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DIREITO ADMINISTRATIVO

PROFª. GIOVANA GARCIA

Aula 5

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE


PRIVADA

É fato que o Estado pode intervir na propriedade privada pq tem por fundamento o DOMÍNIO
PÚBLICO que possui 2 interpretações:

a) Domínio Público em sentido amplo – LATO SENSO– É o Poder que tem o Estado
sobre todos os bens que tem dentro de seu território, que nos dá fundamento do Estado
na propriedade privada. Este domínio decorre do princípio de soberania. O poder que
ele tem sobre todos os bens em seu território não significa que ele é o proprietário e sim
que ele tem poder. O direito de propriedade que apriori é perpétuo, exclusivo e
absoluto, certo que esse absoluto não é absoluto, pois o direito de propriedade depende
de regulamentação e essa regulamentação, às vezes, impõe restrição. Assim, o direito de
propriedade é passível de restrição nos limites que garantam segurança, preservação do
meio ambiente, entre outros.

Desta forma, os meio de intervenção na propriedade privada podem estar fundados em


2 princípios: Princípio da Supremacia do Interesse Público e o Princípio da Função
Social da Propriedade, sempre os 2 princípios aplicados simultaneamente.

b) Domínio Público STRICTO SENSO – É o conjunto do patrimônio público que não


serve para compreender a intervenção do estado na propriedade privada.

Segundo o Art. 5º da CF/88 a propriedade é um direito fundamental e mesmo assim o


Estado pode intervir- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

No inciso temos ratificado este direito - XXII - é garantido o direito de propriedade;

Já no inciso avisa que a propriedade deve atender a sua função social, mostrando as limitações
do exercício desse direito para garantir o pleno exercício por todos - XXIII - a propriedade
atenderá a sua função social;

Neste inciso a CF prevê a possibilidade de desapropriação - XXIV - a lei estabelecerá o


procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

Aqui a CF prevê a possibilidade de requisição - XXV - no caso de iminente perigo público, a


autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;

Assim, no próprio art. 5º da CF/88 que estabelece os direitos fundamentais e também que esses
direito pode sofrer restrições e supressões,

ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO - O Estado dispõe de vários meio para intervir na


propriedade privada, quais sejam:

 Intervenções restritivas, um pouco mais brandas, pois não suprime a propriedade:


limitações administrativas; ocupação temporária; requisição administrativa de bens
imóveis e móveis infungíveis; servidão administrativa; tombamento; edificação e
parcelamento compulsórios;

 Intervenções supressivas, gravosas, drásticas, pois suprimem a propriedade


privada: Desapropriação e requisição administrativa de bens móveis fungíveis e
consumíveis.

LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS - é o exercício do poder de polícia.


Trata-se de uma atuação geral e abstrata do Poder Público, a
proprietários indeterminados, sem indenização (ex. limitação para
construir prédios de determinados andares). Se ilegal ou
inconstitucional, cabe o controle pelo Poder Judiciário. A limitação civil
protege o direito privado (ex. não construir janela direcionada ao
vizinho); a limitação administrativa protege o direito público. A
limitação administrativa restringe o caráter absoluto da propriedade,
em nome do poder de polícia da Administração. Quando o Poder
Público impede a propriedade, na verdade, está a praticar uma
desapropriação indireta, não limitação administrativa.

 São determinações de caráter geral – que ela impõe uma limitação, geral e abstrata, não
recaindo sobre um bem determinado e coisa certa, dirigida a um bem específico pq ela
recai sobre o DIREITO DE PROPRIEDADE (e não sobre a coisa), ou seja, limita o
direito de propriedade e não uma coisa específica em si. Ex: Gabarito de construção – é
uma regra geral que impõe limites ao poder de construir. Ex: em frente a praia construir
prédio de 50 andares, não pode tem que respeitar o gabarito de construção. Ressata-se
que a limitação geralmente não gera direito a indenização pq a limitação tem caráter
geral. Desta forma, se ela é uma limitação de caráter geral ela se materializa por lei ou
por ato adm de caráter normativo.

 Impõem obrigações positivas (de fazer), negativas (de não fazer) ou permissivas
(tolerar, deixar fazer), para fim de condicionar as propriedades ao atendimento da
função social (interesses públicos abstratos). Instituída a obrigação pode gerar ao
proprietário uma obrigação de fazer, de não fazer ou de tolerar ou de deixar fazer. Ex:
fazer e não fazer: RECUO e ALINHAMENTO. No recuo vc não pode construir em
uma determinada área do seu terreno.

 Tem caráter de definitividade

 Podem atingir não só a propriedade imóvel e seu uso como quaisquer outros bens e
atividades particulares que tenham implicações com o bem estar social, com os bons
costumes, com a segurança e a saúde da coletividade, com o sossego, a higiene e a
estética urbana.

 Não acarreta o direito de indenização, salvo se inconstitucional, ilegal ou nulificar o


aproveitamento econômico da propriedade.- Assim temos um ato de caráter geral
inconstitucional que causa lesão, por ex. Já se reconhece hoje a possibilidade de
responsabilização civil do Estado em caso de lei inconstitucional, o mesmo servindo
para a limitação, pois se em razão de uma limitação inconstitucional e ilegal o
proprietário sofrer uma grave lesão em seu patrimônio ele pode requerer indenização e
tb se em razão da limitação o bem sofrer um esvaziamento econômico, ou seja, em
razão daquela limitação ele não pode mais aproveitar o bem adequadamente, podendo
fazer jus a uma indenização. Ex: Área de Preservação ambiental é ex de limitação adm,
suponha que ao instituir uma área de preservação ambiental seu imóvel ficou totalmente
dentro da área e assim vc não pode dar a ele o verdadeiro aproveitamento regular,
configurando que vc sofreu o verdadeiro efeito de desapropriação, pq efetivamente o
seu bem perdeu valor econômico, ficou inaproveitável. Nesse caso vc faz jus a uma
indenização, pq a limitação ULTRAPASSOU os seus limites naturais, pois em regra a
limitação não é para gerar essa restrição tão absurda, gerando indenização a título de
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA.

OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA - É transitória, diferente a limitação que restringe


definitivamente.

A ocupação é prevista na Constituição no art. 136 – “§ 1º - o decreto que instituir o estado de


defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará,
nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: (...) II -
ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública,
respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.

 É a forma de intervenção direta em bens imóveis pela qual o Poder Público usa,
transitoriamente imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras,
serviços ou atividades públicas. Assim o objetivo da ocupação temporário não é
aquisição da propriedade + sim o seu USO em caráter temporário e provisório.

Ressalta-se que somente recai em imóveis privados, pois quando for em imóvel público
a adm usa o seu próprio imóvel ou de outro ente federativo, sendo uma exceção.

Características:

a) O uso é gratuito, salvo quando houver dano; - O problema é que normalmente em prova
cai a cópia dos trechos do art. 36 do dl 3365/41, que diz que a ocupação temporária será
sobre imóvel não edificado, vizinho a uma obra para servir a esta obra, sendo
indenizado ao final, podendo o proprietário exigir o depósito de uma caução para
garantir eventuais prejuízos. Ocorre que a doutrina entende que a ocupação temporária
cabe em imóvel não edificado como tb sobre imóvel edificado que é chamado de
INSTALAÇÃO, bem como não só para garantir execução de obra, como tb para
garantir a execução de serviço ou atividade pública. Ex: nas Eleições onde a zona
eleitoral está em um prédio privado. Campanha de vacinação, concurso público,
horários em geral que o ocupação não é usada em dias pelo proprietário

b) É transitória;

c) É auto-executória, não há necessidade de autorização do Poder Judiciário para se imitir na


posse do imóvel; - A AUTOEXECUTORIEDADE significa que o ápice de materializa por
própria força da adm, independente de manifestação judicial.

Exemplos:

 terrenos vizinhos a obras públicas para depósito de equipamentos, materiais,

 barracas com operários; uso de prédios públicos e particulares para campanha de


vacinação ou eleições.

 Casos na legislação : DL 3365/41, art. 36;

Lei 8666/93, 58, V – trás as cláusulas exorbitantes, segundo este


artigo em caso de serviços essenciais o Poder Público, contratante poderá ocupar as
instalações do contratado para fim de garantir esses serviços. Ex: Contrato de Coleta
domiciliar onde o contratado não está fazendo direito. O poder público ocupa as suas
instalações e assume a gestão operacional do serviço e depois rescinde o contrato ou
restabelece o serviço adequadamente e devolve para o contratado.

Lei 8987/95, art. 32. – quando fala de intervenção, onde o concedente


pode intervir na concessão para garantir o serviço, assumindo a gestão ocupacional do
serviço e para isso faz a ocupação temporária.

OBSERVAÇÃO:

A ocupação pode incidir, ainda, nos imóveis necessários à pesquisa e lavra de petróleo e de
minérios nucleares (DL 1864/81 e 1865/81) para ver se a área tem interesse. Evita-se a
desapropriação desnecessária, porquanto antes se pesquisa o potencial da área quanto à futura
exploração.

INDENIZAÇÃO - A lei diz que a ocupação temporária será indenizada ao final (ART. 36),
porém a doutrina majoritária entende que a ocupação temporária será indenizada ao final, SE
CAUSAR PREJUÍZO. A forma correta é dizer que poderá ser indenizada.

REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA -

DEFINIÇÃO:

 coativa utilização de móveis, imóveis e serviços particulares em situações


emergenciais.

CF, art. 5º, XXV no caso de iminente perigo público (calamidade pública, emergências em
geral, comprometimento da ordem pública, sendo oMotivo), a autoridade competente poderá
usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

Desta feita, a propriedade particular poderá ser utilizada pelo Poder Público, nos casos
expressos pela Constituição Federal, mas tal possibilidade restringe-se a duas ocasiões: iminente
perigo público, através de requisição civil; e em tempo de guerra, através de requisição militar.

Ressalta-se que o bem deve ser devolvido como estava antes. Se tinha gasolina deve devolver
com esta.

A requisição pode incidir sobre bens consumíveis e inconsumíveis. No primeiro caso, sempre dá
direito à indenização, enquanto que, no segundo caso, a indenização somente é devida se for
comprovada a ocorrência de dano. Essa indenização sempre é paga posteriormente, devido ao
caráter emergencial da requisição.

A requisição pode ser realizada em tempo de paz (espécie de intervenção no domínio


econômico, prevista na Lei Delegada 4/1962 e no Decreto-Lei 2/1966) ou em tempo de guerra
(prevista no Decreto-Lei 4.812/42).

Está prevista em diversos dispositivos da Constituição Federal: a) art. 5°, XXV – “no caso de
iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”; b) art. 22 – “compete
privativamente à União legislar sobre: (...) III - requisições civis e militares, em caso de
iminente perigo e em tempo de guerra”; c) art. 139 – “Na vigência do estado de sítio decretado
com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
(...) VII - requisição de bens

Requisição. Eficácia. A eficácia deste dispositivo parece-nos, salvo melhor juízo, contida.
Assim, tem ele a capacidade de produzir efeitos imediatamente à edição e publicação da
Constituição Federal, até porque pertence à natureza da requisição administrativa a
autoexecutoriedade; porém seu alcance eficacional pode vir a ser reduzido pelo advento de
norma disciplinadora de seu conteúdo. É o caso, por exemplo, de eventual definição conceitual
de “iminente perigo público”.

Neste sentido manifesta-se o professor José dos Santos Carvalho Filho, em obra citada em
comentário a este mesmo inciso XXV. Salienta o eminente professor que “somente lei federal
pode regular a requisição.” Continua sustentando que “de acordo o art. 22, III, da Const.
Federal, compete privativamente à União Federal legislar sobre requisições civis e militares, em
caso de iminente perigo e em tempo de guerra.” Assim, para legislar sobre o tema, apenas a
União; para executar o ato administrativo requisitório, qualquer ente político-adminsitrativo,
observado o âmbito de sua respectiva competência em face da autonomia que ostenta.

Ela objetiva o USO do bem para sanar esse perigo iminente e depois devolve a propriedade.
Recai sobre propriedade particular MÓVEIS, IMÓVEIS ou SERVIÇOS.

Pelo seu caráter emergencial não pode exigir mandado judicial ou acordo com a parte, sendo ato
adm AUTOEXECUTÓRIO.
O que é mais importante na requisição é saber o MOTIVO que é perigo público iminente
(ordem pública, saúde pública, calamidade pública).

Tipos:

a) Civil – se quem está requisitando é um servidor civil - para evitar danos à coletividade, ou
seja, razões de ordem pública.

b) Militar - realizada por autoridades militares para a manutenção da soberania

 Características:

 É transitória – pq o objetivo é apenas usar e não adquirir a propriedade

 É auto-executória – pq como ela se dá em razão de perigo público iminente não se tem


tempo de discutir a relação

 É gratuita – sendo indenizável se causar dano

 Casos na Legislação:

lei delegada 4/62- Trata da requisição como forma de intervenção no domínio econômico, para
regular CRISE DE ABASTECIMENTO, ou seja, quando se tem falta de algum gênero no
mercado por boicote, por qq ato que seja lesivo a ordem econômica.

Decreto-lei 2/66- autoriza a requisição de bens ou serviços essenciais ao abastecimento da


população e dá outras providências. – que é a complementação da lei delegada 4/62.

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. MEDICAMENTOS. FIXAÇÃO DE


PREÇOS. DELEGAÇÃO. CÂMARA DE REGULAÇÃO DO MERCADO DE
MEDICAMENTOS-CMED. CONSTITUCIONALIDADE. CRITÉRIOS. 1. O artigo 7º da Lei
nº 10.724/03 delega expressamente à Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos-
CMED o estabelecimento dos critérios para a aferição dos preços dos produtos novos que
venham a ser incluídos na lista de produtos comercializados pela empresa produtora de
medicamentos. 2. Por seu turno, o artigo 4º desse diploma legal estabelece as linhas gerais para
a CMED fixar os preços dos medicamentos. Não se vislumbra inconstitucionalidade na
delegação à essa Câmara para a fixação dos preços, ante a complexidade da matéria. 3.
Impetração contra ato administrativo que estabeleceu preço de medicamento em valor inferior
àquele autorizado para concorrente. 4. Critérios do preço, sua composição química do produto e
seu enquadramento pela ANVISA. Valores determinados com base no mercado internacional,
espanhol, para um deles; italiano e francês, para outro. 5. Inexistência de vulneração aos
princípios da isonomia, livre concorrência, razoabilidade e proporcionalidade. 6. Segurança
denegada." (MS 11706/DF, STJ - Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em
08/11/2006, DJ 27/11/2006 p. 222)
Ex: terrorista com uma bomba que vai explodir e o policial pega o distintivo e requisita um
carro, quando ele dirigi ele consumou o ato de requisição, pois é ato adm auto executório, não
precisando de mandado judicial. Se capotar o carro tem direito a indenização.

A requisição assemelha-se à ocupação temporária, uma vez que ambas afetam a posse do bem.
Diferenciam-se, porém, quanto à situação condicionadora: a requisição é utilidade em situações
excepcionais, emergenciais, enquanto que a ocupação é utilizada em situações normais. Além
disso, a ocupação é delegável e a requisição, indelegável; a ocupação é sempre transitória
enquanto que a requisição pode ser permanente. Finalmente, a ocupação sempre se refere a bens
e a requisição pode incidir sobre bens e serviços.

OBS: Requisição. Alcance. Jurisprudência. Em recente querela envolvendo a União Federal


em face do Ministério da Saúde e o Município do Rio de Janeiro (MS nº 25.295-RJ), provocou a
interpretação do Supremo Tribunal Federal no que tange ao alcance da medida administrativa
denominada requisição. Essencialmente o questionamento se deu quanto ao seguinte tema:
diante do modelo federativo adotado pelo Brasil, é possível um ente político proceder à
requisição administrativa em relação a bens, serviços e até o pessoal (servidores) de outro ente
federativo?

A decisão foi unânime. O entendimento do egrégio tribunal se fundamentou nos seguintes


pilares, havendo apenas uma ressalva:

a) a eventual adoção da requisição administrativa por entidade política em face de outra


entidade também política ofende o pacto federativo (art. 1º, caput), princípio protegido e
marcado explicitamente como cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I), porque compromete a autonomia
político-administrativa (art. 18, caput) garantida pela Magna Carta a todos os entes da federação
brasileira;

b) o inciso XXV do art. 5º limita o alcance da requisição administrativa à “propriedade


privada”, não havendo nele qualquer vocábulo que permita interpretação ampliativa para
legitimar o uso da referida medida por entidade política da federação em face de outra entidade
federativa;

c) a única passagem prevista expressamente na Constituição da República que legitima a


incidência da requisição administrativa (ocupação e uso temporário) de bens e serviços públicos
encontra-se fundamentada no estado de exceção, conforme previsto no art. 136, § 1º, inciso II.

STF - EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.


MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. UNIÃO FEDERAL. DECRETAÇÃO DE ESTADO DE
CALAMIDADE PÚBLICA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.
REQUISIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS MUNICIPAIS. DECRETO 5.392/2005 DO PRESIDENTE
DA REPÚBLICA. MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. Mandado de segurança,
impetrado pelo município, em que se impugna o art. 2º, V e VI (requisição dos hospitais
municipais Souza Aguiar e Miguel Couto) e § 1º e § 2º (delegação ao ministro de Estado
da Saúde da competência para requisição de outros serviços de saúde e recursos
financeiros afetos à gestão de serviços e ações relacionados aos hospitais requisitados)
do Decreto 5.392/2005, do presidente da República. Ordem deferida, por unanimidade.
Fundamentos predominantes: (i) a requisição de bens e serviços do município do Rio de
Janeiro, já afetados à prestação de serviços de saúde, não tem amparo no inciso XIII do
art. 15 da Lei 8.080/1990, a despeito da invocação desse dispositivo no ato atacado; (ii)
nesse sentido, as determinações impugnadas do decreto presidencial configuram-se
efetiva intervenção da União no município, vedada pela Constituição; (iii)
inadmissibilidade da requisição de bens municipais pela União em situação de
normalidade institucional, sem a decretação de Estado de Defesa ou Estado de Sítio.
Suscitada também a ofensa à autonomia municipal e ao pacto federativo. Ressalva do
ministro presidente e do relator quanto à admissibilidade, em tese, da requisição, pela
União, de bens e serviços municipais para o atendimento a situações de comprovada
calamidade e perigo públicos. Ressalvas do relator quanto ao fundamento do
deferimento da ordem: (i) ato sem expressa motivação e fixação de prazo para as
medidas adotadas pelo governo federal; (ii) reaj uste, nesse último ponto, do voto do
relator, que inicialmente indicava a possibilidade de saneamento excepcional do vício,
em consideração à gravidade dos fatos demonstrados relativos ao estado da prestação
de serviços de saúde no município do Rio de Janeiro e das controvérsias entre União e
município sobre o cumprimento de convênios de municipalização de hospitais federais;
(iii) nulidade do § 1º do art. 2º do decreto atacado, por inconstitucionalidade da
delegação, pelo presidente da República ao ministro da Saúde, das atribuições ali
fixadas; (iv) nulidade do § 2º do art. 2º do decreto impugnado, por ofensa à autonomia
municipal e em virtude da impossibilidade de delegação.

