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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA
DISCIPLINA: GEOMORFOLOGIA APLICADA A ARQUEOLOGIA
PROFESSOR: BRUNO TAVARES
ALUNOS: Anderson Luiz, Beatriz Maria e Beatriz Medeiros

RELATÓRIO DE EXCURSÃO – RECIFE (PE) – CARNAÚBA DOS


DANTAS (RN) – 29/10 a 01/11/2018

Recife, 2018.
SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................. 3

Caracterização da aula de campo de Geomorfologia Aplicada a Arqueologia


................................................................................................................................. 9

Conclusão da Aula de Campo ............................................................................. 24

Bibliografia .......................................................................................................... 25

Anexos (Fichas de Campo dos Sítios Arqueológicos visitados) ....................... 26

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INTRODUÇÃO

A visita ao Seridó do Rio Grande do Norte permitiu identificar o contexto


geológico-geomorfológico e arqueológico presente nos sítios ali localizados, e no
vale do rio Carnaúba. Com um roteiro que teve início no Monte do galo - ponto
turístico da cidade de Carnaúba dos Dantas - passando pelo rio Carnaúba e os sítios
arqueológicos que se encontram nas margens e encostas do local. Os sítios
arqueológicos da região são formações rochosas que constituem um abrigo sob-
rocha, onde o material arqueológico presente são: registros rupestres, material lítico
e enterramentos humanos. Os painéis em seu contexto possuem representações
antropomorfas e zoomorfos que retratam cenas de possíveis caças e rituais ligados
ao cotidiano ou acontecimentos remotos dos indivíduos (povos) que ali passaram.
Alguns dos painéis possuem degradações decorrentes de processos eólicos, e físico-
químicos que interferem em sua conservação.

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Sequência de fotos: 1) Vista
área da cidade de Carnaúba
dos Dantas – topo do Monte
do Galo; 2) Registro Rupestre
do Sítio Xique-Xique I; 3) Rio
Carnaúba (leito); 4) Mancha
gráfica sob ação do
intemperismo físico-químico
– Sítio Pedra do Alexandre.
Autor: Anderson Luiz, 2018.
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Os sítios visitados em campo entre os dias 29 e 31 de outubro de 2018, e


descritos a seguir estão comportados no contexto regional do Rio Grande do Norte,
no relevo do Domínio das Depressões Intermontanas e Interplanálticas das
Caatingas, constituída pela Depressão Sertaneja, chapadas de rochas sedimentares,
serras isoladas e o Planalto da Borborema (Ab’Saber, 1969), e em contexto local,
no geoparque do Seridó, município de Carnaúba dos Dantas, em clima semiárido
nordestino BSw’h (quente e semiárido, tendendo a árido) pela classificação de
Köppen, inserido no extremo NE da Província da Borborema (Almeida et al., 1977),
com áreas de rocha gnáissico-migmatíticas datadas de 2,2-2,1 bilhões de anos,
formadas por dois grupos de unidades geológicas (Angelim et al., 2006): rochas de
embasamento cristalino pré-cambrianas à cambrianas (representadas pelo
Complexo Caicó, composto de paragnaises, anfibolitos, quartzitos, gnaisses
bandados e migmatitos, Grupo Seridó: formações Jucurutu, composta por biotita,
epidoto, quartzitos e metaconglomerados basais; Equador, formada por muscovita
quartzito e feldspato-; e Seridó -composta por micaxistos feldspáticos, com cotas
altimétricas entre 250 e 700m e oito padrões de relevo representados pelo Mapa de
Padrões de Relevo do Geoparque, e estes são: planaltos; chapadas e platôs;
superfícies aplainadas retocadas ou degradadas; inselbergs e outros relevos
residuais; domínio de colinas dissecadas e relevos baixos; domínios de morros e
serras baixas; domínio montanhoso; e escarpas serranas. As características
geológicas e geomorfológicas de cada sítio apresentam semelhanças, por estarem
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na mesma região, porém com algumas diferenças pontuáveis a partir das suas
feições, e são essas:

Monte do Galo

Com cerca de 460m de altitude, é uma feição de colina/morro, se encaixando


na classificação de Domínios de Morros e Serras Baixas. Rocha metamórfica de
natureza pegmática, proveniente da Província Pegmatítica do Seridó, formada por
quartzo, feldspato, fenocristais, biotita, micas, muscovita e turmalina, minerais de
granulometria grossa.

