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Sobredotação: Evolução do Conceito, Identificação e Intervenção

INTRODUÇÂO

Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina Sobredotação:


Conceito e Intervenção Educativa, aborda a temática das crianças
sobredotadas, como identificá-las e como intervir. Também é abordado a
evolução do conceito
Estima-se que em Portugal existam cerca de 30 a 45 mil crianças e
adolescentes sobredotados, mas a maioria está por identificar. Muitas dessas
crianças passam despercebidas na escola por feita de estruturas de
identificação e acompanhamento; muitas são apenas confundidas com
hiperactivos, desinteressados ou alunos incómodos, em conflito com o próprio
ensino, que não corresponde às suas expectativas.
A sobredotação é actualmente um conceito amplo que inclui indivíduos
com um talento específico. A problemática da sobredotação tem suscitado
atenção e interesse ao longo dos tempos, particularmente no que respeita aos
aspectos e episódios mais ou menos extraordinários das realizações de
sobredotados célebres. A sedução que esses episódios sempre exerceram
contribuiu para que se criassem e generalizassem ideias mais ou menos
fantasiosas em torno da sobredotação e menos ainda, sem que fosse possível
estabelecer uma definição consensual de sobredotação e menos ainda, sem que
fosse possível estabelecer um modelo de intervenção educativa geralmente
aceite com reconhecida eficácia.
Para Joseph Renzulli as crianças e jovens sobredotados revelam:
Uma capacidade intelectual superior à média, sobretudo na facilidade que
revelam na aquisição de determinados conhecimentos ou competências em
áreas específicas.
Uma grande capacidade de trabalhar, dedicando uma invulgar quantidade
de energia à resolução de problemas concretos ou de uma actividade específica.
Níveis superiores de criatividade, manifestada na frequência e na
natureza das perguntas, jogos e associações de conceitos que produzem.

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Sobredotação: Evolução do Conceito, Identificação e Intervenção

Breve Perspectiva Histórica da Sobredotação – Evolução do Conceito

A história do homem na terra, é fascinante e porque se existem tantos


seres vivos à face da terra, apenas os humanos têm sido capazes de intervir nas
mais diversas proezas, e por isso se diz que é inteligente. Esta inteligência
assenta em capacidades muito variadas, sempre na busca do belo, perfeito,
novo … nunca no século XX, se deu tanta importância às capacidades
humanas.
Antes quem ficava na História era um Génio, actualmente tem-se
acreditado que todos os seres vivos possuem inteligências, mas que é
necessário e urgente proporcionar a todos as condições para o seu
desenvolvimento e estimular o seu potenciai. A palavra sobredotado, utilizada
para definir um indivíduo com capacidades acima da média, foi introduzida por
Whipple, tendo-se tornado muito popular durante a Primeira Guerra Mundial.
Embora Teman, se tenha debruçado muito sobre o estudo de
sobredotados, estes fora inconclusivos. Assim nos anos 50 surge a escala de
Stanford-Binet, da WISC, que se tornou muito popular. Nos anos 60, separou-se
inteligência e criatividade, havendo mais independência nos estudos. Nos anos
70, a selecção dos sobredotados e a sua inclusão em programas específicos,
teve o seu apogeu. Brandheim (1981) dizia: “ … não há nada mais desigual do
que tratar de modo igual, os que não eram iguais…”. Nestes anos 80, também
foi considerada a necessidade de orientação e aconselhamento para
sobredotados e suas famílias. Em 1983, surge Gardner com o seu conceito de
que o sobredotado possui 7 inteligências múltiplas. Em 1986, Renzulli defende a
teoria de que o comportamento do sobredotado reflecte uma interacção em três
traços (conhecimento geral médio, elevado nível de envolvimento nas tarefas,
elevado nível de criatividade.
A evolução do conceito de sobredotação divide-se em três etapas: na
Etapa Mítica, na Etapa do Q.I. e Etapa dos Talentos.

