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1. PRINCÍPIOS
1.1. A necessidade de prévio requerimento administrativo para ingressar com
ação previdenciária não viola o princípio da inafastabilidade da jurisdição – (Info
756)
2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
2.1. Execução de honorários sucumbenciais e fracionamento em litisconsórcio –
(Info 908)
STF. 2ª Turma. RE 949383 AgR/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 17/5/16 (Info 826).
OBS: O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários advocatícios, terá que
executar o valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a
fração que cabia a cada um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele
poderá ingressar com 30 execuções cobrando R$ 20 mil em cada)? O STF está
dividido sobre o tema:
STF. Plenário. AO 2063 AgR/CE , rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Luiz Fux, j. 18/5/2017 (Info 865).
OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em
honorários advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM.
Agora, com o NCPC, em regra, existe condenação em honorários advocatícios para a
parte que interpôs recurso, mas sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art.
85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários
fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional
realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o
disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no
cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.
Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz
condenou João a pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não
se conformou e interpôs apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e
aumentado a condenação em honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.
Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do NCPC tem dupla funcionalidade,
devendo atender à justa remuneração do patrono pelo
trabalho adicional na fase recursal e inibir recursos
provenientes de decisões condenatórias antecedentes. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 23/06/2016.
2.4. Não é possível fixar honorários recursais quando o processo originário não
preveja condenação em honorários – (Info 831) – IMPORTANTE!!!
Não cabe a fixação de honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/2015) em caso de
recurso interposto no curso de processo cujo rito exclua a possibilidade de
condenação em honorários. Em outras palavras, não é possível fixar honorários
recursais quando o processo originário não preveja condenação em honorários.
Assim, suponha que foi proposta uma ação que não admite fixação de honorários
advocatícios. Imagine que uma das partes, no bojo deste processo, interponha
recurso extraordinário. O STF, ao julgar este RE, não fixará honorários recursais,
considerando que o rito aplicável ao processo originário não comporta
condenação em honorários advocatícios.
Como exemplo desta situação, podemos citar o mandado de segurança, que não
admite condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº 12.016/2009,
súmula 105-STJ e súmula 512-STF). Logo, se for interposto um recurso
extraordinário neste processo, o Tribunal não fixará honorários recursais.
STF. 1ª Turma. ARE 948578 AgR/RS, ARE 951589 AgR/PR e ARE 952384 AgR/MS,
Rel. Min. Marco Aurélio, j. 21/6/16 (Info 831).
OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em
honorários advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM.
Agora, com o NCPC, em regra, existe condenação em honorários advocatícios para a
parte que interpôs recurso, mas sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art.
85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários
fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional
realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o
disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no
cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.
Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz
condenou João a pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não
se conformou e interpôs apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e
aumentado a condenação em honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.
Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do NCPC tem dupla funcionalidade,
devendo atender à justa remuneração do patrono pelo
trabalho adicional na fase recursal e inibir recursos
provenientes de decisões condenatórias antecedentes. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 23/06/2016.
Alguns enunciados doutrinários a respeito dos honorários recursais:
Enunciado 241-FPPC: Os honorários de sucumbência
recursal serão somados aos honorários pela sucumbência em
primeiro grau, observados os limites legais.
Enunciado 242-FPPC: Os honorários de sucumbência
recursal são devidos em decisão unipessoal ou colegiada.
Enunciado 243-FPPC: No caso de provimento do recurso de
apelação, o tribunal redistribuirá os honorários fixados em
primeiro grau e arbitrará os honorários de sucumbência
recursal.
Enunciado 16-ENFAM: Não é possível majorar os
honorários na hipótese de interposição de recurso no mesmo
grau de jurisdição (art. 85, § 11, do CPC/2015).
OBS:
Atenção: Esta é a corrente que prevalece no STF, havendo até mesmo decisão da 1ª
Turma no mesmo sentido. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. RE 502656 AgR, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 25/11/2014. Penso que esta posição é que irá prevalecer
ao final quando o Plenário enfrentar o tema.
STF. Plenário. RE 594435/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 24/5/2018 (Info 903).
OBS:
Imagine a seguinte situação: João foi admitido como empregado da Fepasa, uma
antiga sociedade de economia mista integrante do Governo de São Paulo. Por força
do contrato de trabalho, os empregados dessa empresa estatal tinham direito à
aposentadoria suplementar ao valor pago pelo INSS no momento em que o
trabalhador viesse a se aposentar. Segundo o contrato, esta complementação seria
feita por meio de plano de previdência privada fechado, administrado por uma
Fundação (entidade de previdência privada) ligada à empresa.
O STF entendeu que esta é uma causa oriunda de uma relação estatutária. Assim,
não há relação de trabalho que justifique a competência da Justiça laboral.
STF. 1ª Turma.Rcl 24990 AgR/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, j. 20/3/2018 (Info 895).
3.3. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou
como celetista antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em
estatutário – (Info 885) – TEMA POLÊMICO!
STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/9/16 (Info 839).
STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 01/10/15 (repercussão
geral).
STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Cármen Lúcia, j. 22/9/16 (Info 840).
STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Dias Toffoli, j. 21/11/17 (Info 885).
3.4. Não compete ao STF julgar execução individual de sentença coletiva mesmo
que tenha julgado a lide que originou o cumprimento de sentença – (Info 862) –
IMPORTANTE!!!
STF. 2ª Turma. PET 6076 QO /DF, rel. Min. Dias Toffoli, j. 25/4/17 (Info 862).
OBS: Não se deve conferir uma interpretação literal para o art. 102, I, “m”, da CF/88.
Para que o STF seja competente para fazer a execução de seus acórdãos proferidos em
julgamentos originários, é indispensável que a “razão” que atraiu a competência
para o STF continue existindo. No caso, tratava-se de cumprimento de sentença
proferido nos autos de mandado de segurança coletivo proposto em face de ato do
Tribunal de Contas da União. A atração da competência do STF se deu em razão do
órgão envolvido na celeuma (TCU), com amparo na alínea “d”, do art. 102, I. A ação,
portanto, foi julgada originariamente em razão da autoridade coatora ser o TCU.
Esse foi o motivo da atração da competência originária do STF: tratou-se de ação
mandamental em face do TCU. A execução, todavia, não contará com a participação
nem exigirá qualquer atuação por parte da Corte de Contas.
E quem que será, então, competente para julgar esta execução? O juízo de 1ª
instância. No caso concreto, a Justiça Federal comum de 1ª instância considerando
que se trata de cumprimento de sentença que tem como executada a União (art. 109,
I, da CF/88).
Sobre o tema, vale ressaltar que o STJ já reconheceu que o beneficiário individuai da
sentença coletiva pode, inclusive, executar a sentença no juízo de seu domicílio:
A liquidação e a execução individual de sentença genérica
proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do
domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia da
sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos
limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se
em conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a
qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo.
STJ. Corte Especial. REsp 1243887/PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 19/10/2011.
3.5. STF não é competente para julgar ação proposta por juiz federal pleiteando
licença-prêmio – (Info 855)
O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da
magistratura sejam direta ou indiretamente interessados é de competência
originária do STF.
Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF
se a matéria discutida, além de ser do interesse de todos os membros da
magistratura, for também do interesse de outras carreiras de servidores públicos.
Com base nesses argumentos, o STF decidiu que não é competente para julgar
originariamente ação intentada por juiz federal postulando a percepção de
licença-prêmio com fundamento na simetria existente entre a magistratura e o
Ministério Público.
STF. 2ª Turma. AO 2126/PR, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, j. 21/2/17 (Info 855).
proposta por sindicato de servidores públicos contra uma decisão do CNJ. Foram
invocados dois argumentos para fixar a competência no STF:
Desse modo, o mais recomendável seria a reunião dessas ações a fim de garantir,
com a tramitação e o julgamento conjuntos, a prolação de decisões harmônicas
sobre a legitimidade da situação jurídica afetada pelo CNJ.