Foto do Monte do Galo. Fonte: https://marcosdantas.com/wp-


content/uploads/2014/05/Antonio-Felinto-Monte.jpg

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Rio Carnaúba

Localizado na mesorregião Central Potiguar e na microrregião Seridó


Oriental, pertence a rede da bacia Piranhas-Açu, sendo afluente do rio Acauã.
Estende-se por cerca de 48km entre o Baixo, médio e Alto curso, e faz divisa com
o estado da Paraíba. Inserido nos municípios de Carnaúba dos Dantas e Acari,
apresenta um curso de parte efêmero, intermitente e dendrítico de canal entrelaçado,
com presença de largas várzeas úmidas, provém de uma Bacia Sedimentar datada
do Quaternário (Pleistoceno/Holoceno), com alta sedimentação no fundo do vale e
degradação intensa. É parte da Depressão Sertaneja, sendo uma área de
confinamento e alto controle devido à proximidade das suas cabeceiras, de unidades
litoestratigráficas neoproterozóicas da Suítes Intrusivas de Médio e Alto Potássio
Itaporanga com unidade basal da Formação Jucurutu composta por biotita, epidoto,
quartzitos e metaconglomerados basais

Leito do Rio Carnaúba. Foto: Anderson Luiz, 2018.

Complexo de sítios Xique-Xique

Abrigos de rocha de meia encosta plano/declivosa (escarpa) em contexto de


metamórfico de muscovita-quartzito esbranquiçada, tendendo a cinza ou creme,

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com pontos de brilho decorrentes da fragmentação da mica, além de quartzo, biotita
e materiais opacos, e em pedimento detrítico da formação Equador que se encontra
entre a Depressão Sertaneja e o Planalto da Borborema.

Registro Rupestre, sítio Xique-Xique I. Foto: Anderson Luiz, 2018.

Pedra do Alexandre

Sítio arqueológico formado por rochas metamórficas (mica clara e escura)


provenientes do contato entre a Biotita Xisto e a Formação Equador, e a biotita xisto
com o quartzo (que unidos geram a erosão diferencial devido à maior resistência do
quartzo) são sítios de baixa encosta negativa e queda de blocos, abrigados na
Formação Seridó. Possui metamorfismo de médio grau unido a lentes de quartzo e
grábens que auxiliam na sedimentação.

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Vista Lateral, sítio Pedra do Alexandre. Foto: Anderson Luiz, 2018.

Riacho do Bojo

Formação dos Martins e do Grupo Seridó, no Seridó Oriental, faz parte de


um relevo ondulado em pedimento, e encontra-se num fundo de vale, sendo assim
uma planície de inundação com rocha metamórfica muscovita-quartzito. Apresenta
Itacoatiaras. Foto: Anderson Luiz, 2018.

Casa Santa

Cabeceira de drenagem do Riacho do Bojo, plano/declivosa em alta


vertente, localizada no Planalto da Borborema, com rocha metamórfica muscovita-
quartzito.

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Painel gráfico, sítio arqueológico Casa Santa. Foto: Anderson Luiz, 2018.

CARACTERIZAÇÃO DA AULA DE CAMPO DE GEOMORFOLOGIA


APLICADA A ARQUEOLOGIA – 29/10 a 01/11/18.

Dia 1 – 29/10: Subida ao Monte do Galo, Carnaúba dos Dantas, Rio Grande
do Norte.

Vista do Monte do Galo,


apontado pela seta em
marrom. Foto: Maria Luíza,
2018.

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Coordenadas (UTM): 0766940 L – 9274041.

Elevação: 460m.

