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Introdução
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Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(PPGHIS/UFRJ), bolsista CAPES.
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de ação política que tinha como finalidade desempenhar uma forte intervenção no Estado para
obter o poder e consolidar uma nova ordem capitalista.
O Estado pré-1964 tornou-se um campo de disputa em cujo interior os detentores do
capital lutaram pelo seu poder e sua reprodução. Foi o momento em que as ideologias geradas
por frações da classe empresarial se fizeram prevalecer, se impuseram e se irradiaram por toda
a sociedade. Após 1964 ipesianos ocuparam a administração e as empresas estatais, e as
reformaram em direção ao fortalecimento do capitalismo e à consolidação de sua classe. O
Estado assumiu a tarefa de atuar para atender às necessidades do capital multinacional e
associado através de políticas fiscais e creditícias e garantir a subordinação da classe
trabalhadora por meio da repressão política, econômica e social.
Neste sentido, a teoria de Antonio Gramsci sobre o Estado atende ao escopo da
pesquisa:
O termo tecnoempresário foi cunhado por Dreifuss (2006) para designar o conjunto de
escritórios especializados em serviços técnicos de engenharia, consultoria tecnojurídica e
técnico-administrativa, constituindo-se como agências privadas de consultoria
tecnoempresarial prestadora de serviços tanto para empresas particulares quanto para órgãos
estatais.
O IPES se declarou uma “entidade apolítica”2 e se auto definiu como “Estado-
Maior”3. No seu Estatuto4, o Instituto se apresenta como uma “sociedade civil sem fins
lucrativos, de caráter filantrópico e com intuitos educacionais, sociológicos e cívicos”.
Pretendia o “fortalecimento do regime democrático do Brasil” por meio de uma ação que
consistia em estudar os problemas brasileiros e apresentar soluções.
Mas ocultou seus verdadeiros propósitos: manipular a opinião pública para expandir
sua capacidade de influência sobre a sociedade com o objetivo de desestabilizar e depor o
presidente João Goulart (1961-1964) para, assim, obter o controle do Estado. Era, enfim, um
órgão privado de hegemonia.
Para tal fim, o IPES, organizou uma ação política, por meio de uma rica e sofisticada
campanha ideológica, para mobilizar a opinião pública com a finalidade de desestabilizar e
derrubar o governo e modificar o regime político. Simultaneamente, como tática defensiva e
ofensiva, e já pensando em um novo Estado, formulou e difundiu projetos de governo e
anteprojetos de reformas de base para salvaguardar e consolidar suas posições na direção
política e ideológica da sociedade.
Para serem mais abrangentes no seu propósito de desestabilizar o governo Goulart, os
ipesianos se articularam com políticos para bloquearem medidas e terem seus anteprojetos
aprovados. Da mesma forma, buscando uma atuação mais direta na disseminação de seu
ideário, o IPES se infiltrou no meio acadêmico e artístico, nos sindicatos, nas organizações
estudantis e femininas, na igreja, nas Forças Armadas, e em vários outros movimentos e
organizações com objetivo de agregá-los ao seu projeto.
Com o golpe de Estado, em 1º de abril de 1964, foi implantada uma ditadura que
estava a serviço do grande capital. A composição militar-empresarial controlou em definitivo
2
Documento do IPES: O que é o IPES, p. 2, s/d.
3
Ata do IPES da Reunião Conjunta Rio/SP de 03.04.64.
4
Estatutos do IPES, 1963.
