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Radionovelas
Um dos cantores que ficou marcado como símbolo dessa era foi Cauby Peixoto, que
enchia o auditória da Rádio em suas apresentações. Em 1936, Linda Batista foi
eleita a primeira "Rainha do Rádio", permanecendo no posto por doze anos. Em
1938, Almirante estreou o primeiro programa de montagem, ou montado, que foi
"Curiosidades musicais", sob o patrocínio dos produtos Eucalol. O mesmo artista
lançou no mesmo ano o primeiro programa de brincadeiras de auditório, o "Caixa de
perguntas". Outro programa de destaque na emissora surgido no mesmo período foi
"Instantâneos sonoros brasileiros", produzido por José Mauro com direção musical
de Radamés Gnattali, regente da orquestra.
Incorporação
imagem
A Rádio Nacional foi a primeira emissora do Brasil a organizar uma redação própria
para noticiários, com a rotina de um grande jornal diário impresso. A emissora da
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Praça Mauá possuía construiu uma divisão de rádio-jornalismo com mais de uma
dezena de redatores, secretários de redação, rádio- repórteres, informantes e outros
auxiliares, além de uma sessão de divulgação e uma sessão de esportes completa,
e um boletim de notícias em idioma estrangeiro, que cobria todo o continente. Em 18
de abril de 1942, foram inaugurados os novos estúdios da Rádio Nacional, no
vigésimo primeiro andar do edifício "A Noite". Com 486 lugares, as novas instalações
traziam inovações como o piso flutuante sobre molas especiais do palco sinfônico.
Ainda em 1942, Almirante estreou o programa "A história do Rio pela música".
Nesse ano iniciou-se uma publicação semanal com a programação da emissora e
cuja capa na maioria das vezes estampava a foto de cantores ou cantoras ligados à
emissora. Também nesse ano, as ondas curtas da PRE-8 passaram a ser ouvidas
em vários países.
Luiz Gonzaga
Foi Luciano Perrone quem sugeriu a Radamés Gnatalli a utilização dos metais, até
então com funções exclusivamente melódicas, como mais um elemento de função
rítmica na interpretação dos sambas gravados.
Na década de 1940, pelo menos três dos maiores cantores brasileiros eram
contratados da Rádio Nacional: Francisco Alves, Sílvio Caldas e Orlando Silva.
Ainda em 1943, estreou na Rádio Nacional o sanfoneiro Luiz Gonzaga que inspirado
no sanfoneiro Pedro Raimundo que se vestia com trajes típicos do sul, resolveu
vestir-se com trajes típicos do nordeste e dessa forma passou a divulgar a música e
a cultura nordestinas.
A década de 1950 ficou marcada pela acirrada competição pelo título de "Rainha do
Rádio" que envolveu em disputas memoráveis cantoras como Emilinha Borba,
Marlene e Ângela Maria.
Nessa década, os
programas de auditório da
emissora tornaram-se tão
concorridos que era
cobrado ingresso até para
assistir os programas em
pé.
Rainhas do Radio
Nesse período fizeram parte o "cast" da emissora artistas que marcaram a música
popular brasileira como: Orlando Silva, Ataulfo Alves, Carlos Galhardo, Linda
Batista, Luiz Gonzaga, Carmen Costa, Nelson Gonçalves, Nuno Roland, Paulo
Tapajós, Albertinho Fortuna, Carmélia Alves, Luiz Vieira, Zezé Gonzaga, Gilberto
Milfont, Heleninha Costa, Ademilde Fonseca, Bidu Reis, Nora Ney, Jorge Goulart,
Neuza Maria, Adelaide Chiozzo, Jorge Fernandes, Dolores Duran, Lenita Bruno,
Carminha Mascarenhas, Violeta Cavalcânti, Vera Lúcia, etc.
