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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Obs.: Com julgados anteriores ao CPC/2015

Atualizado em 22/09/2018: novos julgados + questões de concurso

Pontos atualizados: Item 2 (Info 908);

1. PRINCÍPIOS
1.1. A necessidade de prévio requerimento administrativo para ingressar com
ação previdenciária não viola o princípio da inafastabilidade da jurisdição – (Info
756)

O STF decidiu que, em regra, o segurado/dependente somente pode propor a ação


pleiteando a concessão do benefício previdenciário se anteriormente formulou
requerimento administrativo junto ao INSS e este foi negado.

Para que proponha a ação pleiteando a concessão do benefício previdenciário, é


preciso que, antes, tenha ocorrido uma das três situações abaixo:

1) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas este foi negado


pelo INSS (total ou parcialmente);

2) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas o INSS não deu


uma decisão em um prazo máximo de 45 dias;

3) O interessado não requereu administrativamente o benefício, mas é notório


que, sobre esse tema, o INSS tem posição contrária ao pedido feito pelo segurado.

STF. Plenário. RE 631240/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 27/8/14 (repercussão


geral) (Info 756).

2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
2.1. Execução de honorários sucumbenciais e fracionamento em litisconsórcio –
(Info 908)

Imagine que 30 pessoas, em litisconsórcio ativo facultativo, propuseram uma ação


ordinária contra determinada autarquia estadual. Desse modo, 30 pessoas que
poderiam litigar individualmente contra a ré, decidiram se unir e contratar um só
advogado para propor a ação conjuntamente. A ação foi julgada procedente,
condenando a entidade a pagar "XX" reais ao grupo de 30 pessoas. Na mesma
sentença, a autarquia foi condenada a pagar R$ 600 mil reais de honorários
advocatícios sucumbenciais ao advogado dos autores que trabalhou no processo.
O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários advocatícios, terá que
executar o valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a
fração que cabia a cada um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele
poderá ingressar com 30 execuções cobrando R$ 20 mil em cada)?

➢ É válido o fracionamento dos honorários advocatícios em litisconsórcio


simples facultativo, por se tratar de cumulação de ações com o mesmo
pedido. Posição da 1ª Turma do STF.
➢ Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em
litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda
Pública por frustrar o regime do precatório. Corrente adotada na 2ª Turma
do STF.
STF. 1ª Turma. RE 913536/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, j. 24/6/2018 (Info 908).

STF. 2ª Turma. RE 949383 AgR/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 17/5/16 (Info 826).

OBS: O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários advocatícios, terá que
executar o valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a
fração que cabia a cada um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele
poderá ingressar com 30 execuções cobrando R$ 20 mil em cada)? O STF está
dividido sobre o tema:

1ª Turma: SIM 2ª Turma: NÃO

É válido o fracionamento dos Não é possível fracionar o crédito de


honorários advocatícios em honorários advocatícios em
litisconsórcio simples facultativo, por litisconsórcio ativo facultativo
se tratar de cumulação de ações com o simples em execução contra a Fazenda
mesmo pedido. Pública por frustrar o regime do
precatório.
STF. 1ª Turma. RE 913536/RS, Rel. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. STF. 2ª Turma. RE 949383 AgR/RS,
Roberto Barroso, julgado em Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
24/6/2018(Info 908). 17/5/2016 (Info 826).

STF. 2 Turma. RE 1052394. Red. Desig.


Min. Dias Toffoli. DJE 09/03/2018.
Dessa forma, o advogado poderá
ingressar com 30 execuções cobrando
R$ 20 mil em cada. Isso, para ele, será
A 2ª Turma do STF afirmou que, na
mais vantajoso no caso concreto
situação dos autos, a parte recorrente
porque, se ele cobrasse o valor total,
pretendia promover a execução dos
teria que entrar na fila dos precatórios
honorários advocatícios, não apenas de
(art. 100, caput, da CF/88). Como o
forma autônoma do débito principal,
valor de cada crédito agora é de R$ 20
mil, ele poderá receber a quantia por mas também de forma fracionada,
requisição de pequeno valor (art. 100, § levando-se em conta o número de
3º, da CF/88), de modo muito mais litisconsortes ativos. No entanto, como
rápido. a verba honorária pertence a um
mesmo titular, seu pagamento de
forma fracionada, por requisição de
A 1ª Turma afirmou que o sistema pequeno valor (RPV), encontra óbice
processual possibilita a concentração no art. 100, § 8º, da CF/88.
das demandas por meio de ações
conjuntas como uma forma de se buscar
a eficiência da jurisdição. Logo, seria Em acréscimo, o Ministro Teori
totalmente contraproducente Zavascki afirmou que a existência de
(prejudicial) exigir que a execução litisconsórcio facultativo não pode ser
dessas demandas ficasse vinculada ao utilizada para justificar a legitimidade
todo, proibindo a execução facultativa e do fracionamento da execução dos
individualizada das partes substituídas honorários advocatícios sucumbencias
no processo original. Isso levaria ao se a condenação à verba honorária no
enfraquecimento do movimento de título executivo for global, ou seja, se
coletivização das demandas de massa e buscar remunerar o trabalho em
provavelmente geraria proliferação de conjunto prestado aos litisconsortes.
processos, pois nada impediria que os
advogados fracionassem os
litisconsórcios facultativos para depois O fato de o valor da condenação
executarem os honorários de forma previsto no título executivo judicial
proporcional ao valor principal de cada (sentença) abranger, na realidade,
cliente. diversos créditos, de titularidade de
diferentes litisconsortes, não tem o
condão de transformar a verba
Inviabilizar o recebimento proporcional honorária em múltiplos créditos
e individualizado de honorários devidos a um mesmo advogado, de
advocatícios em litisconsórcio simples modo a justificar sua execução de
facultativo afeta a racionalização do forma fracionada.
sistema judicial, uma vez que haverá,
inevitavelmente, a proliferação de
demandas individuais, medida que se Em outras palavras, o fato de terem
encontra na contramão da tendência de sido vários autores e de cada um deles
eficiência na prestação jurisdicional. ter direito a uma parte na condenação
não faz com que o valor dos
honorários também possa ser dividido.
*STJ 1ª Turma. AgInt-AgInt-EDcl-REsp Isso porque o titular do crédito de
1.661.189. Relª Minª Regina Helena honorários é um só. Além disso, os
Costa; Julg. 14/08/2018. honorários advocatícios gozam de
autonomia em relação ao crédito
principal, e com ele não se confunde.
2.2. Execução de honorários sucumbenciais e fracionamento – (Info 884)

Imagine que 30 pessoas, em litisconsórcio ativo facultativo, propuseram uma ação


ordinária contra determinada autarquia estadual. Desse modo, 30 pessoas que
poderiam litigar individualmente contra a ré decidiram se unir e contratar um só
advogado para propor a ação conjuntamente. A ação foi julgada procedente,
condenando a entidade a pagar "XX" reais ao grupo de 30 pessoas. Na mesma
sentença, a autarquia foi condenada a pagar R$ 600 mil reais de honorários
advocatícios sucumbenciais ao advogado dos autores que trabalhou no processo.
O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários advocatícios, terá que
executar o valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a
fração que cabia a cada um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele
poderá ingressar com 30 execuções cobrando R$ 20 mil em cada)?

➢ SIM. É legítima a execução de honorários sucumbenciais proporcional à


respectiva fração de cada um dos substituídos processuais em "ação
coletiva" contra a Fazenda Pública (STF. 1ª Turma. RE 919269 AgR/RS, RE
913544 AgR/RS e RE 913568 AgR/RS, Rel. Min. Edson Fachin, j. 15/12/15.
Info 812).
➢ NÃO. Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em
litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda
Pública por frustrar o regime do precatório (STF. 2ª Turma. RE 1038035
AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, j.
7/11/17. Info 884). É a corrente que prevalece.
STF. 2ª Turma. RE 1038035 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Dias Toffoli, j. 7/11/17 (Info 884).

2.3. Fixação de honorários recursais mesmo quando não há a apresentação de


contrarrazões ou contraminuta – (Info 865)

É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015,


mesmo quando não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado.

STF. Plenário. AO 2063 AgR/CE , rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Luiz Fux, j. 18/5/2017 (Info 865).

OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em
honorários advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM.
Agora, com o NCPC, em regra, existe condenação em honorários advocatícios para a
parte que interpôs recurso, mas sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art.
85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários
fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional
realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o
disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no
cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.

Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz
condenou João a pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não
se conformou e interpôs apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e
aumentado a condenação em honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.

Essa nova previsão tem dois objetivos principais:


1º) Remunerar o trabalho do advogado que terá que atuar
também na fase de recurso;
2º) Desestimular a interposição de recursos, considerando
que, agora, se eles forem improvidos, o recorrente terá que
pagar honorários advocatícios, o que não existia antes.

Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do NCPC tem dupla funcionalidade,
devendo atender à justa remuneração do patrono pelo
trabalho adicional na fase recursal e inibir recursos
provenientes de decisões condenatórias antecedentes. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 23/06/2016.

Se a parte recorrida não apresentar contrarrazões ao recurso, mesmo assim a parte


recorrente que perdeu terá que pagar honorários advocatícios recursais? Ex: João
recorreu contra a sentença; Pedro foi intimado, mas não apresentou contrarrazões
ao recurso; João terá que pagar honorários recursais mesmo não tendo havido
contrarrazões? SIM. A ausência de resposta ao recurso pela parte contrária não tem
o condão de afastar a aplicação do disposto no art. 85, §11, do CPC, eis que a medida
tem o claro intuito de desestimular a interposição de recursos procrastinatórios que
serão desprovidos, independentemente da apresentação de contrarrazões.

2.4. Não é possível fixar honorários recursais quando o processo originário não
preveja condenação em honorários – (Info 831) – IMPORTANTE!!!

Não cabe a fixação de honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/2015) em caso de
recurso interposto no curso de processo cujo rito exclua a possibilidade de
condenação em honorários. Em outras palavras, não é possível fixar honorários
recursais quando o processo originário não preveja condenação em honorários.

Assim, suponha que foi proposta uma ação que não admite fixação de honorários
advocatícios. Imagine que uma das partes, no bojo deste processo, interponha
recurso extraordinário. O STF, ao julgar este RE, não fixará honorários recursais,
considerando que o rito aplicável ao processo originário não comporta
condenação em honorários advocatícios.

Como exemplo desta situação, podemos citar o mandado de segurança, que não
admite condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº 12.016/2009,
súmula 105-STJ e súmula 512-STF). Logo, se for interposto um recurso
extraordinário neste processo, o Tribunal não fixará honorários recursais.

STF. 1ª Turma. ARE 948578 AgR/RS, ARE 951589 AgR/PR e ARE 952384 AgR/MS,
Rel. Min. Marco Aurélio, j. 21/6/16 (Info 831).

OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em
honorários advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM.
Agora, com o NCPC, em regra, existe condenação em honorários advocatícios para a
parte que interpôs recurso, mas sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art.
85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários
fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional
realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o
disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no
cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.

Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz
condenou João a pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não
se conformou e interpôs apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e
aumentado a condenação em honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.

Essa nova previsão tem dois objetivos principais:


1º) Remunerar o trabalho do advogado que terá que atuar
também na fase de recurso;
2º) Desestimular a interposição de recursos, considerando
que, agora, se eles forem improvidos, o recorrente terá que
pagar honorários advocatícios, o que não existia antes.

Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do NCPC tem dupla funcionalidade,
devendo atender à justa remuneração do patrono pelo
trabalho adicional na fase recursal e inibir recursos
provenientes de decisões condenatórias antecedentes. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 23/06/2016.
Alguns enunciados doutrinários a respeito dos honorários recursais:
Enunciado 241-FPPC: Os honorários de sucumbência
recursal serão somados aos honorários pela sucumbência em
primeiro grau, observados os limites legais.
Enunciado 242-FPPC: Os honorários de sucumbência
recursal são devidos em decisão unipessoal ou colegiada.
Enunciado 243-FPPC: No caso de provimento do recurso de
apelação, o tribunal redistribuirá os honorários fixados em
primeiro grau e arbitrará os honorários de sucumbência
recursal.
Enunciado 16-ENFAM: Não é possível majorar os
honorários na hipótese de interposição de recurso no mesmo
grau de jurisdição (art. 85, § 11, do CPC/2015).

Majorar honorários já fixados: O § 11 do art. 85 do NCPC fala que “o tribunal, ao


julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente”. Dessa forma, para
que haja condenação em honorários recursais é necessário que tenha havido
condenação anterior em honorários. Assim decidiu o STJ:
(...) Não cabe a majoração dos honorários advocatícios nos
termos do § 11 do art. 85 do CPC de 2015 quando o recurso é
oriundo de decisão interlocutória sem a prévia fixação de
honorários. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1507973/RS, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 19/05/2016.

2.5. Execução de honorários sucumbenciais e fracionamento – (Info 826) –


IMPORTANTE!!! ATUALIZE INFO 812!!

Imagine que 30 pessoas, em litisconsórcio ativo facultativo, propuseram uma ação


ordinária contra determinada autarquia estadual. Desse modo, 30 pessoas que
poderiam litigar individualmente contra a ré, decidiram se unir e contratar um só
advogado para propor a ação conjuntamente. A ação foi julgada procedente,
condenando a entidade a pagar "XX" reais ao grupo de 30 pessoas. Na mesma
sentença, a autarquia foi condenada a pagar R$ 600 mil reais de honorários
advocatícios sucumbenciais ao advogado dos autores que trabalhou no processo.
O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários advocatícios, terá que
executar o valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a
fração que cabia a cada um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele
poderá ingressar com 30 execuções cobrando R$ 20 mil em cada)?

● SIM. É legítima a execução de honorários sucumbenciais proporcional à


respectiva fração de cada um dos substituídos processuais em "ação
coletiva" contra a Fazenda Pública (STF. 1ª Turma. RE 919269 AgR/RS, RE
913544 AgR/RS e RE 913568 AgR/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em
15/12/2015. Info 812).
● NÃO. Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em
litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda
Pública por frustrar o regime do precatório (STF. 2ª Turma. RE 949383
AgR/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/5/2016. Info 826). É a
corrente que prevalece.
STF. 2ª Turma. RE 949383 AgR/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 17/5/16 (Info 826).

OBS:

A 2ª Turma do STF afirmou que a parte recorrente pretendia promover a execução


dos honorários advocatícios, não apenas de forma autônoma do débito principal,
mas também de forma fracionada, levando-se em conta o número de litisconsortes
ativos. No entanto, como a verba honorária pertence a um mesmo titular, seu
pagamento de forma fracionada, por requisição de pequeno valor (RPV), encontra
óbice no art. 100, § 8º, da CF/88.

Em acréscimo, o Ministro Teori Zavascki afirmou que a existência de litisconsórcio


facultativo não pode ser utilizada para justificar a legitimidade do fracionamento da
execução dos honorários advocatícios sucumbencias se a condenação à verba
honorária no título executivo for global, ou seja, se buscar remunerar o trabalho em
conjunto prestado aos litisconsortes.

O fato de o valor da condenação previsto no título executivo judicial (sentença) abranger, na


realidade, diversos créditos, de titularidade de diferentes litisconsortes, não tem o
condão de transformar a verba honorária em múltiplos créditos devidos a um
mesmo advogado, de modo a justificar sua execução de forma fracionada.

O titular do crédito de honorários é um só. Além disso, os honorários advocatícios


gozam de autonomia em relação ao crédito principal, e com ele não se confunde.

Atenção: Esta é a corrente que prevalece no STF, havendo até mesmo decisão da 1ª
Turma no mesmo sentido. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. RE 502656 AgR, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 25/11/2014. Penso que esta posição é que irá prevalecer
ao final quando o Plenário enfrentar o tema.

2.6. Honorários advocatícios constituem-se em verba de natureza alimentar –


(Info 787)

Súmula vinculante 47-STF: Os honorários advocatícios incluídos na condenação


ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de
natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou
requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa
natureza.

STF. Plenário. Aprovada em 27/05/2015, DJe 01/06/2015.


3. COMPETÊNCIA
3.1. Competência da Justiça comum para julgar incidência de contribuição
previdenciária relacionada com complementação de proventos – (Info 903)

Compete à justiça comum (e não à Justiça do Trabalho) o julgamento de conflito


de interesses a envolver a incidência de contribuição previdenciária, considerada
a complementação de proventos.

Caso concreto: Estado-membro editou lei instituindo contribuição previdenciária


de 11% sobre o valor da complementação da aposentadoria dos ex-empregados de
uma sociedade de economia mista. Os ex-empregados prejudicados ingressaram
com ações questionando essa cobrança. O STF afirmou que a discussão em tela
tem natureza tributária, o que atrai a competência da Justiça comum, uma vez que
no caso não se discutem verbas de natureza trabalhista, mas a incidência de
contribuição social (espécie de tributo).

STF. Plenário. RE 594435/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 24/5/2018 (Info 903).

OBS:

Imagine a seguinte situação: João foi admitido como empregado da Fepasa, uma
antiga sociedade de economia mista integrante do Governo de São Paulo. Por força
do contrato de trabalho, os empregados dessa empresa estatal tinham direito à
aposentadoria suplementar ao valor pago pelo INSS no momento em que o
trabalhador viesse a se aposentar. Segundo o contrato, esta complementação seria
feita por meio de plano de previdência privada fechado, administrado por uma
Fundação (entidade de previdência privada) ligada à empresa.

➢ Atenção: “complementação de proventos” ou “complementação de


aposentadoria” é a quantia paga pela entidade de previdência privada
como aposentadoria à pessoa que participa da previdência complementar.

Nova contribuição previdenciária sobre a complementação de proventos: João se


aposentou e estava recebendo normalmente a sua aposentadoria complementar.
Ocorre que, em 2003, o Estado de São Paulo editou uma lei complementar
instituindo a contribuição para o custeio do regime previdenciário local, com base
na alteração trazida na Constituição Federal pela Emenda Constitucional 41/03.
Com isso, a administração paulista passou a descontar 11% do valor da
complementação da aposentadoria dos ex-empregados da Fepasa, os quais, por sua
vez, questionaram a cobrança na Justiça do Trabalho. Na reclamação trabalhista,
João e os demais ex-funcionários pediam a não incidência da contribuição social.

Surgiram, no entanto, questionamentos a respeito dessa competência. A


competência para julgar esta causa é realmente da Justiça do Trabalho? NÃO. É o
que foi decidido no Info 903 do STF. A discussão em tela tem natureza tributária, o
que atrai a competência da Justiça comum, uma vez que no caso não se discutem
verbas de natureza trabalhista, mas a incidência de contribuição social (espécie de
tributo). Dessa forma, tais ações discutem se é válido ou não o poder do Estado de
tributar a complementação de aposentadoria. João e os demais antigos empregados
da sociedade de economia mista passaram a receber menos proventos, no entanto,
isso não foi por conta do contrato de trabalho, mas sim pela incidência do tributo,
cabendo, portanto, à justiça comum estadual a solução do conflito.

3.2. Complementação de pensão proposta por pensionista das antigas ferrovias


do Estado de São Paulo – (Info 895)

Compete à Justiça Comum (e não à Justiça do Trabalho) julgar as ações propostas


por ferroviários pensionistas e aposentados das antigas ferrovias do Estado de
São Paulo, que foram absorvidas pela Ferrovia Paulista S/A, sucedida pela extinta
Rede Ferroviária Federal, com vistas à complementação de suas pensões e
aposentadorias em face da União.

O STF entendeu que esta é uma causa oriunda de uma relação estatutária. Assim,
não há relação de trabalho que justifique a competência da Justiça laboral.

STF. 1ª Turma.Rcl 24990 AgR/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, j. 20/3/2018 (Info 895).

3.3. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou
como celetista antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em
estatutário – (Info 885) – TEMA POLÊMICO!

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo


de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço
público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso.

STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/9/16 (Info 839).

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra


órgãos da Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus
quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o
objetivo de obter prestações de natureza trabalhista.

STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 01/10/15 (repercussão
geral).

Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos de


vantagem remuneratória, que teve origem em período celetista anterior ao
advento do regime jurídico único.

Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é


estatutário, compete à Justiça comum processar e julgar a causa.

É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público,


vigente ao tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional
para a solução da controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se
originado no período celetista.

STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Cármen Lúcia, j. 22/9/16 (Info 840).

STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Dias Toffoli, j. 21/11/17 (Info 885).

3.4. Não compete ao STF julgar execução individual de sentença coletiva mesmo
que tenha julgado a lide que originou o cumprimento de sentença – (Info 862) –
IMPORTANTE!!!

Não compete originariamente ao STF processar e julgar execução individual de


sentenças genéricas de perfil coletivo, inclusive aquelas proferidas em sede
mandamental. Tal atribuição cabe aos órgãos judiciários competentes de primeira
instância.

STF. 2ª Turma. PET 6076 QO /DF, rel. Min. Dias Toffoli, j. 25/4/17 (Info 862).

OBS: Não se deve conferir uma interpretação literal para o art. 102, I, “m”, da CF/88.

Para que o STF seja competente para fazer a execução de seus acórdãos proferidos em
julgamentos originários, é indispensável que a “razão” que atraiu a competência
para o STF continue existindo. No caso, tratava-se de cumprimento de sentença
proferido nos autos de mandado de segurança coletivo proposto em face de ato do
Tribunal de Contas da União. A atração da competência do STF se deu em razão do
órgão envolvido na celeuma (TCU), com amparo na alínea “d”, do art. 102, I. A ação,
portanto, foi julgada originariamente em razão da autoridade coatora ser o TCU.
Esse foi o motivo da atração da competência originária do STF: tratou-se de ação
mandamental em face do TCU. A execução, todavia, não contará com a participação
nem exigirá qualquer atuação por parte da Corte de Contas.

E quem que será, então, competente para julgar esta execução? O juízo de 1ª
instância. No caso concreto, a Justiça Federal comum de 1ª instância considerando
que se trata de cumprimento de sentença que tem como executada a União (art. 109,
I, da CF/88).
Sobre o tema, vale ressaltar que o STJ já reconheceu que o beneficiário individuai da
sentença coletiva pode, inclusive, executar a sentença no juízo de seu domicílio:
A liquidação e a execução individual de sentença genérica
proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do
domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia da
sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos
limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se
em conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a
qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo.
STJ. Corte Especial. REsp 1243887/PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 19/10/2011.

3.5. STF não é competente para julgar ação proposta por juiz federal pleiteando
licença-prêmio – (Info 855)

O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da
magistratura sejam direta ou indiretamente interessados é de competência
originária do STF.

Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF
se a matéria discutida, além de ser do interesse de todos os membros da
magistratura, for também do interesse de outras carreiras de servidores públicos.

Além disso, para incidir o dispositivo, o texto constitucional preconiza que a


matéria discutida deverá interessar a todos os membros da magistratura e não
apenas a parte dela.

Com base nesses argumentos, o STF decidiu que não é competente para julgar
originariamente ação intentada por juiz federal postulando a percepção de
licença-prêmio com fundamento na simetria existente entre a magistratura e o
Ministério Público.

STF. 2ª Turma. AO 2126/PR, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, j. 21/2/17 (Info 855).

3.6. Competência para julgar ação ordinária contra o CNJ e mitigação da


interpretação restritiva do art. 102, I, “r”, da CF/88 – (Info 851)

De quem é a competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP:

• Ações ordinárias: Juiz federal (1ª instância)

• Ações tipicamente constitucionais (MS, MI, HC e HD): STF.


No entanto, houve um caso concreto no qual o STF conheceu e julgou uma ação
ordinária

proposta por sindicato de servidores públicos contra uma decisão do CNJ. Foram
invocados dois argumentos para fixar a competência no STF:

1) O caso concreto discutia os poderes do CNJ para afastar lei inconstitucional. Se


o STF não julgasse a causa, isso significaria conferir à Justiça Federal de 1ª
instância a possibilidade de definir os poderes atribuídos ao CNJ para o
cumprimento de sua missão, subvertendo, assim, a relação hierárquica
constitucionalmente estabelecida.

2) Além da ação ordinária proposta pelo Sindicato, diversos servidores


impetraram mandados de segurança contra a decisão do CNJ. Assim, mesmo que
a ação ordinária fosse remetida para a Justiça Federal de 1ª instância,
continuariam no STF os mandados de segurança individuais.

Desse modo, o mais recomendável seria a reunião dessas ações a fim de garantir,
com a tramitação e o julgamento conjuntos, a prolação de decisões harmônicas
sobre a legitimidade da situação jurídica afetada pelo CNJ.

Obs: em concursos públicos, é provável que seja indagada apenas a regra geral
considerando que este julgado foi muito específico e baseado no caso concreto;
contudo, é importante que você conheça a existência deste precedente para a
eventualidade de ele ser cobrado; vale ressaltar que você somente deverá adotar o
entendimento excepcional se isso for expressamente perguntado.

STF. Plenário. Pet 4656/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info
851).

OBS:

Competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP: A CF/88 prevê, em seu
art. 102, I, “r”, que compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar
originariamente: “as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o
Conselho Nacional do Ministério Público”.

A jurisprudência do STF, no entanto, confere interpretação estrita a esse dispositivo,


de forma que somente compete ao STF as demandas em que o próprio CNJ ou
CNMP — que não possuem personalidade jurídica própria — figurarem no polo
passivo. É o caso de mandados de segurança, mandados de injunção, habeas corpus
e habeas data contra os Conselhos.

Assim, a competência do STF para processar e julgar ações que questionam atos do
CNJ e do CNMP limita-se às ações tipicamente constitucionais: MS, MI, HC e HD.

No caso de serem propostas ações ordinárias para impugnar atos do CNJ e CNMP,
quem irá figurar como ré no processo é a União, já que os Conselhos são órgãos
federais. Logo, tais demandas serão julgadas pela Justiça Federal de 1ª instância, com
base no art. 109, I, da CF/88.
Resumindo:
✓ MS, MI, HC e HD = STF
✓ Ações ordinárias = Juiz federal (1ª instância)

Mitigação da interpretação restritiva do art. 102, I, “r”, da CF/88: O entendimento


acima continua válido. No entanto, foi noticiado no Informativo 851 um julgado em
que o STF, com base nas peculiaridades do caso concreto, decidiu mitigar a
interpretação restritiva do art. 102, I, “r”, da CF/88 e julgar uma ação ordinária
proposta contra o CNJ.

3.7. Compete ao STF julgar MS proposto pelo TJ contra o Governador pedindo o


repasse do duodécimo do Judiciário – (Info 848)

Compete ao STF julgar mandado de segurança impetrado pelo Tribunal de


Justiça contra ato do Governador do Estado que atrasa o repasse do duodécimo
devido ao Poder Judiciário.

Nesta hipótese, todos os magistrados do TJ possuem interesse econômico no


julgamento do feito, uma vez que o pagamento dos subsídios está condicionado
ao cumprimento do dever constitucional de repasse das dotações consignadas ao
Poder Judiciário estadual pelo chefe do Poder Executivo respectivo. Logo, a
situação em tela se amolda ao art. 102, I, "n", da CF/88.

STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/11/16 (Info 848).

3.8. Mandado de segurança contra decisões negativas do CNJ – (Info 840)

Não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do CNJ, por
não se tratar de ato que importe a substituição ou a revisão do ato praticado por
outro órgão do Judiciário.

Assim, o STF não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de
decisões negativas do CNMP e do CNJ. Como o conteúdo da decisão do
CNJ/CNMP foi “negativo”, o Conselho não decidiu nada. Se não decidiu nada,
não praticou nenhum ato. Se não praticou nenhum ato, não existe ato do
CNJ/CNMP a ser atacado no STF.

Em razão do exposto, não compete ao STF julgar MS impetrado contra decisão do


CNJ que julgou improcedente pedido de cassação de um ato normativo editado
por vara judicial.

STF. 2ª Turma. MS 33085/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 20/09/2016 (Info 840).
OBS:

Neste caso, o que a parte deverá fazer? A parte terá que impugnar na Justiça o ato
originário que gerou seu pedido no CNJ/CNMP. Ex.: a parte ingressou com pedido
de providência no CNMP contra ato administrativo praticado pelo Procurador-Geral
de Justiça. O CNMP entendeu que não cabia sua intervenção no caso, julgando
improcedente o pedido. O CNMP proferiu, portanto, uma decisão “negativa”.
Contra este pronunciamento do CNMP não cabe MS. Somente restará à parte propor
um MS contra o ato do Procurador-Geral de Justiça, ação esta que será de
competência do TJ.

3.9. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou
como celetista antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em
estatutário – (Info 840) – TEMA POLÊMICO!

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo


de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço
público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso.

STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/09/2016 (Info 839).

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra


órgãos da Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus
quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o
objetivo de obter prestações de natureza trabalhista.

STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 01/10/15 (repercussão
geral).

Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é


estatutário, compete à Justiça comum processar e julgar a causa.

É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público,


vigente ao tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional
para a solução da controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se
originado no período celetista.

STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 22/09/2016 (Info 840).

OBS:

Posição para concursos: O tema, como visto, está polêmico. Caso seja cobrado nas
provas, penso que será exigida a redação literal daquilo que foi divulgado nos
informativos ou nas ementas oficiais. Portanto, memorize essas duas conclusões
(Info 839 e 840) que, se aparecerem nas provas, estarão corretas.
3.10. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor pré CF/88 que
ingressou sem concurso público e em regime celetista – (Info 839)

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo


de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço
público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso.

STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/09/2016 (Info 839).

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra


órgãos da Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus
quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o
objetivo de obter prestações de natureza trabalhista.

STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 01/10/15 (repercussão
geral).

3.11. Competência para julgar causas envolvendo a OAB – (Info 837) –


IMPORTANTE!!!

Compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem dos


Advogados do Brasil (OAB), quer mediante o conselho federal, quer seccional,
figure na relação processual.

STF. Plenário. RE 595332/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 31/8/2016 (repercussão


geral) (Info 837)

OBS:

Opinião pessoal: Penso que no julgamento do RE 595332/PR (Info 837) não houve
alteração de entendimento do STF quanto à natureza jurídica da OAB. Assim, em
minha opinião, o STF continua com a posição exposta na ADI 3026, ou seja, a OAB
não é autarquia nem integra a Administração Pública indireta. Trata-se de “serviço
público independente”, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas
existentes no direito brasileiro. Entendo que a menção contida no voto de que a OAB
é uma "autarquia corporativista" é uma opinião pessoal do Min. Marco Aurélio, mas
que não pode ser tida como a posição do Supremo.

Em provas de concurso, deveria ser cobrado apenas aquilo que foi efetivamente
decidido, ou seja, compete à Justiça Federal julgar as ações em que a OAB figure na
relação processual. Quanto a isso, não existe mais nenhuma dúvida. Seja a OAB
autora ou ré, seja em processos de conhecimento ou de execução, a competência para
julgar a causa é da Justiça Federal.
No entanto, como em concurso nunca se sabe o que o examinador irá perguntar, tenham
cuidado caso ele cobre a transcrição integral do Informativo onde consta esta posição
pessoal do Min. Marco Aurélio.

3.12. STF não possui competência originária para julgar ação popular – (Info 811)

O STF não possui competência originária para processar e julgar ação popular,
ainda que ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República. A
competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até
mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo de 1º grau

STF. Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j. 25/11/2015 (Info 811).

3.13. Servidores Temporários: Competência da Justiça Comum (Info 807) -


IMPORTANTE!!!

A justiça comum é competente para processar e julgar causas em que se discuta a


validade de vínculo jurídico-administrativo entre o poder público e servidores
temporários.

Dito de outra forma: a Justiça competente para julgar litígios envolvendo


servidores temporários (art. 37, IX, da CF/88) e a Administração Pública é a
JUSTIÇA COMUM (estadual ou federal).

A competência NÃO é da Justiça do Trabalho, ainda que o autor da ação alegue


que houve desvirtuamento do vínculo e mesmo que ele formule os seus pedidos
baseados na CLT ou na lei do FGTS.

STF. Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 11/11/2015 (Info 807).

3.14. Litígios envolvendo servidores temporários e a Administração Pública – (Info


796)

A Justiça competente para julgar litígios envolvendo servidores temporários (art.


37, IX, da CF/88) e a Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM (estadual ou
federal).
A competência NÃO é da Justiça do Trabalho.

STF. 1ª Turma. Rcl 6527 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/8/2015 (Info
796).

3.15. Causa que interessa a todos os membros da magistratura – (Info 782)

O STF tem competência para processar e julgar causas em que se discute


prerrogativa dos juízes de portar arma de defesa pessoal, por se tratar de ação em
que todos os membros da magistratura são direta ou indiretamente interessados
(art. 102, I, “n”, da CF/88).

STF. Plenário. Rcl 11323 AgR/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min.
Teori Zavascki, julgado em 22/4/2015 (Info 782).

3.16. Competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP – (Infos 760 e
755)

De quem é a competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP:

• Ações ordinárias  Juiz federal (1ª instância)

• Ações tipicamente constitucionais (MS, MI, HC e HD)  STF

STF. Plenário. AO 1814 QO/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/9/2014
(Info 760).

STF. 2ª Turma. ACO 2373 AgR/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 19/8/2014
(Info 755).

3.17. Competência da justiça federal e instituições de ensino superior – (Info 757)

A Justiça Federal tem competência para o julgamento de demanda em que se


discuta a existência de obstáculo à obtenção de diploma após conclusão de curso
de ensino à distância em razão de problema no credenciamento da instituição de
ensino superior pelo Ministério da Educação. Vale ressaltar que, neste caso, a
demanda foi proposta contra a instituição e a União.

STF. 2ª Turma. ARE 754174 AgR/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
2/9/2014 (Info 757).

3.18. O § 2º do art. 109 da CF/88 aplica-se também para as autarquias federais –


(Info 755)

O § 2º do art. 109 da CF/88 prevê que as causas propostas contra a União poderão
ser ajuizadas na seção (ou subseção) judiciária:

● em que for domiciliado o autor;


● onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda;
● onde esteja situada a coisa; ou
● no Distrito Federal.

Apesar de o dispositivo somente falar em “União”, o STF entende que a regra de


competência prevista no § 2º do art. 109 da CF/88 também se aplica às ações
propostas contra autarquias federais. Isso porque o objetivo do legislador
constituinte foi o de facilitar o acesso à justiça.

STF. Plenário. RE 627709/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em


20/8/2014 (Info 755).

3.19. Competência para julgar causa que interessa a todos os membros da


magistratura – (Info 735)

O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da
magistratura sejam direta ou indiretamente interessados é de competência
originária do STF.

Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF
se a matéria discutida, além de ser do interesse de todos os membros da
magistratura, for também do interesse de outras carreiras de servidores públicos.

Além disso, para incidir o dispositivo, o texto constitucional preconiza que a


matéria discutida deverá interessar a todos os membros da magistratura e não
apenas a parte dela.

STF. 2ª Turma. AO 1840 AgR/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 11/2/14 (Info
735).
4. FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
4.1. Índices de juros e correção monetária aplicados para condenações contra a
Fazenda Pública – (Info 878) – IMPORTANTE!!! – (PGM-Paranavaí/PR-2018)

O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09, na parte em que
disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é
inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária,
aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda
Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional
da isonomia (art. 5º, da CF/88).

Quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos


juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é
constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da
Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09, na parte em que
disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública
segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade
(art. 5º, XXII, da CF/88), uma vez que não se qualifica como medida adequada a
capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a
que se destina.

STF. Plenário. RE 870947/SE, Rel. Min. Luiz Fux, j. 20/9/17 (repercussão geral)
(Info 878).

OBS:

RESUMO:
JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA ENVOLVENDO
CONDENAÇÕES DA FAZENDA PÚBLICA
DÉBITOS DE NATUREZA DÉBITOS DE NATUREZA NÃO-
TRIBUTÁRIA TRIBUTÁRIA
O que previa o art. 1º-F da Lei nº O que previa o art. 1º-F da Lei nº
9.494/97? 9.494/97?
• Correção monetária: índice oficial de • Correção monetária: índice oficial de
remuneração básica da poupança (TR); remuneração básica da poupança (TR);
• Juros de mora: juros no mesmo • Juros de mora: juros no mesmo
percentual que é pago na poupança percentual que é pago na poupança
(0,5% a.m. / 6% a.a.). (0,5% a.m. / 6% a.a.).
O que decidiu o STF? O que decidiu o STF?
Essa previsão é inconstitucional. • Quanto à correção monetária: o art.
Tanto os índices de juros como de 1º-F é inconstitucional. O índice da
correção monetária previstos no art. 1º- poupança não consegue capturar a
F são inconstitucionais. variação de preços da economia, não
sendo capaz de fazer a correta
atualização monetária. Logo, há uma
violação do direito à propriedade.
• Quanto aos juros de mora: o art. 1º-F
é constitucional.
Quais índices devem ser aplicados? Quais índices devem ser aplicados?
Se a Fazenda Pública possui um débito • Correção monetária: aplica-se o
de natureza tributária, deverá ser IPCA-E (Índice de Preços ao
aplicado o mesmo índice de juros que Consumidor Amplo Especial), que é
incide quando o Poder Público cobra divulgado pelo IBGE.
seus créditos tributários (princípio da • Juros de mora: continuam a ser
isonomia). regidos pelo art. 1º-F. Logo, devem ser
No caso de tributos federais: SELIC. aplicados os juros da poupança.
Vale ressaltar que a SELIC é um índice
que dentro dele estão embutidos tanto
os juros como a correção monetária.

O STF já havia se debruçado sobre tema semelhante a esse? SIM. O STF já havia
declarado inconstitucional o § 12 do art. 100 da CF/88, incluído pela EC 62/09, e que
possui redação muito semelhante ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/97:
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional,
a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição,
até o efetivo pagamento, independentemente de sua
natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica
da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da
mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros
incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a
incidência de juros compensatórios. (Incluído pela EC 62/09)

Isso foi no julgamento das ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI
4400/DF, ADI 4357/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz
Fux, 13 e 14/3/13 (Info 698).
Diferentemente dos juros moratórios, que só incidem uma única vez até o efetivo
pagamento, a atualização (correção) monetária da condenação imposta à Fazenda
Pública ocorre em dois momentos distintos:
1) O primeiro se dá ao final da fase de conhecimento, com o trânsito em julgado da
decisão condenatória. Esta correção inicial compreende o período de tempo entre o
dano efetivo (ou o ajuizamento da demanda) e a imputação de responsabilidade à
Administração Pública. A atualização é estabelecida pelo próprio juízo prolator da
decisão condenatória no exercício de atividade jurisdicional.
2) O segundo momento ocorre já na fase executiva, quando o valor devido é
efetivamente entregue ao credor. Esta última correção monetária cobre o lapso
temporal entre a inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento. Seu
cálculo é realizado no exercício de função administrativa pela Presidência do
Tribunal a que vinculado o juízo prolator da decisão condenatória.
No julgamento dessas ADIs, o STF analisou a correção monetária no intervalo de
tempo entre a inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento (segundo
momento acima exposto). O § 12 do art. 100 da CF/88 dizia que, entre a inscrição do
crédito em precatório e o efetivo pagamento deveria incidir correção monetária com
base nos índices da poupança (TR). O STF afirmou que isso era inconstitucional
porque viola o princípio da propriedade. (PGM-Paranavaí/PR-2018)
Faltava, no entanto, o STF examinar a correção monetária em outro período, qual
seja, durante a tramitação da ação (primeiro momento acima explicado).
O art. 1º-F da Lei 9.494/97 afirmava que durante a tramitação da ação judicial
deveria também ser aplicada a TR (poupança) como índice de correção monetária. O
STF, contudo, mais uma vez disse que isso não é válido.
Para o Supremo, não há qualquer motivo para aplicar critérios distintos de correção
monetária de precatórios e de condenações judiciais da Fazenda Pública. Assim, a
atualização monetária com base na TR é inconstitucional tanto na fase de precatórios
(ADI 4357/DF) como também durante a tramitação da ação judicial (RE 870947/SE).

5. REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR


5.1. Os Estados-membros/DF e Municípios podem fixar valor referencial inferior
ao do art. 87 do ADCT (RPV), desde que respeitado o princípio da proporcionalidade
– (Info 890) – IMPORTANTE!!!

Os Estados-membros podem editar leis reduzindo a quantia considerada como de


pequeno valor, para fins de RPV, prevista no art. 87 do ADCT da CF/88.

