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MÉTODOS AVANÇADOS DE ANÁLISE POR ELEMENTOS FINITOS

PARA VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE DE ESTRUTURAS METÁ-


LICAS

Liliana Marquesa, Luís Simões da Silvaa e Carlos Rebeloa


a
ISISE, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Coimbra, Portugal

Resumo. Neste artigo são confrontados os diversos métodos para verificação da estabilidade
de estruturas metálicas existentes no EC3. Na primeira parte sintetizam-se os vários procedi-
mentos disponíveis, descrevendo: (i) a metodologia; (ii) as decisões a tomar e variáveis ne-
cessárias, bem como as dificuldades inerentes; e (iii) as vantagens e desvantagens de cada um
dos métodos. Finalmente, é apresentado um caso em que são comparados os resultados dos
vários métodos descritos.

1 Introdução

O Eurocódigo 3, parte 1-1 [1] fornece um conjunto de metodologias para verificação da es-
tabilidade de estruturas metálicas. O método mais usual baseia-se numa análise de esforços e
aplicação subsequente de fórmulas de verificação. No entanto, com o desenvolvimento de fer-
ramentas computacionais, a utilização de métodos avançados de análise com recurso ao mé-
todo dos elementos finitos utilizando elementos sofisticados de casca, permite a resolução de
estruturas complexas. Relativamente a estes métodos, existe uma metodologia que combina
os resultados de uma análise elástica bifurcacional e de uma análise não linear no plano. Pode
finalmente efectuar-se uma análise global não linear, denominada por GMNIA – análise geo-
metricamente e materialmente não linear da estrutura imperfeita.
Neste artigo, procede-se à descrição e discussão das várias abordagens disponíveis para ve-
rificação da estabilidade de estruturas metálicas e à sua aplicação a um caso de estudo.

2 Métodos disponíveis para verificação da estabilidade

2.1 Introdução

A instabilidade estrutural é um fenómeno associado à elevada esbelteza dos elementos es-


truturais ou das secções. Em virtude da elevada resistência do material, as estruturas consti-
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tuídas por elementos de aço podem apresentar uma esbelteza elevada e consequentemente ser
susceptíveis de ter associados fenómenos de instabilidade.
No EC3-1-1 é disponibilizada mais do que uma abordagem para verificação da estabilida-
de de elementos. A escolha do método por parte do projectista prende-se com diversos aspec-
tos, como a complexidade do problema a analisar, a formulação do problema, ou a precisão de
resultados.
Estas abordagens podem ser divididas em três grupos principais, embora exista flexibilida-
de e intersecção entre os diversos tipos de análise:
 Verificação da estabilidade com base em fórmulas de interacção: a metodologia mais utili-
zada, mas no entanto, aplicável aos casos mais simples de estruturas. Neste tipo de verifi-
cação pode ser efectuada análise de esforços de primeira ou segunda ordem, variando a
fórmula de interacção a ser utilizada consoante o tipo de análise adoptado;
 Verificação da estabilidade através de análise global de esforços não linear e de factores de
interacção: é denominada por metodologia geral e apresenta vantagem sobre o método an-
terior por poder ser aplicada a mais tipos de estruturas. Este método tira partido da análise
numérica de estruturas sem, para isso, ser necessária uma experiência demasiado complexa
na modelação de estruturas (no que diz respeito a imperfeições, por exemplo). No entanto,
este método não se encontra ainda completamente validado;
 Verificação da estabilidade através de análise global de esforços não linear: esta metodolo-
gia está ainda pouco desenvolvida a nível da verificação da estabilidade em elementos,
mas apresenta a grande vantagem de possibilidade de resolução de estruturas complexas.
Na Fig. 1 esquematizam-se os diversos métodos:

Análise 1ª ordem Análise 2ª ordem

Verificação Imperfeições
Verificação da Efeitos locais
estabilidade Materiais
resistência da P-δ
individual dos +
secção
elementos Geométricas Metodos numéricos
nas Efeitos globais do elemento (análise não linear)
extremidades P-Δ
Comprimento de dos elementos
encurvadura Imperfeições Imperfeições
correspondente ao geométricas geométricas GMNIA
modo de globais equivalentes 3D
instabilidade global

