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Saulo Mota

Temas contemporâneos
em psicologia
Sumário
CAPÍTULO 2 – TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM PSICOLOGIA................................................ 05

2.1  Direitos Humanos: Gênero, Família e Instituições...............................................................................05

2.2  O gênero, para além da binaridade homem e mulher....................................................... 09

2.3  A prática do psicólogo e a defesa dos direitos das populações LGBTTQ?.................... 13

2.4  Como nascem as famílias? Novas configurações familiares: os desafios para a Psicologia.14

2.5  A terceirização da vida para as instituições: uma demanda contemporânea?.............. 19

03
Capítulo 2 Temas Contemporâneos
em Psicologia

1  Introdução
Na Unidade 2, vamos discutir a relação entre Direitos Humanos e as práticas contemporâneas
do psicólogo. Retomaremos a importância dos Direitos Humanos na contemporaneidade
contextualizando sua relação com a prática do psicólogo. Nessa perspectiva, enfocaremos as
violações dos direitos das pessoas cuja identidade de gênero não é heterossexual, evidenciando
as conquistas dos movimentos LGBT nesse contexto e o modo como o psicólogo pode atuar na
defesa de tais direitos.

Em seguida, abordaremos os diferentes arranjos familiares na contemporaneidade, abrangendo


o fenômeno da fluidez e da efemeridade das relações amorosas contemporâneas e a formação
de novos arranjos familiares. Trataremos os desafios para a prática do psicólogo no atendimento
às famílias que não se configuram heteronormativas.

E, por fim, trataremos do fenômeno da terceirização dos cuidados das crianças para as
instituições, identificando-o historicamente e localizando-o diante das demandas sociais
contemporâneas. Assim, estudaremos alguns aspectos e efeitos da formação de crianças por
pais com grandes jornadas diárias de trabalho, relacionando o papel das instituições (como
creche ou escola) com o da família nesse contexto.

2.1  Direitos Humanos: Gênero, Família e Instituições

2.1.1  Direitos humanos e contemporaneidade

Para um melhor entendimento da relação entre Direitos Humanos e as práticas contemporâneas


do psicólogo, vamos discutir alguns conceitos relacionados a esse contexto.

2.1.2  Qual é a importância dos Direitos Humanos no mundo


contemporâneo?

Os Direitos humanos são comuns a todos os seres humanos sem distinção alguma de cor da pele,
sexo, etnia, “faixa etária, incapacidade física ou mental, nível socioeconômico ou classe social,
nível de instrução, religião, opinião política, orientação sexual” (BENEVIDES, 2007, p. 337).

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Gestão de pessoas

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi promulgada em 1948, após a II Grande
Guerra Mundial, no período da criação da Organização das Nações Unidas. Os Estados
Unidos da América, junto aos demais países do mundo, assinaram o documento reconhecendo
que “o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que
ultrajaram a consciência da Humanidade”. Declaravam buscar um “mundo em que todos
gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da
necessidade” (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 2009, p. 2).

Além de buscar evitar um novo holocausto e as barbáries das guerras mundiais, os Direitos
Humanos defendem ainda a igualdade de direitos de povos que historicamente foram
mortos e explorados. Durante 400 anos, considerou-se que o negro africano, assim como seus
descendentes, não tinha direitos, porque não os merecia, pois não era considerado pessoa, mas
sim “propriedade”, sobre a qual valia apenas “a lei” dos donos. Ou seja, prevalecia a ideia
de que “ser pessoa e ter direitos”, inclusive o direito à vida, dependia de certas condições, tais
como a etnia e a cor da pele (BENEVIDES, 2007).

Em diferentes momentos históricos, os Direitos Humanos motivaram práticas sociais diversas.


Os princípios desses direitos decorrem da adesão teórica e concreta dos países democráticos
a outras declarações como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789,
inspirada nos princípios da revolução francesa e nos princípios libertários formulados pelos
filósofos iluministas do século XVIII europeu (PATTO, 2003). Nesse período, os países democráticos
aderiram aos princípios das liberdades individuais, ou direitos civis, consagrados em várias
declarações e constituições de diversos países. No século XIX e meados do século XX, esses
mesmos países aderiram aos direitos sociais, ligados ao mundo do trabalho, como o direito ao
salário, jornada fixa, seguridade social, férias, previdência, etc. (BENEVIDES, 2007).

O caráter histórico dos Direitos Humanos é exatamente o que justifica a necessidade de sua
existência. Hoje, a defesa, a proteção e a promoção de tais direitos são critérios para que
se possa identificar uma democracia, ou até mesmo avaliar quão democrático é um sistema
político, ou uma sociedade (SILVEIRA, 2007).

2.1.3  Qual é a relação entre os Direitos Humanos e a prática do


psicólogo?

Os Direitos Humanos vêm sendo cada vez mais inseridos no campo de trabalho dos psicólogos.
É possível dizer que diante da direção que as sociedades democráticas vêm tomando, a
Psicologia tem se ocupado cada vez mais com as demandas expressas na Declaração Universal
dos Direitos Humanos (SILVEIRA, 2007).

Em seu campo de atuação profissional, o psicólogo é produtor de discursos e “analista da


realidade”, devendo agir e pautar seu trabalho de forma ética e crítica (COIMBRA, 2003).
Nesse sentido, deve basear “o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da
dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam
a Declaração Universal dos Direitos Humanos”, conforme preconiza o Conselho Federal de
Psicologia (2005, p. 7). Porém, de que forma os saberes e as práticas da Psicologia podem
contribuir para a defesa e a promoção dos Direitos Humanos?

Aos psicólogos é demandada uma atuação em rede, ou seja, em complementaridade técnica


com outros profissionais, de maneira a considerar cada pessoa como sujeito de direitos e
protagonista de sua própria história, atuando na contramão da mera adaptação, avaliação e
patologização (PATTO, 2007).

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Observa-se que ainda hoje muitas “avaliações resvalam para a produção ou reprodução de
rótulos, tão ou mais cruéis quanto estigmatizadores e totalizantes: o drogado, o viciado, o
deficiente, o perigoso, o delinquente, o espancador, o abusador” (ARANTES, 2007, p. 22). É
fundamental que o psicólogo compreenda claramente o caráter problemático dessas categorias,
provenientes, em grande parte, “do jargão médico-jurídico-policial e pensadas duplamente
como crime e como doença” (ARANTES, 2007, p. 22).

Nesse sentido, o papel do psicólogo no sistema de garantias de direitos, junto ao de outros


profissionais, passa a ser o de um protetor e um viabilizador de direitos, devendo ter
conhecimento da legislação, buscando o fortalecimento de práticas e espaços de debate, na
direção da autonomia e do protagonismo dos usuários (AZEVEDO ROSSINI, 2012).