É lícito aos entes federados fixar o valor máximo para essa especial modalidade
de pagamento, desde que se obedeça ao princípio constitucional da
proporcionalidade.

Ex: Rondônia editou lei estadual prevendo que, naquele Estado, as obrigações
consideradas como de pequeno valor para fins de RPV seriam aquelas de até 10
salários-mínimos. Assim, a referida Lei reduziu de 40 para 10 salários-mínimos o
crédito decorrente de sentença judicial transitada em julgado a ser pago por meio
de RPV. O STF entendeu que essa redução foi constitucional.

STF. Plenário. ADI 4332/RO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 7/2/18 (Info 890).

OBS:
Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da
Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno
valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis
definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto
no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou
obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham
valor igual ou inferior a:
I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados
e do Distrito Federal;
II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos
Municípios.

O Estado pode fixar qualquer valor? Ex: o Estado de São Paulo pode fixar 5
salários-mínimos como sendo pequeno valor para fins de RPV? Isso seria possível?
NÃO. Os Estados/DF e Municípios, ao editarem as suas leis definindo o que seja
“pequeno valor”, deverão ter como critério a sua capacidade econômica, respeitado
o princípio da proporcionalidade. A fixação de 5 salários-mínimos como sendo
pequeno valor para um Estado rico como São Paulo seria uma ofensa ao princípio da
proporcionalidade. No caso concreto, entendeu-se que Rondônia atendeu o princípio
da proporcionalidade ao reduzir esse teto para 10 salários-mínimos considerando
que é um dos Estados que menos arrecada na Federação, com um Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,69. Vale ressaltar que nenhum ente pode fixar
como pequeno valor quantia inferior ao valor do maior benefício do regime geral da
previdência social (“teto do INSS”):
Art. 100 (...)
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por
leis próprias, valores distintos às entidades de direito
público, segundo as diferentes capacidades econômicas,
sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime
geral de previdência social.

Em 2018, o “teto do INSS” foi fixado em R$ 5.645,80.

Os Estados/DF e Municípios podem editar leis fixando quantias superiores aos


limites do art. 87 do ADCT? Ex: São Paulo pode editar uma lei dizendo que
“pequeno valor” naquele Estado, para fins de RPV, corresponde a 60 salários-
mínimos? SIM. Os Estados/DF e Municípios podem fixar limites inferiores ou
superiores àqueles que estão previstos no art. 87 do ADCT. Na prática, contudo, será
muito difícil que um Estado amplie o limite do art. 87 porque, em tese, ele prejudica
suas finanças considerando que terá mais débitos a serem pagos por RPV.

6. PRECATÓRIOS
6.1. Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da
requisição ou do precatório – (Info 861)

Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos


cálculos e a da requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório.

STF. Plenário. RE 579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 19/4/17 (repercussão


geral) (Info 861).

Obs: cuidado para não confundir com a SV 17: Durante o período previsto no
parágrafo 1º (obs: atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de
mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. O período de que trata este RE
579431/RS é anterior à requisição do precatório, ou seja, anterior ao interregno
tratado pela SV 17.
OBS:

Imagine a seguinte situação hipotética: João ajuizou ação de cobrança contra a


Fazenda Pública. Foi prolatada sentença condenando o Poder Público a pagar R$ 300
mil. Essa sentença transitou em julgado em 04/04/2016. Em 10/04/2016, o credor
pediu ao juiz, nos termos do art. 534 do CPC, o cumprimento de sentença,
apresentando o cálculo da dívida atualizada. Segundo entende o STF, a partir do
momento em que forem apresentados os cálculos, começa a incidir juros da mora
contra a Fazenda Pública:
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da
realização dos cálculos e a da requisição de pequeno valor
(RPV) ou do precatório.
STF. Plenário. RE 579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).

O que acontece a agora? A Fazenda Pública poderá impugnar ou não o


cumprimento de sentença. Suponhamos que o Poder Público não impugnou. Neste
caso, deverá ser expedido, por intermédio do Presidente do Tribunal, precatório em
favor do exequente. Confira o que diz o art. 535, § 3º do CPC:
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da
executada:
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal
competente, precatório em favor do exequente, observando-
se o disposto na Constituição Federal;
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o
ente público foi citado para o processo, o pagamento de
obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2
(dois) meses contado da entrega da requisição, mediante
depósito na agência de banco oficial mais próxima da
residência do exequente.

Neste caso, o juízo da execução elabora o precatório e o encaminha ao Presidente do


Tribunal. Este, por sua vez, irá expedir o precatório, ou seja, repassá-lo ao ente
devedor para que seja incluído no orçamento.
Ex: se a execução era contra a União, o juiz federal responsável pela execução irá
elaborar o precatório e encaminhá-lo ao Presidente do TRF; este irá expedir o
precatório determinando que a União inclua no orçamento para pagamento.

Suponhamos que, em nosso exemplo, a Fazenda Pública concordou com os cálculos


do credor. Diante disso, o juiz encaminhou ao Presidente do Tribunal que expediu,
em 30/05/2016, o precatório em favor de João. Assim, deverá haver a incidência dos
juros da mora referente ao período de 10/04/2016 (data da realização dos cálculos) e
a data do precatório.

Existe um prazo para que o ente pague o precatório? SIM. Os pagamentos


requisitados até 01/07 de cada ano deverão ser pagos até o final do exercício do ano
seguinte. Isso está previsto no § 5º do art. 100 da CF/88:
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito
público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos,
oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de
precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-
se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando
terão seus valores atualizados monetariamente.

Em nosso exemplo: o precatório foi apresentado pelo Presidente do Tribunal em


30/05/2016; logo, ele deverá ser pago pelo Poder Público até o dia 31/12/2017
(último dia do ano seguinte).

Abrindo um parêntese: se o precatório tiver valor muito alto (valor superior a 15% do
montante dos demais precatórios apresentados até o dia 01/07 do respectivo ano),
então, neste caso, deverá ser pago 15% do valor deste precatório até o dia 31/12 do
ano seguinte e o restante em parcelas iguais nos 5 anos subsequentes, acrescidas de
juros de mora e correção monetária. A CF/88 permite também que o credor faça um
acordo com o Poder Público (§ 20 do art. 100 da CF/88, incluído pela EC 94/2016).

Período de suspensão dos juros moratórios: Entre o dia 01/07 de um ano até o dia
31/12 do ano seguinte (em nosso exemplo: de 01/07/2016 até 31/12/2017), não
haverá incidência de juros de mora porque o STF entende que esse foi o prazo
normal que a CF/88 deu para o Poder Público pagar seus precatórios, não havendo
razão para que a Fazenda Pública tenha que pagar juros referentes a esse interregno.
Existe, inclusive, uma súmula vinculante sobre o tema:
SV 17-STF: Durante o período previsto no parágrafo 1º (obs: atual §
5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora
sobre os precatórios que nele sejam pagos.

Obs: neste período, não há incidência de juros moratórios, mas deverá ser paga
correção monetária, conforme prevê a parte final do § 5º do art. 100.

E se passar o dia 31/12 e o ente devedor não efetuar o pagamento do precatório,


neste caso, voltará a incidir juros de mora? Em nosso exemplo, se passar o dia
31/12/2017, começa novamente a incidir juros moratórios? SIM. Isso porque terá se
esgotado o prazo dado pela Constituição para que o ente devedor pague o
precatório. Logo, o ente encontra-se em mora. Assim, por exemplo, se o precatório
foi inscrito até o dia 01/07/2016, este precatório deverá ser pago até o dia
31/12/2017. Se o pagamento for realizado neste período, não haverá incidência de
juros de mora porque não houve inadimplemento por parte da Fazenda Pública. No
entanto, se passar o dia 31/12/2017 sem pagamento, haverá a incidência de juros
moratórios que serão computados a partir de 01/01/2018 até a data em que ocorrer a
quitação do precatório.

Confira as palavras do Min. Edson Fachin:


"A não incidência de juros de mora nesse período ocorre justamente
porque nele não existe mora, em decorrência de norma
constitucional, e isso se mantém independentemente de
quando ocorrer o pagamento do precatório.
No caso de o pagamento ocorrer após o prazo estabelecido pela
Constituição, haverá a incidência de juros de mora, mas só
no período em que houver mora, ou seja, depois do prazo
estabelecido para o pagamento." (Voto na Rcl 15906 AgR,
Rel. Min. Edson Fachin, Primeira Turma, julgado em
18/08/2015)

Obs: como estes juros moratórios não estavam previstos no precatório, considerando
que se presumia que ele seria pago na data fixada pela CF/88 (até o dia 31/12), para
que o credor receba o valor dos juros será necessária a expedição de um precatório
complementar. Depois que o precatório está expedido, não se pode acrescentar
novos valores a ele.

Voltando ao nosso exemplo:


- Sentença transitada em julgado: 04/04/2016.

- Início dos juros moratórios: 10/04/2016 (data da realização dos cálculos).


- Dia em que o precatório foi apresentado para pagamento: 30/05/2016.
- Suspensão dos juros moratórios: 01/07/2016 (SV 17-STF).
- Prazo máximo para a Fazenda Pública pagar: 31/12/2017 (§ 5º do art. 100 da
CF/88).
- Se a Fazenda não pagar até o prazo máximo (31/12/2017): voltam a correr os juros
moratórios.

Repare, portanto, que o entendimento do STF definido no RE 579431/RS não


invalida a SV 17 porque o que foi decidido neste recurso é um período anterior ao
de que trata a súmula.

Observação final complementar: O que foi explicado acima é suficiente para fins de
concurso. Irei, contudo, agora fazer uma observação complementar a respeito da
súmula vinculante 17.
A SV 17 foi editada em 29/10/2009 e continua sendo atualmente aplicada pelo STF.
Nesse sentido: RE 577465 AgR-ED-ED-EDv-AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Tribunal
Pleno, julgado em 23/09/2016.
Contudo, tem crescido entre os Ministros a ideia de que esta súmula foi superada
pelo § 12 do art. 100 da CF/88, acrescentado pela EC 62, de 10/12/2009, ou seja,
posteriormente à edição do enunciado. Para muitos Ministros, o § 12 determina a
incidência de juros moratórios independentemente do período.

Confira a redação do dispositivo:


§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a
atualização de valores de requisitórios, após sua expedição,
até o efetivo pagamento, independentemente de sua
natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica
da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da
mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros
incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a
incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).

Em provas de concurso, a SV 17 continua válida, devendo ser assinalada como correta.


Somente se manifeste sobre esta crítica ao enunciado caso você seja expressamente
indagado acerca disso, como no caso de uma prova oral, por exemplo.

6.2. Decisão que determina pagamento de valores atrasados a anistiado político


não se submete aos precatórios – (Info 847)

A decisão judicial que, em julgamento de mandado de segurança, determina que


a União faça o pagamento dos valores atrasados decorrentes de reparação
econômica devida a anistiado político não se submete ao regime dos precatórios,
devendo o pagamento ser feito de forma imediata.

STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/016 (Info 847).

6.3. Modulação dos efeitos da ADI que julgou inconstitucional o novo regime de
precatórios estabelecido pela EC 62/2009 – (Info 779) – IMPORTANTE!!! – (PCMS-
2017)

A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições


Constitucionais Transitórias (ADCT) da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no
regime dos precatórios. Tais alterações foram impugnadas por meio de ações
diretas de inconstitucionalidade que foram julgadas parcialmente procedentes.
No entanto, o STF decidiu modular os efeitos da decisão, ou seja, alguns
dispositivos, apesar de terem sido declarados inconstitucionais, ainda irão vigorar
por mais algum tempo. Veja o resumo do que foi decidido quanto à modulação:

1. O § 15 do art. 100 da CF/88 e o art. 97 do ADCT (que tratam sobre o regime


especial de pagamento de precatórios) ainda irão valer (poderão ser aplicados) por
mais cinco anos (cinco exercícios financeiros) a contar de 01/01/2016. Em outras
palavras, tais regras serão válidas até 2020.

2. §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 (previam a possibilidade de compensação


obrigatória das dívidas que a pessoa tinha com a Fazenda Pública com os créditos
que tinha para receber com precatório): o STF afirmou que são válidas as
compensações obrigatórias que foram feitas até 25/03/2015 (dia em que ocorreu a
modulação). A partir desta data, não será possível mais a realização de
compensações obrigatórias, mas é possível que sejam feitos acordos entre a
Fazenda e o credor do precatório e que também possua dívidas com o Poder
Público para compensações voluntárias.

3. Leilões para desconto de precatório: o regime especial instituído pela EC


62/2009 previa uma série de vantagens aos Estados e Municípios, sendo permitido
que tais entes realizassem uma espécie de “leilão de precatórios” no qual os
credores de precatórios competem entre si oferecendo deságios (“descontos”) em
relação aos valores que têm para receber. Aqueles que oferecem maiores
descontos irão receber antes do que os demais. Esse sistema de leilões foi
declarado inconstitucional, mas o STF afirmou que os leilões realizados até
25/03/2015 (dia em que ocorreu a modulação) são válidos (não podem ser anulados
mesmo sendo inconstitucionais). A partir desta data, não será possível mais a
realização de tais leilões.

4. Vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento


dos precatórios e sanções para o caso de não liberação tempestiva dos recursos
destinados ao pagamento de precatórios: as regras que tratam sobre o tema,
previstas nos §§ 2º e 10 do art. 97 do ADCT da CF/88 continuam válidos e poderão
ser utilizados pelos Estados e Municípios até 2020.

5. Expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”


prevista no § 12 do art. 100:

5.1 Para precatórios da administração ESTADUAL e MUNICIPAL: o STF disse


que a TR (índice da poupança) poderia ser aplicada até 25/03/2015.

5.2 Para os precatórios da administração FEDERAL: o STF afirmou que se poderia


aplicar a TR até 31/12/2013. Após essas datas, qual índice será utilizado para
substituir a TR (julgada inconstitucional)?

• Precatórios em geral: IPCA-E.

• Precatórios tributários: SELIC.

CNJ deverá apresentar proposta normativa que discipline (i) a utilização


compulsória de 50% dos recursos da conta de depósitos judiciais tributários para
o pagamento de precatórios e (ii) a possibilidade de compensação de precatórios
vencidos, próprios ou de terceiros, com o estoque de créditos inscritos em dívida
ativa até 25.03.2015, por opção do credor do precatório.

CNJ deverá monitorar e supervisionar o pagamento dos precatórios pelos entes


públicos na forma da presente decisão.

STF. Plenário. ADI 4357 QO/DF e ADI 4425 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados
em 25/3/2015 (Info 779).

(PCMS-2017-FAPEMS): Sobre o controle de constitucionalidade exercido pelo


Supremo Tribunal Federal, afirma-se que o Supremo tem recorrido a diversas
técnicas de decisão chamadas de sentenças intermediárias. A expressão sentença
intermediária "compreende uma diversidade de tipologia de decisões utilizadas
pelos Tribunais Constitucionais e/ou Cortes Constitucionais em sede de controle
de constitucionalidade, com o objetivo de relativizar o padrão binário do direito
(constitucionalidade/inconstitucionalidade)". FERNANDES, Bernardo. Curso de
Direito Constitucional. 9a. ed. Salvador: Juspodivm. 2017, p. 1.578. Sobre tais
técnicas, verifica-se que a modulação temporal foi amplamente utilizada no
julgamentos das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425
(25/3/2015), referentes ao sistema de precatórios da Emenda Constitucional n°
62 de 2009.

6.4. Advogado pode receber os honorários advocatícios mediante RPV, ainda que
o crédito principal seja executado por meio do regime de precatórios – (Info 765) –
IMPORTANTE!!!

Se a Fazenda Pública for condenada a pagar dinheiro, deverá o pagamento ser


feito, em regra, por meio de precatório.

Se a quantia for considerada como de “pequeno valor”, não haverá necessidade


de precatório. É possível que a execução de honorários advocatícios devidos pela
Fazenda Pública se faça mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV) na
hipótese em que os honorários não excedam o valor limite a que se refere o art.
100, § 3º, da CF, ainda que o crédito dito “principal” seja executado por meio do
regime de precatórios.

Em outras palavras, é possível o fracionamento de precatório para pagamento de


honorários advocatícios.

STF. Plenário. RE 564132/RS, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em


30/10/2014 (repercussão geral) (Info 765).

STJ. 1ª Seção. REsp 1.347.736-RS, Rel. Min. Castro Meira, Rel. para acórdão Min.
Herman Benjamin, julgado em 9/10/2013 (recurso repetitivo) (Info 539).

6.5. A compensação obrigatória trazida pelos §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88,


declarada inconstitucional, não pode ser aplicado à RPV – (Info 764)

O STF julgou inconstitucionais os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, que impunham


que a pessoa que fosse receber precatórios teria que se submeter a um regime de
compensação obrigatória, de forma que, se tivesse também débitos com o Fisco,
esses já seriam descontados.

Agora, o STF afirmou que a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 9º e 10 do


art. 100 da CF/88 também se aplica às requisições de pequeno valor. Em outras
palavras, é inconstitucional impor ao credor a compensação obrigatória nos casos
em que ele irá receber RPV.

Assim, se alguém tiver recursos para receber por meio de RPV, não deverão ser
aplicados os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, ou seja, esse credor não é obrigado a
aceitar a compensação imposta pela Fazenda Pública, mesmo que tenha débitos
com o Fisco.

STF. Plenário. RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min.
Marco Aurélio, julgado em 23/10/2014 (Info 764).

6.6. O pequeno valor é considerado individualmente em caso de litisconsórcio


ativo facultativo – (Info 760) – Atenção! Advocacia Pública!

Se a Fazenda Pública for condenada a pagar dinheiro, deverá o pagamento ser


feito, em regra, por meio de precatório.

Se a quantia for considerada como de “pequeno valor”, não haverá necessidade


de precatório.

Caso a condenação tenha decorrido de uma ação proposta por litisconsortes


ativos, o “pequeno valor” para fins de dispensa do precatório será considerado
individualmente para cada litisconsorte, não devendo ser somada a quantia
devida a todos.

Assim, ao contrário do que alega a Fazenda Pública, o fracionamento do valor da


execução, em caso de litisconsórcio facultativo, para expedição de requisição de
pequeno valor em favor de cada credor, não implica violação ao art. 100, § 8º, da
CF/88.

STF. Plenário. RE 568645/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 24/9/2014


(repercussão geral) (Info 760).

7. INTIMAÇÃO PESSOAL
7.1. Início da contagem do prazo em caso de intimação pessoal realizada por meio
de oficial de justiça – (Info 820)

Nos casos de intimação pessoal realizada por oficial de justiça, a contagem do


prazo para a interposição de recursos ou a eventual certificação de trânsito em
julgado começa a partir da juntada aos autos do mandado devidamente cumprido.

STF. 2ª Turma. ARE 892732/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min.
Dias Toffoli, julgado em 5/4/2016 (Info 820).
OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: O INSS foi condenado por juiz federal em 1ª
instância e contra esta decisão interpôs apelação. O TRF julgou desprovido o recurso,
mantendo a sentença. Os Procuradores Federais, que fazem a defesa judicial do
INSS, possuem a prerrogativa de serem intimados pessoalmente das decisões
judiciais e demais atos do processo. Isso está previsto no art. 17 da Lei nº
10.910/2004:

Art. 17. Nos processos em que atuem em razão das


atribuições de seus cargos, os ocupantes dos cargos das
carreiras de Procurador Federal e de Procurador do Banco
Central do Brasil serão intimados e notificados pessoalmente.

O novo CPC também trouxe regra expressa a respeito do tema. Veja:

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os


Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de
direito público gozarão de prazo em dobro para todas as
suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a
partir da intimação pessoal.

Voltando ao exemplo (que ocorreu antes do CPC 2015): Em 02/02, o Procurador


Federal que fazia a assistência do INSS foi intimado acerca do acórdão por meio de
oficial de justiça. Em 03/03, o mandado de intimação foi juntado aos autos.

Diante disso, surgiu a dúvida: a contagem do prazo para a Fazenda Pública recorrer
contra esta decisão começou a partir da data em que o Procurador assinou o
mandado (02/02) ou do dia em que o mandado foi juntado aos autos (03/03)? Do dia
em que o mandado foi juntado aos autos.

