecção: (a) do mundo capitalista e dos E.D.A.;
(b) de regiões selecionadas (períod,? 1976-~990).
1.2 Geofísica de Prospeção 17
H 96% Mi 49%
P 15%
Oc 9%
Am 1%
Figura 1.3: Percentagem média dos gastos com Geofísica na prospecção de petróleo e gás
(H), prospecção mineral (Mi), prospecção de água subterrânea (A), prospecção geotérmica
(Gt), construção civil (E), proteção ambiental (Am), Oceanografia (Oc) e em pesquisas
(P) (período 1976-1990).
A figura 1.4a mostra que 95% dos gastos com Geofísica de Prospecção no
período 1986-1990 foram feitos com apenas um método, a Sísmica. Esse resultado
é aproximadamente o mesmo considerando-se apenas os gastos com a prospecção
de petróleo, uma vez que esta capta, como visto anteriormente, 96% dos investi-
mentos na área (com Sísmica são gastos 98% do montante investido na prospecção
geofísica voltada para petróleo). A Sísmica não absorve percentual dos investi-
mentos de mesma ordem quando aplicada para outros fins afora a prospecção de
petróleo, como mostra também a figura 1.4.
(a) Geral
~~~:
S 9596 EM 1%
:J O 196
M 37%
G 496
o 996
S 5996
S 1296
Figura 1.4: Percentagem média dos gastos com métodos geofísicos (a) gerais e aplicados
à: (b) prospecção mineral, (c) prospecção de água subterrânea, (d) construção civil,
(e) proteção ambiental (período 1986-1990). Métodos: Gravimetria (G), Magnetometria
(M), Potencial Espontâneo (SP), Eletrorresistividade (ER), Polarização Induzida (IP),
Eletromagnéticos (EM), Radiometria (R), Sísmica (S), Termometria (T) e outros ou não
identificados (O).
1.2 Geofísica de Prospeção 19
Levantamentos
Ar+Furo 1%
Mar 35%
Cerca de 96% dos gastos com Geofísica de Prospecção são dedicados à pesqui-
sa de petróleo (Fig. 1.3). O contigente de geofísicos dedicados à pesquisa de pe-
20 Geofísica de Prospeção: Quadro Geral
tróleo não segue, contudo, tal proporção e, em vários países, essa não é a aplicação
que mais geofísicos absorve (Fig. 1.6).
Os recursos humanos em Geofísica de Prospecção advêm de pelo menos seis
escolas: americana, australiana, européia, russa, chinesa e japonesa.
A distância entre as três primeiras é pequena, porque maior tem sido a trans-
ferência de tecnologia entre elas. A escola americana é, contudo, bastante direcio-
nada para a investigação de petróleo e pouco se ocupa efetivamente da prospecção
mineral; Índia, Arábia Saudita, Israel, México e Brasil - com o décimo maior
número de geofísicos ativos na prospecção de petróleo - são alguns dos países
que seguem esse modelo. Os geofísicos australianos acumularam uma experiência
considerável na prospecção mineral em regiões tropicais e demais regiões onde
se desenvolve manto de intemperismo ou outros tipos de cobertura que podem
prejudicar a aplicação dos métodos geofísicos. Na Europa há modelos de de-
senvolvimento de recursos humanos voltados para a prospecção de petróleo (por
exemplo, França, Noruega, Holanda e Reino Unido) ou não (Alemanha e Itália
são exemplos)j com freqüência, por razões históricas, eles mostram um maior
amálgama com práticas da Geofísica desenvolvida nos observatórios (a Geofísica
de Prospecção desenvolveu-se a partir da Geofísica praticada nos observatórios e
vários dos primeiros observatórios se encontram na Europa).
Por razões políticas, a antiga Rússia e a China desenvolveram suas próprias
escolas largamente independentes da influência externa. Em 1930, a Rússia de-
pendia do know howeuropeu (francês) em Geofísica; em 1950, auxiliava a China
especialmente na investigação de hidrocarbonetos, contribuindo para o aumento
significativo da produção chinesa de hidrocarbonetos (até essa época, insignifican-
te, a despeito da indústria do petróleo ter ali se iniciado com a extração de gás
por tubulações de bambu já no ano 211 a.C.). A coopera-ção durou até 1961, em
conseqüência da ruptura ideológica entre ambas iniciada em 1958. A partir daí,
Rússia e China seguiram um desenvolvimento próprio, dedicado à investigação de
petróleo e a outros fins.
No Japão, país deficiente em recursos minerais e de terremotos freqüentes, os
geofísicos voltaram-se para os problemas relacionados à construção civil em áreas
instáveis.
EUA. Brasil
12.000 450
5'
Go U
- ~
A
H
20.000
800
E
ItáliaA E
U.R.S.S.
u
Mi
China
17.000
H
I
Go
Figura 1.6: Geofisicos dedicados à prospecção de petróleo e gás (H), prospecção mineral
(Mi), prospecção de água subterrânea (A), prospecção geotérmica (Gt), construção civil
(E), ensino e pesquisa universitária (U), pesquisa e levantamentos governamentais (Go),
desenvolvimento instrumental (I) e áreas não identificadas (n.i.) de países selecionados
(modificado de Palacky 1989b, incluindo dado de Palacky 1989a). O total de geofísicos é
fornecido abaixo do nome do país.
22 Geofísica de Prospeção: Quadro Geral
LIVROS:
ROBINSON, E.S. & ÇORUH, C. Basic Exploration Geophysics. New York: John Wiley,
1988,562 p.
SHARMA, P.V. Geophysical Methods in Geology - 2. ed. Amesterdam: EIsevier, 1986,
442 p.
SHERIFF, R.E. A first Course in Geophysical Exploration and Interpretation. Boston:
International Human Resources Development Corp., 1978, 313 p.
____ o Geophysical Methods. New Jersey: Prentice Hall, 1989,605 p.
SOCIETY OF EXPLORATION GEOPHYSICISTS. Mining Geophysics. 'fulsa: S.E.G.,
1969, v. 1: Case Histories, 492 p.; v. 2: Theory, 708 p.
TELFORD, W.M., GELDART, L.P., SHERIFF, R.E. Applied Geophysics. 2. ed. Cam-
bridge: Cambridge University, 1990, 770 p.
Dicionário:
A Geofísica pode também ser dividida com base na natureza dos fenômenos
físicos, ou seja, no objeto de investigação. Alguns autores preferem essa prática
porque, por exemplo, o campo geomagnético tem origem em grande parte no inte-
rior profundo da Terra mas também provém das correntes elétricas da atmosfera.
Elegeram-se assim ramos como:
Gravidade Terrestre,
Geomagnetismo e Paleomagnetismo,
Geoeletricidade,
Geofísica Nuclear,
SÍsmologÍa e
GeotermÍa,
Geofísica Global, por sua vez, é comumente referida como Geofísica Pura,
Básica, Fundamental ou Acadêmica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOMENICO, S.N. & SILVERMAN, D. Fifty Years of Progress - a Review 1930 - 1980.
Geophysics, v. 45, n. 11, p. 1600-1618, 1980.
2.1 INTRODUÇAO
Geofísica de Prospecção abrange um amplo espectro de atividades voltado pa-
ra a investigação de bens minerais e outras feições específicas, relativamente rasas
e de pequenas dimensões, através de seus efeitos em campos físicos ou na propa,-
gação de ondas. Estudos sobre campos físicos na superfície rasa, sobre técnicas
de levantamento das variações nesses campos físicos; bem como o desenvolvimen-
to de equipamentos para levantamentos com tais técnicas em escala comercial,
por exemplo, podem se desenvolver dentro do âmbito da Geofísica de Prospecção.
Dentre essas atividades, destaca-se a prospecção geofísica1: um conjunto de tra-
balhos que inclui medidas dos campos físicos ou das variações na propagação de
ondas e o estudo de sua relação com aS feições de interesse.
A prospecção geofísica não consiste de uma técnica aplicada isoladamente a
uma áreaj ela faz parte de uma seqüência de trabalhos, cujo fim é, em geral, a
busca de depósitos minerais de valor econômico. Por isso, este capítulo aborda a
seqüência de trabalhos que fazem parte dacampanha de prospecção mineral. Uma
outra seqüência de trabalhos abordada é a do mapeamento geológico apoiado na
Geofísica, que é conhecida como mapeamento geológico-geofisicoj o mapeamen-
to de uma área estabelece a base indispensável para a descoberta de depósitos
minerais por meio da prospecção mineral.
lOU exploração geofísica. Nesta obra, GeoÍÍsica de Prospecção engloba a prospecção geoÍÍsica
e o termo prospecção é preferido ao termo exploração, pelas razões expressas no item 1.3.1.
30 A Prospecção Geofísica
, -
2.2 A GEOFISICA NA PROSPECÇAO MINERAL
A prospecção sistemática de uma região com potencialidades minerais é rea-
lizada, geralmente, em três etapas sucessivas:
A Geofísica pode ser usada em todas essas etapas da prospecção mineral. Por
isso, é comum usarem-se terminologias como reconhecimento ou levantamento
regional geofísico, bem como prospecção geofísica ao nível de reconhecimento
ou geofísica de reconhecimento, com o fim de identificar a etapa da prospecção
mineral a que os trabalhos geofísicos se referem.
A figura 2.1 mostra a seqüência de trabalhos em cada uma das etapas da cam-
panha de prospecção mineral. Os primeiros trabalhos são aqueles que envolvem
as metodologias menos dispendiosas enquanto os último~, as mais dispendiosas.
Na figura, são também identificadas as diferentes etapas do trabalho geofísico.
2.2.1 RECONHECIMENTO
A prospecção de um bem mineral ou um conjunto deles, freqüentemente
abrange áreas extensas, da ordem de centenas de milhares de km 2, de modo
que é praticamente impossível efetuarem-se levantamentos detalhados de toda
a superfície a ser estudada, pelo menos do ponto de vista econômico. Con-
seqüentemente, numa primeira etapa são estudadas as grandes áreas a nivel de
reconhecimento, para que se possa realizar a seleção de zonas promissoras e pos-
teriormente detalhá-Ias.
Essa seleção é geralmente realizada utilizando-se critérios tais como: (a) con-
troles de mineralização, (b) guias de prospecção e (c) indicações favoráveis de
natureza geofísica, geoquímica ~ outras (Maranhão 1982).
Controles de mineralização correspondem a um conjunto de dados geológicos
e fisiográficos que condiciona a localização dos depósitos minerais. Os principais
2.2 A GeofísÍCa na Prospecção Mineral 31
o
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AVALIAÇÃO
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ECONÕMICA I
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são:
· litológicos e estratigráficos - muitas mineralizações localizam-se, preferencial
ou exclusivamente, em determinados tipos de rocha ou horizontes estratigráficos
(um bom exemplo é fornecido pela jazida de cobre do 3-Alfa, Carajás, Pará,
restrita ao xisto);
· paleogeográficos - alguns tipos de jazida mostram relações espaciais com as
condições pretéritas (o carvão do Rio Grande do Sul e a água subterrânea potável
da ilha de Marajó, Pará, localizam-se, respectivamente, em antigos vales e canais
de rios, ambos capeados por sedimentos)j
· estruturais - algumas estruturas geológicas fornecem condições seja para a
concentração de minerais (o ouro de Serra Pelada, Pará, restringe-se ao eixo do
sinclinal presente na área enquanto o de Morro Velho, Minas Gerais, às zonas
de fraqueza como falhas e fraturas), seja para o aprisionamento de hidrocarbo-
netos (o de Juruá, na Amazônia, está relacionado a uma faixa de dobramentos
acompanhada de falhamentos); e
· fisiográficos - depósitos aluvionares (como vários garimpos de ouro do ter-
ritório brasileiro) têm enorme relação com a geomorfologia pois a concentração dos
minerais pesados geralmente acontece por uma redução da velocidade das águas
dos rios, ocasionada, por exemplo, por mudanças de declividade em seu leito.
Guias de prospecção são representados por fatos diretos indicadores de mine-
ralização como a presença de minerais dito satélites, que quase sempre indicam a
existência de rochas ou minerais sob investigação. Grãos de piropo (granada), por
exemplo, podem indicar a presença de diamante, seu concomitante paragenético.
Como indicações favoráveis compreendem-se os resultados geofísicos e geo-
químicos, bem como geobotânicos, que possam significar ou conduzir a concen-
trações anômalas de minerais, petróleo e carvão. Zonas com radioatividade rela-
tivamente elevada indicadas pela Radiometria ou concentrações elevadas de U30g
reveladas por análises químicas, por exemplo, podem indicar ocorrências impor-
tantes de minerais de urânio.
ser utilizados mapas na escala de até 1:250.000 para fornecer apenas o chamado
fundo geológico.
,
Ao final dos estudos preliminares, mapas com informações das diferentes car-
tas são construídos, e zonas interessantes são assinaladas para os levantamentos
de campo.
2.2.2 DETALHAMENTO
A integração dos resultados obtidos torna possível avaliar, sob o aspecto geoe-
conômico, se a área deve ser abandonada ou tornar-se alvo de estudos ainda mais
detalhados. Neste último caso, sítios específicos das áreas detalhadas são sele-
cionados para verificação através de furos de sondagem, com graus de prioridade
ditados pelos resultados favoráveis a concentrações de bens minerais encontrados
para os mesmos. Não raramente, resultados promissores são encontrados na borda
das áreas sob investigação: a extensão das áreas de detalhamento pode, então, ser
decidida.
2Pode existir uma etapa dita de semi-detalhe, um detalhamento ainda grosseiro dos alvos,
precedendo os trabalhos mais minuciosos. O semi-detalhe pode ser útil na prospecção de áreas
de grandes dimensões e em regiões tropicais (Hastings 1982).
2.3 A GEOFÍSICA NO
MAPEAMENTO GEOLOGICO
,
O mapeamento geológico de uma área, base indispensável para a descoberta
de jazidas, é realizado comumente com o apoio da Geofísica. A seqüência des-
ses trabalhos de mapeamento, conhecida como mapeamento geológico-geofísico, é
apresentada na figura 2.2.
Primeiramente, é realizado o estudo minucioso de mapas geológicos bem co-
mo de mapas geofísicos obtidos através de levantamentos aéreos convencionais
(em geral, com a Magnetometria e a Radiometria) e de satélites (com a Magne-
tometria e a Gravimetria), fotos aéreas, imagens de radar e outros produtos do
sensoriamento remoto eletromagnético.
A integração dos resultados obtidos a partir dos mapas e fotos, com freqüência
conduz à eleição de áreas cuja verificação geológica é imprescindível. Assim, por
exemplo, quando a uma litologia A representada no mapa geológico, corresponde
uma configuração específica do mapa geofísico, áreas com tal configuração podem
ser preliminarmente atribuídas à litologia A, mesmo que o mapa geológico indique
o contrário. Se A é, por exemplo, basalto, o mapa magnético pode conter uma
concentração de isovalores que se fecham em pequenos intervalos espaciais (pe-
quenos dipolos); esse padrão pode aparecer numa área onde o basalto se encontra
capeado parcialmente por sedimentos recentes. Os resultados são incorporados
às cartas, enriquecendo-as, bem como permitindo a eleição de importantes guias
para a continuidade do trabalho.
A seqüência de trabalhos repete-se, até deixarem de existir áreas que deman-
dem a verificação geológica na escala considerada.
O mapeamento geológico-geofísico pode ser considerado um caso particular
da etapa de reconhecimento da prospecção mineral e o trabalho geofísico nele
36 A Prospecção Geofísica
ESTUDOS
. GEOFíSICOS *"
ÁREA
MAPEADA
*
jINTERPRETA®
- #
de água do material, por exemplo, não permanece o mesmo, o que afeta a sua
condutividade elétrica).
As medidas in situ são realizadas em poços, paredes de furos de sondagem,
afloramentos de rocha, minas e outras exposições litológicas. Para as medidas
de laboratório são usadas amostras de picagem, que correspondem a amostras
retiradas com marreta de exposições litológicas e, principalmente, amostras de
sondagem (ou testemunho), que consistem de porções cilíndricas do material atra-
vessado e recuperado por furos de sondas manuais ou de maior porte, que atingem
profundidades que variam desde alguns centímetros a centenas de metros. Apenas
as amostras e as porções das paredes de exposições litológicas representativas de
cada uma das feições sob investigação são utilizadas.