A ação preventiva, ao invés da ação punitiva, pode ser compreendida como um ponto de
partida para o crescimento individual e de uma comunidade, pois favorece a reflexão e o
despertar de uma consciência crítica da sociedade, dos seus valores, dos comportamentos e das
suas diferenças. Portanto, concretizar ações preventivas é investir a médio ou longo prazo na
cidadania, na igualdade e na garantia de direitos humanos.

Dessa forma, a prevenção se materializa na adoção de uma atitude responsável direcionada


às pessoas e suas famílias. Com esse propósito, um trabalho preventivo desenvolver-se-á no
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Nessa perspectiva, o objetivo último da prevenção é procurar evitar que as pessoas se envolvam
em situações de risco e vulnerabilidade, e que não causem danos pessoais e sociais àqueles com
quem convivem ou se relacionam (AYRES, 2009).

Capa do evento vento promovido pela Comissão de Direitos Humanos do CFP.


Fonte: Conselho Federal de Psicologia.

2.1.4  Direitos Humanos e a prática do psicólogo em situações de


vulnerabilidade social

A noção de vulnerabilidade é o principal referencial teórico para as estratégias de prevenção


DST/AIDS no Brasil. Originária dos Direitos Humanos, ela amplia a compreensão sobre os
fatores que levam as pessoas a se infectarem pelo HIV, rompendo com as abordagens que se
fundamentavam exclusivamente nas dimensões biológicas e individuais do vírus (PAIVA, 2012).

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Gestão de pessoas

A noção de vulnerabilidade critica o conceito de risco epidemiológico, referência que pautou


as primeiras ações para conter a disseminação da AIDS no mundo. Um dos principais aspectos
criticados foi a racionalidade que não correspondia à complexidade desse fenômeno, que
é simultaneamente atravessado por aspectos biológicos, manifestações comportamentais e
marcadores socioeconômicos (AYRES et al., 2003; MANN; TARANTOLA; NETTER, 1993). Nas
décadas de 1970 e 1980, passou-se a considerar insatisfatórias as respostas das ciências
médicas para complexos problemas de saúde, como a AIDS, e foi necessário ampliar a
compreensão da sua interação com fatores econômicos, culturais, sociais e ambientais. Sendo
assim, passou-se a produzir teorias que buscavam explicar tais problemas a partir do conceito
de vulnerabilidade, tendo como foco a determinação social (CARVALHO; BUSS, 2012;
MAFFACCIOLLI; OLIVEIRA; BRAND, 2017).

Portanto, para abordarmos a noção de vulnerabilidade, é necessário deslocar o foco da


análise do indivíduo para as configurações do contexto social, considerando a singularidade da
comunidade em que vive cada sujeito. Assim, alguns fatores sociais e culturais são determinantes
para o aumento da vulnerabilidade como a falta de informação, de serviços básicos como saúde,
educação, saneamento básico, dentre outros. Assim, a situação de vulnerabilidade “não se constitui
como característica própria do indivíduo, mas como resultado da combinação de determinados
arranjos sociais e políticos que vão incidir sobre os sujeitos” (GUARESCHI et al., 2007, p. 20).

Paiva (2012) afirma que essa perspectiva preconiza a reorientação do modelo de atenção centrado
no modelo individualizado, na doença, para um modelo de atenção à saúde que busca concretizar o
princípio da integralidade, que prioriza a qualidade de vida das pessoas e do meio em que vivem.

No campo da Saúde, dentre os paradigmas do Sistema Único de Saúde, a integralidade


pode ser tomada como proposição ética e norteadora do trabalho, e pode ser entendida
na sua dimensão tecnológica a partir de três componentes: os cuidados com o indivíduo, o
trabalho interno aos estabelecimentos e a articulação em rede entre os serviços. Os cuidados
com o indivíduo dizem respeito à atitude do profissional diante do usuário do serviço de saúde,
que deve ampliar o potencial do encontro abrindo a escuta para a identificação de outras
necessidades de saúde, além da queixa manifesta, buscando a construção de projetos de
vida. O trabalho interno ao estabelecimento enfatiza que o cuidado integral do usuário não
depende exclusivamente de um único profissional, de modo que possa ser articulada uma equipe
de profissionais com diferentes saberes que possibilite uma compreensão de necessidades
das pessoas atendidas que inicialmente não estavam previstas em sua organização. E, por
fim, a articulação em rede entre os serviços propõe a articulação entre diversos serviços de
distintas políticas públicas para responder a todas as necessidades que emergem no cotidiano
do trabalho. As melhorias de condições de vida são alcançadas por meio da articulação de
diversos serviços e setores da socie dade, sendo necessário criar maneiras de promover o
acesso de todos a esses serviços (FERRAZ; NEMES, 2012).

NÃO DEIXE DE LER...


Visite o site do Instituto Ethos: <http://www.ethos.org.br>. O Instituto Ethos atua desde 1998 na
promoção de responsabilidade social empresarial. Sua missão é “mobilizar, sensibilizar e ajudar
as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsá-vel, tornando-as parceiras na
construção de uma sociedade sustentável e justa”. Sem fins lucrativos, promove estudos na área,
divulga práticas que são referência em susten-tabilidade empresarial e constrói ferramentas de
apoio à gestão responsável.

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NÃO DEIXE DE LER...
Conhece o vídeo do CRP-SP sobre direitos humanos? https://www.youtube.com/watch?v=eWevQkIuaYY

NÃO DEIXE DE VER...


Que um dos princípios fundamentais do Código de Ética do Psicólogo está baseado nos Direitos
Humanos. https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf

NÃO DEIXE DE CONHECER?


Conheça a psicóloga Dra. Ana Bock, que foi Presidente do Conselho Federal de Psicolo-
gia. Segue um vídeo dela comentando a importância dos direitos humanos na psicologia.
https://www.youtube.com/watch?v=WIViYKkT-Uo

SAIBA MAIS...
Pesquise e descreva três situações nas quaias é possível identificar a relação entre a Declaração
Universal dos Direitos Humanos na prática do psicólogo em situações de vulnerabilidade social.

2.2  O gênero, para além da binaridade homem


e mulher

2.2.1  Qual é a relação entre sexo e gênero?

A noção de gênero é problemática e precisa ser pensada em meio a transformações históricas,


políticas e sociais sustentadas por diferentes relações de poder. Na década de 1950, junto a
Simone de Beauvoir, as feministas demandavam igualdade social e política com relação aos
homens. Em 1970, a reivindicação altera seu foco do reconhecimento da diferença sexual para
a diferença de raça e de classe social. Em um terceiro momento, na década de 1990, a ênfase
se direciona para a legitimação de novos modelos de identidade (DUNKER, 2017).

