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SBPV Teologia Sistemática 2 Prof.

Hélder Cardin

Angelologia
(Doutrina sobre os Anjos)

Atividades para avaliação


A - Trabalho (30%):
Pesquisa sobre o estudo e compreensão contemporânea dos anjos, demônios e sata-
nás:
1. Nas religiões (catolicismo, espiritismo, judaísmo, orientais etc.), exceto cristianismo
2. Na crendice popular (Músicas, filmes, opiniões pessoais)
3. Entre os evangélicos
4. Na literatura não-cristã

B - Leitura (40%):
Capítulos 17 a 28 do livro Teologia Básica, de Charles Ryrie (ed. Mundo Cristão)

C - Exercício de aplicação pessoal ou provas (30%)


Aguarde mais orientações...

Introdução
James Sire: Qual a natureza da realidade externa? (uma das perguntas para o
estabelecimento de uma cosmovisão...), ou seja, o que existe de real além daquilo que
vemos?

Em resumo, a resposta a esta questão demonstrará nossa crença ou não na


existência de coisas e seres não visíveis, não materiais.

Tendências históricas no estudo e compreensão dos anjos...


A - História da igreja

B - Experiencialismo (empirismo)

C - Ignorância
Falta de conhecimento do que a Bíblia fala sobre os anjos...

Desobrenaturalização do espiritual
Tendência contemporânea: desobrenaturalização: esvaziamento dos elementos
sobrenaturais da cosmologia, reduzindo a cosmovisão humana ao tangível, físico, material,
científico.

I - A Existência dos Anjos


Os anjos têm a sua existência fartamente afirmada na Bíblia. Há, por outro lado,
fortes evidências da crença em seres angelicais em outras religiões, às vezes através de
suas mitologias ou superstições.

A. Terminologia
 Hebraico
‫ַמלְַא ְך‬
(Mal‟akh), “mensageiro, anjo”, ocorre 109 vezes no AT. A idéia
básica é de um mensageiro sagrado, humano ou sobrenatural.

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Às vezes significa um profeta ou um sacerdote, mas geralmente


refere-se a anjos, incluindo-se os querubins e serafins (*Is 6.2,6; Ex 25.18ss;
Ez 28.12ss.)

 Grego
ἄ γγελος (Angelos), “mensageiro, intermediário, anjo”, 186
ocorrências no NT. Com pouquíssimas exceções (Lc 7.24; 9.52; Tg 2.25),
quase sempre refere-se a anjos.

B. Outros nomes
 Filhos de Deus - Jó 1.6; 2.1
 Seres celestiais - Sl 89.6
 Santos / Assembléia dos santos - Sl 89.5,7; Dn 4.13; Zc 14.5
 Milícia celestial - Lc 2.13-15
 Santas miríades - Jd 14

C. Ocorrências
Os anjos aparecem do início (Gn 3.24) ao fim da Bíblia (Ap 22.16), sendo
mencionados cerca de 325 vezes, em 33 dos 66 livros. Só em Apocalipse são
citados 76 vezes.
O próprio Senhor Jesus estabeleceu como verídica e definitiva a existência
dos anjos (Mt 18.10; 26.53).

II - Características dos Anjos


A. Os anjos foram criados por Deus
 Os anjos não existem desde a eternidade, ao contrário, foram criados por
Deus (*Cl 1.16; Ne 9.6, Sl 148.2-5)
 Não é indicada a época de sua criação, podendo-se supor que tal se deu
antes da criação da Terra (Jó 38.4-7)
 Também é coerente supor que seu número seja expressivo (*Hb 12.22;
Dn 7.10; Mt 26.53; Ap 5.11)

B. Os anjos são seres espirituais


 São invisíveis a nós, podendo todavia tomar forma (Hb 1.14; Gn 18.2 cf.
Gn 19.1; Ez 9.2; Lc 2.8-14). Os anjos têm, portanto, uma forma espiritual
finita
 Semelhantemente aos homens, os anjos exercitam sua personalidade,
tendo inteligência superior ao homem (2 Sm 14.17,20), exercendo seu
arbítrio (2 Tm 2.26), possuindo emoções como alegria (Lc 15.10) e temor
(Ap 22.7-9)
 Quanto à sua criação espiritual, eles foram criados perfeitos (*Cl 1.16; Sl
148.2,5; Jó 2.3; 38.7; Ez 28.12-17; Lc 20.35ss).
Perfeitos, porém, passíveis de pecado como exercício errôneo de seu
arbítrio. Perfeição não implica em impossibilidade de erro, até porque eles
não gozam de um estado pleno de perfeição e santidade, que só Deus tem.

C. Os anjos têm poderes extraordinários


Por enquanto os anjos são superiores aos homens em poder (Ap 20.1-3; 2
Sm 24.17; Sl 103.20; 8.5; Hb 2.7; Mt 26.53).
Constata-se na Bíblia a utilização de poder sobrenatural em determinadas
circunstâncias, sempre em obediência e submissão a Deus e Seus propósitos.

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Mas, ainda assim, haveremos, como filhos de Deus, de julgar os próprios


anjos (1 Co 6.3).

D. Os anjos são organizados


Há uma certa hierarquia entre os anjos, seja no céu, seja no reino de
Satanás. Aparentemente os de maior autoridade são os arcanjos (apenas Miguel é
nomeado como arcanjo em Dn 10.13-21; 12.1; Jd 9).
Também são mencionados os querubins (Gn 3.24; Ez 10.1-20) e os
serafins (Is 6.2,6). Gabriel é apresentado como anjo (Lc 1.19) normalmente
associado à Israel.
É razoável supor, sem poder provar, que Gabriel seja um dos arcanjos (Lc
1.19 - “...assisto diante de Deus.”).

Satanás era um querubim antes da queda, cf. Ez 28.14-16.

Pelas diferentes funções e encargos, e ainda pelas diferentes áreas de atuação,


entende-se a hierarquia funcional e de autoridade em que os anjos estão divididos. Isso
aparentemente foi transferido para o reino dos anjos maus, liderados por Satanás (cf.
será estudado adiante).

E. Há anjos bons e anjos maus


Há evidências bíblicas para a queda de um grande número de anjos que
passaram a atuar na terra em oposição aos propósitos de Deus (2 Pe 2.2-4; Jd 6).
Os anjos caídos são chamados de espíritos malignos (demônios) ou diabo (satanás)
para se referir ao principal deles.
Trata-se de Satanás e a terça parte dos anjos que caíram com ele (Mt 25.41;
Ap 20.10).

Normalmente, quando não há esses adjetivos (mau), deve-se entender a


referência como um anjo bom. Esses são aqueles que se mantiveram
incontaminados e incorruptos (Lc 9.26; 1 Tm 5.21; 1 Co 6.3; 2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.7).

F. O Anjo do Senhor
As ocorrências, no AT, dessa expressão, pode se referir a uma teofania ou
cristofania, ou seja, uma aparição de Deus ou Jesus Cristo pré-encarnado (cf. Ex
3.2,6ss; Zc 3.1-6; Gn 16.7,10,13; 18.10,13; 21.17; 22.12; 31.11,13; Dn 3.25,28; Jz
13)

III - O Ministério dos Anjos


A. Adorar e servir a Deus
 Os anjos, como todas as criaturas, têm o desígnio de promover a glória
de seu criador. Os anjos estão empenhados nisso, alguns de forma mais
intensa do que outros (Is 6.2-3; Dn 7.10; Ap 5.11-13; Sl 148.1,2).
 Deve ser notado o intenso trabalho angelical em torno da pessoa e do
ministério do Senhor Jesus Cristo (Lc 2.8-15; 22.43; Mt 4.11; 26.53).
 Diferentemente de outras religiões, a Bíblia não permite a adoração a
anjos (Ap 22.8,9).

B. Executar juízo
Em determinadas situações e circunstâncias, Deus executa Seu juízo através
de anjos:
 Gn 19.1,12,13 - Sodoma e Gomorra
 2 Rs 19.35 - Destruição de 185 mil soldados de Senaqueribe, rei da
Assíria
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 Mt 25.31 - Juízo do Ímpios


 Ap 19.14,17 - Batalha de Armagedom
 Ap 20.1-3 - Prisão de Satanás

C. Auxiliar os santos
Os anjos desenvolvem um grande (e na maior parte das vezes,
desconhecido) ministério de apoio aos salvos.
Podemos classificar esse serviço de apoio em dois aspectos:

1. Anúncio, instrução e direção


Hb 2.2 (cf. At 7.53; Sl 68.17); Gn 18.9; Ex 14.19; Nm 12.5; At 10.3-5;
Lc 1.11-38; 2.8-15; Mt 1.20; 2.13; Gl 3.19; Ap 17.7
Alguns cuidados, todavia, devem ser tomados:
 Os anjos, em hipótese alguma, substituem ou superam o Espírito
Santo
 Deve-se observar que revelações através de anjos são bem
específicas na Bíblia (cf. Gl 1.8,9)

2. Proteção e livramento
Talvez o grande ministério atual do exército angelical (2 Rs 6.15-17; Sl
34.7; 91.11; Dn 3.24; Dn 10.12-22; At 12.5-11).

Diante disso, pode-se fazer três deduções:


 Os cristãos são alvo constante do cuidado dos anjos (Hb 1.14), em
especial os pequeninos (Mt 18.10, mikrôn - crianças ou, mais
provável: pequeninos na fé. Vd contexto da passagem, v.6)
 Os anjos ajudam e guardam os cristãos falecidos (Lc 16.22; Mt 28.2ss;
Mt 13.37-39; Jd 9)
 Os anjos estão ao nosso redor (Hb 13.1-2,14; Sl 34.7)

Conclusão
Os anjos são seres criados, “espíritos ministradores”, cujo ministério favorece ao
crente. Sua atuação é, muitas vezes, desconhecida e até desconsiderada.

Cuidado: Por terem sido criados, os anjos não são passíveis de adoração, nem tão
pouco carecem ser servidos pelos homens. A Bíblia é muito clara em suas advertências: 1
(Gl 1.8,9; Cl 2.18; Ap 22.8,9)

Exercício de Compreensão
1. Por que o estudo da doutrina dos anjos nos dias atuais é relevante?
2. Quem são os anjos e qual o ministério básico deles?
3. Qual a contribuição de Hb. 1.14 para a Angelologia?
4. Quais as categorias de anjos mencionadas na Bíblia e qual a função de cada
uma delas?
5. Os anjos atuam ainda hoje na vida das pessoas? Como?
6. Os anjos devem ser adorados? Justifique.

1
Ibid.pp.40ss
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Demonologia e Satanalogia
(Doutrina sobre Satanás e seus Demônios)

Introdução
Como conseqüência natural do interesse atual por anjos, tem se intensificado
também o estudo e a pesquisa sobre a pessoa e atuação de Satanás e dos demônios. O
aumento do número de adeptos de cultos satânicos, sua divulgação e propagação, os casos
sensacionalistas de libertação de possessão demoníaca (exorcismos) e a ocorrência
(aparentemente) mais intensa de casos de possessão dentro das áreas de atuação das
igrejas evangélicas (especialmente no Brasil) têm despertado o interesse nesse estudo.
Deve-se reconhecer que nem sempre o estudo e o ensino baseiam-se numa
hermenêutica ortodoxa, apoiando-se, antes, em fatos e interpretações contextualizadas.
Certamente a confusão, incerteza ou erro quanto à sua pessoa e sua forma de atuação são
altamente interessantes para o próprio Satanás.

“Há dois erros iguais e contrários em que nossa raça pode cair com respeito aos
demônios: Um é não acreditar na sua existência. Outro é sentir um interesse demasiado e
doentio por Eles.”2

Por que estudar satanalogia e demonologia?


“Para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os
desígnios” 2 Co 2.11

I - Satanás
Há referências a Satanás em 7 livros do AT. Já no NT, todos os autores falam dele.

A. A queda de Satanás
1. O fato da queda
Ez 28.14 - segundo a interpretação tradicionalmente aceita, o rei de
Tiro aqui (como o rei de Babilônia em Is 14.12-15) é referência indireta a
Satanás.
Scott Horrell: No mundo antigo o rei era visto freqüentemente como
um semideus, mediador entre o deus nacional e a cidade ou nação
teocrática. Assim, os profetas não falam apenas ao rei, mas ao espírito em
operação por trás do rei. (vd. Dn 10.13, rei da Pérsia).
Satanás é apresentado como “querubim”, anjo de elevada posição,
que atuava junto a Deus.
Is 14.12 - apresentado como tendo caído; certamente refere-se à sua
posição e condição - perdeu sua função e seu estado de inocência -
mantendo suas características de anjo.