Métodos
Métodos Metodologia
Verificação da Verificação aproximados
aproximados Geral
estabilidade individual da resistência ou numéricos
ou numéricos
dos elementos da secção de resolução
de resolução
nas de esforços
de esforços
Comprimento de extremidades - GMNIA no plano
encurvadura dos elementos - LBA
Verificação
correspondente ao - Curva de encurvadura
da resistência
comprimento do elemento
das secções
Fig. 1: Esquematização dos métodos disponíveis para verificação da estabilidade de elementos

2.2 Verificação com base em curvas de encurvadura

O método mais usual de verificação de estabilidade para elementos é, sem dúvida, baseado
em factores de redução que têm em conta os efeitos do modo de encurvadura relevante. A ve-
rificação é feita através de fórmulas de interacção de esforço axial e momento flector. Basi-
camente, o carregamento é dividido nas suas componentes e os efeitos de cada um dos tipos
VII Congresso de Construção Metálica e Mista 3

de esforços é avaliado separadamente. A interacção destes efeitos é depois considerada atra-


vés de coeficientes de interacção. Relativamente à estabilidade da estrutura, esta é tida em
conta através dos factores de redução referidos anteriormente.
As fórmulas de interacção para verificação da estabilidade em vigas-coluna do EC3-1-1 –
cláusula 6.3.3 estão representadas nas Eqs. (1) e (2):
N Ed M y , Ed  M y , Ed M z , Ed  M z , Ed
 k yy  k yz  1 .0 (1)
 y N Rk /  M 1  LT M y , Rk /  M 1 M z , Rk /  M 1
N Ed M y , Ed  M y , Ed M z , Ed  M z , Ed
 k zy  k zz  1 .0 (2)
 z N Rk /  M 1  LT M y , Rk /  M 1 M z , Rk /  M 1
onde NEd, My,ED e Mz,ED são valores de cálculo do esforço axial e momentos flectores máximos
em torno de y e z, respectivamente; ΔMy,ED e ΔMz,ED são momentos devidos à variação do
centro de gravidade em secções de classe 4; χy e χz são factores de redução devido a encurva-
dura por flexão em torno de y e z, respectivamente (cláusula 6.3.1); χLT é o factor de redução
devido a encurvadura lateral (cláusula 6.3.2); kyy, kyz, kzy e kzz são factores de interacção calcu-
lados através do Anexo A ou B do EC3-1-1; e γM1 é o coeficiente parcial de segurança.
A primeira equação representa a encurvadura por flexão no plano da estrutura enquanto
que a segunda equação representa a encurvadura fora do plano. Relativamente à encurvadura
lateral, estas fórmulas podem ser avaliadas de modos diferentes. Existem dois métodos para
avaliação dos factores de interacção: o Método 1 (Anexo A do EC3-1-1) utiliza uma combi-
nação para cada uma das fórmulas, ou seja, através de uma verificação inicial associada à
forma da secção do elemento avalia-se a susceptibilidade ou não a deformações torsionais
sendo depois aplicada cada uma das fórmulas de interacção; o Método 2 (Anexo B do EC3-1-
1) utiliza duas combinações para cada uma das fórmulas, ou seja, duas fórmulas para elemen-
tos não susceptíveis a deformações torsionais e duas fórmulas para elementos susceptíveis,
sendo esta avaliação qualitativa. Este último método é de formulação mais simples tendo sido
calibrado através de simulações numéricas, enquanto que o Método 1 é de formulação teórica.
A consideração dos vários modos de encurvadura é efectuada de modo diferente consoante
os vários tipos de estruturas, como placas ou cascas. Aliás, comparando diferentes regulamen-
tos lidando com o mesmo tipo de estrutura observam-se abordagens diferentes para verifica-
ção da estabilidade de elementos relativamente à consideração de encurvadura lateral, como a
consideração deste modo apenas associado aos casos de encurvadura por flexão fora do plano,
ou a sua consideração independente de qualquer um dos modos de encurvadura por flexão [2].
Finalmente, nos vários regulamentos a consideração da encurvadura lateral através dos facto-
res de redução é também considerada de modo diferente, por exemplo, através do valor limite
para dispensa desta verificação. No próprio EC3-1-1, existem dois métodos para cálculo do
factor de redução para encurvadura lateral, χLT: o método geral apresenta um valor de esbelte-
za normalizada de  LT , 0  0.2 , enquanto que o método alternativo para secções laminadas ou
soldadas equivalentes apresenta um valor de  LT , 0  0.4 .
Além da verificação da estabilidade do elemento através das equações de interacção para
os esforços máximos a que está submetido, é ainda necessário proceder à verificação da resis-
tência da secção nas extremidades do elemento, uma vez que os factores de interacção das
Eqs. (1) e (2) são calibrados com base no conceito de momento uniforme equivalente.
Finalmente, consoante o tipo de análise de esforços, a verificação da estabilidade do ele-
mento pode ser feita de modos distintos que se descrevem de seguida [1]:
 Análise de esforços de 1ª ordem (isto é, sem ter em conta os efeitos dos deslocamentos so-
bre os esforços da estrutura) e sem consideração de imperfeições globais e ao nível do
elemento. Neste caso é necessário considerar comprimentos de encurvadura corresponden-
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tes ao modo de instabilidade global da estrutura e efectuar a verificação da estabilidade in-


