Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
2010
662
Problemas Nacionais v. 56
Conferências pronunciadas nas reuniões
semanais do Conselho Técnico da
Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo
Sumário
O Brasileiro ............................................................... 3
Nelson de Mello e Souza
Síntese da Conjuntura
Vento a favor ........................................................... 85
Ernane Galvêas
A íntegra das duas últimas edições dessa publicação estão disponíveis no endereço
www. portaldocomércio. org. br, no link Produtos e Serviços – Publicações – Periódicos.
Brasília
SBN Quadra 01 Bloco B no 14, 15o ao 18o andar
Edifício Confederação Nacional do Comércio
CEP 70041-902
PABX (61) 3329-9500 | 3329-9501
E-mail: cncdf@cnc. com. br
Rio de Janeiro
Avenida General Justo, 307
CEP 20021-130 Rio de Janeiro
Tels. : (21) 3804-9241
Fax (21) 2544-9279
E-mail: ctec@cnc. com. br
Publicação Mensal
Editor-Responsável: Gilberto Paim
Projeto Gráfico:
Assessoria de Comunicação/Programação Visual
Impressão: Gráfica Ultraset
***
Não obstante todos os seus méritos, não lhes foi possível livrar-se
inteiramente das limitações da época. Alguns continuaram a envolver
sua ciência em posições ideológicas herdadas desse mesmo passado
que se corrigia. Só para ilustrar um caso paradigmático tanto Oliveira
Vianna quanto Azevedo Amaral continuaram a manter suas visões
deterministas com base em diferenciais étnicos. Aos olhos da crítica
contemporânea distorções similares podem ser percebidas na obra
de muitos outros. É visível aqui e ali respingos teóricos envolvidos
pelo determinismo climático herdado de Buckle e Huntington em
Gilberto Freyre, por exemplo, além do curioso uso que esse consa-
grado clássico faz de conceitos como “sangue africano” e “ sangue
infiel”. Tão claras violações antropológicas aparecem com frequência
em Casa Grande e Senzala. Por outro lado, generalizou-se nessa déca-
da, estimulada pela obra de Caio Prado Jr., a adoção da perspectiva
reducionista de perfil marxista.
Se outra fosse sua visão da história não lhe teria sido difícil adotar
essa perspectiva. Afinal, bem antes de Varnhagen, um jesuíta que não
era historiador muito menos sociólogo, João Antonio Andreoni, o
Caio Prado por seu lado, monta sua interpretação propondo o enten-
dimento da formação do Brasil pela arquitetura socioeconômica de
um sistema espoliativo adotado pela Metrópole. O objetivo exclusivo
era o de sugar para si os recursos da colônia. Na feliz expressão de
Alfredo Bosi, seria essa a “dialética da colonização”. Trata-se de um
determinismo histórico imposto.
Justamente por isto nossa alma coletiva foi tocada pelo fato histórico
da Independência, quando “nos tornamos império antes de nos tornar
nação”. Tentou-se um “despertar” da consciência nacional. A ponto
de ser relativamente comum a curiosa mudança de nomes para adotar
nomes indígenas e até topônimos índios por parte de membros de
nossa elite. O movimento romântico, que o seguiu, foi também um
Essa descrição de fatos é trabalho para outra ocasião. Por ora é per-
tinente apenas levantar a questão de ser problemático aceitar desde
logo a formação prematura de uma consciência de nossos interesses,
assumindo posição contra a espoliação da Metrópole, defender que
nos sentimos como uns desterrados em nossa própria terra e de
termos como modelo formador de nossa nacionalidade a sociedade
patriarcal nordestina.
14. A história dos 200 anos seguintes mostrou como esses projetos
eram prematuros e como era poderosa a sua componente utópica.
Contudo a procura dessa paz e a construção de novas ordens inter-
nacionais que devem se renovar para refletir realidades cambiantes e
onde cada vez mais temas e mais atores interagem iria continuar e esse
seria reiteradamente visto como o caminho a seguir pela sociedade
internacional sobretudo quando as guerras entre grandes potências
foram ficando mais onerosas em termos materiais e humanos e sua
relação custo-benefício difícil de sustentar. Com a chegada das armas
de destruição em massa a equação foi profunda e, talvez, definitiva-
mente alterada.