Muitas vezes, as propriedades não são medidas porque exposições ou amostras
litológicas não se encontram disponíveis, como ocorre em partes da Amazônia, em
conseqüência do forte intemperismo ali atuante. Quando isso ocorre, o contraste
nas propriedades físicas pode ser avaliado com o amalio de tabelas de valores
obtidos para propriedades de materiais geológicos de áreas diversas; todavia a
maioria das propriedades pode variar bastante de uma área para outra, de modo
que o aUXIlioque essas tabelas pode prestar é limitado. Uma outra possibilidade
é realizar o levantamento de pequenas porções da área com diferentes métodos
geofísicos, onde já se saiba da existência de mineralizações ou qualquer outra
feição de interesse.
M = j(S,R) (2.1)
A avaliação da razão S/R, abordada por Ward & Rogers (1967) além de
outros, exige a montagem de um quadro dos ruídos provavelmente existentes na
área.
40 A Prospecção Geofísica
Uma fonte de ruídos para um método geofísico pode, todavia, não afetar um
outro método ou, até mesmo, corresponder ao sinal para o mesmo. Nas medi-
das, por exemplo, com o Método da Eletrorresistividade, a diferença de potencial
natural é compensada porque representa ruído; com o método do potencial es-
pontâneo, a meta é detetar esse potencial natural. O uso de métodos sensíveis a
diferentes fontes de ruído aumenta a probabilidade de detecção do alvo.
2.4 Etapas da Prospecção Geofísica 41
(a) Projeção de uma linha base, também conhecida como picada mestra, em
geral, paralela à direção esperada para as feições sob investigação, passando
pelo centro da zona de maior interesse. A linha base deve ser preparada
com teodolito.
(c) Demarcação de posições nas linhas transversais com estacas (ou piquetes),
que correspondem às estações. Em geral, as estações são projetadas a in-
tervalos regulares que variam de 10 a 200 m, com o aUXI1iode trena. As
estacas, comumente de madeira e com 30 a 50 cm de comprimento, devem
conter uma inscrição a tinta ou em uma placa metálica, com a indicação da
linha transversal e da estação de medida que representam. A notação dos
valores das coordenadas em metros e com alusão aos pontos cardeais facilita
44 A Prospecção Geofísica
•••••••••• L T400N
r lD
•..
• • • • • • L T300N
LT200N
LEGENDA
LS Linho So••
LT 100N
LT Linho Tron$ver$ol
E.toç~e.
• ••••• L TO
@ E$toç~o 150N,250W
ESCALA
O 50 100 150 200m
t , , , , ~~
J
__
I
e.-_ • ., __
I
.-
1-
_
I I ~~...-.~~,~--, L TipO S
500W 400 300 200 100 O 100 200 300!
200 km
s;. '"
-----.-~---
-----.-----
-----.-----
- - - - - -<-- - --
ESCALA
o 2 5 IOkm
"! ,
LINHA DE
CONTROLE
Quanto mais agitadas as águas na área de trabalho, mais imerso deve ficar
o sistema de recepção para não acompanhar o movimento das ondas. Pesos de
chumbo podem ser utilizados para fazer o cabo afundar imediatamente atrás da
embarcação. A profundidade de equilfbrio do conjunto de sensores rebocados pelo
cabo é tanto maior, quanto menor for a velocidade da embarcação, que é, em geral,
reduzida: 5 a 10 nós (sendo 1 nó = 1.852 m/h).
Nos levantamentos aéreos e marinhos, os dados coletados pelos sensores são
enviados através de cabos elétricos ou rádio aos registradores instalados no interior
do veículo. Outras informações são também registradas, como a altura do vôo ou
a espessura da lâmina de água, bem como o posicionamento das leituras, que pode
ser obtido por meio de diferentes sistemas, a seguir abordados.
46 A Prospecção Geofísica
radioposicionamento,
posicionamento Doppler,
posicionamento inercial e
posicionamento por meio de satélites.
0.2 % distância
Doppler percorrida
~
Inercial precisão Doppler
ilimitado 10m
Satélite ilimitado 1 - 10-2 m
2.4.2.3.1 Radioposicionamento
Figura 2.5: Posicionamentopor meio de radar. Pontos atingidos em terra: alvos conhe-
cidos ou estações.
® PLATAFORMA
A, M, B - ESTAÇÕES DE TRANSMiSSÃO
~ TERRA FIRME •
O MAR
LINHAS
AM,.,..-
DE POSiÇÃO
MB
OBTIDAS
",--
COM
Os sistemas de longo alcance, por sua vez, como o próprio nome indica, per-
mitem trabalhos a distâncias maiores do que os sistemas em visibilidade, mas nem
sempre apresentam a precisão necessária para os trabalhos de Geofísica. Como
a luz do Sol promove ionização, a interferência das ondas refletidas pela ionosfe-
ra (sky waves) torna-se variável ao pôr do Sol e ao amanhecer, e a acurácia das
medidas, nesses períodos, torna-se ainda menor.
(o) 3.oo0.v'
I
I
J
Linha de posicOo para
J
diferença de tempo de
transmissOo de 800ps
'"
"-
"-
3.800}l s
/
/
I
/
I
/
/
I
I
(b)
\-
\
\
\ --
.'..::
"- ...•.•.
-8
A,M
--
PLATAFORMA
ESTAÇÕES
L INHAS
DIFERENÇAS
DE POSiÇÃO
TRANSMiSSÃO
DE TRANSMISSÃO
DE TEMPO
HIPERSÓLlCAS
DE
CONSTANTES
Figura 2.7: (a) Exemplo de linha de posição hiperbólica para diferenças de tempo de
transmissão constante (8()O J.ls) entre duas estações de rádiofreqüência sincronizadas; (b)
Família de hipérboles definidas pelas duas estações.
2.4 Etapas da Prospecção Geofísica 51
""'
~
//~
~""
"'o ~/l:
s/c:' o o
40 o o",,,,
Os4~-(~-\>
~(/
,.~ -
(técnica diferencial).
A partir de 1983, vários receptores GPS foram lançados no mercado (Macro-
meter, o primeiro deles). O desenvolvimento desses receptores, cujos princípios de
operação são descritos por Collins (1986), mostra várias tendências de interesse
para a prospecção geofisica (especialmente se incluir levantamentos terrestres), co-
mo: redução no volume, peso, tempo de leitura, consumo de energia (alimentação
possível a partir de bateria de 12 V) e custo do instrumental bem como aumento
das facilidades de conexão direta deste a computador através de interface e da
acurácia dos resultados finais.
Com as características dos sistemas Transit e GPS há os sistemas russos
Zikade e Glonass, respectivamente. O Zikade foi estabelecido em 1967 e o Glonass
em 1976 (Stiller 1988).
Finalmente, o terceiro sistema de posicionamento, o SLR, utiliza o tempo
que um pulso laser produzido em terra leva para atingir um alvo equipado com
refletor apropriado, o satélite, e retomar ao ponto do qual foi transmitido. O alvo
pode também ser a Lua, quando a técnica passa a ser denominada de LLR (Lunar
Laser Ranging).
..
2.4 Etapas da, Prospecção Geofísica
.
57
25W
275 E
Figura 2.12: Modelo de caderneta de campo. Os dados usados referem-seà linha mais
ao norte da área hipotética demarcada conformemostra a figura 2.3.
A reunião dos perfis, com a distância entre eles obedecendo à mesma estabe-
lecida para as abscissas, fornece o mapa de perfis rebatidos ou, simplesmente,
mapa de perfis (Fig. 2.13b).
Antes do advento dos computadores, os mapas de contorno de isovalores
ou, apenas, mapas de contorno eram desenhados manualmente. O procedimen-
to consistia na colocação dos valores medidos nas estações sobre os pontos que
representam a posição das mesmas e união das posições em que a medida apre-
sentava um mesmo valor, interpoladas a partir das posições de medida, por meio
de curvas, semelhantes às curvas de igual elevação (curvas de nível) dos mapas
topográficos (Fig. 2.13c).
As curvas de isovalores são delineadas para valores redondos das medidas
(-100, O, 100, 200, por exemplo); mas, se as medidas variam dentro de amplos
limites, intervalos exponenciais (1, 10, 100...) ou aproximadamente exponenciais
(1,3, 10, 300...) são preferidos. As curvas não podem se cruzar, bifurcar ou ter
extremidades no centro do mapa: elas são fechadas ou terminam nas bordas do
mapa.
Como a distinção entre as zonas de altos e as zonas de baixos valores não
pode ser feita pelo aspecto fechado das curvas, é comum usar hachuras na curva
mais central das zonas de b~xos valores, para facilitar a sua discriminação das
zonas de valores elevados (canto sudeste da figura 2.13c). Nas zonas em que as
medidas variam bruscamente, apenas algumas linhas são desenhadas, para evitar
que o mapa fique sobrecarregado. Os pontos que representam as estações e os
valores neles lançados não são, comumente, mostrados no mapa final.
Os dados podem também ser apresentados sob a forma de bloco diagrama
ou em três dimensões (3D) (Fig. 2.13d). Através desse tipo de representação, a
montagem dos perfis e dos mapas abordados pode ser facilmente visualizada.
2.4 Etapas da Prospecção Geofísica 59
(a) A ~ E
o B
::i -5 6
-10
, ~ ,;"'"';, 10m'
(b) (e)
15N _
12N
9N
~tN
-.-----:-
==========:::==========
I 12N r 036
~
km
6N
B
O·A
35
65 65
95
155
.------.--r
~r=
~
i i l I i [
125-1 ~
12W 6W O 6E 12E
12W 6W O 6E 12E
Esca 10 Horizontal
o 6 12 Escola
~ Vertical ~-5
km
0j
-10
Figura 2.13: Apresentação de dados geofísicos (gravimétricos) sob a forma de: (a) perfil,
(b) mapa de perfis rebatidos, (c) mapa de contornos de isovalores e (d) bloco diagrama.
u.m.-unidades de medida. Os dados referem-se ao domo de sal de Humble, Houston,
E.V.A. (Nettleton 1976, p. 263-265). Cortesia de Jessé C. Costa.
60 A Prospecção Geofísica
Figura 2.14: Apresentação de: dados geofísicos (gravimétrico, gradiente horizontal) sob
a forma de mapas de relevo sombreado. As setas mostram os extremos de um lineamento
não observável para um ângulo de "iluminação" de 3340 (a), mas nítido para um ângulo
de 3050 (b). Dados do norte de Nevada, E.D.A., da LCT (Best & Spies 1990, p. 41).
u.m.
Em nenhum dos gráficos, podem faltar: a identificação dos perfis e das es-
tações e, se for o caso, dos tempos (ou freqüências) de operação, bem como da
medida representada, a posição do Norte (magnético, geográfico) e a escala, pre-
ferencialmente na forma gráfica, para evitar problemas com posteriores reduções
ou ampliações dos gráficos. Mostrar a localização de rios, de estradas e de outras
feições ajuda a identificar a área de trabalho.
(a) Aduclal
W,
~
"",'
g7
I"''''''',
96 96
E
-----------_ e
(c)
x y z A I
6E
SE
2E
Figura 2.16: Apresentação de dados geofísicos (EM) do domínio (a) do tempo (Método
INPUT) sob a forma de perfis obtidos em aerolevantamento sobre a região de Santa Luz,
Bahia, Brasil - os canais correspolldem aos instantes das medições (Sena 1977, p.65);
(b) da freqüência (Método AFMAG) sob a forma de mapa de perfis rebatidos - medidas
obtidas na região de Uauá, Bahia, Brasil (Luiz 1977, p.39); (c) da freqüência (Método
VLF) sob a forma de mapa de contornos - dados obtidos com 24 kHz, na zona do filão
Esperança das minas de cobre do Camaquã, Rio Grande do Sul, Brasil (IPT et aI. 1986,
p.114).
2.4 Etapas da Prospecção Geofísica 63
A
-E B
(o)
E 12W 5 o _ 5 12E
:i -5
-10
lI:> J12W
iII
l::::::::::I;;;
----J
km
II
((~~)~
I5W
5E
12E
o \
o 3 6
(e)
15N-~===========~- B
12N~1N
55
12N-_--============_
"j r 125
o A
2
9N ========~=--_-_-_-_
-_-_-_~~-======~-
5N
::=
::s::: s:=z
35
125
155---~==========
I 121W i 6'W i o 6lE i d~:E i
o
EscolO Horizontal
t==-
o
km
6 12
Verticol
Escala ~ -101
-~]
Figura 2.17: Dados da figura 2.13 após tratamento. (a) perfil, (b) mapa de perfis
rebatidos, (c) mapa de contorno de isovalores e (d) bloco diagrama. O tratamento dos
dados restringiu-se às correções Bouguer, ar-livre, latitude e maré. Cortesia de Jessé C.
Costa.
64 A Prospecção Geofísica
2.4.5.1 Discretização
MEDIDAS MEDIDAS
DISCRETlZAÇÃO
FORMA AN ALÓGICA ~ FORMA DIGITAL
p.
" N
!
,<...,
o 1I
f(1:'-) 11'ro R I
I I 1 ''?-d 1 I
11,,1, I
~IIIIIIIO -
,,1111'9
1II II --
),1'1
Til, I' 7 6 - - --
':: I 6 ~-
1;,,5 -
_ /1,4 -
__ ó'3 - - 1: distllncia
__ ,2 -- -- ou tempo
- - "I - f("tl
0-- medidos
I\--t-/\
\5Q I
1\\
I,
I -
tempo (t)
J. PERíODO
(T)
J
1\-'--7'\
;~\J1
Amplitude 1\\,- distõncia (x)
FreqUência
temporal
Freqüência
espacial
=
Período
Número
de onda
= -----
Camp. de onda
I I
j COMPRIMENTO ~
DE ONDA ()..)
Cada ciclo pode ser descrito, no domínio da freqüência, pelas suas amplitude,
freqüência e fase. Esta última pode ser definida como cicomeço do ciclo em relação
ao começo de um ciclo padrão. A diferença de fase entre dois ciclos é medida
pela diferença entre os começos dos dois ciclos.
NVV\/\M
I:UL I'ULi
w 21
f 2(
freqüência
w 2j
O f
freqüência
2(
j2lLL
ã.1
E
'"
O f 2f
freqüência
•
f
•
2(
•
f
•
2(
~oL--....1-
~.rzj.
f
T
2(
freqüência freqüência freqüência
(b2)
Figura 2.20: Formas de ondas resultantes da soma de duas senóides com freqüências / e
2/: (aI) amplitudes iguais e diferença de fase de valor zero; (a2) amplitude da componente
de alta freqüência igual ao dobro da outra e diferença de fase igual a zero; (aa) amplitudes
semelhantes às anteriores e diferença de fase igual a 45°. (bI), (b2) e (ba) são a repre-
sentação, no domínio da freqüência, das formas de ondas resultantes respectivamente de
(ad, (a2) e (aa).
2.4 Etapas da Prospecção Geofísica 67
Uma função do tempo, f(t), periódica, pode ser aproximada por uma com-
binação de senóides e cossenóides, por meio de seu desenvolvimento em série de
Fourier:
an = T2 j+f
_1'. f(t) cos( nwt) dt , (n = O, 1, 2, 3, ... ) (2.3)
2
tempos (como nas Eqs. 2.3 e 2.4) e freqüências (equações seguintes), que podem
assumir valores negativos, é um artifício matemático útil para o processamento.
A aproximação das medidas por ondas representa, contudo, o passo inicial para
o tratamento dos dados geofísicos, como poderá, ser compreendido a partir daqui.
Ademais, é importante notar ql.le a série de Fourier pode ser desenvolvida para
mais de uma dimensão; em duas dimensões pode ser usada para descrever mapas
de dados, por exemplo, gravimétritos.
u.m.
