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Ficha de Leitura
Esta obra parte de uma abordagem naturalista da sexualidade para uma dimensão mas exaustiva
da sexualidade como uma construção social. A ideia advogada neste texto é de que sexualidade
humana é construída socialmente pelo contexto cultural e tem papel importante na legitimação
da ordem entre os sexos e entre as gerações, ou seja, o que esta subjacente neste texto é que a
sexualidade humana não é um dado da natureza no sentido defendido pela ciência orgânica
(biologia). O autor mostra-nos que a construção social tem um papel central na elaboração da
sexualidade humana, enquanto a programação biológica continua sendo predominante na
sexualidade animal, os homens, como “animais desnaturados” que se tornaram, já não sabem
mais se comportar sexualmente por instinto. Com efeito, o velho paradigma em que assentava na
procriação é substituído com as transformações da sexualidade e da emergência da
subjectividade moderna que foi acompanhada pela autonomização de um domínio da
sexualidade distinto da ordem tradicional da procriação. Assim as trajectórias e as experiencias
sexuais, amplamente diversificadas nos dias de hoje, torna-se um dos principais fundamentos da
construção dos sujeitos e da individualidade. Segundo o autor durante muito tempo, a reprodução
fez de tal maneira prática integrante da ordem social e da ordem mundo que não pode ser
percebida como um domínio separado, obediente a leis particulares, ou seja, a ordem do mundo
descrevia um primeiro estado social, desordenado e instável, em que as mulheres dominavam, na
medida em que assumiam tanto a iniciativa social quanto a sexual. Mais segundo o autor, na
sexualidade regulamentada tudo se passa dentro de casa e o homem dava as ordens e cavalgava a
mulher, esta inversão na qual os homens passam para cima das mulheres permitiu conter e
domesticar estas ultimas. Segundo o autor este facto de os homens ocuparem uma posição
superior durante o ato sexual, justificava o facto de “deverem governar”. Assim, segundo o autor
a metáfora da alimentação é usada para representar a dependência sexual e social das mulheres.
Entre os baruias, o esperma é uma fonte de vida e de forca em quantidade limitada. É
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indispensável transmitir aos rapazes para que se tornem homens: para isso no caso dos homens,
onde vivem entre os nove a aos 20 anos, os jovens devem absorver o esperma dos mais velhos
solteiros para adquirir forca e separa-se do mundo das mulheres, este esperma é indispensável as
mulheres, não só para que concebam, mas também para que seus filhos cresçam durante a
gravidez, para que elas tenham leite e recuperem as forcas após suas regras. No Brasil
contemporâneo, a metáfora alimentar continua a ser amplamente utilizada, em contexto de
grande rigidez dos papeis de sexo, em que o objectivo de reproduzir não ocupa mais o lugar
principal, a titulo de exemplo o verbo “comer” é utilizado para indicar a acção e o papel social
daquele que penetra no acto sexual, enquanto que, para quem é penetrado, o verbo é “dar”. De
acordo com o autor para os bairuis e outros povos, o acto sexual é perigoso porque o contacto
com uma mulher, de maneira inevitável, polui e enfraquece o homem, que perde uma parte da
sua substância, entre os Samos de Borkina Faso e outros povos africanos, existe uma proibição
de manter relações sexuais durante o aleitamento, justificada pela tradição, em virtude das
supostas consequências do contacto entre o esperma e o leite.