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Desde tempos imemoriais, quando os exemplares humanos compunham

pequenos grupos de caçadores e coletores, tendo que enfrentar as mais diversas


intempéries da natureza, passando frio e fome, sendo perseguidos como ratos por
implacáveis predadores, formou-se no consciente coletivo a ideia de defesa.
Como titular único da autopropriedade de seu corpo (bem primevo, que
encasulou o indivíduo na matéria e catalogou-o entre as almas sencientes), o ser humano
possui a prerrogativa natural de reagir a toda agressão exterior, usando de força suficiente
para embargar a hostilidade. Esse direito é tão primitivo a ponto de estar fincado no DNA
humano. Observa-se bem isso nos complexos atos mecânicos do homem: se se espeta
acidentalmente o dedo em uma agulha, inicialmente o toque estimulará o neurônio
sensitivo, que levará o impulso até a medula; na medula, um neurônio associativo
mandará uma resposta ao músculo através do neurônio motor, o que resultará é uma
retirada estratégica e brusca do membro ofendido.
Referindo-se à legítima defesa, Bettiol afirma que:

Ela na verdade corresponde a uma exigência natural, a um instinto que leva o


agredido a repelir a agressão a um seu bem tutelado, mediante a lesão de um
bem do agressor. Como tal, foi sempre reconhecida por todas as legislações,
por representar a forma primitiva da reação contra o injusto (Giuseppe Bettiol,
Direito Penal, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1977, v. 1, p. 417)

Todo esse trajeto sofisticado não parece ser outra coisa senão um grito do corpo:
"proteja-me!".
Com o passar do tempo, as pessoas foram cada vez mais construindo um senso
racional de ética e moralidade. O direito de defesa ao próprio corpo, que sempre foi tido
como uma prerrogativa imanente à espécie, deveria ser agora balizado pela recém-
chegada ideia de justiça. Não era racional e justo que o direito reativo à integridade do
corpo desse corda a uma desenfreada sede por vingança, e que a vítima incauta de um
mal se tornasse um assassino autorizado.
Eis que surgem as concepções de proporcionalidade e razoabilidade, ambas
atreladas à ideia de justiça. Logo, para deixar o âmbito animalesco do homem, e agressivo
da natureza, e entrar na comunidade humana racional e ética, a legítima defesa deverá ser
executada para repelir uma agressão injusta, usando dos meios necessários
(razoabilidade), com uso moderado da força (proporcionalidade).

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