Componentes Hz
1li
80
60
10
70
llO
15
75
100
Se as· medidas contêm freqüências maiores dó que fN, elas não são amos-
tradas corretamente e, conseqüentemente, contaminam os sinais desejados. Uma
freqüência maior do que fN, isto é, fN + f, aparece nos dados digitalizados como
uma freqüência fN - f. Se o intervalo de amostragem é 0,2 s e as medidas contêm
informação de 4 Hz, elas são amostradas de modo similar a medidas de sinais de
1 Hz, contaminando a componente espectral correspondente a 1 Hz; isso já não
ocorre, se o intervalo de amostragem for igual a 0,1 s (Fig. 2.22).
e
(2.9)
f(t) = 21.100
7r -00 F(w) eiwtdw
70 A Prospecção Geofísica
sendo:
Sinal
(a) rV\mAt
:V: :V: \IfV '
.\1-0.1 • "
f. - iO Hz
"'. '
fN- 6 Hz
SInal AIISlIlng
'-4 Hz '_1Hz
'I I I
., • I
(b)~
; 4(-0,2 • ~ : : j 1
,- ; Hz
'N- 2.5 Hz
(c) li!
~li! 1
'"
2,5 4
Figura 2.22: (a) amostragem sem a/iasing (fN > 1); (b) amostragem com a/iasing
(fN < 1); (c) Relação entre as freqüências do sinal de entrada e as freqüências de saída
da amostragem. As freqüências maiores do que IN são apresentadas como freqüências
menores do que IN.
Com o auxflio da identidade e-i4> = cos </> - isen </>, pode-se escrever a trans-
formada de Fourier (equação 2.8) como
</>(w)=arctg ( - B(W))
A(w) , (2.13)
sendo IF(w)1 o espectro de amplitudes de f(t) e </>(w) o espectro de fases de
f(t). O quadrado do espectro de amplitudes é chamado de espectro de energia ou
função densidade espectral de energia de f(t) (Hsu 1972).
A transformada de Fourier separa as formas de-onda de diferentes freqüências
que se combinam para fornecer f( t). O resultado, amplitude e fase versus
freqüência, respectivamente os espectros de amplitude e de fase, corresponde à
descrição do sinal no domínio da freqüência (Fig. 2.20b). No domínio do tempo,
convém lembrar, sinal idêntico é descrito pela amplitude versus tempo (Fig. 2.20a).
O par de transformadas de Fourier permite que o processamento seja rea-
lizado em um domínio, ou no outro, o que é extremamente vantajoso, porque
algumas operações são executadas de forma mais econômica em um domínio do
que em outro (para processamento com computadores digitais, a forma contínua
do par de transformadas de Fourier, apresentada nas equações (2.8) e (2.9), deve
ser substituído por um par de transformadas discretas - Brigham 1974). Os
primeiros trabalhos geofísicos, contudo, foram realizados em apenas um domínio,
devido ao elevado tempo de computação necessário para realizar a transformação
de domínio. Em 1965, foi publicado um algoritmo capaz de calcular a transfor-
mada de Fourier com uma considerável redução no tempo de computação. Es-
se algoritmo é conhecido por algoritmo de Cooley-Tukey ou FFT (Fast Fourier
Transform) (Brigham 1974). Posteriormente outros algoritmos foram desenvolvi-
dos (Weinstein et al. 1979; Press et al. 1989).
Tanto as transformadas de Fourier, como a Série de Fourier, podem ser de-
senvolvidas para mais de uma dimensão (Fraser 1979; Singleton 1979).
a fim de serem eliminados ou aproveitados de modo restrito. Isso é feito com base
no comportamento dos dados, que pode ser avaliado com o amcmo de critérios
estatísticos, nas observações de campo e na experiência do geofísico. Os efeitos
que sobram após a eliminação de efeitos indesejáveis representam o residual ou
resíduo.
:: --- -------
- 't
Fll TRAGEM
__ - Seixos
FREOUENCIAS
(Regional)
• •.•.••.•• Altos
I
~~.L __ ""
Para duas funções x(t) e h(t), a sua convolução (simbolizada por um asterisco)
é definida por:
f(t) = x(t)* h(t) = 1: x(to) h(t - to) dto = 1: h(to) x(t - to)dto
(2.14)
7Para os leitores surpresos com o termo intuitivo, é conveniente assinalar que várias decisões
em Geofísica representam, pelo menos, em parte, uma.abstração escolhida intuitivamente. Trata-
se especialmente da intuição heurística, como proposta no livro de Gnosiologia de Bazarian
(1985).
74 A Prospecção Geofísíca
h(-to)
l:TIilll
h(trto) O o1
0 1
h(t) 1+
·0 Z
3xO - y(t)
:~,
o 1 3
t .
*
Z
2xI [TI
X(t) 13\ Z 11 1 O I lUh(t)
~
~
X(t~
h(2trt.)~
x(to)~ IxI + 2xO + 3X~ - ~
OxO + Ix.! -
2 m
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2
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UZ345
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+
~
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~l . ...
-
.....•.....•t.
tíjzt<l:['
h(t) ~ .'
t;
o 1 23456
t '.. h(t) Il
LEGENDA
fonte
,i:ft ~ açio da fonte
'Y receptor ~ reação iIi Interface I
•• reaçio iIi Interf_ II
Seja a ação de uma fonte física (Sísmica, por exemplo), representada pelo
pulso x(t) = 3,2,1, O (o termo pulso é utilizado para formas de onda de pequena
duração). Quando o pulso encontra uma interface, que separa meios de proprie-
dades diferentes, ele experimenta mudanças (em Sísmica, uma certa fração da
energia incidente pode ser refletida de volta para a superfície pela interface). Seja
uma interface, encontrada pelo pulso após meia unidade de tempo, de proprieda-
des tais que uma réplica do pulso original, isto é, 3, 2, 1, O, volte à superfície,
onde é detetada uma unidade de tempo após o pulso original (porque este ca-
minha da superfície até a interface e volta). Uma outra interface, uma unidade
de tempo mais profunda do que a anterior, tem propriedades tais que, o pulso,
76 A Prospecção Qeofísica
entrada
f i Itro
salda
--~~- t
Figura 2.27: Convoluçãode um sinal com uma senóide. Resultado: extração da compo-
nente do sinal de freqüência igual a da senóide.
(a)
(b)
sinal
-
...•. ruldo
resultante slnal+ruldo
resultante estaqueamento
(10xslnal)
Figura 2.28: (a) Medidas representadas pela soma vetorial do sinal e do ruído. (b)
Empilhamento representado pela soma vetorial das medidas. O comprimento e o ângulo
de cada vetor representam, respectivamente, a amplitude e a fase da componente de uma
dada freqüência do sinal. Todos os vetores referem-se à componente de mesma freqüência.
entrada
sarda 1
salda 2
salda
ideal
---~- t
Figura 2.29: Empilhamento de um sinal contendo ruído errático com todas as freqüências
em igual proporção (ruído branco). A saída 1 foi obtida com o empilhamento de um
número de experimentos menor do que a saída 2.,
2.4 Etapas da Prospecção Geofísica 79
2.4.6 INTERPRETAÇAO
INTERPRETAÇÃO
t1 ~ ~
3
2_ ~_- __-_.".-' ...
P: propriedade
e: espessura
h: profundidade
subscritos 1,2,3:
corpos 1,2,3
É ainda fundamental destacar que toda a interpretação tem sempre uma cer-
ta dose de subjetividade e o seu sucesso depende enormemente da experiência
do intérprete em integrar diferentes informações, a fim de obter o conjunto de
resultados mais realístico possível; essa experiência, contudo, só com a prática se
desenvolve. A origem da subjetividade da interpretação é considerada no item
2.5.1.1, bem como a integração de informações, como forma de reduzir essa sub-
jetividade.
2.4.6.1 Anomalias
(2.15)
(o) (b)
t
* 1: t71:
- I
I
I
I
*
(CI)
p
L
p 1: t 't: e, )l
,I-
1:'
'
••••..• '
,
*
I
I
.
-.
•••
/
.",,-.
/*
""(; - Distãncia, tempo ou treqUência
t(L:) - medidos
- e -- ••• Anomalias
* posição do centro ou topo do corpo
mergulho, se for o COso
I mergulho
Figura 2.31: Exemplos de anomalias de valores localizados: (a) altos; (b) baixos; (Cl) a
(C4) altos e baixos. As anomalias mostradas em (a), (b) e (cI) são esquemáticas; as outras
foram obtidas no Laboratório de Modelamento Eletromagnético Analógico da UFPA por
João C.R. Cruz e Marcos V.G. Galvão. .
82 A Prospecção Geofísica
e, as demais, pelo mesmo corpo. com mergulho de 60°, mas a última anomalia
inclui ruído do manto de intemperismo.
Nas regiões tropicais, a identificação dos efeitos a serem interpretados, se
detetados por alguns métodos (como os Eletromagnéticos), pode ser uma tarefa
difícil, devido à presença de fontes de ruído de intensidade relativamente elevada.
Essas fontes de ruído, por si só, produzem efeitos consideráveis, que podem ser
confundidos com anomalias, enquanto estas, abandonadas.
Uma anomalia que se repete em perfis paralelos contíguos, sem ligação com
fontes de ruído conhecidas (como uma cerca metálica), está mais possivelmente
associada à feição sob investigação do que uma anomalia isolada.
O efeito esperado, por sua vez, depende dos seguintes fatores: (a) estado
de conhecimento do método geofísico, (b) quantidade e,qualidade da informação
geológica a priori e (c) experiência do intérprete no acoplamento de (a) e (b).
Esses fatores, como se exemplifica a seguir, guiam também a eleição de um desvio
significativo entre o efeito medido e o efeito padrão esperado.
Seja um método cujo estado o conhecimento ainda não se encontre bastante
desenvolvido, o Método do Potencial Espontâneo, por exemplo. As próprias cau-
sadas do efeito potencial espontâneo ainda não são compreendidas na íntegra: é
conhecido, contudo, que provocam potencial espontâneo tanto sulfetos e grafita,
como também o movimento de água no subsolo, mas este, com menor intensida-
de. Se sulfetos são procurados e é conhecida a localização de aqüífero na área, o
intérprete pode se decidir a tomar, como o efeito esperado, um valor representa-
tivo das medidas fora do aqüífero, em zona estéril, e, como o desvio, a diferença
entre um valor representativo das medidas sobre o aqüífero e o efeito esperado.
As anomalias que venham, então, a ser identificadas poderão ter sido causadas'
por sulfetos ou grafita.
Para vários métodos, é possível um outro caminho: calcular um valor mínimo
de anomalia. Como isso é feito pode ser compreendido no item seguinte.
2.4.6.2 Modelos
!MotleCo !Matemático
o B P=Pl- Pl
,, !Metlitlas
, Bkm
u.m.
QI
!físico -x~
(jeo[6gico 'fr
B !Mo tle {o
A"1 o
" @Pl
XI o~Pz~
Figura 2.32: Modelos utilizados em Geofísica para relacionar os efeitos medidos à sua
causa. AB é o perfil mostrado na figura 2)7. u.m.-unidades de medida; G-constante
universal da gravidade. Os demais símbolos são explicados na figura ou na equação
(2.16). .
2.4 Etapas da Prospecção Geofísica 85
Na figura 2.33 são apresentados alguns modelos físicos e na figura 2.34, mo-
delos geológicos que podem ser representados pelos anteriores. Como várias con-
dições geológicas podem produzir distribuições eqüivalentes de propriedades, es-
ses modelos físicos podem representar outros modelos geológicos, afora os mos-
trados. Modelos matemáticos relacionados a esses modelos, como dependem do
método geofísico, são apresentados nos capítulos dedicados aos métodos; a solução
analítica exata que descreve os efeitos gravimétricos da esfera, consta, a título de
exemplo, da figura 2.32.
Na figura 2.34 são exploradas duas noções da maior importância: a possibili-
dade de que uma interface geológica não necessariamente represente uma interface
de contraste nas propriedades físicas e a limitação da profundidade de investigação
dos métodos geofísicos. Em outras palavras, várias feições geológicas podem não
ser detetadas pelos métodos geofísicos e, portanto, podem ser ignoradas no modelo
físico.
(JcJ (p)
ij
- +
- +
~--+
+
+
o
(r) E.fera ·30
FINITO
INFINITO
INFINITO IECCIONADO
PELO PLANO Xl
(aj Semf-e,paço
y
IX
··é·~~·';";~';'';';'';''
0000000000
.,
la.Oo 00 O' 00 O' O' 00.-
.'. '~~ •.•.• 'p •• .p•. -:-."~'~'.'
+ + + + + + 000000000
0000000000
v-""-v v v 0(100000000
v v v v v 0000000000
.0.: .0• .i."v J.
li
v v v v }.<a"p. &.
v v v v v
v v v
v v v v y
(.) Ta/:)ular ~ (f) Ta/:)ular l!P (g) Sem/-plano ~ (h) Semi-plano l!P
1I0rlzon tal vltrtica' horlzonal .o- vltrtical
..~~~.~.~~.~.~.~.~.~~
~~~. ...............
.•.•.•.•.•.••.••.•.• !"~ ~ ~~.
:::~:'~:'~':':~:~:!~~;~rj~?:iTz~~i'
_, horizontal
.
(k) Fita ,," ~
v v v v
.v.. ...;..;v• .;~ •.•••
. ······U··· v v
I} .". •••••••••••••
v v v ~.! v
(o) Linha de aD
monopolo,
....~•.,V
::/~t~t~::!:~:~:~:'::'::8:::!:r/~::':::- ..·v· ..v -..; ..v
v v
v v v v
v v v v
v v
v v vvvvvv~v
Lltologla.
GITlD~
êiS~rnG
INTERFACE GEOLÓGICA COM
CONTRASTE NA PROPRIEDADE F!SICA
E
PROFUNDIDADE INVESTIGADA PELO M~TODO
SIM ••• NÃO
apenas uma fronteira, uma superfície plana. Esse modelo representa o terreno
sobre o qual são realizadas as medições, livre de perturbações, daí ser também
conhecido como terra uniforme8. A despeito de sua simplicidade geológica, esse
modelo não tem interesse apenas teórico: uma de suas aplicações pode ser no ma-
peamento geológico-geofísico, se as unidades litológicas possuem grande extensão
em área e em profundidade, sem modificações relevantes na propriedade física de
interesse (Fig. 2.34a).
o modelo N-camadas representa meios estratificados horizontalmente, como
é o caso de uma bacia sedimentar, de interesse na prospecção de petróleo, carvão
e água subterrânea (Fig. 2.34b), daí ser também conhecido como terra acamada.
É bom salientar que, embora a espessura de cada camada desse modelo seja pre-
sumivelmente constante, ele permite detetar variações de espessura, ao ser usado
na interpretação dos dados obtidos em diferentes estações.
Se o modelo tem uma camada, sobreposta a material de propriedade física
eqüivalente à do ar, é conhecido como modelo tabular infinito ou bloco infinito
(Fig. 2.33c) ou, quando de espessura muito pequena, como modelo plano, folha ou
placa (Figs. 2.33d). O modelo tabular pode ser usado para o estudo de derrames
e filões camada (sils)(Fig. 2.34), bem como do manto de intemperismo, mas o
modelo plano é com maior freqüência usado para o estudo do manto (Fig. 2.34d).
Entre os modelos 2D, estão os modelos tabular, em que a espessura é finita
(Fig. 2.33e, f), e semi-plano, em que a espessura é infinitesimal (Figs. 2.33g, h),
ambos com uma dimensão semi-infinita. Esses modelos podem ser considerados
na horizontal e inclinados até a vertical.
80 terreno é representado pelo espaço, quando as medidas são realizadas no seu interior, ao
longo de furos de sondagem.
2.4 Etapas da Prospecção Geofísica 89
Deve ser observado, entretanto, que nem sempre a assimetria das anomalias
depende somente do mergulho das feições. No Método Magnético, por exem-
pIo, a assimetria também depende da inclinação de magnetização da feição. Nos
Métodos Eletromagnéticos, por outro lado, a assimetria da anomalia pode ser
fortemente dependente da condutividade elétrica do meio que envolve a feição.
- .,
,
,
,
,
,
I
não
·0"m (lI)
~ dados de campo
..r.~.
(I) .' .
~ dados teórico •
(I)
() =600 () =600
Q-
R
(lI) (m)
dados de campo
parâmelros retirado. doa
dados de campo
modelo semiplano inclinado
p propriedade
e e.p •• aura
h profundidade
9 mergulho
Figura 2.36: Interpretação pelo método comparativo com o auxílio de curvas ca-
racterísticas.
2.4 Etapas da Prospecção Geofísica 95
r--------------- --I
(a) I \ -
11'"
I
I
I
I
I
I
I
I
I
O !