Obs: em concursos públicos, é provável que seja indagada apenas a regra geral
considerando que este julgado foi muito específico e baseado no caso concreto;
contudo, é importante que você conheça a existência deste precedente para a
eventualidade de ele ser cobrado; vale ressaltar que você somente deverá adotar o
entendimento excepcional se isso for expressamente perguntado.
STF. Plenário. Pet 4656/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info
851).
OBS:
Competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP: A CF/88 prevê, em seu
art. 102, I, “r”, que compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar
originariamente: “as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o
Conselho Nacional do Ministério Público”.
Assim, a competência do STF para processar e julgar ações que questionam atos do
CNJ e do CNMP limita-se às ações tipicamente constitucionais: MS, MI, HC e HD.
No caso de serem propostas ações ordinárias para impugnar atos do CNJ e CNMP,
quem irá figurar como ré no processo é a União, já que os Conselhos são órgãos
federais. Logo, tais demandas serão julgadas pela Justiça Federal de 1ª instância, com
base no art. 109, I, da CF/88.
Resumindo:
✓ MS, MI, HC e HD = STF
✓ Ações ordinárias = Juiz federal (1ª instância)
STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/11/16 (Info 848).
Não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do CNJ, por
não se tratar de ato que importe a substituição ou a revisão do ato praticado por
outro órgão do Judiciário.
Assim, o STF não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de
decisões negativas do CNMP e do CNJ. Como o conteúdo da decisão do
CNJ/CNMP foi “negativo”, o Conselho não decidiu nada. Se não decidiu nada,
não praticou nenhum ato. Se não praticou nenhum ato, não existe ato do
CNJ/CNMP a ser atacado no STF.
STF. 2ª Turma. MS 33085/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 20/09/2016 (Info 840).
OBS:
Neste caso, o que a parte deverá fazer? A parte terá que impugnar na Justiça o ato
originário que gerou seu pedido no CNJ/CNMP. Ex.: a parte ingressou com pedido
de providência no CNMP contra ato administrativo praticado pelo Procurador-Geral
de Justiça. O CNMP entendeu que não cabia sua intervenção no caso, julgando
improcedente o pedido. O CNMP proferiu, portanto, uma decisão “negativa”.
Contra este pronunciamento do CNMP não cabe MS. Somente restará à parte propor
um MS contra o ato do Procurador-Geral de Justiça, ação esta que será de
competência do TJ.
3.9. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou
como celetista antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em
estatutário – (Info 840) – TEMA POLÊMICO!
STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/09/2016 (Info 839).
STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 01/10/15 (repercussão
geral).
STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 22/09/2016 (Info 840).
OBS:
Posição para concursos: O tema, como visto, está polêmico. Caso seja cobrado nas
provas, penso que será exigida a redação literal daquilo que foi divulgado nos
informativos ou nas ementas oficiais. Portanto, memorize essas duas conclusões
(Info 839 e 840) que, se aparecerem nas provas, estarão corretas.
3.10. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor pré CF/88 que
ingressou sem concurso público e em regime celetista – (Info 839)
STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/09/2016 (Info 839).
STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 01/10/15 (repercussão
geral).
OBS:
Opinião pessoal: Penso que no julgamento do RE 595332/PR (Info 837) não houve
alteração de entendimento do STF quanto à natureza jurídica da OAB. Assim, em
minha opinião, o STF continua com a posição exposta na ADI 3026, ou seja, a OAB
não é autarquia nem integra a Administração Pública indireta. Trata-se de “serviço
público independente”, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas
existentes no direito brasileiro. Entendo que a menção contida no voto de que a OAB
é uma "autarquia corporativista" é uma opinião pessoal do Min. Marco Aurélio, mas
que não pode ser tida como a posição do Supremo.
Em provas de concurso, deveria ser cobrado apenas aquilo que foi efetivamente
decidido, ou seja, compete à Justiça Federal julgar as ações em que a OAB figure na
relação processual. Quanto a isso, não existe mais nenhuma dúvida. Seja a OAB
autora ou ré, seja em processos de conhecimento ou de execução, a competência para
julgar a causa é da Justiça Federal.
No entanto, como em concurso nunca se sabe o que o examinador irá perguntar, tenham
cuidado caso ele cobre a transcrição integral do Informativo onde consta esta posição
pessoal do Min. Marco Aurélio.
3.12. STF não possui competência originária para julgar ação popular – (Info 811)
O STF não possui competência originária para processar e julgar ação popular,
ainda que ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República. A
competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até
mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo de 1º grau
STF. Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j. 25/11/2015 (Info 811).
STF. Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 11/11/2015 (Info 807).
STF. 1ª Turma. Rcl 6527 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/8/2015 (Info
796).
STF. Plenário. Rcl 11323 AgR/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min.
Teori Zavascki, julgado em 22/4/2015 (Info 782).
3.16. Competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP – (Infos 760 e
755)
STF. Plenário. AO 1814 QO/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/9/2014
(Info 760).
STF. 2ª Turma. ACO 2373 AgR/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 19/8/2014
(Info 755).
STF. 2ª Turma. ARE 754174 AgR/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
2/9/2014 (Info 757).
O § 2º do art. 109 da CF/88 prevê que as causas propostas contra a União poderão
ser ajuizadas na seção (ou subseção) judiciária:
O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da
magistratura sejam direta ou indiretamente interessados é de competência
originária do STF.
Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF
se a matéria discutida, além de ser do interesse de todos os membros da
magistratura, for também do interesse de outras carreiras de servidores públicos.
STF. 2ª Turma. AO 1840 AgR/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 11/2/14 (Info
735).
4. FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
4.1. Índices de juros e correção monetária aplicados para condenações contra a
Fazenda Pública – (Info 878) – IMPORTANTE!!! – (PGM-Paranavaí/PR-2018)
O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09, na parte em que
disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é
inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária,
aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda
Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional
da isonomia (art. 5º, da CF/88).
O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09, na parte em que
disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública
segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade
(art. 5º, XXII, da CF/88), uma vez que não se qualifica como medida adequada a
capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a
que se destina.
STF. Plenário. RE 870947/SE, Rel. Min. Luiz Fux, j. 20/9/17 (repercussão geral)
(Info 878).
OBS:
RESUMO:
JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA ENVOLVENDO
CONDENAÇÕES DA FAZENDA PÚBLICA
DÉBITOS DE NATUREZA DÉBITOS DE NATUREZA NÃO-
TRIBUTÁRIA TRIBUTÁRIA
O que previa o art. 1º-F da Lei nº O que previa o art. 1º-F da Lei nº
9.494/97? 9.494/97?
• Correção monetária: índice oficial de • Correção monetária: índice oficial de
remuneração básica da poupança (TR); remuneração básica da poupança (TR);
• Juros de mora: juros no mesmo • Juros de mora: juros no mesmo
percentual que é pago na poupança percentual que é pago na poupança
(0,5% a.m. / 6% a.a.). (0,5% a.m. / 6% a.a.).
O que decidiu o STF? O que decidiu o STF?
Essa previsão é inconstitucional. • Quanto à correção monetária: o art.
Tanto os índices de juros como de 1º-F é inconstitucional. O índice da
correção monetária previstos no art. 1º- poupança não consegue capturar a
F são inconstitucionais. variação de preços da economia, não
sendo capaz de fazer a correta
atualização monetária. Logo, há uma
violação do direito à propriedade.
• Quanto aos juros de mora: o art. 1º-F
é constitucional.
Quais índices devem ser aplicados? Quais índices devem ser aplicados?