dividual dos elementos através das Eqs. (1) e (2) que já têm em conta as imperfeições do
elemento (materiais e geométricas). Caso seja efectuado este tipo de análise, a definição
dos comprimentos de encurvadura equivalentes poderá ser uma tarefa pouco simples;
 Análise de esforços de 2ª ordem, considerando as imperfeições e os efeitos de 2ª ordem
globais. Neste caso também é necessário verificar a estabilidade individual dos elementos
através das Eqs. (1) e (2), embora o comprimento de encurvadura a considerar seja o com-
primento real do elemento. Este é o procedimento mais usual, sendo os esforços de 2ª or-
dem calculados numericamente ou através de factores de amplificação utilizando fórmulas
simplificadas;
 Análise global de esforços considerando todos os efeitos de 2ª ordem bem como todas as
imperfeições da estrutura (globais e do elemento). Neste caso é apenas necessário proceder
à verificação da resistência da secção. Este procedimento poderá tornar-se complexo pois a
definição das imperfeições nem sempre é simples. No entanto, muitas vezes pode conju-
gar-se este tipo de análise com a verificação através das Eqs. (1) e (2) como, por exemplo,
considerando apenas os efeitos de 2ª ordem e imperfeições no plano e efectuando a verifi-
cação da estabilidade fora do plano, ou seja, utilizando apenas a Eq. (1).
O EC3-1-1 tem vindo a evoluir significativamente no que respeita às abordagens relativas
à estabilidade, o que reflecte o extenso trabalho de investigação que tem vindo a ser realizado
neste domínio, coordenado principalmente pelo comité técnico nº 8 (TC8) da Convenção Eu-
ropeia para a Construção Metálica (ECCS). No entanto, permanecem em aberto diversas
questões: não só as abordagens referidas oferecem diferentes níveis de segurança, mas tam-
bém a sua aplicabilidade está limitada a casos mais simples de carregamento e condições de
fronteira. Por exemplo, para elementos de secção variável ou monossimétrica, ou complexos
sistemas de contraventamento, na realidade mais utilizados, a aplicação destas fórmulas pode-
rá conduzir a resultados demasiado conservativos. Para análise destes casos, como alternativa,
poderá recorrer-se à análise não linear de estruturas através de métodos avançados por ele-
mentos finitos, como será abordado nos parágrafos seguintes. No entanto, a falta de informa-
ção e orientação no uso de ferramentas numéricas para verificação da estabilidade em elemen-
tos torna, para já, esta opção pouco preferida.
Torna-se evidente que seria bastante vantajoso dispor de metodologias uniformes para li-
dar com qualquer tipo de verificação de estabilidade, harmonizando os procedimentos exis-
tentes e disponíveis nas diversas partes do EC3, bem como alargando a aplicabilidade destes
procedimentos a casos mais complexos.