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5
Uma lista completa de ipesianos que exerceram postos de comando no governo Castello Branco encontra-se em
René Dreifuss, 1964 - A conquista do Estado. A título de exemplificação, pode-se citar alguns ministérios
ocupados por sócios e parceiros do IPES: Ministério da Saúde – Raimundo de Moura Brito; Ministério da
Educação Flávio Suplicy de Lacerda, Pedro Aleixo, Raymundo Augusto de Castro Moniz de Aragão; Ministério
da Justiça e Negócios Interiores – Milton Campos, Juracy Montenegro Magalhães e Men de Sá; Ministério das
Minas e Energia – Mauro Thibau; Ministério da Ind. e Comércio – Daniel Agostinho Faraco e Paulo Egídio
Martins; Ministério da Agricultura – Oscar Thompson Filho e Severo Fagundes Gomes; Ministério da Fazenda –
Octávio Gouvêa Bulhões; Ministério do Planejamento – Roberto de Oliveira Campos; Ministério do Trabalho e
Previdência Social – Arnaldo Sussekind e Luiz Gonzaga do Nascimento e Silva etc.
6
Setor da agricultura
sobre a “ameaça” representada pela reforma e apresentou o grande proprietário de terras como
“desprotegido” e “abandonado” pelo Estado. A SNA, com tom mais moderado, admitia a
necessidade de “alguma reforma”.
Em 1961, o IBAD organizou um simpósio sobre a reforma, que resultou no volume
intitulado “Recomendações”, com argumentos contrários ao projeto de Goulart e foi fonte
inspiradora do Estatuto da Terra aprovado por Castello Branco, em 1964. Para o IBAD, a
reforma implicava em propiciar a “formação de empresários em condições de dirigir a
propriedade, assim como a colocação da respectiva produção” e a terra jamais poderia ser
doada, mas, sim vendida com base no valor tributado, com pagamento prévio em dinheiro
(NATIVIDADE, 2013).
O IPES, por sua vez, criou um grupo exclusivamente para estudar a reforma agrária,
embora houvesse uma divergência interna entre o IPES-RJ e o IPES-SP sobre o instrumento
prioritário da reforma agrária: tributação ou desapropriação. Paulo de Assis Ribeiro do IPES-
RJ, que se dedicou a extenso estudo sobre o tema, defendeu a tributação como meio eficaz
para fazer valer o uso produtivo da terra. O IPES-SP, que tinha vários representantes do
empresariado proprietários de terras, se posicionou contra as “veleidades reformistas” do
grupo do RJ porque representava uma grave ameaça ao direito de propriedade. Mas acabou
aceitando a proposta “porque ela teria como objetivo desacreditar o projeto do governo
Goulart e a proposta do movimento camponês”6.
O grupo era formado por Dênio Chagas Nogueira; C. J. de Assis Ribeiro; Paulo de
Assis Ribeiro; José Arthur Rios; e José Garrido Torres, e teve a colaboração de Edgar
Teixeira Leite, Julian Chacel, Luiz Carlos Mancini; José Irineu Cabral; Wanderbilt Duarte de
Barros e Nilo Bernardes. 7 Em outros documentos do IPES constam os nomes de Harold Cecil
Polland; Cândido Guinle de Paula Machado; o escritor e funcionário da Light, José Rubem
Fonseca; Antônio Carlos do Amaral Osório, presidente da Associação Comercial do Rio de
Janeiro; Ivan Hasslocher, proprietário do jornal Ação Democrática editado pelo IBAD, que
6
Parecer do documento do Grupo de Doutrina do IPES-SP sobre o anteprojeto de reforma agrária do IPES-RJ,
s/d
7
A Reforma Agrária. Problemas-bases-soluções, de 1964.
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8
Atas do IPES de 08.06.1962, 27.08.11962, 09.11.1962.
9
A Reforma Agrária. Problemas-bases-soluções, de 1964.
9
10
Lei nº 4.504 de 30.11.1964 que dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências.
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11
Aprovado o dia 20 de dezembro de 1974, o projeto da Companhia Vale do Rio Cristalino começou a
implementar as atividades agropecuárias previstas, com a ajuda financeira da SUDAM. O plano de
desenvolvimento previu a construção de um frigorífico, denominado Atlas, para processar a carne extraída da
fazenda, onde trabalhadores viviam e desenvolviam seu ofício em condições subumanas.
