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lnirotltt, i uo no ealudo das u-icncias phy.ica.. tros animaes; igualmente n.lo em ntror
armas oITensivas nem defensivaspossuo,
com que possa
repelhr os que o atacam, ou offender os
A*3M**, MKMM appareceu sobro a terra privado de que
querem privol-o da sua prezo. Para escapar uos
Mj^todos aquelles recursos quo o autor da natu- seus inimigos nao tem senuo a carreira o
esta
^MMyr(,ta havia concedido aos outros animaes
para mesma bem fraca comparada com a dos, ,
utros
proverem com segurança à suo conservação , e pre- animaes com quem está cm continua
Sen-
encherem os inoxerutaveis fins da sua existência; rival no ultimo ponto us influencius guerra.
da olmos-
o comparado com elles cm quanto á sua cons-
tituiçuo physica, parece quo foi o móis mal phera, o pouco apto pela disposição dos seus
orguos, para nutrir-se dos alimentos
aquinhoado de todos. Todos os animaes, inclusive quo o terra
lhe podia oflerecer, o homem serio certamente
o mesmo homem , carecem nos a
primeiros tem- mais miserável das creaturas se fosso abandonado
pos da vida , dos soecorros dos seus progenito- ao seu próprio inslineto. Cercado de terror
res para poderem manter-se , o escapar às ator-
montado pela fome, obrigado a empregar
ras dos outros, que mais fortes , tentam gar- de- mais fracos estratagemas
os
voral-os; e he só depois de corto o determinado para providenciar aos
meios da sua conservaçuo, a sua existência
tempo, quo varia nos differentes animaes, mas nuo
seria senão huma continuada serio do artifícios
quo he certo em cada espécie , que elles se mos- Para evitar os rigores do calor o do frio,
tram optos pura por si sós satisfazerem as suas ò
necessidades, e gozarem dos para ler hum asylo o repouso precários, buscaria
prazeres, quo na es- as cavernas da terra, os fendas dos rochedos
cala da oreação lho foram proporcionados. Pas- o as cavidades das arvores; alimentar-se!
sado este tempo que chamaremos da infância, lançaria mão de vermes, de para roptis immundos,'
não mais necessitam do auxilio dos o nem das mais mesquinhas
na velhice, nem ao terminar da vidapães, buscam a
producções da terra e até dò
restos de animaes dovorados
companhia dos da sua espécie; e por outros mais for-
pelo contra- tes. Sem quulidade alguma lhe garantisse o
no, até so esforçam por evitar a sua que
repouso e o livrasse da oggressuo, despresado
presença,
quando sentem oproximor-se o fatal termo em huns, repellido pelos outros, a sua espécie de
quo devem pagar o natureza o mais terrível e em
cruel de todos os tributos. Outro tanto não acon- poucos séculos seria aniquilada; ou então so por-
tece com o homem; a sua infância ho bastante petuana em algum conto da terra mais favora-
vel, mas n'esse mesmo caso arrastaria huma
longa e penosa, a sua velhice lambem bastante exis-
tencia mui curta e miserável.
caduca o assaz fraca
para dispensar os cuidados Com tudo este ser tão fraco, e
o o amparo dos seus semelhantes. Ainda
mais, tado tao inferior aos outros animaes, quo temos pin-
depois da infância, o homem ho bem diverso he o rei
dos da creação. Elle tem sujeitado o si os animaes
outros animaes,
pois que elle vé-so inhabilitado mais fortes, domesticado os mais bravios, des-
paro poder por si só obter o que lhe he necessário truido os mais terríveis. O tigre, o Jeuo o
para a sua subsistência. Elle he o unict. animal ,
elefante, a balea e a águia, todos igualmente
de sangue quente, que nao tem cobertura
própria obedecem á sua lei: domando a huns o devoran-
para supportar as vicissiludes da atmosphera e as do a outros, de todos so serve para satisfazer as
intempéries das estações, como
suecede aos ou- suas necessidades o contentar os seus dezejos.
a-
BPBBMBRZDBS
para o mez de JVorcmbro dc 1843.
1L1'0 EDIS «T^S-flSIIIBaSo
—-——
„:
*^
_________mm^
Seiiborcando-se de tudo o que o rodéa , elle des- i chymica, finalmente destinaram o nome de mtmrtu
|m.a o terra dos producto. com que mais ustento natural pura aquella parte da sciencia da natureza,
a suo superfície; arranca-lhe aquelles
que ella que trata espeeiolineiite das diflerciites portes de quê
*onega «o seu seio; vexa o oceano ; opprisiona o se compõe o torra e dm diflerentes seres
ar; adoto o» bosque*; obre os minas, divide as mon- que a ha-
bitam ; e debaixo dente ponto du v islã, a Imloria na-
tanbos; nada lhe escapa : l.u tribulnria a natureza tural aui.l.i •».* -subdivido uu abrange tres
inteira. D'onde lhe vemt«ugrande império.- Da suo grandes
ramos, designado* com us nomes de soologia,
rozao. Por que meio, ou de
que modo com esta ou sciencia que estuda os animaes; botânica
,
nova qualidade o fundou? Pela observação. Empre- sciencia que traia dos vegelaes; e mineralogià
gada em que ? Na contemplação de tudo o quo o que se oecupa dos mineraes.
rodéa, e dmiuelles mesmos seres
que até enl.to o ater- Hoje dá-se o nome de sciencias
physieas, só-
roviiiii, e dos quaes elle tanto se temia. Foi sim mente á physica o á chimica. A
primeira trata
pela observação do natureza e tios suas leis, que o das propriedades geraes dos corpos como elles exis-
homem , este ente tao fraco , adquirio sobre todos tem na natureza ; a segunda considera estas mes*
•w outros sores aquello
primazia , quo lhe faz dar o mas propriedades mas decompostos nos seus ele-
justo titulo de rei da creaçao. Foi lambem em vir- mentos. Todas as demais sciencias,
tude desta nobilissima quo tomoo o
qualidade e impelidos pelas exame qualquer corpo ou lei do nutureza , e
forças da necessidade que os homens desde as nao pertencem á algum dos Ires ramos da que bis-
primeiros sociedades fixaram a suo attençaõ a lium toria natural sao chamadas sciencias naluraes. Taes
gronde numero dc fenômenos que se ubseitam sao a geologia, a melarhigia , a agricultura, etc.
sobre o terra e na atmosphera ,
que passaram a Nada diremos do alto upreço em
quo forao ti-
meditar nos seus clTeitos eo indagar as suas leis; das em todos os tempos as sciencias
e bem depressa guiados physieas.
por tao poderoso auxi- Desde os Egypcios,
que forao os primeiros
liar tentaram a indagação dos causas de tantos as cultivaram com mais ardor, oté hoje ellas que
e Uo voriadus fenumenos, opplirando-se ao mes- ti-
verão admiradores: os maiores
mo tempo a estudar os diflerentescorpos gênios da onti-
que com- guidatle e dos tempos mudemos lizerao dellas as
poe este universo: desta sorte desde as primeiras suas delicias.
idades lançaram os homens os
primeiros funda- Bastam os nomes deMoysés, de Thales, de Anc-
inenlos das sciencias e das orles. xngoros , de Archimedes," de Pvtogoras e do Aris-
As sciencias de observação foram
por tanto as loteies entre os antigos, e os dc Bacon, de
Ga-
primeiras que os homens cultivaram: os antigos bleo, de Torricelli, deKcpler, de Huigens,
chamaram physica] ao estudo da natureza, e do
Descartes, de Lavoisier, de Newton de Leibniz
, ,
por isso deram esto nome ás sciencias de obser- de \ olla c de Cuvier ontre os modernos
voçao : algumas vezes lambem o applicaram áquel- , para re-
cordar-nos a excellencia das sciencias de observação
Ias.
que se encarregavam do exame dc alguma o o importância que sempre se lhe deu. A
das leis do mesmo universo : assim nao só a astro- cultura tem caminhado os seus parda sua
nomia, n mecânica c a óptica foram chamadas scien- progressos; ahi
estão as obras dos sábios
cias physieas , como também tiveram esto nome, que evidentemente pro-
vam o aperfeiçoamento a
B acústico , a metereologia , o botânica, a me- que tem chegado estos
sciencias, as importantíssimos descubcrlos
decina e o alchimia ; a
própria ostrologio , e a nestes últimos tempos se tem feito em todos que
falloz magia mereceram dos seus cultivadores a os
seus ramos, e os progressos do espirito humano
n denominação de sciencias cm somelhanto estudo. Accrescentoremos comtudo,
physieas.
Esta vaga e arbitraria denominação das scien-
cias ile observação mio durou que foi só depois que se applicaram as mathema-
porem muito tempo. ticas uo estudo dos fenômenos da natureza
Os primeiros sábios conhecendo , que as
quõo vasto e im- sciencias physieas receboram hum
menso era o campo das suas investigações, e grande opcrlei-
çoamonto e appareccram as mais importante desço-
que dilTicil seria poderem estudar com vantagem bertas c invenções. He ao illustre
olijectos tão variados e importantes; dividiram
cm Descartes que somos dovedoies de philosopho tão feliz
diflerentes ramos o estudo da
physica, designan- tentativa.
•lo-os com hum nome
particular segundo o ob- Na linguagem das sciencias
jecto que consideravam. Huns entregaram-sc ao o calculo ás sciencias quando se implica
estudo dos corpos considerados unicamente em physieas tomam estas o
nome de phmeo-malhemalicas, a mecânica
relação ás suas propriedades e reservaram ó esta opltca , a
a astronomia o todas as mathematicas
parle da sciencia da nutureza o nome de physi- applicadas entram n'esta classe.
¦ a propriamente dita : outrjM_j_ccu*___r_m-Si> de Passando a fallar da utilidade e benefícios
decompor os Corpos etornal-os a compor com os as artes e a sociedade tem tirado do que
próprios elementos quo tinham resultado da analy- estudo das
sciencias physieas, hum vasto c lisongeiro
-•*<¦; u oste ramo da sciencia da natureza chamaram qua-
dro se antolha ao espirito observador
que as
SCIENCIAS. 89
contempla. Desde a sua origem começaram os ho- cobrimcnlo do iodo edu acidocitriio, em
quanto
mens a colher dellas proveito, e a applical-as à nós, he mais que sullicientu para devermos tri-
aos usos da tida. Quasi todas as artes quo so tem butar o nosso re onhecimento aos sábios,
que com
inventado, derivaram os seus principios das ru-icn- tanto zelo e risco N entrega.) no eMudo dc huma
cias de obscrvaçuo. O estudo u conhecimento dai tuo altractiva quão útil sciencia , e quu , taatam
Ins do movimento dos corpos celestes , despertou t própria vida, buscuo todos os meios de prolon-
no homem as primeiras idéas da sempre iiiysle- gar u tornar mais supp.irl.iv.-l a dus seus seme-
riusa arto da navegação ; e lhe servio de norma Ihanlct.
para estabelecerem as leis e os fundamentos da Concluamos o nosso artigo. O estudo das scieu-
agricultura. As machinas as mais simples resul- cias do observação nuo será do certo interrom-
taram da observação da natureza , que submi- pido, o numero do seus cultivadores todos os dias
nistrou aos homens os modelos u us motores. augiueiita, as descobertas as mais importantes
Ninguom ignora os prodígios quo acompanha- em todos os seus ramos so suecodem todos ot
mm o invenção do palavra e a descoberta do itiinn ; «lias, e a sociedade dellas se aproveita. Que
pois ? !
e as mudanças que na sociedade produziram pela A civilisação do homem e o melhoramento du
sua applicoçuo às artes da guerra c da navegação. sua espécie seguirá seguramente o desenvolvimento
A invenção do telescópio deu o conhecer aos ho- da sua razão e os progressos das sciencias.
