Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
O riginal from
D igitized by
ÚNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
■U 8R A R Y
UN1VÊKSITY O F
C A L IF Ó R N IA
S A N Dl E G O
^ - ' Origin
Digittèed by
ERSITY 0
' - THE UNIVERSITY LIBRARY
UN1VERSITY OF CALIFÓRNIA, SAN DIEÓI
LA JOLLA. CALIFÓRNIA
« R n itr ig u e s íic ^ a r n a l h o
Cancioneiro do Norte
M T « » JE C .T C A X iK X A .
E d it o r e s - M ÍM f Ã Ô M Y& ® & €.
T T P . M IN ER V A , D E ASSIS B EZ ER R A
_T * 9 0 Ò riginal.frorri
g itiz e d by b O (g M E R S IT Y OF CALIFÓRNIA
Original from
Digitized by V ^ O O g L c UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
.JM t. X - A ^ JL Jau fc-JL -Jk. A . JL J L J L J L J L J L J L J L .J L
ir*v'~ir w Hf i n r “w "tr
D- / a
r 9
^ IX o
O-
v .
NOTAS PRELIMINARES
« Bem-te-vi derrubou,
Gamelleira no chão ».
« Derrubou, derrubou,
Gamelleira no chão».
Ou então neste outro exemplo, tambem do mes
mo brinquedo:
« Toca fogo no sapé
P ’ra nascer f u lô . . .
R espondem :
M K S A -M e -S e í
« O Bnmbfl-mçu-boi, é o divertimento da gente de
pé rapado.
Tirai da vespera de, Reis, o Bum-meu-boi, e estaes
certos de que roubareis á noite da festa o que ella tem
Abri a porta
Se quereis abrir,
Que somos de longe,
Queremos nos ir.
Coro
L. Sacramento».
{Cidade, de Sobral, Janeiro de 1903).
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
XXV
« M ourão, mourão,
Tom a este dente podre,
E manda meu dente são ».
«A urora ( G e a r á ) , 2 9 d e A b r i l d e 1 8 8 8. .
Digitized by V ^ i O O g L c
Original from
UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA ji
XXXIX
«Senhora D. Archanja,
Coberta de ouro e prata,
Descubra o seu rosto,
Que eu quero ver-lhe a cara*.
E* um a cadenciada melopéa com um sainete hes-
panhol ou portuguez.
Pelas noutes de luar, são os tradicionaes trovado
res de esquina, as serenatas, o violão, instrum ento ta
lhado para transm ittir ás Julietas as declarações de
amor dos Romeus capadocios.
Nas pontas de ruas, vai animado o xinfrim^ o fo r
robodó (1); a proposito de tudo um a festa de arrastapés,
regada a aluá, no Ceará, e km eladinha ou cachimbo,
na Parahyba e Pernambuco (2).
O carnaval, alem das criticas picantes, allusivas á
vida aldeiã, enscena pelas ruas as diversões mais ori-
ginaes : os câcos, maracatús, marujos (fandangos ou
náu Catharineta), bumba-meu-boi (boi suruby, no Cea
rá). D ’entre esses folgares #typicos, convem destacar
os caboclinhos, restos de diversão indigena : Deseseis
ou vinte figuras com o rosto pintado a açafrão, osten
tando trages decores expressivas, com enfeites de es-
pelhinhos e pennachos á cabeça, empunham arcos com
flechas, que são manejados ao som de um tam bor e de
um a gaita. Simulam um combate, como de tribus ini
migas ; e em plena lucta surge o rei, de capa e espa
da, cortejado por dous culum ins, na giria do folguedo
os perós-mingús.
Entre as alas dos contendores, arrasta a espada,
pronuncia uma catadupa de RR arrogantes, falia do seu
alfange, e do seu cutelo, diz uma loa em lingua bunda,
e acalmam-se as hostes aguerridas.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
XLIY
Só a ti, só a ti
Hei de querer ».
« D. Felismina,
Ô barreiro velho,
Mandou-me chamar,
Õ barreiro velho;
Èu mandei dizer,
Ô barreiro velho,
Que não ia lá,
Ò barreiro velho».
Original from
Digitized by
UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
ÍXLVI
Se queres saber,
P ’ra mim te atira:
Saberás se é mentira,
Verás se a ti nego;
Pois aqui não vejo
Um que me resista,
Mesmo tendo vista,
Quanto mais um cégo!»
J u lh o de 1903.
j~vODR!GUES DE pA R Y A L H O .
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
POESIAS DE DIVERSAS ORIGENS
"V ST?
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
r^ r\rt \o Original frotn
Digitized by UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
0 Seringueiro
(C # * r4 )
Já principiei a viagem,
Vou deixar ella de mão,
Vou principiar de novo
Chegando no barracão.; %
Cresce a saude e amisade
Encontrando um bom patrão*
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
5
( Ceará)
Eu te mando o coração,
Repara bem si é o meu ;
Acceita lembranças minhas
E manda um retrato teu.
i Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
8
m m
(P arahyba)
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
12
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
13
^ Original from
Digitized by V ^ i O O g L c UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
14
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
15
Felicidade da alma
Qtfella der a protecção.
Ella querendo derruba
A força «do A ragão!»
Lucifer se levantou :
— « Tenho razão de fallar,
Esta alma já é minha,
Pois Miguel, querea tomar ? »
— « Maldicto cabo de embira,
Quem foi que te chamou cá ?
Vaes para as profundas do inferno,
Pois lá que é teu lugar. »
« Voltemos p'ra traz Miguel,
Vamos fallar com o juiz
P ’ra ver que se dá algum recurso
P’ra aquella alma ser feliz.»
«Dizei-me, meu bento filho?