12
Lei nº 4.829 de 05.11.65 assinada pelos ipesianos Octávio Bulhões, ministro da Fazenda, e pelo ministro da
Agricultura, Hugo de Almeida Leme.
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produtos básicos, como milho, feijão e arroz. Entre 1964 e 1966, os custeios e financiamentos
agrícolas apresentaram um crescimento de 75% (ABREU, 2010).
Para a Amazônia, que até então era uma região de extrativismo voltado para a
subsistência das comunidades indígenas e famílias locais, também se deu um processo de
expansão das relações capitalistas. Para promover e orientar o desenvolvimento na região foi
criada, em 1966, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM)13, em
substituição da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia
(SPVEA), que passou a ser o principal órgão para coordenar e supervisionar programas de
dinamização da economia amazonense, através de incentivos fiscais e financeiros para atrair
investidores nacionais e estrangeiros.
Na esfera financeira, no mesmo ano, o governo reformulou o Banco de Crédito da
Amazônia, passando a denominar-se Banco da Amazônia S/A (BASA), e aumentou o número
de agências do Banco do Brasil na região. A SUDAM, o BASA e o BB financiaram a
produção agrícola, pecuária, pesca, formação de seringais e construção de silos, depósitos e
câmaras de expurgos, para criar condições favoráveis aos empreendimentos capitalistas
(IANNI, 1979).
Em 1967, no fim do governo Castello Branco, foi reformulada e modelada a Zona
Franca de Manaus (ZFM)14, estabelecendo incentivos fiscais para implantação de um pólo
industrial, comercial e agropecuário na Amazônia. As medidas provocaram mudanças e
principalmente a expansão das relações capitalistas na região. A Amazônia, como pontua
Ianni (1979) tornou-se ao mesmo tempo contribuinte para a acumulação de capital no centro-
sul e no exterior e atrativo para os produtos industriais provenientes das mesmas regiões.
A região norte foi transformada numa fronteira econômica com expansão e penetração
de empresas privadas internacionais. Um caso emblemático é o da empresa Jari Florestal e
13
Lei nº 5.173.
14
A Zona Franca de Manaus (ZFM) foi idealizada pelo Deputado Federal Francisco Pereira da Silva e criada
pela Lei nº 3.173 de 06 de junho de 1957, como Porto Livre. Dez anos depois, o governo federal, por meio
do Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, ampliou essa legislação e reformulou o modelo,
estabelecendo incentivos fiscais por 30 anos para implantação de um pólo industrial, comercial e agropecuário
na Amazônia. Seu primeiro superintendente foi o coronel da reserva do Exército, Francisco Pacheco (1967-
1972), e na sua gestão, em 1968, foi aprovado o primeiro projeto industrial na Zona Franca, o da Beta S/A,
fabricante de jóias e relógios, que funcionou até meados de década de 1990.
http://www.suframa.gov.br/zfm_historia.cfm. visitado em 03.04.16
13
15
Documento do IPES Breve Histórico, s/d, p. 10
14
16
Organização tecnoempresarial e político-burocrática constituída de economistas, administradores do governo e
empresários defensores do capitalismo dentro do aparelho do Estado. Constitui-se sob a direção e participação de
vários ipesianos: Roberto Campos, Mário H. Simonsen, J. Garrido Torres, Octávio G. de Bulhões, Glycon de
Paiva, Jorge Oscar de Mello Flores, etc. (DREIFUSS, 2006).
15
Muniz Falcão e Arnon de Melo) não alcançaram a maioria absoluta, como determinava a
Emenda Constitucional nº 13, de 1966 (ABREU, 2010).
