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9o ENCONTRO DE

ENGENHARIA ELÉTRICA
5 a 7 de dezembro de 2007
Auditório do EDIHB - Rio de Janeiro
Coordenação: RH/Universidade Petrobras

ANÁLISE DE FALHAS COM O USO DA FERRAMENTA ATP


Almir Laranjeira Néri Júnior Gustavo Hellstrom Varela e João Paulo Miranda
UN-BA/SOP/OM UN-BA/SOP/OM (estagiários)

2. ATP
RESUMO
Comumente conhecido pela sigla ATP, o
Esse artigo busca utilizar o programa ATP Alternative Transients Program, é uma evolução do
(Alternative Transients Program) como ferramenta EMTP (ElectroMagnetc Transient Program)
de modelagem computacional para análise de desenvolvido em 1960 [1]. O ATP permite, através
transientes eletromagnéticos. de modelos matemáticos, a execução de testes e
O estudo consistiu em simular a incidência simulações de sistemas elétricos. Com ele é
de descargas atmosféricas sobre um dos trechos possível obter o comportamento, durante o período
que compõem o sistema UN-BA de transitório, dos equipamentos que compõem o
subtransmissão. O intuito é difundir essa prática de universo analisado.
forma a permitir um maior conhecimento sobre a O ATP é distribuído na América Latina pelo
ferramenta ATP e ao mesmo tempo analisar as CLAUE (Comitê Latino Americano de usuários do
possíveis causas que vieram a provocar a falha de EMTP/ATP). Ele coordena todos os demais
um pára-raios para a massa ocorrida na rede comitês da América Latina. Os dois mais atuantes
modelada. são o CBUE (Comitê Brasileiro de usuários do
O trabalho mostra também os resultados EMTP/ATP) e CAUE (Comitê Argentino de
obtidos com a inserção de pára-raios ao longo usuários do EMTP/ATP). Esse último possui um
dessa rede, em algumas diferentes configurações, site http://iitree.ing.unlp.edu.ar/estudios/caue/caue.html
na busca de conseguir melhorias contra e um grupo de intercâmbio de informações por e-
sobretensões. mail, http://ar.groups.yahoo.com/group/ATP_CAUE [1].
O artigo faz uma breve descrição sobre o O programa ATP se desenvolveu de forma
programa ATP e sobre o sistema elétrico da UN- cooperativa, o que permitiu com o passar do tempo
BA. Em seguida é explicado todo o processo de a contribuição de novos recursos como é o caso do
modelagens e simulações, e por fim, são ATPDraw e do PlotXY [1].
apresentados os resultados e conclusões do O ATPDraw, através de sua interface
estudo. bastante amigável, estrutura similar ao padrão
Microsoft, permite uma montagem simples dos
circuitos a serem analisados. Inserindo e ligando
1. INTRODUÇÃO objetos que correspondem aos respectivos
elementos do sistema, consegue-se uma
Grande parte das falhas ocorridas nos visualização do conjunto de forma bastante didática
sistemas elétricos, principalmente nos expostos ao e explicativa. A partir dessa montagem são
tempo, está relacionada com a incidência de gerados arquivos que regem todo o funcionamento
descargas atmosféricas. do programa. Através dele também é possível
Devido à intensidade deste fenômeno e conseguir o código fonte, antigamente o único meio
suas características instantâneas de variação de de se trabalhar com o programa.
tensão e de corrente no sistema, é de fundamental O PlotXY serve para a obtenção de saídas
importância obter informações detalhadas sobre o gráficas a partir dos arquivos gerados pelo ATP.
evento e suas conseqüências. Para isso uma Procurando transmitir de forma rápida e
ferramenta de análise transitória torna-se essencial clara as funcionalidades do programa não serão
na busca de análises mais precisas e de soluções enfocados neste trabalho detalhes quanto ao seu
mais viáveis para se proteger desses fenômenos. histórico e quanto a sua estrutura de
Fundamentado nesse conceito procurou-se funcionamento (código fonte e métodos de cálculo).
uma ferramenta eficaz e de fácil acesso que Para uma maior compreensão consultar
atendesse às exigências do estudo. A ferramenta referências [1]-[3].
adotada foi o ATP.