Em 1948, Dircinha Batista foi eleita "Rainha do Rádio" substituindo a irmã Linda
Batista. No ano seguinte, teve início a eletrizante disputa pelo título de "Rainha o
Rádio" entre as cantoras Emilinha Borba e Marlene. Esta última, foi eleita no ano
seguinte com o apoio da Companhia Antártica Paulista, que lançava o Guaraná
Caçula e fez dela sua garota propaganda, tendo o total de 529.982 votos. Marlene
repetiu o feito no ano seguinte. Em 1952 e 1953, a Rainha foi Mary Gonçalves. Por
volta de 1950 foi criado na emissora o Departamento de Música Brasileira, que
obteve um de seus maiores êxitos no ano seguinte no programa "Cancioneiro Rayol"
com a série "No mundo do baião", apresentada pelo radialista Paulo Roberto.
O violinista Garoto por sinal, foi um dos artistas que se destacou na Rádio Nacional
nos anos 1950, quando passou por diferentes grupos nos seus dez anos de
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Rádio-Teatro
Entre os programas de Rádio-teatro merecem citação, "A vida que a gente leva" e
"Boa tarde, madame", com Lucia Helena; "Consultório sentimental", com Helena
Sangirardi; "Divertimentos Brankiol", com Ary Picaluga; "Edifício Balança mas não
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cai", com Paulo Gracindo; "Grande Teatro De Milus", com Dias Gomes; "Jararaca e
Ratinho", com Joe Lester; "Marlene meu bem", com Mário Lago; "Os grandes
amores da História", com Saint Clair Lopes; "Sabe da última?", com Rui Amaral e
"Tancredo e Trancado", com Ghiaroni.
Em 1951, Paulo Tapajós criou o programa "A turma do sereno", de grande sucesso
e no qual um repertório de serestas era apresentado por Abel Ferreira no clarinete,
Irany Pinto no violino, João de Deus na flauta, Sandoval Dias no clarone, Waldemar
de Melo no cavaquinho e Carlos Lentini e Rubem Bergman nos violões.
Segundo as palavras de Paulo Tapajós, o programa "Turma do sereno ocupava
apenas um cavaquinho, uma flauta, um clarinete, um clarone e um violino, além dos
cantores e outros solistas convidados. A "Turma do sereno" era o reencontro da
música com a rua mal iluminada pelo lampião a gás, era o momento em que a gente
imaginava que numa esquina de rua encontravam-se os velhos amigos para fazer
choro, para cantar valsas e modinhas; era a oportunidade da gente tirar dos velhos
baús alguns xotes, maxixes, polcas, já um tanto amarelados".
Animadores
Nos anos de 1953 e 1954, a cantora Emilinha Borba foi eleita "Rainha do Rádio".
Nos dois anos seguinte, a consagrada foi Ângela Maria que chegou a obter o total
de 1.464.996 votos. Em 1955, o radialista Almirante retornou à Rádio Nacional e
criou os programas "A nova história do Rio pela música" e "Recolhendo o folclore".
Por essa época, Renato Murce apresentou o programa "Alma do sertão", um dos
maiores sucessos entre os programas sertanejos.
César Ladeira
Dentre seus muitos locutores famosos está César Ladeira, uma das vozes de
excelência de toda a história do Rádio no Brasil, especialmente lembrado com o
programa "A crônica da cidade". O declínio da Rádio, que se iniciara com a
inauguração da televisão acentuou-se de forma definitiva com o Golpe militar de
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1964 que afastou 67 profissionais e colocou sob investigação mais 81. Em 1972, os
arquivos sonoros e partituras utilizadas em programas da Rádio foram doados ao
Museu da Imagem e do Som, MIS. Durante as décadas de 1980 e 1990 o declínio
da Rádio se acentuou devido à falta de investimentos e à concorrência cada vez
maior da televisão e também das Rádios FM.
Perda de audiência
Nesse ano, a Rádio saiu do ar por 15 dias para passar por reformas que incluem a
troca de transmissores e instalação de novos estúdios no antigo prédio da Praça
Mauá, no Rio de Janeiro. Além disso, a Rádio Nacional passará a ser a primeira
Rádio Digital AM. Tudo dentro de um plano de revitalização da Rádio. O famoso
auditório da Rádio será reformado e terá sua capacidade reduzida de 500 para 150
lugares e voltará a abrigar shows.
Quando a Rádio Nacional foi fundada, no ano de 1936, o mundo inteiro ainda mal
refeito da primeira Grande Guerra esperava pela eclosão de um novo conflito.
