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LÍNGUA PORTUGUESA
Caderno de Referência de Conteúdo
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
469 Z29l
Zamproneo, Silvana
Língua portuguesa / Silvana Zamproneo, Felipe Aleixo – Batatais, SP :
Claretiano, 2013.
208 p.
ISBN: 978-85-67425-82-5
CDD 469
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
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web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Conteúdo––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Comunicação e linguagem. Texto: conceito, tipologia e estruturação. Fatores de
textualidade: coerência e coesão. Aspectos gramaticais relevantes à produção
textual. Dissertação, resumo e resenha. Leitura crítica, interpretativa e analítica.
Produção de textos.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao estudo de Língua Portuguesa. Neste Ca-
derno de Referência de Conteúdo, você encontrará o conteúdo bá-
sico das seis unidades.
Esperamos que você amplie seus conhecimentos de língua
portuguesa e aperfeiçoe sua habilidade de comunicação oral e es-
crita, de forma a dominar as condições de recepção e produção
textual. Além disso, tomará contato com teorias sobre os gêneros
e as estruturas de discurso que lhe auxiliarão a produzir diferen-
10 © Comunicação e Linguagem
É por ser tão complexa que, para este estudo, a vírgula foi
eleita, dentre os sinais de pontuação, para ser estudada e bem
compreendida.
Encerrando os estudos de subsídios gramaticais, apresenta-
dos na Unidade 3, apresentaremos a você a relação de concordân-
cia estabelecida entre sujeito e verbo e entre dois nomes. Estamos
falando, respectivamente, de concordância verbal e de concor-
dância nominal. Utilizar-se desses conhecimentos na hora de pro-
duzir um texto escrito é de fundamental importância.
Segundo Abreu (2003, p. 157), a concordância:
[...] é um processo pelo qual as marcas de número e pessoa de
substantivos ou pronomes são assumidas por verbos e as marcas
de gênero e número de substantivos são assumidas por adjetivos,
artigos, pronomes e alguns numerais (grifo do autor).
Cobertura:
• 1/2 lata de leite condensado;
• 1/2 xícara de leite;
• 1 colher de manteiga;
• 5 colheres de achocolatado em pó.
Modo de Preparo
Massa:
1. Em um recipiente misture todos os ingredientes, menos a água
fervente e o fermento.
2. Quando essa mistura estiver homogênea, adicione os outros
ingredientes.
3. Despeje em uma forma untada, e leve ao forno médio por 30
minutos aproximadamente.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25
Cobertura:
1. Derreta a manteiga na panela e adicione o leite condensado, a
manteiga e o achocolatado.
2. Mexa até desgrudar do fundo da panela (ponto de brigadeiro).
3. Cubra e recheie o bolo depois de assado (TUDO GOSTOSO.
Nega Maluca. Disponível em: <http://tudogostoso.uol.com.br/
receita/19132-bolo-nega-maluca.html>. Acesso em: 28 jun. 2010).
Como você pode perceber, nesse texto, que é a receita de
um bolo, indicam-se os procedimentos para realizar uma tarefa.
Outros exemplos de textos que se utilizam de estruturas proce-
durais são: manuais em geral (de carro, de eletrodoméstico etc.),
bulas de medicamento, receitas culinárias, regras de jogo etc.
Por fim, na última unidade, você aperfeiçoará o seu racio-
cínio lógico e a sua capacidade de abstração e de articulação do
pensamento. Mas como vai fazer isso? Ora, com a leitura, inter-
pretação, análise e discussão de textos. É nessa unidade que você
treinará, ainda, a sua capacidade de síntese, aprendendo a elabo-
rar resumos. Finalmente, estudará a dissertação, que é o tipo de
texto mais utilizado nos meios acadêmicos.
É importante que você se atente bem a essa seção sobre os
textos dissertativos, uma vez que é por meio desse gênero discursi-
vo que você deverá elaborar o seu Trabalho de Conclusão de Curso.
Esperamos que, com o estudo de Língua Portuguesa, você
consiga aperfeiçoar as suas habilidades relacionadas à língua escri-
ta e, assim, obtenha sucesso em sua vida acadêmica e profissional.
Lembre-se de que manter contato contínuo com o texto é uma das
melhores alternativas para compreendê-lo; para isso, basta que
você leia constantemente!
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhe-
cimento dos temas tratados em Língua Portuguesa. Veja, a seguir, a
definição de seus principais conceitos:
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles
que exigem uma resposta determinada, inalterada.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com o estudo de Língua Portuguesa pode ser uma
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará
se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além
disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe-
cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis-
sional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo
que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não conhe-
ce, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido
antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à
maturidade.
Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade
EAD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser
utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas.
2. CONTEÚDOS
• Diferenças entre linguagem humana e comunicação animal.
• Esquema da comunicação.
• Funções da linguagem.
• Características da fala e da escrita.
40 © Comunicação e Linguagem
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Iniciaremos nossos estudos em Língua Portuguesa com os
seguintes tópicos:
• Processo de comunicação.
• Funções da linguagem.
• Diferenças entre fala e escrita.
Todo ser que vive em sociedade, seja um animal, seja o ser
humano, tem necessidade de comunicar-se com os outros mem-
bros da comunidade de que faz parte. A comunicação é, pois, um
dos fatores essenciais à vida desses seres.
O ser humano, para comunicar-se, faz uso da linguagem. Em
sentido lato, o termo "linguagem" é utilizado em referência tanto
à comunicação animal como às diferentes formas de comunicação
humana: língua falada, língua escrita, artes em geral (dança, músi-
ca, cinema, teatro, pintura, escultura etc.), mímica, gestos, língua
dos surdos-mudos etc. [...]
Os linguistas, entretanto, têm discutido a seguinte questão:
a comunicação animal pode ser considerada linguagem?
O zoólogo alemão Karl von Frisch (apud Benveniste, 1995)
estudou, durante muitos anos, a comunicação das abelhas. Ele
descobriu que uma abelha operária, após descobrir um local onde
5. ESQUEMA DE COMUNICAÇÃO
O processo de comunicação, estudado pela Teoria da Comu-
nicação e pela Teoria da Informação, compreende seis elementos:
uma pessoa, ou um grupo de pessoas, envia uma mensagem que
remete a um determinado referente a uma outra pessoa, ou um
outro grupo de pessoas, por meio de um canal e de um código
com o qual elabora a mensagem.
Um pequeno diálogo é um ato de comunicação e envolve
os seis elementos mencionados. Vejamos, a seguir, um trecho de
conversa real entre um documentador (Doc.), ou seja, uma pessoa
que instiga e documenta o diálogo, um primeiro locutor (L1) e um
segundo locutor (L2):
6. FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Você sabia que o seu sucesso profissional, independente-
mente da área de atuação, depende, entre outros fatores, da boa
leitura e da correta interpretação de diferentes tipos de texto?
Além disso, é importante que você saiba usar a língua portuguesa
com habilidade em diversas situações comunicativas.
Se você tiver de apresentar-se em público, como, por exem-
plo, em um seminário, é importante que saiba expor suas ideias
em um texto falado bem estruturado. Da mesma forma, caso ne-
cessite apresentar suas ideias por escrito, como em uma prova ou
em um concurso, terá de produzir um bom texto.
Relacionadas aos diferentes gêneros de discurso (resumo,
resenha, romance, conto, poema, dissertação científica, piada
etc.) estão as funções da linguagem, por meio das quais, entre ou-
tras atividades, informamos, convencemos, persuadimos, encan-
tamos, divertimos alguém. Vejamos quais são elas.
Função emotiva
A função emotiva ou expressiva está centrada no emissor.
Nas mensagens em que predomina tal função, ele expressa suas
emoções, seus sentimentos, seus julgamentos e suas atitudes em
relação ao que diz e ao contexto. O texto em que é predominante
a função emotiva geralmente é impregnado de subjetividade. Esta
função é típica de poemas, romances, contos, crônicas, cartas pes-
soais, autobiografias, discursos em geral etc.
Observe, a seguir, um poema e trechos de textos em que
está presente a função emotiva.
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 49
Função conativa
A função conativa ou apelativa está centrada no destinatá-
rio. O emissor tenta exercer alguma influência sobre o destinatá-
rio, tenta conduzi-lo a um comportamento específico.
Por meio de apelo, ordem, pedido ou conselho, o emissor
objetiva convencer ou persuadir o receptor. A função conativa nor-
malmente está presente em textos publicitários, discursos políti-
cos, sermões etc.
Preste atenção em propagandas na televisão, na internet e
em revistas. Você verificará que é bastante usual verbo no impe-
rativo ("experimente", "aproveite", "compre", "beba" etc.) e na
segunda pessoa do discurso (“tu” ou “você”). Os textos publicitá-
rios objetivam estabelecer interação com os potenciais consumi-
dores na tentativa de convencê-los de que o produto anunciado
é o melhor.
Observe os enunciados seguintes:
• Feche a porta quando sair. (ordem)
• Você deve agir com ética sempre. (obrigação)
• Você deveria estudar para a prova. (conselho)
Neles, verificamos a tentativa do emissor de influenciar a ati-
tude e o comportamento do destinatário (você).
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 51
Função poética
A função poética centra-se na mensagem. Há a preocupação
com a organização e a elaboração do texto. O emissor elabora a
mensagem de forma peculiar, pois realiza um cuidadoso trabalho
de seleção e combinação de palavras e utiliza a linguagem trópica
(conotativa), com figuras de linguagem (metáforas, sinestesias, an-
títeses etc.), criando, assim, efeitos de sentido e provocando, pela
linguagem inusitada, o estranhamento.
Na poesia, há o predomínio desta função, já que se utilizam
rima, ritmo, sonoridade, aliterações, assonâncias, metáforas etc.
Ela também está presente em letras de música e pode, ainda,
ocorrer na oratória, na publicidade, em textos religiosos, em tex-
tos jornalísticos etc.