mens a existência de outros mundos, o lhe oITe- Dr. Lino.
receu novos e sublimes objectos de contemplação;
e do auxilio que recebeu a astronomia deste po- *mmmea*
deroso invento, resultou o exacto conhecimento
da liguro e grandeza da terra. A descuberta das PIIVSICA APPLICADA.
leis quo seguem os graves na sua queda, fez
também descobrir os que regem os grandes cor- Vi.rln.uo «In nsullin iiirtuu.r i, n.
pos que povoao o espaço e das mesmas, nasceu
nas mãos do iminortal Newton, a sublime lei da a*rj| DESCOBRIMENTO tia propridade que tem us
uttrucçno universal, que patenteando com toda a fjNjj.l.arras de aço mngnetisados , quando se
clareza a harmonia que presido à todas as obras ^^^collocam cm equilíbrio sobre o seu meio,
da creaçao , dissipou para sempre esses terrores de so dirigirem proximamentu no sentido do me-
que outr'ora os eclipses do lua o os cometas incuti- ridiano ou da linha norte-sul, deu hum auxilio
rao aos homens, e dos quaes a superstição o a igno- mui poderoso á navegação, e por isso so foi
rancia se serviram por algum tempo para fascinar a tornando hum objecto dos mais importantes do
razSo, o retardar os progressos da civilisação. A' estudo dn pbysica applicada à industria humana.
pbysica devemos todos esses instrumentos que dia- A observação foi mostrando quo a agulha ma-
riamento consultamos, e quo presentemente nos
gnetica , geralmente , náo aponta justamente para
sao indispensáveis: taes sao os relógios
que nos os pólos terrestres , e quo não só a mudança
marcam o tempo; o thermometro que nos indica de lugar, c a suecessuo do (empo produziam dif-
o grào de color ; o igrometro que nos dá o ferenças sensíveis nu sua direcção, como que ns
conhecer a humidade do ar, o baromelro horas do dia, a o tempo do anno inlluiam so
que
nos avisa das mudanças que breve vuo sueceder na bro u suu posição.
atmosphera, e outros muitos. Que diremos da in- A theoria destes movimentos, não so acha sul
venção dos guarda-raios! Quo beneficio mio re- ficicntoinente adiantada , mus tem-se feito muitas
ccheu a humanidade das arriscadas experiências observações, pelas quaes se pode , com alguma
do sábio e virtuoso Franklin. Também á
pbysica probabilidade , ajuisar da marcha da declinaçUo ou
se deve u invenção das machinas de vapor variaçüo da agulha , que assim se diurna o un-
quo
tantos melhoramentos tem introduzido em todas as
guio que forma a sua posição com o meridiano
mitras, e que conjunetamente com a invenção terrestre.
da arte typographica tom mudado inteiramente o Suppondo que buma barra de oço esteja ho-
aspecto das sociedades antigas. e concorreram a risontalmente em equilíbrio sobre o sou centro,
mudar a face das modernas,
principalmente, se a ella toma depois de magnetisadu, geralmente,
America conseguir dispensar os
productos que ora huma corta inclinação ao horisonte, que lie su-
llio ofioreco a agricultura o industria européa.
jeito a mudanças semelhantes ás que acabamos
A chimica também tem auompanhndo a phy- de fazer notar nu variação.
sica nas suas descobertas úteis ás artes e neces- Q nosso.fim neste artigo, be nppresenlor os
sarias ao homem; e benefícios incalculáveis tom
principaes factos que se tem coibido du obser-
recebido a humanidade dos descobrimentos chi- vação, a respeito da posição da agulha magne-
micos: fastidioso seria enumcral-os, ousadia ha- tica em diííerentes lugares du terra , e coordenar
veria em tentar analysal-os : a historia do des- as observações feitas no Rio de Janeiro, por meio
>*¦'!'*''
M ¦¦^(aaa«a*a«"aaF>iarT riravi '
31 SCIENCIAS.
de huma formula
que dé com probabilidade a Em Londres a variação da agulha cm 1660
variação nesta corte
pura os onnos futuros. era nullu, e foi crescendo poro o NO até
que
Ha quatro pontos sobre a superfície da terra
por 1813 foi de 2V" 3/4, tornando depois a di-
em que a agulha magnética ,
que esteve equili- miiiuir. Em Paris foi uullu em 10C7 e depois
brada horisontulmcnto antes du magnetisuda toma foi crescendo
a posição vertical, e estes
, para o N O «té que por 1810 foi
pontos so chamam a máxima do 22" 12, e depois tornou o di-
pólos magnéticos. Ha no hemisfério septcntrional miiiuir.
dous destes pólos, os
quaes se achavam cm 1830 No Cabo da Uoa-E*porança fui nulla em 1608,
nos seguintes posições: o 1." na bahia dc ltullin e em 1701 foi
a máxima do 23" 3/4 N O, ô
em 100" de longitude occidental de Grecnwich, agora vai outra vez diminuindo.
Coordenando
o em 70° l/i du latitude; o 2." no Sibéria em as observações feitas
uo llio do Janeiro,
101° 12 de longitude oriental, o 85° 3 4 de lu- meio do huma formula, por
o variação foi prova-
litude. No hemisfério meridional so observaram velmcnto a máxima
lambem dous pólos por Ilido, e do quasi 12"
quo so acharam : o 1." junto NE, o scrA nulla em 1830, passando depois
* terra de Yan-Dicmen om 130" 1/4 do longitu- o ser nara o N O.
Ksta epocha de variação nulla
do oriental, e 60*1/8 de latitude; o 2." coincide com o mais forte
xiinameiite a terra do Fogo em 124° longitude dional, pro- polo magnético meri-
que se ochn actualmente
occidental c 77a 1/4 do latitude. quasi no meri-
diano do Kio de Janeiro, mos do lado oppos-
Ha lugares na terra em quo a agulha mogne- to do
tico tomo o posição horisontal pólo terrestre.
que tinha untes Alem da marcha annual media ho a variação
tio magnetisoda, estes
pontos r.irmum hiiuia linha du agulha sujeita As oscilações, do modo
que pouco se afasta do ser hum circulo máximo dentro do mesmo anno ha no que
inclinado 12" sobro o equador terrestro lio de Janeiro
, e que diflerenças, que chegam até 1°: dentro do mes-
tem o nome de equador magnético
; este corta mo mez, até 30'; o no mesmo dia, até 10".
o equador terrestre em 113" 1/4 do longitude
A formula que lemos deduzido das observações
occidental , em 6C° 3/4 de longitude oriental.
no Rio do Janeiro, ho a seguinte,
Ha no equador magnético algumas inflexões das
quaes a maior tem lugar no occeano pacifico. a.=0,l3_—0,000351'
A maior latitude septcntrional do equador ma-
gnetico ho na Arábia : o a maior latitude me- Nesta formula x designa a variação om
ridional he na America do sul. aqual he N E antes do 1850, e N O depois: gráos,
Tanto os pólos como o equodor magnético - ho o numero de annos
nao conservam as mesmos , quo faltam ou sobram
posições sobre o globo' i duto proposta para 1850.
terrestro : assim, o 1."
polo magnético do norte A formula quo damos satisfaz
movin,en'" «nnual em longitude do aos dados proximamento
\°!? ,,Um
11' 4"; e o segundo quo tivemos ú vista, e vem a ser;
polo do mesmo hemis- 1." o verificação feita do huma medição
ferio w move 3o' 13". O 1.» que teve
polo magnético lugar em 1060 pelo rumo magnético : 2." os oh-
meridional, tom hum movimento em lonciludo servaçoes
do Bento Sanches Dorta cm os onnos
«lc 4' 7", e o 2.» do 10 57". Alem destes
mo- do 1781 a 85: 3." as observações de Roussin:
vimcntos em longitude, nota-se ainda
quo os 4." observações repetidos feitas por nós, desde o
primeiros pólos so afastam dos pólos terrestres anno de 1833 até
respectivos, o os segundos so oproximão. o presente. Bellegarde
Quanto ao equador magnético,
os pontos do sua intersecçao com o equador parece que
ter-
restre , tem hum movimento annual,
quo ainda
não está bom determinado,
para o occidente. A EXPLORAÇÃO DE FERRO NO BRASIL.
Os dous pólos a
que chamamos primoiros são
mais fortemente attrahentes do os segundos,
dc modo que, a não ser nos quo lugares próximos
A Fabrica dc Ypanemo.
a estes, a acção dos
primeiros, he muito mais bünoantes minas do ferro, montanhas
considerável.
inteiras deste minorai existem no
Posto quo a posição dos Brasil,
pólos magnéticos tem &. ,e apezar disso, elle tira ainda
huma grande influencia sobro as do estran-
posições da agulha geiro toda a quantidade de ferro
nos lugares que lhes não ostao muito que suas ne-
esta influencia ho modificada próximos' ccss.dadcs reclamam, porque não
as
equador magnético, e pela posição dò mesquinhas forças desseminadas em penso quo
magnetismo alguns pon-
pelo se tos do império, alterem
desenvolve por toda a superfície da terra quo sensivelmente o álea-
, o quo rismo de sua importação.
lie mais ou menos alterado
por influencias Iocacs Se a abundância de carvão do
pedra em ai-
-,....
SCIKNC1AS. 35
gumas regiões curopeas, se os aperfciçoamcn- ravtl. que tem o quu nao hu raro ver-se) mais
* los introduzidos nos processos da extracçao, per- do huma polegada du diâmetro. Iteunem.su, ou
niillrtii que su impnrli-m os ferros estrangeiros pnr suas arestas, ou
pelas faces, e seu intijum-lo
por hum preço inferior ao que custariam , caso constitue liitui.i camada, cujo espessura vuriu
fossem fubricudos no pai/, por outro lado relê- de hum pé a algumas 'tnlugada*. Estes cristaus
ta notar que esta vantagem só dcsfrii. Iam as ci- sflo o
prelúdio das grandes massas de mineral,
dades marítimas. As do interior sao obrigadas
quu abundam na partu austral. Aqui du todo des-
a comprar o ferro por preços tanto mais onero, apparcco
qualquer vestígio de crislalisuçao; o
sos, quanto o deplorável estudo dos caminhos ferro magnético forma massas compactos sem
nao consente senão hum meio de traiis|turte. mescla ulguma de matérias estranhas. Cllus es-
Tudo ho eamgado no dorso dus bestas, tpie tendem-se
por buixo dos pontos du montanha em
únicas podem subir os rápidos declives, e pus- quu ha maltas, o
sor pelos rochedos que o cada quo nuo permitiu avaliar-lhes
posso so encon- a extensão. Todavia como apporecein em Iodos
traiu nesses ruins atalhos. Imagine-se huma ma- os lugares em as cheias tem arrancado a
teria tao pesada como o ferro, assim transpor- camada espessa quo tio liuuius quu a cobru . he de
tudo huma centena tle léguas, o tpie segundo presumir,
que constituam exclusivamente o mole-
a marcha ordinária das bestas não exige menos rio das colunas centraes. Esta especio he a niíiis
do 20 dias do viagem; o nao se deve, ú vista rico,
quo apresenta a natureza; he formado de
disto, admirar quo nas cidades do interior tres átomos de ferro, e
quatro de oxigênio, o
aquelle metal stihii a hum valor duplo ou Ira—
que da por 1,000 partes.
pltcc do que tinha nos da costa. Ferro 7.;i8
A exploração dos minas próprias do paiz, of- Oxigênio 11*2
fereco vantagens imnicnsas aos consumidores, o A sua ritpieza mesma causa algumas dillicttl-
sobretudo aos produetores, que quando mesmo dades no fabrico, e mais adiante veremos
que,
dessem o ferro por metade do preço actual, po- em conseqüência da má disposição dos fornos,
deriaiu ainda assim realisar bencücios bem su- estas difiiculdades tornam-so
quusi insuperáveis.