I
I
O :
I
+
~~~~0~
A não 1
\
~.---------~'r-----.J I
(b)
(II)
dados de campo
dados teóricos
2.5 RESULTADOS
- DA ,
PROSPECÇAO GEOFISICA
A análise dos resultados da prospecção geofísica demanda um exame dos
problemas por ela abordados, bem como dos meios de solucioná-loS-. Isto será
abordado de modo simplificado no item 2.5.1. Essa análise deve ainda considerar
características das regiões onde a campanha de prospecção é realizada. O item
2.5.2 tem esta finalidade. Esse tipo de análise é muito importante para que se
compreenda as limitações da Geofísica.
y=ax+b (2.14)
dos seus parâmetros, enquanto no problema inverso (ou inversão) os valores dos
parâmetros do modelo-causa de um determinado efeito são procurados, usando-se
medidas desse mesmo efeito (Fig. 2.38).
PROBLEMA DIRETO
A B A B
u.m. gj XI
-10
-5 Icm
PROBLEMA INVERSO
quadrados foi desenvolvido por Booth, Peterson e Box em 1958, usando o método
de Gauss modificado (Bard 1974, p. 6-7).
A ambigüidade pode ser ilustrada com o aUXIllo da figura 2.39. Nessa figura,
está representada uma série de experimentos, em que o campo gravitacional 9i
é medido em diferentes posições Xi, ao longo de um perfil. O modelo físico que
representa os dados é uma esfera, cujos parâmetros (p, a e h) são desconhecidos.
No modelo matemático que representa a esfera, os parâmetros p e a aparecem sob
a forma do produto p a3 (Fig. 2.32), tornando impossível a sua estimativa indivi-
dual, pois, para diferentes valores desses parâmetros produzindo o mesmo produto
p a3 (por exemplo, se p = 2 unidades e a3 = 8 unidades ou p = 3,2 unidades e
a3 = 5 unidades, o produto p a3 será 16 unidades), o efeito gravimétrico calculado
para a esfera será o mesmo, produzindo resultado ambíguo na interpretação destes
dois parâmetros. Isto significa que corpos esféricos de diferentes contrastes de den-
'sidade com o meio e dimensões podem produzir o mesmo resultado (Fig. 2.39a).
Esse é o tipo de ambigüidade mais importante em Geofísica.
(a) I, 2 e 3 MODELOS
T7 T7 T7 7/77/71
:ji)
(b)
T7 7 I I I r;;:z::::r:2
~1171
/_ 1//
~~
3~
Figura 2.39: Ambigüidade nas respostas de fontes: (a) esféricas; (b) diversas (Nettleton
1976).
Resultados
modelos prováveis
Uma das finalidades dessa segunda fase é a comparação das respostas geradas
para casos simplificados do modelo, para os quais são conhecidas as respostas,
com estas últimas. Dessa maneira, é possível verificar s~ o modelamento descreve
adequadamente a hipotética situação de campo. A partir daí, é possível a pos-
tulação do modelo matemático, para uso através dos métodos direto e inverso da
interpretação quantitativa.
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OOI~3NDVli\1
,
3 OOIlI~3li\1IAVlID
,
SOaO~3li\1
,
Capítulo 3
,
METODO GRAVIMETRICO
,
3.1 INTRODUÇAO
o Método Gravimétrico tem sua origem ligada à descoberta da força da gra-
vidade por Galileu Galilei em 1590 e à sua quantificação, por Sir Isaac Newton
em 1687, através da lei que rege a atração dos corpos.
A aplicação do Método Gravimétrico ao estudo da subsuperfície terrestre
baseia-se em que diferentes distribuições de densidade abaixo da superfície provo-
cam distorções no campo gravitacional normal que envolve a Terra.
A prospecção geológica com o Método Gravimétrico consiste em obter a
atração que o material da subsuperfície exerce sobre uma massa de prova locali-
zada no instrumento de medidas. A atração é registrada em termos da aceleração
com que a massa de prova é atraída. As distorções dos valores normais (anoma-
lias) são então interpretadas como o resultado de variações laterais na densidade
dos materiais da subsuperfície, provocadas por estruturas geológicas ou depósitos
de minérios.
gria com Eõtvõs, que empregou um instrumento desenvolvido por ele em 1896,
para medir as componentes horizontais do gradiente da aceleração da gravidade
(balança de torção). Em 1924, medidas da gravidade efetuadas com o instrumento
de Eõtvõs possibilitaram a descoberta do Domo Nash, no Texas, provavelmente a
primeira descoberta de estrutura acumuladora de óleo efetuada por meio de um
método geofísico (Lafehr 1980). No início dos anos 30, foi introduzido um outro
tipo de instrumento, denominado gravímetro, mais portátil e menos sensível à
topografia do que as balanças de torção, que permitia leituras em tempo muito
mais reduzido (o tempo necessário para uma leitura com as balanças de torção
é superior a 1 hora, enquanto com os gravímetros necessita-se apenas de 3 a 5
minutos). Este instrumento deu novo impulso à aplicação da Gravimetria na
prospecção geológica.
3.2 FUNDAMENTOS
3.2.1 LEI DE NEWTON DA ATRAÇAO GRAVITACIONAL
A aplicação do Método Gravimétrico envolve diretamente a atração de massas,
uma vez que, durante os levantamentos com o método, mede-se a atração que
as massas da subsuperfície exercem sobre uma massa localizada no instrumento
medidor.
F = Gm1m2 (3.1)
r2
sendo G a constante de gravitação que tem o valor 6,.67 x 10-8 dina.cm2 /g2, no
sistema cgs. A aceleração com que m2 é atraída por ml é calculada empregando-se
a segunda lei do movimento, também devida a Newton,
(3.2)
3.2 Fundamentos 117
De acordo com a equação (3.2), a atração exercida pelo corpo seria então
obtida somando-se (integrando-se) o efeito de cada elemento por todo o volume
v:
(3.4)
a f
= G Jv dm
r2 f
= G Jv pdv
r2
a =G 1 -2
V dM
r
' (3.6)
que está perfeitamente de acordo com a lei da atração para corpos de grandes
dimensões. Os elementos dM, r = 1f1 = Ifi - T21 estão representados na figura 3.2.
118 Método Gravimétrico
Figura 3.1: Campo vetoria! definido pela atração (força ou aceleração) da massa
da Terra.
dM (fonte)
accosq>Vr
valor máximo da perturbação causada pelo Sol está em volta de 0,00008 cm/s2,
enquanto que o da Lua está em torno de 0,00016 cm/s2. Essas pertubações são
responsáveis pelo fenômeno das marés oceânicas e marés elásticas da crosta ter-
restre.
(3.9)
U = -G 1-
V dM
r
+ --
2
w2f2
= -G 1-
V dM
r
+ - ri cos2~
2
w2
(3.10)
ESFERÓIOE CONTINENTE
- ----
j
-- --
OCEANO
---.. -- -- -
ou
(3.15)
que é a equação de Laplace.
Por outro lado, se uma massa m está presente no interior do volume V,
(3.16)
. fs 9 . fida = -41rGm
e, segundo o teorema (3.12),
121
f3 = -i
8
+ -ai
4 (3.21)
sendo q a razão entre a aceleração centrífuga e a gravidade no equador e io
achatamento polar terrestre, calculados por:
w2Re
q=--
ge
(3.22)
i= Re -
Re
Rp
I.
(3.23)
Por ser numericamente muito pequeno, o termo que contém ,6 pode ser aban-
donado. A variação da gravidade entre as duas latitudes pode então ser estimada
através da relação
(3.27)
Substituindo-se na equação (3.27) os valores das constantes ge e a por, respecti-
vamente, 978,031846 e 0,005278895 (vide Eq. 3.24), obtém-se a correção de lati-
tude, que permite reduzir o valor da gravidade medido em ~1 para a latitude de
referência ~o 1:
-(3.28)
(3.30)
lNo caso em que as constantes ge e ci: vê~ da fórmula IGF-30, o valor 5162,83 na equação
(3.28) é substituído por 5172,31.
3.4 Redução dos Valores da Gravidade 127
(3.34)
Dog = 9 - go = GM 1 - (R +1]h)2 = GM
[ R2 R2 [1 _ (1 +1~) 2]
(3.35)
Dog ~ R2 R + 2h
GM [ 2h ]
gz
Z2
ç ZI
dg = Gdm
r2
(3.39)
(3.40)
9 =G [ dm
Jvol r2 = Gp J J J dO+
s z2 ds 82dz
(3.41)
g~ = gcoslP = Gp JJJ z2 +
8 coslP dOs2
ds dz
Integrando-se O entre os limites zero e 21r, lP entre zero e arc tg (ajz) e z entre Z2
e Z}, resulta
(3.43)
gz = 21rGp ( J Zi + a2 - J Zr + a2 + Z} - Z2)
130 Método Gravimétrico
que adiciona a 9n o efeito produzido pela massa que existe entre a estação no
terreno e o geóide.
A figura 3.6 mostra ainda que, nos vales, por meio da correção Bouguer
adiciona-se massa onde na realidade ela fisicamente não existe. O efeito desta
massa impropriamente adicionada deve também ser subtraído do valor normal da
gravidade reduzida ou somado ao valor medido no terreno.
Como os dois efeitos deixados pela correção Bouguer estão diretamente rela-
cionados à topografia ou elevação do terreno, a sua compensação recebe a deno-
minação de correção topográfica ou de terreno (CT)'
A correção topográfica é usualmente realizada dividindo-se a região que en-
volve o ponto P da figura 3.6 em pequenos corpos de forma geométrica simples,
de modo que se possa facilmente calcular sua atração. Comumente, a região é
3.4 Redução dos Valores da Gravidade 131
dividida em pequenos setores cilíndricos com altura igual à diferença entre a co-
ta média do terreno e a cota do ponto P, onde anteriormente aplicaram-se as
correções ar-livre e Bouguer (Fig. 3.7).
°v
DA ESTAÇÃO
uiJ~
7Zg(í
Figura 3.6: Efeito topográficona redução gravimétrica.
z 2 e 1 e 2 t 1 t (3.46)
b.g' = 27rGp (J Z2 + R2 - J Z2 + R2 - J Z2 + R} + J Z2 + R2)
(3.47)
b.g~ = 27rGp (Jh2 + R; - Jh2 + R~ + Re - Ri)
sendo h a altura do setor cilíndrico, isto é, a diferença entre a cota do ponto onde
se deseja aplicar a correção e a cota média do terreno no setor cilíndrico (Figs.
3.7 e 3.8). Se, por exemplo, o anel for dividido em 4 setores iguais, então cada
setor produzirá atração igual a um quarto da atração total. Para n setores tem-se
(3.48)
b.gz = 27r~P ( Jh2 + R; - Jh2 + R~ + Re - Ri) = tp
sendo t uma constante para cada setor, dada por
(3.49)
t = 2:G ( Jh2 + R; - Jh2 + R~ + Re - Ri)
132 Método Gravimétrico
(a)
~ SEÇÕES CILÍNDRICAS NíVEL DA ESTAÇÃO
P j
(b)
(3.50)
p •
Z2
Re
ZI
Figura 3.8: Setor cilíndrico usado no cálculo da atração em um ponto do seu eixo.
inferior a 5 km. A tabela 3.1 mostra um exemplo de valores para os raios dos
anéis cilíndricos e o número de setores em que eles são divididos.
1raios
2000
1000
500
700
300
250
300
100
50
20
101000
3000
1500
200
100
200
O 1500
500
2150
20
50
200
10
52757
15
2000
5000
3000
700
70
30
300 raios
4200
16
10100
re(m) 10 0400
7300
5150
16116
816
28re(km)
30
250 do
do
27
26
24
22
05 20
15
19
25
23
18
17
16
21 anel
zona anel
setores
setores
Tabela 3.1 - ri(km)
Raios de anéis para correção topográfica
correção
O número e de
colocar setoresaí de
o centro dos círculos
cada zona concêntricos.
comumente usado é apresentado na Tabela 3.1.
zona c) Localizar, no mapa topográfico da área, a estação onde se deseja aplicar a
dir em setores as zonas ou anéis definidos pelos círculos concêntricos.
f) Repetir o procedimento a partir da etapa c para uma nova estação, até que
3.4 Redução dos Valores da Gravidade 135
I
I
GEÓIDE A
///T//7/7777/77 //7777777/7P77
(a) (b)
( c) (d)
Figura 3.9: Visualização física das correções aplicadas ao valor normal da gravidade
para reduzÍ-loao nível do terreno: (a) situação original; (b) correçãoar-livre; (c) correção
Bouguer; (d) correçãotopográfica.
136 Método Gravimétrico
(o)
liílTlTílTmi//TI/ (c)
'l//I///1///I1~~WI/
(d)
Figura 3.10: Visualização física das correções aplicadas ao valor medido no terreno: (a)
situação original; (b) correção ar-livre; (c) correção Bouguer; (d) correção topográfica.
3.4 Redução dos Valores da Gravidade 137
0,2-
Valor calculado
0,1-
..JIli
20
204
-r
2 0- 0!S/02/1lI
04
12 C)
I
-0,1-
I
e
I
12
1
16
I
20
I
2"
I I I
04 • 12 HOIU (locell
06/02181 01/02/81
Figura 3.11: Variaçãoda gravidade devida às atrações do Sol e da Lua em Belém, Pará,
Brasil (coordenadas: 10 30' sul - 480 30' oeste; altitude = 14 m).
0,20
o
(!)
E
0,'0 --
RETORNO RETORNO
REINÍCIO REINíCIO
p=---Par
Par - Pag
(3.53)
presentes, por causa de suas baixas porosidades. Para as rochas de elevada po-
rosidade, como a maioria das sedimentares, em que a densidade depende não só
dos constituintes minerais, como também da quantidade de água presente nos po-
ros, é recomendado que se realizem duas determinações de densidade: uma com
a amostra completamente seca e a outra cóm a amostra totalmente saturada de
água. O valor da densidade deve então ser escolhido entre os dois valores obtidos,
de acordo com as condições da área.
Quando a amostra de rocha é constituída de fragmentos, tornando-se difícil
pesá-Ia em balança de Jolly, a densidade pode ser determinada com o amu1io de
um picnômetro (Dana & Hurlbut 1969).
Logo:
0,3086 h - (gB - gA) 0,3086 - D.g/h
(3.56)
P = 0,08382 h 0,08382
sendo !:!.g = gB - gA·
-. -
---
9A
9a
A
a
-r h _1_
---
I (d)
A,a
(e)
A,a "
gA-9a ~I
A,S
(a)
Figura 3.15: Redução da gravidade entre dois pontos de um poço: (a) valores originais;
(b) correção ar-livre; (c) correção Bouguer; (d) reposição de massa.
de medidas da radiação gama, introduzida nos poços por uma fonte radioativa.
A interação da radiação gama com os elétrons presentes nos materiais da subsu-
perfície é registrada em um perfil denominado de perfil densidade (density log)
abordado no capítulo Perfilagem Geofísica 'de Furos de Sondagem.
,o~~ ~: U
'P'" 2.2 -:~
2.4
.1.0~
III
...J
~ 440
< ~
<.!>
~ III
...J o
j 2.9 ,/ 430 li::
...
o • --_ TOPOGRAFIA
UJ
Os melhores resultados com este método são alcançados nas áreas onde o
material às proximidades da superfície do terreno é homogêneo. Para obterem-
144 Método Gravimétrico
3.8 INSTRUMENTAL
As medidas da gravidade podem ser efetuadas com base em três princípios:
oscilação de pêndulos, queda livre de um corpo e balança de mola.
(3.59)
3.8 Instrumental 149
/
/I L
\
/ o<.
/
'tI,,--- m
(3.60)
To = 211" fL
y%
e
(3.61)
TI = 211" fL
yg;
cuja combinação fornece
°
T.2
91 = 90T21 (3.62)
3.8.3 GRAVÍMETROS
Os. gravímetros são os instrumentos mais comumente empregados nos levan-
tamentos gravimétricos. Sua precisão nominal atinge a 0,01 mGal, permitindo
portanto detetar variações muito pequenas no valor da gravidade.
Os valores medidos são somente relativos, o que está de acordo com o ne-
cessário na prospecção, em que se deseja localizar as distribuições anômalas de
densidade relacionadas aos corpos mineralizados e às estruturas geológicas.