Se a Fazenda Pública possui um débito • Correção monetária: aplica-se o
de natureza tributária, deverá ser IPCA-E (Índice de Preços ao
aplicado o mesmo índice de juros que Consumidor Amplo Especial), que é
incide quando o Poder Público cobra divulgado pelo IBGE.
seus créditos tributários (princípio da • Juros de mora: continuam a ser
isonomia). regidos pelo art. 1º-F. Logo, devem ser
No caso de tributos federais: SELIC. aplicados os juros da poupança.
Vale ressaltar que a SELIC é um índice
que dentro dele estão embutidos tanto
os juros como a correção monetária.
O STF já havia se debruçado sobre tema semelhante a esse? SIM. O STF já havia
declarado inconstitucional o § 12 do art. 100 da CF/88, incluído pela EC 62/09, e que
possui redação muito semelhante ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/97:
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional,
a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição,
até o efetivo pagamento, independentemente de sua
natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica
da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da
mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros
incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a
incidência de juros compensatórios. (Incluído pela EC 62/09)
Isso foi no julgamento das ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI
4400/DF, ADI 4357/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz
Fux, 13 e 14/3/13 (Info 698).
Diferentemente dos juros moratórios, que só incidem uma única vez até o efetivo
pagamento, a atualização (correção) monetária da condenação imposta à Fazenda
Pública ocorre em dois momentos distintos:
1) O primeiro se dá ao final da fase de conhecimento, com o trânsito em julgado da
decisão condenatória. Esta correção inicial compreende o período de tempo entre o
dano efetivo (ou o ajuizamento da demanda) e a imputação de responsabilidade à
Administração Pública. A atualização é estabelecida pelo próprio juízo prolator da
decisão condenatória no exercício de atividade jurisdicional.
2) O segundo momento ocorre já na fase executiva, quando o valor devido é
efetivamente entregue ao credor. Esta última correção monetária cobre o lapso
temporal entre a inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento. Seu
cálculo é realizado no exercício de função administrativa pela Presidência do
Tribunal a que vinculado o juízo prolator da decisão condenatória.
No julgamento dessas ADIs, o STF analisou a correção monetária no intervalo de
tempo entre a inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento (segundo
momento acima exposto). O § 12 do art. 100 da CF/88 dizia que, entre a inscrição do
crédito em precatório e o efetivo pagamento deveria incidir correção monetária com
base nos índices da poupança (TR). O STF afirmou que isso era inconstitucional
porque viola o princípio da propriedade. (PGM-Paranavaí/PR-2018)
Faltava, no entanto, o STF examinar a correção monetária em outro período, qual
seja, durante a tramitação da ação (primeiro momento acima explicado).
O art. 1º-F da Lei 9.494/97 afirmava que durante a tramitação da ação judicial
deveria também ser aplicada a TR (poupança) como índice de correção monetária. O
STF, contudo, mais uma vez disse que isso não é válido.
Para o Supremo, não há qualquer motivo para aplicar critérios distintos de correção
monetária de precatórios e de condenações judiciais da Fazenda Pública. Assim, a
atualização monetária com base na TR é inconstitucional tanto na fase de precatórios
(ADI 4357/DF) como também durante a tramitação da ação judicial (RE 870947/SE).
É lícito aos entes federados fixar o valor máximo para essa especial modalidade
de pagamento, desde que se obedeça ao princípio constitucional da
proporcionalidade.
Ex: Rondônia editou lei estadual prevendo que, naquele Estado, as obrigações
consideradas como de pequeno valor para fins de RPV seriam aquelas de até 10
salários-mínimos. Assim, a referida Lei reduziu de 40 para 10 salários-mínimos o
crédito decorrente de sentença judicial transitada em julgado a ser pago por meio
de RPV. O STF entendeu que essa redução foi constitucional.
STF. Plenário. ADI 4332/RO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 7/2/18 (Info 890).
OBS:
Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da
Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno
valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis
definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto
no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou
obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham
valor igual ou inferior a:
I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados
e do Distrito Federal;
II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos
Municípios.
O Estado pode fixar qualquer valor? Ex: o Estado de São Paulo pode fixar 5
salários-mínimos como sendo pequeno valor para fins de RPV? Isso seria possível?
NÃO. Os Estados/DF e Municípios, ao editarem as suas leis definindo o que seja
“pequeno valor”, deverão ter como critério a sua capacidade econômica, respeitado
o princípio da proporcionalidade. A fixação de 5 salários-mínimos como sendo
pequeno valor para um Estado rico como São Paulo seria uma ofensa ao princípio da
proporcionalidade. No caso concreto, entendeu-se que Rondônia atendeu o princípio
da proporcionalidade ao reduzir esse teto para 10 salários-mínimos considerando
que é um dos Estados que menos arrecada na Federação, com um Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,69. Vale ressaltar que nenhum ente pode fixar
como pequeno valor quantia inferior ao valor do maior benefício do regime geral da
previdência social (“teto do INSS”):
Art. 100 (...)
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por
leis próprias, valores distintos às entidades de direito
público, segundo as diferentes capacidades econômicas,
sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime
geral de previdência social.
6. PRECATÓRIOS
6.1. Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da
requisição ou do precatório – (Info 861)
Obs: cuidado para não confundir com a SV 17: Durante o período previsto no
parágrafo 1º (obs: atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de
mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. O período de que trata este RE
579431/RS é anterior à requisição do precatório, ou seja, anterior ao interregno
tratado pela SV 17.
OBS:
Abrindo um parêntese: se o precatório tiver valor muito alto (valor superior a 15% do
montante dos demais precatórios apresentados até o dia 01/07 do respectivo ano),
então, neste caso, deverá ser pago 15% do valor deste precatório até o dia 31/12 do
ano seguinte e o restante em parcelas iguais nos 5 anos subsequentes, acrescidas de
juros de mora e correção monetária. A CF/88 permite também que o credor faça um
acordo com o Poder Público (§ 20 do art. 100 da CF/88, incluído pela EC 94/2016).
Período de suspensão dos juros moratórios: Entre o dia 01/07 de um ano até o dia
31/12 do ano seguinte (em nosso exemplo: de 01/07/2016 até 31/12/2017), não
haverá incidência de juros de mora porque o STF entende que esse foi o prazo
normal que a CF/88 deu para o Poder Público pagar seus precatórios, não havendo
razão para que a Fazenda Pública tenha que pagar juros referentes a esse interregno.
Existe, inclusive, uma súmula vinculante sobre o tema:
SV 17-STF: Durante o período previsto no parágrafo 1º (obs: atual §
5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora
sobre os precatórios que nele sejam pagos.
Obs: neste período, não há incidência de juros moratórios, mas deverá ser paga
correção monetária, conforme prevê a parte final do § 5º do art. 100.
Obs: como estes juros moratórios não estavam previstos no precatório, considerando
que se presumia que ele seria pago na data fixada pela CF/88 (até o dia 31/12), para
que o credor receba o valor dos juros será necessária a expedição de um precatório
complementar. Depois que o precatório está expedido, não se pode acrescentar
novos valores a ele.
Observação final complementar: O que foi explicado acima é suficiente para fins de
concurso. Irei, contudo, agora fazer uma observação complementar a respeito da
súmula vinculante 17.
A SV 17 foi editada em 29/10/2009 e continua sendo atualmente aplicada pelo STF.
Nesse sentido: RE 577465 AgR-ED-ED-EDv-AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Tribunal
Pleno, julgado em 23/09/2016.
Contudo, tem crescido entre os Ministros a ideia de que esta súmula foi superada
pelo § 12 do art. 100 da CF/88, acrescentado pela EC 62, de 10/12/2009, ou seja,
posteriormente à edição do enunciado. Para muitos Ministros, o § 12 determina a
incidência de juros moratórios independentemente do período.
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/016 (Info 847).
