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CARACTERIZAÇÃO METALOGRÁFICA DOS

AÇOS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA


METALLOGRAPHIC CHARACTERIZATION OF MECHANICAL CONSTRUCTION STEELS

Guilherme Dias Zarur1

RESUMO

Este trabalho avaliou o estado microestrutural dos Aços do tipo SAE 1020, 1040, 5160, 52100, 8640 e 4340
em laboratório universitário como parte da disciplina de Ensaio de Materiais, ministrada pelo Prof. Dr. Wanderson Santana da
Silva. Para o estudo, foram feitas preparações metalográficas tendo as fases de Lixamento, Polimento inicial e final, Ata-
que Metalográfico e por fim uma análise em Microscópio Ótico para determinação das fases presentes na estrutura. E, caso
fosse possível, identificar qual seria o estado de entrega da peça originada, i.e., se esta foi normalizada, recozida, esferoidizada
ou ainda austemperada. Como resultado, foram observadas diferentes fases presentes e tipos de estado de recebimento, tendo
materiais que dispuseram de um processo que levasse a 100% de sua estrutura esferoidizada, por exemplo, o SAE 52100,
apresentando uma estrutura ferrítica com ilhas brancas de carbonetos, além do SAE 4340 que teve sua estrutura semelhante
ao anterior com um processo de esferoidização incompleto, tendo uma microestrutura de zonas de carbonetos alongadas e zo-
nas esferoidizadas. Ainda, apresentou-se um material com a estrutura das zonas brancas ferríticas acicular, de um tratamento
isotérmico de Austêmpera, o SAE 8640. Para os casos do SAE 1020 E 1040, observou-se estruturas semelhantes, e por um
breve cálculo percentual de carbono, com uma matriz ferrítica em bloco e perlita grosseira, típica de recozimento.

Palavras-Chave: Aços. Ensaio de Materiais. Preparações metalográficas. Lixamento. Polimento. Ataque metalográfico. Micros-
cópio Ótico. Microestruturas.

Citação: ZARUR, Guilherme Dias. Caracterização metalográfica dos aços de construção mecânica.

INTRODUÇÃO
Atualmente, hoje há as mais diversas aplicações das li- aceita do produto. E para tanto, por métodos usuais se classifi-
gas de ferro, possibilitando a fabricação de peças com ca os aços, seja por característica intrínseca ou no emprego do
plasticidade suficiente para processos de estampagem aço. Assim, em função dos requisitos de trabalho, se classifi-
profunda, ou ainda casos que exigem uma extrema du- cou os aços como: 1- Aços ao carbono; 2-Aços Liga; 3- Aços
reza como, por exemplo, os aços rápidos. E essas pro- de Alta Liga; 4- Aços de Alta Resistência. Em laboratório (SAE
priedades vêm da composição química (elementos de 1020, 1040, 4340, 5160, 52100 e 8640), primeiro deve-se en-
liga) que o aço apresenta; os tratamentos térmicos apli- tender o processo de obtenção das barras de estudo, que con-
cados (recozimento, austêmpera ou esfoiridização, para siste brevemente em quatro principais etapas Sendo a primeira
o caso do presente trabalho) e diversos outros fatores. a redução, onde o coque, a sucata, o sínter, o calcário e outros
Como posto por SILVA;MEI (1988) a importância de es- elementos são levados em um Alto Forno. No forno, em altas
pecificações bem elaboradas para produtos industriais temperaturas é obtido o ferro gusa, composto ainda rico em
não pode ser subestimada. Uma especificação bem ela- elementos de liga como, por exemplo, fosforo, enxofre, e ou-
borada deve deixar claro o que se espera e o que se tros elementos, que em elevados teores não torno viável

O autor declara não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.

