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Artigo

Imagens que nos formam,


nos deformam e nos transformam:
dos silêncios, dos clichês, da percepção
e da fruição das imagens

Ciro Marcondes Filho*

Resumo Abstract
Temos algumas ilusões em relação às imagens: acha- There are some illusions concerning the images: we
mos que elas ocupam um certo espaço em nossa mente believe they fill a determined room within our mind
e achamos que o mundo é como uma película de cine- and we believe the world is like a movie film, a set of
ma, um conjunto de cenas paradas. Mas o real é puro still scenes. But the real is pure movement. Movement
movimento. Movimento que está num texto literário, that inhabit a literary text, when we stop reading it and
quando paramos a leitura e apreciamos o silêncio; mo- enjoy the silence around us; movement that inhabit a
vimento que está na fotografia, quando saímos dela, photograph, when we left it aside, when we raise our
levantamos os olhos e sentimos seu impacto. Uma foto eyes and feel its impact. A photo can only be felt, never
só pode ser sentida, jamais interpretada, analisada, interpreted, analyzed, or rationally handled. The film,
trabalhada racionalmente. Os filmes, diferentemente unlike photography, tends to lead us and wrap us in
da fotografia, tendem a nos conduzir e nos embalar clichés. The photo can also perform this task when it is
em clichês. A foto também pode fazer isso se eu a tomo taken as a permanent form of expand the limits of rea-
como forma permanente de duplicar, triplicar o real. Aí lity. In this case, it loses its strength. In the past, images
ela perde sua força. No passado, as imagens eram re- were concealed because they held a kind of subversion.
primidas, pois ela já guardavam um fator de subversão. Both the film and photography and literature keep their
Tanto o cinema como a fotografia e a literatura guardam power to communicate if they allow the irruption of the
esse poder de comunicar se permitirem a irrupção do unexpected, the gross, the beautiful, the unusual.
inesperado, do bruto, do belo, do incomum
Keywords: Image. Photograph. Cinema. Literature. Cliché.
Palavras-chave: Imagem. Fotografia. Cinema. Literatura. Mass culture
Clichê. Cultura de massa

* Pesquisador 1A do CNPq, professor titular da ECA-USP, Titular da Cátedra UNESCO José Reis de Divulgação Científica, autor de 45 livros sobre
comunicação, jornalismo, televisão, meios eletrônicos, coordenador do FiloCom – Núcleo de Estudos Filosóficos da Comunicação.
70 Imagens que nos formam, nos deformam e nos transformam • Ciro Marcondes Filho

1. Pensamos o movente como se fosse imu-


Ao vermos uma imagem cometemos tável, diz Bergson. Um filme que mostra um
vários erros. O primeiro deles refere-se ao cavalo galopando, conduzido por um jóquei,
princípio da imanência, segundo o qual é, na verdade, uma sequência de cenas pa-
acreditamos que a imagem esteja dentro da radas. Ora, pergunta-se Bergson, por que
nossa cabeça. É tão impossível quanto achar razão, ao balançarmos um caleidoscópio,
que o objeto estaria dentro da imagem. O ficamos impressionados com a parada dos
motivo de tal equívoco é pensarmos sempre cristais e não com o movimento de nossa
em termos de espaço, ignorando que nossa mão? Afinal de contas, é isso que interessa.
mente realiza algo como uma “organização Há um outro aspecto da questão. Quan-
sintética” daquilo que nos chama a atenção. do olhamos um objeto, por exemplo, um
Henri Bergson diz que temos interna- dado de seis faces, só conseguimos ver três
mente algo como um “mecanismo cinema- delas. Mas vemos, de alguma maneira, as ou-
tográfico”. Vemos a película de um filme. tras três faces. Vemos tanto o visível quanto
Ela é composta de vários diagramas ou o invisível. É o que sugere o filósofo Maurice
fotogramas, que são as diversas fotografias Merleau-Ponty. Se, no caso anterior, víamos
que compõem um filme de cinema e que, paralisia onde havia movimento, aqui ve-
quando projetadas sequencialmente, atra- mos aspectos da coisa que não estão diante
vessadas por um raio luminoso que vem do de nós. Num, vemos menos, noutro, vemos
projetor, acreditamos que reconstituem um mais do que se apresenta o objeto.
movimento. Isto é uma ilusão, porque ne-
nhuma daquelas fotografias tem movimen-
to. São todas fixas, paradas, cristalizadas. 2.