TOMBAMENTO –

OBJETIVO - objeto do tombamento é PRESERVAR.

EFEITO - INALTERABILIDADE do bem tombado é seu efeito, uma vez que tombado o bem
ele não pode ser maus alterado segundo as suas características naturais nos limites do
tombamento, pois o tombamento pode ser em uma parte, não necessitando ser total.

NATUREZA – Escrever no livro tombo que gera um ônus real, que deve ser levado a registro,
pois mesmo que vender o bem o tombamento o acompanha.

Conceito:

 Tombar é a declaração editada pelo Poder Público (União, Estados-Membros, Distrito


Federal e Municípios) acerca do valor histórico, artístico, paisagístico, arqueológico,
turístico, cultural ou científico de bem móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, com o
fito de preservá-lo, tornando-o imodificável e com direito de preferência do Poder
Público em caso de alienação.

Pode ser tombado o bem móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, PÚBLICO ou


PRIVADO. Podem ser tombados os bens móveis e imóveis, desde que pertençam ao
patrimônio histórico e artístico nacional ou sejam monumentos naturais. Esses bens
podem pertencer a pessoas físicas ou jurídicas, regidas pelo Direito Público ou pelo
Direito Privado. Porém, não podem ser tombados os bens pertencentes a pessoas
jurídicas de direito público externo (países estrangeiros e organismos
internacionais). Também não podem ser tombados os bens de origem estrangeira
enumerados no art. 3° do Decreto-Lei (ex.: bens trazidos ao País para exposições
comemorativas).

 Referência Legal:

Artigo, 216, § 1º CRFB/88 - “§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade,


promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação;
(...) § 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências
históricas dos antigos quilombos”. Além disso, União, Estados e Distrito Federal têm
competência concorrente para legislar sobre “proteção ao patrimônio histórico, cultural,
artístico, turístico e paisagístico” (art. 22, VII).

A lei geral de tombamento é o Decreto-Lei 25/1937.

O tombamento é um ato adm AUTOEXECUTÓRIO, só que precisa ser precedido de um


procedimento vinculado, pq o tombamento vai recair sobre bem que seja relevante para o
patrimônio artístico, cultural,... Essa relevância precisa ser apurada, e o proprietário do bem
precisa ter a oportunidade de se manifestar nesse processo. Entretanto, uma vez que a adm
pública esteja convencida da relevância do bem ela efetua o tombamento independente do
proprietário concordar ou não.

TIPOS – O tombamento pode ser:

1) de ofício - incidente sobre bens públicos pq a própria adm de ofício decide tombar o seu
próprio bem,

2) voluntário, incidente sobre bens particulares com a pedido ou anuência de seus proprietários
(DL 25/37, art. 7º); - ou seja, não faz diferença se o seu proprietário deflagrou o processo de
tombamento ou não, o que importa é o processo de tombamento tenha sido deflagrado pelo
proprietário ou pela própria adm, e o proprietário concorda com o tombamento.

3) compulsório, incidente sobre bens particulares e imposto coativamente, depois de regular


procedimento administrativo, com contraditório e ampla defesa, onde poderá provar que não é
caso de tombamento (DL 25/37, art. 9º).

A restrição decorrente do tombamento pode ser:

individual (sobre bem determinado)

geral (sobre todos os bens de uma região, bairro, cidade). Aqui temos uma discussão
doutrinária, pois José dos Santos Carvalho Filho entende que o tombamento como tem instituto
e objetivo próprio ele é uma forma de intervenção autônoma. Porém para a maioria dos juristas
que entendem que tombar é tão somente escrever no livro tombo, os efeitos do tombamento
seriam de LIMITAÇÃO ou de SERVIDÃO.

O entendimento mais constante, eis que a doutrina é bastante divergente, é que se o tombamento
recai sobre imóvel certo, ou seja, recai sobre imóvel individual, teria natureza de SERVIDÃO.
Agora se o tombamento tem caráter geral e, portanto, recai sobre um área teria natureza de
LIMITAÇÃO.

Exemplos de tombamento da paisagem:


Esse exemplo serve para mostrar que o DL25/37 regulamenta o TOMBAMENTO FEDERAL,
sendo a lei de referencia, certo esse decreto não é norma geral, pois cada ente federativo tem
legitimidade para estabelecer as regras de tombamento.

Exemplos de bens incorpóreos: Torcida do Flamengo que é considerado bem da cidade do RJ.

Exemplo: SAMBÓDROMO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO -

MITOS SOBRE TOMBAMENTO:

1- Bem tombado não pode ser alienado – mentira, pode ser alienado, desde que seja
oferecido de preferência a U, E e M.

2- Responsabilidade e Legitimidade pela manutenção do bem tombado – Se o bem


continua a ser do proprietário, é ele quem tem o dever de conservação. Se o proprietário
não tiver condições financeiras para conservar e não fizer nada ele poderá estar
cometendo crime contra o patrimônio público e poderá ser desapropriado. Assim, ele
deve comunicar a adm pública de que ele não dispõe de recursos para arcar a
manutenção do bem. Comprovado pela adm que ele não tem condições financeira a
adm tem obrigação de manter o bem, se a adm não conservar o bem o proprietário pode
pedir o cancelamento do tombamento. Ressalta-se que o tombamento é definitivo,
porém neste caso pode ser cancelado a pedido do proprietário e tb pela própria adm
quando a coisa se deteriorar naturalmente, eis que não tem mais razão de ser.

3- O bem móvel pode ser retirado do território nacional – somente com autorização do
Poder Público e nunca em caráter permanente.

O proprietário do bem tombado fica sujeito às seguintes obrigações:

a) fazer as obras de conservação necessárias à preservação do bem. Se não tiver meios, deve
comunicar ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN);

b) em caso de alienação onerosa do bem, dar preferência à aquisição, respectivamente, pela


União, pelos Estados e pelos Municípios;

c) se o bem tombado for público, somente poderá ser alienado entre entes federativos;

d) proibição de demolir, destruir as coisas tombadas; art. 165 CP


e) os bens móveis não podem ser retirados do País, exceto por curto prazo, com autorização do
IPHAN, para fins de intercambio cultural;

f) sujeição à fiscalização do órgão técnico competente.

g) O vizinho ao bem tombado não pode instalar latas e cartazes que prejudiquem a visibilidade.

h)Forma de intervenção que tem caráter perpétuo

i) Em regra o tombamento não dará direito a indenização, só haverá indenização se a restrição


for tão grande que impeça o uso pelo proprietário;

QUESTÃO DE CONCURSO - 14º Concurso da Magistratura Federal 3ª Região - 2008

68. Assinale a alternativa correta:

I - Podem ser objeto de tombamento bens que possuem valor ambiental, histórico, paisagístico,
inclusive nomes e símbolos.

II - Possuem competência concorrente para promover o tombamento de bens a União, os


Estados e os Municípios.

III - O tombamento pode ser realizado pela Administração, admitindo-se também,


excepcionalmente, no direito brasileiro o tombamento judicial.

IV - O tombamento provisório é ato discricionário da administração que produz efeitos


equiparados ao tombamento definitivo, salvo quanto ao registro imobiliário e ao direito de
preferência reservado ao Poder Público.

a) Estão corretas apenas as afirmações I, II e IV.

b) Estão corretas apenas as afirmações II, III e IV.

c) Estão corretas apenas as afirmações I, II e III.

d) Estão corretas apenas as afirmações I, III e IV.

NOTAS DA REDAÇÃO

AFIRMAÇÃO I

O Estado exerce o Poder Regulatório não só sobre os bens de seu domínio, mas também sobre
as coisas e locais particulares cuja conservação seja de interesse público. Essa intervenção do
Poder Público na propriedade será realizada por meio do tombamento.

Nas palavras de Hely Lopes Meirelles[1] “Tombamento é a declaração pelo Poder Público do
valor histórico, arquitetônico, paisagístico, turístico, cultural ou científico de coisas ou locais
que, por essa razão, devam ser preservados, de acordo com a inscrição em livro próprio”.

O Tombamento além de estar expressamente previsto na CR/88 (§1º, art. 216), também está
regulamentado no Decreto-Lei 25/37 que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico
nacional, que nos termos do art. 1º consiste “Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional
o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”.

Conforme a redação do aludido art. 1º, poderá ser objeto de tombamento o conjunto dos bens
móveis e imóveis que demonstrem relevância para o patrimônio histórico e artístico e cultural.
Por sua vez a Carta Magna dispõe no art. 216 que:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações


artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,


paleontológico, ecológico e científico.

