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Formato e evolução do Sistema Partidário do Pará- Uma

análise comparada: 1945-62 e 1986-98.


Edir Veiga Siqueira*

Introdução

O sistema partidário brasileiro já vem sendo sistematicamente estudado desde a década de 60 sendo
emblemáticos os trabalhos de Soares 1, que estuda os partidos políticos como variáveis dependentes do sistema
sócio-econômico .. Na década de 80 os trabalhos de Campello de Souza2 e Lima Júnior 3, inauguram uma nova
metodologia na abordagem do estudo dos partidos políticos, agora tomando as variáveis políticas como
independentes das variáveis sócio econômicas e que sofrem condicionamentos das instituições e das regras que
organizam as disputas políticas na sociedade.

A década de 90 assiste uma ampliação dos estudos baseados na tradição inaugurada por Campello de
Souza e Lima Júnior agora aplicado a nível estadual, a exemplo dos trabalhos organizados por Lima Júnior em
1997 4, que estudou os subsistemas partidários do Ceará, Bahia, São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande
do Sul dentre outros.

No Pará os estudos do comportamento eleitoral e partidário inicia com Tupiassú 5 , que estudou o
comportamento eleitoral e partidário, baseado em estatísticas eleitorais em conexão com o desenvolvimento
sócio econômico do estado. Posteriormente outros autores como Rodrigues(1979) que estudou o fenômeno

*
Este artigo representa uma versão resumida de minha dissertação de mestrado, defendida no Iuperj em
setembro de 1999, sob o título de Formato e Evolução do Sistema Partidário do Pará- Uma análise
comparada( 1945/62 e1986/98). Agradeço os comentários de meu orientador Jairo Marconi Nicolau e dos
demais membros da banca examinadora, Renato Boschi e Pere Petit, o texto e eventuais conclusões são
porém de minha integral responsabilidade.
1
Soares,Gláucio Ary Dillon: Classes Sociais e as eleições de 1960, sociologia, vol.XXIII, no. 3, set,1961-
Sociedade e Política no Brasil, São Paulo, Difel, 1973, e Sociedade e Política no Brasil, Difusão Européia
do livro, São Paulo, 1973.
2
Campello de Souza, Maria do Carmo - Estados e Partidos Políticos no Brasil, São Paulo, Editora Alfa
Ômega Ltda, 1983.
3
Lima Júnior, Olavo Brasil- Partidos Políticos Brasileiros: Experiência Federal e Regional, 1095/64, Rio
de Janeiro, 1983, Editora Graal.
4
Lima Júnior, Olavo Brasil- O Sistema Eleitoral Brasileiro - Teoria e Prática, Rio de Janeiro, Iuperj, Rio
Fundo, 1997.
carismático de Magalhães Barata dentro do paradigma Webberiano, Álvares(1990), estudou a participação
política das mulheres no período de 1910/37, Emmi(1985) estudou as relações de classes dentro dos partidos
políticos paraenses no período da república velha, Carneiro(1991) estudou o PSD paraense, Petit(1996) estudou
a origem e trajetória do PT no Pará, Roque (1994 e 1997) estudou a revolução de 30 no Pará e as lutas da
coligação democrática paraense e Coimbra(1981), também estudou a revolução de 30 no Pará e a figura
proeminente de Magalhães Barata nesse processo.

Como podemos observar todos estes estudos dirigiram-se à personalidades da política paraense, às
relações de classes, participação feminina ou ao estudo dos partidos e ou coligações, tomados isoladamente.
Em todos os trabalhos que serviram de temas de teses de mestrado a exemplo dos traba lhos de Rodrigues,
Álvares, Emmi, Petit e Carneiro, com exceção de Rodrigues que fez uma abordagem do fenômeno do carisma
dentro do paradigma Webberiano, os demais trabalhos buscaram evidenciar a representação partidária em
conexão com as classes sociais, se configurando como uma abordagem estrutural, percebendo os partidos
políticos como reflexo das classes sociais em disputa na sociedade, ou a política partidária como subproduto das
clivagens sócio econômicas.

O presente artigo pretende contribuir com os estudos dos partidos políticos paraenses, tomados
enquanto uma variável independente das clivagens sócio econômicas, ou seja o mundo da política partidária
ganha autonomía de existência e sofre condicionamentos mecânicos e psicológicos das instituições e das regras
legais que organizam as disputas partidárias na sociedade. Este trabalho se filia portanto à tradição intelectual
inaugurada por Lima Júnior e Campello de Souza no Brasil.

Nosso estudo compara dois período da vida democrática brasileira no Pará (11945/64 e 1986/98),
estudamos tanto as disputas para o governo do estado como as disputas proporcionais na assembléia legislativa
e para a representação estadual na câmara dos deputados, nosso objetivo foi verificar o comportamento das
elites partidárias nestas duas dimensões de disputa, seus mov imentos de antagonismos e coalizões, assim como,
de que maneira as disputas para o executivo estadual condicionaram as disputas proporcionais.

5
Tupiassú, Amilcar- As Eleições Paraenses de 1962, 66 e 74, Revista Brasileira de Estudos Políticos, São
Paulo, 1964,67 e 76, nos: 16, 23/24 e 43.
Outro objetivo de nosso trabalho foi comparar o formato parla mentar partidário nestes dois períodos
democráticos, procurando perceber aproximações ou distanciamentos entre estes dois períodos em análise. O
instrumental teórico utilizado para materializar variáveis como: fragmentação partidária e volatilidade, foram
obtidos a partir de índices matemáticos reconhecidos internacionalmente.

Os dados de pesquisa coletados nos Tribunais(Superior e Regional), exigiram pesquisas


complementares que reconstituiram a história política do Pará desde 1930, dando por conseguinte sentido aos
dados de pesquisas e ajudaram a responder algumas perguntas tais como: Por que as elites travaram uma
disputa bi-polar no período de 1945/62 e multi-polar no período de 1986/98.
Revisão bibliográfica.

O debate acerca da competição eleitoral no Brasil se coloca no decorrer da primeira experiência


democrática no período 1945/64 (Carvalho,1996:13), onde duas correntes tentaram responder as problemáticas
do período.
Num primeiro momento as questões de ordem institucional receberam atenção secundária por parte
dos analistas da competição partidária, sendo referida apenas como um reflexo super-estrutural. Os
determinantes estruturais conduzem os trabalhos dos cientistas sociais nesta conjuntura.
Neste período eram os bacharéis de filiação udenista que assumiram papel relevante no debate sobre o
aperfeiçoamento das instituições, tendo por base a necessidade de enfrentar as distorções político partidárias no
brasil, cujas causas eram atribuídas à inorganicidade e às práticas fisiológicas dos políticos. O bacharelismo
pretendia, “por meio de alteração na legislação eleitoral, sanear de uma só vez todas as mazelas associadas à
nossa vida política (Carvalho,1996:13), sendo o voto distrital o remédio para todos males (Carvalho,1996:15).
Por outro lado, existiam aqueles que procuravam explicar partidos, eleições e comportamento eleitoral
a partir de determinantes estruturais da sociedade, que ficou conhecida como corrente sociológica
(Castro,1994:126). As décadas de 1950 e 1960 é pródiga em estudos que procuraram descrever o
comportamento eleitoral, partindo desta vertente .
De 1990 em diante um novo institucionalismo emergiu, concomitante ao esgotamento dos projetos
desenvolvimentistas e da emergência da questão nacional e democrática(Carvalho,1996:15), que diferentemente
da finalidade instrumental que impulsionou os debates liderados pelos bacharéis udenistas, este novo
institucionalismo, penetra nos mais complexos círculos acadêmicos e políticos, e no mundo cientifico é
representado por profissionais que vem demonstrando um inequívoco compromisso com as instituições
democráticas.
Dois modelos para empreender as análises das instituições político-democráticas conduzem os neo-
institucionalistas, de um lado àqueles que contrapõem a perspectiva institucional à perspectiva sociológica para
a explicação dos fenômenos políticos e de outro àqueles que vêem as duas perspectivas como uma
complementaridade (Castro:1994:160).
O presente estudo buscará articular duas tradições teóricas para o estudo da caracterização do sistema
Partidário parlamentar e eleitoral. De um lado partimos das premissa teóricas inauguradas na literatura política
brasileira por Maria do Carmo Campelo de Souza no trabalho Estado e Partidos políticos no Brasil(1930-1964),
no qual a autora critica o percurso da literatura hegemônica na ciência política brasileira que vem estudando os
partidos apenas sob a ótica da representação (pag.30), explicando o amorfismo do sistema partidário brasileiro
pelo baixo grau de diferenciação objetiva da sociedade brasileira quanto às classes sociais, na proveniência rural
da classe trabalhadora ... (pag.30). A referida autora parte então para estudar o sistema partidário em
contraposição ao estudo dos partidos tomados individualmente, dirigindo seu olhar pa ra aspectos mais amplos da
policy making. A autora acredita que as atividades partidárias possam ser dissecadas tanto pela sua função
representativa como pela sua função governativa. Para a autora não se pode compreender a função representativa
dos partidos, sem compreender sua função governativa pois: “Podemos mesmo perguntar, em contraposição aos
estudos que se limitam à função representativa, se é realmente possível entende -la sem o contraponto da função
governativa, vale dizer, sem uma análise simultânea da estrutura de decisões em relação à qual, em última
instância, os grupos e interesses se fazem representar”(pag.31). Na concepção exposta por Campello de Souza,
a estrutura estatal é uma variável decisiva na especificação da natureza política de diferentes sociedades, onde “A
existência prévia de uma organização Estatal forte tem efeitos consideráveis sobre o desenvolvimento e a
posterior configuração do sistema partidário” ( pag.31).
Esta concepção se articula com os trabalhos desenvolvidos por Maurício Duverger e Giovanni Sartori,
nos quais o formato do sistema partidário deixa de ser apenas um subproduto das variáveis sócio -econômicas.
Nesta abordagem as variáveis provenientes do Estado, como as legislações e as instituições, passam a ter o
mesmo status científico das variáveis sócio-culturais na determinação da evolução e formato dos sistemas
partidário, eleitoral e parlamentar.
Antônio Lavareda (1991) demonstraria ao estudar o sistema partidário 1946/64 que em duas eleições
analisadas (1955 e 1960) os fatores sócio-econômicos tiveram pouca interferência no formato do sistema
partidário brasileiro, concluindo: “ A maior autonomização do sistema face às variáveis sócio-econômicas é um
indicador importante de sua progressiva consolidação” (1991: 169). Este estudo, que concluiria pela
consolidação progressiva do sistema partidário brasileiro, acaba por relativizar as variáveis sócio-econômicas nas
determinações exclusivas dos partidos e sistema partidário, principalmente em países de economia desenvolvida
ou em desenvolvimento, como é o caso brasileiro.
Do ponto de vista empírico, para aqueles que acompanham os processos eleitorais, é óbvio que o
número de partidos representados no parlamento não é apenas determinado pelo voto do eleitor, mas também
pelas regras que transformam votos em assentos parlamentares. Por outro, para Olavo Brasil de Lima Júnior, esta
variável (regras) deve ser relativizada depois dos estudos de Rae(1967), que ao realizar um trabalho empírico
sobre os efeitos das regras sobre a fragmentação eleitoral, concluiu que os efeitos das regras são marginais
“quando comparadas com os impactos produzidos pelos fatores estruturais e culturais, tal como cristalizados
na distribuição de preferências eleitorais” (Lima Júnior,1997:81)
Por outro lado, Taagepera e Shugart (1989) qualificaram os estudos sobre os efeitos da legislação
eleitoral sobre o tamanho do sistema partidário ao comprovarem empiricamente a relação entre o tamanho da
magnitude do distrito e a multiplicação dos partidos, potencializando por conseguinte a fracionalização do
sistema partidário.
De acordo com Giovanni Sartori os sistemas eleitorais caminham desde uma dimensão de máxima
desproporção ou fortemente restritivo entre a conversão de votos em cadeira (sistema majoritários puros) até ao
sistema de proporção ideal ou completamente não restritivo, representados por sistemas proporcionais puros
(Sartori,1996:45,46).
Campello de Souza, ao optar por esta nova abordagem teórica para o estudo dos partidos políticos,
acabou por demonstrar empiricamente dentre outras conclusões, como o estado brasileiro (e não as classes
sociais) foi decisivo na conformação dos principais partidos políticos do período democrático 1946/64, que
foram o PSD, a UDN e o PTB, a partir do sistema de interventorias e do ministério do trabalho.
Olavo Brasil de Lima Júnior, com o livro “Partidos Políticos Brasileiros”:a experiência federal e
regional: 1945/64(1983), inaugura no Brasil o estudo dos partidos políticos agrupados enquanto sistema, que
sofre condicionamentos da instituições, de variáveis sócio-culturais, assim como das regras que transformam
votos em assento parlamentar.
Lima Júnior articula duas metodologias teóricas que pareciam irreconciliáveis. De um lado a linha
teórica que só estudava os partidos políticos e o sistema eleitoral pelo seu aspecto jurídico formal, que segundo
Tavares, apenas marginalmente era iluminada pela sociologia política (in Lima Júnior,1997:8), no outro extremo
estavam os autores do estudo em comportamento eleitoral e partidário, baseados em estudo empíricos e que
reivindicavam para si o status da ciência política, embora fazendo inteira abstração dos efeitos das regras, das
instituições e do sistema eleitoral sobre o comportamento dos partidos e eleitores (Tavares em Lima
Júnior,1997:8).
Com efeito, é com Maurício Duverger(1950) que vem à tona da ciência política os efeitos mecânicos e
psicológicos do sistema eleitoral sobre partidos e eleitores, configuradas nas já clássicas leis de Duverger, onde o
tipo de sistema eleitoral (majoritário e proporcional) seriam determinante na configuração do sistema partidário
(bi ou multipartidário). Todavia, o fraco desempenho de um partido em uma dada eleição seria o estimulador
perante o eleitorado de um desempenho mais frágil em uma eleição subsequente, configurando o denominado
“efeito psicológico” de Duverger.
Giovanni Sartori (1982) analisando posteriormente as conclusões de Duverger, sugeriu algumas
adaptações, propondo uma adequação ao determinismo destas leis , para leis tendenciais ou seja, sistema
eleitorais majoritários puros tendencialmente conformam sistema bi-partidários porque freiam ou inibem as
segmentações sociais ao nível partidário, e sistemas eleitorais proporcionais aceleram as condições para que
sociedades segmentadas socialmente se constituam em sistema multipartidário.
Por outro lado Sartori (1996:47) vai mais além. Ao criticar a inexistência de critérios eficientes por
parte de Duverger, para determinar os partidos relevantes, propõe que este critério seja o potencial de coalisões e
de chantagem (pressão). Diferenciando-se mais uma vez de Duverger, Sartori cria uma nova tipologia dos
partidos políticos baseada em critérios ideológicos ou na polarização do sistema, classificando assim os partidos
em sistema competitivos e não competitivos. Os sistemas competitivos seriam no caso bi-partidário ou multi-
partidário (moderado ou polarizado).
Dentro desta mesma escola teórica, Jairo Nicolau, no livro Multipartidarismo e Democracia (1996:61),
colocando-se contra o senso comum da ciência política dominante, que culpa o sistema proporcional como a
causa da fragmentação partidária brasileira, demonstra empiricamente que as regras eleitorais, ao contrário do
que apregoam os anti-proporcionalista, beneficia os grandes partidos em detrimentos dos menores partidos
através da fórmula d!Hont, de distribuição das sobras eleitorais, da negação de representação aos partidos que
não conseguiram o coeficiente eleitoral e da inclusão do voto em branco na determinação do coeficiente eleitoral
até 1994.
Nicolau acaba por demonstrar que “se o propósito é compreender as razões da alta fragmentação do
sistema partidário brasileiro, por certo os mecanismos de representacão proporcional e da transformação de
votos em cadeira não é o endereço acertado” (Nicolau,1996:80) e chega a conclusão de que as causas da
fragmentação partidária brasileira deve ser buscada na permissividade de coligações nas eleições proporcionais e
na legislação liberal que permite a troca de legendas a bel prazer do parlamentar.

