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Nossa tarefa hoje é compreender o impacto que este fenômeno gera nos
corpos e no processo terapêutico e como os corpos no processo terapêutico
geram e operam este fenômeno. Tema instigante, mas nada fácil, em especial
porque trabalhamos com intensidades, cargas e fluxos nos corpos.
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Penso como Mario Jacoby: ainda que ninguém duvide que uma relação amorosa
pode ser uma experiência de tal forma intensa que possa representar um
impacto ainda maior do que a própria análise no processo de individuação de
alguém, precisamos considerar que o relacionamento analítico e o amor físico
são de naturezas bastante diferentes em essência e finalidade para que
possam caminhar juntos na mesma díade.
A expressão do amor transferencial no processo terapêutico dirige muita
carga à figura do terapeuta e afeta seu corpo e psique. Temos expressões de
medo, culpa, fantasias onipotentes de preenchimento de necessidades, raiva,
envaidecimentos, etc, e atravessar estes sentimentos é o que transforma
paciente e terapeuta. É um convite à responsabilidade daquela dupla a
manterem-se fiéis ao que os trouxe ali, um momento onde não atender a um
desejo ardente é um sacrifício em função da vida. Por isso diz-se que ao
reconhecer que a situação terapêutica convoca a expressão deste afeto,
manter-se na abstinência não é uma posição moralista, é um valor ético, pois
endereça o amor na direção da cura.
Masud Khan diz que Freud foi hábil em ritualisticamente estabelecer os tabus
da motilidade ( o paciente deveria permanecer no divã ) e da visão e tato (
porque intensificam rapidamente a excitação ). Assim, na situação analítica,
onde dois humanos se encontram, torna-se impossível o incesto e o parricídio e
a transgressão está no convite ao paciente a expressar através da palavra seus
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Ainda confundimos terapia ativa com fazer, o que nos leva muitas vezes a negar
as necessidades de tempo e distância psíquicas e corporais. Uma vez que
definimos que vemos o que está lá, o que permitimos que se oculte e o quanto
permitimos que o que apareça possa ser des / coberto pelo paciente ? A pressa
(sintoma dos nossos tempos) leva muitas vezes a mais contração ou ao menos a
não sustentar o que encontrou em si. Lembro de uma frase da Miriam
Chnaiderman : O analista não deve saber fazer (ou só fazer, no nosso caso),
mas fazer saber.
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Todo reichiano que queira construir uma clínica precisa ter presente o espírito
de investigação tão apregoado e desenvolvido por Reich, precisa acolher cada
expressão no processo como uma forma específica daquele corpo - psique que
busca fluxo, usar o recurso precioso da análise da forma, construir com toda
sua criatividade o setting para aquele caso e sustentá-lo, confiar e cuidar do
seu próprio Eros. Assim, a meu ver, desenvolvemos condições de possibilidade
de fazer do processo terapêutico um encontro criativo, que se reinvente a
cada momento e, por isso mesmo, a favor da vida.
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