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A Etapa Mítica, situa-se em quatro épocas importantes na história da


Humanidade: na Idade Antiga, em que a sobredotação era uma qualidade
sobrenatural de origem divina; na Idade Média em que era considerada produto
das forças do mal; e no Renascimento / Idade Moderna, na qual era
conceptualizada como uma associação entre, por um lado, a genialidade e, por
outro lado, a psicopatologia.
A Etapa do QI, no inicio do Século XX, a inteligência como uma traço fixo
e imutável, monolítico (factor g). a genialidade era inata (Q:I: maior ou igual a
130). Investigações (Terman, 1925) mostraram não haver associações entre o
Q:I: e a psicopatologia. Porém, consoante o grau de Q.I. poderia ser encontrada
associação com psicopatologias e dificuldades de ajustamento, designadamente
Q.I.> 150 (Holligworth, 1942).
Por último a Etapa dos Talentos, situada em meados do século XX, em
que se desenvolvem várias abordagens multifactoriais da inteligência
(Thurstone, Guilford), metodologias centradas em processos (análise
componencial).

Teorias de Inteligência

Surgem então várias teorias de inteligência relacionadas com a


sobredotação. Todas as teorias contribuíram para a importância do contexto no
desenvolvimento da inteligência, tal como:
A Teoria Triárquica da Inteligência (Sternberg, 1985,1986) baseia-se
em três aspectos para compreender o comportamento inteligente: aspectos
componenciais – teoria componencial; aspectos experienciais – teoria
experencial; aspectos contextuais – teoria contextual:
• Teoria componencial (relação com o mundo interno):
- Componentes de aquisição: processos envolvidos na aquisição
de informação nova e seu armazenamento na memória. Codificação
selectiva, combinação selectiva e comparação selectiva.

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- Componentes de desempenho: processos envolvidos no


raciocínio indutivo (tarefas do tipo: classificações, séries e
analogias). Codificação, inferência, mapeamento, aplicação,
aplicação, comparação, justificação, resposta.
- Metacomponentes: processos de controlo de ordem superior,
reconhecimento do problema, definição da natureza do problema,
selecção de um conjunto de componentes de desempenho,
combinação destes componentes numa estratégia de resolução do
problema, selecção da representação mental do problema mais
adequado, a locação de recursos atencionais, monitorização do
desempenho, compreensão do feedback interno e externo relativa à
qualidade do desempenho, conhecimento de como actuar face a
esse feedback, implementação da acção resultante da avaliação
desse feedback.
• Teoria experencial (relação com o mundo experencial)
Comportamento face à novidade (componentes de aquisição;
insight) e face a tarefas familiares (automatização).
• Teoria contextual (relação com o mundo externo)
- Adaptação ao contexto;
- Reestruturação do contexto;
- Mudança de contexto.
A Teoria das Múltiplas Inteligências (Howard Gardner, 1983), este põe
em causa a avaliação da inteligência com base na medição do Q.I., uma vez que
o autor considera que existem vários modos de pensamento, presentes nas 8
inteligências, que consistem em diferentes sistemas de símbolos, com diferentes
propósitos, diferentes valores culturais e diferentes mecanismos de
processamento da informação, sendo esta especifica. São independentes uns
dos outros, mas funcionam em harmonia. As conclusões derivaram de estudos
neurológicos de pessoas lesionadas e de peritos em resolução de problemas
específicos. De seguida apresento as 8 inteligências:

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• Inteligência Lógico - Matemática: deriva do nosso confronto com


os objectos, das nossas acções e percepções sobre o que nos
rodeia; os componentes centrais, ou formas de processamento da
informação são: sensibilidade a padrões, ordenação,
sistematicidade, estabelecimento de longas cadeias de raciocínio.
• Inteligência Linguística: expressão verbal clara, discussão viva e
fluente, capacidade de persuasão; componentes centrais:
sensibilidade para sons, ritmas e significados das palavras e para
diferentes funções de linguagem.
• Inteligência Musical: facilitador de memorização (canções,
melodias, jingles); componentes centrais: produção e apreciação de
sons não verbais, do ritmo, do timbre e outras formas de expressão
musical.
• Inteligência especial: visualização de formas umas em relação
com as outras, visualização mental de imagens, rotação mental de
imagens, bom sentido de observação e de orientação, noção de
tridimenssionalidade, capacidade de representar em dois e três
dimensões, independentemente da realidade, contextualização dos
objectos (representação associada ao contexto em que se inserem);
componentes centrais: percepção do mundo especial, recriação de
aspectos da experiência visual (e não só), modificação de
percepções iniciais.
• Inteligência corporal – cinestésica: utilização do corpo para
expressão pessoal e para desempenhar tarefas, uso do movimento
e do gesto; compreensão rápida das acções dos outros e seu
mimetismo, graciosidade no uso do corpo (psicomotricidade fina e
grossa), componentes centrais: controlar os movimentos do corpo,
manusear objectos com perícia, imitação.
• Inteligência interpessoal: facilidade em compreender os outros,
saber o que os motiva, e qual a melhor maneira de cooperar com
eles. Envolve a empatia e a sensibilidade à disposição dos outros.

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Permite alguma facilidade em influenciar os outros a cooperar.


Facilidade de resolução de problemas de cariz interpessoal.
Componentes centrais: discernir e responder à motivação, desejos
e temperamentos dos outros.
• Inteligência intrapessoal: consubstancia-se no auto –
compreensão – capacidade de nos conhecermos, de conhecermos
e lidarmos com os nossos sentimentos. Associada aos níveis de
auto-confiança e de motivação perante uma nova tarefa; preferência
por tarefas de realização individual. Alto nível de reflectividade.
Componentes centrais: acesso aos próprios sentimentos e
discriminação em relação aos outros.
• Inteligência naturalística: capacidades de os indivíduos
compreenderem e classificarem os elementos da natureza: seres
vivos e demais aspectos.
Estas duas teorias (triárquica – Sternberg e múltiplas inteligências)
contribuíram para a concepção de Renzulli e Monks relativamente à
sobredotação.
A Teoria dos três anéis (Renzulli, 1979) é um modelo que apresenta
uma definição de sobredotação, um sistema de identificação (RDIM), práticas de
programação educativa e procedimentos de avaliação dessas práticas.
Segundo Renzulli, sobredotação consiste na interacção entre três
agrupamentos básicos de traços humanos: habilidades acima da média, altos
níveis de comprometimento e envolvimento com uma tarefa e elevados níveis de
criatividade. A interacção entre estes três aspectos e a sua aplicação a uma
área potencialmente valorizada da acção humana constituem as condições para
a sobredotação e talento.

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Tipos de sobredotação

Até há poucos anos só se consideravam sobredotados do tipo lógico


-matemático e do tipo cognitivo.
Com as teorias das chamadas inteligências múltiplas do pedagogo
Howard Gardner a lista cresceu, passando também a considerar-se do tipo:
criativo, líder, talento especial e psicomotor.
Lógico-matemático - É geralmente conhecido por «pequeno cientista».
Apresenta flexibilidade e fluência do pensamento, utilizando a abstracção para
fazer associações. Tem elevada compreensão e memória, como também uma
capacidade de resolver e lidar com problemas que exijam aptidões analíticas e
raciocínio lógico.
Cognitivo - Demonstra aptidões intelectuais específicas de atenção,
concentração, rapidez de aprendizagem, boa memória, capacidade para avaliar
sintetizar e organizar o conhecimento. Está orientado para a actividade e
produção académica.
Criativo - Tem imaginação, originalidade, capacidade para resolver
problemas de forma diferente e inovadora, podendo até reagir de forma
extravagante. Apresenta facilidade de auto-expressão, fluência e flexibilidade.
Líder - Apresenta capacidades de liderança e de resolução de situações
sociais complexas, sensibilidade interpessoal, habilidade no trato com os outros,
poder de persuasão e influência.
Talento especial - Destaca-se pelas aptidões em áreas das artes
plásticas, musicais, dramáticas, literárias e técnicas.
Psicomotor - Evidencia habilidades e desempenho fora do comum
relativamente à velocidade, agilidade de movimentos, força e resistência,
controlo e coordenação motora.

