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ANAIS X SIMPAC 1

ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DE HORTALIÇAS PRO-


DUZIDAS NA ZONA RURAL DE VIÇOSA-MG

Amanda Fialho Rosa1, Lidiane Faria Santos2, Henrique de Freitas


Santana3

Resumo: Grande parte dos alimentos consumidos in natura podem


representar elevados riscos à saúde, visto que são considerados fon-
tes de contaminação para diversos tipos de doenças. O presente es-
tudo teve por finalidade analisar as condições bacteriológicas das
hortaliças cultivadas em propriedades rurais no Município de Viço-
sa-MG. Foram analisadas as condições microbiológicas de folhas de
alface (Lactuca sativa) de 13 propriedades que participam do Pro-
grama Nacional de Alimentação Escolar (PENAE).

Palavras–chave: Alimentação, Alface, Escolar, Produtores

Introdução

Nas últimas décadas têm se verificado um aumento signifi-


cativo do número de casos de doenças transmitidas por alimentos,
tornando-se sua contaminação um sério problema de saúde pública
(TAKAYANAGUI et al,2007).
As águas superficiais que se encontram contaminadas por
organismos patogênicos e são usadas para irrigação de hortaliças,
podem servir como propagador de várias doenças para aqueles que
a consomem. Sendo de extrema importância analisar e realizar o
controle sanitário das águas utilizadas para irrigação, como preven-
ção para a saúde pública. As linhas de contaminação da água para
fins de irrigação estão regulamentadas pelo CONAMA, Conselho
Nacional do Meio Ambiente (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).
1
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: amanda-rfialho@hotmail.com
2
Professora do curso de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lidianequi@yahoo.com.
br
3
Bioquímico do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE –Viçosa. e-mail: henrique@saaevicosa.com.br

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O presente estudo teve como principal objetivo analisar as


condições bacteriológicas das hortaliças cultivadas em propriedades
rurais no Município de Viçosa-MG, os produtores que cultivam as
hortaliças participam do Programa Nacional de Alimentação Esco-
lar (PENAE).
Os agricultores vinculados ao programa realizam a distri-
buição de hortaliças nas escolas municipais e estaduais do municí-
pio.
De acordo com a lei 11.947, de 16/06/2009, 30% dos recursos finan-
ceiros repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Edu-
cação (FNDE), devem ser utilizados na compra direta de produtos
da agricultura familiar (EDUCAÇÃO, 2016).

Material e Métodos

Com base no Programa Nacional de Alimentação Escolar


(PENAE), que contribui com o desenvolvimento de hábitos alimen-
tares, por intermédio da alimentação escolar, a Empresa de Assis-
tência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMA-
TER-MG), selecionou 13 famílias para realização da pesquisa e em
cada propriedade foi coletada uma amostra de Alface (Lactuca sati-
va L).
Para a realização das análises microbiológicas nas hortali-
ças, higienizou-se ás mãos com auxílio de álcool 70%, e em segui-
da coletou-se a hortaliça com auxílio de um saco plástico da marca
Whirl-Pak® Thio-Bag®. Após as realizações das coletas, as hortali-
ças foram identificadas e transportadas para o laboratório.
Todos os materiais utilizados nas análises foram devidamente es-
terilizados, o procedimento foi realizado em uma Capela de Fluxo
Laminar marca PACHANE modelo pa 420.
Para realização das análises microbiológicas nas hortaliças,
pesou-se em uma balança analítica 10 gramas de cada amostra de
alface e macerou-se a com a auxílio de um pistilo, em seguida adici-
onou-se em uma proveta 90 mL água peptonada a 0,1%.
A solução então formada por água peptonada 0,1% e alface,
foi adequadamente filtrada e em seguida adicionou-se o substrato

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Cromogênico Enzimático (Colilert), e posteriormente transferiu-se


para uma cartela estéril. A amostra foi incubada em uma estufa
bacteriológica por um período de 24 horas, a temperatura da estufa
manteve-se entre 36ºC e 38ºC.
Após o período de incubação, realizou-se a leitura das cavi-
dades grandes e pequenas, e determinou-se os resultados de acor-
do com tabela IDEXX Quanti-Tray®/2000 MPN (Número médio
provável).
As análises foram realizadas no SAAE (Serviço Autônomo
de Água e Esgoto), no Laboratório de Qualidade da Água. Todas as
análises foram realizadas no ano de 2017.

Resultados e Discussão

O presente trabalho foi realizado em 13 propriedades rurais


da cidade de Viçosa-MG, para resguardar a individualidade de cada
produtor utilizou-se letras para identificar as propriedades, como
apresentado no Quadro 1.
No Quadro 1, estão dispostos os resultados das análises mi-
crobiológicas das hortaliças, o quadro relaciona a propriedade e os
respectivos meses de coletas.
A primeira coleta de alface (Lactuca sativa) foi realizada no mês de
fevereiro, após a realização das primeiras análises verificou-se que
nas amostras de alface das propriedades G, H e L apresentaram
valores afirmativos para Escherichia coli.
A segunda e a terceira coleta foram efetuadas em abril e
setembro, observou-se que nos respectivos meses: 53,85% e 30,77%
das amostras apresentaram contaminação.
No mês de dezembro, 46,15% das amostras apresentaram
contaminação para as análises microbiológicas nas folhas de alface.
A propriedade F foi a única que apresentou contaminação fecal nos
três meses avaliados.
Peres Junior, Gontijo e Silva (2012), em sua pesquisa rea-
lizada com amostras de alface em 10 restaurantes, no município
de Gurupi-To, constatou que 68,48% das amostras apresentaram
coliformes fecais.

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Quadro 1 – Resultado das Análises Microbiológicas nas hortaliças


em MNP/100 mL.
PRODUTOR FEVEREIRO ABRIL SETEMBRO DEZEMBRO
A
0,00 0,00 116,20 2419,60
B
0,00 0,00 0,00 49,60
C
0,00 2,00 1011,20 0,00
D
0,00 4,00 0,00 24,10
E
0,00 0,00 0,00 0,00
F
0,00 5,20 2,00 201,20
G
6,30 0,00 0,00 0,00
H
29,30 0,00 0,00 0,00
I
0,00 313,00 0,00 19,70
J
0,00 0,00 79,20 0,00
K
0,00 613,00 0,00 0,00
L 14,80 4,10 0,00 160,70

M 0,00 290,00 0,00 0,00

De acordo com ROBERTSON; GJERDE (2000), é possível


certificar que não só a contaminação hídrica, mas também o apare-
cimento de enteroparasitas e coliformes fecais em verduras podem
ser causados devido ao transporte e manuseio desses produtos, ou
devido ao contato das hortaliças com animais como aves, ratos e
moscas.

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Considerações Finais

Após a realização das análises microbiológicas nas folhas de


alface, não podemos assegurar que os valores confirmativos de Es-
cherichia coli, são provenientes de águas contaminadas, pois outros
fatores podem contribuir para tal contaminação, como exemplo,
a utilização de adubo orgânico com dejetos fecais, utilizados nos
cultivos das hortaliças.
As análises microbiológicas nas hortaliças são importantes
para detectar bactérias do tipo Escherichia Coli, que são encon-
tradas nas fezes, sendo os principais indicadores de contaminação.
Essa análise torna-se de grande importância para a Saúde pública,
devido essas hortaliças estarem sendo distribuídas para a alimen-
tação escolar. A análise microbiológica nos permite esclarecer dados
das condições de higiene das hortaliças e as circunstâncias em que
foram cultivadas e armazenadas.

Referências Bibliográficas

EDUCAÇÃO, Fundo Nacional de Desenvolvimento da. Programa


Nacional de Alimentação Escolar. Disponível em: <http://www.
fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/alimentacao-escolar-a-
presentacao>. Acesso em: 04 abr. 2018.

MAROUELLI, W. A; SILVA, Washington Luiz de Carvalho e; SIL-


VA, Henoque Ftibeiro da. Irrigação por Aspersão em Hortali-
ças: Qualidade da Água, Aspectos do Sistema e Método Prático de
Manejo. 2. ed. Brasília - Df: Embrapa Informação Tecnológica, 2008.

PERES J. J; GONTIJO, E E. L; SILVA, M. Gontijo da. Perfil Para-


sitológico e Microbiológico de Alfaces comercializadas em restau-
rantes self-service de gurupi-to. Revista Científica do Itpac, Ara-
guaína, v. 5, n. 1, p.1-8, jan. 2012.

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ROBERTSON, L. J.; GJERDE, B. Occurrence of Parasites on Fruits


and Vegetables in Norway. Food Protection, v. 64, p.1793-1798,
nov. 2001.

TAKAYANAGUI, O.M. et al. Avaliação da contaminação de hortas


produtoras de verduras após a implantação do sistema de fiscaliza-
ção em Ribeirão Preto, SP. Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical, Uberaba, v.40, n.2, p.239-241, 2007.

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA PRODU-


ÇÃO DE HORTALIÇAS NA ZONA RURAL DE VIÇOSA-MG

Amanda Fialho Rosa1, Lidiane Faria Santos2, Henrique de Freitas


Santana3

Resumo: Para evidenciar a qualidade da água para consumo hu-


mano e irrigação de hortaliças é de extrema importância monitorar
os parâmetros de qualidade. Este trabalho tem por objetivo analisar
a qualidade da água para consumo humano, irrigação de hortaliças
e analisar as condições microbiológicas das hortaliças em propri-
edades vinculadas ao Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PENAE), comparando os resultados com a legislação vigente.

Palavras–chave: Alimentação, Irrigação, Legislação, Parâmetros

Introdução

Elemento essencial à vida, a água e seus diversos usos são


fundamentais nas atividades humanas, podendo ser usada de di-
versas maneiras incluindo o abastecimento público e industrial, a
irrigação agrícola, a produção de energia elétrica e as atividades de
lazer e recreação. A água é, sobretudo, o fundamental constituinte
de todos os organismos vivos (ALVES et al., 2008).
Estão cada vez mais visíveis os desequilíbrios relativos à dis-
ponibilidade de água de qualidade em distintas regiões do mundo.
As causas desse desequilíbrio são o crescimento da população e sua
concentração em áreas urbanas, utilização demasiada de aquíferos,
e o crescente dano causado por contaminação das águas superfici-
ais. Nas regiões áridas e semiáridas esta situação é mais problemá-

1
Graduanda em Engenharia Química- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: amanda-rfialho@hotmail.com
2
Professora do curso de Engenharia Química - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lidianequi@yahoo.com.br
2
Bioquímico do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE –Viçosa. e-mail: henrique@saaevicosa.com.br

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tica pois constituem uma maior escassez de recursos hídricos (AL-


MEIDA, 2010).
No Brasil os potenciais de água doce são de bastante impor-
tância para diversos fins. Sendo de entendimento público, que um
número expressivo de rios e lagos se encontram poluídos ou em pro-
cesso de poluição. Esse problema se agrava nos cinturões verdes dos
grandes centros urbanos, onde muitas fontes de águas superficiais
utilizadas para irrigação de hortaliças estão contaminadas. Essa
contaminação pode ocorrer devido a organismos patogênicos, como
Escherichia coli, salmonelas e parasitas intestinais (MAROUELLI;
SILVA; SILVA, 2008).
O presente estudo teve como principal objetivo analisar a
qualidade da água para consumo humano e para irrigação de hor-
taliças, em propriedades vinculadas ao Programa Nacional de Ali-
mentação Escolar (PENAE).

Material e Métodos

Com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão


Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER-MG), foram seleciona-
das 13 propriedades para a realização da pesquisa. Essa escolha foi
realizada, com base no Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PENAE), que contribui com o desenvolvimento de hábitos alimen-
tares, por intermédio da alimentação escolar. Os agricultores vincu-
lados ao programa, realiza a distribuição de hortaliças nas escolas
municipais e estaduais do município de Viçosa-MG.
Para a realização desta pesquisa foram coletadas e avalia-
das amostras de água das propriedades rurais selecionadas pela
EMATER-MG. As coletas foram realizadas nos meses de fevereiro,
abril, setembro e dezembro do anos de 2017, sendo avaliadas as
variações climáticas, períodos com temperaturas altas e baixas, e
período chuvoso e de seca, verificando assim a contribuição desses
fatores para o surgimento de micro-organismos patogênicos.
Para realização das coletas de água utilizou-se frascos este-
rilizados de 100 mL. Todas as análises microbiológicas foram reali-
zadas em triplicatas para obtermos um resultado mais preciso.

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Para análise do pH (Potencial Hidrogeniônico), utilizou-se o


pHmetro SENSION PH31, da marca HACH, equipamento devida-
mente calibrado.
Para análise de condutividade, utilizou-se o aparelho da PoliCon-
trol, modelo Cond 250. O condutivímetro utilizado possui uma boa
versatilidade e um resultado preciso.
Usou-se para ás análises de cor o aparelho da marca Poli-
Control, modelo Colorímetro AquaColor cor, a leitura foi verificada
em unidades de cor (µC).
Para as análises de turbidez, usou-se o aparelho da marca
PoliControl modelo Turbidímetro Ap2000, a leitura foi realizada no
turbidímetro em unidades nefelométricas de turbidez (NTU).
Para determinar a quantidade de coliformes totais e Esche-
richia coli presentes em uma dada amostra, adicionou-se o substra-
to Cromogênio Enzimático (Colilert) em 100 mL de água, realizan-
do-se a transferência da solução para uma cartela estéril, a qual
foi devidamente selada, utilizou-se uma seladora marca IDEXX
Quanti-Tray/2000, mantendo-se a cartela incubada em uma estufa
de cultura bacteriológica marca Fanem, modelo 002CB durante um
período de 24 horas, a temperatura da estufa manteve-se entre 36ºC
e 38ºC.
Os resultados obtidos foram determinados pela tabela
IDEXX Quanti-Tray®/2000 MPN, que estabelecem o número médio
provável de coliformes totais e Escherichia Coli (APHA, 1995).
As análises foram realizadas no SAAE (Serviço Autônomo de
Água e Esgoto), no Laboratório de Qualidade da Água.

Resultados e Discussão

O presente trabalho foi realizado em 13 propriedades rurais


da cidade de Viçosa-MG, para resguardar a individualidade de cada
produtor, utilizaram-se letras para identificar as propriedades e nú-
meros para relacionar os pontos de coleta de cada propriedade. Os
resultados das análises físico-químicas estão apresentados na Tabe-
la1.

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Após a realização das análises constatou-se que para as aná-


lises de pH, realizadas em fevereiro, apenas 36% das amostras estão
abaixo do valor permitido pela resolução do CONAMA N° 357/2005.
Nas análises do mês de abril, 12% das amostras obtiveram valores
de pH abaixo do intervalo permitido pela resolução. No mês de se-
tembro, os valores de pH se encontravam no intervalo permitido
para todas as amostras, Em dezembro, o ponto A2 apresentou valor
de pH abaixo do permitido.
Pode-se constatar para as análises de Cor, na coleta efetua-
da em fevereiro, 60% das amostras não atenderam o padrão de cor
estabelecidos. Nas coletas realizadas em abril e setembro respecti-
vamente, apontam que 48% e 44% das amostras obtiveram valores
de cor acima do permitido. No mês de dezembro 32% das amostras
apresentaram resultados acima do permitido.
Em relação às análises de turbidez realizadas em fevereiro,
verificou-se que apenas a propriedade I no ponto de coleta 2 (Nas-
cente), apresentou valor de turbidez elevada, no entanto não exce-
deu o valor estabelecido pela legislação do CONAMA Nº 357, de 17
de março de 2005, que estabelece o valor de até 40 unidades nefelo-
métrica de turbidez (UNT). Nas análises realizadas em dezembro é
possível notar que a propriedade A no ponto de coleta 1 (Nascente),
apresentou valor de turbidez acima do permitido.
A Resolução do Conama N° 357/2005 não determina valores
para a Condutividade Elétrica.
Para as análises microbiológicas de Escherichia coli e coli-
formes totais verificou-se que no mês de fevereiro, 72% das amos-
tras apresentaram resultados acima da legislação do CONAMA
N°357/2005, que estabelece o limite de 200 coliformes termotole-
rantes por 100 mililitros de água, apenas as amostras A2, B1, E1,
F2, G1, I1, J1 atenderam a legislação.
Nas análises microbiológicas realizadas em abril e setembro,
44% e 40% respectivamente das amostras, apresentaram resulta-
dos positivos para coliformes termotolerantes. Nos resultados obti-
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dos em dezembro, percebeu-se que 36% das amostras apresentaram


contaminação por coliformes termotolerantes.
Em todos os meses coletados, as amostras dos pontos de co-
leta A1, C2, H1, K1, L2 (Nascente) e nos pontos de coleta B3 e G2
(Córregos), apresentaram resultados positivos para Escherichia
coli.
Notou-se um elevado valor na contagem de coliformes totais. So-
mente nos pontos de coletas A2, E1, G1 e J1 (Poço Artesiano) não
apresentaram contaminação por coliformes totais em pelo menos
uma coleta.

Considerações Finais

Ao final das coletas realizadas durante o período de um ano,


e com o levantamento dos dados das devidas análises, todos os 13
produtores vinculados à pesquisa receberam laudos do SAAE (Ser-
viço Autônomo de Água e Esgoto) das quatro análises realizadas
e dos diferentes pontos de coleta em cada propriedade, mostrando
a qualidade das águas avaliadas durante a pesquisa. Esse laudo
é de suma importância, visto que os produtores necessitam desse
documento, pois é exigido pela Prefeitura Municipal de Viçosa, e
também pela vigilância sanitária.
Os resultados obtidos foram relacionados aos valores pres-
critos pela Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Am-
biente) N° 357, de 17 de março de 2005, que estabelecem valores
para águas de irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e
de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas
cruas sem remoção de película.
Analisando-se os resultados obtidos, pode-se concluir que em
algumas propriedades torna-se inviável a utilização de água para
consumo humano, visto que algumas análises apresentaram valo-
res não satisfatórios quando comparados à resolução. É de suma im-
portância o controle de possíveis focos de contaminações nas águas,
e algumas soluções alternativas são simples e viáveis para o tra-
tamento simplificado de água como exemplo a cloração, filtração e
fervura.
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Referências Bibliográficas

APHA (1995), Standard Methods for the examination of wa-


ter and wastewater. American public Health Association, Amer-
ican water Works Association, Enviromental Federation 20th ed.
Washington.

ALMEIDA, O. A de. Qualidade da Água de Irrigação. Cruz das


Almas - Ba: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2010.

ALVES, E. C. et al. Avaliação da qualidade da água da bacia do rio


Pirapó – Maringá, Estado do Paraná, por meio de parâmetros físi-
cos, químicos e microbiológicos. Acta Scientiarum. Technology,
[s.l.], v. 30, n. 1, p.39-48, 8 maio 2008. Universidade Estadual de
Maringa. http://dx.doi.org/10.4025/actascitechnol.v30i1.3199.

MAROUELLI, Waldir Aparecido; SILVA, Washington Luiz de Car-


valho e; SILVA, Henoque Ftibeiro da. Irrigação por Aspersão
em Hortaliças: Qualidade da Água, Aspectos do Sistema e Método
Prático de Manejo. 2. ed. Brasília - Df: Embrapa Informação Tecno-
lógica, 2008.

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COMPOSIÇÃO DO LEITE CRU REFRIGERADO NA


REGIÃO DO VALE DO SUAÇUÍ (MG) AO LONGO DE 2016

Hélio Temponi Garcia Júnior1, Alice Cristina da Silva Portilho,


Adriano França da Cunha2, Talita Oliveira Maciel Fontes

Resumo: Verificou-se a variação mensal da composição do leite cru


refrigerado captado por um laticínio na região do Vale do Suaçuí
(MG), nos meses de 2016. Foram captados dados sobre os teores
de proteína, gordura, lactose e Extrato Secos Total (EST) obtidos
por meio de equipamento eletrônico. Houve menores teores médios
de gordura nos meses de janeiro, fevereiro, outubro, novembro,
dezembro e maior em julho (p<0,05). Houve menores teores médios
de proteína nos meses de agosto a novembro (p<0,05). Houve
variação dos teores médios de lactose ao longo do ano (p<0,05).
Maiores teores médios de EST foram encontrados nos meses de abril
a julho quando comparados aos meses de outubro a dezembro, além
de meses como agosto e fevereiro (p<0,05). Portanto, a composição
do leite cru refrigerado do Vale do Suaçuí (MG) varia ao longo do
ano.

Palavras–chave: Gordura, lactose, proteína, qualidade

Introdução

A pecuária leiteira é uma atividade do agronegócio brasileiro


de grande importância para a economia do país, gerando empregos,
renda e alimentos para a população (SILVA, 2005). Atualmente, o
Brasil é o quinto maior produtor de leite mundial e o maior produtor
de leite da América do Sul, contendo o segundo maior rebanho
1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: helioo_junior@hotmail.com,
aliceromao@globo.com, talitaomf95@hotmail.com
2
Professor em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianofcunha@hotmail.com.br

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efetivo de vacas ordenhadas. As projeções indicam que a produção


de leite aumentará nos próximos anos (IBGE, 2015).
Apesar da posição de destaque do Brasil no cenário mundial
de lácteos, a qualidade do leite produzido nacionalmente é inferior
à de outros países. Isto causa depreciação no valor interno e externo
do produto e desinteresse de países importadores de derivados
lácteos (OLIVEIRA & GALLO, 2008).
Tendo em vista esse cenário, o Governo Federal instituiu
em 2002 a Instrução Normativa n°51 que entraria em vigor no ano
de 2005 a 2008 (BRASIL, 2002) e que foi revogada pela Instrução
Normativa n° 62 (BRASIL, 2011). Foram estabelecidos parâmetros
para o leite cru refrigerado, a saber, teores de gordura (>3,0%);
proteína (>2,9%) e Extrato Seco Total - EST (>11,4%). Portanto,
o objetivo deste trabalho foi avaliar a composição do leite cru
refrigerado na região do Vale do Suaçuí (MG) nos meses de 2016.

Material e Métodos

Dados de qualidade do leite cru refrigerado (teores de


proteína, gordura, lactose e EST) de produtores rurais da região do
Vale do Suaçuí (MG) foram coletados em um laticínio localizado na
mesma região. Os resultados da qualidade foram obtidos de leites de
tanques comunitários e individuais ao longo do ano 2016, de janeiro
a dezembro, totalizando 568 amostras de leite, entre os meses de
janeiro a dezembro do ano de 2016.
Após homogeneização do leite dos tanques e flambagem
da concha de metal utilizada na coleta de leite, alíquotas de 30 a
50 mL foram transferidas para frascos “Pleion” estéreis contendo
conservante Bronopol, para determinação da composição. Os frascos
foram identificados com uma etiqueta própria, contendo nome da
propriedade, do produtor, da análise a ser realizada e código de
laboratório.
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As amostras foram agitadas para diluição dos conservantes e


acondicionadas em caixas isotérmicas contendo gelo reciclável, para
então, serem enviadas para o Laboratório de Análise da Qualidade
do Leite da Universidade Federal de Minas Gerais (LabUFMG), em
Belo Horizonte (MG). O laboratório é credenciado pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sendo pertencente à
Rede Brasileira de Laboratórios de Análise da Qualidade do Leite
(RBQL).
A determinação da composição foi realizada por meio da
absorção da luz infravermelha, utilizando o equipamento Bentley
Combi System 2300® da Bentley Instruments Incorporated Chaska,
Estados Unidos da América. Os teores dos sólidos foram expressos
em porcentagens.
A composição do leite ao longo do ano foi submetida à Análise
de Variância (ANOVA) para serem comparados pelo teste de Tukey,
por meio do software Statistical Package for the Social Sciences
20.0 (SPSS Inc., Chicago, EUA), ao nível de 5% de significância. A
pesquisa foi aprovada pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão (NUPEX)
da Faculdade União do Ensino Superior de Viçosa (UNIVIÇOSA)
sob número de protocolo 200/2017-I.

Resultados e Discussão

Em todos os meses do ano, os teores médios de gordura do


leite cru refrigerado da região do Vale do Suaçuí (MG) foram maiores
que 3,0%, valor mínimo determinado pela legislação (BRASIL, 2011)
(Tabela 1). Houve menores teores médios de gordura nos meses de
janeiro, fevereiro, outubro, novembro, dezembro e maior em julho
(p<0,05).

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Tabela 1. Variação mensal da composição do leite cru refrigerado de


propriedades do Vale do Suaçuí (MG) ao longo do ano de 2016
Número de Gordura Proteína Lactose EST
Mês
Amostras (%) (%) (%) (%)
Janeiro 40 3,46c 3,34a 4,54abc 12,39ab
Fevereiro 36 3,33c 3,32a 4,57ab 12,10bc
Março 40 3,59 bc
3,33 a
4,51 abcd
12,42ab
Abril 78 3,72 abc
3,35 a
4,44 d
12,50a
Maio 53 3,77ab 3,35a 4,47cd 12,53a
Junho 48 3,75 ab
3,32 a
4,51 abcd
12,51a
Julho 35 3,91 a
3,28 a
4,54 abc
12,69a
Agosto 44 3,59 bc
3,13 b
4,48 cd
12,19bc
Setembro 8 3,64 abc
3,13 b
4,51 abcd
12,25abc
Outubro 76 3,33 c
3,17 b
4,49 bcd
12,00c
Novembro 28 3,18c 3,17b 4,59a 11,94c
Dezembro 82 3,37c 3,28a 4,57ab 12,22bc
Total 568 3,55 3,26 4,52 12,31
Médias seguidas de letras diferentes entre linhas diferem
estatisticamente pelo teste de Tukey (p<0,05).

Peres (2001) cita que diminuição dos teores de gordura do


leite ocorre na primavera e no verão. A mudança dos animais para
pastos novos, com pouca fibra e o estresse calórico pode resultar
em menor ingestão de fibra, componente precursor na síntese de
gordura. De acordo com Durr (2001), a porcentagem de gordura
do leite é influenciada positivamente por maiores porcentagens
molares de ácidos acético e butírico no rúmen, o que é influenciado
pela maior oferta de volumoso aos animais.
Os resultados do presente estudo demonstram que em
épocas caracterizadas por menores precipitações de chuva e,
consequentemente, menores ofertas de volumoso por meio do pasto
houve maiores teores de gordura do leite. Nestes períodos, os animais
da região recebiam cana de açúcar no cocho, o que provavelmente
aumentou o aporte energético. Entretanto a porcentagem de gordura
do leite é influenciada positivamente por maiores porcentagens
molares de ácidos acético e butírico no rúmen, o que é influenciado
pela maior disponibilidade de fibra no rumem dos animais (DURR
et al., 2001).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


18 ANAIS X SIMPAC

Considerando o valor mínimo estabelecido pela Instrução


Normativa n° 62 de 2,9% (BRASIL, 2011), observou-se que as
propriedades apresentaram leite com teores médios de proteína
em conformidade em todos os meses do ano. Menores teores médios
de proteína foram encontrados nos meses de agosto a novembro
(p<0,05).
Segundo Santos e Fonseca (2007), os constituintes do
leite apresentam correlação negativa com a produção de leite em
razão da diluição. Quanto maior o volume de leite, menor o teor
de constituintes. No entanto, no presente trabalho tal fato não foi
observado, pois os teores de proteína do leite em meses caracterizados
por baixa produção de leite foram também os meses com menor
percentual médio de proteína, caracterizado pelos meses com baixa
disponibilidade de forrageiras.
Em todos os meses do ano de 2016, os teores de lactose dos
leites avaliados foram maiores que 4,3%, valor mínimo preconizado
pela legislação nacional (BRASIL, 2011). Houve variação dos teores
médios de lactose ao longo do ano (p<0,05).
Vendramin et al. (2006) relataram que a concentração de
lactose no leite não pode ser alterada por fatores nutricionais,
indicando que seus níveis estão ligados diretamente com a função
osmótica e a produção de leite da glândula mamária. Os teores
de lactose do leite tendem a aumentar conforme o animal vai se
aproximando do pico de lactação e, consequentemente, diminuem
ao final da lactação. Os teores de lactose são influenciados pela
ordem de parto, saúde dos animais, raça e idade dos animais. Tais
fatores podem ter influenciado a variação dos teores médios de
lactose encontrados no presente estudo.
Os teores médios de EST do leite das propriedades rurais
na região do Vale do Suaçuí (MG) estão em conformidade com a
Instrução Normativa n°62, ou seja, maiores que 11,4% (BRASIL,
2011). Maiores teores médios de EST foram encontrados nos
meses de abril a julho quando comparados aos meses de outubro a
dezembro, além de meses como agosto e fevereiro (p<0,05).
De acordo com Reis (2004), os teores de EST variam de
acordo com os teores de constituintes do leite. Como houve variações

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 19

diferentes dos teores de proteína, lactose e gordura ao longo do


ano, os teores de EST não tenderam a ser maiores ou menores em
determinado período do ano.

Conclusões

A composição do leite cru refrigerado varia ao longo do ano.


Há maiores teores médios de gordura em junho e julho e menores
teores médios de proteína nos meses de agosto a novembro.

Referências Bibliográficas

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Instrução Normativa n°37, de 18 de abril de 2002. Institui a Rede
Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 de abril de 2002.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Instrução Normativa n°62, de 29 de dezembro de 2011. Altera a
Instrução Normativa n°51, de 18 de setembro de 2002. Regulamento
Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A,
Leite Cru Refrigerado, Leite Pasteurizado e Coleta de Leite Cru
Refrigerado e seu Transporte a Granel. Diário Oficial da União,
Brasília, 29 de dezembro de 2011.

DURR, J.R.; FONTANELI, R.S.; MORO, D.V. Determinação


laboratorial dos componentes do leite. Uso do leite para
monitorar a nutrição e o metabolismo de vacas leiteiras,
p.23, 2001.

IBGE. Produção da pecuária municipal 2014. Rio de Janeiro:


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2015, v. 42,
p.1-39.

OLIVEIRA, R.P.S.; GALLO, C.R. Condições microbiológicas e


avaliação da pasteurização em amostras de leite comercializadas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


20 ANAIS X SIMPAC

no município de Piracicaba, SP. Higiene Alimentar, v.22, n.161,


p.112-115, 2008.

PERES, J.R. O leite como ferramenta do monitoramento


nutricional. In: Uso do leite para monitorar a nutrição e
o metabolismo de vacas leiteiras. Porto Alegre: Gráfica da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2001.

REIS, G.L. Efeito do tipo de ordenha sobre a qualidade do leite.


In: CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, Juiz de Fora, MG.
Anais... Juiz de Fora: Instituto de Laticínios Cândido Tostes, 2004.
V.59, 488p. p.243-246. 2004.
SANTOS. M.V.; FONSECA, L.F.L. Estratégia para controle de
mastite e melhoria da qualidade do leite. Barueri: Editora
Manole Ltda, 2007. 200p.

SILVA, H. Análise de viabilidade da produção de leite a pasto


e com suplementos em áreas de integração lavoura-pecuária
na região dos Campos Gerais. 2005. Dissertação (Mestrado em
Produção Vegetal) - Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo,
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR.

VENDRAMIN, L.; ROOS, T.B.; LIMA VERDE, P.M.; SCHWEGLER,


E.; GOULART, M.A.; QUEVEDO, P.S.; SILVA, V.M. DEL P.;
BURKERT, F.A.; TIMM, C.D.; GIL-TURNES, C.; CORREA, M.N.
Condição metabólica e composição do leite de rebanhos
de vacas Jersey no sul do Rio Grande do Sul, Brasil. In:
Congresso de Iniciação Científica, 15., 2006, Pelotas. Anais...
Pelotas: Universidade Federal de Pelotas.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 21

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA


DO LEITE CRU REFRIGERADO NA REGIÃO DO VALE DO
SUAÇUÍ (MG) AO LONGO DE 2016

Hélio Temponi Garcia Júnior1, Alice Cristina da Silva Portilho,


Adriano França da Cunha2, Talita Oliveira Maciel Fontes

Resumo: Verificou-se as contagens de células somáticas (CCS) e


bacterianas mensais do leite cru refrigerado captado por um laticínio
na região do Vale do Suaçuí (MG), ao longo do ano de 2016. Os dados
foram obtidos por meio de equipamento eletrônico. Houve variação
da CCS média ao longo do ano (p<0,05), não sendo observadas
maiores contagens em determinada época do ano. Houve variação
das contagens bacterianas médias ao longo do ano (p<0,05), mas
não foi observada tendências de maiores ou menores contagens
em determinados períodos do ano. Portanto, a CCS e contagem
bacteriana do leite cru refrigerado do Vale do Suaçuí (MG) variam
ao longo do ano, mas não há tendência de tais parâmetros serem
menores ou maiores em determinados períodos do ano.

Palavras–chave: Bactéria, mastite, qualidade, variação.

Introdução

A mastite bovina é o processo inflamatório da glândula


mamária ocasionado principalmente por bactérias. A enfermidade
altera a composição, aumenta a contagem de células somáticas
(CCS), proporciona grumos, sangue, pus e torna o leite impróprio
para o consumo. Mínimas variações na composição do leite podem
acarretar significativamente o rendimento e qualidade dos lácteos
produzidos em laticínios (SANTOS e FONSECA, 2007).

1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: helioo_junior@hotmail.com,
aliceromao@globo.com, talitaomf95@hotmail.com
2
Professor em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianofcunha@hotmail.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


22 ANAIS X SIMPAC

O cuidado higiênico sanitário do rebanho e de todo material


que entra em contato com o leite é fundamental para evitar sua
contaminação. A temperatura e tempo de armazenamento do
leite são importantes, pois estão relacionados com o crescimento
de patógenos. A ação de bactérias e de suas enzimas sobre
os componentes do leite causam grande variação e perdas de
constituintes, que podem inviabilizar o processamento reduzindo o
rendimento de queijos (GUERREIRO et al., 2005).
Tendo em vista esse cenário, o Governo Federal instituiu
em 2002 a Instrução Normativa n°51 que entraria em vigor no ano
de 2005 a 2008 (BRASIL, 2002) e que foi revogada pela Instrução
Normativa n° 62 (BRASIL, 2011). Foram estabelecidos parâmetros
quanto à Contagem de Células Somáticas - CCS (< 500.000 céls./
mL) e contagem bacteriana (< 300.000 UFC/mL) do leite cru
refrigerado. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a CCS e
contagem bacteriana do leite cru refrigerado na região do Vale do
Suaçuí (MG) ao longo de 2016.

Material e Métodos

Dados de CCS e contagem bacteriana do leite cru refrigerado


de produtores rurais da região do Vale do Suaçuí (MG) foram
coletados em um laticínio localizado na mesma região. Os resultados
da qualidade foram obtidos de leites de tanques comunitários e
individuais ao longo do ano 2016, de janeiro a dezembro, totalizando
568 amostras de leite, entre os meses de janeiro a dezembro do ano
de 2016.
Após homogeneização do leite dos tanques e flambagem da
concha de metal utilizada na coleta de leite, alíquotas de 30 a 50
mL foram transferidas para dois frascos “Pleion” estéreis, cada
um contendo conservante Bronopol, para determinação da CCS,
e Azidiol, para determinação da contagem bacteriana. Os frascos
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 23

foram identificados com uma etiqueta própria, contendo nome da


propriedade, do produtor, da análise a ser realizada e código de
laboratório.
As amostras foram agitadas para diluição dos conservantes e
acondicionadas em caixas isotérmicas contendo gelo reciclável, para
então, serem enviadas para o Laboratório de Análise da Qualidade
do Leite da Universidade Federal de Minas Gerais (LabUFMG), em
Belo Horizonte (MG). O laboratório é credenciado pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sendo pertencente à
Rede Brasileira de Laboratórios de Análise da Qualidade do Leite
(RBQL).
A CCS foi determinada por meio da citometria de fluxo,
utilizando o equipamento Bentley Combi System 2300® da Bentley
Instruments Incorporated Chaska, Estados Unidos da América. A
contagem bacteriana foi realizada por meio do contador eletrônico
BactoCount IBC da Bentley Instruments Incorporated Chaska,
Estados Unidos da América, que tem como princípio a citometria de
fluxo. A CCS foi expressa em céls./mL e a contagem bacteriana foi
expressa em Unidades Formadoras de Colônia por mL (UFC/mL).
Os resultados de CCS e contagem bacteriana foram
submetidos à transformação logarítmica para serem apresentados
de forma original após análise estatística. Os resultados foram
submetidos à Análise de Variância (ANOVA) para serem comparados
pelo teste de Tukey, por meio do software Statistical Package for
the Social Sciences 20.0 (SPSS Inc., Chicago, EUA), ao nível de 5%
de significância. A pesquisa foi aprovada pelo Núcleo de Pesquisa
e Extensão (NUPEX) da Faculdade União do Ensino Superior de
Viçosa (UNIVIÇOSA) sob número de protocolo 200/2017-I.

Resultados e Discussão

As CCS médias se apresentaram acima de 500 mil céls./mL,


Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
24 ANAIS X SIMPAC

em desconformidade com a Instrução Normativa n°62 (BRASIL,


2011) em 50% dos meses, ou seja, em fevereiro, março, abril, maio,
agosto e outubro (Tabela 1). Houve variação das CCS média ao
longo do ano (p<0,05), não sendo observadas maiores contagens em
determinada época do ano.

Tabela 1. Variação mensal da CCS e contagem bacteriana do leite


cru refrigerado de propriedades do Vale do Suaçuí (MG) ao longo do
ano de 2016
Contagem
Número de CCS
Mês Bacteriana
Amostras (1000 céls./mL)
(1000 UFC/mL)
Janeiro 40 472,15abc 197,07b
Fevereiro 36 839,05 a
325,64ab
Março 40 645,85 abc
508,15ab
Abril 78 648,15 abc
330,38ab
Maio 53 514,53 abc
559,04ab
Junho 48 414,19bc 427,56ab
Julho 35 445,06abc 112,68b
Agosto 44 572,57 abc
781,45a
Setembro 8 286,87 c
49,37b
Outubro 76 688,11 ab
602,78ab
Novembro 28 349,25 c
220,43ab
Dezembro 82 372,96c 513,16ab
Total 568 520,73 385,64
Médias seguidas de letras diferentes entre linhas diferem
estatisticamente pelo teste de Tukey (p<0,05).

De acordo com Egidio et al. (2015), a desinfecção dos tetos dos


animais pode ser comprometida se o ambiente, local e equipamento
de ordenha apresentam excesso de sujidade. Isto aumenta a
ocorrência de mastite clínica e ou subclínica, o que aumenta a CCS
do leite do rebanho.
De acordo com Santos e Fonseca (2007), observa-se maior
incidência de mastite no período das águas, em razão das condições
ambientais favoráveis aos micro-organismos, como temperaturas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 25

altas e maior incidência de chuva. Entretanto, no presente estudo


não houve tendência de aumento de CCS em tal período, que
compreende final e início do ano.
Apenas as contagens bacterianas médias do leite produzido
nos meses janeiro, julho, setembro e novembro estavam abaixo de
300.000 UFC/mL, parâmetro máximo estabelecido pela Instrução
Normativa n°62 (BRASIL, 2011). Houve variação das contagens
bacterianas médias ao longo do ano (p<0,05), mas não foi observada
tendências de maiores ou menores contagens em determinados
períodos do ano.
Bueno et al. (2008) observaram leite com maiores contagens
bacterianas na época de chuvas e menores na época da seca. Os
autores associaram o fato ao aumento das chuvas, o que favorece
o aumento da contaminação ambiental, o acúmulo de lama nas
instalações e maior ocorrência de tetos sujos no momento da
ordenha. Esses fatores, associados às falhas na rotina de ordenha,
podem ter causado uma elevada contaminação do leite.
Os resultados do trabalho são de grande importância para o
laticínio e produtor, compreendendo que o leite fornecido em cada
estação do ano atende ou não a Instrução Normativa n°62 (BRASIL,
2011). A avaliação da qualidade do leite de uma região é importante
para análise de produtores e laticínios.
Fatores interferentes na composição do leite ao longo das
estações do ano podem ser inferidos para que realmente possam
ser analisados na região. Isto permitirá tomadas de decisão para
que possíveis erros de produção possam ser corrigidos em anos
posteriores. Desta forma, espera-se melhorias gradativas da
qualidade do leite da região.

Conclusões

A CCS e contagem bacteriana do leite cru refrigerado do Vale


do Suaçuí (MG) varia ao longo do ano, mas não há tendência de tais
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
26 ANAIS X SIMPAC

parâmetros serem menores ou maiores em determinados períodos do


ano.

Referências Bibliográficas

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Instrução Normativa n°37, de 18 de abril de 2002. Institui a Rede
Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 de abril de 2002.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Instrução Normativa n°62, de 29 de dezembro de 2011. Altera a
Instrução Normativa n°51, de 18 de setembro de 2002. Regulamento
Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A,
Leite Cru Refrigerado, Leite Pasteurizado e Coleta de Leite Cru
Refrigerado e seu Transporte a Granel. Diário Oficial da União,
Brasília, 29 de dezembro de 2011.

BUENO, V.F.F.; MESQUITA, A.J.; OLIVEIRA, A.N.; NICOLAU,


E.S.; NEVES, R.B.S.; Contagem bacteriana total do leite: relação
com a composição centesimal e período do ano no Estado de Goiás.
Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 15, n.1, p. 40-44,
2008.

EGIDIO, L.T.; BARCELLOS, P.C.; YUJI, C.T.; SILVERIO, E.K.;


FONSECA, E.P.; CARLOS, A.L. Variação da composição e qualidade
do leite em função do Volume de produção, período do ano e sistemas
de ordenha e de resfriamento. Revista Brasileira de Ciências
Agrárias, v.36, n.3, p.2287-2300, 2015.

GUERREIRO, P.K; MACHADO, L.M.F.; BRAGA, G.C.;


GASPARINO, E.; FRANZENER, A.S.M. Qualidade microbiológica

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 27

de leite em função de técnicas profiláticas no manejo de produção.


Ciência & Agrotecnologia, v.29, n.1, p.216-222, 2005.

SANTOS. M.V.; FONSECA, L.F.L. Estratégia para controle de


mastite e melhoria da qualidade do leite. Barueri: Editora
Manole Ltda, 2007. 200p.

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28 ANAIS X SIMPAC

DIMENSIONAMENTO E CÁLCULO DA FUNDAÇÃO EM


SAPATA ISOLADA DE UM EDIFÍCIO COMERCIAL EM
CONCRETO UTILIZANDO A TEORIA DE TERZAGHI, E AS
SONDAGENS SPT E CPT

Caio Nascimento Lemos1, Alexandre Miguel Silva


Araújo2, Eduardo Souza Cândido3, Alex de Freitas
Bhering Cardoso4, Daniela Fernanda Silva5

Resumo: Este projeto teve como objetivo o dimensionamento


da fundação de um edifício comercial em concreto armado, a
ser localizado na cidade de Viçosa (MG). O desenvolvimento foi
dividido em três etapas. Primeiramente, após o cálculo estrutural
do edifício, foram reconhecidas as cargas da estrutura que
devem ser suportadas pelas fundações e executou-se o estudo do
solo do terreno em que o edifício será implantado, onde foram
feitas as sondagens SPT e CPT. Na segunda etapa, procedeu-se
à verificação da viabilidade técnica e à escolha das fundações.
Optou-se pela implantação de fundações rasas em sapata isolada
e procedeu-se ao dimensionamento pelos métodos escolhidos que
foram: a Teoria de Terzaghi, que se aplica a características como
rigidez do solo, profundidade de embutimento; o ensaio CPT,
normatizado na NBR 12069/91, que se baseia em correlações com
a resistência de ponta no solo; e o ensaio SPT, normatizado na
NBR 6484/80, que se baseia em correlações com o número Nspt.
Assim, determinaram-se as dimensões das fundações com base
1
Graduando do Curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: caionascimentolls@
gmail.com
2
Graduando do Curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: alexandremsa@outlook.
com
3
Graduado em Engenharia Civil, Mestre em Geotecnia, Doutorando em Geotecnia – FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA, e-mail: eduardocandido@outlook.com.br
4
Graduado em Engenharia Civil, Especialista em Engenharia da Construção, Mestrando em Engenharia
da Construção – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: alexbhering@univicosa.com.br
5
Graduada em Engenharia Civil, Especializando em Segurança do Trabalho – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA,
e-mail: dani.vhr@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 29

nesses três métodos, utilizando-se para os cálculos o software


Excel, no qual foram inseridas todas as equações e parâmetros
dos métodos aplicados. Por fim, na terceira etapa, efetuou-se
a análise comparativa dos métodos e, a partir dos resultados
obtidos, verificou-se qual solução seria melhor aplicável ao edifício,
procedendo-se em seguida ao detalhamento em planta baixa das
sapatas isoladas, para o que foi utilizado o software Autodesk
AutoCAD 2017.

Palavras–chave: solo, resistência, métodos

Introdução

As fundações ou subestruturas, de acordo com Alva (2007), são


elementos estruturais fundamentais para a construção, cuja função
é transmitir as cargas atuantes na superestrutura à camada de solo
mais resistente. Devem, portanto, apresentar resistência adequada
para suportar as tensões geradas pelos esforços solicitantes. Além
disso, uma boa fundação deve transferir e distribuir confiavelmente
as ações atuantes na edificação ao solo, de modo que não ocorram
recalques diferenciais prejudiciais ao sistema estrutural, nem a
própria ruptura do solo.

Segundo a ABNT NBR 6122: 2010, as fundações classificam-


se em função da profundidade da cota de apoio e são divididas em
fundações rasas e profundas. As fundações rasas são aquelas em que
a carga é transmitida ao terreno predominantemente pelas pressões
distribuídas sob a base da fundação, e em que a profundidade de
assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas
vezes a menor dimensão da fundação. Já as fundações profundas
são aqueles elementos que transmitem a carga ao terreno pela
base (resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência
de fuste) ou por uma combinação das duas, e que está assente em
profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta,
e no mínimo 3 metros.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


30 ANAIS X SIMPAC

Neste projeto aborda-se o projeto estrutural de fundações


rasas, ou seja, dimensionamento de sapatas isoladas, as quais
representam uma das soluções mais utilizadas no Brasil em regiões
com terrenos de boa capacidade de suporte.

De acordo com Bastos (2016) as sapatas isoladas são


elementos tridimensionais e têm a finalidade de transferir para o
solo as ações oriundas de um único pilar. Suas formas são muito
variadas mas, usualmente, a retangular é a mais comum, em razão
da predominância de pilares retangulares.

Material e Métodos

Inicialmente, elaborou-se o projeto arquitetônico do edifício


utilizando-se do software Autodesk AutoCAD 2017 (Figura 1: a), que
serviu de base para o pré-dimensionamento estrutural de elementos
como lajes, vigas e pilares (Figura 1: b). Esses elementos foram
calculados com o software comercial AltoQi Eberick V10 Pro, com o
objetivo de se obterem as cargas atuantes de cada pilar (Figura 1:
c). Nos resultados, apresentam-se os resultados do cálculo da sapata
isolada do pilar P18, a título de exemplificação.

Com base nessas cargas foi possível calcular a fundação em


sapata isolada. Os cálculos foram feitos utilizando-se o método
teórico de Terzaghi (1943) e os métodos semiempíricos de Hachich
et al. (1996) e Teixeira e Godoy (1996), que se utilizam dos ensaios
SPT e CPT.

Para se obter o maior, e melhor, valor da base (B) e com


capacidade de carga alta, foram feitas algumas considerações
iniciais para o dimensionamento da sapata, como variar o B de 80 a
200 cm, obtendo-se assim as tensões admissíveis e, posteriormente,
o valor de P, que é a carga suportada pela sapata.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 31

a) b)

c)

Figura 1 – (a) Planta arquitetônica. FONTE: (software Autodesk AutoCAD 2017).


(b) Planta de forma do edifício. FONTE: (software Autodesk AutoCAD 2017). (c)
Projeto estrutural – vista dos pilares do edifício. FONTE: (software AltoQi Eberick
V10 Pro)

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32 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

São apresentados abaixo os cálculos realizados de um dos


pilares do edifício, como exemplificação, visto que o edifício contém
trinta e sete pilares em prumada. Todos foram calculados, mas aqui
será apresentado apenas um deles. Nas tabelas 1, 2 e 3, apresentam-
se os resultados do cálculo da sapata isolada do pilar P18, seguindo
os métodos citados. São eles:

1º - Teoria de Terzaghi (1943): Considerando-se ruptura geral,


tem-se:

Com a relação de P e B, obteve-se a seguinte expressão: P


= 594,44*(B2,0337)

Tabela 1: Dimensão B da sapata quadrada

Pilar Carga (kN) B (cm) Badotado (cm)


P18 1370,2 150,8 155
FONTE: (software Excel)

2º - Ensaio SPT (Hachich et al., 1996): A seguinte expressão foi


utilizada para o cálculo da capacidade de carga em função do Nspt:

Com a relação de P e B, obteve-se a seguinte expressão: P


=175,82*(B1,837)

Tabela 2: Dimensão B da sapata quadrada

Pilar Carga (kN) B (cm) Badotado (cm)


P18 1370,2 305,8 310
FONTE: (software Excel)
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 33

3º - Ensaio CPT (Teixeira e Godoy, 1996): A seguinte equação,


que varia de acordo com o tipo de solo encontrado durante o ensaio,
foi utilizada para o cálculo da tensão admissível, em função da
resistência de ponta obtida no ensaio CPT:

Com a relação de P e B, obteve-se a seguinte expressão: P


=312,7*(B1,8348)
Tabela 3: Dimensão B da sapata quadrada

Pilar Carga (kN) B (cm) Badotado (cm)


P18 1370,2 223,7 225
FONTE: (software Excel)

Considerações Finais

Este projeto reconhece a importância das sondagens e de um


estudo adequado do solo, além da análise criteriosa da capacidade
de carga das fundações, sejam elas dos tipos sapatas isoladas,
estacas cravadas, tubulões, etc., para se otimizar a escolha e
dimensionamento da fundação de um edifício, levando-se em
consideração também os critérios de execução, econômicos e de
segurança.

Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que,


na utilização das expressões de Terzaghi (1943) e dos métodos
semiempíricos, a maior dimensão obtida foi de 3,1 metros,
determinada pelo método baseado no ensaio SPT. Esta dimensão
será adotada em projeto para o pilar 18.

No entanto, deve-se considerar que a dimensão obtida poderá


inviabilizar sua execução em alguns pontos da edificação, pois os
níveis de carga são similares em diversos pontos da área construída,
inclusive em locais com maior concentração de pilares.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


34 ANAIS X SIMPAC

Sendo assim, deve-se avaliar a possibilidade de implantação


de outro tipo de fundação como, por exemplo, os tubulões. Neste
caso, será necessário gerar o perfil geológico-geotécnico e, para cada
pilar, avaliar a cota de apoio na qual se consiga proceder à sua
execução a céu aberto e a melhor relação custo-benefício possível.

Referências Bibliográficas

ALVA, G. M. S. Projeto Estrutural de Sapatas: Notas de


Aula. Centro de Tecnologia – UFSM – Universidade Federal de
Santa Maria, 2007. 39p. Disponível em: <http://coral.ufsm.br/decc/
ECC1008/Downloads/Sapatas.pdf>. Acesso em 30/03/2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


6122: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 2010.
33p.

BASTOS, P. S. dos Santos. Sapatas de Fundação: Notas de


Aula. Faculdade de Engenharia – UNESP – Universidade Estadual
Paulista, 2016. 125p. Disponível em: <http://wwwp.feb.unesp.br/
pbastos/concreto3/Sapatas.pdf>. Acesso em 30/03/2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 35

DIMENSIONAMENTO E CÁLCULO ESTRUTURAL DE UM


EDIFÍCIO COMERCIAL EM CONCRETO UTILIZANDO O
SOFTWARE ALTOQI EBERICK V10 PRO

Alexandre Miguel Silva Araújo1, Caio Nascimento Lemos2, Alex de


Freitas Bhering Cardoso3, Daniela Fernanda Silva4

Resumo: Este trabalho tem como objetivo o dimensionamento de um


edifício comercial em concreto armado, a ser localizado na cidade de
Viçosa (MG), com a utilização do software comercial AltoQi Eberick
V10 Pro para o cálculo estrutural do edifício, que será composto por
oito pavimentos, incluindo o térreo. Deste ao terceiro pavimento, as
plantas baixas serão tipo I e, do quarto ao sétimo pavimento, serão
tipo II. Iniciou-se o projeto com a idealização da planta baixa dos
pavimentos tipos I e II, optando-se por não dispor de pavimento de
garagem na própria edificação. Para os elementos estruturais como
vigas, lajes e pilares, fez-se um pré-dimensionamento utilizando
métodos manuais e para seu cálculo utilizou-se o software. O
processo iniciou-se com o pré-lançamento da estrutura, observando-
se eventuais incompatibilidades com elementos da arquitetura
do edifício e, não tendo sido detectadas incompatibilidades, com
a estrutura lançada, determinaram-se as vinculações. Por fim,
procedeu-se ao cálculo estrutural. Como a edificação é de médio
a grande porte, e em observância da NBR 6123/88, levou-se em
consideração as ações do vento. As ações variáveis e permanentes
foram retiradas da NBR 6120/80 e inseridas no software.
1
Graduando do Curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: alexandremsa@outlook.
com
2
Graduando do Curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: caionascimentolls@
gmail.com
3
Graduado em Engenharia Civil, Especialista em Engenharia da Construção, Mestrando em Engenharia
da Construção – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: alexbhering@univicosa.com.br
4
Graduada em Engenharia Civil, Especializando em Segurança do Trabalho – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA,
e-mail: dani.vhr@hotmail.com

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36 ANAIS X SIMPAC

Considerou-se os deslocamentos horizontais, verticais e o tipo de


estrutura da edificação como sendo de nós fixos, de acordo com a
NBR 6118/14. Ao final do processo de cálculo, fez-se o detalhamento
dos elementos estruturais.

Palavras–chave: Concreto armado, estrutura, edificação

Introdução

O concreto é um item fundamental para a construção civil


e atualmente tem sido o material mais utilizado no Brasil e no
mundo. Segundo Bastos (2014) é um material homogêneo, composto
por cimento Portland, água, agregado miúdo e agregado graúdo.
Também pode ter adições e aditivos químicos, com a finalidade de
proporcionar melhorias em suas propriedades básicas. O material é
parte integrante de praticamente todas as construções, de edificações
residenciais e comerciais a grandes obras de infraestrutura, como
pontes, rodovias de pavimentação rígida, usinas hidrelétricas,
dentre outras.

Atualmente existem vários edifícios comerciais em concreto


armado espalhados pelo mundo como, por exemplo, o imponente Burj
Khalifa, edifício mais alto do mundo em concreto armado, com um
total de 829,8 m de altura, concluído em 2010, para uso comercial,
hotel e residencial, em Dubai, nos Emirados Árabes; o One World
Trade Center, com um total de 541 m de altura, concluído em 2014,
para uso comercial, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. No Brasil
tem-se os primeiros arranha-céus comerciais, como o edifício Rio
Sul Center, com um total de 164 m de altura, concluído em 1982,
no Rio de Janeiro (RJ) e, mais recentemente, o Órion Business &
Health Complex, com 191 m de altura, em Goiânia (GO), em fase
final de construção.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 37

De acordo com Bastos (2014), o concreto apresenta alta


resistência à compressão, porém, baixa resistência à tração. Para
contornar essa limitação, empregam-se junto ao concreto barras
de aço posicionadas na peça, de modo proporcionar resistência à
tração. O conjunto dessas barras de aço, envolvidas pelo concreto,
resulta em um excelente material a ser aplicado na estrutura de
uma obra, denominado concreto armado.

Material e Métodos

Inicialmente foi realizado o estudo do projeto arquitetônico para


definição da planta de forma (Figura 1), feita no software Autodesk
AutoCAD 2017, que serviu de base para o pré-dimensionamento
estrutural de elementos estruturais (Figura 2) do edifício como lajes,
vigas e pilares. Os mesmos elementos foram pré-dimensionados
manualmente e, posteriormente, para os cálculos dos mesmos,
foi utilizado o software comercial AltoQi Eberick V10 Pro, com
informações preestabelecidas pelas NBR 6118/14, que normatiza
os procedimentos para estruturas de concreto, NBR 6120/80, que
normatiza os coeficientes de cargas variáveis e permanentes para
cálculo de estruturas de edificações, e NBR 6123/88, que normatiza
os procedimentos para cálculos de forças devido a ação do vento.

Adotou-se os seguintes coeficientes:

• fck de 30 MPa para o concreto e aço CA50 para as


armaduras;
• Carga acidental de escada de 3 kN/m²; carga acidental
do hall de 3 kN/m²; carga acidental das salas e
banheiros de 2,5 kN/m²;
• Outros valores de cargas, ações de vento, limites de
desaprumo, foram obtidos com auxílio das normas
citadas acima.

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38 ANAIS X SIMPAC

Figura 1: Planta de forma do edifício. FONTE: (software Autodesk


AutoCAD 2017)

Figura 2: Projeto estrutural do edifício. FONTE: (software AltoQi


Eberick V10 Pro)

Resultados e Discussão

Estão apresentados, nas tabelas 1 e 2, alguns dos resultados


do cálculo estrutural, feitos no software:

• Pilar P1 (Pavimento Térreo)

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 39

Tabela 1: Resultado do dimensionamento final do pilar P1


As b
Lib
MH,d MB,d Ferros
vinc Estribo
Nd,máx topo topo As h
Seção Nível Topo Esb b
Pilar Nd,mín MH,d MB,d Ferros
(cm) (cm) Lih Base Esb h
(tf) base base %
vinc cota
(kgf.m) (kgf.m) armad
(cm)
total

1.57
290 2Φ10.0
2Φ10.0
RR 87.89 2175 2616 3.14 40.14
P1 25x50 290 2Φ10.0
290 45.33 3357 2474 4Φ10.0 20.07
45
RR 0.5
8Φ10.0

FONTE: (software AltoQi Eberick V10 Pro).



• Laje L1 (Pavimento Térreo)

Tabela 2: Resultado do dimensionamento final da laje L1


Cobrimento
Externo Carga
Espessura Mdx Mdy Flecha
Laje (cm) (kgf/ Asx Asy
(cm) (kgf.m/m) (kgf.m/m) (cm)
Interno m²)
(cm)

As = 2.94
As = 2.37
cm²/m
cm²/m
2.5 (Φ8.0
L1 12 746.73 856 952 (Φ8.0 c/20 - 0.67
3.0 c/17 –
– 2.51
2.96
cm²/m)
cm²/m)

FONTE: (software AltoQi Eberick V10 Pro).

• Vigas;
• Cargas para a fundação;
• Outros dados, são todos calculados pelo programa,
que disponibiliza o memorial de descritivo dos
resultados em forma de tabelas, que serão
apresentadas à parte.

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40 ANAIS X SIMPAC

Considerações Finais

Durante a elaboração deste projeto verificou-se o


aprimoramento dos conhecimentos adquiridos no curso de
Engenharia Civil da Univiçosa, utilizando-se de conceitos de
análise estrutural, materiais de construção e concreto armado, que
possibilitaram o cálculo de um edifício comercial com 8 pavimentos.
Concluiu-se que os cálculos feitos em software não eximem a
grande responsabilidade do profissional de engenharia, uma vez
que é necessária a interpretação correta e crítica dos dados dele
extraídos sendo, por isso, crucial ter atenção e deter conhecimento
teórico para reconhecer e contornar eventuais limitações, visto que
algumas análises podem não ser convenientes ao projeto real.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio
de Janeiro, 2014. 238p.

_____________. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas
de edificações. Rio de Janeiro, 1980. 5p.

_____________. NBR 6123: Forças devidas ao vento em


edificações. Rio de Janeiro, 1988. 66p.

BASTOS, P. S. dos Santos. Estruturas de Concreto Armado I:


Notas de Aula. Faculdade de Engenharia – UNESP – Universidade
Estadual Paulista, 2014. 9p. Disponível em: <http://wwwp.feb.
unesp.br/pbastos/concreto1/Introducao.pdf>. Acesso em 25/03/2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 41

EFEITOS DA TERAPIA MANUAL EM PACIENTES


FIBROMIÁLGICOS: REVISÃO DE LITERATURA

Ademilson da Silva Damaceno1, Andrês Valente Chiapeta2

Resumo: A fibromialgia é uma patologia idiopática que atinge em


sua grande maioria mulheres com faixa etária entre 35 a 45 anos.
Seus sintomas variam desde a dor, a principal queixa, até distúrbios
emocionais como depressão e ansiedade. Ainda há várias discussões
sobre as realidades dessa patologia, alguns profissionais até
desacreditam da mesma e o objetivo dos estudiosos é desvendar esses
dilemas sobre a patologia e trazer obras científicas com respostas.
Com objetivo de analisar os benefícios da terapia manual sobre os
sintomas relacionados a fibromialgia, foram reunidos seis artigos dos
últimos treze anos com embasamento científico. Todos destacaram o
aumento na qualidade de vida dos pacientes evidenciando melhora
no quadro álgico, diminuição da ansiedade, rigidez e depressão.

Palavras–chave: Fibromialgia; Fisioterapia; Terapia Manual.

Introdução

A síndrome da fibromialgia é caracterizada por dor crônica


que afeta o sistema músculo-esquelético; de etiologia desconhecida,
vem acompanhada muitas vezes de depressão, ansiedade, distúrbios
do sono e fadiga. Pode ser diagnosticada através da sensibilidade
dolorosa em sítios anatômicos preestabelecidos (ZIANI, et al., 2017).
Há inúmeras teorias sobre sua origem, mas ainda nenhuma
comprovada cientificamente. A dor advém da contração muscular
contínua que pode estar relacionada com posturas anormais,
aspectos sazionais e desequilíbrios emocionais (KIMURA, et al.,
2012). Uma grande dúvida que ainda permanece entre os estudiosos
1
Acadêmico de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: damaceno.fisio@gmail.com

2
Docente do Curso de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andreschiapeta@gmail.com

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42 ANAIS X SIMPAC

é a relação da fibromialgia com a depressão, se questiona se a


fibromialgia evolui para uma depressão ou vice e versa (GONDIM e
ALMEIDA, 2017).
A fibromialgia atinge cerca de 1% a 4% da população mundial,
o sexo feminino representa por volta de 70% a 90% dos casos
com faixa etária entre 35 e 55 anos de idade. Portanto, associar o
tratamento com técnicas manuais seria de grande importância para
a qualidade de vida destes pacientes, principalmente a massagem
relaxante, pois esta terapia alternativa aumenta a circulação
sanguínea e de acordo com o toque e velocidade ocorre a liberação
miofascial promovendo um relaxamento muscular, sendo assim a
prática manual no tratamento da fibromialgia evidenciou efeitos
positivos sobre a dor em mulheres portadoras da síndrome (ZIANI,
et al, 2017).
Segundo Nazareth e Silva 2005, a terapia manual é altamente
benéfica por ser de fácil aplicação e livre de efeitos colaterais se
aplicados corretamente. A dor é a principal queixa dos fibromiálgicos
e também uma especialidade característica desse tipo de tratamento.
Diante do exposto, o objetivo do estudo foi analisar os benefícios
proporcionados pela terapia manual sobre os sintomas relacionados
a fibromialgia.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo de revisão de literatura realizado entre


janeiro e abril de 2018. Foram selecionados artigos acadêmicos nas
bases de dados Google Acadêmico, SCielo e Lilacs publicados entre
2005 e 2018. Foram utilizados para busca os seguintes descritores:
Fibromialgia, Fisioterapia, Terapia Manual.
Após a identificação dos descritores no título, resumo e/ou
palavras-chaves, os artigos selecionados passaram por leitura dos
resumos (abstracts) para avaliar a adequação quanto aos critérios
de elegibilidade. Os estudos que apresentaram os critérios de
elegibilidade predeterminados obtiveram o texto completo adquirido
para análise detalhada e extração dos dados.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 43

Resultados e Discussão

Tabela 1 – Análise dos trabalhos publicados


Autores Objetivo do estudo Conclusão do estudo

ZIANI et al., Avaliar os efeitos da terapia Todos os estudos verificaram melhora da


2017 manual sobre a dor em mulheres dor através das técnicas de terapia manual,
com fibromialgia. com efeitos positivos também sobre os
sintomas de ansiedade, sono, função física e
qualidade de vida.
GONDIM et Avaliar através de uma revisão de O relaxamento atua no reequilíbrio do
al., 2017 literatura, os efeitos da massagem organismo, tais técnicas são interagidas
terapêutica manual em pacientes com a dor, tensões, estresse, ansiedade,
com a síndrome da fibromialgia, promovendo a diminuição destes fatores,
indicar e informar ao paciente pois a contração muscular contribui para a
sobre os tratamentos alternativos exacerbação da dor reduzindo assim o uso
como o uso da massoterapia. de analgésicos, demonstrando que a terapia
complementar favorece aos pacientes uma
confiabilidade e sensação de bem-estar
psicológico e consequentemente alívio da
dor.
YUAN et al., Verificar o efeito de duas técnicas Ambas mostraram-se eficazes no aumento
2010 (massagem de fricção e massagem do limiar de dor dos tender points, redução
com deslizamento superficial da intensidade da dor e ansiedade e melhora
e profundo) na dor, ansiedade da qualidade de vida, porém, com resultados
e qualidade de vida de duas mais expressivos para a massagem de
mulheres fibromiálgicas. deslizamento superficial e profundo.
KIMURA et Verificar os efeitos do Shiatsu sobre Redução do quadro álgico, melhora na
al., 2012 a qualidade de vida e analisar qualidade de vida e redução de números
dados específicos relacionados ao pontos dolorosos dos pacientes com
quadro álgico, número de pontos fibromialgia tratados com Shiatsu.
dolorosos e efeitos nos aspectos
físicos e psicológicos dos pacientes
tratados.
NAZARETH Destacar os efeitos e benefícios das A terapia manual é de fácil aplicação e livre
E SILVA, técnicas manuais na fibromialgia. de efeitos colaterais desde que aplicado
2005 corretamente. Essencial o acompanhamento
de uma equipe multidisciplinar.
O L I V E I R A Verificar os sintomas de pessoas As causas da fibromialgia são desconhecidas,
et al., 2016 diagnosticadas com fibromialgia, mas que estão ligados a inúmeros fatores,
identificar tratamentos com como: genética, infecções, distúrbios de sono,
resultados positivos, reconhecer sedentarismo e depressão. A massoterapia
reais melhorias, para a pessoa e é uma forma efetiva de tratamento da
para o seu dia a dia, analisar os fibromialgia, pois podem gerar efeitos
estudos de casos e as estatísticas que melhoram significativamente a dor,
e apresentar o melhor resultado depressão, cansaço, rigidez, nervosismo e
pesquisados por revisões de ansiedade.
literatura.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


44 ANAIS X SIMPAC

Todos os autores dos artigos selecionados apresentaram


eficácia no tratamento através de técnicas manuais. No artigo do
Yuan, 2010, foram comparadas duas técnicas sendo a de maior
destaque a massagem de deslizamento superficial e profundo por
apresentar melhora significativa do limiar de dor. O relaxamento
muscular citado por Gondim proporciona homeostase, e esse
equilíbrio reduz crises de depressão, ansiedade e dor.
Houve variação dentre as técnicas utilizadas nos artigos
analisados, desde manobras manipulativas ao shiatsu, todas
com resultados relevantes na melhora dos sintomas e qualidade
de vida dos pacientes. Em alguns estudos evidencia-se a atuação
multidisciplinar e associação das técnicas manuais, exercícios
físicos e medicações.

Conclusões

Todos os seis artigos analisados relataram grandes benefícios


do tratamento da fibromialgia através de terapias manuais,
principalmente relacionando técnicas massoterápicas como shiatsu,
fricção, amassamento e deslizamento. Mostraram-se eficazes não
só no alívio da dor, a principal queixa dos fibromiálgicos, mas
também nos quadros de depressão, distúrbios do sono, ansiedade e
rigidez. Outro relevante ponto positivo é o fato de não gerar efeitos
colaterais assim como a maioria dos medicamentos se as técnicas
forem aplicadas corretamente.

Referências Bibliográficas

ZIANI, M.M.; BUENO, E.A.; KIPPER, L.L.; VENDRUSCULO


F.M.; WINCK, A.D.; HEINZIMAN-FILHO, J.P. Efeitos da terapia
manual sobre a dor em mulheres com fibromialgia: uma revisão da
literatura. Ciência e Saúde. Jan, mar, 2017; 10(1):48-55.

GONDIM, S.S.; ALMEIDA, M.A.P.T. Efeitos da massagem

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ANAIS X SIMPAC 45

terapêutica manual em pacientes com a síndrome da fibromialgia.


Id on Line: Revista multidisciplinar e de Psicologia, Vol. 11,
N. 39,pag. 336-354, 2017.

YUAN, S.L.K.; MATSUTANI, L.A.; ASSUNPÇÃO, A.; MARQUES,


A.P. Efeitos da massoterapia nos sintomas e qualidade de vida de
fibromiálgicos: relato de caso. Revista Terapia Manual, 2010;
8(38), 349-353.

KIMURA, A.; FACCI, L.M.; GARCEZ, V.F. Efeitos da terapia manual


shiatsu na fibromialgia: estudos de casos. VI mostra interna de
trabalhos de iniciação científica – Anais eletrônico, outubro,
2012.

NAZARETH, A.M.; SILVA, V.Y.N.E. Recursos terapêuticos manuais


em fibromialgia. Revista eletrônica FisioWeb. 2005.

OLIVEIRA, G.C.; SILVA, G.R.P.; ALVES, P.F.; NAGI, S.G. A


fibromialgia e a Massoterapia caminhando juntas. Revista
Eletrônica Belezain.com.br, pp. 4-5, 2016.

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46 ANAIS X SIMPAC

GANHO DE PESO E PRESSÃO ARTERIAL DE GESTANTES


ATENDIDAS EM UMA CLÍNICA PARTICULAR DE
VISCONDE DO RIO BRANCO – MG

Claudilene do Carmo Baquim Sobral1, Amanda Kelhy Diniz


Coelho2, Raquel Duarte Moreira Alves3

Resumo: A gravidez é um estágio da vida da mulher onde há um


ganho de peso fisiológico. Quando o peso adquirido ultrapassa os
limites da normalidade há um grande risco para gestante e pode
causar sérios problemas, sobretudo para o feto. Objetivou-se avaliar
a adequação do ganho de peso e pressão arterial de gestantes no
segundo trimestre gestacional. Foram recrutadas 30 gestantes
atendidas numa clínica particular de obstetrícia na cidade de
Visconde do Rio Branco (MG), que se encontravam no segundo
trimestre de gestação. Foram aferidos peso e estatura e calculado
o IMC segundo a semana gestacional. Aferiu-se também a pressão
arterial. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (238/2016-I). A
análise estatística foi realizada no programa Sigma Plot adotando-
se significância de 5%. Participaram do estudo 19 gestantes sendo a
maioria (56,6%; n=11) eutróficas no período pré-gestacional, sendo
que 21,1% (n=4) apresentavam sobrepeso e o mesmo número eram
obesas. Mais da metade das mulheres ganharam peso excessivamente
ao longo do estudo, fazendo com que houvesse redução do número
de mulheres eutróficas. Gestantes com excesso de peso apresentaram
pressão arterial sistólica mais elevada do que as demais (p=0,008).
As gestantes apresentaram ganho de peso excessivo durante o
segundo trimestre de gravidez aumentando assim a taxa de excesso
de peso entre essas mulheres, o que pode estar associado a maiores
níveis de pressão arterial sistólica.
Palavras–chave: Estado Nutricional, Ganho de Peso, Gestação.
1
Nutricionista– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: claudilene.sobral34@gmail.com
2
Graduando em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: amandakelhy34@gmail.com
3
Nutricionista – Professora no do curso de Nutrição da – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
raqueldmalves@yahoo.com.br

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ANAIS X SIMPAC 47

Introdução

A gravidez é um estágio da vida onde há ganho de peso fisiológico


relacionado ao crescimento fetal, líquido amniótico, placenta, útero,
tecido mamário, volume sanguíneo aumentado, acúmulo variável
de tecido adiposo e líquido tecidual. O peso adquirido durante a
gestação deve ser monitorado de forma criteriosa a fim de evitar
prejuízos ocasionados por excessos ou carências (BARBOSA, SILVA
e MOURA, 2011). Segundo Assunção et al (2007), quando o peso
adquirido ultrapassa os limites da normalidade aumenta-se o
risco de prematuridade, além de comprometer o estado nutricional
futuro do bebê e trazer consequências para a saúde materna como
diabetes e hipertensão gestacional (NAST et al, 2013). O objetivo
deste estudo foi avaliar o ganho de peso de gestantes atendidas em
uma clínica particular da cidade de Visconde do Rio Branco – Minas
Gerais.

Material e Métodos

Trata-se de uma pesquisa longitudinal realizada de agosto de


2016 a março de 2017, com a coleta de dados de gestantes. Foram
recrutadas todas as 30 gestantes, que se encontravam no segundo e
início do terceiro trimestre de gestação (entre a 16ª e 30ª semanas).
Adotou-se os critérios do Ministério da Saúde para classificação
do estado nutricional da gestante em: baixo peso, peso adequado,
sobrepeso ou obesa. O peso corporal foi avaliado em três momentos
com intervalo de 4 semanas. O presente estudo foi autorizado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da (238/2016-I). Os dados foram
tabulados em planilha eletrônica e submetidos à análise estatística
no programa Sigma Plot (versão 11.0), adotando-se o nível de
significância de 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Participaram do estudo 19 mulheres que se encontravam entre


a 16ª e a 29ª semanas gestacional, com idade entre 16 e 38 anos (25,6

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


48 ANAIS X SIMPAC

± 5,8 anos). Verificou-se que 56,6% das mulheres apresentavam-


se eutróficas no período pré-gestacional, 5,7% apresentavam baixo
peso, ao passo que 21,1% apresentavam sobrepeso e o mesmo número
de mulheres eram obesas. Ao longo da gestação, todas as mulheres
que apresentavam sobrepeso ou obesidade se mantiveram com este
estado nutricional. Por outro lado, entre as mulheres que eram
eutróficas, nas duas primeiras avaliações, duas delas passaram a
ser classificadas como baixo peso, sendo que na última avaliação
uma voltou a apresentar-se eutrófica, totalizando 42,1% mulheres
em estado de eutrofia ao final do estudo (Tabela 1).

Tabela 1: Evolução do peso corporal, do Índice de Massa Corporal


(IMC) e do ganho de peso em relação ao período gestacional nas
semanas avaliadas.
Peso (kg) Alteração do peso IMC (kg/m2)
Pré-gestacional 66,7 ± 21,3 - 25,5 ± 7,2
16ª a 20ª semana 68,8 ± 20,6 2,1 ± 3,0 (-3,1 / 8,5) 26,3 ± 6,9
21ª a 24ª semana 71,0 ± 21,2 4,3 ± 3,8 (-2,0 / 12,7)* 27,1 ± 7,1
25ª a 29ª semana 72,4 ± 20,6 5,7 ± 4,6 (-3 / 14,1)* 27,7 ± 6,8
Dados em média ± desvio padrão, (mínimo / máximo). * Alteração
significativa de peso em relação ao período pré-gestacional pelo
teste de Friedman (p<0,05).

Ao avaliar a evolução do ganho de peso das mulheres e a


variação no IMC ao longo da gestação, verificou-se diferença
significativa da terceira avaliação em relação a segunda e a primeira,
todavia, o ganho de peso não foi significativo da primeira avaliação
em relação ao pré-gestacional. A média de ganho de peso corporal
no intervalo de quatro semanas, da segunda avaliação em relação
à primeira foi de 2,1 ± 1,3 kg, com uma variação de perda de 0,9 ao
ganho 4,2 kg. Ao comparar o ganho de peso da terceira em relação
ao da segunda avaliação, observou-se um valor médio de 1,4 ± 1,8
variando de uma perda de peso de 3,8 kg para o ganho de 4,9 kg.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 49

100%
90%
80%
47,4% n=9 52,6% n=10 52,6% n=10
70%
60%
50%
40% 15,8% n=3 10,5% n=2
21,1% n=4
30%
20% 36,8% n=7
31,6% n=6
26,3% n=5
10%
0%
16ª-20ª semana 21ª-24ª semana 25ª- 29ª semana

Abaixo Adequado Acima

Figura 1: Frequência do baixo, adequado ou excessivo do


ganho de peso durante as semanas gestacionais.

Segundo Nomura et al, (2012) o estado nutricional e o


adequado ganho de peso materno são condições muito importantes
durante a gravidez e também no período pós-nascimento, tanto
para a manutenção da saúde da mãe quanto da criança. Os ganhos
de peso além do recomendado durante o período gestacional podem
pressupor situações adversas como: diabetes gestacional, parto
prolongado, pré-eclâmpsia, cesárea e depressão, maior morbidade
neonatal, maior incidência de obesidade, sobrepeso e distúrbios
metabólicos na infância e adolescência, além da retenção de peso
excessivo pós-parto. Já o ganho de peso abaixo do recomendado
foi associado a maiores taxas de baixo peso ao nascer. Assim,
o crescimento fetal é influenciado positivamente pelo estado
nutricional.
A pressão arterial das gestantes foi avaliada em cada um dos
encontros e verificou-se que não houve alteração da pressão arterial
sistólica (PAS) e nem diastólica (PAD) ao longo do estudo (p>0,05).
Em média valores da PAS foi de 112,1 ± 12,5 mmHg enquanto
a PAD foi de 71,1 ± 7,6 mmHg. Todavia, ao comparar gestante

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


50 ANAIS X SIMPAC

excesso de peso em relação àquelas eutróficas com verificou-se PAS


significativamente mais elevada (119,6 ± 8,1 vs. 106,7 ± 12,6; p=
0,008) naquelas com excesso de peso, ao passo que esta diferença
não foi verificada para PAD (74,6 ± 7,1 vs. 68,5 ± 7,2; p=0,085).
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é considerada um
problema de saúde pública pelo seu elevado custo médico-social
(MALACHIAS et al, 2016). Esta complicação na gestação resulta
em mortalidade entre 20 a 25% de todas as causas de óbito materno
segundo a 7ª Diretriz brasileira de hipertensão arterial, da Sociedade
Brasileira de Cardiologia (MALACHIAS et al, 2016).

Considerações Finais

No presente estudo, observou-se que as gestantes apresentaram


ganho de peso excessivo durante o segundo trimestre de gravidez
aumentando assim a taxa de excesso de peso entre essas mulheres.
O excesso de peso corporal pode estar associado a maiores níveis de
pressão arterial sistólica observado entre aquelas IMC gestacional
mais elevado. Assim, faz-se necessária atenção mais específica em
relação ao excesso de peso, pois, esse fator pode contribuir para
o desenvolvimento de síndrome hipertensiva da gestação e pré-
eclâmpsia, gerando consequências graves ao feto e à mãe.

Referências Bibliográficas

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em mulheres atendidas pelo Programa de Saúde da Família em
Campina Grande, PB (Brasil). Rev. Bras. Epidemiol. [s.l.], v. 10, n.
3, p. 352-360, 2007.

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Revista Dor. São Paulo, v. 12, n. 3, p. 205-208, jul./set. 2011.

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ANAIS X SIMPAC 51

MALACHIAS, M. V. B. et al. 7ª Diretriz brasileira de hipertensão


arterial. Revista da Sociedade Brasileira de Cardiologia, [s.l.],
v. 107, n. 3, supl. 3, p. 1-103, set. 2016.

NASCIMENTO, E; SOUZA, S. B. de. Avaliação da dieta de gestantes


com sobrepeso. Revista de Nutrição. Campinas, v. 15, n. 2, p. 173-
179, mai./ago. 2002

NAST, M. et al. Ganho de peso excessivo na gestação é fator de risco


para o excesso de peso em mulheres. Rev. Bras. Ginecol. Obstet.
Porto Alegre, v. 35, n. 12, p. 536-540, 2013.

NOMURA, R. M. Y. et al. Influência do estado nutricional materno,


ganho de peso e consumo energético sobre o crescimento fetal, em
gestações de alto risco. Revista Brasileira de Ginecologia e
Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 34, n. 3, p.107-112, mar. 2012.

SOBRAL, CCB; COELHO, AKD; ALVES, RDM. Ganho de peso e


pressão arterial de gestantes atendidas em uma clínica particular
de Visconde do Rio Branco - MG. In: X SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECONOLOGIA
DE VIÇOSA, 10, 2018, Viçosa. Anais... Viçosa: FAVIÇOSA, Junho,
2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


52 ANAIS X SIMPAC

IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO FISIOTERÁPICA EM


PACIENTES COM MASTECTOMIA

Aline Leles Fialho1, Andreia Kelly R. C. de Almeida2

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo ressaltar a função


do fisioterapeuta no pré e pós-operatório em mulheres que fizeram
mastectomia. É uma pesquisa de revisão literária, que busca
enfatizar a importância que do fisioterapeuta nas complicações
do pós-operatório, como a disfunção de toda cintura escapular e
membro superior homolateral a cirurgia da mama.
Palavra-chave: Câncer de mama, cirurgia, fisioterapia,
reabilitação.
Introdução
O câncer de mama é considerado a maior causa de morte
entre a população feminina brasileira e também a mais temida, sua
taxa de crescimento ao ano é em média de 28% segundo o Inca¹
é o mesmo estimativa para o brasil de 2018-2019, 600mil novos
casos, acometendo mais mulheres acima de 35 anos.Matando cerca
de 8,8 milhões de pessoas, na maioria em países de baixa e média
renda segundo a OMS³, o cancer de mama tambem acomete o sexo
masculino,porem e raro, acometendo em media 1% do total de casos.
O câncer de mama é uma doença complexa, com formas
de evolução lenta ou rapidamente progressiva. É uma doença
sistêmica, envolve vários órgãos. O carcinoma mamário consiste na
formação de um tumor maligno a partir da multiplicação acelerada
de células anormais, podendo apresentar-se através de inúmeras
formas clínicas e morfológicas (Guia..., s.d.)³, seu principal sintoma
são nódulos nas mamas, que podem vir ou não acompanhados de
1
Graduanda do curso de fisioterapia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: alinefialho21@hotmail.com
2
Professora do curso de fisioterapia- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail: andreia@univicosa.
com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 53

dor.
Segundo o Guia básico sobre o câncer, ele apresenta 4 estágios, onde
quanto mais cedo diagnosticado os nódulos por exames de toque e
mamografias, maiores as chances de cura
A mastectomia tem como objetivo a retirada das células malignas,
promovendo um contole local do câncer. Podendo determinar
complicações físicas imediatas ou tardias, tais como diminuição de
amplitude de movimento (ADM) do ombro e cotovelo, linfedema,
fraqueza muscular, dor, parestesia, alterações sensoriais e
funcionais homolaterais a cirurgia, colocando em risco as atividades
de vida diária(AVDs)da paciente.
O linfedema é o acumulo anormal, progressivo e crônico de proteínas
no espaço intersticial e está relacionado ao lado ipsolateral a retirada
da mama, e a complicação mais temida.
A fisioterapia em oncologia é uma especialidade que tem como
objetivo preservar, manter, desenvolver e restaurar a integridade
cinético-funcional de órgãos e sistemas, assim como prevenir
os distúrbios causados pelo tratamento oncológico. (Lina Faria.
jul.2010).

Material e Métodos
É uma revisão bibliográfica da literatura, para qual foram
selecionados artigos do google acadêmico, com datas entre 2005 e
2010, sites relacionados ao câncer de mama.

Resultados e Discussão
No momento em que a mulher decide por fazer a cirurgia,
observa-se uma busca por resolver rapidamente o seu problema,
tendo dessa forma, um lado reconfortante. A mulher acredita estar

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


54 ANAIS X SIMPAC

colocando limites na enfermidade, e que, a remoção cirúrgica do


tumor e as consequências do tratamento, trazem segurança no
sentido de não ter de se preocupar com a doença. Porém, o alívio
causado por essa etapa tem fim num curto período quando a mulher
concientiza-se cognitivo e emocionalmente, iniciando-se um luto
diante das consecutivas perdas. (Bergamasco & Angelo, 2001;
Maluf, Jo Mori & Barros, 2005).
A forma como a mulher percebe e lida com essa nova
imagem e como isso afeta sua existência, são pontos cruciais para
um entendimento da nova dinâmica que a vida dessas mulheres
assume. (Bervian & Girardon-Perlini, 2006)
Um dos fatores que atrapalham no retorno dessas mulheres
ao mercado de trabalho é caracterizado pelo padrão de beleza imposto
pela sociedade, levando muitas delas a um quadro de depressão,
pois elas acabam de perder uma parte do corpo fundamental para
a identidade feminina tanto no âmbito familiar, social, conjugal e
afetivo.
A fisioterapia acompanha as mulheres que têm sido
submetidas a cirurgia de mama por tumores malignos. (São Paulo
2008).
A intervenção fisioterápica se inicia no pré-operatório, onde
se observa as alterações posturais pré -existentes, identifica os
possíveis fatores de risco para as complicações do P.O, e também
nesta fase as pacientes podem ser ouvidas e orientadas quanto suas
dúvidas, pois a notícia sobre a doença e a cirurgia podem causar
tensões musculares protetoras da musculatura principalmente do
ombro e pescoço.
No P.O(Pos-operatorio) imediato o objetivo é analisar se teve
complicações neurológicas como perda de sensibilidade do membro,
edemas linfático precoce, alterações na dinâmica respiratória, dor,
sensação de dormencia e orientar sobre a posição do braço. A maior
dificuldade será na movimentação do braço, onde terá dificuldades
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 55

para vestir, escovar os cabelos entre outras. A dor e causada pela


tração da pele e dos músculos da axila, do tórax e do braço (oncoguia)²
O objetivo principal dessa fase e reestabelecer brevemente
a função do braço, prevenir complicações respiratórias, diminuir
a dor e prevenir a formação de linfedema, aderência cicatricial e
fibroses.
Após o décimo quinto dia de P.O, sem complicações,
a paciente terá a retirada os pontos liberando a amplitude de
movimento do braço. O tratamento fisioterapico pode acontecer
em grupos ou individualmente onde serão realizados exercícios de
alongamento, fortalecimento, ganho de ADM, técnicas de drenagem
linfática, e diminuição de aderência cicatricial. (oncoguia)²
Os exercicios realizados devem ser ativos e livres, envolvendo
o membro afetado, que primeiramente devera esta com enfaixamento
compressivo, pois juntamente com a contracao muscular gerara
uma pressão que ira estimular o sistema linfático aumentando a
absorção de linfa e reabsorção de proteínas do interstício
A drenagem do linfedema deve iniciar no primeiro dia de
pós-operatório e tem como objetivo diminuir a quantidade de liquido
e melhorar na reabsorção linfática.
A fisioterapia tem dois papeis importantes, o primeiro e
eliminar o surgimento de problemas articulares e o segundo é
facilitar a integração do lado operado ao resto do corpo.

Conclusão
Através deste trabalho de revisão bibliografica podemos
concluir que a atuação do fisioterapeuta não é somente no pós-
operatório, mais sim em todo o processo de tratamento desde o pré-
operatório até a total inclusão do paciente a sociedade e ao mercado
de trabalho. O processo de reabilitação é lento, tem objetivos de
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56 ANAIS X SIMPAC

reabilitar e/ou promover a melhora na qualidade de vida.

Referências Bibliográficas
A esse respeito acessar o site http://www.bemsaudavel.blog.br- guia
básico sobre o câncer (acesso 22-02-2018)
A esse respeito acessar o site http://www2.inca.gov.br INCA-
instituto nacional do câncer- jose Alencar gomes da silva (acesso
22-02-2018)¹
A respeito acessar o site http://www.oncoquia.org,br fisioterapia
no pós-operatório do câncer de mama. Jaqueline manaretto timm
biocchi 2016. (23-02-2018)²
A esse respeito acessar o site https://nacoesunidas.org/ OMS-
organizacao nacional de saúde (acesso 22-02-2018)³
Abordagens fisioterapêuticas do linfedema no pós-operatório
do câncer de mama- flavia roberta peres- centro universitario
anhanguera 2005
As práticas do cuidar na oncologia: a experiência da fisioterapia
em pacientes com câncer de mama- Lina faria. Hist. cienc. saúde-
Manguinhos vol.17 supl.1 Rio de Janeiro jul. 2010
Bervian, P.I. & Girardon-Perlini, N.M.O. (2006). A família (com)
vivendo com a mulher/mãe após a mastectomia. Revista Brasileira
de Cancerologia. 52 (2), 121-128.
Impacto da mastectomia na vida da mulher- Rev. SBPH v.9 n.2 Rio
de Janeiro dez. 2006
Fisioterapia na reabilitação de mulheres operadas por câncer de
mama. O Mundo da Saúde. São Paulo 2008.
Maluf, M.F.M.; Jo Mori, L. & Barros, A.C.S.D. (2005). O impacto
psicológico do câncer de mama. Revista Brasileira de Cancerologia.
51 (2), 149-154.
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ANAIS X SIMPAC 57

INGESTÃO ALIMENTAR DE GESTANTES ATENDIDAS


EM UMA CLÍNICA PARTICULAR DE VISCONDE DO RIO
BRANCO - MG

Claudilene do Carmo Baquim Sobral1, Amanda Kelhy Diniz


Coelho2, Raquel Duarte Moreira Alves3

Resumo: Durante a gestação ocorre aumento da demanda


nutricional sendo necessário o controle da ingestão alimentar para
uma adequação de nutrientes e consequente promoção da saúde fetal
e materna. Objetivou-se avaliar adequação da ingestão de nutrientes
de gestantes. Participaram do estudo 19 gestantes atendidas numa
clínica particular de obstetrícia na cidade de Visconde do Rio Branco
(MG), que se encontravam entre a 16ª e 30ª semanas de gestação.
Avaliou-se por meio de registro alimentar de 3 dias a ingestão
alimentar das gestantes. Em seguida os dados foram analisados por
meio de tabelas de composição química de alimentos. Foi realizada
uma comparação da ingestão de nutrientes com as recomendações
nutricionais. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética. A análise
estatística foi realizada adotando-se significância de 5%. A ingestão
média dos macronutrientes atendeu às recomendações, exceto
para ácidos graxos monoinsaturados. Grande parte das gestantes
(94,7%; n=18) apresentaram baixa ingestão de fibras, bem como
de cálcio, magnésio e potássio, ao passo que a inadequação por
excesso foi observada para o sódio. Aas inadequações alimentares
observadas entre as gestantes são fatores que podem contribuir
para o desenvolvimento de síndrome hipertensiva da gestação
e pré-eclâmpsia, que podem ter consequências graves ao feto e à
1
Nutricionista - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: claudilene.sobral34@gmail.com
2
Graduando em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: amandakelhy34@gmail.com
3
Nutricionista – Professora no do curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
raqueldmalves@yahoo.com.br

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58 ANAIS X SIMPAC

mãe. Assim, faz-se necessária atenção mais específica em relação à


alimentação durante a gestação.

Palavras–chave: Gestação, Ingestão Alimentar, Nutrição.

Introdução

No período gestacional, há aumento da demanda nutricional,


sendo necessário o controle da ingestão, com adequação dos
nutrientes, que são fundamentais tanto para a saúde fetal quanto
materna. A alimentação da gestante deve ser variada e em
quantidade para suprir as demandas, sempre levando em conta às
recomendações dos guias alimentares e os hábitos de cada mulher.
O objetivo principal da oferta nutricional é atingir as necessidades
energéticas e nutricionais para se obter ganho de peso dentro da
faixa recomendada (MELERE et al, 2013).
A avaliação da qualidade da ingestão alimentar,
principalmente nesse período, visa confrontar as informações
obtidas com recomendações de distribuição dos macronutrientes,
a variação, a moderação e a proporcionalidade da alimentação.
Tais informações estabelecem limites de consumo de alimentos
fontes de elementos que podem causar danos à saúde, bem como
proporcionam maior entendimento sobre a qualidade nas escolhas
dos alimentos (CERVATO e VIEIRA, 2003). Sendo assim, alguns
nutrientes, devem ser analisados de forma mais criteriosa por terem
maior probabilidade de consumo inadequado.
Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a
adequação da ingestão alimentar de gestantes atendidas em uma
clínica particular da cidade de Visconde do Rio Branco – Minas
Gerais.

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ANAIS X SIMPAC 59

Material e Métodos
Trata-se de um estudo transversal realizado com gestantes no
período de agosto de 2016 a março de 2017. Foram recrutadas todas
as 30 gestantes, que se encontravam no segundo e início do terceiro
trimestre de gestação (entre a 16ª e 30ª semanas). A abordagem
do estudo tratou-se da anamnese alimentar, que foi fundamentada
na análise de um registro alimentar auto aplicado, realizado por
um período de três dias não consecutivos, incluindo um dia de
final de semana. Os dados obtidos foram analisados através de
planilhas eletrônicas e pelo programa Diet Pro com base em tabelas
de composição química dos alimentos. Comparou-se os dados de
ingestão alimentar de cada uma das gestantes com as recomendações
nutricionais do Instituto de Medicina Norteamericano (IOM, 2002)
e da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998).
O protocolo do presente estudo foi revisado e autorizado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Sylvio Miguel, atendendo
a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Ética em pesquisa
(protocolo n° 238/2016-I). Os dados foram tabulados em planilha
eletrônica para cálculo de média e desvio padrão.

Resultados e Discussão

Participaram do estudo 19 mulheres que se encontravam


entre a 16ª e a 29ª semanas gestacional, com idade média de 25,6
± 5,8 anos, variando de 16 e 38 anos, sendo 36,8% (n=7) solteiras e
63,2% (n=12) casadas.
Verificou-se que a ingestão média das gestantes atendia
a recomendação nutricional considerando os macronutrientes,
exceto para os ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) (Tabela 1).
A ingestão diária média de AGMI foi de 21,0 ± 9,7 g e 9,5 ± 2,7%
do valor calórico total (VCT), sendo o ideal superior a 10 % (OMS,
1998).
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60 ANAIS X SIMPAC

Tabela 1: Ingestão diária média de macronutrientes pelas gestantes


incluídas no estudo
Recomendação
Nutriente Ingestão diária
(AI1, AMDR2)
Energia (Kcal) 1994,1 ± 637,2 Individualizado
Carboidrato (g) 258,7 ± 94,9 16-40 anos1: 175
Carboidrato (% VCT) 51,3 ± 6,6 16-40 anos2: 45-65
Proteína (g) 80,1 ± 26,5 16-40 anos1: 71
16-18 anos2: 10-30
Proteína (% do VCT) 16,7 ± 4,4
19-40 anos2: 10-35
Lipídeos totais (g) 71,0 ± 26,2 Não determinada
16-18 anos2: 25-35
Lipídeos totais (% do VCT) 32,0 ± 4,3
19-40 anos2: 20-35
AGMI (g) 21,0 ± 9,7 Não determinada
AGMI (% do VCT) 9,5 ± 2,7 16-40 anos: >10
AGPI (g) 12,0 ± 7,2 Não determinada
AGPI (% do VCT) 5,3 ± 2,0 16-40 anos: < 10
AGS (g) 21,6 ± 8,6 Não determinada
AGS (% do VCT) 9,8 ± 2,4 16-40 anos: <10
Dados em média ± desvio padrão com base em registro alimentar de 3 dias. AI:
Adequated Intake - Ingestão Adequada; AMDR: Acceptable Macronutrients
Distribution Range - Faixa de Distribuição de Macronutrientes Aceitável; VCT:
Valor Calórico Total; AGMI: Ácido Graxo Monoinsaturado; AGPI: Ácido Graxo
Poli-insaturado; AGS: Ácido Graxo Saturado; ND: não determinado.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998),


recomenda-se um consumo de 0,9g/kg de peso/dia proteínas, mais
adicional de 6g/dia; carboidratos 50% a 60% do VCT, fibras de 20 a
35 g e de lipídeos não deve exceder 30% do VCT. No presente estudo
verificou-se que quase todas as gestantes (94,7%;) apresentaram
baixa ingestão diária de fibras alimentares e micronutrientes
como o cálcio, magnésio e potássio. A inadequação por excesso foi
observada para o sódio (Tabela 2).
Segundo Nascimento e Souza (2002), é comum que gestantes
apresentem baixo consumo de cálcio, fósforo, retinol (vitamina A),
vitamina C, folato e ferro. Os micronutrientes são indispensáveis
e desempenham importante função de reserva materna e
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 61

manutenção do desenvolvimento fetal. Assim, vitaminas e minerais


devem ser incluídas na dieta obedecendo-se as recomendações
(GUIMARÃES e SILVA, 2003). As inadequações alimentares
observadas entre as gestantes é um dos fatores que pode contribuir
para o desenvolvimento de síndrome hipertensiva da gestação e
pré-eclâmpsia, que podem ter consequências graves ao feto e à mãe.
Deve-se desencorajar o consumo de alimentos ricos em sódio como
macarrão instantâneo, temperos prontos, caldos de carne, molhos à
base de soja, sardinha em conserva, extrato de tomate pronto, carne
seca e produtos ultra processados de maneira geral.

Tabela 2: Ingestão diária média de fibras micronutrientes pelas


gestantes incluídas no estudo
Recomendação
Nutriente Ingestão diária Adequação (%)
(AI1, EAR2)
Fibras (g) 16,6 ± 7,1 59,2 ± 25,3 16-40 anos1: 28
16-18 anos2: 1000
Cálcio (mg) 606,4 ± 296,2 74,41 ± 37,34
19-40 anos22: 800
16-18 anos : 785
Cobre (mg) 1,04 ± 0,54 129,8 ± 67,1
19-40 anos22: 800
16-18 anos : 23
Ferro (mg) 21,0 ± 38,7 95,2 ± 176,2
19-40 anos22: 22
169,5 ± 62,4 16-18 anos : 1055
Fósforo (mg) 1027,4 ± 331,9
19-40 anos22: 580
70,8 ± 26,6 16-18 anos : 335
Magnésio (mg) 208,0 ± 77,8
19-40 anos2: 290
Potássio (g) 2,4 ± 8,4 50,7 ± 17,9 16-40 anos1: 4700
Sódio (g) 2,7 ± 2,0 179,0 ± 130,6 16--40 anos1: 1500
16-18 anos2: 10,5
Zinco (mg) 9,3 ± 4,6 97,3 ± 48,3
19-40 anos2: 9,5
Niacina (mg) 21,1 ± 7,1 150,9 ± 51,0 16-40 anos2: 14
Riboflavina (mg) 1,66 ± 0,83 138,7 ± 69,5 16-40 anos2: 1,2
Tiamina (mg) 1,57 ± 0,57 131,2 ± 47,1 16-40 anos2: 1,2
16-18 anos2: 66
Vitamina C (mg) 185,4 ± 135,1 266,1 ± 192,8
19-40 anos2: 70
Dados em média ± desvio padrão com base em registro alimentar de 3 dias. AI:
Adequated Intake – Ingestão adequada; EAR: Estimated Average Requirement –
Requerimento Médio Estimado; ND: não determinado.

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62 ANAIS X SIMPAC

Considerações Finais

No presente estudo, foi observado inadequação na ingestão


alimentar de gestantes quanto à baixa ingestão de AGMI, de
fibras alimentares, cálcio, magnésio e potássio, bem como excesso
da ingestão de sódio. Faz-se necessária atenção mais específica
à alimentação durante a gestação, com ênfase aos nutrientes
importantes durante esta fase a fim de melhorar o aporte de
nutrientes essenciais ao bom desenvolvimento do feto e saúde
materna.

Referências Bibliográficas

CERVATO, A. M; VIEIRA, V. L. Índices dietéticos na avaliação


global da dieta. Revista de Nutrição. Campinas, v. 16, n. 3, p.
347-355, jul./set. 2003.
GUIMARÃES, A. F; SILVA, S. M. C. S. da. Necessidades e
recomendações nutricionais na gestação. Cadernos. Centro
Universitário São Camilo. São Paulo, v. 9, n. 2, p. 36-49, abr./jun.
2003.
IOM, Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes - Energy,
Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and
Amino Acids. Institute of Medicine of the National Academies.:
Washington D.C., 2002.
MELERE, Cristiane et al. Índice de alimentação saudável para
gestantes: adaptação para uso em gestantes brasileiras. Rev.
Saúde Pública, São Paulo, v. 47, n. 1, p. 20-28, fev. 2013.
NASCIMENTO, E; SOUZA, S. B. de. Avaliação da dieta de gestantes
com sobrepeso. Revista de Nutrição. Campinas, v. 15, n. 2, p. 173-
179, mai./ago. 2002
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Obesity: preventing
and managing the global epidemic. WHO Technical Report
Series, Geneva, n. 894.1998.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 63

INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA
DERMATO-FUNCIONAL EM GESTANTES

Aline Barreto Moura1, Andréia Kely Rodrigues Cordeiro2

Resumo: Com as mudanças fisiológicas que a gravidez traz para o


corpo de uma gestante, ocorrem inúmeras alterações que têm como
consequência ganho de peso, retenção hídrica, acúmulo de gordura,
alterações vasculares e dermatológicas. Esse estudo tem o objetivo
de ressaltar os tratamentos usados na especialidade fisioterápica
dermato-funcional ,seguros para as gestantes, mostrando os
benefícios trazidos pela drenagem linfática bem como alguns riscos
que esses tratamentos podem causar nessa classe específica. Trata-
se de uma revisão literária, com base no Google Acadêmico e livros
de Fisioterapia Dermato-Funcional. Usou-se como descritores:
Mudanças fisiológicas, gestação, dermato-funcional e tratamentos.
Os resultados mostraram que a drenagem linfática nesse período é
o método mais seguro e traz muitos benefícios para a gestante, tais
como, redução do edema de membro inferiores, relaxamento e alívio
de dores.

Palavras chave: Drenagem linfática, edema MMII, método


fisioterapêutico, período gestacional

Introdução

A gravidez é responsável por muitas mudanças fisiológicas,


mediadas por ação hormonal para permitir o desenvolvimento do
bebê, trazendo algumas mudanças no corpo da mulher, tais como
1
Graduando em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. Email:
alinevrb3@hotmail.com
2
Docente do curso de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. Email:
andreia@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


64 ANAIS X SIMPAC

retenção hídrica, acúmulo de gordura, alterações dermatológicas e


vasculares, que podem levar também alterações psicológicas e levar
a sintomas de dores, formigamento, desconforto na região abdominal
e pélvica podendo irradiar para MMII, levando a uma sensação de
peso e dificuldade na marcha ocorrendo uma estagnação venosa
nos MMII devido à pressão do útero sobre as veias abdominais
destacando a Veia Cava Inferior e pélvicas principalmente quando
em posição supina, sentada e ortostática, então a Fisioterapia
Dermato-Funcional pode ajudá-las a se recuperarem com recursos
eficazes como drenagem linfática, massoterapia e o Peeling
(ZAMPRONIO et al., 2012 ).
As alterações começam desde a primeira semana de
gestação, com a elevação do estrogênio e progesterona, e de outros
mediadores que levam as transformações no organismo. Alterações
como crescimento do útero pelo desenvolvimento do bebê, aumento
das mamas, ganho de peso que modificam o centro de gravidade e
da postura geram compensações musculoesqueléticas (PASSOS et
al., 2013).
E quando a gestante fica por muito tempo na posição ereta
em pé, pode ter um aumento de edema nos MMII, e para minimizar
esse aumento é preciso que a gestante descanse e eleve as pernas
e também realizar o método de drenagem linfática, esse edema nos
MMII é um sinal muito comum em gestantes (COUTIMHO et al.,
2017).
O método de drenagem linfática oferece relaxamento e
diminuição do excesso de líquido acumulados nos membros inferiores
e com isso diminui também a dor. (BRONGHOLI et al., 2012) .
A drenagem linfática ajuda a descongestionar as vias
linfáticas, sendo realizadas manobras intermitentes e rítmicas com
uma pressão leve sobre a pele (GUIRRO, GUIRRO, 2004, p.74).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 65

Material e métodos
Foram selecionados artigos acadêmicos nas bases de dados
Google Acadêmico, com datas entre 2012 a 2017 e livros sobre a
Fisioterapia Dermato-Funcional. Foram utilizados para busca os
seguintes descritores: Mudanças fisiológicas, gestação, dermato-
funcional e tratamentos. Para análise as disfunções causadas pela
gestação e métodos para amenizar edemas, dores e proporcionar
relaxamento, foram procurados artigos publicados em português.
Os dados foram apresentados de forma de revisão literária.

Resultado e Discussão
O método mais indicado para as gestantes é a Drenagem-
Linfática, é uma técnica de massagem lenta e suave que vai ajudar
a reduzir esse aumento de líquido dos tecidos, com isso diminui
inchaço, reduz celulite e aparecimento de veias varicosas. O objetivo
da drenagem linfática é drenar o excesso de líquido acumulado
nos espaços intersticiais, os movimentos precisam ter o sentido de
“mão única” sentido favorável a drenagem levando o líquido para
região dos linfonodos mais próximos, com uma pressão externa
exercida pela massagem manual de 25-40 mmHg nos grandes vasos
linfonodais.
Alguns cuidados como controle de pressão arterial precisam
ser observados, pois é uma técnica relaxante e com isso pode diminuir
ainda mais a pressão arterial e FC.Outro cuidado importante é o
posicionamento, pois a posição supina pode desenvolver Síndrome da
Hipotensão supina levando a tonteira, palidez, taquicardia, náusea
e sudorese, isso acontece pela pressão exercida pelo útero sobre a
veia cava inferior e as grandes veias pélvicas,promovendo acúmulo
de sangue nos MMII e diminuição do retorno venoso para o coração,
causando hipotensão e diminuição do débito cardíaco.O melhor
posicionamento para realizar a drenagem linfática é o decúbito lateral
esquerdo, com ele não obstrui as grandes veias e permite que o sangue
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
66 ANAIS X SIMPAC

que fica acumulado nos MMII retorne normalmente para circulação


sistêmica.(CAMBIAGUI,2001;ZIEGEL;CRANLEY,1985,p.138-139)
De acordo com Silvia e Mejia, existem algumas
contraindicações que são absolutas para se realizar a drenagem
linfática manual como tumores malignos, tuberculose, infecções
agudas e reações alérgicas, edemas sistêmicos de origem cardíaca
ou renal e trombose venosa e existem as contra –indicações relativas
que são hipertireoidismo, insuficiência cardíaca descompensada,
asma e bronquite, flebite, trombose venosa profunda.

Considerações Finais
Através deste trabalho de revisão bibliográfica podemos
concluir que a atuação do fisioterapeuta Dermato-Funcional na
aplicação da técnica de drenagem linfática realizada de maneira
correta pelo profissional que leve em conta o estado gravídico e
seja atento as contraindicações da técnica pode trazer muitos
benefícios para as gestantes, sendo muito eficaz por aliviar dores,
reduzir edema e proporcionar relaxamento por ser extremamente
agradável.

Referências Bibliográficas
PASSOS, A.F.M.S., NOBREGA, SILVA, J. M.S., COSTA, Í. C.
Ocorrência de alterações dermatológicas e vasculares em gestantes
de uma Unidade Básica de Saúde de Campina Grande, PB. Rev.
Bras. Pesq. Saúde, Vitória,15(4): p. 110-116, out./dez. 2013.

SILVA, M.D: BRONGHOLI, K. Drenagem Linfática corporal no


edema gestacional. Disponível em: <http://files.sandrabarbosa.
webnode.com.br/200000127-c3432c43cf/ARTIGO%20
OBSTETR%C3%8DCIA.pdf>. Acesso em: 21/03/2018.

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ANAIS X SIMPAC 67

ZAMPRONIO, F.P.C; DREHER, D. Z. Atuação da Fisioterapia


Dermato-Funcional nas Disfunções Estéticas decorrentes da
gravidez. Disponível em: <http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/
xmlui/bitstream/handle/123456789/498/ARTIGO-pos-fisioterapia-
dematofuncional.pdf?sequence=1>. Acesso em: 21/03/2018.

GUIRRO, E; GUIRRO, R. Fisioterapia Dermato- Funcional. 3ª


Edição. Barueri, SP: Manole, 2004. Revisada e Ampliada, 73 p.

COUTINHO, C.S; KASMIERSKI, M. M; CARON, C. V. Os efeitos


da drenagem linfática manual do método Leduc nos edemas
dos membros inferiores das gestantes. Esp., Palhoça, 2017.

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68 ANAIS X SIMPAC

NÍVEL DE PERCEPÇÃO CORPORAL E SUA RELAÇÃO


COM DADOS ANTROPOMÉTRICOS EM UNIVERSITÁRIOS
DO CURSO DE FISIOTERAPIA

Amanda Brangioni Cardoso1, Isabel Cristina Silva2

Resumo: A preocupação excessiva com a aparência e o aumento


da insatisfação com o corpo tem sido objeto de muitos estudos
na atualidade. A ideia de corpo perfeito passou por mudanças
significativas no meio do século passado, onde hoje ocupa grande
parte do cotidiano das pessoas que buscam alcançar uma autoimagem
que considere ideal. O objetivo do trabalho é avaliar a percepção
da imagem corporal e sua relação com dados antropométricos em
universitários do curso de Fisioterapia. Para avaliar a satisfação e a
percepção dos voluntários foi utilizada a Escala de Silhuetas e para
identificação da realidade foi mensurado o percentual de gordura
dos mesmos. Os alunos do curso de Fisioterapia, de forma geral,
mostraram-se insatisfeitos com a própria imagem corporal, tendo
como motivo principal de insatisfação o excesso de peso. O sexo
feminino apresentou maior prevalência para tais achados e, além
disso, apresentaram a forma de insatisfação corporal considerada
mais grave quando comparado ao sexo masculino, embora essa auto
percepção não coincida sempre com a realidade encontrada pelas
medidas antropométricas.

Palavras–chave: Insatisfação, antropometria, autoimagem.

Introdução

No início do século passado, o ideal de corpo passou por


mudança substancial. Nos dias atuais, a preocupação com aspecto
físico e a aparência ocupa grande parte do cotidiano das pessoas
que buscam alcançar uma autoimagem que considere ideal. A
1
Graduando em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: amandabrangioni@outlook.com
2
Professora da Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: isabel@univicosa.com.br

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ANAIS X SIMPAC 69

imagem que se imagina sobre o tamanho e a forma do próprio corpo,


incluindo sentimentos em relação a essas características configuram
a autoimagem que pode ser caracterizada em dois componentes
que se complementam, o perceptivo e o atitudinal. O perceptivo
se refere à imagem construída na mente, e o atitudinal refere-se
aos sentimentos, pensamentos e ações em relação à figura corporal
(ALVARENGA et al., 2010; CAVALCANTI et al., 2013).

A insatisfação corporal leva as pessoas a construírem uma


imagem negativa do próprio corpo e a acreditarem que não possuem
as qualidades necessárias para serem particularmente masculinas
ou femininas. A ansiedade interpessoal e a inadequação em
algumas interações sociais levam os indivíduos a não aceitarem
sua aparência e a se submeterem a tratamentos invasivos, como as
cirurgias plásticas (FERNANDES, 2007).

Quando a autoimagem é vivida como aceitável, constitui uma


fonte de autoestima e segurança, porém quando isto não acontece
o indivíduo sofre com a desestabilização da imagem corporal.
Embora a gravidade em torno desta situação seja que muitas vezes,
o problema é criado pelo próprio indivíduo, que por uma percepção
deturpada de seu corpo, compromete sua integridade emocional e se
propõe a intervenções cirúrgicas para aproximar-se do que considera
corpo ideal (ALVARENGA et al., 2010; CAVALCANTI et al.,2013).

Fundamentando-se nisso o objetivo deste trabalho é


avaliar a percepção da imagem corporal e sua relação com dados
antropométricos em universitários do curso de Fisioterapia.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico de delineamento


transversal. A amostra para desenvolvimento da pesquisa foi
composta por estudantes universitários do curso de Fisioterapia
de uma Instituição de Ensino Superior de um município da zona

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


70 ANAIS X SIMPAC

da mata mineira. A amostragem foi composta por todos os alunos


graduandos que aceitaram a participar da pesquisa, não levando
em consideração o período que esteja matriculado.

Para análise da satisfação e da percepção corporal foi


utilizada a Escala de Silhuetas e em seguida, foi usada uma balança
de bioimpedância bipolar da marca Pegasus Kikos, do modelo
xy6169 que calculou o percentual de gordura para identificar a
realidade dos voluntários.

A Escala de Silhuetas que foi utilizada apresenta nove


desenhos de silhueta feminina e nove de silhueta masculina que
variam da magreza à obesidade. Os voluntários foram orientados
inicialmente a escolher uma imagem na qual se identificam
(Percepção da Imagem Corporal Real – PICR) e posteriormente,
a imagem que acreditam que seja ideal (Percepção da Imagem
Corporal Ideal – PICI). Para obter o resultado da avaliação deve
subtrair a PIRC da PICI, podendo esse valor resultar entre -8 e
+8. Se o resultado for igual a zero, o voluntário será classificado
como satisfeito com sua aparência, caso contrário, se o resultado
for diferente de zero, a classificação é dada como insatisfação. Se a
diferença for positiva, é considerada uma insatisfação pelo excesso
de peso e se negativa, uma insatisfação por magreza (NICIDA e
MACHADO 2014).

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da


Faculdade de Ciências Biológicas e Saúde – FACISA/UNIVIÇOSA,
atendendo à resolução 466/12 do Conselho Nacional de Ética em
Pesquisa (CONEP), que normatiza as pesquisas envolvendo seres
humanos, sendo os dados coletados após a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes envolvidos
no estudo.

Resultados e Discussão

A amostra foi composta por 100 alunos de ambos os sexos,


que estavam matriculados no matriculados no período da coleta de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 71

dados e que aceitaram participar da pesquisa. Em relação ao perfil


da amostra, 73% dos investigados pertencem ao sexo feminino e
27% ao sexo masculino com idade média de 22 anos, com variação
de 18 a 37 anos.

Analisando o gráfico 1, observa-se que o motivo de insatisfação


com o próprio corpo não se difere entre os sexos. O excesso de peso
foi apontado pela maior parte dos componentes dos dois grupos
como motivador de insatisfação, embora seja importante destacar
que tanto no sexo feminino como no masculino, a insatisfação por
magreza apresenta números mais significativos quando comparados
aos números de indivíduos satisfeitos com sua imagem corporal.

Gráfico 1 - Classificação da satisfação corporal segundo a Escala


de Silhuetas

Os achados obtidos através do percentual de gordura estão


representados no gráfico 2, nos permitindo afirmar que o percentual
de mulheres que apresentam valores superiores a referência é
menor quando comparado ao percentual masculino, à exceção do
percentual de gordura classificado como elevado. Embora seja
importante salientar que o número de indivíduos insatisfeitos para
ambos os sexos é superior ao número de indivíduos que estão com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


72 ANAIS X SIMPAC

percentual de gordura elevado.


Gráfico 2 - Classificação do Percentual de Gordura para o sexo
feminino segundo a balança de bioimpedância Kikos.

A insatisfação corporal encontrada neste estudo é considerada


relevante por se tratar de uma amostra composta por pessoas
jovens. Mas o que mais chama a atenção não é a alta incidência
de insatisfação corporal e sim o fato de a insatisfação não coincidir
com a realidade. Parte dos indivíduos que se dizem insatisfeitos não
apresentaram alterações em suas medidas antropométricas.
Aqui verificou que o motivo de insatisfação mais relevante
para ambos os sexos é o excesso de peso embora Coqueiro et al.
(2008) em seus estudos, concluíram que a satisfação corporal tem
finalidades diferentes entre os sexos. Segundo eles de modo geral,
as mulheres, almejam pela redução da silhueta corporal, enquanto
os homens preferem um corpo mais volumoso, ou seja, a insatisfação
feminina virá por excesso ao passo que a masculina por magreza.


Conclusões

Os alunos do curso de fisioterapia, de forma geral,


mostraram-se insatisfeitos com a própria imagem corporal, tendo
como motivo principal de insatisfação o excesso de peso. O sexo
feminino apresentou maior prevalência para tais achados e, além

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 73

disso, apresentaram a forma de insatisfação corporal considerada


mais grave quando comparado ao sexo masculino, embora essa auto
percepção não coincida sempre com a realidade encontrada pelas
medidas antropométricas.

Referências Bibliográficas

ALVARENGA, M.S. et al. Insatisfação com a imagem corporal em


universitárias brasileiras.  Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v.
59, n. 1, p. 44-51, 2010.
CAVALCANTI, J.M. et al. Bem-estar: a visão feminina sobre o fibro
edema gelóide. Revista Fisioterapia Brasil. v, 14. n, 2. p. 100 –
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COQUEIRO, R.S. et al. Insatisfação com a imagem corporal:
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universitários. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, v. 30, n. 1, p. 31-38,
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FERNANDES, A.E.R. Avaliação da imagem corporal, hábitos de
vida e alimentares em crianças e adolescentes de escolas públicas
e particulares de Belo Horizonte. Minas Gerais: Faculdade de
Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.
NICIDA, D. P; MACHADO, K.S. O uso de duas escalas de silhueta
na avaliação da satisfação corporal de adolescentes: revisão de
literatura. InterfacEHS, v. 9, n. 2, 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


74 ANAIS X SIMPAC

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E O SUCESSO/INSUCESSO


DA VENTILAÇÃO MECÂNICA

Aline Vieira Rubert Lopes1

Resumo: O Centro de Terapia Intensiva (CTI) é um setor hospitalar


destinado aos pacientes graves que necessitam de vigilância contínua
e suporte terapêutico especializado. O objetivo deste estudo foi traçar
o perfil epidemiológico e a evolução dos pacientes admitidos em
um Centro de Terapia Intensiva de um hospital da Zona da Mata
Mineira. Trata-se de um estudo prospectivo com delineamento
transversal, com abordagem quantitativa e qualitativa foi realizado
através de consulta de documentos gerados durante a internação de
cada paciente. Dos 80 pacientes internados no CTI, 55% pertenciam
ao sexo masculino, com idade media de 65 anos, 46,25% necessitaram
de ventilação mecânica, destes, 57% tiveram indicação de uso por
motivos pulmonares. Apenas 30% dos pacientes passaram no teste
de respiração espontânea sendo então extubados, 35% evoluíram
para óbito antes de apresentar critérios para extubação e os demais
evoluíram para traqueostomia, e destes 61% evoluíram para óbito
antes de concluírem o desmame. Devido ao elevado número de
internações e óbitos por causas pulmonares faz-se a sugestão de que
um novo estudo com metodologia similar seja realizado no período
de um ano, para que a sazonalidade não interfira nos achados.
Palavras Chave:Suporte Terapêutico, Internações, alta, óbito

Introdução

O centro de Terapia Intensiva (CTI) é um setor hospitalar


destinado aos pacientes graves que necessitam de vigilância contínua
e suporte terapêutico especializado (BALSANELLI et al., 2006). Estes
pacientes podem se beneficiar do uso da ventilação mecânica (VM),
1
Graduando em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: alinevrlopes@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 75

um dos principais meios terapêuticos do CTI, sua maior indicação é


feita aos pacientes que apresentam comprometimento respiratório,
embora não se restrinja a esse grupo (DAMASCENO et al., 2006).
Quando tem o motivo que os levaram para a VM resolvido, inicia
o processo de desmame, que é a transição da VM para ventilação
espontânea. São submetidos a um Teste de Respiração Espontânea
(TRE), para verificar se tem capacidade de suportar a retirada da
ventilação artificial. Ao passar no TRE, o paciente deixará a VM e
assumirá sua respiração espontânea novamente (GOLDWASSER
et al.,2007). O objetivo deste estudo foi traçar o perfil epidemiológico
e a evolução dos pacientes admitidos em um Centro de Terapia
Intensiva de um hospital da Zona da Mata Mineira.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo prospectivo com delineamento


transversal, com abordagem quantitativa que foi desenvolvido em
um CTI de um hospital da Zona da Mata Mineira no período de
junho a setembro de 2017. A amostra foi composta por pacientes
admitidos e em tratamento no CTI no período supracitado. Para
coleta de dados foram consultados os documentos gerados durante
a internação de cada paciente. O estudo foi submetido ao Comitê
de Ética em pesquisa da Faculdade de Ciências Biológicas e da
Saúde – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, respeitando a resolução nº
466/12 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP, que
normatiza as pesquisas envolvendo seres humanos. A analise dos
dados foi realizada por meio de estatística descritiva. Os resultados
estão apresentados em forma de diagrama e gráficos no programa
Microsoft Excel.

Resultados e Discussão

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


76 ANAIS X SIMPAC

No período utilizado para coleta de dados foram admitidos no


CTI 80 pacientes, sendo que destes 45% pertenciam ao sexo femini-
no e 55% ao sexo masculino, com idade media de 65 anos, variando
de 12 a 96 anos. Tal fato possivelmente deve-se a fragilidade e ao
numero crescente de comorbidades que a população idosa possui, a
maior susceptibilidade a doenças e à incapacidade ocorre graças à
diminuição da eficiência dos sistemas fisiológicos, determinada pela
soma do envelhecimento biológico, condições crônicas e sedentaris-
mo. Veras et al., (2007).
O gráfico 1 apresenta a distribuição do diagnóstico inicial que
é o que motivou a internação. Nele as causas da admissão no CTI
estão agrupadas de acordo com os sistemas comprometidos. Obser-
va-se uma quantidade significativa de internações por causas pul-
monares quando comparadas aos comprometimentos em outros ór-
gãos e sistemas.

No período analisado, dos pacientes admitidos, apenas 46,25%


necessitaram do uso de ventilação mecânica invasiva, destes, 57%
tiveram indicação de uso por motivos pulmonares. A finalização
do suporte ventilatório para o período ocorreu de acordo com o
diagrama apresentado abaixo.
Sempre que um paciente necessita de VM, desde que não haja
contraindicações, a primeira opção de interface é o tubo orotraqueal.
Neste tubo o paciente pode permanecer por aproximadamente

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 77

quatorze dias. Após este prazo se o paciente não apresentar os


critérios para extubação será então traqueostomizado. O uso da VM
pode estar relacionada a varias complicações, podendo prolongar o
tempo de permanência no ventilador, agravar a doença, propiciar o
surgimento de outras doenças ou causar sequelas. (ZEITOUN et al.,
2001). Diante disso, retirar o paciente da ventilação mecânica é uma
das medidas mais importantes na terapia intensiva, para avaliar
se o paciente é capaz de suportar a retirada é aplicado o TRE. É
alcançado sucesso do teste o paciente que mantiver troca gasosa
adequada, conforto respiratório e estabilidade hemodinâmica após
30 minutos do teste. (GOLDWASSER et al., 2007).

No presente estudo menos de um terço dos pacientes que fi-


zeram uso da VM apresentaram critérios de elegibilidade e foram
extubados durante os primeiros quatorzes dias de uso da VM. 35%
evoluíram para a traqueostomia, que se por um lado favorece o
desmame da VM, por outro pode gerar complicações que o faça ser
adiado. Do total de pacientes admitidos no CTI, 32,5% evoluíram
para óbito. O maior número de óbitos estava relacionado aos paci-
entes que fizeram uso de VM, condizendo com estudo de Acuña et
al., (2007) no qual o óbito foi observado em 38% dos pacientes de-
terminando correlação significativa entre mortalidade e ventilação
mecânica.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
78 ANAIS X SIMPAC

Conclusão

A maior parte da amostra foi composta pela população idosa


e pelo sexo masculino, tendo as causas pulmonares como mais
prevalentes em relação às demais motivações. O uso da VM gerou
um tempo de internação superior o observado naqueles indivíduos
que não a utilizaram e também obteve maior representividade no
número de óbitos. Devido ao elevado número de internações e óbitos
por causas pulmonares faz-se a sugestão de que um novo estudo
com metodologia similar a utilizada aqui, seja realizada no período
de um ano, para que a sazonalidade não interfira nos achados. Isto
porque no presente estudo a coleta de dados se deu no período de
inverno em que as baixas temperaturas aumentam o número de
descompensações respiratórias.

Referências Bibliográficas

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DAMASCENO, M. P. C. D. et al., Ventilação mecânica no Brasil:
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ANAIS X SIMPAC 79

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aspiração endotraqueal pelos sistemas aberto e fechado: estudo
prospectivo - dados preliminares. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 
Ribeirão Preto ,  v. 9, n. 1, p. 46-52,  Jan.  2001.

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80 ANAIS X SIMPAC

PREVENÇÃO DE RECAÍDAS CONTRA DEPENDÊNCIA


QUÍMICA NA ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO E
ASSISTÊNCIA AO CONDENADO DE VIÇOSA MG

Alex Sodré Costa1, Felipe de Souza Moreira2, Leticia Alvares3

Resumo: Este trabalho é resultado de uma pesquisa qualitativa


que teve por objetivo auxiliar aos detentos da APAC – Associação
de Proteção e Amparo ao Condenado – da cidade de Viçosa (MG),
a se prevenir de recaídas no mundo das drogas e, possivelmente, no
mundo do crime. O trabalho buscou facilitar a sua reintegração
social e tentar construir formas de alivio psíquico em meio à fase de
abstinência química. Acreditamos que esse tipo de trabalho sendo
feito em uma instituição de sistema prisional tem um peso positivo
para a mudança de vida do detento, podendo oferecer a ele novas
ferramentas para poder trilhar um caminho diferente, livre de seus
vícios, de seus crimes e de frustrações sociais, podendo ter um novo
olhar do mundo exterior.

Palavras–chave: Dependência química, humanização,


psicoeducação, sistema prisional

Introdução

Foucalt (1996) argumenta que a criminalidade como


fenômeno social permeia a sociedade contemporânea. O ilícito, ao
lesar os bens mais importantes da sociedade, passa a ser reprimido
sob um punho penal, ou seja, é passível de pena.
A pena com o objetivo de ressocialização do sujeito motiva
mudanças de objetivos em relação à execução penal brasileira. A

1
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: alexsodre_10@hotmail.com
2
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: lipesouzaaa@hotmail.com
3
Docente – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: leticia_alvares@yahoo.com.br

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ANAIS X SIMPAC 81

condenação, apenas com o objetivo de privar a liberdade, passa


a ser norteada por novos princípios, com cunho humanizador,
prescritos na legislação. Nesse contexto, o sistema da Associação
de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC), criada em 1974,
surge como uma entidade que dispõe de um método de valorização
humana e evangelização, a fim de oferecer ao condenado condições
de recuperar-se e com o propósito de proteger a sociedade, socorrer
as vítimas e promover a justiça. A valorização humana, base
do método, determinada por Ottoboni como um dos fins a serem
seguidos, é pautado em atividades que busquem autoconhecimento
e a valorização de si mesmo. E a evangelização não como fé cristã
propriamente dita, mas sim na pauta do amar e ser amado, sem
imposição de credos (VILHENA; PAIVA, 2011 apud VEYL, 2016).
Com o objetivo de conscientização sobre a dependência química
e a motivação de mudanças de pensamentos e comportamentos
de riscos, o artigo relata os resultados do projeto proposto para
a disciplina de Estagio Especifico II na Associação de Proteção e
Assistência ao Condenado da cidade de Viçosa.

Material e Métodos

A pesquisa foi de caráter qualitativo, realizada na APAC,


localizada na rua Dr. Brito, número 380, bairro São Sebastião,
na cidade de Viçosa, Minas Gerais. O público alvo foram os
recuperandos dos regimes fechado e semiaberto. O projeto teve duas
etapas: psicoeducação; aplicação de atividades de acordo com o livro
“Prevenção da Recaída: um manual para pessoas com problemas
pelo uso do álcool e de drogas”.
Pensando no publico alvo (regime fechado e semiaberto),
trabalhamos em duas etapas: primeiramente com a psicoeducação.
Abordamos casos clínicos, vídeos e textos sobre dependência
química e substancias psicoativas. Não tivemos como finalidade
educá-los acerca do álcool e outras drogas, afinal, maior parte dos
recuperandos estão detidos pelo porte de substâncias químicas. Mas
o nosso objetivo foi de resgatar informações sobre seus conhecimentos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


82 ANAIS X SIMPAC

e suas vivências acerca do tema e assim associar suas falas com as


atividades propostas no segundo momento.
Na segunda parte do projeto estamos trabalhando com o livro
“Prevenção da Recaída: um manual para pessoas com problemas
pelo uso do álcool e de drogas”. Este é um guia que investe na
capacidade do individuo em resolver seus próprios problemas. Com
17 tarefas, o sujeito irá primeiramente elaborar um reconhecimento
de suas fragilidades e logo após desenvolverá a capacidade de
controle diante de situações de vida que podem o levar a recaídas de
álcool e outras drogas.

Resultados e Discussão

Acerca das particularidades dos grupos, percebemos que


o regime fechado tem uma ligação forte com o sistema APAC, as
suas falas, de inicio, foram que o método utilizado na instituição é
a salvação, assim como Jesus. No começo das atividades, o grupo se
mostrou mais resistente, porém, com a vivência eles participaram
mais das atividades. Porém, a demanda desse grupo é falar, ora de
suas experiências, ora suas opiniões. Outra particularidade é que
quando um membro desse regime foi transferido para o semiaberto,
o grupo se empenhou mais. Talvez seja porque esse recuperando
defendia o uso de maconha e inibia os demais integrantes que tem
por objetivo não recair. Nas reuniões, ele era o que mais participava,
mas não com as suas experiências, mas querendo defender o
seu ponto de vista. Mas enfim, nem todos estavam empenhados
na atividade, dos 14 integrantes, pode-se dizer que apenas seis
estavam envolvidos realmente, compartilhavam suas experiências,
nas atividades práticas, liam o que escreviam, argumentavam sobre
seus pontos de vista, perguntavam suas curiosidades.
Sobre o regime semiaberto, os integrantes não são tão adeptos
a crença de salvação do método APAC, em relação ao regime
fechado. Como eles já tem o contato com o ambiente de fora da
APAC, as suas falas giram acerca do poder que eles têm em dizer
não ou em se afastar das drogas. Além de enfatizar a importância
de seus familiares no processo. Grupo resistente de inicio também,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 83

mas com a vivência possibilitou distinguir os recuperandos que


estão empenhados nas atividades e aqueles que não estão. De 12
integrantes, cinco, seis falam sobre a vivência, compartilham o que
escrevem nas atividades práticas, argumentam sobre seus pontos
de vista. Apesar de que há aqueles que falavam o que queríamos
escutar. Por exemplo, em uma das atividades que o objetivo era
escrever vantagens e desvantagens do uso e do não uso, um deles,
quando dizemos que iriamos recolher as atividades, no mesmo
momento, trocou o que tinha escrito. O grupo gostava de quando
levávamos vídeos sobre relatos de experiências, diziam que escutar
histórias de outras pessoas é estimulador.

Considerações Finais

A dependência química é considerada como doença médica


crônica, e, classificada entre os transtornos psiquiátricos. É um estado
psíquico e físico caracterizado pelo uso compulsivo de substâncias
químicas, devido à necessidade de obter seus efeitos e, às vezes,
para se esquivar do desconforto que a falta traz (KANTORSKI et al,
2005; BUCHELI et al, 2004). Entende-se que o consumo de drogas é
um fenômeno multifatorial que envolve aspectos sociais, biológicos,
psicológicos e culturais (RIGOTTO & GOMES, 2002).
No trabalho com prevenção a recaídas, deve-se refletir sobre
esse processo e os seus diferentes tratamentos pata o controle e
qualidade de vida dos dependentes químicos e o seu grupo social.
Considerando que o trabalho com a dependência é repleta de
limitações e que as diferenças entre os dependentes, as substancias,
fatores culturais e outros aspectos dificultam o tratamento de
recaídas. Porém é possível identificar situações de riscos que
são determinantes para o uso das drogas (PRATTA et al, 2009;
RIGOTTO & GOMES, 2002; TAVARES & ALMEIDA, 2010).
Quando pensamos em trabalhar prevenção de recaídas a
dependência química, o trabalho deve ser forte e informativo, pois
mostrar o lado negativo desse mundo a detentos é um grande desafio.
Deve-se visar o bem físico e psíquico do individuo, e oferecer o suporte
necessário para que possa acontecer a mudança de comportamento.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


84 ANAIS X SIMPAC

Devido a isso, o projeto foi para que eles consigam criar barreiras
e ideais contra o hábito do uso de álcool e outras drogas e também
para que sustentem o que foi estimulado nesse período de estágio
fora do sistema prisional.
Apesar de uma parte não ter se adaptado as atividades, o
resultado foi benéfico, por meio da psicoeducação e atividades
relacionadas à dependência química foi notável as mudanças em
suas falas e comportamentos ao longo da aplicação do projeto.

Referências Bibliográficas

FOUCALT, M. A Ordem Do Discurso, n. 3 ED: Edições Loyola.


São Paulo. Brasil, abril de 1996, n. 79pp.

KANTORSKI, L. P., LISBOA, L. D. M; SOUZA, J. D. Grupo de


prevenção de recaídas de álcool e outras drogas.  SMAD. Revista
eletrônica saúde mental álcool e drogas, 1(1), 0-0. 2005.

PRATTA, E. M. M; SANTOS, M. A. D. O processo saúde-doença e a


dependência química: interfaces e evolução. Psicologia: Teoria e
pesquisa, 25(2), 203-211. 2009.

RIGOTTO, S. D; GOMES, W. B. Contextos de abstinência e de


recaída na recuperação da dependência química.  Psicologia:
teoria e pesquisa. Brasília. Vol. 18, n. 1 (jan./abr. 2002), p. 95-
106. 2002.

TAVARES, G. P; ALMEIDA, R. M. M. D. Violência, dependência


química e transtornos mentais em presidiários. Estudos de
psicologia. Campinas. Vol. 27, n. 4 (out./dez. 2009), p. 545-552.
2010.

VEYL, R. S. B. Entre o Fato e o Discurso: o Método APAC e sua


Efetividade no Cenário Brasileiro. Alethes: Per. Cien. Grad. Dir.
UFJF, v. 06, n. 11, pp. 268-286, mai/ago, 2016.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 85

PRINCIPAIS LESÕES TRAUMÁTICAS DO JOELHO:


REVISÃO DE LITERATURA

Aline Barbosa de Oliveira1, Andrês Valente Chiapeta2

Resumo: Introdução: O joelho é uma articulação completa e


complexa do corpo com grande importância na locomoção e
sustentação do peso corporal. As articulações tibiofemoral e
patelofemoral corresponde a sua biomecânica responsáveis pelos
movimentos de flexoextensão e pequena quantidade de rotação e o
deslizamento patelar, os ligamentos são os principais estabilizadores
e os meniscos são responsáveis pela distribuição do peso corporal,
atuam como amortecedores entre os segmentos articulares, que são
fixados à tíbia aumentando a congruência. Objetivos: Este trabalho
teve por objetivo realizar uma pesquisa bibliográfica sobre as
principais lesões de joelho. Métodos: Trata-se de um estudo de revisão
bibliográfica utilizando artigos de 2003 a 2014 nas bases de dados
do Scielo e Google acadêmico. Resultados e Discussão: As causas
mais comuns de traumas na articulação do joelho encontradas no
estudo foram relacionadas a acidentes automobilísticos e traumas
esportivos. Conclusão: As principais lesões encontradas foram as de
ligamento cruzado anterior, ligamento cruzado posterior e meniscos,
com maior prevalência nas lesões de ligamento cruzado anterior.

Palavras–chave: LCA, LCP, Lesões de joelho, menisco e principais


lesões de joelho.

Introdução

O joelho é uma articulação completa e complexa do corpo


com grande importância na locomoção e sustentação do peso
corporal, é uma articulação sinovial, possui características que
garante a integridade e a função articular; possui a cartilagem
1
Graduanda em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail: alineboliveirafisio@gmail.com
2
Docente do curso de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail: andreschiapeta@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


86 ANAIS X SIMPAC

articular que protege as estruturas ósseas; e os meniscos atuam


como amortecedores de sobrecargas sobre o joelho. As articulações
tibiofemoral e patelofemoral corresponde a sua biomecânica
responsáveis pelos movimentos de flexoextensão e pequena
quantidade de rotação e o deslizamento patelar, sendo de suma
importância do membro inferior fornecendo estabilidade e
mobilidade através da sua atividade muscular e ligamentar para
todos os aspectos da cinemática.
Na articulação do joelho, os ligamentos são os principais
estabilizadores. O ligamento colateral medial estabiliza
medialmente e resistindo o estresse em valgo, o ligamento colateral
lateral resistindo o estresse em varo. O ligamento cruzado anterior
(LCA) dá estabilidade anterior e ligamento cruzado posterior (LCP),
posteriormente controlando a rotação da tíbia (SILVA, SILVA,
2007).
Entre a tíbia e o fêmur possui dois meniscos responsáveis
pela distribuição do peso corporal, atuam como amortecedores
entre os segmentos articulares, que são fixados à tíbia aumentando
a congruência. O menisco medial é mais espesso posteriormente,
o menisco lateral por sua vez é responsável pelo mecanismo de
bloqueio desta congruência máxima, dirigindo os movimentos dos
côndilos articulares do fêmur. Atuam como coxins cartilaginosos,
absorvendo os choques originado na deambulação tornando mais
concordantes as superfícies ósseas que se articulam, atuam na
transmissão de força e na estabilidade da articulação (BARBOSA,
MEJIA 2014.)
A lesão ligamentar do joelho pode ocorrer por mecanismo
direto, sendo atingido por um corpo externo, ou indireto, por trauma
torcional através de forças originadas a distância da articulação.
Nesse caso, o corpo gira para o lado oposto ao pé de apoio, provocando
uma rotação externa do membro inferior, levando a um discreto
valgismo do joelho, determinando a lesão.
A lesão isolada de LCA se dá frequentemente pela hiperextensão do
joelho sem apoio, chamado chute no ar (MELO, MEJIA ano).
As lesões meniscais, na sua maior parte acontecem por
traumas advindas da pratica esportiva. Implicam em um aumento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 87

da translação ântero-posterior da tíbia em relação ao fêmur, o que


interfere na estabilidade articular (SILVA, SILVA 2007).
Diante do contexto descrito anteriormente, tem-se por
objetivo do trabalho realizar uma revisão da literatura referente as
principais lesões traumáticas acometidas na articulação do joelho.

Material e Métodos

Este trabalho foi elaborado a partir de levantamento


bibliográfico, sendo realizada uma pesquisa na base de dados
indexada: Scielo, Google Acadêmico, selecionando os artigos
relacionados ao tema deste artigo. As palavras chaves utilizadas
foram: lesões de joelho, principais lesões de joelho, LCA, LCP e
menisco. Os critérios de inclusão foram materiais científicos na
língua portuguesa, publicados nos anos de 2003 a 2014.

Resultados e Discussão

Dentre os artigos selecionados foram achados como


principais patologias, lesões de ligamento cruzado anterior e
ligamento cruzado posterior, que dão estabilidade ao joelho. São
mais frequentes em jovens esportistas, onde sua causa principal
se dá por uma hiperextensão com rotação lateral, causando uma
frouxidão ligamentar e lesões meniscais causadas por traumas
rotacional, tanto internas quantos externas, podendo ser lesões
traumáticas ou degenerativas.
Segundo Bavaresco (2003) as lesões de meniscos ocorrem
por trauma rotacional, com pé fixo no solo, traumáticas, comum em
jovens durante a prática desportiva ou degenerativa que pode ser
periférica se associada a lesão ligamentar sendo mais predominante
em idosos acometendo o joelho como todo. Ocorrem pela execução
de forças em que o joelho é posicionado. No movimento de Flexão,
se a tíbia é rodada internamente, o corno posterior do menisco
medial é movido para o centro da articulação, produzindo uma
tração do menisco medial ocasionando uma lesão podendo voltar
seu posicionamento anatômico com a extensão. O tratamento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


88 ANAIS X SIMPAC

pode ser conservador, sendo por ruptura meniscal incompleta ou


pequena (5 mm), sendo estável e periférica sem que haja outra
condição patológica, ou cirurgia recomendado quando há uma lesão
traumática extensa e/ou degenerativa de caráter debilitante, onde o
tratamento conservador não demostrou bons resultados.
Peccin et al., (2010) afirma que o Ligamento Cruzado
Posterior é o estabilizador contra o movimento posterior da tíbia
sobre o fêmur e controlando a extensão e hiperextensão e age como
eixo central de rotação de joelho. Lesões de LCP tem sido ocasionado
por traumas de grandes intensidade na maioria dos casos por
acidentes de trânsito. A lesão ocorre com o joelho hiperextendido
podendo vir associada com lesão da cápsula posterior.
Segundo Mejia et al., (2014) que o ligamento Cruzado Anterior
(LCA) é um dos ligamentos intracapsulares e extrasinoviais do
joelho. É o ligamento que se insere na depressão localizada adiante
da eminência intercondilar da tíbia, ligando com a extremidade
anterior do menisco lateral; deslocando-se para trás e lateralmente,
fixando-se na parte posterior da face medial do côndilo lateral do
fêmur. Lesões de LCA são mais frequentes em jovens esportistas,
em especial do sexo masculino. A principal causa é quando há
uma hiperextensão com estresse forçando uma rotação lateral,
determinando uma frouxidão ligamentar gerando instabilidade no
joelho.
Em um estudo de Peccin et al., (2010) registraram 17.397
pacientes, sendo que, 6.434 pacientes (37%) com lesões no joelho.
Dessa amostra, 45,4% dos casos com lesão do LCA, e apenas 1,1%
dos casos com lesão combinada dos ligamentos cruzados.
Em razão da grande incidência de acometimentos de lesões
ligamentares e meniscais, uma rápida intervenção fisioterapêutica
e com qualidade se faz necessário, visto que postergar esses
comprometimentos podem afetar nas atividades diárias e esportivas
desses indivíduos. É importante ressaltar que o trabalho conjunto
entre a equipe cirúrgica e fisioterapeutas e demais membros da
equipe multidisciplinar é de suma importância para a qualidade da
reabilitação.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 89

Conclusões

Dessa forma conclui-se que, na busca de informações


decorrente desta pesquisa foi notória verificação de maior incidência
de lesões no ligamento cruzado anterior, seguida pela lesão de
ligamento cruzado posterior, e por fim das lesões meniscais.

Referências Bibliográficas

BARBOSA, S. L. P. de L; MEJIA, D.P.M  . Atuação do


fisioterapeuta na reabilitação pós-cirúrgica da artroplastia
total de joelho. 2014. 11 f. Monografia (Especialização) - Curso de
Fis, Biocursos, Vieiralves - Manaus/am, 2014.

SILVA, A. C. da; SILVA, N. G. da. ANÁLISE DA DEFORMIDADE


ARTICULAR DE JOELHO MAIS FREQÜENTE EM
PACIENTES PORTADORES DE GONARTROSE ATRAVÉS
DA MENSURAÇÃO DO ÂNGULO QUADRICIPITAL.2007. 56
f. TCC (Graduação) - Curso de Fisioterapia, Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium, Lins-sp, 2007.

SILVA, K. N. Gomes da et al. Reabilitação pós-operatória dos


ligamentos cruzado anterior e posterior: estudo de caso.  Acta
Ortopédica Brasileira, [s.l.], v. 18, n. 3, p.166-169, 2010.
FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1413-
78522010000300010.

MELO, F. de S; MEJIA, D.P.M.  REABILITAÇÃO NA LESÃO


DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR: Da anatomia ao
tratamento.  2014. 13 f. Monografia (Especialização) - Curso de
Fisioterapia, Biocursos, Vieiralves - Manaus, 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


90 ANAIS X SIMPAC

BAVARESCO, F. L.  EVOLUÇÃO DE UM PACIENTE


SUBMETIDO À MENISCECTOMIA PARCIAL: ESTUDO
DE CASO. 2003. 45 f. TCC (Graduação) - Curso de Fisioterapia,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel,
Cascavel - Paraná, 2003.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 91

VARIABILIDADE ESPACIAL E TEMPORAL DA


PRECIPITAÇÃO NO NORTE DA AMAZÔNIA: UMA
ANÁLISE CRONOLÓGICA

Alisson Lopes Rodrigues1, Pedro Manuel Villa2, Alice Cristina


Rodrigues3, Benito Gonzáles, Rafles Anselmo da Mata4

Resumo: A região amazônica desempenha um papel fundamental


no balanço hídrico global; no entanto, atualmente diferentes
processos hidrológicos são fortemente alterados devido aos efeitos
das mudanças climáticas. Neste estudo Objetivou-se avaliar a
variabilidade espacial e temporal da precipitação no norte da região
Amazônica. Usaram-se dados diários de precipitação para um
período de 12 anos (2000-2011) de 10 estações climáticas distribuídas
em diferentes municípios do estado Amazonas, Venezuela. Em geral
se observaram diferenças significativas entre os valores médios
de precipitação mensal quando se compararam localidades. Foi
possível estratificar três grupos homogêneos de precipitação em
relação à distribuição interanual por localidades com diferenças
significativas. Desta forma, observamos como tendência geral que
os valores médios mais altos de precipitação de todas as localidades
ocorreram durante o ano de 2009, enquanto que ano de 2003
apresentou os valores mais baixos. Nosso estudo deixa em evidencia
que as tendências de Mann-Kendall foram relativamente constantes
na maioria dos locais; porém em alguns locais observamos uma
marcada tendência negativa. Nosso resultado reforçam as evidencias
de que a variabilidade temporal e espacial das chuvas na Amazônia
depende das respostas atmosféricas do El Niño-Oscilação Sul e à
1
Graduando em Engenharia ambiental - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. Fundación para la Conservación de la
Biodiversidad (PROBIODIVERSA), e-mail: alisson.rodrigues@probiodiversa.com
2
Universidade Federal de Viçosa - Estudante de doutorado, e-mail: pedro.villa@ufv.br
3
Universidade Federal de Viçosa - Estudante de mestrado, e-mail: alice.cristina@ufv.br
4
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde. Professor em Engenharia ambiental, FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA. e-mail: rafles.mata@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


92 ANAIS X SIMPAC

temperatura da superfície do mar no Atlântico Norte tropical. Existe


uma marcada variabilidade especial e temporal da precipitação no
norte da região Amazônica.

Palavras chave: ENSO, Mann-Kendall, mudança climática.

Introdução

A região amazônica desempenha um papel fundamental


no balanço hídrico global (Debortoli et al. 2015), por ser uma das
regiões que apresenta áreas com elevada precipitação e por possuir
papel preponderante nas taxas de evapotranspiração devido à vasta
floresta tropical úmida (Marengo e Espinoza, 2015). No entanto,
atualmente diferentes padrões e processos hidrológicos na Amazônia
são fortemente alterados devido aos efeitos das mudanças no uso
da terra, e mudanças climáticas regionais e globais (Alves et al.
2017). Por esta razão, a análise espaço-temporal da precipitação é
essencial para a avaliação dos impactos das mudanças climáticas,
especialmente através da análise de cenários futuros para a gestão
de recursos hídricos e planejamento de uso sustentável na Amazônia.
Nesse contexto, nos propusemos avaliar pela primeira vez os padrões
de precipitação no norte da bacia Amazônica, utilizando dados de
estações locais no norte da região Amazonas.

Material e Métodos

Foram compilados e analisados dados diários de precipitação


para um período de 12 anos (2000-2011) de 10 estações climáticas
distribuídas em diferentes municípios do estado Amazonas,
Venezuela. Os dados foram fornecidos pelo departamento de
hidrologia do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais
do estado do Amazonas, Venezuela. As estações climáticas foram
estabelecidas nos seguintes locais: Puerto Ayacucho (PA), Limon
de Parhueña (LP), Gavilán (G, Município Átures), San Juan
de Manapiare (SJM, Município Manapiare), San Fernando de
Atabapo (SFA, Município Atabapo), San Carlos de Río Negro
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 93

(SCRN, Município Rio Negro), Yavita (Y, Município Maroa), Tama-


Tama (TT), La Esmeralda (LE) y Santa María de Los Guaica
(SMG, Município Alto Orinoco). Esses dados foram tabulados para
calcular a precipitação mensal e anual das respectivas estações
meteorológicas.
As estruturas temporais e espaciais da variabilidade
interanual das chuvas foram avaliadas utilizando uma análise de
componente principal (ACP) com matriz de correlação e técnicas de
agrupamento (Espinoza et al. 2009). A ACP permite identificar as
flutuações nos padrões espaciais através dos vetores próprios, que
ao serem extraídos sucessivamente explicam a maior quantidade
de variância remanescente dos dados, e cada vetor próprio, por
sua vez, está associado a uma série de coeficientes que descrevem
a evolução temporal de seu respectivo padrão espacial. O critério
para a identificação de grupos homogéneos consiste em diferenciar
as estações que obedecem a padrões comuns de precipitação
em função das diferenças entre os períodos de menor e maior
precipitação, ocorrência de extremos de precipitação e quantidade
de milímetros de chuva nos meses explicados pelos eixos ACP1 e
ACP2. Finalmente, esses grupos homogêneos são representados
com uma escala proporcional de similaridade (Espinoza et al. 2009).
Posteriormente, realizamos uma análise multivariada de variância
não-paramétrica (Permanova de uma via) para verificar diferenças
entre grupos de tamanhos definidos. Desenvolvemos a ACP usando
o pacote “factoextra” no programa R (R Studio Team, 2016).

Resultados e Discussão

Em geral se observaram diferenças significativas (F1,138 =


12.34; p < 0.001) entre os valores médios de precipitação mensal
(2000-2011) quando se compararam localidades (Figura 3). A
análise de componentes principais de correlação indica que os três
primeiros componentes permitiram explicar a maior variância
(82.54 %) da estrutura de dados, considerando as médias anuais
de precipitação entre as localidades analisadas. Com tudo, ainda

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


94 ANAIS X SIMPAC

foi possível estratificar três grupos homogêneos de precipitação em


relação à distribuição interanual por localidades com diferenças
significativas (Permanova, F11,132 = 1.48, p < 0.001, Figura 5). Desta
forma, observamos como tendência geral que os valores médios mais
altos de precipitação de todas as localidades ocorreram durante o
ano de 2009, enquanto que ano de 2003 apresentou os valores mais
baixos.

Figura 1 – Precipitação média anual (esquerda), clasificação de


grupos homogêneos de precipitação (direita)

Nosso estudo mostrou que existem diferenças


significativas entre os valores médios de precipitação mensal
quando se compararam localidades. No entanto, as médias anuais
de precipitação não apresentam diferenças significativas. Nós
presumimos que na escala anual perde os efeitos de sazonalidade,
e com reduzida influência das oscilações mensais que modulam os
sistemas que influenciam as precipitações (frequência, intensidade,
durabilidade) condicionadas pelo tipo de clima de cada localidade.
Portanto, os regimes de chuva em termos de totais anuais são muitos
similares entre localidades. Esta tendência de precipitação é similar
à reportada para a região noroccidental da Amazônia como mais de
2800 mm ano-1, com precipitações relativamente constantes durante
todo o ano (Debortoli et al. 2015). Quando analisamos as médias
anuais de precipitação entre os locais com dados meteorológicos de
superfície, não se observam diferenças significativas.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 95

matriztimeseries

700
800

400
400

tt
y

100
800
0

600
sjm

sfa
400

200
0

800
scrn
400

400
lp
100
200 400 600

600 0
smg

g
200
8000
5000

pa
400
le
200

0
0

2000 2004 2008 2012 2000 2004 2008 2012

Time Time

Figura 2 – Variabilidade interanual de precipitação

A variabilidade temporal e espacial das chuvas na Amazônia


depende das respostas atmosféricas às oscilações El Niño-Oscilação
Sul e à temperatura da superfície do mar no Atlântico Norte tropical,
corroborado em outros estudos (Marengo et al. 2015). . Nosso
estudo deixa em evidencia que as tendências de Mann-Kendall
foram relativamente constantes na maioria dos locais; porém em
alguns locais observamos uma marcada tendência negativa. Este
padrão contrastante pode estar relacionado a mudanças em uma
escala local; no entanto, as mudanças sazonais (mensais) não foram
seguidas por mudanças relevantes na análise anual, conforme
observado no teste anual de Mann-Kendall. Em outro estudo,
identificaram da mesma forma um componente de sazonalidade
mais forte devido a uma duradoura estação menos chuvosa no sul
da Amazônia (Debortoli et al. 2015).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


96 ANAIS X SIMPAC

Conclusões

Foram distinguidos três grupos homogêneos de precipitação,


quando as localidades são separadas por médias anuais, bem como
por médias de precipitação entre os anos, tratando de buscar um
padrão comum de precipitação dentro de cada um deles. O teste
de Mann-Kendall indicou uma redução significativa na duração da
estação chuvosa entre 2000 e 2011 nesta região da Amazônia. Existe
uma marcada variabilidade especial e temporal da precipitação no
norte da região Amazônica

Referências Bibliográficas

ALVES L. M, Jose A. Marengo, Rong Fu, Rodrigo J. Bombardi. 2017.


Sensitivity of Amazon Regional Climate to deforestation. American
Journal of Climate Change, 2017, 6, 75-98

DEBORTOLI, N.S; DUBREUIL, V;FUNATSU, B; DELAHAYE, F.,


Henke de Oliveira, C., Rodrigues Filho, S., Hiroo Saito, C., Fetter,
R., 2015. Rainfall patterns in the Southern Amazon: a chronological
perspective (1971–2010), Climatic Change, 132, pp 251-264.

ESPINOZA J.C; RONCHAIL J; GUYOT JL; COCHONNEAU G;


NAZIANO F; LAVADO W, De Oliveira E, POMBOSA R; VAUCHEL
P. 2009. Spatio-temporal rainfall variability in the Amazon basin
countries (Brasil, Peru, Bolivia, Colombia, and Ecuador). Int. J.
Climatol. 29: 1574–1594.

MARENGO, J.A. and Espinoza, J.C. 2015. Extreme Seasonal


Droughts and Floods in Amazonia: Causes, Trends and Impacts.
International Journal of Climatology, 36, 1033-1050.

R Core Team. 2015. R: A language and environment for statistical


computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna,
Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL <http://www.R-project.org>

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 97

A TEORIA DA PONDERAÇÃO DE PRINCÍPIOS


E O ATIVISMO JUDICIAL: UMA ANÁLISE DO
POSSÍVEL DESVIRTUAMENTO DO PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE PELO STF

Amanda Santos Dias1, Renata Silva Gomes2

Resumo: O presente trabalho versa acerca do protagonismo


judicial que tem permeado as decisões proferidas pelos magistrados
do Supremo Tribunal Federal, deliberações estas que traçam novos
contornos as opções políticas dos demais poderes, como a questão
da permissão ao aborto voluntário até o terceiro mês de gestação
levantada pelo ministro Luis Roberto Barroso em seu voto-vista no
Habeas Corpus 124.306. Desta forma, analisou-se a metodologia
usada pelo ministro do STF ao justificar seu voto-vista com base na
Teoria da Ponderação de Princípios, de Robert Alexy, com o objetivo
de avaliar se a referida Teoria foi estruturada de forma correta ou se
foi apenas um topos para fundamentar sua decisão.

Palavras–chave: Aborto; HC 124.306; Luis Roberto Barroso;


Robert Alexy; Teoria da Ponderação de Princípios.

Introdução

A normatização dos direitos fundamentais pela Constituição


brasileira trouxe para o ordenamento jurídico uma interlocução
entre o Direito, moral, política e princípios básicos da dignidade do
ser humano, tornando o texto constitucional a norma máxima do
país. (ÁVILA, 2005)
Na busca de convivência harmônica dos princípios dentro do
1
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: amandasantosdias@hotmail.com
2
Doutoranda e Mestre em Teoria do Direito pela PUC MINAS, Professora da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
E-mail renatagomesegomes@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


98 ANAIS X SIMPAC

ordenamento jurídico, a corrente doutrinária majoritária do país,


assim como o Supremo Tribunal Federal, adotou, como forma de
resolução dos conflitos, a Teoria da Ponderação de Princípios do
jurista alemão Robert Alexy (1997). A referida teoria consiste na
aplicação da proporcionalidade, que estabelece o peso relativo de
cada um dos direitos fundamentais por meio da aplicação das suas
sub-regras, quais sejam: a adequação (isto é, apto a fomentar o
resultado desejado), necessidade (isto é, insubstituível por outro
meio menos gravoso e igualmente eficaz) e proporcionalidade em
sentido estrito (ou seja, se estabelece uma relação ponderada entre o
grau de restrição de um princípio e o grau de realização do princípio
contraposto). (ÁVILA, 2005)
Entretanto, o uso indistinto dessa máxima, sem a utilização
correta dos critérios elaborados por Alexy, pode gerar decisões
arbitrárias, em que há a substituição dos juízos morais e políticos
pelo do próprio magistrado, corroborando com o fenômeno conhecido
por ativismo judicial. Esse fenômeno compromete a legitimidade
democrática, já que membros do Poder Judiciário exercem certo
poder político, sem terem sido eleitos para tanto. (BARROSO,
2016). Logo, far-se-á a análise do posicionamento do ministro Luis
Roberto Barroso no HC 124.306 RJ, em que foi discutida a questão
da inconstitucionalidade de parte do artigo 124 do Código Penal, por
não ser este um método eficaz para que se alcance o fim pretendido
que é proteger a vida.

Material e Métodos

A pesquisa será realiza através de revisão jurídico-teórica com


a análise de artigos e doutrinas em comparação com o caso concreto no
voto-vista de Luis Roberto Barroso em decisão no HC 124.306. Assim,
analisou-se se o princípio da proporcionalidade foi utilizado apenas
como um argumento retórico para que o magistrado embasasse sua
decisão, ou se, de fato, Barroso o empregou conforme os critérios

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 99

determinados por Alexy em sua teoria. Desta forma realizou-se


um estudo crítico da literatura respeitada nesta questão, fazendo
um comparativo com os argumentos utilizados pelo magistrado na
discussão de cada sub-regra da proporcionalidade para que possa
ver ou uma possível invasão da competência do poder legislativo
pelo poder judiciário.

Resultados e Discussão

O ativismo judicial é um fenômeno jurídico recente


caracterizado por uma postura proativa do Judiciário, em especial do
Supremo Tribunal Federal, em que o magistrado escolhe interpretar
a lei a partir dos princípios consagrados constitucionalmente, em
detrimento da letra fria da Lei, determinando, assim, as políticas
públicas que devem ser seguidas pelos demais Poderes, como se
fosse um legislador ordinário.
Na questão estudada, Luis Roberto Barroso, em seu voto-vista,
alega que parte do artigo 124 do Código Penal é inconstitucional por
violar os direitos fundamentais da mulher (sexuais, reprodutivos,
psíquicos, igualdade), o polo fraco desta relação, com o fim de
resguardar os direitos fundamentais de uma “vida” intrauterina com
apenas expectativa de vida, sendo este completamente dependente
da mãe.
O magistrado afirmou em seu voto que a tipificação penal do
aborto viola o princípio da pelos seguintes motivos: (i) ela constitui
medida de duvidosa adequação para proteger o bem jurídico que
pretende tutelar (vida do nascituro), por não produzir impacto
relevante sobre o número de abortos praticados no país, apenas
impedindo que sejam feitos de modo seguro; (ii) é possível que o Estado
evite a ocorrência de abortos por meios mais eficazes e menos lesivos
do que a criminalização, tais como educação sexual, distribuição de
contraceptivos e amparo à mulher que deseja ter o filho, mas se
encontra em condições adversas; (iii) a medida é desproporcional

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


100 ANAIS X SIMPAC

em sentido estrito, por gerar custos sociais (problemas de saúde


pública e mortes) superiores aos seus benefícios.
Ocorre que, a máxima da proporcionalidade — subdividida
em três submáximas parciais —, como é apresentada no voto, é
realizada de forma inadequada e inapropriada (STRECK, 2016).
A adequação é o meio utilizado para se fomentar o objetivo do
princípio. Segundo Virgílio Afonso da Silva, um meio só pode ser
considerado inadequado quando sua utilização em nada contribui
para fomentar o objetivo pretendido. Assim, Barroso ao afirmar
que a criminalizar o aborto não contribuí para a proteção da vida
intrauterina, pois a quantidade de números de abortos não é
reduzida frente à criminalização, está apenas utilizando-se de um
argumento retórico para embasar seu posicionamento, tendo em
vista que não há dados concretos acerca da diminuição do número
de abortos caso ocorresse à descriminalização e principalmente que,
segundo Streck, não se mede a adequação por meio da sua eficácia
social, pois, do contrário, a eficácia da norma jurídica ficaria a
mercê de variáveis aleatórias. Além disso, para se indagar acerca
da adequação de um determinado meio para se alcançar um fim, no
caso, a preservação da vida uterina, deve-se pesquisar por vários
meios para que, ao final, chegue-se a conclusão de qual é o mais
adequado e qual é o inadequado.
Na máxima da necessidade, deve-se perquirir por um meio
de interfira com menor intensidade nos outros princípios presentes
naquela colisão. Barroso afirmou que é possível que o Estado evite
a ocorrência de abortos por meios mais eficazes e menos lesivos
do que a criminalização, tais como educação sexual, distribuição
de contraceptivos e amparo à mulher que deseja ter o filho, mas
se encontra em condições adversas. Para Virgílio Afonso, deve-se,
para verificar a necessidade da criminalizar, buscar outros meios
alternativos que satisfaçam essa condição. Assim, para verificar
que estes meios alternativos são mais eficazes que a criminalização,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 101

Barroso, além de não se basear em qualquer estudo, afronta o


princípio da justeza ou da conformidade funcional, impondo-se como
um legislador positivo ao sugerir diversas políticas públicas que
devem ser implementadas pelo Poder Público, o que é vedado na
Constituição da República pelo princípio da separação de poderes.
Por fim, ao analisar se a medida de tipificação do aborto é
proporcional em sentido estrito, ou seja, para que uma medida seja
reprovada no teste da proporcionalidade em sentido estrito, basta
que os motivos que fundamentam a adoção da medida não tenham
peso suficiente para justificar a restrição ao direito fundamental
atingido (SILVA, 2002, p. 42). Barroso, em seu voto, afirmou que
“[...] em relação à proporcionalidade em sentido estrito, é preciso
verificar se as restrições aos direitos fundamentais das mulheres
decorrentes da criminalização são ou não compensadas pela proteção
à vida do feto.” Aqui, o ministro determina, com base em princípios
abstratos, que os direitos da mulher devem superar o direito básico
que protege a vida do nascituro. Ainda, o ministro defende que não
é proporcional que mulheres pobres, por não dispor de recursos
financeiros, sofram mais com a criminalização do aborto, por não
terem acesso à clínicas e médicos particulares em contraposto às
mulheres com melhores condições financeiras, que possuem recursos
para praticar “este crime” de maneira segura, com bons médicos
e dentro de ambientes salubres. No entanto, Barroso equivoca-se
ao fundamentar que não é proporcional em sentido estrito vedar o
aborto até o terceiro mês, pois, aqui, o núcleo essencial é a proteção a
vida e de que outra forma a vida seria protegida se não vedando a sua
interrupção? Ainda, mesmo com esta posição ativista do Judiciário,
de qualquer forma, as mulheres pobres que desejam praticar o
aborto continuariam marginalizadas. Primeiro, pois, mesmo que
ocorra a descriminalização, estas mulheres não seriam atendidas
de forma eficaz pelo sistema publico de saúde, tendo em vista que
o SUS não oferece um atendimento rápido a quem necessita dele.
E, esta demanda não é mais importante que consultas e exames
para que sejam passadas à frente das demais. Além disso, haveria
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
102 ANAIS X SIMPAC

um prazo decadencial para a pratica do aborto de três meses de


gestação, tempo exíguo demais para ser atendido pela rede pública
que é super lotada. Ainda, a base da lei da ponderação de Alexy é
justamente a ponderação entre princípios fundamentais que colidem
no caso concreto. Ora, em um Estado Democrático de Direito o bem
mais valioso a ser salvaguardado é a vida de seus cidadãos, tendo,
assim, um status de princípio supralegal no ordenamento pátrio.

Conclusão

O critério da proporcionalidade é, no Brasil, caracterizada por


certa imprecisão e sincretismo. Em geral, o método é reduzido a
um mero exame de razoabilidade, que em nada tem relação com
o princípio da proporcionalidade. É preciso denotar, portanto,
que a aplicação da Teoria da Ponderação, tomada no contexto do
princípio da proporcionalidade, não é utilizada conforme os critérios
determinados por Alexy em Teoria dos Direitos Fundamentais.
Anote-se essa conclusão a partir do voto-vista proferido pelo ministro
Luis Roberto Barroso no HC 124.306, em que é possível perceber a
dimensão do ativismo judicial no Supremo Tribunal Federal devido
à imposição da concepção política-ideológica do ministro no momento
de seu voto, que foi estruturado utilizando-se a teoria alexyana
de uma forma muito simplificada, impondo uma única resposta
a colisão de princípios que ocorre a partir do questionamento da
inconstitucionalidade do crime de aborto. Barroso empregou as
três submáximas da proporcionalidade de maneira rasa, não se
propondo a exarar as proposições da adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito, ainda mais em um contexto
em que era sopesamento o direito à vida de um nascituro. Assim,
para uma efetiva proteção aos direitos reprodutivos e sexuais da
mulher sem colidir com o direito à vida do nascituro, não basta
apenas à descriminalização do aborto, mas sim um conjunto de
ações que passam pela conscientização de métodos para se evitar a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 103

gravidez indesejada, o planejamento familiar, entre outros, para que


este crime seja evitado, vidas sejam protegidas e, principalmente,
o Judiciário não tome uma posição ativista, impondo, assim, a
concepção de magistrados quanto a assuntos que são previamente
definidos na Constituição da República como de dever do legislador
ordinário.

Referências Bibliográficas

ALEXY, R. Teoria de los derechos fundamentales.


Tradução Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios
Constitucionales, 1997.

ÁVILA, H. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos


princípios. 4ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2005.

BARROSO, L. R. Judicialização, ativismo judicial e


legitimidade democrática. Disponível em: <http://www.
direitofranca.br/direitonovo/FKCEimagens/file/ArtigoBarroso_
para_Selecao.pdf>.Acesso em:06 jun 2016.

SILVA, V. A. O proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais


798, p. 23-50. 2002.

SILVEIRA, V. L. M. Ponderação e proporcionalidade no direito


brasileiro. Disponível em: <http://www.publicadireito.com.br/
artigos/?cod=6f4b7fd3eea0af87> Acesso em: 10 jun 2016.

STRECK, L. L. Aborto — a recepção equivocada da ponderação


alexyana pelo STF. Disponível em: <https://www.conjur.com.
br/2016-dez-11/aborto-recepcao-equivocada-ponderacao-alexyana-
stf#sdfootnote7sym> Acesso em: 10 dez 2017.

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104 ANAIS X SIMPAC

INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO PARA


ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO ATERRO DE
IMPLANTAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES NO MUNICÍPIO DE
ARAPONGA-MG

Ana Carolina Dias Baêsso1, Eduardo Souza Cândido2, Enivaldo


Minette3, Marcelo Soares Minette4, Gustavo Armando dos Santos5

Resumo: No cenário atual da engenharia de fundações e a


partir das análises de evolução dos recalques e suas patologias o
fenômeno ganha cada vez mais destaque e espaço em discussões
e problemáticas envolvendo construções. Típico ao descrito, a
Prefeitura Municipal de Araponga/MG ao detectar patologias em
obras públicas construídas em regiões aterradas, verificou-se a
necessidade de monitoramento do maciço de fundações através do
acompanhamento por meio de instrumentos de medição de níveis
d’água e deslocamentos horizontais. Nesse sentido, o objetivo deste
trabalho consiste em apresentar os resultados do monitoramento do
maciço das fundações através da instrumentação instaladas nas
regiões da Unidade Básica de Saúde (UBS), do Centro de Referência
de Assistência Social (CRAS) e da Creche do município de Araponga.
Os referidos monitoramentos das instrumentações foram efetuados
periodicamente, em pontos pré-definidos das sondagens tipo SPT.
Executaram-se quatro pontos de monitoramentos do nível d’água e
de deslocamentos, com acompanhamento ao longo de cinco meses.
A partir das análises da evolução dos recalques com o tempo, e da
variação das poropressões, observou-se um deslocamento do maciço

1
Graduanda em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: aninhabaesso@hotmail.com
2
Professor do curso de Engenharia Civil - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e doutorando em Geotecnia pela
Universidade Federal de Viçosa. E-mail: eduardo.candido@outlook.com.br
3
Engenheiro Civil, Doutor em Geotecnia - Professor da Universidade Federal de Viçosa. E-mail:
eminette@ufv.br
4
Engenheiro Civil – Graduado pela Universidade Federal de Viçosa. E-mail: marcelosoaresminette@
gmail.com
5
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: gustavocarvalho50@yahoo.com.
br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 105

de fundação das edificações públicas de Araponga, implicando no


comprometimento das edificações, atentando-se para uma solução
geotécnica urgente no local. O desenvolvimento deste estudo foi
substancial para alicerçar as pesquisas efetuadas no local, bem
como a descrição da situação atual do maciço e efetuar uma proposta
de intervenção através de contenção com estacas escavadas para
estabilização.

Palavras–chave: Instrumentação e monitoramento, marco
geodésico, condições de aterro.

Introdução

No cenário atual da engenharia de fundações e a partir das


análises de movimentação do solo e suas patologias com o tempo, os
recalques ganham cada vez mais destaque e espaço em discussões
e problemáticas envolvendo as construções. Atrelado ao fator
de necessidade da sociedade de ocupação do território como um
verdadeiro agente de modificação da topografia natural do terreno,
o uso de aterros compactados aplicados pela engenharia geotécnica
tem sido um recurso muito utilizado em regiões acidentadas,
CASTANHO (2014). Típico ao descrito, a Prefeitura Municipal de
Araponga/MG ao detectar patologias em obras públicas construídas
em regiões aterradas, verificou a necessidade de monitoramento do
maciço de fundações. A previsão dos eventos de instabilização e o
acompanhamento do comportamento, através de instrumentos de
medição de níveis d’água e deslocamentos horizontais, tornam-se
imprescindíveis nestes casos.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho consiste em apresentar
os resultados do monitoramento do maciço das fundações através da
instrumentação, marcos topográficos e medidores de nível d’água
instalados nas regiões da Unidade Básica de Saúde (UBS), do
Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e da Creche do
município de Araponga. Os monitoramentos subsidiarão as ações e
decisões da Prefeitura Municipal, assim como informarão aos órgãos
financiadores das obras o comportamento do maciço de fundação.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


106 ANAIS X SIMPAC

Material e Métodos

Os referidos monitoramentos das instrumentações foram


efetuados periodicamente (Figura 1), conforme planejamento, por
meio de medição de níveis de água no subsolo, quando ocorreu a
sua presença. Tais medições ocorreram em pontos pré-definidos das
sondagens tipo SPT, na área de implantação das unidades da UBS,
CRAS e da Creche. A medição de deslocamentos foi feita por meio de
topografia de precisão (nas três direções X, Y e Z) com equipamentos
do tipo marcos topográficos (Figura 2) ou de recalques. Os marcos
topográficos foram relacionados a um marco fixo, denominado de
referência, ou tecnicamente denominado de Benchmark. Para
análise e interpretação periódica consoante aos dados monitorados
dos medidores de nível d´água e dos marcos superficiais de
deslocamentos foi necessária a preparação da área para receber os
equipamentos e execução de quatro pontos de monitoramentos do
nível d’água com profundidades médias de 15 metros cada, por meio
da instalação dos piezômetros em furos de sondagens a percussão
- tipo SPT, conforme mapa de localização das sondagens, e de
deslocamentos (Figura 3), de acordo com a orientação técnica de
implantação.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 107

Resultados e Discussão
O rebaixamento do nível de água (N.A.) monitorado entre
as leituras dos piezômetros, conforme mostrado na tabela 2 indica
a influência do referido N.A. no comportamento do maciço de
implantação das unidades da UBS, CRAS e CRECHE, no município
de Araponga – MG e os deslocamentos monitorados nas direções
horizontal (Norte-N e Leste-E) e vertical (Recalque – Z) estão na
ordem de grandeza milimétrica, conforme mostrados na Tabela
1. Todos eles retratam a adequação do aterro executado sobre
a topografia anterior que existia antes da execução do aterro.
Assim, essas adequações indicam que existem efeitos de diferentes
carregamentos tanto do aterro efetuado quanto da construção da
própria Creche sobre esse aterro, mostrando que estes marcos
topográficos superficiais estão registrando essa superposição de
efeitos, apesar de serem de valores de ordem milimétrica.

Tabela 1- Valores dos monitoramentos dos deslocamentos


no sentido Leste – “E”, Norte – “N” e Recalque Vertical -
“Z” dos marcos topográficos na área de implantação das
unidades da UBS, CRAS e CRECHE, no município de
Araponga – MG, conforme figura 2 e localizados conforme
figura 3.
LEVANTAMENTO LEVANTAMENTO
DADOS
21-12-2017 24-01-2018
DIF DIF
PONTO DIF(N) DIF(Z) DIF(N) DIF(Z)
(E) (E)
M0 -0,0019 -0,0035 0,004 0,0007 0,001 -0,004
ESTAÇÃO 0 0 0 0 0 0
M6 -0,0012 0,002 0,004 0,0012 0,0031 -0,005
M5 0,0008 -0,0006 -0,003 0,0044 -0,0039 -0,006
M4 -0,0013 0,0033 0 0,0088 -0,0068 -0,006
M2 -0,0016 -0,0066 -0,001 0,0039 0,0076 -0,003

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108 ANAIS X SIMPAC

Tabela 2- Dados das leituras do nível d’água


DADOS LEVANTAMENTO LEVANTAMENTO LEVANTAMENTO
PONTO 21-07-2017 08-11-2017 24-01-2018

28 m do marco M06 28 m do marco M06 28 m do marco M06


M0
24 m da quina da 24 m da quina da 24 m da quina da
Creche Creche Creche
M6 3,46 3,79 3,79

M5 9,02 9,37 8,59

M4 8,72 m (SECO ) 8,76 m (SECO) 8,76 m (SECO)

M2 7,04 m (SECO ) 7,06 m (SECO ) 7,06 m (SECO )

Conclusões

O desenvolvimento deste estudo foi substancial para alicerçar


as pesquisas efetuadas no local, principalmente com a finalidade de
reconhecimento da rede geodésica presente na região, bem como a
descrição da situação atual dos mesmos.
Ao analisar a situação atual do maciço, propôs-se a realização
de uma contenção com estacas escavadas de aproximadamente 7,90
metros (de acordo com análise dos resultados do ensaio SPT) de
profundidade ao longo da seção lateral à creche, com o objetivo de
estabilização caso a oscilação do nível d’água conforme registrado
nos levantamentos, causem erosão no pé do aterro e agrave o
deslocamento e comprometimento da estabilidade do maciço de
fundação.
Neste contexto, espera-se que a prefeitura haja de maneira
conjunta com engenheiros civis-geotécnicos para recuperação das
edificações e estabilização da área evitando o deslizamento total do
maciço, podendo causar danos irreparáveis à população residente
no local.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 109

Agradecimentos

Agradeço ao Prof. Dr. Enivaldo Minette pelo apoio, dedicação


e incentivo na realização deste trabalho e ao Prof. Msc. Eduardo
Souza Cândido pela instigação de sempre.

Referências Bibliográficas

CASTANHO. R.B. et.al. A situação dos marcos da Rede Geodésica


brasileira no município de Gurinhatã – MG. IN: Brazilian
Geographical Journal: Geosciences and Humanities research
medium, Ituiutaba, v. 5, n. 2, p. 657-677, jul./dec. 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


110 ANAIS X SIMPAC

CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE APLICADA DO


COMPORTAMENTO NO DIAGNÓSTICO DE DISLEXIA

Ana Caroline de Souza Cassini1, Ana Paula Cornélio da Costa2,


Raquel Lopes de Freitas3, Sérgio Domingues4

Resumo: Este trabalho tem por finalidade apresentar os


conceitos desenvolvidos pela análise aplicada do comportamento,
fundamentada no Behaviorismo Radical, e analisar como eles
explicam os processos de aprendizagem em um estudo de caso
envolvendo uma criança de 8 anos, previamente diagnosticada como
disléxica, por uma equipe de múltiplos profissionais, envolvendo
profissionais da área da pedagogia, psicologia, fonoaudiologia e
neurologia. Este relato está fundamentado na revisão de literatura
sobre análise aplicada do comportamento e aprendizagem do
comportamento de leitura e escrita. A segunda etapa consistiu na
observação participativa, a qual ocorreu a partir da interação com
educadores e pais da criança. Percebeu-se que a relação da criança
com os pais influencia diretamente em seus comportamentos em
casa e na escola, especialmente os relacionados as dificuldades de
leitura e escrita. Com este estudo fica evidente a importância de uma
equipe multidisciplinar e uma relação familiar reforçadora para o
desenvolvimento e o processo de aprendizagem de uma criança tais
comportamentos.

Palavras–chave: Análise, comportamento, contingências, Dislexia

1
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: cassinicaroline29@gmail.com
2
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: acorneliocosta@yahoo.com.br
3
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: raquel.freitas@ufv.br
4
Docente - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: sdufmg@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 111

Introdução

O presente relato de caso se origina de um trabalho


desenvolvido no âmbito da disciplina Análise Aplicada do
Comportamento do curso de Psicologia da UNIVIÇOSA. Nesta
disciplina foi abordado o comportamento verbal, campo de estudos
de grande importância para a Análise do Comportamento (AC) e do
Behaviorismo Radical (BR). A partir do estudo sobre comportamento
verbal, e dos diferentes operantes verbais iniciamos um trabalho de
observação visando conhecer as possíveis aplicações desse arcabouço
conceitual para a aquisição dos processos comportamentais de leitura
e escrita. A partir da revisão de pesquisas sobre comportamento
verbal e suas implicações para a educação, buscamos compreender
as possíveis contribuições da AC/BR na compreensão da dislexia.
De acordo com Silva (2009), “dislexia é uma dificuldade de
aprendizagem caracterizada por problema na linguagem receptiva
e expressiva, oral ou escrita. As dificuldades podem aparecer na
leitura e na escrita, soletração e ortografia, fala e compreensão e em
matemática”.
A partir dessa proposição buscamos observar o estudante
Marcos (nome fictício), uma criança de 8 anos que vive com os
pais e a irmã mais nova. Marcos começou a apresentar sintomas
relacionados à dislexia como à troca de letras (b por p, b por d)
dificuldade na leitura e escrita, e agressividade no início do processo
de alfabetização, que se deu em uma escola pública do município de
Viçosa. Buscamos analisar as contingências – o contexto – em que a
criança estava, ou seja, entender a função destes comportamentos.
Algumas questões nortearam essa observação: “Qual a
importância dos conceitos da análise do comportamento para entender
a aprendizagem?”; “Como as contingências reforçadoras e aversivas
influenciam na aquisição e manutenção dos comportamentos da
criança?”. Para responder a estas questões buscou-se no arcabouço
teórico oferecido pela AC/BR formas de compreender o diagnóstico
de dislexia em relação à criança.

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112 ANAIS X SIMPAC

Material e Métodos

O método utilizado foi o da observação participativa, que se


constituiu de entrevistas com os pais e educadores da criança. A
entrevista com os educadores ocorreu na escola em que Marcos foi
alfabetizado – Escola Pública do Município de Viçosa – enquanto
a entrevista com os pais ocorreu no local de trabalho da mãe.
Também foi realizada uma observação da interação da criança com
seus colegas em momento em que eles estavam na educação física
no horário escolar. Procedeu-se, por último, a análise do material
didático utilizado e desenvolvido para menino, de março a outubro
de 2017.
Todo o processo de investigação foi respaldado pela revisão
bibliográfica de livros e artigos que tratassem dos temas AC/BR e
comportamento verbal relacionados ao comportamento de leitura
e escrita, buscando compreender a dislexia. Todo o trabalho foi
realizado de acordo com a norma 466/2012 que trata da pesquisa
envolvendo seres humanos. Foi apresentado Termo de Compromisso
Livre e Esclarecido para menores de 16 anos (TCLE) para os pais.
O protocolo de pesquisa não foi submetido à Plataforma Brasil,
pois ocorreu antes da Carta Circular nº 189/2017/CONEP/CNS/MS,
portanto o protocolo tramitou em papel. Projeto Psicologia e Escola
uma parceria necessária – cadastrado no NUPEX .

Resultados e Discussões

A dislexia é um transtorno da aprendizagem relacionado a


dificuldade na escrita e leitura e podem ser verificadas em crianças
que geralmente estão em idade de alfabetização escolar.
Há uma discussão sobre qual o profissional mais indicado
para que o diagnóstico seja dado e o respectivo tratamento. Os
fonoaudiólogos, por apresentarem um grande envolvimento com a
linguagem e distúrbios da linguagem, são os profissionais que estão

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mais envolvidos no diagnóstico e tratamento, porém a complexidade


que envolve a dislexia não dispensa a importância de se obter uma
equipe multidisciplinar para estes casos.
Atualmente é muito discutido os problemas de se fechar um
diagnóstico precocemente principalmente em relação as crianças, as
quais estão cada vez mais ativas e desenvolvidas. É necessário um
olhar para o indivíduo como um todo, ou seja, analisar suas relações
e contextos familiares, sociais e sobretudo a singularidade de cada
criança. “No tratamento fonoaudiológico é importante conhecer a
criança, seus interesses, suas vivências, suas dificuldades, seus erros
e acertos. É necessário adaptar métodos e técnicas à individualidade
de cada caso, respeitando-se a personalidade do paciente e tratando-o
como um todo, dentro do contexto social e familiar.” (SILVA, 2009,
p. 474)
Analisamos os comportamentos de Marcos em busca de
comportamentos como a dificuldade em aprender a ler e escrever,
alteração de palavras (troca letras com b por p) e pronuncia errônea
de palavras, que caracterizassem o diagnóstico de dislexia, e quais
contingências poderiam evocar comportamentos que indicariam
que tais características estariam ligadas ao transtorno.
O histórico nos mostra que, quando a irmã mais nova nasceu,
Marcos tinha completado 4 anos. Foi retirado do seu quarto, o qual
foi cedido à irmã e passou a dormir em outro cômodo da casa que
não era um quarto. Em conversa com a psicóloga que o acompanhou
durante 2 meses, a criança se mostrou sem lugar em sua casa.
Marcos disse à terapeuta que desejava constantemente “socar” a
irmã, pois tinha muita raiva. Além deste aspecto, está presente no
discurso da mãe, a utilização da punição – bater e gritar – como
forma de reprimir comportamentos não desejáveis por ela emitidos
pela criança.
Marcos apresenta dificuldades de relacionamento com a irmã
mais nova, pois precisa ceder seu espaço, e seus objetos para ela.

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Com um ano já frequentava uma creche filantrópica a qual, segundo


relato dos pais, não tinha um projeto pedagógico preocupado com a
aprendizagem de comportamentos relacionados a escola, tais como
discriminar números e letras, cores, etc. Aos seis anos mudou-se para
a escola atual. Teve início nesta escola seu processo de alfabetização,
processo no qual Marcos demonstrou dificuldades, principalmente
em relação a leitura. Juntamente com esta dificuldade a criança
começou a demonstrar também um comportamento agressivo em
relação aos colegas de sala.
A professora orientou os pais a procurem um profissional de
psicologia. Na conversa com a psicóloga a mãe relatou uma sobrecarga
em cima dela em relação às crianças e que perde a paciência inúmeras
vezes e pune Marcos. A partir das observações da professora, Marcos
teve acompanhamento de uma equipe multidisciplinar composta
por psicóloga, neurologista e fonoaudiólogo. Nenhum profissional
chegou a fechar o diagnóstico de dislexia, mas evidenciaram
alterações no comportamento da criança. No tratamento com o
fonoaudiólogo a criança se mostrou interessada em desempenhar
as atividades propostas, e, portanto, melhorou muito a escrita e
também os sons das palavras ao pronunciá-las. Além das atividades
desenvolvidas com Marcos durante as sessões, ela também envia
para a mãe exercícios referentes aos sons das letras para que a
mesma exercite junto com o menino em casa.
Após iniciar o acompanhamento com a equipe
multidisciplinar, a criança apresentou avanço relevante, pois
desenvolveu comportamento de escrita e leitura. Ainda apresenta
dificuldades na leitura de palavras com sílabas complexas como
bicicleta. O operante verbal ditado foi instalado com sucesso em seu
repertório. A professora relata que os comportamentos agressivos
em relação aos colegas melhoraram, mas que o menino não sabe
lidar com frustações, respondendo ainda, com agressividade. Além
disso, a professora teve uma função importante na alfabetização de
Marcos, pois criou um plano individual de atividades extraclasse

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ANAIS X SIMPAC 115

com o intuito de estimular a aquisição de novos comportamentos.


Segundo Hubner (2004) “a constatação de que as práticas escolares
e estratégias pedagógicas são planejadas e implementadas de tal
forma que supõe um repertório de entrada que crianças provindas de
classes desfavorecidas, via-de-regra não apresentam, dificultando ou
impedindo a aquisição da leitura e da escrita”. Assim, observamos
que a professora criou estratégias para favorecer a aquisição da
leitura e da escrita, que eram as principais dificuldades de Marcos.
Para completar, Hubner (2004) diz que “uma abordagem
adequada da aprendizagem da leitura e da escrita deverá envolver,
necessariamente, uma análise da interação entre as características
do objeto a ser conhecido e do sujeito que aprende”.
Percebemos o modo como as contingências sociais, familiares
e ambientais modelam a topografia dos comportamentos da criança.
De acordo com Meyer et. al (1997 apud Barbosa et. al 2009, p.
241) “Pesquisadores que trabalham com a Análise Aplicada do
Comportamento concordam que o contexto social aduz complexidade
à descrição e à análise do comportamento verbal, bem como dos
comportamentos privados e sociais de forma geral”

Conclusão
A análise do comportamento possui uma visão voltada para a
funcionalidade dos comportamentos, e busca compreender o porquê
eles ocorrem, “assume que o comportamento de todos os indivíduos
obedece às mesmas leis funcionais, isto é, o comportamento de pessoas
que apresentam peculiaridades orgânicas ou desenvolvimento
atípico, também não está imune à ação do ambiente” (HUBNER,
2004, p. 309). Dessa forma constatamos a relevância dos conceitos
da disciplina para compreender os processos envolvidos na
aprendizagem da criança.
As contingências modelam os comportamentos, tanto na

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presença, como na ausência de estímulos, reforços positivos ou


punição, os quais fazem parte do processo da educação. No caso
de Marcos percebemos inicialmente a falta de estímulos em todo
o seu desenvolvimento da aprendizagem, e como isso interfere
neste processo. Portanto, vimos a importância de uma equipe
multidisciplinar, com psicólogo, fonoaudiólogo e a professora para a
evolução da criança na escola e a diminuição das queixas iniciais.

Referências Bibliográficas

BARBOSA R. L; Vanessa, Turini Bolsoni-Silva, Alessandra,


Carrara, Kester, Uma análise comportamentalista de relatos
verbais e práticas educativas parentais: alcance e limites.
Paidéia [en linea] 2009, 19 (Agosto-Sin mes): [Fecha de consulta: 7
de noviembre de 2017] Disponível em :<http://www.redalyc.org/
articulo.oa?id=305423765012> ISSN 0103-863X

HUBNER, M. M. C; MARINOTTI, M. Análise do comportamento


para a Educação: contribuições recentes. 1ª ed. Santo André,
SP. ESETec Editores Associados, 2004. P. 205 – 223.
SILVA, S. S. L. Conhecendo a dislexia e a importância da equipe
interdisciplinar no processo de diagnóstico. Rev. Psicopedagogia.
p. 470 – 475. 2009.

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IMPLEMENTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM NO


SETOR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA –
EXPERIÊNCIA EM ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Ana Luisa Goularte1, Mariane Roberta da Silva,


Alessandra Santos de Paula2, Ramon Augusto Ferreira de
Souza3

Resumo: Como exigência do estágio hospitalar, é solicitado


aos acadêmicos, atividades de estudo de casos e neste contexto, o
estudo abordou a experiência da assistência de enfermagem a um
portador do vírus da imunodeficiência humana (HIV), usuário de
drogas e com suspeita de tuberculose. A assistência de enfermagem
aos portadores do HIV no atendimento hospitalar, utiliza-se a
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), realizando
o Processo de Enfermagem com cinco etapas inter-relacionadas:
Coleta de dados, diagnostico de enfermagem, Planejamento,
Implementação e Avaliação de enfermagem. Diante deste contexto,
propõe-se relatar a experiência vivenciada por uma acadêmica de
enfermagem, durante o estágio supervisado no setor de urgência e
emergência, em uma unidade hospitalar, voltadas a assistência de
enfermagem realizada a um portador de HIV, usuário de drogas e
com suspeita de diagnóstico médico de tuberculose. Trata-se de um
relato de experiência sobre a assistência de enfermagem ao paciente,
conciliando a SAE. Os dados foram colhidos de 21 de março a 4 de
abril de 2018. Com a avaliação do plano terapêutico, investigação
da vida do paciente, orientações sobre a condução do tratamento
e valorização de fatores socioculturais, a SAE passa a ser um
instrumento para dar continuidade ao tratamento dos pacientes
e oferecer qualidade de vida. O estudo funcionou para a reflexão
dos cuidados oferecidos, no momento em que se problematizou o
1
Acadêmicas de Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: goul4rteanaluisa@gmail.com;
2
Alessandra Santos de Paula – Docente do curso de Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
alessandradepaulasantos@gmail.com
3
Ramon Augusto Ferreira de Souza – Enfermeiro e Preceptor de Estágios do curso de Enfermagem -
e-mail: ramon.ferreiraufv@gmail.com

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atendimento e às suas necessidades, as condições de infraestrutura


exigidas e a atuação dos profissionais.
Palavras–chave: Doenças transmissíveis; enfermagem; infecção
oportunista; tuberculose.

Introdução

O estágio supervisionado é uma atividade acadêmica


oferecida no último ano da graduação de Enfermagem, objetivando
oportunizar a vivência prática e completar o período de formação
do enfermeiro. Os ambientes desta prática pertencem à atenção
básica, sendo as unidades de Estratégia de Saúde da Família, e
a atenção terciária, sendo os hospitais, com funções divididas em
setores críticos e alas assistenciais. Como exigência do estágio, é
solicitado aos acadêmicos, atividades de relato de casos vivenciados,
oportunizando o estudo e o compartilhamento de experiências
adquiridas. Neste contexto, a diversidade do caso apresentado
propiciou um aprendizado significativo, sendo a experiência prática
de assistência de enfermagem a uma pessoa portadora do vírus da
imunodeficiência humana (HIV), usuário de drogas e com suspeita
de diagnóstico médico de tuberculose.

Conceitualmente, as doenças transmissíveis (DT) podem


ser caracterizadas como doenças cujo o agente etiológico é vivo e
transmissível, podendo a infecção ser veiculada por um vetor,
ambiente ou indivíduo. Uma das metas da Saúde Pública é bloquear
a ascensão das DT, já que essas são causas de morbimortalidade
mundial, assolando milhares de pessoas, especialmente nos
países em desenvolvimento como o Brasil (ROUQUAYROL, M. Z.;
FAÇANHA, M. C.; VERAS, F. M. F., 2003).
Os usuários de drogas são um grupo de especial atenção
por parte dos sistemas de saúde, devido às suas altas taxas de
exposição a infecções, particularmente aquelas transmitidas
através do uso de materiais contaminados e através de relações
sexuais desprotegidas, aumentando o risco individual de adquirir

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essas infecções e representando papel importante na transmissão


de doenças em suas comunidades (CARVALHO; SEIBEL, 2009)
Os fatores responsáveis pelo desenvolvimento da tuberculose
entre os pacientes soropositivos para o HIV incluem os aspectos
imunitários, fatores socioeconômicos e demográficos. A alta taxa de
tuberculose em pacientes soropositivos torna urgente programar
estratégias que combinem rápida identificação e tratamento dos
casos de indivíduos com infecção (SILVEIRA et al., 2006).
A assistência de enfermagem aos portadores do HIV acontece
tanto na atenção básica, utilizando de programas governamentais
de acompanhamento, como no atendimento hospitalar, utilizando-
se da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e
realizando o Processo de Enfermagem (PE) como um instrumento
metodológico que planeja e organiza o trabalho. O PE tem cinco
etapas inter-relacionadas: Investigação (coleta de dados), diagnostico
de enfermagem, Planejamento, Implementação e Avaliação de
enfermagem. Desta forma, ele traz ações de cuidados direto e indireto
aos pacientes, individualizando a assistência (SOARES et al, 2015).
Diante deste contexto, propõe-se relatar a experiência
vivenciada por uma acadêmica de enfermagem, durante o estágio
supervisado no setor de urgência e emergência, em uma unidade
hospitalar, voltadas a assistência de enfermagem realizada a um
portador do HIV, usuário de drogas e com suspeita de diagnóstico
clínico de tuberculose.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência


de um estudo de caso, visando analisar os dados e observações
percebidas no decorrer de uma internação, no setor de emergência
de um hospital filantrópico de pequeno porte, localizado na Zona
da Mata de Minas Gerais. Consiste em um trabalho acadêmico,
desenvolvido durante o estágio supervisionado do 9º período do

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curso de enfermagem da Faculdade de Ciências e Tecnologia de


Viçosa. Os dados foram colhidos de 21 de março a 4 de abril de 2018,
durante o atendimento a um paciente com diagnóstico de HIV+ e
com suspeita diagnóstica de tuberculose. Foram preservados o
anonimato do paciente e da instituição concedente do estágio.

Resultados e Discussão

Durante a vivência no estágio, na pratica da Sistematização


da Assistência de Enfermagem (SAE), foi possível realizar a primeira
etapa do processo de enfermagem, consistindo na anamnese e exame
físico do paciente: identificação do nome, idade, data de nascimento,
queixa principal, histórico familiar, avaliação nutricional, funções
mentais, condição de moradia, cuidados corporais, sinais vitais
e fatores de risco como tabagismo/alcoolismo. O exame físico é
realizado no sentido céfalo-caudal, através de uma avaliação
minuciosa de todos os segmentos do corpo, utilizando as técnicas
propedêuticas: inspeção, palpação, percussão e ausculta. A etapa
seguinte será o diagnóstico de Enfermagem que irá se adequar ao
julgamento clinico do paciente.

Tendo em vista a suspeita clínica do paciente, a Tuberculose


(TB) é uma infecção oportunista de diagnostico difícil, que tem
predileção por grupos sociais menos favorecidos, podendo acelerar
o curso da infecção pelo HIV. A TB promove o fenômeno de
transativação heteróloga do HIV, levando à elevação transitória
da carga viral e diminuição da contagem de linfócitos T CD4+,
podendo também ocorrer por ação direta do M. tuberculosis. Estas
alterações dificultam a interpretação destes parâmetros para início
e/ou seleção do esquema antiretroviral. (SILVEIRA et al., 2006)

Existe uma associação significativa entre o desenvolvimento


de TB com a raça do paciente e a contagem de LTCD4+ no momento
do diagnóstico da infecção pelo HIV, e que o sexo masculino e o uso
de drogas podem também ser fatores de risco quando analisados
em separado. Portanto, a diminuição de LTCD4+, juntamente com

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outros fatores envolvidos no desenvolvimento da TB no paciente


HIV+ estão ligados a fatores de risco, como baixa escolaridade,
negro e usuário de drogas. Desta forma, a imunossupressão
produzida pelo HIV associa-se a características sociodemográficas
e de comportamento, aumentando o risco à doença (SILVEIRA et
al., 2006).

A partir dos dados coletados, determinou-se os diagnósticos


de enfermagem prioritários para o atendimento de emergência,
de acordo com os padrões da North American Nursing Diagnosis
Association (NANDA, 2013):

• Padrão respiratório comprometido relacionado à dispneia e

dor torácica;

• Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades

corporais

• Autocontrole inadequado da saúde – devido à complexidade

do regime terapêutico;

• Risco de infecção – cujos fatores podem incluir alterações

nas defesas do indivíduo (ação ciliar diminuída, estase de

secreções e resistência diminuída), desnutrição, exposição

ambiental e conhecimento insuficiente para evitar

exposição a outros patógenos;

• Fadiga relacionada a estados de doença, condição física

debilitada e anemia, caracterizada por falta de energia e

letargia.

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122 ANAIS X SIMPAC

No planejamento (terceira Etapa), foram feitas as prescrições


de enfermagem: Observar, monitorar e anotar os sinais vitais no ato
da consulta; orientar sobre o uso dos medicamentos; monitorar e
tratar complicações que podem surgir em decorrência da doença;
estar atento aos efeitos colaterais dos medicamentos; orientar a
família e o paciente quanto à importância de medidas preventivas,
tais como o descarte adequado de lenços utilizados e promover o
repouso/sono adequado para facilitar o alívio da dor.
As medidas preventivas sugeridas na unidade de urgência e
emergência, a partir do diagnóstico de tuberculose são: o transporte
do paciente com fluxo previamente planejado, utilização de máscara
cirúrgica e encaminhamento ao quarto de isolamento com sistema
de pressão negativa, filtro High Efficiency Particulate Air Filter
(HEPA), a utilização de máscaras tipo N95 pela equipe de saúde, e
o registro da precaução respiratória no prontuário, para ciência de
toda comunidade prestadora da assistência aos pacientes (BRASIL,
2010).
Com fundamento na SAE, que aproxima equipe e paciente,
percebe-se a implementação da assistência humanizada com o intuito
de melhorar a adesão aos tratamentos e promover a qualidade de
vida. Com a avaliação do plano terapêutico, investigação da vida do
paciente, orientações sobre a condução do tratamento e valorização
de fatores socioculturais, a SAE passa a ser um instrumento para
dar continuidade ao tratamento dos pacientes.
Conclusão

A vivência com o paciente possibilitou analisar os fatores


associados à tuberculose em indivíduos soropositivos para o HIV e
funcionou como reflexão sobre os cuidados oferecidos, no momento
em que se problematizou o atendimento em suas demandas e
necessidades, as condições de infraestrutura exigidas e de atuação
dos profissionais. Porém, muitos são os desafios para implantar a
SAE e cumprir com o Processo de Enfermagem na íntegra. A maior
dificuldade encontrada foi como organizar a rotina da assistência no

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ANAIS X SIMPAC 123

Pronto Atendimento conciliando o preenchimento do instrumento,


visto que são novas responsabilidades.
Referências Bibliográficas

BRASIL. Manual de recomendações para o controle da


tuberculose no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.

CARVALHO, H. B.; SEIBEL, S. D. Crack cocaine use and its


relationship with violence and HIV. Clinics, v. 64. n.9. p. 857-866,
2009.

NANDA International. Diagnósticos de enfermagem da


NANDA: definições e classificação. Porto Alegre: Artmed, 2013.

ROUQUAYROL, M. Z.; FAÇANHA, M. C.; VERAS, F. M. F. Aspectos


Epidemiológicos das doenças transmissíveis. Epidemiologia &
saúde. 6ª ed. Rio de Janeiro: MEDSI. p. 229-231. 2003.  

SILVEIRA, J. M.; SASSI, R. A. M.; NETTO, I. C. O.; HETZEL,


J. L.  Prevalência e fatores associados à tuberculose em pacientes
soropositivos para o vírus da imunodeficiência humana em centro
de referência para tratamento da síndrome da imunodeficiência
adquirida na região sul do Rio Grande do Sul. JBrasPneumol, v.
32. n. 1. p. 48-55. 2006.

SOARES, M. I.; RESCK, Z. M. R.; TERRA, F. S.; CAMELO, S. H. H.


Sistematização de Assistência de Enfermagem: Facilidades e
desafios do Enfermeiro na Agencia da Assistência. Esc Anna Nery.
Alfenas, MG, v.19, n.1, p.47-53. 2015.

GOULART, A. L; SILVA, M. R; PAULA, A. S; SOUZA, R. A. F.


Implementação do Processo de Enfermagem no setor de Urgência
e Emergência – experiência em estágio supervisionado. In: X
SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA FACULDADE DE
CIÊNCIAS E TECONOLOGIA DE VIÇOSA, 10, 2018, Viçosa.

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124 ANAIS X SIMPAC

A IMPORTÂNCIA DO CAPITAL DE GIRO EM EMPRESAS


DE PEQUENO PORTE

Ana Maria Macedo1, Marli de Oliveira Macedo2, Ana Claudia da


Silva3, Mateus Sousa4

Resumo: Este estudo de caso tem como objetivo mostrar, com base
na observação de uma pequena empresa, como o uso inadequado
do capital de giro e a má gestão dos recursos podem afetar o fluxo
de caixa ao longo dos anos. O desequilíbrio do funcionamento é
visto lentamente, mas de forma constante, levando a dificuldades
financeiras a longo prazo. O roteamento de ativos, de acordo com
Marion (2010, pág. 156), é “a eficiência com que a empresa usa
seus ativos, com o objetivo de gerar vendas reais. Quanto mais for
gerado de vendas, mais eficientemente os ativos serão utilizados”.
A avaliação constantemente do capital de giro possibilita que a
empresa conheça os períodos de sazonalidade e planeje a saída de
recursos para minimizar os impactos dos custos fixos e garantir a
continuidade da empresa.

Palavras – chave: Capital de Giro; Fluxo de Caixa; Mudanças.

Introdução

A palavra giro vem da ideia de movimentação continua dos


recursos que a empresa tem para trabalhar ao longo do mês. Para
Neto e Silva (2010, pág. 14) “o termo giro refere-se aos recursos
correntes (curto prazo) da empresa, geralmente identificados como
aqueles capazes de serem convertidos em caixa no prazo máximo de
1
Graduando em Bacharel em Administração - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA - anaamariamacedo@gmail.com
2
Graduando em Bacharel em Ciências Contábeis - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA - marli_marlioliveira@
hotmail.com
3
Professora do Curso de Administração - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA - anaclaudia@univicosa.com.br
4
Professor do Curso de Ciências Contábeis - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA - contabilidade@.mateus@gmail.
com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 125

um ano”. Já capital é o dinheiro do fundo de uma empresa ou de um


rendimento.

Capital nominal ou social é o investimento inicial feito pelos


sócios na sociedade, acrescidos dos aumentos de capital
feito através das reservas de lucros da sociedade e de novos
aportes de capital pelos sócios e diminuído dos acréscimos de
capital decorrente de eventuais saídas de sócios da empresa
ou da absorção de prejuízos sofridos pela sociedade. (NEVES;
VICENCONTE, 2004. pág. 23)

O capital de giro é essencial ao funcionamento de uma empresa.


Sendo assim, entende-se como capital de giro somente os recursos de
curto prazo investidos pela empresa no Ativo Circulante. O capital
de longo prazo, pelo tempo de liquidez, não deve ser considerado no
giro da empresa uma vez que pode ocasionar atrasos no pagamento
das obrigações. Segundo Padoveze, (2010, pág. 112) “os valores do
Realizável a Longo Prazo não são considerados capital de giro, tendo
em vista sua demorada em realização em dinheiro (...).
Conhecer o giro financeiro de uma empresa leva a
compreender como as contas estão sendo administradas, se o capital
disponível realmente não é suficiente ou se mudanças na estrutura
organizacional e uma racionalização dos produtos comercializados
ou serviços prestados levariam a uma melhora financeira. Além
disso, faz-se necessário saber se o comportamento dos colaboradores
tem influência no giro da empresa uma vez que o andamento das
atividades rotineiras depende do desempenho dos colaboradores.

Metodologias

Este trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa descritiva


e bibliográfica, elaborado a partir de conceitos e definições já
publicados, constituído principalmente de livros e artigos. Segundo
Andrade (1997), na pesquisa descritiva, os fenômenos do mundo físico
e humano são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador.
Os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e

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126 ANAIS X SIMPAC

interpretados, sem que o pesquisador interfira neles. A coleta de


dados foi mediante visitas in loco, usando como principal técnica,
a observação. Segundo Silva e Ferreira (2015), o ato de observar
pode ser também um método de coleta de dados científico e significa
muito mais que ver e ouvir, consiste em apreender além do que
é dito, examinar nas entrelinhas da fala, do comportamento e até
em momentos em que o sujeito não diz nada, mas seus atos falam
por ele. O estudo de caso foi desenvolvido de acordo com o método
de observação numa empresa real e para preservar do nome da
empresa foi utilizado o nome fictício, empresa ABC. Segundo Alves
Mazzoti (2006), os estudos de caso se caracterizam inicialmente por
adotarem diferentes metodologias e serem utilizados não apenas
como modalidade de investigação como também ensino e consultoria.

Discussão

O fluxo de caixa possui curta duração e rápida conversão


de elementos financeiros em outros elementos do mesmo grupo
de contas, de forma continua e permanente. Segundo Padoveze,
(2010, pág. 112) “os valores do Realizável a Longo Prazo não são
considerados capital de giro, tendo em vista sua demorada em
realização em dinheiro (...). A empresa ABC sempre trabalhou com
um Capital de Giro muito curto, não sendo observado a necessidade
de criar um fundo de contingência ou mesmo em trabalhar com uma
folga financeira maior uma vez que, a empresa se sustentava desta
forma. Com essas condições, a empresa desloca recursos do capital
de giro para cobertura de inadimplências e atrasos de pagamento
gerando desfalque no capital de giro.
O prazo de recebimento de clientes, compreendido entre a
venda ou prestação do serviço e o efetivo pagamento pelo cliente,
é muito maior que o prazo de pagamento das contas, chegando a
dois meses o tempo entre o recebimento do serviço prestado e o
pagamento do fornecedor. Para girar seu ativo com eficiência a
empresa precisa encurtar o prazo de recebimento de seus clientes,
assim ela terá em mãos todo o capital necessário para pagar as
contas de curto prazo, tornando o ciclo operacional mais eficiente.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 127

“Uma boa administração do capital de giro envolve imprimir alta


rotação (giro) ao circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de
operações” (NETO; SILVA, 2010, pág. 19).
Foi possível diagnosticar, através da observação, falhas na
cobrança de recebíveis e para isso é necessário o investimento
em softwares que registrem em tempo real da cobrança feita aos
clientes. Assim, evita-se a procrastinação das atividades e faz com
que o capital chegue à empresa mais rapidamente.
O passivo contingente pode ser definido como “(...) parte do lucro
líquido do exercício para formação de reserva para contingências,
que tem por objetivo compensar em ano futuro a diminuição do
lucro, em função de perda julgada provável e cujo valor possa ser
estimado” (ALMEIDA, 2005, pág. 170).
O Brasil viveu no ano de 2016 um grande boom econômico
levando a um aumento nos gastos tanto de pessoas físicas quanto
jurídicas. Em 2017, com o cenário econômico retornando a recessão,
a empresa ABC, que não estava preparada para grandes alterações
do mercado, sofreu com a falta de novos clientes e o aumento da
inadimplência causado pelo desemprego. Foi inevitável, pela
falta de planejamento financeiro, mergulhar em uma profunda
crise econômica. A falta de capital levou os gestores ao uso de
financiamento do passivo circulante com o capital próprio o que
acaba sendo corriqueiro em pequenas e médias empresas. No
entanto, essa prática fere a Resolução CFC Nº 774 de 16 de dezembro
de 1994, que determina:

“Art. 4° O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio


como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial,
a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular
no universo dos patrimônios existentes, independentemente
de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma
sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade,
com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção,
o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou
proprietários, no caso de sociedade ou instituição.” (CFC Nº
774 de 16 de dezembro de 1994)

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


128 ANAIS X SIMPAC

A empresa possui uma boa movimentação financeira, possui


uma clientela fiel e a entrada e saída de clientes é sempre muito
próxima, sendo assim, a rotatividade afeta muito pouco o fluxo
de caixa da empresa. “Conceitualmente, o fluxo de caixa é um
instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de
recurso monetários no âmbito de uma empresa em determinado
intervalo de tempo” (NETO; SILVA, 2010, pag. 39). Observa-se que
a movimentação de clientes da empresa é grande e deveria gerar
capital de giro suficiente para trabalhar com folga financeira, mas a
gestão indevida e as retiradas de dinheiro pelos sócios que não são
previstos faz com que a empresa trabalhe no vermelho na maioria
dos meses. As obrigações financeiras da empresa são cumpridas,
mas nem todos são pagas em dia, o que acaba gerando prejuízos
para a empresa uma vez que há incidência de juros e multas pelos
atrasos.

Considerações Finais

Observa-se que a empresa ABC necessita de um planejamento


financeiro para evitar o endividamento e para possibilitar
investimentos internos. O que não é observado é a necessidade
de uma conta com uma reserva financeira para que a empresa
tenha capital para incrementar os negócios e possibilitar novos
investimentos para aumentar a lucratividade da empresa. Os
custos fixos são administrados com um capital de giro apertado,
mas que é suficiente para cobrir suas dívidas. Sugere-se o inicio de
um planejamento para a capacitação dos funcionários para que a
empresa obtenha uma efetiva cobrança dos clientes inadimplentes;
cumprir com efetividade as regras contratuais, evitando que
a empresa arque com custos dos clientes; a criação de um fundo
emergencial para evitar que os gastos sazonais afetem o giro do
capital destinado as contas fixas; controlar o tempo de execução de
atividades dos colaboradores, evitando que a procrastinação das
cobranças e das pendências diárias afete o andamento da empresa;
uso de tecnologia para otimizar as atividades diárias e para
manutenção do ritmo de desenvolvimento das atividades; tornar

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 129

o ciclo operacional mais eficiente, evitando que falte capital para


cobertura das obrigações; acompanhar as mudanças do mercado,
para que a empresa saiba o quanto seus concorrentes estão se
desenvolvendo;
A reestruturação na organização da empresa, as decisões
tomadas de forma mais ágil e gestores que estejam mais próximos
dos clientes e que acompanham as mudanças tecnológicas e de
mercado, fariam com que a empresa se tornasse mais dinâmica e
os clientes mais satisfeitos. Em uma cidade de pequeno porte, a
propaganda do tipo boca a boca é tão eficiente quanto um plano de
marketing bem elaborado, e a satisfação do cliente é fundamental
para a manutenção de um negócio. A conclusão de que não só o setor
financeiro precisa de se reestruturar trará consequências positivas
para toda a empresa e pode alavancar a entrada de recursos e o
equilíbrio das finanças proporcionando não só o pagamento do
passivo circulante mas um investimento em melhorias para
proporcionar o crescimento da empresa.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, M. C., Curso Básico de Contabilidade; 5 ed. – São


Paulo: Atlas 2005.

ALVEZ MAZZOTI, Alda Judith. Usos e abusos dos estudos


de caso. Caderno de Pesquisa, Rio de Janeiro, v. 36, nº. 129,
setembro/dezembro, 2006, p. 637-651.

ANDRADE, M.M. Introdução à Metodologia do Trabalho


Científico. 2ª ed .São Paulo: atlas, 1997.

BRASIL. RESOLUÇÃO CFC Nº 774 de 16 de dezembro de


1994. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/
legislacao/resolucaocfc774.htm>. Acessado em 11/03/2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


130 ANAIS X SIMPAC

MARION, J. C.; Análise de Demonstrações Contábeis:


Contabilidade Empresarial. 6 ed.- São Paulo: Atlas, 2010.

NETO A. A; SILVA C. A. T.; Administração de Capital de


giro. 3 ed. – 10. Reimpr. São Paulo: Atlas 2010.

NEVES, S. das; VICECONTI, P. E. V.; Contabilidade Básica;


ed. rev. ampl.13; São Paulo: Frase, 2006.

PADOVESE, C. L.; Contabilidade Gerencial: enfoque em


sistema de informação contábil. 7 ed. São Paulo: Atlas 2010.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 131

PRODUÇÃO DO BIODIESEL A PARTIR DO ÓLEO DE


SOJA RESIDUAL

Ana Paula de Assis Vieira1, Svetlana Fialho Soria Galvarro2

Resumo: O óleo residual é considerado o composto mais poluente


de águas doces e salgadas das regiões mais adensadas do país.
Apenas um litro de óleo consome o oxigênio de até vinte mil litros de
água. Atualmente, as fontes de energia renováveis assumem papel
de destaque no mundo contemporâneo devido à possibilidade de
escassez de reservas de petróleo, aos preços elevados dos combustíveis
fósseis e à poluição ambiental. Na busca por essas fontes de energia
renováveis destaca-se a produção de biocombustível, em especial, o
biodiesel. Objetivou-se, por meio do presente estudo, utilizar o óleo
residual dos processos de frituras para produzir combustível menos
poluente ao meio ambiente por meio da transesterificação. Foram
analisadas as seguintes etapas do processo: coleta do óleo residual,
caracterização e pré-tratamento da matéria-prima, produção do
biodiesel através da reação de transesterificação via catalítica
básica utilizando o hidróxido de potássio (KOH) como catalisador e
álcool metanol, além das análises físico-químicas do produto final.
As análises do óleo residual de soja foram satisfatórias de acordo
com os limites estabelecidos pela ANP, evidenciando possibilidade
concreta da utilização de óleos de soja residuais provenientes do
processo de fritura como matéria-prima para obtenção de biodiesel.

Palavras–chave: Biocombustível, energia renovável, impacto


ambiental, sustentabilidade, transesterificação

1
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: anapaula_assisvieira@
hotmail.com
2
DSc. em Engenharia Agrícola, Professora do curso de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA
e-mail:svetlana.eng@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


132 ANAIS X SIMPAC

Introdução

O biodiesel é um combustível com propriedades muito


semelhantes às do diesel fóssil, sendo assim é considerado uma
excelente alternativa a este derivado de petróleo. Pode ser utilizado
puro (B100) ou ainda misturado com o gasóleo fóssil (Bxx), em
motores diesel, trazendo vantagens em termos de emissões e de
desgaste do motor (MAURÍCIO, 2008).
No Brasil existem diferentes fontes oleaginosas com potencial
de serem usadas na produção de biodiesel como óleos vegetais,
gorduras animais e óleos e gorduras residuais. Devido ao baixo
custo, matérias-primas acessíveis como óleos e gorduras residuais
tem chamado atenção de produtores de biodiesel. Além de remover
do meio ambiente um composto indesejado descartado, em geral,
de forma inadequada em redes de esgotos causando impactos ao
solo e lençol freático, promove a geração de uma fonte de energia
renovável e menos poluente (PARENTE,2003).
Diante da visibilidade e importância crescente do tema
ambiental e a fim de minimizar os impactos negativos decorrentes
do descarte inadequado dos óleos residuais veio a motivação para
a realização deste estudo que envolve desde a etapa da reciclagem
óleo residual de fritura, passando pela produção e caracterização do
biodiesel com essa matéria-prima.

Material e Métodos

O procedimento de produção do biodiesel a partir do óleo


residual de fritura por meio de transesterificação descrito no
presente estudo trata-se de um processo a nível laboratorial e segue
a metodologia proposta por Silva (2008).
Foi coletado um volume mínimo de um litro de óleo residual
proveniente do processo de fritura, fornecido por um restaurante
localizado na cidade de Viçosa-MG que foi denominado de A, para a
realização da pesquisa sobre produção de biodiesel a partir do óleo
reciclado.
Inicialmente o óleo residual passou pelo processo de filtração a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 133

vácuo para eliminação de impurezas. Em seguida, foram realizadas


análises com a intenção de caracterizar os óleos e, assim, utilizá-
lo como matéria-prima para produção de biodiesel. A partir das
análises realizadas foram determinados os seguintes parâmetros:
Índice de acidez e Porcentagem de ácidos graxos livres.

a) Índice de acidez e porcentagem de ácidos graxos


Determinou-se a porcentagem de ácidos graxos livres nos óleos
residuais, por meio de titulação. Para determinar o índice de acidez
pesou-se 2,503 g do óleo residual, em um Erlenmeyer. Preparou-se
uma mistura de álcool etílico e éter etílico na proporção de 2:1 em
volume. Adicionou-se 60 ml desta mistura ao Erlenmeyer e 3 gotas
de fenolftaleína. Em seguida, realizou-se a titulação da solução com
hidróxido de potássio (KOH) 0,01 M. Foi feita a titulação do branco,
ou seja, 60 ml da mistura de éter etílico e álcool etílico e 3 gotas de
fenolftaleína sem adicionar o óleo.

b) Pré-tratamento da matéria prima


Foram adicionados 400 ml (370,6g) de óleo residual a um
béquer e aquecido em banho-maria até que atingiu a temperatura
de, aproximadamente, 40°C. Em seguida, foi adicionado 3,71 g de
sulfato de magnésio anidro e agitado durante 15 minutos com a
intenção de garantir a ausência de água e facilitar o processo de
reação química. A mistura foi submetida à filtragem a vácuo
novamente e obteve-se um volume de óleo tratado de 380 ml (333,1
g).

c) Processo de produção do biodiesel


O biodiesel foi obtido através da reação de transesterificação via
catalítica básica utilizando o hidróxido de potássio (KOH) como
catalisador e álcool metanol. No presente trabalho, foi necessário
simular o funcionamento do reator em laboratório e para isso
utilizou-se um misturador magnético de chapa aquecida.
Para iniciar o processo de produção do biodiesel foi pesada a
quantidade de hidróxido de potássio e metanol anidro, utilizando

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


134 ANAIS X SIMPAC

razão molar (óleo: álcool) de (1:6) na presença de 1% de KOH.


Pesou-se 73,35 g (92,6 ml) de metanol anidro e 4,065 g de hidróxido
de potássio, em seguida, diluiu-se no reator sob agitação constante,
formando metóxido de potássio. Após solubilizar totalmente o
catalisador, adicionou-se lentamente o óleo aquecido anteriormente
na etapa de pré-tratamento sob agitação durante 45 minutos,
ocorrendo a reação de transesterificação sob temperatura ambiente
(23º C).
Quando a reação cessou, transferiu-se a mistura para um
funil de decantação e deixou-se descansar por 48 h, sem exposição
à luz e, assim, ocorreu a separação das fases (biodiesel e glicerina).
Como a glicerina é mais densa do que o biodiesel, ficou localizada na
parte inferior do funil, enquanto o biodiesel ficou disposto na parte
superior. Recolheu-se toda a glicerina por escoamento. Obteve-se
um volume do biocombustível de 355 ml.

Lavagens do Biodiesel
Na primeira etapa, o biodiesel foi lavado com água a 70°C
sendo 15% do volume do biocombustível (53,25 ml de água), logo
após foi lavado com solução aquosa de ácido clorídrico 0,5 v/v ,5%
do volume inicial do biodiesel (17,75 ml de HCl). Em seguida, foi
lavado novamente com água a 70° C sendo 10% do volume inicial do
biodiesel (35,5 ml de água). Após cada lavagem, deixou-se a mistura
em repouso até promover a separação de fases. Este procedimento
foi repetido até a remoção completa dos contaminantes do biodiesel
e obtenção de pH neutro e rendimento de 87,32%, sendo que o
obtido por SILVA (2008) foi de 94,3 %. Assim sendo, o biodiesel
produzido teve um rendimento satisfatório, considerando que
houve interferências como quantidade de catalisador, temperatura
e tempo de reação.

Remoção da Umidade
Adicionou-se 1% do volume de biodiesel purificado de sulfato de
magnésio anidro (10,74 g) com o objetivo de remover a água presente
no biocombustível. Em seguida, filtrou e obteve-se o biodiesel puro.
Foram realizados alguns testes característicos em triplicata para

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 135

as análises físico-químicas, como aspecto, densidade, índice acidez e


teor de umidade. Seguiu-se a metodologia estabelecida pela portaria
25/2014 da ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural) e
compararam-se os resultados obtidos no experimento com os valores
da norma.

Resultados e Discussão

A qualidade do biocombustível produzido em escala


laboratorial foi determinada a partir de análises físico-químicas,
cujos resultados obtidos estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Densidade (kg/m3), Índice de Acidez (mg KOH/g), Teor


de umidade (mg)
Biodiesel obtido a partir Resolução ANP,
Ensaios
do óleo de soja residual 2004
Límpido e isento de Límpido e isento de
Aspecto
impurezas impurezas
Densidade 881,78 850 a 900
Índice de
0,33 <0,5
Acidez
Teor de
126,2 <200
umidade

Conforme a ANP, o biodiesel é classificado límpido e isento de


impurezas quando há ausência de contaminantes, como impurezas
ou turvação. Portanto, não houve constatação destes contaminantes
no biodiesel produzido neste experimento, encontrando-se nas
especificações citadas.
Quanto maior o comprimento da cadeia carbônica do
alquiléster, maior será a densidade, por outro lado, este valor
diminuirá quanto maior for o número de insaturações presentes na
molécula (LOBO; FERREIRA; CRUZ, 2009). O índice de acidez (IA)
está relacionado com a quantidade em mg de hidróxido de potássio
(KOH) necessária para neutralizar os ácidos graxos livres presentes

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


136 ANAIS X SIMPAC

em 1g de óleo. Assim sendo, quanto maior for o IA, maior volume


de base será consumido na titulação, justamente pela liberação
desses íons hidrogênio (LIMA et al., 2015). Após a titulação para o
biodiesel, gastou-se um volume de 1,6 x 10-3 L e 0,3 x 10-3 L para o
branco.
Conclusões

Os parâmetros analisados além de estarem adequados aos


limites estabelecidos pela ANP, também evidenciam a possibilidade
de utilizar óleos residuais de fritura como fonte de matéria-prima
para produção do biodiesel. Todavia, para resultados ainda
mais satisfatórios, é necessária a realização de outros testes de
caracterização do biocombustível tais como ponto de fulgor e ponto
de combustão que poderiam apresentar as consequências do uso
desse biodiesel nos motores veiculares.

Referências Bibliográficas

LIMA, D. R. de. Produção de ésteres etílicos (biodiesel) a


partir da transesterificação básica de óleo residual. 2008 .
185f. Dissertação (Mestrado em desenvolvimento de Processos
Químicos) – Curso de Engenharia Química, Universidade de
Campinas – UNICAMP, Campinas, 2008.

LOBO, I. P; FERREIRA, Sérgio Luis Costa and CRUZ, Rosenira


Serpa da. Biodiesel: parâmetros de qualidade e métodos analiticos.
Quím Nova[online]. 2009, vol .32, n.6, pp. 1596-1608. INSS 0100-
4042. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422009000600044. 

MAURÍCIO, S.S.S. A produção de Biodiesel a partir de Óleos


Alimentares Usados. 2008. 200f. Dissertação ( Mestrado em
Engenharia Ambiental) – Universidade de Aveiro, Portugal, 2008.

PARENTE, E. J. S. Biodiesel: Uma aventura tecnológica num país


engraçado. Fortaleza: Unigráfica, 2003.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 137

SILVA, L. de L. Estudos de óleos residuais oriundos de


processo de fritura e qualificação desses para obtenção de
monoésteres (biodiesel). 2008. 65f. Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento e pesquisa de processos regionais) – Curso de
Engenharia Química, Universidade Federal de Alagoas, Maceió,
2008.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


138 ANAIS X SIMPAC

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS COM ÊNFASE EM


MEIO FÍSICO NA IMPLANTAÇÃO DE UMA BARRAGEM
EM ATERRO PARA ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO
MUNICÍPIO DE VIÇOSA/MG

Gian Fonseca dos Santos1, Anderson Nascimento Milagres2,


Klinger Senra Rezende3, Adonai Gomes Fineza4

Resumo: A construção de uma barragem para abastecimento urbano


é importante para a população, mas afeta a flora (vegetação) e a
fauna (animais), todavia, estes elementos têm íntima dependência
com diversos fatores abióticos (não bióticos, físicos). Neste contexto,
a avaliação de impacto ambiental é de suma importância para
antever possíveis problemas. O objetivo principal deste trabalho foi
realizar um estudo de impacto ambiental, gerado pela construção
de uma barragem em aterro para abastecimento de água no
município de Viçosa-MG, frente ao contexto hídrico em que a região
se encontra. O trabalho terá ênfase em caracterização de meio físico,
através de levantamentos geológicos, geomorfológicos, pedológicos,
climatológicos e recursos hídricos. A metodologia utilizada para
a realização do diagnóstico dos possíveis impactos ambientais
proveniente da implantação da barragem baseou-se em coleta de
dados primários e pesquisa bibliográfica de dados secundários. O
Estudo analisou e levantou os impactos negativos mais importantes
decorrentes da implantação e operação de uma barragem e indicou
as medidas necessárias para a mitigação dos principais impactos
negativos levantados no estudo.

Palavras–chave: Caracterização, população, mitigadora,


segurança

1
Graduado em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gianfonseca7@gmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: anmilagres@gmail.com
3
Professor do curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: klingers15@hotmail.com
4
Gestor do curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: engcivil@univicosa.com.br

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ANAIS X SIMPAC 139

Introdução

A água é um recurso natural essencial, seja como componente


bioquímico de seres vivos, como meio de vida de várias espécies
vegetais e animais, como elemento representativo de valores sociais
e culturais e até como fator de produção de vários bens de consumo
final e intermediário (GOMES, 2011).
A construção de uma barragem afeta a flora (vegetação) e a
fauna (animais), todavia, estes elementos têm íntima dependência
com diversos fatores abióticos (não bióticos, físicos), tais como: solo,
clima, água. Neste contexto, a avaliação de impacto ambiental é
de suma importância para antever possíveis problemas, sendo
constituída de uma série de procedimentos legais, institucionais
e técnico-científicos que visam identificar os possíveis impactos
decorrentes da futura instalação da barragem e prever a sua
magnitude, bem como avaliar sua importância, mensurada por
meio do grau de significância, considerando dois cenários: um
com a implantação do barramento e outro sem a implantação do
empreendimento (VIEIRA et al, 2011).
O objetivo deste trabalho é realizar um estudo de impacto
ambiental, gerado pela construção de uma barragem em aterro
para abastecimento de água no município de Viçosa-MG, frente
ao contexto hídrico em que a região se encontra. O trabalho terá
ênfase em caracterização de meio físico, através de levantamentos
geológicos, geomorfológicos, pedológicos, climatológicos e recursos
hídricos.

Material e Métodos

A metodologia utilizada para a realização do diagnóstico


dos possíveis impactos ambientais provenientes da implantação
da barragem baseou-se em coleta de dados primários, ou seja,
levantamento de informações no campo e, além disso, realizou-se o
levantamento de dados secundários, que foram os estudos prévios
realizados na Área de Influência Direta, em órgãos do governo
estadual (Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAM, Fundação

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


140 ANAIS X SIMPAC

Estadual do Meio Ambiente - FEAM e SEMAD-MG) ou federal


(EMBRAPA, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM,
Instituto Nacional de Meteorologia - INMET etc.) e instituições de
ensino e pesquisa.
O que norteou a avaliação dos impactos ambientais da
construção da barragem foi à coleta de dados primários, com
isso foi possível caracterizar adequadamente os aspectos do meio
físico na Área de Influência Direta (AID). Assim realizaram-se
os caminhamentos para o levantamento dessas informações em
campo em abril de 2017, esses dados foram levantados ao longo
das drenagens e em áreas alagáveis pós-construção da barragem.
A Área Diretamente Afetada (ADA) foi considerada como sendo
formada pelas áreas inundáveis pelas duas barragens que serão
construídas como mostra a Figura 1.

Figura 1 - Detalhe do limite da Área Diretamente Afetada (ADA)


(Fonte: Google Earth, 2017).

Resultados e Discussão

Durante a fase de implantação das barragens haverá a


movimentação de terra e consequentemente utilização de máquinas
para realizar esta atividade, estas máquinas e o solo de empréstimo
causará emissões atmosféricas, além de outras alterações no

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 141

ambiente como ruídos, alterações da compactação do solo e


modificação da qualidade da água.
As emissões atmosféricas nas fases de implantação e
operação estarão associadas à movimentação de caminhões e
máquinas, que ocasionarão no aumento das emissões de gases
veiculares (principalmente CO2) e de material particulado do solo,
abrangendo principalmente a Área Diretamente Afetada (ADA) e a
Área de Influência Direta (AID) do empreendimento. Apresenta-se
a seguir a avaliação do impacto ambiental em função das atividades
geradoras do mesmo.

 Negativo: Durante as obras de implantação das barragens


espera-se a alteração da qualidade do ar nas áreas de
entorno, decorrente, principalmente, da emissão de material
particulado, por ressuspensão, e outras emissões relacionadas
aos gases veiculares (queima de combustível fóssil). Ainda
que não se ultrapassem os padrões estabelecidos pela
legislação brasileira, as emissões atmosféricas podem alterar
negativamente a qualidade do ar;
 Direto: O impacto é direto, derivado da circulação de
veículos e das partículas de solo em suspensão causando
emissões atmosféricas;
 Certo: As emissões são inerentes à implantação das
barragens, portanto, certamente ocorrerão;
 Médio/longo prazo: O impacto é de curto prazo e se
desenvolverá a partir das obras de implantação das barragens,
através da movimentação de veículos e movimentação de
terra;
 Contínuo: As emissões e seus respectivos impactos se
darão de forma contínua, principalmente com relação à
movimentação de veículos, ainda que os quantitativos de
emissão possam variar ao longo da implantação, devido às
atividades executadas para o processo de implantação;
 Temporária: Este impacto ocorrera durante somente a fase
de implantação das barragens;
 Reversível: Uma vez terminado a implantação, as emissões

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


142 ANAIS X SIMPAC

deixariam de ocorrer e, deste modo, também as alterações na


qualidade do ar da região;
 Baixa Magnitude: Mesmo considerando que a qualidade do
ar permanecerá dentro dos padrões estabelecidos legalmente,
haverá alteração não expressiva da qualidade ambiental na
área;
 Fora da ADA: Os impactos ultrapassam os limites do
empreendimento (ADA) e se estenderão à sua Área de
Influência Direta (AID).

Tendo em vista as características acima descritas, este


impacto, foi considerado como Significativo.
O risco de contaminação do solo é ocasionado principalmente
pelos acidentes no lançamento de efluentes dos banheiros químicos e
acidentes com veículos para implantação das barragens. Apresenta-
se a seguir a avaliação desse impacto ambiental em função das
atividades geradoras do mesmo.

 Negativo: Caso ocorra o derramamento ou disposição


de efluentes e resíduos no solo ou cursos d’água de forma
descontrolada, as alterações em sua qualidade podem
resultar em impedimentos ao uso, processos de salinização do
solo e em redução da capacidade de suporte à vida aquática,
portanto, em perdas expressivas da qualidade ambiental;
 Direto: Caso ocorra, a contaminação será relacionada
diretamente à acidentes ou à disposição inadequada.
 Provável: Não haverá lançamento de efluentes, mesmo
tratados, em corpos d’água e todas as medidas preventivas
necessárias para a não ocorrência deste impacto serão
adotadas no empreendimento;
 Curto: A alteração da qualidade da água e do solo se dá
de forma imediata, no caso de aporte dessas substâncias às
drenagens naturais;
 Descontínuo: Considerando que se trata de impacto
passível de ocorrência, não possuindo ocorrência certa, a
alteração da qualidade das águas superficiais/subterrâneas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 143

e do solo poderá se dar apenas episodicamente, portanto, de


forma descontínua;
 Temporário: O impacto cessará após o encerramento do
aporte das substâncias poluidoras e de sua diluição no corpo
d’água ou remediação/tratamento para o solo contaminado;
 Reversível: Tanto os corpos hídricos quanto o solo, podem ser
tratados e apresentam, dependendo do impacto, recuperação
natural de forma a adquirirem as características originais;
 Média Magnitude: No caso de ocorrência desse impacto,
a perda de qualidade ambiental poderá ser expressiva, com
efeitos sobre a fauna aquática e sobre os usuários da água;
 Fora da ADA: Caso ocorra, este impacto poderá ter
abrangência espacial na Área de Influência Direta.

Tendo em vista as características descritas, o impacto foi


avaliado como Significativo.
A redução da disponibilidade hídrica poderá ser ocasionada
pela utilização de recursos hídricos através da atividade de
compactação, contribuindo desta maneira para a redução deste
recurso natural nas áreas de captação.
Apresenta-se a seguir a avaliação do impacto ambiental em
função do consumo de água para fins de implantação.

 Negativo: Este impacto poderá reduzir a disponibilidade


hídrica na região do empreendimento;
 Direto: O impacto é direto derivado da captação de água
superficial;
 Certa: A captação de água é essencial para a correta
compactação, sendo certa de ocorrer;
 Curto prazo: Os impactos são causados apenas na fase
de compactação do solo, devendo evitar principalmente em
épocas de forte estiagem;
 Contínuo: A captação de água irá ocorrer durante toda a
etapa de implantação;
 Temporária: Será utilizada apenas na fase de implantação
das barragens;

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


144 ANAIS X SIMPAC

 Reversível: Uma vez cessada a captação d’água, a redução


da disponibilidade deixa de existir;
 Baixa Magnitude: Com base nos volumes usualmente
consumidos em empreendimentos semelhantes estima-se
que os cursos d’água existentes na região têm tem capacidade
suficiente para fornecimento de água;
 Fora da ADA: A redução da disponibilidade hídrica poderá
afetar a AID.

Tendo em vista as características acima descritas e levando


em conta que o empreendimento é proposto para que se tenha uma
maior disponibilidade hídrica, este impacto, foi considerado como
Pouco Significativo.
Medidas mitigadoras e compensatórias alteração da
qualidade do ar: Manutenção de vias de circulação com a aspersão
de água; manutenção periódica visando à boa qualidade da frota
de veículos utilizados; visando assim a adequação das emissões
atmosféricas aos padrões de lançamento já prescritos na Resolução
CONAMA 382/2006.
Medidas mitigadoras e compensatórias a risco de
contaminação do solo e coleções hídricas: As medidas a
serem adotadas para a disposição final dos efluentes e resíduos no
empreendimento apresentam-se como medidas de controle para
minimizar/evitar os impactos ambientais durante a etapa de
implantação, especialmente em relação à gestão dos efluentes, de
maneira a se evitar possíveis contaminações de solo e água.
Medidas mitigadoras e compensatórias a redução da
disponibilidade hídrica: O empreendimento utilizara de forma
racional para a correta compactação do solo, de forma a reduzir a
vazão captada.

Conclusões

O Estudo de Impacto Ambiental-EIA analisou e levantou


os impactos positivos e negativos mais importantes decorrentes
da implantação e operação de uma barragem em aterro para

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 145

abastecimento de água em Viçosa, além disso, indicou as


medidas necessárias para a mitigação dos principais impactos
negativos levantados no estudo. Todas as medidas mitigadoras
e compensatórias deverão ser implementadas para redução dos
impactos gerados.

Referências Bibliográficas

GOMES, M. A. F. Água: sem ela seremos o planeta Marte de


amanhã. EMBRAPA, 2011.
VEIRA, C. F. C. et al. Estudo de impacto ambiental da barragem
do rio colônia eia/rima. Secretaria de Desenvolvimento Urbano -
Bahia. 2011.

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146 ANAIS X SIMPAC

GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO MAPEAMENTO


DAS ÁREAS DE RISCOS DE INUNDAÇÃO PARA O
MUNICÍPIO DE PONTE NOVA - MG

Anderson Nascimento Milagres1, Gian Fonseca dos Santos2,


Klinger Senra Rezende3, Adonai Gomes Fineza4, Alixandre
Sanquetta Laporti Luppi5

Resumo: A inundação é o transbordamento da água da calha normal


de rios, mares, lagos e açudes, ou acúmulo de água por drenagem
deficiente, em áreas não habitualmente submersas. As principais
condições naturais para a ocorrência de inundações são relevo, tipo
de precipitação, cobertura vegetal e capacidade de drenagem. Já as
principais condições artificiais são obras hidráulicas, urbanização,
desmatamentos, reflorestamento e uso agrícola. Os objetivos do
tralham foram aplicar o geoprocessamento utilizando o método
AHP (Analytic Hierarchy Process) para determinação de um
modelo matemático para elaboração do mapeamento das áreas de
riscos de inundação do município de Ponte Nova – MG. Para isso,
realizou-se a reclassificação das classes e foram obtidos os mapas
que serão utilizados para elaboração do mapeamento das áreas de
risco de inundação para o Município de Ponte Nova. O mapa de
uso e ocupação da terra teve a maior parte de sua área composta
por pastagem. As maiores altitudes foram verificadas que estão na
periferia do município e as menores altitudes na parte central do
município. As áreas de Risco de Inundação são mapeadas com o
1
Graduado em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
anmilagres@gmail.com;
2
Graduado em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
gianfonseca7@gmail.com;
3
Professor do curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: klingers15@hotmail.com;
4
Gestor do curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
engcivil@univicosa.com.br.
5
Engenheiro Agrônomo – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
alixandregeoinfo@gmail.com.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 147

intuito principal de proteger e alertar a população sobre tais riscos.


As notas e os pesos encontrados foram satisfatórios, comprovando
a validade do método AHP. O mapeamento de risco de inundação
foi preciso, comparando as áreas de risco com o real em campo. As
classes utilizadas para o mapeamento foram sensatas, onde todas
tem grande relação com risco de inundação.

Palavras–chave: Habitação, mapas, população, precipitação,


segurança

Introdução

É importante relevar que existe uma diferença entre os


fenômenos inundação e enchente (DEFESA CIVIL NACIONAL,
1996). A inundação é o transbordamento da água da calha normal
de rios, mares, lagos e açudes, ou acúmulo de água por drenagem
deficiente, em áreas não habitualmente submersas, enquanto que
a enchente é a elevação do nível de água de um rio, acima de sua
vazão normal.
Segundo Tucci (2003) as principais condições naturais para a
ocorrência de inundações são relevo, tipo de precipitação, cobertura
vegetal e capacidade de drenagem. Já as principais condições
artificiais são obras hidráulicas, urbanização, desmatamentos,
reflorestamento e uso agrícola.
O objetivo do trabalho foi aplicar o geoprocessamento utilizando
o método AHP (Analytic Hierarchy Process) para determinação de
um modelo matemático para elaboração do mapeamento das áreas
de riscos de inundação do município de Ponte Nova – MG.
Os resultados obtidos por este projeto têm uma aplicação
direta em vários setores da sociedade. Com relação aos resultados
diretos são o mapeamento das áreas inundáveis e o conhecimento
das localidades, edificações e avenidas afetadas, permitindo a rápida
remoção de pessoas e bens materiais atingidos por determinada
cota de inundação. (ECKHARDT, 2008).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


148 ANAIS X SIMPAC

Material e Métodos

A base de dados espaciais e informações cartográficas


necessária para a geração do presente estudo foi fornecida pelo Portal
De Metadados Geoespaciais da Ana - GeoNetwork –, que se trata
de uma base envolvendo banco de dados e uma base cartográfica
digital sendo os seguintes planos de informação utilizados no
formato “shapefiles” (.shp) (ArcGis /ArcInfo):
- Uso e ocupação do solo em moderada resolução espacial
(10m) da bacia do rio doce
- Modelo digital de elevação (mde) de moderada resolução
espacial (células de 10m) da bacia do rio doce
Para cada classe mapeada foram estabelecidas notas variando
de 0 a 10 de acordo com o grau de susceptibilidade a inundação,
utilizando a técnica da reclassificação espacial, utilizando o comando
RECLASSIFY, disponível no módulo Arc Toolbox do aplicativo
computacional ArcGIS 10.1.
Após a elaboração do mapeamento do Índice de Risco de
Inundação no município de Ponte Nova, MG, dar-se-á início a um
estudo estatístico (razão de consistência- RC) correlacionando as
áreas de inundação com cada classe introduzida no modelo.

Resultados e Discussão

Após a reclassificação das classes foram obtidos os mapas que


serão utilizados para elaboração do mapeamento das áreas de risco
de inundação para o Município de Ponte Nova. O mapa de uso e
ocupação da terra reclassificado, teve a maior parte de sua área
composta pela nota 4, correspondente á pastagem.
No mapeamento da altitude ficou evidenciado que as maiores
altitudes estão na periferia do município e as menores altitudes
na parte central do município. O mapa de declividade apresentou
em 89,68% da área do município de Ponte Nova, áreas com altas
declividades acima de 8%.
De posse da matriz de comparação avalia-se a importância
de cada classe, ou seja, o peso dos fatores de uso do solo, altitude

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 149

e declividade que cada uma terá na realização da multiplicação


dos mapas, para criação do mapa de risco de inundação. Após
isto verificou que a classe declividade teve maior peso, porém não
passando de 50%, o que é importante, para não afetar muito no
mapeamento final.
De acordo com os pesos foi estabelecida a razão de consistência
(RC), onde deve ser menor que 0,1, para avaliar se os pesos calculados
foram verídicos, neste caso o RC encontrado foi de 0,001, ou seja,
99,9% de precisão no modelo. Através dos pesos calculados com a
metodologia proposta por Saaty (1997) e dos mapas reclassificados
de acordo com suas classes, é possível montar o modelo de Índice
de Risco de Inundação (IRI). Os mapas foram multiplicados pelos
seus respectivos pesos e somados, para então finalizar a elaboração
do mapeamento de risco de inundação para o Município de Ponte
Nova, MG, segundo a Figura 1.
Tabela 1: Pesos aplicados pela metodologia de Saaty (1997)
Uso do Solo Declividade Altitudes
Uso do Solo 1.000 0.667 0.400
Declividade 1.500 1.000 0.667
Altitudes 2.500 1.500 1.000

O mapa de risco de inundação para o Município de Ponte Nova,


MG, apresenta as áreas de hidrografia coincidindo com as áreas
de maior risco de inundação, pois são áreas altamente propícias à
inundação, afirmando a precisão do mapeamento. A Figura 2 mostra
a coincidência das áreas de risco de inundação com a hidrografia do
Município de Ponte Nova, MG.
As áreas de Risco de Inundação são mapeadas com o intuito
principal de proteger e alertar a população sobre tais riscos. Deste
modo avaliaram-se as áreas de inundação com as áreas urbanas e
edificadas, para saber em que área de risco de inundação encontra-
se a população, para alertar a mesma quanto a sua habitação.
Sendo assim a Figura 1 demonstra que foram encontrados
3,85% da população sobe a condição de baixo risco de inundação,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


150 ANAIS X SIMPAC

96,13% sob condição de médio risco e 0,02% sob a condição de alto


risco de inundação. Deste modo a população deve estar sempre
alerta com situações de alta precipitação, principalmente pessoas
que moram próximo á açudes, lagos e leitos de rios.

Figura 1 - Mapa de risco de inundação para o Município de Ponte


Nova, MG.

Figura 2 - Comparação da Hidrografia com as áreas de risco de


inundação para o Município de Ponte Nova, MG.

Conclusões

As notas e os pesos encontrados foram satisfatórios (Tabela


1), comprovando a validade do método AHP (Analytic Hierarchy
Process) proposto por Saaty (1997).
O mapeamento de risco de inundação foi preciso, comparando
as áreas de risco com o real em campo.

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ANAIS X SIMPAC 151

As classes utilizadas para o mapeamento foram sensatas,


onde todas tem grande relação com risco de inundação.
O centro do Município de Ponte Nova deve possuir
acompanhamento técnico durante as épocas de maiores
precipitações, pois se encontra em zonas na sua maioria de médio
risco de inundação.
A fundamental importância do mapeamento é direcionar e/
ou fundamentar as medidas a serem tomadas pelos órgãos públicos
no sentido de mitigar ou atenuar os efeitos das inundações nessas
areas

Referências Bibliográficas

DEFESA CIVIL NACIONAL. Manual de Desastres. Brasília:


Ministério do planejamento e orçamento, 1996.

ECKHARDT, R. R. Geração de modelo cartográfico aplicado ao


mapeamento das áreas sujeitas às inundações urbanas na cidade de
Lajeado/RS. Porto Alegre, 2008. Dissertação. Universidade Federal
Do Rio Grande Do Sul – UFRGS.

SAATY. T. H. A Scaling method form priorities in hierarquical


structures. Journal of Mathematical Psychology, v.15, n. 3, p. 234-
281, 1997.

TUCCI, Carlos EM, and Juan Carlos Bertoni. Inundações urbanas


na América do Sul. Ed. dos Autores, 2003.

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152 ANAIS X SIMPAC

INFLUÊNCIA DO RESÍDUO GRITS DA FABRICAÇÃO DA


CELULOSE NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE UMA
ARGAMASSA

André Luís de Oliveira Júnior1, Adonai Gomes Fineza2, Marcell


José Andrade Oliveira3

Resumo: A utilização de materiais reciclados na construção pode


se configurar num importante canal de eliminações de resíduos
urbanos que de outra forma seriam depositados em qualquer
lugar aumentando o custo de deposição e tratamento, afetando o
meio ambiente de forma agressiva e sem controle. Objetivou-se
nessa pesquisa avaliar o efeito da substituição de 10%, 15% e 20%
do agregado miúdo (areia quartzosa) por resíduo grits em uma
argamassa e estudar as propriedades mecânicas de tração na flexão
e compressão da argamassa ecológica. Os resultados demonstraram
que a inserção de resíduo grits na argamassa aumentou a capacidade
da argamassa em resistir a tensões de compressão (C) e tração
na flexão (TnF). Os resultados obtidos nesta pesquisa podem ser
utilizados para previsão de valores de eficiência de compressão e
tração em função dos parâmetros operacionais de substituição
de grits, o que pode estimular o uso de argamassa ecológica por
empresas produtoras do resíduo.

Palavras–chave: compressão, grits, reciclagem, substituição,


tração na flexão.

Introdução

Segundo a Indústria Brasileira de Celulose, o Brasil é o quarto


maior produtor mundial de celulose, fabricando 9% de todo material
produzido no mundo. No Brasil, o principal processo de obtenção
1
Mestrando em Engenharia Civil – UFV. E-mail: oliveiraandre66@yahoo.com.br
2
Professor e coordenador do curso de Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: engecivil@
univicosa.com.br
3
Graduando em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: marcellolivier17@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 153

de celulose é o kraft. Segundo Gullichen e Fogelholn (2000), esse


processo também é conhecido como “sulfato”, pois é utilizado o
sulfato de sódio (Na2SO4) e produz em grande o grits, resíduo sólido
industrial, Classe II A que não apresenta deposição final adequada.
Para dar destinação correta a esses tipos de materiais
descartados, desde o século XX materiais alternativos vêm sendo
utilizados em uma grande variedade de produtos por causa de
suas propriedades favoráveis, como durabilidade, baixa densidade,
facilidade de fabricação e baixo custo (EUROPE, 2013). Aliado a
isso, a necessidade de preservação de recursos naturais combinada
com a necessidade de dispor os resíduos gerados nos processos
industriais de maneira adequada, tornando as atividades humanas
mais sustentáveis, tem sido objeto de estudos de construtoras e das
instituições de pesquisa nos últimos anos (GU e OZBAKKALOGLU,
2016).
De característica arenosa, o grits apresenta segundo Machado
et al. (2003): 20% de Ca (cálcio) sendo 42% deste, na forma de CaO
(óxido de cálcio) e 79% de SiO2 (dióxido de silício). De acordo com
as características apresentadas pelo resíduo grits, surge então a
possibilidade do aproveitamento desse resíduo para a produção de
argamassa, material utilizado em grande escala na construção civil.
Este uso pode trazer bom desempenho aliados ao baixo custo, além
de suprir as necessidades exigidas pelas técnicas construtivas.
Visto o exposto, este trabalho objetivou avaliar o efeito da
substituição de 10%, 15% e 20% do agregado miúdo (areia quartzosa)
por resíduo grits em uma argamassa e estudar as propriedades
mecânicas de tração na flexão e compressão da argamassa ecológica.

Material e Métodos

O grits, material a ser substituído parcialmente pelo


agregado miúdo, foi obtido através da fabricação da celulose
pelo processo de kraft realizado pela CENIBRA – Celulose Nipo-
Brasileira S.A. (-19,3143; -42,3977). Para a determinação de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


154 ANAIS X SIMPAC

suas propriedades foram realizados os ensaios de composição


granulométrica explicitado na NBR NM 248 e massa unitária
através da NBR NM 45. Os resultados obtidos foram de
dimensão máxima característica de 3,2mm, módulo de finura
de 2,61 e massa unitária de 1,327 kg dm-3.
Para a mistura da argamassa foi utilizado o conjunto
de argamassadeira de movimento planetário, com cuba de
5 litros da SOLOTEST e para a moldagem dos corpos de
prova foram utilizadas formas prismáticas metálica com três
compartimentos de 4x4x16cm da SOLOTEST. Para realizar
os ensaios de compressão e tração na flexão foi utilizada a
Prensa Eletrohidráulica com Indicador Digital Gráfico, da
SOLOTEST.
Foram necessários moldar 12 corpos-de-prova sendo
3 corpos-de-prova para os ensaios de flexão, compressão e
densidade de massa da a argamassa de referência bem como
3 corpos-de-prova para cada porcentagem de substituição
apresentada (10%, 15% e 20%). A determinação dos valores
referentes às variáveis respostas foi realizada no 28o dia de
moldagem, por se tratar da data em que a argamassa atinge
sua resistência de projeto. A argamassa referência foi dosada
(em volume) numa proporção de cimento: cal: areia de 1:2:9.
Para transformar o traço em volume para traço em massa, foi
necessário realizar um cálculo experimental levando em conta
a massa unitária de cada material em questão. Na Tabela 1
está apresentado o traço em massa após a transformação de
unidades conforme as porcentagens apresentadas.

Tabela 1 – Traço em massa com a proporção de todos os materiais


para as devidas porcentagens de grits.
Cimento Cal Areia Grits
0,0% 1 : 1,099 : : 14,047 : : *
10,0% 1 : 1,099 : : 12,64 : : 1,244
15,0% 1 : 1,099 : : 11,94 : : 1,87
20,0% 1 : 1,099 : : 11,24 : : 2,49

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ANAIS X SIMPAC 155

Para os resultados da influência do resíduo grits em argamassa


será utilizado o programa computacional estatístico, STATISTICA
8.0® (StatSoft, Tulsa, OK, EUA), para a manipulação dos dados e
análise dos resultados. A técnica estatística utilizada para análise
dos dados será a Análise de Variância (ANOVA – Analysis of
Variance).

Resultados e Discussão

Na Tabela 2 e na Figura 1 e 2 estão apresentados os valores


de resistência que caracterizam a resistência à compressão e dos
resultados de resistência à flexão da argamassa com adição de grits
e de referência, utilizados nos ensaios.

Tabela 2. Valores de resistência encontrados como resposta para os


testes de compressão (C) e flexão (TnF) para os 28º dias de moldagem.
%G TnF C
0,00% 0,497 1,375
10,00% 0,494 1,453
15,00% 0,589 1,778
20,00% 0,532 1,224
%G: porcentagem de grits em relação à massa do cimento; TnF: resultado
do ensaio de Tração Na Flexão (MPa); C: resultado do ensaio de compressão
(MPa).

Analisando os resultados referentes à compressão e flexão


apresentados na Tabela 2 é possível perceber que a inserção de grits
na argamassa aumentou a capacidade da argamassa em resistir a
tensões de compressão e tração flexão. De acordo com Álvares et al.
(2013) a inserção de grits modificam positivamente as propriedades
mecânicas da argamassa. Em ensaio realizado pelos autores o
resultado obtido com 100% de grits na mistura foi muito superior ao
obtido para a argamassa produzida apenas com areia.

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156 ANAIS X SIMPAC

Através dos valores apresentados na Tabela 2 é possível


observar que a argamassa com adição de grits produzida neste
experimento foi capaz de suportar tensões de compressão maiores
que as aplicadas na argamassa de referência, com valores máximos
de 45,26%, sendo considerada a argamassa em estado ótimo a
porcentagem de 15%. Segundo Álvares et al. (2013) a qualidade da
argamassa produzida com grits se reflete no aumento da resistência
à compressão axial em relação à argamassa com mesmo traço e
mesma consistência produzida exclusivamente com areia.
Os resultados da Análise de Variância para as respostas
compressão (C) e Tração na Flexão (TnF) foram apresentados na
Tabela 3. A análise de variância para a variável do experimento
demonstra se o fator apresentou diferença estatística significativa
ao nível de 5% (p<0,05).

Tabela 3. Análise de variância (ANOVA) para os resultados


de compressão (C) e Tração na Flexão (TnF) realizada com os
resultados da Tabela 2.
ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA A
RESPOSTA COMPRESSÃO
Fonte GL SQ (Aj.) QM (Aj.) Valor F Valor-P
% 3 0,4293 0,14311 1,54 0,278
Erro 8 0,7450 0,09313
Total 11 1,1744
ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA A RESPOSTA
TRAÇÃO NA FLEXÃO
Fonte GL SQ (Aj.) QM (Aj.) Valor F Valor-P
% 3 0,017701 0,005900 12,07 0,002*
Erro 8 0,003910 0,000489    
Total 11 0,021611    
GL: graus de liberdade; SQ: soma de quadrados; QM: quadrado
médio; Valor F: f calculado. * estatisticamente significativo ao nível
de 5% (p<0,05).

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ANAIS X SIMPAC 157

Para a variável resposta de compressão, a análise de variância


mostra que a variação da porcentagem de grits na argamassa
não possui influência estatisticamente significativa ao nível de
5% (p>0,05) nesta variável resposta. Isso indica que o fator não
influência na otimização e no processo de obtenção de argamassa
com resíduo de grits. Já a variável resposta Tração na Flexão, a
análise de variância mostra que a variação da porcentagem de grits
na argamassa possui influência estatisticamente significativa ao
nível de 5% (p>0,05) nesta variável resposta. Isso indica que o fator
influencia positivamente na otimização e no processo de obtenção
de argamassa com resíduo de grits.

Conclusões

• A capacidade de carga de uma argamassa com adição


de grits é maior do que a capacidade de carga de uma
argamassa convencional. Isso porque a inserção de
grits em argamassa melhorou as suas propriedades
mecânicas em termos de compressão e flexão;

• A adição de grits na mistura para a preparação de uma


argamassa aumentou a resistência à compressão da
argamassa, porém não foi significativa ao nível de 5%;

• A adição de grits na mistura para a preparação de


uma argamassa aumentou a resistência à flexão da
argamassa, e foi significativa ao nível de 5%;

• Os resultados obtidos nesta pesquisa podem ser


utilizados para previsão de valores de eficiência de
compressão e flexão em função do parâmetro operacional
porcentagem de grits.

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158 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

ÁLVARES, A. N. O. et al. Estudo e avaliação da adição de grits


em argamassa. Encontro Latinoamericano De Edificações E
Comunidades Sustentáveis, Curitiba, PR, 2013.

GU, L.; OZBAKKALOGLU, T. Use of recycled plastics in


concrete: A critical review. Waste Management, v.51, 19-42
p, 2016.

MACHADO, C. C; PEREIRA, R. S.; PIRES, J. M. M. Influência


do tratamento térmico do resíduo sólido industrial (Grits)
na resistência mecânica de um latossolo para pavimentos
de estradas florestais. Revista Árvore, vol. 27, n. 4, Viçosa, jul./
ago. 2003.

PlasticsEurope, E. Association Of Plastics Manufactures. An


Analysis of European Latest Plastics Production, Demand
and Waste Data, Brussels, Belgium, 2013.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 159

HIDROCICLONES: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E A


IMPORTÂNCIA DE SUAS APLICAÇÕES EM PROCESSOS
DE SEPARAÇÃO

Andreza de Faria Alves Cruz1, Fernanda Raquel Carvalho2

Resumo: Devido aos escassos trabalhos obtidos sobre a estrutura das


aplicações dos hidrociclones, o objetivo deste trabalho foi demonstrar
o funcionamento dos hidrociclones, apresentando seu histórico, suas
vantagens e desvantagens e suas aplicações em diversos ramos como
processos de separação. Tratou-se de uma revisão bibliográfica
realizada através de consulta a artigos científicos selecionados
por meio de busca de dados do Scielo e Science Direct. O principal
foco desta revisão foi a compilação de estudos a fim de obter maior
entendimento sobre este processo de separação nas indústrias. Os
estudos encontrados sobre os hidrociclones apontaram que esta
técnica já conhecida há bastante tempo, tem infinitas aplicações nas
áreas indústrias, além de estar passando a ser utilizada em outras
áreas antes não conhecidas como a de materiais biológicos.

Palavras–chave: indústrias, óleos, técnicas.

Introdução

Os hidrociclones são equipamentos utilizados na separação


que apresentavam diversas capacidades, sendo bastante indicados
no tratamento de efluentes envolvendo mistura líquido-líquido,
apesar de também serem empregados em separação sólido-sólido
(ARRUDA, 2008). Como apresenta Fehr e Cloutier (1980, apud
Andrade, 2007), os hidrociclones funcionam com uma corrente que

1
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andrezafalvesc@gmail.com
2
Orientadora do curso de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fernanda.enq@gmail.
com

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160 ANAIS X SIMPAC

é injetada de forma tangencial em um cilindro, criando um campo


centrífugo, tendo como resultantes duas correntes de saída, sendo a
suspensão concentrada a que desce, e o líquido leve a que sobe pela
região do centro até o topo.
Segundo Coelho (2011), os hidrociclones foram patenteados
em 1891 para separação sólido-líquido na indústria de mineração,
e tornou-se um processo unitário importante nas indústrias. Sua
entrada na indústria petrolífera ocorreu em princípios da década de
70, quando o governo britânico encomendou às universidades das
redondezas o desenvolvimento de um equipamento que permitisse
a remoção de óleo de água contaminada, devolvendo-a ao mar, como
forma de minimizar os danos ecológicos e melhorasse a economia.
Alves (2006) ainda informa que os hidrociclones foram
originalmente desenvolvidos para separar sólidos de líquidos, mas
recentes estudos investigam o uso dos hidrociclones em sistemas de
difícil separação, que é o caso quando as diferenças de densidade
entre sólidos e líquidos muito pequenas.
Desta forma, a relevância do tema em questão se dá devido
à importância de se conhecer e evidenciar métodos de separação de
mais fácil manutenção, de fácil aquisição e baixo custo, sendo esta
uma forma de otimizar processos químicos e também diminuir o
custo de produção das indústrias.

Material e Métodos

Este estudo constitui-se de uma revisão de literatura,


realizada entre fevereiro de 2018 e março de 2018, no qual realizou-
se uma consulta a livros da Biblioteca da Faculdade de Ciências e
Tecnologia de Viçosa – Univiçosa e artigos científicos selecionados
através de busca no banco de dados da Scielo e do Science Direct.
As palavras-chave utilizadas na pesquisa foram hidrociclones e
métodos de separação. Em seguida, buscou-se estudar a definição
desses processos e a evolução de suas aplicações em diversos
âmbitos, principalmente nas indústrias.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 161

Resultados e Discussão

Os hidrociclones têm tido grande destaque em diversas áreas,


isto porque, como estudado por Alves (2012), eles são equipamentos
de construção simplórios, visto que não utilizam partes móveis,
como geralmente ocorre com as centrífugas, e também por serem
de fácil manutenção e operação, precisando de um simples espaço
na planta. Além das aplicações simples em processos de separação,
suas aplicações atuais vão desde remoções de gases dissolvidos à
separação de células animais.
Em outras palavras, para Maciel (2013), a separação por
hidrociclones é um processo físico em que as partículas dispersas
são segregadas da fase líquida pela ação da força peso e da força
de arrasto, estas dependentes da diferença da densidade entre as
fases, do tempo de residência, das dimensões das partículas e dos
equipamentos.
Como explicado por Sampaio, Oliveira e Silva (2007), na
operação dos ciclones é pré-estabelecido que seja utilizado um
diâmetro de corte conhecido como P50, ou seja, diâmetro ou tamanho
de partículas com 50% de probabilidade de ir ou para o underflow
ou para o overflow.
Os exemplos mais comuns encontrados para a aplicação dos
hidrociclones na indústria se dá pela separação de óleos, em que
Arruda (2008) mostra que quando a mistura entra na forma cilíndrica
através da alimentação, dá-se início a rotação da suspensão interna
da câmara, advinda de uma força centrífuga que é responsável pela
aceleração das partículas em direção às paredes. As partículas da
suspensão que sejam mais densas migram para baixo, percorrendo
da parte cilíndrica à parte cônica. Já em caso de partículas sólidas,
as menores são arrastadas para cima e as maiores vão para a parte
cônica em conjunto com uma menor parte do líquido. Um exemplo
de um hidrociclone é mostrado na Figura 1:
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
162 ANAIS X SIMPAC

Figura 1: Projeto de um hidrociclone (ALVES, 2012)

Os hidrociclones possuem vasta aplicação na área de


processamento mineral, sendo alguns exemplos, nos circuitos
de moagem e na deslamagem de minérios para a flotação. O que
ocorre é que os hidrociclones são alimentados com polpa de minério,
dividindo em produtos underflow e overflow, ou seja, o operador
adiciona água à alimentação, o suficiente para que ocorra a formação
de polpa com a amostra de minério. Em seguida, liga-se a bomba
para ocorrer a circulação da água, o necessário para haver a pressão
adequada ao hidrociclone (SAMPAIO; OLIVEIRA E SILVA, 2007).

Como apresentado por Alves (2006), os hidrociclones


apresentam grande potencial para aplicações em processos
biológicos, onde geralmente são utilizadas as centrífugas como
alternativas. Uma importante aplicação do hidrociclone é na
separação de óleo e água em plataformas marítimas, conhecido
como unidades offshore. Ocorre uma aceleração do processo a partir
do aumento da força de campo, além de serem mais compactos,
apresentarem maior capacidade por área, não possuírem partes
móveis, sendo isso essencial para um menor consumo de energia,
além de serem capazes de operar a altas velocidades lineares.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 163

Conclusões

Os hidrociclones estão cada vez mais sendo utilizados nas


mais diversas áreas da Engenharia, sendo destaque por sua
facilidade de manutenção, baixo custo, melhoramento e segurança
dos processos, fazendo com que seja um potencial substituto de
outros muitos métodos de separação conhecidos previamente. Isso
leva a crer que com a continuidade desses estudos, esse método pode
ser aperfeiçoado e se tornar ainda mais útil em outros ramos, como
foi, por exemplo, nos estudos microbiológicos. Apesar de boas fontes
literárias, ainda é necessário que esse tema seja discutido ainda
mais e passe a ser tratado de forma mais ampla nas disciplinas das
áreas acadêmicas.

Referências Bibliográficas

ALVES, A. de F. Separação de leveduras de fermentação


alcoolica em hidrociclones. 2006. 76f. Dissertação (Mestrado
em Engenharia Química) – Faculdade de Engenharia Química,
Universidade Federal de Uberlândia. Disponível em: <http://www.
scielo.br> Acesso em: 2 mar. 2018.

ARRUDA, A.A. Otimização de um hidrociclone utilizado


na separação de uma mistura líquido-líquido.2008. 47f.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento de Processos
Ambientais) – Universidade Católica de Pernambuco, Pernambuco.
Disponível em: <http://www.scielo.br> Acesso em: 2 mar. 2018.

COELHO, D.B. Desempenho de um hidrociclone para


separação de águas oleosas. 2011. Disponível em: <http://www.
scielo.br> Acesso em: 2 mar. 2018.

FEHR, M.; CLOUTIER, L. apud ANDRADE, V.T. Critérios


de SCALE-UP para Hidrociclones. Revista Brasileira de
Tecnologia, v.11, p.279-288, 1980. Disponível em: <http://www.
scielo.br> Acesso em: 2 mar. 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


164 ANAIS X SIMPAC

MACIEL, S.M.S. Efeito da influência de parâmetros


operacionais no processo de separação água/óleo via
hidrociclone. 2013. 61f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Química) – Centro de Ciências e Tecnologia, Universidade Federal
de Campina Grande, Campina Grande. Disponível em: <http://
www.scielo.br> Acesso em: 2 mar. 2018.

SAMPAIO, J.A.; OLIVEIRA, G.P.; SILVA, A.D. Ensaios de


classificação em hidrociclone. Tratamento de Minérios: Práticas
Laboratoriais – CETEM/MCT. 2007.

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ANAIS X SIMPAC 165

CICLONES: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E A


IMPORTÂNCIA DE SUAS APLICAÇÕES EM PROCESSOS
DE SEPARAÇÃO

Andreza de Faria Alves Cruz1, Fernanda Raquel Carvalho2

Resumo: Este estudo teve como objetivo explicar o funcionamento


dos ciclones, além de apresentar as suas vantagens e suas principais
aplicações em diversos ramos como processos de separação. Tratou-
se de uma revisão bibliográfica realizada através de consulta a
artigos científicos selecionados por meio de busca de dados do Scielo
e Science Direct. Os estudos encontrados sobre os ciclones apontaram
que essa técnica, apesar de conhecida e patenteada há bastante
tempo, têm se revelado promissora nos dias atuais com o avanço
da tecnologia industrial nas mais diversas áreas e também na área
ambiental, decorrente dos inúmeros problemas ambientais que vêm
sido noticiados. O foco desta revisão foi reunir estudos de modo a
obter um maior entendimento sobre este processo de separação
nas indústrias. Os estudos sobre ciclones são extensos em relação
a aplicações, pois são utilizados tanto em indústrias alimentícias,
farmacêuticas, de madeiras, como também em processos catalíticos
e em reatores. Apesar das notícias serem promissoras, ainda
é necessário um maior desenvolvimento e abrangência destes
estudos, principalmente na área acadêmica, para que se torne do
conhecimento de todos.

Palavras–chave: indústrias, óleos, técnicas.

Introdução

Os ciclones são equipamentos de geometria cônica que geram


campo centrífugo com a intenção de coletar partículas sólidas
presentes em uma corrente gasosa, sendo a parte sólida underflow
1
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andrezafalvesc@gmail.com
2
Orientadora do curso de Engenharia Química– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fernanda.enq@gmail.
com

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166 ANAIS X SIMPAC

(abaixo) e a parte gasosa overflow (acima). Suas principais


características dizem respeito à eficiência de coleta e fracionamento,
diâmetro de corte e queda de pressão (LACERDA, 2007).
Para Arruda (2008), os ciclones são um dos mais antigos
equipamentos na indústria de sistemas particulados, sendo
patenteados e reconhecidos desde o século XIX, quando eram
utilizados restritamente na remoção de areia de águas. Uma
aplicação do ciclone, conforme citado por Andrade (2007), era o
equipamento de desaguamento. O procedimento é feito variando a
abertura do apéx (alojamento próximo à saída), ou seja, à medida
que ela diminui a porcentagem de sólidos no underflow é maior.
Os ciclones são utilizados desde o Egito antigo, mas durante
os séculos suas principais funções sofreram modificações a fim
de encontrar uma vasta gama de aplicações, como as conhecidas
atualmente. Originalmente utilizavam-se separadores gravitacionais
e o tempo necessário para promover a separação de fases era bem
maior. No caso da substituição deles pelos ciclones, essa separação
ocorre em segundos, trazendo ganhos em relação à área ocupada
(CIPOLATO, 2011).
A importância do tema em questão se dá devido aos ciclones
terem ganhado destaque em estudos recentes, por serem equipamentos
com maior leque de utilização, mais fácil aquisição e construção, e
menor custo destinado à recuperação de materiais (ARRUDA, 2008).
Além disso, processos de separação como estes se fazem necessários e
essenciais nas indústrias dos mais diversos tipos.

Material e Métodos

Este estudo constitui-se de uma revisão de literatura,


realizada entre fevereiro de 2018 e março de 2018, no qual realizou-
se uma consulta a livros da Biblioteca da Faculdade de Ciências e
Tecnologia de Viçosa - Univiçosa e artigos científicos selecionados
através de busca no banco de dados da Scielo e do Science Direct.
As palavras-chave utilizadas na pesquisa foram ciclones e métodos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 167

de separação. Em seguida, buscou-se estudar a definição desses


processos e a evolução de suas aplicações em diversos âmbitos,
principalmente na indústria.

Resultados e Discussão

Os ciclones têm sido alvo de recentes estudos, conforme dito


por Lacerda (2007), sua utilização está nas indústrias químicas,
alimentícias, de fabricação de tintas, metalúrgicas e principalmente
na área ambiental, visto a preocupação da legislação a temas nesta
área. Além disso, seus usos se estendem a processos como secadores,
reatores e recuperadores catalíticos. Suas principais qualidades
são em relação ao volume ocupado, baixo custo de operação e
manutenção, vida útil longa, não tem limitações operacionais por
temperatura de gases, podendo ser utilizados um ou mais ciclones
em série ou paralelo, otimizando o processo. A estrutura do ciclone
é mostrada na Figura 2:

Figura 1:Projeto de um ciclone (LACERDA, 2007)

Como visto na figura 1, que representa uma vista de um


ciclone, tem-se a entrada tangencial e as dimensões necessárias
ao projeto do equipamento, sendo elas o diâmetro do cilindro
(Dc), a altura do cilindro (Lc), o diâmetro do duto de saída do gás

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


168 ANAIS X SIMPAC

do overflow (Do), diâmetro do underflow (Du), altura cônica (Zc),


comprimento do tubo de saída do gás interno no ciclone (Sc), altura
da alimentação (Hc) e largura da alimentação (Bc). Sendo assim, o
que acontece nessa separação líquido-gás é o movimento do fluido
com partículas em suspensão no interior do ciclone em dupla hélice,
realizando um movimento circular. Já as partículas presentes na
corrente do gás, devido à força centrífuga, deslocam-se em direção
à parede, perdendo velocidade por atrito e sendo coletadas no fundo
(underflow); enquanto o gás, quando chega ao fim do cone, inverte o
sentido e vai em direção à parte superior em movimento ascendente
(overflow). Sendo assim, geralmente existem dois tipos de ciclones,
sendo eles o de fluxo axial e o de fluxo reverso, sendo este o mais
utilizado na maioria dos processos (LACERDA, 2007).
Para Wang et al. (2004), ciclones menores tendem a ser mais
eficientes e operam com perdas e cargas menores que ciclones
muito maiores. Sendo assim, na Engenharia, apesar de os ciclones
suportarem vazões de 50 a 50.000 m³/h, é comum dividir vazões
para ciclones em paralelo quando sua vazão é maior que 20.000
m³/h a fim de evitar consequências de acomodação espacial.
Sendo Cipolato (2011), uma aplicação específica para ciclones
é no processo de fabricação de tintas. O ciclone tem o papel de coletar
o pó produzido “para a venda”, deixando os finos seguirem com o
fluxo de ar, sendo retidos em um conjunto de filtros, com retenção
de partículas maiores que 0,5 micrômetros. Esse pó desce por ação
da gravidade até uma peneira rotativa, separando o material grosso
para reciclagem. Sendo assim, o ciclone é considerado o coração do
processo de separação da tinta boa para venda.
Os ciclones podem ser empregados em diversas áreas para
remoção eficiente de partículas relativamente grandes de uma
corrente gasosa. Lacerda (2007) mostra alguns exemplos, como, por
exemplo, na Engenharia Ambiental, que é utilizado na remoção
de material particulado poluente de um efluente no estado gasoso;
na Engenharia Química, tem a função de separar partículas em
produtos de valor comercial; na Engenharia de Segurança, é aplicado
na separação e controle das poeiras nos ambientes de trabalho; na
Farmácia e nos alimentos, faz-se a separação e classificação de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 169

drogas e alimentos. Outros exemplos gerais são no processamento da


madeira, fertilizantes, produção de cimentos, unidades de moagem,
reatores químicos, trocadores de calor, secagem de materiais
granulares, nas refinarias de petróleo para certificar que o processo
tem prosseguimento para obtenção da gasolina.

Uma aplicação do ciclone pode ser observada na Figura 2:

Figura 2: Utilização do ciclone no processo de fabricação de tintas


em pó (CIPOLATO, 2011)

Conclusões

Apesar de os ciclones já serem conhecidos e patenteados há


muito tempo, os estudos de suas aplicações têm crescido nos últimos
anos à medida que ocorre um avanço da tecnologia industrial e do
ramo dessas indústrias, sendo as aplicações múltiplas, como na
área de alimentos, farmacêutica, de petróleo, controle ambiental,
engenharia de segurança do trabalho, produção de madeira,
produção de cimento, etc., e também da importância do controle de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


170 ANAIS X SIMPAC

poluentes, devido aos grandes problemas ambientais recentes. Isso


porque, à medida que as indústrias avançam, maior a necessidade
de processos de separação eficientes e de baixo custo.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, V.T. Critérios de SCALE-UP para Hidrociclones.


Revista Brasileira de Tecnologia, v.11, p.279-288, 1980.
Disponível em: <http://www.scielo.br> Acesso em: 2 mar. 2018.

ARRUDA, A.A. Otimização de um hidrociclone utilizado


na separação de uma mistura líquido-líquido.2008. 47f.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento de Processos
Ambientais) – Universidade Católica de Pernambuco, Pernambuco.
Disponível em: <http://ww.scielo.br> Acesso em: 2 mar. 2018.

CIPOLATO, C.A. Dimensionamento, construção e análise


de desempenho de ciclone para otimização da separação
granulométrica de partículas em fábricas de tintas em pó.
2011. 88f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Ambiental) –
Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto. Disponível em:
<http://www.scielo.br> Acesso em: 2 mar. 2018.

LACERDA, A.F. Estudo dos efeitos das variáveis geométricas


no desempenho de ciclones convencionais e infiltrantes.
2007. 100f. Tese (Doutorado em Engenharia Química) – Faculdade
de Engenharia Química, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br> Acesso
em: 2 mar. 2018.

WANG, L.K et al. Air pollution control engineering. Totowa-NJ,


Estados Unidos: Editora Humana Press Inc., 2004.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 171

ESTRATÉGIA DE UMA DIETA LOW CARB

Andreza Ferreira da Silva1, Francielle Teixeira Santos2, Mirella de


Paiva Santos3, Viviane Gomes Lelis4

Resumo: Como a obesidade vem sendo um problema mundial, há


várias estratégias alimentares se formando para, também, reduzir
este agravo. Como por exemplo o baixo consumo de carboidratos
que leva a uma redução na liberação de insulina, fazendo com
que os estoques de gorduras armazenados no corpo sejam usados
como fonte de energia. E dessa maneira estimula o corpo a usar a
gordura como principal fonte energética, com isso ocorre a perda de
peso de maneira mais rápida. Mediante a isso foi elaborada esta
revisão com o objetivo de melhor compreensão da dieta Low Carb
como estratégia para o controle do peso e redução da obesidade,
diminuindo o número de Doenças Crônicas Não Transmissíveis,
através de artigos já publicados sobre o assunto.

Palavras–chave: Baixo carboidrato, perda de peso, restrição

Introdução

Atualmente a obesidade tem sido um fator alarmante no Brasil,


chamando a atenção para o agravo nutricional, sendo associado a
incidência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, como diabetes
e doenças cardiovasculares.
De forma contemporânea, preocupações relacionadas à saúde,
ao bem-estar e à boa forma física impulsionaram o aparecimento
de diferentes correntes dietéticas (PELLERANO; MINASSE, 2015).
Low carb, o termo derivado do inglês, se refere a uma gama de
tipos de regime alimentar em que a recomendação é aumentar o
consumo de proteínas e lipídios e diminuir radicalmente a ingestão
1
Graduanda em Nutrição –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andrezaferreira175@yahoo.com
2
Graduanda em Nutrição –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: francielleteixeiras@outlook.com
3
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail: mirellapsant@hotmail.com
4
Professora do Departamento de Nutrição FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: vivianegomeslelis@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


172 ANAIS X SIMPAC

de carboidratos (ALMEIDA, 2017). O baixo consumo de carboidratos


leva a uma redução na liberação de insulina, fazendo com que os
estoques de gorduras armazenados no corpo sejam usados como
fonte de energia. E dessa maneira estimula o corpo a usar a gordura
como principal fonte de energia, na forma de corpos cetônicos, que
substituem a glicose obtida através de carboidratos, acarretando
assim a perda de gordura corporal, ademais, os corpos cetônicos
também inibem a fome (PARTSALAKI; KARVELA; SPILIOTIS,
2012).
A Low Carb tem sido utilizada para a redução de peso corporal,
porém é também indicada para controle glicêmico em diabéticos
do tipo 2, para indivíduos epiléticos e para distúrbio de Ovário
policístico. Tal estratégia possui benefícios em relação ao aumento
do HDL Colesterol, melhora do perfil lipídico e contribui para a
diminuição dos triglicerídeos.
A modificação dietética continua sendo a chave para o sucesso
da perda de peso. No entanto, nenhuma estratégia alimentar é
consistentemente superior a outras para a população em geral.
Pesquisas anteriores sugerem que o genótipo ou a dinâmica da
glicose da insulina podem modificar os efeitos das dietas (GARDNER
et al., 2018).
Este é um trabalho que tem como objetivo melhor compreensão
da dieta Low Carb como estratégia para o controle da obesidade,
reduzindo o número de doenças crônicas não transmissíveis, através
de artigos já publicados sobre o assunto.

Material e Métodos

O presente estudo caracteriza-se por uma revisão bibliográfica,


realizada em março de 2018, com utilização de literaturas no
período de 2009 a 2015 com os descritores “Low Carb”, “Obesidade” e
“Transição Nutricional”. Para tais buscas foram utilizados os bancos
de dados para obtenção dos artigos PubMed, Scielo, Google Acadêmico
nos quais selecionamos dez artigos, e ao lermos o conteúdo excluímos
cinco que não tinha o mesmo objetivo desta revisão. Foi selecionado,
então, cinco trabalhos os quais são citados neste material.

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ANAIS X SIMPAC 173

Resultados e Discussão
Tabela 1- Informações de artigos sobre Dieta Low Carb
Autor Tema Objetivo Conclusão
Bonnie J. Um estudo Comparar os efeitos de Uma dieta muito baixa em
Brehm Randy randomizado uma dieta muito baixa em carboidratos, tomada sem
J. comparando uma carboidratos e uma dieta uma restrição específica de
Seeley Stephen dieta muito baixa com restrição de calorias ingestão calórica, é eficaz
R. de carboidratos e e baixo teor de gordura na para a perda de peso durante
Daniels David uma dieta pobre composição corporal e fatores um período de 6 meses em
A. D’Alessio, em gorduras de risco cardiovascular mulheres saudáveis e obesas.
2003 e restrita em
calorias sobre o
peso corporal e os
fatores de risco
cardiovascular
em mulheres
saudáveis.