periores aos quo so obtém na Europa, ondo a O primeiro estabelecimento foi a principio col-
força da concurrcncia obriga os proprietários de locado no centro da montanha
junto do mineral;
forjas a contentarem-se com pequenos lucros. mas o rio, movia as machinas, mio tendo
que
O governo tem-se conservado surdo a todas es- huma massa do água sullicionto, forçoso foi abati-
tas vantagens, o nenhum meio ba até hoje em- donal-o, o novas forjas so estabeleceram nas
pregado para animar no paiz a producção do margens do Vpancma.
primeiro do todos os metaes, a substancia mais Por muito tempo foram as forjas cat.il.ie> as
indispensável ás necessidades da civilisação. únicas usadas. Esto methodo porem , bem quu
Entretanto no numero das explorações tenta- do excedente ferro , não convinha a hum esto-
das neste ramo do mineração, ha huma sobrelu- belecimento deste
gênero, quo necessitava pri-
<lo, que devemos examinar, tanto
por causa do meiro quo tudo operar sobro grandes massas.
suo riqueza natural, como dos
processos quo Pensou-se então na construcçao do altos fornos;
tem sido suecessivomento nella empregados. mas as mesmas considerações, que tinham feito
As forjas do Vpancma estão situadas a tres lo- adoptar as forjas catalãos nos
primeiros tempos
guas ao Oesto do Sorocaba. Hum pequeno rio da exploração , presidiram o esto novo estabeleci-
corro pela frento do estabelecimento, o fica-lho mento, o surtiram os
poiores resultados, quo
por detrás a montanha do Araisoaba, onde encon- so podia esperar.
tra-so o mineral
quo alimenta a exploração. Esla Tudo foi estabelecido sobro hum plano mes-
montanha representa hum vasto circo ,
quo se quinho: longe do construir-so os fornos, segun-
abre ao Norte para dar
passagem a bum regato do as dimensões sanecionadas pela experiência,
quo ali tem a nascente. Todo esto circo dcstlo reduziram-as polo contrario, á melado do que
a base atô os pontos culminantes ho formado tio deveriam ser. As machinas hydraulicas destina-
huma pedra arcenta: no centro acham-se varias das a mover os folies, foram construídas segundo
colinas compostas tio
quarzilo tão penotrado do as mesmas vistas; e quando so quiz operar a
oxido de forro,
quo mal se pôde reconhocer esta fusão, o color era insullicionte, o mineral redu-
rocha. A matéria metálica não so acha ali uni- zia-se diflicilmento, as escorias não tinham con-
lormcmento desseminada
, mas sim em poquenos venienlc fluidoz ; os fornos entupiam-se. Appli-
grupos do cristoes octaedricos do ferro magnético. cava-so ao ferro
quasi puro os mesmos metho-
Em outros pontos a massa dos
quarzitos ho cor- dos, que na Europa se empregam para as mi-
tado por largas fundas, cobertas do huma cama- nas abundantes cm silicia. O carbonato
calca-
«Ia do cristãos octaedricos de ferro oxidulado,
roo era o único dissolvcnto empregado ; o fácil-
Mas aqui elles adquirem hum volume consido- mente advinha-se o
que sob a influencia de huma
-'¦¦¦ - '¦•fppf^'*"ff,m-.'*-
36 SCIENCIAS.
alia temperatura devia acontecer; este sal perdia zes da secca, o a fundição só parte do anno
o seu ácido carbônico, e tornava-se assim in- marcha regularmente. Dous meios podem ser
fusível, a menos que entro os mineraes se nao empregados pura supprir esta falta: bum consis-
encontrasso alguma fraca dosu de tilicia. Forma- teria em substituir uo» íulii» actuaes , huma ma-
va-se cntflo hum silicato básico, quo cm razão quina movida por vapor; e outro em reunir
de sua pouca falibilidade, dilli.-ilmeute so sepa- por hum canal as oguas do Ypanema às do rio
rava do ferro fundido. mais próximo. /'
Tal era o estado do estabelecimento, quando
o major Dloen foi encarregado de dirigil-o. Cui-
dou logo om chamar a si numerosos allemacs ba-
biluados a esto gênero do trabalho, o esto hotnciii
activo, com os fracos recursos, que lhe propor- GALVANO-I'LA9TIA.
cionava a venda do ferro *, oinprehcndoo a tarefa
árdua do tudo renovar, ou antes de croar tudo.
Elle examina attontamente as minas; certifica-se
de sua extensão e do suas diversas qualidades ;
e descobre suecessivomento no lugar todas as subs-
m .v mesma maneira , quo pelo galvinismo se
doura a praia, assim se podo dourar ou
_ pratear o ferro, o aço , cobre e todos os me-
taes. Como porém o ouro pouco adhero ao aço, i
(.meias necessárias ao tratamento completo desto ao forro, convém previamente applicar,
pelo mes-
metal. A presença do carbonato calcareo foi ve- mo processo, sobro estes dous últimos metaes,
librado na montanha do Arasoiaba, entretanto uma mui delgada película do cobre para depois
quo antes era (irado dos arredores dc S. Francisco, doural-os. O processo para o cobreamento he iden-
distantes do Vpancma hum dia do viagem , o que tico ao quo jà descrevemos para o dourameuto,
elevovo-lbo o preço acima do próprio minorai. com a dilferença porém de que o banho dove ser
Outra rocha do base do feldcpath o de amphi- feito com o cyanureto de cobro dissolvido em
bole foi igualmente descoberta nas immodiaçocs, cyunureto de potássio. Para se zincar
e empregado como dissolvento. qualquer me-
tal preparo-so buma dissolução do cyanureto dc
Os fornos funreionaram ontlo regularmente, zinco e cyanureto dc potássio, o mesmo na tem-
e produziram o quantidade de ferro necessária peratura ordinária se procede a operação, como
às despezas das novas construcções. Desde essa se faria para o dourameuto.
epocha o estabelecimento não cessou de engran- Hum banho de cyanuroto do prata dissolvi-
decer-so; comprou-se huma grande fabrica des- do em cyanureto do potássio servo para pratear.
tinada a obroiros maquinistas em 1839 , isto he , O cyanureto de platina o o mesmo cyanureto alça-
na mesma epocha , cm que os antigos fornos fo- lino he a mistura própria para se applicar a pia-
ram demolidos e substituídos por outros com tina sobre qualquer objecto metálico.
proporções mais convenientes. Em todos estes casos o metal, qualquer que
As antigas rodas hydraulicas, cuja má cons- elle seja, deve «star perfeitamente limpo antes
trucção causava huma perda considerável de for- de ser submettido à operação. Além disto o co-
ças, tinham desapparecido, cedendo o lugar a bre para ser prateado ou dourado deverá soffrer
motores mais poderosos. Os reservatórios, em duos operações provios: o primeira consiste em
que vem accumular-so as águas do Ypanema, aquecél-o até a temperatura rubra o depois mer-
haviam sido ougmentados. Aqueductos
para dis- gulhol-o no ácido sulfurico diluído; a segunda
tribuiçao das águas nas diversas maquinas, nu- om mergulhal-o no ácido nitrico froco e depois
merosos caminhos cm construcção, tudo trasia nos cm uma mistura dc ácido nitrico a 30 gráos,
arrodoros do Ypanoma o cunho do hum sebo e sal commum , lavol-o e enxugal-o em ser-
pensa-
mento activo, o intelligente. Huma só dillicul- radura de madeira. Feita esta previa operação o
dade subsistia , o vinha a ser, a insufliciencia cobre está apto para receber perfeitamente o ouro ,
das águas do Ypanoma para o movimento das
prata, ou platina.
maquinas. Este rio he mui baixo durante os me- Dr. J. V. Torres Homem.
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i.im:nAtiiKA nnirrnimtifir< fhameza. mo espirito social; devia pois o Brasil ter <r
sua reforma, visto que o glorioso Portugal ,
Artigo i. t.i«. amigo dos seus untigos
preconceitos, com-
prehenduu que u sociedade moderna , movida poli.-
va incontestável de que o século \l\ compre- ram inteiramente o tom declamatório e a moral
lii-iule a t-|iii|ii-.i, bastaria o poema «le Alexandre dogmática da escholu de Yoltiiro , especialmente
Snitmet. Ilu hiini.1 olira sublime, Uante percor- Alexandre .Souniet. quo oppiirtco oomo hum
reu o inferno, o purgatório e o paraíso, ondo, poeta trágico de mérito em Clt/tem na ira, Juan-
qual Homero christao, encontrou o vio a hu- nu a"Are , haM de Fraaea , loliraaahindo »u-
maniilade soh todas as faces; Milton revela os lifcludo no Utailiiulur e Sutil, prelúdio da mn
mystcrios «I > Éden, o desenha com troços abra. blime nlii.i quo o eollocu ao ludo do veiho Cl-
udores o primeiro sorriso do lava c a qué-du do belino.
homem; Klopstock, em huma poesia celeste, Ho nesta ópoclia em (pie a iv-iaiwinri dá ji
tob o orvalho do sanguo do Verbo sobro (iol- visos do começar que se apresenta Cusimiro De-
golh.i, fta buscar de novo a humanidade; Ale- bivigno; este como quo quer logo rt-suscilar .
xandro .Souniet obraça huma Idéa mais elevada , escola tio autor t\ Alzira, pata
pouco tempo de-
mais vasta o mais sublime ainda ; o redemp- pois trilhar vereda ililTercnlc; quanto | fôrma,
çrto do inferno, dos condemnados eternos por prender-se-ba á escola antigo; elevandn-se às re-
Christo 1 gioes mixtus du escolu moderna , quunto no pen-
Huma voz geral brada todos os dias quo por sumenlo, o que fai ilinente so reconhecerá cm
toda a parte, desde muito tempo ngonisunto, a l.ttiz XI, Marina 1'ulitro , os
/Hlws de Eduardo .
arte dramática expira, là imti efleito, onde está Huma fttmilia no imp» de I.uthno , e ti
filha do
a teu Sbakspeare, orgulhosa Inglaterra? Km Cid, ultima producçao sua,
que ao ler-so faz
que parte se acham u teu Schiller e o teu sempre recordar a obra prima de Corneille,
qm-
Coelho*, velha Allemanha? I". tu, boa o attica a faz descorar quaes eslrellns oo despontar do
França, onde estão o teu Molit-ro o o leu Cor- sol. Appareco depois Victor Hugo , o mais bri-
ncilli-? Hoje só vedes, a travei do pensamento, Ilianle e nobre representante da escola dramática
quaes sombras inaccessiveis , esses gigantes de moderna , cujos prim-ipaes peças em \erso soo Iler-
gênios, esses creadores omnipotenles da orlo! A intui, O Hei se diverte, Rutj lllat, cos Uttigra-
sociedade moderna franceza toiiitiiilo, sabida do ves, producçao do desordem, posto
que sublime
chãos do duas revoluções, náo poderá «le novo desordem, ü poeta tem huma maneira tao ori-
recuperar o seu caracter nacional , lilho do chris- ginal de conceber e executar, quo todas as suas
tianismo , que o nmor da imitação o o espirito composições dramáticas, principalmente se as
jul-
da realeza dos dous últimos séculos lhe lize— garmos pela poética dos antigos, trazem comsigo
ram perder? Sim; ella o recobra agora, em- hum caracter particular, quo em parte alguma senão
quanto quo as suas irmãus da Europa sao sub- encontra, dl desarranjo o de devassidao ; mas tudo
jugadas pelo profundo soinno do nada. Sim; isto sempre estreitamente ligado pelo
pensomento.