Onde *stá vosso poder,
Se aquella alma tem castigo,
Prompta ’stou p’ra receber.»
— «Minha Santíssim a mãe,
Botai-me vossa benção,
Que a Senhora é a Rainha!
E* a flor da Redempção.»
Foi a Protetora da alma,
Que Sasttfez a p aix ão !
Si não fosses, oh M aria,
Uma protetora tão forte;
Soberana Virgem Pia,
Se não fosse a Rainha,
Bem poucos ze salvariam
«Vem cá M iguel,—Quem me chama?
Lucifer que va embora,
Que elle não tem parte em nada,
Que a alm a que elle veio ver,
Da Virgem foi amparada.»
Original from
Digitized by V jO O g lc • UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
18
Original from
Digitized by V ^ j O O g L C • UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
19
( Parahyba)
Senhores me dê licença -
Qu’eu agora vou contá
O dinheiro quanto é bom ,
Q uanto tem e quanto há,
Quanto pesa e quanto mede,
Q uanto deu e quanto dá.
Eu estava no sertão,
Me botei p*ra capita.
Dê licença sinhor bispo,
Eu não vim lhe visitá,
Quero casar c’um a mana,
Bem me pode dispensa.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
21
t t m m m
( Parahyba)
Ah cresce o nevoeiro
E na força da lua
O inverno continua
Molhando o taboleiro.
T ra z agua aos balseiros,
Riachos e rios
Vão desembocando
E as*, aguas fastando
Tom a logo os baixios.
Ah os astros troveja
Escurece o nascente
Retumba o poente
E as aguas alveja
E* justo que veja
Zoar a solidão
Abre e fecha ó relampo
Estremece *o campo
E corre a zelação.
♦ -------
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
22
-------
m.
6 S& VA
( Crato—Gearà)
Um cavaco como eu dei
Não cuidei que tal houvesse,
Todos os paus da catinga
Um tal cavaco não désse.
23
A M S S ffS M *
( Crato—Ceará)
Para que captas i soôreu,
Nesse cantar de requinte,
Não queiras lazer acinte
A um triste como eu sou.
Não andes longe dos teus,
Longe de mim cante embora,
Aqui não cantes agora,
Não me convem mais chorar,
Teu canto não me alivia
Aqui não queiras cantar.
* Ave do Ceará.
(Ceará)
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
27
( Parahyba)
N e s t e mundo vaidoso,
Quem é rico é mais que tu d o :
P a s s a l o g o por sizudo,
Inda sendo mintiroso,
E ’ tido por generoso,
Talvez sendo um caloteiro,
Inda sendo aventureiro;
Porem como tem moéda,
Todo defeito se arreda...
Só voga quem tem dinheiro.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
29
Em qualquer reunião,
De pagode e brincadeira,
Quem não tiver na algibeira,
Ninguém lhe dá attenção,
E a quem tem se dá a mão,
Se diz : — entre, companheiro,
Venha cá, bêba primeiro,
Pois aqui nada lhe fa lta ; \
E da-se viva em vós a lta ...
Só voga quem tem dinheiro.
Dinheiro dá galardão,
D á'prazer e dá virtude.
Finalm ente muito illude,
À todo e qualquer christão
Coberto de precisão:
Faz trabalhar o ferreiro,
Na colher luta o pedreiro,
Trabalhando p’ra ganhar,
♦ : . \
M ’encommende a S . A ntonio
Meu pai o faça a Jesus,
Se eu morrer no Paraguá,
Não me falte a S . Luz.
M s É M f X tf S M M ®
( Parahyba)
Hoje o beber é um uzo
Em todo e qualquer districto,
Em quanto a tomar esprito
Bem poucos terão abuso ;
Eu do copo bem me accuso,
De primeiro, só bebia
O negro, o cabra, o mulato.
Hoje, pelo grande trato,
Bebem quasi todo dia.
Homem de alta senhoria,
T enho visto succeder,
Na rua tombar, p en d er,.
Dando passos recortados ; ^
E se está nos illu stra d o s.. .
Não é deffeito o beber.
Original from
Digitized by V ^ iO O g L c UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
35
No Recife inteiro,
Bebem grandes, bebe a plebe
E disem que mais se bebe
Lá no Rio de Janeiro.
Bebe o nottista, o.su leira,
E o inglez bebe a m orrer.
Só Deus poderá conter
A bebedeira do povo
Com outro seculo n o v o ...
Não é defeito o beber.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
38
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
39
Eu conheço camarada
Que não gostando da branca,
O bilcào alheio espanca
Fajlando em barriga enchada,
Alguem chupa bem guardada,
Goza só esse prazer
Mas assim não quero se r:
Se bebo é publicamente,
Porque hoje em toda gente,
Não é defeito o beber.
( Ceará—Crato)
De que me serve, Josina,
Ser da M arinha em pregado:
Si tudo em mim é ruina,
Vivo pobre e desgraçado)
Muita gente, hoje, illudida
Trago com meu proceder,
Porque quero parecer,
Morgado de alta guarida.
Mas si tu visses a ferida,
Que tanto me contam ina,
Porias em cada esquina,
Um a carta de meu viver.
Que em isto tu dizer :
De que me serve Josina.
Pelas ruas da cidade,
fe,. T u me vês muito gamenho,
4 Qual rico Senhor de E n g e n h o ;
Ostentando a probidade ;
Porem, falando verdade,
J Não passo de um desgraçado,
■ Que, por decsncia obrigado,
jL Da fraqueza faço foiçi,
L Mostrando, em tam anha côrça
I Ser da m arinha empregado.
42
( Crato—Ceará)
lnda depois de enterrado,
Debaixo do frio chão
Verás teu nome gravado
No meu terno coração.
(Ceará—Grato).