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Características das crianças sobredotadas

É possível estabelecer um conjunto de características comportamentais dos


alunos sobredotados facilitando a sua identificação no contexto escolar.

1. Vocabulário avançado para a idade e para o nível escolar;


2. Hábitos de leitura independente (por iniciativa própria);
preferência por livros que normalmente interessam a crianças
ou jovens mais velhos;
Características 3. Domínio rápido da informação e facilidade na evocação dos
no plano das factos;
aprendizagens 4. Fácil compreensão de princípios subjacentes; capacidade
para generalizar conhecimentos, ideias, soluções;
5. Resultados e/ou conhecimentos excepcionais numa ou mais
áreas de actividade ou de conhecimento.

1. Tendência a iniciar as suas próprias actividades;


Características 2. Persistência na realização e finalização das tarefas;
motivacionais 3. Busca da perfeição;
4. Aborrecimento face a tarefas de rotina.

Características 1. Curiosidade elevada perante um grande número de coisas;


no plano da 2. Originalidade na resolução de problemas e no relacionamento
criatividade de ideias;
3. Pouco interesse pelas situações de conformismo.

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Características 1. Auto-confiança e sucesso com os pares;


de liderança 2. Tendência a assumir a responsabilidade nas situações;
3. Fácil adaptação às situações novas e às mudanças de rotina.

Características 1. Interesse e preocupação pelos problemas do mundo;


nos planos 1. Ideias e ambições muito elevadas;
social e do juízo 2. Juízo crítico face às suas capacidades e às dos outros;
de valor 3. Interesse marcado para se relacionarem com indivíduos mais
velhos e/ou adultos

Identificação da sobredotação

A identificação de alunos sobredotados poderá beneficiar de uma


observação conduzida a partir dos seguintes indicadores:
1 - A utilização da linguagem: amplitude do vocabulário, precisão na
sua utilização, complexidade da estrutura das frases:
A observação deste indicador só é possível quando às crianças é dada a
oportunidade de falar das suas vivências e interesses, permitindo-lhes contar
experiências, discutir planos de trabalho diário e estratégias de resolução de
tarefas, partilhar desejos, acordar regras, etc.
2 - A natureza das perguntas formuladas pelos alunos: se são
inusitadas, oportunas, etc.
A observação deste item requer a participação das crianças, que facilite a
expressão da curiosidade, da perplexidade e da investigação sobre os múltiplos
objectos de conhecimento e sobre os múltiplos modos de fazer.
3 - Utilização de materiais
A realização de tarefas, que façam apelo a múltiplos materiais e permitam
soluções diversas, constitui uma estratégia educativa particularmente eficaz para
a detecção de crianças sobredotadas. A forma como ela estabelece estratégias

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de resolução das tarefas, selecciona materiais e os utiliza, constitui um indicador


de criatividade.
4 - Conhecimentos: profundidade dos conhecimentos destes alunos
em diversas áreas
A valorização de experiências e conhecimentos exteriores à escola
constitui para a criança uma importante estratégia de motivação. Realizando
actividades nas áreas do seu interesse produz-se um efeito facilitador da
expressão e participação da criança. Esta iniciativa pedagógica fornece
indicadores do conhecimento (natureza e extensão), adquirido pela criança fora
da escola.
5 - Persistência
A observação deste indicador requer que às crianças seja facultado o
tempo necessário para que conclua a tarefa em que se envolve.
Por falta de tempo, a criança poderá ser compelida a acabar
precipitadamente uma tarefa, sacrificando a qualidade do trabalho. Por outro
lado, o investimento num maior rigor, poderá fazer com que o aluno sinta que
não concluiu o seu trabalho. A interrupção da actividade da criança por uma
gestão de tempo, poderá criar-lhe a ilusão de incapacidade para realizar o
trabalho, com efeitos negativos sobre a sua motivação e participação futuras.
Num e noutro caso, não será possível observar até onde um aluno persiste na
concretização de uma tarefa.
A intervenção educativa deve ser organizada de maneira a permitir que
cada criança disponha do tempo necessário, até que dê por concluída cada
tarefa.
6 - Juízo crítico
A forma como a criança se critica poderá ser um indicador de
sobredotação, designadamente quando essa critica é realizada de maneira
exigente e rigorosa consigo mesma.
7 - Preferência por actividade
Regra geral as crianças sobredotadas tendem a preferir actividades
complexas, novas e mais difíceis.

