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O legado de Lula: terra arrasada e uma esquerda mais arrasada ainda Colunistas
Celso Lungaretti
13/09/2018  Ambiente e

Cidadania
Amyra El Khalili

Cassiano Terra

Rodrigues

Consciência

Negra

Dicionário da

Cidadania

Eduardo Gudynas

Frei Betto

A comédia dos erros terminou melancolicamente. O que todos estávamos carecas de saber aconteceu: o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi declarado inelegível pela Justiça Eleitoral, pois é isto que deter‐ Fernando Silva
mina a Lei da Ficha Limpa.

Se sua condenação por corrupção e lavagem de dinheiro foi justa ou injusta, é algo a ser resolvido na es‐ Gabriel Brito
fera da Justiça Criminal, cujas decisões o Tribunal Superior Eleitoral não tem poder para questionar.

Se sua exclusão do pleito deveria se dar após uma sentença de 2ª ou 3ª instância, é algo a ser resolvido Gabriel Perissé
pelo Supremo Tribunal Federal, cujas decisões o TSE não tem poder para questionar. O certo é que, desde
2010, a condenação em 2ª instância vem sendo considerada suficiente.
Guilherme
E todas as decisões do TRF-4, do STJ e do STF foram no sentido de que nem a sentença do Lula seria
Delgado
cancelada, nem a inelegibilidade após a 2ª instância revista neste momento. O que vimos no último dia 31
foi apenas a confirmação da derrota anunciada – e pelo acachapante placar de 6x1! Joana Salém

Assim, por que o PT insistiu tanto em manter um candidato a presidente fantasma até cinco semanas Vasconcelos
antes do 1º turno? Cabe aqui uma recapitulação.
Léo Lince

O partido foi gerado em plena ditadura militar, daí seu manifesto de fundação, aprovado em fevereiro de
1980, ter adotado uma linguagem um tanto cautelosa (mas, ainda assim, perfeitamente compreensível) Luiz Eça
para comunicar que o fim do capitalismo e a construção de uma sociedade igualitária e livre seriam os
objetivos últimos de sua atuação:
Marcelo
"...As riquezas naturais, que até hoje só têm servido aos interesses do grande capital nacional e internaci‐
Castañeda
onal, deverão ser postas a serviço do bem-estar da coletividade.  
Paulo Metri
Para isso é preciso que as decisões sobre a economia se submetam aos interesses populares. Mas esses in‐
teresses não prevalecerão enquanto o poder político não expressar uma real representação popular, fundada
nas organizações de base, para que se efetive o poder de decisão dos trabalhadores sobre a economia e os Paulo Passarinho
demais níveis da sociedade...

...É preciso que o Estado se torne a expressão da sociedade, o que só será possível quando se criarem condi‐
ções de livre intervenção dos trabalhadores nas decisões dos seus rumos...  
...O PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não Ramez Philippe
haja explorados nem exploradores..."
Maalouf
Mas, logo na sua primeira década de existência o partido já desistiu informalmente da meta revolucio‐
nária, expurgou as tendências internas que a priorizavam e passou a objetivar apenas a conquista de posi‐
Telma Monteiro
ções de poder dentro do capitalismo, não mais para construir uma sociedade igualitária, mas sim para
proporcionar pequenas melhoras aos trabalhadores.
Virgílio Arraes
As eleições foram significando cada vez mais para o PT, enquanto a participação nas lutas sociais ia pas‐
sando para segundo e até terceiro plano. Wladimir Pomar

As consequências de sua furtiva guinada ideológica não se evidenciaram no século passado (porque es‐ Ex colunistas
tava na oposição), nem durante os dois mandatos presidenciais de Lula (porque o bom desempenho das
commodities brasileiras lhe permitia cumprir a promessa de botar um pouco mais de pão na mesa dos Fábio Luís
trabalhadores, embora sem retirá-lo da esbórnia dos privilegiados, tanto que nossa escandalosa desigual‐
dade econômica em nenhum momento diminuiu).
Henrique Júdice

Quando a crise capitalista se aguçou sobremaneira na presente década, o cobertor foi ficando cada vez
mais curto para cobrir tanto a cabeça de uns quanto os pés dos outros. A presidente Dilma Rousseff, con‐
Jorge Almeida
tudo, apostou em que conseguiria manter a política de conciliação de classe, desde que fizesse o Brasil
crescer o suficiente para os bancos continuarem comemorando recordes de faturamento a cada mês e
para os pobres seguirem deslumbrados com o maravilhoso mundo do consumo, ao qual haviam obtido li‐
Luiz Antonio Magalhães
mitado e endividado acesso.