1. Universiade Federal de Santa Catarina – Campus Blumenau – Blumenau, Santa Catarina, Brasil.

Trabalho realizado na Universidade Federal de Santa Catarina – Campus Blumenau – Laboratório de Metalografia.
Correspondência: R. João Pessoa, número 2750, CEP: 89036-002 - Bairro Velha, Blumenau, SC. Brasil.
E-mail: Guilherme.zarur@grad.ufsc.br

1
o produto; além de o teor de carbono ainda, nesta fase, estar
elevado (4 – 5%). Em seguida, o ferro gusa somada a suca-
tas são levados para aciaria, em um Conversor LD, que num
principio químico deve fazer a oxidação dos elementos exce-
dentes indesejados do produto pela injeção controlada de O2.
Para que o material fosse solidificado de forma adequada pa-
ra uso posterior, aplica-se o lingotamento contínuo, para que
no fim desta etapa, o material esteja na forma de tarugos (bil-
lets). Em continuidade, temos a laminação do billet, que se
faz em duas partes. A inicial é apenas para um desbaste su-
perficial e a segunda é a que de fato faz a redução de área
inicial, dando a característica de barra, desejada da peça. E
por último, como a peça deve ser estar num estado de entre-
ga adequado, muitas vezes se faz o uso de tratamentos tér-
micos, os quais garantem a microestrutura final desejada,
bem como as propriedades.
E dos materiais de estudo, podemos classificar o SAE 1020 e
1040 como tipo 1, e os demais (4340, 5160, 52100 e 8640)
como tipo 2, isso porque como posto pelo Prof. Dr. Marcio
Roberto da Rocha em suas notas de aula de “Materiais Metá- Figura 1 - Ação relativa de alguns elementos de liga que se
licos”, o aço é considerado baixa liga ou apenas “aço liga”, dissolvem na ferrita, no sentido de aumentar a sua dureza.
quando nenhum elemento de liga atingir um teor de 5%. Ain- Fonte: Alloying Elements in Steel (BAIN, E.C., PAXTON,
da, através da classificação, podemos dizer que o SAE 4340 H.W., 1966).
é do tipo Molibdênio, Cromo e níquel; os SAE 5160 e 52100
são aços ao Cromo e o SAE 8640 é um aço ao Níquel, Cro- Aplicabilidade dos Aços
mo e Molibdênio.
No quesito aplicabilidade dos aços estudados, foi verificado
Análise Química Dos Aços que estes eram considerados aços especiais, de uso em cons-
Na tabela 1, é possível visualizar o efeito desses ligantes nos truções mecânicas. E que quanto maior o teor de carbono mai-
aços ligados (4340, 5160, 52100 e 8640), facilitando também or seria a dureza do aço e maiores serão os limites de resis-
a posterior interpretação dos resultados visualizados em mi- tência à tração e de escoamento (CHIAVERINI, 1988), depen-
croscópio. dendo apenas do tratamento previamente aplicado sobre a
peça. De forma geral, os aços SAE 1020, são aplicados na in-
Como apresentada na tabela, a existência de alguns elemen- dústria automobilística, componentes forjados de baixa exigên-
tos caracterizam os aços pela sua resistência mecânica, pela
cia, excelente soldabilidade e forjabilidade. Para os SAE 1040,
dureza, tenacidade, entre diversas outras propriedades gera-
por apresentarem uma boa relação de tenacidade, ductilidade,
das nos aços. Como é possível ver na figura 1 abaixo, a du-
reza dos aços pode aumentar significativamente de acordo e resistências mecânica, suas aplicações são mais abrangen-
com a porcentagem de elementos ligantes. No entanto, estes tes como, por exemplo, rodas e equipamentos ferroviários, en-
podem apresentar a formação de carbonetos não interessan- grenagens, virabrequins e outras peças de máquinas que ne-
tes na composição, à redução de soldabilidade ou usinabili- cessitam de elevadas resistências mecânica e ao desgaste
dade e fatores que tendem a reduzir a qualidade do produto tenacidade. O aço SAE 4340, é utilizado em componentes para
final.
Ligante Principais Funções
O aumento de carbono aumenta a dureza, resistência e a temperatura de transição dúctil - frágil.
Carbono (C)
Aumento de carbono diminui a tenacidade e ductilidade.
Fornece uma contribuição moderada à capacidade de endurecimento até cerca de 1%. Ligeira-
Cromo (Cr) mente resiste amolecimento durante a têmpera. Fornece resistência à temperatura elevada e re-
sistência à oxidação. Com alto teor de carbono, proporciona resistência à abrasão.