2. A causa da queda
Assim como todos os anjos, Satanás foi criado perfeito, cf. Ez 28.15.
Todavia rebelou-se voluntaria e deliberadamente contra Deus;
exerceu seu arbítrio em proveito próprio, egoisticamente.
De “querubim da guarda ungido” Satanás passou a inimigo definitivo
de Deus e Seus propósitos.
A essência do pecado de Satanás foi o orgulho (*1 Tm 3.6, *Is 14.13-
14).

2
C.S.Lewis, Cartas do Inferno
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3. Efeitos da queda
 Arrastou consigo a terça parte dos anjos (*Ap 12.4, cf. 12.7-9)
 Destes anjos caídos (maus), alguns foram encarcerados por ocasião
de sua queda (*2 Pe 2.4, Jd 6), enquanto os demais permanecem
em “liberdade”;
 Pode ter havido um grande efeito sobre a criação original; não é im-
provável supor que a queda dos anjos tenha provocado a ruína da
criação original; alguns há que defendem que o caos de Gn 1.2 te-
nha sido ocasionado por tal queda (teoria do intervalo);
 Possibilitou a tentação e a queda do homem; por ocasião dos episó-
dios de Gn 3, Satanás já estava caído e julgado

B. A Pessoa de Satanás e Suas Obras


Os diversos nomes que recebe nas Escrituras falam sobre seu caráter e suas
obras3:
1. Satanás
“adversário”, derivado do verbo que significa “ficar em emboscada
como inimigo, opor-se”, esse nome é dado em 15 das 23 referências como o
grande adversário de Deus e do homem.
Ap 12.9
No gr. Satanás, 36 usos, quase sempre considerado como o grande ad-
versário de Deus e do homem.

2. Diabo
gr. diábolos, “diabo, caluniador, difamador” (Lc 4.2,13)
Ele se realiza sempre que consegue reproduzir o seu caráter num
cristão que difama seu irmão ou a igreja.4

3. Maligno
“mal”
1 Jo 5.18,19; Mt 13.38

4. Tentador
“atrai para o mal”
1 Ts 3.5; Mt 4.3
O termo descreve de modo literal a atividade satânica natural de
tentar e induzir os justos a pecar ou abandonar a fé.

5. Assassino mentiroso
“homicida e pai da mentira” Jo 8.44
Ele não somente mata, mas tem prazer em conduzir à morte seus
seguidores ignorantes e iludidos (Rm 1.29,32). Ele tem o poder da morte (Hb
2.14) sobre toda a humanidade que está sob sua autoridade (Ef 2.1-3).

6. Enganador / Sedutor
“aquele que perverte, seduz” Ap 12.9,10; 20.10; Mt 24.24; 2 Ts 2.10; 2
Co 11.14. - Uma característica de Satanás é que ele não anuncia o destino
do caminho que recomenda nem revela as conseqüências das prazerosas
atividades que promove.

7. Príncipe da potestade do ar e príncipe deste mundo


“governante, autoridade”
Ef 2.2; Jo 16.11.

3
Russell P.Shedd, O Mundo, A Carne e O Diabo
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O título destaca o diabo como o governante do mundo. Seu domínio no


ar é invisível. Sua influência maléfica rodeia o globo inteiro.
A frase paralela, “segundo o curso (aion) deste mundo (kosmos) sugere
que Satanás, sendo o deus deste século (aion), traça as linhas da história den-
tro dos parâmetros de liberdade permitidos por Deus.
Satanás é um espírito pessoal e invisível. Não é onipresente como
Deus. Sua atuação depende dos seus súditos que tem o nome de potestades
(Ef 2.2).
 Deus deste século (2 Co 4.4)
 Príncipe da potestade do ar (Ef 2.2)
 Príncipe deste mundo (Jo 14.30; 16.11)

8. Serpente (fig.)
“sutileza” Ap 12.9 - Este nome nos lembra da primeira aparição de
Satanás na história (Gn 3.4-13, cf. tb. 2 Co 11.3)

9. Dragão (fig.)
“ferocidade” Ap 12.3,9 - Transparece o seu caráter destruidor, que
inspira terror.

10. Lúcifer
“brilhante, luminoso” Is 14.12, 2 Co 11.14

11. Apolion (gr.) / Abadom (hb.)


“destruidor” Ap 9.11 - O verbo vem da mesma raiz de “perecer” (Jo
3.36), “perdição”.
Judas foi designado “filho da perdição” (apoleias, Jo 17.12), porque en-
tregou sua vida ao Destruidor (Jo 13.2). A morte e a ressurreição de Jesus tive-
ram como uma das finalidades “destruir aquele que tem o poder da morte, a sa-
ber, o diabo” (Hb 2.14).
O destruidor não terá mais domínio no dia em que Jesus Cristo sujeitar
todos os seus inimigos (1 Co 15.24ss.).

12. Belial (gr.)


2 Co 16.5

13. Belzebu
Maioral dos demônios (em alguns casos: senhor das moscas)
Mt 12.24

C. O caráter e a posição de Satanás


O caráter de Satanás foi definido em sua queda. A perfeição da criação deu lu-
gar à corrupção. Satanás é agora “inimigo de Deus”, “homicida”, “pai da mentira”, “en-
ganador”, “acusador”, “tentador”.
Como inimigo de Deus tem se oposto a todas as obras de Deus, sem poder o-
por-se à Pessoa de Deus. Seu caráter destruidor manifestou-se no Éden, cf. Gn 3, e
tem se manifestado em todo o decurso da história da humanidade, sempre em oposi-
ção aos desígnios de Deus.

1. Satanás ainda tem acesso ao trono de Deus, *Jó 1.6-21; Zc 3.1-6; *Lc
22.31; Ap 12.7-10
2. Satanás reina sobre a hierarquia dos demônios, *Ef 6.11,12; Mt 25.41; Ap
12.7
3. Satanás reina, também, sobre este mundo, *2 Co 4.3,4; *Ef 2.1-3; Lc
4.5,6; 1 Jo 5.19-20
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4. Ele é o “príncipe (autoridade) deste mundo”, Jo 14.30, e o “deus deste


século”, 2 Co 4.4

Atenção !!!
Toda atividade de Satanás é limitada por Deus; ou seja, o diabo atua
apenas dentro dos limites da permissão de Deus, conforme é claramente
evidenciado na história de Jó (*Jó 2.6).
Deve-se evitar qualquer idéia dualista, em que o poder de Satanás é
equiparado ao poder de Deus. Cuidado com a “teologia prática” da pregação e
da oração.
“O Diabo acha que está livre, mas possui um freio em sua boca e Deus
segura as rédeas”. (B. B. Warfield)

D. As atividades de Satanás
1. Tentar - Gn 3.1ss; Mt 4.1-11; 16.23; Lc 22.31; At 5.3; 1 Jo 2.16; 1 Co 7.5; 1
Tm 3.6,7
2. Confundir, falsificar, imitar, enganar - 1 Co 10.20; *2 Co 4.3-4; *2 Co 11.13-
15; 2 Ts 2.9; Ap 16.13,14; 20.3; Ef 4.17-19
3. Destruir - Lc 8.12; 1 Pe 5.8; Ap 12.13-17
4. Contra o crente:
a. tenta (At 5.3; 1 Co 7.5)
b. engana e atrapalha (Mt 13.38ss.)
c. persegue (Ap 2.10)
d. difama e calunia (Ap 12.10)
e. oprime, às vezes até fisicamente (2 Co 12.7-10; Jó 2.1-6).

E. O destino de Satanás
 Por ocasião de sua queda temporal, Satanás perdeu sua posição e
função no céu (Ez 28.16)
 Foi julgado anteriormente no Éden (Gn 3.16)
 Cristo veio para destruir as obras do Maligno (1 Jo 3.8; Cl 2.14,15)
 Na cruz de Cristo foi quebrado o poder do pecado, da morte e de Satanás
(*Hb 2.14,15) e proclamada a derrota escatológica total de Satanás (*Cl
2.14,15)
 Quando Cristo voltar, Satanás receberá um castigo temporário por um
período de mil anos (Ap 20.1-3)
 No fim do milênio Satanás e os seus anjos serão lançados no lago de
fogo e enxofre para toda a eternidade (Ap 20.10)

II - Os Demônios
Os demônios são tradicionalmente aceitos como sendo os anjos decaídos. A
exemplo de Satanás, mantêm suas características angelicais, porém com caráter
corrompido.

 Têm personalidade: inteligência (2 Co 11.3), vontade (2 Tm 2.26), emoções (Ap


12.17)
 Entre suas atividades estão as de promover doutrinas falsas (1 Tm 4.1), enganar
as nações (Dn 10.13, Ap 16.13,14)
 Os demônios podem possuir homens e animais (Mc 5.12,13) e causar doenças
(Mt 9.33)

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 Eles conhecem a Jesus (Mc 1.24) e ocasionalmente são mandados para fazer a
vontade de Deus (1 Sm 16.14, 2 Co 12.7; 2 Cr 13.18s)

Assim como Satanás, seu líder, os demônios estão sob juízo:


 por ocasião da queda, alguns foram confinados, 2 Pe 2.4; Jd 6
 Alguns destes serão libertados por ocasião da grande tribulação, Ap 9.14.
Outros textos: Ap 16.14; Lc 8.31
 os anjos caídos serão lançados no lago de fogo e enxofre juntamente com
Satanás (Mt 25.41)

III - Observações Importantes


A. Não há redenção possível para Satanás e os anjos caídos
À queda de Satanás e os anjos que o seguiram em sua desobediência
segue-se necessariamente o juízo de Deus. Não há na Bíblia qualquer probabilidade
ou possibilidade de uma salvação para eles. Estão definitivamente condenados,
apesar da liberdade temporal e limitada que gozam na presente era.

Eles estão cientes de sua própria condenação (Mt 8.29).

B. O seu poder não deve ser subestimado


Uma vez que a atividade de Satanás e dos demônios está voltada contra o
cristão com todo o seu poderio, é através das vantagens conquistadas neste mister que
os propósitos de Deus são “atrapalhados”.
2 Co 2.11

Na medida em que o crente subestimar o poderio das hostes satânicas,


sofrerá com as conseqüências de sua atividade: engano, sedução, concessão à
tentação, sujeição ao mundanismo, etc. A vida cristã sofrerá percalços, e o crente,
muitos danos
“A razão pela qual muitos cristãos falham em toda sua vida é esta. eles subes-
timam o poder do inimigo. Temos um inimigo terrível com quem temos que lutar. Não
deixemos Satanás nos enganar, pois assim estaremos mortos! Isto é guerra! Quase tu-
do que nos rodeia nos desvia de Deus. Nós não saltamos do Egito ao trono de Deus
em um só pulo. Há um deserto, uma viagem e inimigos na terra.”4

C. A sua culpa não deve ser aumentada


Satanás e os demônios não são onipresentes, nem oniscientes. É certo que o
mundo é controlado espiritual e moralmente pelo diabo e, neste sentido, estamos sob
sua influência.
Mas, por outro lado, precisamos reconhecer que temos um outro “inimigo” a ser
constantemente combatido. O EU. A carne, a velha natureza, constituem uma outra
guerra que travamos permanentemente. Então precisamos aprender a diferenciar os i-
nimigos para combatê-los mais eficientemente.
Cuidado para não culpar o diabo por assuntos que são da competência da
própria pessoa.

D. É preciso combatê-los com a armadura correta


Muitas vezes Satanás ataca de repente, e por isso o crente deve estar
vigilante e armado, *Ef 6.11-18; *1 Pe 5.8

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D. L. Moody
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E. Cuidado com casos de possessão demoníaca


Ao defrontar-se com casos de possessão demoníaca, o crente deve ser
corajoso ao mesmo tempo que prudente - Tg 4.7; Ef 6.11-17.

Exercício de Compreensão
1. Comente a frase: “Há dois erros iguais e contrários em que nossa raça pode cair
com respeito aos demônios. Um é não acreditar na sua existência. Outro é sentir
um interesse demasiado e doentio por eles.” (C.S.Lewis).
2. Quem é Satanás?
3. Quem é o Diabo?
4. Que textos bíblicos sugerem a queda de Satanás? Por quê?
5. Explique a estratégia básica de Satanás e forneça a base bíblica.
6. Quem são os demônios e como atuam?
7. Satanás é o responsável pela queda do homem? Explique.
8. Qual a maneira bíblica de combater satanás e dos demônios?
9. Até que ponto Satanás pode atacar um cristão?