O Monte do Galo integra o Projeto Geoparque do Seridó, que é um extenso


complexo, localizado no semiárido nordestino, no centro-sul do Estado do Rio
Grande do Norte e engloba os territórios dos municípios de Cerro Corá, Lagoa
Nova, Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas e Parelhas. Estes municípios
fazem parte da mesorregião Central Potiguar e fazem parte das microrregiões de
Serra de Santana e Seridó Oriental. O acesso ao Monte se dá por uma estrada
pavimentada, que leva ao cruzeiro.

Figura 1: Localização do Geoparque do Seridó. Fonte:


http://www.geoparqueserido.com.br/wp-content/uploads/2016/08/Geoparque-
Serid%C3%B3-Localiza%C3%A7%C3%A3o-1024x931.jpg

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Basicamente, o conceito de geoparque é o de ser um território delimitado,
que possui um notável patrimônio geológico de importância internacional, nacional
e/ou regional, ligado a uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Nele se
integram locais de interesse geológico de especial valor científico, mas também
educativo e/ou turístico, conhecidos como geossítios. Aspectos arqueológicos,
ecológicos, históricos ou culturais podem representar importantes componentes de
um geoparque. Segundo o site da CPRM (Serviço Geológico do Brasil), o
geoparque “representa uma área suficientemente grande e limites bem definidos
para servir ao desenvolvimento econômico local, no entanto um geoparque não é
uma unidade de conservação, nem é uma nova categoria de área protegida. A
ausência de um enquadramento legal de um geoparque é a razão do sucesso dessa
iniciativa em nível mundial”.

A vegetação predominante na região do Rio Carnaúba é a caatinga


hiperxerófila, com características de caráter mais seco, com abundância de
cactáceas e plantas de porte mais baixo e esparsas. Na região, há uma enorme
quantidade de antropização, ocasionada pela produção de material cerâmico (telhas,
blocos e tijolos), que usam a matéria vegetal como combustível para os fornos da
queima da argila.

Foto 1: Produção de material cerâmico (tijolos). Autor: Anderson Luiz, 2018.

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Após a subida ao topo do Monte
do Galo, o Professor Bruno Tavares
reuniu os alunos para uma aula sobre a
Geomorfologia e a Arqueologia da
região. Inicialmente, a área foi
caracterizada geologicamente como
uma área sedimentar (de alto controle),
composta por serras, cristas,
pedimentos, vales e cabeceiras,
inseridos geomorfologicamente no
domínio do Planalto da Borborema e da
Depressão Sertaneja, caracterizado por
um relevo ondulado, de colinas de
topos largos. Ainda foi informado que
há áreas com quartizito da Formação
Equador e biotita da Formação Seridó e
uma área arenítica, formando o platô
sedimentar da Serra dos Martins.

Foto 2. Autor: Anderson Luiz, 2018.

O sistema hídrico da região está inserido na bacia hidrográfica do Rio


Carnaúba é composto por rios efêmeros e intermitentes; na região, há um déficit de
vazão hídrica estimado entre 4 a 5 anos. O Monte do Galo está distante 48km do
Rio Carnaúba, situado na Mesorregião Central Potiguar e na Microrregião Seridó
Oriental e seu curso contempla os municípios de Carnaúba dos Dantas (RN) e Acari
(RN).

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Foto 3: Vista aérea do topo do Monte do Galo. Autor: Anderson Luiz, 2018.

Dentro do patamar arqueológico da região, diversos tipos de sítios


arqueológicos estão identificados, com material lítico, estruturas de combustão,
enterramentos e com registros rupestres, que integram a subtradição Seridó,
inserida na Tradição Nordeste, datados pelo método de C14. A pesquisadora
Gabriela Martin, nos anos 90, estudou os sítios da região, que em grande parte estão
em áreas sedimentares de meia encosta.