MOTTE
J á se quebraram os laços
Em que preso me, tiveste,
J á tomaste outros amores,
Foi favor que me fizeste.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
45
i ti ti ra* a
( Farabyba)
Õ lêlê vira moenda,
Õ lêlê moenda virou,
Quem não tem uma camisa,
P ’ra que quer um p a lito ?
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
46
Eu estava em Bebéribe
Quando a noticia chegou:
Mataram Zé M ariano,
O commercio se fechou.
Ô lêlê vira moenda,
Ô lêlê moenda virou.
E viva Joaquim Nabuco
Com todo seu pessoal í
E viva o cordão azul
E o partido Liberal t
w m m
( Ceará)
Aprompta-se o povo. N ’aldeia
Começa o sino a tocar ;
Grita um menino em peleja:
— O galio hoje na egreja
Tem gente que penicar. (!) .
Já vi baruio na Igreja
Nesta noite, meu sinho,
Credo em cruz, horrenda coiza,
Foi mesmo um fórróbódó ;
Deu um ataque lá nella,
Todo povo se assanhou,
Não éra parenta minha,
Mas tambem me envergonhou.
« € à & k w m m
( C e a rá )
E sentou-se e foi d iz e n d o :
Vosmicê dê-me attenção:
Leia aqui este biête
Que trago do « Gavião
M andado por seu cadete
é o n ta r o que se passou
A respeito do pedido
De M aria em casamento,
Por um homem tão perdido.
♦ -------------
Lenda Amazonense
( T elles db S ouza)
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
55
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
56
E o noitibó cantara
Do burity na palma verdejante...
Mas triste como o canto da h íu m á r a ,
Tal do joven tapuio era o semblante !
Original from
Digitized by V^iOOgLc UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
60
NOTAS
A R A C U A N : — ave da especie do jacú e tamanho de uma
franga. Sua carne é alvíssim a e m ais saborosa que a da gallinha.
H 1 U M A R A : — ave nocturna; seu canto se assem elha ao
som da chita quando a rasgam; os aborígenes a tinham como fa
tídica.
M U R U R JS * : — golfão branco ( nymphoea a lb a ).
M A M A Ü R A N A : — é uma árvore que cresce á margem
dos r io s ; dá uma flôr encarnada e branca, seu frueto se assem e
lha ao do copoassú.
B' a carolinea princeps.
Z A R A B A T A N A : - é uma arma terrível e certeira de que
se servem os in d io s; no tubo introduzem uma setta de pasnuba
hervada a que chamam — uam iri e na extrem idade inferiorda
mesma enrolam uin pouco de su m a u m a : especie de algodfto que
dá a sumaumeira.
Y A R A : — Mài d’agua.
Y A P URU: — A ve canora da Amazônia, que anda sem
pre acompanhada de um cortejo de outras aves.
A €AW è®
<Ceará)
Maria, hontem na malta
Grande sobroço (1) senti ;
Escuta, quero contar te
Em que camisas me v i :
Fiquei sem fala, e já tonto,
Dentro da m atta cahi.
— -
« M; —f*I M
v \
(Ceará).
Amanhecia. A vióla
Gemia boa e saudosa,
Tocada pelo pachóla
Manoel José de Souza,
Irmão de Joaquim Pitanga
E neto da Chiea Rosa, '
((*■ . f ■
Principiava a folia
Na mais forte animação,
Uma voz bella éé òiívia
Pelo meio do baião,
Cantando siaúdò&amente
As cantigas do sertão,
(1) O mesmo que embornal.
(2) Conversa.
(8) Flora, fregnezia do Ceará.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
63
II
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
65
( Cearà)
( C hula do R amos P in t o r )
Eu sou o banqueiro
Aperfeiçoado
E o primeiro
Que paga dobrado:
O coito é franco,
Acceito o boró (*),
Pago as boxexas
E ninguém tenha dó!
Macaco, porco, jacaré, cavallo,
Aguia, cachorro, camarão, perú,
Bode, cabrito, periquito, gallo,
Touro, eiephante, jaçanan, tatu.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
6 6 --
(Ceará)
Agora vou lhes contar
Os possuidos que eu tin h a :
Uma vacca, um a bizerra,
Uma porca, um a poldrinha,
Um caixão de 12 palmos
Attestado de farinha^
Um bom cachorro de caça,
Um capote, um a gallinhk,
Um bom cavallo de sella,
P’ra servir, um a negrinha.
Mas tambem vou lhes contar
Minha sorte como v in h a:—
A vacca morreu da secca,
Deu o mal na bizerrinha, .
Deu o «espiche» na porca,
Deu o «rengo» na poldrinha,
O cupim deu no caixão,
Deu o mofo na farinha,
Morre o cachorro «espritado»,
Deu o gôgo na gallinha,
Estrepou-se o meu cavallo,
Deu a gotta na «negrinha»,
Da m aneira porque* conto
Acabou-se o quanto eu tinha.
@ » * * * » «
(Ceará)
Meu mestre manda que eu louve
O meu baralho francez,
Quatro dois e quatro cinco,
Quatro quatro e quatro tres,
Quatro sete, quatro oito,
Quatro nove e quatro seis,
Quatro azes, quatro damas,
Quatro dez e quatro reis,
Emfim, os quatro valetes
Do meu baralho francez.
— + -----------------------------------------
« m£S9!xe
s
( Ceará)
Quando eu estou no meu destino,
Naquelle destino forte,
Não temo a ponta de faca,
Nem bala de cravinote,
Eu só temo a Deus do céo
E abaixo de Deus a morte.
♦ — ----------
v
Digitized by Google Original from
UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
) 69
0 que é m afumbafumba,
E o que é m afum bam bar?
E o que é m atulati,
E que é m atulatar ?
