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Batman o cavaleiro das trevas ressurge em 2018

Sempre assistia aos filmes do Batman porque causavam fascínio seu estilo Charles
Bronson (1921-2003). Acho que não era só isso. Dos super-heróis ele era o mais
humano. Era e ainda é aquele que mais expressa nossas vontades contidas pela lei.
Quando tudo estava perdido, sempre aparecia com sua inteligência fantástica
representada e armazenada em seu cinto de utilidades. O filme de Christopher Edward
Nolan The Dark Knight Rises, em 2012, lucrou algo em torno de 1,04 bilhões pelo
mundo afora. No Brasil de dois em dois anos “o cavaleiro das trevas ressurge”.

A Gothan City, aquele lugar sem jeito, se encaixa perfeitamente no imaginário social
político que sempre vivemos ainda hoje. Um lugar desesperador, cheio de corrupções e
injustiça, onde a democracia fora vencida, ou quase se não fosse o Batman. Lugar
escuro, tenebroso onde sempre é noite. Batman sempre ressurge quando o caos é
instalado. Nosso herói trabalha melhor solitário, aliás, é essa sua maior qualidade. É só
pensarmos na construção midiática da figura do juiz Sergio Fernando Moro. Os
indefesos querem trabalhar em conjunto, mas ele – “alguém que nasceu para fazer
somente o bem” – pelo bem maior tem regras próprias para garantir o sonho dos
indefesos, sempre está sozinho. Nada mais performático!

Todos os dias a nossa “Gothan City” recebe mais restaurações para manter-se sempre
uma Gothan. Nossas opiniões cada vez mais estão sendo formadas (ou deformadas)
dentro de um processo chamado e aclamado por: era da pós verdade. Já era difícil dizer
o que é certo ou errado, mas agora o tradicional dilema diluiu-se na busca por
afirmações express ou verdades de micro-ondas, prontas para serem consumidas em
poucos minutos. Não precisamos saber muito sobre determinado assunto para
pitaquearmos. Rapidamente nos tornamos vítimas dos mecanismos de busca
“imparciais”.

Na era do ou da pós verdade os indivíduos sabem cada vez mais de tudo um pouco sem
conexão alguma com coisa alguma. No entanto, sempre dispostos a darem as suas vidas
por essas verdades. Basta vermos os clamores por condenações de suspeitos que foram
detidos para ainda seguir o devido processo legal de investigação. As torrentes de in-
formações provocam centenas ou milhares de versões sobre tal fato gerando uma
enormidade de meias-verdades que deformam os sujeitos em suas opiniões.

É nesse campo movediço de fabricação de verdades que “Gothan” é reconstruída ou


reformada a fim de que “Batman” sempre apareça. Assim temos: os vírus estão por toda
parte matando pessoas; milhões de dicas para viver com saúde; polícia de “Gothan”
não dá conta da criminalidade que cresce assustadoramente; dados revelam que os
políticos são todos ladrões; a economia está em declínio assustador; o caos está
instalado! “Batman” é a razão de “Gothan” existir e vice-versa.

Numa sociedade culturalmente judaico-cristã, que na verdade é uma comunidade


imaginada (ANDERSON, 2008), onde se acredita na figura do messias como o ungido
que virá nos resgatar das mãos cruéis de nossos algozes e que num futuro restaurará a
Terra retirando todos os males para sempre, permite a introdução no jogo político
personagens que flertam com esse esquema simbólico do imaginário social
(BOURDIEU, 2000). O suposto caos político, econômico, social, e demais outros, só
serão solucionados com a vinda de alguém de fora, porque aqui dentro estão todos
comprometidos. Só alguém “puro sangue”, diferente, geneticamente modificado poderá
resolver nossos problemas. Então, a cada dois anos ele vem, sempre modesto (acho que
nem sempre) lutando contra seu destino: salvar o mundo!

É nesse contexto que “Batman” ressurge! Desde a muito tempo, nossos candidatos a
cargos políticos perceberam que precisam “surfar” no imaginário social dos brasileiros.
Se quiserem ganhar as eleições, não basta ser honesto, devem se encaixar nas
necessidades imaginárias da maioria. Então começam os trabalhos com a memória
reforçando cada vez mais elementos simbólicos de alto efeito nos sentimentos há
tempos plantados. Segundo Margaret Macmillan (2010) a história é um meio de
estimular uma comunidade idealizada. Os nacionalistas vão dizer que sua nação existe
desde sempre e que agora estão tentando acabar com ela.

Os Batmans precisam parecer serem de outro mundo, messias prometidos, flertando


com a cultura que lhe é própria na transmissão de significados importantes para sua
ascensão ao poder (CHARTIER, 1991). É difícil encontrarmos pessoas interessadas em
discutir política e propostas com suas capacidades de serem realizadas. Mas podem ficar
tranquilos, parece que esse ano teremos, se já não estamos assistindo, Batman o
cavaleiro das trevas ressurge 2018.

Eduardo Leite é mestre em História pela UFMT

e-mail: profeduardoleite@gmail.com

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