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44 2 JULIO-DICIEMBRE 2017

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ISSN: 1135-3848 print / 2183-6051 online

Revista Iberoamericana de Diagnóstico y Evaluación – e Avaliação Psicológica. RIDEP · Nº43 · Vol.1 · 2017
Recibido / Recebido: 04.03.2016 - Aceptado / Aceite: 30.05.2016 https://doi.org/10.21865/RIDEP44.2.04

Do Processo de Avaliação da Personalidade em Contextos Clínicos ao


Diagnóstico Psicodinâmico: Contributos para uma Avaliação Psicológica
Psicodinâmica

From the Personality Assessment Process in Clinical Settings to the Psychodynamic


Diagnosis: Contributions toward a Psychodynamic Psychological Assessment

Rui C. Campos1

Resumo
Este artigo de natureza teórica é composto por sete secções mais a conclusão. No primeiro tópico do artigo,
de cariz introdutório, centramo-nos na definição de avaliação psicológica, nos objectivos, nas questões e nos
métodos utilizados. No último tópico, tecemos considerações em torno da noção de diagnóstico
psicodinâmico e descrevemos depois uma proposta de avaliação psicológica psicodinâmica. Do segundo ao
sexto tópico, aborda-se cinco questões no âmbito epistemológico da avaliação psicológica e que resolvemos
aqui introduzir no sentido de ajudar a estruturar a proposta apresentada no final deste artigo. As cinco
questões são: Complementaridade entre diferentes tipos de métodos. Métodos diferentes para avaliação dos
mesmos constructos? Métodos diferentes para diferentes indivíduos? Uma bateria fixa ou uma bateria
flexível de provas? Múltiplos instrumentos unidimensionais ou um instrumento multi-dimensional? Teoria
psicodinâmica em avaliação psicológica, sim ou não?

Palavras-chave: avaliação psicológica em contexto clínico, diagnóstico psicodinámico, avaliação


psicológica psicodinâmica

Abstract
This paper of a theoretical nature consists of seven sections plus a conclusion. In the first, introductory, we
focus on the definition of psychological assessment and in objectives, issues and methods. In the last section
we weave considerations about psychodynamic diagnostic concept and we describe a proposal of
psychodynamic psychological assessment. From section two to section six we describe five issues in an
epistemological framework of psychological assessment that we decided to introduce here in helping to
structure the proposal presented the end of the paper. The five questions are: Complementarity between
different types of methods. Different methods to assess for the same constructs? Different methods for
different individuals? A fixed battery or a flexible battery of tests? Multiple one-dimensional instruments or
one multi-dimensional instrument? Psychodynamic theory in psychological assessment, yes or no?

Keywords: psychological assessment in clinical contexts, psychodynamic diagnosis, psychodynamic


psychological assessment

Nota de autor: O texto desde artigo é, com algumas alterações, similar a parte do relatório de unidade curricular defendido em
provas agregação em psicologia clínica do autor na Universidade de Lisboa.
1
Departamento de Psicologia, Universidade de Évora, Escola de Ciências Sociais. Apartado 94, 7002-554 Évora, Portugal. E-
mail: rcampos@uevora.pt

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Introdução será mais indicado para um determinado caso.


Mas note-se que desta perspectiva decorre a
Neste trabalho, centrar-nos-emos especificamente necessidade do psicólogo possuir um
na avaliação da personalidade. Se considerarmos a conhecimento teórico e uma experiência sólidos,
distinção clássica entre avaliação de condutas bem como competências inferenciais fortes
cognitivas e de condutas não cognitivas, (Simões, 1994). Na verdade, a avaliação
abordaremos a segunda área. O processo de psicológica implica sempre tomada de decisão e
avaliação da personalidade poderá ser encarado juízo clínico. Implica ir além dos dados, ver para
como um sub-processo dentro do processo de além do óbvio, implica um olhar treinado, como
avaliação psicológica (veja-se um resumo sobre os olhos de um radiologista quando vêem numa
esta ideia em Campos, 2004), sendo a rubrica imagem algo que para os outros não passa de
genérica da personalidade considerada uma área sombras e tonalidades de cinzento-branco. O
de avaliação (Simões, 1994). Naturalmente que psicólogo deverá confiar, já referia Hunt (1946),
em muitas situações clínicas é igualmente na sua intuição e competência clínica como um
necessário uma avaliação de aspectos cognitivos, instrumento válido de avaliação.
como a eficiência intelectual ou uma Para além de uma ciência, a avaliação
caracterização das funções cognitivas superiores, psicológica é também uma arte. Por outro lado,
entendidas como recursos psicológicos do ainda segundo Cates (1999), a acumulação de
indivíduo. Essa temática está, no entanto, dados não constitui uma avaliação. A integração
claramente fora do âmbito deste artigo. dos dados e a subsequente interpretação é que
constituem a avaliação psicológica. Por exemplo,
Definição, objectivos, questões frequentes e a ordenação alfabética das palavras “de, do,
métodos em avaliação psicológica lágrimas, mar, oh, quanto, Portugal, sal, salgado,
A avaliação psicológica serve para responder são, teu” significa pouco. Mas ordenadas, “Ó,
a uma ou mais questões que são colocadas sobre mar, salgado, quanto do teu sal são lágrimas de
um indivíduo ou sobre um grupo de indivíduos. Portugal” constituem as linhas introdutórias de um
Quando o psicólogo avalia, seja em que contexto conhecido poema épico de Fernando Pessoa
aplicado for, avalia, ou pelo menos, deveria (Campos, 2013). A propósito da interpretação do
avaliar, sempre, para responder a uma ou mais Rorschach, método de grande riqueza em
questões - “Quais os factores responsáveis pelas avaliação da personalidade, interpretação esta do
dificuldades escolares de uma dada criança”; “O Rorschach que se pretende integrativa e
paciente tem indicação para uma intervenção compreensiva, Silva (1998), refere que “O desafio
psicoterapêutica, e quais as principais linhas que o intérprete tem de enfrentar é o de fiar todos
orientadoras que o psicoterapeuta deverá ter em os dados de cada componente e depois tecer os
mente?”; “É previsível que o indivíduo possa fios resultantes numa trama que reflicta a pessoa
voltar a cometer o mesmo tipo de crime?”; “Quais inteira”. Esta ideia pode aplicar-se mais
os factores ligados ao comportamento globalmente ao próprio processo de avaliação.
organizacional que podem ser responsáveis pelo A avaliação, enquanto processo da
mal-estar sentido pelos funcionários de uma dada competência exclusiva do psicólogo, utiliza
empresa?”, são exemplos de questões possíveis diversos tipos de métodos e pode recorrer a
(Campos, 2013). diversos informadores e intervenientes. Do ponto
A avaliação psicológica não é, nem deve ser, de vista das ferramentas técnicas, o psicólogo
um processo mecânico em que o psicólogo é visto socorre-se da observação do comportamento, dos
como tendo um papel passivo de examinador ou resultados em diversas provas psicológicas, da
técnico de laboratório (Simões, 1994). Weiner análise do tipo e das peculiaridades da relação que
(1983) vê o psicólogo como uma espécie de o cliente consigo estabelece, entre outras (veja-se
consultor ou perito que pode ou não utilizar testes Campos, 2004, 2012).
psicológicos no processo de avaliação, mas que é A avaliação psicológica é, segundo Maloney e
o profissional que deverá ajudar a decidir o que Ward (1976), um processo de recolha de
informação que deverá ser integrada para testar
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hipóteses relativas ao funcionamento do De facto, “o que está em causa é uma visão