2.2 Verificação mista: análise numérica não linear e curvas de encurvadura

A verificação da estabilidade de estruturas através da cláusula 6.3.4 do EC3-1-1, isto é, a


Metodologia Geral, é efectuada através do esquema da Fig. 2., em que αult,k é o multiplicador
relativo ao carregamento actuante correspondente à resistência no plano da secção mais críti-
ca, tendo em conta todas as imperfeições relevantes locais e globais; αcr,op é o multiplicador
relativo ao carregamento actuante correspondente à resistência crítica elástica;  op corres-
ponde à esbelteza global normalizada; e χop é o factor de redução global.
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Analítico Numérico Analítico Numérico

Estabilidade fora do plano


Estabilidade no plano
Resistência
Cláusula
Min. Secção nos
6.3.3
extremos Fórmula de interacção
(no plano)
do [3]
com Lt =1
elemento

GMNIA LBA
(no plano)

αult,k αcr,op

 op   ult ,k /  cr ,op

χ χLT

χop = χop =
Mínimo (χ, χLT) Interpolação (χ, χLT)

 op ult ,k /  M 1  1
Fig. 2: Procedimento relativo à Metodologia Geral do EC3-1-1

Este método pode ser aplicado a estruturas ou partes de estruturas, desde que devidamente
consideradas as condições de fronteira. A análise da estrutura é efectuada no seu todo, ou se-
ja, não são separados os efeitos relativos a momento flector e esforço axial. Qualquer tipo de
elemento, como de secção não uniforme, ou com complexas condições de apoio pode ser con-
siderado para análise, desde que se escolha a correcta curva de encurvadura para cálculo do
factor de redução global. Finalmente, a estrutura não deverá conter rótulas plásticas e a apli-
cação do método está limitada a estruturas com carregamento no plano. A análise é efectuada
considerando separadamente os efeitos no plano e fora do plano, sendo a sua interacção con-
siderada através do critério de Merchant-Rankine. A principal vantagem deste método é a
possibilidade de analisar estruturas mais complexas sem, para isso, ter que se definir compri-
mentos de encurvadura equivalentes ou contabilizar o efeito de distribuições de momentos ou
de apoio complexas através de factores adequados. No entanto, a principal dificuldade do mé-
todo está relacionada com a escolha da curva de encurvadura. O factor global de redução, χop,
pode ser tomado como o mínimo entre χ (encurvadura por flexão) e χLT (encurvadura lateral),
ou como valor interpolado entre χ e χLT de acordo com a fórmula de verificação da resistência
da secção crítica. Embora seja recomendada a primeira hipótese, a consideração do mínimo
dos factores de interacção poderá conduzir a valores conservativos da resistência, especial-
mente para casos em que o modo de encurvadura dominante não seja o modo correspondente
à curva que apresenta o mínimo dos dois factores [3].
Este método é também exposto no EC3-1-5 (dimensionamento de placas) [4] e EC3-1-6
(dimensionamento de cascas) [5]. Nestes regulamentos, no entanto, a actuação do carrega-
mento não está restringida ao plano da estrutura, pelo que a abordagem é mais abrangente.
Além disso, a Metodologia Geral aplicada a elementos impõe a consideração de imperfeições
no plano (numericamente equivalente a uma análise GMNIA no plano), enquanto que no caso
da verificação da estabilidade para placas e cascas não é necessário considerar imperfeições
(MNA – análise materialmente não-linear), o que resulta numa simplificação do problema
pois a definição de imperfeições adequadas é das principais dificuldades na modelação de es-
truturas. Na norma alemã (DIN18800) surge ainda uma formulação na qual αult,k é calculado
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apenas considerando o esforço axial actuante. O momento flector é depois expresso no cálcu-
lo de αcr,op através de uma excentricidade equivalente. Esta formulação, no entanto, apresenta
bons resultados apenas para casos em que o esforço axial é dominante relativamente ao mo-
mento flector [2].
Finalmente, a Metodologia Geral no EC3-1-1 apresenta a vantagem de ser aplicável sobre-
tudo a análises computacionais não lineares, cada vez mais em uso. A validação deste método
encontra-se ainda por concluir, embora seja reconhecido pelo TC8 (ECCS) a necessidade de
explorar as vantagens e fronteiras do mesmo, uma vez que se estende a vários tipos de estru-
turas e é de simples aplicação.

