CURSO DE LATÍCINIOS | MÓDULO 08 | ETAPAS DE FABRICAÇÃO
8- ETAPAS DE FABRICAÇÃO:
8.1- Coagulação:
Definição:
A coagulação é a solidificação do leite devido à preciptação da caseina.
A coalhada tem aparência de uma gelatina.
8.1.1-Temperatura de coagulação:
A temperatura de coagulação depende do fermento e das enzimas do
coalho. O fermento lático normalmente usado na fabricação de queijo é mesofílio, ou seja, se desenvolve bem a uma temperatura de 20-25ºC, enquanto que as enzimas do coalho, responsáveis pela coagulação, atuam bem a uma temperatura de 40-42ºC.
Assim, como necessitamos tanto da ação dos microorganismo como da
das enzimas do coalho, a temperatura de coagulação deverá ser regulada para 30-35ºC.
8.2- Adição de ingredientes:
a- após ajuste da temperatura de coagulação e adição do fermento e
cloreto de cálcio, adiciona-se o coalho na dose indicada pelo fabricante, diluído em àgua conforme citamos anteriormente. A adição é também realizada com agitação constante, que deve prosseguir por 1-2 minutos:
b- após a distribuição do coalho, o leite deverá ficar em repouso
CURSO DE LATÍCINIOS | MÓDULO 08 | ETAPAS DE FABRICAÇÃO
8.3- Corte da coalhada:
O corte é realizado com liras ou facas e tem por objetivo dividir a
massa da coalhada transformando-a em grãos para provocar a saída do soro.
A coalhada vai se encontrar no ponto de corte quando:
a- ao ser levantada com o dedo indicador, mostrará uma certa
flexibilidade( tipo gelatina) e em seguida, após esta resistência inicial, se fenderá em um só sentido.
b- Ao ser pressionada com a palma da mão junto à parede do tanque ou
recipiente de coagulação desprenderá por completo da mesma.
- o tamanho dos grãos de coalhada varia em função do teor de
água que se deseja no queijo a ser fabricado. Para se fabricar queijos frescais, que contém alto teor de umidade, é necessário cortar o bloco de coalhada em grãos grandes, ou seja, a medida que se diminui o tamanho dos grãos, maior é a expulsão de água da coalhada, mais seco é o queijo. Geralmente, o tamanho dos grãos são estimados por comparação com o tamanho de alguns oleogenosas. Exemplos:
- o corte é feito vertical e horizontal de forma a obter-se os
cubos desejados quando se usa liras, podendo ser feito lentamente par evitar quando se usa faca . Independente o material utilizado, deve ser feito lentamente pra evitar o esfarelamento da coalhada e consequente perda de rendimento. Quando o corte é bem feito , na hora certa e de maneira correta . o soro terá uma cor esverdeada e será límpido, do contrário terá uma cor esbranquiçada.
CURSO DE LATÍCINIOS | MÓDULO 08 | ETAPAS DE FABRICAÇÃO
8.4- Mexedura da coalhada:
É a agitação dos cubos da coalhada e do soro cuja finalidade é aumentar a expulsão do soro retirado no interior dos grãos. A medida em que avança-se o período de mexedura, os grãos diminuem de volume, aumentam sua densidade e tendem a se soldar, devido a perda paulatina de soro. Por esta razão, é necessário mexer com uma velocidade progressiva, lenta no ínicio e mais rápida no final, de maneira a evitar que os grãos não se quebrem demasiadamente no princípio e não se aglomerem no final impedindo a dessoragem. O tempo de mexedura também varia em função do tipo de queijo que se fabrica. Para os queijos frescos (Minas Frescal), com alto teor de umidade, o tempo de mexedura não deve ser muito prolongado(+ ou – 30 minutos)já para os queijos duros e semi-duros (Parmesão, Prato) a mexedura tem uma duração maior.
8.5- Aquecimento da coalhada:
Da mesma forma que o corte e a mexedura, da temperatura, favorece a dessoragem. A ação destes três fatores mais a acidez produzida pelas bactérias do fermento, são os principais fatores de dessoragem. Enquanto o corte, a mexedura e a acidez são fatores essencias à fabricação de queijos, o aquecimento é um recurso utilizado quando se deseja fabricar um queijo com teor de umidade, como por exemplo, a Mussarela, o Prato, o Parmesão, etc. Para os queijos moles como o Minas Frescal, não há necessidade de aquecimento, pois conforme observou-se o teor de água deste queijo é bastante elevado (60-62%). No caso onde o aquecimento se faz necessáio, ele é feito após uma primeira mexedura cujo templo é de 20-25 minutos, e de forma a promover uma elevação lenta e gradual da temperatura, como exemplo 1-2ºC a cada 2-3 minutos. Este já para a Mussarela, a enformagem só será realizada no dia seguinte, após o período de fermentação e Filagem da massa, cujos detalhes serão abordados mais adiante.
CURSO DE LATÍCINIOS | MÓDULO 08 | ETAPAS DE FABRICAÇÃO
8.6- Ponto de coalhada:
Com os efeitos causados pelos fatores que favorecem e
promovem a saída de soro, os grãos quando atingem o ponto ideal de dessoragem apresenta o seguinte comportamento a- ficam ligeiramente consistente.
b- Têm maior tendência a se aglomerarem, maior liga.
c- Depositam-se mais rapidamente no fundo do recepiente
de fabricação após um ligeiro repouso.
d- Ao serem coletados em uma peneira ou forma de fundo
rendado, o soro se separa mais rapidamente e escorre facilmente.