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9o ENCONTRO DE
ENGENHARIA ELÉTRICA
ANÁLISE DE FALHAS COM O USO DA FERRAMENTA ATP
3. SISTEMA ELÉTRICO DA UN-BA A linha PG liga as subestações de Miranga
ao parque de chaves. Essa linha possui uma
O sistema elétrico da UN-BA é composto extensão de aproximadamente 23.5 Km. A falha
por cerca de 60 subestações com primário em 13,8 aqui discutida acorreu no pára-raios (4) de entrada
kv, sete em 69 kv e dois parques de chaves em 69 da SE Miranga (campo).
kv, totalizando uma demanda em torno de 45 MW.
Todo este sistema é supervisionado pela
COSE (Central de Operações do Sistema Elétrico). 4. A FALHA
A COSE fica localizada ao lado do parque de
chaves SANTIAGO, principal estrutura de Após a COSE ter sido informada da falta de
chaveamento em 69 kV da UN-BA, onde derivam energia, foi constatada a falta da fase T na linha
os alimentadores de todas as SE’s 69 kV, como PG. A proteção da Central não acusou nada e as
pode ser observado na figura 1. outras duas fases do sistema continuaram
A estrutura de chaveamento Santiago energizadas.
recebe duas linhas em 69 KV da CHESF Devido à informação de fumaça em um dos
(Companhia Hidrelétrica do São Francisco). equipamentos, deslocou-se uma equipe para a
Através de operações de chaveamento essas duas subestação Miranga (campo) onde foi feita uma
linhas são transformadas nos quatro alimentadores inspeção nos equipamentos (disjuntor, TP, TC e
mostrados a seguir: outros) não sendo encontrada nenhuma anomalia.
¾ Linha PT - SE SANTIAGO Diante do bom estado dos equipamentos e
dos indícios de conexão aberta, apenas uma fase
¾ Linha PG – SE’s MIRANGA (2)
com anormalidade, decidiu-se fazer uma inspeção
¾ Linhas PR e PC – SE’s ARAÇAS (2) na rede. Nessa inspeção foi detectado na estrutura
16 PG a existência de uma passagem aberta,
¾ Linha PC – SE’s BALSAMO E FAZ. IMBÉ
como suspeitado.
Este estudo foca em apenas um dos Desenergizou-se a linha e foi refeita a
trechos desse sistema, a linha PG, bem como, conexão. Em seguida tentou-se restabelecer o
parte do barramento do parque e os pára-raios sistema, porém sem sucesso. O sistema não
numerados de 1 a 4. Todo esse trecho encontra-se aceitou a manobra, sinalizando atuação do relé de
tracejado na figura 1. sobrecorrente de terra e sobrecorrente da fase T
unidade temporizada.
Guiado agora pelos dados acusados do
relé dirigiu-se para subestação de Miranga onde foi
detectado, em uma região não vistoriada na
primeira vez, o equipamento de entrada
(representado pelo número “4” na figura 1)
danificado (estourado) (figura 2).

Figura 1. Configuração do sistema 69 kV com o trecho analisado


em destaque (tracejado).
Figura 2. Pára-raios estourado.
3.1. Linha PG

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ANÁLISE DE FALHAS COM O USO DA FERRAMENTA ATP
Logo em seguida o equipamento foi
removido e pôde-se restabelecer o sistema com
sucesso.