As disputas partidárias do período 1945/62 – A bi-polaridade.

Duas características são marcantes nas disputas partidário parlamentar no período


1945/62 no estado do Pará, as disputas para o executivo estadual é concentrada em torno
de dois grupos políticos 6 e a reprodução desta disputa no interior da assembléia
legislativa dividida entre dois blocos parlamentares antagônicos 7 . Estes dois grupos

6
CARNEIRO, José Queiroz- O Pedessismo e Baratismo no Pará, São Paulo , Dissertação de Mestrado em
Ciência Política, UNICAMP, 1991.
7
CRUZ, Ernesto – História do Poder Legislativo do Pará- 1935 a 1967- 2º volume, Imprensa
Universitária(UFPa.), 1975.
políticos representam de um lado a situação representada pelo Partido Social
Democrático que congregava os grupos que hegemonizaram a revolução de 30 no Pará e
que tinha sua expressão política máxima a figura Joaquim Cardoso Magalhães Barata e
de outro a oposição que era formada pelos grupos que hegemonizaram a política paraense
até 1930 e que foram apeados do poder. A oposição se articulava dentro da chamada
Coligação Democrática Paraense que congregava todos os opositores ao Baratismo no
Pará.

Razões Políticas da Bi-Polaridade na Política Paraense neste período.

Esta bi-polarização excludente, que marcou o período 1946/64 na política paraense, tem suas origens
quando da vitória da Revolução de 30 e da ascensão ao governo do Pará do interventor paraense, coronel
Joaquim de Magalhães Cardoso Barata.
Magalhães Barata, oriundo do movimento tenentista de 1922 (Álvarez, 1990: 623), destacara-se na
organização da conspiração contra as elites da República Velha no Pará, sendo o militar de maior
respeitabilidade dentre os revolucionários paraenses. Durante a revolução de 1930, Magalhães Barata, foragido
do Pará, encontrava- se comandando o levante militar no Espírito Santo (Álvarez,1990:623) e receberia o poder
das mãos da junta governativa paraense, que havia assumido o comando político do Estado no lugar do
governador Eurico Vale.
A revolução de 30 no Pará foi composta basicamente por três grupos: militares do 26 BC; um grupo de
profissionais liberais, que já participavam da conspiração há um certo tempo, e o grupo da família Chermont,
que seria o hegemônico dentre os civis na primeira fase da revolução de 30 no Pará. Este grupo era uma
dissidência das elites oriundas da República Velha no Pará, representado por “ alguns membros da família
Chermont, os irmãos, Eduardo e Guilherme Chermont, e Affonso Justo Chermont, donos do Jornal O Estado do
Pará” (Álvares, 1990:621).
Dentre os membros da família Chermont, aquele que melhor retrata a conexão com as elites da velha
república paraense é o advogado Abel Chermont, que participara do levante militar em 1916, que depusera o
governador Enéas Martins para ascensão de Lauro Sodré ao governo, em 1917 (Álvares, 1990: 622). Abel
Chermont participara do mesmo partido de Lauro Sodré, o Partido Republicano Federal 8.
É este político, membro da família Chermont, que participaria juntamente com Mário Chermont e
Ismaelino Castro da junta governativa provisória que substituíra o último governador da República Velha no
Pará, Eurico Vale (Àlvares,1990:622). Abel Chermont vai comandar a máquina partidária de Magalhães Barata,
o PL, a partir de 1931, protagonizando uma violenta dissidência deste partido em 1935.
Magalhães Barata, ou Barata, como ficou popularmente conhecido, deveria, de saída, contar com a
oposição das elites políticas da primeira república que estavam no comando do Governo Eurico Vale quando da
revolução de 30. Porém o interventor Barata imprimiu uma política de perseguição a três ex-governadores 9,
cortou incentivos aos setores produtivos do Pará (Coimbra:278), além de reduzir através de decreto os aluguéis
em 25% (Coimbra: 281), colocando contra si, de imediato, as elites hegemônicas da primeira república,
principalmente as frações vinculadas aos três governadores perseguidos, os segmentos produtivos e os
proprietários de imóveis.
Eleições de 33 e 34- supremacia do PL e queda de Barata

O primeiro teste eleitoral de Barata viria na eleição constituinte de 33. Barata e seu grupo fundaram o
Partido Liberal. O Interventor ficou como chefe único da máquina administrativa do Estado e seu aliado de
primeira hora, Abel Chermont, escolhido presidente do partido, ficou na chefia polític a 10. O PL contava com a
adesão de todos os prefeitos municipais nomeados pelo interventor, o que garantiu a estruturação municipal
deste partido. O chefe político do Partido, Abel Chermont, ao promover acordos com todos os coronéis de
barranco do Estado, garantiu que o PL elegesse todos os deputados federais constituintes 11.
Em 1934 ocorreram as eleições parlamentares estaduais. Estas eram as mais importantes eleições pós
revolução de 30 no Pará, porque os deputados estaduais eleitos escolheriam de forma indireta o novo
governador e dois senadores. A oposição se aglutinou em torno da Frente Única Paraense 12 e lançou Lauro
Sodré, então com 77 anos, que tinha sido governador no período da República Velha e a situação lançou
Magalhães Barata.
Além dos deputados estaduais, seriam eleitos os novos deputados federais. O resultado eleitoral
confirmou a supremacia do Partido Liberal, que fez 7 dos nove deputados federais e 21 dos 30 deputados
estaduais.

8
Lauro Sodré, do PRF (Partido Republicano Federal) protagonizaria com Antônio Lemos, do PRP (Partido Republicano Paraense), os
principais embates políticos durante a República Velha no Pará (Rodrigues, 1979:25,26,27).
9
Foram presos e tiveram seus bens seqüestrados Eurico Vale e Souza Castro, enquanto Dionís io Bentes teve apenas seus bens
seqüestrados ( Coimbra,1981:277)).
10
Ídem 13, página 183.
11
Deputados Federais Constituintes eleitos: Mário Chermont, Moura Carvalho, Padre Leandro Pinheiro, Rodrigues Veiga Cabaral,
Clemente Lisboa e Joaquim Pimenta Magalhã es (Roque, 1994:183).
12
Em julho de 1934 a oposição se organiza na FUP( Frente Única Paraense) que congregaria: Membros do Partido Republicano
Federal e do Partido Republicano Conservador (que eram oriundos da República Velha), além de revolucionários descontentes com
Magalhães Barata e uma parte representativa do operariado, vinculado ao Partido Trabalhista e Partido Social trabalhista (Rodrigues,
1979:74).
A situação política estava aparentemente definida em favor de Magalhães Barata, uma vez que o PL
conquistara 2/3 da Assembléia Legislativa, além da população ter recebido dos candidatos a deputados estaduais
do PL um manifesto público se comprometendo a votarem no nome de Barata caso fossem eleitos 13, porém às
vésperas da eleição legislativa para governador, ocorreu aquilo que ficaria conhecido como a famosa
“dissidência do PL”, levando Magalhães Barata à derrota.