6.3. Modulação dos efeitos da ADI que julgou inconstitucional o novo regime de
precatórios estabelecido pela EC 62/2009 – (Info 779) – IMPORTANTE!!! – (PCMS-
2017)
STF. Plenário. ADI 4357 QO/DF e ADI 4425 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados
em 25/3/2015 (Info 779).
6.4. Advogado pode receber os honorários advocatícios mediante RPV, ainda que
o crédito principal seja executado por meio do regime de precatórios – (Info 765) –
IMPORTANTE!!!
STJ. 1ª Seção. REsp 1.347.736-RS, Rel. Min. Castro Meira, Rel. para acórdão Min.
Herman Benjamin, julgado em 9/10/2013 (recurso repetitivo) (Info 539).
Assim, se alguém tiver recursos para receber por meio de RPV, não deverão ser
aplicados os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, ou seja, esse credor não é obrigado a
aceitar a compensação imposta pela Fazenda Pública, mesmo que tenha débitos
com o Fisco.
STF. Plenário. RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min.
Marco Aurélio, julgado em 23/10/2014 (Info 764).
7. INTIMAÇÃO PESSOAL
7.1. Início da contagem do prazo em caso de intimação pessoal realizada por meio
de oficial de justiça – (Info 820)
STF. 2ª Turma. ARE 892732/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min.
Dias Toffoli, julgado em 5/4/2016 (Info 820).
OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: O INSS foi condenado por juiz federal em 1ª
instância e contra esta decisão interpôs apelação. O TRF julgou desprovido o recurso,
mantendo a sentença. Os Procuradores Federais, que fazem a defesa judicial do
INSS, possuem a prerrogativa de serem intimados pessoalmente das decisões
judiciais e demais atos do processo. Isso está previsto no art. 17 da Lei nº
10.910/2004:
Diante disso, surgiu a dúvida: a contagem do prazo para a Fazenda Pública recorrer
contra esta decisão começou a partir da data em que o Procurador assinou o
mandado (02/02) ou do dia em que o mandado foi juntado aos autos (03/03)? Do dia
em que o mandado foi juntado aos autos.
Essa decisão do STF está de acordo também com a posição do STJ. Nesse sentido:
A intimação por oficial de justiça não confere esta facilidade, considerando que o
meirinho leva apenas o mandado e a contrafé com algumas poucas cópias do
processo, mas o advogado público terá que diligenciar para ter acesso integral dos
autos.
Poderíamos imaginar uma única exceção em que seria permitida a intimação pessoal
por meio de oficial de justiça. Trata-se da hipótese em que, mesmo o processo sendo
eletrônico, a intimação foi feita pelo meirinho. Isso porque, neste caso, o advogado
público teria acesso imediato à integralidade dos autos em qualquer computador
com internet.
O art. 1º da Lei n. 9.494/97 determina, entre outras vedações, que não será cabível
tutela antecipada contra o Poder Público visando obter a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos ou a concessão de aumento ou extensão de
vantagens pecuniárias.
Vale ressaltar, no entanto, que a decisão proferida na referida ADC 4 não impede
toda e qualquer antecipação de tutela contra a Fazenda Pública. Somente está
proibida a concessão de tutela antecipada nas hipóteses listadas no art. 1º da Lei
n. 9.494/97, que deve ser interpretado restritivamente.
STF. Plenário. Rcl 4311/DF, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
6/11/2014 (Info 766).
9. JUSTIÇA GRATUITA
9.1. Exigibilidade suspensa das obrigações resultantes da sucumbência – (Info
811)
O CPC 2015 revogou o art. 12 da Lei nº 1.060/50, mas previu regra semelhante no §
3º do art. 98:
SIM. O STF entendeu que seria cabível deferir-se a gratuidade nessa fase
processual, salvo se houvesse fraude, como por exemplo, quando a parte não
efetuasse o preparo e, depois, requeresse que se relevasse a deserção.
O Min. Marco Aurélio afirmou que é plausível imaginar a situação de uma pessoa
que no início do processo pudesse custear as despesas processuais, e, no entanto,
depois de um tempo, com a mudança de sua situação econômica, não tivesse mais
condições de pagar o preparo do recurso, devendo então ter direito de pleitear a
assistência judiciária nessa fase processual.
STF. 1ª Turma. AI 652139 AgR/MG, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão
Min. Marco Aurélio, j. 22/5/12.
10. PROVAS
10.1. Desconsideração das conclusões do laudo pericial com base em outras provas
– (Info 817)
A preferência do julgador por determinada prova insere-se no livre
convencimento motivado e não cabe compelir o magistrado a colher com primazia
determinada prova em detrimento de outras pretendidas pelas partes se, pela
base do conjunto probatório tiver se convencido da verdade dos fatos.
STF. Plenário. RE 567708/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min.
Cármen Lúcia, julgado em 8/3/2016 (Info 817).
Ao tecer comentários sobre este art. 479, Daniel Amorim Assumpção Neves explica
que:
"O sistema de valoração das provas, adotado pelo sistema
processual brasileiro, é o da persuasão racional, também chamado
de livre convencimento motivado. Significa dizer que não existem
cargas de convencimento pré-estabelecidas dos meios de prova,
sendo incorreto afirmar abstratamente que determinado meio de
prova é mais eficaz no convencimento do juiz do que outro. Com
inspiração nesse sistema de valoração das provas, o art. 479 do
Novo CPC prevê que o juiz não está adstrito ao laudo pericial,
podendo se convencer com outros elementos ou fatos provados no
processo." (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC
comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 784).
STF. 1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.
Roberto Barroso, julgado em 23/2/2016 (Info 815).
Ocorre que, em 2011, a CBF editou a Resolução 2/2011 reconhecendo que, além do
Sport, o Flamengo também teria sido campeão brasileiro em 1987.
O Sport não se conformou com esta postura da entidade e ingressou com ação de
cumprimento de sentença pedindo que, em respeito à decisão judicial transitada
em julgado em 1999, a CBF fosse condenada a anular a Resolução e reconhecer o
clube pernambucano como o único campeão de 1987.
STF. 1ª Turma. RE 881864 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 18/4/2017 (Info
861).
12. EXECUÇÃO
12.1. Obrigação de fazer não está sujeita a precatório – (Info 866) –
IMPORTANTE!!!
Ex: sentença determinando que a Administração institua pensão por morte para
dependente de ex-servidor.
STF. Plenário. RE 573872/RS, Rel. Min. Edson Fachin, j. 24/5/17 (repercussão geral)
(Info 866).
12.2. Constitucionalidade do art. 741 do CPC 1973 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e
art. 535, § 5º do CPC 2015) – (Info 824)
São constitucionais o parágrafo único do art. 741 do CPC 1973, bem como os
correspondentes dispositivos do CPC 2015 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535,
§ 5º).
STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info
824).
OBS:
Coisa julgada tem limites impostos pelo legislador? O instituto da coisa julgada,
embora tenha proteção constitucional, deve ser conformado (regulamentado) pelo
legislador ordinário, a quem é dada a faculdade de estabelecer limites objetivos e
subjetivos. Em outras palavras, a coisa julgada não é um instituto absoluto. Assim, a
lei pode indicar situações em que o instituto deve ceder lugar a postulados,
princípios ou bens de mesma hierarquia e que também são protegidos pela
Constituição.
Ex: em 2012, o STF decidiu que a lei X é inconstitucional; em 2013, o juiz julga a
causa aplicando a lei X; mesmo se esta decisão transitar em julgado, o título
executivo será inexigível porque aplicou lei já considerada inconstitucional pelo STF.
Essa exigência passou a ser prevista de forma expressa no art. 525, § 14 do CPC 2015:
STF. Plenário. STF. Plenário. RE 693112-MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
09/02/2017 (repercussão geral) (Info 853).
OBS:
Quem tem o privilégio de pagar por meio de precatório? A quem se aplica o regime
dos precatórios? As Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais.