José Costa Cavalcanti, em 1962, foi assistido pelo IBAD na sua candidatura a
deputado federal pelo estado de Pernambuco na legenda da União Democrática Nacional -
UDN (DREIFUSS, 2006). Assumiu o mandato em 1963 e participou ativamente das
conspirações contra Goulart. Foi membro da Ação Democrática Parlamentar (ADP) e da
APEC; ministro da Minas e Energia (1967-1969), no governo Costa e Silva; ministro do
Interior (1969-1974), no governo Garrastazu Médici, quando foi acusado de genocídios dos
índios brasileiros; presidente da Itaipu Binacional (1974-1985) e da ELETROBRÁS (1980-
1985), passando a responder de forma cumulativa pelas presidências das duas grandes
empresas estatais. Na iniciativa privada foi diretor-presidente e conselheiro da Jari e membro
do conselho de administração da Caemi Mineração e Metalurgia S.A. (ABREU, 2010).
Affonso de Albuquerque Lima, cunhado do ipesiano José Luiz Moreira de Souza, fez
parte do núcleo de oficiais de médio escalão no IPES, coordenado por Golbery, que tinha
como finalidade pressionar oficiais para agirem contra Goulart (DREIFUSS, 2009). Como
chefe da Divisão de Assuntos Econômicos da ESG, foi um dos responsáveis pela adesão
dessa unidade ao movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente
João Goulart. Após-1964 foi nomeado interventor na Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Em
março de 1966 foi promovido a general-de-divisão e, meses depois, nomeado diretor-geral
das Vias e Transportes do Exército, ocupando, em seguida, o cargo de diretor-geral de
Engenharia e Comunicações, na qual permaneceu até 1967. Como ministro do Interior
sua meta principal foi o incentivo ao desenvolvimento regional, sobretudo do Nordeste e da
Amazônia, visando atenuar o crescente desequilíbrio entre essas regiões e os estados
industrializados do Sudeste. Em relação ao Nordeste, o principal instrumento dessa política
foi a concessão de incentivos fiscais e a canalização de recursos financeiros para a região, por
intermédio da SUDENE. No período de 1970 a 1971 ocupou a direção geral de material
bélico do Exército. A partir de então foi trabalhar na iniciativa privada: diretor-presidente da
Confecções Sparta e Sparta Nordeste e vice-presidente da União de Empresas Brasileiras, que
em maio de 1977 sofreu intervenções do Banco Central e foi decretada sua liquidação
(ABREU, 2010). A Confecção Sparta foi contribuinte do IPES.
16
17
FLS é abreviatura de florins, antiga moeda da Holanda. Em 2002, a Holanda passou a ter o euro como moeda
nacional.
18
Diário Oficial da União de 12.05.66, seção 1, p. 19.
19
As Ligas Camponesas foram associações de trabalhadores rurais criadas, inicialmente, no estado de
Pernambuco, e, posteriormente, na Paraíba, no Rio de Janeiro, em Goiás e em outras regiões do Brasil no
período que se estendeu de 1955 até a queda de João Goulart, em 1964. Tinham como objetivos exerceram
intensa atividade de luta em prol da reforma agrária e da melhoria das condições de vida no campo. Os líderes
mais conhecidos foram Gregório Lourenço Bezerra e Francisco Julião Arruda de Paula.
http://www.ligascamponesas.org.br/?page_id=99 visitado em 02.06.16.
17
20
Correio da Manhã, 11.03.65, 1º Caderno, p. 8.
20
21
Jornal Correio da Manhã, 02.10.64, Capa
22
Diário Oficial da União de 21.03.1966, p. 15, seção 2.
21
23
Em 1964 o senador Josafá Marinho (BA) apontou como ilegal a nomeação de Paulo Assis Ribeiro. Segundo
Josafá, a presidência do IBRA, conforme lei que criou o Instituto, só poderia ser atribuída a um dos 5 membros
da diretoria do mesmo (Correio da Manhã de 21.05.65, 1º Caderno, p.8), da qual ele não fazia parte.