Os gravímetros podem também ser empregados nos levantamentos cujo obje-
tivo é determinar a gravidade absoluta, combinando o seu uso com o de instru-
mentos que medem valores absolutos da gravidade.
Os gravímetros são essencialmente balanças, em que uma massa é suspensa
por uma mola. Segundo lei de Hooke, a força restauradora na mola que sustenta
3.8 Instrumental 151
IF
O gravÍmetro Worden foi desenvolvido por volta de 1948 (Telford et alo 1976).
As características dos primeiros modelos vêm sendo modificadas ao longo do tem-
po. As dimensões e peso (inferior a 5 kg) atuais o tornam bastante portátil,
permitindo operações de campo relativamente rápidas.
O elemento elástico neste gravÍmetro é de quartzo e a massa pesa cerca de 5
mg. Os efeitos externos da temperatura e pressão são evitados, pois o elemento
3.8 Instrumental 153
PARAFUSOS
'@&'/á"l/W////&'/ú'L//1ff////P0J1 ~ V//i'/////////L///
~
Este tipo de gravímetro é também portátil, embora seu peso seja aproximada-
154 Método Gravimétrico
mente uma vez e meia superior ao do Worden. A operação de campo também não
é tão rápida quanto a realizada com o gravímetro Worden, pois é necessário trans-
portá-Io juntamente com uma bateria externa, empregada para fornecer energia
ao sistema que mantém constante a temperatura do elemento sensitivo.
Figura 3.21: GravÍmetro Worden (fabricadopor Texas Instruments Inc. - foto de José
Gouvêa Luiz).
Figura 3.23: GravÍmetro LaCoste & Romberg,modelo G (cortesia de LaCoste & Rom-
berg Gravity Meters, Inc.).
Figura 3.25: GravÍmetro para medidas no fundo das águas (cortesia de LaCoste &
Romberg Gravity Meters, Inc.).
A precisão das medidas realizadas no fundo é de cerca de 0,1 mGal, sob boas
condições. O principal fator que limita a precisão das medidas é o movimento do
material do fundo, provocado pelas ondas. Quanto menos compacto for o material
do fundo, maior será o efeito do movimento e menor será a precisão das medidas.
A profundidade da água em cada ponto de medida, necessária para a redução
dos dados, é determinada através de medidores de pressão instalados na unidade
submersível do equipamento. Essa redução é feita através da redução de Prey,
representada na expressão (3.55).
A correção será tanto mais satisfatória, quanto mais precisa for a determinação
da velocidade da plataforma e o seu rumo. Para se obter a precisão de 1 mGal
na correção do efeito Eõtvõs, é necessário determinar a velocidade e o rumo com
erro em volta de 0,1 nó e 1 grau, respectivamente.
Nas medidas gravimétricas na superfície das águas, o erro quase nunca é
inferior a 1 mGal. A agitação das águas contribui para a diminuição da precisão
das medidas. Quando a agitação das águas é muito grande, é recomendada a
suspensão do levantamento.
A figura 3.26 mostra um gravímetro Lacoste & Romberg instalado em plata-
forma (à direita, na figura), para uso em medidas de gravidade sobre as águas.
mais intenso, pois a velocidade de navegação (em volta de 200 nós) é bem maior.
Adicionalmente, variações na altura de vôo produzem efeitos que necessitam ser
corrigidos.
Figura 3.26: Gravímetro para medidas marinhas na superfíciedas águas e para medidas
aéreas (cortesia de LaCoste & Romberg Gravity Meters, rnc.).
AL TAS FREQUENCIAS
0,4
õo- (\ j
E
0,2
HETEROGENEIDADES
SUPERFICIAIS
CORPO
MINÉRIOS DE ~p ~
o ••......•
<.!)2
E
• ....-.:.-- CORPO
MINERALIZADO (\73)
ri
P2
+ + ESTRUTURA
+ /PROFUNDA
+ + +
+ + + + +
+ + + + +
3.11 INTERPRETAÇAO
Os dados gravimétricos podem fornecer infqrmações sobre diversos tipos de
estruturas geológicas (por exemplo, falhas, dobras, lineações e domos), bem como
de corpos mineralizados. Em certos casos, é possível estimar-se com precisão a
profundidade, as dimensões e o mergulho das fontes de anomalias.
As anomalias gravimétricas são provocadas por contrastes laterais de densi-
dade. Por isso, uma camada de elevada densidade localizada em subsuperfície
entre duas de menor densidade, todas elas horizontais, não provocará anomalias
em medidas realizadas na superfície; as três camadas mostrarão o efeito produzi-
do por uma única camada de densidade média. Contrastes laterais de 0,1 a 0,2
gj cm3 são suficientes para produzir anomalias detetáveis pelos gravímetros.
De um modo geral, as anomalias delimitadas por contornos isogálicos alon-
gados crescentes e com variação do gradiente horizontal (contornos crescentes
largamente espaçados, passando a bem menos espaçados e voltanto a largamente
espaçados) estão comumente relacionadas a falhas. As anomalias caracterizadas
por contornos fechados aproximadamente simétricos podem ser devidas a maciços
de rochas intrusivas, enquanto os contornos fechados alongados podem estar rela-
cionados a eixos de dobramentos ou a intrusões discordantes do tipo dique.
Durante a interpretação dos dados, deve-se sempre ter em mente que os va-
lores medidos correspondem a um somatório dos efeitos produzidos por diversas
fontes da subsuperfície. Embora seja possível separar-se parcialmente o efeito de
algumas das fontes presentes através da filtragem (como o efeito das que causam o
regional ou das que causam as oscilações de alta freqüência - item 3.10), existem
efeitos que são impossíveis de serem parcial ou totalmente separados, pois suas
freqüências se superpõem.
PERFIL GRAVIMÉTRICO
(o)
W T T
ESCALA
Wkm
o
8 ,:,t;
n~, 4
212
10
14
o
ARENITOS E FOLHELHOS
(c) 4
E
,:,t;
8
INTRUSIVA
BÁSICA fJ: 2,9
anomalia deverá então ser produzida sempre que houver uma variação lateral da
densidade na subsuperfície. Por isso, apenas a variação da densidade ou contraste
de densidade (densidade da fonte menos a densidade do material que a envolve)
deve ser levado em consideração, no cálculo da atração dos corpos.
Para se deduzir a expressão matemática da atração, o caminho normal é
calcular a função potencial, a partir das equações de Laplace e Poisson com as
devidas condições de contorno, e derivar o potencial em relação à direção vertical.
Alternativamente, a expressão da atração pode ser deduzi da diretamente, a partir
da equação (3.2).
3.11.1.1 Esfera
9z (mGall
gmox----------
gmox-----
--r
NíVEL DE
x BASE
I
o
de r. Deste modo,
r2 dr . dr = (3.66)
\l2Ue = ~~(r2dUe) O
C1
Ue = --+C2 (3.67)
r
\l 2 Ui = r2 dr = 4rrGp (3.68)
1 drd ( r 2 dUi)
cuja solução é
2 2 C3
Ui = -rrGpr
3
- -
r
+ C4 (3.69)
4 3
C1 = 3rrGpa (3.70)
Ue = _ 4rrGp
3r
a3 (3.71)
170 Método Gravimétrico
dUe 41rGpa3
dr 3 r2
(3.72)
o valor de r, calculado
a partir do triângulo OCP da figura 3.30, é vx2 + z2,
logo a equação (3.71) pode ser reescrita como
Ue =_ 41rGp a3 (3.73)
3vx2+z2
(3.74)
sendo Xl/2 o valor de x que corresponde à metade do valor máximo de gz, medido
no perfil que passa pela projeção do centro da esfera na superfície do terreno
(Fig.3.30).
A esfera é um modelo que tem sido comumente usado para representar feições
geológicas 3D, em que as dimensões horizontais são bem inferiores à profundidade,
como domos salinos (2.32), intrusões e alguns corpos de minério.
3.11 Interpretação 171
( a) ( b)
o
E T
x Y Iz
r1 [] II
I
I
de/I ~
L L
z
(e)
x
1
I
'-.<e
"g I
Iz
'o
gz't.--5" s®c
Figura 3.31: Atração de um cilindrohorizontal: (a) vista tridimensional; (b) vista lateral
(projeção no plano y-z); (c) vista frontal (projeção no plano x-z).
1rGpa2
dgs = dg cos qi = ---cos
s
qi d~ (3.80)
21rG a2pL z
gz = gs cos () = 2 -~..='===
S ..Js2 + L2
= 21rG a2 pL _z _ (3.82)
(x2 + z2)..Jx2 + z2 + L2
pois s2 = x2 + Z2.
Quando o comprimento do cilindro, que é um modelo 3D, é maior ou igual a
vinte vezes a profundidade do seu eixo, ele pode ser considerado infinito e passa
a ser um modelo 2D. Nesse caso, L2 > > x2 + z2 e a atração do cilindro torna-se
2 Z
gz = 21rG a p 2 (3.83)
X + z2
z = Xl/2 (3.84)
o x
t-
II •
X
h»z
I
I
I
Figura 3.32: Atração de um cilindro vertical semi-infinitoem pontos fora do seu eixo.
A premissa h > > z permite que se tome na equação (3.43), Z2 = z e Zl > > a.
Logo,
(3.85)
gz = 21l"GP( Jz2 + a2 - z)
(3.86)
9z = 27rGp - - - + --
16 z5 + ... (3.87)
( 2a2z 8a4
z3 a6 )
k = 27rGp ,
Qn = O n = O, 1, ... , 00
13n =O , n = ímpar
130 = a2/2
132=-a4/8
134 = a6/16
. (3.88)
9z = 27rGpa
(
1- -aZ + -2z2a2 - -8 a4 + --
z4 16z6a6
+ ...
)
(3.89)
k = 2rrGpa ,
f3n = O , n= Ô, 1, ... , 00
ao =1
aI = -l/a
a2 = 1/2a2
an = O , n = 3, 5, 7, 9, ...
a4 = -1/8a4
a6 = 1/16a6
(3.90)
9z = 2rrGpa [1 - a~ r PI (cosO) + 2a
~ r2 P2 (cosO) + ... ]
Os exemplos mais comuns de corpos geológicos que podem ser modelados pelo
cilindro vertical semi-infinito, um modelo 3D, são os domas salinos, os necks de
rochas intrusivas e chaminés kimberlíticas.
3.11.1.4 Prismas
-\-- --~;--
/' I /\ -
61
64~I~p
-
I
/ ~\- x
°111I
Z21
....•.
\
.•..•..• / t r41JI
62/'•..
c:< 'l,/
63
\ \
I'"
A sua atração vertical, aqui apresentada sem derivação, é (Telford et al. 1976):
(3.91)
- Z2(04 - (2) + ZI(03 - (1) }
sendo:
TI = J zi + (x + ZI cotga) 2
T2 = J z~ + (x + Z2cotga)2
T3 = Jzi + (x - t + zlcotga)2
T4 = J z~ + (x - t + z2cotga)2
81 = arctg[(x + zlcotga)/ZI] ,
03
O2 = arc tg[ (x +
arctg[(x t + zlcotga)/ZI]
- z2cotga) / Z2] , e
84 = arc tg[ (x - t + z2cotga) / Z2]
gz _
- 2 [z~
2G p {~ln 2 X2
zl + x2]
+X 2- tln [ZI
z2 + (x
(x t) 2
-- t)2]
(3.92)
+ zl [arc tg ( x z~ t) - arc tg (:1) ] }
A expressão da atração vertical de um prisma com extensão em profundidade
infinita (Z2 ~ 00) não pode ser deduzida, pois a sua expressão matemática não
converge para um valor finito.
Para um prisma em que todas as dimensões são finitas (Fig. 3.34), a expressão
da atração vertical toma a forma (Sazhina & Grushinsky 1971):
(3.93)
gz = 2 Gp [a ln (d. d -+ b)
b +b - a)
ln (dd + a -2 z arctg (Zd)]
ab IZ2
Zl
o
x
ZI
20
Z2
o prisma com todas as dimensões finitas pode ser usado como modelo de
corpos mineralizados 3D ou de fossas tectônicas.
X
elE ~ p
'vI
/
a<::
ZI
Z2
~ --------- ----
Figura 3.35: Atração de um bloco tabular horizontal semi-infinito.
(3.94)
+ Z2 ('Ir / 2 + ()2) - Zl ('Ir / 2 + ()I) ]
(3.95)
com
Fi = (()i - f3) cotg (()i - f3) -ln sen (()i - f3) ,i = 1,2, 3,4 ,
sendo i a espessura dos blocos e f3 = 'Ir / 2- a.
C (X2, z21
(3.96)
gz=2GPfZd()
em que o círculo sobre o símbolo da integral indica que a integração deve ser
tQmada ao longo do contorno fechado do corpo (integral de linha).
No caso do polígono da figura 3.37, seguindo Talwani et aI. (1959), a inte-
gração é feita ao longo dos seus lados. Para o lado BC, por exemplo, tem-se:
(3.97)
lBC
[ z d() = lB
[c aI tg()- tg~l
tg~l tg() d()
sendo
~l = arc tg ( X2
Z2 _- Zl)
Xl
, (3.98)
com
40
..J 20
< o ___ CALCULADO
C> -20 -- OBSERVADO
:::E-40
-8 0+
+++ +
++ +
'++ ® +
li::
10
203110
120km W B' ©
100 E
0-24 ._® .a: Q. -32 + 4~
-40
ESTAÇAO
~
]~Z
~
{).e
Qzo( Lle!J.Z
Figura 3.39: Rede reticulada empregada no cálculo da atração vertical de fontes 2D.
S=seção da fonte.
182 Método Gravimétrico
p
(h)
x, y, -- gz (x, y,
21rG
h) (3.100)
gz ( x,y,
(3.101)
O) -- Gjoo joo p(a,(3,h) hdad(3 3/2
(3.102)
gz (x,y,z ) -_ Gjoo joo p(a,(3,h) (h - z) dad(3 3/2
Uma vez definida a camada eqüivalente, através da equação (3.101), ela pode
ser usada como modelo para o cálculo do valor da gravidade em diferentes alti-
tudes, por meio de (3.102); esse procedimento é conhecido como continuação do
campo (Apêndice C; Dampney 1969; Gunn 1975).
A camada eqüivalente pode ainda ser usada para calcularem-se valores de
derivadas do campo (Apêndice C; Gunn 1975), bem como para estimar-se o valor
da gravidade entre dois pontos de observação (interpolação). O primeiro procedi-
mento permite enfatizar as anomalias produzidas pelos corpos mais rasos (similar
à aplicação de um filtro passa alta) e a interpolação, a construção de malhas
quadradas (grid), usadas na elaboração de mapas de contorno das observações
gravimétricas, muito mais precisas do que as obtidas com os métodos numéricos
convencionais.
Quando 6.p 2: O em todos os pontos do corpo, 6.pmax pode ser substituído por
fipmax/2, em ambas as equações (3.105) e (3.106).
O uso das expressões (3.103) a (3.106) de estimativa da profundidade máxima
requer várias medidas da gravidade ao longo de um perfil, que atravesse inteira-
mente a zona anômala. Parker (1974) demonstrou, entretanto, que a profundidade
máxima pode ser estimada a partir de medidas obtidas em somente dois pontos
da zona anômala. Os resultados de Parker são sumarizados na figura 3.40.
O uso do diagrama da figura 3.40 requer o conhecimento da razão entre os
valores da gravidade em dois pontos da zona anômala 91/92 e do contraste de
densidade do corpo 6.po, com 6.po 2: O. O valor do contraste é utilizado para
estabelecer-se o parãmetro denominado de densidade adimensional b.p*, definido
por
6.p* =GD 6.po (3.107)
92
sendo G a constante de gravitação e D a distância entre os pontos de observação
dos valores 91 e 92.
Levando 9d 92 e 6.p* ao diagrama, obtém-se o valor de uma profundidade adi-
mensional h* , que deve ser multiplicado por D para determinar-se a profundidade
máxima.
O diagrama da figura 3.40 pode também ser usado para estimar-se a densidade
mínima do corpo causador da anomalia. Neste caso, deve ser usada a razão 9d 92
e a curva h* = O, quando inexiste uma estimativa a priori para a profundidade
máxima. O valor de 6.pmin é calculado Ia partir de b.p*, retirado da ordenada do
diagrama. .
l\ \ \
.02..J N
1.0.5
5
.01
l fi . fi da = - L 9n dx dy - l 9n da = - 41l'G m
(3.108)
186 Método Gravimétrico
n p
JE r r
r 9nda = J~=oJo=o9n R2 senOdOd~ = 2'1rG m ,
(3.109)
pois
Gm Cm
para IRI» IfI (3.110)
9n = IR _ fl2 - R2
(3.111)
m = 2:C k9ndXdY .