Em 1990, em Problemas de gênero, Judith Butler (2003) aponta a prevalência da


heteronormatividade na contemporaneidade, fundamentada na concepção binária dos sexos
e dos gêneros. Tal concepção aponta que as características sexuais anatômico-fisiológicas,
as nomeações sociais de gêneros, os desejos e práticas sexuais devem ser concordantes,

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Gestão de pessoas
equivalentes. E aqueles sujeitos que não estão adequados a esse sistema e não correspondem
aos gêneros masculino e feminino, são muitas vezes invisibilizados e patologizados.

Nesse sentido, é possível dizer que a heteronormatividade é uma reiteração da norma sobre o
corpo, gênero e sexualidade, que busca a regulação do gênero como forma de manter a ordem
heterossexual, trata-se, portanto, de uma relação de poder normativa (POCAHY; NARDI, 2007).

Contudo, além de uma crítica à segregação e discriminação de gênero, tal abordagem trouxe
outras contribuições como a crítica às abordagens que referem as patologias “mentais” a
identidades individuais, diferentes das identidades sexuais heterossexuais.

Contra as hipóteses de que a estrutura binária de sexualidade é natural e a única saudável,


Butler (1990) propõe a hipótese de que o gênero em um ato performativo. “Palavras, gestos e
atos expressos reiteradamente criam a realidade dos gêneros” (DUNKER, 2017, p. 18).

Concebida originalmente para questionar a formulação de que a biologia é o destino, a


distinção entre sexo e gênero atende à tese de que, “por mais que o sexo pareça intratável
em termos biológicos, o gênero é culturalmente construído”. Ou seja, o gênero não é nem
o resultado causal do sexo, nem tampouco tão aparentemente fixo quanto o sexo. Assim, a
unidade do sujeito já é potencialmente contestada pela distinção que abre espaço ao gênero
como interpretação múltipla do sexo. (BUTLER, 2003, p. 24).

A partir do momento que o gênero passa a ser compreendido como independente do sexo, ele
se torna um artifício provisório (BUTLER, 2003). Nessa perspectiva, é a repetição de atos, gestos,
discursos, de modo estilizado, que produz esse efeito e a crença na existência essencial dos
gêneros. É dessa maneira que os corpos adquirem aparências de gêneros. “A repetição imitativa
pode ocorrer como paródia, como citação ou como iteração, organizando atos performativos que
criam a ilusão de substância, unidade, coerência e identidade” (DUNKER, 2017, p. 3).

Como afirma Butler (2003, p. 28), “gênero é uma espécie de imitação persistente, que passa
como real”. Veremos a seguir como se constituíram as diferentes categorias de identidade de
gênero no contexto brasileiro.

2.2.2  Quais são e como se constituíram as novas categorias de


identidade de gêneros?

As identidades podem ser definidas em termos relacionais e/ou como categorias, e organizam
e descrevem a experiência da sexualidade das pessoas. Mais do que isso, tanto na sociedade
brasileira quanto nas demais nacionalidades, as identidades se tornaram instrumentos para
reivindicação por respeito e garantia de direitos. As identidades de gênero e identidades
sexuais são históricas e culturalmente construídas como respostas políticas aos contextos de
iniquidade e compõem uma “estratégia das diferenças” (SIMÕES; FACCHINI, 2009).

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É possível dizer que os contemporâneos movimentos LGBTT são produtos de um complexo processo
de reelaboração do termo “homossexual” estabelecido em teorias do campo das ciências médicas
no século XIX. Tais teorias, por sua vez, viabilizaram a construção da moderna disciplina “sexologia”,
que produziu e organizou no início do século XX uma série de termos e expressões da sexualidade
humana que buscavam definir as condições biológicas e corporais, buscando identificar todo tipo
de anomalias, tratando de definir um modelo de sexualidade moral e “saudável”. Entendia-se
como saudável a “heterossexualidade”, composta a partir de identidade de gênero binária,
adequada ao sexo biológico, monogâmico e destinado à reprodução. (FACHINNI, 2009).

No Brasil, a epidemia de AIDS, na década de 1980, teve papel preponderante na organização


e na visibilidade dos movimentos LGBTT. No início de sua disseminação, a AIDS foi frequentemente
associada a práticas homossexuais, sendo referida como a “Peste Gay” no início dos anos 1980.
Classificava-se como “grupos de risco” os homossexuais, profissionais do sexo e usuários de drogas
injetáveis. Essa abordagem foi questionada por ser discriminatória, justificando a importância
da criação de estratégias específicas a essas populações, levando em consideração os aspectos
sociais, culturais, políticos e econômicos relacionados a elas. O princípio de “educação por pares”
foi adotado e possibilitou que os grupos que tinham dificuldade de obter recursos passassem a
obter financiamentos por agências de cooperação internacional. Esses financiamentos tiveram
papel importante para o desenvolvimento dos movimentos, inicialmente chamados de movimentos
homossexuais, para a criação de associações de profissionais do sexo e para a elaboração de
novas abordagens para antigos problemas, como o uso de drogas (FACHINNI, 2009).

Na década de 1980, a epidemia de AIDS teve, portanto, efeito de multiplicação e ampliação da


visibilidade multifacetada da homossexualidade. A epidemia deu ensejo a uma inusitada aproximação
entre ativistas homossexuais e autoridades médicas. Em 1985, foi criado o Grupo de Apoio e Prevenção
à AIDS (GAPA), em São Paulo, pelo médico Paulo Teixeira, tornando-se um referencial de orientação
não discriminatória e de defesa dos direitos dos afetados (FACHINNI, 2009).

O ativismo pelos direitos das diferentes identidades sexuais e de gênero voltou a crescer nos
anos 1990, quando encontros nacionais passaram a ocorrer com maior frequência, e com o
aumento de redes de grupos e associações. Em 1996 ocorreu o primeiro Seminário Nacional
de Lésbicas (SENALE). Travestis e transexuais se incorporaram a esses movimentos a partir
do primeiro Encontro Nacional de Travestis e Transexuais que Atuam na Luta contra a AIDS
(Entlaids), que ocorreu em 1993 (FACHINNI, 2009).

No século XXI, os movimentos LGBTT seguiram ampliando sua atuação em defesa de direitos humanos
e de resposta à epidemia de AIDS, vinculação a redes e associações internacionais de defesa dos
direitos humanos e direitos de gays e lésbicas, ação junto a parlamentares com proposição de
projetos de lei nos níveis federal, estadual e municipal, atuação junto a agências estatais.

NÃO DEIXE DE VER...


Você já viu os filmes: “Pra que time ele joga?” e “Medo de que?”

NÃO DEIXE DE CONHECER?


Jonathan Mann foi um médico americano que foi administrador da Organização Mundial de
Saúde e liderou a pesquisa inicial sobre a AIDS na década de 1980.

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Gestão de pessoas

NÃO DEIXE DE LER...


POCAHY, Fernando Altair; NARDI, Henrique Caetano. Saindo do armário e entrando em cena:
juventudes, sexualidades e vulnerabilidade social. Estudos Feministas, v. 15, n. 1, p. 45, 2007.