PELLERANO, “Low carb, Uma reflexão O estilo de vida low carb e


A, J; MINASSE, high fat”: preliminar sobre dietas high fat pode ter uma resposta
M, H, S, G, G, comensalidade e restritivas adotadas na negativa em pessoas que tem
2015 sociabilidade em contemporaneidade, apego emocional pela comida.
tempos de dietas principalmente no que Com a mudança do hábito
restritivas. se refere à disseminação alimentar pode ter mudanças
destes novos hábitos e às na vida social do indivíduo
estratégias adotadas por podendo ter seus laços afetivos
seus praticantes, bem como comprometidos diminuindo
os impactos das novas seu convívio interpessoal
formas de comer. É necessário fazer a união de
novos grupos que oferecem
conforto e incentivo para o
alcance do objetivo.
Gardner CD; Effect of Low- Determinar o efeito de uma Não houve diferença
Trepanowski Fat vs Low- dieta saudável com baixo significativa na mudança de
JF; Del Gobbo Carbohydrate teor de gordura (HLF) versus peso entre uma dieta saudável
LC; et al. 2018 Diet on 12-Month uma dieta saudável com com baixo teor de gordura
Weight Loss baixo teor de carboidratos comparada a uma dieta
in Overweight (HLC) na mudança de peso saudável com baixo teor de
Adults and the e se o padrão genotípico ou carboidratos.
Association a secreção de insulina estão Não teve mudanças no
With Genotype relacionados aos efeitos padrão genotípico nem a
Pattern or dietéticos na perda de peso secreção basal de insulina
Insulin Secretion: foram associados aos efeitos
The DIETFITS dietéticos sobre a perda de
Randomized peso.
Clinical Trial.

Hallberg, S.J; Effectiveness and Avaliamos a eficácia e a Um novo modelo de cuidados


McKenzie, A.L; Safety of a Novel segurança de um novo remotos metabólicos e
Williams, P.T. Care Model for modelo de tratamento contínuos pode ajudar adultos
et al. 2018 the Management que fornece cuidados com diabetes tipo 2 a melhorar
of Type 2 Diabetes remotos contínuos com o com segurança a HbA1c;
at 1  Year: An gerenciamento de medicação Melhora o peso;
Open-Label, Non- com base no feedback Melhora de outros
Randomized, biométrico combinado com biomarcadores enquanto
Controlled Study. a abordagem metabólica da reduz o uso de medicamentos
cetose para diabetes.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


174 ANAIS X SIMPAC

Considerações Finais

De acordo com a tabela acima, a dieta low carb tem


efeitos positivos para a perda de peso, considerando as variáveis
abordadas pelos estudos, pois há uma redução da ingestão de
carboidratos que resultou, além do emagrecimento, a melhora
de alguns biomarcadores corporais, do Diabetes Mellitus tipo 2
consequentemente reduzindo o número de medicamentos ingeridos.
Mesmo com estes benefícios, há casos onde não se obtêm resultados
da modificação da alimentação gera um aumento da ingestão de
proteínas e principalmente lipídeos, e estes por sua vez são as novas
fontes alternativas de energia a serem gastas.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Gustavo. Pouco carboidrato, muita controvérsia.


Cienc. Cult.,  São Paulo ,  v. 69,  n. 4,  p. 18-19,  Oct.  2017 .
Disponivel em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0009-67252017000400007&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em:  06  Abr.  2018.

PATSALAKI, I. et al. Metabolic impact of a ketogenic diet compared


to a hypocaloric diet in obese children and adolescentes. v. 25, n.7-
8, p.697-704, 2012. Disponível em: <https://www.degruyter.com/
view/j/jpem.2012.25.issue-7-8/jpem-2012-0131/jpem-2012-0131.
xml> Acesso em: 06 abr. 2018.

BONNIE, J; Brehm Randy J. Seeley  Stephen R. Daniels David A.


D’Alessio. Randomized Trial Comparing a Very Low Carbohydrate
Diet and a Calorie-Restricted Low Fat Diet on Body Weight and
Cardiovascular Risk Factors in Healthy Women. Revista The
Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 88, n. 4,
p. 1617–1623 1 Abr. 2003. Disponivel em: <https://academic.oup.
com/jcem/article/88/4/1617/2845298>. Acesso em: 06 abr. 2018.

PELLERANO, Joana Angélica; GIMENES-MINASSE, Maria

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 175

Henriqueta Sperandio Garcia. “LOW CARB, HIGH FAT”:


COMENSALIDADE E SOCIABILIDADE EM TEMPOS DE DIETAS
RESTRITIVAS. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde,
[S.l.], v. 10, n. 3, p. 493-506, ago. 2015. ISSN 2238-913X. Disponível
em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/article/
view/16108/13747>. Acesso em: 06 abr. 2018.

GARDNER, C. D; TREPANOWSKI, J. F; DEL GOBBO, L. C. et al.


Effect of Low-Fat vs Low-Carbohydrate Diet on 12-Month Weight
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Pattern or Insulin SecretionThe DIETFITS Randomized Clinical
Trial. JAMA. 2018. Acesso: 06 abr. 2018.

HALLBERG S. J.et al. Effectiveness and Safety of a Novel Care


Model for the Management of Type 2 Diabetes at 1 Year: An Open-
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Acesso em: 06 abr. 2018.

CORDEIRO, R.; SALLES, M. B.; AZEVEDO, B. M. Benefícios


e malefícios da dieta low carb. Revista Foco em Saúde, Piauí,
ed.9, p. 714-722, 2017. Disponível em: < www.unifia.edu.br/revista_
eletronica/revistas/saude_foco/artigos/ano2017/080_beneficios.
pdf>. Acesso em: 28 maio 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


176 ANAIS X SIMPAC

HIBISCO SABDARRIFA NA OBESIDADE

Francielle Teixeira Santos1, Andreza Ferreira da Silva2, Eliene da


Silva Martins Viana3, Simone Angélica Meneses Torres4, Grasielle
Soares Gusman5

Resumo: Esta é uma revisão bibliográfica na qual se refere ao uso


do fitoterápico hibisco, como um aliado a estratégia de perda de
peso e combate a obesidade. O uso de plantas medicinais vem se
tornado cada vez mais popular e acessível. O objetivo da realização
deste estudo é verificar em fontes científicas se o Hibiscus sabdarrifa
tem realmente resultado na contribuição contra a obesidade e saber
melhor sobre sua funcionalidade. Obteve-se um resultado positivo,
com o estudo dos artigos podemos evidenciar que há efeito do hibisco
quando usado em quantidades ideais de no máximo 200 ml por dia, e
que existe uma redução da gordura abdominal, retenção de líquidos,
minimização dos radicais livres, comprovando que este fitoterápico é
um reforço para perda de peso.

Palavras–chave: fitoterápico, hibisco, perda de peso, obesidade

Introdução

É incontestável que o Brasil, nos últimos anos experimenta


uma rápida transição nutricional. Chama a atenção, o marcante
aumento na prevalência de obesidade, consolidando-se como o
agravo nutricional mais importante, sendo associado a uma alta
incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes
1
Graduando em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: francielleteixeiras@outlook.com
2
Graduando em Nutrição – FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA. e-mail: andrezaferreira175@yahoo.com
3
Professora do Curso Nutrição – FAVIÇOSA/ UNIVIÇOSA. e-mail: elieneprofuni@gmail.com@yahoo.
com.br
4
Professora do Curso Nutrição – FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA. e-mail: simone@univicosa.com.br
5
Professora do Curso Farmácia – FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA. e-mail: grasiellegusman@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 177

e doenças cardiovasculares. Alterações no estilo de vida, como a


má-alimentação e redução no gasto calórico diário são os principais
fatores que explicam o crescimento da obesidade (SOUZA, 2010).
O hibisco, derivado da planta Hibiscus sabdarrifa, é um
composto rico em antioxidantes, que ajuda a minimizar os efeitos
indesejáveis dos radicais livres. Também possui altas concentrações
de flavonóides com efeito cardioprotetor e vasodilatador, aumentando
assim HDL e diminuindo LDL, triglicerídeos e pressão arterial
(RODRIGUES e RODRIGUES, 2017).
O uso de fitoterápicos para auxílio da obesidade vem sendo
cada vez mais reconhecido e utilizado como intervenção no processo
do emagrecimento. Atualmente encontra-se uma grande variedade
de plantas medicinais, como: chá verde, cavalinha, cúrcuma,
moringa e o hibisco. O hibisco é um dos chás que se destacam por
suas propriedades nutricionais, diuréticas e seus benefícios. O uso
deste é uma alternativa para melhoria dos resultados juntamente à
uma dieta equilibrada.

Material e Métodos

De acordo com a pesquisa realizada, foi utilizada para


levantamento de informações os seguintes bancos de dados: Pubmed,
onde os descritores utilizados foram “Hibiscus sabdarrifa” e
“Obesity”, no qual foram selecionados artigos liberados e publicados
nos últimos cinco anos, destes foram encontrados três e apenas um
utilizado; Google Acadêmico, com os seguintes descritores “Hibiscus
sabdarrifa and Obesity” no qual foram selecionados artigos desde
2014, assim foram encontrados 1100 artigos e somente um utilizado,
também foi pesquisado por “Hibiscus sabdarrifa e “Obesidade”
por artigos desde 2014, no qual foram encontrados 71 publicações
e utilizado apenas uma publicação, ainda no mesmo banco de
dados, foi pesquisado pelo termo “Transição Nutricional no Brasil”
onde foram encontrados 15600 artigos desde 2014, e foi utilizado
apenas um artigo para complemento. Por fim foi utilizado a revista
acadêmica de Anais Simpac Univiçosa para pesquisa, usando
descritores “Hibisco”.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


178 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

Tabela 1 – Informações de artigos sobre o uso do Hibisco.


Autor Tema Objetivos Conclusão

Dos pacientes
entrevistados, muitos
Identificar quais
fazem uso do hibisco,
fitoterápicos os
e declararam dores
Fitoterapia Como pacientes do
RODRIGUES e abdominais após o
Coadjuvante No ESF de Pedro
RODRIGUES, uso, alguns relataram
Tratamento Da Leopoldo-MG
2017 a ingestão de forma
Obesidade. utilizavam, e
indiscriminada e sem
se havia efeitos
prescrição, o que pode
adversos.
explicar os efeitos
colaterais.
O hibisco pode
ser utilizado como
Os Efeitos Do Verificar se o uso
CUNHA et.al. um aliado para o
Hibisco (Hibiscos do hibisco é eficaz
2016 emagrecimento, mas
Sabdarrifa) No no auxílio ao
que ainda é necessário
Emagrecimento. emagrecimento.
mais estudos nesta
área.

O extrato
de Hibiscus
Realizar um
sabdarrifa inibe O uso do extrato
ensaio clinico
CHANG et. al. obesidade e do hibisco reduz a
pata verificar
2014 acumulação obesidade, a esteatose
a função do
de gordura hepática e gordura
extrato de hibisco
e melhora a abdominal.
no potencial
esteatose hepática
de proteção
em humanos
metabólica.
Efeito do extrato
de Hibiscus Investigar os
Segundo o autor,
sabdariffa efeitos anti-
o efeito do extrato
HUANG et. al. na obesidade obesidade do
do hibisco é eficaz e
2015 induzida por dieta extrato de água
viável para o controle
rica em gordura extrato de hibisco
da obesidade
e danos no fígado in vivo.
em hamsters.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 179

Com base no estudo dos artigos e na tabela 1, pode-se


observar que de acordo com o estudos dos autores Rodrigues e
Rodrigues (2017) foi feita uma coleta de dados na cidade de Pedro
Leopoldo- MG, onde se concluiu que os pacientes que utilizaram
o fitoterápico hibisco de forma indiscriminada relataram dores
abdominais, explicando os efeitos colaterais causados pelo mesmo.
Em contrapartida para Cunha e colaboradores (2016) e Chang e
seus colaboradores (2014) em seus diferentes estudos alegaram
que o uso do hibisco pode ser um ótimo aliado ao emagrecimento,
concluindo assim sua eficácia. E ainda de acordo com Huang e
seus colaboradores no de 2015 realizaram um estudo em hamisters
que comprovaram o uso do fitoterápico hibisco para o controle da
obesidade.
Considerações Finais

De modo geral, baseando-se nos artigos descritos nesta revisão


bibliográfica, a ingestão de fitoterápicos, em especial o Hibiscus
sabdariffa ou o seu extrato tem grandes potenciais benéficos ao
organismo, sendo importante ressaltar que para o alcance de tais
benefícios é necessário o acompanhamento de um profissional
qualificado.
Também pode-se concluir que a utilização do hibisco pode
contribuir para perca de peso e redução dos níveis de obesidade,
devido a suas propriedades antioxidantes, diuréticas, laxativas e
digestiva.
Agradecimentos

Às professoras Eliene e Simone Torres, pela orientação,


apoio е confiança na realização deste trabalho.

Referências Bibliográficas

CUNHA, J.M. et.al. OS EFEITOS DO HIBISCO (HIBISCOS


SABDARIFFA) NO EMAGRECIMENTO. Revista Científica
Univiçosa - Volume 8- n. 1 - Viçosa - MG - Jan. - dez. 2016- p. 657-

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


180 ANAIS X SIMPAC

661. Disponivel em:< https://academico.univicosa.com.br/revista/


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2018

CHANG, H. et. al; HIBISCUS SABDARIFFA EXTRACT INHIBITS


OBESITY AND FAT ACCUMULATION, AND IMPROVES LIVER
STEATOSIS IN HUMANS. Newspaper Food & Function,
janeiro 2014. Disponível em: < http://pubs.rsc.org/-/content/
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Acesso em: 17 mar. 2018

HUANG, T.W. et. al.   EFEITO DO  EXTRATO


DE  SABDARIFFA  DE  HIBISCUS  EM OBESIDADE INDUZIDA
POR DIETA E ALTO TEOR DE GORDURA EM HAMSTERS.
Revista Pesquisa de alimentos e nutrição  .  2015. Disponivel
em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4608971/ >.
Acesso em: 17 mar. 2018

RODRIGUES, D. N; RODRIGUES, D. F. FITOTERAPIA COMO


COADJUVANTE NO TRATAMENTO DA OBESIDADE.  Revista
Brasileira de Ciências da Vida, [S.l.], v. 5, n. 4, p. 19, dez. 2017. ISSN
2525-359X. Disponível em: <http://jornal.faculdadecienciasdavida.
com.br/index.php/RBCV/article/view/379>. Acesso em: 17 mar.
2018.

SOUZA, E. B. TRANSIÇÃO NUTRICIONAL NO BRASIL: ANÁLISE


DOS PRINCIPAIS FATORES. Revistas unifoa, Capa  >  v. 5, n.
13 (2010). Disponível em: <http://revistas.unifoa.edu.br/index.php/
cadernos/article/view/1025/895>. Acesso em: 17 mar. 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 181

O PROJETO RONDON E A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:


REFLEXÕES NO MUNICÍPIO DE GARRAFÃO
DO NORTE- PARÁ

Angélica Martins da Silva1

Resumo: Esta pesquisa foi elaborada a partir da investigação das


experiências educativas da Operação Forte do Presépio do Projeto
Rondon no Município de Garrafão do Norte localizado no Pará. A
extensão universitária foi realizada pelos discentes e docentes da
Universidade Federal de Viçosa. O objetivo é relatar essa experiência,
que continha como finalidade a mudança para um olhar critica dos
cidadãos. Realizou-se oficinas com crianças, jovens e adultos nas
temáticas “Meio Ambiente, Cooperativismo, Valorização da Cultura
Local e Educação Infantil”, para uma formação reflexiva que conduz
uma transformação da condição de opressão. Constata-se que a
Operação Forte do Presépio realizada propiciou uma reflexão crítica
nas atitudes dos cidadãos, o que está resultando no crescimento
social do município. Devido às diferentes oficinas realizadas pelos
rondonistas, a população garrafaense agora conhece novas atitudes,
capazes de promover uma práxis orientada para se ultrapassar os
paradoxos vivenciados enquanto excluídos da sociedade, emergindo
nesses cidadãos a consciência crítica , sobretudo a consciência
política.

Palavras–chave: Cidadania, Educação, Formação

Introdução

O Projeto Rondon é uma ação extensionista desenvolvida


no Brasil, coordenada pelo Ministério da Defesa juntamente com
colaboração da Secretária de Educação Superior do Ministério
da Educação (MEC). Com o intuito de estudantes universitários
vivenciarem a realidade do nosso país, são realizadas atividades
1
Graduada em Pedagogia- Universidade Federal de Viçosa. e-mail: angelica.
martins@ufv.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


182 ANAIS X SIMPAC

interdisciplinares em cidades que possuem condições precárias


de vulnerabilidade social e que são consideradas isoladas. No
Município de Garrafão do Norte no Estado do Pará foi realizada à
Operação Forte do Presépio com o apoio de discentes e docentes da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) nos dias 08 á 19 de julho de
2013. Neste contexto, a presente comunicação tem como objetivo
relatar a experiência realizada em meio a oficinas, que auxiliou o
desenvolvimento cidadão de indivíduos excluídos da sociedade em
que vivemos.

Material e Métodos

As oficinas foram realizadas pelas discentes e os docentes


rondonistas da UFV com uma programação abrangendo o município
de Garrafão e os seus Distritos: Cotovelo, Poção, Argola, Livramento
e Castanhalzinho. O grupo de rondonistas realizou suas atividades
juntamente com educadores, jovens, mulheres, crianças, líderes
comunitários, representantes da sociedade civil, agricultores e
sindicatos.
Foram realizadas rodas de conversa, visitas e encontros com
cerca de aproximadamente 300 indivíduos. Dentre as atividades
constituíam-se á projeção de filmes para crianças; cursos para
agricultores; atividades de educação ambiental; oficinas de
cooperativismo para mulheres; gincana para crianças; participação
dos rondonistas na feira da cidade; atividades para os adolescentes
(rodas de conversas, amostra de profissões, trocas culturais);
atividades de economia ambiental; oficina de reciclagem; encontro
com a história e memória de Garrafão do Norte; oficinas sobre
doenças transmissíveis pela água e por insetos; e oficina de sabão
ecológico.
A Professora e os estudantes da Universidade Federal
de Viçosa dividiram as atividades em torno das temáticas “Meio
Ambiente, Cooperativismo, Valorização da Cultura Local e Educação
Infantil”, fundamentando-se pelo Método de Paulo Freire que conduz
uma reflexão crítica, esses momentos foram realizados partir das
vivências da comunidade e refletindo sobre as perspectivas atuais

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 183

da população, buscando proporcionar momentos que atendessem a


emergência da formação de uma consciência cidadã na população.

Resultados e Discussão

A temática sobre Meio Ambiente foi iniciada com a construção


de uma lixeira em frente à Escola Municipal de Ensino Fundamental
João Linhares. Os rondonistas removeram o que havia de detritos
perto do muro da escola e construíram um porta lixo de madeira.
Posteriormente, informaram aos cidadãos sobre a importância do
seu uso para a saúde ambiente e populacional. Neste contexto, na
dinâmica cujo objetivo era promover uma reflexão sobre a água e
sua importância para a manutenção da biodiversidade e a economia
local, refletiu-se sobre as causas que levam à diminuição e poluição
dos rios da região, considerando também o conhecimento da
população sobre a importância deste bem não renovável. A partir de
um diálogo, os cidadãos de Garrafão do Norte perceberam como suas
atitudes interferiam, de forma positiva ou negativa, na natureza,
desenvolvendo assim uma consciência política ambiental sobre esse
assunto. Desse modo, a missão do rondonista, que consiste em ir
além do assistencialismo, foi cumprida, pois, este, conforme afirma
Paulo Freire (2012) “deve ser capaz de colaborar com o povo na
organização reflexiva de seu pensamento”.
As atividades que continham a temática sobre
Cooperativismo justificam-se devido à necessidade de a população
tomar conhecimento sobre práticas alternativas para desenvolver
melhores condições econômicas e sociais por meio de cooperativas.
De acordo com Lima “o trabalho cooperado pressupõe autonomia
dos sócios, cuja adesão deve ser livre e não imposta; os cooperados
devem possuir o caráter de fornecedores e beneficiários dos serviços
prestados ”(2004, p. 88). Algumas pessoas desconheciam sobre o que
era uma cooperativa e como poderia ser útil para o seu município.
Para a preservação do meio ambiente em união com as
cooperativas, as mulheres de Fundo do Pote, Cotovelo, Livramento
e Castanhalzinho verificaram que poderiam utilizar folhas de
jornais para a fabricação de cestas artesanais. Isto se deve por meio

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


184 ANAIS X SIMPAC

dos rondonistas discutirem a possibilidade de um desenvolvimento


sustentável a partir do trabalho artesanal envolvendo jornal e
destacaram a importância do trabalho com o lixo nessa atividade.
Além disso, eles difundiram a ideia de que elas seriam capazes de
fundar na região uma cooperativa de mulheres que tivesse como foco
a produção de cestas, como uma fonte de renda e ascensão perante a
opressão sofrida até então no mercado de trabalho.
Na temática Valorização da Cultura Local, desde antes
do começo da operação, a professora da Universidade Federal de
Viçosa coordenadora das atividades verificou que os garrafaenses
ainda valorizavam pouco a sua cultura, devido no início da povoação
à região era composta por diferentes indivíduos que migraram de
diversas regiões para trabalhar e, por fim, acabaram permanecendo
e constituindo suas famílias em Garrafão do Norte. Essas famílias
tinham pouca crença de que sua cultura era importante e valorizavam
a “cultura vinda do Sul” (expressão que remete a cultura das regiões
brasileiras Sul, Sudeste e Centro Oeste), que lhes chegava aos
olhos com perfeição através de meios de comunicação como rádio,
televisão e internet. Além disso, as crianças eram submetidas a
uma aprendizagem que estava fora dos padrões de sua realidade
local, com livros e matériais didáticos que traziam informações
insuficientes e que não possibilitavam o seu reconhecimento
enquanto indivíduos paraenses. Durante as rodas de conversas, os
educadores afirmavam que verificavam também a falta de materiais
didáticos que conduzissem a um aprendizado intermediado pela
sua cultura. Contendo um diálogo como o que afirma o educador
Paulo Freire sobre a valorização da cultura popular, de que deve
ocorrer a democratização cultural, onde o cidadão não é privado do
conhecimento sobre sua história local. (PRAVATO, 2007).
Refletindo-se sobre a situação dessa temática e preocupados
com os indivíduos, os rondonistas conversaram com os educadores
visando à possibilidade de confeccionar materiais lúdicos a fim de
proporcionar uma aprendizagem significativa. Com o tripé para
a reflexão social: contexto local, a cultura popular e a identidade
garrafaense, os rondonistas planejaram a primeira parte do
“Encontro com a história e memória de Garrafão do Norte”, um

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 185

evento alicerçado no saber prévio da população sobre a história


local e sobre o seu município. No encontro cada garrafaense pode-se
identificar com a história do seu povo, e outras pessoas puderam
conhecer, com mais detalhes, a raiz histórica do município.
Nas quatro temáticas que os discentes e docentes da UFV se
propuseram a realizar, o eixo sobre Educação Infantil caracterizou-
se pelo que continha maior número de participantes, seja nas
atividades diurnas ou noturnas. Em meio ao desenvolvimento do
município, as crianças e os adolescentes tinham breves contatos
com bens e afazeres que eram seus direitos e deveres que, por falta
de oportunidades sociais e econômicas, a administração local e sua
família não poderiam lhes oferecer. Além disso, era nítido que uma
das maiores carências que continham era à afetiva. Os discentes e
os docentes da UFV tinham conhecimento de que não conseguiriam
resolver todos esses problemas, mas neste instante percebia-se a real
importância da atuação dos rondonistas para promover mudança
no paradigma de Garrafão do Norte. Montou-se um planejamento
com atividades fundamentadas no Método de Paulo Freire. Círculos
de Cultura foram desenvolvidos por meio de encontros e oficinas
que continham brincadeiras e jogos. As atividades fundamentaram-
se nas manifestações culturais dos sujeitos através de brincadeiras
utilizando cantigas de rodas e jogos com materiais reciclados, com o
objetivo de promover o reconhecimento de sua identidade enquanto
crianças e jovens.
Em outro espaço de formação, ocorreu um diálogo com jovens
sobre a oportunidade de se tornar um estudante universitário. Os
jovens relataram que este era um sonho, mas acreditavam que
era de difícil concretização. Os rondonistas mostraram por meio
de diálogos com os jovens que era possível realizar aquele sonho
e relataram alguns meios viáveis iniciais para o ingresso em uma
Instituição de Ensino Superior, citando, por exemplo a história
pessoal de um rondonista oriundo de escola pública para conseguir
ingressar no ensino superior em um universidade pública e,
posteriormente, ao decorrer de sua graduação ser selecionado para
participar do Projeto Rondon.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


186 ANAIS X SIMPAC

Conclusões

Contudo, o Projeto Rondon da Operação Forte do Presépio


com a participação dos rondonistas da UFV, concluiu suas ações
para a formação libertadora da comunidade e a perspectiva crítica
do estudante universitário além do campus universitário, partindo
do pressuposto de que para ocorrer à transformação social deve-se
relacionar os conhecimentos do saber científico e o saber popular, os
quais tornaram possível uma transformação social.
As ações rondonistas realizadas pelos estudantes da
Universidade Federal de Viçosa devem ter sua continuidade para
além do município de Garrafão do Norte, sendo essas ações necessitam
ser realizadas desenvolvendo-se projetos a serem efetivados em seu
meio social, buscando transformar outras realidades, contribuindo
para o desenvolvimento da sociedade e ampliando os horizontes das
comunidades oprimidas.

Agradecimentos

Agradeço a equipe de Rondonista da Universidade Federal


de Viçosa participantes da Operação Forte do Presépio do Projeto
Rondon.

Referências Bibliográficas

FREIRE, P.  EXTENSÃO OU COMUNICAÇÃO? São Paulo: Paz


e Terra, 2012.

LIMA, F. M. M. ELEMENTOS DE DIREITO DO TRABALHO


E PROCESSO TRABALHISTA. 1Oª ed. São Paulo: LTR, 2004,
p. 88.
PRAVATO, C. M. PROJETO RONDON E ENSINO NO BRASIL:
CONSTRUÇÃO DE UMA ALIANÇA ENTRE CONHECIMENTO
EMPÍRICO E CIENTÍFICO [trabalho de conclusão de curso]. Juiz de
Fora: Universo; 2007.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 187

PERFIL DE FREQUENTADORES DE UMA REDE DE FAST-


FOOD DO MUNICÍPIO DE VIÇOSA – MG

Angélica Martins Gomes1, Flávia Xavier Valente2

Resumo: A compreensão das características dos indivíduos que


tem o hábito de consumir fast-food pode auxiliar no direcionamento
de condutas nutricionais. Desta forma, o objetivo deste trabalho
foi descrever o perfil socioeconômico, de estilo de vida, e de
comportamento alimentar de consumidores de uma rede de fast-food
de Viçosa-MG. Trata-se de estudo transversal e descritivo que foi
realizado com adultos que frequentaram a rede de fast-food no mês
de setembro de 2017. Foram coletadas informações sobre condições
socioeconômicas, estilo de vida, estado nutricional e comportamento
alimentar por meio de questionários. Participaram do estudo 25
adultos, dos quais 64% eram mulheres. A maioria dos participantes
se autodeclarou parda, estudou até o ensino médio, eram solteiros
e de classe média. Em relação ao estilo de vida, foi observado que
52 % eram irregularmente ativos ou sedentários. A maioria dos
participantes (36%) frequentavam redes de fast food pelo menos seis
vezes na semana, principalmente para consumir café da manhã e
lanches. O estado nutricional da maioria era de eutróficos (68%) e
32% eram obesos. O comportamento alimentar mais prevalente foi
o de restrição cognitiva, principalmente em obesos. Desta forma,
observou-se que frequentaram a rede de fast-food adultos de classe
média, solteiros e que praticam pouca atividade física. Apesar disso,
tais indivíduos eram eutróficos e apresentavam como comportamento
alimentar a restrição cognitiva.

Palavras–chave: comportamento alimentar, estilo de vida, fast-


food, restrição cognitiva

1
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: angelica.gomes.ara@gmail.com
2
Professora do Departamento de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: flaviaxavier@univiçosa.
com.br

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188 ANAIS X SIMPAC

Introdução

O Brasil está passando por um processo de transição


nutricional no qual se observa o aumento crescente da obesidade
(ROMBALDI et al., 2013). Associado a este fato, estão as mudanças
nos hábitos alimentares da população brasileira, cuja dieta que era
baseada em grãos, tubérculos, frutas, legumes, feijão e arroz, foi
substituída pelo consumo crescente de produtos industrializados
e refeições fora do domicílio, como os fast-foods (CAIN; SANTOS;
NOVELLO, 2016).
As mudanças no padrão alimentar dos indivíduos brasileiros
nas últimas décadas não foram apenas referente ao aumento no
consumo de industrializados, mas também em relação ao local onde
são realizadas as refeições e aos tipos de preparações consumidas.
Destaca-se o crescimento no número de restaurantes, lojas de
conveniência, padarias, lanchonetes e redes de fast-food (BEZERRA
et al., 2013). Concomitantemente, tem-se observado um aumento no
gasto mensal com alimentação fora do domicílio, especialmente em
locais que oferecem refeições rápidas (CARÚS; FRANÇA; BARROS,
2014).
As redes de fast-food disponibilizam alimentos conhecidos como
ultraprocessados, que são alimentos práticos, duráveis, atrativos
e acessíveis a todas as faixas etárias. Além disso, oferecem como
serviço lanches e refeições rápidas e de menor preço (BEZERRA
et al., 2013). Porém, trata-se de uma alimentação incompleta,
industrializada, à base de conservantes, calorias, gorduras e açúcar
com poucas vitaminas e fibras (CAIN; SANTOS; NOVELLO, 2016).
Decorrentes de um estilo de vida inadequado, incluindo a
alimentação não saudável, as doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT) se tornaram um problema de saúde pública nos últimos
anos. O diabetes mellitus, dislipidemias, obesidade e hipertensão
arterial constituem os principais fatores de risco para as doenças
cardiovasculares e são responsáveis por aproximadamente 100.000
óbitos por ano no Brasil (ROMBALDI et al., 2013).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 189

De acordo com Bezerra et al. (2013) frequentar redes de fast-


food se tornou um hábito dos brasileiros. Desta forma o objetivo do
estudo foi descrever o perfil de adultos que frequentam uma rede de
fast-food no município de Viçosa-MG.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo observacional, de corte transversal,


descritivo, sendo que a amostragem foi por conveniência. Foram
convidados a participar da pesquisa todos os indivíduos, na faixa
etária de 20 a 60 anos, de ambos os sexos, que frequentaram a rede
de fast-food no mês de setembro de 2017, situada na área urbana
da cidade de Viçosa – MG. Aqueles que aceitaram participar da
pesquisa responderam a um questionário geral, ao Questionário
Internacional de Atividade Física (IPAQ) (MATSUDO et al.,
2001) e ao Questionário Alimentar de Três Fatores – TFEQ-R21
(NATACCI; FERREIRA JÚNIOR, 2011), que permite avaliar o
perfil de comportamento alimentar.
Para determinar o nível de atividade física dos voluntários,
foi considerado a frequência, o tempo e o tipo de atividade praticada
(caminhada, atividades moderadas, atividades intensas) na semana
anterior à entrevista. O comportamento alimentar foi avaliado
em três fatores: (1) restrição alimentar cognitiva, que mensura o
nível de proibição alimentar cognitiva; (2) alimentação emocional,
que mensura a propensão de comer exageradamente em resposta
à estados emocionais negativos e (3) descontrole alimentar, que
verifica a predisposição em perder o controle da ingestão alimentar
na presença da fome ou estímulos externos.  O peso e a estatura
foram auto- referidos e estes dados foram utilizados para obtenção
do Índice de Massa Corporal (IMC), cuja classificação foi segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS 1998). Os resultados foram
apresentados em frequência absoluta e relativa. A associação
entre variáveis qualitativas foi avaliada por meio do teste do qui-
quadrado de Pearson (X2), analisados pelo software SPSS (SPSS,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


190 ANAIS X SIMPAC

Inc., Chicago, IL, USA), sendo considerado um nível α de 5% como


significativo.

Resultados e Discussão

Participaram do estudo 25 indivíduos adultos jovens, dos quais


36% (n = 9) eram homens e 64% (n= 16) mulheres. A maioria dos
participantes se autodeclarou parda, estudou até o ensino médio,
eram solteiros e de classe média. Apenas uma voluntária relatou
receber algum benefício do governo (bolsa escola). Não houve
diferença entre homens e mulheres em relação às características
sóciodemográficas e econômicas.
Em relação ao estilo de vida, foi observado que 60% (n =
15) dos voluntários consumiam bebidas alcoólicas menos de duas
vezes na semana, sendo que 44% (n = 11) destes consumiam tanto
bebidas fermentadas como destiladas. Nenhum dos voluntários
entrevistados fumavam e apenas 2 relataram ser ex-fumantes. A
maioria dos voluntários era irregularmente ativa (40%, n = 10), ou
seja, praticavam atividade física menos de 5 dias na semana com
duração menor do que 150 minutos na semana.
Os frequentadores de fast-food relataram realizar uma
mediana de 1 refeição por dia fora do domicílio ( variando de um
mínimo de uma e máximo de quatro refeições), sendo que 52%
(n=13) relataram fazer pelo menos uma refeição, 40% (n= 10) pelo
menos duas refeições e 2 voluntários, de três a quatro refeições fora
do domicílio por dia. As pequenas refeições, como café da manhã e
lanches, foram as mais relatadas.
Em relação ao estado nutricional, o IMC médio da população
avaliada foi de 24,0 ± 3,3 kg/m2. Desta população, 32% (n=8)
apresentava obesidade, sendo a grande maioria eutróficos (68%,
n = 22). Avaliando-se a relação do IMC com o comportamento
alimentar dos frequentadores de fast-food foi possível observar que
100% dos indivíduos obesos apresentavam um perfil relacionado à
restrição cognitiva, assim como 36% dos eutróficos. Os indivíduos
com sobrepeso apresentavam-se predominantemente com um perfil
de alimentação descontrolada (Figura 1).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 191

Figura 1– Avaliação do perfil dominante do comportamento


alimentar de acordo com o estado nutricional de frequentadores de
uma rede de fast food. Viçosa. 2017.

A restrição cognitiva, como um comportamento alimentar,


consiste na imposição mental de uma série de obrigações e proibições,
impostas pelo próprio indivíduo, com objetivo de restringir a
ingestão energética para manutenção ou perda de peso. Indivíduos
com prevalência deste tipo de comportamento alimentar tendem a
limitar a ingestão alimentar como padrão de comportamento. Porém,
em determinadas ocasiões, apresentam episódios de excesso de
consumo alimentar, com alimentos de alto valor calórico, tidos como
proibidos, que geram estresse, estímulos emocionais negativos que
afetam o autocontrole e podem resultar em obesidade (NATACCI;
FERREIRA JÚNIOR, 2011). O consumo de fast-foods pode estar
relacionado a este tipo de descontrole da alimentação nos indivíduos
entrevistados, o que explicaria a prevalência do comportamento de
restrição cognitiva nesta população.

Conclusões

Frequentaram a rede de fast-food no período estudado principalmente


mulheres, eutróficas, de classe média, solteiras e que praticam

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


192 ANAIS X SIMPAC

pouca atividade física. Além disso, a população apresentou como


comportamento alimentar a restrição cognitiva, que pode estar
relacionada ao consumo de alimentos vendidos nas redes de fast-
food.

Referências Bibliográficas

BEZERRA, I.N. et al. Consumo de alimentos fora do domicílio no


Brasil. Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 47, n.1, p.
200-211, Ago. 2013.

CAIN, J.P; SANTOS, E. F.; NOVELLO, D. Avaliação dos teores


nutricionais de produtos comercializados em redes de fastfoods no
Brasil. Multitemas, Campo Grande, v. 21, n. 50, p.9-30, Maio. 2016.

CARÚS, J. P; FRANÇA, G. V. A.; BARROS, A. J. D. Local e tipo das


refeições realizadas por adultos em cidade de médio porte. Revista
de Saúde Pública, Pelotas, v. 48, n. 1, p. 68-74, Set. 2014.

MATSUDO, S. et al. Questionário internacional de atividade física


(Ipaq): estupo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Revista
Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 6, n. 2, p. 5-18.
2001.

NATACCI, L. C; FERREIRA JÙNIOR, M. The threefactoreating


questionnaire-R21: tradução para o português e aplicação em
mulheres brasileiras. Revista De Nutrição, Campinas, v. 24, n.
3, p. 383-394, Mai./Jun. 2011.

ROMBALDI, A. J. et al. Fatores associados ao consumo de


dietas ricas em gordura em adultos de uma cidade no sul do
Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Pelotas, v. 19, n. 5, p. 1513-
1521, Mai. 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 193

(DES) PATOLOGIZAÇÃO DAS IDENTIDADES


TRANSGÊNERAS NO BRASIL: O PARADOXO ENTRE A
TRANSAUTONOMIA E A PROMOÇÃO DE SAÚDE PELO
SUS

Miguel da Fonseca Orlando1, Lucilene Maria Vidigal Castro2

Resumo: O presente trabalho tem como propósito criticar o fato


de que para que seja concedido o acesso ao Sistema Único de
Saúde (SUS) para o processo transexualizador é necessário que o
diagnóstico de condição de transexual esteja estritamente atrelado
ao pedido, reforçando, assim, a ideia de que esses corpos são
patológicos. Foram analisadas a Portaria emitida pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM), a Resolução do SUS e a Constituição
da República, elaborando o paradoxo existente entre o SUS e sua
organização interna, bem como entre a Carta Magna. Dessa forma,
deve o Estado elaborar políticas públicas que possibilitem a inserção
dessas pessoas nos mais diversos campos sociais, ressaltando, no
presente trabalho, o aspecto hospitalar, vez que o acesso à saúde
pública das/dos transexuais é restringindo, ficando a mercê de
um parecer médico que ateste a patologia para que então tenham a
possibilidade de exercerem livremente seus corpos e sua autonomia,
bem como usufruírem dos serviços oferecidos pelo SUS.

Palavras–chave: gênero, hormonização, transexualidade

Introdução

Inicialmente, é importante destacar a diferenciação existente


entre corpos cisgêneros e corpos transexuais. Cisgêneros são aquelas
pessoas que se identificam com o sexo (genitália) e o gênero ao qual
foram designadas/designados ao nascer. Já as/os transexuais são
1
Graduando em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: miguel95orlando@gmail.com
2
Docente em Direito- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. Pós-graduada em Direito Processual Civil. E-mail:
lucividigal@yahoo.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


194 ANAIS X SIMPAC

aquelas/es que se identificam de forma oposta ao sexo (genitália)


que nasceram e ao gênero ao qual foram designados a partir do
órgão sexual.
Para o estudo do presente trabalho, fez-se necessário a
análise das resoluções e portarias que, ao passar dos anos, delineou
as posturas que o Sistema Único de Saúde Brasileiro traçou como
políticas públicas para atender a população transexual do Brasil.
Esses documentos político-sociais possuem cunho
estritamente biomédico, interpretando a transexualidade como
enfermidade passível de cura, desconsiderando totalmente o
contexto social ao qual a/o sujeita/o está inserida/o, tendo diversos
posicionamentos controversos e equivocados quando interpretados
à luz da Constituição Federal.
Pretende-se, então, a partir do Princípio da Integralidade,
que é um dos pilares do Sistema Único de Saúde, evidenciar que,
se a capacitação necessária dos funcionários do SUS for investida
pelo Poder Público, bem como se forem elaboradas políticas públicas
que atendam a esse grupo social de maneira satisfatória e não
discriminatória, é possível que esse órgão se torne competente e
eficaz para a promoção de saúde sanitária a todas/os transexuais.
Sendo assim, torna-se possível que o SUS deixe de ser um
órgão que restringe o atendimento somente às modificações corporais,
promovendo, dessa forma, o bem-estar e o acompanhamento médico
para essas pessoas como simples acesso à saúde, garantido pela
Constituição Federal.

Material e Métodos

A metodologia para elaboração desse trabalho foi a qualitativa,


utilizando-se pesquisa bibliográfica, vez que foi necessário fazer
uma revisão de pesquisas e trabalhos que já pontuaram a presente
discussão, como forma de alcançar a verdadeira realidade da
população transexual no que tange à saúde. A vertente é jurídico-
normativa, analisando as consequências, discriminações e perdas de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 195

garantias fundamentais que estão sendo ocasionadas por conta do


parecer médico emitido pelo CFM a respeito do que é transexualidade
e como esta deve ser acompanhada pelo Poder Público.
Foi utilizado como material a interpretação e leitura
da Portaria Nº 2.803, de 19 de novembro de 2013, que trata da
redefinição e da ampliação do processo transexualizador fornecido
pelo Sistema Único de Saúde. Também foi realizada a leitura
da Resolução 1995/2010, do Conselho Federal de Medicina, que
autoriza a cirurgia de transgenitalização e define quais critérios são
utilizados para definir o “transexualismo”, para então ser concedido
pelo SUS o atendimento e o acompanhamento médico ao paciente
que se enquadrar no rol descrito na resolução acima mencionada,
que equivocadamente diagnostica e trata esses corpos como doentes.
Para contrapor a Resolução e a Portaria acima citadas, foi
efetivada a leitura da Constituição Federal, para um maior poder
de crítica e questionamentos, vez que esse diploma legal assegura
a dignidade da pessoa humana, objetiva promover o bem de todos
sem distinção, bem como determina que é dever do Estado garantir
o acesso à saúde, não só em caso de doenças.
Além disso, foi fundamental a leitura de artigos científicos que
trouxeram essa abordagem do tema problema da pesquisa, bem
como livros que criticaram e discorreram sobre a questão discutida
neste trabalho.

Resultados e Discussão

De acordo com o art. 3º da Resolução emitida pelo Conselho


Federal de Medicina nº 1995/2010, é imprescindível a apresentação
dos seguintes requisitos para adequação do que o órgão considera
ser a transexualidade: “Desconforto com o sexo anatômico natural;
desejo expresso de eliminar os genitais, perder as características
primárias e secundárias do próprio sexo e ganhar as do sexo oposto;
permanência desses distúrbios de forma contínua e consistente por,
no mínimo, dois anos; ausência de outros transtornos mentais”.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


196 ANAIS X SIMPAC

Considerando que a Portaria emitida pelo SUS nº 2.803/2013


utilizou o parecer emitido pelo Conselho Federal de Medicina para
então redefinir e ampliar o processo transexualizador, torna-se
nítido o teor patológico a que se dispôs esses dois órgãos ao emitir
posicionamentos a respeito do acesso à saúde para essas pessoas.
O SUS pode ser entendido como uma “Política de Estado”
adotada pelo Congresso Nacional, em 1988, na chamada Constituição
Cidadã, que considerou a Saúde como “Direito de Cidadania e um
dever do Estado” (TEIXEIRA, 2016). Juntamente com a criação
dessa política pública e do SUS, vieram os princípios norteadores
desse órgão.
Os princípios norteadores das ações de saúde promovidas
pelo SUS são basicamente: o Princípio da Universalização, que
assegura que a saúde é um direito de todas/todos e cabe ao Estado
garantir esse direito, independente de raça, sexo ou qualquer
outra diferença; Princípio da Equidade, que visa diminuir as
desigualdades, vez que por mais que todas as pessoas possuam
direito ao acesso à saúde, elas se diferenciam e, portanto, devem
tratar os iguais de maneira igual e os desiguais na medida de suas
desigualdades; e, por último, mas não menos importante, o Princípio
da Integralidade, que visa considerar as pessoas como um todo,
atendendo todas as suas necessidades, sendo primordial, portanto,
a integração de ações, possibilitando promoção de saúde, prevenção
de doenças, tratamento e reabilitação (BRASIL, 1988).
Diante da contradição existente entre a Resolução do CFM
e a Portaria emitida pelo SUS com os princípios norteadores desse
órgão, somado à leitura da Constituição Federal, artigos 1º, III;
3º, IV e 196, percebe-se que o SUS é um espaço criado visando à
proteção e promoção à saúde, e não somente para curar possíveis
doenças.
Comprova-se esse fato quando depreende-se que a gravidez
é um procedimento concedido pelo SUS, não sendo considerado
como doença, mas requerendo, por todo seu período, uma série de
exames e acompanhamentos para “promover” a saúde da gestante

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 197

e do feto. Dessa forma, não se pode inferir que só é possível ter


o acompanhamento do processo transexualizador, em qualquer
nível, se este for considerado patologia. Assim, deve-se encarar
a transexualidade como uma condição de saúde que necessita de
cuidados médicos, sejam eles a hormonioterapia e/ou redesignação
sexual e/ou retirada bilateral dos seios em homens transexuais
e implantação de prótese de silicone em mulheres transexuais.
(BARRERA, 2014).
Entende-se por processos transexualizadores a mastectomia
masculinizadora, também conhecida como mamoplastia
masculinizadora, a implantação de próteses de silicone, a reposição
hormonal e a cirurgia transgenitalizadora, mas ressalva-se ao
indivíduo a sua autonomia, não podendo o SUS atender somente
aquela/aquele que rejeita seu órgão genital, recusando-se a fazer a
reposição hormonal, por exemplo, e vice e
versa.
Portanto, é necessária a crítica sobre o que o Conselho Federal
de Medicina entende por transexualidade e identidade de gênero,
bem como a postura do Sistema Único de Saúde em marginalizar
esse grupo social, não promovendo a saúde de forma igualitária e
não discriminatória, pois concordar e legitimar que gênero deve ou
pode ser diagnosticado é reforçar um estereótipo padrão e condenar
as/os transexuais como seres abjetos e
marginalizados por um Estado que insiste em perpetuar o
preconceito e manter um Sistema de Saúde que se limita à promoção
de saúde, indo contra os seus princípios basilares e ferindo preceitos
fundamentais da Constituição.
Portanto, a despatologização das identidades transexuais
não pode recair em mais perdas de direitos que já vive o grupo
transexual no Brasil. Encarar a transexualidade como fator de livre
exercício de manifestação corporal, sexual e política é assumir que
todo e qualquer ser está amparado pelo Estado, não retirando dessas
pessoas direitos fundamentais básicos previstos na Constituição da
República.

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198 ANAIS X SIMPAC

Considerações Finais

Com o presente estudo e a partir das leituras realizadas,


torna-se urgente e necessário criar políticas públicas que insiram
essas/esses sujeitas/os na sociedade, visando sempre a integração
dessas pessoas nos mais diversos campos sociais, sejam eles o
educacional, o político, o hospitalar ou o religioso.
É dever do Estado chamar para si a obrigação de tutelar e assegurar
que os direitos a que os corpos cisgêneros estão usufruindo seja
também alcançado pelos corpos transexuais, sem que para isso seja
preciso enquadrá-los no rol de doenças para que efetivamente possam
ter direito e acesso a processos transexualizadores que irão adequá-
los à realidade social e mental a qual se enxergam. A autonomia da
vontade deve prevalecer, sem que o indivíduo sofra discriminações,
restrições e até mesmo perda de direitos fundamentais e essenciais
para a sua livre manifestação enquanto sujeita/sujeito de Direito.

Referências Bibliográficas

BARRERA, D. C. Integralidade e Cissexismo: Uma revisão


de artigos sobre atenção à saúde das pessoas Trans. 2014,
196 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em ciências
sociais) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2014. Disponível em <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/
handle/123456789/124407/Daniela%20Calv%C3%B3%20
Barrera%20-%20TCC.pdf?sequence=1&isAllowed=y > Acesso em
24 de mar 2018

BRASIL, Portaria Nº 2.803 de nov. 2013. Disponível em <http://


bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2803_19_11_2013.
html > Acesso em 21 mar 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 199

BRASIL, Princípios do SUS.2018. Disponível em <http://portalms.


saude.gov.br/sistema-unico-de-saude/principios-do-sus> Acesso em
21 de mar 2018.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicaocompilado.htm > Acesso em 21 mar 2018.

BRASÍLIA, Resolução CFM nº 1.652/2002. 2002. Disponível em


<http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2002/1652_2002.
htm> Acesso em 21 de mar 2018.

TEIXEIRA, C. Os princípios do Sistema Único deSaúde.2016.


Disponível em <https://www.almg.gov.br/export/sites/default/
acompanhe/eventos/hotsites/2016/encontro_internacional_saude/
documentos/textos_referencia/07_principios_sistema_unico_saude.
pdf >. Acesso em 22 mar 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


200 ANAIS X SIMPAC

PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEO


RESIDUAL ATRAVÉS DE DOIS MÉTODOS DE
PURIFICAÇÃO

Arthur Coelho Durso1, Raquel Moreira Maduro de Carvalho2,


Svetlana Fialho Saira Galvano43

Resumo: O biodiesel é considerado uma alternativa energética e é


utilizado no mercado através da adição do diesel provido do petróleo
e espera que em 2019 a porcentagem obrigatória esteja em 10 %. Desta
forma, a produção do biodiesel está em ascensão, por sua vez, resulta
um problema industrial que é a geração de efluentes causados pela
etapa de purificação do combustível com água. A fim de diminuir
os problemas ambientais destes processos a presente pesquisa teve
como objetivo produzir o biodiesel a partir de óleo de soja residual de
fritura coletado nas residências de estudantes próximas a faculdade
e fazer a purificação por lavagem aquosa, método tradicional, e por
via seca utilizando a terra diatomácea, método alternativo, para
remoção de resíduos indesejáveis. A comparação dos dois métodos
neste estudo demostrou que a purificação como a terra diatomácea
tem potencial para substituir o método de purificação com a lavagem
aquosa. As análises físico químicas realizadas evidenciam que o
biodiesel produzido está dentro do exigido pela Agência Nacional do
Petróleo (ANP), 2014.

Introdução

Pela definição da lei nacional número 11.097 de 13/01/2005, o


biodiesel pode ser classificado como um combustível alternativo, de
natureza renovável, que possa oferecer vantagens socioambientais
1
Graduando de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: arthurdurso.enq@gmail.com
2
Professora do Curso de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: raquelmaduro@gmail.
com
3
Professora do Curso de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: svtlana.eng@gmail.
com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 201

ao ser empregado na substituição parcial do diesel de petróleo em


motores de ignição por compressão interna.
Entretanto, há vários tipos de matérias-primas e rotas
tecnológicas que podem ser empregadas na obtenção de
biodiesel, as quais influenciam fortemente suas características
e, consequentemente, sua purificação final. Sendo que a
transesterificação se apresenta como uma ótima opção, visto que
o processo é relativamente simples promovendo a obtenção de um
biodiesel com propriedades similares às do óleo diesel, associado à
substituição de combustível fósseis em motores do ciclo diesel sem
haver necessidade de modificação no motor e ainda apresenta as
vantagens como o menor impacto ambiental.
Entre as opções de matéria-prima, pode-se utilizar o óleo
vegetal proveniente de fritura para consumo humano. Hoje, no
Brasil, este mesmo óleo é destinado a fabricação, em menor volume,
à produção de biodiesel. Entretanto, a maior parte deste resíduo é
descartado em rede de esgotos e/ou no solo, sendo considerado um
crime ambiental. A parte final do processo de produção do biodiesel
poder ser realizado por lavagem aquosa, método tradicional ou
por terra diatomácea. A terra diatomácea é um sedimento amorfo,
originado a partir de frústulas ou carapaças de organismos
unicelulares vegetais. Sua elevada área superficial específica e
baixa densidade explica sua utilização em diferentes áreas, como
adsorção, filtração, clarificação, isolamento térmico e acústico, como
também na produção de capacitor cerâmico. Desta forma, pode ser
utilizada para a produção do biodiesel.
Assim, o presente trabalho tem o objetivo de estudar a
reciclagem do óleo residual de fritura para a produção do biodiesel
com a avaliação do método mais eficiente de purificação da rota
tecnológica, seja pela lavagem aquosa ou seja pela terra diatomácea.

Material e Métodos

Todas as análises foram realizadas, no laboratório de química


da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, em triplicata. A água destilada e as
soluções foram preparadas sem nenhuma purificação prévia.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


202 ANAIS X SIMPAC

De início, foi feita uma verificação visual no óleo coletado para


identificar resíduos sólidos presentes provenientes do processo de
fritura. O mesmo foi filtrado para retirar os resíduos e seguir para
o pré-tratamento.
O pré-tratamento para a obtenção dos ésteres metílicos foi
realizada adaptando a metodologia descrita por Christoff (2006). As
análises realizadas para a caracterização do óleo residual oriundo de
fritura foram aspecto, índice acidez e porcentagem de ácidos graxos
livres e comparados com o parâmetro de qualidade estabelecido pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2005. Além
disso, foi realizada as mesmas análises para o óleo de soja virgem
(Marca X) e no óleo de soja virgem com pré-tratamento.
A obtenção dos ésteres metílicos foi realizada pela reação
de transesterificação, via catalise básica, seguindo a metodologia
proposta por Albuquerque (2006). Porém, a purificação dos ésteres
metílicos foi realizada através da lavagem aquosa (metodologia
descrita por Albuquerque, 2006) e também pelo processo de adsorção
com a terra diatomácea (metodologia descrita por Silva et al., 2009).
As análises químicas e físicas do biodiesel produzidos foram
conduzidas, respectivamente, pelas metodologias descritas pela
portaria 25 2014 da ANP: aspecto, densidade – NBR 7148, índice de
acidez NBR – 14448, teor de umidade ASTM D6304.
As análises citadas foram realizadas para o biodiesel de
lavagem aquosa e de adsorção com a terra diatomácea.

Resultados e Discussão

A qualidade do biodiesel produzido é um fator fundamental


que vai condicionar o funcionamento e o tempo de vida de um motor,
assim, é essencial garantir um produto de qualidade (CRHISTOFF,
2006). Para determinar a qualidade do combustível produzido em
laboratório foram efetuadas análises físico-químicas para lavagem
aquosa e com adsorção da terra diatomácea, cujos resultados foram
apresentados na Tabela 1.
A ANVISA (2005), utiliza como parâmetros de qualidade o
índice de acidez (IA) em porcentagem equivalente ao acido oleico,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 203

sendo o IA do óleo de soja refinado encontrado deve ser no máximo


0,6 mg KOH/ g. Ao comparar os resultados da Tabela 1 observa-
se que todos estão dentro dos padrões de qualidade propostos pela
ANVISA.
Logo, esses valores sugerem que a maior parte dos ácidos
graxos presente no óleo, participou da reação de transesterificação.
Silva e Neto (2013) encontrou o valor encontrado foi de 9,5 mg
KOH/g. O índice de acidez do óleo residual utilizado nesse trabalho
encontra-se menor e dentro do estabelecido pela ANVISA.
A determinação da porcentagem de ácidos graxos livres
torna-se importante pois os mesmos podem reagir com o catalizador
formando um produto saponificado, reduzindo a eficiência do
processo reacional. É indicado, para uma reação completa na
produção de biodiesel, que o teor de ácido graxo livre seja inferior a
3 %. Assim, após a realização das análises no óleo residual antes e
após o pré-tratamento e analisando os resultados, verificou-se que
o mesmo pode ser utilizado para a obtenção do biodiesel, através do
processo de transesterificação, pois o resultado encontrado foi de
0,2653 %.
Com o biodiesel produzido, o mesmo foi analisado visualmente,
o qual verificou-se a ausência de impurezas, caracterizando-o como
Límpido e Isento de impurezas. A outra análise do biodiesel foi
a densidade, a qual está relacionada com o grau de pureza. Os
resultados verificados na Tabela 1 da densidade dos dois biodiesel
se encontram dentro dos limites especificados pela ANP, 2014.
Para a análise do índice de acidez do biodiesel produzido têm-
se que os valores encontram-se dentro da norma da ANP 2014,
(Tabela 1). Se o valor do IA estiver acima do permitido o combustível
terá uma propensão maior para o envelhecimento (CRHISTOFF,
2006). Ocorrerá, também: deposição de partículas no sistema de
distribuição de combustível; redução do tempo de vida das bombas
de combustível, mangueiras e dos filtros. Portanto, o biodiesel
produzido não causará estas características devido ao IA.
A última análise realizada foi o teor de umidade, análise
importante pois, quanto menor a quantidade de água no biodiesel
melhor a qualidade do combustível. Através da Tabela 1 foi possível

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


204 ANAIS X SIMPAC

observar que o teor de umidade se encontra dentro do padrão


estabelecido pela ANP 2014, para a produção dos dois biodiesel,
porém o de adsorção com a terra diatomácea apresentou um menor
teor de umidade.

TABELA 1: Análises físico-químicas do biodiesel com lavagem


aquosa e com adsorção de terra diatomácea.
Biodiesel
Biodiesel com
Limites
Ensaios com lavagem adsorção
ANP
aquosa de terra
diatomácea
Límpido e Límpido e Límpido e
Aspecto isento de isento de isento de
impurezas impurezas impurezas
Densidade
887,25 882,00 850 - 900
(g/L)
Índice de
acidez 0 0 > 0,8
(mg KOH/g)

Teor de
147,00 129,00 200,00
umidade (mg)

No processo de obtenção de biodiesel por óleo residual de fritura


através do método de lavagem aquosa obteve-se um rendimento de
69,2 %. O rendimento obtido por Christoff (2006) foi de 88,6% e por
Alves e Pacheco (2014) foi de 33 %. Observa-se que o rendimento
obtido encontra-se na faixa de porcentagem ao comparar com os
autores citados. Já o processo de obtenção de biodiesel pelo método
de adsorção com a terra diatomácea obteve um rendimento de 59,4
%, e encontra-se também nos parâmetros de qualidade exigidos pela
ANP 2014.

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ANAIS X SIMPAC 205

Considerações Finais

O uso da terra diatomácea vem demostrando interesse pelo


seu potencial para a purificação de biodiesel para a substituição do
método convencional por lavagem aquosa, que vem resultando num
problema industrial que é a geração de efluente causados pela etapa
de purificação do combustível com água.
O método proposto é adequando para a purificação do
biodiesel. Como foi demostrado nas análises, a adsorção com a
terra foi eficiente e com ótimos resultados, enquadrando dentro dos
limites exigidos pela ANP 2014.

Referências Bibliográficas

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Química do biodiesel de Canola (Brassica napus).
(Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Química) –
Universidade Federal da Paraíba, 2006.

ALVES, A. A. e PACHECO, B. T. G. Síntese do biodiesel a


partir de óleo residual através da esterificação homogênea
dos ácidos graxos livres e transesterificação alcalina. TCC –
Universidade Federal de Alfenas, 2014.

CHRISTOFF, Paulo. “Produção de biodiesel a partir do óleo


residual de fritura comercial, estudo de caso: Guaratuba,
litoral paranaense”. LACTEC – Instituto de Tecnologia para o
Desenvolvimento. Dissertação de Mestrado, p. 82, Curitiba, 2006.

AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO – ANP. Resolução n°


45 de 2014. Disponível em: <nxt.anp.gov.br/NXT/gateway.dll/leg/
resoluções_anp/2014/agosto/ranp> Acesso em: 10 de janeiro de 2018

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA,


Consulta Pública n° 85, de 13 de dezembro de 2004, D.O.U de
17/12/2004, 2005.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


206 ANAIS X SIMPAC

SILVA, T. A. R.; NETO, W. B. Estudo da Redução da Acidez


do Óleo Residual para a Produção de Biodiesel Utilizando
Planejamento Fatorial Fracionado. Rev. Virtual Qui. Vol 5.
No. 5. 2013.

SILVA, G. M. Avaliação da Remoção do Glicerol Livre do


Biodiesel por Adsorção. Iniciação Cientifica – Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC, 2009.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 207

USO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS POR


FREQUENTADORES DE UMA ACADEMIA

Érica Aparecida Lana Ribeiro1, Bárbara Cristina Oliveira Santos2,


Luciana Marques Cardoso3

Resumo: Muitas pessoas procuram academias por estética e não


por saúde, sendo assim, exageram nos treinamentos e abusam do
consumo de suplementos nutricionais. Porém, sabe-se que a ingestão
excessiva de suplementos pode causar um grande impacto na saúde
dessa população, uma vez que, o suplemento só é indicado em casos
específicos como um atleta competitivo, ou por alguma necessidade
nutricional que somente através da alimentação não se consegue
atingir. Este trabalho possui como objetivo fazer um levantamento dos
principais suplementos nutricionais utilizados por frequentadores
de uma academia em Visconde do Rio Branco – MG. Foram
entrevistados 31 indivíduos com a idade entre 18 anos e 45 anos, os
quais responderam um questionário semiestruturado com questões
pertinentes ao uso de suplemento. Os suplementos mais utilizados
foram os de aminoácidos e de proteínas. Os nutricionistas possuem
habilidades para promover melhorias no desempenho físico através
de uma alimentação saudável e equilibrada, sendo assim, cuida da
composição corporal prevenindo possíveis doenças associadas a uma
elevada porcentagem de gordura corporal e também a uma possível
intoxicação por excesso de ingestão de suplementos nutricionais.
Assim, este profissional tem um papel fundamental na prática
esportiva, uma vez que, conscientiza e orienta os indivíduos quanto
ao o uso correto da suplementação conforme suas necessidades
individuais e diárias quando se julga o uso desta prática necessária.

Palavras–chave: Academia, avaliação nutricional, suplementos


nutricionais
1
Graduada em Nutrição –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: ericalana18@gmail.com
2
Graduanda em Nutrição –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: santos.barbaranutri@outlook.
com
3
Professora do Departamento de Nutrição –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: lucianacardoso.nut@gmail.
com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


208 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Segundo Alves e Lima (2009), muitas pessoas procuram


academias por estética, com o objetivo de alcançar um corpo
perfeito, que a mídia divulga em ser o ideal, magro, com baixa
quantidade de gordura ou com elevado volume de tônus muscular
e não necessariamente o corpo saudável. Isso leva a um excesso
nos treinamentos e ao uso abusivo de suplementos nutricionais. No
ano de 2001, as indústrias de suplementos investiram 46 bilhões
de reais em propaganda, crescendo mais o consumo destes pela
população, sendo os mais utilizados: as proteínas e aminoácidos,
creatina, carnitina, vitaminas, microelementos, cafeína, β-hidroxi
β-metilbutirato (HMB) e os bicarbonatos com alegações de melhora
do desempenho físico (ALVES; LIMA, 2009).
De acordo com Lopes et al. (2015), uma alimentação adequada
com nutrientes necessários, é o principal fundamento para melhorar
o desempenho físico, pois favorece maior rendimento ao diminuir a
fadiga e evitar a perda de massa magra, porém muitas pessoas têm o
raciocínio de que para alcançar seus objetivos é essencial a utilização
de suplementos. Neste sentido, muitos fazem o uso, porém, não
procuram um profissional habilitado, como o nutricionista e o médico
para que estes orientem o uso correto dos suplementos, começando a
consumi-los ao haver indicação por amigos, vendedores e educadores
físicos (HIRSCHBRUCH; FISBERG; MOCHIZUKI, 2008).
Este trabalho possui como objetivo fazer um levantamento dos
principais suplementos nutricionais utilizados por frequentadores
de uma academia em Visconde do Rio Branco – MG.

Material e Métodos

A pesquisa constituiu-se de um estudo descritivo transversal.


A coleta de dados foi realizada em uma Academia de Ginástica no
município de Visconde do Rio Branco, do Estado de Minas Gerais.
O público alvo foram os praticantes de musculação, de ambos os
sexos, com idades entre 18 anos e 45 anos, independente de gênero,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 209

cor, classe e grupo social, que tinham como objetivo a hipertrofia


muscular e que treinavam há um tempo igual ou superior a três
meses, com uma frequência mínima de três vezes por semana, por
50 minutos ou mais. As gestantes e lactantes não foram incluídas
na pesquisa. A amostragem foi definida por conveniência. Os
participantes da pesquisa foram abordados de forma aleatória,
na entrada principal da academia, em diferentes horários do dia
(diurno e noturno) e da semana. Esses foram informados sobre o
objetivo da pesquisa e da não necessidade de sua identificação para
responder o questionário. O instrumento utilizado para coleta dos
dados foi um questionário semiestruturado, adaptado de Albino et
al. (2009), com questões pertinentes ao uso de suplementos.
O Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde - FACISA/UNIVIÇOSA,
atendendo a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Ética em
Pesquisa – CONEP, protocolo número: 236/2016-I.

Resultados e Discussão

Foram avaliados 31 voluntários praticantes de musculação,


a média de idade dos participantes foi de 28 anos, com idade
mínima de 18 anos e máxima de 45 anos. Desta amostra 48,38%
(n=15) utilizavam algum tipo de suplemento nutricional, número
menor ao encontrado por Hirschbruch, Fisberg e Mochizuki (2008)
em uma pesquisa com 201 jovens frequentadores de academias de
ginástica da cidade de São Paulo, que identificaram que 61,2% (n =
123) utilizavam suplemento alimentar. Entre os consumidores de
suplementos, 66,6% (n=10) eram do sexo masculino e 33,3% (n=5)
do sexo feminino.

Na Figura 1 estão indicados os tipos de suplementos


consumidos com suas respectivas porcentagens. Os suplementos
a base de aminoácidos e proteínas foram os predominantes entre
os praticantes de musculação. Estes consumidores relataram que
usam estes produtos com o intuito de aumento da massa muscular,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


210 ANAIS X SIMPAC

redução da gordura corporal e aumento da energia e desempenho


atlético.

Figura 1: Tipo de suplementos nutricionais mais citados, de acordo


com a formulação, por praticantes de musculação de uma academia
de ginástica.

Foi verificado que 40% (n=6) dos praticantes de musculação


que usavam suplementos nutricionais faziam o uso por iniciativa
própria, 20% (n=3) por recomendação de um instrutor na academia,
20% (n=3) por um nutricionista, 13% (n=2) por indicação de amigos e
7% (n=1) de um vendedor de lojas de suplementos esportivos. Assim,
80% (n= 12) dos usuários de suplementos não foram orientados
por profissionais capacitados, como um nutricionista ou médico
assemelhando aos estudos de Hallak, Fabrini e Peluzio (2007) e do
Hirschbruch, Fisberg e Mochizuki (2008). Do total de entrevistados
45% (n=14) haviam sido orientados por um nutricionista com
relação a uma alimentação adequada antes de iniciar a prática de
exercícios físicos.
Entre os que utilizavam suplementos, 53% (n=8) disseram
ter procurado um nutricionista para orientação sobre a sua
alimentação. E também foi questionado se eles consideram sua
alimentação adequada e a maioria 74% (n=23) responderam que

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 211

sim.
Mesmo que a indicação do uso de suplementos não tenha
sido em sua maioria por um nutricionista, grande parte dos
praticantes de musculação usuários de suplementos 53% (n=8)
foram orientados por um, mesmo que seja apenas para melhorar
seus hábitos alimentares.
Considerações Finais

De acordo com os dados expostos no presente estudo, observou-


se que muitas pessoas fazem uso de suplementos nutricionais por
indicação de leigos, sem a verificação da real necessidade dessa
complementação, portanto, tais indivíduos correm o risco de
sofrerem danos à saúde.

É importante que o uso de suplementos nutricionais seja


indicado por um profissional habilitado, como o nutricionista,
por ter um papel fundamental na prática esportiva, uma vez que,
conscientizam e orientam o uso correto de suplementação de acordo
com as necessidades nutricionais do indivíduo, possuem habilidades
para promover melhoras no desempenho físico através de uma
alimentação saudável e equilibrada, prevenindo possíveis doenças
associadas e uma elevada porcentagem de gordura corporal e uma
intoxicação por uma alta ingestão de suplementos nutricionais.

Referências Bibliográficas

LOPES, F. G. et al. Conhecimento Sobre Nutrição E Consumo


De Suplementos Em Academias De Ginástica De Juiz De Fora,
Brasil. Rev. Brás Med. Esporte, São Paulo, v. 21, n. 6, p. 451-
456, Dec.  2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922015000600451&lng=en&
nrm=iso>. Acesso em: 02 abr. 2016.

HOFFMAN, J.R; FAIGENBAUM, A.D;RATAMESS, N.A.; ROSS,

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212 ANAIS X SIMPAC

R.; KANG J.; TENENBAUM, G.. Nutritional Supplementation


And Anabolic Steroid Use In Adolescents. Med Sci Sports Exerc
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HIRSCHBRUCH, M. D.; FISBERG, M.; MOCHIZUKI, L.. Consumo


De Suplementos Por Jovens Frequentadores De Academias De
Ginástica Em São Paulo. Rev. Brás Med. Esporte, Niterói,  v.
14, n. 6, p. 539-543, Dec.  2008. Disponível em:<http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922008000600013&ln
g=en&nrm=isso>. Acesso em: 18 jan. 2017.

Halab, A; Fabrini, S; Peluzio, M.C.G..Avaliação Do Consumo De


Suplementos Nutricionais Em Academias Da Zona Sul De Belo
Horizonte. Rev. Bras. Nut. Esportiva. Vol. 1. Num. 2. Mar/
Abril. 2007. p. 55-60. Disponível em:< https://dialnet.unirioja.es/
descarga/articulo/5070721.pdf>. Acesso em: 03 mar. 2017.

ALVES, C.; LIMA, R. V. B.. Uso De Suplementos Alimentares Por


Adolescentes. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 85, n. 4, p.
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ALBINO, C. S. et al. Avaliação Do Consumo De Suplementos


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Bueno Aires., ano14, n.134, julho 2009. Disponível em:< http://
www.efdeportes.com/efd134/consumo-de-suplementos-nutricionais-
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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 213

A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E A


DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS URBANÍSTICOS

Bianca Aparecida Nascimento1, Luanna Batalha Silveira Ferreira


da Costa, Douglas Luís de Oliveira2

Resumo: O estudo apresentado objetiva analisar a função social


da propriedade urbana, sob a ótica dos valores e dos princípios
constitucionais, sancionatórios, confiscatórios, notadamente o
princípio da função social da propriedade privada. Tendo em vista
a existência de normatização específica que permite a intervenção
do Estado no sentido de desapropriar, mesmo que de maneira
sancionatória, a propriedade que não atinja seu fim social, a
desapropriação urbanística sancionatória funciona como mais um
instrumento à disposição do Poder Público para atingir a satisfação
coletiva. Como será visto, a desapropriação urbanística sancionatória
tem como fundamento a supremacia do interesse público sobre
o privado, o que legitima a sua existência. Ademais, a previsão
constitucional do tema lhe dá suporte normativo, permitindo a sua
utilização pelo Poder Público como forma de estruturar a organização
dos municípios. Apresenta-se como pressupostos da desapropriação
a necessidade pública, a utilidade pública e o interesse social. Este
instrumento, mais do que orientar, obriga o proprietário a promover
uma utilização social da sua propriedade. Ressaltando assim a
importância do tema proposto.

Palavras–chave: Constituição, desapropriação, interesse público,


administração pública

Introdução

A propriedade como direito fundamental está prevista no art.


5º, XXII, da Constituição Federal, de modo que o seu desapossamento
1
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: bbiancavrb12@gmail.com luannabatalha@
hotmail.com
2
Mestre, Professor da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail douglas@univicosa.com.br 

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


214 ANAIS X SIMPAC

só poderá ocorrer observando-se o devido processo legal e todos os


direitos que lhes são garantidos. Nas palavras de Kildare, “a função
social da propriedade corresponde a uma concepção ativa e comissiva
do uso da propriedade, fazendo com que seu titular seja obrigado
a fazer valer-se de seus poderes e faculdades, no sentido do bem
comum (KILDARE, 2008, p.736)”. Nesse sentido, a propriedade tem
que cumprir sua função social, pois, caso contrário, ao ter o interesse
público afetado, a administração pública deverá desapropriá-la.
Em compasso com a questão em epígrafe, Maria Sylvia
Zanella Di Pietro leciona que a desapropriação se configura em
um procedimento administrativo, ao qual, o Poder Público ou seus
delegados, por meio de prévia declaração de necessidade pública ou
interesse social, com um caráter autoritário, impõe ao proprietário a
perda de seu bem, fazendo assim que este receba pelo seu patrimônio
uma justa indenização. (2008, p. 149)

Material e Métodos

O direito à propriedade não é incondicionado, o artigo 5º,


inciso XXIV da CR/88 prever a possibilidade de desapropriação,
conforme disposto a seguir: “a lei estabelecerá o procedimento
para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização, em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição”;
Apresentam-se, dessa forma, como pressupostos da
desapropriação a necessidade pública, a utilidade pública e o
interesse social. Por necessidade pública ou utilidade pública
entende-se que é a segurança nacional; a defesa do Estado; o
socorro público em caso de calamidade; a salubridade pública; a
criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento
regular de meios de subsistência; o aproveitamento industrial das
minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica;
a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de
saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; a exploração
ou a conservação dos serviços públicos; a abertura, conservação e
melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 215

de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para


sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção
ou ampliação de distritos industriais;  o funcionamento dos meios
de transporte coletivo; a preservação e conservação dos monumentos
históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-
lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção
de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza;  a
preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos
e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;  a construção
de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios;  a
criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves;
a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica,
artística ou literária, conforme disposto na Lei 3.365/41. A
necessidade pública tem por principal característica uma situação
de urgência, cuja melhor solução será a transferência de bens
particulares para o domínio do Poder Público e utilidade pública se
traduz na transferência conveniente da propriedade privada para
a Administração, sendo que não há caráter imprescindível nessa
transferência, pois é apenas oportuna e vantajosa para o interesse
coletivo.
O Art. 2º da Lei 4.132/62 dispõe que é de interesse social
o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem
correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e
consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por
seu destino econômico; o estabelecimento e a manutenção de colônias
ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola; a manutenção
de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou
tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando
núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias; a construção
de casas populares; as terras e águas suscetíveis de valorização
extraordinária, pela conclusão de obras e serviços públicos,
notadamente de saneamento, portos, transporte, eletrificação
armazenamento de água e irrigação, no caso em que não sejam ditas
áreas socialmente aproveitadas; a proteção do solo e a preservação de
cursos e mananciais de água e de reservas florestais; a utilização de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


216 ANAIS X SIMPAC

áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam apropriados


ao desenvolvimento de atividades turísticas. A desapropriação por
interesse social caracteriza-se quando a propriedade não cumpriu
com sua função social, portanto os bens desapropriados por interesse
social não se destinam à Administração ou a seus delegados, mas
sim à coletividade.
A lei 3.365/41 dispõe sobre a desapropriação por utilidade
pública, e seu artigo 2º aponta que mediante declaração de utilidade
pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos
Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios. Além disso, o
parágrafo 2o  do referido artigo aduz que os bens do domínio dos
Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas,
em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.

Resultados e Discussão

O nosso ordenamento jurídico constitucional prevê dois tipos de


desapropriação para o imóvel urbano. Inicialmente, dispõe a Carta de
1988 acerca da desapropriação comum, como sendo aquela decorrente
de necessidade ou utilidade pública ou interesse social e ressarcida
mediante indenização prévia, justa e em dinheiro, prevista nos arts.
5.º, XXIV, e 182, § 3.º, ambos da Constituição Federal. A segunda
hipótese constitucional diz respeito à denominada desapropriação-
sanção que é aquela destinada a punir o não cumprimento de
obrigação ou ônus urbanístico imposto ao proprietário de terrenos
urbanos. Este caso tem caráter sancionatório porque, como
penalidade pelo descumprimento de um dever urbanístico, o Poder
Público desapropriará o imóvel remisso e impor-lhe-á o pagamento
mediante títulos especiais da dívida pública resgatáveis em parcelas
anuais e sucessivas.
Ademais, a desapropriação-sanção somente pode ser aplicada
pelo Poder Público municipal; somente pode incidir em área urbana,
delimitada mediante lei específica e incluída no plano diretor de
desenvolvimento urbano; somente pode ser aplicada após prévias
tentativas de parcelamento ou edificação compulsória; pagamento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 217

mediante títulos da dívida pública de emissão previamente


aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,
em parcelas anuais, iguais e sucessivas, disciplinada pelo art. 182
da Constituição e pela Lei Federal 10.257/01. Por fim, importante
ressaltar, a desapropriação confiscatória, na qual a propriedade
é expropriada e o proprietário não recebe indenização por parte
do Poder Público, em razão do uso da propriedade para um fim
criminoso, conforme disposto no artigo 243 da Constituição Federal.
Outrossim, no tocante à competência municipal para proceder
a desapropriação para fins de reforma urbana, o município poderá,
após o decurso da cobrança do IPTU progressivo por 5 anos, optar
entre manter tal exação, nos termos do art. 7.º, § 2.º, ou efetivar
a desapropriação, conforme disposto no Art. 8o da Lei 10.257/01:
“Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o
proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação
ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação
do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública”. Dessa
forma, conforme lecionam os professores Fernando Dias Menezes de
Almeida  e Clóvis Beznos  “esse dispositivo mencionado estabelece
uma faculdade ao Município no que tange à desapropriação, vez que
utiliza o termo ‘poderá’, e não ‘deverá’. Essa faculdade se explica,
vez que os títulos que se constituem na moeda do pagamento da
desapropriação dependem de prévia aprovação do Senado Federal, o
que retira das mãos do Município a decisão plena sobre a efetivação
das desapropriações”.
A questão referente à destinação deferida ao bem após a
efetivação da retirada compulsória do imóvel do patrimônio do ex-
proprietário, é disciplinada pelo Estatuto da Cidade nos §§ 4.º a
6.º. Em síntese, na desapropriação tradicional, via de regra, o bem
passa a integrar o patrimônio do ente expropriante, enquanto que
naquelas, embora o imóvel possa permanecer em poder do Município
que o utilizará de acordo com sua função social, a regra geral é
que haja uma transferência a terceiros, aos quais será atribuída a
obrigação urbanística. Destarte, o § 4.º do dispositivo mencionado
determina que o Município terá o prazo de 5 anos para proceder ao
adequado aproveitamento do imóvel, prazo a ser contado a partir

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


218 ANAIS X SIMPAC

de sua incorporação ao patrimônio público. E o § 5.º, por seu turno,


dispondo acerca das formas de aproveitamento do bem, faculta ao
ente municipal procedê-lo diretamente, ou por meio de alienação
ou concessão a terceiros, obedecendo-se, nesse caso, ao respectivo
procedimento licitatório. Do cotejo desses dispositivos extrai-se que,
após a efetivação da desapropriação, o Município tem um prazo para
dar ao bem a destinação que lhe impõe o plano diretor e da qual o ex-
proprietário estava remisso, ou seja, para efetuar o parcelamento, a
edificação ou a utilização compulsória. Poderá ainda o Poder Público
optar por transferi-lo a terceiros. De qualquer sorte, não efetuando
o adequado aproveitamento dentro do prazo estipulado, o próprio
Estatuto da Cidade impõe ao administrador municipal as penas da
improbidade administrativa, conforme preceituado no art. 52, II.

Conclusão

Em que pese a importância do princípio da Supremacia do


Interesse Público em relação ao Interesse Privado, há de se reforçar
a necessidade da boa fundamentação da escolha pública, sob pena
de direitos e liberdades individuais restarem prejudicados. Após
analisada a importância de grandes investimentos públicos para
o bem-estar da coletividade, configurando-se então, a  priori, o
interesse público. O atendimento à função social estará condicionado
aos requisitos e exigências previstos no plano diretor de cada
município. O plano diretor municipal buscará adequar a estrutura
das cidades às necessidades dos cidadãos que nela vivem. Este
instrumento, mais do que orientar, obriga o proprietário a promover
uma utilização social da sua propriedade, podendo, desta forma,
puni-lo com a retirada deste direito, pela desapropriação, caso não
siga as referidas instruções normativas.

Agradecimentos

À Deus por ter nos dado saúde e força para enfrentar os


desafios e dificuldades. A esta faculdade, seu corpo docente, direção
e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbramos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 219

um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e


ética aqui presente. A todos que direta e indiretamente contribuíram
até aqui para nosso aprendizado e comprometimento.

Referências Bibliográficas

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPIEDADE. PHP.COM.BR. Acesso em


07 de Abril de 2018. Disponível em: http://phmp.com.br/artigos/
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MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 33ª edição


atualizada. São Paulo: Editora Malheiros, 2007. Acesso em 20 de
Maio de 2018

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


220 ANAIS X SIMPAC

PSICOPATOGIA NA ABORDAGEM JUNGUIANA

Bianca Macêdo Lopes1, Carla Maria de Lima Soares2, Karla Gomes


Leite3, Alex Sodré Costa4

Resumo: Este trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica


sobre patologias na visão de Carl G. Jung, com o intuito de aprestar
as visões desse autor sobre esse tema, queríamos nos informar e
também fazer com que esse artigo tivesse o propósito de mostrar
para os leitores essa visão de patologia, pois é uma visão única e
muito perceptível do ser humano. Pode se dizer que a forma que
Jung lidava com a patologia o deixava mais próximo de seu paciente
pois a sua preocupação no seu trabalho não era só com a doença que
era trazida pelo paciente e sim a subjetividade que seu paciente
trazia junto com a doença.

Palavras–chave: Patologia, perceptível, paciente, doença,


subjetividade.

Introdução

Carl G. Jung (1875-1961) coloca a psicopatologia como


uma variante do desenvolvimento normal do arquétipo, onde são
apenas distúrbios dos processos normais e nunca algo separado do
ser já que para ele o paciente deveria ser compreendido em sua
individualidade, ou seja, não podem responder como uma “psicologia
autônoma”, externa ao sujeito.
Jung (1985) defendia que o terapeuta não deve se fechar em
torno do que sabe, até então, a respeito do paciente, mas lhe mostrar
em total compreensão e dar uma chance para que ele apresente seu
1
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: bia_loops@outlook.com
2
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: carlasoares94@gmail.com
3
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: karla.gomesleite@hotmail.com
4
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: alexsodre_10@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 221

material com maior liberdade. Isso contribui para um acréscimo de


informações a respeito do caso, pois quando o terapeuta enxerga
apenas alguns pontos, ele, automaticamente, se fecha para outros.
“O fato decisivo é que, enquanto ser humano, encontro-me diante de
um outro ser humano. A análise é um diálogo que tem necessidade
de dois interlocutores. O analista e o doente se encontram face a
face, olhos nos olhos. O médico tem alguma coisa a dizer, mas o
doente também” (Jung, 2006).
Destacava (Jung, 1985) que o diagnóstico psicológico não vem
como forma de resolver o conflito do paciente e entender os processos
que afetam o sujeito, apenas como algo pronto para oferecer um
nível de orientação e direção, ou seja, é eficiente na descrição, porém
insuficiente na terapêutica. À vista disso, Jung (1999), mostra que
o diagnostico não significa nomear alguém (doentio) patológico, mas
sim conhecer as características de como o individuo se encontra,
sendo um determinado estado psicológico. Análise não é apenas
“diagnóstico”, mas antes é compreensão e suporte moral no esforço
e experiência honesta que chamamos “vida”. Nunca podemos saber
melhor ou de antemão o que afeta o indivíduo. Só podemos ajudar
a pessoa a se compreender a si mesma, a tomar coragem para a
tentativa e o desafio. (Jung, 1999, p. 62-63).

Material e Métodos

Nesse artigo foi feito um estudo de três artigos relacionado a


abordagem psicológica junguiana, em um grupo com quatro alunos
da Faculdade de Ciências e Tecnologias de Viçosa (UNIVIÇOSA).
Essa pesquisa foi para podermos ter um embasamento melhor
da abordagem, e assim conhecer também o seu criador “Carl G.
Jung”, mas dando foco a um assunto abordado pelo tema especifico.
Escolhemos mostrar um pouco da visão de Jung e como ele lidava
com as patologias de seus pacientes e assim com esse tipo de estudo
podemos ter uma noção diferente sobre as patologias que foram nos
apresentadas até hoje em nossa graduação de psicologia, essa nova

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


222 ANAIS X SIMPAC

abordagem abre os nossos olhos para coisas e fatos que até então
nem nos era compreendido o que é muito rico para á graduação.

Resultados e Discussão

Os resultados analisados têm como concluir que Jung não


tinha uma teoria especifica sobre neuroses. A teoria de Jung diz
que cada pessoa tem a sua individualidade e sua subjetividade, não
tem como uma teoria definir um tipo de “doença” para as pessoas.
Ele preferia analisar cada pessoa em sua totalidade e não tratar a
neurose, mas sim a pessoa por traz dessa neurose.
Ele via muito além de uma doença antes de tudo ele enxergava
o ser humano em sua frente o que para época ela uma característica
de trabalho muito diferente e inovadora, com isso tendo um destaque
em seu trabalho por ter essa peculiaridade positiva ao seu favor.
Ele compreendia que a complexidade do psiquismo é ampla,
então uma teoria geral não contemplaria a totalidade de cada
pessoa. Enfim, Jung não nomeou uma nomenclatura para neurose,
mas tinha as suas teorias como: corporal, hipnose erickoniana,
psicanálise, psicodrama, abordagem sistêmica entre outras.

Considerações Finais

De acordo com os artigos pesquisados sobre a forma que Jung


trabalha com as patologias mostra que o diagnóstico realizado
não resolve completamente os “problemas” dos pacientes, mas lhe
direciona para um caminho para que o mesmo possa se descobrir
e poder desvendar os seus conflitos. Jung dá total clareza e espaço
para que o paciente deposite sua confiança e traga o máximo de
relato possível. Ele analisava o individuo em si, para ele cada um
ter sua própria personalidade e subjetividade, sempre analisou cada
pessoa em sua totalidade e em sua patologia. Ele se dedicava ao
Maximo ao seu trabalho para que assim pudesse dar as melhores e
mais possíveis formas de tratar aquele sujeito que estava com a sua

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 223

psique abalada, e não deixando o sujeito de lado para só visualizar


a patologia como o todo do conflito posto para o tratamento.
Para finalizar, compreendemos que é muito difícil realizar
um diagnóstico “perfeito e completo” de uma pessoa, é necessária
uma apropriação teórica mais aprofundada e acima de tudo um
tempo maior de aproximação com o paciente, para assim, refletir
possibilidades de tratamento que fossem além do uso de medicação
e sim uma terapia realizada no foco do relato e na história de vida
do paciente, bem como um método de analise através dos sonhos,
dentre outros que são apresentados por Jung.

Referências Bibliográficas

Estudos Interdisciplinares em Psicologia. Reflexões sobre


diagnóstico psiquiátrico à luz da psicologia analítica. Est. Inter.
Psicol. vol.4 no.2 Londrina dez. 2013.

Boletim de Psicologia. Pesquisa em psicologia analítica: reflexões


sobre o inconsciente do pesquisador. Bol. psicol  v.57  n.127  São
Paulo dez. 2007.

Apontamentos sobre a psicologia analítica de Carl Gustav


Jung. Alves Ramos, Luís Marcelo.  Educação Temática Digital, supl.
Saúde Educativa, Psicologia Análitica e Movimentos Sociais;
Campinas Vol. 4, Ed. 1,  (2002): 110.

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224 ANAIS X SIMPAC

ANÁLISE DE INSOLVÊNCIA – TERMÔMETRO DE KANITZ


COM APLICAÇÃO AO BANCO DE DADOS DA EMPRESA
FIBRIA CELULOSE S.A.

Brígida Aparecida de Almeida Perázio Silva1, Bráulia Aparecida


de Almeida Perázio Faria2, Ana Cláudia Silva3, Mateus Souza4,
Pedro Henrique de Souza5, Thamires Santana Maia6

Resumo: O presente estudo teve como objetivo evidenciar o uso de


banco de dados contábeis, apresentando uma aplicação em um banco
de dados real da empresa Fibria Celulose S.A no período 2013 a 2017,
onde usou-se um modelo de previsão de falência, Termômetro de
Kanitz.Nessa perspectiva, avaliar a situação econômica e financeira
de uma empresa, utilizando como ferramenta os demonstrativos
contábeis é um diferencial diante a tomada de decisões das empresas

Palavras–chave: Previsão, contábil e administração.

Introdução

As técnicas de análise de Balanço das empresas constituem


ferramentas importantes para avaliar a situação econômica e
financeira das empresas, com o intuito principal de propiciar
a tomada de decisões. Tais técnicas, conhecidas também como
técnicas de gerenciamento contábeis, dentro de uma organização
fornecem resultados sobre as operações e os patrimônios de uma

1
Graduanda em Ciências Contábeis– FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA. e-mail: brígida.contabeis@gmail.com
2
Graduada em Matemática, Mestrado em Estatística– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: braulia.
estatistica@gmail.com
3
Graduada em Ciências Contábeis, Professora FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: anaufv@hotmail.com
4
Graduado em Ciências Contábeis, Professor FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: contabilidade.mateus@
gmail.com
5
Graduando em Ciências Contábeis– FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA. e-mail: pedro.souza@etev.com.br
6
Graduando em Ciências Contábeis– FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA. e-mail: thamiressantana93@hotmail.
com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 225

dada empresa, e quando bem realizadas e analisadas são capazes


de direcionar os gestores da empresa para a tomada de decisões
sobre investimentos futuros e até mesmo buscar medidas corretivas
direcionadas aos negócios.
Dentre as análises de demonstrações contábeis os índices
(de liquidez, rentabilidade e de endividamento), são indicadores
básicos e têm como principal objetivo fornecer uma visão ampla da
situação econômico-financeira de uma empresa.
De acordo com Gitman (2010) a análise de índices envolve
métodos, cálculos e interpretações de índices financeiros para
compreender, analisar e monitorar o desempenho da empresa,
sendo que a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) e o
Balanço Patrimonial (BP) são os demonstrativos fundamentais
para a análise.
Segundo Téles (2003), o estudo dos índices tem papel
fundamental na análise das Demonstrações Financeiras, pois
representam a relação entre contas ou grupo de contas de tais
demonstrações, que visa evidenciar determinado aspecto da
situação econômica ou financeira de uma empresa.
Stephen Charles Kanitz professor (e contador), desenvolveu um
modelo com o intuito de determinar previamente, e com satisfatória
margem de segurança, o grau de insolvência das empresas, o
qual chamou de termômetro de Kanitz. Tal modelo constitui uma
ferramenta de prevenção à “saúde da empresa” e tem como objetivo
alertar as empresas sobre sua situação financeira. O modelo de
Kanitz baseia-se em análise discriminante (métodos quantitativos
– estatística) considerando cinco índices: Rentabilidade do capital
próprio ou retorno do PL, liquidez geral, liquidez seca, liquidez
corrente, endividamento total (grau do Endividamento).
O termômetro de Kanitz é divido em três intervalos pelo cálculo
do fator de insolvência (α): Insolvência (Significa que a entidade está
perto da falência, fator de insolvência α < -3), penumbra (Significa

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


226 ANAIS X SIMPAC

que a situação financeira esta complicada e que deve ser revista,


fator de insolvência 0 < α < -3), solvência (Significa que a situação
da entidade esta boa, fator de insolvência α > 0).
Assim como o termômetro de Kanitz, existem outros
modelos usados para a previsão de falência das empresas, todos
eles baseiam-se em análise discriminante.
Silva (1983), em uma amostra de empresas classificadas
como solventes e insolventes mediu o grau de precisão de alguns
desses modelos, e o modelo proposto por Stephen Charles Kanitz,
apresentou um grau médio de 74% de acertos.
Assim, esse trabalho tem como objetivo mostrar a importância
da exploração do banco de dados contábeis das empresas para
gerenciamento e tomada de decisões, e apresentar uma aplicação
de um método de previsão de falência (Termômetro de Kanitz) em
um banco de dados da empresa Fibria Celulose S.A.

Material e Métodos

Formada a partir da fusão de Aracruz e Votorantim Celulose


e Papel, consolidada e oficializada em 1º de Setembro de 2009, a
Fibria Celulose S.A., é a maior produtora de celulose de eucalipto do
Brasil e do mundo possuindo capacidade produtiva de 5,3 milhões
de toneladas anuais de celulose, com fábricas localizadas em Três
Lagoas (MS), Aracruz (ES), Jacareí (SP) e Eunápolis (BA). A
empresa possui uma operação integralmente baseada em plantios
florestais renováveis com florestas em 254 municípios distribuídos
em sete estados brasileiros, somando um total de 968 mil hectares.
Desse total, 561 mil hectares são de florestas plantadas e 342 mil
hectares de áreas de preservação e conservação ambiental. Em 2015,
a empresa Fibria Celulose S.A. anunciou a expansão da unidade
de Três Lagoas(MS), que terá uma nova linha com capacidade
produtiva de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano. Um dos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 227

maiores investimentos privados no Brasil com foco em exportação,


o valor do projeto Horizonte 2 soma R$ 7,7 bilhões (equivalente a
cerca de US$ 2,5 bilhões).
Para aplicação do modelo de previsão de falência -
Termômetro de Kanitz, foram considerados os balanços trimestrais
patrimoniais coligados da empresa Fibria Celulose S.A., no período
de 06/2013 a 06/2017. Tais balanços estão disponíveis no endereço
eletrônico: http://www.econoinfo.com.br/financas-e-mercados/
demonstracoes?codigoCVM=12793 para consulta pública.
A partir dos balanços considerados, calculou-se os índices de
liquidez, rentabilidade e de endividamento, e posterior o fator de
Insolvência ( α ) da empresa em estudo, conforme apresentado

abaixo:
α = 0,05 ⋅ X1 + 1,65 ⋅ X 2 + 3,55 ⋅ X 3 - 1,06 ⋅ X 4 - 0,33 ⋅ X 5

Em que:
X1 = lucro líquido/patrimônio líquido – Rentabilidade do
Patrimônio Liquido
X2 = (ativo circulante + realizável a longo prazo)/exigível total
– Liquidez Geral
X3 = (ativo circulante – estoques)/ passivo circulante – Liquidez
Seca
X4 = ativo circulante/passivo circulante – Liquidez Corrente
X5 = exigível total/patrimônio líquido – Grau de Endividamento

Resultados e Discussão

O gráfico abaixo representa o termômetro de Kanitz,
construído a partir do banco de dados da empresa Fibria celulose
S.A. no período considerado.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


228 ANAIS X SIMPAC

Figura1.0 Fonte: Autores

Pode-se observar que nos anos de 2013 a 2015 a empresa


Fibria celulose S.A. apresentava-se em situação de “penumbra”,
segundo classificação do termômetro de Kanitz. Nos anos de 2016
a 2017 esse índice aumentou consideravelmente, representando
uma boa situação de solvência, demonstrando que a empresa Fibria
celulose S.A. possuía, neste período, recursos suficientes para pagar
suas dívidas. Tal aumento deve-se a importantes movimentações
financeiras realizadas em 2015 e 2016 saber: pesquisa de lignina
através da aquisição de ativos da companhia  canadense Lignol
Innovations,  contrato com a Klabin - comercialização exclusiva
da celulose de fibra curta do projeto PUMA, aprovação do projeto
de expansão - Horizonte 2 em Três Lagoas (MS) e participação
minoritária na CelluForce Inc.

Conclusão
Explorar o banco de dados contábil de uma empresa
utilizando técnicas estatísticas é um instrumento diferencial dentro
de uma empresa, por permitir ao administrador à avaliação de
riscos e posterior tomada de decisões baseando-se em previsões.
Uma empresa que é classificada como insolvente, segundo o
termômetro de Kanitz, ou por outro modelo de previsão de falência,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 229

pode não vir a falir de fato, porém investir numa empresa assim
classificada envolve um risco maior.
O Termômetro de Kanitz, além de ser uma ferramenta
de previsão de falência, pode ser usado simplesmente para o
gerenciamento de uma empresa, com a finalidade de contribuir
para o fortalecimento da mesma.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA, H.R. Demonstrações Contábeis: estrutura, análise e


interpretação. 4ªedição, São Paulo: Atlas, 1999.

GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 12 ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

MARION, J. C. Análise das Demonstrações Contábeis. 5ª


edição. São Paulo: Atlas, 2009.

MATARAZZO, D.C. Análise Financeira de balanços. 12 Ed.


São Paulo: Atlas ,2003.

PIRES, M.A.A. Análise moderna do fenômeno patrimonial. Revista


Brasileira de Contabilidade, Brasília, DF, ano 25, n 100, p.80-
85, jul / ago 1996.

TÉLES, C.C. Análise dos Demonstrativos Contábeis:


Índices de Endividamento. 2003. Disponívelem:<http://www.
peritocontador.com.br/artigos/colaboradores/Artigo_
__ndices_de_Endividamento.pdf> acesso em: 02 de Novembro de
2017.

SILVA,  J.P. Administração de crédito e previsão de


insolvência. São Paulo: Editora Atlas, 1983.

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230 ANAIS X SIMPAC

CONSEQUÊNCIAS DAS QUEDAS EM IDOSOS: REVISÃO


DA LITERATURA

Bruna Kellen Sacramento de Freitas1, Eustáquio Luiz Paiva-


Oliveira2

Resumo: Com o processo natural de envelhecimento um declínio


em determinadas funções está associado o que pode acarretar em
quedas frequentes desencadeando em consequências deletérias para
os idosos. Este estudo tem como objetivo avaliar as consequências
de quedas em idosos. Trata-se de uma revisão da literatura dos
últimos quatro anos nas bases de dados Google acadêmico e SCielo
nos idiomas inglês e português. Usou-se como descritores: quedas,
idosos, consequências ambos com correlação direta. Os dados
foram apresentados de maneira descritiva e tabular. Os resultados
mostraram que a idade avançada associada a comorbidades tais
como acidente vascular encefálicos, diabetes, artrites e uso excessivo
de medicamentos contribuem de maneira significativa para quedas
em idosos. Outro fator predisponente relatado pelos autores foi
“cair da própria altura”, associado a um declínio característico do
envelhecimento, com perda na habilidade da marcha e equilíbrio.
Conclui-se que a somatória de fatores predisponentes associados a
idade é determinante para quedas e como consequência redução na
capacidade funcional e qualidade de vida dos idosos.

Palavras–chave: Quedas, Idosos, Consequências.

1
Graduanda de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: brunakellen@yahoo.com
2
Docente do Curso de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eustaquiopaiva@univicosa.com.
br

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ANAIS X SIMPAC 231

Introdução

Um fenômeno que tem ocorrido mundialmente é o


envelhecimento populacional, caracterizando-se como um dos
eventos mais expressivos da sociedade, em particular nos países
em desenvolvimento como o Brasil (GUERRA et al., 2016). O
envelhecimento é um processo natural, gradativo e contínuo, que
se inicia no nascimento e se prolonga por todas as fases da vida
(ALVES et al., 2017).
Associado a essas mudanças no processo de envelhecimento
humano desenvolvem-se alterações no perfil de morbimortalidade,
aumentando a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e
das quedas, o que pode gerar incapacidade funcional e diminuição
da qualidade de vida nos idosos (PEIXOTO et al., 2015).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), queda
é o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior
à posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil.
É determinada por circunstâncias multifatoriais, em que fatores
intrínsecos (alterações fisiológicas próprias do envelhecimento,
presença de morbidade, déficit no equilíbrio, visão, audição
ou na marcha) e extrínsecos ( riscos ambientais decorrentes de
má iluminação ou piso escorregadio, comportamentos de risco,
como subir em cadeiras ou escadas, e aqueles relacionados com
as atividades do cotidiano) estão envolvidos, os quais são fatores
relativos às circunstâncias da queda (VIEIRA et al., 2018).
As consequências das quedas variam desde pequenas
escoriações, graves fraturas, até a morte. Após a queda, a maior
porcentagem de idosos sofrem por consequências como o medo de cair
novamente, este sentimento pode acarretar alterações psicossociais e
emocionais, perda de autonomia e independência, incapacidade de
realizar suas atividades de vida diária (AVD) e instrumentais de
vida diária (AIVD), além do isolamento social e ideia de fragilidade
e insegurança (GUERRA et al., 2016).
Dessa forma, as quedas podem ser consideradas como umas das

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


232 ANAIS X SIMPAC

consequências mais graves do envelhecimento, sendo reconhecidas


como importante problema de saúde pública, devido a frequência,
morbidade e elevado custo social e econômico decorrente as lesões
provocadas. A prevenção das quedas é uma preocupação de saúde
pública e mudanças relativamente simples podem reduzir o risco de
sua ocorrência (ALVES et al., 2017).
Portanto, baseado no exposto o objetivo deste estudo é descrever
as conseqüências de quedas em idosos.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo de revisão de literatura realizado entre


janeiro e abril de 2018. Foram selecionados artigos acadêmicos nas
bases de dados Google Acadêmico e SCielo publicados nos últimos
quatro anos. Foram utilizados para busca os seguintes descritores:
quedas, fragilidades e idosos. Para análise das consequências das
quedas considerou-se como critério de inclusão apenas artigos com
correlação direta entre descritores supracitados, publicados em
português e inglês. Os dados foram apresentados de forma descritiva
e tabular.

Resultados e Discussão

Durante analise dos dados foram encontrados vários artigos


correlacionando as consequências das quedas em idosos que
atendiam aos critérios de inclusão. Todos esses estudos mostram
os fatores de riscos e as consequências que as quedas podem gerar
nos idosos. Quase a totalidade dos trabalhos analisados apresentou
como fator predisponente para queda relatados pelos idosos: cair
da própria altura, uso excessivo de fármacos e comorbidades
relacionadas. A associação desses fatores é determinante no aumento
da possibilidade de quedas associado com a idade avançada (Tabela
1).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 233

Tabela 1 – Análise dos trabalhos publicados


Tipo do
Autores Objetivo do estudo Conclusão
estudo
A ocorrência desse evento está
associada à queda da própria
Descrever a
PEIXOTO et al altura, tendo como principal
ocorrência de Quantitativo
(2015) conseqüência as dores e sendo
quedas em idosos.
provocadas em sua maioria pelos
fatores extrínsecos.
As quedas foram associadas ao
Determinar a
sexo feminino; à idade de 80 anos
prevalência de
NASCIMENTO ou mais; e à presença de duas ou
quedas e verificar os Quantitativo
et al (2016) mais morbidades. Ressalta-se
fatores associados à
que o maior preditor de quedas
queda em idosos.
foi ter duas ou mais morbidades.

Os principais fatores que


contribuíram para a queda,
Determinar a
GUERRA et al citado pelos idosos, foram cair
prevalência de Transversal
(2016) da própria altura e fatores
quedas em idosos.
relacionados ao ambiente
inadequado.
Explorar as
características da
última queda em Os principais fatores que
idosos brasileiros contribuíram para a queda
MORAIS et al., que caíram no Transversal recorrente foi tropeçar e
(2017) último ano e perder o equilíbrio e o uso de
identificar se a medicamentos de maneira
relação com as crônica.
circunstâncias de
quedas.
Descrever a
incidência de
Os fatores mais correlacionados
quedas em idosos
ALVES et al., com as quedas foram uso de
no município
(2017) drogas, vítimas de acidente
de Barbacena – Transversal
vascular cerebral e pessoas com
MG, com seus
doença renal crônica.
fatores causais,
circunstâncias e
consequências.
Os fatores associados à
ocorrência de quedas identificada
Avaliar a
foi idade avançada, menor renda
VIEIRA et al., prevalência e os
Transversal e escolaridade, incapacidade
(2018) fatores associados
funcional para atividades
à ocorrência de
instrumentais e portadores de
quedas em idosos.
enfermidades como diabetes,
doença cardíaca e artrite.

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234 ANAIS X SIMPAC

Conclusões

Baseado no exposto, conclui-se que a associação de inúmeros


fatores são determinantes no risco de quedas em idosos e que as
quedas comprometem de maneira significativa as atividades de vida
diária bem como a qualidade de vida dessa população. Portanto,
torna-se importante a execução de estratégias preventivas que
diminuam a prevalência de quedas em idosos pelos profissionais de
saúde, incluindo o fisioterapeuta.

Referências Bibliográficas

ALVES, R.L.T. et al . Evaluation of risk factors that contribute to
falls among the elderly. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de
Janeiro, v. 20, n. 1, p. 56-66, fev. 2017.

GUERRA, H. S. et al. Prevalência de quedas em idosos na


comunidade. Revista Saúde e Pesquisa, v. 9, n. 3, p. 547-555,
set./dez. 2016.

MORAES, SA de et al . Characteristics of falls in elderly persons


residing in the community: a population-based study. Rev. bras.
geriatr. gerontol., Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p. 691-701, out.
2017.

NASCIMENTO, JS; TAVARES, DMS. Prevalência e fatores


associados a quedas em idosos. Texto contexto - enferm.,
Florianópolis, v. 25, n. 2, e0360015, 2016.

PEIXOTO, M,P; ARTELOSA, R.C.C; SILVA, L.A.T; SANTOS,


T.S.M. Causas e consequências de quedas em idosos atendidos no
hospital de Santo Estevão, BA. Revista Biociências. [Internet]
2015; 21 (2).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 235

VIEIRA, L S. et al . Falls among older adults in the South of Brazil:


prevalence and determinants. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.
52, 22, 2018.

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236 ANAIS X SIMPAC

O DIREITO E A JUSTIÇA PARA OS CLÁSSICOS: UMA


ANÁLISE DOS CONCEITOS À LUZ DA PRESTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL ATUAL

Bruna Silva Araújo1, Renata Silva Gomes2

Resumo: Este artigo analisa os conceitos de justiça e de direito para


as escolas do Realismo Jurídico Clássico e do Positivismo Jurídico,
confrontando-as com seis recentes julgados, a fim de se observar
o cumprimento do princípio da efetividade das decisões judiciais,
à luz da concretização da justiça material defendida pela escola
realista. Para isso, foi desenvolvida uma pesquisa exploratória,
prezando-se pelo levantamento bibliográfico, sobretudo de obras
de renomados autores do Realismo Jurídico Clássico e de autores
cujas obras dedicam-se a explanar os conceitos abordados por
Aristóteles e Tomás de Aquino. Além disso, foi feita uma pesquisa
jurídico-sociológica compilando o conhecimento desenvolvido com
seis julgados levantados entre os anos de 2007 e 2016. Dessa forma,
após definir-se os conceitos supracitados para as duas correntes do
Direito e interpretar-se os julgados compreendidos entre os anos de
2007 a 2016, pode-se perceber que, devido à influência do movimento
neoconstitucional, vem sendo buscado o atingimento da justiça
material, mais propriamente da justiça distributiva, no que se refere
a direitos fundamentais, tais como o acesso à justiça e aos direitos à
saúde e à educação. No entanto, muitas vezes, o reconhecimento desses
direitos ocorre apenas no plano formal, devido à influência que o
Positivismo Jurídico ainda exerce na prática dos tribunais. Percebe-
se que é utilizado como principal argumento ante a ausência estatal
em prover a efetiva tutela jurisdicional, os princípios da reserva do
possível fática e jurídica. Assim, condicionam tal inefetividade à
falta de recursos públicos ou de autorização orçamentária, sendo
ambos de competência outra que não do magistrado.

Palavras–chave: Efetividade, julgados, Realismo Jurídico Clássico.


1
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: brunaaraujo451@gmail.com
2
Doutoranda e Mestre em Teoria do Direito – PUC Minas. e-mail: gomesegomes@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 237

Introdução

A presente pesquisa, realizada junto ao Núcleo de Pesquisa


e Extensão da Univiçosa (NUPEX), teve como objetivo principal
analisar os conceitos de justiça e de direito para as escolas do
Realismo Jurídico Clássico e do Positivismo Jurídico, confrontando-
as com seis recentes julgados, a fim de se observar o cumprimento do
princípio da efetividade das decisões judiciais, à luz da concretização
da justiça material defendida pela escola realista.
Primeiramente é preciso ressaltar as limitações de uma pesquisa
feita pelos sistemas de busca dos sites dos tribunais de justiça,
tribunais federais e tribunais superiores de nosso país. Devido à
inexistência de uma normativa clara de indexação, pode ser que,
por exemplo, uma pesquisa acerca do acesso à justiça não tenha sido
indexada com esse termo. Ademais, não é possível saber se todas as
decisões são cadastradas e acessíveis pelo sistema de busca. Ainda
assim, tais decisões são fontes para interessantes pesquisas, além
de instrumento de formação dos cidadãos. Em segundo lugar, faz-
se mister que se sublinhem quais os parâmetros para o relatório
ora apresentado. Para as buscas na presente pesquisa, utilizou-se
os termos “acesso à justiça”, “direito à saúde”, “direito à educação”,
“igualdade” e “reserva do possível”. As buscas foram feitas nos
tribunais de justiça do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.
Realizou-se, ainda, a busca no site do Supremo Tribunal Federal.
Para complemento das referidas jurisprudências, realizou-se a
leitura da monografia de Ana Lúcia da Costa Barros, intitulada “A
efetivação do controle judicial sobre os direitos sociais prestacionais”
e de artigos científicos relacionados ao tema pesquisado.
Quanto ao estudo empreendido sobre o conceito de Direito e de
Justiça pode-se afirmar que Aristóteles (1996) já trazia no bojo de
sua teoria a preocupação com a aplicação da igualdade e a necessária
percepção de que cada caso concreto demanda uma análise específica.
Quanto ao direito, este encontra-se intrinsecamente relacionado
à justiça, pois dela é objeto, sendo assim algo concreto. O direito
é, pois, o justo, o devido a cada homem dentro de uma relação de
justiça. Tomás de Aquino (1980) trabalha o conceito de direito

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


238 ANAIS X SIMPAC

de Aristóteles e refina o seu pensamento sobre a justiça, todavia,


mantém o pensamento a base da teoria aristotélica reafirmando ser
o direito objeto da justa e uma res, algo devido ao homem pelos
outros homens.
Mas é também no final da Idade Média, mais precisamente no
século XIV, com o desenvolvimento da filosofia jurídica do escolástico
franciscano, Guilherme de Ockham, que ocorre a eclosão, quanto às
fontes do direito, do positivismo jurídico, e quanto à sua estrutura,
da noção do direito subjetivo individual. É reputado por muitos,
a Ockham, a inauguração da via moderna, pois, segundo Michel
Villey (2009), é em seus estudos que se situa a linha divisória entre
o direito natural clássico, inseparável do realismo de Aristóteles e
São Tomás, e o positivismo jurídico. Para a metafísica ockhamiana,
no real e na natureza real não existe nada acima dos indivíduos: não
existem universais, estruturas, direito universal. Daí, quanto às
normas jurídicas, sua origem estará exclusivamente nas vontades
positivas do indivíduo, donde se extrai que o positivismo jurídico,
filosofia em voga da Idade Moderna até os dias atuais, seja filha
do nominalismo. Definindo o Direito como um conjunto de normas
de conduta e a justiça como utopia ou mero valor social dissociado
do direito. Dessa forma, há um retrocesso, uma vez que o Estado
se limita à declaração formal dos direitos humanos e à criação de
instrumentos de justiça, sem se preocupar com a efetividade da
prestação jurisdicional. Essa forma de conceber o direito e a justiça
pode ser percebida nos julgados que serão expostos no desenvolver
do presente trabalho.

Material e Métodos

Com o intuito de atingir os objetivos supracitados, esse


trabalho será desenvolvido sob a forma de pesquisa exploratória,
prezando-se pelo levantamento bibliográfico, sobretudo de obras
de renomados autores do Realismo Jurídico Clássico e de autores
cujas obras dedicam-se a explanar os conceitos abordados por
Aristóteles e Tomás de Aquino. Além disso, será feita uma pesquisa
jurídico-sociológica compilando o conhecimento desenvolvido com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 239

as jurisprudências levantadas. Dessa forma, a partir da pesquisa a


ser realizada e do levantamento de decisões jurisprudenciais atuais,
proceder-se-á à análise da adequação entre os recentes julgados
em relação aos conceitos de direito e de justiça defendidos pelos
clássicos. Será feito o aprimoramento de tais ideias e a construção
de induções baseadas nos resultados obtidos.

Resultados e Discussão

O trabalho consistiu na análise de seis julgados encontradas


nos sites do Supremo Federal e dos tribunais de justiça do Rio de
Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul e do Tribunal Regional Federal
5. Para realização das buscas, foram utilizados como termos de
busca “efetividade, “acesso à justiça”, “direito à saúde” e “princípio
da reserva do possível”.
Dentre os julgados, foi possível perceber a influência do
princípio da reserva do possível como argumento para a denegação
de benefícios. Como exemplo, foi encontrado um julgado do TRF 5,
de 08/02/2007, que indeferiu provimento ao agravo de instrumento
que pleiteava o sequestro de verba pública para a distribuição e
aquisição gratuita de medicamentos imprescindíveis ao tratamento
de pacientes portadores de Mal de Parkinson no estado da Paraíba.
A justificativa para a decisão, de relatoria do desembargador federal
Francisco Wildo, é que o atendimento dos direitos sociais deve se
sujeitar ao princípio da reserva do possível.
Outra decisão que teve significativa repercussão foi a ação
direta de inconstitucionalidade por omissão impetrada pelos
partidos políticos PT, PD do B e PDT em 29/10/1997, mas que só foi
decidida doze anos depois no STF. O pedido consistia na declaração
de inconstitucionalidade e, via de consequência, na fixação de
prazo para a adoção de medidas efetivas, em relação à omissão
governamental na erradicação do analfabetismo. Com maioria dos
votos, o STF decidiu pela improcedência do pedido, afirmando que
o Poder Público não está inerte quanto ao direito à educação, pois
editou leis e mantém diversos programas governamentais afetos ao
setor educacional. Questão esta controversa, uma vez que, mesmo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


240 ANAIS X SIMPAC

com as melhorias na educação, o Brasil ainda possui no ano corrente,


segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
11,8 milhões de analfabetos, cerca de 7,2% da população de 15 anos
ou mais.
Após definir-se os conceitos supracitados para as duas correntes
do Direito e fazer-se a interpretação desses julgados compreendidos
entre os anos de 2007 a 2016, poder-se-á perceber que, devido à
influência do movimento neoconstitucional, que traz novamente a
ligação entre Direito e moral, resgatando de certa forma a visão
dos Clássicos, vem sendo buscado o atingimento da justiça material,
mais propriamente da justiça distributiva, no que se refere a direitos
fundamentais, tais como o acesso à justiça e os direitos à saúde e
à educação. No entanto, muitas das vezes, o reconhecimento
desses direitos ocorre apenas no plano formal, devido à influência
que o Positivismo Jurídico ainda exerce na prática dos tribunais.
(GOMES, 2014). Somando-se a isso e utilizado como principal
argumento ante a ausência estatal em prover a efetiva tutela
jurisdicional, os princípios da reserva do possível fática e jurídica
condicionam tal inefetividade à falta de recursos públicos ou de
autorização orçamentária, sendo ambos de competência outra
que não do magistrado. A reserva fática representa a autonomia
orçamentária e a falta de recursos do Estado, enquanto a jurídica
está ligada ao fato de que o despendimento de recursos depende de
autorização orçamentária, portanto, legislativa.

Conclusão

Primeiramente buscou-se conceituar os termos direito e justiça


para o Realismo Jurídico Clássico, perpassando pelas definições
adotadas por Aristóteles e São Tomás de Aquino, dois de seus
grandes expoentes, donde conclui-se que tanto um autor quanto
o outro concordam que a justiça é uma disposição permanente da
vontade e seu objeto é dar a cada um o que é seu, ou seja, o seu
direito. (HERVADA, 2012)
Ambos consideram que a justiça é virtude prática e, não apenas,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 241

intelectual, sendo própria do exercício da atividade do jurista.


Quanto ao direito, ele é entendido como res, ou coisa justa, podendo
ser corpórea ou incorpórea, sendo sempre objeto da justiça, seu fim
mediato. Além disso, ele também deve ser entendido como relação,
devido ao seu caráter de dívida e à sua relação com a justiça.
Tomando como base os estudos que realizados acerca do direito
e da justiça para a escola do Realismo Jurídico Clássico, pode-
se depreender que a adoção de tais conceitos como um possível
caminho a ser percorrido no que concerne à busca pela efetividade
da prestação jurisdicional merece ser objeto de futuros estudos e
discussões. (PIEPER, 2012)
O fato de o Realismo Jurídico Clássico prezar pela igualdade
substancial, ou seja, aquela que realmente promove a justiça
material, contribui para uma visão menos formalista do direito, tal
como aquela que foi desenvolvida pelo direito brasileiro devido à
influência do positivismo jurídico. (GOMES, 2014)
Além disso, outro ponto que merece ser destacado é que a justiça
que importa aos realistas é aquela própria dos juristas, ou seja, a
praticada pelos tribunais. (HERVADA, 2012). Dessa forma haveria
uma maior valorização da atividade interpretativa dos juízes, não
limitada a subsunção do fato a uma norma que foi escrita em outro
período histórico e que não acompanhou a evolução da sociedade, tal
como ocorre nos dias atuais.

Referências Bibliográficas
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção: Os pensadores. São
Paulo: Nova Cultural, 1987.

GOMES, R. S. A Escola Do Realismo Jurídico Clássico: uma


compreensão geral da justiça e do direito sob a perspectiva
dos principais autores realistas contemporâneos. 2014. 184 p.
Dissertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte.

HERVADA, J. “Apuntes para una exposición del realismo jurídico


Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
242 ANAIS X SIMPAC

clásico”. Persona y Derecho, v. 18, p. 5-93, 1988. Disponível em:


<http://dspace.unav.es/dspace/handle/10171/12655>. Acesso em: 15
maio 2012.

PIEPER, J. As virtudes cardeais revisitadas. Jean Lauand (trad.)


International Studies on Law and Education, v. 11, p. 95-101, mai-
ago, 2012. Disponível em: <http://www.hottopos.com/isle11/95-
101Pieper.pdf>. Acesso em: 19 junho 2017.

VILLEY, M. A formação do pensamento jurídico moderno. Tradução


Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 243

MASTITE INFECCIOSA EQUINA

Bruna Teodoro de Souza1, Rafaela Teixeira Magalhães2, Elaine da


Silva Soares3, Eduardo Andrade Coelho4, Paulo Henrique Neves5,
Camila de Almeida Serna6

Resumo: A mastite, doença pouco comum em éguas, é caracterizada


por um processo inflamatório das glândulas mamárias, sendo que esta
pode ser causada por uma variedade de microrganismos. Uma égua
da raça Mangalarga Marchador, com 9 anos de idade, pesando 350
kg, foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Viçosa no dia 29 de janeiro de 2018. O proprietário relatou que havia
observado grumos no leite do animal, e que há aproximadamente
3 meses, a égua havia apresentado um quadro de mastite. Foi
realizado o tratamento na propriedade, mas, posteriormente houve
novos episódios. Relatou também que, havia a presença de abscessos
na região da garupa do animal, e que a produção do leite continuou
mesmo sem a presença do potro. No exame físico foi confirmada a
presença de grumos no leite da glândula esquerda e secreção na
glândula direita, também foi observado um edemaciamento na
região próxima. Os exames laboratoriais apresentaram alterações
significativas. Posteriormente, foi realizada ultrassonografia do local
e cultura microbiológica do leite. Com base nos achados dos exames,
iniciou-se o tratamento utilizando antibacterianos, massagem e
ordenha dos tetos diariamente e realização de compressas quente e
fria. Após a recuperação, o animal recebeu alta.
1
Graduanda em Medicina Veterinária - Universidade Federal de Viçosa. e-mail: bruna_teodoro14@
hotmail.com
2
Graduanda em Medicina Veterinária– Universidade Federal de Viçosa. e-mail: rafaella.tm.ls@gmail.
com
3
Médica Veterinária e Mestranda em Morfofisiologia dos Animais Domésticos- Universidade Federal de
Viçosa. e-mail: elaine.s.soares@ufv.br
4
Graduando em Medicina Veterinária - Universidade Federal de Viçosa. e-mail: eduardo.coelho.ufv@
gmail.com
5
Graduando em Medicina Veterinária - Universidade Federal de Viçosa. e-mail: paulohqneves@gmail.
com
6
Graduanda em Medicina Veterinária - Universidade Federal de Viçosa. e-mail: camila.serna@ufv.br

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244 ANAIS X SIMPAC

Palavras–chave: Antimicrobiano, égua, infecção intramamária

Introdução

Segundo Motta et al. (2000), a mastite equina é uma doença


infecciona, na qual ocorre um processo inflamatório na glândula
mamária ocasionada por microrganismos, principalmente por
Streptococcus equi, Staphylococcus sp., Corynebacterium sp.,
Actinobacillus sp., Nocardia sp. Pode haver também contaminação
por agentes ambientais, que são representados pelas enterobactérias,
P. aeruginosa, fungos e algas. A glândula mamária das éguas é
composta por um par de mamas com um septo fascial que as separam.
Ambas têm um corpo glandular e uma teta. O corpo glandular esta
dividido em dois ou três lobos por cápsula fibroelástica. Cada teta,
por sua vez, apresenta duas aberturas separadas, têm um canal
mais estreito e a sua cisterna é mais curta, o que difere da bovina
(SMITH, 20006).
De acordo com Perkins e Threlfall (2000), a mastite em
éguas tem baixa incidência, principalmente quando equiparada à
mastite bovina. Uma causa provável para esta observação é devido
à anatomia da glândula mamária, que na égua é relativamente
menor, além de ter uma posição mais oculta com tetas menores, o
que consequentemente evita a incidência de traumas e infecções.
Além disso, a glândula é frequentemente esvaziada, já que sua
produção de leite é menor, e os potros fazem a sucção do leite várias
vezes por hora.
A mastite equina também pode ser relatada apenas por casos
individuais, não tendo relatos na literatura de surtos em plantel.
Ademais, no Brasil não é comum a realização da ordenha manual,
nem da ordenha mecânica, o que reduz a exposição de tetas aos
traumatismos ambientais e possíveis infecções por um mau manejo
(SMITH, 2006).
No Brasil e nos países que compõem a América do Sul, não é
comum o consumo de leite de égua pelo ser humano. No entanto,
alguns países como Alemanha e França utilizam este leite para
alimentação de crianças nascidas de parto prematuro, já que o leite

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 245

de égua é o mais parecido com o leite da mulher, devido a uma


alta digestibilidade, baixo teor protéico, altos teores de albumina e
lactose e equilíbrio da relação albumina-globulina (MOTTA, 2000).
É importante ressaltar que, além do consumo humano, o leite e o
colostro são importantes para que os potros recém-nascidos possam
adquirir imunidade (BERNARDINELI, 2014).
A mastite equina foi relatada em éguas lactantes, éguas não
lactantes e em potras. A condição é considerada por alguns autores
mais prevalente no período imediatamente após o desmame, quando
a produção contínua de leite resulta no acúmulo de secreção dentro
da glândula mamária (PERKINS e THRELFALL, 2000).
A mastite pode ser subdividida em clínica e subclínica. Na
qual a mastite clínica pode ser caracterizada por uma anomalia
visível na glândula ou por alterações no leite secretado (MOTTA
et al., 2000). Com base em Perkins e Threlfall (2000), observa-se
aumento das glândulas acometidas; com a apalpação, firmeza,
calor e manifestação de dor; edema sobre os membros pélvicos,
que podem se estender para sobre o abdome; nestes mesmos
membros, pode apresentar claudicação no membro adjacente à
glândula acometida; algumas éguas apresentam relutância em
permitir que o potro se nutra; a frequência respiratória, cardíaca e
a temperatura se apresentam normais, mas às vezes podem estar
aumentadas, evidenciando febre, anorexia, depressão e aumento da
frequência do pulso e da respiração. Já com base na secreção, ela
pode apresentar diferentes aspectos, como um corrimento seroso ou
como um líquido claro, precoce nos estágios da doença. Ou também
como um corrimento purulento, espesso, não flocado, podendo
haver a presença de sangue. Segundo Motta et al. (2000), pode se
encontrar amarelado e com presença de grumos. Numa mastite
crônica, observa-se, portanto, formação de fibrose, perda de função
e as alterações macroscópicas da secreção.
O diagnóstico é obtido a partir alguns métodos indiretos:
como contagem de células somáticas (a CCS alterada corresponde
a um aumento das células somáticas no leite, tal como neutrófilos e
células epiteliais) e pelo exame microbiológico do leite (MOTTA et
al., 2000).

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246 ANAIS X SIMPAC

O tratamento baseia-se na utilização de antimicrobiano de


amplo espectro, preferencialmente indicados por via parenteral.
A forma administrada varia de acordo com a evolução do caso. A
penicilina benzatina (20.000 UI/kg, via intramuscular) é usada
como dose única em casos mais simples, podendo repetir a aplicação
a cada 5 dias se houver necessidade. E em casos graves, a penicilina
é associada à gentamicina (2-5 mg/kg, via intramuscular ou
intravenosa, BID ou TID). Alternativas de antimicrobianos são o
ceftiofur (1 a 2 mg/kg, via intramuscular, SID), sulfa-trimetoprim
(IM ou IV, BID) e a azitromicina (10 mg/kg, SID, via oral, por 3 a 5
dias) (MOTTA et al., 2000).
O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de mastite em
égua.

Material e Métodos

Uma égua da raça Mangalarga Marchador, com 9 anos de


idade, pesando 350 kg, foi atendida no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Viçosa no dia 29 de janeiro de 2018. O
proprietário relatou que, no dia anterior, foi observada a presença
de grumos no leite da glândula mamária esquerda e líquido
fluido na direita. Ele também relatou que a égua apresentou, há
cerca de três meses, sinais de mastite, que ocorreu após um mês
do desmame do potro. Recebeu tratamento para a mastite, ainda
na propriedade, o que gerou recuperação, porém houve episódios
de mastite recorrente (três vezes). Foi instituído tratamento com
Sulfametoxazol + trimetropim 25 ml, BID, durante 6 dias (a dose
utilizada não foi informada). Após isso, o proprietário relatou que
houve lesões na garupa (abscessos que foram drenados por um
veterinário). E com isso o animal passou a apresentar hiporexia e
emaciação. Além de relatar que a égua continuou a produzir leite,
mesmo sem a presença do potro.
Com base nos exames clínicos realizados, foi observada a
presença de secreção purulenta e com grumos na glândula mamária
esquerda, que se encontrava com um volume menor do que a glândula
direita. Também foi diagnosticado um edema crânio ventral à

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 247

glândula em questão. Foi realizado exame ultrassonográfico, que


constatou a presença de áreas firmes caudalmente à glândula
mamária e hiperecoicas. No hemograma, pode-se observar um
quadro de leucocitose e aumento de fibrinogênio. Foi realizada uma
cultura microbiológica do leite e o microrganismos encontrado foi
Corynebacterium sp.
O tratamento consistiu em antibioticoterapia: Ceftiofur 2,2
mg/Kg, BID, IM, 5 dias e Gentamicina 6,6 mg/Kg, SID, IV, 5 dias.
Foi realizado lavagem do úbere utilizando 1g de Amicacina em 1L
de NaCl 0,9%, BID. Ao longo do tratamento, também foi realizado
ordenha 4 vezes ao dia; massagens no teto e compressas quentes
(por 15 minutos) e compressas frias (por mais 15 minutos), ambas
realizadas duas vezes ao dia.

Resultados e Discussão

De acordo com Motta et al.(2000), se tratando do diagnostico


da mastite, devem ser incluídas causas tanto infecciosas quanto não
infecciosas. A galactorreia ou pseudolactação, geralmente ocorrente
em éguas de idade mais avançada, se caracteriza pelo acúmulo de
secreção nas glândulas mamárias a partir de uma produção fora
da época de lactação, na ausência de gestação. Este acúmulo de
leite e edema da glândula mamária não são considerados de origem
infecciosa. Vale ressaltar, que ainda não se tem muitas informações
sobre essa produção de leite fora de época que acomete as glândulas.
A ultrassonografia é um exame de apoio para facilitar a
diferenciação da mastite das outras patologias, tal como tumores.
Já a avaliação hematológica é um exame que irá direcionar o
diagnóstico, pois o animal com mastite clínica revela leucocitose por
neutrofilia e elevação do fibrinogênio.
A ordenha realizada todos os dias é muito importante, pois
ela acelera a remoção das células inflamatórias e debris celulares.
A aplicação de compressas frias e quentes servem para aliviar o
excesso de leite nas mamas e liberar os ductos que se encontram
obstruídos, facilitando assim a saída do leite.
No segundo dia de tratamento, houve uma redução do edema

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


248 ANAIS X SIMPAC

mamário, com maior conformidade na simetria das glândulas. No


dia seguinte, foi observada redução da secreção mamária, com
coloração menos amarelada e sem a presença de grumos de pus.
O tratamento instituído foi satisfatório com recuperação total
do animal.

Considerações Finais

O protocolo terapêutico utilizado obteve a eficiência esperada


para o caso em questão. Houve eficácia do uso dos medicamentos
antimicrobianos contra Corynebacterium sp., que foi controlado entre
o 4º e o 5º dia de tratamento. Além disso, as massagens na glândula
acometida associada às compressas quentes e frias auxiliaram
na obtenção de um resultado mais satisfatório, o qual acelerou o
processo de recuperação. A ordenha também ajudou a acelerar a
recuperação, retirando as células inflamatórias e os debris celulares.
Embora essa doença seja incomum em éguas, o tratamento é rápido
e eficaz, porém se faz mister um manejo sanitário e nutricional
adequados, evitando assim a reincidência.

Referências Bibliográficas

REED, S. M; BAYLY, Warwick M. Medicina interna eqüina. Rio


de Janeiro: Guanabara Koogan, 1ª edição p. 689 - 690

SMITH, B. P.  Medicina interna de grandes animais. 3. ed.


Barueri, SP: Manole, 2006. liii, 1728 p.

BERNARDINELI, A. P. B. Colostro e leite de éguas: análise


mirobiológica e contagem de células somáticas. 2014. 46 f.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
2014. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/128002>.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 249

MOTTA, R.G. G.; JUNIOR, g, Nardi; PERROTTI, I. B. M.; RIBEIRO,


M. G. MASTITE INFECCIOSA EQUINA: UMA VISÃO GERAL
DA DOENÇA. Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia <http://www.biologico.sp.gov.br/
uploads/docs/arq/v78_4/motta.pdf>

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250 ANAIS X SIMPAC

ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE


UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO NA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Daniela Fernanda Silva1, Adonai Gomes Fizena2, Caio Nascimento


Lemos3, Alexandre Miguel Silva Araújo4

Resumo: Este artigo descreve a importância da implantação de uma


Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na Universidade Federal
de Viçosa (UFV), que é responsável por grande parte do esgoto
bruto lançado no Rio São Bartolomeu que corta a cidade de Viçosa,
Minas Gerais. Realizou-se os cálculos para o dimensionamento da
ETE a ser implantada na parte alta do campus, considerando um
crescimento gradativo de acadêmicos e funcionários em um período
de alcance de 30 anos. Após análise topográfica da região e estudo
de um traçado de coleta de esgoto eficiente e econômico, constatou-se
que, torna-se inviável a implantação da ETE no campus, uma vez
que o único terreno disponível para a construção da mesma localiza-
se opostamente ao fluxo do efluente por gravidade, sendo necessário
o uso de tubulações de retorno e bombas potentes para garantir a
chegada do esgoto à estação de tratamento, o que torna o projeto
oneroso.

Palavras–chave: Cursos d’água, efluente, poluição

Introdução

Denomina-se Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), como

1
Graduada em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: dani.vhr@hotmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil, Mestrado e Doutorado em Geotecnia – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail:
engcivil@univicosa.com.br
3
Graduando em Engenharia Civil - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: caionascimentolls@gmail.com
4
Graduando em Engenharia Civil - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: alexandremsa@outlook.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 251

toda unidade operacional do sistema de esgotamento sanitário que


utiliza de processos físicos, químicos e/ou biológicos para remoção
de cargas poluentes do esgoto bruto, lançando nos cursos d’água
um efluente tratado, livre de materiais pesados prejudiciais ao
meio ambiente e possibilitando posterior captação deste efluente
por Estações de Tratamento de Água (ETA) para tratamento final e
abastecimento da população.
Devido aos significantes impactos que o esgoto bruto causa
aos cursos d’água, torna-se de grande importância a implantação
de ETE’s em grandes centros universitários, por contarem com um
número denso de estudantes, como é o caso da Universidade Federal
de Viçosa (UFV). A UFV é conhecida principalmente pelas ciências
agrárias e ciências exatas e reconhecida pelo MEC como uma das
melhores Universidades do país. Deve-se considerer a implantação
deste sistema em todas as cidades do mundo, a fim de se reduzir
os impactos às fontes cada vez mais escassas de água em condições
adequadas para o consumidor.
A Universidade Federal de Viçosa está localizada na
microrregião de Viçosa e à mesorregião da Zona da Mata e localiza-
se a cerca de 270 km da capital do estado, Belo horizonte. A
implantação do sistema reduz de forma significativa a quantidade
de efluentes diretamente lançados no Rio São Bartolomeu, que corta
a cidade de Viçosa, amenizando consideravelmente os impactos
ambientais causados sobre o mesmo. Segundo a Agência Nacional
de Águas (ANA, 2018) o Rio São Bartolomeu atualmente possui
um nível em média de 180 cm, considerando um nível normal,
segundo parâmetros da agência. Com uma população flutuante de
aproximadamente 23065 estudantes e funcionários, segundo dados
da Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento (PPO, 2017) ano base
2016, o campus representa uma grande parcela de esgoto lançado
no ribeirão da cidade.
Com a expansão da infraestrutura e consequente aumento
do número de vagas no campus, vê-se a necessidade imediata de
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
252 ANAIS X SIMPAC

implantação de um sistema de coleta e tratamento de esgoto eficiente,


a fim de frear o aumento gradativo de efluente bruto lançado, por
um período de alcance de 30 anos, considerando o crescimento no
tempo vigente, capacidade de tratamento do efluente e vida útil das
instalações.

Material e Métodos

Utilizou-se o método de projeção aritmética baseando-se na


hipótese de um crescimento populacional com taxa constante em
cima dos dados do número de funcionário e estudantes divulgados
pela PPO anualmente. Devido aos diversos níveis do campus,
necessitou-se traçar dois trechos distintos como mostra a Figura
1(a), representados pelas cores azul e vermelho, assim, o esgoto é
escoado por gravidade, até o ponto mais baixo, e posteriormente
bombeado até a estação de tratamento localizada na parte alta do
campus, onde não há departamentos. O traçado em preto representa
as tubulações de retorno que interligam os pontos de concentração
do esgoto à ETE. Realizou-se o levantamento do terreno através do
aplicativo Google Maps, da empresa Google, que capta imagens via
satélite.
As tubulações de retorno captam o esgoto na entrada
principal do campus, conhecida como quatro pilastras e em uma
entrada alternativa, próximo às instalações da FUNARBE. A
tubulação principal de retorno interliga as quatro pilastras à
Estação de Tratamento de Esgoto localizada na parte mais alta do
campus, equidistantes a 3,20 Km. A área foi escolhida por conter
pequeno fluxo de pessoas no local, medida necessária devido ao mal
cheiro característico das ETE’s. A Figura 1(b) mostra o traçado e
comprimento desta tubulação obtidos pelo Google Maps.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 253

Figura 1 - Mapa Via satélite da UFV (a) Traçado da tubulação de


coleta e retorno do esgoto. Fonte: Google Maps (ADAPTADO) (b)
Comprimento da tubulação de retorno principal. Fonte: Google
Maps.

Resultados e Discussão

Considerando-se um crescimento linear constante, o campus


da UFV em 30 anos contará com uma população flutuante de alunos
e funcionários de aproximadamente 40000 pessoas, classificando-a
como uma cidade pequena, com um consumo médio per capita
(QPC) de 145 l/hab.dia (litros por habitante por dia). A vazão de
esgotamento varia entre 26,85 e 96,66 l/s (litros por segundo), com
uma média de 53,7 l/s.
As tubulações de coleta de esgoto segundo o traçado do item
anterior, possuem 11300 metros de comprimento, com 106 poços de
visitas e 105 trechos, sendo a opção mais viável e menos onerosa.
Além da tubulação de coleta, tornou-se necessário a implantação
de duas tubulações de retorno com 4700 metros e três estações
elevatórias com bombas potentes, capazes de bombear todo esgoto
coletado até a ETE, totalizando um comprimento de 16000 metros
de tubulação.
Através do traçado estimou-se o custo de implantação
das tubulações de coleta e de retorno, chegando ao valor de R$

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


254 ANAIS X SIMPAC

2.274.041,02 (dois milhões, duzentos e setenta e quatro mil e


quarenta e um reais), não estando incluso o valor da construção e
operação da ETE.

Considerações Finais

Após identificação do terreno, análise da declividade e traçado


da rede coletora conclui-se que a implantação de uma Estação
de Tratamento de Esgoto no campus da UFV é inviável devido a
necessidade de bombeamento de todo o esgoto coletado por um
percurso consideravelmente longo.
O custo de implantação das tubulações de coleta e retorno e
estações elevatórias já inviabilizam o processo.

Referências Bibliográficas

Agência Nacional de Águas (ANA). Sistema de Monitoramento


Hidrológico. 2018. Disponível em: < http://mapas-hidro.ana.gov.br/
Usuario/DadoPesquisar.aspx?est=163247480&dado=Nivel&fim=>.
Acesso em: 21 fev 2018.

Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento (PPO). UFV em


números. Ed 2017. Disponível em: <http://www.ppo.ufv.br/
wp-content/uploads/2012/05/UFVEMN%C3%9AMEROS-2017-
anobase2016.pdf>. Acesso em: 21 fev 2018.

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ANAIS X SIMPAC 255

COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO


DE DERMATÓFITOS: CULTURA CONVENCIONAL E
CULTURA RÁPIDA COM DERMATOBAC®

Camila Aparecida Lopes1, Mariana Costa Fausto2, Waleska


Ferreira Dantas3

Resumo: As dermatofitoses são zoonoses causadas por fungos


queratolíticos que podem ter como habitat primário o solo, os animais
ou os seres humanos. O objetivo deste estudo foi avaliar a frequência
de dermatófitos em cães sintomáticos por meio da cultura com
Agar Sabouraud Dextrosado (ASD) comparando-o com o Sistema
Dermatobac® quanto à competência no diagnóstico. Dermatófitos
foram observados em 33,33% (8/24) das amostras de pelos e crostas
procedente dos cães suspeitos. Não se observou predileção quanto à
predisposição racial, contudo, conforme o gênero e à faixa etária,
notou-se maior ocorrência nas fêmeas e em cães adultos. As lesões
mais observadas foram alopecia, eritema, crostas, hiperpigmentação
e hipotricose, as quais se localizavam principalmente no dorso
e no abdômen. Na comparação entre os métodos de diagnóstico
micológicos houve superioridade da cultura convencional ao kit de
lamino cultivo quanto ao número de amostras positivas.

Palavras–chave: Cães, fungos, pele, zoonose

Introdução

A dermatofitose é uma infecção fúngica que acomete tecidos


queratinizados como pelos, camada córnea da epiderme e unhas. Suas
espécies são distribuídas nos gêneros anamórficos Epidermophyton,
Microsporum e Trichophyton (NEVES et al., 2011). Além disso,
1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: camilalopesvrb@gmail.com
2
Professora do curso de Medicina Veterinária - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: maricfausto@gmail.
com
3
Professora do curso de Medicina Veterinária - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: wafedantas@yahoo.
com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


256 ANAIS X SIMPAC

podem ser classificados em antropofílico, zoofílico e geofílico de


acordo com o seu habitat (seres humanos, animais e solo).
É considerada uma zoonose de alta morbidade, na qual os
animais domésticos, sobretudo cães e gatos, tornam-se importantes
reservatórios dos fungos patogênicos, o que contribui para a
disseminação de alguns dermatófitos, principalmente pelos
portadores assintomáticos (BALDA et al., 2004). O presente estudo
teve como objetivo diagnosticar dermatofitose em cães sintomáticos,
onde as lesões apresentadas por eles, se enquadrassem com
características fúngicas. Além disso, comparou-se a eficiência no
isolamento dos dermatófitos em Agar Sabouraud Dextrose (ASD)
com o Sistema Dermatobac®.

Material e Métodos

Foram atendidos 24 cães para exame clínico no Hospital


Veterinário da Univiçosa, em Viçosa – MG, os quais apresentavam
lesões sugestivas de dermatofitose. Estes animais foram identificados
e separados pelo histórico, idade, raça, sexo e lesões apresentadas.
Foram coletados pelos e crostas ao redor das lesões com auxílio
de pinça estéril. Os exames laboratoriais foram realizados no
Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia
de Viçosa – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. Utilizou-se a estatística
descritiva para as análises dos resultados.
Para a preparação do meio convencional foi utilizado o Agar
Sabouraud Dextrosado (ASD) composto de 10,00g de Peptona
bacteriológica GE, 40,00g de Glicose anidra ACS, 15,00g de Agar
bacteriológico diluído em 1 litro de água destilada. A solução foi
autoclavada por 15 minutos a 121°C em 5 libras de pressão. Em
seguida, foi resfriada à 50°C e distribuída em placas de preti
decartáveis de 90 mm de diâmetro. Durante a repicagem da
amostra no meio ASD, o bico de Bunsen permaneceu aceso para
a flambagem das pinças anatômicas, utilizadas para remover o
material clínico dos recipientes transportados ao laboratório. As
placas de petri contendo os meios de cultivos foram inicialmente
identificadas e datadas para posterior análise do crescimento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 257

fúngico. Em seguida, estas placas foram abertas próximas à chama,


e então, as amostras clínicas foram depositadas na superfície dos
meios, fazendo perfurações paralelas e eqüidistantes. Ao concluirem
as semeaduras, as placas foram seladas com fita adesiva plástica e
foram incubadas a 25°C em um prazo mínimo de 21 dias e máximo
de 30 dias.
O outro meio de cultura que foi utilizado no experimento foi
o Sistema Dermatobac®, um laminocultiro em tubo composto
pelos meios Agar D.T.M. na face larga da lâmina (meio amarelo
intenso), Agar Sabouraud Glicose Seletivo (meio amarelo claro) e
Agar BiGGY na face dividida da lâmina (meio branco). As amostras
foram semeadas com pinça estéril na superfície de seus meios e,
em seguida, os tubos foram mantidos a 25°C, com tampa semi
rosqueada, em um prazo mínimo de 21 dias e máximo de 30 dias.
Após este período, foram examinadas as colônias formadas sob
microscopia. Para isto, foi realizado um imprint com fita de acetato,
pressionando-se sob a colônia suspeita, onde foi montada uma
lâmina contendo uma gota de solução de tiazinas.
Este trabalho foi apresentado e aceito pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa –
FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA com número de protocolo310/2016 – II.

Resultados e Discussão

Dos 24 cães atendidos, a doença foi diagnosticada em oito, com


frequência representada em 33,33%. Constatou-se que, dos animais
positivos, 50% (4/8) não possuíam raça definida e 50% (4/8) eram
cães de raça definida, dentre estes Blue Hiller, Lhasa Apso, Maltês
e American Bully, com um representante de cada raça descrita. A
faixa etária variou entre 6 meses a 15 anos. Registrou-se 25% (2/8)
dos cães com menos de um ano de idade, 37,5% (3/8) entre um a
cinco anos de idade e 37,5% (3/8) com idade superior a cinco anos.
Em relação ao gênero, 62,5% (5/8) eram fêmeas e 37,5% (3/8) eram
machos.
As lesões mais encontradas foram: alopecia 75%; eritema
62,5%; crostas 37,5%; hiperpigmentação 37,5%; hipotricose 37,5%;

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


258 ANAIS X SIMPAC

pústulas 12,5%; escoriações 12,5%; liquenificação 12,5% e colaretes


epidérmicos 12,5%. A distribuição topográfica das lesões foi muito
variável, no entanto, a maior parte dos cães manifestou as lesões no
dorso e no abdômen. A manifestação clínica de prurido foi constatada
em cinco cães, com apresentação de 20% (1/5) na forma leve, 20%
(1/5) moderada e 60% (3/5) intensa. Dos 8 animais infectados, 25%
(2/8) recebiam, regularmente, serviços de estética animal e 25%
(2/8) foram adotados num período inferior a 30 dias.
Quanto a possíveis contactantes doentes, relatou-se uma
transmissão horizontal para outro cão que mantinha contato com
um dos animais examinados e uma possível transmissão para um
tutor o qual possuía lesões sugestivas de dermatofitose, tendo sido a
ele recomendado procurar atendimento dermatológico especializado
para confirmação do diagnóstico.
A cultura convencional, com ASD, isolou dermatófitos
em 100% (8/8) das amostras positivas, enquanto que o Sistema
Dermatobac® forneceu o diagnóstico em apenas 37,5% (3/8) das
mesmas amostras. Não foi feita a identificação dos dermatófitos por
ausência de corantes, como azul de lactofenol e dimetilsulfóxido, e
de meios seletivos que favorecem na visualização das estruturas
diferenciais.
A dermatofitose é referida pelos autores como mais frequente
em cães de raça definida, principalmente da raça Yorkshire
(BALDA et al. 2004; CHAVES, 2007). Contudo, neste estudo não
houve maior prevalência da dermatofitose em relação a definição
racial. Referindo-se a faixa etária, o isolamento de dermatófitos
foi predominante em cães com idade igual ou superior a três anos
o que se opõe aos resultados de outros trabalhos que relataram
maior ocorrência em animais com até um ano de idade (BALDA
et al., 2004; NEVES, 2015). Segundo Balda et al. (2004), esta
prevalência pode estar relacionada com a imaturidade imunológica
dos animais jovens. No que se refere ao gênero, o número de fêmeas
diagnosticadas com dermatofitose foi superior ao número de casos
confirmados em machos. O mesmo foi observado no trabalho de
Neves et al. (2011), contudo ele concluiu que, estatisticamente, não
houve predileção em relação ao sexo.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 259

Os dados obtidos neste estudo indicaram a alopecia, eritema,


crostas, hiperpigmentação e hipotricose como os sinais clínicos
mais frequentes. A manifestação clínica era esperada de acordo
com a bibliografia consultada (DALLA LANA et. al., 2016; NEVES,
2015, NEVES et al., 2011). Em 62,5% dos casos diagnosticados
no presente estudo apresentaram prurido como sinal clínico. Este
achado corrobora com os dados encotrados em Neves et al. (2011).
No entanto, em Balda et al. (2004), notou-se ausência de prurido
em 50% dos cães diagnosticados com dermatofitose. Portanto, o
prurido não é um fator determinante no diagnóstico, visto a sua
dependência tanto com o sistema imunológico do hospedeiro quanto
a virulência do patógeno para sua manifestação (NEVES et al.,
2011). Em relação à distribuição das lesões, os resultados obtidos
desta pesquisa divergiram-se com os dados de outros autores que
notaram maior ocorrência na região cefálica (BALDA et al., 2004;
CHAVES, 2007; NEVES, 2015).
Observou-se uma possível transmissão intraespécie e
interespécie após o contato próximo com cães positivos o que destaca
o papel dos animais domésticos como importantes reservatórios e
disseminadores de dermatófitos (BALDA et al., 2004; NEVES, 2015;
PINHEIRO et al., 1997). É importante também ressaltar que 25%
(2/8) dos cães positivos, não eram domiciliados anteriormente a
consulta. Segundo Neves et al. (2011), animais imunodeprimidos
e que vivem em coletividade são mais susceptíveis a infecção.
Além disso, dos oito cães positivos, dois frequentavam centros de
estética animal o que pode ter favorecido o contágio, uma vez que a
transmissão pode ocorrer por meio de objetos inanimados (toalha,
pente, escovas, cortadores) e por ambientes contaminados (NEVES,
2015).
Dentre os dois meios, a cultura fúngica preparada com
ASD revelou-se superior a cultura rápida quanto ao diagnóstico.
Contudo, no trabalho realizado por Chaves (2007), notou-se que o
crescimento fúngico foi semelhante nestes meios. Além disso, ele
concluiu que o laminocultivo é eficiente e rápido para o diagnóstico
de dermatofitose identificando como suas vantagens, em relação a
outros meios, a praticidade, a mudança de coloração do meio D.M.T.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


260 ANAIS X SIMPAC

após o surgimento das colônias e a maior produção de macroconídios


no meio ágar Biggy.
No presente estudo o meio utilizado para preparação da
cultura não inibiu o crescimento de fungos e bactérias oportunistas o
que dificultou na identificação dos dermatófitos. Para tal finalidade,
recomenda-se a avaliação das características macroscópicas e
microscópicas das colônias suspeitas em diferentes meios de
cultivos os quais contêm substâncias e ingredientes que favoreçam
o desenvolvimento das estruturas que propiciam as diferenciações
e que reduzem as chances de contaminação ambiental (CHAVES,
2007).

Considerações Finais

As ocorrências de dermatofitose, diagnosticadas no Hospital


Veterinário da Univiçosa manifestaram principalmente em cães com
idade igual ou superior a 3 anos e em fêmeas, independentimente
da raça.
As manifestações clínicas mais frequententes foram alopecia,
eritema, crostas, hiperpigmentação e hipotricose distribuídas
principalmente no dorso e abdômen. Na maioria dos casos, as
lesões eram pruriginosas com intensidade acentuada.
O isolamento de dermatófitos pela cultura convencional foi
superior ao Sistema Dermatobac®, no entanto mais estudos são
necessários visto ao número reduzido de animais com dermatopatias
neste período da coleta de amostras.

Referências Bibliográficas

BALDA, A. C., LARSSON, C. E., OTSUKA, M., GAMBALE, W.


Estudo retrospectivo de casuística das dermatofitoses em cães
e gatos atendidos no Serviço de Dermatologia da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
Acta Scientiae Veterinariae, v. 32, n. 2. P.133-140. 2004.

CHAVES, L. J. Q. Dermatomicoses em cães e gatos;

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 261

Avaliação do diagnostico clínico-laboratorial e dos aspectos


epidemiológicos em uma população de portadores de lesões
alopécicas circulares. P. 88. Tese de Doutorado. Fortaleza/CE,
2007. Disponível em: http://www. uece. br/ppgcv/dmdocuments/
lucio_chaves. pdf.

DALLA LANA, D. F., BATISTA, B. G., ALVES, S. H.,


FUENTEFRIA, A. M. Dermatofitoses: agentes etiológicos, formas
clínicas, terapêutica e novas perspectivas de tratamento. Clinical
& Biomedical Research, [S.l.], v. 36, n. 4. P. 230 – 241. 2016.

NEVES, J. J. A. Pesquisa de dermatófitos em pets e no


ambiente domiciliar. P.51. Tese de Doutorado. Universidade
Paulista – UNIP. São Paulo, 2015.
NEVES, R. C. S. M., SEABRA DA CRUZ, F. A. C., LIMA, S. R.,
TORRES, M. M., DUTRA, V., & SOUSA, V. R. F. Retrospectiva das
dermatofitoses em cães e gatos atendidos no Hospital Veterinário
da Universidade Federal de Mato Grosso, nos anos de 2006 a 2008.
Ciência Rural, v. 41, n. 8. P.1405-1410. Santa Maria, 2011.

PINHEIRO, A. Q.; MOREIRA, J. L. B.; SIDRIM, J. J. C.


Dermatofitoses no meio urbano e a coexistência do homem com
cães e gatos. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v. 30, n. 4. P. 287-294.
Uberaba, 1997.

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262 ANAIS X SIMPAC

ANÁLISE DO MELHOR MÉTODO DE ATIVAÇÃO DE


CARVÃO ATIVADO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR
PARA ADSORÇÃO DE CORANTE TÊXTIL

Camila Cristina Teixeira1, Mateus Tomaz Neves2

Resumo: O Carvão pode ter ativação química ou física e sua


estrutura pode ser micro, meso ou macroporosa, sendo a mesoporosa
preferencial para adsorção de corantes têxteis. A finalidade desse
estudo foi analisar de acordo com a literatura o melhor método de
ativação/fabricação do carvão para adsorção de corantes têxteis
através da análise dos valores de rendimento, volume de poros e
área superficial. Após o levantamento de diferentes procedimentos
experimentais constatou-se que o carvão ativado fisicamente obteve
melhores resultados com mesoporosidade bem definida, elevado
volume de poros e área superficial, porém, seu rendimento foi
extremamente baixo aumentando seu custo e tornando seu uso
inviável. O carvão ativado com ácido fosfórico apresentou-se com
melhor método, pois obteve bons resultados comparado ao ativado
com o de hidróxido de potássio, sua estrutura apresentou volume
satisfatório de micro e mesoporos, seu rendimento foi cerca de 30% e
sua área superficial foi cerca de 17 vezes maior que o carvão de KOH
que apesar de apresentar rendimento semelhante seu volume de
poros foi baixo. Nesse trabalho, foi levado me consideração apenas
características físicas, sendo que as químicas variam de acordo com
o corante a ser adsorvido. Assim, estudos se fazem necessários para
definir a melhor aplicabilidade dos carvões e melhorias no processo
produtivo.

Palavras–chave: Adsorção, avaliação, mesoporosidade, produção,


sustentabilidade

1
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: camila.teixeiraofc@gmail.
com
2
Docente do curso de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: mateustneves@gmail.
com

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ANAIS X SIMPAC 263

Introdução

Os carvões ativados (CA) são materiais de grande


importância, visto que se aplicam aos mais variados processos.
Consiste em um material carbonáceo poroso que apresenta forma
microcristalina, não grafítica, que foi beneficiado com a elevação
de sua porosidade interna. Ele é caracterizado, principalmente,
por possuir elevada porosidade, área superficial, características
químicas de superfície alteráveis, com elevado grau de reatividade
da mesma. Os processos que envolvem o seu uso cada vez mais
eficazes e econômicos (REINOSO e SABIO, 1998).
A adsorção com o CA comercial tem elevado custo de operação,
devido ao uso de percussores como madeira, carvão e casca de coco
(SOARES, 2014). Uma alternativa é encontrar meios eficientes
de utilização de resíduos agrícolas renováveis para a produção de
CA como os resíduos da cana-de-açúcar que vêm se destacando,
pois apesar do bagaço ser queimado para produção de energia a
quantidade restante ainda é significativa, cerca de 40 a 30 % do
total gerado. Conforme o levantamento oficial órgão do Ministério
da Agricultura do Brasil (CONAB), a produção nacional de cana em
2008/2009 foi estipulada em cerca de 558 milhões de toneladas .
O CA tem diversas aplicações uma delas é a adsorção de
corantes têxteis, como esses corantes geralmente são moléculas
grandes, os carvões predominantemente mesoporosos são mais
vantajosos nesse processo.
Para produção de CA são necessárias duas etapas: a
carbonização do precursor em atmosfera inerte e a ativação do
material carbonizado. O processo de ativação consiste em submeter
o material carbonizado a reações secundárias, visando à obtenção
de um material poroso e com elevada área superficial, com a
remoção de componentes como alcatrão, creosoto e naftas, além de
outros resíduos orgânicos que possam obstruir os poros. A ativação
pode ser química (consiste na desidratação do material celulósico
durante a pirólise) ou física (gaseificação do carvão pela oxidação
com vapor).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


264 ANAIS X SIMPAC

Dessa forma, por meio do presente trabalho objetiva-se


avaliar segundo a literatura o melhor método de fabricação/ativação
de carvão ativado ecologicamente correto e de baixo custo a partir
de resíduos do bagaço de cana para ser utilizado em adsorção de
corante têxtil. Esse processo incluirá analise de rendimento, volume
de poros formados, área superficial específica e classificação da
estrutura porosa de acordo com seu diâmetro.

Material e Métodos

Para a avaliação do melhor método de ativação de produção


de carvão ativado a partir de bagaço de cana de baixo custo, foram
analisados estudos realizados por Soares (2014) e Jaguaribe, Santos
e Albuquerque (2012). Soares analisa a ativação química com
hidróxido de potássio e ácido fosfórico, enquanto Jaguaribe, Santos
e Albuquerque utilizaram a ativação física.
Para a ativação química com KOH o bagaço foi tratado e
granulado, pirolisado para então ser ativado através da impregnação
com KOH em reator com atmosfera inerte de N2 obtendo o carvão
(CAa). Similarmente ao processo de ativação com KOH, a ativação
com H3PO4 ocorreu, diferenciando apenas pela ausência de pirólise
primaria do pó de bagaço, sendo impregnado com H3PO4 e submetido
ao reator ocorrendo assim a carbonização e ativação em uma única
etapa, após o processo de lavagem obteve-se o carvão (CAb).
A ativação física ocorreu através da injeção de vapor de água
superaquecido, o bagaço seco e granulado foi pirolisado previamente
em forno seguido da ativação ocorreu em forno com fluxo de vapor
produzido por uma caldeira acoplada, após 80 min de ativação
obteve-se o carvão (CAc).
Para a verificação da estrutura cristalina do CAa e CAb, foi
utilizada a Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV que fez o
estudo morfológico e a Volumetria de Nitrogênio, para verificar o
volume de poros e área específica dos CAs. Já a Caracterização do
CAc ocorreu em um Microporosímetro, empregando nitrogênio a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 265

77K obtendo as medida da área superficial e característica porosa


do carvão ativado.
Os carvões obtidos foram analisados através dos valores
de rendimento, formato das isotermas de adsorção descritas pela
IUPAC e pelo método BJH através da distribuição de volume de
poros (em forma de gráficos), verificando o volume poroso para cada
diâmetro de poros, determinando assim se o material é meso ou
microporoso.

Resultados e Discussão

As isotermas de adsorção de N2 (77K) obtidas com os


carvões ativados são mostradas na Figura 1.

Figura 1. Isotermas de adsorção/dessorção para os carvões (a)CAa,


(b)CAb e (c) CAc
Através da Figura 1, pode-se constatar que o carvão ativado
CAa apresentou uma isoterma com forma aproximada do tipo IV,
de acordo com a classificação da IUPAC (União Internacional de
Química Pura e Aplicada), típica de materiais com a presença
de mesoporos. Já o carvão ativado CAb apresenta uma isoterma
aproximadamente do tipo I, típica de materiais microporosos.
Enquanto o carvão CAc começou a adquirir o formato do tipo II,
indicando a transição para uma estrutura macroporosa, ocorrendo
então, uma maior incidência de poros com diâmetros entre 2,5 e
100 nm.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


266 ANAIS X SIMPAC

Utilizando o método de distribuição de volume de poros BJH


foi possível verificar o volume poroso presentes para cada diâmetro
de poros e determinar se o material é meso ou microporoso. Conforme
descrito na Figura 2.

Figura 2. Distribuição de poros pelo método BJH (a) carvões CAa e


Cab (b)carvão CAc

No carvão CAa houve uma grande faixa de distribuição


de poros, variando o diâmetro entre 2 e 20 nm (mesoporoso), sua
estrutura apresenta, em média, baixo volume total de poros.
Para o carvão ativado CAb, nota-se que a maioria dos poros estão
distribuídos na faixa de 1 a 4 nm, mostrando que o material possui
estrutura, em sua maior parte, de micro e mesoporosidade. Já o
carvão CAc, apresenta estrutura mesoporosa bem definida, porém,
ainda existe um elevado percentual de microporos conforme
observado na figura 1(c).
Devido ao baixo volume de poros adquiridos CAa possui
área superficial especifica de 29,8 cm²/g considerada baixíssima
comparado a área obtida pelos carvões CAb com 510,8 m²/g e CAc
que obteve valor entre 1200 e1100 m²/g, conforme estimado em
gráfico apresentado na pesquisa do autor. O rendimento médio de
produção em relação à massa inicial de bagaço dos carvões CAa e
CAb foram em cerca de 30%, já o CAc obteve 5,9% de rendimento.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 267

Conclusões

A melhor estrutura de carvão obtida foi constatada no


carvão ativado fisicamente (CAc) com mesoporosidade bem definida,
volume agradável de microporos e elevada área superficial. Porém,
devido ao seu baixo rendimento e seu custo de produção que requer a
fabricação do carvão para posterior ativação com água superaquecida
a temperaturas acima de 500°C, torna seu uso proibitivo.
O carvão CAb apresentou maior área superficial específica
com predominância de micro e mesoporos, resultado cerca de 17
vezes maior que o CAa. Este fato pode ser justificado pela ausência
de agente desidratante para promover a criação de poros durante a
primeira pirólise. Devido suas características físicas, seu processo de
fabricação necessitando apenas de uma única pirólise e rendimento
adquirido de 30%, o carvão CAb mostrou-se como a melhor opção
de utilização. Porém, também devem ser avaliadas características
químicas de acordo com o material a ser adsorvido como pH que pode
causar forças eletrostáticas de atração ou repulsão entre os solutos
iônicos e o adsorvente causando certa interferência no processo.
Dessa forma, estudos se fazem necessários na busca de
melhorias de produção do carvão CAa e CAc, e de acordo com as
características de cada corante a ser adsorvido.

Referências Bibliográficas

INTERNATIONAL UNION PURE APPLIED CHEMISTRY.


Handbook. Columbus, v. 54, p. 2201. 1982.

REINOSO, F. R; SABIO, M. M. Textural and chemical


characterization of microporous carbons. Advances in Colloid
and Interface Science, Seattle, v. 76/77, p. 271- 294, July 1998.

SOARES, L. A. Síntese, Ativação e Caracterização De Carvão


Obtido a Partir Do Bagaço De Cana-De-Açúcar e Avaliação

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


268 ANAIS X SIMPAC

Da Capacidade De Adsorção. Dissertação (Mestrado em


Engenharia Química) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal – RN, 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 269

O PAPEL DA ENFERMAGEM MEDIANTE A RESISTÊNCIA


DO HOMEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PRÓSTATA
Camila Silva Pena1, Fernanda Mendonça Barcelos2, Isabela Suelen
Pereira da Silva3, Sayonara Ribeiro Alves Cardoso4, Thamirys
Borges Batista5, Elenice Claudete Dias6

Resumo: A resistência do homem em procurar os serviços de saúde é


um sério problema presente na atenção primária e em outros níveis de
atenção. Existem diversos fatores que interferem neste processo, sendo
os principais, o medo, o preconceito e a desinformação. Estes levam o
homem a diagnósticos tardios, como no caso do câncer de próstata.
Cabe ao enfermeiro contribuir para o processo de conscientização do
público masculino, implementar ideias e ações inovadoras visando a
promoção da saúde e prevenção de agravos. Este trabalho tem como
objetivo abordar a importância da prevenção do câncer de próstata,
o papel do enfermeiro, e as barreiras encontradas perante este
problema de saúde, considerado hoje um dos grandes responsáveis
pelo aumento da mortalidade entre os homens.

Palavras–chave: Aderência, exames, profissionais de enfermagem,


promoção da saúde, serviços de saúde.
1
Camila Silva Pena – Graduando em Enfermagem –. e-mail: camilasilvapena@
yahoo.com.br
2
Fernanda Mendonça Barcelos – Graduando em Enfermagem – FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA. e-mail: fernanda_mendoncab@outlook.com
3
Isabela Suelen Pereira da Silva – Graduando em Enfermagem – FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA. e-mail: isabelasuelen2015@hotmail.com
4
Sayonara Ribeiro Alves Cardoso – Graduando em Enfermagem – FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA. e-mail: sayonara.ribeiroalvesc@gmail.com
5
Thamirys Borges Batista – Graduando em Enfermagem – FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA. e-mail: mires.borges@hotmail.com
6
Elenice Claudete Dias – Professora do Departamento de Enfermagem e
Doutoranda em Ciências Biomédicas – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
elenicedias@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


270 ANAIS X SIMPAC

Introdução

A próstata é uma glândula masculina que se localiza entre a


bexiga e o reto e participa da produção do sêmen (VIEIRA, 2012).
O câncer de próstata caracteriza-se pelo crescimento exagerado da
próstata, com diminuição do jato urinário, sendo considerada uma
das principais causas de doença e morte no mundo (SILVA, 2016).
É um dos tipos de câncer com maior incidência entre os
homens ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma e
seguido por pulmão, estômago, cólon e reto (COSTA, 2013).
Dentre os fatores de risco associados ao desenvolvimento do
câncer de próstata, relacionam-se: idade; história familiar; estilo
de vida; a influência de dieta rica em gordura animal; exposição
a substâncias químicas e tóxicas; tabagismo e o etilismo (SILVA,
2016).
Para o diagnostico clinico do câncer de próstata, são
realizados os exames de: ‘toque retal, testes laboratoriais (PSA e
fosfatase ácida sérica), ultrassonografia transretal, ressonância
magnética, tomografia computadorizada, ecografia, urografia,
endoscopia urinária, biopsia, entre outros’ (SILVA, 2016).
Os homens preferem fazer o exame de sangue ao de toque. É
preciso ressaltar que os dois são complementares no diagnostico do
câncer de próstata e um não substitui o outro (COSTA, 2013).
No que diz respeito ao tratamento do câncer de próstata, as
principais propostas terapêuticas atualmente disponíveis são: a
conduta expectante, a prostatectomia radical, a radioterapia, o
bloqueio androgênico e a quimioterapia (SILVA, 2016).
Na questão da prevenção, é de conhecimento evidenciado
nas literaturas que a simples adoção de hábitos saudáveis de
vida, eliminando-se a exposição aos fatores de risco é capaz de
evitar o desenvolvimento desta patologia. A prevenção secundária,
realizada através de exames que possibilitem o diagnóstico precoce
ou detecção das lesões cancerígenas é de fundamental importância
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 271

para ajudar a diminuir a taxa de mortalidade do câncer de próstata


(SILVA, 2016).
Há alguns anos o sistema público de saúde disponibiliza
a população a realização do exame de prevenção do câncer de
próstata, porém a demanda ainda é inferior. Além do mais, muitos
fatores acabam funcionando como barreiras para não realização dos
exames preventivos (SILVA, 2016).

Material e Métodos

O presente trabalho foi elaborado a partir de uma revisão


bibliográfica realizada por meio de levantamento de artigos
científicos publicados e indexado na base de dados da Scielo e Google
Acadêmico, a partir de 2011.
Todo conteúdo foi analisado de forma criteriosa perante a
relevância do estudo, optando por dados e estimativas atuais.

Resultados e Discussão

Quando falamos em prevenção, vamos de encontro à


resistência do homem em procurar os serviços de saúde e a
aderência do mesmo aos diversos serviços prestados, que podem
ser relacionados a vários fatores, como: Falta de conhecimento
em relação à doença, seus malefícios e a todo o processo do exame
de toque. O baixo grau de escolaridade, que implica na falta de
conhecimento, gerando desinformação sobre a importância de se
prevenir. O medo, o preconceito, o constrangimento e o desconforto
físico e mental também são fatores importantes, uma vez que afasta
os homens da prevenção, pois além do medo da descoberta de algo,
tem-se o medo da possível ereção que pode surgir a partir do toque e
ser visto assim como indicador de prazer, gerando constrangimento,
que se faz presente também na situação do homem fica nu e ser
tocado por outro do mesmo sexo ou por uma mulher. A falta de tempo
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
272 ANAIS X SIMPAC

é muito citada entre os homens no processo, pois a maioria trabalha


e os serviços prestados estão em horário comercial, com demora
no atendimento, o que acarretaria em perda de tempo e afetaria
diretamente seu trabalho. Outro fator que pode impedir a maior
inclusão do homem no serviço de saúde, seria a predominância de
mulheres, sejam elas pacientes ou profissionais da área, gerando
assim um ambiente feminilizado.
Os profissionais de enfermagem são a classe mais próxima do
paciente. Desta forma são primordiais no processo de prevenção
e tratamento do câncer de próstata. O enfermeiro é considerado
o principal educador de saúde, sendo seu papel: educar, acolher,
intervir quando necessário, sensibilizar, orientar e contribuir
perante este grave problema que afeta a população masculina.
Vários são os meios para a melhor adesão do homem no processo de
saúde doença: Divulgação de como e onde terá acesso aos exames
específicos; planejar ações educativas, como palestras e rodas de
conversa, dentro da ESF; dar voz aos homens para que eles possam
sugerir estratégias para uma maior adesão desta população;
melhoria das politicas de saúde voltadas para a população
masculina e valorização das que já existem como a Política Nacional
de Prevenção e Controle do Câncer da Próstata, Política Nacional
Integral à saúde do Homem e o Novembro Azul; ampliação da busca
ativa de homens, que se dá na atenção básica, com treinamento da
equipe de enfermagem, principalmente os agentes comunitários
de saúde; criação de meios que incentivem o empregador a liberar
seu funcionário para cuidar de sua saúde e ações dentro da própria
empresa; utilização dos meios de comunicação, como televisão, rádio
e internet, como veículos de companhas de prevenção; criação de
meios, com ideias inovadoras que atraiam efetivamente o homem,
como jogos beneficentes com consultas integradas. Todas essas
ações levam à promoção da saúde, visando à qualidade de vida do
homem.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 273

Considerações Finais

Através deste trabalho podemos concluir que são poucos os recursos


voltados para a Atenção da Saúde do Homem, principalmente na
prevenção. Em um país onde o câncer de próstata é o segundo que
mais mata sua população masculina, o papel do enfermeiro vai
além de uma simples habilidade técnica, o mesmo deve ser atuante
e ter liderança para criar e buscar novos meios para conscientizar
e resgatar a atenção do homem para este âmbito, desenvolvendo
neles o respeito pela saúde e despertando o amor próprio de cada
um.

Referências Bibliográficas

COSTA, T; MOURA, V. THE MEANING OF TOUCH THE PROSTATE


FOR MAN: THE NURSE IN HEALTH PROMOTION. Revista de
Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, [s.l.], v. 5, n. 4, p.537-
546, 1 out. 2013. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
UNIRIO.

LIMA, Bruna et al. OS MEIOS ALTERNATIVOS DE


COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA PREVENÇÃO
DO CÂNCER DE PRÓSTATA.  Revista Enfermagem Uerj, Rio
de Janeiro, p.656-662, 2014.

SILVA, J. S. da; NASCIMENTO, Luzimere Pires do.   FATORES


CULTURAIS ASSOCIADOS A NÃO ADESÃO AOS
EXAMES PREVENTIVOS DE CÂNCER DE PRÓSTATA EM
PARINTINS.  2016. 30 f. Monografia (Especialização) - Curso de
Enfermagem, Saúde Pública, Universidade do Estado do Amazonas,
Parintins, 2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


274 ANAIS X SIMPAC

VIEIRA, C. G; ARAÚJO, W. de S. de; VARGAS, D. R. M. de.  O


HOMEM E O CÂNCER DE PRÓSTATA: PROVÁVEIS
REAÇÕES DIANTE DE UM POSSÍVEL DIAGNÓSTICO. 2012.
5 v. Monografia (Especialização) - Curso de Enfermagem, Instituto
Tocantinense Presidente Antônio Carlos, Araguaína, 2012.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 275

A ARTETERAPIA NA ABORDAGEM JUNGUIANA:


UM PROCESSO DE MUDANÇA NA AQUISIÇÃO DE
AUTOCONHECIMENTO.

Carina Silva Caetano1, Barbara da Silva Machado2, Jade Giorgio3,


Alessandro Sodré4, Andrea Olimpio de Oliveira5.

Resumo: O presente artigo busca apresentar uma breve discussão


acerca da Arteterapia na abordagem Junguiana. Uma pesquisa
realizada como parte do conteúdo disciplinar, ministrada pela
professora Andrea Olimpio de Oliveira, Orientadora da atividade
desenvolvida por alunos do nono período do curso de psicologia,
Faculdade de Ciências Biológicas (Univiçosa). A presente pesquisa
evidencia a capacidade de mudança na obtenção de autoconhecimento
a partir da Arteterapia. Proporcionado uma visão holística sobre
as questões subjetivas. Este artigo mostra uma predisposição do
mundo através da arte, música, desenho, pintura, assim por diante.

Palavras–chave: Abordagem junguiana, arteterapia,


autoconhecimento.

Introdução
Ao identificar através da literatura estudada a importância
da Arteterapia no processo de mudança para aquisição de
autoconhecimento, buscamos entender a partir da abordagem
Junguiana este método de aplicação, no qual o ser humano expressa
de forma inconsciente sentimentos, emoções que estão internalizado
1
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. carinascaetano88@gmail.
com
2
Graduanda em Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. barbarasm18@hotmail.com
3
Graduanda em Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. jadegiorgio_synergy@
hotmail.com
4
Graduanda em Psicologia -FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. alessandrosodre2@gmail.
com
5
Docente do curso psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. andrea.
olimpiodeoliveira@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


276 ANAIS X SIMPAC

dentro de si próprio. Visto que a arte permite que o indivíduo


explore conteúdos latentes na busca por um autoconhecimento.
Consequentemente, observamos que há um entrelaçamento entre a
Arteterapia e a Psicologia Analítica:

Pois Jung (2011) ressalta que o homem deve ser visto por
inteiro, ou seja, como um todo; pertencente a uma comunidade,
num determinado momento, não poderia, portanto, ser visto
dissociado do seu contexto social, cultural e universal. E na
Arteterapia esta possibilidade, de nos encontramos com o
“todo”, é facilitado pelas expressões artísticas, que trazem os
conteúdos do consciente e do inconsciente (JUNG, 2011 apud
FIORINDO, 2014, p.1).

Diante do trecho acima mencionado, a forma de expressão


através de desenhos, pinturas, historia, dentre outras demonstrações
artísticas, permite que o sujeito traga para a sua consciência
conteúdos que estavam obscuros e que foram expostos, sendo visto
como um todo através da Arteterapia.
Desta forma, pode-se afirmar que a arte em Arteterapia,
não domina em um aspecto somente secundário, mas também em
condições essenciais que favorecem a motivação de expressões
criativas para alcançar um bem-estar consigo e com o mundo que o
cerca, permitindo até mesmo a resolução de conflitos internos que
o sujeito carrega ao longo da vida. Conforme Philippini (2000), a
arteterapia resgata a promoção, a prevenção e a expansão da saúde:

Pois, a Arteterapia auxilia a resgatar desbloquear e fortalecer


potenciais criativos, através de formas de expressão diversas,
ademais facilita que cada um encontre, comunique e expanda
a seu próprio caminho criativo e singular, favorecendo a
expressão, a revelação e o reconhecimento do mundo interno
e inconsciente. Destaca ainda, que em Arteterapia com
abordagem Junguiana, o caminho será fornecer suportes

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 277

materiais adequados para que a energia psíquica plasme


símbolos em criações diversas. Estas produções simbólicas
retratam múltiplos estágios da psique, ativando e realizando
a comunicação entre inconsciente e consciente. Este processo
colabora para a compreensão e resolução de estados afetivos
conflitivos, favorecendo a estruturação e expansão da
personalidade através do processo criativo (PHILIPPINI,
2000 apud XAVIER, 2012).

Essas aquisições de mudanças no indivíduo sobrevêm a


partir das intervenções teóricas (Arteterapias) como meios de
mediar estas possíveis divergências em relação aos próprios
conteúdos inconscientes, pois trata-se de recursos apropriados no
qual implica-se nas elaborações de propostas que fazem exprimir o
contado do sujeito com ele mesmo, obtendo-se resultados eficientes
de autoconhecimento e um entendimento do mundo externo.
Justifica-se a proposta desta pesquisa como recurso de reflexão
acerca da arteterapia como um processo terapêutico.
O objetivo do trabalho é mostrar a arteterapia na abordagem
Junguiana como meio de intervenção considerável para obtenção do
autoconhecimento.

Resultados e Discussão
De acordo com o exposto sobre a arteterapia em alguns de seus
principais aspectos podemos perceber como a arte tem se consagrado
como um instrumento importante para o trabalho do psicólogo. Ela
enxerga o ser humano como capaz de criar e de recriar-se, um ser
em constante mudança, sendo a arte um catalisador nesse processo,
pois ela possibilita ao homem o poder de se expressar e de agir
perante o mundo.

Seja a atividade artística concebida como projeção do


inconsciente, expressão do self ou como função de contato na
autopercepção, a arte se revela em todas elas como um meio de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


278 ANAIS X SIMPAC

objetivação da subjetividade. O resultado dessa criação artística é


sempre um reflexo daquele que a criou, pois nela ganham formas
seus desejos, emoções, sentimentos e ideias. Essa criação pode ser
compreendida como um quase sujeito, pois quando a pessoa cria é
sobre si mesmo que ele está relatando. A função terapêutica da arte
se inicia então com essa autodescoberta, aprofundando-se à medida
que, na atividade desenvolvida, o sujeito também se redescobre em
novas formas, podendo reinventar-se como outro.

Na atividade artística, o sujeito expressa não só aquilo


que ele é mas também o que ainda pode ser, construindo através
da arte outros modos para realizar seus objetivos mais profundos
e, a partir daí, pensar em se reconstruir na vida, a partir de um
novo olhar acerca de si mesmo e acerca do mundo. Isso acontece
porque a vivência da arte traz uma abertura para o Eu que desejo
ser. Essa experiência proporciona ao sujeito um contato com o
diferente, com o inesperado, com o novo, fazendo com que ele
enxergue uma forma de percepção diferente do cotidiano, passando
a ter uma visão sensível e criativa.
Trabalhar com artes ajuda no desenvolvimento pessoal
e emocional. O inconsciente se torna mais acessível com
símbolos do que com palavras, por isso o uso das artes facilita o
processo de reflexão e seu desenvolvimento. Pode-se comunicar e
expressar muito mais através das artes, principalmente de forma
inconsciente, já que as imagens transmitem mais do que palavras
e oferecem um meio seguro para explorar temas difíceis.
Às vezes é difícil expressar certos sentimentos pelas
vias mais tradicionais, é por isso que a arteterapia, por ser uma
ferramenta que utiliza e desenvolve a expressão, pode ajudar a dar
forma a aqueles pensamentos e sentimentos que não conseguimos
verbalizar.

Conclusões
Podemos concluir com base na teoria de Jung de que o
processo do individuo no conhecimento de si mesmo está ligada ao
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 279

inconsciente, e que se efetiva pela interação entre o inconsciente e o


consciente. Consta-se que a arte ajuda o processo de individuação,
por se constituir no instrumento ideal para o indivíduo expressar
emoções. Assim conclui-se, que o processo do autoconhecimento é o
responsável pela incorporação do homem com seu mundo interior,
podendo assim estabelecer um entendimento melhor do mundo
exterior.

Agradecimentos

Agradeço à Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde


e à professora Andrea Olimpio de Oliveira por disponibilizar está
oportunidade de pesquisa.

Referências Bibliográficas

FIORINDO, P. P. Arteterapia e Psicologia Analítica. Bahia,


2014. Disponível em:
<http://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/arteterapia%20
_61/priscila.pdf> Acesso em: 09 Mar. 2018.
.
PSIQUE OBJETIVA. O que é a Arteterapia de abordagem
Junguiana? 2012. Disponível em:<https://psiqueobjetiva.wordpress.
com/2012/09/03/o-que-e-a-arteterapia-de-abordagem-junguiana/>
Acesso em: 10 Mar. 2018.

REIS, A. C. Arteterapia: A Arte como Instrumento no Trabalho do


Psicólogo 2014. Disponível em :
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1414-98932014000100011> Acesso em : 10 Mar.
2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


280 ANAIS X SIMPAC

DESENVOLVIMENTO DE TINTAS COM PIGMENTOS


NATURAIS: PREPARAÇÃO, APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO

Cariny Maria Polesca de Freitas1, Fernanda Raquel Carvalho2

Resumo: Desde os tempos pré-históricos os habitantes da terra


utilizavam tintas compostas por terras ou argilas suspensas em
água. Recentemente, a indústria de recobrimentos teve grandes
avanços devido à realização de pesquisas científicas, entretanto, as
tintas utilizadas atualmente podem ser constituídas por substâncias
tóxicas; que podem causar danos à saúde das pessoas que têm
contato direto com ela. As tintas produzidas com pigmentos da terra
são sustentáveis, uma vez que não geram produtos tóxicos ao meio
ambiente. Desta forma, através do presente trabalho, objetivou-se
alcançar uma formulação adequada para a tinta natural produzida
e sua caracterização por meio de testes laboratoriais. Foram
produzidas quatro tintas diferentes utilizando solo, argila, água,
banha de porco e cola. As tintas produzidas foram avaliadas com
análises de pH, densidade, absorbância e abrasão. As formulações
foram comparadas com uma tinta comercial da marca X. Concluiu-
se que as tintas produzidas a partir da argila medicinal, solo, PVA
e água tiveram resultados satisfatórios e que é possível fabricar
tintas artesanais, de baixo custo e de maneira sustentável sem
afetar o bem estar humano e do meio ambiente.

Palavras–chave: Sustentáveis, corantes naturais, solos.

Introdução

Desde os tempos pré-históricos os antigos habitantes da


terra registravam suas atividades nas paredes das cavernas por
meio de figuras coloridas. As tintas utilizadas, provavelmente,
eram compostas por terras ou argilas suspensas em água. Nos
1
Graduanda em Engenharia Química- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA
2
Professora do Curso de Engenharia Química-FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 281

anos mais recentes ocorreram os maiores avanços na indústria de


recobrimentos, através de resultados de pesquisa científica.
As tintas têm como atribuição, decorar e dar acabamento a
parte mais visível e exposta de um edifício. As tintas podem ser
constituídas por substâncias tóxicas; quando líquidas, podem emitir
compostos orgânicos voláteis (COV’s), os quais contribuem para
poluição atmosférica, além de afetar a saúde do pintor. Quando
seca, em forma de película, pode conter em sua formulação metais
pesados, como os pigmentos coloridos, que são potencialmente
tóxicos.
As tintas produzidas com pigmentos da terra são sustentáveis,
uma vez que não geram resíduos ou produtos tóxicos ao meio
ambiente. Dessa forma, por meio da presente pesquisa, objetiva-se
colaborar com o desenvolvimento e comprovação da qualidade das
tintas naturais.

Material e Métodos

A presente pesquisa foi realizada em Viçosa-MG. A amostra de


solo utilizada foi coletada no Departamento de Solos da Universidade
Federal de Viçosa (UFV). As análises e procedimentos experimentais
foram realizados no Laboratório de Química da Univiçosa. A pintura
e o teste de abrasão foram realizados na Fazenda de Souza Polesca,
localizada em Jequeri-MG.
Diferentes procedimentos de preparo da tinta foram
estabelecidos seguindo como referência a Cartilha Cores da Terra
da UFV. Foram preparadas quatro formulações diferentes: Tinta 1
- Argila de construção civil, PVA e água; Tinta 2 - Argila medicinal,
PVA e água; Tinta 3 - Argila medicinal, banha de porco e água;
Tinta 4 - Solo, PVA e água.
Em um béquer, colocou-se a metade da quantidade de pigmento
correspondente à formulação escrita junto à metade da quantidade
de solvente. Misturou-se bem e, em seguida, adicionou-se o restante
do solvente e pigmento. Ao obter uniformidade, o aglutinante foi
adicionado.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


282 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

As imagens das quatro tintas produzidas estão


apresentadas na Figura 1.

Figura 1: Tintas produzidas: Tinta 1 - Argila de construção civil, cola


PVA e água; Tinta 2 - Argila medicinal, cola PVA e água; Tinta 3 - Argila
medicinal, banha de porco e água; Tinta 4 - Solo, cola PVA e água.
Dentre as formulações, as tintas 2 e 4 apresentaram melhor
aspecto. A tinta 1 mesmo contendo maior quantidade de solvente,
permaneceu densa, o que pode ser justificado pela argila que foi
utilizada, que foi a argila de construção civil. A tinta 3, por utilizar
como aglutinante a banha de porco, não ficou homogênea, isto
porque água e óleo praticamente não se misturam, em decorrência
da diferença de polaridade, uma vez que a água é uma molécula
polar e o óleo apolar.
A densidade encontrada para as tintas 2 (1,301 g.ml-1) e
4 (1,304 g.ml-1) atendem ao esperado, quando comparadas com a
densidade da tinta comercializada da marca X e com o Boletim
Técnico da tinta Suvinil.
O pH de todas as tintas produzidas ficou compreendido numa
faixa de 6,0 - 8,0 com a tinta 3 apresentando o menor valor de pH.
Contudo, a tinta 2 obteve o valor dentro do padrão estabelecido pelo
boletim consultado e o mesmo valor quando comparado com a tinta
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 283

industrializada da marca X.
A tinta 1 obteve a absorbância máxima de 2935 para o
comprimento de onda de 440 nm. A tinta 2, obteve 2975 para 560
nm. A tinta 3, 2003 para 460 nm, ressaltando que a mesma não
atendeu também aos resultados anteriores devido a utilização de
outro aglutinante; a tinta 4, 3000 para mais de um comprimento
de onda selecionado, o que pode ser justificado também pelo fato da
tinta ser mais escura e assim transmitir menos luz que a tinta 2, que
é mais clara. Portanto, constatou-se que as tintas 2 e 4 obtiveram os
melhores resultados relacionados ao poder de cobertura.
Em relação ao teste de abrasão, todas as tintas testadas
sofreram perda de resíduos, porém a tinta 2 foi a única que não
apresentou danos na pintura. O pigmento utilizado na formulação
da tinta 2 apresentava as menores partículas quando comparado aos
demais, o que justifica o fato da tinta 2 não apresentar danos, uma
vez que o pigmento não se desgruda do aglutinante. As outras tintas
perderam a tonalidade de forma que fosse possível a visualização da
camada de cal na parede.
Por meio da Figura 2 pode-se observer as faixas sendo
submetidas ao teste de abrasão por escova de aço e lavadora de alta
pressão.

Figura 2: Teste de abrasão

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


284 ANAIS X SIMPAC

Quanto a análise econômica, a tinta 2 apresentou custo mais


elevado quando comparada as demais, porém é mais barata que
a tinta comercial, com diferença de R$ 98,55 e atendeu a todos os
requisitos anteriores. A tinta 3 apresentou menor custo, entretanto
foi a que menos se destacou entre as demais, a mesma não ficou boa
devido a utilização da banha de porco como aglutinante.

Conclusões

No presente trabalho desenvolveu-se o processo de produção


de tinta natural, onde se pode perceber a fundamental importância
de partículas pequenas, ou seja, argila. Ressalta-se também a
importância dos testes laboratoriais, uma vez que nem todos os
aglutinantes mencionados em literaturas devem ser utilizados na
produção das tintas, como por exemplo, a banha de porco.
Os resultados mostraram que é possível fabricar tintas
caseiras, de baixo custo e de maneira sustentável sem afetar o
bem estar humano e do meio ambiente. As tintas 2 (composta
por argila medicinal, PVA e água) e 4 (composta por solo, PVA e
água) atenderam a todas as expectativas, obtendo bom poder de
cobertura, aderência e bom aspecto estético.
Em relação a avaliação econômica, foram calculados todos os
gastos com matérias primas utilizadas e destaca-se que o preço
final é inferior ao da tinta comercial.
Sendo o foco principal deste trabalho, a sustentabilidade,
vale ressaltar que nenhum dos componentes utilizados nas tintas
produzidas são prejudiciais à natureza e à saúde humana.

Referências Bibliográficas

ABRAFATI. Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, 2017.


Disponível em <www.abrafati.com.br/indicadores-do-mercado/
numeros-do-setor/>. Acesso, em: 1 out. 2017.

ANGHINETTI, I. C. B.. Tintas, suas propriedades e aplicações


imobiliárias.  2012. 65 f. Monografia (Especialização) - Curso de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 285

Especialização em Construção Civil, Universidade Federal de


Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.
CARVALHO, A. F. Cores da terra: fazendo tinta com terra. Viçosa,
Universidade Federal de Viçosa, 2009.
FARIA, F. C.  Produção de tintas naturais para construção
civil: Testes de preparação, aplicação e avaliação do intemperismo
acelerado. 2015. 118 f. Monografia (Especialização) - Curso de
Engenharia da Construção Civil, Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2015.
GÓIS, L.  Tintas da Terra: O uso dos pigmentos naturais para
uma pintura sustentável. 2016. 20 f. - Curso de Artes Aplicadas,
Universidade Federal de São João del Rei, São João del Rei, 2016.
PESTANA, R. M.  A Tinta Acrílica: Enquadramento de uma
tecnologia. 2014. 88 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pintura,
Universidade de Lisboa, Lisboa, 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


286 ANAIS X SIMPAC

A (IN) CONSTITUCIONALIDADE DO CONTRATO


DA JORNADA INTERMITENTE DE ACORDO COM O
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DO TRABALHADOR E O
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE
EMPREGO

Carla Soares Sales1, Marcelo Augusto Mendes de Sousa2, Maria


Inês de Assis Romanholo3

Resumo: A Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, denominada Reforma


Trabalhista, no § 3º do art. 443 e no art. 452-A, ambos da CLT,
acrescentou o contrato na modalidade contrato intermitente, que
se caracteriza pela alternância de períodos de prestação de serviços
e de inatividade. A relação de emprego tem como basilares dois
princípios fundamentais, o princípio da continuidade da relação de
emprego e da proteção do trabalhador. Nesse contexto, o presente
artigo tem por finalidade analisar a (in) constitucionalidade
do trabalho intermitente, tendo em vista os direitos básicos do
trabalhador elencados no art. 7º da Constituição Federal de 1988.
Vários juristas pesquisados enfatizam que o contrato intermitente
é inconstitucional. Assim, pelo exposto e por meio de uma
análise crítica da legislação, compreende-se que a nova jornada
introduzida pela reforma trabalhista é inconstitucional, tendo como
fundamentos essenciais, os princípios da proteção do trabalhador e
da continuidade da relação de emprego.

Palavras–chave: Reforma Trabalhista. Contrato Intermitente.


Constituição Federal. Inconstitucionalidade. Princípio da proteção
do trabalhador. Princípio da continuidade da relação de emprego.

1
Graduando em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: carlasoaressales@hotmail.com
2
Graduando em Direito FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: marcelosousa2010@bol.com.br
3
Mestre em Direito. Professora de Direito Processual do Trabalho, Prática Trabalhista, Direito
Empresarial e Prática empresarial. FACISA/UNIVIÇOSA UNIDADE II. e-mail: mariaines@univicosa.
com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 287

Introdução

Este artigo tem o objetivo de analisar a Jornada Intermitente


acrescentada pela Lei 13.467 (BRASIL, 2017a) - Reforma
Trabalhista, em face dos princípios da proteção e o princípio da
continuidade da relação de emprego, advindos da Constituição
Federal (BRASIL, 1988) e da Consolidação das Leis do Trabalho
(BRASIL, 1943).
O artigo analisa a (in) constitucionalidade da nova modalidade
de contrato de trabalho, frente aos direitos básicos do trabalhador
elencados no art. 7º da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
A Lei 13.467 (BRASIL, 2017a) trouxe para o ordenamento
jurídico mudanças na legislação trabalhista. Diante das várias
alterações, destaca-se a modalidade do trabalho intermitente,
acrescentado no § 3º do art. 443 e no art. 452-A, ambos da CLT.
O trabalho intermitente tem sido tema de muitos debates
quanto a sua possível inconstitucionalidade ou possível violação a
diversos princípios trabalhistas que tem por finalidade assegurar a
proteção do trabalhador.
Justifica-se este estudo pela necessidade de elucidar as
controvérsias relativas ao contrato de trabalho intermitente e
sua violação ao princípio da proteção e continuidade da relação de
emprego.  Com base nesses fundamentos e objetivos previstos, o
presente artigo tem como finalidade analisar o trabalho intermitente
introduzido pela nova legislação trabalhista e seus impactos no
ordenamento jurídico brasileiro, sendo utilizado o método dedutivo,
com pesquisas bibliográficas, artigos, sítios, legislação.

Material e Métodos

O método de pesquisa utilizado no presente artigo foi por meio


de pesquisas em doutrinas e análise de artigos de juristas referentes
ao assunto discutido.
A pesquisa é jurídico normativa, fundamentada nos preceitos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


288 ANAIS X SIMPAC

legais, na nova redação da Consolidação das Leis do Trabalho e das


normas constitucionais, tendo como principal objetivo, interpretar
a nova legislação em relação aos princípios basilares do direito
do trabalho em busca da preservação de direitos trabalhistas
constitucionalmente assegurados. Buscou-se a realização de um
estudo crítico das normas, em um raciocínio dedutivo.

Resultados e Discussão

De acordo com os estudos realizados, cabe salientar, em


primeiro momento, que a jornada intermitente é o contrato de
trabalho na qual a prestação de serviços, com subordinação, não
se dá de forma contínua ocorrendo com alternância de períodos de
realizações dos serviços e de inatividade, determinadas em horas,
dias ou meses, independentemente da atividade executada pelo
trabalhador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação
própria.
Outrossim, o contrato de trabalho na hipótese da jornada
intermitente prevê que o trabalhador receberá as verbas de
remuneração, férias proporcionais com acréscimo de um terço, 13º
salário proporcional, repouso semanal remunerado e adicionais
legais, além de recolhimento da contribuição previdenciária e
depósito do FGTS, assim que o trabalhador realizar suas atividades.
Nesta modalidade de trabalho, o empregador deverá
convocar o empregado e informar a jornada, com três dias corridos
de antecedência e o empregado terá 24 (vinte e quatro) horas para
responder à solicitação. Pela redação original do art. 452-A, § 4º
(BRASIL, 2017a), aceita a proposta para o trabalho, a parte que
descumprir o acordado, sem justo motivo, pagará à outra parte multa
de 50 % da remuneração que seria devida. Todavia, esta multa foi
revogada pela Medida Provisória nº 808 de 14 de novembro de 2017
(BRASIL, 2017b).
O período de inatividade não será considerado tempo à
disposição do empregador, pois o empregado poderá prestar serviços

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 289

a outros empregadores neste momento, de acordo com o § 5º do


artigo 452-A, inserido na CLT pela Lei 13.467.

Art. 452-A- O contrato de trabalho intermitente deve ser


celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da
hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário
do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados
do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato
intermitente ou não.
(...)
§ 5º -  O período de inatividade não será considerado tempo
à disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar
serviços a outros contratantes. (BRASIL, 2017a)

O período de inatividade também foi revogado pela Medida
Provisória nº 808 (BRASIL, 2017b). Todavia, a referida MP tem
validade até o 23 de abril de 2017, devendo, até essa data, ser
convertida em lei, sob pena de perder a validade. Caso não haja
sua conversão em lei, volta a valer a redação original do art. 452-
A, § 5º, dada pela Lei 13.467 (BRASIL,2017a).
Todavia, o artigo 4º da CLT (BRASIL, 1943) estabelece de
forma diversa, vejamos:

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período


em que o empregado esteja à disposição do empregador,
aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial
expressamente consignada.

Este artigo 4º da CLT não foi revogado pela Lei 13.467
(BRASIL,2017a), desta forma, uma norma contradiz a outra.
As férias serão devidas a partir de um ano de prestação
de serviços. Neste ponto, juristas como THEODOR (2014, online)
e STRECK (2017, online), questionam qual seria o período para
concessão das férias, o período aquisitivo deve ser considerado
apenas o período laborado pelo trabalhador? Uma questão que o

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


290 ANAIS X SIMPAC

texto da reforma trabalhista deixou lacunas.


De acordo com entendimento doutrinário, nessa nova
modalidade de contrato de trabalho, a jornada de trabalho viola
os princípios basilares da relação de trabalho. Neste sentindo o
professor de direito constitucional STRECK (2017, online) enfatiza:
“Fica nítido que na reforma que o contrato de trabalho intermitente
foi concebido para a precarização dos meios de contratação de
trabalhadores com o intento estatístico de propagandear falsamente
um incremento do emprego no Brasil”.
Adentro no mérito da questão podemos dizer que
anteriormente não existia no nosso ordenamento jurídico nenhum
outro regime parecido com o intermitente, vale ressaltar que o
contrato de trabalho com menor número de horas era o regime de
tempo parcial com jornada máxima de 25 horas semanais, conforme
art. 58-A, CLT (BRASIL, 1943) que com a reforma sofreu ampliação
em suas horas laboradas para 30 horas semanais, sem horas extras
ou 26 horas semanais, com a possibilidade de até 6 horas extras
semanais.
O legislador, ao instituir o trabalho intermitente tinha como
principal objetivo a regulamentação das atividades que eram
desenvolvidas sem contratação formal, denominados “bicos”,
incorporando ao ordenamento jurídico de forma a proporcionar aos
trabalhadores maior proteção. Todavia, o entendimento da maioria
dos juristas é contraditório, pois para os juristas, está é modalidade
de emprego em que as empresas terão maiores facilidades na
contratação de trabalhadores, uma vez que, os empregados deverão
trabalhar no lapso temporal demandado pelo empregador, e a estes
só serão devidos as verbas trabalhistas em relação ao tempo de
prestação de serviço.
O trabalho intermitente não é o único que garante o emprego,
mas sim uma das modalidades de contratação. Ao inserir o § 3º
no art. 443 da CLT, o legislador, além da contratação por prazo
determinado e indeterminado, possibilitou o contrato intermitente.
Conforme DELGADO (2009, p. 193-194), somente mantendo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 291

o vínculo trabalhista do empregador com empregado na esfera


empresarial seria possível garantir melhores condições de trabalho
aos empregados. DELGADO ainda defende que a continuidade da
relação de emprego tem três correntes favoráveis ao empregado.
A primeira reside nas conquistas contratuais que o emprego
alcança com o passar do tempo em vista de promoções recebidas ou
vantagens agregadas ao desenvolvimento de seu tempo de serviço
no contrato.
A segunda corrente de repercussões favoráveis reside no
decurso do tempo, quanto mais elevado o montante pago a esse
trabalhador, mais o empregador vai estar propenso a investir
em sua educação e aperfeiçoamento profissional como forma de
compensar o custo trabalhista. Esse investimento cumpre o papel
social da propriedade e da função educativa dos vínculos de labor,
potenciando, individual e socialmente, o ser humano que trabalha.
A terceira corrente situa-se no indivíduo favorecido por esse
contrato e que vive apenas do seu trabalho, tem neste que a renda
apurada por esse obreiro é decisiva como instrumento de sua própria
afirmação no plano da sociedade.
Com o surgimento do trabalho intermitente no ordenamento
jurídico brasileiro é possível perceber uma colisão direta entre este
e as correntes de repercussões favoráveis da longa continuidade
da relação de emprego, defendidas por Mauricio Godinho Delgado,
tendo em vista que o trabalho não continuo e sem previsão de labor,
sem expectativa de remuneração contínua e certa, gera insegurança
ao trabalhador que subsiste com o suor de seu trabalho, ou seja com
os ganhos percebidos por aquele.
O problema é muito maior que uma insegurança financeira
enfrentada pelo empregado. Se a continuidade na relação de
trabalho funciona como instrumento para afirmação deste obreiro
no plano da sociedade, na modalidade intermitente ele perde essa
afirmação. Como defende DELGADO (2009, p. 193-194) para outras
modalidades de contratação, mas aqui usadas por analogia para
análise do trabalho intermitente, “se o empregado está submetido

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


292 ANAIS X SIMPAC

a contrato precário, provisório, de curta duração (ou se está


desempregado), fica sem o lastro econômico e jurídico necessário
para se impor no plano de suas demais relações econômicas na
comunidade.”
RODRIGUEZ (2000, p. 35) discorre: “O princípio de proteção
se refere ao critério fundamental que orienta o Direito do Trabalho,
pois este, ao invés de inspirar-se num propósito de igualdade,
responde ao objetivo de estabelecer um amparo preferencial a
uma das partes: o trabalhador. Assim, o autor fundamenta que ao
contrário dos demais direitos, como o direito civil que assegura a
igualdade jurídica, o Direito do Trabalho busca proteger uma das
partes da relação de trabalho, devido à hipossuficiência econômica,
tentando alcançar uma igualdade substancial. Dentro deste
princípio, o doutrinador uruguaio entende que há três sub divisões,
conforme descreve:
Entendemos que este princípio se expressa sob
três formas distintas:

A) A regra in dubio, pro operario. Critério que deve


utilizar o juiz ou o intérprete para escolher, entre vários
sentidos possíveis de uma norma, aquele que seja mais
favorável ao trabalhador;
B) A regra da norma mais favorável determina que, no caso de
haver mais de uma norma aplicável, deve-se optar por aquela
que seja mais favorável, ainda que não seja a que corresponda
aos critérios clássicos de hierarquia das normas; e
C) A regra da condição mais benéfica. Critério pelo qual
a aplicação de uma nova norma trabalhista nunca deve
servir para diminuir as condições mais favoráveis em que se
encontrava um trabalhador. (RODRIGUEZ, 2000, p.45)

Já o princípio da continuidade da relação de emprego significa


que a regra na esfera trabalhista é de que os contratos são pactuados
e realizados por prazo indeterminado, assim, o trabalhador tem
uma relação de emprego sem uma data pré-estipulada para o fim.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 293

Isto posto, a jornada intermitente viola os princípios


basilares da relação de emprego, por instituir elementos nocivos à
manutenção empregatícia, violando assim o princípio da proteção
ao trabalhador na medida em que o empregado encontra-se nesta
jornada em uma situação de insegurança jurídica, com um vínculo
de emprego formal, mas sem a garantia de quando seria convocado
para prestar seus serviços. Diante dessa indefinição, o empregado,
que depende de seu salário para sua subsistência e de sua família,
viveria em uma situação de incerteza e insegurança. E ainda, viola
o princípio da continuidade da relação de empreso, uma vez que o
empregado realiza seus serviços somente quando determinado pelo
empregador, durante o lapso de tempo necessário pelo empregador.

Considerações Finais

A presente pesquisa teve como objetivo investigar a (in)


constitucionalidade da jornada intermitente, introduzida pela Lei
13.467 (BRASIL, 2017a). Analisando suas condições inseridas
no art. 452-A, CLT, constata-se a inconstitucionalidade da nova
modalidade de contrato de trabalho, em face dos princípios basilares
da relação de emprego, especialmente o princípio da proteção e da
continuidade da relação de empreso.
A jornada intermitente estabelecida pela reforma trabalhista
não prioriza a continuidade da relação de emprego e não protege o
operário, posto que, o trabalhador só presta seus serviços durante
o período definido pelo empregador. O empregado estará à mercê
da necessidade de serviços pelo empregador, desta forma, há uma
grande insegurança jurídica para o mesmo, sem nenhuma garantia
de quando será convocado e quantos dias ou meses terá que prestar
seus serviços. Além do mais, esta nova modalidade de contratação,
por não ter uma continuidade da relação de serviços, não detém a
garantia de um salário mensal ao empregado, enfrentando este em
vulnerabilidade de condições dignas de vida.
Desta forma, pelo exposto, conclui-se que o contrato

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


294 ANAIS X SIMPAC

intermitente acrescentado no § 3º do art. 443 e no art. 452-A,


ambos da CLT, é inconstitucional em relação aos princípios da
continuidade da relação de emprego e da proteção ao trabalhador,
conforme uma análise crítica da legislação, em confronto com os
princípios basilares do direito do trabalho.

Referências Bibliográficas

BARBOSA, F. A. M; MARTINS, L. A. A. Princípio da Continuidade


da Relação empregatícia. Disponivel em: <http://domtotal.com/
direito/pagina/detalhe/29631/principio-da-continuidade-da-relacao-
empregaticia>. Acesso em 12 de março de 2018.

BRASIL, Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017a. Altera a Consolidação


das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de
1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974,
8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim
de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/
L13467.htm>. Acesso em 09 abr. 2018.

BRASIL, Medida Provisória nº 808, de 14 de novembro de 2017b.


Altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: < http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Mpv/mpv808.
htm>. Acesso em 09 abr. 2018.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 8.
ed. São Paulo LTr, 2009.

JOÃO, P. S. Trabalho intermitente: novo conceito de vínculo de


emprego. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-set-22/
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ANAIS X SIMPAC 295

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trabalho por hora e para grávidas. São Paulo, 16 de novembro de
2017. Disponível em:< https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/15/
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RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho.
3. ed. São Paulo, LTr. 2000.

STRECK, L. L. Reforma Trabalhista – contrato intermitente é


inconstitucional. Revistas Conjultor jurídico, 04 de dezembro de 2017.
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-dez-04/streck-
reforma-trabalhista-contrato-intermitente-inconstitucional>.
Acesso em 24 de fevereiro de 2018.

TEODORO, R. T. Princípio da continuidade da relação de emprego


e a súmula 212 do TST. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862,
Teresina, ano 19, n. 3888, 22 de fev. 2014. Disponível em: <https://
jus.com.br/artigos/26627>. Acesso em:. 19 de março de 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


296 ANAIS X SIMPAC

LEUCEMIA VIRAL FELINA (FELV) - CASOS CLÍNICOS


ATENDIDOS EM UM HOSPITAL ESCOLA (2013-2017)

Caroline de Souza Magalhães1, Luiza Chaves Duarte2, Gustavo


Carvalho Cobucci3

Resumo: A Leucemia viral Felina (FeLV) é uma doença infecto


contagiosa, causada por vírus pertencente à família Retroviridae,
que provoca imunossupressão em felinos domésticos (Felis catus)
e alguns felídeos selvagens. A prevalência do vírus no Brasil e no
mundo varia de acordo com a região e estilo de vida destes animais.
Os sinais clínicos são abrangentes e se desenvolvem a partir dos
efeitos imunossupressores e oncogênicos da doença. O objetivo
do presente estudo foi realizar um levantamento epidemiológico
dos casos de FeLV atendidos no hospital escola da UNIVIÇOSA/
FAVIÇOSA entre os anos de 2013 a 2017. Os prontuários médicos
dos animais positivos foram analisados em relação à idade, sexo,
achados clínicos e laboratoriais. Fizeram parte da pesquisa apenas
os animais positivos para o FeLV através do teste para detecção
qualitativa do antígeno p27 em sangue, plasma ou soro. Foram
916 prontuários médicos avaliados e 42 felinos (4,6%) positivos
para o FeLV. A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que,
nos dados analisados, o FeLV ocorreu na mesma proporção tanto
em machos quanto fêmeas; a maior parte dos animais infectados
apresentava idade entre 1 a 4 anos; os sistemas gastrointestinal,
tegumentar e respiratório foram os mais acometidos e os principais
achados laboratoriais foram anemia, trombocitopenia, leucocitose
neutrofílica com desvio à esquerda e linfopenia.

Palavras–chave: Doenças infecciosas, gato, imunossupressão,


retrovírus.
1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: caroliine-magalhaes@hotmail.
com
2
Médica Veterinária
3
Professor orientador do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA . e-mail:
gucobucci@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 297

Introdução

A leucemia viral felina (FeLV) é uma doença infectocontagiosa


que ocorre em gatos domésticos (Felis catus) e algumas espécies de
felídeos selvagens. A transmissão do FeLV ocorre de forma horizontal,
através do contato direto entre o felino susceptível à doença e o
portador do vírus, por meio de saliva, secreção respiratória, mordidas
e, menos frequentemente, urina, fezes ou cópula. A transmissão
também ocorre de forma vertical, por via transplacentária e leite
materno (HARTMANN, 2012). Estudo realizado na cidade de Viçosa
(MG) relatou a prevalência de 19,4% de animais positivos para o
FeLV em 175 prontuários médicos avaliados em um hospital escola
através do teste de ELISA (COBUCCI, 2014).
A doença acomete principalmente gatos machos, jovens,
não castrados e com acesso à rua ou que vivem em ambientes
com alta densidade populacional. Os sinais clínicos do FeLV são
muitas vezes inespecíficos e decorrentes dos efeitos oncogênico e
imunossupressor do retrovírus. A grande maioria dos felinos vem
a óbito devido a doenças oportunistas ou devido ao surgimento de
neoplasias, principalmente linfoma e leucemia (LUTZ et al., 2009).
O diagnóstico da doença pode ser feito através do teste ELISA
(ensaio imunoabsorção enzimática) que detecta o antígeno p27
extracelular do vírus.
Objetivou-se com este trabalho realizar um levantamento
epidemiológico dos casos de FeLV atendidos no hospital escola da
UNIVIÇOSA entre os meses de janeiro de 2013 a junho de 2017,
descrevendo a sintomatologia clínica e achados laboratoriais de
animais diagnosticados com a doença.

Material e Métodos

O protocolo da pesquisa foi aprovado no Comitê de Ética


em Pesquisa no Uso de Animais (CEPEUA) Univiçosa, conforme
parecer número 253/2017-1. Foram avaliadas todas as fichas de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


298 ANAIS X SIMPAC

felinos atendidos no Hospital Veterinário da Faculdade no setor


de clínica médica de pequenos animais, no período de janeiro de
2013 a junho de 2017. Foram incluídos no estudo apenas animais
que apresentaram diagnóstico positivo para o FeLV através do
imunoensaio cromatográfico (ELISA) para detecção qualitativa do
antígeno p27, em sangue, plasma ou soro. Foram determinados
idade (1-12 meses, 1-4 anos, mais que 4 anos e animais com idade
não informada na ficha clínica), sexo (macho ou fêmea), sinais
clínicos e alterações laboratoriais dos animais FeLV-positivos. Os
achados clínicos e laboratoriais foram relatados de forma descritiva
e apresentados por meio de tabelas e gráficos utilizando o Software
Microsoft Office Excel® 2013.
Com relação aos dados clínicos, foram determinados o número
total e percentual de animais que apresentaram alterações nos
sistemas gastrointestinal, respiratório, hemolinfático, urinário e
tegumentar. Também foram descritos os sinais clínicos inespecíficos
apresentados pelos pacientes e também o número de pacientes
assintomáticos.
Os achados laboratoriais de hemograma e bioquímico foram
descritos evidenciando o número total e percentual de animais que
demonstraram variações nos seguintes parâmetros, seguindo os
intervalos de referência entre parênteses: hematócrito (24 – 55 %),
número total de leucócitos (5.500 - 19.500 células/mm³), linfócitos
(1.500 - 7.000 células/mm³), neutrófilos bastonetes (< 300 células/
mm³), neutrófilos segmentados (2.500 - 12.500 células/mm³),
plaquetas (230.000 - 680.000 células/mm³). Creatinina (0,8 - 1,8
mg/dL), ureia (42,8 - 64,2 mg/dL), Alanina Aminoransferase (ALT)
(6 – 83 UI/L), Aspartato Aminotransferase (AST) (26 – 43 UI/L) e
Fosfatase Alcalina (25 – 93 UI/L).

Resultados e Discussão

Foram avaliados 916 prontuários médicos de felinos atendidos


no Hospital Veterinário escola da Univiçosa no período de 2013-

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 299

2017. Desse total, 42 felinos (4,6 %) apresentaram teste ELISA


positivo para o antígeno p27 do FeLV. O percentual de animais
positivos foi próximo àquele encontrado por Hagiwara et al. (2007),
em que 6,0% dos felinos de diversas regiões do Brasil foram positivos
para o vírus. Entretanto, quando comparado com outro estudo
epidemiológico realizado por Cobucci (2014) na mesma região de
Viçosa, observou-se que o valor encontrado no presente trabalho
foi inferior aos 19,4% encontrados por esse autor. A explicação
mais provável para essa diferença é que no estudo de 2014, o autor
testou todos os animais atendidos em um hospital escola da região,
sintomáticos ou não. O presente estudo teve o caráter retrospectivo,
portanto fatores como a falta de recurso financeiro ou mesmo de
interesse do tutor em saber o status retroviral do animal poderiam
ser explicações para essa diferença. É possível, também, que em
alguns gatos imunocompetentes tenha ocorrido a infecção abortiva
ou regressiva e a viremia talvez tenha sido controlada antes ou logo
após a infecção da medula óssea. Nesses casos, o teste utilizado
resultaria em falso negativo.
Em relação ao sexo, 21 dos 42 animais positivos (50%) eram do
sexo feminino e 21 (50%) do sexo masculino. A transmissão do vírus
ocorre principalmente pelo compartilhamento frequente de potes de
água ou ração, fato que ocorre independentemente do sexo. Dentre
os felinos positivos estudados, a maior parte apresentou idade
entre um e quatro anos, corroborando com os dados encontrados por
Cobucci (2014). Animais jovens apresentam maior atividade sexual,
maior disposição física e consequentemente são mais tendentes ao
acesso à rua, sendo este um dos fatores de risco para a ocorrência da
infecção (LUTZ et al., 2009; HARTMANN, 2012).
Os sinais clínicos relacionados ao sistema gastrointestinal
foram observados em quatorze felinos 14 dentre os 42 animais
positivos (33,3%). Estudo realizado por Reinacher (1989) mostrou
que a leucemia viral felina está relacionada a alguns casos de
enterite, similares à panleucopenia felina. O principal sinal
descrito por este autor foi diarreia, dado similar ao presente estudo,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


300 ANAIS X SIMPAC

em que cinco felinos (12%) apresentaram este tipo de alteração.


Achados clínicos observados em sistema respiratório estiveram
presentes em oito felinos (19,05%). Reinacher (1989) associou
estes achados à possível presença de pneumonias e pleurites
com o vírus da leucemia felina. Um achado comum em animais
FeLV-positivos é a presença de neoplasias mediastinais. Sinais
clínicos dermatológicos foram observados em treze animais 13/42
(31,0%) e geralmente estão associados a infecções oportunistas
que ocorrem devido à imunossupressão causada pelo FeLV (LUTZ
et al., 2009). Sinais clínicos associados ao sistema hemolinfático
(linfadenomegalia e esplenomegalia) foram observados em quatro
dos felinos positivos (9,5%). Uma das desordens hematopoiéticas
não neoplásicas mais importantes provocadas pelo FeLV é a anemia
arregenerativa. No presente estudo, vinte felinos contaminados
com FeLV (47,6%) apresentaram anemia, não sendo, entretanto,
possível classificá-la devido à falta de informações necessárias nas
fichas clínicas. Segundo Shelton e Linenberger (1995), a anemia
arregenerativa corresponde a 90% dos casos de felinos infectados
pelo vírus da FeLV, justificada pelo efeito supressor do vírus na
medula óssea. A leucopenia foi identificada em dois animais (4,8%),
em consequência da neutropenia e linfopenia. A leucocitose, por
outro lado, foi observada em cinco animais (12,0%). Dez animais
apresentaram neutrofilia com desvio à esquerda (23,8%). Esta
neutrofilia com desvio à esquerda ocorre como resposta a infecções
bacteriana e inflamações e sabe-se que o vírus é capaz de predispor
os animais infectados a infecções secundárias. A porcentagem de
animais trombocitopênicos foi 35,7%. De acordo com Hartmann
(2012), o FeLV pode acarretar na diminuição das plaquetas,
função plaquetária e, em alguns felinos, a vida útil das plaquetas
é reduzida. Esse decréscimo pode ser secundário à diminuição da
produção de plaquetas, causada pela depressão da medula óssea,
acarretado pelo vírus da leucemia felina. Infecções oportunistas
em animais infectados pelo FeLV foram observadas em alguns dos
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 301

pacientes que apresentaram coinfecção por Mycoplasma haemofelis


(9,5%) e Erlichia canis (2,4%).

Conclusões

A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que, nos


dados analisados, o FeLV ocorreu na mesma proporção tanto em
machos quanto fêmeas, a maior parte dos animais infectados
apresentava idade entre 1 a 4 anos, os sistemas gastrointestinal,
tegumentar e respiratório foram os mais acometidos e os principais
achados laboratoriais foram anemia, trombocitopenia, leucocitose
neutrofílica com desvio à esquerda e linfopenia.

Referências Bibliográficas

COBUCCI, G.C. Fatores de risco e sintomatologia clínica associados


à infecção pelo vírus da Leucemia Felina: estudo caso-controle no
Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa. 2014.
(Residência em Medicina Veterinária) - Universidade Federal de
Viçosa, Viçosa, 2014.

HAGIWARA, M.K.; JORGE, J.J.; STRICAGNOLO, C. Infecção pelo


vírus da leucemia felina em gatos de diversas cidades do Brasil.
ClÍnica Veterinária, v.12, n.66, 2007.

HARTMANN, K. Clinical Aspects of Feline Retroviruses: A Review.


Viroses, v.4, p.2684-2710, 2012.

LUTZ, H.; ADDIE, D.; BELÁK, S.; BARALON, C.B..; EGBERINK,


H.; FRYMUS, T. Feline leukaemia: ABCD guidelines on prevention
and management.  Journal of Feline Medicine and Surgery,
v.11, p.565-574, 2009.

REINACHER, M. Diseases associated with spontaneous feline

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


302 ANAIS X SIMPAC

leukemia virus (FeLV) infection in cats. Veterinary Immunology


and Immunopathology, v.21, n.1, p.85-95, 1989.

SHELTON, G.H., LINENBERGER, M.L. Hematologic abnormalities


associated with retroviral infections in the cat. Seminars in
Veterinary Medicine and Surgery, v.10, p. 220–233, 1995.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 303

IMPACTOS CAUSADOS NA COLUNA CERVICAL A


PARTIR DE UMA DISFUNÇÃO NA ARTICULAÇÃO
TEMPOROMANDIBULAR

Cassandra Rita Pimenta Ângelo1, Ramon Repolês Soares2

Resumo: Introdução: A articulação temporomandibular é uma


estrutura que permite movimentos funcionais da mandíbula e se
liga a região cervical através de musculatura, ligamentos e tendões.
Por serem estruturas interligadas, disfunções nessa articulação
geram impacto sobre a coluna cervical, o que motivou esse trabalho.
Objetivo: Realizar um estudo teórico sobre a influência das disfunções
temporomandibulares sobre a coluna cervical. Materiais e Métodos:
Trata-se de um levantamento bibliográfico utilizando materiais que
tivessem relevância as expressões disfunção temporomandibular e
coluna cervical. Resultados: Vários fatores (perdas dentárias, fatores
traumáticos, genéticos, ambientais, patológicos e mentais), estão
associados ao surgimento de uma disfunção temporomandibular.
Conclusão: A partir do estudo, pôde-se concluir que uma disfunção
na articulação temporomandibular tem impactos negativos na
coluna cervical pois gera um trabalho excessivo da musculatura da
região e como consequência ocorre um distúrbio na posição e função
da cervical (aumento da curvatura fisiológica) podendo causar além
da dor o surgimento deformidades.

Palavras–chave: Cadeias musculares, cervicalgia, postura

Introdução

A articulação temporomandibular é uma articulação sinovial


que permite movimentos funcionais da mandíbula (elevação,
1
Graduando em Fisioterapia- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: cassandrafisio2014@yahoo.
com.br.
2
Docente do Curso de Fisioterapia-Ramon Repolês Soares-FAVICOSA/UNIVIÇOSA.
email:ramon@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


304 ANAIS X SIMPAC

deslocamento anterior, depressão, retração e projeção lateral.


Possui ligação com diferentes cadeias musculares além de conexões
nervosas entre seus núcleos de nervos de aferência, que são
elementos importantes para o equilíbrio tônico postural. Localiza-
se entre a fossa mandibular e o tubérculo articular do osso temporal
superiormente, e a cabeça da mandíbula inferiormente (VIANA, et.
al., 2015)
Existem padrões de movimentos que são coordenados entre
a ATM, articulação atlanto occipital e articulações zigoapofisárias
cervicais, e são determinadas por uma ligação sensório motora
intrínseca via complexo ligamento trigêmiocervical. (BORTOLAZZO
et. al., 2010).
Portanto, quando ocorre uma alteração de qualquer tipo nessa
articulação, ocorre a chamada disfunção temporomandibular.
(BORTOLAZZO et. al, 2010).
O termo disfunção temporomandibular (DTM) é utilizado
para caracterizar um grupo de doenças que acometem os músculos
envolvidos no processo da mastigação, a ATM e estruturas próximas.
As DTMs podem ser classificadas em dois subgrupos: as de origem
articular, onde os sinais sintomas estão relacionados a ATM; e as de
origem muscular nas quais os sinais e sintomas estão relacionados
as estruturas envolvidas nas diversas funções desempenhadas
pela cavidade oral. A DTM tem etiologia multifatorial e está
relacionada com fatores estruturais, neuromusculares, perdas
dentárias, desgaste de estruturas dentais, próteses mal adaptadas,
cáries, restaurações inadequadas entre outras, fatores psicológicos
(devido a tensão ocorre um aumento da atividade muscular que
gera um espasmo e fadiga), hábitos não funcionais do sistema
como bruxismo, roer as unhas, apoio de mão na mandíbula, sucção
digital ou chupeta, e lesões traumáticas ou degenerativas da ATM
(DONNARUMMA et. al., 2008, pg. 1).
Dentre os sinais e sintomas relatados por portadores de
DTM, estão: limitações dos movimentos articulares, dor orofacial,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 305

presença de ruídos, estalidos e/ou crepitações ao movimentar a


articulação, os zumbidos no ouvido, vertigens e a má oclusão.
(VIANA, et. al. 2015. pg. 126)
Os hábitos citados acima excedam as atividades fisiológicas
do sistema estomatognático quando praticados de forma prolongada
e persistente, levando à má oclusão, já que esta será determinada
pelo processo de crescimento dos dentes. (VIANA, et. all. 2015. pg.
126)
As alterações oclusais induzem um aumento da atividade muscular
e da fadiga, e podem levar a alterações posturais da coluna cervical
causando uma sobrecarga muscular causando consequentemente
dor. (VIANA, et. all. 2015, pg. 126).
Dor cervical, ou simplesmente cervicalgia é atualmente um
problema muito comum sendo causa importante de incapacidade.
(GHIGGINO, 2015, pg. 2)
Anualmente, afeta cerca de 30 a 50% da população geral. Segundo
estudos, entre 11 e 14% da população economicamente ativa
experimentarão algum tipo de limitação proveniente da cervicalgia.
A maior prevalência ocorre em doentes de meia idade, e as mulheres
sendo o público mais afetado. Os fatores de risco incluem o trabalho
repetitivo, longos períodos de flexão cervical, fatores psicológicos
relacionados ao trabalho, fumo, e traumatismos prévios do pescoço
e ombros. (GHIGGINO, 2015, pg 2.)
A cervicalgia pode ter profundas consequências e está
diretamente relacionada com as desordens temporomandibulares
(GHIGGINO, 2015, pg. 2)
A fisiopatologia da maioria das condições de dor cervical não
é esclarecida. Existem evidências de distúrbios do metabolismo de
oxidação de nutrientes além dos níveis elevados de substâncias que
provocam dor muscular na região cervical, que sugerem que um
metabolismo deteriorado do músculo local pode fazer parte da sua
fisiopatologia. (GHIGGINO, 2015, pg. 2)
A dor cervical se associa também com a alteração da
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
306 ANAIS X SIMPAC

coordenação dos músculos cervicais e a redução da propriocepção


do pescoço e dos ombros. Evidências sugerem que estes fenômenos
são ocasionados pela dor, e podem também agravar a condição.
(GHIGGINO, 2015, pg. 2).
Há uma certa dificuldade em obter dados fiéis para traçar um
perfil da prevalência das dores na região cervical, pois trata-se de
um grupo de patologias com aspectos clínicos de fatores diversos,
envolvendo fatores de risco individuais, como fatores físicos e
psicossociais, além de fatores relacionados a ergonomia e atividades
laborais. (GHIGGINO, 2015, pg. 2)
O objetivo deste trabalho foi de realizar um estudo teórico
sobre como as disfunções temporomandibulares tem impacto na
coluna cervical.

Material e Métodos

O seguinte estudo baseia-se um levantamento bibliográfico


utilizando materiais relacionados as expressões disfunção
temporomandibular e coluna cervical, tendo como bases de pesquisa
artigos científicos e trabalhos de conclusão de curso retirados do
Google Acadêmico, Scielo, além de revistas on line.

Resultados e Discussão

Uma postura é considerada ideal quando existe um equilíbrio


entre estruturas de suporte, envolvendo uma quantidade mínima
de esforço e sobrecarga combinada com uma máxima eficiência
corporal. (VIANA, et. al., 2015. pg. 127)
Uma alteração de um segmento do corpo pode acarretar uma
nova organização, assumindo assim uma postura compensatória.
(VIANA, et. al. 2015. pg. 127)
Para Bricot, o aumento do trabalho da musculatura
mastigatória leva ao encurtamento da musculatura da região
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 307

posterior do pescoço e ao alongamento da musculatura anterior;


dessa forma, uma cabeça projetada para anterior, vai acarretar
distúrbios da posição e da função. (VIANA, et. al. 2015, pg. 127)
Segundo Ferraz, a postura da cabeça interfere na postura da
mandíbula e o contrário também pode acontecer, configurando uma
alteração de cadeia descendente, portanto, observe-se que a etiologia
dessas alterações posturais está nas estruturas da cavidade oral.
(VIANA, et. al. 2015, pg. 127).
Embora haja consenso sobre a conexão existente entre
o sistema estomatognático e a região cervical, observa-se que há
grande discussão quanto ao tipo de alteração de postura de cabeça
presente nos indivíduos com DTM. (VIANA, et. al, 2015. pg.127)
Uma alteração postural comum a partir de uma DTM é
a projeção anterior da cabeça. Esta posição leva a uma extensão
excessiva da cabeça sobre o pescoço, com um movimento de retração
da mandíbula podendo causar dor e disfunção tanto na cabeça
quanto no pescoço. (ARELLANO, 2002, pg.157)
Portanto, uma alteração na coluna cervical pode influenciar na
posição da mandíbula, pois altera toda a estrutura músculo-
ligamentar da ATM gerando além de sobrecarga muscular uma
postura compensatória, que causa inicialmente uma tensão na
cadeia muscular. (MAZZETO et. al., 2006; DE SOUZA et. al.,2017,
pg. 5).

Considerações Finais

Após o estudo, pôde-se concluir que uma disfunção


temporomandibular gera um desarranjo muscular devido ao
trabalho excessivo dos músculos da mastigação e de músculos
estabilizadores, causando impactos tanto no posicionamento da
coluna cervical quanto na função. Toda esse alteração estrutural e
biomecânica dessa região desencadeia quadro álgico (dor cervical)
além de comprometimentos mais graves posteriormente como
deformidades por exemplo.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
308 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

ARELLANO, J.C.V. Relações entre postura corporal e sistema


estomatognático / Juan Carlos Valdez Arellano, Curitiba, v.2, n.6,
p. 155-164, abr/jun.2002.

BORTOLAZZO, G.L.; PIRES, P.F.; DIBAI- FILHO, A.V; BERNi,


K. C.S; RODRIGUES, B.M; BRIGATONS, D.R. Efeitos da
manipulação cervical alta sobre a atividade eletromiográfica
dos músculos mastigatórios e amplitude de movimentos
da abertura da boca em mulheres com disfunção
temporomandibular: ensaio clínico randomizado e cego
/ Gustavo Luiz Bortolazzo; Paulo Fernandes Pires; Almir Vieira
Dibai-Filho; Kelly Cristina dos Santos Berni – Piracicaba, SP, 2010.
55 F; il.

DONNARUMMA, M.C; MUZILLI, C.A; FERREIRA, C; NERM, K.


2008: Disfunções temporomandibulares: sinais sintomas e
abordagem multidisciplinar/ Mariana Del Cristia Donnarumma;
Carlos Alberto Muzilli, Cristiane Ferreira; Kátia Nerm – Sorocaba,
SP, 2008.

GHIGGINO, T. Disfunção temporomandibular e cervicalgia


crônica / Thiago Ghiggino – Goiânia, GO, 2015.

VIANA, M.O; LIMA, E.I.C.B.M.F; MENEZES, J.N. R; OLEGARIO,


N.B.C. Avaliação de sinais e sintomas da disfunção
temporomandibular e sua relação com a postura cervical –
Fortaleza, CE, 2015.

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ANAIS X SIMPAC 309

COMPARAÇÃO ENTRE O CONCRETO AUTO ADENSÁVEL


E O CONCRETO CONVENCIONAL

Cassiano Zanelli de Melo1, Alex Martins Lopes2, Romulo Ulysses


Costa Vieira3

Resumo: A utilização do concreto auto adensável (CAA) vem


aumentando ao longo dos anos, substituindo em partes o concreto
convencional (CCV). Afim de retirar a preocupação com aplicação e
a qualidade, o CAA facilita o acesso do concreto quando aplicado
em pilares, vigas e lajes. Pelo fato de ser um material leve e de
adensamento rápido, elimina-se a etapa de vibração que é utilizado
no CCV. Em relação ao custo, o CAA tem orçamento maior do que o
concreto convencional, por conta de ser necessário uma mão-de-obra
especializada que é bem mais cara, mas leva vantagem pelo fato de
estar sujeito a um tempo menor de aplicação. Quando se leva em
consideração o todo, certifica-se que é favorável a utilização do CAA
pois seu tempo de cura é mais rápido, atingindo uma resistência
inicial maior, agilizando o empreendimento.

Palavras–chave: Aplicação, concreto auto adensável, concreto


convencional, custo, vantagem.

Introdução
O concreto auto adensável (CAA), vem sendo estudado desde
o século XXI, com a criação de novas tecnologias através de pesquisas
realizadas na construção civil, este está sendo utilizado, em alguns
países, para substituir o tradicional concreto convencional (CCV),
que possui a adição de aditivos na maioria das vezes, porém não

1
Graduando em Engenharia Civil - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: cassiano.zanelli@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: alex.alexmartins@outlook.com.br
3
Professor do Curso de Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: romulouvr@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


310 ANAIS X SIMPAC

é tão comum usar superplastificantes, como no CAA. No Brasil o


concreto auto adensável é aplicado em partes nas construções, pelo
fato de precisar de uma mão-de-obra especializada e um custo mais
elevado do que o tradicional CCV. De acordo com Daros (2009) sua
aplicação pode ser efetuada em vários tipos de obras, ajudando no
adensamento em partes de difícil acesso do concreto, como em vigas,
lajes e pilares armados, peças pré-moldadas, fachadas de concreto
entre outros. Segundo Tutukian (2008), no Japão o CAA foi criado
para se tornar uma potência na construção civil, sendo capaz de
preencher, mover e ser bombeado em distâncias maiores por conta
de sua fluidez, tendo agilidade nas operações de lançamento do
concreto para entrar no processo de cura.
Este trabalho compara o CCV e o CAA, para fins de explicações
sobre suas qualidades, resistência e comportamento, quando for
adicionado os aditivos MC-ECHNIFLOW 520 e MURAPLAST FK
97, e a cinza de casca de arroz que serve como material fino para
preencher os espaços vazios, tornando o concreto mais maciço e
assim teoricamente mais resistente.

Material e Métodos

Para a realização deste trabalho foram utilizados os


seguintes materiais: cimento CP II-E-32 Votoran, areia natural
quartzosa originária do rio piranga Guaraciaba MG, sílica de casca
de arroz, areia artificial gnaisse originária da pedreira Ervália MG,
brita 0 originária da pedreira Ervália MG, água originária da rede
de distribuição SAAE Viçosa MG, aditivos TECHNIFLOW 520
superplastificante, aditivos MURAPLAST FK 97 da MC bauchimie
plastificante.
A dosagem dos concretos utilizou o método do IPT,
com um traço básico de referência 1:5, utilizando os seguintes
traços: concreto convencional (CCV) o traço referencial foi
1,000:1,680:0,419:2,758:0,59, concreto auto adensável (CAA) foi
utilizado 1,000:0,040:1,680:0,419:2,758:0,450: +0,4% +0,2%.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 311

Foi abordado para a verificação da qualidade do concreto


em estado fresco os seguintes ensaios, que são divididos em
duas categorias: o de espalhamento (Flow Test) para o CAA e
o de abatimento (Slump Test) para o CCV. Ambos ensaios tem
características similares, porém o Flow Test mede o quanto o
concreto é fluido, dependendo da dimensão do espalhamento, o
concreto é classificado como auto adensável, já o Slump Test mede o
quanto o concreto se abate, assim podendo verificar se a quantidade
de água no seu concreto não excedeu a quantidade estabelecida pelo
traço, garantindo que sua resistência final não será comprometida.
Para verificação da resistência do concreto em estado endurecido
foram moldados corpos de provas (CPs) cilíndricos segundo a NBR
5739 e rompidos posteriormente nas seguintes idades, 03, 07, 28 e 63
dias, para compressão axial e dois CPs aos 28 dias para compressão
diametral.
De acordo com Silva (2016) o ensaio de pozonalicidade pelo
método de condutividade elétrica é considerado indireto e rápido,
onde a avaliação da atividade pozolânica do material é dada pelas
medidas da variação da condutividade elétrica de uma solução
saturada de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2). Com a adição de 5,0 g da
sílica da casca de arroz, em solução saturada, ocorre um decréscimo
da condutividade elétrica da mesma, devido a menor quantidade de
íons Ca2+ e (OH)-, durante o período de 120 segundos. Utilizando os
valores derivados dessa variação foi proposto um índice de atividade
pozolânica, classificando o material em três grupos: não pozolânico,
médio pozolânico e boa pozolanicidade.

Resultados e Discussão
Os ensaios realizados com o CCV e o CAA, em termos de
resistência à compressão axial, obtiveram resultados aceitáveis
em relação à norma ABNT NBR 6118, sendo que com 3 e 7 dias o
CAA atingiu maior resistência a compressão axial do que o CCV, ao
chegar próximo dos 28 dias, o CCV teve um ganho maior em relação

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


312 ANAIS X SIMPAC

ao CAA, alcançando os 63 dias com uma resistência maior que o


concreto auto adensável, como mostrado na figura 1.
Em relação ao fator água/cimento (a/c) o CAA obteve um
valor menor (0,45), pelo fato do uso dos aditivos, esperava-se um
aumento da resistência maior em relação ao CCV (0,59), porém
como teve elevada consistência, a diferença foi pequena.
No ensaio de compressão diametral (Figura 2), realizado
aos 28 dias, ambos os concretos se enquadraram na norma ABNT
NBR 7222 – que explica a obtenção de 10% do valor da resistência
à compressão axial, os resultados foram similares, com diferença de
apenas 0,1 MPa.
Figura 1 - Gráfico de resistência a compressão axial

Figura 1 - Gráfico de resistência a Figura 2 - Gráfico de resistência a


compressão axial (Tensão x idade). compressãodiametral (Tensão aos 28 dias).

No ensaio de pozonalicidade, a casca de arroz foi classificada


como não pozolânica pois obteve valor menor que 0,4 como mostrado
na tabela 1.
Classificação Variação Condutividade (mS/
do Material cm)
Não Pozolânico < 0,4
Médio
0,4 < X < 1,2
Pozolânico
Boa
> 1,2
Pozolanicidade
Tabela 1 - Classificação do Material Pozolânico.

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ANAIS X SIMPAC 313

Considerações Finais

De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que


a utilização do CAA é mais viável que a do CCV pelo fato de sua
aplicação ser mais rápida e alcançar uma resistência maior nos
primeiros dias, ao contrário do CCV que atinge uma resistência
maior a partir de 28 dias.
Além de facilitar a concretagem em lugares de difícil
acesso como em vigas, pilares e lajes, o CAA tem uma fluidez que
permite seu próprio adensamento, não sendo necessário a vibração
para agilizar seu processo de cura.
Em relação ao custo, o CAA é um pouco mais caro,
mas a rapidez da concretagem diminui bem o cronograma do
empreendimento, pois não conta com mão de obra necessária no
CCV, podendo este ficar mais caro pelo conjunto da obra.
A utilização do pó da cinza de casca de arroz por ser
um material muito fino, preenche os espaços vazios do concreto,
aumentando sua resistência, mesmo sendo um material classificado
como não pozolânico.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCINICAS, ABNT.


NBR 7222 – Concreto e argamassa – Determinação da
resistência à tração por compressão diametral de corpos de
prova cilíndricos. Rio de janeiro – RJ, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCINICAS, ABNT.
NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto. Rio de janeiro
– RJ, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT.
NBR 5739. Concreto - Ensaio de compressão de corpos-de-
prova cilíndricos. Rio de Janeiro, RJ, 2007.

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314 ANAIS X SIMPAC

DAROS, B. Estudo e desenvolvimento de concreto


autoadensável com metacaulinita. 2009. Trabalho de Conclusão
de Curso, apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Civil
no curso de Engenharia Civil, da Universidade do Extremo Sul
Catarinense, UNESC, Criciúma.
SILVA, K. D. Avaliação da atividade pozolânica dos resíduos
de lã de rocha, fibra de vidro e lã de vidro. 2016. Trabalho
de Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia
Civil da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto na
área de Construção Metálica, UFOP, Ouro Preto.
TUTUKIAN, B. F.; MOLIN, D. C. D. Concreto autoadensável.
São Paulo: PINI, 2008.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 315

USO DE TERAPIAS ALTERNATIVAS E


COMPLEMENTARES POR PACIENTES ONCOLÓGICOS
EM QUIMIOTERAPIA

Claudiana Laureano Rodrigues1, Grasielle Soares Gusman2

Resumo: O câncer é uma doença agressiva que aflige milhares de


homens e mulheres ao redor do mundo e, sua terapia medicamentosa
pode trazer diversos efeitos colaterais aos pacientes. Dessa forma, o
uso de terapias alternativas e complementares surge como uma opção
de tratamento tanto físico quanto emocional para o estabelecimento
da saúde do paciente. Com isso, o presente trabalho teve como objetivo
avaliar o uso de terapias alternativas e complementares por pacientes
oncológicos através de questionário semiestruturado em um hospital
especializado em câncer na cidade de Muriaé- MG. Observou-se que
38 % dos entrevistados, na faixa etária predominante de 46 a 60
anos, disseram utilizar algum tipo de terapia alternativa, sendo a
mais utilizada a fitoterapia com o consumo de chás (infusões), 65 %
para mulheres e 28 % para homens. Destacou-se ainda a utilização
das demais terapias como homeopatia, ioga, massagens, acupuntura
e reike, sendo essa última relatada apenas por homens. Concluiu-
se que o uso de terapias alternativas é uma realidade atual, e por
isso, torna-se imperativo o maior envolvimento dos profissionais da
saúde na sua prática, para promover e garantir a saúde integral do
paciente oncológico.

Palavras–chave: Fitoterapia, câncer, tratamento

Introdução

O câncer se caracteriza pelo crescimento descontrolado


e pela disseminação de células anormais, sendo classificado em
1
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
claudianalaureano22@yahoo.com.br
2
Professora do curso de Farmácia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, coordenadora
UniFito, e-mail: grasiellegusman@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


316 ANAIS X SIMPAC

neoplasias benignas ou malignas. A Organização Mundial de Saúde


estima que o câncer atinge anualmente 9 milhões de pessoas e que
cerca de 5 milhões vêm a óbito em decorrência da doença, a qual é
extremamente grave, capaz de afetar qualquer parte do organismo
de homens e mulheres em todas as idades, colocando em risco a vida
do paciente portador (MARQUES, 2004).
Usualmente, o câncer é tratado por fármacos antineoplásicos,
radiação, quimioterapia e cirurgias utilizadas de forma exclusiva
ou em conjunto. No entanto, além dos benefícios aos pacientes
apresentados por esses fármacos, estes ainda promovem uma sorte
de efeitos colaterais, incluindo náuseas, vômito, diarreia, anorexia,
depressão e medo. Dessa forma, o uso de terapias alternativas
e complementares vem ganhando espaço, seja como terapia
complementar para o tratamento do câncer, seja como auxílio
psicológico e espiritual (LEITE et al., 2011).
Estima-se que cerca de dois terços da população mundial
buscam por métodos complementares ou alternativos para
tratamento de várias doenças, incluindo o câncer. As práticas
Alternativas e Complementares (PAC’s) compreendem diversas
técnicas como fitoterapia, homeopatia, reiki, quiropraxia,
acupuntura e a meditação. Essas práticas oferecem alternativas
opostas à medicina convencional sob o uso de fármacos, visando à
saúde do paciente e o alívio de sintomas (GRANER, 2010).

Material e Métodos

A presente pesquisa teve caráter quantitativo com


aspectos descritivos, aprovada pelo Comitê de Ética e pesquisa,
da UNIVIÇOSA, sob protocolo de aprovação nº 148/2017-1. As
entrevistas só foram realizadas após a assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido. Os dados relacionados à idade
e sexo, assim como as práticas alternativas e complementares
utilizadas foram coletadas de 174 pacientes, atendidos por um
hospital especializado em câncer na cidade de Muriaé – MG, durante
o mês de Janeiro de 2018. Foram entrevistados pacientes com idade
superior a 18 anos, sendo aplicado um questionário semiestruturado

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 317

que continha perguntas do tipo “Sexo”, “Idade”, “Utiliza algum tipo


de terapia alternativa ou complementar?” e “Se na utilização de
fitoterapia, quais eram as espécies?”. Os resultados obtidos foram
analisados e expressos em taxas percentuais através do software
Excel® (Microsoft Office, 2010).

Resultados e Discussão

Após a realização desse trabalho, observou-se que 38 % dos


entrevistados faziam uso de algum tipo de terapia alternativa ou
complementar, enquanto 62 % disseram nunca terem utilizado
desse recurso. A faixa etária com maior número de usuários de
terapias alternativas compreende dos 46 a 60, com 49 %, seguida
pela faixa acima de 60 anos de idade com 32 %, conforme se observa
na figura 1. Esse resultado provavelmente é decorrente do maior
tempo de aquisição do conhecimento tradicional das pessoas mais
idosas (TOLEDO e BARRERA-BASSOLS, 2010).

Figura 1. Percentual de usuários de terapias alternativas e a sua


faixa etária.
Conforme disposto na figura 2, foram verificadas quais terapias
complementares eram relatadas por esses pacientes, sido portanto
agrupadas de acordo com o sexo feminino ou masculino. Dentre
os usuários de terapias alternativas, as mulheres constituem-se
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
318 ANAIS X SIMPAC

na grande maioria, quando comparadas aos homens, utilizando


principalmente chás, totalizando 65 % e 28 %, respectivamente.

Figura 2. Terapias alternativas mais usadas e o percentual de


usuários de acordo com o sexo.
Os chás mais consumidos foram graviola (Annona muricata),
pariri (Arrabidaea chica), babosa (Aloe vera), camomila (Matricaria
chamomilla), erva doce (Pimpinella anisum L.), hortelã (Mentha
sp) e erva cidreira (Melissa officinalis L.). Esses chás têm ação
terapêutica confirmada, melhorando alguns sintomas desagradáveis
do tratamento como náuseas, enjoos e sintomas de ansiedade
(LIMA, 2011). O consumo de plantas medicinais na forma de chás
(infusões) é o mais utilizado devido à facilidade de obtenção e
praticidade. Em uma pesquisa conduzida por Araújo e colaboradores
(2014), 90 % dos usuários utilizavam plantas medicinais na forma
de infusão como forma de tratamento e prevenção de algum tipo
de doença. No entanto, todos esses pacientes disseram utilizar as
plantas medicinais através da indicação de amigos o que representa
um grande risco pela ausência de profissional capacitado, como o
farmacêutico, para acompanhamento.
Pacientes do sexo feminino também afirmaram utilizar-se
da homeopatia, acupuntura, ioga e massagens, todas em pequeno
percentual de 1 %, corroborando a maior facilidade associada à
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 319

efetividade dos chás. Quando comparadas às terapias alternativas


utilizadas pelos homens, destaca-se o reiki. O reiki é conhecido
por ser uma união de energia cósmica universal (REI) que se
refere à dimensão espiritual, com a energia vital individual (KI),
a qual circunda nossos corpos mantendo-os vivos. Seu uso como
complemento à quimioterapia é reconhecido pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), maximizando as chances de recuperação
(JACONODINO; AMESTOY e THOFEHRN, 2008).
Observou-se que o uso de terapias alternativas e
complementares por pacientes oncológicos é uma realidade e deve
ser incentivada e conduzida de maneira racional. Esse tratamento
vem para auxiliar os pacientes, mas não substituir o tratamento
convencional, amenizando um pouco, o doloroso processo do
tratamento em si (LUZ, 2005).

Conclusões
No mundo atual, as terapias alternativas e complementares
são uma realidade e surgem como uma forma de suprir as necessidades
dos pacientes, tanto físicas quanto espirituais, amenizar suas dores
e reduzir seu desconforto. No entanto, é necessário que os pacientes
sejam acompanhados por profissionais capacitados, especialmente
no que se refere à fitoterapia, pois as plantas, assim como qualquer
medicamento, podem trazer sérios riscos à saúde do indivíduo quando
não usadas de forma racional e segura. Portanto, é importante que
os profissionais de saúde tenham conhecimento acerca dessas opções
terapêuticas, para auxiliarem seus pacientes a receberem o melhor
tratamento possível, garantindo o reestabelecimento da saúde.

Referências

ARAÚJO, C.R.F.; SILVA, A.B.; TAVARES, E.C.; COSTA, E.P.;


MARIZ, S.R. Perfil e prevalência de uso de plantas medicinais em
uma unidade básica de saúde da família em Campina Grande,
Paraíba, Brasil. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 35, p. 233-238,
2014.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
320 ANAIS X SIMPAC

GRANER, K. M.; COSTA JUNIOR, A. L.; ROLIM, G. S. Dor


em oncologia: intervenções complementares e alternativas ao
tratamento medicamentoso. Temas em Psicologia, v. 18, p. 345-
355, 2010.
JACONODINO, C. B.; AMESTOY, S. C.; THOFEHRN, M. B. A
utilização de terapias alternativas por pacientes em tratamento
quimioterápico. Cogitare Enferm., v. 13, p. 61-66, 2008.
LEITE, F.M.C.; BUBACH, S.; AMORIM, M.H.C.; CASTRO, D.S.;
PRIMO, C.C. Mulheres com diagnóstico de câncer de mama em
tratamento c.om tamoxifeno: perfil sociodemográfico e clínico. Rev.
Bras. Cancerol. v.57, p. 15-21, 2011.
LIMA, R.A.; MAGALHÃES, S. A.; SANTOS, M. R. A. Levantamento
etnobotânico de plantas medicinais utilizadas na cidade de Vilhena,
Rondônia. Rev. Pesquisa & Criação, v. 10, p. 165-179, 2011.
LUZ, M. T. Cultura Contemporânea e Medicinas Alternativas:
Novos Paradigmas em Saúde no Fim do Século XX. PHYSIS: Rev.
Saúde Coletiva, v. 15, p. 145-176, 2005.
MARQUES, A. P. F. S. Câncer e estresse: um estudo sobre as
crianças em tratamento quimioterápico. Psicologia Hospitalar,
v. 2, p. 1-12, 2004.
TOLEDO, V.M.; BARRERA-BASSOLS, N. A etnoecologia: uma
ciência pós-normal que estuda as sabedorias tradicionais. In:
Silva, V.A. et al. (org.). Etnobiologia e Etnoecologia: Pessoas &
Natureza na América Latina. v.1, Recife: NUPEEA. p.13-36, 2010.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 321

ROTULAGEM E REGULAMENTAÇÃO DE
FITOTERÁPICOS
Cristiana Sant’Ana da Silva1, Gabriela Dias Fernandes2, Rosiane
Soares Barbosa3, Adriana Maria Patarroyo Vargas4, Renata Silva
Diniz5, Adriane Jane Franco6

Resumo: Este artigo propõe avaliar as regulamentações dos


fitoterápicos através de revisão bibliográfica. É notável o crescente uso
da fitoterapia como prática médica integrativa em diversos países. A
utilização de plantas medicinais no Brasil tem como facilitadores a
grande diversidade vegetal e o baixo custo associado à terapêutica,
o que vem despertando a atenção das indústrias farmacêuticas.
Afim de se ter um maior controle, houve a necessidade de estabelecer
uma regulamentação para fitoterápicos, que abrange a fiscalização
de todo o ciclo de produção e comercialização desses medicamentos
para garantir segurança, qualidade e eficácia à população.

Palavras–chave: Boas práticas de fabricação, bulas, RDC, registro

Introdução

O Brasil possui a maior diversidade biológica do planeta, com


inúmeras espécies catalogadas, caracterizando-se como fonte vasta
para a pesquisa de plantas medicinais e produção de fitoterápicos.
Atualmente, as plantas medicinais são utilizadas tanto como
repositórios de insumos químicos para a indústria, como alternativa
farmacoterapêutica para tratamento de enfermidades (SOUSA et
1
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: cristianakaylie@gmail.com
2
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gabrieladiasfernandes@gmail.com
3
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: rosianebarbosa08@hotmail.com
4
Professora, integrante do Fitofármacos – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: patarroyo@univicosa.com.br
5
Professora, coordenadora do Fitofármacos – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: redinizreis@gmail.com
6
Professora, integrante do Fitofármacos – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adriane@
univicosa.com.br

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322 ANAIS X SIMPAC

al, 2017). No Brasil, a dispensação de plantas medicinais é privativa


das farmácias (BRASIL, 1973).

O potencial das plantas medicinais foram estudados e


aprimorados pela indústria farmacêutica durante longos anos,
tendo efeitos terapêuticos bem parecidos com os medicamentos
convencionais. Medicamentos desenvolvidos apenas com a utilização
de plantas são denominados fitoterápicos (BADUY, 2003).

       Com o aumento da procura por medicamentos fitoterápicos houve


a necessidade de se estabelecer regulamentação que norteie e
fiscalize desde a coleta da matéria prima, pesquisa, produção,
desenvolvimento e comercialização desde produtos para garantir
uma maior segurança e eficácia para a população que adote esse
meio de tratamento (TEIXEIRAS et al, 2003).

        Este trabalho teve como objetivo realizar, através de pesquisa


bibliográfica, um levantamento das principais regulamentações
relacionadas aos medicamentos fitoterápicos, o que poderá servir
como fonte de consultas futuras.

Metodologia

Este trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica de


regulamentações do setor farmacêutico relacionados às plantas
medicinais. O site Google Acadêmico foi utilizado como base de
dados de pesquisa e as palavras-chaves utilizadas na busca foram
medicamentos fitoterápicos, RDC, plantas medicinais, bulas,
rotulagem, boas práticas de fabricação e registro de medicamentos.
A data da pesquisa foi limitada entre os anos de 2009 a 2014.
Como fator de inclusão para a pesquisa, foram selecionadas as
regulamentações que abordavam pelo menos uma das palavras
chaves utilizadas na pesquisa.

Resultados e Discussão

Os fitoterápicos são passíveis de alterações que podem

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 323

resultar em risco ao consumidor, como a presença de substâncias


não identificadas, adulterantes ou misturas com outros extratos
que descaracterizam o produto. A comercialização de tais produtos
deve ser precedida de controle de qualidade, incluindo testes de
identificação de espécies (PINTO e MACIEL, 2005).

As normas brasileiras relacionadas aos fitoterápicos tendem


a evoluir para atender às necessidades da população com um número
maior de espécies vegetais, priorizando a segurança e eficácia
(TEIXEIRAS et al, 2003). A Tabela 1 lista as principais resoluções
da diretoria colegiada (RDC) em vigência no Brasil relacionadas aos
fitoterápicos.

Tabela 1 – Principais regulamentações de fitoterápicos

Resolução Assunto
Dispõe sobre regras para elaboração de bulas
RDC 47/2009
de medicamentos fitoterápicos
Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais
RDC 10/2010
junto a ANVISA
Dispõe sobre o registro de medicamentos
RDC 14/2010
fitoterápicos
Dispõe sobre boas práticas de fabricação de
RDC 17/2010
medicamentos
Dispõe sobre as boas práticas de fabricação de
RDC 13/2013
produtos tradicionais fitoterápicos
Dispõe sobre o registro de medicamentos
RDC 26/2014 fitoterápicos e o registro da notificação de
produtos tradicionais fitoterápicos – rotulagem

A RDC 47 de 8 de setembro de 2009 aborda regras que


tratam da elaboração e harmonização das bulas de medicamentos,
além de trazer informações sobre a necessidade de atualização, da
publicação e a forma de disponibilizar as mesmas para o paciente

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324 ANAIS X SIMPAC

e para o profissional da saúde. Apesar de ser uma regulamentação


que trata da bula de medicamentos em geral, ela traz em seu
texto informações a cerca dos medicamentos fitoterápicos. Sempre
levando em consideração que a saúde é um direito de todos e um
dever do estado, e que as informações contidas nas bulas devem
ser claras e objetivas tanto para profissionais da saúde como para
pessoas leigas (BRASIL, 2009).

Já a RDC 10 de 9 de março de 2010 trata da notificação de


drogas vegetais junto à Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Tal resolução foi estabelecida visando a necessidade
de promover e garantir a segurança, qualidade e eficácia no uso
de plantas medicinais sob forma de drogas vegetais. E portanto,
determinou quais informações devem constar nas embalagens em
que estão presentes essas matérias-primas, sendo as seguintes
informações, a exemplo, nomenclatura botânica, nomenclatura
popular, parte da planta utilizada para fabricação do produto,
modo de uso, posologia ou modo de usar, contraindicação, efeitos
colaterais e adversos que possam ocorrer, além de informações
adicionais como armazenamento (BRASILa, 2010).

A RDC 14 de 31 de março de 2010 estabelece requisitos


básicos e necessários para o registro de medicamentos fitoterápicos.
Enquadram-se nessa categoria apenas os medicamentos que
possuem em sua formulação matérias-primas exclusivamente
vegetais, portanto, não sendo permitida a utilização de outros
princípios ativos. Para assegurar sua eficácia e segurança é
necessário realizar um levantamento etnofarmacológico que deve
ser documentado por meio evidencias clinicas (BRASILb, 2010).

A RDC 17 de 16 de abril de 2010 abrange as Boas Práticas


de Fabricação (BPF) de medicamentos, determinando exigências
mínimas a serem seguidas na produção de medicamentos,
incluindo os medicamentos fitoterápicos. Essa norma se aplica aos
estabelecimentos devidamente licenciados para esse fim. O objetivo
dessa regulamentação é minimizar potenciais riscos na produção

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 325

farmacêutica, tais como contaminação-cruzada, contaminação por


partículas e troca ou misturas de produtos. Engloba recomendações
sobre sanitização e higiene, além de qualificação e validação de
procedimentos, e atitudes a serem tomadas quando há desvio de
qualidade.

A RDC 13 de 14 de março de 2013 também aborda as BPF,


porém, é específica para produtos tradicionais fitoterápicos. Esta
regulamentação busca a padronização e traz meios para verificar
o seu cumprimento. Ressalta que a garantia da qualidade é o
que assegura que os produtos tradicionais fitoterápicos sejam
consistentemente produzidos e controlados, com padrões de
qualidade apropriados para o uso. Além disso, chama a atenção
para que a produção dos produtos fitoterápicos seja realizada em
estabelecimento autorizado pelas autoridades sanitárias. Dessa
forma, o fabricante deve assegurar que as instalações, métodos,
processos e sistemas de controles usados para a fabricação sejam
adequados, garantindo qualidade e permitindo seu uso seguro
(BRASIL, 2013).

A RDC 26 de 13 de maio de 2014 visa a elaboração do registro de


medicamentos fitoterápicos e da notificação de produtos tradicionais
fitoterápicos, e regulamenta a forma de rotulagem desses produtos.
Para o registro de tais medicamentos o solicitante deve requerer à
Comissão da Farmacopéia Brasileira a inclusão dos constituintes
do fitoterápico na lista da Denominação Comum Brasileira (DCB),
caso ainda não constem nessa lista. É necessária a realização
de relatórios técnicos, de estudos de estabilidade, de produção
e controle de qualidade e segurança, além de estudos de eficácia
do fitoterápico. Deve ser apresentado laudo de análise do produto
acabado, indicando o método, especificação e resultados obtidos. Nas
embalagens de produtos fitoterápicos, as letras utilizadas devem
ser de fácil leitura. Não poderão constar nas embalagens e folheto
informativo de tais produtos, designações, nomes geográficos,
símbolos, figuras, desenhos ou quaisquer indicações que possibilitem
interpretação falsa, erro e confusão quanto à origem, procedência,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


326 ANAIS X SIMPAC

natureza, forma de uso, finalidade de uso, composição ou qualidade,


que atribuam ao produto finalidades diferentes daquelas propostas
no registro ou notificação (BRASIL, 2014).

Considerações Finais

O Brasil possui um vasto potencial para a elaboração de


medicamentos a base de plantas medicinais, portanto, faz-se
necessário que existam normas que possam padronizar uma forma
mais sustentável de aproveitamento dessa riqueza natural, a
forma de preparo dos produtos farmacêuticos como os fitoterápicos,
visando a segurança e a eficácia para o consumidor. Portanto, o
levantamento das principais regulamentações vigentes pode ser de
grande utilidade para iniciar novas pesquisas no setor ou mesmo
para direcionar a produção de novos fitoterápicos ou fitocosméticos.

Referências Bibliográficas

BADUY, G. A. Perspectivas para o emprego de plantas medicinais


como recurso terapêutico em saúde bucal. 2013. 77f.. Monografia
(Pós Graduação Lato Sensu) Instituto de Tecnologia de Fármaco –
Farmanguinhos/Fiocruz, Rio de Janeiro.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 13 de


14 de março de 2013. Dispões sobre as Boas Práticas de Fabricação
de Produtos Tradicionais Fitoterápicos. Diário Oficial da União.
Brasília, D.F., 31 de março de 2013, nº 31.

BRASIL Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 26


de 13 de maio de 2014. Dispõe sobre o registro de medicamentos
fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais
fitoterápicos. Diário Oficial da União. Brasília, D.F., 14 de maio de
2014, Seção 1, p. 52.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei 5991 de 17 de dezembro de


1973. Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 327

medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras


providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 19 de dezembro
de 1973, p. 13049.

BRASIL. Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância


Sanitária, ANVISA. RDC nº 47 de novembro de 2009. Estabelece
regras para elaboração, harmonização, atualização, publicação e
disponibilização de bulas de medicamentos para pacientes e para
profissionais de saúde. Diário Oficial da União. Brasília, D.F., 09 de
nov. de 2009. Seção 1, p. 31.

BRASIL. Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância


Sanitária, ANVISA. RDC nº 17, de 16 de abril de2010. Dispõe sobre
as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos. Diário Oficial da
União. Brasília, D.F., 05 de abr. de 2010. Seção 1, p. 85.

SOUZA, I. J. O.; ARAUJO, S.; NEGREIROS, P. S.; FRANÇA, A.


R. S.; ROSA, G. S.; NEGREIROS, F. S.; GONÇALVES, R. L. G. A
diversidade da flora brasileira no desenvolvimento de recursos de
saúde. Ver. UNINGÁ. V. 21, p. 35-39. Jul-Set, 2017. Disponível em:
<https://www.mastereditora.com.br/periodico/20170803_155440.
pdf>. Acesso em: 07 de abr. de 2018.

TEIXEIRAS, J.B.P.; BARBOSA, A.F.; GOMES, C.H.C.;


EIRAS, N.S.V. A fitoterapia no Brasil: da medicina popular à
regulamentação pelo Ministério da Saúde. Disponível em:< http://
www.ufjf.br/proplamed/files/2012/04/A-Fitoterapia-no-Brasil-da-
Medicina-Popular-%C3%A0-regulamenta%C3%A7%C3%A3o-pelo-
Minist%C3%A9rio-da-Sa%C3%BAde.pdf>. Acesso em: 07 de abr. de
2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


328 ANAIS X SIMPAC

A JORNADA 12X36 E SUA INCOERENTE LEGALIZAÇÃO

Dalila Coelho Freitas1; Ângela Barbosa Franco2

Resumo: Este estudo ressaltou que, na literalidade da atual


legislação celetista, tem-se a possibilidade de adoção da jornada
12X36 mediante acordo individual. Tal contratação exime o
empregador de pagar as horas extras, os feriados e o adicional
noturno ao empregado. Além disso, o intervalo intrajornada pode
ser ignorado, desde que indenizado. Como se não bastasse, a lei
dispensa a inspeção e a licença das autoridades competentes em
matéria de higiene do trabalho, quando o tomador de serviços
exigir prorrogação da jornada em ambiente insalubre. Perante esse
somatório de iniquidades provenientes da Reforma Trabalhista,
destacou-se a necessidade de se estabelecer um raciocínio lógico,
teleológico e sistemático do ordenamento jurídico, a fim de limitar a
efetividade do art. 59-A da CLT.

Palavras–chave: escala 12X36, inconstitucionalidade, norma mais


favorável, reforma trabalhista

Introdução

O art. 59-A da CLT, inserido pela Lei nº. 13.467/17, admite


o estabelecimento da escala 12 por 36 em desconformidade com a
jurisprudência pacificada e a Constituição Federal. O dispositivo
legal sugere o ajuste da jornada firmado individualmente entre
sujeitos da relação de emprego que não se encontram em paridade
jurídica. Também desconsidera os direitos do obreiro de receber em
dobro os feriados laborados, de usufruir do intervalo intrajornada
e de auferir o adicional proveniente da prorrogação do trabalho
noturno.
Após a entrada em vigor da citada Lei, a Medida Provisória
1
Graduanda em direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: dalilla_db@hotmail.com
2
Professora da disciplina de Direito do Trabalho da FAVIÇOSA. E-mail: angelafranco@univicosa.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 329

nº. 808/2017 modifica a redação do artigo 59-A da CLT e passa a


exigir a negociação coletiva na contratação. Todavia, a alteração
normativa mantém-se ilógica e eivada de inconstitucionalidade ao
eximir o empregador de dar intervalo intrajornada, bem como de
pagar os feriados e a dilatação de jornada noturna. Soma-se, ainda,
a desarrazoada supressão da exigência de interferência sindical
para a adoção do regime 12X36 pelas entidades atuantes no setor
de saúde.
Em vista disso, o presente estudo discorreu sobre as
peculiaridades da jornada 12X36 e estabeleceu um comparativo
entre as fontes juslaborais antes e após a Reforma Trabalhista, com
o objetivo de defender a aplicabilidade dos preceitos constitucionais
em detrimento ao que está normatizado no art. 59-A da CLT .

Material e Métodos

A pesquisa tem cunho jurídico-dogmático. Pauta-se em


fontes secundárias como as normas reformadoras da CLT em
2017, a Constituição Federal, os posicionamentos doutrinários e a
jurisprudência para, à luz do princípio da norma mais favorável ao
trabalhador, afastar a eficácia do art. 59-A da CLT.

Resultados e Discussão

A jornada 12X36 representa um sistema de compensação


em que o empregado trabalha quatro horas além da jornada
legal, totalizando doze horas à disposição do empregador, para
posteriormente usufruir de um prolongado descanso de trinta e seis
horas.
Trata-se de uma forma peculiar de jornada muito explorada
em atividades de vigilância, de portaria, de segurança pessoal
ou patrimonial, de motorista profissional, bem como em serviços
médicos e de enfermagem. A carga horária extrapola o limite diário
estabelecido pela Constituição Federal (BRASIL, 1988) e também
ultrapassa as duas horas extras descritas no art. 59, caput, da CLT
para a compensação (BRASIL, 1943).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


330 ANAIS X SIMPAC

Esse procedimento se alastra no mercado de trabalho e


devido ao número considerável de demandas ajuizadas sobre o
tema, somada à ausência de regulamentação no texto da CLT, fez
com que o Tribunal Superior do Trabalho se pronunciasse para
uniformizar as decisões e para proporcionar uma maior segurança
jurídica aos operadores do Direito. Sedimenta-se, então, a súmula
444 do TST (BRASIL, 2012) que se harmoniza à preocupação do
legislador constituinte, prevista no art. 7º, XIII (BRASIL, 1988), por
exigir interferência sindical e raridade na permissibilidade de labor
superior ao padrão de oito horas.
O posicionamento jurisprudencial desvela a jornada 12 por 36
como uma condição excepcional de trabalho suplementar. Portanto,
deve ser evitada, mas, quando eventualmente implementada, é
tolerável se prevista em lei ou pactuada por instrumento normativo
coletivamente negociado. O não atendimento dessas circunstâncias
gera ao empregador a obrigação do pagamento das horas extras.
Ainda que seja determinada em lei ou em negociação coletiva, se
o trabalho for executado em feriados, assegura-se ao obreiro o
pagamento em dobro (BRASIL, 2012). Além disso, em nenhum
momento o TST desconhece ou retira do empregado o direito ao
intervalo intrajornada de, no mínimo, uma hora previsto no artigo
71 da CLT (BRASIL, 1943).
Com a Reforma Trabalhista, advinda da Lei nº. 13.467/17,
a jornada 12X36 é normatizada no art. 59-A da CLT (BRASIL,
2017a). Todavia, o dispositivo não se coaduna com a interpretação
do TST ao preceituar que: “(...) é facultado às partes, mediante
acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas
por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou
indenizados os intervalos para repouso e alimentação.” (BRASIL,
2017a, online). Com base nessa narrativa, o acordo escrito acertado
entre empregador e qualquer tipo de empregado é capaz de ajustar
a escala de 12X36 que deixa de ser considerada anormal e torna-se
apenas uma exceção à regra do sistema de compensação aventada
pelo caput do art. 59 da CLT (BRASIL, 1943). No que tange aos
intervalos para descanso, apesar de considerados, podem ser

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 331

suprimidos se indenizados. Além do mais, o parágrafo único, do


art. 59-A da CLT (BRASIL, 2017a, online), aduz que o estipêndio
das dozes horas acertadas pelo empregador, sem adicional de hora
extra, já “abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal
remunerado e pelo descanso em feriados”. Como se não bastasse, a
nova lei afirma: “serão considerados compensados os feriados e as
prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam
o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação”. (BRASIL, 2017a,
online).
Por reconhecer a relevância e a urgência de modificação do
artigo 59-A, por colidir com os ditames do art. 7º, XIII, da Constituição
Federal (BRASIL, 1988), a Medida Provisória nº. 808/2017
(BRASIL, 2017b) determina a implementação do regime de 12X36
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Entretanto,
são excluídas desse procedimento as entidades atuantes no setor da
saúde. Diante disso, um hospital tem a prerrogativa de contratar
enfermeiros em jornada 12 por 36 por mero acordo individual
escrito (CORREIA, 2018). No que concerne a ambientes insalubres,
as prorrogações de jornada, segundo o art. 60 da CLT, “só poderão
ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes
em matéria de higiene do trabalho” (BRASIL, 1943, online), porém,
a Lei nº. 13.467/17 (BRASIL, 2017, online), ao inserir o parágrafo
único no citado dispositivo, assevera: “excetuam-se da exigência de
licença prévia as jornadas de doze horas de trabalho por trinta e seis
horas ininterruptas de descanso”.
Ante aos sucessivos apontamentos, questiona-se a efetividade das
recentes normas atinentes à escala 12X36. Afinal, independentemente
da inserção no ordenamento jurídico, colidem frontalmente com o
texto constitucional e paradoxalmente determinam a eliminação de
direitos indisponíveis.
Não há razoabilidade para se tolelar o cerceamento das pausas
para descanso desde que indenizadas. Inexiste ganho econômico
capaz de suplantar um bem maior que é a saúde do trabalhador. O
direito de desconexão proporciona não apenas a reabilitação física e
mental, mas também momentos de integração social e familiar.
Sob a mesma perspectiva, compreende-se a importância dos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


332 ANAIS X SIMPAC

feriados ao admitir o estreitamento dos laços familiares, afetivos,


religiosos, além do gozo de períodos de lazer. As pausas servem
para o trabalhador ter maior liberdade para organizar seu tempo
e executar o que lhe dá sentido à vida. Portanto, quando a escala
12X36 coincidir com o feriado, o empregador deve pagar pelo dia
laborado em dobro. O período de trinta e seis horas de descanso
compensa as horas extraordinárias e o repouso semanal, mas não os
feriados (DELGADO e DELGADO, 2017).
O fato da remuneração mensal paga pelo empregador englobar
os pagamentos dos feriados e da jornada noturna é método complessivo
repudiado pelos tribunais (BRASIL, 2003). Nesse contexto, o caráter
contraprestativo das parcelas salariais inexiste, pois além de não ser
percebido pelo trabalhador não é indicado em folha de pagamento.
Inclui-se nessa mesma impropriedade, o desconhecimento do art.
59-A, §1º, quanto à imperativa “remuneração do trabalho noturno
superior à do diurno” delineada pelo art. 7º, IX, da Carta Maior
(BRASIL, 1988, online).
Cabe evidenciar que o legislador dá um tratamento
discriminatório ao trabalhador que executa suas atividades em
hospitais, clínicas, laboratórios, dentre outros empreendimentos da
área da saúde normalmente patógenos. A nova lei, ao invés de se pautar
nos princípios justificadores da existência do Direito do Trabalho e
da tutela do hipossuficiente, fragiliza ainda mais o trabalhador em
área de risco e amplia a probabilidade de acidentes de trabalho.
Nessas circunstâncias, até a averiguação do ambiente insalubre
pelas autoridades competentes torna-se desnecessária pela letra da
Lei 13.467/17 (BRASIL, 2017a). Isso desvela total contrassenso,
porque se um trabalhador com jornada prorrogada deve ter seu
local de trabalho fiscalizado pelas autoridades administrativas
competentes, não há fundamentos para não se estender tal exigência
ao trabalhador subordinado à escala de 12X36.
Enfim, as novas regras do regime 12 por 36 estão dissonância
com os direitos sociais assegurados pela Constituição Federal e não
podem ostentar efetividade. Quando existe conflito entre as fontes
normativas no Direito do Trabalho prevalece a que se melhor coadune
com o caráter teleológico justrabalhista (DELGADO e DELGADO,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 333

2017), portanto, a norma mais favorável ao trabalhador. Apenas


através de um raciocínio sistemático, lógico-racional e teleológico
torna-se possível adotar licitamente uma jornada 12X36 inibidora
dos riscos do trabalho, bem como mantenedora de todos os direitos
indisponíveis relacionados à saúde e à segurança do trabalhador.

Considerações Finais

Conclui-se pela preservação da excepcionalidade do regime


12X36 com obrigatória celebração de instrumento normativo
coletivamente negociado em qualquer serviço. A aprovação das
autoridades públicas para a prorrogação de jornada em ambientes
insalubres é inafastável seja qual for a atividade ou a escala de
jornada. Os direitos do obreiro receber em dobro os feriados laborados,
de usufruir do intervalo intrajornada, de auferir o adicional
proveniente da prorrogação do trabalho noturno são imperativos e
indisponíveis. Todos estão relacionados ao bem-estar individual e
social da classe obreira e à saúde e segurança no trabalho. Assim, o
texto constitucional, por cotejar essas prerrogativas de forma mais
favorável aos trabalhadores, sobrepõe-se ao art. 59-A da CLT.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, 1º de maio


de 1943. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 26 fev. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado .htm>. Acesso em: 28
fev. 2018.

BRASIL. Lei n° 13.467, de 13 de julho de 2017a. Altera a Consolidação


das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1º de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974,
8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


334 ANAIS X SIMPAC

de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/
l13467.htm>. Acesso em: 10 jan. 2018.

BRASIL. Medida Provisória n° 808, de 14 de novembro de 2017b.


Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Mpv/mpv808.
htm>. Acesso em: 10 jan. 2018.

BRASIL. Súmula 444 do Tribunal Superior do Trabalho. Res.


185/2012. DEJT divulgado em 26.11.2012. Disponível em: <http://
www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_
Ind_151_200.html#SUM-191>. Acesso em: 25 mar. 2018.
BRASIL. Súmula 91 do Tribunal Superior do Trabalho. Res.
121/2003. DJ 19, 20 e 21.11.2003. Disponível em: <http://www3.tst.
jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.
html#SUM-91>. Acesso em: 23 mar. 2018.

CORREIA, H. Comentários à MP 808/2017. In: Direito do


trabalho. 11ª ed. Salvador: Juspodivm, 2018.
DELGADO, Mauricio Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A
reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n.
13.467/2017. São Paulo: LTr, 2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 335

COMPARATIVO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DO


CONCRETO ENDURECIDO COM E SEM SUBSTITUIÇÃO
PARCIAL DO AGREGADO MIÚDO POR CINZAS DE
BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR

Daniela Fernanda Silva1, Adonai Gomes Fineza2, Bráulia


Aparecida de Almeida Perázio Faria43

Resumo: Esta pesquisa é voltada para o estudo das propriedades


físicas do concreto endurecido, comparando o comportamento destes
índices quando substituídos partes do agregado miúdo por diferentes
teores de cinzas de bagaço de cana-de-açúcar (CBC). Moldou-se corpos
de prova com teores variando entre 20 e 70%, além de corpos de prova
sem nenhuma substituição (referência), e ensaiados duas amostras
de cada teor aos 28 dias de idade no laboratório de materiais de
construção civil da Univiçosa – FACISA. Para esta análise, realizou-
se ensaios de massa específica saturado superfície seca, absorção
de água e índice de vazios baseando-se na NBR 9778 da ABN que
normatiza estes ensaios. Após a realização dos ensaios concluiu-se
que, os valores de massa específica não diferem significativamente
entre os corpos de prova com e sem substituição parcial do agregado
sendo todos classificados como normais baseando-se em seus valores
de massa específica de ±2400 kg/m³. Os índices de vazios e absorção
estão diretamente relacionados à quantidade de água adicionados à
mistura e, como o teor de 50% necessitou de uma maior quantidade
de água para alcançar o slump test requerido, obteve também, o
maior valor destes coeficientes.

Palavras–chave: Absorção, ensaios, índice de vazios, massa


específica
1
Graduada em Engenharia Civil, especializando em Segurança do Trabalho –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: dani.vhr@hotmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil, Mestrado e Doutorado em Geotecnia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: engcivil@univicosa.com.br
3
Graduada em Matemática, Mestrado em Estatística–FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: braulia.
estatistica@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


336 ANAIS X SIMPAC

Introdução

 O concreto é o material construtivo de maior utilização em todo


mundo, com uma estimativa de consumo de 11 bilhões de toneladas
de concreto por ano, o que corresponde a um consumo médio de 1,9
tonelada de concreto para cada habitante por ano, segundo maior
material consumido no mundo, ficando atrás somente da água.
Concreto é basicamente o resultado da mistura de cimento,
água, areia e brita. Na mistura do concreto, o Cimento Portland,
juntamente com a água forma uma pasta mais ou menos fluida,
dependendo do percentual de água adicionado. Essa pasta envolve as
partículas de agregados com diversas dimensões para produzir um
material, que, nas primeiras horas, apresenta-se em um estado capaz
de ser moldado em fôrmas das mais variadas formas geométricas.
Com o tempo, a mistura endurece pela reação irreversível da água
com o cimento, adquirindo resistência mecânica capaz de torna-
lo um material de excelente desempenho estrutural, sob os mais
diversos ambientes de exposição (CIVILIZAÇÃO ENGENHEIRA,
2012).
Cerca de 95% do bagaço proveniente da extração do caldo
da cana é comumente queimado nas usinas brasileiras para
a produção de energia, resultando deste processo, um grande
volume de cinzas. Estas cinzas, por serem de difícil degradação,
são geralmente misturadas a uma borra úmida e jogadas sobre a
lavoura para adubar o solo, sendo a técnica mais difundida para o
descarte do subproduto. Quando queimados, as cinzas da maioria
dos produtos agrícolas apresentam grande potencial energético por
possuírem composição predominante de Dióxido de Silício (SiO2) e
uma pequena porcentagem de carbono.
A partir de um estudo realizado por Cordeiro (2009) que
apresenta a caracterização de uma amostra selecionada de cinza de
bagaço de cana-de-açúcar (CBC) onde, seus resultados laboratoriais
comprovaram que aproximadamente 61% do volume total das cinzas
proveniente da queima do bagaço da cana-de-açúcar é composto por
sílica, viu-se a necessidade de estudar-se de forma mais aprofundada
este resíduo, a fim de utilizá-lo como novo aliado no melhoramento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 337

de produtos, principalmente da construção civil. É importante


ressaltar que, o estudo realizado com bagaços queimados de forma
controlada, podem diferir de forma significativa do bagaço queimado
em caldeiras pelas indústrias.
A qualidade final de uma estrutura de concreto armado
depende tanto do controle de suas propriedades no estado fresco
como no seu estado endurecido. Erroneamente, muitas vezes,
o controle tecnológico se restringe aos ensaios de resistência à
compressão simples (concreto endurecido), como se este parâmetro,
isoladamente, pudesse garantir a qualidade do concreto (GEYER,
2006). O objetivo desta pesquisa é a análise das propriedades do
concreto endurecido, absorção, índice de vazios e massa específica,
fazendo um comparativo entre concretos convencionais e concretos
com substituição parcial do agregado miúdo por CBC e verificar
se estas variáveis no traço do concreto afetam diretamente as
propriedades estudadas.

Material e Métodos

Conduziu-se esta pesquisa no Departamento de Engenharia


Civil da Univiçosa com o apoio do Laboratório de Materiais de
Construção Civil da mesma instituição, a fim de analisar as
propriedades físicas do concreto endurecido com e sem substituição
parcial do agregado miúdo por cinzas de bagaço de cana de açúcar
(CBC). Realizou-se os ensaios de Massa Específica, Absorção de
Água e Índice de Vazios, baseando-se na NBR 9778 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que prescreve o modo pelo
qual deve ser executado o ensaio para determinação da absorção de
água, através de imersão, do índice de vazios e massa específica de
argamassa e concreto endurecido.
Adotou-se seis teores de substituição do agregado miúdo por
CBC: 20, 30, 40, 50, 60 e 70%, além do concreto referência (sem
substituição) a fim de analisar o comportamento das propriedades
físicas do concreto endurecido quando substituídos, partes do
agregado miúdo por cinzas de bagaço de cana de açúcar (CBC) em
diferentes teores. O traço utilizado foi 1:2:2, ou seja, para cada

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


338 ANAIS X SIMPAC

parte de cimento são adicionados duas partes de agregado miúdo e


duas partes de agregado graúdo. A relação água/cimento (a/c) para
dosagem do concreto foi estimada em 0,55 e utilizado o cimento
CPII E-32.
Com a finalidade de verificar se existe diferença significativa
entre os índices físicos nos diferentes níveis de substituição do
agregado miúdo por CBC realizou-se uma análise de variância
(ANOVA) dos dados e o teste de Tukey a um nível de 5% de
significância.