Quando a intimação é feita por meio de oficial de justiça, a contagem do prazo


recursal é feita a partir da juntada aos autos do mandado, nos termos do art. 241, II
do CPC 1973 (art. 231, II, do CPC 2015):

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se


dia do começo do prazo:
(...)
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido,
quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça;

Essa decisão do STF está de acordo também com a posição do STJ. Nesse sentido:

(...) 1. Em se tratando de intimação da Fazenda Pública ou da


Advocacia-Geral da União por meio de oficial de justiça, o
termo inicial do prazo para a interposição de recurso é a data
da juntada aos autos do mandado cumprido, nos termos do
disposto no artigo 241, II, do CPC. (...)
STJ. Corte Especial. EREsp 605.510/RJ, Rel. Min. Castro
Meira, julgado em 04/06/2008.
O caso concreto, como mencionei acima, ocorreu na vigência do CPC 1973. E se fosse
na égide do CPC 2015? Segundo o novo CPC, é válida a intimação pessoal do
advogado público se for feita por meio de Oficial de Justiça? Existe polêmica, mas
posição pessoal do Dizer o Direito é a de que não é válida. O CPC 2015 trouxe regra
expressa sobre o tema no § 1º do art. 183:

§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio


eletrônico.

Desse modo, atualmente, é proibida a intimação pessoal do advogado público por


meio de oficial de justiça, uma vez que esta modalidade de intimação não foi listada
no rol do § 1º do art. 183.

Repare que as espécies de intimação pessoal previstas no § 1º do art. 183 permitem


que o advogado público, no mesmo momento em que é intimado, já tenha acesso
integral aos autos. O legislador quis, portanto, facilitar a defesa processual da
Fazenda Pública, evitando que o advogado público ainda tenha que se deslocar para
ir até a sede do juízo para ter acesso aos autos.

A intimação por oficial de justiça não confere esta facilidade, considerando que o
meirinho leva apenas o mandado e a contrafé com algumas poucas cópias do
processo, mas o advogado público terá que diligenciar para ter acesso integral dos
autos.

Poderíamos imaginar uma única exceção em que seria permitida a intimação pessoal
por meio de oficial de justiça. Trata-se da hipótese em que, mesmo o processo sendo
eletrônico, a intimação foi feita pelo meirinho. Isso porque, neste caso, o advogado
público teria acesso imediato à integralidade dos autos em qualquer computador
com internet.

8. PRERROGATIVAS E PRIVILÉGIOS DA FAZENDA PÚBLICA


8.1. Concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública – (Info 766) –
IMPORTANTE!!!

O art. 1º da Lei n. 9.494/97 determina, entre outras vedações, que não será cabível
tutela antecipada contra o Poder Público visando obter a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos ou a concessão de aumento ou extensão de
vantagens pecuniárias.

O STF declarou que esse dispositivo é constitucional (ADC 4).

Vale ressaltar, no entanto, que a decisão proferida na referida ADC 4 não impede
toda e qualquer antecipação de tutela contra a Fazenda Pública. Somente está
proibida a concessão de tutela antecipada nas hipóteses listadas no art. 1º da Lei
n. 9.494/97, que deve ser interpretado restritivamente.

No presente julgado, o STF afirmou que seria possível a concessão de tutela


antecipada tratando sobre férias de servidores públicos, considerando que isso
não envolve a reclassificação ou equiparação de servidores públicos nem a
concessão de aumento ou extensão de vantagens.

STF. Plenário. Rcl 4311/DF, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
6/11/2014 (Info 766).

9. JUSTIÇA GRATUITA
9.1. Exigibilidade suspensa das obrigações resultantes da sucumbência – (Info
811)

O art. 12 da Lei nº 1.060/50 foi recepcionado pela CF/88.

O CPC 2015 revogou o art. 12 da Lei nº 1.060/50, mas previu regra semelhante no §
3º do art. 98:

Art. 98 (...) § 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua


sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão
ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da
decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-
se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

STF. Plenário. RE 249003 ED/RS, RE 249277 ED/RS e RE 284729 AgR/MG, Rel.


Min. Edson Fachin, j. 9/12/2015 (Info 811).

9.2. É possível requerer a assistência jurídica gratuita no ato da interposição do


recurso?

SIM. O STF entendeu que seria cabível deferir-se a gratuidade nessa fase
processual, salvo se houvesse fraude, como por exemplo, quando a parte não
efetuasse o preparo e, depois, requeresse que se relevasse a deserção.
O Min. Marco Aurélio afirmou que é plausível imaginar a situação de uma pessoa
que no início do processo pudesse custear as despesas processuais, e, no entanto,
depois de um tempo, com a mudança de sua situação econômica, não tivesse mais
condições de pagar o preparo do recurso, devendo então ter direito de pleitear a
assistência judiciária nessa fase processual.
STF. 1ª Turma. AI 652139 AgR/MG, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão
Min. Marco Aurélio, j. 22/5/12.

10. PROVAS
10.1. Desconsideração das conclusões do laudo pericial com base em outras provas
– (Info 817)
A preferência do julgador por determinada prova insere-se no livre
convencimento motivado e não cabe compelir o magistrado a colher com primazia
determinada prova em detrimento de outras pretendidas pelas partes se, pela
base do conjunto probatório tiver se convencido da verdade dos fatos.

STF. Plenário. RE 567708/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min.
Cármen Lúcia, julgado em 8/3/2016 (Info 817).

OBS: O magistrado, com base no livre convencimento motivado, tem a liberdade de


deixar de considerar as conclusões do laudo pericial desde que faça isso de forma
fundamentada. Isso está previsto no art. 479 do CPC 2015:

Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto


no art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a
considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo,
levando em conta o método utilizado pelo perito.

Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos,


independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará
na decisão as razões da formação de seu convencimento.

Ao tecer comentários sobre este art. 479, Daniel Amorim Assumpção Neves explica
que:
"O sistema de valoração das provas, adotado pelo sistema
processual brasileiro, é o da persuasão racional, também chamado
de livre convencimento motivado. Significa dizer que não existem
cargas de convencimento pré-estabelecidas dos meios de prova,
sendo incorreto afirmar abstratamente que determinado meio de
prova é mais eficaz no convencimento do juiz do que outro. Com
inspiração nesse sistema de valoração das provas, o art. 479 do
Novo CPC prevê que o juiz não está adstrito ao laudo pericial,
podendo se convencer com outros elementos ou fatos provados no
processo." (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC
comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 784).

10.2. INQUÉRITO CIVIL: Compartilhamento no inquérito civil das provas


colhidas em investigação criminal mesmo que acobertadas pelo sigilo – (Info 815) –
IMPORTANTE!!!

É possível compartilhar as provas colhidas em sede de investigação criminal para


serem utilizadas, como prova emprestada, em inquérito civil público e em outras
ações decorrentes do fato investigado. Esse empréstimo é permitido mesmo que
as provas tenham sido obtidas por meio do afastamento ("quebra") judicial dos
sigilos financeiro, fiscal e telefônico.

STF. 1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.
Roberto Barroso, julgado em 23/2/2016 (Info 815).

11. COISA JULGADA


11.1. CBF não poderia ter editado resolução declarando tanto o Sport como o
Flamengo campeões de 1987 porque já havia uma decisão transitada em julgado
considerando vencedor o Sport – (Info 861)

O Sport Club do Recife conseguiu, em 1999, uma decisão judicial transitada em


julgado declarando que ele foi o campeão brasileiro de futebol do ano de 1987.

Ocorre que, em 2011, a CBF editou a Resolução 2/2011 reconhecendo que, além do
Sport, o Flamengo também teria sido campeão brasileiro em 1987.

O Sport não se conformou com esta postura da entidade e ingressou com ação de
cumprimento de sentença pedindo que, em respeito à decisão judicial transitada
em julgado em 1999, a CBF fosse condenada a anular a Resolução e reconhecer o
clube pernambucano como o único campeão de 1987.

O STF concordou com o pleito do Sport.

A decisão judicial que conferiu ao Sport o título de campeão brasileiro de 1987


transitou em julgado e não podia ser alterada por resolução posterior da CBF.

A coisa julgada, como manifestação do princípio da segurança jurídica, assume a


estatura de elemento estruturante do Estado Democrático de Direito.

A autonomia das entidades desportivas não autoriza a transformação da CBF em


órgão revisor de pronunciamentos jurisdicionais alcançados pela preclusão.

STF. 1ª Turma. RE 881864 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 18/4/2017 (Info
861).

12. EXECUÇÃO
12.1. Obrigação de fazer não está sujeita a precatório – (Info 866) –
IMPORTANTE!!!

A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai


o regime constitucional dos precatórios.

Assim, em caso de “obrigação de fazer”, é possível a execução provisória contra a


Fazenda Pública, não havendo incompatibilidade com a Constituição Federal.

Ex: sentença determinando que a Administração institua pensão por morte para
dependente de ex-servidor.

STF. Plenário. RE 573872/RS, Rel. Min. Edson Fachin, j. 24/5/17 (repercussão geral)
(Info 866).

12.2. Constitucionalidade do art. 741 do CPC 1973 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e
art. 535, § 5º do CPC 2015) – (Info 824)

São constitucionais o parágrafo único do art. 741 do CPC 1973, bem como os
correspondentes dispositivos do CPC 2015 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535,
§ 5º).

Tais dispositivos buscam harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado


da Constituição e agregam ao sistema processual brasileiro um mecanismo com
eficácia rescisória de certas sentenças inconstitucionais, com hipóteses
semelhantes às da ação rescisória (art. 485, V, do CPC 1973; art. 966, V, do CPC
2015).

STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info
824).

OBS:
Coisa julgada tem limites impostos pelo legislador? O instituto da coisa julgada,
embora tenha proteção constitucional, deve ser conformado (regulamentado) pelo
legislador ordinário, a quem é dada a faculdade de estabelecer limites objetivos e
subjetivos. Em outras palavras, a coisa julgada não é um instituto absoluto. Assim, a
lei pode indicar situações em que o instituto deve ceder lugar a postulados,
princípios ou bens de mesma hierarquia e que também são protegidos pela
Constituição.

Vícios da sentença que autorizam a inexigibilidade/inexequibilidade: Segundo o


STF, para que se possa reconhecer a inexigibilidade/inexequibilidade do título
executivo, é necessário que a sentença tenha incorrido em algum dos seguintes
vícios:

a) sentença que aplicou uma lei que havia sido declarada


inconstitucional pelo STF;
b) sentença que aplicou a lei para uma situação considerada
inconstitucional (STF afirmou que a lei é constitucional, mas
que não poderia ser aplicada para determinada situação, sob
pena de, aí sim, ser inconstitucional);
c) sentença que aplicou a lei com um sentido (uma
interpretação) inconstitucional (STF conferiu interpretação
conforme para determinada lei e a sentença contrariou esta
interpretação dada);
d) sentença que decidiu que determinada lei é
inconstitucional, mas o STF já a havia declarado
constitucional.

Para que se possa reconhecer a inexigibilidade/inexequibilidade do título executivo,


é necessário que o pronunciamento do STF sobre a questão seja anterior ao título
executivo? SIM. Para a aplicação do art. 741, § único, do CPC 1973 (ou dos
correspondentes dispositivos do novo CPC), é indispensável que a sentença
exequenda (título executivo) tenha a questão constitucional em sentido contrário ao
pronunciamento do STF. Em outras palavras, a decisão do STF precisa ter sido
proferida antes do que o título executivo. Tais dispositivos somente podem ser
aplicados quando o órgão julgador, mesmo já havendo decisão do STF sobre o tema,
decide em sentido contrário ao que o Supremo tinha decidido. A sentença já deve ter
nascido sendo contrária ao entendimento do STF. O vício na sentença deve ser um
"defeito genético", ou seja, já nasceu com ela (nesse sentido: Fredie Didier, Leonardo
Cunha, Luiz Guilherme Marinoni).

Ex: em 2012, o STF decidiu que a lei X é inconstitucional; em 2013, o juiz julga a
causa aplicando a lei X; mesmo se esta decisão transitar em julgado, o título
executivo será inexigível porque aplicou lei já considerada inconstitucional pelo STF.

Essa exigência passou a ser prevista de forma expressa no art. 525, § 14 do CPC 2015:

§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12


deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão
exequenda.

E se a sentença transitou em julgado aplicando a lei X e somente depois de algum


tempo o STF declarou que essa lei é inconstitucional? O que acontece neste caso? O
CPC 2015 inovou e previu, expressamente, que, se a decisão do STF declarando
inconstitucional a norma foi superveniente (posterior) ao trânsito em julgado da
sentença exequenda, caberá ação rescisória, com prazo contado do trânsito em
julgado da decisão proferida pelo STF. Veja:

Art. 525 (...)


§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o
trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação
rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

13. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA


13.1. É válida a penhora realizada sobre bens de sociedade de economia mista que
posteriormente foi sucedida pela União – (Info 853)

É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada


anteriormente à sucessão desta pela União, não devendo a execução prosseguir
mediante precatório (art. 100, caput e § 1º, da Constituição Federal).

STF. Plenário. STF. Plenário. RE 693112-MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
09/02/2017 (repercussão geral) (Info 853).

OBS:

Quem tem o privilégio de pagar por meio de precatório? A quem se aplica o regime
dos precatórios? As Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais.
Quando se fala em “Fazenda Pública”, essa expressão abrange:
✓ União, Estados, DF e Municípios (administração direta);
✓ autarquias;
✓ fundações;
✓ empresas públicas prestadoras de serviço público (ex: Correios);
✓ sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação
própria do Estado e de natureza não concorrencial (este último é polêmico,
mas é o entendimento que prevalece).

Sobre o tema, o STF decidiu recentemente que:


As sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de
atuação própria do Estado e de natureza não concorrencial
submetem-se ao regime de precatório. STF. 2ª Turma. RE
852302 AgR/AL, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
15/12/2015 (Info 812).

Segundo o STF, para que a sociedade de economia mista goze dos privilégios da
Fazenda Pública, é necessário que ela não atue em regime de concorrência com
outras empresas e que não tenha objetivo de lucro. Confira:
(...) Os privilégios da Fazenda Pública são inextensíveis às
sociedades de economia mista que executam atividades em
regime de concorrência ou que tenham como objetivo
distribuir lucros aos seus acionistas. Portanto, a empresa
Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte não
pode se beneficiar do sistema de pagamento por precatório
de dívidas decorrentes de decisões judiciais (art. 100 da
Constituição). (...)
(STF. Plenário. RE 599628, Rel. Min. Ayres Britto, Relator p/
Acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 25/05/2011).

Resumindo:
A antiga RFFSA era uma sociedade de economia mista
federal, que foi extinta, e a União tornou-se sua sucessora
legal nos direitos e obrigações. A União goza de imunidade
tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88).
A RFFSA não desfrutava do benefício pois se tratava de
entidade exploradora de atividade econômica.
Os débitos tributários que a RFFSA possuía foram
transferidos para a União e devem ser pagos, não podendo
este ente invocar a imunidade tributária recíproca.
O STF concluiu que a imunidade tributária recíproca não
afasta a responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese
em que o sujeito passivo era contribuinte regular do tributo
devido.
STF. 1ª Turma. RE 599.176/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa,
julgado em 5/6/2014 (Info 749).

13.2. Constitucionalidade do art. 1ºB da Lei 9.494/97 – (Info 824)

A ampliação do prazo para a oposição de embargos do devedor pela Fazenda


Pública para 30 dias, inserida no art. 1º-B da Lei nº 9.494/97, é constitucional e não
viola os princípios da isonomia e do devido processo legal.

O estabelecimento de tratamento processual especial para a Fazenda Pública,


inclusive em relação a prazos diferenciados, quando razoáveis, não constitui
propriamente restrição a direito ou prerrogativa da parte adversa, mas busca
atender ao princípio da supremacia do interesse público.

A fixação do prazo de 30 dias para a Fazenda apresentar embargos à execução não


pode ser considerado como irrazoável, afinal de contas esse é o mesmo prazo que
o particular goza para apresentar embargos em caso de execuções fiscais contra
ele movidas pela Fazenda Pública (art. 16 da Lei nº 6.830/80).

STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info
824).

OBS:
MP 2.102-27/2001 e a ampliação do prazo para a Fazenda Pública opor embargos: O
art. 4º da MP 2.102-27/2001 acrescentou um artigo na Lei nº 9.494/97 (que trata
sobre alguns aspectos do Poder Público em juízo) aumentando o prazo que a
Fazenda Pública dispõe para apresentar embargos caso ela esteja sendo executada.
Antes da alteração, o prazo era de 10 dias. Após, foi ampliado para 30 dias. Veja o
artigo que foi acrescentado:

Art. 1º-B. O prazo a que se refere o “caput” dos arts. 730 do


Código de Processo Civil (obs: CPC 1973), e 884 da
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-
Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, passa a ser de trinta dias.

O que mudou com o CPC 2015?


CPC 1973 CPC 2015
Tanto no caso de título executivo O novo CPC previu dois procedimentos
judicial como extrajudicial o diferentes:
procedimento era o mesmo e estava 1) Se o título executivo for JUDICIAL: o
previsto no art. 730. procedimento é chamado de
cumprimento de sentença, sendo regido
pelos arts. 534 e 535.
2) Se o título executivo for
EXTRAJUDICIAL: o procedimento é
chamado de execução contra a Fazenda
Pública (art. 910).
Não havia o nome cumprimento de Passou a existir um procedimento
sentença contra a Fazenda Pública (isso próprio chamado de cumprimento de
era chamado de execução contra a sentença contra a Fazenda Pública.
Fazenda Pública). A nomenclatura execução contra a
Fazenda Pública ficou destinada para a
execução fundada em título
extrajudicial.
A defesa apresentada pela Fazenda No cumprimento de sentença, a defesa
Pública era chamada de embargos (art. da Fazenda é chamada de impugnação.
730) tanto em caso de título judicial Na execução contra a Fazenda Pública,
como extrajudicial. esta se defende por meio de embargos.
O prazo dos embargos era de 30 dias. Tanto o prazo da impugnação como dos
embargos continua sendo de 30 dias.

Voltando para a MP 2.102-27/2001: Como vimos acima, o art. 4º da MP 2.102-


27/2001 ampliou para 30 dias o prazo para que a Fazenda Pública opusesse
embargos.
A OAB ingressou com ADI contra este dispositivo afirmando que ele violaria os
princípios da isonomia e do devido processo legal.

O STF concordou com o argumento? A ampliação do prazo dos embargos opostos


pela Fazenda Pública violou a Constituição Federal? NÃO.

O STF já possuía decisão cautelar no sentido da constitucionalidade dessa ampliação.


Confira:

(...) Prazos previstos no art. 730 do CPC e no art. 884 da CLT.


Ampliação pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, que
acrescentou o art. 1º-B à Lei federal nº 9.494/97. Limites
constitucionais de urgência e relevância não ultrapassados.
Dissídio jurisprudencial sobre a norma. Ação direta de
constitucionalidade. Liminar deferida. Aplicação do art. 21,
caput, da Lei nº 9.868/99. Ficam suspensos todos os
processos em que se discuta a constitucionalidade do art. 1º-
B da Medida Provisória nº 2.180-35.
STF. Plenário. ADC 11 MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado
em 28/03/2007.

14. RECURSOS
14.1. Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga PAD – (Info
892)

Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga processo
administrativo disciplinar instaurado contra magistrado trabalhista.

Compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as “causas” decididas


em única ou última instância (art. 102, III, da CF/88).
O vocábulo “causa” referido no inciso III do art. 102 da CF/88 só abrange
processos judiciais, razão pela qual é incabível a interposição de recursos
extraordinários contra acórdãos proferidos pelos Tribunais em processos
administrativos, inclusive aqueles de natureza disciplinar instaurados contra
magistrados.

STF. 2ª Turma. ARE 958311/SP, rel. org. Min. Teori Zavaski, red.p/ac. Min. Gilmar
Mendes, j. 27/02/18 (Info 892).

14.2. Juntada extemporânea de prova documental em recursos interpostos no STF –


(Info 850)

Como regra, não se admite a juntada extemporânea de prova documental em


recursos interpostos no STF. Assim, por exemplo, em regra, não se admite que,
em um agravo regimental no STF, seja juntado algum documento que já existia,
mas que a parte não havia trazido aos autos por omissão sua.