As razões da dissidência no PL

A cisão do PL ocorreu em razão da desconfiança que a facção do presidente do partido e chefe


político, Abel Chermont, adquiriu em relação ao interventor Barata, motivado pelos seguintes acontecimentos:
- A Criação, após a vitória de 33, da concentração Magalhães Barata, que era uma estrutura parapartidária que
funcionava paralela ao PL, o que deixou inseguros seus aliados 14. Este fator, segundo depoimento de Magalhães
Barata e do próprio Abel Chermont, foi decisivo para as desconfianças e a cisão subsequente dentro do PL(
Rodrigues,1979:107);
- Abel Chermont assistiu à derrota de seu candidato a líder na Assembléia Legislativa para o candidato de
Magalhães Barata 15;
- Magalhães Barata estar forçando a renúncia de um dos deputados federais eleitos, para que o primeiro suplente
que era seu irmão assumisse 16;
- Intrigas articuladas por deputados da Frente Única, insinuando que Barata alijaria os Abelistas do Governo 17.
- Barata forçou a renúncia do candidato a senador José Malcher 18, para que Mário Chermont fosse esse
candidato, abrindo então a vaga de deputado federal para seu irmão Mário Barata.
- O período de abertura política entre 1933/35, “estimulou atos de rebelião entre os políticos, até então sob forte
controle dos interventores” 19.
- A Capacidade da FUP em agregar todos os revolucionários cindidos desde 1932, com o subsequente bom
desempenho nas eleições legislativa de 1934, que segundo Rodrigues (1979:75), “foi muito bom, mesmo porque
afastada do aparato estatal, só poderia contar com suas próprias forças. Ela aproveitou muito bem não só os

13
Carlos Roque, A história dos municípios paraenses: A Revolução de 30, 1994: 173.
14
O Liberal, encarte especial: A Política e as eleições em duas décadas republicanas do ciclo de Magalhães Barata, 15/11/ 82.
15
O candidato de Abel Chermont era o deputado Ernestino Souza Filho e o deputado eleito foi Otávio Meira (Roque, 1994: 185).
16
Mário Barata ficou na primeira suplência e o interventor Barata queria que um entre 3 (Abiguar Bastos, Genaro pontes e Souza e
Acilino Leão) renunciasse ao mandato em favor de Mário Barata (Roque, 1994: 185)
17
A Agostinho Monteiro e Deodoro de Mendonça da Frente Única, mais Ricardo Borges, trabalhavam Mário Chermont tentando
convence-lo de que Barata alijaria os Abelistas (seguidores de Abel Chermont) do governo (Roque, 1994:185).
18
O senador era eleito pela Assembléia Legislatiiva (Roque, 1994: 185)
vazios deixados pelo PL como a própria divisão interna do partido. Isto nos leva a crer que os políticos que a
Revolução de 30 apeou do poder, possuíam condições de articulação que os revolucionários não aquilataram
devidamente ou subestimaram seu poder de influenciar largos setores da sociedade”. Este desempenho da
FUP, garantindo a eleição de 9 deputados estaduais, que somados com os 7 dissidentes do PL, garantia maioria
de votos na Assembléia Legislativa. Este dado ofereceu os elementos necessários para que os dissidentes
visualizassem a possibilidade de conquista da hegemonia dentro da Assembléia Legislativa, que elegeria o
futuro governador, ao mesmo tempo que romperiam com a direção autocrática e monolítica de Barata dentro do
PL.
Apesar de Magalhães Barata sinalizar aos Chermont com a indicação de Mário Chermont ao Senado,
as intrigas já tinham surtido efeito e no dia 4 de abril de 1935 já estava espalhada a notícia do rompimento do
grupo dos “Abelistas” com Magalhães Barata. Os dissidentes se aliaram aos 9 deputados da Frente Única
conformando uma nova maioria, tendo Mário Chermont como candidato ao Governo20.Os dissidentes buscaram
proteção no Quartel General do Exército e solicitaram um habeas corpus ao Tribunal de Justiça.
No dia 4 de abril, o presidente da Assembléia Legislativa, fiel ao interventor Barata, convocou 3
suplentes, garantiu quorum à sessão e elegeu Barata governador por maioria absoluta dos votos, empossando-o
imediatamente 21.
No dia 5 de abril, a nova maioria de deputados, munidos de habeas corpus e conduzidos pelo
Desembargador Dantas Cavalcante, seguiu para o prédio da Assembléia Legislativa, porém não chegou ao
destino devido a um intenso tiroteio, (seguido de mortos e feridos 22), ter ocorrido a caminho da Assembléia
Legislativa. Tudo isto acompanhado de uma imensa turba gritando “traidores” 23.
Este fatos repercutiram intensamente no cenário político nacional, com a imediata exoneração de
Magalhães Barata do cargo de interventor do Pará e a nomeação de um interventor pró -tempore, Major Carneiro
de Mendonça, com a finalidade de encontrar uma saída negociada com os grupos em luta24. O nome escolhido
foi José Carneiro da Gama Malcher, que governaria o Pará até 1943.

19
Ídem 14, página 3.
20
Chermont, mais Abelardo Conduru e os deputados da Frente Única: Samuel Mcdowell, Aldebaro Klautau, João Botelho, J.J. Aben-
Athar, Antonino Emiliano de Souza Castro, José Dias Júnior, Antonino Melo, Antônio Magno da Silva e Borges Leal se abrigaram no
QG do exército em companhia de sete deputados dissidentes do PL de Barata: Ernestino Souza Filho, Franco Mártires, João Sá,
Djalma Machado, Alberto Barreiros, Reis e Silva e Raimundo Magno Camarão (Roque, 1997).
21
O presidente da Assembléia eleito, o deputado Ápio Medrado, convocou 3 suplentes (Padre Clotário de Alencar, Angelino Lima e
João Lopes de Barros (Roque, 1994: 185).
22
Samuel Mcdowell foi baleado na coxa direita, Souza Castro no tórax, Franco Mártires no dedo da mão esquerda e Abelardo
Conduru na nuca (Roque, 1997).
23
Ídem 13, página 185.
24
Ídem 13, página 186.
O estilo autocrático que parecia invencível ruiu como um castelo de areia em 24 horas. Os
oposicionistas derrubaram Barata, que receberia como herança uma oposição intransigente, que o acompanharia
durante toda sua vida política no Pará, durante 3 décadas. Além da elite da Velha República, Barata contava
agora também com a oposição intransigente de ex-companheiros revolucionários do PL, que criaram um novo
partido chamado União Popular.

1943 - O retorno de Barata, a fundação do PSD e a oposição coligada.

Na lembrança popular, Barata saíra como uma vítima de traição dos “casca-de-manga”. Por outro lado,
o interventor Gama Malcher que governou de 1935 a 1943 e fora fundador do PL (partido de Barata), possuía
como característica política a conciliação e, com este propósito, tentou, sem sucesso, conciliar os dois grupos
litigiosos, tendo como uma das consequências políticas a manutenção intacta da máquina político-partidária do
PL durante os oito anos de sua gestão à frente do governo do Pará 25.
Em 1943 novamente Barata é nomeado interventor do Pará, retomando o mesmo estilo de governar,
combinando relação direta com a população pobre e itinerância governamental pelo interior. Porém agora,
Barata buscava uma política menos belicosa e até de tolerância com os adversários. Neste sentido, nomeou dois
adversários como auxiliares: João Botelho e Antonino Melo, da Frente Única. Porém, a oposição rejeitou
qualquer aproximação com Barata, demonstrando que a lembrança dos acontecimentos sangrentos de 35
permanecia viva, mas neste período a oposição manteve-se calada em virtude da vigência da ditadura do Estado
Novo (Roque, 1997:11).
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a queda do Estado Novo em outubro de 1945, o Brasil
entraria pelos caminhos da democracia. O interventor Magalhães Barata, usando a máquina do Estado, fundou o
Partido Social Democrático-PSD 26, usando os prefeitos por ele nomeados em 1943 para estruturar o partido nos
municípios.
Barata, por impedimento legal, não pôde concorrer ao governo, candidatando-se então ao Senado
Federal. O PSD elegeu os dois senadores e seis dos nove deputados federais (Roque,1997:12).
A Frente única se fragmentou a partir de 45 em vários partidos: Partido Social Progressista-PSP,
Partido Trabalhista Brasileiro-PTB, Partido Social Trabalhista-PST, Partido Comunista do Brasil-PCB, Partido

25
Ídem 13, página 186.
26
O interventor do Pará, a exemplo dos interventores de outros estados viria a fundar o PSD (Campello de Souza, 1983).
Trabalhista Renovador -PTN, Partido Socialista Brasileiro-PSB e União Democrática Nacional-UDN, dentre
outros.
. As eleições governamentais de 1947 evidenciariam que a bi-polarização política iniciada em 1930,
envolvendo baratistas (PL) versus anti-baratistas (FUP) permanecia ativa e se seguiria por todo o período de
1946/64, agora sob a denominação de PSD versus CDP, no qual nenhum dos partidos de oposição jamais
aceitou consensualmente fazer coligação eleitoral envolvendo Magalhães Barata.

PSD- Hegemonia Governamental e minoria Parlamentar- 1947/62.


Das quatro eleições governamental disputada no período em análise, o PSD ganhou em 3 -1947/55/60 e a CDP
foi vitoriosa em 1950(TRE/Pa), explicitando uma ampla hegemonia do PSD nas disputas governamentais.
Enquanto a CDP conquistou as maiorias dos assentos parlamentares desde 1950 quando efetivamente se
27
constituiu até 1958, quando ainda articulava todos os demais partidos anti- Baratista.

Tabela 01
Eleições para o governo do estado do Pará - 1947/1960
Candidato/partido 1947 1950 1955 1960
M. Carvalho (PSD) 68,302
Z. Assunção (PSP) 46,074 94,794 44,152
P. Santos (UDN) 3,372
M. Barata (PSD) 94,212 97,307
E. Campos (UDN) 95,564
A Carmo (PSD) 118,129
A Klautau (PSP) 54,235
Fonte: TSE/TRE. Em 1960 Z. Assunção rompeu com a CDP.

Tabela 02
% de votos por partido - 1945/1962
Assembléia Legislativa
Partido 1947 1950 1954 1958 1962
PSD 60,87 50,12 44,17 38,60 43,46
PSP 26,16 31,59 24,85 21,75 14,22
UDN 5,26 13,84 13,18 15,33 11,93
PTB 4,42 4,43 9,81 14,96 16,47
PCB 3,26
PR 6,95 6,52 7,37
PSB 1,01 1,08 1,11
PRP 1,73 0,5
PRT 0,79
PDC 1,67

27
Nas eleições de 1962 o PTB se retirou da CDP, cindindo-a e tornando-a minoritária no inteiror da
assembléia legislativa( Roque, 1997).
PL 0,1
PTN 2,33
Total 81.274 132.506 124.633 216.698 234.477
Fonte: TSE/TRE

Tabela 03
% de votos por partido - 1945/1962
Representação à Câmara dos Deputados
Partido 1945 1950 1954 1958 1962
PSD 55,75 50,73 45,97 43,47 41,97
PSP 18,13 26,85 16,88 16,43
UDN 25,65 30,03 10,04 27,30 20,46
PTB 11,71 10,36 19,72
PCB 4,18
PR 4,22 1,98 1,39
PSB 1,11
PRP 0,93 0,26
PRT 0,13
PTN 0,06
PST 0,57
PPS 13,47
Total 107.031 177.270 169.344 210.033 215.686
Fonte: TSE/TRE

Golpe de Estado de 64: CDP e PSD dão contorno ao bi-partidarismo da ditadura.