Leia atentamente as três primeiras estrofes do Canto I, Infer-
no, de A divina Comédia, de Dante Alighieri:
Da nossa vida, em meio da jornada,
Achei-me numa selva tenebrosa,
Tendo perdido a verdadeira estrada.
Função metalinguística
A função metalinguística está centrada no código. Com ela,
o emissor define, conceitua, caracteriza, detalha, explica ou pre-
o senhor está lidando com gente ignorante de cidade... o senhor falou que
Doc.
enxada é diferente do enxadão por quê
e... porque a enxada ela é:: é mais ( ) na parte que entra na terra... é uma
parte mais larga... e é como vamos dizer um triângulo... enquanto que o
Inf.
enxadão... ele é mais estreito... e é como se fosse um retângulo... (PRETI;
URBANO, 1988, p. 19, linhas 90-96).
Função fática
A função fática está centrada no canal de comunicação.
Com ela, o emissor estabelece, mantém e encerra a interação com
o destinatário. Os cumprimentos iniciais ("oi", "olá", "tudo bem?",
"bom dia") e os cumprimentos finais ("tchau", "adeus", "até logo",
"beijos", "um abraço") são recursos utilizados, respectivamente,
para iniciar e finalizar o contato. Esta função é também utilizada
para testar o canal ("você está me ouvindo?") ou para verificar se
o destinatário está atento ("compreendeu?", "você está entenden-
do?", "não é?"). Tal função aparece com muita frequência em con-
versas face a face, conversas telefônicas, início e fim de encontros
etc.
Leia, a seguir, o pequeno diálogo ao telefone já apresentado
e observe as expressões destacadas, as quais são utilizadas para
iniciar e encerrar a conversa e para testar o canal:
• Alô!
• Alô! Quem fala?
• É o Luís.
• Oi, Luís! Tudo em ordem? É o Pedro da oficina quem está
falando.
• Oi, Pedro! Vamos indo. E você?
• Joia! Luís, seu carro ficou pronto. Está uma beleza!
• Oi? Não entendi. Minha esposa está usando o aspirador
de pó aqui na sala. Está muito barulho.
• Você não está ouvindo? Eu disse que seu carro ficou pron-
to.
• Ah! Agora ouvi. Ela desconfiou e desligou o aparelho. Irei
buscá-lo à tarde.
• Ok. Um abraço.
• Outro.
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 55
Função Referencial
A função referencial (denotativa, informativa ou represen-
tativa) está centrada no referente da mensagem. Segundo Barros
(2003, p. 33), "os textos com função referencial ou informativa são,
portanto, aqueles que têm por fim, na comunicação, a transmissão
objetiva de informação sobre o contexto ou referente [...]".
Trata-se de discursos em que há um distanciamento do su-
jeito enunciador, que é aquele responsável pelo discurso, ou seja,
com o uso da terceira pessoa, o sujeito enunciador apaga suas
marcas, o que produz o efeito de objetividade e de imparcialidade.
Em textos em que predomina esta função, faz-se uso de argumen-
tos e do raciocínio lógico.
Em textos em que é predominante a função referencial, o
emissor apresenta fatos ou transmite informações de maneira
clara e precisa, sem comentários subjetivos. Tal função ocorre em
7. FALA E ESCRITA
Você observou que, nas seções anteriores, utilizamos como
exemplos ilustrativos tanto textos da língua falada como textos da
língua escrita? Por eles, você conseguiu perceber que fala e escrita
têm características próprias? Esperamos que tenha conseguido. É
exatamente a diferença entre essas duas modalidades da língua
que abordaremos agora.
Você deve estar perguntando por que estudar também a fala,
nesta unidade, e não apenas a escrita, já que o objetivo deste Ca-
derno de Referência de Conteúdo deve ser aperfeiçoar a produção
do texto escrito do aluno, vale dizer, a sua competência textual.
Nosso foco, é óbvio, é o estudo da língua escrita. Entretanto,
conhecer as características da língua falada e as diferenças entre
ela e a escrita pode ajudar-nos a evitar transpor para o texto escri-
to as chamadas marcas da oralidade.
Prossigamos, então.
Iniciemos com a leitura de um texto de língua falada e um de
língua escrita.
L1 não é bem comunicação é transporte
L2 pra mim é:: ainda...
L2 você comunica diferentes pontos da cidade quando você::... sabe? Faz com
que pessoas que:: antes teriam acesso ou mais difícil ou não teriam... de
um ponto
L1 para outro
L1 isso aí seria um
L2 é mercúrio ((ri))
L1 é::... diferente... certo?...
L2 mas em suma acho que... sabe está ligado a todo um contexto
de::... que...
é diferente
O colchete indica que os interlocutores falaram ao mesmo
tempo, havendo, pois, sobreposição de vozes.
(mas vem daí)
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
1) Para verificar se você compreendeu o processo de co-
municação, leia atentamente o texto de conversa ao te-
lefone que criamos e, em seguida, identifique e analise
os seis elementos envolvidos neste ato comunicativo:
• Alô!
• Alô! Quem fala?
• É o Luís.
• Oi, Luís! Tudo em ordem? É o Pedro da oficina quem
está falando.
• Oi, Pedro! Vamos indo. E você?
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 61
Gabarito
Depois de responder às questões autoavaliativas, é impor-
tante que você confira o seu desempenho, a fim de que possa sa-
ber se é preciso retomar o estudo desta unidade. Assim, confira, a
seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas pro-
postas anteriormente.
Questão n. 1
Como se trata de um ato de comunicação, estão presentes
os seis elementos. Quando Pedro fala, ele é o emissor e Luís é
o destinatário. Em contrapartida, quando Luís tem a palavra, ele
torna-se o emissor e Pedro, o destinatário. Por ser um diálogo, os
locutores alternam seus papéis.
A mensagem é o conteúdo das informações contidas na con-
versa. Compreende as saudações inicial e final, a informação de
que o carro está pronto e a informação de que Luís irá buscá-lo à
tarde. O diálogo é estruturado em turnos conversacionais, com-
preendidos como os enunciados produzidos pelos falantes no mo-
mento em que eles têm a palavra.
O referente da mensagem é aquilo de que Luís e Pedro fa-
lam: o carro de Luís. Além disso, o referente concerne a todo o
contexto de comunicação no qual os falantes estão inseridos. Ob-
serve que a esposa de Luís também faz parte desse contexto, e
é ela quem provoca o ruído que, em determinado momento do
diálogo, prejudica a boa comunicação.
O código utilizado para elaborar a mensagem é a língua por-
tuguesa falada. O canal de comunicação utilizado para transmitir a
mensagem compreende os aparelhos telefônicos dos dois interlo-
cutores e o fio que liga os dois fones à central telefônica.
Questão n. 2
No poema apresentado, predomina a função poética, já que
há um cuidado especial com a linguagem. O texto estrutura-se
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 63
9. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim da primeira unidade. Esperamos que você
tenha compreendido os conteúdos abordados. Caso haja quais-
quer dúvidas, entre em contato conosco. É interessante que você
faça uma leitura dos textos das referências bibliográficas.
Nas unidades seguintes, concentrar-nos-emos no estudo do
texto escrito, o qual deve ser nosso legítimo objeto de análise.
Assim, na Unidade 2, especificamente, estudaremos o con-
ceito de "texto" e os fatores de textualidade, dando especial aten-
ção a dois desses fatores, quais sejam, a coerência e a coesão.
PRETI, D.; URBANO, H. (Org.). A linguagem falada culta na cidade de São Paulo. Entrevistas
(Diálogos entre informante e documentador). São Paulo: T. A. Queiroz/FAPESP, 1988, v. 3.
RODRIGUES, Â. C. S. Língua falada e língua escrita. In: PRETI, D. (Org.). Análise de textos
orais. 6. ed. São Paulo: Humanitas Publicações FFLCH/USP, 2003, p. 15-37.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. Tradução
de Clarice Madureira Sabóia et al. 12. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Sites
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PESSOA, Fernando. Cancioneiro. Ciberfil Literatura Digital, 2002, p. 33. Disponível em:
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PESSOA, Fernando. Tudo quanto penso. Disponível em: <http://www.dominiopublico.
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QUEIRÓS Eça de. Cartas d'Amor – O Efêmero Feminino. Rio de Janeiro: Garamond, 2001.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000080.pdf>.
Acesso em: 10 jul. 2008.
QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/bi000143.pdf>. Acesso em 10 jul. 2008.
EAD
Texto, Coerência e Coesão
2
1. OBJETIVOS
• Compreender o que é discurso e o que é texto.
• Perceber a importância dos fatores de textualidade para a
qualidade de um texto.
• Identificar os recursos coesivos em um texto.
• Aperfeiçoar a produção textual, de forma que os textos se-
jam dotados de coerência e coesão e bem argumentados.
2. CONTEÚDOS
• Conceito de texto e de discurso.
• Fatores de textualidade: intencionalidade, aceitabilidade,
situacionalidade, intertextualidade e informatividade.
• Coerência.
• Coesão: referencial e sequencial.
66 © Comunicação e Linguagem
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, mencionamos o fato de que a comu-
nicação acompanha o homem em toda sua vida. A comunicação
está ligada à existência humana. Assim como nossa espécie foi
evoluindo, os meios de comunicação foram, cada vez mais, sendo
aperfeiçoados.
Vimos, também, que a comunicação se efetua por meio das
linguagens. A linguagem verbal, que acompanha o ser humano há
milênios, concretiza-se por meio das línguas (português, francês,
japonês, grego etc.), concebidas como sistemas de signos linguís-
ticos.
Na comunicação, emitimos mensagens, codificadas pelos
sistemas de signos. As mensagens são estruturadas em textos. O
texto é, em última instância, o produto concreto de uma codifi-
Intencionalidade
A intencionalidade está relacionada ao produtor do texto,
que tem objetivos comunicativos, tais como: expressar sentimen-
tos (função emotiva da linguagem); convencer, persuadir ou sedu-
zir o destinatário (função conativa); expressar-se pela arte (função
poética); explicar a linguagem pela linguagem (função metalinguís-
tica); estabelecer contato (função fática); ou informar de maneira
objetiva (função referencial).