Nossa mente sabe disso e acredita que o Imagens não são somente as paisagens,
mundo é como uma película, composto por as pessoas em estilo esportivo, as fotos de
cenas fixas, que sempre estiveram lá e jamais automóveis, de lances do futebol etc. Tam-
irão sair de lá. Para alguns, isso se chama bém um texto literário, um romance, um
herança platônica ou vício metafísico, visto livro de aventuras ou de guerra são com-
que procura eternizar as coisas ou remetê-las postos de imagens. Imagens mentais. Mas,
para um plano imutável e sempre lá, tal qual diferentemente do cinema, as imagens na
os dogmas da religião e os mistérios do mun- literatura necessitam dos silêncios, dos
do dos deuses e dos santos. brancos, dos vácuos que constituem seus
Essa concepção acompanha a própria intervalos.
história da humanidade. Prevaleceu, na Gaston Bachelard dizia que o princípio
Antiguidade, a concepção da imutabilidade do silêncio na poesia é um pensamento es-
das coisas – o ser é, o não ser não é – em de- condido, um pensamento secreto. A ausên-
trimento da “visão do fluxo”, ou do rio, em cia de imagens na literatura e na poesia su-
que, ao contrário, advogava que nada per- gere que o leitor deva dar um tempo, uma
manece, tudo se transforma, qualquer coisa pausa, um break em sua leitura para poder
sobre o planeta estará sempre em mudança. ver as imagens repercutirem. Necessitamos
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da parada. Ela é fundamental no processo nhecer seus pedaços. Não funciona assim.
da comunicação. Não há interpretação de imagens. Só há
Para ele, as mais belas imagens literárias sensações, percepções e afecções.
não são compreendidas de uma única vez, Uma foto não comporta uma leitura
mas se revelam pouco a pouco num verda- racional, ela me fere como um flecha e me
deiro “devir da imaginação”. transpassa, diz Barthes. Essa é, em verda-
Alguma coisa disso tem a ver com a fo- de, a força da fotografia. A capacidade de
tografia. Possivelmente, a foto tenha con- nos desequilibrar, de nos seduzir, de nos
dições mais densas de nos fazer sentir, de pôr em xeque.
nos emocionar, de nos tocar, que o cinema,
que, em sua origem, também é fotografia –
uma série de fotogramas projetados numa 3.
tela que dão a ilusão do movimento. Por- Alguns filmes nos mostram apenas cli-
que o cinema nos conduz, nos leva embora. chês. São construídos inteiramente à base
Sabemos que há um campo, onde se desen- do clichê. São as cenas cujo final já preve-
rolam as cenas, e um contracampo não visí- mos, que não têm novidade, não nos con-
vel, mas que sabemos existir. De qualquer tam uma história nova. Os grandes filmes
forma, o conjunto da cena nos é dado e não de sucesso, os filmes que desbancam as
podemos escapar dele. bilheterias, que têm investimentos astro-
Diferente é com a fotografia. Enquanto nômicos são, em geral, filmes redundantes.