em Fiança , huma nova litteratura dramática so Consideradas no seu todo , ninguém poderá di-
levanta, livre nos seus passos, sacudindo zer que as composições dramáticas do Vicior Hugo
para
longo os estorvos servis o acanhados da antiga sejão grandes e bellas tragédias; consideradas
po-
poesia, conservando as regras inimtilaveis funda- rém huma a huma, achao-so ncllas todavia bel-
das pela razão. Os seus representantes nao são lezas trágicas de primeira ordem. (1 nutor mos-
•inda numerosos; novos comtudo cada dia se trou nos Uitrgraros, pela energia da sua poesia ,
apresentam. A litterotura dramática moderna, esla força du pensamento cuja idéa algumas pas-
não so achando ainda absolutamente lixa , nao sagens de llttij lilás nos pôde dar. Ha nos ul-
ha produzido completa a sua obra ; mas limas scenas desta trilogia sentimentos paternaes
quan-
tos séculos não foram
precisos para que nasces- da mais tocante grandeza o da maior simplici-
se bum Eschylo o hum Sophoclos? Hum dia dado, c quo Icmbriio ( pedimos venia aos que não
firii; o período
quo ha du abraçar a eschola partilhüo a nossa opinião ), por alguns traços de
moderna não so acha *
por ora volvido. sublimo naturalidade, esses lances do belleza
quo
A musa trágica do XIX século apresenta-se muitas vezes so encontrão cm Sbakspeare ;
'nconlinente sob a fôrma clássica vnllniriana, isto que
lembrSO, ainda quo em situação dilTerentc , as
hc, fria o
philosopliica ; mas tondo o presenli- scenas do Hubcrt c de Arthur no King John. Ale-
mento de huma renovação de idéas, o logo dando xandre Dumas, segundo chefo da escola drama-
bum passo ( o
que está longo do ser inteira- bica renascente, cujo titulo do poeta trágico são
mento o prol da
poesia dramática ) para o ly- Chrislina, Carlos Vil, obras resplcndentes de
rismo brilhante
que , hum pouco depois, so ha poesia o de paixão, mas sem arranjo lambem
de desenvolver; semelhante tragédia lio repre- como a imaginação desordenada do poeta ; o
sentada, á entrada do século,
por Daour-Lor- Alchimisla e Calligula , producções medíocres , de
mian, Arnauld, Legouvó
, Lueo do Lancival, e algum mérito comtudo; algumas passagens da
Lemercier, de
quem citaremos Agamemnon. Sc- ultima nos faz involuntariamente recordar Po-
giiem-so Guiraud , Ancelot, Lcbrun , lyettiie de Corneille. Alfredo de Yigny entra tam-
que larga-
6
40 LITTERATURA.
ultimo tornar-se do chofro velho , desregrado, que impellimlo-os , lhes bradava ao coração ! Aqui
definhar, o só ter , do tempos um tempos, cons- ho huma donzelln que so sacrifica du hom grado ;
ciência da sua nobre origem. ali huma mai quo ama a seus filhos o lhes diz :
Entre todos os vaudevillistas que tum algum — « Ido defender a pátria! Si nturrerdes
por
direito ao titulo de litterutos, furemos munçao ella, essu morte eqüivalerá a huma vida gloriosa,
de Scribe , Mullesville , Dup >rt, Dtipuiity , Ma- porquo tereis huma pagina da historia ! —» \\
lérus, Deniierv, Grangé, os irmãos (àognurd, elles correm e morrem , e ella sc envergonha do
Bayanl, Diim.iuoir o Varia. Nuste gênero ha pranteai-os. E do meio dVsse coi.flicto homens
muitos outros nomes, alguns mesmo do quem se surgiram quo, ou brilharam de envolta com os
falia com vantagem; mus cujo numero he ta- lidadores no turbilhão dos combates, ou se exila-
manlm, quo, para serom todos citados o os rum a longes terras , o distantes da pátria a hon-
que cada dia opparecem, hum só numero da raratti com sous escriptos, deixando-lho por he-
Mixehva nAo bastaria. rança mais quo hum nomo. Jacob do Andrade
Muito temos ainda quo dizer sobro a littora- Velosino, de Pernambuco, compoz , traduziu e
tura contemporânea da França; poròm, para náo publicou em liava o Anvcrs varias obras do con-
cansar a attenção do leitor, guardamo-lo para troversia , segundo a mania do tempo ; e exer-
bum segundo artigo. citou a medicina com grande reputação; Antônio
Emite Adit. Pereira, do Maranhão, exerceu a t Intuirá em
Portugal, o do volta á pátria, deu-se á conver-
são dos Indios, para os quaes rompo* hum com-
-mtttom-
pendio cm lingua brasilica , e morreu victima dn
seu zelo apostólico ; Manoel do Moraes , nasci-
ESTUDOS do em S. Paulo, escreveu em Amstcrdam a IIis-
toria da America , que não deu ao prelo por
não concluil-a , e cujos fragmentos forao ao de-
a Lima.atura brasileira durante o século xvu. pois do tanto proveito a João de Laett na com-
posiçuo do suo Historia das índias Occidentaet;
Ainaí une iiation nouvclle, qui Domingos Borboza , da Bahia , c os irmãos Sal-
problublemnr.t héritera aeulu tlu vadnr do Mesquita o Martinho do Mesquita, do
genie dca am-ieiis |tortugaia, Itio de Janeiro , se passaram aRomn, ondo com-
conimonçait ilt-jii à t rtiuru et it
a'elever au tte Ia tlcs mura. pozerao alguns poemas mysticos em latim; e
Sihumii dk Sibmondi. Dt tu litttra. em quanto Antônio de Sá, Euscbio de Mattos
turt du mitti dt f'Litrou , lem. 4.° e Lourenço Ribeiro, se avantojavam a todos os
seus compatriotas quo subiuo ao púlpito, Tci-
a luz do XVII século, om que o Bra- xuira Pinto, Grogorto do Mattos, Botelhod'Oli-
sil etngido ainda com as faxas da infan- voira, Bernardo Vieira, e Mendes da Silva cui-
cia teve quo esmagar a hydra da invasão
Íou livavao a poesia ; os desvarios, porém , do absurdo
hollandoza o batalhar por sua liberdade, grandes Gongora , o do alambicado Marino , tao applau-
o insignes homens apparecoram quer nas scien- didos então cm Hespanha o Itália, começavam á
cias, quer nas artes, quer nas letras. A instruc- ser imitados pelos Portuguezes; freiras c casqui-
çáo desenvolveu-se progressivamente, pois que no- lhos substituíram as muzas de Bernardim Ribeiro ,
vos collegios creados pelos jesuítas vierão facilitar do Camões, do Sá e Miranda, de Ferreira , do
a sua propagação, nilo obstante os inconvonien- Caminha, do Bornardcs e de tantos outros in-
tos o embaraços oceasionados por huma guerra signes engenhos, e abundaram a litteratura por-
de devastação e pilhagem. Rabello afrontou o tugueza de huma abundante esterilidade de obras
morto pugnando pela causa da pátria; Gamarão de ridículos titulos, o medíocres assumptos; pro-
e Henrique Dias suecumbiram ao pezo das fadi- clamaram-se regoneradores do gosto prevertendo
gas depois de assignalados esforços para consegui- o gosto, o quando pensavão mais e mais real-
rem o seu triumpho; Negreiros o tantos outros çar a poesia nacional, mais o mais a rebaixa vão
pleitearam por ella e com ella triumpharam, com essa abastança de antitheses a cada phrase,
mostrando ao mundo , quo hum povo escravo sa- do trocadilhos a cada verso , c de concetti a cada
hia combater pela sua liberdade, e como estrophe; o pois este mal, que tanta quebra dá
que podia
vir ainda a ser livro ; então o jugo de hum povo em as melhores composições dos poetas portugue-
irmão era menos posado e tolerável zes dossa epocha de máo gosto, nio deixou du
que o jugo
de hum povo estranho e conquistador I Velhos, accommelter os nossos, e com elle tudo so pur-
mulheres e crianças, tudo a huma voz empu- verteu ; despojaram-se de suas golfas, e se odor-
nhou as armas, o voou á narani à Hespanhola e á Italiana, vergonha, mais
guerra; o amor da
pátria, o amor da religião de seus pais, como digna de lastima, que vituperio !
42 LITTERATURA.
O primeiro de nossos lilteratus, segundo a or- nambuco, Jorge de Albuquerque Coelho, e nâo
dem clironologica, ho IJento Ferreira Pinlo
, querendo deixar sepultada no esquecimento essa
do cuja vido pouco temo*
que duer, pois quu longa serio do privações
porque passara, e du
ns suas mais interessautcs tnatm se lr.ibul.ios quo tivera, compoz u Relação do n<ut-
perdem nus
Irevas do
passado: sabe-se com ludu quo elle frugio, quu dedicou a seu amigo Jorgo de Al-
nascera em Pernambuco, no meado do XVI »u- buquerquu Coelho; companheiro cm luo culami-
culo ; passou a dór da moeidade cngolpliado no |.... transo.
cultivo du
poesia e lições da historia , 11 se re- De lodll as suas obras apenas
podemos ver
rrcaudo com o estudo duss.ienriu* naturaes, lento estu ultima, e o único mérito
se deixou sedu/ir das riquezas do quo Iho damos
pátrio ninlio he o ser ella_ producçao do mesmo antigo littc-
quo escreveu o Dialogo d,ts grandzas do Itrasil mto do Brasil; o estilo he chão, o
entre dous interlocutores, lli andino e Ateiem. pecea por
falta de concisão ; a muita rcdond.nicia do
inanuscripto numa publicado , e quu
quo o oddicio- se .,, Ii.i sobret-o, regado , ossaz entorpece a suo lei-
nador de Antônio do l.câo ( 1 tura; a dicção be pobre , o autor
) e o ahludo parece co-
Barbou ( 2 ) nos asseguram entro ricos o inte- nbecer melhor quo ninguém os seus defeito»,
rcssantissiinas noticias, assim da corograpbia como
pois que no prólogo diz:
du historia natural do «— Qui/ antes ser notado do breve
paiz. que do
Corria o onno de làifjj quando motivos
pur- preluxo, porque o meu intento principal be ser
liculures o obrigaram a se dirigir a l.i>boo o Senhor louvado e glorihVodo de todos, o
, c qual
se embarcando em a nau S. Antônio, subiu'do usando tlu sua bcnigiiidade com allligidos, os tira
porto do Beeife com vento de feiçuo, que pouco do perigos e os chega a salvamento,
depois so tornou contrario, e u nau arrasada pelo quo
peço nao olhem as palavras quo suo as que suo,
pela maré, cabiu sobre os baixos que demoram mas ao meu intento quo he ser o Senhor lou-
a entrada da barra , conhecidos lido para sempre. — »
por llaixos da
Cidade, e nao sem custo e grande risco de vida Ignoramos qual fosso o seu fim, com tudo
conseguio se salvar com os mais lio de crer quo o primeiro literato brasileiro
passageiros. A nau ,
tondo resistido a tanto se poz do novo em untiguidado, quo por outra causa nao, ter-
perigo,
cm -/.agem, levando a seu bordo minasse seus dias na pobresa e indilTerença; nâo
quarenta
soas entre homens mulheres o criancinhas; pes-o ho esse o destino do quasi todos os autores
e
nosso autor quo tomara aquelle itccidento por-
por luguezes e brasileiros ? Desgraçaduuiente ninguém
bum funesto presngio du horrendas calamidades, o contestará.