Para atingir esses objetivos, o produtor tenta elaborar um
texto que seja coerente e coeso, que faça algum sentido para o
receptor.
Aceitabilidade
A aceitabilidade é "a contraparte da intencionalidade"
(KOCH; TRAVAGLIA, 1995, p. 80). Está relacionada ao receptor, que
tenta encontrar no texto uma unidade de sentido, coerência e coe-
são e tenta reconstruir as intenções comunicativas do produtor.
Diz respeito, portanto, ao esforço do receptor para compreender o
texto e para cooperar com o produtor.
Situacionalidade
A situacionalidade está relacionada à situação de comunica-
ção. O texto deve ser adequado ao contexto, à situação em que é
utilizado. Segundo Koch (1996, p. 70),
Sabe-se que a situação comunicativa tem interferência direta na
maneira como o texto é construído, sendo responsável, portanto,
pelas variações lingüísticas. É preciso, ao construir um texto, verifi-
car o que é adequado àquela situação específica: grau de formali-
dade, variedade dialetal, tratamento a ser dado ao tema, etc.
Intertextualidade
A intertextualidade ocorre quando um texto remete a
outro(s). De acordo com Costa Val (1994, p. 15), a intertextuali-
dade "concerne aos fatores que fazem a utilização de um texto
dependente do conhecimento de outro(s) texto(s)". Em outras pa-
lavras, um texto sempre se constrói com base em outros textos,
seja de forma explícita, seja de forma implícita.
Por exemplo, quando um fato político relevante está em pau-
ta no Brasil, os jornais costumam escrever muitas matérias acerca
dele. Se um brasileiro que esteve no exterior por meses chegar ao
Brasil sem saber como está a política nacional e ler a sétima maté-
ria de um mesmo jornalista sobre esse tema sem ler as anteriores,
certamente não compreenderá tudo. Isso ocorre porque há dados
relevantes que são apenas retomados, uma vez que já foram deta-
lhados nas matérias anteriores.
Exemplos mais claros de intertextualidade ocorrem na lite-
ratura. Um autor pode escrever uma obra em que faz referência
a outra anterior, e essa referência pode ser ao gênero discursivo
(tragédia, romance, poema etc.), à estrutura textual, à temática, à
história etc. As tragédias gregas clássicas já foram retomadas por
autores de diversos países e de diferentes épocas. Ainda na litera-
tura, é comum a intertextualidade com parábolas bíblicas.
Este material mediacional é outro exemplo de intertexto, já
que são feitas citações literais e paráfrases dos textos-fonte. Não
© U2 - Texto, Coerência e Coesão 75
existe um texto único. Todo texto é dialógico, uma vez que estabe-
lece um "diálogo" com outro(s).
Informatividade
A informatividade diz respeito ao grau de informação veicu-
lada por um texto. Observe a afirmação de Koch (1996, p. 71):
Um texto será tanto menos informativo, quanto mais previsível ou
esperada for a informação por ele trazida. Assim, se contiver ape-
nas informação previsível ou redundante, seu grau de informati-
vidade será baixo [...]; se contiver, além da informação esperada
ou previsível, informação não previsível, terá um grau maior de in-
formatividade [...]; se, por fim, toda a informação de um texto for
inesperada ou imprevisível, ele terá um grau máximo de informati-
vidade, podendo, à primeira vista, parecer incoerente por exigir do
receptor um grande esforço de decodificação [...].
Falante 2 imagina só
Falante 2 o velho problema
Falante 1 uhnnnnnnn
Falante 1 rsrsrs
Falante 2 anda a me incomodar..rs
Falante 1 duendes, fadas e bruxas existem!
Falante 2 mas tudo sob controle..
Falante 1 certeza?
6. COERÊNCIA
A coerência é um fator de textualidade fundamental; pode-
mos dizer, o mais importante.
O que é coerência?
Coerência é a ausência de contradição em um texto.
Se tivermos um texto gramaticalmente perfeito (sem proble-
mas, por exemplo, de concordância ou pontuação) e coeso (como
veremos, a coesão compreende as conexões que estabelecemos
entre as partes do texto), necessariamente ele será coerente? Não
necessariamente. Podemos ter um texto coeso e perfeito do ponto
de vista gramatical, mas incoerente; inversamente, podemos ter
um texto com problemas de coesão e problemas gramaticais, mas
coerente.
Embora questões gramaticais e coesão estejam relacionadas
à coerência, ela não está na superfície do texto. A coerência é se-
mântica, conceitual, e emana da relação harmoniosa entre ideias,
argumentos, definições, conceitos ou fatos apresentados.
Leia atentamente o que afirma Koch (1996, p. 21) sobre coe-
rência:
[...] a coerência está diretamente ligada à possibilidade de se es-
tabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com
que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser
entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteli-
gibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade
que o receptor tem para calcular o sentido deste texto.
7. COESÃO
Os linguistas costumam dizer que aceitabilidade, intenciona-
lidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade são
fatores de textualidade centrados no usuário e na situação de co-
municação. Coerência e coesão são fatores centrados no próprio
texto.
Vimos que a coerência compreende as relações harmoniosas
entre ideias, conceitos, definições, argumentos ou fatos apresen-
tados no texto. Diz respeito, pois, à estrutura profunda do texto.
A coesão, por sua vez, embora também seja semântica, está
relacionada à estrutura superficial do texto. Ela está ligada à gra-
mática da língua, ou seja, a elementos linguísticos e a expedien-
tes sintáticos que estabelecem ligações, conexões, entre as partes
constituintes do texto.
São elementos linguísticos que estabelecem a coesão tex-
tual:
• os pronomes relativos (“que”, “quem”, “o(s)/a(s) qual(is)”,
“cujo(s,a,as)”, “onde’, “como”, “quanto”);
• os pronomes possessivos (“seu”, “minha”, “nossas”, “vos-
sos” etc.);
• os pronomes pessoais (“ele”, “eles”, “ela”” etc.; “os”, “as”,
“se”, “lhe” etc.);
• os pronomes demonstrativos (“esse”, “esta”, “isso”, “aqui-
lo”, “aqueles’ etc.);
• os artigos definidos e indefinidos (“um”, “uma”, ‘o”, “as”
etc.);
• as conjunções ("se", "mas", "e", "ou", "porque", "embo-
ra", "logo", "pois", "portanto", "quando" etc.);
© U2 - Texto, Coerência e Coesão 81
Coesão referencial
Leia com bastante atenção o texto seguinte e vá observando
os elementos que foram destacados:
Prefácio
Durante dois anos, os professores Xacriabá em formação, no Pro-
grama de Implantação das Escolas Indígenas de Minas Gerais, rea-
lizaram uma pesquisa, nas suas aldeias, sobre as tradições de seu
povo. Esse trabalho resultou na escrita de três tipos de texto:
– Narrativas, em verso, de acontecimentos e fatos importantes na
vida da comunidade Xacriabá: a luta pela posse da terra, a morte
do líder Rosalino, a formação dos professores.
– Narrativas, em prosa, do massacre ocorrido em 1987, na aldeia
Sapé, no município de São João das Missões, quando Rosalino Go-
mes de Oliveira, pai do professor José Nunes de Oliveira, foi assas-
sinado.
– Coletâneas de contos tradicionais, que pertencem ao extenso
universo ficcional do sertão mineiro, transmitidos, oralmente, de
geração a geração.
Os textos foram escritos num esforço conjunto dos professores,
que ouviram, Ø gravaram e Ø traduziram, na forma escrita, histó-
rias e casos dos seus pais, avós, tios, enfim, daqueles que detêm os
saberes tradicionais na aldeia.
Pela escrita, eles pretendem constituir, esteticamente, novas ima-
gens de sua comunidade. Escrever, para eles, é antes o ato político
de dar um sentido para sua existência, junto à sociedade brasileira.
Se os Xacriabá perderam, à força, sua língua, agora eles se apode-
ram da língua portuguesa, dando-lhe uma entonação cabocla.
Como pesquisadores e professores das escolas Xacriabá, estes no-
vos autores apontam para uma outra cena literária: a produção
comunitária do livro, livre do princípio da autoria, enraizada na ora-
lidade. A grafia como um gesto de reafirmação da força política de
quem, na conquista do próprio território, transforma as penas em
poesia:
Para isso eu dou terras,
P'ros índios morar
Daqui para Missões
Cabeceira de Alagoinhas
Beira do Peruaçu até as Montanhas
P'ra índio não abusar de fazendeiro nenhum
© U2 - Texto, Coerência e Coesão 83
minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este
mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo
rancor (ASSIS, s.d., p. 1. Disponível em: <http://www.dominiopu-
blico.gov.br/download/texto/bn000069.pdf>. Acesso em: 13 jul.
2008, grifos nossos).
Ia entrar na sala de visitas, quando ouvi proferir o meu nome e
escondi-me atrás da porta. A casa era a da Rua de Matacavalos, o
mês novembro, o ano é que é um tanto remoto, mas eu não hei de
trocar as datas à minha vida só para agradar às pessoas que não
amam histórias velhas; o ano era de 1857 (ASSIS, s.d., p. 2. Dis-
ponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
bn000069.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2008, grifos nossos).
No mais, tudo corria bem. Capitu gostava de rir e divertir-se, e, nos
primeiros tempos, quando íamos a passeios ou espetáculos, era
como um pássaro que saísse da gaiola. Arranjava-se com graça e mo-
déstia. Embora gostasse de jóias, como as outras moças, não queria
que eu lhe comprasse muitas nem caras, e um dia afligiu-se tanto
que prometi não comprar mais nenhuma; mas foi só por pouco tem-
po (ASSIS, s.d., p. 87. Disponível em: <http://www.dominiopublico.
gov.br/download/texto/bn000069.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2008,
grifos nossos).