E que é verde verlenge,
E que é verdelengar?
ISTotas
POESIAS DE DIVERSAS
* ORIGENS
8>&T
I
Original from
Digitized by V ^ i O O g L c UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
r^ r\rt \o Original from
Digitized by \ ^ , ( J O g L C UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
db J ezuino B rilhante (1)
(R io Grande do Norte—1877)
A
Dignamente chegando
Na porta logo esbarrou,
Salvando t f D. Luzia,
Que o Porphirio não a c h o u ;
Respondeu e disse a ella
De mim não tenha ..
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
75
Hé um negocio im portante
Que me trouxe aqui agora;
(Jomo não achei Porphirio,
Me retiro, vou-me embora,
Ficará p’ra outro dia,
Se encontral-o por íóra.
Já eu sei, D. Luzia,
Que Porphirio não está,
Mas emquanto não beber
Não me posso arretirá.
—Já mandei um portador,
Elle pouco ha de tardar.
Kalendario de distúrbio
Hoje aqui ha de se ver,
Si me vierem cercar
Muita gente ha de soffrer.
Os* que mais se arrojarem
Hão de chorar e gemer.
Levante-se, D. Luzia,
I Sem bebgr não me retiro,
! Somos todos cangaceiros,
! Bem podemos dar uns tiros.
Si me vierem cercar
Verão o que nunca viram.
M
Mançamente respondeu
O Senhor Antonio do O*:
Si me vierem cercar
Meu patrão não fica só.
E tal seja o meu destino
Que farei botarem dó.
Q
Quem será teti defensor
Nesta serra do Martins?
Não podes contar victoria,
Brevemente terás fim.
Pouco terá que viver
Quem a ti não vir o fim.
R
Ralhando com presumpção
Jesuino sem te m o r:
«T enha sentido no cerco,
Que eu brevemente me vou,
Não posso ficar aqui,
Que eu desta terra não sou ».
Voltaram os combatentes
Indo o Alferes baleado,
E o Ju iz Municipal
Com um braço bem cravado;
Os mais, dizem que gemião
Lastim ando o seti estado.
X
Xorando ficaram muitos
Sem ter remedio que dar.
Bem empregado te seja,
Quem manda tu ires lá?
Jesuino e sua gente
Nunca te fizeram mal.
( Ceará)
A lettra A quer dizer amor perfeito,
A lettra B quer dizer boa esperança,
A lettra C quer dizer sê cuidadosa,
A lettra DDeuste traga bem formosa.
Original from
k Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
80
A, ®, C. B@S KA*AC*$
(Crato—Cearà)
A
Agora eu quero contar
Uma historia notável,
Um successo admiravel
Que custa se acreditar.
Bofando eu um roçado
Logo meu milho plantei,
Mas d ’elle não me lucrei
Nem para comer assado,
Pois logo foi visitado
Antes d’amadurecer,
Pois não tinha o que roer :
Cahiram dentro os macacos,
Mas não tive o que fazer.
Deliberei-me a soltar,.
Comç de facto soltei
J
Juntam ente vem comsigo
Porem não de gente viva,
Era sim seus inimigos.
Conhecendo estes perigos
P ara a casa se guiou.
C onsiderou-se perdido.
Só lhe veio no sentido
Valer-se de seu Sinhô.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
85
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
86
Q
Quando o cavallo isso ouvia.
Esse bradar de um lamento,
Crescia no assombramento,
Inda mais veloz corria.
Mas, correndo assim dizia:
A vós não posso valer,
Nem mesmo vos proteger,
Tam afflicto como estou.
Em casa de meu senhor
K’ que podeis obter.
Responderam os macacos,
Nós de vós não temos queixa,
Só sentimos muita reixa
De meu pae, de meus padrinhos.
Diziam assim os netinhos :
A causa disto é vovô,
Porque elle nos mandou
Teus pés e mão amarrar,
E agora vamos pagar
Com ancias, penas e dor.
S
Se tu, meu cavallo nobre,
Quereis ter um bom amigo,
Nos terá sem mais perigo.
Original from
D igitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
87
U
Um tormento tão cruel,
Que o que vamos passar,
Que razão não se ha de ter,
Por causa deste infiel 1
A bocca amarga-me a fel,
A carne já me estremece,
O coração esmorece,
O juizo vae-se embora,
Por saber que nesta hora
N ossa vida d is^ arece.
V
Vão as horas completando,
Dos nossos padecimentos,
X
Xiu ! cavallo ! olha í tem mão.
E’ o derradeiro pedido :
Se nós formos attendidos
Muito te havemos prestar,
Ptendá tão singular
Em todo regulamento,
Que eu sempre tive talento,
E tenho sido respeitado,
E hoje me vejo accusado
Com o nome de ladrão.
Z
Zelaçâ do ceo te parta,
Cavallo velho malvado,
Já que sois um desgraçado
Que a todos pedidos falta.
Sois amante da desgraça,
Olha que fui respeitado,
E hoje me vejo accusado
Com o nome de ladrão.
♦ ----------
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
89
Ãs », c. m m u
< Ceará)
c
Oahi logo na cama amortecido,
Buscando pelo catre esta figura.
Pena van só topei de um bem perdido
Nesta fúnebre casa tão escura.
A candeia apaguei-a de um suspiro
Ficando-me o caixão qual pedra dura.
Gritei: ai quem me acode, que me abraza
Cama, Catre, Caixão, Candeia e Casa.
D
Doçura de meus braços que pirata
Que rolou de um peito amante,
Fina, mais fina do que a prata
Porque sendo de meu centro amor volante
De dia despertou a côrte ingrata.
A noite roubou um falso amante
Só para que eu não tivesse nesta cama
Doçura, Diamante, Dia e Dama.