indivíduo, de forma a permitir a sua compreensão integrativa da avaliação. O indivíduo considerado
e das suas queixas, a previsão ou prognóstico do como um todo, com uma experiência passada que
comportamento futuro e a planificação da moldou a sua personalidade, um funcionamento e
intervenção. uma organização presentes, com dificuldades e
A necessidade de compreensão no processo de recursos para lhes fazer face e um maior ou menor
avaliação é central. A avaliação psicológica é, potencial de evolução no futuro”. (Campos, 2004,
segundo McReynolds (1975), um processo que pp. 97, 98). Integrativa também porque se espera
visa a compreensão ou formulação de um juízo que a avaliação seja um processo dinâmico que
acerca de uma pessoa. O processo de avaliação é não deve ser separado do processo de intervenção.
também único para cada caso. É um processo Em avaliação da personalidade podemos
variável que depende, entre outros factores, dos distinguir as técnicas de avaliação, como a
intervenientes, do tempo disponível, do pedido observação e a entrevista, dos testes ou métodos
formulado, do contexto em que ocorre (Simões, de avaliação, dos quais destacamos as escalas de
1994) e do objectivo dessa avaliação. hetero-avaliação, os inventários e questionários e
Pode dizer-se, de acordo com Pruysser (1979), os métodos projectivos. Note-se que em alguns
que a avaliação psicológica é um processo casos, quando se utilizam grelhas de observação
relativamente sistemático de observação de um ou entrevistas estruturadas, estas técnicas
indivíduo num determinado momento. No curso adquirem um carácter estruturado.
do processo de avaliação, o psicólogo socorre-se, No caso das escalas de hetero-avaliação, a
fundamentalmente, de duas estratégias: recolhe a avaliação reflecte a impressão que o indivíduo
história do paciente e analisa a sua realidade causou a outrem (pode ser o técnico ou outros
actual. Este processo pode ser ilustrado pela informadores, pessoas próximas do indivíduo; no
metáfora de Menninger da salsicha seccionada. caso das crianças, pais e professores). As escalas
Na pele da salsicha está a história do indivíduo de avaliação de comportamentos têm mesmo um
que não é acessível à observação. Poderá apenas papel extremamente importante em avaliação de
ser reconstruída, eventualmente, a partir das crianças e adolescentes. O termo escala de
memórias do paciente, de outros informadores ou avaliação é usado para designar os instrumentos
através de dados objectivos provenientes de de medida que são completados por terceiros em
relatórios médicos, psicológicos ou escolares. relação ao comportamento do indivíduo que está a
Rememoração e construção da história que, na ser avaliado. Implicam, como os questionários,
verdade, nunca estarão completas e por isso nunca descrições retrospectivas do comportamento.
serão total e verdadeiramente objectivas. A Podem ser avaliadas várias dimensões do
(re)construção da história é um processo contínuo funcionamento do indivíduo, quer globais, quer
e dinâmico que não se esgota ao fim de duas ou específicas (Simões, 1998a).
três entrevistas. Na verdade, pensamos, poderá Estes instrumentos têm vantagens
demorar todo um processo psicoterapêutico. importantes, apesar de evidentes desvantagens, a
Mas voltando a Menninger, na parte mais importante das quais, não ser o próprio o
seccionada da salsicha está aquilo que o indivíduo indivíduo a avaliar-se, mas outrem, podendo a
é no momento actual, acessível à observação. O avaliação reflectir muito mais a impressão que o
exame psicológico centrar-se-á, fundamentalmente, indivíduo causa nesse informador do que as suas
nessa parte seccionada da salsicha, na amostra de reais características. Como vantagens, destaca-se
comportamento presente, embora a articulação o facto de permitirem obter informação que
com a história passada se torne sempre necessária resulta de uma experiência passada do informador
(Pruysser, 1979). A compreensão da realidade com o indivíduo, em várias circunstâncias. Não
actual do paciente implica uma articulação com a menos importante é o facto de permitirem a
sua história passada. Avaliamos o funcionamento recolha de dados relativamente a comportamentos
actual, mas este depende, necessariamente, de potencialmente raros, mas importantes como por
uma história pessoal e poderá não ser exemplo, os comportamentos suicidários, que
compreensível fora do contexto dessa história. dificilmente seriam recolhidos através da
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observação. Note-se ainda que se os pais são mentir no momento em que se auto-avalia ou pode
observadores privilegiados de comportamentos saber pouco sobre o seu comportamento, mesmo
particularmente perturbadores, como por exemplo quando a sua motivação para proporcionar um
os roubos. Os professores também podem ter um auto-relato fidedigno existe.
papel privilegiado na avaliação da criança, porque Finalmente os métodos projectivos. Apesar
podem comparar o seu comportamento com o de das muitas críticas a que foram sujeitos ao longo
crianças da mesma idade. Estão em contacto com da história, continuam a ser métodos privilegiados
o comportamento normativo das crianças e em avaliação da personalidade (Marques, 1994).
portanto podem avaliar com mais facilidade As vantagens da sua utilização prendem-se,
eventuais desvios relativamente a ele. Finalmente, sobretudo, com a riqueza da informação que
destacamos o facto da percepção dos pais e permitem obter e com o aspecto holístico e
professores determinar o modo como interagem integrativo das análises que são possíveis a partir
com a criança, o que influencia decididamente o dos protocolos. Mas também se prendem com o
seu comportamento (Simões, 1998a). Trata-se de facto de serem medidas indirectas, em oposição
uma rede complexa de inter-influências que aos inventários e questionários. Proporcionam
importa analisar e compreender em avaliação informação que de outro modo estaria
psicológica (veja-se Campos, 2013). indisponível, simplesmente porque a pessoa não
No que se refere aos questionários ou tem acesso a ela (não tem consciência de
inventários de personalidade, diga-se que determinadas características em si), ou não quer
consistem em conjuntos de itens, questões ou revelá-la, por exemplo, quando pretende falsear os
afirmações, sobre características pessoais, resultados de uma avaliação.
(sentimentos, comportamentos, atitudes ou Este último aspecto relaciona-se com uma das
pensamentos) relativamente aos quais os características que permite definir a especificidade
indivíduos se devem posicionar, respondendo às deste tipo de métodos, que é o facto de um
perguntas ou concordando/discordando com as desconhecimento por parte dos indivíduos dos
afirmações (Kline, 1999). objectivos da avaliação ou pelo menos, sobre
As vantagens dos inventários e dos quais e como os elementos das respostas se
questionários de personalidade têm a ver com o relacionam com aspectos específicos da
facto de possuírem normas que permitem a personalidade (Lindzey, 1961; Anastasi & Urbina,
interpretação dos resultados do indivíduo, 1997; Feranandez-Balesteros, 2005). Por
comparando-os com os resultados do grupo exemplo, o indivíduo não saberá que a utilização
normativo de referência. Além disso, podem, em sistemática da cor negra como determinante das
muitos casos, ser respondidos num período de respostas ao Rorschach pode relacionar-se com a
tempo relativamente breve. Por outro lado, a presença de afectividade negativa, muito comum
cotação é objectiva, não depende do examinador e em indivíduos deprimidos. A riqueza da
a precisão é geralmente elevada, ou pelo menos, informação que permitem obter e o facto de serem
aceitável. Trata-se de medidas de auto-avaliação medidas indirectas, bem como a relatividade das
porque se pressupõe que o indivíduo fará uma críticas que são normalmente apresentadas,
auto-avaliação do seu comportamento. O tornam, em nossa opinião, os métodos projectivos,
pressuposto teórico fundamental por detrás destes ou pelo menos alguns deles, métodos importantes
instrumentos é de que o indivíduo é capaz de se em avaliação da personalidade (veja-se sobre esta
avaliar e será mesmo quem está na melhor posição discussão Campos, 2011).
para fornecer informação sobre si próprio, pelo No entanto, limitações psicométricas e as
que se assume que os questionários serão métodos dificuldades na interpretação e consequentemente,
úteis em avaliação da personalidade (Kline, 1999). a necessidade de uma exigente formação do
Naturalmente que os questionários não estão utilizador são problemas importantes que têm sido
isentos de problemas, de que se destaca a questão apontadas aos métodos projectivos (Fernández-
do auto-relato. Aquilo que o indivíduo comunica a Balesteros, 2005).
partir de um questionário pode não corresponder
ao seu comportamento real. O sujeito pode estar a
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Complementaridade entre diferentes tipos de Para além de considerar as vantagens de