5. ANÁLISE PRÉVIA

A incidência de uma descarga atmosférica


sobre a rede teria provocado a falha no pára-raios.
Suposição essa pertinente diante da informação de
que existiu fumaça em um dos equipamentos.
O relé de proteção da linha não estava
Figura 3. Forma de onda de impulso atmosférico padronizado
setado para a função sobretensão (59) o que fez
(8x20 µs).
com que o surto não fosse enxergado no momento
da queda. Devido também às outras duas fases Dentre os modelos de fonte existentes no
continuarem energizadas não foi evidenciado ATP, aplicáveis a modelagem de surtos de tensão
nenhuma outra anormalidade. ou corrente, foi escolhida a fonte “Heidler Type 15”
A falha do equipamento teria sido devido a suas boas possibilidades de aproximação
provocada devido ao seu elemento de resistência do modelo padronizado apresentado acima.
negativa não ter funcionado adequadamente Para representar a tensão nominal do
fazendo com que o mesmo não suportasse a sistema fornecida pela CHESF foi utilizada a fonte
sobretensão e estourasse. “AC Type 14” do ATP.
A corrente que teria escoado para a terra
devido à falha do equipamento teria aberto a
conexão da estrutura 16 PG isolando a Central de 6.2. PÁRA- RAIOS
enxergar o curto formado pra terra. Os elementos
instalados depois dessa conexão, por exemplo, os
Todos os pára raios, representados pelos
demais equipamentos da SE, não teriam sido
números 1, 2, 3 e 4 na figura 1, são de Óxido de
danificados devido ao fato de o ponto mais fraco ter
Zinco (ZnO) e foram modelados pela sugestão do
sido justamente o pára-raios defeituoso. Esses
IEEE como mostra [3]. Segundo os autores desse
equipamentos teriam sentido a falta, porém não
modelo boas aproximações são obtidas para surtos
sido danificados. O bom estado dos demais
com tempo de subida de 0.5 a 45 µs [3]. O modelo
equipamentos pôde ser verificada de fato.
do pára-raios está representado na figura 4.
Após ter sido refeita a conexão, na
Nesse modelo as características não
tentativa de restabelecer o sistema, um curto no
lineares do varistor estão representadas por duas
mesmo pára-rios teria se estabelecido, agora com
seções de resistências não lineares (A0 e A1).
a sinalização dos elementos de sobrecorrente de
Essas seções são separadas por um filtro RL,
terra e de fase.
designadas por R1 e L1. O elemento L0 representa
A suposição da incidência de uma
a indutância associada com o campo magnético
descarga atmosférica sobre o sistema fez surgir a
nas vizinhanças do varistor, R0 é utilizado para
necessidade de análise sobre as solicitações para
eliminar instabilidades numéricas quando do uso
que o pára-raios escoasse a sobretensão do
do modelo em programas digitais e C representa a
sistema. Todo o procedimento realizado para
capacitância externa associada à altura do varistor
simular a ocorrência dessa descarga está descrito
ao solo [3].
a seguir.
O comportamento do modelo possui duas
situações distintas. Para surtos com frente de onda
lenta, a impedância do filtro R-L é extremamente
6. MODELAGENS DOS ELEMENTOS
baixa fazendo com que as duas seções possam
ser consideradas em paralelo. Em caso de frente
6.1. FONTE de ondas rápidas o filtro se torna mais importante.
De acordo com [2], padrões e normas As correntes de alta freqüência são forçadas pelo
dizem que um surto atmosférico com uma forma de filtro a fluir mais na seção designada por A0. Tendo
onda de 8x20 µs quer dizer que, essa é uma onda A0 uma característica de tensão maior do que A1,
que leva 8 µs para atingir 90 % do seu valor de para uma mesma corrente dada.
pico e decai a 50 % de seu valor máximo em 20 µs.
A figura 3 representa essa onda típica.