Adversidade
As conjunções “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”, “entre-
tanto”, “no entanto”, entre outras, estabelecem oposição, contras-
te e diferença entre argumentos apresentados no texto. Trata-se
de argumentos que conduzem a conclusões contrárias. Observe:
Tempo
Conjunções como “quando”, “mal” e “enquanto” e locuções
conjuntivas como “desde que”, “logo que”, “assim que”, “toda vez
que” etc. introduzem segmentos do texto que atuam como uma
moldura temporal para algum fato expresso no texto. Observe:
Quando você sair, feche todas as portas.
Eu ainda estava em casa quando Mariana chegou.
Mariana saiu de casa somente depois que eu cheguei.
Toda vez que penso naquele jogo, sinto vontade de chorar.
Causa
Conjunções e locuções conjuntivas como “porque”, “como”
(sempre com a oração causal anteposta à principal), “porquanto”,
“já que”, “uma vez que” etc. introduzem a causa da ocorrência de
algum fato. Existe a relação causa/consequência. Veja:
Não vou à festa (consequência) porque o Cláudio não vai (causa).
Como estava chovendo (causa), ficamos em casa (consequência).
Finalidade
“A fim de que” e “para que” são locuções conjuntivas que
expressam a finalidade, o objetivo, de algo. Observe:
Estude muito para que/a fim de que seja aprovado no concur-
so.
Condição
A conjunção “se” e as locuções “salvo se”, “desde que” etc. in-
troduzem a condição para a ocorrência de algo. Verifique os exemplos:
Desde que você coma toda a comida, pode comer a sobremesa.
Se você não quiser, não precisa comer a salada.
Concessão
São conectivos concessivos “embora”, “ainda que”, “mes-
mo que”, “por (mais/menos/pouco/muito) que”, “apesar de que”,
“conquanto”, “se bem que” etc. O falante admite algo que, supos-
tamente, seria argumento de seu interlocutor, fazendo, então,
uma concessão, mas faz prevalecer o seu argumento, o seu ponto
de vista. Em outros termos, o fato expresso no segmento conces-
sivo é admitido, mas é insuficiente para evitar a realização do fato
expresso no outro segmento.
Assim como na relação adversativa, na relação concessiva
são apresentados argumentos que orientam conclusões contrá-
rias. Observe os exemplos:
Ganhei duas caixas de bombons. Embora eu adore bombons,
estou fazendo regime.
Ganhei duas caixas de bombons. Eu adoro bombons, mas es-
tou fazendo regime.
Em ambos os casos, adorar bombons é argumento que con-
duz à conclusão de que irá comê-los. Contudo, fazer regime é ar-
gumento para a conclusão contrária, ou seja, não irá comê-los. O
regime é o argumento mais forte, aquele que prevalece. Na con-
cessão, o argumento mais forte é apresentado no segmento deno-
minado tradicionalmente "principal" (que compreende a oração
sem a conjunção); já na adversidade, o argumento mais forte apa-
rece no segmento introduzido por mas.
Comparação, consequência, conformidade e proporcionalidade
Estabelecem comparação de igualdade, inferioridade ou su-
perioridade os conectivos “como”, “tanto quanto/como”, menos
(do) que”, “mais (do) que” etc. Veja:
Gosto de jazz mais do que você (gosta de jazz).
Ela é forte como você (é forte).
Ela é tão forte quanto você (é forte).
Na comparação, normalmente omitimos o que está entre
parênteses.
O conectivo “tão...que”, entre outros, introduz a consequên-
cia de algo:
© U2 - Texto, Coerência e Coesão 99
Estava tão cansado que não levantou do sofá. (estava tão cansada
= causa; que não levantou do sofá = consequência)
As conjunções e locuções conjuntivas “como”, “conforme”,
“segundo”, “de acordo com” etc. introduzem segmentos confor-
mativos, como se verifica em:
De acordo com o autor, as conjunções dividem-se em coorde-
nativas e subordinativas.
Como eu ia dizendo, a solução para seu problema é simples.
São proporcionais as locuções conjuntivas “à proporção
que” e “à medida que”:
À medida que envelhecemos, ganhamos experiência.
É importante que você não confunda a locução proporcional
"à medida que" com a locução causal "na medida em que". Elas
têm sentidos totalmente diferentes, visto que a primeira indica
proporção, enquanto a segunda indica causa.
A conexão entre partes do texto – palavras, orações, frases
e até parágrafos – é estabelecida pelos conectivos (preposições,
conjunções e locuções conjuntivas). Outros elementos também
asseguram a coesão sequencial: os marcadores de tempo.
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) No trecho de texto seguinte, identifique e explique as
incoerências:
Havia, em uma galáxia distante, um planeta chamado "Paz". Tudo
era tranquilo, todos se amavam e se respeitavam. Nas guerras, o
vencedor era quem distribuía mais amor e carinho. Lá existiam no
vocabulário das pessoas palavras como "por favor", "desculpe-me"
e "muito obrigado". Não existiam drogas, porém não havia mortes
e disputas entre gangues (Texto inspirado em redação escolar).
Gabarito
Questão n. 1
Podemos identificar as seguintes incoerências:
a) Se o planeta era chamado "Paz" e nele tudo era calmo e
todos se amavam e se respeitavam, como poderia ocor-
rer guerra? Além disso, é possível em uma situação de
guerra o vencedor distribuir amor e carinho (suposta-
mente aos vencidos)? São duas contradições.
b) Na frase "Não existiam drogas, porém não havia mortes
e disputas entre gangues", o mau uso do conectivo (con-
junção) "porém" gera incoerência. Entre as orações "não
existiam drogas" e "não havia mortes e disputas entre
gangues", não há ideia de oposição (que "porém" ex-
pressa), mas de causa e consequência. Portanto, o cor-
© U2 - Texto, Coerência e Coesão 105
reto seria: "Não existiam drogas, por isso não havia mor-
tes e disputas entre gangues". Cabe, entretanto, uma
pergunta: nesse planeta "Paz", se todos se amavam e se
não havia drogas, seria possível haver gangues, disputas
entre seus membros e mortes? Esta é outra incoerência.
Questão n. 2
Observe, a seguir, a resolução do exercício n. 2
a) O pronome pessoal "eles" retoma, de forma inadequa-
da, a expressão nominal "o povo". Se esta expressão
está no singular, embora se trate de coletivo, deveria
ser retomada por "ele", ou, o que é até mais adequado,
deveria ser feita a elipse. Observe a correção: "O povo
está desanimado. Ø Não suporta mais tantos escândalos
políticos".
b) O uso de "o qual" é indevido, já que nos referimos a algo.
A forma adequada é "O homem ao qual me referi cha-
ma-se Clemente”.
c) "Que falei dela" é uma construção utilizada na variedade
não padrão da língua, devendo, pois, ser evitada na fala
formal e no texto escrito. O correto é: "A criança de que
falei tem apenas cinco anos". É necessário usar a pre-
posição "de" antes do pronome relativo "que" porque
falamos "de" (ou "sobre") algo.
d) O uso do pronome relativo "onde" está inadequado.
"Onde" deve ser empregado apenas para retomar e
substituir termos que indicam lugar. Neste segmento
analisado, "onde" não faz remissão a nada. Em seu lu-
gar, deve-se empregar a conjunção explicativa "pois": "A
nova proposta de reforma educacional trará benefícios à
população carente, pois os jovens mais pobres finalmen-
te terão acesso a uma escola de qualidade".
e) Observe em que situação se usa "onde": A casa onde
moro é esta. Neste exemplo, "onde" retoma e substitui
"casa", que é palavra que indica lugar ("onde moro" =
moro na casa).
f) O texto inicia-se pelo pronome pessoal "ele", cujo refe-
rente não aparece. Não podemos iniciar textos com pro-
nomes vazios de significado. "Ele(s)" e "ela(s)" só têm
Questão n. 4
os tempos verbais inade-
No texto apresentado na questão n. 3,
quados são o gerúndio, em "constatando", e o particípio, em "de-
cidido". Gerúndios e particípios, quando não ocorrem em locução
verbal (por exemplo, "estou constatando" e "tivesse decidido"),
introduzem orações subordinadas. Toda oração subordinada pres-
supõe uma principal. Onde, então, está a principal?
Uma das possibilidades de correção é: "Verificando as con-
tas da empresa, constatei que a situação estava crítica. Decidido
a salvar o patrimônio deixado pelos meus pais, resolvi lutar com
todas as minhas forças, de forma honesta e ética, a fim de reverter
o quadro".
O verbo "constatei", no pretérito perfeito, faz que a oração
em que ocorre se torne principal da anterior subordinada, que já
apresenta o gerúndio "verificando". Não é necessário alterar o ver-
bo "decidido", pois basta ligar as duas orações com a vírgula.
Questão n. 5
A seguir, observe a resolução da questão n. 5:
a) O conectivo "portanto" expressa conclusão, mas há con-
traste entre "estar exausta" e "ainda ir ao supermercado
e a uma loja de calçados". Portanto, conectivos adver-
© U2 - Texto, Coerência e Coesão 107
Vejamos:
• mesmo que: é conjunção que conecta orações, estabele-
cendo entre elas a relação de concessão; ocorre a coesão
sequencial (sequenciação frástica);
• esse tipo de violência: "esse" (pronome demonstrativo)
faz remissão a "violência doméstica contra crianças e ado-
lescentes"; ocorre coesão referencial;
• que pode variar de atos de omissão: "que" (pronome re-
lativo) faz remissão a "esse tipo de violência"; ocorre coe-
são referencial;
• somente nas décadas de 1960 e 1970: marcador tempo-
ral; ocorre coesão sequencial;
• o assunto: expressão nominal (forma remissiva referen-
cial) que faz referência a "violência doméstica contra
crianças e adolescentes"; ocorre coesão referencial;
• que trazia graves consequências: "que" (pronome relati-
vo) faz remissão a "um problema de saúde pública", ocor-
re coesão referencial;
• no entanto: é locução conjuntiva que conecta frases, es-
tabelecendo entre elas a relação de adversidade, oposi-
ção; ocorre a coesão sequencial (sequenciação frástica);
© U2 - Texto, Coerência e Coesão 109
9. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você estudou a conexão dentro do parágrafo
e entre parágrafos, em específico aquela estabelecida por elemen-
tos anafóricos e catafóricos e por conectivos. Você soube o que
é coerência e conheceu os expedientes linguísticos responsáveis
pela coesão textual (pronomes pessoais, possessivos, demonstra-
tivos e relativos, preposições e conjunções). Verificou, ainda, quais
relações semânticas as conjunções e locuções conjuntivas estabe-
lecem e o papel desses conectivos na estruturação textual.