métodos. Métodos diferentes para avaliação utilizar diferentes tipos de métodos em avaliação,
dos mesmos constructos? - O exemplo da a possibilidade de recorrer a vários informadores é
dependência interpessoal também um aspecto central do processo (Simões,
A utilização de vários tipos de métodos em 1994). Consideramos que esta questão é
avaliação da personalidade tem como objectivo especialmente relevante no caso da avaliação de
uma descrição válida e o mais completa possível crianças ou, quando por motivos diversos, os
do funcionamento psíquico do indivíduo. É uma indivíduos não estão em condições de
exigência básica para uma melhor compreensão proporcionar informação fiável e válida.
da complexidade da pessoa (Simões, 1999). Há
um aspecto importante que é o da independência Métodos diferentes para diferentes indivíduos?
entre métodos, ou seja, diferentes métodos Não há métodos melhores e métodos piores,
proporcionam tipos de informação distintos. há métodos com vantagens, mas sempre com
Muitas vezes produzem informação discrepante limitações, métodos que avaliam diferentes
que é necessário integrar e dar sentido. Por outro aspectos psicológicos ou o mesmo constructo
lado, diferentes métodos permitem obter tipos de psicológico a níveis diferentes, e ainda, métodos
informação qualitativamente diferentes ou que se adequam mais a um indivíduo do que a
específicos (independentemente de a informação outro. Vejamos agora este último ponto. Apesar
recolhida ser ou não contraditória) e poderão ser de assumirmos claras vantagens nos métodos
todos necessários para um entendimento sobre o projectivos em avaliação da personalidade,
indivíduo. Pode citar-se ainda as potencialidades e reconhecemos também que apresentam diversas
as limitações específicas de cada método, pelo que limitações já referidas, nomeadamente as
se torna necessário recorrer a vários métodos para dificuldades na interpretação, sobretudo para
validação das interpretações que se realizam quem se inicia na tarefa de avaliação psicológica,
(Simões, 1999). e limitações psicométricas. Acresce que a situação
Diferentes métodos proporcionam informação menos estruturada e a ambiguidade dos estímulos
qualitativamente diferente, ainda que falemos de dos métodos projectivos nem sempre são
um mesmo constructo. Na literatura, são muito sinónimo de uma expressão produtiva e rica e
citados os estudos sobre a dependência podem mesmo ser factor de inibição para alguns
interpessoal (e.g., Bornstein, 1998). Apesar de se indivíduos. Por vezes, indivíduos que se pensa
poder afirmar que os métodos de auto-avaliação que iriam reagir mal, respondem favoravelmente a
(os questionários) e os métodos indirectos itens estruturados sob a forma de um inventário ou
(projectivos) medem este constructo, na verdade questionário e mal aos estímulos de um método
medem diferentes aspectos do constructo. Os projectivo, sendo o contrário também verdade.
primeiros medem as necessidades auto-atribuídas Alguns indivíduos preferem a ‘liberdade’ de
de dependência e os segundos, as necessidades resposta da situação projectiva quando, à partida,
implícitas de dependência. Prevêem também se supunha que reagiriam melhor à estrutura
diferentes tipos de comportamentos. Medidas de imposta por um questionário. Daí pensarmos que
auto-avaliação da dependência prevêem o métodos mais estruturados, como os
comportamento dependente em situações em que questionários, ou no caso de crianças, também as
a característica dependente é saliente e as medidas escalas de avaliação de comportamentos, a serem
indirectas de dependência prevêem o respondidas por pais e professores, se devem
comportamento em situações mais espontâneas combinar com metodologias mais abertas, com os
em que a dependência não é saliente. Os dois tipos métodos indirectos, nas diferentes situações de
de medidas estão apenas moderadamente avaliação e diagnóstico psicológico (veja-se
correlacionados, o que faz pensar na importância Campos, 2012).
de utilizar diferentes instrumentos para avaliar Esta é uma discussão que claramente se liga
diferentes aspectos do mesmo constructo e com a anterior, a da necessidade de utilizar
verificar a existência de eventuais discrepâncias diferentes tipos de métodos em avaliação
entre resultados (Cogswell, 2008). psicológica, remetendo para a questão da
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complementaridade dos diferentes métodos processo de avaliação em todas as situações