Ao se observar fatos, paralisa-se imediatamente a
mexedura. A massa está pronta ser enformada. Porém, vale ressaltar que cada queijo possui uma consistência no momento do ponto da coalhada e essa característica só é verificada com a prática.
CURSO DE LATÍCINIOS | MÓDULO 08 | ETAPAS DE FABRICAÇÃO
8.7. Enformagem:
Obtido o ponto da coalhada faz-se a enformagem da
mesma, que colocação dos grãos em um molde para dar forma ao queijo.
Para os queijos moles(Minas Frescal) a enformagem é
realizada imediatamente após o ponto, simplesmente coletando a massa e colocando-a nas formas , que podem ser de tamanho variado. É importante lembrar de que para se obter um queijo de aproximente 6 cm de altura por 18 de diâmetro, se faz necessário Ter uma forma de mais ou menos 18cm de altura e enche-la totalmente de massa; pois com a continuidade da dessoragem, o tamanho inicial reduzirá cerca de 3 vezes. Para estes queijos não há necessidade de presagem, eles se moldam pelo seu próprio peso, porém é preciso que fiquem em um ambiente com temperatura próximas de 20ºC por um período de 2 horas.
Concentração: 20% de sal
Capacidade: 3 litros/kg de queijo Densidade: 1,15(= Bé medidos no aerômetro de Baume) Correção: semanal (acidez e sal) Recuperação: de acordo com a necessidade.
CURSO DE LATÍCINIOS | MÓDULO 08 | ETAPAS DE FABRICAÇÃO
8.8- A salga do queijo:
A salga dos queijos pode ser feita de várias formas formas.
Apresentamos a seguir as duas principais, seguidos de maiores detalhes sobre o seu uso:
a- Salga a seco – é conhecida também como salga por
aspersão. Consiste simplesmente na aspersão de sal sobre as duas faces do queijo. Este processo é recomendo para queijos mais úmidos, é rápido e tem boa margem de precisão.
b- Salga em salmoura – Este é o processo empregado para
a grande maioria dos queijos. Consiste na imersão dos queijos dos queijos em tempo determinado, em uma solução de sal a 20%. O tempo varia em função do teor de sal desejado sobre tudo do peso, do formato e do teor de umidade do queijo. Quanto mais úmido e menor for o queijo, menor será o tempo for o queijo, menor será o tempo de salga em salmoura. Para um queijo Minas Frescal que pesa entre 900 a 1000 gramas, 2 (duas) horas de salmoura são suficientes para a salga e para uma Mussarela de 1000 a 1500g. necessita- se de aproximadamente 24 horas. Este método de salga é bastante eficiente, porém exige uma série de cuidados que o tornam pouco prático ser instalado em fazenda. Contudo quando se fabrica o queijo Mussarela o seu uso é inevitável e para este caso, deve-se preparar uma salmoura nova a cada semana guardando- a na medida do possível em um frezzer ou geladeira quando não estiver usando. A temperatura ideal da salmoura é de 10-12ºC.
CURSO DE LATÍCINIOS | MÓDULO 08 | ETAPAS DE FABRICAÇÃO
Preparo da Salmoura em 20% de sal (100 litro)
- Escolher um sal de boa qualidade, com poucas impurezas:
- Dissolver cerca de 25 kg de sal e completar o volume com água para 100 litros :adiciona-se 25kg de sal para corrigir eventuais impurezas): - Aquecer a 90ºC e deixar resfriar até o dia seguinte a temperatura ambiente: - Resfriar a espuma e drenar a salmoura para tanques definitivos deixando as sujidades no fundo do tanque . - Acidificar a salmoura com 10ml de Ácido lático industrial ( ≅até ph 5,2) e adicionar 1 litro de cloreto de cálcio a 50 %. - Resfriar a salmoura para 10-12ºC e usa .
8.8.1.Qualidade de uma salmoura:
Temperatura: 10-12ºC Acidez: 15-30ºD Ph igual ao do queijo ( ≅ 5,2) procedimento é de extrema importância pois caso contrário, o aquecimento perde a sua finalidade podendo causar danos a fabricação. A temperatura final de aquecimento da coalhada varia evidentemente em função de queijo, sendo mais elevada a medida que o teor de água contido no queijo pronto diminui. Exemplo:
Queijo Temperatura Teor de água
de Aquecimento Minas Frescal Não há aquecimento 60-62% Mussarela 40-42% 48-51% Parmesão 50- 55% 31-33%
CURSO DE LATÍCINIOS | MÓDULO 08 | ETAPAS DE FABRICAÇÃO
8.8.2.Correção e Recuperação da Salmoura:
A correção deve ser semanal e corrigir,
principalmente, a acidez e o teor de sal. Quando se notar que a salmoura que a salmoura está muito turva, deve-se aquece-la a 90ºC/30 min, resfriar, deixar descansar por 8 – 10h filtrar e fazer os reajustes necessários (sal, ph, acidez, etc )
OBS.: Os queijos devem estar sempre totalmente
submersos na salmoura, usando-se para isso: tábuas, plástico ou gaiolas.
Os tanques devem ser de alvenaria. Nunca usar
caixas d`água de amianto.
8.9-Conservação dos queijos:
Os queijos de consumo imediato devem ser
conservados a baixa temperatura(4-6ºC). Uma geladeira comum é suficiente para garantir a qualidade do produto, dentro de um período determinado. A durabilidade do queijo, está diretamente relacionada com o teor de umidade do mesmo sendo que os úmidos se deterioram mais rapidamente.