No entanto, em um caso concreto envolvendo uma apreciação de contas do TCE, o


STF relativizou esta proibição e admitiu que o Estado/agravante trouxesse aos
autos cópia da intimação do gestor público condenado. O STF considerou que, na
situação concreta, o interesse público indisponível presente na lide justifica que
se admita a análise do documento.

STF. 1ª Turma. ARE 916917 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 6/12/16 (Info 850).

OBS:

Imagine a seguinte situação adaptada: João, Presidente da Câmara Municipal, teve


suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas de SP. Diante disso, ele ajuizou ação
ordinária contra o Estado de SP pedindo a anulação da decisão do TCE sob a
alegação de que não foi intimado para a sessão de julgamento na Corte de Contas, o
que violou os princípios do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF/88).
O juiz julgou a ação improcedente, tendo a sentença sido confirmada pelo TJSP.
Contra o acórdão, João interpôs recurso extraordinário. No STF, o Ministro Relator,
de forma monocrática, deu provimento ao recurso extraordinário afirmando que a
SV 3 exige contraditório e ampla defesa nestes casos:
Súmula vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de
Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,
excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

O Relator poderia ter decidido monocraticamente o RE? Existe previsão legal para
isso? Em tese, SIM. Veja o que diz o art. 932, V, "a", do CPC/2015:
Art. 932. Incumbe ao relator:
(...)
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar
provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior
Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

Agravo: Contra esta decisão monocrática, o Estado de SP interpôs agravo regimental


para a Turma do STF da qual faz parte o Ministro. Obs: o CPC/2015 (art. 1.021) fala
em "agravo interno", mas o RISTF ainda utiliza a nomenclatura "agravo regimental"
(art. 317). Veja a redação do CPC:
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá
agravo interno para o respectivo órgão colegiado,
observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.

No agravo, o Estado de SP juntou um documento que ainda não havia nos autos:
cópia do Diário Oficial que demonstra que houve a intimação de João e seus
advogados. Desse modo, ficou demonstrada que não era verdadeira a alegação do
autor de que não havia sido intimado para o julgamento no TCE.

O que decidiu o STF? É possível considerar este documento e, em razão disso, a


decisão monocrática ser reformada? SIM. A 1ª Turma do STF, por maioria, deu
provimento ao agravo regimental e reformou a decisão monocrática que havia
anulado o acórdão do TCE. O próprio Relator reformou sua decisão, tendo sido
acompanhado pela maioria dos demais Ministros.

Inadmissibilidade da juntada de documentos nos recursos interpostos no STF: Como


regra, não se admite a juntada extemporânea de prova documental em recursos
interpostos no STF. No entanto, no caso concreto, o STF relativizou esta proibição,
tendo em vista o interesse público indisponível presente na lide consistente no
interesse de toda a coletividade na apreciação da higidez das contas dos gestores
públicos. Por conta dessa peculiaridade, admitiu-se a comprovação tardia de que a
parte recorrida foi efetivamente intimada da sessão de julgamento.

14.3. Cabimento de honorários advocatícios em julgamento de embargos de


declaração por Tribunais – (Info 829) – IMPORTANTE!!! – (Procurador Legislativo-
Currais Novos/RN-2017)

Após 18 de março de 2016, data do início da vigência do NCPC, é possível


condenar a parte sucumbente em honorários advocatícios na hipótese de o recurso
de embargos de declaração, interposto perante Tribunal, não atender os requisitos
previstos no art. 1.022 e tampouco se enquadrar em situações excepcionais que
autorizem a concessão de efeitos infringentes.

Obs: a doutrina entende que, mesmo com o NCPC, não cabem honorários
advocatícios no julgamento de embargos de declaração, seja em 1ª instância, seja
nos Tribunais. Por todos: Fredie Didier Jr e Leonardo Carneiro da Cunha.
STF. 1ª Turma. RE 929925 AgR-ED/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/16 (Info 829).

14.4. Art. 932, parágrafo único, do CPC não pode ser aplicado para o caso de
recurso que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão
recorrida – (Info 829) – IMPORTANTE!!!

O prazo de 5 dias previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se aplica


aos casos em que seja necessário sanar vícios formais, como ausência de
procuração ou de assinatura, e não à complementação da fundamentação.

Assim, esse dispositivo não incide nos casos em que o recorrente não ataca todos
os fundamentos da decisão recorrida. Isso porque, nesta hipótese, seria necessária
a complementação das razões do recurso, o que não é permitido.

STF. 1ª Turma. ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/16 (Info 829).

14.5. INSS é dispensado do pagamento de porte de remessa e retorno – (Info 810)

Se o INSS interpuser um recurso, ele precisará pagar o porte de remessa e retorno


(despesas postais para o transporte do recurso)?

NÃO. O INSS é dispensado de pagar o porte de remessa e retorno mesmo nos


processos que tramitam na Justiça Estadual. Segundo decidiu o STF, o INSS é
exonerado de recolher o porte de remessa e retorno com base no § 1º do art. 511 do
CPC 1973 (§ 1º do art. 1.007 do CPC 2015).

O porte de remessa e retorno é uma despesa de serviço postal prestado pelos


Correios (empresa pública federal) e que é remunerada por tarifa (preço público).
Desse modo, o porte de remessa e retorno não tem natureza jurídica de taxa, não
sendo uma taxa estadual.

Sendo o porte de remessa e retorno uma tarifa paga a uma empresa pública
federal, o CPC, que é uma lei federal, poderia, de forma válida, prever a sua
dispensa para o INSS. Trata-se de diploma editado pela União, a quem compete
dispor sobre as receitas públicas oriundas da prestação do serviço público postal.

O STF resumiu a solução da controvérsia por meio da seguinte frase: "Aplica-se o


parágrafo 1º do artigo 511 do CPC, para dispensa de porte de remessa e retorno,
ao exonerar o seu respectivo recolhimento por parte do INSS”.

STF. Plenário. RE 594116/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/12/2015


(repercussão geral) (Info 810).
14.6. Tempestividade do recurso interposto antes da decisão recorrida ter sido
publicada – (Info 776) – IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!!!

Imagine que antes de o acórdão ser publicado no Diário de Justiça, o advogado da


parte soube da decisão e opôs embargos de declaração contra ela. Tais embargos
são tempestivos? O recurso contra a decisão que ainda não foi publicada é
tempestivo segundo o STF?

SIM. Admite-se a interposição de embargos declaratórios oferecidos antes da


publicação do acórdão embargado e dentro do prazo recursal.

Se a parte tomar conhecimento do teor do acórdão antes de sua publicação e


entender haver omissão, contradição ou obscuridade, pode embargar
imediatamente. Não há nada que impeça isso. Não se pode dizer que o recurso é
prematuro porque o prazo começa a correr da data de intimação da parte, e a
presença do advogado, a manifestar conhecimento do acórdão, supre a intimação.
Assim, se a parte se sentir preparada para recorrer antecipadamente, pode fazê-lo.

Essa conclusão é reforçada pelo art. 1.024, § 5º do novo CPC.

Vale ressaltar que, por enquanto, o STJ tem entendimento em sentido contrário,
conforme se verifica pela Súmula 418.

STF. Plenário. AI 703269 AgR-ED-ED-EDv-ED/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em


5/3/2015 (Info 776).

14.7. AGRAVO
14.7.1. Multa do § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º do art. 1.021 do CPC 2015) e justiça
gratuita (Info 808).

O § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º do art. 1.021 do CPC 2015) prevê que, quando
manifestamente inadmissível ou improcedente o agravo, o tribunal condenará o
agravante a pagar ao agravado multa de
1% a 10% do valor corrigido da causa (CPC 1973)
1% a 5% do valor atualizado da causa (CPC 2015).

Essa multa é aplicada também para o beneficiário da justiça gratuita?


SIM. No entanto, há uma diferença de tratamento no caso:
• CPC 1973: a parte beneficiária da justiça gratuita não está isenta do pagamento
da multa do art. 557, § 2º do CPC 1973. Porém, o recolhimento da multa ficará
suspenso por 5 anos para ver se a parte conseguirá melhorar sua condição
econômica e auferir recursos para pagar a sanção, conforme prevê o art. 12 da Lei
nº 1.060/50. Nesse sentido, decidiu o STF, 1ª Turma. RE 775685 AgR-ED/BA, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2015 (Info 808). Na prática, ela quase nunca irá
pagar.
• CPC 2015: o novo CPC prevê no art. 98, § 4º que a concessão de gratuidade não
afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais que lhe
sejam impostas.
STF. 1ª Turma. RE 775685 AgR-ED/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
17/11/2015 (Info 808).

14.8. Recurso apresentado em setor errado do Tribunal – (Info 800)

Se o advogado deu entrada no recurso, no último dia do prazo, no setor da


contadoria do Tribunal em vez de ser no protocolo, ainda assim o recurso terá que
ser considerado tempestivo. Isso porque o referido erro não pode ser atribuído
exclusivamente ao advogado, mas também ao setor da contadoria que recebeu a
petição do recurso indevidamente.

STF. 1ª Turma. RE 755613 AgR-ED/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/9/15 (Info 800).

15. HONORÁRIOS RECURSAIS


15.1. Fixação de honorários recursais mesmo quando não há a apresentação de
contrarrazões ou contraminuta – (Info 841)

É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015,


mesmo quando não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado
da parte recorrida.

STF. 1ª Turma. AI 864689 AgR/MS e ARE 951257 AgR/RJ, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, j. 27/09/16 (Info 841).

OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em
honorários advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM.
Agora, com o NCPC, em regra, existe condenação em honorários advocatícios para a
parte que interpôs recurso, mas sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art.
85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários
fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional
realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o
disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no
cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.

Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz
condenou João a pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não
se conformou e interpôs apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e
aumentado a condenação em honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.

Veja o que diz a doutrina sobre este importante § 11 do art. 85 do novo CPC:
"Esta é uma das principais inovações do CPC/2015. No
CPC/1973, em cada processo, havia uma única condenação
em honorários. No novo sistema, a cada recurso, há a
majoração na condenação em honorários – além daqueles já
fixados anteriormente. 13.1. O teto para a fixação dos
honorários é o limite previsto no § 2º (20%, no caso de
particulares) e § 3º (3% a 20%, conforme a faixa, no caso da
Fazenda Pública). Ou seja, mesmo com a sucumbência
recursal, o teto de 20% de honorários não poderá ser
ultrapassado. (...) 13.3. Ao julgar o recurso, de ofício, o
tribunal irá aumentar os honorários. Assim, é possível que,
no cotidiano, ocorra o seguinte: condenação em 10% quando
da sentença, majorada para 15% quando do acórdão da
apelação e para 20% quando do acórdão do recurso especial
(por ser esse o teto legal, como visto). Mas o mais provável é
que ocorra o seguinte: condenação em 10% quando da
sentença, majorada para 20% quando do acórdão da apelação
e mantida nesses 20% quando do acórdão de eventual
recurso especial (exatamente por ser o teto legal). 13.4. Em
virtude de quais recursos deve ser aplicada a sucumbência
recursal? Seriam todos os recursos previstos no artigo 994 do
CPC/2015? Como o § 11 destaca “tribunal”, é de se concluir
que não há a aplicação em 1º grau. Assim, quando dos
embargos de declaração da interlocutória ou sentença,
descabe aplicar honorários recursais." (DELLORE, Luiz.
Comentários ao art. 85 do CPC. Teoria geral do processo:
comentários ao CPC de 2015 - Parte Geral. São Paulo:
Método, 2015, p. 298-299).

Essa nova previsão tem dois objetivos principais:


1º) Remunerar o trabalho do advogado que terá que atuar
também na fase de recurso;
2º) Desestimular a interposição de recursos, considerando
que, agora, se eles forem improvidos, o recorrente terá que
pagar honorários advocatícios, o que não existia antes.

Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do Código de Processo Civil de 2015 tem
dupla funcionalidade, devendo atender à justa remuneração
do patrono pelo trabalho adicional na fase recursal e inibir
recursos provenientes de decisões condenatórias
antecedentes. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 23/06/2016.

Se a parte recorrida não apresentar contrarrazões ao recurso, mesmo assim a parte


recorrente que perdeu terá que pagar honorários advocatícios recursais? Ex: João
recorreu contra a sentença; Pedro foi intimado, mas não apresentou contrarrazões
ao recurso; João terá que pagar honorários recursais mesmo não tendo havido
contrarrazões? SIM. É o que foi decidido no Info 841 do STF.

16. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


16.1. Não cabem embargos de declaração contra decisão de presidente do tribunal
que não admite recurso extraordinário – (Info 886) – IMPORTANTE!!!

Não cabem embargos de declaração contra a decisão de presidente do tribunal


que não admite recurso extraordinário.

Por serem incabíveis, caso a parte oponha os embargos, estes não irão suspender
ou interromper o prazo para a interposição do agravo do art. 1.042 do CPC/2015.

Como consequência, a parte perderá o prazo para o agravo.

Nas palavras do STF: os embargos de declaração opostos contra a decisão de


presidente do tribunal que não admite recurso extraordinário não suspendem ou
interrompem o prazo para interposição de agravo, por serem incabíveis.

STF. 1ª Turma. ARE 688776 ED/RS e ARE 685997 ED/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, j.
28/11/17 (Info 886).

OBS:

Interposição de recurso extraordinário: A parte que deseja interpor um Recurso


Extraordinário (RE) deve protocolizar este recurso no juízo a quo (recorrido) e não
diretamente no juízo ad quem (STF). Ex: TJDFT profere acórdão, por unanimidade,
em apelação, afirmando que é inconstitucional a união poligâmica pretendida por
“A”, “B” e “C”. Nesta hipótese, as partes poderão interpor recurso extraordinário
contra esta decisão, a ser julgado pelo STF, com base no art. 102, III, “a”, da CF/88. O
RE deverá ser protocolizado no próprio TJDFT. O recorrido será intimado para
apresentar suas contrarrazões. Após, o Presidente do Tribunal (ou Vice-Presidente, a
depender do regimento interno), em decisão monocrática, irá fazer um juízo de
admissibilidade do recurso.
➢ Se o juízo de admissibilidade for positivo, significa que o Presidente do
Tribunal entendeu que os pressupostos do RE estavam preenchidos e, então,
remeterá o recurso para o STF.
➢ Se o juízo de admissibilidade for negativo, significa que o Presidente do
Tribunal entendeu que algum pressuposto do RE não estava presente e,
então, ele não admite o recurso.

O que a parte pode fazer caso o Presidente do Tribunal não admita o recurso
extraordinário? Qual é o recurso cabível contra essa decisão? Agravo. Mas qual
agravo?
1) Se a inadmissão do Presidente do Tribunal de origem foi com base no
inciso I do art. 1.030 do CPC: cabe agravo interno, que será julgado pelo
próprio Tribunal de origem.
2) Se a inadmissão foi com fundamento no inciso V do art. 1.030: cabe "agravo
em recurso especial e extraordinário", recurso previsto no art. 1.042 do
CPC/2015.

A parte poderá opor embargos de declaração contra a decisão do Presidente do


Tribunal que não admite recurso extraordinário? NÃO. O STF entende que são
incabíveis embargos de declaração contra decisão do Presidente do Tribunal de
origem que não admite recurso extraordinário.

Sabe qual é a gravidade disso? A parte terá perdido o prazo para interpor o agravo.

Mas os embargos de declaração não interrompem o prazo para a interposição dos


demais recursos? Em regra, sim. Mas neste caso a jurisprudência do STF afirma que
não considerando o fato de que os embargos de declaração são manifestamente
incabíveis. Vamos entender com um exemplo:
- Em 02/2/17, o Presidente do TJ não admitiu o recurso
extraordinário interposto por João.
- João, em vez de interpor logo o agravo, resolveu opor
embargos de declaração contra essa decisão monocrática do
Presidente do Tribunal alegando que havia uma omissão,
por exemplo. Esses embargos foram opostos em 07/2/17.
- O que acontecerá: o Presidente do TJ não irá conhecer dos
embargos alegando que eles são incabíveis. Suponhamos que
essa decisão foi proferida em 04/4/17.
- João foi intimado, e agora sim interpôs agravo para tentar
reverter a decisão e fazer com que o recurso extraordinário
seja conhecido. Ele interpôs o agravo em 05/4/17.
- O agravo não será conhecido por intempestividade.
- João argumentará que, quando opôs os embargos de
declaração, o seu prazo recursal para o agravo foi
interrompido e que recomeçou a contar quando ele foi
intimado da decisão dos embargos.
- Ocorre que esse argumento não é aceito pela
jurisprudência.
- Para o STF, a oposição de embargos de declaração contra a
decisão do Presidente do Tribunal de origem que não
admitiu o recurso extraordinário, por ser incabível, não
suspende ou interrompe o prazo para a interposição do
agravo.
- Isso significa que o processo transitou em julgado e que o
mérito do RE não será apreciado pelo STF.

Na prática, essa é uma “armadilha” que muitos advogados infelizmente acabam se


envolvendo. Isso porque existe uma ideia de que cabem embargos de declaração
contra toda e qualquer decisão. Na verdade, a própria redação do CPC fala isso.
Veja:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer
decisão judicial para: (...)

Contudo, a situação acima explicada (decisão que não admite recurso


extraordinário) é uma exceção à regra.

E o STJ? O STJ tem um entendimento parecido:


➢ Em regra: não cabem embargos de declaração contra a decisão de
presidente do tribunal que não admite recurso especial.
➢ Exceção: é possível a interposição dos embargos se a decisão do presidente
do tribunal de origem for tão genérica, que não permita sequer a
interposição do agravo. Trata-se, contudo, de um risco muito grande a ser
enfrentado pelo advogado.

(...) 1. A jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de que o


agravo em recurso especial é o único recurso cabível contra
decisão que nega seguimento a recurso especial. Assim, a
oposição de embargos de declaração não interrompe o prazo
para a interposição de ARESP.
Precedentes.
2. Excepcionalmente, nos casos em que a decisão for
proferida de forma bem genérica, que não permita sequer a
interposição do agravo, caberá embargos. (...)
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1143127/RJ, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017.

16.2. Não cabem para corrigir erros de julgamento – (Info 785)

Os embargos de declaração não se prestam a corrigir possíveis erros de


julgamento.

STF. Plenário. RE 194662 Ediv-ED-ED/BA, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red.
p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, j. 14/5/15 (Info 785).

17. RECURSO EXTRAORDINÁRIO


17.1. Possibilidade de apreciação do recurso extraordinário com repercussão geral
mesmo que, no caso concreto, tenha havido prejudicialidade do tema discutido –
(Info 880) – IMPORTANTE!!!

Determinado indivíduo ingressou com pedido de registro para concorrer às


eleições de Prefeito sem estar filiado a partido político (candidatura avulsa).

O pedido foi indeferido em todas as instâncias e a questão chegou até o STF por
meio de recurso extraordinário. Ocorre que, quando o STF foi apreciar o tema, já
haviam sido realizadas as eleições municipais. Diante disso, suscitou-se que o
recurso estava prejudicado.

O STF reconheceu que, na prática, realmente havia uma prejudicialidade do


recurso tendo em vista que as eleições se encerraram. No entanto, o Tribunal
decidiu superar a prejudicialidade e atribuir repercussão geral à questão
constitucional discutida dos autos. Isso significa que o STF admitiu o
processamento do recurso e em uma data futura irá examinar o mérito do pedido,
ou seja, se podem ou não existir candidaturas avulsas no Brasil.

Entendeu-se que o mérito do recurso deveria ser apreciado tendo em vista sua
relevância social e política.

STF. Plenário. ARE 1054490 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 5/10/17 (Info
880).

OBS:

Candidaturas avulsas: Candidatura avulsa é aquela apresentada por um indivíduo


que não é filiado a partido político ou que, mesmo sendo filiado, o partido não o
escolhe como sendo candidato oficial da agremiação.
Ex1: João não é filiado a partido político, mas deseja ser candidato a Presidente da
República. Se o ordenamento jurídico permitisse, ele poderia apresentar uma
“candidatura avulsa”, ou seja, sem que tenha partido político o apoiando.
Ex2: Pedro é filiado ao Partido da Esperança. Na convenção partidária, a agremiação
escolhe Carlos como sendo o candidato do partido à Presidência da República. Pedro
não se conforma e lança sua “candidatura avulsa” ao cargo de Presidente.