Em 31 de março de 1964 ocorre o golpe de militar. Os partidos de oposição a Aurélio do Carmo e ao


PSD, junto com o PTB, aderem imediatamente, como base de apoio ao governador imposto pelos militares,
Jarbas Passarinho, passando a ser situacionistas. Esta configuração daria contornos ao novo bi -partidarismo
imposto pela ditadura em que os opositores do PSD e o PTB dariam vida à ARENA e os pessedistas, ao MDB28.
Logicamente que, com os anos passando, o MDB se transformaria no abrigo de toda a oposição institucional ao
regime.

Lideranças políticas como Jáder Barbalho, que seria deputado federal pelo MDB em 1974/78 e
1978/82 e Hélio Gueiros (deputado estadual, candidato a vice-governador na chapa de Assunção em 65 pelo
PSD e deputado federal eleito em 66 pelo MDB), que são protagonistas centrais da política paraense de 1982 a

28
Exceção feita a três deputados- Ney Brasil, Sandoval Bordalo e Acindino Campos- que passam para a
base de apoio a Passarinho e, posteriormente entram para a ARENA( Cruz, 1975: 306 e 378).
1994, são frutos da influência do PSD do período 1946/64, assim como o partido hegemônico das eleições de
1994 e 98 e sua principal expressão, o governador Almir Gabriel, é gestado no ventre da ARENA e do PMDB.
Apesar de detectarmos a origem parlamentar do MDB e ARENA, é fundamental registrar que,
diferentemente de outros países como argentina e Uruguai, que submetido por uma ditadura excludente, tiveram
seus partidos preservados na clandestinidade(Kinzo,1990), no Brasil, a estratégia de institucionalizar o bi-
partidarismo e mantê-lo funcionando, mesmo que formalmente, terminaram por cristalizar o PMDB como
símbolo da resistência democrática, adquirindo por conseguinte viabilidade política. “Em contraste com outras
situações latino-americanas, onde os antigos partidos foram proibidos de funcionar ou mantidos sob estrito
controle durante o regime militar, no Brasil, aqueles partidos não apenas foram dissolvidos como substituídos
por outros”(Kinzo,1990:112).
Esta estratégia da ditadura militar brasileira, combinada com a legislação frouxa para legalizar os
partidos políticos a partir de 1985, terminou por possibilitar uma enorme proliferação de siglas partidárias no
Brasil, abortando por completo qualquer possib ilidade de um retorno à configuração partidária que existiu no
Brasil entre 1945 e 1965.
O Formato Partidário Eleitoral e Parlamentar – 1945-1962.
A Participação Eleitoral.
Tabela 04
P articipação Eleitoral - 1945/1962 - Assembléia Legislativa, Representação Câmara dos Deputados e Governo do Estado
Eleição 1945 1947 1950 1954*1955 1958*1960 1962
Eleitorado Eleitorado Eleitorado Eleitorado Eleitorado Eleitorado
Ass. Leg 177.601 277.692 345.588 271.374 421.531
Cam. Dep. 159.325 277.692 345.588 271.374 421.531
Gov. Est. 177.601 277.692 *373.125 *324.511
Comparec Comparec Comparec Comparec Comparec Comparec
Ass. Leg. 68.42% 69.19% 54.61% 85.68% 65.41%
Cam. Dep. 77.46% 69.19% 54.61% 85.68% 65.41%
Gov. Est. 68.42% 70.1% *53.0% *71.72%
V. Brancos V. Brancos V. Brancos V. Brancos V. Brancos V. Brancos
Ass. Leg. 2.23% 2.06% 2.23% 3.68% 6.07%
Cam. Dep. 2.43% 2.02% 3.17% 6.23% 10.60%
Gov. Est. *2.75% 2.94% *2.47% *6.97%
V. Nulos V. Nulos V. Nulos V. Nulos V. Nulos V. Nulos
Ass. Leg. 0.75% 1.29% 2.47% 1.85% 3.17%
Cam. Dep. 7.84% 0.95% 2.30% 1.81% 3.28%
Gov. Est. * * * * *
Abst Abst Abst Abst Abst Abst
Ass. Leg. 31.58% 30.81% 45.39% 14.32% 34.59%
Cam. Dep. 22.54% 30.81% 45.39% 14.32% 34.59%
Gov. Est. 31.58% 11.8% * 47.0% *28.28%
V. Válidos V. Válidos V. Válidos V. Válidos V. Válidos V. Válidos
Ass. Leg. 97.02% 96.65% 95.30% 94.47% 90.76%
Cam. Dep. 89.73% 97.3% 94.53% 91.96% 86.12%
Gov. Est. 97.25% 97.06% *97.53% *93.03%
Fonte TSE .
Nas eleições governamentais só obtivemos os dados de votos brancos e
Nulos agregados.
* Eleições para governador solteira-1955/60.

A análise dos votos dos partidos (individual e legenda), relacionados com os votos em brancos e nulos,
poderá nos informar se a participação eleitoral no Pará se encontra dentro dos padrões aceitáveis, ao nível
nacional e internacional, sendo uma variável relevante para avaliarmos as instituições que garantem a
funcionalidade do sistema eleitoral.
O uso do índice de alienação eleitoral proposto por Santos (1987 ), quando tomado em seus valores
brutos (abstenções, votos brancos e nulo), podem oferecer uma imagem distorcida da participação eleitoral no
Brasil. Não se trata de renegar a presente proposição, mas tão somente de problematizar os fatores que vêm
condicionando os altos percentuais de abstenções, votos brancos e nulos nas eleições a partir de 1962. A tomada
deste índice sem uma análise das variáveis que potencializaram seus altos percentuais nas eleições brasileiras,
tem produzido uma literatura especializada, que supervaloriza a alienação eleitoral na análise da participação
eleitoral no Brasil ( Nicolau,1998: 15 a 30).
Com efeito, Jairo Nicolau (1998) demonstra, estudando as eleições de 1989 e 1990, que, dos 100% de
brasileiros que se abstiveram nestas eleições, 63%, em 1989 e 62%, em 1990, enfrentaram filas nos correios ou
nos tribunais eleitorais para justificarem sua ausências nas eleições, o que “é muito mais trabalhoso do que
comparecer à seção eleitoral” ( Nicolau, 1998:20). Estes dados por si só devem minimizar aquelas análises que
lêem as abstenções em seus números absolutos como indicadores de rejeição ao sistema político.
Além da ausência justificada, que por si só reduziu nas eleições citadas a abstenção em 62 e 63%,
respectivamente, ainda temos, inchando o índice de abstenção, a presença de mortos nas listagens eleitorais pela
falta de um cadastro sistemático que retire das listas de eleitores o percentual de falecidos mensalmente, que
ampliam o percentual das abstenções no Brasil (Nicolau,1998:16).
Para livrar-se da contaminação causada pela variável falecimento, Nicolau (1998:20) sugere que seja
alterada a fórmula que quantifica o eleitorado brasileiro, a exemplo do que ocorre em outros países, onde o
comparecimento eleitoral é tomado como proporção da população em idade de voto (pelo menos 16 anos), ao
invés da tomada como proporção do eleitorado como um todo, como é feito hoje pelo TSE e TRE's.
Por outro lado, o enorme contigente de votos brancos que tem impressionado os analistas no sistema
eleitoral após a ditadura de 64, também deve ser melhor analisado. A análise da participação eleitoral no Pará no
período 1945 e 1958 (tabela 4) e a análise dos votos em brancos pós-eleições de 1998 (veremos adiante)
informam-nos também que a análise destes votos em sua pura expressão estatística deve ser problematizada.
Também Jairo Nicolau (1998) propõe a hipótese de que o aumento dos percentuais dos votos em brancos tem
seu ponto de partida com a introdução das cédulas oficiais pelo TRE, em 1962, obrigando o eleitor a escrever
vários nomes ou números na cédula. Para a defesa desta hipótese, Jairo Nicolau toma como ponto de partida a
dificuldade no exercício do voto a partir de 1962 para a maioria do eleitorado brasileiro, que possui baixo grau
de escolaridade.
Para testar sua hipótese, Nicolau (1998) compara o percentual de votos inválidos até 1958, quando o
eleitor levava o voto datilografado ou impresso de casa, com o voto eletrônico de 1998, quando o eleitor só tem
que digitar comandos ao computador, e conclui que estes dois tipos de exercício do voto tornam-se mais fáceis
para o eleitor de baixa escolaridade. Com efeito, nas eleições de 1998, o incremento do voto eletrônico re duziu a
taxa de votos inválidos em 51% (Nicolau,1998:27).
A Tabela 04 evidencia e corrobora com a hipótese de Jairo Nicolau (1998) sobre a participação eleitoral
no Pará, onde os percentuais de votos inválidos é em média de 2,5% nas eleições para a Assembléia Legislativa,
Câmara dos Deputados e governo do Estado até 1958. Porém, com a introdução da cédula oficial estes
percentuais triplicam, chegando a 10% nas eleições parlamentares de 1962.
O elevado número do eleitorado em 1954 para as eleições proporcionais (345.588) e para o Executivo
(373.125) coincide também com o elevado percentual de abstenções para o parlamento (45.39%) em 1954 e para
o Executivo (47%) em 1955, sendo a maior taxa do período, reduzindo por conseguinte o percentual de
comparecimento para o Legislativo (54,61%) em 1954 e para o Executivo (53% ) em 1955.
As abstenções, que vinham tendo percentuais acima de 30% nas eleições parlamentares no período,
sofrem uma brusca queda em 1958 (14,32%), aumentando por conseguinte o percentual de comparecimento para
85%. O recadastramento realizado em 1958 demonstraria cabalmente que a listagem do eleitorado estava
inflacionada, caindo dos elevados níveis de 1954 (tabela 04) para 271.374 em 1958. Esta constatação serve
como alerta aos estudiosos no momento de analisar a variável participação eleitoral num país onde o controle de
óbitos e migração é realizado de forma deficiente pela Justiça Eleitoral.

Fragmentação partidária eleitoral e parlamentar 1945/1962.

O grau de fragmentação do sistema partidário eleitoral e parlamentar é evidenciado matematicamente a


partir dos índices de fracionalização (Rae-1967) e de Número de Partidos Efetivos (Laakso e Taagepera-1979).
O índice de fracionalização revela a proporção de dois eleitores e/ou parlamentare s votarem ou
pertencerem a dois partidos diferentes. O índice que mede o número de partidos efetivos revela os partidos que
realmente contam no sistema eleitoral e parlamentar.
No presente trabalho utilizaremos o índice que mede o número de partidos efetivos, assim formulado:
N= 1/ Evi2 47-
Assembléia Legislativa e Representação à Câmara dos Deputados

Tabela 05
Número de partidos eleitorais e parlamentares efetivos - 1945/1962
Ano Assembléia Legislativa Câmara dos Deputados
Eleitoral Parlamentar Eleitoral Parlamentar
1945 2,5 2,0
1947 2,2 2,2
1950 2,7 2,9 2,6 2,4
1954 3,5 3,3 3,2 1,8
1958 4,0 3,6 3,3 3,3
1962 3,9 3,6 3,5 3,6
Média 3,26 3,0 3,04 2,63
Fonte: Tabela

A tabela 05 evidencia com clareza o baixo grau de fragmentação do sistema pa rtidário parlamentar
paraense no período em análise tanto a nível eleitoral como parlamentar, seja na assembléia legislativa como na
representação estadual à câmara dos deputados, dando uma caracterização geral ao formato eleitoral e
parlamentar como de baixa fragmentação, com uma lenta marcha para um sistema de média fragmentação a
partir das eleições de 1962, quando foi atingida a média de 3.6 partidos nas duas representações legislativa.

Distribuição de cadeiras - Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados 1945/1962.