Normalmente presente como inclusões de sulfeto de manganês. Diminui resistência e dutilidade
Enxofre (S) transversal, mas tem pouco aumento sobre propriedades longitudinais. Diminui soldabilidade.
Melhora a usinabilidade.
Fornece uma elevada contribuição para a temperabilidade. Promove a austenita retida. Reduz
severamente tenacidade e ductilidade. Melhora a resistência à corrosão. Melhora a usinabilidade
Fosforo (P)
de aços de alto teor de enxofre. Diminui ductilidade em aços de médio e alto teor de carbono.
Contribui para a fragilização ao revenido.
Fornece uma contribuição à capacidade de endurecimento (temperabilidade) até cerca de 2%.
Promove a austenita retida na têmpera. Forma sulfetos de manganês que competem com os de
Manganês (Mn) ferro (menor Ponto de fusão), controlando o nível de enxofre do material. Produz um aço austení-
tico de alto carbono. Aumenta a resistência e reduz a ductilidade em aços ferríticos. É um desoxi-
dante e promove a trabalhabilidade a quente.
Contribui muito para o endurecimento até cerca de 1%. Contribui para a temperabilidade. Aumen-
Molibdênio (Mo)
ta a resistência em elevada temperatura e a resistência à fluência.
Fornece uma contribuição moderada a Temperabilidade. Tende a promover austenita retida com
Níquel (Ni)
médio e alto carbono. Endurece aços não temperados por solução sólida.
Fornece um aumento moderado da temperabilidade. Endurece a ferrita até cerca de 1%. Aumenta
Silício (Si) a resistência de aços temperados e revenidos. Fornece alguma resistência à oxidação em tempe-
raturas elevadas. É um desoxidante geral.
Tabela 1- Função dos elementos de liga encontrados nos aços. Fonte: Tabela elementos de liga - Aços. Disponível
em: encurta-dor.com.br/lFLS3. 2
sistemas mecânicos, principalmente estruturais, onde se ne- como o ramo da tecnologia que estuda e interpreta a estrutura
cessita uma homogeneidade de dureza ao longo da seção interna dos metais e suas ligas, como também a relação entre
transversal em pequenas ou grandes seções, de exemplo as suas composições químicas, propriedades físicas e mecâni-
temos virabrequins para aviões, tratores e veículos em geral, cas. E a ciência das microestruturas é de fundamental impor-
engrenagens e componentes com boas propriedades mecâni- tância, pois não só a dureza e as frações das fases presentes
cas. Para casos onde o SAE 1045 não se aplica por falta de na microestrutura definem a resistência mecânica e a ductili-
um melhor endurecimento em seções transversais, faz-se o dade do material em vista, mas também a morfologia, “forma-
uso do SAE 8640, que apresenta uma melhor resistência à to”, das fases, bem como a natureza e a densidade dos con-
fadiga e à fratura; são utilizados na fabricação de rolamentos, tornos presentes podem atuar de maneira fundamental. E no
cilindros, engrenagens, eixos hidráulicos, eixos furados, etc. processo de obtenção de um bom resultado, são impostas três
Para o aço SAE 52100, que apresenta um alto teor de carbo- fases principais de trabalho, sendo elas 1- a obtenção de uma
no, sua aplicação fica destinada a situações que se almeja secção plana e polida; 2- um realce da microestrutura, com o
uma resistência ao desgaste como, por exemplo, rolamentos auxílio do ataque químico e 3- a observação em microscópio.
(anéis, roletes e esferas) e eixos de bombas de água. Por
último, o aço SAE 5160, um aço ligado de elevada resistência METODOLOGIA
à tração e a fadiga, com boa ductilidade, tem seu uso desti-
Nesta etapa, foram utilizados os exemplares das barras dos
nado a molas altamente solicitadas, eixos automobilísticos e
aços SAE 1020, 1040, 4340, 5160, 52100 e 8640 já previa-
afins.
mente desbastados para uso; máquinas Politriz para fazer o
Como classificado por SILVA; MEI (1988) em “Aços e Ligas lixamento, polimento grosseiro e fino; Reagente Nital para ata-
Especiais: Classificação e seleção de aços”, operações de que químico e o uso de microscópio óptico para posterior ana-
aquecimento ou resfriamento que visam afetar as caracterís- lise das peças. Dos aços escolhidos para a prática, foi posta
ticas de aços e ligas especiais são denominados tratamentos uma tabela sobre os constituintes, elementos de liga.