(3.112)
em que os subscritos m e e representam minério e encaixante, respectivamente.
Substituindo a equação (3.112) na (3.111) e tomando V = mm/ Pm, obtém-se
mm = C---
2'Ir1 PmPm 1 9ndxdy
- Pe P .
(3.113)
= 2'Ir1C---LJ9z!:!.S
(3.114)
mm PmPm
- Pe "'_
sendo !:!.S a área no plano x-y entre duas curvas de contorno e gz o valor médio da
gravidade dentro de !:!.S (Fig. 3.42). O somatório é aplicado a todos os intervalos
de contorno, desde o contorno zero até o valor máximo medido.
3.12 Aplicações 187
isogólica
3.12 APLICAÇOES
3.12.1 PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO
i 20
lIor _LESTE
~
~
t-:l
(b)
--
>-
...--. 10
'"
~
------ --
li ~
~---
...J
C '<')
6 <:)
~ --- ~
toAlNA DE,OURO
-----,.---
SANTA HELENA
---"
------+
LESTE
4
2 i
...J ~l
fi>
• Karroo
E2 Sedimentos Ventersdorp
§ Lavas Ventersdorp
!!li Witwotersrond
EJ Conglomerado Ventersdorp
Superior
R Witwalersrand Inferior
11III Granito o I 2
I I I I
o 1.6 '.2 4.8Km
F,igura 3.43: Perfis gravimétricos sobre o Sistema Witwatersrand, África do Sul: .-.
00
(a) Perfil regional; (b) Perfil. de detalhe. Adaptado de Roux (1970). co
190 Método Gravimétrico
LINHA 375W
1.0
I/l
/ .-.-., .
"'
\
PERFIL GRAVIMÉTRICO
o
,'g0.5
'E ,/
./ •.....•
o _._e_e /e -----.
5S LB 5N 10N
"50P"
SEÇÃO DE PERFURAÇÃO
OOH OOH
OOH OOH OOH 9300H 88 DDH
I I I I I I I I I I 10N
I I
5S ::::::::ff',)SjjJ(;.
L B
'~' '.".:';'
I I I I
o 100 200 300M
Figura 3.44: Perfil gravimétrico sobre o depósito Pine Point, Canadá. Adaptado de
Seigel et aI. (1968).
60
' •••• 1
I,.
~rll"IL-ali
Figura 3.45: Perfil gravimétrico na área de Suçuarana, Bahia, Brasil. Adaptado de Silva.
(1982).
192 Método Gravimétrico
----
o o-
,--
3-~oo
o- 2-
1000"é,
300 •• I~O ,
o ,
E
o
I
~
...•
l-
4-
S-
sw
Figura 3.46: Perfil gravimétrico sobre depósito de ferro. Adaptado de Hinze (1966).
ANOMALIA BOUGUER
-19,3,-
-19,4 - ...•.....•...............
-19,5
'-- ,
-19,6
oE l!)
-----
-19,7
-19,8
.......
" _- -'
""", ....
./
//~ .
",
~''':=:
E E'
360
340
380t ~
M - minério maciço; $- minério silicoso; O - minério disseminado; ANF· anfibolito, X - xisfo;
G· granito; p. pegmatito.
Os valores de densidade das rochas (Tab. 3.2) sugerem que as medidas gra-
vimétricas devem produzir valores mais elevados sobre as áreas de ocorrência de
rochas básicas e ultrabásicas, do que sobre aquelas com rochas ácidas. A compa-
ração entre observações geológicas de superfície e os valores gravimétricos pode,
entretanto, não mostrar a associação de valores mais elevados com rochas de
composição mais básica, como é evidenciado na figura 3.48. Nessa figura, o valor
máximo da anomalia gravimétrica ocorre sobre rochas graníticas. A anomalia não
deve, portanto, ser controlada pelas rochas graníticas da superfície e sim por uma
fonte mais profunda. Este exemplo demonstra que a melhor correlação geofísica-
geologia é obtida quando as informações geológicas provêm da subsuperfície não
muito rasa.
J
-'
~
84·00'
ci -30
I
C) ANOMALIA '\
I82"0-'
1 BOUGUER
I8~·00'
/
-40
+ +
+ + +
+ +
ANOMALIA BOUGER
w E
40 -75 ~50 -.25 o 25 50
..J ~
"~
c( ai
.2
Õ ó sSPC
E
oc:
<t 1
I
~
Clh
...•.
o
Q..
o
INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA PRELIMINAR C)
~
o ------~.íva~~AR---------~--------------GB---~=2.~Icm3----- S'
e Clh
...•.
~ 2 GCD t::l.
li:
~ 4
8
CL e = 2.62\1/Cm3
6 CC
r = 2.77\1/cm3
Figura 3.49: Perfil Gravimétrico na região de Irecê, Bahia,Brasil. Adaptado de Marinho (1977),
Referências Bibliográficas 19'
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.---
4.1 INTRODUÇAO
o comportamento magnético dos materiais terrestres parece ter sido primeiro
observado pelos chineses, séculos a.C. A noção de que a própria Terra comporta-
se como um ímã, entretanto, só foi apresentada, segundo uma base científica, em
1600, por William Gilbert.
o uso de medidas magnéticas na prospecção baseia-se em que concentrações
de minerais magnéticos nas rochas da crosta produzem distorções locais nos ele-
mentos do campo magnético da Terra. Esses elementos são a sua intensidade,
declinação e inclinação.
O Método Magnético foi um dos primeiros métodos geofísicos a ser empre-
gado em prospecção. As primeiras medidas sistemáticas datam de 1640 e foram
realizadas na Suécia, com o fim de deteção de depósitos de ferro; essas medi-
das consistiam na observação da variação da declinação magnética com bússolas
náuticas. Mais tarde, em 1870, o método de observação magnética foi aperfeiçoado
com a construção de instrumentos capazes de medir variações das componentes
horizontal e vertical do campo magnético e da sua inclinação. Atualmente, medi-
das muito precisas da intensidade do campo e das suas componentes são realizadas
com instrumentos conhecidos como magnetômetros.
A maioria das medidas magnéticas são realizadas com o instrumento na su-
perfície do terreno ou em aeronaves (aviões e helicópteros). As medidas podem,
entretanto, ser realizadas em áreas cobertas por água, com oauX11io de embar-
cações, ou ainda em poços perfurados.
204 Método Magnético
4.2 FUNDAMENTOS
4.2.1 MOMENTO E FORÇA MAGNÉTICA
Movendo-se a agulha de uma bússola de sua posição de equilíbrio, observa-se
que ela sempre retorna a essa posição, com uma das suas extremidades apon-
tando para o Norte. Essa extremidade é denominada de polo norte da agulha,
enquanto a outra extremidade, de polo suL A agulha da bússola é um ímã, daí as
denominações polo norte e polo sul, para as suas extremidades.
Os polos magnéticos são comumente visualizados como excessos de carga
magnética que se desenvolvem nas extremidades dos ímãs (carga positiva na ex-
tremidade norte e negativa na extremidade sul). Essas cargas são tidas como a
fonte do campo magnético externo ao ímã, em analogia às cargas elétricas que
se acumulam nas extremidades de um material eletricamente polarizado e são
responsáveis por um campo elétrico externo ao materiaL
Embora o modelo de polos ou cargas magnéticas seja conveniente e possa ser
aplicado ao estudo de campos externos aos materiais magnetizados, não foi ainda
possível observarem-se essas cargas n~ natureza e muito menos seus excessos iso-
lados (um polo norte isolado, por exemplo). A fonte dos campos magnéticos não
deve ser, portanto, polos magnéticos. Por outro lado, os resultados de experimen-
tos eletromagnéticos demonstram que campos magnéticos podem ser observados
sempre que correntes elétricas fluem através de condutores (um cabo elétrico, por
exemplo). Esta parece ser a única fonte dos campos magnéticos. Nesse caso, a
unidade magnética fundamental é denominada de momento do dipolo magnético
4.2 Fundamentos 205
m e definida por
_ = Ia_
m
c
-n , ( 4.1 )
sendo I a corrente que flui na espira (loop) que limita a área a, c a velocidade
da luz e fi o vetor unitário, normal à área limitada pela espira. O sentido de m
é obtido pela chamada regra da mão direita (colocando-se o indicador da mão
direita no sentido da corrente, o polegar aponta o sentido de m). A figura 4.1
mostra a definição de m.
F. - .!.PI P2 (4.2)
m - I.t r2
sendo I.t a permeabilidade magnética do meio que envolve os palas. Uma definição
mais precisa da força magnética envolve a interação de carga elétrica em movi-
mento e indução magnética (Purcell 1963; Reitz & Milford 1967; item 5.2, vaI.
2).
H = Fm = PI (4.3)
P2 I.tr2
M=m (4.5)
V
sendo V sempre muito pequeno em relação às dimensões do material.
B = IkH (4.6)
(4.8)
r (4.10)
A= -m."V(~)= mr3..T = mcos(}
r2
-
m
dA = -dm· "V(~)
que, em coordenadas cartesianas, toma a forma
(4.13)
dA = - [dmx~8x (~)
r +dm y ~8y (~) r = -dma~ 80'. (~)
r +dmz~8z (~)] r
O'.representa uma determinada direção constante de magnetização dentro do vo-
lume v. Usando a equação (4.5), tem-se para uma magnetização Ma, tomada na
direção 0'.,
dm = Madv (4.14)
208 Método Magnético
(4.16)
f ~(~)dV
A = -Ma lvaa r
(4.17)
A = -Ma~aa lvf ~dv
r
(4.19)
Polo
S geomognético sul
F;{ = FK + F; (4.20)
F2h = . F2x + F2y (4.21
F,2
o = F2x + F2y + F2z (4.22)
210 Método Magnético
;NG
/
//
-E
Fh = Focosi (4.23)
Fx = Fh i
cos D = Fo cos tos D (4.24)
Fy = Fh sen D = Fo cos i sen D (4.25)
Fz = Foseni (4.26)
i = arctg(Fz/ Fh) (4.27)
NM
fora do equador magnético, tem inclinação diferente de zero. Neste caso, a agulha
da bússola inclina-se em relação à posição horizontal, acompanhando a direção
do campo. Para que a agulha fique na posição horizontal (alinhada portanto com
a componente horizontal do campo), é necessário colocar-se um peso na agulha
para compensar a sua inclinação. No hemisfério magnético sul, a ponta norte da
agulha se levanta em relação à horizontal e o peso deve ser colocado entre o ponto
de equilíbrio da agulha e essa ponta, em uma posição que depende da inclinação
local do campo. Por outro lado, no hemisfério magnético norte, o peso deve ser
deslocado em direção à extremidade sul da agulha.
o campo magnético terrestre e os seus elementos sofrem variações ao longo do
tempo. Essas variações foram primeiramente constatadas em 1634 por H. Gelli-
brand, que observou mudanças no valor da declinação magnética de Londres, após
comparar suas medidas com medidas efetuadas em 1580 e 1622 por outros obser-
vadores (Jacobs 1963); este tipo de variação recebe a denominação de variação
secular. Além disso, o campo sofre inversões de polaridade, isto é, mudanças de
1800 no sentido do momento de dipolo, conforme descrito por Matuyama (1973).
4.2.6 IGRF
20S coeficientes atualizados do IGRF e programas de computador para calculá-Io podem ser
solicitados ao World Digital Data Centre CI, British Geological Survey, Murchison House, West
Mains Road, Edinburgh EH9 3LA, U.K.
4.2 Fundamentos 213
IGIIF1. (a)
,,. 'li ••
"
.-= ~-'~:C
-.--
--
--
,,
\
•
I
/
-Ull
.,
Figura 4.6: IGRF-1985 para: (a) inclinação do campo magnético (em graus); (b) variação
anual da inclinação (em minutos por ano). A inclinação 00 assinala o equador magnético.
Adaptado de Barraclough (1987).
214 Método Magnético
3Camada gasosa parcialmente ionizada, que situa-se entre 60 e 1.000 km acima da superfície
da Terra.
·Camada de gás completamente ionizada, portadora de campo magnético, que situa-se entre
1.000 e 64.000 km acima da superfície da Terra.
medidos.
-- --- '-.
1m",
(+ \ ~!
\//
" ep "-~-
.•.•...•.. •......
)
[ill]
rrrn
(a ) ( b ) (c )
-Hs
I H
I
I
I
I
I
I
"'"
sentada pela curva OAC na figura 4.9. Ao atingir o ponto C, o material está
magneticamente saturado por um campo Bs' Diminuindo-se, gradativamente, a
intensidade de H, o valor de B não decresce seguindo o percurso inverso CAO, mas
segundo a curva CDEF; esse novo caminho é, basicamente, devido à irreversibili-
dade parcial do movimento nos domínios magnéticos (Purcell 1963). Observando
este novo percurso, verifica-se que, quando H = O, ou seja, o campo magnético
externo é retirado, o material continua magnetizado com um campo residual Br,
e passa então a apresentar magnetização residual espontânea. Somente quando
o campo magnético H tem o seu sentido invertido, assumindo o valor Hc (va-
lor coercitivo), o material é desmagnetizado (B = O). No ponto F da curva, o
material está magneticamente saturado com um valor igual a -Bs (sentido con-
trário à saturação Bs)' Decrescendo-se novamente o valor absoluto .do campo H,
a intensidade de B varia, agora, segundo a curva FGJC, completando o ciclo.
Amostra
~~--
~ ~-
~~ Flúxo
magnético
E
<.>
N
o
<O
média
10
25
200
120
1400
7000
30
50
6000
500
4500
13000
7600-15600
6000 variação
20-14500
80-13000
50-10000
100-3000
20-3000
10-2000
0-1660
5-1480
25-240
0-4000
0-3000
2-280
0-75
emu 10500
13500
350
60
,
Xisto
Calcário
Arenito
Folhelho
Filito
Gnaisse
Riolito
Diabásio
Gabro
Basalto
Diorito
Andesito
Ardósia
Piroxenito
Peridotito
Metamórficas: Dolerito
xl06 emu
Tabela 4.1 - xl06
Igneas:
Dolomita
Granito
Anfibolito
80-7200
Susceptibilidade de130
rochas6
Sedimentares:Quartzito
rochas
4.6 INSTRUMENTAL
As primeiras medidas realizadas para a localização de concentrações de mi-
nerais magnéticos foram feitas com bússola náutica e bússola geológica. Essas
medidas consistiam na observação de perturbações dos valores normais de decli-
nação e inclinação do campo magnético.
Posteriormente, foram desenvolvidos instrumentos capazes de medir variações
das componentes horizontal e vertical do campo. Por medirem somente as va-
riações do campo, esses instrumentos receberam a denominação de variômetros
magnéticos. Os mais conhecidos variômetros são as balanças horizontal e vertical
de Schmidt.
podem ser dos seguintes tipos: saturação (ftux-gate), precessão nuclear ou pre-
cessão de prótons, bombeamento ótico e supercondutividade -(SQUID).
SATURAÇÃO
(o) 8 (c)
81
\ TEMPO
82
V2
(b)
zoa: Bobina
lJ.J Primária
~
lJ.J
oa..
:E Bobina
<r Secundária
o
NÚCLEO 1 NÚCLEO 2
Quantum Interfer-ence Device), envolvida por uma bobina onde é aplicada uma
corrente, que oscil~ faixa das rádio-freqüências. Esta corrente é usada para
obter-se um fluxo constante de campo magnético através do SQUID. Caso haja
variações nesse fluxo, produzidas por um campo externo (o campo da Terra, por
exemplo), o SQUID gera um campo que se opõe ou adiciona a essas variações.
Fisicamente, o SQUID comporta-se com um amplificador de elevado ganho,
apresentando uma vantagem adicional sobre os amplificadores eletrônicos conven-
cionais: seu nível de ruído extremamente baixo. A agitação térmica das moléculas,
que é responsável por grande parte do ruído dos componentes eletrônicos, prati-
camente inexiste nas condições de supercondutividade. Devido ao efeito de Jo-
sephson, pequenas variações no fluxo são enormemente amplificadas, permitindo
que os magnetômetros de supercondutividade detetem flutuações muito peque-
nas do campo magnético terrestre. A ordem de grandeza da sensibilidade desses
magnetômetros é de 10-5 nT.
