Sei sulla pagina 1di 7

Boas Práticas Municipais

Mobilidade em Barcelos

Uma Visão Política e Cultural

Barcelos, 17 de Novembro de 2018

Baptista da Costa

Intervenção a convite da “Convenção Autárquica – Boas Práticas Municipais”


do Partido Socialista de Barcelos
Introdução

As cidades têm de ser competitivas inserindo-se no espaço económico global e, internamente,


têm de garantir aos cidadãos o mínimo de bem-estar para que a convivência democrática se
possa consolidar.

Isto exige uma Visão de cidade apoiada em fatores distintivos, pois não há duas cidades iguais.

A evolução tecnológica é uma variável incontornável e a velocidade e abrangência com que as


cidades absorvem e implementam a tecnologia, apoiadas por enquadramentos políticos ágeis,
determinam a sua capacidade de disputar e atrair talentos.

Possuir banda larga rápida, implementar tecnologias digitais nas áreas do consumo de energia,
da reciclagem de resíduos e dos transportes contribuirá para tornar uma cidade mais atrativa.

Os governos das cidades são forçados a mudar, passando a ser vistos como centros de serviço
público, avaliados pelas suas capacidades de oferecer um serviço alargado da forma mais
eficiente e individualizada.

Têm de aprender a colaborar e a adaptar-se, assegurando que as pessoas permanecem no


centro de todas as decisões, deixando a inovação florescer.

O desafio das cidades é o de acolher a modernidade e ao mesmo tempo continuar a abraçar os


sistemas de valores tradicionais.

As cidades têm sempre janelas para o passado.

Visão e liderança

Em algumas cidades, foi a ação conjunta do governo local e agentes económicos que
concretizaram a transformação da infraestrutura urbana para passarem do modelo industrial
tradicional para o de um centro terciário qualificado.

Birmingham, por exemplo, com o apoio da Comunidade Europeia, renovou o seu centro urbano e
converteu-se numa cidade dinâmica. Também Amsterdão ou Lyon, realizaram planos
estratégicos e concretizaram mudanças nas infraestruturas e imagem para se adequarem às
novas exigências da economia global.

Há casos em que a incapacidade do governo local obstaculizou a concretização de estratégias


em linhas de atuação, como Milão e Turim após Tognoli e Novelli.

Outras cidades afirmaram-se ao conseguir atrair grandes eventos internacionais.

Sem os Jogos Olímpicos de 1992, Barcelona não seria um marco na transformação urbana.
Lisboa vivia um círculo vicioso de melancolia até ter sido Capital Europeia da Cultura em 1994 e
em 1998 ter sido realizado a Exposição Universal que lhe permitiu dar um impulso na
transformação urbana e dinamização económica.

A cidade do Porto reinventou-se ao redescobrir que tinha o Rio Douro aos seus pés, com a
classificação de Património Mundial da Humanidade em 1996, a Cimeira Ibero Americana em
1998, a Capital Europeia da Cultura em 2001 e o Campeonato Europeu de Futebol em 2004.

Não se pode explicar as profundas alterações de Barcelona sem referir emblemática figura de
Pascoal Maragall, de Lisboa sem referir Jorge Sampaio, e do Porto sem referir Fernando Gomes.

Outras cidades há, que são indissociáveis da forte personalidade e dinamismo dos seus
presidentes: Lille com Pierre Mauroy; Montpellier com Georges Frêche, Estrasburgo com
Catherine Trautman, Maia com Vieira de Carvalho ou Matosinhos com Narciso Miranda.

Em 1992, Madrid com a Capital Europeia da Cultura e Sevilha com a Exposição Universal tiraram
partido de oportunidades excecionais, possível precisamente pela falta de liderança local.

A liderança local nem sempre corresponde à autoridade política e há cidades, como Valência e
Bilbau que reagiram com a liderança partilhada entre instituições públicas e parceiros privados.

Em qualquer um dos casos o projeto de transformação da cidade foi impulsionado pela


globalização da economia, pela negociação entre os atores urbanos, públicos e privados, e pelo
consenso quanto ao desenvolvimento físico, económico, social e cultural.

Barcelos

Barcelos afirma-se internacionalmente com o Caminho de Santiago, como Cidade Criativa da


UNESCO e como o maior centro malheiro da europa.

O Galo de Barcelos é um dos símbolos de Portugal e tem no Figurado uma das suas referências.
No seu Museu da Olaria há uma preciosa coleção com mais de 6 mil peças.