Resultados e Discussão

Realizou-se ensaios físicos de determinação das propriedades


do concreto endurecido, para verificação do comportamento destes
coeficientes quando substituídos porcentagens diferentes de
agregado miúdo por CBC. Os índices físicos descritos na norma, são
definidos através das seguintes equações:

(1)

(2)

(3)

Onde:
Msat: massa do concreto saturado superfície seca (g);
Ms: massa do agregado seco em estufa (g);
Mi: massa do concreto submerso (g);
MESSS: Massa específica saturado superfície seca (kg/m³).

Os resultados dos respectivos ensaios estão expressos na


Tabela 1 a seguir, onde foi realizado o Teste de Tukey, para análise
de variação significativa entre as médias.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 339

Tabela 1 - Resultados dos ensaios com o concreto endurecido aos


28 dias de idade
Tensão (MPa)1,2
Ensaio Referência 20% 30% 40% 50% 60% 70%
CBC CBC CBC CBC CBC CBC
Massa
Específica 2446a 2440a 2452a 2442a 2451a 2441a 2451a
(kg/m³)
Absorção
3,5bc 3,8ab 3,3cd 3,6bc 4,0a 3,1de 2,7e
(%)
Índice de
8,2bc 8,8ab 7,9cd 8,4bc 9,4a 7,2de 6,5e
Vazios (%)
1
Dados apresentados com média dos coeficientes de cada teor.
* Em uma mesma linha, dados com letras em comum, não diferem
significativamente ente si a 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey.

A NBR 9778 classifica o concreto de acordo com a sua Massa


Específica como: leve < 2000 kg/m3, normal ± 2400kg/m3 e pesado >
3000kg/m3. A massa específica do concreto endurecido depende de
muitos fatores, principalmente da natureza dos agregados (forma
e tamanho) e do método de compactação empregado. Quanto maior
a relação água/cimento, maior a quantidade e o volume de poros
quando a água evaporar.

Conclusões

Baseando-se nos resultados dos ensaios laboratoriais descritos,


a fim de analisar o comportamento das propriedades físicas do
concreto endurecido quando substituídos, partes do agregado miúdo
por cinzas de bagaço de cana de açúcar (CBC) em diferentes teores,
pode-se concluir que:
Os valores de massa específica não diferem significativamente
entre os corpos de prova com e sem substituição parcial do agregado.
Classificam-se todos os corpos de prova como normal, de
acordo com suas massas específicas.
O traço com 50% de substituição de substituição do agregado
miúdo apresentou maior índice de vazios e absorção devido a maior
quantidade de água na mistura do traço.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
340 ANAIS X SIMPAC

Agradecimentos

Ao técnico laboratorista Sr. José Tarcísio, por compartilhar


toda sua gama de conhecimento possibilitando a realização desta
pesquisa.

Referências Bibliográficas

CIVILIZAÇÃO ENGENHEIRA. O Concreto como material


construtivo: Da origem às novas  tecnologias. UFC.
Universidade Federal do Ceará, 2012. Disponível em: <https://
civilizacaoengenheira.wordpress.com/2012/11/07/o-concreto-como-
material-construtivo-da-origem-as-novas-tecnologias/>. Acesso em:
23 mar 2018.

CORDEIRO, G. C; FILHO, R. D. T; FAIRBAIRN, E. de M. R.


Caracterização de cinza do bagaço de cana-de-açúcar para
emprego como pozolana em materiais cimentícios. São Paulo,
vol 32, 2009.

GEYER, A. L. B; SÁ, Rodrigo Resende de. Importância do


Controle de Qualidade do Concreto no Estado Fresco. 2006.
Informativo técnico. Ed 2. 8p.

MARTINS, P, B. M. Influência da granulometria agregado


miúdo na trabalhabilidade do concreto. Feira de Santana,
2008. b

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 341

COMPARATIVO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE


CONCRETOS CONVENCIONAIS E CONCRETOS COM
SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AGREGADO MIÚDO POR
CINZAS DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR

Daniela Fernanda Silva1, Adonai Gomes Fineza2, Bráulia


Aparecida de Almeida Perázio Faria3

Resumo: As indústrias sucroalcooleiras brasileiras são responsáveis


pela produção de milhões de toneladas de bagaço de cana-de-açúcar
anualmente. Este subproduto é queimado em caldeiras para a
cogeração de energia e consequente redução do volume do sólido
(cerca de 181 milhões de toneladas por ano). Esta pesquisa é voltada
para o estudo de viabilidade da utilização das cinzas do bagaço
da cana-de-açúcar (CBC) in natura, como substituinte parcial do
agregado miúdo no concreto estrutural, de forma a promover um
descarte consciente do rejeito, sem causar impactos diretos ao meio
ambiente, visto que atualmente, estas cinzas são descartadas sem
nenhum estudo prévio de impacto ambiental. Embasando-se em
estudo anterior onde as cinzas resultantes da queima do bagaço
da cana-de-açúcar apresentaram coeficientes superiores a 60% de
Dióxido de Silício (SiO2), viu-se a possibilidade de se empregar
o rejeito no concreto, uma vez que materiais que possuem em sua
composição SiO2 têm grande potencial de atuar como agente
pozolânico. Para a verificação da eficácia desta substituição, foram
realizados ensaios de resistência à tração e compressão no laboratório
de materiais de construção civil da Univiçosa, com índices de teores
de CBC variando entre 20 e 70%. Os ensaios comprovaram que, o
volume de cinza adicionado ao concreto tem influência direta nos
1
Graduada em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: dani.vhr@hotmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil, Mestrado e Doutorado em Geotecnia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: engcivil@univicosa.com.br
3
Graduada em Matemática, Mestrado em Estatística – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: braulia.
estatistica@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


342 ANAIS X SIMPAC

resultados de resistência à compressão e à tração, com um ganho de


aproximadamente 3MPa de resistência quando substituídos 40% e
70% do agregado miúdo por CBC.

Palavras–chave: Materiais, pozolana, resíduos, reutilização, sílica

Introdução

A utilização de resíduos de outros materiais para a produção


de novos é uma solução socioeconômica e ambientalmente viável
que promove a incorporação de recursos naturais renováveis,
poupando a retirada de novas matérias primas da natureza. Como
quase todos processos de produção, por menor que seja, gera algum
tipo de resíduo, a variedade de materiais a serem reciclados é muito
grande, abrindo um leque de novas possibilidades de incorporação
destes resíduos na produção de novos materiais, capazes de atender
à crescente demanda por tecnologia alternativa de construção. Como
o concreto é um dos materiais mais consumidos pela sociedade, a
procura por aditivos minerais que proporcionem um crescimento
sustentável e consequentemente melhorem a durabilidade e
resistência do concreto vem sendo cada vez mais necessário.
Alguns resíduos advindos da produção agrícola (fibras de coco,
cascas de arroz, bagaço de cana-de-açúcar, etc.), após sua queima,
podem trabalhar como agente aglomerante (material fino) ou
agregado miúdo (material mais granular), na preparação do concreto
ou argamassa, sendo que, sua adição pode agir em benefício ou não
do desempenho final do produto. Além das vantagens ambientais,
apresentando um destino viável ao rejeito, tal substituição pode
agregar valor econômico ao resíduo agroindustrial.
Cerca de 95% do bagaço proveniente da extração do caldo
da cana é comumente queimado nas usinas brasileiras para
a produção de energia, resultando deste processo, um grande

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 343

volume de cinzas. Estas cinzas, por serem de difícil degradação,


são geralmente misturadas a uma borra úmida e jogadas sobre a
lavoura para adubar o solo, sendo a técnica mais difundida para o
descarte do subproduto. Quando queimados, as cinzas da maioria
dos produtos agrícolas apresentam grande potencial energético por
possuírem composição predominante de Dióxido de Silício (SiO2) e
uma pequena porcentagem de carbono.
A partir de um estudo realizado por Cordeiro (2009) que
apresenta a caracterização de uma amostra selecionada de cinza de
bagaço de cana-de-açúcar (CBC) onde, seus resultados laboratoriais
comprovaram que aproximadamente 61% do volume total das cinzas
proveniente da queima do bagaço da cana-de-açúcar é composto por
sílica, viu-se a necessidade de estudar-se de forma mais aprofundada
este resíduo, a fim de utilizá-lo como novo aliado no melhoramento
de produtos, principalmente da construção civil. É importante
ressaltar que, o estudo realizado com bagaços queimados de forma
controlada, podem diferir de forma significativa do bagaço queimado
em caldeiras pelas indústrias.
Esta pesquisa é voltada para a análise das propriedades
mecânicas de concretos com e sem substituição parcial do cimento
Portland, através de ensaios de compressão axial e diametral.
Adicionou-se diferentes teores de CBC, na busca por um teor ótimo
de substituição que proporcione o máximo de ganho de resistência
possível.
Diante do exposto, torna-se importante o aprofundamento
dos estudos para a avaliação das propriedades da cinza do bagaço
da cana-de-açúcar como agente pozolânico objetivando uma futura
incorporação deste resíduo ao concreto estrutural.

Material e Métodos

Conduziu-se esta pesquisa no Departamento de Engenharia


Civil da Univiçosa com o apoio do Laboratório de Materiais de
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
344 ANAIS X SIMPAC

Construção Civil da mesma instituição, a fim de se estudar a


viabilidade de substituição do agregado miúdo por CBC. Analisou-
se o desemprenho da CBC como substituinte parcial do agregado
miúdo no concreto estrutural, através de ensaios mecânicos de
compressão axial e diametral.
Obteve-se a CBC utilizada para a realização desta pesquisa
através da queima do bagaço de cana moído, pela Usina de Jatiboca,
no município de Urucânia - MG. Realizou-se a coleta em sacos
plásticos de 15 litros, no pátio da empresa, imediatamente após a
retirada das cinzas das caldeiras. Não houve nenhum processo de
queima, armazenamento e estocagem diferente do habitual da usina,
uma vez que o objetivo principal da pesquisa é usar o rejeito com o
mínimo de intervenções especiais possíveis para que os resultados
se apliquem a qualquer CBC produzida no Brasil. Após a chegada
no laboratório, peneirou-se as cinzas, em peneira de malha #4,8 mm
para eliminar partículas que não sofreram a combustão completa
e posteriormente secou-se a amostra total do material em estufa a
uma temperatura de 100 ± 5°C por um período de 24 horas.
Estimou-se uma relação água/cimento (a/c) para dosagem
do concreto de 0,55. Moldaram-se quarenta e dois corpos-de-prova
com o cimento CPII E32, como único material cimentício, seis sem
nenhuma substituição (referência), e trinta e seis com substituição
parcial do agregado miúdo pela CBC nos níveis de 20%, 30%, 40%,
50%, 60% e 70%. Realizaram-se ensaios mecânicos, para análise do
comportamento da resistência à compressão, rompidos aos 3 dias,
7 dias e 28 dias de idade e da resistência à tração rompidos aos 28
dias de idade, para determinação da tensão máxima de ruptura.
Com a finalidade de verificar se existe diferença significativa
entre os valores de resistência alcançados nos diferentes níveis de
substituição do agregado miúdo por CBC realizou-se uma análise
de variância (ANOVA) dos dados e o teste de Tukey a um nível de
5% de significância.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 345

Resultados e Discussão

Os resultados do teste de Tukey realizado para comparação


dos diferentes valores de média da resistência à compressão axial,
nos diferentes níveis estudados estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Resistência à Compressão Axial
Tensão (MPa)1,2
Idade 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Referência
CBC CBC CBC CBC CBC CBC
3
11,981bcd 13,095abc 11,392d 11,752cd 13,294ab 13,470a 13,874a
Dias
7
22,870ab 22,275ab 20,901b 21,545ab 21,628ab 22,863ab 24,771a
Dias
28
34,197a 36,893a 34,046a 37,297a 33,620a 35,242a 37,350a
Dias
1
Dados apresentados com a média de resistência à compressão.
* Em uma mesma linha, dados com letras em comum, não diferem significativamente
ente si a 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey.

A Tabela 2 apresenta o resultado do teste de Tukey realizado


para comparação dos diferentes valores de média da resistência à
tração nos diferentes níveis estudados.

Tabela 2 - Resistência à tração por Compressão Diametral


Tensão (MPa)1,2
Idade 20% 30% 40% 50% 60% 70%
CBC CBC CBC CBC CBC CBC
28
3,228a 3,326a 3,721a 3,759a 3,761a 3,533a
dias
1
Dados apresentados com a média de resistência à compressão.
* Em uma mesma linha, dados com letras em comum, não
diferem significativamente ente si a 5% de probabilidade pelo
Teste de Tukey.

Considerações Finais

Baseando-se nos resultados dos ensaios laboratoriais descritos,


com a finalidade da análise de viabilidade da substituição parcial do
agregado miúdo por cinzas de bagaço de cana-de-açúcar, pode-se
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
346 ANAIS X SIMPAC

concluir que, o rejeito substituiu de forma satisfatória o agregado


miúdo, em todos os teores adicionados.
Verificou-se que aos 28 dias de idade a compressão axial
não apresenta diferença significativa entre as médias, ou seja, o
concreto convencional ou com substituição do agregado miúdo por
CBC aos níveis de10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60% e 70% não diferem
significativamente com relação à compressão axial.
Os teores de 20, 40 e 70%, obtiveram uma resistência a
compressão aproximadamente 3 MPa acima concreto referência,
significando que, a substituição, além de ecologicamente viável, é
benéfica ao melhoramento da resistência.
O teor de 60% obteve maior resistência à tração dentre os
teores analisados, porém, a resistência dos outros teores não diferiu
significativamente do teor com melhor desempenho.
Como a metodologia de queima é basicamente a mesma em
todas as usinas sucroalcooleiras brasileiras, entende-se que, a
substituição pode ser realizada com o rejeito de todas elas, uma vez
que o estudo foi realizado com o subproduto bruto gerado pela usina.

Referências Bibliográficas

CORDEIRO, G. C; FILHO, R. D. T; FAIRBAIRN, E. de M. R.


Caracterização de cinza do bagaço de cana-de-açúcar para
emprego como pozolana em materiais cimentícios. São Paulo,
vol 32, 2009.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 347

DIETA LOW CARB HIGH FAT E SEUS EFEITOS NO


ESPORTE DE RESISTÊNCIA AERÓBICA
Daniel Danilo Antunes Marques1, Raquel Duarte Moreira Alves2

Resumo: A conduta nutricional de um atleta interfere diretamente em


sua composição corporal e evita a ocorrência de deficiências nutricionais
que possam interferir em seu desempenho esportivo. Nas últimas déca-
das a opinião cientifica geral apoia e recomenda as dietas com alto teor
de carboidrato e baixo teor de gordura, indicando que a mesma demostra
promoção de saúde aos indivíduos. Já as recomendações nutricionais di-
recionadas aos atletas nem sempre são seguidas pelos mesmos, como ex-
emplo os atletas de resistência que além de consumir metade do que lhes
é recomendado, realizam periódicas sessões de exercício com baixo aporte
de carboidratos. O presente trabalho teve como objetivo descrever por meio
de revisão de literatura os efeitos de uma dieta low carb high fat no esporte
de resistência. Para tal, foi realizado uma busca por publicações sobre o
assunto, nas bases de dados pertencentes à Scientific Electronic Library
Online (SCIELO); United States National Library of Medicine (PUBMED);
National Center for Biotechnology Information (NCBI) e Cochrane Library.
Os dados coletados de três estudos que se propuseram a avaliar os efeitos
de dietas de baixo carboidrato em comparação com dietas convencionais
apresentaram como resultado efeitos benéficos como a mudança favorável
na composição corporal e no perfil lipídico e lipoproteico, além da redução
do percentual de gordura e níveis de triacilglicerideos sanguíneos, apre-
sentando também um significativo aumento nos valores relativos do VO-
2máx e do VO2L2. Sendo assim o presente trabalho conclui que as estraté-
gias nutricionais para o desempenho esportivo merecem uma reapreciação
já que estudos com dietas de baixo carboidrato demonstram evidências dos
benefícios destas tanto ao rendimento nos esportes de resistência quanto
na melhora da composição corporal em indivíduos não treinados.

Palavras–chave: Baixo carboidrato, dietas cetogênica, efeitos ergogênicos,


treino de performance, treinamento de atletas

1
Graduando em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: danieldammarques@Hotmail.com
2
Professora do curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: raqueldmalves@Hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


348 ANAIS X SIMPAC

Introdução
A conduta nutricional de um atleta interfere diretamente em sua
composição corporal e evita a ocorrência de deficiências nutricionais que
possam interferir em seu desempenho esportivo. Nas últimas décadas a
opinião cientifica geral apoia e recomenda as dietas com alto teor de carboi-
drato e baixo teor de gordura, indicando que a mesma demostra promoção
de saúde aos indivíduos. Porém, nos últimos anos um grupo de cientistas,
profissionais e até o público em geral se propuseram a estudar e explorar
a eficácia das dietas com baixo teor de carboidratos.
Segundo Baranauskas et al. (2012), corredores de distancia tem
ignorado as recomendações da Academia de Nutrição e Dietética America-
na (6 a 10 g de carboidratos por kg de massa corporal ao dia), realizando o
consumo de uma média de 4 a 6 g de carboidratos por kg de peso por dia.
O principal recurso que justifica as estratégias nutricionais com
baixo teor de carboidrato e alto teor de gordura para atletas de resistência
é à mudança na utilização de combustível, de um modelo centrado em car-
boidratos para um que utiliza predominantemente de gordura, das quais
os estoques são ilimitados em relação aos carboidratos na forma de glico-
gênio muscular. Essa mudança metabólica, observada após um período de
alteração na dieta, é frequentemente referida como “ceto-adaptação”, que
vem sendo bem documentada em estudos desde a década de 1980 (PHIN-
NEY, 2004).
Diante do exposto e considerando a série de estudos clínicos que
revelam os efeitos benéficos das dietas de baixo teor de carboidrato, o pre-
sente trabalho se propõe a revisar a literatura para avaliar os efeitos das
dietas de baixo teor de carboidratos e elevado teor de gorduras alimentares
no desempenho dos esportes de resistência aeróbica.

Material e Métodos
Trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa, com caráter des-
critivo e exploratório. Para sua execução, foi realizada a busca por ensaios
clínicos randomizados e meta-análise nas bases de dados pertencentes à
Scientific Electronic Library Online (SCIELO); US National library of me-
dicine (PUBMED); National center for biotechnology information (NCBI) e
Cochrane library. Os descritores, em inglês, utilizados foram: Carbohydra-
te, Ergogenic effects, Exercise, Meta-analysis, Systematic review; carbohy-
drate; performance training; trained athletes; lipid oxidation.
Incluiu-se publicações com a temática referente a dietas de baixo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 349

teor de carboidrato e alto teor de gordura assim como os efeitos da mesma


sobre o desempenho de atletas, em língua portuguesa, inglesa e espanhola,
independente da data de publicação. Foram avaliados trabalhos originais
com ensaios controlados randomizados, com seres humanos, bem como me-
ta-análises. As referências bibliográficas dos estudos incluídos foram ava-
liadas para buscar outros estudos. Não foram incluídas publicações com
limitações que comprometam a credibilidade dos resultados apresentados.

Resultados e Discussão
Embora a literatura em torno dos efeitos de uma dieta cetogêni-
ca sobre o desempenho não seja extensiva, alguns estudos avaliaram a
relação de uma dieta cetogênica no desempenho de endurance. Como ex-
emplo, Brown et al. (2012) e Zaiac et al. (2014), conduziram estudos que
objetivavam determinar os efeitos de uma dieta cetogênica no desempenho
aeróbico, composição corporal e perfil lipídico em indivíduos treinados e
não treinados.
O estudo de Brown et al (2012) consistiu em 19 adultos aparente-
mente saudáveis ​​que foram aleatoriamente designados para seguir uma
dieta com pouco carboidrato ou as diretrizes do USDA para os americanos,
que incluíam o consumo de 45-65% de carboidratos, 10-35% de proteína e
20-35% de gordura. Todos os participantes foram instruídos a realizar 30
minutos de caminhada rápida a 55-65% da frequência cardíaca máxima
em três dias não consecutivos por semana durante sete semanas.
Os resultados indicam que aqueles que seguiram a dieta pobre
em carboidratos apresentaram reduções significativas na massa corpo-
ral, massa gorda, percentual de gordura corporal, níveis de triglicerídeos
no sangue e consumo calórico em comparação com o grupo de diretrizes
do USDA. Além disso, ambos os grupos completaram todas as sessões de
exercício sem efeitos adversos relatados por nenhum dos grupos (BROWN
et al, 2012).
Já o estudo de Zaiac, et al (2014) comparou os efeitos de uma dieta
cetogênica a longo prazo sobre o metabolismo do exercício e o desempenho
físico em oito ciclistas do sexo masculino em delineamento em Cross-over.
Para tal, em uma fase de teste de três dias que foi precedida por 4 semanas
de uma dieta cetogênica e na outra uma dieta ocidental padrão era con-
sumida. O desempenho foi medido através de um teste de cicloergômetro
para determinar o consumo máximo de oxigénio (VO2max) e o nível de
limiar de lactato (VO2L2) após cada protocolo de dieta. Os resultados

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


350 ANAIS X SIMPAC

mostraram uma mudança favorável na massa corporal, composição corpo-


ral e perfil lipídico e lipoproteico aumento significativo nos valores relati-
vos do VO2máx e do VO2L2 após a fase da dieta cetogênica. Além disso,
menor atividade de repouso e exercício de creatina quinase plasmática e
lactato desidrogenase foi observada durante a fase da dieta cetogênica, o
que pode contribuir para a redução do dano muscular pós-exercício.
Portanto, os autores sugeriram que dietas cetogênica de longa duração po-
dem ser favoráveis ​​para atletas de resistência aeróbia, com base na redu-
ção da massa corporal e do conteúdo de gordura, bem como na diminuição
do dano muscular pós-exercício (ZAIAC et al, 2014).
Segundo Paoli et al (2013), vários estudos analisaram os efeitos
físicos da dieta de baixo teor de carboidrato e alto teor de gordura no corpo,
a curto e a longo prazo, tanto durante o treinamento de resistência quanto
na ausência de qualquer treinamento. Como resultados destes Jabekk et
al (2010), revelou que após dez semanas de treinamento resistido hou-
ve redução da gordura corporal (-5,6 ± 2,9kg de gordura) sem diminuir o
LBM, enquanto o treinamento de resistência e uma dieta regular aumen-
taram o LBM (+ 1,6 ± 1,8kg de LBM) sem diminuir a gordura corporal em
mulheres com excesso de peso.
Helms et al (2014), afirma que os triglicérides intramusculares se
tornam uma fonte sustentável de combustível durante o treinamento, o
que atenua a oxidação de carboidratos e resulta em uma alteração meta-
bólica que gera a redução da glicogenólise muscular, da oxidação de car-
boidratos e aumenta a utilização de ácidos graxos livres durante o treina-
mento. Demonstrando-se assim que é um equívoco dizer que as dietas de
baixo teor de carboidrato sejam prejudiciais ao desempenho em esportes
de resistência.

Considerações Finais
A partir dos estudos apresentados, verificou-se que dietas de baixo
teor de carboidratos e alto teor de gorduras demostraram efeitos benéficos
como a mudança da composição corporal com redução de massa gorda e
manutenção ou aumento de massa magra, melhoria do perfil lipídico san-
guíneo com redução da concentração de triacilgliceróis e um aumento nos
valores relativos do VO2máx e do limiar de lactato.
Diante do exposto, considerando os efeitos benéficos apresentados
pelas dietas de baixo carboidrato, o presente trabalho sugere que as estra-
tégias nutricionais para o desempenho esportivo merecem reapreciação.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 351

Referências Bibliográficas

BARANAUSKAS, M.; STUKAS, R.; TUBELIS, L.; ZAGMINAS, K.; SUR-


KIENE, G.; SVEDAS, E.; ROLANDES, G. V. Nutritional habits among
high-performance endurance athletes. Medicina. 2012.

BROWN, G. A; SWENDENER, A. M.; SHAW, B. S.; SHAW, I. Compari-


son of anthropometric and metabolic responses to a short-term carbohy-
drate-restricted diet and exercise versus a traditional diet and exercise.
African Journal for Physical Health Education, Recreation &
Dance. 2010.

HELMS E. R; ARAGON, A. - A.; FITSCHEN, P. J.; Evidence-based recom-


mendations for natural bodybuilding contest preparation: Nutrition and
supplementation. Journal of the International Society of Sports Nu-
trition. 2014.

JABEKK, P. T; MOE, I. A.; MEEN, H. D.; TOMTEN, S. E.; HOSTMARK,


A. T. Resistance training in overweight women on a ketogenic diet con-
served lean body mass while reducing body fat. Nutrition & Metabolism
(Lond). 2010.

PHINNEY, S. D. Ketogenic diets and physical performance. Nutrition &


Metabolism. 2004.

ZAJAC, A; POPRZECKI S; MASZCZYK, A; CZUBA, M; MICHALCZYK,


M; ZYDECKZ, G. The effects of a ketogenic diet on exercise me-
tabolism and physical performance in off-road cyclists. Nutrients.
2014;6(7):2493–2508.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


352 ANAIS X SIMPAC

OPINIÃO DE DESPORTISTAS SOBRE O PADRÃO


ALIMENTAR LOW CARB E JEJUM INTERMITENTE

Ariana Mussulin Benedito1, Daniel Danilo Antunes Marques2,


Raquel Duarte Moreira Alves3

Resumo: Um padrão dietético em destaque hoje é o “Low Carb”, que


prioriza a restrição do consumo do carboidrato, e cujas evidências
mostram que levam a redução do hormônio insulina que apresenta
elevado efeito adipogênico. Objetivo deste estudo foi identificar a
opinião de desportistas sobre o padrão alimentar “Low Carb” e jejum
intermitente para redução de peso e de gordura corporal. Trata-se
de um estudo transversal cuja amostra se deu por conveniência em
duas academias de Viçosa (MG) e incluiu desportistas de ambos os
gêneros. Os voluntários responderam, de maneira auto aplicada, um
questionário semiestruturado. O estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética (2.193.782/2017-1). Foram incluídos 21 homens e 24 mulheres
com idade média de 30,7 ± 9,8 anos. A maioria julgou que uma dieta
hipolipídica fosse mais eficiente na redução do percentual de gordura
corporal do que a “Low Carb”, embora acreditassem que a “Low
Carb” também seja eficiente na promoção da perda e manutenção de
peso e que esse padrão alimentar também não é prejudicial à saúde.
Embora desportistas apresentaram receio quanto ao baixo consumo
de carboidrato e maior consumo de gordura, um bom número deles
teve preferência, em termos de sabor, por um desjejum, almoço/
jantar e lanche por uma combinação “Low Carb” e acreditavam que
um desjejum e almoço neste padrão possa trazer mais saciedade.
Conclui-se que grande parte dos desportistas desconhecem os
benefícios do padrão alimentar Low Carb e Jejum intermitente.

Palavras–chave: Atividade física, baixo carboidrato, composição


corporal, jejum intermitente, musculação.
1
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: arianamussulin@gmaill.com;
2
Graduando em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: danieldamarques@hotmail.com;
3
Orientadora do Curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: raqueldmalves@hotmail.com

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ANAIS X SIMPAC 353

Introdução

A crescente epidemia de obesidade mundial cria a


necessidade de novas estratégias nutricionais para seu combate.
Um padrão dietético que recebe hoje destaque na mídia social e em
comunidades científicas é o “Low Carb”, que prioriza a restrição
do consumo do carboidrato, e cujas evidências mostram que levam
a redução da concentração sanguínea do hormônio insulina que
apresenta elevado efeito adipogênico (MCKENZIE et al, 2017).
A Associação Americana de Diabetes (ADA), em diretrizes de
2013, descreve que existem evidências científicas de que o padrão
“Low Carb”, contendo no máximo 40% do VCT em carboidratos,
promove redução da glicemia, da insulinemia, bem como da
resistência à insulina e melhora no perfil lipídico sanguíneo, com
redução dos triglicerídeos e colesterol total e elevação do HDL. Tem
sido verificado que alguns praticantes da dieta “Low Carb” também
são adeptos a um outro padrão de alimentação denominado Jejum
Intermitente. Muitos profissionais de saúde julgam esta prática
como “absurdas” uma vez que é comum a recomendação de que se
ingira algum alimento a cada 3 horas, porém essa recomendação
não é baseada em evidência sendo infundada.
Por outro lado, ainda há o questionamento se “Low Carb” e
jejum intermitente promove redução de massa magra ao invés de
gordura corporal. Assim, alguns desportistas ficam receosos quanto
a prática deste tipo de dieta. Todavia, alguns trabalhos científicos
apresentam resultados positivos para a manutenção da massa
corporal magra (MEIRELLES E GOMES, 2016). Assim o objetivo
do presente estudo foi identificar a opinião de desportistas sobre o
padrão alimentar “Low “Carb” e jejum intermitente para redução
de peso e de gordura corporal.
.
Material e Métodos

Trata-se de um estudo transversal descritivo realizado com


desportistas que frequentavam duas academias na cidade de Viçosa,
MG. Todos os indivíduos matriculados foram convidados a participar

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


354 ANAIS X SIMPAC

do estudo, quando chegavam ou saiam de seus treinos. Assim, a


amostra do estudo se deu por conveniência sendo constituída por
homens e mulheres adultos, sem distinção de tipo de atividade
realizada. Não foram incluídas gestantes e nutrizes.
Os desportistas responderam, de maneira auto aplicada,
a um questionário semiestruturado sobre os conhecimentos dos
mesmos sobre padrões alimentares “Low Carb” e jejum intermitente
para emagrecimento e boa forma. A primeira parte do questionário
consistiu em imagens de refeições (desjejum, lanches, almoço/
jantar) com padrão “Low Carb” (hipoglicídico e hiperlipidico) e como
padrão tradicional (hipocalórico e hipolipídico), seguida de questões
referentes a preferência alimentar, a ser o padrão usualmente
adotado, a ser mais palatável e saudável e a promover maior perda
de peso e de gordura corporal. Já a segunda parte do questionário
abordou perguntas semi-estruturadas para avaliar o conhecimento
dos desportistas sobre o benefício e malefícios de realizar uma dieta
“Low Carb” ou uma dieta hipolipídica ou o jejum intermitente no
contexto da saúde e prática de exercício físico.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (2.193.782/2017-
1) e os participantes assinaram o Temo de Consentimento. Para a
estatística aplicou-se teste T e seu respectivo teste não paramétrico.
O teste exato de Fisher foi aplicado para avaliar diferenças na
frequência entre classes. Adotou-se p<0,05 para significância
estatística.

Resultados e Discussão

A amostra do estudo foi composta por 45 voluntários com


idade entre 21 e 59 anos, sendo 21 do sexo masculino e 24 do sexo
feminino, sem haver diferença entre os gêneros (p>0,05).
Observou-se que 48,9% (n=22) dos indivíduos respondeu que
o padrão “Low Carb” ajuda na perda e manutenção de peso, 35,5%
(n=16) não souberam responder e outros 4,5% (n=2) disseram este
padrão levaria ao ganho de peso. 11,1% (n=5) disseram que a perda
de peso promovida pela “Low Carb” é devido a redução da massa
magra. Subsequentemente, foram questionados se a realização da

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 355

“Low Carb” junto a musculação poderia ou não favorecer o ganho de


massa muscular e 60% (n=27) responderam que sim. É importante
ressaltar que 17,8% (n=8) no momento do estudo eram adeptos ao
padrão “Low Carb”, por isso, parte deles compreendiam que essa
dieta pode promover redução da gordura sem prejuízo da massa
muscular.
Quanto achar que a dieta “Low Carb” é prejudicial à saúde,
60% (n=28) acham que não e 37,8% (n=17) acham que sim. Quando
questionados se fariam a dieta, 48,9% (n=22) dissessem que sim
se tiverem certos de que não é prejudicial à saúde ao passo que
15,5% (n=7) não fariam pois não acreditam em benefícios desta
dieta e 17,8 (n=8) não fariam por não estarem dispostos a mudar
o hábito alimentar. Um estudo com duração de 3,6 anos e 2044
participantes, verificou que “Low Carb” esteve associada a redução
do risco de síndrome metabólica ao relacionar à redução do peso
corporal, da glicemia de jejum, de triglicerídeos e da pressão arterial
(MIRMIRAN et al, 2017).
Fotografias contendo imagens de refeições no padrão
hipolipídico e no padrão “Low Carb” foram apresentadas aos
desportistas para avaliar o que pensavam sobre aquelas refeições
nos aspectos relacionados ao sabor, saciedade, hábito alimentar e
saúde. Em relação a qual refeição agradava mais o paladar, para o
desjejum e o almoço/ jantar a maioria escolheu a refeição hipolipídica,
mas para o lanche pequeno foi à refeição “Low Carb”. Já a refeição
que deixaria-os mais tempo saciados, a maioria escolheu o desjejum
e almoço/ jantar hipolipídico e o lanche pequeno “Low Carb”. Quanto
o hábito alimentar e rotina dos participantes a maioria escolheram
o desjejum e almoço/ jantar hipolipídico e o lanche pequeno “Low
Carb”. Quanto a ser mais saudável, a maioria escolheu o desjejum
e o lanche pequeno “Low Carb” e o almoço/ jantar hipolipídico. A
refeição que os indivíduos achavam que melhoria o percentual de
gordura a maioria escolheu as três refeições hipolipídica.
Grande parte dos voluntários (86,6%; n=39) acreditava que
é saudável comer de 3 em 3 horas ao passo que somente 9% (n=4)
relatou que se deve comer somente quando a fome se apresenta e
4,4% (n=2) acreditava que se deve fazer jejum em algum horário do

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


356 ANAIS X SIMPAC

dia e nos demais horários comer somente quando a fome aparecer.


Assim, questionou-se se os mesmos praticavam o jejum intermitente
e 40% (n=18) não o faziam e nem mesmo tentariam essa estratégia
por não estarem dispostos a mudar o hábito alimentar, 26,6% (n=12)
não faziam e não o fariam mesmo que lhe dissessem que não é
prejudicial à saúde por não acreditarem que possa ter benéfico. Por
outro lado, 24,5% (n=11), embora não praticassem o jejum disseram
que o faria se lhe dissesse que não é prejudicial à saúde e 8,9% (n=
4) que já faziam o jejum há algum tempo. Estudo observacional em
praticantes do jejum de Ramadan foi relatado redução da glicemia,
insulinemia e da pressão arterial (SALEH et al., 2005).
Questionou-se sobre os hábitos de alimentar antes e após
o treino. Foi elevado o percentual de indivíduos que sempre se
alimentavam antes (68,9%; n=31) e também imediatamente
após (75,5%; n=34) os treinos. Estes elevados vão de encontro ao
elevado número de voluntários que achavam essencial comer antes
de praticar o exercício físico (84,5%; n=38) para ter energia para
executá-lo (71%; n=27) ou para evitar mal-estar (18%; n=7). Dentre
aqueles 15,5% (n=7) que disseram que não é necessário se alimentar
antes do treino, 42,8%(n=3) achavam que se deve comer quando
estiver com fome, 28,6% (n=2) que se alimentando eles sentem
descontos durante o treino. Quanto à questão se alimentar após
o treino, 86,7% (n=39) disseram ser uma prática essencial, sendo
que a maior parte (69,2%; n=27) acreditavam que essa prática é
importante para reposição energia e nutrientes e 17,9% (n=7)
acreditavam ser importante para a hipertrofia muscular. Dentre
aqueles que achavam que não se devem alimentar após o treino
(13,3%; n=6), 66,6% (n=4) disseram que se deve comer somente
quando sentimos fome.
A maioria (68,9%; n=31) dos voluntários possuíam a crença
de que realizar exercício em jejum pode até levar a redução de
peso com perda de massa muscular, ao passo que 31,1% (n=14)
responderam o exercício em jejum auxilia no emagrecimento
com redução da gordura corporal. Em relação ao ganho de massa
muscular, 71,1% (n=32) dos voluntários acreditavam que a prática
do jejum intermitente é incompatível com tal objetivo ao passo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 357

que 15,6% (n=7) creem ser possível principalmente dependo da


dieta e do exercício realizado (13,3%; n=6). Trabalhos científicos
recentes apresentam evidências de que é possível realizar jejum de
algumas horas e apresentar manutenção da massa corporal magra
(MEIRELLES E GOMES, 2016). Ademais, as diretrizes especiais
para atletas e desportistas do American College of Sports Medicine
(2016), colocam em discussão o padrão alimentar “Low Carb” e
Jejum intermitente, e trazem informações de que já existem estudos
indicando que esses padrões não são prejudiciais à saúde e que
não parecem afetar negativamente o desempenho dos desportistas
(ACSM, 2016).

Considerações Finais

A maioria dos desportistas do presente estudo julgou que


uma dieta hipolipídica fosse mais eficiente na redução da gordura
corporal do que a “Low Carb”, embora acreditassem que a “Low
Carb” também seja eficiente na perda e manutenção de peso e que
esse padrão também não é prejudicial à saúde. Embora desportistas
apresentaram receio quanto ao baixo consumo de carboidrato e
maior consumo de gordura, um bom número deles teve preferência,
em termos de sabor, por um desjejum, almoço/jantar e lanche por
uma combinação “Low Carb” e acreditavam que um desjejum e
almoço neste padrão possa trazer mais saciedade. Grande parte dos
desportistas ainda não conheciam a “Low Carb” e jejum intermitente.
Os benefícios dos padrões Low Carb e Jejum Intermitente precisam
de mais difundidos pelos profissionais de saúde como estratégias
benéficas e viáveis.

Referências Bibliográficas

AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE et al. Academy


of Nutrition and Dietetics, Dietitians of Canada. Position stand.
Nutrition and athletic performance.  Medicine and Science in
Sports and Exercise. 2016.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


358 ANAIS X SIMPAC

AMERICAN DIABETES ASSCIATION. “Standards of Medical


Care in Diabetes.” Diabetes Care. 2013.

MCKENZIE, A. L. et al. A Novel Intervention Including


Individualized Nutritional Recommendations Reduces Hemoglobin
A1c Level, Medication Use, and Weight in Type 2 Diabetes. Journal
of Medical Internet Research. 2017.

MEIRELLES, C; GOMES, P. S. C. Effects of Short-Term


Carbohydrate Restrictive and Conventional Hypoenergetic Diets
and Resistance Training on Strength Gains and Muscle Thickness. 
Journal of Sports Science & Medicine. 2016.

MIRMIRAN, P. et al. Low carbohydrate diet is associated


with reduced risk of metabolic syndrome in Tehranian adults.
International Journal of Food Sciences and Nutrition.
2007. Vol. 68 , Iss. 3.

SALEH, S. A. et al. Effects of Ramadan fasting on waist


circumference, blood pressure, lipid profile, and blood sugar on a
sample of healthy Kuwaiti men and women. Malaysian Journal
Nutrition. 2005.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 359

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE UM SOLO


RESIDUAL DE GNAISSE MADURO ESTABILIZADO COM
LAMA DE CAL

Danilo Segall Cesar1, Yann Freire Marques Costa2,


Eduardo Souza Candido3

Resumo: A estabilização de solos é o procedimento que visa a


melhoria e estabilidade das propriedades dos solos (resistência,
deformabilidade, permeabilidade, etc. A escolha por um tipo de
estabilização é influenciada pelo custo, sustentabilidade, finalidade
da obra, e em particular, pelas características dos materiais e
propriedades do solo que devem ser corrigidas. A presente pesquisa
experimental visou dar continuidade aos estudos recentemente
iniciados na UNIVIÇOSA, onde foi avaliada a aplicação dos resíduos
da indústria de papel e celulose na estabilização química de solos
da região de Viçosa. Foram realizados ensaios de granulometria,
limite de liquidez, limite de plasticidade e índice de plasticidade,
do solo em seu estado natural e estabilizado com diferentes teores de
lama de cal. O comportamento do solo se altera de acordo com o teor
de lama de cal adicionado a ele, porém, na determinação do limite
de plasticidade os valores pouco se alteraram na medida em que a
lama de cal foi adicionada. Na determinação dos limites de liquidez,
observou-se que o menor valor se deu para uma adição de 15%.
Portanto, neste ponto tem o menor valor do índice de plasticidade,
com isso, uma menor deformabilidade da mistura solo-lama de cal.

Palavras–chave: Caracterização geotécnica, celulose,


melhoramento, rejeito.

1
Graduado em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: danilosegall@hotmail.com;
2
Graduado em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: yann-marques@hotmail.com;
3
Professor do curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eduardo.candido@outlook.
com.br.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


360 ANAIS X SIMPAC

Introdução

No campo, quando o profissional encontra um solo de má


qualidade para o tipo de empreendimento a ser estabelecido,
são necessários mecanismos para a melhoria deste material,
melhorando os seus aspectos físicos (aumento de resistência
mecânica, permeabilidade, coesão) e químicos (Correção de pH). O
melhoramento e a estabilização do solo são empregados em diversas
obras de engenharia, como em base e sub-bases para pavimentos,
aterros, taludes e fundações (GUIMARÃES, 2002).
Atualmente, vários estudos estão sendo realizados com o
objetivo de encontrar aplicações para os rejeitos industriais, a fim
de amenizar o impacto ambiental causado pelo o seu descarte e
reduzindo os custos de produção, uma vez que um descarte regular
demanda local e transporte adequado para sua deposição, por
consequência elevando os custos do processo industrial.
Classificando os solos, tem-se os solos finos, que normalmente
apresentam baixo valor de ângulo de atrito, elevada deformabilidade
e baixa permeabilidade. Uma das alternativas de estabilização
química deste tipo de solo é a utilização da lama de cal, subproduto
da indústria de papel e celulose, obtida normalmente pelo processo
kraft – ciclo de recuperação química em seu processo de fabricação.
Portanto, o crescente uso da lama de cal na construção civil
é visto com bons olhos por alguns ambientalistas e profissionais
da área, já que pode ser um material importante na estabilização
de solos a fim de melhorar suas propriedades. Sendo assim, as
indústrias de papel e celulose vêm incentivando pesquisas a fim do
reaproveitamento de seus resíduos gerados durante o seu processo
produtivo, tais como a lama de cal, dregs e grits.
Objetivou-se através do presente estudo, avaliar a variação
dos limites de Atterberg em um solo fino estabilizado com diferentes
teores de lama de cal, analisando a caracterização geotécnica
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 361

(granulometria, limite de liquidez, limite de plasticidade e índice de


plasticidade) do solo fino em seu estado natural e estabilizado com
a lama de cal.

Materiais e Métodos

Foi utilizado um solo fino localizado nas proximidades da


Estação de Tratamento de Água (ETA) da Universidade Federal
de Viçosa (UFV), solo conhecido popularmente com “solo ETA”. O
solo ETA foi escolhido por ser um solo muito estudado na região de
Viçosa e por apresentar características importantes para avaliar as
reações envolvendo a lama de cal e os argilominerais presentes no
solo.
O solo foi colocado em uma superfície limpa para secagem
ao ar, sendo homogeneizada periodicamente. Em seguida, o solo
foi destorroado e peneirado na peneira de malha 4,8 mm. Após a
secagem ao ar, as amostras foram novamente acondicionadas em
embalagens plásticas.
A lama de cal utilizada foi cedida pela FIBRIA, uma empresa
brasileira, líder mundial na produção de celulose branqueada de
eucalipto.
Os ensaios descritos a seguir foram realizados a partir da
mistura solo-lama de cal em diferentes dosagens, sendo: 0%, 5%,
10%, 15%, 20% e 30% de lama de cal em relação à massa seca do
ETA.
A caracterização geotécnica será composta pelos seguintes
ensaios:
• Ensaio de Granulometria, segundo a metodologia
descrita pela ABNT NBR 7181: 1984;
• Ensaio para Determinação dos Limites de Atterberg:
Limites de Liquidez (ABNT NBR 6459: 1984) e
Plasticidade (ABNT NBR 7180: 1984);
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
362 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

A análise granulométrica do solo apresentou-se fração argila


elevada considerando-se as outras frações granulométricas, sendo
classificado de acordo com o Sistema Unificado de Classificação dos
Solos (SUCS), como um material do tipo CH (argila inorgânica de
alta compressibilidade) e a curva granulométrica do solo residual de
gnaisse maduro, composto por 61% de argila, 14,5% de silte e 24,5%
de areia.
Com a realização dos ensaios de Limites de Atterberg, foi obtido
uma série de resultados distintos, referente a cada teor de lama
de cal presente nas amostras analisadas. Como base nos valores
dos indicies encontrados foi possível montar gráficos referentes aos
ensaios realizados.
O Gráfico 1 apresenta a curva dos limites de liquidez para
as diferentes porcentagens de lama de cal na amostra de solo.
Analisando estes valores, observou-se que a adição do resíduo,
assim como a adição ou a elevação do teor de cal, conduzem a uma
diminuição do limite de liquidez, até certo ponto.
Como pode-se observar na curva, com a adição de teores do
rejeito, o solo passa a apresentar um menor teor de umidade, no
entanto, a partir de uma certa quantidade de lama de cal, isso já
não mais ocorre; pois passa a predominar apenas o comportamento
da lama de cal e não mais da mistura.
O teor ideal de lama de cal foi estimado como sendo o ponto mais
baixo da curva do gráfico na Figura 1(a), na qual a mistura de solo
com a lama de cal de 15% é a que mais se aproxima do menor teor
de umidade. Pode-se observar na Figura 1(b), que a adição de teor
de rejeito, o solo passa a apresentar uma pequena diminuição na
porcentagem do limite de plasticidade não tendo variações grande
na sua porcentagem a medida que o teor de lama de cal aumenta na
mistura da amostra.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 363

(a) (b)
Figura 1 – (a) Gráfico da reação do Limite de Liquidez para
a variação do teor de lama de cal no solo. (b) Gráfico da reação do
Limite de Plasticidade para a variação do teor de lama de cal no
solo.

Como o índice de plasticidade é resultado da subtração entre


o limite de liquides e o limite de plasticidade, e mesmo com os
diferentes teores de lama de cal nas misturas das amostras de solo,
o limite de plasticidade não mostrou nenhuma grande variação com
isso o índice de plasticidade ficou em função do limite de liquidez.
Sendo assim os índices de plasticidades observados resultaram
em uma curva, com a adição dos teores do rejeito, o solo passou a
apresentar um menor índice, no entanto, a partir da mistura de
15% de lama de cal no solo o índice não diminui mais e a partir
desta porcentagem voltou a aumentar (Figura 2).
Entretanto mesmo com a diminuição do índice de plasticidade
quando acrescentado uma porcentagem entorno de 15% de lama de
cal ao solo, a característica da amostra se mantem sendo um solo
muito plástico.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


364 ANAIS X SIMPAC

Figura 2 – Gráfico da reação do Índice de Plasticidade para a


variação do teor de lama de cal no solo.

Considerações Finais

Algumas conclusões foram obtidas a partir dos resultados


alcançados nos ensaios realizados com amostras do solo natural e
com diferentes porcentagens de lama de cal acrescentadas.
Pode-se observar que o comportamento do solo altera de acordo
com o teor de lama de cal adicionado a ele. Isso torna-se evidente ao
observar os resultados dos ensaios de limite de liquidez e de limite
de plasticidade. Contudo, o solo passa a ter um comportamento
contrário a partir da porcentagem ótima de mistura de lama de cal,
sendo assim, as propriedades predominantes da mistura passam a
ser basicamente as da lama de cal.
Na determinação do limite de plasticidade observa-se que os
valores pouco se alteraram na medida em que a lama de cal foi
adicionada, no entanto, nos ensaios para determinar os limites de
liquidez, observou-se que o menor valor se deu para uma adição
de 15%. Portanto, neste ponto se tem o menor valor do índice de
plasticidade. Indicando assim, que para o teor de 15% tem-se uma
menor deformabilidade da mistura solo-lama de cal.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 365

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).


NBR 6459: Solo – Determinação do limite de liquidez. Rio de
Janeiro, 1984.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).


NBR 7180: Solo – Determinação do limite de plasticidade.
Rio de Janeiro, 1984.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).


NBR 7181: Análise Granulométrica de Solos. Rio de Janeiro,
1986.

GUIMARÃES, J. E. P. A Cal. Fundamentos e Aplicações na


Engenharia Civil. 2. Ed. São Paulo: Pini, 2002.

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366 ANAIS X SIMPAC

A LUDICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA


COM SÍNDROME DE DOWN

David Martins Campos1, Maíla Rodrigues Teixeira2, Adriano de


Souza Alves3, Lidiana Pires4

Resumo: A Síndrome de Down (SD) é uma alteração genética do


cromossomo 21, tendo incidência de 1 caso a cada 750 nascidos vivos.
A educação de uma criança com SD pode vir a ser uma atividade
complexa, sendo necessário um trabalho diferenciado. Atividades
lúdicas permitem ao indivíduo aprender habilidades importantes do seu
cotidiano de maneira eficaz e divertida. Desta forma, foram realizados
nove encontros em uma turma da Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAE) de Viçosa- MG, sendo colocado em foco neste
trabalho o desenvolvimento de um aluno com SD do sexo masculino, 10
anos de idade com dificuldade de comunicação e aprendizagem. Essas
atividades eram lúdicas e compostas por conhecimentos necessários
para o cotidiano, sendo utilizada a massinha de modelar composta por
seis tipos de cores diferentes (amarelo, vermelho, azul, verde, branco,
rosa) até a quarta semana e da quinta semana a nona foi focado com
os alunos o aprendizado da forma geométricas “circulo”. O individuo
com SD se destacou por seu desenvolvimento ao longo dos encontros,
demonstrando melhorias em sua comunicação e aprendizado. Conclui-
se que a ludicidade do trabalho e sua repetição como forma de aumentar
as chances de abstração do que era ensinado ao longo dos encontros
semanais contribuiu para o desenvolvimento da comunicação e
aprendizado do indivíduo com SD.

Palavras–chave: Aprendizado, APAE, comunicação, massinha,


circulo
1
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: davidmartinscampos@gmail.com
2
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: ma.ilarodrigues21@gmail.com
3
Psicólogo. Mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal de Viçosa –MG. Docente no de curso
de psicologia da FAVIÇOSA/ UNIVIÇOSA. e-mail: adrianounivicosa@hotmail.com
4
Psicóloga. Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Inclusiva, Especial e Políticas de Inclusão.
e-mail:lidi22pires@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 367

Introdução

A Síndrome de Down (SD) caracteriza-se pela ocorrência de


uma desordem cromossômica, associada à trissomia do cromossomo
21. Havendo também casos raros onde ela pode ser originada por
mosaicismo somático ou pela translocação deste cromossomo. É uma
das alterações genéticas cromossômicas mais conhecidas, sendo
observada pela primeira vez pelo médico britânico John Langdon
Haydon Down no ano de 1866. Tendo incidência em torno de 1 caso
a cada 750 nascidos vivos (FERRAZ et al, 2010).
A educação da criança com SD é uma atividade complexa,
porém as habilidades intelectuais e as sociais destas são
maximizadas quando elas são criadas em um ambiente de apoio,
com estimulação adequada, sendo o lúdico um ótimo mediador para
a conquista destas habilidades (DAMASCENO et al, 2017). Neste
contexto, discentes do curso de psicologia acompanharam uma
turma de alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
(APAE), com o intuito de promover o desenvolvimento cognitivo das
crianças, o aspecto social e o interacional, utilizando-se do lúdico
como uma ferramenta de educação capaz de facilitar a motivação e
o aprender de qualquer criança sem exceção. O objetivo é relatar a
utilização de atividades lúdicas para um melhor desenvolvimento
de uma criança com SD do sexo masculino e com 10 anos de idade.

Material e Métodos

Trata-se de um relato de experiência, sobre as atividades


realizadas no Estagio Básico II, em que consistiu em visitas à
APAE, localizada no município de Viçosa- MG, durante o período
de agosto a outubro de 2017, havendo nove encontros. As atividades
foram realizadas com um grupo de seis crianças, com idade de 10
a 12 anos, sendo enfatizado o acompanhamento de uma destas que
tem a SD.
Essas atividades eram lúdicas e compostas por conhecimentos
necessários para o cotidiano, sendo utilizada a massinha de modelar
composta por seis tipos de cores diferentes (amarelo, vermelho,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


368 ANAIS X SIMPAC

azul, verde, branco, rosa) da primeira a quarta semana de encontro,


sendo dado apoio as crianças dizendo-lhes o que modelar em sua
massinha e levando imagens de animais e objetos para auxilia-los,
porém as crianças ficaram livres para imaginar e desenvolver o que
quisessem quando necessário.
Da quinta a nona semana de encontros foi focada com os alunos
o aprendizado da forma geométrica “circulo”. Para tal atividade
foi utilizado duas folhas por criança com um circulo grande e um
circulo pequeno em cada folha. Desta forma foi solicitado a cada
criança que colorisse os círculos com as cores que preferissem, sendo
fornecido a eles giz de cera das mais variadas cores, com o intuito
de ilustrar a elas de que o que estavam colorindo era uma forma
geométrica cujo o nome que a representa é “circulo”.
Buscou-se observar como eles iriam se portar em relação a
manipulação do giz de cera e da massinha (habilidades motoras),
observar suas habilidades finas, força, destreza, habilidades
cognitivas como, por exemplo, separar cores, reconhecer o circulo
e consequentemente o aprendizado das mais variadas questões
trabalhadas ao longo de todos os encontros.
Quando as atividades eram concluídas e o objetivo proposto
durante as atividades realizado com êxito, os estagiários forneciam
o reforço positivo através de atenção, elogios, dizendo-lhes
“parabéns”, “muito bem”, “continue assim”, entre outros com intuito
de dar reforços simples para demonstra-los que a compensação por
uma atividade bem sucedida pode ser dada de outras formas além
de brinquedos ou presentes. Foi observado o desenvolvimento do
individuo com SD em relação aos outros alunos e a ele próprio ao
começar as atividades e ao finalizá-la no fim do Estagio Básico II.

Resultados e Discussão

O indivíduo com SD em questão possui um transtorno


neurocognitivo maior concomitante com uma deficiência intelectual,
tendo afetado sua comunicação e aprendizagem (DSM V, 2014).
A escolha de relatar o desenvolvimento deste aluno partiu de seu
desempenho e desenvolvimento ao longo dos encontros realizados.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 369

Durante as atividades de modelar a massinha o indivíduo


moldou os mais diferentes animais (peixe, tubarão, leão, cachorro,
entre outros), objetos (carrinhos) e comidas (rosquinha, bolo e
sorvete). A cada encontro foram modelados mais e mais animais,
objetos e comidas diferentes, buscando sempre verbalizar aos
discentes de Psicologia o que estava fazendo com a massinha,
ajudando aos outros alunos e comunicando-se com todos, sendo
este último um grande desenvolvimento devido sua dificuldade de
comunicação e interação.
Já na atividade com as formas geométricas, o indivíduo
com SD demonstrou novamente ao colorir os círculos, um melhor
desempenho que os outros alunos ao longo dos encontros. O indivíduo
com SD apresentou compreender que o que estava colorindo era um
círculo e que havia um circulo maior e um circulo menor. Ou seja,
sua assimilação e discriminação de novos estímulos podem vir a
evoluir se bem conduzida e trabalhada de maneira lúdica com a
repetição do mesmo exercício até que se fixe o novo aprendizado,
medida necessária devida sua dificuldade no aprendizado citado
anteriormente (DAMASCENO et al, 2017).
Foi observado que com o decorrer dos encontros a criança
com SD apresentou crescente motivação e disponibilidade para
prestar atenção e participar das atividades propostas, ocorrendo
uma melhora significativa na eficácia da utilização de sua escuta,
da discriminação de estímulos, motricidade, fala e comportamentos
sociais, proporcionando o desenvolvimento de habilidades
cognitivo-comportamentais, ou seja, houve uma melhora em seu
desenvolvimento.

Conclusões

O trabalho lúdico ao ser realizado com qualquer indivíduo


proporciona em longo prazo um enorme desenvolvimento cognitivo
e motor, prova disto é a evolução não apenas do indivíduo com SD,
mas de todos os alunos trabalhados junto a ele ao longo do Estagio

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


370 ANAIS X SIMPAC

Básico II. Desta maneira espera-se que esse relato contribua como
base para novas pesquisas, estudos e aplicabilidade prática que
versem sobre o tema.

Referências Bibliográficas

American Psychiatric Association (USA). DSM-5. Porto Alegre:


Artmed, 2004.

FERRAZ, C. R. A; ARAÚJO, M. V; CARREIRO, L. R. R. Inclusão


de crianças com Síndrome de Down e paralisia cerebral no ensino
fundamental I: comparação dos relatos de mães e professores. Rev.
bras. educ. espec. [periódicos na Internet]. 2017 set-dez; [acesso
em 27 ago 2017]; 16(3):397-414. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382010000300006>.

DAMASCENO, B. C. E; LEANDRO, V. S. B; FANTACINI, R. A. F.


A importância do brincar para o desenvolvimento da criança com
Síndrome Down. Rev. Research, Society and Development
[periódicos na Internet]. 2017 fev; [acesso em 27 ago 2017];
4(2):142-152. Disponível em:< https://dialnet.unirioja.es/servlet/
articulo?codigo=6070044>.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 371

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM UM PROGRAMA


DE REABILITAÇÃO DO LCA EM ATLETAS DE ALTO
RENDIMENTO: REVISÃO DA LITERATURA

Déborah Gonzaga Duarte da Silva1, Andrês Valente Chiapeta2

Resumo: O presente artigo trata-se de um estudo sobre a eficácia


da intervenção fisioterapêutica em um programa de reabilitação
de ligamento cruzado anterior em atletas de alto rendimento, é
um tema importante no campo da Fisioterapia. Teve como objetivo
apresentar a eficácia da intervenção fisioterapêutica em um
programa de reabilitação de ligamento cruzado anterior em atletas
de alto rendimento. Para isso utilizou-se de uma pesquisa de revisão
bibliográfica valendo-se de artigos publicados entre 2006 e 2016.
Embora haja várias opiniões a respeito do protocolo de tratamento,
o protocolo mais acertado é aquele que considera as circunstâncias
de lesão e características do paciente, possibilitando uma rápida
recuperação de modo que o paciente volte às suas funções do mesmo
modo que exerciam antes da lesão ou até com desempenho superior,
conforme o desejo do atleta.

Palavras–chave: Atletas, Fisioterapia, Lesão, Ligamento cruzado


anterior

Introdução

Sabe-se que joelho por ser uma das maiores articulações do


corpo humano está sempre exposto a grandes cargas nos esportes
de alto rendimento. O joelho possui como formação as articulações
fêmorotibial e patelo-femoral, e têm ligamentos e meniscos que
auxiliam no processo de estabilização das articulações.
O ligamento cruzado anterior (LCA) é uma das mais
importantes estruturas do joelho, pois possui o papel de gerar
1
Acadêmica de Fisioterapia – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: deborahgddsilva@gmail.com
2
Docente do Curso de Fisioterapia – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: andrêschiapeta@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


372 ANAIS X SIMPAC

estabilidade ao mesmo. Ele está localizado na área intercondilar


anterior da tíbia, e se atém à parte posterior da face medial do
côndilo lateral do fêmur.
Santos apud Arliani, et. al. (2012), afirmam que é muito
freqüente a ruptura do LCA, uma das lesões ligamentares mais
comuns do joelho, e é bem comum sua ocorrência entre atletas que
praticam esportes coletivos por conta da instabilidade gerada pelo
contato com os adversários.
De acordo com Saragiotto et. al. (2014) lesões
musculoesqueléticas ocorrem com frequência nos atletas de elite e
diferem de acordo com o esporte praticado, sendo difícil identificar o
mecanismo exato que ocasionou a lesão, visto que a grande maioria
das afecções ocorrem por inúmeros fatores.
Saragiotto et. al. (2014) afirma que normalmente, as lesões
musculoesqueléticas tendem a ocorrer no momento em que há uma
sobrecarga das estruturas musculoesqueléticas acima da capacidade
do organismo dos atletas e demais indivíduos, em se adaptar ou se
regenerar.
A eficácia da intervenção fisioterapêutica em um programa
de reabilitação de ligamento cruzado anterior em atletas de alto
rendimento é um tema importante no campo da Fisioterapia,
visto que Saragiotto et. al. (2014) aponta que estudos
epidemiológicos efetivados em competições internacionais e jogos
olímpicos apresentam que as lesões nos atletas variam entre 10% e
65%, ocorrendo, com maior frequência, nos membros inferiores.
De acordo com Santos apud Arliani, et. al. (2012), é papel do
fisioterapeuta avaliar e organizar o planejamento do tratamento dos
pacientes que se submeteram a cirurgia de reconstrução do LCA, seja
no pré, como também no pós operatório, pois é de suma importância,
nesses casos de reabilitação, os conhecimentos e práticas aplicadas
pela fisioterapia.
Parreira apud Negrão (2002), afirmam que a fisioterapia
esportiva faz parte da Medicina Esportiva, tendo suas práticas e
métodos utilizados para a recuperação, cura e prevenção de lesões.
Segundo Rodrigues (1996), o trabalho da fisioterapia
desportiva torna-se essencial para a recuperação de atletas de alto

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 373

rendimento, visto que a recuperação dos mesmos deverá ser feita de


forma rápida e funcionalmente mais efetiva, para que o atleta possa
retornar a sua prática desportiva, e reaver o seu nível mais alto de
potência e amplitude para execução correta de seus movimentos.
Sendo assim, o presente estudo possui o objetivo de apresentar
a eficácia da intervenção fisioterapêutica em um programa de
reabilitação de ligamento cruzado anterior em atletas de alto
rendimento.

Material e Métodos

Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, realizada


no período de janeiro a abril de 2018, através de artigos acadêmicos
entre 2006 a 2016, buscados na base do Google Acadêmico, Scielo
e da biblioteca da FACISA/UNIVIÇOSA. Foram selecionados
artigos em língua portuguesa e inglesa que melhor respondessem
ao objetivo da pesquisa.

Resultados e Discussão

Segundo Pereira apud Pastre, et al. (2005), as lesões


desportivas são causadas por exercícios realizados de forma
exagerada, sem o devido preparo e desobedecendo a maneira correta
da atividade, subestimando-se os riscos para tais lesões.
Após lesionar o LCA, os cuidados iniciais devem ser
voltados para o sangramento que ocorre de forma inevitável dentro
da articulação, além de tentar conter o agravamento do processo
inflamatório comum a este tipo de lesão.
No passado, os médicos desportistas acreditavam que o
correto a se fazer após um atleta lesionar o LCA, era o manter em
completa imobilização, no entanto, nos dias atuais é sabido que a
mobilização precoce fornece benefícios para o atleta, promovendo
aumento de funcionalidade e qualidade de vida para o mesmo.
Entretanto, a movimentação precoce deve ser feita com
cautela e de maneira correta, visto que exercícios intensos podem
lesionar estruturas que estavam preservadas, ou mesmo, voltar a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


374 ANAIS X SIMPAC

lesionar uma região que já havia sofrido o processo de reparação.


Para diversos autores, o uso do protocolo acelerado tem
sido mais frequente para reabilitar o ligamento cruzado anterior
em atletas de alto rendimento, visto que de acordo com Santos apud
Pereira, et. al. (2012), os protocolos comuns possuem tempo médio
de duração de até 9 meses para que ocorra a liberação do paciente
às suas atividades normais ou prática de esportes.
Para Santos apud Fukuda, et. al. (2013), o uso destes
protocolos possibilita que haja uma descarga de peso e um ganho de
amplitude de movimento (ADM) com menos tempo que os demais.
Segundo Santos (2016) apud Krich et. al. (2015), ao
contrário dos demais protocolos, a fase de reabilitação no protocolo
acelerado começa no primeiro dia após a realização da cirurgia,
tendo como objetivos, a redução do quadro álgico, podendo utilizar
recursos eletrofototerápicos para atingir esta finalidade, a redução
do edema com o uso da crioterapia, exercícios isométricos de
quadríceps e isquiostibiais, com o intuito de fortalecer estes grupos
musculares sem a necessidade de aplicação de tensão indevida
sobre a articulação.
Sendo assim, realizar a reabilitação fazendo uso do protocolo
acelerado, atende aos anseios dos atletas, que visam retornar às
suas atividades o mais rápido possível, com o desempenho que
possuía anteriormente a lesão, ou até mesmo superior.
Para Myer et. al. (2006) os programas de reabilitação
atuais, se comparados aos protocolos anteriores, são mais intensos
e possibilitam a rápida liberação dos atletas para as atividades
esportivas em até oito semanas após a realização da cirurgia.
Antes de dar continuidade aos avanços do tratamento
da lesão de LCA, deve-se realizar uma avaliação de cada área
envolvida, e então atinar se alguma região especifica necessita de
cuidados especiais para dar sequência à reabilitação.
Há variações de opinião entre as práticas fisioterápicas de
reabilitação referentes ao protocolo de reabilitação pós-operatório
do Ligamento Cruzado Anterior, porém os princípios comuns que
devem ser observados são: mobilização e apoio, técnicas de controle
de edema, precoces, preservar o enxerto de estresses, como, por

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 375

exemplo, não fazer exercícios em Cadeia Cinética Aberta (CCA),


reforçar, de modo precoce, através de exercícios, o grupo muscular
isquiostibiais para conduzir à estabilização dinâmica e reduzir a
tensão, inserir exercícios em Cadeia Cinética Fechada (CCF), de
modo precoce fortalecer o quadríceps e realizar treino proprioceptivo.

Considerações Finais

Baseado nos dados obtidos pode-se concluir que a


intervenção fisioterapêutica em um programa de reabilitação do
ligamento cruzado anterior exerce um efeito significativo para
atletas de alto rendimento, proporcionando a diminuição da dor,
a restauração da amplitude de movimento funcional, da força
muscular e propriocepção, reduzindo os espasmos, além da melhora
na cicatrização dos tecidos, tendo como um dos principais alvos o
trabalho preventivo, com o intuito de minimizar a probabilidade
das ocorrências das lesões, e logo, proporcionar uma melhoria da
performance atlética.

Referências Bibliográficas

MYER, G. D. et al. Rehabilitation after anterior cruciate ligament


reconstruction: criteria-based progression through the return-
to-sport phase. Journal of Orthopaedic & Sports Physical
Therapy, v. 36, n. 6, p. 385-402, 2006.

PARREIRA, C. A. Tratamento Fisioterápico e Prevenção das Lesões


Desportivas. I ENCONTRO DE EXTENSÃO DA UNIFIL, 29 A 31
DE OUTUBRO DE 2007.

PEREIRA, R. P. Lesões dos Esportes suas Causas e Mecanismos:


Uma Revisão Bibliográfica. Artigo apresentado como Trabalho de
Conclusão de Curso em Especialização em Ciência do Treinamento
Desportivo do Departamento de Educação Física da Universidade

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


376 ANAIS X SIMPAC

Federal do Paraná. Orientador Prof. Julimar Luiz Pereira, Curitiba,


2014.

RODRIGUES, A. Lesões músculo-esqueléticas nos e Esportes.


São José do Rio Preto: CEFESPAR, 1996.

SANTOS, T.H. M. Protocolos de Tratamento Fisioterapêutico no


Pós-Operatório de Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior
em Atletas Profissionais. Revista Científica FacMais, Volume. VII,
Número 3. Ano 2016/2º Semestre. ISSN 2238-8427. Artigo recebido
dia 13 de junho de 2016.

SARAGIOTTO, B. T.; DI PIERRO, C; LOPES, A.D. Fatores de


risco e prevenção de lesões em atletas de elite: estudo descritivo
da opinião de fisioterapeutas, médicos e treinadores. Revista
Brasileira de Fisioterapia, vol. 18, núm. 2, março-abril, 2014, pp.
137-143.Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em
Fisioterapia. São Carlos, Brasil.

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ANAIS X SIMPAC 377

SEPARAÇÃO DE PODERES: UMA ANÁLISE CRÍTICA DO


EXCESSO DE EDIÇÃO DE MEDIDAS PROVISÓRIAS 
 
Diele Almeida Teixeira1, Renata Silva Gomes2
  
 
Resumo: Este trabalho possui como objetivo retratar de forma crítica
a separação das competências dos poderes, haja vista a usurpação
de uma função típica do poder legislativo. Destarte, avalia-se o
número de medidas provisórias expedidas em face da insuficiência
do ente legislativo. Comina-se, inclusive, a tripartição de poderes,
ora elencados na Constituição Constituinte Originária, e seus
precedentes históricos, com o fito de resgatar os conceitos e adornos
atribuídos a Excelentíssima ficção Estatal,  no  contexto sociológico
e filosófico da atribuição de poderes ao Estado. Demonstra-se o
ínfimo exercício da competência típica do poder legiferante, oriunda
do excesso na edição de Medidas Provisórias, a posteriore, expor a
inconstitucionalidade na usurpação de competências e a perda de
legitimidade na produção normativa feita pelo Poder Executivo, em
virtude da insegurança jurídica ora gerada. 
 
  Palavras–chave: Competência atípica, contrato social, função
típica, segurança jurídica, tripartição dos poderes.

Introdução

Das primeiras e insipientes relações sociais criaram-se a


necessidade de regularizar as relações entre os indivíduos. Neste
prisma, nota-se a que é antiga a intervenção estatal nas interações
dos seres humanos, cuja finalidade de cada ente encontra-se descrita
na Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988.
1
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: dielealmeida97@hotmail.com  
2
Doutoranda e Mestre em Teoria do Direito pela PUC MINAS, Professora da  FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA. E-mail renatagomesegomes@gmail.com 

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378 ANAIS X SIMPAC

Consoante a isto, há de se fazer menção ao desvio de competência do


poder executivo, haja vista a exacerbação de sua função excepcional
legiferante. No tocante a uma falha tentativa de suprir um déficit
do Poder Legislativo, cuja atribuição, primordial, é legislar.
O sistema de separação de poderes da República Federativa
do Brasil apresenta-se legalizado em sua constituição, bem como
nas delegações e avocações prescritas em leis, da qual discrimina
os poderes competentes a cada órgão e entidade, sendo estas da
administração direta ou indireta.  Diante do exposto, observa-se
a relevância da cordialidade existente entre os seres humanos,
refletindo a necessidade do desenvolvimento da racionalidade, a fim
de regulamentar a convivência entre os indivíduos.
Nota-se a falta de eficácia das normas, elencadas na legislação,
tendo em vista a desleal aplicação de uma teoria contemplada pela
utopia, pois o que lhe é apresentado na academia de direito não
vincula na prática. Assim, percebe-se a discrepância entre o real e
o formal. Destaca-se, assim, o desrespeito a direitos fundamentais
elencados na Constituição e na Declaração de Direitos do Homem e
do Cidadão.
Diante disso, tratou-se inicialmente da Evolução histórica da
separação dos poderes, seus principais expoentes e a sua influência
na organização institucional desses poderes nos dias atuais.
Posteriormente, fez-se uma análise da forma como esses poderes
se organizam no Brasil. Nesse caminhar, será feito o estudo de
campo que determinará a relação existente entre os governos e o
número de Medidas Provisórias expedidas por seus presidentes.
Posteriormente, se trabalhará a análise desses dados de forma
crítica estabelecendo a sua relação com a separação dos poderes
estabelecida nas democracias. 
Ante a análise, a posteriore, perceber-se-á que o poder
excêntrico do Executivo vem sendo utilizado de forma irracional,
infringindo a superioridade do texto legal, no tocante ao desrespeito
a atribuição das competências, especialmente em relação ao excesso
na edição de Medidas Provisórias pelo poder executivo. Em virtude

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 379

disto criou-se a emenda constitucional n° 32, a qual limitou a


matéria das medidas provisórias, haja vista o número excessivo de
criação de normas fruto do Poder Executivo.
Material e Métodos

A pesquisa dar-se de forma jurídico-sociológica, em virtude


da análise dos números de Medidas Provisórias editadas pós-
Constituição de 1988 e a abordagem é jurídico-compreensiva dado
que se utiliza uma análise histórica da separação de poderes para
embasar a crítica e o exame desses dados acerca das Medidas
Provisórias. Insta-se destacar, quanto ao procedimento utilizado
na coleta de dados a pesquisa será fruto da pesquisa documental,
pois se utiliza de fontes primárias e secundárias de intensificação
dos estudos, tais como: livros, artigos, publicações parlamentares,
publicações administrativas, documentos jurídicos. 
Resultados e Discussão

O ser humano é um integrante do seio social, para John


Locke, o “homem é o lobo do próprio homem” (DIAS, 2010, p.67).
Assim, frisa-se a essência do ser, cuja característica está pautada
em crueldade, consisti este em um indivíduo áspero, de cultura
individualista, incapacitado em viver de forma harmônica com os
demais seres humanos, sem a devida regularização. A situação
descrita caracteriza uma das causas das atribuições a um ser fictício
para a regulamentação da convivência social. Em “Do contrato
social” de Jean-Jacques Rousseau, destaca-se que o contrato retrata
acerca da submissão da sociedade perante a um soberano legitimado,
sendo que “cada um de nós põe em comum sua pessoa e toda a sua
autoridade, sob o supremo comando da vontade geral, e recebemos
em conjunto cada parte indivisível do todo” (ROUSSEAU, 2015,
p.22).
A Constituição Federal da República Federativa do Brasil
faz menção à função vinculada dos poderes Legislativo, Executivo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


380 ANAIS X SIMPAC

e Judiciário, cuja atribuição de competência apresenta-se restrita


a previsão legal, da qual autoriza ou permite a realização de suas
determinadas matérias pertinentes ao seu cargo. O Poder Legislativo
possui como competência típica a produção de normas, com o fito de
regulamentar a lide da sociedade; a fiscalização, bem como controlar
o poder executivo. Contudo, o mesmo desempenha outras funções
atípicas, tais como: julgar crimes de responsabilidade e executar o
controle dos funcionários acerca das férias e licenças.
Em que pese à função primordial do executivo, a priore, esta está
pautada na execução das normas. Insta salientar as competências
subsidiárias, quais sejam: a elaboração de medidas provisórias de
caráter urgente, inclusive julgar processos disciplinares de cunho
administrativo. No tocante ao judiciário, este possui o adereço de
aplicar as normas ao coso concreto, a fim de proporcionar aos cidadãos
preservação de princípios fundamentais, como os norteadores do
processo legal, a dignidade da pessoa humana. Ademais, o mesmo
regulamenta o seu próprio regimento interno, caracterizando como
uma capacidade complementar.
Ante o exposto, pode-se verificar a anomalia existente, pois, é
necessário frisar, que há um desvio da competência dos denominados
acima, tendo em vista que compete ao legislativo uma função
natural, da qual está sendo exercida pelo poder executivo, com a
criação de medidas provisórias, em virtude da inércia do legislador.
O judiciário e o Congresso Nacional permaneceram inertes
defronte o irrefutável desvirtuamento do texto constitucional,
pois os Requisitos impostos pela Carta Magna freqüentemente
(sic) se mostravam ausentes, sendo descabida a adoção dessa
medida emergencial. (ARAÚJO, 2003, p.2)

Destaca-se a inércia do poder legislativo ao fazer menção a


inexistência de legislação específica, que regulamenta o direito
de greve dos agentes públicos, uma vez que é utilizada a lei dos
servidores privados para suprir uma inexistência da atuação
legiferante do poder legislativo.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 381

A legislação pátria, em seu art.84, da Constituição da


República, informa o múnus do Poder Executivo, cuja função
de legiferar encontra-se regulamentada no art.62 do referido
texto constitucional. Corrobora que tal iniciativa possui caráter
excepcional, uma vez que tal norma deve ser criada em caso
de relevância e urgência, pois tal adereço é subsidiaria a função
administrativa.  Assim, conforme o poder executivo avoca a típica
função do legislador, o mesmo estará compreendendo em sua figura
a majoração das atribuições ao seu ser. Concomitante, verifica-se
a ofensa à separação dos poderes, cuja tal atribuição está elencada
na Constituição Federal da República Federativa do Brasil, em sua
norma pétrea, bem como ao princípio estruturante do estado de
direito. Depreende-se o seguinte trecho:
A separação dos poderes, a exemplo dos demais princípios
estruturantes do Estado de direito, apresenta-se como
mecanismo imprescindível à garantia do exercício
moderado do poder à conseqüente (sic) contenção do
totalitarismo (grifo nosso). De modo semelhante às múltiplas
vertentes que pode assumir, todas de indiscutível importância
na organização do Estado, são igualmente múltiplas as
classificações que pode receber. (GARCIA, 2008, p.51)

Cientifica-se o número exacerbado de medidas provisórias


publicadas por governo: José Sarney de Araújo Costa 147; Fernando
Affonso Collor de Melo 160; Itamar Augusto Cautiero Franco 550;
Fernando Henrique Cardoso em primeiro mandato a quantia de
2.609, no segundo mandato 2.791; Luiz Inácio Lula da Silva em
primeiro mandato 240, no segundo 63.
Em face desses dados assustadores ressalta-se a importância
da criação da emenda constitucional n° 32, cuja disciplina esta
pautada em reduzir a autuação atípica do poder executivo. Ademais,
ressalta, que antes da criação da referida emenda, a atividade
legislativa do executivo não dependia de avaliação do poder
legislativo. Após a sua criação, em 2006, foram aprovadas cento e
setenta e oito leis, sendo que, somente, quarenta e duas eram de

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382 ANAIS X SIMPAC

iniciativa dos deputados e senadores. (TAVARES FILHO, 2008). A


posteriore, em 2007, permanecia a soberania do poder executivo em
legislar em face dos senadores e Deputados, mesmo com a edição da
mencionada norma.
Considerações Finais

Contudo, reitera o fato de que a Constituição Federal de


1988 vem sendo alvo de dano, uma vez que as normas acerca da
regulamentação dos poderes são expressamente violadas, pois o
Poder Executivo está agindo como se fosse sua a função legiferante.
A permissividade está, dessa forma, engajada em uma instabilidade
jurídica, tendo em vista que a tripartição dos poderes é violada
ordinariamente por uma usurpação de poderes.
Ante o exposto, observa-se que o fato do executivo avocar de
forma substancial a competência legiferante incidirá em um pseudo
governo autoritário, tendo em vista a concentração majorada do
poder a um ente. Dessa maneira, haverá dois entes independentes
e harmônicos, o Poder Judiciário e o Poder Executivo. Ademais,
relata-se que essa situação gera uma insegurança jurídica, pois
tal medida deve ser aplicada para evitar o periculum in mora do
projeto de lei do Congresso Nacional. Inclusive o fumus bonis uiris,
caracterizando indícios de um suposto direito existente, no entanto,
o mesmo não está regulamentado em uma legislação própria, fruto
da inócua atuação veemente do Legislativo.
Perante o exposto, nota-se a insuficiência da norma vigente,
cuja finalidade estava direcionada a uma esdrúxula tentativa de
retardar o funcionalismo do poder executivo em legislar, haja vista
a inocorrência da atuação dos Deputados e Senadores, após emenda
constitucional n° 32.

Referências Bibliográficas
ARAÚJO, R. A. M.  A insegurança jurídica das medidas
provisórias. Migalhas, 2003. Disponível em: < http://www.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 383

migalhas.com.br/dePeso/16,MI2842,91041-A+inseguranca+juridica
+das+Medidas+Provisorias>. Acesso em: 26 de fev. de 2018.

DIAS, R. Ciência política. 1. Ed. 2. Reimp. São Paulo: Atlas, 2010,


272 p.

GARCIA, Emerson. PRINCIPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES:


os órgãos jurisdicionais e a concreção dos direitos sócias. Revista
jurídica do Ministério Público do estado de Minas Gerais, Belo
Horizonte,10, 2008.

QUINTANEIRO, T; OLIVEIRA BARBOSA, M. L; OLIVEIRA, M.


G. M. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim, Weber. 2. ed.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003, 152 p.

ROUSSEAU, J. J. Do Contrato Social. 2. ed. São Paulo: Edijur,


2015, 154 p.

TAVARES FILHO, N.  Excesso na edição de medidas


provisórias. Brasília: Biblioteca digital da Câmara, 2008, 19 p.

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384 ANAIS X SIMPAC

ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E POR ATO


QUE IMPLIQUE INELEGIBILIDADE –CNCIAI 
 
Diele Almeida Teixeira , Douglas Luis de Oliveira2 
1

 
Resumo: Este artigo está pautado na eficácia da lei 8.429/92- Lei
de improbidade administrativa. Destaca-se os princípios basilares
da referida norma infraconstitucional, com nuances acerca da
exatidão de julgados em relação ao tema. Frisa-se o quantitativo
disponibilizado pelos órgãos governamentais em relação ao
percentual estimado por ano, tendo como termo inicial e ad
quem, respectivamente, o ano de 2008 e 2018. Ademais, informa-se
o equivalente anual do valor do ressarcimento integral do dano; do
valor monetário da perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente
ao patrimônio; bem como ao pagamento de multa por ano. Observa-
se a evolução histórica, cuja finalidade está pautada em demonstrar
a ocorrência dos Tribunais Regionais e Tribunais de Justiça ente
em um lapso temporal do ano de 2008 até 2018, a fim de demonstrar
sua representação neste contexto. Neste caminhar, há de se fazer
menção as consequências do ato ímprobo, cujo meio coercitivo
implica na Inelegibilidade. 

Palavra-chave:
enriquecimento ilícito, improbidade, inelegibilidade, princípios da
administração pública 

 
Introdução 

Este trabalho se pauta em uma análise da lei de improbidade


administrativa, concomitante com a legislação eleitoral, uma
vez que expõe os casos de inelegibilidade por ato ímprobo. Far-
se-á menção a Constituição Federal da República Federativa do
1
Graduanda em Direito– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: dielealmeida97@hotmail.com 
2
Mestre, Professor da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, disciplina Direito Administrativo.
E-mail douglas@univicosa.com.br 

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 385

Brasil de 1988, haja vista o caráter excepcional do meio coercitivo


da mesma. Neste caminhar, ao solidificar seus conceitos, relata-se
o quantitativo atualizado, compreendendo os Tribunais da esfera
estadual e federal. 
Destaca-se a relação surreal da  disparidade  da  ocorrência
registrada de atos de improbidade administrativa  das
esferas  judiciárias.  A posteriore,  analisa-se  no âmbito federal e
Estadual acerca dos quantitativos disponibilizados pelo Conselho
Nacional de Justiça. Ante o exposto, elucida-se a representação
gráfica dos referidos dados supramencionados. 
Elucida-se o valor monetário arrecado que são frutos da medida de
coibir atos incompatíveis com uma administração proba, uma vez que
a lei de improbidade administrativa faz menção a penalidades, quais
sejam: ressarcimento integral ao erário público, pagamento de multa,
e a perda de bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
em um lapso temporal de 2008 até 2018.  Corrobora-se a questão
do animus do agente, isto é, o dolo ou a culpa na prática do ato de
encontro com os princípios administrativos, como um requisito para
a configuração de conduta tipificada pela referida norma.  
Relata-se o processo de improbidade administrativa, com suas
peculiaridades,  expõe-se  toda a análise feita para proferir uma
sentença perfeita, valida e eficaz, no âmbito administrativo. Faz-se
ressalva aos elementos objetivos e subjetivos da referida ação. No
que tange a ínfima possibilidade de recorrer ao Judiciário, salienta-
se o princípio da autoexecutadoriedade, bem como da jurisdição una,
denominado, também, como sistema inglês, cuja influência pauta-
se na inafastabilidade  da  avaliação do  Judiciário,  todavia,  faz-
se ressalva que este procedimento apresenta-se subsidiário a decisão
da autoridade. 
O trabalho busca descrever, inclusive, a eficácia da lei
9834/92, de improbidade administrativa, inclusive informa os
princípios basilares para a criação da norma infraconstitucional,
com nuances acerca da exatidão de julgados em relação ao tema,
dos quais implicaram a sua inelegibilidade. Frisa-se o quantitativo
disponibilizado pelos órgãos governamentais em relação ao
percentual estimado por ano, tendo como início a data da vigência

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


386 ANAIS X SIMPAC

do referido texto infralegal.  Observar-se-á a evolução histórica, cuja


finalidade estará pautada em elucidar a ocorrência de cada ente em
um lapso temporal de 2008 a 2018. 

Material e Métodos 

A pesquisa trata-se da forma jurídico-sociológica, em virtude


da análise dos quantitativos disponibilizados pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), da  Lei  Improbidade Administrativa.
A abordagem é jurídico-compreensiva dado que faz menção a uma
análise histórica do período compreendido de 2008 a 2018. Insta-
se destacar, quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados
a pesquisa será fruto da pesquisa documental, pois se utilizará
de fontes primárias e secundárias de intensificação dos estudos,
tais como: livros, artigos, publicações parlamentares, publicações
administrativas, documentos jurídicos.

Resultados e Discussão

A legislação de improbidade administrativa rege-se pelos


princípios da moralidade,  probidade, legalidade  (Di Pietro, 2010,
p.879). No entanto, tais princípios tiveram maior vigor com a
criação da lei 8.429/92, Lei de Improbidade Administrativa, tendo
em vista o número alarmante de condutas de encontro com a boa
administração.  
A  improbidade administrativa, como ato ilícito, vem
sendo prevista no direito positivo brasileiro desde longa
data, para agentes políticos, enquadrando-se como crime de
responsabilidade. Para servidores públicos em geral, a legislação
não falava em improbidade, mas já denotava preocupação com
o combate à corrupção, ao falar em enriquecimento ilícito
no exercício do cargo ou função, que sujeitava o agente ao
sequestro e perda de bens em favor da Fazenda Pública. (Di
Pietro, 2010, p.879) 

Inclusive, assevera-se a função desses princípios está pautada

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 387

em frisar que os agentes públicos devem agir de maneira proba, agir


conforme aos atos a estes impostos por disposição legal, inclusive
sem utilizar da sua função ou cargo para acrescer a si ou a outrem.
Assim, observa-se que o conceito de moralidade não deve ser reduzido
a mero conceito empírico, conforme leciona Fernanda Marinela: 
O principio da moralidade não se confunde com a moralidade
comum. Enquanto a última preocupa-se coma distinção entre
o bem e o mal, a primeira é composta não só por correção
de atitudes, mas também por regras de boa administração,
pela ideia de função administrativa, interesse do povo (grifos
nossos), de bem comum. Moralidade administrativa está
interligada ao conceito de bom administrador. (MARINELA,
2016, p.78) 

Salienta-se que esta visão já fora parte de discursos de


Aristóteles, haja vista seu posicionamento nesta questão.  O
conhecimento aristotélico apresenta-se embasado no adorno
atribuído a um ente fictício, o Estado, o dever de regular as
condutas dos indivíduos, visando o bem comum  (Aristóteles).  Em
´´Do contrato social``, de Jean-Jacques Rousseau, este relata que
os seres humanos atribuíram a um ente o  dever de regular suas
condutas. 
Concomitante a isto, salienta-se o princípio da indisponibilidade
do interesse público. Assevera-se que os atos dos agentes públicos
devem ser regidos pela legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência, com fulcro na norma do art.37, da
Constituição Federal. Vale destacar  a definição de agente público
como todo aquele que exerce qualquer forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades da
administração  direta; bem como  de empresa incorporada ao
patrimônio público ou entidade, cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com 50% do patrimônio ou receita federal,
para efeitos da lei nº 8429/92, com fulcro o art. 2° e caput do art.1°: 
Informa que a legislação é aplicável aquém induziu ou
concorreu para a prática do ato ímprobo, ainda que este não seja no
momento da ação um agente público, ou se o mesmo obteve beneficio,

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388 ANAIS X SIMPAC

conforme a norma do art. 3° da referida lei. Dessa forma, destaca o


enunciativo n°558 da VI jornada de Direito civil. 
São solidariamente responsáveis pela reparação civil,
juntamente com os agentes públicos que praticaram atos de
improbidade administrativa, as pessoas, inclusive as jurídicas
que para eles concorreram ou deles se beneficiaram direta ou
indiretamente. 

A lei completar n°64/90, de inelegibilidade, estabelece em


seu art.1°, inciso I, alínea l (acrescentada pela Lei Complementar
n°135/10), a suspensão dos direitos políticos, no tocante ao fato do
ato doloso, de improbidade administrativa, lesionar o erário público,
bem como enriquecimento ilícito. Ademais, ressalta-se que compete à
Justiça Eleitoral: conhecer e decidir as arguições de inelegibilidade,
das quais podem ser feitas perante Superior Tribunal Eleitoral; os
Tribunais Regionais Eleitorais; e por fim, aos Juízes Eleitorais, com
suas peculiaridades. 
  Feita a ínfima análise da lei de improbidade, há de se
salientar os casos com trânsito em julgados da esfera  federal.
Percebe-se o aumento significativo dos casos relatados de
improbidade administrativa, dos quais  tiveram como resultado  a
inelegibilidade,  com nuances mais veementes para o Tribunal
Regional da 1° e 2° Região. Observa-se o gráfico abaixo, conforme os
dados anuais disponibilizados pelo Conselho Nacional de Justiça: 

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ANAIS X SIMPAC 389

Nota-se que entre 2008 a 2017, houve um aumento exorbitante


da incidência de demandas, cuja resolução do mérito ocasionou
a inelegibilidade, insta-se destacar a desconformidade o termo
inicial e final, expostas no gráfico em tela. Em 2008 o montante
era inexistente, em contrapartida em 2017 os valores chegam a
Trezentos e trinta e quatro, apenas no Tribunal Regional da 1°
região. 

Considerações Finais

Ante a sucinta explanação do caso em tela, nota-se a


autuação  veemente dos exorbitantes dados ora disponibilizados
pelo CNJ.  Ressalta-se  o número exacerbado de atos  viciados, em
virtude da ausência da boa fé, impessoalidade em cumprirem suas
obrigações com decoro e boa-fé, inclusive as sanções das quais são
aplicadas em vista dos atos de reprovabilidade. 
O que assevera a incógnita do poder legislativo em coibir os
atos, cujo adorno está pautado em afastar atos repudiados pela
esfera social. A piore, tem-se a idéia que a positivação dos princípios
acarretaria a diminuição das demandas referentes a conduta
incabível  na esfera da administração, no entanto, este ideal não se
evidencia no mundo concreto. 
Ante a esta expectativa ilusória, há de se analisar o seu teor,
cumulativamente, a subsunção da norma ao fato, em um ideal
hermenêutico, pois no contexto pelo qual a norma foi criada não lhe
é  surpreendente  sua falha. Inclusive as demais demonstrações
exatas de sua eficácia, em um sentido de coibir a pratica do ato
delituoso.  

Referências Bibliográficas

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA.  Cadastro Nacional de


Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa
e Inelegibilidade Conselho Nacional de Justiça – CNJ.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


390 ANAIS X SIMPAC

Disponível em:<.http://www.cnj.jus.br/improbidade_adm/
relatorioQuantitativoCondenacoes.php>. Acesso em: 31 de mar
2018. 

DI PIETRO, M. S. Direito administrativo. 25.  ed.  São Paulo:


Editora Atlas, 2012, p. 879-906. 

_____  Dolo ou culpa como requisitos essenciais para a


configuração da improbidade administrativa.  Migalhas,  18
de outubro de 2010.  Disponível  em:<http://www.migalhas.com.br/
Quentes/17,MI119287,51045-Dolo+ou+culpa+como+requisitos+ess
enciais+para+a+configuracao+da> Acesso em:31 de março 2018 

MARINELA, Fernanda. Direito administrativo. 10.  ed.  São


Paulo: Saraiva, 2016, p.63-82. 

ROUSSEAU, Jean Jacques. Do Contrato Social. 2. ed. São


Paulo: Edijur, 2015, 154 p. 

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Cadastro Nacional de


Condenações  Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa
e Inelegibilidade Conselho Nacional de Justiça  – CNJ.
Disponível em:<.http://www.cnj.jus.br/improbidade_adm/
relatorioQuantitativoCondenacoes.php>. Acesso em: 31 de mar
2018. 

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 391

INFLUÊNCIA DO USO DO FLURALANER SOBRE


PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E BIOQUÍMICOS
EM CÃES

Diógenes Gama Lacerda1, João Paulo Machado2

Resumo: O uso do fluralaner tem gerado debates pelo fato de


alguns proprietários e até Médicos Veterinários acusarem o fármaco
de supostamente causar efeitos adversos e intoxicações em seus cães
e, em alguns casos, até mesmo a morte. O objetivo deste trabalho
foi investigar possíveis alterações hematológicas e bioquímicas
séricas relacionadas ao uso do fluralaner em cães adultos e sem
raça definida. Foram utilizadas amostras sanguíneas de seis cães
provenientes do canil da Univiçosa. As coletas foram realizadas
antes do tratamento (dia 0) com fluralaner e aos 30, 60, 90 e 120
dias após a administração do medicamento. Apesar de alguns
parâmetros avaliados demonstrarem variações estatísticas, o
fluralaner não foi capaz de causar alterações graves e duradouras
em tais parâmetros. Estudos com um número maior de animais e
com avaliações periódicas ainda devem ser continuados.

Palavras–chave: Bravecto®, controle de ectoparasitos,


hematologia, reações adversas

Introdução

O controle de pulgas e carrapatos possui grande importância


na clínica médica de cães e gatos, uma vez que os distúrbios de pele
provocados pelas pulgas representam o problema mais frequente
na prática dermatológica veterinária (RAMSEY, 2010). A maior
importância dos carrapatos diz respeito ao grande número e à
variedade de doenças microbianas que eles transmitem aos animais
domésticos (BOWMAN, 2010).
1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: diogenes_gamalacerda@
yahoo.com
2
Professor do Curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jp@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


392 ANAIS X SIMPAC

Nas últimas décadas houve uma mudança drástica no controle


das pulgas devido à introdução no mercado de diversos produtos
formulados para administração mensal em cães e gatos (BOWMAN,
2010). Em 2014, a MSD Saúde Animal lançou no Brasil o fluralaner
(Bravecto®), primeiro comprimido mastigável com dupla ação
parasiticida (pulicida e carrapaticida) (MSD Saúde Animal,
2014). O fluralaner pertence a uma nova classe de compostos com
atividade antiparasitária, as isoxazolinas. Esses compostos têm
atividade contra o ácido γ-aminobutírico (GABA) e canais de cloro
ativados por glutamato com seletividade significativamente maior
pelos neurônios do inseto do que sobre os neurônios de mamíferos
(WALTHER et al., 2014).
Recentemente, o uso do fluralaner tem gerado debates pelo
fato de alguns proprietários e até Médicos Veterinários acusarem
o fármaco de supostamente causar efeitos adversos e intoxicações
em seus cães e, em alguns, até mesmo a morte. O fato de se tratar
de uma nova molécula e, portanto, não haver total conhecimento
sobre possíveis efeitos adversos e suas contraindicações, reforça as
suspeitas sobre a segurança do fluralaner, apesar de não haver até o
momento evidências concretas que possam comprovar a ocorrência
de toxicoses relacionadas ao uso desse medicamento.
O objetivo deste trabalho foi investigar possíveis alterações
hematológicas e bioquímicas séricas relacionadas ao uso do
fluralaner em cães adultos sem raça definida.

Material e Métodos

Este trabalho foi executado após avaliação e aprovação pelo


Comitê de Ética em Pesquisa com o Uso de Animais (CEPEUA)
da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa – FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA (Protocolo Nº 007/2017-I).
Foram utilizadas amostras sanguíneas de seis cães,
provenientes do Canil do Hospital Veterinário da Univiçosa, sem
raça definida, adultos, de ambos os sexos e de diferentes faixas de
peso.
Foi realizada coleta sanguínea anteriormente à administração

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 393

do fluralaner, caracterizando-se como dia zero (D0), seguida de


coletas aos 30 (D30), 60 (D60), 90 (D90) e 120 (D120) dias após a
administração. As coletas foram feitas por meio de punção venosa,
utilizando seringa de 5,0 mL e agulha hipodérmica 25x7 (25 mm de
comprimento x 0,7 mm de diâmetro). A veia de eleição para coleta
sanguínea variou entre veia cefálica, veia jugular externa e veia
safena lateral. O sangue coletado foi armazenado em tubos com
anticoagulante EDTA para realização de hemograma e em tubos
sem anticoagulante para realização do perfil bioquímico sérico. As
amostras foram imediatamente processadas após a coleta.
Imediatamente após ser realizada a primeira coleta sanguínea,
foi feita a administração de um comprimido de fluralaner, por via
oral, a cada um dos animais, seguindo as dosagens recomendadas
de acordo com o peso.
Os parâmetros hematológicos avaliados no hemograma foram
os seguintes: hematimetria, hemoglobina, hematócrito, proteína
plasmática total (parte do hemograma da rotina do Hospital
Veterinário da Univiçosa), VGM (volume globular médio), HGM
(hemoglobina globular média), CHGM (concentração hemoglobínica
globular média), plaquetas e leucócitos (contagem total e diferencial).
Os parâmetros bioquímicos avaliados foram os seguintes:
ureia, creatinina, colesterol total, triglicérides, AST (aspartato
aminotransferase), ALT (alanina aminotransferase), GGT (gama
glutamiltransferase), FA (fosfatase alcalina), bilirrubina total,
proteínas totais, albumina, cálcio, fósforo, globulina e relação A/G
(albumina/globulina).
Os resultados das análises bioquímicas e hemograma foram
analisados de forma pareada e submetidos à Análise de Variância
(ANOVA) para que as médias fossem comparadas por meio do teste
de Tukey, utilizando software SigmaPlot 12.0 (Systat Software Inc.,
San Jose, USA), ao nível de 5% de significância.

Resultados e Discussão

No hemograma foram observadas diferenças estatísticas entre


os dias de coleta em quatro dos oito parâmetros avaliados. Tais

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


394 ANAIS X SIMPAC

diferenças se manifestaram no hematócrito; proteínas plasmáticas


totais; VGM e HGM. Já os valores de hematimetria, hemoglobina,
CHGM e plaquetas não se manifestaram estatisticamente diferentes
entre os diferentes dias de coleta ao longo do tempo.
O hematócrito apresentou-se em níveis mais elevados em
D0 se comparados com os níveis expressos em D90, não havendo
variação estatística nas demais coletas. Tal redução foi observada
em todos os seis animais testados.
A proteína total demonstrou valores maiores em D0 e,
posteriormente, sofreu queda em seus níveis até atingir os menores
valores em D90, elevando-se discretamente em D120 em relação à
coleta anterior.
O VGM apresentou-se em níveis superiores em D0 em relação
a D90, não havendo diferenças significativas nas demais coletas.
Não se observou variação nos valores de HGM durante D0, D30 e
D60, porém todas as três coletas apresentaram valores superiores
em relação a D90, quando foi constatado o valor mais baixo, e D120.
Em estudo realizado por Walther et al. (2014) observou-se
que animais tratados com doses de fluralaner cinco vezes maiores
que a dose máxima recomendada apresentaram valores menores
de hematócrito quando comparados aos animais do grupo controle.
Isso pode indicar que o fluralaner seja responsável por causar
tal redução. Porém, tal redução não foi considerada clinicamente
relevante pelos autores.
Os achados para VGM e HGM, quando associados aos do
hematócrito, permitem inferir que, aos 90 dias pós-administração,
tanto o volume das hemácias quanto a quantidade de hemoglobina
também diminuíram. Além disso, tais dados podem explicar a
redução do hematócrito também neste mesmo período (dados
apresentados acima), pois, uma vez que o tamanho das hemácias
está menor, há uma tendência à diminuição do hematócrito. De fato,
nenhum animal se apresentou anêmico durante todo o tratamento,
o que mostra mais uma vez que a redução do hematócrito está
associada ao volume das hemácias, não ao número.
As proteínas plasmáticas totais apresentaram os maiores
valores em D0, portanto, logo após a administração do fluralaner

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 395

houve uma diminuição estatisticamente significante, observada de


modo gradativo até D90, quando foi constatado o menor valor. Do
mesmo modo, é neste período que o efeito protetor do medicamento
se finda. Após este período houve discreta elevação em D120,
quando já não existe mais a influência do medicamento. É relatado
que o medicamento tem efeito protetor que dura por três meses, ou
12 semanas (Bravecto®, 2017). Em estudo realizado por Kilp et al.
(2014) foi relatado que o fluralaner pôde ser quantificado no plasma
por até 112 dias. Contudo, estes mesmos autores relatam elevada
taxa de proteína de ligação e consideram que esta elevação se deve à
predominância de depuração hepática do fármaco, presumindo que
esta seja a principal via de eliminação. Tal afirmação pode denotar
que exista uma sobrecarga hepática para eliminação do fluralaner,
mesmo que em grau leve.
Dentre os parâmetros bioquímicos foram observadas variações
estatísticas nos valores de ureia; creatinina; triglicérides; AST;
bilirrubina total; albumina; cálcio; globulina e relação A/G.
Diversos parâmetros se mostraram aumentados aos 30 dias,
dentre os quais: ureia, AST, albumina, triglicérides, globulina
e cálcio. Por outro lado, bilirrubina e creatinina se mostraram
diminuídas neste mesmo período. Em muitos destes casos, não
existem relações que justifiquem a diminuição de um parâmetro
com consequente elevação de outro.
A elevação de bilirrubina ocorreu somente aos 60 dias, ao
contrário da AST, o que torna difícil associar estas variações a
possíveis lesões hepáticas. Um dos achados mais relevantes no
presente estudo foi uma elevação significativa das concentrações
da enzima AST a qual se manteve elevada após a administração
do fármaco. Enzimas hepatoespecíficas, tais como ALT e FA não
apresentaram elevações significativas.
Um dos únicos estudos mais completos encontrados na
literatura que avaliou parâmetros hematológicos e bioquímicos
foi o realizado por Walther et al. (2014). Nesse trabalho os
resultados apresentados demonstram diminuição não significativa
das concentrações de creatinina plasmática, albumina, relação
A/G. Além de aumento da globulina. Tais autores, no entanto,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


396 ANAIS X SIMPAC

realizaram as coletas de sangue nos dias 0, 8, 50, 106 e 162, mas


não são apresentadas as variações de valores ao longo do tempo,
apenas a média dos valores aos 162 dias. Porém, citaram diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos tratados e os grupos
controle para alguns parâmetros de patologia clínica. Além disso,
citam que alguns poucos resultados em marcações de tempo
individuais caíram fora dos intervalos de referência. Tais variações
foram consideradas pelos mesmos como clinicamente irrelevantes.
Todos os estudos disponíveis na literatura e que constam
no Dossiê Técnico do produto comercial afirmam que não existem
alterações clinicopatológicas significativas, o que não dispensa a
continuação de estudos sobre este tema.

Conclusões

Apesar de terem sido observadas diversas alterações nos


parâmetros hematológicos e bioquímicos após administração do
fluralaner, ainda não é possível associar tais alterações ao uso
deste fármaco, tampouco é possível descartá-las. Todavia é possível
inferir que o fluralaner não foi capaz de causar alterações graves
e duradouras nos parâmetros aqui avaliados. Estudos com um
número maior de animais e com avaliações periódicas ainda devem
ser continuados.

Referências Bibliográficas

BOWMAN, D. D. Georgis: Parasitologia Veterinária. 9 ed. Rio


de Janeiro: Elsevier, 2010. 432 p.

Bravecto, doze semanas de proteção. Disponível em: https://www.


bravecto.com.br/. Acesso em: 14 de outubro de 2017.

KILP, S.; RAMIREZ, D.; ALLAN, M. J.; ROEPKE, R. K. A.;


NUERNBERGER, M. C. Pharmacokinetics of fluralaner in dogs
following a single oral or intravenous administration. Parasites &
Vectors. v. 7, n. 85, 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 397

MSD Saúde Animal. Uma única dose e 12 semanas de


tranquilidade contra pulgas e carrapatos: MSD Saúde
Animal lança Bravecto. Disponível em: http://www.msd-saude-
animal.com.br/news/uma_unica_dose_semanas_de_tranquilidade_
contra_pulgas_e_carrapatos_msd_saude_animal_lanca_bravecto.
aspx. Acesso em: 30 de outubro de 2017.

RAMSEY, I. K.; TENNANT, B. J. Manual de Doenças Infecciosas


em Cães e Gatos. São Paulo: Roca, 2010. 308 p.

WALTHER, F. M.; ALLAN, M. J.; ROEPKE, R. K. A.;


NUERNBERGER, M. C. Safety of fluralaner chewable tablets
(BravectoTM), a novel systemic antiparasitic drug, in dogs after
oral administration. Parasites & Vectors, v. 7, n. 87, 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


398 ANAIS X SIMPAC

EFEITOS DA ADIÇÃO DE MELATONINA AO SÊMEN


CAPRINO SOBRE O POTENCIAL MITOCONDRIAL
ESPERMÁTICO

Domingos Lollobrigida de Souza Netto1, Ítalo Augusto da Costa


Soares2, Carlos Thiago Silveira Alvim Mendes de Oliveira3,
Andreia Ferreira Machado4, Oswaldo de Barros Lollobrigida5, Ciro
Alexandre Alves Torres6

Resumo: Quando a função mitocondrial da célula espermática está


comprometida, há uma excessiva produção de radicais livres que
afetam a viabilidade celular, diminuindo sua taxa de fertilidade. O
sêmen colhido de dois bodes Alpinos e dois bodes Saanen foi diluído
e congelado utilizando diferentes concentrações de melatonina,
que constituíram os tratamentos: 0µl (controle), 1µl, 1mM, 2mM,
3mM e 4mM, para posterior análise do potencial da membrana
mitocondrial espermática (ΔΨm) por citometria de fluxo. Foi
encontrada diferença (P<0.05) entre raças e tratamentos para alto
potencial de atividade mitocondrial, a raça Alpina demonstrou
queda em relação ao controle em concentrações acima de 2 mM
de melatonina, evidenciando menor taxa metabólica espermática.
Houve também interação (P<0.05) das raças para baixo potencial de
atividade mitocondrial, sendo que a raça Saanen obteve maior valor
indicando menor resistência à incubação com a sonda. A maior
concentração espermática com baixo potencial entre os tratamentos
três e quatro mM indica menor taxa metabólica em elevadas
1
Mestrando em Medicina Veterinária – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: domingoslollobrigida@
yahoo.com.br
2
Doutorando em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: italomedvet@hotmail.com
3
Doutor em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: ctsamo@gmail.com
Mestranda em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: andreia_fmachado@hotmail.com
4
Mestranda em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: andreia_fmachado@hotmail.com
5
Graduando em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: o.lollobrigida@gmail.com
6
Professor Orientador, Doutor em Endocrinologia e Fisiologia da Reprodução – Universidade de
Wisconsin-Madison, Professor Voluntário Contratado do Departamento de Zootecnia – Universidade
Federal de Viçosa. e-mail: cirotorres11@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 399

concentrações de melatonina e concomitantemente baixa proporção


de membrana plasmática integra com peróxido de hidrogênio
intracelular, os resultados apontam para a alta sensibilidade
mitocondrial ao choque osmótico. Conclui-se que a incorporação de
melatonina manteve a viabilidade espermática, mas não melhorou
a congelabilidade do sêmen caprino.

Palavras–chave: Antioxidante, criopreservação, mitocôndria,


viabilidade espermática

Introdução

A síntese de espécies reativas de oxigênio (ROS) em quantidades


pequenas desempenha importância fundamental na viabilidade
espermática e fecundação, porém quando a sua produção durante
o processo de criopreservação espermática ultrapassa a capacidade
antioxidante do meio intracelular e extracelular instaura o
estresse oxidativo, que resulta em importantes danos ao DNA da
célula espermática. No estudo objetivou-se analisar a eficiência da
inclusão de melatonina em diferentes concentrações como potente
antioxidante na criopreservação de sêmen caprino, via citometria
de fluxo.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido após aprovação pela Comissão de


Ética no Uso de Animais da UFV (CEUA) com o número de registro
81/2014, no setor de Caprinocultura do Departamento de Zootecnia
da Universidade Federal de Viçosa. Utilizou-se quatro reprodutores
caprinos adultos com histórico reprodutivo comprovado, sendo dois
da raça Alpina e dois da raça Saanen, colheu-se sete ejaculados
por animal que foram diluídos em meio comercial Botubov® à
base de gema de ovo, as diferentes concentrações de melatonina
foram distribuídas nos seguintes tratamentos: T1: Controle sem
melatonina; T2: 1μM; T3: 1mM; T4: 2 mM; T5: 3 mM; T6: 4 mM.
O pré-congelamento foi realizado em vapor de nitrogênio líquido, e

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


400 ANAIS X SIMPAC

descongelou-se o sêmen em banho-maria a 37° C por 30 segundos.


Após o descongelamento foram realizadas as análises de ΔΨm
mediante a utilização da sonda JC-1, emitindo fluorescência verde
na mitocôndria despolarizada e laranja na mitocôndria polarizada.
Foram analisadas trinta mil células por amostra e divididas em
dois grupos: Alto Potencial Mitocondrial (APM) e Baixo Potencial
Mitocondrial (BPM), sendo as médias analisadas pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

No que se refere ao potencial de atividade mitocondrial,


houve interação (P<0.05) entre raças e tratamento para população
espermática com alto potencial mitocondrial. A raça alpina
apresentou queda em relação ao controle para células com alto
potencial mitocondrial em concentrações acima de 2 mM de
melatonina. Houve diferença significativa entre raças para alto
potencial mitocondrial de todos os tratamentos, exceto para o
tratamento 4mM de melatonina (tabela 1). Reforçando assim, que o
alto potencial mitocondrial na raça Alpina, é supostamente devido
a menor taxa metabólica espermática.

Tabela 1. Médias ± erros padrão das porcentagens de populações


espermáticas em relação à alta atividade mitocondrial avaliadas
em espermatozoides criopreservados de caprinos das raças Alpina e
Saanen, avaliados por citometria de fluxo.
Potencial de atividade Potencial de atividade
Tratamento mitocondrial alto (JC- mitocondrial alto
1 alto*) ALPINA (JC-1 alto*) SAANEN
0 30.64 ± 4.42 a1 10.84 ± 3.67 a2
1µM 29.25 ± 4.88 ab1 13.91 ± 4.71 a2
1mM 27.74 ± 3.42 abc1
ab1
12.00 ± 4.43 a2
2mM 22.10 ± 3.85 bc1 11.38 ± 2.98a2a2
3mM 20.34 ± 4.01 c1 8.77 ± 3.35 a1
4mM 12.91 ± 2.83 6.83 ± 1.67
Letras diferentes nas médias dentro da mesma coluna indicam diferença
a, b, c

(P<0,05).
1,2
Números diferentes nas médias nas linhas indicam diferença (P<0,05).
*JC1 alto, espermatozoides com alto potencial mitocondrial.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 401

A hiperosmolaridade pode ter afetado o potencial de atividade


mitocondrial, mantendo-o baixo em todos os tratamentos (tabela
2). A grande quantidade de espermatozoides apresentando baixo
potencial mitocondrial entre os tratamentos três mM e quatro
mM é indicativo da menor taxa metabólica dos espermatozoides
congelados com elevadas concentrações de melatonina, refletindo na
baixa proporção de células com membrana plasmática íntegra e com
peróxido de hidrogênio intracelular (Alpina 20.59 – 15.17 % e Saanen
16.28 – 14.57 % respectivamente). Isso se deve à alta sensibilidade
mitocondrial ao choque osmótico, conforme demonstrado (POMMER
et al., 2002; RUTLLANT et al., 2003; CORREA et al., 2007; MACIAS
et al., 2011).

Tabela 2. Médias ± erros padrão das porcentagens de populações


espermáticas em relação à média atividade mitocondrial avaliadas
em espermatozoides criopreservados de caprinos por citometria de
fluxo.
Potencial de atividade
Tratamento
mitocondrial médio (JC-1 baixo*)
0 75.55 ± 2.85 c
1µM 75.49 ± 3.15 c
1mM 76.81 ± 2.85 c
2mM 80.58 ± 2.36 bc
3mM 83.07 ± 2.48 ab
4mM 87.79 ± 1.53 a
Letras diferentes na coluna indicam diferença (P<0,05).
a,b,c

*JC1 médio, espermatozoides com médio potencial mitocondrial.

Encontrou-se diferença (P<0.05) entre as raças para baixo


potencial de atividade mitocondrial, a raça Saanen obteve maior
valor comparado à raça Alpina (tabela 3), sugerindo menor
resistência durante a incubação com a sonda JC-1.

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402 ANAIS X SIMPAC

Tabela 3. Médias ± erros padrão das porcentagens de populações


espermáticas em relação à baixa atividade mitocondrial avaliadas
em espermatozoides criopreservados de caprinos das raças Alpina e
Saanen, avaliadas por citometria de fluxo.
Potencial de atividade
Raça
mitocondrial baixo (JC-1 baixo*)
Alpina 73.93 ± 1.54 b
Saanen 85.84 ± 1.28 a
Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença (P<0,05).
a,b

*JC1 baixo, espermatozoides com baixo potencial mitocondrial.

Conclusões

Conclui-se que a adição de melatonina proporcionou condições


para manutenção da viabilidade espermática in vitro, apesar de
não apresentar resultados superiores ao controle. Não foi observado
efeito antioxidante da melatonina na criopreservação do sêmen de
caprinos.
Agradecimentos

Os pesquisadores agradecem o apoio financeiro do CNPq


(Conselho Nacional de Pesquisa, Brasil) e a BOTUPHARMA (São
Paulo, Brasil) pela doação dos diluentes utilizados na criopreservação
do sêmen.

Referências Bibliográficas

POMMER, A. C.; RUTLLANT, J.; MEYERS, S. A. The role


of osmotic resistance on equine spermatozoal function.
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mulatta) spermatozoa. Journal of Andrology, v. 24, p. 534-
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CORREA, L. M.; THOMAS, A.; MEYERS, S. A. The macaque


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motility. Biology of Reproduction, v. 77, p. 942-953. 2007.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


404 ANAIS X SIMPAC

EFEITO DA MELATONINA NA PRODUÇÃO DE PERÓXIDO


DE HIDROGÊNIO INTRACELULAR AO SÊMEN CAPRINO
CRIOPRESERVADO

Domingos Lollobrigida de Souza Netto1, Ítalo Augusto da Costa


Soares2, Carlos Thiago Silveira Alvim Mendes de Oliveira3,
Andreia Ferreira Machado4, Oswaldo de Barros Lollobrigida5, Ciro
Alexandre Alves Torres7

Resumo: Superprodução de espécies reativas de oxigênio e


diminuição da capacidade antioxidante do sêmen podem aumentar
os efeitos deletérios na célula espermática criopreservada. Sêmen
colheitados de quatro bodes foi diluído e congelado utilizando as
seguintes concentrações de melatonina que se constituíram os
tratamentos: 0µl (controle), 1µl, 1mM, 2mM, 3mM e 4mM, para
posterior análise por citometria de fluxo. Não houve interação
(P>0.05) entre tratamentos relacionando a produção de peróxido de
hidrogênio e integridade da membrana plasmática. Contudo a partir
da concentração de dois mM de melatonina os valores de membrana
plasmática lesionada em conjunto com a elevada concentração
de peróxido de hidrogênio indicam possível efeito citotóxico ou
alterações na osmolaridade advindo da adição do antioxidante
no diluente. Conclui-se que os efeitos benéficos da melatonina não
foram observados na criopreservação de sêmen caprino.

Palavras–chave: Antioxidante, espécies reativas de oxigênio,


espermatozoides, hormônio
1
Mestrando em Medicina Veterinária – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: domingoslollobrigida@
yahoo.com.br
2
Doutorando em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: italomedvet@hotmail.com
3
Doutor em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: ctsamo@gmail.com
4
Mestranda em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: andreia_fmachado@hotmail.com
5
Graduando em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: o.lollobrigida@gmail.com.
Professor Orientador, Doutor em Endocrinologia e Fisiologia da Reprodução – Universidade de
6

Wisconsin-Madison, Professor Voluntário Contratado do Departamento de Zootecnia – Universidade


Federal de Viçosa. e-mail: cirotorres11@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 405

Introdução
A criopreservação espermática é amplamente utilizada na
espécie caprina, porém o processo de congelamento e descongelamento
causam danos moleculares e prejudicam a capacidade de fertilização
dos espermatozoides devido a altas taxas de produção de espécies
reativas de oxigênio (ROS), incluindo o peróxido de hidrogênio
(H2O2). A melatonina possui propriedades antioxidantes que
auxiliam na preservação da qualidade e viabilidade espermática.
Nesse estudo analisou via citometria de fluxo, a capacidade da
melatonina em diferentes concentrações em melhorar a qualidade
do sêmen caprino criopreservado.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido após aprovação pela Comissão de


Ética no Uso de Animais da UFV (CEUA) com o número de registro
81/2014, no setor de caprinocultura da Universidade Federal de
Viçosa e foram utilizados quatro reprodutores caprinos adultos
considerados aptos a reprodução via exame andrológico (CBRA,
2013), sendo coletados sete ejaculados por animal. Diluídas em meio
comercial Botubov® a base de gema de ovo, as distintas concentrações
de melatonina foram distribuídas nos seguintes tratamentos: T1:
Controle sem melatonina; T2: 1μM; T3: 1mM; T4: 2 mM; T5: 3 mM;
T6: 4 mM. Após a diluição o sêmen foi envasado em palhetas de 0,25
mL e em seguida submetidos a temperatura de 5 ºC por três horas
seguindo a curva de resfriamento e tempo de equilibrio do semen. O
pré-congelamento foi realizado em vapor de nitrogênio líquido por
quinze minutos. O descongelamento do sêmen em banho-maria a 37°
C por 30 segundos, seguido da avaliação da produção de peróxido de
hidrogênio intracelular mediante utilização do fluoróforo diacetato
de diclorodihidrofluorosceína (DCFDA), que ao penetrar na célula
é oxidado pelo peróxido de hidrogênio intracelular emitindo
fluorescência verde. Foram contabilizadas vinte mil células por
amostra e dispostas em quatro categorias: células com membrana
plasmática íntegra sem peróxido de hidrogênio intracelular, células

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


406 ANAIS X SIMPAC

com membrana plasmática lesionada sem peróxido de hidrogênio


intracelular, células com membrana plasmática lesionada e com
peróxido de hidrogênio intracelular e células com membrana
plasmática íntegra e com peróxido de hidrogênio intracelular, sendo
as médias analisadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Não houve diferença (P>0.05) entre os tratamentos para as


características analisadas: população de espermatozoides com
presença de peróxido de hidrogênio intracelular e espermatozoides
com membrana plasmática íntegra. Mesmo com o valor alto de
média, foi verificado um decréscimo significativo na população
de espermatozoides com membrana plasmática íntegra quando a
concentração de melatonina excedeu o valor de dois mM no diluente
(tabela 1). Pode se dizer que a melatonina não comprometeu a
integridade da membrana de modo a inibir excessivamente a
síntese das espécies reativas de oxigênio (CARVALHO et al.,
2002, LAMIRANDE et al., 1997; SANOCKA & KURPISZ, 2004),
mas devido à possíveis efeitos citotóxicos ou alterações osmóticas
advindas da adição do antioxidante nessas concentrações.

Tabela 1. Médias ± erros padrão das porcentagens de populações espermáticas em


relação à produção ou não de peróxido de hidrogênio e viabilidade espermática,
em amostras de sêmen caprino criopreservado em diferentes concentrações de
melatonina, avaliadas por citometria de fluxo
Membrana
Tratamento Com Peróxido de Hidrogênio
Íntegra
0 94.43 ± 1.44 a 34.18 ± 2.57 a
1µM 94.12 ± 1.25 a 32.73 ± 2.51 a
1mM 94.48 ± 1.74 a 29.90 ± 2.47 a
2mM 93.51 ± 2.02 a 28.75 ± 2.17 ab
3mM 94.23 ± 1.59 a 23.62 ± 2.45 bc
4mM 94.76 ± 1.41 a 19.48 ± 1.78 c
Letras diferentes nas médias dentro da mesma coluna indicam diferença
a,b,c

significativa (P<0,05).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 407

Não houve interação (P>0.05) de raça e tratamento para


membrana plasmática íntegra ou lesionada sem peróxido de
hidrogênio intracelular, e membrana plasmática lesionada e
presença de peróxido de hidrogênio intracelular (tabela 2). A alta
população de espermatozoides com membrana plasmática lesionada,
aliado à presença de peróxido de hidrogênio intracelular observado
entre os tratamentos quando a concentração de melatonina excedeu
dois mM são indícios que essas concentrações de melatonina possam
ter provocado danos osmóticos e/ou efeitos citotóxicos à célula
espermática, embora tais alterações possam ser apenas decorrentes
do estresse oxidativo inerente ao processo de criopreservação
(WATSON, 2000; GREEN & WATSON, 2001).

Tabela 2. Médias ± erros padrão das porcentagens de populações espermáticas


em relação à produção de peróxido de hidrogênio e viabilidade da membrana
plasmática, em amostras de sêmen caprino criopreservado em diferentes
concentrações de melatonina, avaliadas por citometria de fluxo

Membrana Membrana Membrana


T* Lesionada Lesionada Íntegra
Sem H202 Com H202 Com H202

0 0.69 ± 0.05 a 65.12 ± 2.56 c 4.87 ± 1.45 a


1µM 0.72 ± 0.06 a 66.55 ± 2.51 c 5.15 ± 1.26 a
1mM 0.65 ± 0.05 a 69.45 ± 2.47 c 4.87 ± 1.75 a
2mM 0.63 ± 0.04 a 70.62 ± 2.15 bc 5.86 ± 2.04 a
3mM 0.59 ± 0.07 a 75.79 ± 2.43 ab 5.18 ± 1.59 a
4mM 0.63 ± 0.07 a 79.89 ± 1.76 a 4.61 ± 1.42 a
Letras diferentes nas médias dentro da mesma coluna diferem entre si pelo
a,b,c

teste de Tukey (P<0,05).


*T: tratamentos.

Conclusões

Conclui-se que os resultados obtidos quanto à adição de


melatonina não apresentaram o efeito antioxidante esperado na
criopreservação de sêmen caprino.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
408 ANAIS X SIMPAC

Agradecimentos

Os pesquisadores agradecem o apoio financeiro do CNPq


(Conselho Nacional de Pesquisa, Brasil) e a BOTUPHARMA (São
Paulo, Brasil) pela doação dos diluentes usados na criopreservação
de sêmen.

Referências Bibliográficas

CARVALHO, O. F; FERREIRA, J. D. J; SILVEIRA, N. A; FRENEAU,


G. E. Efeito oxidativo do óxido nítrico e infertilidade no macho.
Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v.
38, p. 33-38. 2002.

CBRA - Colégio Brasileiro de Reprodução Animal. Manual


para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. 3. ed.
Belo Horizonte: CBRA, 104p, 2013.

GREEN, C. E; WATSON, P. F. Comparison of the capacitation-


like state of cooled boar spermatozoa with true capacitation.
Reproduction, v. 122, p. 889-898. 2001.

LAMIRANDE, E; JIANG, H; ZINI, A; KODAMA, H; GAGNON,


C. Reactive oxygen species and sperm physiology. Reviews of
Reproduction, v. 2, p. 48-54. 1997.

SANOCKA, D; KURPISZ, M. Reactive oxygen species and


sperm cells. Reproductive Biology and Endocrinology,
v. 2, p. 12-18. 2004.

WATSON, P. F. The causes of reduced fertility with


cryopreserved semen. Animal Reproduction Science, v.
60, p. 481-492. 2000.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 409

VIGILÂNCIA EM SAÚDE: O AUMENTO DE OCORRÊNCIAS


DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS NO
MUNICÍPIO DE VIÇOSA-MG

Dryelly Rodrigues Rosado1, Luana da Fonseca Sabino2, Leonardo


Andrade de Godoy3, Elenice Claudete Dias4

Resumo: A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis


(IST’s) passa a ser utilizada em substituição à expressão Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST’s), pois destaca a possibilidade
de uma pessoa ter e transmitir um agente etiológico causador de
infecções, mesmo sem apresentar sinais e sintomas. As infecções
com consideráveis aumentos no município de Viçosa – MG são: a
AIDS, Hepatites Virais e Sífilis. Estas são causadas por diferentes
tipos de agentes infectantes. As formas de transmissão são dadas
principalmente pelo contato sexual com pessoas contaminadas sem o
uso de preservativos. Através de dados obtidos, foi possível analisar e
verificar um aumento significativo nos casos de AIDS, Hepatite Viral
e Sífilis no município de Viçosa - MG. Com base nos dados coletados
e casos analisados sobre tais infecções foi descrito a atuação dos
profissionais da saúde na prevenção das mesmas. Foram utilizados
dados da vigilância epidemiológica e SINAN. Pretendemos analisar,
discutir e apontar possíveis causas desses aumentos, para que haja
uma contribuição na diminuição dos mesmos.

Palavras–chave: Notificações, SINAN, Vigilância epidemiológica,


Medidas preventivas

1
Dryelly Rodrigues Rosado – Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:rosado.
dryelly@gmail.com
2
Luana da Fonseca Sabino – Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail:luannasabino@outlook.com
3
Leonardo Andrade de Godoy – Graduando em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
leeogodoy@yahoo.com.br
4
Elenice Claudete Dias – Professora do Departamento de Enfermagem, Doutoranda em Ciências
Biomédicas – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: elenicedias@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


410 ANAIS X SIMPAC

Introdução

O município de Viçosa está situado na zona da mata do


estado de Minas Gerais, possui uma população de aproximadamente
77.863 habitantes, sendo que 92% predominante na área urbana.
A vigilância epidemiológica na cidade tem como finalidade
fornecer subsídios para execução de ações de controle de doenças
de notificação compulsória e agravos à saúde, que estão incluídos
no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), devido a
isso, necessita de informações atualizadas sobre a ocorrência dos
mesmos, sendo está, a principal fonte destas informações. E através
destes dados, podemos fazer uma análise dos maiores agravos das
doenças de notificação compulsória no município de Viçosa-MG1.
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) passa a
ser adotadas em substituição à expressão Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST’s), pois destaca a possibilidade de uma pessoa
ter e transmitir um agente etiológico causador de infecções, mesmo
sem apresentar sinais e sintomas. As doenças em questão com
consideráveis aumentos no município são: Hepatites Virais; AIDS e
Sífilis. Estas são causadas por vários tipos de agentes infectantes.
As formas de transmissão são dadas principalmente pelo contato
sexual com pessoas contaminadas, sem o uso de preservativos.
Geralmente, após a contaminação os sintomas podem se manifestar
por meio de feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas, também
podendo ser assintomáticas4.
A hepatite viral é caracterizada pela inflamação do fígado.
Pode ser causada por diversos fatores, entre eles, vírus, uso de
alguns medicamentos, alcoolismo e outras drogas, assim como por
doenças autoimunes, metabólicas e genéticas3, 4.
A AIDS é uma doença que acomete o sistema imunológico,
causando a destruição dos glóbulos brancos (linfócitos T CD4+).
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 411

É considerada, um dos maiores problemas da atualidade pelo seu


caráter pandêmico (acomete ao mesmo tempo muitas pessoas numa
mesma região) e sua gravidade. 1,2,4
A bactéria Treponema pallidum causadora da Sífilis, um mal
silencioso e requer cuidados. Após a infecção inicial, a bactéria
pode permanecer no corpo da pessoa por décadas, para só depois
manifestar-se novamente. Só é contagiosa no estágio primário e
secundário, e em alguns casos, se manifesta durante o início do
período latente. Raramente pode ser transmitida pela troca de saliva
entre dois indivíduos. Outra forma de transmissão da Sífilis seria
a congênita transmitida da mãe para o filho durante a gravidez .4, 5
Sendo assim, ao constatar a gravidade das infecções citadas acima,
é essencial que se tenha uma atenção especial dos profissionais
de saúde para que seja tomadas medidas de controle e prevenção
cabíveis estabelecidas pelos setores de saúde da cidade em questão.

Material e Métodos

Classificamos a realização deste trabalho como uma pesquisa


exploratória do tipo revisão de literatura, com uma abordagem
quantitativa. As fontes selecionadas para este estudo compreendem
artigos recentes, tendo em vista o caráter atual fornecido ao
trabalho. Foram utilizados artigos extraídos de sites científicos
como, SCIELO, e publicados em cadernos epidemiológicos. Para
a realização do gráfico foram utilizados informações da secretaria
de saúde de viçosa- MG através do SINAN. Utilizaram-se os
descritores: Infecções sexualmente transmissíveis; Epidemiologia
em saúde pública; Doenças de notificação compulsória.

Resultados e Discussão

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


412 ANAIS X SIMPAC

Aumento de casos de IST's em Viçosa-MG


50

45

40

35

30

25

20

15

10

0
2011 2012 2013 2014 2015 2016
AIDS no Adulto 5 11 8 10 47 39
Hepatite Viral 22 9 6 3 4 26
Sífilis 0 4 1 3 6 21

Tabela- Elaborada Com Bases Dados Sinan-Viçosa-mg/2011-2016

No município de Viçosa-MG, no ano de 2016, foram confirmados


39 casos de AIDS, segundo informações do SINAN-ONLINE.
Levando em consideração que no ano de 2011 o total de casos
confirmados foram 5, houve um aumento significativo. O número
de casos de Hepatite viral notificados no município de Viçosa-MG,
no ano de 2016, foram 26 casos. Entre os anos de 2012 á 2015
houve um decréscimo considerável de 9 para 4 casos de Hepatite
viral no município. Por fim no ano de 2011 não haviam casos
notificados de Sífilis. Porém, no ano de 2016 foram notificados 21
casos, onde podem ser observados através do gráfico. No decorrer

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 413

dos anos os casos notificados obtiveram um aumento significativo,


com dados que merece atenção no ano de 2016.1 A investigação
das ocorrências de casos novos (especificamente quando se trata
de ISTs) é necessário para que sejam tomadas medidas passíveis
de prevenção e controle pelos serviços de saúde. De acordo com
os dados apresentados, a população está sob risco, ações devem
ser adotadas para a detecção e controle nos estágios iniciais das
infecções para romper a cadeia de transmissão. São necessárias
mais campanhas públicas que incentivem o uso do preservativo, o
cuidado com materiais perfuro cortantes e o acompanhamento do
pré-natal para que maiores complicações sejam evitadas. Também
se faz necessária o aconselhamento do paciente procurando mostrar
a importância da comunicação com o parceiro e a preparação e
planejamento das equipes de saúde no combate a estas infecções na
cidade em questão.

Considerações Finais

A partir do que foi abordado acima, foi possível observar um


aumento significativo de IST´s no município de Viçosa-MG. Através
do gráfico foi analisado um crescente número de casos da AIDS,
Hepatite Viral e Sífilis. Levantando questionamentos importantes
sobre medidas preventivas e como tem sido abordado este problema
de saúde pública, evidente no município.

Referências Bibliográficas

SECRETARIA, Municipal de saúde, Departamento de vigilância em


saúde,Setor de vigilância epidemiológica , Analise da situação
de saúde do município de Viçosa, Minas gerais ,2016.Acesso
em:20 set 2017

BRASIL. Ministério da Saúde. DST/AIDS. Disponível em < http://


www.aids.gov.br/pt-br/centrais-de-conteudo/campanhas . Acesso
em: 27 set 2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


414 ANAIS X SIMPAC

FERREIRA, C. T; SILVEIRA, T. R. da. Hepatites virais: aspectos


da epidemiologia e da prevenção. Rev. bras. epidemiol. , São
Paulo, v. 7, n. 4, 2004 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992006000200021&lng=pt&
nrm=iso Acesso em: 28 Set 2007.. Acesso em: 28 Set 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilânci a em Saúde.


Programa Nacional de DST e Aids. Manual de Controle das
Doenças Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da
Saúde, 2006b. (Série Manuais n.º 68. 4. Ed.)Acesso em: 20 nov 2017

AVELLEIRA, J. C. R; BOTTINO, G. Sífilis: diagnóstico,


tratamento e controle. Educação Médica Continuada, Rio de
Janeiro, n. , p.111-126, 2006.Acesso em :18 Nov 2017

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 415

O RIGOR NA TIPIFICAÇÃO E A FLEXIBILIZAÇÃO NA LEI


DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Edna Aparecida Rodrigues1, Gabriela Amélia Lopes da Silveira2,


Douglas Luís de Oliveira3

Resumo: A lei n°8.429 de junho de 1992 regulamenta e tipifica,


conceituando, o que é Improbidade Administrativa e suas
modalidades. Sendo que esta deve ser conjugada com os princípios
da Administração Pública e com os princípios constitucionais
presentes no artigo 37 da C.F./88, tendo-se aí a possibilidade
de punição na esfera administrativa como sanção ao ato ilícito
praticado pelo agente no exercício de atividade, bom como na esfera
criminal. Portanto, através de pesquisas descritivas, com estudo
de casos e posterior determinação dos efeitos, estabelecer-se-á uma
correlação entre eles com a utilização do método dedutivo, bem
como a abordagem das técnicas jurisprudenciais e bibliográficas,
analisando as modalidades de improbidade administrativa e
suas respectivas penalidades, a demonstração do favorecimento
de determinados grupos em detrimento do interesse público e a
propositura de soluções e mudanças que otimizem a aplicação e
consolidação da LIA. Pois , é mister que haja uma padronização
no rigor do texto tipificado em face da flexibilização no momento da
aplicação.

Palavras–chave: Improbidade administrativa, princípios, Tesouro


Público
Introdução

A Lei n° 8.429 de junho de 1992, dispõe sobre as sanções


aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento
ilícito, prejuízo ao erário e ações contrárias aos princípios da

1
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: ednarodrigues01@hotmail.com
2
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:gabials@hotmail.com
3
Professor – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:douglasluis@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


416 ANAIS X SIMPAC

administração pública no exercício do mandato, cargo, emprego ou


função na administração pública direta, indireta ou fundacional.
Conceituando em seu artigo segundo o funcionário público como
pessoa que exerça, temporariamente ou sem remuneração, por
qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
ou função nas entidades supramencionadas.
E, para tanto, Alexandre de Moraes (2015,p.386) entende e classifica
os atos de improbidade administrativa como sendo aqueles que,
possuindo natureza civil e devidamente tipificados em lei federal,
ferem direta ou indiretamente os princípios constitucionais e legais
da Administração Pública, independentemente de importarem
enriquecimento ilícito, de causarem prejuízo material ou ao erário.
Pois, independente da forma pela qual se configurará a improbidade,
esta trará como consequência o congelamento de recursos, privando
a população de melhorias e avanços para seu desenvolvimento
social, político e econômico.
Kyoshi Harada (2016,p.210-212), jurista, acadêmico e ex-
procurador-chefe da Consultoria Jurídica do Município de São
Paulo, a Lei n°8.429/92 é uma das leis com forte componente
político e, por isso, difícil de ser aplicada. Além disso, considera que
a faculdade interpretativa, a cargo do judiciário, deve ser exercida
com base na observância rigorosa das regras da hermenêutica sob
pena de esvaziar o objetivo da lei que visa a proteger a probidade na
Administração Pública.
Ademais, o comportamento contrário aos deveres inerentes
à atividade do agente público para com a Administração traz
sérias consequências para as contas públicas, pois o agente obtém
vantagem para si prejudicando outrem, no caso, o tesouro público.
Pois, age de maneira desonesta, despido de integridade, ou seja, de
forma corrupta, com total desinteresse ao bem comum, afetando a
sociedade como um todo.

Material e Métodos

Neste trabalho será feito uma pesquisa descritiva, com estudo


de casos e posterior determinação dos efeitos, estabelecendo uma

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 417

correlação entre eles, utilizando o método dedutivo. Além disso, o


procedimento aborda as técnicas jurisprudenciais e a bibliográfica
aliada ao estudo de casos, sendo os dados, secundários.

Resultados e Discussão

Como resultado preliminar obtido através deste estudo, com


base na análise de doutrinas, vê-se o posicionamento majoritário
de alguns autores, como: Alexandre de Moraes e Kyoshi Harada.
Autores esses, já citados, que criticam a lei, entendendo haver
lacunas e o quão necessário se faz supri-las.
Ademais, a lei em epígrafe é rigorosa em suas sanções
tipificadas. Mas, apesar disso, gera notável controvérsia quanto
a sua aplicação no que tange á interpretação, por possuir forte
componente político. E, nesse ínterim,
é comum constatar em jurisprudências, casos análogos com
decisões distintas, ora são rigorosas demais as sanções, ora são
demasiadas insuficientes em seu objetivo de punir, nos levando ao
questionamento: “Porque não há uma uniformidade na interpretação
jurisprudencial da configuração de improbidade? Há um conteúdo
político na fixação do que seja improbidade? Tal questionamento e
resolução dado pelos tribunais nos remete ao poder econômico dos
requeridos e relevância na sociedade, tendo influência quanto às
sanções cabíveis.
Porquanto, nesse referente artigo será analisada a LIA (Lei de
Improbidade Administrativa) e sua aplicação distinta em casos
análogos, demonstrando os impactos desse fato na sociedade, em
relação às garantias e direitos do réu, e as sansões administrativas
e suas respectivas penalidades. Como também a consequente lesão
ao interesse público.
Ademais, também serão analisadas as modalidades de
improbidade administrativa e suas respectivas penalidades;
demonstrando o favorecimento de determinados grupos em
detrimento do interesse público. Sendo proposta soluções e
mudanças que otimizem a aplicação e consolidação da LIA.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


418 ANAIS X SIMPAC

.Conclusões

A lei de Improbidade Administrativa traz sanções visando


reparar os danos causados à Administração, seja no tocante ao prejuízo
causado ao erário, seja enriquecendo ilicitamente, independente de
prejuízo econômico ou indo de encontro aos princípios básicos da
instituição pública. E, em todas estas modalidades, é recorrente
a flexibilidade e falta de decisão unânime no que tange as ações
propostas contra atos ímprobos. Dessa forma,
quando a ausência de meios comprobatórios e nível hierárquico
interferem nas decisões, estas sanções deixadas de serem aplicadas
aos litigantes, recaem sobre a sociedade, tendo em vista a dependência
da boa conduta da Administração Pública para com a integridade
e desenvolvimento social. As
respectivas sanções previstas para os ilícitos administrativos
devem ser aplicadas pelo Estado, detentor do monopólio de punir,
pois quando tais vícios não são sanados, há um congelamento do
desenvolvimento econômico para uma maioria, ao passo que uma
minoria se beneficia em detrimento da coletividade, privando-a de
melhor assistência nas áreas em que a União se comprometeu a
fomentar, tendo repercussões diretas em suas vidas. Portanto,
conclui-se, preliminarmente, que, quando se deixa de aplicar uma
lei que atenta contra os bens de uso direto ou indireto do povo, têm-
se efetivos danos não reparados e perdidos em prol de um agente
desprovido de integridade e honestidade. E, para evitar a ausência
de aplicação de penalidades, conferindo maior eficiência a essas,
faz-se necessário a concessão de maiores possibilidades e espaços
no tocante a matéria de defesa do agente indiciado por suspeita de
improbidade, devendo-se incluir a viabilidade de transação, que
consiste em concessões recíprocas. Como também uma atualização
da lei, acompanhando o dinamismo e desenvolvimento social. Pois,
é de sabença que existe lacunas e contradições internas que um
ordenamento jurídico não pode admitir, reiterando e justificando,
assim, a necessidade dessa presente pesquisa.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 419

Referências Bibliográficas

MAZZA, A.Manual de direito administrativo. 6.ed.São


Paulo:Saraiva,2016.

MORAES, Alexandre de. Et al.Revista Síntese Direito


Administrativo.Vol.10. São Paulo:Sage,2015.

MORAES, Alexandre de.Et al.Revista Síntese Direito


Administrativo.Vol.11 .São Paulo:Sage,2016.

MORAES, Alexandre de.Direito Constitucional. 31. Ed.rev.


atual.São Paulo:Atlas,2015.

HARADA,Kiyoshi.Lei de Improbidade Administrativa.Revista


Síntese Direito Administrativo,São Paulo,v.11,n.123,p.210-
212,Mar.2016.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


420 ANAIS X SIMPAC

ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESTRIÇÃO


DO DIREITO DE EDIFICAÇÃO EM LOTES URBANOS

Edson de Souza1, Fraikson Cleiton Fuscaldi Gomes2

Resumo: O estudo teve o escopo de avaliar a legalidade da ocupação


antrópica consolidada em lotes Urbanos, descobertos de vegetação
nativa, porem, situados em áreas consideradas de preservação
permanente, por meio de ocupação da área pelo homem, através de
edificações, benfeitorias ou parcelamento de solo. O objetivo é conciliar
a preservação ambiental, aliada ao direito de propriedade e a
função social dos imóveis. Os materiais utilizados na sua elaboração
foram legislações, jurisprudências, livros doutrinários, documentos
públicos e teses. Em um segundo momento, foram feitas consultas
ao registro de ocorrências da Policia Militar de Meio Ambiente,
responsável pela fiscalização ambiental na microrregião de Viçosa,
Minas Gerais, onde foram coletados dados que estabeleceram
quais imóveis e suas respectivas áreas autuadas e embargadas no
território urbano de Viçosa, a partir da entrada em vigor da Lei
n° 20922, de 16 de outubro de 2013, que dispõe sobre as políticas
florestal e de proteção à biodiversidade no Estado de Minas Gerais.
Também foram realizadas visitas aos imóveis embargados a fim de
verificar qual a real situação em que se encontram. A conclusão nos
mostra que nas áreas autuadas e embargadas a vegetação nativa
não veio a regenerar-se, comprovando que a aplicação da norma não
fez com que a função social das áreas de preservação permanente
fosse cumprida e, além disso, contribuiu para que não fosse dada a
correta destinação social do imóvel urbano.

Palavras–chave: Função social dos imóveis, parcelamento de solo,


área de uso restrito e área antrópica consolidada.
1
Graduando em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: edsouz.s@gmail.com
2
Docente em – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fraikson@yahoo.com

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ANAIS X SIMPAC 421

Introdução

A constituição da republica federativa do Brasil assegura a


todos a garantia ao direito de propriedade, dispondo que esta deve
atender a sua função social, estabelecendo que a ordem econômica
deve observar o principio da propriedade privada (BRASIL, 1988).
Da mesma forma, garante a todos o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
A Lei nº 20.922, de 16 de outubro de 2013, que dispõe sobre
a política florestal e de proteção à biodiversidade no Estado de
Minas Gerais, estabelece que as áreas de preservação permanente,
possuem função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitam o
fluxo gênico de fauna e flora, protegem o solo e asseguram o bem-
estar das populações humanas, elencando um rol taxativo de
características que devem ser observadas para classificar uma área
como de preservação permanente (MINAS GERAIS, 2013).
Regulamentando a lei nº 20.922, de 16 de outubro de 2013,
o Decreto nº 44.844, de 25 de junho de 2008, impõe penalidades
administrativas em casos de intervenção em área de preservação
permanente, ainda que esta esteja descoberta de vegetação. Origina-
se neste dispositivo as restrições a edificações e intervenções em
áreas de preservação permanente, mesmo que esta esteja descoberta
de vegetação nativa (MINAS GERAIS, 2008).
O Decreto Nº 47.383, de 2 de março de 2018, revogou o
Decreto nº 44.844, de 25 de junho de 2008, retirando de seu texto
a infração de intervir em área de preservação permanente, ainda
que esta esteja descoberta de vegetação nativa, porem classificou
como infração a conduta de desenvolver atividades que dificultem
ou impeçam a regeneração natural de florestas e demais formas de
vegetação, exceto em áreas legalmente permitidas. Infração que
vem sendo utilizada para restringir o direito de propriedade, não
permitindo edificações em lotes urbanos descobertos de vegetação
nativa, pois tal conduta impediria a regeneração. (MINAS GERAIS,
2018).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


422 ANAIS X SIMPAC

Dando segurança jurídica aqueles que ocupam por um longo


lapso temporal áreas de preservação permanente, a lei nº 20.922,
de 16 de outubro de 2013, trouxe para nós, que será respeitada
a ocupação antrópica consolidada em área urbana, atendidas as
recomendações técnicas do poder público, considerando ocupação
antrópica consolidada em área urbana, o uso alternativo do solo
em área de preservação permanente definido no plano diretor ou
projeto de expansão aprovado pelo município e estabelecido até 22
de julho de 2008, por meio de ocupação da área com edificações,
benfeitorias ou parcelamento do solo (MINAS GERAIS, 2013).
Em relação ao exposto no parágrafo anterior, a interpretação
que vem sendo aplicada pelos órgãos públicos, quando corre edificação
em lotes urbanos descobertos de vegetação nativa, situados em
áreas de preservação permanente, onde o parcelamento de solo é
preexistente a 22 de julho de 2008, é que, embora o parcelamento
de solo seja considerado antrópico consolidado, isso não garante ao
proprietário ou possuidor do imóvel o direito de intervir, edificar ou
realizar benfeitorias após a data mencionada.
Buscando estabelecer um ponto de equilíbrio entre
preservação ambiental, direito de propriedade e a função social
dos imóveis, o presente trabalho avaliou a legalidade da ocupação
antrópica consolidada em lotes urbanos, descobertos de vegetação
nativa, situados de maneira isolada em área considerada de
preservação permanente, onde predominam edificações, urbanismo
e atividades humanas. O objetivo é indicar que embora a preservação
ambiental seja de suma importância, restringir o direito de
propriedade, não permitindo edificações e benfeitorias nesses
imóveis, não proporciona benefícios ao meio ambiente nem contribui
para que seja cumprida a função ambiental a qual se destinam as
áreas de uso restrito. Sendo assim, essas restrições são lesiva ao
direito constitucional de propriedade e ao princípio da função social
dos imóveis, pois o objetivo primordial do parcelamento de solo em
área urbana é a edificação, a moradia e o comercio.

Material e Métodos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 423

Este trabalho explorou problemas socioambientais a partir de


percepção empírica de dificuldade de aplicação de dispositivos legais
de normas de Direito Ambiental. Por se tratar de pesquisa fundada
em modelos de abordagem metodológica próprias da pesquisa
jurídico-sociológico as análises e discussões foram embasadas em
análise de ocorrências ambientais levantadas junto a Policia Militar
de Meio Ambiente, na área urbana de Viçosa, almejando avaliar a
correta aplicação das normas ambientais e detrimento do direito de
propriedade.

Resultados e Discussão

A tabela em anexo (folha 04), nos mostra que no período entre


05 de junho de 2014 e 16 de outubro de 2017, foram registradas
pela Policia Militar de Meio Ambiente, na área urbana de Viçosa, 16
ocorrências por intervenção em área de preservação permanente,
totalizando uma área embargada de 0,644 hectares, sendo que em
posterior visita esses imóveis, não foi constatada a regeneração da
mata ciliar.
A revogada infração de intervir em área de preservação
permanente descoberta de vegetação nativa e a atual infração de
desenvolver atividades que dificultem ou impeçam a regeneração
natural de florestas e demais formas de vegetação, exceto em áreas
legalmente permitidas, prevista no art. 112, anexo III, código
309, alínea B, Decreto Nº 47.383, de 2 De março de 2018, foi e
vem sendo aplicada de forma isolada, onde e analisado somente o
texto do decreto, porem faz-se necessário uma interpretação mais
aprofundada levando em consideração o que estabelece o art. 4º
da Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a
utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica,
e dá outras providências, o art. 1º, inciso I e II, da Resolução
CONAMA Nº 392, de 25 De Junho De 2007, que estabelecem o que é
vegetação primaria e secundarias, assim como, o art. 2º, inciso II, da
mesma resolução, que estabelece as características que a vegetação
nativa oriunda do bioma Mata Atlântica, necessita apresentar
para ser classificadas nos estágios inicial, médio ou avançado de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


424 ANAIS X SIMPAC

regeneração. Lembrando que o bioma ao qual o município de Viçosa


encontra-se inserido é o Mata Atlântica, sendo a formação florestal
a floresta estacional semidecidual.

Conclusões

A conclusão indica que embora a preservação ambiental seja


de suma importância, restringir do direito de propriedade em lotes
urbanos, descobertos de vegetação nativa, cujo parcelamento de
solo ocorreu anterior a 22 de julho de 2008, e que encontram-se
situados de forma isolada em áreas onde predominam edificações e
urbanismos, não traz benefícios ao meio ambiente, pois em nenhum
dos imóveis alvos do estudo, mesmo com o decorrer dos anos, a
vegetação veio a regenerar-se ocorrendo a formação de matas
ciliares, sendo verificado que, essas áreas não cumprem a função
ambiental prevista na lei 20922, de 16 de outubro de 2013, assim
como, também não foram dadas as destinações sociais inerentes aos
imóveis urbanos. Ressalta-se que, mesmos em casos onde venha a
ocorrer a regeneração da vegetação nativa, a função ambiental não é
cumprida, pois pequenos fragmentos isolados de vegetação em meio
ao urbanismo, não preservam os recursos hídricos, a paisagem,
a estabilidade geológica e a biodiversidade, nem facilitam o fluxo
gênico de fauna e flora ou protege o solo, assim como não asseguram
o bem-estar das populações humanas.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Constituição ( 1988 ). Constituição da Republica Federativa


do Brasil: Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm>. Acesso em 16 de mar de 2018.

MINAS GERAIS. Lei 20922 de 16 de outubro de 2013. Dispõe


sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no
Estado. Disponível em: <http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.
pdf?idNorma=30375>. Acesso em 16 de mar de 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 425

MINAS GERAIS. Decreto 44.844, de 25 de junho de 2008. Estabelece


normas para licenciamento ambiental e autorização ambiental
de funcionamento, tipifica e classifica infrações às normas de
proteção ao meio ambiente e aos recursos hídricos e estabelece
procedimentos administrativos de fiscalização e aplicação das
penalidades. Disponível em: <http://www.siam.mg.gov.br/sla/
download.pdf?idNorma=7966>. Acesso em 16 de mar de 2018.

MINAS GERAIS. Decreto Nº 47.383, De 2 De Março De 2018.


Estabelece normas para licenciamento ambiental, tipifica e classifica
infrações às normas de proteção ao meio ambiente e aos recursos
hídricos e estabelece procedimentos administrativos de fiscalização
e aplicação das penalidades. Disponivel em: <https://www.legisweb.
com.br/legislacao/?id=357275 >. Acesso em 16 de mar de 2018.

MINAS GERAIS. Resolução Conama Nº 392, De 25 de Junho De


2007. Definição de vegetação primária e secundária de regeneração
de Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais. Disponivel em:
<http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=6991>.
Acesso em 16 de mar de 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


426 ANAIS X SIMPAC

A REALIDADE SOBRE O BLOQUEIO DA CAUDA DOS EQUINOS

Eduarda Ramos Almeida1, Isis Reiff Fialho Siqueira Cardoso2, Maria


Gazzinelli Neves3, Raffaella Bertoni Cavalcanti Teixeira4

Resumo: Em exposições e competições envolvendo a espécie equina, os


animais são avaliados de acordo com sua funcionalidade e/ou morfologia,
sendo por vezes penalizados por apresentarem um posicionamento elevado
de cauda quando julgados em pista. Por este motivo, o bloqueio da cauda
dos equinos é uma prática que rotineiramente ocorre no meio equestre
a fim de modificar a função e o posicionamento da mesma. Nestes casos o
procedimento é realizado exclusivamente para fins estéticos e considerado,
portanto, fora dos preceitos éticos por diversas associações veterinárias e
equestres no mundo, visto que além de causar riscos para a saúde animal,
a movimentação da cauda é de extrema importância para diversas funções
fisiológicas. Torna-se essencial rever o critério de avaliação da cauda em
julgamentos, bem como conscientizar e instruir todos os envolvidos na
indústria equestre sobre os riscos do procedimento.

Palavras–chave: Bem-estar, cauda silenciosa, necrose muscular, paralisia


ascendente

Introdução

Os equinos estão intimamente ligados ao esporte, destacando-se em muitas


modalidades onde são avaliados por sua funcionalidade e morfologia (WEST,
2008). Em provas de morfologia, a associação de cada raça descreve padrões
de conformação corporal desejáveis. A cauda do animal pode ser avaliada de
acordo com sua forma, inserção, movimentação e posicionamento, e os animais

1 Graduanda em Medicina Veterinária –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: dualmeida123@


gmail.com
2 Graduanda em Medicina Veterinária –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: isisrfsc@hotmail.
com
3 Professora em Medicina Veterinária –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: mgazzinelli@gmail.
com
4 Professora em Medicina Veterinária – UFMG e-mail: teixeiraraffa@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 427

que não apresentam o padrão de cauda preconizado pela associação em que


seu cavalo é registrado pode ser penalizado. Para aumentar a competitividade
dos animais, a procura por métodos que alteram a funcionalidade da cauda
vem aumentando. Dentre as técnicas utilizadas o bloqueio da cauda é a mais
comum (AVMA, 2012). Esta revisão bibliográfica tem por objetivo rever os
danos a saúde equina relacionados a complicações secundárias ao uso do
bloqueio da cauda com finalidade estética, suas implicações éticas, bem como
discutir o posicionamento de diversas associações veterinárias enfatizando o
bem-estar animal.

Material e Métodos

Pesquisa do tipo revisão bibliográfica. Realizou-se levantamento


bibliográfico em livros, artigos, e associações veterinárias americanas
sobre a alteração da cauda dos equinos com finalidade estética. Enfatizou-
se o posicionamento das principais organizações americanas relacionadas
a medicina veterinária e a indústria equestre como a American Veterinary
Medical Association (AVMA), American Association of Equine Practitioners
(AAEP) e American College of Veterinary Internal Medicine – Large Animal
Internal Medicine (ACVIM—LAIM)

Revisão de Literatura

Dentre as técnicas de alteração da cauda dos equinos com finalidade


estética, o bloqueio da cauda é a mais comumente relatada. Este procedimento
se baseia na aplicação de uma substância química não estéril altamente lesiva
(álcool etílico) ao redor da inserção da cauda, a fim de lesionar os nervos
responsáveis pela movimentação da sua musculatura. O álcool etílico (etanol) é
nocivo as bainhas de mielina presentes nos neurônios. Elas são responsáveis por
propagar o impulso nervoso, e consequentemente promover a movimentação
da área inervada. A aplicação da substância lesiona as bainhas de mielina dos
neurônios motores, e consequentemente leva a paralisia da musculatura da
cauda (músculo sacrocauldal dorsal, músculo intertransversário da cauda,
músculo coccígeo e músculo sacrocaudal ventral). O tempo de duração
da paralisia é variável e dependente do volume total injetado, área e local
de aplicação. Devido a capacidade desta substância de se disseminar para

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


428 ANAIS X SIMPAC

estruturas adjacentes, o bloqueio pode causar paresia de membros pélvicos


(podendo levar a incoordenação motora e atrofia muscular), paresia de bexiga
e reto (ocasionando incontinência urinária, cistite, incontinência fecal e
possíveis compactações de cólon maior), formação de abscessos e infecções
por Clostridium na região de aplicação (WEST, 2008).
Além do risco de complicações, o bloqueio da cauda é considerado
antiético pois a movimentação da mesma auxilia na comunicação corporal
dos equinos, na elevação da mesma quando os animais defecam, além de
ser indispensável para o espantar de moscas, reduzindo assim, estímulos
dolorosos decorrentes de picadas e a possível transmissão de doenças onde a
mosca é o vetor principal.
Diversas organizações relacionadas a medicina veterinária e a
equideocultura discutem a necessidade de divulgação de informações a
profissionais ligados aos esportes equestres a respeito dos riscos da técnica
e de seus problemas éticos, visto que tem finalidade apenas estética. Messer
(2015) afirma que “A Associação Americana de Veterinários Equinos condena
a alteração da cauda do cavalo para fins cosméticos ou competitivos”. As
Associações de raças como a AQHA (American Quarter Horse Association
– Associação Americana dos Cavalos Quarto de Milha) utilizam técnicas de
diagnóstico de bloqueio de cauda em eventos oficiais, como a eletromiografia,
e penaliza os animais que tiveram a técnica realizada. Estes ficam banidos
de participar de eventos por pelo menos um ano. Outras associações de raça
alteraram os critérios de avaliação da cauda e não mais penalizam os equinos
pela movimentação da mesma, desencorajando assim o uso das técnicas de
bloqueio da região (HEPWORTH-WARREN, 2017).

Considerações Finais

A alteração da cauda dos cavalos revela-se uma prática estética


recorrente que visa aumentar a competitividade dos animais sem levar em
conta questões éticas e de bem-estar animal. A divulgação dos riscos da
técnica bem como a revisão dos critérios de avaliação morfológica da cauda,
a instituição de métodos diagnósticos e penalização de animais com a cauda
bloqueada em eventos são fundamentais para que esta técnica seja banida nas
diferentes raças de equinos no país.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 429

Referências Bibliográficas

AVMA. Horse Tail Modification, May 2012. Disponível em: <https://www.


avma.org/KB/Policies/Pages/Tail-Alteration-in-Horses.aspx>. Acesso em:
01/06/2018.

HEPWORTH-WARREN, K. The truth about tail block, in Equus Magazine,


2017. Disponível em: <https://equusmagazine.com/horse-world/tail-blocks-
truth>. Acesso em: 01/06/2018.

WEST, C. Tail Blocking Gone Wrong, in The Horse your guide to equine
health care, 2008. Disponível em: <https://thehorse.com/122860/tail-
blocking-gone-wrong/>. Acesso em: 01/06/2018.

MESSER, T. Ethics: Altering a horse’s tail—why not?, in AaepNews,


equine veterinary education, May 2015. Disponível em: < https://aaep.org/
sites/default/files/Guidelines/Ethics%20Tail%20Alteration.pdf>. Acesso em:
01/06/2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


430 ANAIS X SIMPAC

A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE


PARTICULAR: DEFICIÊNCIA EM POLÍTICAS PÚBLICAS
E O MÍNIMO AMPARO AO PROPRIETÁRIO DE BEM
IMÓVEL TOMBADO

Eduardo Olavo Camêlo da Silva1, Douglas Luis de Oliveira2

Resumo: Trata-se de um estudo elaborado na seara do Direito


Administrativo no qual foi feito recorte para se analisar a intervenção
do Estado na propriedade particular em busca de identificar a real
deficiência de políticas públicas e o mínimo amparo ao proprietário
de bem imóvel tombado, pois, acredita-se que o ônus da conservação
e preservação do imóvel sobrecai no proprietário do bem sem que este
tenha ajuda financeira do maior interessado na preservação que é
o Estado. Objetiva-se demonstrar que o poder público não possui
políticas públicas eficazes, já que o tombamento é forma de intervir
na propriedade particular e salvaguardar o interesse público, para
auxiliar e amparar o proprietário de bem imóvel tombado e para
isso buscou-se confrontar (a partir do estudo de artigos específicos
que integram a Constituição Federal de 1988 e do Decreto Lei 25 de
1937) as responsabilidades inerentes ao Estado, no que diz respeito
a subsidiar o proprietário na preservação e conservação do bem
tombado, além de descrever a responsabilidade desse na conservação
do bem tombado.
Palavras-chave: Estado, intervenção, tombamento

Introdução

O Direito Administrativo Brasileiro trás em seu escopo


vários poderes administrativos utilizados de forma imperativa

1
Graduando em Direito - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eduardo.camelo.silva@gmail.com
2
Professor Orientador, Direito Administrativo II - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: douglasluis@gmail.
com

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ANAIS X SIMPAC 431

para manter a ordem social do Estado e dentre tais poderes pode-se


observar o Poder de Polícia que é empregado de forma discricionária
para intervir na propriedade particular do indivíduo.
Neste trabalho abordou-se a intervenção supra e as
deficiências de políticas públicas e o mínimo amparo ao proprietário
de bem imóvel tombado. Dessa forma objetiva-se demonstrar que o
pode público não possui políticas públicas eficazes para auxiliar e
amparar o proprietário, de bem imóvel tombado.

Material e Métodos
Utilizou-se analise doutrinária acerca do tema em questão
aplicando-se o método indutivo para constatação do objetivo
específico bem como a pesquisa que irá elucidar de forma explicativa
os motivos expostos no objetivo específico.
Confrontou-se, ainda, os deveres inerentes a cada parte da
relação à partir do estudo dos dispositivos legais que abordam o
tema.
Resultados e Discussão
Falar sobre a intervenção do Estado na propriedade particular
requer uma base sólida e ampla compreensão sobre formação do
Estado e suas transformações sofridas desde suas gênesis até a
presente data considerando a dinâmica cultural dos povos. A partir
dessa compreensão torna-se mais claro a utilização do poder de
polícia do Estado para se intervir, por meio de tombamento, naquela
propriedade particular em prol da coletividade.
Na era medieval a disputa sobre a terra se dava de forma tão
constante que fazia-se necessário uma organização e delimitação
dos espaços que eram utilizados para vários cultivos objetivando
que seu dono pudesse sobreviver em um tempo onde as pessoas se
digladiavam por uma gleba de terra. A necessidade de sobrevivência
sempre fez com que houvesse uma dinamicidade cultural do ser
humano que com a capacidade de raciocinar começa compreender

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


432 ANAIS X SIMPAC

a necessidade de se unirem para juntos serem mais “fortes” e


consequentemente alcançarem seus objetivos em comum surge aí,
para Thomas Hobbes, o Contrato Social (gênesis do Estado) que
de forma bem resumida equivale dizer que o indivíduo “abre mão”
de parte de sua liberdade, que entrega e confere poderes limitados
ao Estado para que este possa cuidar de seus interesses comuns
e punir aqueles indivíduos que transgredirem as leis afixadas no
Contrato Social.
É mister fazer um recorte nas funções desempenhadas pelo
“garantidor” da ordem e ampliar a visão sobre o que diz respeito aos
poderes administrativos que são inerentes às suas atividades, tendo
em vista que esse é o foco deste trabalho, assim, cientes da formação e dos
poderes conferidos ao Estado iniciaremos os trabalhos contextualizando
o significado do poder de polícia que segundo Hely Lopes Meirelles:
“é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e
direitos, individuais, em benefício da coletividade ou do
próprio Estado (MEIRELLES, 2004, pág. 129) e de forma
brilhante “traduz” de forma menos técnica dizendo que:
“é o mecanismo de frenagem que dispõe a Administração
Pública para conter os abusos do direito individual. Por esse
mecanismo, que se faz parte de toda administração, o Estado
detém a atividade dos particulares que se revelar contrária,
nociva ou inconveniente ao bem-estar social, ao desenvolvimento
e à segurança nacional.” (MEIRELLES, 2004, pág. 129)

Ou seja, o Estado tem a discricionariedade de intervir na
propriedade privada no momento em que entender ser necessário
para garantir que seja estabelecida ordem social (de interesse
coletivo) quando as ações dos particulares forem divergentes do
que estabelece o poder estatal. Isso significa dizer que o particular
poderá sofrer intervenção do Estado em sua propriedade de maneira
que aquele escolherá a melhor forma de intervir, uma vez que,
também é discricionário escolher entre: desapropriação; servidão

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ANAIS X SIMPAC 433

administrativa; requisição; ocupação temporária; limitação


administrativa e tombamento.
Os doutrinadores adotam a divisão supra para melhor
entender a dinâmica de cada uma das intervenções e como o foco
é o tombamento as analises serão sobre esse assunto que pode ser
encontrado em legislação geral (constituição) e legislação específica
(decreto lei número 25/37, lei do Tombamento) que como pode
ser observado possui 81 anos considerando o ano hodierno que é
2018. Assim essas duas legislações serão base para distinguir os
responsáveis por promover a salvaguarda e proteção dos bens de
interesse público.
Lembra Maria Sylvia Zanella Di Pietro que a constituição
aduz que:
“Aos Municípios foi dada a atribuição de ‘promover a proteção
de patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e
a ação fiscalizadora federal e estadual’ (art. 30, inciso IX). Vale
dizer que eles não têm competência legislativa nessa matéria,
mas devem utilizar os instrumentos de proteção previstos na
legislação federal e estadual.” (PIETRO, 2016, pág.177)

Nessa mesma doutrina Di Pietro chama a atenção para


os efeitos do tombamento no qual “...resultam para o proprietário
obrigações positivas (de fazer), negativas (não fazer) e de suportar
(deixar de fazer).” (pág. 183). Com isso o leitor é remetido ao art. 19
da lei 25/37 no qual se pode ler:
“Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuzer
de recursos para proceder às obras de conservação e reparação
que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das
mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao
dobro da importância em que fôr avaliado o dano sofrido pela
mesma coisa.” (sic)

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


434 ANAIS X SIMPAC

Aqui percebe-se qual a obrigação do proprietário do bem


tombado bem como as consequências (punição) aplicada ao
indivíduo que não seguir as indicações no artigo em tela. Assim,
mesmo sabendo que a responsabilidade do município é de promover
subsídios para a proteção do patrimônio de interesse público (art.
30, inciso IX. CF/88) o proprietário poderá sofrer sanções (art. 19.
DL 25/37) caso não consiga preservar sua propriedade.

Conclusões

O quê se pode concluir deste trabalho é que as leis abordas


estão defasadas tendo em vista a data da elaboração de tais
dispositivos bem como as constantes mudanças culturais.
É imprescindível maior participação do Estado no que se refere
ajuda financeira pois muitas vezes o proprietário do bem tombado
não suporta a obrigação de conservar seu imóvel devidas as várias
restrições impostas a ele.

Referências Bibliográficas

PIETRO, M. S. Z. D.. Direito Administrativo. 29ª edição. Rio de


Janeiro: Forense, 2016.
MAZZA, A. Manual de direito administrativo. 4ª edição. São Paulo:
Saraiva, 2014.
MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 29ª edição.
São Paulo: Malheiros Editores, 2004.
WEFFORT, F. C. Org. Os clássicos da política. Vol. 1. 13ª Ed. São
Paulo: Editora Ática, 2006.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 435

ANÁLISE DO PERFIL DOS IDOSOS ACOMETIDOS POR


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Ana Carolina Miranda Lelis1, Elenaide Machado2, Yasmin


Martins3, Alessandra Santos de Paula4

Resumo: A violência é considerada um grave problema de saúde


pública e o Estatuto do Idoso é um importante instrumento para
combater a violência contra o idoso. A identificação dos principais
aspectos da violência , sofrida pelo idoso contribui na busca de maior
soma de possibilidades de soluções à resolução desse problema. A
violência intrafamiliar é umas das situações a que os idosos estão
expostos com o avançar da idade, e conhecer este fenômeno, suas
causas, seus fatores de riscos, as formas de rastreamento e os tipos
de violência tornam-se um desafio para os profissionais da Atenção
Básica de Saúde. Nesse cenário, esta pesquisa foi sugerida almejando
determinar o perfil da violência sofrida pelo idoso no âmbito
domiciliário e doméstico , com o intuito de identificar propostas para
modificar essa realidade e contribuir com a diminuição do número
de vítimas de violência que sofrem em silêncio.

Palavras–chave: Atenção Primária, Domicílio, Família, Idoso,


Violência Doméstica

Introdução

O campo de estudo da violência se depara constantemente


com as imprecisões decorrentes desse fenômeno, pois adquire
múltiplos significados quando analisado sob a perspectiva das
relações interpessoais. A violência extrema é facilmente reconhecida
1
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: anacarolenf2019@outlook.com
2
Elenaide Machado – Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
Elenaidemachado@gmail.com
3
Graduanda em Enfermagem- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA - e-mail: yasminflayn@gmail.com
4
Professora do Departamento de Enfermagem- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA - email:alessandradepaula@
univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


436 ANAIS X SIMPAC

e condenada, porém, quando se expressa de forma rarefeita , tende


a permanecer oculta. Compreende-se então que a violência faz
parte da ambivalência humana, na medida em que todas as pessoas
trazem em si o potencial para amar e odiar, construir e destruir;
dosar sentimentos, ações e limites é um desafio constante nas
relações interpessoais (WANDERBROOCKE;MORE, 2012).

A violência contra o idoso é considerada um problema de


saúde pública, e consequência que a violência causa para a saúde
do indivíduo, da sua família e da sociedade faz com que esse agravo
seja considerado um problema de saúde pública com alto custo
emocional e social. A violência promove impactos negativos sobre
a saúdeda vítima, como altas taxas de morbidade e mortalidade,
aumento do risco uma série de problemas de saúde e doenças
crônicas, e representa, segundo o National Center on Elder Abuse
(2013), o abuso físico,sexual, emocional e/ou psicológico e inclui a
negligência e a exploração financeira. Adentra-se que com o aumento
do crescimento populacional da terceira idade e da expectativa de
vida, ocasionado pela melhoria do padrão de vida, tornaram-se mais
evidentes os problemas enfrentados por essa faixa etária, dentre
eles a violência.

Em estudo realizado com notificações em 2009, constatou-


se que as causas externas, como acidentes e violência, ocuparam a
sexta posição entre os óbitos de idosos no Brasil, correspondendo,
assim, a um risco de morte por homicídio de 9,9 idosos por 100
mil idosos (MASCARENHAS et al., 2011). Na maioria dos casos,
a violência contra o idoso ocorre no meio intrafamiliar o agressor
é alguém que cuida do idoso ou possuí vínculo, onde se destacam o
filho, a nora e os netos. Florêncio et al. (2007). Quando o agressor
é uma pessoa desconhecida ou distante, o ato é mais facilmente
reconhecido do que quando quem o pratica é uma pessoa com a qual
se tem relações próximas. A Política Nacional do Idoso, o Estatuto
do Idoso, aprovado em setembro de 2003, institui penas severas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 437

para quem desrespeita cidadãos da terceira idade determinando


que nenhum idoso poderá ser objeto de negligência, discriminação,
violência, crueldade ou opressão.

Sendo assim, apesar da criação e aprovação dessa política


específica, os profissionais da enfermagem precisam incorporar um
olhar qualificado e direcionado, que fará a assistência à saúde mais
eficiente e eficaz, contribuindo para a redução de complicações e
aparecimento de casos de violência contra o idoso. O presente artigo
tem por objetivo uma revisão de literatura, afim de identificar os
principais aspectos de todos os tipos de violencia aos quais os idosos
estão expostos.

Material e Métodos

Trata-se de uma revisão de literatura, que segue as etapas:


1) identificar a hipótese; 2) selecionar a amostra; 3)organizar as
informações; 4) analisar dados; 5) interpretação de resultados; 6)
apresentação da revisão.
Os artigos analisados foram selecionados a partir de uma busca
na base de dados da Revista Eletrônica de Enfermagem (ree),
Estudos Interdisciplinares Sobre o Envelhecimento (seer), o
SCIELO (Scientific Eletronic Libraty Online) e uma dissertação
apresentada ao Curso de Pós-graduação em Enfermagem, no
Ceará, utilizando os descritores: Violência doméstica aos idosos,
perfil dos idosos. Os critérios para a seleção dos artigos foram
publicações disponíveis na íntegra, em português, nos últimos
dez anos e que abordem o tema. Após seleção e leitura foram
selecionadas publicações de forma qualitativa referente ao perfil
dos idosos acometidos por violência doméstica.

Resultados e Discussão

Com base nos conteúdos dos artigos pesquisados, observa-se

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


438 ANAIS X SIMPAC

que, lamentavelmente, é comum a violência ao idoso. Violencia que


acontece em qualquer ambiente, até mesmo em sua casa, através de
seus familiares e cuidadores. O idosos possui uma fragilidade, não
somente física, mas emocionalmente, acarretando vulnerabilidade
a todos os tipos de violência. Isso ocasiona mudanças físicas,
psicológicas e sociais, e originar traumas que serão carregados ao
longo de sua vida.
É necessário desenvolver um trabalho contíguo,
principalmente do governo junto com as redes de atenção básica e
em áreas que tenham permanência de idosos, e simultaneamente
aos profissionais que estão em proximidade aos idosos,
principalmente os enfermeiros, estes que o seu cuidado está além
da assistência, mas também da educação aos seus clientes. Neste
fim, se faz indispensável a conscientizá-los sobre seus direitos, e
principalmente direto da saúde.

Considerações Finais

Concluiu-se nesta pesquisa a violência intrafamiliar contra


os idosos o principal fator de risco é a desestruturação familiar.
Esta violência é reconhecida por meio da visita domiciliar, tem como
agressores entes da própria família, que vivenciam as mudanças do
envelhecimento e buscam alternativas para lidar com os problemas
gerados em seu cuidado.
Constatou-se a existência de carência de denúncias sobre
os maus-tratos contra o idoso por parte da sociedade e falta de
sistematização da equipe de ESF no seu rastreamento. O que leva a
pensar na necessidade de capacitação dos profissionais no combate
a violência e como tem se processado o atendimento das vítimas.
A notificação deste problema ainda é deficiente, apesar de
constituir-se uma questão de saúde pública, nota-se que a violência
relatada pelos integrantes da ESF contra o idoso não é registrada

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 439

dentro do sistema de informação do SUS, não permitindo visualizar


a magnitude com que este evento ocorre, suas consequências para o
setor saúde.
Percebe-se que são inúmeras as adversidades enfrentadas
pela equipe Saúde da Família para identificar a violência, entre
as mais referidas, contam que idoso oculta as agressões sofridas,
as doenças mentais e dificuldades de comunicação. Constatou-se
também que prevalece falta de um instrumento de identificação de
violência específico para terceira idade e a participação das redes de
proteção social no rastreamento, de forma a cooperar com a equipe
saúde da família e oferecer a devida proteção aos idosos.
É imprescindível a realização de novos estudos sobre o tema,
para melhor caracterizar a realidade da violência contra o idoso
e poder intervir em sua prevenção. Todavia há de ressaltar que
a defesa dos idosos não é só de responsabilidade dos sistemas de
saúde, ESF, porém de todos os órgãos de proteção social seja ele
formal ou informal, associação dos moradores, vizinhos, ministério
público, conselhos municipal de saúde entre outros, devem forma
uma rede integrada que previna os maus-tratos e defenda seus
direitos previstos em lei.

Referências Bibliográficas

CORREIA, T; MARQUES, A. P. Perfil dos Idosos em situação


de Violencia atendidos em serviço de emergência em Recife-
PE. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2012; 15(3):529-
536

SHIMBO, A. O reconhecimento pela equipe da Estratégia de


Saúde da Família da Violencia Intrafamiliar contra Idosos.
2008. 80f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná, 2008.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


440 ANAIS X SIMPAC

OLIVEIRA, S; LEITE, A; MONTEIRO, L; PAVARINI, S. Violencia


em Idosos após aprovação do Estatuto do Idoso: revisão
integrativa. Revista Eletr. Enf. 2012 oct/dez; 14(4).

SALES, D; FREITAS, C; BRITO, M. da C; OLIVEIRA, E; DIAS, F;


PARENTE, F; SILVA, M. J.. A Violencia contra o Idoso na visão
do Agente Comunitário de Saúde. Est.Interdiscipl.enverlhec;
Porto Alegre, v.19, n.1, p. 63-77, 2014

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ANAIS X SIMPAC 441

FATORES RELACIONADOS A SÍNDROME DO IDOSO


FRÁGIL E A SOBREVIVÊNCIA EM INSTITUIÇÕES DE
LONGA PERMANÊNCIA

Elisnanda Marina de Souza1, Alessandra Santos de Paula2

Resumo: Este artigo descreve a síndrome da fragilidade


desenvolvida em idosos, especialmente a aqueles com mais de 65
anos, e a sua relação com instituições de longa permanência.
Idosos institucionalizados tendem a desenvolver a síndrome da
fragilidade devido a fatores externos, físicos e psíquicos envolvidos
na fase de adaptação a um novo meio. Cabe aos profissionais de
saúde, especialmente o enfermeiro, avaliar as condições de saúde do
idoso, para isso foi implantado no NANDA (2015-17) o diagnóstico
Síndrome do Idoso Frágil, visando avaliar as reais e potenciais
necessidades, bem como estabelecer as intervenções necessárias,
promover e controlar a saúde.

Palavras–chave: Diagnóstico, enfermagem, fragilidade, idoso,


institucionalização e promoção.

Introdução

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística), o número de idosos no Brasil cresceu 50% na última
década. Nos últimos 10 anos o Brasil ganhou 8,5 milhões de cidadãos
acima dos 60 anos, e essa parcela da população deve chegar a 38
milhões em 2027.
A velhice é um período da vida com uma alta prevalência
de DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis), limitações
físicas, perdas cognitivas, sintomas depressivos, declínio sensorial,
acidentes e isolamento social (RAMOS, 2003).
1
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: elisnandamarina@hotmail.com
2
Graduada, mestre em Enfermagem e docente dos cursos de graduação em Enfermagem e Nutrição–
FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: alessandradepaula@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


442 ANAIS X SIMPAC

De acordo com Pereira, Borim e Neri (2017), o termo fragilidade


surgiu na literatura na década de 80, designando indivíduos frágeis
aqueles que tinham mais de 65 anos, dependentes para atividade
de vida diária (AVD) e geralmente institucionalizados. A Síndrome
da Fragilidade no Idoso (SFI) é determinada por fatores de risco os
quais interagem e agridem o organismo do idoso ao longo do curso da
vida, podendo ser identificada precocemente para que intervenções e
condutadas possam ser realizadas (MACEDO, GAZZOLA, NAJAS.,
2008).
Na promoção do cuidado integral a esses individuos é
imprescindivel a presença de um enfermeiro, pois o mesmo está
capacitado para avaliar e estabelecer um método sistematizado e
dinâmico, ou seja, no Processo de Enfermagem (PE), fundamental
para o julgamento clinico e consequentemente tomada de decisão
acurada (CROSSETTI et al., 2011). E estabelecer um plano de
cuidados a partir do novo diagnóstico implantado pela North
American Nursing Diagnoses Association (NANDA 2015-17).
Quando surgiram, os asilos tinham características de lugar
para a degeneração da velhice e alienação do mundo. Nesses
locais eram salientes as situações de abandono e a condição de
dependência dos idosos. Na qual não havia profissionais habilitados
para lidar com as condições de saúde dos clientes. Hoje, ainda se
constata que as disfunções físicas, cognitivas e sociais, muitas vezes
presentes entre as pessoas idosas, culminam na necessidade de
institucionalização (MICHEL et al., 2012). Porém, existe a legislação
vigente que estabelece os critérios mínimos para o funcionamento
dessas instituições consta na Resolução da Diretoria Colegiada da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária nº 283, de 26 de setembro
de 2005, na qual receberam a denominação de Instituição de Longa
Permanência para Idosos (BRASIL,2005).
Diante do exposto, este presente estudo visa analisar a relação
entre idosos (acima de 60 anos) que desenvolvem a sindrome da
fragilidade e a relação com a sobrevivência em instituições de longa
permanência.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 443

Material e Métodos

Este estudo caracteriza-se como uma revisão bibliográfica das


últimas publicações acerca do tema. Utilizando como critérios para
a seleção dos artigos busca em base de dados bibliográficos, como o
LILACS, estabelecido um limite de tempo de publicações que não
fosse anterior a 2000. Foram selecionados artigos escritos em inglês,
português ou espanhol. Optou-se pela busca de termos livres, sem
nenhuma palavra chave de pesquisa, pois com essa estratégia, houve
uma recuperação de um número maior de referências, garantindo
a detecção da maioria dos trabalhos publicados dentro dos critérios
pré-estabelecidos.
.
Resultados e Discussão

A relação do idoso institucionalizado vem sendo desmistificada


ao longo dos anos, e ganhando reconhecimento e melhorias junto
aos órgãos públicos. A RDC Nº 283, DE 26 DE SETEMBRO DE
2005 objetiva estabelecer o padrão mínimo de funcionamento
das Instituições de Longa Permanência para Idosos. Esta norma
é aplicável a toda instituição de longa permanência para idosos,
governamental ou não governamental, destinada à moradia
coletiva de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou
sem suporte familiar (BRASIL,2005).
Disponibilizando de pessoal qualificado, com capacitação para
cuidar de idosos, instalações planejadas e equipamentos de apoio ou
adaptação, utilizado para compensar ou potencializar habilidades
funcionais, tais como bengala, andador, óculos, aparelho auditivo e
cadeira de rodas, entre outros com função assemelhada.
O ambiente familiar foi construído ao longo de toda vida,
contendo características pessoais, sociais, culturais, normas do
próprio domicílio, questões relacionadas à funcionalidade e diversos
outros fatores, o que torna este ambiente caracterizado de acordo
com as pessoas que convivem no mesmo (DUARTE, DIOGO, 2000).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


444 ANAIS X SIMPAC

A relação do idoso em um lar de repouso deve ser muito bem


preparada e assegurada de percepções psicológicas, pois o fato de se
instalar em uma nova moradia, com outras pessoas fora do convívio
familiar e a necessidade de acompanhamento diário, pode ocasionar
sintomas depressivos e isolamento social. A depressão é o transtorno
de humor mais comum na terceira idade, sendo caracterizada por
sentimento de tristeza, desesperança, ausência de interesse em
realizar atividades antes desenvolvidas e até pensamentos suicidas,
o que leva ao agravamento das manifestações das doenças pré-
existentes (FREIRE et al., 2018).
Os fatores externos e a fase de adaptação interferem
diretamente na saúde física e psíquica do idoso. Porém a forma
como cada um irá enfrentar essa nova fase da vida é individual.
Cabe aos profissionais da saúde responsáveis pela instituição, a
peculiaridade de avaliar e propor o melhor plano terapêutico para
desviar o idoso de desenvolver a síndrome da fragilidade. Segundo
Hogan et al (2003), a definição de fragilidade pode ser originada de
três fontes classificatórias distintas: 1) dependência nas atividades
de vida diária (AVDs) e nas atividades instrumentais de vida
diária (AIVDs); 2) vulnerabilidade aos estresses ambientais, às
patologias e às quedas, e 3) estados patológicos agudos e crônicos.
De acordo com Lourenço (2008), o idoso frágil deve ser
considerado o alvo prioritário de políticas públicas de saúde para a
população idosa. Pois é o que mais necessita de cuidados de saúde,
serviços comunitários de suporte e cuidados de longo prazo, já
que o estado de vulnerabilidade acarreta um risco aumentado de
eventos adversos, como a dependência, a incapacidade, as quedas
e lesões, as doenças agudas, doenças crônicas, a lenta recuperação
de patologias em geral, a hospitalização e a mortalidade elevada;
também, porque é o subgrupo que cresce acentuadamente.
Para auxiliar na detecção precoce, promoção e controle do
problema foi incluído no North American Nursing Diagnoses
Association - NANDA (2015-2017) que propõe o diagnóstico
de enfermagem Síndrome do Idoso Frágil, apresentando treze
características definidoras e dez fatores relacionados, visando
potencializar a autonomia e independência dos idosos. Possibilitando
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 445

ao enfermeiro desenvolver o processo diagnóstico que permeado


pelo pensamento crítico conduzirá a elaboração de diagnósticos de
enfermagem adequados as reais ou potenciais necessidades do idoso
(NANDA, 2014).
Nesse sentido, a inclusão deste diagnostico de enfermagem
na taxonomia possibilita ao enfermeiro sua identificação, bem
como estabelecer resultados diante de intervenções preventivas ou
curativas, amenizando os desfechos da SFI quando já instalada, em
diferentes graus de comprometimento do idoso, preservando por um
período mais longo a autonomia e independência desses (NANDA,
2014).
Os profissionais de institutos de longa permanência/casa
de repouso/lar dos velhinhos têm o compromisso de suprir as
necessidades básicas dos idosos, proporcionando-lhes uma melhor
qualidade de vida. Contudo, nem sempre lhes são oferecidas
atividades, por falta de mão-de-obra especializada, problemas
financeiros, ou até mesmo pela restrição de espaço físico. Assim,
os idosos ficam muito tempo ociosos, o que pode levar a problemas
de angústia e depressão, entre outras doenças (GUIMARÃES,
SIMAS e FARIAS, 2005). Mas segundo Lourenço (2008), a
preservação da autonomia e da independência já é considerada
aspecto fundamental na conservação da saúde dos idosos. Preservar
a capacidade de decidir, autonomia, assim como a de executar as
tarefas de autocuidado e aquelas associadas à vida de relação com a
sociedade - independência - são, muito mais que a simples presença
de morbidades, os elementos essenciais que permitem ao idoso
manter uma vida com qualidade.

Considerações Finais

Os fatores que podem desencadear a síndrome da fragilidade


no idoso são múltiplos, recebendo destaque os fatores sociais e
psicológicos, que são reestruturados ao momento em que o indivíduo
troca a sua residência por uma instituição de longa permanência.
Contudo, pode ser uma experiência de fácil adaptação se houver

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


446 ANAIS X SIMPAC

profissionais preparados para receber este idoso e cuidá-lo na sua


integralidade. A implementação do diagnóstico Síndrome do Idoso
Frágil, bem como a Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE), possibilita a organização, planejamento e avaliação do cuidado
prestado. Sendo uma ferramenta importante para o enfermeiro
alcançar qualidade da assistência, melhorar a comunicação e o olhar
individualizado, priorizar as necessidades de cada paciente e ainda
desenvolver ações baseadas em conhecimento técnico cientifico.

Referências Bibliográficas

BRASIL., Ministério da Saúde (BR), Agência Nacional de Vigilância


Sanitária. RDC nº. 283 de 26 de setembro de 2005. Aprova o
regulamento técnico que define normas de funcionamento para as
instituições de longa permanência para idosos. Brasília: Diário
Oficial da União; 2005. 

DUARTE, Y.A.O., DIOGO, M.J.D. Atendimento domiciliar: um


enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu; 2000. p.265-306.

GUIMARÃES, A. A.; SIMAS, J. N.; FARIAS, S. F. O ambiente asilar


e a qualidade de vida do idoso. A Terceira Idade, v. 16, n. 33, p.
54-71, jun. 2005.

MACEDO, C., GAZZOLA, J, M., NAJAS, M. Síndrome da Fragilidade


no Idoso: importância da fisioterapia. Arquivos Brasileiros de
Ciências da Saúde. v.33, n.3, p.177-84, 2008.

MICHEL, T., LENARDT, M, H., BETIOLLI. Susanne Elero   and 


NEU, Dâmarys Kohlbeck de Melo. Significado atribuído pelos idosos
à vivência em uma instituição de longa permanência: contribuições
para o cuidado de enfermagem. Texto contexto - enferm. [online].
2012, vol.21, n.3, pp.495-504. ISSN 0104-0707.  http://dx.doi.
org/10.1590/S0104-07072012000300002

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ANAIS X SIMPAC 447

NANDA. North American Nursing Diagnoses Association. Nursing


Diagnoses 2017-17: definitions and classification. 10th ed. New
Jersey, Wiley-Blackwell, 2014.

PEREIRA, A.A., BORIM, F.S.A., NERI, A.L. Risco de morte em


idosos com base no fenótipo e no índice fragilidade: estudo de revisão.
Rev. bras. geriatr. gerontol.  vol.20  no.2  Rio de Janeiro  Mar./
Apr. 2017.

RAMOS, L. R. Fatores determinantes do envelhecimento


saudável em idosos residentes em centro urbano: Projeto Epidoso,
São Paulo. Cad. Saúde Pública [online]. 2003, vol.19, n.3,
pp.793-797. ISSN 1678-4464.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
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448 ANAIS X SIMPAC

A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM E O MAL DE ALZHEIMER

Emanuelle Silva de Lima1, Isabela Sara Pereira Alves2,


Alessandra Santos de Paula3

Resumo: Este artigo descreve sobre o mal de Alzheimer e como essa


doença crônico degenerativa afeta os idosos e suas habilidades para
realizar as atividades da vida diária e como a sistematização da
assistência de enfermagem pode auxiliar nessa fase, determinando
diagnósticos e intervenções a serem realizadas no âmbito familiar
ou em instituições de longa permanência.

Palavras–chave: Assistência humanizada, doença de Alzheimer,


envelhecimento, idoso, sistematização da assistência de enfermagem.

Introdução

O envelhecimento é caracterizado como um processo


progressivo onde ocorrem mudanças fisiológicas, psicológicas e
morfológicas no ser humano, sendo inevitável. O envelhecimento
ativo foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) em 1990 afim de conscientizar a população em relação ao
envelhecimento de forma saudável, além dos cuidados de saúde
e práticas que afetam a qualidade de vida (MELO, 2015). Porém,
sabe-se que em idosos existem maiores chances do aparecimento
de doenças crônico-degenerativas, o que pode impedir uma vida
totalmente saudável (CHAVES, 2007).
O Alzheimer é uma das doenças crônico-degenerativas que
mais acomete os idosos. É caracterizada como uma demência que
atinge os indivíduos, ocorrendo o declínio funcional e perda da
autonomia (MELO, 2015).
1
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eslima96@gmail.com
2
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: is.abela20@hotmail.com
3
Docente em Enfermagem, Farmácia e Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
alessandradepaula@univicosa.com.br

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ANAIS X SIMPAC 449

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o mal de


Alzheimer atinge 33% da população com mais de 85 anos de idade.
No Brasil, estima-se que haja 1,1 milhão de pessoas com a doença.
Também é considerada a forma mais comum de demência, sendo
responsável por 60% a 70% dos casos.
A doença do Alzheimer (DA) possui três estágios, sendo eles: a
fase inicial que é caracterizada pelo paciente se apresentar confuso,
desorientado no tempo e espaço, desatento e com dificuldade lidar
com as finanças, porém ainda consegue realizar as atividades básicas
da vida diária; já na fase moderada, a doença avança de forma
que o enfermo necessita de auxilio para desenvolver as atividades
diárias, apresenta dificuldade com a escrita e linguagens, além de
não conseguir reconhecer totalmente as pessoas e lugares; na fase
avançada da doença, o paciente se encontra em total dependência de
outras pessoas pois perde sua autonomia completamente (SOARES,
2014).
Desta forma, em cada estágio da doença é necessária uma
equipe multiprofissional com o objetivo de diminuir as dificuldades
da família, em caso de pacientes com cuidadores no domicilio,
maximizando a qualidade da assistência e priorizando o cuidado e
as relações com paciente e família (RODRIGUES, 2015).
Segundo a resolução do COFEN nº358/09, a Sistematização
da Assistência de Enfermagem é uma atividade privativa do
enfermeiro, utilizando do método cientifico para a identificação
de problemas, criando então uma assistência de enfermagem que
contribua para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação
da saúde do paciente, família e comunidade.
O objetivo deste artigo é explicar como a sistematização da
assistência de enfermagem pode ser aplicada ao paciente portador
de Alzheimer, desde a avaliação que deve ser feita até a elaboração
de diagnósticos e o planejamento do cuidado, podendo esse ser no
domicilio por cuidadores leigos ou da área e também, em instituições
de longa permanência.

Material e Métodos

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450 ANAIS X SIMPAC

O presente artigo vem a ser um estudo bibliográfico de caráter


descritivo, utilizando o método da revisão integrativa da literatura
para coleta e análise de dados. Os artigos foram selecionados
através da pesquisa nos provedores como a Scientific Eletronic
Library (SCIELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), onde foram
encontrados 1.501 artigos relacionando a enfermagem e o mal de
Alzheimer. Desta forma, os artigos foram analisados e ao final foram
selecionados de acordo com a atualização e adequação ao tema.

Resultados e Discussão

A doença de Alzheimer é um dos distúrbios mais temidos dos


tempos modernos, porque apresenta consequências catastróficas
para o paciente e família, que experimentam o que foi determinado
de um funeral interminável (CHAVES, 2007).
A doença de Alzheimer, ou DA, causa grande repercusão, pois
as mudanças anormais que ocorrem no processo de envelhecimento
assustam tanto o portador de DA como também a sua família.
É considerada uma doença neurodegenerativa progressiva,
heterogenia nos seus aspectos etiológico, clínico e neuropatológico
e faz parte das mais importantes doenças comuns aos idosos
(RODRIGUES, 2015).
É uma doença de início insidioso sem cura descoberta
e que terá sinais e sintomas progressivamente incapacitantes. As
manifestações clínicas incluem grandes perdas de memória, raciocínio
e julgamento, mudanças de personalidade, comportamento, humor
e capacidade de autocuidado (CHAVES, 2007)
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) baseia-
se em cinco etapas: coleta de dados, diagnóstico, planejamento,
implementação e avaliação. Estas etapas integram-se estabelecendo
as ações que permitem ao enfermeiro aplicar seus conhecimentos
técnico-científicos durante a execução de suas atividades (SOARES,
2014).
É um instrumento que deve favorecer a atuação dos enfermeiros
em seus diferentes meios de trabalho, garantindo uma melhor
assistência. No contexto da assistência à pessoa idosa, a utilização

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 451

da SAE pode ser adotada para facilitar tanto o seu atendimento


nas instituições de longa permanência, como também para orientar
os familiares, direcionando-os na prestação de cuidados (SOARES,
2014).
A análise de enfermagem em portadores de Alzheimer deve-
se verificar o cognitivo, pensamentos abstratos, concentração,
capacidade verbal e memória, observando alterações na habilidade
de realizar suas atividades motoras, ir ao banheiro, vestir - se,
tomar banho, como também verificar peso, nutrição, flexibilidade,
tônus muscular e força (CHAVES,2007).
As prescrições de enfermagem elaboradas têm por fim ajudar
o portador a estabilizar uma função cognitiva ideal, garantindo a
segurança física, estimulando a independência nas atividades de
autocuidado, diminuindo a agitação e a ansiedade, aprimorando a
comunicação, orientando e dando suporte aos familiares, tratando
os distúrbios dos hábitos de sono, a socialização e a intimidade
(SOARES, 2014).
A junção do exame físico e neuropsicológico com os dados
levantados pelos enfermeiros é fundamental para um diagnóstico
adequado que mostra de forma clara a importância da função
desempenhada pela enfermagem. Valorizar a aproximação
do profissional com cada idoso é de grande importância para
a convivência, podendo ser uma das melhores maneiras de se
identificar as necessidades e capacidades apresentadas pelo idoso
(SOARES, 2014).
A sistematização de uma assistência elaborada e integral pode
refletir na atuação dos profissionais de forma positiva, norteando-
os durante as atividades diárias, para a inclusão dos idosos diante
do contexto apresentado pela instituição, favorecendo laços com a
família e ampliando suas atividades (RODRIGUES, 2015).
A doença de Alzheimer pode afetar cada indivíduo
diferentemente, podendo apresentar vários sinais e sintomas
progressivos, observados de acordo com suas fases:
Fase leve: Perda da memória recente e desorientação em
lugares conhecidos, ansiedade por consciência dos sintomas
fisiológicos e medo de mudança no estado de saúde, fadiga, letargia

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


452 ANAIS X SIMPAC

ou desatenção e concentração comprometida, isolamento social,


retração, realização de ações repetitivas e sem sentido. O indivíduo
costuma estar alerta e ser sociável, mas seus esquecimentos
frequentes começam a interferir nas suas atividades da vida diária.
Um diagnóstico de enfermagem a ser considerado para esta fase:
Ansiedade relacionada a crises situacionais caracterizado por
confusão; Memória prejudicada relacionada a distúrbios neurológicos
caracterizado por experiências de esquecimento (NANDA, 2008)
Fase moderada: Iniciam-se dificuldades de reconhecimento
das pessoas, de compreensão do que é ouvido, de expressar o que é
dito, de nomear objetos e de executar tarefas motoras, interferindo
nas atividades da vida diária, como no banho e higiene pessoal, no
vestir-se e alimentar-se, agressividade, alucinações e delírios.
Diagnósticos de enfermagem a ser considerado para esta fase:
Manutenção ineficaz da saúde relacionado a prejuízo cognitivo
caracterizado por incapacidade de assumir a responsabilidade
de atender as práticas básicas de saúde; Processos familiares
disfuncionais relacionado a falta de habilidade para resolver
problemas caracterizado por capacidade reduzida dos membros
da família de se relacionarem entre si visando ao crescimento e ao
amadurecimento mútuo (NANDA, 2008)
Fase grave: Perda de memória grave. Os indivíduos nessa
fase necessitam da atenção do cuidador 24 horas por dia, pois não
conseguem mais realizar as tarefas comuns, como higiene pessoal,
perda da capacidade de deambular e sustentar a cabeça, vocabulário
restrito a poucas palavras, dificuldade de deglutição, incontinência
fecal e urinária. São totalmente dependentes de cuidados e estão
quase sempre confusos. Um diagnóstico de enfermagem a ser
considerado para esta fase: Déficit no autocuidado para banho
relacionado a prejuízo cognitivo caracterizado por incapacidade de
pegar artigos para banho; Mobilidade física prejudicada relacionado
a prejuízo cognitivo caracterizados por movimentos não coordenados
(NANDA, 2008)
O enfermeiro tem o papel fundamental na orientação e
cuidados de enfermagem ao paciente e sua família, desde o
diagnóstico ao estágio mais grave. Logo, é importante possuir

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 453

conhecimentos, habilidades, técnicas e humanização para o manejo


dos casos. Na assistência de enfermagem, deve ser adotada o
Processo de Enfermagem, para facilitar o atendimento do paciente
tanto nos hospitais como na orientação dos familiares de uma
forma mais eficaz. No ambiente domiciliar, é importante que a
enfermagem prepare o cuidador para execução das atividades
assistenciais necessárias do cotidiano. No ambiente hospitalar,
uma das atribuições da assistência de enfermagem é orientar
e fiscalizar a equipe de trabalho para que a prescrição médica e
terapêutica seja seguida corretamente, orientar a equipe a auxiliar
os pacientes durante todo o processo, solicitar o acompanhamento
multiprofissional com médicos, nutricionistas, psicólogos quando
necessário (CHAVES, 2007).

Considerações Finais

A sistematização da assistência de enfermagem ao portador


da doença de Alzheimer, consiste na elaboração de um plano de
cuidados com o paciente considerando sua individualidade. Tendo
em vista o valor da vida humana, este trabalho vem promover a
valorização de cada idoso em seu meio junto a seus entes, com um
acompanhamento individualizado com atividades de caráter.

Referências Bibliográficas

CHAVES, L; SILVA, M. S. A. Sistematização do atendimento de


enfermagem ao idoso portador da doença de Alzheimer em domicílio.
Revista meio ambiente saúde. v.2, n., p. 60-75, 2007.

MELO, N.M.A; MENESES, C.H.S.C; OLIVEIRA, R.A; BARBOSA,


R.K.G; PINTO, B.W.C; Alzheimer na população idosa: a
importância da sistematização da assistência de enfermagem. In:
Congresso Internacional Envelhecimento Humano, 2015.

Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN nº358/09


Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
454 ANAIS X SIMPAC

implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos


ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e
dá outras providências. Brasília-DF, 15 de outubro de 2009.

NANDA. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e


classificação (2007-2008). Porto Alegre: Artmed, 2008.

RODRIGUES, A.L.B.A.; LIMA, C.P.B; NASCIMENTO, R.F;


Assistência de enfermagem ao paciente com Alzheimer. Revista
Científica da FASETE, p. 232-243, 2015.

SOARES, J. S.; CANDIDO, A. S. F. Assistência de enfermagem


ao portador de Alzheimer e aos seus cuidadores. Revista de
enfermagem contemporânea. v.3, n., p. 27-36, 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 455

A DEPENDÊNCIA DOS MUNICÍPIOS DA


MICRORREGIÃO DE VIÇOSA/MG EM RELAÇÃO AOS
REPASSES INTERGOVERNAMENTAIS DESTINADOS À
SAÚDE PÚBLICA

Estefânia Soares dos Santos1, Maria del Pilar Salinas Quiroga2,


Daniela Araújo dos Anjos3

Resumo: O presente trabalho procurou avaliar se as mudanças


ocorridas após a descentralização das políticas públicas de saúde,
que deveriam atenuar as diferenças socioeconômicas regionais e o
desequilíbrio fiscal discrepante entre as regiões brasileiras, realmente
foram efetivadas para amenizar a desigualdade nesse setor. Buscou
evidenciar como são os repasses de recursos da União e do Estado,
destinados à saúde pública, aos Municípios da microrregião de
Viçosa/MG, verificando em que medida referidos entes subnacionais
são (in) dependentes financeiramente. Para atingir os propósitos do
estudo, foram elaborados clusters com base na análise multivariada,
e cálculo da participação dos repasses intergovernamentais no
Investimento Total do Município vinculado à saúde, os quais
permitem avaliar e hierarquizar os municípios de acordo com o seu
desempenho. Os resultados apontam que os municípios possuem
alta dependência desses repasses, sendo que essas transferências
intergovernamentais são de fundamental importância para suprir
as necessidades financeiras dos municípios.

Palavras–chave: Descentralização, financiamento, investimento,
transferências intergovernamentais.

1
Bacharel em Ciências Contábeis - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: estefania_soares@hotmail.com;
2
Professora e Gestora do curso de Ciências Contábeis – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: pili_2064@
hotmail.com;
3
Professora do curso de Ciências Contábeis – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: danielaaraujocco@
gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


456 ANAIS X SIMPAC

Introdução

A saúde pública brasileira, a partir da Constituição Federal


de 1988, sofreu mudanças significativas quanto às obrigações
destinadas a União, Estados e Municípios. Com a publicação
da Constituição de 1988, foram estabelecidas diretrizes no
desenvolvimento de ações e serviços públicos de saúde. Entre essas
diretrizes vale ressaltar o processo de descentralização, ou seja,
“processo de transferência de responsabilidades de gestão para os
municípios, atendendo às determinações constitucionais e legais”
(BRASIL, 2009).
Assim, a saúde pública passou a ser regionalizada e
hierarquizada, devendo ser financiada através das três esferas
do governo. Ocorre que a descentralização trouxe grandes
responsabilidades aos municípios, que por sua vez, não conseguem
cumpri-las corretamente, devido aos problemas financeiros que
enfrentam.
Com o processo de descentralização atribuiu-se mais
responsabilidade ao município, o qual adquiriu a autonomia junto
a União e o Estado. Por ser o ente federativo mais próximo da
sociedade e, sendo capaz de melhor perceber as suas necessidades,
o município tem potencial de ação para redução das desigualdades
no âmbito da saúde pública da sua região (REIS et al., 2016) .
Esse estudo justifica-se devido ao desafio dos entes públicos em
garantir aos cidadãos saúde de qualidade. Além disso, a dependência
financeira dos municípios pode contribuir para o entendimento da
dinâmica de financiamento das políticas públicas de saúde locais.
O trabalho tem como objetivo analisar o papel das
transferências intergovernamentais para suprir as necessidades
financeiras destinadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) para os
municípios que compreendem a microrregião de Viçosa/MG.

Material e Métodos

Para apurar a possível relação entre a composição da


arrecadação própria municipal e o nível de transferências

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 457

intergovernamentais para tais municípios, foi realizada a pesquisa


descritiva, abordada sob o aspecto quantitativo, visto a utilização de
métodos estatísticos para análise e tratamento dos dados.
O trabalho é alicerçado em utilização de técnicas de análise
estatística multivariada, a análise de Clauster. O objetivo da
utilização desta técnica se dá pelo agrupamento dos municípios de
acordo com as similaridades existentes entre eles.
Já para o cálculo da participação dos repasses
intergovernamentais no Investimento Total do Município vinculado
à saúde, efetuaram-se os cálculos como a seguir:

Este indicador permite determinar o perfil das transferências


intergovernamentais indicando o grau de dependência dos
municípios em relação a outras esferas do governo.
O estudo realizou uma análise nos municípios que compõe a
microrregião de Viçosa, são eles: Alto Rio Doce, Amparo da Serra,
Araponga, Brás Pires, Cajuri, Canaã, Cipotânea, Coimbra, Ervália,
Lamim, Paula Cândido, Pedra do Anta, Piranga, Porto Firme,
Presidente Bernardes, Rio Espera, São Miguel do Anta, Senhora de
Oliveira, Teixeiras e Viçosa, nos anos de 2010 e 2014.

Resultados e Discussão

Para analisar a situação da saúde, nos municípios que


compreendem a microrregião de Viçosa/MG, foram analisadas
variáveis referentes à saúde da população, infraestrutura, repasses
intergovernamentais e investimento dos municípios da microrregião
de Viçosa/MG. O universo da pesquisa compreendeu 20 municípios
do Estado de Minas Gerais.
Como aspectos esclarecedores, foram utilizadas variáveis
que caracterizam os Repasses Intergovernamentais, a Saúde da

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


458 ANAIS X SIMPAC

População, Infraestrutura, o Investimento e Renda dos municípios,


todas apontadas na literatura como potenciais influenciadores da
saúde pública.
Aplicada à técnica de cluster, foram gerados três grupos. Os
resultados revelam que os casos que se encontram no mesmo grupo
são, ao mesmo tempo, mais parecidos entre si e mais diferentes das
observações que se localizaram nos demais grupos.
O Cluster 1 é o maior grupo, formado por 17 municípios, que
representa 85% do total analisado. Os municípios que compõem esse
grupo são caracteristicamente pequenos, com baixo desenvolvimento
econômico, com isso, todas as variáveis desse grupo apresentaram
valores inferiores aos demais grupos.
O Cluster 2 é composto por 2 municípios, Piranga e Ervália,
representando um percentual de 10% da amostra analisada.
As municipalidades que representam o Cluster 2 podem ser
consideradas as que possuem maior porte populacional e
desempenho socioeconômico em todas as dimensões analisadas, isso
quando comparadas aos municípios do cluster 1.
No Cluster 3 encontra-se o município Viçosa representando
5% do total. O município de Viçosa, dentre os demais municípios
que englobam a sua microrregião, é o maior município, quanto à
população, estrutura e desenvolvimento. Pode-se perceber tal fato
diante de suas estatísticas descritivas, por se diferenciarem muito
das demais municipalidades em análise.
Assim, com base nesses resultados, são demonstrados para
os anos de 2010 e 2014, a análise para os 20 municípios que foram
considerados os menos dependentes e os mais dependentes das
transferências intergovernamentais na composição do Investimento
Próprio Municipal.
No ano de 2010, o Cluster 1 apresentou média em participação
dos repasses intergovernamentais de 53,52%, enquanto o Cluster
2 com 52,77%, e já o Cluster 3 possui participação igual a 53,80%.
Constata-se que todos os agrupamentos formados possuem alto
nível de dependência dos repasses em análise.
Analisando a participação para o ano de 2014, ainda tem-
se um alto índice de dependência dos repasses transferidos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 459

para financiamento da saúde. Porém nota-se melhora no nível


de dependência dos municípios frente aos repasses, visto que o
Cluster 1 apresentou média para a participação de 51,29%, e o
Cluster 3 com aproximadamente 43%. E quando comparados ao
ano de 2010, o percentual de participação apresenta-se inferior, ou
seja, os municípios dos Clusters 1 e 3 apresentaram melhoria no
financiamento da saúde com recursos próprios.
Por outro lado, a participação do Cluster 2 foi de
57,72%, indicando uma maior dependência das transferências
intergovernamentais para o financiamento da saúde pública.
Enquanto que no ano de 2010, a participação do referido grupo era
de 52,77%.

Conclusão

Diante do estudo, pode-se observar que os municípios em


questão, apresentam dependência financeira das transferências de
recursos destinados a saúde.
A partir do agrupamento dos municípios da microrregião de
Viçosa foram encontrados 3 grupos, e estes agrupamentos permitiram
identificar as disparidades existentes entre esses municípios. Pois,
embora sejam da mesma região tais municipalidades apresentam
características diferentes, e com isso foi possível hierarquiza-los
quanto à situação de saúde.
Deve-se levar em consideração que Viçosa atua como amparo
para os demais municípios da sua microrregião, no que se refere ao
atendimento na saúde pública. Assim, justifica-se a diferença entre
o valor total que foi aplicado na saúde no Município de Viçosa, em
relação aos demais municípios em estudo.
Foi possível verificar a ocorrência de poucas mudanças
na série histórica de 2010 a 2014, prevalecendo baixos níveis de
infraestrutura e saúde da população. Considerando o aumento da
população dos municípios no decorrer dos anos, com isso induz que o
investimento dos gestores locais em saúde e infraestrutura não está
acompanhado as necessidades da população.

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460 ANAIS X SIMPAC

Os resultados desta pesquisa permitem constatar que o papel


das transferências intergovernamentais consiste em garantir
que os serviços sejam prestados com qualidade uma vez que as
receitas próprias dos municípios não são suficientes para atender
as necessidades da população.
Assim, destaca-se a existência de grande dependência
financeira em relação aos recursos advindos de transferências
em que age como suprimento da receita tributária (própria), uma
situação que merece atenção por parte do Poder Público Municipal.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Departamento


de Apoio à Descentralização. O SUS no seu município: garantindo
saúde para todos. – 2ª ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
BUSSAB, W. de O; MIAZAKI, E. S; ANDRADE, D. F. de. Introdução
à análise de agrupamentos. São Paulo: USP-IME, 1990.
GALVARRO, M. P. S. Q. S; BRAGA, M. J; FERREIRA, M. A. M;
RAMOS, S. de F. O. Disparidades regionais na capacidade de
arrecadação dos municípios do estado de Minas Gerais. Revista
de Economia e Administração, v.8, n.1, 17-48p, jan./mar. 2009.
LIMA, L. D. de; ANDRADE, C. L. T. de. Condições de financiamento
em saúde nos grandes municípios do Brasil. Cad. Saúde
Pública. v.25, n.10. Rio de Janeiro. Outubro. 2009.
LIPPEL, A.G. O direito à saúde na Constituição Federal de
1988: caracterização e efetividade. Disponível em: <http://www.
revistadoutrina.trf4.gov.br/>. Acesso em: 07/06/2016.
REIS, A. de O; ABRANTES, L. A; FARONI, W; PASSOS, N. L. dos.
Comportamento da arrecadação própria e da carga tributária nos
municípios da zona da mata mineira. Revista Ambiente Contábil.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte ISSN 2176-9036 v.8,
n.1, jan./jun. 2016.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 461

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA SAÚDE DO HOMEM:


NECESSIDADES, OBSTÁCULOS E ESTRATÉGIAS DE
ENFRENTAMENTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA.

Elenaide Celina das Dores Machado1, Estela de Oliveira Santos2,


Isabela Ferreira Bitencourt3, Ailton dos Santos Ferreira4, Elenice
Claudete Dias5

Resumo: A criação da Política Nacional de Atenção Integral a


Saúde do homem (PNAISH) veio para ampliar o acesso do público
masculino ao serviço de saúde através de ações que constituem a
compreensão da realidade masculina nos contextos, sociocultural,
político e econômico. Mas ainda assim, os homens preferem
serviços que supram suas necessidades de saúde rapidamente
como, farmácias e pronto socorro. Apesar da criação dessa política
específica, os profissionais da enfermagem precisam adotar um
olhar mais qualificado e direcionado para população masculina,
contribuindo para a redução de complicações e aparecimento de
agravos. Sendo assim, o trabalho tem como objetivo demostrar as
dificuldades e necessidades que os homens e a atenção primária
possuem para conseguir promover, prevenir e tratar os problemas de
saúde que afeta esse grupo social.

Palavras–chave: Acessibilidade, desafio, invulnerabilidade,


Masculinidade, vínculo homem-enfermagem

Introdução
Apesar dos poucos investimentos governamentais para
formular e executar programas de políticas públicas de saúde para
1
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: elenaidemachado@gmail.com
2
Graduando em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: ailtonth57@gmail.com
3
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: estesants@gmail.com
4
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: isafbitencourt@gmail.com
5
Professora do departamento de enfermagem e Doutoranda em Ciências Biomédicas – FACISA/
UNIVIÇOSA. e-mail: elenicedias@univicosa.com.br

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462 ANAIS X SIMPAC

homem, em 2008 foi instituído pelo Ministério da Saúde a área técnica


de saúde do homem. No ano seguinte, foi implantada a Politica
Nacional de Atenção Integral a Saúde do homem (PNAISH) para
ampliar o acesso do público masculino ao serviço de saúde através
de ações que constituem a compreensão da realidade masculina
nos diversos contextos, sociocultural, politico e econômico. (SILVA
M.G.L. ET. AL. 2015).
Os homens preferem serviços que supram suas necessidades
de saúde rapidamente, tais como: farmácia e pronto socorro. Neste
sentido, o Ministério da Saúde (2008) assevera que um fator que
se vincula a esta problemática é a forte dificuldade de os homens
em reconhecer suas próprias necessidades em saúde, cultivando o
pensamento que rejeita a possibilidade de adoecer, prevalecendo
à questão cultural da invulnerabilidade masculina, de seu papel
social de provedor e de herói. Para Schraiber et al. (2010), alia-se
a isso a estruturação histórica do acesso aos serviços de atenção
básica, que são direcionados para atender mulheres e crianças, com
horários que coincidem com as jornadas laborais dos trabalhadores.
(SILVA M.G.L. ET. AL. 2015).
Cabe ressaltar que, mesmo que a criação da PNAISH seja
um grande passo em direção ao aprimoramento do atendimento à
saúde da população masculina, fato este que gerou um Plano de
Ação Nacional com previsão de implementação entre 2009 e 2011,
ainda não se tem percebido mudanças efetivas no Sistema Único
de Saúde (SUS). Considera-se ainda importante refletir sobre as
dificuldades, obstáculos e resistências associadas às especificidades
do ser homem no seu processo saúde-doença, e os desafios para o seu
enfrentamento pela enfermagem na Atenção Básica. A enfermagem
tem responsabilidade nesse contexto, pois o número de pesquisas
que aborda sua atuação perante a saúde do homem e, por sua vez, a
baixa procura do sexo masculino pelos serviços de saúde, sendo uma
problemática que a profissão deve ajudar a resolver ou, pelo menos
minimizar. (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2009).
Sendo assim, apesar da criação dessa política específica,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 463

os profissionais da enfermagem precisam incorporar um olhar


qualificado e direcionado, que fará a assistência à saúde mais
eficiente e eficaz, contribuindo para a redução de complicações e
aparecimento de agravos na população masculina. (CAVALCANTI
J.R.D. ET. AL. 2014).

Material e Métodos

Os artigos analisados foram selecionados a partir de uma


busca de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e o SCIELO
(Cientifica Eletronic Libraty Online). Utilizando os descritores:
Enfermagem na saúde do homem, atenção primária. Os critérios
de seleção dos artigos foram publicações disponíveis na íntegra,
em português, que aborde o tema. Após seleção e leitura foram
selecionadas publicações de forma qualitativa referente à saúde do
homem e a participação do enfermeiro nesse processo.

Resultados e Discussão

A partir da leitura dos artigos foi possível compreender que


o comportamento masculino de não aderir às medidas de prevenção
e promoção da saúde é justificado pela expressão vergonha. A
impaciência da figura masculina é vista como um obstáculo no que
se refere à espera por atendimento, assim como a despreocupação
do autocuidado e com a saúde. Além do mais, os homens preferem
serviços que supram suas necessidades de saúde rapidamente, tais
como: farmácia e pronto socorro, onde os atendimentos são rápidos
e realizados com maior facilidade. (SILVA M.G.L. ET. AL. 2015)
Neste sentido, o Ministério da Saúde (2008) assevera que um
fator que se vincula a esta problemática é a forte dificuldade de
os homens em reconhecer suas próprias necessidades em saúde,
cultivando o pensamento que rejeita a possibilidade de adoecer,
prevalecendo à questão cultural da invulnerabilidade masculina, de
seu papel social de provedor e de herói. O processo cultural influencia

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


464 ANAIS X SIMPAC

no adoecimento do homem a partir do momento que o homem cultua


valores herdados da família patriarcal e esses valores interferem
no cuidar da própria saúde como relatam os autores, quando se
referem às questões da masculinidade hegemônica, onde o homem
é o ser forte, capaz, protetor decidido, corajoso. (SILVA M.G.L. ET.
AL. 2015)
Embora existam diversos fatores que contribuam para as
dificuldades de acesso da população masculina aos serviços de
saúde é possível entender que ainda existe a forte influência
cultural no imaginário dos homens. Daí a necessidade de todo um
processo educativo da população masculina em relação ao cuidar
de si e no enfrentamento dos fatores desencadeadores do risco da
morbimortalidade. (SILVA M.G.L. ET. AL. 2015)
Os artigos estudados apontam também que os serviços de
atenção básica são direcionados quase integralmente para atender
mulheres e crianças, desviando o foco do homem, fazendo com
que exista também uma desigualdade translúcida entre homens
e mulheres no que diz respeito às campanhas, inibindo um maior
conhecimento e conscientização do homem em relação à sua saúde e
medidas de prevenção. (SILVA P.A.S. ET. AL. 2012)
Os horários de atendimento na atenção básica não coincidem
com as jornadas laborais dos homens, e o tempo prolongado de
espera pelo atendimento ocasiona o abandono a esse serviço e a sua
busca por serviços que supram suas necessidades com agilidade,
ou mesmo a desistência dos homens de cuidar de sua saúde.
(CAVALCANTI J.R.D. 2014)
Deste modo a enfermagem tem papel importante junto à
população masculina em minimizar barreiras, especialmente a do
imaginário social com ações focadas na busca desses usuários ao
serviço para um cuidar humanizado. (SILVA P.A.S. ET. AL. 2012)
Nessa premissa, a sociedade masculina entende cuidar da
saúde como algo que não é característico de masculinidade, fazendo
assim que ignore as prevenções de agravos à saúde. Ligado a esse
fato, a forma como às equipes da Estratégia de Saúde da Família
(ESF) lidam com seus programas pode acarretar sentimentos de
intimidação, medo e distanciamento, aumentando ainda mais

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 465

a vulnerabilidade deste público e seus índices de mortalidade. A


partir dessa ideia, a maioria dos homens só procuram a atenção
primária e serviços de saúde em geral quando a alteração em sua
saúde é súbita e incontrolável. (CAVALCANTI J.R.D. 2014)
Algumas necessidades apontadas pelo estudo de Figueiredo
W. (2005) em sua revisão bibliográfica e opinião sobre o assunto,
são que o espaço físico dos ESF’s seja remanejado para abranger
não somente crianças e mulheres, mais também aos homens
para um melhor acolhimento fazendo a população masculina se
sinta bem vinda. Outro ponto abordado por ele foi o aumento de
pessoal na equipe, indiferente do gênero sexual, ou uma melhora
no atendimento prestado fazendo com que a equipe saiba com o que
está lidando e como irá abordar de formas diferentes e criativas os
problemas e necessidades do homem na atenção primária.
De acordo com os estudos de Cavalcanti J.R.D. de 2014, um dos
obstáculos mais enfrentados pela parte masculina é a vergonha
de se expressar, de se mostrar fraco e partilhar seus problemas,
assim como também é um obstáculo a ser enfrentado é a demora no
atendimento mostrando impaciência dos homens ao ter que esperar
pela assistência que será prestada. A falta de adesão e preparação
de programas que tem como objetivo atingir a população masculina
também é um obstáculo a ser enfrentado na atenção primária,
procurar um horário que satisfaça ambos os lados é uma dificuldade
que se apresenta hoje em dia.

Considerações Finais

Perante a situação atual da saúde da população masculina


buscou-se apresentar a problemática relação entre os homens e o
cuidado com a própria saúde quando influenciados pela concepção
hegemônica de masculinidade e as dificuldades dos serviços em
atender a demanda da mesma população.
Verifica-se que o atraso no reconhecimento do Estado em
relação às condições de saúde dos homens brasileiros manteve essa
população afastada dos cuidados primários de saúde, justamente
os que buscam a prevenção e a promoção da saúde. Deste modo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


466 ANAIS X SIMPAC

é preciso desconstruir a ideia de invulnerabilidade, que impede o


homem de procurar a prevenção nos serviços de saúde. É necessário
permitir à população masculina a expressão de seus medos,
ansiedades, fragilidades, para que se sintam mais acolhidos e
possam procurar ajuda às suas questões de saúde. Por conseguinte,
a assistência de enfermagem necessita adotar uma postura ética e
educativa especialmente no primeiro contato do paciente ao serviço
de saúde. Contribuindo com ações educativas inclusivas priorizando
as especificidades da população masculina, reorganizando o
atendimento de forma fácil, minimizando a burocracia a fim de
incluí-los no processo de valorização do cuidar de si mesmo.

Referências Bibliográficas

CAVALCANTI J. R. D; FERREIRA J. F; HENQUIRES A.


H. B; MORAIS G. S. N; TRIQUIERO J. V. S; TORQUATO I.
M. B. ASSITÊNCIA INTEGRAL A SAÚDE DO HOMEM:
NECESSIDADES, OBSTACULOS E ESTRATÉGIAS DE
ENFRENTAMENTO. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem,
Out-Dez 2014.

FIGUEIREDO W. ASSISTÊNCIA À SAÚDE DOS HOMENS: UM


DESAFIO PARA OS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA.
Ciência & Saúde Coletiva, 10(1): 105-109, 2005.

SILVA M. G. L; LIMA A. L. T; FLÔR L. N. S; REUL L. C. A;


OLIVEIRA I. C. C. SAÚDE DO HOMEM NO ÂMBITO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM. Cofen, v.8, 2015.

SILVA P.A S.; GUILHON A. B; FURTADO M. S; SOUZA N. V. D.


O; DAVID H. M. S. L. A SAÚDE DO HOMEM NA VISÃO DOS
ENFERMEIROS DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE.
Anna Nery, 2012.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 467

MATEMÁTICA COMERCIAL E FINANCEIRA NO ENSINO


SUPERIOR

Estela Luciana dos Santos Sousa1, Jovelino Márcio de Souza2,


Cristina Viana Esmeralda3 , Jansen Cardoso Pereira4

Resumo: Para os acadêmicos que desejam dominar e aplicar as


ferramentas financeiras requer dedicação e interpretação para as
situações, pois precisam ter senso crítico para a tomada de decisões.
Futuramente passaram por um processo de atualização para
acompanhar as movimentações financeiras do momento. Os recursos
são bastante utilizados, preza agilidade e oferece oportunidade de
mercado para quem envolve com a área.

Palavras–chave: Conhecimento, Domínio financeiro, Investimento


de capitais, Preparação

Introdução

A matemática comercial e financeira pode ser entendida como


o processo de planejar, mensurar, prevenir e distribuir as atividades
de um capital a ser executado. Nesse cenário, a boa aplicação é retida
buscando a satisfação das operações em curto, médio ou longo prazo.
A gestão financeira também se dá a partir da administração
dos recursos no decorrer do tempo, bem como a análise das taxas
e o trabalho com os prazos determinados. Para VERAS (2001),
a matemática comercial e financeira é a disciplina que estuda
o comportamento do dinheiro em função do tempo, avaliando a

1
Administradora, Pós-Graduanda em MBA Gestão de Pessoas e Consultoria Organizacional - FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA (2018) – E-mail: estelalu2009@hotmail.com
2
Administrador, Pós-Graduado em MBA Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional -
FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA (2017) – E-mail: jovelino_marcio@hotmail.com.br
3
Pedagoga, Pós-Graduanda em MBA Gestão de Pessoas e Consultoria Organizacional - FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA (2018) – E-mail: cristinadocarmo42@yahoo.com.br
4
Orientador, Mestre em Economia Doméstica, Docente do Curso de Administração - FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA – E-mail: jansen.cardoso@ufv.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


468 ANAIS X SIMPAC

capacidade e proporção dos recursos creditados.


O contexto se torna decisório com esta ferramenta na
administração do capital de giro, voltado para as finanças e
sua aplicabilidade no atendimento dos recursos e objetivos de
preservação da saúde financeira de uma organização ou até mesmo
para uso pessoal.
No mundo dos negócios, são exigidas dedicação, familiaridade
com as operações e análise das situações aos envolvidos nesta área.
Isso remete a uma série de práticas empregadas para lidar com
o pretendido e estes métodos devem ser organizados através da
interpretação dos cálculos. Fazendo um levantamento bibliográfico,
procurou-se informar algumas modalidades para utilização no
meio acadêmico, sendo o objetivo do trabalho mostrar a relação e
importância do conhecimento ainda quanto estudante.
Fazendo um levantamento bibliográfico, procurou-se informar
algumas modalidades para utilizar a disciplina entre os acadêmicos
por meio do departamento de gestão de pessoas do ensino superior,
sendo o objetivo do trabalho mostrar a relação e importância do
conhecimento ainda quanto estudante.
Pretende-se, provocar um modelo reflexivo e discursivo,
relacionando a aplicabilidade da disciplina em detrimento para
inclusão em outras áreas do ensino. A gestão no seu papel de
prestar auxílios estratégicos pode atribuir nestes exercícios de
desenvolvimento, abrindo esse debate para trabalhos futuros de
uma entidade de nível superior.

Metodologias

O trabalho foi elaborado através de exame teórico, obras


renomadas que abordam o tema, compilando os principais autores
que trataram do assunto com propriedade referente à matemática
comercial e financeira e da gestão de pessoas, promovendo um
desenvolvimento e visando o aproveitamento de um investimento
nas aplicabilidades e suas funções.
Quanto à classificação, trata-se de uma pesquisa exploratória,
na qual buscou-se levantar informações sobre um determinado

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 469

objeto, mapeando as condições de manifestação. Configura-se como


uma abordagem qualitativa do tema, norteada pelo paradigma
interpretativo.
E, também como um levantamento bibliográfico, que, segundo
Cervo, Bervian e da Silva (2007, p. 6) “constitui o procedimento
básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio
do estado da arte sobre determinado tema”.

Resultados e Discussão

Matemática financeira forma uma associação que compreende


habilidades e métodos, técnicas e práticas definidas com o objetivo
de gerenciar os comportamentos e analisar alternativas de
investimento ou financiamentos de bens de consumo. O envolvimento
destas ferramentas aponta para o desempenho dos processos. Nesse
sentido, alguns dos elementos são: capital, taxas, juros e descontos.
Transformando este conceito em prática para os acadêmicos,
nota-se que uma nova visão se abre no sentido de como investir e
interpretar o risco de um investimento, mensurando as atividades
e o tempo decorrido para cada parcelamento ou reposição de um
recurso utilizado. E assim, para ocasionar uma rentabilidade
é necessário que o investidor conheça algumas técnicas a fim de
resultar e fornecer maior apoio em uma tomada de decisão.
No ramo da matemática financeira, o capital é entendido como
qualquer valor expresso em moeda e disponível em determinada
época, explica Sobrinho (2010). Transparecendo, assim, o que
realmente transmite ideia de valor atual, presente ou aplicado
(físico, móvel, moeda).
Em um sentido mais amplo, é através destes elementos de
valor que se compõem um ativo circulante e passivo circulante,
colocando em evidência a ideia de uma organização empresarial
para aqueles que pretendem iniciar uma instituição ou para
compreender a forma simples usada para fins pessoais. O ativo
representa seus bens, seu capital e o quanto tem para investir e
arcar com obrigações. Já o passivo se resume em suas obrigações e
outras denominações a pagar como impostos fiscais, além de ser em

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


470 ANAIS X SIMPAC

outros casos um operante utilizado como moeda de troca para obter


produtos e matérias.
Atualmente existem diversas aplicações no sistema econômico
e todas as movimentações financeiras são estipuladas em taxas
de juros. Sendo assim, esse processo acaba sendo conduzido por
estipulações prévias em situação de momento pelo mercado. Em
determinada situação, cabe entender até qual momento se enquadra
o chamado juros simples e juros composto, onde a aplicação permite o
manejo de uma das opções para dado objetivo e pretensão. Fórmulas
demonstradas abaixo:

Juros (J), Capital (P), Taxa (i), Tempo (n), Montante (S) e
Multiplicação (x).
Juro simples é utilizado J = P x i x n.
Juro composto é utilizado S = P x (1 + i)n.

Saber interpretar e entender uma situação financeira faz toda


a diferença, seja para gerir seus recursos ou para negociar uma
demanda de compra. Vai dos aspectos simples aos mais complexos,
pontuando como exemplo o funcionamento de arrecadação por juros
de uma conta bancária, uma taxa de empréstimo ou juro composto
de uma financiadora.
Houve a percepção de que as taxas envolventes pelo mercado
regula a alocação do capital entre os investidores e aqueles que
precisam fazer empréstimos. Essa característica é mostrada em
valor percentual que irá redimensionar o valor da proporção do
investimento inicial, ou seja, pré-fixadas ou modeladas.
Para Sobrinho (2010), os juros exemplificam a remuneração do
capital emprestado, podendo ser entendido de forma simplificada,
como sendo o aluguel pago pelo seu dinheiro.
Logo, nesta oportunidade, toda a capitalização acaba sendo
reutilizada como noções de fluxo de caixa, que é um instrumento
operacional e gerencial que executa e informa movimentações
ordenadas de entrada e saída por um dado período de tempo,
controlando o valor atual e o futuro valor montante.
Segundo Assaf Neto (2003), os juros são definidos como o preço

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 471

pago pelo aluguel do dinheiro, ou seja, o valor que deve ser pago pelo
empréstimo de um capital.
As equivalências das taxas se ofertam em demonstração de
entradas com pagamentos, definido um desconto a ser calculado a
partir de uma série. Reabilitando a priori este acordo, o conjunto do
valor montante e do desconto passa a ser contabilizado em forma de
parcelamentos.
É importante considerar estas informações para os acadêmicos
enquanto ainda estão em seu período de aprendizagem. É sabido que
essas informações são disponibilizadas para áreas de humanas e das
engenharias. Contudo, é valiosa a disseminação para outras áreas,
pois essas noções financeiras asseguram uma base de estruturação
de como funciona um mercado de ativos. Nesse sentido, o conceito
representa uma forma de levar este conhecimento de domínio da
ferramenta e seus recursos para a realidade do indivíduo, seja ela do
início empresarial, aqueles que estão em andamento ou até pessoal.
Para isso acontecer, é sugerido aos conselhos de cada faculdade
particular ou instituição pública que leve em pauta esse assunto
sobre como pode contribuir positivamente a adesão dessa matéria
da Matemática Comercial e Financeira ou similar (mantendo as
propriedades) nas mais diversas áreas do conhecimento. Além disso,
é preciso considerar o impacto para o modo de formação e preparação
dos estudantes, não só enquanto acadêmicos, mas para um cenário
social, empresarial e acima de tudo para o desenvolvimento e
fomentação para cada cidade, estado e consequentemente para o
resultado do país.

Considerações Finais

O cenário financeiro possui grande responsabilidade na


formação de novos empreendimentos no mundo dos negócios.
Os investimentos podem ocorrer nas diversas áreas. Para as
empresas podem simbolizar a diminuição dos custos e aumento da
rentabilidade; para as pessoas, os investimentos podem proporcionar
conforto, mas, certamente, saber utilizar essas ferramentas e ter as
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472 ANAIS X SIMPAC

noções de operação pode significar um manuseio prático no momento


de decidir.
Os acadêmicos que possuem este conhecimento e retenção do
aprendizado obtém qualquer autonomia de aplicar uma análise,
identificar e solucionar situações. É sabido que o mercado é receptivo
para esta área, estimando a inserção de pessoas que saibam dominar
bem este assunto. É importante estender esse conhecimento fora
áreas afins, pois, de acordo com os avanços da modernização, é
imprescindível que os indivíduos fiquem atualizados.
É importante ocorrer à discussão do departamento de gestão
de pessoas junto às competências em como trabalhar a forma de
utilização do quadro de professores que lecionam essa disciplina,
seja enquadrar nas janelas de horários de aulas, aprimoramento
com cursos e treinamentos para reciclar o tema e ou a inclusão de
novos professores.
Assim, o presente estudo procurou levar um pouco do
conhecimento da aplicação de alguns recursos financeiros para
os acadêmicos e, sobretudo a importância da manutenção do
aprendizado nessa área, levando em consideração a pluralidade para
outras áreas de atuação, agregando e transmitindo a preposição para
futuras tomada de decisão e análises para devidos investimentos.

Referências Bibliográficas

ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e suas Aplicações.


8ed. São Paulo: Atlas, 2003.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; DA SILVA, Roberto.


Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2007.

DUTRA, Joel Souza. Competências: conceitos e instrumentos


para a gestão de pessoas em empresa moderna. São Paulo:
Atlas, 2010.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 473

VERAS, L. L. Matemática Financeira. 4. Ed. São Paulo: Atlas,


2001.

VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática Financeira. São Paulo:


Atlas, 2000.

VIEIRA SOBRINHO, J. D. Cobrança de Juros sobre Juros.


Almedina, 2010.

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474 ANAIS X SIMPAC

SABÃO ECOLÓGICO: UMA ALTERNATIVA AO DESCARTE


INCORRETO DE ÓLEO DE COZINHA

Felipe César de Matos Barreiros1, Ana Luíza Barbosa de Carvalho


Lima2, Fernanda Raquel Carvalho3

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo realizar um


levantamento de diferentes artigos científicos que abordaram o tema
da produção de sabão ecológico a partir do óleo vegetal de cozinha,
que em diversas ocasiões é descartado de forma inconsciente
causando impactos negativos ao meio ambiente. O estudo desses
artigos mostrou o quanto o descarte incorreto do óleo residual em
ralos de pias, por exemplo, pode ser prejudicial ao meio ambiente
quando em contato com a água. Pensando nisso, tornou-se necessária
a criação de destinos sustentáveis e criativos para esse óleo. Então,
após inúmeros estudos, pesquisadores encontraram na produção
do sabão ecológico uma alternativa simples e de baixo custo para
reaproveitar um poluente, além de possuir grande utilidade para
a população. Nesse trabalho também é apresentada uma receita
simples para a produção do sabão ecológico caseiro.

Palavras–chave: Meio ambiente, óleo de cozinha, sabão ecológico,


sustentabilidade.

Introdução

O óleo de cozinha quando descartado diretamente no ralo da


pia da cozinha, além de gerar um mau cheiro, aumenta de maneira
significativa as dificuldades referentes ao tratamento de esgoto.
Este óleo descartado de maneira inadequada chega até aos rios e ao
oceano, através das tubulações das residências. A presença do óleo
1
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fc.barreiros@bol.com.br
2
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: analuizabclima@hotmail.com
3
Orientadora do curso de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fernanda.enq@gmail.
com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 475

na água é facilmente perceptível a olho nu, por ser menos denso que
a água ele flutua, não se misturando, permanecendo na superfície.
Cria-se assim uma camada que dificulta a passagem de luz e
bloqueia a oxigenação da água, podendo comprometer a base da
cadeia alimentar aquática, causando um desequilíbrio ambiental,
comprometendo a vida e tornando a água inadequada para uso
humano (SILVA, 2013).
De acordo com o professor do Centro de Estudos Integrados
sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Universidade
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Alexandre D’Avignon, a
degeneração do óleo de cozinha emite grandes quantidades de
metano na atmosfera. Esse é um dos principais gases causadores do
efeito estufa, que colabora para o aquecimento da terra. Segundo ele,
o óleo em contato com a água do mar, passa por reações químicas que
geram emissão de metano. Esse fato acaba gerando a decomposição e
a geração de metano, através de uma ação de bactérias anaeróbicas,
que ocorrem na ausência de ar (D’AVIGNON, 2010).
Cada litro de óleo jogado no esgoto contamina cerca de um
milhão de litros de água, o que equivale à quantidade que uma
pessoa consome de água em aproximadamente 14 anos de vida
(RABELO, 2008).
O óleo de cozinha pode ser reutilizado de diferentes maneiras
e uma delas é transformando-o em sabão em barra ecológico. A
produção é bem simples e de baixo custo, serve para o uso doméstico
e para que algumas famílias vendam e contribuam para aumentar a
renda familiar, colaborando, desta forma, para proteção ambiental
por dar o destino correto a este resíduo (MORGAN-MARTIN et al.,
2016).

Materiais e Métodos

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura,


para o qual foram consultados vários artigos com finalidade de
viabilizar o estudo do assunto. Segundo Teixeira (2008), uma

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


476 ANAIS X SIMPAC

receita simples, de baixo custo e eficiente é: 500 gramas de soda


cáustica (NaOH), 1 litro de água e 2 litros de óleo usado. O processo
de produção também é simples, misturar em um recipiente a soda
cáustica e água, homogeneizar até diluir a soda, acrescentar o óleo
aos poucos e ir mexendo até adquirir uma consistência, despejar
em uma bandeja, esperar secar, cortar e já está pronto para uso.
Recomenda-se esperar no mínimo 3 dias para começar a utilizar
o sabão e é muito importante sempre lembrar de adicionar a água
antes da soda cáustica.

Resultados e Discussão

A receita testada incluiu ingredientes de fácil acesso e foram


utilizados apenas 3 insumos de baixo custo ou custo zero, sendo a
receita de fácil execução.
Os glicerídeos sofrem hidrólise básica à quente (na presença
de NaOH, também chamada soda cáustica), comumente chamada
reação de saponificação, produzindo sabões, que são sais de sódio
de ácidos carboxílicos de cadeia longa. A reação de saponificação é
realizada na presença de bases fortes.
Com a receita descrita obteve-se uma grande quantidade do
produto final desejado: um sabão de consistência firme, espumante
e eficiente na limpeza de roupas e louças, especialmente utensílios
de alumínio (Figuras 1 e 2). Foi constatada também, a praticidade
e simplicidade do processo produtivo desse sabão, considerando
que a única atenção necessária é na ordem da adição da água e
da soda cáustica e o cuidado para não inalar os vapores gerados
na dissolução da soda na água. O tempo de espera da secagem é
fundamental para que seja atingida a qualidade esperada.
A produção do sabão ecológico, além de evitar o descarte
indevido do resíduo das frituras na natureza, permite a obtenção
de um produto de qualidade para utilização doméstica, já não sendo
mais agressivo ao meio ambiente quando for utilizado.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 477

Figura 1: Processo de secagem Figura 2: Sabão partido e pronto


(arquivo pessoal). para uso (arquivo pessoal).

Conclusões

O descarte de certos produtos que trazem danos ao meio


ambiente deve ser evitado. Portanto, com este trabalho pretendeu-
se mostrar como o descarte incorreto do óleo pode refletir de
maneira negativa ao meio ambiente e como ações contrárias, ou
seja, benéficas, podem trazer bons resultados a partir da simples
confecção do sabão ecológico.
Os seres humanos são responsáveis pelo lixo que produzem
diariamente. Isso faz com que seja dever de cada um minimizar os

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


478 ANAIS X SIMPAC

impactos causados ao meio ambiente e buscar alternativas para a


melhoria do planeta e para a condição de vida de todos.
Dessa maneira, faz-se necessário o policiamento do descarte
desses óleos, antes que se manifestem graves problemas nas
tubulações das redes de esgoto e consequentemente problemas
ecológicos nos mananciais, num futuro bem próximo. Evitar o descarte
incorreto, irá contribuir para a economia dos recursos naturais, ou
uma utilização mais racional das fontes naturais, minimizando
o impacto do descarte incorreto destes óleos e gorduras no meio
ambiente, trazendo qualidade de vida para a comunidade através
das melhorias ambientais e contribuindo para a conscientização
do reaproveitamento da matéria-prima na produção do sabão,
por exemplo. Além disso, ao reduzir a acumulação progressiva de
lixo, a reciclagem colabora para um maior tempo de vida útil dos
aterros sanitários que necessitam de tratamento, além de evitar
a infiltração, permeabilização e posterior contaminação do lençol
freático.

Referências Bibliográficas

D’AVIGNON, A. Energia, inovação tecnológica e mudanças


climáticas. Economia do Meio Ambiente: teoria e prática, v.
2, p. 221-243, 2010.

MORGAN-MARTIN, M. Isabel et al. Reciclo-óleo: do óleo de cozinha


ao sabão ecológico, um projeto de educação ambiental. Cinergis,
Santa Cruz do Sul, v. 17, n. 4, p.301-306, out. 2016. Disponível em:
<https://online.unisc.br/seer/index.php/cinergis/article/view/8146>.
Acesso em: 05 abr. 2018.

RABELO, Renata Aparecida; FERREIRA, Osmar Mendes. Coleta


seletiva de óleo residual de fritura para aproveitamento industrial.
Goiânia, jun, 2008.

SILVA, C. L. W. da. Óleo de cozinha usado como ferramenta


de educação ambiental para alunos do ensino médio. 2013.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 479

55 f. Monografia (Especialização) - Curso de Educação Ambiental,


Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2013.

TEIXEIRA, A. C. Lixo ou rejeitos reaproveitáveis? In: ECO 21, Ano


XIV, n. 87, fev. 2004. Disponível em <http://www.eco21.com.br>.
Acesso em: 05 abr. 2018.

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480 ANAIS X SIMPAC

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/


HIPERATIVIDADE: UM OLHAR PARA O DIAGNÓSTICO

Felipe de Souza Moreira1, Adriano de Souza Alves2

Resumo: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade


(TDAH) é caracterizado pela dificuldade da manutenção da
atenção, agitação e inquietude. É um dos principais motivos de
encaminhamento de crianças aos sistemas de saúde, e a sua alta
frequência de diagnósticos remete a uma reflexão critica acerca do
processo de avaliação da enfermidade. Para a escrita do presente
artigo, foram utilizados recursos tais como: entrevistas com os
responsáveis pelas crianças, diretoras de uma escola pública e
privada, além das professoras. Utilizou-se, ainda, o inventario SNAP
– IV e artigos científicos para a base teórica. Pelo TDAH ser definido
como transtorno neurobiológico com etiologia multifatorial, o seu
diagnostico requer a identificação de comportamentos específicos
presentes em mais de um contexto, além da realização de uma
investigação clínica da história do paciente.

Palavras–chave: Déficit de atenção, estudantes, hiperatividade,


professores, transtornos de aprendizagem

Introdução

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)


caracteriza-se pela dificuldade da manutenção da atenção, pela
agitação e inquietude. As crianças com TDAH são descritas como
desligadas, aborrecidas e desmotivadas frente a tarefas, bagunceiras
e desorganizadas. A patologia ainda é associada aos fracassos
escolares, dificuldades emocionais e dificuldades de socialização
com outras crianças ou adolescentes.
1
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: lipesouzaaa@hotmail.com
2
Docente – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: adrianounivicosa@hotmail.com

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ANAIS X SIMPAC 481

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais


V (DSM V) subdivide o TDAH em três tipos: apresentação
predominante desatenta; apresentação predominante hiperativa/
impulsiva; apresentação combinada. Assim, é possível um
diagnóstico que indique a presença ou não da hiperatividade. O DSM
V também classifica a patologia de acordo com a intensidade dos
sintomas e prejuízos na vida da criança: leve (brando); moderado;
severo (grave).
O TDAH é um dos principais motivos de encaminhamento de
crianças aos sistemas de saúde e a alta frequência dos diagnósticos
sugere uma reflexão crítica acerca do processo de avaliação da
patologia.

Material e Métodos

O presente artigo tem caráter exploratório-argumentativo,


de natureza qualitativa, realizado do mês de fevereiro a novembro
de 2017, pelo programa de Iniciação Cientifica da Faculdade
de Ciências e Tecnologia de Viçosa (FACISA/Univiçosa). Com
finalidades de elaboração do texto, foram consideradas entrevistas
com professores e pais de alunos da rede pública e privada do
município de Visconde do Rio Branco, Minas Gerais, juntamente
com a aplicação do inventário SNAP – IV. Além de pesquisas
bibliográficas de artigos científicos na base de dados SciELO e
Google Acadêmico.
Foram selecionadas duas escolas da rede publica e privada,
totalizando uma amostra de 10 alunos. Na seleção o que predominou
foi à existência de laudo médico anexado a ficha do estudante. A
entrevista foi com quatro professoras e utilizou-se o inventario
SNAP – IV, versão em português validada por Mattos P et al, 2005.

Resultados e Discussão

O diagnóstico do TDAH requer a identificação de


comportamentos específicos, presentes em mais de um contexto. Além

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


482 ANAIS X SIMPAC

disso, estes comportamentos devem acarretar comprometimentos


clinicamente relevantes nos setores sociais, acadêmicos ou
ocupacionais (APA, 2002). Há a necessidade de investigações acerca
da história do paciente, além da utilização de diversos recursos
instrumentais: entrevistas com os responsáveis, com as professoras
e supervisoras da escola, uso de testes psicológicos e inventários.
Santos e Vasconcelos (2010) argumentam que no sistema de educação
brasileiro é comum professor em sala de aula diagnosticar de forma
intuitiva seus alunos que apresentam padrões de comportamentos
de TDAH.
Na escola privada, a diretora, psicopedagoga, relatou
que elabora o laudo de suspeita do TDAH e encaminha ao
neuropsiquiatra, contudo, há casos em que a criança já chega à
escola com o diagnóstico. Os alunos dessa escola fazem o uso de
psicofármacos, conforme o tratamento neuropsiquiátrico. Há,
também, acompanhamentos multiprofissionais com professoras
auxiliares, psicólogos e demais profissionais da saúde. Enquanto
na escola pública, os alunos são encaminhados ao médico, porém
nem todos os estudantes têm acompanhamentos multiprofissionais
nas redes de saúde, talvez por questões financeiras, familiares,
prejulgamentos acerca do transtorno do déficit de atenção.
Pela rotina dos responsáveis, não foi possível entrevistar
todos, porém houve conversação com a tutora de uma criança. Este
aluno será denominado de João, por efeitos de privacidade.
Por relatos da responsável de João, a mãe do menino engravidou
com a finalidade de continuar o relacionamento com o pai da criança,
mas após o nascimento do garoto, ela o abandonou. A atual tutora
passou a cuidar de João, pois a mãe biológica, além de tê-lo rejeitado,
o ignorava e frequentemente brigava com o pai. A história de vida
nunca foi escondida da criança, mas João constantemente pergunta
o motivo pelo qual a mãe foi embora. Conforme relatado, o pai é
calmo e tem boa convivência com o filho, mas não mora com o garoto.
Por observações, há de notar que o ambiente familiar parece ser
conflituoso. Na escola, João apresenta ser muito agitado, nervoso,
discute com os colegas e professores. Possui comportamentos
hiperativos em algumas situações, desinquieto e desatento. João,

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ANAIS X SIMPAC 483

ao longo de sua vida, passou por diversos psiquiatras, atualmente


ele faz tratamento no CAPSi da cidade vizinha e é diagnosticado
como TDAH.
Calliman (2009) argumenta que a existência da patologia não
pode ser apenas definida pelos testes cognitivos ou neurológicos,
mas também pela avaliação da qualidade de vida do indivíduo e
pelo risco de ameaça a esta. O envolvimento da família pode ser
ressaltado pela perspectiva de que o ser humano nasce, cresce e
morre dentro de uma família, e esta é provavelmente o melhor
contexto para compreender e auxiliar as dificuldades vivenciadas
por qualquer um de seus membros. Na história relatada pela
responsável de João, percebe-se que o ambiente familiar em que
o menino vive pode ser um dos fatores de interferência em seu
comportamento em outros setores, como exemplo o nervosismo e a
agressividade na escola.
Além da medicação de João, há a necessidade de tratamento
multiprofissional, como por exemplo, professores auxiliares, porém
a escola que a criança frequenta não proporciona tal profissional.
João já foi adepto dos serviços psicológicos, mas pelas circunstâncias,
não continuou. A responsável pelo menino teria que acordar mais
cedo e deixar sua filha deficiente e o menino sozinho em casa para
ir à unidade básica de saúde a fim de marcar um horário para o
atendimento psicológico. Apesar de que atualmente, a UBS está
com uma equipe maior de psicólogos, aumentaram o horário
de atendimento, e por essas razões não há mais a necessidade
de esperar em uma fila às cinco horas da manhã para conseguir
uma vaga. Porém, a responsável por João parece ter resistências
ao serviço, por estar colocando obstáculos para levar a criança a
atendimento mesmo sabendo das atuais condições dos serviços de
saúde da cidade.
Na entrevista com as professoras, que utilizou como base
o inventario SNAP – IV, a maioria dos dizeres sobre as crianças
com o diagnóstico de TDAH foram os sintomas de hiperatividade,
agitação, nervosismo e falta de atenção na sala de aula: diziam que
os alunos se distraiam facilmente, cometem erros nas avaliações por
desatenção, falta de organização com os materiais, não finalizam as

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484 ANAIS X SIMPAC

tarefas propostas, tem dificuldades de esperar sua vez. Book e Geva


(2010 apud Gomes et al, 2007) argumenta que é importante que
os educadores reconheçam o caráter neurobiológico do TDAH para
entender, entre outros diversos aspectos, a ineficácia das punições
e encaminhar corretamente os casos. Estudos de Saz e Kautz (2003
apud Gomes et al, 2007) demonstraram que um grupo de médicos,
pediatras e psiquiatras pediátricos nos Estados Unidos informou
que os professores ou outro profissional da escola sugeriam o
diagnóstico de TDAH em mais de 50% dos casos, contra 30% para
os pais e 11% para médicos que prestam atenção primaria.

Conclusões

Nota-se que, atualmente, o transtorno de déficit de atenção


e hiperatividade é um dos grandes motivos de encaminhamento
de crianças em torno de quatro a seis anos de idade ao sistema de
saúde. Por diversos motivos, mas o que predomina são os sintomas de
agitação, nervosismo e falta de atenção no ambiente escolar. Muitas
vezes são os professores quem pede que a família leve a criança a um
médico, sem considerar, talvez, os aspectos psicológicos da criança,
afinal, o diagnostico de TDAH vai além dos testes psicológicos, há os
fatores históricos, sociais e culturais.
Além disso, para ser classificado com o déficit de atenção e
hiperatividade, é importante diferenciar os sintomas do transtorno
com comportamentos próprios da criança da mesma faixa etária
(APA, 2002). Também, se os vários sintomas de desatenção ou
hiperatividade-impulsividade estavam presentes antes dos 12 anos
de idade (em caso de adolescentes); se os vários sintomas estão
presentes em dois ou mais ambientes; se há evidências claras de
que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico ou
profissional ou de que reduzem sua qualidade (DSM V, 2014).

Agradecimentos

Agradeço a FACISA/Univiçosa pela oportunidade de estar


participado como bolsista no programa de Iniciação Cientifica no

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ANAIS X SIMPAC 485

ano de 2016. Agradeço ao professor Adriano de Souza Alves por ter


me aceito como orientando. E também ao suporte que as escolas
participantes me proporcionaram.

Referências Bibliográficas

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM V – Manual


Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual


Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. (4ª ed.).
Porto Alegre: Artmed, 2002.

Caliman, L. V. A constituição sócio médica do fato TDAH.


Psicologia& Sociedade, 21(1), 135-144, 2009

GOMES, Marcelo et al. Conhecimento sobre o transtorno do


déficit de atenção/hiperatividade no Brasil. Jornal brasileiro de
psiquiatria. Rio de Janeiro. Vol. 56, n. 2 (2007), p. 94-101

SANTOS, L. F; VASCONCELOS, L. A. Transtorno do déficit de


atenção e hiperatividade em crianças: uma revisão interdisciplinar.
Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 26, n. 4, p. 717-724, Dez. 2010.

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486 ANAIS X SIMPAC

CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL I DE VISCONDE


DO RIO BRANCO E A SUA IMPORTÂNCIA PARA OS
PACIENTES EM SAÚDE MENTAL

Felipe de Souza Moreira1, Adriano de Souza Alves2

Resumo: O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é uma


referência de tratamento àqueles com sofrimentos psíquicos. É um
serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde
(SUS) e constitui um serviço substitutivo ao modelo asilar com a
finalidade de evitar reinternações psiquiátricas e de ressocializar
o individuo. Oferece, também, tratamentos envolvendo ações de
vários profissionais da saúde e da própria comunidade. O CAPS
de Visconde do Rio Branco é classificado como tipo I. A presente
pesquisa foi elaborada através de observações e entrevistas com
os pacientes e seus familiares, além dos próprios funcionários da
instituição. Também foram analisados dados secundários a partir
de prontuários clínicos dos pacientes, com o objetivo de demonstrar
a importância da implantação do Centro de Atenção Psicossocial
para a população rio-branquense.

Palavras–chave: Humanização, psicopatologias, reforma


psiquiátrica

Introdução

O inicio da Reforma Psiquiatra brasileira se deu nos anos 70,


a favor de mudanças nos modelos de atenção e gestão nas praticas
de saúde. É um processo político e social complexo, composto por
autores, instituições e forças de diferentes origens e em diversos
territórios; compreendida como um conjunto de transformações de
práticas, saberes, valores culturais e sociais. Foi fundada na crise do
modelo de assistência centrado no hospital psiquiátrico e na eclosão
dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos.
1
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: lipesouzaaa@hotmail.com
2
Docente –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: adrianounivicosa@hotmail.com

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ANAIS X SIMPAC 487

A Lei Federal nº 10.216, de 06/04/2001, conhecida como Lei


Paulo Delgado, legisla sobre o modelo assistencial em saúde mental
e os direitos das pessoas com transtorno mental. Discute-se como
esses indivíduos devem ser tratados: “com humanidade e respeito e
no interesse exclusivo de beneficiar a saúde, visando alcançar sua
inserção na família, no trabalho e na comunidade” (Art.2º, II).
O surgimento do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS),
entre os dispositivos de atenção a saúde mental originados da
Reforma Psiquiatra, demonstra a possibilidade de organização de
uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico e objetiva oferecer
atendimento clínico em regime de atenção diária, o que evita as
internações, e promove a inserção social das pessoas com transtorno
mental através de ações inter setoriais, como substitutivos e não
complementares ao manicômio. Cabe ao CAPS, então, acolher e
atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes,
procurando preservar e fortalecer os laços sociais do sujeito em seu
território.
O Centro de Atenção é um local onde os usuários podem
participar de atividades sociais que trabalhem sua autoestima e
os reintegrem à sociedade, através da possibilidade de acesso ao
lazer, trabalho, fortalecimento dos laços familiares e comunitários,
ao exercício de seus direitos civis e, também, ao tratamento digno e
livre de preconceitos, guiando-os a um empoderamento individual e
social de sua cidadania.

Material e Métodos

O presente artigo é uma pesquisa exploratório-descritiva,


realizada a partir do mês de março de 2016 a maio de 2017, no CAPS
I; localizado na Avenida São João Batista, 236, Centro, Visconde do
Rio Branco, Minas Gerais. O estabelecimento acolhe pacientes com
transtornos mentais e os estimula a integração social e familiar,
através de atendimento clínico, oficinas terapêuticas, canto coral,
palestras, cursos, atividades ao ar livre, agricultura, grupos de
conversa e comemorações de datas especiais. Possui uma equipe
que é composta por 01 médico psiquiatra, 01 psicólogo, 01 assistente

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488 ANAIS X SIMPAC

social, 01 enfermeiro, 02 técnicos de enfermagem, 01 coordenadora,


01 recepcionista e 01 auxiliar de serviços gerais.
Os dados foram coletados a partir de observações, entrevistas
abertas com os pacientes e familiares, além de levantamento de
dados secundários a partir de prontuários clínicos dos pacientes
em tratamento regular no CAPS, foram excluídos do depoimento
aqueles em tratamento não intensivo, por já estarem com maior
controle da doença, e por não serem efetivos na rotina do Centro de
Atenção.

Resultados e Discussão

Coelho (1979) argumenta que foram milhares de seres


humanos que passaram pelo Hospital Colonial de Barbacena.
Na instituição não existiam enfermeiros, mas sim guardas, ora
não havia psiquiatras, ora havia um para 400 pacientes. O autor
denuncia a falta de recursos humanos, superlotação, poucos recursos
financeiros e, mesmo assim, o hospital crescia, matava e alienava.
Já em 1971, as escolas de medicina eram abastecidas por cadáveres
devido aos mortos que eram colhidos ao amanhecer na Colônia. Os
abusos eram frequentes: os pacientes, ao chegar, eram outorgados
de seus pertences, tinham suas cabeças raspadas e recebiam um
uniforme, as visitas aconteciam uma vez ao mês, os banheiros não
tinham portas, tão pouco assento, nas privadas. A palavra chave da
Colônia era disciplina.
A partir da década de 50, houve diversas denúncias acerca
dos maus tratos aos pacientes de saúde mental em todo o território
brasileiro, porém, somente em 1989, iniciou-se o processo de
aprovação da Lei Paulo Delgado, regulamentada em 2001.
Interessante notar que a tramitação do projeto durou 11 anos.
Como estratégia para a redução de leitos, criou-se o CAPS, Centro
de Atenção Psicossocial. Tal instituição tem por objetivo substituir
os hospitais e não ser complementar a eles, oferecer tratamento
intensivo ou semi-intensivo, oficinas, atendimentos clínicos e é um
serviço aberto, no qual o paciente tem o direito de ir e vir (BRASIL,
2005).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 489

Na cidade de Visconde do Rio Branco, Minas Gerais, os


pacientes com transtorno mental eram encaminhados para o
ambulatório ou transferidos para o CAPS de Ubá ou Ervália. A
inauguração da instituição na referida cidade veio acontecer no dia
04 de janeiro de 2016. No mês de maio do ano de 2017 (um ano e
quatro meses após a inauguração) foram identificados 94 pacientes,
47 do sexo masculino, 24 do sexo feminino, e 23 pacientes não
ativos, ou porque faleceram ou mudaram de cidade ou não estão
frequentando a instituição. O estabelecimento atende a indivíduos
de idade entre 20 a 70 anos, com transtornos mentais tais como:
esquizofrenia, oligofrenia, transtorno bipolar, depressão grave e
abuso de álcool e outras drogas associados a uma das patologias
citadas.
Definir a satisfação do usuário é subjetivo, pois existem
vários fatores que afetam a percepção individual. Dentre elas,
destacam-se as experiências passadas dos cuidados psicológicos, em
quais condições que ocorreram e o estado atual de saúde mental
(COIMBRA et al, 2011). Essas condições foram levadas em conta no
referente estudo da avaliação da vivência dos pacientes dos serviços
do CAPS.
Três dos noventa e quatro pacientes, de idade entre 40 a
60 anos, estiveram internados na Casa De Saúde Doutor Aragão
Villar, Clínica São Domingos e Centro Hospitalar Psiquiátrico
De Barbacena quando os centros de assistência à saúde mental
estavam em processo de “humanização”, ou seja, no inicio da
reforma psiquiátrica brasileira. Relataram várias agressões
sofridas quando estavam em crise, tais como: amarrar o indivíduo
na cama, isolamento em celas, ócio, ambiente precário de higiene.
Os familiares de um dos pacientes (falecido em novembro de 2016)
relataram sobre uma época em que o tratamento, do indivíduo
citado, fora baseado em eletrochoque, o que acarretou problemas
em sua memória, dicção e outras áreas.
Nas entrevistas com os pacientes e familiares, relatou-se que
com o início do tratamento no CAPS houve a melhoria dos sintomas
psicóticos, as oficinas oferecidas possibilitaram o combate ao ócio e
da monotonia do dia a dia. Além disso, pelo Centro de Atenção se

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


490 ANAIS X SIMPAC

localizar no centro da cidade, houve a diminuição dos custos e também


da fadiga de se locomover a outra cidade. Alguns pacientes relatam
que não foram internados, mas tiveram parentes próximos que já,
e que eles têm o receio de serem mal tratados como os seus entes
foram. Esses relatos foram obtidos, principalmente, quando ocorreu
a exibição do filme “Nise, o coração da loucura” para os pacientes.
Tal película aborda a história da psiquiatra Nise da Silveira e a sua
importância para o início do processo de humanização dos hospitais
psiquiátricos no Brasil. Ao longo do filme, houve um debate de como
era e de como tem sido o tratamento em saúde mental.
A instituição atendeu a um ex-aluno da Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais (APAE), o paciente apresenta um caso mais
grave de oligofrenia, ele denomina a instituição de escola, os demais
pacientes e a si mesmo de “alunos”. Argumenta que gosta de ir ao
CAPS, pois a “escola” o permite desenhar, colorir, escrever, brincar,
plantar. O que são, na verdade, são atividades que lhe permitem
trabalhar a cognição e suas coordenações motoras. O CAPS já
atendeu também a um caso com a mesma patologia, um quadro
mais leve, associado ao abuso de álcool e outras drogas. O enfermo,
em questão, quando chegou ao estabelecimento utilizava cocaína e
com o método de redução de danos, em dezembro de 2016, fazia uso
de maconha. Tal individuo foi transferido para outra instituição,
mas no segundo semestre de 2017 irá começar a participar de um
projeto inaugural na cidade, este projeto visa o tratamento de álcool
e outras drogas.
O CAPS I de VRB, como fator ressocializador, estimula os
seus pacientes a participarem de cursos oferecidos gratuitamente
pela empresa SENAI ou pela própria Prefeitura, além disso, a
instituição, recentemente, assumiu um contrato de parceria com o
SENAR. Alguns pacientes já tiveram o contato com o aperfeiçoamento
profissional, como por exemplo, cursos de informática, curso de
atendimento ao público e de agricultura familiar. Além disso, os
pacientes têm o contato com a sociedade através de amostras de seus
trabalhos, pois seus artesanatos e o grupo de canto são apresentados
em feiras de saúde que acontecem na cidade, ou em comemorações
de datas especiais, tais como: Páscoa, Natal, Dia das Mães.

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ANAIS X SIMPAC 491

Considerações Finais

O percurso para o tratamento humanizado em saúde metal é


árduo, a reforma psiquiátrica só ocorreu a partir de 1970, através
de manifestações, mas antes disso, foram séculos de maus tratos,
de ignorâncias acerca do tema. O processo da Reforma Psiquiátrica
ainda está ocorrendo, afinal, a regulamentação da Lei Paulo
Delgado só ocorreu em 2001, e aos poucos, através de Conferências,
a reforma está sendo aprimorada e os direitos do paciente da saúde
adquiridos, e, portanto, os indivíduos com transtornos mentais são
vistos como cidadãos com direitos e deveres.
Em suma, o CAPS de Visconde do Rio Branco é uma
instituição que, mesmo com pouco tempo de abertura, tem sido um
dispositivo para o tratamento mais humanizado aos pacientes da
cidade. Visado na reforma psiquiátrica, com objetivos secundários
de conscientizar a população sobre a importância da instituição, ele
quebra paradigmas acerca do “louco”, enfim, psicoeducar familiares,
os enfermos e a sociedade rio-branquense em geral.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde


DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma Psiquiátrica
e saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência
Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois
de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.

COIMBRA, V. C. C. et al . Avaliação da satisfação dos usuários com


o cuidado da saúde mental na Estratégia Saúde da Família. Rev.
esc. enferm. USP, São Paulo, v. 4, n. 5, p. 1150-1156, Out. 2011 .

KANTORSKI L.P, JARDIM V. R, WETZEL C, OLSCHOWSKY A,


SCHNEIDER JF, HECK RM, et al. Satisfação dos usuários dos
Centros de Atenção Psicossocial da região Sul do Brasil. Rev Saúde
Pública. 2009;43 Supl.1:29-35.

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492 ANAIS X SIMPAC

NAGAOKA, A. P; FUREGATO, A. R; SANTOS, J. L. F. Usuários


de um centro de atenção psicossocial e sua vivência com a doença
mental. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo , v. 45, n. 4, p. 912-917,
Aug. 2011.

COELHO, R. S. Barbacena 1900 – 1980. In: III Congresso Mineiro


de Psiquiatria. Belo Horizonte, novembro 1979.

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ANAIS X SIMPAC 493

ESTENOSE DA VÁLVULA PULMONAR COM CORONÁRIA


ABERRANTE EM CÃO DA RAÇA BULDOGUE INGLÊS –
RELATO DE CASO

Fernanda Campos Mansur1, Thiago de Castro Rodrigues2, Gustavo


Carvalho Cobucci3

Resumo: A estenose da válvula pulmonar é a terceira cardiopatia


congênita que mais acomete os cães. É definida como malformação
congênita valvular incluindo alterações dos folhetos valvares
decorrente de falha no desenvolvimento embrionário cardíaco. Este
trabalho trata-se de um relato de caso de um cão da raça Buldogue
Inglês, de dois meses de idade que apresentou sinais clínicos
de cansaço fácil, sopro sistólico de ejeção, taquicardia, impulso
precordial, hiporexia e ascite. Os exames de imagem confirmaram
se tratar de um caso de estenose da válvula pulmonar associado
à coronária aberrante. O tratamento instituído foi furosemida,
enalapril, atenolol e espironolactona, além de restrições de exercícios
e ainda foi considerado a valvuloplastia por balão, visando reduzir
o gradiente de pressão sistólica. Após algumas semanas com a
terapia medicamentosa, o animal apresentou piora e veio a óbito
subitamente.

Palavras–chave: Cardiopatia congênita, insuficiência cardíaca


congestiva, sopro sistólico

Introdução

As más formações congênitas cardíacas e dos grandes vasos


são defeitos morfológicos e funcionais presentes ao nascimento com o
1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fernandamansur13@hotmail.
com
2
Médico Veterinário
3
Professor orientador do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gucobucci@
hotmail.com

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494 ANAIS X SIMPAC

diagnóstico geralmente firmado nos primeiros dias ou meses de vida


(MacDONALD, 2006). A estenose da válvula pulmonar representa
11 a 21 % da doenças cardíacas congênitas. É uma condição na qual o
ventrículo direito apresenta a via de saída reduzida, o que impede o
fluxo sanguíneo normal e provoca hipertrofia concêntrica do mesmo
(ESTRADA, 2009). O diagnóstico de estenose da válvula pulmonar
é realizado associando-se os achados de histórico (predisposição
racial), exame físico e de imagem (radiografias, eletrocardiogramas,
ecocardiograma) e exames laboratoriais (hemograma e bioquímicos)
(ESTRADA, 2009). O ecocardiograma é o principal método de
escolha diagnóstica para estenose da válvula pulmonar por não
ser invasivo, apresentar alta sensibilidade e precisão e permitir
visibilizar alterações importantes como hipertrofia cardíaca,
dilatação da artéria pulmonar pós-estenose, gradiente de pressão
estenótica e a presença de vasos anômalos (BUCHANAN, 1990).

Material e Métodos

Foi atendido no hospital veterinário da Faculdade de Ciências


e Tecnologia de Viçosa – FAVIÇOSA / UNIVIÇOSA, um cão macho,
inteiro, raça Buldogue Inglês, pesando 7,5 Kg e 2 meses de idade.
Segundo relato do proprietário, o animal apresentava aumento do
volume abdominal há 20 dias, além de cansaço fácil, prostração,
apatia, hiporexia e diarreia com presença de muco. Não havia relato
de tosse ou síncope. Relatou também, que os irmãos de ninhada
apresentaram doenças congênitas como lábio leporino e fenda
palatina.

Ao exame físico, o animal apresentou estado de hidratação >95


%, mucosas normocoradas, tempo de preenchimento capilar (TPC)
de 2 segundos, pulso arterial forte e regular, linfonodos não reativos,
taquicardia (140 bpm) e temperatura retal 38,1 ºC. À palpação
abdominal observou-se hepato e esplenomegalia. À ausculta
cardiopulmonar, foi percebido sopro sistólico de ejeção e proeminente
impulso precordial direito. A partir do histórico e anamnese descritos
pelo proprietário e dos achados de exame físico, foram solicitados

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ANAIS X SIMPAC 495

os seguintes exames complementares: eletrocardiograma (ECG),


radiografia torácica e ecodopplercardiograma (ECO).

Resultados e Discussão

A ultrassonografia abdominal evidenciou esplenomegalia,


hepatomegalia e líquido livre abdominal. O exame radiográfico
evidenciou aumento generalizado da silhueta cardíaca com
deslocamento dorsal da traqueia e perda da definição da porção
cranial do coração (Figura 1). O ECG mostrou ritmo cardíaco normal
e alterações sugestivas de sobrecarga do lado direito e esquerdo
do coração. O ECO evidenciou aumento de volume das câmaras
cardíacas direitas, com hipertrofia importante do ventrículo direito
(VD) e presença de coronária aberrante. Observou-se diminuição
do diâmetro do tronco pulmonar logo acima da válvula pulmonar, a
qual apresentou folhetos mais espessos, não sendo possível observar
boa abertura dos mesmos. O tronco da artéria pulmonar apresentou
dilatação pós-estenótica. Diante dos achados de histórico, anamnese,
exame físico e exames complementares, foi diagnosticado estenose
da válvula pulmonar com coronária aberrante e insuficiência
cardíaca congestiva direita.

O tratamento prescrito foi atenol 0,5 mg/kg, BID, uso


contínuo, Furosemida 2,5 mg/kg, BID, 7 dias, enalapril 0,5 mg/kg,
BID, uso contínuo e espironolactona 1,5 mg/kg, BID, uso contínuo,
além de restrição ao exercício físico. Considerou-se a possibilidade
de submeter o animal à valvuloplastia por balão. Entretanto, 15
dias após o diagnóstico o animal veio a óbito.

O animal relatado apresentava quadro de ascite, efusão


peritoneal e hepatoesplenomegalia, este último devido à congestão
venosa hepática e esplênica. Estes achados são caracterizados como
sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva direita (ICCD).
Sinais clínicos associados à ICCD são resultantes da elevada pressão
venosa sistêmica e consequentemente aumento da pressão capilar
sistêmica. Com isso, ocorre extravasamento de conteúdo plasmático
para o interstício com formação de edema e efusões, assim como
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
496 ANAIS X SIMPAC

descrito pela literatura (WARE, 2015)

O sopro sistólico de ejeção crescente auscultado durante


o exame físico do animal relatado é um achado importante e
característico em quadros de estenose pulmonar, sendo o principal
achado na abordagem clínica, assim como descrito por Estrada
(2009).

O resultado da hipertrofia se dá pela força excessiva que o


coração faz na tentativa de manter a sua função de ejeção dentro
dos padrões fisiológicos. Como consequência, há remodelamento
cardíaco compensatório, o qual foi confirmando pela radiografia,
eletrocardiograma e ecodopplercardiograma.(WARE, 2015).

O animal foi medicado com enalapril 0,5 mg/kg BID, um inibidor


da enzima conversora de angiotensina (IECA) e vasodilatador
misto, com função de dar suporte ao miocárdio, melhorar ao débito
cardíaco e como tratamento da ICCD ajudando o coração na sua
função ejetora e assim prevenindo uma síncope. O atenolol 0,5
mg/kg BID, um beta bloqueador, também foi prescrito ao animal
visando promover uma redução do inotropismo e cronotropismo
cardíaco juntamente com a diminuição da frequência cardíaca que
o animal apresentava. Também foi prescrito furosemida 2,5 mg/kg
BID, um diurético de alça que age inibindo a absorção de sódio e
cloro e faz com que os líquidos sejam excretados com maior facilidade
evitando também a formação de novos edemas. A espironolactona
1,5 mg/kg BID foi prescrita ao animal, porque quando há ativação
dos mecanismos compensatórios da ICC, há também o aumento dos
níveis de aldesterona que por sua vez aumenta a absorção de sódio
e cloretos e elimina potássio, assim como explicado por Estrada
(2009).

Segundo Fonfara e colaboradores (2010) a valvuloplastia de


balão está indicada para estenoses moderadas a graves e Estrada
(2009) recomenda a realização desse procedimento precocemente
evitando a hipertrofia ventricular. A presença de coronária aberrante
tornava o procedimento mais arriscado e complicado, uma vez que

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 497

existe o risco de rompimento desse vaso durante o procedimento o


que levaria o animal à óbito. Entretanto, o animal veio à óbito antes
que fosse submetido a qualquer procedimento cirúrgico.

Figura 1 - Radiografia torácica láterolateral evidenciando aumento


da silhueta cardíaca, deslocamento dorsal da traqueia, perda de
definição e aumento da radiopacidade da porção cranial ao coração.

Considerações finais

Relatou-se um caso em que os achados de histórico, clínicos,


laboratoriais e imagem foram compatíveis com o diagnóstico de
estenose pulmonar congênita associada à coronária aberrante.
O tratamento prescrito ao animal a base de beta bloqueadores,
inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), diuréticos
de alça e poupador de potássio foi o correto, confirmando o que a
literatura descreve. Já o tratamento cirúrgico de valvuloplastia de
balão que foi recomendado, poderia ser fatal ao animal, visto que o
mesmo era portador de uma artéria coronária aberrante.
É uma doença que muitas vezes não é abordada no âmbito
acadêmico e se faz necessário conhecer suas características clínicas
e de tratamento, para que o clínico possa tomar decisões corretas e
proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


498 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

BUCHANAN, J. Pulmonic stenosis caused by single coronary


artery in dogs: four cases (1965-1984). Journal of the American
Veterinary Medical Association, v.196, n.1, p.115-120, 1990.

ESTRADA, A. Pulmonic Stenosis. In: John. D. Bonagura e David.


C. Twedt, Kirk’s Current Veterinary Therapy XIV, 14 ed. cap.
167, p.752-756. Florida: Saunders Elsevier, 2009.

FONFARA, S. et al. Balloon valvuloplasty for treatment of pulmonic


stenosis in English Bulldogs with an aberrant coronary artery.
Journal of Veterinary Internal Medicine, v.24, n.2, p.354-359,
2010.

MACDONALD, K. Congenital heart diseases of puppies and kittens.


Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice,
v.36, n.3, p.503-531, 2006.

WARE, Wend. Distúrbios do Sistema Cardiovascular. In:


NELSON, Richard., COUTO, Guilhermo. Medicina Interna de
Pequenos Animais. 5ª.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, parte 1, 2015.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 499

PRODUÇÃO DE PAPEL A PARTIR DO BAGAÇO DA CANA-


DE-AÇÚCAR

Fernanda Cristina Costa1, Camila Cristina Teixeira2, Henrico José


Feital Condé3 , Flávia Guilhermina Aguiar Vieira4, João Kleber
Feital Lopes5, Svetlana Fialho Sorria Galvarro6

Resumo: O bagaço é um material fibroso, abundante no Brasil e


devido ao rápido crescimento da cana-de-açúcar é uma boa opção
para a fabricação de papel. Soma-se a essas características a
crescente preocupação com meio ambiente e, consequentemente,
a necessidade cada vez maior de promover a produção de um
material ecologicamente correto. Inserido nesse contexto, objetivou-
se a produção de papel a partir do bagaço de cana-de-açúcar. O
bagaço foi seco a temperatura ambiente e posteriormente triturado.
As amostras foram cozidas com hidróxido de sódio e em seguida o
material foi lavado e novamente cozido, desta vez com hipoclorito
de sódio. A amostra foi lavada, colocada em formas e levadas
para secagem em temperatura ambiente, O método utilizado foi
satisfatório para a produção de papel, ocorrendo boa remoção da
lignina e branqueamento rápido.

Palavras–chave: Celulose; fibra; bagaço; papel; sustentabilidade

Introdução

Bagaço de cana-de-açúcar é um material fibroso abundante no


Brasil. Na região norte do Estado, por exemplo, é bastante comum
1
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nandacristina2@hotmail.com;
2
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:camila.teixeiraofc@gmail.com;
3
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: henrico.univicosa@gmail.
com;
4
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: flaviag04@outlook.com;
5
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: joaokleber_ed@hotmail.com;
6
Professora do Curso de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: svetlana.eng@gmail.
com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


500 ANAIS X SIMPAC

a observação de extensos canaviais, implantados para suprir a


demanda das usinas de açúcar e de álcool. O bagaço de cana-de-
açúcar, nesse caso, é produzido em larga escala, sendo utilizado
na geração de energia térmica ao ser queimado nas fornalhas das
caldeiras ou na produção de ração animal (ANDRADE et al., 2001).
O papel feito com o bagaço começou a ganhar espaço nas
prateleiras das lojas especializadas e muitas indústrias brasileiras
do setor de papéis já estão se especializando na fabricação de um
produto de alta qualidade. Estudos preliminares apontaram que o
bagaço de cana possui grande quantidade de fibras de alta qualidade,
pureza elevada e biodegradabilidade, o que está tornando o papel
100% reciclável. Atualmente, o papel de cana tem as mais diversas
utilidades, principalmente sendo aplicados como matéria-prima
para a impressão de revistas, livros, e também como papéis de
desenho (CARASCHI; CAMPANA FILHO; CURVELO, 2001).
A utilização do bagaço é uma boa opção em questões
ambientais, econômicas e sociais. A cana-de-açúcar é uma cultura
de ciclo anual, sendo possível obter o bagaço com facilidade, o que
viabiliza, em grande parte, o seu uso como matéria prima alternativa
para a produção de papel. Além disso, possui grande potencialidade
de mercado por ser produzido de maneira ecologicamente correta,
preservando o meio ambiente (FRANÇA, 2014).
Diante da abundância e acelerado crescimento da cana-
de-açúcar em conjunto com a crescente preocupação com o meio
ambiente e o desejo de promover a produção e utilização de um
material ecologicamente correto revelou-se a motivação para a
realização deste estudo produzindo papel artesanal a partir dessa
matéria-prima.
Material e Métodos

Desenvolveu-se uma metodologia baseada em Andrade


(2001), com alterações que se fizeram necessárias para adaptações
aos recursos disponíveis e cumprir o objetivo traçado no presente
trabalho. Primeiramente o bagaço de cana foi seco a temperatura

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 501

ambiente e reduzido em pequenos pedaços para a melhor extração da


celulose. Em seguida foi inserido juntamente com 500 g de hidróxido
de sódio e 21 litros de água em uma panela sob aquecimento a
temperatura de ebulição por duas horas.
Após o “cozimento” a matéria residual sólida proveniente
do bagaço foi colocada em saco têxtil e lavada em água corrente,
posteriormente, foi branqueado com 1,5 litros de hipoclorito de sódio
em uma panela sob aquecimento por 20 minutos. Com o material
sólido resultante repetiu-se a etapa de aquecimento com hidróxido
de sódio, porém utilizou-se 24 litros de água por uma hora e meia,
seguido do processo de lavagem e branqueamento idêntico ao citado
anteriormente, obtendo assim uma massa branqueada. A massa
resultante foi lavada novamente, homogeneizada com água em um
vasilhame onde os moldes foram submergidos e secos a temperatura
ambiente por cinco dias.

Resultados e Discussão

Cozimento

Cozimento com hidróxido de sódio removeu parte da lignina,


a água resultante, foi de coloração escura, conhecida na literatura
como licor negro. Assim, demonstrando que de fato ocorreu separação
de parte da lignina, porém, as fibras bagaço de cana-de-açúcar
permaneceram rígidas sendo necessário outro processo de cozimento.
Dessa forma, para um cozimento mais eficiente pode-se adicionar
outros reagentes ao cozimento como o sulfeto de sódio a fim de que
sejam obtidos resultados mais satisfatórios. Semelhantemente ao
processo de fabricação de folha de celulose convencional descrita
por ABDI (2012), onde após esse processo obtêm-se o licor negro
e a polpa celulósica, mas se diferenciou pelo fato de no primeiro
cozimento as fibras ainda permanecerem rígidas sendo necessário
cozimento posterior, umas das possíveis causas do ocorrido foi a
ausência de sulfeto de sódio na reação e a utilização de panelas ao
invés de digestores que são mais apropriados a esse processo.