Aplicação
1. Se você se deparasse hoje com uma pessoa endemoninhada, estaria pronto
para atuar? O que faria?
2. Tente imaginar algumas maneiras sutis que Satanás tem usado para enganar as
pessoas. Você pode perceber alguns desses ataques na sua própria vida? Como
você pretende combater?
3. Faça uma breve pesquisa sobre o tema “Batalha Espiritual” e aliste algumas
práticas atuais que não têm apoio bíblico.
4. Qual a implicação para o ministério de aconselhamento, o ensino que identifica
pecados da carne como demônios? (Ex. demônio da sensualidade, demônio do
adultério, demônio da cobiça, etc.).
5. Discuta com seus colegas: como evitar a indiferença e a obsessão sobre a
questão da Batalha Espiritual?
6. Leia o artigo: “A Atualidade de Satanás” (Rev.Veja de 31/07/96).

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APÊNDICE 1
Progressividade da Revelação Divina

Incidência CÂNON

Revelação
ALTA
Subjetiva
 Anjos
 Visões
 Sons
 Fenômenos so-
brenaturais
 Sonhos

TEMPO

Revelação
Objetiva
 Tradição Oral
 Escrituras

BAIXA

Possíveis propósitos divinos para este fenômeno:


1. Centralidade e ênfase na Revelação Bíblica
2. Antídoto ao misticismo
3. Proteção contra o engano satânico
4. Firmeza e constância espiritual
5. Perpetuação do testemunho divino

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APÊNDICE 2
NÍVEIS DA ATUAÇÃO DEMONÍACA

 Sugestão  Perturbação  Invasão e Con-


 Indução  Confusão trole da mente e
 Sedução  Medo do corpo
 Ilusão  Angústia
 Dissimulação  Visões
  Barulhos
 
 

 Cristãos  Cristãos  Não-Cristãos

 Não-Cristãos  Não-Cristãos

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Pneumatologia
(Doutrina sobre o Espírito Santo)

Introdução
O estudo do Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade, é fascinante.
Compreender Sua importância, Seu ministério e Seu método de atuação são fundamentais
para uma vida cristã equilibrada e madura. Isso é especialmente relevante na medida em
que vivemos a “Era da Igreja”, que pode ser também denominada de a “Era do Espírito
Santo”.
O surgimento do movimento pentecostal no icício do século passado e seu incrível
crescimento e fortalecimento trouxe ao debate o Espírito Santo. Diante do “carismatismo” e
do “neo-pentecostalismo” emergente, tal debate cresce em relevância.
Neste estudo vamos examinar as informações bíblicas a respeito da pessoa e das
obras (ministério) do Espírito Santo.

Inicialmente é importante salientar que o propósito básico do Espírito Santo é


glorificar o Filho e o Pai (Jo.16.14). O Espírito é mencionado 261 vezes no NT e pelo
menos 100 vezes no AT.

A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO:


A Bíblia ensina claramente que o Espírito Santo é uma PESSOA.

A. O Espírito Santo apresenta características pessoais:


1. Inteligência - 1Co,2.10,11; Rm.8.27
2. Emoções - Ef.4.30; Rm.15.30; Tg.4.5
3. Vontade - 1Co.12.11; At.8.29

B. Pronomes pessoais são utilizados para o Espírito Santo: Jo.14-16 (ele, aquele, o).

C. Ações pessoais são atribuidas ao Espírito Santo:


1. Ensino - Jo.14.204. Intercessão - Rm.8.26,27
2. Testemunho - Jo.15.26;Rm.8.165. Fala - At. 13.2; Ap.2.7
3. Ordem - At.8.29; 16.6-11

D. O Espírito Santo aparece relacionado à outras pessoas: At.15.28; 2Co.13.13;


Mt.28.19

A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO:


A Bíblia ensina claramente que o Espírito Santo é uma PESSOA DIVINA. Mt.28.19;
At.5.3,4,9; 2Co.3.17,18.

A. Atributos divinos:
1. Onisciência - 1Co.2.10,11; Jo.14.26
2. Onipresença - Sl.139.7-10
3. Onipotência - Lc.1.35

B. Atividades divinas:
1. Regeneração - Jo.3.5,6; Tt.3.5
2. Criação - Jó 33.4; Sl.104.30
3. Ressurreição - Rm.8.11

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A OBRA DO ESPÍRITO SANTO:


Os símbolos que o Espírito Santo recebe na Bíblia, indicam várias características de
Sua Obra na vida humana. Alguns deles são:

Óleo (Lc.4.18; At.10.38)


- sinal de capacitação para algum serviço especial (Lv.8.12);
- sinal de iluminação (as lâmpadas na antiguidade funcionavam com óleo. Ex. 27.20);
- sinal de purificação (Lv.14.16-18);
- sinal de suprimento (o óleo era considerado alimento básico).

Vento (Jo.3.8; At.2.2)


- denota um trabalho invisível, misterioso, celestial, poderoso.

Água (Is.44.3; Tt.3.5; Jo.7.38,39)


- sinal de limpeza;
- representa a vida em abundância;
- fala de satisfação.

Fogo (Mt.3.11; At.2)


- denota poder;
- denota purificação.

A. Convicção, convencimento
é função do Espírito Santo esclarecer (iluminar) o Evangelho ao não salvo,
para que este venha a compreendê-lo e aceitá-lo como verdade. (*Jo.16.8-11)
* Uma questão polêmica: a blasfêmia contra o Espírito - Mt.12.31

B. Regeneração - Tt. 3.5; Jo.3.3-8; 2Co.5.17


Gr. palingenésia, “regeneração, renascimento”.
A “regeneração”é o ato divino de gerar, que comunica vida eterna.
A regeneração ocorre pelo trabalho conjunto do Espírito e da Palavra:
*1Pe.1.23. Pode-se dizer que o Espírito é o agente, e a Palavra o instrumento.

C. A Habitação do Espírito - *Jo.14.16,17; 1Co.6.19; Ef.2.21,22; Gl.4.6


A promessa feita por Jesus em Jo.14.17 sugere uma diferença de atuação do
Espírito Santo antes e depois de pentecostes.

No AT, a habitação do Espírito parece ter sido seletiva e temporária. Naquele


período o Espírito geralmente concedido a uma pessoa com uma chamada especial
para um ministério distinto (Ex.31.3; Nm.11.17,25; Jz.13.25). Perder o Espírito era
uma experiência possível (1Sm.16.14; *Sl.51.11).

No NT o Espírito pode ser “apagado” ou “entristecido”, contudo, não perdido.


Ele é apresentado como garantia de propriedade de Deus (Ef.1.14). Não ter o
Espírito é não ser dEle (Rm.8.9). Até cristãos em pecado (carnais?) têm o Espírito,
*1Co.6.19 cf. 3.3,16. Assim, a habitação do Espírito a partir do Pentecostes é um fato
para TODO cristão e é uma experiência permanente.

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D. O Selo do Espírito - Ef.1.13,14; 2Co.1.22


Todos os regenerados são selados pelo ou com o Espírito Santo no momento
do novo nascimento. Em ambos os casos o verbo “sfragizo” está no passado e na
voz passiva, indicando que a ação ocorreu no momento da conversão e foi realizada
por Deus.
O selo indica que o crente:
1. É propriedade de Deus;
2. Tem garantia das promessas de Deus;
3. Tem segurança eterna de sua salvação.

* Uma questão polêmica: como conciliar o selo do Espírito com a perda da


salvação?

E. Batismo - *1Co.12.13; *Ef.4.5


Neste ponto reside o foco de divergência entre a teologia tradicional e o
pentecostalismo.
O batismo do Espírito é a união espiritual do crente com Cristo e com os
outros crentes, através do Espírito. Essa união o introduz espiritualmente no Corpo
de Cristo (a igreja universal), portanto, ocorre necessariamente no momento da
regeneração (conversão). At.2.38; 19.2.

Textos polêmicos (pesquisar)


At.2.1-4; 8.14-17; 10.44-48; 19.1-7
At 2.1-4 At 8.14-17 At 10.44-48 At 19.1-7
Discípulos de
GRUPO Judeus Samaritanos Gentios
João Batista
CONDIÇÃO
ESPIRITUAL

EXPERIÊNCIA

SINAL

INTERPRE-
TAÇÃO

F. Enchimento ou Plenitude:
“Plerôma,” = “plenitude, estar completo, estar cheio”. Denota uma condição de
submissão ao Espírito e de controle do Espírito; implica em caráter santificado.
Mandamentos relacionados:
1. “Enchei-vos do Espírito” - *Ef.5.18
2. “Andai no Espírito” - Gl.5.16
3. “Não apagueis o Espírito” - 1Ts.5.19
4. “Não entristeçais o Espírito” - Ef.4.30
Outros exemplos: At.2.4; *At.4.8,31; *At.6.3,5

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Diferença entre BATISMO e PLENITUDE do Espírito Santo:5


BATISMO PLENITUDE
1. Não há ordem bíblica 1. Ef.5.18 apresenta uma ordem
2. Acontece uma única vez, no momento 2. É uma experiência que pode se repetir
da conversão (1Co.12.13; Gl.3.27) (At.2.4; 4.31)
3. É posicional, estabelece a posição do 3. É experimental, permitindo a atuação
cristão no Corpo de Cristo soberana e poderosa do Esp. Sto. Na vida
cotidiana do cristão.
4. É algo realizado exclusivamente por 4. Depende da cooperação do cristão. A
Deus, assim como a própria salvação. ordem pode ser desobedecida (Ef.4.30;
#As duas ocasiões em que o Espírito foi 1Ts.5.19)
concedido pela imposição das mãos
(At.8.17; 19.6) foram casos atípicos e não
devem ser tomados como regra. No caso
geral (At.2) o Espírito Santo caiu sobre os
discípulos sem imposição de mãos. Além
disso, todas as ocorrências ao batismo
com o Espírito Santo no NT realçam a
atuação e concessão soberanas de Cristo
em batizar com o Espírito (Mt.3.11;
Mc.1.8; Lc.3.16; Jo.1.33; At.1.5; 11.16)
5. Refere-se à união com Cristo. O 5. Refere-se a manutenção da comunhão
Batismo do Espírito nos coloca na posição com Cristo. A limpeza pela confissão e
de receber poder, mas não é em si a santificação nos assegura toda a realiza-
recepção desse poder (cf. Ef.1.13,19) ção que Deus planejou para nós.
6. Ocorre na vida de todos os cristãos. 6. Ocorre na vida de alguns cristãos que
decidem obedecer.

COMPREENSÃO
1. Por quê é importante estudar a doutrina do Espírito Santo?
2. Quais as evidências bíblicas da personalidade do Espírito Santo?
3. Quais as evidências bíblicas da divindade do Espírito Santo?
4. Avalie a seguinte frase: “O Espírito Santo é óleo, vento, água e fogo”.
5. Resuma a obra do Espírito Santo na vida humana.
6. Cite três diferenças entre Batismo e Plenitude do Espírito.
7. Qual a importância de Efésios 1.13,14 para a Pneumatologia?

APLICAÇÃO
1. O fruto do Espírito descrito em Gl.5.22,23 estabelece um parâmetro importante para avaliar a
atuação do Espírito Santo nas nossas vidas. São características que dizem respeito ao nosso caráter.
Faça uma reflexão honesta do fruto do Espírito na sua vida. Aliste as características mencionadas no
texto, dando uma nota para si mesmo de 1 a 10. Ore pedindo o domínio (plenitude) do Espírito Santo
em sua vida.
2. Atos 1.8 revela que o propósito básico vinda do Espírito era dar poder para testemunhar até os
confins da terra. Baseados nisso, podemos dizer que evangelizar e fazer missões é uma grande
evidência do poder do Espírito Santo na vida da Igreja? Avalie se sua própria vida tem servido de
testemunho de Cristo às pessoas ao seu redor. Que contribuição você tem feito para a obra
missionária mundial?
3. Compartilhe com a pessoa ao seu lado como você responderia a alguém que lhe perguntasse:
“Como posso estar cheio do Espírito?”
4. Faça uma pesquisa no livro de Atos sobre as evidências da Plenitude do Espírito Santo na vida dos
discípulos.