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ANÁLISE DE FALHAS COM O USO DA FERRAMENTA ATP
Tabela1. Características dos resistores não-lineares.
Corrente A0 A1
(KA) Tensão (pu) Tensão (pu)
0.01 1.40 -
0.1 1.54 1.23
1 1.68 1.36
2 1.74 1.43
4 1.80 1.48
6 1.82 1.50
8 1.87 1.53
Figura 4. Modelo de pára-raios ZnO recomendado pelo IEEE.
10 1.90 1.55
Os parâmetros acima descritos são 12 1.93 1.56
calculados em cima de dados físicos do 14 1.97 1.58
equipamento. Número “n” de colunas paralelas e 16 2.00 1.59
altura “d” em metros do equipamento. 18 2.05 1.60
O pára-raios analisado, de acordo com 20 2.10 1.61
suas características, trabalhava com apenas uma
coluna (n = 1) e possuía uma distância de arco, Os valores de tensão devem ser
dado pelo fabricante, de 716 mm, equivalente à multiplicados pela tensão V10KA, 8x20 µs e divididos
sua altura (d = 0.716 m). por 1,6 para A0 e A1[3]. Obtendo as tabelas 2 e 3
Para a condição de corrente de 10 KA, mostradas a baixo.
considerando 3 KV/cm como um valor típico para o
nível de isolação do ar e multiplicando esse valor Tabela2. Características de A0.
por “d = 71,6 cm”, obtêve-se o valor de Corrente A0 A0
aproximadamente 215 KV de isolação suportado (KA) Tensão (pu) Tensão (KV)
pelo equipamento. 0.01 1.40 157.5
Foram obtidos também do fabricante os 0.1 1.54 173.25
dados do equipamento que seriam: tensão nominal 1 1.68 189.0
“Vn” de 72 KV, descarga de tensão “V10KA, 8x20 µs” 2 1.74 195.75
de 180 KV, para um impulso atmosférico de 10 KA/ 4 1.80 202.5
8x20 µs, e tensão residual “Vman” de 143 KV para 6 1.82 204.75
impulso de corrente de manobra de 500 A. 8 1.87 210.375
Em cima de suas respectivas equações os 10 1.90 213.75
parâmetros foram calculados: 12 1.93 217.125
14 1.97 221.625
16 2.00 225.0
L1 = 15 * d / n = 15 * 0.716 / 1 = 10.74 µH 18 2.05 230.625
20 2.10 236.25
R1 = 65 * d / n = 65 * 0.716 / 1 = 46.54 Ω
Tabela 3. Características de A1.
L0 = 0.2 * d / n = 0.2 * 0.716 / 1 = 0.14 µH Corrente A1 A1
(KA) Tensão (pu) Tensão (KV)
R0 = 100 * d / n = 100 * 0.716 / 1 = 71.60 Ω 0.01 - -
0.1 1.23 138.375
C = 100 * n / d = 100 * 1 / 0.716 = 140 ρF 1 1.36 153.0
2 1.43 160.875
4 1.48 166.5
Esses valores expressam uma 6 1.50 168.75
aproximação para obter o comportamento
8 1.53 172.125
desejado, sendo, portanto um ponto de partida
10 1.55 174.375
para o processo interativo até que se obtenha um
12 1.56 175.5
modelo mais acurado.
14 1.58 177.75
O modelo IEEE sugere a característica V-I 16 1.59 178.875
dos resistores não-lineares (Tabela 1). 18 1.60 180.0
20 1.61 181.125

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Após a configuração de cada elemento do
modelo, este foi simulado, para verificar sua
compatibilidade com os valores nominais
apresentados pelo fabricante.

Figura 7. Teste para surto atmosférico (10 KA), surto aplicado


(direita) e tensão drenada pelo pára-raios (esquerda). Modelo
com o novo L1.

Feito novamente o teste de surto


atmosférico agora com o novo valor de L1 obteve-
Figura 5. Teste para surto de manobra (500A), surto aplicado
se um erro aceitável de 0,26% conforme descrito
(direita) e tensão drenada pelo pára-raios (esquerda).
na tabela 4. Com o novo valor de L1 a modelagem
Para o teste com o impulso de manobra do pára-raios ZnO foi tomada como satisfatória.
(500 A) foi obtido do modelo (figura 4) uma tensão Para melhorar a aparência e facilitar o
Vman = 148.41 KV (figura 5). O erro de manuseio, esse modelo foi compactado em um
aproximadamente 3.8% obtido em relação à tensão único bloco e logo em seguida reconfigurado para
garantida pelo fornecedor (Vman = 143 KV) foi o modelo padrão de pára-raios.
tomado como aceitável, uma vez que a principal
intenção foi verificar o modelo para surtos com
frente de ondas mais rápidas, ou seja, os surtos
atmosféricos que geram no modelo uma distorção
mais alta de tensão.