E
Espera, encosta, encalha esta barquinha
Que tão ligeira caminha pelos mares.
Se levas uma esperança que caminha
Deixas uma esperança de tornares.
Olha que o claro dia se avizinha,
Espelho que há de ser dos meus pezares,
Vem tú pois para mim que te procuro
Esperança, Estendida, Espelho, Escuro.
F
Frija o fogo em meu peito amor tyranno.
Porque sendo fuzil de pedra esta firmeza,
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
r 91
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
92
Q
Querer te abusar é cousa dura,
Queixar-me contra ti razão não tenho,
Quebrantarei um a fé, maior loucura,
Opponho-m e a razão valente em penho.
Até quando ha de durar esta am argura ?
Quando hei de emprehender o desempenho ?
Juro de não te ver mais se assim tú queres
Q ueixoso quebrantarei se tú quizeres.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
94
S
SofTro após saudades na memória
Que memória não teve do futuro.
Saibam pois a vontade transitória
Que para cegueira é mal segura,
Altos entendimentos sem victoria
Soffrer aquellas mãos assim tão puras,
Sendo eu um despojo em solidade
Silencio, Soffrimentos, Somno e Saudade.
T
Toca tua marcha que já me animas
Termos ambos iguaes no pensamento,
Pois não tem outra corda mais que a prima
Que n*ella toca-se a recolher este instrumento.
Escolhi por primeira entre sina
Pois tive sempre com estima,
Vem cahir sobre mim trovfeja guerra,
Toques, Tambores, Trombeta e trema a Terra.
------------------ -JHf------------------
SERTANEJAS
«*-
Original from
Digitized by V^iO gLc UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
Original from
Digitized by V ^ O O g L c UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
T^ã'V'ST^
Despedida do Seringueiro
< Cearà)
Lá plantava a mandioca,
A melancia, o melão,
Mondubim e macaxeira
Por entre o milho e o feijão,
Remexia na patrona, ^
Não me faltava um tostão. j
Adeus, oh ! terra de la m a !
Vou plantar meus gerimuns,
Dos veados ver a cama
E o despertar dos anuns,
Viver com a jninha Joanna, /
Sem o ferrão dos piuns.
(P a ra h y b a )
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
102
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
104
Encontrando Zé Thom az
Que vinha lá da Q u e im a d a ...
« Camarada, dá-me novas
« Do Rabixo da Geralda ?ô
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
107
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
108
Tirem os um a carreira
Assim por um a b e ira d a ;
E u mesmo desconfiei
Do rabixo da Geralda.
Na fazenda da Concordia
Chegou etle a uma hora;
M uita gente já dizia:
O rabixo morre agora.
T in h a um pau atravessado
Na passagem d 'u m riacho :
0 cabra passou por cima
E o cavallo por baixo.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
111
Na fazenda da Boticá
T inha gente em demazia
Esperando ter noticia
Do rabixo aquelle dia.
*
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
113
Espalhando-se a noticia,
Correram todos a ver,
E vinham todos gritando:
O Rabixo vae morrer !
Ferido cahi no c h ã o !
Saltaram a me pegar
U ns nos pés, outros nas m ãos,
Outros para me sangrar !
( Ceará)
Digo eu, boi do Victor,
Nesta terra bem conhecido,
A grandeza de meu nome
Neste mundo tem corrido.
\r>
Digitized by V j O O g L L
Original from
UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
114
E captivo só no nome,
T inha senhor e vaqueiro,
Sendo muito perseguido
Nunca conheci captiveiro.
O Snr. Antonio de Sá
E ’ quem tinha presumpção
De me trazer ao curral
Ou de me botar no chão.
No cavallo Curumatan
Em que vinha elle montado,
Dizendo se me achasse
Que eu seria pegado.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
116
E u já faller no cavallo
E volto a Antonio de Sá,
Que os transes que passou
Só elle pode contar.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
117
m i m m
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
118
E eu que o vi correr,
Ná Lagoa das Mofadas,
Deixou atraz o cavallo
E uma cachorrada.
Original from
Digitizéd by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
119
Q uando vi um cavalleiro
Em um tropel mui descançado.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
120
Tratei de me pôr em pé
Pensando o que fosse melhcrr,
Porem logo me enganei,
Cada vez me foi peior.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
121
------------ r----
Original from
Digitized by
UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
122
Convidaram-se os am igos,
Acudio a gente toda ;
Beberam vinte mil réis,
Comeram um a vacca gorda.
m i m m
(Piauhy)
( excerpto)
♦ ---------------
y is iá m o
( Parahyba)
Senhores, me d í licença
Para um a historia inteira,
Vou contar uma desgraça
Que succedeu no Teixeira :
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
185
Liberato, delegado,
Foi prender um Guabiraba;
Por causa d ’esta prisão,
Quasi o Teixeira se acaba.
E Sirino arrespondeu
C’um a cara de le ã o :
C abra me saia de peito,
E não m ’atire as ?
O cavallo de Sirino,
Sendo de mais azogado,
Foi saltando um a barreira
Sirino ficou deitado.
s im m m
( Parahyba )
N,o sertão é bello ver
A sariêma cantar,
A onça roncar na serra,
A arára gritar no ar.
CANTADOR DO PARACURÚ.
(Ceará)
A respeito a cantoria
Mané Joaquim do M uquem,
Faz gallinha pizar milho
E pinto cessar xerem,
Mais nas unhas de seu Neco,
Nunca se arrum ou bem,
Porque eu. passo o sipilho,
Tiro-lhe as voltas que tem,
Fico sempre cassoando,
Olho não vejo ninguém.