discutida na secção anterior. (Beutler & Groth-Marnat, 2003).
Uma terceira possibilidade é combinar as duas
Uma bateria fixa ou uma bateria flexível de perspectivas. Dois métodos são possíveis. Uma
provas? das possibilidades é o clínico usar diferentes
Importa também discutir uma outra questão, baterias fixas num determinado setting, em função
para além das vantagens de utilizar diferentes do tipo de problema. A outra, provavelmente mais
tipos de métodos, abordada por exemplo por vantajosa, é o clínico usar uma bateria fixa de
Beutler e Groth-Marnat (2003), que tem a ver com alguns instrumentos e “completar” essa bateria
a natureza da bateria de provas a utilizar em com testes específicos em função do paciente e da
avaliação, ou seja, optar por utilizar uma bateria natureza do pedido de avaliação. Os testes
única e fixa versus utilizar uma bateria flexível de suplementares permitem uma avaliação das áreas
provas. Segundo a primeira perspectiva, a mesma de funcionamento relevantes para a questão
bateria de testes é aplicada a todos os indivíduos, subjacente à avaliação, enquanto os testes
embora a interpretação dependa, obviamente, do aplicados sistematicamente a todos os indivíduos
sexo, idade e do pedido de avaliação. A utilização permitem uma maior comparação entre indivíduos
sistemática de uma bateria fixa de provas permite e do mesmo indivíduo ao longo do tempo (Beutler
comparar pacientes entre si, o mesmo paciente ao & Barren 1995).
longo do tempo, avaliar pontos fortes e pontos
fracos, estabelecer prognósticos e planificar a Múltiplos instrumentos unidimensionais ou um
intervenção. Os instrumentos que compõem estas instrumento multi-dimensional?
baterias são escolhidos para assegurar que são Outra questão/dicotomia que se pode colocar
avaliados diversos domínios como a cognição, o em avaliação da personalidade é a da utilização de
funcionamento interpessoal, os sintomas e o diversos instrumentos unidimensionais que
prognóstico. A utilização deste tipo de baterias avaliam aspectos específicos do funcionamento do
tem algumas vantagens relativamente às baterias indivíduo versus a utilização de um instrumento
flexíveis. Se uma determinada bateria de provas é multi-dimensional ou de banda larga que tenta
sistematicamente usada, então o psicólogo pode, fazer uma caracterização mais global e holística
de certa forma, desenvolver uma expectativa do indivíduo, por exemplo, e pensando nos
acerca do desempenho típico / normativo. Desvios métodos projectivos, a utilização do método do
relativamente a esse desempenho podem assinalar Rorschach. Naturalmente que dentro da rubrica
questões clínicas importantes (Cates, 1999). Mas, dos questionários e das escalas de avaliação pode
obviamente, há desvantagens nesta metodologia, colocar-se esta mesma distinção entre
sobretudo a falta de flexibilidade para avaliar as instrumentos unidimensionais e multi-
questões únicas colocadas na avaliação de um dimensionais. Um instrumento como o MMIP-2,
dado caso. por exemplo, multi-dimensional, pode avaliar
De acordo com a perspectiva focalizada no diversos aspectos do funcionamento psicológico e
problema, a bateria de provas a utilizar deverá ser psicopatológico. A lógica do desenvolvimento de
composta por instrumentos que são escalas suplementares, apesar de nem sempre
intencionalmente focados nas questões do devidamente validadas (veja-se Green, 2000), é
paciente. A bateria poderá então ser muito justamente a de “usar” os mesmos itens para
diferente para cada paciente em função da desenvolver medidas que possam avaliar
natureza das questões a que é necessário dar constructos muito diferentes entre si e que
resposta. As vantagens desta perspectiva permitiram com um só instrumento avaliar desde
individualizada estão na sua capacidade para logo, muitos aspectos diferentes do
responder especificamente às questões colocadas. funcionamento psicológico. A resposta colocada à
Quanto às desvantagens, destaca-se o facto de o pergunta no início desta secção poderia parecer
clínico poder não dominar provas suficientes para imediata e pensar-se que a segunda hipótese seria
que as possa utilizar todas de forma adequada, não mais vantajosa, mas alguns aspectos poderão
permitindo a obtenção de dados válidos no tornar essa reposta menos evidente. Um primeiro
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aspecto é a complexidade que a interpretação, precisar o seu sentido específico. Avaliação e