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Necessidades educativas das crianças sobredotadas

Mortinson fez um inventário das características facilitadoras do


desenvolvimento no contexto escolar e dos aspectos que poderão constituir
inibições no desempenho das crianças sobredotadas.
Estes aspectos inibidores concorrem frequentemente para que muitas
crianças sobredotadas passem despercebidas aos olhos dos professores e
constituam por vezes, casos problemáticos.

Características potenciais facilitadoras Características potenciais inibidoras

Aprecia os conceitos abstractos, resolve Mostra grande resistência às instruções


os seus próprios problemas e tem uma dos outros. Pode ser bastante
forma de pensar muito independente. desobediente.

Revela muito interesse nas relações Dificuldade em aceitar o que não é lógico
entre conceitos. aos seus olhos

É muito crítico consigo mesmo e com os Exige demasiado de si e dos outros.


outros. Pode estar sempre insatisfeito.

Gosta de criar e inventar novas formas Absorve-se a criar e a descobrir coisas


para realizar alguma coisa. por si mesma, recusando os
procedimentos habitualmente aceites.

Tem uma grande capacidade de Resiste fortemente a ser interrompido.


concentração, alheando-se dos outros
quando está ocupado nas suas tarefas.

É persistente na prossecução dos seus Pode ser muito rígido e inflexível.


objectivos.

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É enérgico e activo. Sente-se frustrado com a inactividade e a


falta de progressos.

De acordo com estas características potenciais, torna-se possível definir


um conjunto de necessidades educativas dos alunos sobredotados, agrupados
em necessidades psicológicas, sociais e cognitivas.

1. Necessidades psicológicas

1.1. Sentimento geral de sucesso num ambiente intelectual estimulante


Todos os alunos necessitam de um ambiente educativo positivo, onde o
sucesso constitua a consequência natural da sua presença na escola, isto é, em
que o professor acredite que todos os alunos são capazes de obter sucesso e
lhes faça sentir essa convicção.
Esta convicção de sucesso exprime-se no quadro de intervenção
pedagógica do professor, na medida em que valoriza positivamente todos os
(pequenos e grandes) ganhos conseguidos na construção do conhecimento e
das experiências de aprendizagem.
Os alunos sobredotados não constituem excepção. A experimentação
sistemática de situações de sucesso é condição indispensável de motivação e
progresso de todos os alunos.
Por outro lado, a grande exigência e capacidade crítica destes alunos
tornam por vezes difícil o auto-reconhecimento de sucesso nas tarefas que
desenvolvem, particularmente quando a concretização dessas tarefas traduz, do
seu ponto de vista, ganhos significativos.
Cada tarefa que a criança sobredotada concretiza é considerada, por si,
como estando resolvida com sucesso quando percepciona progressos reais.