Dia 2 – 30/10: Parada no Rio Carnaúba

No segundo dia, os alunos foram conduzidos pelo Professor Bruno Tavares


até o curso do o Rio Carnaúba, sendo que o mesmo estava seco e com sinais de
voçorocas e ravinamentos, processos de erosão linear. Na foto 4 abaixo, as setas em
verde indicam o terraço fluvial e as em vermelho, a barra fluvial do rio Carnaúba.
Fonte da foto: Anderson Luiz, 2018.

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Foto 5 (acima) - Croqui da área, com a indicação do curso do Rio Carnaíba;
Foto 6 (abaixo) – Desenho esquemático do fluxo hortoniano do Rio Carnaúba.
Autor: Anderson Luiz, 2018.

Foto 7, com ilustração


dos processos de erosão
linear (voçoroca). Autor:
Anderson Luiz, 2018.

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Na subida para o sítio Xique-Xique I, o professor informou que o caminho estava
inserido no limite do pedimento detrítico, conforme a foto 8 abaixo:

Foto 8: Anderson Luiz, 2018.

Na segunda parada do dia, os alunos e o professor Bruno chegam ao sítio Xique-


Xique I, geologicamente composto por quartizito e muscovita, com uma
composição de abrigo em meia/alta encosta da Formação Equador. Foram
realizadas as medições do sítio, logo após a aula do Professor Bruno Tavares.

Dados do sítio Xique – Xique I: Altura: 4m,


Comprimento: 20m, Abertura: S/SE, Direção:
NW/SE, Elevação: 410m e coordenadas geográficas
(UTM): 0769889L e 9275214. Durante a aula no sítio,
com registros rupestres pertencentes a subtradição
Seridó e a Tradição Nordeste, foi informado que as
escavações nele foram realizadas por José de A. Dantas,
nos anos 90. Foi constatado também que há uma enorme
perda de material sedimentar no local, por estar em uma
encosta negativa (surplon), de aprox. 18 mi/a. Os
processos degradacionais no sítio foram identificados
como animal e vegetal. O sítio fica a 3km da via de
acesso. Autor da foto: Anderson Luiz, 2018.

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Foto 10. Painel Gráfico Rupestre do Sítio Arqueológico Xique – Xique I. Autor: Anderson Luiz,
2018.

Logo após a saída do sítio descrito anteriormente, o grupo se dirigiu ao


próximo, Xique – Xique II, inserido na mesma formação geomorfológica.

Foto 11. Placa indicativa do sítio, colocada pelo IPHAN. Autor: Anderson Luiz, 2018.

O procedimento no sítio foi o mesmo, aula expositiva e medição. Dados do


sítio Xique – Xique II: Altura: 4,95m, Comprimento: 19,76m, Abertura: S,
Orientação: E/W, Elevação: 402m e coordenadas geográficas (UTM): 0770261 L e

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9274920. Está inserido no Planalto da Borborema, numa escarpa e está distante 250m
do Rio Carnaúba, onde o seu curso está destacado na próxima foto, em vermelho.

Foto 12. Foto da vista externa do sítio Xique – Xique II. Autor: Anderson Luiz, 2018.

E encerrando o complexo de sítios arqueológicos Xique – Xique, foi


visitado o Xique – Xique IV, de composição geomorfológica idêntica aos anteriores
e também em meia encosta, com dados de medições: Altura: 5,04m, Comprimento:
9,55m, Abertura: SE/S, Orientação: E/SW, Profundidade: 2,95m, Elevação: 374m
e coordenadas geográficas (UTM): 0770261 L e 9274920.

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O sítio Xique-Xique IV apresenta um conjunto de grafismos rupestres distribuídos em quatro
manchas gráficas e é constituído por representações gráficas reconhecíveis (em sua maioria)
e representações não reconhecíveis. Há um predomínio de representações antropomórficas
em vermelho e amarelo. Há uma ação do intemperismo físico-químico e biológico nos painéis
e há presença de pacote sedimentar na área do sítio. Fotos 13 e 14 (página anterior), autor
Anderson Luiz, 2018.

Dia 3, 30/10 – Parada 1 – Sítio Arqueológico Pedra do Alexandre, Carnaúba


dos Dantas, RN.