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502 ANAIS X SIMPAC

Branqueamento
O branqueamento com hipoclorito de sódio foi rápido e
eficaz, conferindo as fibras uma coloração desejável. Como o
branqueamento ocorreu de forma rápida, o tempo de aquecimento
passou a não alterar a coloração após aproximadamente 5 minutos,
porém, percebeu-se que o hipoclorito não somente branqueava, mas
amaciava as fibras, tornando-as mais maleáveis como desejado,
consequentemente, estendeu o tempo de aquecimento completando
20 minutos. Após o primeiro processo de branqueamento, a massa
celulósica foi aquecida, novamente, com hipoclorito de sódio, o que
propiciou maior branqueamento.

Secagem
Após os 5 dias de secagem a temperatura ambiente, verificou-
se que as folhas de celulose estavam devidamente secas como o
desejado, podendo já ser direcionada para diversos fins.

Considerações Finais

A partir do resultado obtido, observou-se que o papel


produzido apresentou uma boa alvura, maleável, fino e boa
resistência a rasgos. Quanto à sua aplicação não foi possível realizar
testes, evidenciando a necessidade de novos estudos.

Agradecimentos

Agradecemos as nossas professoras orientadoras Svetlana,


Lidiane, Raquel e Skarllet, pela paciência, dedicação, correções e que
muito contribuíram para a nossa aprendizagem, compartilhando
seus conhecimentos.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 503

Referências Bibliográficas

ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial).


Subsídios para a elaboração de uma estratégia industrial
brasileira para economia de baixo carbono: Caderno 2. Nota
técnica papel e celulose, 2012.Disponível : <http://www.abdi.com.
br/Estudo/caderno%2002%20-%20Papel%20e%20celulose.pdf>.
Acesso em : 05/04/2018.

ANDRADE, Azarias Machado de. et al.Produção de papéis


artesanais das misturas de aparas com fibras virgens de
bambu ( dendrocalamusgiganteus) e de bagaço de cana-de-
açúcar (saccharumofficinarum). Floresta e Ambiente, V. 8, n.1,
p.143 - 152, jan/dez. 2001. Disponível em: < http://www.floram.org/
files/v8n%C3%BAnico/v8nunicoa18.pdf >. Acesso em: 06/10/2016.

CARASCHI, J. C; CAMPANA FILHO, SERGIO P; CURVELO, A. A.


S. Preparação e Caracterização de Polpas para Dissolução Obtidas
a partir de Bagaço de Cana-de-Açúcar.  Polímeros: Ciência e
Tecnologia, São Carlos, v. 6, n. 3, p.24-29, set. 2001.

COSTA, L. S. da; BOCCHI, M. L. de M. APLICAÇÕES DO


BAGAÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR UTILIZADAS NA
ATUALIDADE. FATEC, Jaboticabal-SP. Disponível em : < http://
www.citec.fatecjab.edu.br/index.php/files/article/viewFile/21/22>.
Acesso em: 21/06/2017.

FRANÇA, F. C.  Avaliação das Qualidades Anatômicas e


Composição Química do Bagaço de Cana-de-Açúcar para
a produção de Papel.  2014. 50 f. TCC (Graduação) - Curso
de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Catarina,
Curitibanos, 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


504 ANAIS X SIMPAC

A importância do fisioterapeuta na atenção básica de saúde

Fernanda Cristina de Oliveira1, Célia Maria Oliveira Gomide2,


Carla Alcon Tranin3.

Resumo: O objetivo do presente estudo foi identificar e analisar


estudos na literatura a cerca do conhecimento sobre a incontinência
urinária de mulheres que utilizam o serviço de saúde pública. Visto
que o público é atendido por estratégias preventivas de saúde, como
parte complementar das estratégias implantadas principalmente
com o fisioterapeuta como profissional atuante na prevenção desta
patologia, perdendo assim a visão que o fisioterapeuta tinha de ser
apenas um profissional voltado para reabilitação. Existem no NASF
(Núcleo de Apoio á Saúde da Família) várias formas de atuação
do fisioterapeuta que podem ser voltados para saúde da mulher,
como educação em saúde fazendo com que a população entenda a
necessidade do tratamento para a patologia. Constatou-se que a
literatura ainda não possui muita bagagem a cerca do tema, já que
a atuação do fisioterapeuta ainda é nova na atenção primária.

Palavras–chave: Fisioterapia, Incontinência Urinária, Saúde


Pública.

Introdução

A Incontinência Urinária (IU) é definida como toda perda


involuntária de urina. (BOTELHO, SILVA, CRUZ, 2007). Existem
diversos tipos de IU, sendo os mais comuns: Incontinência Urinária
de Esforço, definida como perda urinária que ocorre ao realizar
algum exercício físico, espirrar ou tossir. Incontinência Urinária
de Urgência que é a perda involuntária de urina antecedida por
urgência e Incontinência Urinária Mista, a perda involuntária de

1
Graduanda em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nandacristina0365@gmail.com
2
Graduanda em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail: celiaogomide1@hotmail.com
3
Professora – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail: carlatranin@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 505

urina que acontece tanto por esforço quanto por urgência (BARBOSA
et al,2009).
Uma das perdas funcionais da pessoa idosa é a degradação de
força e massa muscular, em função disso ocorre o surgimento da IU
e diminuição da mobilidade física. (ALVARENGA-MARTINS et. al,
2017).
Na literatura há evidências de que a Incontinência Urinária
não é considerada pelas mulheres uma disfunção importante, uma
vez que supõem que os sintomas são normais da idade. Além de
muitas mulheres não terem conhecimento que existe um tratamento
para a IU. (BARBOSA et al,2009).
A atenção integral á saúde da mulher faz referência
à promoção, proteção e recuperação da saúde em todos os
três níveis de atenção, levando em conta o contexto social e a
individualidade. O Sistema Único de Saúde deve estar capacitado
e orientado para promover a saúde da população feminina
considerando as necessidades e garantindo o controle das
patologias mais comuns que acometem tal grupo. (BRASIL, 2002).
Existe no NASF (Núcleo de apoio a saúde da família) a educação
continuada que é uma forma dos profissionais levarem um pouco de
conhecimento em saúde para a população da comunidade, fazendo
com que as mesmas possam tomar certas atitudes em relação a
sua saúde e também ao ambiente em que vivem. O fisioterapeuta
nesse aspecto pode realizar palestras sobre temas que envolvem
sua pratica profissional, e podem ocorrer em diversos locais da
comunidade, como escolas, grupos de apoio, UBSs, empresas etc.
Podem ser desenvolvidas ações em saúde para um grupo especifico,
de acordo com Quartiero (2012), como por exemplo Saúde da Mulher,
onde pode realizar palestras e exercícios preventivos, orientações de
posturas e etc.
Material e Métodos

Trata-se de uma revisão de literatura como o objetivo de


reunir o conhecimento existente sobre o nível de conhecimento
de mulheres com Incontinência Urinária e o papel do profissional

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


506 ANAIS X SIMPAC

fisioterapeuta no tratamento da mesma.


Para auxiliar na pesquisa foi realizada uma revisão nas
seguintes bases de dados: Lilacs (Literatura Latino-Americana e
do Caribe em Serviços de Saúde) e Google Acadêmico. Os artigos
escolhidos foram encontrados utilizando as seguintes palavras-
chave: Incontinência Urinária, Fisioterapeuta na Saúde da Mulher,
Saúde da Mulher e Incontinência na Saúde Pública. Os artigos
foram selecionados em português, publicados após 2002.
Depois de ler 12 artigos foram selecionados 6 que abordavam
melhor o tema proposto.

Resultados e Discussão

O Fisioterapeuta quando inserido no NASF, perde a visão


de uma atuação reabilitadora e passa a fazer parte da prevenção
e promoção da saúde levando em conta a integralidade de cada
paciente e desenvolvendo ações voltadas à saúde. (FORMIGA,
RIBEIRO, 2012), podendo atuar com estratégias preventivas para
incontinência urinária.
Segundo Quartiero (2012), o Fisioterapeuta atuante na Atenção
Básica deve ter uma participação na promoção e no tratamento, os
atendimentos não devem ser exclusivamente em uma sala e não
precisam ser individuais, o fisioterapeuta também atua nas visitas
domiciliares o que ajuda na criação de vínculo com o paciente.
O papel do fisioterapeuta no NASF envolve ações como, visita
domiciliar como citado anteriormente, atividades em grupo que
devem ser focadas na promoção de saúde, atendimentos individuais
que devem ser realizados considerando a singularidade do paciente,
investigação epidemiológica para que aconteçam ações de promoção
e prevenção de acordo com cada realidade (QUARTIERO, 2012).

Considerações Finais

Com esse trabalho podemos constatar que não possui na


literatura uma boa bagagem sobre o tratamento da Incontinência
Urinária na realidade da saúde pública, mesmo sabendo que é

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 507

uma patologia comum entre as mulheres e sabendo também que a


fisioterapia pode tratar a patologia.
Os estudos que consideramos mostram que a atuação do
fisioterapeuta teve que se remodelar para se encaixar na saúde
publica, uma vez que o fisioterapeuta era considerado um profissional
reabilitador e agora passa a ser também um profissional que se
preocupa com a prevenção, o que pode explicar o fato de ter poucos
relatos na literatura sobre o tratamento da incontinência urinária
na realidade da saúde pública.
Também podemos notar que a maioria das mulheres não
procuram ajudar para tratar a Incontinência Urinária dificultando
ainda mais a atuação do fisioterapeuta no tratamento da patologia.

Referências Bibliográficas

ALVARENGA-MARTINS, N. et, al. Incontinência urinária: uma


análise à luz das políticas de envelhecimento. Revista de enfermagem
UFPE on line-ISSN: 1981-8963, v. 11, n. 3, p. 1189-1199, 2017.

BARBOSA, S.S. et, al.Como profissionais de saúde da rede básica


identificam e tratam a incontinência urinária feminina. Mundo
saúde (Impr.), v. 33, n. 4, p. 449-456, 2009.

BOTELHO, F; SILVA, C; CRUZ, F. Incontinência urinária feminina.


Acta Urológica, v. 24, n. 1, p. 79-82, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Profissionalização de auxiliares de


Enfermagem. Brasília, DF, 2002.

FORMIGA, N.F. B; RIBEIRO, K, S, Q, S. Inserção do fisioterapeuta


na Atenção Básica: uma Analogia entre Experiências Acadêmicas
e a Proposta dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF).
Revista brasileira de ciências da Saúde, v. 16, n. 2, p. 113-122,
2012.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


508 ANAIS X SIMPAC

QUARTIETO, C.R.B. Saúde Coletiva e Fisioterapia. Unicentro


Paraná, 2012. Disponível em: http://repositorio.unicentro.br:8080/
jspui/bitstream/123456789/92/5/Sa%C3%BAde%20Coletiva%20
e%20Fisioterapia.pdf. Acesso em 25 de outubro de 2017.

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ANAIS X SIMPAC 509

DISCURSO DE ÓDIO E LIBERDADE DE EXPRESSÃO:


UMA ANÁLISE SOBRE A POSSIBILIDADE E
NECESSIDADE DE NOVAS REGULAMENTAÇÕES

Fernanda Duarte de Araújo1, Renata Silva Gomes2

Resumo: O presente trabalho versa sobre os diversos pontos de


vista dos doutrinadores diante da necessidade e possibilidade de
uma legislação infraconstitucional que discorra sobre a proibição
do discurso de ódio. Neste estudo, também, é descrito os males
causados por esses discursos à grande parte da sociedade no Brasil
e no mundo e ainda, traça um pequeno comparativo entre os países
que já se posicionaram a favor de uma legislação que restrinja a
liberdade de expressão como forma de garantir a dignidade de todos
os indivíduos.

Palavras–chave: Dissipadores de ideias, Discurso de ódio,


minorias, liberdade de expressão.

Introdução

O discurso de ódio é um tema que está em debate no âmbito


acadêmico e jurídico, e atualmente vem ganhando mais espaço
devido ao uso em demasia das redes sociais por figuras públicas,
como políticos, jornalistas, atores, entre outros. Discute-se, nesse
trabalho, os limites que precisam ser traçados à liberdade de
expressão para enfrentar o discurso de ódio que foi intensificado
pelo uso da internet, especificamente, das mídias sociais que
permitem a publicação instantânea de conteúdo. Ressalta-se que

1
Graduanda em Direito - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: nandadua@live.com.
2
Doutoranda e Mestre em Teoria do Direito pela PUC MINAS, Professora da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
E-mail renatagomesegomes@gmail.com

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510 ANAIS X SIMPAC

a garantia da liberdade de expressão é princípio constitucional,


todavia, ao estabelecer os seus contornos e precisar o seu conteúdo,
depara-se, hoje, necessariamente, com o discurso de ódio. Discurso
que é, sinteticamente, caracterizado como manifestação de repúdio
dirigida em especial a grupos minoritários da sociedade. Por fim,
será discutido, nesta pesquisa, as consequências que o discurso de
ódio pode gerar ao bem-estar de uma população no âmbito geral
e a necessidade de uma legislação específica para assegurar que
o direito à liberdade de expressão de alguns não fira o direito à
dignidade e à imagem de tantos outros.

Material e Métodos

A pesquisa foi realizada através da metodologia jurídico-


compreensiva, com viés comparativo. Fez-se através da análise de
artigos científicos, doutrinas e artigos de notícia, além do estudo de
casos concretos abordados na jurisprudência brasileira.

Resultados e Discussão

O conceito de liberdade vem sendo difundido e melhorado


com o passar dos séculos. No Brasil foi inserida pela primeira vez na
constituição imperial de 1824 e mantida até a constituição federal
de 1937. Desaparecendo no regime de Getúlio Vargas e ressurgindo
na Constituição Federal de 1946. (CASTRO e FREITAS 2013).
Uma das primeiras aspirações na modernidade (século
XVIII), no que se refere à dignidade humana foi a afirmação da
liberdade como valor essencial à condição humana. Um espaço sem
ingerência de terceiros, de modo a garantir a qualquer indivíduo a
realização de seus próprios objetivos, sem o dever de obediência a
outrem. (CASTRO e FREITAS, 2013)
Atualmente a liberdade de expressão alcançou novos
patamares de discussão e existência, virando objeto de estudo
corriqueiro entre doutrinadores e leigos. Acabando, diversas vezes,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 511

por dividir indivíduos entre os que apoiam uma restrição adequada


a liberdade de expressão em demasia, que fere o direito a dignidade
de alguns, e os que apoiam a liberdade de expressão total, afirmando
que qualquer restrição legal seria um ato inconstitucional.
Entretanto, há uma linha tênue, que separa o uso da liberdade
de expressão e o discurso de ódio. Consani (2015) traz opiniões de
estudiosos, que divergem entre si, no sentido de defender ou criticar
a possível intervenção do Estado nas questões sobre tolerância,
especialmente, a religiosa. Segundo sua pesquisa, ao impor limites
ao discurso de ódio o Estado pode ferir o direito fundamental à
liberdade de expressão, lesando a legitimidade democrática. No
entanto, a não adoção de restrições pode levar à ruína do sistema
democrático ao permitir que a intolerância sufoque os princípios e
valores de determinados grupos.
Há alguns doutrinadores renomados, como Ronald Dworkin
(apud CONSANI, 2015) que afirmam que apesar de não ser algo
correto, o discurso de ódio utiliza-se da blindagem do direito
humano universal à liberdade de expressão, uma vez que o uso de
legislação nova para o impedimento de tais discursos acabaria por
ferir o direito de liberdade e igualdade previstos no artigo quinto da
constituição brasileira de 1988, acabando por não ter legitimidade
no processo democrático.
De acordo com Consani (2015), há doutrinadores, como
Jeremy Waldron, que defendem que apesar de leis complementares
que legislam sobre a liberdade de expressão do ser humano intervir
no direito à liberdade previsto pela constituição, essas apenas
restringiriam o direito à liberdade para um bem social maior,
e não ocasionariam a extinção do direito em si. Além, de serem,
necessárias para fortalecer a democracia, tendo em vista que a
liberdade de expressão em demasia, vem causando danos a vida de
outros, dado que o discurso de ódio está em ampla ascensão, sem
nenhum mecanismo de freio. Dentro dessa perspectiva, percebe-se
que o discurso de ódio necessitaria de um mecanismo legal de limite
para garantir o direito a felicidade de todos, uma vez que, nenhum

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


512 ANAIS X SIMPAC

indivíduo consegue se manter plenamente feliz diante da violação


de sua dignidade.
Deve-se lembrar que o discurso de ódio, muitas vezes, viola a
imagem dos indivíduos a quem se refere, neste caso o autor pratica
crimes já prescritos no código penal, como injúria, difamação e
calúnia. Todavia, quando o discurso não atinge uma pessoa mais
um conjunto de indivíduos, a tipificação fica mais complicada, dado
que os crimes penais acima citados, foram tipificados levando em
consideração a honra subjetiva e objetiva do sujeito e não de uma
comunidade de sujeitos. O discurso de ódio é dirigido, em grande
parte para minorias populacionais, como os negros, mulheres e
homossexuais, mas não apenas a estes, podem ocorrer entre jovens,
na prática de bullying e pessoas praticantes das mais diversas
religiões. (BRANDÃO, 2015)
Muitas das vezes os indivíduos se utilizam dos mecanismos
de comunicação, como redes sociais, blogs, entre outros, e da
facilidade que estes disponibilizam para o discurso anônimo para
desferir discursos ofensivos trazendo danos à imagem e à vida de
diversos indivíduos da sociedade. E possível analisar, ainda, que
os danos psicológicos causados a esses indivíduos, que são vítimas
do discurso de ódio, é deveras descomunal, uma vez que acarretam
um grande número de suicídios e homicídios. Esse fato é visível
quando se analisa dados como o número de homicídios contra
LGBTs apresentado pela ONG Grupo Gay da Bahia; que informa o
número de 277 homicídios até o mês de setembro de 2017, contra
343 registrados em todo o ano de 2016 um aumento alarmante para
apenas. Além, da taxa de feminicídios no país, que é de 4,8 para
100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da
Organização Mundial da Saúde (ATTUCH, 2017).
O discurso de ódio, pode ser veiculado por indivíduos que
possuem pouca informação e que não influenciam tantas pessoas ou
por figuras públicas que são formadores de opinião de um número
elevado de pessoas, seja por meio de redes sociais, ou por outras
mídias. E esse é o maior perigo existente em um discurso de ódio

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 513

empregado sem barreiras formais e legais, o número de pessoas a


quem ele instiga a compactuar com o comportamento agressivo.
O discurso de ódio, muitas vezes é justificado por alguns
indivíduos como mecanismo possível diante do direito à liberdade
de expressão, entretanto, os discursos que são geradores de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional podem ser julgados com embasamento na
lei Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989, que afirma no artigo
primeiro: “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional.” E os discursos que violam a imagem da
mulher podem ser julgados com base no artigo sete, parágrafo
quinto da lei Nº 11.340, DE 7 DE
AGOSTO DE 2006, que diz “A violência moral, entendida
como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou
injúria.”
Um exemplo, de formador de opinião, que se utiliza do
discurso de ódio em demasia no Brasil, é o deputado federal Jair
Bolsonaro (PSL-RJ), que em diversas ocasiões foi alvo de crítica
pela mídia, por seus supostos discursos agressivos em direção as
minorias, como o caso citado por Macêdo, (2017, on-line)
“quilombolas não servem nem para procriar”. Ou o presidente
dos EUA Donald Trump que em diversas ocasiões foi alvo de críticas
por ser um grande disseminador de discursos de ódio contra as
minorias em seu país, como pode ser notado em uma notícia do
Jornal Estadão que informa sobre a existência de um vídeo em
que é claramente possível escutar o atual presidente dos EUA
se gabando, com termos chulos, sobre abuso sexual de mulheres.
(BURGARELLI, 2016)

Considerações Finais

A partir destes exemplos, e de vários outros que são possíveis de


se analisar no dia a dia da população mundial, fica evidente, a

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514 ANAIS X SIMPAC

necessidade do Brasil se posicionar a favor de uma legislação que


proíba o discurso de ódio, para que este assunto seja tratado de
maneira mais explícita pela população, como ocorre em diversos
países como Alemanha, em que seu código penal classifica como
crime “incitar ódio contra seguimentos da população”.

Agradecimentos

Agradeço aos meus familiares e a todos os acadêmicos da


UNIVIÇOSA que me auxiliaram nas experiencias que me trouxeram
até onde estou hoje, em especial a Professora Renata Silva Gomes.

Referências Bibliográficas

ALVES, E. História e o Conceito de Liberdade de Expressão. 29 de


outubro de 2013. Disponível em: https://civida2011.blogspot.com.
br/2013/10/a-historia-e-o-conceito-de-liberdade-de.html. Acesso em:
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ATTUCH, L. ONG APONTA RECORDE DE LGBTS MORTOS NO


BRASIL EM 2017. Publicado em: 25 DE SETEMBRO DE 2017 ÀS
21:34. Disponível em:

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EM-2017.HTM. Acesso em: 01/03/2018.

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debate entre Dworkin e Waldron sobre os limites da tolerância.
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MACÊDO, J; AFFONSO F. Justiça condena Bolsonaro por


“quilombolas não servem nem para procriar”. 03 Outubro 2017 |
11h56. Disponível em: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-
macedo/justicacondena-bolsonaro-por-quilombolas-nao-servem-
nem-para-procriar/ Acesso em: 04/03/2018

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 515

BURGARELLI, R. Redação Internacional. 10 momentos e erros de


Donald Trump: um olhar para trás. 08 Novembro 2016 | 13h22.
Disponível em: http://internacional.estadao.com.br/blogs/eua-2016/
momentos-eerros-de-donald-trump-um-olhar-para-tras/

BRANDÃO, D. O Discurso do Ódio na Internet. 2015. Disponível


em: https://danielebrandao7.jusbrasil.com.br/artigos/172170217/o-
discurso-do-odio-na-internet. Acesso em 04/03/2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


516 ANAIS X SIMPAC

RENDIMENTO DE CARCAÇA DE SUÍNOS ABATIDOS EM


UM MATADOURO-FRIGORÍFICO DE PONTE NOVA (MG)
AO LONGO DO ANO

Fernanda Lima de Almeida Magalhães1, Adriano França da


Cunha2, Vanusa Cristina Freitas

Resumo: Avaliou-se o rendimento de carcaça de 160.881 suínos


abatidos em um abatedouro-frigorífico de Ponte Nova (MG) ao
longo do ano. Os dados registrados foram obtidos de 17 produtores
acionistas e fornecedores de suínos para o frigorífico, durante os anos
de 2009 a 2011. O rendimento de carcaça foi obtido dividindo-se o peso
da carcaça quente pelo peso de entrada dos animais no abatedouro
e expresso em porcentagem. Houve variação significativa (p<0,05)
entre os rendimentos de carcaça médios dos animais abatidos no
abatedouro-frigorifico ao longo do ano. Apesar de numericamente
próximos, os maiores rendimentos médios tenderam a ocorrer no
final do ano e os menores no início do ano. Portanto, o peso ao abate
de suínos abatidos em um abatedouro-frigorífico de Ponte Nova
(MG) varia ao longo do ano. A determinação de tal característica
zootécnica pode ser utilizada para avaliação do retorno econômico
do produtor e indústria.

Palavras–chave: Abatedouro, acabamento, indústria, inspeção,


mês

Introdução

Um fator que vem evoluindo ao longo dos anos resultando


em pesquisas e melhoramento genético é o rendimento da carcaça
suína. De acordo com o Regulamento de Inspeção Industrial e
Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIIISPOA), entendem-
se como carcaça suína, os animais abatidos, formados de massas
1
Graduanda em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: feeh.liima.fh@gmail.com,
vanusafreitasvet@yahoo.com.br
2
Professor em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianofcunha@hotmail.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 517

musculares e ossos, desprovidos de órgãos e vísceras torácicas e


abdominais. A carcaça suína pode ou não incluir couro, cabeça e pés
(BRASIL, 2008).
O rendimento da carcaça é a relação entre o peso vivo do animal
a ser abatido e o peso da carcaça em porcentagem. Uma carcaça é
composta basicamente por porção muscular, ossos e gordura, sendo
que a gordura é a mais variável dos três componentes e que também
exerce maior importância no rendimento. Os principais fatores
relacionados ao rendimento são grau de acabamento (quantidade
de gordura), dieta, sexo e raça (LUCHIARI FILHO, 2000).
De acordo com especialistas, o rendimento médio da carcaça
suína no início dos anos 2000 era de 75 Kg e em 2015 passou para
90 Kg, portanto um acréscimo de 20% no intervalo de 15 anos.
Carcaças com maior rendimento de carne e menor deposição de
gordura atendem o exigente mercado consumidor. Aumentar a
quantidade de carne na carcaça de suínos tem sido o objetivo não
somente da indústria, como também do produtor de suínos, pois
melhora a lucratividade e diminui os custos de produção (ABCS,
2016). Portanto, o objetivo do trabalho foi avaliar o rendimento de
carcaça de suínos abatidos em um matadouro-frigorífico de Ponte
Nova (MG).

Material e Métodos

O trabalho foi realizado por meio da coleta de dados em um


abatedouro-frigorífico localizado no município de Ponte Nova (MG).
Tal abatedouro-frigorífico era fiscalizado pelo Serviço de Inspeção
Federal, com foco em produtos processados com peças congeladas,
resfriadas, temperadas e in natura e possuía uma área de 230.000
m2, sendo 9.600 m2 de área construída.
Os dados registrados foram obtidos de 17 produtores
acionistas e fornecedores de suínos para o frigorífico, durante os
anos de 2009 a 2011. Foram obtidos dados de peso vivo de 160.881
suínos abatidos ao longo dos meses. Os dados do mês de setembro

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


518 ANAIS X SIMPAC

foram perdidos e, portanto, não cedidos pelo abatedouro.


As raças mais utilizadas para criação na região eram
constituídas das raças Landrace e Large White. As granjas que
forneciam suínos ao abatedouro eram caracterizadas por sistema
intensivo.
De forma geral, os leitões recebem colostro ao nascimento
até 24 horas de vida. A partir de sete dias de vida, o leite materno
deverá ser trocado aos poucos por ração pré-inicial a base de milho
e soja. Os leitões precisará ser desmamados entre 21 e 28 dias de
idade, quando serão levados para a creche e passarão a se alimentar
de ração pré-inicial 1 até aos 35 dias de idade, pré-inicial 2 até aos
45 dias e ração inicial até a saída da creche. O crescimento ocorrerá
dos 25 aos 60 kg. A fase de terminação é subsequente à fase de
crescimento e ocorre até o abate, quando o peso pode variar de
acordo com o mercado e o custo de produção.
O rendimento de carcaça foi obtido dividindo-se o peso da
carcaça quente obtido no Departamento de Inspeção Final (DIF)
do abatedouro pelo peso de entrada dos animais no abatedouro e
expresso em porcentagem.
Os dados de rendimento de carcaça foram separados por
meses para obtenção das médias, que após Análise de Variância
(ANOVA), foram comparadas por meio do teste de Tukey utilizando-
se software SigmaPlot 12.0 (Systat Software Inc., San Jose, USA),
ao nível de 5% de significância. A pesquisa foi aprovada pelo
Núcleo de Pesquisa e Extensão (NUPEX) da Faculdade União do
Ensino Superior de Viçosa (UNIVIÇOSA) sob número de protocolo
177/2017-I.

Resultados e Discussão

Houve variação significativa (p<0,05) entre os rendimentos


de carcaça médios dos animais abatidos no abatedouro-frigorifico
ao longo do ano (Tabela 1). Apesar de numericamente próximos, os
maiores rendimentos médios tenderam a ocorrer no final do ano e os
menores no início do ano.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 519

Tabela 1. Rendimento de carcaça médio de suínos abatidos em um


abatedouro-frigorífico de Ponte Nova (MG)
Rendimento de Carcaça (RC) (%)
Mês N
Média DP CV
Janeiro 27.041 72,14bc 0,01 0,01
Fevereiro 11.314 72,01bc 0,02 0,03
Março 13.561 71,87c 0,03 0,04
Abril 13.721 72,38abc 0,01 0,01
Maio 14.443 72,41abc 0,01 0,01
Junho 13.480 72,38abc 0,01 0,01
Julho 13.641 72,34abc 0,02 0,03
Agosto 12.838 72,63ab 0,03 0,04
Setembro - - - -
Outubro 13.962 72,52ab 0,01 0,01
Novembro 15.085 72,47ab 0,01 0,01
Dezembro 11.795 72,70a 0,01 0,01
Total 160.881 72,30 0,02 2,38
*Médias seguidas de letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste de
Tukey (p<0,05).

A carcaça é composta principalmente da porção muscular, ossos e


da gordura, sendo a gordura o mais variável dos três componentes e
que exerce maior influência no seu rendimento. Vários fatores estão
incluídos ao rendimento, dentre os quais os mais importantes são:
grau de acabamento (a quantidade de gordura), o tipo da dieta, sexo
e a raça. Portanto, estes fatores podem ter influenciado a variação
dos rendimentos médios ao longo do ano no presente estudo.
Além de ser influenciado pela genética, nutrição e sanidade
na granja, a perda de tecido muscular também é resultado dos
efeitos a curto prazo, como o manejo pré-abate. Este manejo envolve
etapas como preparação dos suínos na granja, tempo de jejum na
granja, embarque, transporte, desembarque, período de descanso
no frigorífico e métodos de atordoamento e de abate (HARRIS,
2000). Portanto, estes fatores também podem ter contribuído para
a variação nos rendimentos encontrada entre os meses no presente
estudo.
Os suínos são animais monogástricos e os elementos da
sua dieta são transferidos dos alimentos para o tecido muscular e

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


520 ANAIS X SIMPAC

PREVALÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO EM UMA


ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Cristina Ferreira Tomé1, Elisângela Aparecida Marçal1, Eliangela


Saraiva Oliveira Pinto2, Fernanda Maria Brandão3, Isabela
Ferreira Bitencourt3

Resumo: O leite materno contém todos os nutrientes que a criança


precisa, previne doenças como diarreia, infecção respiratória,
alergias e evita morte infantil. Deve ser contemplado exclusivamente
até os seis meses de vida, e a continuação até os dois anos de idade
ou mais. Realizou-se uma pesquisa do tipo descritiva transversal,
numa Estratégia Saúde da Família, localizada no município de
Pedra do Anta, estado de Minas Gerais. Participaram da pesquisa
72 mães/acompanhantes com crianças menores de 3 anos, cujo
objetivo foi avaliar o índice de aleitamento materno exclusivo
(AME) e prevalência do aleitamento materno. Verificou-se que das
72 crianças inclusas na pesquisa somente 38.88% tiveram AME.
O índice de aleitamento materno exclusivo e a predominância do
aleitamento até os 2 anos estão aquém do desejado, havendo uma
necessidade por parte das ESF de reavaliar a conduta aplicada na
promoção do aleitamento materno.

Palavras–chave: Amamentação, promoção da saúde, atenção


primária à saúde.

1
Enfermeiras – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: cristinaferreira450@gmail.com ;
elisangelaapmarcal@gmail.com

2
Professora do curso de Enfermagem – FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA. e-mail: eliangela@univicosa.com.br

3
Graduandas em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nandabrandao48@gmail.com;
isafbitencourt@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 521

Introdução

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),


o aleitamento materno exclusivo (AME) deve ser contemplado nas
primeiras horas de vida até os seis meses de idade, estando a mãe
e o recém-nascido (RN) em condições favoráveis a isso, além do
benefício nutricional, estimula o contato mãe e filho (PINHEIRO
et al. 2016). Após este período é necessário enriquecer a dieta com
alimentos complementares, e a continuação do aleitamento materno
(AM) até os dois anos de idade ou mais (ROCHA et al. 2013).
A substituição AM por leite artificial quando realizada
antes dos seis meses de vida, faz com que a cada ano 1,5 milhões de
crianças venha a óbito no mundo, relaciona-se ao aumento de risco
e da frequência de infecções gastrointestinais, devido à diminuição
dos fa­tores protetores do leite materno e à introdução de água e
alimentos contaminados devido à falta de noções de higiene por
parte do preparador (SCHINCAGLIA et al. 2015).
Mesmo com a ampla divulgação sobre a importância do
AME, ainda ocorre o desmame precoce e a introdução de outros
alimentos, que pode levar ao aumento da morbimortalidade
decorrentes de doenças infecciosas devido ao risco de contaminação
desses alimentos, o que poderá diminuir a imunidade do RN e
expondo-o a riscos de doenças crônicas recorrentes na infância,
dentre outros riscos (CARRASCOZA et al. 2011).
Assim, torna-se necessário avaliar o índice de aleitamento
materno exclusivo (AME) e prevalência do aleitamento materno
numa Estratégia Saúde da Família.

Material e Métodos

Foi realizada uma pesquisa descritiva, de abordagem


quantitativa. Participaram deste estudo, as mães ou responsáveis
de 72 crianças menores de três anos de idade cadastradas na
Estratégia Saúde da Família do município de Pedra do Anta MG.
A coleta de dados foi efetuada por meio de uma entrevista
individual com cada mãe ou responsável, utilizando um questionário

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


522 ANAIS X SIMPAC

estruturado contendo questões fechadas, apresentando variáveis


relacionadas, consumo de leite materno, outros tipos de leite e
outros alimentos, como chás, água e outros líquidos, seguindo as
recomendações da OMS para levantamento sobre amamentação. Foi
possível definir se a criança havia ou não recebido o leite materno
de forma exclusiva, foram identificadas características relacionadas
à interrupção precoce da amamentação exclusiva, desmame precoce
e prevalência do aleitamento materno.
Após coleta de dados, utilizou-se a análise de estatística
descritiva, com o intuito de identificar a prevalência do aleitamento
materno e possíveis fatores associados ao desmame precoce.
A pesquisa foi realizada de acordo com as normas de
pesquisa que envolve seres humanos, sendo desenvolvida após
aprovação do Comitê de Ética da Univiçosa sob número de protocolo
054/2017-I.

Resultados e Discussão

Das crianças que participaram da pesquisa 55.55 % são do


sexo masculino, e 44.44% do sexo feminino, a idade variou de 1 a
35 meses, em relação ao peso, 15.27% crianças nasceram de baixo
peso, e 80.56% atermo. 72.22% mamaram na primeira hora de vida
e 27.77% não mamaram na primeira hora de vida.
A amamentação na primeira hora de vida é recomendada
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e corresponde ao
Passo 4 da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), sendo
que o conjunto de práticas, estruturas e rotinas e a qualidade dos
recursos humanos das maternidades podem interferir no tempo até
a primeira mamada (BOCCOLINI et al.2010).
Em relação ao uso de bicos ou mamadeiras 56.27% usaram
durante a amamentação e 34.72% não usaram. Buccini; Benício e
Venancio (2014) afirmam que o uso desses utensílios pode afetar o
processo de amamentação e produzir alterações na saúde da criança.
Na tabela 01 verifica-se se as crianças receberam AME,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 523

outro tipo de leite, água ou chá, após a alta da maternidade, e o tempo


que prevaleceram com AME, e quando deixaram definitivamente de
amamentar.

Tabela 01: Características sobre aleitamento materno das crianças


assistidas na Saúde da Família de município de MG, 2017 (N= 72).
Características do aleitamento n %
materno
Após alta da maternidade
Mamou somente no peito
Sim 66 91.66
Não 7 8.33
Tomou outro tipo de leite
Sim 15 20.83
Não 57 79.16
Tomou água
Sim 2 2.77
Não 70 97.22
Tomou chá
Sim 9 12.50
Não 63 87.50
Até seis meses de idade, recebeu leite
materno exclusivo
Sim 28 38.88
Não 44 61.11
Tempo de amamentação exclusiva (dos
que tiveram desmame precoce)
Nenhum dia 34 47.22
De 1 a 9 dias 31 43.05
De 15 a 21 dias 3 4.16
Ainda exclusivo 4 5.55
Quando deixou definitivamente de
amamentar seu filho
Nunca amamentou 8 11.11
De 1 a 6 meses 10 13.89
De 7 a 16 meses 14 19.49
De 17 a 27 meses 11 15.27
Ainda amamenta 29 40.27

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


524 ANAIS X SIMPAC

Após a alta da maternidade 91.66%, das crianças mamaram


somente no peito, e que continuaram com aleitamento materno
exclusivo foram 38.88%, e 5.55% ainda estão em AME. De acordo
com Queluz et al. (2012), apesar da comprovação cientifica do AME,
o desmame precoce está sendo um problema de saúde pública no
Brasil, havendo a necessidade constante de monitoramento dos
indicadores de alimentação infantil identificação de determinantes,
propostas de intervenções e novas pesquisas para o planejamento
em saúde pública para a definição e redirecionamento de políticas
na área materno-infantil, tanto de âmbito nacional como local.
Nos primeiros dias 12.50% das crianças receberam chá
após a alta da maternidade, 2.77% água, e 20.83% recebeu outro
tipo de leite. Estudos bibliográficos realizados por Marques, Cotta e
Priore (2011), destacam que as mães sentem inseguras em relação
à alimentação da criança, acreditam que o chá acalma, previne ou
trata resfriado, o leite materno não mata sede, ou mesmo é fraco
devido ao choro constante da criança, destacando a importância da
atuação do profissional de saúde para esclarecer essas dúvidas e
analisar a situação da criança como um todo.
Em relação ao tempo que conseguiram manter o AM,
11.11% nunca amamentaram, 13.89% apenas 6 meses, 19.49%
de 7 a 16 meses, 15.27% de 17 a 27 meses, e 40.27% ainda estão
amamentando, sendo que desses que ainda estão amamentando
5.55% ainda não completaram 6 meses e estão em AME. De acordo
com Souza, Sondré e Silva (2015), há uma baixa prevalência de
mulheres que mesmo após a introdução de outros alimentos, mantém
o leite materno como uma das fontes nutritivas para a criança
até 24 meses, ainda de acordo com Brasil (2009) o leite materno
continua sendo uma importante fonte de energia, proteína e outros
nutrientes, como vitamina A e ferro, continuando protegendo a
criança contra doenças infecciosas.

Conclusões

O índice de aleitamento materno exclusivo manteve-se em


38,88%, indicando a necessidade por parte das ESF de reavaliar a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 525

conduta aplicada na promoção do AM, conhecer as características


maternas, ou mesmo oferecer orientação individual em visitas
domiciliares durante o puerpério, propondo novas estratégias e
ações para estimular a amamentação.

Referências Bibliográficas

BOCCOLINI, S.C; CARVALHO, L.M; OLIVEIRA, C.I. M;


VASCONCELLOS, G.G.A. Fatores associados à amamentação na
primeira hora de vida. Rev Saúde Pública, 2010.

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JÚNIOR, C.L.A.; MORAES, A.B.A. Determinantes do abandono do
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MARQUES, S.E; COTTA, M, M.R; PRIORE, E.S. Mitos e crenças


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526 ANAIS X SIMPAC

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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 527

CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE: ANÁLISE


DE UMA NOVIDADE ILUSÓRIA

Fernando Nunes Ribeiro1, Gefferson Dias Nascimento de Freitas2,


Ângela Barbosa Franco3

Resumo: Este estudo analisou os artigos controvertidos que regem


os contratos de trabalho intermitente, por desrespeitarem os preceitos
basilares do trabalho digno resguardados pela Constituição Federal
de 1988 e pelos princípios norteadores do Direito do Trabalho.
Assim, traçou uma reflexão crítica da Lei nº. 13.467/17 e da MP nº.
808/17, à luz dos preceitos constitucionais e dos comandos jurídicos
instigadores do Direito do Trabalho, para mostrar a impossibilidade
de se realizar uma interpretação literal das normas reformadoras
da CLT. Essas, mediante a promessa ilusória de viabilizar novas
contratações, na realidade, precarizam as condições mínimas de
labor, por tolherem da classe obreira o usufruto dos direitos sociais
em sua plenitude.

Palavras–chave: Inconstitucionalidade, jornada intermitente, Lei


nº. 13.467/2017, MP nº. 808/2017, reforma trabalhista

Introdução

Em 13 de julho de 2017, foi aprovada a Lei nº. 13.467/2017, que


inseriu no ordenamento jurídico brasileiro o contrato de trabalho
intermitente. Seguindo o texto reformador e a Medida Provisória
nº. 808 de 14/11/17, que também regulamenta o instituto, a
presente pesquisa indicou aspectos controvertidos e falhos da nova
1
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: fernando.ribeiro.18@hotmail.com
2
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: caafedias@gmail.com
3
Professora da disciplina de Direito do Trabalho da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: catfranco20@
hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


528 ANAIS X SIMPAC

modalidade contratual. Apesar da MP nº. 808/17 ter modificado


alguns dispositivos e ampliado, em demasia, a normatização do
tema em apreço, caso não seja votada no prazo e perca sua vigência,
a reflexão ora apresentada continua oportuna e relevante, pois
preceitua a necessidade de avaliar e adequar a reforma do texto
celetista sempre à luz dos preceitos constitucionais centrados na
pessoa humana. Sob essa perspectiva, a pesquisa objetivou destacar
as iniquidades da legislação relativa ao contrato intermitente que
parecem, diante de uma interpretação gramatical, tentar mitigar os
princípios do Direito do Trabalho e dos Direitos Sociais resguardados
pela Carta Magna de 1988.

Material e Métodos

Com base em fontes secundárias e na vertente jurídico-


dogmática, este trabalho utiliza como referencial teórico os
preceitos da Constituição Federal de 1988 e os princípios do Direito
do Trabalho, para indicar as falhas que a normatização alusiva ao
contrato intermitente suscita.

Resultados e Discussão

O contrato intermitente encontra-se definido no § 3º do art. 443


da CLT (BRASIL, 2017a, online), como um contrato de trabalho cuja
“prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo
com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade,
determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo
de atividade do empregado e do empregador(...)”.
De acordo com o art. 452-A da CLT (BRASIL, 2017b),
alguns requisitos devem ser verificados para sua validação, quais
sejam: forma escrita e registro na CTPS; qualificação das partes
(identificação, assinatura e domicílio ou sede); valor da hora ou do
dia de trabalho; o local e o prazo para o pagamento da remuneração.
Quanto ao pagamento, vale ressaltar que a lei almeja instituir
uma modalidade de labor em que se tem uma relação de emprego sem
a necessária obrigação de pagar salário. Este apenas é calculado em

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 529

função da produção do trabalhador, estimada pelo número de horas


em que efetivamente prestou serviços, a partir do momento em que
é convocado pelo empregador. No entanto, não se deve interpretar a
novidade normativa em sua literalidade. Se o empregado percebe
remuneração variável, a ele, conforme dispõe o art. 7º, VII, da
Constituição Federal (BRASIL, 1988), é garantido o salário mínimo
legal. Dessa forma, trata-se de salário por unidade de obra ou
salário-tarefa e precisa ser pago, inclusive, nos meses contratuais
sem convocação para o trabalho (DELGADO e DELGADO, 2017).
Mesmo assim, ainda que a jurisprudência futuramente corrobore
a necessidade do pagamento de, pelo menos, um salário mínimo
mensal, o contrato intermitente não deixa de ser um mecanismo
de descarte dos contratos ordinários com prazo indeterminado e
relativização dos princípios constitucionais do trabalho.
Nos termos do art. 452-A, § 1º, da CLT (BRASIL, 2017a),
quando o empregador convocar o empregado, por qualquer meio
de comunicação eficaz, necessita observar a antecedência de, pelo
menos, 3 (três) dias corridos para o início do labor, esclarecendo qual
será a jornada. Recebida a convocação, o § 2º, do art. 452-A, da CLT
(BRASIL, 2017b) indica o prazo de 24 (vinte e quatro) horas para o
empregado se manifestar dizendo se aceita ou não o convite. Se não
houver resposta, o silêncio presume a recusa. Note-se que o prazo
para aceite é bem exíguo e faz com que o empregado vivencie o estresse
de a todo momento conferir seu e-mail, WhatsApp, telefone, dentre
outros meios de contato, para certificar se foi chamado pelo tomador
de serviços. A convocação fica adstrita ao arbítrio do empregador
e escraviza o obreiro aos meios telemáticos de comunicação, para
não perder o prazo e, consequentemente, a oportunidade de trabalho.
Assim, tem-se um cotidiano de trabalho imprevisível e limitador do
convívio familiar e social do indivíduo.
Caso labore o tempo acordado com o empregador, o art. 452-
A, § 6º, da CLT (BRASIL, 2017b), assevera que o empregado tem
direito, na data combinada para o pagamento ou dentro de um
período máximo de um mês, a receber imediatamente as seguintes
parcelas: remuneração; férias proporcionais, com acréscimo de
um terço; décimo terceiro salário proporcional; repouso semanal

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


530 ANAIS X SIMPAC

remunerado e adicionais legais. Insta salientar que, durante as


férias de 1 (um) mês, o empregado fica impedido de prestar serviços
para o mesmo empregador que lhe deu a folga. Todavia, como
pode ter vários contratos intermitentes, com diversos tomadores de
serviços, efetivamente não usufrui do seu direito de desconexão no
labor. Enquanto está de férias de um trabalho, não tem a liberdade
de efetivamente gozar do repouso, já que convive com a expectativa de
ser chamado por outros empregadores para se apresentar ao serviço.
Ademais, como recebe o pagamento das férias proporcionais em até
um mês, contado do primeiro dia de prestação de serviço (§ 11 do art.
452-A da CLT), quando iniciar o descanso, não faz jus a qualquer
pagamento, o que compromete o caráter finalístico no qual as férias
foram criadas (CORREIA, 2018). Sob esses aspectos, tem-se um
notório desrespeito a um direito social, indisponível e irrenunciável,
resguardado pelo art. 7º, XVII, da Constituição Federal (BRASIL,
1988).
Firmado um contrato intermitente, o auxílio-doença e o salário
maternidade são pagos diretamente pela Previdência Social (§ 13 e
§ 14, art. 452-A, da CLT). Dessa maneira, o empregador se exime da
obrigação de arcar com os 15 (quinze) primeiros dias de afastamento
da classe obreira em caso de enfermidade, bem como com a
antecipação dos custos da licença da gestante (que posteriormente
serão abatidos dos recolhimentos devidos pelo empregador ao
INSS). Se, por um lado, a lei dispensa o empregador de obrigações
provenientes de um contrato comum, onera a parte hipossuficiente
da relação de emprego. Ao vivenciar uma doença ou se encontrar em
estado gravídico, precisa necessariamente passar por procedimentos
burocráticos impostos pela Previdência Social.
Conforme preceitua o art. 452-B, IV, da CLT (BRASIL,
2017b), as partes podem, facultativamente, convencionar o formato
de reparação recíproca na hipótese de cancelamento de serviços
previamente agendados. Quanto à tal possibilidade, teme-se o
ajuste de sanção exorbitante para a parte obreira. Obviamente, o
cancelamento por parte do trabalhador, por motivo justo, não pode
ensejar a reparação do empregador (CORREIA, 2018). O princípio
da alteridade deve suplantar qualquer tipo de indenização imposta

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 531

aos subordinados em um vínculo empregatício, a não ser quando


o prejuízo vivenciado pelo empregador decorrer de dolo ou culpa
obreira.
Em relação à extinção do contrato, o art. 452-E da CLT
(BRASIL, 2017b) dá a entender que, em qualquer hipótese (a pedido
do empregado, por iniciativa do empregador ou após um ano de
inatividade), ressalvadas as previsões dos arts. 482 e 483 da CLT,
são devidas, pela metade, as indenizações do aviso prévio e da multa
do FGTS. Apesar das demais verbas rescisórias serem pagas na
integralidade, o comando legal em comento encontra-se eivado de
inconstitucionalidade. O aviso prévio, nos termos da Carta Maior
(BRASIL, 1988), art. 7º, XXI, corresponde, no mínimo, a 30 dias. A
redução em 50% (cinquenta por cento) representa um contrassenso,
pois sequer, via ACT ou CCT, admite-se seu arrefecimento (art. 611-
B, XVI, da CLT). Portanto, não pode prosperar, na íntegra, o art.
452-E da CLT (BRASIL, 2017b).
Os §§ 1º e 2º do art. 452-E (BRASIL, 2017b) inexplicavelmente
utilizam regras semelhantes às do distrato, contidas no art. 484-
A da CLT (BRASIL, 2017a). Eles ressaltam que o empregado,
por ocasião da extinção do contrato, poderá movimentar até 80%
(oitenta por cento) dos valores depositados em sua conta vinculada
do FGTS, mas não faz jus ao seguro-desemprego. Tem-se, assim,
mais um despautério legal, fomentador de desigualdade infundada e
transgressora dos Direitos Sociais elencados na Lei Maior (BRASIL,
1988), especificamente, art. 7º, II.
A MP nº. 808/2017 (BRASIL, 2017b) estabelece um tipo de
“quarentena” quanto à transição de atuais empregados contratados
por tempo indeterminado para contrato intermitente. O empregador,
até 31/12/2020, precisa aguardar o prazo de 18 (dezoito) meses,
contado da data de demissão do empregado com contrato por
prazo indeterminado, para recontratá-lo nos moldes do contrato
intermitente. Nesse aspecto, deduz-se que, a partir de 2021, basta
dar baixa ao contrato ordinário e readmitir o mesmo trabalhador;
uma forma menos onerosa para o contratante, todavia, precária
para o contratado. Nesse aspecto, o dispositivo afronta os princípios
trabalhistas da inalterabilidade contratual lesiva, da condição

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532 ANAIS X SIMPAC

mais benéfica e da proteção do trabalhador. Esses não são meros


receituários idealísticos, mas, sim, fontes com caráter normativo e
imperativo, suficientes para não permitir a efetividade do art. 452-G
(BRASIL, 2017b).
Apresentados alguns pontos problemáticos do contrato de
trabalho intermitente, é oportuno dizer que a discussão sobre a
Reforma Trabalhista, na qual essa peculiar modalidade contratual
está inserida, perpassa pela promessa de criação de novos empregos
e de consequente melhoria econômica do país, bem como de
alinhamento da legislação pátria do trabalho àquela aplicada por
países mais desenvolvidos. Contudo, teme-se por seus efeitos, devido
à experiência negativa vivenciada por alguns países que a adotaram,
como Reino Unido, Estados Unidos, Itália e Bélgica (AIDAR et al,
2017).
É considerável dizer que, da forma como está regulado o
trabalho intermitente brasileiro, não se garante ao empregado um
número mínimo de horas de trabalho, nem um salário suficiente
para seu sustento e o de sua família. Não se pode deixar de ressaltar
a provável redução de sua renda mensal e, consequentemente, a
instabilidade financeira vivenciada pelo obreiro para honrar os
compromissos assumidos, muitos deles relacionados à própria
subsistência. Diante dos textos reguladores do contrato intermitente,
a classe trabalhadora depara-se com a assunção dos riscos do
negócio do empregador e a possibilidade de ter um emprego sem
a garantia de salário, de laborar e receber menos que o salário-
mínimo, de usufruir férias sem efetivo descanso, de ter um contrato
sem todos os direitos sociais indicados no texto da Carta Maior, de
ser um trabalhador sem dignidade no trabalho.

Considerações Finais

Apesar do contrato de trabalho intermitente ser inserido no


ordenamento jurídico como mecanismo fomentador de empregos,
na verdade, constitui um meio para se suplantar Direitos Sociais
basilares dos trabalhadores. Tal contratação não constitui apenas
uma maneira menos onerosa para o empregador ajustar a relação

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 533

de emprego, mas, sim, a tentativa de desconstrução de toda a base


principiológica do Direito do Trabalho, em sua perspectiva humana
e protetiva da parte hipossuficiente. Em vista disso, cabe aos juristas
jamais se fixarem à mera interpretação literal ou gramatical do
texto reformador, sob pena de retrocesso social.

Referências Bibliográficas

AIDAR, L; RENZETTI, R; LUCA, G. Reforma trabalhista e


reflexos no direito de processo do trabalho. São Paulo: LTr,
2017.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso
em: 28 fev. 2018.

BRASIL. Lei n° 13.467, de 13 de julho de 2017a. Altera a


Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-
Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro
de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de
1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13467.htm>. Acesso em: 10 jan. 2018.

BRASIL. Medida Provisória n° 808, de 14 de novembro de


2017b. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Mpv/
mpv808.htm>. Acesso em: 10 jan. 2018.
CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho. Salvador, Bahia:
Juspodivm, 2018.

DELGADO, M. G; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma


trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017.
São Paulo: LTr, 2017.

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534 ANAIS X SIMPAC

GASTRITE GRANULOMATOSA EM CÃO:


RELATO DE CASO

Anne Karuliny Veiga de Oliveira1, Flávia S. Rodrigues1, Gustavo


Carvalho Cobucci2, Marina Dresler2, João Paulo Machado23,
Adriano França da Cunha23

Resumo: Gastrite Granulomatosa (GG) é o processo inflamatório


crônico da parede estomacal. O objetivo do trabalho é relatar o caso
de GG de um cão sem raça definida, macho, pesando 18,3kg e com
cinco anos de idade. O animal apresentava histórico de vômito e
perda de peso progressiva. Ao exame clínico, desidratação, mucosas
pálidas e sensibilidade na região epigástrica foram observadas. Ao
hemograma, foi observado aumento da concentração da proteína
plasmática e fosfatase alcalina. O diagnóstico definitivo foi realizado
por meio do exame histopatológico do fragmento de biópsia coletado
por laparotomia exploratória, após o animal não apresentar
melhora clínica. Foi constatado espessamento de mucosa estomacal
com nodulações levando à diminuição do lúmen gástrico. Devido à
gravidade das lesões, optou-se pela eutanásia do animal. No exame
histopatológico do fragmento de biópsia foi diagnosticado GG com
envolvimento fúngico.

Palavras–chave: Canino, gastrenterologia, gastrite, vômito

Introdução

Gastrite Granulomatosa (GG) é um processo inflamatório


crônico da parede estomacal em decorrência à injúria que pode ser
de origem alimentar, doenças infecciosas, por corpos estranhos,
reações a substâncias endógenas, e parasitas. Pode ainda ocorrer em
1
Graduanda em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: annekaruliny@gmail.com;
marina_dresler@hotmail.com; carolissa99@gmail.com , flaviasrodriguesmedvet@gmail.com.
2
Professor do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gucobucci@hotmail.
com; jp@univicosa.com.br; adrianofcunha@hotmail.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 535

associação com gastrite eosinofílica e doenças causadas por fungos


(ficomicose, histoplasmose e criptococose) e neoplasias (ECTORS et
al., 1993; DENOVO, 2005).
Granulomas não caseosos intramurais são formados na
mucosa pela agregação organizada de histiócitos, linfócitos e
infiltrados plasmocitários, formando nodulações típicas, coleções
circunscritas de macrófagos, células gigantes multinucleadas e
neutrófilos, podendo haver presença de úlceras ou erosões. Ocorre
espessamento da mucosa e diminuição do lúmen gástrico. Acomete
principalmente a região de antro, podendo levar à estenose do órgão
(MAENG, et al, 2004).
Os relatos de GG em medicina veterinária são escassos, sendo
encontrados poucos casos na literatura envolvendo os caninos. Nesse
contexto, o estudo visa contribuir com a comunidade acadêmica e
prática hospitalar relatando um caso de GG ocorrido em um cão.
O objetivo do trabalho é relatar o caso de um paciente canino
apresentando quadro compatível com GG.

Relato de Caso

Um cão sem raça definida, macho, pesando 18,3kg e com cinco


anos de idade foi atendido no dia 09 de junho de 2016 no Hospital
Veterinário da UNIVIÇOSA. Na anamnese, o proprietário relatou
que o animal apresentava vômitos intermitentes e frequentes,
anorexia e dificuldade de se locomover. Ao exame clínico, observaram-
se grau moderado de desidratação, mucosas pálidas, pulso arterial
fraco, frequência cardíaca de 76 bpm, frequência respiratória de 23
mpm, grande sensibilidade e tensão abdominal à palpação da região
epigástrica. estratégia metodológica adotada. Além disso, também
foram observados caquexia, prostração, apatia, sialorreia e aumento
de volume abdominal palpável em região epigástrica.
O hemograma completo e perfil bioquímico foram solicitados
e os resultados foram: hemácias (4.500.000/mm³), hematócrito
29%, proteína plasmática (10,4g/dL) e fosfatase alcalina (18U/L).
A pesquisa de hematozoários foi negativa. A terapia inicial foi
instituída com: omeprazol (1mg/kg IV), ranitidina (2mg/kg IV),

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536 ANAIS X SIMPAC

sucralfato (30mg/kg VO), metronidazol (20mg/kg VO), maroptant


0,1mL/kg, Glicopam® (0,5 mL/kg VO) e patê Recovery®.
Não foi observada melhora clínica e, pela necessidade de
mais informações e possibilidade de neoplasia gástrica, realizou-
se a celiotomia mediana exploratória após seis dias do primeiro
atendimento. A partir de incisão pré-retroumbilical, obteve-
se amplo acesso ao estômago permitindo avaliação da serosa,
que revelou superfície irregular com nódulos disseminados de
forma generalizada. A partir da gastrotomia, inspecionaram-se a
mucosa gástrica e as camadas das paredes, que se encontravam
esbranquiçada e espessada. Dois fragmentos foram coletados do
corpo e fundo gástricos para a realização de avaliação histopatológica.
Devido ao quadro clínico grave do paciente, acometimento de
todo estômago e ainda pela possibilidade de neoplasia gástrica, foi
solicitada eutanásia do animal pela proprietária. A eutanásia foi
realizada na mesa de cirurgia, aprofundando-se a anestesia com
propofol e seguindo-se à aplicação de cloreto de potássio até que não
houvesse mais batimento cardíaco.
A biópsia revelou processo inflamatório crônico granulomatoso,
com organização de múltiplos granulomas. Foi utilizado o método
de coloração de lâmina especial Grocott, para detecção de fungos no
material de coleta. A coloração foi realizada por meio dos reagentes
utilizados na coloração foram: ácido crômico, bissulfito, água
destilada, metananina mais prata, bórax, cloreto de ouro e verde
luz. Os resultados na coloração final são: fungos (negros), mucinas
(verde escuro), fundo dos tecidos (verde). Constatou-se a presença
de fungos pois observou-se a coloração final negra.

Figura 2 :Hifas fúngicas


no centro do tecido de
granulação coradas pelo
método de GROCOTT
(aumento: 400x).

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ANAIS X SIMPAC 537

A pesquisa foi aprovada pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão


(NUPEX) da Faculdade União do Ensino Superior de Viçosa
(UNIVIÇOSA) sob número de protocolo 149/2016-I.

Resultados e Discussão

O paciente relatado no presente caso foi diagnosticado com


GG a partir dos achados de exame físico, imagem e histopatologia
de fragmento coletado do estômago do animal, assim como realizado
por Maeng et al. (2004).
A doença provoca irritação da mucosa gástrica, estimulando
receptores periféricos e causando episódios de vômito crônico, o que
explica os sinais clínicos relatados. Anorexia associada à náusea
ocorre devido à diminuição da motilidade e retardo do esvaziamento
gástrico. Pode haver perda de peso, dor à palpação abdominal e
perda de apetite (DENOVO, 2005). O animal não se alimentava
adequadamente, acarretando em emaciação progressiva, assim
como relatado por Ectors et al. (1993).
O aumento da proteína plasmática pode ser explicado pelo
quadro de desidratação apresentado pelo animal, com consequente
hemoconcentração. As mucosas pálidas observadas ao exame físico
indicavam quadro anêmico, que pode ser explicado pela doença
crônica que o animal apresentava. Houve discreta redução da
concentração de fosfatase alcalina. Garcia-Navarro (2005) relata
que a anemia discreta pode ser um achado comum em animais com
GG. A ultrassonografia revelou aumento da espessura de toda a
parede estomacal.
O diagnóstico definitivo foi realizado por meio do exame
histopatológico do fragmento de biópsia coletado por laparotomia
exploratória. A análise histopatológica do fragmento de biópsia revelou
processo inflamatório crônico granulomatoso, com organização de
múltiplos granulomas, em que as células presentes são macrófagos,
linfócitos e plasmócitos organizando-se concentricamente. Havia
presença de células gigantes, multinucleadas, do tipo corpo estranho.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


538 ANAIS X SIMPAC

Nos granulomas maiores foram observados neutrófilos degenerados


nas regiões centrais, entremeando os granulomas, além de hifas
fúngicas coradas de negro (Figura 2).
O animal apresentou espessamento difuso da mucosa gástrica,
sem presença de úlceras, sendo a região de antro mais acometida.
Mesmo com o espessamento da mucosa e acometimento de todo
o órgão, não foi possível realizar a diferenciação entre processo
inflamatório ou neoplásico apenas visualmente, assim como descrito
por Maeng et al. (2004) (Figura 2).

Figura 2. Tumorações na curvatura maior do estômago após


laparotomia exploratória (a) e na parede espessada após gastrotomia
(b).
O protocolo medicamentoso instituído inicialmente no
referido caso foi omeprazol e ranitidina que visam reduzir a acidez
gástrica bloqueando a liberação de ácido clorídrico no lúmem
intestinal e, consequentemente, diminuindo a lesão da mucosa.
Ainda foi instituído protetores de mucosa (sucralfato) para evitar
que ocorresse agravamento de ulceração em mucosa gástrica, além
de fluido intravenoso para correção da desidratação devido ao
vômito crônico. O maroptant foi utilizado por ser um anti-emético
de ação central, na tentativa de reduzir o vômito crônico do animal
e permitir o retorno à alimentação espontânea.
O uso de anti-inflamatório seria indicado, conforme relatado
por Willard (2006), porém, não foi utilizado nesse animal, devido
à falta de diagnóstico. O tratamento para GG é limitado devido às
complicações e causas inespecíficas. Pode-se instituir dieta pobre em
gorduras e fibras para auxiliar no controle dos sinais clínicos, assim
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 539

como descrito por Jergens et al. (2010), opção que não foi realizada
nesse animal, sendo instituído o patê Recovery® e Glicopam® na
sua alimentação. O patê foi usado por ser um alimento de alta
palatabilidade e o Glicopam® por ser um suplemento vitamínico e
mineral.

Conclusão

O animal relatado apresentava quadro compatível com


gastrite granulomatosa com etiologia fúngica, necessitando de
exames imunohistoquímicos especiais para confirmação do agente
fúngico específico.

Referências Bibliográficas

DENOVO, R.C. Doenças do estômago: gastroenterologia de


pequenos animais. 2°Ed. São Paulo: Roca, 2005. p.155-189.

ECTORS, N.L.; DIXON, M.F.; GEBOES, K.J.; RUTGEERTS, P.J.;


DESMET, V.J.; VANTRAPPEN, G.R. Granulomatous gastritis: a
morphological and diagnostic approach. Histopathology, v.23,
n.1, p.55-61, 1993.

GARCIA-NAVARRO, C.E.K. Manual de Hematologia


Veterinária. 2°Ed. São Paulo:Varela, 2005. p.41-45.

JERGENS, A.E.; JERGENS, A.E.; CRANDELL, J.; MORRISON,


J.A.; DEITZ, K.; PRESSEL, M.; ACKERMANN, M.; SUCHODOLSKI,
J.S.; STEINER, J.M.; EVANS, R. Comparison of oral prednisone
and prednisone combined with metronidazole for induction therapy
of canine inflammatory bowel disease: a randimized-controlled trial,
Journal of Veterinary Internal Medicine, p.224-269, 2010.

MAENG, L.; LEE. A.; CHOI, K.; KANG, C.S.; KIM, K.M.

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540 ANAIS X SIMPAC

Granulomatous gastritis: a clinicopathologic analysis of 18 biopsy


cases. The American Journal of Surgical Pathology, v.28, n.7,
p.941-945, 2004.

WILLARD, M.B. Distúrbios do estômago - medicina interna


de pequenos animais. 3°Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p.405-
416.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 541

RELAÇÃO ENTRE DIETA CONSUMIDA E


DESENVOLVIMENTO DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM
CADELAS

Francine Souza Dos Santos1, Gabriella Araújo Guimaraes Rosa2,


João Paulo Machado3

Resumo: A neoplasia mamária é uma das mais frequentes em


cadelas acometidas com algum tipo de tumor, sendo que a metade
se apresenta de forma maligna e está relacionada a fatores como
dieta, uso de anticoncepcional e convívio com pessoas fumantes. O
objetivo do presente estudo foi investigar, por meio de entrevista com
proprietários de 54 cadelas portadoras de neoplasias mamárias,
a possível associação entre a dieta ofertada a estes animais e a
prevalência de neoplasias mamárias. Para classificação neoplásica,
empregou-se metodologia mais recente, preconizada por Cassali et
al. (2011). Considerou-se, para tanto, três possíveis dietas: apenas
comercial (ração industrializada), apenas caseira e mista (associação
entre as duas anteriores). Observou-se que a maioria dessas cadelas
(72,22%) recebia alimentação mista. A classificação histopatológica
empregada se mostrou eficiente para fazer tal associação, quando
comparada às classificações antigas.

Palavras–chave: Câncer, carcinogênese, neomamária, oncologia.

Introdução

A cada ano, cresce o número de animais domésticos acometidos


por algum tipo de neoplasia. O estilo de vida da sociedade moderna
contribui para aumentar a exposição da população aos fatores
1
Graduanda no curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: Francinesouzas@
yahoo.com.br
2

3
Professor doutor do curso de Medicina Veterinária- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: Jp@univicosa.
com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


542 ANAIS X SIMPAC

ambientais, nutricionais, químicos e hormonais potencialmente


carcinogênicos (ROSENTHAL, 2004). As neoplasias mamárias são
frequentes na espécie canina, representando cerca de 50% de todos
os tumores das fêmeas, sendo que as formas malignas atingem cerca
de 50% dos casos (CASSALI et al, 2011). O aparecimento do tumor
mamário também pode estar ligado a fatores nutricionais, interagindo
já nos primeiros meses de vida do animal, principalmente antes do
primeiro cio. O presente trabalho tem como objetivo identificar,
numa população de 54 cadelas portadoras de neoplasias mamárias
malignas e benignas, a correlação entre subtipo neoplásico com
dietas industrializadas (ração) e caseiras.

Material e Métodos

Foi realizado estudo retrospectivo de 54 laudos


histopatológicos de neoplasias mamárias em cadelas, diagnosticados
no Setor de Patologia Animal da FAVIÇOSA. Estes laudos foram
emitidos entre os anos de 2011 e 2016 e seguiram a classificação
histopatológica preconizada por Cassali et al. (2011). Selecionou-se
11 diferentes subtipos neoplásicos de neomamários. Foi realizada
entrevista com os cuidadores de cada animal dos 54 selecionados
sobre o tipo de alimentação fornecido às cadelas antes do diagnóstico
neoplásico. Foi realizada correlação entre a dieta fornecida e o
subtipo neoplásico diagnosticado. Todos os procedimentos foram
apresentados e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com
Uso de Animais da Univiçosa (CEPEUA; Protocolo:300/2016-II)

Resultados e Discussão

Entre as 54 cadelas estudadas, observou-se que 14 (25,92%)


recebiam alimentação industrializada (ração comercial), e 39
(72,22%) recebiam alimentação mista (comercial e caseira) e apenas
uma (1,8%) recebia alimentação estritamente caseira (Tabela 1). É
de se esperar, portanto, que os dados obtidos demonstrem maior
prevalência de neoplasias mamárias em cadelas que recebem
alimentação mista. Todavia, os dados são semelhantes aos resultados

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 543

encontrados por Burini (2002) onde 83% das cadelas consumiam


dietas não balanceadas.
Zuccari et al. (2001) observam que o aparecimento do tumor
mamário também pode estar ligado a fatores nutricionais, interagindo
já nos primeiros meses de vida do animal, principalmente antes do
primeiro cio. Estes mesmos autores realizaram estudo retrospectivo
de tumores mamários em cadelas, onde foi demonstrado que
filhotes de até um ano de idade e obesos, apresentam maior risco de
desenvolver esses tumores no decorrer de sua vida.

Tabela 1 – Número de cadelas acometidas com diferentes subtipos


neoplásicos e percentuais para cada tipo de alimentação recebida
Número Alimentação
Subtipo Alimentação Alimentação
de Comercial
neoplásico Caseira (%) Mista (%)
cadelas (%)
Carcinoma em
11 4 (36,36%) 0 (0,00%) 7 (63,63%)
Tumor misto
Carcinossarcoma 4 1 (25%) 0 (0,00%) 3 (75%)
Sarcoma em
4 1 (25%) 0 (0,00%) 3 (75%)
tumor misto
Carcinoma
8 2 (25%) 0 (0,00%) 6 (75%)
papilar
Tumor misto
Benigno/ 4 1 (25%) 1 (25%) 2 (50%)
Adenoma
Carcinoma
Tubulopapilífero/ 10 3 (30%) 0 (0,00%) 7 (70%)
Tubular
Carcinoma
4 1 (25%) 0 (0,00%) 3 (75%)
Sólido
Carcinoma
2 0 (0,00%) 0 (0,00%) 2 (100%)
inflamatório
Carcinoma
3 0 (0,00%) 0 (0,00%) 3 (100%)
Acinar
Mastocitoma 2 1 (50%) 0 (00,0%) 1 (50%)
Adenoepitelioma
2 0 (00,0%) 0 (00,0%) 2 (100%)
Maligno

Alenza et al. (1998) acrescentam que alimentação caseira


rica em carne bovina e suína e pobre em carne de frango têm maior
probabilidade de provocar tumores de mama, quando comparada a
alimentos comerciais. Detalhes da relação entre a dieta balanceada

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


544 ANAIS X SIMPAC

de forma inadequada predispondo a obesidade com a formação de


tumores mamários não foram obtidos, entretanto, estudos realizados
em mulheres e relatados por Yoo (2001) demonstram que mulheres
obesas possuem altos níveis de estrógeno devido a transformação
que ocorre no tecido adiposo da androstenediona em estrona, que são
percussores do estrógeno, hormônio que influência na carcinogênese
mamária, algo que talvez possa ser aplicado também às cadelas.

Considerações Finais

O presente estudo demonstra que a associação entre dieta


caseira e industrializada influencia positivamente no surgimento
de neoplasias mamárias tanto malignas quanto benignas. Além
disso, a classificação histopatológica preconizada neste estudo,
detalhando e novos subtipos neoplásicos, foi eficaz para permitir a
associação entre dieta e tipo neoplásico.

Agradecimentos

Os autores manifestam gratidão ao Núcleo de Pesquisa


e Extensão da Faviçosa/Univiçosa pela concessão da bolsa de
iniciação científica e pela disponibilização de recursos que foram
determinantes ao desenvolvimento deste trabalho.

Referências Bibliográficas

ALENZA, M.D.P.; RUTTEMAN, G.R.; PEÑA, L.; BEYEN, A.C.;


CUESTA, P. Relation between habitual diet and canine mammary
tumors in a case-control study. Journal of Veterinary Internal
Medicine. v. 12, p. 132-139, 1998.
CASSALI, G. D.; LAVALLE, G.E.; DE NARDI, A. B.; et al. Consensus
for the Diagnosis, Prognosis and Treatment of Canine Mammary
Tumors. Brazilian Journal of Veterinary Pathology, v.4, p.
153-180, 2011.
BURINI, C.H.P. Caracterização clínica, citopatológica e bioquímica
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 545

do cancer mamário de cadelas sem raça definida. Botucatu – SP,


Faculdade de Medicina Veterinária e zootecnia, Universidade
Paulista, 2002. 164p. Dissertação de Mestrado – Área de Clínica
Veterinária.
ROSENTHAL, R.C. Veterinary oncology secrets. Philadelphia,
USA: Hanley e Belfus, 2001, 235p.
ZUCCARI, D.A.P.C.; SANTANA, A.E; ROCHA, N.S. Fisiopatologia
da neoplasia mamária em cadelas.Clínica Veterinária, n.2,
p.50-54, 2001b.
YOO, K.., postmenopausal obesit as a breast câncer risk fator
acording to estrogen and progesterone receptor status. Cancer
Lett, v.167 , p. 57-63, 2001.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


546 ANAIS X SIMPAC

INFLUÊNCIA DO USO DE ANTICONCEPCIONAIS


NO APARECIMENTO DE TUMORES MAMÁRIOS EM
CADELAS

Gabriella Araújo Guimarães Rosa1, Francine Souza dos Santos2,


João Paulo Machado3

Resumo: As neoplasias mamárias são as mais frequentes em


cadelas, atrás apenas das neoplasias cutâneas. O objetivo do
presente trabalho foi investigar a influência do uso de progestágenos
anticoncepcionais em cadelas como fator predisponente ao surgimento
de neoplasias mamárias. Realizou-se investigação de 54 cadelas,
cujos proprietários foram entrevistados e responderam quanto ao uso
de anticoncepcionais ou não em suas cadelas antes do surgimento
de neoplasias mamárias. Realizou-se comparação simples entre os
tipos neoplásicos e o percentual de cadela submetida ao tratamento
anticoncepcional para cada tipo. Observou-se que cinco cadelas
entre as 54 estudadas (9,25%) receberam anticoncepcional injetável
como método contraceptivo. Devido ao número reduzido de cadelas
que receberam a administração de anticoncepcionais progestágenos,
estes resultados não permitiram afirmar, por meio da recente
metodologia de classificação neoplásica, tal influência. Porém, como
a maioria das cadelas não foram submetidas previamente à OSH, a
influência tanto dos progestágenos endógenos quanto exógenos deve
ser considerada e o uso de tais substâncias deve ser evitado.

Palavras–chave: Contraceptivos, oncologia, prognóstico,


progestágenos.

1
Graduanda no curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: Gabriellasdp@
hotmail.com.br
2

3
Professor doutor do curso de Medicina Veterinária- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: Jp@univicosa.
com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 547

Introdução

O número de animais domésticos acometidos por algum


tipo de neoplasia vem crescendo a cada ano mais. É uma doença
complexa, e se sabe que fatores como idade, alimentação, castração
e vacinas anti-cio têm efeito direto no aparecimento das mesmas.
Como citado por Aguiar et al. (2016), os progestágenos são
utilizados como drogas contraceptivas por reduzir os níveis de
estrógeno, prevenir ou retardar o cio ou estro e não permitir uma
fertilidade futura. Foram muito utilizadas na década de 80 e no
início de 90 e continuam até os dias de hoje. Porém o seu uso pode
resultar em diversos efeitos como letargia, mudança na coloração
do pelo no local de aplicação, variação da temperatura corporal,
piometra e hiperplasia das glândulas mamárias e do endométrio,
presumivelmente como resultado da elevação da produção do
hormônio do crescimento inibindo a insulina periférica. Com a
nova padronização para classificação de neoplasias mamárias por
Cassali et al. (2011), e uma reorganização dos diversos subtipos
neoplásicos existentes, torna-se necessária a verificação de possível
associação entre um determinado subtipo neoplásico com o uso de
vacinas anticoncepcionais. O presente trabalho objetivou associar
os diferentes subtipos neoplásicos ao uso de anticoncepcionais em
cadelas portadoras de neoplasias mamárias.

Material e Métodos

Foi realizado estudo retrospectivo de 54 laudos histopatológicos


de neoplasias mamárias em cadelas, diagnosticados no Setor de
Patologia da Univiçosa. Estes laudos foram emitidos entre os anos de
2011 e 2016 e seguiram a classificação histopatológica preconizada
por Cassali et al. (2011). Selecionou-se 11 diferentes subtipos
neoplásicos mamários. Foi realizada a entrevista com os cuidadores
de cada animal dos 54 selecionados sobre a administração de vacinas
anti-cio antes do diagnóstico neoplásico. Foi realizada a correlação
entre o uso de progestágenos e o subtipo neoplásico diagnosticado.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


548 ANAIS X SIMPAC

Todos os procedimentos foram apresentados e aprovados pelo Comitê


de Ética com Uso de Animais (CEPEUA; Protocolo:300/2016-II)

Resultados e Discussão

Foi verificado que cinco cadelas dentre as 54 estudadas (9,25%)


recebiam anticoncepcional injetável como método contraceptivo
e, dessas cinco, todas apresentaram neoplasia mamária maligna
(Tabela 1). Os únicos tipos neoplásicos observados em cadelas
com terapia anticoncepcional foram carcinoma papilar (originado
em papilas de túbulos mamários), carcinoma acinar (originado
em ácinos mamários) e carcinoma túbulo papilífero ou tubular
(originados em epitélio biestratificado dos túbulos mamários), tais
nomenclaturas estão previstas no consenso para diagnóstico de
neoplasias mamárias, preconizado por Cassali et al. (2011). De
acordo com esta recente metodologia de classificação histopatológica,
os anticoncepcionais pareceram influenciar no crescimento maligno
tanto no ácino quanto no túbulo, mas em nenhum dos casos foi
observado crescimento mesenquimal neoplásico. Todavia, os dados
aqui obtidos ainda não são suficientes para comprovar este achado.

Sem uso de Uso de


Subtipo Neoplásico
progestágenos progestágenos
Carcinossarcoma 0 0
Carcinoma em tumor misto 0 0
Sarcoma em tumor misto 0 0
Carcinoma papilar 6 2
Tumor misto Benigno/
0 0
Adenoma
Carcinoma Sólido 0 0
Carcinoma inflamatório 0 0
Carcinoma Acinar 2 1
Mastocitoma 0 0
Carcinoma
8 2
Tubulopapilífero/ tubular
Adenoepitelioma Maligno 0 0

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 549

Sbiacheski e Da Cruz (2016), utilizando-se da mesma


classificação aqui adotada, observaram nas fichas clínicas de 83
fêmeas expostas a contraceptivos que 37% foram diagnosticados
com neoplasia mamária, portanto, significativamente superior ao
observado no presente estudo. Porém, é importante considerar
que a população de cadelas estudadas pode ter características
muito específicas de uma região para outra. É relatado por
Zuccari et al. (2001), que fatores como a raça predominante - algo
significativamente variável de uma região para outra na espécie
canina -, e até o hábito dos proprietários com relação à nutrição,
aplicação de medicamentos, idade em que submetem seus animais
à castração, etc., podem influenciar na epidemiologia das neoplasias
mamárias.
Rutteman et al. (1990) afirmam que a administração de
esteroides ovarianos ou derivados sintéticos aumentam a ocorrência
de tumores mamários em cadelas. Como citado por Zuccari et
al. (2001) esse tipo de contraceptivo, que possui como base os
progestágenos, leva a formação de nódulos mamários hiperplásicos
em longo prazo, o que pode predispor a uma transformação maligna
no tecido. Para Kojima et al. (1996), a ocorrência do tumor mamário
depende diretamente da intensidade e do tempo de exposição ao
hormônio.
Entre os diversos fatores que influenciam no surgimento
de neoplasias mamárias, tais como idade, fatores ambientais e
genéticos, Fonseca e Daleck (2000), consideram também que a idade
de castração se constitui em um fator preponderante. Tais autores
afirmam, ainda, que cadelas submetidas a cirurgia de ovário-
histerectomia (OSH) precocemente tem chances significativamente
reduzidas de desenvolver neoplasia mamária, o que sugere
fortemente a influência hormonal como fator predisponente ao
surgimento de tais neoplasias. É importante considerar que a
maioria das cadelas utilizadas neste estudo (88,88%) não foram
submetidas à OSH antes do desenvolvimento neoplásico, portanto,
a influência hormonal sobre o surgimento neoplásico, no presente
estudo, pode ter sido mais de origem endógena que exógena.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


550 ANAIS X SIMPAC

Conclusão

Neste estudo, devido ao número reduzido de cadelas que


receberam a administração de anticoncepcionais progestágenos, não
foi possível afirmar, por meio da recente metodologia de classificação
neoplásica, que os usos de tais substâncias influenciaram no
surgimento de neoplasias mamárias. Porém, como a maioria das
cadelas não foram submetidas previamente à OSH, a correlação
entre progestágenos endógenos ou exógenos deve ser considerada e
o uso de tais substâncias deve ser evitado.

Agradecimentos

Os autores manifestam sua gratidão ao Núcleo de Pesquisa


e Extensão da Faviçosa/Univiçosa pela concessão da bolsa de
iniciação científica e pela disponibilização de recursos que foram
determinantes ao desenvolvimento deste trabalho.

Referências Bibliográficas

AGUIAR R. A. C.; MOREIRA V. S.; PORTO M. R. Patologias


reprodutivas diagnosticadas durante ovariosalpingoesterectomia
(OSH) em gatas e cadelas. Simpósio de TCC e Seminário de
IC. 2016. Disponível em http://nippromove.
hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivo_up/documentos/
artigos/a29bb4761c40869bdf7d16cbd60e1cf4.pdf. Acesso em: 06 de
abril de 2018.

CASSALI, G.D.; LAVALLE, G.E.; FERREIRA, E.; ESTRELA-LIMA,


A.; NARDI, A.B. et al. Consensus for the Diagnosis, Prognosis and
Treatment of Canine Mammary Tumors - 2013. Brazilian Journal
of Veterinary Pathology. v. 7, n. 2, p. 38-69, 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 551

FONSECA, C.S.; DALECK, C.R. Neoplasias mamarias em cadelas:


influência hormonal e efeitos da ovario-histerectomia como terapia
adjuvante. Ciência Rural, v. 30, n.4, p.731-735, 2000.

KOJIMA, H. et al. Apoptosis of pregnancy-dependent mammary


tumor and transplantable pregnancy-dependent mammary tumor
in mice. Cancer Lett, v.110, p.113-121, 1996

RUTTEN, V.P.M.G; MISDORP, W.; GAUTHIER, A.; ESTRADA,


M.; MIALOT, J.P.; PARODI, A.L.; RUTTEMAN, G.R.; WEYER,
K. Immunological aspects of mammary tumors in dogs and cats: a
survey including own studies and pertinent literature. Veterinary
Immunology and Immunopathology, v.6, p.211- 225, 1990.

SBIACHESKI D. T.; DA CRUZ, F. S. F. Uso de progestágenos


e seus efeitos adversos em pequenos. XXIV Seminário de
Iniciação Científica. Salão do conhecimento. UNIJUI. 2016.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


552 ANAIS X SIMPAC

O INCONSCIENTE CONCEBIDO POR FREUD E JUNG

Gabriela Sollar Pereira1, Isabela Monteiro Tosatti2, Priscila Sasse


Gonçalves2, Luciene Bitencourt2, Andreza Carolina Ferreira2,
Andréa Olimpio de Oliveira3

Resumo: Freud e Jung concordavam em muitos assuntos importantes


em seus estudos, porém tiveram suas concepções divergentes em
função à conceitualização de inconsciente, o que foi um dos motivos
para a separação entre eles, em visão de teorias. Com o intuito de
um melhor entendimento sobre o ponto de vista de Freud e Jung em
relação ao inconsciente, que foi realizado este trabalho. Um total de
6 artigos foram analisados, separados em três principais categorias:
O histórico da descoberta do inconsciente, o inconsciente para Freud
e o inconsciente para Jung. Após a apresentação e discussão dos
textos nessas categorias, empreendeu-se a realização da integração do
conhecimento, com vistas a apontar as convergências e divergências
entre esses autores. A partir da análise dos artigos, considerou-se
que tanto o conceito de Freud assim como o de Jung, no que diz
respeito ao inconsciente, é de incomensurável importância, cada um
em sua maneira singular de elucidar o que é proposto.

Palavras–chave: Analítica, conceitualização, histórico.

Introdução

Como é possível perceber, Freud e Jung, vivenciavam


conflitos mediantes ideias divergentes sobre assuntos importantes
em seus estudos, porém, ambos se tornaram grandes nomes para
a psicologia. Em seus estudos sobre o inconsciente, Freud e Jung
1
Graduandas em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: gabrielasp3595@gmail.com
2
3
Professora do Curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: andrea.olimpiodeoliveira@
gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 553

mantinham uma linha de pesquisa bem diferentes. Freud caminha


com sua linha voltada para pulsões, sendo elas, controladas pelo id,
ego e superego.
Freud (1996) considerava o inconsciente apenas como algo
pessoal, dizendo que cada indivíduo possuía seu afeto reprimido,
sendo esse afeto, algo relacionado à infância do sujeito que poderia
vir a abalar em algum momento à consciência.
Jung (2009) falava do inconsciente coletivo e inconsciente
pessoal, tendo suas bases em produções culturais e na coletividade
humana.
O inconsciente pessoal é o dispositivo único em cada pessoa,
estando armazenada ali, toda experiência vivenciada por cada um.
Essa experiência poderia ser ignorada, esquecida e até mesmo
reprimida pela pessoa. Essa carga nos acompanha desde nossa
infância. O inconsciente coletivo é considerado mais profundo,
para Jung, essa carga vem de outras referências, e não mais, de
experiências esquecidas. Esse inconsciente herdamos de ancestrais,
são passíveis de transformações, embora não perca sua essência e
sua raiz, ela irá acompanhar o crescimento do sujeito e da sociedade,
sendo modificadas pela tecnologia e inovação (JUNG, 1998).
Com a realização deste trabalho, espera-se uma melhor
compreensão em função do tema, através do acesso ao histórico
da descoberta do inconsciente, juntamente a informações
sobre o inconsciente visando o ponto de vista de Freud e Jung,
correlacionando os pontos em comum e aqueles que se diferem entre
eles sobre o conceito do mesmo.

Material e Métodos

Este trabalho constituiu-se de uma pesquisa bibliográfica,


que tem por finalidade explicar um problema a partir de artigos e/
ou referências teóricas publicadas em documentos, e foi utilizada a
abordagem qualitativa, que se define a uma série de leituras sobre
o tema a ser pesquisado, relatando o que os diversos autores ou
especialistas escreveram sobre determinado assunto e, a partir daí,
se estabelece um conjunto de analogias para ser finalizado com o

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


554 ANAIS X SIMPAC

ponto de vista conclusivo. O levantamento bibliográfico foi realizado


através das bibliotecas virtuais.

Resultados e Discussão

Segundo Henri Ellenberger (ROUDINESCO, 2005), existia


uma discrepância entre a história da teorização da noção de
inconsciente e a da sua utilização terapêutica. A conceitualização
de inconsciente teria começado com as instituições de filósofos da
Antiguidade e continuado com as dos grandes místicos. Já no século
XIX, a noção de inconsciente foi precisada por Arthur Schopenhauer,
Friedrich Nietzsche e pelos trabalhos da psicologia experimental:
Johan Friedrich Herbart, Hermann Helmholtz, Gustav Fechner.
Quanto à segunda história, Henri relata que seria a do tempo da
arte dos bruxos e dos xamãs, introduzindo em sequência pela da
confissão cristã. Duas técnicas eram aplicadas; uma resumia-se
em provocar no doente a ocorrência de forças inconscientes, sob
forma de “crises”: possessões ou sonhos. Já a segunda técnica, dava
origem ao mesmo processo, mas na figura do médico. Do tratamento
centrado na doença surgia a neurose de transferência no sentido
freudiano, do centrado no médico derivava a análise didática. Com
efeito, esta última transmitida da “doença iniciática” que conferia
ao xamã seu poder de cura seguida da “neurose criativa” tal qual
a que os pioneiros da descoberta do inconsciente tinham vivido no
final do século XIX: Pierre Janet, Sigmund Freud, Carl Gustav
Jung, Alfred Adler.
Nesse sentido, a primeira importante tentativa de
complementar a pesquisa do inconsciente à sua utilização terapêutica
começava com as experiências de Franz Anton Mesmer, iniciador da
primeira psiquiatria dinâmica, terminava com Jean Martin Charcot,
e dessa forma surgia a segunda psiquiatria dinâmica dividida em
quatro grandes correntes: “a análise psicológica de Pierre Janet,
centrada na exploração do subconsciente; a psicanálise de Freud
fundada na teoria do inconsciente; a psicologia individual de Adler; a
psicologia analítica de Jung”. Ellenberger designava que a oposição
dessa segunda psiquiatria dinâmica, da qual ele concluía a história

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 555

em 1940, era que ela, ao se desmembrar em escolas opostas, “rompia


o pacto fundador que a ligava ao ideal de uma ciência universal
nascida do Iluminismo para retornar ao antigo modelo de seitas
greco-romanas” (ROUDINESCO, 2005).
Baratto (2009), afirma que Freud, ao relatar que o
inconsciente pensa, o mesmo retira a consciência de seu lugar de
centro, alterando assim o privilégio concedido aos pensamentos
conscientes. E que a essência de sua descoberta vem demonstrar que
os processos de pensamentos inconscientes se produzem na linha da
consciência e dela não dependem. O mesmo autor relata que Freud
coloca em cena a concepção de um sujeito dividido, não centrado
em torno da consciência. O que ele descobre é a ausência de um
eixo à volta do qual os processos psíquicos se ordenam. O sujeito é
descentrado, isto é, carecido de um centro ordenador. As elaborações
efetuadas na primeira tópica colocam em cena a idéia de um sujeito
caracterizado pela ruptura, pelo estiramento. A formulação do
aparelho psíquico composto por três sistemas – o consciente, o pré-
consciente e o inconsciente – o que remete precisamente à noção de
divisão e descentramento do sujeito.
Freud conceitua o inconsciente e generaliza uma hipótese
de desenvolvimento psicosexual a partir do que ele entende sobre
os movimentos da libido (energia) sexual, confundindo prazer
com sexualidade. Relata que nem todo prazer pode ser chamado
de sexual, pois é como se a personalidade se fechasse no momento
do desenvolvimento da sexualidade na puberdade, tornando-se
depois uma eterna repetição dos “primeiros passos”. Faz-se ainda
uma observação de que não poderia afirmar que tal idéia é uma
mentira, já que faz sentido para muitas pessoas acreditar que é
permitido obter prazer no sexo. Ressalta ainda, que o tema (para
esse grupo de pessoas) se tornou tão importante mostrando que
estes, inconscientemente vivem uma sexualidade biológico-cristã-
ortodoxa, onde não é permitindo buscar o prazer pelo prazer, e
sim para dar prosseguimento a espécie. Fica explícito que tal
comportamento encontrou sua compensação na idéia de que prazer
se identifica com sexo (em Psicanálise), com isso o sexo se torna
tudo e nada (O Inconsciente Junguiano, 2014).

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556 ANAIS X SIMPAC

Em contraponto as idéias de Freud, encontramos Jung


divulgando seu conceito sobre o inconsciente em sua obra A dinâmica
do inconsciente  (1998), onde expõe seu diálogo com uma plateia
de médicos, psicanalistas e eruditos o que entende como sendo o
inconsciente, foi a partir de uma pergunta do Dr. Eric B. Strauss,
ao Jung lhe responde: “Todos os elementos do inconsciente pessoal
são relativamente inconscientes, mesmo o complexo de castração e
o complexo de incesto. Eles são perfeitamente conhecidos em certos
aspectos, embora não o sejam em outros”. Jung questiona “Como
se pode determinar se uma coisa é consciente ou inconsciente? O
único remédio é perguntá-lo a algumas pessoas; não existe outro
critério.”  Percebe-se uma psicologia empírica, já que não pode
afirmar nada a respeito do inconsciente ou personalidade do
outro sem antes experimentar a relação com este. Neste sentido a
Psicologia Analítica não afirma a existência de apenas um complexo
(o de Édipo, por exemplo) donde deduz como sendo o principio e o
fim da vida psíquica, mas entende que assim como o mito de Édipo
diz da vida de muitas pessoas, também muitas outras histórias
mitológicas estruturam e dão vida as experiências diversas do
continente humano.
Para Jung, o sujeito possui dois inconscientes: o pessoal
e o inconsciente coletivo. O primeiro nível contém todos aqueles
dados que a pessoa por esquecimento, diferenciação psicológica ou
recalque não entra mais em contato, porém são dados passíveis
de recordação e podem ser acessados na medida em que tiverem
energia suficiente para atingir o limiar da consciência, também
é chamado de subconsciente, porque se move juntamente com a
consciência. É também o detentor de experiências que não queremos
entrar em contato (sombra), nesta esfera tudo é pessoal a assim se
mostra. Já o inconsciente coletivo se mostra como algo impessoal
não possuindo referências mnemônicas (referente à memória).
“Sua particularidade mais inerente é o caráter mítico. É como se
pertencesse a humanidade em geral, e não a uma determinada
psique individual.”  (JUNG, 2009). Nessa dimensão da vida
psicológica podemos fazer analogias a histórias mitológicas para
compreendermos (amplificar) onde a imagem onírica quer nos levar.

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ANAIS X SIMPAC 557

Em que medida determinada história mítica diz da personalidade


de determinada pessoa. Para a Psicanálise todas as personalidades
“vivenciam” um mesmo e único mito que serve para ilustrar o
desenvolvimento psicosexual (criado por Freud), em Jung os mitos
são, em si, a própria manifestação da experiência humana geral que
as pessoas vivem e viveram. Eles não ilustram as teorias, mas são
um reflexo da própria experiência.

Conclusões

Podemos concluir, portanto, que a teoria freudiana do


inconsciente foi construída em longo prazo e com imenso esforço,
algo provocador de uma grande revolução. Com a descoberta do
inconsciente, o cenário e os olhares então se alteram, é colocado em
vista um sujeito que tem como composição psíquica o consciente e o
inconsciente, o que faz com que as questões relativas à consciência
saiam então da ideia centralizada que se tinha.
Entretanto Jung tinha como base o inconsciente coletivo e
o inconsciente pessoal, tendo suas bases em produções culturais
e na coletividade humana. Via o sujeito como algo infindável em
sua subjetividade e que possuía várias camadas. A mais aparente
representa o inconsciente pessoal que é algo impar de cada um,
suas vivências, memórias, afetos. Já o inconsciente coletivo é algo
que está em uma camada mais profunda, que é inato é congênito do
sujeito. É essência comum entre nós.
Assim visto, tanto o conceito de Freud assim como o de
Jung, no que diz respeito ao inconsciente, é de incomensurável
importância, cada um em sua maneira singular de elucidar o que é
proposto.

Referências Bibliográficas

BARATTO, G. A descoberta do inconsciente eo percurso histórico de


sua elaboração. Psicologia: ciência e profissão, v. 29, 2009.

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558 ANAIS X SIMPAC

FREUD, S. Edição Standard Brasileira das obras Psicológicas


completas de Sigmund Freud. Vol.1. Editora Imago. Rio de
Janeiro,1996.

JUNG, C. G.  A dinâmica do inconsciente. 3ª ed. Ed. Vozes.


Petrópolis,1998.

JUNG, C. G. Tipos psicológicos. Petrópolis: Vozes, 2009.

O Inconsciente Junguiano. Psicologia Complexa: Um blog de


Psicologia Junguiana com textos e reflexões sobre a realidade
psíquica. Disponível em: <http://psi-imaginacao.blogspot.com.br/>.
Acesso em: 8 de março de 2018.

ROUDINESCO, E. Henri Ellenberger e a descoberta do


inconsciente.  Revista Latinoamericana de Psicopatologia
Fundamental, v. 8, 2005.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 559

ESTRESSE OCUPACIONAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO


PROFESSOR DO RECÔNCAVO BAIANO: O ENSINO
SUPERIOR DE SANTO ANTONIO DE JESUS-BA

Girlana Santos Andrade1, Karina Kelly Silva Macêdo2, Ana


Virgínia Pereira dos Santos3

Resumo: A partir da Revolução Industrial, o mundo passou por


transformações importantes nos seu modo de produção, sob o qual o
trabalhador é submetido constantemente a pressões por produções.
Nesse contexto, a demanda por mão de obra qualificada também é
uma realidade constante, não sendo diferente na carreira docente,
onde os professores são sobrecarregados por elevados volumes
de trabalho, bem como a cobrança por produções publicáveis em
revistas importantes nas suas grandes áreas, além de participação
mais freqüente em eventos acadêmicos, aliados aos salários que
o Brasil oferece à essa mão de obra, sendo muito abaixo daqueles
pagos nas nações desenvolvidas, aliados, ainda, a não valorização
social da profissão. Tais variáveis podem atuar como importantes
estressores, influenciando diretamente na saúde e qualidade de
vida dos professores. Entretanto, analisando-se duas Instituições de
Ensino Superior (IES) localizadas no Recôncavo Baiano, sendo uma
pública estadual e a outra da rede privada, os resultados coletados
através de revisão de literatura e estudo de caso, de cunho exploratório
e de abordagem qualitativa, cujo instrumento de coleta de dados foi
por meio da aplicação de 6 formulários junto aos docentes da IES
privada lotados no colegiado de Administração (55% da população

1 Graduanda do curso de Recursos Humanos. FACEMP. e-mail:


andradegirlana@gmail.com

2 Graduanda do curso de Recursos Humanos. FACEMP. e-mail: kari.12_


kelly234@hotmail.com
3 Mestra em Desenvolvimento Regional (UFPA), Professora
Orientadora. e-mail: anavps_@hotmail.com
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
560 ANAIS X SIMPAC

deste curso), e 8 (67%) da Universidade Pública, servidores do mesmo


curso. Os resultados indicam que o nível de estresse registrado nesses
dois grupos é praticamente inexistente, sendo variável estressora a
carga de trabalho e o deslocamento, tendo em vista que a maioria
não reside na mesma cidade em que trabalha.
Palavras-Chave: Estressores, Intervenções, Saúde

Introdução

No século XXI tornou-se inegável que o estresse ocupacional


tem sido um fator preocupante no cumprimento de suas atividades,
dando origem a total exaustão física, mental e emocional. Contudo,
segundo Wachowicz (2013, p. 117): “não se trata de uma doença,
mas pode desencadear ou agravar quadros clínicos latentes ou
doenças congênitas que poderiam surgir bem mais tarde na vida do
indivíduo”. Destarte, torna-se relevante que a organização busque
recursos para minimizar a demanda dos colaboradores que atuam
sob alto grau de pressão e estresse, de forma que favoreça a melhor
qualidade de vida no trabalho.
De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 581): “[...]
embora em geral seja discutido dentro de um contexto negativo,
também tem seu lado positivo. Ele oferece uma oportunidade
quando oferece um ganho potencial”. Considerando o argumento
dos autores, as pessoas podem usar o estresse para cumprir melhor
os prazos e desempenhar de modo mais eficiente e eficaz suas
atividades.
Diante do exposto, a problemática norteadora do presente
estudo reside no questionamento das formas que o RH pode
contribuir para minimizar os efeitos do estresse no trabalho docente
nas Instituições de Ensino Superior (IES) localizadas em Santo
Antônio de Jesus-BA. O objetivo principal reside em pesquisar
ações realizadas pelo setor de RH das IES do município ora citado
para reduzir o nível de estresse ocupacional dos seus professores.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 561

Especificamente busca-se: teorizar e categorizar o estresse


ocupacional; apresentar as principais variáveis que conduzem
o professor ao estresse ocupacional; caracterizar os aspectos
socioeconômicos dos professores universitários das instituições
pesquisadas;
Tendo em vista os objetivos específicos, o presente trabalho
visa colaborar com o meio acadêmico, visando a qualidade de vida
e maior desempenho dos colaboradores no ambiente ocupacional;
para a sociedade, esclarecimentos sobre as causas que resultam
este conjunto de perturbações e ao pesquisador, com informações
fundamentais a futura ocupação na gestão de pessoas e soluções
acessíveis, tais como melhores condições de vida no ambiente de
trabalho.
Material e Métodos

Para tornar a pesquisa exeqüível, adotou-se a metodologia


baseada numa revisão de literatura, de caráter exploratório, cujo
delineamento foi pautado num estudo de caso, de abordagem
qualitativa (SANDRONI, 2012).
O objeto do presente estudo é o estresse ocupacional. Para tanto,
suas unidades de pesquisa residem na Universidade do Estado da
Bahia (UNEB), Campus V, localizado na cidade de Santo Antônio
de Jesus-BA4, e na Faculdade de Ciências e Empreendedorismo
(FACEMP), situada na mesma municipalidade. A amostra foi
composta pelos professores lotados no curso de Administração,
sendo 67% do primeiro objeto, e 55% do segundo, de um universo de
12 e 13 colaboradores, respectivamente.
O formulário foi dividido em quatro blocos de perguntas:
o primeiro buscou fazer um levantamento socioeconômico dos
professores, composto por onze perguntas; o segundo abordou-se
os elementos promotores de Estresse Ocupacional (EO), com duas
4
Município Localizado no Recôncavo Baiano, distante 146 Km da capital, Salvador, com
população estimada em 2017 em 103. 342 habitante. PIB per capita R$: 18.539,48 e IDH 0,700.
Possui duas Universidades públicas e três da rede privada de ensino.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


562 ANAIS X SIMPAC

questões, sendo uma de múltipla escolha; o terceiro questionou-se


sobre os principais sintomas do EO que lhes acometem, organizado
em quatro questões de múltipla escolha e, por fim, as ações
promovidas pelo RH para redução do EO, sendo uma única questão,
também de múltipla escolha.
Os dados coletados foram tabulados e tratados através
da média ponderada simples, cujos principais resultados serão
dispostos no próximo item.
Os formulários foram aplicados entre os dias 05 a 28 de março
do ano corrente, pessoalmente pelas pesquisadoras e também via
arquivo eletrônico.

Resultados e Discussão

Apresenta-se aqui os resultados obtidos na pesquisa de campo.


Para tanto, será chamado de objeto 1 a UNEB e objeto 2 a FACEMP.
Destarte, nota-se que os docentes pesquisados são a maioria
do sexo feminino5, sendo 62% no objeto 1 e 80% no 2. O estado civil
dos pesquisados é de 40% de casados no segundo objeto, enquanto
que todos do primeiro se declararam solteiros.
No quesito titulação, o objeto 1 tem seu corpo docente lotado
no colegiado de Administração composto por 38% de doutores e
62% de mestres, enquanto que no outro 80% são mestres e 20%
especialistas. Sobre o tempo que atuam na carreira docente, 100%
do 1 está há mais de seis anos, enquanto que 60% do 2 também
atua há mais de seis anos. Sobre a renda média mensal, 100% dos
servidores do 1 afirmam receber vencimentos iguais e superiores a
R$: 5.000,00, enquanto que no 2 60% disseram que recebem entre
R$: 2.000,00 e 5.000,00/mês. Quanto à carga horária de trabalho,
67% do 1 e 60% do 2 trabalham até 40/h semanais.
Sobre se considerarem estressados, 50% do 1 disseram que
5
Sendo considerado por alguns estudiosos um elemento estressor por si só, tendo em vista
as alterações hormonais provenientes da Tensão Pré-Menstrual (TPM), que acomete 75% das
mulheres no Brasil (DERMAQUE, et al, 2013, p. 6).

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ANAIS X SIMPAC 563

sim, enquanto que no 2 nenhum dos participantes se consideram


estressados, sendo um resultado surpreendente, tendo em vista
que estão expostos à instabilidade, recebem salários menores e
possuem titulação inferior aos do 1. As variáveis que consideram
mais estressantes pelo 1 objeto, 30% consideram os constantes
deslocamentos, uma vez que apenas 22% deles residem no município
onde trabalham. Já no segundo, 50% relatam a sobrecarga de trabalho
e outros 50% se queixam dos salários insuficientes. Nenhum dos
pesquisados faz uso de antidepressivos e nem antiansiolíticos, nem
demandam psicoterapia. 40% dos entrevistados relataram sofrer de
cansaço crônico e 48% sinalizam dores de cabeça e/ou musculares
como principais sintomas do estresse ocupacional. Os demais itens
não registraram resultados significativos.
Sobre as ações que o setor de Recursos Humanos promove
para reduzir o EO, 80% dos participantes afirmaram que há uma
preocupação evidente em constantes melhorias no espaço físico,
20% afirmaram que o setor busca evitar fazer pressão psicológica
e 40% afirmaram haver cuidado com a manutenção da higiene no
local de trabalho (questão de múltipla escolha).
Tendo em vista os resultados mencionados do estudo de caso,
de abordagem qualitativa, dos objetos 1(UNEB) e 2 (FACEMP),
notifica-se que embora a Instituição Pública de ensino superior
promova maior retorno financeiro, estabilidade de emprego e
profissionais com maior titulação, esses não critérios suficiente
para total satisfação profissional e pessoal do quadro docente.
Em contrapartida, os docentes da Instituição Privada de ensino
superior, mesmo possuindo menos vantagens e alegando sobrecarga
de trabalho e salários insuficientes, indicam maior qualidade de
vida, quando afirmam não considerar-se estressados.
Entretanto, é valido ajuizar os sintomas mencionados pelos
professores entrevistados no objeto 1 e 2 que são semelhantes:
cansaço crônico e sinalizam dores de cabeça e/ou musculares
que registram sintomas considerais e decorrentes do Estresse
Ocupacional. Ainda que garantem intervenção do setor de Recursos

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564 ANAIS X SIMPAC

Humanos promovendo maior qualidade de vida. Afinal, nota-se


o quão o setor pode contribuir para redução de estresse e maior
satisfação profissional e consequentemente, um trabalho satisfatório
dos professores para com os alunos e instituição.
Afirma GOMES; PEREIRA, 2008, (apoud SILVEIRA,
ENUMO, DE PAULA, BATISTA) O estresse profissional ou
ocupacional é entendido como a interação de condições laborais e de
características do indivíduo, de tal modo que as exigências que lhe
são criadas ultrapassam a capacidade de enfrentamento.

Considerações Finais

Conclui-se, assim, que, mesmo se tratando de uma atividade


que historicamente remunera de modo insatisfatório, que
socialmente não recebe a valorização devida, aliado às cobranças
contemporâneas que se instalam sobre este profissional, os
professores das IES ora pesquisadas não se consideram estressados,
uma vez que o formulário aplicado é composto por questões que
sinalizam os principais estressores, na perspectiva de autores como
Garcia (2002) e Gomes; Pereira (2008).
Nota-se, ainda que o setor de Recursos Humanos destas
Instituições não estão alheias às questões do EO, que estão
preocupadas em cuidar, dentro do possível de evitar variáveis que
desencadeei o estresse proveniente do labor em seus colaboradores.

Referências Bibliográficas

GARCIA, P. C. S. O Sindicato e o Processo. São Paulo:


Saraiva,2002.

ROBBINS, Stephen P;  JUDGE, Timothy A; SOBRAL, Filipe.

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ANAIS X SIMPAC 565

Comportamento Organizacional teorias e práticas no


contexto Brasileiro. 14° ed. São Paulo: Atlas:, 2010.

SILVEIRA; ENUMO; DE PAULA; BATISTA. Estresse e


enfrentamento em professores: uma análise da literatura.
DISPONIVEL EM: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0102-46982014000400002. Acessado em: 06 de
Junho de 2018

WACHOWICZ, Marta C. Conflito e negociação nas empresas.


InterSaberes: SP, 2013.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


566 ANAIS X SIMPAC

ANÁLISE DO CONHECIMENTO ACERCA DE RÓTULOS


NUTRICIONAIS DE PRODUTOS COMERCIALIZADOS EM
UM SUPERMERCADO DE VIÇOSA-MG

Tayuana Cristina de Souza1, Guadalupe Arroyo Mariano2, Mônica


de Paula Jorge3
Resumo: Simultaneamente ao avanço da produção de alimentos
industrializados, os consumidores têm se preocupado em adquirir
alimentos com qualidade, incluindo atributos como sabor,
conteúdo nutricional e segurança alimentar, e a fonte mais direta
dessas informações são os rótulos dos produtos. O objetivo foi
analisar os conhecimentos acerca dos rótulos nutricionais de
produtos comercializados em um supermercado de Viçosa-MG. Os
participantes foram caracterizados quanto ao perfil social e ao hábito
de leitura dos rótulos nutricionais; compreensão das informações,
dificuldades mais frequentes quanto à leitura e influência das
informações na escolha dos produtos. A coleta dos dados se deu por
meio de questionário. O perfil dos 60 entrevistados era de idade
mais expressiva, 31,7% (n=19), era composta por jovens adultos com
idade entre 18 e 26 anos. A maioria dos entrevistados eram mulheres
(76,7%, n=46), 41,7% (n=25) com nível superior de ensino e 55%
(n=33) sem companheiro. Percebeu-se reduzido nível de entendimento
do significado e aplicação da informação nutricional apesar de 50%
(n=30) dos consumidores consultarem o rótulo às vezes e 25% (n=15)
consultarem com frequência. Esses resultados permitem inferir que
o conhecimento acerca de rotulagem nutricional ainda é deficiente
entre os entrevistados, fato que gera a necessidade de melhorias dos
meios de transmissão desse conhecimento aos consumidores, a fim
de facilitar a interpretação dos rótulos bem como da escolha por
alimentos mais saudáveis.

1 Nutricionista – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: tayuana70@hotmail.com


2 Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: marianoguadalupe90@gmail.
com
3 Professora do Curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: monicanut@univicosa.
com.br

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ANAIS X SIMPAC 567

Palavras–chave: Alimentos industrializados, consumidores,


rotulagem nutricional, saúde.

Introdução

A vida moderna aliada ao avanço da tecnologia aplicada à


área de alimentos contribuiu para a crescente busca por produtos
industrializados, evidenciados por um perfil alimentar de alto valor
calórico e baixa qualidade nutricional. O consumo desses alimentos
industrializados associado à redução da atividade física, ao tabagismo
e ao consumo excessivo de álcool, tem aumentado a incidência de
doenças crônicas como obesidade, doenças cardiovasculares e o
diabetes mellitus (GIMENO et al, 2011). A importância de legislação
que regulamente os padrões de identidade e qualidade e que
instituem normas de rotulagem dos produtos alimentícios torna-
se cada vez mais evidente pelo enorme desenvolvimento do setor
alimentício. Desse modo, a elaboração de um rótulo de alimento,
deve sempre trazer informações compreensíveis ao consumidor
(SMITH; MURADIAN, 2011).
O Ministério da Saúde por meio do “Disque-Saúde”
comprovou que aproximadamente 70% dos consumidores consultam
os rótulos dos alimentos no momento da compra, entretanto,
mais da metade não compreende corretamente o significado das
informações (ANVISA, 2005). Assim o presente estudo teve como
objetivo analisar os conhecimentos acerca dos rótulos nutricionais
de produtos comercializados em um supermercado de Viçosa-MG.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo transversal realizado durante o


mês de setembro de 2017, com consumidores de um supermercado
da cidade de Viçosa-MG. A amostra foi por conveniência, incluiu
indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos, entrevistados

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


568 ANAIS X SIMPAC

durante a compra no supermercado. Os dados foram coletados por


meio de questionário e as entrevistas realizadas nos dias úteis da
semana, nos turnos da manhã e tarde.
Os participantes foram questionados quanto às características
sociodemográficas; hábito de leitura dos rótulos nutricionais;
compreensão das informações, dificuldades mais frequentes quanto
à leitura dos rótulos, e influência das informações na escolha dos
produtos. Foram abordados aqueles que aguardavam na fila para
pagar as compras, sempre priorizando o último da fila para ser
abordado primeiro. Quando não havia fila, a abordagem se deu no
ato da compra.
Os dados foram submetidos à análise estatística, processados
e analisados em software SPSS versão 20.0, adotando nível de
significância α < 5%.

O projeto foi registrado na Plataforma Brasil, de onde foi


encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Ciências Biológicas e da Saúde – FACISA/UNIVIÇOSA, atendendo
à Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa –
CNS, que normatiza as pesquisas envolvendo seres humanos, sendo
os dados coletados após assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido pelos participantes envolvidos no estudo.

Resultados e Discussão

Ler os rótulos é uma boa maneira de se informar sobre o que


está consumindo e assim poder escolher alimentos mais saudáveis
(CUPPARI, 2009). Os rótulos alimentícios vêm sendo estudados como
um dos fatores que podem influenciar nas escolhas alimentares do
consumidor, principalmente como fonte de informações importantes.

A tabela 1 apresenta o perfil dos 60 consumidores entrevistados,


dos quais 14 eram homens e 46 mulheres, amostra caracterizada
como predominantemente feminina (76,7%). Quanto à idade viu-se
que a maioria, 31,70% (n=19) estava com idade entre 18 e 26 anos,
seguida por 25% (n=15) dos voluntários que tinham entre 27 e 35

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 569

anos e o mesmo número 25% (n=15) entre 36 e 45 anos; ao passo


que os demais 18,3% (n=11) tinham mais de 45 anos. Essa realidade
pode ser explicada pelo fato da cidade da coleta ter características
de cidade universitária, com predominância de jovens adultos entre
as faixas de 15 a 35 anos, segundo o último senso feito pelo IBGE
em 2010.

Tabela 1 – Caracterização dos voluntários segundo dados sócio-


demográficos. Viçosa-MG, 2017.

Frequência Frequência
Variáveis Sociodemográficas
absoluta (n) relativa (%)
Masculino 14 23,3
Sexo
Feminino 46 76,7
18 e 26 19 31,70
27 e 35 15 25
Idade (anos)
36 e 45 15 25
>45 11 18,3
Fundamental 9 14,7
Médio 19 31,6
Escolaridade
Superior 25 41,7
Pós-graduação 7 11,7
Com companheiro 27 45
Estado Civil
Sem Companheiro 33 55

A escolaridade prevalente foi o nível superior de 41,7% (n=25),


dos quais (n=10) tinham ensino superior incompleto e o restante
(n=15) já eram graduados. Os demais se distribuíram, em ordem
decrescente entre nível médio (n=19); fundamental (n=9) e, por fim,
os pós-graduados (n=7). Foi observado que aqueles com maior grau
de escolaridade, tinham maior hábito da leitura e compreensão
dos rótulos. Quanto ao estado civil dos voluntários, 45% (n=27)
eram casados ou tinham uma união estável, ao passo que 55% (n=

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


570 ANAIS X SIMPAC

33) restantes se dividiam entre solteiros (n= 25); viúvos (n=5) e


separados (n=3).

Ao serem questionados, metade 50% (n=30) dos entrevistados


relataram que liam os rótulos “às vezes”, enquanto os 30 restantes,
se dividiam igualmente (n=15) entre os que “liam” e os que “não
liam”. O alto índice de leitura dos rótulos de produtos alimentícios
vem confirmar as expectativas desde a implantação do Código de
Defesa do Consumidor em 1990, quando o consumidor brasileiro
passou a ter respaldo legal para suas reclamações, podendo, a partir
deste, exigir qualidade (MACHADO, 2006), e ainda as informações
do “Disque-Saúde” do MS para o qual aproximadamente 70% dos
consumidores consultam os rótulos no momento da compra, porém,
mais da metade não compreende corretamente o significado das
informações (ANVISA, 2005)

Quando perguntados se as informações descritas nos rótulos


influenciavam na compra final, 55% (n=33) afirmaram que apenas
“às vezes” eram influenciados; 25% (n=15) “não” eram influenciados
pelos rótulos e os restantes 20% (n=12) eram influenciados. O
rótulo é uma fonte de informações assegurada por lei sobre diversos
aspectos, como a segurança, a qualidade, a informação nutricional
e o fabricante do produto, disponíveis ao consumidor de forma a
contribuir para que este, ao realizar a leitura, decida pelo alimento
seguro no ato da compra. Por isso, tal leitura é um ato primordial
na compra desses produtos (MACHADO, 2006).

As dificuldades de leitura dos rótulos podem levar a escolhas


por alimentos não saudáveis, tendo em vista que, de acordo com
Schlõsser (2007), a rotulagem facilita ao consumidor conhecer as
propriedades nutricionais dos alimentos e contribui para o consumo
adequado. Além disso, a informação que se declara na rotulagem
nutricional complementa as estratégias e políticas de saúde dos
países em benefício da saúde do consumidor (SCHLÕSSER, 2007).

O rótulo nutricional é um instrumento fundamental no


momento da compra de alimentos, uma vez que representa um

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 571

elo de comunicação entre o consumidor e o produto/produtor e, se


o rótulo é bem compreendido, permite escolhas alimentares mais
criteriosas

Conclusões

Diante dos achados, conclui-se que, apesar da maioria dos


consumidores aqui estudados consultar com frequência o rótulo dos
produtos alimentícios do supermercado, as informações não estavam
sendo compreendidas. Desse modo, mesmo diante da legislação de
rotulagem vigente, percebe-se ainda a necessidade de campanhas
educativas sobre o uso apropriado das informações contidas no
rótulo, de forma que sejam claras e contribuam efetivamente na
escolha dos alimentos.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Rotulagem nutricional obrigatória:


manual de orientação aos consumidores. Alimentos / Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – Universidade de Brasília –
Brasília: Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância
Sanitária / Universidade de Brasília, 2005. 17p.

CUPPARI, L. Nutrição nas doenças crônicas não


transmissíveis. São Paulo: Manole, 2009.

GIMENO, S. G. A. et al. Padrões de consumo de alimentos e fatores


associados em adultos de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil: Projeto
OBEDIARP. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n.
3, p. 533-545, 2011.

MACHADO, S. S; SANTOS, F. O; ALBINATI, F. L; SANTOS, L. P.


R. Comportamento dos consumidores com relação à leitura de rótulo
de produtos alimentícios. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v.
17, n. 1, p. 97-103, 2006.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


572 ANAIS X SIMPAC

SCHLÕSSER, K. Soluções em Alimentação. Empresa Júnior de


Consultoria em Nutrição-Nutri Jr. Jornal Eletrônico. n.1, Jul. 2007.

SMITH, A. C. L; MURADIAN, L. B. A. Rotulagem de


alimentos: avaliação da conformidade frente à legislação
e propostas para a sua melhoria. Rev. Inst. Adolfo Lutz
(Impr.), São Paulo, v.70, n.4, 2011. Disponível em:
<http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S007398552011000400004&lng=pt&nrm=iso. Acesso
em 20 abr. 2017.

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ANAIS X SIMPAC 573

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE ADIÇÃO DE CINZAS


ULTRAFINA DE CASCA DE ARROZ COM ALTO TEOR DE
CARBONO NO CONCRETO

Daniela Fernanda Silva1, Adonai Gomes Fineza2, Bráulia


Aparecida de Almeida Perázio Faria3, Guilherme Silva Soares4

Resumo: A busca por alternativas ecológicas que promovam um


desenvolvimento construtivo sustentável e economicamente viável
vem sendo cada vez mais explorado. A queima de subprodutos
agrícola como a casca de arroz e o bagaço de cana-de-açúcar, faz parte
do ciclo de produção das indústrias o que reduz consideravelmente
o volume bruto do resíduo produzido, além da cogeração de energia
para uso da própria indústria. Esta pesquisa é voltada para a análise
da viabilidade de adição de sílica de casca de arroz (SCA) ultrafina
com alto teor de carbono em concretos, sem nenhum beneficiamento
prévio. Baseando-se em estudo anteriores de caracterização da SCA
realizados por outros autores, viu-se a possibilidade de realização
de uma substituição benéfica ao concreto, uma vez que há uma
alta concentração de dióxido de silício (SiO2) em sua composição,
ou seja, um agente pozolânico que atua diretamente no aumento
da resistência de concretos e argamassas. Realizaram-se ensaios
mecânicos em corpos de prova de concreto com adição de 5% de
SCA e comparados os resultados com os corpos de prova referência
(sem substituição), a fim de comprovação da tese. Os ensaios
comprovaram que, a substituição in natura não é muito eficaz devido
à alta concentração de carbono em sua composição. Apesar da alta
1
Graduada em Engenharia Civil, Pós-graduanda em Segurança do Trabalho –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: dani.vhr@hotmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil, Mestrado e Doutorado em Geotecnia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: engcivil@univicosa.com.br
3
Graduada em Matemática, Mestrado em Estatística –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: braulia.
estatistica@gmail.com
4
Graduando em Engenharia Civil - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: guilherme_engcivil@outlook.
com.br

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574 ANAIS X SIMPAC

presença de carbono houve um ganho de aproximadamente 2 MPa


de resistência à compressão aos 91 dias de idade.

Palavras–chave: Incorporação, pozolana, resíduo, reutilização

Introdução

A utilização de resíduos de outros materiais para a produção


de novas matérias primas é uma solução socioeconômica e
ambientalmente viável que promove a incorporação de recursos
naturais renováveis, poupando a retirada de novas matérias primas
da natureza. Como quase todos processos de produção, por menor
que seja, gera algum tipo de resíduo, a variedade de materiais
a serem reciclados é muito grande, abrindo um leque de novas
possibilidades de incorporação destes resíduos na produção de novos
materiais, capazes de atender à crescente demanda por tecnologia
alternativa de construção (SILVA, 2017).
As cascas de arroz, assim como diversos rejeitos orgânicos
agroindustriais, são comumente queimadas em caldeiras para a
cogeração de energia, além de alternativa para redução do rejeito.
Estas cinzas resultantes da queima, podem trabalhar como agente
aglomerante (material fino) ou agregado miúdo (material mais
granular), na preparação do concreto ou argamassa, devido à grande
concentração de Dióxido de Silício (SiO2) em sua composição. A
sílica atua no cimento como agente pozolânico, formando compostos
estáveis de poder aglomerante (OLIVEIRA et al., 2004).
Para que sejam utilizados na construção civil, os novos
materiais devem atender às exigências físicas e mecânicas, de acordo
com a normatização como, por exemplo, serem resistentes, duráveis
e trabalháveis, entre outras características desejáveis, para que
sejam superiores ou similares aos produtos já existentes no mercado
(GHAVAMI E MARINHO, 2005). Este desempenho favorável agrega
valor econômico a um rejeito com alta carga poluidora e prejudicial
à saúde quando descartados de forma irregular, causando infecção

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 575

pulmonar denominada como silicose.


A casca de arroz é removida durante o refinamento dos
grãos em grande volume e praticamente nenhum valor comercial.
Segundo Huston (1972), “a casca de arroz corresponde a 20% do
peso dos grãos, sendo o maior subproduto da produção de grãos. É
constituída de 50% de celulose, 30% de lignina e 20% de resíduos
orgânicos”. Segundo dados divulgados pela Conab (2018), a safra de
arroz com casca em 2017/2018 estará em torno de 11,6 milhões de
toneladas, sendo 2,32 milhões de toneladas somente de cascas. Após
queimado, este rejeito possui alta carga poluidora e necessita de um
destino adequado para causar o menor impacto ambiental possível.
Segundo estudos realizados por RHA Solutions em 2013, que
apresentou a caracterização de uma amostra selecionada de SCA onde,
seus resultados laboratoriais comprovaram que aproximadamente
93,33% do volume total das cinzas proveniente da queima da casca
de arroz é composto por sílica, viu-se a necessidade de estudar-se de
forma mais aprofundada este resíduo, a fim de utilizá-lo como novo
aliado no melhoramento de produtos, principalmente da construção
civil.
Diante do exposto, torna-se importante o aprofundamento dos
estudos para a avaliação das propriedades da cinza da casca de
arroz brasileira, como agente pozolânico objetivando uma futura
incorporação deste resíduo ao cimento Portland.

Material e Métodos

Analisou-se o desemprenho da SCA como substituinte parcial


do cimento Portland no concreto, através de ensaios físicos de massa
unitária, índice de finura e massa específica e ensaios mecânicos de
compressão axial. A sílica utilizada para a realização desta pesquisa
é da empresa Sílica Verde do Arroz Ltda., localizada em Alegrete -
RS, que comercializa as cinzas de casca de arroz em sacos de 20 Kg,
objetivando a redução do consumo de cimento em traços de concreto,
aumento da resistência mecânica e durabilidade.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


576 ANAIS X SIMPAC

Realizou-se ensaios mecânicos, para análise do comportamento


da resistência à compressão quando adicionados 5% de SCA à
mistura do concreto. Os corpos de prova foram rompidos aos 3, 7,
28, 63 e 91 dias de idade para determinação da tensão máxima de
ruptura.
Com a finalidade de verificar se existe diferença significativa
entre os valores de resistência alcançados pelos dois traços realizou-
se uma análise de variância (ANOVA) dos dados e o teste de Tukey
a um nível de 5% de significância.

Resultados e Discussão

Os ensaios de caracterização física da SCA estão apresentados


na Tabela 2, assim como as normas utilizadas para a realização dos
mesmos.

Tabela 2 - Ensaios físicos de caracterização da Sílica de Casca de


Arroz (SCA). Fonte: Autor.
Ensaios Normas Resultados
Massa Unitária (Kg/ NBR NM 45:2006 0,53
dm³)
Índice de Finura NBR 11579:2012 0,4
Massa Específica (g/ NBR NM 23:2001 2,13
cm³)

No ensaio de abatimento no cone (slump test), que determina


a trabalhabilidade do concreto, o referência obteve abatimento de
85 mm e o concreto com SCA 80 mm, abatimentos bem próximos,
o que significa que, a este teor de adição, as cinzas não interferem
diretamente na trabalhabilidade do mesmo.
Os resultados do ensaio de resistência à compressão axial estão
expressos na Tabela 3 a seguir.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 577

Tabela 3 - Resistência à Compressão Axial


Tensão (MPa)1,2
Idade
Referência 5% SCA
3 Dias 8,771a 8,821a
7 Dias 12,625 a
13,553a
28 Dias 18,442a 20,758a
63 Dias 22,211 a
22,500a
91 Dias 25,539a 27,787a
1
Dados apresentados com média dos valores de resistência à compressão axial.
* Em uma mesma linha, dados com letras em comum, não diferem
significativamente ente si a 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey.
2
Referência: Concreto convencional sem adição de material especial; 5% SCA:
concreto com adição de 5% de cinzas de casca de arroz.

Conclusões

Baseando-se nos resultados dos ensaios laboratoriais


descritos, com a finalidade da análise de viabilidade de adição de
cinzas de casca de arroz com alto teor de carbono a fim de aumentar
a resistência à compressão, pode-se concluir que, os resultados de
resistência à compressão não diferiram significativamente entre si.
Estão sendo realizado estudos mais aprofundados a fim de
conhecer melhor as propriedades físicas deste rejeito e analisar o
potencial de adicionar-se teores mais elevados de SCA.

Agradecimentos

Ao técnico laboratorista Sr. José Tarcísio, por compartilhar


toda sua gama de conhecimento possibilitando a realização desta
pesquisa.

Referências Bibliográficas

GHAVAMI, K.; MARINHO, A. B. Propriedades físicas e


mecânicas do colmo inteiro do bambu da espécie Guadua
angustifólia. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, v.9. 2005. p. 107-114.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


578 ANAIS X SIMPAC

OLIVEIRA, M. P; NÓBREGA, A. F; DI CAMPOS, M. S; BARBOSA, N.


P. Estudo do caulim calcinado como material de substituição
parcial do cimento Portland. Conferência Brasileira de Materiais
e Tecnologia Não-Convencionais: Habitação e infraestrutura de
interesse social Brasil – NOCMAT 2004. Pirassununga. USP, 2004.
15p.

SILVA, D. F. Estudo da viabilidade de utilização da cinza


do bagaço da cana-de-açúcar como substituinte parcial do
agregado miúdo no concreto estrutural. Projeto de Iniciação
Científica. Univiçosa, 2017. Viçosa, MG. 65 p.

SWAMINATHEN, A. N.; RAVI, S. B. Use of rice husk ash and


metakaolin as pozzolans for concrete. 2016. Int. J. Appl. Eng.
Res. p. 656-664.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 579

CARACTERIZAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND


COMPOSTO COM ESCÓRIA (CP II E 32)

Daniela Fernanda Silva1, Adonai Gomes Fineza2; Guilherme Silva


Soares3

Resumo: Esta pesquisa é voltada para o estudo das propriedades


físicas e mecânicas do cimento Portland composto com escória (CP
II E 32), da empresa Votoran, fabricado no Rio de Janeiro - RJ.
Para caracterização física, realizou-se os ensaios de determinação
do Índice de Finura, Massa Específica, Consistência Normal,
Tempo de Pega e Expansibilidade e para a caracterização mecânica,
realizou-se o ensaio de compressão em argamassas de cimento
Portland, todos no laboratório de materiais de construção civil da
Univiçosa. Todos estes ensaios são de extrema importância, uma
vez que estão diretamente relacionados à resistência, durabilidade
e trabalhabilidade de concretos e argamassas. Os ensaios
comprovaram que, o cimento atende a todos os limites estabelecidos
pela NBR 11578/1991 da ABNT que fixa as condições exigíveis em
cimentos Portland compostos para as classes de 25, 32 e 40 MPa,
tendo obtido um ótimo desempenho em todos os índices estudados.

Palavras–chave: Aglomerante, ensaios, propriedades, resistência

Introdução

A palavra ‘’cimento’’ é originada do latim “caementu’’, que


designava na velha Roma como uma espécie de pedra natural
de rochedos não esquadrejada. Em 1824, o construtor inglês
Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila,
1
Graduada em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: dani.vhr@hotmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil, Mestrado e Doutorado em Geotecnia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: engcivil@univicosa.com.br
3
Graduando em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: guilherme_engcivil@outlook.com.
br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


580 ANAIS X SIMPAC

transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura


que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas
nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada
pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland, que
recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade
e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland
(BATTAGIN. 2008).
Em 1888 o comendador Rodovalho iniciou a fabricação e
aplicação do cimento Portland no Brasil, não tendo prosperado
devido a má localização geográfica, longe dos maiores centros
consumidores. A produção nacional cresceu de forma gradativa com
a implantação da Companhia Brasileira de Cimento Portland, em
1924.
O cimento Portland desencadeou uma verdadeira revolução
na construção, pelo conjunto inédito de suas propriedades de
moldabilidade, hidraulicidade (endurecer tanto na presença do ar
como da água), elevadas resistências aos esforços e por ser obtido a
partir de matérias-primas relativamente abundantes e disponíveis
na natureza. A importância deste material cresceu em escala
geométrica, a partir do concreto simples, passando ao concreto
armado e finalmente, ao concreto protendido. A descoberta de novos
aditivos, com a sílica ativa, possibilitou a obtenção de concreto de
alto desempenho (CAD), com resistência à compressão até 10 vezes
superiores às até então admitidas nos cálculos das estruturas
(MASSA CINZENTA, 2008).
O cimento Portland composto com escória é uma composição
intermediária entre o cimento Portland comum e o cimento Portland
com adições (alto-forno e pozolânico). Combina com bons resultados
o baixo calor de hidratação com o aumento de resistência do Cimento
Portland Comum. É recomendado para estruturas que exijam um
desprendimento de calor moderadamente lento ou que possam ser
atacadas por sulfatos (BATTAGIN. 2008). Devido a sua grande
utilização na construção civil, torna-se importante o estudo deste
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 581

aglomerante, para todos que atuam em qualquer setor da cadeia


produtiva da construção civil.

Material e Métodos

Caracterizou-se em laboratório o Cimento Portland do tipo CPII


– E 32, da marca Votoran, fabricado no Rio de Janeiro – RJ, a fim de
se conhecer as propriedades do mesmo. Para caracterização física,
realizou-se os ensaios de determinação do índice de Finura, Massa
Específica, Consistência Normal, Tempo de Pega e Expansibilidade.
Para a caracterização mecânica, realizou-se o ensaio de compressão
em argamassas de cimento Portland.
Realizou-se o ensaio para a determinação do índice de finura,
normatizado pela NBR 11579/2012 da ABNT, que determina o
grau de moagem do cimento tomando como referência uma massa
inicial de 50 gramas. Quanto maior for a finura, menor será sua
exsudação, melhor a sua resistência, em especial a resistência da
primeira idade, maior a sua trabalhabilidade, impermeabilidade e
coesão. O índice de finura é obtido pela razão ente a quantidade de
resíduo retido na peneira e a massa inicial.
Realizou-se o ensaio para determinação da massa específica,
normatizado pela NBR NM 23/2001 da ABNT, usando o frasco
volumétrico de Le Chatelier. Após a leitura, determina-se a massa
específica a partir da divisão da massa de cimento introduzida pela
diferença de volume provocado pela adição do mesmo. O resultado
é a média de pelo menos duas determinações que não difiram entre
si em mais que 0,02 g/cm³.
Realizou-se o ensaio para a determinação da consistência
normal, normatizado pela NBR NM 43/2003 da ABNT, através
de uma pasta de cimento (500 ± 0,05 g) onde a sonda de Tetmajer
obtenha um índice de consistência igual a 6 ± 1 mm da placa base.
A porcentagem de água é dada pela razão entre a massa de água
utilizada para obtenção da consistência normal e a massa de cimento
utilizada.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


582 ANAIS X SIMPAC

Realizou-se o ensaio para a determinação do tempo de pega,


normatizado pela NBR NM 65/2003 da ABNT, a fim de determinar-
se o tempo de início e fim de pega, a partir do instante em que a
água entra em contato com o cimento, utilizando o aparelho de
Vicat. Segundo Borja (2013), o tempo de início de pega é o intervalo
de tempo entre a hora em que a agulha estaciona a 1mm do fundo
do molde e a hora da adição da água e o tempo de fim de pega é o
intervalo de tempo entre a hora em que a agulha deixa apenas uma
leve impressão na superfície da pasta e a hora em que a água foi
adicionada ao cimento para no início do amassamento.
Realizou-se o ensaio de expansibilidade, normatizado pela
NBR 11582/2012 da ABNT, objetivando medir as expansibilidades
a quente e a frio da pasta de cimento de consistência normal
utilizando o aferidor e a agulha de Le Chatelier. A expansibilidade
é determinada através da diferença entre o afastamento das hastes
entre o começo e o fim da medição, com média de três repetições
para cada com aproximação de 0,5 mm.
Realizou-se o ensaio para a determinação da resistência
à compressão, normatizado pela NBR 7215/1997 da ABNT, a
fim de verificar-se o atendimento do cimento à classe dentro das
especificações. Moldou-se doze corpos-de-prova de argamassa com
traço 1:3:0,48 (em massa) e posteriormente rompidos 4 aos 3 dias, 4
aos 7 dias e 4 aos 28 dias.

Resultados e Discussão

Os resultados dos ensaios descritos anteriormente estão


apresentados na tabela 1, que faz uma comparação entre os valores
obtidos nos ensaios e os limites estabelecidos pela NBR 11578/1991
da ABNT que normatiza os limites das propriedades de cimentos
compostos.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 583

Tabela 1 – Comparativo dos resultados de caracterização e os


limites estabelecidos por norma. Fonte: Autor.
Material: Cimento Portland CP II – E - 32
Limites
Propriedades Resultados
NBR 11578
Massa específica (g/cm³) 3,00 ----
Consistência Normal (mm) 6,5 6±1
Índice de
Finura 0,94 ≤ 12
finura (%)
Água +
08:30
Cimento
Tempo de pega Início (h) 11:45 03:15 ≥ 1:00

Fim (h) 12:15 03:45 ≤ 10:00


Quente 0,3 ≤5
Expansibilidade
Frio 0,0 ≤5
3 Dias 15,7 ≥ 10
Resistência à 7 Dias 26,4 ≥ 20
Compressão (MPa) 28 Dias 39,2 ≥ 32

Conclusões

Baseando-se nos resultados dos ensaios laboratoriais descritos,


com a finalidade da análise das propriedades físicas e mecânicas
do cimento Portland composto com Escória, pode-se concluir que, o
cimento da marca Votoran atende a todos os limites estabelecidos
por norma, possuindo desempenho satisfatório em sua categoria.

Agradecimentos

Ao técnico laboratorista Sr. José Tarcísio, por compartilhar


toda sua gama de conhecimento possibilitando a realização desta
pesquisa.

Referências Bibliográficas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


584 ANAIS X SIMPAC

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


11578: Cimento Portland Composto. Rio de Janeiro, 1991. 5p.

BATTAGIN, A. F. Uma breve história do cimento Portland.


Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), 2008. Disponível
em: < http://www.abcp.org.br/cms/basico-sobre-cimento/historia/
uma-breve-historia-do-cimento-portland/>. Acesso em 01 abr 2018.

BORJA, E. V. de. Ensaios com Cimento. 2013. Instituto Federal


de Educação, Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Norte, Brasil.
15p.

MASSA CINZENTA. Origem do cimento. Itambé. Paraná, 2008.


Disponível em: http://www.cimentoitambe.com.br/origem-do-
cimento/>. Acesso em 20 mar 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 585

IMPACTO DO DESENHO DA MALHA VIÁRIA NA


MOBILIDADE NA AVENIDA CASTELO BRANCO EM
VIÇOSA – MG

Gustavo Armando dos Santos, William Reis, Ana Carolina Dias


Baêsso, Samuel Rodrigues Iglesias, André Calazans

Resumo: O senso comum opta por alargamento das seções


transversais de avenidas e ruas, adoção de limites de velocidade
maiores em vias para solucionar o problema do trânsito urbano. A
intervenção viária visando a construção de mais ruas, não é a única
ferramenta disponível e nem a mais viável para a engenharia de
trânsito. Segundo Melo (2005), o modo de transporte mais utilizado
por pessoas em áreas urbanas é o caminhar, mas atualmente os
modelos viários adotados em cidades é baseado na velocidade. Em
face a este problema, tem-se o foco, tratar a mobilidade urbana
analisando o desenho viário implantado na avenida citada e discutir
seus impactos no dia a dia dos pedestres. O desenho urbano utilizado
no Brasil, visa colocar o carro em primeiro lugar, ao contrário
de vários países, como Holanda que incentiva o uso de bicicletas
e planeja suas vias, levando em consideração o uso de pedestres e
ciclistas antes dos carros.

Palavras–chave: Mobilidade urbana; pedestre; engenharia de


transporte; engenharia de trânsito; engenharia civil

Introdução

Caminhar é fundamental e é também um dos meios de


locomoção mais utilizados em centros urbanos no mundo (Melo,
2005). Também é fundamental para a mobilidade urbana, mesmo
que seu impacto não possa ser mensurado aos olhos leigos.
A influência do trânsito na qualidade de vida, torna-se um dos
temas mais discutidos entre urbanistas e engenheiros de tráfego

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


586 ANAIS X SIMPAC

atualmente. O desenho da malha viária que corta uma cidade,


muda a ocupação e uso do solo. Ao locar um corredor de veículos,
mudar o tipo de pavimento, aumentar a seção transversal da pista
em um determinado trecho, as velocidades antes praticadas tendem
a variar e consequentemente aumenta-se o risco de atropelamentos
e dificulta-se o deslocamento de pessoas a pé na via.
As tipologias dos modais, adaptadas para altas velocidades
dificulta a capacidade básica de caminhas numa atividade perigosa,
aumentando a vulnerabilidade do corpo humano, frente as colisões
(Melo 2005).
Em face deste desafio, propõe-se apontar os obstáculos da
Av. Castelo Branco, e por conseguinte propor medidas básicas a
partir de observações in loco, que mitiguem o impacto causado pela
elevado número de movimentos dos veículos e a precária sinalização
vertical e horizontal da via.

Material e Métodos

A proposta do resumo tem como objetivo identificar,


caracterizar e propor soluções para mitigar os inúmeros problemas
em face a mobilidade humanitária como prioridade. Melo (2005),
cita que “é possível identificar as principais dificuldades referentes
à situação dos pedestres e definir um conjunto de ações que possam
contribuir na redução do número de atropelamentos e no aumento
de deslocamentos a pé em áreas urbanas”.
Também caracterizar os pontos críticos, categorizar as vias e
índices de caminhabilidade, para elucidar de forma prática todo o
problema enfrentado pelos pedestres e possíveis soluções.
A análise consiste em contar o número de movimentos
realizados por um veículo em cada direção, contabilizar a velocidade
média dos carros, quantificar o número de faixas de pedestres, lojas
(polos geradores de tráfego), pontos de ônibus.
Com posse destas informações é possível mensurar o problema
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 587

real. Logo em seguida é necessário que se crie um “programa


de intervenção” no tráfego de veículos abordando segurança e
mobilidade como o principal objetivo. Como a região tem ocupação
mista, deve-se identificar também pontos estratégicos que é possível
criar estacionamentos ao longo da via, sem que prejudique os dois
itens citados anteriormente.

Resultados e Discussão

A cidade de Viçosa-MG, segue os mesmos padrões brasileiros


quando se trata de Transporte e Trânsito. Não diferente das
demais cidades brasileiras, Viçosa tem uma malha viárias voltada
para carros e com baixa proteção a pedestres, um exemplo que
será abordado é Avenida Castelo Branco. A referida avenida é
responsável por um grande volume de tráfego, pois coleta inúmero
veículos vindos de Ponte Nova, Ubá e outras cidades, além de ser
a principal ligação entre os bairros ao redor da Univiçosa e Centro.
Devido ao seu grande volume de tráfego, sinalização escassa
e uma via coletora com velocidade diretriz considerada alta para
cidade, a Av. Castelo Branco é um caso clássico de prioridade dada
a veículos.
Atrelado a questão de preconceito, onde em sociedades
com forte disparidade social como é o Brasil; o ato de caminhar
quando não considerado lazer, tende a ser assumido como rotina
de pessoas de baixa renda, segundo cita Barros (2013). Todo este
contexto mostra que a escala humana tende a se adaptar a escala
motorizada, tornando as cidades pensadas para carros e não para
seres humanos, ao contrário do que propõe Jane Jacobs em seu
livro, Vida e Morte de Grandes Cidades lançado em 2000.
Ao percorrer o traçado da avenida, é possível identificar várias
interseções (Figura 1) que permitem inúmeros movimentos aos
veículos, dificultando a mobilidade de motoristas e pedestre.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


588 ANAIS X SIMPAC

Figura 1 - Intersecção na altura do posto Petrobrás.

É necessário trabalhar no tripé de segurança, mobilidade


e acessibilidade. Locais com mobilidade e acessibilidade alta,
consequentemente tem baixos níveis de segurança e assim
sucessivamente.

Numa rápida análise (Figura 2) é necessário que se incentive


o uso de vias adjacentes a avenida, possibilitando o uso eficaz na
malha viária disponível no entorno da Castelo Branco. O estudo deve
levar em consideração os sistemas binários das ruas que alimentam
a avenida, pontos de parada de ônibus, estacionamentos comerciais
e principalmente o conforto e segurança dos pedestres.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 589

Figura 2 - Intersecção próximo a Multisom.

Considerações Finais

A tendência mundial, é que cada vez mais se planejem


cidades para pessoas e menos para carros. A cidade de Viçosa-MG
deve seguir tais diretriz, visto que é um polo gerador de tráfego
e de conhecimento científico, ambos devem coexistir e desenvolver
estudos na área de transportes.
É necessário que se tome medidas pontuais e de relevância
e que a engenharia de transporte e trânsito comece a ser levada a
sério, não só pelo seu promissor futuro, mas pelo bem-estar humano
e compromisso com a sustentabilidade.
O transporte público deve ser estudado e incentivado, afim
de reduzir o número de veículos nas ruas, consequentemente
aumentando a segurança viária. O desestímulo de uso de automóveis
deve ser pautado com a introdução de transporte público de
qualidade, políticas públicas e desmistificação de status.
Ao longo da avenida Castelo Branco é necessária a criação de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


590 ANAIS X SIMPAC

pontos de ônibus que comportem o veículo sem prejudicar o fluxo do


trânsito, atualmente os ônibus param dentro da pista de rolagem.
É necessário o estudo de instalação de ilhas que comportem o
trânsito de pedestres, uma vez que a avenida tem seção transversal
longa e demanda maior tempo de travessia do pedestre. Este
dispositivo traria maior mobilidade aos pedestres. A limitação do
número de movimentos na altura do Posto Petrobrás é uma medida
necessária, justamente com o inventivo de um sistema binário nas
ruas adjacentes a este trecho.

Referências Bibliográficas

MELO, F. B. Proposição de medidas favorecedoras à


acessibilidade e mobilidade de pedestres em áreas urbanas.
Estudo de caso: O centro de Fortaleza. In: Dissertação ao
porgrama de mestrado da UFC, 11, 2005. Fortaleza , Novembro de
2005.

BARROS, A. P. Impacto do desenho da malha viária na


mobilidade urbana. Artigo do programa de mestrado da CAPES
ao estágio na IST-UTL (Lisboa/Portugal) Mobilidade, Cidade e
Território. Brasília,: UNB 2013.

JACOBS, J. Morte e vida de grande cidades; tradução Carlos S.


Mendes Rosa ; revisão da tradução Maria Estela Heider Cavalheiro;
revisão técnica Cheila Aparecida Gomes Bailão. – 3 ed. – São Paulo
: Editora WMF Martins Fontes,2011.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 591

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAL COMO


ESTRATÉGIA DE SUCESSO EMPRESARIAL: UM ESTUDO
DE CASO

Gustavo Bruno Pereira de Souza1, Marcela Lopes Rosado2, Ana


Claudia da Silva3, Barbara Calçado Lopes Martins4 , Michele
Rodrigues5

Resumo: O ambiente cada vez mais dinâmico das organizações


requer profissionais competentes para impulsionar as pessoas
e as organizações nos caminhos aparentemente paradoxais aos
da produtividade, do lucro e do resultado, com a satisfação das
necessidades humanas, da qualidade de vida e da responsabilidade.
A Gestão de Pessoas é indispensável para as empresas que desejam
atingir maior competitividade. O presente trabalho tem como
objetivo mapear o processo de recrutamento e seleção da empresa que
aqui chamamos de Wx. Trata-se de um estudo de caso, o que tornou
possível uma investigação real de todas as técnicas de recrutamento
e seleção utilizadas. A pesquisa descritiva também foi utilizada
para embasamento do trabalho. Os resultados comprovaram que o
processo de recrutamento e seleção é muito eficaz, bem estruturado e
fundamentado.

Palavras–chave: Recrutamento, Seleção, Mercado Competitivo,


Organização, Processos.

1
Graduando em Administração – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gustavobrunosouza76@gmail.com
2
Graduanda em Administração – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: marcela.rosado.adm2015@gmail.
com
3
Orientadora e Professora dos Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA. e-mail: anaclaudia@univicosa.com.br
4
Professora dos Cursos de Administração e Gestão de Empresas – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
barbaracalcado@univicosa.com.br
5
Professora dos Cursos de Administração e Gestão de Empresas – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
michelerodrigues@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


592 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Diante de um cenário mais complexo e turbulento, há sobre


as organizações uma contínua exigência por competitividade,
capacidade de adaptação, flexibilidade, criatividade e inovação
para enfrentar as mudanças e as novas exigências do mercado. A
sobrevivência vinculada ao fornecimento das respostas diferenciadas
e inovadoras faz emergir uma conscientização para o valor do
capital humano como diferencial competitivo. A gestão desse
capital passou a ter uma dimensão estratégica para a organização,
exigindo pesquisa, planejamento, desenvolvimento e a estruturação
de políticas, práticas e ferramentas que possibilitem a atração, a
captação, a retenção, a valorização e o desenvolvimento contínuo
de pessoas que efetivamente venham agregar valor ao negócio e
contribuir com os ideais organizacionais.
O grande desafio das organizações está em buscar profissionais
que possuem as habilidades necessárias para o cargo, que venham
somar competências humanas e técnicas, que correspondem à
cultura, a visão e aos valores da organização. Com esse objetivo, as
empresas precisam utilizar as melhores ferramentas de avaliação
no processo de recrutamento e seleção. É neste momento que
a organização absorve as informações imprescindíveis sobre o
candidato, avaliando o seu perfil, suas competências e habilidades,
suas características compatíveis com a cultura da empresa e suas
perspectivas (SANTOS et. al 2016).
Definida como os conjuntos de artifícios que consistem em
planejar, organizar, coordenar, desenvolver e controlar os métodos
capazes de promover o desempenho pessoal, a área de recursos
humanos surgiu como decorrência do desenvolvimento das empresas.
Foi inicialmente proposta como uma extensão das demais funções
administrativas da organização, só que, por ter suas bases teóricas na
antiga administração cientifica, o modelo praticado principalmente
na década de 50 começou a entrar em descompasso com o surgimento
do movimento das relações humanas, que promovendo experiências
que aproximaram a Administração da Psicologia, fizeram com que
os pressupostos Tayloristas fossem colocados em cheque, fazendo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 593

emergir uma nova fase do modelo de gestão de pessoas Fortemente


influenciada por autores como Maslow, Herzberg, McGregor e
ArGyris já na década de 60 o campo da Administração de Pessoas
deixa de focalizar nos aspectos contábeis e econômicos e passa a
intervir no comportamento humano incorporando conceitos chaves
como motivação, liderança e valorizando as funções de avaliação de
desempenho, treinamento e desenvolvimento de pessoas. O capital
humano passa ser visto como principal ativo de uma organização,
e diferentemente dos demais recursos, as relações entre pessoas e
empresas passam a ser tratadas como essencialmente humanas,
implicando em consciência e vontade próprias de dois agentes e
não só de um, como prescrevia o modelo anterior (FISCHER, 2002;
PAULINO, 2010).
O objetivo desse trabalho é mapear o processo de recrutamento
e seleção de uma empresa, que aqui será tratada como Wx. Neste
contexto este estudo se justifica pela importância que saber atrair e
reter as pessoas que tenham condições de satisfazer as necessidades
organizacionais é importante, já que a área de gestão de pessoas
vem assumindo um grande diferencial estratégico. Este trabalho
traz como problema de pesquisa a seguinte questão: O setor de
Gestão de Pessoas dessa dada empresa está adequado para encarar
os desafios do mercado?

Material e Métodos

Em relação aos preceitos metodológicos este trabalho se


caracteriza como sendo uma pesquisa descritiva. A pesquisa
descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou
fenômenos sem manipula-los. Dentre as formas assumidas por uma
pesquisa descritiva encontra-se o estudo de caso que é a pesquisa
sobre determinado indivíduo, família ou grupo. A coleta de dados se
deu através da entrevista semiestruturada que segundo Miranda
(2009), cominam-se perguntas abertas com perguntas fechadas, onde
o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto.
O entrevistador deve seguir um conjunto de questões previamente
definidas, mas fá-lo num contexto semelhante ao de uma conversa

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


594 ANAIS X SIMPAC

informal. O papel do entrevistador é o de dirigir, sempre que achar


oportuno, a discussão para o assunto que lhe interessa, fazendo
perguntas adicionais para esclarecer questões que não ficaram
claras ou para ajudar a recompor o contexto da entrevista, caso o
entrevistado tenha “fugido” ao tema ou manifeste dificuldades com
ele. A técnica de entrevista semiestruturada apresenta também
como vantagens a sua elasticidade quanto à duração, permitindo
uma cobertura mais profunda sobre determinados assuntos. A
entrevista foi realizada no mês de fevereiro de 2018.
Resultados e Discussão

A Wx (nome fictício) atua no mercado há muitos anos, fruto


de muito trabalho e seriedade. Com sede na cidade de Viçosa, a
organização acredita que o melhor da empresa são seus funcionários,
portanto está sempre buscando profissionais talentosos,
determinados e que tenham vontade de crescer profissionalmente.
Antes de iniciar propriamente dito o processo de recrutamento, o
gestor da área demandante precisa indicar o motivo da requisição
e o perfil desejado ao empregado a ser admitido, e também o cargo,
o horário de trabalho, salário previsto e data de emissão. Esta
previsão é feita de acordo com os objetivos, os orçamentos ou as
tendências da empresa. Segundo Silva e Araújo (2008), de qualquer
forma, complexa ou não a situação, o recrutamento envolve muitas
etapas preparatórias, pois se procura olhar para o que a companhia
e o mercado tem a oferecer e para os passos que serão dados a fim
de aproximar o candidato qualificado ao cargo claramente definido.
O planejamento precisa ser sistemático e prestativo para que o
início das etapas do recrutamento já possa apresentar possíveis
resultados satisfatórios durante todo o processo. Quando há vagas
disponíveis a empresa prioriza o recrutamento interno para valorizar
as pessoas que já estão na organização. Para Chiavenato (2002),
o recrutamento é interno quando, havendo uma vaga, a empresa
procura preenchê-la remanejando seus empregados, através de
promoções, transferências ou transferências com promoção. O edital
é aberto internamente e fixado em murais na própria empresa
para informar todos os colaboradores. A próxima etapa segundo os

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 595

entrevistados é a triagem dos currículos. Nesta triagem um ponto


importante verificado é se os participantes possuem os requisitos
e as características que o ocupante do cargo precisa. Está fase é
classificatória e eliminatória.
No recrutamento interno a avaliação psicológica é válida por
um ano, então somente os colaboradores que há fizeram há mais
de um ano repetem essa fase novamente. Segundo Silva e Araújo
(2008), os testes psicológicos são instrumentos padronizados que
estimulam determinado comportamento do examinado e servem
para predizer o comportamento humano. A presença do gestor
responsável pelo órgão demandante nesta etapa é facultativa. Em
seguida segundo os entrevistados são feitas dinâmicas de grupo.
Segundo Silva e Araújo (2008), as dinâmicas de grupo envolvem jogos
de grupo com situações estruturadas, relacionadas ou não ao cargo,
onde os integrantes interagem. É uma técnica bastante usada, pois
permite observar problemas de relacionamento, integração social e
liderança. O objetivo é verificar se o perfil do candidato condiz com
a avaliação psicológica. A última etapa do recrutamento interno é
a entrevista que basicamente é uma conversa bem dirigida, onde
o selecionador busca informações que não foram encontradas em
outras etapas da seleção. A presença do gestor que solicitou a
seleção é obrigatória nesta fase. A equipe responsável pela seleção
sinaliza os candidatos potenciais e o gestor do setor demandante
seleciona. Em todas as etapas o setor de Gestão de Pessoas fornece
feedback para os funcionários, porque ética e transparência são
valores da empresa. Caso nenhum colaborador tenha as habilidades
necessárias, a empresa busca candidatos no mercado.
O recrutamento externo Segundo Chiavenato (2002),
funciona como elo de ligação entre a empresa e os candidatos vindos
de fora. Havendo uma vaga, a organização procura preenchê-la
com pessoas estranhas, ou seja, com candidatos externos atraídos
pelas técnicas de recrutamento, que são: anúncios em locais visíveis
da empresa, organizações institucionais, anúncios em jornais,
site e redes sociais. Na seleção dos currículos acontece a triagem
e os candidatos aprovados nesta etapa vão para as dinâmicas de
grupo. Nas dinâmicas são utilizadas algumas ferramentas como

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


596 ANAIS X SIMPAC

a programação neurolinguística que trata da experiência humana


subjetiva, de como pessoas se organizam e o que veem através de
seus sentidos. São feitas avaliações individuais e psicológicas, e o
objetivo aqui é identificar características desejáveis e indesejáveis
nos futuros candidatos. A última etapa é a avaliação palográfica
que trata-se de um teste que avalia a personalidade por meio do
comportamento expressivo. Todos os candidatos recebem também
feedback, porém o candidato externo precisa solicitar e agendar
horário. O setor de Gestão de Pessoas também possui programas de
qualidade de vida e de desenvolvimento humano. Os colaboradores
segundo os entrevistados participam de programas de ginastica
laboral, há disponível um profissional apenas para tratar sobre
as questões de qualidade de vida dando dicas para corrigir vícios
corporais e a prevenção de lesões. Somente com esse programa
houve redução drástica dos funcionários afastados por distúrbios
músculos-esqueléticos. Todos recebem treinamento que é oferecido
na própria empresa. Sendo estes divididos em treinamentos de
integração, técnicos, de desenvolvimento humano e os obrigatórios.
O setor também é responsável pela avaliação de
desempenho. Segundo MARRAS (2012), avaliação de desempenho
é um acompanhamento sistemático do desempenho das pessoas
no trabalho. Trata-se de um instrumento de gestão que tem por
objetivo acompanhar o desempenho do trabalho de uma pessoa com
base nas suas atividades. Segundo os entrevistados a avaliação é
feita baseando-se nas competências e traçadas com o planejamento
estratégico. Os funcionários são analisados através da matriz de
desempenho Nine Box e sua função é analisar os colaboradores em
duas dimensões: seu desempenho no passado e seu potencial no
futuro. Depois são classificados segundo um regime de competência,
sendo A (Alto), B (Médio) e C (Baixo). Depois da análise é elaborado
o PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) que monitora o
desempenho de cada funcionário entre os ciclos de avaliação.

Conclusão

Com base no estudo realizado podemos concluir que a empresa

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 597

estudada possui o setor de gestão de pessoas bem estruturado e


fundamentado, o que faz que retenham excelentes funcionários. É
notória a preocupação da empresa em valorizar o potencial humano,
porque a mesma sabe que para sobreviver em um mundo com amplo
fluxo de informações e competitividade, tem-se a necessidade de
pessoas qualificadas, que agreguem valores e que correspondem
a visão e aos valores da organização. Contudo, a empresa mostra-
se capaz de aproveitar ainda mais suas oportunidades e apresenta
possibilidade de crescer e se destacar cada vez mais.

Referências Bibliográficas

CHIAVENATO, I. Recursos Humanos. Ed. Compacta, 7. ed. São


Paulo: Atlas, 2002.

MARRAS, J. P. Avaliação de Desempenho HUmano. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2012.

FISCHER, A. L. Um Resgate Conceitual e Histórico dos Modelos


de Gestão de Pessoas. In: FLEURY, Maria Tereza leme et al. As
Pessoas na Organização. São Paulo: Gente, 2002.

PAULINO, M. L. S. Dimensão Estrategica do Recrutamento e


Seleção de Pessoal. Administração de Empresas em Revista –
revista.unicuritiba.edu.br, Curitiba, v.09, nº 10, 2010.
SILVA, Luciene Camila dos Santos; ARAÙJO, Geraldino Carneiro
de. Análise do Processo de Recrutamento e Seleção em Varejos: um
estudo em duas empresas de Três Lagoas – MS. SEGeT – Simposio
de Excelência em Gestão e Tecnologia. Resende, 2008.

SANTOS, J. S. dos et al. Um Estudo Sobre o Processo de Recrutamento


e Seleção em uma Instituição de Ensino Superior – ICEPS Promove
de Brasília. Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso –
Seminário de TCC e Seminário de IC, 2016/1º. Brasília, 2016.

MIRANDA, R. J. P. Qual a relação entre o pensamento crítico e a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


598 ANAIS X SIMPAC

aprendizagem de conteúdos de ciências por via experimental: um


estudo no 1º Ciclo. 2009. Dissertação de Mestrado – Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa. Lisboa.

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ANAIS X SIMPAC 599

ANÁLISE DE CORANTE ARTIFICIAL AMARELO


TARTRAZINA PRESENTE EM PREPARADOS SÓLIDOS
PARA REFRESCO, UTILIZANDO A CROMATOGRAFIA EM
CAMADA DELGADA

Gustavo Campos Soares1, Thallytta Duarte Colatino2, Isabela


Cabral Ferreira3, Karina Sampaio da Silva4, Raquel Moreira
Maduro de Carvalho5

Resumo: Os corantes artificiais são amplamente utilizados na


produção de preparados sólidos para refresco, um dos motivos se
deve ao fato da melhor aceitação do produto final pelo consumidor,
já que os corantes vão conferir uma melhor cor ao produto. No Brasil
a legislação da Agência nacional de vigilancia sanitária (ANVISA),
permite o uso de alguns corantes artificiais e outros são proibidos
devido a maleficios causados a saúde. Este trabalho teve como
objetivo a análise por cromatografia em camada delgada dos corante
amarelo tartrazina utilizado na produção dos preparados sólidos
para refrescos. As amostras foram diluídas em água e transferidas
para a placa cromatográfica, posteriormente a placa foi analisada na
câmara ultravioleta para as medições e cálculo do fator de retenção.
Apartir das análises realizados pode se concluir que o metódo da
cromatografia em camada delgada se mostrou satisfatório, eficaz e
de baixo custo para análises qualitativas de amostras de preparados
sólidos para refresco. Uma pequena diferença foi observada entre
uma marca e o Rf padrão, uma hipotese para tal diferença se deve
1
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gustavo.campos10@hotmail.
com
2
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: thallytta.colatino@yahoo.com.
br
3
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: isabelaferreira62@yahoo.com.
br
4
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: karinasampaio08@gmail.
com
5
Professora do curso de Engenharia Química - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: raquelmaduro@gmail.
com

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600 ANAIS X SIMPAC

ao fato das diversas substâncias encontradas no refresco em pó, de


modo que cada uma comporta segundo suas propriedades fisicas,
havendo assim essa diferença de Rf.

Palavras–chave: Corante alimentício, manga, refresco em pó

Introdução

Os corantes artificiais são aditivos alimentares, que são usados


desde a antiguidade, como as especiarias e condimentos e tinham a
função de colorir os alimentos e torná-lo mais atrativo.
Muitos alimentos industrializados não apresentam cor
originalmente e, em outros, a cor natural é alterada ou destruída
durante o processamento e/ou estocagem, com isso faz se necessário
o uso de corantes para suplementar ou realçar a coloração perdida
e, principalmente, para aumentar a aceitabilidade do produto ao
consumidor (PRADO; GODOY, 2003).
Os corantes artificiais não possuem valor nutritivo, portanto
do ponto de vista da saúde, os corantes artificiais, em geral, não são
recomendados. No entanto, do ponto de vista mercadológico, justifica-
se sua utilização devido à sua grande importância no aumento da
aceitação e atratividade dos produtos (PRADO; GODOY, 2004).
No Brasil a legislação atual através das resoluções n. 382 e
388 da ANVISA, permite o uso dos seguintes corantes artificiais
para alimentos e bebidas: Vermelho Bordeaux S (Amaranto),
Vermelho de Eritrosina, Vermelho 40, Vermelho Ponceau 4R,
Amarelo Crepúsculo, Amarelo Tartrazina, Azul de Indigotina,
Azul Brilhante, Azorrubina, Verde Rápido e Azul Patente V. Sendo
cada corante com uma determinada concentração rigorosamente
controlada.
O fator de retenção (Rf) que é medido através da cromatografia
em camada delgada é uma propriedade física característica das
substâncias. Empregando a cromatografia em camada delgada

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ANAIS X SIMPAC 601

(CCD) é possível identificar muitos compostos por comparação.


Assim se temos alguns padrões podemos diferenciar e caracterizar
os compostos.
A população infantil constitui o grupo mais vulnerável, pois
nesta fase ainda ocorre à imaturidade fisiológica. Além disso, a
criança não tem capacidade cognitiva para controlar um consumo
regular tal como deveria fazer um adulto. Diversos estudos tem
mostrado a relação do consumo e/ou excesso desses corantes a
diversas doenças.
Este trabalho tem como objetivo a identificação de um dos
principais corantes presentes em preparados sólidos para refresco,
isso porque os refrescos são produtos onde os corantes artificiais
são tradicionalmente empregados em sua composição. No presente
trabalho o corante analisado foi o amarelo tartrazina que e
responsável pela coloração amarela nos alimentos.

Figura1: Estrutura química do corante tartrazina

Material e Métodos

As analises da presença dos corantes artificiais nos preparados


sólidos para refresco foram desenvolvidas no laboratório de química
da UNIVIÇOSA, de acordo com os métodos preconizados por
MOURA, 2015 e PAIVA et al, 2009. As amostras em estudos
foram preparados sólidos para refresco sabor manga da marca A
e B, sendo a primeira de lote LCC30016301 e a segundo de lote

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


602 ANAIS X SIMPAC

LCC24916271. A escolha das marcas em estudo foram adquiridas


nos supermercados da cidade de Viçosa –MG, sendo uma marca
mais consumida na região e uma de preço baixo de mercado.
O experimento foi constituído de duas partes. Primeiramente
os preparados sólidos para refresco foram abertos e preparados
de acordo com o modo de preparo descrito em cada embalagem.
Posteriormente, as amostras dos refrescos preparadas na primeira
parte foram transferidos para a placa cromatográfica com o auxilio
de um capilar. O eluente foi preparado na proporção de um para
um (v/v) dos reagentes propanona (Neon, 99,6%) e o álcool étlico
(Jopeso,70%) (PAIVA et al, 2009). Em seguida a placa para
cromatografia em camada delgada (CCD) foi imersa no eluente
citado acima por cerca de 30 minutos. Por fim, a placa cormatográfica
foi inserida na câmara ultravioleta (Boitton, Boint-luv01), para
a observação das “manchas” e medição do fator de retenção. A
comparação do corante amarelo Tartrazina foi realizada através do
fator de retenção padrão da literatura (Moura, 2015), devido aos
altos custos para serem adquiridas as amostras padrões. As análises
foram realizadas em triplicatas usando água destilada.

Resultados e Discussão

Os testes de Rf foram feitos com base na cromatografia de


camada delgada que consiste de uma fase estacionária feita de
alumina (óxido de alumínio) contendo um indicador de fluorescência
(UV254) e uma fase móvel (eluente). No presente trabalho optou-
se por ultilizar a mistura de diferentes solventes orgânicos. O
princípio desta técnica baseia-se na partição da substância entre
as fases estacionária e móvel. De modo geral as substâncias mais
polares ficaram mais aderidas à fase estacionária enquanto que as
substâncias menos polares foram mais arrastadas (eluídas) pela
fase móvel
Constatou que o eluente preparado segundo Moura (2015)
obteve bons resultados, sendo comprovado novamente que a fase
móvel preparada com alcool etilico e propanona na proporção de um

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 603

para um apresentaram resultados satisfatórios.


Observou que das amostras de refresco em pó a marca B
apresentou melhor resultado tendo seu fator de retenção obtido igual
ao Rf padrão (0,77). A marca B no entando apresentou Rf de 0,80
mostrando uma pequena diferença (Quadro 1), uma hipotese para
tal diferença se deve ao fato das diversas substâncias encontradas
no refresco em pó, de modo que cada uma comporta segundo suas
propriedades fisicas, havendo assim essa diferença de Rf (Moura,
2015).
.
Quadro 1- Resultados obtidos do Rf das amostras analisadas

Amostras de Corante Marca Rf Rf


sucos em pó Padrão Amostra

Manga Amarelo A 0,77 0,80


tartrazina B 0,77 0,77

Sendo assim foi possivel concluir através do método da CCD


que há presença do corante amarelo tartrazina no refresco em pó de
sabor manga nas duas marcas analisadas.

Considerações Finais

De modo geral os resultados obtidos se mostraram


satisfatórios , mostrando que o método da cromatografia em camada
delgada se torna eficaz e de baixo custo para análises qualitativas.

Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus pelo dom da vida,


agradecemos também a nossa professora e orientadora Dra. Raquel
Moreira Maduro de Carvalho pela paciência, dedicação, correções e
contribuições com seus conhecimentos.

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604 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, Referência


bibliográfica de documentos eletrônicos Disponíveis em http://
www.anvisa.gov.br. Acesso em 23 de março de 2017.
PAVIA, D. L. et al. Química orgânica experimental: técnicas de
escala pequena. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. 880p.
PRADO, M.A.; GODOY, H.T. Corantes Artificiais em Alimentos.
Alimentos e Nutrição, Araraquara, v.14, n.2, p.23, 2003.
PRADO, M.A.; GODOY, H.T. Determinação de corantes artificiais
por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) em pó para
gelatina. Quim. Nova, Vol. 27, No. 1, 22-26, 2004.
VIDOTTI, E.C; ROLLEMBERG, M.C.E. Espectrofotometria
derivativa: uma estratégia simples para a determinação simultânea
de corantes em alimentos. Quim. Nova, Vol. 29, No. 2, 230-233,
2006.
MOURA, K.T. Aplicação da Cromatografia em Placa para Separação
de Corantes Sintéticos Alimentícios. 2015. 45f. Monografia (Bacharel
em química)- Centro de ciências exatas e da terra, Universidade do
Rio Grande do Norte, Natal, 2015.

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ANAIS X SIMPAC 605

PRODUÇÃO DE TINTA À PARTIR DE PIGMENTO NATURAL

Gustavo Campos Soares1, Ana Paula de Assis Vieira2, Danyelly Stefânya


Matos3, Nathália Monteiro Garcia Pinho4, Svetlana Fialho Sorria Galvarro5

Resumo: Tintas naturais são compostas basicamente pela mistura de dois


elementos: pigmentos que conferem cor à tinta e os aglutinante responsáveis
por unir as partículas aderindo a tinta à superfície. Os pigmentos vegetais
podem ser extraídos de folhas, sementes, entre outros. Como aglutinantes para
essas tintas pode-se utilizar colas, óleos, ceras, resinas. A finalidade desse
estudo foi fabricar e avaliar as tintas naturais obtidas por meio da extração do
pigmento do açafrão, urucum e folha de abacate em meio alcoólico e aquoso,
empregando como aglutinantes a resina acrílica a base de água e a cola
PVA conjuntamente com a cal hidratada. Após a execução do procedimento,
verificou-se que a extração alcoólica apresentou cores mais visíveis, vibrantes
e velocidade elevada em relação à extração aquosa. Constatou-se também
que a melhor proporção para a produção da tinta foi de 1:1:2, para cola PVA,
resina acrílica e extrato de corante, respectivamente. Os melhores resultados
de extratos foram obtidos no açafrão e urucum, porém após a fabricação da
tinta as que mais se destacaram foi a mistura de extrato alcoólico da folha de
abacate com cal e extrato alcoólico de açafrão e resina. Já o extrato aquoso
de urucum apresentou pouca coloração. Dessa forma, foi possível obter tinta
de corantes naturais, principalmente, em relação ao urucum e açafrão, porém
ainda se fazem necessários mais estudos sobre o assunto.

Palavras–chave: Corante, extração, pigmento, sustentabilidade, tinta

1
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gustavo.campos10@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: anapaula_assisvieira@
hotmail.com
3
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: danyelly-matos@hotmail.com;
4
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nathaliamonteirog@gmail.
com;
5
Professora do curso de Engenharia Química - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: svetlana.eng@gmail.
com

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606 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Tintas naturais são obtidas a partir da natureza que, como


as demais, são compostas basicamente por uma mistura de dois
elementos: pigmentos (ou corantes) e aglutinantes. Os pigmentos
conferem cor à tinta e o aglutinante é o que une as partículas
fazendo a tinta aderir à superfície 1.
As tintas naturais podem possuir características de opacidade
ou transparência. As transparentes são aquelas semelhantes às
anilinas que se dissolvem na água ou nos aglutinantes, colorindo-
os sem formar pasta. Em contrapartida, as opacas são formadas
por pós que, adicionados aos aglutinantes, formam massas mais ou
menos espessas; são muito estáveis e possuem alta capacidade de
cobertura 2.
A seleção dos aglutinantes e pigmentos deve atender a uma
série de requisitos sendo, para as resinas: dureza, flexibilidade,
resistência à abrasão, resistência à álcalis, adesão, se são
termoplásticas ou termofixas. Já os pigmentos: resistência ao
intemperismo, poder de tingimento, poder de cobertura, solidez à
luz, tamanho e geometria das partículas e dispersibilidade 3.
Os pigmentos vegetais, também chamados de corantes, são
extraídos de folhas, flores, sementes, cascas, troncos e raízes, por
meio de diversos processos. Alguns são menos resistentes que os
pigmentos minerais, pois a ação do calor, umidade, ar e gases da
atmosfera causam-lhes modificações. Destacam-se os carotenoides
e a clorofila: os carotenoides são os corantes responsáveis pela
coloração amarela, vermelha e alaranjada das folhas, flores e frutas,
caules e raízes; a clorofila, por sua vez, é que confere a cor verde às
plantas4.
Aglutinantes são substâncias que, adicionadas aos
pigmentos, unem as partículas formando “liga”, a exemplo de colas,
óleos, ceras, resinas, determinam a especificidade das tintas, como
têmpera, óleo, acrílica, aquarela e outras. No preparo das tintas
naturais líquidas, tendo como diluente água, os aglutinantes devem

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 607

ser incolores a fim de que as cores não se alterem. Porém, para pós
de madeira, calcinato de cálcio, fuligem, carvão, cinza, entre outros,
pode ser usado qualquer aglutinante².
A fim de desenvolver processos de produção e avaliar o
desempenho de tintas manufaturadas com pigmentos naturais
veio a motivação para a realização deste estudo que envolve desde
a etapa de extração do pigmento em meio alcóolico e aquoso até a
produção da tinta natural.

Material e Métodos

Foram desenvolvidos dois métodos de extração do pigmento


vegetal, conforme descrito por RODRIGUES 2014, ao qual foram
adicionadas dois tipos de misturas aglutinantes para confecção
das tintas a cunho de comparação visando à obtenção de melhores
resultados.
Para a extração a base de etanol adicionou-se em 3 béquer,
etanol e em cada um, acrescentou–se as amostras: urucum, açafrão
e folha de abacate, deixando-as imersas por, aproximadamente, 40
minutos. Observou-se a coloração da solução, após esse processo
filtrou-se a vácuo para separar os resíduos da solução.
No processo de extração a base de água, adicionou-se em 3
béquer, água e em cada um, acrescentou–se as amostras: de urucum,
de açafrão e de folha de abacate deixando-as em fervura por meio
do ebulidor até observar a extração. Em seguida, foi realizada a
filtração a vácuo.
Com a solução colorida já extraída, foram adicionadas às
misturas aglutinantes, separadamente, obtendo dois tipos de tinta.
Foi realizada a confecção da tinta a base de resina acrílica ao qual
se adicionou em um béquer cola PVA e resina acrílica na proporção
de 1:1 (m/m), juntamente com 20 ml de corante e homogeneizou-
se a solução até obter uma consistência viscosa. A Tinta a base de
cal foi produzida por meio da mistura de 0,5 ml de terebentina em
uma pré-mistura na proporção de 1:2 (m/m) de cal e cola branca,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


608 ANAIS X SIMPAC

respectivamente. Homogeneizou-se a solução até formar uma


substância pastosa e, em seguida, adicionou-se 20 ml de solução de
pigmentos aquosas e alcoólicas, obtendo as tintas.

Resultados e Discussão

A extração a base de etanol destacou-se por obter cores mais


visíveis e vibrantes, além de necessitarem de menor tempo para
ocorrer à extração quando comparada a extração aquosa. Esta, por
sua vez, não propiciou resultado satisfatório, devido ao longo prazo
para a extração e pela falta de intensidade das cores. Observou-se
que por meio da extração a base de etanol, dos corantes açafrão e
urucum foi possível obter as melhores cores (Figura 01) com maior
intensidade, formando as melhores tonalidades. Porém, após a
mistura com os demais componentes da tinta, os resultados obtidos
por meio das extrações alcoólicas do açafrão e da folha de abacate
foram melhores.

Figura 01: Extrações de açafrão e urucum, respectivamente, da


esquerda para a direita.

Na fabricação de tinta à base de resina acrílica, observou-


se que a melhor proporção para a produção da tinta foi de 1:1:2
para cola PVA resina acrílica e extrato de corante, respectivamente.
Notou-se ainda que a tinta com açafrão obteve cor mais vibrante e
visível, após aplicá-la em uma superfície (Figura 02).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 609

Figura 02: Tinta a base de resina acrílica com extração de açafrão.


Os resultados obtidos com a produção de tinta a base de cal
hidratada foram satisfatórios, com destaque para tinta com extração
alcoólica da folha de abacate que apresentou coloração intensa e
vibrante. Já para a produção de tinta a base de extração aquosa do
urucum, os resultados não foram bons, devido pouca intensidade
após a extração, conforme comentado anteriormente.

Conclusões

Conclui-se, por meio do presente trabalho, que é possível produzir


tintas a base de corantes naturais e sustentáveis, principalmente,
com o uso do urucum e açafrão. No entanto, se faz necessário mais
testes com diferentes concentrações de corantes na extração para
melhor coloração como, por exemplo, a folha do abacate.

Agradecimentos

Agradecemos as nossas professoras orientadoras Svetlana,


Lidiane, Raquel e Skarllet pela paciência, dedicação, correções e que
muito contribuíram para a nossa aprendizagem, compartilhando
seus conhecimentos.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


610 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

MATOS, M. da C. da S. Estudo da Incorporação de Estearatos


em Tintas de Forma a Aumentar a sua Impermeabilidade
à Água.  2008. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia
Química, Instituto Politécnico de Bragança, Bragança, 2008.
CARDOSO, F. de P.  DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS
DE PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE
TINTAS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL MANUFATURADAS
COM PIGMENTOS DE SOLOS.  2015. 174 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de
Viçosa, Viçosa, 2015.
FAZENDA, J.M.R. Tintas e vernizes: Ciência e tecnologia. 3. ed.
São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
ALUA, P. M. N. de C.  Otimização da opacidade de tintas
aquosas. 2012. 131 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia
Química, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2012.

RODRIGUES, J. UTILIZAÇÃO DE CORANTES NATURAIS


AMAZÔNICOS E SUSTENTÁVEIS EM SUBSTRATOS TÊX-
TEIS DE MODA. 2014. VIII Colóquio de Moda – 5º Congresso
Internacional.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 611

ARTETERAPIA, UM IMPORTANTE RECURSO


PSICOTERÁPICO

Hélia Marta Messias Rodrigues1, Nívea Maria Loures de Oliveira 2,


Rosiana Correia Câmara3, Andrea Olimpio de Oliveira4

Resumo: Este trabalho possui como intuito discutir a arteterapia


como um instrumento terapêutico utilizado pelos profissionais da
psicologia, considerando que a arteterapia vem se tornando um
importante instrumento de trabalho para o psicólogo, como meio
de intervenção na prevenção e promoção de saúde e bem-estar. A
arteterapia baseia-se na expressão da imaginação através da arte,
sendo que esta se caracteriza por permitir que o objeto artístico
fale através da imaginação. Inicialmente percebe-se a arteterapia
como possibilidade de liberdade expressiva, o que permite com que o
sujeito possa se sentir e se desenvolver a partir desta autopercepção.

Palavras–chave: Arte, desenho, inconsciente, psicologia Junguiana

Introdução

A arte segundo Vasconcelos (2007), ganhou um enfoque mais


amplo na década de 20, quando pesquisadores começaram a destacar
seus aspectos terapêuticos e Jung passou a utilizá-los nos processos
psicoterapêuticos com seus pacientes. Para Carneiro, 2016, Carl
Gustav Jung, foi o primeiro a pedir que seus pacientes desenhassem
ou pintassem seus sonhos e conflitos, escrevendo e publicando livros
relacionados a sua vivência na prática e também de sua vida pessoal.
Devido a seus importantes estudos e publicações a arterapia vem se
pautando principalmente na psicologia Junguiana.

1
Graduanda em Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: helia.marta36@yahoo.com.br
2
Graduanda em Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nivealou@yahoo.com.br
3
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: rosiana_camara@hotmail.com
4
Docente – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andrea.olimpiodeoliveira@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


612 ANAIS X SIMPAC

Nos anos 40, a arterapia começou a ser sistematizada tendo


Margareth Naumburg dos Estados Unidos como pioneira. Margareth
trabalhou a produção artística espontânea durante os processos
psicoterápicos acreditando que aquelas imagens projetadas eram
manifestações do inconsciente (CARNEIRO, 2016).
A arterapia se baseia na premissa de que os sentimentos e
pensamentos principais do homem que são oriundos do inconsciente
são expressados não pelas palavras e sim pela imagem. Sua técnica,
baseia-se na capacidade do indivíduo de expressar seus conflitos
internos em imagem, mesmo que ele não tenha treino com a arte
e a partir de então, tendo contato com esta experiência, tornar-
se mais articulado verbalmente (VASCONCELOS, 2007 apud
NAUMBURG, 1991, pag. 388).
Com características próprias a arterapia vem sendo utilizada
em duas linhas: arte como terapia, onde o foco é o processo artístico
levando-se em conta suas propriedades curativas e a outra linha a
arte psicoterapia, que utiliza os recursos artísticos no processo de
psicoterapia. Na arte psicoterapia, as técnicas e fundamentos são
aplicadas de maneira a desenvolver emocionalmente o indivíduo
e influenciá-lo positivamente quanto ao seu potencial criativo.
(VASCONCELOS, 2007, apud ANDRADE, 2000).
No Brasil, o poder de transformação em suas diversas maneiras
de expressão, principalmente através da mandala, chamou a
atenção com os trabalhos desenvolvidos por Nise da Silveira com
pacientes do Hospital Psiquiátrico Dom Pedro Segundo no Rio de
Janeiro. Era nítido que com o processo de construção das mandalas
, os pacientes ficavam mais calmos e equilibrados (CARNEIRO,
2016).
O trabalho com arteterapia, seja através de desenhos,
pinturas, modelagens, teatro, música ou outros tipos de expressão,
conseguem trazer à tona conteúdos simbólicos com muita facilidade
e rapidez. Diante de situações emocionais traumáticas ou diversas
outras situações limitantes, a arte se mostra como um recurso
revelador. E assim de maneira bastante prazerosa, o paciente, vai
entendendo o que dificulta o seu bem viver e vai resignificando e
dando outros destinos aos seus problemas (CARNEIRO, 2016).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 613

Segundo (TEIXEIRA, 2010), a arte sendo utilizada como terapia,


apresenta objetivos de ampliar os potenciais e restabelecer as
funções dos indivíduos, possibilitando os trilhar seus caminhos de
mudanças e descobertas. Aponta ainda que a arte como processo
terapêutico pode ser de ampla aplicabilidade, sem restrição de sexo,
faixa etária e ou quadros clínicos, independente, sempre apresenta
resultados expressivos aos sujeitos.
Visto isso, nosso objetivo com o seguinte trabalho, é entender
melhor a arteterapia como recurso psicoterápico e se inteirar de
algumas de suas técnicas e benefícios.

Arteterapia como dispositivo do autoconhecimento


para a Psicologia

A arteterapia é um “processo predominantemente não


verbal, podendo ser utilizado por meio das artes plásticas e da
dramatização, que acolhe o ser humano com toda sua complexidade
e dinamicidade, procurando sempre aceitar os diversos aspectos dos
pacientes, tais como os afetivos, , cognitivos, motores, culturais,
sociais dentre outros. Segundo Paim e Jarreau (1994), a arteterapia
é uma atividade de estimulação á execução de imagem através da
expressão artística, possibilitando respostas em pacientes e clientes,
para que possam se auto observar, promovendo assim reflexões
e compreensões sobre o desenvolvimento pessoal, habilidades,
interesses, preocupações e conflitos.
Na visão Junguiana, o objetivo principal da arteterapia é
apoiar e gerar instrumentos específicos para que a energia psíquica
forme símbolos em variadas produções, possibilitando assim ativar
a comunicação entre o inconsciente e o consciente no desenvolver de
uma sessão com arteterapia, esta atividade preserva este processo na
medida em que oferece estes materiais para que o indivíduo sinta se
livre para escolher o que quer representar, sendo que este processo
tende a facilitar o despertar da criatividade e desbloquear as defesas
inconscientes. Considerando que as informações que aparecem nas
produções podem ser reprimidas, ignoradas e encobertas na mente
humana, e certo de que estas informações colaboram para toda a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


614 ANAIS X SIMPAC

dinâmica intrapsíquica ao serem transportadas à consciência através


do processo terapêutico. Este processo de consciência é facilitado
pelas modalidades e materiais expressivos diversos, como tintas,
papéis, colas, modelagem, criações e construções diversas entre
tantas outras possibilidades artísticas. Considerando que todas
oportunizam e facilitam o surgimento de símbolos e representações
indispensáveis para que o indivíduo entre em contato com aspectos
a serem entendidos, alterados e assimilados.
Através da arte, o indivíduo transmite o seu sentimento,
sua forma de pensar e o modo como vivencia e compreende o
mundo, transportando para a arte de acordo com sua evolução
mental, emocional, psíquica e biossocial (PHILLIPPNI, 2000). Na
produção artística é constituído a reprodução do conhecimento e a
estruturação, do universo interior, pois todo o processo criativo, após
no momento de entrega, o individuo se deixa levar, experimentar e
explorar materiais, surgindo conseqüentemente a necessidade de
se organizar, colocar junto, de arranjar e elaborar o trabalho final.
Com o processo arteterapêutico, permite se infinitas descobertas
e reflexões, favorecendo assim o equilíbrio emocional do paciente,
possibilitando-o a desenvolver sua criatividade e imaginação,
minimizando ou até anulando suas tensões e trazendo á tona suas
emoções, temores e fantasias. Segundo Valladares e Novato,( 2001),
pode-se considerar que através do trabalho terapêutico, pode se
trazer benefícios seja no aspecto simbólico (pelas imagens) como
comportamental. O objetivo inicial ao tratamento arteterapêutico
é propiciar uma liberdade expressivo para que o paciente possa se
auto-observar e auto-conhecer. Sendo que o objetivo a longo prazo,
visa levar o paciente a discriminar o maior número possível de
respostas de seu inconsciente, podendo assim promover em seus
comportamentos a chave para seu restabelecimento e manutenção
de sua qualidade de vida.

Material e Métodos

Este trabalho constitui-se de uma pesquisa documental, por


ter como referência para discussão e sistematização, documentos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 615

(artigos, publicações, revisões, sites, síntese de resultados, e


pesquisas), produzidas por terceiros (FERREIRA, OLIVEIRA,
2006). Para buscar os trabalhos publicados sobre a temática, foram
usados os descritores “arteterapia”, ¨psicologia Junguiana¨.

Conclusões

A arteterapia é um dispositivo terapêutico composta por diversos


saberes, constituindo-se como uma prática transdisciplinar, que
visa resgatar o homem em sua integralidade através de processos
de autoconhecimento e transformação. A arte oferece grande
contribuição à psicologia, ao proporcionar o autoconhecimento
através de sua elaboração, permite ao sujeito expressar de uma
forma não verbal suas emoções e sentimentos seja ela consciente
ou inconsciente. Tendo como objetivo apoiar e proporcionar meios e
formas para que a energia psíquica seja liberada em forma de arte,
a arterapia torna-se então uma proposta de alivio e o caminho para
a busca de si mesmo, a partir do momento que o inconsciente e o
consciente entram em contato. 

Referências Bibliográficas

CARNEIRO, C. Revista Transdisciplinar: Uma oportunidade


para o livre pensar. ARTETERAPIA E O 12º CONGRESSO
BRASILEIRO DE ARTETERAPIA De 13 a 15 de outubro de
2016 Salvador – BA. vol. 8, ano 4, n.8, julho de 2016. pag.30.
Disponível em < http://revistatransdisciplinar.com.br/wp-content/
uploads/2018/01/0.-JUNHO-16-Rev-Trans-2-julho.pdf#page=30 >
acessado às 12:30h do dia 06 de Março de 2018.

PAIN, S; JARREAU, G. Teorias e Técnicas da Arteterapia.


Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

PHILPPNI. A. Arteterapia, um caminho. In: Imagens de


Transformação. Out. 1994. Cartografias da Coragem . Rodas em
Arte terapia. Rio de Janeiro: Pomar, 2000.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
616 ANAIS X SIMPAC

TEIXEIRA, P. L. R.da M.; Do Autoconhecimento, a Arte no


Processo da Autoestima, e Resgate. Rio de Janeiro. 2010.

VASCONCELOS, E. A..; GIGLIO, J. S. Estudos de Psicologia.


Introdução da arte na psicoterapia: enfoque clínico e
hospitalar. Disponível em < http://repositorio.unicamp.br/
bitstream/REPOSIP/40264/1/S0103-166X2007000300009.pdf>
acessado no dia 06 de março de 2018.

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ANAIS X SIMPAC 617

PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL - ESTUDO DE


PESQUISA DE CLÍMA SECRETÁRIA DE SAÚDE DA
PREFEITURA MUNICIPAL DE VIÇOSA

Hélia Marta Messias Rodrigues 1, Bianca Macedo Lopes2, Stella


Lima Pacheco3

Resumo: Para a Psicologia Organizacional é necessário ter o


Conhecimento, como recurso de grande importância para analisar e
conhecer o mundo profissional e a subjetividade de cada funcionário,
em uma sociedade globalizada, sendo que está se encontra em
constante evolução e em transformação, são de enorme valia as
pesquisas e levantamentos de informação coletada, a cada pesquisa
concluída, buscando sempre trazer benefícios para as empresas e
profissionais. Neste contexto será realizado um levantamento de
dados junto aos funcionários de dois setores da Secretaria Municipal
de Saúde de Viçosa – MG, proporcionando assim capacidade
de análise, criação de estratégias, e compreensão de diferentes
envolvimento com o trabalho dos profissionais em setores públicos,
sendo parte contratados e parte efetivos. Buscando apontar dados
relatados, com base no cotidiano destes profissionais, onde fatores
estressantes são recorrentes e as dificuldades de trabalhar em um
ambiente precários, inúmeras oscilações e com tantas demandas da
população. Sendo a psicologia organizacional capaz de buscar dados,
analisá-los e proporcionar recursos terapêuticos que favoreçam a
qualidade de vida destes profissionais.

Palavras–chave: estresse, qualidade de vida, satisfação, setor


público

1
Graduanda em Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: helia.marta36@yahoo.
com.br
2
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: bianca.lopes89@yahoo.
com.br
3
Professora de Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: stella.lpacheco@hotmail.
com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


618 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Desde o nascimento e ao longo de seu desenvolvimento


vital, todo indíviduo estabelece vínculos diversos com pessoas,
grupos, organizações, partidos políticos, dentre outros. Explicar
esse processo e a forma como este se dá, apontar suas implicações
e facilidades, levando em consideração a estrutura interna do
individuo é o grande desafio no que se trata de instituições. Segundo
Chiavenato (2009), o homem moderno passa grande parte de seu
tempo dentro das organizações, das quais depende para nascer,
viver, aprender, trabalhar, ganhar seu salário, curar suas doenças,
obter todosos produtos necessário para sua sobrevivência.
Uma forma eficiente e adequada para medir o nível de
satisfação e o clima da empresa é a pesquisa de clima organizacional,
sendo possível através deste recurso que o colaborador demonstre
o seu nível de satisfação com relação ao seu trabalho, à sua função,
sua remuneração, etc. Para, Sorio (2011) definição de pesquisa de
clima organizacional, se dá como sendo um instrumento de gestão
voltado para análise do ambiente interno.
Faz se necessário buscar compreender os comportamentos
e níveis de satisfação do capital humano, dentro da organização, já
que o modo como as pessoas agem, pensam, expressam sentimentos
é um dos principais elementos que interferem na construção do
clima organizacional benéfico (MOREIRA, 2012, p.39).
Dentro de um contexto psicológico, algumas condições desse
contexto organizacional desencadeiam o processo de envolvimento
laboral do funcionário, tal como o significado de trabalho para cada
um. Para Lodahl e Kejner (1965), esse nível de envolvimento pode
ser definido como “...o grau em que o desempenho de uma pessoa no
trabalho afeta sua autoestima” (pág. 25).
A relação com o trabalho começa com a socialização, onde são
transmitidos valores sociais relativos às atividades e estes se casam
(ou não) com os valores pessoais, onde ocorre uma cristalização
destes através das experiências laborais, que podem influenciar

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 619

positivamente ou não a autoestima do indivíduo. Por isso é necessário


uma análise ampla de todas as vertentes que envolvem o ambiente
e não apenas relacionada a função daquele funcionário especifico.
Com o propósito de analisar essas vertentes é possível
aplicar como técnica especifica, a Pesquisa de Clima, para verificar
as percepções coletivas e coletar diversos dados, a fim de mapear
o ambiente interno e levantar informações relevantes para agir
diretamente nos principais focos, seja na resolução de problemas ou
atuar na motivação laboral.
Além de avaliar o grau de satisfação dos funcionários em
relação a organização, a pesquisa de clima também cria uma
comunicação mais clara e direta entre os colaboradores, gerando
mudanças importantes na rotina não só dos funcionários, mas da
organização como um todo, possibilitando avaliar o desempenho,
planejar ações para melhorar e proporcionar um ambiente agradável.
Tendo como objetivo, analisar através das observações a
campo e dos dados coletados pela aplicação da pesquisa de clima,
aspectos positivos e negativos que impactam diretamente no
ambiente de trabalho para ser possível desenvolver técnicas de
melhorias e reforçar as potencialidades já existentes.

Material e Métodos

A pesquisa de forma geral se desenvolveu nos setores


CEAE e Regulamentação do Departamento de Saúde da Prefeitura
Municipal de Viçosa - MG, contando com a participação voluntaria
de 28 funcionários (14 de cada setor). Foram realizadas duas etapas
de observação para um conhecimento integral no âmbito laboral e
logo após, foi aplicado o questionário (pesquisa de clima) com 23
questões, sendo a última de resposta pessoal.
Os dados coletados foram analisados e compilados para
que posteriormente retornasse a instituição com uma devolutiva
completa e capaz de gerar mudanças significativas nos pontos
apresentados e que tinham necessidade de atuação.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
620 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

No setor, Centro Estadual de Atendimento Especializado


– CEAE, participaram da pesquisa 14 funcionários, no período da
manhã. Foi apresentado aos funcionários, a necessidade da pesquisa
e solicitou o preenchimento do questionário, eles se mostraram
empenhados em contribuir. Os preenchimentos aconteceram
durante a rotina de trabalho e posteriormente os dados compilados,
apresentaram os seguintes resultados:
A maioria dos funcionários que participaram da pesquisa,
estão na faixa etária de 31 a 40 anos, do sexo feminino, e alocados
neste setor a menos de 1 ano, todos estes são contratados, a grande
maioria está muito satisfeita em trabalhar neste local, demonstraram
ter uma boa relação de diálogo entre eles, quanto as expectativas
de seus trabalhos, disseram estar satisfeito com a disposição dos
materiais para desenvolver os seus trabalhos, uma quantidade
significativa dos funcionários demostraram ter autonomia para
desenvolver suas próprias tarefas. Não consideram que seu trabalho
apresenta um nível alto de estresse, relatam que fazem horas extras
com muita freqüência e que suas atividades podem ser classificadas
como rotineiras e de grande importância. Estão satisfeitos e têm
boa relação com seus coordenadores e que estes dão muito apoio na
execução de seus trabalhos, as relações interpessoais são em geral
bem tranqüila. No decorrer da pesquisa relatam que o ambiente
de trabalho oferecido é confortável, o nível de satisfação quanto a
informações de ocorridos no setor é médio, e que no último ano não
tiveram oportunidade de crescimento dentro da empresa, quanto
aos benefícios oferecidos pela empresa a opção nem satisfeito e nem
insatisfeito teve uma porcentagem significativa, sinalizaram como
implantação no setor o item de cursos de capacitação relacionados
a suas áreas específicas, a maioria caracteriza seu trabalho como
importante, prazeroso, porém cansativo.
No setor de Regulamentação, também foram pesquisados 14
funcionários, porém não apresentaram a mesma disponibilidade e

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 621

interesse de participar do estudo. Os dados foram coletados nos dois


turnos (manhã e tarde). A importância da pesquisa foi apresentada
individualmente a cada funcionário, à medida que tinham
disponibilidade e interesse de participarem. Foram obtidos os
seguintes resultados:- - Faixa etária dos funcionários entrevistados
estão entre 41 e 50 anos, maioria do sexo feminino, quanto ao
tempo de serviço foi apresentado em unanimidade de mais de 5
anos e são quase todos efetivados, demonstraram gostar muito do
local de trabalho, não têm ideia da expectativa do setor em relação
a seus trabalhos, apresentaram um nível alto quando a falta de
recursos para desenvolverem os seus trabalhos, a maioria não têm
muita autonomia para desenvolver os seus trabalhos, apontarem
que seus trabalhos são estressante, a maioria não faz horas extras,
suas atividades desenvolvidas são rotineiras, sentem que seus
trabalhos são de grande importância para a empresa, apontaram
ter uma boa relação com os supervisores e que estes oferecem pouco
apoio para desenvolverem seus trabalhos, as relações interpessoais
apresentam em um nível significativo de tranquilidade e que os
colegas são competentes. Consideram o ambiente de trabalho nem
confortável e nem desconfortável, sentem que não são informados
dos acontecimentos dentro do setor, apresentaram um nível médio
na opção de oportunidade de crescimento dentro do setor, estão
insatisfeito com os benefícios recebidos, citaram os itens cursos de
capacitações e ampliação de recursos tecnológicos como sugestões
de implantações no setor, apresentaram como características de
seus trabalhos, a importância, desafio, cansaço e estresse.

Conclusões
O modelo de gestão de pessoas, onde busca o bem estar dos
funcionários, mostra que a consultoria é uma peça chave para a
obtenção de resultados, onde o profissional da psicologia, no papel de
consultor interno, possui capacidade de alcançar estes resultados.
Na pesquisa de clima como diagnóstico da organização, o psicólogo
com seu olhar e sua escuta, favorece uma melhor integração entre
os funcionários e a organização, buscando minimizar os problemas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


622 ANAIS X SIMPAC

e maximizando a qualidade e produtividade da empresa.


Analisando os dados coletados nos dois setores citados
a cima e comparando os, é notável que há uma maior satisfação
dos funcionários do Setor CEAE quanto ao local de trabalho,
expectativa de crescimento e busca de conhecimento em suas áreas
especificas. Porém no Setor de Regulamentação, apresentaram
maior resistência em contribuir para a pesquisa e demonstram
estarem muito insatisfeitos com o local de trabalho e plano de
carreira, fazendo consideração, por serem efetivados e estarem a
mais tempo nesta empresa, mas gostam do trabalho que fazem.
Sugere se que sejam oferecidos a estes profissionais encontros
como: cursos de aperfeiçoamentos, momentos de atividades lúdicas
(trocas de experiências e saberes, encontros terapeuticos, lazer,
dentre outros) entre colegas e familiares, para que vejam a setor
como um local importante de trabalho e que se sintam valorizem
e reconhecidos.

Agradecimentos

Á professora e orientadora Stella Lima Pacheco, por toda a


atenção, contribuição e carinho oferecidos. Ao Secretário de Saúde
da Prefeitura Municipal de Viçosa – Marcus Antônio Amarante
Viana Schitini, pela oportunidade, atenção e valorização, a Bianca
Macedo Lopes pela parceria e confiança na execução desta pesquisa
e estudos.

Referências Bibliográficas

CHIAVENATO, I. RECURSOS HUMANOS, O Capital Humano


das Organizações, 9ª edição, 2009, editora Campus, pág. 12.

LODAHL E KEJNER (1965), p. 25, apud Psicologia: Teoria e


Pesquisa, 2008, Vol. 24 n. 2, pp. 201-209

MOREIRA, E. G. Clima Organizacional. Curitiba, Paraná: IESDE,

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ANAIS X SIMPAC 623

2012.Disponível em http://www.revistaespacios.com/a17v38n28/
a17v38n28p13.pdf. Em 20/09/2017.

SORIO, W. Pesquisa de Clima Organizacional. 2011. Disponível


em: https://revistacientefico.adtalembrasil.com.br/cientefico/article/
view/321. Acesso em: 07/10/2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


624 ANAIS X SIMPAC

ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS


UTILIZANDO-SE DE NOVA METODOLOGIA BRASILEIRA
PARA CLASSIFICAÇÃO HISTOPATOLÓGICA

Heloísia Maria Bressan Braz1, Paulo Roberto Andrade Nogueira,


Débora Vieira de Melo Garcia2, João Paulo Machado43

Resumo: As neoplasias vem crescendo cada vez mais na rotina da


clínica veterinária, isso se dá devido ao aumento da longevidade,
alimentação, hábitos dos proprietários. Esse estudo retrospectivo
teve como objetivo, identificar a prevalência dos diferentes tipos de
neoplasias mamárias em cadelas atendidas no Hospital Veterinário
da Univiçosa entre os anos de 2011 e 2017, utilizando-se de nova
metodologia de classificação preconizada em 2011. Todos os
principais subtipos neoplásicos foram identificados na rotina
avaliada. Conclui-se que o novo método classificatório possui
relevância diagnóstica.

Palavras–chave: carcinoma, mastectomia, oncologia.

Introdução

Devido ao aumento da longevidade dos cães, doenças


que são restritas a animais mais velhos, passaram a se tornar
mais frequentes. Segundo estudos epidemiológicos, as neoplasias
mamárias são a de maior incidência nas cadelas, se constituindo
em mais de 50% dos casos de neoplasma, o que faz com que
este tipo neoplásico tenha grande importância em Medicina
Veterinária (RODASKI e PIERKARZ, 2009). Muitos esforços têm
sido despendidos na adoção de critérios para padronização do
diagnóstico, na compreensão do comportamento e progressão e na
avaliação de fatores prognósticos, incluindo morfologia, expressão
1
Graduanda em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: helobressanb@gmail.com
2
Médica Veterinária Autônoma – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: deborah_mirai@yahoo.com.br
3
Professor em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jpmvet@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 625

de oncogênese e alterações genéticas (CASSALI et al., 2011). No ano


de 2010, dezenas de patologistas, oncologistas e clínicos veterinários
de diversas instituições de ensino e pesquisa do Brasil se reuniram
em um encontro cujo objetivo foi padronizar uma nova metodologia
de classificação anatomo e histopatológica de tumores mamários em
cadelas (CASSALI et al., 2011). A partir de 2011, o setor de Patologia
Animal da Univiçosa aderiu a esta nova classificação, fazendo uma
análise retrospectiva sobre todos os casos de neoplasias atendidas
no Hospital Veterinário da Univiçosa. Portanto, o objetivo deste
trabalho foi investigar o valor prognóstico desta classificação
neoplásica através de estudo retrospectivo de neoplasias mamárias
em cadelas.

Material e Métodos

Esta pesquisa foi realizada no Setor de Patologia Animal,


anexo ao Hospital Veterinário da Univiçosa. Constituiu-se de
um estudo retrospectivo e longitudinal. Foram estudadas as
fichas patológicas de 206 cadelas diagnosticadas com neoplasias
benignas e malignas no período entre 2011 e 2017. Todas as
amostras utilizadas foram obtidas por meio de cirurgias eletivas ou
terapêuticas realizadas no Centro Cirúrgico do Hospital Veterinário
da Univiçosa, mediante autorização dos proprietários das cadelas.
Após a cirurgia, as amostras colhidas foram armazenadas em
formol a 10% tamponado por, no mínimo, 24 horas. Então, foram
processadas pela técnica rotineira de inclusão em parafina e
coradas pelo método hematoxilina e eosina. A leitura das lâminas
foi realizada com auxílio de um microscópio de luz (Nikon –
Eclipse E200) e sempre realizada pelo mesmo patologista. Para
a classificação neoplásica, seguiu-se a padronizada por Cassali et
al. (2011). Todas as neoplasias classificadas entre os anos de 2011
e 2017 foram compiladas em uma tabela. Os dados priorizados
foram os seguintes: o diagnóstico neoplásico, a raça, a idade e as
principais mamas acometidas. Os dados foram analisados por
meio de percentual simples e foi realizada estatística descritiva
de valores percentuais de frequências e de prevalências obtidas no

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


626 ANAIS X SIMPAC

levantamento. Este projeto foi devidamente apresentado e aprovado


pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Uso de Animais da Univiçosa
(CEPEUA/Univiçosa; protocolo: 031/2017-1).

Resultados e Discussão

Durante o período investigado, foram emitidos 206


diagnósticos de neoplasias mamárias, os quais se subdividiram
em 46 subtipos. Dentre estes, os subtipos neoplásicos de origem
epitelial apresentaram maior prevalência, tais como adenomas e
carcinomas. Também foram diagnosticadas neoplasias de origem
mesenquimal, tais como hemangioma, fibroma e fibrossarcoma.
Entretanto, o subtipo de maior prevalência se constituiu naquele
em que havia neocrescimento, benigno ou maligno, tanto a origem
epitelial quanto da mesenquimal, a saber, o carcinoma em tumor
misto (18,93%). Em ordem decrescente de subtipos diagnosticados,
seguiu-se o carcinoma tubular (7.76%), carcinossarcoma e tumor
misto benigno (ambos com 5,82%), carcinoma acinar (5,33%),
carcinoma anaplásico, carcinoma papilar e carcinoma sólido
(ambos com 4,85%), adenomioepitelioma maligno (3,88%), adenose,
mastocitoma e carcinoma secretório (ambos com 3,39%). Outros
subtipos apresentaram prevalências abaixo de 2,91%.
Notou-se nesse estudo que as neoplasias malignas (77,18%)
apresentarem-se em índices acima das neoplasias benignas (22,82%).
Apesar de a metodologia para diagnóstico ser realizada com base na
nova classificação, estes dados são semelhantes aos encontrados por
Oliveira et al. (2003), os quais, por meio de classificação anterior
à aqui aplicada, avaliaram 85 cadelas e observaram prevalência
para malignas de 71,8% e para benignas de 28,2%. Além disso,
Oliveira Filho (2010), também antes da nova classificação, relata
uma prevalência de neoplasias malignas de 79,3%. Porém diversos
autores verificaram prevalências inferiores à encontrada no
presente trabalho, as quais estão próximas a 50% (DALECK et al,
1998). Karayannopoulou et al. (1990), afirmam que tal variação em
prevalência deve-se muito à demora na apresentação dos pacientes
no hospital, pois quanto mais tempo para emissão do diagnóstico,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 627

maior a taxa de malignidade, uma vez que tumores benignos podem


se transformar em malignos com o passar do tempo.
Os subtipos neoplásicos constantes na nova classificação
são preconizados com base na origem da célula em que se iniciou
o neocrescimento e no tipo celular neoplásico predominante, do
estroma ou do parênquima, e considera todos os tipos celulares
constituintes do tecido mamário (CASSALI et al., 2011). Portanto,
esta classificação pareceu ser capaz de diferenciar de maneira
mais detalhada os diversos tipos neoplásicos, pois, sabe-se que
cada tipo de célula que forma o parênquima mamário possui
taxa de divisão celular distinta, assim como expressão gênica e
comportamento biológico distintos, algo que, segundo ROSEN e
OBERMAN (2003), pode influenciar no comportamento da neoplasia
e, consequentemente, no valor prognóstico. Isso influenciaria a
conduta terapêutica, incluindo o protocolo quimioterápico a ser
adotado. Como a verificação de uma nova classificação é algo que
demanda tempo, novos estudos e adaptações classificatórias ainda
podem ser necessárias para que esta metodologia histopatológica
possua ainda mais confiabilidade.

Conclusão

A nova classificação padronizada mostrou-se útil no


diagnóstico dos subtipos neoplásicos. Estudos sobre prognóstico dos
diferentes tipos necessitam ser realizados de forma mais detalhada
e mais longínqua, para que seja finalmente empregada amplamente
na oncologia veterinária.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Faviçosa/Univiçosa por oferecer a


infraestrutura necessária à realização deste trabalho, permitindo o
uso dos laboratórios e equipamentos.

Referências Bibliográficas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


628 ANAIS X SIMPAC

CASSALI, G. D.; LAVALLE, G.E.; DE NARDI, A. B.; et al. Consensus


for the Diagnosis, Prognosis and Treatment of Canine Mammary
Tumors. Brazilian Journal of Veterinary Pathology, v.4, p.
153-180, 2011.
DALECK, C.R.;FRANCESCHINI, P.H.; ALESSI, A.C.; et al.
Aspectos clínico e cirúrgico do tumor mamário canino. Ciência
Rural. v. 28, p. 95-100, 1998.
KARAYANNOPOULOU, M.; KALDRIMIDOU, E.; DESSIRIS,
A Some epidemiological aspects of canine mammary tumours
treatment and prognosis. European journal of companion
animal practice. v. 1, p. 41-47, 1990.
OLIVEIRA, L.O.; OLIVEIRA, R.T.; LORETTI, A.P.; RODRIGUES,
R.; DRIEMEIER, D. Aspectos epidemiológicas da neoplasia
mamária canina. Acta Scientiae Veterinariae, Rio Grande do
Sul, v.31, n.2, p.105-110, 2003.
OLIVEIRA FILHO, J.C. Estudo retrospectivo de 1.647
tumores mamários em cães. 2010. 69p. Dissertação (Mestrado),
Universidade Federal de Santa Maria - Centro de Ciências Rurais,
Santa Maria, 2010
RODASKI, S.; PIEKARZ, C.H. Epidemiologia e etiologia do câncer.
In: DALECK, C.R.; NARDI, A.B.; RODASKI, S. Oncologia em
cães e gatos. São Paulo: Roca, 2008. p.1-22.
ROSEN, P.P.; OBERMAN, H.A. Tumor of the mammary gland. In:
FATTANEH, A.T; EUSEBI, V. Atlas of tumor pathology. 3. ed.
Washington, D.C.: Armed Forces Institute of Pathology, 1993. p.
78-87.

nho, 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 629

MONITORAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA


UNIVIÇOSA

Henrique Lana Cunha Bicalho1, Glauco da Cruz Canevari2

Resumo: Este trabalho descreve o monitoramento e gerenciamento


de resíduos da Unidade I e II da Univiçosa, onde foi feito a coleta
de resíduos. Resíduos recicláveis e não recicláveis foram coletados
separadamente e feito a gravimetria por setor. Desse modo,
trabalho de educação ambiental, também, vem sendo feito nas
salas de aulas e setores administrativos. De forma a incentivar a
sociedade acadêmica o descarte correto de resíduos. O período de
monitoramento foi entre os meses de setembro e outubro de 2017,
no qual o objetivo é relatar os maiores geradores de resíduos da
faculdade.

Palavras–chave: Coleta seletiva, resíduos, educação ambiental.

Introdução

A coleta seletiva de resíduos recicláveis e não recicláveis pela


Univiçosa faz a separação dos resíduos com intuito de reduzir o
volume gerado pela sociedade acadêmica. Isso ocorre, pois com a
separação dos recicláveis dos não recicláveis facilitam o trabalho de
triagem dentro da instituição.
O monitoramento e gerenciamento de coleta seletiva nos
campus da Univiçosa tem a finalidade de uma Universidade limpa,
dentro dos parâmetros ecológico e sócio ambientais. Ajudando
assim, os colaboradores do setor de limpeza. Para Pavan (2010)
1
Graduando em Engenharia Ambiental – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: henrilana@gmail.com
2
Professor do Curso Engenharia Ambiental – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: glauco@univicosa.com.
br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


630 ANAIS X SIMPAC

o envolvimento dos setores de uma população com a geração de


resíduos está interligado a melhoria dos problemas ambientais de
forma integrada.
O trabalho de conscientização feito com os alunos serve para
incentivá-los quanto ao descarte correto e informá-los do destino
dos resíduos da faculdade melhorando a colaboração. Como Effting
(2007) cita que um projeto educacional voltado ao meio ambiente
faz com que a população compreenda sua presença no ambiente e
seu papel interagindo como cidadão ligado a tudo a seu redor.

Material e Métodos

Para obtenção dos dados foram feitas a pesagem (gravimetria)


dos resíduos semanalmente pelos colaboradores da limpeza e
registrado em uma planilha do Excel todas as pesagens nos meses
de setembro e outubro de 2017. Com esses resultados, foi plotado
gráficos demonstrando quais setores produzem mais resíduos
recicláveis e não recicláveis.
Com o intuito de obter a colaboração de alunos, foi feito um
trabalho de educação ambiental onde foi passado em cada sala
de aula incentivando e informando sobre o descarte correto dos
resíduos.
As lixeiras foram identificadas com as placas de resíduo
reciclável e resíduo não reciclável e sacos plásticos da cor azul
para o descarte de resíduo reciclável e preto para descarte do não
reciclável.

Resultados e Discussão

Setembro

A pesagem feita durante o mês de setembro trouxe os


seguintes dados que podem ser observados nos gráfico I:
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 631

Gráfico I

No gráfico I é observado que o Hospital Veterinário é o


principal gerador de resíduos recicláveis com aproximadamente
90kg de resíduo mensal, seguido pelos prédio novo e laboratórios
integrados, ambos com aproximadamente 50kg e próximo a eles o
segundo andar da unidade com 40Kg por mês.
De um total de 492kg gerado no mês 49% são gerado pelos
locais citado, sendo os locais que geram resíduos que não podem ser
aproveitados.
Quanto aos resíduos recicláveis do mês de setembro é possível
observar nos gráficos II:

Gráfico II
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
632 ANAIS X SIMPAC

O principal gerador de recicláveis foi o refeitório com


aproximadamente 100Kg de resíduo, mais de um terço do total
gerado, por isso deve-se ter atenção pois é o local de refeição
dos funcionários e nem sempre o descarte é feito corretamente,
normalmente é descartado resíduo descartável contaminado seja
por alimento ou umidade.
­­­­­­­­­­­­­­
O prédio novo da unidade I, a sala dos professores e o
segundo pavimento do prédio central da unidade I juntos somam
24% dos resíduos recicláveis o que indica a necessidade de maior
monitoramento dessas áreas com identificação e coleta dos resíduos.

Outubro

O mês de outubro teve uma maior geração de resíduo


com relação ao mês de setembro, como pode ser visto no gráfico
III:

Gráfico III

Com 770,3Kg gerado novamente o Hospital Veterinário


é o maior gerador, devido ao resíduo hospitalar. Com um peso
de aproximadamente 230kg. Cerca de 30% do resíduo não
reciclável da UNIVIÇOSA.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 633

Como pode ser observado no anterior os outros locais


teve uma geração balanceada, com uma maior geração no
segundo andar da unidade II e no refeitório.
Já na parte de recicláveis houve uma redução da geração,
sendo gerado 226,8Kg como é possível observar pelo gráfico IV:

Gráfico IV

O refeitório, o pavimento 2 da unidade I, a sala de professores
e o 2° andar da unidade II gerarão mais resíduos recicláveis. Todos
com uma geração acima dos 25Kg. Sendo que o refeitório chegou
a gerar 33,75Kg e como no mês de setembro deve-se ter atenção
quanto os resíduos impregnados.

Conclusões

O hospital deve ter uma atenção especial devido o tipo de


resíduo classe I (perigoso), e pela sua maior geração em relação
aos outros setores. Quanto os demais, devemos conscientizar toda
população da Univiçosa, foi passado nas salas para ter uma conversa
sobre o local adequado do descarte dos resíduos e comunicado aos
colaboradores de cada setor de limpeza para que seja colocado os
sacos de cores variadas em seus devidos locais.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


634 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

EFFTING, T. R. Educação ambiental nas escolas pública: realidade


e desafios. Monografia apresentada
ao Curso de Especialização Planejamento para o Desenvolvimento
sustentável, Marechal Cândido Rondon: UNIOESTE, 2007.

PAVAN, M. de C. O. Geração de energia de residuos sólidos


urbanos:avaliação e diretrizes para tecnologias potencialmente
aplicáveis no Brasil. Tese de Doutorado. São Paulo: EP/ FEA / IEE
/ IF da Universidade de São Paulo, 2010.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 635

PERCEPÇÃO DOS PAIS SOBRE O ANDADOR INFANTIL E


SEUS EFEITOS SOBRE DESENVOLVIMENTO MOTOR DA
CRIANÇA: REVISÃO DA LITERATURA

Hercy Jhennifer Silveira de Paula1, Eustáquio Luiz Paiva Oliveira2

Resumo: Existe na literatura uma discordância sobre os riscos do


uso do andador infantil em crianças na fase de desenvolvimento
motor. Alguns trabalhos apontam para uma alteração importante
no padrão de marcha o que compromete o alinhamento biomecânico
ocasionando alterações nas fases posteriores de desenvolvimento.
Alem disso, por fatores culturais e interesses pessoais os pais optam
pela utilização do andador desconhecendo os possíveis efeitos
deletérios dessa utilização. Este estudo tem como objetivo avaliar a
percepção dos pais sobre o uso do andador infantil e os efeitos do uso
do andador no desenvolvimento motor. Trata-se de uma revisão da
literatura nas bases de dados SCielo e Google acadêmico de artigos
publicados nos últimos dez anos. Foram usados os descritores:
andador infantil, desenvolvimento motor e marcha, ambos em
correlação direta. Os dados foram apresentados de maneira descritiva
e tabular. Os resultados apontaram uma discordância entre os
efeitos da utilização do andador. Alguns trabalhos mostraram que
sua utilização comprometem o desenvolvimento motor ocasionando
alterações na marcha e controle postural. Entretanto, outros
trabalhos não observaram alterações no desenvolvimento motor.
Pouco é o conhecimento dos pais em relação a utilização do andador
infantil. Conclui-se, portanto, que novos estudos sejam necessários
para apontar com maiores detalhes os efeitos do andador infantil no
desenvolvimento motor esclarecendo os achados encontrados nesse
estudo.

Palavras–chave: Andador infantil, desenvolvimento motor,


marcha
1
Acadêmica de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jhennifer1993@hotmail.com
2
Docente do Curso de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eustaquiopaiva@univicosa.com.br

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636 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Os pais agem em função de crenças adquiridas e experiências


sociais e culturais para tratar seus filhos. O desenvolvimento infantil
resulta de interações da criança com os contextos social e físicos em
que ela vive. (CHAGAS et al,. 2011). O desenvolvimento infantil
segue etapas motoras seqüenciais responsáveis pela mobilidade,
alinhamento e ativação muscular. Com a evolução do controle
postural, as crianças aumentam suas possibilidades de exploração
e interação com o ambiente (IWABE, OLMOS, GRANÇO, 2009).
Todo o processo de aquisição da locomoção independente
requer uma progressão, estabilidade e adaptação. De acordo com
as etapas motoras, por volta dos 8 a 10 meses de idade, à criança
consegue ergue-se e permanecer em pé segurando em algum
móvel. Aos 12 meses pode andar com apoio de uma mão e, aos 15
meses, pode andar independentemente. Aos 18 meses, pode correr
sem rotação de tronco e subir escadas apoiando-se com uma mão
(IWABE, OLMOS, GRANÇO, 2009).
As questões que levam os pais a optarem pelo uso dos
andadores podem ir desde as culturais aos interesses pessoais.
Os pais consideram que o andador pode manter o bebê quieto,
permitir uma melhor mobilidade, pode ser utilizado como local para
alimentação, permitindo que a mãe realize as suas tarefas diárias
(LUCENA de et al,. 2018)
Suposições clínicas admitem que o padrão de marcha possa
ser alterado, levando ao deslocamento do centro de gravidade e
proporcionando o contato errado dos pés com o solo; desta forma
o alinhamento biomecânico de membros inferiores e do corpo
é alterado, ocasionando um atraso na aquisição desse marco
(SCHOPF, SANTOS, 2015).
Esse trabalho tem como objetivo avaliar a percepção dos pais
sobre o uso do andador infantil, e quais os efeitos do andador sobre
desenvolvimento motor da criança.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 637

Material e Métodos

Trata-se de um estudo de revisão de literatura realizado entre


janeiro e abril de 2018. Foram selecionados artigos acadêmicos nas
bases de dados Google Acadêmico e SCielo publicados nos últimos
dez anos. Foram utilizados para busca os seguintes descritores:
Andador infantil, marcha, desenvolvimento motor. Para análise
dos dados considerou-se como critério de inclusão apenas artigos
com correlação direta entre descritores supracitados, publicados
em português e inglês. Os dados foram apresentados de forma
descritiva e tabular.

Resultados e Discussão

Durante analise dos dados foram encontrados vários artigos


relatando a percepção dos pais quanto ao uso do andador infantil
bem como as consequências do seu uso no desenvolvimento motor
que atendiam aos critérios de inclusão. Existe uma discordância
importante nos trabalhos analisados sobre os efeitos deletérios do
uso do andador infantil alem de diferentes observações e percepções
dos pais em relação ao uso. Alguns trabalhos relataram que não
houve comprometimento da marcha em crianças que usaram o
andador, entretanto, outros estudos mostraram efeitos deletérios
da utilização do andador, principalmente em relação ao tempo de
uso. Observa-se que existe um desconhecimento dos pais em relação
as consequências do uso do suporte o que pode ser determinante na
escolha pela utilização desses acessório (Tabela 1).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


638 ANAIS X SIMPAC

Tabela 1 – Análise dos trabalhos publicados


Autores Objetivo do estudo Tipo do estudo Conclusão
Avaliar a
estimulação
ALBURQUERQUE, a m b i e n t a l O ambiente domiciliar
2011 de crianças que fizeram
disponível para
uso do andador infantil
lactantes com Transversal
no período anterior à
desenvolvimento
aquisição da marcha
normal que estejam
parece disponibilizar
fazendo uso do
maior qualidade de
andador antes
estímulos.
da aquisição da
marcha.
Conhecer a opinião
dos pais sobre os
efeitos do uso do
andador infantil, A idade de aquisição
CHAGAS et, al,.
assim como saber a da marcha não foi
2011 Qualiquantitativo
idade de aquisição influenciada pelo uso do
da marcha de andador infantil.
crianças que
usaram ou não o
equipamento.
Não houve influência
Avaliar a influência negativa do andador no
do uso do andador desenvolvimento motor
IWABE, OLMOS, em crianças a em crianças na faixa etária
transversal
GRANÇO, 2009 partir dos 10 meses de 10 a 15 meses. Houve
de idade. maior tendência de haver
influência do andador aos
15 meses de idade.
Ficam explícitos os riscos
Identificar os riscos
associados ao andador.
do uso do andador
LUCENA et, al,. Revisão da Vai desde a alteração
infantil para
2018 literatura da marcha ou postura,
desenvolvimento
o traumatismo crânio
da criança.
encefálico e possível óbito.
Verificar a
Não houve influência pela
S C H O P F , freqüência da
utilização do andador
SANTOS, 2015 utilização do
transversal infantil mas sim pelo
andador e a
tempo que a criança
influência sobre o
permaneceu diariamente
desenvolvimento
nele.
sensório motor.
Conhecer as Os pais são influenciados
percepções e por crenças e sentimentos.
S C H O P F ,
crenças dos pais transversal Muitos não receberam
SANTOS, 2015
quanto ao uso do orientações adequadas
andador infantil. sobre o uso do andador.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 639

Conclusões

Conclui-se, baseado nos trabalhos analisados, que não existe


um consenso sobre os malefícios/benefícios do uso do andador
infantil e considera-se que novos estudos sejam conduzidos para
avaliar os impactos do uso desse acessório sobre o desenvolvimento
motor infantil ratificando e/ou refutando os achados encontrados.

Referências Bibliográficas

ALBUQUERQUE, K.A et al. Estimulação ambiental e uso do andador


infantil por lactentes com desenvolvimento normal. Revista
Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 11, n. 2, p.181-
185, jun. 2011.

CHAGAS, P.S.C et al. Crenças sobre o uso do andador


infantil. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 15,
p.303-9, ago. 2011.

IWABE, C; OLMOS, S.C; GRANÇO, B.M. Influência do andador


infantil no desenvolvimento motor de crianças a partir dor 10 meses
de idade, Disciplina desenvol. Infant. Fisioterapia Uniararas
Campinas, mar. 2009, 17(97).

LUCENA, Í.G et al. Riscos do uso de andador infantil para o


desenvolvimento das crianças. Journal Of Medicine And Health
Promotion, Patos, v. 1, n. 3, p.977-987, jan. 2018.

SCHOPF, P.P; SANTOS, C.C.Tthe influence of baby walker usage


in the sensory motor motor development of children at schools in
early childhood education.  Journal Of Human Growth And
Development, São Paulo, v. 25, n. 2, p.156, 20 out. 2015.

SCHOPF, P.P; SANTOS, C.C. Percepção dos pais quanto à

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


640 ANAIS X SIMPAC

influência do andador infantil no desenvolvimento motor de seus


filhos. Efdesportes.com: Revista Digital, Buenos Aires, v. 207,
ago. 2015.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 641

EDUCAÇÃO EM SAÚDE: ENFERMAGEM EM ATUAÇÃO À


SAÚDE DO HOMEM

Hudson Breno Rodrigues Moreira1, Ana Luíza Barbosa2, Yasmin


Martins Cunha3, Fernanda Maria Brandão4, Larissa de Souza
Iacomini5, Elenice Claudete Dias6

Resumo: A masculinidade influencia diretamente na vulnerabilidade


às doenças. Incluir os homens na atenção primária à saúde é um
desafio, já que estes não reconhecem a importância da promoção
e prevenção à saúde. Relatos observados nos artigos estudados
mostram que os homens consideram o espaço, principalmente
da atenção básica, feminizado, visto que nas áreas comuns e de
grande circulação das unidades há diversos cartazes que veiculam
mensagens de promoção à saúde para a mulher e crianças, além do
fato de que a maioria dos funcionários das unidades são do sexo
feminino. Outro importante fator observado foi à dificuldade de
acesso por conta do horário de funcionamento das unidades, o que
gera um grande impasse pelo fato de que os homens, como figura de
pilar de sustentação em suas casas, devem sempre estar empenhados
realizando seus trabalhos. Contudo cabe aos profissionais de saúde
criar estratégias para destruir as barreiras já existentes. O presente
artigo tem por objetivo uma revisão de literatura, a fim de identificar
os principais aspectos que interferem na busca do homem pela
assistência de enfermagem.

Palavras–chave: Comportamento, inserção, masculinidade,


prevenção, promoção

1
Graduando em Enfermagem – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: hbrmsmoreira@gmail.com
2
Graduanda em Enfermagem – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: annabarbosa126@gmail.com
3
Graduanda em Enfermagem – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: yasminflayn@gmail.com
4
Graduanda em Enfermagem – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: nanda-mbrandao@hotmail.com
5
Graduanda em Enfermagem – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: larissa.iacomini@gmail.com
6
Professora do departamento de Enfermagem e Doutoranda em Ciências Biomédicas – FACISA/
UNIVIÇOSA. e-mail: elenicedias@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


642 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Desde os primórdios da humanidade, o homem se apresentava


à sociedade como um ser invulnerável, reprimindo suas emoções e
colocando a masculinidade como sinônimo de virilidade (COUTO
et al., 2010), considerando o cuidado à saúde como algo que não
é peculiar e ignorando a importância da prevenção de doenças
(CAVALCANTI et al., 2014).
A construção da masculinidade influencia diretamente na
vulnerabilidade às doenças graves e crônicas e consequentemente
à morte mais precoce. Muitas destas mortes poderiam ser evitadas
se não fosse à resistência masculina frente à procura pelos serviços
de saúde. Os homens somente acessam os serviços de saúde por
meio da atenção terciária, quando já existe um quadro clínico de
morbidade instalado. (DOMINGUEZ, 2008).
Outro fator que merece destaque é a influência que as
atividades laborais exercem na vida do homem, tornando-se uma
barreira quando se trata de cuidado com a saúde ou continuação
de tratamentos já estabelecidos. A exigência de se cumprir uma
jornada de trabalho diária coincide com o horário de funcionamento
dos serviços de saúde, impedindo a procura pela assistência
(SCHRAIBER et al., 2005).
Assim, incluir os homens na atenção primaria à saúde é um
desafio, já que estes não reconhecem a importância da promoção à
saúde e prevenção de doenças. Cabe aos profissionais de saúde criar
estratégias para destruir as barreiras já existentes (SCHRAIBER
et al., 2005). Com base nestes conhecimentos, objetivou conhecer
os principais aspectos que interferem na busca do homem pela
assistência de enfermagem.

Material e Métodos

Foi realizada uma pesquisa nas bases de dados nacionais


(Escola Anna Nery Revista de Enfermagem e Scientific Electronic
Library Online) com os seguintes descritores: saúde do homem
e atenção primária à saúde, onde foram consultados 4 artigos,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 643

publicações estas compreendidas entre os anos de 2005 a 2017.


Buscou-se fazer uma revisão bibliográfica no sentido de entender
qual a importância da atuação do enfermeiro frente à resistência e
dificuldade do homem ao cuidado e acesso ao serviço de saúde.

Resultados e Discussão

A partir da leitura dos artigos analisados foi possível


compreender que o homem é considerado invisível, em diferentes
dimensões: como alvo de intervenções no campo das políticas públicas
de saúde, como usuários que enfrentam dificuldades na busca por
atendimento e no estímulo à participação efetiva (COUTO et al.,
2010). Além disso, os artigos mostram também que há participação
efetiva dos homens na atenção primária à saúde somente quando
procuram o Pronto Socorro, a Farmácia, o Cirurgião Dentista e o
Ambulatório, deixando explícito que o homem recorre aos serviços
de saúde, na maioria das vezes, quando realmente necessita de
um atendimento de urgência, enquanto o enfoque na prevenção é
deixado de lado.
É possível analisar que existem diversas barreiras para que
o público masculino frequente mais assiduamente os serviços de
saúde. Relatos observados nos artigos estudados mostram que os
homens consideram o espaço, principalmente da atenção básica,
feminizado, visto que nas áreas comuns e de grande circulação
das unidades há diversos cartazes que veiculam mensagens de
promoção à saúde para a mulher e para criança, além do fato de que
a maioria dos funcionários das unidades é do sexo feminino. Outro
ponto importante a ser destacado é o fato dos homens participarem
com menos frequência às consultas de enfermagem por conta de
considerarem superficiais para eles e completas quando o paciente
é uma mulher, onde há uma atenção especial voltada à puericultura
e pré-natal (CAVALCANTE et al., 2014).
Fora do contexto de ambiente feminizado, outro importante
fator observado foi à dificuldade de acesso por conta do horário de
funcionamento das unidades, o que gera um grande impasse pelo
fato de que os homens, como figura de pilar de sustentação em suas

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644 ANAIS X SIMPAC

casas, devem sempre estar empenhados realizando seus trabalhos


(CAVALCANTE et al., 2014). Esse papel faz também com que haja
resistência por parte deles em assumir quando estão doentes, a fim
de passar uma impressão de que são fortes e resistentes. O fato
do horário corrido gera um dilema, onde se observa que existem
homens que requerem um atendimento rápido e pontual e outros que
necessitam de um atendimento mais completo, com mais atenção.
Por conseguinte, diante desse contexto podemos observar que
há diversos fatores que intensificam a dificuldade e resistência do
homem ao cuidado e acesso à saúde. Para a redução e/ou eliminação
desses fatores é necessária uma reorganização dos serviços nas
unidades de saúde, visando um melhor acolhimento ao usuário
do sexo masculino, a fim de garantir um controle desta clientela.
A qualificação dos profissionais frente às demandas da saúde
do homem também é uma importante intervenção a ser feita,
proporcionando uma assistência tranquila, receptiva e flexível, o
que irá gerar adesão e uma construção de vínculo com o serviço de
saúde. E, é claro, a mudança no ambiente das unidades, tornando-o
mais acolhedor e confortável para o homem (COUTO et al., 2010).

Considerações Finais

Este estudo demonstrou um melhor conhecimento sobre


homem e como ele se relaciona com a saúde. Conclui-se que existe
resistência masculina na procura de cuidados e acesso à saúde e falta
de capacitação dos profissionais de saúde para destruir as barreiras
existentes nas unidades de prestação de serviços. Para acolher o
homem na unidade, é necessário, criação de um espaço confortável e
tranquilo, com enfoque nos assuntos convenientes com a finalidade
de despertar o seu interesse sobre a prevenção das doenças que mais
acomete os homens e enfatizar sobre a importância da inserção aos
cuidados prestados pela equipe.
Portanto, são importantes novas estratégias para contribuir
com a saúde do homem com a finalidade de reduzir os índices de
morbidade e mortalidade, que podem ser através da prevenção e
orientações.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 645

Referências Bibliográficas

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G.S.N.; Trigueiro J.V.S.; Torquato, I.M.B. Assistência Integral a
Saúde do Homem: necessidades, obstaculos e estrategias de
enfrentamento. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 18(4)
out – dez 2014.

Couto, M.T.; Pinheiro T.F.; Valença, O.; Machin, R.; Silva, G.S.N.;
Gomes, R.; et al. O homem na Atenção Primária à Saúde:
discutindo (in) visibilidade a partir da perspectiva de
genero. Interface: comunicação, saúde, educação, 14 (33), 2010.

Dominguez, B. Hora de quebrar paradigmas. Radis: comunicação


em saúde. 2008, 74:08-9, out 2008.
Schraiber, L.B.; Gomes, R.; Couto, M.T. Homens e Saúde na
pauta da saúde coletiva. Cienc. Saúde Colet. 10 (1):7-17, 2005.

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646 ANAIS X SIMPAC

EMPREGADO COM NÍVEL SUPERIOR E ALTO SALÁRIO É


HIPERSUFICIENTE?

Hugo Lage Alves1, Ângela Barbosa Franco2

Resumo: A Lei nº. 13.467/17 trouxe a possibilidade de um empregado


mais qualificado estipular, diretamente com o empregador, cláusulas
contratuais que podem ter preponderância sobre os ajustes firmados
em negociações coletivas. Assim, estabeleceu-se uma segmentação
dos empregados subordinados à mesma empresa ou empregador,
fomentadora de tratamento discriminatório, diante de uma
realidade em que o trabalhador não se encontra em situação de
hipersuficiência perante o empregador. Com base nos princípios do
Direito do Trabalho e em posicionamentos doutrinários, este estudo
defendeu a ineficácia do parágrafo único, do art. 444, da CLT com
espeque apenas nos critérios objetivos destacados pelo legislador.

Palavras–chave: Acordo individual, Lei nº. 13.467/2017, reforma


trabalhista, trabalhador com formação superior

Introdução

A Reforma Trabalhista permite a estipulação de cláusulas


contratuais, ajustadas entre os sujeitos individuais da relação de
emprego, ainda que desfavoráveis ao trabalhador, quando este
for portador de diploma de nível superior e receba salário igual
ou superior a duas vezes o valor do maior benefício pago pelo
Regime Geral da Previdência Social. Ou seja, cria a possibilidade
do empregado, graduado e com razoável salário, pactuar com o
tomador de serviços condições menos benéficas do que os demais
empregados da mesma empresa ou estabelecimento. Segundo o
texto reformador, fruto da Lei nº. 13.467/17, tal acordo individual
pode se sobrepor às hipóteses em que a lei exige a celebração de
1
Graduando em Direito da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: hugolage.alves@gmail.com
2
Professora da disciplina de Direito do Trabalho da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: catfranco20@
hotmail.com

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ANAIS X SIMPAC 647

instrumento normativo coletivamente negociado. Diante dessa


novidade legislativa, foi realizada uma análise crítica em que se
procurou destacar a discriminação que o comando normativo pode
fomentar entre empregados, além de criar uma falaciosa impressão
que o trabalhador qualificado e com uma média de onze salários
mínimos encontra-se em situação de paridade jurídica com o
empregador.

Material e Métodos

A pesquisa valeu-se de fontes secundárias de investigação para


analisar a razoabilidade e a efetividade do comando legal previsto
no parágrafo único, do art. 444, da CLT. Assim, realizou uma
interpretação interdisciplinar, de cunho humanística e social, com
fulcro nos princípios constitucionais, para ressaltar que os critérios
objetivos estabelecidos no citado dispositivo não correspondem
à realidade vivenciada pelo trabalhador no mercado de trabalho.
Diante disso, este estudo deduziu que uma interpretação gramatical
e literalista do parágrafo único, do art. 444, da CLT não pode ser a
técnica de Hermenêutica Jurídica adotada pelos juristas.

Resultados e Discussão

O caput do art. 444 da CLT (BRASIL, 1943, online) determina


que “as relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre
estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha
às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que
lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes”.
Tal comando desvela a atuação do princípio da autonomia da
vontade relativizado em função da discrepância jurídica existente
entre os sujeitos da relação de emprego. Por ser o empregado a parte
hipossuficiente do contrato, o ordenamento trabalhista deve tutelá-
lo para impedir a renúncia de direitos ou transação lesiva.
O texto celetista consente aos obreiros a livre estipulação do
contrato desde que não seja contrária e desfavorável às normas e às
decisões que lhes venham proteger. Como destaca Garcia (2017, p.

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648 ANAIS X SIMPAC

406), “isso significa que os direitos trabalhistas, objeto de tutela legal,


em princípio, não podem ser estipulados de forma menos benéfica ao
trabalhador, na contratação individual com o empregador. Pacto
individual com o empregado, neste sentido, será nulo de pleno
direito, sem qualquer validade”. Assim, a mitigação do princípio da
autonomia da vontade tem como intuito resguardar o empregado e
garantir que todos os demais princípios norteadores do Direito do
Trabalho sejam atendidos para se ter uma relação equilibrada entre
o detentor do capital e o prestador de serviços. Nesse sentido, assevera
Delgado (2017, p. 881) que “a larga proteção aos obreiros manifesta-
se nos princípios justrabalhistas, alguns inclusive absorvidos pela
legislação heterônoma estatal, conferindo, em seu conjunto, a marca
distintiva do Direito do Trabalho perante outros ramos jurídicos
privados próximos”.
Todavia, tese avessa aos fundamentos anteriormente expostos
é apresentada pela Lei nº. 13.467/17 (BRASIL, 2017), ao inserir
o parágrafo único no art. 444 da CLT. O dispositivo preleciona
que a livre estipulação transcende aos quinze incisos elencados
no art. 611-A da CLT (BRASIL, 2017), “com a mesma eficácia
legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de
empregado portador de diploma de nível superior e que perceba
salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social” (BRASIL, 2017,
online). Diante de tal incremento, o legislador permite acordos
individuais multidimensionais e presume, de forma desarrazoada e
desproporcional, que a classe trabalhadora, diplomada e com salário
igual ou superior ao dobro do teto dos benefícios previdenciários,
não se encontra em situação de dependência perante o tomador de
serviços e, por isso, tem condições de impor suas vontades (DELGADO
e DELGADO, 2017).
O caput do art. 444 da CLT (BRASIL, 1943) representa o
comando central e vinculador delineado pelo legislador. O fragmento
do artigo deve estar subordinado ao caput e se harmonizar com ele
(SANTOS, 2007), mas em total desacerto com as regras científicas
de hermenêutica, o parágrafo único do art. 444, da CLT (BRASIL,
2017) não apresenta um complemento ou uma exceção ao caput.

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ANAIS X SIMPAC 649

Este é desconstruído por aquele ao permitir a desregulamentação


do Direito do Trabalho e a criação de uma falaciosa categoria de
empregados hipersuficientes com base em dois parâmetros: a mera
formação da classe obreira em curso superior e a percepção do
salário acima dos padrões brasileiros.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2017), estima-se que o maior rendimento
nominal da população no Brasil, per capita e mensal, corresponde
a R$ 2.548,00 e se refere ao Distrito Federal. No Sudeste, a renda
varia de R$ 1.224,00 a R$ 1.712,00 (IBGE, 2017). Dessa forma, quem
aufere salário igual ou superior ao dobro do teto do maior benefício
pago pela Previdência Social, hoje equivalente a R$ 11.291,60
(INSS, 2018), está bem acima da média nacional. Ainda assim, não
condiz com um trabalhador de alto escalão das grandes empresas ou
multinacionais possuidores de amplos poderes diretivos e de gestão.
Este percebe salários significativamente mais elevados e consegue
facilmente barganhar direitos perante o seu chefe.
Note-se que a Reforma Trabalhista permite “a possibilidade
de o empregador estipular cláusulas contratuais ou cláusulas de
seu regulamento interno gravemente desfavoráveis a um segmento
estratificado de seus empregados” (DELGADO e DELGADO, 2017,
p. 158) que não são necessariamente hipersuficientes. Na realidade,
o texto do parágrafo único, do art. 444, da CLT (BRASIL, 2017) dá
ensejo à submissão da classe profissional às vontades do empregador
para manter seu ganho, afinal, pertence a um patamar privilegiado
de brasileiros por ter oportunidade de estudo e um salário superior
à maioria. Fomenta, também, a discriminação entre trabalhadores
e o temor do desemprego se não ceder às propostas de alterações
contratuais desvantajosas ou a tratamento inferior em relação aos
demais colegas de trabalho.
Em suma, o valor do salário do empregado não exclui a
subordinação jurídica do empregado ao patrão.  O estado de
vulnerabilidade permanece independentemente do valor auferido
pelo trabalhador. Ao entender que essa classe de empregados criada
pelo parágrafo único, do artigo 444, da CLT pode dispor livremente
dos seus direitos, o legislador nega a assincronia socioeconômica

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650 ANAIS X SIMPAC

e de poder entre os sujeitos da relação de emprego. Imposições


patronais ou transações que importem em prejuízos ao trabalhador
não podem sobrepor a normativa decorrente dos princípios da
Proteção, da norma mais favorável, da inalterabilidade contratual
lesiva, da indisponibilidade dos direitos trabalhistas, dentre outros.
Enfim, são comandos jurídicos justificadores da existência do Direito
do Trabalho, bem como da valorização do labor humano, que não
devem ser ignorados no cenário econômico brasileiro marcado pela
recessão e escassez de ofertas de emprego.
Apreender e reproduzir o conteúdo de uma norma não é
uma tarefa simples para o aplicador do Direito. Obviamente que o
exame das palavras que compõem o texto legal representa o ponto
de partida e não pode ser dispensado. Contudo, não é possível se
limitar ao método gramatical, em especial, quando a essência da
norma for de origem trabalhista. Os princípios norteadores do
Direito do Trabalho não são apenas um parâmetro idealístico. São
normas de tutela ao trabalhador e sugestivas de uma interpretação
em conformidade com a Constituição. Portanto, quando se analisa
relações jus trabalhistas não há como suprimir ou reduzir direitos
já sedimentados. Ampliar o poder hierárquico do empregador
para fragilizar, ainda mais, a classe obreira afronta uma gama
de princípios constitucionais que normas infraconstitucionais não
podem transpor.
A ordem jurídica trabalhista precisa se harmonizar ao
sistema constitucional. O processo lógico, sistemático e finalístico
deve ser utilizado pelos operadores do Direito a fim de agregar
os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da
valorização do trabalho e do emprego, do bem-estar individual e
social, da não discriminação, da proporcionalidade e razoabilidade,
da vedação ao retrocesso social, dentre outros de grande impacto
na área laborativa (DELGADO e DELGADO, 2017). Como se não
bastasse, também não há respaldo para se interpretar o parágrafo
único, do artigo 444, da CLT (BRASIL, 2017) perante um sistema
jurídico constitucional que expressamente proíbe, no art. 7º, XXXII
(BRASIL, 1988), a distinção entre o trabalho manual, técnico e
intelectual ou entre profissionais respectivos.

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ANAIS X SIMPAC 651

Por enquanto, resta aguardar o despontar de uma sólida


jurisprudência sensível à realidade vivenciada pelo trabalhador,
agregadora das diversas técnicas de hermenêutica jurídica e
validadora das garantias e direitos trabalhistas conquistados pelos
trabalhadores.

Considerações Finais

O empregado com curso superior e razoável salário não


pode perder a tutela protetiva das normas trabalhistas. Ele não
se confunde com um alto executivo, que possui amplos poderes de
mando e gestão, com ganhos milionários e proeminência perante o
empregador. Afinal, este não é necessariamente o perfil de quem
tem curso superior e ganha pelo menos duas vezes o valor do maior
benefício pago pelo INSS. Cabe ao intérprete agir com extrema
cautela para dar efetividade à novidade legal do parágrafo único, do
art. 444 da CLT, sob pena de mitigar a principiologia humanística
do Direito do Trabalho.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, 1º de maio


de 1943. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 26 fev. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
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fev. 2018.

BRASIL. Lei n° 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação


das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1º de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974,
8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim
de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/

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652 ANAIS X SIMPAC

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DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho.16. ed. São


Paulo: LTr, 2017.

DELGADO, M. G; DELGADO, G. N. A reforma trabalhista no


Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo:
LTr, 2017.

GARCIA, G. F. B. Curso de direito do trabalho. 11ª ed. Rio de


Janeiro: Forense, 2017.

IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e


Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua - PNAD Contínua - 2017. Disponível em: <http: ftp://
ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_
Amostra_de_Domicilios_continua/Renda_domiciliar_per_capita/
Renda_domiciliar_per_capita_2017.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2018.

INSS. Teto previdenciário. Disponível em: <https://www.inss.


gov.br/indice-de-reajuste-para-segurados-que-recebem-acima-do-
minimo-e-de-207-em-2018/>. Acesso em: 10 mar. 2018.
SANTOS, A. M. Breve introdução às regras científicas de
hermenêutica. In: Revista Judiciaria do Paraná. v. Especial,
nov. 2007, p. 08-42. Curitiba: AMAPAR, 2007. Disponível em: <
http://www.amapar.com.br/images/stories/RevJudiciaria50Anos.
pdf>. Acesso em: 12 mar. 2018.

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ANAIS X SIMPAC 653

IMAGENS SENTINEL-2 E ALOS PALSAR PARA


OBTENÇÃO DO NDVI DA CULTURA DO CAFÉ EM DUAS
CONDIÇÕES DE ALTITUDE

Humberto Paiva Fonseca1, Williams Pinto Marques Ferreira2,


Carolina Jaramillo3, Adalto L. L. de Sousa Machado4

Resumo: A cafeicultura brasileira é uma das atividades agrícolas


mais importantes. Dessa forma, faz-se necessário estudos cada vez
mais aprofundados e incorporando cada vez mais novas tecnologias.
Nesse sentido, uma alternativa viável é a utilização das imagens
de satélite. Com o presente estudo teve-se por objetivo analisar as
diferenças encontradas entre duas variações de altitudes, dentro
de um mesmo talhão de café, para os valores de NDVI. Foram
utilizadas 6 imagens orbitais em datas diferentes, na ausência
de nuvens, do satélite Sentinel-2 e uma imagem ALOS PALSAR.
A partir das Imagens ALOS PALSAR foi feita delimitação do
talhão em dois seguimentos: acima de 727 metros de altitude (TA)
e abaixo de 727 metros de altitude (TB). Com as 6 imagens orbitais
Sentinel-2 foram gerados o NDVI para ambos tratamentos TA e TB.
Como resultados identificou-se que, em sua maioria, os tratamentos
TB’s apresentaram outliers, e para todas as demais combinações
houveram variações significativas segundo teste de Tukey, a exceção
do TA1-TB1.

Palavras–chave: cafeicultura de montanha; monitoramento


orbital; sensoriamento remoto; satélite.

1
Graduando em Geografia – UFV (Bolsista de Iniciação Científica) – e-mail: humbertopfonseca@gmail.
com
2
Pesquisador EMBRAPA/EPAMIG – e-mail: williams.ferreira@embrapa.br
3
Pesquisadora visitante EPAMIG - e-mail: cuduyari@gmail.com
Graduando em Engenharia Agrícola e Ambiental – UFV (Bolsista de Iniciação Científica) - e-mail:
adalto.machado@ufv.br
4
Graduando em Engenharia Agrícola e Ambiental – UFV (Bolsista de Iniciação Científica) - e-mail:
adalto.machado@ufv.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


654 ANAIS X SIMPAC

Introdução

É necessário cada vez mais o monitoramento da cultura do café,


pois essa cultura movimenta anualmente no Brasil aproximadamente
US$ 2 bilhões (CONSELHO DOS EXPORTADORES DE CAFÉ DO
BRASIL, 2017). Segundo Zaidan et al. (2017) altitudes entre 600 e
1.200 metros apresentam condições favoráveis ao cultivo do café, e
ganho na qualidade da bebida.
Nesse cenário, em que é preciso manter um monitoramento
constante das culturas agrícolas, uma alternativa viável é a
utilização do uso de geotecnologia, dentre as quais destaca-se o uso
das imagens de satélite. Os satélites de monitoramento espaço-
temporal existem desde a década de 1970, e nesses 48 anos houve
grande desenvolvimento dessa tecnologia.
O desenvolvimento tecnológico gerou grandes frutos,
sendo que na atualidade existem dois grandes expoentes na área
de sensoriamento remoto, sendo eles, o satélite óptico imageador
Sentinel-2 e as imagens de modelos digitais de elevação ALOS
PALSAR.
Ambos os satélites apresentam grandes possibilidades de
uso junto a cafeicultura brasileira. Assim, por meio do presente
estudo buscou-se analisar as diferenças encontradas para os valores
de Normalized Difference Vegetation Index (NDVI) entre duas
altitudes discrepantes, dentro de um mesmo talhão de café.

Material e Métodos

Localizada na região cafeeira das Matas de Minas, Estado de


Minas Gerais - Brasil, as coordenadas geográficas da propriedade
estudada são 20°48’15.25”S e 42°58’58.45”O. A propriedade
apresenta 21 variedades de Café Arábica distribuídos em 40 hectares
à altitude média de 740 metros, sendo utilizada a variedade Rubi
MG 1192 para o presente trabalho.
Foram consideradas 6 imagens orbitais obtidas em datas
diferentes, na ausência de nuvens, a partir do satélite Sentinel-2
com ground sample distance (GSD) de 10 metros, além do modelo
digital de elevação ALOS PALSAR com GSD de 12,5 metros. Foram
também utilizados três softwares, sendo dois imageadores (ArcGis

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ANAIS X SIMPAC 655

10.3 e SNAP 5.0) e um estático (Past3).


A partir das imagens ALOS PALSAR foram delimitados os
pixels referentes ao talhão estudado, sendo feita a delimitação do
talhão em dois seguimentos, acima de 727 metros de altitude (TA) e
abaixo de 727 metros de altitude (TB). Em seguida foram geradas
curvas de nível a fim de facilitar a visualização do talhão com os
diferentes valores de NDVI.
As imagens obtidas a partir do Sentinel-2 foram submetidas
a correção atmosférica, e após esse procedimento foram gerados os
valores referentes ao Índice de Vegetação da Diferença Normalizada
(NDVI em inglês), sendo posteriormente multiplicado por 10.000
facilitar a observação dos dados. Foi atribuído um valor numérico a
cada pixel tendo como referência sua localização espacial (Figura 1),
e em seguida os valores foram divididos em dois seguimentos, pixels
nas altitudes de 727 a 751 (TA) e abaixo 703 a 727 metros (TB), para
todas as 6 imagens consideradas.

Figura 1. Etapas da classificação do talhão referente a normalização


das imagnes: a esquerda os pixels referentes ao talhão, ao centro a
numeração de cada pixel, e a direita as curvas de nível referentes .
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
656 ANAIS X SIMPAC

Após a obtenção dos valores dos pixels referentes ao NDVI, foi


utilizada a análise de variância para cada conjunto de altitudes (TA
e TB). Os dados foram analisados como delineamento inteiramente
casualizado. Foi também realizada a análise descritiva do NDVI
para as diferentes fases fenológicas.

Resultados e Discussão

O índice NDVI, sob duas condições diferentes de altitude


para avariedade Rubi MG 1192 oscilou em intervalos adequados
(0,40 a 0,90) indicando que a superfície amostrada corresponde ao
cafezal. Por meio da Figura 1 são apresentados, para um mesmo
talhão, os dados referentes ao NDVI nas altitudes de 727 a 751
metros (TA) e 703 a 727 metros (TB) (Figura 2).

(a)
(b)
Figura 2. Gráfico tipo Boxplot: (a) NDVI (multiplicado por 10.000)
das altitudes 727 a 751 metros; (b) NDVI (multiplicado por 10.000)
das altitudes 703 a 727 metros.

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ANAIS X SIMPAC 657

Os tratamentos TA1 e TB1 apresentaram outliers, e com


base no teste de Tukey com (nível de significância de 5%) não houve
variação significativa entre os tratamentos. Para todas as demais
combinações de tratamentos (TA2 e TB2; TA3 e TB3; TA4 e TB4; TA5
e TB5) houveram variações significativas segundo teste de Tukey.
Tal resultado significa que os pixels referentes as altitudes entre
727 e 751 metros apresentaram valores de NDVI estatisticamente
superiores aos pixels encontrados nas altitudes de 703 a 727 metros.
Em sua maioria, os tratamentos TB’s apresentaram outliers,
a exceção do TB4, que não apresentou valores discrepantes, os quais
podem significar algum tipo de interferência nos pixels analisados,
tais como áreas descobertas ou arruamentos entre talhões, fato que
provoca redução nos valores de NDVI.

Considerações Finais

Considerando a alta resolução das imagens do Sentinel-2,


e do ALOS PALSAR, foi possível a obtenção de pontos amostrais
representativos para o monitoramento ao nível do talhão de café
considerado. Entre os tratamentos o NDVI diferiu significativamente,
sendo os seus valores capazes de caracterizar as diferenças de
altitude dentro de um mesmo talhão.

Agradecimentos

À FAPEMIG pelo suporte financeiro, e a EPAMIG pelo apoio


técnico e logístico.

Referências Bibliográficas

DRUSCH, M; BELLO, U. D; CARLIER, S; COLIN, O; FERNANDEZ,


V; GASCON, F; HOERSCH, B; ISOLA, C.; LABERINTI, C;
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658 ANAIS X SIMPAC

ZAIDAN, U.R; CORRÊA, P.C; FERREIRA, W.P; CECON, P.R.


Ambiente e variedades influenciam a qualidade de cafés das matas
de minas. Coffee Science - v.12, n.2, 2017 [15]. 2017.

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ANAIS X SIMPAC 659

CRIOTERAPIA: UMA REVISÃO GLOBAL DE SEUS


EFEITOS E APLICAÇÕES

Igor Antonucci Pimenta1, Ramon Repolês de Souza2

Resumo: Devido constantes dúvidas e controvérsias sobre o uso


da crioterapia e seus efeitos, o presente artigo de revisão se faz
necessário apresentando uma análise geral condensada sobre a
técnica, formas de aplicação e seus efeitos positivos e negativos.
Foram lidos e estudados 6 (seis) artigos científicos localizados por
pesquisa nos sites Scielo, Lilacs e Google Acadêmico. Houve a coleta
de dados importantes a respeito da eficácia positiva da crioterapia
na redução do quadro álgico, redução de espasmos pós-AVC e
regeneração de fibras nervosas. Efeitos negativos como diminuição
da condução nervosa eferente também foram confirmados por 2
(dois) trabalhos estudados. Assim, não é possível concluir se essa
termoterapia é positiva ou negativa, tudo dependerá da situação
clínica do paciente, onde o fisioterapeuta juntamente com a equipe
multiprofissional poderão avaliar se de fato a crioterapia irá se
encaixar a determinado indivíduo e desta forma, aplicar as medidas
terapêuticas que julguem ser corretas.

Palavras–chave: Fisioterapia, gelo, hipotermia induzida,


termoterapia.

Introdução

A crioterapia trata-se de uma técnica em que há a utilização


de gelo com o intutito de causar hipotermia no tecido e assim permi-
tir o combate de dores, edemas e inflamações (FREIRE et al., 2015),
sendo portanto uma possível medida não farmacológico para o alívio
de diversos sinais e sintomas.
No momento da utilização do gelo é possível obter diferentes
1
Graduando em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: igorantonucci@gmail.com
2
Docente do Curso de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: ramon@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


660 ANAIS X SIMPAC

atividades frente ao local onde ocorrerá a aplicação. Caso não haja


lesões, o gelo irá agir imediatamente causando a diminuição da dor,
entretanto caso observe-se lesões o gelo agirá primariamente dimi-
nuindo o dano tecidual (MOREIRA et al., 2011).
Esse tipo de terapia já é amplamente utilizado nos dias atu-
ais, assim, é necessário enfatizar que diversos profissionais de saúde
podem fazer uso da crioterapia para fins terapêuticos, contudo, na
realização dessa técnica o profissional fisioterapeuta pode assumir
papel de protagonismo já que está capacitado para o mesmo. Entre-
tanto, o uso caseiro dessa termoterapia tem tornando-se popular, o
que pode trazer preocupações uma vez que, os efeitos apresentados
pela utilização dessa técnica ainda são controversos onde estudos
demonstram efeitos positivos e negativos em relação ao seu uso
(MOREIRA et al., 2011; FREIRE et al., 2015; KARVAT et al., 2018)
Desta forma, o presente estudo teve como objetivo fazer uma
revisão bibliográfica do tipo narrativa acerca da crioterapia, res-
saltando seus efeitos positivos e negativos, assim como algumas de
suas possíveis aplicações.

Material e Métodos

Delineamento do estudo e fontes de informação

O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica do


tipo narrativa, onde os artigos foram recuperados a partir das bases
de dados: Lilacs (Centro América Latina e Caribe em Ciências da
Saúde), Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e Google Acadê-
mico, utilizando as seguintes palavras-chaves e descritores: “criote-
rapia”, “fisioterapia”, “termoterapia” e “gelo”.

Critérios de Inclusão e exclusão e seleção de estudo

Foram incluídos estudos que trouxessem informações impor-


tantes sobre as características da crioterapia, destacando-se princi-
palmente o tempo, temperatura, meio de aplicação, efeitos positivos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 661

e efeitos negativos. Estudos que não trouxeram informações rele-


vantes sobre a temática proposta foram excluídos.

Recuperação e Seleção dos estudos

Foram recuperados e analisados por completo, 10 artigos.


Após a análise 4 destes foram excluídos: 1 por conter resultados in-
conclusivos e 3 devido regras internas do Simpac, portanto somente
6 artigos foram utilizados para construção dos resultados.

Resultados e Discussão

Em relação ao tempo em que o crioterápico deve ficar em con-


tato com a região corporal, os resultados apresentaram-se bastante
discrepantes, uma vez que, alguns autores concordam que deve ha-
ver a aplicação de até 20 minutos (MOREIRA et al., 2011; ALONSO
et al., 2013; SILVA et al., 2007) enquanto outros acreditam que a
hipotermia pode ser alcança com apenas 1 a 10 minutos de aplica-
ção (FREIRE et al., 2015; CORREIA et al., 2010). Tal divergência
nos resultados pode ser justificada, devido a o tipo da metodologia
utilizada para aplicação, assim como o tamanho da área na qual
será aplicada.
A temperatura, por sua vez, trata-se de outro parâmetro im-
portante que deve ser avaliado, onde foi observado que em todos
os estudos analisados os autores apresentaram como temperatura
utilizada 5 ºC, exceto no estudo de Freire et al., (2015) que optaram
por usar a temperatura de 10 ºC.
Em relação à forma de aplicação, maior parte dos estudos
analisados utilizaram crioterapia por imersão em água com gelo,
uma vez que, se apresenta mais eficaz, devido a maior superfície
de contato e rapidez com a qual a hipotermia terapêutica pode ser
atingida (KARVAT et al., 2018; MOREIRA et al., 2011; ALONSO et
al., 2013; FREIRE et al., 2015). Enquanto que Silva et al., (2007) e
Correia et al., (2010) optaram pela aplicação de gelo, propriamente
dita, e crioestimulação de aplicação rápida e contínua, respectiva-
mente.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


662 ANAIS X SIMPAC

Dentre os efeitos positivos advindos da crioterapia a maior


parte dos estudos afirmar conseguir comprovar a analgesia, exceto
Correia et al., (2010) e Freire et al., (2015) cujos trabalhos não tinha
qualquer relação com o alívio desse sintoma. Em relação ao edema,
somente Moreira et al., (2011) propôs a avaliação desse sintoma
pós uso de crioterapia, onde constatou eficácia. Enquanto que em
relação a espasticidade um único estudo comprovou a redução desse
sintoma a partir do uso dessa termoterapia, em pacientes pós-AVE
com faixas etárias que variaram entre 63 a 84 anos de idade (COR-
REIA et al., 2010). Todavia, uma discreta regeneração de fibras e
diminuição de processo inflamatório foi observada em modelos ani-
mais (ratos Wistar) que sofreram compressão no nervo isquiático
(KARVAT et al., 2018).
Contudo, desvantagens consideráveis podem ser observa-
das, a exemplo, da diminuição do desempenho físico que é notada-
mente presente após sessão de crioterapia. Tal ocorrência pode ser
justificada pela diminuição da sensibilidade do fuso, ocasionando,
por sua vez, em déficit da capacidade contrátil muscular (FREIRE
et al., 2015; ALONSO et al., 2013).
Os autores supracitados ainda observaram em suas pesqui-
sas que houve significativa lentidão na condução nervosa eferente
que pode ser explicada a partir não só de possíveis alterações estru-
turais na membrana de axônios, mas também por causar alterações
em canais de sódio e potássio, o que pode agir como contribuinte
para a redução da atividade dessas células nervosas (FREIRE et
al., 2015; ALONSO et al., 2013). Outras importantes desvantagens
como a piora do equilíbrio estático e efeitos deletérios em nervosos
superficiais não foram comprovadas (FREIRE et al., 2015; KAR-
VAT et al., 2018).

Conclusões

A eficiência da crioterapia em relação à analgesia, diminui-


ção de edema e inflamações é comprovada, entretanto dependerá
diretamente da técnica de aplicação utilizada, o tempo em contato
com a pele e sua extensão. Necessitando, portanto, de mais estudos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 663

para que se possa haver padronizações que busquem atender as


diferentes necessidades do paciente. Contudo, desvantagens foram
observadas destacando-se principalmente a diminuição da contra-
ção muscular e a lentificação da condução nervosa aferente.
Assim, não é possível concluir se essa termoterapia é posi-
tiva ou negativa, tudo dependerá da situação clínica do paciente,
onde o fisioterapeuta juntamente com a equipe multiprofissional
poderá avaliar se de fato a crioterapia irá se encaixar a determi-
nado indivíduo e desta forma, aplicar as medidas terapêuticas que
julguem ser corretas.

Referências Bibliográficas

ALONSO, C. S. et al. Efeito da crioterapia na resposta eletromio-


gráfica dos músculos tibial anterior, fibular longo e gastrocnemio
lateral de atletas após o movimento de inversão do tornozelo. Fisio-
terapia e Pesquisa, São Paulo, v.20, n.4, p.316-321, out/dez. 2013.

CORREIA, A. C. S. et al. Crioterapia e cinesioterapia no membro


superior espástico no acidente vascular cerebral. Fisioterapia em
Movimento, Curitiba, v. 23, n. 4, p. 555-563, out/dez. 2010.

FREIRE, T. R. et al. Análise do desempenho físico e do equilíbrio


sob influência da crioterapia em atletas de futsal. Revista Brasi-
leira de Medicina do Esporte, São Paulo, v.21, n.6,p.480-484,
nov/dez. 2015.

KARVAT, J. et al. Crioterapia em modelo de compressão do nervo


isquiático análise funcional e morfológica. Revista Brasileira de
Medicina do Esporte, São Paulo, v.24, n.1, p.54-59, jan/fev. 2018.
MOREIRA, N. B. et al. A influência da crioterapia na dor e edema
induzidos por sinovite experimental. Fisioterapia e Pesquisa,
São Paulo, v.18, n.1, p. 79-83, jan/mar. 2011

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


664 ANAIS X SIMPAC

SILVA, A. L. P. et al. Estudo comparativo entre a aplicação de cri-


oterapia, cinesioterapia e ondas curtas no tratamento da osteoar-
trite de joelho. Acta ortopédica brasileira, São Paulo, v. 15, n.4,
p.204-209. 2007.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 665

ENTRÓPIO EM FELINO – RELATO DE CASO

Sarah Henriques Pedretti1, Inaê Ferreira Magalhães2,


Dayana Alersa Conceição Ferreira Ermita3, Waleska de
Melo Ferreira Dantas4, Tatiana Borges de Carvalho5

Resumo: O entrópio consiste na inversão ou dobra das pálpebras,


onde os cílios atritam constantemente com a córnea, levando ao
desconforto ocular, epífora, blefaroespasmo, ceratite ulcerativa,
dentre outros sinais. Os felinos são menos frequentemente acometidos
por este distúrbio, quando comparados aos cães, sendo então esta
patologia pouco relatada nessa espécie na literatura. O presente
relato descreve o caso de um felino, macho, de aproximadamente um
ano e seis meses de idade apresentando epífora bilateral. Após exame
físico, o mesmo foi diagnosticado com entrópio inferior bilateral,
sendo então encaminhado à cirurgia. A correção cirúrgica foi
através da técnica de Hotz Celsus, sendo a recuperação sem maiores
complicações. O procedimento cirúrgico foi eficaz na correção da
inversão palpebral, e pode ser indicado para a correção de entrópio
inferior em felinos.

Palavras-chave: Cirurgia, gatos, pálpebra, úlcera de córnea.

Introdução

O entrópio é um distúrbio caracterizado pela inversão


palpebral ocasionando irritação do globo ocular pelo atrito dos cílios
com a córnea e a conjuntiva (BASHER, 2007) e de acordo com White
1
Ex. Graduanda em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: sarah.1995@hotmail.com
2
Aluna de graduação do curso de Medicina Veterinária –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
inaemagalhaes@outlook.com
3
Discente do Programa de Doutorado – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: dayana.alersa@gmail.
com
4
Professora do curso de Medicina Veterinária –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: wafedantas@yahoo.
com.br
5
Professora orientadora do curso de Medicina Veterinária - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
tatianabcarvalho@yahoo.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


666 ANAIS X SIMPAC

et al. (2011), pode ser classificado em primário e secundário, sendo


este último subdividido em espástico e cicatricial. O entrópio primário
pode ocorrer devido a uma série de alterações como anormalidades
do desenvolvimento anatômico do tarso, o tamanho do globo ocular
e seu posicionamento na órbita, o comprimento da fissura palpebral,
do tônus do músculo orbicular e caracteríticas faciais associadas a
determinadas raças felinas como Persa e Maine Coone. O entrópio
secundário espástico está relacionado à dor ocular causada por
alterações como distriquíase, ceratite ulcerativa, conjuntivite e
ceratoconjuntivite seca. O entrópio secundário cicatricial ocorre
a partir da formação de uma cicatriz pós-traumática, inflamações
crônicas como conjuntivites ou cirurgias (BASHER, 2007; WHITE
et al., 2011). Deve haver uma avaliação prévia para determinar
a causa mais provável do entrópio, se congênita ou adquirida, de
forma que os fatores contribuintes sejam tratados e posteriormente
o animal possa ser encaminhado à cirurgia corretiva (BASHER,
2007).

Os sinais clínicos são diversos e incluem epífora,


blefarospasmo, fotofobia, conjuntivite e ceratite, acompanhada por
vezes de ulceração corneana, podendo haver a presença de corrimento
ocular purulento, em casos de contaminação bacteriana secundária,
portanto, os sinais podem variar entre indivíduos (BASHER, 2007).
Pode haver também vascularização e pigmentação corneana, além
de umidade e descoloração da pele da pálpébra. O diagnóstico
é dado a partir dos sinais clínicos e exame físico (SERRANO e
RODRIGUES, 2013).

Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de entrópio,


em felino atendido no Hospital Veterinário da Faculdade de Ciências
e Tecnologia de Viçosa - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.

Material e Métodos

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em


Pesquisa com Uso de Animais da Faculdade de Ciências e Tecnologia

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 667

de Viçosa – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, que atende às resoluções


do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e do
Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), com protocolo
número 163/2017- I.

Foi atendido no Hospital Veterinário da FAVIÇOSA/


UNIVIÇOSA um felino, macho, de um ano e meio de idade, pesando
4,150kg, para consulta de rotina. Durante a anamnese o proprietário
relatou a ocorrência de úlcera corneana há nove meses, sendo o animal
submetido a um longo tratamento de 2 meses, período no qual a dor
ocular foi constante, evidenciada por blefaroespasmo. O paciente foi
submetido aos exames laboratoriais pré-operatórios de hemograma
e bioquímica sérica e aferição de parâmetros fisiológicos, para
avaliação do risco anestésico-cirúrgico.

Resultados e Discussão

Durante o exame físico constatou-se epífora bilateral e


inversão de toda a extensão das pálpebras inferiores, sendo então
diagnosticado o entrópio inferior bilateral (Fig. 1). Foi realizado o
teste de fluoresceína, não sendo evidenciada a presença de úlcera de
córnea

Figura 1 - Imagem evidenciando a inversão palpebral, em toda a


extensão de ambas pálpebras inferiores (setas).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


668 ANAIS X SIMPAC

O quadro relatado evidencia um entrópio secundário espástico,


corroborando com o relato de WHITE et al. (2011), sobre a ocorrência
de doenças oculares primárias como ceratite ulcerativa causando
blefaroespasmo grave, levando ao desenvolvimento deste tipo de
entrópio. Algumas das causas de ulceração corneana são traumáticas
ou por contaminação por agentes infeciosos, como bactérias, fungos
ou vírus (LAUS E ORIÁ., 1999). Causas traumáticas no surgimento
do entrópio no quadro relatado foram descartadas devido à sua
apresentação bilateral. Uma causa provável do entrópio seria
uma infecção grave por herpesvírus felino, gerando uma úlcera
corneana primária de difícil resolução, levando ao quadro de
entrópio espástico. Não foram realizados exames complementares
para a confirmação da infecção por herpesvírus felino no animal e o
tratamento prescrito não incluiu medicamentos anti-virais

Os resultados dos exames estavam dentro dos padrões


de normalidade para a espécie, e o mesmo fora considerado
apto ao procedimento cirúrgico para a correção do entrópio. Sob
administração de medicação pré-anestésica e anestesia geral
inalatória, o animal foi posicionado em decúbito dorsal, sendo
realizada a tricotomia da região palpebral inferior bilateral seguida
da antissepsia da área tricotomizada. A técnica cirúrgica utilizada
foi a Hotz-Celsus, que consistiu em uma incisão com bisturi no
formato de “meia-lua” envolvendo todo o defeito palpebral a uma
distância de 2 a 3 mm da margem palpebral inferior, separando-se
a pele incisada com uma tesoura de íris (Fig. 2).

Figura 2 - Imagem evidenciando a ferida cirúrgica no formato de


“meia-lua”, na pálpebra inferior direita.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 669

A pele foi então suturada com fio de nylon 4.0, utilizando-se


o padrão simples separado, começando na região média da incisão
e lateralizando-se os nós. Como medicação pós-operatória prescrito
foi cetoprofeno (1 mg/kg), por via oral, 4 gotas, a cada 24 horas pelo
período de 3 dias e pomada oftalmológica a base de cloranfenicol
sobre a ferida, a cada 8 horas por 7 dias, além do uso do colar
elizabetano.

De acordo com Caplan e Yu Speight (2014), a técnica de


Hotz-Celsus é amplamente utilizada no tratamento do entrópio,
oferecendo bons resultados. Deve ocorrer um leve ectrópio cicatricial
no pós-operatório imediato e após uma semana, a margem palpebral
se encontrará posicionada adequadamente sobre a superfície ocular
(WILLIANS E KIM, 2009).

No presente caso, a intervenção cirúrgica foi realizada com


a retirada de quantidade de pele suficiente, não necessitando de
nova blefaroplastia e não causando um quadro de ectrópio tardio,
concordando com Basher (2007), que relata bons resultados na
correção de entrópio pela técnica de Hotz-Celsus, podendo essa
técnica ser utilizada tanto nas pálpebras superiores quanto
inferiores. Aos 10 dias de pós-operatório o animal apresentava bom
estado geral, ferida cirúrgica cicatrizada, sem edema, sem sinais
de infecção e então foi realizada a retirada dos pontos. As duas
pálpebras não apresentavam ectrópio cicatricial no pós-operatório
tardio (11 meses após a correção), evidenciando assim o sucesso do
procedimento.

Considerações Finais

O entrópio apesar de ser uma afecção comum em cães,


não é comumente relatado em gatos e existem poucos estudos
sobre o assunto nesta espécie. Condições secundárias a irritações
corneanas podem levar ao quadro de entrópio na espécie felina. A
técnica Hotz Celsus, é a principal técnica utilizada para a correção
cirúrgica de entrópio e, mostrou-se eficiente para o caso relatado.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


670 ANAIS X SIMPAC

Valendo ressaltar que é sempre importante avaliar a quantidade de


tecido a ser retirado, a fim de não levar à ocorrência de um ectrópio
cicatricial no pós-operatório tardio.

Referências Bibliográficas

ASHER, T; SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais.


Cap. 87 in: SLATTER, D. Manual de Oftalmologia Veterinária.
3.ed. Barueri, SP: Manole, 2007. 2714 p.

CAPLAN E. R.; YU-SPEIGHT A. Princípios e técnicas gerais:


Doenças específicas. In: Welch T.; FOSSUM. Cirurgia de pequenos
animais. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. p. 289-324.

LAUS, J. L; ORlÁ, A. P. Doenças corneanas em pequenos animais.


Revista de Educação Continuada do CRMV-SP. / Continuous
Education Journal CRMVSP.São Paulo, volume 2, fascículo I. p. 26
- 33, 1999

SERRANO, C. RODRIGUEZ, J. Nonsutured Hotz-Celsus technique


performed by CO 2 lasers in two dogs and two cats. Veterinary
ophthalmology, Espanha, v.17, n.3, p.228-232, 2013

WHITE, S. J.; GRUNDON A. R. A.; HARDMAN C.; O’REILLY, A.


G STANLEY, R. Surgical management and outcome of lower eyelid
entropion in 124 cats. Veterinary ophthalmology, Austrália, v.15,
n.4, p.231-235, 2011.

WILLIAMS D. L.; KIM J. Y. Feline entropion: a case series of


50 affected animals (2003-2008). Veterinary Ophthalmology,
Cambridge, v.12, n.4, p.221-226, 2009.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 671

DOENÇA INFLAMATÓRIA EM INTESTINO GROSSO DE


CÃO - RELATO DE CASO

Inaê Ferreira Magalhâes1, Higor Favalessa Fracalossi Marques2,


Gustavo Carvalho Cobucci3

Resumo: A doença inflamatória de intestino grosso é uma doença


crônica e idiopática caracterizada pela infiltração difusa de células
inflamatórias na mucosa do cólon e, algumas vezes, na submucosa.
Pode causar diarreia, cólicas, hematoquezia, flatulência e vômito
nos animais acometidos. O diagnóstico é feito através de avaliação
histopatológica de fragmentos de mucosa e submucosa coletados
por colonoscopia ou laparotomia exploratória. O objetivo deste
trabalho foi relatar o caso de um cão, fêmea, sem raça definida,
3 anos de idade, com episódios de cólicas e diarreia em pequenos
volumes, várias vezes ao dia, com estrias de sangue vivo e bastante
muco, há cerca de 1 ano. O exame histopatológico dos fragmentos
do cólon revelou infiltrado de linfócitos e plasmócitos condizente
com o diagnóstico de colite erosiva linfocítica-plasmocítica de grau
leve. O tratamento constituiu-se na administração de vermífugo,
metronidazol e fornecimento de dieta rica em fibras.
Palavras-chave: Diarreia; Hematoquezia; Vômito.

Introdução

A Doença Intestinal Inflamatória (DII) é um distúrbio


crônico e idiopático, caracterizado pela inflamação generalizada da
mucosa do trato gastrointestinal e/ou submucosa com a presença de
infiltrados difusos de células inflamatórias (SHERDING, 2005).

1
Aluna de graduação do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
inaemagalhaes@outlook.com
2
Médico Veterinário – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: higorfavalessa@gmail.com
3
Professor orientador do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
gucobucci@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


672 ANAIS X SIMPAC

Segundo Sherding (2005), os fatores predisponentes incluem


fatores dietéticos, influência genética, infecções bacterianas e
fatores imunológicos e de permeabilidade de mucosa. A doença
inflamatória de intestino grosso pode apresentar inúmeros sinais
clínicos, sendo mais frequente a diarreia caracterizada pela forte
urgência para defecar, com cada defecação produzindo pequenas
quantidades de fezes contendo muco excessivo, podendo também
apresentar hematoquezia, tenesmo e vômitos.
Para cães com doença do intestino grosso que não respondem
à terapias empíricas antibacterianas ou antiparasitárias, nem
à utilização de dietas ricas em fibras, é indicado endoscopia/
colonoscopia com coleta de biópsias para a avaliação geral e
histopatológica da mucosa gastrointestinal, com o objetivo de se
chegar ao diagnóstico definitivo e caracterização acurada da doença
(WILLARD, 2015).
A Doença intestinal inflamatória requer tratamento
individual baseado no curso clinico do animal, achados laboratoriais
e histopatológicos, objetivando melhorar a condição física do animal
e diminuir a inflamação do trato intestinal.
O presente estudo teve como objetivo relatar o caso de
um paciente canino apresentando quadro compatível com doença
inflamatória de intestino grosso.

Material e Métodos

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética


em Pesquisa da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa –
FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, que atende às resoluções do Colégio
Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e do Conselho
Federal de Medicina Veterinária (CFMV), com protocolo número
334/2016-II.

Foi atendido no Hospital Veterinário da UNIVIÇOSA, setor


de Clínica Médica de Pequenos Animais, um canino, fêmea, sem
raça definida, com três anos de idade e apresentando 10,6 Kg. Na

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 673

anamnese, o proprietário relatou que o quadro clínico se iniciou há


um ano com cólicas, episódios de diarreia em pequenas quantidades,
com estrias de sangue vivo e muco, dificuldade para defecar com
tenesmo e episódios de vômito. O animal já havia sido submetido
ao tratamento para giardíase e verminose intestinal sem sucesso.
Solicitou-se exames laboratoriais hemograma, bioquímico (ureia,
creatinina, ALT, AST, FA, proteínas totais, albumina, globulina,
TSH, T4 total, T4 livre e TLI), coproparasitológico (Willis e Faust) e
de imagem ultrassonografia abdominal. Todos os exames solicitados
apresentaram-se dentro da normalidade para a espécie. Em seguida,
foi solicitado colonoscopia e análise histopatológica de fragmentos
de biópsia. A colonoscopia evidenciou colón apresentando trajeto
e calibre preservados, mucosa lisa com grau leve de hiperemia,
perda de viabilização do padrão vascular submucoso característico,
indicando espessamento da mucosa por processo inflamatório. Reto
apresentando trajeto e calibre preservados, mucosa lisa com grau
leve de hiperemia e ausência de pólipos e, ou, neocrescimentos
(fig.1).

Figura 1 – Mucosa do cólon apresentando áreas hiperêmicas e


perda do padrão vascular submucoso característico.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


674 ANAIS X SIMPAC

O diagnóstico definitivo foi realizado através do exame


histopatológico dos fragmentos de biópsia coletados por colonoscopia.
A análise revelou infiltrado de linfócitos e plasmócitos em intestino
grosso, sugerindo o diagnóstico de colite erosiva linfocítica-
plasmocítica de grau leve. Diante dos achados de anamnese, exame
físico, laboratoriais, imagem e histopatológico foi diagnosticada
colite erosiva linfocítica-plasmocítica de grau leve.
A partir do diagnóstico, prescreveu-se vermifugação por via
oral a cada 24 horas durante 3 dias, com repetição de uma dose
após 21 dias. O antibiótico metronidazol na dosagem de 15 mg/kg
por via oral, a cada 12 horas durante 10 dias também foi utilizado.
Associou-se, ao tratamento, dieta comercial rica em fibra como
única fonte de alimentação, proibindo-se petiscos e comida caseira.