Figura 6. Teste para surto atmosférico (10 KA), surto aplicado


(direita) e tensão drenada pelo pára-raios (esquerda).

Para o teste de surto atmosférico de 10 kA,


foi obtido um valor de tensão (figura 6) de 189.4 Figura 8. Seqüência de compactação do modelo pára-
kV. Apresentando um erro de 5,22% em relação à raios.
à V10KA, 8x20 µs = 180 KV. Isso revelou a
necessidade de refinar o valor do componente L1
do filtro. Com esse ajuste o filtro reduz o valor de 6.3. LINHA DE TRANSMISSÃO
tensão sobre o pára-raios nas altas freqüências
chegando-se assim a um valor aceitável de erro e a
Para a modelagem da linha de transmissão
uma melhor aproximação do modelo real.
foi adotado o modelo π existente no ATP. Este é
A tabela 4 retrata o processo iterativo
mostrado na figura 9, sendo dimensionado através
realizado no refinamento de L1.
dos parâmetros da linha: resistência R, indutância
Tabela 4. Processo iterativo de L1.
L e capacitância C.
V10KA, L1 V10KA, ERRO novo
8x20 µs (mH) 8x20 µs L1
(referência) (simulado)
em KV em KV (mH)
180 0.01074 189.4 5.22 % 0.00537
180 0.00537 180.47 0.26 % Figura 9. Modelo π do ATP (modelagem de linhas).

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O procedimento de cálculo dos parâmetros Pode-se observar na figura 10,
R, L, C está demonstrado a seguir: relacionando com a figura 1, a fonte de tensão que
A linha modelada de 23,5 km tem uma representa a alimentação da CHESF, os pára-raios
impedância “Z” de 21.1887 Ω e um ângulo de 40 que compõem o sistema: (1) entrada da linha PT,
graus. Portanto, (2) entrada da CHESF no parque de manobra, (3)
entrada da linha PG e (4) fim da linha PG, o qual
R = Z * cos 40 = 16.24 Ω; apresentou defeito. Também os modelos π que
representam os trechos de 2, 1.5 e 0.02 Km.
XL = Z * sen 40 = 13.63 Ω; As quatro simulações a seguir trazem as
representações analisadas.
Com, f = 60 Hz: Nos quatro modelos foi testada a incidência
de um raio na rede. Foi utilizado o medidor de
L = XL / (2 * π * f) = 0.0362 H; corrente para verificar a forma de onda do impulso
fornecido pela fonte. Os medidores de tensão e
Arbitrando um valor para a velocidade “v” corrente e a forma de onda do raio estão
da onda igual a 150 Km/s encontra-se o valor da demonstrados na figura 11.
capacitância:

V² = 1 / L C

C = 1.23 ηF

Os valores por quilometro são:

R = 0.697 Ω/Km;
Figura 11. Medidores de tensão e corrente (esquerda) e
L = 1.55 mH/Km; forma de onda do raio (direita).

C = 5.27x10-5 µF/Km; Pesquisas mostram que um surto


permanece no sistema por cerca de 1000 ms.
Com o objetivo de encontrar os respectivos Grande parte deles possui uma frente de onda de 5
valores a cada dois quilômetros efetuou-se a µs e uma duração de aproximadamente 100 µs.
multiplicação desses valores mostrados acima por Levando isso em consideração foi escolhido um
“dois”. Para o ultimo segmento π multiplicou-se surto de 10 KA, valor máximo de surto atmosférico
esses valores por 1.5, fechando assim a extensão garantido pelo fabricante, e 5x35 µs.
total da linha (23,5 Km). Foi considerado uma Foram colocados medidores de tensão “v”
distância de 20 metros entre os pára-raios 1 e 2 e de 2 em 2 Km ao longo da linha. As tensões
entre os pára-raios 2 e 3 (figura 1). nesses pontos são indicadas por v2, v4, ..., v22,
v23.5. A intenção foi analisar os níveis de
sobretensão que percorrem o sistema no momento
7. SIMULAÇÕES do evento.
Os resultados demonstrados nos gráficos
Através da modelagem de todos os estão focalizados nos valores de pico das tensões.
elementos que compõe o trecho a ser analisado, foi Esses valores ocorrem logo após o instante da
realizada a montagem do sistema por completo. A queda. Por esse motivo, para permitir que os
figura 10 representa o modelo equivalente deste. valores sejam visualizados suas abscissas, em
alguns gráficos, estão reduzidas à escala de micro
ou mili segundos.