23. Uma série de fatores levaram (como era fácil prever) ao esgota-
mento desse modelo: a crescente complexidade da vida internacional,
os limites do poder norte-americano, a inserção de novos temas na
agenda de caráter nitidamente global (o meio ambiente e os direitos
humanos sendo os mais visíveis), a eclosão de novos radicalismos de
que o “11 de Setembro” é a mais dramática ilustração e a emergência
de umas poucas outras novas grandes entidades nacionais (penso aqui
nos BRIC) como atores indispensáveis na definição dos rumos da
vida internacional no começo do século XXI. Sem falar nos custos
de duas guerras simultâneas e até agora longe de serem conclusivas
no Iraque e no Afeganistão.
24. Essa talvez longa introdução me traz ao meu tema central para o
nosso encontro que é procurar entender o que os BRIC representam e
podem representar no desenho do novo relacionamento internacional.
29. Diante de uma grande crise – como aquela que ainda atravessa-
mos – e com a necessidade de agir com extrema urgência o único
caminho possível era aproveitar e dinamizar algo que já existisse:
assim foi escolhido, para conter e talvez apagar o incêndio, o G-20
de respeitável trajetória como foro de aproximação e consultas dos
responsáveis pelas finanças das 20 principais economias mundiais.
Ao serem atribuídas ao G-20 novas tarefas e funções aproveitou-se
o que já existia embora perdure entre muitos a convicção de que o
G-20 é numeroso demais para que possa manter os níveis de eficácia,
coesão e velocidade de tomada de decisões que caracterizavam o G-6
original aos quais se juntou mais tarde o Canadá formando o G-7 e,
depois, a Rússia configurando o atual G-8.
31. A letra G está sobrecarregada. São muitos os grupos que ela abriga
desde um eventual mas improvável G-2 (que reuniria apenas os Esta-
dos Unidos e a China) até o G-77 que apesar de guardar o número de
sua composição original acolhe hoje 130 países em desenvolvimento.
37. Poderia alongar essa lista onde faltam ainda umas poucas entidades
marcadas pela seletividade de sua composição mas seria alongar-me
além do tempo de que disponho. Acentuo apenas como o fracasso
nas tentativas de reformar o sistema das Nações Unidas tem levado
a que se criem sistemas de circulação e controle periféricos alguns
nascidos para terem uma vida precária mas que continuam ativos
e valiosos enquanto não se faz a indispensável revisão do sistema
central de gestão da sociedade internacional.
43. Já os BRIC não são farinha do mesmo saco. Três dos quatro
BRIC são importantes potências nucleares e espaciais; nós e a Índia
somos democracias representativas; a Rússia é uma democracia ainda
marcada por importantes vestígios do modelo autoritário anterior
enquanto que a China, governada por um partido único, é uma com-
plexa e mesmo inédita atualização do comunismo.
44. A China e a Índia não são apenas civilizações seminais como são
também o berço de importantes religiões. Quase o mesmo pode ser
dito da Rússia com a sua Igreja Ortodoxa e, sobretudo, se identifi-
carmos o marxismo-leninismo como uma quase religião laica o que
parece claro em várias de suas manifestações. O Brasil por formação
e cultura se aproxima muito mais dos valores expressos pelo G-8 do
que das matrizes dos seus sócios no Club dos BRIC.
45. Seria lícito então perguntar se um quarteto tão díspar pode encon-
trar denominadores comuns e agir de forma concertada. A resposta
só será afirmativa se as ambições de coordenação entre os BRIC
forem modestas, sobretudo no início, e se houver a busca pragmática
daquilo em que podemos nos colocar de acordo.
52. Não parece provável que, no curto prazo, possam os BRIC ter
um impacto significativo – como grupo – sobre a paisagem ma
croeconômica mundial. Como disse antes os quatro sócios, por
algum tempo, deverão continuar a ter uma influência que deriva mais
de suas massas críticas individuais do que como decorrência de sua
capacidade de definir e implementar uma ação coordenada.
56. Existe, acredito, um amplo espaço para que atores não gover-
namentais (acadêmicos, empresariais etc.) aproveitem o impulso
que o projeto BRIC oferece e que, como decorrência do exercício
entre brasileiros, indianos, russos e chineses, se proceda a um amplo
exercício de busca de conhecimento mútuo e de identificação de
oportunidades.