A segunda parada do dia foi no sítio arqueológico Pedra do Alexandre, sítio


que se apresenta como um ponto isolado (serrote), na paisagem do Seridó potiguar,
e tem características de um abrigo, composto por rochas metamórficas (biotita-
xisto), da Formação Seridó, que sofreram um intemperismo de médio grau. Está
associado ao rio Carnaúba (proximidade de 250m). As escavações no mesmo foram
empreendidas pela pesquisadora Gabriela Martin, onde foram descobertos 28
esqueletos, estruturas de rituais funerários (datadas de ±4700 m/a), além de
enxovais funerários. O seu solo é composto por uma sequência sedimentar
vinculada ao rio, além de ser um depósito de encosta (colúvio) e de tálus. O sítio
serve como marco geográfico, possuindo material lítico, enterramentos e grafismos
rupestres. Sofre a ação da água, com infiltração na rocha e dos sais, na eflorescência
visível no paredão com as representações rupestres. Logo após a chegada ao sítio,
o procedimento foi o de medição e aula expositiva no local. Dados do sítio: Altura:
10,90m, Comprimento: 18,90m, Abertura: SE, Orientação: NE/SW,
Profundidade: 13,76m, Elevação: 403m e coordenadas geográficas (UTM):
0774290 e 9275811.

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Foto 15 (acima), grafismos rupestres sob a ação
de intemperismo físico-químico e ao lado, foto
16, placa de identificação do sítio arqueológico
Pedra do Alexandre, colocada pelo IPHAN.
Autor das fotos, Anderson Luiz, 2018.

Foto 17, aula expositiva no sítio Pedra do Alexandre, onde o professor Bruno Tavares indica a
posição do sítio no contexto geoambiental. Autor: Anderson Luiz, 2018.

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Foto 18 (acima) aula expositiva no sítio Pedra do Alexandre, onde o professor Bruno Tavares
ilustra a composição do solo do sítio e sua sedimentação e foto 19 (abaixo), indicando em setas
vermelhas a posição do sítio no contexto. Autor: Anderson Luiz, 2018.

Logo após a saída do sítio anterior, o grupo se dirigiu até o próximo sítio,
Pedra do Alexandre III, situado acima do Pedra do Alexandre, com a mesma
composição geomorfológica e com os seguintes dados: Altura: 3,70m,
Comprimento: 7,51m, Abertura: E/SE, Orientação: NE/S, Profundidade: 7,78m,
Elevação: 395m e coordenadas geográficas (UTM): 0774409 e 9275799.

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Foto 20, grafismo rupestre do sítio Pedra do Alexandre III, sob ação de intemperismo físico-
químico. Autor: Anderson Luiz, 2018.

Dia 4, 31/10 – Parada 1 – Sítio Arqueológico Casa Santa, Carnaúba dos


Dantas, RN.

A parada do dia foi no sítio Casa Santa. O acesso ao mesmo se dá por trilhas
e estrada de barro. O ponto de apoio para se chegar ao sítio ficou localizado em uma
casa, abandonada, conforme a foto 21 abaixo. Autor: Anderson Luiz, 2018.

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Logo após os preparativos finalizados, o grupo se dirigiu ao sítio Casa Santa,
um abrigo composto por rochas metamórficas (muscovita-quartzito), a 533m acima
do nível do mar e inserido numa cabeceira de drenagem de um tributário do rio
Carnaúba, o riacho do Olho d’ Água (± 100m de distância). A ocupação do lugar
foi estratégica, haja vista que do sítio dá para se ter uma visão ampla do vale, que
está inserido no Planalto da Borborema e possui uma enorme variedade de registros
rupestres, das tradições Agreste e Nordeste, além de Itacoatiaras. Os padrões de
ocupação do sítio se deram ao longo do curso do Rio Carnaúba, de acordo com as
explanações do professor Bruno Tavares, no local, com a contribuição do
doutorando Nicodemos, que realizou trabalhos arqueológicos na área.