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1. 2. Flexibilidade nos tempos atribuídos para a realização das tarefas


A dedicação em esforço e concentração, que os alunos sobredotados
dispensam às tarefas em que se envolvem, conforma-se mal com uma gestão
pedagógica em que a distribuição de tempo de realização é pré-determinada.
A frustração provocada pelo impedimento à conclusão de uma tarefa, que
o aluno considera inacabada, tem por vezes um impacto negativo sobre a auto-
confiança, podendo ser ressentida como indicador de incapacidade e dar origem
a comportamentos de rejeição e desmotivação relativamente a novas propostas
de trabalho.
Sempre que possível, deve permitir-se ao aluno que continue o seu
trabalho numa determinada tarefa até que se sinta satisfeito e consciente de que
acabou, de facto, com sucesso o seu trabalho.

1.3. Clima de participação e partilha de responsabilidades


Sempre que possível o professor deverá permitir e estimular a
intervenção dos alunos na organização da actividade da sala e na planificação e
avaliação do seu próprio trabalho, partilhando deste modo a responsabilidade
necessária a uma cuidada utilização de materiais, respeito por regras sociais no
espaço escolar e cumprimento autónomo das tarefas, constituem factores
fundamentais de motivação e de sustentação das aprendizagens.

1. 4. Suporte emocional para o fracasso

O facto de estes alunos mostrarem um desempenho satisfatório nas


actividades que realizam, cria por vezes uma pressão excessiva sobre elas, para
quem o insucesso na concretização de determinada tarefa pode constituir uma
grave ameaça.
O insucesso pode representar para estes alunos, um risco de perda de
confiança e do afecto dos outros, bem como da diminuição da sua auto-
confiança básica.

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A criança sobredotada não mantém o mesmo nível de desempenho em


todas as tarefas nem de maneira constante por isso o professor deve evitar
comentários do tipo:
“ mas o que é isto?... ”
“ não sei o que se passa hoje contigo que estás tão mal comportado “
“ vá lá, eu sei que consegues fazer isto num instante “.
Este tipo de expressões, poderá gerar no aluno uma ansiedade excessiva
perante a possibilidade do fracasso, e manter uma pressão emocionalmente
perturbadora traduzida no receio em desapontar o professor.
É sempre preferível ter uma atitude positiva perante o erro/insucesso, ou
seja, elogiar de forma ajustada, sublinhando as aprendizagens positivas, tendo
sempre presente que o elogio é uma fonte imprescindível para reforçar a auto-
estima e auto-confiança de todos os alunos.

2. Necessidades sociais

Os desempenhos excepcionais destas crianças, poderão resultar na


preferência pelo trabalho individual, numa participação social desajeitada com os
pares, parecendo por vezes intolerantes e dominadoras.
Estas características poderão convergir para uma situação de isolamento
social a que o professor deverá estar atento, no sentido de facilitar as trocas
sociais e a construção de um sentimento de pertença ao grupo.
Neste sentido o professor poderá :
• Ajudar o aluno a perceber o efeito social de determinadas atitudes e
comportamentos;
• Estimular a participação em tarefas de grupo;
• Clarificar e discutir regras de conduta e as consequências da sua violação;
• Estimular a prática da auto-crítica bem como de exercícios de dinâmica de
grupos;

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• Recorrer a jogos de expressão dramática sobre aspectos da vida social do


grupo ajuda o professor a percepcionar melhor o estatuto social do aluno
sobredotado e a descobrir soluções educativas integradoras.

3. Necessidades cognitivas:
Estes alunos necessitam que:
• Se lhes permita um ensino individualizado nos conteúdos específicos que
melhor dominam;
• Se lhes facilite o acesso a recursos adicionais de informação, como visita e
consulta a bibliotecas, visitas a instituições recreativas e culturais,
exposições, etc.;
• Se lhes dê a oportunidade de desenvolver e partilhar com os outros os seus
interesses e competências;
• Se lhes proporcione estímulos para a expressão criativa, nomeadamente
através da facilitação das comunicações livres e expressão de ideias nas
aulas.
Se lhes dê oportunidades para utilizarem as suas competências na resolução
de problemas e efectuarem investigações.

Van Tassel (1980) propõe um inventário de necessidades educativas de


alunos sobredotados facilitadoras do seu desenvolvimento.