SAIBA MAIS...
A parada do orgulho LGBT de São Paulo é uma das maiores do mundo?

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/explicado/2017/06/17/A-trajet%C3%B3ria-e-as-


conquistas-do-movimento-LGBT-brasileiro” https://www.nexojornal.com.br/explicado/2017/06/17/A-
trajet%C3%B3ria-e-as-conquistas-do-movimento-LGBT-brasileiro

SAIBA MAIS...
Sabe o que é um Artigo de Opinião?

Saiba mais em: BOFF, Odete M. B.; KÖCHE, Vanilda S.; MARINELLO, Adiane F. O gênero
textual artigo de opinião: um meio de interação. ReVEL, v. 7, n. 13, 2009.

Fonte: www.shutterstock.com.br

Parada do Orgulho LGBTT RJ/ Brasil

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2.3  A prática do psicólogo e a defesa dos
direitos das populações LGBTTQ?
A resolução n.º 01/99 aponta no Art. 2° que o psicólogo deve procurar promover reflexões
“sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra
aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas” (CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA, 1999, p. 4). Nesse sentido, é fundamental o comprometimento do profissional
psicólogo em sua atuação com relação a formas de discriminação, violência e opressão. A
promoção da saúde e da qualidade de vida tem como uma das suas estratégias o combate a
“quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão".

Nessa perspectiva, a resolução no 01/99 aponta no Art. 3° que “os psicólogos não devem praticar
qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas”, assim
como é vetado ao psicólogo ações coercitivas que tendam a orientar homossexuais para tratamentos
que eles próprios não solicitaram (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 1999, p. 13).

A questão da livre expressão da sexualidade como um direito de cidadania tem certa


particularidade no Brasil, pois está diretamente ligada à desigualdade social, que reforça a
discriminação ligada à orientação sexual e às performances de gênero (POCAHY; NARDI, 2007).

Tal discriminação se apoia em discursos e práticas heteronormativos na vida cotidiana, em diversos


espaços e contextos. Uma das expressões mais preponderantes da heteronormativiade é a “homofobia”,
que é utilizada amplamente pelos movimentos GLBTT para nomear o ódio e a aversão aos homossexuais
e a todas as outras manifestações da sexualidade não hegemônicas (POCAHY; NARDI, 2007).

Ainda que o termo “homofobia” seja usado para atribuir sentido a muitas das violações dos direitos
humanos, apresenta problemas, uma vez que “fobia” remete tal discriminação a instâncias da psique
humana ou ao inconsciente, podendo justificar uma questão social, cultural e política com elementos
da ordem do não racional. Isso seria uma forma distorcida de entender o problema da violência
da norma sobre o gênero e a sexualidade, que se trata de uma violação de direitos. A noção
de homofobia, como vem sendo utilizada nos contextos GLBTT, nomeia todo tipo de violência e
discriminação contra prostitutas, transexuais, lésbicas e bissexuais (POCAHY; NARDI, 2007).

Para Pocahy e Nardi (2007, p. 49), “a homofobia não se limita a constatar uma diferença: ela
interpreta e tira suas conclusões materiais”. Os autores narram uma experiência de intervenção junto
a um grupo de jovens marcados pela vulnerabilidade social relacionada à discriminação étnica; aos
regramentos morais que valoram negativamente as expressões de sexo-gênero; às desigualdades
referentes à classe social; ao empobrecimento e à miséria (POCAHY; NARDI, 2007).

O trabalho de intervenção após intensa divulgação em espaços de sociabilidade homossexual


da cidade de Porto Alegre, como bares, boates e locais "abertos" de grande circulação de
jovens, além de ONGs e OGs (POCAHY; NARDI, 2007).

Com debates em torno de temáticas escolhidas pelos jovens, os pesquisadores buscaram


encontraram algumas condições de reversibilidade dos efeitos da heteronormatividade,
hegemônica na sociedade contemporânea, no modo como o grupo experimenta sua sexualidade.

Além de realização de oficinas, foram produzidas festividades planejadas pelos jovens, que
viabilizaram a ampliação de espaços de participação e reflexão, oferecendo visibilidade de
expressões políticas de modo receptivo (POCAHY; NARDI, 2007).

Foi ainda observada outra contribuição à defesa dos direitos civis no caso de uma jovem que,
depois de ter sido humilhada por um vendedor, procurou a ajuda policial para a defesa de
seus direitos. Ela tomou como apoio a ONG e os pesquisadores para comparecer à delegacia
para o registro da ocorrência. Na sequência, retornaram ao local onde ocorreu a violência

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Gestão de pessoas

acompanhados de um policial para indiciarem sujeito. Esse exemplo indica, para Pocahy e
Nardi (2007), as diversas faces do Estado, que se por um lado pode agenciar normalização e
discriminação, por outro pode buscar a garantia de igualdade de direitos.

Junto a outros profissionais, o psicólogo pode, portanto, articular diferentes estratégias que
ampliem a participação cidadã, política e cultural das pessoas com identidade de gênero
não heterossexuais, fortalecendo, inclusive, sua capacidade para conquistar e fazer valer seus
direitos, dentre eles, o direito ao casamento.

A seguir buscaremos trabalhar com a questão da formação das famílias no mundo contemporâneo
em suas diversas configurações possíveis.

2.4  Como nascem as famílias? Novas configurações


familiares: os desafios para a Psicologia
2.4.1  Como se constituem as famílias no mundo contemporâneo?
Casamentos homoafetivos, casais que decidem adotar um filho, filhos criados por avós, por tios,
irmãos mais velhos... São diversos os arranjos familiares que encontramos na contemporaneidade.

Frente a um cenário tão fluido e diversificado, cabe-nos a pergunta “O que é uma família?”.
Héritier (1991, apud CECCARELLI, 2007, p. 95) afirma que:

embora todo mundo acredite saber o que é uma família, é curioso constatar que por mais vital,
essencial e aparentemente universal que a instituição família possa ser, não existe para ela,
como é também o caso do casamento, uma definição rigorosa.

Elisabeth Roudinesco, historiadora e psicanalista francesa, professora na École Pratique des


Hautes Études, é autora do livro A família em desordem.

Roudinesco (2003) retoma Lévi-Strauss para lembrar que a vida familiar se apresenta em
praticamente toda a sociedade humana. Em seus estudos, Lévi-Strauss (1976) demonstra que a
família não é um fenômeno substancialmente natural, nem fundamentalmente biológico. A partir
de uma perspectiva histórica, a família se configura como uma expressão da cultura sobre a
natureza. Nesse sentido, a monogamia, por exemplo, não se tornou predominante na organização
familiar por razões biológicas, mas por razões de ordem religiosa, moral e econômica.