Ainda relacionados à coesão, estão alguns temas da gramá-
tica, como a crase, a pontuação, a colocação pronominal e as con-
cordâncias verbal e nominal. Portanto, na próxima unidade, você
estudará esses subsídios gramaticais, bastante úteis para a produ-
ção de bons textos.
Sugerimos que, a fim de aprofundar o estudo dos temas
apresentados nesta unidade, você faça uma leitura dos textos in-
dicados a seguir.
Sites
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bn000069.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2008.
FUNDAÇÃO ABRINQ. Violência doméstica no Brasil e no mundo. In: ______. O Fim
da Omissão: a implantação de pólos de prevenção à violência doméstica. São Paulo:
Fundação ABRIONQ, 2004. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/fa000010.pdf>. Acesso em: 21 set. 2008.
PIMENTEL, Figueiredo. Histórias da avozinha. Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000137.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2008.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. O tempo passa e a história
fica. Belo Horizonte, SEE-MG/MEC, 1997. Disponível em: <http://www.dominiopublico.
gov.br/download/texto/me002744.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2003.
SUCUPIRA, Newton. A condição atual da universidade e a reforma universitária brasileira.
I Encontro de Reitores das Universidades Públicas. Ministério da Educação e Cultura,
Secretaria Geral. Brasília, ago. 1972. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/me002101.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2008.
EAD
Subsídios Gramaticais
1. OBJETIVOS
• Dominar regras gramaticais da norma padrão.
• Aplicar teorias e regras sistematizadas na elaboração de
diferentes tipos de texto.
2. CONTEÚDOS
• Crase.
• Colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos.
• Pontuação: uso da vírgula.
• Concordância verbal.
• Concordância nominal.
112 © Comunicação e Linguagem
4. INTRODUÇÃO
Na Unidade 2, estudamos a coesão, que é a manifestação
linguística, na superfície do texto, da coerência.
A coesão é estabelecida por meio de elementos gramati-
cais (pronomes, artigos, preposições, conjunções e advérbios) e
lexicais (repetição de termos, sinônimos, hipônimos, hiperônimos
etc.).
Além desses elementos, expedientes gramaticais como a
crase, a colocação pronominal, a pontuação e a concordância
verbal e a nominal contribuem para o estabelecimento da coesão
textual. Vejamos, brevemente, cada um deles.
5. CRASE
Quando se pergunta o que é crase, é comum algumas pes-
soas responderem que é o acento grave (`) colocado no "a". Esse
acento não é crase, mas um sinal gráfico que indica a ocorrência
de crase.
O que é crase, então?
Crase é fusão de duas vogais idênticas.
Na língua portuguesa, ocorre crase nos casos enumerados a
seguir:
a) Do ponto de vista da história da língua, houve crase com
a palavra “dor”, que veio da palavra latina “dolore”. Na
transformação do latim para o português, “dolore” per-
deu o “l” que ocorria entre as duas vogais e o “e” final,
resultando dessas quedas a forma “door”, que, poste-
Ênclise
De acordo com Cunha e Cintra (2001), não havendo palavra
ou termo que exija a próclise, a colocação normal deveria ser a
ênclise:
“Efebos de ouro erguiam-se sobre pedestais de sólida constru-
ção, segurando nas mãos fachos acesos, que de noite ilumina-
vam os convivas na sala" (HOMERO, 2002, p. 94, grifo nosso).
“Estes calam-se, à espera de que tu fales" (HOMERO, 2002, p.
96, grifo nosso).
No uso padrão da língua, a ênclise é obrigatória:
a) com verbo que inicia oração ou período:
Cala-te!
“Embarcou-me numa jangada de numerosas ataduras, deu-
-me abundantes provisões, pão e vinho, cobriu-me de vestes
imortais, e enviou-me uma brisa tépida e favorável" (HOMERO,
2002, p. 98, grifos nossos).
© U3 - Subsídios Gramaticais 121
b) após pausa:
"No momento em que Ulisses abraçava os joelhos de Arete,
dissipou-se a nuvem divina” (HOMERO, 2002, p. 95, grifo nos-
so).
"Hóspede, levanta-te e vem; a cama está pronta" (HOMERO,
2002, p. 99, grifo nosso).
Mesóclise
A mesóclise ocorre quando os verbos se encontram no futu-
ro do presente ou no futuro do pretérito. Observe:
“Dir-se-ia serem moças, cuja cristalina voz me feriu os ouvidos
[...]" (HOMERO, 2002, p. 87, grifo nosso).
"Entanto, responderei à tua pergunta e dir-te-ei o que preten-
des saber” (HOMERO, 2002, p. 97, grifo nosso).
“Se consentisses em ficar, dar-te-ia casa e riquezas; [...]” (HO-
MERO, 2002, p. 99, grifo nosso).
Entretanto, como lembram Cunha e Cintra (2001), também
é correta a próclise:
"[...] mas se essa não é tua vontade, nenhum dos Féaces te
deterá [...]" (HOMERO, 2002, p. 99, grifo nosso).
"Nós te reconduziremos, [...]” (HOMERO, 2002, p. 88, grifo
nosso).
Próclise
Todos os casos enumerados a seguir exigem a próclise do
pronome oblíquo átono, seja com formas verbais simples (um só
verbo), seja com locuções verbais (geralmente formadas de dois
verbos):
A. Palavras de valor negativo ("não", "nada", "nunca", "nin-
guém", "jamais", "nenhum" etc.):
"Havia ido lá, seguido por muita gente naquela viagem, que tão
cruéis cuidados me devia causar” (HOMERO, 2002, p. 87, grifo
nosso) (locução verbal: devia causar).
Veja casos com conjunção integrante:
Manda que o estrangeiro se levante e tome assento numa ca-
deira cravejada de prata; [...] (HOMERO, 2002, p. 96, grifos nos-
sos) (conjunção integrante: "que”).
Carolina disse-me que, apesar do frio, se levantou cedo e lavou
toda a roupa.
Observe que a expressão "apesar do frio", que ocorre entre
vírgulas, não impede a próclise de "se", provocada pela conjunção
integrante "que". O pronome "me", por sua vez, ocorre em ênclise
porque não há nada que o atraia.
Veja casos com conjunções subordinativas adverbiais:
"Só a filha de Alcino não fugiu, porque Atena lhe incutira ânimo
no espírito e [porque] lhe tirara o medo dos membros" (HO-
MERO, 2002, p. 87, grifo nosso) (conjunção causal: "porque").
“Por isso, quando te contemplo, sinto-me tomado de respei-
to" (HOMERO, 2002, p. 88, grifo nosso) (conjunção temporal:
"quando").
"Arete de níveos braços deu ordem às escravas que lhe armas-
sem um leito debaixo do pórtico, [...]" (HOMERO, 2002, p. 99,
grifos nossos) (conjunção final: que, equivale a "para que")
Quando Lara se aproximou, o cachorro rosnou e tentou mor-
dê-la.
O pronome "se" ocorre em próclise por causa da conjunção
temporal "quando". Observe a ênclise do pronome "la" ao verbo
"morder".
Observe outro caso:
A lua estava tão grande que se podia ver claramente o caminho
a uns dois quilômetros. (locução verbal: podia ver)
8. CONCORDÂNCIA VERBAL
Por uma questão de tempo e espaço, não apresentaremos
todas as regras de concordância verbal. Enumeramos, a seguir,
aquelas que julgamos mais importantes. Para um aprofundamento
do estudo deste assunto, sugerimos que você consulte gramáticas
de língua portuguesa.
Concordância verbal diz respeito à concordância em pessoa
e número do verbo com o sujeito. Observe:
Nós iremos a Brasília amanhã.
Todos os verbos do texto estão no presente.
Perceberam que eu estava aqui as três pessoas de que faláva-
mos.
© U3 - Subsídios Gramaticais 131
9. CONCORDÂNCIA NOMINAL
A concordância nominal diz respeito à concordância em
gênero e número dos determinantes e quantificadores (artigos,
pronomes demonstrativos, possessivos, numerais, pronomes in-
definidos etc.) com os substantivos (“Todas as meninas estão na
sala”) ou dos adjetivos e expressões adjetivas com o substantivo,
seja em função de adjunto adnominal (“As suas belas flores estão
no vaso”), seja em função de predicativo do sujeito (Todos esses
peixes são lindos).
Vejamos, a seguir, algumas regras básicas de concordância
do adjetivo com o substantivo.
A. Para Abreu (2002, p. 101), quando o adjetivo em função
de adjunto adnominal vem depois de dois ou mais substantivos,
pode concordar com o mais próximo, restringindo-se, entretanto,
a este apenas, ou pode concordar com todos eles, referindo-se a
todos. Observe:
Vimos o vidro e a ferragem conservados (concordância que ex-
plicita que ambos estão conservados).
Vimos o vidro e a ferragem conservada (concordância apenas
com "ferragem”).
B. Quando o adjetivo em função de adjunto nominal vem
antes de dois ou mais substantivos, pode concordar com o mais
próximo ou com todos eles:
Vimos conservado o vidro e a ferragem.
Vimos conservados o vidro e a ferragem.
