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Uma Questão de
Direitos Humanos
Álvaro Mayrink da Costa
Desembargador (aposentado) do Tribunal
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Professor da Escola da Magistratura e Pre-
sidente do Fórum Permanente de Execução
Penal (EMERJ).
1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Desde os tempos mais remotos, remanescente de velhas e
arcaicas culturas, o aborto faz o registro da vida dos povos, lem-
brando que nossos índios já o praticavam. Ainda na estrutura fami-
liar rural, de natureza patriarcal, a paternidade profícua ensejava
poder de trabalho e riqueza, o filho era um bem, antes geratriz de
mais deveres do que de direitos. Exalta-se, ainda na entrada do
terceiro milênio, a necessidade de braços para a lavoura e o pas-
torio. Agrava-se notar as múltiplas facetas em relação ao tempo
e às sociedades, envolvendo fatores socioculturais, econômicos e
religiosos.
O ordenamento jurídico sempre demonstrou a sua preocupa-
ção com a salvaguarda dos interesses dos nasciturus. De um lado,
a sua própria viabilidade, de forma que essa spes hominis possa
transformar-se em vida de um novo sujeito de direito; de outro,
seus interesses econômicos, sendo conhecida a máxima conceptus
pro iam nato habetur dos juristas clássicos.
Assinale-se que no Código de Hammurabi o provocador do
aborto era punido com pena pecuniária, considerada a qualidade
da gestante e a acidentalidade ou voluntariedade do ato, admitida
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Mario Francisco Giani Monteiro e Leila Adesse, “Estimativas de aborto induzido no Brasil
e Grandes Regiões (1992-2005)”, in XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP,
realizado em Caxambu, Minas Gerais, Brasil, de 18-22 de Setembro de 2006, com financia-
mento da Área Técnica de Saúde da Mulher, Ministério da Saúde.