Mas não tínhamos, exatamente, um céu de brigadeiro. O ar era pesado, por todo
lado. Pouca sorte teria a Constituição de 34, amena e democrática.
Em seu lugar, viria a "polaca"....A Carta Magna que implantaria ditadura, debaixo da
qual o Brasil viveu até 1945.
Foi neste cenário, mais ou menos assombrado, que a Rádio Nacional foi concebida.
As peças do jogo do poder moviam-se rapidamente, aqui e lá no primeiro mundo. O
nosso país, o quinto maior em extensão territorial do planeta, era uma presa fácil.
Vulnerável, desprotegido, precisava de uma voz que o unisse.
Aconteceu assim, desde o primeiro dia em que foi ao ar: 12 de setembro de 1936,
sábado. Do signo de Virgem e, por isso mesmo, simpática, leal e destinada a fazer
amigos, a emissora cumprimentou o Brasil, às 21 horas, com a voz doce e
melodiosa de Celso Guimarães... "Alô, alô Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio
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como: "Quem nasceu pra lagartixa, nunca chega a jacaré"; "Não é por me gabar
não, mas a senhora é muito boooa.."; "Ele não toca pandeiro, que fará bongô...".
CURIOSIDADES
pouco de refúgio, pois ali desembocavam todas as fofocas e sempre surgia uma
irreverência, piada que em fração de segundos, chegava ao terraço do 22º andar.
Como aquela do Paulo Gracindo durante a temporada que a Edith Piaf fez na Rádio.
Estávamos lanchando quando apareceu uma velhinha na porta do bar. Rosto-
pelanca, tornozelo-artrite, e o Paulo não perdeu a oportunidade: - A Garota
Propaganda da Piaf. (Mário Lago)
Noel Rosa foi contra-regra do Programa Case, dirigido e apresentado por Ademar
Case e que estreou em fevereiro de 1932, na Rádio Philips do Brasil. O contra-regra,
em um programa de variedades era peça fundamental. Tinha a função de dosar os
números musicais, evitando repetições do mesmo gênero, cuidando de entremear
vozes masculinas com femininas, peças de orquestras, cenas humorísticas e solos.
Nisso, Noel era ótimo. Sua grande dificuldade era chegar na hora, ou seja, quinze
minutos antes do programa começar. Suas desculpas para o chefe Casé, ficaram na
história do rádio:
O compositor Antonio Maria foi durante muito tempo produtor, redator e locutor da
Rádio Tupi e da Rádio Mayrink Veiga. Além disso, compunha os jingles dos
anunciantes. São de sua autoria dois especialmente marcantes, na Era do Rádio:
Se a criança acordou
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Mamãe tem
Aurisedina
A versão brasileira de Happy Birthday to you foi escrita por Lea Magalhães,
vencedora de um concurso organizado na Rádio Nacional, em 1941.
Cauby Peixoto foi o titular, durante muitos anos, de um musical na Rádio Nacional,
escrito por Ghiaroni e patrocinado pelas Casas Garçon. O sucesso do cantor era tão
grande, mobilizando um número assombroso de fãs delirantes, que passou a ser
chamado de o "Cantor das Multidões". Quando de suas entradas e saídas da Rádio
Nacional, em plena Praça Mauá, o público acabava rasgando suas roupas. A tarefa
das fãs, entretanto, era facilitada pela estratégia do empresário Di Veras que
providenciava, para o ídolo, ternos capazes de se desfazem em minutos ao simples
puxão de mocinhas com baixo preparo físico. Resultado: muitas vezes Cauby
precisou correr apenas de cueca e gravata pela Av.Rio Branco....
Entre o final dos anos 30 e a primeira metade dos anos 50 a Nacional seria uma das
líderes de audiência do rádio brasileiro, em todo o país, sendo um desempenho até
hoje insuperado por qualquer emissora de rádio, mesmo operando em rede. A Rádio
Nacional exportava sua programação do então Distrito Federal (Rio de Janeiro), que
era gravada e dias depois transmitida, em outras cidades brasileiras. Havia também
programas regionais nas emissoras que recebiam programas da Nacional, e a
emissora carioca acabava se tornando escola para muitas rádios brasileiras.