As candidaturas avulsas são permitidas no Brasil? NÃO. Ao contrário de outros países, o


Brasil não admite a existência de candidaturas avulsas. Isso porque a Constituição
Federal exige, como um dos requisitos de elegibilidade, a filiação partidária:
Art. 14 (...) § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: (...)
V - a filiação partidária;

No mesmo sentido é o Código Eleitoral:


Art. 87. Somente podem concorrer às eleições candidatos registrados
por partidos.

Imagine agora a seguinte situação: Em 2016, Rodrigo e Rafael fizeram requerimento


ao juiz eleitoral pedindo o registro de suas candidaturas autônomas aos cargos de
Prefeito e Vice-Prefeito do Município do Rio de Janeiro, sem filiação partidária. Em
outras palavras, eles pediram para concorrer às eleições mesmo sem estarem filiados
a partidos políticos. O juiz julgou o pedido improcedente argumentando que “no
atual sistema brasileiro, a filiação partidária é um dos requisitos de elegibilidade, nos
termos do art. 14, 3º, V, da Constituição Federal”. Os requerentes recorreram ao TRE
que, no entanto, manteve a sentença. Ainda inconformados, os autores interpuseram
recurso especial ao TSE, também desprovido. Por fim, contra o acórdão do TSE, os
requerentes ingressaram com recurso extraordinário ao STF. Os recorrentes
sustentam a tese de que o art. 14, § 3º, V, da CF/88 deve ser reinterpretado agora à
luz da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa
Rica), que estabelece como direito de todos os cidadãos “votar e ser eleitos em
eleições periódicas autênticas, realizadas por sufrágio universal e igual e por voto
secreto que garanta a livre expressão da vontade dos eleitores”. Assim, argumentam
que as candidaturas avulsas são permitidas pelo Pacto de San Jose da Costa Rica. O
recurso chegou ao STF somente em 2017, ou seja, após as eleições municipais terem
sido realizadas. Dessa forma, pode-se dizer que o pedido dos autores contido no
recurso (deferimento do registro da candidatura) perdeu sua utilidade. Isso porque
ainda que o recurso fosse julgado provido, a eleição já teria se passado e os autores
não concorreram. Logo, mesmo que eles tenham sucesso no RE, tal decisão não irá
melhorar a sua situação no caso concreto.

Diante disso, o STF debateu a seguinte questão preliminar: deverá ser reconhecida a
prejudicialidade (“perda do objeto”) deste RE, com a consequente extinção do
processo sem julgamento do mérito? NÃO. O STF reconheceu que, na prática,
realmente havia uma prejudicialidade do recurso tendo em vista que as eleições se
encerraram. No entanto, o Tribunal decidiu superar a prejudicialidade e atribuir
repercussão geral à questão constitucional discutida dos autos. Isso significa que o
STF admitiu o processamento do recurso e em uma data futura irá examinar o
mérito do pedido, ou seja, se podem ou não existir candidaturas avulsas no Brasil.

Qual foi o argumento do STF para superar a prejudicialidade? A relevância social e


política do tema discutido e a interpretação teleológica do art. 998, parágrafo único,
do CPC/2015, que confere primazia à análise da questão que tenha repercussão
geral em relação aos aspectos formais do recurso. Assim, o STF entendeu que, muito
embora a situação concreta do recorrente esteja prejudicada — em razão do
esgotamento do pleito municipal de 2016 —, deve-se examinar o mérito do recurso
tendo em vista sua relevância social e política. Ademais, o Min. Roberto Barroso
argumentou que, como o pedido de registro de candidatura é feito 6 meses antes do
pleito, seria muito difícil ou praticamente impossível que esta discussão chegasse ao
STF antes da realização das eleições. Dessa forma, a despeito da discussão do caso
concreto estar prejudicada, deveria ser permitido o exame do tema pelo STF. STF.
Plenário. ARE 1054490 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5/10/2017
(Info 880).

Ampliação do parágrafo único do art. 998 do CPC: Vale ressaltar que o CPC/2015
permite que o STF analise o tema da repercussão geral mesmo que haja desistência
do recurso. Confira:
Art. 998. (...)
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a
análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido
reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos
extraordinários ou especiais repetitivos.

No caso agora, temos uma espécie de ampliação deste parágrafo único para também
admitir a análise da questão mesmo que o tema concreto discutido no recurso
extraordinário tenha “perdido o objeto” (perdido o interesse recursal).

17.2. Possibilidade de renúncia ao direito mesmo em fase de recurso


extraordinário ainda não julgado – (Info 825)
É possível reconhecer, também na instância extraordinária, a possibilidade da
homologação do pedido de renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação,
quando postulado por procurador habilitado com poderes específicos, desde que
anterior ao julgamento final do recurso extraordinário.

STF. 2ª Turma. RE 514639 QO/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/5/2016
(Info 825).

OBS:

Imagine a seguinte situação: A empresa "X" ingressou com ação contra o Estado-
membro a fim de discutir a cobrança de ICMS sobre determinada operação. O
processo, após ser julgado pelas instâncias inferiores, chegou ao STF por meio de
recurso extraordinário. Dois Ministros proferiram votos e um terceiro pediu vista,
suspendendo o julgamento. A empresa apresentou, então, petição renunciando ao
direito e pedindo o fim do processo, nos termos do art. 487, III, "c", do CP 2015:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


III - homologar:
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

É possível o pedido de renúncia mesmo o processo já estando em fase de recurso


extraordinário? SIM. Com base nessa orientação, a 2ª Turma do STF homologou
pedido de renúncia ao direito sobre o qual se fundava a ação formulado pela
empresa requerente.

17.3. Reconhecida a repercussão geral, não é mais possível que as partes desistam
do processo – (Info 797) – IMPORTANTE!!!

Um dos pressupostos de admissibilidade do recurso extraordinário é a


repercussão geral.

Desse modo, para que o RE seja conhecido, é necessário que o recorrente


demonstre a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso.

Antes do STF apreciar o mérito do recurso, ele primeiro decide se aquele


determinado tema discutido possui repercussão geral.

É comum que essa decisão reconhecendo a existência de repercussão geral seja


proferida em uma data e somente meses ou até anos depois é que o STF aprecia o
mérito do recurso.

O STF decidiu que, uma vez reconhecida a repercussão geral da questão


constitucional discutida no caso, não é mais possível às partes a desistência do
processo.

O novo CPC permite que a parte desista, mas afirma que a questão cuja
repercussão geral foi reconhecida continuará sendo analisada. Veja:
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou
dos litisconsortes, desistir do recurso.

Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja


repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de
recursos extraordinários ou especiais repetitivos.

STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 2/9/2015 (Info 797).

17.4. Não cabimento de decisão monocrática do relator – (Info 788)

O recurso extraordinário é inadmissível quando interposto após decisão


monocrática proferida pelo relator, haja vista não esgotada a prestação
jurisdicional pelo tribunal de origem. Aplica-se, no caso, o enunciado 281 do STF:

Súmula 281-STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na


justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.

STF. 2ª Turma. ARE 868922/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 2/6/2015 (Info
788).

17.5. Julgamento por amostragem e recurso extraordinário – (Info 737)

O ato do Presidente do STF ou do Ministro Relator que determina o retorno do


recurso extraordinário ao tribunal de origem para que lá fique sobrestado
enquanto o STF analisa a existência de repercussão geral (art. 543-B, do CPC)
NÃO possui lesividade que justifique a impetração de mandado de segurança.
Isso porque o tema ainda será apreciado pelo STF e a solução adotada também
será aplicada ao processo devolvido.

STF. Plenário. MS 32485 AgR/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/2/2014
(Info 737)

17.6. É possível recurso extraordinário contra decisão do STJ que homologa


sentença estrangeira, desde que haja afronta a CF/88 – (Info 735)

É possível o controle das decisões homologatórias de sentenças estrangeiras


proferidas pelo STJ mediante recurso extraordinário. No entanto, é necessário
rigor no exame da alegação de afronta à Constituição nessas hipóteses (art. 102, II,
“a”, da CF/88), sob pena de criação de nova instância revisional.

STF. Plenário. RE 598770/República Italiana, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/
o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12/2/2014 (Info 735)

18. JULGAMENTO POR AMOSTRAGEM DO RESP E RE


18.1. A suspensão dos processos em virtude de reconhecimento de repercussão
geral (§ 5º do art. 1.035 do CPC) pode ser aplicada para processos criminais – (Info
868) – IMPORTANTE!!!

O § 5º do art. 1.035 do CPC/2015 preconiza:

§ 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo


Tribunal Federal determinará a suspensão do
processamento de todos os processos pendentes,
individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e
tramitem no território nacional.

O STF fixou as seguintes conclusões a respeito desse dispositivo:

a) a suspensão prevista nesse § 5º não é uma consequência automática e


necessária do reconhecimento da repercussão geral. Em outras palavras, ela não
acontece sempre. O Ministro Relator do recurso extraordinário paradigma tem
discricionariedade para determiná-la ou modulá-la;

b) a possibilidade de sobrestamento se aplica aos processos de natureza penal.


Isso significa que, reconhecida a repercussão geral em um recurso extraordinário
que trata sobre matéria penal, o Ministro Relator poderá determinar o
sobrestamento de todos os processos criminais pendentes que versem sobre a
matéria;

c) se for determinado o sobrestamento de processos de natureza penal, haverá,


automaticamente, a suspensão da prescrição da pretensão punitiva relativa aos
crimes que forem objeto das ações penais sobrestadas. Isso com base em uma
interpretação conforme a Constituição do art. 116, I, do Código Penal;

d) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com


fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá inquéritos policiais ou
procedimentos investigatórios conduzidos pelo Ministério Público;

e) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com


fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá ações penais em que haja réu
preso provisoriamente;

f) em qualquer caso de sobrestamento de ação penal determinado com


fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC, poderá o juízo de piso, no curso da
suspensão, proceder, conforme a necessidade, à produção de provas de natureza
urgente.

STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/2017 (Info 868).

19. REPERCUSSÃO GERAL


19.1. É possível a rediscussão da repercussão geral no Plenário físico mesmo tendo
sido reconhecida previamente no Plenário Virtual – (Info 845) – IMPORTANTE!!!

O reconhecimento da repercussão geral no Plenário Virtual não impede sua


rediscussão no Plenário físico, notadamente quando tal reconhecimento tenha
ocorrido por falta de manifestações suficientes.

STF. Plenário. RE 584247/RR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 27/10/2016 (Info 845).

OBS:
NOÇÕES GERAIS SOBRE A REPERCUSSÃO GERAL
Natureza jurídica: A repercussão geral é um pressuposto de admissibilidade do
recurso extraordinário. Para que o RE seja conhecido, é necessário que o recorrente
demonstre a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso. Desse
modo, o STF não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão
constitucional nele versada não oferecer repercussão geral. A repercussão geral é o
último requisito de admissibilidade do RE a ser analisado. Assim, só será analisado
se o RE possui repercussão geral se não for caso de inadmissibilidade do recurso por
outra razão (art. 323 do RISTF).

Previsão: A repercussão geral está prevista no § 3º do art. 102 da CF/88, no art. 1.035
CPC/2015 e no Regimento Interno do STF (RISTF):
Art. 102 (...) § 3º No recurso extraordinário o recorrente
deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de
que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão


irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando
a questão constitucional nele versada não tiver repercussão
geral, nos termos deste artigo.

A exigência da repercussão geral foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro pela


EC 45/04.

Mas qual é o sentido dessa expressão "repercussão geral"? Diz-se que há


repercussão geral no recurso extraordinário quando nele estão sendo discutidas
questões relevantes sob o ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que
ultrapassam os interesses subjetivos da causa.

Finalidade: O objetivo da exigência da “repercussão geral” foi o de evitar que o STF


julgasse recursos extraordinários de menor relevância, contribuindo, assim, para a
redução do volume de processos na Corte.

Repercussão geral como sinônimo de casos repetitivos: repercussão geral, como


vimos acima, é um pressuposto de admissibilidade do recurso extraordinário. Essa é
a sua natureza jurídica por força de lei. No entanto, na prática, observamos também
que se utiliza a expressão "repercussão geral" como sinônima de recurso
extraordinário repetitivo (art. 1.036 do CPC).

Assim, algumas vezes o STF, por meio de seu Plenário, julga um recurso
extraordinário repetitivo e fixa uma tese que vale para todos os casos semelhantes
que estavam aguardando a posição da Corte. Neste caso, na prática, diz-se que o STF
julgou um recurso extraordinário "sob o rito da repercussão geral" (ou sob a
sistemática da repercussão geral). O mais "correto" seria dizer que foi julgado um
recurso extraordinário repetitivo, mas esta não é a nomenclatura empregada na
prática. Portanto, não confunda:
✓ repercussão geral é um pressuposto de admissibilidade de todo RE. Isso
significa que todo RE, para ser conhecido, deve ter repercussão geral. Como
regra, tais recursos são julgados por uma das Turmas do STF.
✓ alguns recursos extraordinários tratam de matérias que também estão
presentes em inúmeros outros processos (recursos extraordinários
repetitivos). Neste caso, deve-se adotar o procedimento do art. 1.036 e ss do
CPC e quem irá julgar o recurso é o Plenário do STF, fixando uma tese que irá
valer para todos os demais feitos. Na prática, fala-se em recurso
extraordinário julgado sob a sistemática da repercussão geral.

Essa exigência da repercussão geral aplica-se também para recursos extraordinários


que versem sobre matéria criminal? SIM. O requisito constitucional da repercussão
geral aplica-se aos recursos extraordinários em geral, incluindo também as causas
criminais (STF. Plenário. AI 664567 QO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em
18/06/2007).

Quem deverá demonstrar a existência da repercussão geral? O recorrente. Assim, a


parte que interpõe o recurso extraordinário deverá apresentar as razões pelas quais
aquele recurso possui repercussão geral e, portanto, deve ser conhecido pelo STF. O
CPC/1973 exigia que o recorrente demonstrasse a repercussão geral em forma de
preliminar do recurso. O CPC/2015 dispensou esta exigência e, por isso, o recorrente
poderá demonstrar a repercussão geral sem maiores formalidades, em qualquer
parte do recurso. Nesse sentido:
Enunciado 224-FPPC: A existência de repercussão geral terá
de ser demonstrada de forma fundamentada, sendo
dispensável sua alegação em preliminar ou em tópico
específico.

Apesar do enunciado acima, entendo recomendável que o recorrente abra um tópico


específico para tratar sobre a repercussão geral, até porque o Regimento Interno do
STF possui previsão que exige manifestação formal e fundamentada do recorrente
(art. 327).

Fundamento utilizado pelo STF para reconhecer a repercussão geral: O STF pode
reconhecer que há repercussão geral com base em razões diferentes daquelas
alegadas pela parte recorrente, ou seja, a fundamentação apresentada pelo recorrente
para demonstrar que existe repercussão geral não vincula o STF, podendo o Tribunal
admiti-lo por fundamento diverso. Ex: o recorrente diz que há repercussão geral sob
o ponto de vista econômico e o STF entende que não, mas existe repercussão sob o
prisma social.

Demonstração de repercussão geral mesmo se o tema já foi enfrentado pelo STF: Se o


STF já reconheceu a existência de repercussão geral em outros recursos que tratam
sobre o mesmo tema, ainda assim o recorrente deverá abrir um tópico para justificar
a existência de repercussão geral? SIM. É indispensável esse capítulo específico de
repercussão geral mesmo que a matéria já tenha sido reconhecida em processo
diverso. Em outras palavras, ainda que o STF já tenha afirmado em outros processos
que aquele tema possui repercussão geral, deverá o recorrente abrir um tópico
explicando isso.

Presunção absoluta de repercussão geral: O art. 1.035, § 3º e o art. 987, § 1º do


CPC/2015 preveem três hipóteses nas quais há presunção absoluta da existência de
repercussão geral. Assim, haverá repercussão geral sempre que o recurso
extraordinário interposto estiver impugnando um acórdão que tenha:
1) contrariado súmula ou jurisprudência dominante do STF;
2) reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal (respeitada a
reserva de plenário).
3) julgado o mérito de incidente de resolução de demandas repetitivas.

Mesmo assim, é recomendável que o recorrente explique que existe a repercussão


geral porque o caso em questão trata sobre uma dessas hipóteses acima.

Intervenção de terceiros: O CPC prevê que o Relator do RE poderá admitir, na


análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador
habilitado, nos termos do Regimento Interno do STF (art. 1.035, § 4º). Dessa feita, é
possível a intervenção de amicus curiae no procedimento de análise da repercussão
geral em recurso extraordinário.

EXAME DA REPERCUSSÃO GERAL


Quem examina se há ou não repercussão geral? O STF (exclusivamente ele). O
tribunal a quo não pode negar seguimento ao recurso extraordinário sob o
argumento de que não há repercussão geral.

Quórum: Para que o STF recuse o recurso extraordinário por ausência de repercussão
geral, é necessário o voto de, no mínimo, 2/3 dos Ministros (2/3 de 11 = 8 Ministros).
Assim, se apenas 7 Ministros ou menos decidirem que não há repercussão geral, o
recurso será conhecido. A doutrina afirma, portanto, que existe uma presunção de
que todos os recursos extraordinários possuem repercussão geral, presunção esta
que só pode ser afastada pelo voto de, no mínimo, 8 Ministros.

Qual órgão do STF decide se há repercussão geral? Em regra, é o Plenário. No


entanto, se a Turma (1ª ou 2ª) decidir pela existência da repercussão geral por, no
mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário para
deliberar sobre a repercussão geral. A razão disso é muito simples: o STF só pode
dizer que não há repercussão geral pelo voto de, no mínimo, 8 Ministros. Como na
Corte, há 11 Ministros, se 4 afirmam que há repercussão geral, sobram apenas 7
votos, o que seria insuficiente para afastar a repercussão geral.

Se o STF entender que há repercussão: o RE será conhecido e o Tribunal irá examinar


o mérito do recurso.

Se o STF entender que não há repercussão: o RE não será conhecido.

Recurso contra a decisão do STF que não conhece o RE por ausência de repercussão
geral: não há. Trata-se de decisão irrecorrível.

Decisão vale para todos os recursos sobre matéria idêntica: se for negada a
existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria
idêntica, que serão indeferidos liminarmente.

PLENÁRIO VIRTUAL DO STF


Impossibilidade de o Plenário se reunir presencialmente: Se o Plenário do STF fosse
se reunir presencialmente para apreciar a existência de todos os recursos
extraordinários que chegam na Corte, isso iria abarrotar a pauta, tornando inviável o
funcionamento do Tribunal. Pensando nisso, idealizou-se uma forma mais prática de
os Ministros apreciarem conjuntamente se existe ou não repercussão geral: o
julgamento eletrônico por meio de um "Plenário virtual".

Como funciona antes de o RE chegar até o Plenário virtual: O Relator sorteado


examina se estão presentes os pressupostos de admissibilidade do RE (exs:
tempestividade, preparo, legitimidade etc.).
1) Se estiver faltando algum, o RE será inadmitido.
2) Se estiverem todos presentes, faltará ainda examinar a repercussão geral. Aqui
surgem quatro opções:
2.1) o RE interposto trata de matéria idêntica a outro RE no qual o STF afirmou que
não existe repercussão geral: neste caso, o Relator aplica o precedente e reafirma que
não existe repercussão geral (salvo se a tese tiver sido revista ou estiver em
procedimento de revisão);
2.2) o RE interposto trata de matéria idêntica a outro RE no qual o STF afirmou que
existe repercussão geral: neste caso, o Relator aplica o precedente e reafirma que
existe repercussão geral;
2.3) o RE interposto trata sobre matéria na qual há presunção absoluta de
repercussão geral;
2.4) não sendo nenhuma das hipóteses dos itens 2.1, 2.2 ou 2.3, a análise será levada
ao Plenário virtual.