7.1. 1ª SIMULAÇÃO

A primeira simulação foi realizada sem o


pára-raios (4) de entrada da subestação Miranga
(campo).
Figura 10. Representação no ATP do sistema analisado.

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decai ao longo dos quilômetros 6, 4 e 2. Já a figura
15 representa apenas o comportamento da tensão
sobre o pára-raios 3.
Na figura 14, a diferenciação entre as
tensões nos diferentes pontos é melhor entendida
prestando-se atenção em suas respectivas frentes
de onda. A tensão medida no quilômetro 10, por
exemplo, é a que possui a frente de onda mais
rápida. Seguindo o mesmo raciocínio, a tensão em
12 Km possui a segunda frente de onda mais
Figura 12. Representação do sistema analisado sem o pára- rápida e assim sucessivamente até o Km 23,5.
raios 4. Essa diferença na velocidade das frentes
de onda e nos valores de pico é provocada em
As figuras 13, 14 e 15 mostram os cada caso devido à maior ou menor presença do
resultados obtidos. terceiro harmônico nos sinais de tensão. Por
exemplo, a tensão no Km 2 (figura 13), mais
influenciada pelo 3º harmônico, possui a menor
frente de onda e o menor valor de pico em relação
aos outros sinais. Já na figura 14, o Km 23.5, que
tem menor influência dele, possui a frente de onda
mais lenta porém o maior valor de pico em relação
aos demais.

7.2. 2ª SIMULAÇÃO
Figura 13. Tensões v2 (menor amplitude), v4
(amplitude intermediária) e v6 (maior
amplitude). Sistema no momento do evento, A segunda simulação foi realizada
sem o pára-raios 4. colocando-se o pára-raios 4 no sistema.

Figura 16. Representação do sistema analisado com o pára-


Figura 14. Tensões v10, v12, ... , v22, v23.5, raios 4.
em ordem crescente de tempo da frente de
onda. Sistema no momento do evento, sem o
pára-raios 4. Os resultados estão mostrados nas figuras
17, 18, 19.

Figura 15. Tensão sobre o pára-raios 3.


Sistema no momento do evento, sem o pára- Figura 17. Tensões v2 (menor amplitude), v4
raios 4. (amplitude intermediária) e v6 (maior
amplitude). Sistema no momento do evento,
Na figura 13 pode-se diferenciar as tensões com o pára-raios 4.
nos pontos pelo valor de sua amplitude. Esse valor
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Figura 18. Tensões v10, v12, ... , v22, em Figura 21. Tensões v2 (menor amplitude), v4
ordem crescente de tempo da frente de onda. (amplitude intermediária) e v6 (maior
Sistema no momento do evento, com o pára- amplitude). Sistema no momento do evento,
raios 4. com pára-raios distribuídos ao longo da linha.