o cinema é linear, sequência horizontal de Utilizam-se de esquemas e modelos que
acontecimentos cinemáticos, a fotografia é deram certo em outros filmes e os repetem
vertical, ela para na cena e exige de nós essa em novos formatos. Como colchas de reta-
“parada para pensar”. Temos aí, de volta, o lhos, apenas viciam o espectador nos mes-
vácuo, o vazio, aquele momento em que dei- mos modelos. 120 anos de cinema fizeram
xamos a cena nos falar e nos fazer senti-la. com que o espectador se cansasse. Percebe-
Roland Barthes nos sugere: erga a ca- mos cada vez menos e somente aquilo que
beça, feche os olhos, deixe o detalhe re- queremos perceber.
montar sozinho à consciência afetiva. Por isso, algumas filmagens investem
Quer dizer, faça com que a imagem, a na imagem pura, no som puro, na cena
cena, o conjunto visual atue por si mesmo, pura, em que o que se mostra é algo despido
opere em você o impacto. dos enxertos, das maquiagens, dos cosmé-
Uma foto não pode ser interpretada, ticos. Chama-se a isso imagem óptico-so-
lida, decifrada, explicada... Ela só pode ser nora pura. Imagem inteira e sem metáfora.
sentida. Por que sentimos algo especial, es- Imagem que leva à expressão extrema, ao
tranho com a foto? Por qual razão ela nos paroxismo, o excessivamente cruel, o ex-
choca, nos impacta, nos tira de nossa indi- cessivamente belo.
ferença? Não sabemos. Por isso se equivo- Quando a fotografia para o tempo sen-
cam todos aqueles que pretendem dissecar te-se o que significa um ato, uma obra, um
a imagem, separá-la em seus traços singu- objeto estético em sua violência mais pura.
lares, quebrá-la como uma peça para co- O passar do tempo nos tranquiliza mas sua
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detenção, sua paralisia, sua estagnação nos mos o envelhecimento, por isso nos foto-
choca sobremaneira. Não queremos a para- grafamos, para sempre observarmos como
da, queremos o fluxo, pois nele nos embala- éramos quando jovens, que já fomos jo-
mos. E, quando paramos, sentimos. vens, que não fomos velhos a vida inteira...
Mas não se trata de um parar como o O único é nosso estado atual. Este mo-
equívoco do movimento: ver paralisia em mento agora. Este estreito fio do tempo,
coisas que, de fato, estão se movendo, mas que será já outro daqui a alguns minutos.
de um parar do vácuo, do oco, do vazio. Um Não suportamos o único não porque ele
parar que nos tira da linha, da corrente, da vai passar mas porque não pode ser clona-
inércia polar – que nos faz nos movermos do sempre. Os homens pintam seus cabe-
sem sair do lugar, somente pela sensação de los grisalhos, as mulheres buscam plásti-
movimento. cas porque odeiam o único que já se foi,
tempos atrás, e se desesperam buscando
petrificá-lo.
4. Com os telefones celulares tiramos mais
Por que, afinal, fotografamos? Que mis- fotos. Fazemos selfies. Se estou num lugar
tério esconde-se por trás desse ato simples novo, se a comida do restaurante é excep-
do fixar o presente numa memória, num cional, se a cena é singular, fazemos uma
papel, num diapositivo? Günther Anders self com delas. Para provar que estávamos
achava que fotografávamos porque não su- lá, que comemos aquilo, que vivenciamos
portávamos a unicidade das coisas, o fato esse real. Porque ele passa e em poucos ins-
de as coisas acontecerem uma única vez, de tantes desaparecerá. Como nossa vida.
não se repetirem. Que odiávamos a expe- A nossa mais flagrante prova de existên-
riência única e por isso a duplicávamos. cia hoje é o self. Não basta eu estar respiran-
De fato, fotografar é duplicar o real. Ou do, meu coração batendo, estar em estado
congelá-lo. Isso vale bastante para a foto- de consciência. Tudo isso não prova nada, a
grafia analógica. Fixamos a cena num pa- não ser ao meu aparelho biológico interno.
pel. A penduramos na parede. A coisa pe- Para os outros, minha prova de existência
trifica-se. Realizamos nosso grande sonho. está na parada do movimento, na minha
É nosso vício antigo, de que falávamos no transformação em imagem, na estatualiza-
início. Queremos que o mundo fique pa- ção de minha existência.
rado. Porque achamos que as coisas – pré-
dios, objetos, veículos, rios, montanhas,
rochas – estão em estado de imutabilidade. 5.