térmicos. Os principais são o Recozimento, Normalização,
Têmpera, Revenimento, Solubilização. No presente estudo Aço %C %Si %Mn %Cr %Mo %Ni %P %S
verificou-se principalmente a influência da austêmpera, do 0,18 - 0,15- 0,30 - 0,03 0,05
1020 - - -
recozimento pleno e da esferoidização. O primeiro consiste 0,23 0,35 0,60 máx. máx.
na austenitização completa do aço, ou seja, uma dissolução 0,37 - 0,15- 0,60 - 0,03 0,05
1040 - - -
do carbono no ferro (formação da austenita), seguida de um 0,44 0,35 0,90 máx. máx.
resfriamento ao ar. O efeito esperado desse tratamento seria 1,65
0,38 - 0,15 - 0,60 - 0,70 - 0,20 - 0,03 0,04
um refino lento em forno a fim de obter a homogeneização da 4340 -
0,43 0,35 0,80 0,90 0,30 máx. máx.
estrutura, a fim de obter melhor resposta numa posterior tem- 2,00
pera ou revenimento; aumento da usinabilidade, entre outros 0,56 - 0,15 - 0,75 - 0,70 - 0,03 0,04
5160 - -
efeitos. Para o segundo caso, se almeja a redução da dureza 0,64 0,35 1,00 0,90 máx. máx.
do aço, o aumento da usinabilidade, facilitar o trabalho a frio. 0,98 - 0,15 - 0,25 - 1,30 - 0,025 0,025
52100 - -
O tratamento consiste em austenitizar o aço e depois fazer 1,10 0,35 0,45 1,60 máx. máx.
um resfriamento lento. Por último, na esferoidização, não dei- 0,40
0,38 - 0,15 - 0,75 - 0,40 - 0,15 - 0,03 0,04
8640 -
xando de ser um método de recozimento, é um método que 0,43 0,35 1,00 0,60 0,25 máx. máx.
0,70
forma uma estrutura de carbonetos esferoidizados numa ma-
triz ferrítica. Tabela 2 - Composições Químicas dos Aços Utilizados em
Laboratório. Fonte: Manual de Aços Especiais - Aços
Os materiais metálicos podem ter suas qualidades medidas Construção Mecânica, GERDAU.
de diferentes formas como, por exemplo, a estrutural. A forma
estrutural se fixa na ideia de encontrar métodos de observa- Como posto por COLPAERT, H (2008) em “Metalografia dos
ção da composição química material, as propriedades mecâ- Produtos Siderúrgicos Comuns”, a técnica de ensaio micrográ-
nicas, a microestrutura que o compõe, entre outras caracte- fico é necessariamente separada em etapas: a) Escolha e lo-
rísticas intrínsecas do objeto de estudo. Dessa forma, o en- calização da secção a ser estudada; b) Realização de uma su-
saio metalográfico em questão permite um controle de quali- perfície plana e polida no lugar escolhido; c) ataque da superfí-
dade dos aços, de forma a identificar diversas propriedades, cie por um reagente químico adequado e d) exame ao micros-
além de seu estado de origem e o desempenho caso aplica- cópio para a observação da textura.
do.
Como é possível visualizar na Tabela 1, os diferentes aços
O método se divide e partes micrográficas e macrográficas.
apresentam teores variados dos chamados elementos de liga.
Para a prática macro, como posto na apostila “Laboratório de
Um detalhe interessante é a existência de Silício nos SAE
Metalografia e Ensaios dos Materiais” (VILLARDO, 2013) o
1020 e 1040, podendo se relacionar a deposição deste ele-
material é visto de uma forma simples, conseguindo ser feito
mento durante a etapa de fabricação em alto forno e afins. Es-
apenas um exame do aspecto superficial do metal, isto é,
tes que causam grande diferencial nas propriedades finais e
após este ser devidamente lixado, polido e atacado com o
esperadas de um material. Dos ligantes demonstrados, estes
reagente, como resultado observa-se distribuição da natureza
se dividem pelas funções na composição, sendo elas de au-
de falhas. Já para o caso micrográfico, se tem um resultado
mento de dureza, resistência mecânica ou térmica, aumento de
com o auxílio de um microscópio, dependendo do caso óptico
capacidade de endurecimento, etc.
ou eletrônico, procurando assim ter uma abordagem qualitati-
va e quantitativa das fases presentes, tamanhos/forma dos Para a prática, as peças já haviam sido previamente cortadas,
grãos, distribuição ou existência de inclusões, teor aproxima fazendo que a mesma fosse iniciada a partir do lixamento.
do de carbono e demais individualidades das peças. Nesta etapa, foi utilizada uma máquina Politriz metalográfica
de duas velocidades e dois pratos (PL02ED, TECLAGO). O
A Aline A. F.Santiago, em sua aula sobre metalografia define