Assembléia Legislativa-1947/1962.

Tabela 06
Distribuição de cadeiras por partido - 1945 -1962
Assembléia Legislativa
Partido 1947 1950 1954 1958 1962
PSD 23 18 17 16 17
PSP 9 11 09 09 06

47
– v é a proporção de votos obtidos por cada partido, o índice é assim calculado segundo Nicolau(Lima Júnior, 1997). 1 - A
proporção de cada partido é elevado ao quadrado; 2 - O resultado obtido por cada partido é somado; 3- Divide-se o número 1 pelo
resultado obtido da soma anterior.
UDN 2 05 05 06 04
PTB 2 3 4 5 7
PR 2 2 3
PCB 1
PTN 1
Fonte TSE

Representação na Câmara dos Deputados - 1945/1962

Tabela 07
Distribuição de cadeiras por partido - 1945 -1962
Representação Câmara dos Deputados
Partido 1945 1950 1954 1958 1962
PSD 06 05 06 04 04
PPS 01
PSP 02 03 02 02
UDN 02 02 03 02
PTB 1 2
Fonte TSE

As Tabelas 06 e 07 mostram que na Assembléia Legislativa os Partidos da Coligação


Democrática Paraense assumem a controle majoritário desta instância a partir de 1950,
enquanto na representação estadual à Câmara dos Deputados o PSD obtém maioria nos
pleitos de 1945/50/54. Note-se que em todas as eleições nas duas representações
legislativas o PSD se configura como um gr ande partido obtendo em média 45% dos
assentos no legislativo estadual e 50% na representação para a câmara dos deputados.

Estabilidade dos partidos e coerência do voto 1945/62.

Esta variável pretende verificar a direção dos votos em percentual no período destas 4 eleições, tendo
como referência o desempenho individual dos partidos para verificarmos a relação entre ganhos e perdas no
intervalo entre duas eleições
Esta variável será evidenciada a partir do índice de volatilidade eleitoral ( ver abaixo) que mede a
mobilidade dos votos e assentos no espaço entre duas eleições consecutiva. Este índice permite visualizar se
houve crescimento positivo ou negativo entre duas eleições, dos partidos individualmente.

Fórmula matemática do índice de volatilidade.


Volatilidade Total - VT= ½ PiV + PjV + PlV.
Volatilidade inter-bloco - VB = ½ P ( av +bv +cv) + ( dv+ev+fv).
Volatilidade intrabloco - VIB= VT –VB 29

Volatilidade partidária eleitoral

Assembléia Legislativa 1947/1962.


Tabela 08
Volatilidade partidária eleitoral - 1947/1962.
Assembléia Legislativa
Partido 1950-1947 1954-1950 1958-1954 1962-1958
PSD -10,75 -5,95 -5,57 4,86
PSP 5,43 -6,74 -3,10 -7,53
UDN 8,58 -0,66 5,15 -3,4
PTB 0,01 5,38 5,15 1,51
PCB -3,26
PR 6,95 -0,43 0 ,85
PSB +1,01 0,07 0,03
PRP 1,73 -1,23
PRT 0,79
PDC 1,67
PL 0,1
PTN 2,33
Fonte Tabela 3

29
Onde - V representa a diferença percentual de votos ou cadeiras de cada partido em duas eleições consecutivas.
A volatilidade total é obtida pela somatória do percentual obtido por cada partido( desconsidera -se o sinal + ou - ), em duas
eleições consecutivas e divide-se por 2.
Nicolau(em Lima Júnior, 1997:318) chama atenção para os cuidados que o analista deve tomar ao analisar os percentuais
obtidos, com vistas a estar atento para outras variáveis como: movimentos de fusões e cisões das elites, entrada de novos eleitores em
cena etc, que podem revelar índices de volatilidade que na verdade não expressam mudança de sentido do voto.
Outra preocupação expressa por Nicolau(1997) é o fato de poder o correr situações onde 100% do eleitorado de um partido
migrou para o outro partido, mas este partido manteve o mesmo percentual de votos, o índice de volatilidade seria de 0%, em que pese
a mudança do voto ter sido de 100%. Apesar destas possibilidades, Stefano Bartolini e Peter Mair(Nicolau,1997) mostraram por meio
de análise de resultados de surveys e testes estatísticos a validade de se considerar a volatilidade agregada como um valor aproximado
da volatilidade individual.
Bartolini e Mair(1990), citados por Nicolau(1997), propuseram o cálculo da volatilidade inter bloco e Intrabloco agora
baseado na distribuição de votos/assentos, tendo como unidade de análise os blocos partidários(direita x esquerda, situação x oposição)
e em sua relação com ganhos e perdas.
Assim a volatilidade inter-bloco é parte da volatilidade total, este índice evidencia a troca entre os dois blocos, expressa pela
seguinte fórmula matemática( VB = ½ P ( av +bv +cv) + ( dv+ev+fv).
Onde P (av+bv+ cv) representa o percentual de votos conquistados ou perdidos deste bloco em relação ao Bloco
P(dv+ev+fv).
Já a volatilidade Intra-bloco é igual a diferença entre a volatilidade total e a volatilidade inter -blocos, desta maneira VI =
VT - VB.
Representação à Câmara dos Deputados - 1945/62.
Tabela 09
Volatilidade partidário eleitoral
Representação Câmara dos Deputados – 1945/1962.
Partido 1950-1945 1954-1950 1958-1954 1962-1958
PSD -5,02 -4,76 -2,5 -1,5
PSP 18,13 8,72 -9,97 -0,45
UDN 4,38 -19,99 17,26 -6,84
PTB 11,71 -1,35 9,36
PPS -13,47
PR 4,22 -2,24 -0,59
PCB -4,18
PRP -0,67
PST 0,57 -0,57
PRP 0,13 -0,13
PTN 0,06 -0,06
PSB 1,11 -1,11
Fonte: Tabela 04

As Tabelas 08 e 09, registram a progressiva transferência e voto do PSD para os partidos


da oposição coligada, porém uma mudança moderada do rumo do voto, principalmente
na representação estadual da câmara dos deputados. Observa-se também o crescimento
sustentado do PTB na assembléia legislativa e a progressiva queda do PSP na
representação estadual à câmara dos deputados.

O tamanho dos partidos a nível eleitoral e a fragmentação partidária – Assembléia Legislativa e


Representação na Câmara dos Deputados - 1947/1962.

Esta variável dimensiona a característica individual de um partido em nível eleitoral e parlamentar a


partir do seu tamanho, obtido pelo percentual de votos ou assentos conquistados por cada partido em dada
legislatura ou eleição. O controle parlamentar/eleitoral levando em conta o tamanho do partido, sugere, por si
mesmo, que, se grandes partidos controlarem os parlamentos ou os resultados eleitorais, estaríamos diante de um
sistema de no máximo 4 partidos relevantes, ao passo que, se partidos de tamanho médio ou pequeno
controlarem o processo eleitoral e parlamentar, pode sugerir-se que estamos diante de um sistema altamente
fragmentário.
Assembléia Legislativa – 1947/1962.

Tabela 10
Tamanho dos partidos a nível eleitoral
Assembléia Legislativa – 1947/1962
Ano Pequeno Médio Grande
1947 12,94% 0% 87,03%
1950 4,43% 13,84% 81,71%
1954 16,76% 13,18% 70,03%
1958 9,33% 30,29% 60,25%
1962 12,76% 43,73% 43,46%
Fonte: Tabela 02
Tamanho pequeno: de 0 a 10%; médio: de 10,01 a 20%; e grande acima de 20,01%.

Representação à Câmara dos Deputados - 1945/1962.

Tabela 11
Tamanho dos partidos a nível eleitoral
Representação Câmara dos Deputados - 1945/1962
Ano Pequeno Médio Grande
1945 5,11% 13,47% 81,40%
1950 0,96% 18,13% 80,76%
1954 5,39% 21,75% 72,82%
1958 1,98% 27,24% 70,77%
1962 1,39% 36,15% 62,43%
Fonte Tabela 03
Tamanho pequeno: de 0 a 10%; médio: de 10,01 a 20%; e grande: acima de 20%

As tabelas 10 e 11 demonstram uma tendência para uma fragmentação partidária


eleitoral moderada na assembléia legislativa, tendo em conta o fato da queda eleitoral
progressiva do controle eleitoral dos grandes partidos, sendo que nas eleições de 1962, os
partidos de tamanho médio assumiram o controle eleitoral da assembléia legislativa.
Enquanto na representação estadual à câmara dos deputados mantinha-se a concentração
eleitoral nos grandes partidos, que durante todo o período analisado obtiveram maioria
absoluta dos votos nesta representação legislativa.
O Sistema Partidário do Pará – 1986/1998.- A derrota da direita e o Surgimento do
Bloco de Esquerda.

A disputa de 1978 dentro do ARENA e seus reflexos na configuração partidária atual.

Os antecedentes políticos nas penumbras da ditadura.

A configuração política surgida após o fim da ditadura militar com a emergência da Nova República,
não poderá ser bem compreendida no Pará, se não analisarmos os condicionantes que conduziram à vitória do
PMDB no Pará nas eleições de 1982 e sua hegemonia, que perdurou por três eleições consecutivas (1982, 86 e
90), tendo o ex-vereador, deputado estadual e federal Jáder Barbalho como expressão mais relevante desta nova
configuração política inaugurada no Estado.

Jarbas Passarinho e Alacid Nunes : disputas silenciosas que levaram à derrota da ARENA/PDS em 1982.
A condução do processo político no Pará foi confiado ao tenente-coronel Jarbas Passarinho, que havia
assumido um papel decisivo na organização política dos conspiradores no Pará (Passarinho, 1997:167 a 182).
Com o endosso do então governador Passarinho, foi nomeado prefeito de Belém o major Alacid Nunes
(Passarinho,1997:187) que, dois anos depois, em 1966, seria o candidato eleito do regime militar ao governo do
Pará, enquanto Jarbas Passarinho eleger-se-ia senador.
De acordo com o jornal O Liberal30, Passarinho, apostando no projeto do deputado Franco Montoro,
que previa a reeleição dos interventores indicados pela “revolução”, ausentou-se de Belém em viagem a
Portugal e Inglaterra, enquanto o projeto tramitasse, evitando assim sua inelegibilida de 31. Esta possibilidade é
plenamente assumida pelo próprio Jarbas Passarinho: “As novas administrações paraenses, quer a minha, quer
a do major Alacid na prefeitura de Belém, recebiam já forte apoio da opinião pública. Se vitoriosa a 2a.
hipótese ( o direito dos interventores concorrerem), seria fatal que o major se apresentasse à prefeitura de
Belém, e eu ao governo do Pará” ( Passarinho,1990:148).

30
-Idem 14, página 08.
31
Ídem 14, página 08
Com a decisão do Governo Castelo Branco, impedindo a candidatura governamental dos interventores,
Jarbas Passarinho se lança ao Senado e usa a máquina do governo para eleger Alacid Nunes governador do
Pará, num quadro de completo destroçamento da oposição (PSD), que tivera seus principais líderes políticos
cassados. Ainda segundo o Liberal 32, essa foi a única vez que Jarbas Passarinho e Alacid Nunes estiveram
realmente juntos numa disputa política.
Desde a campanha para o governo do Estado em 1965, segundo A Folha do Norte, Jarbas Passarinho
já fazia críticas a Alacid pelo fato de o mesmo ter aceitado apoio fina nceiro do governador deposto do
Amazonas, Gilberto Mestrinho 33 .Passarinho em seu livro autobiográfico confirma plenamente esta informação
“O Major Alacid, porém, fazia contatos por conta própria. Num deles, recebeu cheques do Sr. Gilberto
Mestrinho, governador deposto do Amazonas, que considerei uma grave falta, pois era personna non grata ao
Exército, a cujo general Muniz Aragão, comandante das tropas do Amazonas, fizera ofensas indesculpáveis”.
(Passarinho,1997:221) .
Outro fato que também registra as diferenças entre Jarbas Passarinho e Alacid Nunes, no ano de
1964/65, foi o episódio dos inquéritos sumários executados por Sílvio Meira a mando do então prefeito Alacid
Nunes, cujo o esquecimento em assinar as peças do inquérito para se livrar do desgaste no exercício de punir,
seria, de acordo com Jarbas Passarinho, um ato doloso, caracterizando “habilidades que são apanágios dos
espertos”(Passarinho,1997:206).