Resultados e Discussão

O paciente relatado no presente caso foi diagnosticado com


colite erosiva linfocítica-plasmocítica de grau leve a partir dos
achados de histórico, anamnese, exame físico, exames laboratoriais
e de imagem e histopatológico de fragmento colônico, assim como
realizado por Craven et al (2004).
Os sinais clínicos apresentados pelo animal eram
principalmente diarreia, cólica, hematoquezia e vômitos, assim
como relatado pela literatura. Isso ocorre, pois a doença inflamatória
no intestino grosso provoca irritação ou inflamação no cólon distal
que causa a expulsão prematura e frequentemente de quantidades
pequenas de fezes que não seriam suficientes para estimular o
reflexo de defecação. A hematoquezia se origina de pontos de erosão
ou de ulceração no cólon (SHERDING, 2005).
Conforme descrito por Jergens et al (2010), o diagnostico de
DII é um diagnóstico de exclusão, sendo efetuados primeiramente
testes não invasivos para eliminar causas bacterianas, parasitárias
ou alérgicas e, em seguida, testes mais invasivos como endoscopia

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 675

e biópsia com o objetivo de se chegar ao diagnóstico definitivo. O


diagnóstico definitivo foi realizado através da colonoscopia e do
exame histopatológico do fragmento de biópsia coletado conforme
descrito por Craven et al (2004). A colonoscopia evidenciou cólon
com trajeto preservado, mucosa lisa com grau leve de hiperemia,
perda de visibilização do padrão vascular submucoso característico,
indicando espessamento da mucosa por processo inflamatório.
O animal foi medicado com vermífugo, metronidazol e dieta
rica em fibras, conforme descrito por Hall e German (2010). Como
a hipersensibilidade dietética, parasitária e os enteropatógenos
bacterianos podem causar a colite linfocítica-plasmocítica, é
conveniente instituir primeiro o tratamento para essas possibilidades
(SHERDING, 2005). O metronidazol é um fármaco comum utilizado
no tratamento da DII. Apresenta efeito antibacteriano sobre os
enteropatógenos reduzindo antígenos derivados de bactérias e
também ação antiprotozoária. Além disso, exerce efeito sobre a
imunidade mediada por células e quimiotaxia de neutrófilos (HALL
E GERMAN, 2010), justificando o uso da droga no presente caso.
O manejo dietético se mostrou eficaz no presente caso pois reduziu
a presença de alérgenos alimentares, minimizando a gravidade
dos sinais clínicos (DYER E HAMLIN, 2011). O animal descrito
apresentou melhora considerável dos sinais clínicos após o manejo
dietético adequado. A manutenção da dieta se mostrou fundamental
nesse caso, uma vez que o animal apresenta-se atualmente com a
doença bem controlada. Doze meses após iniciado o tratamento
dietético o animal encontra-se bem, sem sinais clínicos ou recidiva
da doença.

Considerações Finais
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou relatar
um caso em que o paciente foi diagnosticado com colite erosiva
linfocítica-plasmocítica de grau leve a partir de anamnese,
exame físico, exames laboratoriais e histopatológico de fragmento
colônicoos, Achados de histórico e de imagem e histopatológico

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676 ANAIS X SIMPAC

foram compatíveis com diagnóstico de doença inflamatória de


intestino grosso. Considerando os desafios, o estudo propõe uma
análise detalhada do protocolo de exclusão para obtenção de um
diagnóstico preciso com intuito de resolver ou controlar de forma
definitiva os sinais clínicos apresentados pelo paciente, permitindo
ao clínico tomar decisões corretas e proporcionar melhor qualidade
de vida ao paciente.

Referências Bibliográficas

CRAVEN, M. et al. Canine inflammatory bowel disease:


retrospective analysis of diagnosis and outcome in 80 cases (1995 –
2002). Journal of Small Animal Practice, v.45, p.336-342, 2004.

DYER, R.; HAMLIN, J. Inflammatory bowel disease in dogs and


cats. The Veterinary Nurse, v.2, n.8, p.442-451, 2011.

HALL, E.J; GERMAN A.J. Inflammatory bowel disease. In:


STEINER, J. M. Small animal gastroenterology. 7. ed. Hannover
(Germany): Schluetersche, 2010. p.312-328.

JERGENS, A.E. et al. A Scoring Index for Disease Activity in Canine


Inflammatory Bowel Disease. Journal of Veterinary Internal
Medicine, v.17, p.291-297, 2003.

SHERDING, R. G. Doenças do Intestino Grosso. In: TAMS, T. R.


Gastroenterologia de pequenos animais. 2. ed. São Paulo:
Roca, 2005. p.247-267.

WILLARD, M. D. Exames Diagnósticos para o Trato Alimentar. In:


NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos
animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. p.403-407.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 677

CULTURA DO ESTUPRO E A POSIÇÃO DA PSICOLOGIA

Isabela Soares de Freitas1, Karina de Oliveira Fialho2, Emanuelle


das Dores Figueiredo Socorro3
Resumo: O presente trabalho visa problematizar acerca da cultura
do estupro. Busca-se compreender como ela perpetua a banalização
da violência sexual contra a mulher. Apreende-se que no sistema
patriarcal, o estupro é uma forma de exercer o poder sobre a mulher,
posto que diante a esse sistema, o controle está sob a custódia do
sexo masculino. Desse modo, as mulheres nesse contexto são vistas
enquanto sujeitos desapropriados de desejo e vontades. A partir
desses pontos este trabalho tramita acerca dos motivos, aos quais
ocorre a prevalência da tolerância e naturalização desse tipo de
violência.

Palavras–chave: violência, sistema patriarcal, poder.

Introdução

Para iniciar esta discussão há necessidade de explicitar a


denominação Cultura do Estupro. Esse termo foi escolhido a fim de
contemplar práticas realizadas por diversos sujeitos dentro de um
contexto, no entanto, esse não afirma que todo sujeito, nesse caso o
sexo masculino, realize o estupro ou que todos são responsáveis por
essa fatalidade. Mas apreende-se que a cultura do machismo e da
misoginia contribui demasiadamente de diversas formas para que
esse sujeito do sexo masculino realize a prática do estupro contra a
mulher (SOUZA, 2017).
Posto isto, conforme Souza (2017) observa-se que o homem
1
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: isabelasoaresss@yahoo.com.br
2
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kharinafialho@gmail.com
3
Docente do curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: emanuellefigueiredo@yahoo.com.
br

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678 ANAIS X SIMPAC

não deve ser considerado como um doente ou um sujeito que foi


constituído desse modo, visto que esse seria responsável pelos
seus atos. O que se observa são homens em completa saúde
mental realizando esse tipo de violência, que são influenciados por
diversos dispositivos culturais. Há ainda necessidade de ressaltar
a existência de diversos tipos de violência sexual como sexo anal,
oral, masturbação, ou ainda qualquer outro tipo de prática sexual
que não possua o consentimento das duas partes e não apenas a
penetração vaginal a partir do órgão sexual masculino, que remete
a uma concepção falocêntrica. Apreende-se que há a transmissão
de determinados discursos ao longo dos tempos, o que influenciam
demasiadamente comportamentos que culminam em algum tipo de
abuso sexual, de modo que nesses discursos há a ideia de que o
poder frente ao sexual está no homem, e este pode e deve utilizar
desse fator no sujeito que quiser e no momento que desejar. Além
disso, há prevalência da culpabilidade da mulher, na qual coloca
essa enquanto responsável por se conduzir a situações de riscos
e desrespeitar as ditas condutas que lhe são implantadas desde
sua infância. Essas condutas dizem respeito às maneiras que são
transmitidas para as mulheres frente à forma de se comportar,
vestir, quais horários propícios para sair de casa dentre outros
vários do tipo, isentando assim o outro sujeito que comete a violência
contra a mulher, bem como há o discurso no qual é passado ao
homem que a mulher relata o ‘não’ frente a qualquer tipo de
atividade sexual no primeiro momento, porque foram ensinadas
a agir assim, mas que eles precisam transformar esse não em um
sim. Diante essa pequena explanação de alguns aspectos acerca da
Cultura do estupro, este trabalho possui o intuito de debater acerca
da influência de mecanismos culturais que incentivam a tal prática
sexual e como a psicologia pode auxiliar na tentativa de modificar
esses dispositivos. Desta forma, o presente trabalho possui o intuito
em problematizar a banalização da violência sexual contra a mulher
e como a cultura do estupro surge como método perpetuador desse
sistema.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 679

Material e Métodos

Parte-se do rastreamento do conceito de cultura do estupro,


salientando como esse modo se configurou ao longo da história e
como se perpetua em nossa cultura. Sendo assim, considerou-se
pertinente realizar o levantamento bibliográfico a partir de estudos
contemporâneos que contemplam um arcabouço considerável sobre
essa temática. Por conseguinte, ponderou-se ser apropriado o
levantamento bibliográfico a partir de alguns artigos, sendo eles; ‘‘A
cultura do estupro como método peverso de controle nas sociedades
patriarcais’’ (CAMPOS, 2016), ‘‘ Cultura do estupro: prática e
incitação à violência sexual contra mulheres’’ (SOUZA, 2017),
‘‘Convênções de gênero e violência sexual: A cultura do estupro no
ciberespaço’’ (ROST; VIEIRA 2015), ‘‘Violencia contra mulheres e
femininismo: em defesa de uma clínica política’’ (TIMM et al., 2011)
e ‘‘Sexismo, homofobia e outras expressões correlatas de violência:
Desafios para a psicologia política’’ (SIMIGAY, 2002).
Neles, observa-se o desenvolvimento da construção de uma
cultura na qual se banaliza a violência sexual contra a mulher,
ademais, nota-se a influência do sistema patriarcal que utiliza
desse tipo de conduta como uma forma de exercer poder sobre
a mulher. A análise dessa temática parte, portanto, de revisão
bibliográfica, delineando como a cultura do estupro é mantida,
e os atos de violência contra a mulher são naturalizados e
banalizados.

Resultados e Discussão

Desde os tempos antigos (período paleolítico), antes do


surgimento da civilização, havia a existência de relações forçadas,
no qual encontrava-se as fêmeas dos grupos, que eram identificadas
como os sujeitos que detinham uma ausência de força frente ao
macho. Observa-se também que os machos considerados mais
fracos, consequentemente, eram atacados. As causas para tal fato
não se justificam contemplando argumentos convictos ou veredictos,
uma vez que não ocorriam apenas pela ausência de fêmeas, havia

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680 ANAIS X SIMPAC

a presença da ruptura de uma lei, a quebra da vontade do outro, o


que indicava a presença do caráter perverso no ato e naquele que o
praticou, caracterizando a perversão como uma tendência a causar
dor e danos ao seu objeto sexual (CAMPOS, 2016).
Partindo desse pressuposto, a violência sexual tardou a se
tornar uma violação do direito individual, tendo em vista que o sexo
sem consentimento em tempos remotos não era considerado como
uma violência, mas sim uma violação contra a propriedade do seu
proprietário legal, transmitia-se a ideia de que se atingisse a honra
do pai, ou marido, mas nunca a da mulher, afinal a mesma não
era considerada como sujeito. Sendo assim, um crime cometido por
homens contra a propriedade de seus semelhantes, na qual sempre
colocava as intenções das mulheres enquanto algo contestável.
Observa-se que o recurso de justiça não surgia a partir de um
interesse pelo bem-estar da mulher, mas sim por questões de honra.
Após um tempo passou-se a categorizar alguns comportamentos
relacionados a violência sexual, estes começaram a ser nomeados e
o agressor começou a ser destacado nos atos (ROST, VIEIRA 2015).
Conforme assinalado por Rost e Vieira (2015) o
reconhecimento da violência sexual parece não depender apenas do
ato em si, mas contempla situações como uma análise da situação,
visto que atravessa questões de gênero, a vítima e o autor. Muitas
mulheres enfrentam dificuldades para se reconhecerem como
vítimas, pois muitas vezes são questionadas, apontadas como
responsáveis pelo episódio. Percebe-se que a violência sexual
no cenário atual é banalizada, pouco tratada na perspectiva da
criminalidade, sendo muitas vezes abordada apenas como um
momento de constrangimento; constata-se que os sujeitos estão
inseridos em uma sociedade, cuja tolerância sob a violência sexual
contra a mulher é aceitável, bem como há prevalência de legitimá-la
e incentivá-la.
De acordo com Campos (2016) em uma sociedade patriarcal
o poder está sob o sexo masculino, no direito do pai, do chefe de
família, a qual se caracteriza por uma hierarquia, onde não se

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ANAIS X SIMPAC 681

configura cooperação, mas sim uma competição. Em um modelo


patriarcal de gênero os homens subjugam as mulheres e os homens
homossexuais e é nesse modelo que atualmente se encontra a
sociedade brasileira. Diante disso, o estupro torna-se uma forma
de manutenção, perpetuação desse sistema, sendo utilizado como
método de controle. Perante a esse sistema o domínio fálico exerce
poder sobre a mulher, a qual é vista enquanto uma subalterna,
desapropriada de seus direitos, sem individualidade. Assim o estupro
é uma forma de tirar o poder, pois na relação onde há sedução sem
consentimento, a mulher pode negar-se e negar é exercer poder.
A partir do exposto, o estupro é interligado a valores e
convenções de gênero, tendo em vista a comum relação de aspectos
da moralidade feminina serem considerados em questão, quando
presentes no caso, estes o quais invalidam o sofrimento das
mulheres que se comportam de maneira que são julgadas como
não merecedoras de respeito. Consta-se que há prevalência da
percepção, no qual o sujeito do sexo feminino, aquela que possui
a nomeação de sedutora, de ser a responsável pelo estupro. Essa
percepção relaciona o ato como um desejo do homem, o qual parece
não conseguir se conter diante de tais circunstancias. (ROST,
VIEIRA 2015).
Em suma, Smigay (2002) fomenta que para a restrição da
violência de gênero, a qual está vinculada a Cultura do Estupro, não
será suficiente somente a identificação dos agressores e das vítimas,
tendo em vista que a violência de gênero está fundida de maneira
extremamente intensa e profunda na sociedade. Posto isso, consta-
se que há alguns modelos utilizados para intervenções frente a
violência, sendo elas: a teoria do trauma, na qual compreende que
a violência possui um nível demasiado catastrófico que propicia
nas vítimas graves consequências, devendo assim o sujeito receber
tratamentos de forma individualizada. Observa-se que o trauma
pode ser tão intenso devido à violência, como o caso do próprio
estupro, que pode ser ocasionado a partir de mecanismos a fim
de gerar o esquecimento do evento traumático. Assim, em um

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682 ANAIS X SIMPAC

tratamento psicoterápico deve-se utilizar técnicas apropriadas


como sonhos para a reconstrução do evento e promover assim,
devido ao suporte do tratamento amenização a todo sofrimento
causado. Há também a teoria da vitimologia, na qual dispõe que o
sujeito inconscientemente se coloca frente situações de riscos devido
uma culpa persistente internalizada, nesse modelo tanto quanto
o outro o trabalho desenvolvido recaí somente sobre a vítima que
elaborará a partir de um processo psicoterapêutico toda angústia
causada. Ademais, ainda possuindo o mesmo foco, no caso a vítima,
há a Intervenção Retificadora, cuja epistemologia compreende a
violência gerada pelo meio cultural ao sexo feminino, mas seu foco é
nesse sujeito individual. O tratamento que possui base psicanalítica
propicia o alcance do reconhecimento da posição que a mulher possui
na relação de violência, além de auxiliar na alteração dessa posição.
Diante isso Timm, Pereira e Gontijo (2011) afirmam que há
demasiadas probabilidades que o recurso terapêutico perpassando
na constituição subjetiva seria capaz de unir aspectos psicológicos e
socioculturais embutidos no elemento da violência, que por sua vez
ocasionariam a dissolução da oposição existente entre o psiquismo
e o meio cultural. Assim caberia a implementação de uma escuta
diferenciada, que não desconsidere a hierarquia de gênero, para
que devidos profissionais fornecessem um auxílio apropriado para
as vítimas de violência, nas quais se encontram as vítimas de
abuso sexual. Desenvolvendo assim um atendimento a partir da
abordagem psicoterapêutica feminista, que consiste em fornecer
um atendimento o qual considere todo o discurso abordado pela
mulher embutido em um contexto, levando em consideração todo
aparato cultural e social que faz parte da bagagem dessa mulher.
Os atendimentos oferecidos podem ser tanto do campo individual
quanto do grupal, no qual o sujeito possuirá um ambiente propicio
para relatar sobre sua angústia. Além disso, essa abordagem
feminista aponta que a cultura patriarcal afeta na constituição do
pensamento, produz sintomas e promove a manutenção da mulher
em circunstâncias de violência.

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ANAIS X SIMPAC 683

Conclusões

Como exposto, a cultura do estupro aponta sobre a


banalização da violência sexual contra a mulher, posto que apesar
de constituir um crime presente na legislação, tais atos são tolerados
em razão dessa cultura. Tal fato, justifica-se pelo fato da cultura do
estupro ser perpetuada a partir dos valores machistas propagados
pela sociedade patriarcal, na qual os sujeitos estão inseridos. Deste
modo, nota-se a necessidade de mudança na abordagem desse
assunto, visto que não é um assunto que contempla apenas vítima
e agressor, mas sim um sistema que se propaga ao longo dos anos.
Sendo assim, é preciso conceber o estupro como uma forma cruel
de exercer poder sobre a mulher, bem como atenção nos padrões de
interação de gênero os quais objetificam a mulher. Essa, necessita
ser respeitada enquanto sujeito que possui desejos e direitos.
Ademais, acrescenta-se que a psicologia se faz importante podendo
contribuir com uma clínica em a escuta considere a realidade da
hierarquia de gênero, partindo de uma abordagem feminista para
que os profissionais forneçam um auxílio apropriado.

Referências Bibliográficas

CAMPOS, A. A. A cultura do estupro como método perverso de


controle nas sociedades patriarcais. Revista Espaço Acadêmico,
v. 16, n. 183, p. 01-13, 2016.

SOUSA, R. F. Cultura do estupro: prática e incitação à violência


sexual contra mulheres. Estudos Feministas, v. 25, n. 1, p. 9-29,
2017.
ROST, M; VIEIRA, M. S. Convenções de gênero e violência sexual:
A cultura do estupro no ciberespaço//Gender and sexual violence
conventions: the rape culture in cyberspace.  Contemporanea-
Revista de Comunicação e Cultura, v. 13, n. 2, p. 261-276, 2015.

TIMM, F. B; PEREIRA, O. P; GONTIJO, D. C. Psicologia,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


684 ANAIS X SIMPAC

violência contra mulheres e feminismo: em defesa de uma clínica


política.  Revista Psicologia Política, v. 11, n. 22, p. 247-259,
2011.

VON SMIGAY, K. E. Sexismo, homofobia e outras expressões


correlatas de violência: desafios para a psicologia política. Psicologia
em Revista, v. 8, n. 11, p. 32-46, 2008.

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ANAIS X SIMPAC 685

USO EXCESSIVO DE PSICOFÁRMACOS

Isabela Soares de Freitas1, Karina de Oliveira Fialho2, Emanuelle


das Dores Figueiredo Socorro3

Resumo: O presente trabalho refere-se a um estudo acerca do uso


abusivo de psicofármacos. A recente e/ou exacerbada utilização de
psicotrópicos chama atenção de determinados órgãos, bem como de
estudiosos, uma vez que apesar de haver benefícios desses, também
há malefícios. Este trabalho possui o intuito em problematizar o
uso exarcebado de medicamentos, discutindo assim os possíveis
agravamentos e benefícios que podem ser gerados. Compreende-
se ser de infidável importância o uso de medicamentos a diversos
casos, e como esse pode contribuir demasiadamente, no entanto
observa-se como houve uma ausênsia de consciêntização e até
mesmo negligência de profissionais atuantes em órgãos públicos
frente à indicação de medicamentos a indíviduos que possuem
demandas devido conflitos psicológicos. Sendo necessário, portanto,
uma orientação e atendimento minucioso aos sujeitos, para assim
demonstrar como o medicamento pode ou não auxiliar, além de
encaminhar a outros serviços.

Palavras–chave: Medicamentos, mal-estar, prescrição.

Introdução

O presente trabalho irá se referir a problemática do uso


excessivo de medicamentos psicofármacos na atualidade. Trata-se
de medicamentos utilizados na ocorrência de transtornos mentais
e complicações psicológicas, os quais atuam no sistema nervoso
1
Graduanda em Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: isabelasoaresss@yahoo.com.br
2
Graduanda em Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kharinafialho@gmail.com
3
Docente do curso de Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: emanuellefigueiredo@yahoo.com.
br

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686 ANAIS X SIMPAC

central, variando o processo de acordo com o fármaco utilizado, ou


seja, cada medicamento atua de uma forma diferente no organismo.
Esses medicamentos são classificados de acordo com suas funções,
formando classes, como; os neurolépticos, antidepressivos,
ansiolíticos, os benzodiazepínicos e etc, sendo medicamentos
necessários e seguros, carregados de um valor terapêutico
satisfatório, podendo produzir efeitos fisiológicos específicos como
suprimir distúrbios do movimento ou evitar convulsões, induzir o
sono ou inibi-lo, estimular o apetite ou causar a sua falta. Deste
modo, os usos destes precisam ser feitos de forma correta uma vez
que estes podem causar dependência física e psíquica (CORDIOLI,
2005).
De acordo com Orlandi e Noto (2005), pesquisas realizadas pelos
órgãos internacionais, como a OMS (Organização Mundial da Saúde)
e o INCB (Internacional NarcoticsControlBoard), têm alertado
sobre o uso incontrolado e o escasso controle de medicamentos
psicotrópicos nos países em desenvolvimento. No Brasil, essa alerta
foi reforçada por estudos das décadas de 80 e 90 que mostraram
uma grave realidade relacionada ao uso de benzodiazepínicos,
dado este confirmado a partir de uma pesquisa no ano de 1999,
em dois municípios brasileiros, no qual foram analisadas um total
de 108.215 notificações e receitas especiais retidas em farmácias,
drogarias, postos de saúde e hospitais. Esse estudo indicou descuido
no preenchimento das notificações e receitas especiais e, inclusive,
indícios de falsificações, na forma de prescrições por médicos falecidos
e notificações com numeração oficial repetida. Essa realidade indica
a necessidade de uma ampla revisão no atual sistema de controle
dessas substâncias, bem como do papel dos profissionais de saúde
nesse sistema.
Ao passo que há prevalência do uso excessivo, há também
várias facetas que discutem acerca do motivo real por trás desse ato.
Conquanto seja indiscutível o benefício e a necessidade da utilização
de psicofármacos, a popularização destes medicamentos levanta
questionamentos referentes a real necessidade de sua utilização,
e suas prescrições, uma vez que, nem sempre os psicofármacos
são utilizados para transtornos mentais específicos, apresentando

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 687

grande incidência de medicamentos prescritos de forma equivocada,


além das possíveis aquisições do medicamento sem o pedido médico
(BORGES et al. 2015). Posto isso, o presente trabalho possui o intuito
em problematizar o uso exarcebado de medicamentos, discutindo
assim as possíveis consequências que são geradas.

Material e Métodos

Parte-se do rastreamento do uso abusivo de psicotrópicos,


salientando como esse se procedeu ao longo do tempo, perpassando
acerca das consequências e se houve benefícios gerados, vinculando
ainda esse uso a tentativa do ser humano afastar o mal-estar
existente em si. Sendo assim, considerou-se pertinente realizar
o levantamento bibliográfico a partir de estudos contemporâneos
que contemplam um arcabouço considerável sobre essa temática.
Por conseguinte, ponderou-se ser apropriado o levantamento
bibliográfico a partir de alguns artigos, sendo eles; “Prevalência
do uso de psicotrópicos e fatores associados na atenção primária à
saúde” (BORGES et al. 2015), “A mulher, seu médico e o psicotrópico:
redes de interfaces e a produção de subjetividade nos serviços de
saúde” (CARVALHO; DIMENSTEIN, 2003), Psicofármacos nos
transtornos mentais (CORDIOLI, 2005), “A oferta e a procura de
saúde através do medicamento: proposta de um campo de pesquisa”
(LEFÈVRE, 1987), “Uso indevido de benzodiazepínicos: um estudo
com informantes-chave no município de São Paulo” (ORLANDI;
NOTO, 2005) e “O abuso de medicamentos psicotrópicos na
contemporaneidade” (PELEGRINI, 2003).

Neles, observa-se o desenvolvimento da construção de uma


cultura, na qual se privilegia um viver sem ausência de mal-estar,
o que se resulta em buscas por tratamentos rápidos, distanciando
assim de tratamentos considerados adequados como a psicoterapia.
A análise dessa temática parte, portanto, de revisão bibliográfica,
delineando como a utilização de psicotrópicos foi se iniciando e
tomando a demasiada proporção.

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688 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

Carvalho e Dimenstein (2003) relatam que os ansiolíticos


ocupam o lugar de cura, mas somente para os sintomas. Apesar disso,
o uso de medicamentos como benzodiazepínicos, acabam gerando
mais malefícios que benefícios como: a sonolência, visão turva,
fadiga, sedação, problemas com a memória e comprometimentos
intelectuais, além de habilidades que exigem maior concentração.
Como esses medicamentos trazem a ideia de cura, a prescrição de
uma receita acabou ganhando um valor infindável, o que ocasiona
uma desvalorização da própria consulta. Em conjunto a isso há
questão das propagandas, transmitindo a ideia de que medicamentos
também são mercadorias, o que dificulta a utilização de outras
alternativas para enfrentar determinadas enfermidades. O uso
indiscriminado dos ansiolíticos demonstra uma visão dos mesmos
como símbolo de saúde, pois curam os sintomas, portanto, todas as
enfermidades estão sendo consideradas somente do ponto de vista
orgânico, logo, todas devem ser tratadas com algum medicamento.
Ademais, é apontado que existe por parte dos médicos, demasiada
falta de consideração quanto a subjetividade dos mesmos, visto a
escassez de indicações de outras alternativas como a psicoterapia,
já que as queixas na maioria das vezes estão relacionadas com
problemas psicossociais, correspondentes a família, emprego, entre
outros.
Diante isso Lefèvre (1987, p.65) aponta que os medicamentos
foram sublocados para o papel de mercadorias simbólicas, ao passo
que os mesmos representam signos de saúde, ou seja, está no lugar
de saúde. Assim, o uso do medicamento passou a ser mais viável,
pelo fato de poupar o trabalho para obter a saúde. E ainda, como
citado por Pelegrini (2003), o medicamento ocupou a posição de
uma “pílula mágica”, em que qualquer mal-estar é aplacado quase
imediatamente. Essa ideia de medicamento como mercadoria
simbólica volta ao mesmo argumento de Carvalho e Dimenstein
(2003) de que as enfermidades estão sendo todas consideradas como
um fator orgânico, consequentemente só pode ser tratada com o uso
de determinado medicamento, de modo que como aponta Lefèvre

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ANAIS X SIMPAC 689

(1987), os medicamentos foram colocados como a única solução


científica para voltar ao seu estado saudável, isto é, obter a saúde.
De acordo com Pelegrini (2003), os indivíduos estão vivendo com
a ideia do imediatismo, e como estão sempre em busca do prazer e da
alegria, qualquer tipo de alteração no corpo é motivo para procura
por uma solução mais rápida, no caso o uso de medicamentos. Assim
grande parte da sociedade quando é acometida por algum tipo de
sofrimento como ansiedade, tristeza, estresse, angústia, logo busca
um meio para aplacar o incômodo, de forma que ocorre sempre o
movimento de retornar ao estado de felicidade, o que se observa com
o uso de medicamentos. O que se busca atualmente é a ausência de
sofrimento, de insatisfação, do vazio.
Dessa forma como proposto por Borges et al. (2015), as
unidades de atenção primária à saúde geralmente são a porta de
entrada para os pacientes com queixas psicológicas. Com a reforma
psiquiátrica, ocorreu a humanização do tratamento das doenças
mentais; sendo que atualmente o sistema conta com atenção
integrada e hierarquizada para o paciente, desde a atenção primária
até a hospitalar, além do fornecimento dos remédios psicotrópicos
para o tratamento das desordens mentais. Contudo, ainda se nota a
falta de recursos nas unidades de saúde para que seja proporcionado
orientações e modalidades terapêuticas que perpassem somente
a medicalização. Sendo assim, é de extrema responsabilidade a
seriedade e comprometimento do serviço com a população para o
bem-estar dos usuários para que haja total assistência para aqueles
que precisam de cuidados relacionados ao psiquismo, tanto na
orientação médica, como em pequenos esclarecimentos sobre os
quadros diagnosticados, remédios, patologias.

Conclusões

Como exposto, a utilização dos psicofármacos no tratamento


de transtornos mentais e complicações psicológicas, levanta
questionamentos diante o crescente número de usuários na
atualidade. A decisão de utilizar ou não um psicofármaco depende
antes de tudo do diagnóstico que o paciente apresenta, entretanto,

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690 ANAIS X SIMPAC

pesquisas apontam o descaso de órgãos públicos e funcionários da


saúde ao permitirem o uso indiscriminado desses fármacos. Tais
medicamentos se fazem necessários em muitos casos, sendo em
alguns o tratamento preferencial, contudo, existe a possibilidade
de combinação com outros métodos terapêuticos como; psicoterapia,
homeopatia e tratamentos alternativos, a fim de complementar o
processo. São inegáveis os benefícios que os mesmos podem propiciar,
entretanto, do mesmo modo apresentam efeitos negativos e podem
ocasionar a dependência. Devido à grande procura da população,
seja pela busca de suprimir o mal-estar, ou sintomas que geram
incômodo, os quais muitas vezes são produzidos na interação com o
mundo que o cerca, comprando a ideia de o medicamento funcionar
como solução, salienta-se a necessidade de conscientização da
real necessidade do uso desses medicamentos. Deste modo, nota-
se a indispensabilidade de conscientização e comprometimento
dos profissionais de saúde e instituições, a fim de proporcionarem
uma orientação correta aos sujeitos que buscam ajuda psicológica,
proporcionando diagnósticos corretos e controle de distribuição
desses medicamentos.

Referências Bibliográficas

BORGES, T. Longo et al. Prevalência do uso de psicotrópicos e


fatores associados na atenção primária à saúde. Acta Paulista de
Enfermagem, v. 28, n. 4, p. 344-349, 2015.

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serviços de saúde. Interações, v. 8, n. 15, 2003.

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contemporaneidade. Psicologia: ciência e profissão, v. 23, n. 1,
p. 38-41, 2003.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


692 ANAIS X SIMPAC

EFEITO DO TREINAMENTO RESPIRATÓRIO NA


COORDENAÇÃO DE MOVIMENTO TORACOABDOMINAL
DE BAILARINAS DURANTE A RESPIRAÇÃO EM
REPOUSO

Isabella Martins Rodrigues1, Fernanda Cristina de Oliveira2,


Andrês Valente Chiapeta3, Carlo Massaroni4, Eveline Torres
Pereira5, Amanda Piaia Silvatti6

Resumo: Considerando a demanda física imposta pela prática


da dança, este estudo teve como objetivo investigar os efeitos de 9
semanas de treinamento respiratório na coordenação de movimento
toracoabdominal durante a respiração em repouso. Oito mulheres
graduandas em dança, com prática em ballet clássico, dança
contemporânea e jazz participaram deste estudo e realizaram a
manobra de volume corrente pré e pós 9 semanas treinamento
respiratório. As coordenadas 3D dos 32 marcadores fixados no
tronco foram usadas para calcular o volume dos compartimentos:
tórax superior, tórax inferior e abdômen. O coeficiente de correlação
entre os compartimentos do tronco foi calculado para investigar a
coordenação de movimento. A regressão linear foi calculada para
determinar a associação dos anos de experiência e coeficiente
de correlação em volume corrente. Os resultados sugerem que 9
semanas de treinamento respiratório tiveram um efeito positivo na
coordenação de movimento toracoabdominal, atenuando os efeitos
dos anos de experiência através da melhora na coordenação de
movimento das voluntárias com menos tempo de experiência.
Palavras–chave: cinemática, análise da respiração, dança
1
Mestranda em Educação Física – UFV, Graduanda em Fisioterapia – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail:
isabellamartinsrodrigues@gmail.com
2
Graduanda em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nandacristina0365@gmail.com
3
Professor –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andreschiapeta@gmail.com
4
Professor – Università Campus Bio-medico di Roma e-mail: c.massaroni@unicampus.it
5
Professora - UFV e-mail: evelineufv@gmail.com
6
Professora - UFV e-mail: amanda.silvatti@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 693

Introdução

A dança pode ser caracterizada como uma atividade


intermitente de intensidade moderada a intensa e de alta
habilidade, exigindo dos bailarinos altas capacidades fisiológicas,
comparáveis a atletas de elite (MEHTA; CHOI, 2017). Rodrigues
et al. (2017) sugere que a prática da dança pode levar a mudanças
na movimentação toracoabdominal. Portanto, o condicionamento
aeróbico e o treinamento respiratório podem ser importantes para o
condicionamento físico e desempenho dos bailarinos.
A literatura reporta diversos protocolos de treinamento
físico para bailarinos que melhoraram o condicionamento físico e
desempenho. Entretanto, nenhum estudo investiga um protocolo
de treinamento especificamente para o sistema respiratório de
bailarinos.
Diversos estudos reportam um efeito positivo do treinamento
respiratório em diferentes grupos. Considerando a demanda
física imposta pela prática da dança, a nossa hipótese é de que o
treinamento respiratório pode melhorar a mecânica respiratória de
bailarinos. Portanto, este trabalho objetiva investigar os efeitos de
9 semanas de treinamento respiratório e do tempo de experiência
na coordenação de movimento toracoabdominal de bailarinos em
repouso.

Material e Métodos

Oito mulheres (20.25±4.03 anos, 1.62m±0.06 de altura,


55.94kg±6.41 de peso, 11±4.54 anos de experiência e 16±4.87
horas de aulas e ensaios por semana) estudantes de graduação em
Dança, com prática em ballet clássico, dança contemporânea e jazz
participaram deste estudo (aprovação do Comitê de Ética Sylvio
Miguel 287/20162). O treinamento respiratório teve a duração
de 9 semanas e foi composto por exercícios de: fortalecimento
da musculatura inspiratória com um espirômetro de incentivo
(Respiron Athletic 2, NCS, Baurueri, São Paulo, Brasil, Inc.),
fortalecimento da musculatura expiratória, controle da respiração e
liberação manual do diafragma.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
694 ANAIS X SIMPAC

As participantes realizaram a manobra de volume corrente


(VC) (respiração normal com duração de 1 minuto) na posição
de pé com os braços relaxados ao lado do corpo. Uma tentativa
pré e uma tentativa pós treinamento foram coletadas. Para a
análise cinemática 3D, 18 OptiTrack Prime 17W câmeras (© 2017
NaturalPoint, Inc. USA) com uma frequência de aquisição de 240
Hz foram posicionadas em volta das participantes. Para a análise
dos movimentos toracoabdominais, 32 marcadores retro reflexivos
foram fixados no tronco. Este modelo consiste em 4 linhas horizontais
(2ª costela, processo xifoide, 10ª costela e transverso do abdômen) e 4
linhas verticais igualmente espaçadas da linha média entre a linha
axilar anterior e a linha axilar média direita e esquerda, permitindo
a divisão do tronco em 3 compartimentos: tórax superior (TS), tórax
inferior (TI) e abdômen (AB) (FERRIGNO et al., 1994). Os volumes
de cada compartimento foram calculados (Visual 3D) através das
coordenadas 3D dos marcadores (Butterworth, corte de frequência
de 10Hz) em função do tempo, resultando em n ciclos respiratórios
(uma inspiração seguida de uma expiração) de cada tentativa.
O coeficiente de correlação entre os compartimentos (TSxTI,
TSxAB e TIxAB) foi calculado para analisar a coordenação de
movimento. Valores de correlação iguais ou próximos a 1 indicam
um movimento coordenado e valores iguais ou próximos a -1 indicam
assincronia de movimento. A média do coeficiente de correlação de
cada participante foi calculada.
A regressão linear (p<0,05) foi aplicada para determinar a
associação entre anos de experiência e coeficiente de correlação em
VC. O teste foi aplicado utilizando o pacote estatístico do MATLAB.

Resultados e Discussão

Uma respiração otimizada pode ser caracterizada por um


aumento na coordenação de movimento entre os compartimentos
do tronco (RODRIGUES et al., 2017) e, portanto, um movimento
eficiente (MASLIAH, 1999). Os resultados mostraram que todas as
participantes possuem um movimento toracoabdominal coordenado
e eficiente durante o volume corrente devido aos altos valores de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 695

coeficiente de correlação (Tabela 1), corroborando com resultados


encontrados por Rodrigues et al. (2017) em bailarinos profissionais
e Silvatti et al. (2012) em nadadores.
Tabela 1. Médias±desvio padrão dos coeficientes de correlação
(TSxTI, TSxAB e TIxAB) em VC pré e pós treinamento.
Volume Corrente
Pré Pós
TSxTI 0,9249±0,0484 0,9318±0,0285
TSxAB 0,8668±0,0971 0,8763±0,0487
TIxAB 0,8827±0,1270 0,9035±0,0441

A regressão linear (Tabela 2) em VC pré treinamento mostrou


que a correlação TSxTI (p=0,0461) aumenta significativamente
com o aumento do tempo de experiência, mas não houve efeito nas
correlações TSxAB (p=0.1643) e TIxAB (p=0,04004). Já em VC pós
treinamento, não houve efeito do tempo de experiência nas correlações
TSxTI (p=0,9415), TSxAB (p=0,6475) e TIxAB (p=0,5664). Estes
resultados sugerem que quanto maior a experiência das bailarinas,
maior é a coordenação de movimento entre TS e TI, entretanto, após
o treinamento respiratório, este efeito não aparece, sugerindo que
o treinamento atenuou o efeito da experiência na coordenação de
movimento toracoabdominal através da melhora da coordenação
das participantes com menos tempo de experiência. Apesar de não
significativo, a Figura 1 mostra que o treinamento respiratório tende
a atenuar os efeitos do tempo de experiência em todas as correlações.
Tabela 2. Coeficiente de determinação (r²), F statistic e valor de p
da regressão linear entre os anos de experiência e o coeficiente de
correlação em VC pré e pós treinamento.
Volume Corrente
Pré Pós
STxIT STxAB ITxAB STxIT STxAB ITxAB
r² 0.5116 0.2948 0.1201 0.0009 0.0371 0.0578
F 6.2852 2.5083 0.8188 0.0059 0.2315 0.3679
p 0.0461* 0.1643 0.4004 0.9415 0.6475 0.5664
Legenda – *p<0.05

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


696 ANAIS X SIMPAC

As limitações deste estudo incluem a amostra pequena


devido ao pequeno número de bailarinas na região em que o estudo
foi realizado que se comprometeram a realizar as 9 semanas
de treinamento e a ausência de um grupo controle. Apesar das
limitações, este estudo nos permite inicialmente entender os
efeitos de um treinamento respiratório no padrão de movimento
e coordenação toracoabdominal de bailarinas, uma vez que a
respiração tem um papel fundamental para uma boa performance
e, portanto, seu condicionamento é importante. Pesquisas futuras
com as bailarinas em movimento serão realizados para investigar
os efeitos do treinamento respiratório na performance de bailarinas.

Conclusão

Este estudo sugere que bailarinas têm movimentos


toracoabdominais coordenados durante a respiração. As 9 semanas
de treinamento respiratório tiveram um efeito agudo positivo na
coordenação de movimento toracoabdominal, diminuindo os efeitos
do tempo de experiência através da melhora na coordenação de
movimento das voluntárias com menos tempo de experiência.

Referências Bibliográficas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 697

FERRIGNO, G. et al. Three-dimensional optical analysis of


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MASLIAH, M. R. Quantifying human coordination in HCI. In:


Extended Abstracts of CHI ‘99 Conference on Human
Factors in Computing Systems. Pittsburgh: ACM Press,
p.300-301, 1999.

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Research in Dance and Physical Education, n. 1, v. 1, p.
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RODRIGUES, I. M. et al. Thoracoabdominal breathing motion


pattern and coordination of professional ballet dancers.
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SILVATTI, A. P. et al. A 3D kinematic analysis of breathing


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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


698 ANAIS X SIMPAC

A EQUOTERAPIA COMO INTERVENÇÃO PARA


O TRATAMENTO DO AUTISMO: UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA

Isabella Rodrigues Roldão Martins1, Adriano de Souza Alves²�

Resumo: A Equoterapia é um recurso relativamente moderno que


utiliza o cavalo como meio terapêutico. Os benefícios da Equoterapia
para o tratamento de pessoas diagnosticadas com Transtorno do
Espectro Autista são pouco explorados, entretanto sabe-se que esse
recurso terapêutico auxilia no bem-estar e promove a autoestima e
autoconfiança do indivíduo.

Palavras–chave: Cavalo, equoterapia, transtorno do espectro do


autismo (TEA)

Introdução

A Equoterapia é um recurso relativamente moderno que


utiliza o cavalo como meio terapêutico e que está cada vez mais
sendo utilizado. Os benefícios da equoterapia para o tratamento
de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista são
pouco explorados, entretanto sabe-se que esse recurso terapêutico
auxilia no bem-estar e promove a autoestima e autoconfiança do
indivíduo.
Quando comparado a trabalhos de outros temas, as
pesquisas a respeito da equoterapia para tratamento do autismo
são escassas, porém os trabalhos já existentes reforçam a ideia de
que a equoterapia auxilia no bem-estar biopsicossocial do indivíduo,
trazendo benefícios como melhora na socialização, autoconfiança e
autoestima da criança, além de auxilia-la no preparo para realização
de atividades da vida diária, e isso justifica a criação de novos
estudos para corroborar com as pesquisas já existentes e consolidar
1
Graduanda em Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: bellarrm@live.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 699

a equoterapia como método terapêutico para autistas.

Material e Métodos

Este trabalho fundamentou-se em torno de uma pesquisa


bibliográfica, os identificadores utilizados para pesquisa foram
equoterapia, autismo e transtorno do espectro autista, assim
como a combinação dos identificadores “equoterapia e autismo”,
“equoterapia e transtorno do espectro autista”. As referências
utilizadas foram de artigos científicos, além de teses e monografias.
Através da pesquisa bibliográfica, verificou-se que existem poucas
publicações em periódicos sobre o tema. Os critérios para seleção
dos trabalhos foram os qualis classificados entre A2 e B5 e o ano de
publicação entre 2009 e 2017, além de artigos publicados em blogs
dos centros de equoterapia nacionais.

Resultados e Discussão

O diagnóstico do autismo sofreu modificações em sua


classificação, e a principal alteração foi a eliminação das categorias
Autismo, Síndorme de Asperger, Transtorno Desintegrativo e
Transtorno Global do Desenvolvimento, passando a ser denominado
Transtorno do Espectro Autista (TEA) (DSM-V, 2014).
Souza e Silva (2015) pontuaram que o Transtorno do Espectro
Autista (TEA) é percebido antes dos três anos de idade, quando os
pais podem notar a falta de reciprocidade diante de estímulos, como
crianças que não reagem a atos de carinho e não tem procura pela
mãe. O diagnóstico do TEA é feito por uma equipe multidisciplinar
e segundo Fernandes (2012), as principais características
diagnósticas são o comprometimento das habilidades de interação
social, habilidades de comunicação e presença de comportamentos
estereotipados, sendo o paciente observado em diferentes situações
para obtenção de um diagnóstico mais preciso.
Enquanto a criança sem o TEA se expressa por meio de
movimentos, a criança com TEA não reconhece seu próprio corpo,
dificultando dessa maneira o desenvolvimento do esquema corporal

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


700 ANAIS X SIMPAC

e a noção de espaço temporal, sem a identificação da imagem de si


mesmo para poder se situar no meio em que vive e se relacionar
com as pessoas, comprometendo o equilíbrio estático, lateralidade,
noção de reversibilidade, aquisição de autonomia e aprendizagem
cognitivas (FERNANDES, 2008).
A equoterapia “é um método terapêutico que utiliza o
cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, buscando o
desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/
ou necessidades especiais”. A interação com o cavalo desenvolve
novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima, além
de proporcionar para o desenvolvimento da força muscular,
relaxamento, conscientização do corpo e aperfeiçoamento da
coordenação motora e do equilíbrio (ANDE BRASIL, 2010).
Segundo Zamo e Trentini (2016), a equoterapia é um
instrumento cinesioterapêutico que visa organizar as funções
cognitivas mais complexas como atenção, memória e linguagem
por meio nível sensorial estimulado pelo movimento do cavalo.
O cavalo é um ser em interação recíproca, por isso as mudanças
ocorrem. Quem monta pode estabelecer uma relação afetiva com o
animal, possibilitando o crescimento do desenvolvimento pessoal.
Se utilizado por uma equipe multidisciplinar qualificada, o cavalo
pode proporcionar a reabilitação de funções mentais do praticante.
A equoterapia é uma atividade que envolve uma equipe
multidisciplinar composta por profissionais que contribuem para
a aplicação eficaz do método, como psicólogos, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, equitadores, médicos,
entre outros. É importante que a equipe multidisciplinar tenha
conhecimento sobre os sintomas e limitações do paciente para
proporcionar benefícios para ele e sua família (SOUZA E SILVA,
2015).
A prática da equoterapia é desenvolvida ao ar livre, uma vez
que o praticante fica ligado à natureza e proporciona a execução
de exercícios psicomotores, de recuperação e integração, e dessa
maneira se diferencia das terapias tradicionais em consultórios
(SOUZA E SILVA, 2015)

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 701

A atividade terapêutica da Equoterapia inicia no instante em


que o indivíduo entra em contato com o animal, no primeiro
momento o cavalo passa a representar um problema, exigindo
que o praticante aprenda a lidar, aprendendo também a
maneira correta de montar ou descobrindo meios para fazer
com que o animal aceite seus comandos, essa relação contribui
para o desenvolvimento da sua autoconfiança, afetividade e
autonomia, trabalhando também os limites (Nascimento,
2006 apud Souza e Silva, 2015).

Conforme dito por Souza e Silva (2015), a atividade da


equoterapia proporciona resultados positivos, pois ao iniciar o
tratamento a criança inicia em um mundo novo e diferente, cheio de
possibilidade e oportunidades de estabelecer novos relacionamentos,
aprendendo a lidar com as suas limitações, sendo um conjunto de
fatores que auxiliam não apenas no desenvolvimento da criança,
mas também modifica a rotina, contribuindo para a qualidade de
vida, alegria e bem estar da criança.
O manuseio do cavalo como alimentação e limpeza, é
fundamental para o desenvolvimento da terapia, pois a atividade
exige do praticante “o planejamento e a criação de estratégias a
fim de superar os obstáculos impostos pelo próprio cavalo ou
desafios e tarefas propostos pela equipe interdisciplinar durante as
intervenções” (ZAMO E TRENTINI, 2016).

O autismo é caracterizado por uma falta de compreensão social


humana, cavalos são animais altamente sociáveis que irão
responder a estímulos humanos muito sutis, essa capacidade
de resposta é importante para a aquisição do conceito de causa
e efeito possibilitando a aprendizagem concreta dos indivíduos
com autismo, aumentando a compreensão do impacto do seu
comportamento na comunicação social (Bender e Guarany,
2016).

De acordo com Bender e Guarany (2016), nos indivíduos


com TEA há melhora nos comportamentos sociais, interesse por
novas tarefas, aumento da volição, adequação no humor, melhora

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


702 ANAIS X SIMPAC

do contato visual, e outras funções sociais com a atividade da


equoterapia. Cruz e Pottker (2017) afirmam que “a interação com
o cavalo contribui para desenvolver novas formas de comunicação,
socialização, autoconfiança e autoestima, bem como a satisfação de
montar no cavalo, que os aceitam como são”. A relação das crianças
com o cavalo cria laços que são livres de julgamentos e preconceitos,
e dessa maneira faz com que elas “busquem demonstrar seus
sentimentos por meio de expressões, de sons ou de palavras,
aumentando sua capacidade cognitiva”.
Para desenvolver melhor as relações sociais do praticante
autista, deve haver contato com os membros da equipe. A prática da
equoterapia traz resultados benéficos, pois além do desenvolvimento
afetivo, as áreas motoras também são desenvolvidas, “favorecendo
uma melhor percepção do mundo externo, através do ajuste tônico
postural utilizando o cavalo” (FREIRE E POTSCH, 2009).
A equoterapia traz benefícios para a criança autista, pois a
criança tem uma satisfação de estar comandando o cavalo, e dessa
maneira tenta se comunicar ajudando na fala devido a interação do
corpo com o meio, além de ajudar no desenvolvimento de esquema
corporal, postura, equilíbrio, e coordenação motora (CRUZ E
POTTKER, 2017).
Este recurso terapêutico é necessário para que a satisfação
e autoconfiança sejam obtidos para auxiliar uma criança autista
a eliminar medos, maneirismo e aprender a montar, além de
existirem fases para a aceitação dos autistas com o contato dos
animais, sendo elas a Fase de Aproximação, onde a pessoa conhece
o animal e suas características; a Fase da Descoberta, sendo feita
no solo estimulando o contato com o cavalo e logo após na montaria;
a Fase Educativa que diz respeito à sessão de equoterapia e a Fase
de Ruptura, onde é preciso demonstrar para a criança que o término
da sessão não significa que ela não irá retornar ao tratamento.
(FREIRE E POTSCH, 2009).

Considerações Finais

Pode-se concluir que a equoterapia contribui de forma positiva

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 703

para o tratamento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista


(TEA), uma vez que a interação com o cavalo desenvolve novas
formas de comunicação, socialização, autoestima e autoconfiança. A
relação de cumplicidade entre a criança e o cavalo faz com que elas
busquem e expressem seus sentimentos nas sessões equoterápicas.
O trabalho da equoterapia é interessante para o TEA, pois com
o fato das sessões ocorrerem ao ar livre, a criatividade e o interesse
da criança são estimulados, aumentando a capacidade cognitiva.
Dessa maneira, a sessões de equoterapia podem trazer resultados
benéficos para o tratamento do autista.

Referências Bibliográficas

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ANAIS X SIMPAC 705

LACERAÇÃO RETAL EM ÉGUA GESTANTE – RELATO DE


EXPERIÊNCIA

Ísis Reiff Fialho Siqueira Cardoso1, Eduarda Ramos Almeida2,


Guilherme Costa Fausto3, Thauan Carraro de Barros4

Resumo: Este trabalho irá relata um atendimento clínico presenciado


na Clínica de Grandes Animais da Instituição FAVIÇOSA, cujo
animal atendido era uma égua gestante, com principal suspeita de
osteodistrofia fibrosa. Porém, ao decorrer do atendimento clínico foi
realizado exame de palpação transretal, acompanhado do aparelho
de ultrassom para verificar a viabilidade do feto. Durante este
procedimento foram observadas alças intestinais friáveis e durante
a palpação, pequenos fragmentos da mucosa do reto, puderam ser
observados. Foram realizados exames de paracentese para verificar
a qualidade do líquido abdominal. Iniciou-se o tratamento com
antibioticoterapia, fluidoterapia e antiinflamatório, pois o animal já
apresentava sinais de septicemia. A decisão inicial foi realizar uma
cesariana, para tentar salvar a vida do potro, seguido de eutanásia
da égua, porém, por opção do proprietário, cesárea e eutanásia não
foram realizadas e, égua e o potro vieram a óbito após 48 horas.

Palavras–chave: Necrose retal, palpação transretal, peritonite,


trauma de reto

Introdução

Laceração Retal é uma enfermidade que leva a um alto índice


de mortalidade, principalmente na espécie equina, podendo ser

1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: isisrfsc@hotmail.com
2
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: dualmeida123@gmail.com
3
Professor do Curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: guilhermefausto@
hotmail.com
4
Médico Veterinário da Clínica e Cirurgia de Grandes Animais – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. thauanvet@
yahoo.com.br

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706 ANAIS X SIMPAC

ocasionada por algum tipo de obstrução, palpação inadequada,


corpos estranhos introduzidos erroneamente no reto e entre outras
manipulações realizadas no órgão, que irá ultrapassar camada
muscular e serosa, levando a ruptura, (CARRARO et al. 2014).
No caso da laceração intestinal, ao realizar o exame de
palpação transretal na égua, observamos presença de fezes com
sangue e tecido da mucosa, na luva. Para a confirmação desta lesão
é necessária uma palpação minuciosa e exames laboratoriais, como
hemograma e análise de líquido peritoneal. É considerada de forma
iatrogênica, sendo classificada em quatro níveis diferentes, variando
com o grau de gravidade da lesão o que auxilia no prognóstico e
tratamento deste animal, (ALVES et al. 2012).
Este trabalho tem como objetivo principal, relatar a
experiência alertar para necessidade de que somente um profissional
devidamente capacitado deve realizar certos tipos de procedimentos,
a fim de evitar danos indesejáveis a seus animais. .

Relato de experiência

Chegou à Clínica de Grandes Animais da FAVIÇOSA, um


equino, fêmea, de sete anos de idade, pesando 345Kg, da raça
Mangalarga Marchador, para ser atendida com queixa principal,
um aumento de volume na face, suspeitando-se de osteodistrofia
fibrosa. A égua estava com aproximadamente dez meses de
gestação, aparentando baixo escore corporal e apatia discreta,
observada há alguns dias. No exame físico, o animal apresentou
frequência respiratória de 14 mpm, batimentos cardíacos a 60 bpm,
desidratação leve, mucosas hipercoradas e temperatura retal a
37,5ºC.
Foi realizado o exame de ultrassonografia transretal, para
verificar a viabilidade do feto, confirmando então, vida fetal
intrauterina. O Médico Veterinário (MV) que estava realizando o
procedimento relatou no ato deste exame que a parede do reto estava
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 707

bem friável. Após a terceira palpação, um jato de fezes líquidas com


presença de sangue e, em seguida, fragmentos da mucosa intestinal,
foram observados no chão. Neste momento, o MV e os auxiliares
iniciaram a terapia no animal com hidratação intravenosa,
gentamicina 6,6mg/kg, penicilina 25000UI/kg e flunixim meglumine
1,1mg/kg, pois aquele animal estava apresentando um quadro
de septicemia severo, pois o resultado da paracentese constatou
presença de células de defesa no líquido peritoneal.
A queixa principal passou a ser o quadro de laceração que
aquela égua estava apresentando, após realizada a palpação,
observou-se parede do reto bem friável e logo em seguida um jato
de fezes líquidas com presença de sangue e fragmento de mucosa
intestinal, suspeitou-se então de laceração retal. Logo, rapidamente
procedeu-se com a terapia à septicemia. No exame bioquímico,
apresentou resultados que auxiliaram na detecção de osteodistrofia
fibrosa. O resultado da amostra de análise da paracentese foi
observado presença de conteúdo intestinal livre no abdômen (Figura
1).
Levando em conta o quadro clínico apresentado pela égua, a
recomendação seria uma cesárea, na tentativa de se prezar pela
vida do potro logo em seguida, a eutanásia da égua. Tudo já estava
sendo organizado para receber um prematuro: oxigênio, plasma
sanguíneo, colostro, mantas aquecedoras. Mas, o proprietário achou
melhor não realizar o procedimento, pois as chances deste potro
sobreviver eram bem pequenas e o custo para ele, seria elevado.
Enquanto a égua, infelizmente, estava apresentando um quadro
severo de choque séptico e mesmo que se tentasse salvá-la, não teria
resultados satisfatórios.
O proprietário retornou com o animal para a propriedade de
origem, após assinar um termo de responsabilidade e ciência da
necessidade de cuidados hospitalares para o animal. Totalizando
48 horas após a vinda da égua à Clínica, veio a óbito, ela e o potro.

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708 ANAIS X SIMPAC

Figura 1: Presença de conteúdo fecal na cavidade abdominal,


presença de macrófagos fagocitando bactéria.

Resultados e Discussão

A laceração no reto foi diagnosticada, cujo fato vinha ocorrendo


há pelo menos 24 horas conforme resultados da avaliação do líquido
peritoneal, onde haviam células de defesa, o que confirmou o quadro
de septicemia, devido ao conteúdo fecal no abdômen.
O proprietário optou por não autorizar a realização do
procedimento, uma vez que ele não estava disposto à assumir os
custos, ciente do alto risco do procedimento para a vida do potro.
O profissional deve estar apto para qualquer tipo de
interferências que aparecer, pois na clínica problemas aparecem de
uma forma e no final a resolução é de outra maneira que não se
esperava, como no caso dessa égua, que foi realizar um tratamento
e o MV descobriu outro problema.

Conclusões

Obtive a experiência a respeito de laceração retal que, pode


ocorrer de diversas maneiras, principalmente quando o animal é
palpado por uma pessoa que não está habilitada a fazer esse tipo
de procedimento ou até mesmo por profissionais não capacitados,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 709

provocando, na maioria dos casos, o óbito dos animais devido a um


grave choque séptico, devido ao rompimento provocado nas alças
intestinais.

Agradecimentos

Gostaria de deixar meus sinceros agradecimentos ao professor


Guilherme Costa Fausto e ao Médico Veterinário Thauan Carraro de
Barros, pela orientação, mesmo estando muito ocupados, obrigada
pela dedicação. Ao professor Rogério Pinto, pelo auxílio. Minha
amiga e parceira Eduarda Ramos Almeida, que está comigo neste
e em futuros trabalhos. E por último, ao Thales Marques Vinícius,
meu amigo, que deu total apoio.

Referências Bibliográficas

ALVES, G.E.S. Exame Trasnretal: Importância, Realidade


do Ensino, Riscos, Necessidade, Viabilidade e Estágios de
Competência. Anais do II Simpósio de Alagoano de Medicina
Equina. Maceió, Alagoas, p. 95, 12 e 13 de abril de 2012.

CARRARO, T.B.; LANG, A.; COSTA, C.M.; TASSARA, R.M.;


OLIVEIRA, T. Laparotomia no Tratamento de Cólica por
Aderência Após Laceração Retal – Relato de Caso. In: VI
SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO CINETÍFICA DA FACULDADE DE
CIÊNCIAS BIOLÓGIAS E DA SAÚDE, 6, 2014, Viçosa: FACISA,
Outubro, 2014;

MOURA, M. Trauma de Reto e Ânus. Disponível em: http://


medicinastudent.blogspot.com.br/2011/12/trauma-de-reto-e-anus.
html Acesso em: 22/12/2011

MICHAEL, J.M; Enfermidade Gastrintestinal - Peritonite,


em: Medicina Interna Equina. Edição 1º. Rio de Janeiro:
Editora Guanabara Koogan LTDA, 2000. Capítulo 12 – 12.4,
págs. 601 – 605.

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710 ANAIS X SIMPAC

ANALISE DA FALTA DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO E


ENDIVIDAMENTO

Ivan Paulo de Sousa1, Maria Del Pilar Salinas Quiroga Soria Galvarro2

Resumo: Atualmente, com a facilidade das condições de pagamento,


a relação de consumo vem crescendo sem um devido planejamento
financeiro e, consequentemente, cresce o índice de endividamento. Este
estudo pretende mostrar os reflexos do comportamento consumista e
a importância de um planejamento orçamentário a fim de afastar
um maior descontrole nas dívidas, evitando o gasto desnecessário ao
assumir uma organização financeira pessoal. Assim, como objetivo
do presente trabalho, foi analisar as práticas e hábitos relativos
ao planejamento para organização financeira pessoal, com base
em entrevistas mostrando o perfil, formas de controle de gastos
e o interesse em um planejamento de cada um dos entrevistados,
demonstrando também, os motivos do endividamento. Para atingir
o objetivo proposto, foram aplicados questionários estruturados que
permitiram definir o perfil dos consumidores da cidade de Viçosa, os
dados serão tratados com o auxílio do Microsoft Office Excel. Pela
análise dos dados, foi possível uma visão do perfil socioeconômico
dos moradores da cidade, e também sobre questões que interferem
no endividamento. Diante dos resultados apresentados, conclui-se
que é fundamental a análise da necessidade para a aquisição de
um bem e também de um planejamento para que possa fazê-lo sem
nenhum comprometido da renda, com relação ao endividamento
devemos analisar as condições, afim de nos blindarmos de surpresas
decorrentes de ações tomadas por impulso

Palavras–chave: Comportamento, Dívidas, Organização


Financeira, Relação de Consumo

1
Graduando em Ciências Contábeis – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: ivancco2016@gmail.com
2
Professora do Curso de Ciências Contábeis– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: pili_2064@hotmail.com

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ANAIS X SIMPAC 711

Introdução

As diferentes formas de opção de pagamento facilitam cada


vez mais o processo de compra, empréstimos e financiamento e
assim, a população tende a consumir e endividar-se com exagero e
sem necessidade. Percebe-se que a relação de consumo, ao longo dos
tempos, é marcada pela desigualdade e consumismo, verificando-
se que o consumidor, encontra-se cada vez mais numa situação de
vulnerabilidade, visto que seus recursos, na maioria das vezes, são
insuficientes para a aquisição e consequente pagamento de produtos
e serviços necessários à sua subsistência, lazer e conforto.
A falta de planejamento financeiro leva as pessoas a assumirem
riscos e perdas. Um indivíduo que não possui controle sobre seus
gastos, e consome por impulso, poderá encontrar dificuldade na
liquidação das dívidas e ainda deixar de utilizar a renda disponível
(dinheiro), em atividades relevantes como investimento, poupança,
aquisição de bens que proporcionem melhora na qualidade de vida
e outros.
Sendo assim, este estudo é de grande importância, pois
buscou contribuir para expor a necessidade e importância de um
planejamento orçamentário, e mostrar as mudanças e adaptações
ambientais que alteram o comportamento do consumidor, limitando-o
a determinados limites financeiros que, sem a devida atenção e
planejamento, causa o descontrole que o leva ao endividamento, o
que extremamente comum, conforme a analise realizada.

Material e Métodos

A pesquisa realizada trata-se de uma pesquisa descritiva,


adotando o método de estudo de caso de acordo com Vergara (2005),
o método mais adequado aplicável a este estudo em questão será
o descritivo, pois segundo o autor a pesquisa descritiva expõe
características de determinada população ou de determinado

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


712 ANAIS X SIMPAC

fenômeno. Por outro lado, o estudo de caso, conforme Gil (2008)


consiste em um estudo profundo que permite um amplo e detalhado
conhecimento do objeto estudado.
Para este trabalho serão aplicados questionários estruturados,
que permitiram definir o perfil dos consumidores da cidade de viçosa,
os dados serão tratados com o auxílio do Microsoft Office Excel.

Resultados e Discussão

O processo de planejamento é a ferramenta que as pessoas


e organizações usam para administrar suas relações com o futuro.
É uma aplicação específica do processo decisório visto que as
decisões que podem, de alguma forma influenciar o futuro, ou que
serão colocadas em prática no futuro, são decisões de planejamento
(MAXIMIANO, 2005).
Deste modo o planejamento financeiro nos remete que sabendo
controlar os ganhos, os gastos e como investir o dinheiro, teremos
uma melhora da qualidade de vida não agindo por impulsos. De
modo que com uma educação financeira bem estruturada teremos
uma perspectiva de como agir para a consecução de objetivos,
podendo assim acompanhar o seu desenvolvimento.
Como nem sempre esse planejamento financeiro é colocado
em prática, deve ser considerado os fatores que levam uma pessoa a
ter um comportamento consumista, levando-o ao endividamento. Um
dos fatores que influenciam na decisão de compra e endividamento
é o “bombardeio” da mídia com peças publicitarias que sempre
estimulam as pessoas e as famílias a sempre comprarem mais e
mais, o endividamento é um caso recorrente nos últimos anos e
veem afetando várias famílias, porém apesar de ter um crescimento
significativo é considerado por muitos apenas como um descontrole
financeiro.
Para o levantamento de dados esta amostra contou com a
participação de trinta pessoas, todos com idades maiores ou iguais
a 18 anos e residentes em vários bairros da cidade de Viçosa, Minas
Gerais.

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ANAIS X SIMPAC 713

Inicialmente, foral analisados o estado civil dos


entrevistados e com base em uma primeira analise já se destaca que
a maioria dos entrevistados são solteiros (60%), também é possível
destacar que as idades variam de dezoito a quarenta e seis anos,
neste quesito pode-se observar que entre as idades de vinte e três
anos e trinta e dois anos é onde se localizam os maiores índices de
pessoas casadas e solteiras. Temos também pessoas que possuem
no máximo trinta e dois anos, estes são a grande maioria, e grande
parte que se encontra nesse faixa etária são de pessoas solteiras que
correspondem a 53,30%.
Esta informação é relevante para a pesquisa já que estudos
identificam que o casamento pode ser um dos fatores que pesam
sobre a saúde financeira dos brasileiros. E isso é identificado em
pesquisas já realizadas sobre o perfil do inadimplente da SCPC Boa
Vista.
Foram analisados também, o critério de sexo e etnia, situação
de moradia com relação ao estado civil, vínculo empregatício com
relação ao sexo, renda mensal individual, renda mensal familiar,
quantidade de pessoas que vivem da renda familiar, quantidade de
automóvel por famílias, estimativa de valores gastos em reais com
compra de supermercado e quais as opções que os fazem ao adquirir
um bem.
Baseados ao estado civil, todos os pontos abordados, foram
de suma importância para a apuração das condições quanto ao
tema abordado, colocando em uma base estatística demonstrado em
gráficos a fim de ilustrar melhor o conteúdo da pesquisa realizada.
Nestes termos, pode ser visualizada a condição de a maioria
dos entrevistados serem solteiros, o sexo feminino foi evidenciado
por uma diferença ínfima quanto ao sexo masculino. Sem distinção
de público, a maioria entrevistada era de etnia branca, seguido por
negros e pardos.
Entrando na esfera financeira, foi verificado que em sua
maioria, já possuem imóvel próprio e, os que se classificam como
solteiros, possui um maior índice de imóveis já quitados ou em
pagamento. O que mostra um ponto diferencial ao fazer um
comparativo aos casados.

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714 ANAIS X SIMPAC

Na análise, percebe-se que as mulheres têm grande destaque


no emprego fixo particular se comparado aos homens no mesmo
seguimento, entretanto foi levantado pelas as mulheres as diferenças
referentes aos salários, segundo algumas delas mesmo ocupando as
mesmas funções que alguns homens elas recebem menos. Ainda na
premissa salarial, quando abordado sobre o valor de renda mensal
individual, nota-se que a grande maioria dos entrevistados possuem
renda entre um e dois salários mínimos. Ao fazer o levantamento
desses dados foi possível ver que apesar dos pesquisados assinarem
a folha de pagamento alguns não sabiam o valor do salário mínimo,
pois não analisavam o valor bruto e os valores descontados e sim o
valor liquido a receber.
Em relação a renda salarial familiar, a maioria das famílias
possuem renda de até dois salários mínimos, e em grande parte, são
famílias de quatro integrantes e que possuem um automóvel, onde
vale destacar que com relação a renda familiar algumas famílias
encontrassem como algumas contas em atraso, muito disso se deve
pelo que foi anteposto no tópico três ponto quatro no referencial
teórico, onde é citado a dificuldade de se ter um controle financeiro
familiar.
Por fim, com base nos dados colhidos, mais de 68% das
famílias brasileiras concluem que gastam mais do que ganham, e
geralmente grande parte é destinada a alimentação. Sendo assim,
quando perguntadas sobre quanto gastam em supermercados, não
sabem mensurar um valor específicos pois não fazem uma compra
mensal fixa, outra parte, estimam seus gastos em quatrocentos reais,
em média.

Conclusão

Este trabalho trouxe uma visão do perfil socioeconômico dos


moradores da cidade de Viçosa- Minas Gerais, e também sobre
questões que interferem no endividamento.
Todo desenvolvimento foi de grande valia com relação a inclusão
de uma nova percepção sobre o planejamento e o endividamento,
mostrando que antes de adquirir um bem é fundamental a análise

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 715

da real necessidade deste, e para a aquisição do mesmo é necessário


se planejar para que possa fazê-lo sem nenhum comprometido
exagerado da renda, com relação ao endividamento devemos
analisar bem as condições propostas pela instituições afim de nos
blindarmos de surpresas decorrentes de ações tomadas por impulso.

Referências Bibliográficas

GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo:


Atlas, 2008.

MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 5.ed. rev.


ampl. São Paulo: Atlas, 2005.

ROCHA, Ângela da; CHRISTENSEN, Carl. Marketing: teoria e


prática no Brasil. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1999.

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716 ANAIS X SIMPAC

GESTÃO ADEQUADA DE RESÍDUOS ESPECIAIS:


DESCARTE E DESTINO DE PILHAS E BATERIAS

Iara Magalhães Martins1, Izabôr de Carvalho Oliveira2, Ludimila


Felix Martins3, Marcilio dos Reis Cardoso4

Resumo: Este artigo teve como objetivo propor a uma empresa


siderúrgica a coleta e destinação correta de pilhas e baterias,
fazendo uma análise crítica dos problemas no seu sistema de gestão
de resíduos, propondo melhorias e implantando ações de adequação.
A pesquisa caracteriza-se como estudo de caso e como procedimento
metodológico, desenvolvido a partir de um levantamento de dados,
coleta e análise de informações obtidas em consultas a normas,
artigos científicos, profissionais especializados em resíduos sólidos
e visitas na empresa siderúrgica. Com esse levantamento obtivemos
êxito nas não conformidades encontradas, onde as medidas de
melhorias propostas foram atendidas o que deu início ao novo
sistema de gestão de resíduos especiais da mesma.

Palavras–chave: Análise, ecologicamente, saúde, substâncias


químicas.
Introdução

Com o avanço tecnológico, as pessoas conquistaram a


liberdade de transitar com aparelhos eletrônicos portáteis, como
celulares, rádios, controle remoto, entre outros, sendo necessário
1
Engenheira Ambiental e Sanitarista; Trabalho de Conclusão de Curso – UNILESTE/MG. e-mail:
iaramagalhaesm@yahoo.com.br.
2
Pós-Graduanda em Eng. de Segurança no Trabalho – UNIVIÇOSA. e-mail: izabordecarvalhooliveira@
gmail.com.
3
Engenheira Ambiental e Sanitarista; Trabalho de Conclusão de Curso - UNILESTE. e-mail: ludimila.
felix@yahoo.com.br
4
Engenheiro Civil – Docente UNILESTE/MG e orientador do Trabalho de Conclusão de Curso. e-mail:
marcilioambiental@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 717

um dispositivo que forneça energia para que tais possam funcionar,


sendo estes as pilhas e baterias. Segundo a Associação Brasileira
da Indústria Elétrica e Eletrônica – ABINEE (2008), “o mercado
brasileiro de pilhas comuns e alcalinas comercializa cerca de
800 milhões de unidade por ano”, esse material é fabricado para
fornecer energia por determinado tempo, sendo consumido em
grande escala. A partir daí surge à preocupação ambiental, pois elas
possuem contaminantes em sua composição como os metais tóxicos:
Mercúrio (Hg), Chumbo (Pb), Níquel (Ni), Zinco (Zn), Lítio(Li) e o
Cádmio(Cd), capazes de comprometer o meio ambiente, havendo a
necessidade de gerencia-los de forma adequada pois se descartadas
incorretamente esses metais são liberados durante o processo de
oxidação quando expostos a condições intempéries. De acordo com
Espinosa, Bernardes e Tenório (2004, p. 134), “o Brasil foi o primeiro
país da América Latina a prever a eliminação e tratamento de
baterias”, e em 30 de Junho de 1999 foi criada a resolução 257/99
do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, que foi
revogada pela resolução 401/08 do CONAMA, tendo especificações
mais detalhadas para o gerenciamento adequado desses resíduos
(CONAMA, res. 401/08, 2008, on line). O descarte correto nem
sempre acontece e muitas vezes eles são jogados juntamente
com o lixo comum, onde são enviados para aterros sanitários,
contaminando o solo, lençóis freáticos, e consequentemente também
sendo prejudicial à saúde humana. O objetivo do trabalho foi propor
para a empresa siderúrgica, a coleta e destinação ecologicamente
correta de pilhas e baterias.
Material e Métodos

O trabalho foi realizado na empresa produtora de aços planos


inoxidáveis e elétricos, criada em 1944, que produz aço inoxidável,
com 2,4 mil empregados e capacidade instalada da ordem de 900
mil toneladas de aço líquido. Foram realizadas diversas etapas de
acordo com o cronograma elaborado pela equipe, onde na primeira
etapa teve o foco em pesquisas diversas e um levantamento das
características da empresa siderúrgica. A segunda etapa teve caráter
quantitativo exploratório, buscando conhecer o tipo de pilhas e baterias e o
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
718 ANAIS X SIMPAC

volume gerado pela empresa, para a confecção do Plano de Gerenciamento


de Resíduos Sólidos – PGRS específico. E a última etapa consistiu em aplicar
o PGRS elaborado, observando o cumprimento da legislação e diretrizes
propostas para a gestão adequada.

Resultados e Discussão

Segundo procedimento interno da empresa, todos os resíduos


de pilhas e baterias são gerados nos processos de produção do aço
que são utilizadas em controles, aparelhos de escritórios, e rádios de
comunicação, sendo especificamente as pilhas primárias e baterias
secundárias como as secas de Leclanché, pilhas alcalinas, pilhas de
lítio/dióxido de manganês e baterias de níquel-cadmio, as quais são
classificados como resíduos “Classe I ou perigoso”, pilhas e baterias
usadas (exceto de automóveis), enquadrados na Classe I, de acordo
com a NBR 10004:2004. Estas eram enviadas ao centro de triagem
em envelopes, sacolas plásticas e até junto a outros tipos de resíduos,
onde uma empresa terceirizada realiza o serviço de transporte e
acondicionamento físico e destinação final ao pátio de resíduos da
siderúrgica, constatando assim uma falha no ciclo de gestão dos
resíduos de pilhas e baterias, conforme mostra a figura 1.

Figura 1 – Ciclo atual da gestão de resíduos

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ANAIS X SIMPAC 719

A segregação atual e a destinação final dos resíduos sólidos


especiais é a única parte do processo geral que se dá de maneira
adequada, pois os funcionários responsáveis por ela são devidamente
treinados e capacitados para realizar a triagem desses materiais,
sabendo identificar os resíduos quanto a sua classificação, seguindo
normas e legislações vigentes. O pátio de resíduos local de
destinação final é estruturado para receber esses resíduos, contendo
a impermeabilização do solo por um gel composto de bentonita
Geosynthetic Clay Liner - GCL, manta de Policloreto de polivinila -
PVC de 0,42mm e manta de Polietileno de Alta Densidade - PEAD.
Constatando assim algumas falhas na atual gestão, no qual foi
criada e proposta uma nova sobre resíduos especiais, conforme
figura 2, que atenda a legislação Lei nº 12.305/10, a qual instituiu
a Política Nacional de Resíduos Sólidos. (BRASIL, Lei 12.305/10,
2010, on line).

Figura 2 - Visão geral do processo de gestão ambiental das pilhas e


baterias
Após o desenvolvimento do novo Programa de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos - PGRS de resíduos especiais e com as sugestões
de melhorias proposta através do estudo, foram implantadas
algumas modificações na siderúrgica. A coleta das pilhas e baterias
passou a ser por meio de coletores próprios na cor laranja conforme
estabelecido pelo CONAMA 275/2001 (CONAMA, res. 275/01, Art.
1, 2001, on line), que foram instalados em 10 pontos específicos nas
áreas da empresa, sendo eles nas portarias da empresa de número
2, 3, 7 e 8, no posto médico, no escritório central, no centro de
informação, nas áreas de acabamento de inox produzido - RB’s e nos
restaurantes central e regional da empresa. A figura 3 mostra um
dos pontos onde já foi instalado o novo coletor denominado Papudo.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


720 ANAIS X SIMPAC

O acondicionamento delas passou a ser em recipientes de PVC,


material próprio para receber este resíduo, conforme visualizada
na figura 4, evitando o contato e a contaminação de outros tipos de
resíduos.

Figura 3 – PAPUDO: recipiente Figura 4 – Recipiente de


de acondicionamento das pilhas e PVC para de coleta das
baterias pilhas e baterias

A segregação e a destinação final continuaram sendo
realizadas da forma anterior, sendo este os únicos procedimentos
realizados corretamente na gestão anterior. Nos estudos realizados
verificou-se o processo pirometalúrgico, que consiste na aplicação de
altas temperaturas para a recuperação dos metais existentes nas
pilhas e baterias, sendo uma alternativa para reciclagem desses
resíduos, pois o material gerado pode ser reutilizado na produção
de inox, mas este processo não seria viável economicamente, pois

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 721

possui custo elevado, por ser necessário técnicos que desenvolvam


o procedimento de reciclagem das pilhas e baterias, além de ser um
processo inovador sendo necessário uma estudo específico para total
convicção que esta matéria prima não vai alterar na qualidade do
aço inox. A empresa porta de uma ferramenta de divulgação interna,
chamado de Jornal CONEXÃO, no qual foi divulgado o novo PGRS
específico para resíduos especiais da empresa através deste para
todos os empregados e terceirizados da mesma para a adoção da
nova medida ambiental correta.

Considerações Finais

Considerando todas as problemáticas encontradas durante


o estudo e trabalho, concluímos que o assunto ainda é pouco
difundido, onde foram encontradas vulnerabilidades na área da
empresa siderúrgica. Com o início do trabalho, notou-se a aceitação
positiva por parte da empresa, com a intenção de melhorar ainda
mais a segregação de tais resíduos, onde foi implantado o PGRS e
também os coletores específicos para recolhimento próprio destes
em pontos estrategicamente escolhidos dentro da área, chamados
de “PAPUDO”, e os mesmos foram apresentados a todos os
funcionários da empresa siderúrgica através de um circular interno
para divulgar a nova prática ambientalmente correta adotada.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-


10.004: resíduos sólidos – classificação. Rio de Janeiro: ABNT,
2004. 71 p. Disponível em: <http://analiticaqmc.paginas.ufsc.br/
files/2013/07/residuos-nbr10004.pdf>. Acesso em 19 jan. 2016.

BRASIL. Lei n 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política


Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: < http://

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


722 ANAIS X SIMPAC

www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=636>. Acesso
em 5 nov. 2015.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO


AMBIENTE (Brasil). Resolução CONAMA nº
401, de 4 de novembro de 2008. Estabelece os limites máximos de
chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no
território nacional e os critérios e padrões para o seu gerenciamento
ambientalmente adequado, e dá outras providências. Disponível em:
< http://www.siam.mg.gov.br/sla/download. pdf?idNorma=8694>.
Acesso em: 5 nov. 2015.

MINAS GERAIS. Lei nº 18.031, de 12 de janeiro de 2009. Dispõe


sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos. Belo Horizonte,
MG, 13 jan. 2009. Disponível em: <http://www.siam.mg.gov.br/sla/
download.pdf?idNorma=9272>. Acesso em: 1 dez. 2015.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 723

POLINIZAÇÃO NATURAL DO MARACUJÁ-AZEDO:


SERVIÇO AMBIENTAL EM FAVOR DA AGRICULTURA
FAMILIAR?
Janaína Domingos Borges1, Danielle StorckTonon2, Dionei José da
Silva3
Resumo: A polinização e agricultura familiar detêm habilidades
indispensáveis para preservação da natureza e segurança alimentar,
ambos são protagonistas do trato com a vegetação agrícola e natural
com ações pontuais que geram a regeneração de áreas degradadas,
e a conservação de áreas naturais na produção de alimentos. Os
maracujazeiros dependem de polinização para frutificarem, e
na ausência das abelhas mamangavas é praticado a polinização
artificial. Para amenizar está ausência a agricultura familiar tem
potencial, com sua presença no campo com práticas responsáveis
na produção de alimentos. A pesquisa objetivou identificar os meios
de polinização utilizados pelos produtores da agricultura familiar
e sua percepção quanto a preservação de áreas ambientais em
suas propriedades e entornos no município de Tangará da Serra/
MT. A pesquisa investigou a literatura, incursões ao campo com
aplicação de formulários para 20 agricultores. Com a análise
dos resultados verificou a ausência de práticas responsáveis; e os
meios de polinização desenvolvidos nas plantações são o natural
e artificial sendo que predominam o meio artificial visto que a
presença da abelhas mamangavas nas plantações de maracujá não
são suficientes.

Palavras–chave: polinização, preservação ambiental, agricultor,


produção

1
Graduação em Administração, Mestranda em Ambiente e Sistema de Produção Agrícola da
Universidade do Estado de Mato Grosso. e-mail: janapin10@gmail.com;
2
Doutora em Biologia. Professora no Programa de Pós-graduação Ambiente e Sistema de Produção da
Universidade do Estado de Mato Grosso. e-mail: danistorck@gmail.com
3
Doutor em Ecologia. Professor no Programa de Pós-graduação Ambiente e Sistema de Produção Agrícola
da Universidade do Estado de Mato Grosso. e-mail: dioneijs@unemat.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


724 ANAIS X SIMPAC

Introdução

A polinização, transferência dos grãos de pólen das partes


masculinas para as partes femininas das flores, é um serviço
ecossistêmico essencial para reprodução da maioria das plantas
e manutenção dos ecossistemas agrícolas e naturais em todo o
mundo, podendo ser realizada naturalmente através do vento,
água e principalmente através de animais, onde as abelhas são
consideradas as mais eficientes (CHAM, et.al., 2017).
Para a agricultura o serviço de polinização, prestado
gratuitamente pelas abelhas, é importante economicamente, por
proporcionar frutos e sementes de melhor qualidade, garantindo
assim uma maior rentabilidade ao produtor. Para vegetação
silvestre os interesses estão na manutenção de diversidade genética,
preservação de vegetações nativas, e de animais que se alimentam e
habitam nestes ambientes (POTTS et al., 2010). Entretanto, devido
à intensificação das ações antrópicas e consequentemente perda da
qualidade ambiental, o declínio das abelhas tem se tornado uma
preocupação mundial (POTTS et al, 2010) Pesquisas incentivadas
pela Iniciativa Internacional de Polinização (IPI), avaliaram
224 tipos de alimentos em 156 países sendo constatado que os
polinizadores são fundamentais para produção de 35% daqueles
e por até 40% pelo suprimento global de micronutrientes como a
vitamina “A”. No Brasil em um grupo de 141 culturas pesquisadas,
85 mostraram-se dependentes de polinização (IMPERATRIZ; JOLY,
2017).
Foi constatado que o déficit de polinização sozinho representa
aproximadamente 24% do déficit de produtividade agrícola em
pequenas propriedades rurais de até 2 hectares em países em
desenvolvimento (FREITAS; BOMFIM, 2017). Um exemplo
de produção agrícola dependente de polinização, é o maracujá
(Passiflora edulis) polinizado pelas abelhas mamangavas (Xylocopa)
(JUNQUEIRA, 2016).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 725

Neste contexto, este estudo teve como objetivo identificar os


meios de polinização praticados no cultivo do maracujá, a percepção
dos produtores da agricultura familiar quanto a preservação de
áreas de vegetação nativa, no município de Tangará da Serra.

Material e Métodos

O estudo foi realizado no município de Tangará da Serra,


localizado na região Sudoeste de Mato Grosso a 245 km da capital
Cuiabá. O Município possui 11.391,314 km², sendo que 51% de sua
extensão é de área indígena e uma população estimada de 98.828
habitantes (IBGE, 2015).
O levantamento de 20 agricultores que cultivam maracujá,
em Tangará da Serra deu-se a partir da indicação de instituições
locais que fomentam o desenvolvimento da fruticultura no município
(Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(SEAPA); Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência
e Extensão Rural (Empaer); Cooperativa Dos Produtores da
Agricultura Familiar de Tangara da Serra e Região (Coopervida)
e Universidade do Estado de Mato Grosso - Campus Universitário
de Tangará da Serra (Unemat)). Foi aplicado um formulário junto
aos agricultores, com questões abertas e fechadas com o objetivo de
investigar o contexto que envolve os produtores; identificando os
meios de polinização utilizados e a percepção dos produtores quanto
a preservação de áreas ambientais. Complementarmente foram
pesquisados dados na literatura, e banco de dados secundários.
Os dados foram avaliados por meio de estatística descritiva,
cujos resultados são apresentados na forma de tabelas e gráficos.
A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética da Universidade do
Estado de Mato Grosso - (CEP Unemat nº 2.007.464).

Resultados e Discussão

A presença de abelhas mamangavas nas plantações


45% dos produtores responderam que percebem as abelhas “a
vezes”, 20% “quase sempre” percebem a presença das abelhas
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
726 ANAIS X SIMPAC

nas plantações e apenas 35% dos agricultores percebem a visita


“sempre” deste polinizadores nas plantações. Os produtores apesar
de confirmarem a presença das abelhas relatam que as mesmas
não são suficientes para polinizar toda a plantação. O serviço de
polinização natural é colocado como insuficiente por quase 100%
dos produtores pesquisados, com isso a polinização em sua maioria
é realizada manualmente pelos agricultores representando uma
externalidade negativa, um prejuízo ao homem e à natureza.
As prática desenvolvidas para produção nas propriedades
pesquisadas começam pela escolha de produzir de forma diversificada,
culturas agrícolas do grupo de Fruta, Verdura e Legumes (FVL)
favoráveis à agricultura familiar. E para proteger suas plantações
de pragas e doenças 60% utilizam defensivos químicos, 35% utilizam
de defensivos biológicos e os demais não declararam o que aplicam.
Os períodos para aplicação dos defensivos são praticados por 85%
dos agricultores “no amanhecer ou no anoitecer” na intenção de
preservar os polinizadores nos maracujazeiros. Tais precauções na
aplicação de defensivos pode justificar o motivo de ainda existe a
presença das abelhas em todas as propriedades pesquisadas, apesar
de não ser o suficiente para polinizarem toda a plantação, estão
presentes no ambiente. Todos os produtores tem consciência que as
áreas de preservação contribuem, mas ao serem questionados em
que contribuem as respostas foram generalistas quanto a “fazem
bem para as abelhas”, “preservam leitos de rios”.
Quanto as áreas de monocultura os produtores são cientes
dos impactos negativos ao uso de defensivos em grandes quantidades
prejudicando assim suas plantações, as áreas de pecuária também
foram mencionadas por danificarem as plantações que ficam nas
bordas da propriedade devido a pragas e defensivos utilizados no
pasto. Apenas 35% das propriedades pesquisadas não tem áreas de
monocultura e pecuária em seu entorno. Os demais agricultores são
prejudicados pelas práticas na monocultura e pecuária, relatam sua
experiência negativa com a deriva dos agrotóxicos vindos das áreas
de monocultura e o prejuízo das plantações nas divisas com áreas de
pecuária.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 727

Os agricultores pesquisados percebem e aceitam a


importância das áreas preservadas, entretanto não há uma
construção de conhecimento estruturado que permita ao agricultor
familiar, utilizar de práticas responsáveis que contemplem o
cuidado com a regeneração de áreas degradadas, a conservação de
áreas naturais na produção de alimentos em suas propriedades.
Analisando o perfil dos agricultores e seu contato com a
vegetação é possível visualizar o tipo de integração que pode ocorre
entre vegetação agrícola e natural e as possibilidades de parceria
entre agricultor e polinizadores. A visão de integração e parceria
entre agricultura, produtor e natureza é defendido por Peter Kevan
fundador da Canadian Pollination Initiative (CANPOLIN), Paulo
Nogueira Neto criador da Secretaria Especial do Meio Ambiente
(SEMA), Vera L. Imperatriz Fonseca representante do Brasil na
Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços
(IPBES). Os Agricultores pesquisados são de origem da agricultura
familiar atendendo a Lei Federal n. 11.326, de 24 de julho de 2006,
casados, morando e trabalhando na propriedade. A maioria dos
filhos dos agricultores desenvolvem outras atividades profissionais
fora da propriedade, assim a presença de jovens trabalhando nas
propriedades atinge 15%. A ausência de sucessores nas propriedades
trazem uma condição a curto prazo para estabelecerem uma visão
de parceria com os polinizadores. Esta condição não é eficaz na
função de multiplicadores, de instituírem parcerias necessárias
para integração entre agricultura e natureza a longo prazo. Entre
tanto os pais desses filhos ausentes no campo tem condições de
exercerem o papel de agentes operacionais desta integração, em
projetos por melhores práticas agrícolas em suas plantações de
maracujá apoiados por instituições fomentadoras da agricultura
que garantam a continuidade de projetos a longo prazo.
O agricultor familiar conforme indicador da ONU, detêm
habilidades agrícolas que fornecem até 80% dos alimentos nos
países em desenvolvimento. Esta posição deveria servir como
estímulo para parcerias com práticas agrícolas responsáveis, porém
o status quo de marginalizados da grande maioria dos agricultores
familiares retrata um ambiente pragmático herdado de uma

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


728 ANAIS X SIMPAC

agricultura prussiana favorecendo produtores latifundiários, que


precisa ser extinta da sociedade contemporânea.

Considerações Finais

Com práticas agrícolas responsáveis os agricultores


familiares se beneficiariam com a polinização natural, visto que
apesar existência de áreas de monocultura e pecuária a presença
das abelhas permanecem nas plantações de maracujá.
Os agricultores familiares otimizariam sua integração entre
produção e natureza se fossem assistidos de maneira equitativa,
entretanto o modelo prussiano prioriza agricultores latifundiários.

Referências Bibliográficas

CHAM, K; TONELLI, C., SILVA, F. V.; BORGES, SILVA, F. V.


Atual cenário da avaliação de risco de agrotóxicos para
polinizadores no Brasil. Importância dos polinizadores na
produção de alimentos e na segurança alimentar global -
Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, p. 69-74,
2017

IMPERATRIZ-FONSECA, V. L; JOLY, C. A., Plataforma


Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços de
Ecossistemas (IPBES). Importância dos polinizadores na
produção de alimentos e na segurança alimentar global - Brasília,
DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, p. 18-33, 2017.

JUNQUEIRA, C. N. Serviços de Polinização e Manejo de Polinizadores


do Maracujá-Amarelo. 2016. 136 p. Tese (Doutorado em Ecologia
e Conservação de Recursos Naturais) - Universidade Federal
de Uberlândia-UFU, Uberlândia, 2016.

POTTS, S. G.; BIESMEIJER, J. C.; KREMEN, C.; NEUMANN, P.;

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 729

SCHWEIGER, O.; KUNIN, W. E. Global pollinator declines: trends,


impacts and drivers. Trends in ecology & evolution, v. 25(6), p.
345-353, 2010.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


730 ANAIS X SIMPAC

A DEMANDA DE SAÚDE MENTAL EM CRIANÇAS EM


TRATAMENTO PSICOLÓGICO

Janice de Fátima Cruz1 , Taynara de Lima e Silva2, Leonardo


Bruno Mateus Gomes da Silva3, Adriano de Souza Alves4

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo, verificar o perfil


da demanda da população infantil na faixa etária de 8 a 12 anos
de idade, que são atendidas por profissionais da psicologia na
atenção básica à saúde, NASF e CAPS Infantil. Uma vez, que são
inúmeras as queixas dos responsáveis e das escolas, surgindo assim
os encaminhamentos para o atendimento psicológico. Neste contexto
aplicamos três tipos de entrevistas diferentes, uma para o psicólogo
que lida com essa demanda, uma para o responsável e outra para a
criança, onde se revelou que as principais queixas estão relacionadas
à agitação da criança, e à dificuldade de aprendizagem.

Palavras–chave: Caps infantil, nasf, terapia infantil

Introdução

O desenvolvimento humano teve grandes evoluções,


principalmente quando nos referimos à infância, uma vez que as
crianças eram consideradas adultos em miniatura, tratadas sem
discriminação e pudor. A partir do século XIX e XX, é que começa
a cogitar a hipótese de que as crianças necessitavam de um lugar,
espaço, tempo e cuidados diferenciados dos adultos, a partir de
então, foi o caminhar para a evolução, que hoje conhecemos como
infância, sendo classificada entre 0-9 anos, segundo critérios do
Ministério da Saúde, possuindo direitos e proteção, passando a ser
assegurada pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
1
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: cruz.janf@gmail.com
2
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: limataynara059@gmail.com
3
Graduando em Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: leobmsilva@gmail.com
4
Professora do curso de psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianounivicosa@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 731

O olhar para as crianças torna-se diferenciado, e exige


uma atenção em sua formação, já que ela acontece nessa fase de
desenvolvimento. Pela busca de soluções para problemas sociais
apresentados pelas crianças, muitos responsáveis procuram a
atenção básica de saúde para um tratamento psicológico, ou mesmo
a própria escola faz esse encaminhamento. Atualmente lidamos com
uma geração que apresenta uma demanda psicológica bem maior do
que anos atrás, são inúmeras queixas dos responsáveis e das escolas,
partindo desse ponto para uma conduta de encaminhamentos
psicológicos, onde as unidades de saúde acolhem essa demanda
direcionando para o atendimento no NASF, que foi criado pela
Portaria 154/2008 e tem por objetivo apoiar, ampliar, aperfeiçoar a
atenção e a gestão da saúde na Atenção Básica/Saúde da Família,
estando vinculado diretamente à equipe de Saúde da Família,
mas qual será o real motivo para todos esses problemas? Por que
essas crianças estão sendo encaminhadas com bastante frequência,
deixando as agendas dos psicólogos esgotadas dia após dia? Diante
destes questionamentos, o presente trabalho tem por finalidade
analisar e discutir as principais demandas que ocasionam a procura
pela terapia infantil.

Material e Métodos

A metodologia aplicada, contou com uma abordagem


qualitativa onde utilizou de delineamentos intersujeitos, uma vez
que não conhecíamos a demanda, de forma randomizada, constou
de uma entrevista aos responsáveis, aos psicólogos e às crianças
em tratamento na sala recreativa, todas encaminhadas pelo ESF
(Estratégia Saúde da Família ) ou pela escola. Participaram das
entrevistas: três mães, três avós, totalizando seis responsáveis, nas
entrevistas com os profissionais foram quatro psicólogas, (duas do
Nasf da cidade de Ponte Nova e duas do Caps Infantil da cidade
de Ervália), seis crianças, sendo quatro do sexo feminino e duas do
sexo masculino.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


732 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

Ao analisar separadamente cada entrevista e apurarmos os


seus dados de forma unificada, obtivemos resultados tais como:
a maioria dos encaminhamentos partiu da escola, em seguida
das unidades básicas de saúde. Cerca de 50% das crianças que
participaram da pesquisa fazem uso de algum medicamento
controlado, 33% já fizeram esse uso e 17% nunca fizeram, conforme
mostra o gráfico abaixo:

Gráfico 1

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-


se que 20% das crianças e adolescentes do mundo sofrem de
transtornos comportamentais ou mentais, fato que levou a ciência a
fazer uma investigação sobre a forma de tratamentos desses casos,
chegando a uma conclusão bastante alarmante, onde, se localiza em
todo o planeta, um grande número de meninas e meninos que fazem
uso de medicamentos tarja preta, atuando em seu sistema nervoso
central, sendo a sua venda regulamentada, ou seja, atualmente o
que temos, é uma infância a base de pílulas.
Apuramos através das entrevistas, que a maneira mais
utilizada pelos responsáveis na hora de corrigir é o castigo e o bater,
ambos tiveram 44%, em seguida apareceram os gritos com 11%.
Observado no gráfico 2 abaixo:

Gráfico 2

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 733

Para Azevedo e Guerra, 2001, o ato de bater acontece desde o


período colonial, onde se tem a ideia de que os pais possuem o dever
e o direito de agir de forma punitiva na intenção de melhor e educar
os seus filhos. Desde então, a forma mais utilizada para correção é
o bater. Todavia estabelecer limites claros e objetivos é uma forma
de deixar a criança ciente do que se espera dela (Camacho, 1998).

Ressaltando que a criança torna-se segura, confiante e paciente


através do carinho, da proteção e do amor de seus pais. E as queixas
que mais se destacaram foram: agitação da criança com 21%, em
seguida da dificuldade de aprendizagem com 18%, dificuldade de
relacionamento, indisciplina em aula e conflitos familiares, ambos
obtiveram 10%. A agressividade e a dificuldade em matemática
tiveram 8%, choro excessivo e falta de limites alcançaram 5%, e a
carência e o baixo rendimento escolar obtiveram 3%. Representado
pelo gráfico 3:

Gráfico 3

Conclusões

Diante dos resultados obtidos observamos que essas crianças


pertencem a um ambiente no qual a forma de correção consiste
no castigo e no bater, o que pode implicar no perfil das demandas
dos encaminhamentos ao atendimento psicológico, uma vez que a
maioria desses refere à agitação da criança.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


734 ANAIS X SIMPAC

Constatamos que a queixa que aparece em segundo lugar é


a dificuldade de aprendizagem, uma vez que essa criança sendo
agitada, possivelmente haverá dificuldades para aprender, o que
podemos associar, com o número de crianças que utilizam ou já
utilizaram medicamentos tarja preta.
Sugere-se uma nova pesquisa para verificar a correlação entre
essas duas queixas, uma vez que os profissionais envolvidos na
educação dessas crianças no ambiente escolar não foram incluídos
na pesquisa, portanto não dispomos de dados suficientes.
Não nos preocupemos com o que a infância pode ser, mas
com o que ela é. Asseveraremos a infância como símbolo da
afirmação, figura do novo, espaço de liberdade. A infância
será uma metáfora da criação no pensamento; uma imagem
de ruptura, de descontinuidade, de quebra do normal e do
estabelecido. (Kohan ; 2003).

Referências Bibliográficas

BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAUDE. Saúde da criança: materiais


alternativos. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/saude_crianca_materiais_infomativos.pdf

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 154, de 24 de janeiro


de 2008. Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família- NASF.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 25 jan. 2008.
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/
prt0154_24_01_2008.html>

CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SANTA


CATARINA.Infância domada à pílulas.Disponível em: <http://
http://crfsc.gov.br/infancia-domada-a-pilulas-cresce-o-uso-infantil-
de-medicamentos-tarja-preta/> acessos em 11 de novembro. 2016

CORREA, A. R. M. Infância e patologização: crianças sob


controle. Rev. bras. psicodrama,  São Paulo ,  v. 18, n. 2, p. 97-106,   2010
. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 735

arttext&pid=S0104-53932010000200006&lng=pt&nrm=iso>.
Acessos em  08 de novembro. 2016.

KOHAN, W. O. Infância – Entre educação e filosofia. Belo


Horizonte: Autêntica, 2003.

LONGO, C. S. Ética disciplinar e punições, 2015. Instituto de psicologia.


USP

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


736 ANAIS X SIMPAC

EFEITO DA INGESTÃO DE DIETAS COM DIFERENTES


FONTES DE PROTEÍNAS VEGETAIS EM CÉLULAS
INTESTINAIS DE RATOS WISTAR

Jersica Martins Bittencourt1, Eliene da Silva Martins Viana2,


Samara da Silva Souza3

Resumo: Existem diversas fontes de proteínas, sendo as de origem


vegetal constituídas em grande parte por grãos de leguminosas,
nas quais tem se observado a ocorrência natural de inibidores de
enzimas proteolíticas, podendo levar no trato gastrintestinal à
redução da biodisponibidade dos aminoácidos e possíveis lesões nas
mucosas intestinais. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito
de diferentes fontes proteicas vegetais nas células intestinais de ratos
da linhagem Wistar. Foram utilizados 42 ratos, divididos em sete
grupos com seis animais em cada grupo. As dietas administradas
tiveram como fonte proteica caseína (grupo controle), dieta aproteica
(grupo aproteico), lentilha, semente de girassol, Feijão fradinho e
gergelim ambos crus por 14 dias. Após esse período foi realizada
a coleta do intestino (duodeno e íleo), sendo os cortes histológicos
(4µm) obtidos por microtomia, corados com hematoxilina-eosina e
analisados em microscópio. Analisou-se as alterações no glicocálix,
degeneração nas células colunares, hiperplasia das células
caliciformes, atrofia, perda da integridade e infiltrados inflamatório
das vilosidades e, constataram-se alterações leves em todos os grupos.
Em contrapartida ao observar isoladamente cada lâmina verificou-
se ao comparar o grupo controle (caseína) com G3 (lentilha) que
houve alterações de atrofia das vilosidades, degeneração de células
colunares no grupo G3 (lentilha). Assim pode-se afirmar que são
necessários mais estudos para inferir se a lentilha é um alimento
seguro, uma vez que houve diferença significativa na comparação

1
Graduada em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jersicamatinscunha@gmail.com
2
Professora do Curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: elieneavs@yahoo.com.br
3
Graduada em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: sam.souzasilva@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 737

controle (caseína) com G3 (lentilha), o que não foi observado nos


outros grupos.

Palavras–chave: Atrofia, degeneração, intestino, proteína,


vilosidades
Introdução

As proteínas podem ser de origem animal onde são encontradas


principalmente nas carnes (aves, bovinos, suínos, pescados e outros
animais); ovos; leite e seus derivados, como queijo, requeijão,
iogurte e outros produtos, e de origem vegetal sendo encontradas
nos diversos tipos de feijões, soja, lentilha, grão-de-bico e outros
grãos (BRASIL, 2009).
Nos grãos das leguminosas observa-se a ocorrência natural de
inibidores de enzimas proteolíticas, como por exemplo, a tripsina.
Estes inibidores no trato gastrintestinal poderão levar à redução da
biodisponibidade dos aminoácidos e possíveis lesões nas mucosas
intestinais. Os inibidores de tripsina e lecitinas das leguminosas
são conhecidos como Aglutinina de Soja (SBA) (BENEVIDES et
al., 2011). As lectinas são proteínas não pertencentes ao sistema
imunológico, capazes de reconhecer sítios específicos em moléculas e
manter ligações reversíveis a carboidratos, sem alterar a estrutura
covalente das ligações glicosídicas dos sítios, são encontradas em
uma ampla variedade de espécies de plantas, entretanto elas estão
presentes em maior quantidade nos grãos de leguminosas como
ervilha, feijão, lentilha e soja (BARROSO et al., 2013).
Desta forma os efeitos nocivos dos inibidores de proteases em
animais alimentados com leguminosa crua apresentam uma grande
complexidade. Assim várias pesquisas com animais monogástricos
têm relacionado efeitos deletérios como alterações metabólicas do
pâncreas (aumento da secreção enzimática, hipertrofia e hiperplasia)
e redução da taxa de crescimento, à presença de inibidores de
tripsina (SILVA e SILVA, 2000).
O presente trabalho teve como o objetivo avaliar o efeito do
consumo de diferentes fontes proteicas nas células intestinais de
ratos Wistar.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


738 ANAIS X SIMPAC

Material e Métodos

Foram utilizados 42 ratos machos, raça wistar, recém-


desmamados, com média de 21 dias de idade, peso variando de
50 a 70 g. Os animais foram divididos em sete grupos com seis
animais cada, de modo que a média dos pesos entre os grupos não
excedesse a 5 g. Os ratos foram alocados em gaiolas individuais,
onde receberam água ad libitum e 15 gramas de dieta, durante 14
dias. Sendo utilizada na dieta caseína comercial obtida da Rhoster
Indústria e Comércio Ltda. Os feijões, lentilha, gergelim e semente
de girassol foram adquiridos no comércio de Viçosa (MG), sendo
moídos utilizando um liquidificador até obtenção de uma farinha. A
semente de girassol foi moída e peneirada
As dietas foram compostas da mesma quantidade de Amido
dextrinizado (13,2g), Sacarose (10g), Óleo (7g) , Fibra (5g), Mix de
Mineral (3,5g), Mix de Vitamina (1g), Bi tartarato de Colina (0,25g),
L- Cistina (0,3g), com variação nas fontes proteicas e quantidade de
amido G1: sendo 20 g de Caseína e 39,75 g de amido; G2: sem fonte
proteica e 59,75 g de amido; G3: 35,75g de Lentilha e 59,75 g de
amido; G4: 33,50g Semente de Girassol e 24 g de amido, 35,22g; G5:
Feijão fradinho e 26,25 g de amido; G6: 38,45g Feijão branco e 21,30
de amido e 41,25g ; G7: Gergelim e18,5 g de amido.
Os cortes transversais do intestino delgado (duodeno e íleo)
foram feitos de modo a facilitar a penetração da substância fixadora
(formol 10%). Após a fixação, os órgãos foram desidratados com
etanol, sendo obtidos dois fragmentos transversais de cada um, com
aproximadamente 0,5 cm de espessura, de duas regiões distintas
de acordo com o protocolo do laboratório de histologia da Faculdade
de Ciências Biológicas e da Saúde. Todos os fragmentos foram
submetidos à rotina histológica e incluídos em parafina. Os cortes
histológicos (4µm), foram obtidos por microtomia, corados com
hematoxilina-eosina e analisados em microscópio, sendo observados
os seguintes parâmetros: alteração no glicocálix; degeneração nas
células colunares; hiperplasia das células caliciformes; atrofia,
perda da integridade e infiltrados inflamatório das vilosidades.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 739

Todos os resultados foram analisados por meio da análise de


variância (ANOVA) e as diferenças significativas entre as médias
(p<0,05) pelo Teste de Tukey, utilizando-se o software SAEG, versão
9.0.
Resultados e Discussão

Após o tratamento dos animais observou-se de forma geral


que as alterações na mucosa intestinal foram diagnosticadas com
alteração leve (tabela 1).

Tabela 1. Parâmetros gerais observados durante o tratamento com


dieta com diferentes fontes proteicas.
Variáveis Média Desvio padrão
Atrofia 1.42 0.81
Perda de integridade 1.71 0.95
Infiltrado inflamatório 1.04 0.49
Hiperplasia de células
1.14 0.47
caliciformes
Degeneração de células
1.23 0.83
colunares
Presença de Glicocálix 1.23 0.83
*Médias nas colunas seguidas por letras iguais não diferenciaram
entre si, ao nível de significâncias de 5% pelo teste de Turkey.

No presente estudo quando comparado o grupo controle


(caseína) com os grupos G4(Semente de girassol), G5(Feijão
Fradinho), G6 (Feijão Branco) e G7(Gergelim), estatisticamente não
foram observado diferenças. Porém ao comparar o grupo controle
(caseína) com G3 (lentilha), houve diferença estatisticamente
significativa, bem como também para o grupo aproteico em relação
à atrofia das vilosidades e degeneração das células colunares.
Caruso e Demonte (2005), também observaram em seu trabalho
que após a administração de concentrado proteico de soja e de caseína

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


740 ANAIS X SIMPAC

como únicas fontes proteicas, os resultados mostraram significativas


diferenças entre os grupos, nos parâmetros comprimento e área das
vilosidades, evidenciando do ponto de vista histomorfológico, as
diferenças existentes na absorção das proteínas.

Considerações Finais

De modo geral ao avaliar nas laminas presença de alterações


no glicocálix, hiperplasia das células caliciformes, perda da
integridade, infiltrados inflamatório das vilosidades, atrofia
das vilosidades e degeneração de células colunares observou-se
alterações leves, em contrapartida comparando o grupo controle
(caseína) com G3 (lentilha) houve diferença significativa ao verificar
separadamente as variáveis atrofia das vilosidades e degeneração
de células colunares no grupo teste, podendo assim afirmar que é
necessário mais estudos para inferir que a lentilha crua é segura
para a alimentação. Portanto, a criação de produtos que usem a
lentilha crua devem ser cuidadosamente estudados antes de sua
utilização.

Agradecimentos

Agradeço imensamente a todos os professores que nos ajudaram


e nos ensinaram a trilhar caminhos para ser um profissional de
nutrição. Em especial a professora Eliene que tem nos orientado até
então mesmo depois de formadas com todo seu carinho e atenção, e
estar sempre disposta a dar sua mão amiga nas dificuldades da vida
profissional.

Referências Bibliográficas

BARROSO, L, S. A Influência dos Processos Térmicos na Atividade


das Lectinas de Ervilha e de Lentilha. X SALÃO DE ENSINO.
UFRGS. Porto Alegre, RS. 2013. Disponivel em: <http://www.lume.
ufrgs.br/handle/10183/90697 > Acesso em 01 de maio de 2017.

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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.


Alimentação e nutrição no Brasil l. Brasília: Universidade
de Brasília, 2009. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/
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abril de 2017.

BENEVIDES, C. M. J. et al. Fatores antinutricionais em alimentos:


Revisão. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, v. 18, n.
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CARUSO, M; DEMONTE A. Histomorfometria do intestino delgado


de ratos submetidos a diferentes fontes proteicas. Alim. Nutr.
Araraquara v. 16, n. 2, p. 131-136, abr./jun. 2005. Disponível em:
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Acesso em 02 de abril de 2017.>

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


742 ANAIS X SIMPAC

EXTENSÃO DO ADICIONAL DE GRANDE INVALIDEZ


AOS OUTROS TIPOS DE APOSENTADORIAS

Jéssica Gomes Guimarães1, Fraikson Cleiton Fuscaldi


Gomes2

Resumo: O projeto tem por escopo discorrer acerca da controvérsia


interpretativa sobre o chamado adicional de grande invalidez que
consiste na majoração de 25% do valor dos benefícios concedidos
pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para os segurados
aposentados por Invalidez que necessitem ou passem a necessitar de
assistência permanente de outras pessoas. Várias são as decisões
conflitantes no âmbito das ações que tramitam na Justiça Federal
em face do INSS. O texto da Lei 8.213/1991 restringe a majoração
do benefício somente aos segurados aposentados por invalidez. Este
também seria o entendimento conforme precedentes do Supremo
Tribunal de Justiça (STJ). Todavia, após inúmeras decisões
judiciais que concederam a majoração dos benefícios dos segurados
que, estando aposentados por idade ou por tempo de contribuição,
passaram a necessitar de cuidados permanentes de terceiros, a
Turma Nacional Uniformização de jurisprudências (TNU) proferiu
acórdão considerando possível a extensão do adicional de grande
invalidez às outras aposentadorias concedidas pelo INSS revelando-
se, assim, a divergência interpretativa.

Palavras–chave: Aposentadoria por Invalidez, adicional de grande


invalidez, divergência interpretativa, princípio da contrapartida.

Introdução

Os estudos relativos ao presente resumo fundaram-se na


controvérsia interpretativa do intitulado adicional de grande
invalidez recorrentemente demandado por beneficiários de
aposentadorias por idade, principalmente. Aparentemente não
1
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jessicatguimarãesguimaraes21@gmail.com
2
Docente em Direito Previdenciário – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fraikson@yahoo.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 743

percebe a questão senão se tiver como pressuposto a premissa de


que este adicional seria literalmente garantido por lei apenas aos
aposentados por invalidez.
Mais precisamente, este adicional consiste na majoração de
25% da renda mensal do valor do benefício concedido pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) para os segurados aposentados
por Invalidez que necessitem ou passem a necessitar de assistência
permanente de outras pessoas.
Acontece que ainda que literal esta premissa impõe-se
necessária a discussão se este adicional também poderia ser
compreendido com direito para outros tipos de aposentados, ou
mesmo beneficiários do sistema, que se encontram nas mesmas
condições da necessidade que o fundamenta, qual seja: a de
assistência permanente de outras pessoas. Conclusão que poderia
ser construída se for considerado o fundamento desse instituto
jurídico que pressupõe o amparo uniforme e equivalente dos
benefícios. Principio este prescrito no artigo 194, parágrafo único
da Constituição brasileira de 1988.
Várias são as decisões conflitantes no âmbito das ações
que tramitam na Justiça Federal em face do INSS. O texto da Lei
8.213/1991 restringe a majoração do benefício somente aos segurados
aposentados por invalidez. Este também seria o entendimento
conforme precedentes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
Todavia, após inúmeras decisões judiciais que concederam a
majoração dos benefícios dos segurados que, estando aposentados
por idade ou por tempo de contribuição, passaram a necessitar de
cuidados permanentes de terceiros, a Turma Nacional Uniformização
de jurisprudências (TNU) proferiu acórdão considerando possível a
extensão do adicional de grande invalidez às outras aposentadorias
concedidas pelo INSS revelando-se, assim, a divergência
interpretativa.

Material e Métodos

O estudo fundou-se na analise de conteúdo bibliográfico e


jurisprudencial relativos ao Direito Previdenciário, tendo em vista os

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


744 ANAIS X SIMPAC

direitos constitucionais garantidos aos beneficiários da previdência


social em geral. Razão que determina a classificação da pesquisa
como de natureza interdisciplinar. Como o objetivo do estudo foi
verificar a possibilidade jurídica de extensão do adicional de grande
invalidez para outros beneficiários da previdência, o esforço de
pesquisa caminhou a partir dos instrumentos próprios da vertente
metodológica jurídico-sociológica, caracterizada pela análise da
legislação, das doutrinárias e decisões judiciais – acórdãos- sobre o
tema problema.
Nesse viés, o estudo explorou o problema a partir,
principalmente, de jurisprudências, de forma que referências
bibliográficas não tiveram grandes relevâncias na análise senão
para se marcar os pressupostos teóricos e conceituais necessários à
compreensão do objeto de estudo.
.
Resultados e Discussão

A aposentadoria por invalidez será concedida pelo Instituto


Nacional do Seguro Social aos segurados (pessoas que já se
encontrarem filiados à Previdência Social) e que cumprirem os
requisitos para obtenção de tal benefício.
Tais requisitos se encontram previstos no artigo 42 da
Lei 8.213/1991, quais sejam: i) a qualidade de segurado; ii) o
cumprimento do período de carência; iii) a comprovação de que
se encontra impossibilitado de trabalhar e é insuscetível de
reabilitação; iv) a verificação de que a doença ou lesão alegada
é posterior à sua inscrição na Previdência Sociale, ainda, v) se o
segurado já se submetera a alguma avaliação médica através de
junta especializada de médicos do órgão previdenciário, a fim de
que seja diagnosticado se existe qualquer incapacidade laborativa.
O adicional de grande invalidez está previsto no artigo
45 da Lei 8.213/1991 e trata da possibilidade da majoração de
25% sobre o valor da Aposentadoria por Invalidez ao segurado que
necessitar ou passar a necessitar da assistência permanente de
outras pessoas.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 745

Ocorre que há uma crescente demanda de ações em face do


INSS propostas por segurados que gozam de benefícios diversos
da aposentadoria por invalidez pleiteando o adicional de grande
invalidez.
Tal fato ocorre devido a recentíssimas decisões judiciais que
acabam por estender o benefício e conceder a majoração de 25%
dos valores percebidos aos aposentados (por idade ou por tempo
de contribuição, por exemplo) que, submetidos a enfermidades ou
deficiências posteriores à sua aposentação, passam a necessitar de
auxílio e cuidados permanentes de outras pessoas.
Desta feita, a Turma Nacional de Uniformização (TNU),
a fim de pacificar o entendimento jurisprudencial, proferiu
acórdão considerando possível a extensão do referido adicional às
aposentadorias por idade e por tempo de contribuição, e firmada essa
tese, determinou o retorno dos autos à Turma Recursal de origem,
para a apreciação das provas dos autos, quanto à incapacidade e à
necessidade de assistência permanente de terceiros.
Doutro lado, o Instituto Nacional do Seguro Social, entende
que a letra da Lei 8.213/1991 no artigo 45, é específico ao restringir a
majoração em 25% exclusivamente às aposentadorias por invalidez.
Desta feita, o INSS formulou ao Supremo Tribunal de
Justiça (STJ) pedido de Uniformização e Interpretação de Lei,
sustentando, em síntese, que o acórdão da TNU diverge da
jurisprudência dominante do STJ, acerca do tema controvertido,
conforme precedentes que indica – Resp 1.475.512/MG, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
Dje de 18/12/2015; REsp. 1.505.366/RS, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 04/05/2016;
REsp 1.243.402/SC, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, DJe de 14/09/2015; REsp 1.243.183, Rel. Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, Dje de 28/03/2016 – firmados no
sentido de que o acréscimo de 25% previsto na Lei 8.213/1991, está
limitado à aposentadoria por invalidez, não podendo a sua concessão
ser estendida a outras espécies de benefícios.
Assevera que o entendimento da TNU, além de divergir do
entendimento do STJ, encontra óbice no princípio da contrapartida

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


746 ANAIS X SIMPAC

, consagrado no artigo 195, § 5º, da CF/88, e nega vigência ao artigo


15 da Lei 10.741/2003 (estatuto do Idoso), que prevê benefício a ser
exigido do SUS, mais abrangente que o percentual pecuniário de
25% do valor da aposentadoria.
Com os inúmeros processos discutindo sobre o tema
em questão nos Juizados Especiais, o INSS estima que o impacto
de concessão de adicional de grande invalidez fora dos casos por
aposentadoria por invalidez para os benefícios concedidos entre
2015 e 2017 seja de ordem de R$ 456.509.000,00 no ano de 2017.
Nesse contesto, o STJ admitiu o Pedido de Uniformização
de Interpretação de Lei, e, estando presente a plausibilidade do
direito invocado, bem como o receio de dano de difícil reparação,
deferiu a medida liminar requerida pelo INSS para determinar a
suspensão dos processos nos quais tenha sido estabelecida a mesma
controvérsia.

Referências Bibliográficas

AMADO, F. Direito e processo previdenciário sistematizado.


3 ed. Bahia: Forense, 2012.

BALERA, W; MUSSI, C. M. Direito previdenciário – 10.a ed.


rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método,
2014.

BRASIL. LEI Nº 13.135, DE 17 DE JUNHO DE 2015.. Altera as Leis


no 8.213, de 24 de julho de 1991, no 10.876, de 2 de junho de 2004,
no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e no 10.666, de 8 de maio de
2003, e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13135.htm. Acesso em:
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CANOTILHO, J. J. G.. Direito constitucional e teoria da


constituição. 7. Ed, Coimbra/Portugual: Almedina, 2003.

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ANAIS X SIMPAC 747

CASTRO, C. A. P. ; LAZZARI, J. B. Manual de Direito


Previdenciário. 15 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2013.

GAZDA, E. Administração Pública em juízo: poder-dever


de transigir. Disponível em http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/
default/files/anexos/19849-19850-1-PB.pdf . Acesso em: 08/02/2016.

IBRAHIM, F. Z. Curso de Direito Previdenciário. 17. Ed. Rio de


Janeiro: Impetus, 2012.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


748 ANAIS X SIMPAC

SÍNTESE DE POLIGLICEROL A PARTIR DE GLICERINA


PROVENIENTE DA PRODUÇÃO DE SABÃO OBTIDO POR
MEIO DE GORDURAS RESIDUÁRIAS DE UMA FÁBRICA
DE CONSERVAS E ENTREPOSTOS DE PESCADO

João Graciano Sampaio1, Camila Cristina Teixera2, Renato Sousa3,


Manoela Maciel dos Santos Dias4

Resumo: O presente trabalho objetivou apresentar uma rota sintética


simples para a produção de um polímero a partir do glicerol extraído
de sabão, que teve como matéria prima a gordura residual obtida de
uma fábrica de conserva e entreposto de pescado localizada na cidade
de Viçosa-MG. O polímero obtido foi o poliglicerol, sintetizado a partir
da glicerina proveniente do sabão produzido e também, a partir da
glicerina comercial a cunho de comparação. Para a ocorrência da
reação adicionou-se à glicerina, sob aquecimento, ácido sulfúrico,
que atuou como iniciador e catalisador. E, a partir de então, realizou-
se testes para a classificação do polímero quanto à sua estrutura
polimérica. Concluiu-se que, os dois polímeros sintetizados não
sofreram fusão, evidenciando a presença de ligações cruzadas do
tipo covalente ou ligação de hidrogênio, entre cadeias paralelas que
resulta em estruturas rígidas e reticuladas. Outro teste realizado foi
a extração por solventes com diferentes polaridades evidenciando um
grau de polimerização de 93% para ambas as sínteses realizadas.
Também realizou-se teste de viscosidade relativa, que mostrou a
ocorrência da reação, alongamento da cadeia carbônica do polímero,
no decorrer do tempo.
Palavras–chave: Meio ambiente, polimerização por condensação,
polímero termorrígido, reciclagem de resíduos industriais
Introdução

1
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: joaogracianojg@hotmail.com
2
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: camila.teixeiraofc@gmail.com
3
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: renatosousacanaa@gmail.com
4
Professora/Orientadora – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: manoelamaciel810@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 749

Diante da necessidade em buscar alternativas para


proporcionar um desenvolvimento sustentável, o desenvolvimento
tecnológico e a preservação dos recursos naturais estão caminhando
juntos para proporcionar melhores condições de vida à sociedade e ao
meio ambiente. Neste contexto, a reciclagem passa a ser uma forma
muito atrativa de gerenciamento de resíduos, contribuindo para a
economia dos recursos naturais e para o bem estar da comunidade
em geral.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação
(ABIA), a indústria de alimentos é a mais representativa do país;
sendo fundamental ressaltar a enorme geração de resíduos e a
importância de tornar esse processo inevitável, mais correto e
sustentável. No caso de uma empresa classificada de acordo com
o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA)
como fábrica de conservas e entreposto de pescado, sua maior
fonte de resíduos são gorduras de origem animal, que podem ser
aproveitadas, entre outros, na fabricação de rações, biocombustíveis
e tensoativos (sabões).
Gerada como subproduto na produção de sabão, a glicerina
pode ser extraída e purificada por meio de processos físico-químicos,
podendo ser utilizada como matéria prima de diversos produtos no
setor industrial, o que confere a ela, um maior valor agregado. Uma
aplicação interessante de tal insumo é produção de polímeros.
Considerando a questão ambiental e a busca por produtos
de maior valor comercial, o presente trabalho teve por finalidade,
apresentar uma rota sintética simples para a produção de um
polímero a partir do glicerol extraído de sabão, que teve como
matéria prima a gordura residual obtida de uma fábrica de conserva
e entreposto de pescado.

Material e Métodos

Inicialmente foi calculado o índice de saponificação da gordura


residual de acordo com a metodologia descrita por Albino (2016).
Em um balão de 250 mL foi pesado 2,0037 g de gordura residual.
Foi adicionado 25 mL de solução alcoólica de hidróxido de potássio

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750 ANAIS X SIMPAC

0,5 M, com posterior fervura sob refluxo por 30 minutos. O sistema


foi resfriado, e então adicionado 1 mL de indicador para que se
pudesse fazer a titulação com ácido clorídrico 0,5 M. Um teste em
branco foi realizado.
A produção do sabão foi realizada por meio da adição de
hidróxido de potássio em um recipiente, ao qual se acrescentou,
sob agitação, água fervendo. Em seguida, foi adicionado a gordura
residual na proporção obtida por meio do índice de saponificação,
que foi de aproximadamente 1:2:5. A separação da glicerina a partir
do sabão foi realizada por meio de lavagem com uma solução de
ácido clorídrico 0,5 M (SOUZA, 2013).
A síntese polimérica foi realizada de acordo com metodologia
descrita por CBPol (2009). Utilizou-se 25 g de glicerina comercial,
à qual foi misturada a 5 mL de solução 2,7 M de ácido sulfúrico
em sistema aberto, com agitação, em temperatura próxima a 150
°C (banho-maria com óleo de soja), por 60 minutos. A cada 15
minutos, retirou-se uma alíquota da reação, com auxílio de uma
pipeta de 2 mL para que fosse realizado testes de viscosidade,
determinando-se o tempo de escoamento de cada alíquota. Após 60
minutos, a mistura reacional foi colocada em estufa pré-aquecida à
temperatura de 150°C durante três horas. Para a polimerização da
glicerina residual bruta do sabão, utilizou-se aproximadamente 100
mL da mesma, à qual foi evaporada por determinado tempo com o
intuito de diminuir a água do sistema e em seguida adicionou-se 10
mL (em duas partes) de catalisador (ácido sulfúrico). Novamente
a reação ocorreu em banho de óleo e mantendo-se a temperatura
em aproximadamente 150 °C. A reação ocorreu de forma muito
rápida não sendo possível a extração de alíquotas para testes de
viscosidade. Decorridos alguns minutos a partir do tempo de reação,
a amostra foi levada à estufa onde ficou sob temperatura de 150 °C,
durante 3 horas.
A caracterização dos polímeros obtidos foi realizada por meio
da exposição direta de pequenos pedaços das amostras (oriunda da
glicerina comercial e também da glicerina do sabão) à chama de um
bico de Bunsen (CBPol, 2009).
Os testes de extração com solventes foram realizados

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 751

utilizando hexano (solvente de menor polaridade) e etanol


(solvente de maior polaridade). Inicialmente as amostras foram
pesadas (0,5 g) e submetidas ao refluxo de uma hora em hexano.
Posteriormente foram secas e pesadas novamente. Em seguida, o
mesmo procedimento foi realizado com o etanol (CBPol, 2009).

Resultados e Discussão

Inicialmente calculou-se o índice de saponificação (IS), que


apresentou um valor de 0,1529 g de KOH para saponificar 1 g da
gordura residual. A partir de então determinou-se o peso molar
médio da amostra (PM) que apresentou um valor de 1098,92 g.mol-1,
considerado relativamente alto quando comparado com valores
presentes na literatura para óleos e gorduras.
Realizou-se a reação de saponificação com o próprio hidróxido
de potássio. E então, fez-se uma hidrólise ácida. O ácido reagiu com
os sabões formando ácidos graxos e, por diferença de densidade,
pôde-se separar a glicerina.
O método de polimerização realizado foi a polimerização em
volume. Ocorreu a policondensação entre as moléculas de glicerina,
resultando na liberação de moléculas de água. À medida que a reação
acontece, ocorre alterações na viscosidade da solução reacional
até que se forme um polímero sólido com grande reticulação, o
qual é caracterizado pelas ligações cruzadas entre suas cadeias.
Isso ocorre pois o glicerol consegue condensar-se através dos três
grupos hidroxilas, fazendo com que ocorra alongamento da cadeia
carbônica do polímero. A critério de comprovação da ocorrência da
reação realizou-se o teste de viscosidade relativa. Percebeu-se um
aumento gradativo da viscosidade da mistura reacional no decorrer
do tempo. À medida que a reação de condensação do glicerol se
processa, a cadeia carbônica dos éteres formados se torna cada
vez maior e mais complexa, pois vai ocorrendo, gradativamente,
a formação de ramificações e algumas ligações entre cadeias
paralelas de oligômeros ou polímeros. Esse aumento de tamanho
e complexidade das cadeias carbônicas dificulta a movimentação
das moléculas e como consequência ocorre o aumento gradativo da

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


752 ANAIS X SIMPAC

viscosidade do meio reacional. Tal teste não pôde ser realizado na


reação de polimerização utilizando glicerina extraída do sabão, pois
a reação se processou de forma muito rápida, impossibilitando a
retirada das alíquotas. Não se conhecia ao certo a quantidade de
glicerina residual presente na amostra, além da mesma possuir
alto grau de impurezas, uma vez que não se pôde realizar métodos
precisos de purificação por falta de instrumentação necessária.
Logo, utilizou-se quantidade alta de catalisador e considerando sua
alta concentração, a polimerização ocorreu de forma rápida, não
sendo possível o estudo de parâmetros no decorrer da reação.
Após obtido os polímeros, os mesmos foram submetidos a
testes de caracterização visual, aquecimento e extração por solvente.
Ao se aquecer, com o auxílio de um bico de Bunsen, uma pequena
porção da amostra final (polímero pós reação em estufa), percebeu-
se que, tanto para o polímero proveniente da glicerina comercial
quanto para o polímero proveniente da glicerina extraída do sabão,
ocorreu a decomposição sem que ocorresse mudança de estado físico
das amostras. Evidenciou-se assim, a presença de ligações cruzadas
do tipo covalente ou ligação de hidrogênio, entre cadeias paralelas,
o que resulta em estruturas rígidas e reticuladas impossibilitando
a ocorrência da fusão do material. Tais características, indicaram
que ambas as amostras obtidas experimentalmente, se referem a
polímeros termorrígidos. Os testes de extração com os solventes
hexano e etanol (polaridades distintas), evidenciaram a ocorrência
da solubilização parcial do material, indicando que a polimerização
não foi completa em ambos os casos. Verificou-se uma extrema
dificuldade de se obter uma polimerização completa, por se tratar
de um polímero termorrígido, em que se tem grande reticulação
devido as ligações cruzadas entre suas cadeias, o que dificulta a
efetividade da reação. Os polímeros apresentaram uma baixa
solubilidade em hexano, sugerindo que alguns dos intermediários
da polimerização apresentam caráter apolar. O polímero à base da
glicerina proveniente do sabão, apresentou maior solubilidade em
hexano (0,31% em massa) do que àquele proveniente da glicerina
comercial (0,15% em massa). Tal fato pode ser devido à presença
de impurezas, já que a glicerina obtida do sabão apresentava baixo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 753

grau de pureza. Já na extração utilizando etanol como solvente,


obteve-se uma solubilização do material relativamente maior, como
era de se esperar, já que a maior parte dos componentes presentes
nas amostras, como glicerol, oligômeros e produtos de desidratação,
apresentam caráter polar e parcialmente polar. Sabendo que o
poliglicerol não é solúvel em nenhum dos dois solventes testados,
pôde-se estimar o grau de polimerização da reação. Tanto para a
amostra proveniente da glicerina comercial quanto para a amostra
obtida a partir do sabão, obteve-se valores muito altos para o grau
de polimerização, 93 % o que evidenciou a eficiência do método.

Conclusões

Sintetizou-se o poliglicerol a partir de glicerina comercial e


de glicerina proveniente do sabão produzido a partir de gordura
residual industrial. A partir de análises experimentais, pode-se
perceber que o políglicerol apresenta ligações cruzadas do tipo
covalente ou ligação de hidrogênio entre cadeias paralelas, o que
resulta em estruturas rígidas e reticuladas, caracterizando um
polímero termorrígido. O grau de polimerização pôde ser estimado,
apresentando um valor de 93%, o que evidenciou a eficiência do
método.

Referências Bibliográficas

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alimentar usado para utilização na Faculdade de Ciências
da Universidade de Lisboa. 2016. 71 f. Dissertação (Mestrado
em Engenharia da Energia e do Ambiente)- Universidade de
Lisboa, LIsboa - PT, 2016. Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/
bitstream/10451/25659/1/ulfc120699_tm_C%C3%A1tia_Albino.
pdf>. Acesso em: 27 fev. 2018.

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Foz do Iguaçu - PR. Polimerização do glicerol: uma reação
simples e versátil para produzir diferentes materiais a partir

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754 ANAIS X SIMPAC

do co-produto do biodiesel... [S.l.: s.n.], 2009. 11 p. Disponível


em: <https://www.ipen.br/biblioteca/cd/cbpol/2009/PDF/632.pdf>.
Acesso em: 04 out. 2017.

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coproduto na produção de biodiesel com óleo de soja
refinado. 2013. 58 f. Dissertação (Trabalho de Conclusão de Curso
de graduação Tecnologia em Química Ambiental)- Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba - PR, 2013. Disponível
em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1013/1/
CT_COPAM_2012_2_02.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 755

A EXPERIÊNCIA DE REALIZAÇÃO DO WORKSHOP


“SEGURANÇA DO PACIENTE ONCOLÓGICO NAS AÇÕES
DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR” POR ACADÊMICOS DA
ÁREA DA SAÚDE

João Vitor Andrade1, Ana Luiza Rodrigues Lins2, Dirce Medeiros


Cunha3, Kareen Eduarda Alves Dos Santos4, Letícia Milagres
Paiva5, Érica Toledo De Mendonça6

Resumo: A segurança do paciente tem sido debatida desde o início da


humanidade e com avanços científicos foi possível conhecer os danos
causados por eventos adversos. Estes não são causados pela patologia
em si, mas por falha na segurança do paciente, ocasionando falhas
no processo do cuidar. Este artigo objetiva relatar a experiência dos
participantes da Karkínos - Liga Acadêmica de Oncologia Clínica e
Cirúrgica da Universidade Federal de Viçosa, sobre a realização de
um workshop na VIII Semana de Enfermagem do ano de 2017 com
o título: “Segurança do Paciente Oncológico nas ações da Equipe
Multidisciplinar: Diminuição de Riscos e Prevenção de Agravos”. O
workshop foi estruturado em cinco momentos, contendo atividades
teóricas e práticas, e objetivou a problematização de diferentes
temas relacionados à segurança de pacientes oncológicos, como
o tratamento de punções venosas em quimioterapia e orientação
na administração de medicamentos em domicílio. A metodologia
utilizada foi simulações realistas, nas quais os participantes foram
instigados a participar das discussões, trazendo suas reflexões e
experiências sobre os assuntos, sendo perceptível a conscientização
1
Graduando em Enfermagem na Universidade Federal de Viçosa. e-mail: jvma100@gmail.com
2
Graduanda em Enfermagem na Universidade Federal de Viçosa. e-mail: ana.lins@ufv.br
3
Graduanda em Enfermagem na Universidade Federal de Viçosa. e-mail: dirce.medeirosc@gmail.com
4
Graduanda em Enfermagem na Universidade Federal de Viçosa. e-mail: kareenduardaa@gmail.com
5
Graduanda em Psicologia na Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa - Univiçosa. e-mail: leticia.
milagres@hotmail.com
6
Enfermeira. Doutora em Ciências da Nutrição. Docente do Curso de Enfermagem da
Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. e-mail: erica.mendonca@ufv.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


756 ANAIS X SIMPAC

dos mesmos quanto à importância do assunto abordado. Identificou-


se a importância de se trabalhar essa questão com profissionais
e futuros profissionais de saúde, uma vez que é fundamental a
formação de recursos humanos para qualificar uma rede efetiva de
atenção ao câncer.

Palavras–chave: Capacitação, cuidados paliativos, oncologia,


segurança do paciente
Introdução

A segurança do paciente (SP) é colocada em debate desde a


época de Hipócrates (460 a 370 a.C.), trazendo o seguinte princípio
“Primum non nocere” que significa: primeiro não cause o dano. No
decorrer da história da humanidade, surgiram muitos estudiosos
alicerçados neste conceito Hipocrático. A partir dos avanços
científicos, foi possível conhecer os danos causados por eventos
adversos, os quais não são causados pela patologia em si, mas por
falha na SP, que gera erros técnicos no processo do cuidar (BRASIL,
2014).
Nesse sentido, considerando a possibilidade de falhas na
segurança no ambiente hospitalar, organizações nacionais e
internacionais vêm desenvolvendo projetos, campanhas e programas
para o enfrentamento das situações mais frequentes que deixam os
pacientes mais vulneráveis. Logo, a SP torna-se uma estratégia de
debate mundial, no qual a Organização Mundial de Saúde, com o
objetivo de definir claramente o conceito de SP, criou em 2004 o
programa World Alliance for Patient Safety, propondo medidas de
redução de riscos aos pacientes (BRASIL, 2014).
Atualmente, no Brasil, a SP é preconizada pelo Ministério
da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária através
do Programa Nacional de Segurança do Paciente, instituído pela
Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, recomendando um conjunto
de medidas para prevenir e reduzir a ocorrência de incidentes
nos serviços de saúde. Ao abordarmos doenças especificas como o
câncer, a preocupação com a SP é ainda maior, visto que a doença
favorece consideravelmente a debilidade física do paciente, além da
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 757

necessidade de cuidados específicos, tais como: cirurgia, radioterapia


e quimioterapia. Logo, para adequada assistência nessa área é
necessária qualificação e preparo da equipe multiprofissional diante
das particularidades do tratamento, além das possíveis reações
decorrentes do mesmo (MARKERT et al. 2009).
Visto que, segundo a International Agency for Research On
Cancer (IARC), o câncer continuará sendo um problema de saúde
pública, especialmente nos países em desenvolvimento, onde
ocorrerão cerca de 80% dos mais de 20 milhões de novos casos
estimados para 2025 (MACHADO et al. 2017), surge a necessidade
de qualificação de recursos humanos para atuarem em Oncologia.
Sendo assim, visando a SP oncológico e a minimização dos eventos
adversos decorrentes do tratamento do câncer, a Karkínos - Liga
Acadêmica de Oncologia Clínica e Cirúrgica, a fim de contribuir com
a qualificação de recursos humanos para a referida temática realizou
o workshop intitulado “Segurança do Paciente Oncológico nas ações
da Equipe Multidisciplinar: Diminuição de Riscos e Prevenção de
Agravos”, na VIII Semana de Enfermagem da Universidade Federal
de Viçosa do ano de 2017.
Objetivo: relatar a experiência dos participantes da Karkínos-
Liga Acadêmica de Oncologia Clínica e Cirúrgica da Universidade
Federal de Viçosa, sobre a realização de um workshop na VIII
Semana de Enfermagem do ano de 2017 com o título: “Segurança
do Paciente Oncológico nas ações da Equipe Multidisciplinar:
Diminuição de Riscos e Prevenção de Agravos”, destinado a
estudantes e profissionais da área da saúde.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência


realizado por participantes da Karkínos. O mesmo versa sobre a
experiência de realização do workshop: “Segurança do Paciente
Oncológico nas ações da Equipe Multidisciplinar: Diminuição de
Riscos e Prevenção de Agravos”, sendo o mesmo realizado no dia 07
de junho de 2017 e oferecido durante a VIII Semana de Enfermagem
da Universidade Federal de Viçosa, com 3 horas de duração.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


758 ANAIS X SIMPAC

O workshop foi estruturado em cinco momentos, contendo


atividades teórico-práticas, e visava a problematização de diferentes
temas relacionados à segurança do paciente oncológico, tais como
cuidados com punção venosa em quimioterapia e orientação
na administração de medicamentos no domicílio. No primeiro
momento foi realizada uma exposição teórica, com uma breve
apresentação da Karkínos, contextualizando a mesma com o atual
cenário das neoplasias no Brasil. No segundo momento, ocorreram
simulações realísticas dos erros mais praticados no cuidado a
pacientes oncológicos, tanto em âmbito hospitalar como domiciliar,
relacionados principalmente com a administração de medicamentos.
No terceiro momento foram exibidas, por meio de slides,
reportagens que denunciavam erros na prescrição e administração
de medicamentos antineoplásicos e suas consequências para os
pacientes. No quarto momento, ocorreu um breve diálogo sobre o
estresse profissional como potencializador dos eventos adversos,
sobretudo por sobrecarga e fadiga profissional. Para término deste
momento, foi realizada uma dinâmica, que consistia em um percurso
com obstáculos, no qual os participantes deveriam passar vendados,
a fim de perceberem a resiliência como importante estratégia de
enfrentamento de problemas.
No quinto momento, para o encerramento do workshop,
houve um diálogo entre os ministrantes e participantes, a fim de
explanação e compartilhamento dos sentimentos e percepções
vivenciadas e percebidas no decorrer das atividades. Buscou-se
sensibilizar os participantes para uma assistência objetivando
a garantia da SP. Participaram do workshop 16 pessoas, sendo
estes discentes do curso técnico de enfermagem, bacharelandos e
profissionais formados na área de enfermagem.

Resultados e Discussão

Por meio das simulações realísticas foi perceptível a


sensibilização dos participantes quanto à necessidade de ações que
visem a SP oncológico, por uma equipe que atue como mediadora
do cuidado holístico, visando a efetivação da integralidade do

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 759

cuidado. Sendo o cuidado integral um dos princípios fundamentais


preconizados pelo Sistema Único de Saúde, tornam-se
imprescindíveis a execução de ações que visem esse princípio na
formação profissional interdisciplinar (GONZÁLEZ e ALMEIDA,
2010).
Após as simulações realísticas os participantes foram
instigados a participar das discussões, trazendo suas reflexões e
experiências sobre o assunto, o que possibilitou a externalização de
anseios e inseguranças referentes ao cuidado do paciente oncológico,
sentimentos que muitas vezes são experienciados também pelos
pacientes e seus familiares durante o tratamento oncológico.
Durante as simulações, a partir da observação das cenas e
cenários propostos, abordando principalmente a administração de
antineoplásicos e a orientação na administração de medicamentos
no domicílio, os participantes deveriam listar os erros percebidos
e posteriormente eram convidados a participar novamente da
encenação, a fim de refazê-los da forma que julgassem corretos
(AFANADOR, 2010). Neste sentido, a simulação se mostrou como
uma potente ferramenta de ensino, tanto em relação à SP oncológico
quanto ao cuidado multiprofissional. Logo, por meio deste método
de ensino e da problematização, foi possível identificar os principais
erros cometidos no atendimento domiciliar e hospitalar a pacientes
em tratamento oncológico, possibilitando a discussão posterior das
condutas corretas em relação a tais práticas (AFANADOR, 2010).
Foram identificadas dificuldades relativas aos temas no transcorrer
das atividades, evidenciada pelas falhas na prescrição das condutas
mais adequadas da SP em tratamento oncológico e em cuidados
paliativos.
Frente ao exposto, o workshop, sendo uma ação extensionista
proporcionada pela Karkinos, alcançou o objetivo da educação
permanente, como estratégia de ensino visando a (re)construção
de conhecimentos viabilizado por meio do pensamento crítico e
reflexivo, com intuito de promover a autonomia dos sujeitos nas
tomadas de decisões, desde a manipulação e administração de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


760 ANAIS X SIMPAC

medicamentos, como também para realização de cuidados que


exigem conhecimentos mais específicos da área de Oncologia
(CARDOSO et al. 2015).

Considerações Finais

Durante a execução do workshop foi ressaltada a importância


da atuação da equipe multiprofissional na SP oncológico para a
diminuição de riscos e prevenção de agravos no tratamento, sendo
o diálogo e a interdisciplinaridade fundamentais para essa atuação.
Identificou-se a importância em se trabalhar essa temática com
profissionais e futuros profissionais, uma vez que é fundamental a
qualificação de recursos humanos para a atuação na rede de atenção
oncológica.
O dialogo proporcionou a reflexão e análise crítica em relação
aos erros cometidos no cotidiano no âmbito hospitalar e domiciliar,
bem como das notícias veiculadas pele mídia sobre a referida
temática. As reflexões advindas da problematização possibilitaram
aos participantes do workshop a visualização da importância dos
seus papéis frente à SP oncológico. Por fim, o workshop possibilitou
a sensibilização dos participantes em relação a SP oncológico,
sendo uma ferramenta de grande potencial na discussão e reflexão
referentes à temática, bem como para a mudança de atitudes e
práticas que podem beneficiar a SP oncológico.

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AFANADOR, A. A. Simulación clínica: “aproximación pedagógica


de la simulación clínica”. Univ. Méd. Bogotá (Colômbia), v. 51, n. 2,
p. 204-211. 2010.

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o Programa Nacional de Segurança do Paciente / Ministério

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ANAIS X SIMPAC 761

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CARDOSO, A. C; CORRALO, D. J; KRAHL, M; ALVES, L. P. O


estimulo à prática da interdisciplinaridade e do multiprofissionalismo:
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GONZÁLEZ, A. D; ALMEIDA, M. J. Integralidade da saúde -


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P. M. N; MATOS M. R. Casos oncológicos no município de valença:
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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


762 ANAIS X SIMPAC

ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS NO BRASIL NA


ÚLTIMA DÉCADA EM DECORRÊNCIA DO CÂNCER

João Vitor Andrade1, Ana Luiza Rodrigues Lins2, Luanna Sarandy


Souza Araújo3, Isabella Mansur4, Gabriel Azevedo de Freitas5,
Érica Toledo de Mendonça6

Resumo: O câncer é um problema crescente de saúde pública no


Brasil e no mundo. Sendo uma doença multifatorial, que no ano
de 2015 foi responsável por 209.780 mortes no Brasil e 8,8 milhões
de mortes no mundo. Em vista disso, enfatiza-se a importância da
mortalidade prematura como expressão social do valor da morte. O
presente estudo tem como objetivo caracterizar o impacto de óbitos
na população economicamente ativa do Brasil em decorrência de
câncer na última década, através do indicador “Anos Potenciais de
Vida Perdidos (APVP)”. O número de óbitos notificados no Sistema
de Informações sobre Mortalidade, de indivíduos com idade inferior
a um ano e até 69 anos, em decorrência do câncer nos anos de 2006 a
2015, foi de 1.038.656, totalizando 16.286.910 APVP. Do total geral
de óbitos, 52,1% eram do sexo masculino e 47,9% do feminino. Em
relação aos óbitos na faixa etária economicamente ativa (15 a 64 anos),
estes representam 77,4%. Portanto, é imprescindível realizar novas
pesquisas nessa área, para que seja possível planejar e estruturar
medidas com potencial para conter a elevação de indicadores,
promover qualidade de vida e oferecer saúde à população.

Palavras–chave: Mortalidade prematura, neoplasias, oncologia.


1
Graduando em Enfermagem na Universidade Federal de Viçosa. e-mail: jvma100@gmail.com
2
Graduanda em Enfermagem na Universidade Federal de Viçosa. e-mail: ana.lins@ufv.br
3
Graduanda em Enfermagem na Universidade Federal de Viçosa. e-mail: luanna.araujo@ufv.br
4
Graduanda em Psicologia na Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa - Univiçosa.e-mail:
isabellamansur@yahoo.com.br
5
Psicólogo. e-mail: gabrielazevedo30mg@gmail.com
6
Enfermeira. Doutora em Ciências da Nutrição. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade
Federal de Viçosa, Minas Gerais. e-mail: erica.mendonca@ufv.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 763

Introdução

Câncer é a denominação concedida a um grupo de doenças


de etiologia multifatorial, que tem origem devido a predisposição
genética ou a exposição a fatores carcinogênicos, podendo ser estes:
físicos, químicos ou biológicos, estando diretamente relacionadas
aos nossos hábitos de vida diários, tais como: inatividade física,
tabagismo, consumo excessivo de álcool, exposição a radiações
ionizantes e a agentes infecciosos, alimentação inadequada, dentre
outros (JEMAL et al., 2014). As células cancerosas normalmente
possuem replicação e crescimento desordenados, originando
tumores, invadindo tecidos adjacentes ou atingindo órgãos mais
distantes por meio de metástases (JEMAL et al., 2014).
Atualmente ocupa a segunda colocação entre as causas de
mortalidade no mundo e, segundo dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS), foi responsável por 8,8 milhões dos óbitos no mundo
no ano de 2015, o que representa um sexto do total geral de óbitos.
Seguindo essa tendência mundial, no Brasil o câncer foi a causa
de aproximadamente 16,5% dos óbitos em 2015; figurando como
a segunda causa de mortalidade dos brasileiros, perdendo apenas
para as doenças do aparelho circulatório (BRASIL, 2015).
No contexto atual, em decorrência da transição nutricional,
epidemiológica e demográfica o câncer emerge como um dos principais
problemas mundiais de saúde pública, sobretudo pelo seu impacto
na mortalidade das populações. Porém, ao analisarmos as taxas
brutas e especificas desta mortalidade decorrentes do câncer nos
deparamos com um dilema, visto que não somos capazes de, apenas
com esses índices, qualificar o impacto social ocasionado pelas
mortes prematuras (BANZATTO, 2016). Frente a isso, enfatiza-se
a importância da mortalidade prematura enquanto expressão social
do valor da morte. Visto que esta, se ocorrida na faixa etária de 15 a
64 anos, atinge a população economicamente ativa, que está em seu
período de alta produtividade e criatividade; portanto esse óbito não
afetará somente o indivíduo e seu grupo social de convívio cotidiano,
e sim a sociedade como um todo, pois esta será privada do potencial
econômico e intelectual do indivíduo (BANZATTO, 2016).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


764 ANAIS X SIMPAC

Sendo assim, para a qualificação das mortes é fundamental


utilizar o indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP), pois o
mesmo combina a idade em que ocorreram os óbitos com a magnitude
dos mesmos para a sociedade. Este artigo tem por objetivo qualificar
o impacto dos óbitos ocorridos no Brasil em decorrência do CA na
última década na população economicamente ativa, utilizando o
indicar APVP.

Material e Métodos
Trata-se de um estudo conduzido com dados secundários
referentes às mortes por câncer no Brasil entre os anos de 2006
a 2015, alocados no Sistema de Informação sobre Mortalidade –
SIM, do Ministério da Saúde e disponíveis na Internet por meio
do Departamento de informática do Sistema Único de Saúde -
DATASUS. O intervalo temporal foi delimitado com o objetivo de
se estabelecer uma série histórica que permitisse comparação das
frequências anuais de óbitos e dos APVP. As variáveis coletadas
foram: ano do óbito, grupo etário, sexo e causa de óbito, sendo esta,
baseada no Capítulo II: “Neoplasias (tumores)” da Classificação
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – 10ª
revisão. Para o cálculo dos APVP conforme Figura 1, foi utilizada
a técnica de Romander e Whinnie (1997) que estabelece o limite
para o cálculo considerando a vida média da população, que no caso
dessa pesquisa a idade adotada foi de 70 anos, visto que essa é a
expectativa de vida dos brasileiros.

Figura 1 – Fórmula para o cálculo dos APVP com a idade


limite de 70 anos

Na qual: ai se refere aos anos de vida restantes até a idade 70,


quando as mortes ocorrem entre as idades i e i + 1, ai = 70 - (i + 0,5)
= 70 - i - 0,5; e di = número de mortes entre as idades i e i + 1. Deste
modo, obtém-se o resultado ao somar o produto do número de óbitos
em cada idade pelos anos de vida restante até a idade limite. Assim,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 765

a quantidade de APVP para a idade limite de 70 anos foi descrita


no Quadro 1, o qual determina que, para o óbito de indivíduos em
idade abaixo de 1 ano, há perda de setenta anos, enquanto que para
os óbitos ocorridos entre os 60 - 69 anos há perda de cinco anos.

Quadro 1: Valores de anos de vida restantes (ai), considerando o


limite APVP70 segundo faixas etárias

Faixa etária APVP70


Abaixo de 1 70
1a4 65
5a9 62,5
10 a 14 57,5
15 a 19 52,5
20 a 29 45
30 a 39 35
40 a 49 25
50 a 59 15
60 a 69 5

Resultados e Discussão

O quantitativo de óbitos notificados no SIM, de indivíduos


abaixo de 1 ano até 69 anos de idade, em decorrência do câncer nos
anos de 2006 a 2015 foi de 1.038.656 o que totaliza 16.286.910 APVP.
Do total geral dos óbitos, 52,1% ocorreram no sexo masculino e 47,9%
no sexo feminino. Em relação aos óbitos na idade economicamente
ativa (faixa etária de 15 a 64 anos), estes representam 77,4% e
totalizando 13.933.680 APVP.
Percebeu-se que mesmo a ocorrência dos óbitos sendo
prevalente na faixa etária de 60 a 69 anos, representando 41,1%
do total geral, o maior quantifica de APVP foi entre indivíduos
de 40 a 59 anos, o que gera um grave problema econômico para o
país, visto que nessa faixa etária os indivíduos estão no ápice da

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


766 ANAIS X SIMPAC

idade economicamente ativa, o total de APVP nessa faixa etária


foi de 8.997.455 o que representa 55,24% do total geral dos APVP.
Quanto à evolução histórica dos óbitos pelo câncer no Brasil, pode-
se observar um aumento contínuo destes, do ano 2006 até 2015, o
que explicita o câncer como um problema de saúde pública, visto
que nesse estudo e em achados na literatura o câncer em 2015 foi
responsável por 205.998 óbitos, sendo a segunda maior causa de
morte no país, refletindo as alterações provocadas pela transição
epidemiológica iniciada em meados da década de 1980 (OECD,
2017).
O reconhecimento do perfil e características da população
atingida tornam-se imprescindíveis para a elaboração e
implementação de medidas preventivas e de tratamento. E conforme
os achados dessa pesquisa, ressaltamos que é fundamental uma
ampliação do olhar em relação aos óbitos por câncer, visto que estes
quando ocorridos em idade economicamente ativa geram um peso
social maior.

Considerações Finais

A predominância de óbitos na população em idade ativa,


conforme mostra esse estudo, traz sérias consequências à saúde
pública, eleva os custos hospitalares e reduz a mão de obra para
o mercado de trabalho formal, sobretudo pelo fato do câncer
ser uma doença crônica. Destarte, não podemos subestimar as
consequências devastadoras das mortes por câncer à sociedade,
visto que desde seu diagnostico a doença acarreta estigmas e
medos, assim é essencial a realização de estudos com indicadores
que norteiem a tomada de decisões para a implementação de ações
efetivas e interinstitucionais de prevenção e tratamento do câncer,
seus agravos e consequentemente os óbitos.
Destacamos que por se tratar de um estudo de caráter
secundário, este se encontra vulnerável às informações contidas
no banco de dados utilizado para a coleta, existindo a possibilidade
da influência de vieses de informação. Logo, sugere-se a execução
de estudos com maior nível de evidência, a fim de se confirmar as

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 767

tendências de crescimento da mortalidade câncer no país sem o


risco de subestimação de dados. Uma dificuldade encontrada para a
idealização dessa pesquisa foi a informação reduzida na literatura
acerca do indicador APVP para óbitos por câncer, sobretudo nos
últimos cinco anos, o que reforça a necessidade de novas pesquisas
nesse âmbito, assim, será possível planejar e estruturar medidas
com potencialidade de conter a elevação dos indicadores, promover
qualidade de vida e ofertar saúde à população.

Referências Bibliográficas

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no período de 2003 a 2013: o indicador Anos Potenciais
de Vida Perdidos (APVP) e causas básicas de óbito. 2016.
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ANAIS X SIMPAC 769

A IMPORTÂNCIA DE UM CENTRO ACADÊMICO E


ATIVIDADES REFERENTE AO CENTRO ACADÊMICO
CONSTRUIR

Joarez Junior Campos Marquione1, Adonai Gomes Fineza2

Resumo: Esse projeto descreve as atividades do Centro Acadêmico


Construir entre os meses de Setembro de 2017 a Março de 2018,
sendo realizados diversos projetos e detalhamento dos mesmos,
como: projeto de ação social, que foi feito em uma comunidade
carente; planejamento de eventos que já ocorreram ou estão por vir,
sendo o Dia do Engenheiro relatado nesse texto e O Jogos internos,
que será feito no mês de Maio; projeto de ajuda a sociedade, sendo
o mesmo sem fins lucrativos, como uma creche e projeto de incêndio
da mesma localidade. O foco do mesmo é apenas melhorar o meio
em que estamos inseridos, sendo dentro da instituição ou fora da
mesma, como projetos sociais ou problemas que o Centro Acadêmico
(CA) possa solucionar. Entre os temas abordados é que o CA não
é visto com bons olhos na maioria das instituições, tendo grande
dificuldade em abranger todos os alunos ou mesmo grande parte não
sabem nem que CA existe em determinadas instituições sendo ela
pública ou privada, com esses empecilhos os alunos não sabem o que
ela pode agregar no seu currículo profissional e acadêmico.

Palavras–chave: Gestão; Organização; Qualificação

Introdução

O centro acadêmico (CA) representa os alunos na gestão


para eles terem maior participação com o curso e poder opinar
sobre possíveis melhorias em determinada ocasião, poder indicar
atividades para o melhorar as aulas, visita técnica, cursos,
mudança da metodologia de aula de determinado professor
ou outras reclamações, é um instrumento que representa os
1
Graduando em Engenharia Civil – FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: juniormarquione1@hotmail.com
2
Docente do Curso de Engenharia Civil-FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adonai@univicosa.com.br

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estudantes de uma curso de uma instituição de ensino superior sem


fins lucrativos ou seja, tenha voz na diretoria, no corpo docente e
podem desempenhar diversas papeis importantes para a formação
acadêmica e profissional do estudante, além de poder melhorar
o curso referente que é representado pelo CA ou em caso que
represente um geral, podendo melhorar a instituição ao todo. São
organizadas atividades e os alunos elegem uma chapa, sendo que
é organizada hierarquicamente em cargos, como o de presidente,
vice-presidente, secretário geral, diretor de projetos, financeiro,
entre outros, ou seja, ele possui uma organização semelhante a de
uma empresa, sendo que o Centro Acadêmico Construir representa
a instituição UNIVIÇOSA e o curso de Engenharia Civil. O CA
possui diversas funções além da principal que foi dito acima
também pode organizar eventos, debates, atividades que agrega a
formação profissional. Existem poucas em instituições particulares
e a sua grande parte é em instituições públicas, sendo ele utilizado
além das funções dita anteriormente pra haver uma vivencia
acadêmica entre os estudantes. Apesar da sua grande importância
ele não atrai interesse dos estudantes, sendo locais que não tenha
o mesmo na representação dos alunos, ou seja são locais que eles
não procurem, por supor que não ajuda em qualificação ou possa
não ajudar a resolver problemas acadêmicos, e que a maioria
deles procuram inserção no mercado de trabalho e não sabem que
o mesmo possa ajudá-lo a adquirir características que ajudam no
mercado, como liderança e outras características que ajuda a inserir
em determinada área de ação devido à realização de ou possíveis
dificuldade na maioria dos CA a realizarem determinado evento ou
atividade. Porem a principal causa para que eles não tenha a mesma
relevância é que para muitos alunos de universidade públicas ou
privadas ele é visto por um certo preconceito, sendo um sinônimo
de local desorganizado, sem representação dos estudantes ou seja,
por esses motivos muitos CAs não conseguem surgir, sem o apoio
necessário do corpo docente para crescimento da instituição e curso
em geral e são colocados em pequenas salas sem infraestrutura.
Sendo que ele e importante para o currículo dos seus
representantes, pois possui um valor em entrevistas para estágio,

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ANAIS X SIMPAC 771

trainee e atividades onde não possui a necessidade de experiencia


profissional como em concursos que leva em conta o currículo, uma
característica do mercado e a pressão de membros e gestores que
um presidente do CA, que assemelha a de uma empresa e adquirem
características para negociações, facilidade em gerenciar diversas
tarefas, capacidade de resolver problemas, representa uma pequeno
aprendizado sobre o mundo corporativo, estado em qualquer cargo
exercido pelo CA ele atua em diversos projetos de determinada tarefa
e o presidente ou vice pode lidar com divergência entre as pessoas,
desenvolvem a capacidade comunicar de maneira mais clara e
objetiva, sendo de acordo com Thais Pontin, que é consultora de
Recrutamento e Seleção da Ricardo Xavier Recursos Humanos “É esse
o diferencial do estudante que atuou em centros acadêmicos”. Para
o mercado qualquer aluno que participe de atividades fora do meio
de aula indica que ele buscou novas experiencias e são visto de bons
olhos pelo mercado, pois ele não ficou somente no seus 4 ou 5 anos de
estudo focado apenas na aula, o que ajuda em processos seletivos, ou
seja ele buscou novos conhecimentos na sua graduação. Em questão
de experiencia ele ajuda a desenvolvimento profissionalmente, pois
participar da administração de um CA é de grande importância
para agregar características boa ao currículo, como é avaliado por
Fabiola Brenelli, que é consultora da cia de Talentos “O estudante
pode transportar essa experiência que ele leve para uma empresa”,
sendo que eles pode aprender que podemos melhorar a situação que
todos encontra desde instituição a uma empresa, que sempre podemos
buscar alguma ação para gerar a mudanças em qualquer meio,
podendo melhorar uma aula ou assunto ligado ao meio acadêmico
que não é debatido em horário de aula, são as mudança que pode
ser feita por alunos ligado ao CA para melhorar o meio de estudo a
mudanças de qualidade de serviço, que todos podem participar.

Relatar Caso

Foram organizados diversas atividades de Setembro de 2017 a


Março de 2018, sendo realizadas pelo Centro Acadêmico Construir.
Este relato é das seguintes datas ditas anteriormente, tendo

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diversas participações do CA, como projetos sociais, realizações de


eventos, organizações e ações que melhorem o curso e a sociedade
local.
• Dia do Engenheiro: Um evento beneficente que recebeu
doações de cada aluno de um quilo de alimento não
perecível, para o mesmo ser repassado a creches e a
lar dos velhinhos de Viçosa. No evento após receber
dos mantimentos, eram armazenados e colocados pelos
alunos do CA em seus respectivos lugares. Dando
início ao evento que foi realizado no dia 25 de Outubro
de 2017, tendo a duração de quatro horas, foi iniciado
as 18:30Hrs, com 2 membros orientando e controlando
a passagem dos alunos até o computador para fazer
o credenciamento, onde ficaram 4 pessoas em 4
computadores sendo dado além da função já dita uma
senha de numeração de 1 a 450 para o sorteio ao final
do evento. Após a passagem as pessoas que estivesse
alimento para a doação era colocado em uma mesa logo
depois da recepção, onde estavam sendo guardados por
outros 2 membros e poderiam pegar um picolé que foi
doado pela gestão do curso de engenharia, receberiam
o picolé pessoas que doando alimento ou não. Logo após
a entrada as 19:30Hrs foi dado a abertura do evento
por outros 2 membros e passado a palavra ao primeiro
palestrante, que teve a mesma de duração de uma
hora, sendo dado início confraternização (coffe break)
que teve abertura as 20:30 Hrs até as 20:45Hrs, sendo
ela dado um kit alimento, com os seguintes alimentos,
um salgado e um refrigerante de 210ML. Após o
enceramento do coffe break, demos início a segunda
palestra que teve foi das 20:50Hrs a 22:00Hrs, sendo
que após o encerramento da segunda palestra tivemos
o sorteio de diversos brindes tais como: seis meses de
aula de inglês, cursos entre muitos outros brindes.
Após os sorteio foi dado terminado o evento as 22:10
Hrs pelos mesmos membros que iniciaram a mesma;

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• Projeto social: Realizado alguns projetos sociais, entre


eles um projeto em uma creche, projeto de incêndio
e um de regularizações de imóveis em comunidade
carente. Ambos foram verificados e feitas as ações
necessárias, porem o projeto da creche teve alguns
empecilhos, porem o mesmo será entregue em tempos;
Regularização de imóveis em comunidade carente:
foram verificados que na cidade há um grande número
de casas de baixa renda irregulares e um grande parte
querendo a sua regularização, porem o seu alto valor a
ser pago a um engenheiro e a prefeitura inviabilizaram
a regularização anteriormente, mas com o apoio do CA
foi cortado um valor que seria pago ao engenheiro,
contudo não foi possível diminuir em grande parte
do valor cobrado pela a prefeitura o que inviabilizou
o projeto naquele momento devido ao alto valor para
aquela comunidade;
• Reclamações de professores: São elas repassadas
a membros do CA que fazer um relatório com as
reclamações e enviados a gestão sobre a reclamações
passadas pelos alunos, detalha-se todas as informações
recolhidas entre os outros alunos e sendo a mesma
repassada a todos os membros do CA ela é levada a
gestão que visa solucionar o problema da melhor
maneira possível, sem atrapalhar o andamento de
determinada disciplina ou o funcionário em questão;
• Organização de eventos: Tais eventos são Jogos
Internos da UNIVIÇOSA, que foi realizado nos dias 4
e 5 de Maio, sendo partidas de diversas modalidades
como futsal, vôlei, handebol entre outras, e foi
realizado entre os cursos da instituição nos 2 dias na
Universidade Federal de Viçosa.

Discussão

É visto que as instituições de ensino superior UNIVIÇOSA

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do curso de Engenharia Civil, em contra ao que ocorre de maneira


comum em meio acadêmico, que não passam o apoio necessário ao
CA, já a gestão do curso de Engenharia Civil dá o apoio necessário
para realização das atividade, somente a falta de sala disponível pela
instituição para o CA organizar eventos entre outros atividades na
instituição, o que beneficia os alunos. Percebe-se que a participação
ativa deles (alunos) fazem com que surgem novas atividades,
palestra, cursos entre outros, devido que ele consiga realizar as
suas funções com o apoio necessário, desde pequenos projetos a
eventos que atinge grande parte dos aluno como foi o evento “O dia
do engenheiro”, que não ocorreu nenhum contra tempo relevante,
seguiu de maneira correta o cronograma, corrigindo alguns erros de
eventos anteriores. A uma necessidade de um CA, que muitas vezes
não surgem devido a parte burocrática ou desinteresse de ambas as
partes.

Considerações Finais

Concluísse que o CA é de real importância para qualquer


instituição sendo ela pública ou privada, devido que locais que tem um
CA ativo e possível melhora a instituição e auxilia seus estudantes,
pois ele abre diversas oportunidades que não são realizada no
tempo de aula, além de melhoras algumas características de seus
membros.
Com isso é possível observar que para os alunos terem voz
ativa na gestão do seu curso ele é necessário, apesar das dificuldades
de realização de qualquer projeto, devido a uma má divulgação para
seus alunos, que na grande parte não sabem o que realmente é um
Centro Acadêmico e suas funções e também a pouca vontade de
participação dos graduandos, sendo que muitos focam apenas em
tempo de aula ou qualificação. Vimos que o apoio da gestão e todos os
alunos contribuem por melhorias do curso e da faculdade, com o uso
das funções de um centro acadêmico. Afirma-se que todos os cursos
ganham com a criação de um CA, mesmo sendo uma instituição
privada.

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ANAIS X SIMPAC 775

Referências Bibliográficas

CAMILA F. de Mendonça. Atuar no centro acadêmico da faculdade


pode ajudar na sua carreira, 6 de setembro de 2010.Disponivel
em: <http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/
atuar-no-centro-academico-da-faculdade-pode-ajudar-na-
sua-carreira/37622/>. Acesso em 05/04/2018.

CATERINA C. O que é o centro acadêmico (CA) ou diretoria


acadêmica (DA). Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/
ABAAAAEfAAK/que-centro-academico-ca-diretorio-academico-dce
>. Acesso em 27/03/2018.

EDUARDO S. Como funciona o Centro Acadêmico em faculdades


particulares? , 17/07/17  . Disponível em: <https://querobolsa.
com.br/revista/centro-academico>. Acesso em 03/04/2018.

Prof. Mauro. Entenda para que serve o centro acadêmico da


sua universidade, 21/09/2010. Disponível em: <https://www.
unochapeco.edu.br/en/odontologia/blog/entenda-para-que-
serve-o-centro-academico-da-sua-universidade>. Acesso em
21/032018.

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776 ANAIS X SIMPAC

INGRESSO NO ENSINO SUPERIOR: RELAÇÃO ENTRE


DESEMPENHO NA APRENDIZAGEM E MATURIDADE DA
ESCOLHA

Joicilaine Faustino Souza1, Sérgio Domingues2

Resumo: O presente artigo disserta uma breve discussão sobre


a relação da satisfação com a escolha do curso (graduação) e a
sua adaptação possa influenciar no desempenho acadêmico dos
estudantes. Ao ingressar no ensino superior, o aluno se depara com
uma nova realidade cheia de desafios, o permitindo então, criar
diversas formas de se relacionar com questões da vida acadêmica.
A satisfação do estudante com o curso é fundamental para sua
adaptação acadêmica, assim como seu aprendizado e permanência
na faculdade.
Palavras–chave: contexto acadêmico; estudantes; transição

Introdução

Segundo Oliveira et al (2007) anualmente os estudantes


comemoram a entrada na faculdade e uma parte expressiva deles
não concluem o curso, por falta de estímulo, não dão prosseguimento
ou por escolher sem maturidade e conhecimento prévio a carreira
desejada.
De acordo com Macedo (2015), ao iniciar um curso o estudante
possui uma tarefa difícil em ter êxito, pois o ensino superior difere
da educação fundamental e média. As diferenças e descontinuidades
em relação as suas vivências passadas, geram certa insegurança
quanto suas escolhas profissionais exigindo mudanças de hábitos,
habilidades, novas estratégias de aprendizagem e aprender a
conviver com pessoas distintas.

1
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: joicilainefaustinosouza@gmail.com
2
Professor de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: sdufmg@yahoo.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 777

Alguns fatores que influenciam a desistência dos cursos são:


problemas no desempenho e reprovações, falta de apoio na escolha,
frustração das expectativas iniciais, dificuldade para conciliar
trabalho e estudo e dificuldade de interação. As dificuldades estão
associadas aos diferentes níveis de rendimento acadêmico: falta
de conhecimentos (base) sobre o curso, relação mais distante
com os professores, pouca clareza pela escolha vocacional e baixa
autoconfiança.
As instituições de ensino superior transmitem e aplicam o
conhecimento, de forma que facilite ao aluno a aprender e praticar
tais conhecimentos. Apesar de que o desempenho acadêmico esteja
relacionado ao esforço individual, é viável que as instituições de
ensino observem os fatores que estão afetando o coeficiente dos alunos
para que possibilite buscar meios que assegurem aprendizagem dos
mesmos.

Material e Métodos

Esse estudo se propôs a uma revisão da literatura, sobre como


a escolha do curso influencia no desempenho acadêmico do estudante
de graduação. Trata-se de uma pesquisa descritiva, bibliográfica. A
pesquisa foi realizada em bases de dados na Internet como: artigos
científicos de revistas online e teses.
A seleção das bases de dados da pesquisa foi feita após a
delimitação do tema a ser estudado. Inicialmente foi localizado de
20 estudos, mas utilizando apenas 6 deles, descartando assim os
que não contribuiriam para esta revisão.  A pesquisa abrangeu os
últimos 16 anos.

Resultados e Discussão

A sociedade brasileira vem vivenciando há mais de uma década


a expansão das instituições de ensino superior. Houve um aumento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


778 ANAIS X SIMPAC

significativo no número de novas universidades e melhorias nas


existentes, com a criação de novos cursos e a disponibilização de
vagas (OLIVEIRA e MORAIS, 2015).
As políticas públicas educacionais apontam uma evolução
significativa no ensino superior relativos a estrutura física, abertura
de novos cursos, ampliação e acesso as vagas nos cursos de graduação.
De acordo com Oliveira (2015), pesquisas nacionais e internacionais
enfatizam usualmente desempenhos acadêmicos insatisfatórios e
aumento do índice de evasão nas faculdades. Os estudos dizem que
esses resultados insatisfatórios estão relacionados a não adaptação
e as vivências universitárias.
O primeiro ano na universidade é uma fase que pode
evidenciar problemas pessoais, acadêmicos e financeiros dos
estudantes, aumentando assim, os níveis de stress e ansiedades
dos graduandos. Atingir o sucesso ou desdobramento do insucesso
no âmbito acadêmico podem estar relacionados com as disposições
da personalidade em formação e com o cenário de transição que o
jovem desafia nesta fase da sua vida (FERRAZ e PEREIRA, 2002).
Moura e Facci (2016) entendem que o psicólogo pode intervir
desenvolvendo atividades com os novos discentes, sobretudo, ao
processo ensino e aprendizagem. A sua atuação pode favorecer
consideravelmente em relação às possibilidades de superar o fracasso
escolar no contexto superior. Os autores sugerem que uma das
atividades a ser executada é o acompanhamento da aprendizagem
dos ingressantes juntos com os professores.
A escolha de uma profissão não é uma tarefa simples,
principalmente quando não se tem maiores informações sobre a
mesma. Tais questionamentos e ansiedades que o jovem enfrenta
estão relacionados ao ambiente inserido, escolhendo o que considera
mais “fácil” e deixando de lado suas preferências, satisfação pessoal
e profissional (MOREIRA et.al, 2010).
Oliveira (2015) diz que cotidiano de um estudante de graduação
tem muita influência no seu desempenho acadêmico, mais do que

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 779

eles esperavam, a ponto de interferir sobre sua expectativa e a


integração do aluno com seu curso, com a instituição de ensino e com
os colegas. Quando o estudante se identifica com o curso escolhido,
mais satisfatório é seu desempenho acadêmico, aumentando seu
interesse e envolvimento tanto com o curso quanto a faculdade.

Conclusões
É possível concluir que os estudantes ingressam com
algumas questões naturais: suas particularidades; significações;
motivações e ideais. Nesse aspecto se torna necessário que as
instituições de ensino deem atenção especial aos alunos recém-
chegados o que facilitaria na sua transição acadêmica e minimizando
o impacto educacional destes estudantes.

Referências Bibliográficas

FERRAZ, M. F; PEREIRA, A. S. A dinâmica da personalidade


e o homesickness (saudades de casa) dos jovens estudantes
universitários. Psicologia, Saúde & Doenças. V.3, N. 2, P. 149-
164, Lisboa, 2002.
MACEDO, J.C. As causas do baixo desempenho acadêmico
dos estudantes beneficiados pela PROGRESTI/UFRPE e seus
efeitos sobre a sua permanência. In:III CONEDUCongresso
Nacional da Educação. Universidade Federal Rural de Pernambuco,
2015.
MOREIRA, S. A. L; RODRIGUES, F. M; FARIA, J. G. A Difícil
Escolha pelo Curso de Graduação. In: VIII Seminário de Iniciação
Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação. Universidade
Estadual de Goiás. Anápolis/Goiânia, 2010.
MOURA, F. R; FACCI, M. G. D. A atuação do psicólogo escolar
no ensino superior: configurações, desafios e proposições sobre o
fracasso escolar. Psicologia Escolar e Educacional. V.3, N. 3, P.
503-514. São Paulo, 2016.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


780 ANAIS X SIMPAC

OLIVEIRA, R. E. C; MORAIS, A. Vivências acadêmicas e


adaptação de estudantes de uma universidade pública federal do
Estado do Paraná. Revista de Educação Pública. Cuiabá, 2015.
Disponível em: http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/
educacaopublica/article/download/1796/pdf. Acesso em: 06 de mar.
2018.
OLIVEIRA, R.E.C. Vivências acadêmicas: interferências na
adaptação, permanência e desempenho de graduandos de
cursos de engenharia de uma instituição pública federal.
Tese de dissertação pós-graduação; Universidade Estadual Paulista
– UNESP, 2015.

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ANAIS X SIMPAC 781

OS CONTOS DE FADAS E A SUA IMPORTÂNCIA


SIMBÓLICA NUMA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA
ANALÍTICA

Joicilaine Faustino Souza1, Eufrânsia Leique da Silva2, Renata


Aparecida Lopes3, Wilks Lopes de Freitas4, Andrea Olímpio de
Oliveira5

Resumo: O presente artigo disserta como base da visão da psicologia


analítica, sobre a importância da simbolização nos contos de fadas.
Este trabalho foi produzido com uma bibliografia resumida, com a
intenção de escrever um conteúdo objetivo e introdutório sobre este
tema amplo.

Palavras–chave: Inconsciente, símbolos, psicoterapia

Introdução

Os contos e mitos estão presentes na sociedade desde os


tempos primórdios até os dias atuais, por meio dos relacionamentos
familiares, brincadeiras infantis, instituições de ensino e mídias.
Dessa forma, o ser humano entra em contato com o mundo simbólico
passando de geração a geração.
Pode-se entender que os contos são estruturas humanas
básicas. A psicologia analítica, através destes, passa a ter acesso a
aspectos dos conteúdos simbólicos nos sonhos e mitos. Eles trazem
elementos que permitem aos indivíduos encontrar significados mais
profundos para suas vidas em termos de desenvolvimento. Através
deles, os pacientes encontram maneiras de enfrentar dilemas,
conflitos e angústias (SOUZA et.al, 2008).
1
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: joicilainefaustinosouza@gmail.com
2
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eufransial@yahoo.com
3
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: renatalaninha@hotmail.com
4
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: wilks.vrb@hotmail.com
5
Professora de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andrea.olimpiodeoliveira@gmail.com

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782 ANAIS X SIMPAC

O interesse de desenvolver o tema proposto se justifica porque


os contos de fadas podem ser um recurso de grande relevância
nos processos terapêuticos, contribuindo com o fortalecimento da
autoestima e elaboração do afeto. As histórias contadas reproduzem
situações do mundo real através do simbólico, possibilitando
trabalhar a imaginação, a subjetividade, a criatividade e a
individualização do sujeito.

Material e Métodos

Esse estudo se caracteriza como revisão da literatura, ou seja,


trata-se de uma pesquisa descritiva, bibliográfica. A pesquisa foi
realizada em bases de dados na Internet como: artigos científicos de
revistas online e teses.
A seleção dos materiais para o estudo foi feita após a delimitação
do título do artigo (tema do estudo), sendo incluídos aqueles que
abordavam questões relevantes para o trabalho. O levantamento
das bibliografias resultou na coleta de 12 trabalhos, mas utilizando
apenas 6 deles, descartando assim os que não contribuiriam para
esta revisão bibliográfica.

Resultados e Discussão

Os símbolos representam na consciência os arquétipos,


por meio de comunicação entre consciente e inconsciente. Os
arquétipos são o modelo básico do comportamento instintivo e
estão relacionados à impressão inconsciente dos comportamentos
impulsivos, são imagens carregadas de energia psíquica que fazem
parte do inconsciente coletivo e provocam uma emoção positiva
ou negativa. Por essa razão, os contos de fadas são ferramentas
importantes na psicoterapia atuando como facilitadores de contato
com símbolos que pertencem ao mundo no qual não temos acesso
direto e conscientemente.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 783

Uma imagem que é simbólica sempre carrega em si muito


mais do que se pode observar. O símbolo evoca mais do que
um processo psíquico individual, ele desencadeia algo que
remonta aos primórdios de nossa existência. São os arquétipos
do inconsciente coletivo que os símbolos manifestam em si.
Serão sempre ocultos e amplos em significação, uma vez que
seu aspecto inconsciente nunca é completamente definido na
imagem que observamos (REBONATO, 2014 p.22).
De acordo com a visão analítica, o ser humano nasce com todos
os núcleos arquetípicos e são os complexos afetivos que afetam na
estrutura deste sujeito, contudo, tem uma função imprescindível
no desenvolvimento da sua personalidade. Na psicoterapia,
estes complexos afetivos asseguram o reencontro com a essência,
libertando-a de seus padrões egóicos (BRUNI, 2016).
Segundo a autora, os contos apresentam as linhas básicas
do destino humano, a evolução que todas as pessoas irão passar.
São representações de acontecimentos psíquicos que mostram os
dramas da alma como conteúdo em comum a todos os indivíduos.
Utilizado como recursos da psicologia junguiana, são ferramentas
que oferecem inconscientemente uma direção simbólica, e que
adquire significado no decorrer da psicoterapia (BRUNI, 2016).
O material cultural dos contos não é específico, sendo
considerado atemporal e a-espacial e oferece uma ilustração mais
clara das estruturas psíquicas do ser humano. A observação dos
encaminhamentos dos personagens ao longo das histórias, suas
dificuldades, seus sucessos e fracassos, serve de subsídio para o
enfrentamento de suas próprias dificuldades dos perigos da vida, do
desenvolvimento e dos dilemas entre o certo e o errado.
Santos (2011) diz que o trabalho arte terapêutico com contos
de fadas trazem inúmeros benefícios, pois através das histórias e
dos personagens é possível exteriorizar o que se passa na mente do
sujeito aumentando o autoconhecimento, a solução de problemas,
facilitando a sua comunicação com o mundo.
De acordo com Santos (2011) apud Philippini (1992 p.5) o
valor terapêutico dos contos de fadas se deve a representação de
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
784 ANAIS X SIMPAC

fenômenos universais que faz parte de um inconsciente coletivo


e se apresentam com o mesmo conteúdo encontrado nos sonhos,
que são fontes de sabedoria, contribuindo para o entendimento do
inconsciente.
A linguagem simbólica de cada conto, permite que a psique se
manifeste. Esse simbolismo instintivamente fornece energias com
conteúdo cheio de significados, revivendo através de sua leitura,
conteúdos inconscientes, possibilitando sua assimilação e integração
na consciência, apontando o caminho para a resolução de conflitos.
Ao se identificar com um conto, o sujeito percebe que seu
problema não é único e já foi resolvido de diversas formas ao longo
da história da humanidade. Dessa forma, tende a diminuir a
pretensão do ego, tornando-se um individuo mais humilde e aberto
às repostas do inconsciente levando- o a um entendimento de seu
conflito.
Conclusões

É possível concluir que a finalidade da psicoterapia na


abordagem analítica possibilita ao sujeito que retome o curso
normal da sua vida, usando para isso recursos simbólicos, como
os contos de fadas mencionado ao longo deste artigo, ajudando no
enfrentamento e resolução dos conflitos, propiciando o arranjo de
sua personalidade e o desenvolvimento para a maturidade.

Referências Bibliográficas

BRUNI, R.C.S. A importância dos contos de fadas como


ferramenta psicoterápica no resgate do feminino em
mulheres contemporâneas. PDF. Revista online: Psicologia.pt o
Portal dos Psicólogos, 2016.

MORENO, M.T.N. Contos de fadas e a psicologia analítica. Instituto


Junguiano de Ensino e Pesquisa. Disponível em < http://www.ijep.
com.br/index.php?sec=artigos&id=224&ref=contos-de-fadas-e-a-

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 785

psicologia-anal%EDtica> Acesso em 02 mar 2018.

REBONATO, A.R. Saciando a inópia da alma: uma análise


junguiana dos contos de fadas. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. PDF. Trabalho de Conclusão de Curso, 2014.

RODRIGUES, J. Contos de Fadas e Arquétipos Inconscientes: uma


análise do conto da Bela Adormecida. PsicologadoArtigos. 2014.
Disponível em < https://psicologado.com/abor

SANTOS, S.M.O. Os contos de fadas e o processo de


individuação das crianças. Trabalho de conclusão de Curso.
Instituto Superior de Educação de Pesqueira. Rio de Janeiro, 2011.

SOUZA, M.T.C.C.F; FERREIRA, C.T; OLIVEIRA, M.P; NATALO,


S.P. Relações entre aspectos afetivos e cognitivos em representações
de contos de fadas. Bol. Psicol. V. 58, N. 129. São Paulo. 2008.
Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0006-59432008000200010>. Acesso em 02 mar 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


786 ANAIS X SIMPAC

ANÁLISE DO DESEMPENHO DA ARGAMASSA


POLIMÉRICA EM ALVENARIAS DE VEDAÇÃO E
PESQUISA DE MERCADO PERTINENTE NA REGIÃO DE
VIÇOSA-MINAS GERAIS

Antônio Carlos leite Nametala1, Aracy de Almeida Santos Amorin2,


Klinger Senra Rezende3, Jônatas Viana Lopes4

Resumo: Mesmo apresentando formulação química definida desde


1970, referência oficial em 1981 e vantagens construtivas, econômicas
e ambientais, apenas em 2011 que a argamassa polimérica foi
apresentada comercialmente ao Brasil. Em consonância, com a
crescente preocupação em relação ao meio ambiente, necessidade
de maximização da produtividade e custo/benefício no setor
construtivo, estimulou-se essa pesquisa. Tomando como matéria
de experimento: a argamassa polimérica, da marca Dundun,
tijolos cerâmicos, blocos de concreto e grupos sociais envolvidos, de
Viçosa (MG), o conjunto de procedimentos aplicados constituiu-se
de determinação da resistência à tração na flexão e à compressão
nas amostras, análise de desempenho da alvenaria e pesquisa de
mercado sobre o produto em questão. Os resultados laboratoriais
compreenderam-se pela impossibilidade de uso dos corpos de prova
para seu respectivo ensaio, apresentando deformações, fissuras e
rachaduras. O desempenho caracterizou-se, na situação do elemento
em balanço, pela efetividade apenas da alvenaria cerâmica. Na
situação de resistência à tração na flexão de vigas em alvenarias,
manifestou-se maior resistência nos elementos cerâmicos. A pesquisa
de mercado constatou que os grupos sociais envolvidos diretamente
com o produto não apresentam conhecimentos em sustentabilidade
em proporções similares e o subconjunto social responsável pela
inserção da argamassa especial no mercado de Viçosa (MG) apresenta
a menor porcentagem de conhecimentos e interesse em vendê-lo.
1
Graduado em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: antoniocarlosnametala@gmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: aracy_amorim7@hotmail.com
3
Mestre em Geotecnia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: klingers15@hotmail.com
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jhn.vl@hotmail.com

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ANAIS X SIMPAC 787

Assim levou-se ao consenso geral de que a argamassa polimérica


foi efetiva apenas para alvenaria cerâmica e a baixa aceitação está
enraizada na cultura regional.

Palavras–chave: Inovação; Polímero; Sustentabilidade; Tecnologia

Introdução

A relação intrínseca entre a crescente valorização do meio


ambiente, visando preservação e redução dos impactos ambientais,
a preocupação com as gerações futuras, o avanço tecnológico, a
gestão de recursos, a potencialização das etapas construtivas,
a ampliação da eficiência e economia de insumos instigaram a
pesquisa na área de produtos construtivos, especificamente com
a argamassa polimérica em substituição à argamassa cimentícia,
levando em consideração sua popularidade e aceitação na cidade de
Viçosa (MG) nos grupos sociais diretamente relacionados.
Em substituição da argamassa cimentícia convencional, sua
composição corresponde às resinas sintéticas, cargas minerais e
aditivos como espessantes e estabilizantes, sendo seu principal uso
destinado ao assentamento de tijolos ou blocos na construção de
alvenarias.
Logo, em termos gerais, objetivou-se analisar as propriedades
construtivas da argamassa polimérica e contribuir para a difusão
e uso de tal material como inovação sustentável no mercado da
construção civil na região de Viçosa – MG. Em termos específicos,
priorizou a mensuração do desempenho da argamassa polimérica
conforme as Normas Técnicas Brasileiras, identificar as vantagens
com caráter sustentável e verificar sua popularidade e aceitação no
Mercado regional.

Material e Métodos

Os materiais experimentais utilizados foram: argamassa

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


788 ANAIS X SIMPAC

polimérica, da marca Dundun, tijolos cerâmicos, blocos de concreto


e grupos sociais de Viçosa (MG), diretamente envolvidos, para
realização da pesquisa de mercado.
As análises e procedimentos laboratoriais foram todas
realizadas no Campus Laboratório de Materiais da Construção
Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa – Univiçosa/
Faviçosa, conforme a ABNT, sendo constituídas pela determinações
da resistência à tração na flexão e à compressão nas amostras (NBR
13279), análise de desempenho, caracterizada pela determinação
da resistência do elemento em balanço e da resistência à tração na
flexão de vigas em alvenarias.
A pesquisa de mercado embasava-se em questionamentos
sobre a sustentabilidade, o produto alvo e sua aceitação dentro da
região de Viçosa (MG), sendo a amostragem composta por trios
de Empresários, Professores, Engenheiros com mais de 5 anos de
experiência, Engenheiros com menos de 5 anos de experiência,
Graduandos em engenharia e Mestres de obra.

Resultados e Discussão

As deformações ocorridas nos corpos de prova da argamassa


polimérica foram consequentes da umidade característica e
demasiada retração, impossibilitando o ensaio.
Durante a construção dos vértices das paredes com o produto
verificou-se a maximização da produtividade, economia de insumos,
menor volume gasto por área e menor quantidade de resíduos
sólidos gerados em relação à argamassa convencional.
O primeiro ensaio de desempenho, mediante fixação em
balanço, caracterizou-se pela carga de ruptura nos tijolos cerâmicos
equivalente a 59,00 kg, não sendo na junta, nos blocos de concreto
não apresentou-se eficácia. Já na segunda determinação, através
da resistência à tração na flexão de vigas em alvenarias, ambos
elementos apresentaram valores, conforme a Tabela 1, abaixo:

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 789

Tabela 1 – Resultados das cargas de ruptura (Kg) suportadas pelas


vigas em alvenaria
Carga de Rompimento
Vão (m)
Ruptura (Kg) na Junta
Bloco cerâmico 94,40 Não 0,38

Bloco de concreto 47,20 Sim


0,93
Fonte: TCC - A Argamassa Polimérica: Uma Inovação Sustentável No
Mercado Brasileiro.

Na pesquisa de Mercado, composta por subgrupos sociais


diretamente relacionados ao produto, identificou-se as seguintes
porcentagens sobre compreensão do termo sustentabilidade,
conforme o Gráfico 1 seguinte:

Gráfico 1. Análise percentual dos subgrupos


Fonte: TCC - A Argamassa Polimérica: Uma Inovação Sustentável
No Mercado Brasileiro.

Registrou-se os focos de cada resposta e a média das notas, de


0 a 10, referenciadas à preocupação em se exercer tal conceito, veja
a Tabela 2:

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790 ANAIS X SIMPAC

Tabela 2 – Registro dos focos inerentes ao termo e médias aritméticas


das notas

Grau de
Foco da resposta
preocupação

Engenheiros civis com


Gestão de recursos
mais de 5 anos de 6,0
e ambiental
experiência

Engenheiros civis com


menos de 5 anos de Gestão de recursos 7,0
experiência

Mestre de Obras Ambiental 9,0

Gestão de recursos
Empresários 7,0
e ambiental

Professores da Área Gestão de recursos 9,5

Acadêmicos Ambiental 7,5


Fonte: TCC - A Argamassa Polimérica: Uma Inovação Sustentável
No Mercado Brasileiro.

É possível observar pelo Gráfico 2 a seguir que a argamassa


polimérica é mais conhecida e aceita para uma possível finalidade
entre os engenheiros com maior tempo de experiência, seguidos dos
professores. Já os públicos que não demonstraram conhecimento e
menos abertura ao seu uso são os de engenheiros com menor tempo
de experiência e os empresários do ramo da construção civil.

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ANAIS X SIMPAC 791

Popularidade da Argamassa Polimérica

Gráfico 2. Análise percentual dos subgrupos


Fonte: TCC - A Argamassa Polimérica: Uma Inovação Sustentável
No Mercado Brasileiro.

Conclusões

Com base nos resultados expostos, pode-se afirmar que


a manifestação de excessiva retração, deformação, fissuras e
rachaduras nos corpos de prova foram consequentes da composição
físico-química do material.
Apenas para os assentamentos de tijolos cerâmicos a
argamassa polímera foi efetiva, em determinação de desempenho.
Evidentemente carece-se de experimentos e normas específicas
para ensaio da eficácia e eficiência do produto para demais funções
e tipologias de blocos.
E em termos gerais a cultura regional ainda oferece resistência
ao produto inovador.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


13279: Argamassa para assentamento e revestimento de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


792 ANAIS X SIMPAC

paredes e tetos – Determinação da resistência à tração na


flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005.

NAMETALA, A. C. L.; AMORIM, A. A. S.; REZENDE, K.S. A


Argamassa Polimérica: Uma Inovação Sustentável no Mercado
Brasileiro. Trabalho Final de Curso (Graduação em Engenharia
Civil) – Univiçosa Facisa, Viçosa, 2016.

Cola Bloco. Instruções de uso. Curitiba, 2017. Disponível em:


<http://www.colablococuritiba.com.br/detalhes-tecnicos.html>.
Acesso em: 08/04/2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 793

ANÁLISE DA ADIÇÃO DE REJEITO DE MINERAÇÃO


DE FERRO NA PRODUÇÃO DE CONCRETO PARA
CONSTRUÇÃO CIVIL E COLABORAÇÃO COM O MEIO
AMBIENTE

Matheus Flávio de Oliveira Soares1, Gustavo Ribeiro Jotta2,


Klinger Senra Rezende3, Jônatas Viana Lopes4

Resumo: Devido aos volumes excessivos de rejeitos gerados e


acumulados durante os respectivos tratamentos nas mineradoras
correlacionados aos seus respectivos impactos ambientais e
nas possibilidades de utilização desses materiais descartados
na construção civil, especificamente na elaboração de concreto,
fomentou-se tal pesquisa. Sua estruturação foi embasada nas
normas da ABNT, composta pelas etapas de Determinação de
Impurezas Orgânicas e de Caracterização Física de três agregados:
uma areia, extraída do Rio Doce - Minas Gerais (MG), contaminada
com minério de ferro oriundo do rompimento da Barragem do
Fundão; uma areia convencional, captada no Rio Ipiranga em
Porto Firme (MG) e uma brita convencional, extraída na Pedreira
de Ervália (MG). Posteriormente elaborou-se o traço 1:3:3, sendo a
água, dosada igualmente para ambos concretos, provinda da rede
de distribuição pública e o cimento classificado como Votoran CP-II
E32. Determinou-se também um traço 1:2:2 somente para o concreto
com areia contaminada aumentando a proporcionalidade do cimento
na hipótese do primeiro traço não atender à resistência normatizada.
Montou-se os copos de prova, aos pares, usando ambos os agregados
miúdos, separadamente, e os submeteram ao Ensaio de Compressão
Axial nos intervalos de 3, 7 e 28 dias, concluindo assim as mesmas
condições de ambiente e de proporção volumétrica às amostras antes

1
Graduado em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eng.matheusoliveira@hotmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gustavorjotta@hotmail.com
3
Mestre em Geotecnia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: klingers15@hotmail.com
4
Graduando em Engenharia Civil –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jhn.vl@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


794 ANAIS X SIMPAC

de seus respectivos rompimentos. A areia convencional apresentou


granulometria dentro da zona ótima e mesmo a granulometria da
areia contaminada pertencendo apenas à zona utilizável, menos
eficiente, esperava-se uma resistência superior à convencional devido
às características físico-químicas do minério de ferro. No entanto,
para o primeiro traço supracitado, a resistência do concreto com o
material contaminado, mesmo que próxima em relação ao concreto
convencional, foi de ordem de 1,5 MPa a menos, possivelmente
justificada pela lixiviação do contaminante consequente das chuvas
póstumas ao rompimento da barragem. Todavia, para o segundo
traço, obteve-se um aumento de 82% de resistência, em relação
ao traço 1:3:3, correspondendo a um total de 24,43 MPa aos 28
dias, superando a resistência mínima exigida pela atual norma e
comprovando a possibilidade da inserção do rejeito de minério de
ferro conduzindo para um meio mais sustentável.

Palavras–chave: Agregado, Aproveitamento, Betão, Ferro,


Mineração.

Introdução

Desde o princípio da aplicação de barragens, para contenção


da lama de mineração, nota-se a demasiada quantidade de material
originado sem posterior aproveitamento, além dos diversos
impactos ambientais negativos causados antes, na preparação da
área destinada à tal processo de extração e acúmulo, durante, no
período funcional da mineradora, depois, no término da recuperação
ambiental cujos valores de energia biótica e de capacidade de
produção, mesmo que aumentados, não se equivalem ao valor
antecedente à ação antrópica, e em rompimentos das contenções,
causando devastação de cidades locais, mortes e comprometimento
do sistema hidrológico.
Logo na busca da atenuação ou erradicação para os diversos
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 795

impactos ambientais causados, elaborou-se tal pesquisa objetivando,


em termo geral, confirmar a possibilidade de reutilização do rejeito
de mineração na construção civil, inserindo-o na composição do
concreto, e, em termos específicos, estabelecer sua caracterização
física e analisar a resistência do concreto que o contém em relação
ao convencional.

Material e Métodos

O elenco de materiais experimentais utilizados foram:


Areia Contaminada, coletada no Rio Doce (MG), com minério de
ferro oriundo da Barragem do Fundão em Mariana (MG); Areia
Convencional, captada no Rio Ipiranga em Porto Firme (MG); Brita
1 Convencional, extraída na Pedreira de Ervália (MG); Cimento
Votoran CP-II E32 e Água, oriunda da Rede Pública de distribuição
de Viçosa (MG).
As análises e procedimentos foram todas realizadas no
Laboratório de Materiais da Construção Civil da Faculdade de
Ciências e Tecnologia de Viçosa – Univiçosa/Faviçosa, conforme a
ABNT, sendo constituídas pela amostragem, caracterização física,
elaboração dos concretos, com dosagem e condições ambientais
iguais, determinação da consistência através do abatimento de tronco
de cone e ensaio de resistência à compressão uniaxial. Salienta-se
que além do traço 1:3:3 foram elaborados corpos de prova (CP’s) no
traço 1:2:2, para a areia contaminada, caso a resistência em traços
equivalentes não atendesse às especificações mínimas.

Resultados e Discussão

O Gráfico 1, apresenta as composições granulométricas,


resultante da caracterização física, de todos agregados envolvidos
no experimento.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


796 ANAIS X SIMPAC

Gráfico 1: Curvas granulométricas dos agregados: agregado miúdo


à esquerda e agregado graúdo à direita.
A Tabela 1 abaixo, demonstra o ensaio de resistência à
compressão uniaxial nos CP’s com aproveitamento.
Tabela 1. Ensaio de resistência à compressão uniaxial
Ensaios de Corpos de Prova de Concreto – NBR 5739
Traço Concreto 01:03:03 Areia Contaminada
Dados do Corpo de Ensaio de
Prova Compressão
Diâmetro
Nº do Força Tensão
Médio Data Idade
CP (KN) (MPa)
(mm)
435 99,50 12/03/2016 3 46,811 6,020
436 100,60 12/03/2016 3 44,330 5,578
437 100,70 16/03/2016 7 73,758 9,261
438 100,05 16/04/2016 7 67,646 8,604
439 100,20 06/04/2016 28 104,208 13,280
440 100,33 06/04/2016 28 103,542 10,097
Fonte: TCC – Análise de Aproveitamento de Rejeito de Mineração
na Produção de Concreto Para Construção Civil.

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ANAIS X SIMPAC 797

Conforme a Tabela 2, para o mesmo ensaio, os CP’s


convencionais apresentam as seguintes resistências:

Tabela 2. Ensaio de resistência à compressão uniaxial


Traço Concreto 01:03:03 Areia Comum
Dados do Corpo de Ensaio de
Prova Compressão
Diâmetro
Nº do Força Tensão
Médio Data Idade
CP (KN) (MPa)
(mm)
1455 99,88 13/11/2015 3 50,970 6,510
1456 100,15 13/11/2015 3 56,298 7,150
1457 100,05 17/11/2015 7 78,080 9,930
1458 100,75 17/11/2015 7 80,273 10,100
1459 99,95 08/12/2015 28 114,676 14,616
1460 100,00 08/12/2015 28 115,664 14,727
Fonte: TCC – Análise de Aproveitamento de Rejeito de Mineração
na Produção de Concreto Para Construção Civil.

Já os CP’s de traço 1:2:2, apresentaram as resistências


suprindo a norma, conforme a Tabela 3.

Tabela 3. Ensaio de resistência à compressão uniaxial


Traço Concreto 01:02:02 Areia Contaminada
Dados do Corpo de Ensaio de
Prova Compressão
Diâmetro
Nº do Força Tensão
Médio Data Idade
CP (KN) (MPa)
(mm)
444 100,30 12/03/2016 3 93,778 11,869
445 100,30 12/03/2016 3 91,110 11,531
446 100,20 16/03/2016 7 127,692 16,193
447 100,15 16/03/2016 7 133,869 8,604
448 99,98 06/04/2016 28 184,914 14,616
449 100,55 06/04/2016 28 189,006 14,717
Fonte: TCC – Análise de Aproveitamento de Rejeito de Mineração
na Produção de Concreto Para Construção Civil.

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798 ANAIS X SIMPAC

Considerações Finais

Pode-se inferir que, primeiramente, a areia contaminada, não


pertencente à zona ótima, poderia ser usada uma vez que estava
contida na zona utilizável.
Conseguinte o corpo de prova no traço 1:3:3, mesmo
apresentando o agregado miúdo com minério de ferro, manifestou
pequena variação de resistência, para menos, em relação ao
convencional, consequente da lixiviação do minério e pela
possibilidade de existência de compostos químicos que reduziram a
função aglomerante do cimento.
Todavia no traço 1:2:2 o concreto com o aproveitamento
apresentou resistência de 24 MPa, superior ao valor mínimo exigido
por norma (NBR 6118/2014), determinando esse material como
reaproveitável na construção civil.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


6118 – Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio
de Janeiro, 2014. 217p.

SOARES, M. F. O.; JOTTA, G. R.; REZENDE, K.S. Análise do


Aproveitamento de Rejeito de Mineração na Produção de Concreto
para Construção Civil. Trabalho Final de Curso (Graduação em
Engenharia Civil) – Univiçosa Facisa, Viçosa, 2016.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 799

OS SUPLÍCIOS E A EXPRESSÃO DA SOCIEDADE


PUNITIVA NO HOSPITAL COLÔNIA, O MAIOR
MANICÔMIO DO PAÍS

José Bruno Aparecido da Silva1, Fraikson Cleiton Fuscaldi Gomes2

Resumo: Para o filósofo Michel Foucault, escolas, fábricas,


hospitais, manicômios e outras instituições reproduzem em seus
modelos de organização elementos característicos do modelo de
prisão adotado pelo sistema penal. Em tal reprodução, por vezes, tais
entidades adotam sistemas de correção que contrariam princípios
como o da reserva legal e o da adequação das penas. Tal fenômeno,
em sua manifestação mais extrema, pode ser observado no genocídio
ocorrido naquele que chegou a ser o maior manicômio do Brasil, o
Colônia, situado em Barbacena (MG).

Palavras-chave: Direito Penal, Genocídio, Manicômio, Reserva


Legal, Sociedade Punitiva.

Introdução

Beccaria (2016) em sua reflexão acerca da limitação das penas


pondera que a proporcionalidade destas seria um fato substancial
para o alcance efetivo daquilo que se espera do Estado no tocante
à aplicação de castigos e correção de condutas delituosas. Com o
lançamento de sua principal obra, “Dos Delitos e das Penas”, ele
levantou ponderações que iam de encontro ao que se praticava
em matéria penal em sua época, tais ponderações deram um novo
norte ao pensamento acerca do tema e influenciaram a formulação
dos códigos penais nas principais democracias do ocidente.
Todavia, ainda que a lei positivada tenha sofrido tal influência, as
distorções relativas às penas desproporcionais não deixaram de
1
Graduando em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: josebrunojb@hotmail.com
2
Mestre em Sustentabilidade e Direito Ambiental UFOP-MG, Professor e Coordenador do Núcleo de
Pesquisa e Extensão da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail fraikson@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


800 ANAIS X SIMPAC

ser observadas, por vezes em instituições distintas das instituições


penais regulamentares. Ao observar este fenômeno, Foucault (2009)
criou o conceito de “sociedade punitivista”, que abarcava não só o
modelo penal que visava o desenvolvimento do que ele chamou de
“corpos úteis”, mas também a reprodução deste mesmo modelo em
escolas, fábricas, hospitais e em instituições de tratamento mental.
Tendo como escopo a aplicação das teorias de Beccaria e Foucault,
o presente trabalho buscará analisar os absurdos acontecidos nas
dependências do Hospital Colônia, um manicômio na cidade de
Barbacena, Minas Gerais, que são comparáveis a um verdadeiro
holocausto, configurando um dos episódios mais tristes da história
recente do Brasil. Por décadas, a instituição esteve fora do alcance
e até mesmo do interesse de grande parte da população. O emprego
de métodos arbitrários de punição resultou em mais de 60 mil
mortes, número que inclui homens, mulheres e crianças. O horror
de tais fatos conduz à reflexão sobre a legitimidade do poder de
estabelecer e fazer cumprir penas (que em tese deveria pertencer
respectivamente apenas ao Estado-juiz e ao sistema prisional),
e sobre a supressão daquilo que deveriam ser garantias básicas,
como o direito à liberdade, a um julgamento justo e à ampla defesa.
Aos internos do Colônia tudo isso era negado, a maior parte deles,
sem diagnóstico de doença mental, era levada para a instituição
por desajustes de conduta, por mero capricho ou por tramas
arquitetadas por membros de suas próprias famílias. Excluída a
hipótese de internação por loucura, sobra o entendimento de que o
hospício era na verdade uma grande prisão, que atuava à margem
da lei aplicando penas violentas, um lugar de onde em boa parte
das vezes não se tinha sequer a esperança de sair vivo. À luz do
pensamento dos autores supracitados, o presente artigo pretende
abordar tais fatos e analisar a relevância de tudo isso para o direito
e para a criminologia.

Material e Métodos

O presente trabalho desenvolveu-se sobre as bases

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 801

metodológicas da vertente Jurídico-teórica de pesquisa em


Direito, fundamentadas em uma análise jurídico-compreensiva de
conteúdos bibliográficos próprios das indagações relativas ao direito
penal e processual penal. Foram tomadas como fontes secundárias
principalmente as obras “Dos Delitos e das Penas” de Cesare
Beccaria, que levanta diversas reflexões e questionamentos acerca
do direito penal, do processo e das penas violentas impostas de
forma arbitrária pelo Estado; Vigiar e Punir de Michel Foucault, que
aborda, dentre outros temas, a reprodução do modelo punitivista em
instituições não penais e Holocausto Brasileiro da jornalista Daniela
Arbex, que relata os fatos atrozes ocorridos nas dependências do
hospital Colônia de Barbacena durante décadas.

Resultados e Discussão

Cesare Beccaria (2016, p.20) em sua obra “Dos Delitos e das


Penas” chama a atenção para um fato importante: a crueldade dos
castigos impostos aos criminosos precisava despertar a atenção
de quem se propunha a pensar a sociedade e o direito, para ele
o sofrimento imputado pelo Estado aos mais fracos, que iam de
tormentos atrozes à incerteza em relação ao próprio destino, deviam
ser objeto de reflexão filosófica, uma que, em seu entendimento,
os filósofos eram uma espécie de magistrados responsáveis pela
direção das opiniões das pessoas.
Apesar de “Dos Delitos e das Penas” ter sido publicado
há mais de 250 anos, seu conteúdo permanece atual, ainda que
atualmente as penas violentas e os suplícios não façam mais parte
dos ordenamentos jurídicos na maior parte do mundo. A verdadeira
revolução acontecida no direito penal a partir do século XVIII,
motivada em grande parte pelas críticas contundentes feitas por
Beccaria e pelo racionalismo defendido por ele, retiraria da lei
positivada absurdos como as execuções em praça pública, as torturas
presentes nos inquéritos e as ordálias (formas de revelação da
verdade baseadas em elementos da natureza, cujos resultados eram
interpretados como a manifestação da vontade de Deus), todavia,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


802 ANAIS X SIMPAC

ainda que não previsto na lei, o tratamento desumano permaneceu


presente no sistema penal.
Michel Foucault (2009, p.29) disserta que as penas e as
instituições de outrora deram lugar ao que ele chamou de microfísica
do poder, que para ele seria “posta em jogo pelos aparelhos e
instituições, mas cujo campo de validade se coloca de algum modo
entre esses grandes funcionamentos e os próprios corpos com sua
materialidade e suas forças”, de tal inflexão é possível extrair duas
considerações importantes para a reflexão proposta por este artigo:
a primeira é a de que existe um poder associado ao funcionamento
das instituições penais; poder este que não se pode possuir, mas que
determina o modelo de organização e de atuação destas instituições;
a segunda é a ideia do corpo como o objeto final da manifestação
deste poder.
As relações de poder têm alcance imediato sobre o corpo, tais
relações, que são complexas e recíprocas, dizem respeito à utilidade
econômica que o corpo possui. Tido como mera força de produção,
ele passa a ser investido por relações de poder e dominação, que
o mergulham diretamente no campo político, e, segundo o mesmo
pensamento, para que sua potência produtiva seja plenamente
explorada é necessário ainda que ele esteja preso a um sistema de
sujeição. É preciso, portanto, que o corpo esteja produtivo e submisso
para assim constituir força útil (FOUCAULT, 2009, P.29).
Para Foucault (2009, p.32), no entanto, o efeito do poder
exercido não se limita ao corpo físico, ele transcende a materialidade,
afetando também a alma do indivíduo sobre o qual ele se exerce.
Atingir a alma para tornar os “corpos dóceis”, ou em outras palavras,
adestrar a mente dos indivíduos para que eles se tornem recessivos
e assim enquadráveis no modo de vida socialmente aceito, este é
o objetivo daquilo que Foucault chamaria de Sociedade Punitiva;
que compreenderia não só as prisões, que substituem a partir do
século XVIII as penas de suplício, mas também outras instituições,
como a fábrica, o hospital, a escola e os manicômios. A Sociedade
Punitiva reivindica para si atributos do direito penal e daí nascem
distorções como a observada no objeto de estudo deste artigo, o
manicômio Colônia, situado em Barbacena (MG), onde pelo menos

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ANAIS X SIMPAC 803

60 mil pessoas morreram em menos de um século de atividade.


Fundado em 12 de outubro de 1903, o hospital psiquiátrico
de Barbacena (MG), conhecido como Colônia, chegou a ser o maior
manicômio do Brasil, para lá eram levados não só loucos, mas toda
a sorte de desajustados, excluídos e marginalizados. Registros da
própria instituição dão conta de que cerca de 70% dos que lá deram
entrada não tinham diagnóstico de doença mental, eram em sua
maioria alcoólatras, mulheres adúlteras, desocupados, meninas
que engravidaram antes do casamento, prostitutas, homossexuais
e pessoas que de alguma forma se rebelavam ou se tornavam um
entrave para as respectivas famílias. (ARBEX, 2013, p. 25)
Ao chegarem à instituição, trazidas de diversas regiões do
Brasil, estas pessoas perdiam as suas identidades, seus pertences
e eram esquecidas pelo mundo do qual tinham sido subtraídas.
Nas dependências do hospital, de acordo com o relato da jornalista
Daniela Arbex (2013), os internos eram submetidos a toda sorte de
maus tratos, dormiam no chão forrado com capim, comiam comida
estragada, sofriam castigos físicos e toda e qualquer rebelião era
tratada com eletrochoque ou overdose de medicamentos. Aquilo
que era tido como terapia, no Colônia se tornou forma de punição.
Diferente do que acontecia em uma prisão convencional, lá não
existia expectativa de retorno à liberdade ou de contato com o
mundo exterior.
Se excluída a hipótese de doença mental, sobra a de mera
condenação. Se considerado o percentual de internos sem diagnóstico
de loucura, percebe-se o quanto o Colônia se assemelha à uma
instituição penal convencional, muito mais do que à uma casa de
saúde para tratamento, terapia e reabilitação social. No depoimento
de um ex-paciente, Antônio Gomes da Silva (ARBEX, 2013, p.32),
se vê que a internação compulsória funcionou como uma espécie de
prolongamento de uma pena que ele cumprira na cadeia, há neste
caso uma grave violação do direito à liberdade e da ideia de que a
pena precisa estar vinculada ao crime no tempo.
O lapso temporal existente entre o crime do qual decorrera
a pena de cadeia e a internação, desvincula neste caso a internação
do ato delituoso. Todavia, ainda que existisse tal vínculo, a medida

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804 ANAIS X SIMPAC

seria absurda. O Colônia não era um manicômio penal, levar um


criminoso para cumprir pena lá seria igualmente condenável,
primeiro porque a instituição, ao menos em tese, não estava
preparada para tal, sequer havia separação entre pacientes que
haviam cometido crimes e aqueles considerados meramente loucos.
Há deste modo a negação de outro princípio, o da reserva legal, o
qual Beccaria (2016, p. 24) define da seguinte forma: “... só as leis
podem fixar as penas de cada delito e [...] o direito de fazer leis penais
não pode residir senão na pessoa do legislador, que representa toda
a sociedade unida por um contrato social”. É preciso salientar que
a prisão de alguém sem amparo legal, ou por descumprimento de
normas não postas por autoridades competentes tende a fragilizar
todo o sistema, quebrando a percepção de segurança jurídica e
desqualificando o ordenamento positivado.
A violência praticada no manicômio de Barbacena visava
a correção e a adequação social de pessoas que tinham pouca
ou nenhuma expectativa de retorno para a sociedade. Porém,
tal como o próprio sistema penal, o modelo adotado no hospital
psiquiátrico se mostrou falho. A violência empregada não funcionou
como fator de coerção, pelo contrário, ela apenas produziu mais
violência Mesmo sem efetividade naquilo que se propunha a
fazer originalmente, o Colônia funcionou por mais de 80 anos, o que
indica que efetividade não era o que o Estado, que o administrou
durante todo este tempo, buscava. Governos federais, estaduais,
municipais e a própria população mantiveram, durante décadas,
instituições como o Colônia longe das pautas de discussão.

Considerações Finais

Em um tempo em que o clamor social muitas vezes pede


internações compulsórias e outros métodos questionáveis de
intervenção estatal, é necessário que operadores e pensadores
do direito, cientes dos exemplos vividos no passado recente, não
se omitam, seja por meio de posicionamentos na vida cotidiana,
na universidade ou nos autos dos processos. O desejo popular de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 805

ver resultados imediatos tende a tornar a aplicação da lei mais


expressiva, mas menos efetiva no longo prazo. Casos como o
acontecido no Colônia em Barbacena, dado o absurdo e o horror, são
um convite à uma profunda reflexão sobre a atividade jurisdicional
do estado, a aplicação de penas e os limites das medidas de correção
e vigilância aplicadas em instituições não punitivas que tendem a
adotar o mesmo modelo de controle adotado no sistema prisional.
Princípios constitucionais (BRASIL, 1988) como o da limitação das
penas, imprescindível para o alcance da justa proporcionalidade
e da efetividade da atuação jurisdicional na seara penal; e o da
reserva legal, que atribui ao Estado e somente a ele a função de
aplicar e executar penas, precisam ser resguardados, ainda que não
haja no ordenamento leis contrárias a eles, tal preocupação deve
se estender para além dos códigos e da própria atuação do poder
judiciário, levando em consideração também a formação da opinião
pública e da percepção acerca da aplicação das leis.

Referências Bibliográficas

ARBEX, D. Holocausto Brasileiro. 1. ed. São Paulo: Geração


Editorial, 2013. 255p.

BECCARIA, C. Dos Delitos e das Penas. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 2016. 144 p.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa


do Brasil. In: Vade Mecum acadêmico de direito. 24. ed. São
Paulo. Rideel, 2017. 2077 p.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 36. ed. Petrópolis: Vozes,
2009. 291 p.

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806 ANAIS X SIMPAC

RISCOS DA HIPERTENSÃO ARTERIAL DURANTE O


PERÍODO GESTACIONAL - PRÉ-ECLAMPSIA: UMA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Joyce Aline Rosa Martins1, Andrês Valente Chiapeta2.

Resumo: Introdução: A pré- eclampsia é uma das síndromes


hipertensivas gestacionais, podendo ser observada a partir da
20ª semana de gestação, apresentando pressão arterial em níveis
iguais ou maiores que 140 × 90 mmHg. Objetivos: Este trabalho
teve por objetivo realizar uma pesquisa bibliográfica sobre os riscos
da pré-eclampsia no período gestacional. Métodos: Levantamento
bibliográfico com artigos de 2006 a 2018 tendo como fonte de pesquisas
Scielo e Google acadêmico. Resultados: Foram encontrados diversos
riscos hipertensivos nas gestantes, como mortalidade materna e
perinatal, prematuridade, deslocamento prematuro de placenta e
hipoxia. Conclusão: De acordo com a pesquisa os principais riscos
encontrados foram de mortalidade materna e fetal, sendo eles os
mais graves.

Palavras–chave: Gravidez de risco, hipertensão arterial, pré-


eclampsia

Introdução

Durante o processo fisiológico da gestação, acontecem diversas


alterações e adaptações no corpo feminino a partir da fertilização.
Nesse período a mulher passa por transformações morfológicas,
fisiológicas, sociais e emocionais que requerem cuidados especiais.
Ao longo dos três trimestres do período gestacional essas
transformações acarretam alterações biomecânicas, hormonais
e hemodinâmicas que modificam os sistemas corporais maternos,
1
Graduanda em fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: joyce_aline2007@hotmail.com
2
Docente do curso de fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andreschiapeta@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 807

para que ocorra o desenvolvimento normal e natural do feto (MELO,


2017).
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema
multifatorial que se da por números elevados e sustentados da
pressão arterial (PA). A HAS pode influenciar no funcionamento
de órgãos vitais do indivíduo, alterando sistemas e podendo gerar
acometimento no coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos, com
isso, está relacionada a alterações cardiovasculares que podem
levar a um acidente vascular encefálico e a morte em pelo menos
40% das vezes (MENDES, SILVA e FERREIRA, 2018).
Hipertensão induzida pela gestação é um termo utilizado quando
o aumento da PA ocorre pela primeira vez durante a gestação. As
síndromes hipertensivas nas gestantes, são classificadas como
“hipertensão gestacional” quando há um aumento da pressão
arterial sistólica (PAS) > 140mmHg e/ou uma pressão arterial
diastólica (PAD) de 90mmHg, ausência de proteinúria e retorno
dos níveis normais das pressões até a 12ª semanas após o parto;
“pré-eclampsia” onde o aumento da pressão se dá a partir da 20ª
semana de gestação associada à proteinúria (>300 mg/24 horas);
“hipertensão arterial crônica” onde a elevação da pressão se dá
antes da 20 semanas de gestação e não está relacionada à doença
trofoblástica gestacional ou aumento da pressão após 20 semanas
de gestação que persiste após 12 semanas de pós-parto; eclampsia,
presença de convulsão, que não pode ser atribuída a outras causas,
em mulheres com pré-eclâmpsia e “pré-eclâmpsia sobreposta”,
surgimento de proteinúria (>300 mg/24 horas) em paciente
hipertensa que não apresentava proteinúria antes de 20 semanas
de gestação ou aumento importante da proteinúria, da pressão
arterial ou plaquetas (<100.000/mm3) em gestante hipertensa com
proteinúria presente antes de 20 semanas de gestação (OLIVEIRA
CA, et al. 2006).
A pré-eclâmpsia (PE) é uma patologia que pode ocorrer também na
ausência da proteinúria quando acompanhada por alguns sintomas,
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
808 ANAIS X SIMPAC

como cefaleia, dor abdominal, visão turva e escurecida ou de valores


anormais de testes laboratoriais, especialmente plaquetopenia
e hepatocitose. A elevação da PA na gestante pode gerar danos
graves à mãe e ao bebê, além de manifestar uma sintomatologia por
meio de edemas de membros superiores e inferiores, de face e de
forma generalizada, desconforto respiratório, ganho súbito de peso,
cefaleia, epigastralgia e mal estar (SILVA et al. 2017).
Com um diagnóstico precoce, os sintomas e riscos podem ser
cuidados e até minimizados durante o período gestacional. Sendo
assim, esse trabalho teve por objetivo demonstrar os ricos para
a gestante e para o bebê quando a mesma apresenta o quadro de
aumento da pressão arterial no período gestacional.

Material e Métodos

Foi realizado um levantamento bibliográfico, utilizando os


bancos de dados Google acadêmico e o Scielo para selecionar as
referências com conteúdo referente ao tema do artigo, as buscas foram
feitas através das palavras chaves: Gravidez de risco, hipertensão
arterial, período gestacional, pré-eclampsia. Foram utilizadas seis
referências cujo indexas neste trabalho. Os critérios utilizados para
inclusão foram de artigos escritos na língua portuguesa e publicados
entre 2006 a 2018.

Resultados e Discussão

Na tabela 1 serão apresentados os principais riscos


encontrados nos artigos selecionados, relacionados com a pré-
eclampsia no período gestacional. Riscos que podem interferir
durante a gestação e também no momento do parto levando a
complicações para gestante e bebê.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 809

Tabela 1- Riscos registrados nos artigos:


Risco Autor Título Período Revista

Souza VFF; Efeitos do


Mortalidade Outubro a
Dubiela tratamento Fisioterapia
Materna e dezembro -
A; Júnior fisioterapêutico na e Movimento
Perinatal 2010
NFS pré-eclampisia

Souza VFF; Efeitos do


Outubro a
Dubiela tratamento Fisioterapia
dezembro -
Hipóxia A; Júnior fisioterapêutico na e Movimento
2010
NFS pré-eclampisia
Fatores de risco
para síndrome
hipertensiva
Ferreira especifica da Abril-
Cogitare
Prematuridade Moura et. gestação entre junho,
mulheres Enfermagem
al. 2010
hospitalizadas com
pré- eclampsia
Fatores de risco
para síndrome
hipertensiva
Ferreira especifica da Abril-
Baixo peso ao Cogitare
Moura et. gestação entre junho,
nascer mulheres Enfermagem
al. 2010
hospitalizadas com
pré- eclâmpisia
Fatores de risco
para síndrome
hipertensiva
Descolamento Ferreira especifica da Abril-
Cogitare
prematuro de Moura et. gestação entre junho,
mulheres Enfermagem
placenta al. 2010
hospitalizadas com
pré- eclâmpisia

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810 ANAIS X SIMPAC

A pré-eclâmpsia é uma patologia que provoca complicações


em 2% a 8% das gestações. Segundo Souza, Dubiela e Serrão Jr se
tratando de mortalidade materna, o número de casos piora, atingindo
de 10% a 15% das gestantes. Além de afetar a mãe, a PE também
trás riscos a vida do feto. Esta patologia pode causar hipóxia, uma
vez instalada, o aporte sanguíneo materno estará comprometido,
não irrigando de maneira adequada o espaço interviloso, o que
restringirá o crescimento do feto dentro do útero materno podendo
levar a prematuridade e a um índice alto de mortalidade perinatal.
De acordo com Ferreira Moura et. al. órgãos como a
placenta, os rins, fígado e o cérebro têm suas funções deprimidas
em até 60%, quando a gestante apresenta distúrbios hipertensivos.
Isso comprova que a pré-eclampsia na gravidez pode intensificar
os riscos de descolamento prematuro de placenta, prematuridade,
baixo peso ao nascer e óbito materno e fetal, uma vez que , com
a presença da PE ocorre um espasmo arteriolar, fazendo com que
ocorra a diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos o que impedi
o fluxo de sangue a esses órgãos, elevando a pressão sanguínea.
A PE também pode causar a mãe edema cerebral, hemorragia
cerebral, insuficiência renal e cardíaca e desprendimento prematuro
da placenta da parede uterina, que ocasionará hemorragia vaginal
afetando o fornecimento de nutrientes que o feto precisa podendo
levar ao sofrimento fetal agudo e crônico.
Por ser ainda a principal causa de morte materna no Brasil,
a indicação de interromper a gravidez na presença da PE levando
a um parto prematuro depende de vários fatores, como a gravidade
da pré-eclampsia uma vez que ela pode evoluir para a eclampsia
propriamente dita.

Conclusões

Os principais riscos apresentados nos artigos encontrados


foram de mortalidade materna e fetal, sendo eles os mais graves.
Observou-se também riscos como prematuridade, deslocamento
prematuro de placenta, hipóxia e baixo peso da criança ao nascer.

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ANAIS X SIMPAC 811

Referências Bibliográficas

DE SOUZA, V.F.F, DUBIELA, Â; SERRÃO, J.R.N.F. Efeitos do


tratamento fisioterapêutico na pré-eclampsia. Fisioterapia em
movimento. p.663-672.out./dez. 2010.

MELO, A.C.A.M. Comparação do Equilíbrio Postural entre


Mulheres com e sem Alteração do Padrão de Sono no
Segundo e Terceiro Trimestres Gestacionais. NATAL, 2017.

MENDES, F.A , SILVA, M,P; FERREIRA, C,R,S. Diagnósticos


de enfermagem em portadores de hipertensão arterial na atenção
primária. Macapá, Ahead of print, v. 8, n. 1, jan.-abr. 2018.

MOURA, E.R.F. et. al. Fatores de risco para Síndrome Hipertensiva


Específica da Gestação. Cogitare Enfermagem, Curitiba - 2010
Abr/Jun; 15(2):250-5.

OLIVEIRA, C.A et al. Síndromes hipertensivas da gestação e


repercussões perinatais Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife,
6 (1): 93-98, jan. / mar., 2006.

SILVA, P.L.N et. al. Cuidados pré-natais e puerperais às gestantes.


J. Health Biol Sci. 2017; 5(4):346-351.

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812 ANAIS X SIMPAC

ALTERNATIVAS AO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE


CAIXAS DE GORDURA
Juliana Carli do Carmo1, Fernanda Raquel Carvalho2

Resumo: Este estudo teve como objetivo apresentar alternativas


ao tratamento dos efluentes provenientes das caixas de gordura
utilizando os coagulantes químicos, cloreto férrico e sulfato de
alumínio. Consistiu-se de uma revisão da literatura realizada através
da consulta a livros do acervo da Biblioteca da Faculdade de Ciências
e Tecnologia de Viçosa - Univiçosa e artigos científicos selecionados
através de buscas no banco de dados do Google Acadêmico e da
Scielo. Os efluentes provenientes tanto das atividades industriais,
quanto das atividades domésticas, necessitam de um apropriado
gerenciamento. O tratamento adequado dos efluentes é de extrema
importância, pois visa a busca da sustentabilidade e preservação
das características do solo, água, fauna e flora. Durante a busca
na literatura não foi possível encontrar muitos estudos relacionados
ao tratamento químico através dos coagulantes sulfato de alumínio
e cloreto férrico, apesar deste tipo de tratamento minimizar os
impactos causados ao meio ambiente.

Palavras–chave: Coagulantes, cloreto férrico, óleos, sulfato de


alumínio

Introdução

Os óleos e as gorduras, formados por ácidos graxos, são um


dos principais componentes presentes nos efluentes lançados nas
redes de esgoto, e sua composição pode gerar grandes problemas
de entupimentos nas tubulações, causando vários transtornos de
manutenção e reparos nas mesmas (GNIPER, 2008).
As caixas de gordura são uma alternativa para o pré-tratamento
1
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jucarli@msn.com
2
Orientadora do curso de Engenharia Química– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fernanda.enq@gmail.
com

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ANAIS X SIMPAC 813

dos resíduos, que contém em sua composição os ácidos graxos,


uma vez que promovem a retenção desse material proveniente dos
ralos das pias das cozinhas, que iriam ser descartados diretamente
nas redes de esgoto (GASPERI, 2012). Os óleos e as gorduras, por
apresentarem menor massa específica que a da água, permanecem
na superfície e a água restante consegue ser liberada para o sistema
de esgoto.
Segundo Andrade (2015), a utilização de coagulantes químicos,
que permitem separar o material oleoso da água desestabilizando
partículas e produzindo os flocos, é um tipo de tratamento para o
efluente residual presente nas caixas de gordura, já que permitem,
por meio da coagulação, a redução do teor de óleos e gorduras
presentes na mesma, reduzindo os impactos ambientais ao serem
lançados nos sistemas de esgoto.
A importância do tema em questão se dá diante dos transtornos
causados pelos óleos e gorduras nas redes de esgoto, sendo
necessários estudos que proponham alternativas ao tratamento dos
efluentes provenientes das caixas de gordura.

Material e Métodos

Este estudo constitui-se de uma revisão bibliográfica, realizada


entre agosto de 2017 e março de 2018, no qual realizou-se uma
consulta a livros do acervo da Biblioteca da Faculdade de Ciências
e Tecnologia de Viçosa - Univiçosa e artigos científicos selecionados
através de busca no banco de dados do Google Acadêmico e da Scielo.

Resultados e Discussão

As caixas de gordura são equipamentos cujo objetivo é reter o


material gorduroso originado, principalmente, das pias de cozinhas.
Diminuem as concentrações de óleos e gorduras presentes no
efluente líquido que é eliminado nas redes coletoras, por meio
da separação do material graxo presente, através do processo
conhecido como flotação natural (GNIPPER, 2008; GASPERI,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


814 ANAIS X SIMPAC

2012). Segundo Marinho (2015), a flotação é uma técnica que visa


remover as partículas em suspensão, na qual aquelas que possuem
uma massa específica menor que a do meio aquoso, são conduzidas
até a superfície por meio de um fluxo de gás, de modo a separar o
sólido da fase líquida por ascensão. A estrutura da caixa de gordura
é representada na figura 1:

Figura 1: Desenho esquemático do funcionamento de uma


caixa de gordura.
Fonte: Hidrolimpa.

O processo de tratamento físico-químico da caixa de gordura


consiste na remoção das partículas sólidas presentes no efluente
por meio da injeção de produtos químicos, chamados coagulantes,
de forma a precipitá-las. Em seguida, com o auxílio de um

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 815

equipamento jar-test, realiza-se uma mistura rápida para dispersá-


las e, posteriormente, uma mistura lenta para que haja a formação
de flocos sedimentáveis e seja possível a remoção do efluente
(MANCUSO; SANTOS, 2003 apud MARTINS, 2014).
Estudos propostos por Vaz (2009 apud ANDRADE, 2015)
indicam que os coagulantes químicos são frequentemente utilizados
para o tratamento de água e efluentes, e apesar da grande variedade
no mercado, os sais de ferro e alumínio são os mais utilizados devido
a seu baixo custo e eficiência. Entretanto, o uso desses coagulantes
tem gerado desvantagens associadas a problemas de saúde
ocasionados pelo alumínio residual, modificação da alcalinidade e
produção de altos volumes de lodo.
Os coagulantes químicos mais utilizados são o cloreto férrico
e o sulfato de alumínio. O cloreto férrico apresenta como vantagens,
a formação de flocos maiores e mais pesados, facilitando a remoção
destes. Há uma maior eficácia de tratamento quando o pH da solução
se encontra na faixa de 4,5 e 5,5 (MANCUSO; SANTOS, 2003 apud
MARTINS, 2014). Já o sulfato de alumínio é um coagulante bem
conhecido no tratamento de água e efluentes pelo baixo custo e fácil
transporte, com maior eficácia quando o pH está entre 5,5 e 8,5
(ROSALINO, 2011).
Apesar de não eliminar totalmente os entupimentos e o mau
cheiro e não agir sobre as gorduras no interior das tubulações, o uso
de caminhões limpa fossa é o tipo de tratamento corriqueiro para
retirar o excesso de resíduos proveniente das caixas de gordura.
O uso de produtos biológicos específicos para dissolver óleos e
gorduras também é uma alternativa utilizada, já que decompõem a
matéria orgânica presente. No estudo realizado por Gasperi (2012),
a implantação de unidades de flotação associadas a coagulantes
químicos proporcionou reduções da concentração de óleos e gorduras,
otimizando o tratamento do efluente que seria enviado às estações
de tratamento durante a realização do projeto.

Conclusões

Os efluentes estão atrelados a grande parte do processo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


816 ANAIS X SIMPAC

produtivo de diversos produtos e às atividades humanas. O descarte


inadequado desse material pode trazer indesejáveis prejuízos para
o meio ambiente e para a saúde dos seres vivos. Assim, a constante
busca por medidas cada vez mais sustentáveis é uma problemática
intimamente relacionada ao gerenciamento adequado de efluentes
provenientes das atividades urbanas. E apesar das caixas de
gordura estarem presentes em diversos domicílios, restaurantes
e lanchonetes, não existem muitos estudos relacionados ao
equipamento e nem sobre alternativas que poderiam ser adotadas
no tratamento do seu efluente.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, G. C. Eficiência dos processos de flotação e


filtração com uso de coagulante natural e químico no
tratamento de efluente de laticínio. 2015. 80 f. TCC (Graduação
em Engenharia Ambiental), Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Londrina, 2015. Disponível em: <http://repositorio.roca.
utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5316/1/LD_COEAM_2015_1_07.
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GASPERI, R. L. P., Caracterização de resíduos de caixas de


gordura e avaliação da flotação como alternativa para o pré-
tratamento. São Carlos, 2012. Dissertação (mestrado) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. Disponível
em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18138/tde-
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GNIPPER, S. F. Avaliação da eficiência das caixas retentoras


de gordura prescritas pela NBR 8160:1999 como tanques de
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MARINHO, C. S., Processo De Flotação Com Recirculação

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MARTINS, H. C. Estudo Sobre os Processos de Coagulação,


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ROSALINO, M. R. R. Potenciais Efeitos da Presença de


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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


818 ANAIS X SIMPAC

A REFORMA TRABALHISTA SE APLICA OU NÃO AOS


CONTRATOS VIGENTES?
Juliana de Souza Paiva1, Ângela Barbosa Franco2

Resumo: A Reforma Trabalhista, Lei nº. 13.467/17, não estabeleceu


uma regra de direito intertemporal em consonância com os preceitos
constitucionais para auxiliar os intérpretes. A Medida Provisória nº
808/17, ao brevemente tratar do assunto, não suplantou as dúvidas
que atormentam os juristas. Tem-se, assim, um cenário de incertezas
e divergências, especialmente no que concerne à aplicabilidade da
nova Lei aos contratos celebrados antes da Reforma e que ainda estão
em vigor. Com base nisso, este estudo concluiu que a Lei nº 13.467/17,
por suprimir, em muitos dispositivos, direitos já conquistados pela
classe trabalhadora, deveria ter delineado com cautela uma regra
de direito intertemporal em respeito aos princípios constitucionais e
à valorização do trabalho. Agora, esse papel ficou a cargo do Poder
Judiciário.

Palavras-chave: Contratos em vigor, direito intertemporal, Lei nº


13.467/2017, Medida Provisória nº 808/17

Introdução

A Reforma Trabalhista, proveniente da Lei nº 13.467/17,


representa a mais significativa alteração sofrida no texto da
Consolidação das Leis Trabalhistas desde o momento que foi
promulgada em 1943. Diversos dispositivos foram alterados e
acrescentados ao texto celetista, mas sem o estabelecimento de
regras de direito intertemporal em consonância com os preceitos
da Constituição Federal de 1988 e fundamentos do Direito do
Trabalho. Em virtude disso, a mudança legislativa acarreta um
embate interpretativo entre os juristas ao se divergirem quanto à
aplicabilidade das novidades legais. Com arrimo nessa problemática,
1
Graduanda em Direito – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: juliana.s.paiva@hotmai.com
2
Professora da disciplina de Direito do Trabalho da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: angelafranco@
univicosa.com

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a pesquisa objetivou evidenciar a insegurança jurídica que permeia


a efetividade da Lei nº. 13.467/17, especialmente no que se refere
aos contratos firmados antes da reforma e que permanecem em
vigor.

Material e Métodos

A pesquisa é teórica e tem enfoque interdisciplinar. Utilizou


como referencial as regras de direito intertemporal indicadas no
art. 6º da Lei nº 13.467/17 e no art. 2º da MP nº 808/17, bem como os
princípios constitucionais do trabalho para defender a efetividade
do novo texto inserido na Consolidação das Leis do Trabalho apenas
para os contratos firmados posteriormente a sua positivação.

Resultados e Discussão

A Lei nº 13.467/17 (BRASIL, 2017a), no art. 6º, determina a


obrigatoriedade do cumprimento de seus dispositivos após cento e
vinte dias contados da publicação. Como a publicação ocorreu em 14
de julho de 2017, a vigência imediata iniciou em 13 de novembro de
2017.
Ocorre que em virtude das várias e substanciais modificações
acarretadas pela Lei nº 13.467/17 (BRASIL, 2017a), no texto da
CLT (BRASIL, 1943), instala-se um cenário de insegurança jurídica
e dúvidas para os intérpretes da norma. A reforma é polêmica por
afrontar os princípios do Direito do Trabalho e posicionamentos
jurisprudenciais já consolidados. Em vista disso, as regras de
transição entre a norma antiga e a nova precisam ser delimitadas
para demarcar o aproveitamento ou não da Lei nº 13.467/17 aos
contratos firmados sob a égide da CLT antiga que ainda mantêm
sua vivacidade.
A observância e o alcance da Lei nº 13.467/17 (BRASIL,
2017a) são menos contestados quando invocados para reger os
atos ou negócios jurídicos advindos após o período da vacatio legis.
Todavia, quanto aos contratos firmados previamente à citada
lei e que permanecem em vigor, despertam-se consideráveis

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questionamentos. Esses são um dos fundamentos que a Medida


Provisória nº 808/2017 (BRASIL, 2017b), nominada “Reforma da
Reforma”, com o intuito de suprir algumas lacunas e fazer alguns
ajustes na Lei nº 13.467/17, apresenta em seu bojo regra de direito
intertemporal. O art. 2º, da MP nº 808/17 (BRASIL, 2017b, online),
preleciona: “O disposto na Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017,
se aplica, na integralidade, aos contratos de trabalho vigentes”.
Atinge, assim, não apenas os novos contratos de trabalho, mas
também aqueles em andamento. Todavia, o dilema se mantém. Em
nada o texto com força de lei colabora para suplantar as imprecisões
que envolvem a transição das normas, afinal, quando se está diante
de um contrato em curso, os direitos adquiridos, antes do advento
da novidade legal, devem ser preservados. Nesse sentido, dispõe o
artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988,
online): “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada”.
Com espeque no aludido comando jurídico constitucional,
indaga-se quais são os impactos da “nova” CLT sobre as cláusulas
contratuais, sobre os instrumentos coletivos e sobre os direitos
decorrentes de lei. De acordo com Correia (2018), no que tange
às cláusulas contratuais, tornam-se direito adquirido os ajustes
precedentes à Reforma Trabalhista, acertados entre os sujeitos da
relação de emprego. Além do mais, em consonância ao princípio
da inalterabilidade contratual lesiva, indicado no art. 468 da CLT
(BRASIL, 1943), as normas permissoras de acordos individuais
previstas na Lei nº 13.467/17 (BRASIL, 2017a) não podem ser
aplicadas aos contratos vigentes quando desfavoráveis aos
trabalhadores. Quanto aos instrumentos normativos coletivamente
negociados, esses surtem efeitos apenas durante o período de, no
máximo, 2 anos de vigência (art. 614, §3º, CLT). Por conseguinte,
se determinado direito conquistado pelo obreiro for proveniente
de norma coletiva, não integra o contrato após o prazo estipulado.
Veda-se a ultratividade, pois o intuito das normas autônomas é
harmonizar as relações de trabalho de acordo com a realidade
econômica e social adstrita a um lapso temporal. No que concerne
ao direito decorrente de lei posteriormente modificada ou revogada,

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ANAIS X SIMPAC 821

deduções antagônicas se desvelam. Tem-se a extinção do direito


com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/17 (BRASIL, 2017a),
conforme a redação gramatical da MP nº 808/17 (BRASIL, 2017b).
Ou então, a preservação do que foi estabelecido, conforme o princípio
da inalterabilidade contratual lesiva (art. 468, CLT) e do direito
adquirido (art. 5º, XXXVI, da CF) no momento em que a lei antiga
surtia efeitos. (CORREIA, 2018).
Segundo Cassar e Borges (2017), se os instrumentos
normativos podem suprimir direitos legais durante a vigência do
contrato, a norma heterônoma também tem a mesma competência.
Assim, quanto aos fatos ocorridos após a Lei nº 13.467/17(BRASIL,
2017a), a norma deve ser aplicada tanto para favorecer quanto para
prejudicar o empregado. No que se refere ao ditame do art. 468 da
CLT (BRASIL, 1943), apenas pode ser invocado nos casos de mútuo
consentimento entre as partes (empregado e empregador) e não
nos casos decorrentes da lei. Asseveram os referidos autores que a
MP nº 808/17 (BRASIL, 2017b) soluciona qualquer controvérsia ao
determinar aplicação integral da lei nos contratos vigentes. Mesmo
diante dessa vertente, reconhecem a necessidade de respeito ao
direito adquirido. (CASSAR e BORGES, 2017).
Ao se considerar o contrato de trabalho um acordo de trato
sucessivo, ou seja, um contrato com parcelas que se vencem e renovam
ao longo do tempo, a mera interpretação gramatical do artigo 2º
da MP nº 808/17 (BRASIL, 2017b) põe fim ao problema. Contudo,
quando a nova lei modifica a natureza jurídica de verbas salariais
para não salariais, a aplicabilidade desatenta ou alienada da regra
de direito intertemporal, aventada na MP nº 808/17 (BRASIL,
2017b), infringe um dos preceitos basilares para se ter dignidade no
trabalho: o princípio da irredutibilidade salarial, explícito no art. 7º,
VI, da CF (BRASIL, 1988). Nessa esteira, Delgado e Delgado (2017)
ponderam que também são afrontados outros distintos princípios
da Constituição Federal (BRASIL, 1988): a vedação ao retrocesso
social (art. 5º, § 2º) e o princípio da norma mais favorável (art. 7º,
caput).
Além da celeuma criada no plano do Direito Material tem-
se as incertezas que assombram o Direito Processual do Trabalho.

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822 ANAIS X SIMPAC

Há argumentos de que a lei de natureza processual produz efeitos


imediatos e atingem os processos em curso, respeitando apenas as
fases processuais realizadas na vigência da lei anterior. Sob outra
ótica, os intérpretes consideram que o elevado risco, inexistente
quando o reclamante ajuizou a reclamação trabalhista, mas agora,
presente na nova lei, inviabilizam a aplicabilidade da Reforma nos
processos apresentados antecipadamente a sua plena vigência.
Afinal, com base nos princípios constitucionais da segurança e da
igualdade em sentido formal e material, os efeitos processuais da
Lei nº 13.467/17 somente poderiam reger ações protocoladas após o
dia 13 de novembro de 2017 (DELGADO e DELGADO, 2017).
Jurisprudência recente do TST (BRASIL, 2016, online),
quanto à lei que reduz o cálculo do adicional de periculosidade dos
empregados eletricitários, pode ser um indício de como Justiça
especializada vai aproveitar a Reforma Trabalhista. De acordo com
o entendimento firmado na súmula 191, a diminuição da base de
cálculo do adicional de periculosidade atinge somente os contratos
firmados a partir da vigência da lei nova (BRASIL, 2016). Sob essa
perspectiva, espera-se que o Poder Judiciário se guie para tentar
abrandar a inquietação vivenciada pelos juristas e para reforçar uma
interpretação da lei em harmonia com os princípios constitucionais
que prezam pela segurança jurídica e pela valorização do trabalho.

Considerações Finais

Ante ao exposto, considera-se que a Lei nº 13.467/17, com tantas


mudanças e impactos no mercado de trabalho jamais poderia deixar
de esboçar regras de direito intertemporal em prol da segurança
jurídica e em consonância com a valorização do trabalho na ordem
social, econômica, cultural e jurídica do País. Enquanto a incerteza
perdura, espera-se dos tribunais a observância das normas da
Constituição da República para fundamentar a efetividade do novo
texto inserido na Consolidação das Leis do Trabalho apenas para os
contratos firmados posteriormente a sua positivação.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 823

Referências Bibliográficas

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, 1º de maio


de 1943. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 5 mar. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 5
mar. 2018.

BRASIL. Lei n° 13.467, de 13 de julho de 2017a. Altera a Consolidação


das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1º de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974,
8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim
de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/
l13467.htm>. Acesso em: 5 mar. 2018.

BRASIL. Medida Provisória n° 808, de 14 de novembro de 2017b.


Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Mpv/mpv808.
htm>. Acesso em: 5 mar. 2018.

BRASIL. Súmula 191 do Tribunal Superior do Trabalho. Adicional


de periculosidade. Incidência. Base de cálculo  (cancelada a parte
final da antiga redação e inseridos os itens II e III) - Res. 214/2016,
DEJT divulgado em 30.11.2016 e 01 e 02.12.2016. Disponível
em: <http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/
Sumulas_Ind_151_200.html#SUM-191>. Acesso em: 5 mar. 2018.

CASSAR, V. B; BORGES, L. D. Comentários à reforma


trabalhista. 2ª ed. São Paulo: Método, 2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


824 ANAIS X SIMPAC

CORREIA, H. Direito do Trabalho. Salvador, Bahia: Juspodivm,


2018.

DELGADO, M. G; DELGADO, G. N. A reforma trabalhista no


Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo:
LTr, 2017.

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ANAIS X SIMPAC 825

INGESTÃO ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE


VEGETARIANOS E ONÍVOROS

Jennifer Cardoso Bueno1, Kamila Paula do Carmo2, Mônica de


Paula Jorge3

Resumo: O vegetarianismo pode ser classificado como estrito;


ovolactovegetariano; lactovegetarianos e ovovegetariano de acordo
com os alimentos consumidos. O número de pessoas que mantém
a alimentação sem carne tem crescido e as consequências dessa
restrição ainda têm sido estudadas. É importante avaliar o consumo
alimentar e o estado nutricional desse grupo de modo a identificar
as carências e planejar estratégias nutricionais que as previnam
e aos seus reflexos negativos. Assim, o objetivo foi comparar a
ingestão alimentar e o estado nutricional de vegetarianos e onívoros
de um grupo de rede social. Os participantes de ambos os sexos
foram convidados por divulgação em redes sociais e a amostra
foi constituída por 2 grupos divididos por tipo de alimentação: 25
onívoros e 25 vegetarianos. O estado nutricional foi dado pelo índice
de massa corporal com medidas de peso e estatura auto referidas.
O consumo alimentar foi estimado a partir do questionário de
frequência alimentar (QFA). Foram avaliados 50 participantes, dos
quais 36 eram do sexo feminino e 14, masculino. A idade média foi
de 26,14 +7,9 anos, variando de 18 a 56 anos. De acordo com a média
de IMC (23,86 +3,76 kg/m2), os voluntários eram eutróficos. O QFA
estimou que o consumo de energia, proteína, carboidrato, vit.D, vit.
B12 e zinco foram maiores entre os onívoros; que o consumo de ácido
alfa-linolênico (ω3-ômega 3) foi maior entre os vegetarianos e que
não houve diferença entre os grupos quanto ao consumo de lipídeos,
cálcio e ferro.
Palavras–chave: dieta vegetariana, estado nutricional, estilo de
vida, hábito alimentar.
1
Nutricionista – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: tata.jeny@hotmail.com
2
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kamilacarmo73@gmail.com
3
Professora do Curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: monicanut@univicosa.com.br

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826 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Segundo Bueno (2009) os motivos que levam um indivíduo a se


tornar vegetariano são tão variados quanto o número de vegetais
que ele possa comer, outros motivos podem ser mais comuns como
questões éticas, ambientais, religiosas, culturais e de saúde.
Nos últimos anos, identificou-se o crescimento de pessoas que
buscam praticar uma alimentação sem carne. O vegetarianismo pode
ser classificado de acordo com os alimentos consumidos podendo ser
definido como vegetariano estrito para os que não consomem e nem
fazem uso de alimento de origem animal; ovolacto vegetariano que
incluem ovos, leite e derivados na alimentação; lactovegetarianos
que consomem leite e derivados e ovovegetariano consomem apenas
ovos (SVB, 2012).
Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo
comparar a ingestão alimentar e o estado nutricional de indivíduos
vegetarianos e onívoros.

Material e Métodos

Estudo observacional, analítico e transversal que avaliou o


estado nutricional e o consumo alimentar de adultos vegetarianos e
onívoros selecionados aleatoriamente em um grupo fechado de rede
social.
A amostra foi constituída por 25 indivíduos vegetarianos e 25
onívoros, na faixa etária de 18 a 56 anos, organizados segundo o
tipo de alimentação: onívora ou vegetariana (vegetariano estrito,
ovolactovegetariano e lactovegetariano). Foram considerados
onívoros todos os indivíduos que responderam positivamente à
pergunta relativa ao consumo de carne inserida no questionário
sobre alimentação.
Em seguida à concordância com o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), foram encaminhados os dois questionários com
as devidas orientações de preenchimento. Os questionários foram
respondidos online via email. O primeiro se referia à identificação

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ANAIS X SIMPAC 827

pessoal e antropométrica para avaliação do estado nutricional,


sendo as medidas antropométricas auto referidas. O segundo foi o
questionário de frequência alimentar (QFA) para estimar o consumo
alimentar de energia, proteína, carboidrato, vitaminas D e B12,
zinco, cálcio, ferro e ácido alfa-linolênico (ômega 3 - ω3).
Os dados foram tabulados em planilhas do Excel, e avaliados
por estatística descritiva e analítica, processados e analisados em
software SPSS versão 20.0, adotando nível de significância α < 5%.
O projeto foi submetido à Plataforma Brasil de onde foi
encaminhado e aprovado sob número 2.223.444 pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências e Tecnologia de
Viçosa– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, atendendo à Resolução 466/12 do
Conselho Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP, que normatiza
as pesquisas envolvendo seres humanos. Os dados foram coletados
após assinatura do TCLE pelos voluntários do estudo.

Resultados e Discussão

A idade média entre os 50 voluntários foi de 26,14 (+7,9)


anos, cujo sexo predominante foi o feminino (72%). Quanto ao
estado nutricional segundo IMC por antropometria autoreferida,
6%(3) indivíduos estavam em baixo peso; 10%(5) obesos, 24%(12)
sobrepeso e 60%(30) estavam eutróficos. No estudo comparativo
de vegetarianos e onívoros de Thrash (1996), os maiores valores
de IMC encontrados eram atribuídos aos onívoros, porém, havia
vegetarianos obesos ou com baixo peso, resultados esses devidos às
escolhas alimentares inadequadas que influenciam o peso corporal
de qualquer um deles. No presente estudo, encontramos mais
vegetarianos com excesso de peso 40% (10) (somando sobrepeso e
obesidade) do que onívoros 28% (7).
O consumo estimado (Tabela1) de energia, proteína (PTN),
carboidrato (CHO), vitaminas D e B12 e zinco (Zn) foi maior entre
os onívoros; o consumo de ácido alfa-linolênico (ω3-ômega 3) foi
maior entre os vegetarianos.

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828 ANAIS X SIMPAC

Tabela 1 – Médias estimadas de consumo de energia, macro e


micronutrientes, de vegetarianos e onívoros.

1
Variáveis de consumo de macro e micronutrientes, com ajuste de
energia por método residual. 2 +DP – Desvio Padrão; *N=50, sendo
ONI - onívoros (n=25) e VEG vegetarianos (n=25). **p Teste t de
Studant complementado pelo teste de igualdade de variâncias de
Levene, nível de significância p<0,005.
Não houve diferença estatística entre os grupos quanto ao
consumo de lipídeos (LIP), cálcio(Ca) e ferro (Fe). Acredita-se
que entre os onívoros o consumo de proteína, zinco e a vitamina
B12 tenha sido maior comparado aos vegetarianos, por serem
encontrados em maior abundância em alimentos de origem animal,
os quais geralmente não são consumidos por vegetarianos em
quantidades adequadas.
Por outro lado, segundo Slywitch (2010), o ferro (não-heme) é
menos biodisponível, mas é obtido de vegetais, por isso, as dietas
vegetarianas podem conter mais ferro do que as dietas onívoras.

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ANAIS X SIMPAC 829

Sabe-se que a vitamina C (nutrient não avaliado) ajuda no processo


de absorção do ferro, dessa forma vegetarianos com uma alimentação
bem equilibrada e rica dessa vitamina poderão não ter deficiência
desse mineral.
No presente estudo, o grupo de vegetarianos era composto por
ovolactovegetarianos, lactovegetarianos e vegetarianos estritos,
ou seja, os dois primeiros subgrupos consomem alimentos de fonte
animal, fato este que pode ser uma provável justificativa para não
ter havido diferença estatística de consumo de ferro entre os dois
grupos (p= 0,707) por comparação de médias por teste t de Studant,
significativo para α<0,05.

Conclusão

Diante do estudo, conclui-se que em média, a maioria dos


voluntários de ambos os grupos estavam eutróficos. Viu-se ainda
que, nesse grupo de voluntários, a média estimada do consumo de
energia, proteína, carboidrato, vitaminas D e B12 e zinco foi maior
entre os onívoros; ao passo que o consumo de ω3 foi maior entre os
vegetarianos e que não houve diferença significativa entre os grupos
quanto ao consumo de lipídeos, cálcio e ferro.
Por fim, conclui-se que, apesar da eutrofia prevalecer entre ambos
os grupos, o consumo maior de alguns nutrientes entre os onívoros,
indica a necessidade de investigações mais aprofundadas do
consumo dos vegetarianos que permita melhores comparações para
identificar as possíveis carências nutricionais e planejar estratégias
nutricionais que as previnam e aos seus reflexos negativos na saúde
de ambos os grupos.

Referências Bibliográficas

APPLEBY, P.N; DAVEY G.K; KEY, T.J. Hypertension and blood


pressure among meat eaters, fish eaters, vegetarians and vegans in
EPIC–Oxford. Public Health Nutr. 2002; 5(5):645-54

BUENO, E. P. Se um leão soubesse falar: vegetarianismo e saúde.

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830 ANAIS X SIMPAC

Revista Espaço Acadêmico, v. 9, n. 100, p. 52-56, 2009.

Sociedade Vegetariana Brasileira, (SVB). Guia alimentar de dietas


vegetarianas para adultos. São Paulo, 2012. Disponível em: <
https://www.svb.org.br/livros/guiaalimentar.pdf>. Acesso em: 03 de
Abril 2017.
SLYWITCH, E. Alimentação sem carne. 2º edição. São Paulo:
Alaúde editorial, 2015.

THRASH, A.; THRASH, C. Trad. Eunice Leme Bocanegra. Nutrição


para Vegetarianos: 357. Fatos Científicos de como uma Alimentação
Natural pode Mudar sua Vida. São Paulo: Vector Type; 1996.

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ANAIS X SIMPAC 831

EFEITO DO PERÍODO DO ANO SOBRE A TAXA DE


RECUPERAÇÃO E CARACTERÍSTICAS EMBRIONÁRIAS
EM JUMENTAS DA RAÇA PÊGA

Kamilla Dias Paes Silva1, Pedro Gama Ker2, Maria Gazzinelli


Neves3, Cristian Silva Teixeira4, Lorraine Marcele Lopes da
Costa5, Thiago Vieira e Silva6

Resumo: Pouco se sabe a respeito do efeito da sazonalidade sobre


a reprodução asinina. Os estudos existentes ainda são controversos
em relação a influência do fotoperíodo no ciclo estral das jumentas,
sendo que alguns apontam haver interferência, enquanto outros
demonstram que jumentas podem ciclar durante todo o ano sob
condições nutricionais adequadas. O objetivo deste trabalho foi
avaliar o efeito da sazonalidade sobre a taxa de recuperação
e características embrionárias em jumentas da raça Pêga, na
Universidade Federal de Viçosa. Foram utilizadas seis jumentas como
doadoras, as quais eram inseminadas com o sêmen de um mesmo
jumento. Os embriões foram coletados pela técnica não-cirúrgica
intravaginal nos dias 7, 8 e 9 pós-ovulação, dos períodos de outubro a
março e de abril a setembro, totalizando em 90 embriões recuperados.
Estes foram classificados em relação a qualidade morfológica e ao
estádio de desenvolvimento como “Grau I” ou “Não Grau I”. Não se
observou diferenças entre a taxa de recuperação e a porcentagem de
embriões Grau I entre os dois períodos avaliados o que sugere que
jumentas da raça Pêga podem ser usadas em programas de transferência
de embrião durante todo o ano.

1
Graduanda em Medicina Veterinária – Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail:
kamilladiaspaess@gmail.com
2
Doutor em Fisiologia e Reprodução Animal pela UFV. E-mail: pedro.gama@ufv.br
3
Docente do Departamento de Medicina Veterinária – FACISA/UNIVIÇOSA. E-mail: mgazzinelli@
gmail.com
4
Mestrando do Departamento de Zootecnia – UFV. E-mail: cristian.teixeira@ufv.br
5
Graduanda em Medicina Veterinária – UFV. E-mail: lorrainelopes96@hotmail.com
6
Graduando em Medicina Veterinária – UFV. E-mail: thiago.v.silva@ufv.br

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832 ANAIS X SIMPAC

Palavras–chave: Embrião, fertilidade, reprodução, sazonalidade,


transferência de embrião

Introdução

Diferente da espécie equina, pouco se sabe a respeito da


influência da sazonalidade sobre a reprodução asinina. Enquanto
as éguas são classificadas como animais de fotoperíodo longo, ou
seja, ciclam durante as estações do ano de maior duração do período
luminoso e entram em anestro naquelas em que este período é
menor, em jumentas este aspecto ainda é controverso (Ginther,
1987; Henry, 1987).
Estudos desenvolvidos nos Estados Unidos indicam que
jumentas sofrem menor efeito da sazonalidade sobre seu ciclo
estral e duração do estro do que éguas. (Ginther, 1987; Blanchard,
1999). Na África Ocidental, Lemma et. al. (2006) observaram que a
disponibilidade de alimentos exerce maior influência no ciclo estral
de jumentas do que a duração do fotoperíodo. Já no Brasil, Henry et.
al. (1987) relataram ausência de sinais de estro durante o inverno.
Sendo assim, o presente estudo objetivou avaliar a taxa de
recuperação e características embrionárias de jumentas da raça
Pêga conforme o período do ano.

Materiais e Métodos

Este experimento foi realizado no Setor de Equideocultura


da Universidade Federal de Viçosa, situado a 20º45’20” latitude S,
42º52’40”W Gr longitude e altura média de 752 m, do período de
agosto de 2010 a outubro de 2012
Utilizou-se seis jumentas da raça Pêga, de seis a 14 anos de
idade, e um jumento de sete anos da mesma raça. Todos os animais
apresentavam histórico reprodutivo conhecido e foram submetidos a
dieta de volumoso a base de capim Elefante (Pennisetum purpureum)

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 833

picado e concentrado com 12% de proteína bruta e 2800 Kcal/kg


de energia digestível, além de água de qualidade e sal mineral ad
libidum.
Afim de auxiliar o manejo, as jumentas foram sincronizadas
com um análogo de prostaglandina F2α (dinoprost trometamina
- Lutalyse®). Depois, elas eram rufiadas e acompanhadas por
palpação transretal e ultrassonografia a cada dois dias e, aquelas
que apresentavam estro, folículo maior que 25 mm de diâmetro e
características uterinas desejáveis, passavam a ser monitoradas
diariamente até a identificação de um folículo maior ou igual que 35
mm de diâmetro, momento a partir do qual eram inseminadas ou
cobertas a cada 48h até a identificação da ovulação.
A recuperação embrionária foi realizada pela técnica não-
cirúrgica intravaginal nos dias 7, 8 ou 9 pós-ovulação, totalizando em
30 embriões coletados para cada dia. O procedimento era precedido
por contenção das jumentas em tronco de contenção apropriado,
limpeza da ampola retal e higienização da região perineal com água
e sabão neutro.
Para realização do lavado intrauterino, utilizou-se um cateter
tipo Foley siliconizado nº 18 adaptado a mangueira extensora siliconizada
e Ringer Lactato como meio para lavagem. O cateter era introduzido
via transcervical, posicionado no útero e o cuff era inflado e
tracionado caudalmente para obstrução da cérvix. Então, 1 litro de
Ringer Lactato aquecido a 37ºC era infundido por pressão no útero
e sob massageamento, drenava-se todo o líquido por sifonagem e o
filtrava diretamente em filtro com malha de 80 μm, deixando pelo
menos 40 mL no filtro. Repetia-se esse processo uma vez. Após cada
lavado, o filtro era avaliado para possível visualização do embrião e
classificação do líquido drenado como límpido, pouco turvo ou turvo.
Finalizada a colheita, as doadoras recebiam 1mL de dinoprost
trometamina (Lutalyse®) intramuscular para retornarem ao estro mais
rápido.
O líquido do filtro era depositado em placa de Petri
estéril (100x20) descartável quadriculada e, com auxílio do

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


834 ANAIS X SIMPAC

estereomicroscópio, o embrião era rastreado e classificado em


aumento de 10 e 40 vezes, respectivamente.
Adotou-se os parâmetros de qualidade descritos por McKinnon
& Squires (1988) para classificação morfológica e a classificação de
McCue (2011) para descrever o estádio desenvolvimento e assim os
embriões foram classificados como “Grau I” e “Não grau I”
O número de embriões coletados e o diâmetro embrionário
foram avaliados em função dos períodos do ano, divididos de outubro
a março e de abril a setembro por Análise de Variância (PROC
ANOVA; SAS, 2002). O nível de significância definido foi α = 0,05.

Resultados e Discussão

Não houveram diferenças entre a taxa de recuperação


embrionária por lavado e por ovulação e a percentagem de embriões
Grau I (Tabela 01) em razão dos dois períodos avaliados, outubro a
março (período 1) e abril a setembro (período 2). No primeiro período
a taxa de recuperação por lavado foi de 73,17% e a taxa por ovulação
foi de 61,22%, enquanto que no segundo período essas taxas foram
de 67,35% e 56,9%, respectivamente.

Tabela 01 – Percentagens de embriões grau I em função do período


do ano em jumentas da raça Pêga

Qualidade Período 1 Período 2 Total


Grau I 25 (39,68%) 27 (42,86%) 52 (82,54%)
Não grau I 5 (7,94%) 6 (9,52%) 11 (17,46%)
Total 30 (47,62%) 33 (52,38%) 63 (100,00%)
(P > 0,05) pelo teste de Qui-quadrado.
Esses resultados corroboram com os obtidos no estudo
conduzido por Camillo et. al. (2010), em que não foram relatadas
diferenças de fertilidade das jumentas doadoras durante todo o ano.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 835

Esse comportamento evidencia uma suposta vantagem quanto


ao planejamento e implantação de um programa de transferência
de embriões em jumentas em relação a espécie equina, podendo
otimizar o manejo reprodutivo, realizando inseminações e
recuperações embrionárias ao longo de todo o ano.

Conclusões
Dentro das situações experimentais estudadas, é possível
conclui que jumentas da raça Pêga podem ser utilizadas como
doadoras dentro do programa de transferência de embriões durante
o ano todo.

Referências Bibliográficas

BLANCHARD, T.L; TAYLOR, T.S; LOVE, C.L. Estrous cycles


characteristics and response to estrus synchronization in mammoth
asses. Theriogenology, v.52, p.827-34, 1999.

CAMILLO, F; PANZANI, D; SCOLLO, C; et al. Embryo recovery


rate and recipients’ pregnancy rate after nonsurgical embryo
transfer in donkeys. Theriogenology, v.73, p.959-965, 2010.

GINTHER, O.J; SCRABA, S.T; BERGFELT, D.R. Reproductive


seasonality of the jennies. Theriogenology; 27:587-92, 1987.

HENRY, M; FIGUEIREDO, A.Z.F; PALHARES, M.S; CORYN,


M. Clinical and endocrine aspects of the oestrus cycle in donkeys
(Equus asinus). J Reprod Fertil Suppl, n.35, p.297-303, 1987.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3479584.
Acesso: 08 de fev. de 2018.

LEMMA, A; BEKANA, M; SCHWARTZ, H.J; HILDEBRANDT, T.


The Effect of Body Condition on Ovarian Activity of Free Ranging
Tropical Jennies (Equus asinus). J. Vet. Med. A 53, p.1–4, 2006a.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


836 ANAIS X SIMPAC

MCCUE, P.M. Transferência de Embriões em Equinos – Recuperação


do Embrião / Revista de Educação Continuada em Medicina
Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP / Journal of Continuing
Education in Animal Science of CRMV-SP. São Paulo: Conselho
Regional de Medicina Veterinária, v. 9, n. 3 (2011), p. 94–98, 2011.

MCKINNON, A.O; SQUIRES, E.L. Morphological assessment of


the equine embryo. Journal of American Veterinary Medicine
Association, v.192, p.406-416, 1988.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 837

CAPACIDADE DE ADESÃO E INVASÃO DE ESHERICHIA


COLI OBTIDOS DE CABRAS COM DIFERENTES TIPOS DE
MASTITE
Karenn da Silva Carvalho Gomes1, Magna Coroa Lima, Sanely
Lourenço da Costa2, Jéssica Lobo Albuquerque3, Maria Aparecida
Scatamburlo Moreira4

Resumo: A persistência de Escherichia coli (E. coli) no tecido está


relacionada aos mecanismos de adesão e invasão desse patógeno à
glândula mamária. O objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade
de E. coli isolados de cabras leiteiras com mastite clínica, subclínica
e persistente na região da Zona da Mata de Minas Gerais, com
principal foco na capacidade de invasão e adesão. Os determinantes
bacterianos da invasão desse patógeno nas células epiteliais
mamárias caprinas ainda não são claros, devido à indisponibilidade
de cultivo celular contínuo de células epiteliais mamárias caprinas e
a dificuldade de obter cultivo de células primárias, necessitando de
padronização. Foi utilizado o cultivo de células epiteliais mamárias
bovinas (MAC-T) como modelo, devido às diferenças na produção
do leite não podemos confirmar que E. coli se comporte da mesma
forma em células mamárias caprinas. Diante disso, são necessários
mais estudos na área para confirmar essa hipótese.

Palavras–chave: Mastite caprina, resistência, células mamárias,


infecção, antimicrobianos.

Introdução

A mastite causada por E. coli pode ser esporádica e os sinais


clínicos podem ser localizados ou resultarem em sintomas clínicos
1
Graduanda em Medicina Veterinária –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: karennscgomes@gmail.com
2
Docente da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA de Medicina Veterinária da UFV. E-mail: sanelylc@hotmail.com
3
Mestranda departamento de Medicina Veterinária da UFV. E-mail: jessicalobo_vet@hotmail.com
4
Docente do departamento de Medicina Veterinária da UFV. E-mail: masm@ufv.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


838 ANAIS X SIMPAC

severos com episódios fatais. A prevalência da mastite causada por


coliformes varia entre os diferentes países e sugerem que os isolados
de E. coli obtidos de casos de mastite podem formar um novo patótipo
- “mammary pathogenic E. coli” (MPEC) em virtude da semelhança
entre as cepas obtidas de casos de mastite (Kaipainen et al., 2002).
É amplamente conhecido que a adesão dos microrganismos
nas células do hospedeiro é o primeiro passo para colonização da
superfície e estabelecimento de uma infecção (Finlay and Falkow,
1997). E. coli possui plasticidade genotípica que confere a esta
bactéria uma fantástica e ampla gama de fatores de virulência
que são essenciais para patogênese da mastite causada por este
patógeno. A persistência do patógeno em um tecido geralmente
envolve os mecanismos de adesão e invasão. A relação entre o tipo
de mastite em cabras e as características dos microrganismos ainda
não está clara.

Material e Métodos

Esse projeto foi aprovado na comissão de ética no uso de


animais da UFV (CEUA/UFV) Nº 42/2014. Para os ensaios de adesão
e invasão foi utilizado a linhagem de células epiteliais mamárias
bovinas (MAC-T). As células MAC-T foram cultivadas em frascos
de cultura de células T25 contendo Meio de Eagle Modificado por
Dulbecco (DMEM, GibcoBRL, Grand Island, NY, EUA) a 37 °C com
5% de CO2. O cultivo foi suplementado com 10% de soro fetal bovino
inativado pelo calor sem antibiótico, até a confluência das células.
Antes de cada experimento, as células MAC-T foram semeadas em
placas de cultura de 12 poços e incubadas a 37 ° C em CO2 a 5%
durante 24 horas, obtendo confluência de 90-95%.
As bactérias foram inoculadas em caldo BHI overnight e
centrifugadas a 4500 G por 15 min, o pellet foi lavado com PBS
diluídas em salina até a obtenção de uma suspensão bacteriana
contendo, aproximadamente, 1 x 107 UFC/mL. A proporção de
células para bactérias (MOI) de 10:1. O ensaio de adesão foi

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 839

seguindo o protocolo descrito por Hensen e colaboradores (2000)


com modificações. As monocamadas confluentes das células MAC-T
(~1 x106) cultivadas em placas de 12 poços foram infectadas
com 1 x107 UFC. Após 3 h de incubação a 37 °C com 5% de CO2,
as células foram lavadas (1 mL/poço) três vezes com PBS+ (PBS
0,01M, suplementado com 0,1 g/L de CaCl2 e 0,2 g/L de MgCl2)
para retirar as bactérias não aderidas. Posteriormente, as células
foram separadas pela adição de 1 mL de solução de tripsina + EDTA
(0,1 % / 0,04 %) em cada poço. As placas foram incubadas numa
atmosfera de 5 % de CO2 ao ar a 37 °C durante 10 a 15 min. Após
a incubação, as suspensões foram misturadas por pipetagem. Foi
realizada a diluição seriada na base 10 das células separadas, e
foram posteriormente plaqueadas na superfície do ágar BHI,
incubadas a 37 ºC por 24 h. A adesão foi expressa como o número
total de unidades formadoras de colônias (UFC/ml) recuperadas por
poço. Cada ensaio foi executado em duplicata e repetido três vezes
em dias diferentes. As células foram lavadas três vezes com PBS+
aquecido e desafiadas com E. coli (1 x 107 UFC/ml) e a placa incubada
por 3 horas a 37 ºC, em estufa com 5% de CO2. Foram realizadas
diluições seriadas dos lisados e plaqueados em superfície do ágar
BHI, e as concentrações bacterianas foram determinadas a partir
das contagens de colônia após incubação a 37 °C durante 24h. A
invasão foi expressa como o número total de unidades formadoras de
colônias (UFC/ml) recuperadas por poço. Cada ensaio foi executado
em duplicata e repetido três vezes em dias diferentes.

Resultados e Discussão

A concentração bacteriana (1 x 107) utilizada nos ensaios de


adesão e invasão não apresentou citotoxicidade. Foi observado que
E. coli obtidas de cabras com mastite persistente (após o tratamento)
apresentaram maior poder de adesão e invasão que E. coli isolada
do mesmo animal com mastite clínica (antes do tratamento) (Figura
1).
Döpfer e colaboradores (2000) estudando E. coli isoladas de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


840 ANAIS X SIMPAC

vacas com mastite clínica recorrente observaram que esses isolados


possuem a capacidade de invadir as células epiteliais mamárias
duas vezes maior e três vezes mais rápido que isolados de mastite
clínica.
As observações sugerem que a mastite persistente seja uma
consequência da infecção com cepas de E. coli que são capazes de
invadir e sobreviver dentro de células epiteliais mamárias, evitando
as defesas do hospedeiro, favorecendo assim a persistência da
mastite (DÖPFER et al., 2000; HANSEN et al., 2000). Esses dados
concordam com os encontrados no presente estudo, entretanto os
determinantes bacterianos da invasão da E. coli nas células epiteliais
mamárias caprinas ainda não são claros, devido a indisponibilidade
de cultivo celular continuo de células epiteliais mamárias caprinas e
a dificuldade de obter cultivo de células primárias, necessitando de
padronização. Foi utilizado cultivo de células epiteliais mamárias
bovinas (MAC-T) como modelo para espécie caprina, entretanto
devido as diferenças na produção do leite não podemos confirmar
que E. coli se comporte da mesma forma nas células mamárias
caprinas. Por isso são necessários mais estudos para confirmar essa
hipótese.

Figura 1. Ensaio de adesão e invasão em células epiteliais mamárias


bovinas (MAC-T) de Escherichia coli isoladas de cabras leiteiras
com mastite clínica, persistente e subclínica.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 841

Conclusões

Escherichia coli isolados de cabras com mastite persistente


apresentaram maior capacidade de adesão e invasão que os isolados
de mastite clínica e subclínica.

Agradecimentos

Os autores agradecem o suporte financeiro do CNPq (Conselho


Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico), FAPEMIG
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior, Brasília, Brazil).

Referências Bibliográficas

DÖPFER, D. et al.,. Adhesion and invasion of Escherichia coli from


single and recurrent clinical cases of bovine mastitis in vitro. Vet.
Microbiol. 74, 331–343, 2000.

FINLAY, B.B., FALKOW, S. Common themes in microbial


pathogenicity revisited. Microbiol. Mol. Biol. Rev. 61, 136–69,
1997.

HENSEN, S. M. et al Use of Bovine Primary Mammary Epithelial


Cells for the Comparison of Adherence and Invasion Ability of
Staphylococcus aureus Strains. J. Dairy Sci. 83, 418–429, 2000.

KAIPAINEN, T. et al Virulence factors of Escherichia coli isolated


from bovine clinical mastitis. Vet. Microbiol. 85, 37–46, 2002.

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842 ANAIS X SIMPAC

ANÁLISE DOS RÓTULOS DE CÁPSULAS COMERCIAIS DE


ÔMEGA 3

Dailly Nascimento Meireles1, Karen Olinda Silveira Souza2,


Luciana Marques Cardoso3

Resumo: O ômega-3 é um ácido graxo poliinsaturado essencial e


imprescindível para manter, sob condições normais, as funções
cerebrais, membranas celulares e a transmissão de acometimentos
nervosos. Com o objetivo de analisar os rótulos das cápsulas
comerciais de ômega 3, foram averiguados 10 rótulos de produtos
disponíveis nas farmácias da cidade de Visconde do Rio Branco-
MG. Os resultados obtidos na análise dos rótulos de óleo de peixe
ômega-3, foram satisfatórios em todas as marcas.

Palavras–chave: Ômega 3, Informação Nutricional, Benefícios.

Introdução

O ômega-3 é um ácido graxo poliinsaturado essencial, e


imprescindível para manter sob condições normais, as funções
cerebrais, membranas celulares e a transmissão de acometimentos
nervosos. É conhecido como aminoácido essencial por não ser
sintetizado pelo organismo, sendo necessário o consumo via
alimentação, ou em forma de suplementos (BORGES et al.,
2014). Existem na família do ômega 3 os ácidos α-linolênico (ω-3),
eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA).
Visto que são poucos os alimentos fontes de ômega-3 na
alimentação e, portanto muitas pessoas utilizam a suplementação
como forma de atender as necessidades nutricionais deste nutriente,
questiona-se se as cápsulas comerciais de ômega-3 são seguras
1
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: dailemeireles@yahoo.com.br
2
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: karen.nutri@outlook.com.br
3
Professora do Departamento de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
lucianacardoso.nut@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 843

para o consumo e se atendem as normas da Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2012).
Assim, este trabalho tem como objetivo analisar rótulos
des cápsulas comerciais de ômega 3, disponíveis nas farmácias da
cidade de Visconde do Rio Branco-MG.

Material e Métodos

Foi realizada uma pesquisa e análise dos rótulos de cápsulas


comerciais de ômega 3 disponíveis nas farmácias da cidade de
Visconde do Rio Branco-MG. A informação nutricional e outras
informações nos rótulos destas cápsulas foram averiguadas se
estavam em acordo com o preconizado pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), nas Alegações de Propriedade
Funcional referente aos ácidos graxos ômega-3 (Brasil, 2012).
Os critérios de inclusão utilizados foram somente suplementos
de Ômega-3 encontrados nas farmácias locais, excluindo outros
suplementos que não objetivam a suplementação única de Ômega-3.

Resultados e Discussão

Foram encontradas 15 marcas diferentes de suplementos de


ômega-3 na cidade de Visconde do Rio Branco-MG. Destas, 5 marcas
apresentaram informações incompletas no rótulo e, após tentativas
de contato por e-mail ou pelo telefone do Serviço de Atendimento
ao Consumidor (SAC), não houve êxito na obtenção de todas as
informações necessárias. Assim, estas marcas foram excluídas no
estudo, restando 10 produtos para serem analisados.

Os resultados obtidos na análise dos rótulos de óleo de peixe


ômega-3, de acordo com o que é preconizado pela ANVISA foram
satisfatórios em todas as 10 marcas analisadas em relação aos
teores de EPA e DHA, conforme a Tabela 1.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


844 ANAIS X SIMPAC

Tabela 1. Perfil lipídico referente a 2 cápsulas de ômega 3, declarada


nos rótulos de 10 marcas.

AG AG DHA GORDURASTRANS
Total de AG EPA COLESTEROL
Sat. Mono
Empresas Gorduras Poliinsat. (mg)
insat.
(g) (g) (mg) (mg)
(g) (g)

A 2,1 0,4 0,6 0,6 400 200 - 0


B 3,2 0,9 0,8 1,4 500 400 0,2 0
C 3,0 0,6 0,5 1,0 0,34 0,25 7,0 0
D 2,0 0,5 0,4 0,8 320 260 13 0
E 1,0 - - 0,3 180 120 - -
F 3,0 - - 1,0 540 360 - -
G 3,0 - - 1 540 360 - -
H 1,9 0,5 0 0,9 360 240 2 0
360 0
I 3,1 0,6 0,1 0,9 540 1,8

J 2,0 0,55 0 0,6 385 410 - 0


AG* Ácidos Graxos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária reavaliou


evidências científicas sobre as propriedades funcionais dos ácidos
graxos tipo EPA e DHA derivados da ingestão de alimentos
e suplementos. Chegaram a conclusão que as quantidades
mínimas exigidas anteriormente de 100g de EPA e DHA não
são suficientes para produzir efeitos benéficos relacionados aos
níveis de triglicerídeos. Porém, não foi estipulado um novo valor
correspondente a quantidade mínima de EPA e DHA (BRASIL,
2012).

Com relação a alegação permitida pela Anvisa nos rótulos


dos suplementos a base de ômega-3, todas as marcas estavam em
conformidade. Porém as marcas A, D, F e G apresentaram alegações
que não são autorizadas pela Anvisa, como “não engorda”, “proteção
da saúde cardiovascular e cerebral” e “ajuda os sistemas imunológico
e reprodutor”. Lembrando que a única informação autorizada pela
Anvisa é “O consumo de ácido graxos ômega-3 auxilia na manutenção
de níveis saudáveis de triglicerídeos, desde que associado a uma
alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 845

As porcentagens de EPA em relação ao valor calórico total


da porção foi maior nas amostras: A, B, C, D, E, F, G, H e I. Já
na amostra J o valor de DHA foi maior como se pode observar na
Tabela 2.

Tabela 2. Porcentagem de EPA e DHA, em relação ao valor


calórico da porção (2 cápsulas)

Valor Calórico da EPA DHA


Empresas
porção (%) (%)
A 21 17 9
B 32 16 13
C 18 18 13
D 18 17 13
E 9 18 12
F 27 18 12
G 27 18 12
H 17 19 12
I 32 15 10
J 21 16 17

Considerações Finais

Apesar das marcas de suplementos de ômega 3 avaliadas


neste trabalho estarem em conformidade com a maioria dos
quesitos impostos pelo órgão fiscalizador, é necessário que se realize
periodicamente a análise química do conteúdo das cápsulas para
ter de fato uma verdadeira opinião a respeito de qual marca é a
melhor para ser adquirida e estar consumindo um suplemento de
qualidade, sendo averiguado através dessa análise o teor de EPA e
DHA, sódio, colesterol e metais pesados.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


846 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.


Alegações de propriedade funcional e de saúde. 2012.
Disponível em <http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/
Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Alimentos/Assuntos +de+Interesse/

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 847

COMPLEXO DE ÉDIPO NA SEXUALIDADE FEMININA

Karina de Araújo Ferreira1, Karina de Oliveira Fialho2, Luciana


Cavalcante Torquato3

Resumo: A presente pesquisa pretende possibilitar um percurso


acerca da sexualidade feminina, partindo assim, de princípios
concedidos por Freud sobre o assunto, perpassando essencialmente
a noção de monismo sexual e devir mulher. A esse saber, ainda
agrega as postulações freudianas acerca do Complexo de Édipo
frente à sexualidade humana. Posto isso, apreende-se que, apesar
da demasiada significância das considerações de Freud sobre a
sexualidade feminina, estudiosos contemporâneos perpetuaram
suas pesquisas, denotando assim uma nova consideração acerca
da feminilidade, considerações essas, que possibilitam ao sujeito
– homem e mulher – novas alternativas frente à sublimação e ao
erotismo.