sobretudo uma interpretação mais holística dos diagnóstico psicodinâmico na charneira, inter-
dados obtidos com os métodos projectivos, pode cruzando a psicopatologia dinâmica e a avaliação
ter. Um segundo aspecto, talvez mais psicológica, caracterizando o resultado de uma
determinante, é que apesar de podermos “usar o compreensão psicodinâmica do indivíduo avaliado
método certo”, simplesmente determinado tipo de em contexto clínico, independentemente do tipo
informação poder não estar lá (veja-se Exner, de técnicas utilizadas, e que recorre ao corpo de
2003, Sendin 2008; Weiner, 1997). Estamos conhecimentos da Psicologia e da Psicopatologia
dependentes da riqueza do protocolo obtido. Diga- psicodinâmica. Avaliação e diagnóstico
se em jeito de parêntesis, que o carácter mais ou sustentados por um olhar psicodinâmico sobre o
menos globalista e integrativo da interpretação das funcionamento psíquico e sobre a psicopatologia e
respostas a um método projectivo como o que permite uma formulação do caso em situações
Rorschach dependerá, pensamos, de vários de avaliação clínica (Campos, 2012).
aspectos: do conhecimento do intérprete sobre o Por um lado, pensamos que o conhecimento
teste, do seu conhecimento teórico e experiência da psicopatologia dinâmica pode, e contribui,
clínica, da riqueza do protocolo obtido, bem como sobremaneira, para o diagnóstico psicológico e
da maior ou menor quantidade de investigação para a avaliação em Psicologia, quer se opte ou
disponível, nomeadamente sobre a validade das não pela utilização de provas psicológicas,
variáveis obtidas com a prova que se está a métodos formais de avaliação. É que sem um
utilizar. São, aliás, esses dados provenientes da corpo teórico de referência, seja ele qual for, não é
investigação, associados à capacidade teórica e à possível avaliar nenhum paciente. Sem teoria não
experiência do clínico, que tornarão legítimas as há avaliação. Ela serve para dar sentido àquilo que
inferências interpretativas realizadas. se observa (Simth, 1998). Diagnóstico
Repare-se aliás, que uma das características psicodinâmico, no sentido aqui utilizado, é mesmo
que define os métodos projectivos não é tanto a o pôr em prática a teoria psicodinâmica, colocá-la
possibilidade de uma análise holística da ao serviço do cliente/paciente e do processo de
personalidade a partir das respostas (Lindzey, avaliação, o que permitirá um olhar e uma
1961), mas antes a multi-dimensionalidade das compreensão do caso.
respostas (Lindzey, 1961; Fernadez-Balesteros, Assim, o conhecimento psicopatológico numa
2005); quer isto dizer que as mesmas respostas perspectiva psicodinâmica dá corpo, dá sentido à
permitem conhecer ou contribuir para o avaliação do paciente. O diagnóstico é
conhecimento de diversas características de precisamente, como dissemos, o pôr em prática o
personalidade, por exemplo, a imagem de si, os conhecimento teórico, proveniente da
afectos ou as relações interpessoais. Mas a investigação empírica e da observação clínica, ao
interpretação não é obrigatoriamente holística. O serviço da avaliação, da compreensão e da leitura
teste permite uma análise holística, mas a opção é dos resultados e das queixas e do mundo interno
do psicólogo que pode realizar ou não esse tipo de do indivíduo1 Mas também é verdade que a
análise. avaliação, quando bem conduzida, objectiva e
Uma opção que nos parece legítima e mais valida o corpo teórico de referência, aplicando-o
simplificada poderá ser a de utilizar um método ao processo de avaliação e a cada caso em
mais aberto ou multi-dimensional, mas centrar a particular - pelo seu carácter sistemático, técnico e
interpretação em aspectos particulares do ético da recolha de dados. Avaliar sob uma
funcionamento psicológico, em função das perspectiva teórica, sim, mas a perspectiva teórica
necessidades do clínico, mas também em função só faz sentido quando a avaliação é bem
dos elementos que o protocolo fornece.
1
Na perspectiva que aqui assumimos, uma leitura aprofundada e
Teoria psicodinâmica em avaliação psicológica, apurada da(s) queixa(s) dependerá, justamente, da compreensão da
interioridade do indivíduo, que resulta da sua história de vida e deve
sim ou não? ser lida à luz dessa história. As queixas devem também ser lidas em
Assumimos a noção de avaliação e função das circunstâncias e acontecimentos de vida externos que
interagem com "a interioridade" do indivíduo no desencadear do
diagnóstico psicodinâmico, mas gostaríamos de sofrimento actual.
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Contributos para uma Avaliação Psicológica Psicodinâmica 51