Quando se fala em “Fazenda Pública”, essa expressão abrange:
✓ União, Estados, DF e Municípios (administração direta);
✓ autarquias;
✓ fundações;
✓ empresas públicas prestadoras de serviço público (ex: Correios);
✓ sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação
própria do Estado e de natureza não concorrencial (este último é polêmico,
mas é o entendimento que prevalece).
Segundo o STF, para que a sociedade de economia mista goze dos privilégios da
Fazenda Pública, é necessário que ela não atue em regime de concorrência com
outras empresas e que não tenha objetivo de lucro. Confira:
(...) Os privilégios da Fazenda Pública são inextensíveis às
sociedades de economia mista que executam atividades em
regime de concorrência ou que tenham como objetivo
distribuir lucros aos seus acionistas. Portanto, a empresa
Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte não
pode se beneficiar do sistema de pagamento por precatório
de dívidas decorrentes de decisões judiciais (art. 100 da
Constituição). (...)
(STF. Plenário. RE 599628, Rel. Min. Ayres Britto, Relator p/
Acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 25/05/2011).
Resumindo:
A antiga RFFSA era uma sociedade de economia mista
federal, que foi extinta, e a União tornou-se sua sucessora
legal nos direitos e obrigações. A União goza de imunidade
tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88).
A RFFSA não desfrutava do benefício pois se tratava de
entidade exploradora de atividade econômica.
Os débitos tributários que a RFFSA possuía foram
transferidos para a União e devem ser pagos, não podendo
este ente invocar a imunidade tributária recíproca.
O STF concluiu que a imunidade tributária recíproca não
afasta a responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese
em que o sujeito passivo era contribuinte regular do tributo
devido.
STF. 1ª Turma. RE 599.176/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa,
julgado em 5/6/2014 (Info 749).
STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info
824).
OBS:
MP 2.102-27/2001 e a ampliação do prazo para a Fazenda Pública opor embargos: O
art. 4º da MP 2.102-27/2001 acrescentou um artigo na Lei nº 9.494/97 (que trata
sobre alguns aspectos do Poder Público em juízo) aumentando o prazo que a
Fazenda Pública dispõe para apresentar embargos caso ela esteja sendo executada.
Antes da alteração, o prazo era de 10 dias. Após, foi ampliado para 30 dias. Veja o
artigo que foi acrescentado:
14. RECURSOS
14.1. Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga PAD – (Info
892)
Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga processo
administrativo disciplinar instaurado contra magistrado trabalhista.
STF. 2ª Turma. ARE 958311/SP, rel. org. Min. Teori Zavaski, red.p/ac. Min. Gilmar
Mendes, j. 27/02/18 (Info 892).
STF. 1ª Turma. ARE 916917 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 6/12/16 (Info 850).
OBS:
O Relator poderia ter decidido monocraticamente o RE? Existe previsão legal para
isso? Em tese, SIM. Veja o que diz o art. 932, V, "a", do CPC/2015:
Art. 932. Incumbe ao relator:
(...)
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar
provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior
Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
No agravo, o Estado de SP juntou um documento que ainda não havia nos autos:
cópia do Diário Oficial que demonstra que houve a intimação de João e seus
advogados. Desse modo, ficou demonstrada que não era verdadeira a alegação do
autor de que não havia sido intimado para o julgamento no TCE.
Obs: a doutrina entende que, mesmo com o NCPC, não cabem honorários
advocatícios no julgamento de embargos de declaração, seja em 1ª instância, seja
nos Tribunais. Por todos: Fredie Didier Jr e Leonardo Carneiro da Cunha.
STF. 1ª Turma. RE 929925 AgR-ED/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/16 (Info 829).
14.4. Art. 932, parágrafo único, do CPC não pode ser aplicado para o caso de
recurso que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão
recorrida – (Info 829) – IMPORTANTE!!!
Assim, esse dispositivo não incide nos casos em que o recorrente não ataca todos
os fundamentos da decisão recorrida. Isso porque, nesta hipótese, seria necessária
a complementação das razões do recurso, o que não é permitido.
STF. 1ª Turma. ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/16 (Info 829).
Sendo o porte de remessa e retorno uma tarifa paga a uma empresa pública
federal, o CPC, que é uma lei federal, poderia, de forma válida, prever a sua
dispensa para o INSS. Trata-se de diploma editado pela União, a quem compete
dispor sobre as receitas públicas oriundas da prestação do serviço público postal.
Vale ressaltar que, por enquanto, o STJ tem entendimento em sentido contrário,
conforme se verifica pela Súmula 418.
14.7. AGRAVO
14.7.1. Multa do § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º do art. 1.021 do CPC 2015) e justiça
gratuita (Info 808).
O § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º do art. 1.021 do CPC 2015) prevê que, quando
manifestamente inadmissível ou improcedente o agravo, o tribunal condenará o
agravante a pagar ao agravado multa de
1% a 10% do valor corrigido da causa (CPC 1973)
1% a 5% do valor atualizado da causa (CPC 2015).
STF. 1ª Turma. RE 755613 AgR-ED/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/9/15 (Info 800).
STF. 1ª Turma. AI 864689 AgR/MS e ARE 951257 AgR/RJ, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, j. 27/09/16 (Info 841).
OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em
honorários advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM.
Agora, com o NCPC, em regra, existe condenação em honorários advocatícios para a
parte que interpôs recurso, mas sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art.
85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários
fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional
realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o
disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no
cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.
Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz
condenou João a pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não
se conformou e interpôs apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e
aumentado a condenação em honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.
Veja o que diz a doutrina sobre este importante § 11 do art. 85 do novo CPC:
"Esta é uma das principais inovações do CPC/2015. No
CPC/1973, em cada processo, havia uma única condenação
em honorários. No novo sistema, a cada recurso, há a
majoração na condenação em honorários – além daqueles já
fixados anteriormente. 13.1. O teto para a fixação dos
honorários é o limite previsto no § 2º (20%, no caso de
particulares) e § 3º (3% a 20%, conforme a faixa, no caso da
Fazenda Pública). Ou seja, mesmo com a sucumbência
recursal, o teto de 20% de honorários não poderá ser
ultrapassado. (...) 13.3. Ao julgar o recurso, de ofício, o
tribunal irá aumentar os honorários. Assim, é possível que,
no cotidiano, ocorra o seguinte: condenação em 10% quando
da sentença, majorada para 15% quando do acórdão da
apelação e para 20% quando do acórdão do recurso especial
(por ser esse o teto legal, como visto). Mas o mais provável é
que ocorra o seguinte: condenação em 10% quando da
sentença, majorada para 20% quando do acórdão da apelação
e mantida nesses 20% quando do acórdão de eventual
recurso especial (exatamente por ser o teto legal). 13.4. Em
virtude de quais recursos deve ser aplicada a sucumbência
recursal? Seriam todos os recursos previstos no artigo 994 do
CPC/2015? Como o § 11 destaca “tribunal”, é de se concluir
que não há a aplicação em 1º grau. Assim, quando dos
embargos de declaração da interlocutória ou sentença,
descabe aplicar honorários recursais." (DELLORE, Luiz.
Comentários ao art. 85 do CPC. Teoria geral do processo:
comentários ao CPC de 2015 - Parte Geral. São Paulo:
Método, 2015, p. 298-299).
Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do Código de Processo Civil de 2015 tem
dupla funcionalidade, devendo atender à justa remuneração
do patrono pelo trabalho adicional na fase recursal e inibir
recursos provenientes de decisões condenatórias
antecedentes. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 23/06/2016.
Por serem incabíveis, caso a parte oponha os embargos, estes não irão suspender
ou interromper o prazo para a interposição do agravo do art. 1.042 do CPC/2015.
STF. 1ª Turma. ARE 688776 ED/RS e ARE 685997 ED/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, j.
28/11/17 (Info 886).