Plenário virtual: Não sendo nenhuma das hipóteses dos itens 2.1, 2.2 ou 2.3 acima
listados, o Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais Ministros, cópia de
sua manifestação sobre a existência, ou não, de repercussão geral. Isso significa que o
Relator entra no sistema informatizado do STF e insere sua manifestação. Ex: "Trata-
se de recurso extraordinário contra acórdão... Penso que existe repercussão geral
porque...". Os demais Ministros também possuem acesso ao sistema informatizado e,
a partir do momento em que o Relator inserir seu posicionamento, eles terão um
prazo de 20 dias para analisar e para encaminhar, também por meio eletrônico,
manifestação sobre a questão da repercussão geral. Exs: "De acordo com o Relator";
"Com a devida vênia, penso que não existe repercussão geral porque..."
✓ Se 8 ou mais Ministros se manifestarem dizendo que não há repercussão
geral: o RE não será conhecido.
✓ Se 4 ou mais Ministros se manifestarem dizendo que há repercussão geral: o
RE será conhecido.

Obs: repito que a decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível.

Os Ministros são "obrigados" a se manifestar neste prazo de 20 dias? O que


acontece se nenhum ou poucos Ministros se manifestarem? Ex: o Relator se
manifesta dizendo que há repercussão geral, um Ministro o acompanha e outro
diverge.
✓ Regra: neste caso, haverá um reconhecimento tácito ou implícito da
existência da repercussão geral. Em outras palavras, se, em 20 dias, não
houver no mínimo 8 votos negando a existência do requisito, isso significa
que o Plenário virtual reconheceu a existência da repercussão geral. Isso está
previsto no regimento interno do STF:
Art. 324 (...) § 1º Decorrido o prazo sem manifestações
suficientes para recusa do recurso, reputar-se-á existente a
repercussão geral.

✓ Exceção: se o Relator, em sua manifestação no Plenário virtual, afirmar que o


recurso não deve ser conhecido porque a matéria nele tratada é de natureza
infraconstitucional, neste caso, a ausência de pronunciamento dos Ministros
no prazo de 20 dias será considerada como manifestação de inexistência de
repercussão geral (art. 324, § 2º do RISTF).

O que acontece depois de o Plenário Virtual decidir que há repercussão geral? Ele já
irá julgar diretamente o mérito?
✓ Regra: NÃO. Depois de ser reconhecida a repercussão geral, o Relator irá
levar o seu voto quanto ao mérito para julgamento da Turma ou do Plenário
(físico).
✓ Exceção: se o Relator estiver em seu voto apenas reafirmando a
jurisprudência dominante do STF, o julgamento deste recurso também
poderá ser realizado por meio eletrônico (art. 323-A do RISTF).

Obs: em concursos públicos, nunca vi este assunto ser cobrado com tanta
profundidade, como as exceções que coloquei acima. Portanto, preocupe-se em
entender as regras gerais.

Imagine que, no Plenário Virtual, 7 Ministros concluíram que havia repercussão


geral. Como se passou o prazo de 20 dias, houve reconhecimento implícito da
existência do requisito. Chegando, contudo, no Plenário físico, 10 Ministros se
manifestaram expressamente afirmando que, no caso concreto, não existe
repercussão geral. Isso é possível? SIM. É o que foi decidido pelo STF no Info 845.
Daniel Assumpção Neves concorda com essa decisão do STF e afirma que, mesmo a
repercussão geral tendo sido reconhecida pelo Plenário Virtual, é possível que seja
posteriormente afastada em sessão presencial. Isso porque a repercussão geral é "um
pressuposto de admissibilidade específico do recurso extraordinário, e o juízo de
admissibilidade recursal não preclui por tratar-se de matéria de ordem pública."
(NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC comentado. Salvador: Juspodivm,
2016, p. 1.756).

O julgamento da repercussão geral por meio do Plenário Virtual é constitucional?


SIM. Não há violação ao art. 93, IX, da CF/88 pelo fato de o julgamento poder ser
tácito ou implícito. Isso porque "a existência de repercussão geral é presumida,
somente deixando de existir em caso de manifestação de pelo menos 8 ministros do
STF. A manifestação tácita confirma a presunção já existente, não ofendendo a
exigência constitucional de fundamentação explícita." (DIDIER JR., Fredie; CUNHA,
Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 3, Salvador:
Juspodivm, 2016, p. 370). O julgamento sobre a repercussão geral no Plenário Virtual
não ocorre em sessão pública, com debates, discussões, sustentação oral. Mesmo
assim, não há inconstitucionalidade porque o que violaria a Constituição seria a
existência de um julgamento secreto, sem publicidade (art. 93, IX, da CF/88). No
entanto, o julgamento pelo Plenário Virtual não é secreto. Ao contrário, todas as
manifestações são juntadas ao processo e o teor da decisão é publicado no Diário
Oficial. Além disso, o interessado poderá acompanhar a votação em tempo real no
site do STF.

Como posso conceituar Plenário Virtual? Desse modo, o Plenário Virtual é uma
sistemática adotada pelo STF por meio do qual os Ministros julgam se há ou não
repercussão geral nos recursos extraordinários interpostos. No Plenário virtual as
manifestações são feitas de forma eletrônica, sem a necessidade que os Ministros se
reúnam presencialmente, o que visa a otimizar os trabalhos. No Plenário Virtual, a
critério do Relator, também poderão ser julgados agravos regimentais e embargos de
declaração.

20. RECLAMAÇÃO
20.1. Necessidade de esgotamento das instâncias para alegar violação à decisão do
STF que decidiu pela constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 – (Infos 882
e 888) – ATENÇÃO!!! ADVOCACIA PÚBLICA!!! – (DPEAP-2018)

Em 2010, no julgamento da ADC 16, o STF decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº
8.666/93 é constitucional.

Várias decisões da Justiça do Trabalho continuaram entendendo de forma


diferente do art. 71, § 1º. Contra essas decisões, o Poder Público ajuizava
diretamente reclamações no STF, que era obrigado a recebê-las considerando que
de uma decisão, até mesmo de 1ª instância, que viola o que o STF deliberou em
sede de ADI, ADC ou ADPF, cabe reclamação.

Em 2017, o STF reafirmou o entendimento de que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93
é constitucional e deve ser aplicado. Isso foi no julgamento do RE 760931/DF,
submetido à sistemática da repercussão geral.

O STF afirmou que a sua decisão no RE 760931/DF “substituiu” a eficácia da tese


fixada na ADC 16. Isso significa que agora o Poder Público, se quiser ajuizar
reclamação discutindo o tema, deverá fazê-lo alegando violação ao RE 760931/DF
(e não mais à ADC 16).

Qual a desvantagem disso para o Poder Público:

• Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em ADI, ADC, ADPF:


cabe reclamação mesmo que a decisão “rebelde” seja de 1ª instância. Não se exige
o esgotamento de instâncias.

• Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em recurso


extraordinário sob a sistemática da repercussão geral: cabe reclamação, mas exige-
se o esgotamento das instâncias ordinárias (art. 988, § 5º, II, do CPC/2015).

Assim, agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para
ajuizar reclamação discutindo esse tema.

STF. 1ª Turma. Rcl 27789 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 17/10/17 (Info
882).

STF. 1ª Turma. Rcl 28623 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 12/12/17 (Info
888).

OBS:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de
acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário
ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias
ordinárias.

Agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para ajuizar
reclamação. Isso porque, como vimos, reclamação contra decisão em recurso
extraordinário exige esgotamento das instâncias ordinárias, ao contrário de
reclamação contra decisão em ADC.
Perceba, portanto, que para o STF foi um ótimo negócio ter “substituído” a eficácia
da decisão da ADC pela decisão no RE, considerando que o Poder Público terá que
interpor uma série de recursos para poder ajuizar a reclamação, diminuindo o
número de novos processos no Supremo.

20.2. Não existe reclamação preventiva – (Info 845)

Não é cabível a propositura de reclamação preventiva.


A reclamação não tem caráter preventivo, de modo que não serve para impedir a
eventual prática de decisão judicial ou ato administrativo.

O ajuizamento da reclamação pressupõe a existência de um ato que efetivamente


já tenha usurpado a competência do Tribunal, violado a autoridade de alguma de
suas decisões que possua efeito vinculante ou incidido em alguma das outras
hipóteses de cabimento deste instituto.

STF. Decisão monocrática. Rcl 25310 MC, Rel. Min. Celso de Mello, j. 03/10/16 (Info
845).

STF. Plenário. Rcl 4058 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 17/02/2010.

OBS:
O que é a reclamação? Reclamação é uma...
- ação
- proposta pela parte interessada ou pelo MP
- com o objetivo cassar uma decisão judicial ou um ato administrativo que tenha
violado:
a) a competência de um tribunal (Tribunal de 2º grau ou Tribunal Superior);
b) a autoridade de uma decisão do tribunal (Tribunal de 2º grau ou Tribunal
Superior);
d) súmula vinculante;
e) decisão do STF em controle concentrado de constitucionalidade;
f) acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de incidente de assunção de competência.

Natureza jurídica: Existe intensa divergência sobre a natureza jurídica da


reclamação. Há julgado do STF no qual se afirmou que este instituto seria mero
exercício do direito de petição (ADI 2.212/CE, j. 02/10/03). No entanto, a posição
que prevalece amplamente na doutrina é de que a reclamação possui natureza
jurídica de ação.
✓ STF: direito de petição. (PGM-Salvador-2015-CESPE)
✓ Doutrina: ação.

Hipóteses de cabimento
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do
Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III - garantir a observância de enunciado de súmula
vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em
controle concentrado de constitucionalidade;
IV - garantir a observância de acórdão proferido em
julgamento de incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de incidente de assunção de competência;
(...) § 4º As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a
aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos
casos que a ela correspondam.
Existe ainda uma quinta hipótese que está prevista no § 5º do art. 988. Trata-se da
reclamação proposta contra decisão que tenha descumprido tese fixada pelo STF em
recurso extraordinário julgado sob o rito da repercussão geral. A Lei exige, no
entanto, que, antes de a parte apresentar a reclamação, ela deve ter esgotado todos os
recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias". Veja a redação do dispositivo:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou
de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas
as instâncias ordinárias.

Atenção para a reclamação contra ato administrativo que violou súmula


vinculante: A Lei 11.417/06 prevê o cabimento de reclamação contra ato
administrativo que violar súmula vinculante. A Lei exige, no entanto, que, antes da
reclamação, tenha havido o prévio esgotamento das vias administrativas. Confira:
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que
contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe
vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao
Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou
outros meios admissíveis de impugnação.
§ 1º Contra omissão ou ato da administração pública, o uso
da reclamação só será admitido após esgotamento das vias
administrativas.
§ 2º Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal
Federal anulará o ato administrativo ou cassará a decisão
judicial impugnada, determinando que outra seja proferida
com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso.

É cabível reclamação preventiva em caso de fundado risco de que uma decisão


judicial ou ato administrativo venha a desrespeitar decisão do tribunal? NÃO. É o
decidido no Info 845. No mesmo sentido: STF. Plenário. Rcl 4058 AgR, Rel. Min.
Cezar Peluso, julgado em 17/02/2010.

Procedimento
✓ A reclamação deve ser proposta perante o Tribunal cuja competência se
busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.
✓ A petição inicial deverá ser dirigida ao Presidente do Tribunal, sendo
instruída com prova documental.
✓ Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao Relator do
processo principal, sempre que possível.
✓ Ao despachar a reclamação, o Relator:
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a
prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 dias;
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato
impugnado para evitar dano irreparável;
III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada,
que terá prazo de 15 dias para apresentar a sua contestação.
✓ Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante (art. 990).
✓ Se o MP não for o autor da reclamação, ele será ouvido como fiscal da ordem
jurídica e, para isso, terá vista do processo por 5 dias, após o decurso do
prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo
beneficiário do ato impugnado.
✓ Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de
seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia (art.
992). O Presidente do Tribunal determinará o imediato cumprimento da
decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente (art. 993). Assim, mesmo antes
da lavratura do acórdão, a decisão proferida na reclamação já produz efeitos.
✓ Algumas vezes, pode acontecer de a parte ter ajuizado reclamação e também
interposto recurso contra a decisão. Neste caso, se o recurso for inadmitido,
ou mesmo julgado antes que a reclamação, isso não prejudicará o julgamento
da reclamação (art. 988, § 6º do CPC).

20.3. Só cabe reclamação ao STF por violação de tese fixada em repercussão geral
após terem se esgotado todos os recursos cabíveis nas instâncias antecedentes – (Info
845) – IMPORTANTE!!! – (DPEAP-2018)

O art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 prevê que é possível reclamação dirigida ao STF
contra decisão judicial que tenha descumprido tese fixada pelo STF em recurso
extraordinário julgado sob o rito da repercussão geral. O CPC exige, no entanto,
que, antes de a parte apresentar a reclamação, ela tenha esgotado todos os
recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias".

O STF afirmou que essa hipótese de cabimento prevista no art. 988, § 5º, II, do
CPC deve ser interpretada restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da
reclamação, a competência de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST e
TSE) para o julgamento de recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de
jurisdição.

Assim, segundo entendeu o STF, quando o CPC exige que se esgotem as


instâncias ordinárias, significa que a parte só poderá apresentar reclamação ao
STF depois de ter apresentado todos os recursos cabíveis não apenas nos
Tribunais de 2º grau, mas também nos Tribunais Superiores (STJ, TST e TSE). Se
ainda tiver algum recurso pendente no STJ ou no TSE, por exemplo, não caberá
reclamação ao STF.

Em suma, nos casos em que se busca garantir a aplicação de decisão tomada em


recurso extraordinário com repercussão geral, somente é cabível reclamação ao
STF quando esgotados todos os recursos cabíveis nas instâncias antecedentes.

STF. 2ª Turma. Rcl 24686 ED-AgR/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28/10/16 (Info
845).

(DPEAP-2018-FCC): Pedro Paulo, preso em flagrante pela suposta prática de


crime de roubo, não é conduzido pelos agentes do Estado para comparecimento
à audiência de custódia designada para acontecer no dia seguinte ao do
flagrante. A prisão é convertida em preventiva, sendo indeferido o requerimento
de remarcação da audiência de custódia formulado pelo Defensor Público
incumbido do caso, sob o fundamento de estar o julgador convicto das razões
para manutenção do decreto de prisão. Pretende o Defensor Público compelir o
órgão judicial à realização da audiência de custódia, mediante adoção de medida
a ser proposta perante o STF por membro da Defensoria Pública. Nessa hipótese,
à luz da legislação pertinente e da jurisprudência do STF, é cabível reclamação
perante o STF, para garantia da autoridade de decisão por este proferida em sede
de controle concentrado, que reconhece a obrigatoriedade de os órgãos judiciais
realizarem audiência de custódia, viabilizando-se o comparecimento do preso
perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contado do
momento da prisão. BL: Info 845, STF.

OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João, ex-Prefeito, foi condenado pelo juiz
eleitoral por ter efetuado, de forma irregular, a contratação de servidores
temporários (art. 37, IX, da CF/88). João recorreu ao TRE alegando que a contratação
realizada cumpriu todos os requisitos que foram fixados pelo STF ao julgar o RE
658.026/MG, cujo mérito foi apreciado sob o rito da repercussão geral. O TRE,
contudo, manteve a condenação. Contra a decisão, o condenado apresentou:
a) recurso especial eleitoral para o TSE;
b) reclamação para o STF afirmando que o TRE descumpriu a tese fixada em
repercussão geral no RE 658.026/MG. Na reclamação, o condenado pede a cassação
do acórdão para que, em novo julgamento, o TRE analise a contratação temporária
segundo os requisitos fixados pelo STF no paradigma apontado.

Antes do CPC/2015, o STF admitia reclamação contra decisão judicial que tenha
descumprido tese fixada pelo STF em recurso extraordinário julgado sob o rito da
repercussão geral? NÃO. Antes do CPC/2015, a jurisprudência do STF era firme no
sentido do não cabimento de reclamação com fundamento em recurso extraordinário
julgado segundo a sistemática da repercussão geral, uma vez que essa decisão não
tinha efeito vinculante (STF. 1ª Turma. Rcl 21314 AgR, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 29/09/2015).

E com o novo CPC, isso muda? A legislação admite reclamação nestes casos? SIM.
Trata-se de importante inovação trazida pelo CPC/2015. A Lei exige, no entanto,
que, antes de a parte apresentar a reclamação, ela deve ter esgotado todos os
recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias". Veja a redação do dispositivo:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou
de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas
as instâncias ordinárias.

O que se entende por "instâncias ordinárias"? Segundo o entendimento tradicional,


"instâncias ordinárias" são aquelas que envolvem o juízo singular e os Tribunais de
2º grau (TJ, TRF, TRE, TRT). Assim, uma apelação contra a sentença é um recurso
manejado ainda na instância ordinária. "Instâncias extraordinárias", por sua vez,
são aquelas que abrangem o julgamento de recursos excepcionais com requisitos
específicos e que são julgados pelos Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, TSE). Nesse
sentido, se estiver pendente o julgamento de um recurso especial, isso significa que
já se encerrou a instância ordinária e o processo se encontra em uma instância
extraordinária.

O STF, ao interpretar o art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 adotou a definição tradicional
de "instância ordinária" acima exposta? NÃO. O STF, com receio da imensa
quantidade de reclamações que poderia ser obrigado a julgar, conferiu interpretação
bem restritiva à expressão "instâncias ordinárias". Para o Min. Teori Zavascki, a
hipótese de cabimento prevista no art. 988, § 5º, II, do CPC deve ser interpretada
restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da reclamação, a competência
de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST, TSE) para o julgamento de
recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de jurisdição. Se ainda tiver algum
recurso pendente no STJ, por exemplo, não caberá reclamação ao STF.

Voltando ao exemplo dado. No caso concreto, o STF aceitou a reclamação proposta?


NÃO. Como o condenado apresentou recurso especial eleitoral e ele ainda não havia
sido julgado pelo TSE, o STF considerou que não havia se encerrado a "instância
ordinária" (segundo sua leitura do art. 988, § 5º, II, do CPC). Logo, ainda não cabia
reclamação.

Assim, pela interpretação dada, em regra, não cabe reclamação ao STF contra
sentenças nem contra acórdãos de Tribunais de 2º grau (TJ, TRF, TRT, TRE) mesmo
que a decisão tenha afrontado tese fixada em recurso extraordinário julgado sob o
rito da repercussão geral.

Não coloque isso na prova, no entanto, na prática, com essa restrição, o STF deixa
tudo como era antes do novo CPC.

21. AÇÃO RESCISÓRIA


21.1. Análise do art. 485, V, do CPC 1973 (art. 966, V, do CPC 2015) – (Info 782 e
764) – IMPORTANTE!!!

Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e,


posteriormente, esse entendimento foi alterado (ou puder ser alterado), não se
pode dizer que essa decisão impugnada tenha violado literal disposição de lei.

Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua
prolação, estava em conformidade com a jurisprudência predominante do STF.

STF. Plenário. AR 2199/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Gilmar
Mendes, julgado em 23/4/2015 (Info 782).

STF. Plenário. RE 590809/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 22/10/14 (Info 764).

21.2. Início do prazo para a ação rescisória em caso de recursos parciais – (Info 740)
– IMPORTANTE!!!

Impugnada parcialmente a sentença, os capítulos não impugnados transitam em


julgado desde logo ou deve-se aguardar o julgamento do recurso quanto ao
restante da sentença? O prazo para a ação rescisória se iniciará para cada capítulo
ou deve-se aguardar que não haja mais a possibilidade de se interpor qualquer
recurso?

● STJ: deve-se aguardar o julgamento do recurso quanto ao restante da


sentença. Somente quando não for cabível qualquer recurso, terá início o
prazo para a ação rescisória.
● STF e doutrina: os capítulos não impugnados transitam em julgado desde
logo. O prazo da ação rescisória se iniciará para cada capítulo, à medida
que ele transitar em julgado. Assim, o prazo decadencial da ação
rescisória, nos casos de existência de capítulos autônomos, deve ser
contado do trânsito em julgado de cada decisão (cada capítulo).
STF. 1ª Turma. RE 666589/DF, rel. Min. Marco Aurélio, j. 25/3/2014 (Info 740).

22. MANDADO DE SEGURANÇA


22.1. Início do prazo decadencial do MS em caso de ato praticado em processo
administrativo do qual o interessado seja parte – (Info 884)

Se no curso de um processo administrativo federal é praticado ato contrário aos


interesses da parte, o prazo de 120 dias para impetração de mandado de segurança
somente se inicia quando a parte for intimada diretamente, na forma do § 3º do
art. 26 da Lei nº 9.784/99.