2.2 Verificação através de análise numérica não linear por elementos finitos

A análise por elementos finitos poderá ter vários níveis de sofisticação, consoante o tipo de
problema que se pretende analisar. No entanto, existe uma série de factores que determinará
não só a qualidade dos resultados mas também o tempo de cálculo e de esforço computacio-
nal, como, por exemplo:
 a discretização da malha;
 a forma da malha bem como a transição entre malhas distintas;
 o tipo e grau de interpolação do elemento finito de acordo com o problema a resolver;
 a escolha do critério de convergência de acordo com a não linearidade do problema.
Além disso, uma modelação adequada é essencial para representação do comportamento
correcto da estrutura. Aspectos como o comportamento do material, as imperfeições ou a con-
sideração do carregamento e condições de fronteira devem ser cuidadosamente analisados.
Uma das principais vantagens da modelação através de elementos finitos é a possibilidade
de considerar apenas componentes da estrutura, o que simplifica o problema em termos de
cálculo e tempo de resolução mas, por outro lado, exige uma maior atenção relativamente à
rigidez e carregamento que as partes adjacentes da estrutura oferecem sobre a parte a modelar.
Em contrapartida, a principal dificuldade na modelação de estruturas está relacionada com
a consideração de imperfeições, não só a nível da forma mas também da amplitude. As imper-
feições devem ser consideradas com todas as formas possíveis conduzindo à envolvente dos
efeitos mais desfavoráveis. A modelação tridimensional amplifica esta dificuldade uma vez
que o número de imperfeições aumenta exponencialmente [6]. Além das imperfeições geométri-
cas globais, deve ter-se também em conta as imperfeições geométricas ao nível do elemento como a
falta de verticalidade e linearidade. Além disso devem ainda considerar-se as imperfeições ao nível do
material como as tensões residuais. Finalmente, caso coexistam várias imperfeições deve definir-se
uma imperfeição de base considerando as restantes imperfeições com 70% da amplitude.
Quanto à escolha do elemento finito, este deverá ser escolhido consoante o tipo de proble-
ma. A utilização de elementos de casca permite ultrapassar certas insuficiências de elementos
lineares, como por exemplo a modelação da secção efectiva de estruturas, que se torna desne-
cessária para os primeiros, ou a análise do ‘shear lag’, efeito este não captado por elementos
de barra. Também se deve ter em conta a formulação dos elementos lineares em alguns pro-
gramas que poderão não considerar o empenamento das secções. Por outro lado, a utilização
de elementos sólidos é mais vocacionada para a análise de situações complexas como é o caso
de ligações, uma vez que requer um volume de cálculo bastante maior.
Relativamente ao tipo de análise, esta deverá ser escolhida consoante o tipo de problema
que se pretende analisar e o comportamento da estrutura. Poderão considerar -se ou não as
não linearidades do material e/ou geometria. Pode ainda incluir-se as imperfeições geométri-
cas e materiais, surgindo assim várias combinações para o tipo de análise desde a Análise Li-
near (LA) até à Análise Geometricamente e Materialmente Não linear da estrutura Imperfeita
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(GMNIA). Por exemplo, para verificação da resistência elástica basta efectuar uma análise
linear sem consideração de imperfeições. Já para a resistência easto-plástica para os estados
limites últimos deverá ser efectuada uma análise GMNIA [6]. Finalmente, através de uma
análise bifurcacional elástica (LBA) para determinação dos modos de encurvadura, pode de-
finir-se a forma das imperfeições da estrutura.
Assim, pode tirar-se partido da análise computacional não só para determinação da carga
última de colapso, mas também para conjugação com as fórmulas de verificação presentes no
EC3-1-1, desde que adequadas ao tipo de análise efectuada. No entanto, o EC3-1-1 não dis-
põe ainda de orientação para a verificação de estruturas através da análise por elementos fini-
tos. Por exemplo, efectuando uma análise em elementos de casca, os resultados são fornecidos
em termos de tensões, enquanto que as fórmulas de verificação presentes no EC3-1-1 são ex-
plicitadas em termos de esforços. Assim, para usufruir dos resultados provenientes de uma
análise em elementos de casca, seria necessário integrar as tensões ao longo de uma dada sec-
ção para obter esforços, o que não é prático.
Pelo contrário, tanto o EC3-1-5 (anexo C) apresenta um anexo dedicado a este tipo de aná-
lise, como o EC3-1-6 apresenta, em geral, uma base de dimensionamento numérico não linear
[6] devido naturalmente à não linearidade e complexidade associadas a estruturas de casca.
Além disso, embora o EC3-1-1 considere a possibilidade de análise por elementos finitos
(remetendo para o EC3-1-5), não contabiliza a incerteza associada este tipo modelação como,
por exemplo, no EC3-1-6, em que um factor de calibração kGMNIA deverá ser aplicado ao re-
sultado numérico [7]. Também no EC3-1-5 é especificado que, ao factor de carga último, se-
jam aplicados dois factores: o factor α1 relacionado com a incerteza resultante da modelação;
e o factor α2 relacionado com a dispersão dos modelos de acções e resistências [6].
Pelas razões expostas, esta metodologia para verificação da estabilidade de elementos é
ainda pouco utilizada. No entanto, analisando as vantagens que advém do dimensionamento
de estruturas metálicas através de métodos não lineares computacionais, como são exemplos a
economia ou a possibilidade de análise de estruturas complexas, seria vantajoso dispor de re-
gulamentação específica para este tipo de análise associada a elementos e estruturas portica-
das, não só no que diz respeito à consideração das incertezas de cálculo através de factores de
segurança adequados, mas também como forma de orientação na modelação dessas mesmas
estruturas.