24
Escritório de consultoria tecnoempresarial que cuidava dos interesses do bloco multinacional e associado
constituído de indivíduos ligados ao IPES, tais como Paulo de Assis Ribeiro (DREIFUSS, 2006).
22
SUNAB (1963), do IBC (1968), e deu aula no Centro Nacional de Realismo Social “Pro
Deo”.25 No IBRA, foi também diretor do Departamento de Organização de Núcleos. O
general Jaul Pires de Castro dirigiu o Curso de Atualidades Brasileiras (CAB) do IPES. 26 No
IBRA assumiu o Departamento de Recursos Fundiários. Valdiki Cardoso de Moura assumiu a
diretoria da IBRA, em 1966. Foi membro da APEC e conselheiro, no período de 1961-1964,
do Clube de Engenharia, onde o IPES promoveu diversas atividades.
O conselho do IBRA, em 1964, foi formado por empresários agrícolas, presidentes e
diretores de associações de classe rural e associações de veículos para trabalho no campo e
por economistas, que já vinham trabalhando na questão da reforma agrária e no Estatuto da
Terra, e foram contribuintes do IPES. Os conselheiros passaram a exercer pressão junto ao
governo para obter aumento de preço de seus produtos e impedir o aumento de artigos de seu
consumo, como o arame farpado. O vice-presidente da CRB, Edgard Teixeira Leite ressaltou
o papel desempenhado pela entidade. Recordou a “luta contra a reforma agrária demagógica e
espoliativa pretendida pelo governo deposto” e a “campanha de esclarecimento do Estatuto da
Terra, do atual governo, ao qual foram apresentadas pelo CRB, 44 emendas visando adequá-
lo à realidade agropecuária, emendas aprovadas em sua maioria”.27
A presença do setor rural no governo era grande. Poucos dias depois do golpe,
dirigentes da CRB compareceram ao gabinete do ministro do Planejamento para entregar a
25
O Centro Nacional de Realismo Social Pro Deo foi criado no Brasil, em 1958, a partir de um acordo com a
Universidade Internacional de Estudos Sociais Pro Deo de Roma. O Brasil concedeu um crédito de CR$ 14
milhões de cruzeiros para criar o Instituto Brasileiro de Estudos Latino-Americanos em Roma e o Centro
Nacional de Realismo Social no Brasil. Os Centros tinham como objetivos “divulgar no Brasil os princípios do
realismo social “Pro Deo”, isto é, a aplicação à democracia moderna do realismo crítico capaz de superar as
utopias materialistas com o esclarecimento na sociedade da realidade suprema: Deus, fonte dos direitos e dos
deveres do Homem” (DOU, 28.09.57, seção 1, p. 19). O Centro Nacional de Realismo Social “Pro Deo”
promoveu cursos de Formação Doutrinal, com especializações em Doutrina Social Cristã, Filosofia Política,
Política Internacional e Economia e Sindicalismo (Correio da Manhã 27.02.64, 2º Caderno, p. 2); Metodologia e
Técnica de Opinião Pública; e cursos de línguas. Todos os cursos eram dados por professores nacionais e
internacionais. Em 1972, o ministério do Trabalho e Previdência Social fez convênio com o Centro para realizar
curso de Administração Sindical (DOU, 28.04.72, seção 1, p. 23). Além de promover cursos, ofereceu bolsas de
estudo para universidades estrangeiras, publicou livros, através de sua editora, e organizou concursos para a
melhor reportagem publicada em jornais e revistas sobre o título da encíclica “Populorum Progressio” de Paulo
VI (Correio da Manhã, 29.10.67, 2º Caderno, p. 9), como o IPES que adotou os postulados consubstanciados da
Encíclica “Master et Magistra” para legitimar suas pretensões junto à sociedade e para facilitar sua doutrinação.