Dotada de boas acessibilidades rodoviárias, Barcelos está próximo do Porto de Leixões e do


Aeroporto Francisco Sá Carneiro, infraestruturas logísticas de dimensão internacional.

A eletrificação, em curso, da Linha Ferroviária que serve a cidade permite-lhe uma ligação
eficiente às redes ferroviárias nacional e internacional.

Barcelos está a descobrir que é atravessada pelo Rio Cávado, sendo a única cidade do
Quadrilátero Urbano - Barcelos, Braga, Famalicão e Guimarães - que tem o privilégio de um rio
que a atravessa.
Em Barcelos está a mais jovem universidade politécnica portuguesa, o IPCA – Instituto
Politécnico do Cávado e do Ave, fundada em 1994, que conta com 4 mil alunos nas suas escolas
de Gestão, Tecnologia e Design.

Há uma cidade de Barcelos antes do IPCA e outra depois do IPCA.

Mobilidade

Com a crescente concentração populacional na cidade, a capacidade da rede viária atingiu o seu
limite físico e ambiental, com impactos negativos na qualidade de vida dos cidadãos, fruto de
congestionamentos, acidentes, ruído e poluição.

A mobilidade urbana é vital para o funcionamento económico e social de Barcelos onde a sua
gestão é determinante para reorientar a cidade, centrada na utilização do transporte individual,
numa cidade mais focada nos modos ativos (andar a pé e de bicicleta) e mais amiga dos
transportes públicos.

A hegemonia do automóvel contribuiu para a difusão da ideia de que a mobilidade é assunto


privado, mas de facto o transporte é um serviço público essencial, que assegura o acesso das
pessoas ao direito à saúde à educação e à cultura.

Transportes Coletivos de Barcelos

Em 2018, Barcelos deu resposta a esta Visão com duas linhas de transportes públicos Urbanos
que visava oferecer um serviço que seja percecionado como um primeiro passo na mudança de
paradigma da mobilidade em Barcelos.

Apesar de ser uma iniciativa recente, apresenta já alguns aspetos diferenciadores.

Desde logo o facto de ser realizado por viaturas novas quando a idade média dos autocarros
urbanos em Portugal é de 14 anos.

Recebe PMR’s – Pessoas de Mobilidade Reduzida, o que podendo parecer óbvio, não é
oferecido aos clientes aos clientes do Metro de Lisboa, de São Petersburgo, nem mesmo a todos
os utilizadores de transporte públicos de Braga ou de Oslo.

Tem ar condicionado e WI-FI Free a bordo que não está generalizado em Braga e muitas outras
cidades.

Aqui em Barcelos, os autocarros têm prioridade semafórica. Poucas cidades oferecem ao


transporte público esta funcionalidade que Braga tem sido incapaz de implantar e difícil de
coordenar em Grenoble.
Os traçados das linhas de transporte públicos urbanos são uma decisão política.

Em Barcelos os traçados são, tal como convém e tanto quanto possível, lineares e bidirecionais
oferecendo legibilidade aos clientes.

As duas linhas cruzam-se no centro da Cidade permitindo o transbordo, e ligam os principais


polos geradores de mobilidade na cidade: a Estação de Caminho-de-ferro, o IPCA, as zonas mais
densamente povoadas e têm términos em três pontos que servem de interface com o transporte
individual.

Há dois aspetos que merecem uma referência especial: a ligação a Barcelinhos pela ponte
medieval, colocando Barcelinhos na Cidade e o serviço ao IPCA ligando-o diretamente à Cidade
o que reflete o orgulho da Cidade na sua Universidade. Pode parecer óbvio, mas em Braga ainda
não há qualquer ligação direta desde o Campus de Gualtar (Universidade) à Cidade em
transporte coletivo.

Vias cicláveis e rebatimento com Transporte Público

Está em curso o Projeto de Execução dos primeiros 7 km de vias cicláveis em Barcelos e a sua
articulação com os percursos pedonais e as paragens de Transporte Públicos.

Sendo esta infraestrutura necessária para a mudança de paradigma da forma como as pessoas
se deslocam, com impacto na qualidade de vida dos cidadãos, contribuirá de forma decisiva para
reduzir a conflitualidade entre os diferentes modos de transporte, permitindo a fluidez do tráfego e
aumento da segurança.