OBS:
O que a parte pode fazer caso o Presidente do Tribunal não admita o recurso
extraordinário? Qual é o recurso cabível contra essa decisão? Agravo. Mas qual
agravo?
1) Se a inadmissão do Presidente do Tribunal de origem foi com base no
inciso I do art. 1.030 do CPC: cabe agravo interno, que será julgado pelo
próprio Tribunal de origem.
2) Se a inadmissão foi com fundamento no inciso V do art. 1.030: cabe "agravo
em recurso especial e extraordinário", recurso previsto no art. 1.042 do
CPC/2015.
Sabe qual é a gravidade disso? A parte terá perdido o prazo para interpor o agravo.
STF. Plenário. RE 194662 Ediv-ED-ED/BA, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red.
p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, j. 14/5/15 (Info 785).
O pedido foi indeferido em todas as instâncias e a questão chegou até o STF por
meio de recurso extraordinário. Ocorre que, quando o STF foi apreciar o tema, já
haviam sido realizadas as eleições municipais. Diante disso, suscitou-se que o
recurso estava prejudicado.
Entendeu-se que o mérito do recurso deveria ser apreciado tendo em vista sua
relevância social e política.
STF. Plenário. ARE 1054490 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 5/10/17 (Info
880).
OBS:
Diante disso, o STF debateu a seguinte questão preliminar: deverá ser reconhecida a
prejudicialidade (“perda do objeto”) deste RE, com a consequente extinção do
processo sem julgamento do mérito? NÃO. O STF reconheceu que, na prática,
realmente havia uma prejudicialidade do recurso tendo em vista que as eleições se
encerraram. No entanto, o Tribunal decidiu superar a prejudicialidade e atribuir
repercussão geral à questão constitucional discutida dos autos. Isso significa que o
STF admitiu o processamento do recurso e em uma data futura irá examinar o
mérito do pedido, ou seja, se podem ou não existir candidaturas avulsas no Brasil.
Ampliação do parágrafo único do art. 998 do CPC: Vale ressaltar que o CPC/2015
permite que o STF analise o tema da repercussão geral mesmo que haja desistência
do recurso. Confira:
Art. 998. (...)
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a
análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido
reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos
extraordinários ou especiais repetitivos.
No caso agora, temos uma espécie de ampliação deste parágrafo único para também
admitir a análise da questão mesmo que o tema concreto discutido no recurso
extraordinário tenha “perdido o objeto” (perdido o interesse recursal).
STF. 2ª Turma. RE 514639 QO/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/5/2016
(Info 825).
OBS:
Imagine a seguinte situação: A empresa "X" ingressou com ação contra o Estado-
membro a fim de discutir a cobrança de ICMS sobre determinada operação. O
processo, após ser julgado pelas instâncias inferiores, chegou ao STF por meio de
recurso extraordinário. Dois Ministros proferiram votos e um terceiro pediu vista,
suspendendo o julgamento. A empresa apresentou, então, petição renunciando ao
direito e pedindo o fim do processo, nos termos do art. 487, III, "c", do CP 2015:
17.3. Reconhecida a repercussão geral, não é mais possível que as partes desistam
do processo – (Info 797) – IMPORTANTE!!!
O novo CPC permite que a parte desista, mas afirma que a questão cuja
repercussão geral foi reconhecida continuará sendo analisada. Veja:
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou
dos litisconsortes, desistir do recurso.
STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 2/9/2015 (Info 797).
STF. 2ª Turma. ARE 868922/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 2/6/2015 (Info
788).
STF. Plenário. MS 32485 AgR/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/2/2014
(Info 737)
STF. Plenário. RE 598770/República Italiana, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/
o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12/2/2014 (Info 735)
STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/2017 (Info 868).
STF. Plenário. RE 584247/RR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 27/10/2016 (Info 845).
OBS:
NOÇÕES GERAIS SOBRE A REPERCUSSÃO GERAL
Natureza jurídica: A repercussão geral é um pressuposto de admissibilidade do
recurso extraordinário. Para que o RE seja conhecido, é necessário que o recorrente
demonstre a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso. Desse
modo, o STF não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão
constitucional nele versada não oferecer repercussão geral. A repercussão geral é o
último requisito de admissibilidade do RE a ser analisado. Assim, só será analisado
se o RE possui repercussão geral se não for caso de inadmissibilidade do recurso por
outra razão (art. 323 do RISTF).
Previsão: A repercussão geral está prevista no § 3º do art. 102 da CF/88, no art. 1.035
CPC/2015 e no Regimento Interno do STF (RISTF):
Art. 102 (...) § 3º No recurso extraordinário o recorrente
deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de
que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros.
Assim, algumas vezes o STF, por meio de seu Plenário, julga um recurso
extraordinário repetitivo e fixa uma tese que vale para todos os casos semelhantes
que estavam aguardando a posição da Corte. Neste caso, na prática, diz-se que o STF
julgou um recurso extraordinário "sob o rito da repercussão geral" (ou sob a
sistemática da repercussão geral). O mais "correto" seria dizer que foi julgado um
recurso extraordinário repetitivo, mas esta não é a nomenclatura empregada na
prática. Portanto, não confunda:
✓ repercussão geral é um pressuposto de admissibilidade de todo RE. Isso
significa que todo RE, para ser conhecido, deve ter repercussão geral. Como
regra, tais recursos são julgados por uma das Turmas do STF.
✓ alguns recursos extraordinários tratam de matérias que também estão
presentes em inúmeros outros processos (recursos extraordinários
repetitivos). Neste caso, deve-se adotar o procedimento do art. 1.036 e ss do
CPC e quem irá julgar o recurso é o Plenário do STF, fixando uma tese que irá
valer para todos os demais feitos. Na prática, fala-se em recurso
extraordinário julgado sob a sistemática da repercussão geral.
Fundamento utilizado pelo STF para reconhecer a repercussão geral: O STF pode
reconhecer que há repercussão geral com base em razões diferentes daquelas
alegadas pela parte recorrente, ou seja, a fundamentação apresentada pelo recorrente
para demonstrar que existe repercussão geral não vincula o STF, podendo o Tribunal
admiti-lo por fundamento diverso. Ex: o recorrente diz que há repercussão geral sob
o ponto de vista econômico e o STF entende que não, mas existe repercussão sob o
prisma social.
Quórum: Para que o STF recuse o recurso extraordinário por ausência de repercussão
geral, é necessário o voto de, no mínimo, 2/3 dos Ministros (2/3 de 11 = 8 Ministros).
Assim, se apenas 7 Ministros ou menos decidirem que não há repercussão geral, o
recurso será conhecido. A doutrina afirma, portanto, que existe uma presunção de
que todos os recursos extraordinários possuem repercussão geral, presunção esta
que só pode ser afastada pelo voto de, no mínimo, 8 Ministros.
Recurso contra a decisão do STF que não conhece o RE por ausência de repercussão
geral: não há. Trata-se de decisão irrecorrível.
Decisão vale para todos os recursos sobre matéria idêntica: se for negada a
existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria
idêntica, que serão indeferidos liminarmente.
Plenário virtual: Não sendo nenhuma das hipóteses dos itens 2.1, 2.2 ou 2.3 acima
listados, o Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais Ministros, cópia de
sua manifestação sobre a existência, ou não, de repercussão geral. Isso significa que o
Relator entra no sistema informatizado do STF e insere sua manifestação. Ex: "Trata-
se de recurso extraordinário contra acórdão... Penso que existe repercussão geral
porque...". Os demais Ministros também possuem acesso ao sistema informatizado e,
a partir do momento em que o Relator inserir seu posicionamento, eles terão um
prazo de 20 dias para analisar e para encaminhar, também por meio eletrônico,
manifestação sobre a questão da repercussão geral. Exs: "De acordo com o Relator";
"Com a devida vênia, penso que não existe repercussão geral porque..."