Nério Batendieri, diretor do Pro Deo, ministrou uma palestra, A questão salarial, no seminário Causas da
Inquietação Social no Brasil, organizado pelo IPES no Clube de Engenharia de SP. Isaac Kissen, Vicente
Sobrinho Porto e os ipesianos Paulo Ayres Fº, Carlos Mancini e Carlos da Silva participaram, em 22-23 de junho
de 1967, de evento no “Pro-Deo”, no Vaticano, o que sugere afinidade entre as duas organizações.
26
Jornal Correio da Manhã, 21.08.64, 1º Caderno, p. 13.
27
Jornal Correio da Manhã, 25.12.1964, 1º Caderno, p. 11.
23
Roberto Campos nomes de diretores e técnicos da CRB para integrar os grupos de trabalho
organizados para estudos e análise do Planejamento.28
O empresário agrícola Flávio da Costa Brito, em 1961, foi representante das
Cooperativas de Produtos e de Consumo na Comissão Federal de Abastecimento e Preços
(COFAP); tornou-se, em 1962, 2º tesoureiro da CRB, e nos biênios 1963-1965 e 1965-1967
assumiu a presidência. Em 1963 foi diretor-técnico da SNA, onde ficou até 1967. Em 1964
representou a SNA junto ao Conselho Nacional Consultivo da Agricultura. A SNA foi uma
associação de classe que congregava grandes proprietários oriundos dos complexos agrários
menos dinâmico derivados do eixo norte, nordeste e sul do país. Brito foi membro do
conselho consultivo da Aliança Brasileira de Cooperativas, a partir de 1965, nomeado pelo
presidente Castello Branco. Ainda em 1965, integrou o conselho técnico do Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), no qual permaneceu até 1969 (ABREU, 2010). Foi
diretor da Rio Cooperativa Agrícola de Cotia-SP (1964-1965), entidade que abastecia o
mercado da Guanabara de ovos; da Confederação e Federação de Cooperativas Agrícolas
(1966); e da CRB. No período de 1967 a 1987 foi presidente da Confederação Nacional de
Agricultura (CNA). Na iniciativa privada foi proprietário da Sociedade Importadora e
Exportadora Prôa Ltda (1950); na segunda metade da década de 1950 foi conselheiro fiscal da
Cia Estanífera do Brasil S/A e do Banco do Intercâmbio Nacional S/A, ambas as empresas
contribuíram financeiramente com o IPES.
O cafeicultor do Vale do Paraíba, Edgard Teixeira Leite foi membro do conselho
técnico e vice-presidente do IBRA, onde permaneceu de abril de 1965 a junho de 1968.
Dirigiu o Cotonifício Ribeirão S.A., a Cromita S.A., o Banco Metropolitano de Crédito
Mercantil e a Companhia Econômica Industrial e Comercial de Alimentos Frigorificados
(CEICAF) (ABREU, 2010). Foi membro da ESG (1965-1967) e da SNA, presidente do CRB
(1965) e do Conselho Nacional de Economia (CNE). Participou do simpósio Recomendações
sobre a Reforma Agrária, organizado pelo IPES.
Edvaldo de Oliveira Flores foi, simultaneamente, conselheiro do IBRA e assessor no
INDA. Claudio Cecil Polland, parente do líder do IPES Harold Cecil Polland, foi da
CONSULTEC. O economista Julian Magalhães Chacel foi do IPES-RJ, diretor do Instituto
28
Jornal Correio da Manhã, 15.05.64, 1º Caderno, p. 12.
24
29
Memória: Entrevista - José Gomes de Silva. Fundação Perseu Abramo. Publicado em 15.04.06.
25
30
Jornal Correio da Manhã, 08.01.65 e Carta do ADIPES nº 65/109 de 15.02.65, assinada por Leopoldo
Figueiredo Junior – Presidente.
31
Correio da Manhã de 17.09.65, 1º Caderno.
32
Folha de S. Paulo, de 18.10.65, capa, matéria intitulada CPI da carne começa a apurar responsabilidades.
26
Conclusão
Referências
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