3 Comparação dos métodos disponíveis para análise – Exemplo

3.1 Introdução

No exemplo que se segue é analisada a estabilidade de uma viga-coluna em aço com sec-
ção não uniforme. Com este exemplo pretende evidenciar-se os seguintes aspectos:
 diferença de resultados entre os vários métodos disponíveis;
 análise de resultados de um caso para o qual as curvas de encurvadura existentes no EC3-
1-1 não estão calibradas;
 dificuldade na definição da classe da secção, curva de encurvadura e secção crítica de di-
mensionamento;
 vantagem, em termos de economia de material, do dimensionamento através de uma análi-
se GMNIA.
A viga-coluna está representada na Fig. 3 e é consituida por uma secção soldada em aço S
235, cuja altura varia entre h1=360 mm numa extremidade até h2=200 mm até à extremidade
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oposta. A secção de referência é o IPE 360 (h1). Os esforços de dimensionamento são


Mq,Ed=pL2/8=73.5 kNm e NEd=80 kN.
A resolução pormenorizada deste exemplo pode ser consultada em [8].
p= 12 kN/m Mod. IPE 360
IPE 360 (h=200 mm)
N=80 kN N

7.0 m
Fig. 3: Viga coluna de secção não uniforme

3.2 Resolução

3.2.1 Classificação da classe da secção e cálculo da secção crítica


A secção é classificada de acordo com a cláusula 5.6 do EC3-1-1. A sua variação encontra-
se representada na Fig. 4 a). A resistência da secção é verificada de acordo com as cláusulas
6.2.8 (flexão e esforço transverso) e 6.2.9 (flexão e esforço axial). O grau de utilização da
secção encontra-se representado na Fig. 4 b), sendo o mesmo obtido através do rácio entre a
norma do vector de forças actuantes e forças resistentes.

