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Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá.
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Doutor em Educação. Prof. do Departamento de Teoria e Prática da Educação e do Programa de
Pós-Graduação em Educação – Mestrado e Doutorado – da Universidade Estadual de Maringá –
PR.
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§ 3º - (Vetado)”
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Vale a pena fazer referência à Lei 11.645, sancionada a 10 de março de 2008, pelo Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. O texto que altera a Lei 9394/96, modificada pela Lei 10639/03,
ampliando o foco da temática para História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Ampliação justa,
conquistada pelos indígenas brasileiros.
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De acordo com o Ministério da Educação, os PCNs possuem como intuito fornecer aos sistemas
de ensino, subsídios à elaboração curricular. Advieram da necessidade apontada pela LDB
9394/96 de reforçar a importância de se propiciar a todos a formação básica comum.
Representam desta forma, a base comum a ser complementada, em cada sistema e em cada
escola do país, por uma base diversificada. Como as áreas do conhecimento convencional são
insuficientes para a apropriação pelos alunos de saberes que posibilitem o desenvolvimento das
capacidades necessárias para participarem efetivamente na sociedade com vistas à cidadania,
foram intituídos os Temas Tranvesrais. Assim, algumas temáticas como Pluralidade Cultural,
Ética, Meio Ambiente, dentre outras, deveriam transversalizar todo o currículo e todas as
disciplinas. (BRASIL, 1997).
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incluir como esse fenômeno afeta essas mesmas dimensões dos outros grupos
étnicos–raciais”. (GOMES, 2008, p. 74).
Gonçalves e Silva (2005, p. 157) escreve que a finalidade de se estudar as
africanidades brasileiras, ou seja, a luta dos negros no Brasil; a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, diz respeito,
primeiramente, ao direito dos descendentes de africanos, bem como de todos os
cidadãos brasileiros, à “valorização de sua identidade étnico-histórico-cultural, de
sua identidade de classe, de gênero, de faixa etária, de escolha sexual”. Segundo
a autora, a reivindicação é que em todos os níveis de ensino, os currículos
valorizem igualmente as diferentes e diversificadas raízes das identidades dos
distintos grupos que constituem o povo brasileiro, busquem ensinar suas culturas
e apontem a pervesidade que foi a ideologia da igualdade racial brasileira. Do
mesmo modo que se busque, por meio da aquisição do conhecimento, refazer as
concepções preconceituosas forjadas em torno das pessoas negras, concepções
que subestimam sua capacidade de realizar e de participar da sociedade, material
e intelectualmente e, por último, permitam a aprendizagem do respeito e da
valorização às expressões culturais negras, situando-as histórica e socialmente.
Com relação à contribuição que a Lei pode oferecer ao sistema
educacional, Pereira (2007), no livro intitulado Malungos na Escola, de modo
otimista, reflete que a introdução de elementos referentes à cultura afro-
descendente nos currículos das escolas do Brasil
Para Rocha (2006, p. 113), caso a Lei 10.639/03 seja trabalhada segundo
uma perspectiva de superação da ideologia das raças, poderá se constituir como
um instrumento importante, no que diz respeito ao campo curricular, à explicitação
das contradições presentes no sistema econômico brasileiro. Quanto aos
conteúdos referentes à cultura e à história da África e dos negros brasileiros, o
autor afirma que os mesmos “poderão atuar no sentido de expor as lacunas e as
idéias que fundamentaram a ideologia da dominação racial. Assim sendo, a Lei
10.639/03 pode constituir-se como uma ferramenta de luta contra-ideológica”.
Em termos de regulamentação, a Lei 10.639/03 teve a sua, efetuada pelo
Conselho Nacional de Educação, por meio da Resolução nº 01, de 07 de Junho
de 2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana. O parecer6 que fundamentou a aprovação das Diretrizes, oferecendo
orientações, indicações e normas para seu cumprimento, teve como relatora a
Professora Drª Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva. Esta, no seu Relatório,
menciona que a instituição da obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica busca:
A relatora também informa que a Lei 10.639/03 veio cumprir o que foi
determinado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabelecendo
às instituições de ensino fundamental e médio, tanto oficiais quanto particulares, a
obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. No
relatório de apresentação às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira
e Africana, a relatora historiciza a luta do movimento social negro, ao longo do
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O parecer que definiu os fundamentos para a aplicabilidade da Lei 10.639/03 foi aprovado pelo
Conselho Nacional de Educação em 10 de março de 2004. Trata-se do parecer nº. 003/2004.