A nomeação para o governo em 1978 : Alacid Nunes derrota Jarbas Passarinho.

Jarbas Passarinho, eleito senador em dois períodos consecutivos 1967/74 e 1975/82, onde se
transformaria num dos principais quadros do governo federal, ocupando seguidamente os ministérios do
Trabalho e Previdência Social no Governo Costa e Silva, Educação e Cultura no Gove rno do general Garrastazu
Médice e Previdência e Assistência Social no Governo João Figueiredo comandaria, no decorrer destes anos,
toda a política do governo federal no Pará.
Já Alacid Nunes, após o mandato de 1967/70 no governo do Estado, elege-se deputado federal, no
período de 1975 a 1978, de onde voltaria nomeado para o governo do Estado no período de 1979/82, agora
contra as pretensões do senador Jarbas Passarinho, que desejava este cargo.

32
Ídem 14, página 06
33
Ídem 14, página 08
As razões para a nomeação de Alacid Nunes.

A nomeação do governador do Pará (1979/82) passaria ainda pelo presidente Ernesto Geisel, em
interlocução com o futuro presidente Figueiredo, que daria a palavra final (Passarinho,1997:470). Estes, se
alinhavam dentro das correntes militares ao chamado grupo castelista, que buscava reconduzir o país à
normalidade constitucional, devolvendo-o ao governo civil.
Alacid Nunes obteve a nomeação de governador após intensa luta nas penumbras do Palácio do
Planalto, onde o coronel Moraes Rego e Golbery do Couto e Silva seriam peças chaves, junto ao presidente
Geisel e ao futuro presidente João Figueiredo, para a nomeação de Alacid Nunes. Segundo narrativa do próprio
senador Jarbas Passarinho, seu distanciamento do então governador Alacid Nunes se iniciara quando da
sucessão do presidente Castelo Branco, quando Passarinho indicou o nome do general Costa e Silva e obteve
apoio da maioria da ARENA paraense. Já Alacid Nunes trabalhou pela indicação do general Cordeiro de Farias,
do qual fora ajudante de ordem (Passarinho,1997:329).
Jarbas Passarinho era visto com discriminação pelo então ministro Golbery do Couto e Silva, que via
com restrição os ministros participantes do governo Médice, considerado um governo da linha dura.
Aliado a esta circunstância, ainda pesaria contra a indicação de Jarbas Passarinho a velha mágoa dos
castelistas, que haviam perdido para Costa e Silva a indicação presidencial do General Cordeiro de Farias à
sucessão do presidente Castelo Branco. Passarinho apoiara explicitamente o General Costa e Silva, cujo
governo foi hegemonizado pela linha dura do exército (Contreiras,1998:69).
Por outro lado, como novamente nos relata Passarinho, referindo-se ao presidente Geisel, “em cujo
governo eu sempre estivera na face oculta da lua”(Passarinho,1997:455). O episódio que melhor retrata o
difícil relacionamento entre o presidente Geisel e o senador Passarinho foi o fato de o ministro do Exército
Silvio Frota (da linha dura) ter convidado o senador Passarinho para ser o orador na cerimônia anual do dia da
Artilharia. Geisel, julgando que este convite seria uma estratégia da área militar para a promoção da candidatura
do senador Passarinho à presidência da ARENA, considerou esta iniciativa como uma pressão indevida ao
presidente para obter a indicação do senador Passarinho. Geisel considerava este cargo como uma indicação
privativa do presidente da República (Passarinho, 1997:457). Geisel ordenou então ao oficial-chefe da
assessoria parlamentar do Exército desconvidar o senador Passarinho. É dentro desta conjuntura desfavorável a
Passarinho, que o deputado federal Alacid Nunes é alçado à condição de governador do Estado, agora pela via
indireta, com o apoio decisivo do general Cordeiro de Farias e seus aliados dentro do governo Geisel.
Alacid Nunes rompe com o r egime militar e garante a vitória do PMDB no Pará.

O 2o governo de Alacid Nunes é marcado pelo progressivo distanciamento agora declarado com Jarbas
Passarinho, tendo o então governador denunciado seguidamente que o senador Passarinho estaria agindo contra
o envio de verbas federais ao Pará (Passarinho,1997:512).
Alacid Nunes quando de sua nomeação ao governo participou de uma reunião envolvendo o presidente
Geisel e o seu já indicado sucessor João Figueiredo, assumindo o compromisso de apoiar na sua sucessão a
candidatura de Jarbas Passarinho ou quem este viesse a indicar (Passarinho,1997:512). Contudo, os
acontecimentos posteriores à posse de Alacid Nunes no governo do Pará conduziram em sentido contrário às
negociações realizadas.
Quando o processo sucessório instalou-se, novamente reiniciaram-se as negociações visando obter o
apoio do governador Alacid Nunes a um candidato do PDS, nos seguintes termos: Alacid sairia candidato ao
Senado Federal, o vice-governador Gerson Peres daria uma carta de renúncia assinada e não datada para o
candidato ao senado Alacid Nunes usar caso se sentisse abandonado pela máquina do governo; nesta situação
então, Alacid estava autorizado a datar a carta renúncia, garantindo então que seu amigo presidente da
Assembléia Legislativa assumisse o governo do Estado (Passarinho,1997:512), assegurando o suporte
necessário ao candidato Alacid Nunes. Porém, o governador recusou o acordo e passou apoiar a candidatura do
deputado federal do PMDB, Jáder Barbalho ao governo do Estado.
Assim, realizadas as eleições governamentais, Jáder Barbalho, do PMDB, obteve 501.605 votos,
contra 461.969 dados ao candidato do PDS, Oziel Carneiro; o candidato do PTB, Mário Sampaio, obteve 7.214
e o candidato do PT, Hélio Dourado, obteve 11.010. O PMDB obteria 20 cadeiras na Assembléia Legislativa e
08 cadeiras da representação paraense na Câmara dos Deputados, enquanto o PDS obteria 19 cadeiras na
Assembléia Legislativa, 07 cadeiras na Câmara dos Deputados (TSE em Nicolau,1998:120).
Nestas eleições temos a estréia do PT na competição partidária, tendo uma pequena votação, porém
significativa, pois já demarcava campo como uma nova esquerda, que se diferenciava politicamente das
esquerdas que atuaram no período 1946/64 no Pará . Desde o nascedouro, esse partido expressaria uma vocação
para construir um projeto político autônomo, desvinculado dos setores conservadores da sociedade paraense,
como viria a demonstrar nas disputas partidárias dos anos seguintes.
As Disputas Partidárias para o Governo do Estad o – 1982/98.

Tabela 12
Eleições para o governo do Estado do Pará
Partidos e Candidatos 1982/1998.
Candidato 1982 1986 1990 1994 1998
J. Barbalho(PMDB) 51,10% - 43,60% - 36,34%
O Carneiro(PDS 47,10% - - - -
H. Dourado(PT) 1,10% - - - -
M. Sampaio(PTB) 0,70% - - - -
V. candidatos(82) 981,798 - - - -
H, Gueiros(PMDB)* - 64,90% - - -
C. Levy(PMB) - 17,10% *1,4% - -
J. Menezes(PFL) - 12,80% - - -
N. Noronha(PT) - 5,30% - - -
V. Candidatos(86) - 1.090,889 - - -
S. Xerfan(PTB)* - - 38,70% - -
A Gabriel(PSDB)* - - 16,30% 37,50% 44,54%
V.Cand.turno-1(1990) - - 1.414,810 - -
J. Passarinho(PRP)* - - - 37,90% -
V. Ganzer(PT)* - - - 18,30% -
F. Moraes(PRN) - - - 3,80% -
E Araújo(PRONA) - - - 2,40% -
V.Cand.turno-1(1994) - - - 1.252,532 -
A Andrade(PSB)* - - - - 17,08%
C. Pinto(PSTU) - - - - 1,51%
R. Carvalho(PRONA) - - - - 0,53%
V.Cand.turno-1 - - - - 1.735,915
Segundo turno
J. Barbalho(PMDB) - - 50,30% - 32,51%
S. Xerfan(PTB)* - - 49,70% - -
A Gabriel(PSDB)* - - - 62,70% 37,36%
J. Passarinho(PPR) - - - 37,30% -
Fonte: TSE/TRE-Pa.
* Partidos coligados Fonte Tabela 19

PMDB- Cisão que conduziu à derrota – A Esquerda se estabiliza em 16% do eleitorado.


A tabela 12, evidencia a hegemonia do PMDB em três eleições consecutivas(1984/86/90). Esta
supremacia é quebrada a partir das eleições governamentais de 1994, quando o PSDB conquista o governo do
estado e o mantém nas eleições de 1998. Note-se que a derrota do PMDB deve-se a cisão entre os ex-
governadores Jáder Barbalho e Hélio Gueiros, o que permitiu a emergência de uma nova configuração política
no estado, tendo no ex-senador Almir Gabriel o artífice nesta nova formação política vitoriosa.
Devemos notar que a partir de 1982 a esquerda se apresenta pela primeira vez na história política do
estado com candidatura própria, consegue em 1990 conformar uma aliança de centro esquerda, ampliando sua
audiência política e nas eleições de 1994 e 1998 estabilizou-se no patamar de 16% do eleitorado paraense.
O PSDB é hoje o partido dirigente da coligação União pelo Pará que congrega uma ampla frente de
partidos à direita(PPB,PL,PTB entre outros) e à esquerda (PPS e PV) , esta frente controla em torno de 100
prefeituras municipais . Note-se que esta frente configurada a partir do primeiro mandato do governador Almir
Gabriel em 1994, vem mantendo-se unificada. O comportamento não exclusivista do Governador Almir
Gabriel na condução e administração desta ampla coligação é uma novidade na política paraense, uma vez que a
marca de registrada dos Políticos no período de 1946/60(Barata e Assunção) como de 1982/90(Jáder e Gueiros)
sempre foi a relação vertical com seus partidários e a quebra de acordos eleitorais com os partidos aliados. Esta
condução política do PSDB pode sinalizar uma tendência de hegemonia duradoura do PSDB na política
paraense.
Formato do Sistema Partidário Eleitoral e Parlamentar - 1986/90/94/98.
Participação eleitoral - Assembléia Legislativa, representação estadual à Câmara dos Deputados e
governo do Estado - 1986/1998.
Tabela 13
Participação eleitoral – 1986 -1998