fy fy
hx=344.5 mm
305.0 mm

Class 3 Class < 3 x=4.14 m


-f y
-0.43f y
0.05 <1

0.06 <1
0.46 <1
0.18 <1
0.15 <1

3 2 1
x=0.99 m
x=0.68 m
a) Classificação b) Resistência (grau de utilização)
Fig. 4: Diagramas de classificação e resistência das secções do elemento

Observa-se que, embora exista uma parte do elemento cujas secções são de classe 3, a sec-
ção crítica no que diz respeito aos esforços actuantes situa-se numa zona de classe 1. Assim,
surge desde logo a questão de qual a secção a usar para dimensionamento. Embora deva ser a
secção crítica, também é especificado no EC3-1-1 que deve ser a secção cuja classe seja con-
dicionante. Irá considerar-se o primeiro caso.

3.2.2 Verificação da estabilidade através das equações de interacção de estabilidade – con-


sideração das propriedades da secção crítica
A secção crítica situa-se a x=4.14 m. Considerando as propriedades da secção nesta locali-
zação são obtidos os graus de utilização de 1.23≥1 e 0.84≤1 para as Eqs. (1) e (2), respecti-
vamente. Para as seguintes secções, apresenta-se o resultado no gráfico da Fig. 5. Note-se
que, para uma análise GMNIA, a secção crítica encontra-se posicionada em x=3.92 m.
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160

% Grau utilização
140 Eq. (1)
Eq. (2)
120 3D GMNIA

100

80
0 1 2 3 4 5 6 7
x (m)
Fig. 5: Verificação da estabilidade da secção

3.2.3 Verificação da estabilidade através das equações de interacção de estabilidade – con-


sideração das propriedades de uma secção equivalente
Existem fórmulas aproximadas para cálculo das cargas críticas em elementos de secção não
uniforme. Estas cargas são calculadas com base no estabelecimento de uma secção com pro-
priedades equivalentes. Neste caso, a carga crítica por compressão no plano da estrutura,
Ncr,y,eq, é obtida com base no cálculo de momentos de inércia equivalentes; e o momento críti-
co é obtido com base no cálculo de uma altura equivalente, heq. São obtidos os graus de utili-
zação de 1.19≥1 e 0.83≤1 para as Eqs. (1) e (2), respectivamente.

3.2.4 Verificação da estabilidade através da Metodologia Geral do EC3-1-1


A verificação da estabilidade através da Metodologia Geral é efectuada de acordo com a
Fig. 2, para o procedimento numérico. Os valores de αult,k e de αcr,op correspondem a uma aná-
lise GMNIA no plano e LBA (análise elástica bifurcacional), respectivamente. Os multiplica-
dores obtidos para cada uma destas análises são assim αult,k=1.8881 e αcr,op=1.4775, obtendo-
se assim um valor para a esbelteza global normalizada de  op  1.13 .
A dificuldade na aplicação da metodologia geral está relacionada com a escolha adequada
da curva de encurvadura. Neste exemplo, a curva para encurvadura por flexão fora do plano é
sempre c. Já no caso da encurvadura lateral, a curva é d no intervalo x=[0; 0.88] m e c no in-
tervalo x=]0.88; 7.0] m. Embora a posição da secção crítica da análise GMNIA no plano seja
x=4.13 m, consideram-se os dois casos. Surgem assim 3 combinações de análise considerando
diferentes valores de χop. Os resultados para estas combinações encontram-se representados na
Tabela 1 sob a forma de grau de utilização, obtido através da expressão (χop. αult,k )-.1

3.2.5 Comparação de resultados


Os resultados de todos os métodos encontram-se expostos na Tabela 1, com o erro relativo
à análise GMNIA, cujo multiplicador do carregamento aplicado é de 1.17, correspondendo a
um grau de utilização de 1/1.17≈0.85. Observam-se diferenças, do lado da segurança, apro-
ximadamente entre 30% e 50%, o que seria de esperar pois as curvas de encurvadura presen-
tes no EC3 não estão calibradas para elementos de secção não uniforme.