Segundo Abreu (2002, p. 101), em ambos os casos, está claro
que o adjetivo se refere aos dois substantivos.
D. Inversamente, quando um substantivo apenas é acompa-
nhado por dois ou mais adjetivos, duas concordâncias são possíveis:
Estudo a teoria gerativista e a funcionalista.
Estudo as teorias gerativista e funcionalista.
© U3 - Subsídios Gramaticais 135
Gabarito
Veja, agora, a solução das questões autoavaliativas propos-
tas anteriormente.
Questão n. 1
a) Na Antiguidade, o estudo da linguagem vinculava-se à
Lógica e à Filosofia.
b) O método indutivo está relacionado à corrente filosófi-
ca denominada Empirismo, segundo a qual todo conhe-
cimento tem como fonte a experiência. Da experiência
chega-se à teorização.
c) Um sociolinguista pode estudar a variação no uso de
"seu" e "teu" em referência à segunda pessoa do singu-
lar.
d) Originalmente, a relação entre o significado e a forma da
palavra era natural e passou a convencional a partir das
"corrupções" decorrentes do uso.
e) A língua atribui uma forma à substância.
f) E fazemo-lo porque a sua instabilidade de complexos de
fatores múltiplos e diversamente combinados, aliada às
vicissitudes históricas e deplorável situação mental em
que jazem, as tornam talvez efêmeras, destinadas a pró-
ximo desaparecimento ante as exigências crescentes da
civilização e a concorrência material intensiva das cor-
rentes migratórias que começam a invadir profunda-
mente a nossa terra. (CUNHA, s.d., p. 1. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
bn000153.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2008).
g) Hesitaram um pouco; mas, logo depois, advertiram que
as palavras do primeiro eram sinal certo da vidência e
da franqueza da adivinha; nem todos teriam a mesma
sorte alegre. A dos meninos de Natividade podia ser mi-
serável, e então... Enquanto cogitavam passou fora um
carteiro, que as fez subir mais depressa, para escapar a
outros olhos. Tinham fé, mas tinham também vexame
da opinião, como um devoto que se benzesse às escon-
didas. Velho caboclo, pai da adivinha, conduziu as se-
nhoras à sala. Esta era simples, as paredes nuas, nada
Questão n. 3
a) Quando os hóspedes se recolheram, já era muito tarde.
– A conjunção adverbial temporal "quando" provoca a
próclise.
b) Carolina disse-me que não a quis ver/quis vê-la por mui-
to tempo.
– Empregamos a ênclise no caso do pronome átono
"me" porque não há palavra antes do verbo "disse" que
provoque a próclise. O pronome "a", devido à presen-
ça de "não", pode ocorrer em próclise ao verbo auxiliar
"quis" ou, ainda, em ênclise ao verbo principal "ver" no
infinitivo.
c) Quem os levou a São Paulo?
– Utilizamos a próclise em orações interrogativas.
"Quem" é pronome interrogativo.
d) Analisaram-se os problemas que se apresentavam.
– Utilizamos a ênclise no primeiro caso uma vez que não
se inicia período ou oração por pronome átono. No se-
gundo caso, o pronome relativo "que" provoca a próclise
de "se".
e) Que os anjos o protejam!
– Utilizamos a próclise em orações que exprimem desejo.
f) Não, pode-se afirmar/pode afirmar-se que havia corre-
ções a fazer.
– A pausa antes da partícula negativa "não" provoca a
ênclise ao verbo auxiliar "pode". É também possível a
ênclise ao verbo principal "afirmar".
g) Não me queria contar/queria contar-me a verdade.
– "Não" provoca a próclise ao verbo auxiliar "me". É
também possível a ênclise ao verbo principal "contar".
h) Todas as orações condicionais que ocorrem antepostas
comportam-se como tópico frásico.
– Empregamos a ênclise porque o pronome relativo
"que" da oração subordinada "que ocorrem antepostas"
não provoca a próclise do pronome "se" ao verbo da
oração principal ("comportam").
Questão n. 5
a) Não podia haver sobreviventes naquele terrível aciden-
te.
b) Utilizaram-se, na solução daquele problema, todos os re-
cursos disponíveis (temos voz passiva sintética, em que
"todos os recursos disponíveis" é sujeito plural de "utili-
zaram". Essa passiva sintética equivale à passiva analíti-
ca "todos os recursos disponíveis foram utilizados").
c) Francisco ou Augusto será eleito presidente da empresa.
© U3 - Subsídios Gramaticais 143
11. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim de mais uma unidade. Tivemos a oportuni-
dade de estudar algumas regras gramaticais que nos possibilitam
escrever textos na norma padrão da língua.
Na próxima unidade, daremos atenção à interpretação do
texto. Realizaremos um estudo dos assuntos abordados em um
texto e das formas de organizá-los. Em seguida, focalizaremos a
estrutura do parágrafo, em específico, o parágrafo dissertativo.
Para aprofundar seus estudos sobre os tópicos abordados
nesta unidade, sugerimos a leitura dos textos teóricos indicados
nas referências bibliográficas.
2002.
KURY, A. G. Ortografia, pontuação, crase. 2. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1986.
Sites
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional,
Departamento Nacional do Livro, s.d. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bn000030.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2008.
CUNHA, Euclides da. Os sertões. Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional,
Departamento Nacional do Livro, s.d. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bn000153.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2008.
GUILLEN, Isabel; COUCEIRO, Sylvia. 500 Anos, Um Novo Mundo na TV, O Descobrimento
– Brasil Colônia. Cadernos da TV Escola. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria
de Educação a Distância, 2001. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/me002182.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2008.
UNESCO. (Re)conhecer diferenças, construir resultados. Organizado por Edison José
Corrêa, Eleonora Schettini Martins Cunha, Aysson Massote Carvalho. Brasília: UNESCO,
2004. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000031.
pdf>. Acesso em: 20 jul. 2008.
EAD
Interpretação, Análise e
Produção Textual:
Tópicos do Texto e
do Parágrafo
4
1. OBJETIVOS
• Fazer a leitura crítica dos textos e refletir sobre suas pos-
sibilidades de significação.
• Ler, interpretar, analisar e discutir textos sobre diferentes
assuntos, relacionando-os ao contexto social e cultural.
• Compreender a organização dos tópicos (assuntos) do
texto.
• Construir parágrafos bem estruturados.
2. CONTEÚDOS
• Leitura de texto.
• Os tópicos do texto.
• O tópico e a estrutura do parágrafo.
146 © Comunicação e Linguagem
4. INTRODUÇÃO
Vamos recapitular, de forma muito sucinta, o que já estuda-
mos nas unidades anteriores.
Na primeira unidade, abordamos algumas características da
linguagem humana que a distinguem da comunicação animal, esta
última exemplificada pela dança das abelhas, os elementos cons-
titutivos do processo de comunicação, as funções da linguagem e
algumas características da fala e da escrita. Nosso foco, portanto,
foi o estudo da linguagem. Na segunda unidade, nosso assunto foi
o texto e dois fatores que o caracterizam: a coerência e a coesão.
Na terceira unidade, estudamos alguns temas de gramática direta-
mente relacionados à boa produção textual.
Esperamos que você esteja percebendo que nosso objeto
central de estudo é o texto. Portanto, é dele que continuaremos
falando nesta e nas próximas unidades.
© U4 - Interpretação, Análise e Produção Textual: Tópicos do Texto e do Parágrafo 147
5. LEITURA DE TEXTO
Em sua rotina de estudante, você tem de ler, interpretar,
analisar e discutir muitos textos, não é verdade? Como você faz a
leitura? Quantas vezes você lê um texto?
Para interpretar adequadamente um texto, temos de lê-lo
tantas vezes quantas forem necessárias. Um texto bem formula-
6. OS TÓPICOS DO TEXTO
Utilizamos o termo "tópico". Como o definir?
O tópico é o assunto, aquilo de que falamos em um texto.
No texto escrito, normalmente se discorre acerca de um as-
sunto central, o tópico central, ao qual se associam tópicos meno-
res, secundários, formando uma hierarquia.
Vamos analisar os tópicos (assuntos) do texto seguinte?
Mãos à obra!
A conquista no século XVIII
A concessão de sesmarias no Estuário Amazônico. Introdução do
café no Pará. A criação da capitania de São José do Rio Negro. Intro-
dução do boi nos campos do Rio Branco.
Em 1709, iniciava-se a concessão de sesmarias no Estuário Ama-
zônico. Os primeiros contemplados foram alguns moradores de
Belém, bem como os colonos já estabelecidos e que mais produ-
ziam nas tentativas anteriores de colonização. As sesmarias deram
origem a numerosas fazendas, cujas ruínas ainda hoje atestam o
grau de prosperidade que atingiram. Dentre elas destacaram-se as
fazendas Pernambuco, Oriboca, Utinga e Tucunduba, no Rio Gua-
má, e fazenda Pinheiro, na entrada da Baía de Guarajá. Em todas
elas empregava-se o índio e o negro escravos como trabalhadores
braçais.
Essas fazendas, bem como as aldeias e núcleos de colonização
fundados desde o Século XVII pelas Missões Religiosas de Jesuítas,
Carmelitas e Franciscanos, desempenharam papel de relevo nesse
período.
A ação dos missionários foi inicialmente apenas de caráter religio-
so, dirigindo aldeias e procurando trazer o índio à vida cristã e ao
convívio dos portugueses, defendendo-os sempre, tanto quanto o
puderam fazer, da obstinação dos lusitanos em escravizá-los. Veio
em seguida a fase econômica de sua influência, quando passaram a
procurar recursos, não apenas para as necessidades da catequese,
Podemos
sintetizar, pela nossa análise, as ideias centrais do
texto. Vejamos:
© U4 - Interpretação, Análise e Produção Textual: Tópicos do Texto e do Parágrafo 157
8. QUESTÃO AUTOAVALIATIVA
No parágrafo seguinte, Identifique :
a) o tópico e a frase-núcleo;
b) o objetivo;
c) a forma de desenvolvimento (enumeração, argumenta-
ção etc.);
d) a estrutura (introdução, desenvolvimento e conclusão,
se houver todas essas partes).