Os alunos sobredotados necessitam de oportunidades educativas que lhes


permitam
• Pensar a níveis conceptuais elevados;
• Produzir trabalhos diferentes do habitual;
• Trabalhar em equipa;
• Apreciar e discutir questões de natureza moral e ética;
• Realizar tarefas específicas nas suas áreas de esforço e interesse
• Estudar temas novos, dentro e fora do programa habitual;

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Aplicar as suas competências na resolução de problemas estruturados a partir


da vida real.

Organização geral da intervenção educativa

Na escolarização de alunos sobredotados, são identificados três tipos de


soluções ou programas educativos designados por aceleração, grupos de
competência e enriquecimento.

1. ACELERAÇÃO
Possibilidade de permitir às crianças iniciar precocemente, ou cumprir em
menos tempo, o programa de um determinado ciclos de estudos.
Em Portugal é possível o cumprimento acelerado do programa do 1º ciclo,
assim como o ingresso no 1º ano do ensino básico a crianças que completem 5
anos até ao início do ano escolar e cuja avaliação psicopedagógica conclua pela
existência de precocidade a nível do desenvolvimento global.

2. GRUPOS DE COMPETÊNCIA
Consiste em constituir turmas, ou mesmo escolas, só para alunos
sobredotados.
Esta solução tem vindo a ser progressivamente abandonada com
fundamento nos riscos de estigmatização social e exclusão, inerentes à
formação de espaços educativos segregados.

3. ENRIQUECIMENTO
Integração da criança sobredotada no sistema regular de ensino, recorrendo
à adaptação dos conteúdos curriculares e à mobilização de recursos educativos
orientados para a diversificação de oferta de oportunidades educativas.

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Interacção escola-família

Os pais são os primeiros agentes educativos dos alunos e os que melhor


conhecem as suas características e potencialidades, devendo por isso ser
aliados da escola na construção do processo educativo do aluno.
Assim é importante:
• Explicar aos pais, o que se pretende fazer, o projecto educativo da escola,
alterações ou adaptações dos conteúdos programáticos e modalidades de
participação dos pais.
• Partilhar com os pais os resultados da observação e/ou avaliação registados
sobre o aluno e discutir com eles planos de intervenção subsequentes.
• Requerer a participação dos pais na inventariação e definição das áreas de
interesse, hábitos e rotinas, particularidades emocionais e sociais dos filhos.
• Comunicar à família projectos alternativos decididos relativamente aos
alunos, e os aspectos em que os pais poderão colaborar.
• Solicitar a participação directa dos pais nas actividades de enriquecimento e
soluções educativas alternativas propostas.
• Incentivar a colaboração da família pedindo aos pais ou a outro familiar
(irmão mais velho, avó, etc...) que venham à sala de aula: contar uma
história, ensinar uma canção, ensinar a fazer um bolo, falar sobre a sua
profissão ou ensinar a fazer algo relativo a ela, mostrar uma tradição/costume
da sua cultura, etc...
• Manter os pais informados dos progressos realizados em todas as áreas e
das dificuldades eventualmente sentidas.
• Sugerir aos pais a realização de actividades fora da escola: ida a museus,
espectáculos, exposições, etc.
• Dar aos pais a oportunidade para se pronunciarem abertamente sobre a
forma como vêem o trabalho da escola, o que contribui para reforçar a
confiança mútua entre a escola e a família.

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Sobredotação: Evolução do Conceito, Identificação e Intervenção

Bibliografia

Falcão, Ilídio de Jesus Coelho (1992). Que sucesso escolar? Edições Asa

Senos, Jorge; Diniz, Teresa (1998). Crianças e jovens sobredotados.


Intervenção Educativa Ministério da Educação Departamento do Ensino Básico

Mate, Yolanda Benito, (1992). Desarrolho y eduction de los niños suoerdotados


Colleccion Ciências de la Educacion Valladolid

Freeman, Jean. Los niños superdotados. Aspectos psicológicos e pedagógicos


Santilana Madrid

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