Tabela 1: Comparação de todos os métodos


Método Grau utilização Dif. (%)
GMNIA 0.85 -
Cláusula Propriedades equivalentes 1.19 40.2
6.3.3 xcr (posição crítica) 1.23 44.7
ZZ – curva c; LT – curve c 1.13 32.7
Metodologia
ZZ – curva Mínimo 1.31 53.3
Geral (6.3.4)
c; Interpolação 1.29 51.2
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LT – curve d
4 Conclusões

As metodologias de dimensionamento baseadas nas equações de interacção para verificação


da estabilidade apresentam a vantagem de serem, em geral, de fácil aplicação, mas no entanto
estão apenas calibradas para os casos mais simples. Questões como a definição da classe da
secção ou da secção crítica para os casos de secção não uniforme, por exemplo, tornam-se
difíceis de definir e podem conduzir a resultados demasiado conservativos.

A Metodologia Geral apresentada no EC3-1-1 – cláusula 6.3.4, está alargada a um maior


intervalo de casos não abrangidos pelas equações de interacção, no entanto existem ainda vá-
rios aspectos por clarificar relativamente a este método de modo a que se possa tirar partido
da sua simplicidade, como a definição da curva de encurvadura ou a sua limitação a carrega-
mento no plano da estrutura.
Os métodos não lineares de análise através de elementos de casca estão abrangidos a qual-
quer tipo de estrutura, podendo tornar-se bastante económicos e seguros, se bem aplicados.
No entanto, este tipo de análise é pouco utilizado pois, não só o EC3-1-1 apresenta ainda pou-
ca orientação relativamente a este tipo de análise, mas também não é considerado um factor
de segurança que tenha em conta as incertezas inerentes à modelação por elementos finitos.
Finalmente, os vários procedimentos existentes para lidar com a verificação da estabilidade
dos elementos nem sempre oferecem resultados coerentes entre si, não só entre regulamentos
diferentes, mas também para o mesmo regulamento ou até para o mesmo tipo de estrutura.
Será vantajoso proceder à harmonização destas regras e estender estas metodologias a um
maior tipo de estruturas, bem como desenvolver orientação na verificação de estruturas atra-
vés métodos avançados de análise por elementos finitos tirando partido de todas as vantagens
da análise computacional não linear.

Referências

[1] CEN, European Committee for Standardisation, Eurocode 3: Design of Steel Structures
– Part 1-1: General Rules and Rules for Buildings. EN 1993-1-1, Belgium (2005).
[2] Kaim, P., Spatial buckling behavior of steel members under bending and compression,
PhD Thesis, Fakultät für Bauingenieurwesen der Technischen Universität Graz, Graz,
Austria (2004).
[3] Simões da Silva, L., Marques, L., and Rebelo, C., Numerical validation of the General
Method in EC3-1-1 for prismatic members, JCSR (submetido para publicação, 2009).
[4] CEN, European Committee for Standardisation, Eurocode 3: Design of Steel Structures
– Part 1-5: Plated Structures. EN 1993-1-5, Belgium (2005).
[5] CEN, European Committee for Standardization, Eurocode 3: Design of steel structures
– Part 1-6: General Rules and Rules for Buildings. EN 1993-1-6:2006, Belgium (2006).
[6] Simões da Silva, L. e Gervásio, H. Dimensionamento de Estruturas Metálicas: Métodos
avançados, cmm Press, Coimbra, Portugal (2007).
[7] Greiner R., Concepts for the numerically-based buckling check of steel structures, Con-
ference Paper, ISBN 80-01-02747-3, Prague (2003).
[8] Simões da Silva, L., Simões R., e Gervásio, H., Design of Steel Structures, ECCS (em
publicação, 2009).

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