A emissora também foi a pioneira das rádionovelas, tendo iniciado o estilo com a
novela "Em busca da felicidade", em 12 de julho de 1941.
A novela durou três anos e foi sucedida pela célebre "O direito de nascer", que mais
tarde seria levada para a televisão. As rádionovelas lançaram mão de um tipo de
profissional interessante, o sonoplasta. Este profissional, que hoje é também
registrado pela lei como radialista, é o que faz todos os efeitos sonoros que ajudam
na dramatização das histórias, simulando desde sons de sapatos de quem sobe
uma escada até mesmo trovoadas, vendaval e chuvas, passando por passos de
cavalos, etc.. Veja aqui o texto do jornalista Sérgio Cabral sobre a Rádio Nacional,
publicada na revista Realidade de junho de 1972. Ele destaca o auge da emissora, a
partir do sucesso do Programa César de Alencar, um dos que tiveram maior
audiência nos anos 40 e 50. Uma observação: o texto aparece como foi publicado
na revista, daí que Cauby aparece como Cauby, respeitando a grafia utilizada pelo
autor.
Sérgio Cabral
Extraído da revista Realidade, n. 75
São Paulo, Abril, junho de 1972
Praça Mauá, nº 7, Rio de Janeiro. Sábado, 14h 58. Dentro de dois minutos estará no
ar o maior programa de todos os tempos do rádio brasileiro.
Hoje também é dia do jogo Vasco e Flamengo, o clássico dos milhões, reunindo as
duas maiores torcidas cariocas no estádio do Maracanã. Todas as estações de rádio
do Rio de Janeiro, até algumas de outros Estados, estão no Maracanã, para
transmitir a partida. Menos a Rádio Nacional, líder também de audiência na
transmissão esportiva: sábado à tarde, pode haver jogo da Seleção Brasileira, que a
Nacional não deixa de transmitir o Programa César de Alencar.
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ESTA CANÇÃO
ATÉ CANSAR
É SÓ BATER
E DECORAR
PARA RECORDAR
PREPARE A MÃO
"Alô, alô, alô. Boa tarde, ouvintes; boa tarde, auditório. Agradeço a sua presença no
auditório, sem a qual não faria nem a metade de nosso programa. A primeira parte
do Programa César de Alencar é aquela que leva a chancela das meias Dixon -
conforto e durabilidade. Fabricada em Juiz de Fora, porem à venda em todo o Brasil.
Para abrir a parte musical, aí veio a mais recente contratação da Rádio Nacional:
Jorge Veiga!"
O sambista surge com seu terno branco de linho S-120, sapatos de verniz, em meio
a uma impressionante gritaria do auditório. E, como de hábito, antes de cantar a sua
música, dirige-se aos aviadores: - Alô, alô, aviadores do Brasil. Aqui fala Jorge
Veiga, da Rádio Nacional. Queiram dar os seus prefixos para guia das nossas
aeronaves.
Uma fortaleza voadora da Força Aérea Brasileira, com catorze pessoas a bordo,
depois de atravessar a selva amazônica, tentava pousar no aeroporto de Campo
Grande (Mato Grosso*), que estava inteiramente às escuras. Eram 11h15 da noite,
quando seu comandante conseguiu comunicar-se com a Base Aérea de Santa Cruz,
no Rio de Janeiro, à qual transmitiu o drama que estava vivendo. Um dos oficiais da
Base, que recebeu a comunicação, telefonou imediatamente para a Rádio Nacional
e, minutos depois, um locutor transmitia uma mensagem para Campo Grande, uma
cidade distante 2000 quilômetros do Rio de Janeiro: "Atenção, Campo Grande;
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atenção, Campo Grande, em Mato Grosso. Uma fortaleza voadora da FAB precisa
aterrar. O campo de pouso está às escuras. Atenção, Campo Grande, Mato Grosso".
O auditório entra em delírio. Os ouvintes quase não percebem que Caubi está
cantando uma versão de Blue Gardenia porque o barulho da platéia é maior do que
o da sua voz. Ele agradece jogando beijos, enquanto algumas fãs sobem ao palco e
lhe colocam faixas.