conduzida e quando sabemos ler o que a teoria desenvolvimental marcado por disrupções
previamente nos ensinou nos resultados de uma mínimas permitirão que a criança, e mais tarde o
prova, no comportamento que observamos frente- adulto, possam utilizar a sua energia psíquica no
a-frente, ou no material recolhido numa entrevista. manejo dos impulsos e no teste da realidade.
Por conseguinte, é fundamental, a correcta Relações disfuncionais entre a criança e as figuras
utilização da técnica na recolha e posteriormente significativas, por outro lado, desviarão a energia
na leitura da informação (não apenas o saber psíquica das funções adaptativas do Ego porque,
teórico), ou seja, por exemplo, saber como aplicar, pelo menos, parte dos recursos internos terão de
cotar e interpretar uma prova psicológica, como ser utilizados para lidar com as experiências
colocar as perguntas e saber estar numa entrevista, traumáticas (Bornstein, 2005). Embora a força do
ou saber que aspectos observar num dado paciente Ego possa variar contextualmente em função de
e, ainda, e não menos importante, a utilização de aspectos diversos, alguns trabalhos mostram
métodos bem validados e a consciência da também que a força do Ego tende a ser bastante
importância do rigor psicométrico. Teoria estável (e.g., Nestor, 2002).
psicodinâmica e avaliação psicológica poderão e Conforme o desenvolvimento se processa e os
deverão estar, assim, ao serviço uma da outra indivíduos chegam à adolescência e à idade
(Campos, 2012). adulta, desenvolvem um estio defensivo particular
– uma forma típica de lidar com os conflitos, com
O diagnóstico psicodinâmico e uma proposta a ansiedade e com as ameaças internas e externas.
de avaliação psicológica psicodinâmica Experiências desenvolvimentais precoces
Bornstein (2005, 2006) considera que para gratificantes associam-se à construção de um
uma caracterização da dinâmica interna do estilo defensivo flexível e adaptativo (e.g.,
indivíduo, três constructos são fundamentais: os Vaillant, 1994, Ihilevich & Gleser, 1986), mas
introjectos, isto é, as representações objectais e do experiências negativas conduzem à construção de
Self, os mecanismos de defesa e a força do Ego, um estilo menos eficiente na forma de lidar com a
constructos e sua avaliação que permitirão ansiedade, envolvendo maior distorção da
caracterizar e classificar a patologia em níveis de realidade interna e externa (Bornstein, 2005). Os
gravidade, propondo o que designa de modelo mecanismos de defesa prevêem o funcionamento
tripartido da psicopatologia. A consideração dos indivíduos em áreas muito diversas (e.g.,
destes três aspectos permite, de alguma forma, Cramer, 2000; Perry, 1991).
compreender como é que perturbações ocorridas As experiências de cuidado são internalizadas
cedo no desenvolvimento podem ter um efeito sob a forma de representações mentais do Self e
duradouro e mais tarde comprometer o dos outros. Estas representações, também
funcionamento psicológico dos indivíduos, designadas por alguns autores de introjectos,
gerando a disfuncionalidade. Além do mais, estes evoluem ao longo do tempo mas têm também
três elementos estão relacionados e tendem a co- qualidades relativamente estáveis e difíceis de
variar (Trimboli & Farr, 2000). Assim por modificar (Westen, 1991; Bornstein 2005). A
exemplo, níveis elevados de força do Ego estão investigação realizada por diversos autores (e.g.,
associados a defesas adaptativas e a introjectos Blatt, 2008) confirma que pessoas cujos
benignos, enquanto níveis baixos de força do Ego introjectos são conceptualmente evoluídos e
se relacionam com defesas rígidas e imaturas e afectivamente positivos têm menor probabilidade
introjectos malevolentes (Sugarman, 2000). de desenvolver psicopatologia significativa
Na perspectiva psicanalítica, o Ego é (Bornstein, 2006). Note-se também que há
responsável pelo pensamento racional, pelo teste relações previsíveis entre as representações
da realidade e pelo controlo dos impulsos. As objectais e as representações do Self. Na maior
experiências relacionais precoces condicionam o parte das vezes, estes dois tipos de representações
desenvolvimento do Ego e a capacidade do são estruturas que se reforçam mutuamente
indivíduo para lidar eficazmente com os impulsos (Bornstein, 2005, 2006).
e de ter um contacto adequado com a realidade. McWilliams (2004) também destaca na sua
Um estilo parental positivo e um processo proposta de avaliação e formulação psicanalítica
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de casos, para além da avaliação de dimensões adolescente, as relações com os pais e no adulto,
como os afectos e as crenças do indivíduo, a com o cônjuge, e a avaliação das representações
avaliação do estilo defensivo, quer das defesas de objecto. Finalmente, no capítulo da avaliação
mais caracteriais, estáveis, quer das defesas que do Self, propõe que seja avaliada a auto-estima, os
designa de situacionais, as identificações, os objectos do Self de acordo com a perspectiva de
padrões de relação, que na verdade têm Kohut (1971) e a identidade e, ainda, as fronteiras
justamente a ver e são consequência, do Self e as relações mente-corpo, ou seja, a forma
respectivamente, das representações de objecto, e como o indivíduo percebe o seu próprio corpo e se
ainda, a questão da auto-estima que podemos relaciona com ele; se há limites corporais bem
considerar uma aspecto específico a incluir na definidos ou se pelo contrário eles são ténues,
avaliação do Self. Smith (1998) apresenta uma precisando o indivíduo de os definir. Mais
proposta de avaliação muito semelhante a esta. recentemente, Gabbard (2006) acrescenta que se
A Operationalized Psychodynamic Diagnosis- avalie também a capacidade de mentalização.
2 (OPD-2; OPD Task Force, 2008), um Por outro lado, para Blatt (1991, 2008) as
importante manual de diagnóstico psicodinâmico, diferentes perturbações podem ser
apresenta para o eixo IV uma proposta de conceptualizadas em torno de duas grandes
avaliação da estrutura interna do indivíduo, configurações psicopatológicas. Em resultado de
estrutura esta que é definida como remetendo, na perturbações no processo normal de
verdade, para a descrição dos introjectos, ou seja, desenvolvimento, alguns indivíduos tornam-se
do Self e das suas relações com os outros, da excessivamente preocupados com o
delimitação interno-externo, da percepção dos relacionamento, em detrimento do
outros, da regulação do Self e das relações desenvolvimento da auto-definição (Blatt & Blass,
objectais e da qualidade das vinculações. Esta 1992). Outros, lidam com as perturbações no
avaliação é realizada com base no material processo dialético de desenvolvimento
apresentado em entrevista, nomeadamente, exagerando as tentativas de consolidar um sentido
interacções e experiências relatadas, contra- do Self em detrimento do estabelecimento de
transferência experimentada pelo entrevistador e relações significativas. Pode, assim, considerar-se
capacidade introspectiva demonstrada pelo duas configurações primárias de psicopatologia,
indivíduo. anaclítica e introjectiva, consoante a ênfase é
Gabbard (1998) propõe um esquema bastante colocada no relacionamento ou na auto-definição
completo para uma avaliação psicodinâmica na (Blatt, 2008). O autor salienta a importância da
prática clínica. Para além da avaliação de aspectos avaliação destas duas dimensões, relacionamento
mais descritivos e psiquiátricos, de que e auto-definição e de uma caracterização básica da
destacamos a interacção entre os eixos I e IV do configuração/estilo de personalidade/
DSM-IV, ou seja a relação entre o diagnóstico psicopatologia que o indivíduo privilegia, dadas
sindromático e uma caracterização dos as implicações clínicas que essa avaliação pode
acontecimentos de vida significativos (problemas ter.
psicossociais), propõe uma avaliação de diversos A distinção entre duas configurações de
aspectos que permitirão uma formulação de caso psicopatologia é importante para o processo
psicodinâmica, em três áreas fundamentais: o Ego, terapêutico. Os pacientes anaclíticos e os
as relações de objecto e o Self. No primeiro pacientes introjectivos mudam de forma diferente
capítulo, podem destacar-se a força do Ego e os e respondem diferencialmente a diferentes tipos
mecanismos de defesa. Salienta ainda a relação de intervenção terapêutica (Blatt, 1990, 1991,
entre Ego e Super-ego. Na verdade, uma avaliação 1995, 2008). Os trabalhos de Blatt (2008) também
do Ego implica compreender como é que fluem as mostram a importância da avaliação dos
relações entre as três instâncias psíquicas: Ego, Id introjectos para o processo terapêutico. A
e Super-ego. No que respeita à avaliação objectal, evolução no processo psicoterapêutico envolverá,
para além da avaliação da própria relação com o muito provavelmente, segundo o autor, uma
clínico, Gabbard propõe que sejam avaliadas as reactivação do processo de desenvolvimento
relações com familiares, de onde se destaca, no normal e uma revisão das representações objectais
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Contributos para uma Avaliação Psicológica Psicodinâmica 53