Monoel Patichulim
Zé Cajá do Bananal,
E o Pedro Semião,
Um cantor do Arraial,
Beira d’agua lá na Serra,
E Moreira de Sobral,
Que se julgam cantadores,
De nunca encontrar igual,
Nunca poderam com Neco,
M orador em São Gonçalo.
Original from
Digitized by UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
129
S alles
N eco
S alles
N eco
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
131
S alles
N eco
S aülks
N eCo
Salles, eu distrinxarei
Como bem me parecer»
Doze patadas e meia»
Quatro mil réis vem a ser.
S alles
N ecc
S alles
N eco
S alles
N eco
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
134
S alles
N kco
A occazião é própria,
Ataque sem contricção,
Eu não lhe peço favor,
Hoje nesta occazião,
Me acostumei com desgraça,
Não temo mais afflicção,
Quanto mais áo pobre cego,
A quem nãò presto atteiiçâo.
S alles
Ntecó '
N eco
S alles
N eco
i
h.
1
Digitized by Google Original from
UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
136
S alles
N eco
S alles
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
137
N eco
S alles
N eco
~ Original from
Digitized by V ^ jO O ^ L C UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
188
--------------- 4---------------
m&mmm m»$a ? í ©
®
* * !* * £ »*
£ © B iA 2 H Ê .
D ia b o
M. de C a b e c e ir a s
Digitized by V ^O O gL c
Original from
UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA J
139
D ia b o
M. de C a b e c e ir a s
D ia b o
M. de C a b e c e ir a s
D iabo
Manoel de Cabeceiras,
Que peccados são os teus ?
Um anno tão bom de inverno,
Teu riacho não correu.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
140
M. d e C a b e c e ir a s
E sahi de manhãsinha
Com minha espingarda de fama :
Dei um tiro para riba,
Matei dois coêlhos na cama.
M. d e C a b e c e ir a s
Eu sahi de manhãsiha,
Isto foi muito cedinho :
Dei um tiro para cima,
Matei dois coelhos no ninho.
D ia b o
M. d e C a b e c e ir a s
Manoel de Cábeceiras,
Canta com Evangelista:
Senhora Dona da casa,
Venha resar o Officio.
D ia b o
( Parahyba)
Senhor Manoel Riachão,
Que commigo vem cantar,
R espo sta
R espo sta
♦ ------
m m w rn m
m mm .«si
m
w s*
( Parahyha )
R omano
Ignacío
R omano
I gnacio
R omano
Ignacio, tu reconheces,
Que sou o rei dos cantador,
P ’ra cantar ’stou approvado
Em qualquer logar que eu estou.
P ’ra tomar a Catingueira,
Só te affirmo que ainda vou.
Ignacio
R omano
I gnacio
R omano
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
Original from
Digitized by V ^ O O g L c UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
QWM&TÂ JP&ETE
* * ------------------
CANTIGAS AVULSAS
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
150
+---------------
Sexta-feira da Paixão
Comi um quarto de bode;
A Deus eu peço perdão:
Cada um faz o que pode.
V alha-m e N ossa-Senhora,
Mãe de Deus, o h ! Virgem Pia!
Doce bom não desonéra,
Cabra bom não desconfia;
Peguei na perna da vèia
Pensando que era a da fia ...
M inha'Senhora, desculpe,
Que era de noite, eu não via !
!: Valha-me N. Senhora,
- Mãe de Deus da Conceição...
I Quem casa com m ulher feia
I T oda a vida tem paixão.
A laranja de madura
Cahiu n*agua, foi ao fundo,
T riste da moça solteira
| Que cai na bocca do mundo.
De 77 p ’ra cá,
Nosso Brazil está perdido,
M uito quem toque viola,
Muito rapaz inxerido,
Cavallos esquipadores,
Muita mulher sem marido.
0 m enino se acalenta,
Na m ulher se mette a peia.
Cambiteiro, cambiteiro,
Onde foram cam bitar? i
Cam bita canna caiana,
Bota p ’ro engenho central,
Os cassacos da usina,
Só comem carne de boi,
Trabalham a 1500,
Recebe cruzado e dois.
Atirei um limãozinho j
Na menina de janella,
Ella chamou-me doidinho, \
Mais doidinho ando eu por ella. \
( Cearà)
Quando eu vim de m inha tew a
Todo o mundo me cho/ou,
Só a maldicta de uma velha
M uita praga me rogou.
As saudades me convidam,
Suspiros me ponhem a mesa ;
Em mim não ha falsidade,
Sou firme por natureza.
M enina, teu pae é pobre, |
T ua mãe carrega lenha;
Menina, casa commigo,
Q ue eu sou mulato gamenha.
Me trepei na bananeira.
Me enrolei com o mangará,
Comi banana m adura,
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
158
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
159
(*) Esta quadra vai incluída para dar idéa do rythmo das
chulas do norte.
E n t r e M a n o e l d a B e r n a r d a e o n e g r o R io P r e
t o , NA FAZENDA FLO R ESTA DO M AJOR ANTONIO
L u ca s, d o s In h a m u n s.
(Fragmento)
( Ceará)
Eu fui a um a novena
Lá na fazenda Floresta.
O major Antonio Lucas
Convidou-me para a festa.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
167
C a n t ig a de S a l v in a
Mandaram-me assoletrar
Cinco nomes na carreira :
Campina, Curral de Cima,
Jardim , Taram a, Teixeira.
Mandaram-me assoletrar
Quatro nome encabonado :
O Cambambe e o Tam atá,
Coité e Serra do Gado.
• .i
Digitized by V^O O gLc
Original from
UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA ^'fl
171
Caetano r k sp o n d r u :
Um caçoar de sabugo
Conduzi lá p’r’o açude,
Q uanto mais eu me esfregava,
Quanto mais sahia grude.