3
objetivo principal seria adquiria uma superfície mais plana e SAE 1020
com menos defeitos de riscos multidirecionais, i.e., os riscos
Através da imagem abaixo, fig.2, pode ser notada a existência
terem uma única direção, facilitando, portanto o processo pos-
de uma variação dos tamanhos de grãos. Com uma avaliação
terior de polimento. Em uso, optou-se pelas lixas D’água fei-
prévia, podemos dizer que este material apresenta uma fase
tas de Carbeto de Silício (SiC). O procedimento partiu da lixa
mole menos acentuada (região clara) e uma mais dura (região
em unidade Mesh de #220, seguida da #320, #600 e por fim
escura). Na fase mais abrangente, escura, por meios didáticos,
#1200.
verifica-se que se trata do microconstituinte, perlita (Feα +
Feito o lixamento, os materiais devem ser levadas com água Fe3C) grosseira em lamelas; e na fase clara, ferríta em blocos.
em abundância, isso para que seja evitado qualquer tipo de
contaminação com partículas provenientes do lixamento.
Após a lavagem e secagem das peças, estas são levadas
para o processo de polimento, que tem como objetivo a reti-
rada de marcas visíveis que possam ter advindo da etapa an-
terior. Para esta etapa, foi utilizado o mesmo modelo de Poli-
triz, porém com discos revestidos em feltro. O processo foi
dividido em duas partes, sendo a primeira para polimento su-
perficial e a segunda para um polimento fino. Como solução
foi aplicada Alumina em suspensão Nº4, Azul, com partículas
com 1µm para a primeira passagem, seguida de uma sus-
pensão de (0,3 – 0,5) µm como final. De acordo com livros de
metalografia, tal qual o “Metallographic Handbook” (ZIPPE-
RIAN, 2011) o ideal no polimento é manter o disco sempre
úmido, ou seja, deve ser aplicado também o uso de água
destilada para garantir uma melhor distribuição da Alumina e
melhor deslizamento da amostra sobre o pano. Ao fim da
etapa, a peça deve ser bem lavada com líquidos de baixo Figura 2 - Microestrutura do SAE 1020 com ampliação de
ponto de ebulição (éter, álcool etílico) e posteriormente ser 1000x. Fonte: Autor.
feita uma limpeza superficial com algodão enquanto a mesma
é secada com o soprador térmico, numa dada direção de
forma que proporcione um escorregamento paralelo das go-
tas. Como resultado a superfície metálica deve apresentar
um “efeito espelho”, livre de riscos.
Como etapa semifinal de todo processo, tem-se o ataque
químico. Como posto em notas de aula de “Laboratório de
Caracterização Microestrutural” do Prof. Dr. Cristiano da Silva
Teixeira, para se destacar e identificar características micro-
estruturais ou fases presentes nas amostras é utilizado o ata-
que químico em microscopia óptica.
Em laboratório, foi empregado o uso do reagente Nital (mistu-
ra de 2% de Ácido Nítrico, HNO3, e 98% de etanol, C2H6O).
O reagente escolhido é comumente utilizado e tende a apre-
sentar as interfaces e interfases dos carbonetos. O ataque
ocorreu em partes especificas de cada metal, de forma a po-
der se observar onde foi feito o mesmo. Facilitando a fase Figura 3 - Microestrutura do SAE 1020 com ampliação de
posterior de observação. Das seções selecionadas, cada 1000x vista pelo aplicativo ImageJ. Fonte: Autor.
ataque foi feito a T.A (temperatura ambiente) e teve em mé- Visto em livros como, por exemplo, “Metalografia dos Produtos
dia de 3 a 5 segundos com a deposição direta (verticalmente) Siderúrgicos Comuns” (COLPAERT, 2008), temos que a estru-
do Nital com o uso de uma pipeta e luvas. Assim que se per- tura não se assemelha a um SAE 1020, i.e.,o material apresen-
cebia a diferença de coloração, efeito do químico, o material ta uma maior quantidade de carbono do que o esperado pela
era então lavado em abundância com água, e posteriormente metalografia. Para concluir o fato, atribui-se o calculo de por-
etanol para facilitar a secagem com o soprador. Feita a seca- centagem de carbono pelo programa ImageJ.
gem, a peça estava pronta para ser analisada em microscó- Através do software, a porcentagem de área perlítica é de
pio óptico. 49,906% e da ferrítica de 50,094%. E para que se quantizasse
o total de carbono, fez-se o uso da regra da alavanca, conside-
RESULTADOS E DISCUSSÃO rando o diagrama de ferro carbono, fig.3, dando ênfase para a
região dos aços de 0 a 4% de carbono, uma vez que a estrutu-
Análise Metalográfica ra mais se assemelha a esta porcentagem.