A grande desvantagem dos magnetômetros de supercondutividade é a ope-
ração em ambiente de temperatura muito baixa. Este ambiente criogênico é con-
seguido mantendo-se o sensor em um recipiente com hélio líquido, cujo escape é
elevado: cerca de 1 a 3 litros por dia; necessitando o recipiente ser reabastecido a
cada 15 a 20 dias.
4.6.5 GRADIÔMETROS
Gradiômetros são magnetômetros que possuem dois sensores idênticos, es-
paçados de uma distância fixa e pequena em relação às fontes de anomalia sob
investigação. A diferença na intensidade do campo, medida nos 2 sensores, é di-
vidida pela distância entre eles, para fornecer o gradiente (em nT / m) do ponto
médio entre os sensores.
Nas áreas cobertas por água, as medidas magnéticas são realizadas tanto com
o aUXIliode embarcações, como de aviões. O uso de embarcações é, contudo, muito
restrito, pois torna o levantamento mais lento e caro do que o uso de aviões. Por
esse motivo, a maioria dos levantamentos magnéticos realizados com embarcações
visa estudos oceanográficos de larga escala ou a localização de objetos metálicos,
238 Método Magnético
250
150
100
0,4
1,4
1,6
3,0
6,0
25,0
13,0
6,0 mm
20,0mnT 3300,0
50,0
80,0
6,0
nT
Porte da embarcação 1700,0
200,0
700,0 nT Distância à embarcação
30 m
Figura 4.19: Sensor magnético instalado no peixe (magnetômetro G-811, fabricado por
EG&G Geometrics). Foto de José Fernando Pina Assis.
3000
ALTURA DE VÕO
-- 150m
2000 --- 300 m
------ 600 m ( o)
.........-.. 900 m
1000
w O
-------- E
30000
20000
(b)
10000
Figura 4.21: Efeito da altura de vôo nas anomalias magnéticas: (a) levantamento aéreo
a diversas alturas; (b) levantamento terrestre. Adaptado de Riddell, P.A. ln: Mining
Geophysics, v. 1, Society of Exploration Geophysics,1966,p. 421.
4.7 Técnicas de Levantamento 241
P _ 2L (4.34)
1rS
II -f I ·1 I
II I I I ,
II I I I '
II I I I I
.- I , I ,, I I I I I
I'
linha d.
,
i I
'""'-
ontrol.
L _
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-
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••
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do
ntamlnto
ha d.
Irol.
-4
x/h
nT 1=15°
I4-2o
4-2 -lZJ ,~
nT
1=0·
400,
&'Z::::::::
-400
-Boo
400l
-4 -2 ° 2 4 -4 -2 ° 4
Figura 4.23: Perfis magnéticos calculados para o modelo tabular vertical (comprimento
e extensão em profundidade infinitos) de largura igual a 4 vezes a profundidade h do seu
topo. Os perfis são perpendiculares à direção do corpo e foram calculados para inclinações
do campo magnético I
= O, 15, 30 e 45°, e ângulos entre o norte magnético e a direção
do prisma B = O a 90° (a intervalos de 15°). Adaptado de Leão & Silva 1977.
(a) correções para eliminar as variações devidas a causas não geológicas, como
a variação diurna e o desnível dos pontos de amostragem;
- -
4.8.1 CORREÇAO DA VARIAÇAO DIURNA
Nos levantamentos terrestres, dois procedimentos podem ser empregados na
correção da variação diurna:
246 Método Magnético
encostas de vales, o sensor fica mais próximo do terreno, além de ser envolvido
por um volume maior de material magnetizado (Fig. 4.25). O efeito produzido
pela proximidade do terreno é, porém, de menor intensidade do que o provocado
pela magnetização do terreno. Gupta & Fitzpatrick (1971) apresentam evidências
de efeitos magnéticos produzidos por topografia que chegam a alcançar valores su-
periores a 2000 nT (Fig. 4.26).
fsensor
O caráter dipolar do campo magnético terrestre faz com que a direção e a in-
clinação do campo variem ao longo da superfície terrestre. Por isso, a componente
da magnetização induzi da de uma fonte produzirá diferentes padrões anômalos,
quando localizada em diferentes latitudes. Para efeito de comparação, deve-se
mencionar que a anomalia gravimétrica de uma fonte tem a mesma forma em
qualquer latitude, porque o campo gravitacional tem uma única direção, que é a
vertical.
REDUÇÃO
AO POlO
observa-se, por exemplo, que o centro da fonte não coincide com nenhuma feição
característica do perfil anômalo. Por outro lado, a anomalia reduzida ao polo é
caracterizada sempre por um pico positivo exatamente sobre o centro da fonte.
A figura 4.28 ilustra a redução ao polo de uma aI).omalia provocada por fonte
com magnetização remanescente. O resultado é um perfil que não possui somente
um pico positivo como o da figura 4.27.
REDUÇAO
AO POlO
• /\ir
DADOS DADOS REDUZIDOS
ORIGINAIS AO POlO
A redução ao paIo, como mostrado nas figuras 4.27 e 4.28, auxilia na inter-
pretação dos dados magnéticos, por: .
(a) permitir qu~ se localize mais facilmente a posição das fontes de anomalias;
4.9 INTERPRETAÇAO
A interpretação de dados magnéticos é, em vários aspectos, similar à inter-
pretação de dados gravimétricos. Por exemplo, ambos os campos obedecem à
4.9 Interpretação 251
i
campo magnético da Terra é normalmente bem mais forte do que o campo local
produzido pelo corpo, em geral, as medidas de são feitas aproximadamente
direção de Fo. Assim, o que se obtém é praticamente apenas uma componente do
na
F
z
Figura 4.29: O vetor campo magnético e seus componentes. Fo-campo magnético total;
Fh-componente horizontal; Fz-componente vertical; Fx-componente x; Fy-componente y;
i-inclinação.
Ua
A = -Fa = cos t. cos f3 XA + cos t
• sen f3 y
A + sen t z • A (4.40)
Fa
4.9.2.1 Monopolo
A = -p (4.41)
r
\., / ,-,
L t.F h ""., ~.( •I
.
+p b I
d ·1 h> > d
I nFt
-pA;/nom~~a AnOmalia~
d/-- p
( )
h
Figura 4.30: Monopolos em (a) altas latitudes e (b) baixas latitudes. p-polos.
R ( )(., y, Z )
-p(o,o,hl
Figura 4.31: Simetria para o cálculo da anomalia produzida por monopolo magnético.
4.9 Interpretação 255
(x2 + y2 + h2)
[x2+y2+(Z_h)2]
L » h
h » e
Ia I « b I
Figura 4.32: Linhas de monopolosem (a) altas latitudes e (b) baixas latitudes.
x
(4.51)
~Fh(X,O) = -2peX2 +
h
(4.52)
~Fz(x,O) = 2pt x2 +
- intensidade do campo total anômalo na direção do campo magnético terres-
tre e intensidades das componentes horizontal e vertical anômalas na direção das
componentes horizontal e vertical do campo magnético terrestre:
x cos j3
(4.54)
~H(x, O) = -2 pe x2 +
h sen i
(4.55)
~Z(x,O) = 2pe x2 +
4.9.2.3 Dipolo
r3 [X2+y2+(Z_h)2]
Dx x + Dy iJ
~fh(X, y, z) =m (4.57)
x2 + y2 + (z _ h)2
[ ]5/2
e
Dzz
(4.58)
Figura 4.33: Simetria para o cálculo da anomalia produzida por dipolo magnético.
a-inclinacão do dipoloj m-momento magnético.
com
Dx = 3 x (z - h) sen a + 3 x y cos a ,
Dy = 3 y (z - h) sen a - (x2 - 2 y2 +
(z - h) 2] cos a
Dz =3y(z-h)cosa- (x2+y2_2(z-h)2]sena
com D4 = Dx cos i.
4.9 Interpretação 259
~~
\ .--/
h» d
L» d e»d
L».
A = 2 me ------
x cosa + (z - h) sena
(4.61 )
x2 + (z - h)
LlFh(x, )- [x2 + (, _ h) ]2
e
Lzz
(4.63)
6.Fz x, - x2 + (z _ h
- ( z) - 2 me [ ) 2]
com
Lx = x2 - (z - h) 2 cos a + 2 x (z - h) sen a ,
Lz = [(z-h)2-x2)sena+2x(z-h)cosa
Seguindo o desenvolvimento anteriormente apresentado, tem-se:
- L} + L2
6.T(x,z)
= 2me----- (4.64)
[x2 + (z _ h)2]
260 Método Magnético
4.9.2.5 Prismas
(4.65)
+ sen6 cos8 log (roro +
_ f31
f31)] au
at
f3u
f3t
NM
/
/ // X
/
h // //
z
Figura 4. 35: Prisma vertical infinitamente extenso em profundidade. NM-norte
magnético; h-profundidade do topo.
tlT( x, y, z) = Ip [a23
2 log (TO
TO + aI
- aI) 2 log (TO
+ a13 TO +
- 131
131)
-a12l0g(TO+h)-lLtg-l( ai +al131
TO h + h2 )
(4.66)
-mMtg-1( 2 + al131
TO TOh - ai ) +nNtg-l(al131)]TOh ,Qu l,6u
'Qi l,6i
com
Figura 4.36: Modelo para simular falhas geológicasde gravidade com plano de falha
vertical. h-profundidade do muro; R-rejeito.
A anomalia do campo magnético total é dada pela expressão (Leão & Silva
1977):
i' senO cos i ln B - 2 I cos i'senO'cos i senO tg-1 A
!:!.T = I sen
b.TCD
(4.68)
= 2 I +{ [p cosi'i'cos
1Qcos cos(a sen i']
D') +- QP sen
(a -- D') il cos i}- D) cos i
sen(a
com
P = 2 z21
Z21 +2 X12
2 (() 1 _ ()2 ) + 2Z21 X12 2
Z21 +
X12
Iog T2
( TI )
X12 = Xl - X2
Z21 = Z2 - Zl
TI =
[
(Xl - xo) 2 + zi ]1/2 e
T2 = (X2 - XO)2 + zi
[ ] 1/2
sendo I
a intensidade de magnetização, i'
a inclinação da magnetização, a incli- i
nação do campo magnético terrestre, a o ângulo entre o norte geográfico e o eixo
264 Método Magnético
C(X"O,Zll
A
Figura 4.37: Geometria para o cálculo da anomalia produzida por uma fonte de forma
irregular, aproximada no plano xz pelo polígono de vértices A, B, C, D e E. A fonte
estende-se infinitamente na direção perpendicular ao plano xz.
(Xo ,0,0)
x
'\
\',"
\\',r"1
\ "-
""
"
(x, , °, Z 1 )
, z 2)
Pol igonal
Figura 4.38: Geometria para o modelo de dimensão dois e meio (Shuey & Pasquale
1973).
b..T = 2I [Px cos2i cos2a + Pz (cos2i sen2a - sen2i) + Q cosa sen 2 i] , (4.69)
I i
sendo a intensidade de magnetização, a inclinação do campo magnético e a o
ângulo entre o norte magnético e o eixo x. Os parâmetros Px, Pz e Q são mais
facilmente calculados se forem relacionados na forma complexa:
Q + J. Pz = ""
L.....J 1\". -b..x 1\ ,.ln
...L. ,; FI
(F2)
Q + J.Px = L.....J
"" 1\". j b..z
...L. ,; 1\ .,.ln FI )
(F2
j
sendo o complexo imaginário .;=I.
O somatório é aplicado sobre o número de
lados da poligonal que define o contorno da fonte e, para cada lado,
~X = X2 - Xl
~z = Z2 - Zl
Fn -_ ~x
Xn j
+ j~zZn (1 + Tn)
Y +Í-(xnb..z
y2 _ znb..x)
Tn = ( Xn - Xo )2 + y 2 + Zn2
em que Y é a metade do comprimento da fonte e n toma os valores 1 e 2.
Outro modo de se calcular o efeito magnético do corpo de forma irregular
consiste em representá-Io por um número finito de prismas retangulares. Essa
266 Método Magnético
técnica foi desenvolvida por Bhattacharyya & Navolio (1975), para corpos com
magnetização constante e, posteriormente, estendida para corpos com magneti-
zação variável por Bhattacharyya & Chan (1977a).
Métodos gráficos também podem ser usados para calcular o efeito magnético
de corpos de forma irregular. De acordo com esses métodos, o corpo é dividido
em pequenos elementos e o efeito magnético de cada elemento é calculado. Exem-
plos de métodos gráficos são apresentados por Henderson (1967), Henderson &
Wilson (1967) e Millet Jr. (1967). Atualmente, contudo, os métodos gráficos são
raramente utilizados.
Curvas características podem ser encontradas em: (a) Grant & West (1965)
para os modelos falha, placa fina (diques) e prisma; (b) Smellie (1967) para os
modelos monopolo, linha de monopolos, dipolo e linha de dipolos; (c) Gay, Jr.
(1967) para os modelos placa fina (diques) e corpos tabulares; (d) Barker (1975)
para os modelos dipolo e linha de dipolos; (e) Luiz (1981) para os modelos dipolo
e linha de dipolos.
e
(4.72)
sendo h a profundidade do corpo; f, m, n os cossenos diretores que definem a
direção de magnetizaçãoj Imx a intensidade má:xima de magnetização; flF:nx o
valor máximo do módulo da derivada horizontal do campo anômalo e flF~x o
valor máximo do módulo da segunda derivada horizontal do campo anômalo.
4.9.7 DESMAGNETIZAÇAO
Desmagnetização é um efeito que aparentemente reduz a intensidade de
magnetização de um corpo, produzindo uma magnetização aparente
(4.73)
(4.74)
I+NK.
incluem. Gay Jr. (1967), entretanto, apresenta um esquema que permite esti-
mar e corrigir o efeito da desmagnetização produzido em diques, e Sharma (1966)
descreve um algoritmo para o cálculo da desmagnetização em corpos de forma
irregular.
4.10 APLICAÇOES
4.10.1 PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO
o uso do Método Magnético na prospecção de petróleo é quase sempre di-
rigido para a determinação da topografia do embasamento de rochas ígneas e
metamórficas que está recoberto por rochas sedimentares.
Tendo em vista que o efeito magnético das rochas sedimentares é muito fraco,
qualquer anomalia observada sobre uma bacia sedimentar deve estar associada
às rochas do embasamento. Assim, dois tipos de anomalias são reconhecidas:
anomalias de intra-embasamento e anomalias de supra-embasamento (Fig. 4.39).
As primeiras estão associadas às concentrações locais de minerais magnéticos no
embasamento e podem produzir amplitudes superiores à 100 nT; as outras são
120
80 INTRA-EMBASAMENTO
nT
40 SUPRA-E.~ASA.ENTO
SEDIMENTOS
+ + ++ + + + + + + +\V v VI+ + + + +
+ + + + + + IV V I + + +
ROCHA ÁCI DA
lROCHA BÁSICA
----__ -- .••••••••
~ ~_ de
l1í'--=-
~---
./) /Acumulaçõo
pet ró 1.0
----------
++
onomolio/
..........•....+ ~
+ +
+
do
+~
de supro - embosamento
dados magnéticos mostram, entretanto, uma única zona anômala na posição 32.
Na posição 17, os dados magnéticos são muito suaves, sugerindo que a anomalia
sísmica é causada por material não magnético e, portanto, não se trata do em-
basamento, mas de sal ou folhelho. No mesmo local foram realizadas medidas de
gravidade que confirmaram os dados magnéticos.
íL
Perfil magnético
800 nT
o 10 20 30
I I I I
SEDIMENTOS
EMBASAMENTO
Figura 4.42: Exemplo mostrando como os dados magnéticos podem melhorar a in-
terpretação de dados sísmicos. A superfície de separação sedimentos-embasamento foi
estabelecida com base em dados sísmicos; o perfil magnético sugere que a elevação do
embasamento entre 10 e 20 milhas é irreal. Dados da costa oeste da África. Adaptado de
Nettleton (1976, p.437).
tornos dos dados aeromagnéticos coletados sobre a região da Serra dos Carajás.