O termo inicial para a formalização de mandado de segurança pressupõe a ciência


do impetrante, nos termos dos arts. 3º e 26 da Lei 9.784/99, quando o ato
impugnado surgir no âmbito de processo administrativo do qual seja parte.

Ex: o Ministro da Justiça negou o pedido de anistia política formulado por João;
esta decisão foi publicada no Diário Oficial; o prazo para o MS não se iniciou
nesta data; isso porque, como há um processo administrativo, seria necessária a
intimação do interessado, na forma do art. 26, § 3º da Lei 9.784/99; somente a
partir daí se inicia o prazo decadencial do MS.
STF. 1ª Turma. RMS 32487/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 7/11/17 (Info 884).

OBS:
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo
administrativo determinará a intimação do interessado para
ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
(...)
§ 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via
postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro
meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
§ 4º No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com
domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio
de publicação oficial.
§ 5º As intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais, mas o comparecimento do administrado
supre sua falta ou irregularidade.

Assim, para que tivesse se iniciado o prazo do MS, seria necessário que o interessado
tivesse sido intimado corretamente, na forma do § 3º do art. 26 da Lei nº 9.784/99.

22.2. O STF já relativizou o prazo de 120 dias do MS em nome da segurança


jurídica – (Info 859)

Em outubro/2004, a parte impetrou mandado de segurança no STF. O writ foi


proposto depois que já havia se passado mais de 120 dias da publicação do ato
impugnado. Dessa forma, o Ministro Relator deveria ter extinguido o mandado
de segurança sem resolução do mérito pela decadência. Ocorre que o Ministro não
se atentou para esse fato e concedeu a liminar pleiteada. Em março/2017, a 1ª
Turma do STF apreciou o mandado de segurança.

O que fez o Colegiado? Extinguiu o MS sem resolução do mérito em virtude da


decadência?

NÃO. A 1ª Turma do STF reconheceu que o MS foi impetrado fora do prazo, no


entanto, como foi concedida liminar e esta perdurou por mais de 12 anos, os
Ministros entenderam que deveria ser apreciado o mérito da ação, em nome da
segurança jurídica.

STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28/3/17 (Info 859).

22.3. Legitimidade do TJ para impetrar mandado de segurança em defesa de sua


autonomia institucional – (Info 848)
O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo personalidade jurídica própria,
detém legitimidade autônoma para ajuizar mandado de segurança contra ato do
Governador do Estado em defesa de sua autonomia institucional.

Ex: mandado de segurança contra ato do Governador que está atrasando o repasse
dos duodécimos devidos ao Poder Judiciário.

STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/11/16 (Info 848).

22.4. MS contra ato do Ministro que não efetuou pagamento dos valores atrasados
a anistiado político – (Info 847)

Cabe mandado de segurança contra ato do Ministro da Defesa que não efetua o
pagamento dos valores atrasados decorrentes da reparação econômica devida a
anistiado político (art. 8º do ADCT).

Diferentemente de uma ação de cobrança, que é proposta para o pagamento de


valores atrasados, no caso em tela temos um mandado de segurança impetrado
para que seja cumpra norma editada pela própria Administração (Portaria do
Ministro da Justiça).

STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/16 (Info 847).

OBS:

Cabe mandado de segurança neste caso? SIM. A falta de cumprimento integral da


portaria de anistia por parte da União no prazo de 60 dias previsto no art. 12, § 4º e
no art. 18 da Lei 10.559/02, caracteriza ilegalidade e violação de direito líquido e
certo do anistiado.

Configurado o direito líquido e certo do anistiado, ele poderá impetrar mandado de


segurança considerando que o pedido e a causa de pedir desta ação é o cumprimento
integral da Portaria, que consiste em uma obrigação de fazer. É claro que o
cumprimento efetivo da Portaria irá provocar efeitos patrimoniais em favor do
autor, mas o pedido do MS é que ele seja reconhecido de forma efetiva como
anistiado político. O pagamento dos valores é mera consequência disso. Nesse
sentido: STF. 1ª Turma. RMS 26.899/DF, Min. Rel. Cármen Lúcia, DJe de 6/8/10.

Diferentemente de uma ação de cobrança que é proposta para o pagamento de


valores atrasados, no caso em tela temos um mandado de segurança impetrado para
que seja cumpra norma editada pela própria Administração (Portaria do Ministro da
Justiça). Logo, não incide no caso a proibição contida nas súmulas 269 e 271 do STF:
Súmula 271-STF: Concessão de mandado de segurança não
produz efeitos patrimoniais, em relação a período pretérito,
os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela
via judicial própria.

Súmula 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de


ação de cobrança.

22.5. Sustentação oral – (Info 821) – ATENÇÃO: VIDE PARTE FINAL DOS
COMENTÁRIOS!!!

Não cabe sustentação oral no julgamento que aprecia o pedido de liminar


formulado em mandado de segurança. Obs: caberá sustentação oral no
julgamento final do MS.

STF. Plenário. MS 34127 MC/DF, MS 34128 MC/DF, Rel. orig. Min. Roberto
Barroso, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgados em 14/4/2016 (Info 821).

OBS:

Sustentação oral: O art. 973 do novo CPC, de forma mais organizada, prevê as
hipóteses nas quais é admitida sustentação oral nos Tribunais. Veja:

Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da


causa pelo relator, o presidente dará a palavra,
sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de
sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo
prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a
fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos
termos da parte final do caput do art. 1.021:
I - no recurso de apelação;
II - no recurso ordinário;
III - no recurso especial;
IV - no recurso extraordinário;
V - nos embargos de divergência;
VI - na ação rescisória, no mandado de segurança e na
reclamação;
VII - (VETADO);
VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões
interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de
urgência ou da evidência;
IX - em outras hipóteses previstas em lei ou no regimento
interno do tribunal.

Mandado de segurança (inciso VI): O relator do mandado de segurança no Tribunal


pode conceder ou negar o pedido liminar monocraticamente. Em alguns casos mais
relevantes ou polêmicos, contudo, o relator poderá optar por levar a decisão sobre a
liminar para a apreciação do colegiado.

Se o colegiado está reunido apenas para decidir o pedido de liminar no mandado de


segurança, neste caso, as partes poderão fazer sustentação oral antes que os
julgadores profiram os votos? NÃO. O STF entendeu dessa maneira utilizando dois
argumentos:
a) o art. 937, § 3º, do novo CPC, prevê o cabimento de sustentação oral em
julgamento de mandado de segurança unicamente no “agravo interno interposto
contra decisão de relator que o extinga”; e
b) o art. 16 da Lei nº 12.016/09 prevê a sustentação oral em mandado de segurança
na sessão de julgamento de mérito, e não em liminar.

Se o colegiado está reunido para decidir o mérito do mandado de segurança, neste


caso, as partes poderão fazer sustentação oral antes que os julgadores profiram os
votos? SIM. Isso está previsto no art. 937, VI, do CPC 2015 e no art. 16 da Lei nº
12.016/2009:

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais,


caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a
defesa oral na sessão do julgamento.

Obs: foi publicada a Lei nº 13.676/2018, que alterou a Lei nº 12.016/2009, para
permitir a defesa oral do pedido de liminar na sessão de julgamento do mandado de
segurança. Veja a nova redação do art. 16 da Lei do MS:

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a
instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do
mérito ou do pedido liminar.

22.6. Inviabilidade para aferir critérios utilizados pelo TCU na análise de


superfaturamento de obra – (Info 816)

O mandado de segurança não é a via adequada para aferir critérios utilizados pelo
TCU e que culminaram por condenar solidariamente a empresa impetrante à
devolução de valores ao erário, em razão de superfaturamento de preços
constatado em aditamentos contratuais por ela celebrados com a Administração
Pública. Isso porque para a análise do pedido seria necessária a análise pericial e
verificação de preços, dados e tabelas, o que é incompatível com o rito do
mandado de segurança.

STF. 1ª Turma. MS 29599/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º/3/2016 (Info
816).

22.7. Desistência de MS após já ter sido prolatada sentença de mérito – (Info 781)

É possível que o impetrante desista do MS após já ter sido prolatada sentença de


mérito?
Em regra, SIM. Existem julgados do STF e STJ admitindo (STF. RE 669367/RJ,
Min. Rosa Weber, julgado em 02/05/2013; STJ. 2ª Turma. REsp 1.405.532-SP, Rel.
Min. Eliana Calmon, julgado em 10/12/2013. Info 533).

O entendimento acima parecia consolidado. Ocorre que, em um caso concreto


noticiado neste Informativo, o STF afirmou que não é cabível a desistência de
mandado de segurança, nas hipóteses em que se discute a exigibilidade de
concurso público para delegação de serventias extrajudiciais, quando na espécie
já houver sido proferida decisão de mérito, objeto de sucessivos recursos. No caso
concreto, o pedido de desistência do MS foi formulado após o impetrante ter
interposto vários recursos sucessivos (embargos de declaração e agravos
regimentais), todos eles julgados improvidos. Dessa forma, o Ministro Relator
entendeu que tudo levaria a crer que o objetivo do impetrante ao desistir seria o
de evitar o fim da discussão com a constituição de coisa julgada. Com isso, ele
poderia propor uma ação ordinária em 1ª instância e, assim, perpetuar a
controvérsia, ganhando tempo antes do desfecho definitivo contrário. Assim, com
base nessas peculiaridades, a 2ª Turma do STF indeferiu o pedido de desistência.

STF. 2ª Turma. MS 29093 ED-ED-AgR/DF, MS 29129 ED-ED-AgR/DF, MS 29189


ED-ED-AgR/DF, MS 29128 ED-ED-AgR/DF, MS 29130 ED-ED-AgR/DF, MS 29186
ED-ED-AgR/DF, MS 29101 ED-ED-AgR/DF, MS 29146 ED-ED-AgR/DF, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgados em 14/4/2015 (Info 781).

23. SUSPENSÃO DE SEGURANÇA


23.1. Natureza da decisão e cabimento de recurso especial para impugná-la – (Info
797)

Cabe recurso especial da decisão proferida no âmbito do pedido de suspensão?

• Segundo o STJ: NÃO. Não cabe Recurso Especial de decisões proferidas no


âmbito do pedido de suspensão. O recurso especial se destina a combater
argumentos que digam respeito a exame de legalidade, ao passo que o pedido de
suspensão ostentaria juízo político.

• Segundo a 1ª Turma do STF: SIM. A 1ª Turma do STF entendeu que a decisão


em sede de suspensão de segurança não é estritamente política, possuindo
conteúdo jurisdicional. Com base nisso, decidiu que é cabível, em tese, recurso
especial contra decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão de
segurança (RE 798740 AgR/DF).

STF. 1ª Turma. RE 798740 AgR/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão
Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/9/2015 (Info 797).
24. AÇÃO CIVIL PÚBLICA
24.1. É possível que as associações privadas façam transação em ação civil pública
– (Info 892) – IMPORTANTE!!! Não tem nos livros!!!

A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o
réu e pedir a extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC.

O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos
públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não
mencionando as associações privadas.

Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a


associações privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência
de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato
de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes
privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.

STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 1º/3/18 (Info 892).

OBS:

Existe previsão legal de que as associações autoras de ações civis públicas possam
fazer transação nessas ações? NÃO. A Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública)
prevê que os órgãos públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso,
não mencionando as associações privadas. Confira:
Art. 5º (...)
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências
legais, mediante cominações, que terá eficácia de título
executivo extrajudicial.

Mesmo sem previsão legal as associações privadas podem transacionar em ações


civis públicas: O STF afirmou que, mesmo sem previsão normativa expressa, as
associações privadas também podem fazer acordos nas ações coletivas. Assim, a
ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações privadas
não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita
unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem
fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a
lei não proíbe.

Para o Min. Ricardo Lewandoswki, “não faria sentido prever um modelo que autoriza a
justiciabilidade privada de direitos e, simultaneamente, deixar de conferir aos entes
privados as mais comezinhas faculdades processuais, tais como a de firmar
acordos.”
24.2. ACP proposta contra Prefeito e previsão na lei estadual de que tal atribuição
é privativa do PGJ – (Info 788)

É constitucional lei complementar estadual que afirme que somente o


Procurador-Geral de Justiça poderá ajuizar ação civil pública contra Secretários
de Estado, Deputados Estaduais, Prefeitos, membros do MP ou membros da
Magistratura (STF. Plenário. ADI 1916, Rel. Min. Eros Grau, julgado em
14/04/2010).

O PGJ poderá, no entanto, delegar essa atribuição para Promotores de Justiça,


sendo, neste caso, legítima a ACP proposta contra tais autoridades, ainda que por
Promotor de Justiça.

STF. 2ª Turma. ARE 706288 AgR/MS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 2/6/15 (Info 788).

24.3. Legitimidade da Defensoria Pública – (Info 785)

A Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de direitos


difusos, coletivos e individuais homogêneos.

É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei 7.347/85, prevendo a


Defensoria Pública como um dos legitimados para propor ação civil pública.

STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6 e 7/5/2015
(Info 784).

25. PROCESSO COLETIVO


25.1. INQUÉRITO CIVIL: O art. 9º-A da Resolução 23/2007, incluído pela
Resolução 126/2015, é constitucional – (Info 899)

A Resolução 23/2007-CNMP disciplina, no âmbito do Ministério Público, a


instauração e tramitação do inquérito civil.

A Resolução 126/2015-CNMP alterou a Resolução 23/2007 e determinou que, se


após instaurar o inquérito civil ou o procedimento preparatório, o membro que o
preside concluir ser atribuição de outro Ministério Público, deverá submeter sua
decisão ao referendo do órgão de revisão competente, no prazo de 3 dias.

O STF considerou que esta previsão É CONSTITUCIONAL.

Tratando-se de divergência interna entre órgãos do MP cumpre ao próprio


Ministério Público decidir quem terá a atribuição para conduzir a investigação.
O CNMP possui atribuição constitucional para fazer o controle da atuação
administrativa do MP (art. 130-A, da CF/88). O STF entendeu que essa Resolução
se insere no campo da estruturação administrativa da instituição. Não viola,
portanto, o princípio da independência funcional e da unidade, insculpidos no §
1º do art. 127 da CF/88.

Além disso, o STF entendeu que não compete ao Poder Judiciário envolver-se na
gestão interna do MP, cabendo, no caso, um juízo de autocontenção.

STF. Plenário. ADI 5434/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, j. 26/4/2018 (Info 899).

OBS:
Veja a íntegra do dispositivo inserido pela Res. 126/2015-CNMP:
Art. 9º-A Após a instauração do inquérito civil ou do procedimento
preparatório, quando o membro que o preside concluir ser
atribuição de outro Ministério Público, este deverá submeter
sua decisão ao referendo do órgão de revisão competente, no
prazo de 3 (três) dias.

Qual é esse “órgão de revisão competente”?


➢ No caso do MPE: é o Conselho Superior do Ministério Público estadual
(art. 30 da Lei nº 8.625/93).
➢ No caso do MPF: é a Câmara de Coordenação e Revisão (art. 171, IV, da LC
75/93).

ADI: A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) ajuizou


ADI contra a Resolução 126/2015-CNMP alegando que esse art. 9º-A viola a
independência funcional do membro do Ministério Público.

O pedido foi acolhido pelo STF? Há violação ao princípio da independência


funcional? NÃO.

25.2. AÇÃO COLETIVA PROPOSTA POR ASSOCIAÇÃO: Para ser beneficiada


pela sentença favorável é necessário que a pessoa esteja filiada no momento da
propositura e seja residente no âmbito da jurisdição do órgão julgador – (Info 864) –
IMPORTANTE!!!

A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito


ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados,
somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador,
que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda,
constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento.

STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2017


(repercussão geral) (Info 864).
Sobre o mesmo tema, importante relembrar:

O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação


específica, não alcançando previsão genérica do estatuto da associação a revelar a
defesa dos interesses dos associados.

As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por


associação, é definida pela representação no processo de conhecimento, presente
a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial.

STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o


acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 14/5/2014 (repercussão geral) (Info 746).

OBS:

As associações precisam de autorização específica de


seus filiados
para o ajuizamento de ações em defesa destes?
Regra geral: SIM Exceção: MS coletivo
A autorização estatutária genérica conferida No caso de impetração de mandado de
à associação não é suficiente para legitimar segurança coletivo, a associação não precisa
a sua atuação em juízo na defesa de direitos de autorização específica dos filiados.
de seus filiados. Para cada ação, é
indispensável que os filiados autorizem, de
forma expressa e específica, a demanda.
O inciso XXI do art. 5º da CF/88 exige O inciso LXX do art. 5º da CF/88 NÃO exige
autorização expressa. autorização expressa.
Trata-se de hipótese de legitimação Trata-se de hipótese de legitimação
processual (a associação defende, em nome extraordinária (substituição processual), ou
dos filiados, direito dos filiados que seja, a associação defende, em nome
autorizaram). próprio, direito dos filiados.

CONCLUSÕES:
1) As associações podem propor ações coletivas em favor dos seus associados.
2) A associação precisa da autorização dos associados para propor a ação na defesa
de seus interesses.
3) A autorização dada pelos associados precisa ser expressa e específica para cada
ação. Assim, não é suficiente a autorização genericamente prevista no estatuto da
associação.
4) Essa autorização pode ser feita de duas formas:
a) por declaração individual do associado; ou
b) por aprovação na assembleia geral da entidade.

5) Vale ressaltar que, no caso de impetração de mandado de segurança coletivo, a


associação não precisa de autorização específica dos filiados (Súmula 629-STF).
6) Para que seja beneficiada pela sentença favorável obtida na ação coletiva
proposta pela associação é necessário que a pessoa:
a) esteja filiada à associação no momento da propositura;
b) seja residente no âmbito da jurisdição do órgão julgador;
c) tenha autorizado o ajuizamento da ação e seu nome esteja na lista anexada
junto à petição inicial.

7) O art. 2-A da Lei nº 9.494/97 é constitucional.

25.3. Legitimidade da Defensoria Pública para ação civil pública – (Info 806) –
IMPORTANTE!!!

A Defensoria Pública tem legitimidade para a propositura de ação civil pública


em ordem a promover a tutela judicial de direitos difusos e coletivos de que
sejam titulares, em tese, as pessoas necessitadas.

STF. Plenário. RE 733433/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2015


(repercussão geral) (Info 806).

25.4. MP tem legitimidade para ACP em favor dos beneficiários do DPVAT – (Info
753)

A tutela dos direitos e interesses de beneficiários do seguro DPVAT, nos casos de


indenização paga pela seguradora em valor inferior ao determinado na Lei,
reveste-se de relevante natureza social (interesse social qualificado), de modo que
o Ministério Público tem legitimidade ativa para defendê-los em juízo mediante
ação civil coletiva.

Esse entendimento do STF faz com que fique superado o enunciado 470 do STJ:

Súmula 470-STJ: O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação
civil pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado.

STF. Plenário. RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6 e 7/8/2014


(repercussão geral) (Info 753).

25.5. Ação coletiva proposta pela associação em favor de seus filiados – (Info 746) –
IMPORTANTE!!!

A autorização estatutária genérica conferida à associação não é suficiente para


legitimar a sua atuação em juízo na defesa de direitos de seus filiados. Para cada
ação, é indispensável que os filiados autorizem de forma expressa e específica a
demanda.
Exceção: no caso de impetração de mandado de segurança coletivo, a associação
não precisa de autorização específica dos filiados.
STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o
acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 14/5/2014 (Info 746).

25.6. MP e os direitos individuais homogêneos

O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública sobre
direitos individuais homogêneos quando presente o interesse social.

STF. 2ª Turma. RE 216443/MG, rel. orig. Min. Menezes Direito, red. p/ o acórdão
Min. Marco Aurélio, 28.8.2012.

26. JUIZADOS ESPECIAIS


26.1. Competência da União para legislar – (Info 786 e 765)

É INCONSTITUCIONAL lei estadual que crie, como requisito de


admissibilidade para a interposição de recurso inominado no âmbito dos
juizados especiais, o depósito prévio de 100% do valor da condenação. Tal norma
viola a competência privativa da União para legislar sobre direito processual,
além de vulnerar os princípios do acesso à jurisdição, do contraditório e da ampla
defesa.

STF. Plenário. ADI 2699/PE, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 20/5/2015 (Info
786).

STF. Plenário. ADI 4161/AL, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/10/2014 (Info
765).

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