Diante do exposto, desde que haja valor histórico, arquitetônico, paisagístico, turístico, cultural
ou científico, o Poder Público poderá declarar o interesse na conservação por meio do
tombamento. A afirmação I está correta.

AFIRMAÇÃO II

Consta na Constituição Federal que:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

Do que se vê, todos os entes da federação possuem competência concorrente para promover o
tombamento. Logo a afirmação II está correta.

AFIRMAÇÃO III

Cumpre à Administração realizar o tombamento, porém “quando o Poder Público não toma as
medidas necessárias para o tombamento de um bem que reconhecidamente deva ser protegido,
em face de seu valor histórico ou paisagístico, a jurisprudência tem entendido que, mediante
provocação do Ministério Público (ação civil pública) ou de cidadão (ação popular), o
Judiciário pode determinarão Executivo faça a proteção. De igual forma, a omissão
administrativa em concluir o processo de tombamento afeta o direito de propriedade e lesão
patrimônio individual, justificando, assim, a sua anulação pelo Judiciário.”

Dessa forma, excepcionalmente, admite-se no direito brasileiro o tombamento judicial, logo a


afirmação III está correta.
AFIRMAÇÃO IV

O tombamento realiza-se através de um processo administrativo vinculado, e a abertura desse


processo, por garantir a preservação do bem até a decisão final, denomina-se tombamento
provisório, o qual nas palavras de Hely Lopes Meirelles tem seus “efeitos equiparados ao
tombamento definitivo, salvo quanto ao registro no cartório imobiliário e ao direito de
preferência reservado ao Poder Público”.

Tendo em vista que o tombamento provisório não é ato discricionário da administração, mas
vinculado, a afirmação IV está errada.

Pelo exposto, estão corretas as afirmações I, II e III, logo a alternativa correta é a C.

76. Tombamento é a declaração, pelo Poder Público, do valor histórico, artístico, paisagístico,
turístico, cultural ou científico de coisas ou locais que, por essa razão, devam ser preservados,
de acordo com a inscrição em livro próprio. A Constituição da República o prevê no artigo 216,
§ 1o, cometendo ao Poder Público a obrigação de promover e proteger o patrimônio cultural
brasileiro mediante essa e várias outras providências. Pode-se afirmar, então, que:

I. O tombamento não exclui os inventários, registros, vigilância, e desapropriação, excluídas


outras modalidades de proteção do patrimônio cultural brasileiro.

II. Qualquer das entidades estatais pode dispor sobre o tombamento de bens em seu território,
pois o tombamento é ato administrativo da autoridade competente.

III. O tombamento, por residir na esfera da discricionariedade do Poder Público, não se submete
à regra do devido processo legal, nem exige prévia manifestação do proprietário do bem
tombado.

IV. O tombamento pode acarretar tanto uma restrição individual quanto uma limitação geral,
conforme atinja exclusivamente o proprietário do bem tombado ou abranja toda uma
coletividade.

V. Os bens tombados devem ser preservados por seus proprietários, à exceção da necessidade
de expropriação pelo Poder Público, insuscetível de subordinar o interesse coletivo à limitação
que recai sobre o imóvel.

São verdadeiras apenas as afirmações

(A) I, III e V.

(B) II e IV.

(C) I, IV e V.

(D) III e V.

Nesta questão, o examinador exigiu do candidato conhecimentos acerca do Decreto Lei 25 de


1937, que trata do tombamento do patrimônio cultural material, e do Decreto n° 3551/2000, que
dispõe sobre o registro e inventário do patrimônio cultural imaterial.
São corretas somente as afirmações contidas nos itens II e IV. Vejamos.

I. O tombamento não exclui os inventários, registros, vigilância, e desapropriação, excluídas


outras modalidades de proteção do patrimônio cultural brasileiro.

O patrimônio cultural é formado pelo patrimônio material e imaterial.

Para sua proteção, o bem materail pode ser tombado; já o patrimônio imaterial pode ser
registrado e inventariado.

Não se excluem outras modalidades de proteção do patrimônio cultural brasileiro, tais como a
conservação de Museus pela União (artigo 24 do Decreto lei 25), a busca da cooperação de
entidades eclesiásticas e instituições científicas (artigo 25 do Decreto lei 25), o registro (artigos
13 e 26 do Decreto lei 25 e Decreto n° 3551/2000), a vigilância permanente (artigo 20 do
Decreto lei 25) e a possibilidade de desapropriação (artigo 19 do Decreto lei 25).

"Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade particular será, por iniciativa do
órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os
devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da
transcrição do domínio.

§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata este artigo, deverá o
adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento sobre o respectivo
valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão judicial ou causa mortis."

"Art. 26. Os negociantes de antiguidades, de obras de arte de qualquer natureza, de manuscritos


e livros antigos ou raros são obrigados a um registro especial no Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, cumprindo-lhes outrossim apresentar semestralmente ao mesmo
relações completas das coisas históricas e artísticas que possuírem."

"Art. 19, § 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço


do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional mandará executá-las, a expensas da União,
devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis meses, ou providenciará para que seja
feita a desapropriação da coisa."

"Art. 20. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado conveniente,
não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena
de multa de cem mil réis, elevada ao dobro em caso de reincidência."

II. Qualquer das entidades estatais pode dispor sobre o tombamento de bens em seu território,
pois o tombamento é ato administrativo da autoridade competente.

Esta afirmação está correta.

A competência para o tombamento é comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

"Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...) III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,
os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão,
a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico
ou cultural;"
III. O tombamento, por residir na esfera da discricionariedade do Poder Público, não se submete
à regra do devido processo legal, nem exige prévia manifestação do proprietário do bem
tombado.

O tombamento compulsório deverá seguir o procedimento previsto no artigo 9° do Decreto Lei


25/1937 devendo ser possibilitado o contraditório, com prévia manifestação do proprietário.

"Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acordo com o seguinte processo:

1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente, notificará
o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, a contar do
recebimento da notificação, ou para, se o quiser impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as
razões de sua impugnação.

2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado que é fatal, o diretor do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por simples despacho que se proceda à
inscrição da coisa no competente Livro do Tombo.

3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma, dentro de
outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do tombamento, afim de
sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o processo remetido ao Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que proferirá decisão a
respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu recebimento. Dessa decisão não
caberá recurso."

IV. O tombamento pode acarretar tanto uma restrição individual quanto uma limitação geral,
conforme atinja exclusivamente o proprietário do bem tombado ou abranja toda uma
coletividade.

Correto.

O tombamento limita o caráter absoluto da propriedade, pois restringe a liberdade do


proprietário perpetuamente.

Tais restrições podem ter caráter geral ou individual.

V. Os bens tombados devem ser preservados por seus proprietários, à exceção da necessidade
de expropriação pelo Poder Público, insuscetível de subordinar o interesse coletivo à limitação
que recai sobre o imóvel.

Incorreto. Os proprietários dos bens tombados têm o dever de preservá-los. Se não o fizer, o
bem poderá ser desapropriado (artigo 19 do Decreto lei 25).

Nesta hipótese, a propriedade será do Poder Público.

A questão que se coloca diante disso é se o bem público pode ser tombado. A resposta é
positiva, não havendo que se falar que o tombamento de bens públicos contaria o interesse
coletivo

SERVIDÃO ADMINISTRATIVA – é um ônus real de uso


Definição: é direito real público (tem que ser levada a Registro nos assentamentos do bem,
porém o STF entende se a servidão for aparente é dispensável o registro) que autoriza à
Administração usar da propriedade imóvel, particular ou pública, limita o direito de usar e
fruir do bem, para permitir a execução de obras e serviços de interesse público.

Características: São obrigações de caráter concreto (pq cai sobre bem determinado
diferentemente da limitação que tem caráter geral), positivas, negativas e permissivas, de
caráter permanente.

São exemplos de servidões administrativas a instalação de redes de transmissão elétrica e a


colocação de oleodutos e gasodutos em propriedades privadas.

Servidão administrativa consiste em direito real sobre coisa alheia. Tendo em vista que este
direito é exercido pelo poder público, pode ser mais especificamente definido como o direito
real de gozo do Poder Público (União, Estados, Municípios, Distrito Ferderal, Territórios,
Pessoas Jurídicas Públicas ou Privadas autorizadas por lei ou contrato) sobre propriedade alheia
de acordo com o interesse da coletividade.

Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua servidão administrativa como sendo "o direito real de
gozo, de natureza pública, instituído sobre imóvel de propriedade alheia, com base em lei, por
entidade pública ou por seus delegados, em face de um serviço público ou de um bem afetado a
fim de utilidade pública".

Considerando que o direito de propriedade consiste no direito absoluto, exclusivo e perpétuo de


usar, gozar, dispor e reivindicar o bem com quem quer que ele esteja, a servidão administrativa
atinge o caráter exclusivo da propriedade, pois o Poder Público passa a usá-la juntamente com o
particular com a finalidade de atender a um interesse público certo e determinado, ou seja, o de
usufruir a vantagem prestada pela propriedade serviente.

Ressalte-se que a servidão, por se tratar de direito real, deve constar na escritura do imóvel para
dar publicidade.