Programa César de Alencar foram suficientes para que se transformasse num dos
maiores ídolos populares. Os cronistas de rádio o escolheram como a Revelação de
1954 e neste ano já era uma das atrações mais caras do rádio brasileiro: CR$
50.000,00 por apresentação. As cartas confirmam a sua popularidade. Em junho de
1954, recebera 2245 correspondências, perdendo apenas para Emilinha Borba
(2995), mas vencendo Marlene (2223). Em agosto, porém, alcançou o primeiro lugar
com 3052 cartas, contra 2544 para Emilinha Borba e 2325 para Marlene.
Não precisava fotografar, bastava espoucar o flash. Ficou tão animado com a
experiência, que decidiu repeti-la no próprio país onde aprendera o método, os
Estados Unidos. E para lá foi com Caubi. De lá enviava fotografias do cantor ao lado
de artistas famosos de cinema e a primeira página de jornais com o nome de Caubi
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na manchete. aliás, já não era mais Caubi e sim Ron Cobby, pois Peixoto era difícil
para os americanos pronunciarem. Só que os jornais não eram os verdadeiros, mas
aqueles destinados principalmente a turistas que pagam uma pequena importância e
lhes dão a primeira página de um jornal com seus nomes na manchete. Além disso,
a Revista do Rádio e Radiolândia eram informadas de que Caubi fazia grande
sucesso nos Estados Unidos, onde contratos milionários lhe eram oferecidos.
A CRIANÇA CHOROU
A Rainha do Rádio seguinte foi Dalva de Oliveira. Até 1950, era uma cantora
razoavelmente conhecida, sem muita penetração popular. Mas o espetacular
rompimento com seu marido, Herivelto Martins, fez com que ela não cantasse mais
no Trio de Ouro, do qual Herivelto era o líder, mas sozinha. E mais: as suas
músicas, com letras alusivas à separação, comovem os fãs e suas apresentações
no Programa César de Alencar passam a ser tão barulhentas quanto as de Emilinha
e Marlene. Enquanto Herivelto Martins é vaiado no Teatro João Caetano, as músicas
de Dalva de Oliveira estouram nas paradas de sucesso, num recorde dificilmente
igualado na história de nossa música popular:
Todas as três gravadas por Dalva de Oliveira, que acabou sendo eleita Rainha do
Rádio com 311107 votos. Em 1951 não houve Rainha, mas em 1952 venceu Mary
Gonçalves, uma cantora paulista contratada pela Nacional e que aparecia muito nos
filmes da Atlântida; em 1953 com mais de 1 milhão de votos, a Rainha foi Emilinha
Borba (o resultado financeiro do concurso era aplicado na construção do Hospital
dos Radialistas, sob a responsabilidade da Associação Brasileira de Rádio). 1954 foi
o ano de Ângela Maria: Rainha do Rádio, foi eleita a melhor cantora do ano pela
crítica e ganhou o título de Rainha dos Músicos do Brasil; em 1955, a Rainha foi
Vera Lúcia e, em 1956, Dóris Monteiro.
Ester está com muito prestígio. O prefeito da cidade do Rio de Janeiro, general
Dulcídio do Espírito Santo Cardoso, apaixonou-se por ela e ficaram noivos. O
pessoal todo da Nacional compareceu à festa do noivado com muitos presentes. O
produtor Paulo Roberto (programas:
Gente que Brilha, Lira de Xopotó, Honra ao Mérito, Obrigado, Doutor, Nada Além de
Dois Minutos) fez um discurso em nome dos colegas da emissora. O noivado durou
dois anos, depois dos quais o general casou com outra.
Rodolfo era importante, mas como poderia sentir a sua saída uma emissora que tem
sob contrato radiatores como Álvaro Aguiar, Celso Guimarães, Domício Costa,
Domingos Martins, Floriano Faissal, Hemilson Fróes, Mário Lago, Paulo Gracindo e
Roberto Faissal? Aliás, apesar dos grandes programas musicais e de auditório, é
nas novelas que a audiência alcança índices impressionantes, como a das 8 horas
da noite, que já deu 92 pontos no Ibope.