O parado nos tranquiliza. Podemos A cultura de massas vive de imagens,
dormir à vontade. O que nos incomoda é o se bem que as imagens sempre existiram.
que se move. O que sai do lugar. O que se O homem pré-histórico desenhava nas ca-
mexe o tempo todo. Por isso fotografamos, vernas e a própria escrita surgiu das ima-
porque detemos seu movimento. O rosto gens. Imagens que buscavam mostrar ani-
da mulher amada fica ali, eterno, durante mais, objetos, construções, a natureza. Por
décadas como se fosse atual. Não suporta- seu turno, também as estátuas funcionam
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como as fotografias hoje: elas perenizavam que massacravam as pequenas verdades


homens, monumentos, objetos. individuais e se impunham como a única
Mas as religiões sempre apostaram an- verdade. A pintura perdeu esse privilégio
tes na negação da imagem. A iconoclastia mas a imprensa não.
do século VIII recusava-se a aceitar a ma- Ao contrário, a imprensa alia-se às in-
terialização do espírito, a dotação de for- venções técnicas da fotografia, da máquina
mas e feições, preferindo, como em qua- de escrever, da rotativa, para instalar-se
se todas as religiões, a ideia da divindade como o novo poder do século XX, um po-
como algo sem rosto e sem corpo, energia der acima dos Estados nacionais, pois du-
pura, virtualidade. radouro e não dependente de eleições ou de
As imagens retornam com o declínio de acordos partidários.
poder e de importância da Igreja. A pintura As revistas ilustradas do início do sé-
ganha o perspectivismo, as gráficas impri- culo XX vão funcionar em paralelo com a
mem e multiplicam os desenhos, as carica- literatura de massa expandida com a re-
turas, as cenas urbanas. As imagens sobre volução tecnológica da rotativa, no século
tela ou nos afrescos vão se tornando cada XIX. Esta última foi responsável, junto
vez mais críveis, acha-se que são tão fiéis com a máquina descrever, pela inserção das
como a realidade. mulheres na vida profissional, afastando-as
O ápice desse movimento vem com a do mundo fechado do lar, pela expansão da
destituição do homem como agente pro- fantasia feminina, até então enclausurada
dutor dessas imagens quase reais, a saber, nas ideologias de mãe, esposa e chefe do lar.
com a invenção da câmera fotográfica nos A literatura cria imagens, foi dito aci-
anos 1820. É a primeira vez que o univer- ma. O “devir da imaginação” vindo com as
so antropocêntrico, que havia destronado imagens literárias, de que falava Bachelard,
o mundo teocêntrico de 1.500 anos de do- o silêncio e o vácuo produzido pelo ato de
mínio religioso, começa a ruir. Os ideais do ler, todos foram responsáveis pelo apareci-
iluminismo, centrados no homem, na his- mento do personagem feminino não apenas
tória, na ideia de essência, no progresso, na nos livros de literatura mas igualmente na
evolução, assistem a seu desabamento com vida política, cultural e literária da passa-
a invenção dos aparelhos de captura, regis- gem para o século XX.
tro e reprodução, como a máquina fotográ- A imagem, portanto, tem um compo-
fica, a máquina de escrever, o fonógrafo e o nente de subversão, se entendida como
cinematógrafo. recusa ao clichê, como apresentação pura
A imagem agora não é a do pintor que e dura, radical e sem rodeios, tão brutal
retraduzia o mundo segundo sua visão par- ou tão bela como a própria vida. Por isso,
ticular e o apresentava como se fosse “a” também, a perseguição das religiões, que
verdade. A ideologia da reprodução pic- preferiam manter a divindade num campo
tórica é a mesma da imprensa, em que um desiconizado, num cenário de pura energia,
homem, ou uma família, ou uma sociedade mero campo do sublime.
