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Ela só se fez
acessível e,
em porção mínima, mediante algumas pesquisas
aprofundadas.
A profundidade da ampla pré-história, em que
todo é resto está fundado, ainda não ficou verdadeiramente iluminada pelas
ineficazes luzes sobre ela projetadas. A tradição dos tempos históricos os tempos
do testemunho escrito é fortuita e incompleta. Na
realidade, só no século XVI passa a ser documentada.
O futuro é um campo ilimitado de possibilidades e
não está decidido.
Entre a pré-história, cem vezes mais ampla, e a
imensidade do futuro estendem-se os cinco mil anos
de história visível para nós. Trata-se de um ínfimo
espaço na existência humana que se prolonga até
perder-se de vista. A história está aberta pela pré-história e pelo futuro. Por
nenhum destes lados
está concluída e não se pode obter dela uma figura
acabada como uma imagem integral que se sustenta
por si só.
Karl Jaspers
tradução
Rev. Filosófica São Boaventura, Curitiba, v. 6, n. 1, p. 137-152, jan./jun. 2013
Em meio à história estamos nós e nosso presente. Este último não é nada se se
perde como mero presente neste estreito horizonte do dia. Meu livro pretende
contribuir no intuito de elevar nossa consciência do presente.
O presente, por um lado, está repleto do fundo histórico que em nós se atualiza
a primeira parte do livro trata da história do mundo até nossos dias.
Por outro lado, o presente de forma latente está penetrado pelo futuro, cujas
tendências, seja em oposição ou em adesão, fazemos nossas a segunda parte do
livro pretende tratar do presente e do futuro.
Todavia, este presente pleno procura lançar sua âncora em sua eterna origem.
Conduzir pela história para além da história, ao transcendente, o qual nos envolve,
é
a última coisa que o pensamento não pode alcançar, mas sempre haverá de procurar
rever constituindo-se, assim, na terceira parte do livro, que trata de esclarecer o
sentido da história.
Karl Jaspers
Introdução: A questão pela estrutura da história universal
Em virtude da extensão e profundidade das transformações experimentadas pela
vida humana, recai sobre nossa época a significação mais decisiva. Só a totalidade
da história humana pode fornecer o plano de fundo para entender o sentido do
acontecer atual.
No entanto, quando contemplamos a história da humanidade, encontramo-nos
com o mistério de nosso ser humano. O fato de que tenhamos história, de, em virtu-
de da história sermos o que somos e de que tal história tenha durado até agora um
tempo relativamente muito curto, leva-nos a perguntarmos: De onde vem isso? Para
onde isso vai? O que isso significa?
Desde os tempos mais remotos, o homem formou-se uma imagem da totalidade:
primeiramente, por imagens míticas (teogonias e cosmogonias, nas quais ele mantinha
seu lugar), posteriormente, pela imagem de que Deus atua através das decisões
políticas no mundo (visão histórica dos profetas) e, mais tarde, por atos de
revelação
no conjunto da história, desde a criação e o pecado original até o fim do mundo e o
juízo final (Santo Agostinho).
Contudo, a consciência histórica é essencialmente distinta quando se apoia em
bases empíricas e unicamente sobre elas. As histórias, embora lendárias, de uma
gênese natural da cultura, estende-se por todos os lados, desde a China até o
Ocidente,
pois já tinham este ponto de vista. Atualmente alargou-se o horizonte real de uma
maneira extraordinária. A limitação temporal a idade de seis mil anos," segundo
a crença bíblica desapareceu. Entre o passado e o futuro abre-se uma infinitude.
Relacionada a isso está a investigação dos vestígios históricos, dos documentos e
monumentos do passado.
Esta imagem empírica da história deve conformar-se, ante a imensa multiplici-
dade dos fatos, com a apresentação de algumas leis regulares e com a descrição às
vezes sem conexão do múltiplo. Vê-se, assim, que há repetições e que há analogias
no múltiplo; que há ordenações políticas de poder com suas séries típicas de formas
e que há também a confusão caótica; que há séries regulares de estilo no espiritual
e que há também a nivelação do irregular permanente.
É possível também tentar compor uma imagem total, unitária e conexa da história
da humanidade. Desse modo, descobrem-se os círculos culturais que já existiram e
seu percurso, contemplamo-los primeiramente separados e depois em sua influência
recíproca, extraímos o elemento comum de seu sentido e inteligibilidade mútua e,
por fim, pensa-se num único sentido unitário no qual fique ordenada toda a
multiplicidade (Hegel)1.
5. Superação da história
Até agora notamos o seguinte: a história não está acabada o acontecer encerra
infinitas possibilidades; toda configuração da história como um todo conhecido cai
por terra, porque, o que recordamos, revela, em função de novos dados, uma verdade
antes ainda não percebida. O que primeiro havia sido colocado de lado como
essencial, cobra depois um caráter absolutamente essencial. Encerrar a história
parece
impossível, pois transcorre do infinito ao infinito, e só uma catástrofe exterior
pode
acabar absurdamente com tudo.
A história sempre nos deixa insatisfeitos. Gostaríamos de penetrar através da
história até um ponto situado antes e sobre toda a história, até o fundamento do
ser,
ante o qual a história inteira não é mais que uma mera aparência que nunca pode
concordar consigo mesma: até este ponto, onde numa espécie de conhecimento
passado pela Criação, já não dependemos de uma maneira radical da história.
Contudo, para nós, nunca pode haver um ponto arquimediano conhecido fora
da história. Estamos sempre já inseridos nela. Recorrendo ao anterior, ao meio ou
ao depois de toda história, no que tudo envolve, no ser mesmo, buscamos em nossa
existência e na transcendência o que seria este ponto arquimediano, se pudesse
tomar
a forma de um saber objetivo.