Os contornos magnéticos mostram zonas intensivamente magnetizadas que cor-
respondem ao minério de ferro. Vale ressaltar. que o minério de ferro da Serra dos
Carajás foi descoberto quando, por mero acaso, um helicóptero pousou em um
dos platôs da Serra (Santos 1981, p. 23). Anteriormente, a região era ti da como
de rochas calcárias, segundo a interpretação de fotos aéreas. Tivesse o levanta-
mento aeromagnético sido realizado antes do pouso do helicóptero, a descoberta
de Carajás não teria, certamente, sido um mero acaso.
50°10'
I
'o
6·00'
~
(lh
..•.
o
o...
o
~
C§
(1h
..•.
tr
6°10'
Fo InT I
1)00
1200
1100
1000
000
000
100
000
E
r ~l"0~::Oo
~ MINÉRIO MACiÇO o XISTO
El ANFIBOLITO
00
40
-40
'11 E
lill
fVJJ1 NORITO.
P IROXENITO,
ANHBOLlTOS
BIOTITA MINERAL!
C/NíVEISZADOS
DE rx;Nl PIROXENITOS, BIOTITA
liUJMINERALIZADOS
r7l
L{:j GRANITO - GNAISSE ~GNAISSE
Figura 4.46: Perfil magnético realizado sobre zona com mineralização disseminada de
cobre localizada na região de Suçuarana, Bahia, Brasil. Adaptado de Sã & Reinhardt
(1984).
276 Método Magnético
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
'---I~
~~
Figura 4.49: Lineamento magnético associado ao padrão linear dos contornos magnéticos.
Adaptado de Gay Jr. (1972) - Foto de José Fernando Pina Assis.
~
o
00
lOroct_
~
(1"
.,.,..
oQ..
o
~
~l::l
-~ (lh
.,.,..
e:;.
o
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Part 1), p. 464-480.
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Field Measurements. Geophysics, v. 40, n. 2, p. 269-284, 1975.
Apêndice A
-
, EXPRESSOES DO
CALCULO VETORIAL
A.1 INTRODUÇAO
Nas expressões _ap~eseJtad~s neste apêndice, ç e 'l/J representAamfunções es-
calares, enquanto A, B, C e D são vetores e X, Y, z, p, <P, f e O, unitários nas
respectivas direções.
Os símbolos x e . representam, respectivamente, produto vetorial e produto
escalar. Se x aparece após o símbolo V, lê-se rotacional (por exemplo, V X Ã
deve ser lido como "rotacional do vetor A"). Se . aparece após V, lê-se divergente
(V· Ã deve ser lido "divergente do vetor A").
O símbolo. V colocado antes de uma função escalar deve ser lido como gra-
diente da função.
O símbolo V2 aparecendo antes de uma função escalar deve ser lido como
laplaciano da função.
"V'/'
.1. = -x+
â1j;A -y+-z
â1j;
A â1j; A
âx ôy ôz
286 Expressões do Cálculo Vetorial
vx - p+ --- 'f'+- p -p
~ A- _ (1----
p âAz
â<jJ âz
âA4», âz
(âAp âp
âAz)l 1(â(p A)
4> --
â<jJ
âAp)
z
,
"V1/; = â1/;r
âr
+~
r â1/;
â8
Ô + _1_
rsenB
â1/;J
â<jJ
"V •
- = r2"
A
1 -ââr (2)
r Ar + --/l1 â ( ) 1 âA4>
rsenu â/lu AesenB + --{)
rsenu â'"'f'
"V x A
-
= rsenB
-- -âB
1 [â (
A4>senB - -
)
r
â<jJ ,
âAe]
+ -r1 [senB
-.1 -âAr - -â
â<jJ âr (
r A4> B
)] ,
\7 . (\7 x A) =O
\7 x \7t/J = O
÷ (13 x 6) = .8 . (6 x A) = 6 . (à x .8)
A.4 TEOREMAS
,
DO CALCULO VETORIAL
N as expressões dos Teoremas da Divergência e de Green, S é uma superfície
que limita um volume V. O elemento de volume é dv, enquanto, o elemento de
área da tem n como normal unitária.
Teorema da Divergência:
Teorema de Green:
Teorema de Stokes:
Apêndice B
TABELA PARA
CORREÇAO TOPOGRÁFICA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ZonaAh . 135
1
t::..h Te=100
9
2
6
1
OTe=200
10
122
21
32
20
532
16
17
3
4
7 5
18
27
4
15
70
66
13
96
85
20
81
77
2
15
78
7
4
45
30
16
13
51
58
54619 5
Ti=100
Ti=10
Te=10
Ti=20
Te=50
Te=20
Ti=50
Ti=2
118
24
112
12
14
27
36
87
36
40
19
25
99
38
48
53
503
6
107
103
390
816
74
23
106
78
82
101
91
21
62
12
43
28
17
88
114
92··
22
111
57
17
15
22
8
163
47
11
10
61
65
73
69
34
10
12
18
14
9
O2
11
Zona
Zona
22 62
3
4 14
13
45
16
15
53
49
38
12
17
58
63
41
11
2t::..gz
t::..h
t::..gz
77
94
154
118
105
69
84
Tabela para Correção Topográfica 291
Âh7
Âgz
t:..gz
Zona 8
448
10
11
270
484
8
506
488
790
559
103
287
305
157
7
237
9
13
14
25
24
203
4
458
426
78 10
200
205
2
230
1
Te=1000
Ti-1000
Ti-7OO
Te=700
Te=1500
Ti-300
Te=500
Ti-1500
Te=2000
323
462
477
491
21
22
23
288
189
410
19
425
20
440
454
300
520
469
310
359
690
280
710
503
290
21
730
518
22
750
532
23
770
545
180
4
269
356
319
340
304
372
388
365
16
380
15
433
285
255
320
272
210
12
335
220
350
240
403
418
17
395
260
604
18
535
499
330
809
424
453
480
340
377
556
394
582
625
443
16
647
15
250
668
473
573
24
132
3
5
228
249
170
152
325
219
3
5
6
279
130
117
187
108
67
58
73
O 56
67
6
18
44
7
8
Ti-5OO
531
6
361
393
31
Zona
Zona
300 9
11
8
12
292 Tabela para Correção Topográfica
Âh
Âh
ZonaÂgz
Âgz
13
6.h Te=5
8Te=15
11
31
99
10
14
15
16Te=20
240
420
594
628
651
7844
803
959
996
710
758
1046
1105
636
556
925
9
15
66
5
191245
1833
1293
18
900
1554
1767
14
320
409
O 0
663
550
635
1332
4
720
1506
2126
1653
24
Ti=3
Te=10
Te=7
Ti=5
Ti=10
210
2
269
1180
213
366
2
472
3
88
318
77
464
12
605
13
14
15
16
17
1100
18
496
579
553
525
1032
674
697
718
11
9
10
18
884
921
487
1020
1098
1062
1145
1396
1313
820
7
55
44
23
24
OTi=7
Ti=15
537
336
759
876
8
974
12
13
14
1186
1224
16
17
1260
1627
1148
924
11
10
1197
1338
1425
1479
1700
1896
1380
2013
360
3971
4
1130
19
1218
817
23
24
836
854
430
1160
759
780
20
799
21
1248
22
1304
25
4
6610
1017
1125
1221
5
704
762
6
1297
1367
21
1400
1433
22
23
1466
24
1498
25
792
858
1463
19
2336
2072
2180
1545
2232
1581
2284
1617
23
2385
1689
9
Zona
Zona
Zona
120
1066
17987
1954
1189
739 2
3
5
6
7
8 14
12.77
20 15
17
18
16
Apêndice C
.•.
INTRODUÇAO A
TEORIA DOS FILTROS
C.1 INTRODUÇAO
Basicamente, filtro é um sistema que modifica sinais de entrada em sinais
de saída. Seguindo-se essa definição geral, nós pode-se distinguir duas classes
principais de filtros: os filtros naturais e os filtros artificiais.
o interior da Terra é um exemplo de filtro natural, pois age atenuando e
dispersando sinais, tais como aqueles relacionados às ondas sísmicas ou às ondas
eletromagnéticas. Os filtros artificiais são sistemas construídos de modo a se obter
determinada resposta a uma dada excitação.
Os filtros artificiais são em geral usados para separar-se a informacão inde-
sejável (ruído) da informação desejável (sinal). Na Geofísica, a separação sinal-
ruído pode ser realizada com base em freqüência, velocidade, polarização e am-
plitude. Filtragem com base em freqüência é a mais empregada na Geofísica. O
sucesso desse tipo de filtragem depende do grau de superposição de freqüências
associadas ao ruído e ao sinal.
#
C.2 CONCEITOS BASICOS
Uma vez que a filtragem digital trata seqüências de números, qualquer infor-
mação registrada continuamente deve ser convertida para a fo~ma digital. Este
processo, denominado de digitalização, consiste de duas operações: amostragem
e quantificação.
ST(t) = L
k=-oo
S(t - kT) (C.l)
W
T
H x( t )
T
- I J T( t )
Xs ( ti
1
--" [.
H T
ys(t) f:
= L [ k=-oo x(kT) 8(t' - kT)]
(C.6)
ou
00
y(nT) = L
k=-oo
x(kT). h(nT - kT) (C.8)
(a) Passa baixa - rejeita freqüências que, em módulo, são maiores do que um
certo valor, mantendo somente freqüências entre zero e aquele valor (Fig.
C.3a).
(b) Passa alta - rejeita freqüências entre zero e um determinado valor, mantendo
somente freqüências maiores do que o módulo daquele valor (Fig. C.3b).
(c) Passa faixa - mantém uma faixa d~ freqüências e rejeita todas as outras (Fig.
C.3c). .
(d) Rejeita faixa - rejeita uma faixa de freqüências e mantém todas as outras
(Fig. C.3d).
Os filtros representados na figura C.3 são denominados de ideais porque apre-
sentam um corte abrupto nos valores de freqüência. Na prática, os filtros não
apresentam um corte tão abrupto. Nos filtros analógicos, essa é uma limitação
C.2 Conceitos Básicos 297
H (t ) H (t )
- te te -te te t
(a ) ( b)
H (t) H (t )
-t2 -t, t, t2 t - t2 - t, t, f 2 t
(c ) (d)
Figura C.3: Filtros ideais: (a) Passa baixa; (b) Passa alta; (c) Passa faixa; (d) Re-
jeita faixa. fc, f1 e f2 são freqüências de corte. Ás regiões hachuriadas representam as
freqüências que são mantidas.
imposta pelos componentes elétricos que compõem o filtro, enquanto nos digitais
a limitação provém de efeitos numéricos relacionados ao truncamemto do filtro.
x (f ) y (f1
H (f )
-te te f e
fe
Tanto na figura C.3, como na figura C.4 observa-se que os filtros são definidos
para freqüências positivas e para freqüências negativas, simetricamente dispostas
em relação à freqüência zero. O uso de freqüências negativas é um artifício ma-
temático conveniente no desenho de filtros, pois impede que sejam introduzidos
deslocamentos (mudanças de fase) em tempo (ou espaço) no registro resultante.
C.3
CONVENCIoNAIS
CONSTRUCAO DE FILTROS
O desenho de um filtro envolve basicamente as etapas a seguir.
c) Truncar h(t) para obter-se um filtro com número finito de termos. Um trun-
camento abrupto, entretanto, gera valores oscilantes, que produzem ondu-
lações na forma de H(J) conhecidas como fenômeno de Gibbs. O trunca-
mento deve, portanto, ser feito multiplicando-se h(t) por uma função, dita
função janela que suavize os seus limites. Uma das funções de suavização
muito popular é a janela de Hamming (McGillem & Cooper 1974), definida
por
w( n 6.t) = 0,54 + 0,46 cos(n 6.t jM) 11" para In6.tl < M
h(nLlx)
0,015
H(f)
~ "ao
~
-0,008--' 0,008 f(ciclos/m)
. (a) (b )
Figura C.-5: Filtro ideal do tipo passa baixa, com freqüência de corte 0,008 ciclos/m; (a)
Domínio da freqüência; (b) Domínio do espaço.
( ) _
- 2Je
+ sen(271" fe n.D.x) (C.12)
h n.D.x 271"f.D.
en X
n h(n ó.x)
-0,00302
0,01600
0,00202
0,00374
0,21473
0,86527
1,00000
-0,00376
-0,08154
0,08000
00,80000
-0,000940,02169
0,16181
w(n,54000
hw(n Ó.x)
ó.x)
±3°
±1
±2
±4
300 Introdução à Teoria dos Filtros
(G.13)
sendo h o nivel onde os dados vão ser calculados (negativo na continuação para
cima, positivo na continuação para baixo).
(b) Filtro para redução de dados magnéticos ao pala:
( )1/2 ()1/2
H(fx, fy) = fx + fy fx + fy
j L fx +j M fy + N (Ix + fy) 1/2 j f fx + j m fy + n (Ix + fy) 1/2
(G.14)
(c) Filtro para derivada vertical de ordem r para dados magnéticos e gra-
vimétricos:
(G.15)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRIGHAM, E.O. The Fast Fourier Transform. New jersey: Prentice-Hall, 1974,252 p.
MCGILLEM, C.D. & COOPER, G.R. Continuous and Discrete Signal and System Anal-
ysis. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1974,395 p.
,
Indice de Assuntos
Aceleração pelo homem, procura de)
centrífuga 119-120, 208 Avaliação
da gravidade 119 do depósito (cubagem) 30, 34-36
de atração 117 do mérito da Geofísica 30, 106-107
Achatamento polar 121, 123
Aerogeofísica 9 (v. levantamentos aéreos) Balança
Aerolevantamentos 9, 89, 105 (v. levanta- de mola 148, 150
mentos aéreos) magnética 227
Água subterrânea 32, 88 Bens minerais, prospecção de 10
depósitos de 4 Bird 9, 243
prospecção de 10, 12, 15, 18, 21 Bloco tabular horizontal semi-infinito
Aliasing 64, 69-70, 76 efeito gravimétrico 177-178
Amazônia 3, 32, 39, 106, 256 efeito magnético 262
Ambigüidade 100-102, 164-166, 182-183, Bombeamento ótico, magnetômetro 228,
185, 251, 267 231-233, 235, 242
Amostra Bouguer
anomalia 139-140
de picagem 39
de sondagem 39, 221 correção 63,128-130,135-136
valor 140
Amostragem (em Geofísica) 64, 70, 236,
245, 294-295
Caderneta de campo 56-57
freqüência de 68-70
Camada eqüivalente
intervalo de 68-69, 242, 298-299 Gravimetria 182-183
teorema da 64, 68-69
Magnetometria 266-267
Amplitude 64, 66, 71, 77-78
Anomalia 80-82 Campo gravitacional terrestre 117-118
Ar livre 128 Campo magnético (def.) 205
Campo magnético terrestre
Bouguer 139-140 elementos 208-212
cauda da 91
origem 212-215
gravimétrica 164 parte externa 214
intra-embasarn:ento 269
parte interna 212, 214'
magnética 251-252 Caracterização geológico-geofísica 37, 38
supra-embasamento 269-270 Carajás 10, 32, 273-274
Antiferromagnético 218 Carvão 4, 11, 32, 147, 227
Anticlinais 89, 172, 187-188 depósitos de 3
Anticlinório 194
prospecção de 11, 192
Aplicação( ões) Cassinis, constante de 123
da Geofísica de Prospecção Chaminé (vulcânica) 35, 69, 89
direta 10, 38 kimberlítica (Gravimetria) 192
indireta 10, 38 Cilindro 89-91
método Gravimétrico 187-196 efeito gravimétrico 171-175
método Magnético 269-276 horizontal, atração 171-172
Apresentação (medidas geofísicas) 36, 58-62 vertical semi-infinito, atração 173-175
Áreas Clairaut, teorema de 123
demarcação 43-44, 105 Coleta de dados 42-43
emersas 33-34 Gravimetria 155-161
submersas 33-34 Magnetometria 236-245
Ar livre, correção Combustíveis fósseis 11
Gravimetria 63,127-128, 135-136 prospecção de 10
Magnetometria 248 Comprimento de onda 64, 65
Arqueologia 236 (v. materiais produzidos Condições operacionais 37, 41
302 Índice de Assuntos