Recorreu às fórmulas desenvolvimentistas de seis décadas antes, tentando fazer o carro da economia Mateus Alves
pegar no tranco graças aos investimentos estatais. Mas, como o relógio da História não anda para trás,
colocou a economia brasileira no rumo de uma formidável recessão.
Osiris Lopes Filho
A hora da verdade chegou em 2014, quando fatalmente não conseguiria reeleger-se a partir dos méritos
de seu governo e de esperanças que ainda fosse capaz de despertar.
Waldemar Rossi

Como tábua de salvação, ocultou dos eleitores (por meio das famosas pedaladas fiscais) o estado cala‐
mitoso das finanças públicas; satanizou adversários exagerando verdades e espalhando as mais cabe‐
Achille Lollo
ludas mentiras; e praticou um imoral estelionato eleitoral ao prometer salvar os brasileiros das reformas
neoliberais que seus malvados rivais imporiam, ao passo que ela, a angelical, jamais o faria...

Desde então, o PT passou cada vez mais a sobreviver politicamente à custa de fantasias e embromações.

Depois de cumprir uma por uma todas as etapas do ritual do impeachment e ser derrotado em todas,
passou a atribuir sua perda de poder a um monumental golpe... que nada mais foi do que a secular preva‐
lência dos interesses e desejos da classe dominante na sociedade brasileira. Só ingênuos esperavam que
sucedesse o contrário.

Com isto e mais o Fora Temer, o PT conseguiu tirar de foco os terríveis erros por ele cometidos, que pos‐
sibilitaram a derrubada de Dilma mediante um mero piparote parlamentar; e a constatação de que não
adiantava mais eleger presidentes se eles podiam ser deseleitos pelo poder econômico quando este bem
entendesse.

Todas as prioridades do partido foram colocadas em xeque pela dura realidade, mas os dirigentes do PT
conseguiram espertamente driblar o processo de crítica e autocrítica no qual suas culpas se evidencia‐
riam, ao mesmo tempo em que seriam lançadas as bases para uma atuação política atualizada. Sal‐
varam-se os ineptos à custa de sacrificar o futuro: que mágica besta!  

Que foram adotados dois pesos e duas medidas é o óbvio ululante, mas as alegações de inocência, tanto
no impeachment quanto nos processos por corrupção, nunca passaram de lorotas inverossímeis; o mar
de lama existiu mesmo e as práticas que teoricamente ensejariam cassação de mandatos, idem.

Aos olhos dos cidadãos com um mínimo de espírito crítico, o PT, ao evitar reconhecer seus erros, igualou-
se às agremiações convencionais, perdendo o status de partido diferenciado e confiável. Acreditar nele
passou a ser um ato de fé; e não é com fanáticos que se constrói uma sociedade emancipada.
Para manter a narrativa do golpe e a narrativa do preso político, criou-se o roteiro de um espetáculo de
mafuá: a farsa do candidato fantasma, que só serviu para travar a campanha eleitoral e oxigenar o candi‐
dato do DOI-Codi, que explora, da forma mais grotesca e obtusa, os filões do anticomunismo e do antipe‐
tismo .

Quem disse "depois de mim, o dilúvio" foi o rei francês Luís XV, e a profecia se cumpriria com seu neto
Luís XVI sendo guilhotinado na Grande Revolução Francesa.

Que dilúvio nos legará esse outro Luís? Uma coisa é certa: ele sai de cena deixando atrás de si uma terra
arrasada e uma esquerda mais arrasada ainda.

Celso Lungaretti é jornalista e ex-preso político.


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