Como etapa final da prática, foi feita a análise das estruturas


metalográficas obtidas com utilização de um microscópio óp-
tico ZEISS – AX10, com aumentos 5x, 10x, 20x, 50x e 100x. ( )
Feito isto, foi possível obter resultados a respeito da superfí-
cie da amostra. ( )

4
Retirando os dados do gráfico por regra da alavanca, temos SAE 4340
que b= 0,77 - %C, A=0,77 e B=0,02. Realizando os cálculos,
A partir da microestrutura obtida, podemos tirar algumas con-
obtemos que a porcentagem do carbono é de aproximada-
mente 40%, isto é, um aço do tipo SAE 1040. Outra explica- clusões das propriedades e das fases existentes. A princípio a
ção para o ocorrido seria analisar o tratamento térmico apli- matriz é ferrítica e apresenta uma esferoidização incompleta,
cado no aço, de forma que a microestrutura tenha se solidifi- ou seja, a peça passou por um processo de recozimento in-
cado de tal forma. Paro o seguinte caso, o tratamento que completo, fazendo com que o material apresenta-se a caracte-
mais assemelha com o resultado é o de recozimento com rística de cemenita parcialmente alongadas e parcialmente em
resfriamento lento. esferoides na matriz mole, ferrítica. O processo incompleto po-
de ser visto por diversos fatores, um deles, por exemplo, seria
o fato de quanto maior a fração volumétrica de cementita a
uma temperatura de recozimento indica que é menor a quanti-
dade de cementita que seria dissolvida na matriz, levando a
um tratamento incompleto. O tratamento de esferoidização
serve para o amolecimento da peça.

Figura 6 - Microestrutura do SAE 4340 com ampliação de


1000x. Fonte: Autor.

Figura 4 - Diagrama de equilibro Fe-C com microestrutu- SAE 5160


ras. Fonte: COLPAERT, H., Metalografia dos Produtos
Siderúrgicos Comuns, 4º ed. Revisada, São Paulo, Ed- Analisando as fases presentes, pode ser concluído que se trata
gard Blucher, 2008. de uma estrutura quase toda perlítica, com perlita nucleada
nos contornos de grão e orientações diferentes. Logo, pode se
SAE 1040 dizer que é uma rede perlítica que envolve a ferríta e cementi-
ta. Além disso, é possível dizer que foi feito um recozimento
Da mesma forma que para o SAE 1020, o aço 1040 tem sua pleno (numa temperatura de 50ºC acima do limite superior da
microestrutura composta de uma matriz ferrítica em blocos, zona crítica, A3), com resultado de uma estrutura de ferrítica e
com partes escuras, mais duras de perlita em lamelas. Da perlita grosseira. Tendo assim alteração das propriedades me-
mesma forma que o SAE 1020, o 1040 foi recozido plena- cânicas, ajustando os tamanhos dos grãos, entre outros aspec-
mente e teve um resfriamento lento em forno, onde a austeni- tos.
ta pode se transformar em perlita grosseira.

Figura 7 - Microestrutura do SAE 5160 com ampliação de


Figura 5 - Microestrutura do SAE 1040 com ampliação de 1000x. Fonte: Autor.
1000x. Fonte: Autor.