Figura 19. Tensões sobre os pára-raios 3 (esquerda) e 4


Figura 22 Tensões v10, v12, ... , v22, em
(direita). Sistema no momento do evento com o pára-raios 4.
ordem crescente de tempo da frente de onda.
Sistema no momento do evento, com pára-
Como na figura 13, a figura 17 mostra a raios distribuídos ao longo da linha.
tensão decaindo no sistema no trecho anterior ao
local onde foi simulada a queda do raio.
Já a figura 18 pode ser entendida da
mesma forma que a figura 14, prestando-se
atenção nos tempos das frentes de onda. Atendo-
se, porém, para o fato de que agora os valores de
pico são menores quanto mais lentos forem os
valores das frentes de onda.
A figura 19 representa as tensões sobre os
pára-raios 3 e 4.
Figura 23. Tensões sobre os pára-raios 3 (esquerda) e 4
(direita) no momento do evento. Com os pára-raios distribuídos
ao longo da linha.
7.3. 3ª SIMULAÇÃO
O mesmo critério para entendimento dos
A terceira simulação consistiu em colocar gráficos adotado para as figuras anteriores é válido
pára raios distribuídos ao longo da linha nos respectivamente para essa terceira simulação.
quilômetros 4, 8 ,12, 16 e 20.
7.4. 4ª SIMULAÇÃO

Figura 20. Representação do sistema analisado com pára-raios


distribuídos ao longo da linha.
Figura 24. Representação do sistema analisado com pára-raios
Os resultados estão presentes nas figuras distribuídos ao longo da linha.
21, 22, 23.
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A quarta simulação, como mostra a figura mais distante do local do surto atmosférico maior a
acima, consistiu em realizar novamente a terceira influência da 3ª harmônica sobre o sinal de tensão.
simulação só que modificando o local de queda do Também foi possível constatar que a
raio para o Km 14. tensão ao longo da linha atinge valores muito altos
Os resultados estão presentes na figura 25, no momento em que ocorre o evento, no entanto
26 e 27. esses mesmos valores são reduzidos considerável
mente com a inserção dos pára-raios.
As tensões representadas nas figuras 13 e
14 (1ª Simulação) e nas 17 e 18 (2ª Simulação)
mostram respectivamente os valores máximos que
o sistema teria atingido, inicialmente com o pára-
raios danificado (simulação sem pára-raios 4) e em
seguida com o equipamento funcionando
corretamente (simulação com o pára-raios). Ambos
os valores são da ordem de Mega voltz. Essas
mesmas tensões são grampeadas na ordem de
Figura 25. Tensões v6 (inicialmente decaindo), Kilo voltz quando os elementos ZnO são
v4 (aproximadamente constante) e v2 distribuídos ao longo da rede. Pode-se ver que a
(crescendo inicialmente). Sistema no momento tensão em todos os pontos analisados na
do evento, com pára-raios distribuídos ao longo simulação 3 (figuras 21 e 22) estão limitados
da linha.
aproximadamente dentro do valor limite garantido
pelo fabricante (180 KV).
Nas figuras 15, 19 23 e 27 pode ser
observado o decaimento da curva evidenciando-se
como o pára-raios escoa a sobretensão do sistema
ao longo do tempo. O tempo que os mesmos levam
para eliminar o distúrbio do sistema está
compreendido entre a casa dos décimos de
segundo e segundos.
Os valores apresentados pelas figuras 25 e
Figura 26. Tensões v10, v12, ... , v22, em 26 (Simulação 4), mostram a outra situação
ordem crescente de tempo da frente de onda.
Sistema no momento do evento, com pára-
possível ao distribuir os pára-raios pela rede. Essa
raios distribuídos ao longo da linha. condição é o raio caindo em um local onde não
exista o elemento controlador de sobretensão. Os
resultados para essa situação mostram que mesmo
continuando na casa de Mega voltz, ainda assim
pode se verificar uma redução de quase 30 vezes o
valor obtido sem os pára-raios.