C aetano respo n d eu :
C abecrira
C aetano:
C abeceira :
C aetano :
Ca ,beceira :
C aetano :
C abeceira :
C aetano:
( Rio do Peixe )
JO S È ANTONIO DA CÂOHAN
CHICO DAMIAO
v • .
*■;'
Digitized by Google Original from
UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA W
h
í 177
J O S E ’ MARIA
O cantar de Zé Maria,
E* como a guerra incivi,
São duas peça emborcadas,
As balas querendo i
E’ mesmo que trem expresso
Quando apita p’ra p a r ti.
RIO PR ETO
a No dia 7 de Setembro
Foi Rio Preto cercado
Com 10 praças de policia,
E um subdelegado;
Mas, o negro não fez conta,
E rinchou como um damnado,
Senhor subdelegado,
Venha tomar café commigo,
Pois, emquanto eu me vir solto,
Serei um seu bom amigo;
Só depois de me ver preso <
Serei um seli inimigo. > j
F r a n c isc o R o m a n o e I g n a c io da C a t in g u e ir a
I gnacio
R omano
R omano
I gnacio
J oão Z a c a r ia s ( c a b r a ) e J oão V i e i r a ( n e g r o ),
AMBOS DO CENTRO DO RlO GRANDE DO N oR T E .
J oão Z a c a r ia s :
J oão V ie ir a :
J oão Z a c a r ia s :
J oão V ie ir a :
Original from
Digitized by C j O O Q l e
UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
184
Só se mette o Padre-nosso
Onde se enfia o cordão.
Tibe létet tome lá,
Tibe gia vou-te, cão,
Passando-te a mão na caiav
Trez dias rolas no chão.
J oã o Z a c a r ia s :
João V ie i r a :
J o ão Z a c a r ia s :
Se me derrubar a casa,
Não derrube a cumieira,
Que é p’ra servir de forca
Para o tal de João Vieira.
J oão V ie ir a -
Se me derrubar a casa,
Não me derrube as furquias,
Que p’ra sei vir de forca
P ’ro tal de João Zacarias.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
185
J0 Ã 9 Z a c a r ia s :
J oão V i e i r a :
J oão Z a c a r ia s ;
(V ID E PAG. 167)
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
188
Pedi um pouco d e c a n n a ( l) ,
Elle veio com um quarteirão;
Elle bebeu um poquinho
E eu a maior porção.
Sahi por alli a fora,
Não senti terra no chão.
— I Á no principio da rua
Encon\ie\ João Senhorinha:
Roberto, tu quando sais?
Homem, eu saio ^e-m anhãzinhi.
Roberto, por despedicía,
1 Tom a lá um copo de vinio.
(1) Aguardente.
Na porta do cemiterio
Encontrei Joaquim Vicente:
Roberto, p’ra onde vais
Tão alegre e tão contente ?
Homem, vou ao Tanque Danta
Vou dar uma surra em gente.
Roberto, tu não me chamas ?
Estás com um cabra bom de fama.
Eu saltei um a janella,
Que encheu-me o corpo de nós,
E na carreira que dei
Rebentei uns caritós.
Não vi nada na m inha frente
Si não fosse a escuridão.
E logo ouvi um tinido
Parecido de facão.
O soldado Zé Romão,
Que é mettido a valentão:
Si quer ser preso com honra,
Cabrito, não faça acção.
No topete da ladeira,
Em casa de d. A nninha,
Ella assim que me avistou:
Como vem meu passarinho ?!
Senhora D. Mariinha,
M ulher do coração crú,
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
191
E sta foi m i n h a p r iz ã o ,
Em que eu fui condemhado,
A gor a falta c o n ta r
D o s m e u s 5 m il P ecca d o .
^ Original from
Digitized by V ^ iO O g L c UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
195
E é só porque intentò
Dar um a noticia exacta
Da emprenhidão da mulata
Luiza.
A d. Joanna a trazia
Limpamente e asseiada,
E como filha, tratada
Com amor.
Porem houve um seductor,
Que eu não sei quem elle é,
Que fez ella dar com o pé
Na peia.
Mas ella com a peia,
Com promessa de alforria,
Mas só roubar-lhe queria
A virgindade.
Não é de m inha vontade
Descobrir segredo alheio,
Mas acho muito feio
M entir.
E por isso relato aqui
O que sei, o que su p p o n h o :
Vi dizer ser do Antonio
Vintém ( 1).
Certifico e porto fé
Ser o autor rico e forte,
Daquelles que tem o cangote
Grosso.
Não carece de alvoroço,
Senhora d. Joanninha ;
Metta relho na cosinha,
Que saberá.
Suas negras hão de contar
Quem foi este espertalhão
Que lhe fez esta traição
E ngraçadinha.
Metta relho na cosinha,
Use de rigorosidade,
Saberá se é verdade
Ou mentira.
Pegue pela Cassimira,
Catharina e Damiana,
E tambem a negra Joanna
Do Batoque ( 1).
Oh l mas nessa ninguém me toque (2),
Logo ha de haver quem diga,
Pois pelos olhos lombriga
Se conhece.
E u, segundo me parece,
So reservo a Delphina,
Que Bernarda e Carolina
Sabiam.
« Eu sou o Feliciano
M orador lá na M ontanha;
O cabra tem um cabello
Que não se doma com banha.
Quanto mais se mette o pente,
Mais o cabello se assanha.»
« JO S E ' DE M ATTOS
Original from
Digitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
201
C eará
José Maria (taboleiro de Areias).
Joaquim dos Reis.
Neco Martins.
Manoel Joaquim (do Muquem.)
Manoel Patichulim.
José de Mattos.
José Cajá.
Pedro Semeão.
José Bernardo.
Moreira (de Sobral).
Rio Negro.
Antonio Silvino.
Leonel.