5
“Quando falamos do Batismo do Espírito, estamos nos referindo a uma concessão definitiva; Quando falamos
da plenitude do Espírito estamos reconhecendo que é preciso apropriar-se continua e crescentemente deste
dom.” John Stott, Batismo e Plenitude do Espírito, p.35
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OS DONS DO ESPÍRITO:
O ministério do Espírito Santo visa capacitar os crentes ao desempenho de seu
serviço cristão para a edificação da igreja
“Dom Espiritual” é uma capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo a
cada crente, visando o exercício de sua função no Corpo de Cristo afim de edificá-lo para a
glória de Deus.

Existem 3 listas básicas de dons no NT: 1 Co 12-14; Rm 12.4-8; Ef 4.11


 1 Coríntios - o texto relata amplas manifestações do Espírito Santo na igreja, em
formas diversas. O contexto sugere correção e não norma.
 Efésios - os dons relacionados são destinados à edificação da igreja, sendo
necessários para a mesma. “Efésios 4.11 é na realidade uma lista de vários
ofícios na igreja ou, digamos, de pessoas que são dons de Deus para a igreja.”6
 Romanos - os dons relacionados são dados pelo Senhor aos crentes para serem
exercidos na edificação uns dos outros. Devem ser identificados, desenvolvidos e
utilizados com empenho e zelo.

O DOM DE LÍNGUAS:
A. A Glossolalia no Novo Testamento:
O dom de línguas é a capacidade de falar numa língua desconhecida para
quem fala.

“Glossolalia” vem de “glossa” = língua; membro do corpo; uma linguagem;


idioma e “laléo”= falar.
O fenômeno da “glossolalia” é exclusiva ao NT. Não há registro de sua
ocorrência no AT, a não ser em forma profética.
A expressão ocorre 21 vezes em 1 Co 12-14, mas só 3 vezes em outras
cartas. No NT a palavra é usada 50 vezes, sendo 14 no sentido de idioma, língua
nacional ou étnica. Em 7 ocorrências em Apocalipse tem o sentido de idioma.

B. A Glossolalia na Igreja:
O cap.14 de 1 Coríntios regulamenta o exercício do dom de línguas no culto
público da igreja.
Paulo não proíbe tal exercício, mas estabelece critérios específicos para a
ocorrência do fenômeno, evitando abusos e exageros.
Os critérios são:
 No máximo duas ou três pessoas (v.27);
 Uma pessoa de cada vez (v.27);
 Deve haver interpretação visando o entendimento (v.28);
 Não pode haver confusão (vv.26,33).

Se tais regras não puderem ser cumpridas, “fale consigo mesmo e com Deus”
é a recomendação (v.28).

C. Observações importantes:
Atos é um livro de transição histórica, em que o fenômeno de “línguas” surge
no cap.2 e desaparece no cap.19. Por causa do caráter e propósitos deste livro,
deve-se ter critérios em sua interpretação, especialmente na formulação de
doutrinas.
1 Coríntios é um livro de correções e exortações. A ocorrência não só do
“dom de línguas” mas de toda uma série de manifestações sobrenaturais se deu em
6
Millard J.Erickson, Introdução ao Ministério, p.357
17
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meio a um contexto eclesiástico confuso e imaturo. Tudo indica, porém, que tais
fenômenos declinaram quase que imediatamente, pois, não são citados nem em 2
Coríntios nem em 1 Clemente (c. 96 d.C.).7
Não obstante recrudesceu no início do século passado o interesse e a
reivindicação de ocorrência do fenômeno do “dom de línguas. Isso aconteceu à partir
do nascimento do moderno movimento Pentecostal. É de fundamental importância
uma teologia bíblica sólida, que permita compreender, diferenciar e explicar os
fenômenos espirituais.

Para avaliar algumas das manifestações atualmente existentes, considere o


seguinte:
 O fenômeno de “falar em línguas” está ocorrendo em escala mundial, e
mesmo em religiões não cristãs. Destaque-se que quase todas as
religiões do mundo têm manifestações de línguas, incluindo o satanismo.
 “Línguas” pode ter origem divina, como em Atos e 1 Coríntios, com
propósitos semelhantes. Seu resultado será pacífico, edificador e para a
glória de Deus.
 “Línguas” pode ser uma farsa satânica, coerente com o caráter do
“enganador” e “imitador”, Satanás. Nesse caso os resultados não podem
ser outros que o de confusão, destruição e divisão.
 “Línguas” pode ser uma experiência psicológica, produto de esforço ou
condicionamento humano. Tem sido comprovado o uso de técnicas que
atingem esse propósito.
 No caso da ocorrência do fenômeno, deve ser seguido o padrão
estabelecido em 1 Co 14.

Algumas questões polêmicas:


 “Línguas” são sempre idioma normal, ou há “língua extática”?
 “Línguas” é evidência de batismo do Espírito?
 “O dom de línguas” é contemporâneo ou não?

CURAS E MILAGRES:
“Deus deseja atuar sempre miraculosamente onde haja fé e pregação ungida da
Palavra, assim como aconteceu na experiência dos apóstolos e do próprio Senhor Jesus
Cristo.”8
A afirmação acima, amplamente propagada nos círculos evangélicos, reflete
expectativas exageradas e irreais da maneira de Deus atuar e tornam incompatíveis e até
irreconciliáveis a fé e a soberania divina.
As afirmações abaixo refletem o ensino bíblico sobre o assunto:
 Deus tem poder infinito, inerente a Sua própria natureza (Mt 19.26; Is 44.6; 1 Rs
8.27).
 Deus tem o direito inerente de absoluto controle sobre toda a criação. Ele é o
regente supremo do universo, totalmente livre para agir segundo sua própria
determinação (Jo 1.211.7-9; Is 40.12-28; 46.9,10; 48.13; Dn 2.20-22; 4.34,35;
Rm 9.14-21; Ef 1.11).
 Deus é imutável (Tg 1.17; Ml 3.6; Hb 13.8). Tendo como pressuposto a perfeição
de Deus, a Bíblia afirma que Ele não muda jamais na a essência da Sua
natureza e na disposição de tratamento com o ser humano. Isso não significa
que Deus está aprisionado às características de Sua manifestação nas diversas
e diferentes fases da história (Hb 1.1,2; Gl 3.23-26; Ef 1.10; 3.9; Cl 1.26).
 A expiação realizada por Jesus na cruz, é suficiente para redimir o homem do
pecado e suas consequências, incluindo as doenças físicas (Is 53.4,5; Mt 8.17;
Ap 21.4). Entretanto, assim como não podemos sustentar que o homem
7
Livro apócrifo escrito aos coríntios por Clemente de Roma.
8
Pregadores neo-pentecostais adeptos da “Teologia da Prosperidade”.
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regenerado está isento da “experiência de pecar”, assim também não podemos


afirmar que o cristão está livre da “experiência de ficar doente”. Ambas são
bençãos garantidas mas não imediatas (cf. Rm 8.11; 19-23). Devemos observar
que há textos no NT que confirmam a posição acima:
 2 Co 4.6-18
 Hb 11.36-40
 Gl 4.13
 2 Tm 4.20
 1 Tm 5.23

 Os “sinais” e “prodígios” na vida de Jesus e dos apóstolos cumpriram um papel


específico e singular na época em que ocorreram.
 Provar a divindade de Jesus (Mc 2.9-11; Jo 3.2; 10.25,37,38; 11.4;
20.30,31; At 2.22);
 Confirmar a pregação dos apóstolos afim de concretizar o
estabelecimento da igreja e da doutrina cristã em meio ao
intransigente judaísmo (Mc 16.20; At 2.43; 4.29,30; 5.12; 8.6-8; 14.3; 2
Co 12.12; Hb 2.4).

Obs.: Os milagres não são garantia de fé – cf. Jo11.45,46; 12.37; At 4.18;


Mt 11.20-24; Jo 2.23-25; Lc 16.31

Assim, a experiência dos apóstolos com relação aos sinais e maravilhas, não deve
ser tida como um padrão para o ministério cristão hoje, tendo-se a expectativa de que
ocorram com a mesma intensidade e da mesma forma que ocorreram naquele período. Se
não há impedimentos para que ocorram, também não há garantias de que ocorram (são
possíveis mas não obrigatórios). Toda manifestação do poder de Deus depende, em última
instância, de Sua própria vontade (Hb 2.4). Podemos esperar que Deus realize milagres
segundo Sua perfeita vontade e propósitos e não segundo a experiência dos apóstolos. (cf.
Dn 3.17,18; Lc 22.42; 1Jo 5.14).

Essas observações bíblicas trazem as seguintes implicações:


 A proclamação cristã deve infundir nos ouvintes esperança de atuação poderosa
de Deus dentro de Sua vontade soberana e para Sua glória.
 A igreja cristã não deve praticar qualquer “barateamento” da mensagem do
evangelho tais como:
 Divulgação de trabalhos evangelísticos através de promessas de cura ou
benefícios materiais.
 Promoção de campanhas especiais de cura física (corrente de oração, objetos
“ungidos”, fórmulas misteriosas).
 Apelos para cura física.

 Não devemos ensinar que toda doença deva ser repreendida com sintoma de
ataque demoníaco. Devemos ensinar a prática da oração com discernimento,
procurando entender as reais causas da doença. Existem casos em que a doença
tem causa demoníaca (Mt 9,32,33) e outras não (1 Tm 5.23).

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
Bruner, Frederick Dale. Teologia do Espírito Santo. São Paulo, Edições Vida Nova, 1983
Chefer, Lewis Sperry. O Homem Espiritual. São Paulo, Edições Vida Nova, 1983
D‟Araújo Filho, Caio Fábio. Espírito Santo, O Deus Que Vive em Nós. São José dos
Campos, CLC, 1991

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Edwards, Jonathan. A Verdadeira Obra do Espírito Santo: Sinais de autenticidade.


Traduzido por Valéria Fontana. São Paulo, Edições Vida Nova, 1992
Frost, Henry. Cura Miraculosa. Traduzido por Gordon Chown. São Paulo, Publicações
Evangélicas Selecionadas, 1984
Graham, Billy. O Espírito Santo: Ativando o poder de Deus em sua vida. Traduzido por Hans
Udo Fuchs. São Paulo, Edições Vida Nova, 1980
Gruden, Wayne (org.). Cessaram os Dons Espirituais? 4 Pontos de Vista. Traduzido por
Gordon Chown. São Paulo, Editora Vida, 2003
MacArthur, John Jr. Os Carismáticos: um panorama doutrinário. Traduzido por Elizabeth
Gomes. São Paulo, Editora Fiel, 1981
Packer, James I. Na Dinâmica do Espírito: uma avaliação das práticas e doutrinas.
Traduzido por Adiel Almeida de Oliveira. São Paulo, Edições Vida Nova, 1991
Pieratt, Alan B. O Dedo de Deus ou Os Chifres do Diabo? Um estudo dos sinais e
maravilhas na igreja atual. Traduzido por Robinson Malkomes. São Paulo, Edições
Vida Nova, 1994
Stott, John. Batismo e Plenitude do Espírito. Traduzido por Hans Udo Fuchs. São Paulo,
Edições Vida Nova, 1988

COMPREENSÃO
1. O que é “dom espiritual”, quem o concede, para quem concede, para que concede e
quando concede?
2. Como obtemos os dons espirituais?
3. O que é o dom de línguas?
4. Falar em línguas é evidência do “Batismo do Espírito Santo”? Justifique.
5. O dom de línguas pode ocorrer ainda hoje? Justifique.
6. Comente a frase: “Deus deseja atuar sempre miraculosamente onde haja fé e pregação
ungida da Palavra, assim como aconteceu na experiência dos apóstolos e do próprio Senhor
Jesus Cristo.”

APLICAÇÃO
1. Você é capaz de identificar o seu dom espiritual? Pergunte a opinião de alguém que o
conheça bem.
2. Que ministérios você poderia desenvolver com esse tipo de dom?
3. Caso prático: Você está dirigindo um culto público e uma pessoa se levanta e começa
falar em uma língua estranha. Como você procederia? Por quê?
4. Caso prático: Você recebe um telefonema avisando-lhe que um casal muito próximo
acaba de saber que seu filhinho de 2 anos tem um tumor maligno na cabeça. Você “corre”
para o hospital e é a primeira pessoa conhecida a se encontrar com o casal depois da
notícia trágica. Como você agiria? Que atitude usaria para tentar consolar o casal? Que
verdades bíblicas (textos) podem apoiar essa atitude?