Por fim, vale esclarecer que servidão não se confunde com a passagem forçada prevista no art.
1.285 do Código Civil, pois esta decorre da lei e é um direito que assiste ao dono de imóvel
encravado de reclamar do vizinho que lhe deixe passagem mediante indenização.

No que tange a indenização quando a servidão decorre de imposição legal não há direito à
indenização, pois o sacrifício é imposto a toda uma coletividade de propriedades, salvo se uma
das propriedades sofrer um prejuízo maior que as demais.

Porém, quando a servidão foi realizada por meio de contrato ou determinada por decisão
judicial, por incidir sobre uma propriedade determinada, nas palavras de Maria Sylvia Zanella di
Pietro "a regra é a indenização, porque seus proprietários estão sofrendo prejuízo em benefício
da coletividade. Nesses casos, a indenização terá de ser calculada em cada caso concreto, para
que se demonstre o prejuízo efetivo, se este não existiu, não há o que indenizar. No caso da
servidão de energia elétrica, que é a mais freqüente, a jurisprudência fixa a indenização em
valor que varia entre 20% e 30% sobre o valor da terra nua".

STJ - SERVIDÃO ADMINISTRATIVA. REVISÃO. VALOR INDENIZATÓRIO.


In casu, a entidade expropriante, ora recorrente, ajuizou ação para instituir servidão
administrativa sobre a propriedade dos ora recorridos, tendo em vista a necessidade de instalar
linhas de transmissão de energia elétrica naquele local. Em decorrência disso, ofereceu, a título
de indenização, o valor de R$ 21.460,95, o qual não foi aceito pelos expropriados. A sentença,
que foi integralmente mantida em sede de apelação, fixou o valor indenizatório em mais de 10
vezes do que o oferecido pela expropriante, com fundamento em laudo fornecido pelo perito
oficial. Condenou-a, também, ao pagamento de juros compensatórios no percentual de 12% ao
ano contados da efetiva ocupação e calculados sobre o valor da indenização, bem como de juros
moratórios de 6% ao ano a partir do trânsito em julgado da sentença. Os honorários advocatícios
foram arbitrados em 15% sobre o valor da condenação. No REsp, alegou-se omissão do aresto
impugnado, pois não expôs adequadamente os motivos utilizados para a fixação do valor
indenizatório, bem como dos respectivos juros e dos honorários advocatícios. Alegou-se, ainda,
violação dos arts. 15-A, 15-B, 27, caput e § 1º, do DL n. 3.365/1941. Nesta instância especial,
no que tange à alegada afronta ao art. 27, caput, do citado diploma legal, entendeu-se que o
valor da indenização fixado pelo acórdão recorrido tomou por base laudo ofertado pelo perito
judicial, o qual enfrentou as peculiaridades do caso concreto. Registrou-se, ainda, não ser
possível, em REsp, revisar as circunstâncias fáticas consideradas pelas instâncias ordinárias para
a aferição do justo valor indenizatório. Quanto aos juros e honorários advocatícios, eles não
foram abordados em grau de apelação, que se ateve a impugnar o laudo de avaliação elaborado
na origem. Ademais, em relação à suposta ofensa ao art. 535, II, do CPC, o tribunal a quo
utilizou fundamentos suficientes para dirimir a controvérsia, apreciando a demanda nos limites
em que devolvida no recurso de apelação. Diante disso, a Turma, ao prosseguir o julgamento,
conheceu parcialmente do especial, mas lhe negou provimento. REsp 1.121.222-PI, Rel. Min.
Castro Meira, julgado em 27/4/2010.

Podem ser instituídas:

1) por ato administrativo de conteúdo declaratório( não criando nada ainda, pois para
efetivar a servidão é preciso um acordo ou sentença judicial) editado pelo Poder Público
(União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios), podendo ser formalizada por acordo
(voluntária ou amigável) ou sentença judicial (compulsória – aplica-se o procedimento da lei de
desapropriação - DL 3365/41, art. 40). Estas servidões devem ser levadas ao registro no
Cartório de Registro de Imóveis (lei 6015/73);

Desta forma, NÃO se trata se autoexecutoriedade, pois depende de execução (acordo ou


sentença), não bastando a declaração de utilidade do bem.

Aplica-se a lei de desapropriação, pq esta tb se materializa por acordo ou sentença e o dl


3365/41, art. 40 estabelece o procedimento, onde primeiro se declara a propriedade para fins de
servidão e depois materializa com acordo ou sentença judicial.

2) impostas por lei (chamadas de servidão ex lege), como as que se destinam a permitir o
transporte e distribuição de energia elétrica, realização de obras hidráulicas, instalação e
funcionamento de aquedutos e passagem nas margens de rios (Dec. nº. 24.643/34 - Código de
Águas) Exemplos: servidão sobre terrenos marginais (D. 24643/34, art. 12, lei 1507/67, art. 39 e
Dec. 4105/68); servidão nas fontes de água mineral (D. 7841/45 – recursos hídricos); servidão
de prédios vizinhos ao patrimônio histórico e artístico (DL 25/37, art. 18); servidão em torno de
aeródromos e heliportos (D. 3437/41); servidão de aqueduto (D. 24643/34, art. 117 e 138);
servidão de energia elétrica (CF, 21, XII, b; D. 24643/34, 151; Dec. 35851/54); servidão militar
(DL 3437/41 – “área militar”).

DESAPROPRIAÇÃO - art.5º, XXIV da CF/88 – desapropriar é adquirir a propriedade de forma


compulsória. O acordo diz respeito somente ao valor e não sobre a desapropriação.

NATUREZA JURÍDICA – Forma originária de aquisição da propriedade

CARACTERÍSTICAS:

a) a administração pode desapropriar independentemente da vontade do proprietário;

b) Na desapropriação o bem ingressa na esfera de domínio do Poder Público sem qualquer


ônus real, todos os direitos que recaiam sobre o bem se subrogarão ao valor da
indenização, pois a coisa é substituída pelo dinheiro.

Conceito à corresponde à transferência compulsória da propriedade particular (ou pública de


entidade de grau inferior) de determinado bem para o Poder Público, seus delegados ou
terceiros, para fins de interesse público.

Pode desapropriar bem público ou privado, conforme DL 3665/41, art. 2º, parágrafo 2º, onde a
União pode desapropriar os bens dos Estados e dos Municípios e DF. Os Estados podem
desapropriar os bens dos Municípios que esteja dentro de seu território.

TIPOS:

 DESAPROPRIAÇÃO CUMUM - Art. 5º, XX, IV - CF/88 – Necessidade ou utilidade


pública ou interesse social (DL 3365/42 e Lei 4132/62), mediante prévia e justa
indenização em dinheiro, ressalvadas as hipóteses previstas na CF, ou seja, a CF criou
uma exceção à indenização em dinheiro, criando as:

 DESAPROPRIAÇÕES ESPECIAIS

a) DESAPROPRIAÇÃO SANÇÃO – a) por mau uso do solo urbano, art. 182,


parágrafo 4º, III da CF/88, regulamentada pelo Estatuto da Cidade lei 10257/01,
onde a indenização se dará por títulos da dívida pública ; b) para fins de reforma
agrária, art. 184 e 185 da CF/88 regulamentada pela Lei Complementar 76/93 e lei
8629/93, onde a indenização se dará por títulos da dívida pública agrária.

b) DESAPROPRIAÇÃO CONFISCO – se dá pelo cultivo ilegal de plantas


psicotrópicas, também chamada de EXPROPRIAÇÃO, onde não há indenização,
art. 243 CF/88 e lei 8257/91.

NORMAS GENÉRICAS A RESPEITO DE DESAPROPRIAÇÃO (Decreto-Lei 3.365/1941)

• Competência para desapropriar. Apesar da competência para legislar sobre


desapropriação ser privativa da União, todos os entes federativos podem desapropriar.
Além disso, a desapropriação pode ser promovida por particulares, desde que haja
autorização expressa, por lei ou contrato administrativo. Ex.: imissão da posse
realizada por concessionária de serviço público.

• Objeto da desapropriação. Todos os bens podem ser desapropriados, móveis e


imóveis, corpóreos (coisas) e incorpóreos (direitos), públicos e privados. A
desapropriação do espaço aéreo e do subsolo é medida subsidiária, necessária apenas se
a utilização desses bens provocar prejuízo patrimonial ao proprietário do solo. Caso
contrário, a intervenção será efetivada por meio da servidão administrativa. Bens
públicos podem ser desapropriados, desde que exista lei autorizativa e obedecida a
seguinte ordem: a União pode desapropriar bens dos Estados, Municípios, Territórios e
Distrito Federal; os Estados podem desapropriar somente bens dos Municípios. É
possível aos Estados, Municípios, Territórios e Distrito Federal a desapropriação de
bens pertencentes a entidades privadas cujo funcionamento dependa de autorização da
União, mas apenas se houver decreto autorizativo editado pelo Presidente da
República.

 OBS: EXCETO as margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis
de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização - STF, Súmula 479,

“É necessária prévia autorização do Presidente da República para desapropriação, pelos


Estados, de empresa de energia elétrica” (STF, Súmula 157).

“Compete à Justiça Federal processar e julgar ação de desapropriação promovida por


concessionária de energia elétrica, se a União intervém como assistente” (TFR,
Súmula 62).