e do Self (Blatt & Luyten, 2009). Também a força diagnóstico pode ser efectuado de forma mais
do Ego (Bornstein, 2006; Meyer & Handler, eficaz através de entrevistas (Simth, 1998). Os
1997) e os mecanismos de defesa (e.g., Ihilevich testes servirão, sobretudo, como auxílio à
& Gleser, 1991, 1995) são aspectos relevantes na caracterização da estrutura da personalidade (para
avaliação psicodinâmica pela importância que têm uma avaliação psicológica compreensiva, que é a
para o processo terapêutico. única forma de avaliação a que uma teoria
psicanalítica do funcionamento psicológico pode
Conclusão dar origem), estrutura da personalidade essa que
explicaria as queixas e os sintomas. Os testes
Propomos uma avaliação psicológica serão uma boa ferramenta para o estudo dos
psicodinâmica centrada em quatro grandes áreas: processos mentais, podendo auxiliar na tomada de
por um lado, a avaliação objectal (representações decisão terapêutica. As provas psicológicas
objectais e relacionamentos familiares e podem ajudar a decifrar o puzzle clássico – um
amorosos), a avaliação do Self e a avaliação do mesmo comportamento pode reflectir tipos de
Ego e, por outro, uma avaliação do funcionamento interno muito diferentes e o
relacionamento e da auto-definição ou das mesmo tipo de funcionamento interno pode
características anaclíticas ou introjectivas da originar comportamentos diferentes (Smith,
personalidade, combinando de certo modo uma 1998).
avaliação de aspectos de cariz mais evolutivo com Em avaliação psicológica propomos a
uma avaliação caracteriológica ou, nas palavras utilização de instrumentos formais de avaliação.
de McWilliams (2005), uma abordagem De qualquer forma, não decorre desta proposta a
maturacional ou maturativa e uma abordagem ideia de que enquanto estratégias de avaliação,
tipológica no diagnóstico psicodinâmico. Vários estes instrumento têm um estatuto superior ao de
autores combinam estas duas perspectivas na outro tipo de técnicas como a entrevista e a
conceptualização da psicopatologia, como é o observação. A entrevista, podendo ser um método
caso de Kernberg (2004) e parece-nos legítimo informal de avaliação é, também, uma
fazer uma aproximação a esta lógica numa metodologia de excelência. Em muitos casos o
proposta de avaliação psicológica psicodinâmica. psicólogo não utiliza métodos formais, mas
Assumimos um entendimento psicodinâmico realiza sempre uma ou mais entrevistas. A
do mal-estar e da disfuncionalidade e assumimos entrevista permite, entre outros aspectos,
igualmente que a compressão das queixas estabelecer uma relação de confiança antes da
apresentadas pelos indivíduos em avaliação eventual aplicação de testes psicológicos, permite
psicológica implica, para além de outros aspectos, conhecer as expectativas e motivação
uma caracterização das áreas acima referidas, relativamente à avaliação (do indivíduo e de
logo, uma caracterização da dinâmica interna da outros informadores), recolher dados sobre a
pessoa. história e contexto de vida do indivíduo e levantar
Note-se também que o objectivo é a hipóteses que serão posteriormente testadas
compressão do indivíduo e a caracterização do seu mediante o uso de outros instrumentos. Os dados
funcionamento interno, não um diagnóstico no da entrevista podem ser integrados com os dados
sentido formal, muito menos um diagnóstico provenientes de outros métodos (Simões, 1998b).
nosológico. Esta questão remeteria, no fundo, para A entrevista é também um espaço privilegiado de
uma outra discussão em avaliação da observação de comportamentos. É claro que a
personalidade que não aprofundaremos – qual é o entrevista, enquanto metodologia de avaliação,
seu fim último (caracterizar e compreender a também apresenta problemas. Uma avaliação e
personalidade, ou realizar um diagnóstico formal? um diagnóstico com base na entrevista implicam
– veja-se Weiner, 2000a, 2000b). Se o objectivo é que o psicólogo esteja dependente da capacidade
chegar a um diagnóstico de cariz nosológico, por (e da vontade) do indivíduo de revelar
exemplo, então os métodos de avaliação mais informação; essa avaliação será sempre assente no
formais para nada servem, dado que esse auto-relato do indivíduo (veja-se Bornstein 2001).
Além do mais, não permite uma mensuração
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Contributos para uma Avaliação Psicológica Psicodinâmica 54