Palavras–chave: Monismo sexual; devir feminino; feminilidade

Introdução

Passados mais de 100 anos da criação da psicanálise, as


contemplações de Sigmund Freud acerca da sexualidade feminina
continuam sendo o principal ponto de embate e resistência para a
difusão da psicanálise na cultura, constituindo o ponto de partida
da psicanálise e também o ponto de retorno constante à teoria
freudiana.
Em seu Dicionário de Psicanálise, Elisabeth Roudinesco e
Michel Plon (1998) observam que Sigmund Freud aponta para os
efeitos psíquicos da constatação da diferença anatômica entre o
1
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: karinaaraujo.psi@gmail.com
2
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kharinafialho@gmail.com
3
Docente do curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lucianatorquato.psi@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


848 ANAIS X SIMPAC

sexo feminino e o masculino. Dentre esses efeitos está a distinção


entre a organização psíquica desses, ocorrência que se procede a
partir dos complexos de Édipo e castração. No entanto, mesmo
diante essa afirmação, Freud relata haver um monismo sexual, no
qual há uma única libido que determina a sexualidade, sendo essa
“de essência masculina” (ROUDINESCO & PLON, 1998, p.154). A
partir disso, apreende-se que Freud iniciou seus estudos sobre a
influência da diferença anatômica partindo de postulações acerca
da compreensão, na qual identifica-se que as crianças dos dois
sexos reconhecem somente um órgão, o masculino, assertiva que
pode ser encontrada em seu clássico: “Três Ensaios Sobre a Teoria
da Sexualidade” (1905). Ao longo dos estudos do psicanalista, essa
ideia foi ganhando novos contornos, reaparecendo em outros textos,
a saber: “A Dissolução do Complexo de Édipo” (1924), “Algumas
Consequências Psíquicas da Diferença Anatômica Entre os Sexos”
(1925) (SILVA; FOLBERG, 2008).
A partir de suas postulações acerca da distinção psíquica
existente entre o sexo masculino e feminino frente à própria
anatomia, Freud prossegue constituindo hipóteses com relação
à composição da sexualidade feminina. Duas dessas hipóteses
merecem destaque: a noção de monismo sexual e o devir feminino.
O presente trabalho intenta recuperar a trajetória freudiana a
respeito da feminilidade perpassando por como se procedeu seu
início, desenvolvimento, perguntando ainda como o complexo de
Édipo se vincula a esse e como atualmente é compreendido no
cenário psicanalítico.

Material e Métodos

Com o propósito de organizar um arcabouço teórico quanto à


temática do percurso da sexualidade feminina em Sigmund Freud,
sob um olhar evolutivo histórico, considerou-se levantar uma revisão
bibliográfica dos estudos de Freud a que tocam esta questão. Foram
selecionados textos de sua obra em que destaca o tema do feminino:
“Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade” (1905), “A dissolução
do complexo de Édipo” (1924); “Algumas consequências psíquicas

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ANAIS X SIMPAC 849

da distinção anatômica entre os sexos” (1925), “Sexualidade


feminina” (1931) , além do artigo; “De Freud a Lacan: as ideias
sobre a feminilidade e a sexualidade feminina” (SILVA; FOLBERG,
2008). Considerou-se ainda a revisão histórico-conceitual do verbete
“diferença sexual” em Roudinesco e Plon (1998).

Resultados e Discussão

Partindo dos princípios de Freud sobre sexualidade feminina,


pode-se inferir que as descobertas nesse campo permaneceram um
“continente enigmático”, salientando um caráter inacabado das suas
explorações sobre o referido tema. Neste sentido, ao longo de toda sua
obra, o pai da psicanálise constrói suas hipóteses sobre a sexualidade
feminina, partindo dos seus estudos sobre a histeria, onde se ateve
a investigar a natureza traumática, sexual e infantil que supunha
existir nessas mulheres, percebendo que nos sintomas neuróticos
há fantasias de desejo de cunho sexual (SILVA; FOLBERG, 2008).
Dessa forma, seguindo com suas pesquisas, é relevante destacar
deste percurso dois momentos fundamentais, onde o primeiro (1905
– 1920) aborda a sexualidade feminina pensada a partir do modelo
masculino – o monismo sexual, perpassando pelo desenvolvimento
da sexualidade infantil. É importante ressaltar que nesse momento,
embora Freud pense a sexualidade da mulher a partir do modelo
do homem, ele não está pressupondo que não exista uma diferença
de essências entre os sexos.; já no segundo momento, a partir
de 1924/1925, tenta atribuir à sexualidade das mulheres uma
especialidade própria – o devir feminino (SILVA; FOLBERG, 2008).
Em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), Freud
preconiza a existência de uma bissexualidade em ambos os sexos,
até a puberdade, salientando uma natureza perversa polimorfa
presente nas crianças, entretanto, esse ponto foi revisto por ele em
diversas publicações. Acrescenta-se ainda nesse estudo de 1905
um conceito de suma importância para a questão da sexualidade
feminina, a noção de pulsão, ao constituir a ideia do prazer como o
centro da problemática da sexualidade, deslocando-a do domínio da
biologia para as representações psíquicas. Sendo a pulsão sexual

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


850 ANAIS X SIMPAC

parcial e polimorfa, sem objetivo determinado de reprodução,


dissocia-se a ideia de uma sexualidade vinculada à genitalidade.
Mesmo que a teoria da sexualidade em Freud apresente
elementos progressistas relacionados à sexualidade feminina para
o pensamento dominante do século XX, o pai da psicanálise ainda
associava a construção de gêneros à diferença anatômica entre
os sexos, valorizando, de certo modo, o Ser que possuía o pênis, o
sexo masculino, e desvalorizando aquele que não o possuía, o sexo
feminino, correlacionando, numa perspectiva biológica, o fálico à
posse do pênis e o castrado à sua ausência, referindo-se assim à
sexualidade feminina como inferior diante à sexualidade masculina.
No decorrer da sua produção teórica sobre a sexualidade,
até meados de 1920, Freud destacará a importância do complexo de
Édipo durante o percurso do desenvolvimento infantil, apoiando-se
no modelo do mito grego Édipo Rei, postulando que ocorre nessa
fase uma série de investimentos libidinais da criança e identificação
com os adultos que cumprem o papel de casal parental junto a essa.
Diante isso, em 1924, em seu texto A dissolução do complexo de
Édipo, enfatiza pela primeira vez que há distinção no caminho da
sexualidade de meninos e meninas, distinguindo a estrutura de
entrada e saída do Édipo a partir de identificações e posição na
triangulação familiar.
Importa ressaltar que Freud, em 1925, reformula o conceito
do complexo de Édipo como uma das bases principais para a
aquisição da sexualidade feminina e masculina, dando ênfase agora
à fase pré-edipiana como extremamente importante à questão da
feminilidade, sendo o complexo de Édipo uma formação secundária
a essa.
Apesar dos inúmeros estudos sobre a mulher, o enigma da
feminilidade não foi de todo aclarado por Freud, mantendo o seu
discurso em torno da psicologia não ter parâmetros conclusivos sobre
o que é específico de masculino e feminino, postulando acerca de os
dados anatômicos e biológicos serem insuficientes para tal definição,
sendo estes atribuídos na cultura, às funções reais e simbólicas,
inerentes ao homem e à mulher. Faz equivaler “masculino” a ativo
e “feminino” a passivo, advertindo que podem ser influenciados

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 851

pelo social. Neste sentido, a mulher não nasce feminina, “torna-se”.


Sendo assim, o interesse pelo devir feminino é o ponto de partida
para se explorar as amplas variedades de considerar a feminilidade
(SILVA; FOLBERG, 2008).
O percurso da feminilidade em psicanálise é sinalizado por
diferentes etapas, havendo ainda um longo caminho a perfazer.
Neste sentido, ao longo de toda sua obra ao elaborar estudos
sobre a feminilidade, Freud deu início a um longo período de
questionamentos, pesquisas e divergências entre profissionais da
área. Desde então, este é um tema que, para a psicanálise, tem se
tornado com frequência, objeto de estudo e atenção, sendo também
explorados por pesquisadores contemporâneos ao pai da psicanálise,
trazendo uma nova perspectiva sobre a temática. Ademais, trata-se
de pesquisa relevante sobretudo para pensar nas (im)possibilidades
da psicanálise diante a discussão contemporânea que passam pelo
corpo, pelo gênero, pelas políticas identitárias e das minorias.
Notadamente, citamos a relevância de se considerar a interface
possível entre psicanálise e teorias feministas, queer e afins.

Considerações Finais

A sexualidade feminina nunca deixa de ser um enigma


para Freud, expondo em um momento de sua obra um gracioso
comentário que, talvez, a poesia e arte fossem capaz de decifrar
melhor a mulher do que os discursos da ciência e da psicanálise.
Apesar de seus estudos terem cessado numa tensão entre a
lógica fálica e a via da feminilidade, o mérito concedido ao pai da
psicanálise pelas descobertas sobre o universo feminino não deixam
de estar inscritas em uma história de transformação do enigma da
diferença dos sexos, na sociedade ocidental.
Hoje, no século XXI, estudiosos contemporâneos postulam
uma nova concepção de feminilidade ao indicar a perda dos
emblemas fálicos, ensejando ao sujeito, homem ou mulher, novas
possibilidades de erotismo e sublimação, até então desconhecidas.

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852 ANAIS X SIMPAC

É importante destacar que apesar da teoria freudiana evoluir, a


sexualidade feminina continua sendo tomada como ponto central
da feminilidade.
Por fim, deve-se ressaltar que, a análise aqui realizada
não teve como objetivo esgotar as reflexões sobre o tema, tendo
em vista que os estudos sobre essa temática exigem sempre novas
atualizações, vislumbrando uma mulher que se posicione além da
histeria e da maternidade.

Referências Bibliográficas

FREUD, S. A dissolução do complexo de Édipo. Vol 16. São Paulo:


Companhia das Letras. 2011. 1924 .
_________. Algumas consequências psíquicas da diferença anatômica
entre os sexos. Vol 16. São Paulo: Companhia das Letras. 2011.
1925.

_________. Sexualidade feminina. Edição standard brasileira


das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v. 21.
1931.

_________.Três ensaios sobre a teoria da sexualidade.  Edição


standard brasileira das obras psicológicas completas de
Sigmund Freud, Vol. 7. 1996.1905.

PLON, M; ROUDINESCO, E. Dicionário de psicanálise. Tradução


de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.(Obra original
publicada em 1997), p. 154, 1998.


SILVA, D. Q; FOLBERG, M. N. De Freud a Lacan: as ideias sobre
a feminilidade e a sexualidade feminina. Estudos de psicanálise,
n. 31, p. 50-59, 2008.

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ANAIS X SIMPAC 853

Experiência do Grupo de Estudo em Psicanálise

Karina de Araújo Ferreira1, Karina de Oliveira Fialho2, Nismaira


Caetano de Paula3, Luciana Cavalcante Torquato4

Resumo: O presente trabalho diz respeito a um relato de uma


experiência aludido ao projeto de extensão denominado Grupo
de Estudos em Psicanálise (GREP), elaborado e aplicado na
FAVIÇOSA, contemplando encontros semanais com duração de
duas horas. O objetivo deste refere-se à apresentação do projeto, além
da análise das propostas realizadas inicialmente correlacionado aos
resultados obtidos dentre a aplicação de suas atividades durante
um semestre e meio. A partir disso, os estudos se iniciaram com
textos que abordaram a estrutura clínica neurótica, perpassando
pelo Complexo de Édipo, sexualidade feminina e neurose freudiana.
Contabiliza-se, até o presente momento, a decorrência de dezesseis
encontros, sendo possível observar a conquista de um vasto conteúdo
programático e desenvolvimento intelectual, além do aprimoramento
da escrita e articulação com profissionais da área.

Palavras–chave: Freud; GREP; Projeto de extensão; Psicanálise

Introdução

A Psicanálise é uma teoria formulada por Sigmund Freud


no início do século XX, quando as explicações teológicas já não
satisfaziam e a ciência se desenvolvia como novo modo de entender
a realidade. Trata-se de uma teoria ampla e complexa, baseada na
1
Graduanda em Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: karinaaraujo.psi@gmail.
com
2
Graduanda em Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kharinafialho@gmail.
com
3
Graduanda em Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nismairacaetano@
hotmail.com
4
Docente do curso de Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lucianatorquato.
psi@gmail.com

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854 ANAIS X SIMPAC

técnica da associação livre, legitimando a existência de outra lógica


operando na estrutura psíquica humana além da consciência, a
saber, o inconsciente (PISANDELLI, 2012).
Hoje, a Psicanálise é uma disciplina curricular obrigatória
para a formação do psicólogo, presente tanto como um dos eixos
teóricos da psicologia – Psicanálise I, II etc – como nas disciplinas
temáticas, em que está inserida de forma menos evidente, ou seja,
em disciplinas como Psicomotricidade, Psicopatologia, Psicologia do
Desenvolvimento, dependendo da abordagem teórica do professor.
A Psicanálise também poderá estar nos Estágios supervisionados,
tanto no atendimento clínico quanto no atendimento à comunidade
(na escola, nas instituições), porém o ensino dessa disciplina na
universidade é polêmico entre os psicanalistas (XAVIER, 1975).
Sabe-se que a carga horária para se aprofundar em um estudo
tão complexo é curta para ser transmitida em sala de aula, bem
como o espaço para discussão de casos, debates e aprofundamento
de temas específicos dessa abordagem. Fica-se limitado também
para estudar outros psicanalistas pós freudianos, importantes para
o entendimento da psicanálise, como Lacan, Winnicott, Melanie
Klein, Anna Freud entre outros. O tempo escasso é ainda insuficiente
também para relacionar a Psicanálise a outras disciplinas ou
campos teóricos, como a filosofia, a sociologia, a literatura, que são
campos do saber importantes para a formação do estudante.
Diante do exposto, justificou-se a criação do projeto de
extensão Grupo de Estudos em Psicanálise – GREP, na Faculdade
de Ciências e Tecnologia de Viçosa – FAVICOSA com o intuito de
aprofundar nas seguintes temáticas: Estrutura neurótica, psicótica
e perversa. Objetiva-se assim com este trabalho explanar acerca
do desenvolvimento deste projeto desde o seu início até o presente
momento.

Material e Métodos

O presente trabalho diz respeito a um relato de experiência,


elaborado a partir das atividades desenvolvidas pelo GREP.
Sendo assim, inicialmente o grupo propôs se decorrer a partir de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 855

três módulos ao longo de um ano e meio, sendo eles: Estrutura


Neurótica, Estrutura Psicótica e Estrutura Perversa, realizando
tanto supervisões quanto encontros semanais contabilizando,
respectivamente, uma hora e duas horas. A partir disso, os estudos
se iniciaram com textos que abordavam assuntos sobre Estrutura
Neurótica como: textos do livro Estruturas e Clinica Psicanalítica
(1991) do autor Joel Dor “A Noção de Diagnóstico em Psicanálise”;
“Sintomas, Diagnósticos e Traços Estruturais” e “A Função Paterna
e as Estruturas Psíquicas”; composições do livro Estruturas Clínicas
Na Clínica: a histeria (1997) da autora Cíntia Palonsky “A Noção
de Estrutura”; “Estruturas Clínicas” “A Estrutura Neurótica”; “A
Estrutura Histérica” e “Constituição do Sujeito”; utilizou-se também
o vasto acervo de publicações do pai da psicanálise, Sigmund
Freud, para a deliberação do conceito de neurose freudiano como “A
Dissolução do Complexo de Édipo” (1924); “Algumas Consequências
Psíquicas da Diferença Anatômica Entre os Sexos” (1925); “Sobre
a Sexualidade Feminina” (1931) e “A Terceira Parte: teoria geral
das neuroses” (1917). Ao longo das atividades desenvolvidas
pelo projeto, utilizou-se de outros recursos para o debate entre a
psicanálise e áreas afins, no caso a sociologia, além da elucidação e
aprofundamento de conceitos psicanalíticos por meio de palestras,
bem como, a partir do cinema, o que se identifica pela exibição do
filme – Demolição, direção Jean Marc Vallé, 2016 –, contemplando
a presença de um psicólogo para debater acerca desse.

Resultados e Discussão

Considerou-se como proposta inicial o aprofundamento das


três estruturas clínicas consideradas pela psicanálise lacaniana:
a neurótica, a psicótica e a perversa. Assim, as atividades se
procederam, primordialmente, a partir dos estudos do psicanalista
Joel Dor para a compreensão acerca da estrutura neurótica, seguido
por três encontros subsequentes, contabilizando a duração de duas
horas. Prossegue-se assim, com estudos acerca de composições
da autora Cyntia Palonsky. Neste momento do grupo, ficou
evidente a necessidade de estabelecer modificações no percurso do

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


856 ANAIS X SIMPAC

cronograma de estudos inicialmente elaborado: devido à dificuldade


dos estudantes na compreensão da noção de estrutura clínica em
autores contemporâneos, sem perpassar pelas postulações de Freud
acerca da noção de neurose, complexo de Édipo e castração, tornou-
se necessário reestruturar a metodologia elaborada inicialmente,
respaldando-se assim nos textos de base do pai da psicanálise.
O estágio inicial do projeto – 2017/2 – se desenrolou a partir de
encontros e supervisões semanais, onde foram acordados pactuações
significativas como elaborações de atas referentes a cada encontro,
máximo de duas faltas por semestre para obtenção de certificado,
promoção de eventos condizente à psicanálise e áreas afins, além de
publicações quinzenais de notícias para o site da faculdade. Estes
permanecem atualmente, porém, foram agregados novos recursos
para o ano de 2018 como, o CineGREP, de periodicidade mensal,
cuja finalidade é proporcionar um espaço propício para discussões,
realizadas por um profissional, a respeito de filmes de interesse
da psicologia. A primeira exibição ocorreu no mês de março, com
o filme Demolição, do diretor Jean-Marc Vallée, contemplando
a presença do psicólogo Bruno Cury para o debate. Referente às
notícias, totalizaram seis delas até o presente momento, seguindo
sequencialmente as temáticas5 concernentes ao suicídio, violência,
consumismo, transtornos alimentares, sexualidade infantil e
feminismo negro. O primeiro evento instituído pelo GREP, “A
constituição dos sujeitos: considerações sociológicas e psicanalíticas
a partir de Nobert Elias e Jacques Lacan” discorreu de um debate
entre a psicanalista Luciana Torquato e o sociólogo Victor Mourão.,
e contou com participação efetiva de estudantes da Univiçosa e da
UFV, evidenciando a expansão do GREP para outras instituições.
Contabiliza-se, até o presente momento a decorrência de
dezesseis encontros, nos quais se procedem discussões acerca dos
textos estabelecidos no cronograma, partindo do texto: “A noção de

5 Títulos relativos às notícias: Era uma vez, E por falar em


violência... , Digas o que tens e te direi quem tu és, você tem fome de
quê, E por falar em sexualidade... Como andam as crianças? E você
com isso?
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ANAIS X SIMPAC 857

diagnóstico em psicanálise”. Nos demais encontros até o presente


momento, foram abordados as seguintes temáticas: diferenciação
entre sintomas, diagnóstico e traços estruturais, conceituação de
castração e a distinção entre significado e significante; elucidação
dos conceitos lacanianos de Nome-do-pai, Outro, falo e noção de
estrutura; explanação em torno dos termos Pai simbólico, Pai real e
Pai imaginário, entre outros. Diante isso, considerou-se pertinente
iniciar o estudo acerca do Complexo de Édipo freudiano, devido à
dificuldade encontrada em compreender a estrutura clínica sem
transcorrer por tais postulações. Observou-se que para atingir o
principal objetivo do grupo, esquadrinhar as noções de estrutura
clínicas, seria necessário a princípio compreender conceitos básicos
que o pai da psicanálise tanto pode contribuir.
Os encontros se prosseguiram, então, a partir de discussões
sobre a distinção entre sexualidade e sexo em Freud, seguindo
com a diferenciação entre recalque e repressão, esclarecimento
da constituição de estrutura se proceder a partir do Complexo de
Édipo e castração, apresentação de analogias e distinções frente
ao complexo de Édipo de ambos os sexos, explanação sobre a
relação existente entre homossexualidade e Complexo de Édipo,
aprofundamento do complexo de Édipo e sexualidade feminina como
postulado por Freud, finalizando assim a primeira etapa do projeto
com 14 pessoas, ressaltando que algumas permaneceram desde o
início e outras se agregaram ao longo do período.
No primeiro semestre de 2018, o grupo iniciou com dezoito
estudantes e os encontros se procederam a partir da apresentação
de dois casos clínicos sobre neurose, avançando com a explicação
do deslocamento como mecanismo de defesa e a significância de
sintomas dentro do contexto analítico, discussão sobre neurose
obsessiva e sua possível relação com o Transtorno Obsessivo
Compulsivo (TOC), bem como a discussão entorno da etiologia das
neuroses, formação sintomática, sobretudo a partir da discussão
de caso clínico apresentado por Freud. Temas como recalcamento,
repressão, resistência e transferência também apareceram nos
textos e discussões.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


858 ANAIS X SIMPAC

A partir disso, observa-se que o GREP conquistou um vasto


conteúdo programático e desenvolvimento intelectual, uma vez que
inicialmente as discussões realizadas entre os participantes, se
procediam somente da explanação sobre os conceitos apresentados
nos textos discutidos, e posteriormente nota-se que essa proeza se
mantém, mas foi-se incrementando a correlação a casos clínicos do
cotidiano ou apontado em sala de aula, promovendo assim, uma
discussão mais profícua. Além disso, consta-se que outros objetivos
do projeto também obtiveram êxito, como a promoção de eventos cuja
finalidade além de possibilitar uma metodologia diferenciada para o
aprofundamento de estudos em psicanálise também propiciou-se o
debate entre essa área do conhecimento e a sociologia, a exploração
do cinema enquanto recurso para propiciar uma comunicação entre
a arte e a psicanálise, bem como, o fornecimento de um ambiente
exterior a sala de aula enquanto único lugar destinado a discussões
de estudos psicanalíticos, com boa adesão dos estudantes.
É importante salientar que a ampliação do tempo de
supervisão no primeiro semestre de 2018, potencializou uma melhor
compreensão dos textos e caminhar durante as reuniões

Conclusões

Os estudos em grupos já eram valorizados por Freud que,


ainda nos primórdios da psicanálise, realizava reuniões com um
seleto grupo de colaboradores em sua residência para assim, de
forma organizada e sistemática, discutir casos e permutar ideias
sobre os diversos temas psicanalíticos. Quando bem conduzido, o
estudo em grupo tem condições de atingir os objetivos delineados:
propiciar aos alunos o aprendizado do convívio social e desenvolver
a criatividade que existe em cada um (BORGES; FIALHO, 2005).
Posto isso, percebe-se a importância de encontros entre acadêmicos
cujos interesses se assemelham para propiciar a discussão de
saberes, constatando-se assim a relevância destas reuniões para
facilitar a aprendizagem nas disciplinas curriculares, condizentes
a psicanálise. Além disso, possibilita também articulações com
profissionais das ciências humanas e da saúde, aprimoramento

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ANAIS X SIMPAC 859

da escrita e leitura, bem como um acréscimo significativo para


a formação acadêmica e pessoal como futuros profissionais da
psicologia.

Agradecimentos

À supervisora do GREP, Luciana Cavalcante Torquato, que


desde o início dedica parte do seu tempo para auxiliar nas demandas
concernentes ao grupo, contribuindo para o nosso crescimento
pessoal e profissional. Você nos dá certeza de que todo o trabalho
vale a pena. Aos integrantes do GREP (companheiros de quarta
feira), só é possível a realização dos encontros e o desenvolvimento
desse projeto pela contribuição e creditação por parte de vocês. À
todos o nosso muito obrigada.

Referências Bibliográficas

PISANDELLI, S. P. As Sete Escolas da Psicanálise, 2012.

XAVIER, B. I. O estudo em grupo como método de ensino em


psicologia. Revista Brasileira de Enfermagem, v.28, 1975.

BORGES, K. S.; FILHO, H. B dos. A Importância dos Grupos de


Estudos na Formação Acadêmica.   Confraria do Java: Relato de
Experiência de um Grupo de Estudos de Linguagem de Programação.
Revista Logos, Canoas, v. 1, p. 45-50, 2005.

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860 ANAIS X SIMPAC

TECNOLOGIA E O MAL-ESTAR NA CIVILIZAÇÃO

Karina de Oliveira Fialho1, Fabiana Cristina Teixeira2

Resumo: A presente pesquisa pretende possibilitar uma discussão


psicanalítica entre o mal-estar e a tecnologia na hipermodernidade.
Partindo da célebre obra freudiana “O mal-estar na civilização”,
datada de 1930, discute-se de que modo conceitos psicanalíticos
como sublimação e fantasia se configuram na atualidade e como
se relacionam com a tecnologia. Este trabalho possui o intuito
em problematizar conceitos psicanalíticos a meios utilizados pelo
indivíduo na hipermodernidade. Consta-se assim, que o homem
busca diversas formas por meio de desenvolvimentos culturais a
tentativa em obter a satisfação plena, isto é, a tentativa em aplacar
a sua falta estrutural, esse utiliza-se assim mecanismos psíquicos,
que são manifestados a partir da operacionalização dos meios
tecnológicos.

Palavras–chave: Tecnociência, psicanálise, hipermodernidade.

Introdução

O termo ciência provém da língua Latina cuja origem se


procede da palavra Scientia, que significa conhecimento. Assim, essa
palavra foi-se utilizada para definir o conjunto de conhecimentos
humano. Assimila-se a essa também a compreensão, de ser um
conjunto estruturado de conhecimentos abstratos e racionais, a fim
de descobrir princípios e leis universais referentes aos fenômenos
naturais. A partir disso, apreende-se que essa – ciência – surgiu a
cerca de 250 mil anos atrás, se desenvolvendo e expandindo desde
então por todas as civilizações, além de se tornar no século XX, um
elemento de âmbito universal (ROSA, 2012).

1
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kharinafialho@gmail.com
2
Docente do curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fabicteixeira@hotmail.com

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ANAIS X SIMPAC 861

Após essa etapa de desenvolvimento da ciência, funda-se a


tecnologia, compreendida enquanto um conjunto de conhecimentos
científicos, no qual possui intuito em promover melhoria de bens
ou serviços, bem como possibilita o controle e a modificação do
mundo. Assim sendo, a tecnologia foi sendo definida a partir de
diversas maneiras, como o desenvolvimento de algumas correntes,
segue-se assim dois tipos; a tecnologia compreendida como processo
operacional, ou seja, considera-se tecnologia, tudo aquilo que exige-
se uma produção, tanto a serviços quanto produtos, podendo a
tecnologia também ser assimilada de modo mais restrito, referindo-
se a somente produções de bens, independente da instrumentalização
utilizada (VAZ; FAGUNDES; PINHEIRO, 2009),
Posto isso, considera-se pertinente realizar uma explanação
acerca do conceito de mal-estar, esse diz respeito ao desconforto
que é ocasionado a partir das renúncias pulsionais, no qual todo
e qualquer sujeito pertencente ao meio social se encontra frente a
imposições, visto que essa renúncia parte devido leis, regras que
são internalizadas no Supereu. Assim, essas renúncias referem-se
especificamente a dois grandes sacrifícios para o sujeito, o amor
sexual e as pulsões agressivas. No entanto, por serem dois grandes
sacrifícios para o sujeito, esse só se consentiria com tal renúncia,
o que contrapõe a sua finalidade de vida a felicidade, a partir de
uma compensação, identificada enquanto a segurança. Portanto,
por identificar essa finalidade do sujeito, a busca pela felicidade,
apreende-se que esse buscará obter a ausência de dor, desprazer
e desfrutar de grandes prazeres, o que identifica-se enquanto
deslocamentos da libido, a sublimação e a fantasia, termos estes que
serão analisados e correlacionados a tecnologia. Consta-se que os
meios tecnológicos são utilizados enquanto uma possível tentativa
para evitar o mal-estar, tendo em vista que frente ao sofrimento,
desamparo da condição humana, sentimento de incompletude, o
que remete a falta estrutural, o meio cultural sempre buscará meios
para tentar aplaca-lo. A partir disso, o presente trabalho intenta
problematizar conceitos freudianos a utilização de meios tecnológicos
aderidos pelo sujeito envolto na sociedade contemporânea.

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862 ANAIS X SIMPAC

Material e Métodos
Parte-se da explanação, primordialmente, da postulação
realizada por Sigmund Freud acerca da noção de mal-estar em
sua ilustre obra intitulada “Mal-estar na Civilização” (1930), bem
como a elucidação de conceitos psicanalíticos como sublimação e
fantasia, salientando como esses se caracterizam e se relacionam
com a tecnologia. Sendo assim, considerou-se pertinente
realizar o levantamento bibliográfico a partir da obra “Estilo e
Modernidade” (1997) do autor Joel Birman que contempla um
arcabouço considerável sobre o tema abordado por Freud acerca
do mal-estar, levantando novas considerações e complementações
de suma importância para a vasta discussão sobre o tema. A
partir dessa consideração, selecionou-se alguns artigos enquanto
complementação à discussão, sendo eles: “A fascinação pelo resto:
o hiper mal-estar na tecnociência” (PINHEIRO; CARVALHO,
2013, “O surgimento da ciência, tecnologia e sociedade (CTS) na
educação: uma revisão” (VAZ; FAGUNDES; PINHEIRO, 2009),
“Her: um encontro em tempos de amores liquídos” (TEIXEIRA,
SALOME; MOREIRA, 2017), além do texto “História da ciência:
da antiguidade ao renascimento científico” (ROSA, 2012) que
contempla um compêndio sobre o contexto histórico do surgimento
da tecnologia.
Neles, observa-se a construção do tema do mal-estar,
sublimação, fantasia, e tecnologia, o que possibilita a construção de
hipóteses acerca da articulação desses. A análise desses conceitos
parte, portanto, de revisão bibliográfica, com tratamento conceitual
a partir dos próprios termos da psicanálise freudiana articulando-
os a novas considerações realizadas por estudiosos contemporâneos.

Resultados e Discussão

Birman (1997, p.83-84) afirma que quanto mais há o


desenvolvimento da civilização, mais se produzirá o mal-estar no
ser humano, fato esse que é ocasionado por exigir do sujeito uma

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ANAIS X SIMPAC 863

renúncia pulsional, na qual propícia o surgimento da culpa no


individuo, consequentemente o sujeito aceita o que a civilização lhe
impõe na tentativa de evitar a condição de desamparo. Para chegar
a esse ponto postulado, anteriormente é necessário explicitar alguns
fundamentos teóricos como a epistemologia de Freud acerca das
pulsões, cuja compreensão parte da noção do mal-estar referir-se ao
desconforto ocasionado pelas renúncias pulsionais.
A partir disso, Freud (1930) aponta que o mal-estar diz
respeito ao incômodo gerado devido as renúncias pulsionais, esse
denota duas significativas renúncias como: o amor sexual e as
pulsões agressivas. Essas são abdicações que a civilização exige do
sujeito por meio de regras, leis e normas, as quais são internalizadas
no Supereu. Nota-se assim, que as pulsões sexuais são sublimadas
ou disponíveis, sendo modificadas à princípios coletivos, quanto as
pulsões agressivas, essas são introjetadas retornando para o Eu,
sendo acolhidas pelo Supereu. Diante isso, é direcionado ao Eu a
mesma agressividade que o sujeito possuía, mas com a finalidade
em direcionar aos ouros, o que identifica-se enquanto consciência de
culpa. Desta maneira, observa-se que é exigido do homem grandes
sacrifícios como o amor sexual e os instintos agressivos, o que se
contrapõe a finalidade de vida do mesmo, a felicidade. Assim sendo,
o homem consentiu com essas restrições a fim de obter segurança,
isto é, permitiu em troca de uma compensação (FREUD, 1930,
p.52,59).
Posto isso, compreende-se que ser humano busca a felicidade,
se tornar e permanecer nessa posição, ao passo que para obter esse
estado há duas metas, na qual uma possui o intuito de obter a
ausência de dor e desprazer, e a outra a experiência de grandes
prazeres. Sendo assim, a finalidade da vida é estabelecida pelo
princípio do prazer, a qual o prazer impõe a finalidade de ser feliz
– tarefa essa do campo da impossibilidade –, tendo em vista que
não há maneira pela qual aplacar a falta estrutural, mas mesmo
diante esse fato o sujeito não é capaz de cessar sua busca pela
realização da mesma. Devido à prevalência dessa busca, encontram-
se algumas maneiras de afastar o sofrimento, uma delas refere-se

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864 ANAIS X SIMPAC

ao deslocamento da libido, denominado sublimação, na qual ocorre


um deslocamento das metas dos instintos de tal maneira, que
consegue-se evitar a frustração e obter certo prazer (FREUD, 1930,
p.20,24,27). Outra maneira diz respeito ao conceito de fantasia, essa
refere-se a uma tentativa de amenizar a demasiada necessidade
de satisfação da pulsão, ou seja, a fantasia é uma maneira de
satisfação particularizada da pulsão. O seu intuito é incidir sob a
sexualização da pulsão, compreendida como pulsão de morte, uma
vez que percebe-se que toda pulsão diz de uma pulsão de morte, pois
busca sempre até mesmo no objeto sexual, o objeto impossível da
pulsão (das Ding). Assim, o das Ding pode ser entendido enquanto
o lugar da verdade e o objeto a diz respeito aquele que fornecerá o
caráter de sedução para qualquer objeto escolhido para possibilitar
a satisfação, por isso é compreendido que o objeto a possui um teor
sedutor na fantasia enquanto causa de desejo. Portanto, a fantasia
conserva o sujeito na alienação, na qual esse se encontra entre
seu significante-mestre e a verdade do gozo. Logo, o Eu que está
identificado ao significante-mestre não possui conhecimento do seu
desejo inconsciente que está vinculado à fantasia, que o mantém em
uma ilusão de plenitude e autonomia. Dessa maneira, a fantasia
conserva o sujeito na alienação cujo sujeito se encontra entre seu
significante-mestre e a verdade do gozo (PINHEIRO; CARNEIRO,
2013),
Observa-se assim, que só há uma relação do sujeito com a
verdade, essa se dá pela castração. Assim, essa castração mantém
a capacidade simbólica da organização do desejo, na qual preserva
sempre dois significados para o sujeito na fantasia. Desse modo, a
verdade pela via da fantasia possui intuito de tampar o falta-a-ser
do indivíduo, o que nunca se procede, consequentemente na fantasia
o objeto causa desejo consecutivamente. Posto isso, apreende-se que
o sujeito coloca a tecnociência em lugar de seu mestre, para que
assim possa ter algo que preserve sua completude e o auxilie a fugir
das consequências da pulsão de morte, bem como se livrar da falta
estrutural (PINHEIRO; CARVALHO, 2013).
Partindo desse pressuposto acrescenta-se a afirmação
apontada por Teixeira, Salome e Moreira (2017), no qual observa-se

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ANAIS X SIMPAC 865

que o sujeito contemporâneo em sua relação com a tecnologia cujo


intuito é a tentativa em evitar o sofrimento, esse é acometido pelo
mesmo desamparo sempre presente. Desse modo, apreende-se que
a tecnologia fornece uma ilusão acerca da suspensão do desamparo,
contudo essa oferta não passa de somente uma ilusão.
Em suma, conforme Freud (1930), os avanços culturais é
uma forma do ser humano se colocar na posição de um Deus, ao
que remete a imortalidade ou ainda alguém que não é afetado pelo
desprazer. O que é identificado na seguinte frase (p.34) “Épocas
futuras trarão novos, inimagináveis progressos nesse âmbito da
cultura, aumentarão mais ainda a semelhança com Deus”. O que
pode ser reconhecido hoje como a maior base de suma significância
para o funcionamento do mundo, a tecnociência.

Considerações Finais

Observa-se que o ser humano possui em si uma ânsia para


ultrapassar os seus limites, tanto do seu físico quanto de sua
própria natureza, e sua tentativa parte-se por meio da ciência.
Identificou-se que o homem buscaria diversas formas a partir de
desenvolvimentos culturais a fim de tentar obter a sensação de
imortalidade, o que consta-se atualmente como a tecnociência.
Portanto, a tecnociência pode ser identificada como uma demasiada
resistência do sujeito contra si próprio, isto é, os meios tecnológicos
atuam no intuito de aplacar a falta, o desamparo humano, uma vez
que a ausência de limites e a noção de curto prazo, que essa remete,
refere-se a tentativa de satisfação e logo uma tentativa de ausência
acerca qualquer tipo de desconforto. Observa-se ainda, que frente
a dor ou desprazer, que remetem a falta, o sujeito possui seus
meios psíquicos para afastar esses, possuindo o intuito em obter a
satisfação plena, ou comumente conhecida como felicidade, podendo
ser identificadas enquanto os mecanismos de sublimação e fantasia,
que vinculam-se aos meios tecnológicos identificados enquanto
tentativa em promover uma solução ao mal-estar do sujeito e
para sua cultura, no entanto esses não possuem a capacidade de
possibilitar a satisfação plena tão almejada, tendo em vista que essa

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866 ANAIS X SIMPAC

jamais será aplacada – diz-se de uma falta estrutural –, o que nos


deixa um questionamento; quais serão os próximos meios utilizados
na busca pela satisfação plena?

Referências Bibliográficas

BIRMAN, J. Estilo e modernidade em psicanálise. Editora 34,


1997.
FREUD, S. O Mal-Estar na Civilização, Novas Conferências
Introdutórias à Psicanalise e outros Textos–Obras Completas Vol.
18. São Paulo: Companhia das Letras. 2010a, 1930.
PINHEIRO, R; CARNEIRO, H. F. A fascinação pelo resto: o hiper
mal-estar na tecnociência.  Tempo psicanalitico, v. 45, n. 2, p.
419-438, 2013.
ROSA, C. A. P. História da ciência: da antiguidade ao renascimento
científico.  Fundação Alexandre de Gusmão, Brasília, v. 1, p.
21-28, 2012.
TEIXEIRA, C. F; SALOMÉ, F. F. A. S; MOREIRA, O. J.. Her: um
encontro em tempos de amores liquídos. In: LIMA, De Laguárdia
Nádia et al. Juventude e Cultura Digital Diálogos Interdisciplinares.
Belo Horizonte: Artesã, 2017. p. 95-99, 103-104.

VAZ, C. R; FAGUNDES, A. B; PINHEIRO, N. A. M. O surgimento


da ciência, tecnologia e sociedade (CTS) na educação: uma
revisão. Anais do I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e
Tecnologia, Curitiba, 2009.

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ANAIS X SIMPAC 867

A Transferência na Clínica Psicanalítica

Karina de Oliveira Fialho1, Karina de Araújo Ferreira2, Luciana


Cavalcante Torquato3

Resumo: O conceito de transferência parte, primordialmente, do


pressuposto pelo qual Freud credita que todo sujeito possui, devido
experiências vivenciadas na infância em conjunto a disposição
inata, um modo singular de conduzir sua vida amorosa, resultando
em uma espécie de “clichê estereotípico” que é regularmente repetido
ao longo de sua vida. Objeto de tamanha importância, ainda se
faz como condição preliminar para o estabelecimento do tratamento
psicanalítico. O presente artigo tem como objetivo promover uma
discussão acerca do manejo da transferência. Para isso, parte-se
do rastreamento do conceito de transferência em Sigmund Freud
e de comentadores contemporâneos que contemplam um arcabouço
considerável sobre a temática dentro da perspectiva do pai da
psicanálise e da clínica lacaniana em sua releitura em Freud.
Apreende-se que, na clínica psicanalítica contemporânea, o sujeito só
passará pelo processo analítico e obterá seu fim caso consiga passar
pela sequência dolorosa de transferência dando continuidade em
seu tratamento, processo entendido como a “travessia da fantasia”.

Palavras–chave: Psicanálise, clichês, dinâmica transferencial.

Introdução

Na segunda década do século XX, passados alguns anos do


marco da criação da psicanálise por Sigmund Freud – notadamente
a publicação do texto A interpretação de Sonhos, de 1900 -, o
psicanalista registra e divulga uma série de textos sobre a prática
clínica a partir de sua disciplina, textos que ficaram conhecidos no

1
Graduanda em Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kharinafialho@gmail.com
2
Graduanda em Psicologia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: karinaaraujo.psi@gmail.com
3
Docente do curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lucianatorquato.psi@gmail.com

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868 ANAIS X SIMPAC

meio psicanalítico como “Artigos sobre técnica”4. Freud se detém em


uma questão fundamental, pedra de toque da clínica psicanalítica, a
dinâmica da transferência em análise. A fundamentação teórica que
enseja essa dinâmica é a de que o ser humano, pela ação conjunta de
disposição inata e experiências vividas na infância, estabelece um
modo particular de conduzir sua vida amorosa, resultando em uma
espécie de “clichê estereotípico” que é regularmente repetido ao
longo de sua vida. Dessa forma, quando a necessidade de amor não
é completamente satisfeita pela realidade, este se repetirá com um
Outro com expectativas libidinais, podendo se repetir também com
o analista (FREUD, 1912). Essa busca por amor, por ser amado,
relaciona-se à transferência que se articula com o modo como a
demanda de amor será acolhida, conduzida, tratada e desmontada
na experiência psicanalítica.
A transferência está presente em todas as relações e, por
esse aspecto, ela não se difere do que se passa no amor - e na análise
isso não passará despercebido - contrariamente, por revelar-se
como uma via de atualização das motivações inconscientes, atuando
como ferramenta do qual o psicanalista poderá utilizar para fazer
a intervenção, para tanto é fundamental que o mesmo saiba em
que lugar está sendo colocado pelo analisando. A partir desse
estabelecimento que também se levantará a hipótese diagnóstica
que o orientará no manejo clínico (MAURANO, 2006). Posto isso,
o presente artigo tem como objetivo discorrer sobre o percurso do
conceito de transferência na obra psicanalítica, perpassando por
Freud à comentadores contemporâneos.

Material e Métodos

Parte-se do rastreamento do conceito de transferência em


Sigmund Freud, sobretudo a partir das indicações de Roudinesco
e Plon (1997) a respeito da trajetória deste conceito na obra do
4
Artigos sobre técnica, dizem respeito a artigos como: o uso da interpretação dos
sonhos (1911); a dinâmica da transferência (1912); recomendações ao médico que
prática à psicanálise (1912); o início do tratamento (1913); recordar, repetir e
elaborar (1914) e observações sobre o amor de transferência (1915), produzidos
por Sigmund Freud entre as datas 1911-1915, contemplando postulações acerca da
metodologia geral da psicanálise.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 869

psicanalista. Destaca-se que se trata, esse dicionário, de um


documento importante para indicação de terminologia básica para
a psicanálise freudiana. Além disso, considerou-se pertinente
considerar o levantamento bibliográfico sugerido por Denise Maurano
em seu texto “A transferência” (2006), em que a psicanalista organiza
uma seção de revisão do conceito para a psicanálise. A partir dessa
consideração, são selecionados para análise os textos A dinâmica
da transferência (FREUD, 1912), Recordar Repetir e elaborar
(1914), além do texto O manejo da transferência (MEIRELLES,
2012) e do livro Como se trabalha um psicanalista (NASIO, 1999),
de comentadores contemporâneos, textos que contemplam um
arcabouço considerável sobre a temática dentro da perspectiva de
Freud e da clínica lacaniana em sua releitura do pai da psicanálise.
Neles, observa-se a construção do tema da transferência
em sua articulação com o andamento da clínica psicanalítica. A
análise desse conceito parte, portanto, de revisão bibliográfica, com
tratamento conceitual a partir dos próprios termos da psicanálise
freudiana.

Resultados e Discussão

De acordo com Freud (1912), diante da impossibilidade


de satisfação plena de suas necessidades amorosas, o sujeito
inevitavelmente se dirigirá a um outro portando essas suas
expectativas libidinais, configurando, portanto, uma tentativa de
suprir, completamente, essa frustrada necessidade de amor. Para
essa ação, as duas partes da libido, tanto a consciente quanto
inconsciente, cooperam. O que Freud aponta é que esse movimento
em direção a um outro, que se figura como objeto receptáculo do
investimento libidinal, também se dirige ao analista. Em outras
palavras, o investimento se vincula a um dos clichês típicos da
história do sujeito, tendo o analista como um dos objetos de amor a
entrar nessa série. É importante ressaltar que esses clichês estão
associados a uma imago, podendo ser materna, paterna, fraterna.
O analista, portanto, entra como uma encarnação dessa imago. É
nesse sentido que pode-se entender o que Carlos Meirelles (2012)

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870 ANAIS X SIMPAC

observa quanto ao vínculo individual que cada sujeito constitui com


um analista, ou seja, ele sempre diz respeito a uma relação anterior
que esse sujeito possuía de forma inconsciente com o Outro.
Compreende-se que o sujeito repete tudo que possui sua fonte
do recalque, o que em algum momento buscou se manifestar, isto
é, seus bloqueios, comportamentos, traços patológicos. O paciente
repetirá todos os seus sintomas no decorrer do seu tratamento.
Portanto, o estado do paciente, deve ser entendido não somente
como algo do seu contexto histórico, mas como algo atual. A partir
disso, assimila-se que a condição de doente do sujeito se voltará
para seu processo analítico e durante esse momento, no qual o
paciente vive seu sintoma como algo real e atual, o analista deve
agir conforme sua base epistemológica, realizando uma condução
dessa repetição a fases anteriores. Posto isso, apreende-se que a
maneira fundamental para se conseguir transferir a compulsão à
repetição a uma recordação é o manejo da transferência. Quando
o sujeito se encontra disposto a realizar essas tarefas básicas para
o tratamento, é possível fornecer um novo sentido de transferência
para todos os sintomas, em que há uma substituição da neurose
ordinária para uma neurose de transferência, pois assim esse
poderá obter uma cura por meio do tratamento analítico (FREUD,
1914).
Sobre essa dinâmica transferencial na clínica, Nasio (1999)
postula que há determinadas fases no processo analítico, incluindo
momentos fecundos do que entende como transferência dolorosa.
Nesse momento, o analista passará a ocupar a posição do objeto
que está no centro do núcleo do Eu, abandonando assim a posição
de interlocutor. Assim, nessa fase de sequência transferencial, é
preciso que o analista silencie, mas esse silêncio diz respeito a um
silêncio-em-si para que dessa maneira apareça o Grande Outro.
Amparado na perspectiva lacaniana da clínica, Nasio observa que,
nesse momento doloroso de transferência, é necessário que a pulsão
gire em torno do analista e depois volte para o sujeito.
Esse objeto em torno do qual gira a pulsão, entendido como
o analista, refere-se a um furo envolto pelo véu do falo imaginário,
o que é identificado enquanto desejo do analista, o grande Outro.

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ANAIS X SIMPAC 871

Logo, são aspectos que dizem respeito a posição do analista para


criar um componente para assim atrair para si a transferência,
a pulsão. Consta-se que essa possui várias ramificações para que
consiga realizar a ação de se encaminhar até o analista girar em
torno e retomar a sua fonte, além de ser necessário haver um corpo
real e vivo que a alimente e auxilie para que se mantenha viva.
Desse modo, o corpo real do analista é um componente real que
alimenta o desejo do analista, ou ainda é como se o corpo real do
analista fornecesse subsídios para que esse conseguisse ocupar a
posição de desejo, do véu imaginário que envolve o objeto, mas esse
corpo além de alimentar a pulsão também se alimenta dela. Frente
ao nível da significação, apreende-se que o analista quando passa a
ocupar a posição da expressão imaginária do objeto de insatisfação
da pulsão institui o lugar simbólico de Sujeito Suposto Saber, termo
que, segundo Meirelles (2012), Lacan nos traz para remeter a uma
ideia mais avançada do manejo da transferência.
A partir disso, apreende-se que quando há uma alteração da
posição de Sujeito Suposto Saber, altera-se a ideia de suposição geral
para suposição de saber instituída ao analista. É nesse momento
que ocorre uma mudança na relação transferencial, visto que
agora há um amor que é conduzido ao saber (MEIRELLES, 2012)
ou, conforme Nasio (1999), demandas de amor dirigidas ao grande
Outro. Assim, nessa fase, o analisando se silencia por períodos
maiores, além de cobrar a fala do analista, o que lhe fornece outra
recusa (segunda recusa). Desse modo, é a partir da segunda recusa
que o Eu do paciente se identifica com o falo imaginário, uma vez
que ao demandar o falo obteve a recusa assim se decepciona e logo
se identifica com o falo, tornando-se o falo que lhe foi negado. Sendo
assim, ele se coloca enquanto o falo imaginário conjuntamente se
faz o falo imaginário do grande Outro, não como Sujeito Suposto
Saber, mas nesse falo imaginário do grande Outro como Sujeito
Suposto Desejo, na qual pretende satisfazer o suposto desejo do
analista/grande Outro. Essa identificação do Eu do paciente com o
falo imaginário acarreta a passagem da máscara referente à falta
no analista para a mascara do ser no paciente. Essa máscara da

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872 ANAIS X SIMPAC

falta no analista diz respeito ao véu que cobre o furo da pulsão.


Assim, no analisando, há esse furo que é a falta na pulsão, o analista
ocupa desse modo à posição de véu que vai mascarar a falta, mas
que ao mesmo tempo está separado, dissociado em si mesmo. Por
conseguinte, o fim da análise dependerá de se obter êxito na resolução
da neurose de transferência, isto é, quando se passa pela sequência
dolorosa de transferência e possui continuidade no processo até o
seu fim entende-se que ocorre a travessia da fantasia.

Considerações Finais

O conceito de transferência, primordialmente parte do


pressuposto pelo qual Freud credita que todo sujeito possui, devido
experiências vivenciadas na infância em conjunto a disposição inata,
uma maneira singular em se relacionar com os outros, ou ainda
conduzir sua vida amorosa. Contudo, estudiosos contemporâneos
contribuíram significativamente para uma readaptação do conceito
de transferência, incrementando a noção de Sujeito Suposto Saber,
na qual entende-se que no centro da instância do Eu encontra-se o
objeto da pulsão, sendo esse o lugar pelo qual o analista deve ser
inscrito enquanto o véu do falo imaginário, aquele que mascara
a falta que há no objeto da pulsão. A partir disso, apreende-se
que na clínica psicanalítica contemporânea, o sujeito só passará
pelo processo analítico e obterá seu fim, caso consiga passar pela
sequência dolorosa de transferência dando continuidade em seu
tratamento, o que é identificado enquanto o processo de travessia
da fantasia. Por conseguinte, esse sujeito será capaz de encontrar
melhores condições para enfrentar seu falta-a-ser, o objeto da
pulsão, existente em sua estrutura, na qual sempre houve uma
busca para preenchê-la.

Referências Bibliográficas

FREUD, Sigmund. A dinâmica da transferência. Vol 12. São Paulo:


Companhia das Letras. 2010. 1912. p. 101.

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ANAIS X SIMPAC 873

_________. Recordar, Repetir e Elaborar. Vol 12. São Paulo:


Companhia das Letras. 2010. 1914. p. 151-153.
NASIO, J.-D.  Como trabalha um psicanalista?. Rio de Janeiro:
Zahar, 1999. p. 67-88.

MAURANO, D. A transferência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.


Coleção Psicanálise, Passo a Passo. 78p.

MEIRELLES, C. E. F. O manejo da transferência. Stylus (Rio de


Janeiro), n. 25, p. 123-135, 2012.

PLON, M; ROUDINESCO, E. Dicionário de psicanálise. Tradução


de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.(Obra original
publicada em 1997), 1998.

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874 ANAIS X SIMPAC

TREINAMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS EM


ESTUDANTES: GRUPO CONVIVER

Kellen Nayara de Souza1, Nelimar Ribeiro de Castro2

Resumo: Este projeto teve como objetivo desenvolver habilidades


sociais em estudantes da FAVIÇOSA, por intermédio de um programa
de treinamento de habilidades sociais, com foco na vulnerabilidade
dos estudantes frente as demandas da vida acadêmica. Participaram
deste treino 15 estudantes do sexo feminino e masculino, com idades
variando entre 19 e 61 anos. A intervenção foi composta por 14
sessões grupais, que ocorreram uma vez por semana em um intervalo
de tempo de 60 minutos, durante três meses. Nestes encontros foram
trabalhadas habilidades sociais elementares ao âmbito acadêmico e
demais relações interpessoais, a citar: Comunicação, Assertividade,
Autocontrole, Expressividade emocional, Empatia e habilidades
acadêmicas específicas, como falar em público, trabalhar em grupo,
manejar o tempo, lidar com críticas, acalmar-se em processos
avaliativos, lidar com autoridades e trabalhar sobre pressão. Para
tanto, foram realizados treinamentos vivenciais, exposições verbais,
role-play, treinos em relaxamento, além de recursos audiovisuais e
lúdicos. Por intermédio desta experiência, além do desenvolvimento
e adequação de repertórios comportamentais, observou-se a tomada
de consciência dos participantes a respeito de suas modalidades
relacionais; flexibilidade e rigidez cognitiva; capacidade de
superação em situações de crise, e outros fatores associados a uma
série de experiências e apreensões singulares a respeito da vida.

Palavras–chave: Relações interpessoais, repertório


comportamental, vida acadêmica

1
Graduanda em Psicologia– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kellennaiara@gmail.com;
2
Professor do curso de Psicologia- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nelimar.de.castro@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 875

Introdução

Estudos diversos definem habilidades sociais, como capacidades


ou recursos comportamentais indispensáveis para o estabelecimento
de relações interpessoais satisfatórias. Tais habilidades permitem
a expressão de sentimentos, desejos, opiniões, direitos e atitudes de
um modo adequado, tanto para si, quanto para os outros. Dado isso,
as habilidades sociais são reconhecidas como fatores de proteção
no curso de desenvolvimento humano e exercem influência sobre
os comportamentos, manejando sua relação com fatores de risco, e
transformando o ambiente social (DEL PRETTE et al., 2015).
Em observação aos universitários, demandas acadêmicas
como falar em público, cumprir cargas horárias elevadas, atender
a cobranças pessoais e sociais, além de estudar por muitas horas
seguidas, são alguns dos fatores propulsores ao adoecimento
(FERREIRA, 2009). Tudo isto, ainda pode ocorrer junto ao processo
de transição da adolescência para a fase adulta, o que exige
adaptação a um novo papel social, o de adulto jovem. Em virtude
desta representação, o estudante se depara com a possibilidade de
fracasso, interpretando as mais diversas situações como ameaças,
e reagindo as mesmas, com estratégias geradoras de adoecimento
(CARDOZO et al, 2016; RIBEIRO e SILVA, 2011).
Diante disto, reitera-se que o treinamento e consequente
aprimoramento de tais habilidades, constituem competências
significativas para uma vida pessoal, acadêmica e social satisfatórios,
ou seja, com menos aspectos negativos associados a tais déficits
(PINTO E BARHAM, 2014; DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2005).

Material e Métodos

Delineamento do Estudo:
Este projeto foi realizado na Clínica Integrada de Psicologia-
UNICLÍNICA, situada na Faculdade de Ciências e Tecnologia
de Viçosa-MG. Foi desenvolvido um programa de treinamento de

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876 ANAIS X SIMPAC

habilidades sociais, com foco na vulnerabilidade dos estudantes


frente as demandas da vida acadêmica. Neste sentido, objetivou-
se ampliar e adequar habilidades sociais já aprendidas, porém
deficitárias, além de promover a aquisição de habilidades novas e
significativas para uma adaptação mais saudável e satisfatória.
A intervenção ocorreu semanalmente em um período de
três meses; setembro, outubro e novembro. Pretendeu-se ampliar
o repertório comportamental dos estudantes, de modo que
pudessem visualizar as decisões e comportamentos emitidos com
maior flexibilidade e estratégias comportamentais. Durante esses
encontros foram trabalhadas habilidades sociais elementares
às relações interpessoais, a citar: Comunicação, Assertividade,
Autocontrole, Expressividade emocional, Empatia e habilidades
acadêmicas específicas. Importa dizer que, estas habilidades foram
detalhadas em suas subclasses, tais como: a) expressar sentimentos
positivos e negativos; b) expor-se ao público; c) tomar decisões; d)
lidar com críticas; e) acalmar-se diante de situações-problema f)
tomar a perspectiva do outro; g) lidar com autoridades, entre outras.

Participantes:
Este projeto destinou-se aos estudantes da Faculdade de
Ciências e Tecnologia de Viçosa- FAVIÇOSA. Contou com a
participação de 15 estudantes, de ambos os sexos, com idade
mínima de 19 anos e máxima de 58. Quanto aos cursos, 1 (6,66%)
era estudante de Direito, 2 (13,3%) Medicina Veterinária, 1 (6,66%)
Enfermagem, 1 (6,66%) Nutrição e 10 (66,66%) de Psicologia. A
maioria dos participantes estavam em anos iniciais do curso, sendo
que, apenas 4 estavam no penúltimo e último ano.

Procedimento
O trabalho implementado foi devidamente comunicado aos
participantes, com informações necessárias sobre a temática,
estimativa de duração do programa e possíveis tarefas a serem
cumpridas. As habilidades sociais foram treinadas começando
pelas classes mais simples até as mais complexas, considerando

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ANAIS X SIMPAC 877

sempre os recursos que os participantes já possuíam. A intervenção


foi composta por 14 sessões grupais, que aconteceram uma vez por
semana em um intervalo de tempo de 60 minutos.
As estratégias planejadas para as sessões incluíram
treinamentos vivenciais, com feedbacks positivos para a modelagem
de comportamentos desejáveis. Ao decorrer dos encontros foram
explorados recursos lúdicos e audiovisuais, como jogos, músicas e
vídeos, associadamente a técnicas cognitivo-comportamentais, tais
como, role-play, exposição verbal, treinos em relaxamento, dentre
outros métodos, que foram adaptados ao longo da intervenção,
considerando as aquisições já realizadas e novas dificuldades e/
ou expectativas identificadas, pelas exposições dialogadas sobre os
temas das sessões.

Resultados e Discussão

As vivências utilizadas possibilitaram uma compreensão


profunda sobre o exercício de se colocar no lugar do outro, sem
julgamentos ou pré-conceitos. Por intermédio destas, os próprios
estudantes pontuaram seus limites e resistências, e compreenderam
a relevância da empatia nas relações interpessoais. Durante
o processo, conseguiram associar as habilidades trabalhadas,
apresentando situações cotidianas, nas quais pensamentos
disfuncionais, condicionamentos anteriores e ansiedade interferiam
negativamente. Muitos deram um novo significado as situações
vivenciadas na faculdade, em entrevistas de estágio e emprego,
reavaliando positivamente experiências, que em outros momentos
desencadeariam apenas inibições e comportamentos como fuga e
esquiva.
As vivências que focalizaram o autocontrole, expressividade
emocional e assertividade foram associadas fortemente. A dificuldade
em expressar sentimentos positivos e negativos conectava-se ao
desconhecimento da possibilidade de dizer e ouvir não, refletindo
como consequência, na resolução de conflitos. Portanto, esta etapa
do treinamento incluiu temas como: a) capacidade de dizer e aceitar
o não; b) expressão de sentimentos positivos e negativos; c) tomada

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


878 ANAIS X SIMPAC

de perspectiva do outro; d) pensamento causal e consequencial; e)


respeito aos direitos de cada um; f) lidar com críticas; g) acalmar-se
diante de situações problemas (DEL PRETTE et al., 2015).
Além destas observações, pôde-se refletir sobre outras
variáveis que podem reforçar a ansiedade no sujeito; a citar, sua
história de vida, autoimagem, como lida com a impossibilidade
de controle, críticas e os próprios elogios (FERREIRA et al, 2009).
Observa-se, portanto, que aspectos sociais e de personalidade podem
se emaranhar, devendo ser considerados e avaliados com igual
relevância; para que a compreensão sobre a déficit de habilidades
sociais e demais manifestações sejam amplas e contribuam
eficazmente nas interações sociais e na saúde destes indivíduos
(RIBEIRO e BOLSONI-SILVA, 2011).
Neste contexto, as habilidades acadêmicas foram treinadas
em conjunto às demais, de modo que, os comportamentos e
pensamentos fossem compreendidos em sua complexidade, e com
isso relacionados aos demais aspectos que atuam nas dificuldades,
nomeadas por eles como “sou tímido” “não sei falar”, “falo para
dentro”, “minha voz é esquisita” e outros. Tais dificuldades advém
de um histórico contingencial muito forte, totalmente associado a
impossibilidade de falhar, controle absoluto das situações, medo de
julgamentos e rejeições.
Pôde-se observar que, o fato de não poder controlar situações
desafiadoras e potencialmente aversivas, desencadeia sintomas
diversos, os quais interferem não apenas na saúde, mas no processo
de aprendizagem e relacionamentos (DEL PRETTE, 2015). Neste
sentido, o estudante se confronta com uma série de obrigações
externas e conflitos internos (referentes ao Eu), que tendem a
se tornar aversivos e complexos em termos de resolução. Ribeiro
e Bolsoni-Silva (2011) apontam que um ambiente universitário
negativo, predispõe o sujeito a quadros de ansiedade e depressão,
visto que não oferecem investimentos em práticas pedagógicas que
favoreçam a adaptação psicossocial.
Por intermédio deste treinamento, pôde-se compreender
aspectos diversos, ampliando o autoconhecimento a respeito das
reais dificuldades que se misturam às exigências frequentes do

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 879

âmbito acadêmico. Por estes motivos, o treino de Habilidades Sociais


realizado, não proporcionou apenas o desenvolvimento e adequação
de um repertório comportamental, mas uma compreensão profunda
sobre as modalidades relacionais; flexibilidade e rigidez cognitiva;
capacidade de superação em situações de crise; e outros fatores
emaranhados a uma série de experiências e apreensões particulares.

Considerações Finais

O treinamento de habilidades sociais de fato ocorreu, contudo,


além destas habilidades, desenvolveu-se uma movimentação interior
a respeito do próprio eu e do não-eu, levando-os a discernir aquilo
que os pertencia, e aquilo que carregavam em razão de construções
sociais. Tais questões puderam ser despertadas a partir de uma
experiência emocional corretiva e reflexiva, que incomodou a muitos,
mas veio a calhar a outros, de modo que limitações e resquícios
humanos, antes insuportáveis, passaram a ser vistos com menos
aversão e mais aceitação. Compreenderam que, o processo para a
liberdade inclui se livrar das amarras de pensamentos distorcidos,
questioná-los e modificá-los, porém, mais que isso, compreenderam
que viver implica em alguns momentos, errar, tremer, gaguejar,
esquecer, lembrar, retomar e prosseguir não como máquinas, mas
como humanos imperfeitos, contudo, questionadores e a serviço das
possibilidades.

Referências Bibliográficas

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Fatores associados à ocorrência de ansiedade dos acadêmicos de
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880 ANAIS X SIMPAC

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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 881

A SOMBRA NOS CONTOS DE FADA

Kellen Nayara de Souza1, Simone Silva Iamim Chequer2, Karina


Araújo Ferreira3

Resumo: Os contos de fada instituíram-se ao longo dos séculos


como importantes instrumentos para a expressão do pensamento
mítico, possibilitando, através de seus personagens, identificar
e reconhecer o lado luminoso, como também a própria sombra,
além dos conflitos internos e os medos. O presente estudo teve como
objetivo a apresentação do conceito junguiano de sombra, utilizando
como referência o conto A Bela e a Fera. Para tanto partiu-
se do rastreamento bibliográfico de Von Franz, além de outros
comentadores contemporâneos ao pai da psicologia analítica, que
abarcam um considerável conhecimento sobre a temática. É possível
observar a partir do referido conto, que o ideal de ego é extirpado à
medida que bem e mal, beleza e feiura, luminosidade e sombra, se
expressam como condição de todos. Por fim, deve-se ressaltar que,
a análise aqui realizada não teve como objetivo esgotar as reflexões
sobre o tema, tendo em vista que o conceito e o conto abordados
permitem uma vasta análise.

Palavras–chave: A bela e a fera; psicologia analítica, ideal de ego

Introdução

Os contos de fada constituíram ao longo dos séculos,


instrumentos para a expressão do pensamento mítico, atraindo
crianças e adultos. Suas histórias retratam problemas humanos,
individuais e coletivos que são universais, como uma das formas
de existir do sujeito, o que os tornam de grande contribuição
1
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kellennaiara@gmail.com
2
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: simonechequer@gmail.com
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: karinaaraujo.psi@gmail.com
3
Graduando em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: karinaaraujo.psi@gmail.com

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882 ANAIS X SIMPAC

psicológica. O significado mais profundo de um conto é diferente


para cada criança e até mesmo para a mesma, dependendo dos
interesses e necessidades do momento de vida em que se encontra
(BETTELHEIM, 2013).
Na psicologia junguiana representam a expressão de processos
psíquicos do inconsciente coletivo, possibilitando desta forma,
compreender as estruturas humanas básicas. Através de seus
personagens, vilões ou mocinhos, é possível identificar e reconhecer
a própria sombra, os conflitos internos e os medos. (VON-FRANZ,
1999). O que é rejeitado ao longo da vida se constitui como a sombra,
e, portanto, faz parte da psique humana.
Compreende-se como sombra os atributos inconscientes do
sujeito, sendo estes pouco conhecidos ou desconhecidos pelo mesmo.
Ao ser investigada, percebe-se que consiste em elementos pessoais e
coletivos, repletos de tendências e impulsos, por vezes vergonhosos
e rejeitados pelo sujeito, o que dificulta sua aceitação e integração
ao self. Deve-se enfatizar como processo importante na constituição
da personalidade, enxergar e admitir a existência da sombra. (VON-
FRANZ, 1985).
Apreendendo este conceito ilustrado pelo conto A Bela e a
Fera, é possível compreender a partir do “belo”, o lado virtuoso -
consciente, e da “fera” a parte obscura – inconsciente que constitui
o sujeito. É percebido ao longo do enredo, que a fera, apesar de sua
aparência ameaçadora, não é tão amedrontadora quanto parece,
possibilitando visualizar o lado bom e o mau inerente a todo ser
humano (CHVATAL, 2007). Diante do exposto, objetiva-se com este
trabalho, analisar o conceito junguiano de sombra, utilizando como
referência o conto A Bela e a Fera.

Material e Métodos

Trata-se de uma análise do conceito junguiano de sombra,


a partir do conto A bela e a Fera. O levantamento de dados se deu
pela leitura dos livros A sombra e o mal nos contos de fadas (1985);
A interpretação nos contos de fadas (1999) de Von Franz; e Contos
de fadas: histórias para crianças ou metáforas da vida humana,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 883

artigo de Chvatal (2007). Utilizou-se também das contribuições de


Bettelheim, (2013), por intermédio de seu livro A Psicanálise dos
contos de fadas, o qual contempla uma estrutura considerável sobre
a temática. A análise deste trabalho parte, portanto, de uma revisão
bibliográfica, tendo como base a perspectiva junguiana.

Revisão Bibliográfica

De acordo com Von-Franz (1985) o conto de fadas exprime


a estrutura psicológica elementar do sujeito, concebendo-se como
importante material psicológico para a reflexão de traços humanos.
Difere-se do mito, na medida em que se basta em seus elementos,
migrando melhor, e sendo compreendido independentemente
da civilização, onde o mito se insere em geral. Ainda segundo a
autora, embora os contos de fada também sejam influenciados
pela civilização, não se comparam ao mito, pois possuem aspectos
inteligíveis a qualquer pessoa, apesar da cultura e sociedade.
Como postula Bettelheim (2013) atingem crianças e adultos,
lidam com questões humanas universais e falam a todos os níveis
de personalidade, diferentemente de qualquer outra forma de
literatura.
Importa dizer que, ao contrário de muitos contos infantis
modernos, os contos de fada incluem o mal, assim como o bem;
isto é, o mal é onipresente tanto quanto a virtude. Isto deve-se ao
fato de que o bem e o mal, são inerentes a vida humana, portanto,
fazem parte de todo o homem (BETTELHEIM, 2013). Como afirma
CHVATAL (2007) existem dois lados no sujeito, um inconsciente,
obscuro, e outro consciente e luminoso, o qual tende a obedecer a
imposições morais, como a perfeição e beleza. Negar a existência
desse lado obscuro é arriscado, ao passo que este, é parte do
sujeito, e pode se manifestar em toda sua potencialidade quando
desconhecido ou mesmo rejeitado.
Em vista disso, reconhecer a existência do mal, é fundamental
para a integração dos aspectos que constituem o indivíduo,
tornando-o quem realmente é. No conto A Bela e a Fera, observa-

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884 ANAIS X SIMPAC

se a relação entre o belo, bondoso, admirável, e o feio e terrível,


representado pela Fera. No decorrer deste enredo, o que era visto
como excepcionalmente obscuro, apresentou seu lado luminoso
também, demonstrando a relevância da “integração de conteúdos
inconscientes pelo consciente” (p.3). Segundo Von-Franz (1985, p.11)
a sombra se constitui por elementos inconscientes, que deveriam
integrar-se ao complexo do ego, mas por uma série de razões, não o
são.
Neste sentido, ao refletir sobre a constituição da personalidade
consciente do sujeito, ressaltam-se os esforços para a incorporação
de aspectos valorizados culturalmente, ou seja, o ideal de ego;
aquilo que o indivíduo deseja ser, e que o faz rejeitar características
incompatíveis com os padrões estabelecidos (CHVATAL, 2007).
Estas características inaceitáveis, e por vezes reprimidas, são
elementos pelos quais a sombra se constrói. Assim, a sombra pode ser
definida como um conjunto de elementos inconscientes, individuais
e coletivos, que integram o sujeito, embora sejam desconhecidos ou
rejeitados, devido a sua discordância com os aspectos idealizados e
exigidos culturalmente (VON-FRANZ, 1985).
O conto A Bela e a Fera, retrata a história de um jovem
príncipe, transformado em fera por uma feiticeira, devido a sua
incapacidade de amar e dar valor a beleza existente no interior
das pessoas. Foi amaldiçoado, e apenas reverteria o feitiço, sob a
condição de amar verdadeiramente e ser correspondido. Bela, uma
jovem bonita e sonhadora, morava em uma pequena aldeia, na qual
também viviam, Gaston, um admirador de boa aparência, mas
extremamente rude e presunçoso; os demais aldeões e seu pai. Este,
em uma de suas viagens noturnas, refugiou-se do frio dentro do
castelo da Fera, e acabou aprisionado quando recolhia uma rosa
do jardim para a filha, que logo foi em seu socorro, tornando-se
prisioneira em seu lugar.
Na versão cinematográfica deste conto, produzida e
modernizada pela Wall Disney, Bela, ao se deparar pela primeira
vez com a Fera, se espanta e fica aterrorizada devido a sua aparência
monstruosa e sombria. No entanto, estando presa, arrisca-se em
um outro momento a investigar o interior do castelo, deparando-

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 885

se inesperadamente com o mesmo enraivecido, que a expulsa


imediatamente. Muito assustada, a moça corre pela floresta durante
a noite, e nesta fuga é atacada por lobos selvagens. A tempo é salva
pela Fera, que sai ferida do embate.
Agradecida, a jovem o leva para o castelo e cuida de seus
ferimentos. Durante este tempo juntos, os dois se apaixonam, e
é possível observar que, mesmo com os aspectos monstruosos da
Fera ainda presentes, seu lado virtuoso apresenta-se, havendo um
entrosamento do belo ao feio, o que demonstra a possibilidade de
integração destes elementos à consciência, bem como, de sua relação
com o mundo (CHVATAL, 2007). Por fim, após Fera demonstrar ser
bondoso e gentil, e Bela permanecer ao seu lado e declarar seu amor
apesar de seu aspecto sombrio ainda ser presente, o mesmo retoma
a sua aparência de príncipe. Ao aceitá-lo ainda enquanto monstro,
Bela possibilita sua transformação, evidenciando que “a sombra
não é tão monstruosa assim” (p.4).
O personagem Gaston, bonito, porém arrogante e egocêntrico,
ao descobrir que Bela se interessava pela Fera, reuniu toda a
aldeia para atacá-lo, expressando seu lado obscuro em toda sua
potencialidade e consolidando-o em maior proporção. De acordo com
Chvatal (2007, p. 3), como em um espelho invertido, o bem, visto
antes em Gaston e os aldeões, transformou-se em mal, e a Fera,
que representava o mal, transformou-se em bem. Desta forma,
observa-se no conto uma importante representação da sombra: O
príncipe era uma fera, mas também dócil e gentil; Gaston, não era
o herói ideal e formoso que aparentava e fingia ser, e a feiticeira
“má”, apesar da maldição, desejava ao príncipe a possibilidade de
experimentar o verdadeiro amor e compreender a verdadeira beleza
da vida.
Por intermédio deste conto, percebe-se que não há pessoas tão
somente boas ou más, embora em muitos casos, um lado se consolide
em maior ou menor proporção. Tornar a sombra consciente é tarefa
complexa, pois demanda o reconhecimento de aspectos obscuros
antes desconhecidos. Todavia, expressá-la e integrá-la à vida, é
ainda mais, pois exige o enfrentamento de resistências pessoais e
coletivas de difícil identificação, na medida em que se misturam aos

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886 ANAIS X SIMPAC

padrões morais e culturais, impostos e introjetados (VON-FRANZ,


1985, p.12). Por outro lado, ao decidir não aceitar a sombra, isto é,
negá-la a qualquer custo, o sujeito pode ser apanhado pelas costas,
sem a reflexão necessária, que o impediria de atuar destrutivamente
em relação a si e os outros.

Considerações Finais

Os contos de fada constituem-se como instrumentos


importantes, ao passo que ilustram processos humanos universais
e possibilitam identificação, simbolização e elaboração dos mesmos.
Além disso, são aparatos para lidar com os problemas do mundo,
ao retratarem realidades interiores e exteriores ao sujeito. Em A
Bela e a Fera, o ideal de ego, construído moral e culturalmente se
retira, na medida em que bem e mal, beleza e feiura, luminosidade
e sombra, se expressam não como exclusividade de alguns, mas
como condição de todos. Em função disto, a sombra é reconhecida e
integrada à consciência, e o mal não é mais, algo a ser extirpado a
todo custo, mas a ser acolhido e compreendido.

Referências Bibliográficas

BETTELHEIM, B. A Psicanálise dos Contos de Fada. São Paulo:


Paz e Terra, p. 9 a 29, 2013.

CHVATAL, V.L.S. Contos de fadas: histórias para crianças ou


metáforas da vida humana, 2007.

VON FRANZ, M.L.V. A Interpretação Dos Contos de Fada. São


Paulo:Paulus, p.248, 1999

VON FRANZ, M.L. A sombra e o mal nos contos de fada. São


Paulo: Paulus, p. 16, 1985.

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ANAIS X SIMPAC 887

UROLITÍASE RECIDIVANTE EM CAVIA PORCELLUS:


RELATO DE CASO

Débora Magalhães Abrantes1, Laíne Maris Varela2,


Leticia Bergo Coelho Ferreira3, Sâmara Turbay Pires4,
Waleska de Melo Ferreira Dantas5, Tatiana Borges de
Carvalho6

Resumo: O presente relato descreve o caso de um porquinho da índia


(Cavia porcellus), macho, de aproximadamente 5 anos de idade com
queixa de vocalização e hematúria. Após o exame físico, urinálise e
exame ultrassonográfico o mesmo foi diagnosticado com urolitíase.
Foi prescrito tratamento medicamentoso e o animal foi encaminhado
à cirurgia. Foi retirado um único cálculo, sendo esse constituído
predominantemente de carbonato de cálcio. Após quatro meses
o mesmo apresentou recidiva, sendo necessária nova cistotomia,
porém com a retirada de três cálculos, com as mesmas constituições
do primeiro. Informações referentes ao diagnóstico e tratamento das
diferentes afecções que acometem os animais denominados exóticos
ainda são escassas.

Palavras–chave: Bexiga, cálculo, cistotomia, cobaia, porquinho da


índia.

1
Ex. Graduando do Curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: debora.
abrantes86@gmail.com
2
Aluna de graduação do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail:
lainevarelapai@gmail.com
3
Professora do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: letbergo@gmail.com
4
Professora do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: samturbay@yahoo.
com.br
5
Professora do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail: wafedantas@yahoo.
com.br
6
Professora orientadora do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, e-mail:
tatianabcarvalho@yahoo.com.br

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888 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Porquinhos da índia (Cavia porcellus) são animais dóceis


originados nos Andes. De criação simples, estão se tornando animais
domésticos populares e frequentemente demandam cuidados
veterinários, sendo a urolitíase um problema comum. Embora sua
etiologia ainda não seja totalmente clara, uma dieta desbalanceada,
com elevadas concentrações de cálcio e a presença de infecções
bacterianas no trato urinário também podem ter participação na
formação de cálculos (STIEGER et al., 2002).
Os sinais clínicos estão relacionados com o local e tamanho do
cálculo e estes abrangem hematúria, estrangúria, disúria, polaciúria,
letargia e anorexia. Os cálculos vesicais devem ser removidos por
causar dor e cistite, já que predispõem infecções do trato urinário,
além da possibilidade de migrar para a uretra causando obstrução,
que consequentemente se não for tratada resulta em morte do
animal (QUESENBERRY E CARPENTER, 2012). O diagnóstico
pode ser baseado em sinais clínicos, exame físico, exames de urina e
exames de imagens como radiografia e ultrassonografia (HAWKINS
et al., 2007). Este trabalho teve como objetivo relatar o caso de um
porquinho da índia, macho, de aproximadamente 5 anos de idade,
que apresentou cálculo vesical recidivante.

Material e Métodos

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em


Pesquisa da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa – FACISA/
UNIVIÇOSA, que atende às resoluções do Colégio Brasileiro
de Experimentação Animal (COBEA) e do Conselho Federal de
Medicina Veterinária (CFMV), com protocolo número 147/2016-I.
Foi atendido no Hospital Veterinário da UNIVIÇOSA
um Cavia porcellus, conhecido popularmente como cobaia ou
porquinho da índia, macho, de cinco anos de idade, pesando 828
gramas. Durante a anamnese o proprietário informou que o animal
apresentava hematúria e vocalização e que sua alimentação era à
base de ração e verduras, sendo que o animal não tinha acesso a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 889

frutas. Foi realizado exame físico, urinálise e em seguida o paciente


foi encaminhado para realização do exame ultrassonográfico
abdominal.

Resultados e Discussão

No exame físico o animal apresentava bom escore corporal,


estando os parâmetros normais. À palpação abdominal havia
presença de dor intensa, com o animal apresentando vocalização,
sinais clínicos também relatados por Hesse e Niger (2009), que
observaram ainda dor a palpação, anorexia e apatia. Na urinálise
pode-se concluir que o paciente apresentava um quadro de cistite.
No exame ultrassonográfico abdominal a bexiga foi visibilizada
em topografia habitual, com conteúdo anecogênico, paredes
irregulares e espessadas compatível com diagnóstico de cistite.
Observou-se a presença de estrutura arredondada hiperecogênica
de aproximadamente 0,82 cm, formadora de forte sombra acústica
posterior (Fig. 1). Imagens essas compatíveis com o diagnóstico de
urolitíase.

Figura 1. A bexiga com conteúdo anecogênico, paredes irregulares


e espessadas (seta fina). Observa-se a presença de estrutura
arredondada hiperecogênica de aproximadamente 0,82 cm,
formadora de forte sombra acústica posterior (seta grossa).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


890 ANAIS X SIMPAC

Após a confirmação do diagnóstico presuntivo de urolitíase


vesical foi instituído um tratamento clínico e o paciente foi
encaminhado ao setor de cirurgia para confirmação do diagnóstico.
Através de celiotomia retro umbilical a bexiga foi exteriorizada,
sendo a cistotomia realizada na superfície ventral do órgão. Foi
removido um cálculo de aspecto arredondado com superfície rugosa
medindo 0,8 cm de diâmetro (Fig. 2)

Figura 2. Cálculo arredondado e superfície rugosa com 0,8cm de


diâmetro.

Passados quatro meses da primeira cirurgia, o animal retornou


apresentando os mesmos sinais clínicos descritos anteriormente. Foi
realizado exame ultrassonográfico sendo novamente diagnosticado
urolitíase, sendo encaminhado novamente para o procedimento
cirúrgico que foi realizado seguindo o mesmo padrão da primeira
cirurgia, sendo retirados três cálculos, dois com medidas de 0,4
cm e um com 0,8 cm de diâmetro, todos eles arredondados e de
superfície rugosa, similares ao retirado anteriormente (Fig. 3).
Durante a recuperação anestésica, o animal apresentou parada
cardiorrespiratória e veio a óbito.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 891

Figura 3. Cálculos retirados após urolitíase recidivante.

Estudos indicam que a alimentação desbalanceada, ou seja,


rica em cálcio seja um forte fator etiológico, comprovado no presente
caso, visto que o animal tinha como base da sua dieta a ração apesar
do acesso a verduras, o excesso de vitamina D também é um fator
importante, visto que ela aumenta a absorção intestinal de cálcio
(QUESENBERRY E CARPENTER, 2012). Outro possível fator
etiológico também encontrado no relato é a presença de bactérias
e leucócitos na urina, caracterizando uma cistite, funcionando
essa infecção como um conjunto de fatores predisponentes para a
formação de urólitos (STIEGER et al., 2002).

Considerações finais

Informações referentes ao diagnóstico e tratamento das


diferentes afecções que acometem os animais denominados exóticos
ainda são escassas. Um diagnóstico e tratamento precoces são
importantes para que não ocorra a obstrução uretral, tendo essa
uma correção mais complicada, podendo levar o animal a morte.
A análise da composição do cálculo é de extrema importância
para que medidas possam ser tomadas a fim de evitar recidivas e
consequentemente novos procedimentos cirúrgicos.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


892 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

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ANAIS X SIMPAC 893

A NÃO INCORPORAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO


E A EFETIVIDADE DE SEU COMANDO NORMATIVO

Larissa Soares de Freitas1, Lara Harmendani Lopes Nunes2,


Ângela Barbosa Franco3

Resumo: A manutenção do trabalhador no cargo de confiança,


após largo espaço de tempo, proporciona ao obreiro uma melhoria
do seu padrão de vida e gera uma dependência da gratificação de
função, fruto de sua responsabilidade e fidúcia, para suprir suas
necessidades pessoais e familiares. Nessa perspectiva baseou-se o
TST, ao sumular a manutenção da verba salarial após dez anos
de dedicação no cargo de confiança no caso de reversão. Todavia,
com o advento da Lei 13.467/17, a aplicabilidade da jurisprudência
encontra-se suplantada pelo §2º, do art. 468, da CLT. Mesmo assim,
despertou-se a dúvida quanto à efetividade do texto da Reforma
nos contratos em que o trabalhador já havia adquirido o direito
à gratificação de função. Apesar da Medida Provisória 808/17
afirmar que a Lei 13.467/17 atinge, na integralidade, os contratos
de trabalho vigentes, defendeu-se que o aproveitamento imediato
da lei não pode implicar em redução salarial das reversões em
que o obreiro alcançou os dez anos antes da nova normatização.
Para essas situações, o presente estudo concluiu que os princípios
da irredutibilidade salarial e do direito adquirido são comandos
normativos aos quais a Reforma Trabalhista deve se harmonizar.

Palavras–chave: Gratificação de função, inconstitucionalidade,


Lei nº. 13.467/2017, redução salarial

1
Graduanda em Direito da UFV. E-mail: larissa.s.freitas@ufv.br
2
Graduanda em Direito da FAVIÇOSA. E-mail: laraharmendani@gmail.com
3
Professora da disciplina de Direito do Trabalho da FAVIÇOSA. E-mail: angelafranco@univicosa.com.
br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


894 ANAIS X SIMPAC

Introdução

O princípio da inalterabilidade contratual lesiva determina


que as mudanças contratuais apenas são lícitas se decorrerem de
mútuo consentimento e desde que não causem efetivo prejuízo ao
empregado. No que concerne ao cargo de confiança, o texto celetista
preleciona que a reversão do trabalhador, por determinação do
empregador, para o cargo que ocupava anteriormente, decorre do
jus variandi empresarial. Dessa forma, independe de assentimento
do obreiro. Ocorre que a jurisprudência se firmou no sentido que
se o trabalhador, após dez ou mais anos de exercício no cargo de
confiança, vivenciar a reversão sem justo motivo pelo tomador de
serviços, não pode ter suprimida a gratificação de função. Em sentido
contrário, a Lei 13.467/17 positiva o tema e desafia não apenas os
fundamentos consolidados pelo TST, mas também os princípios
trabalhistas. Com fulcro nesse descompasso, este estudo objetivou
ressaltar os fundamentos que norteiam o posicionamento da súmula
372, I, do TST e a problemática aplicação da nova regra da CLT
para os contratos em que os trabalhadores já contavam com 10 anos
de prestação de serviços e após a Reforma Trabalhista passam pela
reversão.

Material e Métodos

O texto baseia-se em fontes secundárias e dá ênfase aos


princípios trabalhistas para, diante de uma vertente jurídico-
dogmática, aplicar o raciocínio dedutivo e analisar a efetividade do
§ 2º do art. 468 da CLT nos contratos vigentes no momento em que
a Lei 13.467/17 é inserida no ordenamento jurídico trabalhista.

Resultados e Discussão

O texto celetista estabelece um tratamento diferenciado aos


empregados exercentes de funções de gestão com amplos poderes
de mando e de direção. Trata-se de altos empregados, ocupantes de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 895

cargo de confiança, com expressivas atribuições e padrão salarial


mais elevado, à base de, no mínimo, quarenta por cento a mais do
salário do cargo efetivo, que normalmente não estão amparados
pelas regras atinentes à duração do trabalho, conforme dispõe o art.
62, caput, II e parágrafo único da CLT (BRASIL, 1943).
Tal espécie de empregado pode ser destituído pelo empregador
do cargo de confiança, a qualquer momento e sem motivo justo,
desde que retorne ao posto ocupado antes da ascensão. Esse tipo
de alteração contratual, nominada reversão, é considerada uma
alteração contratual lícita, de acordo com o §1º, do art. 468, da CLT,
renumerado pela Lei n. 13.467/17 (BRASIL, 2017a).
A manutenção do trabalhador no cargo de confiança, após
largo espaço de tempo, proporciona ao obreiro uma melhoria do
seu padrão de vida e gera uma dependência da gratificação de
função, fruto de sua responsabilidade e fidúcia, para suprir suas
necessidades pessoais e familiares. Nessa perspectiva, o TST, com
intuito de reduzir os efeitos prejudiciais da reversão, edita em 2005,
a súmula 372, I: “Percebida a gratificação de função por dez ou mais
anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo
a seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em
vista o princípio da estabilidade financeira” (BRASIL, 2005, online).
Importante asseverar que essa apreensão é antiga nos tribunais
e se encontra prescrita no Enunciado 209 do TST, de 19.09.1985
(BRASIL, 1985) e na Orientação Jurisprudencial 45 da SDI -1 do
TST, de 25.11.1996 (BRASIL, 1996). Todavia, após o advento da
Lei 13.467/17, a jurisprudência é suplantada pelo §2º, do art. 468,
da CLT ao determinar: “a alteração de que trata o § 1o deste artigo,
com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à
manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que
não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da
respectiva função.” (BRASIL, 2017a, online).
Note-se que a ausência de estabilidade no cargo de confiança,
reconhecida não apenas no §1º, do art. 468, mas também no art. 499
da CLT (BRASIL, 1943), apesar de prejudicial ao empregado, tem o
intuito de preservar o poder hierárquico do empregador. Afinal, como
o tomador de serviços é dotado de alteridade, possui a prerrogativa

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


896 ANAIS X SIMPAC

de promover alterações contratuais necessárias para melhorias


de seu empreendimento. Como a reversão é lesiva ao obreiro, a
jurisprudência tenta atenuar seus efeitos para os trabalhadores
que, pelo período mínimo de dez anos, vivenciaram as vantagens
remuneratórias inerentes ao cargo ou função de confiança, porém são
surpreendidos pela “modificação funcional inerente ao jus variandi
extraordinário” (DELGADO, 2018, p. 1219).
Para Delgado e Delgado (2017, p. 175), o §2º, do art. 468, da
CLT é exemplo do “caráter anti-humanista e antissocial da Lei da
Reforma Trabalhista, dirigida, essencialmente, à redução de custos
trabalhistas e previdenciários em favor da empresa empregadora”. A
novidade legal é antiética e vai de encontro ao que a jurisprudência
majoritária preleciona há décadas (DELGADO e DELGADO, 2017,
p. 175). Sob essa perspectiva, entre os juristas despertam-se dúvidas
quanto à efetividade do citado dispositivo legal nos contratos em
que o trabalhador já havia adquirido o direito à vantagem salarial
inerente ao cargo ou função de confiança. Apesar da Medida Provisória
808/17 (BRASIL, 2017b) afirmar que a Lei 13.467/17 atinge, na
integralidade, os contratos de trabalho vigentes, o aproveitamento
imediato da lei não pode implicar em redução salarial das reversões
em que o obreiro alcançou os dez anos antes da inovação normativa
(SILVA, 2017).
Interpretação diversa afronta diretamente os princípios do
direito adquirido e da irredutibilidade salarial, indicados nos
artigos 5º, XXXVI e 7º, VI, da Constituição Federal (BRASIL,
1988) e também se irradia em outros como os da inalterabilidade
contratual lesiva, da condição mais benéfica e da indisponibilidade
dos direitos trabalhistas. Não se pode olvidar que a Lei 13.467/17,
sobre o assunto em apreço, apenas visa o “enfraquecimento e a
descaracterização do salário do empregado” (DELGADO, 2018, p.
156), dessa forma, sua efetividade encontra-se comprometida, pois
somente pode ser tolerada em circunstâncias que ocupantes de
cargo de confiança sofrem a reversão após a vigência da Reforma
Trabalhista.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 897

Considerações Finais

A aplicação imediata da Lei 13.467/17, no que se refere


à supressão do adicional de gratificação de função, não pode se
estender aos trabalhadores que já possuíam dez anos ou mais de
exercício do cargo de confiança e foram revertidos antes da Reforma
Trabalhista. Afinal, trata-se de parcela com caráter salarial que
se incorporou ao conjunto de parcelas contraprestativas pagas
pelo empregador ao empregado e se torna intangível sob à luz
dos princípios da irredutibilidade salarial e do direito adquirido.
Portanto, a efetividade do §2º, do art. 468, da CLT encontra-se
limitada, pois somente pode ser tolerada em circunstâncias que
ocupantes de cargo de confiança sofrem a reversão após a vigência
da Reforma Trabalhista.

Referências Bibliográficas

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de 1943. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 2 abr. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 2
abr. 2018.

BRASIL. Enunciado 209 do Tribunal Superior do Trabalho.


Res. 14, de 12/09/85, DJU de 19/09/85. Republicada DJU de
07/10/85. Disponível em: <https://www.legjur.com/sumula/
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BRASIL. Lei n° 13.467, de 13 de julho de 2017a. Altera a Consolidação


das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1º de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


898 ANAIS X SIMPAC

8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim


de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/
l13467.htm>. Acesso em: 2 abr. 2018.

BRASIL. Medida Provisória n° 808, de 14 de novembro de 2017b.


Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Mpv/mpv808.
htm>. Acesso em: 2 abr. 2018.

BRASIL. Orientação Jurisprudencial 45 da SDI -1 do TST. DJ


25.11.1996. Disponível em: < http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/
OJ_SDI_1/n_s1_041.htm#TEMA45>. Acesso em: 2 abr. 2018.

BRASIL. Súmula 372 do Tribunal Superior do Trabalho. Res.


129/2005. DJ 20, 22 e 25.04.2005. Disponível em: < http://www3.tst.
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html#SUM-372>. Acesso em: 2 abr. 2018.

DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 17ª ed. São


Paulo: LTr, 2018.

DELGADO, M. G; DELGADO, G. N. A reforma trabalhista no


Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo:
LTr, 2017.

SILVA, H. B. M. Comentários à Reforma Trabalhista. São


Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 899

PERFIL SOCIOECONÔMICO E ETNOBOTÂNICO EM


POSTO DO PROGRAMA DA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) EM
VIÇOSA - MINAS GERAIS

Jéssyca Rodrigues Fialho1, Larissa de Cássia Basílio2, Grasielle


Soares Gusman3

Resumo: Estudos comprovam que 85% da população de países em


desenvolvimento fazem uso de plantas para tratamento de várias
enfermidades. Por isso, o presente estudo teve como objetivo verificar
o uso de plantas medicinais, determinando o perfil etnobotânico
e sua correlação com o perfil socioeconômico dos usuários de um
Programa da Saúde da Família (PSF) no bairro Santo Antônio, no
município de Viçosa/Minas Gerais. Utilizou-se uma metodologia
descritiva de caráter quantitativo, através de entrevistas com
56 famílias atendidas por esse programa. Constatou-se que os
usuários do PSF são de baixa renda, nível médio de escolaridade,
compartilham conhecimentos e crenças com familiares e fazem uso
de plantas medicinais sem qualquer orientação de profissional
qualificado. Os resultados demonstraram a necessidade de medidas
educativas e participação ativa de profissionais, para proporcionar
uso correto e racional de plantas medicinais, considerando que seu
uso indiscriminado resulta em prejuízos à saúde.

Palavras–chave: Atenção farmacêutica, conscientização,


substâncias naturais, tratamento alternativo

1
Graduada em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jessycafialho@yahoo.com.br
2
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: larissa.basilio@outlook.com
3
Professora do curso de Farmácia e coordenadora UniFito - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
grasiellegusman@univicosa.com.br

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900 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Plantas medicinais são aquelas que apresentam, na maioria


das vezes metabólitos secundários, que contenham características
terapêuticas, e a utilização dessas vem passando de geração para
geração desde os primórdios do tempo. Parcela significativa de
usuários de plantas medicinais frequentam o Programa de Saúde
da Família (PSF), que foi implementado no Brasil com o intuito de
remodelar a atividade assistencial a partir da atenção básica de
acordo com Sistema Único de Saúde (SUS) (SOUZA et al., 2013).
Trabalhos que traçam o perfil socioeconômico dos usuários
dos PSF’s mostram que grande número das pessoas não tem acesso
ao medicamento industrializado, recorrendo assim ao uso das
plantas medicinais (SOUZA et al., 2013; MESSIAS et al., 2015).
Dessa forma, as características das plantas medicinais devem
ser avaliadas de preferência por um profissional botânico ou da
saúde que esteja habilitado para garantir que a planta coletada é
realmente a da espécie que se deseja utilizar, o melhor período para
plantio e coleta, qual forma utilizar e o melhor meio de preparação.
O uso de plantas medicinais pelos usuários atendidos pelo
PSF é mantido e estimulado pela sabedoria tradicional, onde
as gerações mais antigas conservam e passam para as gerações
mais novas o conhecimento da utilização de espécies vegetais
para o tratamento de problemas de saúde (VENDRUSCOLO
et al., 2005). No entanto, essa indicação de plantas medicinais é
realizada sem acompanhamento profissional qualificado, podendo
acarretar em efeitos orgânicos indesejáveis. Portanto, para evitar
a uso indiscriminado das plantas medicinais, a população deveria
ter mais acesso a informação em relação aos riscos e benefícios da
utilização destas (ARAÚJO et al., 2014).
Assim, o presente estudo visou conhecer o perfil socioeconômico
dos usuários do PSF do bairro Santo Antônio em Viçosa – Minas
Gerais, no intuito de estabelecer uma correlação entre o uso de
plantas medicinais como primeira alternativa para o tratamento
de enfermidades e os fatores sociais e econômicos desse grupo de
usuários.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 901

Material e Métodos

A presente pesquisa apresentou caráter quantitativo conforme


orientado por Cervo e Bervian (2002) e os resultados foram
analisados utilizando-se o pacote de dados Microsoft Office Excel®
2007. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e pesquisa, da
UNIVIÇOSA, sob protocolo de aprovação nº 0376.0.133.000-08.
Os dados socioeconômicos foram coletados através da visitação
de 10% das famílias cadastradas no PSF do bairro Santo Antônio
em Viçosa - MG, num total de 560 famílias cadastradas, nos meses
de abril e maio de 2016.
Foi utilizado questionário a fim de saber do conhecimento
das famílias a respeito das plantas medicinais, sendo adaptado de
Messias et al. (2015) e continha perguntas do tipo “Escolaridade”,
“Conhece ou usa plantas medicinais?”, “Com quem aprendeu sobre
plantas medicinais?”, “Quais plantas utilizam e como é preparada?”,
“Qual parte da planta é utilizada?”, “Recebeu orientação de
profissionais do PSF para fazer o uso de tais plantas?”, e aplicou-o a
um membro de cada família, sendo este de idade igual ou superior
a 18 anos.

Resultados e Discussão

Após a aplicação do questionário, observou-se que das 56


famílias entrevistadas, 91% disseram conhecer e fazer o uso das
plantas medicinais como método alternativo de tratamento.
Resultados semelhantes foram apresentados por Araújo et al. (2014),
onde 84% dos entrevistados disseram fazer uso de tal tratamento
terapêutico. Observa-se que as plantas medicinais, há muito fazem
parte da cultura popular, e hoje são utilizadas e estudadas por
um grande número de adeptos e pesquisadores por conta das suas
aplicações na cura das doenças (SOUZA et al., 2013).
A tabela 1 apresenta as quatro (4) espécies de vegetais mais
citadas, dentre o total de vinte e uma (21), pelas famílias do presente
estudo, incluindo suas atividades biológicas e parte anatômica
usada.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


902 ANAIS X SIMPAC

Tabela 1. Plantas medicinais mais citadas pelas famílias atendidas


em um PSF e suas respectivas atividades biológicas.

Parte % de citação
Nome Nome Atividade
Anatômica das plantas/
Popular Científico Farmacológica
Usada família
problemas
digestórios,
problemas
Plectranthus
Boldo Folhas hepáticos, cistite, 18,5
barbatus
litíase biliar,
obsti-pação e
prisão de ventre.
estimula a
circulação e o
Leunurus
Macaé Folhas útero, abaixa a 10,5
sibiricus
pressão sanguínea
e eli-mina toxinas.
calmante,
antiviral, anti-
Folhas
Erva Lippia espasmódica,
frescas ou 9,0
Cidreira citriodora sudorífera,
secas
antiinflamatória e
antibiótica.
fortalecimento dos
Mentha x
Hortelã Folhas órgãos digestivos 7,0
villosa
e digestão

Muitas plantas medicinais citadas no presente estudo, também


foram relatadas nos estudos conduzidos por Araújo et al. (2014),
Messias et al. (2015) e Souza et al. (2013), com destaque para o
boldo, a erva-cidreira e a hortelã, como as plantas mais utilizadas.
Quanto à forma de preparo das plantas, constatou-se que
a infusão foi a mais utilizada, com 90% dos usuários, conforme
também observado por Araújo et al. (2014), apresentando 97% dos
usuários que preparam as plantas medicinais através da infusão,
sendo essa a forma de maior praticidade.
Avaliando o perfil socioeconômicos dos usuários, verificou-se
que das 51 pessoas que usavam plantas medicinais, as que mais
utilizavam eram aquelas que possuíam ensino médio completo
(39,3%), seguido dos que possuíam ensino fundamental incompleto

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 903

(19,6%), os que possuíam ensino fundamental completo (16%), os


que possuíam ensino superior completo (14,3%), os que possuíam
ensino médio incompleto (5,4%) e os que possuíam ensino superior
incompleto (5,4%). Resultados semelhantes foram apresentados
por Araújo et al. (2014), onde as maiorias dos entrevistados
abrangiam esse nível de escolaridade, prevalecendo os indivíduos
com ensino médio com 30,5% e ensino superior completo com 7,7%.
Os resultados indicaram que o uso de plantas medicinais independe
da escolaridade dos usuários, como confirmado por Messias et al.
(2015).
Ainda, dentre as pessoas que relataram que usam as plantas
medicinais, 79% responderam que aprenderam a utilizar as plantas
medicinais com membros da família, 3,5% com amigos, 3,5% através
de livros, 5% através de outros meios e 9% responderam que não
conhecem nenhum tipo de planta medicinal. Estudo de Souza et
al. (2013) também destacou que a maioria das pessoas obtiveram
conhecimento sobre as plantas medicinais com familiares. Isso
demonstrou a transmissão de conhecimento e crenças da medicina
tradicional para o reestabelecimento da saúde através do uso de
plantas medicinais.
Observou-se que os usuários de plantas medicinais se tratam
de maneira independente, com auxílio de parentes e amigos, se
automedicando. Quando questionados se receberam qualquer
orientação sobre o uso adequado de plantas medicinais, 100% dos
entrevistados disseram não receber nenhuma orientação por parte
dos profissionais do PSF ou qualquer profissional capacitado, o que
demonstrou que as pessoas usam as plantas acreditando apenas nos
benefícios que as mesmas podem trazer, desconsiderando que o uso
indiscriminado pode causar prejuízos à saúde, como a intoxicação e
reações alérgicas. A orientação de profissional devidamente formado
e habilitado, aliado à condução de campanhas educativas sobre as
espécies, coleta e preparação corretas, são fundamentais para trazer
melhorias e evitar usos desnecessários de plantas medicinais.
Os resultados do presente estudo são importantes para
conhecimento do público usuário de plantas medicinais e, além de
subsidiarem a bioprospecção de novos fármacos, servem como alerta

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


904 ANAIS X SIMPAC

à necessidade de maiores orientações quanto ao uso de plantas como


medicamentos. Ainda, o conhecimento sobre o uso tradicional dos
recursos naturais revela-se como estímulo para o desenvolvimento
tanto da área ambiental quanto da saúde.

Conclusões

Por meio de pesquisas como essas, observa-se que o uso de


plantas medicinais é realizado de modo indiscriminado e sem
orientação de profissional qualificado, sendo que a grande maioria
dos usuários o fazem através da automedicação ou conselhos
provenientes de amigos e parentes, não possuindo conhecimentos
sobre o uso de plantas medicinais da forma correta e racional.
Dessa forma, medidas educacionais devem ser tomadas,
considerando o público-alvo em relação ao seu perfil socioeconômico,
para que as plantas medicinais sejam utilizadas de forma consciente e
logo, como maior efetividade considerando seus riscos de toxicidade.

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, C.R.F.; SILVA, A.B.; TAVARES, E.C.; COSTA, E.P.;


MARIZ, S.R. Perfil e prevalência de uso de plantas medicinais
em uma unidade básica de saúde da família em Campina
Grande, Paraíba, Brasil. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 35, p.
233-238, 2014.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 3 ed. São


Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

MESSIAS, M.C.T.B.; MENEGATTO, M.F.; PRADO, A.C.C.;


SANTOS B.R.; GUIMARÃES, M.F.M. Uso popular de plantas
medicinais e perfil socioeconômico dos usuários: um estudo
em área urbana em Ouro Preto, MG, Brasil. Rev. Bras. Pl.
Med., Campinas, v. 17, p. 76-104, 2015.

SOUZA, C. M. P; BRANDÃO, D. O.; SILVA, M. S. P.; PALMEIRA,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 905

A.C.; SIMÕES, M.O.S.; MEDEIROS, A.C.D. Utilização de Plantas


Medicinais com Atividade Antimicrobiana por Usuários do
Serviço Público de Saúde em Campina Grande – Paraíba.
Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v. 15, n. 2, p. 188-193, 2013.

VENDRUSCOLO, G.S.; EISINGER, S.M.; SOARES, E.L.C.;


ZÁCHIA, R.A. Estudo etnobotânico do uso dos recursos
vegetais em São João do Polêsine, RS, Brasil, no período
de outubro de 1999 a junho de 2001. II – Etnotaxonomia:
critérios taxonômicos e sistemas de classificação folk. Revista
Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, 2005. v. 7, p. 44-72

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


906 ANAIS X SIMPAC

USO DE TERAPIAS ALTERNATIVAS E


COMPLEMENTARES POR PACIENTES ATENDIDOS PELO
PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) NA CIDADE DE
GUIRICEMA – MG

Ana Paula Toledo1, Larissa de Cássia Basílio2, Grasielle Soares


Gusman3

Resumo: Estudos comprovam que cerca de dois terços da população


mundial buscam por métodos complementares ou alternativos para
tratamento de várias doenças. Por isso, o presente estudo teve como
objetivo verificar o uso de terapias alternativas e complementares por
pacientes atendidos pelo Programa da Saúde da Família (PSF) no
bairro Taboa, no município de Guiricema - Minas Gerais. Utilizou-
se uma metodologia descritiva de caráter quantitativo, através de
aplicação de questionário semiestruturado em 75 pessoas atendidas
por esse programa. Dentre os entrevistados, 57,3 % disseram fazer
uso de algum tipo de terapia alternativa, sendo a mais utilizada
a fitoterapia, onde 34,9 % disseram fazer uso de chás e 25,6 %
de fitoterápicos, seguidos pelos rituais religiosos, homeopatia
e massagem. Concluiu-se que o uso de terapias alternativas e
complementares é uma realidade, embora ainda não sejam usadas
pela totalidade dos pacientes usuários de PSF, o que indica a
necessidade de maior divulgação acerca dessas terapias e de seus
benefícios na saúde do indivíduo.

Palavras–chave: Fitoterápicos, saúde pública, SUS

1
Graduada em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: paulinhatoledo@hotmail.com
2
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: larissa.basilio@outlook.com
3
Professora do curso de Farmácia e coordenadora UniFito – FAVIÇOSA/UNUVIÇOSA. E-mail:
grasiellegusman@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 907

Introdução

As terapias alternativas vêm crescendo por dois motivos


principais, devido a insatisfação com os tratamentos convencionais
e pelo aumento da utilização de produtos naturais. As principais
alternativas são os medicamentos fitoterápicos, a homeopatia, os
chás e rituais religiosos. O uso de massagens, yoga, tai chi chuan,
técnicas de relaxamento mental, musicoterapia e aromaterapia, que
também são tratamentos alternativos muito utilizados na medicina
chinesa, têm tido uma considerável procura para o alivio da dor
(MACHADO & JUNIOR, 2011).
Em 2006 foi aprovada a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares para o Sistema Único de Saúde
(SUS), a qual recomenda, para tratamento de diversas doenças,
a fitoterapia, tanto fitoterápicos como infusões a partir de plantas
medicinas e a homeopatia, sendo esses tratamentos distribuídos no
PSF com acompanhamento de profissional de saúde habilitado como
enfermeiros, farmacêuticos e médicos (ALMEIDA et al., 2012).
Anualmente, essa prática vem crescendo a cada dia devido
ao grande interesse da população por terapias menos agressivas e
por ser uma prática comum na sociedade e até mesmo pela falta
de medicamentos sintéticos (CRUZ & ALVIM, 2015). Portanto, o
presente estudo visou conhecer o uso de terapias alternativas e
complementares para o tratamento de enfermidades pelos usuários
do PSF em um bairro com maior densidade populacional de
Guiricema – Minas Gerais.

Material e Métodos

O presente estudo foi realizado considerando uma abordagem


quantitativa com aspectos descritivos e os resultados obtidos foram
analisados utilizando-se o pacote de dados Microsoft Office Excel®
2007, sendo os resultados expressos em taxas percentuais.
Os dados foram coletados a partir da visitação das famílias
cadastradas no PSF da Cidade de Guiricema – Minas Gerais, no
mês de setembro de 2017. O PSF foi escolhido por localizar-se na

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


908 ANAIS X SIMPAC

zona urbana e atender um grande número de famílias, no intuito de


se estabelecer uma maior representatividade do cenário observado.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e pesquisa,
da UNIVIÇOSA, sob protocolo de aprovação nº 148/2017-1 e um
termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado por cada
participante. Foram entrevistadas 75 pessoas, o que representa
90% de fidedignidade. Para isso, foram aplicados questionários
individuais em usuários com idade igual ou superior a 18 anos,
sendo que todos poderiam marcar mais de uma assertiva, sendo as
perguntas mais relevantes relacionadas ao tipo de doença que os
afligiam e uso de terapias alternativas ou complementares para o
tratamento das mesmas.

Resultados e Discussão

Dentre os 57,3 % dos entrevistados que disseram fazer uso


de terapias alternativas, observaram-se as seguintes subdivisões:
remédios caseiros (chás) 34,9 %; fitoterápicos 25,6 %, rituais
religiosos 18,6 %, massagens e homeopatia 7,0 %, musicoterapia 4,6
% e florais 2,3 %, conforme apresentado pela figura 1.

Figura 1. Terapias alternativas e complementares utilizadas


por pacientes atendidos por PSF em Guiricema – MG.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 909

Observou-se que a principal terapia alternativa ou


complementar utilizada foi relacionada com plantas medicinais,
seja na forma in natura como chás (infusões) ou medicamentos
fitoterápicos. Resultados semelhantes foram encontrados por
Rezende e Cocco (2002), onde a maioria dos entrevistados preferiram
utilizar plantas medicinais (chás e outros preparos) para o
tratamento de enfermidades quando comparado aos medicamentos
usuais. De acordo com Veiga Junior (2008), o elevado percentual de
usuários regulares de plantas medicinais pode ter correlação com
a proximidade desses indivíduos com reservas biológicas ou zonas
rurais.
No entanto, a utilização inadequada de plantas medicinais
pode desencadear reações adversas pelos seus próprios constituintes,
devido a interação com outros medicamentos ou alimentos, ou ainda
relacionados a características do paciente (idade, sexo, condição
fisiológicas, características genéticas, entre outros), podendo resultar
em inefetividade terapêutica. Portanto, o uso de plantas medicinais
deve ser feito de forma racional, visando à eficácia e a segurança no
tratamento, a qual mostrou ser necessária a participação efetiva de
profissionais da saúde habilitados, como farmacêuticos (COSTA, et
al., 1992).
As demais terapias alternativas, embora usadas por pequeno
percentual de entrevistados, devem ser consideradas como de grande
importância pelos profissionais da saúde já que também promovem
melhora tanto no estado físico quanto espiritual do indivíduo.
Quando questionados sobre doenças que os afligem, 52 %
dos entrevistados apresentaram doenças do aparelho circulatório,
34,6 % doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo,
32 % doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, 20 % doenças
do sistema nervoso, 9,3 % doenças do aparelho respiratório, 8 %
doenças infecciosas e parasitárias, 6,6 % neoplasias, 5,3 % doenças
do aparelho digestivo e 2,6% doenças do aparelho geniturinário,
sendo a grande maioria de caráter crônico e ainda mais de uma
doença por indivíduo.
Conforme relatado por Almeida et al. (2012), é comum o uso
de terapias alternativas para o tratamento de dor e inflamação,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


910 ANAIS X SIMPAC

problemas de circulação, asma, infecção urinária, dor de cabeça,


calmante, úlcera e gastrite, tosse, gripes e resfriados, doenças
ginecológicas, cicatrizante, entre outros usos, sendo tais dados
corroborados pelo presente estudo.

Conclusões

As terapias alternativas e complementares são uma realidade


e seu uso cresce a cada dia, com o objetivo de tratamentos menos
agressivos e também eficazes, especialmente para doenças
crônicas. No entanto, essa prática é feita sem acompanhamento de
profissional capacitado como o farmacêutico, o que pode resultar
em diversos danos à saúde. Portanto, haja vista a relevância das
terapias alternativas, é importante a maior inserção do profissional
de saúde no desenvolvimento dessas práticas para garantir a saúde
do indivíduo.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, J.R.G.S.; MOREIRA, P. R. M.; NOBRE, I. B. C.;


TUPINÁ, J. R. Uso de plantas medicinais em uma Unidade
de Saúde da Família no município de Juazeiro-BA. Interfaces
Científicas - Saúde e Ambiente, Aracaju, v. 01, n. 01, p. 9-18, out.
2012.

COSTA, M.A.; ANDRADE, C.L.Z.; VIEIRA, R.F.; SAMPAIO,


F.C. Plantas e saúde -guia introdutório a fitoterapia. Brasília:
Secretaria de Saúde do Distrito Federal, p. 63-5, 1992.

CRUZ, M. T.; ALVIM, M. N. Fitoterápicos: estudos com plantas para


fins terapêutico e medicinal. 2015. GOMES, M.N. Homeopatia e
câncer: uma revisão da literatura. Rio de Janeiro: Instituto
Hahnemanniano do Brasil, 2011.

MACHADO, B.F.M.T.; FERNANDES JUNIOR, A. Óleos


Essenciais: aspectos gerais e usos em terapias naturais,

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ANAIS X SIMPAC 911

Cadernos Acadêmicos, Tubarão, v. 3, n. 2, p. 105-127, 2011.

REZENDE, H.A.; COCCO, M.I.M. A utilização de fitoterapia


no cotidiano de uma população rural. Revista Escola de
Enfermagem, USP, v. 36, n. 3, p. 282-8. 2002.

SANTANA, D.S.T.; ZANINI, C.R.O.; SOUSA, A.L.L. Efeitos da


Música e da Musicoterapia na Pressão Arterial: uma revisão
de literatura. InCantare: Revista do Núcleo de Estudos e Pesquisas
Interdisciplinares em Musicoterapia, Curitiba, v.5, p. 37 – 57, 2014.

VEIGA JUNIOR, V. F. da. Estudo do consumo de plantas


medicinais na Região Centro-Norte do Estado do Rio de
Janeiro: aceitação pelos profissionais de saúde e modo de
uso pela população. Revista Brasileira Farmacognosia, João
Pessoa, v. 18, n. 2, jun. 2008.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


912 ANAIS X SIMPAC

COMPETÊNCIAS DE LIDERANÇA DO GESTOR PÚBLICO:


ESTUDO DE CASO COM UM PREFEITO DO INTERIOR DO
ESTADO DE MINAS GERAIS

Larissa de Oliveira Pena1, Iara Tatiara dos Santos Couto2, Daiane


Miranda de Freitas3.

Resumo: O presente trabalho tem como intuito identificar as


competências de liderança ideais que um gestor municipal deve
possuir para desempenhar o cargo de prefeito de forma qualificada e
vindo a contribuir com uma nova forma de gerenciar o setor público.
Para tal, foi realizada uma pesquisa qualitativa com aplicação de
uma entrevista semiestruturada, previamente aprovada por dois
peritos. Os resultados da entrevista revelam que para gerenciar
um setor público todas as dimensões tem seu papel de destaque,
entretanto, a ênfase na dimensão Colaborar foi a de maior
predominância, ressaltando que para gerir uma esfera municipal é
preciso da participação e colaboração tanto dos servidores quanto da
população, e que a escuta e o diálogo são ferramentas imprescindíveis
para conseguir realizar uma gestão eficiente.

Palavras–chave: Administração pública; desenvolvimento de


competências; gestão.

Introdução

No Brasil, especificamente, a gestão pública passou por uma


evolução significativa em relação a ir contra as características de
uma administração patrimonialista gerando, desta forma, um novo
modo de gestão que abarca princípios gerenciais e de liderança
1
Pós graduanda em MBA Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: larissapena@hotmail.com.
2
Pós graduanda em MBA Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: iarataticouto@yahoo.com.br
3
Gestora dos Cursos de Administração e Tecnologia em Processos Gerenciais, Professora no curso de Pós
Graduação em MBA Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: daiane@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 913

nos dias atuais (ROCHA, 2014). Neste contexto, ainda encontram-


se problemas na ruptura dos padrões de gerenciamento público
antigo, como implantar uma abordagem pautada em competências,
em ideais de liderança, pois ainda existe o grande desafio para a
administração que consiste na mudança de paradigmas, onde uma
instituição burocrática, hierárquica se torna uma organização
flexível e empreendedora (GUIMARÃES, 2000). Além da mudança de
paradigma e implantação de uma gestão pautada em competências,
a prefeitura como objeto deste estudo teria de esforçar para que
através da modificação na postura do prefeito como líder, esta
atingisse os seus liderados na forma de agir, pensar, comportar
e nos hábitos, o que, consequentemente, melhoraria o padrão de
qualidade dos serviços prestados (AMARAL, 2006).
A gestão pautada em competências citada acima, surgiu
por volta de 1980, quando houve questionamentos da maneira de
se trabalhar em vigor naquela época, foi então aí que começou a
anotar a relevância do tema sobre competências e de uma possível
gestão baseada em competências (ZARIFIAN, 2001). Enquanto
uma variedade de definições de competência tem sido sugerida
na literatura, no âmbito deste trabalho o conceito a ser adotado
compreende uma perspectiva holística baseada na capacidade dos
líderes gerenciais aplicarem de forma eficaz seus conhecimentos
e habilidades no desempenho das tarefas de gestão, através de
determinados comportamentos (LAWRENCE et al., 2009; QUINN
et al., 2012). Diante deste conceito, ressalta-se a importância de
adotar uma administração profissional no serviço público, com o
intuito de agregar e nortear esforços, principalmente aqueles que
estão relacionados a gestão de pessoas, propondo-se desenvolver
e apoiar-se as competências que veem como fundamentais para
alcançar se os objetivos propostos e visionados pela organização
(QUINN, 2003).
O Modelo dos Valores Concorrentes identifica as competências
de liderança em quatro dimensões (Colaborar, Criar, Controlar
e Competir), que reúnem 12 competências específicas e 36
comportamentos. As competências associadas à dimensão Colaborar
permitem avaliar os líderes em termos da sua efetividade nas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


914 ANAIS X SIMPAC

interações com as pessoas, da capacidade de promover envolvimento


e comprometimento dos membros da organização. A dimensão
Criar tem como foco as competências dos líderes relacionadas com
a implementação de mudanças, ao atendimento e antecipação
das necessidades de quem está envolvido externamente com a
organização e à motivação dos membros. Na dimensão Controlar,
o líder deve orientar os membros na condução das tarefas, bem
como controlar os projetos da organização e clarificar as políticas
institucionais, de modo a garantir que os procedimentos internos,
políticas e diretrizes são compreendidos por todos. As competências
associadas à dimensão Competir, enfatizam a competição, o esforço
e empenho do líder e a rapidez com que executa as suas tarefas e
resolve os problemas que surgem (LAWRENCE et al., 2009; QUINN
et al., 2012).
Sendo assim, tanto o sucesso quanto o insucesso de uma
organização pública depende de quem a governa, como por exemplo o
prefeito. Neste sentido, o objetivo deste estudo consiste em identificar
as competências de liderança ideais para prefeitos na percepção do
indivíduo que ocupa e desempenha tal cargo, contribuindo como
fonte de estudo inclusive para outros líderes públicos.

Material e Métodos

Participou deste estudo o prefeito de uma cidade do interior


de Minas Gerais, o qual não será identificado para garantir o
anonimato. Este prefeito que possui Ensino Médio Incompleto e
com vasta experiência em cargo de gestão municipal, de 1993 a
2000, atuou como vereador em dois municípios distintos, de 2001 a
2004 atuou como vice-prefeito, e hoje está em seu terceiro mandato
como prefeito na mesma cidade, atuando nos respectivos anos: 2005
à 2008, 2013 à 2016 e, atualmente, 2017 à 2020.
Foi aplicada uma entrevista semiestruturada elaborada com
base no enquadramento conceitual do MBI (FREITAS et al., 2015).
O roteiro da entrevista deste estudo constitui-se de 14 questões
abertas, envolvendo as dimensões do modelo utilizado: i) Colaborar,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 915

ii) Criar, iii) Controlar e iv) Competir. O prefeito foi previamente


contatado pessoalmente com o objetivo de esclarecer o objetivo da
pesquisa e solicitar a concessão de uma entrevista gravada. Aceito
o convite para participar, a entrevista foi agendada conforme local e
horário convenientes para o prefeito, sendo realizada às 14 horas, no
dia 02 de abril de 2018. No contato pessoal, o objetivo da pesquisa,
a confidencialidade e o anonimato foram reforçados, o Termo de
Consentimento assinado, seguido da entrevista propriamente dita,
a qual foi gravada com a autorização do entrevistado.
Inicialmente, procedeu-se à audição e transcrição na íntegra
(ad verbatim) da entrevista com o prefeito. Em seguida, foi entregue
ao prefeito a transcrição, a qual foi aprovada na íntegra. Procedeu-se
a análises repetidas da entrevista no sentido de promover a imersão
dos investigadores nos dados e, consequentemente, absorver
a sua extensão e profundidade. Após esta etapa, os dados foram
identificados e incorporados em categorias temáticas relacionando-
se com a realidade a ser analisada e o modelo teórico adotado neste
estudo.

Resultados e Discussão

Conforme objetivo proposto destaca-se a seguir as principais


competências de liderança ideais para a gestão municipal destacada
pelo prefeito entrevistado,
Na dimensão Colaborar ficou notório o quanto o prefeito
considera importante à participação colaborativa do líder,
exemplificando a sua realidade específica na relação com seus
liderados, sendo totalmente apta a abertura do diálogo, a
legitimidade da opinião dos funcionários e participação dos mesmos
nas decisões tomadas.

“... o prefeito não dá conta de olhar tudo e fazer tudo sozinho


e nem sempre ele tem a razão e é dono da razão, é preciso
escutar, conversar para conseguir administrar melhor.”

No tocante à mentoria e incentivo a um plano de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


916 ANAIS X SIMPAC

desenvolvimento de carreira, o prefeito considera importante, mas


aponta o não desenvolvimento desta competência, em muitos casos,
dada a restrição dos recursos financeiros na promoção dos servidores
públicos em cidades pequenas, como a dele.

“Acho muito importante ter um plano de carreira para os


funcionários na prefeitura, mas a gente tem que ver que cada
município é diferente, o nosso município que é pequeno que
tem poucos recursos às vezes não consegue atender o que
deveria fazer, como é feito em município maior que tem a
arrecadação maior, infelizmente fica um pouco prejudicado os
funcionários das prefeituras menores.”

Em relação a dimensão criar, destaca-se inicialmente que: a


relação que o gestor estabelece com o ambiente externo da prefeitura
tem em seu núcleo atribuições referentes tanto a esfera municipal,
quanto estadual e federal, além de estabelecer relacionamento com
o poder legislativo e judiciário. Entretanto, assim como refere o
prefeito existe uma limitação em relação a esta competência que
está relacionada à estrutura da instituição na qual lidam com o
curto tempo de administração e recursos reduzidos para conduzir os
trabalhos da prefeitura, onde ele estimula a participação de todos,
que possam dar opiniões, ideias, porém devido ao curto tempo e
também aos recursos que não são abundantes, por mais que haja
motivação para a competência para a criação de s projetos, nem
todos podem ser executados ou cumpridos.

“...os funcionários da prefeitura tem que valorizá-la, pois, é


nela que ele tem seu emprego, então tudo que ele trouxer de
novo e de bom é muito importante...”

Na dimensão controlar o prefeito destaca muitas vezes


a relevância do secretariado, atribuindo a importância desta
competência a ele, que desempenha mais a função de controlar a sua
equipe, uma vez que o número de funcionários é elevado para que
ele, o prefeito, possa estar controlando a função de cada um dos seus
liderados. Com isso, ele acha que a escolha do secretariado precisa

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 917

ser feito de acordo com os perfis da área a controlar, somado às


suas competências afins com o setor respectivo, já que nem sempre
consegue um profissional próprio da área, como ele mesmo ressalta
no trecho dizendo:

“... você ter um secretário de saúde sendo um médico seria


interessante se pudesse ter, mas infelizmente às vezes a
gente não tem condições financeiras no município de manter
um médico como secretário de saúde então a gente procura
pessoas que tem afinidade, habilidades naquela área que
possa corresponder tão quanto um profissional da área.”

Um ponto adicional relatado pelo prefeito em relação ao


controle dos processos refere-se às reuniões realizadas pelos
secretários, onde consegue supervisionar o trabalho mais de perto,
ver as necessidades e demandas e procurar em conjunto a melhor
resolução para tal. Em relação à dimensão competir, verificou-se
no depoimento do prefeito que a competição não é a preocupação
central da gestão municipal. O prefeito acredita que a soma é a
melhor estratégia para se administrar, acrescido da preocupação
com as necessidades da população.Verifica-se que o compromisso
com seus munícipes é a melhor estratégia, além de ser a mais justa
e honesta, já que ele está ali por escolha destes, e para serví-los.

“... acho que não tem que competir, temos que, o que é bom
no outro município buscar de exemplo para meu município,
não tem que ter competição nenhuma entre prefeitos e nem
do município com outro município, tem que buscar o que tá
dando certo lá e trazer para o nosso município e fazer vice e
versa, é um ajudando o outro.”

Considerações Finais

Diante do exposto, pode-se afirmar que as competências de


liderança ideais para o prefeito de uma cidade englobam todas as
dimensões do Modelo dos Valores Concorrentes, porém com ênfase
naquelas da dimensão Colaborador, onde o prefeito deve ter uma

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918 ANAIS X SIMPAC

visão do todo (servidores e população), um diálogo constante e


empatia como formas de encontrar soluções e realizar uma boa
administração pública.

Referências Bibliográficas

AMARAL, Helena Ker do. Desenvolvimento de Competências


de servidores na administração pública brasileira. Revista do
Serviço Público, Brasília, v.57, n.4, p. 549-563, Out./Dez. 2006.

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FREITAS, D. M., CARVALHO, M. J., COSTA, I. T., & FONSECA,


A. M. Evaluation of the psychometric properties of the Managerial
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Open Sports Sciences Journal. v.9, n.Suppl-1, p.71-80, 2015.

GUIMARÃES, T. A. A nova administração pública e a abordagem


da competência. Revista AP, Rio de Janeiro, v.34, n.3, p. 125-40,
Maio/Jun. 2000.

LAWRENCE, K. A., LENK, P., & QUINN, R. E.. Behavioral


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QUINN, R. E. et al. Competências gerenciais: princípios e


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QUINN, R. E. Applying the competing values approach to leadership:


Toward an integrative framework. In J. G.

Hunt, D.-M. Hosking, C. A. Schriesheim & R. Stewart (Eds.),


Leaders and managers: International perspectives on managerial

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behavior and leadership (pp. 10-27). New York: Pergamon Press,


1984.

ROCHA, A. O. Liderança no setor público. Trabalho de Conclusão


de curso. Pato Branco: Universidade Tecnológica do Paraná, 2014.

TESCH, R. Qualitative research: analysis types and software


tools. New York: Falmer Press, 1990.

ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica.


Tradução: Maria Helena C.V. Trylinski. São Paulo: Atlas, 2001.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


920 ANAIS X SIMPAC

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA GIARDÍASE EM


RESIDENTES DE ASSENTAMENTOS RURAIS DE MINAS
GERAIS

Emilio Campos Acevedo Nieto1, Larissa de Souza Iacomini2, Thales


Vinícius Antunes Marques3, Eliangela Saraiva Oliveira Pinto4

Resumo: As informações sobre giardíase em comunidades rurais são


raras no país. O objetivo desta pesquisa foi conhecer a epidemiologia
da giardíase, bem como identificar os fatores de risco associados
em residentes de assentamentos rurais criados pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária-INCRA no estado de
Minas Gerais. Foram coletadas e processadas 855 amostras de
seres humanos provenientes de 497 unidades de produção familiar,
amostradas aleatoriamente em 52 assentamentos do estado, além
da aplicação de 497 questionários epidemiológicos em cada unidade
familiar para coleta de dados sobre condições higiênico-sanitárias,
socioeconômicas e ambientais. Foram detectados 57 casos positivos
para giardíase nas sete regiões avaliadas, sendo que Triângulo
Mineiro e Noroeste apresentaram maior ocorrência. O não tratamento
da água e a má condição de armazenamento da mesma foram os
fatores de maior destaque para a infecção. Conclui-se que há maior
prevalência de giardíase no Triângulo Mineiro e Noroeste fato que
evidenciando a giardíase como um problema de saúde pública nestes
espaços. Sugere-se a execução de ações preventivas como melhoria do
saneamento básico e de educação em saúde.

Palavras–chave: Giardia intestinalis, prevalência, protozoário,


zona rural

1
Professor do departamento de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: ecanieto@
gmail.com
2
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: larissa.iacomini@gmail.com
3
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: thalesunivet@hotmail.com
4
Professora do departamento de Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eliangela@univicosa.
com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 921

Introdução

A Giardia intestinalis (Giardia duodenalis, Giardia


lamblia) é um protozoário da porção superior do intestino delgado e
constitui causa muito frequente de doença diarreica no ser humano
e em grande variedade de espécies animais. Por ser um parasito
frequente em grande parte do planeta, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) incluiu a giardíase no grupo de doenças negligenciadas
(SANTANA et al., 2014).
No Brasil, a prevalência de giardíase varia de 4% a 30% da
população, dentre estes, 20% a 60% correspondem a crianças com
idade entre 1 a 4 anos (PEDROSO; AMARANTE, 2006).
O homem adquire G.intestinalis através da ingestão de água,
alimentos ou levando a mão à boca contendo cistos, que são liberados
juntamente com as fezes do homem e de animais infectados. A
água tem sido um dos principais veículos de transmissão desta
parasitose intestinal, mesmo em águas tratadas e direcionadas ao
consumo humano, têm sido registrados ainda a presença de cistos
(PEDROSO; AMARANTE, 2006).
A manifestação clínica mais frequente é a síndrome diarreica,
caracterizada por diarreia de evolução crônica, contínua ou com
surtos de duração variável, acompanhada por cólicas abdominais.
Para diagnóstico é necessário encontrar trofozoítos, cistos, ou
antígenos de G.intestinalis em qualquer amostra de fezes ou fluido
duodenal (SANTANA et al., 2014).
Com base nestes conhecimentos, objetivou conhecer o perfil
epidemiológico da giardíase, bem como identificar os fatores de risco
associados em residentes dos assentamentos criados pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Minas Gerais.

Material e Métodos

Este estudo foi desenvolvido em assentamentos do estado


de Minas Gerais, que está localizado no Sudeste do Brasil e

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922 ANAIS X SIMPAC

distribuídos em sete regiões do estado, representado pelas regiões:


Jequitinhonha-Mucuri, Vale do Rio Doce, Norte Mineiro, Triângulo
Mineiro, Noroeste, Alto Paranaíba e Centro-Sul.
O delineamento baseou-se em um estudo transversal com
dados coletados em 497 unidades de produção familiar e amostradas
aleatoriamente em 52 assentamentos do estado de Minas Gerais em
2014, obtendo amostras biológicas de 855 seres humanos. A
coleta de dados foi desenvolvida por meio de inquérito epidemiológico,
sendo possível coletar informações sobre condições sanitárias e de
higiene como origem, tratamento e condição de armazenamento da
água e destino do esgoto.
Foram coletadas também amostras de fezes de cada
membro das sete regiões. Os contentores foram deixados para
coleta com o entrevistado após as entrevistas. O procedimento foi
explicado a todos os presentes e as amostras foram coletadas no dia
seguinte. Cada amostra (20-30g) foi submetida num recipiente de 50
ml contendo 25 ml de solução conservante MIF (Merthiolate-Iodine
Formaldehyde) (Renylab®) para permitir transporte e posterior
análise parasitológica em laboratório especifico da Universidade
Federal de Viçosa.
A presença de ovos helmintos nas fezes foi examinada
microscopicamente usando a técnica Hoffman-Pons-Janer (HPJ) e
cada amostra foi examinada em duplicata.
Os resultados obtidos foram cadastrados e apresentados
por meio frequências relativas, sendo aplicado também o Odds
Ratio (OR) com intervalo de confiança (95%) para determinar a força
de associação entre as variáveis de estudo, utilizou-se o programa
BioEstat 5.0.
Durante todo estudo, respeitou-se as condutas de ética em
pesquisa.

Resultados e Discussão

Verificou-se um total de 57 casos positivos para giardíase


nas amostras de fezes dos indivíduos participantes dentre as sete
regiões avaliadas, distribuídos conforme tabela 01.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 923

Tabela 01: Distribuição dos casos positivos de giardíase por região


Casos
Região
positivos (%)
Região 1 - Jequitinhonha - Mucuri 5,2
Região 2 - Rio Doce 8,7
Região 3 – Norte Mineiro 12,2
Região 4 – Triângulo Mineiro 28,0
Região 5 - Noroeste 28,0
Região 6 - Alto Paranaíba 14,0
Região 7 - Centro-Sul 3,5

Dentre as regiões avaliadas, observa-se maior prevalência
de giardíase no Triângulo Mineiro e Noroeste, já Centro-Sul, foi a
região com o menor número de casos.
No Brasil, e em países em desenvolvimento, a ocorrência
de parasitoses é frequente e as variações de prevalência
estão relacionadas às condições de saneamento básico, nível
socioeconômico, grau de escolaridade, idade e hábitos de higiene
(BASSO et al., 2008).
Com base na avaliação das condições sanitárias e de
higiene como: localização geográfica, tratamento e condição de
armazenamento da água, destino do esgoto, presença de horta e
tipo de irrigação realizado, identificou-se os principais fatores de
risco, por região, associado aos casos positivos de giardíase. O não
tratamento e a má condição de armazenamento da água foram
fatores de maior destaque nas regiões assim como contaminação por
meio da irrigação da horta, confirmando que a água desempenha
um papel importante como veículo de transmissão da G.intestinalis.
Vale ressaltar também que Centro-Sul foi a região com menor
número de casos e não apresentou associação positiva aos fatores
de risco estudados (Tabela 02).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


924 ANAIS X SIMPAC

Tabela 2 – Principais fatores de risco por região


Odds
Fator de Risco - Exposição
Ration
Região 1 - Jequitinhonha - Mucuri

Condição ruim de armazenamento de água 4,8

Região 2 - Rio Doce

Esgoto a céu aberto, rio e córrego 2,9

Região 3 – Norte Mineiro

Água de mina ou nascente 4,2

Condição ruim de armazenamento de água 9,4


Irrigação da horta com água de mina ou
4,3
nascente
Região 4 – Triângulo Mineiro

Não tratamento da água 9,8

Condição ruim de armazenamento de água 2,1


Irrigação da horta com água de mina ou
2,1
nascente
Região 5 – Noroeste

Água de mina ou nascente 1,6

Presença de horta 2,5

Região 6 - Alto Paranaíba

Água de mina ou nascente 2,6


Irrigação da horta com água de mina ou
6,7
nascente

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 925

A água tem sido um dos principais veículos de


transmissão das parasitoses intestinais, mesmo em águas tratadas
e direcionadas ao consumo humano, pois os cistos são resistentes
à cloração e a eficácia de sua remoção por desinfecção é pouco
conhecida (HELLER et al., 2004).
Estima-se que apenas 18% da população mundial tem
acesso à água potável de qualidade e, como consequência, mais de
cinco milhões de pessoas morrem anualmente, devido às doenças
associadas ao consumo da água contaminada e ao esgotamento
sanitário inadequado (WHO,2011). Cerca de 88% das mortes por
diarreia em todo o mundo estão relacionadas a doenças de veiculação
hídrica. Somente no Brasil, 396.048 pessoas foram internadas por
diarreia em 2011; destas, 138.447 foram crianças menores de cinco
anos (35% do total) (GROTT et al., 2016).

Conclusão

Conclui-se que há maior prevalência de giardíase nos


assentamentos do Triângulo Mineiro e Noroeste quando comparada
com os assentamentos das demais regiões. Os fatores de risco
associados de maior destaque nas regiões avaliadas correspondem
ao não tratamento, a má condição de armazenamento da água e a
contaminação por meio da irrigação da horta.
Este fato é evidência de que a giardíase é um problema de
saúde pública necessitando de prevenção por meio de melhorias de
condições de saneamento básico e de educação em saúde. Sugere-se
ampliação da pesquisa para outras comunidades rurais.

Referências Bibliográficas

BASSO, Rita Maria Callegari et al. Evolução da prevalência de


parasitoses intestinais em escolares em Caxias do Sul, RS. Rev.
Soc. Bras. Med. Trop.,  Uberaba, v. 41,  n. 3,  p. 263-268, junho
2008.

GROTT, S. C.; HARTMANN, B.; FILHO, H. H. S.; FRANCO, R.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


926 ANAIS X SIMPAC

M. B.; GOULART, J. A.G. Detecção de cistos de Giardia spp. e


oocistos de Cryptosporidium spp. na água bruta das estações
de tratamento no município de Blumenau, SC, Brasil. Rev.
Ambient. Água, vol. 11 n. 3. Taubaté, julho/setembro 2016.

HELLER, L; BASTOS, RKX, VIEIRA, MBCM, BEVILACQUA,


PD, BRITO, LLA, MOTA, SMM, OLIVEIRA, AA, MACHADO,
PM, SALVADOR, DP, CARDOSO AB. Cryptosporidium oocysts
and Giardia cysts: environmental circulation and Health risks.
Epidemiol. Serv. Saúde, v. 13, n. 2, p: 79-92, 2004.
PEDROSO, R. F., AMARANTE, M. K. Giardíase: aspectos
parasitológicos e imunológicos. Biosaúde, Londrina, v. 8, n. 1,
p. 61-72, jan./jun. 2006.

SANTANA, L.A.; VITORINO, R.R.; ANTONIO, V.E., MOREIRA,


T.R.; GOMES, A.P. Atualidades sobre Giardíase. Jornal
Brasileiro de Medicina, vol 102, 7-10, 2014.

WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Guidelines for


drinking-water quality. 4. ed. Geneva, 2011.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 927

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE O USO DE


SUPLEMENTOS ALIMENTARES POR PRATICANTES DE
EXERÍCIOS FISICOS EM UMA ACADEMIA DE VIÇOSA,
MG

Renata de Freitas Stanciola1, Viviane Gomes Lelis2, Larissa dos


Santos Silva3

Resumo: A procura por uma vida saudável, com alimentação


equilibrada aliada à prática de exercícios físicos regulares, tem
aumentado nos últimos anos. Atualmente muitas pessoas procuram
academias por estética de forma que podem exagerar no consumo
de suplementos nutricionais. A busca pelo uso de suplementos
nutricionais vem crescendo cada vem mais, desta forma, este estudo
teve como objetivo avaliar o conhecimento e os fatores associados ao
consumo de suplementos nutricionais pelos praticantes de atividade
física em uma academia na cidade de Viçosa/MG. A pesquisa foi
realizada em uma academia com alunos que praticavam diferentes
modalidades esportivas como zumba, musculação, jump, ritmos e
aeróbico. Foram entrevistados 29 voluntários, com idade entre 17 a
48 anos, os quais responderam a um questionário, contendo questões
abertas e fechadas. De acordo com os resultados do estudo, a maioria
dos entrevistados não utiliza suplemento alimentar 69% (n=9),
demonstrando um conhecimento razoável, no entanto, a prescrição
de dietas e/ou suplementos nutricionais cabe ao nutricionista, pois
necessita de uma avaliação detalhada sobre as reais necessidades
de cada indivíduo. Neste contexto, faz-se necessário uma maior
integração e comunicação entre nutricionistas, médicos, educadores
físicos, e demais membros da equipe multidisciplinar para que a
utilização dos suplementos seja feita de maneira segura.

Palavras–chave: Alimentação, consumo, esporte, modalidades,


saúde
1
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: renatastanciola@hotmail.com
2
Professora– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: vivianegomeslelis@gmail.com
3
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.E-mail: larissadossilva@yahoo.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


928 ANAIS X SIMPAC

Introdução

A procura por uma vida saudável, com alimentação equilibrada


aliada à prática de exercícios físicos regulares tem aumentado
tanto entre os que o praticam por motivos estéticos quanto os que o
fazem para manutenção de um estilo de vida saudável (ARAÚJO;
SOARES, 1999; DURAN et al., 2004). A disseminação de padrões
estéticos estereotipados como o corpo magro, com baixa quantidade
de gordura ou com elevado volume e tônus muscular, além da busca
pelo melhor condicionamento físico para manutenção da saúde,
aumentou a procura por academias de ginástica, principalmente
por indivíduos sem vínculo profissional com esportes (PEREIRA;
CABRAL, 2007).
Nos esportes, vários recursos ergogênicos têm sido usados
em virtude da sua suposta capacidade de melhorar o desempenho
atlético por meio da sua potência física, da força mental ou da
vantagem mecânica (TIRAPEGUI; CASTRO, 2012). Dentre as
diferentes classes de recursos ergogênicos, os métodos nutricionais,
como carboidratos, vitaminas e aminoácidos de cadeia ramificada,
dentre outros, são bastante populares entre atletas e praticantes
de exercício, devido ao baixo custo e fácil acesso (MAUGHAN;
DEPIESSE; GEYER, 2007).
Este trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento
e a prevalência do consumo de suplementos nutricionais pelos
praticantes de atividade física em uma academia na cidade de
Viçosa/MG e os fatores associados ao seu consumo.

Material e Métodos

A pesquisa foi desenvolvida após aprovação pelo Comitê de


Ética em Pesquisa Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa
–FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.Número do Parecer: 2.189.743 (CAAE
:71467317.9.0000.8090), atendendo à Resolução 466/12 do Conselho
Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP.Esta pesquisa constituiu-
se de um estudo do tipo descritivo de opinião, aquele que não possui
a intervenção do pesquisador e ao mesmo tempo é transversal,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 929

por ser um estudo simples, econômico e com uma curta duração.


A coleta de dados foi realizada na Academia UP Sport Center na
cidade de Viçosa-MG após a autorização do estabelecimento. O
critério para selecionar o grupo de participantes foi frequentadores
de academias, que praticarem exercícios físicos por 60 minutos ou
mais, pelo menos três vezes por semana, o instrumento de coleta de
dados foi um questionário contendo questões abertas como: idade,
peso, altura, tipo de atividade praticada (musculação, Zumba,
ritmos, Jump e exercícios aeróbicos), quantas vezes/semana, há
quanto tempo, objetivo da prática de atividade física e questões
fechadas: tipo de suplemento consumido; quem indicou o uso desses
suplementos e a razão para o consumo dos mesmos. Afixado ao
questionário estava o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
para a autorização da utilização dos dados de forma sigilosa com
finalidade de pesquisa científica. Nesse momento foi ressaltada a
importância da veracidade das informações prestadas. Os dados
foram tabulados no programa Microsoft Excel versão 2010 para
posterior avaliação.

Resultados e Discussão

Foram entrevistados 29 voluntários praticantes de exercícios


físicos, com média de idade de 26 anos, sendo a mínima de 17 anos
e máxima de 48 anos. Desta amostra, 31% (n= 9) utilizavam algum
tipo de suplemento nutricional e 69 % (n= 20) não faziam uso dos
mesmos. Quanto ao tipo de exercício físico praticado, observou-se
que as atividades mais citadas foram a musculação 40% (n=24),
seguida de exercícios aeróbicos 23% (n=14).
Verificou-se os tipos de produtos utilizados de acordo com
a sua formulação. A partir dos indivíduos que utilizavam algum
tipo de suplemento observou-se que a maioria 36% (n=10),
mencionaram fazer uso de suplementos proteicos. Estes resultados
não diferenciaram muito dos obtidos por Albino, Campo e Martins
(2009), o qual obteve 30% de produtos proteicos, 29% aminoácidos,
13% vitaminas e minerais, 25% carboidratos e hipercalóricos e
3% de promotores da beta oxidação de lipídeos. Foi observado

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


930 ANAIS X SIMPAC

que o uso de suplementos a base de aminoácidos e proteínas são


os predominantes entre os praticantes de musculação. Estes
consumidores relataram que usam estes produtos com o intuito
de aumentar a massa muscular, redução da gordura corporal e
aumento da energia e desempenho atlético.

Figura 1: Distribuição da porcentagem de uso de diferentes


suplementos nutricionais por praticantes de atividade física de
uma academia de ginástica, Viçosa, M.G. 2017.

A partir questionário foi permitido avaliar o conhecimento


dos praticantes de exercícios físicos por meio de questões contendo
verdadeira ou falsa sobre a influência da nutrição no desempenho
do exercício que foi elaborado a partir de conceitos básicos sobre
nutrição esportiva e de “conceitos” difundidos normalmente entre
os praticantes de atividade física, obtivemos bastante respostas
corretas, o que mostra que hoje em dia as pessoas estão mais bem
informadas. Da utilização dos nutrientes como fonte de energia
para o exercício, 55% replicou corretamente que a proteína não é
o macronutriente a principal fonte de energia para o músculo em
atividade (P1). A respeito dos prejuízos que a ingestão excessiva
de proteínas acima dos valores recomendados pode trazer ao
organismo (P2), 90% compreendem acertadamente que o excesso
pode induzir efeitos deletérios, como sobrecarga para as funções

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 931

hepática e renal. Nas questões envolvendo o conhecimento


sobre a influência das proteínas no exercício, apenas 14% (n=4)
dos participantes respondeu corretamente sobre a necessidade
diária deste macronutriente (P3). Na (P5), 76% (n=22) entendem
acertadamente que a ingestão de carboidratos na dieta tem grande
importância para os indivíduos ativos necessitando inclusive, ser
aumentada. Sobre o glicogênio muscular 90% (n=26) entendem
que são fornecidos pelos carboidratos que é a principal fonte de
substrato energético para o músculo em atividade, podendo afetar
positivamente ou negativamente a energia disponível durante
o exercício. Sobre a importância dos Lipídios (gorduras) na dieta
do atleta P6, 79% (n=23) compreendem acertadamente que os
lipídios são nutrientes essenciais para a conservação da boa saúde
e desempenho esportivo.
Sobre a importância da hidratação durante o exercício
(P7), 45% (n=13) dos participantes acreditam que a sede é um
apontador natural para a necessidade de tomar água, o que não
está certo, durante a prática de exercícios, existem fatores que
danificam nossa capacidade de sustentar o balanço hídrico, entre
eles, encontra-se a funcionalidade inadequada do reflexo da sede.
Em humanos, a sede não é capaz de estimular a ingestão de
líquidos na mesma velocidade com que eles são perdidos e sabe-
se que, a desidratação em atletas, pode trazer grandes perdas nas
respostas fisiológicas como alterações no equilíbrio eletrolítico,
comprometimento no sistema cardiovascular, fadigas musculares e
consequentemente diminuição da performance física (SBME, 2003).
Em P8, 86% (n=25) responderam corretamente que saltar refeições
não é justificável quando é indispensável promover rápida perda
de peso. Em P9 dietas altamente restritivas representam prejuízos
sob a saúde, ás dietas da moda, programas de alimentação que
abolem certos alimentos e enfatizam outros, são nutricionalmente
desequilibradas, 41% (n=12) apontaram verdadeiro, o que pode ser
preocupante. Se assemelhou muito com o estudo feito por De Almeida
et al. (2012). Onde as respostas dos indivíduos se comparam bem a
este estudo.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


932 ANAIS X SIMPAC

AVALIAÇÃO DE COMPOSTOS DERIVADOS DE QUINONAS


COM ATIVIDADE VIRUCIDA CONTRA HERPESVÍRUS

Laura Morais Nascimento Silva1, Priscila Cristina Bartolomeu


Halicki2, Kelly Cristina Gallan de Moura3, Renata Nobre da
Fonseca4, Daniela Fernandes Ramos5, Silvia de Oliveira Hübner6

Resumo: Há pouca disponibilidade de fármacos que sejam capazes


de prevenir ou combater doenças virais. Embora as quinonas possuam
diversas atividades biológicas descritas, sua atividade antiviral é
pouco relatada. Dessa maneira, esse trabalho teve como objetivo
avaliar a atividade in vitro de compostos derivados das quinonas
frente ao ciclo replicativo do herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV-1).
O ensaio foi realizado comparando a diferença entre o título viral
nas células MDBK (Madin-Darby bovine kidney) não tratadas e
tratadas com sete compostos, em concentrações não citotóxicas. Os
resultados obtidos mostraram que duas das sete moléculas testadas
apresentaram percentuais de inibição significativos, enquanto três
delas tiveram baixo potencial antiviral e as outras duas nenhuma
ação contra o BoHV-1. Os resultados permitiram constatar que
pequenas mudanças nos radicais das moléculas alteraram sua
interação com BoHV-1.

Palavras–chave: Antiviral, herpesvírus bovino, terapia


antiherpesvírus

1
Graduanda do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas. e-mail: lmoraisns@
gmail.com
2
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande
3
Pós-Doutoranda no Instituto de Pesquisas em Produtos Naturais, IPPN da Universidade Federal do Rio
de Janeiro
4
Graduanda do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas. e-mail:
renatanobredafonseca@gmail.com
5
Prof.ª Dr.ª da Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande. e-mail: daniferamos@gmail.
com
6
Orientadora, Prof.ª Dr.ª da Faculdade de Veterinária, Universidade Federal de Pelotas. silviaohubner@
gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 933

Introdução

O herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV-1) é pertencente à


família Herpesviridae, à subfamília Alphaherpesvirinae e ao gênero
Varicellovirus. Com genoma DNA e provido de envelope glicoproteico,
é um vírus de grande importância em medicina veterinária, estando
associado à doenças respiratória, genitais e abortos.
A produção de fármacos antivirais que sejam capazes
de impedir ou debelar uma infecção é fundamental, entretanto
a disponibilidade dessas substâncias é pequena. Para o
desenvolvimento de novas drogas antivirais, diversos estudos têm
sido realizados com base em substâncias naturais e sintéticas com
a finalidade de definir e caracterizar novos compostos que tenham a
capacidade de inibir o ciclo replicativo viral e, dessa maneira, serem
aplicados como modelos para novas drogas, como as moléculas
derivadas da classe das quinonas.
Diferentes estudos referentes à atividade biológica das
quinonas têm sido descritos, como sua ação bactericida (MOREIRA
et al., 2017), fungicida (CHAUDHARI et al., 2017), antiparasitária
(MATA-SANTOS et al., 2016), antiviral (MIN et al., 2002) e
antitumoral (KONOSHIMA et al., 1989). Todavia, sua atividade
contra vírus que infectam animais nunca foi reportada.
O objetivo desse estudo foi demonstrar a atividade antiviral
in vitro de sete quinonas sintéticas: 2,2-dimethyl-3,4-dihydro-
2H-benzo[g]chromene-5,10-dione (C15H14O3), 2,2-dimethyl-2,3-
dihydronaphtho[2,3-b]furan-4,9-dione (C14H12O3), 2-(allyloxy)
naphthalene-1,4-dione (C13H10O3), 2,3-dichloronaphthalene-
1,4-dione (C10H4Cl2O2), 2-(phenylamino)naphthalene-1,4-dione
(C16H11NO2), 4,5-dichloro-3,6-dioxocyclohexa-1,4-diene-1,2-
dicarbonitrile (C8Cl2N2O2) e 2,3,5,6-tetrachlorocyclohexa-2,5-diene-
1,4-dione (C6Cl4O2), aqui denominadas 1636, 2275, 3282, 3377,
3380, 3400 e 3406, respectivamente, contra o BoHV-1.

Material e Métodos

Cultivo de células

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


934 ANAIS X SIMPAC

Células MDBK (Madin-Darby bovine kidney) foram


mantidas em meio essencial mínimo (E-MEM) suplementado com
10% de soro fetal bovino (Gibco), penicilina (Sigma-Aldrich, USA),
estreptomicina (Vetec, Brasil), enrofloxacina (Bayer,Brasil) e
anfotericina B (Cristália, Brasil) a 37 °C em estufa contendo 5% de
CO2.

Moléculas
As quinonas avaliadas neste estudo foram sintetizadas
no instituto de Pesquisas de Produtos Naturais (UFRJ), através
da condensação da ß-lapachona, de acordo com a metodologia
previamente descrita por De Moura et al. (2001). Os compostos
foram solubilizados em dimetilsulfóxido 99,5% (Sigma Aldrich)
na concentração de 10mg/mL e foram estocados a 4° C até sua
utilização.

Avaliação da citotoxicidade
O ensaio foi realizado em microplaca de poliestireno com
96 cavidades, em quadruplicada, e repetido três vezes. Após 24
horas, foram adicionadas diferentes concentrações das moléculas
1636, 2275, 3282, 3377, 3380, 3400 e 3406, sobre o tapete celular.
As viabilidades celulares foram mensuradas pelo ensaio de MTT
após 72 horas de incubação. As leituras das densidades ópticas
foram quantificadas em espectrofotômetro em comprimento de
onda de 540 nm. As concentrações não tóxicas consideradas foram
as que permitiram uma viabilidade celular maior que 90% quando
comparadas com o controle (células não tratadas). A partir do ensaio
foi determinada a maior concentração não citotóxica da molécula.

Avaliação da atividade antiviral


A avaliação da atividade antiviral de cada molécula foi
realizada comparando a diferença entre o título viral do BoHV-1 cepa
Los Angeles na ausência e na presença de 1636, 2275, 3282, 3377,
3380, 3400 e 3406 em suas maiores concentrações não citotóxicas.

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ANAIS X SIMPAC 935

Os títulos virais foram calculados pelo método de diluição limitante


(BEHRENS e KÄRBER, 1935) e expressos como dose infectante a
50% do tecido celular em 100µL (TCID50/100μL) após 72 horas de
incubação a 37 °C. Os ensaios foram realizados em triplicata.

Resultados e Discussão

As concentrações não citotóxicas encontradas estão


apresentadas na tabela 1.

Tabela 1 – Concentrações não citotóxicas (mM) das moléculas


derivadas das quinonas
Concentração não
Molécula Viabilidade celular (%)
citotóxica
1636 29,5 97
2275 9,73 95
3282 10,37 100
3377 29,46 97
3380 5,02 100
3400 55,24 100
3406 27,29 98

O presente estudo mostrou a redução do título viral do


BoHV-1 de 104 TCID50/100mL, na presença das moléculas 3406 e
3377, que reduziram o título para 101,5 e para 101,75, um percentual
de inibição (PI) de 99,7% e 99,4%, respectivamente. Com as 3282 e
3400 foram observadas reduções para 103,5 (PI 68,4%) e com 2275
para 103,75 TCID50/100mL (PI 43,7%). A adição das moléculas 1636 e
3380 manteve o título viral em 104 TCID50/100mL.
A moléculas 3377 na concentração de 29,46 mM e 3406 na
concentração de 27,29 mM reduziram significativamente o título
viral nas células MDBK.
Menor potencial inibitório foi observado com as moléculas
2275 (9,73 mM) 3282 (10,37 mM) e 3400 (55,24 mM) enquanto que

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


936 ANAIS X SIMPAC

os compostos 1636 (29,5 mM) e 3380 (5,2 mM) não apresentaram


potencial antiviral nesse estudo. MIN et al. 2002, relataram
quinonas com baixo potencial antiviral contra o HIV-1. Outros
autores (KONOSHIMA et al., 1989; MIN et al., 2002) relataram
a atuação expressiva de moléculas derivadas das quinonas contra
o vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) e contra o
herpesvírus humano tipo 4 (HHV-4).
Os resultados obtidos mostraram que pequenas mudanças nos
radicais são capazes de alterar a interação das moléculas com o
BoHV-1.

Conclusões

As moléculas 3406 e 3377 avaliadas neste estudo tiveram


potencial antiviral contra o BoHV-1, portanto, devem ser
consideradas como pontos de partida promissores em estudos para
aplicação em terapias antiherpesvírus. Futuros estudos devem ser
desenvolvidos para determinar seus mecanismos inibitórios.

Agradecimentos

À Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e à Fundação de


Apoio e Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pela
concessão de bolsa de estudo da primeira autora.

Referências Bibliográficas

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of (N)-n-alkylammonium 2-chloro-3-oxido-1, 4-naphthoquinone
salts. Journal of Molecular Structure, v. 1145, p. 309-320, 2017.

DE MOURA, K. C.G et al. Trypanocidal activity of isolated


naphthoquinones from Tabebuia and some heterocyclic derivatives:
a review from an interdisciplinary study. Journal of the Brazilian
chemical society, v. 12, n. 3, p. 325-338, 2001.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 937

KONOSHIMA, T. et al. Studies on inhibitors of skin tumor


promotion, VI. Inhibitory effects of quinones on Epsterin-Barr virus
activation. Journal of natural products, v. 52, n. 5, p. 987-995,
1989.

MATA-SANTOS, T. et al. Toxocara canis: anthelmintic activity of


quinone derivatives in murine toxocarosis. Parasitology, v. 143, n.
4, p. 507-517, 2016.

MIN, Byung‐Sun; MIYASHIRO, Hirotsugu; HATTORI, Masao.


Inhibitory effects of quinones on RNase H activity associated with
HIV‐1 reverse transcriptase. Phytotherapy Research, v. 16, n.
S1, p. 57-62, 2002.

MOREIRA, C. S. et al. Searching for a potential antibacterial lead


structure against bacterial biofilms among new naphthoquinone
compounds.  Journal of applied microbiology, v. 122, n. 3, p.
651-662, 2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


938 ANAIS X SIMPAC

ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DO AGREGADO


GRAÚDO DA PEDREIRA ERVÁLIA

Daniela Fernanda Silva1, Adonai Gomes Fineza2, Leandro Rafael


Viana Batista3

Resumo: Esta pesquisa é voltada para o estudo das propriedades


físicas do agregado graúdo originado da Pedreira Ervália, localizada
no município de Ervália, Minas Gerais. Viu-se a necessidade de
análise física do agregado, uma vez que este é comumente utilizado
em muitas obras no próprio município e em municípios vizinhos.
Para esta análise, realizou-se ensaios de composição granulométrica,
massa unitária, material fino, massa específica e absorção de
água e através destes ensaios avaliou-se a qualidade do material.
Após a realização dos ensaios concluiu-se que, o agregado graúdo
estudado está dentro dos limites estabelecidos por norma, para os
ensaios de granulometria e índice de material fino. Os outros ensaios
não possuem limites estabelecidos por norma, sendo coeficientes
específicos de cada jazida.

Palavras–chave: Agregado, brita, ensaios, materiais

Introdução

Um agregado graúdo é obtido pelo britamento de rochas


naturais que, com granulometria específica estabelecida pela Norma
Brasileira NBR 9935 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) de 2011, é utilizado como matéria prima da construção
civil para a fabricação de concretos, com o auxílio de material
aglomerante (cimento), agregado miúdo e ativação hidráulica,

1
Graduada em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: dani.vhr@hotmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil, Mestrado e Doutorado em Geotecnia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
e-mail: engcivil@univicosa.com.br
3
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: leandroviannatst@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 939

aplicados em diversos setores construtivos. De acordo com a norma


de 2011 tópico 3.2.9 “passam pela peneira de malha de abertura
75mm”.
Um fator que define a classificação dos agregados é sua
massa específica, onde podemos classifica-los em leves, normais e
pesados. Devido à importância dos agregados no concreto, existem
vários ensaios para a determinação de sua granulometria, massa
específica, módulo de finura, torrões de argila, impurezas orgânicas,
material fino, materiais pulverulentos, absorção de água, dentre
outros.
Os agregados graúdos devem ser limpos, duros, resistentes,
duráveis, com partículas livres de substâncias ou camadas de argilas
e livres de outros materiais finos (considerados como nocivos), em
quantidades que poderiam afetar a hidratação e a ligação com o
cimento (NETO, 2011).
Esta pesquisa tem como objetivo a realização de ensaios físicos
laboratoriais para a caracterização do agregado graúdo (brita 1)
e análise de suas propriedades. Para isso, realizou-se ensaios de
composição granulométrica, massa unitária, material fino, massa
específica e absorção de água, todos normatizados pela ABNT.

Material e Métodos

Conduziu-se esta pesquisa no Departamento de Engenharia


Civil da Univiçosa com o apoio do Laboratório de Materiais de
Construção Civil da mesma instituição, a fim de estudar-se as
propriedades físicas do agregado graúdo. Realizou-se os ensaios de
composição granulométrica, massa unitária, material fino, massa
específica e absorção de água.
Utilizou-se como agregado graúdo a brita 1, com dimensão
máxima característica de 19 mm, comumente utilizada em concretos
de pilares, vigas e lajes. Caracterizou-se esta brita em laboratório,
obtida da Pedreira Ervália, localizada no município de Ervália,
Minas Gerais, a fim de comparar suas propriedades granulométricas
com os limites estabelecidos pela NBR 7211 da ABNT, 2009.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


940 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

Realizou-se ensaios físicos de caracterização do agregado


graúdo, para complemento do banco de dados, verificação dos
limites estabelecidos por norma e traço do concreto. Os resultados
dos respectivos ensaios estão expressos na Tabela 1 a seguir.
Tabela 1 – Resultados dos ensaios físicos do agregado graúdo
Ensaios Resultados
Dimensão máxima característica 19,00
(mm)
Módulo de Finura 6,89
Massa Unitária (kg/dm³) 1,50
Material Fino (%) 0,80
Massa Específica (kg/m³) 2822
Absorção de água (%) 0,46

A dimensão máxima característica do agregado se dá pela


abertura da malha da peneira que tenha uma porcentagem retida
acumulada igual ou imediatamente inferior a 5%. O módulo de
finura é determinado a partir da soma das porcentagens retidas
acumuladas das peneiras de série normal (75 mm; 37,5mm; 19mm;
9,5mm; 4,75mm e 2,36mm), dividido por 100.
A distribuição granulométrica, determinada a partir da NBR
NM 248 de 2003, deve satisfazer os requisitos estabelecidos pela
NBR 7211 da ABNT. A partir dos limites estabelecidos na NBR
e as porcentagens retidas e acumuladas nas peneiras durante a
realização do ensaio, traçou-se o gráfico expresso pela Figura 1,
para análise da qualidade granulométrica do agregado graúdo.

Figura 1 - Curva granulométrica do agregado graúdo. Fonte: Autor.

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ANAIS X SIMPAC 941

Assim como para agregados miúdos, a NBR 7211 estabelece


um limite máximo de material fino tolerável em agregados graúdos,
que é de 1% em relação à massa do agregado. Este limite é necessário,
uma vez que, coeficientes superiores aos estabelecidos pela norma
prejudicam o desempenho do concreto, o tornando menos durável.

Conclusões

Baseando-se nos resultados dos ensaios laboratoriais


descritos, com a finalidade da análise das propriedades físicas do
agregado graúdo, pode-se concluir que, a composição granulométrica
do agregado graúdo não está integralmente dentro dos limites
estabelecidos pela NBR 7211 da ABNT de 2009, possuindo uma
granulometria razoável.
A quantidade de material fino presente na amostra, de 0,80%
está dentro do limite estabelecido pela NBR 7211 de 2009, que
determina uma quantidade inferior a 1%.
O agregado possui massa específica de 2822 kg/m³,  com
densidade normal segundo NBR 9935 de 2011 e índice de absorção
médio de 0,46%, sendo este parâmetro não limitado por norma.

Agradecimentos

Ao técnico laboratorista Sr. José Tarcísio, por compartilhar


toda sua gama de conhecimento possibilitando a realização desta
pesquisa.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM


248: Agregados - Determinação da composição. Rio de Janeiro,
2003. 6p.

__________. NBR 7211: Agregados para concreto - Especificação.


Rio de Janeiro, 2009. 11p.

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942 ANAIS X SIMPAC

__________. NBR 9935: Agregados - Terminologia. Rio de


Janeiro, 2011. 11p.

NETO, B. B. Pompeu. Efeitos do tipo, tamanho e teor de


agregado graúdo no módulo de deformação do concreto de
alta resistência. UFPA, Belém, PA. 2011. v. 16, n. 2, pp. 690 – 702.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 943

ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DAS CINZAS DO


BAGAÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR IN NATURA

Daniela Fernanda Silva1, Adonai Gomes Fineza2, Leandro Rafael


Viana Batista3

Resumo: Esta pesquisa é voltada para o estudo das propriedades


físicas das cinzas do bagaço de cana-de-açúcar (CBC) in natura,
comumente encontradas nas usinas sucroalcooleiras. A queima
é realizada como alternativa de redução do rejeito sólido e
principalmente para a cogeração de energia. Realizou-se ensaios
de composição granulométrica, inchamento, material fino e massa
unitária, todos no laboratório de materiais de construção civil da
Univiçosa. Tornou-se necessário o estudo das propriedades físicas
da CBC, para análise de viabilidade de uma posterior substituição
do agregado miúdo no concreto estrutural por estas cinzas,
promovendo assim, um descarte consciente deste resíduo poluidor.
Os ensaios comprovaram que, a CBC possui propriedades físicas
semelhantes às do agregado miúdo natural, capaz de substituí-lo de
forma satisfatória levando em consideração apenas as propriedades
estudadas, sendo necessário um estudo das propriedades mecânicas,
para análise do comportamento do rejeito quanto ao melhoramento
ou estabilidade da resistência à compressão e tração.

Palavras–chave: Agregado, materiais, resíduos, reutilização

Introdução

A utilização de resíduos de outros materiais para a produção


de novos materiais é uma solução socioeconômica e ambientalmente
viável que promove a incorporação de recursos naturais renováveis,
1
Graduada em Engenharia Civil - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail: dani.vhr@hotmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil, Mestrado e Doutorado em Geotecnia –. e-mail: engcivil@univicosa.
com.br
3
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: leandroviannatst@gmail.com

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944 ANAIS X SIMPAC

poupando a retirada de novas matérias primas da natureza.


Cerca de 95% do bagaço proveniente da extração do caldo da
cana é comumente queimado nas usinas brasileiras para a produção
de energia, resultando deste processo, um grande volume de cinzas.
Estas cinzas, por serem de difícil degradação, são geralmente
misturadas a uma borra úmida e jogadas sobre a lavoura para
adubar o solo, sendo a técnica mais difundida para o descarte do
subproduto.
A sílica atua no cimento como agente pozolânico, formando
compostos estáveis de poder aglomerante (OLIVEIRA et al., 2004).
Quando queimados, as cinzas da maioria dos produtos agrícolas
apresentam grande potencial energético por possuírem composição
predominante de Dióxido de Silício (SiO2) e uma pequena
porcentagem de carbono.
Diante do exposto, torna-se importante o estudo das
propriedades físicas destas cinzas para análise de viabilidade de
utilizar-se deste resíduo no ramo da engenharia civil, como aliado
no melhoramento da resistência de concretos e argamassas.

Material e Métodos

Conduziu-se esta pesquisa no Departamento de Engenharia


Civil da Univiçosa com o apoio do Laboratório de Materiais de
Construção Civil da mesma instituição, a fim de estudar-se as
propriedades físicas das cinzas do bagaço de cana-de-açúcar
(CBC). Para caracterização do material executou-se os ensaios de
composição granulométrica, inchamento, material fino e massa
unitária.
Obteve-se a CBC utilizada para a realização desta pesquisa
através da queima do bagaço de cana moído, pela Usina de Jatiboca,
no município de Urucânia - MG. Realizou-se a coleta em sacos
plásticos de 15 litros, no pátio da empresa, imediatamente após
a retirada das cinzas das caldeiras. Não houve nenhum processo
de queima, armazenamento e estocagem diferente do habitual da
usina, uma vez que o objetivo principal da pesquisa é a análise das
propriedades do resíduo com o mínimo de intervenções especiais

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 945

possíveis para que os resultados se apliquem a qualquer CBC


produzida no Brasil. Após a chegada no laboratório, peneirou-se
as cinzas, em peneira de malha #4,8 mm para eliminar partículas
que não sofreram a combustão completa e posteriormente secou-se
a amostra total do material em estufa a uma temperatura de 100 ±
5°C por um período de 24 horas.

Resultados e Discussão

Realizou-se ensaios físicos de caracterização do agregado


miúdo, para complemento do banco de dados, verificação dos limites
estabelecidos por norma e traço do concreto. Os resultados dos
respectivos ensaios estão expressos na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1- Resultados dos ensaios físicos da cinza do bagaço da


cana (CBC)
Ensaios Resultados
Dimensão máxima
2,40
característica (mm)
Módulo de Finura (%) 2,22
Massa Unitária (kg/dm³) 1,07
Material Fino (%) 1,40
Inchamento (%) 22

A dimensão máxima característica do agregado se dá pela


abertura da malha da peneira que tenha uma porcentagem retida
acumulada igual ou imediatamente inferior a 5%. O módulo de
finura é determinado a partir da soma das porcentagens retidas
acumuladas das peneiras de série normal, dividido por 100. A partir
dos limites estabelecidos na NBR 7211 da ABNT e as porcentagens
retidas e acumuladas nas peneiras durante a realização do ensaio,
traçou-se o gráfico expresso pela Figura 1, para análise da qualidade
granulométrica da CBC.

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946 ANAIS X SIMPAC

Figura 1 - Curva granulométrica da CBC. Fonte: Autor.

Entende-se por material fino, todo material passante na


peneira #0,075mm por lavagem, que é caracterizado como um
material nocivo para o concreto. A NBR 7211 da ABNT estabelece
os limites toleráveis de material fino presente em uma amostra
de material que é de 3% para concretos submetidos à desgaste
superficial e de 5% para concretos protegidos do desgaste superficial.
Inchamento trata-se de um fenômeno relativo a variação do
volume aparente, provocado pela absorção de água livre pelos grãos
do agregado, que altera sua massa unitária (NBR 6467, 2006). A
partir dos dados coletados durante o ensaio, traça-se um gráfico
para a determinação do inchamento, conforme Figura 2. Estima-
se uma umidade natural de 3% para CBC, quando adicionada ao
concreto.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 947

Figura 2 - Curva de inchamento da CBC. Fonte: Autor.

Conclusões

Baseando-se nos resultados dos ensaios laboratoriais


descritos, com a finalidade da análise das propriedades físicas das
cinzas do bagaço de cana-de-açúcar, pode-se concluir que, a CBC in
natura possui um módulo de finura elevado, classificando-a como
areia média.
A composição granulométrica da CBC não obedece de forma
integral aos limites da zona ótima estabelecidos pela NBR 7211,
porém, dentro dos limites de granulometria utilizável.
Constatou-se através do ensaio de Massa Unitária que a CBC
é relativamente mais leve que a areia natural, que possui em média,
uma massa unitária de 1,50 kg/dm³.
A CBC possui menos material nocivo que o limite estabelecido
por norma, atendendo aos requisitos estabelecidos para concretos
submetidos ou protegidos a desgastes superficiais.
Através da análise do gráfico, determinou-se que, a uma
umidade natural de 3%, o inchamento médio da CBC é de 22%.
Como a metodologia de queima é basicamente a mesma em
todas as usinas sucroalcooleiras brasileiras, estima-se que, os
resultados das propriedades físicas estudadas são as mesmas em
todo o território, uma vez que o estudo foi realizado com o subproduto
bruto.

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948 ANAIS X SIMPAC

Agradecimentos

Ao técnico laboratorista Sr. José Tarcísio, por compartilhar


toda sua gama de conhecimento possibilitando a realização desta
pesquisa.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


6467: Agregados – Determinação do inchamento de agregado
miúdo – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2009. 5p.

OLIVEIRA, M. P; NÓBREGA, A. F; DI CAMPOS, M. S; BARBOSA, N.


P. Estudo do caulim calcinado como material de substituição
parcial do cimento Portland. Conferência Brasileira de Materiais
e Tecnologia Não-Convencionais: Habitação e infraestrutura de
interesse social Brasil – NOCMAT 2004. Pirassununga. USP, 2004.
15p.

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ANAIS X SIMPAC 949

A ENFERMAGEM NO DESPERTAR POPULACIONAL


FRENTE AO COMPROMISSO COM A IMUNIZAÇÃO

Leonardo Andrade de Godoy1, Luana da Fonseca Sabino2, Dryelly


Rodrigues Rosado3, Elenice Claudete Dias4

Resumo: O sistema de imunização passou ao longo dos anos por


várias atualizações, desde a primeira campanha de vacinação que
foi feita por Oswaldo Cruz, o fundador da saúde pública, até os
dias atuais, onde já está em vigor por mais de 40 anos, o Programa
Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. Os imunobiológicos
vem há anos imunizando milhares de pessoas de todas as classes
sociais de doenças que causaram diversas mortes, além de erradicar
diversas enfermidades. A imunização tem sido um grande desafio
para aqueles que se preocupam em levar a prevenção à população.
A falta de recursos em alguns municípios e a falta do compromisso
de alguns cidadãos, dificultam o trabalho de profissionais da saúde
que buscam a prevenção como foco principal na vida de qualquer
pessoa. Mesmo com algumas dificuldades ao longo dessa trajetória,
a homogeneidade vacinal nos dias atuais têm alcançado números
satisfatórios, principalmente quando se trata da imunização das
faixas etárias mais vulneráveis. Este artigo inicia com objetivo
informar sobre a importância da principal ferramenta de prevenção
aplicada pelos programas de saúde do Brasil, a imunização.
Palavras–chave: Imunização, população, segurança.

Introdução

As vacinas foram responsáveis pela diminuição em grande


escala de diversas doenças e a erradicação de algumas. A eliminação
1
Graduando em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: leeogodoy@yahoo.com.br
2
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: luannasabino@outlook.com
3
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: rosado.dryelly@gmail.com
4
Professora do departamento de Enfermagem e Doutoranda em Ciências Biomédicas – FACISA/
UNIVIÇOSA. e-mail: elenicedias@univicosa.com.br

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950 ANAIS X SIMPAC

da Varíola, a interrupção da transmissão da Poliomielite e o não


aparecimento de casos de Rubéola há 9 anos, são alguns exemplos de
doenças que nitidamente foram erradicadas e controladas através
do uso dos imunobiológicos como forma preventiva, além de outras
como Hepatite B, que a anos vem sendo controlada, todas através
do sistema nacional de imunização. Desde que a Iniciativa Global
de Erradicação da Pólio foi lançada em 1988, até 2006, o número
de casos de Poliomielite foi reduzido em mais de 99%, passando de
350 mil para menos de 2 mil casos por ano (CHIH,2012). A infecção
pelo vírus da Hepatite B (VHB) acomete entre 350 a 500 milhões
de pessoas em todo o mundo, tendo a vacina como melhor forma de
prevenção (Vranjac,2006).

No que diz respeito à operacionalização das ações específicas


de vacinação, o Programa Nacional de Imunização conta com uma
extensa rede de serviços, em torno de 35 mil salas de vacinas,
de acordo com o cadastro no Sistema de Informação do PNI (SI-
PNI), incluindo os Centros de Referência para Imunobiológicos
Especiais (BRASIL,2015). O profissional de enfermagem atuante
na sala de vacina, tem o privilégio de intervir no processo de saúde-
doença de forma eficiente, possibilitando ao cidadão a adoção
de um comportamento saudável e participativo além, do acesso
consciente a um direito adquirido, contribuindo para um novo fazer
da enfermagem na sala de vacina, baseada no conceito de promoção
à saúde.

Esse trabalho trata-se de uma revisão de bibliográfica, com o


objetivo de discutir a importância da prática da educação em saúde
para a população, abordando a importância da imunização para
a prevenção de doenças com a participação do enfermeiro nesse
processo.

Material e Métodos

Classificamos a realização deste trabalho como uma pesquisa

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 951

informativa do tipo revisão de literatura. As fontes selecionadas


para este estudo compreendem artigos de diferentes anos, tendo
em vista o caráter informativo fornecido pelo trabalho. Foram
utilizados artigos extraídos de sites científicos como SCIELO. Para
a realização do gráfico e obtenção do calendário de vacinas, foram
utilizadas informações oferecidas pelo DATASUS e pelo Ministério
da Saúde.

Resultados e Discussão

A imunização também como cultura transborda os limites


explicativos de contextos históricos singulares. É produto de uma
longa trajetória histórica das políticas de saúde associadas ao
processo de construção de Estado no Brasil (Hochman,1993). A
vacina e a vacinação foram tecnologias de incorporação de territórios
e populações ao Estado nacional, de promoção da cidadania
biomédica e da regulação da interdependência sanitária, isto é, dos
efeitos negativos da doença de uns sobre terceiros (Hochman,1993).

A vacina vem ao longo dos anos atendendo milhões de


pessoas de diferentes faixas etárias e classe social, buscando aplicar
a prevenção a partir do nascimento e disponibilizando segurança
para famílias em todo o mundo, conforme podemos visualizar
na tabela 1. A população tem sido a grande protagonista nessa
trajetória de resultados e sucessos. Podemos afirmar que não é
necessário apenas o investimento por parte dos governantes para
que as vacinas alcancem o público-alvo, mas que o enfermeiro
também tem um papel importante neste processo de conscientizar
a população das suas responsabilidades acerca da imunização
e dos seus direitos como cidadão. O ciclo vacinal começa após o
nascimento, assim o profissional enfermeiro deve incentivar a
população a ter compromisso levando seus filhos para receberem as
vacinas primárias, conforme podemos visualizar na Tabela 2.

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952 ANAIS X SIMPAC

Tabela 1 – PERCENTUAL DE MUNICÍPIOS COM 75% OU MAIS


DAS VACINAS DO CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINAÇÃO*
COM COBERTURAS ADEQUADAS, 2014.

Fonte: MS / SVS / CGPNI – Dados disponíveis no TABNET /


Datasus: Indicadores do Rol de Diretrizes, Metas e Indicadores
2013-2015

*Vacinas consideradas: BCG, Rotavírus, Pentavalente


(DTP+Hib+Hep B), Poliomielite, Meningocócica, Pneumocócica,
Tríplice Viral, FebreAmarela e Influenza.

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ANAIS X SIMPAC 953

Tabela 2 – CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO


2018

Fonte: portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/vacinacao/
calendario-nacional-de-vacinacao.

Considerações Finais

Ao pesquisar sobre os imunobiológicos e os efeitos positivos


que vem causando ao longo dos anos na população, podemos concluir
que o enfermeiro tem um papel importante junto à população, pois
ele participa de programas e atividades de educação em saúde
visando à melhoria da saúde do indivíduo, da família e da população
em geral.

Partindo do princípio de que o enfermeiro é um educador e


que está inserido no contexto que norteia a Educação em Saúde, ele
pode conseguir essa participação mais ativa da população de forma
direta conscientizando-os sobre a importância de se estar imunizado
e desta forma contribuindo para diminuição e erradicação de muitas
outras doenças.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


954 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

Hochman G. A era do saneamento: as bases da política de


saúde pública no Brasil. São Paulo: Hucitec/Anpocs; 1998.

Hochman G. Regulando os efeitos da interdependência: sobre


as relações entre Saúde Pública e Construção do Estado
(Brasil 1910-1930). Estudos Históricos 1993; 6(11):40-61.

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim


Epidemiológico 2015. Programa Nacional de Imunizações:
aspectos históricos dos calendários de vacinação e avanços
dos indicadores de coberturas vacinais, no período de 1980
a 2013.

Barbosa MA, Medeiros M, Prado MA, Bachion MM, Brasil VV.


Reflexões sobre o trabalho do enfermeiro em saúde coletiva.
Rev. EletronEnferm. [periódicona Internet] 2004 [citado 2010
ago 11]; 6(1):9-15. Disponívelem: http://www.fen.ufg.br/revista/
revista6_1/pdf/HYPERLINK “http://www.fen.ufg.br/revista/
revista6_1/pdf/f1_coletiva.pdf”f1_coletiva.pdf.

CHIH, W.Y. Poliomielite: um guia para entender a erradicação


da doença. Campanha End Polio Now. Santa Catarina. Rotary
International Distrito 4651, 2012.

VRANJAC A. Vacina contra Hepatite B. Divisão de Imunização.


Divisão de Hepatites. Centro de Vigilância Epidemiológica.
Coordenadoria de Controle de Doenças. Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo – DI/DH/CVE/CCD/SES-SP. São Paulo, 2006.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 955

DOSAGEM DE CONCRETO UTILIZANDO O MÉTODO DO


IPT

Letícia Matias Martins1, Rômulo Ulysses Vieira Rodrigues2

Resumo: No Brasil, ainda não há um texto consensual de como deve


ser um estudo de dosagem. A inexistência de um consenso nacional
cristalizado numa norma brasileira sobre os procedimentos e
parâmetros de dosagem tem levado vários pesquisadores a proporem
seus próprios métodos de dosagem. Assim ocorreu com o método
de dosagem IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), proposto
inicialmente por Ary Frederico Torres, Simão Priszkulnik e Carlos
Tango. Neste trabalho foi feita uma dosagem utilizando o método
do IPT, onde a resistência requerida do concreto aos 28 dias é de
25MPa, sendo que utilizando esse método, a partir da curva de
Abrams pode-se obter outros traços para outra qualquer resistência
desejada.

Palavras–chave: Mistura, resistência, traço

Introdução

Entende-se por estudo de dosagem dos concretos de cimento


Portland os procedimentos necessários à obtenção da melhor
proporção entre os materiais constitutivos do concreto, também
conhecido por traço. Essa proporção ideal pode ser expressa em massa
ou em volume, sendo preferível e sempre mais rigorosa a proporção
expressa em massa seca de materiais. Um estudo de dosagem tem
como objetivo encontrar a mistura mais econômica para a obtenção
de um concreto com características adequadas às condições de
serviço, empregando os materiais disponíveis. Qualquer estudo de
dosagem dos concretos tem fundamentos científicos e tecnológicos
fortes, mas sempre envolve uma parte experimental em laboratório

1
Graduanda em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: 97leticiamartins@gmail.com
2
Professor do curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:romulouvr@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


956 ANAIS X SIMPAC

e/ou campo, o que faz com que certos pesquisadores e profissionais


considerem a dosagem do concreto mais como uma arte do que uma
ciência (Mehta & Monteiro, 2008)

Este artigo tem como objetivo mostrar como é feita uma


dosagem de concreto seguindo o método do IPT, que é simples e
prático de se fazer. Onde o fck desejado é de 25 MPa, sendo possível
calcular outros traços para diferentes valores de resistência
característica.

Material e Métodos

Para a realização dessa dosagem, foram utilizados os


seguintes materiais:

• Cimento Tupi - CP II F 32;

• Areia natural quartzosa - Rio Piranga - Guaraciaba, MG;

• Brita 1 - Pedreira MBC Ltda - São Geraldo, MG;

• Água da rede pública de abastecimento.

Foi utilizado três pontos, dados pelos seguintes traços:

1:3,5 – Rico

1:5,0 – Básico

1:6,5 – Pobre,

Helene e Terzian (1992) sugerem a fixação de um traço inicial


1: 5 (1:m, cimento: agregado seco total, em massa), um mais rico em
cimento 1: 3,5 e outro mais pobre 1: 6,5. O traço inicial, 1:5, serviu de
partida para obter as informações necessárias (teor de argamassa
adequado) para a confecção dos dois traços complementares. Foi
utilizada a tabela 1 para se determinar as quantidades de materiais
e acréscimos necessários para o traço básico com o respectivo teor de
argamassa. Para os demais traços pobre e rico, utilizando a equação

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 957

a seguir e fixando o valor do teor de argamassa (α), foi obtida a


quantidade em massa de agregado miúdo (areia) e a quantidade, em
massa, de agregado graúdo (brita) em relação à massa de cimento.

α = teor ideal de argamassa (%);

m = relação agregados secos/cimento, em massa (kg/kg);

a = relação agregado miúdo seco/cimento, em massa (kg/kg);

p = relação agregados graúdos secos/cimento, em massa (kg/kg).

Tabela 1 – Tabela de dosagem para o traço básico.

TEOR DE TRAÇO QT. DE AREIA (Kg) QT. DE


ARGAMASSA UNITÁRIO CIMENTO (Kg)
(1:a:p) MASSA ACRÉSCIMO
MASSA TOTAL TOTAL
ACRÉSCIMO
40 1 1,42 3,60 11,67 1,44 8,32 0,29
42 1 1,52 3,48 13,10 1,54 8,62 0,31
44 1 1,64 3,36 14,64 1,65 8,93 0,33
46 1 1,76 3,24 16,30 1,78 9,26 0,36
48 1 1,88 3,12 18,08 1,92 9,62 0,38
50 1 2,00 3,00 20,00 2,08 10,00 0,42
52 1 2,12 2,88 22,08 2,26 10,42 0,45
54 1 2,24 2,76 24,35 2,47 10,87 0,49
56 1 2,36 2,64 26,82 2,71 11,36 0,54
58 1 2,48 2,52 29,52 2,98 11,90 0,60
60 1 2,60 2,40 32,50 12,50

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


958 ANAIS X SIMPAC

Na tabela 1 a quantidade de brita é fixa. Na tabela utilizou-se


30Kg. Foi adicionado água até atingir o abatimento desejado, neste
caso (90±10)mm. A pedra devia ficar envolvida por argamassa,
atingindo uma quantidade de argamassa ideal, onde o concreto não
ficava com aspecto de áspero. Caso o teor de argamassa, adotado
na primeira tentativa fosse considerado como insuficiente, devia-se
aumentar a quantidade de argamassa em função da experiência do
profissional envolvido na dosagem, ou seguir as recomendações do
método que sugere aumentar de 2 em 2% o teor de argamassa da
mistura até que permitam considerar as misturas como satisfatórias.

Ao obter um concreto com teor de argamassa ideal, moldaram-


se corpos-de-prova para as idades de 3, 7 e 28 dias. Em seguida
traçou-se a curva de Abrams (Figura 1), onde tem como fundamento
que para certo conjunto particular de materiais, a resistência do
concreto é função da relação a/c.

Figura 1 – Curva de Abrams.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 959

Foi determinada a relação a/c ideal, para isso traçou-se


uma reta partindo do Fcj em direção a curva. O valor do Fcj foi
determinado pela equação:

Fcj=fck+1,65× Sd, onde:

Fcj: resistência de dosagem (MPa);

Fck: resistência característica aos 28 dias (MPa);

Sd: Desvio padrão de dosagem.

Em seguida, fez-se um gráfico da relação a/c pelo m


(quantidade, em massa, de agregados secos em relação à massa de
cimento).

Figura 2 – Relação a/c vs a massa de agregados secos.

A partir do gráfico da relação a/c vs a massa de agregados


secos (Figura 2), determinou-se o valor de m, já tendo conhecimento
do teor de argamassa ideal determinou-se logo a quantidade, em
massa, de agregado miúdo (areia) e a quantidade, em massa, de
agregado graúdo (brita) em relação à massa de cimento.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


960 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

Logo, para uma resistência requerida de 25 Mpa, foi obtido o


seguinte traço unitário em massa seca:

1,000 : 1,732 : 1,978 : 0,5,

Sendo obtido um slump-test de 90mm e um teor de argamassa


de 58%, sendo este teor de argamassa bem alto devido a areia
utilizada na dosagem ser muito grossa.

Conclusões

Ao utilizar este método de dosagem, pode observar


algumas vantagens em relação aos demais tipos de métodos de
dosagens existentes:

• O teor de argamassa ideal é determinado


experimentalmente evitando-se dosar concreto com
excesso ou deficiência de argamassa;

• Não são necessários ensaios preliminares de composição


granulométrica e massa especifica dos materiais;

• É obtido a Curva de Abrams que serve para qualquer


resistência desejada. Não é necessário fazer novas
misturas para o acerto da dosagem;

• É rápido e prático de fazer, desde que se tenha um tecnologista


experiente em dosagem.

Referências Bibliográficas

HELENE, P.T. Manual de Dosagem e Controle do Concreto,


P., Ed. Pini, 1992.

MEHTA, K.P.; MONTEIRO, P.J.M. Concreto: Microestrutura,


Propriedades e Materiais. São Paulo: IBRACON, 2008

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 961

ELABORAÇÃO DE BARRA DE CEREAL SEM GLÚTEN,


AÇÚCAR E LACTOSE

Camila Cota Vianna1, Lidiany de Castro Rogério2, Vinicios Junior


Teixeira Chaves3, Felipe Cézar de Matos Barreiros4, Manoela
Maciel dos Santos Dias5

Resumo: As barras de cereais conquistaram consumidores


variados, que por sua vez associam a sua praticidade com uma
boa alimentação. Com sua ascensão no mercado, barras para
tipos específicos como por exemplo as termogênicas, light e diet
têm sido desenvolvidas. No entanto, o número de indivíduos com
restrição alimentar e que possuem alergia ou intolerância a alguns
componentes dos alimentos têm aumentado nos últimos anos.
Assim, diante da demanda por alimentos saudáveis e nutritivos,
esse estudo teve como objetivo desenvolver barras de cereais isentas
de glúten, açúcar e lactose, de diferentes sabores, a fim de atender às
necessidades dos consumidores mais exigentes devido às condições
restritas da alimentação. Análises físico-químicas foram realizadas
de acordo com as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz
(2008). Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que
não houve diferença (p>0,05) entre as formulações para a maioria
das características físico-químicas avaliadas. No entanto, houve
diferença significativa entre as amostras para o teor de lipídeos e a
umidade, sendo a amostra que utilizou banana como ingrediente a
que possuiu maior umidade.

Palavras–chave: barra de cereal, composição centesimal, restrições


alimentares.
1
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: milactvianna@hotmail.com
2
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lidianydcr@hotmail.com
3
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: viniciosjtc2@hotmail.com
4
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:fc.barreiros@bol.com.br
5
Professora do Curso de Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: manoelamaciel810@
gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


962 ANAIS X SIMPAC

Introdução

A demanda por alimentos nutritivos vem aumentando a cada


dia, seja por esportistas ou pessoas comuns, que procuram em sua
rotina uma maneira mais prática de se alimentar bem, evitando
problemas de saúde como obesidade, diabetes e desnutrição, os
quais são influenciados, principalmente, por hábitos alimentares
irregulares (SILVA et al., 2009).
O consumo das barras de cereais, por sua vez, vem crescendo
no mercado pelos diferentes tipos, marcas, sabores e composição
nutricional, por serem ricas em fibras, sais minerais, vitaminas,
carboidratos e proteínas (SBARDELOTTO, 2011). As características
das barras de cereais são influenciadas por sua composição, sendo na
grande maioria alimentos naturais, como frutas, grãos, fibras, entre
outros ingredientes, possuindo atributos sensoriais bem relevantes,
os quais são considerados atrativos ao consumidor. Além disso,
pode se tornar um produto saudável, reduzindo riscos de algumas
doenças (ROBERTO et al., 2015).
As barras de cereais podem ser consumidas por qualquer
pessoa, no entanto sempre é necessário ler as informações contidas
na embalagem, devido às restrições alimentares que atingem parte
da população. Ao considerar todos os níveis e classes de alimentos,
encontram-se aqueles que quando ingeridos pelos indivíduos causam
perturbações no funcionamento do organismo, por exemplo, o glúten,
o açúcar e a lactose. Diante disso, no mercado não só encontram-se
as barras fibrosas, como também as proteicas, energéticas, diet, sem
glúten e sem lactose (ROBERTO et al., 2015).
Tendo em vista a crescente intolerância alimentar vivenciada
por determinadas pessoas, a substituição de determinados
ingredientes é de extrema relevância. Os flocos de arroz e o amaranto
são aliados importantes na substituição de cereais comuns, como a
aveia, para aqueles intolerantes ao glúten. Esses cereais possuem
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 963

expressiva quantidade de calorias aliada ao baixo índice glicêmico,


além de vir mostrando efeitos benéficos à saúde (HEISLER et al.,
2008).
Com o intuito de atender o maior número de pessoas, inclusive
de grupos restritos como celíacos e diabéticos, esse trabalho tem como
objetivo desenvolver uma de barra de cereal utilizando amaranto,
flocos de arroz e xilitol, a fim de atender as necessidades do público
alvo.

Material e Métodos

O projeto foi realizado no Laboratório de Técnica Dietética da


Univiçosa, Viçosa-MG, onde foram desenvolvidas quatro formulações
de barras de cereais, sendo os ingredientes da base o flocos de arroz,
amaranto, maltodextrina, goma xantana, xilitol e água, possuindo
sabores diferentes, os quais foram: A (coco, amêndoa e tâmara), B
(banana e canela), C (damasco e amendoim) e D (maçã e uva passas).
As barras de cereais foram submetidas às análises físico-
químicas, no Laboratório de Química da Univiçosa, para
determinação de lipídeos pelo método de Soxhlet, determinação
de proteínas pelo método de Kjeldahl, determinação das fibras de
acordo com o método do detergente neutro e ácido, determinação de
umidade pelo método de secagem das amostras em estufa a 105°C,
e as cinzas que foram determinadas após completa carbonização
por incineração em mufla a 550-570°C. Todas as análises foram
realizadas conforme descrito pelas Normas Analíticas do Instituto
Adolfo Lutz (2008).

Resultados e Discussão

A caracterização físico-química das quatro formulações de


barras de cereais é apresentada na Tabela 1.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
964 ANAIS X SIMPAC

Tabela 1 - Resultados da caracterização físico-química das


formulações de barras de cereais em porcentagem (%).
A B C D
2,32 ± 0,57 3,84 ± 0,42 2,04 ± 0,13
Umidade a b 2,90 ± 0,20a a
1,49 ± 0,25 1,68 ± 0,26 1,91 ± 0,53 1,53 ± 0,16
Cinzas a a a a

4,36 ± 2,07 4,39 ± 0,83 6,33 ± 2,05 6,07 ± 1,97


Proteínas a a a a

13,15 ± 3,65 ± 0,77 11,85 ± 5,32 ± 2,52


Lipídeos
2,26 a b
0,44 a b

5,40± 2,18 6,44 ± 1,66 6,95 ± 2,17 6,63± 1,62


Fibras a a a a
*Dados são expressos como média±desvio padrão.
Médias seguidas por uma mesma letra na linha não diferem entre si pelo Teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
A (barra de cereal coco, amêndoa e tâmara); B (Barra de cereal banana e canela); C
(barra de cereal damasco e amendoim); D (barra de cereal maça e passas).

Não houve diferença (p>0,05) entre as formulações de barras


de cereais para o teor de cinzas, proteínas e fibras. No entanto, as
formulações A e C apresentaram maior teor de lipídeos (p<0,05)
do que as amostras B e D. Essa diferença se deve possivelmente
à presença de óleos característicos provenientes da amêndoa e do
amendoim presentes nas formulações A e C e ausentes nas demais.
A umidade da amostra B foi maior do que nas demais
amostras, sendo sugestiva a interferência de um dos ingredientes
utilizados, a banana, devido sua textura, visto que em seu aspecto
há um residual de umidade relativamente maior que nas demais.
Em trabalho realizado por Silva et al (2011) em que se
utilizavam farinha de quinoa como base da formulação, encontraram
10,20% umidade, 1,89% de cinzas, 9,73% proteínas, 15,40% lipídeos
e 2,30% fibras. Assim, pode-se observar que há uma variação da
composição físico-química devido a principalmente os ingredientes
utilizados na formulação, além do modo de preparo do produto.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 965

Conclusão

Foi possível elaborar barras de cereais sem açúcar, lactose


e glúten. Observou-se que a amostra B apresentou maior umidade,
provavelmente devido à presença de banana na formulação;
enquanto que as amostras A e C apresentaram maior teor de lipídeos
do que as demais, provavelmente devido aos óleos característicos
provenientes das castanhas utilizadas na formulação. Assim,
o presente trabalho oferece opções de formulações de barras de
cereais que podem ser consumidas por pessoas diabéticas, celíacas
e com intolerância à lactose.

Referências Bibliográficas

HEISLER, G. E. R. et al. Viabilidade da substituição da farinha


de trigo pela farinha de arroz na merenda escolar. Alim. Nutr.,
Araraquara, v. 19, n. 3, p.299-306, jul. 2008. Disponível em:
<http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/
viewFile/634/532>. Acesso em: 29 ago. 2017.

ROBERTO, B. S. et al. Qualidade nutricional e aceitabilidade


de barras de cereais formuladas com casca e semente de goiaba.
Revista do Instituto Adolfo Lutz. São Paulo, 2015; 74(1):39-48.

SBARDELOTTO, J. Desenvolvimento e estudo comparativo


de barras de cereais fortificadas com ferro e enriquecidas
com frutooligossacarídeo. 2011. 40 f. TCC (Graduação) - Curso
de Tecnologia em Alimentos, Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Francisco Beltrão, 2011.

SILVA, F. D. et al. Elaboração de uma barra de cereal de quinoa


e suas propriedades sensoriais e nutricionais. Alim. Nutr.,
Araraquara, v. 22, n. 1, p. 63-69, jan./mar. 2011.

SILVA, I. Q. et al. Obtenção de barra de cereais adicionada do resíduo


industrial de maracujá.  Alimentos e Nutrição, Araraquara, v.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


966 ANAIS X SIMPAC

20, n. 2, p.321-329, abr. 2009. Disponível em: <http://serv-bib.fcfar.


unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/view/1064/815>. Acesso
em: 18 ago. 2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 967

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS EMBRIONÁRIOS


E FETAIS DURANTE A GESTAÇÃO DE ÉGUAS
RECEPTORAS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR

Lorraine Marcele Lopes da Costa1, Manuela Pereira da Matta2,


Cristian Silva Teixeira3, Kamilla Dias Paes Silva4, João Paulo
Lara Alves5, Natalie Nabelle Silva Miranda6

Resumo: A reprodução equina vem se desenvolvendo e o ganho na


eficiência reprodutiva se deve ao uso das biotecnologias, na qual a
taxa de recuperação embrionária representa o sucesso das biotécnicas.
Este estudo objetivou avaliar parâmetros embrionários e fetais,
durante a gestação de éguas da raça Mangalarga Marchador, além
de classificar o estágio de desenvolvimento em Grau I (Excelente),
Grau II (Bom), Grau III (Razoáveis), Grau IV (Ruins) e Grau V
(Degenerado). Foi realizada a mensuração craniocaudal do concepto,
foi calculado o diâmetro torácico, e mediu-se a órbita ocular. Após
a coleta, 80,50% apresentavam grau I de desenvolvimento, 16,67%
grau II e 2,83% grau III. Foram verificados blastocistos em eclosão
(2,77%), blastocistos expandidos (68,0%), blastocistos iniciais
(20,80%) e mórulas compactadas (8,4%). O desenvolvimento das
vesículas embrionárias apresentou crescimento linear (p<0,0001),
bem como o comprimento craniocaudal e o diâmetro torácico,
não observando diferenças (p>0,05) ao se comparar os sexos. O

1
Graduanda em Medicina Veterinária – Departamento de Veterinária/­Universidade Federal de Viçosa.
E-mail: lorrainelopes96@hormail.com
2
Estudante de pós-graduação – Departamento de Zootecnia/Universidade Federal de Viçosa. E-mail: in
memoria
3
Estudante de pós-graduação – Departamento de Zootecnia/Universidade Federal de Viçosa. E-mail:
cristian.teixeira@ufv.br
4
Graduanda em Medicina Veterinária – Departamento de Veterinária/Universidade Federal de Viçosa.
E-mail: kamilladiaspaess@gmail.com
5
Graduando em Medicina Veterinária – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail:
joaopaulo015@hotmail.com
6
Graduanda em Medicina Veterinária – Departamento de Veterinária/Universidade Federal de Viçosa.
E-mail: Natalie.miranda2610@gmail.com

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968 ANAIS X SIMPAC

diâmetro torácico foi o parâmetro que apresentou melhor acurácia


na estimativa da idade fetal. A melhor visualização dos diâmetros
das órbitas oculares foi a partir dos 200 dias de idade, apresentando
crescimento linear. Dessa forma, a viabilidade do concepto e a
mensuração da idade gestacional, podem ser preditas com base nas
características embrionárias e fetais.

Palavras–chave: Embrião, idade fetal, órbita ocular, vesículas


embrionárias

Introdução

Com o auxílio das biotecnologias da reprodução, o setor


equestre vem se desenvolvendo, permitindo o ganho na eficiência
reprodutiva e no incremento genético. Dentre elas destaca-se a
transferência de embriões, na qual a raça Mangalarga Marchador é
uma das raças que mais se beneficia desta técnica no mundo. Para
tanto, o sucesso dessa biotécnica está intimamente relacionado à
taxa de recuperação embrionária, sendo que as características
embrionárias interferem diretamente na taxa de prenhes. O
presente estudo objetivou avaliar parâmetros embrionários e fetais,
buscando classificar o estágio de desenvolvimento dos embriões,
mensurar o diâmetro das vesículas embrionárias, o comprimento
craniocaudal e o diâmetro torácico dos conceptos, bem como o
diâmetro da órbita ocular fetal.

Material e Métodos

O experimento foi realizado no Haras Laglória, Muriaé- MG,


durante o período de agosto de 2011 a janeiro de 2013. Utilizou-
se 62 éguas receptoras da raça Mangalarga Marchador, analisadas
ao decorrer da gestação por exames ultrassonográficos. Foram
avaliados 72 embriões no dia da transferência e posteriormente
classificados em Grau I (Excelente), Grau II (Bom), Grau III
(Razoáveis), Grau IV (Ruins) e Grau V (Degenerado), segundo as
normas da IETS (International Embryo Transfer Society), com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 969

auxílio do esteromicroscópio binocular Coleman®. Este mesmo


equipamento acoplado à ocular graduada, foi usado para mensurar
as vesículas embrionárias dos 11 aos 45 dias de idade.
Por volta dos 25 a 50 dias foi realizada a mensuração
craniocaudal, desde à crista cranial externa até o processo espinhoso
da vértebra sacral. Foi calculado entre os dias 30 a 98 o diâmetro
torácico de 44 conceptos, tomando por base o 6° espaço intercostal.
Mediu-se a órbita ocular fetal paralelamente ao cristalino a partir
dos 85 dias, em 50 fetos. Eventualmente, alguns conceptos não
foram mensurados devido a posição em que se encontravam.

Resultados e Discussão

Após a coleta dos 72 embriões nos dias D7, 58 (80,50%)


apresentavam grau I de desenvolvimento, 12 (16,67%) como grau
II e 2 (2,83%) foram classificados como grau III (Tabela 1). Foram
verificados blastocistos em eclosão (2,77%), blastocistos expandidos
(68,0%), blastocistos iniciais (20,80%) e mórulas compactadas
(8,4%). A maioria dos embriões recuperados se apresentaram na
forma de blastocisto expandido nos dias D8 e D9 após a ovulação,
como descrito por SQUIRES (1993). Porém, nos lavados uterinos
realizados em D10, mórulas compactadas foram coletas, o que
explicou o desenvolvimento atrasado de alguns embriões.

Tabela 1 – Critério de classificação do grau de embriões equinos.


Classificação Qualidade
Excelentes – Ideais, esféricos, com tamanho, cor e
Grau I
texturas uniformes.
Bom – Pequenas imperfeições com poucos blastômeros
Grau II
extrusados, forma irregular ou separação de trofoblasto.
Razoáveis – Problemas não muito severos de blastômeros
Grau III
extrusos, células degeneradas ou blastocele colapsada.
Ruins – Blastocele colapsada, vários blastômeros
Grau IV extrusados e células degeneradas, mas com aparência
viável da massa embrionária.
Degenerado – Oócito não fertilizado ou embrião
Grau V
totalmente degenerado.

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970 ANAIS X SIMPAC

Quanto ao desenvolvimento das vesículas embrionárias,


observou-se o crescimento linear (p<0,0001), sendo parâmetro para
se estimar a idade do embrião. As vesículas de 10 a 13 dias mediram
aproximadamente 9 mm enquanto que aos 14 a 20 dias mediram
cerca de 25mm, conforme descrito por GINTHER (1986). Em alguns
casos a mensuração desse diâmetro pode ser dificultada pela forma
ovoide e irregular assumida pelas vesículas a partir de 17 dias, o
que também pode estar relacionada com a produção de progesterona
e estrógeno. O crescimento vesicular se apresentou linear, porém,
não se observou diferenças (p>0,05) quando se comparou os sexos.
O desenvolvimento vesicular pode estar relacionado com a produção
de estrógeno e progesterona, com o diâmetro uterino da égua e com
a concentração de proteínas uterinas (GINTER, 1992).
Mensurando o comprimento craniocaudal e o diâmetro
torácico, observou-se que ambos apresentam crescimento linear
(p<0,0001), porém a melhor acurácia na estimativa da idade fetal
se deu pela média do diâmetro torácico (Figuras 1 e 2). A diferença
de tamanho dos embriões em estágio de desenvolvimento similares
pode ter relação com a produção de eCG, que propicia um ambiente
uterino mais adequado para o desenvolvimento fetal (DAELS,
1998). A melhor visualização dos diâmetros das órbitas oculares foi
a partir dos 200 dias de idade, devido ao melhor posicionamento dos
fetos, como demonstrado na figura 3. Os resultados revelaram que
esse parâmetro apresentou crescimento linear. Segundo TUNER
(2006), deve-se considerar que as diferenças no tamanho da órbita
ocular estão relacionadas à anatomia característica da raça.

Conclusões

O tempo gestacional e a viabilidade do concepto podem ser avaliados


a partir das características embrionárias e fetais da raça em estudo.
Além disso, perdas gestacionais podem ser preditas por incoerências
entre os parâmetros associados à idade do concepto.

Referências Bibliográficas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 971

DAELS, P.F; ALBRECHT, B.A; MOHAMMED, H.O., 1998. Equine


chorionic gonadotropin regulates steroidogenesis in pregnant
mares. Biology Reproduction. 59, 1062–1068.

GINTHER O.J. Reproductive Biology of the Mare, 2nd edn.


Cross Plains, WI: Equiservices, 1992

GINTHER, O.J Embryonic Loss. In: Ultrasonic imaging and


reproductive events in the mare. Cross Plains: Equiservices,
1986; p 241,253-285.

GINTHER, O.P. Ultrasound imaging and reproductive events


in the mare.Madison.Equiservice, 1986,377 p.

SQUIRES, E.L. Embryo transfer. In Mc KINNON, A.O.; VOSS,J.L.


Equine Reproduction. Philadelphia:Lea & Febiger,1993 357-367.

SQUIRES, E.L. Embryo transfer. In Mc KINNON, A.O.; VOSS,J.L.


Equine Reproduction. Philadelphia:Lea & Febiger,1993 357-367.

TURNER, R. M., VMD, PhD, DIPLOMATE ACT; MCDONNELL,


S. M. PhD; FEIT,M. S.; GROGAN E. H., BS; FOGLIA, R. DVM,
MS. How to Determine Gestational Age of an Equine Pregnancy in
the Field Using Transrectal Ultrasonographic Measurement of the
Fetal Eye. AAEP PROCEEDINGS, v.52, p.250-255, 2006.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


972 ANAIS X SIMPAC

PERCEPÇÃO DE CUIDADORES DE CÃES SOBRE O MANEJO E


EDUCAÇÃO DO FILHOTE
Taynã Vilhena Lacerda Soares1, Lorrayne Priscila Drumond Vilas Boas
Tavares2, Alessandra Sayegh Arreguy Silva3.

Resumo: Este estudo objetivou avaliar as alterações comportamentais em cães


pela percepção de seus cuidadores, visto que os problemas comportamentais
afetam negativamente a qualidade de vida dos animais e das pessoas de sua
convivência. Foi coletada amostra por meio de questionários realizados em
um petshop nos municipios de Viçosa e Raul Soares, através de uma entrevista
dos cuidadores de filhotes de cães por meio de perguntas relacionadas ao
modo de criação e aos problemas de comportamentos já existentes. Os dados
foram estatisticamente analisados e os resultados apresentaram a falta de
preparo dos cuidadores perante a educação do filhote.

Palavras-Chave: Cão, comportamento canino, problemas comportamentais

Introdução
A ocorrência de problemas comportamentais em cães tem implicações
importantes no bem-estar animal e na sua relação com seu cuidador. Destaca-
se que a falta de conhecimento dos cuidadores sobre certos comportamentos
do animal e como reagir a estes, pode gerar a aplicação de punições
inadequadas e/ou treinamento aversivo, desencadeando ou agravando ainda
mais os problemas de comportamento já existentes, assim como abandono
e a eutanásia, soluções comuns realizadas pelos cuidadores (MONTEIRO-
ALVES e TITTO, 2017).
Prevenir e intervir precocemente faz com que se tenha uma maior
possibilidade de sucesso em comparação à correção ou banimento de um
comportamento já constituído (LANDSBERG et. al., 2005).
1
Medica Veterinária Autônoma – Viçosa –MG. email: taynavilhena92@gmail.com
2
Graduanda do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lorrayne.1324@gmail.
com
3
Professora do Curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: veterinaria@
univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 973

Neste sentido, este trabalho se propôs a identificar as diferentes formas


de condutas que os cuidadores exercem sobre a educação do seu filhote,
gerando respostas satisfatórias ou indesejadas.

Material e Métodos
Foi realizada uma pesquisa metodológica, avaliando qualitativa e
quantitativamente os principais problemas de comportamento observados nos
cães, pela percepção de seus cuidadores, de petshops de Viçosa e de Raul
Soares entre julho e agosto de 2017. Foram entrevistados 50 proprietários de
cães que frequentam os petshops, sendo 25 em Viçosa e 25 em Raul Soares, no
qual responderam um questionário sobre o comportamento de seus animais,
contendo 17 questões. Foi feita a analise estatística descritiva dos resultados
obtidos.
Resultados e Discussão

Quarenta e oito por cento dos entrevistados de Viçosa acham que seus
animais apresentavam algum tipo de comportamento indesejável. Em Raul
Soares 60% acharam o mesmo de seus animais. Sendo os comportamentos
indesejáveis listados nos gráficos abaixo:

Gráfico 1: Comportamentos indesejáveis dos cães


frequentadores do Petshop de Viçosa

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


974 ANAIS X SIMPAC

Gráfico 2: Comportamentos indesejáveis dos cães frequentadores do


Petshop de Raul Soares.

A influência no modo de comportar de um cão é decorrente de vários


fatores, entre eles a raça, criação, temperamento, educação e ambiente. Além
disso, é importante ter o conhecimento que em nenhuma raça todos os cães
possuem o mesmo temperamento e comportamento, pois existem variáveis
como a criação que modifica a forma de agir do cão (COSTA et al., 2013).
Segundo o Miller (2008), o período de 12 a 15 semanas de idade do
filhote, é quando muitos adestradores acreditam ser o melhor estágio para os
cuidadores firmarem o bom comportamento e a autoconfiança dos filhotes
sob seus cuidados. É o período quando começa a fazer as necessidades
fora do lugar, além de mastigar objetos pessoais a fim de desafiar o dono. É
quando o cuidador deve ficar atento aos momentos mais prováveis do filhote
urinar/defecar levando o mesmo para o local que deseja que ele faça, dando
recompensa positiva quando fizer no lugar certo. Oferecer brinquedos e
reprimi-los quando comer algo que não pode. Usar de comandos como “não”,
“fica”, “senta”, “vem”, “muito bem” entre outros, para assim mostrar quem
manda e educar o filhote, não permitindo assim que suba no sofá, por exemplo,
(RAY E HARDING, 2011).
A maioria dos distúrbios comportamentais dos cães é proveniente de um
despreparo ou tratamento irresponsável e indisciplinado proporcionado pelos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 975

próprios proprietários. Temos exemplo, a superpopulação, o confinamento,


o livre acesso as ruas, a falta de cuidados e atenção que contribuem para o
aumento das patologias de comportamento como agressividade, estereotipias
e desespero comportamental. Surgindo assim, por parte dos humanos as
insatisfações com o comportamento do animal, fazendo com que o mesmo
seja rejeitado (MEYER et al., 2014).

Considerações Finais

Considerando a avaliação feita através dos questionários a respeito da


percepção e manejo dos cuidadores de cães, ficou clara a falta de preparo e
conhecimento dos proprietários perante a educação de seus filhotes, o que
contribuiu para a ocorrência de distúrbios comportamentais, o que pode levar
a grandes problemas no futuro entre o cuidador e cão.
Para isso é importante que haja a compreensão da etiologia e do
essencial, o papel do médico veterinário na orientação dos cuidadores antes da
aquisição de animais, assim como também um acompanhamento da educação
do animal durante todo o período de adaptação e permanência do mesmo em
casa.
Referências Bibliográficas

COSTA, E. F; COSTA, F. S.; SOUZA, K. M. S.; COSTA T. N.; BANDEIRA,


J. M.; LIMA, R. C. M.; SILVA, M. H. Influência do Proprietário no
Comportamento de Cães Atendidos no Hospital Veterinário da UFRPE.
Anais XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX
2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.

HUNTHAUSEN, W; LANDSBERG, G. M; ACKERMAN, Lowell J.


Problemas comportamentais do cão e do gato. Editora Roca, 2005.

MEYER, L. R.; ALBURQUERQUE, V. B.; OLIVEIRA, G. K. Coprofagia


como Distúrbio Comportamental em Cães: Revisão de literatura. Revista
Ciências Exatas e da Terra e Ciências Agrárias, v. 9, n. 1, p. 49-55, jul, 2014.

MILLER, S. Filhotes: Os cuidados nos primeiros anos de vida do seu cão.


Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
976 ANAIS X SIMPAC

Capítulo: De 12 a 15 semanas, O jovem delinquente. Editora: Manole. p. 74


– 85, 2008.

MONTEIRO, A. B.S.M; TITTO, C.G. Estudo investigativo de parâmetros


associados à presença de problemas comportamentais em cães. Faculdade
de Zootecnia e Engenharia de Alimentos. Universidade de São Paulo.
Pirassununga. SP. Brasil. Archivos de Zootecnia. 66 (253): 7-14. 2017.

RAY, M; HARDING J. Animais de Estimação, Cães: Guia de Adestramento.


Editora: PupliFolha, 2011.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 977

ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM CÃES PELA


PERCEPÇÃO DE SEUS CUIDADORES
Renan Cota Batista1, Lorrayne Priscila Drumond Vilas Boas
Tavares2, Alessandra Sayegh Arreguy Silva3, Adriano França
Cunha4
Resumo: Este estudo objetivou avaliar as alterações
comportamentais em cães pela percepção de seus cuidadores,
visto que os problemas comportamentais afetam negativamente a
qualidade de vida dos animais e das pessoas de sua convivência.
Foram entrevistados 50 cuidadores através de um questionário,
composto por perguntas relacionadas ao modo de criação do cão e aos
problemas de comportamento observados pelos mesmos. Os dados
foram estatisticamente analisados e os resultados apresentaram que
os cães são vistos em sua maioria como membros da família. As
alterações comportamentais estão presentes em muitos animais e
seus cuidadores possuem um despreparo em lidar com os distúrbios
de comportamento dos mesmos, muitos nao sabendo reconhecer e
listar as causas que deram origem a estes problemas.
Palavras-Chave: Cão, comportamento canino, problemas
comportamentais

Introdução

Desde a pré-história o homem busca aprofundar seus


conhecimentos sobre o comportamento animal para se alimentar,
se defender, domesticá-los ou apenas conhecê-los (DEL-CLARO,
2004). Muitas vezes, a aproximação faz com que aconteça uma
1
Medico Veterinário Autônomo. e-mail: renancotabatista@gmail.com
2
Graduanda do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lorrayne.1324@
gmail.com
3
4
Professor do Curso de Medicina Veterinária –FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA. e-mail: veterinaria@univicosa.
com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


978 ANAIS X SIMPAC

humanização, o que colabora para que os animais enfrentem situações


que causam frustrações, medos, ansiedades e agressividades,
podendo comprometer sua qualidade de vida e a de seus cuidadores
(SOARES et. al., 2010; FERREIRA & SAMPAIO, 2010).
Este trabalho tem como objetivo principal avaliar a
percepção de distúrbios de comportamento pelos cuidadores de
cães que frequentam o Hospital veterinário da Univiçosa e avaliar
qualitativa e quantitativamente esses distúrbios, que contribuem
com o aumento de abandono e eutanásia por falta de informação,
do cuidador e do próprio médico veterinário, em lidar com a ocasião.

Material e Métodos

Foi realizada uma pesquisa metodológica, avaliando qualitativa


e quantitativamente os principais problemas de comportamento
observados nos cães, pela percepção de seus cuidadores. A pesquisa
foi realizada no Hospital Veterinário da Univiçosa entre julho
e agosto de 2016. Foram entrevistados 50 proprietários de cães
que frequentam o hospital, no qual responderam um questionário
composto de 19 questões que abordaram o comportamento do
animal e o tipo de interação entre proprietário/animal e aspectos do
manejo. Foi realizada analise estatística descritiva dos resultados
obtidos.
Resultados e Discussão

Dos comportamentos indesejados, 65,2% dos cuidadores


responderam que os comportamentos foram manifestados sem
motivo aparente ou conhecidos e 34,8% responderam que houve
algum motivo, no qual 22,2% responderam que houve a separação
de uma pessoa da família ou de outro animal, 20,8% surgimento de
outra pessoa na família ou de outro animal, 8,3% quando ficavam
sozinhos mais que tempo normal, 22,2% mudanças de casa ou
outras alterações na rotina diária, 5,6% agressão por pessoas ou

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 979

outro animal, 1,4% acidentes, 1,4% abandono, 1,4% maus tratos e


16,7% nenhum fato traumatizante.
Sobre a forma de aquisição do animal, 14% responderam que
os animais foram comprados em lojas, 18% em canil, 16% eram
animais de rua e 52% de outras formas (presentes).
Os comportamentos que foram citados com mais frequêcia
pelos cuidadores estão listados na tabela 1.
Tabela 1: Alterações comportamentais dos animais frequentadores
do hospital veterinário da Univiçosa.

Alterações comportamentais Nº %
Vocalização excessiva 16 8,7
Comportamento destrutivo 9 4,9
Eliminações em locais inapropriados 17 9,2
Hábitos de lambedura do corpo 18 9,8
Hábitos de lambedura de objetos 4 2,2
Hábitos de caçar moscas imaginárias 0 0,0
Perseguição da própria cauda 3 1,6
Olha fixamente o dono e segue-o 12 6,5
Ansioso quando perde o contato visual 10 5,4
Agressividade com conhecidos 4 2,2
Agressividade com pessoas 6 3,3
Agressividade com animais 7 3,8
Ansiedade/agitação 22 12,0
Depressão/isolamento/submissão 3 1,6
Medos 16 8,7
Desobediência 13 7,1
Comportamento repetitivo 2 1,1
Nenhum destes comportamento 3 1,6

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


980 ANAIS X SIMPAC

Segundo Soares et. al, (2010), a vocalização excessiva


(8,7%), comportamento destrutivo (4,9%), eliminações em locais
inapropriados (9,2%), depressão (1,6%), comportamentos repetitivos
(1,1%), desobediência (7,1%) manifestações de ansiedade (12%),
animais que fixam o olhar em seu cuidador e o segue (6,5%),
procuram permanentemente o contato físico (10,3%) e são ansiosos
quando perdem o contato visual (5,4%) são agrupados em um
conjunto de comportamentos denominado ansiedade por separação
e todos podem estar sendo realizados pelos animais para a redução
da ansiedade.
A ansiedade se define pelo sentimento de medo, apreensão por
antecipação do perigo, algo desconhecido ou estranho. A síndrome
de ansiedade por separação é um dos problemas mais comuns na
espécie canina conforme Bampi (2014). Tendo sua definição baseado
em conjuntos de comportamentos manifestados devido ao fato de
se afastarem de pessoas ou ambientes familiares (SOARES et. al.,
2015)
Considerações Finais

Nesse estudo observou-se que apesar dos animais serem


vistos como membros da família e conviverem dentro de casa,
em sua maioria são adquiridos como presentes e, por isso,
seus cuidadores demonstram claramente uma falta de preparo
para recebê-los, o que contribui para a ocorrência de distúrbios
comportamentais. Outra observação é a incapacidade de percepção
dos distúrbios de comportamento em cães por seus cuidadores, que
não sabem identificar e listar os motivos que levam a ocorrência
desses problemas, apesar deles existirem. Não procuram ajuda
médica veterinária e um tratamento adequado, o que contribui para
o aumento dos índices desses distúrbios em cães e sua permanência
nesses animais.
Diante das observações acima listadas, torna-se essencial o
papel do médico veterinário na orientação dos cuidadores antes da
aquisição de animais, assim como também um acompanhamento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 981

da educação do animal durante todo o período de adaptação e


permanência do mesmo em casa.

Referências Bibliográficas

BAMPI, G. Síndrome de ansiedade de separação em cães.


2014. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/
handle/10183/106627/000942323.pdf?sequence=1>Acesso em:
14/10/16.
DEL-CLARO, K; PREZOTO, F. Comportamento animal. As
distintas faces do comportamento animal. São Paulo: Sociedade
Brasileira de Etologia/Editora e Livraria Conceito, v. 1, p. 132, 2003.
Disponível em: < http://www.cnpq.br/documents/10157/18337e47-
086c-4272-ad55-97099922e04f > Acesso em: 29/0716.

SILVA, F. A. N. et al. Posse responsável de cães no bairro


Buenos Aires na cidade de Teresina (PI). Ars Veterinária, v.
25, n. 1, p. 014-017, 2009. Disponível em: < http://arsveterinaria.
org.br/index.php/ars/article/view/248/177 > Acesso em: 23/09/16.
SOARES, G. M; PEREIRA, J. T; PAIXÃO, Rita Leal. Estudo
exploratório da síndrome de ansiedade de separação
em cães de apartamento. Ciência Rural, v. 40, n. 3, p. 548-
553, 2010. Disponível em:<https://www.researchgate.net/profile/
Guilherme_Soares2/publication/262516195_Exploratory_
study_of_separation_anxiety_syndrome_in_apartment_dogs/
links/54c123400cf2dd3cb958044e.pdf > Acesso em: 17/09/16.

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982 ANAIS X SIMPAC

ATUAÇÃO DA QUIROPRAXIA NA LOMBALGIA

Lorrayne Suelen Gonçalves Vasconcelos1, Edmar Dinis Freitas2,


Andrês Valente Chiapeta3

Resumo: Dor lombar é uma queixa muito comum, chamada


também de lombalgia que caracteriza-se por uma dor que ocorre na
parte inferior da coluna vertebral (coluna lombar). Uma patologia
produzida na maioria das vezes por alterações posturais ou lesões
traumáticas. Entre os tratamentos de lombalgia, a quiropraxia
tem sido indicada, pois atua nos cuidados preventivos do sistema
ósseo e muscular, procurando através do ajuste o alinhamento
normal da articulação corporal, revigorando o sistema neurológico
influenciando assim os progressos fisiológicos. O estudo tem
como objetivo mostrar os benefícios da quiropraxia em relação às
lombalgias. Foi realizada uma pesquisa de revisão bibliográfica,
tendo como fonte de dados livros, artigos em português entre os anos
de 2002 a 2017, estudos de casos, sites, Scielo, Google acadêmico
e palavras chaves como: Lombalgias, Fisioterapia Quiroprática e
Ajustes Articulares. Os resultados encontrados mostram a eficácia
da quiropraxia no tratamento de lombalgias, com redução da dor e
do desconforto proporcionando melhora.

Palavras–chave: Lombalgias, Fisioterapia Quiroprática e Ajustes


Articulares.

Introdução

As lombalgias são classificadas como sendo um sintoma


de dor na coluna vertebral, em especifico nas regiões lombo
sacrais, ou sacrilíacas, esse sintoma tem acometido grande parte
de uma população, pois, há estimativas de que todas as pessoas
1
Graduanda em Fisioterapia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: lorraynesuele@gmail.com
2
Graduando em Fisioterapia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: edmarfdinis07@gmail.com
3
Docente do curso de Fisioterapia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: andreschiapeta@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 983

irão apresentar pelo menos um quadro álgico lombar em algum


momento de sua vida e que a prevalência da lombalgia aumenta
após os 25 anos de idade e chega a um pico entre 55 e 64 anos, o que
faz dessa temática um importante problema clínico, socioeconômico
e de saúde pública. (TOSCANO e EGYPTO, 2001 apud ALMEIDA,
2014).
Lombalgia: descreve-se por uma dor na região da coluna
vertebral, podendo ser aguda que dura normalmente de quatro a
seis semanas ou crônica podendo durar toda uma vida. Pesquisas
apontam que para 90% dos pacientes, os episódios de lombalgia
aguda resolvem-se em apenas duas a quatro semanas. Contudo,
a recorrência destes ocorrem em 60 a 80% dos pacientes. Sua
prevalência é estimada em 60 a 70% em países industrializados, no
decorrer da vida PEREIRA, FERREIRA e PEREIRA, 2010).
A lombalgia inespecífica é frequentemente associada às
lesões musculoesqueléticas, aos desequilíbrios na coluna lombar e à
estabilização dos músculos pélvicos (VOGT, PFEIFER e BANZER,
2003). Podem ser caracterizadas como crônicas quando persistem
por mais de seis meses, apresentando dor contínua ou recorrente,
onde muitas vezes tem início incerto com períodos de exacerbação e
regressão (BRAGA et al, 2012).
Alguns tratamentos não invasivos são realizados, uns são
realizados pela medicina convencional e na atualidade muitos
tem aderido ao tratamento quiroprático, fisioterapia manual e
osteopatia. A quiropraxia faz uso de varias técnicas para detectar
e corrigir o desalinhamento da coluna vertebral, através de ajustes
articulares. Algumas técnicas são manuais e outras fazem
utilização de instrumentos específicos, porem todas elas com o
mesmo objetivo, corrigir as subluxações ou complexo de subluxação
vertebral, ou seja, a consequência de uma ou mais subluxações
vertebrais, sendo causados principalmente por um trauma ou micro
traumas repetitivos e acumulados, somados a tensão ou encurtamento
muscular. A Quiropraxia, portanto, é ciência que se preocupa com
o relacionamento no corpo entre a estrutura (sistema músculo-
esquelético, incluindo a coluna vertebral e demais articulações) e
a função comandada principalmente pelo sistema nervoso, uma

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


984 ANAIS X SIMPAC

vez que este relacionamento pode afetar a comunicação necessária


para a manifestação, preservação e recuperação da saúde (SOUZA,
2002).
Os ajustes articulares quiropraticos agem no alivio imediato
da dor lombar, reestabelecendo a função, a mobilidade articular, entre
outras estruturas no sistema músculo esquelético, além de atuar nos
cuidados preventivos. Como afirma Girardi, (2006) os aspectos da
atividade muscular na perspectiva quiroprática, é de que quando as
articulações perdem sua mobilidade, os músculos associados a elas,
submetem-se a um processo degenerativo conhecido como hipotrofia
evoluindo a degenerações das estruturas articulares. Com tudo o
objetivo desta pesquisa é mostrar os benefícios de um tratamento
quiropratico, por ajustes articulares na coluna vertebral, oferecendo
melhora no quadro álgico, restaurando assim função articulares
normais e o aumento da capacidade funcional, com a intenção de
manter a estabilidade vertebral.

Material e Métodos

Esta revisão bibliográfica adotou um método descritivo na


qual foram utilizados livros, artigos em português, estudos de casos
e sites, entre os anos de 2002 e 2017. Foram utilizados os seguintes
descritores para seleção dos conteúdos: Fisioterapia quiropratica,
quiropraxia e dor lombar, ajustes articulares, lombalgias crônicas e
agudas.

Resultados e Discussão

De acordo com os artigos selecionados, pode-se observar que


a quiropraxia é uma técnica efetiva no tratamento das lombalgias,
sendo capaz de proporcionar melhora no quadro álgico, trazendo
alívio e conforto, além de ser uma técnica com boa aceitação pelos
pacientes.
Segundo Descarreauxd (2004) na manipulação vertebral,
para tratamento de lombalgias utilizado a manutenção do follow-up

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 985

foi utilizada, sendo efetiva quanto a não recidiva do quadro de dor.


MULLER (2005) também mostra que a manutenção do follow-up
foi mais eficiente quando comparado ao tratamento de acupuntura
e medicamentoso.
No estudo quantitativo de Boff (2005) foram realizados
ajustes cervicais em dez mulheres, com relato de dor lombar, elas
tinham entre 32 e 57 anos, seus resultados foram comparados pela
escala analógica visual na qual mostrou redução significativa da
dor, sendo a média de intensidade da dor no pré-teste de 4,488 cm,
e a média do pós-teste 0,84 cm. Ressalta se que além da melhora do
quadro álgico, ocorreram melhoras da dor ao permanecerem de pé,
caminhando e quanto ao cuidado pessoal. Este estudo pondera se
que em algum momento do ajuste articular na cervical aconteceu
no segmento de C2 e que em quatro mulheres em especifico o ajuste
foi no segmento de C5.
No estudo de Almeida (2014) utilizou-se o índice de schober
para avaliar a mobilidade lombo-sacral, a pesquisa constou a
participação de nove pacientes sendo eles, sete mulheres e dois
homens, entre 23 a 41 anos tendo como referência o estudo de
Macêdo t al (2014) um limite normal de 5 centímetros. Considerando
esse limite normal, Almeida comparou o valor da média inicial do
índice de schober em sua pesquisa equivalente ao valor de (4,72
± 0,83 cm) com a média final (5,53 ± 0,98 cm) verificando que a
aplicação do protocolo básico de quiropraxia, proporcionou aumento
da mobilidade lombo-sacral, em dez atendimentos duas vezes por
semana. Assim este como outros estudos mostraram afirmando que
a manipulação vertebral pode melhorar a mobilidade articular e
restaurar os movimentos em todos planos anatômicos, contribuindo
para a eliminação do componente cinesiopatológico do complexo de
subluxação. (Keller et al (2016), apud ALMEIDA (2014)).

Conclusões

Os resultados encontrados através dos artigos pesquisados


mostrou que o tratamento quiropratico foi mais eficiente que
o tratamento convencional, devido a um alivio imediato além

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


986 ANAIS X SIMPAC

de ser um tratamento em menor tempo e com custo e beneficio,


ainda que não tenha tantos estudos científicos, por não ser um
tratamento conhecido como o tratamento convencional, porém os
artigos encontrados mostram que há um resultado positivo e aceito
pelos pacientes que passaram pelo tratamento com um número de
recidivas menor.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, D. R. Avaliação dos efeitos clinicos e biomecânicos


da quiropraxia em pacientes da clínica escola de fisioterapia
com lombalgia. Campinas Grandes – PB, 2014.

BRACHER ESB, BENEDICTO CC; et al. Quiropraxia / Chiropractic.


Rev Med (São Paulo). 2013 jul.- set.,92(3):173-82.

BRAGA, A. B. et al. Comparção do equilibrio postural estático entre


sujeitos saudáveis e lombálgicos. Acta Ortop Bras. V. 21, n.4, p.
210-2, 2012.

PEREIRA, N. T.; FEREIRA, L. A. B.; PEREIRA, W. M. Efetividade


de exercícios de estabilização segmentar sobre dor lombar cronica
mecânico-postural. Fisoter mov.v. 23, n.4, p. 605-614,2010

SOUZA, M. Matheus de. Manual de Quiropraxia: Filosofia,


Ciência, Arte e profissão de curar as mãos. São Paulo: Ibraqui, 2002.

VOGT, L.; PFEIFER, K.; BANZER, W. Neuromuscular


controlofwalkingwithchroniclow – backpain. Man Ther. V. 8, n. 1,
p. 21-28, 2003.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 987

ATENDIMENTOS EM UNIDADE DE URGÊNCIA E


EMERGÊNCIA A PACIENTES EM TENTATIVA DE AUTO
EXTERMÍNIO, POR EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE
SAÚDE

Luana da Fonseca Sabino1, Thuany Alessandra Castro Cunha2,


Daniela Araújo Bitencourt 3 Leonardo Santana Rocha4, Elenice
Dias5

Resumo: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com o intuito


de se avaliar como era realizado o atendimento, a pacientes que
atentaram contra a própria vida, também conhecido como tentativas
de suicídio. Não foram encontrados formulários ou nenhum manual
de normas e condutas, que pudessem orientar ou nortear as ações de
enfermagem no atendimento a este tipo de paciente, que é cada vez
mais comum em nosso meio. Dessa maneira, se propôs elaborar um
guia, ou protocolo de intenções, que pudesse ajudar os profissionais
que atendem a esse tipo de paciente, oferecendo uma melhora na
qualidade do atendimento e principalmente tentando diminuir ou
evitar um novo evento, por parte do paciente. Abordando os cuidados
referentes a estes pacientes, as tentativas e os possíveis riscos de uma
posterior morte ou um retorno com piora psicológica. E é válida a
utilização desse trabalho por graduandos, pois a humanização do
atendimento também faz parte da formação profissional.

Palavras–chave: Tentativa de Suicídio, Assistência hospitalar,


Cuidados de Enfermagem, Humanização da Assistência.

1
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.e-mail:luannasabino@outlook.com;
2
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: thuany_acc@hotmail.com;
3
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:danitxs@gmail.com;
4
Professor de Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.e-mail:leoprof@univicosa.com;
5
Professora do Departamento de Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: elenicedias@
univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


988 ANAIS X SIMPAC

Introdução

O suicídio não apenas está entre as dez principais causas


de morte, como também está entre as duas ou três causas mais
frequentes de morte para o grupo de adolescentes e adultos jovens. O
tema “Suicídio” é de suma importância devido a seu impacto social,
seja em termos numéricos, seja em relação a familiares, amigos ou
conhecidos das pessoas que fazem uma tentativa ou ameaçam se
matar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra, em várias
publicações, que o suicídio tem aumentado nas últimas décadas.
Cresceu significativamente em todos os países, envolvendo todas as
faixas etárias e, também, vários contextos socioeconômicos.
Estudos realizados por pesquisadores da OMS mostram que
mais da metade das mortes violentas no mundo são em decorrência
do suicídio, com números que apontam em torno de três mil mortes
por dia no mundo. Tendo em vista a subnotificação desse evento,
esses números devem atingir índices ainda maiores. No que se refere
à tentativa, estima-se que, para cada suicídio consumado, ocorram
entre 10 e 25 tentativas, ou seja, 10 a 25 milhões de tentativas de
suicídio por ano no mundo.
E, se consideramos que metade das pessoas que se suicidam,
realizaram uma tentativa anterior, isso faz da tentativa de suicídio
um importante fator de risco do suicídio.
Por essa razão, o tratamento de pessoas que tentaram contra
a própria vida se torna uma ação essencial na prevenção do suicídio.
Diante desses números, o suicídio passou a ser considerado pela
Organização Mundial de Saúde como um grave problema de saúde
pública mundial. ( Blanca Werlang)
A atenção às urgências tem ocorrido, predominantemente, nos
serviços hospitalares nas unidades de pronto atendimento abertos
24 horas.
Nessa abordagem, durante o acolhimento existem ações que
devem ser priorizadas para o alcance desses objetivos visando
diminuir tanto os números relacionados às tentativas de suicídio
quanto ao próprio suicídio. Essas ações devem estar direcionadas
ao cuidado integral pres­tado à tríade – paciente/família/equipe de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 989

profissionais da área da saúde e da área social. Assim, este artigo


procurará desenvolver aspectos relacionados a essa tríade durante
a assistência hospitalar e trata-se sobre o cuidado pela equipe
multiprofissional de saúde.

Material e Métodos

A realização deste trabalho foi possível através de uma pesquisa


bibliográfica do tipo revisão de literatura. As fontes selecionadas para
este estudo compreendem publicações recentes. Foram utilizados
artigos extraídos de sites de coleção de artigos científicos como
MEDLINE, SCIELO E BIBLIOTECA COCHRANE, e publicados
em revistas científicas . Foram utilizadas informações das ações/
tratamento dos profissionais de saúde com relação aos pacientes
específicos desde a entrada a sala de emergência ao momento da
alta.

Resultados e Discussão

A realização do acolhimento à pessoa com trans­torno mental


deve ser realizado com segurança, prontidão e qualidade é possível
determinar a aceitação e a adesão do paciente ao tratamento. O
acolhimento representa a mais importante tecnologia de um serviço
de emergência, pois possibilita a escuta ativa pelo profissional,
favorecendo a empatia, oferecendo-lhe cuidado integral com
respostas adequadas e resolutividade, no âmbito intra e extra-
hospitalar, isto é, articulando as possibilidades oferecidas na rede de
serviços do sistema de saúde e social (Azevedo & Barbosa, 2007).O
profissional deve estar qualificado para tal atendimento e, se assim
não estiver, deve ser previamente reciclado ou treinado. A demora
ou a inabilidade na atenção exigida pode gerar irreparáveis danos
ao paciente nesta situação.
A educação permanente é uma estratégia para a consolidação
do Sistema Único de Saúde (SUS), e reco­menda-se que seja
realizado um projeto de educação em serviço na área da saúde
mental, utilizando-se como méto­do de ensino/aprendizagem a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


990 ANAIS X SIMPAC

problematização do processo de trabalho, visando a ruptura dos


paradigmas das práticas profissionais de modo que teoria e prática
não seja uma di­cotomia Kondo.
Ou seja, por mais que o paciente venha a óbito após a realização
dos procedimentos na urgência e emergência, é necessário que haja
um estudo das possíveis causas e formas que o levaram ao suicídio
e, por vezes apenas deixamos esta tarefa na mão dos psicólogos e
nem levantamos questões importantes que poderiam evitar que um
paciente futuro morra.
A humanização significa cuidar do paciente em sua totalidade,
valorizando o con­ texto familiar e social, respeitando os valores,
as esperan­ças, os aspectos culturais e as preocupações de cada
um. Salienta ainda sobre a necessidade de manter e preservar a
dignidade do paciente respeitando-o como ser humano a partir dos
princípios morais e éticos Knobel (1999).
Vale ressaltar que infelizmente a essa falta de humanização
por parte dos profissionais da área da saúde quando se trata de
um paciente debilitado que deu entrada na urgência e emergência
por consequência da tentativa de alto extermínio, frases negativas,
perguntas dolorosas são proferidas, sermões negligentes e
imprudentes e até mesmo procedimentos desnecessários.
É de suma importância acolher a dor, o sofrimento, a queixa
do paciente, sem julgamentos ou expectativas naquele momento.
Ao der entrada ao Pronto Socorro toda família deve ser informada
quanto à prevenção do suicídio, pois é uma causa evitável de morte.
Levar sempre em consideração informações fornecidas pela equipe,
parentes, familiares e amigos de uma pessoa que cometeu suicídio.
Por vezes, a pessoa não quer se matar. Quer antes eliminar a dor,
diminuir o sofrimento e, por isso, busca de repente, um método que
o leva a morte. Entender sobre o suicídio é sim um papel da equipe
multiprofissional de saúde.

Considerações Finais

A partir do que foi referido acima, podemos concluir que o


atendimento da equipe multiprofissional na urgência e emergência

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 991

abrange dificuldades para cumprir suas funções, quando pacientes


com tentativa de autoextermínio dão entrada ao pronto socorro,
desta forma é necessário que métodos eficazes e humanizados sejam
atribuídos. Dando assim maior autonomia e segurança a equipe
para lidar com estas situações.
Desta maneira, se sugere a criação de um protocolo especifico
para o atendimento deste tipo de paciente, com o intuito de orientar
as ações dos profissionais de saúde de pronto atendimento, que
são a primeira linha de contato com esses pacientes, melhorando a
qualidade da assistência, e tentando evitar a ocorrências de novas
tentativas de suicídio.

Agradecimentos

Agradecemos a todos os integrantes do Grupo de estudo de Urgência


e emergência por toda dedicação e aos orientadores por todo apoio.

Referências Bibliográficas

Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2013./ suicídio:uma


questão de saúde pública e um desafio para a psicologia
clínica.
AZEVEDO, J. M. R., & Barbosa, M. A. (2007). Triagem em serviços
de saúde: percepção dos usuários. Revista deEnfermagem da
UERJ, 15(1), 33-9.
KNOBEL, E. (1999). Condutas no paciente grave (2a ed).
SãoPaulo, SP: Atheneu.
KONDO, E. K., Vilella, J. C., Borba, L. O., Moraes, M. R., & Maftum,
M. A. (2011). Abordagem da equipe de enfermagem ao usuário
na emergência em saúde mental em um pronto atendimento.
Revista da Escola de Enfermagem da USP, 45(2), 501-507.
GIGLIO-JACQUEMOT A. Urgências e emergências em saúde:

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


992 ANAIS X SIMPAC

perspectivas de profissionais e usuários. Rio de Janeiro (RJ):


Fiocruz; 2005.

AVANCI ,R.C, Pedrão L.J, Costa Júnior M.L. Perfil do adolescente


que tenta suicídio admitido em uma unidade de emergência.
Rev Bras Enferm 2005 set-out; 58(5):535-9.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 993

FITOTERÁPICOS NO ESPORTE

Luciana Marques Vieira1, Mirella de Paiva Santos2, Grasielle


Soares Gusman3, Simone Angélica Meneses Torres4, Eliene da
Silva Martins Viana5

Resumo: Fitoterápicos como recurso ergogênico para melhora do


desempenho no esporte é descrito a vários anos. Às plantas são
atribuídos inúmeros benefícios como a capacidade de aumentar
níveis hormonais e a mobilização e oxidação de lipídeos, melhorar
o desempenho durante o exercício físico, fortalecer o sistema
imunológico, reduzir dores musculares e os efeitos antioxidante e
anti-inflamatório. A presente revisão pretende buscar evidencias
cientificas atuais que demonstre a ação dos fitoterápicos no
organismo e que justifique ou não o seu uso por atletas e pessoas
praticantes de atividade física. A revisão bibliográfica foi realizada
em março de 2018, com consulta às bases de dados SCIELO, PubMed
e SCIENCEDIRECT. Utilizou-se como critério de busca as palavras-
chave fitoterápicos, performance, antioxidante e esporte. Foram
selecionadas publicações em português e inglês dos últimos 5 anos.
As plantas Camellia sinensis, Rhodiola rosea, Spirulina sp. foram
mais abordadas nessa revisão. Embora com poucas comprovações
científicas, foram relatados efeito antioxidante, ação no metabolismo
de gordura, aumento da resistência em exercicios de endurance,
na longevidade, da resistência à doenças, fadiga e depressão. Esse
trabalho sugere a realização de mais estudos que comprove o efeito
dos fitoterápicos no esporte para recomendar ou não o seu uso e para
1
Graduanda em Nutrição - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA; Integrante UNIFITO. e-mail: lcsmarques@yahoo.
com.br
2
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. Integrante UNIFITO. e-mail: mirellapsant@
hotmail.com
3
Professora do curso de Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. Coordenadora UNIFITO. e-mail:
grasiellegusman@univicosa.com
4
Professora do curso de Nutrição– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. Integrante UNIFITO. e-mail: simone@
univicosa.com.br
5
Professora do curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. Integrante UNIFITO. e-mail:
elieneprofuni@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


994 ANAIS X SIMPAC

que as doses possam ser cuidadosamente definidas individualmente


para os praticantes de atividade fisica.

Palavras–chave: Camellia sinensis, Rhodiola rósea, Spirulina sp.

Introdução

A prática regular de exercícios físicos traz inúmeros


benefícios para a saúde, incluindo a redução do risco de doenças
cardiovasculares, câncer e outras. No entanto, a prática de exercício
intenso à longo prazo pode provocar danos oxidativos celulares,
contribuindo para a fadiga muscular (MASHHADI et al., 2013).
Fitoterápicos como recurso ergogênico para melhora do
desempenho no esporte é descrito a vários anos; tidos popularmente
como menos agressivos à saúde. Às plantas são atribuídos inúmeros
benefícios como a capacidade de aumentar níveis hormonais, como
a testosterona, e a mobilização e oxidação de lipídeos, melhorar o
desempenho durante o exercício físico (MASHHADI et al., 2013),
fortalecer o sistema imunológico, reduzir dores musculares e os
efeitos antioxidante e anti-inflamatório (GAUR et al., 2014).
A Resolução nº 402/2007 do Conselho Federal de Nutricionistas
regulamenta a prescrição fitoterápica pelo nutricionista e define
fitoterápico como produto obtido empregando-se exclusivamente
matérias-primas ativas vegetais, caracterizado pelo conhecimento
da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade
e constância de sua qualidade (BRASIL, 2007).
A presente revisão pretende buscar evidencias cientificas
atuais que demonstre a ação dos fitoterápicos no organismo e que
justifique ou não o seu uso por atletas ou pessoas praticantes de
atividade física.

Material e Métodos

O presente estudo é uma revisão bibliográfica, realizada em

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 995

março de 2018, com consulta às bases de dados SCIELO, PubMed e


SCIENCEDIRECT. Utilizou-se como critério de busca as palavras-
chave fitoterápicos, performance, antioxidante e esporte. Foram
selecionadas publicações em português e inglês dos últimos 5 anos
(2013-2018).

Resultados e Discussão

A performance de atletas requer uma análise cuidadosa


da ingestão de nutrientes e, diferentes estratégias nutricionais são
utilizadas para melhora do desempenho esportivo, bem como para
a manutenção da saúde. Atualmente, inúmeros estudos avaliam o
efeito de suplementos, sejam eles naturais ou não, na melhora do
desempenho dos atletas e pessoas praticante de atividade física.
A utilização da fitoterapia como complementar à dietoterapia
para os atletas vem sendo utilizada há décadas e ainda continua
sendo estudada. A utilização de fitoterápicos é regulamentada pela
resolução nº 525/13 do Conselho Federal de Nutricionistas (BRASIL,
2013).
Camellia sinensis
Pertencente à família Theaceae, a Camellia sinensis, de acordo
com a forma de plantio, cultivo, colheita e preparo das folhas,
produz chás de diferentes cores, sendo, o preto e o verde os mais
conhecidos. O chá verde destaca-se pelo elevado teor de polifenóis
em sua composição, resultando em maior atividade antioxidante
e, por isso, alguns autores sugerem melhor efeito deste à saúde
comparado ao chá preto. Além dos polifenóis, o chá verde apresenta
proteínas, carboidratos, lipídeos (ácidos linoleico e linolênico),
esteróis, vitaminas B, C e E, alguns minerais, pigmentos (clorofila e
carotenoides), compostos voláteis, dentre outros. Dentre os polifenóis,
o epigalocatequina-3-galato (EGCG) predomina no chá verde; que
contém, ainda, ácidos fenólico e gálico, como o clorogênico e cafeico,
e flavonóis como kampferol e miricetina e quercetina (GAUR et al.,
2014). O teor desses compostos, no entanto, é variável de acordo com
as condições de processamento e geográficas do local de plantio.
O efeito protetor do chá verde sobre o estresse oxidativo e o

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


996 ANAIS X SIMPAC

efeito benéfico no metabolismo em repouso e durante o exercício foi


frequentemente observado. O EGCG elimina espécies reativas de
oxigênio (ROS) formadas durante o processo inflamatório e age
direta ou indiretamente no NF-κB, reduzindo a produção de óxido
nítrico (NO), um importante mediador da inflamação (GAUR et al.,
2014).
Estudos demonstraram a ação do chá verde no metabolismo
da gordura, reduzindo a ingestão de alimentos, interrompendo a
emulsão e absorção de lipídios, suprimindo a adipogênese e a síntese
lipídica e aumentando o gasto energético via termogênese, oxidação
de gordura e excreção de lipídios fecais. No entanto, os mecanismos
moleculares exatos ainda não foram elucidados (HUANG et al.,
2014). Segundo KIM et al., 2016, a suplementação com extrato
de chá verde, a uma dose variando de 200 mg/Kg a 800 mg/Kg, e
consumo a longo prazo pode melhorar a performance de atletas com
o aumento da oxidação de gorduras, podendo-se aumentar o efeito
do chá com a prática de exercícios.
Rhodiola rosea
Pertencente à família Crassulaceae, R. rosea é uma planta
perene nativa da Sibéria ártica, internacionalmente conhecida
como “Golden Root” ou “Raiz de Ouro” que cresce em montanhas
da América do Norte, Europa e Ásia. A R. rosea é utilizada, para
promover resistência em exercicios de endurance, aumentar a
longevidade e promover a resistência a doenças, fadiga, depressão e
outras condições de saúde.
Embora o adaptógeno R. rosea tenha sido tradicionalmente
usado para combater a fadiga física, o efeito da ingestão desse
fitoterápico no desempenho do exercício ainda não está claro
(NOREEN et al., 2013). A ingestão de 3 mg/Kg de R. rosea diminuiu
a resposta da frequência cardíaca ao exercício submáximo e parece
melhorar o desempenho do exercício de resistência, diminuindo a
percepção de esforço. O extrato fermentado de R. rosea aumentou
significativamente o tempo de natação, o conteúdo de superóxido
dismutase hepático e a lactato desidrogenase sérica em ratos,
enquanto diminuiu o teor sérico de nitrogênio uréia no sangue
em comparação com o extrato não fermentado, concluindo que a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 997

fermentação do extrato efetivamente aumentou a proteção contra


a fadiga causada pelo exercício extenuante por aumentar o teor de
p-tirosol (principal ingrediente ativo e que apresenta propriedades
antioxidantes) (KANG et al., 2015). No entanto, segundo Shanely
et al., 2014, a suplementação com 600 mg/dia por 30 dias antes de
correr uma maratona não atenuou a diminuição na função muscular
pós-maratona, ou aumento no dano muscular.
Spirulina sp.
Pertencente ao grupo  Cyanobacteria  (também conhecido
como  Cyanophyta  ou antigamente como “algas verdes-azuis”).
Trata-se de microrganismos unicelulares e fotoautotróficos que
podem agrupar-se formando tricomas  ou formas filamentosas.
É encontrada no seu habitat natural, na sua forma selvagem,
em águas internas na Espanha, continente Africano e México,
predominantemente no verão. A Spirulina apresenta compostos
ativos com funções importantes para o corpo, com o potencial para
melhorar o desempenho dos atletas (CARVALHO et al., 2017). A
suplementação com Spirulina induziu um aumento significativo no
desempenho do exercício, oxidação de gordura e na concentração
do hormônio do crescimento (GSH) e atenuou o aumento induzido
pelo exercício da peroxidação lipídica.  No Brasil, a  Spirulina é
classificada como um novo ingrediente cuja ingestão diária não deve
exceder 1,6 g/pessoa. 

Considerações Finais

Diante do elevado consumo e dos diversificados fitoterápicos


disponíveis no mercado, é extremamente importante, sob o ponto
de vista nutricional, o esclarecimento sobre as indicações de uso
e consequências destes, evitando o uso indiscriminado. Dentre os
fitoterápicos utilizados nessa revisão, a C. sinensis, mais citada
nos artigos científicos, apresenta papel antioxidante e ação no
metabolismo de gordura. O efeito da R. rosea, utilizada para
promover resistência em exercicios de endurance, aumentar a
longevidade e promover a resistência à doenças, fadiga, depressão
e outras condições de saúde, ainda não está bem esclarecido. A

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


998 ANAIS X SIMPAC

Spirulina sp., embora com poucas comprovações científicas, pode


promover aumento significativo no desempenho do exercício, na
oxidação de gordura e na concentração de GSH e inibir a peroxidação
lipidica induzida pelo exercício.
De uma maneira geral, mais estudos são necessários para
que haja a comprovação dos efeitos dos fitoterápicos no organismo
humano a curto e longo prazo e para que seja estabelecida uma dose
diária ideal para atletas, desportistas e pessoas não praticantes de
atividade física.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Resolução CFN nº 402/2007. Regulamenta a prescrição


fitoterápica pelo nutricionista de plantas in natura frecas, ou como
droga vegetal nas suas diferentes formas farmacêuticas, e dá outras
providências. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil.
Brasília, DF, 30 jul. 2007.

BRASIL. Resolução CFN nº 525/13. Regulamenta a prática da


fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para, nas
modalidades que especifica, prescrever plantas medicinais, drogas
vegetais e fitoterápicos como complemento da prescrição dietética e,
dá outras providências. Diário Oficial da Republica Federativa do
Brasil. Brasília, DF, 28 jun. 2013.

CARVALHO, L. F. et al . Novel Food Supplements Formulated


With Spirulina To Meet Athletes’ Needs.  Brazilian Archives of
Biology and Technology,  Curitiba ,  v. 60, 2017.  

GAUR, S. et al. Green tea: A novel functional food for the oral health
of older adults. Geriatrics & Gerontology International, v. 14,
p. 238-250. 2014.
HUANG, J. et al. The anti-obesity effects of  green tea  in human
intervention and basic molecular studies. European Journal of

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 999

Clinical Nutrition, v. 68, n. 10, p. 1075-1087. 2014.

KANG, D.Z. Anti-Fatigue Effects of Fermented Rhodiola


rosea Extract in Mice. Preventive Nutrition and Food
Science, Busan, v. 20, n.1, p. 38-42. 2015
.
KIM, J. et al. Nutrition supplements to stimulate lipolysis: a
review in relation to endurance exercise capacity. Journal of
Nutritional Science and Vitaminology, v. 62, p. 141-161. 2016.

MASHHADI, N.S. et al. Effect of Ginger and Cinnamon Intake on


Oxidative Stress and Exercise Performance and Body Composition
in Iranian Female Athletes. International Journal of Preventive
Medicine, Isfahan, v.4, n.1, p.31-35, abr. 2013.

NOREEN, E.E. et al. The effects of an acute dose of Rhodiola rosea on


endurance exercise performance. The Journal of Strength &
Conditioning Research, v. 27, n. 3, p. 839-847. 2013.

SHANELY, R.A. et al. Evaluation of Rhodiola rosea supplementation


on skeletal muscle damage and inflammation in runners following
a competitive marathon. Brain, Behavior, and Immunity, v. 39,
p. 204-210. 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1000 ANAIS X SIMPAC

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL PARA PRÉ-ESCOLARES DE


CRECHE/ESCOLA DO MUNICIPIO DE VIÇOSA-MG

Isabella Siqueira Henriques1, Luciana Marques Vieira2, Lara


Brandao de Oliveira3, Monique Cardoso Vessoni4, Eliene da Silva
Martins Viana5

Resumo: A educação alimentar e nutricional é vista como uma


estratégia para promoção de hábitos alimentares saudáveis e acredita-
se que a escola seja um espaço apropriado para desenvolver essas
ações. Objetivou-se, nesse trabalho, desenvolver ações de Educação
Alimentar e Nutricional com pré-escolares matriculados em uma
creche/escola do município de Viçosa-MG. Foi feito o levantamento
de dados antropométricos (peso e altura) dos pré-escolares e o
diagnóstico nutricional utilizando os índices IMC/idade, peso/idade
e estatura/idade. O peso médio, altura média e idade média dos pré-
escolares foi 24,83 Kg, 1,22m e 6,7 anos respectivamente. Dentre os 28
alunos que participaram do projeto, 57,8% deles foram classificados
como eutróficos segundo o IMC por idade e 39,2% apresentaram
sobrepeso, obesidade ou obesidade grave. As atividades de educação
nutricional realizadas demonstraram o perigo do alto consumo
de alimentos industrializados e a importância da alimentação
saudável, promovendo, ainda, o estímulo à experimentar novos
alimentos durante as refeições.

Palavras–chave: Alimentação. Educação Alimentar. Nutrição.


Saúde

1
Graduanda em Nutrição - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: siqueira.isaa@hotmail.com
2
Graduanda em Nutrição - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA; Engenheira Agrônoma, D.S. Fisiologia Vegetal.
e-mail: lcsmarques@yahoo.com.br
3
Graduanda em Nutrição - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: brandaolara06@gmail.com
4
Graduanda em Nutrição - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: moniquevessoninut@gmail.com
5
Professora do curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: elieneprofuni@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1001

Introdução

A alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para


a promoção e proteção da saúde, possibilitando afirmação plena do
potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade
de vida e cidadania, sendo, sua concretização, responsabilidade tanto
do Estado, quanto da sociedade e dos indivíduos (PNAN, 2008). Os
hábitos alimentares adequados asseguram não só o desenvolvimento
positivo durante o crescimento, mas também auxiliam os futuros
adultos na manutenção desses hábitos e assegura, ainda, a redução
de doenças degenerativas em idades mais avançadas (AMODIO,
2002).
Os pré-escolares de 2 a 6 anos de idade constituem
faixa populacional de grande relevância, devido ao processo de
maturação biológica pelo qual passam durante o qual a alimentação
desempenha papel decisivo, em especial pela formação dos hábitos
alimentares. À medida que a criança começa frequentar ambientes
externos, como a escola, se inicia uma intensa socialização, com
tendência de repetir o comportamento de outras pessoas (SOUSA,
2006). O padrão da alimentação do pré-escolar caracteriza-se
fundamentalmente por suas preferências alimentares, pois acaba
consumindo somente alimentos de que gosta, refutando aqueles que
não lhe agradam.
A educação nutricional surge com o intuito de desenvolver
estratégias para impulsionar a cultura e a importância da
alimentação saudável, respeitar as necessidades individuais, além
de modificar crenças, valores, atitudes, representações, práticas e
relações sociais que são pré-determinados em torno da alimentação
(BOOG, 2004). O objetivo desse trabalho foi desenvolver atividades
de educação nutricional com pré-escolares matriculados em creche/
escola do município de Viçosa-MG, promovendo conhecimentos
básicos sobre alimentação e nutrição.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1002 ANAIS X SIMPAC

Material e Métodos

Este projeto foi executado no segundo semestre de 2017, com 28


crianças pré-escolares na faixa de 5 a 6 anos de idade, matriculados
na Escola Municipal Anitta Chequer, localizada em Viçosa, Minas
Gerais, Brasil. O trabalho de educação nutricional foi realizado em
duas etapas:
Etapa 1: Avaliação Antropométrica
Na avaliação antropométrica, foram adotadas as técnicas de
Jelliffe (1966) para a obtenção do peso e estatura. Para a medida do
peso foi utilizada a balança de bioimpedância, da marca Tanita®,
BC-534. As análises dos índices peso para idade (P/I), peso para
estatura (P/E) e estatura para idade (E/I), utilizando-se como critério
diagnóstico o “escore-z” foram feitas adotando-se como referência
antropométrica a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2006).
Etapa 2: Atividades Lúdicas
As atividades lúdicas foram realizadas a fim de reforçar a
importância e estimular principalmente o consumo de alimentos
mais saudáveis, como os vegetais de forma geral.
• Atividade 1: Apresentação da Pirâmide Alimentar
Com a finalidade de ensinar as crianças a ter alimentação
balanceada e saudável, será apresentada a elas a pirâmide
alimentar, com seus oito grupos de alimentos e as proporções de
ingestão de cada alimento recomendadas pelo Guia Alimentar
Brasileiro.
• Atividade 2: A realidade dos alimentos industrializados
A quantidade, em gramas, de açúcar presente no refrigerante
e a quantidade, em mililitros, de óleo presente na batata chips
foi apresentada aos pré-escolares. Essa atividade demonstrativa
causou impacto nas crianças em relação ao excesso de açúcar e óleo
presente nesses alimentos. Ao final foi feita uma reflexão sobre os
danos e problemas causados por eles à saúde.
• Atividade 3: Montando meu lanche saudável: atividade de
colagem
Figuras de alimentos que compõem lanches saudáveis
(iogurte, leite, suco natural de frutas, sanduiche natural, maçã,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1003

banana, vitamina de fruta, cereais, etc.) e não saudáveis (batata


frita, refrigerante, sanduiche de hambúrguer, biscoito recheado,
chocolate, guloseimas, etc.) foram apresentadas aos pré-escolares.
Em seguida, foi solicitado que as crianças montassem seu próprio
lanche com alimentos saudáveis e apresentasse para a turma.

Resultados e Discussão

As 28 crianças matriculadas no 1º ano do ensino fundamental


da Escola Municipal Anitta Chequer apresentaram, em média, 24,83
Kg, 1,22 m, 6,7 anos e IMC médio de 16,50 Kg/m2. Considerando o
índice peso por idade mais de 85% dos alunos estavam com peso
adequado e a estatura por idade foi adequada para todos os alunos
(Tabela 1).

Tabela 1 – Percentagem de pré-escolares diagnosticados com Muito


Baixo, Baixo, Adequado e Elevado Peso por Idade (P/I) e
Estatura para Idade (E/I).
Diagnóstico P/I E/I
Nutricional
(% de pré-escolares) (% de pré-escolares)
Muito baixo 0 0
Baixo 0 0
Adequado 85,7 100
Elevado 14,3 -

O diagnóstico nutricional segundo o Índice de Massa Corporal


(IMC) por idade variou de magreza acentuada a obesidade grave
(Tabela 2). A maior parte dos alunos, 57,2% estavam eutróficos no
entanto, 39,2% apresentaram sobrepeso, obesidade ou obesidade
grave sugerindo, então, que práticas alimentares inadequadas, como
o elevado consumo de açúcar e gorduras e baixo consumo de frutas e
hortaliças, deve ser frequente na alimentação desses alunos e que o
estímulo a alimentos saudáveis, como frutas e vegetais, as refeições

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1004 ANAIS X SIMPAC

programadas, a redução de gorduras e açúcares em excesso são


algumas medidas que devem incorporar-se como hábitos ao longo
da vida do indivíduo (GONÇALVES et al., 2008).
As atividades de educação nutricional realizadas em sala
de aula possibilitaram verificar que existem alternativas para
trabalhar estes temas nas escolas, mesmo com poucos recursos,
sendo, este, um tema que interessa muito aos alunos pela grande
participação e interesse dos mesmos. A montagem do prato saudável
permitiu, inclusive, o conhecimento de diferentes frutas, hortaliças
e outros alimentos saudáveis pelas crianças. Além de promover a
mudança de comportamento para se alcançar melhores índices de
adesão sobre hábitos alimentares saudáveis, contribuindo assim
para melhoria da saúde, qualidade de vida desses alunos.

Considerações Finais

Alta percentagem de pré-escolares escolares com sobrepeso


ou obesidade, segundo o índice de massa corporal por idade, foi
observada na escola Municipal Anitta Chequer. As atividades
de educação nutricional realizadas demonstraram o perigo do
alto consumo de alimentos industrializados e a importância da
alimentação saudável, promovendo, ainda, o estímulo a experimentar
novos alimentos durante as refeições.

Referências Bibliográficas

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA).
Alimentação saudável: fique esperto! Disponível em: http://www.
anvisa.gov.br/propaganda/alimento_saudavel_gprop_web.pdf.
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AMODIO, M.F; FISBERG, M. O Papel da escola na qualidade


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Nutrição, 2002.

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ANAIS X SIMPAC 1005

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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1006 ANAIS X SIMPAC

INTRODUÇÃO DO ESTUDANTE DE FISIOTERAPIA


NO CAMPO DA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO
Maísa Flaviane Lopes Aniceto1, Maria Alice Santos Esteves2,
Silvia Helena Morais3

Resumo: A Atenção Básica é o primeiro nível de atenção à saúde,


para o contato dos indivíduos, da família e da comunidade com
o Sistema Único de Saúde (SUS). Suas ações abrangem não só
a recuperação da saúde, no âmbito individual ou coletivo, mas
sobretudo, a prevenção, promoção e manutenção. A Fisioterapia,
por ter sua forma de atuação historicamente centralizada nas
áreas curativas e reabilitadoras, precisou romper com este modelo
biomédico assistencialista e se dedicar à mudança no processo
de formação de profissionais que fossem capazes de lidar com a
promoção de saúde e prevenção de doenças, para assim integrar os
princípios propostos pelo SUS. Dentro deste cenário, foi realizado
um estudo observacional com base em um projeto de extensão
realizado na ESF (Estratégia de Saúde da Família) do bairro
Santa Clara em Viçosa/Mg no ano de 2017, por estudantes do
6º período do curso de fisioterapia da Faculdade de Ciências e
Tecnologias de Viçosa (FACISA – UNIVIÇOSA), com o objetivo
de conhecerem o funcionamento de uma equipe interdisciplinar e
multiprofissional, dentro de uma Unidade Básica de Saúde (UBS),
as demandas e os diversos agravos de saúde da população neste
território, que necessitam de assistência fisioterapêutica, bem como
de contribuírem com a prática integral deste profissional, dentro da
Saúde Coletiva.
Palavra – chave: Fisioterapia, Atenção Básica, Prevenção e
Promoção.
1
Graduanda em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail: maisa.lopes23@hotmail.com
2
Graduanda em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail:mariaalice05.02@gmail.com
3
Docente e gestora do curso de Fisioterapia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA e-mail: fisioterapia@univicosa.com.
br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1007

Introdução
A atenção básica é um conjunto de ações, de caráter individual
ou coletivo, situado no primeiro nível de atenção do sistema de
saúde, voltada para a promoção, prevenção de agravos, tratamento
e a reabilitação da saúde (GONÇALVES, 2006). Teve a organização
de suas atividades, em 1994, com a criação do PSF (Programa de
Saúde da Família), hoje reconhecido como Estratégia de Saúde da
Família (ESF), para consolidar o e garantir os princípios do SUS
que compreendem a integralidade da assistência, a universalidade,
a equidade, resolutividade, intersetorialidade, humanização do
atendimento e participação social.
Atualmente, as equipes da ESF contam com o apoio do NASF
(Núcleo de Apoio à Atenção Básica), criado pelo Ministério da Saúde
em 2008, para fortalecer e ampliar a cobertura assistencial dentro
da Atenção Básica, com qualidade e resolubilidade. É composto
por profissionais de diferentes áreas do conhecimento, dentre os
quais está o fisioterapeuta, que poderão ser alocados de acordo com
a necessidade do município. Porém, a inserção do fisioterapeuta
nos serviços de AB (Atenção Básica) ainda está em processo de
construção, uma vez que, por muito tempo este profissional foi
rotulado somente como reabilitador, voltando-se apenas para uma
pequena parte de seu objeto de trabalho: tratar a doença e suas
sequelas. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE,1978).
Essa lógica de conceitualização, durante muito tempo, excluiu da
rede básica os serviços de fisioterapia, acarretando uma grande
dificuldade de acesso da população a esse serviço e impedindo
o profissional de atuar na atenção primária (RIBEIRO, 2002).
Apesar da pouca experiência acumulada nesse nível assistencial,
com foco na prevenção, esforços foram feitos através das adequações
nas grades curriculares para formar profissionais para a prática da
integralidade, tendo em vista as novas propostas de enfrentamento
das questões de saúde colocadas atualmente (MACIEL, 2005).
Com este propósito, o presente estudo teve como objetivo a
introdução do estudante do Curso de Fisioterapia no campo da prática

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1008 ANAIS X SIMPAC

profissional da saúde coletiva, para aquisição do conhecimento do


funcionamento de uma equipe interdisciplinar e multiprofissional,
bem como de contribuírem com a prática integral deste profissional,
dentro de uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

Materiais e Métodos
Trata-se de um relato de experiência da turma de estudantes
do 6º período do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Ciências e
Tecnologias de Viçosa (FACISA – UNIVIÇOSA) realizado na ESF
(Estratégia de Saúde da Família) do Bairro Santa Clara, em Viçosa/
MG, a partir de um projeto de extensão iniciado na Disciplina de
Vivência Profissional Orientada III, ocorrido no período de 10 de
outubro de 2017 a 27 de novembro de 2017. Os estudantes foram
divididos em grupos para conhecer e auxiliar nas atividades de
cada setor da UBS, que divide-se em: 1. Recepção e triagem, onde o
paciente fornece todos os seus dados de identificação, confere o uso
dos medicamentos e segue para a sala de coleta de dados vitais e
estado de saúde geral que são inseridos no e-SUS Atenção Básica
(e-SUS AB), uma estratégia do Departamento de Atenção Básica
para reestruturar as informações da Atenção Básica em nível
nacional. 2. Sala de espera: onde os profissionais aproveitam para
realizarem palestras e orientações referentes à patologia selecionada
para as intervenções específicas de cada dia da semana. 3. Visita
domiciliar: realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
dentro de sua área de abrangência, com o intuito de cadastrar e
acompanhar as famílias expostas às situações de risco. 4. Grupo de
atividades físicas: proposto para pacientes a partir de avaliações
fisioterapêuticas prévias.

Discussões e Resultados
Nos setores de recepção e triagem os estudantes de fisioterapia
participaram ajudando na coleta das fichas e troca de receitas dos
medicamentos, bem como realizaram mensurações dos dados vitais

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1009

e lançamentos no e-SUS. Na sala de espera as ações de prevenção


e educação em saúde foram realizadas com utilização de palestras,
jogos educativos, roda de conversa, quebra-cabeças, confecção de
artesanatos de tecidos e papéis, recursos estes selecionados de
acordo com o grupo de pacientes pertencentes aquele dia. Nas visitas
domiciliares foram detectados idosos acamados, risco de quedas,
pós-operatórios ortopédicos osteoartrose, lesados medulares e pós-
acidente vascular encefálico.
Na segunda feira, dia dedicado ao atendimento
de puericultura, eram ministradas palestras com temas
direcionadas às crianças, bem como informações e orientações
para pais e acompanhantes quanto ao desenvolvimento
normal da criança, a fim de capacitá-los para se identificar
algum distúrbio, ter a capacidade de procurar a UBS para o
auxilio e encaminhamento necessário. Além disto, atividades
lúdicas foram realizadas para incentivo do desenvolvimento
neuropsicomotor das mesmas.
No dia da Saúde Mental o atendimento era voltado para
distúrbios como depressão e ansiedade. As ações envolviam
roda de conversa com frases de incentivos na qual, eram
orientados a falarem o que cada frase representava em seu
cotidiano. Além disso, grupos para confecção de fuxicos com
retalhos de tecido eram realizados, em que, os integrantes
eram orientandos a “fuxicar” enquanto compartilhavam suas
alterações emocionais e seus medos, pois as técnicas manuais
ajudam a melhorar a autoestima e o estado emocional. 
As terças e quintas-feiras eram reservadas para o
atendimento de hipertensos e diabéticos, na qual, eram
dadas orientações nutricionais, posturais e propunha-se
a utilização de recursos simples e de fácil realização nos
domicílios com o intuito de facilitar as atividades de vida
diária (AVDs), finalizando com o grupo de atividades físicas,
de maneira a contribuírem na funcionalidade geral. Além

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1010 ANAIS X SIMPAC

disso, a fisioterapeuta do NASF, responsável por gerenciar


aproximadamente oito núcleos naquele período de trabalho,
apresentou para nossa professora suas formas de atuação.
Os participantes passaram pela avaliação
fisioterapêutica para o entendimento do estado geral e
específico de saúde e estabelecendo objetivos a serem seguidos
no plano de atividades para o grupo. O encontro era realizado
no salão paroquial da Igreja do bairro de Santa Clara, às
terças e quintas-feiras de 15:30hrs às 17:00hrs e se resumia
em acolhimento inicial, aferição de dados vitais e palestras
de um profissionais diferentes da ESF a cada encontro, que
explanava sobre assuntos trazidos pelo grupo, antes das
atividades físicas propriamente ditas.
A partir das ações realizadas neste projeto, que de
acordo com o autor Pain (1998), faz-se necessária a presença
do profissional fisioterapeuta na Atenção Básica, para que se
possa efetivar um sistema de saúde universal, equitativo para
a promoção, manutenção da saúde, prevenção de doenças e
a participação popular. Vale ressaltar que, a experiência
na comunidade, dá subsidio também ao fisioterapeuta de se
aproximar da realidade social e se adaptar ao meio, tendo como
objetivo buscar novos recursos de tratamento e estimular a
criatividade na prática fisioterapêutica.

Conclusão

Dessa forma, conclui-se que é fundamental a


Introdução do estudante de fisioterapia na atenção básica que
é o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da
comunidade, a fim de conhecer as dificuldades dos mesmos de
serem inseridos nesse setor e contribuírem com as ações de
promoção e prevenção da saúde, auxiliando para ampliação
das coberturas assistenciais oferecidas pela Atenção Básica,
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 1011

permitindo uma maior acessibilidade da população e assim


para uma melhora da resolubilidade e da qualidade de vida.

Referências bibliográficas
Atribuições do fisioterapeuta no programa de saúde da
família: reflexões a partir da prática profissional; Disponível
em: <http://henriquetateixeira.com.br/up_artigo/atribuiCOes_do_
fisioterapeuta_no_programa_de_saUde_da_famIli_co2gi5.pdf> ,
acesso em 20 de março de 2018.
MACIEL, R.V. et al. Teoria, prática e realidade social: uma
perspectiva integrada para o ensino de fisioterapia. Fisioterapia
em Movimento, Curitiba, v.18, n,1, p.11-17, jan./mar., 2005.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE,
1978. Disponível em: <http://apps.who.int/iris/
bitstream/handle/10665/39228/9241800011_por.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1012 ANAIS X SIMPAC

FINALIDADE DAS NORMAS JURÍDICAS:


UMA ANÁLISE SOBRE A IMPORTÂNCIA DA
REVITALIZAÇÃO DA IDEIA DE BEM COMUM
ARISTOTÉLICO

Mara Ligia Januário1, Renata Silva Gomes2


Resumo: O presente trabalho tem como escopo analisar a
finalidade das normas jurídicas, assunto de elevada importância
na crise política vivenciada atualmente, mostrar como o poder
legislativo tornou se incompetente para desempenhar sua função,
deixando o povo, o qual ele deveria proteger a mercê de um estado
de insegurança política proporcionado pela imoralidade, muitas
das vezes pelos ocupantes da cúpula administrativa. Pretendeu-
se analisar o efeito causado pelo abandono da concepção do bem
comum na elaboração das normas jurídicas, analisando para tanto
a norma estabelecedora do teto constitucional, por essa entrar em
contradição com o texto normativo, quando vista na prática. Em
seguida, o estudo se estenderá a uma análise à reforma trabalhista,
evidenciando a ausência de interesse social no processo de formação.
Em seguida, apontar-se-á como solução do problema a revitalização
da ideia do bem comum, seguidos da prudência, racionalidade de
prática e da virtude aristotélica. O objetivo deste trabalho, portanto,
é demonstrar a importância do renascimento do bem comum na confecção
das normas jurídicas, para o alcance do interesse social.

Palavras–chave: Aristóteles, bem comum, teleologia das normas,


produção normativa.
Introdução
Este trabalho busca esboçar um possível caminho para
uma ética Aristotélica, segundo PIPER (2012), tendo como tema
a sua repercussão na atualidade e suas possíveis implicações na
1
Graduanda em Direito FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: maraligia231@gmail.com
2
Doutoranda e Mestre em Teoria do Direito pela PUC MINAS, Professora da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
E-mail renatagomesegomes@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1013

reflexão filosófica contemporânea. Apoiado nas teorias de Aristóteles


e Tomás de Aquino, PIEPER (2012) percebe que serão os conceitos
de bem comum, prudência ou racionalidade prática e virtudes
aristotélicas, que forneceriam as bases e para uma mudança na
produção normativa dos países e na aplicação do direito. Aplicação
no sentido de decisões judiciais.
A análise do abandono do bem comum como finalidade
da política e das decisões jurídicas é crucial para a compreensão
da política e das instituições políticas no contexto contemporâneo.
Atualmente a teoria da tripartição dos Poderes (MONTESQUIEU,
2007), cada um dos poderes tem competência e funções próprias,
o poder legislativo, incumbido pela criação das leis, tem a função
típica de criar normas jurídicas para regulamentar conduta social,
tutelar interesses jurídicos relevantes e assegurar os direitos da
população. Contudo, o poder legislativo tornou-se incompetente
para exercer sua função, pois ao tempo que deveria criar leis que
visassem o integralismo da sociedade, já que por uma democracia
lhe foi conferido o poder de regulamentar a população, este vai de
encontro ao seu objetivo inicial, elaborando regras de cunho seletivo,
promovendo ganho para uma pequena parte da população.
Para MacIntyre (1991), o ser humano é parte integrante
da sociedade, estabelecendo a todo momento diversos tipos de
relações, as quais oferecem consequências tanto para quem praticou
a ação, como para a comunidade em geral, sendo assim somente a
tradição das virtudes constitui elemento fundamental para retirar a
humanidade deste caos de imoralidade política que ela se envolveu
e devolver a qualidade racional ao pensar e agir.
A moral mencionada no referente trabalho é a moral
social, aquela que é comum e pertinente a cada comunidade,
respeitando é claro o homem como um fim em si mesmo e sua
função que é busca pelo bem, o seu bem e o bem de sua comunidade.
Ademais, na tradição aristotélica a noção da lei está associada
intimamente à noção de bem comum, neste sentido as normas
jurídicas são instrumentos dados ao homem para a aquisição do

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1014 ANAIS X SIMPAC

bem social, ao passo que são através delas que se obtêm a justiça no
caso concreto. (MACINTYRE, 1991).
Ante o exposto, o intuito deste trabalho é esboçar
uma análise a cerca da revitalização da ideia de bem comum
sob os aspectos ideais Aristotélicos, no intuito de encontrar um
possível caminho para a ética de Aristóteles, tendo como tema a
sua repercussão na atualidade e suas possíveis consequências
na reflexão filosófica contemporânea. Apoiado nas teorias de
Aristóteles e São Tomás de Aquino, Pieper (2012) percebe que serão
os conceitos de bem comum, prudência ou racionalidade prática e
virtude aristotélica, que forneceriam as bases para uma mudança
na produção normativa dos países e na aplicação do direito, sendo
essas aplicações no sentido de decisões judiciais. Com isso a análise
do abando do bem comum na atualidade é um fator importante, para
a compreensão das finalidades políticas do contexto contemporâneo,
o qual tem se firmado com selo de imoralidade.

Material e Métodos

A pesquisa foi realizada através de revisão jurídico-


compreensiva, embasado em estudos através de artigos, doutrinas,
pautada no ordenamento jurídico, com o intuito de demonstrar a
importância da revigoração da concepção de bem comum aristotélico,
em face da incipiência do poder legislativo em produzir normas
que não almeja a isonomia, princípio fundamental da Constituição
Federal de 1988. Assim, poder-se-á dimensionar se a ideia de bem
comum é moldada no processo de formação do arranjo jurídico com
foco no artigo 37, XI da Constituição de 1988, o qual prevê o teto
remuneratório dos servidores públicos e a problemática que envolve
a reforma trabalhista. Desta forma realizou-se uma abordagem
jurídico-sociológica a fim de relatar as informações propostas, com o
objetivo de apresentar o quadro fático atual.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1015

Resultados e Discussão

Buscou-se evidenciar a falta de estrutura e formação dos


legisladores, ao criarem normas que nascem com o pecado original
e ao longo dos anos se firmam como selo da imoralidade.