- Homens de rádio da Europa e dos Estados Unidos que nos visitam saem daqui
dizendo que aprenderam conosco. (Floriano Faissal)
- A cena era perigosíssima. Ísis teria que exagerar, mas não tanto que caísse no
ridículo. E ela foi na medida certa. (Floriano Faissal)
O radioteatro começou na Rádio Nacional três meses após a sua inauguração, com
a transmissão de diálogos humorísticos ou não, intercalando números musicais. Isso
foi em dezembro de 1936. Mas só a agosto de 1937 é que estreou o Teatro em
Casa, com a irradiação de peças completas.
ELA É LINDA
AAAAH
MAS É NOIVA
OOOOH
USA PONDS
AAAAN
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César de Alencar está feliz. O maestro Radamés Gnatalli fez especialmente para o
seu programa um arranjo sobre músicas de Ari Barroso.
O próprio Radamés assume a orquestra como regente e, pela primeira vez, a platéia
faz silêncio.
Paulo Tapajós, diretor musical da Rádio, dispõe de todos esses recursos para os
grandes programas musicais, como Um Milhão de Melodias, Festivais GE,
Cancioneiro Royal, além dos especiais com os cantores da casa, como Orlando
Silva, Ivon Curi, Caubi Peixoto, Silvio Caldas e outros.
A Rádio Nacional vive seus grandes dias. César de Alencar sonha em dirigi-la para
ter o prestígio de um Gilberto Andrade ou Vítor Costa. O primeiro, seu diretor-geral
de 1940-1946, além de ter dinamizado a programação, aumentou a potência do
transmissor de ondas médias, criou as ondas curtas, instalou novos estúdios e
contratou alguns dos principais astros da emissora. O nome de Vítor Costa é mais
ligado à parte comercial.
A prova do êxito do seu trabalho é a fortuna que fez com as comissões das contas
de publicidade que levou para a Nacional. Deixou-a em 1954 e comprou a Rádio
Mundial do Rio de Janeiro, a Nacional de São Paulo e outras do interior do Brasil,
fundando a Organização Vítor Costa. Deu o seu Cadillac "rabo de peixe" e mais CR$
900.000,00 em troca de um Rolls-Royce que pertenceu a Getúlio Vargas, cujo preço
é calculado em CR$ 2.000.000,00.
vezes, tem que recorrer a funcionários de outros setores, como ocorreu quando o
programa No Mundo da Bola instituiu um concurso para que o ouvinte dissesse qual
o jogador de futebol de sua preferência, enviando o nome do craque num envelope
de Melhoral. O vencedor foi Ademir, do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira,
com 5.304.935 votos. O total de envelopes de Melhoral chegados à Nacional foi de
19.105.856. Em matéria de eleição no Brasil, o jogador Ademir só perdeu, em
quantidade de votos, para o sr. Jânio Quadros.
Talvez o Instituto tenha razão. Afinal, vários cantores e radiatores têm sido
denunciados na imprensa como pais de filhos de fãs e alguns chegam até a ser
agredidos, como Ivon Curi, que teve o seu carro quebrado por uma admiradora em
apaixonada fúria.
Mais de 200.000 cartas por ano com perguntas sobre os assuntos para serem
respondidas às segundas, quartas e sextas à tarde, logo depois do Repórter Esso,
da Crônica da Cidade e da novela. Não pode ser esquecido também o papel da
Rádio Nacional durante a guerra, quando havia um programa especialmente dirigido
aos nossos soldados que lutavam na Itália. Seus familiares enviavam as mensagens
que desejassem, sem qualquer problema. Ou melhor: havia um, a choradeira de
todo mundo, inclusive dos produtores, locutores e técnicos, como no dia em que
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uma menina disse ao pai pelo microfone que fazia quinze anos naquele dia e que
gostaria muito que ele estivesse presente à festinha.