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século XX, pela incorporação de tal ensino nos currículos das escolas de todo o
país.
Segundo o parecer sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana, é com o intuito de enfrentar a posição de desigualdade
vivida pela herança africana que a Lei 10.639/03 veio se posicionar. No papel de
traçar orientações para o cumprimento da Lei, o parecer define, claramente, os
seus objetivos e metas. Vejamos os objetivos:
Em relação às metas:
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Ações afirmativas: “ações que corrigem distorções no sistema de alocação por mérito,
assentando-se nos valores individualistas e ‘republicanos’ que norteiam o direito civil ocidental”. A
ação afirmativa “justifica-se como forma de restituir a igualdade de oportunidades e, por isso
mesmo, deve ser temporária em sua utilização, restrita em seu escopo, e particular em seu
âmbito. É vista como um mecanismo para promover a equidade e a integração sociais. [...] Surge
como aprimoramento jurídico de uma sociedade cujas normas e mores se pautam pelo princípio
da igualdade de oportunidades na competição entre indivíduos livres” (GUIMARÃES, 2005, p. 171
e 197). Outra maneira de anunciar o mesmo conceito pode ser buscada nos materiais do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD: Conjunto de políticas públicas ou
privadas, de caráter compulsório, facultativo ou voluntário, idealizadas para combater a
discriminação racial, de gênero e de origem nacional, bem como para corrigir os efeitos da
discriminação praticada no passado.Objetivam a concretização do ideal de igualdade de acesso a
benefícios como a educação e o emprego.
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Nesse aspecto, vale a pena apostar na eleição destes valores como meio
de enfrentar a discriminação e os preconceitos vivenciados no interior da escola e
da sociedade em geral, visto pretendermos, para um futuro próximo, que “o
mundo dos brancos dilua-se e desapareça, para incorporar, em sua plenitude,
todas as fronteiras do humano, que hoje apenas coexistem mecanicamente
dentro da sociedade brasileira.” (FERNANDES, 2007, p. 36).
A respeito do protagonismo dos africanos e dos seus descendentes no
Brasil, Nascimento (2003) discute, no livro Sortilégio da Cor, que uma forma
particular de atuação do racismo brasileiro se deu e ainda se dá pelo processo de
invisibilidade e silenciamento em que eles foram e são submetidos em nosso
país. Trata-se de “um racismo silenciado pela ideologia da democracia racial”.
(MUNANGA, 1996, p. 80). De fato, respaldado pela crença da não existência de
racismo e, portanto, da não necessidade de sua evidenciação, não se discute, na
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O relatório de Desenvolvimento Humano – racismo, probreza e violência, apresentados pelo
PNUD, no ano de 2005 revela a existência de uma situação de extrema desigualdade nos níveis
de educação, emprego, habitação e renda da pessoas negras em relação às pessoas não-negras,
no Brasil. Algumas conclusões apontadas por este relatório merecem ser lidas. As mesmas podem
estão à disposição de todos, podendo ser acessadas no site: http://www.pnud.org.br.
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REFERÊNCIAS
COELHO, Wilma Nazaré Baía. Só de corpo presente: o silêncio tácito sobre cor e
relações raciais na formação de professoras no estado do Pará. Revista
Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, v. 12, n. 34, p. 39-56, 2007.
SANTOS, Sales Augusto. A Lei nº. 10.639/2003 como fruto da luta anti-racista do
movimento negro. In: MUNANGA, Kabengele. (Org.) Educação Anti-Racista:
Caminhos abertos pela Lei Federal nº. 10.639/2003. Brasília: MEC/SECAD, p. 21-
38, 2005.