• Abrangência da desapropriação: além do bem a ser utilizado para a obra pública,


podem ser desapropriados também:

a) a área contígua, necessária ao desenvolvimento da obra pública;

b) as zonas que se valorizarem extraordinariamente em decorrência de obra. É a


chamada “desapropriação por zonas”, sendo que esses imóveis devem ser destinados à revenda.

• Fases da desapropriação. A desapropriação realiza-se em duas fases:

a) declaração de utilidade pública, feita pelo chefe do Poder Executivo, por meio de
decreto; ou pelo Poder Legislativo, por meio de lei;

b) acordo com o proprietário. Se não houver acordo, deve ser feito um processo
judicial. O prazo para realizar acordo ou iniciar o processo judicial é de cinco anos. Se
for ultrapassado, a declaração de utilidade pública caduca e somente pode ser renovada
depois de um ano.

• Foro competente para o processo judicial. Em caso de desapropriação feita pela


União, são foros competentes o Distrito Federal e a capital do Estado onde estiver
domiciliado o réu. Se a desapropriação for realizada por outras entidades, o foro é o do
local onde estiverem localizados os bens. “É competente o juízo da Fazenda Nacional
da Capital do Estado, e não o da situação da coisa, para a desapropriação promovida
por empresa de energia elétrica, se a União Federal intervém como assistente” (STF,
Súmula 218).

• Imissão provisória de posse. É a transferência da posse do bem objeto da


desapropriação para o expropriante já no início da lide, concedida pelo juiz, se o Poder
Público declarar urgência e depositar em juízo, a favor do proprietário, importância
fixada segundo o critério previsto em lei. “Desapropriadas as ações de uma sociedade,
o poder desapropriante, imitido na posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos
inerentes aos respectivos títulos” (STF, Súmula 476).

Nos imóveis residenciais urbanos, a imissão é regulada pelo Decreto-Lei 1.075/1970


não é necessária a citação do réu, bastando o depósito do valor fixado em lei e a
declaração de urgência, que dá início ao prazo de 120 dias para a imissão. “Não
contraria a Constituição o art. 15, § 1º,do Dl. 3.365/41 (Lei da Desapropriação por
utilidade pública)” (STF, Súmula 652).

LEGITIMADOS À DESAPROPRIAÇÃO:

 COMUM – qq ente federativo são competentes para declarar e executar a


desapropriação. Nos termos da Constituição Federal, a desapropriação tem três
fundamentos: necessidade pública, utilidade pública e interesse social. Porém, o
primeiro fundamento, previsto no Código Civil de 1916, não foi previsto no código
atual, havendo previsão legislativa apenas para os dois últimos fundamentos. A
utilidade pública diz respeito à utilização do bem pela Administração Pública ou por
seus delegatários. Suas hipóteses estão previstas principalmente no art. 5° do Decreto-
Lei 3.365/1941 (ex.: segurança nacional, defesa do Estado e salubridade pública). Já o
interesse social refere-se ao favorecimento de determinada categoria de pessoas que
requerem especial proteção do Estado, ou, como dispõe o art. 1° da Lei 4.132/1962, “a
desapropriação por interesse social será decretada para promover a justa distribuição da
propriedade ou condicionar o seu uso ao bem estar social”. Nesta última categoria, estão
incluídas as desapropriações para reforma agrária e urbana. Outras hipóteses de
interesse social estão previstas no art. 2° da lei.

 ESPECIAL:

a) Desapropriação sanção:

• Política urbana – art. 8 lei 10257/01 – Só o Município, onde a indenização


se dá por títulos da dívida pública. Ressalta-se que a emissão pelo
Município de títulos da dívida pública é condicionada de autorização pelo
Senado Federal.

A lei fala em imóvel não edificado, subutilizado ou mal utilizado.

Uma vez desapropriado por motivo de política urbana, o Município tem que
dar o devido aproveitamento ao bem em 05 anos no máximo.
Esse tipo de desapropriação é a ultima medida a ser adotada, e deve o
Município agir cumulativamente na forma do art. 182, parágrafo 4º, senão
vejamos:

I- Só pode ser de área prevista no plano diretor. Uma vez


declarada essa situação do inciso I o proprietário tem 01 ano para
protocolar o projeto de aproveitamento do bem, depois de licenciado
aquele projeto ele tem 2 anos para efetivá-lo. Se isso não der certo, o
Município poderá agir na forma do inciso II.

II- Instituir IPTU progressivo no tempo por 05 anos. Depois disso,


se nada dar solução, deverá se desapropriado na forma do inciso III.

• Reforma agrária – É de competência exclusiva da União, conforme art.


184 da CF/88, onde ela pagará com títulos da reforma agrária, com uma
observação importante, somente vai pagar com títulos da reforma agrária
apenas a TERRA NUA. Segundo o parágrafo 1º do art. 184 da CF/88, as
benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

Não pode desapropriar a pequena e média propriedade, bem como a


propriedade produtiva. Pequena e média propriedade não pode se o dono só
tiver esta propriedade, já se tiver várias pode. Assim, a declaração de
desapropriação tem que ser precedida de um processo administrativo onde
o proprietário tem que ser notificado, para garantir a ampla defesa e
contraditório, onde vai se avaliar se esse bem é ou não improdutivo.

b) Desapropriação Confisco – EXPROPRIAÇÃO – é a desapropriação em razão de


cultivos ilegais de plantas psicotrópicas e tb é de competência da União, conforme
art. 243 da CF, onde não tem indenização.

PROCEDIMENTO JUDICIAL:

a) apresentação da petição inicial, que deverá conter a oferta do preço e será instruída com um
exemplar do contrato ou do jornal oficial onde for publicado o decreto de desapropriação e a
planta ou descrição do bem com sua confrontações;

b) recebimento da inicial, com a nomeação de perito da confiança do juiz;

c) imissão prévia na posse se for alegada urgência e depositada a quantia determinada pelo
juiz;

d) citação do réu, por mandado ou edital; “Na ação expropriatória, a revelia do expropriado
não implica em aceitação do valor da oferta e, por isso, não autoriza a dispensa da avaliação”
(TFR, Súmula 118).
e) contestação, que apenas poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do
preço. Qualquer outra questão, inclusive quanto ao mérito da desapropriação, de verá ser
apresentada em ação ordinária;

f) homologação judicial, se houver concordância quanto ao preço;

g) apresentação de laudo pelo perito, se não houver acordo;

h) audiência de instrução e julgamento;

i) sentença, que fixa o valor da indenização, deve ser dada ao final da audiência ou depois de 10
dias;

j) apelação, com efeito simplesmente devolutivo, quando interposta pelo expropriado, e


também com efeito suspensivo, quando for oposta pelo expropriante. Caso a Fazenda Pública
seja condenada a pagar quantia superior ao dobro da oferecida, a sentença fica sujeita ao duplo
grau de jurisdição, ou seja, o tribunal deve re-examinar de ofício a decisão judicial.

Verbas que devem ser incluídas na desapropriação:

a) valor do bem expropriado;

b) despesas acarretadas pela desapropriação, inclusive as relativas ao “desmonte e transporte


de maquinismos instalados e em funcionamento” (art. 25, parágrafo único) e o salário do
assistente técnico do expropriado (TFR, Súmula 69);

c) juros compensatórios: Súmula 618 STF “Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos
juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano”. Súmula 56 STJ “Na desapropriação
para instituir servidão administrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação de
uso da propriedade”. Destinam-se a compensar a perda de renda do proprietário. São
calculados desde a imissão na posse, na desapropriação direta, ou desde a efetiva ocupação do
imóvel, na desapropriação indireta (STJ, Súmulas 69, 113 e 114 e STF, Súmula 164);

d) juros moratórios: destinam-se a recompor a perda decorrente do atraso no efetivo


pagamento da indenização fixada na decisão final de mérito. Súmula 416 STF “Pela demora no
pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização complementar além dos juros” e
STJ, Súmula 70. Os juros compensatórios e moratórios são compensáveis, Súmula 102 STJ “A
incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não
constitui anatocismo vedado em lei” e STJ, Súmula 12;

e) correção monetária: atualização do valor fixado na avaliação, se a sentença for proferida


depois de um ano, “Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo
pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais
de uma vez” (STF, Súmula 561).

f) honorários advocatícios: devidos se a Fazenda Pública tiver de pagar valor superior ao


oferecido. Devem ser fixados entre 0,5% e 5% da diferença entre o valor oferecido pelo
expropriante e aquele determinado na sentença[21]

DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA ou APOSSAMENTO ADMINISTRATIVO – É um fato,


quando a adm se apossa do bem privado sem promover a devida desapropriação, ou seja, sem
declarar, sem indenizar ou sem fazer o devido processo. Salienta-se que se isso fosse entre
particulares seria um verdadeiro esbulho possessório.

Assim, se vc viaja e quando volta em seu térreo houve a construção de uma praça. Assim, tendo
em vista que o bem está AFETADO somente caberá ao proprietário perdas e danos, onde a ação
a ser manejada é a indenizatória fundada em desapropriação indireta.

O prazo para promover a ação é de 20 anos, conforme a Súmula 119 do STJ.

Ressalta-se que quando o tombamento, a limitação ou qualquer outra forma de restrição ao uso
da propriedade acabar por suprimir a propriedade ele terá efeitos de desapropriação e aí vc
poderá requerer indenização.