Eleições para a Assembléia Legislativa, representação à Câmara dos Deputados e governo do estado – 1986/98
Eleição 1986 1990 1994 1998
Eleitorado Eleitorado Eleitorado Eleitorado (A)
Ass. Leg. 1.730,670 2.309,791 2.783,131 3.220,778
Cam. Dep. 1.730,670 2.309,791 2.783,131 3.220,778
Gov. Est. 1.730,670 2.309,791 2.783,131 3.220,778
Comparec Comparec Comparec Comparec (B)/A
Ass. Leg. 88,35% 73,61% 67,95% 66,69%
Cam. Dep. 88,35% 73,61% 67,95% 66,69%
Gov. Est. 88,35% 73,61% 67,95% 66,69%
V. Brancos V. Brancos V. Brancos V .Brancos (C)
Ass. Leg. 26,60% 26,20% 15,30% 7,37%
Cam. Dep. 30,30% 33,90% 20,60% 10,70%
Gov. Est. 23,40% *16,8% 27,60% 10,55%
V. Nulos V. Nulos. V. Nulos. V. Nulos. (D)
Ass. Leg. 7,10% 7,80% 17,90% 7,05%
Cam. Dep. 8,40% 9,70% 23,10% 9,08%
Gov. Est. 5,20% * 6,20% 8,61
Absten Absten Absten Absten (E)
Ass. Leg. 11,65% 26,39% 32,05% 33,31%
Cam. Dep. 11,65% 26,39% 32,05% 33,31%
Gov. Est. 11,65% 26,39% 32,05% 33,31%
V. Válidos V. Válidos V. Válidos V. Válidos (F)/B-(c+d)
Ass. Leg. 66,30% 66,00% 66,80% 85,58%
Cam. Dep. 61,30% 56,40% 56,30% 80,22%
Gov. Est. 71,30% 83,20% 66,20% 80,84%
Fonte TSE/TRE.
* Votos Brancos e Nulos não foram disponibilizados de forma desagregada pelo TRE/PA em 1990.
A evolução do eleitorado no período de 1986/1998 foi mais acentuada no interregno 19986/1990
(45%) do que no intervalo eleitoral entre 1990/1994 (27%) e 1994/1998 (17%). De alguma forma, este grande
percentual de 1986/1990 foi motivado pelo baixo crescimento do eleitorado de 1986 (tabela 13) em relação a
1982 (1.522,99 eleitores), cujo crescimento foi em torno de 15%, devido ao recadastramento eleitoral, que
eliminou - pelo menos nas eleições de 1986 - as distorções comuns em uma Justiça Eleitoral que não consegue
ter acesso sistemático a dados confiáveis a respeito dos falecidos e dos migrantes de uma região para outra do
país.
Outro aspecto digno de anotar são os percentuais de votos nulos que, saindo de patamares
estabilizados entre 07 e 08% no período 1986/1998 (Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados), triplica
nas eleições de 1994, nas disputas das duas casas legislativas, enquanto es te mesmo índice permanece estável na
disputa governamental (tabela 13).
Essa triplicação de votos nulos poderia encontrar uma explicação no enorme desgaste que a figura do
parlamentar experimentou em 1994, motivado pelo escândalo dos anões do orçamento no Congresso Nacional.
Parece que a introdução do voto eletrônico também veio quebrar com um antigo mito da política
nacional, que vinha reforçado pelas eleições de 1986/90/94. Esse mito nos informava que a distância entre os
votos válidos para o legislativo e o executivo era de responsabilidade do presidencialismo, que valoriza a
disputa por cargos executivos e secundariza as disputas para o legislativo.
De fato, nas eleições de 1986/90/94 havia uma distância média de 20% entre os votos válidos para o
executivo e os votos válidos para as duas casas legislativas (tabela 13). Porém, após as eleições de 1998, os
percentuais de votos válidos praticamente se equivaleram nas disputas para o executivo e o legislativo no Pará
(tabela 13), em que pese apenas 44% dos votos terem sido informatizados neste estado.
Estes índices, apurados em 1998, são semelhantes àqueles obtidos no período 46/58, quando o
eleitorado trazia a cédula eleitoral pronta de casa. Aqui também o voto eletrônico nos deixa pistas otimistas
quanto a participação eleitoral no Brasil.
A tabela 13 demonstra que em 1986 tivemos a maior taxa de comparecimento do período (88,35%),
tanto para a Assembléia Legislativa, governo do Estado e Câmara dos Deputados, motivado pelo baixo
percentual de abstenção. Esse fato explica-se porque nestas eleições houve recadastramento eleitoral, sendo
expurgado nesse pleito os eleitores ou que já morreram ou se mudaram do estado. Nas eleições seguintes, as
abstenções voltaram a crescer para a faixa de 30% em média, com a respectiva queda da taxa de
comparecimento. Por outro lado, em 1998 tivemos a maior taxa de votos válidos do período para a Assembléia
Legislativa (85,58%), Câmara dos Deputados (80,22%) e governo do Estado (80,84%), determinado pela queda
de votos brancos e nulos, motivada pela introdução da votação eletrônica.

Fragmentaçào Partidário-Eleitoral e Parlamentar- 1986/90/94/98.

Tabela 14
Nº de partidos eleitorais e parlamentares
Assembléia Legislativa e representação Câmara dos Deputado1986/1998
Ass. Legislativa Rep. Cam. Dep.
Ano
eleitoral Parlamentar eleitoral parlamentar
1986 3 2,43 2,37 1,63
1990 6,94 6,16 6,01 4,59
1994 5,39 4,93 4,25 3,96
1998 9,03 8,32 10,34 5,45
Fonte: Tabela 23 e 28
A Tabela 14 demonstra insofismavelmente a alta fragmentação do sistema partidário paraense , onde
temos mais de 5 partidos eleitorais e parlamentares presentes nas disputas no interior da assembléia legislativa e
representação estadual à câmara dos deputados. Note-se que neste período apesar de termos mais de 20 partidos
políticos nominalmente disputando as eleições paraenses, na verdade apenas 50% deles contam na disputa
eleitoral.

Distribuição de assentos legislativos


- Assembléia legislativa

Tabela 15
Distribuição de cadeiras na Assembléia Legislativa, por p artido-1986/98
Partido 1986 1990 1994 1998
PMDB 60,98% 24,39% 31,71% 19,51%
N ( 25) ( 10) ( 13) ( 8)
PPB1 14,63% 19,51% 26,83% 9,76%
N ( 6) ( 8) ( 11) ( 4)
PFL 12,20% - 7,32% 7,32%
N ( 5) - ( 3) ( 3)
PT 4,88% 14,63% 9,76% 9,76%
N ( 2) ( 6) ( 4) ( 4)
PDT 2,44% 4,88% 7,32% 7,32%
N ( 1) ( 2) ( 3) ( 3)
PL - 4,88% 7,32% 7,32%
N - ( 2) ( 3) ( 3)
PSDB - 2,44% 4,88% 19,51%
N - ( 1) ( 2) ( 8)
PTB 2,44% 19,51% 4,88% 7,32%
N ( 1) ( 8) ( 2) ( 3)
PC do B - - - 2,44%
N - - - (1)
PMB 2,44% - - -
N ( 1) - - -
PPS - - - 2,44%
N - - - ( 1)
PRN - 9,76% - -
N - ( 4) - -
PSD - - - 4,88%
N - - - ( 2)
Fonte: TRE-PA/TSE
*% sobre magnitude do distrito (N = 41 assentos)
1
Fusão, a partir de 1995, dos PPR (antigos PDS e PDC, fundidos 1993) com o PP (este resultante da fusão do PTR com o PST também em 1993)

A tabela 15 expressa a crescente perda eleitoral do PMDB e PPB, denunciando o aumento da


fragmentação parlamentar, ao mesmo tempo que registra a grande votação do PSDB, obtida em 1998 para a
Assembléia Legislativa, no rastro do controle da máquina do governo do Estado a partir de 1994. O PMDB
ainda ostenta a condição de ser o maior partido na Assembléia Legislativa, porém dividindo essa condição com
o PSDB.
Representação à Câmara dos Deputados

Tabela 16
Distribuição de cadeiras na Câmara dos Deputados por partido -1986/98
Partido 1986 1990 1994 1998
PMDB 76,47% 35,29% 41,18% 23,53%
N ( 13) ( 6) ( 7) ( 4)
PPB1 11,76% 11,76% 23,53% 5,88%
N ( 2) ( 2) ( 4) ( 1)
PFL 11,76% 5,88% 5,88% 17,65%
N ( 2) ( 1) ( 1) ( 3)
PT - 11,76% 11,76% 17,65%
N - ( 2) ( 2) ( 3)
PDT - 5,88% 5,88% 5,88%
N ( 1) ( 1) ( 1)
PSDB - - - 23,53%
N - - - ( 4)
PTB - 23,53% 5,88% 5,88%
N - ( 4) ( 1) ( 1)
PC do B - 5,88% 5,88% -
N (1) (1)
Fonte: TRE-PA/TSE
*% sobre magnitude do distrito (N = 17 assentos)
1
Fusão, a partir de 1995, dos PPR (antigos PDS e PDC, fundidos 1993) com o PP (este resultante da fusão do PTR com o PST também em 1993)

A tabela 16 nos informa a progressiva perda de assentos parlamentares pelo PMDB e o aumento do
cacife parlamentar do PSDB, que em 1998 avança para a condição de maior partido paraense na representação
estadual à Câmara dos Deputados, dividindo essa condição com o PMDB. Com isso, o PSDB ostenta a
condição de partido em ascensão e o PMDB, de um partido em franco processo de erosão de sua base eleitoral.
Volatilidade partidária eleitoral – Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados 1986/1998.
Segundo Mogens N. Pederson (1990), volatilidade é a relação de perdas e ganhos no intervalo de uma
eleição para outra (in Mair, 1990:199).

Assembléia Legislativa - 1986/1998.


Tabela 17
Volatilidade eleitoral - %
Assembléia Legislativa- 1986/1998
Partido 1990-1986 1994-1990 1998-1994
PMDB -31,51 7,02 -11,67
PPB 7,23 4,96 -17,52
PFL -9,11 0,65 3,93
PTB 10,35 -9,89 3,17
PT 2,08 2,28 -1,35
PL 5,28 1,01 0,59
PDT 0,28 1,49 2,11
PSDB 4,27 2,38 12,19
PC do B -0,4 0,21 -0,21
PMB -3,48 - -
PPS -0,06 0,04 3,79
PRN 10,1 -9,7 -
PSB 2,57 -0,39 1,71
PSD - 0,96 1,99
PSC 2,2 -1,53 0,08
PCB - - 0,15
PMN 0,17 -0,09 0,29
PV - 0,44 0,04
PSTU - 0,18 0,31
PGT - - 0,12
PT do B - - 0,18
Fonte: Tabela 22
Representação Câmara dos Deputados 1986/1998.

Tabela 18
Volatilidade eleitoral
Representação Câmara dos Deputados -1986/1998
Partido 1990-1986 1994-1990 1998-1994
PMDB -29,89 6,2 -26,89
PPB -1,94 13,87 -16,26
PFL -5 -1,28 10,37
PTB 14,21 -11,64 -0,37
PT 0,27 4,48 -5,79
PDT 1,73 1,5 9,07
PSDB 3,65 -0,5 9,51
PC do B 6,7 -4,35 -1,46
PSB 1,34 0,59 2,55
PPS 0,44 -1,04 4,27
PL 2,45 -2,28 2,47
PSC 0,8 -0,12 6,33
PSD - 0,01 1,23
PSTU - 0,39 0,77
PCB - - 0,48
PMB -1,72 - -
PMN 0,19 -0,19 1,08
PRN 6,69 -6,39 -0,3
PRONA - 0,24 2,37
PV - 0,05 0,38
PT do B - -0,05 0,19
Fonte Tabelas 26

A volatilidade Partidário eleitoral do período 1986/98(tabelas 17 e 18), registra a queda eleitoral


progressiva do PMDB, PPB, e o aumento da votação dos pequenos partidos notadamente de centro direita,
assim como o surgimento da esquerda, denunciando um eleitorado conservador que vem votando
majoritariamente nos partidos de centro direita., tanto nas disputas para a assembléia legislativa como na
representação estadual à câmara dos deputados.
Observe -se que está havendo intensa mudança de votos no decorrer das eleições em análise, só que
dentro do espectro dos partidos de centro direita, revelando uma estabilidade da preferência ideológica.
Note-se que o PSDB, consegue a partir das eleições de 1998, refletir a nível das disputas proporcionais
a hegemonia conquistada nas eleições governamentais.
Volatilidade por bloco ideológico –
Assembléia Legislativa e representação à Câmara dos Deputados.