Para Roudinesco (2003), não basta definir a família a partir de um único ponto de vista.
Os arranjos familiares são tão diversificados quanto às culturas das quais fazem parte,
além dos contextos históricos. Sendo assim, interrogamo-nos: quais são os arranjos familiares
predominantes no século XXI? É possível definir o que seria a família na contemporaneidade?

Os arranjos familiares que aparecem na contemporaneidade são diversos, inclusive legitimados


oficialmente, como, por exemplo, a regulamentação do casamento gay no Brasil:

14 Laureate International Universities


NÃO DEIXE DE VER...
Destaque – Notícia do G1 – 15/05/2017:

“A regulamentação do casamento gay no Brasil completa quatro anos neste domingo (14), com
cerca de 15 mil registros oficializados em todo o país. O número representa um aumento de
51,7% em relação ao primeiro ano de vigor da norma, segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).”

Fonte: https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/casamento-gay-no-brasil-comple-
ta-4-anos-de-regulamentacao-leia-historias.ghtml.

Toda concepção de família carrega as marcas de seu tempo e de sua cultura.

Roudinesco (2003) apresenta três períodos na evolução da família:

•• 1. A família tradicional, considerada uma célula estável e submetida a uma autoridade


patriarcal, assegurava a transmissão de um patrimônio;

•• 2. A família moderna, que aparece entre o fim do século XVIII e início do XX, representando
uma ruptura com o modelo tradicional de família ao apontar a reciprocidade dos sentimentos.
Esse modelo valoriza a divisão do trabalho entre os cônjuges, apontando para uma divisão de
tarefas. “A atribuição da autoridade torna-se, então, motivo de uma divisão incessante entre o
Estado e os pais, de um lado, e entre os pais e as mães, de outro” (ROUDINESCO, 2003, p. 19);

•• 3. A família contemporânea, que aparece em meados dos anos 1960 e une dois indivíduos
em busca de realização. Nesse período, a transmissão da autoridade vai se tornando
cada vez mais frágil, o que impulsiona o aumento no número de divórcios, separações e
recomposições conjugais. Nesse momento, passa a prevalecer a democracia como aspecto
central dos laços conjugais.

No Brasil, destaca-se a divulgação e a legitimação do Estatuto da Criança e do Adolescente


no início dos anos 1990 (BRASIL, 1990). Nos anos 2000, houve uma mudança de termos nesse
documento: em vez de “pátrio poder”, passou-se a nomear “poder familiar”, trazendo a conotação
de que a responsabilidade pela criança e pelo adolescente é um dever compartilhado – e não
apenas do pai/ “pátrio poder”. Além disso, há uma distinção entre “família natural” (aquela
formada por pais ou por parentes próximos com os quais a criança, ou o adolescente, mantém
vínculos de afinidade e afetividade) e “família substituta” (formada a partir de situações de
guarda, tutela ou adoção). Isso significa que, legalmente, a noção de família é ampliada e não
mais restrita ao controle patriarcal.

Teperman (2009), em estudo realizado sobre o exercício da parentalidade na contemporaneidade,


afirma que, no que se refere aos arranjos familiares, a contemporaneidade permite dois modos de
aproximação: um modo voltado para a ideia de que as novas configurações familiares provocam
“a impossibilidade do exercício adequado das tarefas parentais”; e outro modo voltado para a
ideia de que, “apesar das diferentes e novas configurações que possa adquirir, a família resiste”.

SAIBA MAIS...
O exercício da parentalidade na contemporaneidade: um estudo sobre a transmissão.
Daniela Teperman

An 7 Col. LEPSI IP/FE-USP 2009

Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.


php?pid=MSC0000000032008000100029&script=sci_arttext.

15
Gestão de pessoas

É a essa resistência da família que se debruça a autora para abordar os possíveis legados
da transmissão. Ela lembra que os autores que se dedicam à investigação em torno da família
e da contemporaneidade, partem de um cenário comum: o cotidiano das grandes cidades, a
complexidade das relações, o anonimato urbano, a crise da família moderna (divórcios, famílias
monoparentais, famílias recompostas, famílias homoparentais, etc.). E quais seriam, nesse cenário,
os possíveis legados de uma transmissão familiar, ou, dito de outro modo, uma filiação?

A autora retoma Julien (2000 apud Teperman, 2009) para afirmar que o nascimento/a chegada
de um filho cruza a fronteira entre o privado e o público: no reconhecimento legal, inaugura-se
a autoridade parental, ou seja, a construção de uma filiação. À pergunta “o que transmitimos
aos nossos filhos?”, Julien (2000, p. 25 apud Teperman, 2009) responde: “a resposta passa
pelas leis do bem-estar, do dever e do desejo”.

A lei do bem-estar se define a partir de um viés democrático, remete ao princípio de maior


felicidade para o maior número de pessoas. A lei do dever é universal e incondicional, ela
se impõe por si mesma. Ambas remetem ao âmbito público. A lei do desejo, por sua vez,
atravessaria o âmbito privado (TEPERMAN, 2009). A partir do enlace dessas três dimensões de
leis, portanto, pode-se caracterizar a transmissão de um enlace familiar, pode-se atribuir um
lugar subjetivo a alguém que possui uma história, uma filiação.

Entender os aspectos históricos é importante para reconhecer que não há uma concepção ideal e
naturalizada de família, mas há famílias possíveis. Não são os laços consanguíneos que constituem
o núcleo familiar de uma criança, mas sim os vínculos com as pessoas que são responsáveis por ela.

2.4.2  Fluidez e efemeridade das relações amorosas no contemporâneo

Fonte: www.shutterstock.com.br
Casal homossexual e família.

As várias mudanças políticas, econômicas e culturais que ocorreram, principalmente na segunda


metade do século XX, tiveram impacto significativo no papel da mulher e na configuração
das famílias, que se tornaram menos subjugadas ao controle patriarcal, conforme Castro e
Regattieri (2009, p. 25):

16 Laureate International Universities


Assim, as famílias contemporâneas assumem novos formatos com mães responsáveis pelo
sustento dos filhos, pais solteiros, madrastas e padrastos de segundos casamentos, união entre
pessoas do mesmo sexo com direito à adoção de filhos, etc. A organização das famílias passa
a incluir novos arranjos que refletem mudanças socioculturais.

Entre as mudanças socioculturais mais significativas dos últimos tempos, pode-se destacar o
avanço da cultura digital. Bento (2006) nos lembra sobre o amor que navega pela Internet:
“ama-se e desama-se pela rede” (p. 11). A autora comenta sobre a fluidez e a efemeridade
das relações amorosas na contemporaneidade que atravessam os espaços reais e virtuais
nos tempos atuais. O termo “fluidez”, utilizado pela autora, remete ao conceito do sociólogo
polonês Zygmunt Bauman, para quem a “pós-modernidade” ou “modernidade tardia” pode ser
caracterizada como “líquido mundo moderno”.

NÃO DEIXE DE LER...


Zygmunt Bauman escreveu o livro Amor Líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos.