Segundo artigo 37, inciso XI da constituição Federal de 1988,


aduz que a remuneração dos agentes públicos, seja da União,
Estados, Distrito Federal ou dos Municípios, não excederá o limite
de 90,25% dos subsídios mensais, em espécie, dos membros do
Supremo Tribunal Federal. Entende-se por remuneração a inclusão
dos vencimentos somados aos benefícios de gratificações pessoais.
Essa limitação prevista no ordenamento jurídico nasceu com a
finalidade de evitar supersalários dos servidores públicos. Contudo
percebe se que na teoria as leis mostram-se legais e na prática são
burladas com a criação de vários benefícios para aumentar o subsidio
mensal, ferindo a norma vigente e consequentemente o princípio da
moralidade expressa na constituição, detecta isso no benefício do
auxílio moradia, o qual configura como indenização, no entanto, é
distribuído para os servidores independente se estes possuem ou
não casas próprias.

Nos termos da Constituição brasileira de 1988, cada carreira


observará como teto máximo da remuneração aquele estabelecido
para o maior cargo dentro de cada Poder, no entanto dados
do Conselho Nacional de Justiça traz algo incompatível com a
Constituição Federal, ou seja, mais da metade de desembargadores
de Minas Gerais, recebem acima do teto constitucional, pesquisa
na planilha que informa os contracheques dos 1.548 membros do
judiciário de Minas Gerais, apontou que destes 877 ganhas acima
do teto, já considerando os descontos, ademais o maior valor líquido
registrado foi de um desembargador do mesmo Estado, que recebeu
o bruto de R$ 68.627,58, só de “direitos eventuais” foi R$36.627,58.
(BRASIL, 2018)

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1016 ANAIS X SIMPAC

A situação vivenciada chega a ser lamentável, tendo em vista


que poderes que deveriam dar o exemplo, criam artifícios para
ludibriar o texto normativo.

Outro ponto fundamental que merece destaque é a edição da


lei n° 6.787/2016, pelo poder executivo, que versa sobre a alteração
da consolidação das leis trabalhista, dispondo sobre trabalho
temporário, jornada a ser cumprido, registro de empregado e
suas implicações, acordos coletivos, entre outras mudanças que
refletem na relação de emprego e nas condições trabalhistas. A
constituição federal de 1988 dedicou seu artigo 7º para assegurar
as garantias dos trabalhadores, tendo em vista que os direitos
trabalhistas integram os direitos fundamentais, sedo de forma
especial protegidos contra discricionariedade de quem quer que seja.
Nesse aspecto, uma reforma trabalhista deveria visar a geração de
empregos, garantir a estabilidade dos que já estão ingressados no
mercado de trabalho e consequentemente a isso gerar lucros para
o empregador. No entanto, o que se evidencia com a reforma é o
privilégio do empregador em consonância com a precariedade do
empregado. Nesse sentido, Ricardo José Macedo de Britto Pereira,
subprocurador do Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso,
afirma: “Submeter o nosso direito do trabalho à dinâmica do mercado
total, tornando-o atrativo para práticas degradantes e precárias,
atenta contra toda a sociedade brasileira e bloqueia, de uma vez por
todas, o tortuoso itinerário para assegurar trabalho digno e decente
aos brasileiros”. (FREITAS, 2017, on-line)

Conclusão

Em suma, frisa-se o fato de que o ordenamento jurídico está


perdendo a noção de finalidade, teleologia das normas jurídicas, vez
que é notório a desídia da casa legislativa ao propor normas que
ferem o princípio da isonomia, além de irem de encontro ao bem
comum proposto pelo Estagirita Aristóteles. (1987). No caso do teto
remuneratório é evidente a falta de eficácia da lei, frente aos dados

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1017

de supersalários, já mencionados, percebidos por servidores públicos.


Esses salários não são condizentes com o regime jurídico restrito da
administração pública. Os servidores criam vários subterfúgios para
majorar seus salários, caracterizando o rompimento do princípio
da moralidade que rege a administração pública. Por outro lado,
tem-se o caso da reforma trabalhista que ao invés de proporcionar
mais vagas no mercado de trabalho, concomitante a isso, assegurar
a estabilidade dos ingressados nesse meio, ocasionam uma máxima
de insegurança ao trabalho digno, e visam apenas os lucros para
as empresas, abrindo mão de acordos que podem ocasionar uma
redução dos direitos dos trabalhadores. A reforma trabalhista nos
moldes em que se encontra é pretexto para o desenvolvimento da
atividade econômica das empresas, evadindo-se de sua função
primordial, visar o bem comum, ao proporcionar segurança
aos trabalhadores, vez que a CLT não tem com fim fomentar o
desenvolvimento econômico. (GUSMÃO,2016). Com tudo, faz-se
mister o renascimento do bem com comum aristotélico na edição
das normas que irão formar o ordenamento jurídico pátrio.

Referências Bibliográficas

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Paulo: Nova Cultural, 1987.
BRASIL. Portal da Transparência. Ministério da Transparência
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FREITAS, D. M. Uma analise das propostas de reforma


trabalhista no Brasil. Disponível em: <https://danieldemelofreitas.
jusbrasil.com.br/artigos/440852696/uma-analise-das-propostas-de-
reforma-trabalhista-no-brasil > . Publicado em 2017. Acesso em
2018.

MACINTYRE, A. Justiça de quem? Qual racionalidade? Tradução

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1018 ANAIS X SIMPAC

Marcelo Pimenta Marques. São Paulo: Loyoloa, 1991.

PIEPER, J. As virtudes cardeais revisitadas. Jean Lauand (trad.)


International Studies on Law and Education , v. 11, mai-ago, p.
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ANAIS X SIMPAC 1019

O PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA


E A NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA DE SEUS PRECEITOS
PARA SE DAR EFETIVIDADE AO PRINCÍPIO DA
INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE
COLETIVA

Marcela Abreu Dias1, Ângela Barbosa Franco2

Resumo: A pesquisa asseverou que o papel da negociação coletiva


é harmonizar as normas para adequar os direitos trabalhistas de
disponibilidade relativa à realidade econômica e social do mercado
de trabalho. A investigação pautou-se na vertente jurídico-
dogmática e deduziu que a Reforma Trabalhista, ao vislumbrar a
valorização dos instrumentos coletivos de trabalho, desconheceu
o fato que o processo negocial possui limites. Ele deve se pautar
apenas em direitos de indisponibilidade relativa e na reciprocidade
para a construção de normas entre os sujeitos envolvidos. Também
é importante advertir os efeitos decorrentes da Lei nº 13.467/17 na
atuação do sindicato dos trabalhadores. Este, sem fonte de receita
obrigatória, conta com poucos associados e encontra-se fragilizado
para defender os interesses da classe profissional. Com base nesse
contexto, a pesquisa defendeu que o princípio da intervenção
mínima na autonomia da vontade coletiva, para ter efetiva
aplicabilidade e efetividade, deve compatibilizar as tratativas entre
empregadores e empregados com harmonia, sem transacionar os
direitos indisponibilidade absoluta. Somente nesse viés o mínimo
essencial estruturante do Direito do Trabalho e a eficácia do preceito
constitucional da dignidade no trabalho ficariam preservados.

Palavras–chave: Representatividade sindical, retrocesso social,


relativização da norma mais favorável, validade do negócio jurídico,
valorização do negociado sobre o legislado

1
Graduanda em Direito da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: marcelaadias1@hotmail.com
2
Professora da disciplina de Direito do Trabalho na FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: angelafranco@
univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1020 ANAIS X SIMPAC

Introdução

O ordenamento jurídico trabalhista vive um momento de


intensa flexibilização e desregulamentação de suas fontes com o
advento da Lei nº. 13.467/17. Essa tem como espeque a valorização
dos instrumentos coletivos de trabalho e, no âmbito individual,
também a possibilidade do empregado e do empregador, sem
interferência estatal ou sindical, negociar livremente. Os direitos
da classe obreira passam a ser basicamente assegurados pelos
sindicatos, despojados da contribuição sindical obrigatória e capazes
de ajustar condições de trabalho piores sem contrapartida patronal.
Além disso, o mencionado diploma legal ignora a desigualdade
entre os contratantes, ao permitir à parte hipossuficiente da
relação de emprego ajustar cláusulas contratuais diretamente
com quem se encontra juridicamente subordinado. Nesse viés, a
pesquisa objetivou ressaltar que a autonomia da vontade coletiva
deve se harmonizar aos preceitos do princípio da adequação setorial
negociada.

Material e Métodos

A investigação adotou a vertente jurídico-dogmática,


exploratória das consequências da Reforma Trabalhista sobre
critérios de harmonização entre as normas advindas de negociação
coletiva e as normas provenientes da legislação. Assim, a partir
da investigação de fontes secundárias e de um processo mental
dedutivo, utilizou os preceitos limitadores do princípio da adequação
setorial negociada para asseverar que o princípio da intervenção
mínima na vontade coletiva deve observá-los.

Resultados e Discussão

Por meio da Lei nº. 13.467/17 (BRASIL, 2017a), o princípio


da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva torna-se
um novo comando jurídico norteador da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), contudo, o ordenamento jus laboral depara-se com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1021

a incoerência dos dispositivos que estipulam a negociação, diante


dos fundamentos consolidados pelo princípio da adequação setorial
negociada.
O princípio da adequação setorial negociada, capitaneado
por Delgado (2018), assevera que os acordos e convenções coletivas
sobressaem a lei, desde que as normas acertadas indiquem padrão
setorial normativo superior ao estatal e alterem apenas normas
de indisponibilidade relativa. No que concerne às regras de
indisponibilidade absoluta, como as relativas à proteção e à saúde
do trabalhador, devem ser preservadas e jamais flexibilizadas
(DELGADO, 2018).
O princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade
coletiva, expressamente citado no art. 8º, §3º, da CLT (BRASIL,
2017a), dispõe que os acordos coletivos de trabalho (ACT) e as
convenções coletivas de trabalho (CCT) prevalecem sobre a lei.
Nesse aspecto, a Justiça do Trabalho deve se ater exclusivamente à
conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, ou seja,
agente capaz, objeto lícito, possível e determinado ou determinável
e forma prescrita em lei. Deduz-se, portanto, que a reforma incutida
no texto celetista limita a exegese das normas coletivas pelo Poder
Judiciário, determinando uma mera análise da forma e não ao
conteúdo (CORREIA, 2018).
No bojo da CLT há quinze incisos arrolados pelo art. 611-A,
provenientes da Lei nº. 13. 467/17 (BRASIL, 2017a), com temáticas
multidimensionais, que podem ser ajustados por negociação
coletiva. Todos visam ampliar as possibilidades de transação
das condições de trabalho diversamente ao que expressamente a
legislação heterônoma autoriza. Além do mais, o §2º, do art. 611-
A, da CLT (BRASIL, 2017a, online) assevera que: “A inexistência
de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por
não caracterizar um vício do negócio jurídico”. Sob essa perspectiva,
exime os agentes envolvidos de promover ajuste bilateral, ou seja,
não se faz necessária a existência de compensação recíproca de
direitos ou obrigações em busca de uma negociação equilibrada e
coerente. Ainda que a Carta Maior (BRASIL, 1988) reconheça os

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1022 ANAIS X SIMPAC

acordos e as convenções coletivas de trabalho (artigo 7º, XXXVI,


da CF/88), há de se ressaltar que o art. 611-A da CLT (BRASIL,
2017a) extrapola os limites adstritos ao princípio da adequação
setorial negociada. Nota-se nitidamente tal asserção nos incisos XII
e XIII do artigo 611-A da CLT (BRASIL, 2017a), permissores do
enquadramento do grau de insalubridade e prorrogação de jornada
em locais insalubres, mediante negociação coletiva, inclusive
sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do
Trabalho. Apesar do inciso XIII se encontrar revogado pela Medida
Provisória 808/17 (BRASIL, 2017b), a impropriedade do texto se
mantém, já que o referido inciso XII absorve parte da redação do
inciso XIII e, ao arrepio dos preceitos protetivos ao trabalhador,
dispensa a autorização do órgão competente em locais onde a
saúde do trabalhador encontra-se vulnerável. Como salientado, as
questões ligadas à saúde do empregado são de indisponibilidade
absoluta e não podem ser ajustadas por entes coletivos. Afinal, estão
“imantadas por uma tutela de interesse público, por constituírem
um patamar civilizatório mínimo que a sociedade democrática não
concebe ver reduzido em qualquer segmento econômico-profissional”
(DELGADO, 2018, p. 1.567). Portanto, essa nova asserção legal, em
sua literalidade, não valoriza o trabalhador como ser humano nem
respeita seu bem indisponível à integridade física, já que o labor
em área insalubre pode se intensificar com o tempo de exposição ao
agente agressivo (CASSAR, 2018).
Outro exemplo de insensatez que a Reforma Trabalhista
concebe encontra-se no parágrafo único, do art. 611-B, da CLT
(BRASIL, 2017a, online): “regras sobre duração do trabalho e
intervalos não são consideradas como normas de saúde, higiene
e segurança do trabalho para os fins do disposto neste artigo”.
Nesse aspecto, o princípio da intervenção mínima na autonomia
da vontade coletiva novamente interfere em regras respeitantes à
saúde, especificamente na preservação da higidez física e mental do
trabalhador. O lapso temporal destinado ao intervalo intrajornada
de no mínimo uma hora, para trabalhadores com jornada superior
a seis horas, prescrito pelo art. 71 da CLT (BRASIL, 1943), pode ser
reduzido para trinta minutos via instrumento normativo coletivo.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1023

Tal possibilidade, estampada no art. 611-A, III, da CLT (BRASIL,


2017a,), compromete o direito de desconexão do trabalhador cujo
objetivo é a recuperação das energias físicas e mentais despendidas
com o trabalho. Afirmar que o intervalo intrajornada não consiste
em uma regra de proteção à saúde e à segurança no trabalho torna-
se absolutamente ilógica e desarrazoada.
Assim, enquanto o princípio da adequação setorial negociada
busca um equilíbrio entre a lei e as negociações coletivas, o
princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva
determina a prevalência de normas, os acordos e convenções, sobre
a outra, a lei. Esse conflito, permissor do acordado sobre o legislado,
sugere uma atuação contrária aos interesses da classe profissional
e inclusive permite a alteração das normas de indisponibilidade
absoluta que jamais poderiam ser tratadas como regras dispositivas.
Ademais, não se deve ignorar o fato de o sindicato, sem fonte de
receita obrigatória e com poucos associados, ficar submisso ou
a mercê do poder econômico patronal. A contribuição sindical,
nos moldes da nova redação dada ao art. 545 da CLT (BRASIL,
2017a), não é mais imperativa o que compromete a sobrevivência e
atuação do ente coletivo que não possui uma quantidade razoável
de associados. Como se não bastasse, o art. 620 da CLT (BRASIL,
2017a) é modificado para determinar a prevalência do acordo
coletivo independentemente de ser mais benéfico do que a convenção
coletiva.
A Reforma da CLT, ao mesmo tempo, dá ensejo a acordos
firmados diretamente entre empregador e empregado, como se
vislumbra nos §5º e §6º do art. 59 (BRASIL, 2017a) e §2º do art. 59-A
(BRASIL, 2017b). Trata o trabalhador como parte hipersuficiente na
relação de trabalho, conforme suscita o parágrafo único do art. 444
(BRASIL, 2017a), para que esse tenha liberdade ao pactuar cláusulas
contratuais. Ocorre que o empregado é a parte hipossuficiente
na negociação trabalhista e não há como se desvencilhar dessa
condição diante da realidade sócio econômica do país com alta taxa
de desemprego (IBGE, 2017).
Atribuir poder às negociações para suprimir ou reduzir normas
heterônomas ou transacionar direitos de indisponibilidade absoluta

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1024 ANAIS X SIMPAC

representa a desfaçatez dos princípios da norma mais favorável


ao trabalhador, da proteção ao empregado, da imperatividade das
normas, dentre outros, que asseguram o trabalho digno. O princípio
da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva, para
ter efetividade, deve compatibilizar suas tratativas nos moldes do
princípio da adequação setorial negociada. Somente nesse viés o
mínimo essencial estruturante do Direito do Trabalho e a eficácia do
preceito constitucional da dignidade no trabalho são preservados.

Considerações Finais

O princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade


coletiva apenas pode atuar quando a flexibilização dos direitos
do trabalhador se harmonizar com a permissibilidade da norma
heterônoma estatal concernente aos direitos de indisponibilidade
relativa e com contrapartidas recíprocas, jamais transgredindo
direitos de indisponibilidade absoluta.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, 1º de maio


de 1943. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 26 fev. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 05
fev. 2018.

BRASIL. Lei 13.467, de 13 de julho de 2017a. Altera a Consolidação


das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o
de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de
11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar
a legislação às novas relações de trabalho. Diário Oficial da União,
14 ju1. 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2017/lei/L13467.htm>. Acesso em: 05 fev. 2018.

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ANAIS X SIMPAC 1025

BRASIL. Medida Provisória 808, de 14 de novembro de 2017b. Altera


a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-
Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União, 14
nov. 2017. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2017/Mpv/mpv808.htm>. Acesso em: 05fev. 2018.
CASSAR, Voila. Comentários à Reforma Trabalhista. Lei
13.467, de 13 de Julho de 2017. 15ª ed. Método, 2018.
CORREIA, Henrique. Direito do trabalho. 11ª ed. Salvador:
Juspodivm, 2018.

DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 17ª ed. São


Paulo: LTr, 2018.
IBGE. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-
noticias/2013-agencia-de-noticias/releases/19756-pnad-continua-
taxa-de-desocupacao-e-de-11-8-no-trimestre-encerrado-em-
dezembro-e-a-media-de-2017-fecha-em-12-7.html>. Acesso em: 17
mar. 2018.

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1026 ANAIS X SIMPAC

AVALIAÇÃO O CONHECIMENTO SOBRE HOMEOPATIA


PELOS USUÁRIOS DO SUS DE VISCONDE DO RIO
BRANCO – MG

Vanessa Gomes da Silva1, Marcelly Cristina Rocha de Souza2,


Renata Silva Diniz3, Adriane Jane Franco4

Resumo: No Brasil, a homeopatia foi reconhecida como especialidade


médica em 1980. Porém somente em 2004 a Política Nacional
de Medicina Natural e Práticas Complementares (PNMNPC),
publicação do Ministério da Saúde, que estabelece pontos
importantes para a inserção destas práticas no sistema público de
saúde. Por isso, o presente estudo teve como objetivo verificar o
conhecimento dos usuários do SUS sobre a homeopatia no município
de Visconde do Rio Branco. Para tanto foi realizada uma pesquisa
descritiva de caráter exploratório. Constatou-se conhecimento sobre
a homeopatia, entretanto, notou-se a confusão de homeopatia com
medicamentos naturais e fitoterápicos. Em relação a este objetivo
as entrevistas proporcionaram algumas informações sobre esse
conhecimento. Em suma, pode-se concluir que a maioria dos usuários
apresenta pouco ou nenhum conhecimento sobre a homeopatia, e
poucos usuários tiveram acesso ao tratamento homeopático. Sendo
um dos papéis do farmacêutico homeopata a promoção da educação
em saúde à comunidade, principalmente com o intuito de educar
e instruir sobre todos os aspectos relacionados ao medicamento, e
outros produtos utilizados na terapêutica homeopática.

Palavra-chave: Dose mínima, Lei dos semelhantes, Substâncias.

1
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: vanvrb4@gmail.com
2
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: marcellycristinavrb@hotmail.com
3
Professora de Farmácia, coordenadora do Fitofármacos – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
redinizreis@gmail.com
4
Professora de Farmácia, integrante do Fitofármacos - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adriane@
univicosa.com.br

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ANAIS X SIMPAC 1027

Introdução

O princípio básico da homeopatia é que, semelhante pode


curar semelhante, onde uma substância seria capaz de curar algo
semelhante ao que ela mesma causa. Os métodos de Hahnemann
para essa terapêutica são divididos em quatro princípios: lei da
semelhança, experimentação no homem são, doses mínimas e
medicamento único. Por ser um tratamento barato em relação aos
outros, e por mostrar eficiência, aumentou-se a utilização desses
medicamentos pela população (DEJUSTE, 2006).
A homeopatia é um sistema cientifico bem definido e com
metodologia de pesquisa própria, reconhecida pelo conselho federal
de medicina e farmácia. E por isso, o papel do farmacêutico tem sido
importante na prestação de informações, orientação e promoção a
qualidade de vida da população. (OLIVEIRA; ZANIN; MIGUEL,
2004).

Material e Métodos

Trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter exploratório.


Foi realizada na Farmácia Municipal Central, unidade pertencente
ao Sistema Único de Saúde, na qual foram entrevistados usuários da
Farmácia Central do Município de Visconde do Rio Branco, Minas
Gerais, Brasil. O cálculo da amostragem foi desenvolvido conforme
proposto por Barbetta (2007), para representar uma fidedignidade
de 95% da amostra em relação à população avaliada. Este trabalho
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA e registrado no Núcleo de Pesquisa e Extensão –
NUPEX, sendo o protocolo de registro n°139/2017-I

Resultados e Discussão

A amostra foi constituída por 254 entrevistados sendo


do gênero feminino 57,5% e 42,5% do gênero masculino, a faixa

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1028 ANAIS X SIMPAC

etária predominante de 18 a 25 anos 29,6%, os que possuem ensino


superior incompleto foram a maioria 26,37% e 89,3% moram na
região urbana do Município de Visconde do Rio Branco.
As entrevistas foram conduzidas para um total de 72,05%
indivíduos que expressaram já ter ouvido falar de homeopatia.
Quando questionados sobre o que seria a homeopatia a maioria dos
entrevistados 84,92% disseram saber do que se tratava e destes
84% acreditavam que a homeopatia é um tratamento natural. Os
entrevistados em sua maioria, 68,85%, afirmavam ainda que a
homeopatia é um tratamento a base de plantas.
Apesar de 84,92% dos entrevistados terem afirmado saber
o que é a homeopatia, apenas 25% afirmaram que já utilizaram o
tratamento e 75% nunca utilizaram tratamento homeopático.
Quanto à fonte de informação sobre a homeopatia, o maior
resultado foi através de “conhecidos leigos” (amigos) 36,22% (N=71)
e por meio de comunicação de massa (televisão) 16,83% (N=33).
Diversos entrevistados citaram mais de uma resposta sobre meio
de comunicação (figura 1).

Figura 1: Distribuição conforme os meios de informações como


fonte de conhecimento sobre homeopatia.

Estes dados foram semelhantes com o estudo desenvolvido


por Dias (2008), onde os meios de comunicação mais citados foi a
televisão, seguido pelos amigos.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1029

Para 77 % dos entrevistados a homeopatia não cura todo


tipo de doença. A maioria dos entrevistados 83,33% demonstraram
interesse em conhecer e até mesmo se tratar pela homeopatia, caso
esta fosse implantada em Visconde do Rio Branco. Segundo
Dias, Melo e Silva (2014), esse interesse pode ser justificado por
vários motivos como necessidade de mais alternativas no SUS,
menor custo dos medicamentos, maior acessibilidade para toda a
população e existência de demanda não atendida. Os dados foram
semelhantes ao estudo de Dias (2008).
A maioria dos entrevistados obtiveram experiências
satisfatórias. As respostas obtidas com tratamento homeopático
também foram relatadas como satisfatórias, visto que as melhoras
permitiam exercer suas atividades diárias sem interferência da
doença.

Conclusão

A partir desse estudo foi possível observar que a maioria


dos indivíduos apresenta pouco ou nenhum conhecimento sobre a
homeopatia, e poucos tiveram acesso ao tratamento homeopático.
Sendo um dos papéis do farmacêutico homeopata, a promoção da
educação em saúde à comunidade, principalmente com o intuito de
educar e instruir sobre todos os aspectos relacionados ao medicamento,
e outros produtos utilizados na terapêutica homeopática.

Referências Bibliográficas

BRASIL, Ministério da Saúde, Política Nacional de Práticas


Integrativas e Complementares no SUS. 2° ed. Brasília.
2015. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
politica_nacional_praticas_integrativas_complementares_2ed.pdf
> Acesso em: 08 abril 2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1030 ANAIS X SIMPAC

BRASIL, Ministério da Saúde, Programa de Homeopatia,


Acupuntura e Medicina Antroposófica. Brasília. 2004.
Disponível em: <file:///C:/Users/Admin/Downloads/pbh-publicacao-
final%20(2).pdf > Acesso em: 08 abr. 2018.

DEJUSTE, M..R. Efeitos de ultradiluições de drogas


carcinogênicas iniciadoras e da dexametasona na
carcinogênese hepática de ratos. 2006. Disponível em: <https://
repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/87748/dejuste_mr_
me_rcla.pdf?sequence=1&isAllowed=y> Acesso em: 08 de abril.
2018.

DIAS, J.S.; MELO, A.C.; SILVA, E.S. Homeopatia: percepção da


população sobre significado, acesso, utilização e implantação no
sus. Espaço para a Saúde-Revista de Saúde Pública do Paraná, v.
15, n. 2, p. 58-67, 2014. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/espacoparasaude/article/
view/9856> Acesso em: 08. Abril. 2018.

BARBETTA, P. A. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 7ª


ed. Florianópolis: UFSC. 2007.

OLIVEIRA, A.B.; ZANIN, S.M.W.; MIGUEL, M.D.A. utilização


de medicamentos homeopáticos na região metropolitana de
Curitiba. Visão Acadêmica, v. 5, n. 2, 2004. Disponível em: <http://
revistas.ufpr.br/academica/article/view/561> Acesso em: 08 abr.
2018.

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ANAIS X SIMPAC 1031

UTILIZAÇÃO DE FITOTERÁPICOS NO SISTEMA ÚNICO


DE SAÚDE

Márcia de Paula Silva1, Monique Soares Ribeiro2, Renata Kelly


Soares3, Adriana Maria Patarroyo Vargas4, Adriane Jane Franco5,
Renata Silva Diniz6

Resumo: A fitoterapia é o estudo de plantas medicinais usadas como


alternativas para tratamentos de enfermidades. O uso de fitoterápicos
vem crescendo aos poucos no Brasil e já foi implementado no Sistema
Único de Saúde (SUS). As Farmácias Vivas fazem parte do programa
de fitoterapia no SUS e têm se mostrado uma boa alternativa para
a população, pois incentivam o uso e cultivo de plantas medicinais.
Este estudo tem como proposta apresentar informações atualizadas
sobre a disponibilidade e uso de fitoterápicos no SUS. Apesar do
crescimento, nota-se ainda que o sistema público de saúde não
utiliza toda a potencialidade disponível da fitoterapia.

Palavras–chave: Farmácia viva, fitoterapia, plantas medicinais,


rename
Introdução

Fitoterapia é a ciência terapêutica baseada na utilização


de medicamentos com constituintes ativos derivados de plantas
medicinais, e que tem a sua origem no conhecimento e no uso
popular (RODRIGUES e AMARAL, 2012).   A legislação sanitária
brasileira define os medicamentos fitoterápicos como aqueles obtidos
com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja
segurança e eficácia estejam baseadas em evidências clínicas e que
1
Graduanda em farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: maaps68@gmail.com
2
Graduanda em farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: moniiquesr-1@hotmail.com
3
Graduanda em farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: renata_soares2008@hotmail.com
4
Professora, integrante Fitofármacos – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: patarroyo@univicosa.com.br
5
Professora, integrante Fitofármacos – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adriane@univicosal.com
6
Professora, coordenadora Fitofármacos – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: redinizreis@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1032 ANAIS X SIMPAC

sejam caracterizados pela constância de sua qualidade (BRASIL,


2014).
Produtos naturais, de origem mineral, vegetal e animal são
utilizados para tratamento de enfermidades desde o início da
civilização humana e ainda continuam fundamentais para a área
da saúde (RODRIGUES e AMARAL, 2012). A utilização de plantas
medicinais e fitoterápicos se mostra como uma alternativa nos
serviços de saúde pública, porém ainda recebe pouca atenção dos
serviços públicos (GUIZARDI E PINHEIRO, 2008).
O Brasil é um dos maiores detentores mundiais de diversidade
biológica, possui o maior número de espécies animais e vegetais
do mundo (de 15% a 20% do total). Apesar disso, a utilização de
plantas medicinais para descoberta de novos fármacos é ainda pouco
explorada (RODRIGUES, 2016; RODRIGUES e AMARAL, 2012).
A implantação da fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS)
garante diversos benefícios, dentre eles, maior economia para o
país, valorização da cultura e do conhecimento popular, fácil acesso
ao tratamento de doenças para populações de baixa renda, desde
que sejam administrados sob uma orientação de um profissional
adequado.
Metodologia

Este estudo realizou pesquisa de caráter qualitativa descritiva


fundamentada em revisão bibliográfica, utilizando as plataformas
de pesquisa SCIELO, PUBMED e Google Acadêmico. As palavras
chaves mais utilizadas foram Fitoterapia no SUS e Farmácia Viva.
Os artigos selecionados foram do período de 1994 a 2017.

Resultados e Discussão

Na Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de


Saúde, realizada em 1978, foi incentivada a valorização das terapias
tradicionais, entre elas a fitoterapia, reconhecidas como recursos
possíveis, mais fáceis e economicamente viáveis de aumentar a
cobertura de atenção primária à saúde (ORGANIZAÇÃO PAN-
AMERICANA DE SAÚDE, 1978).

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ANAIS X SIMPAC 1033

Durante a 10ª Conferência Nacional de Saúde, em 1996, houve


a proposta de incorporar no SUS as terapias alternativas e práticas
populares, uma delas foi o incentivo à fitoterapia e na assistência
farmacêutica pública (ELDIN, 2001).
O SUS disponibiliza alguns medicamentos fitoterápicos para a
população. Estes medicamentos fazem parte da Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e estão descritos no Quadro 1.
Quadro 1 – Fitoterápicos disponibilizados pelo SUS
Denominação Concentração/ Composição Forma
genérica farmacêutica

Alcachofra (Cynara 24 mg a 48 mg de derivados de ácido cafeoilquínico Solução oral/


scolymus L.) expressos em ácido clorogênico (dose diária) Tintura

Aroeira (Schinus 1,932 mg de ácido gálico (dose diária) Gel vaginal/Óvulo


terebinthifolius Raddi) vaginal

Babosa [Aloe vera (L.) 10-70% gel fresco Creme/Gel


Burm. f.]

Cáscara-sagrada 20 mg a 30 mg de derivados hidroxiantracênicos Cápsula/Tintura


(Rhamnus purshiana expressos em cascarosídeo A (dose diária)
DC.)

Espinheira-santa 60 mg a 90 mg de taninos totais expressos em Tintura/


(Maytenus ilicifolia pirogalol (dose diária) Suspensão oral/
Mart. ex Reissek) Emulsão oral

Garra-do-diabo 30 mg a 100 mg de harpagosídeo ou 45 mg a 150 mg Comprimido/


(Harpagophytum de iridoides totais expressos em harpagosídeos (dose Comprimido
procumbens DC. ex diária) de liberação
Meissn.) retardada

Guaco (Mikania 0,5 mg a 5 mg de cumarina (dose diária) Tintura/Xarope/


glomerata Spreng.) Solução Oral

Hortelã (Mentha x 60 mg a 440 mg de mentol e 28 mg a 256 mg de Cápsula


piperita L.) mentona (dose diária)

Isoflavona-de-soja 50 mg a 120 mg de isoflavonas (dose diária) Cápsula/


[Glycine max (L.) Merr.] Comprimido

Plantago (Plantago 3 g a 30 g (dose diária) Pó para dispersão


ovata Forssk.) oral

Salgueiro (Salix alba L.) 60 mg a 240 mg de salicina (dose diária) Comprimido/


Exilir/Solução
oral

Unha-de-gato [Uncaria 0,9 mg de alcaloides oxindólicos pentaclíclicos Cápsula/


tomentosa (Willd. ex Comprimido/Gel
Roem. & Schult.)]

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1034 ANAIS X SIMPAC

Entre as possibilidades de utilização de fitoterapia no SUS


estão as Farmácias Vivas, criadas pela Portaria MS 886/2010,
que realizam as etapas de cultivo, colheita, armazenamento de
plantas medicinais, manipulação e dispensação de preparações
magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos. A
prescrição da planta medicinal e do fitoterápico pode ser realizada
em receituário, utilizando a nomenclatura botânica do produto,
forma farmacêutica, seguida de denominação popular da planta
medicinal, composição, posologia, modo de usar e o tempo do
tratamento (BRASIL, 2010).  
As farmácias vivas podem ser classificadas de acordo com
os diferentes serviços prestados à população. Algumas trabalham
especificamente com a manipulação de chás, outras, além da
manipulação, realizam a distribuição de mudas e preparos
farmacotécnicos como: pomadas, xaropes e cápsulas.  As vantagens
deste programa são o estímulo ao desenvolvimento da produção
local e a produção de plantas em baixa escala, o que assegura a
qualidade das espécies cultivadas (MATOS, 1998).

Considerações Finais

Após a pesquisa e o levantamento dos dados verificou-se


que a fitoterapia é utilizada há muitos anos, e é uma excelente
alternativa socioeconômica e de fácil acesso à sociedade. Apesar do
Brasil apresentar rica diversidade biológica, nota-se que a fitoterapia
ainda não é amplamente conhecida e nem utilizada por receberem
pouca atenção dos serviços públicos em pesquisa e produção de
medicamentos fitoterápicos. Entretanto, as farmácias vivas vêm se
apresentando como importante incentivo para a utilização e cultivo
de plantas medicinais.

Referências Bibliográficas

BRASIL - CP no 85 de 10 de agosto de 2010. Boas práticas de


processamento e manipulação de plantas medicinais e fitoterápicos
em Farmácias Vivas, de 12 de agosto de 2010.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1035

BRASIL - Ministério da Saúde (MS). Agência Nacional de Vigilância


Sanitária (Anvisa). Resolução da Diretoria Colegiada - RDC n° 26,
de 13 de maio de 2014. Dispõe sobre o registro de medicamentos
fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais
fitoterápicos, junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1036 ANAIS X SIMPAC

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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1037

COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE MACERAÇÃO


E ULTRASSOM POR MEIO DA ATIVIDADE
ANTIBACTERIANA DO EXTRATO DE ALECRIM
(ROSMARINUS OFFICINALIS)

João Felipe Silva Lourenço1, Márcia Helena Santos Esteves2,


Adriana Maria Patarroyo Vargas3, Adriane Jane Franco4, Renata
Silva Diniz5

Resumo: A resistência bacteriana a antibióticos é uma situação


progressiva, por isso, se faz necessário a descoberta de novos
princípios ativos principalmente de origem vegetal, devido à grande
biodiversidade e biodisponibilidade desses recursos no Brasil. Este
estudo teve como objetivo averiguar a eficácia dos métodos de extração
pela ação antibacteriana do alecrim (Rosmarinus officinalis). Para
obtenção dos extratos alcoólicos de alecrim, utilizou-se o método de
maceração e o ultrassom. Os extratos brutos foram adicionados em
placas de petri contendo ágar nutritivo e 500 µl de caldo nutritivo
com colônias de bactérias Staphylococcus aureus. As placas foram
incubadas por 48 horas e os halos de inibição foram medidos. O extrato
obtido por ultrassom apresentou maior eficácia antibacteriana.

Palavras–chave: Eficiência de extração, extração, Staphylococcus


aureus

Introdução

Criado por Alexander Fleming em 1928, os antibióticos são


medicamentos utilizados frente às bactérias, tendo ação bactericida
ou bacteriostática sem danificar as células corporais do hospedeiro.
1
Graduando em Farmácia – FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA. e-mail: joaofelipelourenco8@gmail.com
2
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: marciahelena1001@gmail.com
3
Professora Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: patarroyo@univicosa.com.br
4
Professora Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adriane@univicosa.com.br
5
Professora Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: redinizreis@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1038 ANAIS X SIMPAC

Devido ao uso irracional dos antibióticos, iniciou-se um processo de


resistência bacteriana a essas e outras drogas, por isso tem-se uma
necessidade de criar novos fármacos que sejam capazes de destruir
ou inativar as bactérias que sofreram mutações ao longo dos anos.
Com o intuito de deter o avanço da resistência, estudos estão
sendo direcionados sobre recursos vegetais, que possuem grande
biodisponibilidade e biodiversidade, com o objetivo de descobrir
novos princípios ativos com propriedades antimicrobianas. As
plantas que contêm princípios ativos de interesse farmacológico
estão sendo cada vez mais estudadas (MOTA, SILVA e FREITAS,
2005).
O alecrim (Rosmarinus officinalis) pertencente à família
Lamiaceae se apresenta na forma de arbusto de pequeno porte que
possui folhas finas e flores, que são as principais partes da planta
utilizada para extração. Em sua composição química estão incluídos
óleos essenciais, diversos compostos fenólicos como flavonóides e
flavonas, ácidos fenólicos e diterpenos tricíclicos. Uma das principais
atividades do alecrim é o controle bacteriológico, que ocorre devido
a uma grande quantidade de compostos fenólicos, que agem sobre
bactérias gram-positivas e gram-negativas, além da presença de
ácido carnosico e carnosol. Essa atividade também pode ser devida
ao sinergismo dos princípios ativos. Para obtenção dos compostos de
interesse farmacológico, a planta necessita passar por processo de
extração (PENTEADO e CECY, 2005).
A maceração é uma técnica de extração a frio em que a parte
da planta utilizada e o solvente são colocados em um recipiente
fechado e permanecem em temperatura ambiente durante um
período prolongado, sob agitação ocasional e sem renovação do
líquido extrator. No método de extração por ultrassom, a planta
e o solvente são colocados no equipamento de ultrassom, que tem
como princípio a utilização de correntes de alta frequência, que, por
sua vez, possibilitam a fragmentação de estruturas e membranas
celulares com maior efetividade, liberando mais constituintes
químicos (MEREGALLI, 2007).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1039

Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar,


entre os métodos de extração por maceração e por ultrassom, qual
apresenta maior eficácia. A eficiência do processo extrativo foi
determinada pela avaliação da atividade antibacteriana do alecrim
frente à bactéria Staphylococcus aureus.

Material e Métodos

Para preparação do extrato obtido por maceração, pesou-se 5


gramas de folhas de alecrim rasuradas em tamanho pequeno em
um béquer. Posteriormente, adicionou-se 25 ml de álcool 70%. O
béquer foi então recoberto com papel alumínio e armazenado em
temperatura ambiente por 7 dias. Após esse tempo, o extrato obtido
foi filtrado.
O extrato obtido por ultrassom foi preparado misturando-se 5
gramas de folhas de alecrim rasuradas em tamanho pequeno e 25
ml de álcool 70% em um béquer, que foi recoberto por papel alumínio
e levado ao ultrassom por 1 hora. Posteriormente, o extrato obtido
foi filtrado.
Para avaliação da atividade antibacteriana dos extratos
alcoólicos de alecrim obtidos por maceração e por ultrassom, utilizou-
se a bactéria Staphylococcus aureus (ATCC 1934) cultivadas em
caldo nutritivo. O meio de cultivo utilizado foi o ágar nutritivo em
pH neutro e a colônia de bactéria em uso se encontrava 0,5 na escala
Mcfarland. Foram preparadas duas placas de petri, uma para o
extrato obtido por maceração e a outra para o extrato obtido por
ultrassom. Cada placa de petri para inoculação foi preparadas
adicionando-se 13 mL de meio de cultura e 500 µL de caldo nutritivo
contendo Staphylococcus aureus. Ao se iniciar a solidificação do
ágar, foram feitos 4 orifícios de aproximadamente 0,5 mm, sendo
que em um orifício foi adicionado álcool (controle) e os outros três
foram utilizados para adição dos extratos alcoólicos do alecrim. As
placas foram incubadas em estufa a 37 °C por 48 horas. Após esse
período, os halos de inibição foram determinados utilizando-se um
paquímetro.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1040 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

Após as 48 horas necessárias para o crescimento bacteriano, as


placas foram observadas e verificou-se formação de halos inibitórios
nas duas placas com extrato alcoólico de alecrim (Figura 1).

[A] [B]
Figura1 - Ilustração dos halos de inibição dos dois extratos de
alecrim. Alecrim + álcool macerado [A], Alecrim + álcool ultrassom
[B]

A formação dos halos de inibição demonstrou a atividade


antibacteriana do alecrim. Além disso, os halos formados foram
medidos a fim de se determinar qual método é mais eficiente para
extração de metabólitos ativos. Os resultados encontrados estão
demonstrados na Tabela 1.

Tabela 1 - Medidas dos halos de inibição (cm) apresentados pelos


extratos alcoólicos de alecrim obtidos por maceração e por ultrassom
sendoT1 ( Triplicata 1),T2 (Triplicata 2), T3( Triplicata 3) e T4 (
Triplicata 4)
Halo de
Halo de Halo de Halo de
inibição
Bactéria Método inibição inibição inibição
T4
T1 T2 T3
(Controle)

Maceração 0,7 cm 0,6 cm 0,8 cm 0


Staphylococcus
aureus Ultrassom 1 cm 0,9 cm 0,9 cm 0

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1041

Como os resultados foram obtidos em triplicata, calculou-se


a média das medidas dos halos de inibição e o desvio padrão com
objetivo de avaliar a diferença de eficiência entre os métodos de
extração por maceração e ultrassom. As médias dos halos de inibição
obtidas foram 0,7 cm para a extração por maceração e 0,93 cm por
ultrassom, já o desvio padrão por maceração foi igual a 0,08165 e
por ultrassom foi igual a 0,04714
Além disso, pode-se observar que a solução controle (álcool
70%), não foi capaz de formar halo de inibição. Czervinski, Souza
e Pittner (2008) obtiveram resultados semelhantes ao testarem
atividade antibacteriana de extrato alcoólico de alecrim (Rosmarinus
officinalis) macerado por 7 dias. Esses autores verificaram a formação
de halo de inibição de 0,8 cm frente a bactéria Staphylococcus
aureus.
Comparando-se os dois processos de extração realizados,
o ultrassom apresentou maior eficiência, uma vez que, gerou um
maior halo de inibição comprovados pelo calculo do desvio padrão.
A maior inibição gerada pelo extrato do ultrassom é decorrente
da maior eficiência do processo extrativo. Essa maior eficiência,
possivelmente, se deve ao fato de que o método utiliza correntes
de alta frequência, proporcionando maior ruptura de estruturas
celulares e permitindo a penetração do solvente para melhor
extração dos princípios ativos, que neste caso são constituintes
químicos com poder antibacteriano.
Este estudo serve como aporte inicial sobre comprovação
da eficiência do ultrassom em processos extrativos, por isso,
investigações sobre os métodos mais eficientes no processo extrativos
irá proporcionar melhores resultados com relação ao halo de inibição
frente a microrganismos patogênicos. Além disso, o uso do material
vegetal na forma seca poderia proporcionar melhores resultados.
Novas análises são necessárias para quantificação e identificação
dos princípios ativos extraídos pelos diferentes métodos de extração.

Conclusões

A necessidade de novas descobertas na área farmacológica

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1042 ANAIS X SIMPAC

impulsiona cada vez mais estudos com plantas medicinais, já que


se apresentam em grande biodiversidade. Por esse motivo, utilizou-
se alecrim (Rosmarinus officinalis) como base do nosso para se
comparar métodos de extração. O processo extrativo utilizando
ultrassom extraiu mais substâncias ativas, uma vez que gerou um
maior halo de inibição frente à bactéria Staphylococcus aureus.

Referências Bibliográficas

CZERVINSKI, T; PITTNER, E.  Avaliação da atividade


antimicrobiana dos extratos de alho (Allium sativum) e
alecrim (Rosmarinus offcinalis). [ebook] Guarapuava- Paraná,
pp.1-3.2008.Disponível em: <http://www.unicentro.br/Pesquisa/
anais/seminario/pesquisa2008/pdf/artigo_639.doc >[Acessado 3
Mar. 2018].

MEREGALLI, M.  Estudo comparativo de diferentes métodos


de extração de compostos bioativos da casca do araçá-
vermelho (Psidium cattleianum sabine. Mestrando. Uri
Campus Erechim, Rio Grande do Sul,2007.

MOTA, R.A; SILVA,K.,P.C.;FREITAS,M.F.L.Utilização


indiscriminada de antimicrobianos e sua contribuição
a multirresitência bacteriana.  USP, 42(6), pp.466-470.Sãp
Paulo,2005.

PENTEADO, J.; CECY, A. Alecrim Rosmarinus officinalis


l. labiatae (lamiaceae): uma revisão bibliográfica. [ebook]
Brasília, pp.1-7.2005. Disponivel em: <http://www.unieuro.edu.
br/sitenovo/revistas/downloads/farmacia/cenarium_02_02.pdf >
[Acessado 2 Mar. 2018].

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1043

BARRAGEM DO CARRAPATINHO - PROJETO DE


BARRAGEM DE TERRA

José Airton Chrisostomo1, Marcos Fernandes de Aquino2, Leandro


Gomes Grossi3, Gabriel Luis Laia Faria4, Fábio Monteiro5, Vander
Júnior Barbosa6, Klinger Senra Rezende7

Resumo: Iniciativas do poder público para a construção de


barragens para acumulação de água devem ter, como justificativa,
uma demanda pública. Desta forma, levanta-se a pergunta: “Em
Viçosa, há necessidade de se construir barragem de acumulação
de água?” Segundo a equipe que elaborou o Plano Municipal de
Saneamento Básico (PMSB, 2014), nas sugestões para resolver o
déficit de água tratada ofertada, a construção de barragens não foi
posta como alternativa. Todavia, há que se considerar as variáveis
climáticas, que têm sofrido alteração incomum nos últimos anos e,
é competência da Administração Municipal e da Concessionária
de Saneamento planejar e criar mecanismos de segurança hídrica
quanto à oferta suficiente e permanente, consideradas as limitações
naturais. Neste contexto, elaborou-se um projeto de barragem de
terra na disciplina de Barragens, do curso de Engenharia Civil da
Univiçosa. O projeto baseou-se nos dados pluviométricos históricos
da bacia de contribuição, com área de 2.550.000m², além da ocupação
humana a jusante. O eixo do barramento situa-se a 110 metros da
rodovia, adentrando para a localidade Deserto, na região do bairro
Paraíso, em Viçosa-MG, coordenadas 20º47’28,42”S; 42º53’06,20”
O. Utilizou-se os softwares Plúvio 2.0 do GPRH/UFV para estimar
a máxima enchente; o Canal do GPRH/UFV para dimensionar o
1
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jacris1965@outlook.com
2
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: 001aquino@gmail.com
3
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: leandroggrossi@yahoo.com.br
4
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gabrielllf2@yahoo.com.br
5
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fabiomonteirovrb@hotmail.com
6
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: engenheirociviljb@gmail.com
7
Mestre em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: klingers15@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1044 ANAIS X SIMPAC

duto de desvio e o vertedouro; o Slide 6.0, da Rocscience, na análise


de estabilidade do maciço. A proteção dos taludes por rip rap a
montante e grama a jusante.

Palavras–chave: Acumulação de água, barragem de terra,


segurança hídrica

Introdução

Relevantes são as motivações para a construção de barragens


para acumulação de água. Nos últimos anos, a cidade de Viçosa
(MG) vem experimentando frequentes paralizações no fornecimento
ininterrupto desse produto, o que implica em uma análise profissional
de causas e em proposições para responder à demanda da cidade, já
que a oferta de água é condição fundamental para o desenvolvimento
econômico e a saúde das pessoas. O PMSB (2014) contemplou
essa questão, sem indicar a construção de barramento de água
como alternativa. Recentemente, a autarquia Serviço Autônomo
de Água e Esgotos-SAAE fez dois levantamentos topográficos em
áreas que, a princípio, poderiam ser objetos de planejamento e
construção de uma barragem, que se somaria às demais captações
nas lagoas da UFV e do Rio Turvo Sujo para suprir à demanda.
Como parte integrante da disciplina de Barragens, alunos do 7º
período de Engenharia Civil da UNIVIÇOSA foram incentivados
e orientados a elaborar projetos de uma barragem, valendo-se do
levantamento altimétrico disponibilizado pelo SAAE, dados físicos
e climáticos (Batista e Rodrigues, 2010) , além de outros fatores que
se julgasse pertinentes. A localização espacial do empreendimento
é apresentada, via satélite, na Figura 1. Tem por objetivo concluir
pela viabilidade ou não do empreendimento.

Material e Métodos

Antes de iniciar a elaboração do projeto, a equipe fez uma


visita de inspeção na área chamada de Deserto, localidade do
Paraíso, manteve diálogo com moradores, efetuou a tomada de dados

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1045

físicos, fez registro fotográfico, coletou amostras de solo, confirmou


a tipologia no fundo das vertentes. Posteriormente, consultou-se
a literatura que trata dos vários tipos de construção de barragens
para acumulação de água e, levantaram-se dados históricos quanto
aos índices pluviométricos na cidade de Viçosa. Optou-se pelo
modelo de maciço de terra homogênea, como preconiza Lopes (2008)
e Massad (idem), já que as condições disponíveis e o menor custo
favorecem esse modo construtivo, sem perder a segurança. Utilizou-
se dos softwares Plúvio 2.0 do GPRH/UFV para estimar a máxima
enchente; o Canal do GPRH/UFV para dimensionar o duto de
desvio e o vertedouro; o Slide na análise de estabilidade do maciço.
Após experimentar alguns dimensionamentos para o maciço da
barragem, a equipe optou por apresentar um avanço do seu eixo
em 20 metros a jusante do eixo originalmente proposto e, com base
nas análises do Slide 6.0 (Figura 2) chegou a um dimensionamento
ideal para o seu corpo (taludes, crista e alteamento), que fornece o
parâmetro de segurança com economicidade para o maciço.

Figura 1: Área demarcada do espelho d’água e do barramento


dentro da bacia de contribuição.
Fonte: Google Earth, em 14/04/2017

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1046 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

Após tratar os dados coletados concluiu-se que o


empreendimento possui viabilidade técnica para ser executado,
porém, sob o ponto de vista socioeconômico tem-se que fazer a
seguinte pergunta: Para o proprietário a obra traz benefícios que
justifique o investimento a ser aplicado?
Não se viu vantagem da Administração Municipal ser
partícipe no investimento, para o interesse público há alternativas
mais vantajosas.
O planejamento e a execução de barragens implica num
elevado grau de responsabilidade, visando sempre ao atendimento
das premissas básicas, assim, o projeto elaborado acrescenta uma
folga de 2,5m entre a lâmina d’água e a crista do barramento,
prevendo uma precipitação atípica, como já ocorreu no passado
recente.
Não obstante, a equipe está pronta para realizar alterações na
proposta, com vistas a melhor atender à necessidade, desde que as
mesmas não comprometam a estabilidade nem a segurança da obra.

Figura 2 – Resultado da análise de estabilidade obtido através


do Software Slide, pelo Método de Fellenius, atende ao fator de
segurança.
Fonte: Os autores

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1047

Considerações Finais

O papel do engenheiro e dos gestores municipais deve estar


pautado na previsão, no planejamento prévio e na execução de obras
que se antecipem à demanda, como tem sido o problema do déficit
hídrico em muitas cidades. Embora o custo-benefício atenda o ponto
de vista construtivo, o volume reservado no local sugerido não foi
suficiente para suprir parte considerável da demanda urbana, razão
pela qual, indicou-se outras possibilidades para resolver o déficit
hídrico, por exemplo, realizar um barramento de grande porte no
Rio Turvo Sujo ou buscar a captação de outra fonte menos poluída,
ainda que mais distante, incentivar a reservação de água pluvial
domiciliar para fins que não sejam o de consumo, reduzir as perdas
do sistema de distribuição, realizar o desassoreamento e o aumento
da profundidade das lagoas da UFV, tendo os consumidores/
contribuintes como sujeitos partícipes do processo de planejamento
e investimentos para a segurança hídrica. A obra é bastante
vantajosa como valorização imobiliária para os proprietários e
deveria ser executada. A construção de barragem de reservação
de água para o Município se apresenta como uma alternativa
estratégica secundária, a se somar às demais proposições.

Agradecimentos

Ao Professor Klinger Senra Rezende, pelas orientações,


motivações e aconselhamentos durante suas aulas, tão profícuas.
Ao Diretor do SAAE, por disponibilizar os levantamentos
topográficos.

Referências Bibliográficas

BATISTA, M. S; RODRIGUES, Rafael A. - Análise climática de


Viçosa associada à ocorrência de eventos pluviométricos
extremos. UFV;
LOPES, J. D.S. Construção de Pequenas Barragens de Terra.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1048 ANAIS X SIMPAC

Viçosa: CPT Centro de Produções Técnicas, 2008;


MASSAD, F. Obras de Terra. 2ª Edição. Ed. Oficina dos Textos.
São Paulo. 2008.
PMSB-Plano Municipal de Saneamento Básico de Viçosa, Cadernos
1, 2 e 3;
Software Plúvio 2.1, GPRH/DEA/UFV - Parâmetros de ajuste
para equação da intensidade da chuva em Viçosa, relativos
à estação pluviométrica considerada de Viçosa;
TRINDADE, T.P. et al. Compactação dos Solos: Fundamentos
Teóricos e Práticos. Viçosa: Editora UFV, 2008.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1049

USANDO DINÂMICA DE SISTEMAS PARA MAPEAR


EFEITOS SISTÊMICOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Marcos Spínola Nazareth1

Resumo: Recentemente, o debate na literatura de federalismo


é como estabelecer um sistema federativo estável e favorável ao
desenvolvimento econômico, tomando o seu arranjo institucional
como endógeno. Nesse sentido, a análise do federalismo fiscal
brasileiro usando a linguagem de Dinâmica de Sistemas torna-
se importante. Logo, o objetivo desse resumo é apresentar uma
modelagem inicial do dois dilemas gêmeos do federalismo aplicados
para o Brasil usando a abordagem de Dinâmica de Sistemas,
por meio dos arquétipos “Fixes that Fail” e “Shifting the Burden”
com o fim de mostrar a aderência dessa linguagem para tratar
de questões federativas e estimular pesquisas, testes e simulações
na área de administração pública. A análise inicial mostra que o
comportamento sistêmico vai depender do valor dos parâmetros e
das suas cadeias de dominância, possibilitando que os tomadores de
decisão controlem de maneira efetiva a trajetória de equilíbrio e os
pontos de maior importância.

Palavras–chave: Federalismo Fiscal, Finanças Governamentais

Introdução

A abordagem de Dinâmica de Sistema (SD) tem sido uma das


ferramentas de análise mais abrangentes na ciência atualmente
em termos da variedade de áreas científicas que a utilizam. Áreas
tão distintas como engenharia, gestão de negócios e governamental,
ciência política e biologia tem se beneficiado dessa abordagem para
compreender seus fenômenos de estudo. Nesse sentido, o potencial
de análise de políticas da administração pública é enormes dada a
importância do tempo e do caráter endógeno destes fenômenos.
1
Professor de economia do curso de Administração – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: marcos.
snazareth@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1050 ANAIS X SIMPAC

Frequentemente, os governos regionais de uma federação


tendem a agir como free-riders porque têm incentivos proporcionados
pelo desenho institucional do país para expandir seus gastos de
maneira subótima. Com o passar do tempo, a situação se agrava e
torna-se insustentável devido ao aumento do endividamento estadual
e os efeitos negativos na estabilização econômica transbordando os
efeitos para a federação e tornando-a mais instável.
No Brasil, por exemplo, o arranjo federativo pactuado em
1988, não foi suficiente para evitar comportamentos oportunistas e
ineficientes durante toda a década de 90. Basta citar que as despesas
primárias de estados e municípios saltaram de 8% para 16% do PIB
entre 1988 e 2000 e a dívida líquida dsesse governos passou de 10%
para 17% do PIB entre 1995 e 2003 (Cossio, 2002). É fato reconhecido
na literatura que isso afetou fortemente a eficácia das políticas de
estabilização econômica do período (Giambiagi & Além, 2008).
Por outro lado, segundo Figueiredo e Weingast (2005),
centralizar a federação para minimizar problemas de free-riding
significa colocar novos instrumentos de controle no governo central,
criando incentivos para o comportamento oportunista deste. A
tendência seria um aumento da atividade de rent-seeking deste em
relação aos demais agentes, expandindo ainda mais a centralização e
diminuindo a oferta de bens públicos coletivos pro-desenvolvimento,
o que também já ocorreu no Brasil em outros períodos de sua
história. Sendo assim, essa dualidade foi denominada de “the twin
dilemmas of federalism”. Isso posto, os arquétipos consolidados na
literatura de SD “Fixes that Fail” and “Shifting the Burden” serão
usados como referências de análise neste trabalho.
Portanto, o objetivo desse trabalho é apresentar uma
modelagem inicial dos dilemas gêmeos do federalismo usando DS
a fim mostrar a aderência dessa linguagem para tratar questões de
finanças e administração pública.

Material e Métodos

Segundo Senge (1997), a Dinâmica de Sistemas (DS) é um

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1051

método criado para analisar sistemas nos quais seus elementos são
inter-relacionados e para compreender padrões de comportamento
e de mudanças ao longo do tempo. A DS é, portanto, um conjunto
de ferramentas que permite compreender a natureza dinâmica do
problema de estudo e a relação entre as variáveis que o compõe.
Uma das representações gráficas na DS é o diagrama
de influência. Ele é útil na construção de modelos conceituais
considerando hipóteses dinâmicas a cerca de um problema
específico. A influência que uma variável exerce sobre a outra é a
base dos diagramas de influência. Essa relação pode ser positiva
ou negativa. Quando positiva, indica que as variações entre as
variáveis correlacionadas são diretamente proporcionais, ou seja,
no mesmo sentido. Ao passo que, quando negativa, as variáveis
atuam em sentidos inversamente proporcionais.
Nesse sentido, a função dos diagramas de influência é
representar o enlace endógeno das variáveis e permitir que os
pesquisadores representem sua percepção sobre a realidade
estudada, ou seja, exponham um modelo mental sobre o problema
abordado. Segundo Sterman (2000), o diagrama de influência
permite capturar rapidamente a hipótese a ser investigada, elucidar
os modelos mentais e expor os feedbacks que são importantes.
Ademais, examinando-se a repetição de um padrão de ciclos
de retroalimentações na literatura, chega-se a identificação de um
número suficientes de arquétipos que descrevem razoavelmente
boa parte dos fenômenos dinâmicos estudados. Na figura 1 abaixo,
tem-se a representação típica da situação “Fixes that Fail” e
“Shifting the Burden”. O primeiro normalmente sugere ser parte
de uma estrutura mais sofisticada onde as medidas de curto prazo
é escolhida, geralmente, por ser mais fácil do que uma solução
fundamental. As conseqüências dessa escolha podem diminuir a
capacidade do sistema de adotar a solução fundamental. Isso nos
leva ao arquétipo seguinte: o insight desse sistema é discernir entre
o sintoma do problema e a real causa do problema.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1052 ANAIS X SIMPAC

Symptomatic
Problem +
Solution +

-
B

+
Unintended - Problem collateral effects
B R Consequence R
-
+
B
+
Fast Solution + Fundamental
-
Solution

Figura 1 – Arquétipos “Fixes that Fail” e “Shifting the Burden”


Com base na questão subjacente ao federalismo apresentada
na introdução, optou-se por utilizar como base para análise a
combinação desses dois arquétipos. Ao analisar arquétipos com
esses padrões de comportamento é possível identificar as soluções
de curto prazo, os efeitos colaterais e a solução fundamental.

Resultados e Discussão

Na figura 2 abaixo, tem-se o diagrama de influência que


representaria a possibilidade de existência federalismo auto-
sustentado. Dadas as suas características estruturais (o problema
a ser resolvido; a solução imediata; o efeito colateral; e a solução
fundamental) e os dois ciclos de balanceamento e um de reforço,
fica evidente a correspondência com os arquétipos apresentados
suscintamente na seção anterior.
Desse modo, inicia-se a análise a partir do problema-base
medido pela variável “instable federalism”. O aumento dessa
variável induz a adoção da medida mitigadora imediata, qual
seja, aumentar os poderes do centro. Essa relação é mostrada no
diagrama com o sinal positivo. Essa ação gera o efeito desejado de
reduzir problemas de free-riding, representado pelo sinal negativo
da seta. Agora, os estados passam a reduzir déficits fiscais e a
base monetária, diminuindo as externalidades. A partir daí,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1053

com o passar do tempo, reduzem-se o endividamento e a taxa de


inflação, elevando a variável “equilíbrio econômico” da federação.
Essa relação é apresentada no diagrama com sinal negativo. Por
fim, maior equilíbrio econômico causa redução na variável “instable
federalism”.
Essa última relação negativa fecha o primeiro looping. Como
pode ser visto no diagrama, esse feedback é de balanceamento, não
permitindo que o problema aumente indefinidamente. No entanto,
como previsto pelo arquétipo, o aumento da variável “center powers”,
depois de um certo período, gera um efeito colateral: o aumento da
variável “center rent-seeking”, representado pelo sinal positivo
na relação entre as duas variáveis. Assim, com poderes maiores,
o governo começa agir de forma oportunista procurando extrair
renda da federação por meio de desvio de recursos para atividades
não pactuadas no federalismo. Isso causa, de imediato, a redução
da oferta de bens públicos importantes numa federação porque
requerem escala. Essa relação é mostrada com sinal negativo.
Em seguida, passado algum tempo, a variável “collective
incentive to cooperate” também diminui, porque ela depende
diretamente de “provision of public goods”. Isso é evidente, dado que
só interessa aos estados cooperar numa federação se os bens públicos
(que eles mesmo não conseguem produzir apropriadamente) são
ofertados em um nível suficiente. Assim, se a cooperação diminui,
o comportamento free-riding dos estados começa a aumentar
novamente (a seta que liga as duas variáveis tem sinal negativo),
contra-balanceando o primeiro looping.
Essa trajetória compõe o segundo o looping do sistema.
Como mostrado no diagrama, este é um feedback de reforço.
Nota-se que dependendo da magnitude e intensidade das relações
desse feedback, diferentemente do que era esperado inicialmente
pelos tomadores de decisão com o aumento da variável “center
powers”, a instabilidade federal poderá aumentar. Até este ponto,
o comportamento da variável “instable federalism” dependerá de
qual dos dois ciclos terá a dominância no sistema.
Mas, conforme se vê no diagrama, tem-se a possibilidade de
optar pela solução fundamental: criar controles ao comportamento

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1054 ANAIS X SIMPAC

do centro. Aumentar a variável “restrictions on center” significa


reduzir a variável “center rent-seeking”, já que o governo nacional
teria restrições prevista em lei para agir de maneira oportunista
(e.g. órgãos de controle), equilibrando novamente o sistema, mas
dessa vez com o potencial de torna-lo definitivamente estável. Esse
seria um novo looping no sistema.
Logo, o equilíbrio do sistema dependeria dos seus parâmetros
e das suas cadeias de dominância, mas agora tomados no seu
conjunto e possibilitando que os tomadores de decisão controlem
de maneira efetiva a trajetória de equilíbrio e os pontos de maior
importância.

restrictions on
+ states exit costs
center

B - SEF

- +
instable federalism +
center powers +
center rent-seeking
-
-
provision of public
B - HBC R - LH goods

-
economic collective incentive
equilibrium states free-riding
- - to cooperate+
+

benefits to scale

Figura 2 – Modelo inical para o Federalismo Fiscal

Conclusão

A modelagem para administração pública usando linguagem


de sistemas realizada neste resumo pode ser o ponto de partido
para unir dois campos do conhecimento que se complementam
mutuamente: a literatura de finanças públicas e a metodologia
conhecida como Dinâmica de Sistemas.
Dada a natureza endógena dessa abordagem, certamente, a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1055

SD poderia contribuir fortemente com sua capacidade poderosa de


testes e simulações de fenômenos sociais. Os próximos passos para
as pesquisas seria, portanto, modelar em um diagrama de estoque e
fluxo a fim de fazer os testes empíricos e as simulações de políticas
necessárias para o avanço do conhecimento do funcionamento da
realidade do fenômeno aqui delimitado.

Referências Bibliográficas

FIGUEIREDO, R.J.P; WEINGAST, B.R. Self-Enforcing Federalism.


The Journal of Law, Economics and Organization, v.21, n.1,
p.103-135. 2005.

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Campus. 2008.
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Janeiro: PUC. 165 p. Tese (Doutorado em Economia) – Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.2002.

SENGE, PM. A Quinta Disciplina – Arte e Prática da


Organização que Aprende. 2. ed. São Paulo: Best Seller.1998.

STERMAN, J.D. 2000. Business Dynamics:


System Thinking and Modeling for a Complex
World. USA: McGraw-Hill Higher Education.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1056 ANAIS X SIMPAC

PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DA MOMORDICA


CHARANTIA (MELÃO DE SÃO CAETANO)

Mariana Mendes Dos Santos Siqueira1, Adriana Maria Patarroyo


Vargas2, Adriane Jane Franco3, Renata Silva Diniz4

Resumo: A utilização de plantas medicinais tem grande relevância


socioeconômica na qualidade de vida das comunidades de baixa renda,
devido a sua alta disponibilidade, baixa toxicidade, risco mínimo de
efeitos colaterais e principalmente a baixos custos em comparação
as drogas sintéticas sintéticos. Momordica charantia, popularmente
conhecida como melão de são caetano, apresenta grande interesse
popular e científico pelas propriedades curativas que demonstra.
O objetivo deste trabalho foi realizar uma prospecção fitoquímica
de extratos vegetais de folhas e cascas de Momordica charantia
para identificar diferentes constituintes químicos. Verificou-se a
presença de saponinas, esteróides, alcalóides, flavonóides e taninos
hidrolisáveis. Este estudo mostrou-se importante como uma
contribuição inicial sobre a viabilidade do uso desta planta para
fins medicinais.

Palavras–chave: Atividade antimicrobiana, flavonoide, planta


medicinal, saponina

Introdução

As plantas medicinais têm sido avaliadas como fontes de


produtos naturais para conservar a saúde humana, especialmente
nas ultimas décadas, com estudos para terapia natural. O uso de
1
Graduanda em Farmácia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: maryana_ssantos@hotmail.com
2
Professora de Farmácia, integrante do Fitofármacos - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: patarroyo@
univicosa.com.br
3
Professora de Farmácia, integrante do Fitofármacos - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adriane@
univicosa.com.br
4
Professora de Farmácia, coordenadora do Fitofármacos - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
renadiniz14@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1057

componentes das plantas na área farmacêutica tem aumentado


no Brasil e, dessa maneira, plantas deveriam constituir uma fonte
importante para obtenção de fármacos (BERTINI et al., 2005).
A Momordica charantia, conhecida popularmente como Melão
de São Caetano ou simplesmente melãozinho, é uma planta típica
da África e Ásia e apresenta fácil adaptação ao solo brasileiro.
Dentre suas aplicações terapêuticas destaca-se o seu uso como
hipoglicemiante. Além disso, ensaios de atividade farmacológica
demonstraram que essa planta apresenta propriedades antifúngica,
anti-helmíntica, antitumoral, antimicrobiana, antiviral e atividades
antidepressiva e ansiolítica (SANTOS et al., 2012).
O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas
vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos
étnicos. O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades
é tão antigo quanto a espécie humana. Ainda hoje, nas regiões
mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras,
plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados
populares e encontradas em quintais residenciais (LÓPEZ, 2006).
Dessa forma, nota-se a importância de se estudar quimicamente
as plantas medicinais. Neste contexto, o objetivo desse trabalho
foi realizar prospecção fitoquímica dos extratos vegetais de folhas
e cascas de Momordica charantia para identificar os metabólitos
secundários presentes nessa espécie.

Material e Métodos

O presente trabalho foi realizado no laboratório de química da


UNIVIÇOSA. Para preparação do extrato, foram utilizadas folhas e
cascas frescas de melão de São Caetano (Momordica charantia), que
foram coletadas na zona rural de Vau Açu - Ponte Nova, no mês de
março de 2017. A pesquisa foi experimental, com experimentos físico-
químicos, em que se avaliou a presença de metabólitos secundários no
extrato hidroalcoólico.
Os extratos brutos de folhas e cascas foram submetidos a
uma série de reações de caracterização fitoquímica para detecção da
presença de metabólitos secundários como descrito na Tabela 1 abaixo.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1058 ANAIS X SIMPAC

Tabela 1 – Descrição dos testes de identificação de metabólitos


secundários presentes nas folhas e cascas do melão de são caetano.
Classe do Reações de identificação
Metabólito
Saponinas Determinou-se o índice de espuma através da maior diluição em que
2g da droga vegetal mais 40 ml de água foi fervido por 2 min, esfriou
e agitou energeticamente por 15 segundos e foi capaz de formar 1
cm de espuma.
Tripernoides Reação de Liberman-Buchard: 10 ml da solução (2,5 g da droga
vegetal + 1 mL de carbonato de sódio 0,5 M + 49 mL de agua
destilada, deixou-se ferver por 5 minutos e completou-se o volume
para 100 mL), foi acidificada com acido sulfúrico 10% . Foi aquecido
sob agitação por 5 minutos, em seguida adicionou 10 ml de
diclorometano e realizou-se a partição. À fase orgânica, adicionou-
se 1 ml de anidrido acético e 3 gotas de acido sulfúrico concentrado
até obtenção de coloração pardo vermelho.

Esteróides Reação de Libermanm Burchard: Pesou-se 5g da folha mais 100


ml de água e ferveu por 3 min. Em um cadinho adicionou 2 ml
do extrato e ferveu ate ser evaporado. Ao resíduo adicionou 1ml
de anidrido acético e 10 gotas de ácido sulfúrico para obtenção de
coloração castanha.
Alcalóides Reação de murexida: solução de 3 g da droga em 60 mL de água e 2
mL de á cido sulfúrico 0,1 M foi aquecida à fervura e posteriormente
alcalinizado com hidróxido de amônio. Procedeu-se partição com
clorofórmio. Fase orgânica recolhida em cápsula de procelana, que
foi levada em banho-maria até evaporação. Ao resíduo da cápsula,
adicionou-se 3 gotas de HCl. Verificação de coloração avermelhada.
Flavonóides Reação de Shinoda: foram fervidos 2g da droga vegetal com 40 ml
de etanol 70%
(folha) e 20 ml de etanol (casca) por 3 minutos. Dividiu-se a solução
resultante em 3 tubos de ensaio. Ao tubo 1 foi adicionado apenas o
extrato (controle), ao segundo adicionou-se 2 mL do extrato + 1 mL
de ácido clorídrico + fragmento de magnésio, ao tubo 3 adicionou-se
2 gotas de cloreto férrico a 5%. Verificação de mudança de coloração.
Cumarinas Pesou-se 2g do vegetal e adicionou-se 20 mL de etanol, agitou-se por
15 minutos, esfriou e filtrou em seguida aplicou uma gota do extrato
em papel de filtro e observou-se sob a luz UV (254 a 365 nm).
Taninos Reação com cloreto férrico: 2 mL de extrato + 10 mL de água
destilada + 2 gotas de cloreto férrico em metanol a 1%. Coloração
verde indica presença de taninos condensados.
Reação com acetato de chumbo: 5 mL do extrato + 10 mL de ácido
acético 10% + 5 mL de acetate de chumbo a 10%. Formação de
precipitado branco indica presença de taninos hidrolisáveis.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1059

Resultados e Discussão

A análise fitoquímica preliminar consiste na identificação dos


principais metabólitos secundários presentes na droga vegetal ou
em seu extrato. Classicamente, a caracterização desses metabólitos
é realizada por reações químicas que resultem em mudança de
coloração ou formação de precipitados. A realização das reações de
caracterização diretamente no extrato bruto, como foi feito neste
estudo, pode eventualmente mascarar alguns resultados . O melão
de São Caetano foi submetido a essas reações e os resultados
encontrados estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Classes de metabólitos secundários identificados na


Momordica charantia
Classe do Extrato da folha Extrato da
metabolito casca
Saponinas + +
Tripernoides + +
Esteróides + -
Alcalóides - +
Flavonóides + -
Cumarinas - -
Taninos - +
+: positivo, verificou-se a presença; -: negativo, não se verificou a
presença

Entre os metabólitos pesquisados, verificou-se a presença de


saponinas, triterpenos, esteroides e flavonoides no extrato das folhas
de Momordica charantia. Para o extrato das cascas de Momordica
charantia, observou-se a presença de saponinas, triterpenoides,
alcaloides e taninos. Antonio (2010) ao estudarem as folhas dessa
espécie observaram a presença de alcalóides, esteróides e sa­poninas.
Já Mikaelle (2010) identificou flavonoides, esteroides e alcalóides. A
época e a região em que uma droga é coletada influenciam a taxa de
produção de metabólitos secundários, o que pode explicar a ausência
de alcalóides no estudo.
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
1060 ANAIS X SIMPAC

Alcalóides são substâncias que atuam no sistema nervoso


central agindo como calmante, sedativo, estimulante, anestésico
e analgésico. Os flavonóides apresentam ação anti-inflamatoria,
antiesclerótica, antidematosa, espasmolítica, antioxidante,
antimicrobiana e fortalece os vasos capilares. Os taninos são
adstringentes, antidiarreicos, antimicrobianos e são capazes de
complexarem com proteínas. As saponinas posseum atividade anti-
inflamatória, antiviral e diurética (LORENZI et al, 2002). Dessa
maneira, comprova-se que o melão de são caetano (Momordica
charantia) apresenta grande potencial terapêutico por possuir todos
esses metabólitos.

Conclusões

É importante levar em consideração que o fracionamento do


extrato e a realização dos testes com as frações obtidas podem gerar
reações mais nítidas. Apesar disso, verificou-se que os testes foram
conduzidos satisfatoriamente e observou-se a presença de seis
metabólitos distintos nos extratos de folhas e cascas do melão de
são caetano (Momordica charantia). Todos essas substâncias têm
atividades farmacológicas já descritas na literatura, demonstrando
assim o grande potencial terapêutico dessa espécie. A utilização de
plantas medicinais para obtenção de novos fármacos é promissora e
vantajosa por apresentar custos inferiores e serem mais acessíveis
à população.

Referências Bibliográficas

BERTINI, L. M.; PEREIRA, A. F.; OLIVEIRA, C. L L; MENEZES,


E. A; MORAIS, S. M. CUNHA, F. A; CAVALCANTI, E. S. B. Perfil
de sensibilidade de bactérias frente óleos essenciais de
algumas plantas do nordeste do Brasil.Infarma17:80-83.2005

KLINGER ANTONIO DA FRANCA RODRIGUES.; CLARICE


NOLETO DIAS; JANIEL CATUNDA; FLORÊNCIO.; CRISÁLIDA
MACHADO VILANOVA.; JOSÉ DE RIBAMAR SANTOS

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1061

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LÓPEZ,. Prospecção fitoquímica e atividade moluscicida de
folhas de momordica charantia Cad. Pesq., São Luís, v. 17, n.
2, maio/ago. 2010

LORENZI, H., MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil:


nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa, São Paulo:
Instituto Plantarum.2002.

SANTOS, M. M.; NUNES, M. G. M.; MARTINS, R. D. Uso empírico


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Brasileira de Plantas Medicinais, v. 14, n. 2, 2012.

EIDLA MIKAELLE. Atividades biológicas de Momordica


chaantia. Universidade Regional do Cariri , CE 2010

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1062 ANAIS X SIMPAC

EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE PARASITOSES: UM


RELATO DE EXPERIÊNCIA

Mariane Roberta Da Silva1, Leila Regina Resende Lamas1,


Priscilla De Pinho Lana1, Eliangela Saraiva Oliveira Pinto2

Resumo: As infecções por parasitas podem causar diarreia,


desnutrição, anemia, hepatoesplenomegalia, alterações
psicossociais, dificuldade de desenvolvimento e, em casos graves o
óbito, sendo, portanto, um problema de Saúde Pública. Diante disso,
as práticas de medidas preventivas, como também, o conhecimento
acerca desse tipo de agravo à saúde, tornam-se fundamentais
no contexto familiar, adquiridas por um processo educativo,
sendo a enfermagem fundamental nesse processo. Este trabalho
objetivou relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem em
uma atividade de extensão realizada pelo Grupo de Estudos em
Enfermagem (GESEN), sobre as parasitoses e sua prevenção. A
atividade foi realizada numa Escola Municipal de Viçosa/MG, em
Junho de 2017, tendo como público os pais e responsáveis de crianças
cadastradas numa equipe de saúde da família, que participaram de
palestra expositiva e dialogada e de duas dinâmicas lúdicas sobre a
forma correta da higienização das mãos e dos alimentos, utilizando-
se de uma metodologia ativa de aprendizagem. O modelo de ensino
e aprendizagem usados foram eficazes devido ao entendimento,
interesse e envolvimento do público pelos assuntos e práticas. Esta
ação também contribuiu para a formação acadêmica do grupo,
proporcionando conhecimentos sobre como planejar uma abordagem
interativa com enfoque para real necessidade do público-alvo.

Palavras–chave: Criança; parasitismo; promoção da saúde.

1
Graduandas em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gesen@unvicosa.com
2
Docente do curso de Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eliangela@univicosa.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1063

Introdução

As parasitoses no Brasil são um problema de Saúde Pública,


visto que, em média um terço da população vive em condições que
proporcionam esta ocorrência (SOARES e CANTOS, 2005).

As infecções por parasitas são responsáveis por causar


diarreia, desnutrição, anemia, hepatoesplenomegalia, alterações
psicossociais, dificuldade de desenvolvimento e, em casos graves,
podem causar o óbito (NEVES e FILIPPIS, 2014). E são muito
relevantes na infância, devendo, portanto, educar os pais e
responsáveis para que pratiquem hábitos saudáveis e ensinem
seus filhos a melhorarem e manterem a saúde, evitando assim as
parasitoses (FERREIRA e ANDRADE, 2005).

Diante disso, as práticas de medidas preventivas tornam-se


fundamentais no contexto familiar, no que se refere à manipulação,
armazenamento e preparo de alimentos, conduta com a água a ser
consumida, higienização das mãos, como também, o conhecimento
acerca desse tipo de agravo à saúde, preferencialmente adquirido
mediante um processo educativo, o qual estimule o indivíduo a
mudar comportamentos para a promoção de sua saúde (BARBOSA
et. al, 2009).

Estas práticas educacionais, quando bem aplicadas levam as


pessoas a adquirirem os conhecimentos necessários para prevenção
das parasitoses, alcançando os objetivos propostos e evidenciando o
valor da orientação pedagógica para a conscientização da população
(FERREIRA e ANDRADE, 2005), sendo a enfermagem, fundamental
no desenvolvimento da prática educativa, especialmente no campo
da Saúde Pública.

Portanto, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência


de acadêmicas de enfermagem em uma atividade de extensão
realizada pelo Grupo de Estudos em Enfermagem (GESEN), sobre
as parasitoses e sua prevenção, por meio de práticas educacionais

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1064 ANAIS X SIMPAC

voltadas para a técnica correta da higienização das mãos e dos


alimentos.

Material e Métodos

Trata-se de um relato de experiência de uma prática educativa


sobre parasitoses entre crianças, abordando medidas de prevenção
e promovendo a saúde infantil, realizada por acadêmicos do Grupo
de Estudos de Saúde e Enfermagem (GESEN).

A atividade foi realizada numa Escola Municipal de Viçosa/


MG, ocorrendo em Junho de 2017, tendo como público pais e
responsáveis das crianças cadastradas numa equipe de saúde
da família, onde participaram de palestra expositiva e dialogada
e de duas dinâmicas lúdicas que demonstrou a forma correta da
higienização das mãos e dos alimentos, aplicando a metodologia
ativa de aprendizagem.

Ao final da prática educativa, realizou-se uma discussão sobre


a experiência adquirida pelos acadêmicos do grupo, salientado a
importância de se realizar práticas educativas com a comunidade,
e registrou-se o relato de experiência. Vale destacar que durante
todo o desenvolvimento do trabalho foi considerada e respeitada às
condutas éticas estabelecidas na Resolução 466/2012 do Conselho
Nacional de saúde que envolve pesquisa com seres humanos.


Resultados e Discussão

O encontro iniciou-se com uma palestra sobre os parasitos


mais comuns que acometem as crianças, sua morfologia, seu ciclo
biológico e os meios de prevenção. Toscani et. al (2007) afirmam
que a educação em saúde é importante para a garantia de melhores
condições de saúde e, no controle das parasitoses intestinais tem
se mostrado uma estratégia com baixo custo capaz de atingir
resultados significativos e duradouros.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1065

Em seguida, explicou-se a importância da higiene adequada


das mãos, quando e como ela deve ocorrer e sua relação com a
prevenção de doenças. A demonstração da técnica correta de lavar
as mãos ocorreu de forma que todos acompanhassem esfregando a
mão a seco de acordo com os comandos, e repetindo a operação para
melhor fixação da prática. Ao final dos comentários desenvolveu-
se uma dinâmica ao qual era preciso lavar as mãos. Foi verificado
que as mãos dos participantes apresentaram-se medianamente
lavadas, sendo encontrada sujidade entre os espaços interdigitais,
articulações e extremidades dos dedos, na borda distal da lâmina
ungueal e hiponíquio.

A outra abordagem realizada enfatizou o cuidado e higiene


dos alimentos através de demonstração teórica e pratica. Sabe-se
que a manipulação imprópria dos alimentos é uma das principais
causas de transmissão de parasitoses, e a higiene precária das mãos
é uma importante fonte de contaminação, assim os manipuladores
de alimentos desempenham um importante papel na transmissão
de verminoses por serem responsáveis pela higiene alimentar,
respondendo diretamente pelo transporte de microrganismos
e parasitos para os alimentos, utensílios de cozinha e panos de
limpeza (CARNEIRO, 2007).

Ao final, muitos participantes afirmaram sempre higienizar


os alimentos de forma errônea por não saberem a forma correta e
nunca terem se importado com o assunto, justificando-se pela falta
de conhecimento sobre como os alimentos e as mãos são capazes de
transmitir doenças.

Vale ressaltar também que esta prática possibilitou valorizar


o trabalho de enfermagem, pois, é nesta interação que percebe-se
os problemas e necessidades, promovendo a educação em saúde e
trabalhando em equipe.

De acordo com Souza, Wegner e Gorini (2007), a educação em


saúde é um processo de ensino e aprendizagem que visa à promoção
da saúde, levando as pessoas a adquirirem os conhecimentos para

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1066 ANAIS X SIMPAC

prevenção de agravos e evidenciando assim o valor da orientação


pedagógica e profissional para a conscientização da população.

Neste contexto, adotado a metodologia ativa, foi possível


possibilitar o aprender a aprender, que garante o aprender fazendo,
vendo a comunidade como sujeitos do processo ensino-aprendizagem
e como cidadãos (CAMPONOGARA, 2009 apud CARRARO et. al,
2011).

Conclusões

De acordo com o relato apresentado pode-se concluir que o


modelo de ensino e aprendizagem usados foram eficazes devido ao
entendimento, interesse e envolvimento do público pelos assuntos e
práticas. Esta ação contribuiu para a formação acadêmica do grupo,
aproximando à realidade da comunidade, sendo possível colocar as
habilidades educativas em prática, proporcionando conhecimentos
sobre como planejar uma abordagem interativa com enfoque para
real necessidade daquele público-alvo.

Referências Bibliográficas

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C.T.; CHAZAN, M.; WIEBBELLING, A.M.P.; MEZZARI, A..
Desenvolvimento e análise de jogo educativo para crianças visando
à prevenção de doenças parasitológicas. Interface - Comunic.,
Saúde, Educ. v.11, n.22, p.281-94. 2007.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1068 ANAIS X SIMPAC

CONTROLE E GARANTIA DE QUALIDADE NA


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Marianne Teixeira Trindade1, Mayara Aparecida Ferraz2, Adriane


Jane Franco3, Renata Silva Diniz4

Resumo: O controle de qualidade vem sendo utilizado na indústria


farmacêutica para a garantia de um produto seguro, sem apresentar
qualquer perigo á população. Esse sistema conta com a ajuda da
garantia de qualidade e com a validação de processos. Diante da
sua importância no processo de fabricação dos medicamentos, esse
artigo tem o objetivo de discutir e mostrar os processos de controle de
qualidade dentro da indústria e de sistemas que o incorpora. Trata-se
de um estudo de revisão literária, onde se realizou um levantamento
bibliográfico, por meio das seguintes palavras-chave: boas práticas
de fabricação, controle de qualidade, garantia de qualidade,
indústria farmacêutica. As Boas Práticas de Fabricação (BPFs) são
de estrema importância para a qualidade final do medicamento,
pois através dela que se utiliza o controle de qualidade e a garantia
de qualidade. Nesse sentido, a indústria farmacêutica procura cada
vez mais a perfeição da produção de medicamentos, para evitar
desperdícios, perdas, prejuízo financeiro e atrasos na distribuição
de seus produtos.

Palavras–chave: Boas práticas de fabricação, controle de


qualidade, garantia de qualidade, indústria farmacêutica.

Introdução

O avanço das tecnologias e inovações tem trazido muitas


vantagens para a indústria farmacêutica, e com isso maior

1
Graduanda em Farmácia- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: mary3188@hotmail.com
2
Graduanda em Farmácia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: mayaparecidaferraz@hotmail.com
3
Professora do curso de Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adriane@univicosa.com.br
4
Professora do curso de Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: redinizreis@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1069

competitividade que proporciona melhoria na qualidade dos


produtos. A garantia da qualidade de qualquer produto é um
conceito que tem como objetivo o atendimento das expectativas dos
clientes e o cumprimento de normas pré-estabelecidas (ROCHA e
GALENDE, 2014).
O controle de qualidade está inserido no meio comercial desde
antes da Revolução Industrial. No início, era realizado por meio da
inspeção junto ao cliente, verificando se o produto havia algum erro
ou falha. Já na Revolução, havia um departamento especializado
que tinha como objetivo localizar os defeitos de um determinado
produto (GIL et al, 2007).
No final do século XX, este método foi substituído pelo controle
de qualidade total, com os cuidados na inspeção desde o início de um
projeto, com o intuito de prever possíveis falhas, potencializando
a eficácia da qualidade (GIL et al, 2007). O que levou à evolução
do controle foram a intensificação da concorrência, evolução da
avaliação de sucesso empresarial e as medidas adotadas de técnica
de gestão de qualidade adequadas (GOBIS e CAMPANATTI, 2012).
O controle de qualidade tem como objetivo alcançar as
melhorias necessárias em todo o processo produtivo dentro de
uma indústria farmacêutica, com o enfoque nas exigências do
consumidor. É necessário proporcionar a qualidade, eficácia,
segurança, credibilidade dos medicamentos, e consequentemente a
fidelidade do cliente (ROCHA e GALENDE, 2014).
Dessa forma, para promover a garantia dessas exigências
durante toda a produção, as indústrias têm o dever de efetuar
as determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), que segundo Rocha e Galende (2014), são definidas pela
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 17, de 16 de abril de 2010,
que dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos
de uso humano.
Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo realizar
uma revisão de literatura das normas de controle de qualidade de
indústrias farmacêuticas.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1070 ANAIS X SIMPAC

Metodologia

Este estudo realizou pesquisa de caráter qualitativo descritivo


fundamentado em revisão bibliográfica, utilizando as plataformas
de pesquisa SCIELO, PUBMED e Google Acadêmico. As palavras
chaves mais utilizadas foram boas práticas de fabricação, controle
de qualidade, garantia de qualidade, indústria farmacêutica. Os
artigos selecionados foram do período de 2006 a 2014.

Resultados e Discussão

Boas Práticas de Fabricação (BPF) constituem um conjunto


de normas obrigatórias feitas para a produção de medicamentos e
afins (GIL et al, 2007). As BPFs são aplicadas em todas as operações
que estão envolvidas no processo de fabricação de medicamentos e
o seu cumprimento está relacionado com a diminuição dos riscos
inerentes em qualquer etapa da produção de um medicamento, os
quais não podem ser identificados após o produto acabado (LIMA et
al, 2006).
Realizar o controle de qualidade é importante para assegurar
e verificar se um medicamento está dentro dos padrões de qualidade
exigidos, através de avaliação e medição. As vantagens do controle
de qualidade são: otimização de processos, redução de tempo
e desperdícios, padronização de procedimentos, qualidade do
ambiente, dos insumos utilizados e dos produtos finais (GALENDE
e ROCHA, 2014). O controle de qualidade está inserido dentro das
BPFs (AMORIM et al, 2013).
O termo controle de qualidade se refere à constante tentativa
de fabricação de um medicamento perfeito, para isso existe um
conjunto de normas que garantem a credibilidade do medicamento
juntamente com a qualificação do profissional responsável. Na
indústria farmacêutica, o controle de qualidade compreende
diversas etapas, que são realizadas em laboratório microbiológico,
físico-químico, materiais de embalagem, controle em processo e
laboratórios de análises que exigem localização, funcionários e
materiais adequados (GALENDE e ROCHA, 2014).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1071

Garantia de qualidade é uma estratégia utilizada pela


indústria farmacêutica para prevenir defeitos na fabricação de
medicamentos, evitando qualquer retrabalho, permitindo assim,
redução de custos, que são essenciais para a indústria (GIL et al,
2007). Para a realização da garantia de qualidade é necessária
uma infraestrutura apropriada com espaço, equipamentos e
instalações suficientes englobando procedimentos e recursos
organizacionais e definindo ações sistemáticas necessárias que
garantem que um produto irá satisfazer os requisitos de qualidade.
É importante destacar que a garantia de qualidade é realizada
pela administração da indústria (BARROS e HASHIMOTO, 2013).
Esse sistema ainda garante que os medicamentos sejam planejados
e desenvolvidos através de boas práticas de laboratórios (BPL) e
boas práticas clínicas (BPC), as operações de produção e controle
devem ser claramente especificadas em documentos formais
aprovados e com o cumprimento das BPFs, o produto terminado
deve ser corretamente processado e conferido em consonância
com os procedimentos definidos, os medicamentos não devem ser
distribuídos ou comercializados antes que se tenha certificado que
cada lote de produção tenha sido produzido e controlado de acordo
com os requisitos do registro e quaisquer outras normas relevantes
á produção, ao controle e liberação de medicamentos, desvios
devem ser relatados, investigados e registrados, deve haver um
procedimento de auto inspeção ou auditoria interna de qualidade
que avalie regularmente a efetividade e aplicabilidade da garantia
de qualidade e o fabricante é o responsável pela qualidade dos
medicamentos assegurando que sejam adequados aos fins a que se
destinam, cumprindo com os requisitos estabelecidos em registro
e não coloque em risco os pacientes por apresentar segurança,
qualidade ou eficácia adequada (BRASIL, 2010).
Conceitos de garantia de qualidade, BPFs e controle de
qualidade estão relacionados com a gestão de qualidade (BARROS
e HASHIMOTO, 2013) que compreende em executar atividades,
objetivos e responsabilidades para planejamento e controle
contínuos da qualidade. Esse sistema viabiliza a manutenção da
lealdade do cliente, agregando valores à empresa e ao cliente, além

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1072 ANAIS X SIMPAC

de buscar excelência na qualidade dos produtos (GIL et al, 2007).


A utilização desses sistemas na indústria farmacêutica, só são
aceitos através da validação de processos, um documento que indica
resultados positivos de que o método de fabricação é seguro estando
dentro dos limites estabelecidos, tendo resultados desejados. Esse
sistema engloba a revisão da cadeia produtiva, incluindo instalações
e equipamentos garantindo a qualidade desejada dos produtos (GIL
et al, 2007).

Considerações Finais

Após a construção dessa revisão a partir do levantamento de


dados, afirma-se a importância da aplicação correta do controle de
qualidade para padronização dos produtos de acordo com a exigência
imposta, a fim de realizar a minimização de gastos e tempo numa
indústria farmacêutica, prevenir possíveis erros e garantir um
produto final de qualidade e que atenda todo o seu público-alvo.

Referências Bibliográficas

AMORIM, S.R.; KLIER, A.H.; ANGELIS, L. H. Controle de


qualidade na indústria farmacêutica: identificação de substâncias
por espectroscopia no infravermelho. Rev. Bras. Farm. v. 94, n.3,
p. 234-242, 2013

BARROS, K.V.G.; HASHIMOTO, H.H. Garantia da qualidade na


área de produção de cosméticos. PUC Goiás.. p.1-18, 2013

GIL, E.S. Controle físico-químico de qualidade de medicamentos.
Pharmabooks. v.2, p.27-41. 2007

GOBIS, M. A.; CAMPANATTI, R.; Os benefícios da aplicação de


ferramentas de gestão de qualidade dentro das indústrias do setor
alimentício. Revista Hórus. v. 7, n. 1, p. 26-40, 2012.

Lima, A.A.N.; Lima, J.R.; Silva, J.L.; Alencar, J.R.B.; Soares-

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1073

Sobrinho, J.L.; Lima, L.G.; Rolim-Neto, P.J. Rev. Ciênc. Farm.


Básica Apl.,v. 27, n.3, p.177-187, 2006

ROCHA, T. G.; GALENDE, S. B. A importância do controle de


qualidade na indústria farmacêutica. Revista UNINGÁ Review.
V.20 n.2 pp. 97-103(Out – Dez 2014).

BRASIL. Resolução RDC N° 17 de 16 de Abril de 2010 – Dispõe


sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos. 2010

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1074 ANAIS X SIMPAC

ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA FITOTERAPIA

Marianne Teixeira Trindade1; Natália Neiva Bezerra2; Patrícia


Soares Starling3; Eliene da Silva Martins Viana4; Simone Angélica
Menezes Torres5; Grasielle Soares Gusman6

Resumo: A fitoterapia é de grande importância na prática


terapêutica devido ao baixo custo, efetividade e menores efeitos
adversos. Como qualquer medicamento, o uso de plantas medicinais
precisa ser acompanhado por profissional capacitado, especialmente
farmacêutico, para garantir o uso racional e seguro das mesmas.
Portanto, o presente trabalho tratou-se de uma revisão de literatura
sobre o papel da atenção farmacêutica na fitoterapia, através de um
levantamento bibliográfico com artigos posteriores a 2010. Após a
realização desse trabalho percebeu-se que as plantas medicinais
são alternativas para o tratamento de diversas doenças, por ser
de fácil acesso e baixo custo. Porém, o uso incorreto pode levar a
riscos de toxicidade, interações medicamentosas e reações adversas,
sendo importante a prática da atenção farmacêutica com o intuito
de prevenir, detectar e solucionar problemas relacionados aos
medicamentos fitoterápicos.

Palavras-chave: Cuidado farmacêutico, efeitos adversos, plantas


medicinais.

1
Graduanda em Farmácia - FAVIÇOSAUNIVIÇOSA- integrante UniFito, e-mail: mary3188@hotmail.
com,
2
Graduanda em Farmácia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, integrante UniFito, e-mail: natalia.neiva.145@
hotmail.com,
3
Graduanda em Farmácia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, integrante UniFito, e-mail: patriciasstarling@
yahoo.com.br,
4
Professora do curso de Nutrição -FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, integrante UniFito, e-mail: simone@
univicosa.com.br,
5
Professora do curso de Nutrição -FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, integrante UniFito, e-mail: pesquisa@
univicosa.com.br,
6
Professora do curso de Farmácia -FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, coordenadora UniFito, e-mail:
grasiellegusman@univicosa.com.br.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1075

Introdução

O uso de plantas medicinais é provavelmente tão antigo


quanto o aparecimento da humanidade, sendo utilizadas na cura
de enfermidades e, sobretudo na fabricação de medicamentos
fitoterápicos. O termo fitoterapia foi dado à terapêutica que utiliza
os medicamentos cujos constituintes ativos são plantas ou derivados
vegetais, e que tem a sua origem no conhecimento e no uso popular
(ROSA et al., 2011; ZALEWSKI, 2017).
A fitoterapia ressurge como uma opção medicamentosa bem
aceita e acessível, sendo tecnicamente apropriada e controlável,
além de satisfazer as necessidades locais de centenas de municípios
brasileiros (FONTENELE et al., 2013). Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), grande maioria da população de países
em desenvolvimento, utilizam plantas medicinais ou preparações
destas para o tratamento de diversas enfermidades (ROSA et al.,
2011).
Para Silva, Almeida e Rocha (2010), o uso de certas plantas,
consideradas medicinais, pode levar um indivíduo a se expor a sérios
riscos de saúde no momento em que passa a manipular e consumir,
inadequadamente, determinadas espécies potencialmente tóxicas.
Portanto, assim como qualquer medicamento o uso de plantas
medicinais deve ser acompanhado por profissional habilitado,
especialmente o farmacêutico, o qual colocará em prática o exercício
da atenção farmacêutica.
A atenção farmacêutica é uma prática centrada no paciente na
qual o profissional assume a responsabilidade pelas necessidades do
paciente em relação aos medicamentos e um compromisso a respeito.
Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades,
compromissos e corresponsabilidades na prevenção de doenças,
promoção e recuperação da saúde, visando uma farmacoterapia
racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados
para a melhoria da qualidade de vida (ANGONESI e SEVALHO,
2010).
Assim, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma
revisão de literatura acerca da prática da atenção farmacêutica na

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1076 ANAIS X SIMPAC

fitoterapia e os benefícios gerados por essa associação à saúde da


população, especialmente para a saúde pública.

Metodologia

O trabalho foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica


com a finalidade descritiva. Para a confecção do mesmo foram
utilizados artigos científicos buscados em bases de dados como
SCIELO e Google Acadêmico, além de livros e monografias. Como
critério de inclusão foi determinada a utilização de materiais
publicados a partir do ano de 2010, e como critério de exclusão
materiais em linguagens estrangeiras. As palavras chaves aplicadas
na pesquisa foram: fitoterápico, fitoterapia, planta medicinal,
assistência farmacêutica, atenção farmacêutica e atribuição do
profissional farmacêutico.

Resultados e Discussão

A Assistência Farmacêutica no Brasil tem ocorrido de forma


gradual com o intuito de garantir o acesso aos medicamentos e seu
uso racional, em especial a classe dos fitoterápicos. Dentro deste
grande segmento, encontra-se a Atenção Farmacêutica, que tem
como objetivo garantir a eficácia de um tratamento medicamentoso
e minimizar possíveis erros, garantindo a saúde do indivíduo
(ZALEWSKI, 2017).
Na maioria das vezes, a população entende que as plantas
medicinais não apresentam quaisquer malefícios, como efeitos
adversos e doses tóxicas, o que se tornou preocupante já que o
número de casos de efeitos colaterais causados por esta classe e seus
derivados tem aumentado significativamente. Isso se dá pela falha
da vigilância sanitária, escassa informação fornecida pelas mídias,
o alto custo dos medicamentos industrializados e, principalmente,
a dificuldade do acesso à assistência médica e farmacêutica
para fornecimento correto das informações necessárias sobre os
fitoterápicos (LEAL e TELLIS, 2015).
Os fitoterápicos merecem atenção em relação ao seu uso racional.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1077

Dentre os efeitos adversos causados pelas plantas medicinais, estão


a diarreia, hepatotoxicidade, alterações gastrointestinais, inibição
da agregação plaquetária, dificuldade visual e excitabilidade
neuronal, conforme dispostos alguns exemplos no quadro 1, e que
na maioria das vezes os usuários e os profissionais de saúde não
associam esses sintomas ao uso de métodos alternativos (LEAL e
TELLIS, 2015).
Quadro 1. Plantas medicinais e seus usos populares e efeitos
adversos (PAIXÃO et al.; 2016). .
Parte
utilizada/
Planta Nome Uso na Interações medicamentosas
Medicinal científico medicina e/ou reações adversas
popular

Doses excessivas causam


distúrbios renais e hipertensão.
Sumidades Interação com diuréticos,
Floridas/ laxantes e hipotensores.
Rosmarinus
Alecrim Tosse, febre, Não deve ser utilizado por
officinalis L.
cólicas pessoas com doença prostática,
menstruais. gastroenterites, dermatoses
em geral e com histórico de
convulsão.
Interações com antidiabédicos,
corticosteróides, digoxina,
Folhas/ Prisão diuréticos tiazídicos e de alça.
de ventre Presença de antraquinonas
Aloe vera
Babosa e inflamações que aceleram o fluxo intestinal,
(L.) Burm. f.
no fígado e interferindo na absorção
estômago. de diversos fármacos;
possibilidade de causar
hepatite aguda.
Interações com depressores
do sistema nervoso central,
calmantes, sedativos,
Folhas / antidepressivos, estimulantes,
Erva- Melissa Calmante, analgésicos narcóticos,
cidreira officinalis L.
Hipertensão. relaxantes musculares, anti-
histamínicos. Não deve ser
utilizado por pessoas com
hipotireoidismo e hipotensão.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1078 ANAIS X SIMPAC

O farmacêutico bem capacitado com conhecimento técnico-


cientifico, tradicional e popular dos fitoterápicos tem importância
primordial na prática da farmacovigilância para promover, informar,
prevenir e corrigir a toxicidade, interações de medicamentos
advindos de plantas quando administrados de forma errônea pelos
usuários (METZKER, 2017).
Segundo Paixão e colaboradores (2016), diversas espécies
que são largamente utilizadas pela população possuem interação
com medicamentos alopáticos usados em tratamento de doenças
crônicas (Quadro 1). É imprescindível a valorização do uso popular
de medidas alternativas para tratamentos terapêuticos, mas existe
a necessidade do acompanhamento do farmacêutico para resolver e
prever possíveis intoxicações e interações que podem vir a ocorrer
(CAMPOS et al.; 2016).
Diante desses dados, observa-se a importância do papel do
farmacêutico capacitado na prática da atenção, a fim de promover
e orientar em relação ao uso racional dos fitoterápicos e plantas
medicinais, na prevenção de doenças e auxílio na saúde do paciente e
o acompanhamento farmacoterapêutico com o objetivo de minimizar
possíveis erros (METZKER, 2017).

Considerações Finais

Após o levantamento de dados realizado para a construção


desta revisão, é perceptível a relação de necessidade entre a
fitoterapia e a atenção farmacêutica. Haja vista que a fitoterapia
traz inúmeros benefícios aos usuários, oferecendo uma forma de
tratamento mais acessível e com menores riscos de efeitos adversos,
é importante que seu uso seja difundido, mas também acompanhado
por profissional habilitado.
Dessa forma, ainda que a prática da atenção farmacêutica
na fitoterapia não seja amplamente difundida e aplicada no Brasil,
mostra-se valorosa já que visa assegurar que o paciente utilize a
melhor terapia medicamentosa, com segurança e eficácia, garantindo
assim que o mesmo seja o maior beneficiado ao administra-la, além

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1079

da inclusão do farmacêutico na promoção da saúde individual e


coletiva.

Referências Bibliográficas

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fundamentação conceitual e crítica para um modelo brasileiro.
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FONTENELE, R.P., SOUSA, D.M., CARVALHO, A.L.M.,


OLIVEIRA, F.A. Fitoterapia na Atenção Básica: olhares dos
gestores e profissionais da Estratégia Saúde da Família de Teresina
(PI), Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 18(8):2385-2394, 2013.

LEAL, L. R., TELLIS, C. J. M., Farmacovigilância de plantas


medicinais e fitoterápicos no Brasil: uma breve revisão. Revista
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PAIXÃO, J. A. SANTOS, U. S. CONCEIÇÃO, R. S. NETO J.


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de uso da fitoterapia na atenção básica à saúde. Ciências & Saúde

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1080 ANAIS X SIMPAC

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potencial do uso indiscriminado de plantas medicinais. Anais do V
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BARRETO J. L., GUERRA JUNIOR A. A. et al. Caracterização da
institucionalização da assistência farmacêutica na atenção básica
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ZALEWSKI, S. SILVA, F. T. O. JESUS, V. C. MARTINES, K. N.


M. FURLAN, L. C. ASSAD, M. M. S. SILVA, L. V. S. MARIN, M.
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uso de plantas medicinais e o conhecimento sobre medicamentos
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Supl. 1. Agosto, 2017.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1081

ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E ALTERAÇÃO


DA FUNCIONALIDADE EM INDIVÍDUOS QUE RESIDEM
EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA
IDOSOS

Marina Kelle da Silva Caetano1, Ramon Repolês de Sousa2

Resumo: O envelhecimento populacional consiste um dos grandes


desafios a serem remetidos na próxima década. Com a mudança
demográfica brusca e ligeira, vem um conjunto de alterações
intrínsecas e extrínsecas dos idosos, levando ao encaminhamento a
Instituições de longa permanência para idosos (ILPI) e consequente
atenuação da sua capacidade funcional. Nesse sentido, o presente
trabalho tem como objetivo agrupar dados e gerir uma síntese sobre o
tema apontado neste estudo. Nessa revisão, verificou-se que nos idosos
que residem em ILPIs há uma maior atenuação de funcionalidade
e risco de queda elevado, e que o nível de força diminuído está
diretamente relacionado às quedas e suas sequelas. Assim, sabendo-
se que a prática de atividade física individualizada é fator de
proteção contra perda da funcionalidade e suas consequências, se
torna importante a intervenção fisioterapêutica individualizada
para a manutenção da qualidade de vida dos idosos em ILPIs.

Palavras–chave: Envelhecimento populacional, Fisioterapia,


funcionalidade, gerontologia, perfil demográfico

Introdução

O envelhecimento populacional consiste um dos grandes


desafios a serem remetidos nas próximas décadas. A OMS
(Organização Mundial de Saúde) estipula a população idosa a partir
de 60 nos de idade em países em desenvolvimento, devem aumentar
para 66,5 milhões em 2050 (PROJEÇÕES..., 2013b) (IBGE – 2016).
1
Graduando em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: marinacaetanooi@hotmail.com
2
Docente do Curso de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: ramon@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1082 ANAIS X SIMPAC

A institucionalização dos idosos vem sendo cada vez


mais comum, visto que as modificações demográficas no Brasil
acontecem de forma brusca e ligeira. Com esse aumento de idade,
eles passam por alterações fisiológicas intrínsecas ou extrínsecas,
que trazem consigo a necessidade de encaminhamento dos idosos
às ILPI. Assim, essa institucionalização traz sérias consequências,
tornando o idoso ainda mais debilitado, devendo ser então, a última
alternativa de assistência. Os idosos institucionalizados têm uma
perda da capacidade funcional significativa e sabe-se que com o
envelhecimento ocorre redução da quantidade e qualidade das
transmissões do sistema nervoso central, gerando alterações em
macha, força muscular e postura, com consequente redução do
equilíbrio (GAZZOLA et al., 2006).
Portanto, este trabalho objetiva agrupar dados e gerir uma
síntese sobre idosos que residem em ILPIs quanto à evidência da
perda de funcionalidade e as ameaças relacionadas ao local que
reside, como piora funcional e cognitiva, isolamento social, quedas
e deficiência sensorial.

Material e Métodos

Para elaboração deste trabalho foi realizada revisão


bibliográfica online nas bases de dados Scielo e Google Acadêmico,
objetivando agrupar e gerir uma síntese sobre o tema apontado neste
estudo. Para auxiliar a pesquisa foram utilizados os descritores:
Idosos institucionalizados, Perfil demográfico, Queda em idosos
institucionalizados, Fisioterapia em idosos institucionalizados,
idosos e fatores de risco. Foram selecionados artigos publicados
após o ano de 2003 e as buscas dos descritores direcionaram para
palavras dos títulos e resumos dos artigos.
Após leitura, foram selecionados seis artigos que abordavam
melhor o tema proposto.

Resultados e Discussão

Com a brusca mudança demográfica no Brasil, a procura

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1083

por ILPI se torna cada vez mais frequente. O envelhecimento traz


consigo um conjunto de alterações antagônicas ao desenvolvimento
humano, decorrendo então um declínio das capacidades funcionais
deixando o idoso mais predisposto a quedas, podendo causar
dependências, sejam elas físicas ou neurológicas (DA SILVA, 2017).
Estudos indicam uma maior prevalência e incidência de quedas
em idosos residentes em instituições (SILVA, 2010; REBELATTO,
CASTRO & CHAN, 2007), pois se encontram com diminuição da
capacidade funcional e mais fragilizados. Em contrapartida, Uchida
et al. (2013) em sua pesquisa realizada em ILPI conclui que, contrário
à literatura, ocorreu em seu estudo uma baixa frequência de quedas
entre os idosos institucionalizados. Porém, ao analisarmos os
estudos, é possível observar uma discrepância nos grupos amostrais,
mostrando que, ao estudo que houve menor prevalência de quedas,
os idosos eram praticantes de atividades físicas. É sabido que a
prática de atividade física frequente e adequada individualmente é
fator de proteção à perda de funcionalidades e quedas.
Em adição, Rebelatto et al. (2007) ao avaliar 61 idosos de
ILPI, concluiu que, da sua amostra, apenas 26% eram praticantes
de atividade física. Com uma maioria não praticante, resultou a
uma maior frequência de quedas nos idosos da ILPI avaliada.
Observou também em seu estudo que quanto à força de preensão
palmar, os idosos que sofreram queda possuíam níveis de força
significativamente inferiores aos que não sofreram queda.
Semelhante ao estudo supracitado, ISHIZUKA (2003) avaliou força
dos membros inferiores com o teste de levantar e sentar da cadeira
por 30 segundos, que também indicou correlação com risco de
quedas, em que idosos institucionalizados devido a diminuição da
funcionalidade, tinham grau de força menor em membros inferiores,
predispondo à maior risco de queda.
Portanto, a partir dos dados obtidos, é possível concluir que
idosos que residem em ILPIs há maior perda de funcionalidade
e risco de quedas elevado, e que o nível de força diminuído está
diretamente relacionado às quedas e suas sequelas. Assim, se
tornando importante a intervenção fisioterapêutica individualizada
para a manutenção da qualidade de vida dos idosos em ILPIs.

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1084 ANAIS X SIMPAC

Considerações finais

Com base no exposto, pode-se concluir que a institucionalização


pode evidenciar ao idosos ameaças como piora funcional e cognitiva,
isolamento social, quedas e deficiência sensorial. Porém, vale
ressaltar que a atuação fisioterapêutica aos idosos de ILPI podem
contribuir significamente na manutenção da estabilidade física
do idoso, já que a prática frequente é fator de proteção às perdas
funcionais e demais declínios provenientes do envelhecimento.

Referências Bibliográficas

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QUEDAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: UMA ANÁLISE
A PARTIR DA FISIOTERAPIA.  CADERNOS DE EDUCAÇÃO,
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GAZZOLA, J.M; RODRIGUES, P.I. M; MALAVASI, G.M;


FREITAS, G. F. Fatores associados ao equilíbrio funcional em
idosos com disfunção vestibular crônica. Brazilian Journal of
Otorhinolaryngology [en linea] 2006, 72 (Septiembre-Octubre):
[Fecha de consulta: 2 de abril de 2018] Disponible en:<http://www.
redalyc.org/articulo.oa?id=392437768016> ISSN 1808-8694

ISHIZUKA, M.A. et al. Avaliação e comparação dos fatores intrisecos


dos riscos de quedas em idosos com diferentes estados funcionais.
2003.

REBELATTO, J.R; CASTRO, A. P.; CHAN, A Quedas em idosos


institucionalizados: características gerais, fatores determinantes e
relações com a força de preensão manual. Acta ortop bras, v. 15,
n. 3, 2007.

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idosos institucionalizados do município de Anápolis- Prevalence of
falls and associated factors with institutionalized elderly people in

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ANAIS X SIMPAC 1085

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66-74, 2017.

UCHIDA, J. E.F; DE MELO BORGES, S. Quedas em idosos


institucionalizados. Revista Kairós: Gerontologia, v. 16, n. 3, p.
83-94, 2013.

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1086 ANAIS X SIMPAC

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ANAIS X SIMPAC 1087

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1088 ANAIS X SIMPAC

O TELETRABALHO À LUZ DO PRINCÍPIO DA PRIMAZIA


DA REALIDADE SOBRE A FORMA

Mauro Lucas Barreto da Conceição1, Viviane Aparecida Rosental2,


Ângela Barbosa Franco3

Resumo: Os pressupostos para a configuração de uma relação de


emprego a distância são os mesmos de um trabalho desempenhado
no espaço físico do empregador. Contudo, pelo fato de normalmente
não existir no teletrabalho um controle direto e imediato do período
laborado, em decorrência da liberdade ostentada pelo obreiro
em decidir quando e onde executar suas funções laborativas, o
legislador o excluiu de algumas prerrogativas. Em vista disso, o
presente estudo concluiu que a apreciação da dinâmica laborativa
do teletrabalhador, em harmonia com o princípio da primazia da
realidade sobre a forma, torna-se procedimento fundamental para
não suprimir do empregado, injustamente, os direitos concernentes
às regras de duração do contrato de trabalho, dentre outros inerentes
à relação de emprego.

Palavras–chave: Lei nº. 13.467/2017, presunção relativa de


ausência do controle da jornada, trabalho a distância

Introdução

A Reforma Trabalhista, com o intuito de adaptar a norma às


necessidades vivenciadas no mercado de trabalho da era digital,
dedica um capítulo exclusivo ao teletrabalho na CLT. Assim,
o texto celetista dispõe, entre os artigos 75-A ao 75-H, quais são
as características do teletrabalhador, as solenidades necessárias
para a formalização do contrato, como deve ser realizada a
1
Graduando do curso de Direito – FAVIÇOSA- UNIVIÇOSA. E-mail: luccasbarreto@outlook.com
2
Graduanda do curso de Direito da FAVIÇOSA. E-mail: vivi_rosental90@hotmail.com
3
Professora da disciplina de Direito do Trabalho da FAVIÇOSA. E-mail: angelafranco@univicosa.com.
br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1089

alteração do regime presencial para o teletrabalho e vice-versa, a


responsabilidade pela infraestrutura do trabalho remoto, bem como
medidas para se evitar doenças e acidentes de trabalho. No artigo
62, III, da CLT, o legislador exclui a categoria profissional das regras
de duração do contrato de trabalho e, além disso, o artigo 611-A
da CLT permite a flexibilização do que se encontra legislado via
instrumento normativo coletivamente negociado. Com base nesses
dispositivos legais, este estudo objetivou elucidar algumas lacunas
e pontos controversos da lei para ao final destacar a importância da
análise fática da dinâmica laboral para a identificação dos direitos
do teletrabalhador.

Material e Métodos

A partir da análise crítica dos artigos 6º; 62, III; 75-A a 75-E;
e 611-A, VII, da CLT, realizou-se uma investigação interdisciplinar,
de vertente jurídico-dogmática, para se ressaltar as particularidades
da nova normatização referente ao teletrabalho e sua efetividade de
acordo com a realidade vivenciada pelo trabalhador da era digital.

Resultados e Discussão

Os empregados em regime de teletrabalho são aqueles que,


mediante subordinação objetiva ou estrutural, executam suas
atividades fora do espaço físico do empregador e dependem dos
meios telemáticos de informação ou de comunicação para realizar
o serviço.
O teletrabalho, também conhecido como home-office, dá
liberdade para o obreiro laborar em distintos lugares do mundo
através do uso de tecnologias da informação e da comunicação
como telefonia, satélite, cabo, fibras ópticas, e da informática como
computadores, sistemas de redes, dentre outros. Esses recursos
possibilitam, com presteza e a qualquer momento, o cumprimento
de tarefas laborativas fora da fiscalização pessoal e direta do
empregador no que concerne ao controle de horários e de jornada.
A Reforma Trabalhista, Lei nº. 13.467/2017 (BRASIL,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1090 ANAIS X SIMPAC

2017), insere no texto da Consolidação das Leis do Trabalho um


novo Capítulo II-A, dentro do Título II, destinado ao teletrabalho,
todavia, apresenta dispositivos que não se encontram em harmonia
com os princípios da inalterabilidade contratual lesiva, da assunção
dos riscos do tomador de serviços, da proteção à saúde e à segurança
da classe trabalhadora.
De início, vale ressaltar que no art. 6º e parágrafo único da
CLT (BRASIL, 1943) o legislador reconhece a relação de emprego
realizada a distância por meios telemáticos e informatizados de
comando, quando presentes os elementos fático-jurídicos destacados
no art. 3º e no art. 2º da CLT (BRASIL, 1943). Ou seja, trata-se de um
trabalho realizado por pessoa física, de forma pessoal, não eventual,
subordinada e onerosa. Inclusive o empregador, de acordo com o 75-B
da CLT (BRASIL, 2017), pode solicitar o comparecimento pessoal
do empregado para a realização de atividades específicas e sem
excessos na empresa, sem que isso implique na descaracterização do
teletrabalho. Insta também salientar que para a formalização dessa
modalidade especial de labor, a lei expressamente exige a indicação
das atividades de teletrabalho no contrato, como preleciona o art.
75-C da CLT (BRASIL, 2017).
Se as atividades laborativas são presenciais e os sujeitos da
relação de emprego têm interesse em alterá-las para o regime de
teletrabalho, o texto celetista, no §1º do art. 75-C (BRASIL, 2017),
ressalta a necessidade de mútuo consentimento e o registro em
aditivo contratual. Paradoxalmente, no §2º do art. 75-C, se a alteração
consiste na migração do regime de teletrabalho para presencial, essa
pode ser realizada “por determinação do empregador, garantido
prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente
registro em aditivo contratual” (BRASIL, 2017, online). A redação
normativa, em afronta ao princípio da inalterabilidade contratual
lesiva, desarrazoadamente permite o jus variandi empresarial e
sequer exige a justificativa do empregador da necessidade de tal
transformação no ambiente laboral. Em vista disso, a modificação
contratual decorrente da imposição unilateral do empregador deve
ser considerada ilícita por não atender os ditames do art. 468 da
CLT (BRASIL, 1943).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1091

Quanto à responsabilidade pela aquisição, manutenção


e despesas com os equipamentos tecnológicos, bem como a
infraestrutura necessária para o desempenho do teletrabalho, o art.
75-D da CLT (BRASIL, 2017) discorre que são previstas no contrato
de trabalho. Sob esse aspecto, fica ao alvedrio dos contratantes
definir os custos e os encargos relativos à prestação de serviço,
em dissonância ao determinado pelo princípio da alteridade. Todo
empregador, de acordo com o art. 2º da CLT (BRASIL, 1943), assume
os riscos de sua atividade e não pode repassar essa obrigação para
o empregado. Assim, apesar da indefinição estampada no art. 75-D
da CLT (BRASIL, 2017), o empregador não pode se esquivar dos
ônus inerentes do seu empreendimento e os derivados do trabalho
prestado (DELGADO, 2018). O tomador de serviço deve fornecer
as utilidades destinadas a viabilizar a execução das atividades
laborativas e essas, conforme consta no art. 75-D da CLT (BRASIL,
2017), não têm natureza jurídica salarial.
No que concerne às medidas de segurança no trabalho, o art.
75-E da CLT (BRASIL, 2017, online) dispõe que “o empregador
deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva,
quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes
de trabalho”. Além disso, “o empregado deverá assinar termo
de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções
fornecidas pelo empregador” (BRASIL, 2017, online). Certamente,
mesmo que concretizada a instrução e assinado o termo, o
empregador não se exime da responsabilidade quanto a possíveis
acidentes ou danos decorrentes do trabalho sofridos pelo obreiro.
Reflexão interessante quanto ao comando jurídico aventado pelo art.
75-E da CLT (BRASIL, 2017, online) consiste na maior dificuldade
que o trabalhador pode ter em comprovar o nexo causal e a culpa
do empregador (DELGADO e DELGADO, 2017). Note-se que como
o teletrabalho materializa-se a distância e fora da fiscalização
direta e imediata do tomador de serviços, é complexo aferir se o
obreiro observou ou não as instruções expedidas pelo empregador
para evitar acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais. Como a
proteção à saúde e à segurança da classe trabalhadora são princípios
norteadores do Direito do Trabalho espera-se maior tutela do Poder

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1092 ANAIS X SIMPAC

Judiciário, em relação à parte hipossuficiente da relação de emprego,


no que se refere à distribuição do ônus probatório.
Mais uma questão relevante do teletrabalho encontra-se
destacada no art. 62, III, da CLT (BRASIL, 2017). Esse dispositivo
exclui o empregado em regime de teletrabalho das regras
concernentes à duração do trabalho e, portanto, não se estende
a essa categoria especial direitos como adicional de hora extra,
adicional noturno, intervalos intrajornada e interjornada, etc. O
tratamento discriminatório apenas se justifica em circunstâncias
que o teletrabalhador verdadeiramente tem ampla liberdade
para decidir sua produtividade e horário para se dedicar aos
compromissos provenientes do contrato. Sob essa perspectiva,
o art. 62, III, da CLT (BRASIL, 2017) ostenta uma presunção
relativa, passível de prova em contrário, que não há qualquer tipo
de controle ou fiscalização do trabalho por parte do empregador.
Para Delgado e Delgado (2017, p. 138), “essa prova tem que ser
realizada pelo autor da ação trabalhista – o empregado –, em face
da presunção jurídica estipulada pela CLT”. Não se pode deixar de
considerar que perante a era tecnológica, é perfeitamente possível
identificar e fiscalizar o teletrabalhador. Cassar (2010, p. 188) cita
como exemplos os monitoramentos feitos por “web câmera, intranet,
intercomunicador, telerrádio, telefone, GPS, localizador ou radar,
estipulação de um número mínimo de tarefas diárias etc., contador
de palavras e toques nas teclas dos computadores etc.”. Diante
disso, defende-se a invocação do princípio da primazia da realidade
como comando norteador da identificação do teletrabalhador e sua
dinâmica laborativa. “Isto significa que, em matéria trabalhista,
importa o que ocorre na prática mais do que as partes pactuarem,
em forma mais ou menos solene ou expressa, ou que se insere em
documentos, formulários e instrumentos de contrato” (RODRIGUEZ,
1978, p. 53).
Não se pode adotar uma interpretação meramente gramatical
das normas relativas ao teletrabalho, muito menos considerar
apenas o que está expresso no contrato. A presunção de que o regime
de teletrabalho decorre da ausência de controle do empregador
necessita de análise fática. Portanto, identificada a relação de

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ANAIS X SIMPAC 1093

emprego, independente de como o contrato está formalizado, o


princípio da primazia da realidade sobre a forma torna-se a diretriz
do hermeneuta. Além do mais, a flexibilização aventada pelo art.
611-A, VII, da CLT (BRASIL, 2017), apenas pode ser tolerada
em circunstâncias que a negociação coletiva implementa direitos
superiores ao padrão da legislação heterônoma aplicável e realize
transação de parcelas de indisponibilidade relativa (DELGADO,
2018).
Enfim, no teletrabalho, qualquer alteração contratual precisa
se pautar em mútuo consentimento. Os riscos da atividade devem ser
assumidos pelo tomador de serviços, assim como a observância das
normas de proteção à saúde e à segurança da classe trabalhadora.
Nesse contexto, o princípio da primazia da realidade sobre a forma
tem atuação significativa, afinal, seu comando norteador permite
identificar a relação de emprego e os direitos dela inerentes,
inclusive os decorrentes da duração do contrato de trabalho.

Considerações Finais

Os operadores do direito devem se atentar para a realidade


e para os princípios norteadores do Direito do Trabalho. Não basta
a formalização por escrito do contrato de teletrabalho para excluir
do obreiro as regras que tutelam o labor, em especial os direitos
provenientes da hora extra e noturna, bem como dos intervalos. É
preciso averiguar se o teletrabalhador verdadeiramente ostenta
ampla liberdade para deliberar sua jornada. Se assim não for, a
ele se aplica toda a normatização celetista adstrita à duração do
contrato de trabalho. Quando o trabalho é realizado a distância,
por meios telemáticos e informatizados, com subordinação jurídica,
pressupõe a existência de uma relação de emprego com todos os
direitos sociais a ela inerentes.

Referências Bibliográficas

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de 1943. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/

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1094 ANAIS X SIMPAC

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ccivel_03/constituição/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em: 28
fev. 2018.

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das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de
1º de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036,
de 11 de maio de 1990, e 8.212, 24 de julho de 1991, a fim de adequar
a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/113467.htm.
Acesso em: 10 jan. 2018.

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CORREIA, H. Direito do trabalho. Salvador, Bahia: Juspodivm,


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DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 17ª ed. São


Paulo: LTr, 2018.
DELGADO, M. G; DELGADO, G. N. A reforma trabalhista no
Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo:
LTr, 2017.

RODRIGUEZ, A. P. Princípios de direito do trabalho. Tradução


Wagner Giglio. São Paulo: LTr, 1978.

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ANAIS X SIMPAC 1095

ATUAÇÃO FISIOTERÁPICA NO CAPS


Mayara da Silva Amorim1, Andreia Kelly Rodrigues Cordeiro2

Resumo: Os transtornos mentais no Brasil representam quatro das


dez principais incapacitações. São muitos os comprometimentos
corporais provenientes dos transtornos mentais e dos tratamentos
somáticos. Estas alterações podem estar associadas a alterações nas
estruturas corporais, que envolvem fatores posturais, respiratórios,
de movimento, dificuldade nas AVDs, tensões e rigidez da
musculatura. O objetivo deste trabalho é mostrar como a atuação
da fisioterapia vem sendo solidificada como grande associada aos
tratamentos dos pacientes com transtornos mentais, na redução
desses comprometimentos e contribuindo assim na reabilitação
destes.

Palavras Chave: Saúde Mental, Fisioterapia, CAPS, Reabilitação


Psicossocial
Introdução

Na década de 70 ocorreu um movimento social em vários


países e no Brasil, chamado de Reforma Psiquiátrica, que defendia
uma melhor assistência e mudanças no modelo de atenção aos
usuários com transtornos mentais. A partir de então a assistência
em saúde mental no Brasil e no mundo passou a caminhar rumo à
desinstitucionalização e reinserção social dos usuários nos diferentes
espaços da sociedade, assim sendo criado em 1986 o CAPS – Centro
de Atenção Psicossocial. (PARANHOS-PASSOS; AIRES, 2013).
Segundo a Constituição Federativa do Brasil, o CAPS
1
Graduando em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail:
mayaraamorim93@yahoo.com.br
2
Docente do curso de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: andreia@
univicosa.com.br

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1096 ANAIS X SIMPAC

visa um trabalho de Equipe Multiprofissional para recuperação,


promovendo a inserção social do usuário, inserindo na família, no
trabalho e na comunidade de forma gradual e planejada. Apto a
tratar os usuários com transtornos mentais severos e persistentes,
nos âmbitos cognitivo, social e motor. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2013)
Dentre as manifestações que caracterizam os transtornos
mentais, ocorrem alterações na estrutura corporal e no movimento,
tais como dificuldades na execução dos movimentos, tensões e
rigidez muscular crônica, alterações posturais, padrão anormal de
respiração e prejuízo da expressão corporal (DA SILVA, et.al. 2012).
Visto que essas manifestações podem afetar a qualidade de
vida do paciente e trazer transtornos para suas atividades diárias, o
profissional Fisioterapeuta torna-se importante membro na equipe
multiprofissional que assiste os pacientes com transtornos mentais.
A fisioterapia tem como propósito o estudo do movimento
humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades,
tanto nas suas alterações patológicas, quanto nas suas repercussões
psíquicas e orgânicas, com objetivos de preservar, manter,
desenvolver ou restaurar a integridade de órgão, sistema ou função
(ROEDER, 2012)
Neste sentido, este trabalho tem por objetivo salientar quão
importante e benéfica é a atuação fisioterápica nos Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS).

Materiais e Métodos

Este trabalho consiste de uma revisão bibliográfica de


artigos científicos datados de 1999 a 2016. Para seleção dos artigos
foram utilizados palavras chave como: CAPS – Centro de Atenção
Psicossocial, Transtornos Mentais, Atuação Fisioterápica na Saúde
Mental, Fisioterapia na Saúde mental. A pesquisa foi realizada no

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1097

período de maio até junho de 2017 e utilizado como base de dados o


Google acadêmico e Scielo.
Resultados e Discussão

O fisioterapeuta como membro das equipes multiprofissionais


em saúde mental, possui uma visão ampla do comprometimento do
paciente, viabilizando assim um tratamento onde consiga abordar
todas as suas competências e assim acompanhe da melhor maneira
o desenvolvimento biopsicossocial do mesmo.
O profissional está amparado por várias possibilidades
terapêuticas que irão contribuir para o processo de reabilitação,
pois estas vão aprimorar a funcionalidade motora, favorecendo a
reestruturação dos aspectos físicos e psíquicos do indivíduo.
As terapêuticas corporais estimulam a autopercepção,
fazendo assim com que o indivíduo redimensione atitudes, identifique
e transfigure as necessidades da própria vida. Através do trabalho
corporal é possível desencadear alterações no estado psicológico,
por desenvolver uma nova assimilação da imagem corporal,
provendo mudanças na auto estima, humor e comportamento.
(DIEFENBACH, 2003)
O contato manual, ou o toque propriamente dito, exercido
pelo fisioterapeuta, através das terapias manuais promovem um
bem-estar ao paciente, gerando assim uma harmonização das
tensões musculares presentes. O momento da terapia manual, além
da sua função terapêutica proporciona ao paciente um momento de
interação com o seu corpo, com o fisioterapeuta, e com as pessoas
que são submetidas aos mesmos procedimentos.
Segundo estudo realizado por Silva et al. (2012) em pacientes
com transtorno mental, a fisioterapia foi capaz de minimizar os
comprometimentos corporais causados pelos transtornos mentais.
Contribuiu para a reabilitação psicossocial, porque auxiliou os
portadores de transtornos mentais, promovendo benefícios físicos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1098 ANAIS X SIMPAC

e psíquicos relacionados ao alívio de dores e ansiedade. Promoveu,


também, a melhora da função motora, da autoestima, do ânimo e
da disposição, favorecendo, ainda, a interação e a convivência entre
os usuários, estimulando as relações de amizade, tornando-os mais
receptivos para se relacionar e se expressar.

Considerações Finais
A atuação fisioterápica na saúde mental ainda é uma
perspectiva e em alguns lugares uma possibilidade nunca imaginada.
Porém baseado nos estudos, mesmo estes sendo poucos, almeja-se
que ela se expanda, contribuindo assim para qualidade de vida dos
indivíduos.
Fundamentado no estudo realizado, conclui-se que a atuação
do Fisioterapeuta é de primordial importância na Saúde Mental,
trazendo assim imensuráveis benefícios a saúde física, mental e a
qualidade de vida do paciente.

Referências Bibliográficas
PARANHOS-PASSOS, F; AIRES, S. Reinserção social de portadores
de sofrimento psíquico: o olhar de usuários de um Centro de Atenção
Psicossocial. Physis-Revista de Saúde Coletiva, v. 23, n. 1, 2013.
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de Ações Programáticas Estratégicas. Cadernos de Atenção Básica
2013; 34.
DA SILVA, S.B; PEDRÃO, L. J; INOCENTI MIASSO, A O
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de transtornos mentais. SMAD, Revista Electrónica en Salud
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ANAIS X SIMPAC 1099

ROEDER, M. A. Benefícios da atividade física em pessoas com


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Saúde, v. 4, n. 2, p. 62-76, 2012.
DIEFENBACH, N. O eu corporal em terapia morfoanalítica. Fisioter.
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1100 ANAIS X SIMPAC

AVALIAÇÃO DA FOSFATASE ALCALINA SÉRICA


NO USO DE IPRIFLAVONA PARA TRATAMENTO DA
OSTEOPOROSE INDUZIDA COM DEXAMETASONA.

PÍCCOLO, M.S1; PIZZIOLO, V.R2 FERREIRA JUNIOR, D.B3;


MATTA, S.L.P4; QUEIROZ, J.H5.

Resumo: A osteoporose induzida por dexametasona é uma


complicação comum e grave nos tratamentos prolongados com
esse fármaco. Atualmente os bisfosfonatos, destacando-se o
alendronato de sódio, são os agentes mais utilizados no controle e
tratamento desse tipo da doença, embora não demonstrem ganho
em formação óssea. Como alternativa, avaliamos os níveis séricos
de fosfatase alcalina (FAL) e fosfatase alcalina óssea (FAO), pelo
uso da ipriflavona, uma isoflavona sintética, comercializada com a
finalidade de prevenir e/ou tratar a osteoporose, para o tratamento
da osteoporose induzida com dexametasona. Os animais foram
então submetidos à indução da osteoporose com a administração
do glicocorticoide dexametasona, por via intramuscular, na
dose semanal de 7,5 mg/Kg, por quatro semanas (à exceção do
grupo controle normal (G1)). Os animais osteoporóticos, foram
distribuídos, aleatoriamente, nos seguintes grupos: G2 (controle
com osteoporose), G3 (com osteoporose tratado com alendronato de
1
Mestranda em Bioquímica Aplicada da Universidade Federal de Viçosa (UFV). e-mail: mayrapiccolo@
ufv.br
2
Doutora em Bioquimica Agricola pela Universidade Federal de Viçosa, Professora do Departamento de
Bioquimica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV). e-mail: virginia.pizziolo@
ufv.br
3
Doutorando em Bioquímica Aplicada da Universidade Federal de Viçosa (UFV). e-mail: davilson.
junior@ufv.br
4
Doutor em Biologia Celular pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Professor do
Departamento de Biologia Geral da Universidade Federal de Viçosa (UFV). email: smatta@ufv.br
Doutor em Microbiologie Biotechnologie pelo Institut National des Sciences Appliquees de Toulouse
(INSAT), Professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de
Viçosa (UFV). email: jqueiroz@ufv.br
5
Doutor em Microbiologie Biotechnologie pelo Institut National des Sciences Appliquees de Toulouse
(INSAT), Professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de
Viçosa (UFV). email: jqueiroz@ufv.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1101

sódio 0,2 mg/kg), e G4 (com osteoporose tratado com ipriflavona 100


mg/kg). Após o período de 30 e 60 dias de tratamento os animais
foram eutanasiados e coletou-se sangue para as dosagens de FAL
e FAO. Os grupos foram comparados entre si pelo teste de Tukey
a 5%. Observou-se que os níveis séricos de FAO apresentaram
alterações positivas nos grupos tratados com ipriflavona já os
níveis séricos de FAL não apresentaram alterações.

Palavras–chave: Marcadores Bioquímicos, Glicocorticoides,


Osteoblastos

Introdução

A osteoporose induzida pelo glicocorticoide dexametasona


é um efeito colateral comum e grave observado no uso prolongado
deste medicamento amplamente utilizado para o tratamento das
mais variadas doenças. A incidência de fraturas ósseas decorrentes
desse tipo de osteoporose é elevada, ocorrendo em 30-50% dos
pacientes em uso de glicocorticoide por mais de 3 meses.
Nesses casos a osteoporose se dá pelo fato de os glicocorticoides
estarem associados à redução direta da quantidade de osteoblastos
(aumento da apoptose de osteoblastos), resultando em rápida perda
de tecido ósseo, e simultaneamente associados ao aumento da
atividade osteoclásticas, com consequente aumento da reabsorção
óssea.
Atualmente os bisfosfonatos, dentre eles o alendronato de
sódio, são os agentes mais largamente utilizados no controle e
tratamento da osteoporose induzida por glicocorticoides, atuando
como agentes antirreabsortivos, de baixo custo e alta eficiência,
porém, apesar de reduzirem a incidência de fraturas, não
demonstram ganho em formação óssea. O objetivo deste trabalho
foi avaliar os valores dos níveis séricos da fosfatase alcalina, enzima
produzida por osteoblastos, no uso da ipriflavona, uma isoflavona
sintética comercializada com a finalidade de prevenir e/ou tratar a
osteoporose, a fim de verificar se a ipriflavona auxilia na formação

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1102 ANAIS X SIMPAC

óssea, sendo eficaz para o tratamento da osteoporose induzida por


dexametasona.

Material e Métodos

Para o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizadas 48


ratas (Rattus norvegicus) da raça Wistar, adultas, pesando em média
200g, procedentes do Biotério Central da Universidade Federal de
Viçosa (UFV) e alimentados com ração padronizada comercial para
ratos de laboratório e água “ad libitum” durante todo experimento,
em ambiente climatizado, com período de luz de 12 horas.
Após uma semana, período de adaptação, teve início o processo
de indução da osteoporose com a administração do glicocorticóide
dexametasona, por via intramuscular, na dose semanal de 7,5 mg/
Kg de peso corporal, durante 4 semanas, à exceção de 12 animais
que foram denominados grupo 1 (G1) (controle sem osteoporose).
Após esse período, os animais osteoporóticos foram distribuídos,
aleatoriamente, nos seguintes grupos: G2 (controle com osteoporose),
G3 (com osteoporose tratado com alendronato de sódio 0,2 mg/kg),
e G4 (com osteoporose tratado com ipriflavona 100 mg/kg). Após
o período de 30 e 60 dias do início do tratamento, 6 animais de
cada grupo foram anestesiados com solução, via intramuscular, de
0,05 ml de cloridrato de ketamina (1 g/ml) e 0,05 ml de cloridrato
de xilazina (23 mg/ml), para através de laparotomia abdominal e
posterior punção da veia cava caudal, fossem coletados 5 ml sangue
para a dosagem dos níveis séricos de fosfatase alcalina (FAL)
e fosfatase alcalina óssea (FAO). O ensaio biológico foi realizado
segundo delineamento inteiramente casualizado com 4 tratamentos
e 6 repetições. Os grupos foram comparados entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.

Todos os procedimentos foram aprovados pelo comitê de


Ética em Experimentação Animal da Universidade Federal de
Viçosa (protocolo 36/2016).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1103

Resultados e Discussão

Na tabela a seguir estão apresentadas as médias e desvio


padrão dos níveis séricos de fosfatase alcalina (FAL) e fosfatase
alcalina óssea (FAO) após 30 e 60 dias de tratamento.

Tabela 1- Valores dos níveis séricos de fosfatase


alcalina (FAL), em U/L e fosfatase alcalina óssea (FAO),
em µg/L, de ratas Wistar após 30 e 60 dias de tratamento.
Período Grupo/ FAL (U/L) FAO (µg/L)
Tratamento
Valor Σ Valor σ

30 dias G1 63,267 a ± 2,259 3,206 a ± 0,211


G2 131,333 b ± 13,545 3,053 b ± 0,054
G3 106,667 c ± 3,629 3,085 b ± 0,079
G4 108,671 c ± 7,257 3,167 a ± 0,096
60 dias G1 67,001 a ± 2,828 3,318 a ± 0,506
G2 68,501 a ± 2,345 3,008 b ± 0,055
G3 98,546 b ± 3,829 3,184 a ± 0,131
G4 74,428 b ± 5,912 3,341 a ± 0,202
Em cada período, médias seguidas de letra minúscula
diferente, diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Avaliando o grupo com osteoporose sem tratamento (G2)


foi possível verificar aos 30 e 60 dias de tratamento a progressiva
redução dos níveis séricos da FAO. Durante todo o período
experimental o grupo que recebeu tratamento com alendronato de
sódio (G3) apresentou níveis sérico de FAO abaixo do parâmetro
de normalidade (G1), demonstrando assim, o baixo potencial deste
fármaco em induzir a atividade de osteoblastos. Aos 30 e 60 dias
de tratamento, o grupo tratado com a ipriflavona (G4), apresentou
níveis séricos de FAO significativamente superiores ao grupo
osteoporótico sem tratamento (G2) e equiparáveis ao grupo normal
(G1). Os níveis séricos de FAL, afetados pelas variantes intestinal,
renal e hepática, não apresentaram correspondência à FAO. O
aumento dos níveis séricos de FAO presentes no grupo tratado
com ipriflavona corresponde à capacidade de atuação direta das

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1104 ANAIS X SIMPAC

isoflavonas sobre a atividade dos osteoblastos através da ligação


nos receptores de estrogênio presentes na superfície dessas células,
exercendo seus efeitos pelo mesmo mecanismo que este hormônio.
Essa atuação direta sobre a atividade osteoblástica e consequente
formação óssea, justifica seu maior potencial de tratamento na fase
tardia da indução da osteoporose com dexametasona.

Conclusões

O tratamento com ipriflavona ocasionou alterações positivas


significativas nos níveis séricos da fosfatase alcalina óssea (FAO)
demonstrando a capacidade desses fármacos em aumentar a
atividade reparadora óssea através de estímulo da atividade e
aumento do número de osteoblastos.
Os níveis séricos de fosfatase alcalina (FAL) não apresentaram
correspondência à FAO.

Referências Bibliográficas

ALTUNDA ,H; GURSOY,B. The influence of alendronate on


bone formation after autogenous free bone. Oral Surgery,
Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology, and
Endodontology, v.99, p.285-291, 2005.

BELLEI,P.M; TERRA,M.M.;PETERS,V.M.;
GUERRA,M.O.;ANDRADE,A.T. L. Efeito da ipriflavona sobre ratas
Wistar e suas ninhadas. Revista Brasileira de Ginecologia
Obstetrícia, v. 34, n. 1, p.22-27, 2012 .

DRAKE MATTHEW, T.; CLARKE BART ,L.; KHOSLA SUNDEEP


(2008) Bisphosphonates: mechanism of action and role in clinical
practice. Mayo Clinic Proceedings v.83,p.1032–1045, 2008.

JILKA,R.L. Biology of the basic multicellular unit and the


pathophysiology of osteoporosis. Medical and Pediatric Oncology,
v.41, n.3, p.182-185, 2003.

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ANAIS X SIMPAC 1105

RODRIGUES, R.M.P. et al. Guidelines for the prevention and


treatment. Revista Brasileira de Reumatologia, v.52, p.569-
593, 2012.

SASAKI,N.;KUSANO,E.; ANDO,Y.;YANO,K.;TSUDA,E.;ASANO,Y.
Glucocorticoid decreases circulating osteoprotegerin (OPG): possible
mechanism for glucocorticoid induced osteoporosis. Nephrology
Dialysis Transplantion, v.6, p.479-482, 2001.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1106 ANAIS X SIMPAC

TETO REMUNERATÓRIO E NATUREZA JURÍDICA


DOS
NOTÁRIOS E REGISTRADORES

Mercio Botelho Faria1, Douglas Luis de Oliveira2, Brígida A.


de Almeida Perázio Silva3

Resumo: Este artigo trata das atividades Notarial e Registral


discutindo a sua natureza jurídica bem como a aplicação ou não
do teto remuneratório. No sentido de sua natureza jurídica existem
duas direções em que a doutrina e a jurisprudência se dividem:
a primeira afirma que a atividade notarial e de registro possui
natureza híbrida, a segunda defende que a natureza é exclusivamente
pública. A aplicação do teto remuneratório, será avaliado nas duas
correntes. O estudo será realizado a partir da legislação, artigos e
livros doutrinários, e a jurisprudência.

Palavras–chave: Atividade notarial, atividade registral, natureza


jurídica, teto remuneratório.

Introdução

O presente trabalho visa tratar questões relacionadas a


natureza jurídica bem como bem como a aplicação ou não do
teto remuneratório sob os Notários e Registradores. Deste modo
apresentamos a seguir um pouco da história da atividade Notarial e
Registral partindo, logo após explicitarmos a metodologia utilizada,
para exposição das duas vertentes que discutem a natureza dessa
atividade, se pública ou híbrida.
Encerramos com uma breve conclusão à qual explicitamos
nosso posicionamento.
1
Granduando do curso de Direito da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: mercio@gmail.com
2
Professor do curso de Direito da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: douglas@univicosa.com.br
3
Graduanda Ciências Contábeis da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: brigida.contabeis@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1107

Material e Métodos

A pesquisa tem como foco principal verificar a natureza


jurídica da Atividade Notarial e Registral para posteriormente
inferir sobre a aplicabilidade ou não do teto remuneratório. Nesta
pesquisa utilizamos a carta Magma, Lei Federal 8.935/1994,
bibliografias e outros materiais coletados na internet, além do
estudo da jurisprudência. Utilizamos o método dedutivo, analisando
o regramento geral e depois trazendo as questões pertinentes a cada
corrente.

Origem
A atividade notarial é uma das mais remotas atividades
jurídicas já desempenhadas pelo ser humano. Suas origens foram
devidos à necessidade de mediação nos relacionamentos sociais
primitivos [LIMA, 2018]. A crer em registros deixados pelas
civilizações longínquas, a referida atividade já era tradição na
Roma antiga, onde se dava de modo muito peculiar. Naquela época
e lugar, o notário (ou notarius, como era chamado) era responsável
pela realização de transcrições e registros de julgamentos e
de procedimentos judiciais. Ao lado desses, havia o tabelione,
profissional que, conforme entendimento do professor Mário Raposo
segundo [LIMA, 2018], mais se aproximava do notário dos dias
de hoje, na medida em que era responsável pela formalização da
vontade das partes através de minutas, as quais eram redigidas
sobre tábuas, com assinatura das partes, testemunhas e tabeliones.


Natureza Pública ou Híbrida
Os serviços serviços notariais e de registro são regulamentados
pelo constituinte de 1988, [BRASIL 2], bem como pela Lei Federal
n. 8.935/1994, [BRASIL 1]. O ingresso ocorre através de concurso
público de provas e títulos. A remuneração, por sua vez, ocorre pelos
denominados emolumentos.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1108 ANAIS X SIMPAC

Inicialmente, destaca-se que os delegatários do serviço público


possuem uma relevante função social, porquanto suas atividades
asseguram maior estabilidade nos atos e negócios jurídicos, além
evitar litígios. Todavia, o direito notarial e de registro é pouco
anunciado e estudado nos meios acadêmicos. Até porque, há temas
nesta seara que não possuem entendimento sistematizado.

A escolha do tema se deu, em razão do questionamento


da aplicabilidade ou não do teto remuneratório aos Notórios e
Registradores. Neste sentido, o Conselho Nacional de Justiça
instaurou discussão neste sentido devido a Resolução n. 80/2009,
que abarrotou o Poder Judiciário com litígios envolvendo a aplicação
do teto remuneratório constitucional aos denominados interinos das
serventias extrajudiciais de notas e registro [BERTELLI, 2014].

O presente visou elucidar de forma clara e objetiva, qual a


natureza jurídica aplicável aos notários e registradores, ainda que
ocupantes temporários, das serventias extrajudiciais. Existem duas
direções em que a doutrina e a jurisprudência se dividem: a primeira
afirma que a atividade notarial e de registro possui natureza híbrida,
a segunda defende que a natureza é exclusivamente pública.

Natureza Jurídica Híbrida

Nesta vertente disciplina que os serviços são regidos pelo


Direito Privado, contudo o exercício da função será delegado pelo
Poder Público e fiscalizado pelo Poder Judiciário. Ainda, podemos
afirmar que o legislador constituinte de 1988 seguiu o primeiro
entendimento, ao dispor expressamente que os serviços notariais e
registrais são exercidos em caráter privado, mediante delegação e
fiscalização da Administração Pública ( art. 236 da CF/88)

O art. 3º da Lei nº. 8.935/94 corrobora com este entendimento,


dispondo sobre serviços notariais e de registro:

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1109

Art. 3º. Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador,


são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é
delegado o exercício da atividade notarial e de registro.

Nesse passo infere-se que, os titulares dos serviços notariais


e de registro atuam como prestadores de serviço público ao usuário.
O Estado confere autonomia e independência na prestação desses
serviços, competindo-lhe apenas a fiscalização do mesmo. O Poder
Público assim age com base no princípio da descentralização, ou
seja, visa descongestionar a Administração Pública e dar maior
efetividade aos serviços prestados.

Há dois outros pontos que contribuem para essa lógica: o


primeiro é que as serventias de notas e registro não são dotadas
de personalidade jurídica ou personalidade judiciária. O segundo é
que não existe vínculo de hierarquia próprio da situação funcional,
isto é, não há subordinação, mas tão somente atos fiscalizatórios
[BERTELLI, 2014]. Esta vertente, segundo nosso posicionamento,
é a mais adequada dado os argumentos que melhor explicitaremos
no artigo completo.

Natureza Jurídica Pública

A segunda vertente entende que a atividade notarial exprime


natureza exclusivamente pública. O fundamento é que os titulares
das serventias não se submetem a procedimento licitatório, o qual
é o meio ideal para outorga de delegação. Dizem, ainda, que as
atividades realizadas por essas pessoas são dotadas de fé pública,
ou seja, estão acobertadas pela autoridade do Poder Público.

O art. 25º da Lei nº. 8.935/94 realça os argumentos dessa


corrente, o dispondo sobre serviços notariais e de registro:

Art. 25. O exercício da atividade notarial e de registro é


incompatível com o da advocacia, o da intermediação de seus
serviços ou o de qualquer cargo, emprego ou função públicos,
ainda que em comissão.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1110 ANAIS X SIMPAC

Deste modo, registre-se que a atividade notarial e de registro


depende de provocação, em virtude do caráter rogatório de sua
função, sendo defeso ao notário agir de ofício. Trata-se, também,
de profissão que goza de fé pública, na medida em que o notário
atua como representante do Estado em sua atividade. Ademais, é
marcada pelo dever de imparcialidade, porquanto cabe ao notário
atuar com equidistância entre as partes [LIMA, 2018].

Teto Remuneratório

Em diversos julgamentos do STF com respeito ao teto


remuneratório, a citada corte evidencia que nenhum servidor público
no Brasil poderá ter remuneração que exceda o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do STF, conforme reza nossa carta Magma.
(art. 37 CF/1988). Veja [BRASIL 2].
Diante disto, a primeira vertente não se aplica dada a sua
natureza jurídica. Já a segunda vertente, tendo os agentes notoriais
e registradores a natureza pública, estes integrariam o aparelho
estatal e sendo portando submetidos ao teto remuneratório.

Considerações Finais

O presente trabalho tem como foco discorrer sobre a sua


natureza jurídica bem como a aplicação ou não do teto remuneratório
sob os Notários e Registradores. Diante da discussão, podemos
averiguar que a discussão quanto ao teto remuneratório aplicado
ou não à Atividade notarial ou Registral está atrelada à definição
de sua natureza jurídica a apresentamos acima, as duas correntes
existentes e os respectivos argumentos que as sustentam. Ressalta-
se que, nosso posicionamento é pela impossibilidade de aplicação
do teto constitucional remuneratório, dados os argumentos
constitucionais apresentados além de outros levantamentos que
explicitaremos em nosso artigo.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1111

Referências Bibliográficas

[BERTELLI, 2014] BERTELLI, T. M. (IM) Possibilidade de aplicação


do teto remuneratório constitucional aos interinos das serventias
extrajudiciais de notas e registro. Escola de Magistratura do Estado
do Paraná, XXXII Curso de Preparação à Magistratura Núcleo
Curitiba. Curitiba, 2014.

[LIMA, 2018] LIMA, L. A. L. A atividade notarial e registral e sua


natureza jurídica. Artigo publicado no Portal Âmbito Jurídico,
disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.
php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10253>. Acesso em
03/04/2018.

[BRASIL 1] BRASIL. Lei Federal 8.935 de 18 de novembro de 1994.


Regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre
serviços notariais e de registro. (lei dos cartórios). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8935.htm>. Acesso em
03/04/2018.

[BRASIL 2] BRASIL. Constituição Federal de 1988. Constituição


da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em 03/04/2018.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1112 ANAIS X SIMPAC

ELABORAÇÃO E ANÁLISE SENSORIAL DE BROWNIE


DE CHOCOLATE LOW CARB CONTENDO XILITOL E
FARINHA DE AMÊNDOAS

Fernanda Luiza Costa Gonçalves1, Viviane Gomes Lelis2, Mirella


de Paiva Santos3

Resumo: O brownie é um doce muito consumido entre as pessoas


nos tempos de hoje, e com isso vem a preocupação com o consumo
da farinha branca e açucares entre a população. Portanto, este
trabalho teve como objetivo desenvolver e avaliar sensorialmente
um brownie com baixas concentrações de carboidrato (low carb),
sendo elaborado com chocolate 70% cacau, farinha de amêndoas e
adoçado com xilitol. Foram aplicados os testes de Aceitação e de
Intenção de Compra ao brownie com 73 julgadores não treinados. O
brownie obteve um elevado índice de aceitabilidade como a média
dos escores para a mostra foi igual a 8,2, conclui-se que o produto
ficou classificado no termo hedônico ““Gostei Muito””. A intenção de
compra teve média dos escores para a mostra foi igual a 4,6, conclui-
se que o produto ficou classificado no termo hedônico “Certamente
Compraria”. Os resultados dos dois testes indicaram que o brownie
poderá ter uma boa aceitação no mercado. Pode-se concluir que o
produto desenvolvido terá boa aceitação no mercado

Palavras–chave: Análise sensorial; Baixo carboidrato; Bolo; Doce;


Funcional

Introdução

Atualmente, utiliza-se a realização de diversas pesquisas que


estudam a adição de substâncias, as quais podem aumentar o valor
1
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: fernada.93@hotmail.com
2
Professora do Departamento de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: vivianegomeslelis@
gmail.com
3
Graduanda em Nutrição Mirella de Paiva Santos – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: mirellapsant@
hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1113

nutricional de diversos produtos alimentícios e trazer benefícios à


saúde, como em biscoitos, bolos e outros produtos alimentícios. Com
base nisso, esse estudo será realizado com a farinha de amêndoas
que possui quantidade apreciável em seu grão de proteínas (18,6
g/100 g), carboidratos (29,5g/100g), lipídeos (47,3g/100g) e fibras
(11,5 g/100 g), além de ser fonte de cálcio (237 mg/100 g) e cobre
(0,93 mg/ 100 g) (GRANATO; PIEKARSKI; RIBANI, 2009).
O chocolate pode proporcionar uma série de benefícios para o
organismo. Porém, para que isso aconteça o alimento precisa contar
com pelos menos 70% de pó de cacau em sua composição, ou seja, ser
um chocolate amargo (MINIM et al., 1999).
O xilitol é considerado um prebiótico, que são carboidratos
não digeríveis ou que sofrem incompleta degradação pelas enzimas
digestivas do corpo humano (MAIA et al., 2008).
Assim, a elaboração de brownies que contenham tais
matérias-primas parece ser promissora, pois além da composição
nutricional são isentos de glúten, possuem propriedades prebióticas
e possuem baixo teor de carboidrato, tornando-se opções viáveis
para desenvolvimento de alimentos destinados aos celíacos e
diabéticos.
Mediante o exposto, este trabalho teve como objetivo
desenvolver e avaliar sensorialmente um brownie com baixas
concentrações de carboidrato (low carb), sendo elaborado com
chocolate 70% cacau, farinha de amêndoas e adoçado com xilitol.

Material e Métodos

A pesquisa foi executada após aprovação pelo Comitê de Ética


em Pesquisa com Seres Humanos Sylvio Miguel da Faculdade
de Ciências e Tecnologia de Viçosa – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA,
atendendo à Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Ética em
Pesquisa – CONEP.
Foi desenvolvida uma formulação de brownie contendo os
seguintes ingredientes: farinha de amêndoas, chocolate 70% cacau,
manteiga sem sal, xilitol em pó e ovos. A formulação do brownie foi

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1114 ANAIS X SIMPAC

processada 3h antes da avaliação sensorial.


O brownie foi avaliado sensorialmente pelos testes de Aceitação
e de Intenção de Compra.
Esta amostra foi submetida a teste sensorial com provadores não
treinados, estudantes e funcionários da instituição, que analisaram
a amostra no Laboratório de Técnica Dietética da Faculdade de
Ciências e Tecnologia de Viçosa  FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA após
assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O primeiro teste a ser aplicado foi o Teste de Aceitação
(MINIM, 2006), no qual o provador recebeu uma unidade da
amostra codificada com um número de três dígitos aleatórios e foi
instruído a avaliar por meio de uma escala hedônica de nove pontos
que vai do “desgostei extremamente” até o “gostei extremamente”
avaliando a impressão global, preenchendo a ficha de avaliação.
Os resultados da escala hedônica foram avaliados pela análise da
distribuição de frequência dos valores hedônicos obtidos em cada
amostra, por meio de histogramas (MININ, 2006).
Foi também verificada a atitude dos consumidores quanto
a intenção de compra com uma escala de 5 pontos, que vai do
“certamente não compraria” até o “certamente compraria” (SOUZA
et al., 2013). Os provadores foram orientados a preencher de forma
correta a ficha de avaliação sobre o mesmo alimento ofertado.

Resultados e Discussão

Análise de aceitação global

Foram submetidos aos testes 73 provadores, sendo homens


e mulheres na faixa de 19 a 54 anos e, como apenas uma amostra
foi avaliada, não se pode realizar a análise de variância, apenas
calculou-se a média das notas (MININ, 2006). Como a média dos
escores para a mostra foi igual a 8,2, conclui-se que o produto
ficou classificado no termo hedônico “Gostei Muito”, indicando
que poderá ter uma boa aceitação no mercado, apresentando um
elevado consumo. A distribuição da frequência das notas no teste de
aceitação sensorial está representada na Tabela 1.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1115

Tabela 1 - Distribuição da freqüência das notas da aceitação


sensorial do brownie
Escore Número de avaliações
Gostei Extremamente 29
Gostei Muito 33
Gostei Moderadamente 9
Gostei Ligeiramente 1
Indiferente 1
Desgostei Ligeiramente 0
Desgostei Moderadamente 0
Desgostei Muito 0
Desgostei Extremamente 0
Quanto à aceitação global, a formulação obteve como o maior
percentual de indicação a opção “Gostei Muito”, representando 45%
dos consumidores, que adicionado ao percentual de 40% da opção
“Gostei Extremamente”, resulta em 85%, indicando boa aceitação
global. Um alimento que obtenha um percentual de aprovação
acima de 70% pode ser considerado aceitável (SOUZA et al., 2007).
Então foi considerado uma boa aceitação do produto.
As opções “Gostei Moderadamente”, “Gostei Ligeiramente”
e “Indiferente” ficaram com as seguintes porcentagens
respectivamente, 12%, 1% e1%. As opções “Desgostei Ligeiramente”,
“Desgostei Moderadamente”, “Des”Gostei Muito””, “Desgostei
Extremamente”, não foram indicadas pelos consumidores em
nenhum dos critérios avaliados.

Intenção de compra

A formulação foi avaliada individualmente quanto à intenção


de compra e não se pode realizar a análise de variância, apenas
calculou-se a média das notas (MININ, 2006). Como a média dos
escores para a mostra foi igual a 4,6, conclui-se que o produto ficou
classificado entre os termos hedônico “Certamente Compraria”,
indicando que poderá ter uma boa aceitação no mercado,
apresentando uma elevada intenção de compra. Isso significa, que
se pode iniciar uma comercialização do produto desenvolvido.
A distribuição da frequência das notas no teste de intenção
de compra está representada na Tabela 2.

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1116 ANAIS X SIMPAC

Tabela 2 - Intenção de compra do Brownie.


Escala Número de avaliações
Certamente Compraria 48
Provavelmente Compraria 25
Tenho Dúvidas se Compraria 0
Provavelmente Não Compraria 0
Certamente Não Compraria 0

O brownie integral desenvolvido apresentou características
nutricionais satisfatórias. Além disso, os níveis de aceitação global
e foram acima de 70%, ou seja, houve boa aceitação. O produto
apresentou bom nível de intenção de compra. Pode-se concluir
que o produto desenvolvido terá boa aceitação no mercado. As
porcentagens mostradas na Figura 2. Ressalta-se que a maioria dos
julgadores, 48%, indicaram que Certamente Compraria o brownie,
e 25% Provavelmente Compraria.

Figura 2 – Percentuais de intenção de compra dos consumidores,


Viçosa - 2017.

O desenvolvimento da receita de brownie com farinha


de amêndoas, xilitol e chocolate 70% cacau, pode alcançar maior
publico, pois se trata de uma formulação sem leite, onde pode se
consumido por intolerantes, sem nenhum tipo de farinha branca
que contenha glúten, e com maior quantidade de fibras que uma
formulação tradicional.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1117

Considerações Finais

O brownie integral desenvolvido apresentou características


nutricionais satisfatórias. Além disso, os níveis de aceitação
global e foram acima de 70%, ou seja, houve boa aceitação. O produto
apresentou bom nível de intenção de compra. Pode-se concluir que o
produto desenvolvido terá boa aceitação no mercado.

Referências Bibliográficas

ANJO, D. F. C. Alimentos funcionais em angiologia e cirurgia


vascular. Douglas Faria Corrêa Anjo, v. 3, n. 2, p. 145–154, 2004.

GRANATO, D; PIEKARSKI, F. V. B. W.; RIBANI, R. H. Composição


Mineral De Biscoitos Elaborados a Partir De. Pesquisa
Agropecuária Tropical, v. 39, n. 2, p. 92–97, 2009.

MAIA, M. C. A. et al. Avaliação sensorial de sorvetes à base de xilitol.


Ciencia e Tecnologia de Alimentos, v. 28, n. 1, p. 146–151, 2008.

MINIM, V. P. R; CECCHI, H. M; MINIM, L. A. Determinação


de substitutos da manteiga de cacau em coberturas de chocolate
através da análise de triacilgliceróis. Ciênc. Tecnol. Aliment.
Campinas,  v. 19, n. 2, p. 277-281,  maio  1999 .

SOUZA, P. D. J. ANÁLISE SENSORIAL E NUTRICIONAL DE


TORTA SALGADA ELABORADA ATRAVÉS DO. p. 55–60, 2007.

SOUZA, A. A. et al. Elaboração, aceitabilidade e intenção de compra


de iogurte saborizado com polpa de maracujá do mato. p. 1–6, 2013.

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1118 ANAIS X SIMPAC

PRODUTOS ALIMENTÍCIOS SIMBIÓTICO


DESENVOLVIDOS RECENTEMENTE

Mirella de Paiva Santos1, Viviane Gomes Lelis2

Resumo: Os alimentos funcionais, além de suas funções nutricionais


básicas, fornecem benefícios extras à saúde, como por exemplo,
melhora na digestão, redução de doenças, entre outras. Os produtos
probióticos e prebióticos são classificados como alimentos funcionais por
possuírem efeitos para a melhoria da digestão e outras funcionalidades do
corpo humano. O consumo de alimentos contendo essas propriedades
estimula a multiplicação de bactérias benéficas no intestino e por
consequência inibem a multiplicação de patógenos. Alimentos que
contenham associação de ingredientes prebióticos e microrganismos
probióticos são conhecidos como simbióticos, portanto, um alimento
simbiótico exibe as mesmas propriedades de prebióticos e probióticos.
A presente revisão pretendeu enumerar alguns produtos alimentícios
simbióticos desenvolvidos nos últimos 10 anos.

Palavras–chave: Microrganismo, Prebiótico, Probiótico, Simbiótico

1 Graduanda em Nutrição Mirella de Paiva Santos – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:


mirellapsant@hotmail.com
2 Professora do curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: vivianegomeslelis@
gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 1119

Introdução

O papel da alimentação na manutenção da saúde, bem-estar


e prevenção de doenças continua a receber um crescente interesse
científico e comercial, o que vem reforçando o conceito de alimentos
funcionais. Em linhas gerais, os alimentos funcionais podem ser
definidos como alimentos que fornecem benefícios extras à saúde,
que vão além de suas funções nutricionais básicas (COSTA, 2014).
Os produtos prebióticos e probióticos são alimentos funcionais,
porque além de suas funções nutricionais básicas, oferecem
benefícios ao melhorar a digestão e em outros aspectos do
funcionamento do corpo humano (BERNAL, 2009). O consumo
de alimentos probióticos e prebióticos estimula a multiplicação
de bactérias benéficas no intestino e por consequência inibem a
multiplicação de patógenos. Alimentos que contêm ingredientes
prebióticos e microrganismos probióticos são chamados de simbióticos,
portanto, um alimento simbiótico exibe as propriedades de
prebiótico e probiótico (GUERREIRO, 2012). O presente trabalho
de revisão teve por objetivo enumerar alguns produtos alimentícios
simbióticos desenvolvidos nos últimos 10 anos, por serem uma fonte
alimentícia que acarreta em benefícios à saúde humana.

Material e Métodos

O presente estudo é uma revisão bibliográfica, realizada em


março de 2018, com utilização de teses de mestrado e doutorado
no período de 2009 a 2015 com o tema em alimentos com efeitos
simbióticos, adquiridos pelas bases de dados Scielo, Google
Acadêmico com as palavras-chave “elaboração de simbióticos”,
“produtos prebióticos”, “produtos probióticos”.

Resultados e Discussão

De acordo com os estudos analisados, obtivemos a seguinte


tabela considerando o objetivo e resultados expostos nos estudos.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1120 ANAIS X SIMPAC

Autor (a) Objetivo Resultados


B E R N A L , Otimizar sensorialmente um alimento A bifidobactéria teve elevações
Olga Lucía a base de soja, estudar e melhorar a nas contagens em produtos com
Mondragón estabilidade durante a vida-de-prateleira sacarose, e foram mantidas durante
Bernal, 2009 com exopolissacarídeos produzidos in a vida-de-prateleira (entre produtos
situ por adição de bactérias lácticas light e produtos com sacarose), com
selecionadas, e, realizar testes funcionais isso, lactobacilos permaneceram
in vitro de resistência às condições acrescendo.
gastrointestinais
Os preparados de frutas comerciais
(morango e pêssego) encontraram-
se mudanças na cor, com possível
causa de oxidação entre corante e os
pedaços de frutas.

A presença de frutooligossacarídeos
e a polidextrose adicionados ao
co-soluto sacarose no sistema
proteínas de soja-água, fermentado
por bactérias lácticas probióticas,
é compatível, mas não satisfatória
para formar sistemas proteína-
políssacarídeos-solvente para
manter os produtos estáveis durante
a vida-de-prateleira na relação
sinérese-reológicas.

Obteve-se maior estabilidade nos


produtos comerciais com presença
de outros agentes antisinérese e
espessantes.

Existem fatores como os teores


de polissacarídeos-proteína, a
substituição da sacarose em
produtos light, a adição de outros
polissacarídeos como agentes de
corpo e antisinérese, a estabilidade
do pH, a melhora das características
reológicas e a manutenção da
viabilidade dos probióticos, que
necessitam de mais estudos quando
utiliza produtos simbióticos a base
de soja.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1121

GONÇALVES, Desenvolver com uso de uma nova O uso de inulina além de conferir
M a r í l i a tecnologia de fabricação, um queijo os benefícios prebióticos, age como
Magalhaes, 2009 fresco tipo quark desnatado simbiótico, substituto da gordura presente
adicionado de inulina e de três diferentes no leite mantendo os atributos
probióticos: Lactobacillus delbrueckii sensoriais no final do produto.
UFV H2B20, Lactobacillus acidophilus
e Bifidobacterium animalus subsp. Observou-se uma tendência
lactis. e verificar a viabilidade dos de aumento da viscosidade e
microorganismos ao longo período de vida consistência do produto devido ao
de prateleira do produto sob refrigeração uso de estabilizantes, espessantes e
e as implicações da adição dos probióticos fibras.
e do novo processamento sobre as
características físico-químicas, a aceitação Os microrganismos probióticos se
sensorial e o comportamento reológico do mantiveram com contagem elevada
produto dentro de um período de 25 dias.

Não ocorreu fermentação acentuada


no produto pelos probióticos durante
sua estocagem.

O produto não sofreu alterações nas


suas características físico-químicas,
reológicas e sensoriais pela utilização
dos probióticos.

Os provadores não perceberam


a diferença entre o queijo com
probiótico e o queijo sem probiótico.

VASCONCELOS, Desenvolver um mix de açaí que apresente Obteve-se um mix de açaí com
Bruno Garcia, aspectos nutricionais e sensoriais níveis adequados da população de
2010 semelhantes ao produto tradicional, probióticos em um período de até
porém com propriedades funcionais 84 dias. Os produtos que continham
suplementar, por se tratar de um alimento inulina tiveram aceitabilidade
probiótico, prebiótico ou simbiótico sensorial igual ao produto sem
inulina.
GUERREIRO, Desenvolver uma sobremesa fermentada O aumento da concentração de
Leili Sai, 2012 simbiótica à base de soja verde sabor limão amido e inulina na sobremesa à
e avaliar a influência do amido resistente base de soja verde não influenciou
e da inulina na sobrevivência de bactérias a sobrevivência de B. animalis. O
probióticas aumento de inulina favoreceu a
sobrevivência de L. acidophilus na
sobremesa armazenada por 22 dias.
A sobremesa a base se soja e limão,
mostrou ser um produto adequado
para o veículo do probiótico
Bifidobacterium animalis.

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1122 ANAIS X SIMPAC

COSTA, Mayra Avaliar o efeito da adição de inulina, Obteve-se viabilidade de L.


Garcia Maia, concentrado proteico de soro de leite e/ou rhamnosus GG nas 9 formulações
2014 isolado proteico de soro de leite em sorvete de sorvete por se manterem estáveis
simbiótico de açaí sobre a viabilidade quando congelados, a matriz do
do probiótico L. rhamnosus GG e a sorvete melhorou a sobrevivência
sua sobrevivência frente às condições do probiótico quando submetidos
encontradas no trato gastrointestinal à resistência gastrointestinal in
simuladas in vitro vitro. Apresentou alta atividade
antioxidante e elevado perfil de ácido
graxo insaturado.
LEITE, Sabrina Elaborar iogurte simbiótico com adição A utilização do açaí para
Torres, 2015 de polpa de açaí da espécie Euterpe enriquecimento do iogurte não
edulis adicionado de inulina (probiótico) alterou os padrões de qualidade,
como fonte de fibra e cultura probiótica obteve-se redução do tempo de
Bifidobacterium animallis subsp lactis BB- fermentação dos iogurtes, maior
12, bem como caracterizar os parâmetros multiplicação de bactérias lácticas
físico-químicos, microbiológicos e totais, e bactérias probióticas, boa
sensoriais dos iogurtes aceitação e intenção de compra pelos
testadores.

Considerações Finais

Os estudos analisados apresentaram uma avaliação


positiva quanto a utilização de probióticos e prebióticos na
formulação de produtos simbióticos. Nos estudos em que se realizou
análise sensorial, os produtos receberão boa avaliação, sendo
estatisticamente iguais aos produtos não simbióticos.

Referências Bibliográficas

BERNAL, O. L. M. Desenvolvimento de alimento simbiótico


fermentado de soja. 2009. 218f.. (Departamento de Engenharia de
Alimentos Laboratório de Engenharia de Bioprocessos) – Faculdade
de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, São Paulo, 2009.

COSTA, M. G. M. Desenvolvimento de sorvete simbiótico de


açaí (Euterpe oleracea) com Lactobacillus rhamnosus GG
e resistência do probiótico em um modelo gastrintestinal
in vitro. 2014. 183f.. (Programa de Pós-Graduação em Tecnologia

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ANAIS X SIMPAC 1123

Bioquímico-Farmacêutica Área de Tecnologia de Alimentos) -


Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2014.

GONÇALVES, M. M. Desenvolvimento de caracterização


de queijo quark simbiótico. 2009. 76f.. (Dissertação de Pós-
Graduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos) – Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa Minas Gerais, 2009.

GUERREIRO, L. S; MATTA, C. M. B; JURKIEWICZ, C.


Desenvolvimento de sobremesa fermentada simbiótica à
base de soja verde sabor limão. In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA, 2., Mauá, 2012. Anais... Mauá: Instituto Mauá de
Tecnologia, 2012. P. 1-7.

LEITE, S. T. Iogurte simbiótico de açaí (Euterpe edulis


Mart.): Caracterização físico-química e viabilidade de bactérias
láticas e probiótica. 2015. (Programa de Pós-Graduação em
Ciências e Tecnologia de Alimentos) – Centro de Ciências Agrárias,
Universidade Federal do Espirito Santo, Alegre, Espirito Santo,
2015

VASCONCELOS, B. G. Desenvolvimento de mix de açaí


probiótico, prebiótico e simbiótico. 2010. 44f.. (Programa de
Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica Área de
Tecnologia de Alimentos) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

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1124 ANAIS X SIMPAC

HABILIDADES DOS ENFERMEIROS NA REALIZAÇÃO


E INTERPRETAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA EM
PRONTO ATENDIMENTO

Natália de Oliveira Monteiro1, Dara Cal Marçal2, Isabela Ferreira


Bitencourt3, Leonardo Santana Rocha4, Elenice Claudete Dias5

Resumo: Para a obtenção de um traçado eletrocardiográfico


satisfatório, regras devem ser seguidas, visando qualidade do
registro para evitar falsos diagnósticos e intervenções desnecessárias.
Trata-se de uma pesquisa de revisão com o objetivo de identificar o
conhecimento dos enfermeiros sobre a realização e interpretação do
eletrocardiograma (ECG) em urgência e emergência. Verificou-se que
existe a necessidade de treinamento, educação continuada e outros
métodos de ensino para enfermeiros que atuam nesses serviços, visto
que o conhecimento dos enfermeiros investigadas sobre aspectos
teóricos e práticos do ECG necessita de aprofundamento.

Palavras–chave: Eletrocardiograma; Emergência; Enfermagem,


Habilidades.

Introdução

A monitorização do paciente por meio do eletrocardiograma


(ECG) é fundamental por ser um instrumento capaz de detectar
anormalidades da condução elétrica cardíaca, prevendo riscos
para a vida do paciente. É um método seguro, rápido, de simples
realização, de alta qualidade e de baixo custo, que se expressa em
1
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA – natalia.omonteiro@gmail.com
2
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA – dara_cal@yahoo.com.br
3
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA - isafbitencourt@gmail.com
4
Professor e doutorando em Ciências Biomédicas FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA leoprof@univicosa.com.br
5
Professora e doutoranda em Ciências Biomédicas – FAVIÇOSA /UNIVIÇOSA elenicedias@univicosa.
com.br

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ANAIS X SIMPAC 1125

um traçado que representa graficamente a atividade elétrica que


percorre o coração (MIRVIS, GOLDBERGER, 2010; RECKZIEGEL
et al, 2012).
O eletrocardiograma é capaz de identificar alterações
resultantes de disfunções miocárdicas, como as doenças arteriais
coronarianas, efeitos tóxicos e terapêuticos de drogas, doenças
metabólicas, cardiomiopatias, hipertensão arterial, alterações
eletrolíticas, entre outros (BRUNNER, SUDDARTH, 2009;
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2003).
Considerando que o enfermeiro é um dos profissionais
que permanece continuamente integrando a equipe assistencial,
é relevante a importância que este seja capaz de reconhecer
os traçados eletrocardiográficos normais e patológicos. Tal
competência lhe fornecerá subsídios para a interpretação de
alterações eletrocardiográficas e clínicas que o paciente sob seus
cuidados, possa apresentar, possibilitando a adoção de intervenções
adequadas e imediatas (LOPES, FERREIRA, 2013).

Diante das considerações apresentadas faz-se necessário que


o enfermeiro atuante em unidades de pronto atendimento tenha o
conhecimento teórico-prático sobre as atividades eletrocardiográficas
e saiba como aplicá-las, assim foi desenvolvida uma pesquisa afim
de identificar o conhecimento dos enfermeiros sobre o ECG de 12
derivações.

Material e Métodos

Foi realizada uma pesquisa nas bases de dados nacionais


(scielo, Lilacs) onde foram consultados 10 artigos e 1 site
governamental (Sociedade Brasileira de Cardiologia), publicações
estas compreendidas entre os anos de 2005 a 2015, no intuito de se
fazer uma revisão bibliográfica afim de compreender as habilidades
do enfermeiro em realizar e interpretar o eletrocardiograma em
pronto atendimento.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1126 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

A assistência de enfermagem é bem mais conduzida


utilizando a sistematização da assistência de enfermagem (SAE),
que tem início com a história e o exame físico, um dos aspectos
mais importantes é a coleta de dados de enfermagem, que serva
para obter informações iniciais sobre o estado atual, afim de que
quaisquer distúrbios possam ser detectados imediatamente
O ECG de 12 derivações propicia uma vi­são tridimensional
do coração numa página inteira, permitindo, desta forma, uma
análise completa do ritmo, frequência e atividade elé­trica cardíaca.
Mesmo com sua fácil realização, erros téc­nicos na prática do ECG
podem levar a erros significantes na eletrocardiografia, resultando
em falsos diagnósticos (BARANCHUK et al., 2009; MIRVIS, 2010).
No ECG padrão há o registro de 12 deriva­ções, sendo seis –
I, II, III, aVR, aVL e aVF – fornecidas pelos eletrodos dos membros,
e seis precordiais – V1 a V6 – obtidas por seis eletrodos colocados
na face anterior do tórax (BRUNNER; SUDDARTH, 2009). As
localizações dos focos precordiais são: os eletrodos V1 à direita e V2 à
esquerda do rebordo esternal no quarto espaço intercostal; V3 entre
V2 e V4 numa linha reta; V4 no quinto espaço intercostal na linha
hemiclavi­cular; V5 no mesmo nível de V4, na linha axilar anterior
e V6 no mesmo nível de V4, na linha axilar média (RECKZIEGEL
et al, 2012).
Segundo pesquisa realizada por Conceição (2010) em
um Pronto Socorro no interior do Estado de São Paulo com 05
enfermeiros(as), revelou que 83% dos eletrodos estavam em local
errado, e 100% pelo menos errou o local exato da colocação dos
eletrodos, e 100% não conhecem ou nunca ouviram falar em v7,
v8, v3r e v4r. Este é um dado preocupante, pois a técnica errada
do eletrocardiograma dificulta e muito a interpretação pelo médico
cardiologista. O eletrocardiograma é de grande importância na
detecção de disfunções cardíacas. O enfermeiro, como sendo um
profissional do cuidar, deve ter em mente o grande papel que

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1127

desempenha na monitorização e reconhecimento das diversas


alterações eletrocardiográficas, pois se faz necessário, nesses casos,
as suas intervenções de forma rápida e objetiva a fim de minimizar
os agravos a saúde do paciente.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2003) confere a
responsabilidade da interpretação á médicos e cardiologistas,
porém o enfermeiro deve reconhecer a anormalidade do traçado,
priorizando assim a assistência ao cliente que está sobre sua
responsabilidade.
Na literatura lida, foi possível encontrar pesquisas
relacionadas a interpretação de eletrocardiograma em unidade
de terapia intensiva (UTI), porém, quando se trata de estudos
relacionados a unidade de ponto atendimento (PA), ainda é escasso,
mas sabemos que o enfermeiro tem um papel fundamental na
realização, pois conhece bem a anatomia e fisiologia cardíaca,
sabe a localização correta dos pontos de realização do ECG, e atua
também na interpretação do eletrocardiograma, não para intervir
em conduta médica, mas para organizar a equipe, o ambiente e,
preparar equipamentos e materiais, para eventos que possam
acontecer devidos as arritmias cardíacas.

Considerações Finais

Com base neste estudo, conforme se pode concluir os


conhecimentos sobre a atuação do enfermeiro na realização e
interpretação do eletrocardiograma do campo da pesquisa ainda são
incipientes, visto que a realização do procedimento de forma ina­
dequada, por falta de conhecimento, pode in­terferir no diagnóstico
com repercussões para o quadro clínico do paciente. Portanto,
é necessário atualização sobre a temática direcionada para
profissionais tanto no processo de forma­ção quanto para aqueles
que estão atuando em unidades específicas, com vistas a minimizar
e evitar possíveis complicações que poderão ser identificadas a
tempo de se ter uma intervenção exata no momento certo com toda
a interação em equipe, evitando assim reações indesejáveis capazes

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1128 ANAIS X SIMPAC

de ampliar a morbidade dos pacientes que dão entrada no Pronto


atendimento, visto que, estes precisão de atendimento rápido e
preciso para que o enfermeiro possa preparar sua equipe para as
possíveis intercorrências.

Referências Bibliográficas

BARANCHUK, Adrian et al. Electrocardiography pitfalls and


artifacts: the 10 commandments. Critical care nurse, EUA, v. 29, n.
1, p. 67-73, feb. 2009.
BLAKEMAN, J.R.; SARSFIELD, K.; BOOKER, K.J. Nurses’
Practices and Lead Selection in Monitoring for Myocardial Ischemia:
An Evidence-Based Quality Improvement Project. Dimens Crit
Care Nurs. v.34, n.4, p. 189-195, 2015.
BRUNNER, L.S.; SUDDARTH, D.S. Tratado de Enfermagem
Médico-Cirúrgica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2009.
CONCEIÇÃO, A.R. Avaliação do Enfermeiro na realização da
técnica de Eletrocardiografica. Taubaté-SP, 2010.
LOPES, J.L.; FERREIRA, F.G. Eletrocardiograma para
enfermeiros. São Paulo: Atheneu; 2013.
MIRVIS, D.M.; GOLDBERGER, A.L. Eletrocardiografia. In:
BRAUNWALD. Tratado de doenças cardiovasculares. Elsevier.
v.1, p.149-93, 2010.
RECKZIEGEL, D. A.; FERREIRA, L.L.L; LIMA, L.C.O.; BEAL,
J.R.; FIGUEIREDO, M.C.; FORMIGARI, C.I.F.; NETTO, O.S. O
nome das ondas do eletrocardiograma. Rev. med. Saúde. v. 1, n. 2,
p. 119-126, 2012.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Diretriz de
interpretação de eletrocardiograma de repouso. Arq. bras. Cardiol.
v. 80, supl. II, p. 1-18, 2003.

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ANAIS X SIMPAC 1129

RELAÇÃO ENTRE CONSUMO DE MACRONUTRIENTES


DA DIETA E MARCADORES DA SÍNDROME METABÓLICA
EM HOMENS
Natâni Sthefani Ferreira Faria1, Josefina Bressan2, Raquel Duarte
Moreira Alves3

Resumo: O excesso de peso constitui um importante fator de risco


para doenças crônicas não transmissíveis e alterações no padrão
da ingestão alimentar, como aumento da ingestão de carboidratos
refinados vêm sendo apontada como causa destes desequilíbrios
orgânicos. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre os
macronutrientes da dieta habitual com marcadores da síndrome
metabólica de homens. Trata-se de um estudo transversal
observacional realizado com 185 indivíduos do sexo masculino
adultos. Coletou-se dados antropométricos, dietéticos e bioquímicos.
Os dados foram analisados adotando-se de significância de 5%. A
idade média dos participantes foi de 25,9 ± 6,5 anos. Do total de
participantes, 22,7% (n=42) apresentavam Síndrome Metabólica
(SM). Com exceção dos níveis de colesterol total e LDL, todos
os parâmetros antropométricos e bioquímicos avaliados foram
significativamente diferentes entre os grupos, sendo mais elevados
no grupo com SM exceto para HDL que esteve reduzido no grupo com
SM. Não houve diferença para o consumo calórico e tampouco dos
macronutrientes entre os grupos com e sem SM (p>0,05). Conclui-
se que indivíduos com excesso de peso apresentam maiores valores
de marcadores da resistência à insulina, porém sem diferença
para o consumo de macronutrientes entre indivíduos com ou sem
síndrome metabólica.

Palavras–chave: Carboidratos, Lipídeos, Proteínas, Obesidade,


Síndrome Metabólica
1
Nutricionista – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: natanisthefani12@hotmail.com
2
Nutricionista – Professora no Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa.
e-mail: jbrm@ufv.br
3
Nutricionista – Professora no do curso de Nutrição da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
raqueldmalves@yahoo.com.br

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1130 ANAIS X SIMPAC

Introdução

O excesso de peso constitui um importante fator de risco


modificável para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)
(SANTOS et al., 2013). Alterações na ingestão alimentar, como
aumento da ingestão de carboidratos refinados vêm sendo apontada
como causa do desequilíbrio no metabolismo glicídico levando à
hiperinsulinemia que é considerada tanto causa como consequência
do excesso de peso corporal e do diabetes, além de desencadear a
Síndrome Metabólica (SM) (SARTORELLI e CARDOSO, 2006;
SANTOS, et al., 2013).
Segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA) (2013),
existem evidências de que dietas contendo até 40% de carboidratos
melhoram níveis glicêmicos, a resistência à insulina e o perfil lipídico
sanguíneo (reduzindo triglicerídeos e colesterol total, e aumentando
HDL). Assim, o objetivo do estudo foi avaliar a relação entre o
consumo de macronutrientes da dieta habitual com marcadores
diretos e indiretos e síndrome metabólica.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo transversal observacional realizado com


185 homens com idade entre 18 e 50 anos, aparentemente saudáveis,
não atletas, não fumantes, que apresentavam IMC entre 18,5 e 35
kg/m2 e peso estável (± 3 kg) nos 2 meses prévios ao estudo. Dados
dietéticos foram coletados por meio do registro alimentar de três
dias não consecutivos e avaliados no programa DietPro. Após 12
horas de jejum, avaliou-se o peso e composição corporal por meio da
bioimpedância (Tanita® TBF-300ª). Foi ainda aferido o peso, estatura
e perímetro da cintura (PC) e do quadril (PQ). Coletou-se ainda
amostras de sangue por punção venosa para avaliação de marcadores
bioquímicos relacionados à SM. Adotou-se como critério do NCEP-
ATPII (2001) para diagnóstico da SM. O protocolo foi aprovado
pelo comitê de ética da Universidade Federal de Viçosa (008/2008 e
185/2011). Os dados foram analisados adotando-se significância de
5% por meio de teste de Mann-Whitney e análise de correlação.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1131

Tabela 1: Caraterização da amostra do estudo quanto a


antropometria, composição corporal e dados bioquímicos.
Sem síndrome Sem síndrome P
Todos metabólica metabólica
(n=185) (n=143) (n=42)
<0,001
Idade (anos) 25,9 ± 6,5 25,0 ± 5,8 29,1 ± 7,6
<0,001
Peso (kg) 85,1 ± 14,6 82,3 ± 14,1 94,8 ± 10,6
Índice de massa <0,001
corporal (kg/m2) 27,3 ± 4,0 26,5 ± 4,0 30,0 ± 2,5
<0,001
Cintura (cm) 93,4 ± 12,0 90,9 ± 12,0 102,2 ± 6,9
<0,001
Quadril (cm) 103,9 ± 8,5 102,5 ± 8,8 108,5 ± 5,2
Gordura corporal <0,001
(kg) 20,3 ± 8,3 18,4 ± 8,4 26,3 ± 6,0
% Gordura <0,001
corporal 22,8 ± 6,6 21,4 ± 6,6 27,5 ± 4,1
<0,001
Massa Magra (kg) 65 ± 7,3 63,9 ± 7,2 68,6 ± 6,5
<0,001
Glicose (mg/dL) 88,2 ± 9,6 86,5 ± 8,4 93,9 ± 11,1
<0,001
Insulina (µU/mL) 8,1 ± 4,5 7,3 ± 4,0 11,0 ± 5,2
<0,001
HOMA 1,8 ± 1,2 1,5 ± 0,9 2,6 ± 1,4
Colesterol total 0,181
(mg/dL) 168,0 ± 36,5 165,2 ± 32,9 177,6 ± 45,9
Triglicerídeos (mg/ <0,001
dL) 109,1 ± 71, 6 88,9 ± 32,9 184,7 ± 108,1
0,945
LDL-c (mg/dL) 105,7 ± 32,9 104,8 ± 29,0 108,7 ± 44,5
<0,001
HDL-c (mg/dL) 41,4 ± 10,2 43,4 ± 10,4 34,5 ± 5,7
<0,001
Ct:HDLc 4,2 ± 1,1 3,9 ± 0,9 5,2 ± 1,3
0,002
LDL-c:HDL-c 2,7 ± 0,9 2,5 ± 0,8 3,1 ± 1,1
<0,001
TG:HDL-c 2,9 ± 2,6 2,1 ± 0,9 5,7 ± 4,1
Ácido Úrico (mg/ 0,004
dL) 5,0 ± 1,2 4,8 ± 1,1 5,5 ± 1,4
Proteína C Reativa 0,004
(mg/L) 1,7 ± 1, 1,6 ± 1,9 2,1 ± 1,9
Pressão arterial <0,001
sistólica 116,7 ± 12,5 114,5 ± 10,4 122,7 ± 15,6
Pressão arterial 0,028
diastólica 72,1 ± 11,8 71, 0 ± 11,6 75,4 ± 11,9
LDL-c: lipoproteína de baixa densidade – colesterol. HDL-c:
lipoproteína de alta densidade – colesterol. HOMA: modelo de
avaliação da homeostase da sensibilidade à insulina. P relativo
ao teste de Mann-Whitney.

Resultados e Discussão

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1132 ANAIS X SIMPAC

Participaram do estudo 185 homens com idade média de 25,9


± 6,5 anos, que foram divididos em grupos quanto a presença ou não
de SM, cujos dados antropométricos e bioquímicos estão dispostos
na Tabela 1. Com exceção dos níveis de colesterol total e LDL, todos
os parâmetros antropométricos e bioquímicos avaliados foram
significativamente diferentes entre os grupos, sendo mais elevados
no grupo com SM exceto para HDL que esteve reduzido no grupo
com SM.
Do total de participantes, 22,7% (n=42) apresentavam
Síndrome Metabólica (SM), cuja etiologia está associada à resistência
à insulina. A ingestão calórica diária daqueles que apresentavam
SM (2771 ± 684 Kcal) não diferiu daqueles sem SM (2609 ± 690 kcal)
(p=0,237), tampouco houve diferença para o consumo, em gramas
e em percentual do valor calórico total (VCT) para carboidratos
(p=0,740), lipídeos (p=0,126) e proteínas (p=0,242), (p>0,05) (Tabela
2). Tampouco houve diferença para o perfil lipídico da dieta (dados
não apresentados).
A análise de correlação indicou correlação positiva e
significativa entre o consumo de lipídeos totais e suas frações com
o peso corporal, IMC e percentual de gordura corporal, todavia,
também deve-se destacar que associação inversa foi verificada
para consumo de carboidratos para os mesmos parâmetros. Não
houve correlação entre o consumo de proteínas e as variáveis
antropométricas e de composição corporal (p>0,05).
Tabela 2: Consumo alimentar dos participantes por grupo
considerando presença ou ausência de síndrome metabólica, em
média ± DP.
Sem síndrome Sem síndrome
metabólica (n=143) metabólica (n=42) P
Energia (Kcal) 2609 ± 690 2771 ± 684 0,237
Carboidratos (g) 366,4 ± 110,4 361,5 ± 83,1 0,740
Carboidratos (% VCT) 55,7 ± 9,2 52,9 ± 8,1 0,127
Proteína (g) 110,5 ± 29,9 118,0 ± 36,7 0,242
Proteína (% VCT) 17,0 ± 3,2 16,9 ± 3,4 0,896
Lipídeos totais (g) 80,1± 36,5 94,8 ± 42,2 0,126
Lipídeos totais (% VCT) 27,3 ± 9,8 30,2 ± 8,9 0,207
VCT: Valor calórico total. Coluna de P relaciona-se ao Teste T

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1133

Com relação aos marcadores bioquímicos, pôde-se observar


correlação positiva e significativa entre carboidratos e proteínas
com os níveis de glicose sanguínea, ao passo que a correlação para
lipídeos foi inversa (p<0,05). Vale ressaltar que de acordo com a
correlação, quanto maior consumo de lipídeos totais e de gordura
saturada, menor era o nível de resistência à insulina pelo índice
HOMA (p<0,05). Os níveis sanguíneos de colesterol total, bem
como de ácido úrico e proteína C-reativa, estiveram negativamente
correlacionados com o consumo de carboidratos e positivamente
ao de lipídeos totais e frações (p<0,05). Por outro lado, não houve
correlação entre ingestão de macronutrientes e níveis sanguíneos
de insulina, HDL e pressão arterial. Em um estudo de de Coorte,
com duração de 3,6 anos e 2044 participantes, verificou-se que o
baixo consumo de carboidratos esteve associada a redução do risco
de síndrome metabólica por estar associada a redução do peso
corporal e IMC, da glicemia de jejum, de triglicerídeos e da pressão
arterial (MIRMIRAN et al, 2017).

Considerações Finais

Indivíduos com síndrome metabólica apresentaram maiores


valores de marcadores da resistência à insulina, porém sem
diferença para o consumo de macronutrientes. Todavia, no presente
estudo verificasse que há correlação entre consumo de carboidratos
e lipídeos com níveis sanguíneos de glicose, colesterol total, ácido
úrico e proteína C-reativa, que são marcadores de resistência à
insulina que é a causa principal da síndrome metabólica.

Agradecimentos

À UNIVÇOSA pela bolsa de Iniciação Científica ao primeiro


autor. Ao CNPq e CAPES pelo financiamento dos projetos em que
os dados foram coletados e pelas bolsas ao terceiro autor e demais
colaboradores dos projetos.

Referências Bibliográficas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1134 ANAIS X SIMPAC

AMERICAN DIABETES ASSCIATION. “Standards of Medical


Care in Diabetes—2013.” Diabetes Care, v.36, p. S11–S66, 2013.

MIRMIRAN, Pavin et al. Low carbohydrate diet is associated


with reduced risk of metabolic syndrome in Tehranian adults.
International Journal of Food Sciences and Nutrition. Vol.
68 , Iss. 3 2017.

NCEP-ATPII: Expert Panel on Detection, Evaluation and


Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. Executive summary
of the Third Report of the National Cholesterol Education Program
(NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation and Treatment of
High Cholesterol. JAMA, v. 285, p. 2486–2497, 2001

SANTOS, GAGLIARDI, XAVIER. et al . I Diretriz sobre o consumo


de gorduras e saúde cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol.,  v. 100, n.
1, supl. 3, p. 1-40,  Jan.  2013 .  

SARTORELLI, D. S; CARDOSO, M A. Associação entre


carboidratos da dieta habitual e diabetes mellitus tipo 2: evidências
epidemiológicas. Arq Bras Endocrinol Metab,  v. 50, n. 3, p. 415-
426, 2006.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1135

USO DE FERRAMENTAS COM BASES ESTATÍSTICAS


PARA ANÁLISE DO FATOR ACIDENTÁRIO DE
PREVENÇÃO NA INSTITUIÇÃO UNIVIÇOSA
Nathália Aparecida Vieira1, Adonai Gomes Fineza2

Resumo: É de suma importância que as medidas de segurança do


trabalho sejam implantadas em ambientes laborativos de forma a
garantir que as empresas cresçam visando não somente o lucro, mas
também a integridade física e mental de seus colaboradores. Devido
a isso, o poder público objetivando proporcionar investimentos em
segurança do trabalho, criou o Fator Acidentário de Prevenção –
FAP, incentivando assim, que empresas do mesmo seguimento
visem reduzir os acidentes e as doenças ocupacionais, de forma que
quanto menor os índices acidentários em relação as demais, menor
serão os valores de contribuição previdenciária. Neste contexto o
propósito desse trabalho foi levantar os dados relacionados ao FAP
de uma empresa do seguimento de ensino superior e pós graduação
(UNIVIÇOSA – União de Ensino Superior de Viçosa), avaliando os
valores pagos no ano de 2016, conforme as ocorrências constatadas
nos anos de 2013 e 2014, elaborando um comparativo em relação aos
índices de gravidade, frequência e custo, de acordo com as empresas
do seu seguimento, estabelecendo os valores que a empresa deixaria
de contribuir em caso de inexistência de eventos danosos.

Palavras–chave Acidente de Trabalho, Nexo Técnico


Epidemiológico Previdenciário, Segurança do Trabalho

Introdução

Ter um bom desempenho na segurança é algo decisivo para as


empresas, pois ela reduz os riscos de acidentes, traz a saúde e a
1 Graduada em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nath.mat2012@gmail.
com
2 Doutor em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: engcivil@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1136 ANAIS X SIMPAC

satisfação dos empregados, melhorando o rendimento e a imagem


da organização, surgindo novas oportunidades para seu crescimento
(ROBSON et al., 2007).
No presente trabalho pretende-se que os indicadores da
saúde e segurança passem a fazer parte do conjunto de indicadores
existentes na autarquia e que possam ser uma ferramenta útil
para a organização no que se refere à melhoria do apuramento de
custos dos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais e para uma
maior tomada de consciência no que a este problema diz respeito,
fornecendo dados aos dirigentes da União de Ensino Superior de
Viçosa (UNIVIÇOSA) que lhes permitam um conhecimento mais
abrangente para a tomada de decisão.

Material e Métodos

Em relação ao método de estudo, o presente trabalho


é caracterizado como pesquisa aplicada, pois, pretende gerar
conhecimentos e propor soluções para melhorar as condições de
trabalho e ter uma condição financeira positiva em uma Instituição
de Ensino Superior (IES), visando a redução de eventos.
O trabalho possui abordagem qualitativa, pois está
relacionada a levantamento de dados, em compreender e interpretar
os índices. Estas informações foram transformadas numericamente
para as avaliações dos dados do fator acidentário de prevenção.
Esse trabalho aborda seis tópicos são eles:
Envolve um levantamento das CAT’s e das NTEP’s,
emitidas na empresa durante o período de 2013 a 2014, devido esse
período ser a base utilizada para o cálculo do FAP. Esses eventos
são consultados no site da Previdência Social.
Para o gerenciamento dos índices de frequência, gravidade
e custos, avalia-se os índices das empresas do mesmo seguimento,
assim determina-se o valor da alíquota FAP. Os índices são
calculados para o período-base do cálculo (01/01/2013 a 31/12/2014).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1137

Na terceira fase determina-se o RAT de acordo com o CNAE,


Classificação Nacional de Atividades Econômicas, da empresa
estudada. Obtém-se esse CNAE no site do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Na quarta etapa, após ter os dados do RAT e do FAP, fez-se
o produto dos mesmo com a folha de pagamento da empresa no mês
vigente de 2016. Assim, determina-se o valor pago em cada mês do
ano de 2016, referente ao SAT.
Na quinta etapa calcula-se o valor mínimo que deveria ser
pago caso não ocorresse nenhum evento na unidade. Assim, gerando
um gráfico comparativo do valor mínimo com o valor pago.
Na sexta etapa foram plotados os gráficos de valor médio
por acidente, valor médio por afastamento, percentil de ordem de
frequência, percentil de ordem de gravidade, percentil de ordem de
custos.

Resultados e Discussão

A folha de pagamento anual de 2016, foi de 45.285,00 reais.


No ano de 2016 não houve estimativa de reajuste coletivo e número
de meses com reajustes, pois o ensaio foi retroativo.
Tabela 01 – Base para cálculo do FAP.
Folha de Pagamento anual: R$3.176.624,66
Valor da alíquota paga 2,4996%
Valor da alíquota mínima 1%
Fonte: Do Autor, 2017.

1.1. Avaliação dos dados do FAP de acordo com as fórmulas

No Quadro 01 são apresentados os valores dos cálculos


realizados na segunda etapa do trabalho.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1138 ANAIS X SIMPAC

Quadro 01 – Dados do Fator Acidentário Previdenciário.


Dados do FAP
Item 2016
Registro de acidentes do trabalho 0
Número Médio de Vínculos 3.087.917
Auxílio-doença por acidente do
trabalho-B91 2
Aposentadoria por invalidez por
acidente do trabalho- B92 0
Pensão por morte por acidente do
trabalho -B93 0
Auxílio- acidente por acidente do
trabalho -B94 0
Valor total de benefícios pagos (R$) 34735,44
FAP (Bloqueado original) 1,2498
Percentil de Ordem de Frequência 473.017
Percentil de Ordem de Gravidade 737.799
Percentil de Ordem de Custo 880.818

Fonte: Do Autor, 2017.


O Quadro 01 mostra que mesmo a empresa não tendo
nenhuma Comunicação de Acidente de trabalho, o FAP atingiu um
grande valor médio de vínculos 308,7917 em relação as outra IES.
1.2 Comparativo do SAT pago e o SAT mínimo, em relação
ao FAP
A empresa poderá ser reduzir seu imposto pago, em
até cinquenta por cento, ou aumentada, em até cem por cento,
conforme dispuser o regulamento, em razão do desempenho da
empresa em relação à respectiva atividade econômica, apurado
em conformidade com os resultados obtidos a partir dos índices
de frequência, gravidade e custo, calculados segundo metodologia
aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social. No quadro
05, conseguimos perceber que a empresa aumentou 74,15% no valor
que deveria pagar.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1139

Tabela 02 – SAT em consequência do FAP.


Item 2016
SAT em consequência do FAP 2,4996%
SAT mínimo a pagar no ano vigente 1,0%
Fonte: Do Autor, 2017.
No Gráfico 01 mostra o que a empresa pagou a mais em
relação ao valor mínimo, valores em reais.

Gráfico 01 – SAT mínimo x SAT máximo. Fonte: Do Autor,


2017.
1.3. Comparativo da empresa estudada entre as concorrentes
com o mesmo CNAE
Para classificar os índices de frequência e gravidade existe
o seguinte quadro (Quadro 02):
Quadro 02 – Classificação dos Índices de Sinistralidade.

Índice de
CLASSIFICAÇÃO Índice de Frequência
Gravidade
Muito Bom <20 < 0,5
Bom 20 A 40 0,5 A 1
Médio 40 A 60 1A2
Mau 60 A 100 >2
Fonte OMS, referido em DSHS 2012
A partir dos cálculos dos percentis conseguiu-se saber a
posição da UNIVIÇOSA de acordo com os outros CNAE’s.
Porém o site da previdência social disponibiliza um relatório,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1140 ANAIS X SIMPAC

mostrando a posição do seu número de ordem, assim conseguimos


comparar com as outra IES.
O Gráfico 02 mostra que o percentil de ordem de frequência
está 47,3017% a mais em relação a IES que não teve nenhum evento.

Gráfico 02 – Ordem de Frequência em relação aos outras


IES. Fonte: Do Autor, 2017.
No Gráfico 03 mostra que o percentil de ordem de gravidade
está 73,7799% a mais em relação a IES que não teve nenhum evento

Gráfico 03 – Ordem de Gravidade em relação as outras IES.


Fonte: Do Autor, 2017.
No Gráfico 04 mostra que o percentil de ordem de custo está
88,0818% a mais em relação a IES que não teve nenhum evento

Gráfico 04 – Ordem de Custos em relação as outras IES.


Fonte: Do Autor, 2017.

Considerações Finais

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1141

Como conclusão dos estudos, pode-se afirmar que os


objetivos gerais e específicos foram alcançados, pois a pergunta de
partida foi respondida e foi atingida a meta de avaliar os índices
que incidem no FAP da IES estudada, em comparação aos índices
das demais IES.
Há de se destacar a importância da correta emissão da CAT,
pois eventuais equívocos podem acarretar altos custos financeiros
em desfavor da empresa, por isso a necessidade de mobilizar os
funcionários de forma a capacitá-los para a adoção das medidas
pertinentes em virtude de acidentes de trabalho.
No plano de ação que será apresentado, há de se destacar
a necessidade de treinamento dos funcionários em virtude do
e-social, assim como, a importância da elaboração de relatórios de
acidentes a cada sinistro, possibilitando que suas causas possam ser
analisadas de forma precisa pela Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA), cumprindo as normas vigentes e possibilitando a
implantação de plano de ação capaz de minimizar as possibilidades
de ocorrência de novos acidentes, garantindo assim, a segurança e
a saúde dos trabalhadores e gerando no campo financeiro, economia
real para a empresa em virtude de autuações e indenizações
trabalhistas, principalmente efetiva redução no valor do FAP.
Este trabalho foi muito enriquecedor para os pesquisadores
pois através dos dados obtidos pôde-se perceber que investir em
segurança se torna muito mais econômico que sofrer um acidente.
É de relevância destacar que mais importante que a economia
financeira é a saúde do trabalhador.

Referências Bibliográficas

ROBSON, L. S. et al. The effectiveness of occupational health and


safety management system interventions: a systematic review.
Safety Science, v. 45, n. 3, p. 329-353, 2007.

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1142 ANAIS X SIMPAC

APLICAÇÃO DO LODO DE ESGOTO EM MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Nathany de Paula Oliveira1, Silmara Costa Silva2


Resumo: A reutilização de resíduos pela indústria da
construção civil vem aumentando ao longo dos anos, promovendo
assim a sustentabilidade e diminuição dos impactos ambientais
causados. A disposição final adequada de resíduos é primordial
para a preservação ambiental, surge assim a necessidade de novas
ideias para a implantação de tecnologias capazes de minimizar os
impactos decorrentes da disposição destes resíduos no ambiente.
O campo da construção civil, sendo um setor amplo de produção e
consumidor de um vasto volume de recursos naturais, apresenta
grande potencial para o reaproveitamento de resíduos sólidos em
materiais de construção. O objetivo deste trabalho foi realizar
levantamento bibliográfico voltado ao reaproveitamento do lodo de
estações de tratamento de efluentes na produção e aperfeiçoamento
de materiais de construção civil. O resultado satisfatório visto que
os testes de resistência à compressão, absorção de água e as análises
de lixiviação e solubilização apresentaram valores que atendem os
estabelecidos pelas normas.
Palavras–chave: Meio Ambiente, sustentabilidade, resíduos
sólidos, reutilização.

Introdução

Gouveia (2012) aponta que o debate sobre questões ambientais


ganhou maior ênfase logo depois da Rio-92, quando se discutiu
sobre os impactos do desenvolvimento nos ecossistemas e na saúde
da população. A partir de então buscam-se meios que atenuem a
pressão que se exerce sobre o ambiente de forma que diminuam as
1
Graduando em Engenharia Ambiental – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: nathanydepaula@
hotmail.com
2
Professora do Curso de Engenharia Ambiental – FAVIÇOSA/UNIVIÇOS. e-mail: silmaraeab@
gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1143

alterações no clima do planeta. Um tema de menor destaque nessa


discussão é o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU).
O gerenciamento inadequado de resíduos gera impactos diretos e
indiretos, tanto ambientais quanto na saúde da população.

Assim como os RSU, os resíduos gerados pelas atividades


industriais também crescem em importância no cenário ambiental,
uma vez que são produzidos por vários setores como o metalúrgico,
petroquímico, o alimentício, têxtil, e principalmente o de construção
civil (NAUMOFF; PERES, 2000). O setor da construção civil é
responsável pelo consumo de maior volume de recursos naturais,
além de seus produtos serem grandes consumidores de matéria-
prima. Por estas razões, a reutilização de resíduos sólidos como
o lodo de efluente industrial, pode ajudar a amortizar os custos
econômicos da produção e também os danos ambientais.

Logo, a indústria da construção civil pode ter um papel


relevante como receptora de resíduos sólidos no tocante à sua
disposição final. A incorporação desses resíduos em matrizes
cerâmicas e cimentícias com o objetivo de produção de artefatos
para a construção civil, se feita de maneira criteriosa, permite dar
um destino ambientalmente correto para resíduos que, dispostos de
outra forma, seriam fontes de poluição (PAI, 2008).

Este trabalho apresenta uma breve revisão sobre a utilização


do lodo de efluente industrial na produção de cerâmicas e tijolos
cimentícios/argilosos.

Material e Métodos

Para a confecção deste trabalho foram utilizados métodos, como:


a busca manual, a automática e o Snow-Balling (analise da lista de
referências de artigos, em busca de novos estudos), que consistiu em
levantamento bibliográfico considerando artigos, teses e trabalhos
relevantes a respeito do tema. Destes foram extraídas e avaliadas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1144 ANAIS X SIMPAC

informações relevantes e finalmente a foi feita a sintetização das


mesmas para a produção desta revisão.

Resultados e Discussão

Basegio et al. (2002), Cazzonatto et al. (2004), e Herek et


al. (2005), que estudaram o comportamento de tijolos e cerâmicas
argilosas incorporados com lodos provenientes de indústria têxtil e
de papel e celulose, obtiveram resultados para análises de resistência
à compressão, absorção de água, lixiviação e solubilização.

De maneira geral, o lodo proveniente de indústria têxtil


apresentou valores para a resistência à compressão dentro
daqueles estabelecidos segundo a norma NBR 7170 (ABNT 1983).
Ressalta-se que provavelmente a presença de fibras têxteis no lodo
contribuiu para o aumento da resistência à compressão dos corpos
de prova (CPs) fabricados com 10% de lodo, porém verifica-se que,
com o aumento da quantidade de lodo, há diminuição da resistência
à compressão do bloco cerâmico, tendo como referência o bloco cerâmico
fabricado com argila pura (L0%). Para o lodo proveniente de indústrias
de papel e celulose, ao contrário do constatado do lodo têxtil, o
aumento da porcentagem de resíduo na mistura não fez decrescer
proporcionalmente a resistência do material, o CP 30% apresentou
resistência ligeiramente superior aos demais.

A absorção de água foi avaliada em função do tempo de cura


e adição do lodo à massa cerâmica (figura 1), porém verifica-se que
houve pouca influência do tempo de cura. É interessante destacar
que houve diferença no processo de absorção de água quando
utilizado lodo seco e lodo úmido, possivelmente a umidade do lodo
influenciou neste processo, uma vez que a compressão na queima
foi muito maior nos blocos fabricados com lodo úmido, o que levou
a uma maior absorção de água no decorrer do processo de cura. No
geral, para o lodo têxtil todos os valores para este parâmetro estão
de acordo com o estabelecido pela NBR 7171 (ABNT 1992).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1145

O ensaio de absorção de água para o lodo de papel e celulose


mostrou uma contribuição importante do resíduo nos compósitos:
a estabilização. Quanto maior a quantidade de resíduo, maior foi a
estabilidade do tijolo quando imerso em água. Os tijolos dos traços
0%, 20% e 30% se desagregaram durante o ensaio.

Os metais analisados no teste de lixiviação (operação unitária


que tem por objetivo separar certas substâncias contidas nos
materiais por meio de lavagem ou percolação com solventes) foram
os exigidos pela NBR 10004 (ABNT 1987), e o teste de solubilização
fixa as condições exigíveis para diferenciar os resíduos da Classe I e
II assim como exige a NBR 10006 (ABNT 1987). Ambos os autores
Basegio (2002) e Herek (2005) chegaram à conclusão de que nestes
testes os resultados mostraram que o processo de solidificação/
estabilização levou a uma excelente retenção dos metais avaliados. A
adição de lodo à massa cerâmica não levou a diferenças significativas
no processo de retenção de metais, com excesso ao processo de
retenção de cobre, que de um modo geral foi melhor para os corpos
de prova fabricados com 20% de argila. Após um tempo de cura
de 90 dias verifica-se que todos os corpos de prova se encontram
dentro dos padrões estabelecidos pela norma NBR 10004 (ABNT
1987), para classificação como resíduo de classe II – Não Perigosos,
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
1146 ANAIS X SIMPAC

desta forma pode-se considerar que a incorporação de lodo à argila


por meio do processo de solidificação/estabilização é extremamente
eficiente e eficaz para a diminuição do impacto ambiental que os
resíduos em questão poderiam causar, caso fossem dispostos no solo
sem qualquer tratamento.

O lodo proveniente de ETEs de papel e celulose também


se enquadra na classe II, em relação à composição do resíduo
lixiviado. Quando comparado com as recomendações da norma, não
foram detectados elementos perigosos com concentrações acima do
aceitável.

Considerações Finais

Dentre as alternativas para destinação final do lodo de esgoto,


a agregação deste em materiais da construção civil mostrou ser
uma solução técnica viável e que possui um grande potencial de
desenvolvimento.
Ambos os tipos de lodo apresentados são favoráveis para o uso
na indústria de construção civil devido às vantagens do processo
como economia de água, produção de tijolos mais leves e redução do
custo de transporte.
Os testes de resistência à compressão, absorção de água e
as análises de lixiviação e solubilização apresentaram valores que
atendem as normas, portanto é possível o uso desses tijolos como
material de construção, e também com a finalidade de diminuir o
impacto ambiental causado pela destinação final errada do lodo.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR -


7170. Tijolo maciço cerâmico para alvenaria. Rio de Janeiro, 1983.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR -
7171. Bloco cerâmico para alvenaria. Rio de Janeiro, 1992.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1147

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR -


10.004: Resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 1987.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR -
10.006: Solubilização de resíduos. Rio de Janeiro, 1987.
BASEGIO, T. et al. Environmental and technical aspects of
the utilization of tannery sludge as a raw material for clay
products. Journal of the European Ceramic Society, v. 22, p. 2251-
2259, 2002.
CAZZONATTO, A. C.; NOLASCO, A. M.; ARMELIN, M. C.
Aproveitamento de resíduo da indústria de papel na
fabricação de tijolo compactado. ICTR 2004 – Congresso
Brasileiro de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento
Sustentável Costão do Santinho – Florianópolis – Santa Catarina.
GOUVEIA, N. Resíduos sólidos urbanos: impactos
socioambientais e perspectiva de manejo sustentável com
inclusão social. Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade
de Medicina, Universidade de São Paulo. São Paulo. p. 1503.
HEREK, L.C.S.; BERGAMASCO, R.; TAVARES, C.R.G.; UEMURA,
V.O.; PANCOTTE, L.P. Estudo da Solidificação/Estabilização
do Lodo da Indústria Têxtil em Material Cerâmico. Cerâmica
Industrial, 10 (4) Julho/Agosto, 2005. Departamento de Engenharia
Química, Universidade Estadual de Maringá – UEM.
LUCAS, D; BENATTI, C.T. Utilização de resíduos industriais
para a produção de artefatos cimentícios e argilosos
empregados na construção civil. Revista em Agronegócio e Meio
Ambiente, v. 1, n. 3, p. 405-418, 2008
NAUMOFF, A.F.; PERES, C.S. Reciclagem de matéria orgânica.
In: PANOSSIAN, Z. Corrosão e proteção contra corrosão em
equipamentos e estruturas metálicas. São Paulo: IPT, 2000. v.
2.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1148 ANAIS X SIMPAC

REFERENCIAIS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA


EDUCACIONAL ENTRE 1990 E 2016

Paulo Emílio Gomes Nobre1, Emanuelle Figueiredo2

Resumo: Maria Helena Souza Patto, em sua obra “A Produção


do Fracasso Escolar: histórias de submissão e rebeldia” denunciou
o fracasso escolar como um processo social e historicamente
determinado. A publicação desta obra foi um marco para quebra
de paradigmas da psicologia escolar no Brasil, iniciado nos
anos 70, implicando em uma reavaliação de seus referenciais
teóricos e respectivas bases epistemológicas. A pergunta feita foi:
será que após a publicação da “Produção do Fracasso Escolar”
haveria uma alteração dos referenciais teóricos utilizados pelos
psicólogos escolares e educacionais no Brasil? Assim foi realizada
esta pesquisa, com metodologia do Estado da Arte sob a égide do
referencial da psicologia crítica. Percebe-se o surgimento e uma
tendência de aumento de vertentes de bases sociais, históricas
e críticas, representadas principalmente pela Psicologia Sócio
Histórica, compreendendo um total de 24,68% de todos artigos
publicados no período, que buscam uma compreensão do humano
a partir do contexto social, histórico e cultural em que está inserido,
entretanto, resultados indicam que de todos os artigos encontrados
(628), 73,25% possuem bases epistemológicas e, consequentemente,
referenciais teóricos que servem para manutenção do discurso
ideológico vigente, alienando o homem de seu meio social e de caráter
fundamentalmente adaptativo.

Palavras–chave: Fracasso escolar, ideologia, paradigma, psicologia


crítica, psicologia escolar.

1
Graduando em Psicologia e bolsista de iniciação científica – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail:
paulopsicologia@outlook.com
2
Docente do curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: emanuellefigueiredo@yahoo.com.
br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1149

Introdução

A psicologia escolar no Brasil da primeira metade do século


XX, fortemente influenciada pelas escolas francesas e norte-
americanas, possuíam um caráter remediativo, com base nas
práticas médicas, que, sob o enfoque psicométrico, subsidiavam
medidas de organização de classes par alunos especiais, diagnósticos
e encaminhamentos para serviços especializados (CAMPOS e JUCA,
2006; GUZZO, 2011 apud BARBOSA e MARINHO-ARAUJO, 2010).
O papel do Psicólogo Escolar então era de identificar estudantes
fora desse padrão através de testes psicométricos e tratá-los ou
readaptá-los. Ora, esse modelo linear, racional e excludente acaba
por colocar toda a responsabilidade do fracasso escolar no aluno
(DE ANDRADA, 2005). A lógica aqui era de ajustar esse aluno ao
esquema vigente. Essa condição da atuação profissional de psicologia
escolar, deflagrada pela publicação da tese “A Produção do Fracasso
Escolar” de M. H. S. Patto em 1988, desencadeou reflexões profundas
acerca dos referenciais teóricos adotados pelos psicólogos atuantes
na área da educação. Desta forma, para se quantificar o impacto
causado pela crise da atuação do psicólogo escolar nos anos 70 e 80,
culminando com a publicação de “A Produção do Fracasso Escolar”,
é imperativo avaliar quais referenciais teóricos foram buscados e
adotados pelos psicólogos educacionais para nortear suas práticas
desde 1990 até 2016.

Material e Métodos

Os artigos foram pesquisados através de busca por meios eletrônicos


nos portais SCIELO (Scientific Electronic Library Online - http://
www.scielo.br) e BIREME (Centro Latino Americano e do Caribe
de Informação em Ciências da Saúde - bvsalud.org). Buscou-se
privilegiar os artigos publicados nos periódicos nacionais da área
da Psicologia Escolar e Educacional e delimitar o período de 1990 a
2016. Para a busca foram utilizadas como palavras chave: psicologia
educacional, psicologia escolar. Foram encontrados 589 e 356 itens
na pesquisa do portal Scielo e BIREME, respectivamente. Sendo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1150 ANAIS X SIMPAC

que, no primeiro, os artigos se encontravam no período de 1996 a


2016 e, no segundo, de 1990 a 2016.
Após tratamento dos dados, a consulta foi realizada acessando os
artigos e procurando pelas palavras chave: “referencial”, “teórico”,
“metodológico” e “perspectiva”. Para análise e enquadramento dos
referenciais teóricos dos artigos foram construídas as seguintes
categorias: a) Objetivista; b) Sócio Histórica; c) Psicogenética; d)
Fenomenológico-existencial e) Pós-estruturalismo; f) Psicanálise; g)
Neuropsicologia; h) Outros: teorias que não se derivam das bases
epistemológicas acima referenciadas e de baixa recorrência.

Resultados e Discussão

A distribuição, quantidade e porcentagem relativa de cada


abordagem em relação ao total de artigos consultados são descritos
na Tabela 1 – categorias de referenciais teóricos dos artigos de
psicologia escolar e educacional de 1990 a 2016.
Referências Artigos Porcentagem
Não identificado 349 55,57%
Sócio Histórica 155 24,68%
Objetivista 61 9,71%
Piaget 24 3,82%
Fenomenológico-
11 1,75%
Existencial
Outros 10 1,59%
Pós-Estruturalismo 7 1,11%
Psicanálise 6 0,96%
Neuropsicologia 5 0,80%
Total Geral 628 100,00%

Percebe-se que aproximadamente 90% dos artigos encontram-


se nas categorias “Não identificado”, “Sócio Histórica”, “Objetivista”
e “Piaget”.
A psicologia vem se constituindo através de um número
elevado de escolas de diversas orientações e bases epistemológicas
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 1151

distintas. O que parece uma constituição fragmentada e heterogênea


desta ciência, revela, através de uma análise crítica, uma unidade
subjacente, homogênea que define sua natureza e papel social,
de caráter ideológico (PATTO, 1984). A mesma autora estabelece
uma característica elementar que distingue de maneira definitiva
os discursos ideológicos e científicos. O ideológico, baseado no
aparecer, se fundamenta nas representações ilusórias, em que
os fenômenos inteligíveis se sobrepõem a estruturas subjacentes,
criando o desconhecimento. Já o discurso científico reflete sobre
realidades que se mostram contraditórias ao senso comum, ou seja,
ele não está comprometido em reforçar ou não um saber que já está
constituído, revelando o ser. Desta forma, enunciar o referencial
teórico ao qual está baseando um trabalho se torna uma atitude
de compromisso com o discurso científico, uma vez que a atitude
possível de reforçar as estruturas ideológicas fica evidenciada
justamente no não identificado. Os artigos sem referenciais teóricos
identificados correspondem a mais de 55% do total de trabalhos
publicados no período avaliado e, apesar do crescimento de outras
perspectivas, principalmente a Sócio Histórica, trabalhos publicados
desta maneira demonstram uma tendência de aumento ao longo
do tempo, sugerindo uma possibilidade de reforço e manutenção da
perspectiva ideológica vigente. Em 2016 somente, foram publicados
26 artigos com referenciais teóricos não identificados.
As teorias de base “objetivista”, categoria que abrange
referenciais do behaviorismo, da terapia cognitivo-comportamental,
do cognitivismo e da sócio cognitiva, principalmente, representam
um total de 9,71% dos artigos publicados no período estudado.
Nota-se um aumento significativo de publicações com este viés
epistemológico a partir do ano de 2003 e a manutenção de uma
média de publicações de quase 4 artigos anualmente. A formulação
da abordagem behaviorista, que rompe com o conceito de alma,
descarta conceitos como “consciência” e traz a luz o estudo de um novo
objeto: o comportamento. Trata-se, portanto da instauração de um
modelo com base teórica pautado em uma perspectiva de adaptação
do organismo ao meio. Esta mesma proposta é passível de ser
encontrada nas abordagens cognitivista, humanista, no movimento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1152 ANAIS X SIMPAC

psicometrista, na teoria piagetiana, no psicodrama, no sociodrama,


na psicologia social funcionalista, na teoria de personalidade e na
terapia centrada no cliente (PATTO, 1984). A teoria de Piaget,
que influenciou significativamente teorias pedagógicas como o
construtivismo, por exemplo, ocupou 3,82% do total de trabalhos,
totalizando 24 artigos publicados nas plataformas consultadas.
A Psicologia Sócio Histórica representa 24% do total de
categorias, sendo a categoria identificada de maior recorrência
e com crescimento significativo, principalmente a partir do ano
de 2005. Esta abordagem, que tem sua base teórica formulada
principalmente Lev Vigotski (1896-1933) surge para superar as
perspectivas de natureza positivistas, colocando o psiquismo como
caracterizado diretamente pelo mundo material e às formas de
vida construídas na história da humanidade. (BOCK et. al., 2001).
Em 2015 somente, foram publicados 24 artigos nesta perspectiva,
representando 41,28% do total de trabalhos apresentados naquele
ano.
As demais categorias, que somadas, respondem por 6,21%
do total de artigos estudados são das abordagens fenomenológico-
existencial, neuropsicologia, pós-estruturalistas, psicanálise e
outros. Percebe-se que a Psicanálise já surge desde 1994 no rol de
artigos de Psicologia Escolar e Educacional. Os demais saberes
de caráter mais emergente surgem de fato a partir de 2003 como
artigos de base neuropsicológica, por exemplo. Ainda se percebe,
mais tardiamente, o surgimento de trabalhos baseados nas obras de
Michel Foucault e Gilles Deleuze, considerados aqui como de base
pós-estruturalista.
Conclusões

Os resultados indicam que de todos os artigos encontrados


(628), 73,25% possuem bases epistemológicas e, consequentemente,
referenciais teóricos que servem para manutenção do discurso
ideológico vigente, que aliena o homem de seu meio social, que é
tomado como algo natural e possui caráter fundamentalmente
adaptativo. Percebe-se, no entanto, que há uma tendência de aumento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1153

de vertentes de bases sociais, históricas e críticas, representadas


principalmente pela Psicologia Sócio Histórica, compreendendo um
total de 24,68% de todos artigos publicados no período e que buscam
uma compreensão do humano a partir do contexto social, histórico
e cultural que está inserido, capaz de agir e interferir ativamente
no seu meio através de seus instrumentos. Portanto, é possível
constatar positivamente que o discurso ideológico predominante é
passível de ser encontrado nas publicações da psicologia escolar e
educacional, contribuindo para reforçar um paradigma de psicologia
adaptacionista. Concomitantemente, há um movimento que surge
e que se contrapõe a esse paradigma, como resposta à publicação
da obra de M. H. S. Patto e que está criando novos referenciais e
abordagens capazes de tirar o humano do discurso de alienação
ideológica hegemonicamente instaurado.

Referências Bibliográficas

BARBOSA, R. M; MARINHO-ARAÚJO, C. Ma. Psicologia escolar


no Brasil: considerações e reflexões históricas. Estudos de
Psicologia, Campinas, v.27, n.3, p.393–402. Jul. 2010.

BOCK, A. Maria et al. Psicologias: uma introdução ao estudo


da psicologia. São Paulo: Saraiva, 2001.

DE ANDRADA, E. G. C. Novos paradigmas na prática do psicólogo


escolar. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 18, n. 2, p. 196-199,
2005.

PATTO, M. H. S. A Produção do Fracasso Escolar: histórias


de submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

______. Psicologia e ideologia: uma introdução


crítica à psicologia escolar. São Paulo. T. A. Queiroz.
1984.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1154 ANAIS X SIMPAC

A CONSTITUIÇÃO DO ESPAÇO E A EDUCAÇÃO: ANÁLISE


INSTITUCIONAL A PARTIR DA ARQUITETURA DE UMA
ESCOLA PÚBLICA

Paulo Emílio Gomes Nobre1, Adriano de Souza Alves2

Resumo: Percebe-se que a organização escola, através do processo


“ensino- aprendizagem” conduz os agentes a uma alienação do “não-
saber”, de não conhecer quais são as condições reais em que se está
ensinando. Trata-se do que se costuma chamar de alienação através
da ideologia. Há um doutrinamento que acontece por parte da classe
dominante que transmite uma definição de mundo, uma noção do
processo de aprendizagem, de objetivos de vida, dos valores e do sentido
da existência destes agentes. Existem muitas formas de doutrinação.
Este trabalho tem como objetivo mostrar como a arquitetura
de uma organização tem uma grande influência no processo de
institucionalização dos agentes que ali operam, de manutenção e
imposição de uma ideologia dominante. Na organização em questão
as questões que ficaram mais evidentes a partir da sua estrutura
física são relacionados à falta de planejamento, espaço, privacidade,
convivência, dificuldade na comunicação e articulação, reforço de
posições hierárquicas e de autoridade e desconsideração com o corpo
discente.

Palavras–chave: alienação, ensino, estrutura, ideologia, instituição

Introdução

A proposta deste trabalho é mostrar como a arquitetura


de uma organização tem uma grande influência no processo de
institucionalização dos agentes que ali operam. A estrutura vai
impondo de maneira sutil, porém não menos eficiente e atroz,
1
Graduando em Psicologia e bolsista de iniciação científica – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail:
paulopsicologia@outlook.com
2
Docente do curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: adrianounivicosa@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1155

as limitações e as orientações colocadas pelo poder instituído.


Juntamente com o discurso, é através dos planos, arestas,
conformações e disposições, que a ideologia se faz presente e se
coloca frente aos instituintes, gerando conflitos, não só a nível do
saber, mas (principalmente) ao nível do não-saber, que são velados
e geram os sintomas na instituição. Esse trabalho se justifica,
pois, através dele é possível notar como a estrutura física de uma
organização diz por ela mesma qual é o “espírito da casa”.

Material e Métodos

Foi realizada uma análise institucional a partir das


observações de campo feitas no estágio em uma escola da rede
pública de ensino no município de Viçosa/MG. Os dados coletados
foram então tratados sob a luz do movimento institucionalista.

Resultados e Discussão

Segundo Baremblitt (2002), análise institucional não é


um saber que tenta dar conta de todos os desconhecimentos,
desvendando assim os laços do tecido social, mas se trata, de fato,
de uma investigação permanente, sempre lacunar e circunscrita de
como o não-saber e a negatividade operam em cada cultura.
Trazendo essa maneira de pensar para a realidade da
instituição educação, percebe-se que a organização escola, através do
processo “ensino-aprendizagem” conduz os agentes uma alienação
do “não-saber”, de não conhecer quais são as condições reais em que
está ensinando. Trata-se do que, no movimento Marxista, costuma-
se chamar de alienação através da ideologia. Há um doutrinamento
que acontece por parte da classe dominante que transmitem uma
definição de mundo, uma noção do processo de aprendizagem, de
objetivos de vida, dos valores e do sentido da existência destes
agentes. Em que os dominados, na posição de não saber, devem
aceitar passivamente tudo que é oferecido.
Segundo Barus-Michel (2004), numa análise institucional,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1156 ANAIS X SIMPAC

a unidade, abstrata e consensual, deve ser exposta. A formulação


de questionamentos e hipóteses só se dão após se ter situado a
instituição em pauta. A arquitetura revela o estabelecimento do
poder e da ideologia. Há uma distribuição e atribuição de lugares a
funções e pessoas que revelam hierarquia de valores.
Pois bem, a organização em questão é uma escola municipal.
Está sediada em um bairro residencial já nos limites urbanos do
município, apesar de não se tratar de uma zona periférica, na acepção
socioeconômico da palavra. A sede é composta de dois edifícios: uma
casa e uma segunda estrutura anexada. Vale mencionar que a casa,
antes de se tornar uma escola, era residência de uma senhora,
avó do atual prefeito. A escola leva seu nome como homenagem. O
edifício principal é composto de três níveis, construída recostada
em um aclive, de maneira que o acesso se dá pelo andar superior
(situado ao nível da rua). O andar inferior, o anexo e o pátio (atrás
do anexo) estão abaixo.
A fachada é gradeada e a porta permanece trancada durante
maior parte do tempo. No andar superior do edifício principal estão
três salas: a secretaria, a sala de informática e a sala de café/diretoria.
Interessante notar que esta última exerce duas funções, no mínimo,
conflitantes, sendo que a mesa de café, reunião e socialização de
professores e funcionários e a área de trabalho das diretoras é
“dividido” por um armário. A sala de informática é equipada com
aproximadamente 20 computadores e é usada principalmente
para palestras e reuniões, apesar de não haver estrutura para
tais práticas. Descendo a rampa ao nível imediatamente inferior,
encontram-se três salas de aula. Mais abaixo, após descer um lance
de escadas estão uma sala de aula, banheiros e cozinha. Entre esses
espaços encontra-se uma mesa em que os alunos fazem as refeições.
Anexo ao edifício principal, no nível inferior, encontra-se outra
edificação que possui duas salas e um espaço para armazenamento
de materiais. Ao fundo desta estrutura há um pátio cimentado
frequentado em horário de recreio e educação física. As salas são
equipadas com carteiras e cadeiras ergonômicas e em bom estado
de conservação.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1157

Conclusões

A estrutura revela alguns pontos interessantes da


organização. O primeiro, e mais evidente, é de que não se trata
de um edifício planejado e dimensionado para a prática escolar. É
uma casa grande que foi reaproveitada e transformada em escola.
Não fosse pela placa anunciativa instalada na fachada, um cidadão
desavisado passaria sem perceber que estava ali uma escola. É
possível que a semelhança da escola com uma casa faça com que
a comunidade escolar como um todo (principalmente os alunos)
apresente dificuldades em discriminar contingências aplicáveis a
comportamentos em casa e na escola. Deriva também deste fato a
observação de que não há muitos espaços que permitam momentos
de privacidade no ambiente. Principalmente na sala do café/
diretoria. É na sala do café que professores e funcionários socializam,
discutem, articulam e refletem questões acerca do ambiente escolar,
muitas vezes em relação à própria administração, mas no caso em
questão essa atividade é restringida, pois o ambiente é contíguo
à diretoria. A mesma lógica se aplica inversamente, assuntos de
cunho administrativo são tratados de maneira que todos que estão
na sala do café possam presenciar. Não há uma sala específica para
reuniões, o que influencia na falta de comunicação e articulação
na organização. A mesa de refeições dos alunos não é grande o
suficiente para comportar todos eles no momento do recreio. Muitos
comem enquanto andam ou comem sentados em bancos espalhados
na área. A escada de acesso ao nível inferior é estreita para o fluxo
de pessoas presenciado. Enfim, falta espaço para socializar, reunir,
discutir e até para comer. A alocação da diretoria/sala do café e
secretaria no topo da estrutura física diz muito da hierarquia e
acessibilidade da organização.
Convenciona-se chamar de pátio a área ao fundo da escola,
mas trata-se de uma área recentemente (e meramente) cimentada.
Não possui brinquedos, demarcações (pinturas de quadras),
cobertura e nem delimitação com terreno baldio ao fundo da escola.
A desconsideração com o corpo discente é escancarada. As carteiras
ficam dispostas à maneira clássica: enfileiradas e direcionadas para

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1158 ANAIS X SIMPAC

a posição do professor, deixado claro quem é a autoridade e a fonte


de saber dentro da organização.

Referências Bibliográficas

BAREMBLITT, G. F. Compêndio de análise institucional e


outras correntes: teoria e prática. 5.ed. Belo Horizonte: Instituto
Felix Guattari (Biblioteca Instituto Félix Guattari; 2), 2002.

BARUS-MICHEL, J. O Sujeito Social. (Eunice D. Galery e


Virgínia M. Machado, Trad.). Belo Horizonte: Editora PUC Minas.
2004

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1159

DIVERSIDADE GENÉTICA DE STREPTOCOCCUS EQUI


SUBESPÉCIE EQUI EM EQUINOS DIAGNOSTICADOS
COM ADENITE EQUINA NA REGIÃO DA ZONA DA MATA
DE MINAS GERAIS
Pedro Pires da Cunha Lima1, Raffaella Bertoni Cavalcanti
Teixeira2, Lucas Fernando dos Santos3
Resumo: A Adenite Equina é uma das enfermidades contagiosas
mais prevalentes no mundo equestre. A enfermidade é causada
pela bactéria Streptococcus equi subespécie equi (S. equi) e devido
a sua alta morbidade traz grandes perdas econômicas aos rebanhos
equinos. Nos últimos anos, propriedades na região da zona da mata
de Minas Gerais apresentaram surtos frequentes de garrotilho.
Existe diversidade genética entre amostras de S. equi em diversos
países,porém, até o momento, nenhuma informação sobre a
diversidade genética desse agente na Zona da Mata de Minas Gerais
foi relatada. O presente trabalho tem por finalidade identificar os
sorotipos de S. equi presentes nas propriedades da Zona da Mata
de Minas Gerais e avaliar a diversidade genética das amostras de
S equi das diferentes propriedades através do uso de técnicas de
biologia molecular.

Palavras–chave: Garrotilho, SeM, cavalos

Introdução
A Adenite Equina, conhecida popularmente por Garrotilho,
é uma das enfermidades contagiosas mais prevalentes no meio
equestre. A enfermidade é causada pela bactéria Streptococcus equi
subespécie equi(S. equi) e devido a sua alta morbidade traz grandes
perdas econômicas aos rebanhos equinos (Sweeney, 2005).
1
Graduando em Medicina - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: pedro280596@gmail.com
2
Professora da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. E-mail: teixeiraraffa@gmail.com
3
Microvet Microbiologia Especial Ltda. e-mail: lucas@microvet.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1160 ANAIS X SIMPAC

Os equinos jovens são os mais susceptíveis ao Garrotilho e


surtos são frequentes em propriedades equestres. O impacto causado
por essa enfermidade está ligado ao alto gasto com medicamentos,
veterinários e até mesmo a perda de animais de alto valor genético
(Sweeney, 2005).Os métodos de prevenção da doença constituem
em vacinação de potros acima de seis meses e animais adultos,
quarentena de animais novos, isolamento de animais doentes e
identificação de portadores assintomáticos em plantéis (Sweeney,
2005).
Nos últimos anos, propriedades na região da zona da mata
de Minas Gerais apresentaram surtos frequentes de garrotilho.
Esses surtos podem estar ligados a diferentes fatores tais como:
susceptibilidade dos animais, falha vacinal, a proximidade entre as
propriedades, a comercialização de animais entre essas propriedades
ou entre propriedades diferentes e ate mesmo o compartilhamento
de veterinários e funcionários entre as propriedades.
Diversos trabalhos identificaram diversidade genética entre
amostras de S. equi bem como a presença de mais de um sorotipo de
S. equi em diversos países (Kelly and others 2006; Wallerand Jolley
2007; Patty and Cursons 2014, Ivens and others 2011). Porém,
até o momento, nenhuma informação sobre a diversidade genética
desse agente na Zona da Mata de Minas Gerais foi relatada. O
presente trabalho tem por finalidade identificar a presença de S.
quei nas propriedades da Zona da Mata de Minas Gerais e avaliar
a diversidade genética das amostras de S equi das diferentes
propriedades através do uso de técnicas de biologia molecular.

Material e Métodos

Foram isoladas 11 amostras de Streptococcus equi sub.


equi, de oito propriedades no estado de Minas Gerais, entre
os anos de 2009 e 2017(duas amostras da propriedade A, duas
amostras da propriedade B, duas amostras da propriedade C e
as demais propriedades com apenas uma amostra cada). Essas

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amostras foram previamente isoladas e tipificadas pelo setor de


diagnostico do laboratório Microvet. Para extração do DNA, cada
isolado foi cultivado em 5 mL de meio BHI a 37°c por 24 horas.
Em seguida o DNA foi extraído utilizando o kit Wizard® Genomic
DNA Purification Kit (Promega) de acordo com as instruções
do fabricante. A reação de polimerase em cadeia (PCR) para
amplificação do Gene SeM foi realizada segundo essas condições:
95°c a 30 segundos para etapa de desnaturação , seguido por 30 ciclos
de 95°c a um minuto, 55°c por 30 segundos, 72°c por um minuto,
seguido por um período de extensão de 72°c durante 10 minutos
utilizando os primers ASW73 (5´-CAGAAAACTAAGTGCCGGTG)
e ASW74 (5´-ATTCGGTAAGAGCTTGACGC). Os produtos do PCR
foram submetidos a eletroforese em gel de agarose 1%, corados com
brometo de etídeo e visualizados por meio de luz UV e fotografados
em sistema de fotodocumentação. O produto de PCR amplificado
foi purificado e enviado para sequenciamento. As sequencias foram
alinhadas e analisadas utilizando-se o Programa MEGA 7 (Mega
Software).

Resultados e Discussão

As 11 amostras testadas tiveram seu DNA extraído,


amplificado e sequenciado para o gene SeM.Um total de 524
nucleotideos foram obtidos no sequenciamento para cada isolado.
Realizando a analise comparativa entre essas sequencias observamos
que na propriedade A ocorreu diferença genética entre as duas
amostras diferindo, elas em três nucleotídeos.Na propriedade B
não houve diferença entre as amostras. Na propriedade C entre
as duas amostras analisadas ocorreram diferença em apenas um
nucleotídeo.As demais amostras (D, E, F, G e H) tiveram diferenças
genotípicas entre elas.
Não foi possível encontrar amostras geneticamente idênticas
nesse estudo, o que sugere a diversidade genética desse agente
na zona da mata de Minas Gerais. Não se conhece ainda a causa

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1162 ANAIS X SIMPAC

desta diversidade genética,porem pode estar associada ao uso


indiscriminado de antibióticos, uma vez que as amostras foram
isoladas em períodos e propriedades diferentes.
O efetivo controle da doença requer o desenvolvimento de vacinas
mais eficientes que as disponíveis. Embora a proteína SeM seja o
principal antígeno estudado, outras proteínas estão sendo avaliadas
para uso na produção de imunógenos(MARTINS,2008, p.32).
Esse foi o primeiro estudo da diversidade genética de S.equi na zona
da mata de Minas Gerais. Novos estudos devem ser realizados no
intuído de se elucidar a relação entre esses isolados e o motivo dessa
variação genética.

Considerações Finais

Existe diversidades genética de S.equi equi na região da zona


da mata de Minas Gerais.Essa diversidade é observada dentroda
mesma propriedade e entre propriedades diferentes. Novos estudos
devem ser realizados para melhor investigar a diversidade deste
microrganismo.

Agradecimentos

A minha orientadora,Raffaella Bertoni Cavalcanti


Teixeira, pelo emprenho dedicado à elaboração deste trabalho e a
empresa MICROVET e meu co-orientador Lucas dos Santos pela
disponibilidade e interesse em ajudar na pesquisa deste trabalho .

Referências Bibliográficas

IVENS P.A; MATTHEWS D; WEBB K: NEWTON J. R; STEWARD


K; WALLER A.S; ROBINSON C; SLATER J.D; Molecular
characterisation of ‘strangles’ outbreaks in the UK: the use of
M-protein typing of Streptococcus equi ssp. equi. Equine Veterinarian
Journal, v. 43, p. 359–364,2011.
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ANAIS X SIMPAC 1163

KELLY C; BUGG M; ROBINSON C; MITCHELl Z; DAVIS-


POYNTER N; NEWTON J;, JOLLEY K.A; MaidEN M.C, WALLER
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allows discrimination of the source of strangles outbreaks. J
ClinMicrobiol. 2006 Feb; 44(2):480-6.

PATTY OA, Cursons RT. The molecular identification of Streptococcus


equi subsp. equi strains isolated within New Zealand.N Z Vet J.
2014 Mar; 62(2):63-7.

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equi infections in horses: Guidelines for treatment, control and
prevention of strangles.J VetInternMed 19:123-124, 2005.

WALLER A.S, JOLLEY KA.GETTING a grip on strangles: recent


progress towards improved diagnostics and vaccines. Vet J. May;
173(3):492-501, 2007

MORAES, C. M. Produção e avaliação de proteína SeM recombinante


para o controle de Adenite Equina. 2008. 79 f. Tese (Doutorado)
- Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia. Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas,Brasil.

Aprovação do comitê de ética, numero de protocolo 019\2017-I

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1164 ANAIS X SIMPAC

ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE GRAVIDEZ NA


ADOLESCÊNCIA E PREMATURIDADE

Priscilla De Pinho Lana1, Eliangela Saraiva de Oliveira Pinto2

Resumo: Foi analisado a associação da gravidez entre adolescentes,


com a prematuridade dos recém-nascidos, envolvendo fatores
gestacionais disponíveis na Declaração de Nascidos Vivos obtidos
no Sistema Nacional de Nascidos Vivos/SINASC de Viçosa, Minas
Gerais, Brasil no período de 2006 a 2015, feito a partir de um estudo
transversal, utilizando o Odds Ratio com intervalo de confiança de
95%. Os recém-nascidos prematuros e com baixo peso ao nascer (BPN)
mostraram associação significante com o número insatisfatório
de consultas pré-natal feita pelas adolescentes gestantes, houve
interação estatística entre a prematuridade e BPN, apontando a
importância de políticas públicas e investimento em ações para este
público alvo.

Palavras–chave: adolescente, gestante, recém-nascido pré-termo

Introdução

A adolescência corresponde ao período que marca o início


da vida reprodutiva e caracteriza-se por mudanças fisiológicas
corporais e psicológicas na adolescência (NERY et al, 2011).
E em relação a vida reprodutiva, no Brasil, a taxa de natalidade
em adolescentes é alta, entre as meninas, a idade média da primeira
relação sexual varia entre 15 a 16 anos e nos meninos entre 13 a
15 anos, e no intervalo de idades entre 10 a 14 anos, os percentuais
de meninos está entre 17 a 31%, e 2 a 9% das meninas já tiveram
contato sexual (CAVALI; DUARTE, 2012), levando ao aumento de
gravidez recorrente, de maioria não planejada, considerando as
características do contexto de desenvolvimento brasileiro.
1
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: priscilla_dpl@hotmail.com
2
Docente do curso de Enfermagem – FAVIÇOSAA/UNIVIÇOSA. e-mail: eliangela@univicosa.com.br

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ANAIS X SIMPAC 1165

Além disso, a gestação precoce, acarreta inúmeras


complicações, dentre elas, as neonatais, tendo a prematuridade,
definida como os nascidos com 37 semanas de gestação ou menos,
e no mundo, um a cada dez nascimentos foi prematuro em 2010,
estimando 15 milhões de nascimentos, com um milhão de óbitos
devido à prematuridade, por isso a OMS considera a prematuridade
como um problema mundial, e o Brasil situa-se entre os dez países
com as taxas mais elevadas dos nascimentos prematuros do mundo,
responsáveis por 60% deles (WHO, 2015).
Considerando estes fatos, o presente trabalho visa investigar
a correlação entre a gravidez na adolescência e a prematuridade no
município de Viçosa/MG, no período de 2006 a 2015.

Material e Métodos

Foi desenvolvido um estudo descritivo de caráter transversal,


utilizando dados provenientes dos registros dos nascimentos
do município de Viçosa, Minas Gerais, que constam no banco do
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), referentes
ao ano de 2006 a 2015, disponíveis no DATASUS.
As variáveis independentes coletadas, classificam-se como
dados secundários, considerando as seguintes informações para o
estudo: Variáveis gestacionais ‒ duração da gestação (prematuro ≤36
semanas; a termo, entre 37 e 42 semanas; pós-termo ≥42 semanas),
consultas de pré-natal (≤6 consultas; ≥7 consultas) e variáveis de
nascimento ‒ peso ao nascer (baixo peso ≤2.499g; peso normal entre
2.500 a 3.999g; macrossômico ≥4.000g).
As informações coletadas foram agrupadas em planilhas de
Excel conforme idade das gestantes e seus fatores de risco a serem
analisados através do software estatístico BioEstat 5.3. utilizando o
Odds Ratio (OR) com intervalo de confiança (95%).
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Faculdade de Ciências e Tecnologias de Viçosa FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA, sob número de protocolo 294/2016-II.

Resultados e Discussão

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Foi possível verificar, na variável gestacional, a frequente


associação entre as mães adolescentes na faixa etária +19 anos que
não concluíram o número mínimo de consultas pré-natal, tendo
como desfecho RN prematuro com BPN nos anos estudados de 2006
a 2015, de acordo com registros do SINASC, conforme dados da
tabela 1.

Tabela 1. Análise de Odds Ratio positivo em mães


adolescentes +19 anos. Registro do SINASC das variáveis
gestacionais de Viçosa (MG)
Ano Variáveis Co-variáveis OR
2006 Pré-natal >6 IG <36 2,9813
2007 Pré-natal >6 IG <36 2,4806
2008 Pré-natal >6 IG <36 2,8777
2009 Pré-natal >6 IG <36 3,6575
2010 Pré-natal >6 IG <36 5,5610
2011 Pré-natal >6 IG <36 3,3100
2012 Pré-natal >6 IG <36 2,4764
2013 Pré-natal >6 IG <36 2,6067
2014 Pré-natal >6 IG <36 2,9674
2015 Pré-natal >6 IG <36 3,7975

Segundo Brasil (2015) em 2013, verificaram-se que mães


adolescentes, menores de 20 anos, não atenderam ao número
mínimo de consultas, dando início ao acompanhamento médico
mais tardiamente, em que somente 12%, iniciaram o pré-natal no
momento adequado. E um estudo realizado com mulheres de 14 a
29 anos na região noroeste da Inglaterra, demonstra que a gravidez
na adolescência é um fator relevante para a ocorrência de um parto
prematuro (KHASHAN; BAKER; KENNY, 2010 apud WACHHOLZ
et al 2016). Dessa forma, é importante afirmar que a realização de
um pré-natal adequado, sendo este momento a oportunidade dos
profissionais de saúde desenvolver a educação em saúde, para
evitar estes problemas.
Segundo dados preliminares do Sinasc do MS, a gravidez
na adolescência teve uma queda de 17% no Brasil, com redução
de 661.290 nascidos vivos de mães entre 10 e 19 anos em 2004,
para 546.529 em 2015, tendo a região com mais filhos de mães
adolescentes no Nordeste e Sudeste, ambos com 32%, e a região
Norte em terceiro lugar com 14% (BRASIL, 2017). Taxa esta,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1167

semelhante neste presente estudo, em que, entre 2006 e 2015, o


Sinasc capitou 1.248 nascidos vivos de mães adolescentes entre
10 e 19 anos no município de Viçosa/MG, representando 14% do
total de nascimentos. Apesar da redução nacional, os dados do
município correspondem com o terceiro maior número de prenhes
na adolescência do País.

Conclusões

Pode-se inferir que variáveis maternas em adolescentes


levaram à prematuridade e BPN do recém-nascido, tendo o fator
de baixa assistência pré-natal interferindo no estado de saúde do
recém-nascido.
Sabe-se que a assistência pré-natal de qualidade é importante
na prevenção de riscos associados a gestação e período neonatal,
sendo imprescindível o acompanhamento adequado desde o
planejamento familiar, pré-natal, parto e puerpério, para um maior
controle de saúde e verificação de riscos, precocemente. Assim,
reduzindo a ocorrência de morbimortalidade materna e infantil,
principalmente em mães adolescentes. E a gestante, ter um(a)
acompanhante durante todo o pré-natal, parto e nascimento, além
de ser um direito, promove uma melhor qualidade de vida tanto
para o binômio mãe e filho.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não
Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde Brasil 2014 : uma
análise da situação de saúde e das causas externas. 462p.
Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Disponível em:


<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/
agencia-saude/28317-gravidez-na-adolescencia-tem-queda-de-17-

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1168 ANAIS X SIMPAC

no-brasil>. Acesso em: 05/12/2017

CAVALI, R; DUARTE, G. Gravidez na adolescência. IN: REIS,


R.M; JUNQUEIRA, F.R; ROSA-E-SILVA, A.C; Ginecologia da
infância e adolescência. Porto Alegre: Artmed, p. 353-360. 2012.

NERY, I.S; MENDONÇA, R.C.M; GOMES, I.S.; FERNANDES,


A.C.N.; OLIVEIRA, D.C. Reincidência Da Gravidez Em Adolescentes
De Teresina, PI, Brasil. Rev Bras Enferm, Brasília. Vol.64, Nº1,
P.31-7. 2011.

WACHHOLZ, V.A.; COSTA, M.G; KERBER, N.P.C; GONÇALVES,


C.V; RAMOS, D.V; SENA, F.G. Relação Entre A Qualidade Da
Assistência Pré-Natal E A Prematuridade: Uma Revisão Integrativa.
Rev. Bra. Edu. Saúde. V.6, N.2, P.01-07, 2016

WHO. World Health Organization. Preterm Birth. Geneva:


WHO, Updated Nov 2015. Disponível Em: <http://www.who.int/
mediacentre/factsheets/fs363/en/>.

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ANAIS X SIMPAC 1169

EDUCAÇÃO EM SAÚDE E A GRAVIDEZ NA


ADOLESCÊNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Priscilla De Pinho Lana1, Mariane Roberta da Silva2, Ana Carolina


de Souza Soares3

Resumo: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência,


vivenciado na Atenção Básica à Saúde, durante o estágio curricular,
da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa, em uma atividade
de educação em saúde desenvolvida numa escola, com ênfase na
saúde do adolescente, e ações com o foco na prevenção da gravidez e
nas consequências da gravidez indesejada. Com feedback positivo,
a educação em saúde comprovou-se eficaz, havendo um bom
envolvimento com o público-alvo, tendo despertado o interesse dos
jovens no autocuidado e assim evitando complicações futuras. Dessa
forma, foi possível confirmar a importância do trabalho feito pela
enfermagem por meio da prática, identificando os problemas e as
necessidades de cuidado e prevenção dos adolescentes.

Palavras–chave: adolescente, enfermagem, gestante, serviços de


saúde escolar

Introdução

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a


adolescência é o período entre 12 a 18 anos de idade, enquanto a
Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como adolescente
a faixa etária de 10 a 19 anos completos (MENDES, 2016), sendo
esta etapa caracterizada por mudanças biopsicossociais.
No Brasil a taxa de natalidade em adolescentes é alta, pois
nessa fase, há o aumento da atividade sexual. Entre as meninas,

1
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: priscilla_dpl@hotmail.com
2
Graduanda em Enfermagem _ FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: marianeroberta@yahoo.com.br
3
Enfermeira da Unidade Básica de Saúde Oraida Mendes Castro. e-mail: carolsouzasoares@hotmail.com

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1170 ANAIS X SIMPAC

a idade média da primeira relação sexual varia entre 15 a 16 anos


e nos meninos entre 13 a 15 anos, sendo no intervalo de idades
entre 10 a 14 anos (CAVALI; DUARTE, 2012), levando à gravidez
recorrente e de maioria não planejada.
A gravidez na adolescência é considerada um fator de risco
para a ocorrência de problemas de saúde na mãe e no seu concepto,
uma vez que pode prejudicar seu físico imaturo e seu crescimento
normal, além de estar sujeito à eclâmpsia, anemia, trabalho de parto
prematuro, complicações obstétricas e recém-nascidos de baixo peso.
Além desses fatores biológicos, existem as repercussões no âmbito
psicológico, sociocultural e econômico, que afetam a jovem, a família
e a sociedade (SANTOS; SILVA, 2000).
No intuito de evitar problemas como estes, o Programa
Saúde na Escola (PSE) veio reestruturar a atenção primária de
saúde, permitindo a aderência do adolescente e possibilitando o
profissional de saúde atuar diretamente no cerne do problema,
através da prevenção e promoção da saúde. O PSE tem como enfoque
a educação para a saúde sexual e reprodutiva, com um dos objetivos
de reduzir a vulnerabilidade de adolescentes e jovens em relação à
gravidez na adolescência (BRASIL, 2015).
As atividades de educação em saúde podem ser desenvolvidas
em diferentes locais, principalmente nas escolas, pois esta é
entendida como um espaço de relações, sendo privilegiado para o
desenvolvimento crítico e político, contribuindo na construção de
valores pessoais, crenças, conceitos e maneiras de conhecer o mundo,
interferindo diretamente na produção social da saúde (BRASIL,
2009).
Considerando estes fatos, o presente trabalho visa relatar
a experiência vivenciada com escolares por uma acadêmica de
enfermagem, durante o estágio na Atenção Básica à Saúde,
promovendo educação em saúde voltada para a prevenção de
gravidez indesejada e a saúde do adolescente.

Material e Métodos

Trata-se de um relato de experiência, de atividades realizadas

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ANAIS X SIMPAC 1171

no segundo semestre de 2017 por uma estagiária em enfermagem,


na Unidade Básica de Saúde. Por meio do PSE, as atividades foram
desenvolvidas na escola estadual do município de Coimbra/MG,
com 78 adolescentes de onze a quatorze anos.
Houve a participação e auxilio de professores da escola,
a equipe de enfermagem, as agentes comunitárias da saúde, e a
assistente social do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF),
com o intuito de articular o serviço de saúde à comunidade, bem
como a escola.
As práticas educativas foram iniciadas com a explicação sobre
gravidez na adolescência, seguida pelos métodos contraceptivos,
utilizando-se de cartolinas e pincéis. Em seguida, foram entregues
seis dúzias e meia de ovos de galinha carimbados para a simulação
de bebês, e finalizou-se com atividades de cálculo de gastos do bebê
pelo catálogo de venda.

Resultados e Discussão

As atividades educativas salientaram sobre as


consequências relacionadas à gravidez na adolescência, associando-
as ao autocuidado do adolescente. Antes de dar início as práticas,
abordou-se a temática, sendo percebido que os participantes tinham
noção sobre a gravidez na adolescência, todavia após ser explanado
sua implicância biopsicossocial nessa fase da vida, foi observado o
desconhecimento de alguns fatos, por parte deles.
A prática deu início com o subtema “métodos contraceptivos”,
ao qual os alunos foram divididos em grupos para escrever numa
cartolina os métodos que eles conheciam, e após seu preenchimento,
as cartolinas foram fixadas na lousa. Percebeu-se que os adolescentes
tinham pouco conhecimento sobre os diversos contraceptivos,
sendo a camisinha masculina o único método citado por todos os
grupos. A partir disso, explicou-se sobre os métodos disponíveis
aos adolescentes, tirando suas dúvidas e os convidando para uma
consulta de enfermagem, visando o melhor atendimento individual.
Logo após, deu-se continuidade com o segundo subtema, “o
bebê ovo”. Foi oferecido um ovo carimbado aos alunos que tivessem

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1172 ANAIS X SIMPAC

interesse em participar da atividade; eles deveriam cuidar do ovo


como se fosse seu bebê por uma semana, além disso, foi avisado aos
participantes que todos entrariam para o sorteio de brindes, sendo
esta uma estratégia para aumentar a adesão dos alunos. Junto com
o ovo foi entregue uma carta aos pais explicando sobre a atividade e
pedindo para que eles supervisionassem o cuidado do ovo bebê por
uma semana.
Na semana seguinte, das seis dúzias e meia de ovos
distribuídos, foram recolhidos apenas uma dúzia e meia de bebês
ovos. Neste momento, realizou-se perguntas sobre a experiência
do cuidado, pois a maioria teve dificuldade de manter o ovo sem
quebrar, aproveitando para estimular a fazerem uma reflexão para
a realidade. E a maioria dos alunos relataram o quanto deve ser
trabalhoso cuidar de um bebê.
Finalizando com a última atividade, chamada de “quanto
custa um bebê”, cada grupo recebeu um catálogo diferente de
produtos para bebês e todos deveriam calcular os gastos que um
filho trás no primeiro ano de vida. Na lousa foi somado todos os
gastos, tendo como resultando um valor exorbitante. Ao perceberem
o quanto é caro ter um filho, realizou-se uma discussão em que todos
os alunos relataram não ter condições de criar um filho no momento
que se encontravam. Ao término das atividades, ocorreu o sorteio
de brindes.
Diante as práticas realizadas, os adolescentes obtiveram
a oportunidade de reconhecerem a responsabilidade de criar um
filho. E, portanto, fica evidente que o uso de diferentes didáticas
propiciam melhor entendimento, além de estimular a interação e
expressão de suas opiniões (BOAVENTURA; TRIVELATO, 2006).

Conclusões

Evidenciou-se que a prática vivenciada, utilizando-se de


metodologias dinâmicas de forma participativa, auxiliou os
adolescentes na aproximação de sua realidade, de forma a conseguir
sensibiliza-los a praticar o que foi aprendido, sendo percebido que
foi eficaz a conscientização de uma gravidez planejada, e o cuidado

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ANAIS X SIMPAC 1173

consigo, por parte dos alunos.

Referências Bibliográficas

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Ministério da Saúde, Ministério da Educação. 68 p. Brasília – DF
2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde na Escola. Cadernos de


atenção básica. Serie B Textos básicos de saúde. n. 24. Brasília.
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BOAVENTURA, O.O.; TRIVELATO, S.L.F. Prática docente: o que


pensam os professores de ciências biológicas em formação. Rev.
Teias, Rio de Janeiro. Vol. 7, p.13-14. 2006

CAVALI, R.; DUARTE, G. Gravidez na adolescência. IN: REIS,


R.M.; JUNQUEIRA, F.R.; ROSA-E-SILVA, A.C.; Ginecologia da
infância e adolescência. Porto Alegre: Artmed, p. 353-360. 2012.

MENDES, A.M. Plano de ação para redução dos índices de


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Estratégia Saúde da Família 01 do Município de Marcolândia
– Piauí. São Luís, 2016. 27p. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-
Graduação em Atenção Básica em Saúde) - Curso de Especialização
em Atenção Básica em Saúde - PROGRAMA MAIS MÉDICOS,
Universidade Federal do Maranhão, UNASUS, 2016.

SANTOS, I.M.M.; SILVA, L.R. Estou grávida, sou adolescente


e agora? – Relato de experiência na consulta de enfermagem. In:
RAMOS, F.R.S.; MONTICELI M.; NITSCHKE, R.G., organizadoras.
Projeto Acolher: um encontro de enfermagem com o
adolescente brasileiro. Brasília: ABEn/Governo Federal; p.176-
82; 2000. Acesso em: 09/03/2018. Disponível em: http://biblioteca.
cofen.gov.br/wp-content/uploads/2015/08/Um-encontroda-
enfermagem-como-o-adolescente-brasileiro.pdf#page=178.

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1174 ANAIS X SIMPAC

RETENÇÃO DAS MEMBRANAS FETAIS EM ÉGUA DA


RAÇA PÔNEI: RELATO DE CASO

Rafaela Teixeira Magalhães1, Bruna Teodoro de Souza2, Paulo


Henrique Neves3, Carolina Silveira Fontes4, Jose Dantas Ribeiro
Filho5, Marcel Ferrreira Bastos Avanza6

Resumo: A retenção placentária em éguas é caracterizada pela


falha na expulsão de parte ou da totalidade das membranas fetais
em até 3 horas após o parto, podendo gerar alterações significativas
ao organismo animal. Portanto, deve ser tratada de forma adequada
e precocemente. Uma égua da raça pônei foi atendida no Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Viçosa no dia 21 de março
de 2018. O proprietário relatou que o animal havia parido na
manhã do dia anterior e havia observado parte da placenta ainda
retida. Informou também que, desde o parto, a égua apresentava-se
apática, ficando deitada na maior parte do tempo e esforçava-se para
eliminação dos restos placentários. Constatou-se, mediante exame
físico, uma pequena porção da placenta retida no exterior da vulva,
além de mucosas hipercoradas, aumento da frequência cardíaca e
desidratação leve. Os exames laboratoriais também apresentaram
alterações relevantes. O tratamento consistiu na palpação
intrauterina e remoção manual do restante dos anexos fetais
presentes no útero, assim como lavados uterinos, administração
de ocitocina, antimicrobianos, anti-inflamatórios, crioterapia e
1
Graduanda em Medicina Veterinária - Universidade Federal de Viçosa. e-mail: rafaella.tm.ls@gmail.
com
2
Graduanda em Medicina Veterinária– Universidade Federal de Viçosa. e-mail: bruna_teodoro14@
hotmail.com
3
Graduando em Medicina Veterinária - Universidade Federal de Viçosa. e-mail: paulohqneves@gmail.
com
4
Graduanda em Medicina Veterinária - Universidade Federal de Viçosa. e-mail: carol.fontes1996@gmail.
com
5
Professor Associado - Universidade Federal de Viçosa. e-mail: dantas@ufv.br
6
Professor Adjunto - Universidade Federal de Viçosa. e-mail: marcel.avanza@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 1175

hidratação. Como os lavados uterinos, os exames laboratoriais e o


exame físico normalizaram-se, a paciente recebeu alta no dia 03 de
abril.

Palavras–chave: Equino, metrite, placenta, reprodução

Introdução

A gestação na égua dura em média 336 dias, o parto é


considerado rápido, ocorrendo normalmente à expulsão do feto e
dos anexos entre 30 minutos até 3 horas após o parto de acordo
com SMITH (2006), podendo este valor divergir, chegando até 6
a 12 horas dependendo do autor (REED & BAYLY, 2000; SILVA,
2008). A placenta equina é classificada como epieliocorial, difusa e
microcotiledonária.

A retenção das membranas fetais é representada pela falha na


expulsão de parte ou de toda a placenta dentro dos limites de tempo
fisiológicos (SMITH, 2006). A incidência desta patologia em equinos
é muito menor quando comparada com bovinos, e geralmente é
maior em animais de maior peso corporal.

O mecanismo pelo qual ocorre a retenção ainda não esta muito


bem esclarecido. Segundo JACKSON (2006) existe três principais
fatores envolvidos na causa: esforços insuficientes do endométrio na
expulsão; falha da placenta em se separar do endométrio e obstrução
mecânica. Dentre as causas estão: partos distócico e/ou prematuro,
cesáreas, infecções uterinas, gemelaridade, gestação prolongada,
idade da égua, deficiência de vitaminas e minerais, abortos,
natimortos, entre outros. De acordo com SILVA (2008), existe uma
relação direta entre as concentrações plasmáticas de ocitocina e a
retenção placentária, ou seja, quanto menor os níveis séricos desse
hormônio logo após o parto, maior a chance de o animal desenvolver
a enfermidade.

Em éguas, a patologia em questão apresenta muita importância,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1176 ANAIS X SIMPAC

pois, podem evoluir para quadros graves, trazendo grandes


conseqüências para o animal e também prejuízos econômicos. Entre
as principais complicações estão a metrite, laminite,endotoxemia e,
em alguns casos, pode levar o animal ao óbito.

Dentre os sinais clínicos estão inclusos a própria placenta


exteriorizada, embora em alguns casos as membranas não se
projetem para fora da vulva, dificultando a percepção.

A fim de se fazer um diagnóstico efetivo, deve-se avaliar


se as membranas fetais estão íntegras e completas após serem
expulsas, sendo que essas não podem apresentar descontinuidade
do tecido, lacerações, escoriações e nenhuma outra alteração. Caso
seja encontrada alguma alteração nas membranas, a palpação
intrauterina asséptica pode ser realizada, com a finalidade de
avaliar a área e extensão da retenção, assim como a palpação retal
para avaliar a involução uterina (SMITH, 2006). O objetivo deste
relato é descrever o caso de um animal com retenção placentária, em
que se obtiveram bons resultados no tratamento clínico realizado.

Material e Métodos

Uma égua da raça pônei, de três anos, com aproximadamente


160 kg foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Viçosa no dia 21 de Março de 2018, o proprietário relatou que o
animal havia parido na manhã do dia anterior e que um vizinho
observou os anexos pendurados, sendo que este retirou e cortou
parte deles. Relatou também que animal estava mais apático, ficando
deitado com maior frequência e com esforços para eliminação dos
restos placentários.

No exame físico foram observadas mucosas hipercoradas,


aumento da frequência cardíaca, desidratação leve, presença de
pulso digital discreto nos 4 membros, além de uma pequena porção
da placenta retida no exterior da vulva. No hemograma foi observado

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1177

leucopenia, presença de bastonetes, basofilia citoplasmática em


neutrófilos e aumento no valor do fibrinogênio.

O tratamento se iniciou com a hidratação do animal, utilizando


soro Ringer lactato (38 litros) por via intravenosa, crioterapia
preventiva, em que os cascos ficaram totalmente submersos na água
e gelo por 48 horas, antibacterianos: Ceftiofur 2,2 mg/kg, BID, IM, por
8 dias; Gentamicina 6,6 mg/Kg, SID, IV, por 8 dias e Metronidazol 15
mg/kg, BID, VO, por 5 dias; anti-inflamatório: Flunixim meglumine
0,25mg/kg, QID, IV, por 5 dias. Ocitocina, 5000 UI, SID, IM por 7
dias e E.C.P.® (Cipionato de Estradiol), 1 aplicação de 2 mL, IM.
Também foi realizada a palpação intrauterina e remoção manual
do restante dos anexos fetais presentes no útero, onde também foi
observada secreção purulenta e odor fétido sugestivo de metrite.
Logo em seguida se iniciou lavados uterinos, utilizando soro Ringer
lactato aquecido, inicialmente duas vezes ao dia e a partir do 3º dia,
apenas uma vez por mais 5 dias, e por fim em dias alternados, sendo
estas feitas até o último conteúdo voltar sem turvação.

Resultados e Discussão

De acordo com SILVA (2008), nos casos de retenção placentária,


os objetivos do tratamento, são a prevenção das frequentes
complicações secundárias, e também evitar perdas econômicas, nos
casos em que se pretende que o animal retorne à vida reprodutiva.

Esse mesmo autor ainda diz que, a terapia com antibacterianos


e anti-inflamatórios, como o Flunixim meglumine, que possui
um efeito anti-endotoxêmico, é indicado para a prevenção da
endotoxemia e laminite. São também administrados para diminuir
os distúrbios circulatórios devido ao processo de inflamação, e os
antibacterianos para controlar a quantidade de microorganismos
presente no útero, oriundos da contaminação no pós-parto.

A crioterapia por 48 horas foi realizada, com o intuito de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1178 ANAIS X SIMPAC

prevenir a inflamação das lâminas do casco, tendo em vista o seu


efeito nessas circunstâncias, que de acordo com BUSCH (2009),
promove ação vasoconstritora, hipometabólica, diminuindo a atividade
de colagenases, citocinas pró-inflamatórias e outras enzimas,
reduzindo as lesões nos dígitos. Sendo então, uma medida útil
para evitar a laminite em fase de desenvolvimento, principalmente
quando associada ao uso de anti-inflamatórios.

A palpação intrauterina foi realizada, utilizando uma luva


apropriada e com o intuito de verificar o grau e extensão da retenção
placentária. Durante o procedimento, foi feita retirada manual do
restante das membranas presentes no útero, método que, de acordo
com JACKSON (2006) é recomendado após 12 horas do nascimento
do potro, se estas ainda estiverem retidas. Foi observada a presença
de um conteúdo purulento e malcheiroso, em que, associado ao
exame laboratorial e físico do animal, constatou-se a metrite.

Diante deste quadro, a aplicação da Ocitocina, assim como a


realização de lavados uterinos é sugerida por vários autores (SILVA,
2008; REED & BAYLY, 2000; PRESTES & ALVARENGA, 2006),
tendo como finalidade aumentar a contração uterina, para que as
partes das membranas ainda retidas sejam eliminadas, uma vez
que a presença dessas frações favorece o crescimento e a proliferação
de microorganismos, incluindo bactérias patogênicas que podem
levar a um quadro ainda mais grave de metrite séptica. Os lavados
diários têm a finalidade de reduzir contaminações e favorecer a
limpeza do órgão em questão, evitando maior predisposição para
desenvolvimento de microorganismos. Sendo utilizado com esse
objetivo o soro Ringer lactato aquecido (37ºC). A quantidade de litros
usados em cada procedimento foi em média 5 litros (com exceção do
1º dia em que foi utilizado 8 litros do Ringer), sendo 1 litro por vez,
até o momento em que o último lavado não se apresentasse turvo.

Considerações Finais

A retenção placentária deve ser diagnosticada e tratada o


mais rápido possível, a fim de minimizar as frequentes complicações

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1179

secundárias, tendo em vista que, sua ocorrência na espécie equina


pode trazer grandes consequências para o animal. O protocolo
terapêutico utilizado se mostrou eficiente no caso em questão,
após 13 dias de tratamento. A combinação de anti-inflamatórios,
antibacterianos e crioterapia foi eficaz na prevenção da laminite
e da endotoxemia. Além disso, a terapia hormonal associada aos
lavados uterinos diários apresentou resultados satisfatórios, pois
não permaneceu resquício no útero, e após 11 lavados o conteúdo
recuperado já se apresentava límpido. Dessa forma, embora esta
seja uma patologia considerada grave em éguas, se tratada de forma
correta e precoce,o resultado será satisfatório.

Referências Bibliográficas

BUSCH, L. Atualidades no tratamento da laminite em equinos.


Trabalho de conclusão de curso de graduação (medicina veterinária,
Área de concentração: cirurgia de grandes animais). Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, campus Botucatu, Universidade
Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Botucatu. P.11-14,
2009.
JACKSON, P.G.G. Obstetrícia veterinária. 2ed. São Paulo: Roca,
p. 280-285, 2006
PRESTES, N.C; ALVARENGA, F.C.L. Obstetrícia veterinária.
Rio de Janeiro: Guanabara, p. 123-125, 2006.
REED, S.M; BAYLY, W.M. Medicina interna equina. Rio de
Janeiro: Guanabara Kooganp, p. 671-673 , 2000.
SILVA, G.M.T.A. Retenção placentária na égua. Universidade
Técnica de Lisboa, p. 12-32, 2008.
SMITH, B.P. Medicina interna de grandes animais. 3ed.
Barueri, São Paulo: Manole, p. 227; 1303, 2006.

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1180 ANAIS X SIMPAC

PERFIL NUTRICIONAL E PERCEPÇÃO CORPORAL DE


FREQUENTADORES DE ACADEMIAS DO MUNICÍPIO DE
VIÇOSA - MG

Ariana Mussulin Benedito1, Daniel Danilo Antunes Marques2,


Raquel Duarte Moreira Alves3

Resumo: O enfoque dado pela mídia em mostrar corpos atraentes


leva à valorização da aparência física idealizada, com aumento de
músculos, estando sujeito a perder o ideal de corpo saudável e à
insatisfação com a imagem corporal. O objetivo deste estudo foi
identificar o perfil nutricional e percepção corporal de frequentadores
de academias de Viçosa – MG. Trata-se de um estudo transversal
descritivo com desportistas que frequentavam academias. A amostra
se deu por conveniência em duas academias da cidade e incluiu
homens e mulheres com idade entre 19 e 60 anos. Aferiu-se o peso,
estatura e a composição corporal por meio de dobras cutâneas, além
de ter sido aplicado um questionário para avaliar a autopercepção
corporal. A análise estatística foi realizada adotando-se significância
de 5%. Foram incluídos 21 homens e 24 mulheres com idade média
de 30,7 ± 9,8 anos. O percentual de gordura médio foi de 20 ± 0,07
%, sendo o das mulheres mais altos (24 ± 0,06 %) do que dos homens
(17 ± 3,2 %) (p<0,05). Ainda, 69% (n=31) apresentavam-se eutróficos
segundo o IMC, porém verificou-se que houve distorção da auto-
imagem corporal tanto em mulheres quanto nos homens. Conclui-
se que um grande número de indivíduos está insatisfeito com seu
corpo e apresentam percepção corporal diferente de sua realidade.

Palavras–chave: Atividade física, composição corporal,


desportistas, imagem corporal, musculação.

1
Graduanda em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: arianamussulin@gmaill.com;
2
Graduando em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: danieldamarques@hotmail.com;
3
Orientadora do Curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: raqueldmalves@hotmail.com

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ANAIS X SIMPAC 1181

Introdução

O início de um programa de atividade física tem como um


dos principais motivos a insatisfação com o próprio corpo ou com a
imagem que se tem dele (DAMASCENO et al, 2005). O enfoque dado
pela mídia em mostrar corpos atraentes leva a sociedade à valorização
da aparência física idealizada, com aumento de músculos levando
à descaracterização do que é um corpo saudável. Os treinamentos
de força tornam-se atraentes aos indivíduos já que são um meio
eficaz de aumento de massa muscular (WILLIAMS, 2002). Assim, o
objetivo deste estudo foi identificar o perfil nutricional e percepção
corporal de frequentadores de academias de Viçosa – MG.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo transversal descritivo realizado com


desportistas que frequentavam duas academias de Viçosa, MG.
Todos os indivíduos matriculados foram convidados a participar
do estudo, quando chegavam ou saiam de seus treinos. Assim, a
amostra do estudo se deu por conveniência sendo constituída por
homens e mulheres adultos, sem distinção de tipo de atividade
realizada. Não foram incluídas gestantes e nutrizes.
Avaliou-se o peso, a estatura, índice de massa corporal (IMC)
e o percentual de gordura corporal (%GC) por meio da avaliação
de dobras cutâneas com o uso de adipômetro de marca Lange. O
%GC foi classificado de muito ruim a excelente de acordo com
Pollock e Wilmore (1993). Os perímetros da cintura e do quadril
foram aferidos e o risco metabólico foi classificado seguindo critérios
da OMS (2005). Foi aplicado um questionário contendo questões
relacionadas ao gênero, idade, tempo em que fazem exercício físico
em academia, tipo e frequência semanal dos exercícios físicos
executados, motivos que levam à prática de exercício físico, objetivos
quanto ao peso gordura corporal. O mesmo também continha
perguntas com base nos cartões de imagem da escala de silhuetas
de Kakeshita e Almeida (2006) para avaliar a auto percepção da
imagem corporal. A satisfação corporal, obtida pela diferença entre

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1182 ANAIS X SIMPAC

as figuras escolhidas (desejada – atual), em que “0” expressa a


condição de satisfação, ao passo que a diferença de duas ou mais
silhuetas indicou insatisfação. O protocolo do estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos Sylvio
Miguel. (2.193.782/2017-1) e os participantes assinaram o Temo
de Consentimento. A análise estatística foi realizada adotando-se
significância de 5% utilizando-se o Teste T de Student e ANOVA, ou
seus respectivos testes não paramétricos.

Resultados e Discussão

A amostra do estudo foi composta por 45 voluntários com


idade entre 21 e 59 anos, sendo 21 do sexo masculino e 24 do sexo
feminino, sem diferença entre os gêneros (p>0,05). Dos indivíduos,
73,3% (n= 33) já praticavam exercício a mais de um ano, sendo que
40% (n=18) deles treinavam por mais de 5 anos e 33,3% (n=15)
entre 1 e 5 anos. Apenas 15,6% (n=7) praticavam exercício por
tempo inferior um ano e superior a 6 meses, e 11,1% (n=5) menos
de 6 meses. A frequência da prática de exercício de 69% (n= 31)
dos participantes era de 3 a 5 vezes por semana, enquanto 15,5%
(n=7) treinava 6 vezes por semana e 15,5% (n=7) de 1 a 3 vezes por
semana.
Quanto ao tipo de atividade física praticada, 55,5% (n=25)
faziam apenas uma atividade, 44,5% (n=20) praticam duas ou mais
atividades. Sendo que 97,7% (n=44) praticavam musculação, 40%
(n= 18) faziam ginástica com característica aeróbica e 8,8% (n= 4)
praticavam corrida. Verificou-se que o principal objetivo da prática
do exercício de um terço da amostra (n=15) era emagrecimento e
a minoria (17,7%; n=8) objetivava a manutenção da boa saúde. A
preocupação com a massa muscular também foi uns dos principais
objetivos dos entrevistados, sendo que 26,6% (n=12) pretendiam
obter definição muscular e 22,2% (n=10) aumento de massa
muscular.
Cerca de 70% dos participantes (n=31) apresentavam-
se eutróficos segundo IMC, 26,6%(n=12) sobrepeso, 2,2% (n=1)
obesidade I e 2,2% (n=1) obesidade II. A proporção de homens (45,5%;

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1183

n=10) com excesso de peso foi superior à de mulheres (16,7 %; n=4).


As características dos voluntários estão dispostas na Tabela 1.

Tabela 1: Perfil dos participantes do estudo, por sexo


T o d o s Masculino Feminino (n=
P
(n=45) (n=21) 24)
Idade (anos) 30,7 ± 9,8 30,7 ± 10,6 30,7 ± 10,3 0,998
Peso (kg) 68,6 ± 14,5 79,5 ± 7,1 59,0 ± 6,3 <0,001
Altura (m) 1,68 ± 0,1 1,77 ± 0,05 1,59 ± 0,06 <0,001
IMC (kg/m2) 23,9 ± 3,2 24,9 ± 0,06 23,1 ± 2,1 0,043
Gordura (%) 20,6± 0,07 17 ± 3,2 24,0 ± 0,06 <0,001
Gordura (Kg) 14,1 ± 5,8 13,9 ± 7,6 14,2 ± 3,8 0,381
Massa Magra <0,001
29,7 ± 6,8 35,3 ± 5,1 24,6 ± 2,9
(kg)
Cintura (cm) 77,6 ± 11,1 85,2 ± 10,6 71,0 ± 6,3 <0,001
Quadril (cm) 98,6 ± 6,9 100,0 ± 7,1 97,3 ± 6,7 0,183
C i n t u r a : <0,001
0,78 ± 0,08 0,85 ± 0,05 0,73 ± 0,06
Quadril
IMC: índice de massa corporal. Dados em média ± desvio padrão.
Valor de P relativo ao teste Mann-Whitney.