Pedro Ferreira.
Semeão.
Paulino Felisberto. •
Belino das Frecheiras.
Manoel da Bernarda.
Herculano de Messias.
Carnahuba.
Luiz Pereira.
Manoel de Barros.
José Rufino.
Caninana.
' Alexandre das Cabeceiras.
Bem-te:vi.
Francisco Salles.
Beira d’Agua.
Parahyba
Manoel Cabeceira.
Romano da Mãi d’Agua.
Manoel Caetano.
Rio Preto.
Francisco Romano.
Bernardo Nogueira.
Ignacio da Catingueira.
Manoel Sambóla.
Roberto de Belém.
Salvina.
Xica Barroza.
Manoel Francisco (Pombal).
José Antonio da Cãohan.
Xico Damião.
José Maria.
Deusdedit Adeodato de Carvalho.
Dr. Julio Vaz Curado.,
Feliciano.
Theodosio Pereira — Pernambuco.
Original from
Digitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
207
PAG.
N o ta s P r e l i m i n a r e s constantes das seguintes
m a té ria s:.................................................................... I
Q lê-lê, vira m o e n d a ............................................... IV
Ô conto do gigan te.................................................... IV
Quando com eçou a poesia popular no B r a sil. VI
Vida praiana.................................................................. XI
Cantoria dos n e g r o s ............................................... XII
O bumba-meu-boi......................................................... XIV
Tirar os R e i s .............................................................. XXI
Mandingas e f e it iç a r ia s .......................................... XXII
A couvade entre os indios do Amazonas . . XXIV
Um pagão de pês para o a r ...............................
A ventania e S. L o u re n ç o ....................................
Cousas perdidas e S'. G u in o ............................... XXV
Coser carne q u e b r a d a ..........................................
Tom ar sangue de p a la v r a ....................................
Benzer máo. olhado. ............................... ..... XXVI
Achar cousas perdidas e Santo Antonio . . XXVI
Curar a b i c h e i r a .................................................... XXVI
As crianças e a l u a ............................................... XXVII
Os indios e a l u a .................................................... XXVII
Arrancar o d e n t e ...................................................
A fig u in h a ................................................................... XXVIII
O boi A p i s ..............................................................
Maria concebida sem p e c c a d o ..........................
As parteiras . . ............................................... X X IX
Curandeiro de^mordedura das cobras . . . X X IX
Influencia religiosa e os folgares do povo. . XX XI
XXXI
As p a sto r in h a s..........................................................
B e m d ic to s................................................................... xxxni
Pai que quer se casar com a filha . . . . XXXV
O r a ç õ e s........................................................................ XXXVII
M i f l
0 S eringu eiro..................... 3
C a r t a ..................................................... 7
P eleja da a l m a ..................... ..... . 8
Adeus, c a x a ç a ................................ 17
Infelicidade de um agricultor. . 18
0 d in h e ir o .......................................... 20
0 I n v e r n o .......................................... 21
0 Quebra-Kilo..................................... 22
0 cavaco ............................................... 22
A um Soffreu . ................................ 24
0 baralho............................................. 25
Só vog a quem' tem dinheiro . . 28
Guerra do P a r a g u a y ..................... , 32
L uiz do R e g o . ................................ 33
Não ó defeito beber . . . . . 33
D e c i m a ................................................ 41
« . ............................... 42
« ....................................... 44
0 Iê-1A, vira m oenda . . . . . . . . . 45
25 de J u n h o ..................................... 40
P ai J o ã o ............................................... 47
A missa de N a t a l .......................... 48
0 casamento ..................................... 51
A Y a r a ............................................... 54
A Caipora . . . ........................... 01
0 S a m b a . .......................................... 62
«loiro dos b ic h o s ............................... 65
Meus p o s s u íd o s .......................... ..... . . . . . . 67
Original from
D igitized by Google UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
O b a r a l h o ............................................................................ 68
O m eu d e s t i n o .......................................................................... 68
D esa fio .......................................................................... 68
s m iim i
A. B. C. de Jesuino B r i l h a n t e ......................... . 73
A. B. C. .............................................................
A. B. C. dos m a ca co s................................................................ 80
A. B. C. do f r a d e ..................................................................... 89
P A S fX
Despedida do Seringueiro . . . . . . . . . 99
O sertão em d e r r o t a ............................................................... 101
0 rabicho da Geralda................................................. 104
Boi V ic t o r ......................................................................... 113
Boi pintadinho - ......................................................................... 117
Boi Adão . ......................................................................... 123
L iberato........................................................................... 124
0 Inverno . ............................................................ 126
Cantigas de Neco M a rtin s.................................................... 128
Desafio de Neco Martins com Francisco S alles. 129
Fragmento do desafio entre Manoel de Cabecei
ras e o d i a b o .................................................................... 138
Desafio de Manoel Riachão, com Maria Thebana 141
Desafio de Romano da Mãi d’A gua com Ignacio
da Catingueira............................................................ 143
m&sm
Cantigas de Cabeceira .......................................... 149
Cancioneiro p o p u l a r ............................................................... 150
Desafio entre Manoel da Bernarda e o negro Rio
Preto..............................................................
t f íiw á i
Notas Sobre os Cantadores constantes das se
guintes m atérias: ...........................' . . 163
Carta do Dr. Irineu Joffely . , ..................................... 163
Original from
D igitized by Google UNIVERSITYOF CALIFÓRNIA
IV
AA 0 0 0 9 5 4 5 9 0 6
University of Califórnia
SOUTHERN REGIONAL LIBRARY FACILITY
305 De Neve Drive - Parking Lot 17 • Box 951388
LO S A N G ELES, CALIFÓRNIA 90095-1388
Return this material to the library from which it was borrowed.
íf$ R N IA