Esta variável, obtida a partir de um continuum direita-centro-esquerda no período 1986/98, revelará as


preferências ideológicas do eleitorado. O continuum direita -centro-esquerda será medido a partir da seguinte
classificação partidária:
- partidos de direita: PPR/PPB, PFL, PL, PTB, PSD, PMN, PMB, PRONA, PRN, PSC, PT do B);
- partidos de centro: PMDB, PSDB, PGT, PDT 34
- partidos de esquerda: PT, PSB, PC do B, PCB, PPS, PV35 e PSTU.
O índice de volatilidade eleitoral buscará quantificar possíveis mudanças na direção do voto no período
e permitirá verificarmos se, ao longo das 4 eleições em análise, o eleitor paraense votou coerente ou
incoerentemente, ou seja, se houve uma estabilidade nas preferências ideológicas ou não. Destes resultados
poderemos inferir se o sistema partidário paraense caminha para uma estabilização ou, ao contrário, se há uma
incoerência no comportamento eleitoral do paraense, de ir votando de um polo ideológico a outro no espaço
entre duas eleições, ou se está em curso um processo de realinhamento eleitoral e partidário, com a entrada em
cena de novos atores partidários.

Assembléia Legislativa - 1986/1998.

Tabela 19
Volatilidade eleitoral por bloco ideológico
Assembléia Legislativa- 1986/1998.
Blocos 1990-1986 1994-1990 1998-1994
Esquerda 4,19 2,92 3,42
Centro -26,94 10,87 2,64
Direita 22,75 -13,64 -7,02
VB 26,94 13,71 6,54
VT 44,54 21,61 30,7
VIB 17,6 7,9 24,16
Fonte TSE
VB = volatilidade do bloco VIB = volatilidade intrabloco VT = v. total

34 1
- - O PDT, apesar de ser considerado um partido de esquerda a nível nacional, no Pará, vem assumindo um comportamento de
partido centrista, devido sua base social estar fundamentalmente vinculada aos fazendeiros do sul do Pará, e vem assumindo um
comportamento ambíguo em relação à reforma agrária. Na política paraense, desconsidera a orientação nacional do PDT de atuar na
oposição ao PSDB, aliando-se a este partido na Assembléia Legislativa e no governo do Estado.
35 2
- - PPS e PV, apesar de se auto -definirem como de esquerda, apresentam um comportamento ambíguo quanto às políticas de
aliança: nas eleições municipais de Belém aliaram -se à esquerda e nas eleições de 1998 para o governo do Estado, aliaram -se ao centro
(PSDB). O PV apoiaria o PT em 94 e o PSDB em 98.
Representação paraense à Câmara dos Deputados

Tabela 20
Volatilidade eleitoral por bloco ideológico
Representação Câmara dos Deputados - 1986/1998.
Blocos 1990-1986 1994-1990 1998-1994
Esquerda 8,75 0,13 1,19
Centro -24,44 7,65 7,81
Direita 15,68 -7,78 7,11
VB 24,43 7,71 8,31
VT 38,45 27,56 51,07
VIB 14,02 19,78 42,76
Fonte TSE
VB = v. inter-bloco VIB = v. intrabloco VT= volatilidade total.

As Tabelas 19 e 20 comprovam inequivocamente a estabilização da preferência do eleitorado paraense


em torno dos partidos que compõe o bloco de centro direita, é notória a estabilização do voto à esquerda pelos
baixos índices de perdas e ganhos de votos em três eleições consecutivas(1990/94/98), tanto nas disputas para a
assembléia legislativa como para a representação estadual à câmara dos deputados. Por outro lado observamos a
intensa mudança alternada do sentido do voto, hora da direita para o centro, hora do centro para a direita.
Denunciando que o eleitorado não têm conseguido perceber a esquerda como alternativa de governo, até as
eleições estaduais de 1998.
Tamanho partidário (eleitoral) e fragmentação partidária 1986 -1998 - Assembléia Legislativa e
representação paraense na Câmara dos Deputados.
Assembléia Legislativa – 1986/1998.
Tabela 21
Tamanho dos partidos a nível eleitoral
Assembléia Legislativa - 1986/1998.
Ano Pequeno Médio Grande
1986 18,51 27,95 53,55
1990 28,26 24,35 44,37
1994 29,39 10,26 56,35
1998 63,75 36,23 0
Representação na Câma ra dos Deputados - 1986/1998.
Tabela 22

Tamanho dos partidos a nível eleitoral


Representação Câmara dos Deputados - 1986/1998.
Ano Pequeno Médio Grande
1986 13,91 23,95 62,15
1990 39,28 27,38 32,33
1994 23,83 12,83 63,33
1998 46,69 53,3 0
Fonte: Tabela 12
Tamanho: pequeno, de 0 a 10%; médio, de 10,01 a 20%; grande, acima de 20%.

As Tabelas 21 e 22, ao demonstrarem que os grandes partidos perderam a hegemonia no controle da


assembléia legislativa e na representação estadual à câmara dos deputados, reforçam a afirmativa de que o
sistema partidário atual é altamente fragmentário, uma vez que os partidos de médio e pequeno porte controlam
estas duas representação legislativa.

Conclusões.
Evolução do sistema partidário: continuidades e rupturas.

Evolução - As disputas radicalizadas entre os dois blocos conservadores, PSD versus CDP, dariam o contorno
ao bipartidarismo imposto pelo regime militar. Assim, o PSD deu origem ao MDB e a CDP deu origem à
ARENA, que com a reforma partidária de 1979 dariam vazão ao multipartidarismo, assim estabelecidos: A
ARENA originaria o PDS, que posteriormente se desdobraria em PPB, PFL, PTB, PL e o MDB se desdobraria
em : PMDB, PCB/PPS, PC do B e PSB.

Continuidades entre o sistema partidário de 1946/64 e 1986/98 na disputa para o executivo e o legislativo.

O apego à máquina pública como instrumento de estruturação e crescimento partidário é um estilo


comum de fazer política entre o PMDB e o PSD. A estruturação partidária sob uma liderança carismática
parece manter-se, pois o PMDB, a exemplo do PSD, vem mantendo-se assentado em uma liderança única com
densidade eleitoral, representada por Jáder Barbalho, que a exemplo de Magalhães Barata, do PSD (que
aniquilou a ameaça dos Meiras e Parijós), vem aniquilando no interior do PMDB qualquer liderança emergente
que ameace seu poder, a exemplo de Hélio Gueiros, Coutinho Jorge e Almir Gabriel (este saiu do PMDB a ntes
de protagonizar disputa pública com Jáder Barbalho).
Da mesma forma que o PSD, que construiu-se e manteve-se a partir das máquinas públicas, Jáder
Barbalho e o PMDB só vem conseguindo obter vitórias quando apoiados por uma máquina de governo, por
exemplo: Jáder venceu em 82 devido o apoio decisivo da máquina do governo estadual; em 1986 Hélio
Gueiros e o PMDB ganharam as eleições com o apoio da máquina estadual; em 1990 Jáder voltou ao governo
com o apoio decisivo da máquina do ministério da reforma agrária e previdência social sob seu comando.
Na primeira eleição que Jáder Barbalho disputou o governo do Estado em 1998 sem o concurso da
máquina estadual ou federal, foi derrotado.
Outro ponto de contato entre o sistema de 1946 e o pós-ditadura é a queda das abstenções em 1958 e
1986 e por conseguinte o aumento do percentual de comparecimento eleitoral, provocados pelo recadastramento
eleitoral, revelando que a variável abstenção deve ser melhor qualificada, devido às distorções provocadas
pelos eleitores falecidos e ou migrantes que terminam por inflacionar este índice, gerando análises pessimistas
sobre a participação eleitoral.
A cédula trazida pronta de casa pelo eleitor até 1958, parece ter facilitado o exercício do voto para o
eleitorado de baixa escolaridade, assim como o voto eletrônico parece também ter facilitado o voto, fato
evidenciado pela brusca queda dos percentuais de votos inválidos, tanto para as eleições para o governo do
Estado como para as eleições proporcionais.

2.3- Rupturas entre o sistema partidário de 1946/64 e 1986/98.

Dois novos atores partidários podem ser caracterizados como expressão das novas clivagens que
emergiram no estado após o período da ditadura militar: o PDT, que tem sua implantação histórica basicamente
no sul e sudeste do Pará, onde controla diversa prefeituras, possuindo 01 deputado federal e 03 deputados
estaduais e 12 prefeituras e o PT, que emerge a partir da organização social dos trabalhadores rurais e urbanos,
controlando hoje a prefeitura da capital e contando com 03 deputados federais e 04 deputados estaduais.
Enquanto no período 1946/64 a esquerda, representada pelo PCB (na clandestinidade) e pelo PSB,
inexistiu enquanto um bloco ideológico autônomo, participando inclusive da coligação conservadora anti-
Barata, no período pós a reforma partidária de 79, a esquerda representada pelo PT inicia uma trilha para a
construção de um projeto alternativo aos grupos conservadores do estado. Esta iniciativa do PT vem
conseguindo, nas eleições, agl utinar o PSB, o PC do B, o PSTU 36 e o PCB 37, conformando-se em um bloco
ideológico autônomo.
Outra tendência de ruptura entre o sistema de 1946/64 e o atual é a caracterização do formato
parlamentar dos partidos.
Enquanto o grau de fragmentação no período 1946/64 era moderado para médio na relação na
representação à Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa, no período 1986/98 as duas representações
legislativas vêm revelando-se altamente fragmentadas.
Enquanto os percentuais de votos válidos eram semelhante tanto para a Assembléia Legislativa como
para a representação estadual à Câmara dos Deputados no período 1946/64; no período de 1986/98, os
percentuais de votos válidos são mais significativos nas eleições para o governo do Estado do que para as
eleiç ões proporcionais (tabela 22), exceção feita nas eleições de 1998, quando os percentuais se eqüivalem nos
dois tipos de eleições supra citadas.
Enquanto os percentuais de votos inválidos (brancos e nulos) foram baixos no período 1945/1962; no
período 1986/98 estes percentuais foram altos, exceção feita nas eleições de 1998, provavelmente devido à
introdução do voto eletrônico.
O tamanho dos partidos mostra o sistema de 1946 mais concentrado, revelando um controle
sistemático da representação estadual à Câmara dos Deputados pelos grande partidos e uma tendência dos
partidos médios de dividir as influências no poder legislativo estadual, enquanto o sistema pós-1985 revela
claramente uma tendência de fragmentação crescente, expressa pelo controle da Assembléia Legislativa pelos
pequenos partidos e pela divisão de influência na representação à Câmara dos Deputados entre os grandes
partidos de um lado e os médios e pequenos partidos de outro.

36
- O PSTU surge a partir da expulsão da tendência Convergência Socialista do PT. O PSTU não apoiou a
coligação de esquerda em 1998, porque discordava da participação do PSB nesta aliança.
37
- O congresso do PCB em 1991, por maioria, decide mudar o nome para Partido Popular Socialista(PPS),
porém a minoria viria a ganhar na justiça o direito de formar um novo partido com o nome de PCB.
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Revista DADOS

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