Verificou-se que a média do percentual de gordura de todos


os indivíduos participantes do estudo foi de 20 ± 0,07 %, sendo que as
mulheres apresentaram valores significativamente mais altos (24 ±
0,06 %) do que dos homens (17 ± 3,2 %) (p<0,05), o que segundo a
classificação indica acima da média para ambos os gêneros (Figura
1). Os resultados do estudo com desportistas de Grossi et al (2010)
corroboram o presente estudo por encontrar um percentual de
gordura significativamente menor em homens (16,9 ± 5,3 %) do que
em mulheres (24,7 ± 6,6%).
A média do perímetro da cintura (PC) das mulheres foi
significativamente menor (71 ± 6,3 cm) do que dos homens (85,2
± 10,6 cm), conforme esperado. Os resultados do presente estudo
corroboram de Grossi et al (2010) cujos homens apresentaram PC
médio de 86,6 ± 8,2 cm e as mulheres de 70,4 ± 7,3 cm. Quanto ao risco
de complicações metabólicas associadas ao excesso de gordura na
região abdominal, avaliado pela PC, a maior parte dos desportistas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1184 ANAIS X SIMPAC

do presente estudo apresentavam baixo risco. Verificou-se que 12,5


% (n=3) das mulheres e 19 % (n=4) dos homens apresentaram risco
aumentado para complicações metabólicas.
Os participantes foram avaliados quanto a percepção de
sua imagem corporal e verificou-se que 41,7% (n=10) das mulheres
e 42,9% (n=9) dos homens apresentavam insatisfação com a sua
imagem corporal, escolhendo como ideal para si mesmo uma figura
que correspondia, em média, ao IMC de 22,9 kg/m² para mulheres e
de 24,5 kg/m² para homens. Cabe ressaltar que as mulheres se viam
com um IMC médio de 28,3 kg/m² quando na realidade a média
aferida de IMC era de 23,1 kg/m², ao passo que para os homens se
viam como apresentando IMC de 26,4 kg/m² quando a média do IMC
aferido foi de 24,9 kg/m², o que reafirma uma distorção de imagem
corporal. Segundo Reis (2016), a prevalência de insatisfação com a
imagem do próprio corpo é grande, as pessoas se veem de uma forma
sendo que não são, tonando um fator de risco para desenvolvimento
de transtornos dimorficos, além disso, indica uma possível percepção
alterada de imagem e um desejo motivado pela mídia.
100% 4,2%; n=1
90% 19%; n=4
25%; n=6
80%
70%
28,6%; n=6;
60%
50% 41,6%; n=10
40% 19%; n=4

30%
19%; n=4
20%
25%; n=6
10%
14,4%; n=3
0% 4,2%; n=1
Homens Mulheres

excelente Muito Bom Bom Razoável Ruim

Figura 1: Adequação do percentual de gordura corporal, segundo


critérios de Pollock e Wilmore (1993)

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1185

Considerações Finais

Conclui-se que um grande número de indivíduos, embora


apresentem-se eutróficos segundo o IMC, estão com elevado
percentual de gordura corporal. Grande parte dos desportistas estão
insatisfeitos com seu corpo e com uma percepção corporal diferente
de sua realidade.

Referências Bibliográficas

DAMASCENO V.O, LIMA J.R.P, VIANNA J.M, VIANNA V.R.A,


NOVAES J.S. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal
de praticantes de caminhada. Rev Bras Med Esporte. v 11. n 3.
2005

GROSSL, T; AUGUSTEMAK L; KARASIAK, F. Relação entre


a gordura corporal e indicadores antropométricos em adultos
frequentadores de academia. Motricidade, v. 6, n. 2, 2010

KAKESHITA, I; ALMEIDA; D.Relação entre índice de massa


corporal e a percepção da autoimagem em universitários. Revistade
Saúde Pública, Ribeirão Preto, v. 40, n. 3, p. 497-504, 2006

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE.. Dieta, nutrição


e prevenção de doenças crônicas. OMS séries relatório
técnico, n. 916, p. 1-60, 2005.

POLLOCK, M; WILMORE, J. Exercícios na saúde e na doença:


avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação.Medsi
Rio de Janeiro 1993. 734p. 1993.
REIS, S F. Indícios de vigorexia entre adultos praticantes de
musculação de duas academias da cidade de Campina Grande–PB.
Monografia – Universidade Federal da Paraíba, 2016.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1186 ANAIS X SIMPAC

WILLIAMS MH. Nutrição: para saúde, condicionamento


físico e desempenho esportivo. 5.ed. São Paulo: Ed. Manole,
2002.

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ANAIS X SIMPAC 1187

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO LEITE FERMENTADO


DE KEFIR PRODUZIDO DE MANEIRA ARTESANAL EM
VIÇOSA

Rayssa Gomes Alves1, Viviane Gomes Lelis2, Adriano França da


Cunha3, Flavia Xavier Valente4

Resumo: O Kefir é um leite fermentado que possui dupla


fermentação, sendo alcóolica e lática, sua preparação resulta em uma
série de características físico-químicas, sensoriais e microbiológicas.
Devido à importância e ao valor nutricional do mesmo, objetivou-se
com este estudo analisar o Kefir em sua composição físico-química.
Os resultados de pH, umidade, cinzas, proteína e carboidratos foram
semelhantes aos relatadas na literatura, porém houve dispersão no
teor de lipídeos, em que as amostras 1 e 4 obtiveram resultados
mais baixos aos observados por outros pesquisadores, o que pode
ser explicado pelo tipo de leite utilizado. Já na análise de acidez as
amostras 4 e 5 ficaram fora da legislação que indica que o aceitável
seria 1g/ 100ml de ácido lático. As características físico-químicas
sofrem alterações de acordo com o modo e o tempo de fermentação,
bem como o tipo de leite utilizado no preparo.

Palavras–chave: Leite, Fermentação, Composição centesimal,


Probiótico

Introdução

O kefir é uma bebida refrescante e estima-se que a origem


dessa bebida date a mais de 2000 a. C. nas montanhas do Cáucaso,
na Rússia, entre o Mar Negro e o Mar Cáspio. A palavra Kefir é de

1
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: rays-salves@hotmail.com
2
Professora – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: vivianegomeslelis@gmail.com
3
Professor – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianofcunha@hotmail.com
4
Professora – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: flaviaxavier@univicosa.com.br

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1188 ANAIS X SIMPAC

origem turca e deriva-se de keif, que quer dizer bem-estar (CABRAL,


2014). Kefir pode ser definido como um leite fermentado a partir
de leite pasteurizado ou esterilizado, ligeiramente efervescente
e espumoso, que diferencia do iogurte por ser menos denso e por
incluir, além de ácido láctico, álcool e gás carbônico (SANTA et al.,
2008)
Segundo Borges e Costa (2015), kefir é uma associação
simbiótica de leveduras, bactérias e ácidos láticos que possuem
a sua volta uma matriz polissacarídica, denominado kefiran. Os
grãos de kefir possuem tamanhos entre 0,5 a 3,5 cm e volume de
0,5 a 2 ml, esses apresentam forma irregular, coloração amarela
ou esbranquiçada. Por meio de sua microbiota natural, o leite é
fermentado, ligeiramente efervescente e espumante.
Os grãos de kefir são aptos a fermentar diferentes alimentos,
como leite de cabra, vaca, búfala, ovelha, açúcar mascavo, extrato de
soja, suco de frutas. Tanto o kefir de água quanto o de leite possuem
a composição microbiana similar em seus produtos. Os grânulos
são ocres quando cultivados em açúcar mascavo e amarelos claros
quando cultivados em leite (SANTOS, 2015).
No cenário internacional há a produção de kefir em nível
industrial, grande parte das indústrias utilizam somente algumas
amostras bacterianas isoladas dos grãos, à medida que muitas
propriedades naturais identificadas na bebida fermentada provinda
da fermentação com os grãos, não são detectados nos produtos
comerciais. Apesar de não ser industrializado no Brasil, o kefir vêm
atraindo apreciadores em todo o país. Sua manipulação artesanal
gera um produto com uma gama de características físico-químicas,
sensoriais e microbiológicas, essas diferenças são devidas ao tipo de
leite utilizado, tempo dos grãos, tempo de fermentação entre outras
características (WESCHENFELDER, 2009).

Devido à importância do valor nutricional, objetivou-se com


este estudo analisar o Kefir através da composição físico-química do
leite fermentado de kefir provinda de formulações caseiras da cidade
de Viçosa. Avaliando as propriedades de acidez, pH, proteínas,
lipídeos, cinzas, umidade e carboidrato por diferença.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1189

Material e Métodos

Para realização do experimento foram coletadas cinco


amostras de kefir nas propriedades dos consumidores em Viçosa
– MG. Essas foram obtidas por produção caseira realizada pelos
próprios consumidores. As amostras foram encaminhadas para o
Laboratório de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia de
Viçosa (FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA), mantidas sob refrigeração até
serem realizadas todas as análises.
As amostras foram numeradas como amostra 1, 2, 3, 4 e 5. As
análises físico-químicas foram repetidas e realizadas em triplicata.
As análises de acidez titulável, resíduo mineral fixo (cinzas)
e pH, foram realizadas segundo as normas analíticas do Instituto
Adolfo Lutz (1985). A análise de proteína foi realizada pelo método
de Kjeldhal e os carboidratos foram obtidos por diferença, as análises
seguiram a metodologia descrita pela Instrução Normativa Nº 68
(BRASIL, 2006).

Tabela 3 - Resultados da composição centesimal


Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5

Umidade 89,83 ± 1,69 88,18 ± 0,65 88,69 ± 0,50 89,51 ± 0,70 90,68 ± 0,84

Proteína 2,47 ± 0,07 2,22 ± 0,55 2,46 ± 0,08 2,75 ± 0,10 2,10 ± 0,12

Lipídeo 1,73 ± 0,95 2,23 ± 0,26 2,90 ± 0,06 1,63 ± 1,68 2,65 ± 0,62

Cinza 0,64 ± 0,12 0,62 ± 0,04 0,62 ±0,03 0,68 ± 0,04 0,51 ± 0,03
Carboidratos
5,33 ± 0,75 6,81 ± 0,91 4,90 ± 0,49 5,43 ± 0,89 4,06 ± 0,15
Totais

Resultados e Discussão

A composição química do kefir varia conforme o tipo e origem


do leite utilizado para ativação do grão, duração e condição do
processo de fermentação e manutenção dos grãos (MARCHI, 2015).
Na tabela 3, podem ser observados os resultados das análises
físico-químicas de umidade, lipídios, proteínas e cinzas obtidas
pela média de duas repetições em triplicata, que caracterizam a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1190 ANAIS X SIMPAC

composição centesimal das amostras de kefir provindas de diferentes


produções caseiras em Viçosa.
Os valores do teor de umidade das cinco amostras analisadas
foram bem próximos observando valor médio de 89,39%. Os
resultados estão de acordo com Otles e Cagindi (2003) que
encontraram 87,5% e com Cabral (2014) que obteve teor de umidade
de 88,5% para o kefir.
O teor de proteínas das amostras de kefir encontra-se em um
patamar inferior ao limite mínimo de 2,9 g/100g estabelecido pela
legislação de leites fermentados (BRASIL, 2007). Os resultados
obtidos foram similares com valores entre 2,10 e 2,75 g/100g esse
valor se assemelha ao encontrado por Carneiro (2010), que foi de
2,77 g/100g.
Em relação aos resultados do teor de lipídeos as amostras
diferiram. As amostras 1 e 4 obtiveram valores mais baixos sendo
1,73 g/100g e 1,63 g/100g em relação as outras amostras analisadas
que obtiveram 2,23, 2,65 e 2,9 g/100g. Esse resultado pode ser
explicado devido ao fato do consumidor ter usado leite integral,
desnatado ou semidesnatado no dia da coleta, como foram coletadas
amostras em dois dias diferentes pode ter havido uma combinação
de diferentes tipos de leites nos dois dias, visto que o resultado foi
uma média das duas repetições.
Embora não exista na legislação recomendações do teor de
cinzas para leites fermentados, a média obtida para as amostras
analisadas foi de 0,61% que é similar ao encontrado no estudo de
Carneiro (2010), no qual obteve um teor de resíduo mineral fixo
igual a 0,72% para o kefir.
Os valores de pH dispostos na Tabela 4 variaram de 3,02 a
4,08, essas foram conforme Garrote et al. (1998) apud Cabral (2014)
o aumento da concentração dos grãos de kefir acarreta tanto a
diminuição do valor do pH quanto o aumento da acidez devido à
formação de ácido láctico. Isso pôde ser verificado no momento da
coleta das amostras 4 e 5 onde haviam uma quantidade excessiva de
grãos para fermentarem o leite, acarretando o aumento da acidez.
Os valores do presente estudo se aproximam dos encontrados na
pesquisa desenvolvida por Weschenfelder et al. (2011).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1191

Tabela 4 - Resultados de pH e acidez nas amostras


analisadas
Amostra1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5
Acidez 0,99 ± 0,08 0,76 ± 0,02 0,89 ± 0,20 1,21 ± 0,48 1,76 ± 0,21
pH 4,02 ± 0,45 4,08 ± 0,32 3,74 ± 0,17 3,77 ± 0,77 3,02 ± 0,45

Em relação à análise de acidez do kefir, os resultados


encontrados no presente estudo ficaram entre 0,76 e 1,76 g de ácido
lático/ 100ml (Tabela 4). De acordo com a Legislação Brasileira de
Leites Fermentados Brasil (2007), esse valor deve ser inferior a 1,0 g
de ácido lático/ 100ml. Nesta pesquisa, as amostras 4 e 5 obtiveram
valores superiores ao máximo exigido, pois esse resultado pode ser
explicado devido ao excesso da concentração de grãos no leite que
provocam redução do pH. Em conformidade com Cabral (2014), isso
ocorre devido ao processo de fermentação realizado pelas bactérias
ácido-láticas que metabolizam a lactose formando moléculas de
ácido láctico, conferindo acidez característica do produto.

Conclusões

O Kefir demostrou ser uma opção alimentar que pode beneficiar


a saúde, porém é necessário cuidado ao manusear, multiplicar
e ingerí-lo. A maioria dos kefirs analisados ficaram dentro dos
parâmetros da legislação. O não cumprimento pode ser em função
do modo e o tempo de fermentação, bem como o tipo de leite utilizado
no preparo, alterando assim suas características físico-químicas.

Agradecimentos

A UNIVIÇOSA pelo apoio a pesquisa e a bolsa de estudos.

Referências Bibliográficas

BORGES, P. P.; COSTA, E. R. Caracterização de Kefir quanto a


composição físico-química e microbiológica. Congresso Estadual

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1192 ANAIS X SIMPAC

de Iniciaçao Científica do IP goiano, Goiânia, IV, 1 - 2.

CABRAL, N. de S. M. Kefir Sabor Chocolate: Caracterização


Microbiológica E Físico-Química. 2014. 84 f. TCC (Graduação)
- Curso de Nutrição, Universidade Federal Fluminense, Niterói,
2014.

CARNEIRO, R. P. DESENVOLVIMENTO DE UMA CULTURA


INICIADORA PARA PRODUÇÃO DE KEFIR.2010. 143 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Fármacia, Ciência de Alimentos,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.

MARCHI, Luana de; PALEZI, Simone Canabarro; PIETTA,


Giordana Maria. CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO SENSORIAL
DO KEFIR TRADICIONAL E DERIVADOS. Unoesc & Ciência -
Acet, Joaçaba, p.15-22, jun. 2015. Edição Especial.

SANTOS, F. L. Leite Fermentado Kefir. In SANTOS, F. L. et al.


Kefir: propriedades funcionais e gastronômicas. Cruz das Almas:
UFRB, 2015. p. 13-24.

WECHENFELDER, S. Caracterização de Kefir tradicional


quanto à composição físico-química, sensorialidade e
atividade anti-Escherichia Coli. 2009. 72 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Departamento
de Tecnologia de Alimento, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2009.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1193

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO LEITE


FERMENTADO DE KEFIR PRODUZIDO DE MANEIRA
ARTESANAL EM VIÇOSA

Rayssa Gomes Alves1, Viviane Gomes Lelis2, Adriano França da


Cunha3, Flavia Xavier Valente4

Resumo: Kefir é um leite fermentado de dupla fermentação do leite


pelos grãos, estes grãos são uma associação de leveduras, bactérias
láticas e bactérias acéticas. Neste estudo avaliou-se diferentes leites
fermentados de kefir oriundos de cinco manipulações caseiras quanto
às características microbiológicas. As contagens de bactérias láticas
em kefir devem ser superiores a 107 UFC/mL isso pode ser verificado
em 4 das 5 amostras analisadas, somente uma amostra ficou abaixo
do exigido. Já a contagem de leveduras deve ser superior a 104 UFC/
mL e todas as amostras ficaram dentro do exigido pela legislação.
Os resultados das análises de coliformes indicaram que as amostras
apresentaram contaminação com bactérias do grupo coliformes
totais e nenhuma das amostras apresentaram contaminação por
coliformes termotolerantes indicando boas condições no preparo
do alimento. Sendo assim, é necessário maior cuidado no preparo
deste alimento para que o mesmo exerça suas funções probióticas de
maneira viável e seja obtido dentro dos padrões mínimos de higiene.

Palavras–chave: Bactérias láticas, Coliformes Termotolerantes,


Coliformes Totais, Leveduras, Microbiologia

Introdução

O kefir é um leite fermentado com dupla fermentação ao

1
Graduanda em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: rays-salves@hotmail.com
2
Professora – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: vivianegomeslelis@gmail.com
3
Professor – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianofcunha@hotmail.com
4
Professora – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: flaviaxavier@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1194 ANAIS X SIMPAC

mesmo tempo sendo alcoólica e lática. As bactérias láticas produzem


de 0,6 a 1% de ácido lático e as leveduras produzem de 0,5 a 1% de
álcool (CZAMANSKI, 2003).
No Brasil há referência ao kefir no Regulamento Técnico
de Identidade e Qualidade de Leites Fermentados que define
kefir como produto do qual sua fermentação é realizada por meio
de cultivos ácido-láticos pelos grãos de kefir, lactobacillus kefir,
leoconostoc, lactococcus e acetobacter com formação de etanol, ácido
lático e dióxido de carbono. Os grãos são compostos por leveduras
não fermentadoras de lactose (Saccharomyces omnisporus e
Saccharomyces Exigus) e leveduras fermentadoras de lactose
(Kluyveromyces Marxiannos, Lactobacillus casei, Bifidobacterium
sp. e Streptococcus salivarius subsp. thermophilus (BRASIL, 2007).
O fermentado dos grãos pode ser ingerido in natura ou com
outros alimentos, apesar de ser uma bebida comparada com o
iogurte, o kefir possui menor quantidade de ácido lático, e contém
também bactérias probióticas, o que beneficia a microbiota intestinal
controlando e destruindo as bactérias patógenas se diferenciando
desse modo do iogurte (ALMEIDA et al., 2011).
Sua composição microbiana é variável, dependendo da região
geográfica de origem, do tempo de uso dos grãos e do substrato
aplicado para multiplicação dos grãos (MACHIORI, 2007).
Hoje em dia, há exigência de melhoramento na área alimentícia
tendo em vista que o avanço está vinculado à qualidade de vida e
saúde. O aperfeiçoamento dos alimentos proporciona um continuo
desenvolvimento na expectativa de vida, tendo em conta que o kefir
pode entrar para a dieta das pessoas que buscam um estilo de vida
mais saudável (BORGES; COSTA, 2015). Dessa formal, objetivou-se
com este estudo analisar o Kefir através da composição microbiana
do leite fermentado de kefir provinda de formulações caseiras da
cidade de Viçosa. Avaliando seus aspectos microbiológicos como,
bactérias láticas, leveduras, coliformes totais e termotolerantes.

Material e Métodos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1195

Para realização do experimento foram coletadas cinco


amostras de kefir nas propriedades dos consumidores em Viçosa
– MG. Essas foram obtidas por produção caseira realizada pelos
próprios consumidores. As amostras foram encaminhadas para o
Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia
de Viçosa (FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA), mantidas sob refrigeração até
serem realizadas todas as análises.
As amostras foram numeradas como amostra 1, 2, 3, 4 e
5. As análises microbiológicas foram repetidas e realizadas em
triplicata.Para as análises microbiológicas utilizaram-se 25 g de
kefir, retirados assepticamente da amostra adicionados a 225 mL
de água peptonada a 0,1%. Após a amostra ser homogeneizada,
foram realizadas determinação de Salmonella spp. e do Número
Mais Provável (NMP) g-1 para coliformes totais e termotolerantes
(BRASIL, 2003). Outras análises foram realizadas seguindo a
metodologia descrita pelo APHA como: contagem de bolores e
leveduras e bactérias láticas, para tais análises realizaram-se
diluições decimais seguido de plaqueamento em triplicata.

Resultados e Discussão

Um microrganismo para ser considerado probiótico deve


atender a uma série de requisitos, sendo a viabilidade um dos
principais, para isso células devem estar presentes em concentrações
mínimas exigidas até o momento de consumo (MACEDO et al.,
2008).
De acordo com Irigoyen et al. (2005) a contagem de bactérias
láticas depende da porcentagem de grãos de kefir inoculados. Pode-
se concluir que com o aumento da concentração de grãos de kefir
ocorre o crescimento de micro-organismos que inibem a proliferação
das bactérias láticas.
Segundo a Instrução Normativa Nº46 para leites fermentados
o Kefir deve apresentar contagem mínima de bactérias láticas de 107
UFC/mL durante seu tempo de armazenamento (BRASIL, 2007).
Com base na tabela 1 os resultados das contagens de bactérias
láticas nas amostras de 1 a 4 foram similares aos encontrados na

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1196 ANAIS X SIMPAC

literatura e atendem as exigências da legislação. Cabral (2014)


obteve contagem de bactérias láticas em torno de 109 UFC/mL e
Montanuci (2010) encontrou cerca de 1011 bactérias láticas. Foi
verificado que a amostra 5 ficou fora dos parâmetros, esse fato pode
ser explicado devido a alta quantidade de grãos inoculados que
aumentam o número de micro-organismos que podem competir por
nutrientes ou produzir metabólitos que inibem o crescimento das
bactérias láticas.

Tabela 1 - Resultados das análises microbiológicas das


amostras de kefir
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5

Bactérias 1,16 x 10 9
1,64 x 10 10
2,15 x 10 10
1,58 x 10 10
< 107
Láticas
Leveduras >1,5 x 109 >1,5 x 109 5,8 x 107 2,43 x 108 2,67 x 107

Para as contagens de fungos e leveduras, segue-se a Instrução


Normativa Nº 62, na qual fica estabelecido que a contagem deve ser
feita em placas com 15 a 150 colônias. Obteve-se valores superiores
ao mínimo exigido na Instrução Normativa Nº 46 de 104 UFC/mL.
No presente estudo foi quantificado valores superiores a 107 UFC/
mL se assemelhando ao encontrado por Santa et. al (2008) que
verificaram valores na ordem de 107 UFC/mL.
Todas as amostras analisadas neste estudo obtiveram bons
resultados em relação à análise de coliformes termotolerantes,
apresentados na tabela 2 estando de acordo com o estabelecido
pela Instrução Normativa de Leites Fermentados Nº 46, na qual
se aceita índices de NMP menores que 10 UFC/ml (BRASIL, 2007).
Esse resultado indica que não houve contaminação fecal durante
a manipulação e preparo das amostras, podendo concluir que as
mesmas apresentam qualidade sanitária adequada.
Por meio dos resultados obtidos no presente trabalho,
observou-se crescimento de coliformes totais acima do desejável,
indicando possível contaminação. Os resultados apresentam níveis
de contaminação de acordo com a Instrução Normativa Nº46 de leites
fermentados, na qual é estabelecido limite máximo de 100 UFC/mL.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1197

Visto que as amostras são uma produção caseira os resultados entre


uma repetição e outra foram diferentes o que pode estar inferido
na manipulação do produto em determinado dia. Pode-se verificar
que a amostra 2 estava fora dos parâmetros nas duas análises, já
as amostras 3 e 5 ficaram dentro do exigido pela legislação nas
duas repetições. No estudo realizado por Santa et. al (2008), pode
ser verificado resultados de coliformes totais na ordem de 2,1 x 102
assemelhando-se ao presente estudo.

Tabela 2 – Resultados de coliformes nas amostras


Amostra Amostra Amostra Amostra Amostra
Coliformes
1 2 3 4 5
Totais – 1ª rep. >1,1 x 103 >1,1 x 103 <3 >1,1 x 103 <3

Totais – 2ª rep. 3,6 2,1 x 102 36 3,6 <3

Termotolerantes <3 <3 <3 <3 <3


– 1ª rep.
Termotolerantes <3 <3 <3 <3 <3
– 2ª rep.

Conclusões

Foi constatado pelo estudo, que os resultados microbiológicos


das cinco amostras analisadas variaram, e uma delas apresentou o
índice de bactérias láticas menor do que o exigido pela legislação,
outras análises ficaram dentro do exigido, mas houve indicação
de possível contaminação. Com isso é necessário maior cuidado
no preparo deste alimento para que o mesmo exerça suas funções
probióticas de maneira viável e seja obtido dentro dos padrões
mínimos de higiene.

Agradecimentos

A UNIVIÇOSA pelo apoio a pesquisa e a bolsa de estudos.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, F. A. de et al. Análise sensorial e microbiológica de kefir

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1198 ANAIS X SIMPAC

artesanal produzido a partir de leite de cabra e de leite de vaca.


Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de
Fora, v.66, n.378, p. 51-56, 2011.

BORGES, P. P.; COSTA, E. R. Caracterização de Kefir quanto a


composição físico-química e microbiológica. Congresso Estadual
de Iniciação Científica do IP goiano, Goiânia, IV, 1 – 2, 2015.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Instrução Normativa n° 46 de 23 de outubro de 2007. Regulamento
Técnico de Identidade e Qualidade de Leites Fermentados Brasília:
Diário Oficial da União, Brasília, seção 1, p.4, 24 de outubro de
2007.

CZAMANSKI, R. T. Avaliação da atividade antibacteriana de


filtrados de quefir artesanal. 2003. 97 f. Dissertação (Mestrado
em Ciências Veterinária) – Departamento de Medicina Veterinária
preventiva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, RS.

MARCHIORI, R. da C. Caracterização do Kefir e propriedades


probiótica – uma revisão. Revista do Instituto de Laticínios
Cândido Tostes, Juiz de Fora, v.62, n.358, p. 21-31, Set./Out. 2007.

MONTANUCI, F.D.  Bebidas de Kefir com e sem inulina em


versões integral e desnatada: elaboração e caracterização
química, física, microbiológica e sensorial. 2010. 142 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-graduação em Ciências dos
Alimentos, Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos,
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1199

DA JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS


VOLTADAS PARA A SAÚDE E SEUS EFEITOS SOBRE A
GESTÃO ORÇAMENTÁRIA DO MUNICÍPIO DE VIÇOSA-
MG

Fabiana de Abreu Amorim1, Douglas Luis de Oliveira 2

Resumo: O presente trabalho critica as eventuais interferências


do Poder Judiciário no que compete ao Poder Executivo Municipal,
objetivando demonstraras implicações que as ações de judicialização
de políticas públicas de saúde no município de Viçosa –MG no
período de 2015 a 2017 trouxe ao orçamento municipal. Fica
evidenciado na pesquisa o aumento das demandas judiciais contra
o Ente Municipal e o crescente valor gasto do orçamento público
com as execuções judiciais, as quais, criam desigualdade social
perante aqueles que utilizam dos sistemas de saúde público, pois,
são lesados na fila de espera por aqueles favorecidos via judicial.
Foi realizado pesquisa bibliográfica sobre os direitos sociais na
Constituição, sua eficácia, a efetividade das políticas públicas na
área da saúde e, especificamente, sobre a judicialização da saúde
no âmbito municipal. Analisado a jurisprudência brasileira sobre
o assunto com foco no Município. Sendo a metodologia adotada a
jurídico-sociológica, onde busca a compreensão da judicialização
dentro da Administração Pública por meio dos estudos de legislação,
a interação entre culturas jurídicas diferentes, a construção social
e debate de questões de cunho jurídico, com pesquisa descritiva e
técnicas padronizadas de coleta dos dados, observação sistemática
do Município em foco. Desta forma, foi possível entender o Direito
a Saúde questionado nas demandas judiciais, identificaros gastos
orçamentários e compreendero conflito enfrentado pelo gestor
municipal no cumprimento da execução judicial diante das limitação
orçamentária, também conseguiu-sedemonstrara efetividade da
parceria entre a Defensoria Pública e a Prefeitura Municipal.

1
2
Mestre, Professor da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail douglas@univicosa.com.br 

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1200 ANAIS X SIMPAC

Palavras–chave: Competência dos Poderes,Direito a Saúde,Direito


Público, Estado de Direito, Orçamento Municipal.

Introdução

A Constituição Federal da República do Brasil de 1988 transforma


se no marco da redemocratização do regime político e da
institucionalização dos direitos humanos no país, após mais de
vinte anos de regime militar
ditatorial, afirmando que os direitos sociais equivaleriam a direitos
fundamentais, defendendo, portanto, sua aplicabilidade imediata.
Assim, a judicialização da saúde é amplamente discutida no meio
doutrinário, devido a valoração que se deu aos direitos fundamentais
no Estado Democrático de Direito, pois, choca se com a falta de
reserva orçamentária dos Entes Federativos, que têm prestações de
contas referentes ao gasto público e isso é algo que deve ser planejado
previamente, mas, nem sempre as previsões são suficientes para
absorver acontecimentos inesperados sem um replanejamento,
como é a questão das decisões judiciais que não são incluídas nos
gastos públicos preliminarmente. O trabalho limita-se seu estudo
no Município de Viçosa, Minas Gerais, tendo como problema: quais
impactos têm gerado a judicialização da saúde sobre a gestão
orçamentária do Município de Viçosa MG no período de 2015 a
2017? Objetivando entender o Direito a Saúde, analisar o número de
demandas judiciais, explicar os gastos orçamentários, compreender
o conflito enfrentado pelo gestor municipal no cumprimento da
execução judicial diante das limitação orçamentária, identificar as
soluções encontradas pelo município.

Material e Métodos

A opção metodológica adotada para este estudo é o jurídico-


sociológica, onde haverá a busca pela compreensão da organização
e desenvolvimento de instituições, as formas de controle social
empregada, estudos de legislação, a interação entre culturas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1201

jurídicas diferentes, a construção social e debate de questões de


cunho jurídico. Para se chegar a um entendimento sobre o assunto,
será realizada pesquisa bibliográfica com autores brasileiros que
já escreveram sobre direitos sociais na Constituição e sua eficácia,
bem como trabalhos de autores que escreveram sobre a efetividades
das políticas públicas na área da saúde e, especificamente, sobre a
judicialização da saúde no âmbito municipal. Por fim, os gráficos
irão demonstrar o objeto de pesquisa do trabalho, dando uma
postura mais crítica e dinâmica sobre o assunto estudado.

Resultados e Discussão

O tipo de pesquisa a ser utilizada será a descritiva, onde descreve as


características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de
suas peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas de
coleta de dados, tais como o levantamento de dados e a observação
sistemática. Percebe-se que, a interferência do Judiciário é mais
significativa no orçamento dos Municípios, devido a bloqueio ou
penhora das contas públicas municipais, como é o caso de Viçosa.
Com base em coleta de dados na Procuradoria Municipal de Saúde,
é crescente as demandas judiciais vinculadas as políticas públicas
de saúde neste município, sendo no ano de 2011 demandadas 8
ações, 2012 demandadas 5 ações, 2013 demandadas 19 ações, 2014
demandadas 70 ações, 2015 demandadas 93 ações, 2016 demandadas
153 ações e 2017 demandadas 148 ações, este último ano teve uma
redução de ações devido a uma parceria com a Defensoria Pública
da Comarca de Viçosa. A somatória até dezembro de 2017 foi de 496
processos vinculados a Secretaria Municipal de Saúde. Com base
na análise de dados da Secretaria Municipal de Finanças, observa
se a dificuldade do gestor público em cumprir a sentença judicial e
manter o orçamento equilibrado no período de 2015 a 2017, devido
aos altos valores gastos com o cumprimento das decisões judiciais
como pode se constatar. No período de 2015 houve um gasto de
R$108.314,00 com demandas judiciais na área da saúde em Viçosa,
já em 2016 aumenta para R$136.247,63, porém, o valor respectivo
ao ano de 2017 é o que tem a interferência mais significativa no

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1202 ANAIS X SIMPAC

orçamento do município, representando o valor de R$425.223,66.


As somas desses valores totalizam um impacto de R$669.785,29
nas finanças municipais. Com interesses afins no bem estar do
cidadão, o Poder Local (Administração Pública) e o Poder Judiciário
(Defensoria Pública) firmam em agosto de 2017 uma parceria,
com objetivo de buscar a melhor forma de se diminuir os conflitos
causados pelas judicializações direcionadas a Secretaria Municipal
de Saúde. Onde, por meio de diálogos entre Judiciário (defensor
público), Secretaria (farmacêutica) e Reclamante (indivíduo) antes
que o pedido seja transformado em processo judicial, procura se a
existência de um meio alternativo, mas eficaz, para solucionar o
problema referente a prestação do serviço público. Com o início da
parceria em agosto de 2017 até março de 2018 foram um total de
154 atendimentos, no qual, somente 54 foram judicializados, tendo
um índice positivo de 100 atendimentos com pedidos atendidos de
formas eficientes dentro das alternativas que o Município dispunha.

Conclusões

A judicialização de políticas públicas no âmbito da saúde, abrange


um campo interdisciplinar e amplo vinculando-se a área do direito,
administração pública e ciências sociais.Percebe-se uma crescente
atuação por parte do Poder Judiciário na competência do Poder
Municipal, esta interferência obriga a Administração Municipal
a se reorganizar orçamentariamente para poder cumprir com
as sentenças judiciais, e, assim evitar as multas e bloqueios das
contas públicas do município de Viçosa, isto sem ultrapassar os
limites orçamentários. Posto isto, compreende-se que a relação
entre Judiciário e Executivo no quesito direito a saúde, requer
certa proporcionalidade nas decisões judiciais por parte dos juízes,
devido a fragilidade financeira municipal. Pois, no que refere
se aos danos orçamentários municipais, além do planejamento
financeiro surge a necessidade de replanejamento dos gastos para
poder suprir com estas decisões. Torna-se essencial compreender o
conflito entre Poder Público local e Poder Judiciário, sob o prisma

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1203

do Direito Administrativo Público, em uma análise crítica do gasto


orçamentário com ações judiciais, diante do valor limitado destinado
a saúde pública deste Município. Assim, considera-se a necessidade
de um trabalho em conjunto entre Judiciário, Poder Executivo e
Secretarias da Saúde, com o interesse comum em uma política
pública proporcional e de resultado para o bem estar do coletivo e
que seja viável aos municípios, que hoje sofrem com a redução e o
congelamento de incentivos financeiros vinculados à saúde.

Referências Bibliográficas

BARRETO, G. S. de S. A judicialização no ciclo de políticas


públicas: Um estudo sobre a política pública de garantia de
tratamento de saúde no município de Lavras-MG. _ Lavras:
UFLA,2013.
Disponível em> http://repositorio.ufla.br/
bitstream/1/1315/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_A%20
judicializa%C3%A7%C3%A3o%20no%20ciclo%20de%20
Pol%C3%ADtica%20P%C3%BAblica%20%20um%20estudo%20
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garantia%20de%20tratamento%20de%20sa%C3%BAde%20no%20
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e Legitimidade Democrática. UERJ. Rio de Janeiro.
Acesso em> http://www.oab.org.br/editora/revista/users/
revista/1235066670174218181901.pdf< Acessado em 07/11/2017 as
14:15
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Portugal. Os impactos da judicialização da saúde no município
de São Paulo: Gasto Público e Organização Federativa. Disponível
em> http://www.redalyc.org/html/2410/241031803006/ < Acessado
em 04/10/2017 as 22:30

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1204 ANAIS X SIMPAC

Revista Eletrônica de Direito de Estado. Retrospectiva 2008


– Judicialização, Ativismo e Legitimidade Democrática.
Numero 18,abril/maio/junho de 2009. Salvador, Bahia. Brasil.
ISSN1981-187X. Disponível em> http://www.direitodoestado.
com.br/codrevista.asp?cod=344< Acesso em11/11/2017 as
16:14> Revista IOB de Direito Administrativo. São
Paulo: IOB, janeiro/2006. Português. v.05 a 24 n.54. p 07 a
47 Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas
Gerais. Belo Horizonte. 1983.ISSN 01021052. Português.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1205

Avaliação do Conhecimento de Gestantes acerca do


Aleitamento Materno

Samara da Silva Souza1, Jersica Martins Bittencourt2, Luciana


Marques Cardoso3

Resumo: O alimento mais importante para o recém-nascido, é o


leite materno, pois proporciona grandes benefícios para o bebê e
para a lactante, previne doenças, fortalece o vínculo mãe e filho e
a perda de peso materna, além de contribuir para o crescimento e
desenvolvimento do lactente. Este trabalho objetivou avaliar os
conhecimentos das gestantes do município de Ervália-MG acerca do
aleitamento materno e os possíveis riscos na evolução da gravidez.
Foi utilizado um questionário contendo 22 questões fechadas, sem
delimitações de tempo para as respostas e aplicado nas Unidades
Básicas de Saúde do município. Em relação ao tempo de aleitamento
materno, 16,66% (n=6) amamentaram exclusivamente até o 6 mês,
5,5% (n=2) somente 1 mês, 11,11% (n=4) de 2 a 3 meses, 13,88%
(n=5) de 4 a 5 e 8,33% (n=3) amamentaram exclusivamente por mais
de 6 meses. Conclui-se que as gestantes do município de Ervália-
MG, possuem um baixo conhecimento sobre aleitamento materno.
Assim, é necessário que elas sejam melhores instruídas durante o
pré-natal, seja público ou privado.

Palavras–chave: Amamentação, desmame precoce, riscos na


gravidez

Introdução

O leite materno é importante para o lactente e para a


mãe, proporcionando vários benefícios a ambos, como crescimento
e desenvolvimento do bebê, reduz riscos de doenças crônicas e
1
Graduada em Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: sam.souzasilva@gmail.com
2
Graduada em Nutrição - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jersicamatinscunha@gmail.com
3
Professora do Curso de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lucianacardoso.nut@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1206 ANAIS X SIMPAC

fortalece o vínculo mãe e filho (MARQUES et al., 2009).


Apesar de todos os esforços para incentivo à amamentação,
o desmame precoce vem aumentando com o passar dos anos, sob
várias influências, como por exemplo, técnicas inadequadas de
amamentação, idade materna, influência dos familiares, situação
socioeconômica, grau de instrução, condições de trabalhos maternos
e situação conjugal (FALEIROS et al., 2006).
Este trabalho objetivou buscar informações sobre o
conhecimento de gestantes acerca do aleitamento materno (AM) e
estudar a influencia de diversos fatores que podem contribuir para
o desmame precoce.

Material e Métodos

Foi aplicado um questionário no mês de janeiro de 2017


em duas Unidades Básicas de Saúde da cidade de Ervália-MG.
O questionário era composto por 22 perguntas fechadas sobre a
escolaridade, estado civil, informações recebidas sobre o aleitamento
materno, local de realização do pré-natal, entre outros. As mulheres
foram abordadas no dia da realização do grupo de gestantes nas
Unidades Básicas de Saúde. No dia em que se aplicou o questionário,
15 compareceram e o restante dos dados foram coletados em suas
residências. Foram excluídas as gestantes portadoras da síndrome
da imunodeficiência adquirida (AIDS), pois não é aconselhável que
elas amamentem. Participaram do projeto somente as gestantes que
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
O Estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde- FACISA/UNIVIÇOSA
(protocolo número: 248/2016-1). Os dados foram tabulados no
Programa Excel versão 2011.

Resultados e Discussão

Foram avaliadas 36 gestantes do município de Ervália-


MG, com o objetivo de conhecer a instrução das mesmas sobre o
aleitamento materno. Das mulheres entrevistadas, 5,55% (n=2)

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1207

estavam na faixa dos 15-19 anos, 16,66% (n=6) entre 20-25 anos,
36,11% (n=13) apresentaram 26-29 anos, 33,33% (n=12) tinham 30-
35 anos e 8,33% (3) possuíam mais de 35 anos.
O estudo observado por GRAVENA, et al. (2013), são
consideradas gravidez de alto risco, gestação tardia e gestação na
adolescência, por possuírem maior risco para morte perinatal, baixo
peso ao nascer entre outros.
Foi averiguado que 44,44% (n=16) das gestantes iriam ter seu
primeiro filho, 44,44% (n=16) tinham ao menos um filho e 11,11%
(n=4) tinham dois ou mais. As 20 mulheres que já tinham filhos
foram questionadas com relação ao tempo de aleitamento materno
total e exclusivo do seu último filho.
Em relação ao tempo de aleitamento materno, 16,66% (n=6)
amamentaram exclusivamente até o 6 mês, 5,5% (n=2) somente 1
mês, 11,11% (n=4) de 2 a 3 meses, 13,88% (n=5) de 4 a 5 e 8,33%
(n=3) amamentaram exclusivamente por mais de 6 meses, conforme
Tabela 1.

Tabela 1: Tempo de aleitamento materno exclusivo de gestantes


de segunda gestação ou mais do município de Ervália-MG.
Tempo de N %
aleitamento
materno

Até 6 meses 6 16,66


Somente 1 mês 2 5,55
2 a 3 meses 4 11,11
4 a 5 meses 5 13,88
Mais de 6 meses 3 8,83

Total 20 56,03

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1208 ANAIS X SIMPAC

Com relação ao aleitamento materno total, 5% (n=1)


amamentaram menos de 1 mês, 15% (n=3) de 2 a 3 meses, 15% de 4
a 6 meses e 40% (n=8) de 7 a 11 meses, 15% (n=3) de 1 a 2 anos e 5%
(n=1) de 2 a 3 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde e o
Ministério da Saúde, as crianças devem amamentar exclusivamente
até os 6 meses de idade. Ou seja, até essa idade, o bebê deve tomar
apenas leite materno e não deve receber nenhum outro alimento
complementar ou bebida. A partir dos 6 meses todas as crianças
devem receber alimentos complementares (frutas, papas salgadas,
etc.) e devem continuar sendo amamentadas até completarem os
2 anos de idade. Assim, tanto o aleitamento materno exclusivo
como o total da maioria das gestantes investigadas foram aquém do
recomendado.
As justificativas das gestantes para o desmame precoce foram
a baixa produção de leite (45%; n=9), leite fraco (15%; n=3), tempo
insuficiente para amamentar (10%; n=2), 5% (n=1) responderam
mais de uma alternativa como volta ao trabalho e baixa produção
de leite e 5% (n=1) justificaram por outros motivos.
Segundo EUCLYDES (2010), o AM deve ser em livre demanda
sem horário estabelecido, a criança deve sugar livremente para que
seja beneficiada com LM. Sobre isso, 44,44% (n=16) sabiam que
deve oferecer o LM sempre que o bebê quiser, 50% (n=18) marcaram
que o bebê deve ser alimentado de 3 em 3 horas, 2,77% (n=1) que
deve ser 6 vezes.
Das gestantes que disseram ter recebido alguma informação
sobre o AM, 40% (n=10) receberam estas instruções de familiares e
amigos, 24% (n=6) por obstetra, 8% (n=2) por enfermeiro, 8% (n=2)
por nutricionista, 8% (n=2) foi por outros profissionais e 12% (n=3)
foram as mesmas quem procuraram informação pelas redes sociais,
livros e revistas.
Para a mãe, a compreensão que se tem sobre aleitamento
materno influencia diretamente as suas atitudes quanto ao ato
de amamentar. Por isso, é relevante que elas tenham acesso ao
conhecimento dos benefícios que a amamentação traz, bem como
que os profissionais de saúde as orientem para se evitar o desmame
precoce (ARAÚJO et al, 2008).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1209

Conclusão

É importante que as gestantes sejam instruídas sobre


todos os aspectos que envolvem o AM, dos seus reais benefícios,
do tempo adequado, das técnicas corretas e das dificuldades que
podem encontrar. E estas informações devem ser repassadas,
principalmente por profissionais de saúde, que geralmente são
capacitadas para tal, como obstetras, pediatras, enfermeiros e
nutricionistas, durante o pré-natal. Ademais, estes profissionais
precisam ter um diálogo comum, para que não gere informações
conflitantes às gestantes e seus familiares.

Agradecimentos

Agradeço a todos que ajudaram a realizar esse trabalho,


principalmente a professora Luciana Cardoso, por ter nos auxiliado,
se dedicado em nos apoiar mesmo após formadas a continuar
crescendo na área da nutrição.

Referências Bibliográficas

ARAUJO, O. D.; CUNHA, A. L.; LUSTOSA, R. L.; NERY, I. S.;


MENDONÇA, R. C. M., CAMPELO, S. M. A.; Aleitamento materno:
fatores que levam ao desmame precoce. Revista brasileira de
Enfermagem, v. 61, n. 4, 2008.

EUCLYDES, M.P. Nutrição do lactente: Base científica para uma


alimentação saudável. Viçosa, MG:UFV, 2014. p.609

FALEIRO, F.T.V. et al. Aleitamento materno: Fatores de influência


na sua decisão e duração. Revista de Nutrição Campinas, v.15,
n.2, p.623-630, Abr 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732006000500010>
Acesso em 24 abril 2016.

GRAVENA, A. A. F. et al.Idade maternal e fatores associados a

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1210 ANAIS X SIMPAC

resultados peinatais. Acta Paul Enferm,v.26, n.6,p.130-135,Abril


2013.

MARQUES, E. S. et al. Mitos e crenças sobre o aleitamento materno.


Ciências e Saúde Coletiva, Viçosa, v.16, n.5, 2461-2468, Maio
2011.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1211

AGRESSIVIDADE EM CÃES DA RAÇA CHOW CHOW NO


MUNICÍPIO DE VIÇOSA - MG
Lívia Comastri Castro Silva1, Alessandra Sayegh Arreguy Silva2,
Rogério Pinto3, Sergio Domingues4, Sávio Guimarães Britto5

Resumo: Este estudo objetivou esclarecer quais são os principais


fatores que contribuem para o desenvolvimento do comportamento
agressivo em cães domésticos, visto que a agressividade canina
é uma das principais causas de abandono e eutanásia. Coletou-
se a amostra através de atendimentos realizados no hospital
veterinário, entrevistando-se os proprietários por meio de um
questionário composto de perguntas sobre o modo de criação do cão
e tipo de manejo. Os dados foram estatisticamente analisados. Os
resultados mostraram que o ambiente tem poder de influência sobre
o comportamento dos cães, assim como a forma que o proprietário
educa o cão influencia em seu temperamento e comportamento.
Conclui-se que a maioria dos distúrbios comportamentais desses
animais vem de um despreparo ou tratamento irresponsável e
indisciplinado proporcionado pelos próprios proprietários.

Palavras–chave: Adestramento, agressão, comportamento canino

Introdução
A proximidade das pessoas com os cães tem aumentado
devido à crescente urbanização, sendo que essa ligação se estende
há pelo menos 10.000 anos. Apesar de preencherem papéis diversos
como companhia, alimento e alter ego (grande amigo, em quem
1
Medica Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA.
2
Gestora do Curso Medicina Veterinária –– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: alarreguy@hotmail.com
3
Professor do Curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: rogerio@univicosa.
com
4
Professor do Curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: professorsergiodomingues@
gmail.com
5
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: saviogbritto@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1212 ANAIS X SIMPAC

se pode confiar tanto quanto em si mesmo), os cães são animais


predadores que ainda mantém seus instintos selvagens, provindos
de seus ancestrais lobos, mesmo após muitos anos de domesticação.
Seu comportamento é  bastante parecido com o do lobo, embora
existam variações comportamentais entre as raças e o fato de que os
cães se especializaram em muitas funções nessa seleção realizada
pelo homem (COSTA et al., 2013; SANTANA et al., 2009). 
O Chow Chow é uma raça criada pelo homem com registros
escritos desde 1100 anos aC e registros de estátuas de 4000 anos. Sua
origem não é a China como alguns pensam e sim a Mongólia, sendo
criados por tribos bárbaras mongóis e usados para guarda, caça e
batalha, a princípio. Os mongóis levaram a raça para o território
chinês com a invasão da China. Eram descritos como “aparência
leonina, robustos e poderosos” e chamados de “cães de guerra”. Os
cães que acompanhavam o Genghis Klan e seu exército quando
conquistou o seu império provavelmente eram os Chow Chows.
Suas funções cresceram com o passar dos anos como pastoreio,
farejadores, busca, tração, puxadores de trenós, fornecedores de
pele e comida, além das funções iniciais (Chow Chow Brasil, 2000).
A raça, criação, temperamento, educação e ambiente são
alguns dos vários fatores que influenciam o comportamento de um
cachorro e por isso, é quase impossível que um indivíduo possua o
mesmo temperamento e comportamento, sendo criados de formas
diferentes (COSTA et al., 2013).
Os acidentes causados por animais, especialmente os
cães, em humanos ocorrem numa alta frequência no Brasil
(FORTES et al., 2007). Segundo os veterinários brasileiros, no
Brasil a agressividade canina é o principal motivo de abandono ou
eutanásia dos cães, porém eles raramente recomendam a eutanásia
para os casos de problemas comportamentais de cães que eles
atendem em sua rotina. As queixas mais frequentes são em relação
a comportamentos destrutivos e comportamentos agressivos
(SOARES et al., 2013; SOARES et al., 2010).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1213

Material e Métodos

Foram escolhidos aleatoriamente 22 proprietários de 40


cães da raça Chow Chow no município de Viçosa, entre julho e
agosto de 2015. Os proprietários que aceitaram participar da
pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
e responderam um por um questionário seguindo recomendações
de Soares (2010) adaptado, composto de perguntas sobre o modo de
criação do cão e tipo de manejo para que os fatores predisponentes
do comportamento agressivo nesses animais fossem identificados,
com as opções de marcar números entre 0 e 5, sendo: sem agressão
= 0 e 1; agressividade média = 2 e 3 e agressividade séria = 4 e 5.

Resultados e Discussão

Com relação ao sexo dos 40 animais estudados, 54% dos


proprietários possuíam cães machos e 46% possuíam fêmeas.
Sessenta e oito por cento tinha entre 2 a 4 anos, todos vacinados e
56% não possuía pedigree. Outra informação relevante é o fato de
que 76% dos cães não foram adestrados com comandos básicos como
sentar, deitar, ficar, entre outros, considerados “não obedientes”
pelos seus proprietários. Os cães machos e jovens (entre 2 a 4 anos),
sem pedigree e sem adestramento apresentaram maior grau de
agressividade (entre 4 e 5) quando abordados por estranhos e diante
de cães desconhecidos.
Quanto ao manejo do animal, 53% dos entrevistados
relataram que seus cães viviam dentro e fora de casa e apenas
22% dos cães somente dentro de casa, o que sugere uma relação
distante dos proprietários com seus animais. Todos os animais dos
entrevistados são criados soltos, ou seja, não são acorrentados.
Não houve correlação dos itens acima com a agressividade, porém,
Santana et.al (2009) relatam que o comportamento agressivo pode
ser reflexo do ambiente em que o animal vive devido à falta de
limites aos cães, intervindo no seu temperamento, pois as condições

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1214 ANAIS X SIMPAC

de vida do animal podem contribuir para respostas agressivas.


De acordo com as entrevistas, 53% dos cães foram
adquiridos para companhia, sendo que não houve correlação dessa
informação com a agressividade nos animais. Segundo Soares et.
al (2007), a forma com que os proprietários interagem com o cão
está normalmente associada à agressividade. A maior parte dos
ataques de cães ao homem acontece dentro do ambiente doméstico,
devido ao desconhecimento dos proprietários de como interagir com
os animais, pois, muitas vezes o manejo inadequado pode levar a
uma reação recíproca do animal (SANTANA et al., 2009).
Observou que que 93% dos proprietários entrevistados
passeiam com seus animais utilizando a coleira. 41 % fazem
passeios numa frequência de 1 a 4 vezes na semana e 39% passeiam
raramente com seus animais, sendo que estes apresentaram maior
grau de agressividade com cães desconhecidos e nos procedimentos
veterinários, como consultas e vacinas.
Encontrou-se nesse estudo uma quantidade maior de
animais obedientes e mansos (63%), sendo 17% considerados
por seus proprietários obedientes e bravos ou desobedientes e
mansos, e apenas 2% considerados desobedientes e bravos. 83% dos
entrevistados responderam que várias pessoas da família cuidam
do cão, 97% costumavam brincar com seus cães e 61% brincavam
mais de uma vez por dia. Não houve correlação desses parâmetros
com a agressividade. Cães que brincam pouco podem apresentar
mais ansiedade e tornarem-se mais agressivos. Para isso acontecer,
o dono deve identificar a melhor forma de interagir com seu cão,
sem essa interação podem ocorrer distúrbios comportamentais
agressivos e destrutivos (SANTANA et al., 2009).

Conclusões

A manifestação da agressividade em cães da raça Chow Chow é


influenciada pelos fatores relacionados ao sexo masculino, idade
jovem entre 2 a 4 anos, ausência de pedigree, manejo e adestramento

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1215

do cão. Os tipos de agressividade identificados nesse trabalho foram


agressão territorial com cães desconhecidos e agressão em relação a
estranhos quando examinado por médico veterinário, sendo ambas
por dominância e medo. Cães obedientes, porém considerados
bravos por seus proprietários e que passeiam raramente foram os
que apresentaram agressão séria (4 e 5).

Referências Bibliográficas

CHOW CHOW BRASIL – A CENTRAL DA RAÇA, 2000. Histórico


– Origens. Disponível em: <http://www.chow.com.br/historico.php>
Acesso: 01 Abril, 2018

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Pinhais, Brasil de 2002 a 2005. Archives of Veterinary Science, v
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SANTANA, J. A.; ALMEIDA, L. P. Ocorrência de Agressões por


Cães: Caracterização da Situação de Domicílio do Animal
Agressor e Espaço Geográfico da Agressão. IX Encontro
Interno & XIII Seminário de Iniciação Científica. Uberlândia: UFU,
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SOARES, G. M.; DANTAS, L. M. S.; D’ALMEIDA, J. M.; PAIXÃO,


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EDUR, v. 27, suplemento, 2007. p. 324-325

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1216 ANAIS X SIMPAC

SOARES, G. M.; TELHADO, J.; PAIXÃO, R. L. Avaliação da


Influência do Manejo na Manifestação da Agressividade do
Cão. Revista Brasileira de Zoociências 15 (1, 2, 3): 195-202. 2013

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1217

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO AGRESSIVO EM


CÃES ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA
UNIVIÇOSA NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA - MG

Letícia Batista Costa1, Alessandra Sayegh Arreguy Silva2, Rogério


Pinto3, Sávio Guimarães Britto4

Resumo: Este estudo objetivou esclarecer quais são os principais


fatores que contribuem para o desenvolvimento do comportamento
agressivo em cães domésticos, visto que a agressividade canina
é uma das principais causas de abandono e eutanásia. Os dados
foram coletados através de atendimentos realizados no hospital
veterinário, entrevistando-se os proprietários por meio de um
questionário composto de perguntas sobre o modo de criação do cão
e tipo de manejo. Os dados foram estatisticamente analisados. Os
resultados mostraram que o ambiente tem poder de influência sobre
o comportamento dos cães, assim como a forma que o proprietário
educa o cão influencia em seu temperamento e comportamento.
Conclui-se que a maioria dos distúrbios comportamentais desses
animais vem de um despreparo ou tratamento irresponsável e
indisciplinado proporcionado pelos próprios proprietários.

Palavras–chave: Agressividade; Cão; Comportamento canino.

Introdução

Dentre as principais alterações comportamentais relatadas


pelos proprietários destacam-se agressividade, ansiedade,
vocalização excessiva e o comportamento destrutivo (TEIXEIRA et
al., 2009). O cão precisa reconhecer o dono como integrante da sua
1
Medica Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: leticia_bc92@hotmail.com
2
Gestora do Curso Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: alarreguy@hotmail.com
3
Professor do Curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: rogerio@univicosa.
com
4
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: saviogbritto@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1218 ANAIS X SIMPAC

matilha para que o equilíbrio psicológico seja mantido, e para isso


o dono deve reconhecer a melhor maneira de interagir com seu cão.
Do contrário, distúrbios comportamentais agressivos e destrutivos
serão observados (SANTANA et al., 2008).
A palavra agressão traz como significado à mente humana:
maldade, sordidez ou vingança, mas não é o que acontece na
mente dos cães (FOGLE et al., 1992). A agressão surge quando as
questões do cão não são resolvidas, quando a energia frustrada não
é extravasada. Infelizmente, a agressão sempre aumenta se não for
corrigida (MILLAN et al., 2006).
Os problemas comportamentais são relatados pelos médicos
veterinários, porém os casos são dificilmente encaminhados para um
adestrador. A grande maioria tenta resolver primeiramente o caso
antes de encaminhar para um especialista da área, porém o medo
de perder o cliente, a falta de interação com colegas veterinários, a
não correta identificação do problema, além de poucos veterinários
atuando na área dificulta tal encaminhamento (CRUZ et al., 2012).
Entender a psicologia canina é importante para que se
tenha uma relação equilibrada, sadia com os cães, para melhorar o
comportamento canino (COSTA et al., 2013). Eles não pensam como
seres humanos, não agem como seres humanos e não enxergam
o mundo como seres humanos. Cães são cães, e é como tais que
devemos respeitá-los. Quando um cão percebe que o dono não está
pronto para liderar a matilha, ele ocupa o espaço. Faz parte de sua
natureza, para tentar manter a matilha funcional. O cão aceita um
ser humano como líder da matilha se a pessoa projetar uma energia
calma e assertiva correta, estabelecendo regras, limites e restrições
sólidas (MILLAN et al., 2006).

Material e Métodos

Foram escolhidos aleatoriamente 100 proprietários de cães


provenientes de consultas realizadas no Hospital Veterinário da
Univiçosa, no município de Viçosa. Os dados foram coletados em

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1219

março de 2015 e tabulados em Abril do mesmo ano. O questionário foi


composto pelas seguintes questões objetivas sobre sexo, idade, sexo
cão sabe comandos básicos, local de criação do cão, modo de criação
do cão, função do cão em casa e perguntas diversas relacionadas
ao comportamento do animal As análises foram realizadas por
meio do Programa estatístico Sistema Para Análise Estatística
SPEG (2007), Versão 9.1. O projeto foi encaminhado ao Comitê
de Ética em Pesquisa e Experimentação Animal da Faculdade de
Ciências Biológicas e da Saúde – FACISA/UNIVIÇOSA, atendendo
às resoluções do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
(COBEA) e do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).

Resultados e Discussão

Com relação ao sexo dos animais estudados, 55% dos


proprietários possuíam cadelas, de acordo com Costa (2013) fêmeas
são mais fáceis de treinar que cães machos, por serem mais ativos,
agressivos e mais frequentemente envolvidos em ataques no
contexto de agressão territorial.
Em relação à idade dos animais estudados, 37% estiveram
entre 2 a 4 anos. Outra informação relevante é o fato de que 55%
dos cães não sabiam comandos básicos. Cães precisam de regras,
limites e restrições para se socializar corretamente (MILLAN et
al., 2006). Pôde-se observar que 46% dos entrevistados relataram
que seus cães viviam dentro de casa evidenciando uma relação
próxima entre proprietário e cão e 77% dos cães viviam soltos.
Dentre os fatores que contribuem para o aumento da agressividade
animal destaca-se o número de animais mantidos em residências
particulares, permanência dos animais em locais que dificultam sua
movimentação natural (FORTES et al., 2007).
Neste estudo observou que a mesma quantidade de animais
obedientes e mansos foi encontrada para animais obedientes
e bravos (31%), evidenciando que qualquer cão pode morder,
incluindo os sem história de agressão e aqueles de comportamento
agressivo (PARANHOS et al., 2013). 25% dos animais
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
1220 ANAIS X SIMPAC

apresentaram comportamento desobediente e manso e apenas 13%


comportamento desobediente e bravo. Comportamentos obedientes
e mansos estiveram presentes em maior quantidade nas fêmeas
corroborando os relatos de Santana (2008), enquanto nos machos os
comportamentos que prevaleceram foram desobedientes e bravos.
Costa (2013) relata que cães machos são mais ativos e agressivos.
A agressividade apresentou menor quando corrigidos ou
punidos verbalmente por um membro da família, quando alguém
da família recupera objetos roubados pelo cão, como se comporta
com outro cão residente na mesma casa e quando a comida do cão
foi retirada por algum membro da família. De acordo com Teixeira
(2009), a agressão dirigida a pessoas que vivem na mesma casa é
resultado de dominância social.
Conclusões

A manifestação da agressividade canina é influenciada pelos


fatores relacionados ao manejo, modo de criação, personalidade
do proprietário e a forma como o mesmo educa seu cão. Os tipos
de agressividade identificados nesse trabalho foram agressão
territorial, por dominância e por medo, sendo que animais machos
se mostram mais envolvidos em ataques de agressão territorial
e fêmeas se mostram mais envolvidas em ataques de agressão
por medo. Animais que passeiam e brincam menos foram os que
apresentaram maior ansiedade e agressividade.

Referências Bibliográficas

BUSO, D. S. Agressões caninas ocorridas no Município de Araçatuba,


SP, Brasil – Universidade Estadual Paulista ‘’ Julio de Mesquita
Filho ‘’, São Paulo, 2010

COSTA, E. C. Influencia do proprietário no Comportamento de


cães atendidos no hospital veterinário da UFRPE – Universidade
Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2013

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1221

CRUZ, M.J,D. TTEpidemiologia de problemas comportamentais em


cães e gatos em Portugal. P.38. 2012
FOGLE, B. The Dog’s Mind.London: Pelham Books, 201 p., 1992

FORTES, F. S. Acidentes por mordeduras de cães e gatos no


município de pinhais, Brasil de 2002 a 2005. R. Archivesofveterinary
Science, V.12,n.2.p.16-24,2007

MILLAN, C. O encantador de cães: Compreenda o melhor amigo do


homem. Campinas-SP. Verus editora, 266p. 2006

PARANHOS, N. T. Estudo das agressões por cães, segundo tipo de


interação entre cão e vítima e das circunstancias motivadoras dos
acidentes, município de São Paulo, 2008 a 2009. R. Arq. Bras. Med.
Vet. Zootc., v.65,n.4,p.1033-1040, 2013

SANTANA, J. A. Ocorrência de agressões por cães: caracterização


da situação de domicílio do animal agressor e espaço geográfico da
agressão – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2008

TEIXEIRA, E. P. Desvios comportamentais nas espécies canina e


felina panorama actual e discussão de casos clínicos – Universidade
técnica de Lisboa, Lisboa, 2009

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1222 ANAIS X SIMPAC

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA


JATROFA MULTIFIDA

Stéphani Caroline de Lana Arêdes1, Marcelo Ferreira2, Camila


Dolores de Oliveira3, Andréia Ribeiro de Souza4 Manoela Maciel
dos Santos Dias5

Resumo: Há muitos anos as plantas vêm sido usadas como


medicamentos para o tratamento de muitas doenças. Assim, o objetivo
desse trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana da Jatrofa
multifida em relação ao Staphylococcus aureus e à Escherichia coli,
por serem causadores de doenças hospitalares. Extratos metanólicos
da folha, do caule e do látex oriundos da planta foram preparados
nas concentrações de 50 mg/mL, 75 mg/mL e 100 mg/mL, e a
atividade antimicrobiana foi avaliada mediante a técnica do halo
de inibição. De acordo com os resultados obtidos, apenas o extrato da
folha, com concentrações de 75 mg/mL e 100 mg/mL apresentaram
atividade antimicrobiana em relação ao S. aureus e E. coli.

Palavras–chave: Bactéria, inibição, planta medicinal

Introdução

Nos últimos anos, diversas plantas medicinais têm sido


utilizadas no combate de doenças tropicais, infeciosas e terminais.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 60%
dos casos de febre em crianças possivelmente relacionados com
a malária, em alguns países africanos, são tratados com ervas
medicinais. Além disso, em alguns países em desenvolvimento os
1
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: stephani_scsg@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: marceloferreira111@hotmail.
com
3
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: camilaramoscamilaramos@
hotmail.com
4
Graduando em Engenharia Química – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andreia_ketley@hotmail.com
5
Professora da disciplina Projetos I – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: manoelamaciel810@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1223

pacientes com HIV usam medicamentos tradicionais para o alívio


e combate de infeções; 89% dos pacientes que surgem no Brasil
com câncer usam medicina tradicional como forma de tratamento
(SANTOS, 2014).
O gênero Jatropha possui inúmeras espécies que são usadas
como plantas medicinais, sendo fontes promissoras para a produção
de novos fármacos e potenciais agentes de controle biológico. De
acordo com Devappa et al. (2010), os estudos efetuados com os
extratos provenientes dos constituintes das plantas deste gênero
(caule, semente, fruto, folha, raiz e fruto) permitiram o isolamento
de vários compostos bioativos, como por exemplo os diterpenos, que
apresentam uma forte atividade antimalárica, anticancerígena,
antitumoral, anti-inflamatória, antimicrobiana, inseticida e
moluscicidas.
As proteínas da Jatropha possuem propriedades nutricionais
e biomédicas interessantes. O alto conteúdo de proteínas com
digestibilidade e sua composição de aminoácidos fazem com que haja
a possibilidade de incorporá-las em dietas de ruminantes e animais
monogástricos, incluindo peixes. Uma proteína em particular, a
cursina, tem potencial para ser utilizada como imunoconjugado na
quimioterapia. Muitos peptídeos cíclicos de sementes de Jatropha
possuem importância clínica e mostraram potencial para uso
farmacêutico (DEVAPPA; MAKKAR; BECKER, 2010).
A Jatropha multifida L., da família Euforbiáceas, tem sido
utilizada como acelerador do processo cicatricial, porém somente
foi encontrado trabalho científico referente à sua ação antifúngica
(ADESOLA; ADETUNJI, 2007). A J. multifida é um arbusto,
tem as folhas digitiformes e as flores vermelhas. Segundo Barg
(2004), suas sementes são tóxicas, contém alcalóides, glicosídeos e
toxialbuminas, que provocam dores abdominais, náuseas, vômitos,
diarreia quando ingeridas em grande quantidade.
Este trabalho teve como objetivo, realizar estudos da
atividade antimicrobiana de partes diferentes da planta Jatrofa
multifida, relacionadas com as bactérias Staphylococcus aureus e
Escherichia coli.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1224 ANAIS X SIMPAC

Material e Métodos
Preparo das amostras e obtenção do extrato bruto
O látex (amostra fresca) foi extraído do galho por processo de
corte. As folhas e caule (amostras secas) passaram por um processo
de limpeza, utilizando água destilada e posteriormente desidratadas
em estufa a 40º C e em seguida maceradas. Os extratos metanólicos
das partes da planta foram preparados nas concentrações 50 mg/
mL, 75 mg/mL e 100 mg/mL, mantidos em repouso por 24 horas
em temperatura ambiente e logo após foram coados de acordo com.
O metanol puro foi utilizado como controle negativo nas diferentes
concentrações testadas (ARAÚJO et al., 2014).

Atividade antimicrobiana

Para a análise microbiológica, cerca de 108  UFC/mL de


culturas bacterianas de Staphylococcus aureus  (ATCC29213) e
Escherichia coli (ATCC 27583) foram semeadas na superfície de
ágar Mueller-Hinton. A seguir, foram perfurados poços de 3 mm
de diâmetro na superfície do ágar inoculado e 30µl dos extratos da
folha, do caule e do látex do vegetal foi adicionado para ser testado.
Após 48 horas de incubação a 37ºC, foram observados os halos de
inibição das amostras bacterianas (NCCLS, 2000). Os testes foram
realizados em triplicata.

Resultados e Discussão

O diâmetro dos halos de inibição obtidos dos extratos em


relação às bactérias é apresentado na Tabela 1.
Apenas o extrato metanólico da folha apresentou halos de
inibição com diâmetros variando de 1 a 8 mm em relação a E. coli,
e diâmetros de 1 a 6 mm em relação a S. aureus. Nenhum halo de
inibição foi formado na presença do metanol, o que indica que não
houve interferência do solvente utilizado, sendo o efeito inibitório
proveniente do extrato da folha.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1225

Tabela 1: Média do diâmetro dos halos de inibição dos extratos


das partes do vegetal, em diferentes concentrações, em relação às
bactérias E. coli e S. aureus.

FOLHA CAULE LÁTEX


E. S.
E. coli S. aureus E. coli S. aureus
coli aureus

Diâmetro do Diâmetro do halo


Concentração Diâmetro do halo (mm)
halo (mm) (mm)

100 mg/mL 4±8 4±6 - - - -


75 mg/mL 4±5 1±2 - - - -
50 mg/mL 0±1 - - - - -

A atividade antimicrobiana apresentada pela folha deve


estar relacionada à presença de taninos nas mesmas, possuindo
também caráter bactericida. Os taninos são substâncias
fenólicas complexas de origem vegetal, que apresentam
excelente atividade antimicrobiana e é muito utilizado no
curtimento de peles e em medicamentos. O mecanismo de
ação dos taninos pode ser explicado por sua capacidade de
precipitar as proteínas das células superficiais das mucosas e
dos tecidos, formando uma capa protetora, inibindo enzimas,
causando uma ruptura da membrana plasmática e privação do
substrato microbiano por formar um complexo tanino proteína
e/ou polissacarídeo, impedindo assim, o desenvolvimento de
microrganismos (DEVAPPA, 2010).
A eficácia dos extratos também depende da constituição da
parede celular dos diferentes microrganismos utilizados, uma vez
que alguns destes possuem barreiras seletivas a diferentes solutos
(LIANG et al., 2008 apud SANTOS, 2014).

Conclusões

Contudo, conclui-se que apenas o extrato metanólico da


folha da Jatrofa multifida nas concentrações 75  mg/mL e 100
mg/mL possui atividade antimicrobiana em relação às bactérias
Escherichia coli e Staphylococcus aureus. No entanto, estudos mais
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
1226 ANAIS X SIMPAC

aprofundados são necessários para avaliar o potencial da Jatrofa


multifida no tratamento de doenças.

Referências Bibliográficas

ADESOLA, A. T.; ADETUNJI, O. O. The efficacy of Jatropha


multifida in the management of oral candidiasis: a
preliminary study. The Internet Journal of Alternative Medicine.
Nigeria. vol.4, 2007.
ARAÚJO, K. M. et al., Identification of Phenolic Compounds
and Evaluation of Antioxidant and Antimicrobia Properties
of Euphorbia TirucalliL. Antioxidants, v.3, p.159-75, 2014.
BARG, D. G. Plantas Tóxicas. Dissertação (Pós-Graduação em
Engenharia Biomédica), Faculdade de Ciências da Saúde de São
Paulo. São Paulo: Instituto Brasileiro de Estudos Homeopáticos,
2004.
DEVAPPA, R. K., MAKKAR, H. P. S. & BECKER, K., Jatropha
Toxicity - A Review. Journal of Toxicology and Environmental
Health, Volume 13, 2010.
NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory Standards),
2000.
SANTOS, M. P. Extração e caracterização de extratos
de Jatropha gossypiifolia L. Avaliação da sua atividade
antimicrobiana e antioxidante. Dissertação (Trabalho Final de
Mestrado para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Química
e Biológica) 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1227

ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MATRICULADAS


EM ESCOLAS DA ZONA RURAL E URBANA DO
MUNICÍPIO DE VIÇOSA-MG

Taís Miranda de Carvalho1, Luciana Marques Cardoso2

Resumo: Acredita-se que as crianças residentes na zona rural


possuem uma menor exposição a alimentos industrializados,
processados e ultraprocessedos comparando as crianças da zona
urbana, o que pode influenciar o estado nutricional das mesmas.
Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo comparar o
estado nutricional de crianças matriculadas em uma escola da
zona rural e outra urbana do município de Viçosa-MG. Trata-se
de um estudo transversal realizado com 46 crianças matriculadas
em escola da zona urbana e 46 crianças matriculadas em escola da
zona rural, com faixa etária de 6 a 9 anos de idade, de ambos os
sexos. Aferiu-se o peso e estatura e foi calculado o índice de massa
corporal (IMC) das crianças para caracterizá-las quanto ao estado
nutricional. Pelo índice IMC/Idade foram encontrados 8,68% (n=4)
da zona urbana e 6,53% (n=3) da zona rural com magreza, 71,09%
(n=33) da zona urbana e 80,43% (n=37) da zona rural com eutrofia,
13,8% (n=3) da zona urbana com e 8,68% (n=2) da zona rural e 6,52%
(n=3) da zona urbana e 4,36% (n=2) da zona rural com sobrepeso e
obesidade., respectivamente. Em geral, este estudo encontrou um
número significativo de crianças com eutrofia, pelo índice IMC/
idade 71,09% crianças (n=33) da zona urbana e 80,43% (n=37) da
zona rural estavam eutróficas. Sendo que, as crianças da zona rural
apresentaram um percentual maior de eutrofia em todos os índices
analisados comparado com as da zona urbana, porém, não houve
diferença estatística.

Palavras–chave: Alimentação, desnutrição, obesidade.

1
Graduanda em Nutrição –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: taismiranda96@mail.com
2
Professora do Departamento de Nutrição – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lucianacardoso.nut@
gmail.com

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1228 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Segundo Carvalho (2015), os primeiros anos de vida da criança


são caracterizados pelo rápido crescimento e desenvolvimento, o que
requer elevada necessidade de energia e nutrientes. Desse modo,
é importante que as crianças tenham uma alimentação adequada
em qualidade e quantidade para garantir a ingestão de nutrientes
e energia necessários para que essa fase ocorra de maneira
satisfatória. É importante conhecer o estado nutricional dessas
crianças, visto que podem ter influência no desenvolvimento físico e
mental das mesmas. E, posteriormente, com este diagnóstico inicial,
é necessário que se investigue os determinantes que podem estar
contribuindo para os possíveis desvios nutricionais destas crianças
para o planejamento de uma intervenção nutricional apropriada.
Neste sentido, este trabalho tem por finalidade avaliar o
estado nutricional de crianças matriculadas em escolas da zona
rural e urbana do município de Viçosa-MG, identificando possíveis
desvios nutricionais.

Material e Métodos

Foi realizado um estudo descritivo transversal, em uma


escola da zona rural e outra na zona urbana município de Viçosa-
MG, no período de agosto a setembro de 2017. Conforme a indicação
dos diretores das escolas, foram avaliados os alunos de três turmas
de cada escola na faixa etária de 6 a 9 anos de idade, de ambos os
sexos.
Para a realização da avaliação antropométrica foram
aferidas as medidas de peso e estatura de cada criança. O estado
nutricional das crianças foi avaliado por meio dos índices de peso/
idade, estatura/idade e IMC/idade de acordo com o sexo e foram
classificados considerando as curvas de percentil da OMS (2007)
adotadas pelo Ministério da Saúde do Brasil.
A análise descritiva dos resultados foi demonstrada
em  frequências absoluta e relativa. Os dados quantitativos foram
apresentados como média ± desvio-padrão. A associação entre

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1229

as variáveis qualitativas (estado nutricional e tipo de escola)


foi realizada por meio do teste do qui-quadrado (x2). As análises
estatísticas foram realizadas no software SPSS 20 para Windows
(SPSS, Inc., Chicago, IL, USA) considerando como significante P <
0,05.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética Syivio Miguel
em Pesquisa da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde –
FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, atendendo à Resolução 466/2012 do
Conselho Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP, que normatiza
as pesquisas envolvendo seres humanos e pela Plataforma Brasil
(número do parecer: 2248049).

Resultados e Discussão

Fizeram parte da amostra final 46 crianças da escola da


zona urbana e 46 crianças da zona rural, de 6 a 9 anos de idade. Na
Tabela 1 estão caracterizados os dados antropométricos dos alunos
da escola da zona urbana e rural.

Tabela 1: Médias de peso e altura dos escolares da zona urbana e


rural do município de Viçosa-MG.

Zona Urbana Zona Rural

Altura (cm) 1,21 ± 0,08 1,22 ± 0,07


Peso (Kg) 24,61 ± 6,63 25,10 ± 5,66


A Tabela 2 apresenta a classificação do estado nutricional,
segundo o índice IMC por idade das escolas da zona urbana e da zona
rural. O percentual de crianças da zona urbana que apresentaram
magreza foi 8,68% (n=4), 71,09% (n=33) apresentaram eutrofia,
13,8% (n=6) tinham sobrepeso e 6,52% (n=3) foram classificados
como obesos. As crianças da zona rural 6,53% (n=3) apresentaram

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1230 ANAIS X SIMPAC

magreza, 80,43% (n=37) eutrofia, 8,68% (n=4) sobrepeso e 4,36%


(n=2) obesidade. Observou-se que as crianças da zona rural
apresentaram um maior percentual de eutrofia e menor de sobrepeso
e obesidade comparado com as crianças da zona urbana. Porém, não
houve diferença estatística entre as escolas com relação ao índice
IMC por idade (P> 0,05).

Tabela 2: Classificação do estado nutricional, segundo o índice IMC


por idade das escolas da zona rural e da zona urbana do município
de Viçosa-MG.

Escolas Magreza Eutrofia Sobrepeso Obesidade


n % n % n % n %
Z o n a 4 8,68 33 71,09 6 13,8 3 6,52
urbana
Z o n a 3 6,53 37 80,43 4 8,68 2 4,36
rural

Foram encontrados 26,08% (n=12) de alunos da zona urbana


e 21,74% (n=10) de crianças da zona rural com baixo peso, segundo o
índice peso/idade. A desnutrição nos primeiros anos de vida continua
sendo problema de saúde pública de alguns países. Déficits de
crescimento na infância associam-se a maior mortalidade, excesso
de doenças infecciosas, comprometimento do desenvolvimento
psicomotor, menor aproveitamento escolar e menor capacidade
produtiva na idade adulta. (SILVA et al., 2014).
Segundo o parâmetro altura/idade, 15,21% (n=7) e 28,27%
(n=13) das crianças da escola da zona urbana e 10,89% (n=4) e
34,79% (n=2) dos alunos da zona rural apresentam muito baixa
estatura e baixa estatura, respectivamente. Estes dados são críticos,
visto que o déficit de estatura corresponde a uma das características
mais significativas da desnutrição e representa o efeito cumulativo
do estresse nutricional sobre o crescimento esquelético. Relaciona-
se ao atraso na capacidade intelectual, baixo rendimento escolar,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1231

menor capacidade física para o trabalho. (JESUS et al., 2014).


No estudo realizado por Nunes et al. (2014), verificou-
se que a prevalência de excesso de peso foi maior em crianças da
zona urbana (30,1%), em comparação com a zona rural (25,8%).
No presente estudo também foi observado um maior percentual de
excesso de peso em escolares da zona urbana (20,32%) comparado
com da zona rural (13,04%), porém não houve diferença estatística
entre as escolas.

Considerações Finais

Em geral, este estudo encontrou um número significativo de


crianças com eutrofia, nas escolas municipais analisadas de Viçosa-
MG, tanto nas matriculadas na escola da zona rural como as da
zona urbana. Sendo que, as crianças da zona rural apresentaram
um percentual maior de eutrofia em todos os índices analisados
comparado com as da zona urbana, apesar de não ter sido encontrado
diferença estatística.

Referências Bibliográficas

CARVALHO, C. A. et al. Consumo alimentar e adequação


nutricional em crianças brasileiras: revisão sistemática. Rev.
Paulista Pediatria, v. 33, n. 2, p. 211-221, mar. 2015. Disponível
em: <www.scielo.br/pdf/rpp/v33n2/pt_0103-0582-rpp-33-02-00211.
pdf>. Acesso em: 01 mar. 2017

JESUS, G. M. et al. Déficit nutricional em crianças de uma cidade


de grande porte do interior da Bahia, Brasil. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 19, n. 5, 2014. Disponível em: <http://www.redalyc.org/
html/630/63030588027/>. Acesso em: 29 out. 2017.

NUNES, H. M. B. et al. Diferenças entre os hábitos alimentares


associados ao excesso de peso de crianças e adolescentes da zona
rural e urbana do município de Santa Cruz do Sul-RS. Cinergis, v.

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1232 ANAIS X SIMPAC

15, n. 1,jul 2014. Disponível em: <http://online.unisc.br/seer/index.


php/cinergis/article/view/4817>. Acesso em: 26 out. 2017.

SILVA, N. C; DE ASSIS SANTOS, M. L; PEREIRA, J. A. R.


Avaliação do estado nutricional de escolares do ensino fundamental,
composição química e aceitabilidade da merenda escolar ofertada
por escolas públicas do município de Barbacena, MG. V Simpósio
de Pesquisa e Inovação/IV Seminário de Iniciação Científica
do IF Sudeste MG-Câmpus Barbacena, v. 1, n. 1, 2014.
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standards, 2007. Disponível em: <http:// www.who.int/growthref/
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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1233

Eficiência in vitro de desinfetantes de tetos frente à


Staphylococcus aureus isolados de vacas com mastite

Talita Oliveira Maciel Fontes1, Adriano França da Cunha2, Alice


Cristina da Silva Portilho3

Resumo: A sensibilidade in vitro de quatro cepas de Staphylococcus


aureus isolados de vacas com mastite foi avaliada frente a quatro
desinfetantes comerciais utilizados no pre-e post-dipping de tetos.
A concentração dos desinfetantes (cloro, iodopolvidona, clorexidine
e ácido lático) foi determinada de acordo com a Farmacopeia
Brasileira. Tubos contendo 4mL de caldo Brain Heart Infusion
(BHI) foram adicionados de desinfetantes à 1,5%. Antes e depois
da incubação dos tubos à 36°C por 24 horas, as absorbâncias foram
determinadas à 600nm. em espectrofotômetro. As concentrações
encontradas dos desinfetantes foram 5,35, 22,79, 1,9 e 1,9% de
cloro ativo, ácido lático, iodopovidona e digluconato de clorexidine,
respectivamente. Houve maior atividade desinfetante in vitro
de clorexidine e cloro, pois os crescimentos de S. aureus dados
em absorbância foram numericamente menores. Apesar disto, os
desinfetantes iodo e clorexidine apresentaram inibição de S. aureus,
pois menores absorbâncias foram observadas que a absorbância
dada em tubos ausentes de desinfetantes (p<0,05). Portanto, apesar
de clorexidine, iodo, cloro e ácido lático inibirem o crescimento de
S. aureus, clorexidine e cloro possuem maior atividade inibitória
frente a S. aureus.

Palavras–chave: Bactérias, dipping, mamite, sensibilidade.

1
Graduando em Medicina Veterinária –– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: talitaomf95@hotmail.com,
aliceromao@globo.com
2

3
Professor em Medicina Veterinária– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianofcunha@hotmail.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1234 ANAIS X SIMPAC

Introdução

Mastite é a inflamação da glândula mamária caracterizada


por alterações físicas e químicas do leite e alterações do tecido
glandular. Tal enfermidade tem alta prevalência nos rebanhos
leiteiros e é responsável por grandes perdas econômicas, podendo
reduzir em até 50% a produção leiteira (LADEIRA, 2001). Possui
caráter multifatorial, sendo causada por diferentes patógenos e
influenciada pelo ambiente e fatores inerentes ao animal (COSER et
al., 2012).
O uso apropriado de agentes desinfetantes em tetos durante
a ordenha das vacas tem como objetivo reduzir os micro-organismos
patogênicos e evitar a disseminação de agentes infecciosos entre os
animais, como Staphylococcus aureus (RAMALHO et al., 2012).
Durante a extração do leite, o esfíncter do teto é aberto, o que aumenta
o risco de entrada de micro-organismos. Além disto, várias vacas
são submetidas ao uso de mesmas teteiras, as quais podem veicular
patógenos contagiosos de um animal para outro (LADEIRA, 2001).
Apesar da importância dos desinfetantes, os mesmos são
escolhidos por hábito de uso, facilidade de aplicação ou preço. Deve-
se reavaliar as praticidades e as limitações de cada desinfetante,
visto que seu uso inadequado pode causar seleção natural de
cepas resistentes em uma população microbiana (PEDRINI &
MARGATHO, 2003). Portanto, o objetivo do trabalho foi avaliar a
eficiência in vitro de desinfetantes de tetos frente à S. aureus isolados
de vacas com mastite.

Material e Métodos

Amostras de desinfetantes mais utilizados como pre e post-


dipping (cloro, iodo, ácido lático e clorexidine) foram adquiridas no
comércio e enviadas para o laboratório de Química da Faculdade
UNIVIÇOSA, localizada em Viçosa (MG). Assim, as concentrações
dos princípios foram determinadas, em triplicata, de acordo com as
metodologias estabelecidas pela Farmacopeia Brasileira (BRASIL,
2010).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1235

A determinação da eficácia dos desinfetantes foi realizada,


em triplicata, baseando-se na metodologia utilizada por Ramalho et
al. (2012). Para a análise, foram preparadas suspensões bacterianas
homogêneas, em solução salina estéril correspondendo à escala 1
de McFarland, de quatro cepas de S. aureus isoladas de animais
com mastite subclínica (Saa, Sab, Sac e Sad). As cepas foram cedidas
pelo Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem
Animal (DTIPOA) da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).
Posteriormente, 2mL de suspensão bacteriana foram
adicionados aos tubos contendo a solução de desinfetantes. Em
seguida, as misturas contidas nos tubos foram incubadas a 36°C
durante 24 horas e foi observada a turvação do meio, formação de
película na superfície ou de precipitado no fundo dos tubos. Antes
e após o crescimento dos micro-organismos nos tubos, amostras
foram submetidas à determinação da absorbância a 600nm em
espectrofotômetro de luz visível SP220 (Biospectro Ltda., Curitiba,
Brasil).
Os resultados de absorbância antes e após o crescimento de S.
aureus no meio BHI adicionado dos desinfetantes foram submetidos
a comparação de média por meio do teste t de Student, utilizando-
se software SigmaPlot 12.0 (Systat Software Inc., San Jose, USA),
ao nível de 5% de significância. A pesquisa foi aprovada pelo
Núcleo de Pesquisa e Extensão (NUPEX) da Faculdade União do
Ensino Superior de Viçosa (UNIVIÇOSA) sob número de protocolo
207/2016-I.

Resultados e Discussão

De acordo com os rótulos dos desinfetantes, as concentrações


dos princípios ativos devem ser 5,0% de cloro ativo, 2,5% de
iodopovidona e 1,5% de digluconato de clorexidine. A concentração
de ácido lático não estava informada no rótulo do produto. Após
análises, as concentrações encontradas dos desinfetantes foram
5,35, 22,79, 1,9 e 1,9% de cloro ativo, ácido lático, iodopovidona e
digluconato de clorexidine, respectivamente.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1236 ANAIS X SIMPAC

Os desinfetantes cloro e clorexidine apresentaram


concentrações semelhantes ao que os fabricantes propõe. Já a amostra
de iodo apresentou concentração inferior à dada pelo fabricante.
Caso a concentração encontrada no produto não seja a descrita no
rótulo, isto acarretará em descaso ao consumidor e comprometimento
da eficácia esperada do produto frente aos patógenos causadores de
mastite.
Avaliando a eficácia, houve maior ati­vidade desinfetante in
vitro de clorexidine e cloro, pois os crescimentos de S. aureus dados em
absorbância foram numericamente menores (Tabela 1). Avaliando a
eficácia de desinfetantes comerciais utilizados no pré e pós-dipping
frente micro-organismos isolados de animais com mastite bovina,
Medeiros et al. (2009) observaram que iodo e clorexidine possuíam
maior atividade desinfe­tante contra S. aureus e iodo possuía melhor
eficá­cia contra Staphylococcus coagulase negativo.
Tabela 1. Crescimento dado em absorbância de amostras de
Staphylococcus aureus isoladas do leite de animais com mastite
frente a desinfetantes de tetos
Desinfetante Bactéria Antes Depois Crescimento
Saa 0,070 1,410 1,340
Ausente Sab 0,026 1,540 1,514
Sa 0,022 1,320 1,299
Sadc 0,021 1,294 1,274
Saa 1,759 1,845 0,086
Clorexidine Sab 1,919 2,007 0,088
Sa 1,845 1,933 0,088
Sadc 1,985 2,058 0,073
Saa 0,151 0,316 0,164
Iodo Sab 0,391 0,437 0,046
Sa 0,181 0,582 0,401
Sadc 0,098 0,544 0,446
Saa 0,023 0,041 0,018
Cloro Sab 0,028 0,050 0,022
Sa 0,032 0,051 0,019
Sadc 0,024 0,044 0,020
Saa 0,114 0,433 0,319
Ácido Lático Sab 0,110 0,499 0,390
Sa 0,204 0,451 0,248
Sadc 0,149 0,350 0,201

Os resultados descritos acima foram confirmados


estatisticamente por meio dos resultados médios apresentados
na Tabela 2. Por meio do crescimento dado em absorbância, S.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1237

aureus apresentaram maior (p<0,05) crescimento médio frente


aos desinfetantes iodo e ácido lático e, portanto, foram menos
eficientes que clorexidine e cloro. Apesar disto, os desinfetantes
iodo e clorexidine apresentaram inibição de S. aureus, pois menores
absorbâncias foram observadas que a absorbância dada em tubos
ausentes de desinfetantes (p<0,05).

Tabela 2. Crescimento médio e inibição de Staphylococcus aureus


isolados do leite de animais com mastite frente a desinfetantes de
tetos
Inibição do
Desinfetante Antes Depois Crescimento Desinfentante
(%)
Ausente 0,034 1,391 1,356ac -
Clorexidine 1,877 1,961 0,084b 93,8
Iodo 0,205 0,470 0,264 c 80,5
Cloro 0,027 0,046 0,020b 98,5
Ácido Lático 0,144 0,433 0,289 78,7
Médias seguidas de letras diferentes entre linhas diferem
estatisticamente (p<0,05).

De acordo com Santos e Fonseca (2006), melhores inibições


de pós-dipping contra micro-organismos causadores de mastite
têm sido obtidas com as seguintes concentrações: iodo a 0,7-1,0%,
clorexidine a 0,5-1,0% e cloro a 0,3-0,5% (4% hipoclorito de sódio).
No pré-dipping, os produtos tradicionalmente utilizados são o
hipoclorito de sódio a 2%, iodo a 0,3% e clorexidine a 0,3%. Em
ambos os casos deve-se fazer a imersão completa dos tetos.

Conclusões

Apesar de clorexidine, iodo, cloro e ácido lático inibirem o


crescimento de S. aureus, clorexidine e cloro possuem maior atividade
inibitória frente a S. aureus.

Referências Bibliográficas

BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1238 ANAIS X SIMPAC

Brasileira. v. 2. ed. 5. Brasília: Anvisa, 2010. 904p.

COSER, S. M; LOPES, M.A.; COSTA, G.M. Mastite bovina: controle


e prevenção. Boletim Técnico Universidade Federal de Lavras,
n.93, p.1-30, 2012.

LADEIRA, S.R.L. Mastite bovina. In: RIET-CORREA, F.; SCHILD,


A.L.; LEMOS, R.A.A. et al. (Eds), Doenças de Ruminantes e
Eqüídeos. v.1, 3 ed. Santa Maria: Editora Pallotti, p.359-370.

PEDRINI, S.C.B; MARGATHO, L.F.F. Sensibilidade de


microrganismos patogênicos isolados de casos de mastite clínica
em bovinos frente a diferentes tipos de desinfetantes. Arquivo do
Instituto Biológico, v.70, n.4, p.391-395, 2003.

RAMALHO, A.C; SOARES, K.D.A.; SILVA, D.F.; BARROS, M.R.C.;


PINHEIRO, J.W.J.; OLIVEIRA, M.B.J.;
MOTA, R.A.; MEDEIROS, E.S. Eficácia in vitro de desinfetantes
comerciais utilizados no pré e pós-dipping frente a Staphlococcus spp.
isolados em rebanhos leiteiros. Pesquisa Veterinária Brasileira,
v.32, n.12, p.1285-1288, 2012.

SANTOS, M.V; FONSECA, L.F.L. Estratégias para controle de


mastite e melhoria da qualidade do leite. Barueri: Ed. Manole,
v.1. 2007, 314p.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1239

INTERFERÊNCIA DA MATÉRIA ORGÂNICA NA INIBIÇÃO


IN VITRO DE DESINFETANTES DE TETOS FRENTE À
STAPHYLOCOCCUS AUREUS ISOLADOS DE VACAS COM
MASTITE

Talita Oliveira Maciel Fontes1, Adriano França da Cunha2, Alice


Cristina da Silva Portilho3

Resumo: A sensibilidade in vitro de quatro cepas de Staphylococcus


aureus isolados de vacas com mastite foi avaliada frente a quatro
desinfetantes comerciais utilizados no pre e post-dipping de tetos,
com ou sem matéria orgânica. Tubos contendo 4mL de caldo Brain
Heart Infusion (BHI) foram adicionados ou não de matéria orgânica
e desinfetantes à 1,5%. Tempos de exposição (15”, 30”, 60” e 90”)
foram cronometrados e estrias foram realizadas em meio BHI.
Antes e depois da incubação dos tubos à 36°C por 24 horas, as
absorbâncias foram determinadas à 600nm. em espectrofotômetro.
S. aureus apresentaram maior (p<0,05) crescimento médio frente aos
desinfetantes iodo e ácido lático e, portanto, foram menos eficientes
que clorexidine e cloro, com e sem matéria orgânica. Entretanto, a
inibição pela matéria orgânica ocorreu de forma mais intensa no
desinfetante iodo (49,6%). Os resultados qualitativos demonstraram
que o percentual de inibição de S. aureus frente ao iodo e ácido lático
nos tempos de 15”, 30”, 60” e 90” foram numericamente menores que
frente a clorexidine e cloro. Clorexidine inibiu 100% das amostras nos
tempos 60” e 90”, com e sem matéria orgânica. Portanto, clorexidine
e cloro possuem maior atividade inibitória frente a S. aureus, tanto
com e sem matéria orgânica.

Palavras–chave: Dipping, glândula mamária, sensibilidade, teto.

1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: talitaomf95@hotmail.com,
aliceromao@globo.com
2
Professor em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianofcunha@hotmail.com.br
3

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
1240 ANAIS X SIMPAC

Introdução

A desinfecção dos tetos antes da ordenha (pre-dipping)


tem objetivo de prevenir micro-organismos causadores de mastite
ambiental. Os tetos, então, são secados com papel toalha e os conjuntos
de ordenha são acoplados para extração do leite. A desinfecção por
post-dipping é feita após a ordenha completa do animal, com solução
desinfetante mais concentrada, tendo o objetivo de prevenir micro-
organismos contagiosos (CASSOL et al., 2010).
Os desinfetantes usados como dipping apresentam diferenças
entre seus princípios ativos. Soluções antissépticas convencionais
apresentam acentuada queda na eficiência ou são até mesmo
desativadas quando há contato com matéria orgânica, o que é
passível de acontecer no teto ou pela própria contaminação do
produto pelo ambiente (RAMALHO, 2012).
A avaliação periódica dos desinfetantes utilizados nas
propriedades é importante, pois muitos podem não se mostrar
eficazes para controlar os micro-organismos mais prevalentes como
causadores de mastite, principalmente S. aureus. A ineficiência pode
ser ainda mais intensificada caso a solução esteja contaminada
com matéria orgânica (COSTA et al., 1998; RAMALHO et al.,
2012). Portanto, o objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência de
desinfetantes de tetos em contato com matéria orgânica na eliminação
de S. aureus causadores de mastite em vacas leiteiras.

Material e Métodos

Amostras de desinfetantes mais utilizados como pre e post-


dipping (cloro, iodo, ácido lático e clorexidine) foram adquiridas no
comércio e enviadas para o laboratório de Química da Faculdade
UNIVIÇOSA, localizada em Viçosa (MG). Assim, as concentrações
dos princípios foram determinadas, em triplicata, de acordo com as
metodologias estabelecidas pela Farmacopeia Brasileira (BRASIL,
2010).
A determinação da eficácia dos desinfetantes foi realizada,
em triplicata, baseando-se na metodologia utilizada por Ramalho et

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1241

al. (2012). Para a análise, foram preparadas suspensões bacterianas


homogêneas, em solução salina estéril correspondendo à escala 1 de
McFarland, de quatro cepas de S. aureus isoladas de animais com
mastite subclínica. As cepas foram cedidas pelo Departamento de
Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal (DTIPOA) da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Ademais, 1L de mistura de matéria orgânica foi preparado
com 10% de urina de bovino, 10% de fezes, 10% de leite e 10% de
terra. Este preparado foi esterilizado à 120°C por 15 minutos. Em
seguida, 50µL da mistura de matéria orgânica foram adicionados
a tubos contendo 4 mL de caldo Brain Heart Infusion (BHI) e 2 mL
da solução de desinfetantes diluídos a 1,5%. Tubos sem a presença
de matéria orgânica foram utilizados como controle negativo da
matéria orgânica.
Posteriormente, 2mL de suspensão bacteriana foram
adicionados aos tubos contendo a solução de desinfetantes e matéria
orgânica para que os tempos de exposição (15”, 30”, 60” e 90”) fossem
cronometrados. A cada tempo, estrias em meio BHI foram realizadas
e as placas foram incubadas a 36°C para verificação qualitativa do
crescimento por meio do surgimento de colônias.
Em seguida, as misturas contidas nos tubos foram incubadas
a 36°C durante 24 horas e foi observada a turvação do meio, formação
de película na superfície ou de precipitado no fundo dos tubos. Antes
e após o crescimento dos micro-organismos nos tubos, amostras
foram submetidas à determinação da absorbância a 600nm em
espectrofotômetro de luz visível SP220 (Biospectro Ltda., Curitiba,
Brasil).
Os resultados de absorbância antes e após o crescimento de S.
aureus no meio BHI adicionado dos desinfetantes com e sem matéria
orgânica foram submetidos a comparação de média por meio do
teste t de Student. Os resultados qualitativos do crescimento de S.
aureus nas placas foram submetidos à análise descritiva, obtendo-
se as frequências relativas. Todos os dados foram analisados
utilizando software SigmaPlot 12.0 (Systat Software Inc., San Jose,
USA), ao nível de 5% de significância. A pesquisa foi aprovada pelo
Núcleo de Pesquisa e Extensão (NUPEX) da Faculdade União do

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1242 ANAIS X SIMPAC

Ensino Superior de Viçosa (UNIVIÇOSA) sob número de protocolo


207/2016-I.

Resultados e Discussão

Por meio do crescimento dado em absorbância, S. aureus


apresentaram maior (p<0,05) crescimento médio frente aos
desinfetantes iodo e ácido lático e, portanto, foram menos eficientes
que clorexidine e cloro, com e sem matéria orgânica (Tabela 1).
Entretanto, a inibição pela matéria orgânica ocorreu de forma mais
intensa no desinfetante iodo (49,6%). O crescimento médio de S.
aureus diante tal desinfetante foi significativamente maior (p<0,05)
com matéria orgânica do que sem matéria orgânica.

Tabela 1. Crescimento médio dado em absorbância de Staphylococcus


aureus isolados de animais com mastite frente a desinfetantes com
e sem matéria orgânica
Crescimento Inibição da
Desinfetante Sem Matéria Com Matéria Matéria
Orgânica Orgânica Orgânica (%)
Clorexidine 0,084Ba 0,054Ca -55,5
Iodo 0,265Ab 0,526Aa 49,6
Cloro 0,020 Ba
0,031 Ca
35,5
Ácido Lático 0,289Aa 0,315Ba 8,25
Médias seguidas de letras maiúsculas e minúsculas diferentes
entre linhas e colunas respectivamente diferem estatisticamente
(p<0,05).

A matéria orgânica pode interferir com a atividade


antimicrobiana dos desinfetantes, pois desativa a molécula ativa
do mesmo ou por ser uma barreira física de proteção aos micro-
organismos durante o ataque químico. Portanto, é necessário manejo
adequado de ordenha e do ambiente onde os animais se encontram
para que os animais mantenham o úbere limpo, sobretudo no verão,
época de maior ocorrência de sujidades nos tetos (PINHEIRO, 1990).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1243

Os resultados qualitativos demonstraram que o percentual


de inibição de S. aureus frente ao iodo e ácido lático nos tempos
de 15”, 30”, 60” e 90” foram numericamente menores que frente a
clorexidine e cloro (Tabela 2). Clorexidine inibiu 100% das amostras
nos tempos 60” e 90”, com e sem matéria orgânica.

Tabela 2. Percentual de inibição de amostras de Staphylococcus


aureus isoladas de animais com mastite em tempos diferentes de
exposição a desinfetantes com e sem matéria orgânica
Matéria Tempo (segundos)
Desinfetante N
Orgânica 15 30 60 90
Ausente 12 75,0 91,7 100,0 100,0
Clorexidine
Presente 12 66,7 83,3 100,0 100,0
Ausente 12 8,3 8,3 25,0 33,3
Iodo
Presente 12 0 0 8,3 16,7
Ausente 12 16,7 41,7 58,3 41,7
Cloro
Presente 12 25,0 33,3 41,7 41,7
Ausente 12 0 8,3 8,3 8,3
Ácido Lático
Presente 12 0 0 0 0

Na maioria dos tempos de exposição de S. aureus a todos


os desinfetantes, menores inibições percentuais foram observadas
quando em contato com matéria orgânica. Apenas no tempo de 15”,
a inibição percentual foi igual e menor diante ácido lático e cloro na
ausência de matéria orgânica, respectivamente.
Devido às variações no perfil de sensibilidade e resistência
encontradas, é necessária avaliar regularmente a eficiência dos
desinfetantes usados nas propriedades, com o intuito de verificar a
eficácia do produto e assim contribuir para o controle da mastite no
rebanho. Sabendo que o iodo é um dos desinfetantes mais usados na
prática, seu uso indiscriminado pode estar selecionando patógenos
resistentes ao desinfetante, como S. aureus (MARTINS et al., 2010;
OLIVEIRA et al., 2011).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1244 ANAIS X SIMPAC

Conclusões

Clorexidine e cloro possuem maior atividade inibitória frente


a S. aureus, tanto com e sem matéria orgânica. A matéria orgânica
inibe principalmente a atividade antimicrobiana de iodo contra S.
aureus.

Referências Bibliográficas

CASSOL, D.M.S; SANDOVAL, G.A.F.; PERÍCOLE, J.J.; GIL,


P.C.N.; MARSON, F.A. Mastite bovina. A Hora Veterinária, v.29,
n.175, p.27-31, 2010.

COSTA, E.O; RIBEIRO, A.R.; WATANABE, E.T.; VALLE, C.R.;


GARINO JUNIOR, F.; SILVA, J.A.B.; THIERS, F.O. Avaliação in
vitro dos desinfetantes utilizados na pós ordenha (teat dipping) para
controle da mastite bovina. Revista Napgama, v.1, n.1, p.18-22,
1998.

MARTINS, R.P; SILVA, J.A.G.; NAKAZATO, L.; DUTRA, V.;


FILHO, E.S.A. Prevalência e etiologia infecciosa da mastite bovina
na microrregião de Cuiabá-MT. Ciência Animal Brasileira, v.11,
n.1, p.181-187, 2010.

OLIVEIRA, C.M.C; SOUSA, M.G.S; SILVA, N.S; MENDONÇA, C.L;


SILVEIRA, J.A.S; OAIGEN, R.P; ANDRADE, S.J.T; BARBOSA,
J.D.B. Prevalência e etiologia da mastite bovina na bacia leiteira
de Rondon do Pará, estado do Pará. Pesquisa Veterinária
Brasileira, v.31, n.2, p.104-110, 2011.

PINHEIRO, J.W.J; OLIVEIRA, M.B.J; MOTA, R.A; MEDEIROS,


E.S. Eficácia in vitro de desinfetantes comerciais utilizados no pré
e pós-dipping frente a Staphlococcus spp. isolados em rebanhos
leiteiros. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.32, n.12, p.1285-
1288, 2012.
RAMALHO, A.C; SOARES, K.D.A; SILVA, D.F; BARROS, M.R.C;

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1245

PINHEIRO, J.W.J; OLIVEIRA, M.B.J.; MOTA, R.A.; MEDEIROS,


E.S. Eficácia in vitro de desinfetantes comerciais utilizados no pré
e pós-dipping frente a Staphlococcus spp. isolados em rebanhos
leiteiros. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.32, n.12, p.1285-
1288, 2012.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1246 ANAIS X SIMPAC

C. G. JUNG E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A


ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

Taynara de Lima e Silva1, Leonardo Bruno Mateus Gomes da


Silva2, Janice de Fátima Cruz3, Felipe de Souza Moreira4, Andréa
Olímpio de Oliveira5

Resumo: O presente trabalho tem por finalidade abordar as


contribuições da psicologia analítica na perspectiva da abordagem
junguiana para o processo de orientação vocacional. Utilizou-se
de estudos teóricos, com ênfase no desenvolvimento do processo
vocacional de Carl Gustav Jung, demonstrando as inter-relações
encontradas pelo mesmo e a participação da inteligência do
inconsciente dessa escolha. A proposta é que a escolha vocacional
advém de uma orientação do Self, sendo parte de um processo de
identificação pessoal do qual as dificuldades encontradas são as
mesmas do processo de identificação vocacional- ocupacional.

Palavras–chave: Processo de escolha, psicologia analítica, teoria


da escolha

Introdução

A prática profissional de acordo com Leitão e Miguel (2004


apud Noronha & Ambiel, 2006), pode ser considerada como uma das
atividades de grande importância na vida de um adulto, apesar de
ser na adolescência a fase o qual se intensificam as dúvidas acerca
do futuro. Nesse período, os interesses profissionais começam a
1
Graduanda em Psicologia- FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: limataynara059@gmail.com
2
Graduando em Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: leobmsilva@gmail.com
3
Graduanda em Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: cruz.janf@gmail.com
4
Graduando em Psicologia –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lipesouzaaa@hotmail.com
5
Professora da disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas V – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail:
coresdapsique@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1247

evidenciar com a tendência de se resolver até geralmente quando


os adolescentes e jovens terminam o ensino médio, que ocorre
aproximadamente dos 17 aos 20 anos.

O processo de escolha não é uma decisão isolada e sim um


processo contínuo, composto de uma série de decisões tomadas ao
longo da vida (NEIVA, 2007). Escolher uma profissão implica não
apenas decidir o que fazer, mas também decidir quem ser, um modo
de viver. A orientação vocacional visa o sujeito ao autoconhecimento
com a finalidade de possibilitar uma escolha mais lúcida, madura e
de acordo com as habilidades de cada indivíduo.

Neiva (2007) argumenta que as identificações que o sujeito


estabelece ao longo da vida contribuem para a sua identidade
pessoal e para a sua identidade vocacional-ocupacional. Essa é
adquirida por meio da integração de diferentes identificações que
alcançam relativa autonomia.

Existem poucas pesquisas de orientação analítica sobre o


tema, porém em “Memórias, Sonhos e Reflexões”, C. G. Jung relata
seu processo pessoal de escolha profissional e é a partir desse relato
que se considera três conceitos relevantes na questão da escolha:
sabedoria do inconsciente, teleologia da escolha e a questão do
destino (SPACCAQUERCHE e FORTIM, 2014).

Material e Métodos

Este trabalho constituiu-se de uma pesquisa documental,


por ter como referência documentos (artigos, teses, dissertações,
revistas científicas) produzidos por terceiros.

Para a busca dos trabalhos publicados sobre o tema foram


utilizados os descritores: “orientação profissional”, “psicologia
analítica”, “orientação vocacional”, “orientação vocacional e as
práticas da psicologia analítica”.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1248 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

C. G. Jung nasceu em 1875, Suíça. Em sua obra “Memórias,


Sonhos e Reflexões (1963), o autor conta sobre sua trajetória, tanto
pessoal quanto profissional. Relata ainda que em toda sua infância
sentia como se estivesse dividido em duas personalidades. Essaspor
sua vez, regiam sua vida e quando chegou ao fim do colégio, seus
pais começaram a questioná-lo qual profissão seguir. Ele estava
em dúvida entre as ciências naturais e a tudo que se referisse à
história da religião. Quanto às influências familiares, Jung relata
que seu tio mais velho o impulsionava para a Teologia, seu pai dizia
que ele poderia escolher qualquer profissão, porém não a de Teólogo
(profissão do pai). Por fim, Jung decidiu pela Medicina tendo em
vista seus sonhos, o que ele sempre respeitou. De início, essa escolha
não foi a resolução de seu conflito, porém mais tarde a sua vida
futura lhe comunica que essa escolha poderia conciliar as suas duas
personalidades (SPACCAQUERCHE e FORTIM, 2014).
Jung considerava sua história como a de um inconsciente que
se realizou. O autor apresenta a ideia de uma inteligência existente
no inconsciente. Essa inteligência ou sabedoria interna provém do
Self, e procura nos conduzir sempre em direção à realização total
da personalidade (SPACCAQUERCHE e FORTIM, 2014). Para
Gimenez (1998), para ocorrer uma escolha verdadeira é necessário
ouvir o “outro dentro de si”. Esse outro seria o Self, aquela parte
inconsciente que sabe para onde conduzir a personalidade e que
chamamos de sabedoria interna.
Para Spaccaquerche e Fortim (2014), devido à atemporalidade
o Self conhece a finalidade daquela vida, daquele indivíduo, sendo
a escolha profissional parte integrante desse propósito. Assim,
os eventos acontecem relacionados tanto ao passado quanto ao
futuro,e operam tendo em vista determinada finalidade. A escolha
profissional não é apenas causal, mas também tem caráter atemporal
no sentido de ser determinada pelos eventos futuros contidos no
inconsciente. As autoras ainda comentam sobre a importância do
indivíduo perceber que são diversas escolhas que deve se fazer na

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1249

vida, e que somente depois de algum tempo é que essas escolhas


começam a se integrar e mostrar o seu sentido.
O inconsciente age como se tivesse um objetivo mais adiante
e emite sinais desse objetivo no decorrer da vida. Hillman (1997)
argumenta que esse objetivo é dado pelo daimon que nos acompanha
e que foi escolhido por nós antes de nascermos. Com ele viria o
chamado, a vocação para se desempenhar determinada atividade.

Conclusões

A psicologia analítica na perspectiva da abordagem


junguiana, contribui para o processo de orientação vocacional,
pois possibilita a pessoa orientada relacionar as escolhas ao longo
da vida com as escolhas profissionais, elucidando os fatores que
influenciaram suas escolhas e associando-os a um objetivo futuro,
uma vez que o Self é atemporal.

Referências Bibliográficas

GIMENEZ, P. D. Orientação Profissional: uma abordagem


junguiana: da técnica ao ritual. Dissertação de Mestrado. São
Paulo, USP, 1998.
HILLMAN, J. O Código do Ser: uma busca do caráter e da
vocação pessoal. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1997.
MOLINEIRO, M. L. C. A. Vocação: uma perspectiva junguiana - A
orientação vocacional na clínica junguiana. 2007. 223 f. Dissertação
(Mestrado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, São Paulo, 2007.
NEIVA, K. M. C. Processos de Escolha e Orientação
Profissional. São Paulo: Vetor Editora, 2007. 88p.
NORONHA, A. P. P.; AMBIEL, R. A. M. Orientação profissional

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1250 ANAIS X SIMPAC

e vocacional: análise da produção científica. Psico-USF, v. 11,


n. 1, p. 75-84, jan./jun. 2006
SPACCAQUERCHE, M. E; FORTIM, Ivelise. Orientação
Profissional: passo a passo. 2 ed. São Paulo: Paulus, 2014. 288p.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1251

FIBRILAÇÃO ATRIAL SECUNDÁRIA À CARDIOMIOPATIA


DILATADA EM CÃO DA RAÇA SÃO BERNARDO – RELATO
DE CASO

Thainá Barcellos Soares da Silva1, Guilherme Henrique Soares


Lobo2, Gustavo Carvalho Cobucci3

Resumo: A cardiomiopatia dilatada (CMD) é uma doença


cardíaca crônica e idiopática, caracterizada pela contratilidade
miocárdica inadequada levando à dilatação das câmaras cardíacas,
com consequente disfunção ventricular sistólica, causada pela
contratilidade miocárdica prejudicada. Foi atendido no Hospital
Veterinário da faculdade Univiçosa, um canino macho, raça São
Bernardo, oito anos de idade e 48kg de peso corporal apresentando
emagrecimento, falta de apetite, cansaço frequente e tosse. O
exame clínico revelou pulso arterial fraco, presença de líquido
livre na cavidade abdominal e ausência de sopro. Foram realizados
exames radiográfico, eletrocardiográfico, ultrassonográfico e
ecocardiográfico, sendo diagnosticado cardiomiopatia dilatada
canina e fibrilação atrial. A terapia da CMD busca melhorar a
qualidade de vida do animal e aumentar a sobrevida, por meio do
controle das manifestações da insuficiência cardíaca congestiva
(ICC) e controle das arritmias. Os pacientes podem ter a sobrevida
de alguns meses após o diagnóstico ou virem à óbito repentinamente.
O animal relatado encontrava-se vivo seis meses após o início da
terapia, indicando eficácia parcial da terapia realizada.

Palavras-chave: arritimias cardíacas, canino, cardiologia, coração.

1
Graduando em Medicina Veterinária - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: thainabarcellos@yahoo.com.
br
2
Médico Veterinário
3
Professor do curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: gucobucci@hotmail.
com

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1252 ANAIS X SIMPAC

Introdução

A cardiomiopatia dilatada (CMD) é uma doença cardíaca


crônica e idiopática, caracterizada pela contratilidade miocárdica
inadequada. Ocorre dilatação das câmaras cardíacas, principalmente
de átrio e ventrículo esquerdos, com consequente disfunção
ventricular sistólica causada pela contratilidade miocárdica
prejudicada. Animais que apresentam essa patologia podem ou não
apresentar arritmias cardíacas concomitantemente (WARE, 2015).
A principal causa da CMD nos cães continua desconhecida, sendo
mais prováveis aquelas causadas por mutações genéticas, agentes
infecciosos, defeitos bioquímicos, toxinas e deficiência nutricional
(SISSON; THOMAS; KEENE, 2008).
Este trabalho tem como objetivo relatar sinais clínicos,
diagnóstico, achados nos exames complementares e tratamento,
de um paciente atendido no Hospital Veterinário da Univiçosa,
diagnosticado com cardiomiopatia dilatada e fibriação atrial
secundária. É distúrbio que causa sinais clínicos graves nos animais,
necessitando da intervenção de um Médico Veterinário. Relatos de
caso visam fornecer subsídios para tomada de decisão.

Material e Métodos

Foi atendido no Hospital Veterinário da Univiçosa, um canino


macho, raça São Bernardo, oito anos de idade, pesando 48 kg, com
queixa de hiporexia, tosse e cansaço fácil ao exercício há cerca de 12
dias. Na anamnese, foram relatados emaciação progressiva, tosse
seca e improdutiva, dispneia e urina de coloração marrom escura.
Ao exame físico, observaram-se líquido livre na cavidade abdominal,
hipofonese cardíaca e pulso arterial fraco e irregular. A ausculta
cardiopulmonar estava dificultosa com ausência de sopro cardíaco.
A frequência cardíaca estava em 90 batimentos por minuto. Foram
realizados exames complementares para melhor elucidação do
quadro do animal, como: hemograma, exame radiográfico do tórax,
ultrassonografia abdominal, ecocardiograma e eletrocardiograma.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1253

O estudo foi aprovado sob número de protocolo 088/2015-I.

Resultados e Discussão

A CMD é uma doença que acomete principalmente cães de


raças grandes e puras, com peso corporal em torno de 30Kg e idade
média de 6 anos (YAMAKI, 2007). O presente trabalho corrobora
com a literatura por se tratar de um São Bernardo de oito anos de
idade. Os principais sinais clínicos apresentados pelo animal foram
falta de apetite, cansaço frequente e tosse seca, o que também foi
descrito por Muzzi (2000). A dispneia acentuada, ascite, pulso fraco
e irregular e os sons cardíacos abafados, incluindo a emaciação
progressiva são sinais atribuídos à cardiomiopatia dilatada e à
fibrilação atrial (SILVA, 2010).
Segundo Silva (2010), o exame radiográfico, eletrocardiograma
e ecocardiograma, juntamente com os sinais clínicos são essenciais
para diagnóstico da cardiomiopatia dilatada e fibrilação atrial.
Nesse estudo, tais exames também se mostraram imprescindíveis
para a realização do diagnóstico. No hemograma, foi observada
moderada anemia (hematócrito 32%) e no bioquímico, aumento
de ureia (61 mg/dL), alanina transaminase (346 UI/L) e fosfatase
alcalina (807 U/L). O exame radiográfico do tórax revelou aumento
da silhueta cardíaca, devido à cardiomegalia generalizada. Ao
exame ultrassonográfico, foi observado ascite e o ecocardiograma
evidenciou a presença de cardiomiopatia dilatada esquerda.
O eletrocardiograma evidenciou fibrilação atrial. A fibrilação
atrial é uma arritmia grave em que há perda da contração atrial
e é predisposta em animais que apresentam CMD. Assim como
determinado por (WARE, 2015), no presente caso, o diagnóstico
de CMD e fibrilação atrial foi determinado a partir dos achados
laboratoriais, radiográficos, eletrocardiográficos, ecocardiográficos
e ultrassonográficos.
A terapia da CMD busca melhorar a qualidade de vida do animal
e aumentar a sobrevida, por meio do controle das manifestações
da insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e controle das arritmias.
Os fármacos utilizados no tratamento do animal descrito foram:

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1254 ANAIS X SIMPAC

digoxina (0,2 mg/m2, a cada 12 horas, via oral), furosemida (2 mg/


kg, a cada 12 horas, via oral) e enalapril (0,5 mg/kg, a cada 12
horas, via oral), também utilizados por Muzzi (2000). A digoxina é
um glicosídeo com discreto efeito inotrópico positivo e importante
retardo da frequência ventricular em cães com fibrilação atrial.
A furosemida é diurético de alça, sendo utilizada para reduzir
o volume plasmático e controlar os sinais congestivos (edema
pulmonar, efusão pleural, ascite). O enalapril é inibidor da enzima
conversora de angiotensina, possuindo efeitos de vasodilatação,
diurese, oposição dos efeitos da ativação neuro-humoral e alteração
do remodelamento cardíaco. A associação desses três fármacos reduz
bastante os sinais clínicos da insuficiência cardíaca e melhoram a
tolerância ao exercício nos cães com CMD (WARE, 2015). A terapia
instituída está de acordo com a literatura, que preconiza o uso de
digitálicos e diuréticos (SILVA, 2010). O prognóstico da doença varia
de reservado a ruim. A literatura relata que os pacientes podem ter
a sobrevida de alguns meses após o diagnóstico ou virem à óbito
repentinamente. Entretanto, seis meses após iniciada a terapia,
segundo contato telefônico realizado com o proprietário, o animal
relatado encontrava-se vivo, mostrando eficácia parcial da terapia
para esse animal.

Considerações Finais

Embora não exista tratamento curativo para a CMD, é função


do clínico fornecer o tratamento de suporte, para que se possa
prolongar ao máximo a sobrevida do animal.
No presente trabalho, os achados clínicos, ecocardiográficos e
eletrocardiográficos foram fundamentais para confirmar o quadro
de fibrilação atrial secundário à CMD, alcançando o objetivo do
mesmo de relatar o acometimento da doença em um canino de
grande porte.

Referências Bibliográficas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1255

SISSON, D. D; THOMAS, W. P; KEENE, B. W. Doença miocárdica


primária no cão. In: ETTINGER, S.J.;
MUZZI, R.A.L. Cardiomiopatia dilata em cão – relato de caso.
Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n. 2, p. 355-358, 2000.
WARE, W. A. Doenças miocárdicas em cães. In: NELSON, R.W.;
COUTO, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5ª ed.
Rio de Janeiro: ELSEVIER, 2015. p.130-144.

SILVA, M.P.D. Cardiomiopatia Dilatada em Cães. 2010. Campinas.


Monografia - Curso de especialização em Clínica Médica e Cirurgia
de Pequenos Animais, Instituto Qualittas.

YAMAKI, F.L. Monitorização eletrocardiográfica ambulatorial por


24 -horas em cães com cardiomiopatia dilatada idiopática – relato
de caso. Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária. Zootec.
v.59, n.6, p.1417-1424, 2007.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1256 ANAIS X SIMPAC

ATIVIDADES BIOLÓGICAS E COMPOSIÇÃO QUÍMICA


DO ÓLEO ESSENCIAL DE Chenopodium ambrosioides L.(
ERVA DE SANTA MARIA)

Thais Aparecida de Almeida1; Miriam Nogueira de Rezende


Moreira2; Simone Angélica Menezes Torres3; Eliene da Silva
Martins Viana4; Grasielle Soares Gusman5

Resumo: Chenopodium ambrosioides L. é uma planta herbácea


conhecida popularmente como erva de Santa Maria. Possui vasta
utilização como antihelmíntico, antibacteriana, anti-inflamatória,
cicatrizante, esquistossomicida, molusquicida,e leishmanicida. A
C. ambrosioides é composta por diferentes classes de metabólitos
secundários como os compostos fenólicos, saponinas, alcaloides,
taninos, terpenos, esteroides e quercetina, sendo rica em óleos
essenciais, os quais são compostos por 60 % de (Z) escaridol, 18 %
de (E) escaridol e 3 % de Carvacrol. Este resumo teve como objetivo
realizar uma revisão de literatura para aclarar as principais
aplicações biológicas do óleo essencial da C. ambrosioides,
utilizando artigos científicos de língua inglesa, portuguesa e
espanhola, posteriores ao ano de 2010. A literatura aponta que o
uso dessa espécie vegetal é amplamente difundido e que seu óleo
essencial apresenta diversas atividades biológicas, especialmente
contra endoparasitoses e ectoparasitoses. No entanto, ainda são
necessários estudos mais aprofundados para o estabelecimento de
dosagens específicas e redução da toxidade.
1
Graduanda em Farmácia–FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, integrante UniFito, e-mail: thaysalmeida7@gmail.
com,
2
Graduanda em Farmácia - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA/FAVIÇOSA, integrante UniFito, e-mail:
miriamrez@yahoo.com.br,
3
Professora do curso de Nutrição– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, integrante UniFito e-mail: simone@
univicosa.com.br,
4
Professora do curso de Nutrição– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, integrante UniFito e-mail: pesquisa@
univicosa.com.br,
5
Professora do curso de Farmácia– FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA, coordenadora UniFito, e-mail:
grasiellegusman@univicosa.com.br,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1257

Palavras–chave: Ascaridol, eficácia, erva de santa maria,


fitoterapia, planta medicinal

Introdução

O homem busca na natureza recursos para melhorar a


qualidade de vida desde os primórdios da civilização. Dentre estes
recursos, destaca-se a utilização das plantas como medicamentos,
prática que surgiu há séculos, no entanto empregada de forma
empírica. Neste sentido, o uso tradicional de plantas pela população
no tratamento de doenças despertou o interesse de pesquisadores,
que buscaram avaliar a eficiência terapêutica e os riscos de sua
utilização, propiciando a descoberta de novos compostos bioativos,
ou seja, medicamentos fitoterápicos que, quando bem estudados,
expressam possibilidades reais no combate de doenças, inclusive
as parasitoses (BANDEIRA, 2014; SOARES et al., 2014). A
espécie Chenopodium ambrosioides L. é uma planta da família
Amaranthaceae, nativa da América, originária do México, porém
pode ser encontrada em todos os países de clima temperado e tropical
(GRASSI, 2011). No Brasil, encontra-se vastamente distribuída em
quase todo o território nacional, sendo popularmente conhecida como
mastruz, mentruço, erva de Santa Maria e mentruz. Trata-se de uma
planta herbácea de pequeno porte, com propriedades aromáticas
fortemente notáveis e características peculiares. Sua utilização
na medicina veterinária demonstrou, na maioria das vezes, baixa
toxicidade e vários são os relatos sobre as propriedades biológicas do
óleo essencial dessa espécie contra parasitoses, agente cicatrizante,
antifúngico, entre outros (CORREA-ROYERO et al., 2010; GRASSI,
2011; DAMASCENO, 2015; FRANK HO et al, 2012).

Metodologia

O presente trabalho tratou-se de uma revisão bibliográfica,


realizada através de pesquisas de artigos científico em línguas
portuguesa, inglesa e espanhola, livros e monografias. Utilizaram-

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1258 ANAIS X SIMPAC

se as bases de dados Google acadêmico e Scielo, buscando pelas


palavras chaves: Erva de Santa Maria e Chenopodium ambrosioides.
Foi utilizado como critério de exclusão, os artigos publicados antes
de 2010 e como inclusão os artigos que se referiam às atividades
biológicas apenas do óleo essencial.

Resultados e Discussão

Dentre as várias propriedades biológicas relatadas para


o óleo essencial de C. ambrosioides, destacam-se as atividades
antifúngicas, tripanoscida, esquistossomicida, inseticida,
antioxidante, cicatrizante e citotóxica, conforme se segue. Correa-
Royero e colaboradores (2010) testaram a ação antifúngica do óleo
de C. ambrosioides (100 μg/mL) sendo esse ativo contra Candida
krusei, Aspergillus fumigatus, Aspergillus niger, Botryodiplodia
theobromae, Fusarium oxysporum, Macrophomina phaseolina,
Cladosporium cladosporioides, Helminthosporium oryzae e Pythium
debaryanum. Já Borges e colaboradores (2012) avaliaram a
atividade tripanocida do óleo, o qual apresentou um efeito inibitório
sobre as formas epimastigota em uma concentração próxima a 21,3
µg/mL.
Os óleos essenciais extraídos das folhas e caules apresentaram
atividade inseticida, com 100% de mortalidade na concentração de
500 µg/mL após 24 horas de exposição contra o gorgulho-do-milho,
Sitophilus zeamais, além da atividade antioxidante, através do
teste de de DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil), com resultado de 85
%, um pouco próximo ao resultado obtido para o ácido ascórbico
(substância antioxidante de referência) que foi de 96,5%. A
atividade antioxidante do óleo pode ser atribuída a diversas razões,
especialmente a presença de compostos fenólicos e hidrocarbonetos
de natureza monoterpênica e sesquiterpênica (JARAMILLO et al.,
2012).
Grassi (2011) avaliou a atividade cicatrizante do óleo em
ratos, através da pomada de polietilenoglicol (PEG) associada ao
extrato bruto da C. ambrosioides nas concentrações de 1,3 e 5%,
apresentando uma rápida evolução do processo de cicatrização nos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1259

grupos que utilizaram a associação. Já Kamel e colaboradores (2011)


avaliaram a atividade esquistossomicida do óleo em camundongos
infectados por Schistossoma mansoni com uma redução de 54,3%
dos protozoários.. Em relação à atividade Leishmanicida, o óleo
essencial demonstrou ser ativo na forma amastigota e promastigota
de L. amazonensis nas concentrações de 3,17 µg/mL e 4,6 µg/
mL respectivamente, não apresentando resultados positivos para
toxicidade celular (CORREA-ROYERO et al., 2010; SOARES et al.,
2014)
Qumicamente esse óleo é composto por 60% de (Z) ascaridol,
18% de (E) ascaridol e 3% de Carvacrol, além de outros componentes
como o α-terpineno, ρ-cimeno, piperitone, ρ-cimen-8-ol, acetato de
(E) piperitrol, álcool benzílico, α-terpineol, ρ-cresol e ρ-mentha-
1,3,8-trieno, sendo vários deles relatados na literatura como os
responsáveis pelas atividades biológicas descritas para essa espécie
(DIAS A et al ,2011; JARAMILLO et al., 2012; SOARES et al. 2014).

Considerações Finais

Atualmente a fitoterapia está amplamente difundida e aceita


na medicina humana e veterinária. Neste sentido, a C. ambrosioides
é uma das plantas que apresenta ampla aplicabilidade terapêutica
para o manejo de diversas situações e enfermidades, com alto
potencial frente a endoparasitose e ectoparasitose. A empregabilidade
desta planta vem impulsionando diversas pesquisas in vitro e in
vivo como fitoterápico. No entanto, mais estudos são necessários
para correlacionar composição química e ação farmacológica, de
forma a potencializar os efeitos desejados e reduzir os efeitos tóxicos
potenciais.

Referências Bibliográficas

BANDEIRA, SALGADO. (2014). Etnoconhecimento da utilização


de plantas medicinais nos municipios polarizados por pombal – PB.
Dissertação de mestrado. Curso de pós-graduação em Sistemas
Agroindustriais.Universidade Federal de Campina Grande -UFCG.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1260 ANAIS X SIMPAC

Campina Grande, 86p

BORGES AR et al. Trypanocidal and cytotoxic activities of essential


oils from medicinal plants of Northeast of Brazil. Exp Parasitol.
132:123-8.2012.

CORREA ROYERO et al. In vitro antifungal activity and cytotoxic


effect of essential oils and extracts of medicinal and aromatic
plants against Candida krusei and Aspergillus fumigatus.
Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of
Pharmacognosy 20(5): 734-741.2010.

DAMASCENO S et al. Óleo essencial de Chenopodium


ambrosioides L. estado da arte. Revista de Ciências
Farmacêuticas Básica e Aplicada 36(2):267-276. 2015.

DIAS A et al. Efeito da Erva de Santa Maria (Chenopodium


ambrosioides) em seis concentrações diferentes no controle de
Rhipicephalus (Boophilus) Micropus. In: Semana Capixaba do
Médico Veterinário. Mostra Científica, Guarapari, Espirito Santo,
38:2 .2011.

FRANK HO et al. Avaliação da bioatividae do óleo essencial de


Chenopodium ambrosioides L. em Biomphalaria glabrata.
Estudos científicos aplicados a novas tecnologias. Coletânea da 1ª
semana de ciências farmacêuticas, Alegre, Espirito Santo, 1: 29-31.
2012.

GRASSI, LT. Chenopodium ambrosioides L. – Erva de Santa


Maria (amaranthaceae): estudo do potencial anti-inflamatório,
ntinociceptivo e cicatrizante. Tese de Mestrado em Ciências
Farmacêuticas. Universidade do Vale do Itajaí. Itajaí, p147. 2011.

JARAMILLO BE et al. Bioactividad del aceite esencial de


Chenopodium ambrosioides colombiano. Rev Cubana Plant Med.
1:54-64. 2012.

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ANAIS X SIMPAC 1261

KAMEL EG et al. Parasitological and biochemical parameters in


Schistosoma mansoni infected mice treated with methanol from the
plants Chenopodim ambrosioides, Conyza Dioscoides and Sesbania
sesban. Parasitology Intenacional, 60: 338-392.2011.

SOARES L et al. Erva de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides


L.): Aplicações clínicas e formas tóxicas – Revisão de literatura.
JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal .v.13; p. 464 –
499. 2014.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1262 ANAIS X SIMPAC

MANEJO PRÉ-ABATE DE SUÍNOS: RELAÇÃO BEM-ESTAR


ANIMAL E PERDAS ECONÔMICAS NO FRIGORÍFICO.

Thales Diego Feijó Torres1, Rogério Pinto2, Gustavo de Amorim


Rodrigues3

Resumo: Esta revisão de literatura elucida a importância do


manejo pré-abate de suínos favorecendo o bem-estar dos animais e
consequentemente a melhoria da qualidade da carne contribuindo
para a redução de perdas quantitativas e qualitativas da carne
suína para a cadeia produtiva. A carne PSE é indesejável tanto
para consumidores quanto para a indústria de processamento, e
tem como principal causa a decomposição acelerada do glicogênio,
apresentando grande capacidade de retenção de água, aspecto
pegajoso e escuro. Em virtude da alta interação homem-animal na
fase pré-abate de suínos, este período é considerado o mais crítico
da produção e as boas práticas de manejo desde a apanha dos
animais na granja até o descanso no frigorífico podem contribuir
positivamente para o bem-estar minimizando alterações metabólicas
e prejuízos quantitativos e qualitativos da carne suína para o setor
suinícola.

Palavras–chave: Carne suína, Carne PSE, Qualidade da carne e


Estresse.

Introdução

Sabe-se que o manejo pré-abate causa estresse nos animais,


prejudicando tanto o seu bem-estar quanto a qualidade da carne
(EVANGELISTA, 1992). Para reduzir esses efeitos negativos devem

1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: thalesdft@gmail.com
2
Zootecnista e docente – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: rogerio@univicosa.com.br
3
Graduando em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. e-mail: Gustavo.a.rodrigues@ufv.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1263

ser verificadas boas condições para o transporte e treinamento dos


funcionários das fazendas, transportadoras e frigoríficos, para
que sejam capazes de desenvolver seu trabalho com segurança,
reduzindo situações de risco que possam levar ao sofrimento dos
animais durante o pré-abate e de abate
Entre os fatores que influenciam a qualidade da carne a ser
consumida pela população estão a qualidade sanitária, aspectos
visuais e olfativos, suculência, sabor e tempo de conservação, os
quais estão relacionados com o manejo praticado no período pré-
abate (DUARTE et al., 2014). Segundo estes mesmos autores, um
dos principais problemas na produção de carnes é a alta incidência
de carnes chamadas PSE (pale, soft e exudative: pálidas, moles e
exsudativas), que se caracterizam pela troca muito rápida de pH,
ainda quando a carne está com alta temperatura, movidos por uma
glicose post-mortem muito acentuada (PINTO, 2008).
Perdas qualitativas decorrentes de estresse durante o manejo
pré-abate resultam em alterações metabólicas que comprometem
a qualidade da carne decorrentes de variações em suas colorações
e alterações de suas propriedades funcionais, sendo um dos
maiores problemas enfrentados pela indústria processadora, com
consequentes perdas econômicas calculadas, preliminarmente, em
cerca de US$ 4,5 mi (ODA et al., 2004).
Perante o exposto, verifica-se a necessidade de descrever a
importância do manejo pré-abate de suínos a fim de favorecer ao
bem-estar dos animais e consequentemente provocando melhoria da
qualidade da carne, reduzindo perdas quantitativas e qualitativas
da carne suína para a cadeia produtiva.

Revisão de Literatura

Ocorrência De Carne PSE (pale, soft e exudative:


pálidas, moles e exsudativas)

Quando o manejo pré-abate é realizado de forma inadequada,


o bem-estar dos animais fica prejudicado, afetando a qualidade do

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1264 ANAIS X SIMPAC

produto frente ao mercado, que possui importância singular para


os consumidores, juntamente a preocupação com a segurança
alimentar e do meio ambiente.
A carne PSE representa o principal problema de qualidade na
indústria de carne suína, devido às suas características como baixa
capacidade de retenção de água, textura‚ acidez e cor pálida que levam
à elevadas perdas de água durante o processamento (MAGANHINI
et al., 2007). Ela é indesejável tanto para os consumidores quanto
para indústria de processamento. A principal causa para ocorrência
de carne PSE é uma decomposição acelerada do glicogênio após o
abate, que causa um valor de pH muscular baixo, geralmente inferior
a 5,8, enquanto a temperatura do músculo ainda está próxima do
estado fisiológico (>38 °C), acarretando processo de desnaturação
proteica comprometendo as propriedades funcionais da carne.

Manejo Pré Abate E Seu Efeito Na Qualidade Da Carne


De Suínos

As práticas de manejo pré-abate englobam diferentes fatores


estressantes para os animais, os quais são considerados importantes
influenciadores na qualidade da carne. Desta forma, instalações
adequadas, equipe treinada, equipamentos apropriados e eficácia
de insensibilização pré-sangria podem reduzir e aliviar a dor e o
sofrimento dos animais no abate (LUCTKE, 2010).
Em função da interação homem-animal e da mudança de
ambiente, o embarque dos suínos é considerado um dos pontos críticos
do manejo pré-abate, em decorrência da mão de obra que pode ser
pouco qualificada e equipamentos que não sejam apropriados. Além
disso, alguns parâmetros, como tempo de transporte dos animais
da granja para o frigorífico, temperatura ambiental durante o
transporte, apanha e coleta dos animais, destacando-se a inclinação
da rampa, que deve ser inferior a 20º, jejum e tempo de descanso dos
animais pré-abate também podem interferir negativamente para o
estresse dos animais e ou injúrias aos mesmos (ODA et al, 2004).
A condução dos animais até o veículo deve ser realizada em
grupos de dois a três animais, de acordo com a largura do corredor

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1265

e do embarcadouro, com o auxílio de tábuas ou mãos, calmamente,


para que haja o estímulo de andar, sem paradas bruscas (RICCI e
COSTA, 2015).
O transporte adequado dos animais é de suma importância,
pois a falta de bem-estar nessa etapa pode causar grandes prejuízos
para a indústria de carne suína, pois descuidos neste processo
ocasionam ansiedade, medo, aumento dos batimentos cardíacos,
dentre outros sintomas. No momento do transporte, os animais
são expostos a atividade física para o embarque e desembarque,
barulhos, vibrações, mudanças repentinas de velocidade do
caminhão e variações na temperatura ambiental contribuindo para
pior qualidade da carne (BISPO et al., 2016).
Gispert et al. (2000) observaram maior incidência de carnes
PSE, no verão, quando o período de jejum na granja foi maior que
12 horas e densidade no caminhão menor que 0,40m2 /100 kg, com a
duração do transporte maior que duas horas. Os principais objetivos
do período de descanso, jejum e da dieta hídrica são a redução
do conteúdo gástrico, para facilitar a evisceração da carcaça, e o
reestabelecimento das reservas de glicogênio muscular (BARBOSA
e SILVA 2004).
Owen et al. (2000) afirmam que suínos que não passam por um
período de descanso apresentam maiores porcentagens de carcaças
com problema de carne PSE, comparando aos que descansam por
uma a duas horas. Suínos que são submetidos a pequenos períodos de
descanso (menos de duas horas) no frigorífico, tendem a apresentar
valores baixos de pH dos músculos e animais com longos períodos de
descanso tendem apresentar valores elevados de pH dos músculos.
Beattie et al. (2002) observaram que o jejum de 12 horas antes
do abate levou a uma economia de 1,5 kg de ração e não ocorreram
perdas na qualidade de carcaça, o que foi benéfico para os criadores.
Entretanto, jejum de até 20 horas ocasionou maior perda de peso
nas carcaças, na média de 1 kg.
Na chegada a área de descanso, alguns frigoríficos realizam a
prática de lavar os suínos, contribuindo para reduzir a temperatura
corporal e o estresse por estar em um novo ambiente, e submetê-
los a dieta hídrica, indicada como fundamental para recuperar os

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1266 ANAIS X SIMPAC

animais da desidratação ocorrida durante o transporte, reduzir o


estresse térmico, facilitar a eliminação do conteúdo gastrointestinal,
evitando que as vísceras sejam rompidas durante a evisceração com
posterior contaminação da carcaça (BISPO,2016).

Considerações Finais

A melhora na qualidade das carcaças e cortes decorrem de


manejo apropriado que privilegie o bem estar animal desde a granja,
transporte e no frigorífico.
O conhecimento e execução das boas práticas de bem-estar
animal contribuem para obtenção de resultados econômicos
satisfatórios relacionados às exigências de mercado, com reduções
de defeitos na qualidade da carne.

Referências Bibliográficas

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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1269

DERMATOFITOSE EM BOVINOS DE CORTE – RELATO


DE EXPERIÊNCIA

Vanderlei Toledo Rosa1, Thaynan Luiz Marchiori2, João Paulo


Machado3

Resumo: A dermatofitose bovina é uma doença fúngica cutânea de


caráter contagioso, causada por um grupo de fungos patogênicos
chamados dermatófitos. Infectam diversas espécies animais
determinando, de modo geral, lesões secas arredondadas e comumente
pruriginosas, que se distribuem nos tecidos queratinizados da pele.
O presente estudo, objetivou relatar experiência de diagnóstico
laboratorial e clínico de tratamento para dermatofitose em rebanho
bovino de corte. A cultura fúngica e as colorações especiais por
meio de PAS e Tricrômio de Groccot se mostraram eficazes para
diagnóstico do Trichopyton verrucosum. O tratamento tópico com
iodo 10% se mostrou eficaz para desaparecimento dos sinais clínicos
e dispensou tratamento sistêmico. Este fungo está presente também
em rebanho de corte e deve ter atenção dos clínicos veterinários pelo
fato de se constituir em zoonose.

Palavras–chave: Bovinocultura, fungo, micose, Trichopyton


verrucosum.

Introdução

A dermatofitose é uma enfermidade cutânea contagiosa, a


maioria das lesões é causada pelo Trichohyton mentagrophytes,
T. verrucosum, M. gypseum e, raramente, pelo Microscosporum
1
Graduando em Medicina Veterinária –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: wanderleytoledo@outlook.
com
2
Graduando em Medicina Veterinária _ FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: thaynanlmarchiori@hotmail.
com
3
Professor do Curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jpmvet@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1270 ANAIS X SIMPAC

canis, que são considerados microrganismos queratoliticos, não


invasivos, que não sobrevivem a intensas reações inflamatórias do
hospedeiro, sendo consideradas por isso, doenças auto limitantes
(WARTH et al., 2008). As dermatofitoses caracterizam-se pelo
crescimento de microorganismos sobre, ou no interior, dos pelos no
estrato córneo da epiderme nos folículos capilares ou nas unhas
ou chifres. A infecção não se dissemina para estruturas mais
profundas da pele. Na maioria das vezes é encontrada na superfície
do pelo ou no interior do pelo. (CORRÊA & CORRÊA, 1992)
.
Muitas das dermatofitoses são zoonoses importantes e de
grande risco a saúde pública, grande porcentagem tem origem do
contato com animais infectados. De maneira geral, o contagio dos
animais se da pelo contato direto com outros animais contaminados
ou em contato com o homem, ou do homem com o animal. Outro
fator que predispõem a ocorrência dessas zoonoses, é a aproximação
de espécies diferentes próximas umas das outras, ou até mesmo o
contato. Com o avanço tecnológico e a domesticação dos animais de
companhia com os animais de produção, torna cada vez maior o
risco de doenças entre as espécies. Outro fator é aquisição de animais
assintomáticos, e a presença de esporos no ambiente. Outros fatores
como aglomerações, umidade, estresse e imuno deficiência do
animal, predispõem para a passagem de forma sapróbia para a
patogênica (ERICA et al.,2003).
O presente trabalho tem como objetivo relatar a ocorrência
de dermatofitose na forma de surto em rebanho bovino de corte, bem
como as lesões dermatológicas encontradas.

Relato de Experiência

Foi atendida propriedade rural localizada no Município de


Ponte Nova-MG, em novembro de 2017. A queixa principal do
proprietário relacionava-se ao surgimento de lesões cutâneas em
10 bovinos da raça Nelore, com idade de 10 meses. Ao exame clínico

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1271

foram visualizadas lesões alopécicas arredondadas, eritematosas,


por vezes enegrecidas e pruriginosas, distribuídas de forma
multifocal, com predominância para as regiões cervical, cabeça, face
e porções caudais dos membros posteriores. Foi realizada tricotomia
dos animais, o pelo obtido foi armazenado em frascos estéreis de
boca larga e encaminhado para exame de cultivo microbiológico
para fungos. O cultivo foi realizado em placa de Petri utilizando-
se o meio agar sobouraud dextrose (Kasvi®, k25-610103), com
incubação em estufa a 24ºC; as leituras foram realizadas aos 5,
10, 15, 20 e 25 dias, por meio de observação das colônias em placa,
e também observação microscópica coradas com azul de algodão.
Realizou-se, também, biópsias incisionais por meio de punch, tendo
sido as mesmas armazenadas e encaminhadas em frascos contendo
formol a 10%, para processamento histológico. O processamento foi
realizado pela técnica rotineira de inclusão em parafina e foram
realizadas colorações por meio da hematoxilina e eosina (HE), pelo
Tricrômio de Groccot e também por meio do ácido periódico de Schiff
(PAS). Foi feita leitura das lâminas utilizando-se de microscopia de
luz (Nikon Eclipse E200®).

Resultados e Discussão

As leituras das colônias em placa e da observação microscópica


de amostras da colônia revelaram estruturas fúngicas compatíveis
com diagnóstico do Tricophyton verrucosum. O diagnóstico foi
possível a partir dos 15 dias após cultivo, e assim, confirmado nas
leituras posteriores. O crescimento rápido em placas se mostrou
eficaz no diagnóstico da lesão e denotam a grande quantidade do
patógeno nas áreas circunjacentes da lesão. Segundo LEPPER
(1972), o isolamento de T. verrucosum do pelo dos bovinos, somente
é possível de animais doentes ou que estejam em estágio inicial da
lesão.
Ao exame histopatológico foi encontrada epiderme com
hiperqueratose paraqueratósica e com áreas de acantose. Na derme
havia resposta inflamatória localizada em derme superficial e
profunda, com intensificação perianexal, e formada por infiltrado

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1272 ANAIS X SIMPAC

misto de linfócitos, histiócitos e ocasionais mastócitos e neutrófilos;


além de intensa proliferação fibroplásica distribuída de forma
focalmente extensiva. O diagnóstico foi de dermatite e foliculite linfo-
histiocitária. As colorações por PAS e Groccot revelaram estruturas
leveduriformes localizadas principalmente em cutículas de folículos
pilosos e, em menor número, nas camadas mais profundas (basal e
espinhosa) da epiderme. As lesões encontradas foram semelhantes,
em parte, àquelas descritas por Avante (2009), na dermatofitose,
o qual cita presença de foliculite, perifoliculite e furunculose;
dermatite perivascular superficial com paraqueratose; e dermatite
vesicular ou pustular intra epidérmica. Entretanto, observa-se que
o patógeno T. verrucosum foi capaz de causar lesões significativas
na epiderme e derme dos animais.
O tratamento empregado no presente caso se constituiu em
aplicação tópica por pulverização com solução de Iodo diluído a
10%, uma vez ao dia, durante 15 dias. Tal método de tratamento se
mostrou eficaz na eliminação das lesões e preveniram a recorrência de
casos no rebanho. É também relatada a possibilidade de tratamento
sistêmico com griseofulvina ou itraconazol (REED & BAYLY, 2000).
Porém, no caso dos animais atendidos verificou-se que não há
necessidade, além disso, são considerados demasiadamente caros
para serem usados em rebanhos bovinos. THOMASSIAN (1990)
sugerem outras soluções tópicas, tais como as de sulfato de cobre 1 a
3%, violeta genciana a 1% e ácido salicílico em álcool a 5%.
O diagnóstico correto e prevenção deste tipo de dermatofitose
possuem importância na rotina prática do médico veterinário de
campo, pois, relataram segundo Agnetti et al. (2014), este fungo
não é só comumente citado em bovinos causando micoses de pele,
mas também há relatos em humanos, relacionado ao convívio com
bovinos, podendo, portanto, ser considerada zoonose.

Considerações Finais

O diagnóstico laboratorial por meio de cultura fúngica


mostrou eficaz por possuir relevância para elucidação do caso.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1273

Apesar de a literatura relatar tal afecção apenas em rebanhos


de leite, conclui-se que a doença também pode estar presente em
rebanho de corte, causando lesões idênticas. O tratamento tópico
empregado mostrou-se satisfatório e de baixo custo para tratar
a dermatofitose, dispensando necessidade de tratamentos mais
dispendiosos.

Referências Bibliográficas

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por Microsporum gypseum em Bovinos de Corte. Publicado no
sihttp://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/veterinary/article/
viewFile/3809/3049. Acessado em 08/03/2018.

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1274 ANAIS X SIMPAC

ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ E


ENDIVIDAMENTO: O CASO GERDAU S/A
Thaynara Aparecida Costa1, Natália de Godoi Inhuma2, Carolina
Carvalho3, Mateus Silva de Sousa4

Resumo: O presente estudo tem como objetivo demonstrar a análise


obtida das principais demonstrações contábeis da GERDAU S/A
nos anos de 2014, 2015 e 2016, utilizando como parâmetro a análise
do balanço patrimonial e a demonstração de resultado do exercício,
para assim determinar a viabilidade econômica da companhia.
O trabalho tem cunho descritivo e foi utilizada também a revisão
bibliográfica. Verificou - se que o endividamento e a imobilização
não comprometem a estrutura da empresa e nem acontinuidade
das suas atividades. Contudo, a empresa mostra-se qualificada
para aproveitar suas oportunidades, driblar suas fraquezas e a
possibilidade de crescer e se destacar cada vez mais no mercado.

Palavras – chave: Demonstrações Contábeis, Liquidez,


Rentabilidade, Solvência, Sociedades Anônimas.

Introdução

Com a crise econômica nos últimos anos, muitas empresas


passaram, e ainda passam, por problemas financeiros.  Em abril
de 2016, o portal de notícias “Portal UAI”, noticiou que em Minas
Gerais quase 4 mil indústrias fecharam suas portas por conta da
crise. E é por essa e outras razões que o investidor deve avaliar
1
Graduanda em Ciências Contábeis – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: thaynaraapcosta@gmail.com
2
Graduanda em Ciências Contábeis – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: natalia.godoi17@gmail.com
3
Graduanda em Ciências Contábeis FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: karolreis81@hotmail.com
4
Professor e Orientador do Ciências Contábeis da FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: contabilidade.
mateus@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 1275

bem os riscos quando se trata de futuros investimentos, como por


exemplo, aquisição de ações de outras empresas.

A liquidez de uma empresa define sua capacidade de


pagamento de curto e longo prazo. No entanto, os administradores
devem calcular a liquidez constantemente e, assim, monitorar suas
atividades operacionais do dia a dia, tornando a gestão mais eficaz.

Segundo Oliveira e Pimenta (2016), com a globalização


as demonstrações contábeis deixaram de ter como único objetivo
registrar meros dados contábeis. Tendo a partir de então a
necessidade de gerar informações quefossem úteis a diversos tipos de
usuários. Assim, este estudo tem por objetivo demonstrar a análise
obtida das principais demonstrações contábeis da GERDAU S/A nos
anos de 2014 a 2017, utilizando como parâmetro a análise do balanço
patrimonial e a demonstração de resultado do exercício, para assim
determinar a viabilidade econômica da companhia. A GERDAU S/A
é uma empresa siderúrgica brasileira e líder no segmento de aços
longos, nas Américas e uma das principais fornecedoras de aços
especiais do mundo, além disso, é a maior recicladora da América
Latina e no mundo transforma anualmente milhões de toneladas de
sucata em aço.
As análises vão evidenciar a situação em que a empresa
se encontra com base em índices e indicadores que com o uso
das informações do balanço patrimonial e das demonstrações dos
resultados do exercício mostrarão como se encontra a economia e as
finanças da empresa para que, com o uso dessas informações, tanto
os administradores, sócios e os demais interessados na empresa,
possam avaliar sua situação.

Material e Métodos
A metodologia deste estudo pode ser classificada como
descritiva, pois visam à identificação, registro e análise das
características, fatores ou variáveis que se relacionam com o

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1276 ANAIS X SIMPAC

fenômeno ou processo das demonstrações contábeis. São pesquisas


descritivas aquelas que realizam um estudo mais detalhado, com
levantamento e análises e interpretação dos dados. O estudo tem
ainda cunho bibliográfico, já que é desenvolvido a partir de material
já elaborado, realizado principalmente por meio de pesquisas em
livros e artigos científicos.
Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa é a documental.
Uma vez que se utilizou de suas demonstrações contábeis para
apurar os resultados, que segundo FONSECA (2002, p. 32) trilha
os mesmos caminhos da bibliográfica. A pesquisa documental
trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica, não sendo
fácil por vezes distingui-as. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes
constituídas por material já elaborado, constituído basicamente por
livros e artigos científicos localizados em bibliotecas. A pesquisa
documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem
tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais,
revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias,
pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas
de televisão, etc.

Resultados e Discussão

Este estudo tem instrumento o uso do balanço patrimonial


e o demonstrativo de resultado do exercício da GERDAU S/A. Com
a análise das informações contábeis e financeiras se torna possível
evidenciar e confrontar informações e elementos patrimoniais de
uma organização, evidenciando assim aspectos relativos à realidade
econômica e patrimonial da empresa a partir de relatórios e índices,
fatores esses que faz com que aperfeiçoem as ações da empresa
de maneira estratégica para possíveis tomadas de decisões,
apresentando dados esclarecedores aos seus usuários sobre a sua
situação atual. Segundo QUINTANA (2009), as demonstrações
financeiras, também conhecidas como demonstrações contábeis,
ou até mesmo relatórios financeiros evidenciam com clareza a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1277

situação patrimonial da empresa e as variações ocorridas em


determinado período. Como dito anteriormente, no estudo serão
utilizadas duas demonstrações como objeto de extração de dados.
Segundo Barros (2002), o balanço patrimonial é a representação
gráfica do patrimônio. No balanço constam os valores do ativo, do passivo
e do patrimônio líquido em determinado momento (na data em que
o balanço for elaborado, ou “levantado”, como se costuma disser).
Compreende-se como DRE, Gonçalves (1996), a demonstração do
resultado do exercício apresenta, de forma resumida, as operações
realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstrada de
forma a destacar o resultado líquido do período. Foram analisados
índices de liquidez, de endividamento geral (EG), de composição do
endividamento (CE), de imobilização do capital próprio (ICP) e de
Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL). Obtiveram-se com análise
os seguintes resultados.

Tabela 1: Demonstração dos Principais Indicadores


Ano Liquidez Liquidez Liquidez Liquidez EG CE ICP RPL
Imediata Corrente Seca Geral
2014 0,39 2,66 1,52 0,85 0,47 0,26 0,66 0,447
2015 0,71 2,82 1,70 0,75 0,54 0,20 0,72 -0,143
2016 0,58 2,06 1,32 0,78 0,55 0,28 0,79 -0,118
Fonte: Dados da pesquisa
Os Indicadores de Liquidez (Liquidez Imediata; Liquidez
Corrente; Liquidez Seca; Liquidez Geral) são utilizados para
avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem
uma apreciação sobre a empresa ter capacidade para saldar seus
compromissos sendo de curto ou longo prazo. Constatou-se uma boa
gestão da companhia em estudo, mesmo tendo índices de liquidez
geral e imediata baixos, isso devido à empresa possuir dificuldades
financeiras para honrar com dívidas de curto prazo, uma vez que o
retorno de suas atividades é de longo prazo. O endividamento geral
da empresa cresceu gradativamente, sendo puxado pelo aumento
das contas do passivo, ou seja, a empresa trabalha tanto com capital

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1278 ANAIS X SIMPAC

de terceiros como quanto o próprio. Na composição do endividamento


observam-se índices baixos, indicando que ela tem mais tempo para
pagar suas dívidas, já que a maioria das obrigações está no longo prazo.
Em relação à imobilização do capital próprio, deve-se observar um
baixo grau de imobilização o que é bom, pois significa que o Patrimônio
Líquido é suficiente para cobrir os seus investimentos em ativo fixo.
E, por fim a rentabilidade do patrimônio líquido mostra percentual
de lucro ou prejuízo líquido auferido relacionado ao montante total
aplicado pelos acionistas e quanto maior este percentual, melhor,
e isto significa que a mesma é capaz de proporcionar ganhos e
prejuízos futuros, pois podemos analisar um destaque negativo nos
últimos dois anos. Numa análise mais detalhada, a rentabilidade
do patrimônio líquido foi menor em 2016 devido maior custo de
matéria-prima e consequentemente a redução no lucro líquido,
sendo que em 2015 houve uma queda no consumo de aço em que no
Brasil a principal operação está com menos demanda, tendo como
ênfase nesses últimos dois anos, o escândalo Zelotes envolvendo a
empresa em sonegação de imposto. Segundo os números divulgados
pelo “Instituto Aço Brasil”, o consumo aparente (produção interna
mais importações, menos exportações) de produtos siderúrgicos
fechou em queda de 14,4% de um ano para o outro, alcançando 18,2
milhões de toneladas em 2016. Também houve retração nas vendas
internas, que encerraram o ano em 16,5 milhões de toneladas, uma
redução de 9,1% no comparativo com 2015. Segundo Polo de Mello,
a crise decorre tanto de fatores conjunturais como estruturais, com
o comportamento “pífio” da economia. “O PIB (Produto Interno
Bruto) vem de resultados simplesmente insignificantes nos últimos
anos. Os setores automotivos, de máquinas e equipamentos e de
construção civil, que chegam a representar cerca de 80% do consumo
de aço no país, tiveram redução drástica de suas atividades ao longo
de todo o ano passado”, destacou.
Conclusão

O presente trabalho verificou-se a importância da análise


das demonstrações contábeis focada na situação financeira e
econômica. Tais análises proporcionam indicadores que identificam
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 1279

o desempenho da empresa no seu ponto de liquidez, na sua capacidade


de pagamento, auxiliam o setor administrativo nas tomadas de
decisões e auxiliam na análise a terceiros, tais como fornecedores,
bancos e investidores. Esta é a forma mais adequada de se chegar
a ter dados concretos da real situação financeira e econômica de
uma empresa em diversos aspectos, em um determinado momento.
Os índices que compõem a Estrutura de Capital (Participação de
capital de terceiros; Composição de endividamento; Imobilização de
Patrimônio Líquido), não apontam grau de endividamento naquele
período. A partir da análise é possível a empresa criar estratégias e
trabalhar fortemente com gastos tentando reduzir despesas gerais e
administrativas para melhores resultados e obter lucros. Contudo, a
empresa mostra-se qualificada para aproveitar suas oportunidades,
driblar suas fraquezas e a possibilidade de crescer e se destacar
cada vez mais no mercado.

Referências Bibliográficas

Desafio Online, Campo Grande, v. 4, n. 1, 2016. Análise dos


Principais Indicadores Contábeis e Financeiros: Um
estudo de Caso sobre a Vale S/A nos anos de 2011 e 2012.
Disponívelemdesafioonline.ufms.br. Acesso em Fev. 2017.

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Atlas, 2008.
GONÇALVES, Eugênio Celso; BAPTISTA, Antônio Eustáquio,
Escrituração. In_ Contabilidade Geral. 3ª Ed. São Paulo: Atlas,
1996.

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Financeiras: Uma Ferramenta Gerencial de Manutenção
nas Empresas. Revista Digital FAPAM, Pará de Minas, v.7, n.7,
p. 17-31, 2016. Disponívelemperiodicos.fapam.edu.br. Acesso em
Fev.2017.

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QUINTANA, A. C. (2009). Fluxo de caixa: demonstrações


contábeis – de acordo com a Lei 11.638/07. Curitiba: Juruá.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1281

EFEITOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA NO


TRATAMENTO DE PACIENTES PARKINSONIANOS:
REVISÃO DA LITERATURA

Theizza Vitória Gonzaga-Braz1, Eustáquio Luiz Paiva-Oliveira2

Resumo: A doença de Parkinson caracteriza-se por uma


degeneração progressiva de neurônios dopaminégicos da substância
negra que tem efeitos deletérios no processo neurofisiológico do
controle motor. A fisioterapia aquática tem sido utilizada para o
tratamento de pacientes parkinsonianos com intuito de reduzir os
prejuízos observados pela lesão, tais como instabilidades posturais,
tremores e rigidez. Portanto, este estudo tem como objetivo avaliar os
efeitos da terapia aquática no processo de reabilitação de pacientes
parkinsonianos. Trata-se de um estudo de revisão da literatura
dos últimos oito anos nas bases de dados Scielo, Google acadêmico
e Pubmed. Usaram-se como descritores: fisioterapia aquática,
Parkinson e hidroterapia, ambas analisadas através da correlação
direta. Os dados foram apresentados de forma descritiva e tabular.
Os achados mostraram uma melhora importante nos padrões de
marcha e equilíbrio, mas principalmente na qualidade de vida
dos pacientes analisados. Baseado nos resultados conclui-se que a
terapia aquática tem efeitos benéficos na melhora dos malefícios
ocasionados pela doença, sugerindo que essa estratégia terapêutica
pode ser uma importante alternativa no tratamento dos pacientes
parkinsonianos.

Palavras–chave: Hidroterapia, Parkinson, fisioterapia aquática

1
Acadêmica de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: theizzav_gonzaga@hotmail.com
2
Docente do Curso de Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: eustaquiopaiva@univicosa.com.
br

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1282 ANAIS X SIMPAC

Introdução

A Doença de Parkinson foi definida pela primeira vez em 1817,


pelo inglês James Parkinson e ficou conhecida posteriormente como
paralisia agitante. (SOUZA et al., 2014) A etiopatogenia da DP está
associada à degeneração progressiva de neurônios da substância
negra mesencefálica, local específico da produção de dopamina.
A redução do neurotransmissor dopamina, que exerce função
inibidora importante no controle central dos movimentos, resulta
em alterações drásticas aos portadores comprometendo a função
dos núcleos da base, estruturas estas que tem um papel importante
na produção dos movimentos voluntários e no controle dos ajustes
posturais. (ORTEGA et al., 2014)
Pacientes acometidos por essa doença apresentam um conjunto
de sinais e sintomas, conhecido como tétrade clinica composta pela
presença de tremor, rigidez, bradicinesia, e instabilidades posturais.
O diagnóstico é estabelecido com a presença de dois ou mais sinais da
tétrade clínica, além dos sinais característicos da doença, alterações
musculoesqueléticas, como franqueza e encurtamento muscular,
alterações neurocomportamentais, como demência, depressão e
tendência ao isolamento. (VASCONCELOS et al., 2015).
Atualmente é considerada a segunda doença neurodegenerativa
mais comum, cuja prevalência aumenta com a idade, chegando a 1%
em indivíduos acima de 60 anos, afeta uma a cada mil pessoas acima
dos 65 anos, e uma a cada cem pessoas acima de 75 anos. (LOBATO e
DIAS, 2015) As alterações funcionais somadas a prevalência elevada
determina a necessidade de terapias que possibilitem a melhora da
capacidade funcional e qualidade de vida desses pacientes.
Neste contexto a fisioterapia tem um importante papel através
das diversas estratégias de tratamento incluindo a terapia aquática.
A terapia caracteriza-se por utilizar os benefícios da água como
recurso terapêutico e, portanto, auxilia no processo de reabilitação
de indivíduos com lesões neurológicas. (LOBATO e DIAS, 2015)
A fisioterapia aquática através da propriedade física da água
em associação com o exercício físico promove benefícios motores
e sensoriais, através do equilíbrio e estimulação proprioceptiva,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1283

contribuindo para a melhoria da independência funcional dos


pacientes com doença de Parkinson. (POMPEU et al., 2013)
Portanto, baseado no exposto o objetivo deste estudo é avaliar
os efeitos da terapia aquática no tratamento de pacientes com doença
de Parkinson.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo de revisão de literatura realizado entre


janeiro e abril de 2018. Foram selecionados artigos acadêmicos nas
bases de dados Google Acadêmico, SCielo e Pubmed publicados
nos últimos oito anos. Foram utilizados para busca os seguintes
descritores: fisioterapia aquática, Parkinson e hidroterapia. Para
análise dos efeitos da terapia considerou-se como critério de inclusão
apenas artigos com correlação direta entre descritores supracitados,
publicados em português e inglês. Os dados foram apresentados de
forma descritiva e tabular.

Resultados e Discussão

Durante analise dos dados foram encontrados vários artigos


correlacionando a terapia aquática com doença de Parkinson que
atendiam aos critérios de inclusão. Todos esses estudos mostram
efeitos positivo da terapia no tratamento desses pacientes, seja
focado na qualidade de vida, equilíbrio, ganho de força, amplitude
de movimento, estabilidade postural ou marcha. Dos trabalhos
analisados, observam-se estratégias metodológicas diferentes em
relação ao tipo de estudo. Alguns trabalhos mostraram melhora nos
padrões de marcha e equilíbrio, entretanto, Ortega et al (2014) não
observou diferenças nessas variáveis entre os grupos analisados. A
grande maioria apresentou como desfecho uma melhora na qualidade
de vida dos pacientes acometidos pela doença de Parkinson após a
terapia aquática (Tabela 1).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1284 ANAIS X SIMPAC

Tabela 1 – Análise dos trabalhos publicados


Autores Objetivo do estudo Tipo do estudo Conclusão
ANDRADE et al., 2010 Efeitos da hidroterapia E s t u d o Verificou-se aumento
no equilíbrio de transversal na melhora do
indivíduos com doença equilíbrio.
de Parkinson.
SILVA et al., 2013 Avaliar os efeitos da E s t u d o A fisioterapia aquática
fisioterapia aquática longitudinal proporcionou uma
na qualidade de vida melhora na qualidade
de pacientes com de vida dos pacientes
doença de Parkinson com doença de
nos estágios de leve a Parkinson neste
moderado. estudo.
ORTEGA et al., 2014 Avaliar os efeitos da Série de casos A intervenção
fisioterapia aquática na fisioterapêutica
marcha, no equilíbrio e na piscina exerce
na qualidade de vida de efeito significativo
sujeitos com doença de na qualidade de
Parkinson. vida da população
estudada. E não
registrou diferenças
estaticamente
significativas quanto
ao equilíbrio e a
marcha.
LOBATO e DIAS, 2015 Avaliar se a terapia Estudo de caso A terapia traz
aquática causa benefícios para os
melhora na amplitude parkinsonianos,
de movimento e no grau principalmente na
de força muscular em melhora da amplitude
paciente com doença de de movimento e grau
Parkinson. de força muscular.
VASCONCELOSet al., Avaliar a percepção de E s t u d o Favoreceu a qualidade
2015 qualidade de vida em transversal de vida, contribuindo
indivíduos com doença para a melhora da
de Parkinson após auto-estima.
fisioterapia aquática.
POMPEU et al., 2013 Avaliar os efeitos da E s t u d o A fisioterapia aquática
fisioterapia aquática no transversal promoveu melhora no
equilíbrio e na marcha equilíbrio e na marcha
de pacientes com de pacientes com
doença de Parkinson. doença de Parkinson.

Conclusões

Baseado nos dados obtidos pode-se concluir que a


intervenção fisioterapêutica na água proporciona efeitos benéficos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1285

significativos na melhora dos sinais clínicos apresentados pelo


paciente, principalmente na marcha, equilíbrio e qualidade de vida
dos parkinsonianos.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, C.H.S; SILVA, B.F; CORSO, S.D. Efeitos da


hidroterapia no equilíbrio de indivíduos com doença de Parkinson.
Conscientiae Saúde. 9(2):317-23. 2010.

LOBATO, L,D; DIAS, J,M. A eficácia da terapia aquática em


paciente com doença de Parkinson. Revista Eletrônica Estácio
Saúde, 4(2). 2015.

ORTEGA, J,S, et al. Avaliação da marcha, equilíbrio e qualidade


de vida em indivíduos com a Doença de Parkinson submetidos
ao tratamento por meio da hidroterapia. Movimento & Saúde -
Revista Inspirar, Maringá, Pr, Brasil, v. 4, n. 6, p.11-15, jul./ago./
set. 2014.

POMPEU, J,E; GIMENES, R,O; PEREIRA, R,P. Effects of aquatic


physical therapy on balance and gait of patients with Parkinson’s
disease. J Health Sci Inst 2013; 31(2): 201–204.

SILVA, D,M et al. Efeitos da fisioterapia aquática


sobre a qualidade de vida de indivíduos com doença de
Parkinson. Fisioter. Pesqui [online] 2013, vol.20, n.1, pp.17-23. 

VASCONCELOS, K,C; SANTOS, J,N,G; ROCHA, R.S.B; OLIVEIRA,


L.S. Percepção da qualidade de vida na doença de Parkinson após
fisioterapia aquática. SAÚDE REV., Piracicaba, v. 15, n. 39, p. 17-
23, jan./abr. 2015

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1286 ANAIS X SIMPAC

CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE AÇOUGUES E


SUPERMERCADOS DE VIÇOSA (MG)

Vanusa Cristina Freitas1, Adriano França da Cunha2, Priscila


Barros Barbosa3, Fernanda Lima de Almeida Magalhães1

Resumoª: A contaminação da carne está relacionada com falhas


nos processos de higienização e comercialização. Este trabalho
avaliou as instalações e fornecimento da carne para o consumidor
em 30 açougues e supermercados na cidade de Viçosa (MG). Um
questionário foi elaborado para caracterizar as instalações, condições
de estocagem e fornecimento das carnes para o consumidor. Observou-
se que há deficiências quanto às instalações, estrutura física, falhas
de higiene pessoal de manipuladores, limpeza e higienização de
instalações, equipamentos e utensílios, o que pode proporcionar
contaminação dos alimentos por micro-organismos e comprometer
a saúde dos consumidores. Portanto, açougues e supermercados da
cidade de Viçosa (MG) apresentam condições higiênico-sanitárias
inadequadas.

Palavras–chave: Carne; contaminação; estabelecimento; inspeção;


questionário

Introdução

De acordo com a Secretaria de vigilância em saúde no Brasil,


entre 2007 e 2016 foram constatados, aproximadamente, 6.632
surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA’s), envolvendo
118.104 pessoas doentes e 109 óbitos. A carne, produto envolvido
em surtos, pode passar por diversas fontes de contaminação ao
longo de sua vida útil. Ao comprar carne sem Serviço de Inspeção
1
Graduanda em Medicina Veterinária –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: vanusafreitasvet@yahoo.com.
br, feeh.liima.fh@gmail.com
2
Professor em Medicina Veterinária –FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianofcunha@hotmail.com.br
3
Doutoranda em Zootecnia – UFV. e-mail: priscilabarroszoo@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1287

Federal (SIF), o consumidor não é capaz de certificar que cuidados


essenciais sejam tomados, como a higiene do estabelecimento e dos
instrumentos usados na manipulação da carne (BRASIL, 2016).
O consumidor também deve observar se os estabelecimentos
seguem o manual de boas práticas de fabricação. Conforme resolução
RDC nº 216, boas práticas de fabricação são os procedimentos que
devem ser adotados por serviços de alimentação, a fim de garantir
a qualidade higiênico-sanitária e a conformidade dos alimentos
com a legislação sanitária. É de importância que açougues e
supermercados tenham um manual de boas práticas de fabricação
e um Responsável Técnico (RT) capacitado, para que ocorra o
monitoramento na qualidade nos produtos (BRASIL, 2004).
Fatores como temperatura de conservação das carnes
nos transportes, desde sua aquisição até o preparo da carne
pelo consumidor, características sensoriais, prazo de validade e
temperatura de manutenção dos produtos também são descritos
no manual de boas práticas (CONCEIÇÃO & GONÇALVES, 2009).
Portanto, este trabalho avaliou as instalações e o fornecimento da
carne para o consumidor por açougues e supermercados na cidade
de Viçosa (MG).

Material e Métodos

Considerando a necessidade de constante aperfeiçoamento


das ações de controle sanitário na área de alimentos e visando a
proteção à saúde da população, um questionário foi elaborado
baseado na Portaria nº593 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2000).
Trinta estabelecimentos varejistas entre açougues e
supermercados foram selecionados em Viçosa (MG). O cadastramento
dos estabelecimentos foi realizado para que, em seguida, entrevistas
não anunciada aos proprietários ou funcionários fossem realizadas
conforme a logística dos comércios em questão, a fim de caracterizar
as instalações, as condições de estocagem e o fornecimento das
carnes para o consumidor.
Perguntas sobre temperatura de armazenamento, forma e
condições de transporte, tempo de estocagem, prazo de validade,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1288 ANAIS X SIMPAC

fornecedores, frequência e forma de limpeza das máquinas


trituradoras, higienização de utensílios, assim como o tipo de
capacitação e higienização dos funcionários foram abordadas. Para
análise descritiva, as respostas foram quantificadas e apresentadas
em tabelas de frequência absoluta e relativa. A pesquisa foi aprovada
pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão (NUPEX) da Faculdade União
do Ensino Superior de Viçosa (UNIVIÇOSA) sob número de protocolo
076/2017-I.

Resultados e Discussão

Cerca de 70,0% dos funcionários entrevistados, afirmaram


não ter recebido nenhum tipo de capacitação profissional ao longo de
sua vida, tendo apenas como fonte de aprendizagem, noções básicas,
fornecidas pelo próprio cotidiano ou por algum familiar, que atuou
ou atua na área. A capacitação adequada destes profissionais, no
entanto, contribui para a melhoria da qualidade higiênico-sanitária,
sobretudo com o aperfeiçoamento de técnicas e processamentos
(RODRIGUES, 2003).
Segundo Maltauro (2004), cabe ao responsável técnico (RT)
o gerenciamento de todas as etapas que envolvem a elaboração do
alimento. É de sua responsabilidade a prestação de informações
aos funcionários, de modo que a segurança do alimento não seja
comprometida. Apenas 5 entrevistados disseram ter um RT
responsável pelo treinamento e capacitação dos demais funcionários,
fornecendo noções de boas práticas de fabricação, bem como a
avaliação de competência dos profissionais envolvidos e seleção da
carne.
A falta de cuidados com a higiene pessoal permite que micro-
organismos como coliformes e estafilococos se alojem nos poros e
nas fendas sobre a pele dos manipuladores, após o ato de excreção
ou manipulação de objetos já contaminados sem a higienização
correta das mãos, sendo que os microrganismos também podem
ser encontrados em pequena quantidade no dinheiro e utensílios
(EVANGELISTA, 1998). Na análise do estudo, foi possível constatar
que 73,3% dos funcionários manipulavam dinheiro ou faziam outra

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1289

atividade que comprometesse a integridade da carne.


Foi constatado que 60% dos comércios possuíam reservatório
de água acessível e dotado de tampa, 53,3% realizavam a lavagem
e desinfecção das caixas no período máximo de seis em seis meses
e 33,3% declararam não saber como é feita desinfecção das caixas
d’agua. A água utilizada tanto no processamento de alimentos como
na higienização de superfícies, utensílios e equipamentos pode ser
considerada veículo para disseminação de doenças (MENDONÇA &
GRANADA, 1999).
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
preconiza que o controle frequente da potabilidade da água é
imprescindível para a manutenção da qualidade dos alimentos
(BRASIL, 1997). Esse controle de qualidade deve ser realizado
pela empresa responsável pelo saneamento e monitorada pela
Secretaria de Saúde Estadual. Contudo, cabe ao responsável do
estabelecimento realizar a limpeza e sanificação da caixa d’água e
de suas tubulações.
Em 80% dos pesquisados, os equipamentos permitiam fácil
acesso para higienização, 83,3% das máquinas encontravam em
um bom estado de conservação e funcionamento, 70% mantinha
integridade e impermeabilidade das superfícies que ficam em contato
com o alimento. Talvez por isso, 86,7% dos locais de processamento
de carnes pesquisados não apresentaram alteração na coloração e
odor.
O armazenamento e o resfriamento inadequados da carne,
assim como a falta de manutenção dos equipamentos como câmara
fria, são fatores que contribuem para a ocorrência de DTA’s. O
período em que os alimentos podem ficar refrigerados depende da
sua carga microbiana antes da estocagem, do grau de perecibilidade
e o tipo de armazenagem (GERMANO e GERMANO, 2011). Vale
ressaltar ainda que 53,3% dos proprietários possuíam planilha
de controle sobre temperatura e recepção do produto. Em 60%
dos estabelecimentos, os funcionários possuíam controle sobre a
validade do alimento, entretanto, não sabiam informar ao certo
como era realizado esse controle.
Em 90% dos estabelecimentos, as áreas externas dos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1290 ANAIS X SIMPAC

comércios estavam livres de focos de insalubridade ou objetos


em desuso. Locais que fornecem serviço de alimentação para
a população devem adotar medidas de prevenção e controle de
pragas. O controle químico é necessário ser aplicado de forma
racional, mantendo o período de carência adequado para cada
tipo de estabelecimento (BRASIL, 2002). Nestes locais, os vetores
podem veicular agentes patogênicos, capazes de ocasionar surtos
de toxinfecções na população (GERMANO e GERMANO, 2011).
Com relação à pesquisa 86,7% dos comércios mantinham medidas
preventivas e corretivas de pragas, mantendo o índice de 93,3% dos
estabelecimentos livres de pragas urbanas. Em 93,3% dos casos,
cuidados com a higienização de caixas de gordura eram tomadas
para prevenir os vetores, como baratas e ratos.
Falhas relacionadas com aspectos estruturais também
foram encontradas como falta de área para recepção e depósito de
matéria-prima (60%), circulação de pessoas não autorizadas no
estabelecimento em locais de acesso somente por profissionais que
trabalhem com a manipulação direta da carne (53,3%) e áreas de
pré-preparo dos alimentos sem isolamento das demais áreas (40%).
Contudo 58,8% dos estabelecimentos, as carnes eram
adquiridas de frigoríficos da região com SIF. O Departamento de
Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) é responsável por
assegurar a qualidade de produtos de origem animal comestíveis e
não comestíveis destinados ao mercado interno e externo. Em 35,3%
dos estabelecimentos, os proprietários afirmaram possuir fazenda
ou pequena produção de animais, servindo como fornecedores e
comerciantes do próprio produto. No restante dos estabelecimentos
(5,9%), o abastecimento de carnes era realizado de ambas as formas,
ou seja, abate fiscalizado e clandestino.
Mesmo que seja obtida de animais sadios, a carne pode
ser considerada como veículo de potencial contaminação, sendo
contaminada por agentes biológicos, químicos e físicos em diversas
etapas de processamento. A carne pode ser contaminada desde a
sangria até o abate do animal. Todo o processamento do produto
e falta de capacitação ou negligência podem colaborar com a baixa
qualidade do alimento (PIGATTO e BARROS, 2003).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1291

Todos os entrevistados afirmaram que a frequência de


recebimento das carnes depende dos produtos vendidos naquela
semana, sendo que uma vez por semana foi observado em 20%,
duas vezes por semana em 50% e até três vezes por semana ou mais
constituído em 30% dos estabelecimentos. O recebimento das peças
de carne varia com o tipo e local no qual a carne é comprada, sendo
55,6% entregues em caminhões refrigerados, 27,8% em carros
particulares, sem refrigeração ou qualquer tipo de controle com
a temperatura ou sujidades e 16,7% são recebidas por caminhões
refrigerados ou particulares. A adequada gestão de suprimentos
permite que os níveis de estoque estejam coerentes para atender
a demanda sem grandes rupturas e controle do giro de estoque
adequado, proporcionando rentabilidade e qualidade dos produtos
(CATUOGNO, 2013).

Conclusões

Açougues e supermercados da cidade de Viçosa (MG),


apresentaram condições higiênico-sanitárias inadequadas. Há
deficiências quanto às instalações, estrutura física, falhas de higiene
pessoal de manipuladores, limpeza e higienização de instalações,
equipamentos e utensílios, o que pode proporcionar contaminação
dos alimentos por micro-organismos e comprometer a saúde dos
consumidores.

Referências Bibliográficas

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2011.1034p.

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ANAIS X SIMPAC 1293

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Pelotas-RS. Revista Brasileira de Agrociências, v.5, n.1, p.75-
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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1294 ANAIS X SIMPAC

Desempenho de leitões na fase de creche em dois sistemas


de alimentação em uma granja de Piranga (MG)

Henrique Celestino Silva Araújo1, Vanusa Cristina Freitas1,


Adriano França da Cunha2, Fernanda Lima de Almeida
Magalhães1

Resumo: O objetivo do trabalho foi comparar dois sistemas de


alimentação de leitões em fase de creche em uma granja de Piranga
(MG). Foram avaliados parâmetros como ganho de peso, ganho
de peso diário, consumo de ração por leitão ao longo da creche e
conversão alimentar. O sistema tradicional era composto por
comedouro de concreto tipo canaleta sem nenhuma mecanização e
o sistema moderno era constituído por comedouro semiautomático.
Os resultados indicaram que os dois modelos de alimentação
apresentaram desempenho estatisticamente iguais (p>0,05),
não havendo alterações no ganho de peso, ganho de peso diário,
consumo de ração e conversão alimentar. O mau funcionamento
dos comedouros foi observado durante o experimento. Portanto, o
funcionamento adequado do comedouro semiautomático deve ser
considerado no sistema de criação de leitões.

Palavras–chave: Comedouro, consumo, criação, peso, suíno

Introdução

O desempenho de leitões na fase de creche tem reflexos


diretos no desempenho de suínos nas próximas etapas de criação.
Os prejuízos ocorrem em decorrência de problemas oriundos da
imaturidade fisiológica do trato gastrointestinal frente ao novo tipo
de alimento fornecido aos leitões na creche. A ocorrência de doenças
está relacionada com a presença e quantidade de patógenos,
1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: henrique_silvaaraujo@yahoo.
com, vanusafreitasvet@yahoo.com.br, feeh.liima.fh@gmail.com
2
Professor em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adrianofcunha@hotmail.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1295

composição da dieta, peso e idade do desmame, manejo ambiental e


práticas de manejo da granja (SOUSA JR. et al., 2011).
Proporcionar uma alimentação adequada dos animais
sem que a mão de obra onere o sistema é fundamental para obter
bons resultados na produção de suínos (KUMMER et al., 2009).
Portanto, o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de leitões
em dois sistemas de alimentação na fase de creche em uma granja
de Piranga (MG).

Material e Métodos

O trabalho foi realizado por meio da coleta de dados em uma


granja de criação de suínos localizada no município de Piranga
(MG). A dieta dos animais em creche foi composta por três rações.
Iniciou-se com a ração pré-inicial, desde a entrada (21-28 dias de
vida) até aproximadamente 34 dias de vida. Logo após, os leitões
passavam a se alimentar com ração inicial 1 até aos 49 dias de vida
e ração inicial 2 até a saída da creche, ou seja, aos 65-70 dias.
O experimento foi conduzido visando comparar dois sistemas
de alimentação de leitões na fase de creche: tradicional e moderno.
O sistema tradicional possuía cocho tipo canaleta feito de concreto
e se localizava em toda a lateral da baia, sem nenhum tipo de
mecanização. O sistema moderno era composto por comedouro
semiautomático, que possuía cone de armazenamento acoplado, que
era abastecido com menor frequência por possuir boa capacidade de
armazenamento de ração, facilitando o manejo da granja.
O arraçoamento do modelo tradicional foi realizado cinco
vezes ao dia, enquanto que no modelo moderno o funcionário fornecia
a ração duas vezes ao dia, sempre avaliando o funcionamento dos
comedouros. Nos dois modelos, os bebedouros eram do tipo chupeta
automática, o que evitava o desperdício de água. A densidade nos
dois sistemas foi de 0,26 m2 por leitão. A distribuição de animais nos
dois modelos foi realizada de forma aleatória.
Após aquisição dos dados de peso dos leitões na entrada e
saída da creche nos dois sistemas de alimentação (tradicional e
moderno), os seguintes parâmetros foram avaliados: ganho de peso

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1296 ANAIS X SIMPAC

(21-28 dias até 65-70 dias), ganho de peso diário (GPD), consumo de
ração por leitão ao longo da creche e conversão alimentar.
Os dados foram obtidos por meio do software Agriness S2
5.19.0.10 (Agriness, Florianópolis, Brasil) utilizado na granja.
Os dados foram submetidos à comparação de média por meio de
teste “t” de Student, utilizando-se software SigmaPlot 12.0 (Systat
Software Inc., San Jose, USA), ao nível de 5% de significância. A
pesquisa foi aprovada pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão (NUPEX)
da Faculdade União do Ensino Superior de Viçosa (UNIVIÇOSA)
sob número de protocolo 089/2016-I.

Resultados e Discussão

Após distribuição aleatória dos leitões nos dois sistemas


de alimentação, os pesos médios dos animais no início da criação
na creche foram 7,07 e 8,11Kg aos 25,2 e 26,9 dias nos sistemas
tradicional e moderno, respectivamente. Tais resultados não
apresentaram diferença significativa (p>0,05), o que proporciona
homogeneidade entre os tratamentos e melhor avaliação do
desempenho ao longo da criação dos animais na creche.
O ganho de peso médio de leitões em fase de creche no
sistema de alimentação moderno não apresentou diferença
significativa (p>0,05) quando comparado ao modelo tradicional
(Tabela 1). De acordo com Piccolli (2015), o contato do tratador com
os animais no momento do fornecimento da ração, o que ocorre com
mais frequência no modelo tradicional do que no sistema moderno,
estimula os animais a consumir mais ração. Isso provavelmente fez
com que o ganho de peso médio do modelo moderno se igualasse ao
tradicional.

Tabela 1. Ganho de peso de leitões em dois sistemas de alimentação


na fase de creche em uma granja de Piranga (MG)
Sistema N Baias Média (Kg) CV (%)
Tradicional 249 8 11,386aa 14,8
Moderno 489 16 11,576 21,1
Médias seguidas por letras iguais entre linhas são estatisticamente
iguais (p>0,05).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1297

Foi constatado que algumas vezes o cone do reservatório do


comedouro automático do modelo moderno estava muito cheio de
ração, o que provocava uma compactação e pressionava a base do
comedouro, dificultando a manipulação dos leitões do mecanismo da
base do comedouro. Isso ocorreu devido ao fato da modernização ter
sido uma novidade na granja e os funcionários estarem passando
ainda por período de adaptação com o novo manejo. Esse fato pode
ter proporcionado um déficit no ganho de peso dos animais do
modelo moderno.
O ganho de peso diário dos dois modelos de alimentação
não apresentou diferença estatística (p>0,05) (Tabela 2), o que
influenciou os ganhos de pesos médios ao final da creche nos dois
sistemas. De acordo com Goodband (2009), o ajuste dos comedouros
é importante para garantir melhor ganho de peso dos animais,
assim como melhor taxa de crescimento e, assim, proporcionar boa
nutrição aos animais.

Tabela 2. Ganho de peso diário de leitões em dois sistemas de


alimentação na fase de creche em uma granja de Piranga (MG)
Sistema N Baias Média (g/dia) CV (%)
Tradicional 249 8 361,0aa 14,0
Moderno 489 16 393,3 14,8
Médias seguidas por letras iguais entre linhas são estatisticamente
iguais (p>0,05).

Entretanto, foi observado que os comedouros semiautomáticos


do modelo moderno eram mal ajustados e, assim, alguns lotes
passaram tempo sem alimento ou tinham ração disponível em
excesso. Portanto, os comedouros devem ser ajustados de modo que
haja um controle do fluxo de disponibilidade da ração. Com isso,
se evita o travamento da ração, bem como excessos, que além de
dificultarem o acesso a ração fresca causam desperdícios. O ganho
de peso diário reflete diretamente no tempo para o abate pois leitões
com ganho de peso superior chegam ao ponto de abate de forma
mais precoce (MORGONNI, 2014).
Os consumos médios de ração por leitão não foram diferentes
(p>0,05) nos dois sistemas de alimentação estudados (Tabela 3). De
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
1298 ANAIS X SIMPAC

acordo com tal resultado e as premissas anteriormente relatadas,


pode-se presumir que o sistema moderno, mesmo com a ausência do
estímulo do tratador, proporcionaria maior consumo de ração dos
animais, desde que os ajustes nos comedouros fossem realizados.
Tabela 3. Ração consumida por leitões em dois sistemas de
alimentação na fase de creche em uma granja de Piranga (MG)
Sistema N Baias Média (kg) CV (%)
Tradicional 249 8 16,98aa 16,0
Moderno 489 16 16,06 20,2
Médias seguidas por letras iguais entre linhas são estatisticamente
iguais (p>0,05).

As conversões alimentares dos leitões foram significativamente


iguais (p>0,05) nos dois sistemas de alimentação estudados (Tabela
4). Entretanto, Piccolli (2015) relatou que a conversão alimentar de
leitões em alguns períodos na creche foi mais eficiente em sistemas
de alimentação com comedouro manual quando comparado ao
comedouro semiautomático.

Tabela 4. Conversão alimentar de leitões em dois sistemas de


alimentação na fase de creche em uma granja de Piranga (MG)
Média (Kgração/
Sistema N Baias CV (%)
Kgpeso)a
Tradicional 249 8 1,491a 4,0
Moderno 489 16 1,409 7,1
Médias seguidas por letras iguais entre linhas são estatisticamente
iguais (p>0,05).

Como os consumos médios de ração pelos leitões foram


significativamente iguais nos dois sistemas e as conversões
alimentares também foram iguais, pode-se dizer que o sistema
moderno não afetou o metabolismo final (catabolismo e anabolismo)
dos leitões, quando comparado ao sistema tradicional. Entretanto,
é recomendado que seja adotado manejo de arraçoamento
estratégico a fim de estimular os leitões a se alimentarem por meio
do fornecimento frequente de ração, para que o comportamento
alimentar se desenvolva (MORGONNI, 2014).
A falta de mão de obra no mercado e a necessidade de reduzir

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1299

custos na suinocultura faz com que seja necessária a automatização,


o que se buscou na granja comercial avaliada. Faz-se necessária
melhor gestão dos recursos humanos na granja. Entretanto, o ajuste
dos comedouros relatados anteriormente deve ser considerado para
amortizar ainda mais os custos na produção da granja avaliada.

Conclusões

Os modelos de alimentação em creche tradicional e moderno


de criação de leitões em uma granja de Piranga (MG) proporcionam o
mesmo desempenho quanto ao ganho de peso, ganho de peso diário,
consumo de ração e conversão alimentar de leitões. Entretanto, o
funcionamento adequado do comedouro semiautomático deve ser
considerado durante a fase de creche.

Referências Bibliográficas

GOODBAND, B. Nutrição e manejo do comedouro: influência


na eficiência nutricional. 2009. Disponível em: http://suinocast.
com.br/nutricao-e-manejo-do-comedouro-influencia-na-eficiencia-
nutricional-parte-1/. Acesso em: 30 de agosto de 2016.

KUMMER, R; GONÇALVES, M.A.D; LIPPKE, R.T; MARQUES,


B.M.F; MORES, T. Fatores que influenciam o desempenho dos
leitões na fase de creche. Acta Scientiae Veterinariae, v.37, n.1,
p.195-209, 2009.

MORGONNI, D.C. Manejo alimentar e sistemas de alimentação na


fase de creche. In: FERREIRA, A.H; CARRARO, B; DALLANORA,
D; MACHADO, G; MACHADO, I.P; PINHEIRO, R.; ROHR, S.
Produção de Suínos: Teoria e Prática. Brasília: Associação
Brasileira dos Criadores de Suínos, cap. 15.5, 2014. p.644-659.

PICCOLLI, L.Q. Desempenho de leitões na fase de creche


alimentados em comedouro semi-automático ou manual.
2015. 30p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1300 ANAIS X SIMPAC

Zootecnia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,


SC.
SOUSA JR., V.R.; ABREU, P.G; COLDEBELLA, A; SANTOS
LOPES, L; LIMA, G.J.M.M.; SABINO, L.A. Iluminação artificial
no desempenho de leitões na fase de creche. Acta Scientiarum
Animal Sciences, v.33, n.4, p.403-408, 2011.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1301

FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA NA ASMÁTICA


GESTANTE - ESTUDO DE CASO

Victor Hugo Angelo De Souza1,Isabel Cristina Da Silva²�

Resumo: A gravidez acontece a partir da fertilização, e com isso


pode-se observar várias mudanças no corpo da mulher, causadas
por alterações, hormonais, metabólicas, cardiovasculares e
principalmente no sistema respiratório., O objetivo do presente estudo
é demonstrar as alterações da força muscular na asmática gestante
no período gestacional. Analisadas ao término de cada trimestre
por um teste realizado pelo manuvacuômetro que é um aparelho
responsável pela mensuração da força muscular inspiratória e
expiratória, que como resultado pode ser demonstrado pelos valores
obtidos na tabela, e assim serem observados se a gestante encontra-
se fora do limite inferior de normalidade, demonstrando assim, um
déficit na força muscular respiratória significativa.

Palavras–chave: Asma, alterações, gestante, manuvacuômetro,


sistemas.

Introdução
A asma é um relevante problema de saúde pública e é uma
das doenças crônicas mais comuns no mundo. Freitas, Ferreira e
Carvalho (2016) relatam uma prevalência de asma em torno de 18%
na população de alguns países. Eles afirmam que no Brasil, essa
doença atinge mais de 10% da população e representa a segunda
maior causa de hospitalização por doenças respiratórias pelo SUS.
A influência da gravidez no trato respiratório origina-se
de mudanças anatômicas como também de mudanças fisiológicas
e hormonais, como a progesterona que age estimulando o centro
respiratório, este hormônio causa um aumento da amplitude da
respiração, que pelo crescimento do útero gravídico, encontra-
1
Graduando em Fisioterapia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: victorfisio40@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1302 ANAIS X SIMPAC

se prejudicada pela modificação na configuração do tórax e


deslocamento do diafragma. (BEZERRA, NUNES et al, 2011).
Durante o primeiro trimestre da gestação ocorre aumento
do volume minuto e também do volume corrente, causando uma
hiperventilação, portanto, pode-se explicar o numero de queixas
subjetivas de dispinéia durante a gestação, podendo levar também
ao aumento da frequência respiratória e cansaço, em casos mais
severos pode levar também a insuficiência respiratória.(PINTO,
SCHLEDERS, et al 2015.).
Todas essas alterações no sistema respiratório durante o
período gestacional pode gerar uma alteração de força muscular
dos principais músculos respiratórios sendo ainda mais graves
na gestante asmática.A força da musculatura respiratória pode
ser mensurada através das pressões inspiratórias (Pi máx) e
expiratória(Pe máx), por meio de um instrumento chamado
manuvacuômetro. É um teste relativamente simples, rápido, e não
invasivo, através deste teste consigo determinar as medidas das
duas pressões inspiratória e expiratória, que dependem da força
muscular e também do volume pulmonar em que são realizados,
sendo importante a compreensão das manobras a serem executadas
e da vontade do indivíduo em cooperar na realização de esforços
respiratórios realmente máximos. .(BEZERRA, NUNES et al, 2011).

Material e Métodos
Caracteriza-se como um estudo de caso em que foi
acompanhada uma mulher com diagnóstico médico de asma em
estágio grave, ao longo de seu período gestacional. A avaliação
foi executada em três momentos distintos, ao final do primeiro
trimestre da gestação, bem como ao final do segundo e do terceiro
trimestre do período gestacional. Os critérios para participação do
presente estudo foi, uma gestante diagnosticada com asma grave
e no período gestacional. Onde seria avaliada ao término de cada
trimestre da gestação.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1303

A avaliação da forca muscular respiratória foi feita por meio


da mensuração da pressão inspiratória máxima (PI MÁX) e pressão
expiratória máxima (PE MÁX), utilizando-se a manovacuômetria.
As medidas foram feitas usando um manovacuômetro analógico da
marca Suporte, com escalas de 0 a 150 cmH2O para a PE MAX e
0 a -150 cmH2O para a PI MAX. As medidas foram executadas na
posição sentada, utilizando-se clipe nasal. A paciente foi orientada
e incentivada a realizar um esforço respiratório máximo e sustenta-
lo por três segundos, tal esforço repetido por três vezes de forma
aceitável e reprodutível e considerar-se-á o maior valor obtido.
O valor da PI máxima foi precedido de uma expiração máxima
próxima ao volume residual e o PE máximo, precedida de uma
inspiração total próxima à capacidade pulmonar total. Os valores
foram comparados com os valores preditos pela equação de predição
para as pressões respiratórias máximas proposta por Pessoa et al
(2014) para a população brasileira. O presente estudo foi aprovado
pelo comitê de ética CAAE-78925417.6.0000.8090.
Quadro 1 Equação de predição para as pressões respiratórias
máximas propostas por Pessoa et al, 2004.

R² EPE
PI MAX= 63,27-0,55(idade) + 17,96(sexo) + 34 26,3
0,58(peso)
49 36,8
PEMAX=61,41+2,29(idade) -
0,03(idade²)+33,72(sexo) + 1,40(cintura)

Para o sexo feminino multiplica-se a constante por zero (0); Peso


em KG; Cintura=circunferência abdominal em cm; Para cálculo do
limite inferior de normalidade: média-(1,645 X EPE).

Resultados e Discussão

Os resultados adquiridos no decorrer deste estudo, foram


calculados de acordo com a tabela citada acima (quadro 1). sendo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1304 ANAIS X SIMPAC

demonstrada pelos gráficos abaixo.

60
50
40 Limite Inferior de
nomalidade PI Máx
30
20 Resultado PI Máx da
gestante
10
0
1° Trim 2° Trim 3° Trim

Gráfico 1- Resultados do limite inferior de normalidade


da Pressão inspiratória máxima, e dos valores apresentados pela
gestante, ambos em cada trimestre de aplicação do teste.

250
200
150 Limite inferior de
normalidade PE Máx
100
Resultado PE Máx da
50 gestante
0
1° Trim 2° Trim 3° Trim

Gráfico 2- Resultados do limite inferior de normalidade


da Pressão expiratória máxima, e dos valores apresentados pela
gestante, ambos em cada trimestre de aplicação do teste.

Segundo, amaral, ávila et al, 2010, muitas gestantes
relatam o aparecimento de dispneia durante o período gestacional
, ocasionada pelas mudanças fisiológicas e anatômicas da gestante,
que a partir do 3º trimestre gestacional é ocasionada pelo aumento
do útero que pressiona o diafragma e os pulmões.
Segundo, pinto, schleders, et al 2015 , a função respiratória
é diretamente afetada pela gestação, pois o crescimento do útero
gera uma alteração na posição de repouso do diafragma e uma
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
ANAIS X SIMPAC 1305

mudança na configuração do tórax que se amplia no seu diâmetro


ântero-posterior.
Sendo observados todas essas alterações a gestante
portadora de uma doença obstrutiva crônica (DPOC) , como na
asma , dificulta-se ainda mais a função pulmonar ocasionando a
diminuição da força muscular respiratória gerando um déficit na
sua ventilação pulmonar.
Segundo, bezerra, nunes, et al, 2011, essas alterações
podem ser o suficientes para a modificação dos ângulos de inserção
da musculatura, gerando assim interferência no funcionamento
biomecânico da bomba muscular, com isto as avaliações das
pressões respiratórias máximas tem se mostrado importantes para
comprovação da atividade dos músculos inspiratórios e expiratórios.
As pressões máximas que é desenvolvidas pelo diafragma, dependem
diretamente pela relação de força e comprimento, sabendo-se então
que uma força gera por um musculo será maior quando se encontra
no seu maior comprimento de repouso.
No período gestacional como citado acima, o diafragma
terá uma perca no seu comprimento de repouso que irá acarretar
um déficit na sua capacidade de força, sendo isto comprovado
pelos gráficos acima (Gráfico 1) e (Gráfico2), onde os resultados
apresentados pela gestante se torna fora dos valores de Limite
Inferior de normalidade, apresentando um déficit na força muscular
respiratória.

Conclusão
Pode-se concluir com o presente estudo, que após a aplicação
do teste de manuvacuômetria, da coleta dos dados e dos valores
apresentados comparados com os preditos na tabela, houve
sim uma redução significativa na força muscular respiratória da
asmática gestante .


Referências Bibliográficas
AMARAL, A.P.G et al. Avaliação da função respiratória de

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1306 ANAIS X SIMPAC

gestantes: Um estudo de caso.


BEZERRA, M.A.B; NUNES, P.C; LEMOS, A. Força
muscular respiratória: comparação entre nuligestas e
primigestas. Fisioterapia e Pesquisa. 18.3 (2011): 235-240.
DA SILVA, R.C;TUFANIN, A.T. Alterações respiratórias e
biomecânicas durante o terceiro trimestre de gestação: uma revisão
de literatura. Revista eletrônica Saúde e Ciência. 2013.
FREITAS, P.O; FERREIRA, P.G; CARVALHO, C.R.F. Fenótipo
asma- obesidade: o que a fisioterapia precisa saber. In: Associação
Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia
Intensiva. Martins JA, Karsten M, Dal Torso S, organizadores.
PESSOAS, M.B.S et al. Equação de produção de força muscular
respiratória segundo diretrizes internacionais e brasileiras.
Brazilian jornal of Physical Therapy. 2014 Sept- Oct; 18 (5):
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PINTO, A.V.A, et al. Avaliação da mecânica respiratória em
gestantes. Fisioterapia e Pesquisa. 22.4 (2015): 348-354.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1307

EXPERIÊNCIAS ADQUIRIDAS NAS ETAPAS DE


PLANEJAMENTO, ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DOS
PROJETOS DOS LABORATÓRIOS DE MATERIAIS
DE CONSTRUÇÃO CIVIL, GEOTECNIA E MECÂNICA
DOS SOLOS DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA
UNIVIÇOSA

Jônatas Viana Lopes1, Vinícius de Almeida Paiva2, Lúcia Patrícia


Monnerat3

Resumo: De forma a destacar a aprendizagem e consolidação


de teorias que o estágio, especificamente, agrega ao estudante
para a sua futura atuação no mercado de trabalho, utilizou-
se como referência de análise os conhecimentos adquiridos nas
etapas de Planejamento, Elaboração de Projeto e Construção dos
novos laboratórios de Engenharia Civil da Univiçosa/Faviçosa.
O intuito da modalidade complementar foi a da elaboração do
projeto arquitetônico para uma da área existente (área inutilizada
abaixo do edifício garagem), acompanhamento da obra até a sua
conclusão e o registro das experiências adquiridas. Foi utilizada a
metodologia do planejamento estratégico ao longo de todo o processo
de desenvolvimento e execução do projeto. Os laboratórios foram
projetados levando-se em consideração a acessibilidade às PCR
(Pessoas em Cadeiras de Rodas) e PMR (Pessoas com Mobilidade
Reduzida). Ao término do estágio constatou-se a concretização das
teorias metodológicas utilizadas, o ganho de experiências provindas
de todas as etapas da metodologia aplicada, o desenvolvimento da
visibilidade do projeto como um todo e a possibilidade de projeção
da metodologia para projetos das demais áreas da engenharia.
Logo, com todo o conjunto de conhecimento desenvolvido confirmou-
se a necessidade e importância do exercício da profissão durante a
graduação, de forma complementar, além do desenvolvimento do

1
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jhn.vl@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: vinicius.incor@gmail.com
3
Arquiteta e urbanista – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: patricia@univicosa.com.br

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1308 ANAIS X SIMPAC

conhecimento de Gestão de Pessoas.

Palavras–chave: Aprendizagem na construção, Engenharia


civil, Estágio em engenharia, Importância do estágio, Lista de
experiências.

Introdução

Concomitantemente com o avanço tecnológico, os meios


empregatícios da Engenharia Civil tornam-se cada vez mais
exigentes aos futuros formandos, seja na Carreira Acadêmica ou no
Mercado de Trabalho, evidenciando a importância da inserção dos
mesmos em atividades complementares à formação, para garantir
maior eficiência e eficácia no desenvolvimento e consolidação
profissional e social.
Portanto, o estágio foi utilizado tanto para conclusão da
infraestrutura proposta, através do planejamento estratégico,
quanto para constatação, análise e registro das experiências
profissionais e sociais desenvolvidas em cada segmento do projeto.

Material e Métodos

Durante a etapa de planejamento e proposta do projeto


arquitetônico foram realizadas revisões bibliográficas de
representação gráfica, consultas às normas construtivas e às
normas de acessibilidades (NBR 9050/2015). Durante o processo de
execução do projeto arquitetônico foram consultadas, em reuniões
periódicas, todas as pessoas envolvidas no uso da edificação e
gestão dos laboratórios, visando garantir demandas, praticidade,
minimização de esforços físicos, espaços inteligentes e estética
laboratorial. Foi realizada também uma visita ao Laboratório de
Solos da Universidade Federal de Viçosa a fim de se determinar
um parâmetro de conformação para a construção do laboratório de
função equivalente.
Ao longo da elaboração do projeto arquitetônico, foi realizada

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1309

a coleta das medidas tridimensionais de todos os aparelhos,


acessórios, móveis e reservatórios já existentes na instituição,
além dos maquinários encomendados. Necessitou-se também do
levantamento físico das dimensões da área destinada à edificação,
embaixo do Edifício Garagem da Univiçosa, e sua adaptação para
tal funcionalidade, uma vez que o local não constava na planta do
edifício e não fez parte do planejamento do mesmo. Salienta-se
que os softwares utilizados para o Projeto Arquitetônico e o Projeto
Elétrico foram respectivamente o AutoCad 2016, versão estudantil,
da Autodesk e o Lumine 2017, versão Pró, da AltoQi.
Na etapa da construção foram utilizados todos os materiais e
ferramentas necessárias para a execução da obra e mão-de-obra da
própria Instituição de Ensino.
Como metodologia de projeto foi aplicada uma derivação da
teoria da administração, denominada Planejamento Estratégico,
que adaptada à Construção Civil, segmenta todo o processo de
elaboração de uma dada obra e enfatiza as fases de planejamento para
que maximize a eficácia e a eficiência, reduzindo simultaneamente,
as incompatibilidades. Já como metodologia de registro das
experiências foi utilizada a documentação, composta por anotação e
aplicação conseguinte em fases sucessivas.

Resultados e Discussão

Os laboratórios e a sala de aula auxiliar estão em fase


de finalização de acabamento, contudo já em condições de
funcionamento.
As principais experiências listadas e periodicamente
verificadas foram:
• Para que se ganhe credibilidade e desempenho em todas
as etapas de um projeto é de fundamental importância
que, além da própria competência e motivação gerada
pelos engenheiros e projetistas responsáveis, se valorize
a participação das pessoas envolvidas (stakeholders);
• A melhor etapa para interferência de um
empreendimento, acarretando menor custo, é durante

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1310 ANAIS X SIMPAC

o Planejamento, composto por Estudo de Viabilidade e


Concepção do Projeto, conforme a Figura 1:

Figura 1: O avanço do empreendimento em relação à chance


de reduzir custo de falhas do edifício (HAMMARLUND &
JOSEPHSON, 1992)

• Preestabelecer todas as áreas ocupadas por objetos


fixos e temporários em consonância com as áreas de
circulação de pessoas, além de considerar a classificação
do cômodo por permanência de uso, potencializa a
capacidade de dimensionamento para uma dada
função;
• Mesmo que seja tradicional utilizar da simetria
geométrica para dimensionar compartimentos de
mesma função, em situações de escassez de área livre,
utilizar da assimetria geométrica para garantir uma
simetria de espaço utilizável proporciona o conforto
necessário e evita a subtração da área de demais
compartimentos com maior necessidade de espaço para
uso, colaborando para uma construção mais inteligente
e eficiente;
• Mesmo que a competência dos funcionários,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1311

considerando toda a hierarquia de cargos do sistema


construtivo, seja garantida, é de fundamental
importância que todas as ferramentas de precisão
utilizadas sejam conferidas diariamente para que se
mantenha um padrão de assertividade aceitável;
• Seja para construções em terrenos livres, seja
para adaptação/expansão de empreendimentos já
construídos, é de suma importância a execução exata
da etapa de montagem das formas, uma vez que
garante a resistência conforme projeto, a estética e a
compatibilidade para futuras adaptações/expansões,
uma vez que necessitou-se da utilização de métodos
de acabamento para atenuar, esteticamente, vigas
e pilares irregulares oriundos de formas que se
deformaram em etapa de concretagem;
• Para que seja cumprido um dado cronograma é de vital
importância que o engenheiro responsável determine,
antecipadamente, para todas as etapas, roteiros
alternativos, através da logística, para que um serviço
construtivo não dificulte outros simultâneos e nem
exija a manutenção de um já realizado, maximizando o
aproveitamento do tempo;
• Também para assegurar o cumprimento de um
dado cronograma é imprescindível que o engenheiro
responsável tenha o contato de diversas empresas,
dos diversos segmentos de materiais de construção,
para que na impossibilidade de abastecimento de uma,
outra possa suprir;
• É importante que o período da construção seja muito
bem inserido sobre um intervalo do ciclo climático da
região para que não atrapalhe o andamento da obra;
• Além de uma formação teórica e prática, é importante
que o engenheiro tenha conhecimento de Gestão
de Pessoas, para uma boa liderança, uma vez que
dependerá do desempenho e concordância de um grupo
extenso de pessoas.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1312 ANAIS X SIMPAC

Considerações Finais

Ao término do estágio constatou-se a catalogação de muitas


experiências teóricas e práticas adquiridas tanto no setor de
projeto e setor construtivo quanto no setor de engenharia social.
Logo, validou-se a importância da inserção do graduando em
estágios na área da profissão complementando sua formação para
atuação no Mercado de Trabalho e possibilitou a identificação de
desenvolvimento na área de gestão de pessoas.

Agradecimentos

Não poderíamos deixar de agradecer à nossa Orientadora


Lúcia Patrícia Monnerat pela dedicação, presteza, confiança e
oportunidade. Agradecemos ao professor Klinger Senra Rezende,
ao gestor do curso de Engenharia Civil, professor Adonai Gomes
Fineza pelos auxílios e prontidão, aos técnicos do Laboratório de
Materiais de Construção Civil José Tarcísio do Nascimento e Jean
Modesto da Costa pelas colaborações e aos funcionários da obra pelo
bom desempenho.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015.

HAMMARLUND, Y.; JOSEPHSON, P.E. Qualidade: cada erro


tem seu preço. Trad. de Vera M. C. Fernandes Hachich. Téchne,
n. 1, p.32-4, nov/dez 1992.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1313

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ARQUITETÔNICO


DOS LABORATÓRIOS DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
CIVIL, MECÂNICA DAS ROCHAS E MECÂNICA DOS
SOLOS DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA
UNIVIÇOSA

Jônatas Viana Lopes1, Vinícius de Almeida Paiva2, Lúcia Patrícia


Monnerat3

Resumo: Diante da necessidade de expansão, integração e


acessibilidade às PCR (Pessoas em Cadeiras de Rodas) e PMR
(Pessoas com Mobilidade Reduzida) dos Laboratórios de Materiais
da Construção Civil e Mecânica dos Solos e da construção do
Laboratório de Mecânica das Rochas e uma Sala de Aula para
dar suporte aos laboratórios, buscou-se, dentro da unidade I da
Univiçosa, um espaço adequado a esse fim. Desta forma, elegeu-
se o espaço embaixo do Edifício Garagem, por ser uma área, até
então, inutilizada. Foram feitos os levantamentos necessários
para a elaboração do projeto arquitetônico. Utilizou-se dos
embasamentos da metodologia do Planejamento Estratégico,
subdividindo-se o projeto arquitetônico nas etapas de Estudo de
Viabilidade, Planejamento e Concepção. Devido às necessidades
institucionais e vantagens do local escolhido, classificou-se o projeto
como viável. Durante o planejamento foram realizadas revisões
bibliográficas em normas, visitas a laboratórios, entrevistas com
o elenco pertinente, composto pela orientadora, professores e
técnicos, além de levantamentos unidimensionais, bidimensionais
e tridimensionais. Durante o processo de concepção do projeto,
foram elaboradas várias propostas de locação dos laboratórios,
com conformações diferentes, apresentando peculiaridades sobre a
utilização de conceitos geométricos na maximização de espaço útil,

1
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: jhn.vl@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: vinicius.incor@gmail.com
3
Arquiteta e Urbanista - FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. E-mail: patricia@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1314 ANAIS X SIMPAC

alternativas de esquadrias para áreas de ventilação, dissipação


de umidade. Com o término dessa primeira etapa construtiva,
caraterizada pelo detalhamento, garantiu-se espaços calculados
e inteligentes, acessibilidade à PCR e PMR, integração dos
laboratórios, estética, otimização dos fluxos e novas experiências
adquiridas aos estagiários.

Palavras–chave: Acessibilidade, Arquitetura, Planejamento,


Representação gráfica, Viabilidade.

Introdução

Através do projeto arquitetônico em consonância com


demais projetos (hidráulico, estrutural, elétrico, etc), inclusive
o levantamento topográfico, é possível explorar as diversas
possibilidades de conformação dos ambientes (layout), remanejar
espaços de circulação, prever problemas de incompatibilidade
futuros, evitar maiores prejuízos econômicos na promoção de
alterações em etapas conseguintes, além de ser um dos documentos
essenciais à regulamentação perante à prefeitura local.
Aliando a necessidade da instituição com as facilidades
oferecidas pela área escolhida para tal finalidade objetivou-se, em
termos gerais, a adaptação do espaço abaixo do Edifício Garagem,
concebendo ambientes confortáveis, esteticamente agradáveis e
acessíveis a PCR e PMR.
Em termos específicos, os objetivos foram: proporcionar
integração entre os laboratórios, reduzindo esforços físicos; garantir
expansão necessária para cada laboratório; dissipar a umidade
do solo internamente à construção, evitando patologias futuras;
garantir a acessibilidade ás PCR e PMR, conforme a norma (NBR
9050/2015).

Material e Métodos

O programa utilizado para a elaboração dos projetos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1315

arquitetônicos foi o AutoCad 2016 da Autodesk, versão


estudantil. Foram utilizadas trenas de grande extensão, para o
levantamento da área a ser adaptada e visitas a laboratórios de
mesma funcionalidade da Universidade Federal de Viçosa para
se obter parâmetros comparativos. Utilizou-se a metodologia do
Planejamento Estratégico no Projeto Arquitetônico, subdividindo
as etapas em Estudo de Viabilidade, Planejamento e Concepção.
Durante o planejamento foi consultada a Norma de Acessibilidade
(NBR 9050/2015), foram feitas consultas ao elenco composto pela
orientadora, professores e técnicos pertinentes, de forma a garantir
a melhor logística possível de trabalho dentro dos recintos. Foram
feitas mensurações espaciais dos maquinários já existentes, dos
encomendados e dos que serão adquiridos futuramente. De posse
de todos estes dados e levantamentos, foram efetuados 4 (quatro)
propostas diferentes de distribuição espacial dos laboratórios,
inclusive, na proposta inicial, esta área teria também os laboratórios
de Conforto e Topografia (Figura 1).

Figura 1 - Propostas da distribuição espacial dos laboratórios

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1316 ANAIS X SIMPAC

De forma a cumprir a legislação local, foi necessário


uma adequação do espaço, que teve sua área diminuída e,
consequentemente, uma alteração na quantidade de laboratórios.
Foram retirados do projeto, os laboratórios de conforto e topografia.
Uma nova proposta foi elaborada e aprovada pelos clientes e
envolvidos no projeto (Figura 2). Por fim, foi contabilizado todo
material de construção disponível na Instituição, que poderia ser
aproveitado e reaproveitado, estabelecendo um alto nível de coleta
de dados.

Figura 2 - Nova disposição espacial com sentido prioritário do


deslocamento do ar e exaustores destacados

Resultados e Discussão

A proposta final (Figura 2), apesar de possuir uma área menor


que as propostas anteriores, possui um diferencial vantajoso: a
criação de um corredor para a circulação de ar e melhoria na
dissipação da umidade, visto que esta área possui um barranco
na lateral esquerda e nos fundos. A circulação de ar neste espaço
se faz de forma forçada, ou seja, através de 2 (dois) exaustores,

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1317

posicionados linearmente e instalados no laboratório dos fundos.


Obteve-se facilidade na aprovação da viabilidade do projeto
pelo cliente, uma vez que, além da necessidade vigente, o espaço
a ser utilizado oferecia vantagens, caracterizadas por elementos
estruturais já estabelecidos, abaixo de um edifício de alto suporte de
carga, ou seja, uma área que até então não tinha uso definido. Desta
forma, na área possível de construção (467,65 m²), foram locados os
laboratórios de Materiais de Construção, com sala adjacente para
estoque de matérias, Mecânica das Rochas e Mecânica dos Solos,
com acessos individuais e independentes. Também foi proposto
para a área, banheiros masculino e feminino, banheiro para PCR
E PMR e uma sala de aula para dar suporte às aulas práticas. No
projeto foi levado em conta a estrutura já existente, priorizando a
acessibilidade, ventilação e conforto dos usuários.
Os espaços planejados atenderam às necessidades das PCR
e PMR: banheiro, portas, corredor e bancadas com dimensões
adequadas, conforme a Norma de Acessibilidade (NBR 9050/2015).
Com relação aos materiais já existentes na Instituição, tudo o
que foi possível, foi reutilizado neste projeto: placas de granito, pias,
torneiras, tubulações, eletrocalhas, metalon e vergalhões.

Considerações Finais

A metodologia possibilitou garantir todos os objetivos


planejados, em especial, evitar incompatibilidades assegurando
conforto, estética, logística de circulação e fluidez do trabalho aos
técnicos e alunos, além de experiências profissionais, ressaltando-se
a necessidade proporcionada pelas coletas de dados e a introdução
à engenharia social.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:


Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos. Rio de Janeiro, 2015.

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1318 ANAIS X SIMPAC

RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO BÁSICO II: O


USO DE RODAS DE CONVERSAS NO REGIME FECHADO
DA ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO E ASSISTÊNCIA AOS
CONDENADOS (APAC)

Viviane Martins Ferreira Milagres1 Sérgio Domingues2

Resumo: O sistema prisional brasileiro sofre atualmente de grandes


necessidades, faltando espaço para a humanização e ressocialização
do sujeito encarcerado. Dessa forma, visando o resgate do sujeito
encarcerado, Mário Ottoboni, em 1972, criou o método APAC
(Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) que permite
a criação das condições necessárias ao processo de humanização
e recuperação dos condenados. A APAC é uma organização não
governamental que sugere a salvação do homem intrínseco ao
criminoso por meio da valorização humana, do trabalho, do convívio
com os familiares e da religião. O Estágio Básico II do curso de
Psicologia foi realizado a partir do uso do dispositivo “Roda de
conversa”, como forma de identificar os sintomas institucionais e
de grupo do regime fechado da APAC, levando em consideração a
interação entre o investigador e o grupo e entre os participantes.

Palavras–chave: APAC, regime fechado, roda de conversa

Introdução

O sistema prisional brasileiro sofre atualmente de grandes


necessidades, faltando espaço para a humanização e ressocialização
do sujeito encarcerado, possuindo, assim, um índice de reincidência
ao crime entre 70% e 85%, segundo o Departamento Penitenciário
Nacional (DEPEN apud COSTA, 2007). Desse modo, pode-se dizer
que o sistema carcerário não cumpre sua função.
1
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: vivimfm2@gmail.com
2
Professor do curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: sdufmg@gmail.com

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ANAIS X SIMPAC 1319

Segundo a Lei de Execução Penal (1999), a pena de privação


de liberdade possui dois objetivos: o de punição e o de recuperação
do indivíduo infrator. Dessa forma, visando o resgate do humano
a partir da criação das condições necessárias ao seu processo de
humanização e recuperação dos condenados, Mário Ottoboni, em
1972, criou o método APAC (Associação de Proteção e Assistência
aos Condenados).
O método APAC é uma organização não governamental que
sugere a salvação do homem intrínseco ao criminoso por meio da
valorização humana, do trabalho, do convívio com os familiares e
da religião, de forma a suprir a deficiência do Estado nessa área,
atuando na qualidade de Órgão Auxiliar da Justiça e da Segurança
na Execução da Pena, ou seja, seu objetivo é promover a humanização
das prisões, sem perder a finalidade de pena.
Essa metodologia é composta por doze elementos
fundamentais: participação da comunidade; integração da família
com o recuperando; trabalho voluntariado; ajuda mútua entre os
recuperandos; trabalho dentro e fora da instituição; conquistas
de benefícios por mérito; Centro de Reintegração Social (CRS);
Jornada de Libertação em Cristo; apoio e busca religiosa; assistência
judiciária; valorização humana; e assistência à saúde (JÚNIOR,
2003).
De acordo com o Superior Tribunal de Justiça (2002), o índice
de recuperação dos que se submetem ao método APAC é de 91%. No
entanto, nos modelos tradicionais, é de 15% o índice de recuperação.
Além disso, constatou-se que nunca foi registrada nenhuma rebelião
nos presídios que adotam esse método.
Segunda a Lei de Execução Penal nº 7.210/1984, o condenado
possui direito a atendimento médico, psicológico, odontológico,
dentre outros, porém, a realidade dos presídios comuns é diferente
e o método APAC cumpre essa lei efetivamente. Dessa forma,
o papel do psicólogo dentro da organização é essencial para a
recuperação do individuo na sua ressocialização e na conservação
da subjetividade do recuperando durante o processo punitivo de
privação da liberdade. Nesse processo, o maior desafio do Psicólogo é
auxiliar no desenvolvimento da autocompreensão, da autoconfiança

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1320 ANAIS X SIMPAC

e da capacidade de escolher os comportamentos que adotarão


(MAMELUQUE, 2006).

Material e Métodos

O estágio foi realizado a partir do uso do dispositivo “Roda de


conversa”, levando em consideração interação entre o investigador e
o grupo e entre os participantes. Os encontros aconteceram em dois
grupos, revezando semanalmente, uma semana na parte da manhã
com os recuperandos que estudam à tarde e possuem a manhã livre
e, na outra semana, na parte da tarde, com os recuperandos que
estudam pela manhã e possuem a tarde livre.

Resultados e Discussão

As rodas de conversas foram propostas como forma de


identificar os sintomas institucionais e de grupo, conforme o objetivo
do Estágio Básico II, que surgem nos recuperandos do regime
fechado durante a privação de liberdade no método APAC, pois é
importante que a Psicologia estude essa parcela da população e crie
alternativas para ela já que a Psicologia Jurídica ainda é um campo
recente de estudos e não há registros de muitas pesquisas nessa
área.
Nas rodas de conversas realizadas, surgiram temas como:
ansiedade; expectativa para o futuro; autoconhecimento; raiva/
ódio; dependência/autonomia; saudades dos familiares e das
atividades que realizavam fora da APAC; convivência; dificuldades
em expressar sentimentos; confiança; solidão; medo do julgamento;
amizade; e cobrança.
A ansiedade é algo comum no ambiente da APAC, pois os
recuperandos estão sempre esperando que algo aconteça em relação
às visitas íntimas ou dos familiares, às atividades dos voluntários
e à progressão da pena. No entanto, a ansiedade além do “comum”,
provoca sofrimento, levando o recuperando a uma extrema
preocupação com os familiares (se estão passando fome, sentindo
frio, se as contas estão sendo pagas, por exemplos) e medo da traição

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1321

da esposa, de ser abandonado e do julgamento da sociedade. A


maioria dos casos de ansiedade é provocada pelo ambiente estressor
da prisão.
A expectativa do futuro envolve o que os recuperandos estão
planejando para quando saírem da APAC e muitos abordaram o
trabalho digno e o fortalecimento dos laços familiares, buscando
recuperar o “tempo perdido”.
Os recuperandos do regime fechado devem fazer artesanato como
forma de reflexão e, com isso, relatam que essa prática ajuda na
distração. No entanto, muitos consideram essa prática “inútil” e
sem fundamento. O medo de errar nas futuras tomadas de decisões
faz com que muitos prefiram que outras pessoas decidam por ele,
afirmando uma passividade em relação ao outro.
O autoconhecimento foi um tema recorrente em quase todas
as rodas, pois muitos recuperandos estão nesse processo junto ao
acompanhamento que fazem com a psicóloga da instituição. Dessa
forma, estão sempre buscando entender os seus comportamentos
e de pessoas próximas a eles, exemplificando situações que se
assemelham a deles, apesar de negarem que essa não tem relação
com eles, por não confiarem nos companheiros que também
participam do grupo. Esse processo de autoconhecimento é
importante para o sujeito, pois o recuperando pode entender o
porquê de ter cometido o delito que o levou à prisão; recuperar sua
identidade que, na maioria das vezes, se perde durante a privação
de liberdade; proporcionar o autocontrole; e ajudá-lo a superar
bloqueios, traumas, solidão, raiva/ódio e agressividade. Além disso,
a carência faz com que os recuperandos sintam, constantemente, a
necessidade de serem elogiados e aprovados pelo outro, levando-o a
agir de forma a agradar outra pessoa.
A relação de dependência dos recuperandos com os familiares
pode causar um misto de amor e ódio. Além disso, são imediatistas,
é preciso trabalhar com eles que nem tudo poderá ser feito na hora
que eles precisam ou desejam, pois, é necessário ter paciência e
perseverança no momento que estiverem procurando um trabalho,
para reconquistar a confiança dos familiares, para obter bens
materiais, etc. Muitos deles acabam percebendo o quanto são

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1322 ANAIS X SIMPAC

importantes e amados por um familiar ou por um amigo, se estes já


foram visita-los no presidio ou lhe mandaram cartas.
Além disso, apresentam agressividade com as pessoas que eles
mais amam, não demonstrando apreço, mas, na maioria das vezes,
de forma involuntária e inconsciente. Dessa forma, a produção
artística que é obrigatória no regime fechado é uma alternativa
para atenuar essa agressividade.
A desconfiança foi frequentemente falada nas rodas de
conversa, principalmente relacionada às relações amorosas,
mas também envolve desconfiança a si mesmo. Assim, é preciso
demonstrar para o recuperando que ele tem suas responsabilidades
através das funções que ele exerce na APAC, na família e,
futuramente, na sociedade. Além disso, sentem medo de serem
traídos pelas esposas, do advogado abandonar o caso e do futuro.
Assim é preciso auxiliá-los a superarem esses conflitos, fazendo com
que, a partir das situações apresentadas, demonstrem o quanto as
pessoas estão presentes na vida deles.
A partir da desconfiança, pode surgir a solidão, que, por um
lado, é boa no sentido de oferecer um espaço de privacidade, mas,
em alguns casos, causam sofrimento, e, por isso, deve-se buscar
apurar os fatos que os fazem se sentir sozinhos e, muitas vezes,
esse sentimento foi associado à distância das famílias e das esposas.
E, por fim, a maioria dos participantes relatou dificuldade em
expressar sentimentos e que sofrem por isso, mas que não sabem
como fazer diferente.
.
Conclusões

O método APAC possui melhores resultados que o sistema


carcerário comum e os recuperandos possuem maior apoio familiar
e auxílio psicológico, fundamental durante a privação de liberdade
e no processo de ressocialização do encarcerado. Os resultados das
rodas de conversas evidenciaram uma grande demanda psicológica
dos indivíduos o que reforça que a Psicologia deve estudar essa
parcela da população e expandir seus estudos na área jurídica.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1323

Referências Bibliográficas

BRASIL. Lei de execução Penal. Lei nº 7210 de 11 julho de 1984.

COSTA, L. APAC: alternativa na execução penal. Belo


Horizonte, 2007.

JÚNIOR, G. F. G. Assistência e proteção aos condenados: A


origem e a pena de prisão, 2003.

MAMELUQUE, M. G. C. A subjetividade do encarcerado, um


desafio para a Psicologia. Psicologia, Ciência e Profissão, 2006.

NOTÍCIAS: Assembleia Legislativa de Minas Gerais, 2016.


Disponível em: www.almg.gov.br. Acesso: 08 de abr. 2018

NOTÍCIAS: SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2002. Disponível


em: www.stj.gov.br. Acesso: 08 de abr. 2018

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1324 ANAIS X SIMPAC

ANALISE PLUVIOMÉTRICA DA REGIÃO DE VIÇOSA E


AVALIAÇÃO ECONÔMICA DO APROVEITAMENTO DE
ÁGUA DA CHUVA

Wagner Darlon Dias Correa1, William Reis2

Resumo: A água doce é o recurso natural mais importante para


a humanidade, envolvendo todas as ações econômicas, sociais
e ambientais. Atualmente muitos países possuem problemas de
escassez hídrica, que é consequência do crescimento desordenado das
cidades, aumento da demanda de água pela indústria e agricultura,
condições climáticas e principalmente pela defeituosa gestão desse
recurso. Portanto novas ações e formas de aproveitamento das
águas devem ser impulsionadas. Este trabalho avaliou, o índice
pluviométrico dos últimos 10 anos da cidade de viçosa e estimou
o potencial volume de água de chuva a ser capitado no telhado
do Pavilhão Central de Aulas (PCA) da faculdade FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA, com área aproximadamente de 1500m2. Além disso
avalia a economia financeira proporcionada frente as tarifas cobradas
pela rede distribuidora de água local. O índice pluviométrico médio
dos últimos 10 anos foi de 1411,04 mm/ano. O volume de água da
chuva aproveitável, resultou em 1.693.248 litros/ano. Com isso é
possível com o aproveitamento da agua de chuva uma economia
financeira anual de R$ 18.754,41.

Palavras–chave: Aproveitamento, água pluvial, economia de


água, índice pluviométrico

Introdução

Agua doce é o recurso natural mais importante para a


humanidade, envolvendo todas as ações econômicas, sociais e
ambientais. Representa uma condição para toda forma de vida
1
Graduando em Engenharia ambiental – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: darlondias18@gmail.com
2
Orientador: William Reis – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: williamreis@univicosa.com.br

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1325

existente em nosso planeta, é um elemento habilitador ou restritivo


para qualquer desenvolvimento social e tecnológico. A água é
essencial para a agricultura, para a indústria, para o transporte
e para a produção de energia, assim como é o motor para o
crescimento econômico. Ela gera empregos em todo o mundo. Três
em cada quatro empregos em todo mundo são dependentes da água
(UNESCO, 2016).
Atualmente muitos países possuem problemas de escassez
hídrica e as causas dessa complicação são diversas. O desenvolvimento
desordenado das cidades, o aumento da demanda de água pela
indústria e pela agricultura associado ao crescimento populacional
tem provocado o esgotamento dos recursos hídrico, afirma Pereira
et al. (2008). Segundo Hagemann (2009) a problemática da escassez
de água é consequência principalmente da expansão demográfica,
do desperdício e das atividades poluidoras.
A crise hídrica de 2014/2015, em várias regiões do Brasil,
evidenciou que a existência de eventos hidrológicos extremos
reivindicará cada vez mais planejamento na administração dos
recursos hídricos tanto do setor privado quanto do setor público. Neto
(2013) afirma que nas cidades brasileiras de médio e grande porte
tem-se desprezado o potencial da água de chuva como manancial
de água de boa qualidade, mas há uma progressiva tendência
internacional do uso de águas pluviais. Na literatura vários autores
como Marinoski e Ghisi (2008); Group Raindrops (2002); Nunes
(2016); May (2004) realça a utilização de água da chuva para fins
não potáveis como medidas para a preservação dos recursos naturais
hídricos e a minimização da exploração destes.
Inserido nesse contexto, torna-se necessário investir em
projetos de captação e utilização de água da chuva, a fim de reduzir
a demanda de água das estações de tratamento e das fontes naturais
além dos custos com utilização de água potável. Além do mais, a
água pluvial é disposta nos telhados sem haver qualquer custo.
Com isso é imprescindível permitir que o escoamento das águas de
precipitação seja levado para o mar sem antes receber qualquer uso.
Diante disso objetiva-se por meio desse estudo, avaliar o
potencial volume de água de chuva que poderá ser captado e as

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1326 ANAIS X SIMPAC

economias financeiras que um sistema de captação e aproveitamento


de águas pluviais pode oferecer com base nas tarifas cobradas pela
rede distribuidora.

Material e Métodos

Para análise do potencial volume de água da chuva a ser


capitado avaliou-se nos últimos 10 anos, o índice pluviométrico da
cidade de Viçosa, localizada na região Sudeste com Latitude: 20º 45’
14” S e longitude: 42º 52’ 55” W. Os dados pluviométricos da região
foram coletados no BDMEP (Banco de Dados Meteorológicos para
Ensino e Pesquisa), após cadastramento no mesmo. Posteriormente
esses dados foram organizados conforme apresentado na tabela 1.
Conseguinte, calculou a precipitação média anual com base nos
dados dos últimos 9anos pela equação 1.
Equação 1: PM = ƹxi /9 onde: PM→ precipitação média anual, ƹxi→
somatório da precipitação anual
O sistema de captação e armazenamento de água da chuva
considerado foi composto pelas seguintes etapas: Área de captação;
calhas e condutores; by pass (desvio); peneiras; reservatório. A área
de captação foi estimada pelas dimensões verificada do prédio PCA.
Tendo em vista esse sistema captação, determinou-se o volume
aproveitável de água pela equação 3 conforme a NBR 15527/07:
V = P x A x C x ɳ fator de captação EQUAÇÃO 3
Onde: V→ é o volume de chuva aproveitável, anual, em litros,
P→ precipitação média anual, em milímetros, A→ área de coleta, em
m2, C→ coeficiente de runoff, ɳ fator de captação→ é a eficiência do
sistema de captação, considerando o first flush, ou seja, os primeiros
milímetros descartados.
Com base na tarifa de água, disponibilizada online pela
companhia distribuidora de água potável SAAE calculou-se
financeiramente o recurso inexplorado quanto ao uso de água da
chuva. Foi considerado consumo superior a 200 m3/mês e por tanto
a tarifa cobrada pela companhia é R$ 11,076 /m³. A equação 4 foi
utilizada para avaliar as perdas com o não aproveitamento desse
recurso.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1327

Pn = V x TC onde: Pn→ valor em reais, Tc→ taxa cobrada pela


rede distribuidora/m3.

Resultados e Discussão
A tabela 1 apresenta os resultados dos dados pluviométricos
dos últimos 10 anos. Portanto, merece destaque nesta analise a
ausência de chuva por 2 meses seguidos no ano 2017. Porém a região
apresenta considerável pluviosidade comparada a outras regiões
com a cidade de Sumida no Japão que tem precipitação media anual
de 140 mm.

Precipitação na região de Viçosa


   
Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

janeiro 460,7 220,1 253,1 117,7 184,1 403,4 143,1 74,2 79,5 348,2 65,7

fevereiro 90,5 112,7 224,1 37,8 84,8 38,1 109,6 23,8 163,6 74,5 78,1

março 45,5 239,2 243,1 192,5 284,4 106,7 228,2 182,5 237,3 73,5 83,1

abril 38,3 62,8 90,9 18,3 56,9 46,7 120,2 92,6 30 33,9 43

maio 14,7 7,2 9,6 45,8 2,6 110,2 62,3 8,4 54,9 15,5 47,5

junho 2,2 12,7 53,6 0,9 23 8,4 25,3 2,2 10,1 61,8 15,6

julho 6,1 0,2 14,6 0 0 0,4 2,3 31,1 26,8 0 0

agosto 0 15,4 13,7 0,2 0,2 5,5 3,5 7,4 5,7 11 0

setembro 29,7 147,4 72,2 22,8 4,8 46,9 43,7 11,8 77,7 28,2 5,0

outubro 55,5 41,4 127,9 158,8 152,9 88,9 82,9 30,6 455 65,7 49,6

novembro 62,2 224,8 131,5 402,7 310 235,4 113,3 192,4 195,6 216,6 105,4

dezembro 204,1 605,7 333,1 354,1 330,1 199,3 389,6 167,6 239,8 263,1 359,0

Precipitação
1009,5 1689,6 1567,4 1351,6 1433,8 1289,9 1324 824,6 1576 1192 852
(mm/ano)

Fonte de dados: BDMEP (Banco de Dados Meteorológicos


para Ensino e Pesquisa).

Com uma pluviosidade média calculada de 1411,04 mm/ano,


com base nos últimos 10 anos analisados, captarias o respectivo
volume de água determinado pela equação 3:
Adotando-se C x ɳfator de captação =0,80 conforme recomenda
Macedo (2007) quando não se tem dados a adotar.

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1328 ANAIS X SIMPAC

V = 1411,04 x 1500 x 0,80 →V = 1.693.248 litros/ano =


1.693,248m3
As dimensões do prédio PCA corresponderam aproximadamente a
15 metros de largura e 100 metros de comprimento. Isso resultou
em uma área de telhado (área de captação) correspondente a
1500m2.
Contudo a exploração desse recurso evitaria o escoamento
para os rios de R$ 18.754,41 conforme cálculo apresentado:
Pn = 1767,6 x 11,076 → Pn = 18.754,41

Conclusões

Conforme verificado a região apresenta um considerável


regime de chuvas possibilitando a implantação de sistemas de
aproveitamento de água de chuva. Para mais, as economias
financeiras com o uso deste recurso apresentam valores significativos.
Portanto é imprescindível que as águas de chuva escoem para os
rios sem antes receber qualquer uso.

Referências Bibliográficas

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR


15527: Água de chuva - aproveitamento de cobertura em
áreas urbanas para fins não potáveis- Requisitos. Rio de
Janeiro, 20047.

GROUP RAINDROPS. Aproveitamento da água da chuva.


Curitiba/PR: Editora Organic Trading, 2002. 196p.

HAGEMANN, S.E. Avaliação da qualidade da água da


chuva e da viabilidade de sua captação e uso. Dissertação
de Mestrado, Santa Maria- Rio Grande do Sul, 2009. Disponível
em: <http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_arquivos/20/TDE-2009-
04-22T164624Z-1996/Publico/HAGEMANN,%20SABRINA%20
ELICKER.pdf>. Acesso em: 02 de agosto 2017.

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ANAIS X SIMPAC 1329

MACEDO, J.A.B de. Águas & Águas. 3a edição. Belo Horizonte:


Jorge Macedo, 2007. 1027p.

MARINOSKI, A.K.; GHISI, E. Aproveitamento de água pluvial


para usos não potáveis em instituição de ensino: estudo de
caso em Florianópolis – SC. Porto Alegre, 2008. Disponível em:
< http://www.seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/view/5355>.
Acesso em: 28 de julho 2017.

MAY, S. Estudo da viabilidade do aproveitamento de água


de chuva para consumo não potável em edificações. São
Paulo, 2004. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/
disponiveis/3/3146/tde-02082004-122332/en.php>. Acesso em: 28 de
julho 2017.

NETO, C.O de. A. Aproveitamento imediato de água da chuva.


Revista Eletrônica de Gestão e Tecnologias Ambientais (GESTA),
2013. Disponível em:< https://portalseer.ufba.br/index.php/gesta/
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NUNES, J.G. Análise da concepção e comportamento do


sistema de aproveitamento de água de chuva em operação
na UFMT, campus Cuiabá. Cuiabá, 2016. Disponível em: <
https://www.tratamentodeagua.com.br/artigo/agua-de-chuva-
ufmt/>. Acesso em: 13 de julho de 2017.

UNESCO. The United Nations World Water Development


Report 2016: water and Jobs. Paris, 2016. Disponível em:< http://
unesdoc.unesco.org/images/0024/002439/243938e.pdf>. Acesso em:
24 de setembro 2017.

SAAE- Sistema de Abastecimento de Água e Esgoto- Viçosa – MG.


Tarifas. Disponível em: <http://www.saaevicosa.mg.gov.br/index.
php/saae/tarifas >. Acesso em: 04 de abril 2017.

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1330 ANAIS X SIMPAC

CONTAGEM DIFERENCIAL DE LEUCÓCITOS EM OVINOS


REAGENTES E NÃO REAGENTES A PELO MENOS UM
SOROVAR DE LEPTOSPIRA SP

Wendel Basílio Lelis1, Eustáquio Andre Dos Reis Fernandes1,


Rafael Dester Ribeiro Santos2, Adriano França Cunha, João Paulo
Machado43

Resumo: A leptospirose é uma doença de importância nos ovinos e


pode se apresentar clinicamente de maneira variada, sendo comuns
os abortos, as anemias hemolíticas e o aumento de natimortos.
Porém, na maioria dos casos a forma subclínica é a mais comum.
O objetivo deste trabalho foi avaliar possíveis alterações na
contagem diferencial de leucócitos de ovinos que reagiram a pelo
menos um sorovar de Leptospira sp. Foram colhidas amostras de
sangue 37 ovinos, dos quais, uma alíquota foi submetida à técnica
de soroaglutinação microscópica e outra, à confecção de esfregaços
sanguíneos para contagem diferencial de leucócitos. Comparado aos
ovinos não reagentes, os ovinos reagentes positivos apresentaram
elevação na contagem total de leucócitos e diminuição na contagem
diferencial de linfócitos e monócitos, o que sugere que a leptospirose
subclínica é capaz de causar alterações hematológicas leucocitárias.

Palavras–chave: Icterohaemorrhagiae, leptospirose,


soroaglutinação, sorovar.

Introdução

 A ovinocultura tem se destacado de forma crescente no


agronegócio brasileiro, motivado, dentre outros fatores, pelo
aumento do consumo da carne ovina que passou de 200g/habitante/
1
Graduando em Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: wendelbas1993@hotmail.
com
2
Médico Veterinário Autônomo. e-mail: rafaeldester@hotmail.com
3
Professor do Curso de Medicina Veterinária – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: jpmvet@gmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1331

ano em 1998 para 1,5kg/habitante/ano em 2014 (EMBRAPA, 2015).


Praticamente todas as doenças da ovinocultura podem causar
alterações hematológicas (Silva, 2011).
Uma das graves doenças que podem atingir os rebanhos é a
leptospirose, uma doença bacteriana infectocontagiosa cujo agente
etiológico é uma espiroqueta pertencente  à ordem Spirochaetales,
família Leptospiraceae, gênero Leptospira, apresentando
aproximadamente 250 sorovariedades  (sorovares) com potencial
patogênico, agrupadas em 24 sorogrupos (ALVES et al., 2003). Trata-
se de uma zoonose, de distribuição mundial. Um grande número de
variantes sorológicas não apresenta especificidade de hospedeiro,
podendo afetar animais selvagens, domésticos e o homem, o que a
torna preocupante à saúde publica (FAINE et al., 1999).
A leptospirose em caprinos e ovinos manifesta-se em algumas
oportunidades, com febre, icterícia, hemoglobinúria, anemia,
infertilidade, abortamento, mortalidade perinatal e em outras
ocasiões, de forma pouco pronunciada, tão leve, que pode passar
despercebida ou até mesmo não apresentar quaisquer sinais clínicos
(RAFYI, 1967). A única maneira para o esclarecimento da suspeita
da infecção é por meio da execução de exames laboratoriais. O ensaio
laboratorial mais empregado para a confirmação do diagnóstico da
leptospirose é a reação de soro aglutinação microscópica (SAM)
(FAYNE, 1982).
O objetivo do presente trabalho foi investigar possíveis
alterações hematológicas em animais reagentes a pelo menos um
tipo de sorovar de Leptospira sp.

Material e Métodos

Foram realizadas coletas de sangue de 37 ovinos com


peso vivo variando de 40 a 100 Kg, sem raça definida e de ambos
os sexos, não estando as fêmeas gestantes e nem lactantes. Os
animais eram oriundos de três propriedades situadas no município
de Viçosa-MG. As amostras sanguíneas foram obtidas a campo por
meio de flebocentese da veia jugular externa, em sistema de vácuo

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1332 ANAIS X SIMPAC

utilizando agulhas estéreis descartáveis e tubos tipo Vaccutainer®


esterilizados, sendo realizadas duas colheitas, uma alíquota era
imediatamente depositada em tubos contendo 20 microlitros do
anticoagulante etileno diamino tetra-acético (EDTA) e a outra
alíquota depositada em tubos sem anticoagulante.
As amostras de sangue obtidas com anticoagulante
foram encaminhadas para Laboratório Clínico onde foi realizado
hemograma completo, o qual se procedeu por meio de contador
automático da marcaBioclin® modelo hematoclin 2.8vet e realização
de esfregaço para contagem diferencial de leucócitos, foi feita pela
observação em microscópio óptico (NikonE200®), contando-se
até 100 leucócitos em uma lâmina. As contagens foram feitas em
duplicadas e com uso de observador “cego”. As amostras obtidas sem
anticoagulante foram centrifugadas, refrigeradas e encaminhadas
a laboratório particular para exame de aglutininas anti-Leptospira
sp., seguindo a técnica de soroaglutinação microscópica (SAM),
com aplicação, em cada amostra, de 13 sorovares mais utilizados.
Considerou-se positivas amostras que reagiram às titulações acima
de 1:100. Todos os procedimentos realizados nos animais foram
apresentados e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com
Uso de Animais (CEPEUA) da Faviçosa/Univiçosa (Protocolo nº:
210/2016-1).

Resultados e Discussão

Entre os 37 ovinos analisados 15 reagiram positivamente


(RP) para, ao menos, um sorovar de Leptospira sp., portanto, 22
animais não reagiram (NR) a nenhum dos sorovares testados.
Dos quinze animais RP, quatorze reagiram somente ao sorovar
icterohaemorrhagiae, e um animal reagiu ao icterohaemorrhagiae
e ao hardjo. Todos os animais testados no presente estudo
apresentavam-se clinicamente saudáveis. Como relatado por Rafyi
(1967), muitos animais não apresentam qualquer sinal clínico da
doença, sendo considerados portadores assintomáticos.
Entre os animais reagentes, a contagem média de leucócitos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1333

totais foi de 15,62%, enquanto nos animais não reagentes, a contagem


foi de 13,10%. Tais valores foram significativamente diferentes. Na
contagem diferencial específica de cada tipo leucocitário, observou-
se os seguintes resultados: neutrófilos apresentaram média de 47,1
para os RP e média de 40,5 para os NR; eosinófilos apresentaram
média de 6,6 para os RP e média de 6,1 para os NR; linfócitos
apresentaram média de 27,1 para os RP e média de 33 para os NR;
monócitos apresentaram média de 19 para os RP e média de 20,7
para os NR (Figura 1).
Portanto, os dados sugerem que os animais RP, comparados
aos animais NR, tenderam a apresentar aumento no número de
leucócitos totais, devido aumento de neutrófilos, e diminuição de
linfócitos e monócitos. A leucocitose observada é relatada em ovinos
com quadro clínico de leptospirose por Vasconcellos et al. (1997),
porém, não foram observados relatos deste achado em animais com
quadro subclínico. Por outro lado, estes autores relatam também
em ovinos no período de estado clínico de leptospirose, linfocitose
e monocitose. No presente trabalho, os dados sugerem que, na fase
subclínica, a tendência é a observação contrária nos linfócitos e
monócitos.

Conclusões

Os dados obtidos neste estudo sugerem que a leptospirose, mesmo


subclínica, é capaz de causar alterações na contagem diferencial de
leucócitos, algo que pode comprometer a saúde dos animais e deixá-
Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018
1334 ANAIS X SIMPAC

los predispostos a apresentar a forma clínica da leptospirose ou, até


mesmo, predispor ao surgimento de outras afecções.

Referências Bibliográficas

ALVES, C. J; VASCONCELOS, A. S; MORAES, Z. M.; ANDRADE
J. S. L; CLEMENTINO, J. I.; AZEVEDO, S. S; SANTOS, F. A.
Avaliação dos níveis de aglutinina antileptospíricas em gatos no
município de Patos-PB. Clínica Veterinária. v. 8, n. 46, 48-54.
2003.
EMBRAPA CAPRINOS E OVINOS, 2015. Ovinos de Corte. Disponível
em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/ovinos_de_corte/
arvore/CONT000fxqf7vhv02wyiv804u7ypcrmay2tq.html. Acessado
em: 07 de abril de 2018.
FAINE, S; ADLER, B; BOLIN, C;PEROLAT, P. 1999. Leptospira and
leptospirosis. 2. ed. MediSci, Melbourne. 272p.
FAYNE, S. Guidelines for the control of leptospirosis. WHO Offset
Publication, v. 67, p. 1-171, 1982.
RAFYI, A,; MAGHAMI. G; NIAK, A. I. Leptospirose ovine et caprine.
Bull off international epizooties journal. v. 68, p. 43-59, 1967.
VASCONCELLOS, S.A. Emprego de estirpes de Leptospira biflexa
na prova de soroaglutinação microscópica aplicada ao diagnóstico
da leptospirose caprina e ovina. Brazilian Journal of Veterinary
Research and Animal Science. v. 31, n. 1, p. 25-30, 1994.
SILVA, A. F. Anatomo-histopatologia, imuno-histoquímica
e análises clínicas de ovinos infectados naturalmente por
Toxoplasma gondii e Neospora caninum no estado do Rio
de Janeiro. 2001. 134 f. Dissertação (Pós-Graduação em Medicina
Veterinária) – Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ, 2001.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1335

SIMULAÇÃO DA ESTABILIDADE DE UM TÚNEL EM


MACIÇO ROCHOSO

Yann Freire Marques Costa1, Danilo Segall Cesar2, Klinger Senra


Rezende3, Adonai Gomes Fineza4, Daniel Silva Jaques5

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo realizar uma


análise de estabilidade em túnel fictício, de acordo com dados
pré-definidos referente aos parâmetros do maciço rochoso. Para se
realizar o estudo de estabilidade, foi utilizado o software Unwedge do
pacote Rocscience, onde o programa utilizado gerou 10 combinações
distintas das regiões instáveis, cada combinação possuindo 3 juntas,
de 5 utilizadas no trabalho; sendo possível criar uma análise entre
estas combinações, para definir qual a melhor estrutura de contenção
necessária para solucionar o problema e redefinir a estabilidade
do maciço. Após a análise dos locais instáveis, foram definidos
dois mecanismos para gerar a estabilidade da região, como opção
de cravamento de tirantes de aço no corpo do material rochoso e
a utilização de camadas de concreto projetado. Com a utilização
destes dois métodos de obras de contenção, pode-se observar que os
locais que se encontravam instáveis se tornaram estáveis..

Palavras–chave: Contenção, escavação subterrânea, geotecnia,


rocscience.

Introdução

Segundo Gomes (2012), a construção de túneis e obras


subterrâneas sempre foi particularmente afetada por incidentes,
nomeadamente colapsos com consequências trágicas, a que nos
1
Graduado em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: yann-marques@hotmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: danilosegall@hotmail.com
3
Professor do curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: klingers15@hotmail.com
4
Professor do curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: adonaifineza@yahoo.com.br
5
Professor do curso de Engenharia Civil – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: danielsjamb@hotmail.com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1336 ANAIS X SIMPAC

últimos anos se tem dado uma maior importância. O elevado


grau de incerteza que caracteriza este tipo de obra, devido à
variável e complexa envolvente geológica, pode muitas vezes
sujeitá-la a problemas que colocam em risco a sua estabilidade e
consequentemente a sua segurança e sustentabilidade econômica.
De acordo com Carvalho (1995), diz que as características
do maciço normalmente não podem ser escolhidas, pois os túneis
geralmente são locados em função do traçado, podendo acarretar
em condições geológicas pouco favoráveis. Entretanto, nas ultimas
décadas têm-se experimentado um grande desenvolvimento nas
técnicas de estabilização e reforço das condições do maciço a ser
escavado.
Segundo França (2006) apud Rocha (2006), a abertura de um
túnel em um maciço previamente em equilíbrio, submetido a um
estado inicial de tensões, pode ser entendida como a remoção das
tensões existentes no contorno da escavação realizada. Essa remoção
acarreta em um rearranjo do estado de tensões do maciço, que busca
uma nova situação de equilíbrio. O equilíbrio estabelecido pode
ser alcançado com a adoção de um sistema auxiliar de suporte, se
tratando nesse caso de um maciço classificado com autoportante; ou,
ocorre na maioria dos casos, com o auxílio de um sistema de suporte,
por exemplo, a adoção de uma estrutura de concreto projetado no
contorno da escavação para conter as deformações do maciço.

Materiais e Métodos

A realização deste projeto teve como base a análise de um


conjunto de informações geológico-geotécnicas a partir de um
conjunto fictício de dados, informações dos parâmetros de resistência
da rocha, pressão da água, orientação e propriedades das juntas; a
fim de possuir dados suficientes para gerar a estabilidade através
do programa Unwedge 3.0, do pacote da Rocscience, como mostra o
exemplo na Figura 1. A partir destes dados, foi realizada a análise
de estabilidade do maciço através de cunhas formadas pelo encontro

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1337

de descontinuidades existentes no trecho considerado. Sendo assim,


com a estabilidade definida referente a este determinado trecho
analisado, foi determinada qual medida de contenção será a mais
segura e eficaz a ser aplicada.

Figura 1 – Cunhas formadas pela combinação 3. Fonte: Software


Unwedge.

Figura 2 – Seção transversal do túnel. Fonte: Autor.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1338 ANAIS X SIMPAC

Resultados e Discussão

Com o intuito de gerar uma estabilidade perante aos locais


instáveis, foram necessárias a utilização de tirantes e ou a aplicação
de concreto projetado nas paredes do túnel.
A utilização do atirantamento na rocha se deu por uma
orientação normal na seção de abertura, com tirantes possuindo
3,00 m de comprimento e uma distribuição padrão das peças, com
medidas no espaçamento transversal entre cada barra de 1,50 m e
espaçamento longitudinal de 2,50 m. A ancoragem dos tirantes no
maciço é do tipo mecânica, onde uma máquina específica crava as
hastes de aço na rocha, sendo considerada algumas características
de resistência do tirante, como: capacidade de tração de 100,00 ton,
capacidade da placa de 75,00 ton e capacidade de ancoragem de
100,00 ton.
Para a aplicação do concreto projetado, foi necessário definir
características para o material, de forma que atendesse as cargas
aplicadas sobre o mesmo, sendo assim, a força de cisalhamento
foi definida em 200 t/m², a resistência do concreto em 2,4 t/m³ e a
espessura do material aplicado de 5 cm.
Como exemplo, na combinação 3 representada na Figura 3,
para a contenção completa das cunhas formadas foram utilizados
13 tirantes, sendo estes todos localizados na cunha 8, que suportam
a carga de 45.095 toneladas da mesma; além de uma camada de
concreto projetado de 5 cm de espessura.

Considerações Finais

Usando o Software Unwedge 3.0 da Rocscience, juntamente


com o conhecimento prévio no assunto, foi realizada as análises
de estabilidade necessárias, a fim de determinar que possíveis
pontos no interior do túnel estavam completamente instáveis, o
que causaria sérios problemas na construção. Com esses pontos

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1339

localizados, foi determinado a utilização de tirantes e/ou o uso do


concreto projetado; chegando assim ao fator de segurança igual
ou maior do que 1,5, como definido em projeto, o que caracteriza a
estabilidade da região.
Portanto, conclui-se a partir deste trabalho que a utilização
de tirantes e/ou concreto projetado de forma correta e coerente,
demonstrou ser o suficiente para estabilizar os locais onde havia
algum tipo de instabilidade; as variações entre as porções de
rocha estabilizadas está na quantidade de tirantes aplicados e na
espessura da camada de concreto projetado que envolve o maciço de
rocha.

Figura 3 - Cunhas formadas pela combinação 3 e


contenções necessárias.
Fonte: Software Unwedge.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1340 ANAIS X SIMPAC

Referências Bibliográficas

DE CARVALHO, L. C. Análise de Estabilidade da Frente


de Escavação e de Deslocamento do Túnel do Metrô/DF.
Universidade de Brasília – Faculdade de Tecnologia. Departamento
de Engenharia Civil. Dissertação de mestrado em geotecnia.
Brasília/DF, 1995.
FRANÇA, P. T. Estudo do Comportamento de Túneis – Análise
Numérica Tridimensional com Modelos Elasto-Plásticos.
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Dissertação para
obtenção do título de Mestre em Engenharia. São Paulo, 2006.
GOMES, D A. P. Gestão de Riscos na Construção de Túneis
e Obras Subterrâneas. Instituto Superior de Engenharia de
Lisboa (ISEL). Dissertação para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Civil na Área de Especialização em Estruturas. Lisboa,
2012.

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ANAIS X SIMPAC 1341

ARTETERAPIA NA ABORDAGEM JUNGUIANA

Yara Natália do Carmo Lelis 1, Karina de Oliveira Fialho2, Isabela


Soares de Freitas3, Ana Lucia Santana Ramos Pereira4, Andréa
Olimipio de Oliveira5

Resumo: O presente trabalho explana acerca da utilização da


arte enquanto ferramenta para o processo psicoterapêutico, dando
enfoque para a contribuição e utilização dessa na Abordagem
Analítica na clínica. O intuito desse resumo, por se tratar de uma
revisão de literatura, é discutir acerca da posição de alguns autores
sobre as contribuições que a arteterapia possibilita ao processo
psicoterápico e a promoção do bem estar. Dessa forma, buscou-se delinear
como esse instrumento surgiu e como se procedeu dentro do contexto da
clínica, bem como esse é utilizado na contemporaneidade. Considera-se
desse modo, como a arteterapia é um recurso de suma importância
para o processo psicoterapêutico do sujeito, pois contribui para
a desenvoltura da manifestação de conteúdos inconscientes e
conscientes o que promove a capacidade de resolução de conflito.

Palavras–chave: arte; psicoterapia, saúde.

Introdução

Arteterapia diz respeito a uma ferramenta utilizada por áreas


que envolve o campo da saúde como; a psicologia, enfermagem e
fisioterapia, na qual possui seu intuito em utilizar a arte com
propósito terapêutico. Sendo assim, um elemento utilizado como
1
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: lelisyara@gmail.com
2
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: kharinafialho@gmail.com
3
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: isabelasoaresss@yahoo.com.br
4
Graduanda em Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail asantanaramos@gmailcom
5
Docente do curso de Psicologia – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: andrea.olimpiodeoliveira@gmail.
com

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1342 ANAIS X SIMPAC

meio para o próprio diálogo entre profissional e paciente. O


objetivo desse elemento é promover a saúde e bem estar ao sujeito.
Apreende-se que o desenvolvimento da arteterapia procedeu-se
principalmente na psicologia, especificamente relacionada à saúde
mental, tendo em vista que esse elemento contribui de maneira
significativa na manifestação da subjetividade do sujeito, sendo
um facilitador para o trabalho psicoterápico tanto em consultórios
clínicos quanto em demais instituições, bem como nas diversas
faixas etárias, desde crianças a idosos, além de haver possibilidade
nas distintas abordagens psicoterápicas (CASANOVA DOS REIS,
2014; REIS DA SILVA, 2017).

Diante isso, conforme Casanova dos Reis (2014) a arteterapia


inicia-se por meio dos estudos de Freud e Jung, o primeiro autor
referido contribui para essa por meio de seus estudos analíticos frente
à algumas obras como o Moisés de Michelangelo. Compreendeu-
se que haviam manifestações inconscientes referentes ao artista,
identificando assim enquanto uma comunicação simbólica. Desse
modo, a descoberta de Freud, possibilitou a compreensão que o
inconsciente se revela por meio de imagens, como no caso dos
sonhos, o que contribui para o entendimento da arte enquanto via
de acesso ao inconsciente, visto que as imagens possuem uma maior
facilidade para se manifestarem frente à censura que há presente
no sujeito ao que as próprias palavras. No entanto, mesmo após
essa descoberta, Freud não se aderiu à utilização propriamente dita
da arte nos seus atendimentos, quem iniciou foi Jung, utilizando a
arteterapia na psicoterapia. Em contrapartida à colocação de Freud
acerca da arte como um mecanismo, a sublimação, Jung acreditava
ser um processo psíquico natural, no qual possuía a capacidade
em propiciar a transformação do inconsciente em manifestação de
imagens simbólicas. Conquanto Jung propunha aos seus pacientes
a realização de um desenho ou uma pintura para revelarem os
seus sonhos, emoções ou conflitos vivenciados. Este analisava esse
conteúdo compreendendo enquanto uma manifestação simbólica
do inconsciente tanto individual quanto coletivo. Por conseguinte,
o presente trabalho possui o intuito em explanar acerca da

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ANAIS X SIMPAC 1343

utilização da arteterapia na abordagem Psicologia Analítica e suas


contribuições para o processo analítico.

Material e Métodos

Parte-se da explanação do conceito de arteterapia, salientando


como essa pode vir a ser um instrumento utilizado para auxiliar no
desenvolvimento do processo analítico. Sendo assim, considerou-se
pertinente realizar o levantamento bibliográfico a partir de estudos
contemporâneos que contemplam um arcabouço considerável sobre a
temática dentro da perspectiva da teoria analítica. Por conseguinte,
ponderou-se ser apropriado o levantamento bibliográfico a partir de
alguns artigos, sendo eles; “Arteterapia: a arte como instrumento
no trabalho do Psicólogo” (CASANOVA DOS REIS, 2014), “A
Arteterapia como Instrumento do Psicólogo na Clínica” (DE SOUZA
LOIOLA E ANDRIOLA, 2017), “A Arteterapia Como Possibilidade
de Reencontro de Si na Relação Com Outros” (REIS DA SILVA et
al., 2017), “Artes da vida: Uma visão junguiana da arteterapia”
(NASTARI 2007), “A arteterapia como facilitadora do processo de
individuação” (FILHO, 2007), e “Introdução da arte na psicoterapia:
enfoque clínico e hospitalar” (VASCONCELLOS & GIGLIO, 2007).

Neles, observa-se a construção do tema da arteterapia em sua


articulação com o andamento da clínica analítica. A análise desse
conceito parte, portanto, de revisão bibliográfica, delineando como o
elemento arteterapia foi incrementado ao processo psicoterapêutico,
sobretudo, na epistemologia Junguiana utilizada na clínica.

Resultados e Discussão

Desde tempos antigos as manifestações artísticas estão


presentes na história da humanidade, demonstrando expressões da
coletividade e da singularidade dos indivíduos. Na Grécia, em 5.000
A.C, registros de arte já eram utilizados como recurso para promoção
da saúde, sendo considerados como reveladores, transformadores

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1344 ANAIS X SIMPAC

e colaboradores na vida dos sujeitos. Embora no âmbito das artes


seja comum a ótica estética, na arteterapia é valorizado o processo
expressivo, posto que não há preocupações estéticas ou técnicas,
o intuito é possibilitar um espaço para expressão, criatividade e
criação (FILHO, 2007).

Como assinalado por Nastari (2007) Carl Jung referia-se as obras


de artes como um produto da reorganização das condições psíquicas,
apontando que as expressões artísticas são uma simbolização do
inconsciente individual e/ou do inconsciente coletivo. A abordagem
junguiana parte do pressuposto que os sujeitos são orientados por
símbolos, os quais emanam do Self, sendo este a totalidade da psique,
diante disso, através dos símbolos a psique pode ser compreendida e
reconhecida. A partir dessa compreensão, a arteterapia é uma prática
frequentemente incluída entre as estratégias terapêuticas daqueles
que trabalham com esta abordagem. Além disso, Vasconcellos &
Giglio (2007) acrescenta que a arteterapia classifica-se na expressão
de pensamentos e sentimentos provindos do inconsciente por meio
de elementos visuais, ou seja, o inconsciente se comunica por meio
de imagens ao invés de palavras, tendo em vista que nota-se ocorrer
a projeção mediante aos conflitos internos e os aspectos da psique
presentes no sujeito.

Vasconcellos & Giglio (2007) denotam que a arteterapia possui


particularidades em suas características, uma vez que essas se
apresentam em duas versões distintas sobre a conceituação e o
método. Dessa forma, descreve a arte como terapia, no qual seu
objetivo está pautado em processos artísticos a fim de fornecer
contribuições para fins curativos, além de mencionar a arte na
psicoterapia enquanto um recurso artístico que pode auxiliar
nos aspectos emocionais, bem como nas relações de comunicação
entre paciente e psicoterapeuta de forma a motivar o aumento das
potencialidades criativas de expressividade, reconhecimento e em
alguns casos de elaboração. Logo pode-se entender que, ambas
vertentes apresentadas visam proporcionar de modos distintos, o
desenvolvimento da visualização de vivências internas e na maioria

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ANAIS X SIMPAC 1345

das vezes a evolução da pronuncia verbal.

Nas manifestações artísticas expressa-se a linguagem simbólica,


posto que o símbolo é uma representação do inconsciente, no qual
se pode identificar conteúdos inconscientes da psique ou mesmo
símbolos que representem verdades de um coletivo. O símbolo é
uma forma de energia psíquica, a qual pode movimentar processos
da consciência a partir da quantidade de energia que o mesmo
dispõe, acrescenta-se ainda que esse se manifesta por meio de uma
imagem, o qual não há dimensão verbal e pode representar múltiplas
realidades. Na prática clínica junguiana, utiliza-se da amplificação
do símbolo, em que há uma busca desses na vida do sujeito, esses
símbolos necessitam ser entendidos, assimilados e integrados
pela consciência para possibilitar uma eficácia diante ao processo
psíquico. As técnicas expressivas podem propiciar a compreensão
de nossas construções, promover o crescimento e desenvolvimento
da personalidade, pois com a integração dos conteúdos esses podem
ser organizados e emergir para o campo do concreto (FILHO, 2007).

Por se tratar de uma ferramenta a arteterapia proporciona


contribuições relevantes em diversos campos, sendo que estes podem
ser destinados tanto a área da psiquiatria como a da oncologia, no
entanto o objetivo da proposta terapêutica a essas áreas possui
finalidades diferentes. Assim, para os pacientes que sofrem de
distúrbios psíquicos a intervenção realizada por meio da arte possui
como intuito trabalhar e elaborar questões sobre o mundo interno,
ou seja, o inconsciente. Referindo-se aos pacientes oncológicos, a
utilização desse método pode auxiliar no reconhecimento de aspectos
físicos e psíquicos decorrentes a experiência do adoecimento,
contribuindo assim na expressão do mesmo e no atendimento as
demais necessidades. Dessa maneira, nota-se que esta técnica
é considerada importante quando adequada a cada situação e
individuo, visto que consiste em possibilitar a manifestação dos
conteúdos simbólicos frente as particularidades e as dimensões
coletivas. (VASCONCELLOS e GIGLIO, 2007).

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1346 ANAIS X SIMPAC

Diante isso, conforme De Souza Loiola e Andriola (2017)


compreende-se que os instrumentos que a arteterapia recorrem
para basear o desenvolvimento de seus conteúdos, são os materiais
adequados para esse tipo de atividade, os mesmos proporcionam a
concretização do que está posto internamente. Portanto, constitui-se
como função do psicólogo perceber ao longo do processo de produções e
aspectos que o sujeito elenca, com a finalidade de constituir as devidas
avaliações dos elementos. O objeto de investigação da arteterapia
na teoria junguiana, diz respeito a promoção da manifestação de
conteúdos inconscientes, com intuito de estabelecer uma psique
sadia utilizando como método o incitamento ao desenvolvimento
interior do mesmo, proporcionando a expansão de novos horizontes
da percepção de si e sobre sua existência de maneira natural. Esse
procedimento abrange pessoas tanto com necessidades específicas
na ordem do normal quanto do patológico. Por conseguinte, é de
responsabilidade do psicólogo proporcionar um setting favorável
para que o paciente possua possibilidades para que seus conteúdos
não manifestos, sejam descobertos, auxiliando-o a exteriorizar
sua perspectiva interna por meio da arteterapia, o que auxilia na
compreensão dos conflitos e sentimentos do sujeito.

Considerações Finais

Apreende-se que o elemento arteterapia possui demasiada


amplitude, tendo em vista que propicia, primordialmente, o
reconhecimento e compreensão acerca de questões ainda não
elaboradas e/ou exploradas pelo sujeito. Bem como, possibilita
por meio de intervenções realizadas pelo analista Junguiano,
o desenvolvimento de aspectos individuais enquanto recursos
terapêuticos, uma vez que esses proporcionam contribuições na
desenvoltura da capacidade de resolução de conflitos, além de
possibilitar um ambiente que propiciará a manifestação, tanto
no setting terapêutico quanto em outros espaços, de conteúdos
mantidos no inconsciente ou ainda aqueles retidos na consciência
que o indivíduo não era apto de compreender.

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ANAIS X SIMPAC 1347

Referências Bibliográficas

CASANOVA DOS REIS, A. Arteterapia: a arte como instrumento


no trabalho do Psicólogo. Psicologia Ciência e Profissão, v. 34,
n. 1, 2014.
DE SOUSA LOIOLA, R; ANDRIOLA, C. J. S. A Arteterapia como
Instrumento do Psicólogo na Clínica.  Id on Line REVISTA DE
PSICOLOGIA, v. 11, n. 35, p. 18-31, 2017.
REIS DA SILVA, M L. O. et al. A Arteterapia Como Possibilidade
de Reencontro de Si na Relação Com Outros. Ciência (In) Cena
Bahia, v. 1. 4, p. 1-15, 2017.
NASTARI, L. C. Artes da vida: Uma visão junguiana da
arteterapia. 2007. 47 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Monografia) – Curso de Psicologia, Centro Universitário de Brasília
Faculdade de Ciências da Saúde, Brasília, 2007.
FILHO, L. V. A arteterapia como facilitadora do processo
de individuação. 2007. 95 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização) – Faculdade do Litoral Paranaense e Instituto
Superior de Educação de Guaratuba, Rio de Janeiro, 2007.
VASCONCELLOS, E. A; GIGLIO, Joel Sales. Introdução da arte na
psicoterapia: enfoque clínico e hospitalar. Estudos de Psicologia
(Campinas), 2007.

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1348 ANAIS X SIMPAC

A PRÁTICA DO ENFERMEIRO EM URGÊNCIA E


EMERGÊNCIA: “COMPETÊNCIAS X HABILIDADES”

Yasmin Martins Cunha1, Estela de Oliveira Santos2, Adriana


Jovem de Jesus3, Elenice Claudete Dias4, Leonardo Santana
Rocha55

Resumo: A atuação do enfermeiro no setor de urgência e


emergência necessita ser composta de competências e habilidades,
estas que caracterizam a qualidade de sua assistência. Sendo
o enfermeiro possuidor de conhecimentos e habilidades para
definir uma prioridade de atendimento, possuindo habilidades de
comunicação e intuição, capacidade de administração e avaliação
clinica do paciente, contribuído assim para uma diminuição da
morbimortalidade nestes serviços. Este estudo teve como objetivo
diferenciar e referir as competências e habilidades do enfermeiro e,
sobretudo como são utilizadas na atuação em urgência e emergência.

Palavras–chave: Capacidade profissional, cuidado de enfermagem,


enfermagem, liderança, serviço hospitalar de emergência

Introdução

A enfermagem tem como órgão regulamentador de suas


atividades o sistema Conselho Federal de Enfermagem e Conselho
Regional de Enfermagem, que entre tantas funções tem o poder
normativo para regulamentar e suprir a legislação federal ao que se
refere às competências dos serviços de enfermagem. Em qualquer
1
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: yasminflayn@gmail.com
2
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: estesants@gmail.com
3
Graduanda em Enfermagem – FAVIÇOSA/UNIVIÇOSA. e-mail: driquinhajjesus@gmail.com
4
Professora do departamento de Enfermagem e Doutoranda em Ciências Biomédicas – FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA. e-mail: elenicedias@univicosa.com.br
5
Professor do departamento de Enfermagem e Doutorando em Ciências Biomédicas – FAVIÇOSA/
UNIVIÇOSA. e-mail: leoprof@univicosa.com.br

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ANAIS X SIMPAC 1349

área da Saúde, segundo o Código de Ética dos Profissionais de


Enfermagem, é ilegal prestar serviços que são de áreas que não da
Enfermagem salvo em casos considerados como emergência, apenas
quando há risco próximo de morte. (COFEN 2010 e BRASIL 1986).
Define-se competência como direito, faculdade legal que um
funcionário ou um tribunal têm de apreciar e julgar um pleito ou
questão. Capacidade, suficiência (fundada em aptidão) (FERREIRA,
2004, p.508). E habilidade é definida como a qualidade daquele que
é hábil. Capacidade, inteligência (FERREIRA, 2004, p.1019).
Nas urgências e emergências é privativa ao enfermeiro a
realização da classificação de risco, o Ministério da Saúde afirma
que as outras áreas podem realizar esse processo, porém aponta
o enfermeiro como o profissional adequado para tal procedimento.
Sendo possuidor de conhecimentos e habilidades para definir uma
prioridade de atendimento, possuindo habilidades de comunicação e
intuição, capacidade de administração e avaliação clinica do paciente,
contribuído assim para uma diminuição da morbimortalidade nestes
serviços. (BRASIL 2004, BRASIL 2006, ACOSTA AM Et. Al. 2012).
Algumas das competências do enfermeiro são punção arterial
e punção da veia jugular externa, inserção da máscara laríngea e
com bi-tubo esofagotraqueal, viabilizar a permeabilidade das vias
aéreas, desfibrilação com uso do DEA e manobra vagal, punção
intraóssea, essas competências são realizadas por profissionais
enfermeiros que possuem habilidades e alto conhecimento sobre
tais e dos protocolos institucionais. (COFEN 2007).
O seguinte trabalho tem como objetivo descrever e diferenciar
os conceitos de competência e habilidades, demonstrando a
importância de dispor de tais competências e habilidades e sua
aplicabilidade na rotina do profissional, ponderando as dificuldades
enfrentadas pelo enfermeiro na área de urgência e emergência.
.
Material e Métodos

Os artigos analisados foram selecionados a partir de uma


busca na base de dados da Revista Científica de Enfermagem
(Recien), Revista Eletrônica de Enfermagem (REE), o SCIELO

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


1350 ANAIS X SIMPAC

(Scientific Eletronic Libraty Online) e os artigos distribuídos


pelo COFEN (Conselho Federal de Enfermagem), utilizando os
descritores: Enfermagem nas Urgências e Emergências, Habilidades
e Competências. Os critérios para a seleção dos artigos foram
publicações disponíveis na íntegra, em português, nos últimos dez
anos e que abordem o tema. Foram pesquisados 15 artigos dos
quais 7 foram selecionados referentes à temática competência e
habilidades do Enfermeiro no âmbito da urgência e emergência.

Resultados e Discussão

Com base nos conteúdos nos artigos pesquisados observa-se


que existem competências básicas que o enfermeiro deve-se apoiar
para atuar na área de urgência e emergência, que o levará a agir
de forma rápida e eficaz. Sendo assim o profissional necessita ser
capacitado em sua graduação como conteúdo curricular o processo
de liderar e suas competências nessa área como a comunicação, o
relacionamento interpessoal, tomada de decisões, além da habilidade
clínica para alcançar sucesso na assistência prestada.
Já as habilidades serão adquiridas no decorrer da graduação
e no processo de trabalho após a sua formação, podendo ser
atualizadas pela educação continuada onde o enfermeiro busca
realizar atualizações em sua vida profissional. Como consequência
essas ações irão proporcionar ao enfermeiro a agilidade motora e
destreza em situações de emergência.
De acordo com a pesquisa realizada por GENTIL et. Al. 2008,
a maioria dos enfermeiros tem sua competência e habilidades em
atendimentos de urgência e emergência adquirida na sua formação
acadêmica de acordo com a grade curricular podendo colocá-las em
prática de acordo com a Portaria 2048 - MINISTÉRIO DA SÚDE
2002. A constatação da necessidade de desenvolver competências
específicas e diferenciadas reforça a importância do planejamento
de programas de capacitação e especialização direcionados aos
enfermeiros que atuam em urgência e emergência.
O trabalho de enfermagem necessita ser humanizado, uma
vez que ele é o profissional quem coordena a equipe, realiza a

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


ANAIS X SIMPAC 1351

classificação de risco e identifica a prioridade no atendimento, pois


tem mais contato com os pacientes e seus agravos apresentados.
Implementar a capacitação com os profissionais na Urgência
e Emergência é a melhor forma de adequar a equipe nas necessidades
do setor, além de proporcionar a melhoria da qualidade na assistência.
Por isso, as recomendações da Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde são de que a mesma seja incorporada ao
cotidiano dos serviços de saúde. Sabemos que os profissionais da
saúde, na sua grande maioria, por descuido ou falta de tempo acaba
não dispondo de tempo para cuidar da sua própria saúde, assim
tem que preocupar-se ao grande desgaste físico e emocional, pois
gerenciam setores superlotados, e além de organizar e direcionar
a equipe precisa de planejamento para o cuidado com condições
adequadas de acordo com a gravidade do caso, estando expostos
a vários riscos, tendo contato direto com pacientes aumentando
a proximidade com sangue e fluidos corpóreos, procedimentos
invasivos, manipulação com perfuro cortantes e principalmente
o grande esforço físico a que se submetem. Assim os profissionais
precisam de um preparo tanto psicológico quanto assistencial para
que ao atender o cliente esteja sempre bem consigo mesmo.

Considerações Finais

Concluímos que para os serviços de urgência e emergência


o enfermeiro exerce o seu cuidado que estabelece uma assistência
integral ao paciente. O profissional possui respaldado legal a executar
a competências que é atribuída ao cargo. E essas competências são
privativas, ou seja, somente o enfermeiro poderá realizar. Porém
vimos que são necessárias habilidades técnicas para realizar suas
ações. E o serviço de Urgência e emergência é caracterizado pelo
tempo rápido do atendimento, o que muitas vezes ocasiona um
atendimento não eficaz e não integral ao paciente.

Referências Bibliográficas

Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018


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ACOSTA AM, Duro CLM, Lima MADS. Atividades do enfermeiro


nos sistemas de triagem/classificação de risco nos serviços
de urgência: revisão integrativa. Rev Gaúcha Enferm.
2012;33(4):181-90.

GENTIL, R C; RAMOS, L. Helena and  WHITAKER, I. Y.


Capacitação de enfermeiros em atendimento pré-hospitalar.
Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2008, vol.16, n.2, pp.192-
197. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n2/pt_04.
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FILHO, L. A. Morais et al. COMPETÊNCIA LEGAL DO


ENFERMEIRO NA URGÊNCIA/ EMERGÊNCIA. Enfermagem
em Foco, [S.L.], v. 7, n. 1, p. 18-23, abr. 2016. ISSN 2357-707X.
Disponível em: <http://revista.portalcofen.gov.br/index.php/
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SILVA, Danielle Soares et al. A liderança do enfermeiro no


contexto dos serviços de urgência e emergência. Revista
Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v. 16, n. 1, p. 211-9, mar. 2014.
ISSN 1518-1944. Disponível em:<https://revistas.ufg.br/fen/article/
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Moura MAA, Watanabe EMM, Santos ATR, Cypriano SR, Maia


LFS. O papel do enfermeiro no atendimento humanizado
de urgência e emergência.  São Paulo: Revista Recien. 2014;
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FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário Aurélio da Língua


Portuguesa. 3ª ed. Editora Positivo. Curitiba, 2004.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 2048 de 5 de novembro


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Revista Científica Univiçosa - Volume 10 - n. 1 - Viçosa-MG - JAN/DEZ 2018

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