Descrição do livro:

A modernidade líquida, “um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de
forma imprevisível”, em que vivemos, traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos, um
amor líquido. Zygmunt Bauman, um dos mais originais e perspicazes sociólogos em atividade, investiga
de que forma nossas relações se tornam cada vez mais “flexíveis”, gerando níveis de insegurança sem-
pre maiores. A prioridade a relacionamentos em redes, os quais podem ser tecidos ou desmanchados
com igual facilidade - e frequentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual -, faz
com que não saibamos mais manter laços a longo prazo. Mais que uma mera e triste constatação, esse
livro é um alerta: não apenas as relações amorosas e os vínculos familiares são afetados, mas também
a nossa capacidade de tratar um estranho com humanidade é prejudicada. Como exemplo, o autor
examina a crise na atual política imigratória de diversos países da União Europeia e a forma como a
sociedade tende a creditar seus medos, sempre crescentes, a estrangeiros e refugiados. Com sua usual
percepção fina e apurada, Bauman busca esclarecer, registrar e apreender de que forma o homem
sem vínculos - figura central dos tempos modernos - se conecta.

Fonte: https://www.saraiva.com.br/amor-liquido-sobre-a-fragilidade-dos-lacos-humanos-155666.html.

2.4.3  Os desafios para a prática do psicólogo diante dos arranjos


familiares contemporâneos
As novas configurações familiares demandam que os profissionais que atuam junto à família realizem
uma constante busca ativa na compreensão de tais mudanças (PEREIRA NETO; RAMOS; SILVEIRA, 2016).

Na área de saúde da criança, por exemplo, o envolvimento da família no tratamento é


fundamental, pois essa deve compartilhar o cuidado com a equipe de saúde, juntamente com o
paciente. Esse compartilhamento dos processos de cuidado entre equipe profissional e família é
uma das estratégias de humanização desse ambiente (PEREIRA NETO; RAMOS; SILVEIRA, 2016).

No contexto da hospitalização, por exemplo, a perspectiva da família propicia reflexões sobre estratégias
que favoreçam vivências produtivas e menos traumáticas (PEREIRA NETO; RAMOS; SILVEIRA, 2016).

Esse tem como elemento fundamental o encontro entre sujeitos, e produz subjetividades e modos de viver
e sentir a experiência de cuidado. Esses modos de subjetivação constituem o processo de transformação
da família e dos diferentes arranjos familiares (PEREIRA NETO; RAMOS; SILVEIRA, 2016).

17
Gestão de pessoas

Em pesquisa realizada por Pereira Neto, Ramos e Silveira (2016), muitos profissionais descreveram
as famílias atendidas como desfeitas, desestruturadas e em processo de falência das relações.
Existem situações em que há apenas uma pessoa acompanhando a criança, outras em que as
crianças estão abandonadas, ou ainda famílias em que a criança circula por diversos cuidadores.
Por outro lado, são também identificadas famílias com muitos “agregados”, nas quais a criança
vive juntamente com membros da família extensa (PEREIRA NETO; RAMOS; SILVEIRA, 2016).

Apesar das distintas configurações familiares de crianças internadas, as mães continuam sendo
identificadas como as mais presentes no cuidado em saúde. A mulher segue como principal
cuidadora, sendo frequentemente percebida ao lado dos pacientes. E na ausência da mãe,
outras figuras femininas, como a avó, a tia, a vizinha ou a madrinha desempenham esse papel
(PEREIRA NETO; RAMOS; SILVEIRA, 2016).

Ainda que as funções materna e paterna sejam problematizadas, é percebido que muitas
famílias têm seguido o perfil tradicional. A mulher assumindo função materna, afetiva e de
apoio, e o homem, a função de provedor. (PEREIRA NETO; RAMOS; SILVEIRA, 2016).

Fonte: www.shutterstock.com.br
Família LGBT.

Cabe salientar que os participantes da pesquisa ressaltaram que a importância da família é


maior com relação ao apoio, à educação, ao afeto e à orientação, do que com relação às
necessidades básicas dos indivíduos como alimentação, higiene, moradia, proteção e estimulação.

Nesse sentido, as novas configurações familiares conservam algumas das antigas funções
de cuidado e provisão, muitas vezes fragmentadas e pouco compartilhadas entre os diversos
membros da família. Se por um lado, essa família tem contemplado certas necessidades básicas
dos envolvidos, por outro, tem negligenciado em muitos casos as funções consideradas principais
pelos filhos, ou seja, o apoio e as relações afetivas. Muitas famílias, ou membros dessas, têm
se preocupado, sobretudo, com seu papel de provedor dos cuidados, terceirizando a vida e a
convivência com as crianças e os adolescentes, sob o preço de colocar em jogo seu vínculo afetivo.

Com a finalidade de aprofundar essa questão, fundamental para a atuação do psicólogo no


mundo contemporâneo, trataremos do fenômeno da terceirização da vida no tópico seguinte.

18 Laureate International Universities


2.5  A terceirização da vida para as instituições:
uma demanda contemporânea?
2.5.1  A terceirização dos cuidados da criança: aspectos históricos
A terceirização de cuidados não é um fenômeno da contemporaneidade. É possível identificar
na história das civilizações grega e romana resquícios do que seria a terceirização: muitos
meninos eram educados por amas e aos escravos cabia-lhes a responsabilidade da instrução
nos estudos. Retomando Foucault (2004), os autores lembram que somente a partir do século
XVIII vemos a configuração da família patriarcal, tal como a conhecemos hoje.

A família moderna se individualiza e se volta para o núcleo pai, mãe, filhos. Antes disso, no
período medieval, a organização era por linhagem, um modelo coletivo. A modernidade
descobre o sujeito, seus direitos e desejos, e isso vale também para a criança. É, portanto,
na modernidade, que a infância passa a ocupar um lugar de importância e, inclusive, de
preocupação social. Nesse contexto, a criança passa a ser objeto de investimento da família. É
aqui que começam a surgir as demandas de educação infantil e a valorização da religiosidade
para a transmissão dos valores culturais (WAGNER; VIEIRA; MACIEL, 2017, p. 82).

Fonte: www.shutterstock.com.br
Parada Gay de São Paulo, 2014.

Além da criança, a mulher também passa a ganhar lugar de destaque com o processo de
industrialização. No Brasil, principalmente no início do século XX, acompanhamos o crescente
ingresso das mulheres no mundo universitário e também no mundo das fábricas. Na Europa,
basta lembrarmos da Revolução Industrial, durante o século XIX, que também levou muitas
mulheres a ingressar no mundo do trabalho.