nao duvidou, proseguir cm sua viagem
, para logo Apoa este vem Grcgorio dc Mattos, hum dos
depois se arrepender. Aos seis maioies saljricos appreciados na republica das
primeiros dias de
bonança suecederum dias do tempestade e a lettras , bum desses gênios extraordinários dota-
des-
troçada nau foi cm sua derrota enlrepreza do do grando talento , cuja vida , complexo do
de
corsários francezes
quo a saquearam completa- excessos, c por ventura dramática abunda cm
mente. Para cumulo do infelicidades, a fome,
graciosas aneedotas, que conhecer fazem o quanto
osso flagcllo terrível no deserto das águas, era satyrico c extravagante.
veio
surprehender os quarenta Nascido na cidade da Bahia , cm abril 7 do
passageiros, que ae ali-
montaram pelo espaço de dozoselo dias com três 1693, terceiro filho de probos e ricos lavrado-
cocos, que so repartiam diariamente res, como foram Pedro Gonçalves de Mattos,
, e ruim
cerveja, tanta quanta bastasse
para molhar o pedir. natural da villa dos Arcos do Valdovcz, cm Por-
A final já com água aberta o levada da corrente tugal, c Maria da Guerra, senhora bahiana e
caminhava a despodaçar-so sobro o Cubo do de muitas virtudes , os
S. Ho- quaes possuiam além
que , quando Iho acodio buma caravella porlu- du outras fazendas bum vasto o bcllo canavial
gueza , quo dando-lhe cabo , a levou a encalhar na Patitiba , com dous engenhos, servidos
no porto do Cascaes, ondo so (ornou objecto por
de publica curiosidade Os perto de cento c cincoenta escravos, recebeu na
passageiros logo quo pia baptismal da calhcdral o nome de João, que
desembarcaram so dirigiram em romaria á igreja na chrisma lhe foi mudado
da Luz a render graças á Santa Virgem o pelo de Gregorio ás
en- instâncias do prelado D. Pedro da Silva
cher os votos foitos durante o naufrágio. Sam-
paio.
Bccolhido a Lisboa, publicou o seu Desde menino deu mostras de talentos não vul-
Prosopopea composto cm oitavas o dirigido poema
a seu gares, c sens pais desejando aproveitarem suas
compatriota, o governador da capitania de Per- naturaes inclinações, lhe derflo huma educação
inteiramente litteraria e seientifica. Adquirido os
estudos primários na boa cidade o viu nas-
Biblioteca t-oogr. toro. III, tit, unieo. ,
(1 ) cer, foi mandado a Coimbra, om quo cuja universi-
( 3 ) Biblioteca lusit. tom. I, png. 513. dade encetou brilhante carreira e se doutorou na
/
LITTERATURA. <a
faculdade de leis. Ahi desenvolveu elle todo o Regressou an solo natal, em rompanhia do ce*
teu gênio satírico e so tornou o assombro o a lebre jogral, Thomaz Pinto Brandão , de quem
admiração de todos. Suas satyros eram facilmente era muito intimo; e ahi serviu de thesoureiro
conhecidas pela originalidade dos peusamcntos, mór da cathedral e do vigário geral por nomea-
pela iibeiiieiHta da expressão , pelo maneira gra- ção do Arcebispo da Bahia, D. limpar Barata
. ..i.a com quo manejava o ridículo, o pelo sal do Mendonça , de que depois lhe privara seu iuc-
epigrammatico com que as adubava. Du si dizia cessor , D. João da Madre de Deus, por trajar
elle: o nosso autor habito secular quando se nao oceu-
pava nos cargos ecclesiaslicos, o recusar receber
N"oulras obras de talento ordens sacras.
Só eu sou o a-.noir.io, Então dando largas a seu gênio , so tornou mais
Mas sendo solvra , enlao o mais temivel; ao som de seu inseparável ban-
Só eu tenho entendimento (1) doliui, sem o qual nunca foi visto, empunhou
o latego da satyra porá costigor os vícios, e a
O desembargador Belchior da Cunha Brochado , corrupção dos costumes, — A educação , quo o
pasmado do suas satyras, e admirado du l.u iii- mocidado recebia dos viciosos parentes, quo com
tladr* com que elle as'improvisava, assim so expli- o exemplo ü levavam após de si
rou : « — Antla aqui hum estudante Brasileiro tao pela eslradu tia im-
moralidade; — a hypocrisia e irreligiosidade desso
relinodo no satvru que parece bailar momo ás clero da sé metropolitana do Brasil, foram os
cançonetas de Apollo. — » (2) pontos vulneráveis que escapar nau puderam as
Passando a Lisboa a praticar com hum insigne setas ilo novo Juvenal, o certo foi que elle fez
letrado , adquiriu nao pequena reputação c ser- conceber lisongeiras esperanças, pois qae delle su
viu o honroso cargo de juiz do crime , como Iam- esperava a corroerão das almas corrompidas c ca-
bem o de juiz de orpbaos, qual se colligo du Ilidas no ultimo degrau da depravaçao, tanto
sentença por elle proferida em novembro (2 ) do assim que o padre Antônio Vieira dizia que maior
1761 , que Pegas nos transmittiu, transcrevendo-a frueto se podia esperar dellas quo ile suas mis-
em suas obras. Distineto sempre pelos seus tulen- soes e sermões. Então o poeta empunhava o a/m -
tos, riT.>mmfiiil.i-el pelas suas maneiras polidas rague da critica, então castigava os vícios, era
cogrodaveis, atttrahiu a attençaõ do rei D. Pe- brando e moral , o be para ver como todo so
dro 11 , então príncipe regente, mas a graça quo quebrando em doces rimas nos pinta o namorado
lbe fazia esse monarchá, recompensondo-o com com todos os seus ademans o douaires , dirigindo
hum lugar na supplicaçuo , so viesse ao Bio dc ú sua amante requintadas phrases do mais alam-
Janeiro a devassar dos oclos de Salvador Corrêa bicado amor:
do Sá o Bcnavides, pareceu-lho incompatível com
a sua probidade (3); — regeitou-a , e cahiu no O namorado todo almisrarado ,
descontentamento do príncipe regente. Já de amor obrigado,
Deixando a corto, descontento como se colhe Faz á dama hum poema cm hum bilhete ,
do huma das décimas quo endereçava a D. João Cobardo o faz e tímido o rcmette ;
do Aloncastre : So lho respondo branda, alegro o gosta ,
E se tyranna , estima-lhe a resposta.
Mas inda que desterrado
Me tem o fado o a sorte Vai n'outro dia passear a dama,
Per hum Juiz de mà morte, Por quem se inflama ,
De que nao tenho appellado E sendo o intento ver a dama bella
He nojo, que sois chegado Passa-lho a rua , não lho vo a janella
Senhor, o tempo cm que appclle; Quo esta primeiro cm hum galan composto
Fazei que el-rei o desvelle O credito da dama, que o seu gosto,
Pagar o serviço meu,
Pois be bisarro e só eu Depois de muitos annos de suspiros,
Nfio vim muito pago delle. (4) De desdens c retiros,
Desprczos, desapegos, desenganos,
(1) Poouiaii inoilitnn, tom. I, png, 143. Constância do Jacob, serviços do annos
(íá) Anonymo , Vida tio Dr. Uregorio do Mattos Guerra,
pnff. VI.
Fazem com que da dama idolotrada
(3) Similhanto providencia so pralicnva com todo» os
-rovorwido.ea Lhe vem recado , cm quo lho dá entrada.
, q-imitlo terminavam sim inissiio , paru que ue
lniilussi) julgar ilo «eus serviços ; costumo muito louvável o
digno de iiuitnr.so. V, Catalogo dos capitáei mores gover. Com tal recado alvoraçado o moço
««..-.re*, publicada na Revista do Instituto Histórico Oco-
Quer morrer de alvoroço ;
graphico Brasileiro, tom. I. , pa_. 300.
(4 ) -'nit.iiii iin-dilu», tom. 1.
Entregue todo a hum subito disvcllo
41 LITTERATURA.
Enfeita a cara, penteando o pello; buscar ou consentisse ao menos que elle lha trou-
Galan um cheiioa, em vestir flainiuante, sesso. Gregorio sempre jovial, lhe respondeu
Parece bum cravo do Arroehella andontu. du modo algum a admittiria, a menos quu
nau
viesse manietada e conduzida por hum quecapita»
A rua sabe u junto ao aposunto do malto, como escrava fugitiva; e assim su
Do adorado pui tento , fez; e como ella dissesse quo a sua casa era de
Onde cuidou gozar da dama bella Gonçalo, lhe jurou que todos os filhos
Se lhe manda fazer pé de janella ; que delia
houvesse , assim so chamariam. Mos já toda a sua
Acceila elle , e , litro du desmaio ; reputação do advogado se tornara illusoria ,
Du cmorosos conceitos faz ensaio. os pleiteantes o desapnrovaram: e que
quem se atro-
vuria a procurar similhante homem ,
ti — Querido itlolo meu , anjo adorado quo nao dei-
vaia, ainda mesmo nas mais serias e innocentes
l.lte diz. com voz turbada , conversações do fulminar seus raios sotyricos,
So para hum longo amor ho curta a vida que
sem a mínima attenção e respeito nietainorphoseavii
Meu amor vos escusa de homicida, a mais bella personagem nhum aborto da natu-
De quu serve mattar-me rigorosa reza? E entretanto todos ambicionavuo o
Quem tantas seitas tira do formosa? possui*
suas poesias, todos sem mesmo exceptuar o
go-
vernador D. João de Alencastre,
Dai-me essa bella máo, mnpba prestante quo as fazia
copiar em hum livro reservado paro tal fim I
E n'esse rutilante O ridículo era a sua armo principal, e nella
Ouro em madeixas do cabello uudoso
primava ilu modo que a muitos maravilhava. Tantos
Prendei o vosso escravo , o vosso esposo ; o tantos não houve que se disseram seus amigos .
Nao peço muito, mas si muito peço receiosos dos obséquios de sua musa travessa,
Amor, minha senhora , bo todo excesso. receiosos de se verem metamorphoseados em mons-
tros ataviados de extravagantes e ridículos formas ,
« E modo amor quo nunco teve modo e tomados objeetos de publico divertimento ! Al-
Amor ho excesso todo
guns extractos de suas metamorphoses ou carica-
E n'esso mao de neve transparente turas comprovüo evidentemente o
Pouco pede quem ama firmemente que levtnno>
dito e dao huma idéa do seu talento satyrico ,
Dai-m'u por mais fineza , quo os favores e essa maneira quo tao peculior lhe era de levar
Sao leito e alimento dos amores. » o ridículo ao infinito, mio perdoando o
próprio'
Responde-lhe ella com hum brando sorriso physico dos satyrisados.
E no mesmo improviso,
«. — Ai, lho diz, que acordou meu
pai agora ! Vá do retrato
Amanho nos iremos, ide embora ! — » Por consoantes
Fecho a janella , o o moço mudo e
l-ica sobre hum penedo outro penedo!
quedo Quo eu vou timantes
De hum nariz do tocano cor de pato
Pelo cabello
Esposou por esto tempo Maria do Povos, viuva Começa a obra
tão formosíssimo quão pobre,
que seu tio, Vi- Quo o tempo sobra
cento da Costa Cordeiro, lho fez doação de hu- Paro pintar a giba do camcllo.
mos terras para quo so náo casasse sem doto,
pois que ha monos desse tompo já a prodigali- Causa-me engulho
dado e desleixo de Gregorio de Mattos haviam
O pello untado
arruinado toda a sua herança e jazia tão
como ella. Voltando a sua antiga pobro Que de molhado
profissão , abriu Parece que sabe sempre de mergulho.
seu escriptorio do advocacia o tove a ventura do
ver a sua banca so rodear de numeroso concurso
Não pinto as faltas
de demandistus; mas Gregorio de Mattos era sem- Dos olhos baios
pre o mesmo; som haver perdido suas nativas Que versos raios
originolidades, ataviava suas excellentes ÃNunca ferem
qualida- senSo em cousas altas.
tles com as mais risivois extravagâncias e ridicu-
Ias satyras; sua esposa, —e sua esposa tambem I—¦
Mas a fachada
não escapou a seu gênio satyrico e tomando a Da sobrancelha
resolução do abandonal-o, se foi refugiar em
Su me assemelha
casa do seu tio, que lhe veio pedir q_ue a fosse A huma negra vassoura esparramada.
