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As relações entre a Rússia e Angola têm uma longa história que começou ainda
na época da URSS. Passadas algumas décadas, esta cooperação está se alargando
e revitalizando.
Este trabalho, que primeiro foi feito pela União Soviética, e posteriormente pela Rússia, de ajuda
aos países africanos torna estes países nos aliados mais fiéis e confiáveis, ressaltou Vladimir
Tararov. E com a situação complicada em que o mundo se encontra hoje, a Rússia presta atenção
justamente à África.
Mas não se trata de uma cooperação reiniciada, pois o processo de parceria nunca acabou, ele
poderia, sim, às vezes ter abrandado, mas só apenas devido ao fato de ter havido menos
confrontação no mundo e os países africanos não terem que buscar meios de defesa contra vários
tipos de ameaça.
A cooperação mutuamente vantajosa terá grande importância para a Rússia, "pois sem um
Estado russo forte não podemos ter influência no mundo e não podemos unir em torno de nós os
nossos aliados, que devem compreender que a Rússia pode defendê-los em caso de ameaça
contra estes países", sublinhou o embaixador russo.
Segundo ele, Angola tem importância e prestígio regionais muito elevados em organizações
como a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) e a
União Africana, e assim isso pode virar para a Rússia uma espécie de degrau para alargar a
cooperação a outros países no sul da África.
Lembrando o domínio do dólar na economia mundial, o embaixador ressaltou que os EUA, que
controlam todos os fluxos desta moeda, em qualquer momento podem fazer desmoronar
qualquer economia e que a cooperação da Rússia com os países africanos através do rublo pode
resguardar a economia destes países.
Aliado atraente em termos de segurança
A Copa do Mundo mostrou a todos quanto os russos são abertos, quanto são amáveis e,
sobretudo, quanto são seguros, destacou o embaixador, lembrando o maior evento esportivo que
teve lugar na Rússia há alguns dias.
"O mais importante que devemos sublinhar: a Rússia atrai [os angolanos]
do ponto de vista da segurança, porque a Rússia nunca teve guerras
coloniais, nunca demonstrou agressão contra qualquer país e, uma vez
estabelecida a cooperação, ela nunca usou suas alavancas econômicas
para mudar o regime político em qualquer país", explicou Vladimir
Tararov à Sputnik Brasil.
© SPUTNIK / MIKHAIL VOSKRESENSKY
Armamentos mais recentes que entrarão em serviço das Forças Armadas russas em 2018
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Segundo continuou o embaixador, tal cooperação atrai os angolanos, pois ela representa o padrão
das relações de base bi- e multilateral, que muitos países gostariam de ver, países que ainda não
conseguem mostrar a sua força no mundo, se defender plenamente e deixar de se curvar sob
pressão de países mais poderosos.
A cooperação militar e no ramo da segurança era tradicionalmente a mais desenvolvida, e
continua sendo assim. Ela se realizava através do envio de armamentos e especialistas militares
que ajudavam os angolanos. Atualmente, de acordo com o embaixador, está sendo realizada uma
importante cooperação para o desenvolvimento das Forças Armadas.
O embaixador adicionou que hoje em dia em Angola está presente um grupo de consultores
militares e que o principal deles é um general que consulta o Comandante Supremo de Angola, o
presidente João Lourenço. Recentemente, pela parte russa foram propostas alterações aos
regulamentos militares, inclusive ao sistema de condecorações local, que estava pouco
desenvolvido.
"Apesar de todas essas dificuldades, os angolanos ainda assim acreditam que a Rússia, neste
caso, é o país menos perigoso para eles em termos de dominação e influência na política interna.
Repito, é uma confiança que parte do fato de a Rússia nunca ter sido agressiva", frisou.
Quanto a outros assuntos de segurança, para a Rússia é importante, ressaltou Vladimir Tararov,
que considera Angola um país com grande prestígio na região, que a criação de uma cooperação
completamente diferente e atraente para os outros países na área militar pode ajudar a Rússia a
atrair países vizinhos, na base não apenas da cooperação bilateral, mas também da regional.