RETROCESSÃO – Art. 519 cc/02 - Segundo o cc/02 seria o direito de preferência na compra
do bem, ou seja, quando se desapropria tem que declarar pra que está desapropriando. Caso não
utilize o bem para aquilo que desapropriou, o proprietário teria direito a reaver o bem,
devolvendo tudo corrigido o que foi lhe pago com a desapropriação, mediante desconto do
prejuízo.

Porém a DESAPROPRIAÇÃO NÃO SE DESFAZ, mesmo que tenha vício no processo,


efetivada a desapropriação e incorporado o bem, qq direito que tiver conhecido será resolvido
em perdas e danos, conforme art. 35 do DL 3365/41.

Assim, pode ser reconhecido o direito á retrocessão + isso não significa que o bem vai voltar
para o antigo proprietário, pois o que desapropriou irá somente pagar uma indenização a título
de retrocessão, sendo o entendimento majoritário.

Desta forma, tem direito a indenização quando der outro destino ao bem. Assim, outro destino
significa TREDESTINAÇÃO.

A tredestinação, que é o outro destino, pode ser LÍCITA onde foi destinado o bem para fins
públicos, não caberá indenização.

Já se a tredestinação for ILÍCITA, ou seja, der um destino privado, caberá indenização.

Desta forma, SÓ TERÁ DIREITO A RETROCESSÃO EM CASO DE


TREDESTINAÇÃO ILÍCITA!!!
TIPOS COMUM ESPECIAL ou SANÇÃO CONFISCO INDIRETA

MOTIVO e Por necessidadePor mau uso do solo urbanoGlebas comPor apossamento administrativo
ou utilidadeCF art 182, parágrafo 4º,III cultivo de plantas
FUNDAMENTO pública psicotrópicas Por ato lícito que excedeu seus
LEGAL DL3365/41 (Competência exclusiva do efeitos
Município) Art 243, CF
Por interesse
social Para fins de Reforma AgráriaLei 8257/91
Lei4132/62 Competência exclusiva da
União)

CF art 184

Lei 8629/93

LC 76/93

TIPOS COMUM ESPECIAL ouCONFISCO INDIRETA


SANÇÃO
Indenização Prévia, justa e emEm títulos da DívidaNão indeniza Pleiteada pelo
dinheiro CF art 5º,Pública ou da Dívida expropriado em ação
XXIV Agrária indenizatória

65. (MPRN/2004) Julgue as assertivas abaixo, assinalando a alternativa correta:

I - A desapropriação indireta pode ser impugnada pelo proprietário do bem por intermédio da
competente ação possessória ou ação de perdas e danos, se antes ou depois, respectivamente, de
sua consumação;

II - A limitação administrativa difere da servidão administrativa, em razão de esta última surgir


do poder de soberania do Estado, além de ser imposta em proveito de determinado bem,
diferentemente da primeira, por ser medida de caráter genérico e abstrato e decorrente do poder
de polícia do Estado;

III - O tombamento é ato administrativo discricionário, compulsório e definitivo;

IV - Uma das diferenças entre a requisição administrativa e a servidão administrativa é que,


nesta última, a indenização, se cabível, é prévia ao ato praticado, ao contrário da primeira, que é
a posteriori;

V - A desapropriação de imóvel rural é da competência exclusiva da União.

A) I, II e III estão corretas;

B) III, IV e V estão corretas;

C) I, II e IV estão corretas;

D) I, IV e V estão corretas;

E) II, III e V estão corretas.

NOTAS DA REDAÇÃO

A questão trata da intervenção do Estado na propriedade.


A Constituição Federal, em seu artigo 5°, inciso XXII traz a propriedade como um direito
fundamental do indivíduo.

"XXII - é garantido o direito de propriedade;"

Consiste o direito de propriedade no poder de usar, gozar, usufruir, dispor e reaver o bem.

É um direito absoluto, exclusivo e perpétuo, que, no entanto, pode sofrer limitações por parte do
Estado, em prol da supremacia do interesse público sobre o privado.

Ocorrerá restrição do direito de propriedade quando a intervenção do Estado atingir um ou


alguns de seus elementos (poder de usar, gozar, usufruir, dispor e reaver o bem). Haverá apenas
restrição (e não perda) da propriedade nas seguintes hipóteses: limitação administrativa,
tombamento, ocupação temporária, requisição e servidão.

A limitação administrativa, segundo Hely Lopes Meirelles, "é toda imposição geral, gratuita,
unilateral e de ordem pública condicionadora do exercício de direitos ou de atividades
particulares às exigências do bem-estar social. (...) Derivam, comumente, do poder de polícia
inerente e indissociável da Administração." (Direito Administrativo Brasileiro. 35ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2009, pág. 638.)

Tombamento é a modalidade de intervenção do Estado na propriedade, por meio de um


procedimento administrativo, que tem por finalidade preservar o patrimônio histórico, cultural,
artístico, científico, paisagístico ou turístico.

A ocupação temporária é a prerrogativa que o Poder Público tem de, transitoriamente, e quando
houver necessidade, utilizar bens particulares. Seu fundamento está no artigo 5°, inciso XXV,
da Constituição Federal:

"XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de


propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;"

A requisição "é sempre um ato de império do Pode Público, discricionário quanto ao objeto e
oportunidade da medida, mas condicionado à existência de perigo público iminente" (artigo 5°,
inciso XXV supra) "e vinculado à lei quanto à competência da autoridade requisitante"
(Meirelles, 2009, pág. 636.)

A servidão administrativa é um ônus real que incide sobre um bem particular com a finalidade
de permitir a sua utilização pública. (cf. Meirelles, 2009, pág. 632)

De outro giro, ocorrerá a perda da propriedade quando a intervenção estatal atingir todos os
elementos, hipótese em que o bem será desapropriado.

Desapropriação é forma de aquisição originária de propriedade pelo Poder Público que atinge o
caráter perpétuo da propriedade.

São modalidades de desapropriação:

1. Desapropriação indireta

Também é chamada esbulho administrativo, ocorre quando a administração "disfarça" a


desapropriação por meio de outro instituto. Ocorre, por exemplo, quando as limitações
decorrentes de um tombamento tornam inviável o exercício, pelo proprietário, de qualquer um
dos poderes inerentes ao direito de propriedade.

2. Comum/Ordinária

Necessidade ou utilidade pública

Interesse social

Está prevista no artigo 5°, inciso XXIV da Constituição Federal:

"XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade


pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
casos previstos nesta Constituição;"

3. Extraordinária/sancionatória

para reforma agrária

Prevista no artigo 184 da Constituição Federal:

"Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização
em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de
até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei
(plano diretos do município)

§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária,
autoriza a União a propor a ação de desapropriação.

§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário,


para o processo judicial de desapropriação. (LC76/93)

§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.

§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de


imóveis desapropriados para fins de reforma agrária."

para cumprir o plano diretor do município

Prevista no artigo 8° do Estatuto da Cidade (Lei 10257/01):

"Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha
cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à
desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública"

confiscatória

Prevista no artigo 243 da Constituição Federal:


"Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao
assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem
qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do


tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de
instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no
aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime
de tráfico dessas substâncias"

Feitas essas breves considerações acerca da intervenção do Estado na propriedade, passemos à


análise de cada um dos itens da questão.

I - A desapropriação indireta pode ser impugnada pelo proprietário do bem por intermédio da
competente ação possessória ou ação de perdas e danos, se antes ou depois, respectivamente, de
sua consumação;

Este item está correto.

Conforme Hely Lopes Meirelles, a desapropriação indireta é um esbulho da propriedade


particular, à qual o proprietário pode se opor utilizando-se dos interditos possessórios (cf.
Meirelles, 2009, pág. 609.)

No entanto, após o apossamento e integração do bem no domínio público, não cabe mais ação
de reintegração ou reivindicação, mas tão somente a indenização correspondente "por tratar-se
de ato caracteristicamente ilícito da Administração." (Meirelles, 2009, pág. 609.)

II - A limitação administrativa difere da servidão administrativa, em razão de esta última surgir


do poder de soberania do Estado, além de ser imposta em proveito de determinado bem,
diferentemente da primeira, por ser medida de caráter genérico e abstrato e decorrente do poder
de polícia do Estado;

Este item está correto.

Conforme explicado nas considerações iniciais, limitação administrativa, "é toda imposição
geral, gratuita, unilateral e de ordem pública" que deriva "comumente, do poder de polícia
inerente e indissociável da Administração." (Meirelles, 2009, pág. 638).

Por outro lado, "a servidão administrativa é um ônus real de uso, imposto especificamente pela
Administração a determinados imóveis particulares" (Meirelles, 2009, pág. 632).

III - O tombamento é ato administrativo discricionário, compulsório e definitivo;

Este item está incorreto.

O tombamento pode ser compulsório ou voluntário, conforme artigo 6° do Decreto Lei 25/37:

"Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessoa natural ou à pessoa jurídica de direito


privado se fará voluntária ou compulsóriamente."
Pode ser provisório ou definitivo, conforme artigo 10 do referido DL:

"Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado provisório
ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela
inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo.

Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento
provisório se equiparará ao definitivo."