A circunstância colonial
Sabe-se que o ter tido cargos nas câmaras municipais isentava os ofi-
ciais de serem executados nas “fábricas dos seus engenhos”; trata-se
de uma portaria de 4 de dezembro de 1694. Também Gaioso refere à
Por extensão desse espírito da lei, também aos tabeliães era proibi-
do que pai e filho, irmãos, primos em primeiro grau e tio e sobri-
nho possuíssem cartórios na mesma vila e cidade. O jurisconsulto
Phoebo, comentando as Ordenações Manuelinas, dizia que “o cos-
tume havia revogado essa Ordenação”, no que seria contestado por
Pegas a propósito das Filipinas, embora esse reconhecesse a existência
de jurisprudência a favor desse entendimento no século XVII.
“De tudo o que tenho mostrado se colhe, por consequência, que uma
só cabeça não pode servir a muitos corpos, nem uma só voz faz em
consonância a muitos coros, e que a suma grandeza não pode existir
muito tempo sem ruína sua e prejuízo do mundo, pois as grandes
monarquias são como as árvores de mais sublime altura e de mais
grossos troncos que, em vindo ao chão, oprimidas de seu próprio
peso ou combatidas dos rigores do tempo, levam debaixo de si muitas
de menor grandeza, e os anos que permanecem superiores às outras,
a todas humilham e assombram, e que no equilíbrio das repúblicas
pode conservar-se o mundo, pois se assim como no microcosmo
do corpo humano, que também é muito abreviado e se compõe de
qualidades contrárias, mas em competente grau proporcionadas, ne-
nhum com excesso considerável crescer e se avantajar às outras, não
perigará a vida, assim também, se no mundo material as potências
*•*
10 Antonio Vanguerve Cabral, op. cit., parte II, p. 44, com previsão
nas Ordenações, L. I, tít. LXV.
Sydney A. Latini
Economista
A
“ indústria do automóvel vem sofrendo os efeitos da crise eco-
nômica global mais do que muitos outros setores. Tão profun-
damente, de fato, que está sendo compelida a repensar seu modelo
empresarial completamente. Cada crise faz-nos reconsiderar nossa
maneira tradicional de ver as coisas. Essa última crise está nos obri-
gando a agir nessa direção mas com a complexidade adicional, que já
vem se configurando há muito tempo, de adotar soluções coerentes
do ponto de vista ambiental.”
A BYD é tida como uma das mais avançadas do mundo nas pesqui-
sas para o desenvolvimento de modelos elétricos e híbridos. O seu
modelo híbrido F3DM, recarregável, custa o equivalente a R$ 35
mil, metade do preço estimado para o Volt, a grande aposta da GM.
De fato, não falta apoio aos elétricos. O Presidente Obama deseja ter
um milhão de veículos na ruas até 2015, com incentivos financeiros.
É preciso considerar, porém, o aumento de consumo de energia
elétrica e o consequente aumento de combustível fóssil para sua
geração e os investimentos necessários para alimentar milhões de
veículos. Ninguém pode ser contra o carro elétrico – econômico,
silencioso e não poluente – mas sem resolver a equação peso-preço-
volume-autonomia-abastecimento, que há mais de um século teima
em resistir, se alcançará apenas uma solução de nicho e não produção
em grandes séries.
Referências:
13 – Fernando Calmon:
Ernane Galvêas
Ex-Ministro da Fazenda
Para ser objetivo, qual a inflação que amedronta o BC? A inflação que
vem de fora, do mercado internacional, das Bolsas de Commodities? A
inflação dos preços administrados (energia, comunicações, escolas,
saúde)? A inflação produzida pelos choques de oferta de alimentos
(por deficiência de um mecanismo regulador do estoque) ou da ação
intempestiva da Vale, duplicando o preço do minério de ferro?
O clima e o homem
Atividades econômicas
Indústria
Agricultura
Mercado de trabalho
Setor financeiro
Inflação
Ainda pressionado por uma forte alta dos alimentos, o IPCA ficou
em 0,52% em março, abaixo do 0,78% de fevereiro, acumulando alta
de 5,17%, em 12 meses. No primeiro trimestre, o IPCA subiu 2,06%.
Setor externo