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APÊNDICE 1
Razões para considerar “línguas estranhas” como idioma terrestre:
1. Paulo empregou a palavra “gene” para “variedade de línguas” em 1Co 12.10 –
normalmente “gene” significa “grupos familiares de línguas realmente existentes”.
2. Quando Paulo citou Is 28.11,12 (em 1Co 14.21) referiu-se a um incidente envolvendo
uma língua existente (a língua assíria) mesmo que desconhecida para os judeus.
3. A 1ª. ocorrência do “fenômeno” em At 2 claramente se referia à línguas conhecidas
(cf. At 2.6-11).

APÊNDICE 2
Contexto Histórico de “Sinais e Maravilhas”

Católicos Romanos Protestantes Pentecostais

Carismáticos
Afirmação Neo-Pentecostais
Ênfase

1500 1700 1900 1960 1980

Dúvida
Silêncio
Negação

Protestantes Liberais Protestantes


Iluminismo

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Santificação
INTRODUÇÃO:
“Não podemos FAZER NADA para GANHAR a salvação,
mas devemos FAZER TUDO para DESENVOLVER a salvação.”9

“Senhor, faze de mim tão santo quanto é possível a um pecador salvo.”10

“Afinal de contas...Deus leva anos para fazer crescer um carvalho, mas um pé de abóbora
Ele faz em três meses. O mundo já viu que chega de „abóboras‟ cristãs.”11

“Há três paradoxos que aprendemos aos pés de Jesus: perder para ganhar, dar para
receber e morrer para viver.”12

“A maior necessidade do mundo é a santidade pessoal do povo cristão.”13

A dificuldade da Teologia Sistemática na doutrina da santificação é que não há um


único paradigma bíblico. Deus age criativamente com cada um de Seus filhos para levá-los
à santidade.
É preciso lembrar, ao estudar a doutrina do Espírito, que Ele é SANTO! Sua obra na vida do
cristão está intimamente relacionada ao processo de santificação (2 Co 3.17,18).

DEFINIÇÃO:
SANTIFICAÇÃO é um processo operado pelo Espírito Santo, em cooperação com o
cristão, a partir da conversão, pelo qual a condição moral da pessoa regenerada é moldada
para se conformar com a imagem de Jesus Cristo (Rm 8.29; Ef 1.4; Fp 1.6; 2.12-15; 1 Ts
4.3).
Pode-se observar no ensino neo-testamentário, três aspectos da santificação:
A. Aspecto Posicional - é a justificação aplicada ao pecador (1 Co 1.2; 6.11). Está
relacionado ao passado.
B. Aspecto Experimental (ou progressivo) - processo de aperfeiçoamento moral da
conversão até a volta de Jesus Cristo (Jo 17.17; 1 Pe 1.16). Está relacionado ao
presente.
C. Aspecto Final - a perfeição atingida na presença de Deus (1 Ts 5.23; Jd 24,25).
Está relacionado ao futuro.

NOVAS CRIATURAS: 2 Co 5.17; Rm 8.30


Apesar de permanecerem certos aspectos do passado da pessoa (personalidade,
instrução, educação, família, etc), há a novidade do desejo de aproximar-se de Deus e fazer
a Sua vontade. Com a presença do Espírito Santo, o pecado já não tem poder controlador
(escravizante), embora ainda exista uma natureza pecaminosa com inclinações para o mau.
Isso gera um tensão muito grande no processo de santificação, que envolve esforço e luta
pessoal contra o pecado (Rm 12.1-2; Gl 5.16ss; Ef 4.17ss; Fp 2.12-15; Hb 12.1,2; 1 Pe 1.13-
16; 2.11-12).

9
Marcelo Correia e Silva
10
Robert Murray McCheyne, Na Dinâmica do Espírito – J.I.Packer
11
Ray Stadman, Igreja, Corpo Vivo de Cristo, p.
12
Lavastida, líder evangélico cubano.
13
J.I.Packer, Na Dinâmica do Espírito: Uma avaliação das práticas e doutrinas, p.
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Marcas da carne (natureza pecaminosa):14


 Fuga da culpa (transferência da culpa);
 Auto-justificação - “Nós cobrimos o mau cheiro dos pecados com o
desodorante das desculpas”.
 Prazer nas falhas dos outros;
 Independência, individualismo e presunção;
 Rebelião contra Deus (Gl 5.17);
 Corrupção (1 Co 15.53).

Ver ainda: Jr 17.9; Mc 7.20-22

O PROCESSO DE SANTIFICAÇÃO:
A. Fórmulas inadequadas:
IDÉIA PERIGO
1. Submeta-se e deixe Deus fazer tudo. Passividade
2. Luta e auto-disciplina. Santificação por obras
3. A morte da velha natureza e a perfei-
Super-espiritualidade
ção sem pecado.
4. Consagrações repetidas. Emocionalismo

B. Instrumentos da santificação:
A Palavra de Deus 2. O Espírito de 3. O Povo de Deus 4. A Oração
Deus

Sl 119.11,105; Jo
17.17; 1 Ts 2.13; Rm 8.26; Ef 5.18; Cl 3.16; Hb Mt 26.41; 1 Ts
Hb 4.12. Gl 5.16 10.24,25 5.17,23

C. O processo de santificação - Rm 12.1,2


1. “Apresentar-se a Deus” - consagração, entrega, rendição, quebrantamento,
humildade.
2. “Não se conformar com este século” - resistir a pressão da maioria
(sociedade).
3. “Renovar a mente” - a santidade começa na maneira de pensar; renovar a
mente é dedicar-se no estudo e meditação da Palavra de Deus.

D. Obstáculos à santificação: (ilustração da massa e da fôrma).


1. Afastamento de Deus (persistência no pecado, falta de temor).
2. Acomodação (negligência às virtudes cristãs - oração, comunhão, estudo
bíblico, etc).
3. Aversão à sacrifício (fuga do sofrimento, auto-indulgência).

14
Adaptado de Russell Shedd, O Mundo, A Carne e O Diabo

23
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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
1. Edwards, Jonathan. A Verdadeira Obra do Espírito: Sinais de autenticidade. São Paulo,
Edições Vida Nova, 1992.
2. Packer, James I. Na Dinâmica do Espírito: Uma avaliação da práticas e doutrinas.
Traduzido por Adiel Almeida de Oliveira. São Paulo, Edições Vida Nova, 1991
3. Shedd, Russell Phillip. Lei, Graça e Santificação. Edições Vida Nova, 1990

COMPREENSÃO
1. Qual é a definição de santidade?
2. Cite os 3 aspectos da santificação com a respectiva base bíblica.
3. Existe uma fórmula bíblica para desenvolver a santidade? Explique.
4. Que textos bíblicos sugerem que a santificação é um processo divino mas que não exclui
a cooperação humana?
5. Como você definiria “maturidade” do ponto de vista cristão?

APLICAÇÃO
1. Se a base da santidade é uma nova mente (mentalidade), aliste alguns dos pensamentos
mundanos que o cristão deve resistir. (Pense nos slogans publicitários, propagandas,
chavões de artistas televisivos, pensamentos da moda, etc).
2. Se a santificação é progressiva, pense um pouco e aliste algumas mudanças que já
ocorreram na sua vida, e outras que ainda precisam acontecer.
3. Ser santo é um projeto de vida para você? Você leva a sério esta idéia? Se sua resposta
for não, pare por um instante e procure reassumir esse alvo na sua vida. Aliste as decisões
que você precisa tomar agora para que sua santificação prossiga. Se sua resposta for sim,
aliste algumas razões que comprovam isso.

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Escatologia Geral
(Doutrina sobre as Últimas Coisas)

INTRODUÇÃO:
Escatologia diz respeito ao estudo das últimas coisas. Está relacionada, portanto, à
consumação da história e a conclusão do plano de Deus para o mundo. Em especial, está
relacionada à promessa de retorno de Jesus à Terra.
O estudioso Erickson destaca que o interesse pela escatologia vem crescendo
consideravelmente desde o final do século XIX e principalmente ao longo do século XX15.
Dentre as razões que aponta para isso, está o evidente interesse humano pelo futuro e a
inquietante busca de sentido para a existência.
Por estar baseada em textos proféticos que apresentam considerável simbolismo, o
tema escatologia tem sido muitas vezes caracterizado por especulação e confronto pelas
várias linhas de interpretação. Embora tenhamos que admitir e lidar com as dificuldades na
interpretação dos textos proféticos, o propósito das verdades escatológicas é trazer
exortação e conforto ao povo de Deus (2 Pe 3.11,14; 1 Ts 4.18).

A VOLTA DE JESUS CRISTO:


A volta de Jesus Cristo é claramente ensinada no Novo Testamento e consistia numa
firme esperança dos primeiros cristãos (Zc 14.4; Mt 24.29,30,36,37; 16.27; Jo 14.1-3,18; At
1.9-11; Fp 3.20; 1 Ts 1.10; 4.15-17; 2 Tm 4.8; Tt 2.13; 2Pe 3; Ap 19.11ss).
A tradição evangélica conservadora é unânime quanto à crença no retorno literal de
Jesus Cristo glorificado a este mundo. Apesar disso, há discordância sobre como este
retorno se dará. As principais posições escatológicas são as seguintes:

A. Com relação ao Reino Milenar:


1. Pré-Milenismo
Posição teológica sobre as últimas coisas que, baseando-se numa
interpretação literal (ou natural) da Bíblia, afirma que Jesus voltará para estabelecer
um Reino na Terra que durará mil anos (milênio).

A necessidade do Reino Milenar se baseia nas seguintes razões:


 Demonstrar a integridade do caráter de Deus (Seu plano não falhou).
 Cumprir o propósito de Deus em demonstrar seu perfeito governo sobre a
terra.
 Cumprir os pactos eternos que Deus fez com Israel: (dispensacionalistas).
 Pacto Abraâmico: posse definitiva da terra da Palestina (1 Cr 16.15-18).
 Pacto Davídico: reinado eterno do filho de Davi (2 Sm 7.16; Lc 1.32-33)
 Manifestar plenamente a glória de Cristo.

2. Pós-Milenismo
Posição escatológica que afirma que o Reino de Deus está presentemente
sendo estabelecido no mundo através da pregação do evangelho e da obra
redentora do Espírito Santo nos corações de indivíduos. Afirma ainda que o mundo
eventualmente será cristianizado e que o retorno de Jesus Cristo acontecerá ao fim
de um longo período de justiça e paz mundiais comumente chamado de “milênio”. A
segunda vinda de Cristo será imediatamente seguida por uma ressurreição geral, por
um julgamento e pela introdução do céu e do inferno em toda a sua plenitude. O
milênio ocorre durante a presente dispensação, a era da Igreja.16

15
Erickson, Introdução à Teologia Sistemática, pp.479,480
16
Charles C.Ryrie, Três Posições Quanto ao Milênio (Apostila p.14a)
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3. Amilenismo
Sistema teológico que, com base numa interpretação alegórica ou
espiritualizante, entende que o milênio não tem uma natureza e duração literais. O
milênio, para esta posição, é descrito de duas maneiras básicas:
a) É a era da Igreja, caracterizada pelo senhorio de Cristo no coração dos
salvos.
b) É um estado intermediário de benção e alegria desfrutado pelos cristãos no
céu.17

Para os amilenistas, as promessas de Deus a Israel se cumprem


espiritualmente na Igreja, portanto não há necessidade de um reino literal.

B. Com relação ao Arrebatamento:


1. Pré-Tribulacionismo
O arrebatamento ocorrerá antes do período de Grande Tribulação (7 anos).
Acreditam que a Igreja, então, não passará por esse tempo de juízo de Deus,
quando Ele estará tratando especialmente com a nação de Israel.
Razões apresentadas para um arrebatamento pré-tribulacional18:
 A Igreja tem promessa de libertação da ira vindoura (1 Ts 1.10; 5.9; Ap
3.10).
 A Tribulação é a 70a semana de Daniel (Dn 9.24-27), e está, por isso,
relacionada à Israel como nação e aos propósitos de Deus para os judeus.
 A palavra “igreja” (gr. ekklesia) não aparece um vez sequer nos capítulos
4-18 de apocalipse, que descrevem a Grande Tribulação.
 O arrebatamento antes da Grande Tribulação permite o surgimento de
uma última geração de crentes (pessoas convertidas na Tribulação) que
entrará no Reino Milenar com corpos naturais, podendo assim, repovoar a
Terra (já que os incrédulos não entrarão no milênio). Cf Mt 22.30
 O arrebatamento antes da Grande Tribulação permite que o “Dia do
Senhor” tenha seu desenvolvimento natural, com um tempo inicial de paz e
sugurança, seguido de violenta e súbita destruição (1 Ts 5.1-3; Ap 6).
 Um arrebatamento antes da Tribulação explica melhor o conceito de
iminência apresentado em muitos textos do Novo Testamento.