IV - Uma das diferenças entre a requisição administrativa e a servidão administrativa é que,


nesta última, a indenização, se cabível, é prévia ao ato praticado, ao contrário da primeira, que é
a posteriori;

Este item está correto.

A requisição "é a utilização coativa de bens ou serviços particulares pelo Poder Público por ato
de execução imediata e direta da autoridade requisitante e indenização ulterior, para
atendimento de necessidades coletivas urgentes e transitórias." (Meirelles, 2008, pág. 635)

Assim, por ser ato de urgência, não cabe na requisição administrativa indenização prévia.

Na servidão administrativa, por sua vez, nem sempre haverá indenização, pois "se a servidão
não prejudica a utilização do bem, nada há que indenizar" (Meirelles, 2008, pág. 635).

V - A desapropriação de imóvel rural é da competência exclusiva da União.

É exclusiva da União a competência na desapropriação de imóvel rural para reforma agrária.

LC 76/93 "Art. 1º O procedimento judicial da desapropriação de imóvel rural, por interesse


social, para fins de reforma agrária, obedecerá ao contraditório especial, de rito sumário,
previsto nesta lei Complementar.

Art. 2º A desapropriação de que trata esta lei Complementar é de competência privativa da


União e será precedida de decreto declarando o imóvel de interesse social, para fins de reforma
agrária." Nas demais hipóteses de desapropriação de imóvel rural a competência é concorrente.

STJ. RMS 13.959. DESAPROPRIAÇÃO. ESTADO-MEMBRO. REFORMA AGRÁRIA.


Qualquer dos entes da Federação, frente ao interesse social, pode efetuar desapropriação de
imóvel rural para implantação de colônias ou cooperativas de povoamento ou trabalho agrícola,
isso mediante o pagamento de prévia e justa indenização em dinheiro (art. 5º, XXIV, da
CF/1988 c/c o art. 2º da Lei n. 4.132/1962). Essa modalidade de desapropriação, praticada, no
caso, pelo Estado-membro, assemelha-se àquela destinada à reforma agrária (art. 184 da
CF/1988), mas com ela não se confunde, não se podendo falar em exclusividade da União.
Precedente citado do STF: SS 2.217-RS, DJ 17/12/2003. (STJ RMS 13.959-RS, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 6/9/2005.)

91 MPPR - 2009. Assinale a alternativa INCORRETA:

a) Em caso de alienação de bens tombados de propriedade privada, o Poder Público disporá de


preferência para a sua aquisição;
b) O Município, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, pode determinar o
parcelamento ou a edificação compulsória do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, de forma a adequar o imóvel privado urbano à sua função social;

c) A competência para legislar sobre desapropriação é privativa da União, mas Estados e


Municípios também podem promover desapropriações, inclusive como instrumento de
promoção da reforma agrária;

d) A desapropriação não é possível quando o ordenamento jurídico contemplar solução


específica para a extinção compulsória dos direitos do particular, como a encampação;

e) Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se


poderá, na vizinhança de imóvel tombado, fazer construção que lhe impeça ou reduza a
visibilidade.

NOTAS DA REDAÇÃO

As questões que atribuem como correta a alternativa incorreta, devem ser lidas com mais
atenção. Afinal, instintivamente procuramos pela resposta certa. Por isso, vale a dica sempre
reiterada pelos professores de destacar a palavra incorreta quando ela aparecer na prova. Na
questão em tela o examinador já se encarregou de fazer esse destaque!

Vamos à analise das alternativas:

Alternativa A - O Estado exerce o Poder Regulatório não só sobre os bens de seu domínio, mas
também sobre as coisas e locais particulares de interesse público, os quais através do
tombamento passam a integrar o patrimônio histórico e artístico da Nação.

Nas palavras de Hely Lopes Meirelles[1] “Tombamento é a declaração pelo Poder Público do
valor histórico, arquitetônico, paisagístico, turístico, cultural ou científico de coisas ou locais
que, por essa razão, devam ser preservados, de acordo com a inscrição em livro próprio”.

O Tombamento além de estar expressamente previsto na CR/88 (§1º, art. 216), também está
regulamentado no Decreto-Lei 25/37 o qual organiza a proteção do patrimônio histórico e
artístico nacional, bem como regulamenta a alienação de bens tombados nos termos do
dispositivo a seguir:

Art. 22. Em face da alienação onerosa de bens tombados, pertencentes a pessôas naturais ou a
pessôas jurídicas de direito privado, a União, os Estados e os municípios terão, nesta ordem, o
direito de preferência.

§ 1º Tal alienação não será permitida, sem que prèviamente sejam os bens oferecidos, pelo
mesmo preço, à União, bem como ao Estado e ao município em que se encontrarem. O
proprietário deverá notificar os titulares do direito de preferência a usá-lo, dentro de trinta dias,
sob pena de perdê-lo.

§ 2º É nula alienação realizada com violação do disposto no parágrafo anterior, ficando


qualquer dos titulares do direito de preferência habilitado a sequestrar a coisa e a impôr a multa
de vinte por cento do seu valor ao transmitente e ao adquirente, que serão por ela solidariamente
responsáveis. A nulidade será pronunciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o sequestro,
o qual só será levantado depois de paga a multa e se qualquer dos titulares do direito de
preferência não tiver adquirido a coisa no prazo de trinta dias.
§ 3º O direito de preferência não inibe o proprietário de gravar livremente a coisa tombada, de
penhor, anticrese ou hipoteca.

§ 4º Nenhuma venda judicial de bens tombados se poderá realizar sem que, prèviamente, os
titulares do direito de preferência sejam disso notificados judicialmente, não podendo os editais
de praça ser expedidos, sob pena de nulidade, antes de feita a notificação.

§ 5º Aos titulares do direito de preferência assistirá o direito de remissão, se dela não lançarem
mão, até a assinatura do auto de arrematação ou até a sentença de adjudicação, as pessôas que,
na forma da lei, tiverem a faculdade de remir.

§ 6º O direito de remissão por parte da União, bem como do Estado e do município em que os
bens se encontrarem, poderá ser exercido, dentro de cinco dias a partir da assinatura do auto do
arrematação ou da sentença de adjudicação, não se podendo extraír a carta, enquanto não se
esgotar êste prazo, salvo se o arrematante ou o adjudicante for qualquer dos titulares do direito
de preferência. (grifos nossos)

Diante da redação do art. 22 e §§, conclui-se que a alternativa A está correta.

Alternativa B - O direito de propriedade é uma garantia constitucional (art. 5 º, XXII, CR/88),


porém a Carta Constitucional também prevê que a propriedade deverá atender a função social
(art. 5 º, XXIII, CR/88). A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, o qual consiste no
instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

Cumpre aos municípios executar a política de desenvolvimento urbano, que tem por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes.

Quando o proprietário do solo urbano não cumprir com o previsto no plano diretor, nos termos
do § 4º do art. 182 da CR/88, é facultado ao Poder Público municipal fazer uso dos seguintes
instrumentos para exigir o adequado aproveitamento do solo:

Art. 182 (...)

§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no
plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. (grifos nossos)

De acordo com o inciso I supra citado a alternativa B está correta.

Alternativa C - Nos termos do art. 22, II da CR/88 a União tem competência privativa para
legislar sobre desapropriação. Já com relação aos demais entes da federação, de acordo com o
previsto no art. 2º do Decreto-Lei 3.365/41, que dispõe sobre desapropriações por utilidade
pública a competência declaratória é concorrente, ou seja, a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios poderão declarar a utilidade pública, necessidade pública e o interesse social.

Até aqui a alternativa C pode ser considerada correta, porém no caso de uma desapropriação por
interesse social da Reforma Agrária, a competência será exclusiva da União conforme dispõe o
art. 184 da CR/88, in verbis:

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização
em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de
até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
(grifos nossos)

Não confundir desapropriação por interesse social da reforma agrária que é de competência
exclusiva da União, com qualquer outra desapropriação por interesse social que não seja a
reforma agrária, porque neste caso a competência será de todos os entes políticos com
indenização prévia, justa e em dinheiro.

Por fim, segundo o texto constitucional a alternativa C está incorreta.

Alternativa D - Embora o art. 2º do Decreto Lei 3.365/41 disponha que todos os bens poderão
ser desapropriados, sejam eles móveis, imóveis, espaço aéreo, subsolo ou direitos patrimoniais,
quando o Poder Público quiser retomar a execução de um serviço público concedido a um
particular, a retomada não será por meio da desapropriação, mas por instituto próprio previsto
no art. 37 da Lei 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de
serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal. Vejamos o dispositivo legal:

Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo
da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização, na forma do artigo anterior. (grifos nossos)

Conforme previsão legal do instituto da encampação, a alternativa D está correta.

Alternativa E - Mais uma vez o texto da lei demonstra que a resposta da alternativa E está
correta. Assim, nos exatos termos do art. 18 do Decreto-Lei 25/37 que organiza a proteção do
patrimônio histórico e artístico nacional, sem que haja a prévia autorização do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer
construção que lhe impeça ou reduza a visibílidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob
pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objéto, impondo-se nêste caso a multa de
cincoenta por cento do valor do mesmo objéto.

Vale ressaltar que, a questão em comento é um ótimo exemplo do quanto é importante que nos
estudos para concurso público além da leitura de livros e cadernos, deve haver também, a atenta
leitura da legislação pertinente ao concurso.

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