Que é um oráculo? A palavra oráculo possui dois significados prin-
cipais, que aparecem nas expressões "consultar um oráculo" e "re-
ceber um oráculo". No primeiro caso, significa "uma mensagem
misteriosa" enviada por um deus como resposta a uma indagação
feita por algum humano; é uma revelação divina que precisa ser
decifrada e interpretada. No segundo, significa "uma pessoa espe-
cial", que recebe a mensagem divina e a transmite para quem en-
viou a pergunta à divindade, deixando que o interrogante decifre e
interprete a resposta recebida. Entre os gregos antigos, essa pessoa
especial costumava ser uma mulher e era chamada sibila (CHAUI,
2005, p. 9).
Gabarito
O assunto do parágrafo é oráculo. A frase-núcleo aparece
sob a forma de pergunta: "Que é um oráculo?". A autora delimita
o assunto com a explicitação de dois significados da palavra "orá-
culo": o primeiro associado à expressão "consultar um oráculo" e o
segundo, à expressão "receber um oráculo". O objetivo da autora
é apresentar definições da palavra "oráculo".
9. CONSIDERAÇÕES
Infelizmente, por uma questão de tempo e de espaço, não
é possível apresentar todos os tipos de desenvolvimento de pa-
rágrafos discutidos por Soares e Campos (2004). Fica, portanto,
como sugestão, a leitura dos textos indicados a seguir. Na próxima
unidade, abordaremos três estruturas discursivas: descritiva, nar-
rativa e procedural. Esta última ocorre em textos que dão instru-
ções de procedimento, como é o caso de bulas de medicamento,
receitas culinárias, manuais em geral etc.
Sites
LIMA, Rubens Rodrigues. A conquista da Amazônia: reflexos na segurança nacional.
Boletim n. 6. Ministério da Educação e Cultura, Faculdade de Ciências Agrárias do Pará,
Belém, 1973. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
me002210.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2008.
TEIXEIRA, Anísio S. A educação e a crise brasileira. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1956. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
me001582.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2008.
2. CONTEÚDOS
• Estrutura descritiva.
• Estrutura narrativa.
• Estrutura procedural.
168 © Comunicação e Linguagem
4. INTRODUÇÃO
Você estudou, na Unidade 3, a organização dos assuntos (tó-
picos) do texto e a organização do parágrafo. Nesta unidade, você
estudará as estruturas descritiva, narrativa e procedural, termos
cunhados por Paredes Silva (1995).
Antes de darmos início ao estudo de tais estruturas, é ne-
cessário pontuarmos algumas questões relacionadas aos tipos de
texto.
© U5 - Estruturas Discursivas: Descritiva, Narrativa e Procedural 169
5. ESTRUTURA DESCRITIVA
Você já percebeu que estamos utilizando a expressão "es-
trutura descritiva", uma novidade. Entretanto, certamente, você
Claretiano - Centro Universitário
170 © Comunicação e Linguagem
6. ESTRUTURA NARRATIVA
Para caracterizar a estrutura narrativa, utilizamos a definição
de Fiorin e Savioli (2000, p. 289):
Texto narrativo é aquele que relata as mudanças progressivas de
estado que vão ocorrendo com as pessoas e as coisas através do
tempo. Nesse tipo de texto, os episódios e os relatos estão organi-
zados numa disposição tal que entre eles existe sempre uma rela-
ção de anterioridade ou de posterioridade. Essa relação de anterio-
ridade ou posterioridade é sempre pertinente num texto narrativo,
mesmo quando ela venha alterada na sua seqüência linear por uma
razão ou por outra.
7. ESTRUTURA PROCEDURAL
Segundo Paredes Silva (1995), as estruturas procedurais, as-
sim como as narrativas, pressupõem uma organização sequencial
do que se apresenta. Não há personagens como na narrativa, mas
a apresentação do processo em si, ou seja, são apresentadas ins-
truções para a realização de determinada ação. Os tempos verbais
típicos da estrutura procedural são o imperativo e o futuro ou o
infinitivo. São predominantes, do ponto de vista sintático, as ora-
ções independentes.
Esse tipo de estrutura acontece nos gêneros discursivos ins-
trucionais, como é o caso de manuais em geral (de carro, de eletro-
doméstico etc.), de bulas de medicamento, de receitas culinárias,
de regras de jogo etc. O que caracteriza esse tipo de discurso, em
que se faz presente a estrutura procedural, é a apresentação de
procedimentos que determinam que a execução de ações deve
obedecer a uma sequência determinada.
Muito teórico? Ilustremos com um exemplo. Leia o fragmen-
to do texto "Manual de Orientação: Biologia":
© U5 - Estruturas Discursivas: Descritiva, Narrativa e Procedural 179
DISCIPLINA: Biologia
Folha de Orientação
PROCEDIMENTO Página 2/2
1º) Coloque, com o conta-gotas, sobre uma lâmina de vidro, uma
gota de água.
2º) Pegue uma lamínula e encoste um dos seus lados na lâmina,
bem próximo da gota, de modo que o líquido se espalhe em toda a
extensão da lamínula.
3º) Baixe a lamínula vagarosamente, só soltando-a quando o ângu-
lo formado pela lâmina e lamínula for o menor possível, para evitar
a formação de bolhas de ar.
4º) Utilize o papel de filtro para absorver o excesso de água, quan-
do presente sobre a lâmina ou sob a lamínula.
Comentário
Tenha bastante cuidado ao trabalhar com lamínulas, pois as mes-
mas são frágeis e a qualquer descuido poderão ser quebradas. Lâ-
minas e lamínulas deverão estar limpas e desengorduradas (MEC/
FAE, 1987, p. 29. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/me002934.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2008, gri-
fos nossos).
8. QUESTÃO AUTOAVALIATIVA
Dê continuidade ao texto narrativo seguinte. Nele, insira tre-
chos descritivos. O texto deve ter, no mínimo, 30 linhas.
Texto:
Meu amigo Norberto e eu viajávamos de carro de Flo-
rianópolis a Porto Alegre, em uma madrugada fria de in-
verno. Em trechos da rodovia, a forte neblina dificultava
a visão. Conversávamos para espantar o frio e o sono e
9. CONSIDERAÇÕES
Muito bem! Chegamos ao fim de mais uma unidade. Na pró-
xima, estudaremos dois gêneros de discurso: o resumo e a disser-
tação.
Sites
ASSIS, Machado de. A causa secreta. In: _____. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1994. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
bv000262.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2008.
ASSIS, Machado de. A inglezinha Barcelos. Disponível em: <http://www.dominiopublico.
gov.br/download/texto/fs000064pdf.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2008.
© U5 - Estruturas Discursivas: Descritiva, Narrativa e Procedural 181
6
1. OBJETIVOS
• Aperfeiçoar o raciocínio lógico e a capacidade de abstra-
ção e de articulação do pensamento.
• Refletir sobre as estratégias de argumentação na elabo-
ração textual e sobre os recursos linguísticos empregados
na estrutura argumentativa.
• Ler, interpretar, analisar e discutir, de maneira crítica, tex-
tos sobre diferentes assuntos, relacionando-os ao contex-
to sociocultural.
• Desenvolver a capacidade de síntese.
• Reconhecer as estruturas expositiva e argumentativa do
gênero dissertativo.
• Produzir resumos.
• Produzir dissertações bem argumentadas, claras, coeren-
tes e coesas.
184 © Comunicação e Linguagem
2. CONTEÚDOS
• Resumo.
• Dissertação expositiva e dissertação argumentativa.
4. INTRODUÇÃO
Na unidade anterior, abordamos três tipos de estruturas dis-
cursivas: a descritiva, a narrativa e a procedural. Lembre-se de que
falamos dos gêneros de discurso (romance, discursos científicos e
© U6 - Gêneros Discursivos: Resumo e Dissertação 185
5. RESUMO
Certamente, você já teve de fazer um resumo de capítulo ou
parte menor de livro ou até do livro todo. Há pessoas que, prova-
velmente por falta de conhecimento do que seja resumir um texto,
à medida que vão lendo, vão copiando trechos do texto original
que julgam importantes, formando uma sequência de frases cujos
conteúdos são desconexos. Isso não é resumir um texto.
O que é, então, um resumo?
Lembra-se de que dissemos, na unidade anterior, que o
resumo pode ser considerado um gênero discursivo? Pois bem!
No gênero resumo, produzimos um texto que se origina de um
texto-fonte. Resumir é condensar, de forma fidedigna, as infor-
mações apresentadas em um texto original.
O resumo é, pois, um novo texto no qual apresentamos,
com nossas palavras, apenas as ideias essenciais do texto-fonte. A
fim de manter a essência do texto resumido e a fidelidade às infor-
mações por ele veiculadas, devemos compreendê-lo muito bem, o
que requer mais de uma leitura.
Há alguns procedimentos que podemos seguir para fazer um
resumo:
1) Em primeiro lugar, é necessário fazermos uma leitura
ininterrupta, mais rápida, por meio da qual temos uma
visão geral do assunto do texto que será resumido.
2) A(s) próxima(s) leitura(s) deverá(ão) ser aquela(s) que,
efetivamente, possibilitará(ão) a compreensão do texto-
-fonte. Nela(s), alguns passos podem ser seguidos:
• identificar o gênero do discurso a que o texto-fonte
pertence, o(s) autor(es), o título, a forma de veicu-
lação, ou seja, livro impresso ou site (MACHADO;
LOUSADA; ABREU-TARDELLI, 2006);
Claretiano - Centro Universitário
186 © Comunicação e Linguagem
6. DISSERTAÇÃO
Em Língua Portuguesa, estamos estudando, sobretudo, o
texto: características, fatores de textualidade, tipos e estrutura,
interpretação e produção.