2. Midi-Tribulacionismo
Colocam o arrebatamento no meio da Tribulação, procurando uma posição
intermediária entre pré e pós tribulacionismo. Acreditam que a igreja será livre da
segunda metade da 70a semana de Daniel, comumente chamada de a Grande
Tribulação.19
Identificam a trombeta de 1 Ts 4.16 e 1 Co 15.52 com a sétima trombeta de
Ap 11.15 que soa na metade da Tribulação.

3. Parcialismo
O arrebatamento ocorrerá em estágios, à medida que Cristo levar ao céu os
crentes que são dignos. Usam textos que exortam a vigilância e preparo, como Mt
24.32-51; 25.1-13; Lc 21.36; Hb 9.28

17
Ibid. p.14b
18
Ryrie, Vem Depressa, Senhor Jesus: o que você precisa saber sobre o arrebatamento.
19
Carlos Osvaldo Pinto, O Arrebatamento (Apostila do Curso de Dispensacionalismo), p.11
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4. Pós-Tribulacionismo
Colocam o arrebatamento ao fim da Tribulação, fazendo-o quase simultâneo
com a volta de Cristo para estabelecer o reino milenar. Acreditam que a Igreja passa
pela Tribulação, embora protegida por Deus.
Os pós-tribulacionistas não são literalistas com os pré-tribulacionistas,
entendendo que tanto a Tribulação como o Milênio, não têm um tempo definido de
duração e não fazem distinção entre Israel e Igreja.
Fazem distinção entre a ira de Deus e a tribulação. Embora acreditem que a
igreja passará pela tribulação, ela não sofrerá a ira de Deus (Rm 5.9). Para os pós-
tribulacionistas, as Escrituras deixam claro que a igreja passará pela tribulação nas
seguintes passagens: Mt 24.9,21,29; Mc 13.19,24; Ap 7.14).

ARREBATAMENTO
O termo arrebatamento não ocorre nas Escrituras. É a forma substantivada do verbo
arrebatar, usado em 1 Ts 4.17 para traduzir o verbo grego “arpázo”. A vulgata20 traduziu
este verbo grego por rapare, que nos sugere a idéia de rapto21. O significado da palavra é
“tirar, levar algo com força, arrebatar”.
Trata-se do evento futuro quando o Senhor Jesus vai ressuscitar os mortos salvos e
os crentes ainda vivos serão transformados e transportados para o encontro com o Senhor
nos ares.

A. Evidências Bíblicas:
1. No AT, Enoque (Gn 5.24) e Elias (2 Rs 2.11).
2. A ressurreição e ascensão do Senhor Jesus, At 1.9-11; Jo 14.1-3
3. At 8.39-40, o arrependimento de Filipe.
4. 2 Co 12.1-4, a experiência de Paulo.

B. Textos Principais:
1 Co 15.51-52
1 Ts 4.13-18

C. A Iminência da Volta de Cristo:


As exortações à vigilância diante da volta repentina e inesperada do Senhor
Jesus demonstram que este evento escatológico pode acontecer a qualquer
momento (é iminente). Esse conceito tem forte apoio nas Escrituras (1 Ts 5.1-3; Fp
3.20; Tt 2.12-13; Jd 21; Rm 8.19,23,25, entre outros. A incerteza do tempo da vinda,
e a possibilidade de Seu retorno ser a qualquer momento, deve levar os crentes a
atitude de prontidão para Sua chegada.

D. O Tribunal de Cristo:
Estando com Cristo no céu, os salvos comparecerão diante do seu Senhor
para receber ou não as recompensas por seu procedimento e obras (2 Co 5.10), Rm
14.10-12). Não se trata de um Tribunal de Julgamento, mas de Galardões. Não serve
para juízo (pois a justiça já foi satisfeita na cruz), mas para recompensa e regozijo.

20
Tradução latina da Bíblia empreendida por Jerônimo (c.347-420), sendo declarada “edição oficial” da Igreja
Católica Romana no Concílio de Trento (1546). Dicionário de Teologia, p.141
21
Pinto, op.cit.p.1
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E. As Bodas do Cordeiro:
Consuma-se a união completa entre o Senhor Jesus (o “noivo”) e a Igreja (a
“noiva” - sem defeito e sem mácula), Ap 19.7-9.
Ambos os eventos (o Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro) ocorrem no
céu provavelmente enquanto os acontecimentos da Grande Tribulação se
desenrolam na Terra.

A GRANDE TRIBULAÇÃO:
A Grande Tribulação é um período de 7 anos que antecede a segunda vinda de
Cristo. Nesse período, o anti-Cristo se manifestará, opondo-se à Deus e os seus servos e
ostentando-se como se fosse o próprio Deus (2 Ts 2.3,4).
O propósito de Deus para este tempo será:
  Trazer à conversão uma multidão de judeus, que entrarão nas bençãos do reino
milenar e experimentarão o cumprimento dos pactos de Deus com Israel;
  Derramar juízo sobre os homens e as nações ímpias (Jr 25.32,33; Is 26.21; 2 Ts
2.11,12; Ap 6.15-17).

Os principais eventos desse período serão:


 Estabelecimento de uma aliança entre o anti-Cristo e o povo judeu (Dn 9.25-27);
 Ressurgimento do Império Romano (Dn 2 e 7);
 Governo mundial da Besta (Ap 6.1,2; 13.1-10);
 Falso Profeta e falso sistema religioso mundial estabelecendo “paz” mundial (Ap
13.11-18; 17);
 Ao fim dos 3 anos e meio o acordo será rompido e o Templo em Jerusalém será
profanado (Mt 24.15; Dn 9.26-27);
 Os juízos dos Selos (Ap 6-8.1);
 Os 144 mil selados e o Evangelho do Reino pregado (Ap 7; 14.1-5; Mt 24.14);
 Os juízos das Trombetas (Ap 8.2-9.21; 11.15-19);
 As duas testemunhas (Ap 11.3-14);
 Os juízos das Taças (Ap 15-16.21);
 A Batalha do Armagedom (Ap 14.14-20; 16.13-16; 19.11-21);
 A volta do Senhor Jesus, trazendo consigo os santos, para estabelecer o seu
reino milenar (Mt 24.29-51; Ap 19.11-21).

O MILÊNIO:
Com a vinda física do Senhor Jesus no fim da Tribulação, inicia-se o período de 1000
anos de reinado de Cristo sobre a terra. Satanás será preso no início desse período e não
influenciará a humanidade até que seja solto no final (Ap 20.1-4).
O Milênio será marcado pela presença dominante de Jesus como Rei supremo e
haverá paz e prosperidade jamais vistas na história da humanidade.

A. Os participantes do Reino Milenar:


As Escrituras declaram claramente que apenas os salvos participarão do
Reino Milenar, tanto de Israel quanto dos gentios.
Sendo assim, estarão no Milênio:
1. Os sobreviventes da Tribulação de Israel, crentes, com corpos naturais -
Mt 13.36-43; 24.30,31; 25.1-13
2. Os sobreviventes da Tribulação das nações (gentios), crentes, com corpos
naturais - Mt 25.31-46, Ap 21.9 - 22.5
3. Os filhos dos sobreviventes da Tribulação, tanto de Israel quanto dos
gentios, que forem gerados durante o Milênio - Is 65.20,23; Zc 8.4-6; Zc
10.8-9

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4. Igreja, os salvos do NT, com corpos glorificados e galardoados - Rm 5.17;


2 Tm 2.11-13; 1 Tm 6.14-16; 1 Ts 4.13-17
5. Os santos do AT, os apóstolos, os mártires da Tribulação, todos com
corpos glorificados e galardoados - Jr 30.9; Mt 19.28; Ap 20.4

B. Milenismo ou Amilenismo:
Apocalipse 20.1-7 tem sido entendido historicamente de maneiras bem
diferentes por milenistas e amilenistas. A questão básica é se os termos existentes
nesse texto devem ser entendidos literalmente ou figuradamente.

O Amilenismo não interpreta essa passagem (como várias outras) de forma


literal. Sendo assim, a referência é a um período indefinido de tempo, comumente
entendido entre a primeira e a segunda vindas de Cristo (2 Pe 3.8).
Essa posição tem sido defendida por liberais e por um grande número de
teólogos conservadores, e merece ser estudada e avaliada. São argumentos dos
“amilenistas”:
 As promessas foram feitas a Israel, que falhou;
 As promessas passam , então, à Igreja e serão cumpridas espiritualmente
na Terra.
 As promessas, no fim, serão cumpridas espiritualmente no céu.
 Não existe um reino literal de Cristo na Terra.

A interpretação dispensacional das Escrituras, em que Israel e Igreja são


distintos, encontrará em Ap 20.1-7 a descrição de um período específico de tempo,
de exatos mil anos, em qu eventos específicos ocorrerão:
 Cumprimento da profecia dada a Davi - Reino de Cristo sobre a Terra - 2
Sm 7.14-16
 Restauração espiritual de Israel - Jr 31.34; Is 32.14
 Restauração da natureza - Is 11.6-9; 65.25; Rm 8.18-23
 Adoração universal a Deus - Is 66.23

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
Clouse, Robert G. (ed.). Milênio, Significado e Interpretações. Traduzido por Glauber Meyer
Pinto Ribeiro. Campinas, Luz para o Caminho, 1985
Erickson, Millard J. Opções Contemporâneas na Escatologia. Traduzido por Gordon Chown.
São Paulo, Edições Vida Nova, 1982
Hunt, Dave. Quanto Tempo Nos Resta? Provas Convincentes da Volta de Iminente de
Cristo. Traduzido por Carlos Osvaldo Pinto. Porto Alegre, Chamada da Meia Noite, 1996
Pentecost, J.Dwight. Manual de Escatologia: Uma Análise Detalhada dos Eventos Futuros.
Traduzido por Carlos Osvaldo Pinto. São Paulo, Editora Vida, 1998
Ryrie, Charles C. Vem Depressa Senhor Jesus: O Que Você Precisa Saber Sobre o
Arrebatamento. Traduzido por Ebenezer Bittencourt e Ana Ruth Bittencourt. Porto Alegre,
Chamada da Meia Noite, 1997
Shedd, Russell P. Escatologia do Novo Testamento, 2a.edição, São Paulo, Edições Vida
Nova, 1985
Shedd, Russell P. e Pieratt, Alan (eds.). Imortalidade. São Paulo, Editora Vida Nova, 1992
Wenham, John W. O Enigma do Mal: Podemos crer na bondade de Deus? Traduzido por
Márcio Loureiro Redondo. São Paulo, Edições Vida Nova, 1989

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COMPREENSÃO:
1. Complete:
A. ________________ e _________________ são propósitos divinos ao nos revelar os
eventos futuros.
B. A posição ________________________ afirma que não haverá um reino literal de Cristo
na terra. Cristo reina entre a sua 1a. e 2a. vindas nos corações dos
crentes.
C. O __________________, o _____________________ e ______________________ são
os três personagens malígnos que atuarão na terra durante a Grande
Tribulação.
D. A segunda vinda de Cristo se dará em duas etapas segundo a posição
_________________________.
E. A posição ________________________ crê que o mundo será cristianizado e
experimentará um longo tempo de paz, justiça e prosperidade que terminará com a volta
de Cristo.

2. COLOQUE (F) PARA FALSO E (V) PARA VERDADEIRO: Se for falso, justifique.
A. ( ) Amilenistas, Pré-Milenistas e Pós-Milenistas concordam que Jesus Cristo virá uma
2a.vez.
B. ( ) A Grande Tribulação começará com o arrebatamento da Igreja.
C. ( ) A 2a.vinda de Cristo se dará em duas etapas para os Pré-Milenistas.
D. ( ) Mt 24, segundo os amilenistas, descreve o programa escatológico para Israel.
E. ( ) A principal causa das diferenças escatológicas é o pressuposto hermenêutico.
3. RESPONDA OBJETIVAMENTE:
A. Apresente a base bíblica (pelo menos 3 textos) para a doutrina da 2a. Vinda de Cristo.
B. Apresente a base bíblica (pelo menos 2 textos) para a doutrina do arrebatamento da
Igreja.