Uma emissora com nove diretores, 240 funcionários administrativos, dez maestros,
33 locutores, 124 músicos, 55 radiatores, 39 radiatrizes, 52 cantores, 44 cantoras,
dezoito produtores, um fotógrafo, treze informantes, cinco repórteres, 24 redatores e
quatro secretários de redação não poderia ser apontada como causadora de
doenças sociais. Além disso, quando há programas de baixo nível, eles são
imediatamente retirados do ar. O Acredite Se Quiser (escrito pelo futuro membro da
Academia Brasileira de Letras, Raimundo Magalhães Júnior), cuja idéia era copiada
do Incrível, Fantástico, Extraordinário, de Almirante (++), contava casos de aparição
de fantasmas, o que, para a direção da rádio, era "prejudicial aos ouvintes menos
esclarecidos ou de mais acentuada instabilidade psíquica, tornando-se, portanto,
desaconselhável do ponto de vista da higiene mental".
PASTINHAS VALDA,
PASTINHAS VALDA,
EMILINHA É A MAIOR
PASTINHAS VALDA,
PASTINHAS VALDA,
EMILINHA É A MAIOR
César de Alencar - Está no ar o big show Parada dos Maiorais. Veremos quais as
músicas e os intérpretes que estão galgando os degraus da fama. O programa está
chegando ao fim, César vai apresentando as músicas colocadas na parada de
sucesso e se prepara para anunciar Emilinha Borba, com a qual encerrará o
programa de quatro horas.
Num outro estúdio da Rádio, Jorge Curi e Antônio Cordeiro já sentados à frente do
microfone, prontos parai iniciarem mais um No Mundo da Bola, através do qual os
ouvintes saberão o resultado do jogo entre Vasco da Gama e Flamengo. No
auditório, César, Emilinha e o público encerram a festa num barulho só.
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Maio de 1964. Não existe mais o programa César de Alencar. O seu apresentador
fez tudo para ser diretor da Rádio Nacional e não conseguiu.
Gravou até os jingles de Miguel Gustavo para a campanha do Sr. João Goulart para
vice-presidência da República ("Na hora de votar / Dona de casa vai jangar / É
Jango, é Jango / É João Goulart"), compareceu aos seus comícios, mas, ao assumir
a presidência (+++), seu candidato não lhe reconheceu os esforços. Veio a
Revolução de 1964 e César (junto com os locutores Hamilton Frazão e Celso
Teixeira) denunciou vários colegas como inimigos do novo regime e 36 foram
demitidos. Mas não foi nomeado diretor e perdeu o programa.
Abril de 1972. Paulo Tapajós, ainda diretor musical da Nacional, entra no banheiro
da emissora e vê centenas de embrulhos amontoados uns sobre os outros. Naquele
dia, consultara o Boletim do Ibope e verificara que está difícil para a Rádio subir do
quarto lugar em que está colocada há muitos anos: longe, muito longe da Globo,
primeira colocada, e não faz qualquer ameaça à Tupi, segundo lugar, ou à Mundial,
terceiro. Fala-se até em fechamento da Nacional, enquanto os funcionários mais
antigos tratam da aposentadoria.
Tapajós, há mais de trinta anos trabalhando na mesma emissora, mete o dedo num
dos embrulhos e rasga o papel. Olha e vê que dentro deles há discos de acetato.
Sendo diretor musical da Rádio, quer saber que discos são aqueles. E viu:
gravações dos programas Gente Que Brilha, Tancredo e Trancado, A Hora do Pato,
Festivais GE, Programa César de Alencar e outros, jogados num canto do banheiro,
respingados de urina.
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(* ) Desde 1978, portanto seis anos após a publicação deste texto, o estado
correspondente é Mato Grosso do Sul, divisão do antigo Estado do Mato Grosso.
(**) Não confundir com o famoso travesti que atua na TV, cinema e teatro até hoje.
(***) Atual AMBEV.
(****) Não confundir com outra atriz, de uma geração mais recente e que vem a ser a
irmã da modelo Luma de Oliveira.
(++) Compositor e radialista, Almirante integrou, no final dos anos 20, o Bando dos
Tangarás, no qual integravam também Noel Rosa e João de Barro (o "Braguinha").
Fonte: http://www.locutor.info/index_fotos_radio_nacional.html