Foto 22, localização espacial do sítio Casa Santa. Autor: Anderson Luiz, 2018.

No sítio, há uma predominância de representações reconhecíveis,


antropomorfos e zoomorfos atribuídos a Tradição Nordeste, Subtradição Seridó,
onde os grafismos encontram-se em bom estado de conservação, mesmo sofrendo
a ação do intemperismo físico-químico. O sítio já foi escavado e as escavações
possibilitaram a identificação de uma estrutura de fogueira e com o resgate do
material lítico encontrado, os setores escavados apresentaram pouca profundidade.

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Foto 23, painel gráfico do sítio Casa Santa. Autor: Anderson Luiz, 2018.

Foto 24, detalhe de alguns registros rupestres do sítio Casa Santa, sob ação de intemperismo físico-
químico e biológico. Autor: Anderson Luiz, 2018.

No retorno ao ponto base, ainda foi visitado o sítio arqueológico Cachoeira


das Canoas, que apresentava várias itacoatiaras e está inserido num leito rochoso,
composto por quartizito.

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CONCLUSÃO

Evidentemente, durante os períodos de tempo que se sucederam após as


ocupações humanas em todo complexo do atual Geossítio do Seridó e em todo Vale
do Rio Carnaúba, ocorreram diversas mudanças no cenário geomorfológico da
região, hoje local de uma grande variedade de sítios arqueológicos. Através das
paisagens reliquiais, é possível constatar estas mudanças bruscas na dinâmica em
escala local e até mesmo regional ao longo do tempo; acredita-se que estas
ocorreram no período entre o Último Máximo Glacial e o Quaternário no
Pleistoceno/Holoceno, nos quais o clima apresentava uma grande aridez e passou a
ser umidificado, o que, mais recentemente, foi remodelado, passando pela
desertificação e voltando à aridez. Essas mudanças naturais interferiram
diretamente no contexto geomorfológico, paleoambiental e na ocupação humana do
local, enquanto enxergadas sob a perspectiva da relação direta entre homem e meio
e a influência que exercem nas suas captações de recursos, meios de
subsistência/sobrevivência e produções.

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BIBLIOGRAFIA

GEOPARQUES. CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Disponível em: <


https://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geoparques-134>. Acesso
em: 10 nov. 2018.

GEOSSITIOS. Projeto Geoparque Seridó – Rio Grande do Norte Disponível em: <
http://www.geoparqueserido.com.br/geossitios/>. Acesso em: 11 nov. 2018.

JUNIOR, José Nicodemos Chagas. Arqueologia Espacial no Seridó Potiguar:


análise e interpretação arqueológica do território na bacia hidrográfica do rio
Carnaúba. Dissertação (Dissertação em Arqueologia) – UFPE. Recife, p. 143.
2017.

MAFRA, Fábio. MARTIN, Gabriela. NOGUEIRA, Mônica. SÍTIOS A CÉU


ABERTO NA REGIÃO DO SERIDÓ POTIGUAR: Um Estudo de Caso do
Rio da Cobra, Entre os Municípios de Carnaúba dos Dantas e Parelhas, RN.
Clio Arqueológica. v.31, n.3 p. 113-132, 2016.

MUTZENBERG, Demétrio da Silva. Gênese e ocupação pré-histórica do Sítio


Arqueológico Pedra do Alexandre: uma abordagem a partir da caracterização
paleoambiental do Vale do Rio Carnaúba-RN. – Recife: O Autor, 2007. 142
folhas: il., fotos, gráf., mapa, tab.

SALDANHA, R. S. M.; BORGES, L. E. & CISNEIROS, D. Riacho das Relíquias:


Contribuição aos estudos de Sítios a Céu Aberto em Carnaúba dos Dantas –
RN, Brasil. Revista Noctua, v.2, n.1: p.96-109, 2017.

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ANEXOS (Fichas de Campo dos Sítios Arqueológicos visitados)

Observação: os demais sítios seguem em formato Word, anexo ao e-mail.

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