APLICAÇÃO:
1. Converse com um colega sobre a seguinte questão: De que maneira a escatologia pode
contribuir para nossa vida presente no mundo? Ou seja, como as revelações sobre o futuro
afetam o presente?
2. Aliste as virtudes que Deus gostaria de ver nos cristãos por ocasião do retorno de Jesus
Cristo (olhe para 2 Pe 3.11,12,14; Rm 13.11-14). Avaliando honestamente sua própria vida,
você se julga preparado para este retorno?
3. Pense: Como a escatologia bíblica contribui para refutar a “Teologia da Prosperidade” que
promete riqueza material e saúde perfeita aqui e agora? (Confira Rm 8.17ss; 2 Co 4.8-5.10).
4. Desenvolva uma mensagem em 2 Pe 3. O texto renova as nossas esperanças sobre o
retorno iminente de Jesus num contexto de incredulidade e descrédito quanto as promessas
de Deus.
5. Que conselho você daria para se evitar os extremos mencionados por Erickson22 da
“escatomania” (ênfase exagerada nos assuntos e textos proféticos) e da “escatofobia”
(medo e aversão a todo tipo de pesquisa profética)?
6. Pense e dê sua opinião: Qual o papel prático da escatologia no ministério de
aconselhamento?

22
Erickson, op.cit.p.481
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Escatologia Individual
INTRODUÇÃO:
Enquanto a “Escatologia Geral” trata do futuro da humanidade, a “Escatologia
Individual” enfoca
as implicações das revelações bíblicas sobre o futuro no plano mais pessoal e
individual. Questões como morte, estado intermediário, imortalidade da alma, céu e inferno,
são destacados nessa área da Escatologia.
De certa forma, todo ser humano se preocupa com estas questões pois o futuro
sempre exerceu certo fascínio sobre as pessoas. Temos preocupações existenciais (O que
é a morte? O que existe após a morte? Haverá memória depois da morte? O céu e o inferno
realmente existem? etc) que precisam ser encaradas sob a luz da revelação bíblica e do
advento de Cristo pois “...Ele tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a
imortalidade por meio do evangelho.” (2Tm 1.10).

A MORTE:
Não há dúvidas de que a MORTE é o grande inimigo da humanidade e a mais
vergonhosa mancha que paira na face da Terra, resultado direto e humilhante da rebeldia da
raça humana. Nesse sentido, a morte foi algo introduzido na experiência humana como uma
conseqüência do pecado (Gn 2.17; 3.19; Rm 5.12,17; 1Co 15.21; Tg 1.15) e não como
ensinam alguns, que o homem tenha sido criado mortal, sujeito à lei da dissolução. A morte
é apresentada na Bíblia como uma expressão do juízo divino.

A. Tipos de Morte:
1. MORTE FÍSICA - a morte do corpo; estado de separação entre corpo e
alma/espírito, estabelecendo o fim da vida no plano físico atual (Gn 3.19; Jo
11.14).

2. MORTE ESPIRITUAL - estado de separação entre Deus e o homem; estado


natural do ser humano depois da queda (Gn 2.17; 3.6,7; Ef 2.1).

3. MORTE ETERNA - estado definitivo de separação espiritual entre Deus e o


homem, provocado pela não regeneração em Cristo (Ap 20.11-15; 21.8).

A morte é registrada gradativamente na Bíblia. No AT ele tem uma conotação


triste e catastrófica, uma espécie de síndrome generalizada da raça humana,
independentemente de sua situação espiritual. É verdade que, em meio à desgraça
da morte, raia a luz de esperança em uma intervenção divina libertadora para os que
confiaram em Deus (Jó 19.25,26; Sl 16.10; 49.15; 73.24; Gn 25.8).

B. Teorias Sobre a Morte23 - “Estado Intermediário”:


1. “PURGATÓRIO” - (Catolicismo Romano). Lugar intermediário para mortos
em pecado.
Purificação por preces, boas obras dos fiéis e missas.
Base - 2 Macabeus 12.42-45; Mt 12.32; 1Co 3.13-15; 29
Refutação - Jo 3.36; Ef 2.8,9; Lc 16.19ss

2. “SONO DA ALMA” - (Adventismo). Depois da morte as almas continuam a


existir, mas num estado de sono ou repouso inconsciente.
Base - passagens que apresentam a morte como um “sono” (1Ts 4.13; 1Co
11.30; At 7.60).
Refutação - Fp 1.23; Lc 16.19ss; Jo 11.11-14
23
Russell Shedd e Alan Pieratt (eds.) Imortalidade.
31
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3. “ANIQUILAMENTO” - (Testemunhas de Jeová; Adventismo; mais


recentemente, alguns conservadores). Os mortos no pecado são destruídos por
Deus.

Variações:
Extincionismo = o homem foi criado imortal, mas perde a imortalidade se
morre em pecado.
Imortalidade Condicional = o homem foi criado mortal, mas ganha a
imortalidade à partir de sua conversão (Jo 3.16).
Base - Sl 37.9,10,20,22,28,34,38. Passagens que falam da vida eterna
somente para os que crêem, enquanto falam de condenação e destruição
(não existência) dos ímpios (Rm 2.7,8).

Refutação - Lc 16.19ss; Ap 14.11; Mt 25.46

4. “SEGUNDA OPORTUNIDADE” - (Universalismo). O destino do morto


dependerá de sua decisão entre a morte e a ressurreição.
Base - 1Pe 3.19; 4.6
Refutação: Jo 3.36; Hb 9.27; Lc 16.19ss.

5. “REENCARNAÇÃO” (Espiritismo). Na morte, a alma se separa do corpo e


fica vagando até se reencarnar para um aperfeiçoamento da existência.
Base - Jo 3.8,9; Mt 11.14
Refutação - Hb 9.27; Jo 3.18,36

C. Ensino Bíblico:
1. No Antigo Testamento não havia uma doutrina desenvolvida sobre o
estado intermediário e a ressurreição geral dos mortos. Existem expressões de
jubilosa expectativa, ou de alegria em face da morte, o que sugere uma certa
esperança de existência continuada (Nm 23.10; Sl 16.9,11; 17.15; 49.15; 73.24,26; Is
25.8; Dn 12).

2. No Novo Testamento, as almas vão imediatamente para o “seio de


Abraão”, o “paraíso”, junto de Deus, portanto, para o céu. (Lc 16.19ss; 23.42,43; 2Co
5.8; Fp 1.23; At 7.59,60). Quanto às almas dos incrédulos, vão imediatamente para
o “hades” (reino dos mortos, abismo, inferno), e ali permanecem até a 2a ressurreição
(ressurreição do juízo - Jo 5.29; Ap 20.13) quando o próprio “hades” será lançado
para dentro do “lago de fogo” (Ap 20.14).

D. Como o cristão deve encarar a morte?


1. Como uma _______________ para um estágio superior de vida (Fp 1.21;
Lc 16.22).

2. Como um tempo de _____________ e ________________ (Ap 14.13).

3. Como um momento de ____________________ com Deus (Fp 1.23; 2Co


5.8; Lc 23.43).

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A IMORTALIDADE DA ALMA:
Apesar de que a morte é o fim físico do homem, não se deve pensar que a morte
estabeleça o fim da PESSOA. Assim, a morte pode ser definida como “a dissolução da
união existente entre o espírito (ou alma) e o corpo.” Nesse sentido, a alma não cessa
de existir (Ec 12.7; Lc 16.19-23).
O ensino bíblico é de que todos serão ressuscitados: os salvos terão a VIDA
ETERNA junto de Deus; Os ímpios, os não regenerados, terão MORTE ETERNA longe de
Deus, em permanente tormento (Ap 20.10-15).
Apesar das Escrituras não declararem explicitamente a imortalidade da alma, elas
“pressupõem claramente em muitas passagens que o homem continua a sua existência
incorpórea consciente após a morte.”24

Antigo Testamento: Ec 3.11; Sl 16.10; 49.14,15 (sheol); Ex 3.6 (referência implícita à


ressurreição - cf Mt 22.32); Is 26.19; Dn 12.2; Jó 19.26
Novo Testamento: Imortalidade dos justos: Lc 23.43; Jo 5.28; 11.25,26; 14.3; 1Co 15;
2Co 5.1ss; Fp 1.21. Imortalidade dos ímpios: Mt 11.21-24; 12.40,41; Rm 2.5-10; Ap 14.9-11

O CÉU:
O céu é frequentemente citado no NT (52 vezes em Apocalipse), e especialmente
relacionado com Deus e Sua presença. As conclusões de Erickson parecem coerente:
“O aspecto principal do céu é proximidade e comunhão com Deus que é espírito
(Jo 4.24). Se Ele não ocupa espaço, favorece a idéia do céu com um estado. Por outro
lado, teremos corpos, Jesus está num corpo glorificado e o céu é contrastado com a Terra
que é um lugar (Mt 6.9,10)25. Negritos meus.

“É provável que seja mais seguro dizer que, embora o céu seja tanto lugar como
estado, é primeiramente estado. A marca distinta do céu não será um lugar específico, mas
uma condição de bem-aventurança, impecabilidade, gozo e paz.”26 Negrito meu.

Alan Pieratt27 abordo o assunto “céu” sob o prisma da “continuidade” e


“descontinuidade”:

A. _______________________ - Mt 8.11; 22.23-33; Lc 13.28


1. A alma (pessoa) é a mesma que existiu na Terra (teremos auto-
consciência).
2. Reconheceremos uns aos outros no céu, pois, isto é parte essencial de
nosso auto-conhecimento. Conhecer a nós mesmos significa saber quem
somos em relação aos outros ao redor. A auto-consciência é construída
sobre relações.
3. Manteremos memória das coisas passadas. Os profetas não seriam
reconhecidos se não lembrássemos do AT. Nosso julgamento exige
lembrança do passado.
4. Nossos sentidos continuarão (ex. emoções).
5. Nossos corpos continuarão (ressuscitados).
6. Se o mundo por vir - algumas descrições sugerem familiaridade com
aspectos terrenos.
7. A dinâmica de vida - trabalho, serviço, adoração.

24
Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p.680
25
Millard Erickson, Introdução à Teologia Sistemática, p.531
26
Ibid.
27
Alan Pieratt, Imortalidade, p.227
33
SBPV Teologia Sistemática 2 Prof. Hélder Cardin

B. _______________________
1. Não haverá morte (1Co 15.26).
2. Não haverá escuridão ou noite (Ap 22.5).
3. Não haverá mar (Ap 21.1).
4. Não haverá maldição (Ap 22.3).
5. Não haverá doença, luto ou dor (Ap 21.4).
6. Não haverá mal (Ap 20.10-15).
7 Deus habitará com o homem (comunhão plena) - Ap 21.3

O INFERNO:
A. Idéias Sobre o Inferno:28
1. _______________________ (gr.”gnosis = conhecimento)
É impossível obter a certeza de que existe uma realidade chamada inferno,
pois não se pode determinar o que acontece depois da morte. O resultado é
“encolher os ombros.”

2. ________________________ (aniquilar = reduzir a nada)


O mundo pós morte só existe na imaginação humana. Quando morremos,
apodrecemos. É melhor isso do que uma existência eterna num inferno sem fim.

3. ________________________
A idéia de um inferno eterno contraria a revelação bíblica de um Deus
eternamente amoroso e poderoso. Assim, todos serão salvos no final.

4. _________________________
Algumas condições precisam ser preenchidas antes que o pecador possa
receber uma existência eterna. Essas condições são duas: Deus precisa outorgá-las
e o homem precisa recebê-la. A salvação inclui a outorga da imortalidade. Ninguém a
receberá, se não crer e ninguém que verdadeiramente crer deixará de recebê-la.

B. O Ensino Bíblico:
“Um inferno sem fim não pode ser retirado no Novo Testamento, tanto
quanto um céu sem fim.”29

Tanto o céu quanto o inferno encontram-se diante da humanidade como


realidades escatológicas inescapáveis e biblicamente desvendadas.
Evidentemente a lógica também nos faz concluir que se há felicidade eterna
também deve haver juízo eterno (cf. Mt 25.46).
BASE BÍBLICA: Dt 32.22; Sl 9.17; Is 33.14; Mt 5.22; 10.28; 25.46; Lc 16.23ss;
Mc 9.43-48; Ap 14.9-11; 20.11-15

Aos incrédulos está reservada uma ressurreição corpórea (a 2a ressurreição),


que servirá para colocá-los diante de Deus a fim de ouvirem a sentença de
condenação, indo imediatamente para o “lago de fogo”, para onde o próprio “hades”
será também lançado juntamente com Satanás e todos os anjos rebelados e caídos
(Ap 20.11-15).