LITTERATURA. 45
Tão temerário
He o tal nariz
Que por bum triz
Nao licou cantareira de hum armário.
Ao pé da altura
Do nazo outeiro
Tem o sendeiro
O que boca nasceu he rasgadura.
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46 LITTERATURA.
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LITTERATURA. 41
Eis a magrém ao lado da dieta!...
Então desesperado alHictos olhos rRAOMENTOS
Alongaràs pelos immensos plainos,
Oue além alcance em derredor estendem na in m roeu* imiii i ,,..
Mórbidos vagalhocs ahaulodos!...
Nem hum ai solturas frio de medo IVU UlitlCÃO UU <|t l>TO miM.lllf).
Oue a morte, que esvoaça entre vapores,
Oue fétidos so elevam , mais depressa
Nao dissedente as garras em teu sangue. (11)
E quando muo divina em teu umparo
Desça, o 1'arranquo desses sorvedoiros.... CD S&VC1. BafVVaMa
Pinto inoia em deserto sem verdura , ( 12) Cuntiirliaio iiini gt-ntea: ot iii.linaiu siim
Sem água I.à 1'uguarda hum céo queimado, "¦.;»•'• (1'ai.lin. 45, v. va.;
Seccas aréas , áridas montanhas
Cobertas d'arcabouços, do rochedos Poiiulua qui ainliulnltiit in lineliria, vi.lit
lucein ii,.-iL-itiii ( Imiki-, cn|>. 20, v. ti.)
Partidos, do uracão mesquinhos restos,
'Indo
a vista se perde, o nao alcanço « Elle quo lez tremer na sua
»a natureza viva hum só vislumbre passogem
li nunca respira o viandantu 0 altar e os tronos, cm silencio dorme!
Dorme da eternidade na voragem
j]m fresca sombra, solidão perfeita, O século espantoso, o século enorme, (')
Que a dus florestas ainda mais medonha. 0 século de gloria , infâmia , horrores,
Mais trisle, do que a treva a luz renasce
Por mostrar-te a nudez entro os abysuios Quo ao som fallaz de theorius sublimes.
Desenfreou os instinclos de atros crimes,
Da iininensiilaile , quo se alarga em torno,
E anarchicos furores.
Oue te afasta da habitação dos vivos.
Ah I Dcbalde transpô-la intentarias
Arrependido!... Atiçam-se os brazeiros, « Morre a blasphemia nos impuros lábios
Urge a fome, urge a sede a cada instante , Do impio que o sanetuario ultraja insano:
Do desespero á morte hum passo resta,
A voz se extingue dos mentidos sábios,
Bem merecida pena d'auricidia... (13)
Corruptores do povo soberano;
Homem, o campo lá te estendo os braços
E outra voz jã solemno se levanta,
Te accena, seus thesouros te oflerece,
La rescendem os hálitos das flores, Quo do século findo o nome infama ,
E a alliança eterna da Realeza acclama,
Que as margens orlam da torrente límpida, Com a liberdade santa.
Onde so omeigam zephiros fagueiros,
Lü tudo he movimento, he vido tudo.
No campo aprenderás a ser sensível;
:tfelle amizade, e amor fundou seu templo. « Fecundo o novo século em portentos
Por tuas mãos seu seio fecundado Fará surgir ao seu potente cceno,
brotará dos prazeres entre os coros Vastíssimos estados opulentos.
^nramadas de messes a abundância. Em plaga immensa , fértil paiz ameno ,
Eis se ergue o quinto império soberano ,
Manoel Alves Branco.
Quo ha de na serie dar dc longas eras,
Qual dó o Empyreo às celicas espheras,
Leis ú terra e ao oceano.»
(U) Disjotlontar he usado na significação de mutur a «itio.
(18) Solum e.t, quod nratum noií ferrot fruotum ; at si Assim cantava a musa altiva e nobre
lodiatur, multoi
plures alit, quam si frumenti ferax ossot. Que sagra á humanidade votos e hymnos,
,,>13-„S.M\i. dB «queias, auri facra fame* d. Virgílio,
í-.ta Ode foi feita cm Coimbra om 1818.
Que ao afllicto consola , anima o pobre,
Ou celebra os magníficos destinos
Dos reis o das nações: ella execrava
Do extineto século os crimes, a demência;
E do novo os prodígios e a -tendt.nc.-v ._
Prophetica annunciava.
*¦ 5. _.
Sr'
(*) Bocage.
7»'
40 LITTERATURA.
loes das personagens da corte de Pedro I? Suas hum escriptor, que viveo muitos annos no meio
reflexões, seus reparos, sao de huma puerilida- de nos, e que por conseqüência nao podia ser
do corteza, que enjoa, •¦ que de nada servem tle todo impassível a respeito das occorrvncias po-
a inslrucção dos quu pretendem adquirir algum lilicas. Ma*, em geral , bem que alguns juízos
conhecimento do IIiimI. do Sr. Armitage possao ser contestados, cremos
Spix o Marcius, »• o príncipe Maximiliano, quo foi mais ou menos verídico o imparcial. Eli,
posto que muito estiniaveis pelo lado scientilico, pódu ser lido com proveito; a parte da historia,
todavia pelo âmbito a quo se circumscrevéram , de que se oecupa, he huma matéria , quo (oca
interessam quasi apenas aos naturalistas. As via- muito de perto a geração presente ; c ahi depara-
gens do _S llilaire, sao dignos de alto preço, se com a inslrucção preciosa do muitos factos,
por mais de hum titulo; e sua imparcialidade , que jã bojo parecem estar esquecidos.
espirito indogador, e amor da escrupulosa exac- Itesto-nos a tratar da obra, que acaba do pu-
tiuflo, constituem sua obra muito acima de bio ,11 o Sr. J. I. du Abreu o Lima , e a que elle
qualquer outra das que neste gênero possuímos. deu o titulo de — Compêndio de historia ao Bra-
Mas infelizmente os viagens deste illustre sábio sil. — He huma produeção , que , so não ofTerece
nuo foram ainda todas publicadas; e quando o o interesse que lhe poderiaõ dar indagações ori-
sejam, o seu quadro só abrange a
parte
das ginaes ou vistas novas, apresenta todavia outra
províncias do Norte que percorreu , omittindo o espécie do méritos, que a critica deve assignalar.
conhecimento das do Norte, c do grande porção Esta obra que no estreito limite do dous volu-
das mesmas por onde passara. Por esta ocea- mes abrange a historia toda deste paiz desde o
siao não podemos deixar do coiiiinemorar a obra seu descobrimento até á maioridade do Sr. D.
do Sr. visconde dc S. Leopoldo—Us Annaes da Pedro 11 em 18.0, não he em grande parte se-
Provincia do fíio Grande do Sul — obra im- nao huma compilação bem feita o coordenada , do
e conscienciosa, como todos os Iraba- que o seu autor encontrou de melhor nos difle-
Íiortanto
lios litterarios desle douto e laborioso escriptor. rentes escriptores, que o precederão. « O me-
A mais interessante obra sobro a descripção rito de minha obra , ( diz elle ) su pôde. ter ai-
do nosso império, era a corographia do padre IMS, consiste na recopilação dc grande numero
Ayres, que já mencionamos, alias tao pouco de factos espalhados por muitos escriptos em dif-
estimada quando veio à luz da imprensa , c de ferentes épochas, vindo a ser o primeiro com-
que foi preciso que os estrangeiros nos trouxes- pendio da historia do Brasil, senão tão oxacto
sem noticia em seus escriptos para quo a apre- quanto podia sél-o, ao menos o mais rico cm
ciássemos. No entanto , o padre Ayres acabou documentos preciosos. » Exceptua-se porém o ul-
seus dias cm Portugal, consumido dc annos c limo capitulo do livro, em que o autor reluta
do fadigas; huma segunda edição que prepa- os acontecimentos de quo foi testemunha oceular,
rava de sua obra, nunca npparcceu; c provável- e quo foniprchclidem o período de dez annos de-
monte por falta do zelo do nossa parto os ori- corridos entro a abdicação de Pedro I, e a pro-
ginaes so perderam, ou so hão dc perder. Fora clamoção da maioridade de seu suecessor. A pro-
mister avivar as diligencias, so ho quo ulgu- funda imparcialidade, com que sao encarados os
mas se tem feito , para quo por conta do nosso suecessos desso decennio tempestuoso, imparcia-
governo sejam comprados aquellcs preciosos ma- lidado quo seria rara cm hum contemporâneo
nuscriptos. qualquer, c muito mais cm hum homem que
A historia do Brazil, publicada ha quatro náo foi espectador passivo de alguns delles, faz
annos om Paris, pelo Sr. Dr. Constancio , ho do certo bastante honra ao caracter do Sr. Abreu
huma compilação cheia do inoxactidões, o mes- c Lima. Abi distingue-se hum espirito conscien-
mo do erros grossoiros, jã quanto á gcographia cioso , quo dirigido unicamente pelo amor da ver-
deste paiz, já quanto aos factos o acontccimcn- dado, prescindo de todas as considerações, quo
tos , que são ahi registados sem critica. A bis- poderiaõ por ventura alterar a fidelidade histórica ,
toria do Sr. Armitage, quo toma por ponto de que elle se propoz observar cscrupulosamente.
partida, a chegada da família Real ao Brasil, Como compêndio do historia, este trabalho he,
épocha , cm que para a historia de Southcy, se em nosso conceito, o mais útil que ha sido pu-
termina cm 1831. Alguém faltando do juizo dos blicado sobre esto objecto, e está isento das ar-
estrangeiros sobre os acontecimentos contempora- guições , que attrahiria sobre si, se outro fosse o
neos de outras nações, comparou-os a huma es- ponto de vista , em que elle devesse ser encarado.
pecio de posteridade, porque não sendo adores Huma historia geral e completa do Brasil resta
nem partes interessadas n'esscs acontecimentos, a compor; e se até aqui nem nos era permit-
não podem ser aceusados de parcialidade. Não tido a esperança de que tão cedo fosse satis-
sabemos uté que ponto será verdadeira a com- feito este desideratum, hoje assim não acon-
parqção, e muito menos, quando se trata de tece, depois da fundação do Instituto Histórico,
r-;7 ¦'-'.
tJr» I .
LITTERATURA. 53
cujas importantíssimas, pcsquizas no nosso pos* contrafeitas pelos Belgas, o por preços muito
•sado deixam i--p.-i.ir, que euta illustre corpura- baixos. Temos quo alguns exemplos destes pode-
çao se dii à tarefa du escrever a historia uacio- ii.io ser imitados no Brasil. Nós sabemos quo «i
uai, resultado final, para que devem convergir imprensa periódica nao se presta a ctus imortal
todos seus trabalhos. /'. o que a imprensa brasileira tem sido quaii nem-
pre periódico. Nno lhe estranharemos c*,ta queda
natural quo a força dos cousas lhe faz tumar.