Sendo o transporte individual insubstituível em certo tipo de deslocações, Barcelos dá resposta às


solicitações do IPCA, particularmente dos seus estudantes, que já dispõe de 150 bicicletas,
construindo uma infraestrutura que dá resposta às crescentes solicitações para a opção pelos
modos suaves e Transporte Públicos que também contribuem para a alteração cultural e
motivação dos cidadãos para a utilização destes meios de deslocação.

Desenvolver os Transportes Públicos e realizar Percursos Pedonais e Cicláveis, evidenciando a


importância que os decisores dão à circulação de peões e ciclistas na cidade, contribuirá para
uma radical mudança de atitudes e mentalidades.

Mobilidade e Urbanismo

A cidade tem que ser pensada em torno do sistema de transportes que é regrante para todo o
desenvolvimento urbano.
A mobilidade está para a cidade como as veias para o corpo humano.

Em Barcelos, os investimentos em curso na área da mobilidade criou a oportunidade da


afirmação da cidade num contexto regional.

A proximidade da Estação de Caminho-de-ferro com a Estação Central de Camionagem constitui


a oportunidade da construção de um Interface Multimodal reforçada com a construção do Nó de
Santa Eugénia, que com uma extensão de 1,2 km o liga à rede viária nacional.

À volta deste Interface Multimodal pode ser desenhada uma nova centralidade, potenciada e
desenvolvida numa ótica de TOD – Transit Oriented Development, recorrendo a investimento
privado.

No conceito de TOD o desenho urbano com múltiplos usos (habitação, comércio, escritórios,
equipamentos, etc.) cria comunidades densas e multimodais onde os residentes utilizam menos o
transporte individual, conduzem menos, utilizam mais os transportes coletivos e os modos ativos,
promovendo o crescimento urbano sustentável.

O TOD cria melhor acesso a empregos, habitação e oportunidades para pessoas de todas as
idades e rendimentos, proporcionando a todos estilos de vida convenientes, acessíveis e ativos.
Ou seja, lugares onde nossos filhos podem brincar e nossos pais podem envelhecer
confortavelmente.

Fazer Cidade

Barcelos vai sofrer inevitáveis e irreversíveis alterações tal como aconteceu noutras cidades em
todo o mundo.

Mexer neste território é intervir sobre a memória portuguesa, sob o espírito de um lugar único no
mundo.

Estas alterações devem permitir não só a adequação da cidade às atividades a desenvolver mas
também o reforço das imagens tradicionais pela invenção de novas referências culturais,
económicas e outras, instituindo uma articulação dinâmica entre os novos lugares e a cidade.

A construção de infraestruturas de transporte e mobilidade devem ser acompanhadas pela


criação de novas referências na paisagem, que reforcem a sua identidade.

Voltando aos exemplos: Nova Iorque tem na foz do Rio Hudson a Estátua da Liberdade, Bilbau
construiu o Guggenheim, o Porto a Casa da Música, na Maia a Câmara Municipal é o “Isqueiro”
que identifica a centralidade, Copenhaga tem a “Pequena Sereia” e Bruxelas o pequeno
“Manneken Pis”.
A grandeza em colocar elementos na paisagem que tenham potencial para constituir novas
referências afetivas, contribuem para a afirmação da cidade e o orgulho dos cidadãos.

Não estranhe então o barcelense, se vir surgir junto ao acesso pedonal do IPCA uma estação de
transportes públicos, com design diferenciador, evidenciando a importância que a cidade dá à sua
Universidade.

E que diria da construção de um “Sol” visível de longa distancia, na Rota do Caminho de


Santiago, chamando os peregrinos e honrando os da terra e sua lenda?

Como diria Fernando Pessoa, primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Conclusão

Fazer Cidade devolve-nos a liberdade e faz-nos reinventar nós próprios e à nossa cidade
construindo espaços mais vibrantes e torna a comunidade mais feliz.

O direito à cidade é muito mais do que a liberdade de cada um no acesso aos recursos urbanos:
é o direito de nos mudarmos a nós mesmos mudando a própria cidade. Trata-se de um direito
coletivo e não individual, uma vez que essa transformação depende inevitavelmente do exercício
de um poder coletivo.

O conhecimento e a cultura, tornam cada cidade imparável, grandiosa, aberta. ÚNICA.

Está na Visão, o guia para a sua afirmação mas a Visão não sobreviverá se não se ganhar
eleições para a concretizar.

Potrebbero piacerti anche