objectiva dos constructos aqui propostos, que Beutler, L. E.., & Berren, M. R. (Eds.) (1995).
poderão apenas ser avaliados informalmente. Integrative assessment of adult personality.
Apenas um parêntesis para referir que a New York: Guilford.
utilização ou não de provas psicológicas numa Beutler, L. E., & Groth-Marnat, G. (2003).
determinada avaliação poderá depender de vários Integrative assessment of adult personality
aspectos (veja-se Pallás & Lorens, 2010). Do (2nd ed). New York: Guilford Press.
tempo disponível, da natureza do caso, do setting Blatt, S. J. (1991). A cognitive morphology of
em causa e do objectivo e, portanto, do pedido, ou psychopathology. Journal of Nervous and
seja, da razão que motivou o indivíduo a recorrer Mental Disease, 179, 449-458.
ao clínico. O tipo de provas a utilizar dependerá Blatt, S. J. (2008). Polarities of experience:
também de vários aspectos. As referências Relatedness and self-definition in personality
teóricas do psicólogo poderão ser importantes. development, psychopathology, and the
Faz-nos sentido a utilização de instrumentos therapeutic process. Washington, DC:
unidimensionais e de auto-avaliação. Na verdade, American Psychological Association Press.
faz também sentido utilizar instrumentos que Blatt, S., J., & Blass, R. B. (1992). Relatedness
avaliem uma área específica do funcionamento and self-definition: Two primary dimensions
interno, por exemplo, as representações objectais, in personality development, psychopathology,
mas avaliem essas representações relativamente a and psychotherapy. In J. W. Barron, M. N.
uma multiplicidade de aspectos, e que se pode Eagle & D. L. Wolitzky (Eds.), Interface of
considerar que apresentam algumas das Psychoanalysis and Psychology (p. 399-428).
características dos métodos projectivos - é o caso Washington, DC: American Psychological
do Object Relations Inventory. Outro exemplo é o Association.
CAT, mas especificamente para a avaliação dos Blatt, S., & Luyten, P. (2009). A structural–
mecanismos de defesa. developmental psychodynamic approach to
Finalmente, assumimos uma lógica da psychopathology: Two polarities of
utilização de uma bateria fixa de provas para a experience across the life span. Development
avaliação das quatro áreas do funcionamento and Psychopathology, 21, 793-814.
psicológico (aspectos psicodinâmicos) que Bornstein, R. F. (1998). Implicit and self-
referimos, mas com a possibilidade de utilizar attributed dependency strivings: Differential
adicionalmente outros instrumentos para avaliar relationships to laboratory and field measures
outros aspectos que se consideram relevantes of help-seeking. Journal of Personality and
numa avaliação clínica da personalidade, como os Social Psychology, 75, 778-787.
sintomas psicopatológicos, os acontecimentos de Bornstein R. F. (2001). Clinical utility of the
vida negativos e o risco suicidário (veja-se Rorschach inkblot method: Reframing the
Casullo & Scheinsohn, 2006). Para uma avaliação debate. Journal of Personality Assessment, 77,
mais global, salientamos ainda a possibilidade de 39-47.
utilização de instrumentos de avaliação da Bornstein, R. F. (2005). Psychodynamic theory
Psicopatologia que não sejam apenas sensíveis a and personality disorders. In S. Strack (Ed.),
aspectos de estado, mas também de traço, como o Handbook of personology and
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