Entretanto, seja-nos licito dizer, que se o im-
p.tuvtNO niiA*ii.i.iKO, prensa não periódica ( ou periódica, mas lilteraria
u scientilica), tivesse sido mais activa; a ui.ltiu-
OU S.I.-i-.-iii do Pourlia. ilu* melhore. 1'm-tntl IIiíim- çao publica teria ganhado muito.
leiroa. ili-il.- o il.-.nl.i niiuiiii .l.i llrn-.il, precedida E-tus reflexões nos foram suggcridas por ocea-
ile Imitia Intri-tltirçSo l.iritorii-a o biogrnpliicn nobre siuo da leitura do Parnaso Brasileiro, obra quu
a l.iii.-i.itniii Brasileira |Hir J. M. 1*. da Silva. I.iu cana folgamos do ver por isso quo vulgarisa as copias
de Eil. e II. nr. Laeinmert. de muitas das bellas producções de poetas nacio-
naes, algumas das quaes sao escassos, ou adul-
2 vn hum que as necessidades litterarias so terad.is em manuscriptos o conluiadas em raros
é\*\\ multiplicam , o commercio de livros se torna exemplares. Meritoria por este lado, a obra do
<T__!9!-inais activo. O gosto da leitura tem feito quo tratamos, tem o defeito de nao satisfazer em
progressos incontestáveis em todo o império, o tudo aos desejos dos curiosos. Estranha-se nella
mui principalmente nesta corte o província. A a falta du muitas composições tao primorosas como
Bélgica , a França e Portugal, mandam huma as escolhidas ; de maneira que ella pecca pelo dc-
considerável porção de livros, que acham extrac- feito opposto áqucllc que so notou nos cadernos
çao, apezar da exorbitância de seus preços. O que com titulo idêntico publicara o Sr. Conego
mesmo acontece i-.iin as obras impressas no paiz, Januário. Nestes ligurão certos versos menos quo
que ainda são mais caras. Algumas edições tem medíocres que nao devião entrar n'bum«i obra se-
sabido dos prelos brasileiros, e, geralmen- melhonte : naquella em vao se buscao certas pe-
tu filiando, de livros úteis. Sem demorar-nos ças do mérito subido , o que devem ter lugar
om trator dellas, faremos algumas observações nliuina selecçao perfeita. Das traducçoes dos psal-
que nao sao alheias do objecto deste pequeno mos, podião extrahir mais algumas : nas poesias
artigo. originaes do padre Caldas, porque omittirao a
A livraria de hum paiz illustrado devo pro- magnífica ode—0'Sinai , ó montanha, c outras'.'
curar os meios do satisfazer a exigência de bons Os apaixonados de Gonzaga ( c neste numero cs-
livros, desejados pelos amadores da san c ame- tomos ) lambem se queixuo du exclusão du algu-
na instrucção , e isto pelo preço mais módico, mas satyras feiliceiras.
embora ganho muito pouco: a desvantagem do A introducção histórica c biogrophica que vem
momento vem a ser compensada com o tempo. á frente tia obra, ho devida ao Sr. Dr. Peroi-
Cumpre pois descobrir os meios do imprimir e ra da Silva. Sentimos não ter espaço suílicion-
vender livros recreativos o moraes, por preço to para discutir alguns dos pontos, em que o au-
commodo. So tal acontecesse com as traduecóes tor nos não parece estar ao abrigo da critica.
do illustre litterato J. C. de Deus e Silva, Fazendo justiça á elegância do seu estylo, c ao
cilas estariam mais vulgarisadas, o esse prestan- enthusiasmo com que falia dos poetas, oradores
te cidadão não teria feito sacrifícios que talvez o historiadores brasileiros, somos obrigados a
lhe dilTicultcm o continuar nos seus utilissimos transcrever huma opinião tal como a que o Sr.
trabalhos. Dr. Pereira da Silva adopta sobre a natureza
A barateza relativa he huma das causas da da litteratura brasileira. Ello a considera sim,
maior extracçflo que tem as immoraos e estupi- como «copia, imitação da portugueza quo jà o
das producções — Vida de Faublas, Cilador, era francoza » mas accresccnta: « rcconhccc-se
Compadre Matheus —, c outras que, por mui- porem, atravez de seu prisma , a sua nacivna-
to espalhadas, chegam à mão da mãi de fami- lidade, a sua origem nova e sagrada». Esta
lias, da donzclla, do joven quo principia os seus opinião ho summamonto favorável à aquella
quo
estudos, etc. , e que tanto pervertem a razão, emittimos no nosso artigo do numero 1." du
a imaginação e o sentimento desses leitores. Minerva.
A imprensa belga parecia habilitada para dar Formulada como se acha, parece própria a
os livros francezes por hum
preço muito infe- conciliar as opiniões oppostas sobro este assump-
rior ao de Paris. Entretanto Charpentier
publi- to , e tem hum certo caracter de demi-vérite
cou a sua bibliotheca e mostrou
que podia dar que não satisfaz a todos os espíritos. Entretan-
edições mais correctos e em tudo
preferíveis ás to , nós temos hum vivo' prazer, considerando
m
54 LITTERATURA.
que nao be e primeira vez que o Sr. Dr. Po- quo desappareccram da terra, ha dous ou trea mil
reira da Silva faliu da nacionalidade da littera- annos.
lura brasileira, e esperamos quu esto ponto se- Confirmada se acha nossa opinião pela lui-
ju incontroverso muilo em breve, para todos tura da novolla, cujo titulo damos no principio
aquelles que nuo quizerom negir a verdade co- deste pequeno artigo; as relações mais intimas
nbecida por tal. entro parentes, noiva e noivo, amos e crea-
SM., .V R. dos, estao reveladas com singela ingenuidade ;
somos testemunhas do scenas domesticas pintadas
por mio de mestre, e encontramos situações
dignas do hum Victor Hugo e Alexandre Dumas,
KXTTBRATURA CHINEZA. seja pelu horror que nos inspiram ou pelo fogo com
quo so manifestam as paixões, essas paixões quo
Wang-Keat.ii-Lwaii-Pili-Nceu-C.iaiig-Ilari, isto ho i o nem o fastidioso ceremonial chinez pode apagar.
pranto inconaolavul tta lunliora Kenuii-Lwnn-Wuiig. Os limitei deste artigo nao nos permittem
Novella cliinoza, coni|.oaia por Nun-i-ltoiig. 11. im- dar longos extractos da novella. Ella he tirada
'riiiiin
im-»» rm Camon ( IKi-i) |„,i Itulii-ii , o or. do 11." volume de buma collecçao de novellas
itítilii com lithograpbiaii executada* -mi Imui chitiez. publicada cm Pe-kio , sob o titulo do Kin-Koo-
Kee-Kwan, isto be: observações notáveis dos
ê
LITTERATURA. 55
a pio a todos os traidores iguaes a ti. a Ape- primeira classe até o proletário, todos estão su-
nas proferida o sentença rahirain sobre ling- geilos ao bambu.
Chang o» ali-ii/r-., ¦ MB pouco» momento* tor- Na ultima pagina da obra acha-se , cm ver-
i.ou-»e o corpo do k-llo munc-ebo em massa dif- soa, a seguinte moralidade : Leitor! porque
formo e hedionda, expirando o criminoso de- ambicionar riqueza e belleza , cuja possessoo nau
baixo dos mais horríveis lormcittot. se pode obter sem crime'.' l.luo proveito resul-
Assim acaba a novclla. Agora perguntamos so tara de huma má orçao. A lei divina diz: os
seu enredo he menos bem inveiitndo do que o es|Hisos que foram casados por hum dia o serão
de numerosas novella* do* mais afamados auto- por toda a vida. Quo felicidade pode esperai
ns francezes ou ingleie* I Nem íolH»'» mortes , quem engano o coração terno enimiamente con-
seducçoes, desgraças, maldiçõc*, adultérios etc liado de huma innocente donzella ? So acaso estais
sem os quaes hoje em dia nenhuma nou-llu pode |iersuadido que nenhum castigo espera ao falso
esperar uppluuso. .Mos, pelo menos, o crime he e cruel unianle: então lede a presente historia de
bum suecesso oceurtido em nossos dias.
punido, |Histoque do huma maneira pouco ro-
maiilica , muito conforme porem ao sistema go-
\emotivo da China, «nde desde o mandarim da T. I.
BELLAS ARTES. 57
Codéral com algum enthusiasmo fez o papel da i i.ti..i.i. Também ho com pona
que vemos , tal-
actriz Brillunt; com gosto mostrou-se o Sr. Piei vez para so satisfazer na sombra pequenos inte-
no do duque de l.ionne , e de modo sntisfucto- M-.-.I"., que deixem retirar-se da scena do S.
rio o Sr. Pr.it no do barão de Camurgo. Januário mademoiselle Favriclnm. Merece esta
Principiou-se com o lludj I d'un jeune ména- senhora , pelo quu respeita .1 dicção , a eousa a
qs, pequena composição cheia de nuturalidade mais essencial nus circumstancias em que so acha
o de aiinplicidade. O* principaes uctoros que o theatro francez , os maiores elogios. Muitos
nulla entraram sao os Srs. Ilemortain , Adrien, Fluminenses falho puramente o francez, a elles
e inadaiuoisullo Caroline, que , supposto o pu- nos dirigimos, que digflo so entre elles alguns
blico que gosta de farças e melodramas ficasse frio , n.iii ha que o devem uo theatro de S. Januário .
desempenharam os seus papeis com in*elligencia. Iftuoramos pois o intento da direcção
quando
Por haver repentinamente adoecido huma da- quer conlractar novas pessoas sem as conhecer;
ma da companhia foi alterada a representação tpiando lambem nos apresenta crianças quo nm.
do dia V , u deu-se para substituir outru peça , a sabem fallar, e quo deixa retirar-se pessoas como
... .ilu.,- Dame, drama de mui pouco mereci- mademoiselle Favrichon, de quem se recordam
mento, quu o publico já varias vezes tinha visto, todos os Brasileiros; mademoiselle Favrichott
e em que pouco brilhou madamo Armund. Deu- quu salvou o Iheatro do huma queda infuilivet
se mais Ia Petite prisonniére monólogo que, para nhuin momento de crise , nos dias da dissenção.
tomar-se interessante, deve ser muito bem re- Pelo talento , nao está ella abaixo de muitas dessas
presentado, e mademoiselle Marcilla o recitou senhoras que se lisongeuo, e por prova pedimos
M-in pico nem sabor. Terminou-so o espectaculo qm- su recordem du huma peçu quu acaba de ser
ooin muita frieza; a Dot dAuvergne, bem que representada, Louise uu Ia reparation ; pelo lado
melhor desempenhada que as duas primeiras pe- da belleza , pouca graça (criamos em nao dizer
ças, nao deixou todavia boas impressões, e so- que be huma das mais interessantes actrizes; ugora,
bretudo os actores não so esmeraram em pro- pelo que respeita á causa pela qual advogamos,
nuuciar convenientemente : rogamos a estes Se- a pronunciaçuo, he impossível o nao dizer que ella
uliores que observem muito a pronunciaçuo. (em huma das mais puras no theatro. aMadcmoisclle.