✓ Se 8 ou mais Ministros se manifestarem dizendo que não há repercussão
geral: o RE não será conhecido.
✓ Se 4 ou mais Ministros se manifestarem dizendo que há repercussão geral: o
RE será conhecido.
O que acontece depois de o Plenário Virtual decidir que há repercussão geral? Ele já
irá julgar diretamente o mérito?
✓ Regra: NÃO. Depois de ser reconhecida a repercussão geral, o Relator irá
levar o seu voto quanto ao mérito para julgamento da Turma ou do Plenário
(físico).
✓ Exceção: se o Relator estiver em seu voto apenas reafirmando a
jurisprudência dominante do STF, o julgamento deste recurso também
poderá ser realizado por meio eletrônico (art. 323-A do RISTF).
Obs: em concursos públicos, nunca vi este assunto ser cobrado com tanta
profundidade, como as exceções que coloquei acima. Portanto, preocupe-se em
entender as regras gerais.
Como posso conceituar Plenário Virtual? Desse modo, o Plenário Virtual é uma
sistemática adotada pelo STF por meio do qual os Ministros julgam se há ou não
repercussão geral nos recursos extraordinários interpostos. No Plenário virtual as
manifestações são feitas de forma eletrônica, sem a necessidade que os Ministros se
reúnam presencialmente, o que visa a otimizar os trabalhos. No Plenário Virtual, a
critério do Relator, também poderão ser julgados agravos regimentais e embargos de
declaração.
20. RECLAMAÇÃO
20.1. Necessidade de esgotamento das instâncias para alegar violação à decisão do
STF que decidiu pela constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 – (Infos 882
e 888) – ATENÇÃO!!! ADVOCACIA PÚBLICA!!! – (DPEAP-2018)
Em 2010, no julgamento da ADC 16, o STF decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº
8.666/93 é constitucional.
Em 2017, o STF reafirmou o entendimento de que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93
é constitucional e deve ser aplicado. Isso foi no julgamento do RE 760931/DF,
submetido à sistemática da repercussão geral.
Assim, agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para
ajuizar reclamação discutindo esse tema.
STF. 1ª Turma. Rcl 27789 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 17/10/17 (Info
882).
STF. 1ª Turma. Rcl 28623 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 12/12/17 (Info
888).
OBS:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de
acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário
ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias
ordinárias.
Agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para ajuizar
reclamação. Isso porque, como vimos, reclamação contra decisão em recurso
extraordinário exige esgotamento das instâncias ordinárias, ao contrário de
reclamação contra decisão em ADC.
Perceba, portanto, que para o STF foi um ótimo negócio ter “substituído” a eficácia
da decisão da ADC pela decisão no RE, considerando que o Poder Público terá que
interpor uma série de recursos para poder ajuizar a reclamação, diminuindo o
número de novos processos no Supremo.
STF. Decisão monocrática. Rcl 25310 MC, Rel. Min. Celso de Mello, j. 03/10/16 (Info
845).
STF. Plenário. Rcl 4058 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 17/02/2010.
OBS:
O que é a reclamação? Reclamação é uma...
- ação
- proposta pela parte interessada ou pelo MP
- com o objetivo cassar uma decisão judicial ou um ato administrativo que tenha
violado:
a) a competência de um tribunal (Tribunal de 2º grau ou Tribunal Superior);
b) a autoridade de uma decisão do tribunal (Tribunal de 2º grau ou Tribunal
Superior);
d) súmula vinculante;
e) decisão do STF em controle concentrado de constitucionalidade;
f) acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de incidente de assunção de competência.
Hipóteses de cabimento
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do
Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III - garantir a observância de enunciado de súmula
vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em
controle concentrado de constitucionalidade;
IV - garantir a observância de acórdão proferido em
julgamento de incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de incidente de assunção de competência;
(...) § 4º As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a
aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos
casos que a ela correspondam.
Existe ainda uma quinta hipótese que está prevista no § 5º do art. 988. Trata-se da
reclamação proposta contra decisão que tenha descumprido tese fixada pelo STF em
recurso extraordinário julgado sob o rito da repercussão geral. A Lei exige, no
entanto, que, antes de a parte apresentar a reclamação, ela deve ter esgotado todos os
recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias". Veja a redação do dispositivo:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou
de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas
as instâncias ordinárias.
Procedimento
✓ A reclamação deve ser proposta perante o Tribunal cuja competência se
busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.
✓ A petição inicial deverá ser dirigida ao Presidente do Tribunal, sendo
instruída com prova documental.
✓ Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao Relator do
processo principal, sempre que possível.
✓ Ao despachar a reclamação, o Relator:
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a
prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 dias;
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato
impugnado para evitar dano irreparável;
III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada,
que terá prazo de 15 dias para apresentar a sua contestação.
✓ Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante (art. 990).
✓ Se o MP não for o autor da reclamação, ele será ouvido como fiscal da ordem
jurídica e, para isso, terá vista do processo por 5 dias, após o decurso do
prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo
beneficiário do ato impugnado.
✓ Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de
seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia (art.
992). O Presidente do Tribunal determinará o imediato cumprimento da
decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente (art. 993). Assim, mesmo antes
da lavratura do acórdão, a decisão proferida na reclamação já produz efeitos.
✓ Algumas vezes, pode acontecer de a parte ter ajuizado reclamação e também
interposto recurso contra a decisão. Neste caso, se o recurso for inadmitido,
ou mesmo julgado antes que a reclamação, isso não prejudicará o julgamento
da reclamação (art. 988, § 6º do CPC).
20.3. Só cabe reclamação ao STF por violação de tese fixada em repercussão geral
após terem se esgotado todos os recursos cabíveis nas instâncias antecedentes – (Info
845) – IMPORTANTE!!! – (DPEAP-2018)
O art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 prevê que é possível reclamação dirigida ao STF
contra decisão judicial que tenha descumprido tese fixada pelo STF em recurso
extraordinário julgado sob o rito da repercussão geral. O CPC exige, no entanto,
que, antes de a parte apresentar a reclamação, ela tenha esgotado todos os
recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias".
O STF afirmou que essa hipótese de cabimento prevista no art. 988, § 5º, II, do
CPC deve ser interpretada restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da
reclamação, a competência de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST e
TSE) para o julgamento de recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de
jurisdição.
STF. 2ª Turma. Rcl 24686 ED-AgR/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28/10/16 (Info
845).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João, ex-Prefeito, foi condenado pelo juiz
eleitoral por ter efetuado, de forma irregular, a contratação de servidores
temporários (art. 37, IX, da CF/88). João recorreu ao TRE alegando que a contratação
realizada cumpriu todos os requisitos que foram fixados pelo STF ao julgar o RE
658.026/MG, cujo mérito foi apreciado sob o rito da repercussão geral. O TRE,
contudo, manteve a condenação. Contra a decisão, o condenado apresentou:
a) recurso especial eleitoral para o TSE;
b) reclamação para o STF afirmando que o TRE descumpriu a tese fixada em
repercussão geral no RE 658.026/MG. Na reclamação, o condenado pede a cassação
do acórdão para que, em novo julgamento, o TRE analise a contratação temporária
segundo os requisitos fixados pelo STF no paradigma apontado.
Antes do CPC/2015, o STF admitia reclamação contra decisão judicial que tenha
descumprido tese fixada pelo STF em recurso extraordinário julgado sob o rito da
repercussão geral? NÃO. Antes do CPC/2015, a jurisprudência do STF era firme no
sentido do não cabimento de reclamação com fundamento em recurso extraordinário
julgado segundo a sistemática da repercussão geral, uma vez que essa decisão não
tinha efeito vinculante (STF. 1ª Turma. Rcl 21314 AgR, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 29/09/2015).
E com o novo CPC, isso muda? A legislação admite reclamação nestes casos? SIM.