9. CONCLUSÕES

Figura 27. Tensões sobre os pára-raios 3 (esquerda) e 4 A partir dos resultados e da análise dos
(direita)no momento do evento. Com os pára raios distribuídos dados pode-se concluir que as conseqüências de
ao longo da linha. surtos atmosféricos podem ser bastante
prejudiciais para o sistema se este não estiver bem
Nessa quarta simulação é importante
protegido.
enxergar nas figuras, mais que as formas de onda
Os resultados mostrados na figura 19 (2ª
nos diferentes pontos do sistema, os valores
simulação) indicam que no momento da queda do
máximos atingidos pelas tensões.
raio a tensão sobre o pára-raios 4 teria atingido
uma amplitude de aproximadamente 190 KV.
Como o valor de isolação suportado pelo
8. ANÁLISE DOS RESULTADOS equipamento nas mesmas condições da simulação
é de aproximadamente 215 KV, torna-se aceitável
Observando os resultados de todas as a hipótese de que o pára-raios realmente já
simulações, principalmente os representados pelas apresentava defeito. Isso concluído diante da
figuras 13, 17 e 18, pôde-se verificar que quanto prerrogativa de que se estivesse funcionando
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9o ENCONTRO DE
ENGENHARIA ELÉTRICA
ANÁLISE DE FALHAS COM O USO DA FERRAMENTA ATP
corretamente teria suportado uma tensão de até 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
215 KV e não vindo a estourar com 190 KV.
A 1ª simulação, no entanto, que traz os [1] Luz, Guilherme S., “Introdução ao uso do
resultados apresentados nas figuras 13 e 14, testa programa ATP/EMTP”, Apostila de treinamento
a possibilidade de que se o pára-raios já estivesse interno FURNAS, junho, 2005.
danificado no momento da queda do raio. A
sobretensão no sistema teria atingido cerca de 30 [2] Amon, Jorge.; Pereira, Marco P., “ATP
MV. Com essa tensão a isolação do pára-raios ALTERNATIVE TRANSIENT PROGRAM, curso
básico sobre aplicação do ATP“, CLAUE- Comitê
teria sido vencida e ele vindo a estourar.
Latino Americano de Usuários do EMTP/ATP, 1996.
Com o pára-raios danificado drenando a
corrente proveniente dessa sobretensão para a [3] Meister, André, “Modelagem de varistores de
terra a conexão teria sido aberta impossibilitando a óxido de zinco para estudos de coordenação de
COSE de enxergar o curto. isolamento Introdução ao uso do programa
Tanto na primeira quanto na segunda ATP/EMTP”, Dissertação de mestrado,
simulação, como se pode verificar nas figuras 15 e PPGENE.DM-245/05, Brasília, 2005.
19, os valores de tensão sobre o pára-raios 3 do
parque de chaves atingiu no máximo um valor de [4] Kastrup, Oscar; et al.; “Aplicação de pára-raios
ZnO em linhas de 138 KV”, Artigo científico, XIV
170 KV no momento do evento, um valor suportado
SNPTEE, Belém, 1997.
pelo componente. Isso pôde ser verificado no
sistema real uma vez que esse componente não
apresentou defeito.
Observando as conclusões tiradas dos dois
primeiros testes, acredita-se que a análise prévia
feita à respeito da falha tenha sido comprovada. O
pára-raios, com o elemento de resistência negativa
danificado, não teria suportado a descarga
atmosférica, supondo essa maior ou igual a 10 KA,
e teria estourado. Em conseqüência do defeito
desse equipamento os outros eventos teriam
acontecido como suposto na análise prévia.
Em relação ao estudo feito sobre a
inserção de pára-raios na linha pode-se concluir
que realmente é uma boa solução para amenizar o
efeito dos surtos atmosféricos sobre a mesma. Os
valores apresentados pelas simulações 3 e 4
mostram a significativa diminuição dos valores de
tensão atingidos no sistema.
No entanto um estudo deve ser feito sobre
qual a melhor maneira de instalar esses
componentes ao longo da linha. Um trabalho com
linhas de transmissão de 138 KV [4] mostra que,
nos trechos mais críticos em relação ao
aterramento e aos desníveis topográficos,
instalando-se pára-raios em todas as estruturas,
nas fases mais atingidas por surtos indiretos,
consegue-se reduzir consideravelmente o número
de desligamentos.
Porém, por se tratar de uma rede de 69 KV,
onde, por exemplo, não existem cabos pára-raios e
as estruturas são de concreto, ou seja, uma
estrutura de construção diferente, não se deve
adotar as conclusões de tal artigo como de um todo
aplicáveis.

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