Paschoal e Machado (2009) apontam que no Brasil, diferentemente de países Europeus, as primeiras
creches, asilos e orfanatos foram criados com caráter assistencialista, com o objetivo de auxiliar as
mulheres que trabalhavam fora de casa e as viúvas desamparadas. Não havia profissionalização
nessa área e o uso desse recurso era visto com desconfiança. Famílias com condições socioeconômicas
mais favoráveis inicialmente não usavam esse recurso, pois mantinham a estrutura de patriarcado,
em que a mulher permanece no lar (WAGNER; VIEIRA; MACIEL, 2017, p. 83).

19
Gestão de pessoas

Com a crescente independência financeira da mulher, a família passou por novas e grandes
transformações. Dados de 2010 apontam que, no Brasil, aproximadamente 40% dos lares
brasileiros são liderados por mulheres (IBGE, 2010). Para os autores, a terceirização é um
fenômeno que ocorre desde sempre na humanidade, o que mudam são as formas de terceirização
e as justificativas utilizadas para sustentá-la como prática social.

Diante do grande esforço demandado na tarefa de educar na atualidade e, ainda, diante das longas
jornadas de trabalho dos pais e/ou responsáveis pela criança, o trabalho realizado por algumas
instituições que se intitulam “de tempo integral” (creches e/ou escolas, principalmente) acabam
assumindo muitas funções que seriam das famílias. Por isso o nome “terceirização de cuidados”.

Diante desse cenário e dessas demandas contemporâneas, um grupo de pesquisadores do


Centro Universitário Metodista, que compõem o Núcleo de Estudos sobre Relações Familiares
e Inclusão (NERFI), se dedica ao estudo da complexidade das relações familiares no cenário
contemporâneo – a partir do eixo teórico da Psicanálise.

Wagner, Vieira e Maciel (2017, p. 78), pesquisadores do referido grupo, afirmam que:

A terceirização dos cuidados infantis é um termo que tem sido utilizado para designar o
fenômeno da transferência dos cuidados da criança para terceiros. Os “terceiros” podem
ser, por exemplo, babás, vizinhos, parentes e instituições, aqui incluída a escola. Entender e
contextualizar esse fenômeno não é tarefa fácil.
Os autores defendem que esse tema deve ser amplamente investigado e discutido de forma
livre de preconceitos.

Na atualidade, não obstante, diante de mudanças culturais que implicaram em modificações


na estrutura da família, as instituições de ensino – e também as instituições de saúde - têm sido
clamadas a participar (ou intervir) no cuidado infantil (WAGNER; VIEIRA; MACIEL, 2017, p. 79).

Com essa jornada institucional ampliada, a criança e o adolescente frequentemente se veem


diante de cenas de conflitos que demandam um olhar não apenas para o ensino, mas também
para o aspecto subjetivo. Cada sujeito constrói vínculos e se relaciona com outros colegas e
adultos que transmitem afetos e valores que, por sua vez, engendram efeitos subjetivos. Dessa
forma, para além das relações familiares, essa criança e esse adolescente estão em contato
direto e frequente com outros adultos que fazem parte de seu círculo social, o que põe em cena
a falta de participação da família em alguns casos.

Os autores analisam a terceirização de cuidados infantis como fenômenos históricos e alertam


para alguns riscos, entre eles o de a criança e o adolescente serem acometidos no ambiente
escolar pelo fenômeno da “medicalização indevida de sintomas” (p. 79).

Fonte: www.shutterstock.com.br
Criança brincando na pracinha.

20 Laureate International Universities


2.5.2  As crianças nas instituições contemporâneas

Uma vez compreendida a terceirização de cuidados como um fenômeno histórico-social, quais


seriam então as características da terceirização de cuidados na contemporaneidade? Quais são
as marcas que as instituições atuais carregam e transmitem às crianças no cenário contemporâneo?

Temos, atualmente, um cenário marcado por pais e mães que possuem longas jornadas de
trabalho e que, por isso, optam por deixar os filhos em berçários e em escolas de tempo integral.
Ou, ainda, que matriculam os filhos em diferentes atividades ao longo da semana: aula de música,
esportes, aula de língua estrangeira, etc. A criança, muitas vezes, acompanha uma longa jornada
de atividades e passa a maior parte do tempo com professores, babás, cuidadores e ajudantes
em geral. Como foi visto, esse fenômeno tem ligação com a função provedora que as famílias têm
assumido com relação a seus filhos (WAGNER; VIEIRA; MACIEL, 2017).

A terceirização da infância se caracteriza pela transferência da responsabilidade dos pais


de educar uma criança para outras pessoas ou instituições (MARTINS FILHO, 2012). Para o
autor, é possível notar as consequências nos comportamentos de crianças cujos cuidados são
terceirizados: agressividade, recusa escolar, baixa autoestima, entre outros.

SAIBA MAIS...
Artigo da Revista Pais & Filhos: Você está terceirizando a educação do seu filho? Disponível
em: http://paisefilhos.uol.com.br/pais/voce-esta-terceirizando-a-educacao-do-seu-filho/.

Diante desse cenário, é imprescindível fazer uma reflexão sobre as consequências dos discursos
e cuidados de outros sobre a criança: do outro professor, do outro pediatra, da outra babá.
Muitas vezes, os discursos técnicos se sobrepõem ao discurso familiar. É o que nos alertam
Teperman (2009) e Rosa (2006).

Ao passar muito tempo de sua jornada diária em instituições, a criança é atravessada por discursos
de especialistas. É o professor, o cuidador ou o diretor da escola que “sabem” a respeito da
criança. Para Teperman (2009) e Rosa (2006), temos aí um atravessamento do discurso técnico-
científico que incide sobre o laço social entre a criança e sua família: no lugar de recorrer aos pais e
às mães, que sabem (ou que deveriam saber) sobre seus filhos, recorre-se aos relatórios escolares,
aos relatórios do fonoaudiólogo e/ou do psicólogo, às avaliações pediátricas, correndo-se o risco
de cair em uma “transmissão asséptica”, uma vez que se constituiu apartada do convívio familiar.

NÃO DEIXE DE LER...


Você já leu o livro A criança terceirizada? Se não, não perca mais tempo, e leia!

Voltolini traduz da seguinte maneira o que seria o ideal da educação para Freud: "desejar
coisas para os filhos, tolerar suas escolhas". Desse modo, encontramos já em Freud esta clareza:
a educação sustenta-se em marcas de desejo, marcas que não são garantias. Marcas que
implicam em um arriscar-se, marcas para além do "para o seu bem" ou "porque era meu dever",
marcas de desejo (TEPERMAN, 2009, p. 5).

21
Gestão de pessoas
Dessa forma, a autora nos lembra sobre o legado freudiano: educar um filho está relacionado
a uma questão de desejo, de transmissão de marcas. (TEPERMAN, 2009). Ao terceirizar os
cuidados de uma criança, a família leva junto a possibilidade de transmitir marcas de desejo
e dá abertura, ao mesmo tempo, para que outros discursos técnicos, científicos e pedagógicos
incidam e atravessem essa criança.