Trata-se de importante inovação trazida pelo CPC/2015. A Lei exige, no entanto,
que, antes de a parte apresentar a reclamação, ela deve ter esgotado todos os
recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias". Veja a redação do dispositivo:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou
de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas
as instâncias ordinárias.
O STF, ao interpretar o art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 adotou a definição tradicional
de "instância ordinária" acima exposta? NÃO. O STF, com receio da imensa
quantidade de reclamações que poderia ser obrigado a julgar, conferiu interpretação
bem restritiva à expressão "instâncias ordinárias". Para o Min. Teori Zavascki, a
hipótese de cabimento prevista no art. 988, § 5º, II, do CPC deve ser interpretada
restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da reclamação, a competência
de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST, TSE) para o julgamento de
recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de jurisdição. Se ainda tiver algum
recurso pendente no STJ, por exemplo, não caberá reclamação ao STF.
Assim, pela interpretação dada, em regra, não cabe reclamação ao STF contra
sentenças nem contra acórdãos de Tribunais de 2º grau (TJ, TRF, TRT, TRE) mesmo
que a decisão tenha afrontado tese fixada em recurso extraordinário julgado sob o
rito da repercussão geral.
Não coloque isso na prova, no entanto, na prática, com essa restrição, o STF deixa
tudo como era antes do novo CPC.
Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua
prolação, estava em conformidade com a jurisprudência predominante do STF.
STF. Plenário. AR 2199/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Gilmar
Mendes, julgado em 23/4/2015 (Info 782).
STF. Plenário. RE 590809/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 22/10/14 (Info 764).
21.2. Início do prazo para a ação rescisória em caso de recursos parciais – (Info 740)
– IMPORTANTE!!!
Ex: o Ministro da Justiça negou o pedido de anistia política formulado por João;
esta decisão foi publicada no Diário Oficial; o prazo para o MS não se iniciou
nesta data; isso porque, como há um processo administrativo, seria necessária a
intimação do interessado, na forma do art. 26, § 3º da Lei 9.784/99; somente a
partir daí se inicia o prazo decadencial do MS.
STF. 1ª Turma. RMS 32487/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 7/11/17 (Info 884).
OBS:
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo
administrativo determinará a intimação do interessado para
ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
(...)
§ 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via
postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro
meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
§ 4º No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com
domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio
de publicação oficial.
§ 5º As intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais, mas o comparecimento do administrado
supre sua falta ou irregularidade.
Assim, para que tivesse se iniciado o prazo do MS, seria necessário que o interessado
tivesse sido intimado corretamente, na forma do § 3º do art. 26 da Lei nº 9.784/99.
STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28/3/17 (Info 859).
Ex: mandado de segurança contra ato do Governador que está atrasando o repasse
dos duodécimos devidos ao Poder Judiciário.
STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/11/16 (Info 848).
22.4. MS contra ato do Ministro que não efetuou pagamento dos valores atrasados
a anistiado político – (Info 847)
Cabe mandado de segurança contra ato do Ministro da Defesa que não efetua o
pagamento dos valores atrasados decorrentes da reparação econômica devida a
anistiado político (art. 8º do ADCT).
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/16 (Info 847).
OBS:
22.5. Sustentação oral – (Info 821) – ATENÇÃO: VIDE PARTE FINAL DOS
COMENTÁRIOS!!!
STF. Plenário. MS 34127 MC/DF, MS 34128 MC/DF, Rel. orig. Min. Roberto
Barroso, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgados em 14/4/2016 (Info 821).
OBS:
Sustentação oral: O art. 973 do novo CPC, de forma mais organizada, prevê as
hipóteses nas quais é admitida sustentação oral nos Tribunais. Veja:
Obs: foi publicada a Lei nº 13.676/2018, que alterou a Lei nº 12.016/2009, para
permitir a defesa oral do pedido de liminar na sessão de julgamento do mandado de
segurança. Veja a nova redação do art. 16 da Lei do MS:
Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a
instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do
mérito ou do pedido liminar.
O mandado de segurança não é a via adequada para aferir critérios utilizados pelo
TCU e que culminaram por condenar solidariamente a empresa impetrante à
devolução de valores ao erário, em razão de superfaturamento de preços
constatado em aditamentos contratuais por ela celebrados com a Administração
Pública. Isso porque para a análise do pedido seria necessária a análise pericial e
verificação de preços, dados e tabelas, o que é incompatível com o rito do
mandado de segurança.
STF. 1ª Turma. MS 29599/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º/3/2016 (Info
816).
22.7. Desistência de MS após já ter sido prolatada sentença de mérito – (Info 781)
STF. 1ª Turma. RE 798740 AgR/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão
Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/9/2015 (Info 797).
24. AÇÃO CIVIL PÚBLICA
24.1. É possível que as associações privadas façam transação em ação civil pública
– (Info 892) – IMPORTANTE!!! Não tem nos livros!!!
A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o
réu e pedir a extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC.
O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos
públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não
mencionando as associações privadas.
STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 1º/3/18 (Info 892).
OBS:
Existe previsão legal de que as associações autoras de ações civis públicas possam
fazer transação nessas ações? NÃO. A Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública)
prevê que os órgãos públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso,
não mencionando as associações privadas. Confira:
Art. 5º (...)
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências
legais, mediante cominações, que terá eficácia de título
executivo extrajudicial.
Para o Min. Ricardo Lewandoswki, “não faria sentido prever um modelo que autoriza a
justiciabilidade privada de direitos e, simultaneamente, deixar de conferir aos entes
privados as mais comezinhas faculdades processuais, tais como a de firmar
acordos.”
24.2. ACP proposta contra Prefeito e previsão na lei estadual de que tal atribuição
é privativa do PGJ – (Info 788)
STF. 2ª Turma. ARE 706288 AgR/MS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 2/6/15 (Info 788).
STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6 e 7/5/2015
(Info 784).
Além disso, o STF entendeu que não compete ao Poder Judiciário envolver-se na
gestão interna do MP, cabendo, no caso, um juízo de autocontenção.
STF. Plenário. ADI 5434/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, j. 26/4/2018 (Info 899).
OBS:
Veja a íntegra do dispositivo inserido pela Res. 126/2015-CNMP:
Art. 9º-A Após a instauração do inquérito civil ou do procedimento
preparatório, quando o membro que o preside concluir ser
atribuição de outro Ministério Público, este deverá submeter
sua decisão ao referendo do órgão de revisão competente, no
prazo de 3 (três) dias.
OBS:
CONCLUSÕES:
1) As associações podem propor ações coletivas em favor dos seus associados.
2) A associação precisa da autorização dos associados para propor a ação na defesa
de seus interesses.
3) A autorização dada pelos associados precisa ser expressa e específica para cada
ação. Assim, não é suficiente a autorização genericamente prevista no estatuto da
associação.
4) Essa autorização pode ser feita de duas formas:
a) por declaração individual do associado; ou
b) por aprovação na assembleia geral da entidade.
25.3. Legitimidade da Defensoria Pública para ação civil pública – (Info 806) –
IMPORTANTE!!!
25.4. MP tem legitimidade para ACP em favor dos beneficiários do DPVAT – (Info
753)
Esse entendimento do STF faz com que fique superado o enunciado 470 do STJ:
Súmula 470-STJ: O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação
civil pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado.
25.5. Ação coletiva proposta pela associação em favor de seus filiados – (Info 746) –
IMPORTANTE!!!
O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública sobre
direitos individuais homogêneos quando presente o interesse social.
STF. 2ª Turma. RE 216443/MG, rel. orig. Min. Menezes Direito, red. p/ o acórdão
Min. Marco Aurélio, 28.8.2012.
STF. Plenário. ADI 2699/PE, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 20/5/2015 (Info
786).
STF. Plenário. ADI 4161/AL, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/10/2014 (Info
765).