anônima, usavam uma máquina de divul- Os últimos cem anos foram anos do
gar ideias, visões de mundo, “verdades”, esplendor da imagem, a imagem veicula-
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da pela cultura de massa, apontada inicial O que faz a cultura de massas é equiva-
e criticamente por Siegfried Kracauer, em lente ao que faz o cinema, de forma particu-
O ornamento da massa. A imprensa ilustra- lar e especialmente com os filmes construí-
da, o cinema, a literatura competiam com dos à base do clichê: ordenar, como em O
meios não imagéticos, mais ou menos pre- gabinete do Dr. Caligari, do expressionismo
senciais, como o rádio, o teatro, o circo. A alemão, que ordenava ao espectador “tor-
mediação competindo com a imediação, nar-se um Caligari”.
sem se poder dizer da vitória de uma sobre A cultura de massas surge como um
outra. mundo paralelo. Trata-se da nova realidade
Há uma diferença entre o ver e o ouvir. medial, descrita por Frank Hartmann, e que
As religiões sempre apostaram na oralida- se coloca ao lado, de forma mais glamorosa,
de: a voz do padre, do pastor; o sermão, a apaixonante e emocionante, que o cotidia-
sombra do pai, daquele que nos trouxe ao no sem graça das pessoas. Em realidade, ela
mundo mas que também nos pune, nos funciona como um mundo melhor do que
controla, nos vigia. A polícia, o Estado, to- o atual, materializa a fantasia de uma Uto-
das as formas de vigilância. A submissão, a pia ou de um paraíso terrestre, destituindo
criação dos homens niilistas, dos fracos, se a ambos em sua aspiração de serem desejos
faz pela voz, pela ameaça, pela criação do humanos a serem alcançados.
medo. A oralidade é o instrumento da do- Ao contrário, a imagem na cultura de
minação, mas, ao mesmo tempo, da liberta- massas se propõe a realizar esses desejos,
ção, visto que é também pela fala, pela con- sendo mais verdadeira que o real poderia
versa, pela conversão, pelo convencimento ser. A cultura da substituição encontra aqui
que o outro se transforma. seu melhor território. Ele está na constru-
Ver é diferente. Ver significa tomar ciên- ção de mundos paralelos assépticos, livres
cia do mundo ao redor. Sair de mim mesmo da sujeira humana, em que desaparecem
e visitar a cena urbana, o movimento de do campo de visão o pedinte, a favela, o as-
pessoas e máquinas, os estados da nature- saltante, e que passam a se instalar como o
za, minha própria rota, meu caminho, meu próprio mundo.
percurso. Eu dirijo.
Mas o cinema quebra isso, ele nos diri-
ge. Mimetiza um movimento que supos- 6.
tamente seria nosso, em que seguiríamos Edulcoramos o mundo porque ver o real
o decorrer da trama para saber em que vai de frente nos é insuportável. Não queremos
dar. Não, como no sonho, nós não somos os isso. Mas, vez por outra, somos atravessados
donos de nosso destino; somos conduzidos. pela flecha de uma fotografia. Somos comu-
Nesse sentido, o cinema é voz, é fala, é ora- nicados. Somos feridos pelo choque do real,
lidade. Apesar das imagens. das constatações, das revelações, das trans-
Daí a diferença com a fotografia, em formações. Pela consciência, que se dá con-
que meu ato de ver ainda preserva minha ta que mudamos, envelhecemos, decaímos,
liberdade de ficar ou não ali, levantar os por essa nossa unicidade, que vem à superfí-
olhos e sentir. cie mostrar-se drasticamente para nós.
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Referências bibliográficas
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