Essas são algumas das marcas principais do legado das instituições contemporâneas: o aumento
da incidência de discursos técnicos e de especialistas sobre a criança. Tal fenômeno não
caracteriza somente cenários negativos, mas convoca à constante reflexão sobre seus efeitos.

2.5.3  O psicólogo diante do fenômeno da terceirização dos cuidados


para as instituições contemporâneas

O Conselho Federal de Psicologia aponta como uma das atribuições profissionais do psicólogo
no Brasil a "atuação junto a organizações comunitárias, em equipe multiprofissional no
diagnóstico, planejamento, execução e avaliação de programas comunitários, no âmbito da
saúde, lazer, educação, trabalho e segurança" (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2007, p.
27). Nesse sentido, a resolução n.o 13/2007, do Conselho Federal de Psicologia, complementa
tal determinação definindo como atribuição do Psicólogo Escolar articular conhecimentos
psicológicos nas atividades escolares por meio de análises e intervenções, “referentes ao
desenvolvimento humano, às relações interpessoais e à integração família-comunidade-escola,
para promover o desenvolvimento integral do ser" (2007, p. 34).

A resolução n.º 13/2007 preconiza que o psicólogo “atua no âmbito da educação formal
realizando pesquisas, diagnóstico e intervenção preventiva ou corretiva em grupo e
individualmente” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2007, p. 18).

A resolução n.º 13/2007 preconiza que o psicólogo deve envolver, “em sua análise e
intervenção, todos os segmentos do sistema educacional que participam do processo de ensino-
aprendizagem. Nessa tarefa, considera as características do corpo docente, do currículo, das
normas da instituição, do material didático, do corpo discente e demais elementos do sistema”.
É necessário, portanto, o desenvolvimento de estudos e a análise constante das relações entre o
homem e o “ambiente físico, material, social e cultural quanto ao processo ensino-aprendizagem
e produtividade educacional” (2007, p. 18).

Diante do cenário contemporâneo em que temos instituições que acolhem e se responsabilizam


pelos cuidados da criança, cabe ao psicólogo uma reflexão crítica e um posicionamento ético
que leve em conta a transmissão de valores e a construção dos vínculos familiares.

Quem são os responsáveis pela filiação da criança? A quem cabe a transmissão de um nome,
um sobrenome e uma marca na história familiar?

É evidente que as instituições por onde a criança circula e constrói vínculos com outros adultos
e colegas vão fazer parte de sua história. Mas há que se resgatar os vínculos primeiros de
sua inscrição na cultura. Quem é responsável por ela na vida? São esses laços que devem ser
resgatados e ressignificados pela atuação do psicólogo.

Donald Winnicott (1985), pediatra e psicanalista inglês, já afirmara suas proposições acerca do
papel da escola e das famílias, da “mãe suficientemente boa” especialmente – que é um conceito
que não se refere necessariamente à mãe biológica, mas ao cuidador principal da criança:

22 Laureate International Universities


A escola, que é um apoio, mas não uma alternativa para o lar da criança, pode fornecer
oportunidade para uma profunda relação pessoal com outras pessoas que não os pais.
Essas oportunidades se apresentam na pessoa das professoras e das outras crianças e no
estabelecimento de uma tolerante, mas sólida, estrutura em que as experiências podem ser
realizadas (WINNICOTT, 1985, p. 217).

Logo, o autor nos lembra que a escola não deve operar como um substituto da educação
familiar. Do mesmo modo, seguindo o mesmo princípio, a nenhuma instituição cabe a tarefa de
substituir os cuidados familiares.

Seja na atuação realizada em consultório clínico em atendimentos individuais, seja na atuação


realizada em instituições de forma individual e/ou em grupos, o psicólogo deve problematizar
e refletir criticamente acerca do papel das instituições na terceirização de cuidados no cenário
contemporâneo. Ao buscar resgatar o valor e a importância dos vínculos familiares, de alguma
forma o psicólogo valoriza os vínculos afetivos que marcam a subjetividade de uma criança e busca,
ao mesmo tempo, resgatar os laços sociais e familiares que transmitem uma história, uma filiação.

Nesse sentido, vale lembrar o cuidado que o psicólogo deve ter de resgatar os discursos
familiares que carregam as marcas de um desejo por uma criança, e ter sensibilidade de
trazê-los à tona, no sentido de que as famílias devem resgatar e ressignificar os seus vínculos
afetivos. Dessa maneira, ele assume uma posição ética de não fazer a transposição de um
discurso técnico-científico que se sobreponha ao discurso familiar (ROSA, 2006).

Como já afirmara Winnicott (1985), não há nada que um pediatra e psicanalista possa afirmar
sobre uma criança que uma mãe já não o tenha visto ou sentido de alguma forma. Em outras
palavras, é necessário colocar em questão se os valores, o discurso e o vínculo da família,
em relação à criança, estão sobrepostos ou desautorizados pelo discurso médico, científico e
especializado sobre a criança. Uma atuação comprometida e ética demandará questionamentos
a cerca dos fenômenos familiares, subjetivos e culturais em constante transformação, muito mais
do que certezas acabadas e aplicadas sobre os modos de viver.

Fonte: www.shutterstock.com.br.
Mãe com o seu filho na cozinha.

23
Gestão de pessoas

Síntese
Caro aluno,

Nesta unidade, conhecemos a importância histórica dos Direitos Humanos e como eles se tornaram
critérios para identificar uma sociedade democrática. A psicologia como ciência e profissão reconhece
e se compromete a contemplar os Direitos Humanos, definindo-os como parâmetros de atuação em
seu Código de Ética profissional.

A reflexão acerca dos Direitos Humanos embasou a discussão sobre os direitos à Identidade
de Gênero e a manifestações de sexualidades não heterossexuais dos movimentos LGBTT. Tais
movimentos são fruto de conquistas históricas de direitos de pessoas que sofreram violências e
violações de direitos durante muito tempo. A conquista desses direitos é reconhecida pelos Conselhos
de Psicologia que ressaltam a necessidade do comprometimento do profissional psicólogo em sua
atuação com relação às formas de discriminação, negligência, exploração, violência e opressão.
Além da referência aos direitos às manifestações não heterossexuais, esta unidade introduziu uma
discussão acerca das novas configurações familiares, seja com casais homoafetivos ou não, e sua
relação com o cuidado e desenvolvimento dos filhos. Nesse sentido, o fenômeno entendido por
alguns pesquisadores como “terceirização da infância” foi abordado como possível reflexão acerca
das singularidades da relação entre as famílias contemporâneas e as instituições para as quais
delegam os cuidados das crianças e dos adolescentes.

Tendo passado por tais reflexões, seguiremos a discussão sobre os direitos humanos e populações
negras, imigrantes, povos indígenas e pessoas em situação de vulnerabilidade na unidade seguinte.

Até a próxima!

24 Laureate International Universities


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