Como exemplo, embaixador falou de um experimento que está sendo realizado agora. Através da
cooperação entre serviços fronteiriços, foi criada a guarda das fronteiras com equipamentos de
alta tecnologia. Os angolanos ficaram surpreendidos com o que resultou, mas outros países agora
também estão interessados em visitar e ver o resultado deste esforço.
Angola e o BRICS
Os países do grupo BRICS vêm apelando à criação do assim chamado BRICS+, para ampliar o
bloco com o objetivo de aumentar sua influência e atratividade.
Atualmente, continuou, está sendo realizada uma busca de formas de cooperação e interação fora
do quadro do BRICS, e na cúpula em Joanesburgo estas formas serão discutidas. Para além
disso, está sendo preparado o encontro nas margens do evento entre o presidente russo Vladimir
Putin e seu homólogo angolano João Lourenço.
Esta reunião pode dar um impulso ao desenvolvimento bilateral entre os dois países. O encontro,
que pode virar o primeiro antes da visita oficial do presidente angolano à Rússia, dará certos
vetores na interação entre ambos os países, e esse vetores podem indicar a trajetória de um
trabalho conjunto rápido e eficaz, acredita Vladimir Tararov.
Segundo José Milhazes, Agostinho Neto poderá ter provocado golpe como pretexto para silenciar a
oposição
"Golpe" como pretexto?
No título do livro, José Milhazes escreve "golpe" entre aspas porque, provavelmente, este
não se tratou de um golpe, diz. Esta poderá ter sido "uma ação provocada por Agostinho
Neto, Lúcio Lara e outros dirigentes do MPLA para terem um motivo para lançarem um
purga dentro do próprio partido e acabar de uma vez por todas com a oposição."
Neste que é considerado um dos episódios mais negros da história angolana ainda envolto
em grande mistério, são citados por exemplo os nomes de Sita Valles e José Van-Dúnem,
que viriam a ser fuzilados entre os milhares de vítimas.
"Por que razão é que José Eduardo dos Santos escapou?"
Ao longo do livro, José Milhazes dedica também um capítulo à presença de militares e
conselheiros soviéticos em Angola, às dificuldades que encontraram no terreno e ao
reconhecimento de que conheciam muito mal África e Angola em particular.
José Milhazes faz também referência a memórias de militares e de agentes dos serviços
secretos soviéticos e realça a visão do Kremlin sobre o processo de conversações de paz. "Os
soviéticos tinham muito receio que a qualquer momento a direção angolana mudasse de
posição ideológica, como depois até acabou por acontecer", conta.
Ouvir o áudio04:27
27 de maio em Angola apanhou Moscovo de surpresa
Ainda sobre o 27 de maio de 1977, o historiador admite que o atual Presidente angolano,
José Eduardo dos Santos, não estava alheio aos acontecimentos daquele período.
"Naquela altura, ele já ocupava cargos importantes", lembra Milhazes. A pesquisa do autor
também levantou questões: "Os próprios soviéticos constatam que houve uma perseguição
muito forte a militantes do MPLA que estudaram na União Soviética, de que Agostinho Neto
tinha uma desconfiança muito grande. E não se sabe bem por que razão José Eduardo dos
Santos escapou à purga. Esse é um dos episódios que seria interessante aprofundar no
futuro."
O livro não responde em definitivo a todas as interrogações à volta do 27 de maio. Daí que
José Milhazes deseja que estes escritos possam chegar a Angola e sejam úteis aos
historiadores e angolanos interessados em aprofundar o estudo sobre estes acontecimentos.
"Acho que este tipo de livros deve contribuir inclusivamente para que a história de Angola
seja mais clara. Isso também permitirá um melhoramento das relações entre Angola e
Portugal, por exemplo."