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INSURGÊNCIAS POÉTICAS – ESPECIAL Novamente com os pés bem marcados

MAR ÍNTIMO de sal e da tua casa. Tudo volta a ser


desequilíbrio, vontade de voltar para
Felipe Nunes, Jean Sartief, Marina
dentro do mar.
Rabelo, Michelle Ferret, Rozeane
Oliveira e Thiago Medeiros. Tenho uma espécie de sede e todos os
dias venho ao mundo feito deserto e
Todos vão chegando de partes
morro água.
diferentes com uma garrafa com água,
fazendo sons com ela, Felipe começa a Marina fala, Rozeane entra, dança e
dedilhar a música movimento dos completa com a música de Felipe
barcos, os poetas cantam/falam:
MÚSICA: VAPOR BARATO
Coração do mar
Há mulheres que trazem o mar nos
É terra que ninguém conhece
olhos
Permanece ao largo
Não pela cor
E contém o próprio mundo
Mas pela vastidão da alma
Como hospedeiro
E trazem a poesia nos dedos e nos
Tem por nome "Se eu tivesse um amor" sorrisos
Tem por nome "Se eu tivesse um amor" Ficam para além do tempo
Tem por nome "Se eu tivesse um amor" Como se a maré nunca as levasse
Tem por nome "Se eu tivesse um amor" Da praia onde foram felizes
Música: MOVIMENTO DOS BARCOS Commented [S1]:
Há mulheres que trazem o mar nos
O que escrever com os olhos cheios de olhos
sal? pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as
Não sei o que nasceu das nossas
coisas e os homens...
diferenças, mas, sei bem o que eu sou
Há mulheres que são maré em noites
depois das tuas águas.
de tardes...
Há um mar que não se encontra a e calma...
primeira vista.
...
O mar dos meus olhos se agita por
Um oceano inteiro não basta
todas as coisas. Por todas as coisas se
para calar no meu peito
espalham águas descidas do oceano da
este murmúrio
nossa cama.
de tantas formas de ardor
Sabia que navios encalham nos olhos? tantas formas de estar banida e só
e não há terra ou chuva
Nos meus olhos quem encalhou foi que arrefeça
você esta porção de mim

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que trago cálida o lado claro das coisas.
esta porção de mim
blocos de gelo
que trago presa este meu coração
cheio de vespas derretem.
... ...
Transgrido tantas leis Não tenho a natureza do mar.
que já nem sinto Não tenho profundidade
Entro em um mar de águas-vivas para tudo o que há tanto submerge em
que ardem, ardem, ardem mim:
mas nem doem latas cortantes, vidências, garrafas
parece que me alisam vazias.
com seus pelos frágeis restos que duram
rostos, disformes cacos
Cada vez me afoito mais meus cacos meus próprios restos
e não encontro margens unhas, mãos, escrúpulos.
e não encontro porto Tento dormir, mas não tenho
só encontro tempestades estômago,
onde atracar se é que me entendes.
Meus limites me adoecem,
Nesse excesso de sal encontro-me comigo, entrecortada.
nesse mar escuro em que me perco Esses encontros têm sido raros.
me iluminas com o teu desejo Talvez nessa cidade não minha
me serves de farol quando anoiteço haja mais coisas submersas que em
e me guias, me guias, me guias mim.
jorrando tua luz Ouso duvidar.
sobre os meus seios Quem me ousaria?
Quem?
MÚSICA: MULTIFACES (RIZOLETE)
...
... Eu não gosto de morar longe de você
no teu peito ...
o meu nome, Só porque hoje estou sozinha,
o convés, A solidão pinga palavras dos meus
dedos, descascados,
a bússola.
Remexe o passado no baú envelhecido,
desde então trago comigo o

hemisfério de dentro

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Dita qualquer coisa no meu pé do E quando os dias doem e parecem mais
ouvido entoando esse choro frios
incompreendido. E também depois de quentes…
E quando a gente se entrega ao mar
Sua ausência me pede para te amar,
Ao nosso…
devagar e eu engulo esse carinho sem
Como uma oferenda
corpo.
...
Você não compreendeu, não é pressa é
intensidade. É preciso que a saudade desenhe tuas

Eu nasci com esse impulso de afeto, linhas perfeitas,


baby: eu rasgo o céu todos os dias para teu perfil exato
olhar estrelas. e que, apenas,
... levemente,

TODOS: a tua ausência é uma violência o vento das horas ponha um frêmito
em teus cabelos...
...
É preciso que a tua ausência trescale
Te amo enquanto espero o ônibus de
sutilmente, no ar,
manhã
E depois do café que escorre na panela a trevo machucado,
Devagar as folhas de alecrim
Te amo enquanto corro a tarde para
desde há muito guardadas
voltar
E depois de um sonho não se sabe por quem
Desesperadamente nalgum móvel antigo...
Te amo dentro do mar Mas é preciso, também,
E fora dele
que seja como abrir uma janela
Por dentro
E nas extremidades e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
Calmamente É preciso a saudade para eu sentir
Te amo enquanto enfrento as filas mais
como sinto - em mim - a presença
longas
E depois de esquecer de pagar as misteriosa da vida...
contas pequenas Mas quando surges és tão outra e
Distraidamente
múltipla e imprevista
Te amo enquanto sonho
E depois que acordo que nunca te pareces com o teu
E os passarinhos brincam de existir retrato...
Te amo até quando não sei quem sou
direito

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E EU TENHO QUE FECHAR MEUS OLHOS ...
PARA VER-TE! Levei meus olhos tristes