5
SAE 52100 CONCLUSÕES
Através da análise microestrutural, logo consegue se dizer Através das microestruturas demonstradas, é possível perce-
que se trata de uma peça que passou pelo tratamento térmi- ber que para diferentes tipos de aços, um tratamento térmico
co, completo, de esferoidização. É uma estrutura ferrítica influencia muito nas propriedades finais obtidas, assim como
(mais mole do que os carbonetos esferoidais) com ilhas bran- nas fases que irão constituir o mesmo.
cas (carbonetos). Nesse processo de esferoidização, o que
se verifica é uma instabilidade de forma, i.e., uma estrutura De forma sólida, pode-se notar que no caso do aço SAE 1020
lamelar se torna esférica, ou seja, uma redução de e 1040, foi obtida uma estrutura muito similar, composta por
área/volume. Como consequência disso, temos a diminuição uma matriz ferrítica e perlita (que não é uma fase, mas sim a
da energia livre e, devido a isso, um aço de menor resistência junção de duas fases, Feα + Fe3C, posta em lamelas) possi-
mecânica, melhor usinabilidade, melhor deformação a frio. velmente provenientes de um tratamento de recozimento ple-
no, que se faz por um aumento gradual da temperatura até
aproximadamente 50ºC acima da zona crítica (austenitização
completa) seguido de um resfriamento lento.
Em outros casos como, por exemplo, o SAE 52100, analisou-
se um caso de tratamento térmico de recozimento de esferoidi-
zação, formando uma estrutura de matriz ferrítica composta
por ilhas brancas de carbonetos. Para esse segundo caso, o
tratamento é utilizado para o amolecimento do aço, o tornando
mais susceptível a deformações a frio, melhor usinabilidade e
outras características. Além disso, para o aço SAE 4340, foi
verificado que se tratou de um tratamento térmico incompleto,
i.e., foi almejado que a peça final tivesse uma estrutura esfe-
roidizada, porém, de certa forma o processo não se completou,
seja pela não permanência completa de tempo de aquecimento
ou até mesmo pela manutenção incorreta da temperatura. Com
Figura 8 - Microestrutura do SAE 51200 com ampliação isto, a estrutura apresentou zonas mais alongadas e ao mesmo
de 1000x. Fonte: Autor. tempo esferoidizadas.
SAE 8640 Para o caso do aço SAE 5160, é possível concluir que a estru-
Na estrutura do SAE 8640 com a ampliação de 1000x fica tura é composta basicamente pela combinação geométrica de
evidente que se trata de um aço que sofreu um resfriamento duas fases, a perlita. O material por fim, tendo essas caracte-
brusco/rápido, característico de uma austêmpera. Apresenta rísticas de fase, apresenta suas propriedades mecânicas ma-
a formação de zonas brancas aciculares, em forma de agu- nejadas por um tratamento de recozimento pleno, dando carac-
lhas. Em outras palavras, é uma microestrutura composta por terísticas como a redução de dureza e subsequentes altera-
ferríta, perlita e bainita, com uma distribuição irregular. A es- ções de outras propriedades mecânicas.
trutura, antes não vista nas demais amostras, se trata de uma Por fim, no caso do SAE 8640, se teve um tratamento do tipo
estrutura é o constituinte que pode ser formado quando se isotérmico. Este tipo de processo é caracterizado por um res-
tem um tratamento isotérmico, que consiste num resfriamento friamento rápido/brusco seguido de uma temperatura de pata-
brusco até o patamar de transformação de fase, seguida de mar, e nesse ponto é onde ocorre a determinada mudança de
um resfriamento rápido. Essa fase é caracterizada por ser fase esperada para o material. Para o presente estudo, foi su-
uma estrutura da perlita mais refinada, além de conferir aos gerido o uso de um tratamento de Austêmpera, isto porque a
aços uma boa relação de resistência mecânica e ductilidade, microestrutura teve a formação de zonas de carbonetos acicu-
ou seja, uma boa tenacidade. lar, do tipo bainítica.

Figura 9 - Microestrutura do SAE 8640 com ampliação


de 1000x. Fonte: Autor.

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REFERÊNCIAS

1.SILVA, A.L.V. da Costa; MEI, P.R. Aços e Ligas Especi-


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