Pois quu falíamos de pronunciaçuo , quo se Favrichon nao pronuncia como alguma dessas se-
nos permitia huma ligeira digressão. nhoras ( nao citamos ninguém ) , nuo diz tspirer
Hum theatro estrangeiro, hum theatro francez em vez du ekspirê ( expirei-) ; mezòn cm vez de
na capital do Brasil , hum theatro cm que se mèzòn ( maison ) ; meyèur em vez do melhtur
falia a lingua diplomática , a principal lingua com- (mcillcur). etc, etc. ; isto vai ao infinito.
mcrcial, quasi agora a lingua dos sábios , e cer- Desejamos pois, por interesso do theatro ,
lamente a lingua dos salões na mór parte dos visto que as pessoas du quem depende a sua
povos da Europa c America , hum theatro fran- existência sao instruídas, capazes de julgar , <•
cez , dizemos, nestas circumstancias, deve servir do obram no interesse da nação brasileira, que
eschola de pronuncioção. Os que dirigem senie- procurem actores habilitados o úteis para o pro-
ibanle empreza , membro do conselho (comitê) , gresso do que falíamos; persuadindo-se bem so-
accionistas o director-agente , de nada devem des- bretudo de que o theatro de S. Januário he
cuidar-se para ser ella proveitosa á nação que a mais freqüentado pelos estrangeiros do que por
sustenta ; devem também satisfazer , quanto possi- seus próprios compatriotas.
vel soja, pelo que diz respeito á utilidade , as pes- Porém voltemos ao nosso assumpto.
soas do quem depende o sou futuro, sua exis- Louise ou Ia reparation, ho huma peça de-
lencia presente até. conto como o são as pecos modernas, cheia de
Em todas as cidades capitães das nações civi- situações tocantes o lhanas, Foi bem represen-
lisadas o theatro he o centro , o foco da pro- tada, sobretudo no segundo acto, em quo se
nunciaçuo
pura; o quantos artistas, por isso distinguiram M. Dcmortain o mademoiselle Non-
mesmo, não tiveram suecesso senão por huma garet; talvez poderia desejar-se da parte dessa
boa dicção! Mademoiselle Mars nunca teve o en- senhora hum pouco mais dessa singeleza que se
thusiasmo , o calor, a alma de Rachel, pérolas exprime com hum simples movimento, hum
ambas do Theatro Francez de Paris;
porém ma- olhar , huma attitude; dessa graça de moça
demoisellc Mars tinha a pronunciaçuo a mais pura, cândida , que de alguma sorte era mister neste
elegante, branda o cheia de harmonia; e a isso
papel, e que assenta em todas os mulheres.
principalmente deve os seus primeiros e princi- Os coros, dizem alguns, não foram cantados;
pães triumphos. He pois com pezar que vimos porém berrados.
retirar-se o Sr. Guénèe do Iheatro; era entre A Marquise de Prétintaille, he, debaixo do
os homens que compõem a companhia dramática
ponto de vista dramático, numa ruim e gros-
francoza hum dos seira peça; madame Codérat, que foi encarre-
que tinha huma boa pronun-
*
.--..-,
58 BELL AS ARTES»
VA1.I
^«•<«k^2>*3<£^x»^>.^
<§p onos
)puro
sabem que o sulfato do quinina
he hum dos poderosos recursos da
sos, o estralam entre os dentes; 2.°
porque tra-
tados pelo ácido sulfurico tornam-se de huma
medicina cm certos casos; cumpro pois bella côr vermelha , entretanto
que o sulfato
nao ignorar quo nem sempro se acha cm estado de quinina cristalisa em agulhas
que imitam o
•le pureza , quaes são as substancias que do or- fio da seda , e tratado pelo ácido sulfurico dis-
dinario o falsificam, e os moios de reconhecer solve-se sem apresentar cor.
a falsificação. Tres são as matérias empregadas Para achar a terceira substancia , dissolve-se o
etn tal alteração: 1.°, sulfato de cal, 2.°, sa- sulfato de quinina cm água distillada, ajun-
lissina, 3.°, o principio cristalisavel do Naná. tando pequena porção de ácido sulfurico para
VARIEDADES. 59
brilhante como o ouro , o resto do corpo be da o Psalmo 91, onde se dii que: « O ju*to do-
rór d i purpura , a excopçao da cauda quo hc va- recera como a Phenix. u
riada da azul e de cor de rota. » Na verídica historia de Orlo* Magao e dos
O venerando pai da historia , Utroduio , he o doze pares du França, que anda ahi por ai mios
mai* antigo autor que trotou da Plu-iux , e ape- de todos, entre a aluviao de cutiladai e lança-
zar du que tem reputação de crédulo, nao fui das, dadas e recebidas por mil mudos dill. ren-
tao expresso a respeito deste notável pássaro, tes, vem também a oppariçuo da Phenix aquelle
o dii: a Existe hum pássaro sagrado que < ha- imperador, acompanhada do hunu descnpçuo
» -mim Phenix que t-u nunca vi senão pintado , circunstanciada du animal raro.
porque raramente vem ao Fgyplo, Ü* Heliopoli- Finalmente o mundo lilterario vio em o teculo
Uno» dizem que esta viagem se faz de íiOO em passado , huma grossa collecçio do mais restil-
500 annos, quando o pai lhe morre. Se as pin- ludo gongorismo , aue trouxe por nome Phtnix
lur.i» que lenho visto sao fieis parece-se no ta- renascida , c quo loi seguida do seu caudatario.
nuiili'1 c feitio com a águia, e a sua plumu- o Pinto renascido.
gem hu enfeitada e pintada de vermelho. A este Quanto á maneira de verificar a existência du
respeito (continua Uerodolo) contam cousas pou- tao maravilhoso ente, só nos lembra huma e he,
co verosimeis, c dizem que quando o pai lhe guardar hum exemplar du Phenix renascida , ate
morre foz hum lumulo dc substancias aromaticas o século tt.1, o queimai-o então com todas as
onde o encerra para o vir depositar no templo ceremonias, para ver se novamente renasce. Pelo
'
do sol. ( ) que toca oo pinto , como he natural que lenha
Pomponio Mello , Seneca, e outros autores , menor período, bom será queimar hum cada
li/i-i.itii mt-nsuo da Phcnix , e Claudiono em hum anno , ou mesmo cada mei, para desengano doi
poema , de que esta uve he o heróo , não só lhe incrédulos. II
gabo a formosura , como a devoção com que
esta ..ie antes de se queimar , recommcnda a
sua alma a Deos e ao sol, a que este certa-
mente corresponde enviando-lhe hum raio, que
abrazando a fogueira dá lugar á meatmorphose. \ n listai, he o 111.tu solido ruiitli.nuiiiu da proape-
A existência do ove Phenix e circumstancias do rttliitl.- doa IMitdo..
aua vida , nAo suo só allirni.id.is pelos aulhores
Artigo traduzido do I*. Neuvillc , por J. tia (.'• ikirlio/a
profanos, mo* também por grande numero de Pa-
dres du Igreja nao foi desdenhada a historia da
Phenix, tolvez por comparação. Fntre outros S. razão nos propõem idéas de ordem ,
Clemente Romano, escreveu o seguinte: « Fxiste J3v\
_t\ de justiça , de fidelidade, e de amor do
na Arábia huma aia , única no seu gênero, vive -*j*^ bem
publico; mas quando emprehendc
cem annos, o quando so sente para morrer for- erigir estas idôas cm deveres, preceitos, c leis
ma hum ninho do mvrrlia , incenso, e outros que obriguem o homem , se nos nao mostra
aromalicos, encerra-sc dentro e morre. Das car- nem legislador que deva receber nossas home-
nes consumidas nasce hum verme, que vai crês- nagens, nem recompensas para a virtude
prefe-
rendo c cobrindo-se do sua plumagem, e logo rida á felicidade, nem vingança á felicidade
que se acha formada, a nova Phenix , transporta comprada a custo da virtude, então a mesma
o túmulo c restos do pai, e vai dcposital-os no razão como que se elevo contra si, porquo oju-
templo do sol em Heliopolis , á vista do todos da a destruir o edilicio que quer estabelecer:
os habitantes, etc. » e muitas vezes aquelle que nestas circumstancias
lambem he positivo S. Cyrillo de Jerusalém , ataca a razão, parece tao razoável como aquel-
que diz: ¦ Fsta ave maravilhosa volta de SOO cm Io que a defende. Que faz pois a Religião? li-
SOO annos ao Fgypto por provar a ressurreição ; rando o véo que nos oeculta os mysterios do
n note-se, que nao bo cm hum deserto igno- nosso ser e da nossa dependência, abre-nos a
rado que ella vai depositar os rostos do seu pai, fonte donde decorrem os deveres e as leis da
mas cm huma cidade famosa e bem povoada , sociedade; faz-nos ouvir, na voz tia razão a
afim do que toquem com as mãos aquelles que linguagem de Deus supremo, que cm caracteres
nuo quizerem crer. » indeléveis gravou sua vontade no mais intimo
Finalmente, para nada faltar ós provas da da nossa alma: não he pois mais huma razdo
existência da Phenix , procura-se escorul-a com unicamente minha , e sim huma razão
que mar-
cada com o sello do Deus, de he inter-
que
(' ) 1'lularco deita a barra adiante, dizondo, epn oa está no interior de mim mesmo com
miolo» da avo Phenix eão bum cxcellento manjar: he pon"
preto,
hum titulo dc superioridade,
que lhe submetto
qne icjn t.40 raro! as minhas inclinações e os meus desejos. Não
VARIEDADES. Cl
ção dn Dr. I! .ti.- , tao versado nas riquezus na- jornalistas, a exccpçfto du hum ou dous. De sos-
turae* e antigüidades du índia, estabelecendo senla e Ires, , que tiveram a honra du presidir
a identidade entre o minha tlus (iri-go* o o .'iqitflli assembléa 1«» foram guilhotinados , Ires
nakbi dos Indios. E>tos düu* pulavres, tradu/i- su in.,!..i.nu . oito foram depuitados, seis con-
das por cravo odorifero, exprimem huma subs- dumnodos a prisão perpetua , quatro enloquecu-
tuntia, aue cnlrurii na composição dus perfumes. ran s morrei am SSS Bicetre, vinte e dous foram
A socedodu de estatística, segundo as tabcl- pontos fora du lei, o dous somentu escaparam o
Ias fornecidas aiinualnienlu pelo rcgiilo geral , qualquer espécie de condemnoçao.
oecupou-sc do censo dos habilantes du Ingla-
turra. Novos documentos fórum uddicioitues do
quadro realmente prodigioso du progresso da po- Proielytismo dos protestantes— Os iirotcitanti-»
pulaçuo ingleiu desde ,0 annos, apezur du im- inglesei gabam-se de terem ustohclccido para a
mensidade de emigrantes inglezcs. que dirijem- propagação de sua religiuo huma typographia cm
se todos annos aos Estados-1'nidos, u ás colo- Macio, na Chino, oulra cm Singapona , na pe-
lua- britannicos. ninsula de Mulata; huma fundição de tipos na
A rccapituluçao seguinte mostra quanta a po- ilha de Javu , huma typogrtipbio em l.atnkok no
pularão adquiru cada huma progressuo ascen- nino du Siao , outra coiisider»tel o huma fun-
dente, comparativamente á França, paiz um que dirão de tipos no paiz dos Uirmans, outras em
a emigração he quasi nulla. l.odiano ( Índia septentrional ) , Madras, Bom-
IkiÍiii , ilhas du Samlwicb , na África tio sul, Cabo
Atijjmento ,ior cento. dus Palmas Baimlli (Sina), Ooroemialh (Pérsia ).
Inglaterra t piil tle Galloa. França. Inu. Fiiasça.
1-ü — 8,873,91*0 . • . 37,319,003 35. GO 11. 38
1891 — 11,978,875 . . . 30,461,875 16.01 6. 3'J Força do vapor emprrqado em Birmingham —
1831 — 13,B97,ln7 . . . SS.SSB.SSS 11. SS 4. 'Jl Esta forço In- de IS,4l| luvullos. ii uuini-io dus
1811 —15,1111,725 . . . S4.IS4.a7S maquinas locomotiva*- be de ii11.
(«.fine Britannique.)