... E marejados para ver o mar

Todos: A tua ausência é uma violência Eles se ondularam em

... Segredos

Só eles sabem o que

A aridez dos teus cactos Carregamos dentro

na minha pele fere O que se carrega para o fundo

quero deixar teu sertão ...

e abraçar o mar Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem


fim
... A tua beleza aumenta quando estamos
sós
você costumava dizer
E tão fundo intimamente a tua voz
que estávamos mil Segue o mais secreto bailar do meu
sonho,
maravilhas Que momentos há em que eu suponho
mas novecentos e noventa Seres um milagre criado só para mim

e nove vezes você mentiu Mar, metade da minha alma

restou apenas um eu te amo é feita de maresia

sussurrado ao pé do ouvido ...

naquele dia em Boa Viagem Quando eu morrer


voltarei para buscar os instantes
quando as pessoas passavam que não vivi junto do mar

e nós sorríamos em segredo MÚSICA: AH! MAR

[um mar pleno ...

agora um gosto de sargaço Pudessem meus olhos vagos

uma mordida de tubarão ser ostras, rochas, luar,

e esse anzol ficariam como as algas

atravessando a garganta morando sempre no mar.

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Que amargura em ser desertos! Homenagem a Zila Mamede (retirado
de cartas para Zila, textos de Canniggia
Meu rosto a queimar, queimar,
Carvalho, Marina Rabelo, Michelle
meus olhos se desmanchando Ferret e Nina Rizzi):

– roubados foram do mar. lembro da primeira vez que te vi. um


nome, uma mar. e basta um cheiro, um
No infinito me consumo: vento, basta qualquer coisa, seu nome,
zila, pra eu me dizer que sempre quis
acaba-se o pensamento.
voltar ao mar. seu nome guarda algo
No navegante que fui muito profundo, o mar inteiro, o meu
próprio nome.
sinto a vida se calar.
...
Meus antigos horizontes,
Nessas águas que entrei a vida inteira
navios meus destroçados,
Não busquei nem arcas, nem peixes,
meus mares de navegar, nem tesouros
Só quis a branda viração das ondas
levai-me desses desertos, E a branca luz dispersa sobre o mar.
deitai-me nas ondas mansas, Tentei achar um abrigo
plantai meu corpo no mar. Me queimei em caravelas
Senti dor, medo, frio
Lá, viverei como as brisas. Esqueci todo perigo

Lá, serei pura como o ar. Nessas águas que entrei


Aprendi a ser espuma
Nunca serei nessas terras,
Aprendi com as ondas a perder e a
que só existo no mar. perdoar

FINAL: Os poetas falam, saem E quem aprendeu assim a navegar


derramando as águas das garrafas, Quem se apartou da terra desse jeito
Felipe continua cantando. Não sabe mais como voltar

Nadar primeiro antes de tudo. ...

Todas as ilhas, todos os golfinhos, todas Faz 30 anos que você se foi. Será que
as águas. somos muito diferentes hoje do que
fomos em 1985? Acho que não. A vida
E a indiferença do que seremos: eu no está passando igual. O mar continua o
mar e você em terra firme. mesmo. Eu sou a mulher na praia,
Todos os perigos e nenhum grito teu. encostada numa jangada, observando o
movimento dos barcos. Gosto dos
O mar sou eu!
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arrepios na pele. Do sal e dos meus pés de ser água mesmo parecendo gente. O
na areia. A vida está passando igual. As mar está quieto, silencia o peito nas
pessoas ainda sofrem de amor, de falta ondas poucas, anunciando a vida. Estou
de dinheiro, de doença, de falta de só, mas navego. E amanheço nos teus
empatia, entre outras coisas. Estamos braços, num cuidado raso de querer
sempre à procura de um mar de profundidades. Sinto medo dos
felicidade. Será que esse mar existe? naufrágios. Essa dor insistente em
afogar o lado bom das margens. Tudo
Você já prestou atenção que a chuva
que se construiu com cuidado e tempo
não avisa que vem? O céu até se pinta,
desaparece em segundos.
mas pedir licença é outra coisa. Deve
ser pra isso que construímos nossos Para te acompanhar, precisarei eu ser
telhados, para nos abrigar do tempo. A este mar, não há outra maneira e disso
qualquer tempo. estou ciente. Me contento, então, em
ser barco que desliza sem prumo. A
Em conta-gota vou lavando os papéis
minha coragem só vai até aqui, essa
que jamais te chegarão. Também fui
será a minha maneira de sobreviver à
jogado em alto-mar e tenho que fazer
tua praia sem perdê-la.
escolhas: ou busco o ar na superfície
das ondas ou continuo a tentar pegar, Felipe canta PRA QUE SERVE A POESIA
com as mãos, os peixes que resvalam o
meu corpo que boia. Se eu nadar para
fora do mar, estarei perdendo a
oportunidade de te falar que eu...

Voltei ao mar para me lembrar de mim


mesma. A criança que eu fui. A mulher
que eu me tornei. Tem tanto do mar
dentro de mim. Tanto de choro e sal.
Hoje, o olhar é mais maduro. Talvez um
tanto duro, mas também muito doce.
Não vejo mais as conchas do mar. Acho
que elas estão em outras vidas, outros
lugares, embalando os sonhos de
outras meninas. As palavras ainda
moram em mim. Essa sou eu. Fechada
como pedra. Silenciosa. Uma rosa de
pedra. Uma paisagem pacata e tantas
vezes melancólica.

Estou na beira da praia, do meio, do


mar, de mim. Consigo te ver nadar
enquanto amanhece. Era aqui tua sina

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