Muitas áreas dentro da ciência da linguagem (a Linguística)
têm-se encarregado do estudo do discurso e do texto. Entretan-
to, eles já eram objeto de análise na Antiguidade. O filósofo grego
Aristóteles (s.d.) afirmou, em sua Arte retórica, que duas partes
básicas compõem um texto: a proposição (em que se apresenta o
tema ou assunto) e a prova (demonstração do tema).
O gênero de discurso denominado dissertação costuma ser
dividido em dois tipos: dissertação expositiva e dissertação argu-
mentativa. A proposição e a prova são importantes para a compo-
sição da estrutura desse tipo de discurso, principalmente no caso
da dissertação argumentativa.
Vejamos, a seguir, cada uma delas.
© U6 - Gêneros Discursivos: Resumo e Dissertação 193
Dissertação expositiva
Você se lembra de que, na unidade anterior, falamos dos gê-
neros de discurso e abordamos três tipos de estruturas discursivas
(descritiva, narrativa e procedural)? Pois bem! Faltaram, então, a
estrutura expositiva e a argumentativa.
Na dissertação expositiva, obviamente, está presente a es-
trutura expositiva.
Na dissertação expositiva, apresentamos um tema (propo-
sição de Aristóteles) e explicitamos nossas ideias acerca do tema
(demonstração da prova).
Observe o que Fiorin e Savioli (2000, p. 298) afirmam acerca
da dissertação:
Dissertação é o tipo de texto que analisa e interpreta dados da rea-
lidade por meio de conceitos abstratos.
[...]
Na dissertação, predominam os conceitos abstratos, isto é, a refe-
rência ao mundo real se faz através de conceitos amplos, de mode-
los genéricos, muitas vezes abstraídos do tempo e do espaço. O dis-
curso dissertativo mais típico é o discurso da ciência e da filosofia;
nele, as referências ao mundo concreto só ocorrem como recursos
de argumentação, para ilustrar leis ou teorias gerais.
Dissertação argumentativa
A dissertação argumentativa apresenta uma estrutura argu-
mentativa, da qual falaremos a seguir.
Já dissemos que, para Aristóteles (s.d.), um texto deve apre-
sentar a proposição e a prova, partes fundamentais da estrutura
argumentativa. Entretanto, para esse filósofo, outras partes com-
põem um discurso. Vejamos, pois, quais são elas, relacionadas, no
caso do nosso estudo, à dissertação argumentativa:
a) O exórdio corresponde à introdução, na qual apresenta-
mos o tema e a tese a ser defendida, compondo, assim,
a proposição.
b) A narração corresponde ao desenvolvimento, no qual
apresentamos os dados, os fatos, os argumentos e tudo
que seja relevante ao tema.
Introdução
Iniciamos a dissertação com a proposição (também chamada pelo autor decla-
ração, tese ou opinião), na qual devemos apresentar o tema (assunto) e uma
tese acerca dele. Segundo Garcia (1996), no caso de contestação da tese, é in-
teressante atribuí-la a uma outra pessoa, como se ela fosse a defensora da tese
que refutaremos. Só depois introduzimos a nossa tese, que deve ser defendida
no desenvolvimento.
Nesta primeira situação, estamos discordando da tese supostamente apresenta-
da por outra pessoa. Entretanto, antes devemos concordar com essa tese, ainda
que parcialmente. O próximo passo, então, é iniciar o desenvolvimento com a
concordância parcial, que deve ser seguida pela contestação da proposição.
Desenvolvimento
Concordância parcial
Ocorre quando discordamos da tese atribuída a outra pessoa e defendemos
a nossa tese, que é contrária à anterior. Assim, antes de apresentarmos os ar-
gumentos utilizados para refutarmos (rejeitarmos) a tese dessa outra pessoa, é
interessante concordarmos, parcialmente, com ela.
Se vamos discordar, é necessário mostrar que não ignoramos o outro lado da
questão, apresentando, dessa forma, a concordância parcial. Podemos apresen-
Contestação da proposição
Devemos apresentar os argumentos contrários à proposição que queremos refu-
tar. A contestação consiste de argumentos fortes que se opõem aos argumen-
tos (mais fracos) apontados na concordância parcial. Assim, utilizamos provas
(dados, razões etc.) muito mais fortes do que aquelas da concordância parcial,
caso contrário o texto ficará incoerente e contraditório.
No desenvolvimento, apresentamos, portanto, a concordância parcial seguida
pela contestação.
Após esses passos, podemos concluir o texto.
Conclusão
Consiste em reforçarmos a negação da proposição. Em um texto bem construí-
do, a argumentação e as provas conduzem, naturalmente, a uma conclusão.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Introdução
Da mesma forma que na situação A, iniciamos a dissertação com a proposição,
na qual apresentamos o tema (assunto) e uma tese acerca dele. Como se trata
agora de concordância com a proposição, a tese apresentada é a que vamos
defender.
Nesta segunda situação, estamos concordando com a tese. Entretanto, antes
devemos discordar dela, ainda que parcialmente. O próximo passo, então, é ini-
ciar o desenvolvimento com a discordância parcial, que deve ser seguida pela
aceitação da proposição.
Desenvolvimento
Discordância parcial
Ocorre quando concordamos com a proposição. Assim, antes de apresentar-
mos os argumentos utilizados para reforçarmos e aceitarmos a proposição, é
interessante discordarmos, parcialmente, dela.
Se vamos concordar, é necessário mostrar que não ignoramos o outro lado da
questão, apresentando, dessa forma, a discordância parcial. Podemos apresen-
tar razões, provas, fatos ou dados que, aparentemente, refutam a proposição,
© U6 - Gêneros Discursivos: Resumo e Dissertação 199
mas é preciso termos o cuidado de não apresentar provas muito fortes que aca-
bem tornando os argumentos desfavoráveis à proposição mais fortes do que os
argumentos que serão utilizados para aceitá-la. Se não houver razões para a
discordância parcial, podemos pular esta parte e ir direto à aceitação.
O próximo passo é defender a nossa tese, o nosso ponto de vista. Passamos,
então, para a aceitação da proposição.
Aceitação da proposição
No caso de acatarmos a proposição, devemos apresentar os argumentos fa-
voráveis a ela. Os argumentos e as provas (dados, razões etc.) utilizados para
aceitarmos a proposição precisam ser mais fortes do que os argumentos apre-
sentados na discordância parcial. Nesse caso, obviamente, na aceitação, confir-
mamos a proposição.
No desenvolvimento, apresentamos, portanto, a discordância parcial seguida
pela aceitação.
Após esses passos, podemos concluir o texto.
Conclusão
Consiste em reforçarmos a aceitação da proposição.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
2º argumento
O que significa "descaracterizar" uma língua? Significa alterar sua es-
trutura fonológica, morfológica e sintática e modificar a base do léxi-
co (o vocabulário), mas isso não é o que vem ocorrendo com a língua
portuguesa. Quando uma palavra estrangeira é incorporada ao léxi-
co (conjunto de vocábulos) de uma língua, ela se adapta à fonologia
e à morfologia dessa língua. Se os brasileiros utilizarem "printar" em
lugar de "imprimir", certamente, flexionarão esse verbo de acordo
com a morfologia verbal do português, ou seja, dirão "printei", "prin-
tou", "printaram", "printaríamos", "printássemos" etc.
© U6 - Gêneros Discursivos: Resumo e Dissertação 203
3º argumento
Quanto à alegação de que o estrangeirismo ameaça a unidade lin-
guística de um país, é pertinente a pergunta: no Brasil, de que uni-
dade linguística se fala? À desigualdade social aqui existente cor-
responde a diversidade linguística: a língua falada por um médico,
um magistrado ou um professor universitário é diferente da língua
falada pelo homem simples. A variação linguística é condicionada
não só por fatores sociais, como também por fatores geográficos e
pela situação de comunicação (formal ou informal).
7. QUESTÃO AUTOAVALIATIVA
No jornal Folha de S. Paulo, no caderno Opinião, seção Ten-
dências/Debates, são apresentados artigos sobre assuntos polê-
micos. Trata-se de textos dissertativos com a estrutura argumenta-
tiva, ou seja, são textos opinativos. Leia um desses textos e analise:
a estrutura textual (introdução, desenvolvimento e conclusão), o
tema, a tese defendida pelo autor, os argumentos e as provas que
comprovam a tese.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em Língua Portuguesa, você teve a oportunidade de estudar
os princípios da comunicação humana, as funções da linguagem,
que se relacionam aos nossos objetivos comunicativos, e as dife-
renças entre fala e escrita.
Esperamos que você tenha compreendido a importância de
se escrever textos coerentes e coesos. Para isso, estudou os ele-
mentos da língua que estabelecem a coesão textual. Relacionadas
à coesão, estão algumas regras da norma padrão da língua, abor-
dadas na terceira unidade.
Você estudou, ainda, algumas estratégias para interpretar
um texto, a organização do tópico discursivo, a estruturação do
parágrafo, a estrutura da descrição, da narração e de textos instru-
cionais e, finalmente, algumas estratégias de elaboração de resu-
mo e de dissertações expositiva e argumentativa.
© U6 - Gêneros Discursivos: Resumo e Dissertação 207
9. SUGESTÕES DE LEITURA
A fim de que você aprofunde seus estudos sobre os temas
abordados nesta unidade, sugerimos a leitura dos textos indicados
a seguir:
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. 16. ed. São Paulo:
Ática, 2000.
GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a
pensar. 17. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996.
MACHADO, A. R.; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L. S. Resumo. 4. ed. São Paulo: Parábola
Editorial, 2006.
Sites
CARVALHO,Thiago Morato de. Quantificação dos sedimentos em suspensão e de fundo
no médio rio Araguaia. Revista geográfica acadêmica, v. 1, n. 1, p. 55-64, dez. 2007.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/uo000001.pdf>.
Acesso em: 1º set. 2008.