A divergência dos cristãos sobre o assunto “inferno” se concentra na


natureza do sofrimento no inferno. Apesar de adotarmos uma interpretação literal
da Bíblia, incluindo as revelações e descrições sobre o inferno, temos que admitir
que, se nossa imaginação é insuficiente para compreendermos a bem-aventurança

28
Russell Shedd e Alan Pieratt, ibid.
29
J.I.Packer, ibid.p.120
34
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eterna dos salvos, certamente também o será para compreendermos o sofrimento


eterno dos perdidos.
A doutrina bíblica do inferno deve ser estudada sob o prisma da natureza
perfeita de Deus. Sua revelação não enfoca a perdição eterna, mas Seu amor
gracioso pela humanidade e o consequente oferecimento do seu perdão e
reconciliação.

A doutrina bíblica termina por realçar a grandeza do amor divino.


* Realça o ____________________ pela humanidade. Ele providenciou
salvação.
* Revela a ____________________ do pecado. As consequências são
terríveis.
* Reforça a necessidade de _____________________.
* Requer atitude de ___________________. Fomos salvos da ira (Ef 2.1-6)

BIBLIOLOGIA SUGERIDA:
Erickson, Millard J. Os Salvos: Muitos ou Poucos? Artigo Revista Vox Scripturae, vol.VI, no
1, pp.97-113. São Paulo, Edições Vida Nova, 1996
Runia, Klass. Escatologia na Segunda Metade do Século XX. Artigo Revista Vox Scripurae,
vol.VII, no 2, pp.51-81. São Paulo, Edições Vida Nova, 1997
Shedd, Russell P. e Pieratt, Alan (eds.). Imortalidade. São Paulo, Editora Vida Nova, 1992
Wenham, John W. O Enigma do Mal: Podemos crer na bondade de Deus? Traduzido por
Márcio Loureiro Redondo. São Paulo, Edições Vida Nova, 1989

COMPREENSÃO:
1. Quais os tipos de morte apresentados na Bíblia?
2. Qual a definição de morte?
3. Qual a importância do conceito de imortalidade da alma para a escatologia individual?
4. Cite as teorias mais comuns sobre o “estado intermediário”.
5. Refute biblicamente a doutrina católica do “purgatório”.
6. Refute biblicamente a doutrina espírita da “reencarnação”.
7. Resuma o ensino bíblico sobre o “estado intermediário”.
8. Aponte as dificuldades da doutrina bíblica do “inferno”.
9. Explique e refute biblicamente a teoria “universalista” relacionada ao inferno.
10. Como é o céu?

APLICAÇÃO:
1. Caso prático: você está acompanhando um enterro de uma pessoa conhecida que não
era cristã. Um parente da pessoa falecida, que te conhece, solicita que você diga alguma
coisa naquela hora. O que você diria? Que texto bíblico usaria? Que verdades destacaria?
(escreva um breve discurso ou meditação de até 15 linhas).

35
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Dispensacionalismo

INTRODUÇÃO:
O dispensacionalismo é um sistema teológico de
interpretação bíblica que procura satisfazer a necessidade de certas distinções no
conteúdo da Bíblia, tendo em vista a progressividade da revelação divina (Hb 1.1-3; At
17.30; Jo 1.17).
Apesar de relativamente antigo como conceito teológico, foi à partir dos escritos de
John Nelson Darby (1800 - 1882) e, especialmente de C.I.Scofield (1843 - 1921) com sua
“Bíblia Anotada”, que o Dispensacionalismo tornou-se conhecido e polêmico.

DEFINIÇÃO:
A. Etmológica:
A palavra „dispensação” é a tradução da palavra grega “oikonomia” =
“administração”, “mordomia”, “dispensação”, e suas derivadas “oikonomeo” e
“oikonomós” respectivamente “administrar, prestar contas” e “mordomo,
administrador, despenseiro”.
Desmembrando a palavra em seus dois componentes léxicos teremos a idéia
de “dividir, repartir, administrar ou gerir a vida e os negócios de uma casa”. Esta é a
idéia central contida na palavra “dispensação”.

B. Teológica:
“Uma dispensação é uma economia distinguível no desdobramento do
propósito de Deus.”30
“Dispensação é um período distinto no relacionamento de Deus com o
homem, e caracterizado por aumento de revelação de Deus e diferente
responsabilidade humana.”

ORIGENS DOS DISPENSACIONALISMO:


Um dos ataques mais ferinos ao dispensacionalismo é o de que, sendo
historicamente recente, o sistema é necessariamente errado. Tal ataque é normalmente
associado à idéia de que, tendo se originado num movimento separatista, os Irmãos de
Plymouth, o dispensacionalismo deve ser evitado, pois se originou no homem e não na
Bíblia.31
Podemos, no entanto, observar conceitos dispensacionalistas em obras bem antigas
e dignas de crédito.

A. Conceitos Dispensacionalistas Não-sitematizados:


1. Justino Mártir (110-165). Diálogo com Trifo.
2. Irineu (130-200). Contra Heresias. Alterna “dispensações” e “alianças”.
3. Agostinho (354-430). Carta a Marcelino. Menciona distinções entre as
dispensações e as “épocas”.

B. Sistematizações Históricas do Dispensacionalismo:


1. Pierre Poiret (1646-1719). Sua teologia dispensacional, L‟Economie Divine
foi publicada em 1687, quarenta anos depois do primeiro tratado sistemático do

30
Charles C.Ryrie, Dispenationalism Today, p.29, citado por Carlos Osvaldo C.Pinto, Uma Apologia do
Dispensacionalismo, p.8
31
Pinto, Idid.
36
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aliancismo, publicado em 1647 por Johannes Cocceius. Poiret defendia a existência


de seis dispensações.
2. John Edwards (1639-1716). Publicou em 1699 um tratado teológico em que
propunha a existência de seis dispensações.
3. Isaac Watts (1674-1748). Grande autor de hinos, foi também teólogo e
publicou um longo tratado em que afirma que as dispensações (6) são “as santas e
sábias constituições de Sau vontade e governo...nos vários períodos sucessivos, ou
eras do mundo.”
4. John Nelson Darby (1800-1882). O esquema darbyista de sete
dispensações foi publicado em 1867.
5. C.I.Scofield (1843-1921). Seu esquema, popularizado na Bíblia Anotada de
Scofield, foi publicado em 1909, e seguia de perto o esquema de Watts.

HERMENÊUTICA DISPENSACIONALISTA:
O Método pela qual a Bíblia é interpretada irá determinar a construção do edifício
teológico do intérprete. Há, basicamente, duas maneiras distintas de interpretar as
Escrituras:

1. O MÉTODO LITERAL - que dá ao texto o sentido normal das palavras, conforme


elas tinham no tempo do autor.

2. O MÉTODO ALEGÓRICO - que vai utilizar o sentido literal como um veículo para
encontrar um outro sentido, mais espiritual e mais profundo para o texto.

A hermenêutica dispensacionalista tem alguns princípios básicos:


 A revelação de Deus é progressiva - Isto significa que a quantidade de
revelação de Deus aumenta no transcurso da História.
 A interpretação do texto deve ser literal - inclui-se nesse princípio todos os
textos proféticos. A Interpretação poderá ser figurada quando o próprio
texto sugerir isso, ou quando a interpretação literal for impossível.
 Israel é distinto da Igreja - Tratam-se de duas entidades diferentes no
tempo, no propósito e na história. (ver quadro abaixo)
 Conceito doxológico da História - O dispensacionalismo oferece como
princípio unificador a glória de Deus.

DISTINÇÃO ENTRE ISRAEL E A IGREJA:

ISRAEL IGREJA
Recebe promessas terrenas. Recebe promessas celestiais.
Gn 12.1-3; Dt 20-30; 2 Sm 7.8-16 Fp 3.20; Hb 12.22-24
É a semente física de Abraão. É a semente espiritual de Abraão.
Gn 13.16; Rm 9.4-8; gl 6.16 Rm 4.1-3,17-24; Gl3.19
Existe através do séculos à partir da chamada de Existe desde a descida do Espírito Santo em
Abraão (Gn 12). Pentecostes (At 2).
Viveu sob a Lei. Vive sob a Graça.
Utiliza o Templo e os rituais, sombra do Tem acesso ao “Santo dos Santos”, o verdadeiro.
verdadeiro. Hb 10.19ss.
Será restaurado. Será arrebatada.

É evidente que existem semelhanças entre Israel e Igreja, mas tais semelhanças
ocorrem devido aos princípios espirituais que os regem. O Deus é o mesmo, mas os grupos

37
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são distintos. Gl 6.16 é evidência insuficiente para defender a idéia de um mesmo povo. O
dispensacionalismo compreende os dois povos pertencentes a diferentes momentos da
História.

AUXÍLIOS PRESTADOS PELO DISPENSACIONALISMO:32


Em primeiro lugar, o dispensacionalismo satisfaz a necessidade de certas distinções
no conteúdo da Bíblia.

Em segundo lugar, o dispensacionalismo satisfaz a necessidade de uma filosofia de


História. Uma filosofia de história consiste de uma interpretação sistemática da história
universal de acordo com um princípio pelo qual eventos e sucessões históricas sejam
unificados e dirigidos a um significado final (Karl Lowith, Meaning in History, 1949, p.1). O
dispensacionalismo oferece à história humana um alvo que outros sitemas teológicos
cristãos negam, a glória de Deus.

Em terceiro lugar, o dispensacionalismo dá lugar apropriado e reflete melhor a idéia


de revelação progressiva.

Em quarto lugar, o dispensacionalismo apresenta o sistema hermenêutico mais


coerente.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
Guiley, Paulo G. O Plano Das Épocas. São Paulo, Missão Brasileira Messiânica, 1984
Ryrie, Charles C. Dispensacionalismo: Ajuda ou Heresia? Traduzido por Elizabeth Charles
Stowell Gomes. Mogi das Cruzes, Abecar, 2004
Pentecost, J.Dwight. Manual de Escatologia: uma análise detalhada dos eventos futuros.
Traduzido por Carlos Osvaldo Pinto. São Paulo, Editora Vida, 1998

COMPREENSÃO
1. O que é o “Dispensacionalismo”?
2. O que significa literalmente e teologicamente a palavra “dispensação”?
3. Explique os princípios fundamentais da hermenêutica dispensacionalista. Você concorda
com eles? Por quê?
4. Aponte três diferenças que você considera significativas entre Israel e a Igreja. Dê um
exemplo de como esses diferenças podem interferir na interpretação bíblica.

32
Pinto, ibid.p.2
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APÊNDICE 1
33
GRÁFICO DE ESQUEMAS DISPENSACIONAIS REPRESENTATIVOS
Pierre Poiret John Ed- Isaac Watts John N.Darby James Broo- James C.I.Sco
1646-1719 wards 1674-1748 1800-1882 kes M.Gray field
1639-1716 1830-1897 1851-1935 1843-
1921
Infância Inocência Inocência Estado Éden Edênica Inocên-
(desde a Paradisíaco cia
criação até o Antidiluviana Adâmica (até o dilúvio) Antidiluviana Antidiluviana Cons-
dilúvio) ciência
Meninice Noaica Noaica Noaica Patriarcal Patriarcal Gover-
(desde o no
dilúvio até Huma-
Moisés) no
Abraâmica Abraâmica Abraâmica Pro-
messa
Adolescência Mosaica Mosaica Israelita Mosaica Mosaica Lei
(desde
Moisés aos
profetas)
Mocidade
(dos profetas
até Cristo)
Maturidade e Cristã Cristã Gentílica Messiânica Igreja
Velhice
do Espírito do Espírito
Santo Santo
Renovação Milenar Milenar Milenar Reino
de todas as
coisas
Plenitude dos
tempos
Estado
Eterno

33
Ibid.p.9
39
SBPV Teologia Sistemática 2 Prof. Hélder Cardin

APÊNDICE 2
Base das Posições Escatológicas

Alianças Incondi- Alianças Condicio-


cionais nais

Interpretação Interpretação
Literal Alegórica

40

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